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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS

GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA

Edmilson Júnior Amorim de Morais

Resenha Crítica
Escritores criativos e devaneios

MACEIÓ
2017
EDMILSON JÚNIOR AMORIM DE MORAIS
Resenha crítica apresentada para disciplina de Teorias
da subjetividade 1, para o curso de Psicologia do terceiro
período da Universidade Federal de Alagoas.

Prof. Dr(a). Laís Macêdo Vilas Boas

MACEIÓ
2017
Freud, S. Escritores criativos e devaneios. Rio de Janeiro. Imago. 1996 .
172-183.p
Resenha Crítica

Freud, no texto aborda de modo conciso a natureza da criação e suas


implicações, além de explicar a gênese do ato criativo na fantasia, começando quando
criança, iniciando-se na brincadeira, evoluindo na vida adulta, como uma forma
reprimida de manifestação no inconsciente, consequentemente ele explicita suas
posições acerca da fantasia do mundo real e imaginativo, desse modo traçando uma
linha tênue, entre os tipos de realidade.

Neste texto, surgi uma dúvida primordial que embasa toda a discussão: o que
é a realidade psíquica? Para responder essa pergunta é preciso acompanhar as
modificações que o termo foi sofrendo ao longo das obras de Freud. Primero, têm-se
a palavra utilizada para designar vários tipos de realidade como “realidade do
pensamento” e “realidade externa” (Projeto para uma psicologia científica). Por fim,
no último ensaio de totem e tabu (1996), o termo realidade psíquica designa uma
realidade que contrapõe a realidade concreta.

Na análise feita por Freud, em escritores criativos e devaneios, a criança ao


brincar cria um mundo que não está desligado da realidade, “Apesar de toda a emoção
com que a criança catexiza seu mundo de brinquedo, ela distingue perfeitamente da
realidade”. Dessa maneira, a criança liga os seus objetos internos (imaginativos) a
realidade externa.
Há uma similaridade na forma com que acontece a criatividade nos escritores,
em comparação ao brincar infantil, isto é, em ambos os casos existe um forte
investimento de emoção, portanto, é possível notar que a realidade psíquica se dá em
uma realidade interna, que não pode ser reduzida a simples interpretações da
imaginação, mas que é de fato o inconsciente que manifesta seus desejos nas
fantasias. Freud entende que o desejo da criança é revelado nas brincadeiras, que
representa sua vontade de tonar-se adulto. Já o artista, não possui mais a ilusão da
primeira infância, mas é através da criação artística que ele realiza suas imaginações
e fantasias.
Então, pode-se inferir que a realidade psíquica é o campo das representações
de um indivíduo, não um campo estático, mas sim ativo, pois está ligado as redes de
associação das representações possíveis. No segundo momento, Freud traça
algumas características sobre a fantasia, no que se refere a compressão da realidade
subjetiva do sujeito, dando ênfase a mutabilidade dessas fantasias no decorrer da vida
psíquica de qualquer indivíduo, comprando a fantasia com a temporalidade da vida, o
autor estabelece três tempos que marca a ideação de cada indivíduo.
Freud ver uma linearidade temporal que marca a vida dos seres humanos
divide o “tempo psíquico” em três, são eles: passado, presente e futuro, esses tempos
agem nas lembranças traumáticas dos sujeitos que utiliza representações e
experiências anteriores (na infância) fazendo com que sejam representados na forma
de desejos. Isso, resulta na criação de um devaneio ou fantasia. Em consonância a
isso, o desejo segundo Freud, “o desejo que o entrelaça” os três períodos, então é
possível estabelecer uma relação com a vida do autor e suas obras “podemos encarar
a situação como se segue. Uma poderosa experiência no presente desperta no
escritor criativo uma lembrança de uma experiência anterior (geralmente de sua
infância), da qual se origina então um desejo que encontra realização na obra criativa”.
Já em Lacan (1967b/2003, p. 259), a fantasia vai se construir como uma “janela
para o real”. O acesso do real só é possível ser atingindo de forma simbólica através
da mediação com a fantasia, assim trona-se possível alcançar a realidade através de
operações simbólicas advindas da cultura e da sua linguagem, temos então uma
relação do indivíduo com um objeto no qual é “descarregado” sua pulsão.
Portanto, conclui-se, que os indivíduos que escodem seus devaneios, com medo de
mostrar o que está oculto, revela todo a sua rejeição dos sentimentos nas obras de
arte. O sentimento de repulso reprimido é desfaçado em características dos
personagens construídos, nesse sentido é oferecido aos leitores das obras as
apresentações das fantasias, denominado por Freud como “prêmio e estímulo”, ou
seja a satisfação ocorre tanto do o leitor se regozija em poder ver seus desejos
secretos descoberto na literatura “deleitarmos com nossos próprios devaneios, sem
auto-acusações.
Referências

FREUD, S. Totem e tabu . Rio de Janeiro: Imago, 1996. 11-163 p. v. XIII.

LACAN, Jacques. (1967b). Da psicanálise em suas relações com a realidade.Rio


de Janeiro: Jorge Zahar, 2003. p.259

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