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Conselho Universitário aprova carta em defesa da democracia e da Universidade Pública

SÃO LUÍS – O Conselho Universitário (Consun) realizou, na manhã desta terça, 23, uma reunião extraordinária para aprovar a
carta em defesa do pleno funcionamento das universidades públicas e da democracia brasileira. A reunião ocorreu no Auditório
Sérgio Ferretti, localizado no prédio CEB Velho da Cidade Universitária Dom Delgado. O documento, que teve a conselheira
Rosilda Silva Dias como relatora, aborda a posição da Universidade sobre o atual momento histórico que a sociedade brasileira
está vivendo, reiterando a crença no papel da instituição para a construção de um país justo e democrático e a preocupação
sobre a divulgação de posicionamentos que promovem a discriminação de segmentos sociais minoritários.
A Universidade também reforça no documento que é um pilar do desenvolvimento científico e tecnológico, formadora de vários
acadêmicos e profissionais, e responsável por serviços que assistem a população em diversas áreas sociais, como o Hospital
Universitário, por exemplo. O documento afirma o olhar da Universidade para o futuro sem esquecer o passado, prevenindo a
repetição de erros cometidos, anteriormente, e servindo de orientação positiva para gerações futuras.
“Precisamos acreditar que é possível transformar o nosso país e que não podemos nos intimidar diante das dificuldades.
Já vivemos momentos terríveis no país e não queremos voltar a viver isso novamente”, disse a reitora Nair Portela.

CARTA EM DEFESA DA DEMOCRACIA, DA EDUCAÇÃO E DA UNIVERSIDADE PÚBLICA

A Universidade Federal do Maranhão considera indispensável manifestar-se pela defesa incondicional e permanente da
universidade pública, gratuita, autônoma, laica, pluralista, de qualidade, socialmente referenciada, de gestão democrática,
centrada nos órgãos deliberativos e conectada às demandas da sociedade. O momento crucial que vivemos, de escolha do
dirigente máximo da nação, ocorre com a livre expressão de opiniões e processo eleitoral democrático, e só assim acontece
porque a sociedade brasileira lutou com afinco para o fim da ditadura, das restrições aos direitos e dos excessos cometidos
durante esse período, sofrendo ao ver serem sacrificados ou expurgados jovens idealistas e exilados muitos de seus intelectuais
mais brilhantes. Pilar do desenvolvimento científico e tecnológico, responsável pela formação acadêmica e profissional de várias
gerações de profissionais de diferentes áreas, responsável por uma rede de equipamentos públicos e serviços que assistem à
população nas mais diversas áreas, incluindo hospitais universitários de alta complexidade, vinculados ao Sistema Único da
Saúde, a universidade volta seu olhar no futuro, mas não pode permitir-se esquecer o passado naquilo que possa servir de
orientação positiva bem como na prevenção contra os erros já cometidos. Nestes tempos difíceis de polarização política e de
surpreendentes e assustadoras posições de defesa do retrocesso ao período doloroso da ditadura, da tortura, da exclusão, da
discriminação, do preconceito, a UFMA não pode deixar de reafirmar sua inabalável crença na importância do seu papel para a
construção de um país justo, includente e democrático e no seu compromisso na defesa do exercício do estado democrático de
direito, ancorado na liberdade de opinião e de expressão, bem como no respeito aos direitos humanos.
Preocupa-nos principalmente ver divulgada, com apreço, proposta autoritária e retrógrada e posicionamentos que incentivam a
discriminação de segmentos sociais minoritários, tradicionalmente oprimidos, e a defesa e incentivo à violência moral, física ou
simbólica como forma de solucionar conflitos ou impor uma visão de mundo.
A UFMA defenderá sempre o respeito à diferença e à livre orientação sexual e de gênero, aos direitos das classes trabalhadoras,
das mulheres, dos negros, dos quilombolas e dos indígenas e refutará com veemência as ameaças à garantia constitucional de
direito a uma educação pública, gratuita e de qualidade, predominantemente presencial, e à autonomia da universidade pública
indispensável para a construção de um pensar aberto, polissêmico e polifônico, propiciando uma forma segura e abrangente de
ascensão social, dedicando-se à produção do conhecimento indispensável ao desenvolvimento do país e consolidando-se como
o maior patrimônio do povo brasileiro. A missão da UFMA ancora-se no compromisso com a formação cidadã, humana e
profissional de qualidade e compreende não só o tripé ensino, pesquisa e extensão, mas ainda o desenvolvimento da ciência, da
inovação e da tecnologia, em todas as áreas do conhecimento, pautando-se no senso crítico, humanista e sensível às alteridades
que compõem o complexo tecido social contemporâneo, reforçando problemáticas mais abrangentes, ligadas à preservação dos
direitos sociais, à convivência social democrática, às diversidades e ao respeito às diferentes subjetividades.
A comunidade acadêmica, consciente do atual momento histórico que vivemos e segura de suas responsabilidades sociais,
ambientais e humanas, reafirma seu engajamento para o fortalecimento dos princípios e marcos civilizatórios da sociedade
brasileira e para denunciar e combater os riscos de propostas que não reforcem a democracia, a liberdade de opinião e o estado
democrático de direito.

Aprovada na 106ª Sessão Extraordinária do Conselho Universitário/CONSUN, realizada no dia 23.10.2018, no Auditório Sérgio
Ferretti, na Cidade Universitária “Dom Delgado”, Bacanga.

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