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Aline Jones - RA: 0022816

Caroline Oliveira - RA: 0022709


Fernando Silva - RA: 0022829
Renato Almeida de Lima - RA: 0022862

IDEOLOGIA E CONSERVADORISMO: INTERSECÇÕES


Teste do roteiro e relatório de observação

Fernando da Silva

Orientadora: Carla Dieguez

São Paulo
2019
OBJETO

O objeto do presente estudo é o discurso conservador atual no âmbito


da cidade de São Paulo, analisado a partir de oito entrevistas com indivíduos
que se definem como conservadores ou simpáticos às ideias conservadoras.

PROBLEMA DE PESQUISA

Da polarização política que decorre do atual contexto brasileiro, cresce o


discurso conservador enunciado como isento de ideologia. De um lado,
indivíduos ligados à esquerda tidos como ideológicos; do outro, conservadores
que se dizem não-ideológicos. O problema, então se impõe: o discurso
conservador presente na cidade de São Paulo, a partir de oito entrevistados, é
de fato isento de ideologia?
RELATÓRIO DE OBSERVAÇÃO E DO TESTE DE ROTEIRO

A escolha dos entrevistados(as) para essa pesquisa se pautou na


observação e procura por pessoas de perfis distintos, mas que se
autodeclaram ou se afirmam simpáticas ao conservadorismo.
Para alcançar esse público foram realizados estudos e análises de
dados usando duas frentes de informação e discussão, tais como:
internet (sites de institutos conservadores e busca de pessoas que
expusessem sua posição conservadora em mídias sociais, como facebook,
instagram e twitter); do contato e conversa direta com os membros do grupo
desta pesquisa, na qual foram discutidas as possibilidades mais palpáveis à
nossa realidade e a viabilidade das ideias colocadas em pauta, assim como a
exposição do círculo social em que cada um estava inserido, para que, juntos,
pudéssemos encontrar as melhores alternativas.
Com essas ferramentas, visamos facilitar a procura por possíveis
instituições e movimentos sociais que representassem a ideologia
conservadora, e assim, tentarmos contato com alguns de seus integrantes para
realização da entrevista. Também pesquisamos por figuras públicas, políticos,
entre outros, porém, no caso específico desta entrevista, a observação e
investigação do círculo de pessoas conhecidas pelo próprio entrevistador.
Levando-se em consideração o tempo disponível para organizar o teste do
roteiro, foi utilizado o método mais simples e imediato encontrado para alcançar
o perfil desejado dos entrevistados.
Pelo fato de trabalhar em período integral e estudar a noite, tendo como
base o caminho metodológico colocado no parágrafo anterior, e também por
conhecer relativamente bem os perfis das pessoas com quem eu trabalho,
optei por escolher uma colega que frequenta uma igreja evangélica
neopentecostal. A escolha se justifica com base na percepção que o grupo tem
de que os valores morais pregados em espaços de cultos evangélicos, contém
características que abrangem um espectro de ideias conservadoras das quais
discorremos na pesquisa, embasada em um conteúdo teórico e em conversas
entre o grupo, direcionadas ao esclarecimento de possibilidades de entrevista.
Também é de senso comum, mesmo que não seja exposto e traduzido em
palavras no cotidiano social e nas instituições religiosas evangélicas, que as
ideias disseminadas, principalmente pelas lideranças dessas igrejas,
representam uma ideologia conservadora. A partir dessas argumentações
escolhida a pessoa a se entrevistada, segue o relatório de entrevista.
No dia 30/09/2019, por volta das 8h30min, perguntei para a R. (pessoa
escolhida), se ela toparia fazer uma entrevista para um trabalho da faculdade,
falei sobre o tema da pesquisa e, prontamente, ela aparentou disponível e com
boa vontade para responder às minhas perguntas. Sentamos na cozinha do
local onde trabalhamos, em um ambiente relativamente calmo, pois estávamos
em horário de trabalho e ambos poderíamos ser requisitados a qualquer
momento. Na cozinha há uma mesa comprida de madeira, local onde eu apoiei
o celular para iniciar a gravação e assim, sentamos de frente um para o outro e
eu disse que iniciaria a gravação. Não houve nenhum objeto ou acontecimento
nesse período que pudesse influenciar o início da entrevista.
Na primeira tentativa, achei que estivesse gravando, mas não estava.
Algo digno de nota foi o fato de que, na primeira tentativa, a entrevistada
respondeu que “estava cursando o ensino superior” quando perguntada sobre
a escolaridade, na segunda pergunta, respondeu que “tenho o ensino superior”.
Por fim, pontualmente às 9h13min, eu acionei o gravador e começamos a
entrevista de fato. Fiz a pergunta filtro da nossa pesquisa, que era saber se ela
era conservadora ou simpática às ideias conservadoras, como a resposta foi
positiva, dei prosseguimento perguntando alguns dados pessoais.
Logo na primeira questão, me pareceu que a entrevistada começou a ir
por caminhos onde o foco principal era o descontentamento com a política e
com os governantes que, segundo ela, agem em um sistema apenas em
benefício próprio. Disse também não achar que o sistema educacional era
doutrinador. R. é estudante de pedagogia e aparentou ter um certo
conhecimento sobre questões educacionais no país. Notei alguns pontos que
considerei interessantes durante a entrevista: R. não respondeu diretamente a
todas as questões, indo por várias vezes para outros caminhos, talvez por
conta do não entendimento claro das perguntas e da inexperiência do
entrevistador; me passou também uma impressão de que ela tentava dar
respostas corretas, falar de maneira assertiva e articulada na tentativa de
seguir caminhos que a deixassem em uma zona de conforto, perderem um
pouco do foco das perguntas.
A primeira parte da entrevista teve 12 minutos de conversa que foi
interrompida pela chegada de outro funcionário no ambiente, o que gerou a
impossibilidade da continuação.
A segunda parte da entrevista foi realizada no mesmo local, mas
somente no dia 03/10/2019 às 09 horas e 43 minutos, devido a interrupção do
funcionário e ao final de semana. Nesse segundo encontro foi possível
perceber que a entrevistada estava um pouco relutante em responder, pois,
segundo ela, estava com problemas de saúde e familiares. Então, tive que
insistir um pouco para que ela me ajudasse a concluir aquele processo de
entrevista. Comecei a entrevista-la e ao longo das perguntas, R. foi
demonstrando uma melhor disposição em responder e participar daquele
processo.
Fomos interrompidos durante a entrevista pela entrada de um
funcionário, mas acredito que essa interrupção não tenha influenciado. As
respostas de R., assim como na primeira parte, continuaram a fugir do tema
das perguntas.
Ao final da segunda parte, após o término da gravação, o funcionário
que entrou na sala durante a entrevista levantou algumas questões em relação
ao tema, gerando pelo menos mais dez minutos de discussões interessantes a
respeito de costumes e vivências da entrevistada em seu círculo de amizades
na igreja que ela frequenta.
A partir das respostas e colocações dadas por R. durante a entrevista e
ao longo da nossa conversa com o outro funcionário, percebi que meu
pensamento inicial de que R. tinha um perfil conservador, não foi confirmado, e
o entendimento sobre o conceito de ideologia e sua ligação com os demais
assuntos foi por caminhos completamente diferentes daqueles propostos na
criação do roteiro. Concluo que, talvez, a escolha do roteiro e a escolha da
entrevistada, não tenham sido as mais adequadas para o propósito da
pesquisa. No entanto, foi interessante notar que as nossas concepções na
escolha dos entrevistados nem sempre vão ser assertivas e/ou mais indicadas
ao tema em questão. Perante isso, faz-se necessária, em minha percepção,
uma ampliação e investigação mais focal a respeito do perfil dos futuros
entrevistados.

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