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1. Da Ação Penal
penal se procede mediante queixa, estaremos diante de uma ação penal privada e,
portanto, o nosso desafio é construir uma queixa-crime.
Não podemos afirmar que todos os crimes contra a honra (calúnia, injúria,
difamação) são de ação penal privada. A lei cuidou de trazer algumas exceções e
devemos ficar atentos a elas, como é o caso de ofensa à honra de servidor público no
exercício de suas funções que é de ação penal pública condicionada, conforme
estabelece o artigo 145, parágrafo único do Código Penal.
Nesse caso atenção especial à Súmula 714 do STF.
O artigo 100 do Código Penal estabelece que, a ação penal é pública, salvo
quando a lei expressamente a declara como privativa do ofendido. No parágrafo
segundo desse mesmo artigo estabelece que, a ação privada será de iniciativa do
ofendido ou de quem tenha qualidade para representá-lo.
No código de processo penal, as previsões sobre a ação penal privada se
encontram nos artigos 30, 41 e 44, que sugerimos a leitura e, com certeza, a marcação
em seu material de estudo com as respectivas remissões.
Faça, portanto, as seguintes remissões:
- Artigo 30, CPP – Ver artigo 41 e 44, CPP e artigo 100, CP.
- Artigo 30, CPP – Ver artigo 31, CPP.
- Artigo 31, CPP – Ver Súmula 594, STF – Ver Súmula 714, STF.
Na ação penal privada surgem muitas terminologias jurídicas que você não
está acostumado e, por isso, faz-se necessário uma atenção especial a elas. Mesmo
porque a lei sempre mencionará essas terminologias. Estudem o quadro esquemático
abaixo para que você não tenha problemas com isso.
Querelante – Autor da ação penal privada. Pode ser a vítima ou seu representante.
Querelado – É o autor dos fatos, ou seja, o réu na ação penal.
CADI – Cônjuge, Ascendente, Descendente e Irmão. Representam a vítima, em caso de
morte ou ausência. (Artigo 31, CPP)
Querela – É o litígio, a demanda judicial.
o tempo para que você possa exercer seu direito de queixa. Esse prazo está previsto no
artigo 38 do Código de Processo Penal e também no artigo 103 do Código Penal. De
forma que, a contar do dia em que a vítima souber quem é o autor dos fatos (cuidado
com isso – não é do dia dos fatos), conta-se 06 meses para que a queixa-crime possa
ser oferecida.
A atenção especial a esse ponto se faz necessária porque, em havendo uma
peça de queixa-crime, certamente a banca irá pedir para que você a faça no último dia
do prazo decadencial. Você precisa saber contar prazo decadencial. Então vamos lá.
Primeiro você precisa entender que prazo decadencial é direito material e não
formal. Ou seja, a forma de se contar prazo no direito penal é diferente de se contar
prazo no direito processual.
No direito processual você desconsidera o dia do início e considera o dia do
termino. Já no direito penal, observe o que estabelece o artigo 10 do Código Penal:
Art.10. - O dia do começo inclui-se no cômputo do prazo.
Contam-se os dias, os meses e os anos pelo calendário comum.
(Grifo nosso)
Portanto, é importante saber que o prazo decadencial é prazo penal e não
processual e, por isso, a sua forma de contar é diferente. Mas não há mistérios e
vamos entender como isso ocorre, usando um exemplo pra você.
Filisbina, no dia 10.03.2017, encontrou sobre sua mesa, na sala de aula, uma
carta em que estava escrito que toda turma sabia que ela era uma
vagabunda e burra. Muito ofendida comas expressões, Filisbina faz uma
notícia crime na delegacia e, o delegado, depois de investigar, informou a
Filisbina, no dia 20.03.2017, que quem tinha escrito a carta era Filisbino –
um desafeto que ela tinha na turma. Em posse dessas informações, qual
seria o último dia para Filisbina oferecer uma queixa-crime contra Filisbino?
Resposta: O primeiro detalhe que você deve observar acima é que a data
dos fatos é diferente da data em que ela toou conhecimento da autoria.
Para fins de prazo decadencial vale o dia do conhecimento da autoria.
Desta feita, façamos de forma bem prática. Contamos seis meses a partir de
20 de março e, depois, retiramos 01 dia (lembra-se do dia do início? Pois é,
se contamos ele, no final, temos que retirar 01 dia). Assim o último dia para
oferecer a queixa-crime será 19 de setembro de 2017. Ou seja, seis meses
após março e menos 01 dia. (06 meses menos 01 dia)
Sempre que uma questão lhe apresentar datas, não perca tempo. Faça uma
linha do tempo e vá pontuando todas as informações. Isso será imprescindível para
você não errar prazos.
Quanto às remissões, anote aí:
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2. Da Queixa-Crime
Por se tratar de ação penal de iniciativa privada, observe que há uma serie de
requisitos que devem ser observados. Eles estão expressos no artigo 41 do Código de
Processo Penal. Vamos a eles:
Nesse espaço, informe que irá produzir prova testemunha, cujo rol deve ser
indicado ao final da peça, como veremos ao construir a peça processual.
Informa se deseja outros tipos de prova, como, por exemplo, quebra de sigilo,
perícias em documentos, etc.
V - Dos Pedidos
Lembre-se que sua peça (queixa-crime) é uma petição inicial no processo
penal. Portanto, caberá a você pedir o Juiz que, em recebendo sua queixa-crime,
determine a citação do querelado.
Você também deverá inserir no rol de pedidos, o pedido de condenação ao
final da ação.
O artigo 387, IV do Código de Processo Penal, prevê que o Juiz, quando da
sentença condenatória, fixará o valor mínimo a título de indenização para a vítima. A
jurisprudência sedimentou o entendimento de que, para que o Juiz possa fixar essa
indenização, há que se ter um pedido expresso da parte legítima para tanto. Nesse
caso, da queixa-crime, a parte legítima é o querelante. Portanto, em sua queixa-crime,
insira nos pedidos um valor mínimo a título de indenização nos termos do artigo 387,
IV, CPP.
Com base nas informações acima, você verá que a construção de nossa peça
não será difícil. Requer muita atenção, porque essa peça não admite erros bobos. Por
exemplo, errar a data no final da peça pode incorrer em decadência e você perder
valiosos pontos para sua aprovação. Então, fique atento à data que você vai colocar
no final da peça. Observe o comando da questão.
O grande detalhe é saber identificar a peça. Penso que aqui você não terá
nenhuma dificuldade. Isso porque essa peça não guarda nenhuma semelhança com as
peças de prisão e liberdade. Também por seu uma petição inicial, a questão não
mencionará nada a respeito do andamento do processo, já que ele ainda não teria sido
iniciado. Portanto, observe os detalhes:
I – A questão vai relatar um fato.
II – Esse fato terá uma tipificação penal de ação penal privada.
III – A vítima irá lhe procurar para tomar as providências.
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Para que você saiba o endereçamento da sua peça, fique atento às regras de
competência. Teremos um modulo específico de competência e você não poderá
deixar de acompanhar esse módulo.
Mas até lá, observe que o artigo 394 do Código de Processo Penal determinou
que os crimes cuja pena máxima em abstrato não ultrapasse 02 anos, serão julgado no
rito sumaríssimo.
O rito sumaríssimo é previsto na Lei 9.099/95 (Juizados Especiais Criminais).
Todos os crimes de ação penal privada tem pena máxima em abstrato menor ou igual
a 02 anos. Ocorre que, em havendo concurso de crimes, pode ser que a soma das
penas máximas em abstrato ultrapasse 02 anos. Por exemplo, se o autor praticou
calúnia (artigo 138, CP) e difamação (artigo 139, CP) em concurso material (artigo 69,
CP – soma as penas), já teremos a pena máxima em abstrato superior a dois anos. Isso
significa que, a competência não será mais do Juizado Especial. Nesse caso o
endereçamento de sua peça ao invés de colocar “EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR
JUIZ DE DIREITO DO JUIZADO ESPECIAL DA COMARCA....”, você irá colocar:
“EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ...VARA CRIMINAL DA
COMARCA...”.
Observe que se a competência for das varas criminais, o procedimento nos
crimes de calúnia e injúria, o procedimento será o previsto no artigo 519 e seguintes.
Portanto, ao se fazer o pedido, peça para o Juiz designar a audiência de conciliação.
Isso fará toda a diferença diante do caso concreto que a banca examinadora
irá submeter à sua apreciação. Não se esqueça desse detalhe. Volto a reforçar. Assista
à aula de competência.
4. Do Modelo de Queixa-Crime
Na sequência de nossos estudos vamos deixar um modelo básico de queixa-
crime pra você.
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Autos nº.....
1. DOS FATOS
2. DO DIREITO
3. DO PEDIDO
ADVOGADO
OAB....
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Autos nº.....
4. DOS FATOS
5. DO DIREITO
6. DO PEDIDO
ADVOGADO
OAB....