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JC CONTÁBIL CÁLCULOS JURÍDICOS

A Capitalização de Juros na Visão da Justiça

1) TABELA PRICE O MÉTODO MAIS UTILIZADO PELOS BANCOS


Quando dizemos que um financiamento ou empréstimo foi calculado pela Tabela
Price, estamos diante de um plano de pagamentos com iguais prestações sob
regime de juros capitalizados. Portanto, matematicamente não importa para que
linha de crédito foi realizado o cálculo, pois sempre que o plano conter
prestações de igual valor, em todos os períodos (meses), com juros compostos
embutidos, podemos certamente afirmar que foi empregado o Sistema Francês
de Amortização (conhecido no Brasil como Sistema Price ou Sistema da Tabela
Price, etc.). Os financiamentos e empréstimos bancários com propósitos
diversos contendo iguais parcelas se enquadram nesse sistema, na medida em
que todos, também, possuem juros capitalizados. O anatocismo é, de fato, uma
realidade nesses casos.

2) AOS BANCOS NÃO SE APLICA A LEI DA USURA


A “Lei da Usura” de 1933 (Decreto 22.626/33) proíbe a capitalização de juros. A
súmula 596 do STF determina que esse decreto citado não se aplica, ou seja,
não pode ser, especificamente, usado contra as instituições públicas ou privadas
do sistema financeiro nacional. Assim, por outro lado, concluímos que esse
decreto (“Lei da Usura”) pode ser usado contra contratos não vinculados à
instituições públicas ou privadas. Em outro sentido, existe a súmula 121 do STF
que proíbe a capitalização de juros sem qualquer restrição. Porém, divergindo
novamente, existe também a MP (medida provisória) 2.170 de 2001 que permite
a capitalização de juros em períodos inferiores a um ano.

3) NOTÍCIA VEICULADA PELO PORTAL CONJUR EM 05/2009


Nos contratos de financiamento imobiliário sob o
sistema francês de amortização, mais conhecido como
Tabela Price, somente com uma análise minuciosa do
contrato e das provas de cada caso concreto é que se
pode concluir se ocorre anatocismo (capitalização de
juros), o que é vedado por lei. Esta jurisprudência do
Superior Tribunal de Justiça foi aplicada pela 2ª. Turma
no julgamento de um Recurso Especial em que os
recorrentes pretendiam garantir o direito de produzir
prova pericial para comprovar o anatocismo na Tabela
Price em contrato firmado com o Banco Itaú.

A relatora do recurso no STJ, ministra Eliana Calmon,


citou precedentes de que a existência ou não de
capitalização de juros no sistema francês de amortização
constitui uma questão de fato a ser solucionada a partir
da interpretação das cláusulas contratuais e/ou provas
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documentais e periciais. Seguindo as considerações da
relatora, a 2ª. Turma, por unanimidade, deu provimento
ao recurso especial para anular os atos processuais
feitos a partir da sentença e permitir que os recorrentes
produzam a prova pericial pretendida.

Em primeira instância, o juiz não acatou a tese de


anatocismo por considerar que a Tabela Price não traz
juros capitalizados, mas a simples distribuição dos juros
e do capital em parcelas durante o período de
amortização do empréstimo. O extinto Tribunal de Alçada
Civil de São Paulo manteve esse entendimento. No
entanto, a ministra ressaltou que as decisões anteriores
contrariam a jurisprudência consolidada no STJ.

4) STJ 2014 – NÃO CABE AO STJ AFIRMAR LEGALIDADE, MESMO EM


ABSTRATO, DA UTILIZAÇÃO DAS TABELA PRICE.
NOTÍCIA VEICULADA PELO PORTAL JUSBRASIL EM
DEZEMBRO DE 2014

A análise sobre a legalidade da utilização da Tabela Price


é uma questão de fato e não de direito, passando,
necessariamente, pela constatação da eventual
capitalização de juros. O entendimento foi firmado pela
Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça (STJ) em
recurso relatado pelo ministro Luis Felipe Salomão, em
julgamento submetido ao rito dos recursos repetitivos.

Segundo o relator, a importância da controvérsia é


constatada na multiplicidade de recursos envolvendo a
forma pela qual deve o julgador aferir se há capitalização
de juros com a utilização da Tabela Price em contratos
de financiamento.

No caso julgado, a Federação Brasileira de Bancos


(Febraban), na condição de amicus curiae, sustentou que
sua mera utilização não implica a incidência de juros
sobre juros (capitalizados), razão pela qual a
possibilidade da sua contratação é matéria que dispensa
a produção de quaisquer provas.

Também como amicus curiae, o Instituto Brasileiro de


Defesa do Consumidor (Idec) defendeu que a existência
ou inexistência de juros capitalizados na Tabela Price
independe de apreciação de fatos, devendo ser
considerada ilegal e afastada da previsão contratual.

“CONTRADIÇÕES”
Em seu voto, o ministro ressaltou que há tempos o Poder
Judiciário vem analisando demandas ajuizadas por
mutuários do Sistema Financeiro da Habitação cujas
teses, direta ou indiretamente, giram em torno da
cobrança abusiva de juros sobre juros. E no afã de
demonstrar eventual cobrança ilegal, os litigantes
entregam ao Judiciário vários conceitos oriundos da
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matemática financeira, como taxa nominal, taxa efetiva,
amortização constante, amortização crescente,
amortização negativa, entre outros.

As contradições, os estudos técnicos dissonantes e as


diversas teorizações só demonstram que, em matéria de
Tabela Price, nem sequer os matemáticos chegam a um
consenso”, constatou.

Para Luis Felipe Salomão, justamente por se tratar de


uma questão de fato, não cabe ao STJ afirmar a
legalidade, nem mesmo em abstrato, da utilização da
Tabela Price.

“É exatamente por isso que, em contratos cuja


capitalização de juros seja vedada, é necessária a
interpretação de cláusulas contratuais e a produção de
prova técnica para aferir a existência da cobrança de
juros não lineares, incompatíveis, portanto, com
financiamentos celebrados no âmbito do Sistema
Financeiro da Habitação antes da vigência da Lei n.
11.977/2009, que acrescentou o artigo 15-A à Lei
4.380/1964”, consignou o relator em seu voto.

“DIVIRGÊNCIAS”
Ao expor seu entendimento, o relator enfatizou que a
existência de juros capitalizados na Tabela Price tem
gerado divergências em todas as instâncias judiciais e
que não é aceitável que os diversos tribunais de justiça
estaduais e os regionais federais manifestem
entendimentos diversos sobre a utilização do Sistema
Price de amortização de financiamentos.

“Não parece possível que uma mesma tese jurídica


possa receber tratamento absolutamente distinto, a
depender da unidade da federação e se a jurisdição é
federal ou estadual”, afirmou. Por isso, acrescentou o
relator, a necessidade do exame pericial, cabível sempre
que a prova do fato "depender do conhecimento especial
de técnico", conforme dispõe o artigo 420, I, do CPC.

Segundo Luis Felipe Salomão, os juízes não têm


conhecimentos técnicos para escolher entre uma teoria
matemática e outra, uma vez que não há perfeito
consenso neste campo. “Porém, penso que não pode o
STJ – sobretudo, e com maior razão, porque não tem
contato com as provas dos autos –, cometer o mesmo
equívoco por vezes observado, permitindo ou vedando,
em abstrato, o uso da Tabela Price”.

5) DA DECISÃO DO STJ EM 04/02/2015 e 09/02/2017 SOBRE A TABELA


PRICE
Mesmo com essa medida provisória de 2001, muitos mutuários do SFH,
isoladamente, ao longo do tempo, tiveram êxito com suas ações, no sentido de
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considerar ilegal a prática do anatocismo (juros sobre juros), já, outros, não
tiveram o mesmo êxito. A polêmica não existiu somente em relação à súmula
121 e a MP 2.170 de 2001. Existiu também por causa da incerteza se há
capitalização de juros nos financiamentos de iguais prestações do mercado de
crédito, isto é, calculados pela Tabela Price. Em 04/02/2015, o STF decidiu por
maioria dos ministros que a medida em questão, de 2001, é legal até o momento,
mesmo sendo apenas “provisória” durante quase 14 longos anos (um dos
ministros foi contra por causa disso). Atualmente o STJ caracteriza apenas os
contratos pelo SFH como exceção à medida. Note o trecho, em especial, que foi
veiculado em 09/02/2017.
TRECHO DO TEXTO PUBLICADO PELO SUPREMO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA EM FEVEREIRO DE 2017

A exceção que ainda está sendo discutida no STJ são os


financiamentos do Sistema Financeiro de Habitação
(SFH) que utilizam a Tabela Price. No REsp 951.894,
afetado como recurso repetitivo, a Corte Especial vai
decidir sobre a existência ou não da capitalização de
juros na própria fórmula matemática da Tabela Price.

“STF CONFIRMA LEGALIDADE DA MP QUE PREVÊ


CAPITALIZAÇÃO DE JUROS”

NOTÍCIA VEICULADA PELO PORTAL RÁDIO AGÊNCIA


NACIONAL EM FEVEREIRO DE 2015

O Supremo Tribunal Federal julgou como constitucional


a medida provisória 2.170, de 2001, que permite a
capitalização de juros, ou seja, a cobrança de juros sobre
juros, em períodos inferiores a um ano.

O relator do processo no STF, ministro Marco Aurélio


Mello, votou pela inconstitucionalidade da medida
provisória. Mas a maioria, entre eles o ministro Gilmar
Mendes, referendou a possibilidade de instituições
financeiras cobrarem juros compostos dos
consumidores, antes de completar um ano das
operações.

O caso chegou ao STF em 2008, quando o Tribunal de


Justiça do Rio Grande do Sul deu parecer favorável a
uma consumidora declarando não ser possível haver
incidência de juros sobre juros em período inferior a um
ano. O Banco Fiat, que é parte no processo, recorreu da
decisão junto ao Supremo.

Com esta decisão, o Supremo Tribunal Federal resolve


13.584 processos que estavam parados em tribunais
aguardando o entendimento da Suprema Corte sobre a
forma de capitalização de juros bancários.

Nesse sentido, é importante dizer que, em 04/02/2015, não foi criada uma nova
súmula, lei ou até uma simples medida provisória. O STF apenas determinou por
votação que a já existente MP 2.170 de 2001 ainda está valendo. Mesmo assim,
por causa disso e, na época, mais de 13.000 processos envolvendo o tema
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anatocismo que estavam parados, foram resolvidos instantaneamente. Assim,
os devedores perderam e os bancos ganharam. Sem dúvida alguma é um
assunto polêmico, tanto judicialmente, como tecnicamente.

6) STJ 2016 – INSTITUIÇÕES DEBATEM CAPITALIZAÇÃO DE JUROS EM


FINANCIAMENTO DO SFH:
TEXTO PUBLICADO PELO SUPERMO TRIBUNAL DE
JUSTIÇA EM FEVEREIRO DE 2016

A ministra do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Isabel


Gallotti instalou, nesta segunda-feira (29), audiência
pública destinada a fornecer ao tribunal elementos que
auxiliem na definição do conceito jurídico de
capitalização de juros em contratos de mútuo
habitacional, um tema polêmico.

A ministra destacou que o STJ apresenta precedentes


dizendo que a Tabela Price, por si só, não é ilegal; outros,
dizendo que é. Entretanto, a maioria deles, desde um
precedente da Segunda Seção, determina que se trata de
matéria de fato, e não de direito, aplicando, assim, a
Súmula 7 da corte.

“Deve o STJ, completando o julgamento já feito na Corte


Especial, que estabeleceu a necessidade de perícia
nesse tipo de processo, dizer ao perito o que é ilegal, na
ótica da corte, para que ele investigue se há ou não
ilegalidade em cada contrato”, ressaltou Isabel Gallotti.

Primeiro a falar, o subprocurador-geral da República


José Elaeres Marques Teixeira afirmou que a escolha do
sistema de amortização deve ser do tomador do
empréstimo em conjunto com o agente financiador,
tendo em vista uma série de condições, tais como
preferências do mutuário, características e riscos da
operação.

Parcela constante:
Em sua exposição, o subprocurador destacou também
que a característica mais evidente da Tabela Price, e que
provavelmente explica a sua grande popularidade em
todo o mundo, é o fato de fixar parcelas constantes de
pagamentos (amortização mais juros) durante todo o
período do contrato, contribuindo para a redução de
riscos e incrementos da previsibilidade, tanto para o
agente de crédito quanto para o tomador.

Para ele, nos financiamentos com base na Tabela Price


não ocorre a capitalização de juros ou “anatocismo”, isto
é, a incorporação dos juros não pagos ao saldo devedor,
sobre o qual incidiriam novos juros.

Legalidade no uso:
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O procurador-geral do Banco Central, Erasto Villa-Verde
de Carvalho Filho, frisou que a posição da instituição é a
de que a Tabela Price em abstrato, na composição da sua
fórmula, contém o método de juros compostos, o que
não é anatocismo. De acordo com ele, o anatocismo
(capitalização de juros vencidos e não pagos) é permitido
caso a periodicidade seja anual ou superior, nos
diversos setores da economia em geral. “O anatocismo
é, em regra, ilegal, caso a periodicidade seja inferior à
anual”, declarou.

Entretanto, continuou Erasto Carvalho Filho, há


exceções à regra geral. Com relação ao Sistema
Financeiro Habitacional (SFH), a prática do anatocismo
pode se dar em periodicidade inferior à anual (ou seja,
pode acontecer em periodicidade semestral, mensal,
diária e contínua), desde que expressa, nos termos do
artigo 5º da Medida Provisória n. 2.170-36.

Objeto de perícia:
Segundo Erasto Carvalho Filho, se, durante a execução
do contrato, houver inadimplemento de parcelas de
juros, e estes forem somados ao saldo devedor, ocorre o
fenômeno do anatocismo propriamente dito. Porém, ele
só será ilegal se a periodicidade de sua incidência for
menor que a prevista em lei.

A Associação Brasileira das Entidades Fechadas de


Previdência Privada (Abrapp), representada por Ana
Carolina Ribeiro de Oliveira, reiterou os argumentos
expostos pelo BC.

“A mera utilização da Tabela Price não implica a


incidência de juros sobre juros. Há situações
excepcionais em que, há sim, essa cobrança. Essas
situações decorrem do não pagamento da prestação ou
de um pagamento em valor insuficiente para que o saldo
devedor e os juros presentes sejam devidos. Nessas
situações, é necessária a perícia, de modo a se avaliar se
efetivamente houve ou não a cobrança de juros sobre
juros”, afirmou Ana Carolina.

Além da ministra Gallotti, estavam presentes os


ministros Humberto Martins, Napoleão Nunes Maia Filho,
Villas Bôas Cueva, Marco Buzzi, Moura Ribeiro e
Reynaldo Soares da Fonseca.

“A lógica matemática ínsita à Tabela Price não gera


acúmulo de juros não pagos a serem capitalizados no
saldo devedor. Pelo contrário, uma vez quitados
integralmente no vencimento das prestações, não há
previsão de qualquer resíduo de juros não pagos que
poderiam ser incorporados ao saldo devedor”, afirmou
José Elaeres.

O subprocurador ressaltou também a hipótese relativa à


existência de juros vencidos e não pagos em razão da
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inadimplência do devedor. Para ele, nesse caso, a
vedação legal impõe que os juros não pagos sejam
contabilizados em conta separada, passando a incidir
sobre ela apenas a correção monetária.

Opiniões divergentes:
Presidido pelo ministro do STJ Napoleão Nunes Maia
Filho, o terceiro painel da audiência pública reuniu a
advogada Andressa Jarietti Gonçalves de Oliveira –
representante da seccional do Paraná da Ordem dos
Advogados do Brasil –, Luiz Rodrigues Wambler e
Renault Valério da Silva – representantes da Associação
Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e
Poupança (Abecip).

Para Andressa de Oliveira, não resta dúvida que a Tabela


Price gera capitalização de juros e traz uma onerosidade
excessiva aos contratos de longo de prazo. “Esse efeito
do crescimento da dívida em progressão geométrica ao
longo do tempo deve ser entendido como a capitalização
vedada pela Súmula 121 do Supremo e pela Lei de
Usura”, ressaltou.

Em sua opinião, independentemente do nome que se dê


à operação ou ao modo como o cálculo é realizado, o
mais importante é observar se o efeito do crescimento
geométrico dos juros em função do tempo caracteriza o
anatocismo – incidência de novos juros sobre juros
vencidos e não pagos.

Ela afirmou que de todos os sistemas de amortização


utilizados no mundo, a Tabela Price é o mais oneroso
para os mutuários, e lamentou que a maioria dos
brasileiros não questione quanto estão pagando de
juros, desde que a parcela caiba dentro do seu
orçamento.

Luiz Rodrigues Wambler discordou da advogada e


garantiu que todos os sistemas de amortização, inclusive
a Tabela Price, não capitalizam juros e, portanto, não
estão alcançados pela vedação estabelecida no artigo 4º
da Lei de Usura. “Temos absoluta segurança em afirmar
que o sistema price não capitaliza, pois não há
incorporação de juros ao capital para cálculo de novos
juros”, argumentou.

Renault Valério da Silva afirmou que os sistemas de


amortização praticados no Brasil estão em perfeita
harmonia com a legislação, pois não contam juros sobre
juros. Ele explicou que o que diferencia os sistemas
Prince, o SAC e o americano é a forma de amortização, e
não a contagem de juros. Apresentando várias
simulações, ele afirmou que os juros são calculados em
função do saldo devedor, e não o contrário.

Quarto painel:
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O quarto painel foi presidido pelo ministro Marco Buzzi e
teve como palestrantes o advogado André Zanetti
Baptista e o representante da Caixa Econômica Federal,
Teotônio Costa. Autor do livro Juros, taxas e
capitalização na visão jurídica, André Zanetti lembrou
que a tabela elaborada em 1870 pelo matemático Richard
Price foi criada justamente para capitalizar juros, tanto é
que ele a batizou de Tabela de Juros Compostos.

Para ele, a capitalização de juros se torna mais danosa


aos mutuários brasileiros porque o Brasil é um dos
poucos países do mundo onde não existe limite para
cobrança de taxas de juros. “Independentemente das
falácias numéricas ou matemáticas, a essência da Tabela
Price é a capitalização de juros. A questão é verificar
quando sua utilização é possível”, concluiu.

Teotônio Costa encerrou o último painel da manhã


ressaltando que não se protege o consumidor proibindo
a capitalização de juros, mas garantindo clareza e
transparência nos contratos e na legislação. Ele afirmou
que poucos países do mundo proíbem a capitalização de
juros em suas economias e que o diferencial é que eles
limitam as taxas de juros cobradas.

7) STJ 2017 – PREVISÃO CONTRATUAL É EXIGIDA PARA CAPITALIZAÇÃO


DE JUROS EM QUALQUER PERIODICIDADE
TEXTO PUBLICADO PELO SUPERMO TRIBUNAL DE
JUSTIÇA EM FEVEREIRO DE 2017

A Segunda Seção do Superior Tribunal de Justiça (STJ)


reafirmou, agora no rito dos recursos repetitivos, o
entendimento de que a capitalização de juros (conhecida
como juros sobre juros) nos contratos de mútuo
somente é possível com previsão contratual.

A seção já havia reconhecido em 2015 a necessidade de


prévia pactuação nos contratos para a capitalização de
juros com periodicidade inferior à anual, jurisprudência
que foi consolidada na Súmula 539 do STJ.

Na última quarta-feira (8), ao julgar sob o rito dos


repetitivos um recurso do banco HSBC que questionava
a necessidade de previsão contratual para a
capitalização anual, o colegiado firmou a seguinte tese:
“A cobrança de juros capitalizados nos contratos de
mútuo é permitida quando houver expressa pactuação.”
O processo está cadastrado no sistema de repetitivos do
STJ como Tema 953.

Segundo o ministro relator do processo, Marco Buzzi, a


capitalização de juros é permitida mas exige a anuência
prévia do mutuário, que deve ser informado das
condições antes de assinar um contrato com a
instituição financeira.
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O ministro destacou que a previsão legal da cobrança
não significa que ela seja automática, como defenderam
o banco HSBC e a Federação Brasileira de Bancos
(Febraban), que atuou como amicus curiae no processo.

Informação adequada:
“A existência de uma norma permissiva, portanto, é
requisito necessário e imprescindível para a cobrança do
encargo capitalização, porém não suficiente/bastante,
haja vista estar sempre atrelado ao expresso ajuste entre
as partes contratantes, principalmente em virtude dos
princípios da liberdade de contratar, da boa-fé e da
adequada informação”, argumentou o ministro.

O magistrado destacou decisões do STJ no sentido de


permitir a capitalização dos juros, mas nos casos
destacados, há expressa menção à necessidade de
prévio ajuste entre as partes contratantes.

A exceção que ainda está sendo discutida no STJ são os


financiamentos do Sistema Financeiro de Habitação
(SFH) que utilizam a Tabela Price. No REsp 951.894,
afetado como recurso repetitivo, a Corte Especial vai
decidir sobre a existência ou não da capitalização de
juros na própria fórmula matemática da Tabela Price.

O STJ realizou audiência pública sobre o assunto em


fevereiro de 2016. O tema está cadastrado sob o número
909 no sistema de repetitivos.

Aplicação condicionada:
O ministro ressaltou que há entendimento pacífico no
STJ de que a capitalização inferior a um ano depende de
pactuação, e que por isso seria impossível permitir a
capitalização anual sem previsão contratual expressa, já
que seria a única modalidade no sistema financeiro em
que ela incidiria de maneira automática, apesar de não
existir norma no Código Civil que o autorize dessa forma.

“A capitalização de juros é permitida em inúmeros


diplomas normativos em periodicidades distintas
(mensal, semestral, anual), e não é pela circunstância de
a lei autorizar a sua cobrança que será automaticamente
devida pelo tomador do empréstimo em qualquer dessas
modalidades”, argumentou o magistrado.

No caso específico, os ministros deram provimento ao


recurso apenas para afastar a multa aplicada ao banco
em embargos de declaração, por entenderem que não
houve má-fé da instituição financeira.

8) DA ANÁLISE DO STJ SOBRE A CAPITALIZAÇÃO DE JUROS PELA


TABELA PRICE EM 06/02/2019
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Dois anos mais tarde, no dia 06/02/2019, em relação à certeza de que a fórmula
matemática utilizada para o cálculo dos coeficientes da Tabela Price capitaliza
juros ou não, o STJ decidiu não analisar a questão. A decisão foi muito apertada,
ou seja, seis ministros votaram para que a fórmula fosse analisada e sete
votaram para que não fosse realizada tal análise.
NOTÍCIA VEICULADA PELO PORTAL CONJUR EM
FEVEREIRO DE 2019

A Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça decidiu,


nesta quarta-feira (6/2), não analisar a possibilidade de
haver a cobrança de juros compostos na fórmula da
tabela Price, o que implicaria a ilegalidade de seu uso
para amortização de financiamentos. O julgamento
estava suspenso por um pedido de vista desde
novembro de 2016.

Com a decisão, o colegiado não discutirá, em novo


repetitivo, a legalidade de empregar a tabela Price em
empréstimos para determinar o valor da prestação a ser
paga pelo devedor com base na capitalização dos juros.
Por apertada maioria de sete votos a seis, o colegiado
decidiu desafetar o REsp 951.894/DF da sistemática dos
repetitivos.

A Tabela Price é um sistema de amortização muito


utilizado em financiamentos de imóvel.

A relatora do recurso, ministra Isabel Galotti, defendeu a


afetação do processo como representativo de
controvérsia. Para a ministra, um novo repetitivo
permitiria que a Corte Especial voltasse a debater se o
STJ considera ilegal o método matemático em si ou
somente as ocasiões em que a metodologia fizer incidir
juros sobre juros.

“Tanto a Lei da Usura quanto a Súmula 121 do Supremo


Tribunal Federal proíbem a capitalização dos juros. O
STJ não explicou o que a lei de usura proíbe. Logo,
caberia definir se a lei proíbe a incidência de novos juros
sobre prestação vencida e não paga ou se proíbe a
capitalização de forma geral”, explicou.

9) STJ 2019 – STJ ANALISA LEGALIDADE DE JUROS COMPOSTOS NA


TABELA PRICE
A Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça (STJ)
acolheu questão de ordem proposta pelo ministro Luis
Felipe Salomão e optou por não reabrir a discussão
sobre a possibilidade de exame, em recurso especial, da
legalidade do emprego da Tabela Price em
financiamentos. Manteve-se assim a jurisprudência
firmada em 2014, a qual considerou que a questão exige
reexame de provas e de cláusulas contratuais e por isso
não pode ser tratada em recurso especial.
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Ao acolher a questão de ordem, a Corte Especial tornou
sem efeito a afetação do Recurso Especial 951.894 ao rito
dos repetitivos. O recurso desafetado tratava da
possibilidade de haver reexame da questão jurídica
pertinente à legalidade, em abstrato, do emprego da
Tabela Price, em face da proibição de capitalização de
juros em intervalo inferior ao anual, conforme preceitua
o artigo 4º do Decreto 22.626/33 (Lei de Usura).

A decisão foi tomada pela maioria dos ministros que


compõem o colegiado, por 7 votos a 6, na sessão
realizada no último dia 6.

O ministro Salomão defendeu que o tema não fosse


revisto pelo STJ, por se tratar de matéria de fato que
depende da produção de prova pericial na instância
ordinária. Segundo ele, o que ficou decidido pelo STJ em
2014 é que, por não ser matéria “tranquila nem entre os
matemáticos”, é necessária a produção de prova técnica.

Querer rediscutir o tema agora “não me parece que


contribua para a estabilidade da jurisprudência”, afirmou
Salomão.

Tese:
A decisão da Corte Especial preserva a tese firmada no
Tema 572 dos recursos repetitivos. Em dezembro de
2014, no julgamento do REsp 1.124.552, os ministros
definiram que “a análise acerca da legalidade da
utilização da Tabela Price – mesmo que em abstrato –
passa, necessariamente, pela constatação da eventual
capitalização de juros (ou incidência de juros
compostos, juros sobre juros ou anatocismo), que é
questão de fato e não de direito, motivo pelo qual não
cabe ao Superior Tribunal de Justiça tal apreciação, em
razão dos óbices contidos nas Súmulas 5 e 7 do STJ”.

Para o STJ, “em contratos cuja capitalização de juros


seja vedada, é necessária a interpretação de cláusulas
contratuais e a produção de prova técnica para aferir a
existência da cobrança de juros não lineares,
incompatíveis, portanto, com financiamentos celebrados
no âmbito do Sistema Financeiro da Habitação antes da
vigência da Lei 11.977/2009, que acrescentou o artigo 15-
A à Lei 4.380/1964”.

A tese firmada destaca ainda que, “em se verificando que


matérias de fato ou eminentemente técnicas foram
tratadas como exclusivamente de direito, reconhece-se o
cerceamento, para que seja realizada a prova pericial”.

Em razão da questão de ordem, o recurso desafetado


voltou para julgamento na Quarta Turma, sob relatoria da
ministra Isabel Gallotti.

NOTÍCIA VEICULADA PELO PORTAL CONJUR EM


FEVEREIRO DE 2019 (DECISÃO OCORRIDA NO SEXTO
DIA DO MÊS)
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A Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça decidiu,
nesta quarta-feira (6/2), não analisar a possibilidade de
haver a cobrança de juros compostos na fórmula da
tabela Price, o que implicaria a ilegalidade de seu uso
para amortização de financiamentos. O julgamento
estava suspenso por um pedido de vista desde
novembro de 2016.

Com a decisão, o colegiado não discutirá, em novo


repetitivo, a legalidade de empregar a tabela Price em
empréstimos para determinar o valor da prestação a ser
paga pelo devedor com base na capitalização dos juros.
Por apertada maioria de sete votos a seis, o colegiado
decidiu desafetar o REsp 951.894/DF da sistemática dos
repetitivos.

A Tabela Price é um sistema de amortização muito


utilizado em financiamentos de imóvel.

A relatora do recurso, ministra Isabel Galotti, defendeu a


afetação do processo como representativo de
controvérsia. Para a ministra, um novo repetitivo
permitiria que a Corte Especial voltasse a debater se o
STJ considera ilegal o método matemático em si ou
somente as ocasiões em que a metodologia fizer incidir
juros sobre juros.

“Tanto a Lei da Usura quanto a Súmula 121 do Supremo


Tribunal Federal proíbem a capitalização dos juros. O
STJ não explicou o que a lei de usura proíbe. Logo,
caberia definir se a lei proíbe a incidência de novos juros
sobre prestação vencida e não paga ou se proíbe a
capitalização de forma geral”, explicou.

Divergência Vencida:
Na sessão desta quarta-feira, a análise foi retomada com
o voto-vista do ministro Herman Benjamin, que
acompanhou uma questão de ordem apresentada pelo
ministro Luis Felipe Salomão pela desafetação do
recurso.

“A Corte Especial já havia se posicionado na matéria em


dezembro de 2014, ao julgar o recurso especial
1.124.552/RS. Na ocasião, ficou definido que, para o juiz
avaliar a legalidade de contratos baseados na tabela
Price, é necessária a realização de uma perícia que
determine se houve de fato a capitalização dos juros em
cada caso”, disse Salomão.

Com a desafetação do repetitivo, a Corte Especial


mantém o entendimento de que a questão depende da
análise de provas. Os ministros Humberto Martins,
Nancy Andrighi, Benedito Gonçalves, Herman Benjamin,
Jorge Mussi e Francisco Falcão seguiram o
entendimento firmado por Salomão.

Risco de Interesse:
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De acordo com a relatora, com a posição do STJ,
sentenças que obriguem os bancos a transformar juros
compostos em simples podem levar as instituições a
aumentar o spread bancário.

“Não se trataria de mudança e que o julgamento não


atende aos interesses dos bancos. Na Justiça Federal, os
bancos ganharam todas. Ao aplicar as súmulas 5 e 7 nos
processos sobre o tema, o STJ dá um cheque em branco
para tribunais, como o de Santa Catarina, dizerem que a
Tabela Price é ilegal. Os bancos não vão perder nunca,
eles sempre ganham, porque transferem o custo aos
consumidores”, defendeu.

O entendimento da relatora foi seguido pelos ministros


Raul Araújo, Og Fernandes, Maria Thereza de Assis
Moura, João Otávio de Noronha e Mauro Campbell
Marques.

10) DEMÉTRIO ANTUNES BASILLI, autor do Livro Retirando os Juros Sobre


Juros da Tabela Price diz:
Os financiamentos calculados com base nos coeficientes da Tabela Price com
certeza aplicam juros sobre juros. A ilusão de que nesses não há o anatocismo
está vinculada à observação do demonstrativo mensal ou também conhecido
como demonstrativo de evolução do saldo devedor. De acordo com esse tipo de
controle, após efetuado qualquer pagamento, os juros são aparentemente
“integralmente pagos” e apenas do que resta do valor é amortizado o principal.
Nota-se claramente a intervenção do observador que acaba se distanciando, por
consequência de sua ótica, do comportamento matemático coerente, imparcial
e original que deveria estar explícito na estrutura do demonstrativo. Em outras
palavras, o modo como comumente se observa o financiamento esconde o
anatocismo. A perspectiva utilizada ilude o observador que, por essa razão,
permanece com entendimentos equivocados. A grande utilização desse tipo de
demonstrativo no mundo não tem por objetivo esconder a verdade sobre a
existência de capitalização de juros nos financiamentos e empréstimos, mas
apenas de proporcionar praticidade ao controle, possuindo apenas quatro
variáveis básicas: juros, prestação, amortização e saldo devedor. Assim, com
muita facilidade pode-se saber o saldo devedor correto a cada mês. Por outro
lado, esse mesmo demonstrativo encobre, por suas características operacionais,
os juros sobre juros existentes em cada saldo devedor. Essa ilusão de que não
existe o anatocismo não ocorre somente em financiamentos calculados com
base na Tabela Price, mas, sim, em todo financiamento onde são calculados os
juros sobre o saldo devedor. Por esse motivo, o Sistema de Amortização
Constante (SAC) e todos os outros utilizados no mercado também aplicam juros
sobre juros. O primeiro e o terceiro capítulo podem ser utilizados como doutrina
para a comprovação do anatocismo nos financiamentos em geral. No mesmo
sentido, o quinto capítulo pode também ser utilizado como doutrina que
especifica o método correto para a determinação do valor das iguais prestações
de financiamentos sem anatocismo. O método citado não resulta em uma
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fórmula prática porque a expressão matemática inicial é irredutível. Nesse
sentido, compreendemos o motivo responsável pela inexistência da abordagem
desse método nos livros de matemática financeira em geral, pois, pelo fato de
ser impossível obter uma fórmula que permita dar praticidade para esse fim, os
cálculos se tornam muito trabalhosos em casos de financiamentos de médio e
longo prazo, sem a utilização de um computador.
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11) FONTES DE PESQUISA:

 http://www.conjur.com.br/2009-mai-11/capitalizacao-juros-tabela-price-provas-stj

 http://stj.jusbrasil.com.br/noticias/157989298/nao-cabe-ao-stj-afirmar-legalidade-
mesmo-em-abstrato-da-utilizacao-da-tabela-price

 http://radioagencianacional.ebc.com.br/economia/audio/2015-02/stf-confirma-
legalidade-de-mp-que-preve-capitalizacao-de-juros

 http://www.rjsjtp.net

 http://www.stj.jus.br/sites/STJ/default/pt_BR/Comunicação/noticias/Notícias/Instituições
-debatem-capitalização-de-juros-em-financiamentos-do-SFH-com-base-na-Tabela-
Price

 http://www.stj.jus.br/sites/STJ/default/pt_BR/Comunica%C3%A7%C3%A3o/noticias/Not
%C3%ADcias/Previs%C3%A3o-contratual-%C3%A9-exigida-para-
capitaliza%C3%A7%C3%A3o-de-juros-em-qualquer-periodicidade

 https://www.conjur.com.br/2019-fev-07/stj-nao-analisa-legalidade-juros-compostos-
tabela-price

 http://www.stj.jus.br/sites/STJ/default/pt_BR/Comunica%C3%A7%C3%A3o/noticias/Not
%C3%ADcias/Corte-Especial-desafeta-recurso-para-rediscutir-Tabela-Price-e-
mant%C3%A9m-tese-de-2014

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