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FACULDADE INTEGRADA DA GRANDE FORTALEZA

CURSO DE BACHARELADO EM ENFERMAGEM

RAFAELLE DANTAS BEZERRA

MULHERES VÍTIMAS DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA NA


ESTRATÉGIA DE SAÚDE DA FAMILIA

FORTALEZA
2011
RAFAELLE DANTAS BEZERRA

MULHERES VÍTIMAS DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA NA


ESTRATÉGIA DE SAÚDE DA FAMILIA

Monografia Apresentada à Coordenação do Curso


de Enfermagem da Faculdade Integrada da Grande
Fortaleza para a obtenção do Tı́tulo de Bacha-
rel em Enfermagem pela Faculdade Integrada da
Grande Fortaleza - FGF.
Orientador: Profa . MS. Nádia Marques Gadelha Pinheiro

FORTALEZA
2011
Bezerra, Rafaelle
Mulheres vı́timas de violência doméstica na Estratégia Saúde da
Famı́lia / Rafaelle Bezerra - 2011
66 .p

1.Saúde da Mulher 2.Violência Doméstica 3.Atenção Primária à


Saúde
CDD 3628292
DEDICATÓRIA

A Deus por todas as oportunidades que tem me dado, por ter


sido meu refúgio e a minha fortaleza em todos os momentos
de minha caminhada. Aos meu pais, Arquimedes e Fátima,
por terem acreditado no meu potencial.

Rafaelle Dantas
AGRADECIMENTO

Agradeço primeiramente a Deus a oportunidade que estou tendo de realizar um sonho.

Hoje posso dizer que venci uma das mais importantes batalhas de minha vida.

Aos meu pais, Arquimedes e Fátima, a quem honro pelo enorme esforço que fizeram por
mim, o apoio incondicional e muito mais porque que souberam tolerar e compreender o
meu estranho mau humor em determinados momentos deste fase, com sabedoria. Meus
agradecimentos com imenso carinho.

Aos meus irmãos e à minha famı́lia pela acompanhamento, apoio e compreensão. As


palavras de sabedoria e os conselhos que me deram forças para continuar.

A minha orientadora, que se colocou como uma mãe, acreditando no meu trabalho, dando-
me a liberdade necessária, conduziu-me a maiores reflexões e desta forma enriquecendo-
me. Minha especial admiração e gratidão.

Aos meus professores, um agradecimento especial por terem me alimentado com o conhe-

cimento necessário para que eu me torna-se uma profissionais capaz de cuidar de seres
humanos. Pela paciência e dedicação que tiveram comigo, meu muito obrigada!

Aos colegas de caminhada, anjos que seguiram comigo nessa árdua estrada do conheci-
mento, deixo o meu até breve e a eterna saudade dos momentos alegres e atribulados que
passamos juntos. Vencemos.

Aos meus amigos, pelo apoio, carinho e força que vocês me dedicaram durante esses anos.

As mulheres e enfermeiras entrevistadas, que contribuı́ram com a formação do objeto de


estudo. Agradeço a cada uma em particular.
Pensamento

Sonhe com o que você quiser. Vá para onde você queira ir.
Seja o que você quer ser, porque você possui apenas uma vida
e nela só temos uma chance de fazer aquilo que queremos.
Tenha felicidade bastante para fazê-la doce. Dificuldades para
fazê-la forte. Tristeza para fazê-la humana. E esperança su-
ficiente para fazê-la feliz.

Clarice Lispector
RESUMO

Atualmente, a cada minuto quatro mulheres são espancadas no Brasil. Existem no paı́s
registros de dois milhões de casos de violência doméstica e familiar por ano, de cada
cinco brasileiras pelo menos uma declara já ter sofrido algum tipo de violência por parte
de algum homem. O comprometimento com a redução da violência doméstica contra
a mulher não é somente dos órgãos de assistência social e nem apenas das entidades
feministas, e sim de toda a sociedade, principalmente dos serviços de saúde, que é o
setor mais próximo das mulheres. O objetivo desse trabalho é pesquisar o atendimento à
mulheres vı́timas de violência doméstica em uma Unidade Básica de Saúde, de Fortaleza
- CE, identificando quais as ações desenvolvidas pela unidade. Quanto a metodologia,
trata-se de um estudo monográfico, transversal, com pesquisa exploratória de campo com
abordagem qualitativa. Os sujeitos da pesquisa foram constituı́dos por 05 profissionais
graduados em enfermagem e 10 mulheres participantes usuárias cadastradas no Centro
de Saúde da Famı́lia. A coleta de dados deu-se através do gênero entrevista gravada que
ocorreu em duas etapas, com a anuência dos sujeitos. Os profissionais apontaram alguns
fatores que dificultam o atendimento às mulheres vı́timas de violência doméstica, dentre
as quais: a falta de conhecimento sobre os métodos de abordagem, o medo de envolver-se
com as questões e a falta de proteção no ambiente do centro de saúde. Foi sugerido entre
os profissionais à possibilidade de promover ações educativas como forma de combate a
violência. Nas falas das mulheres é notória a representação da desigualdade de gênero e
a necessidade de reorganização as polı́ticas publicas. Assim as narrativas das violências
vividas nos leva a uma reflexão mais profunda sobre a temática. Percebe-se que a violência
contra a mulher só poderá ser combatida e cuidada na atenção primária a saúde a medida
que houver um preparo profissional adequado e humanizado na assistência a mulheres
vı́timas violência.

Palavras chave: Saúde da Mulher, Violência Doméstica, Atenção Primária à Saúde.


Sumário
1 INTRODUÇÃO 8

2 REVISÃO DE LITERATURA 12
2.1 Da violência doméstica contra a mulher . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
2.2 Da Lei que ampara a mulher . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
2.3 O papel do Centro de Saúde da Famı́lia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16

3 OBJETIVOS 20
3.1 Objetivo Geral . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
3.2 Objetivos Especı́ficos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
3.3 Justificativa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20

4 Problema 21
4.1 Hipótese . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
4.2 Variáveis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21

5 METODOLOGIA 23
5.1 Método de abordagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
5.2 Métodos de procedimento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
5.3 Tipos de Estudo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
5.3.1 Técnicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
5.3.2 Delimitação do universo (descrição da população) . . . . . . . . . . 23
5.3.3 Tipo de amostragem: . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
5.3.4 Critérios de inclusão para enfermeiros participantes do Estudo: . . . 24
5.3.5 Análise dos dados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
5.3.6 Recrutamento da Amostra . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
5.3.7 Local do estudo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
5.4 Cuidados e proteção da amostra . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
5.4.1 Dos riscos para as mulheres participantes . . . . . . . . . . . . . . . 27
5.4.2 Dos benefı́cios para as mulheres participantes . . . . . . . . . . . . 27
5.4.3 Dos riscos para os profissionais de enfermagem . . . . . . . . . . . . 27
5.4.4 Dos benefı́cios para os profissionais de enfermagem . . . . . . . . . 28
5.5 Instrumentos de Coleta de Dados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
5.6 A coleta de dados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
5.7 Aspectos Éticos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
5.8 Critérios para suspender ou encerrar a pesquisa . . . . . . . . . . . . . . . 30

6 A VOZ DOS ENFERMEIROS 33


6.1 Dados sócio - demográficos dos enfermeiros participantes . . . . . . . . . . 33
6.2 O conhecimento de enfermagem e a saúde integral da mulher . . . . . . . . 33
6.3 A assistência de enfermagem no contexto do Centro de Saúde da Famı́lia
em relação as mulheres vitimas de violência doméstica . . . . . . . . . . . . 34
6.4 As esperanças e perspectivas na voz dos profissionais . . . . . . . . . . . . 37
7 A VOZ DAS MULHERES 40
7.1 Dados sócio - demográfico das mulheres participantes . . . . . . . . . . . . 40
7.2 A importância do apoio da Estratégia Saúde da Famı́lia na voz das mulheres
e as estrutura das polı́ticas públicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
7.3 As narrativas da dor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42

8 CONSIDERAÇÕES FINAIS 47

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 50

APÊNDICE 53

APÊNDICE A - Modelo de formulário semiestruturado para as mulheres


participantes do estudo 54

APÊNDICE B - Modelo de formulário semiestruturado para os profissio-


nais de Enfermagem 55

APÊNDICE C - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido para as mu-


lheres 56

APÊNDICE D - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido para os en-


fermeiros 60

ANEXO 63

ANEXO A - Mapa da cidade de Fortaleza-CE dividida por Regionais 64

ANEXO B - Parecer consubstanciado do CEP/ESP 65

ANEXO C - Autorização do Sistema Municipal de Saúde Escola 66


Rafaelle
8

1 INTRODUÇÃO

O objetivo dos Centros de Saúde da Famı́lia (CSF) é promover a saúde da po-

pulação de acordo com sua necessidade e em livre demanda. São diversificados os proble-
mas de saúde de uma população, e muitas vezes esses problemas são complexos e de difı́cil
resolução, afetando vários outros sistemas e órgãos e não somente os serviços de saúde.
A Atenção Primária à Saúde é a porta de entrada do Sistema Único de Saúde no Brasil,

é responsável por manter o vinculo com a comunidade sob sua supervisão e permitir-lhe
a acessibilidade a toda à rede de saúde (DUNCAN; SCHMIDT; GIUGLIANI, 2004).
A Atenção Básica a Saúde é responsável pelos indivı́duos a longo tempo indepen-
dente de seus problema de saúde dos indivı́duos ou mesma da ausência de doença, integra

a atenção e a rede de saúde, cuida de seus usuários, e familiares e da comunidade, visando


à centralização e fortalecimento da famı́lia e a valorização cultura daquela comunidade
assistida (DUNCAN; SCHMIDT; GIUGLIANI, 2004).
As mulheres são a classe de usuários que mais frequenta as unidades de saúde no
Brasil, em sua maioria essa população chega ao serviço em busca do próprio atendimento

ou como acompanhante de crianças e idosos. Brasil (2009) coloca que apesar das mulheres
viverem e possuı́rem uma qualidade de vida maior que a dos homens, estas adoecem mais e
frequentam com maior assiduidade as unidades primárias de saúde. Essa vulnerabilidade
se caracteriza pela fisiologia da mulher e/ou doenças ou agravos causados por situação de

discriminação social feminina.


A rede de atenção primária tem ações ainda limitadas quando em relação à re-
solução de alguns atendimentos especı́ficos dentro da Atenção Integral a Saúde da Mu-
lher, entre os quais e de grande relevância a violência doméstica. Esse problema é pouco

compreendido pelos profissionais de saúde e é analisado pela rede primária como de con-
texto complexo. A grande demanda dos casos, a falta de treinamento profissional para
identificação destes e poucos recursos ofertados para que haja um acolhimento qualificado
para essas mulheres, torna a problemática socialmente obscurecida e o atendimento falho
(D’OLIVEIRA et al, 2009).

Atualmente, a cada minuto quatro mulheres são espancadas no Brasil, existem


9

no paı́s registros de dois milhões de casos de violência domestica e familiar por ano, de

cada cinco brasileiras, pelo menos uma declara já ter sofrido algum tipo de violência
por parte de algum homem. A Lei n◦ 11.340, de agosto de 2006, mais conhecida como
Lei Maria da Penha, foi implantada com a iniciativa de criar mecanismos para coibir a
violência doméstica contra a mulher, porém a lei continua invisı́vel à sociedade, sendo
pouco compreendida e mal aplicada pelo poder publico (BRASIL, 2006).

O comprometimento com a redução da violência doméstica contra a mulher não é


somente dos órgãos de assistência social e nem apenas das entidades feministas, e sim de
toda a sociedade, principalmente, os serviços de saúde que é o setor mais próximo dessas
mulheres. Os Centros de Saúde da Famı́lia são as portas de entradas para as mulheres

vitimas da violência doméstica. São os primeiros, e em muitos casos os únicos, centros


públicos de assistência que essas vitimas buscam. Essa procura se da pela necessidade
de auxı́lio e socorro para os efeitos crônicos e sequelas a saúde que as agressões causam
(MARINHEIRO; VIEIRA; SOUZA, 2006).

O interesse de estudar essa temática deu-se em razão das experiências vivenciadas


durante os estágios na Estratégia de Saúde da Famı́lia, nas disciplinas de Saúde Coletiva
e Saúde da Mulher. Minha vivência como aluna despertou-me para essa questão que
representa um grave problema de saúde pública. As principais questões de pesquisa que
motivaram o empreendimento intelectual são: como as mulheres vı́timas de violência

doméstica são acolhidas no Centro de Saúde? Os profissionais de enfermagem estariam


preparados para acolher as demandas da violência doméstica? Há algum protocolo de
atendimento a ser seguido pela equipe de saúde? A violência doméstica é uma questão
silenciada e invisı́vel aos empreendimentos assistenciais do Saúde da Mulher?

Para tais questões optei pela pesquisa qualitativa pois ao trabalhar as subjetivi-
dades, é possı́vel mergulhar nos significados e sentidos que dão mais riquezas ao empre-
endimento analı́tico, através da geração de dados pelas entrevistas tanto realizadas com
as profissionais enfermeiras, quanto às mulheres usuárias do Centro de Saúde e atendidas

em seus programas assistenciais do Saúde da Mulher, conforme preconiza os protocolos


do Ministério da Saúde (BRASIL, 2009) . Tracei como objetivo estudar o atendimento
10

mulheres vı́tima de violência doméstica na Estratégia Saúde da Famı́lia (ESF), e identifi-

car os protocolos e as práticas assistenciais desenvolvidas no encaminhamento e possı́veis


soluções para as demandas da violência doméstica.
Considero que o tema é relevante para a ciência da enfermagem colaborando com
novas abordagens no âmbito da saúde pública, contribuindo com reflexões crı́ticas que
favoreçam o debate, e a tomada de novos posicionamentos da enfermagem no trato com

a violência doméstica, que deva ser tratada como uma questão de saúde pública
Evidentemente o trabalho que aqui apresento é um primeiro momento que busca
questionar e problematizar o tema da violência doméstica no âmbito da práxis da enferma-
gem na atenção básica, e que servirá de inspiração a novos empreendimentos acadêmicos

que dêem continuidade ao debate e a busca de soluções possı́veis.


Rafaelle
12

2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Da violência doméstica contra a mulher

A violência ainda é considerada pelos estudiosos um assunto complexo e de difı́cil


definição. A violência pode ser definida como o uso intencional da força fı́sica, real ou

ameaça contra si próprio, contra outras pessoas ou contra um grupo ou uma comuni-
dade, que resulte ou tenha possibilidades de resultar em lesão, morte, dano psicológico,
emocional ou deficiência do desenvolvimento ou privação da liberdade (BRASIL, 2010).
Historicamente, a violência só faz como vitimas as classes consideradas submissas
ou minoria em termos de detenção de poder. Por conta dessa questão histórica e cultural,

a violência doméstica vem sendo vista pela sociedade como algo aceitável, uma situação
esperada e costumeira, resultado de fatores psicossociais (LETIERRE; NAKANO; RO-
DRIGUÊS, 2007).
Com a fragmentação familiar das últimas décadas e as mudanças sociais, polı́ticas e

econômicas, a violência foi perpassada para o meio doméstico, assim a violência doméstica
passou a atingir os filhos, os idosos e principalmente as mulheres. A violência doméstica
tem origens nas desigualdades de gênero, na ideologia da dominação masculina onde os
papéis sociais devem ser determinados e hierarquizados (CHAUÍ apud MOREIRA et al,

2008).
Sabe-se que a desigualdade de gênero em âmbito familiar ainda é muito significa-
tiva, o estereótipo da mulher submissa, abnegada, obediente ao homem prevalece viva em
nossa sociedade, mesmo após duas décadas de lutas e ações feministas. Quando se fala de
violência, principalmente contra a mulher, o maior risco de agressão vem por parte dos

parentes e familiares, os casos de violência por estranhos existem, mas em um número


bem menor em relação os casos de agressões domésticas (ANDRADE; FONSECA, 2007).
Devido a esse fator, pesquisas feitas nessa temática mostram que os principais
agressores, quando se fala de violência doméstica contra a mulher, são os companheiros

ı́ntimos, seguidos dos pais e padrastos, sendo os companheiros ı́ntimos os agressores mais
reincidentes em episódios agressivos, causando casos cada vez mais repetitivos e severos,
13

aumentado a cada agressão a intensidade dos golpes contra suas vitimas (SCHRAIBER

et al, 2002).
Existem vários tipos de agressões, segundo Andrade e Fonseca (2007) as mais
comuns são as agressões fı́sicas que se apresentam através de lesões corporais graves, cau-
sadas por socos, tapas, chutes, amarramentos e espancamento, queimaduras de genitálias
e mamas, estrangulamento e ferimentos com armas brancas, sendo os golpes direcionados

principalmente o rosto, braços e pernas das vı́timas.


As agressões consideradas mais severas são aquelas que deixam sequelas tem-
porárias ou permanentes, de cunho fı́sico ou psicológico, apresentando ou não ameaças
e uso de armas. Um grande número de mulheres que relatam violência fı́sica declara

também violência sexual, sendo a violência sexual a segunda mais frequente no âmbito
doméstico (SCHRAIBER et al, 2002).
A maioria dos registros e denuncias de violência fı́sica são acompanhados por re-
gistros de violência sexual, considerada por alguns estudiosos como um dos mais graves

tipos de violência doméstica, pois, acarreta uma gama grande e complexa de prejuı́zos à
vida da mulher vitimizada, trazendo complicações fı́sicas, psicológicas e de relacionamento
social (SCHRAIBER et al, 2002).
Em seu estudo Kronbauer e Meneghel (2005) aponta que além do abuso sexual
vivido a mulher tem que conviver com a recusa do parceiro no uso do preservativo, não

podendo assim se prevenir de Doenças Sexualmente Transmissı́veis (DST’s), Aids e gra-


videz indesejada.
Estudos mostram que a mulher agredida está mais propensa a tentativas de suicı́dios,
uso de drogas ilı́citas, tabagismo, alcoolismo, distúrbios psı́quicos, dores e doenças pélvicas,

desenvolvimento de doenças crônicas, contaminação por doenças sexualmente transmissı́veis


(DST’s) e gravidez indesejada. Fatores esses que fazem com que a mulher vitima de
violência doméstica busque a unidade básica de saúde com mais constância, na tentativa
de tratar os agravos, na maioria de vezes crônicos, causados pelas agressões (SCHRAIBER

et al, 2002).
Moreira et al (2008) coloca que a violência apesar de atingir todas as mulheres,
14

independente de raça, idade ou nı́vel social, traz consigo influencia de alguns fatores sociais

como a baixa escolaridade e nı́vel de conhecimento da mulher, uso de qualquer tipo de


droga pela mulher ou pelo agressor, poder econômico baixo e desemprego que mantem a
mulher dependente financeiramente do homem.
Estudos mostram que a violência pode ser prevenida na infância, trabalhando a
temática deste o desenvolvimento da criança. Filhos que presenciam episódios de violência

tornam-se mais propensos a serem futuras mulheres vı́timas ou futuros agressores a serviço
da propagação da violência familiar. Além disso crianças que testemunham violência
doméstica são mais susceptı́veis a desencadear problemas comportamentais e emocionais
(MIRANDA; PAULA; BORDIN 2010).

2.2 Da Lei que ampara a mulher

É para que as mulheres não silenciem diante de situação de vı́tima da violência, que
foi criada em 07 de agosto de 2006, a Lei 11.340, conhecida popularmente como Lei Maria
da Penha. O nome da lei é uma homenagem à nobre cearense Maria da Penha, vı́tima do
marido que tentou matá-la por duas vezes, deixando-a paraplégica. Essa grande mulher

não se entregou, transformou sua luta em colaboração social, e mais que merecidamente
foi homenageada dessa forma.
A Lei Maria da Penha foi assinada pelo Presidente Luı́s Inácio Lula da Silva sob
o número 11.340, de 07 de agosto de 2006, criando os mecanismos para coibir a violência
doméstica e familiar contra a mulher, nos termos do §8 do art. 226 da Constituição

Federal, da convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Contra


as Mulheres e da Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência
contra a Mulher; dispõe sobre a criação de Juizados de Violência Doméstica e Familiar
contra a Mulher; altera o Código Penal e a Lei de Execução Penal; e dá outras providências

(BRASIL, 2010).
A Lei é um grande avanço na luta feminina, criada para abolir a desigualdade
de gênero e a cultura machista que se encobre entre as paredes dos lares do paı́s. Ela
vem para coibir a violência familiar contra a mulher e punir seu agressor, para que este
15

não continue totalmente impune em nossa sociedade. Ampara todas as mulheres, não

há distinção de idade, classe social, religião e raça, as asseguram em termos de acesso à
justiça, segurança, saúde, cultura e lazer (BRASIL, 2006).
Ainda em Brasil (2006) a lei traz também o esclarecimento sobre as formas de
violência doméstica contra a mulher:

I - Violência fı́sica, qualquer conduta que ofenda a saúde corporal da mulher.

II - Violência psicológica, qualquer conduta que lhe cause dano emocional, prejuı́zos à
saúde psicológica e autodeterminação.

III - Violência sexual, manter ou participar de relações sexuais não desejadas, mediante
intimidação, ameaça coação ou uso de força.

IV - Violência patrimonial, qualquer conduta que configure retenção, destruição parcial


ou total de seus objetos, como exemplo documentos pessoais.

O capı́tulo III, art. 9, §3, fala sobre a participação principal dos serviços de saúde
às mulheres já vitimizadas, ou seja, na parte da assistência no acesso à contracepção de
emergência, profilaxia das Doenças Sexualmente Transmissı́veis (DST) e da Sı́ndrome da

Imunodeficiência Adquirida (AIDS) e outros procedimentos médicos que venham a ser


necessários e cabı́veis nos casos de violência sexual (BRASIL, 2006).
Nos artigos 29 35-I e II da Lei 11.340 estão dispostos à importância da participação
de um atendimento por equipes multidisciplinares, profissionais especializados nas áreas
de saúde fı́sica e mental, e profissionais sociais. Assim, como centros especializados nesse

tipo de atendimento, as casas-abrigos são um exemplo. Vale salientar que esse tipo de
atendimento deve ser direcionado não só para a mulher como também a seus dependentes,
que podem ou não viver também sob constante violência doméstica (BRASIL, 2006).
Apesar de bastante falada entre o senso comum, seus verdadeiros fundamentos e

objetivos ainda são poucos conhecidos pela sociedade, principalmente, entre as mulheres
que deveriam ser as mais informadas sobre como agir em casos de violência, o desco-
nhecimento não escolhe classe social, ela atinge das camadas mais baixas a mais altas
(BRASIL, 2010).
16

A divulgação e muitas vezes a aplicação dessa lei ainda é muito falha, não só

pelos setores de segurança e judiciário, mas principalmente pelo setor de saúde que não
identifica, diagnostica e notifica os casos de violência doméstica contra a mulher.

2.3 O papel do Centro de Saúde da Famı́lia

A violência doméstica repercute diretamente na saúde da mulher e na sua qualidade


de vida, é um problema complexo e invisı́vel, presente e recorrente nos serviços de saúde.
Essa problemática deveria, por parte dos setores de saúde, ter ampla cobertura entre as

mulheres vitimizadas, sendo o maior reconhecedor e acolhedor das vitimas (ANDRADE;


FONSECA, 2007).
A Atenção Primária se deve enquadrar como o setor de maior destaque quando
referimo-nos a violência contra a mulher, pois são os Centros de Saúde da Famı́lia os

locais primeiramente procurados por mulheres vı́timas de violência, e essa procura só
ocorre devido aos agravos fı́sicos, principalmente os agravos de caráter crônico, resultados
das agressões vividas. Os serviços básicos de saúde são portas de entrada das mulheres em
situação de violência, principalmente as unidades básicas de saúde que ficam aos redores

de seus lares e já fazem parte da rotina de saúde familiar (BRASIL, 2010).
Outras razões desse destaque se dá pelo nı́vel de e a capacidade dessas instituições
de promoverem ações de promoção e prevenção de saúde em todos as vertentes da saúde
pública. A ampla cobertura e o poder de estar intimamente ligado ao domicilio das mu-
lheres valoriza a implantação de estratégias ao combate de agravos a mulher por violência

doméstica (D’ OLIVEIRA et al, 2009).


Em casos de atendimentos a mulheres vitima de violência doméstica a criação de
um vinculo de confiança é de suma importância para a continuidade do atendimento
dos agravos, vinculo esse que deve ser preexistente entre a unidade e a comunidade por

meio dos atendimentos primários a saúde, anteriormente prestados, é preconizado que


(BRASIL, 2010, p.258):
17

A unidade básica deve funcionar integrada com a sua comuni-


dade e com as diversas instituições que a integram, como escolas,
creches, hospitais, conselhos tutelares, defensoria pública, polı́cia,
entre outros. É fundamental que a unidade de saúde tenha conhe-
cimento dos órgãos de referência para suporte à vı́tima de violência
para que possa trabalhar de maneira integrada, constituindo, jun-
tamente com os demais serviços, uma rede de atenção às vı́timas
de violência doméstica e sexual.

Vemos que apenas uma pequena parcela dos casos encontrados nos Centros de

Saúde da Famı́lia são identificados e notificados, por isso a prevalência dos registros pela
Atenção Primária é muito baixa. Poucas mulheres se reconhecem em situação de violência,
fator que dificulta a promoção de ações e intervenções que visibilizem a problemática social
que é a violência doméstica (MARINHEIRO; VIEIRA; SOUZA 2006).
A notificação é parte de grande importância no atendimento na Atenção Básica

e de geração de números estatı́sticos para o Estado, pois é por meio deste registro que
a violência doméstica seja ela contra a mulher ou qualquer outro membro da famı́lia irá
ganhar destaque epidemiológico e visibilidade governamental permitindo assim a criação
de medidas e ações públicas para seu combate e prevenção. É dever do enfermeiro como

profissional de saúde mais próximo dessas vitimas notificar os casos que vier a ter conhe-
cimento, podendo responder por omissão se não notificado os casos que lhe chegam para
atendimento (SALIBA et al, 2007).
A capacitação das equipes de Saúde da Famı́lia é fundamental para os serviços de

saúde, pois os mesmos têm que estarem preparados para saber reconhecer e abordar no
acolhimento essa vı́tima, de forma que ela se sinta a vontade a falar do seu problema que
vai além do agravo fı́sico, informa sobre os recursos que a sociedade oferta, como delegacias
e casas-abrigos, fazendo com que outros setores tenham conhecimentos dos casos e possam
trabalhar de forma correta, garantido o direito e a dignidade dessas mulheres (OLIVEIRA;

FONSECA, 2006).
O dever das equipes de saúde da famı́lia não é apenas esperar a livre demanda
das mulheres vitimizadas, é também realizar buscas ativas na sua população de cober-
tura, através dos seus Agentes Comunitários de Saúde, no intuito de desenvolver ações

que combatam e diagnostiquem a violência doméstica e sexual (ANDRADE; FONSECA,


18

2007).

O profissional de Enfermagem tem que estar preparado de forma a trabalhar com


caráter interdisciplinar, ser sensı́vel e ter aptidão para poder detectar os sinais e fatores de
violência contra a mulher, para assim poder promover um atendimento com ações de pre-
venção e promoção da saúde dessas mulheres, livres de estereótipos discriminação, fatores
que podem influenciar diretamente na interação vı́tima/profissional de saúde, provocando

assim um atendimento falho e incompleto (VIEIRA et al, 2008).


A Enfermagem tem essa responsabilidade profissional e social de prestar um aten-
dimento integral visando seu cliente de uma forma holı́stica, contemplando os aspectos
fı́sicos, emocionais e sociais, fazendo com que exista o atendimento humanizado que en-

globa a escuta, o apoio e, principalmente, a orientação, prevaleça até mesmos em casos


difı́ceis como os de violência doméstica contra a mulher.
Rafaelle
20

3 OBJETIVOS

3.1 Objetivo Geral

Estudar o atendimento a mulheres vı́timas de violência doméstica em um Centro


de Saúde da Famı́lia, em Fortaleza - CE.

3.2 Objetivos Especı́ficos

• Identificar quais as ações desenvolvidas pela Unidade Básica de Saúde no atendi-


mento ás mulheres vı́timas de violência doméstica.

• Identificar como a operacionalização da saúde da mulher articula e desenvolve redes


de escuta e solidariedade à violência contra a mulher.

3.3 Justificativa

A violência doméstica repercute diretamente na saúde da mulher e na sua qualidade


de vida, é um problema complexo e invisı́vel, presente e recorrente nos serviços de saúde.

É considerada um grande problema social e de saúde pública, que afeta a população


feminina no que diz respeito a sua saúde fı́sica, psicológica, sexual, social e econômica
(ANDRADE; FONSECA, 2007).
O interesse pela temática da violência doméstica contra a mulher surgiu mediante

minha atuação, enquanto acadêmica de enfermagem, nas unidades básicas de saúde que
nos serviam como campo de estágio. Durante o contato com mulheres nas consultas
preventivas foi possı́vel perceber que por muitas vezes as usuárias tentavam buscar ajuda
nessas consultas relatando episódios vividos de violência e comunicando aos profissionais
agravos causados pelas agressões.

O conhecimento de enfermagem sobre essa temática se torna importante para que


haja a elaboração de ações preventivas e de promoção da saúde da mulher, de forma que
os casos de violência contra mulher sejam diagnosticados, notificados e principalmente
tratados, de modo a assegurar a saúde biopsicossocial da mulher. Esse estudo visa propor

uma contribuição sobre a temática considerando o papel polı́tico da Estratégia Saúde da


21

Famı́lia no contexto da violência doméstica contra a mulher.

4 Problema

A violência doméstica contra a mulher é objeto de interesse do Saúde da Mulher


na estratégia de Saúde da Famı́lia?

4.1 Hipótese

Na Estratégia Saúde da Famı́lia as ações operacionais da práxis da enfermagem


respondem as demandas da violência doméstica contra a mulher?

4.2 Variáveis

X (Variável independente): a violência contra a mulher.


Y 1 (Primeira variável dependente): A violência contra a mulher deve ser tratada como
um problema de saúde pública
Y 2 (Segunda variável dependente): A violência contra a mulher é um problema de saúde
pública.
Rafaelle
23

5 METODOLOGIA

5.1 Método de abordagem

Método dialético segundo Lakatos & Marconi (p. 110. 2009): o método dialético
“penetra o mundo dos fenômenos através de sua ação recı́proca, da contradição inerente
ao fenômeno e da mudança dialética que ocorre na natureza e na sociedade”.

5.2 Métodos de procedimento

Estudo monográfico

5.3 Tipos de Estudo

Trata-se de um estudo monográfico, transversal, com pesquisa exploratória de


campo com abordagem qualitativa.

5.3.1 Técnicas

Seguindo a orientação de Lakatos & Marconi (p. 11. 2009) corresponde a: do-
cumentação indireta, abrangendo a pesquisa documental e bibliográfica e documentação
direta: através da:
-Observação direta intensiva, com as técnicas da:

• Observação - assistemática, participante, individual na vida real;

• Observação - semi estruturada.

5.3.2 Delimitação do universo (descrição da população)

Os sujeitos da pesquisa foram constituı́dos por 05 profissionais graduados em en-


fermagem, todas do sexo feminino, que estão lotados no Centro de Saúde da Famı́lia a

pelo menos um ano e que pertenciam na faixa etária de 20 a 55 anos. As mulheres parti-
cipantes eram 10 usuárias cadastradas no Centro de Saúde da Famı́lia Dr. José Galba de
Araújo que buscavam atendimento no Programa de Atenção Integral a Saúde da Mulher
e que estavam na faixa etária de 18 a 65 anos.
24

A delimitação do universo consistiu em esclarecer sobre as pessoas pesquisadas

que ao longo da coleta e da análise serão nominadas por participantes, acompanhados por
numerais ordinais; exemplo: P1, P2, P3 e etc.

5.3.3 Tipo de amostragem:

Não probabilı́stica, não aleatória, determinada: foram escolhidas 10 mulheres e 05


profissionais de enfermagem.
O critério de inclusão foram mulheres cadastradas no Centro de Saúde da Famı́lia

José Galba de Araújo e que estavam no atendimento ao Programa de Atenção Integral


a Saúde da Mulher, desenvolvido no Centro de Saúde, na faixa etária de 18 a 65 anos, e
que desejaram participar da pesquisa.
O critério de exclusão foram mulheres com idade menor de 18 anos e maiores de

65 anos; mulheres não cadastradas no Centro de saúde ou que estivessem recebendo aten-
dimentos em outros programas desenvolvidos pela unidade de saúde que não o Programa
de Atenção Integral a Saúde da Mulher.

5.3.4 Critérios de inclusão para enfermeiros participantes do Estudo:

Participaram os enfermeiros, do sexos feminino, que eram funcionários públicos


do Centro de Saúde José Galba de Araújo, tendo seus serviços prestados a pelos menos

um ano, com idade entre 20 a 55 anos. Para os profissionais de enfermagem não foram
utilizados critérios de exclusão.

5.3.5 Análise dos dados

Os dados foram analisados por meio de Análise Temática segundo Bardin (1979.
P. 105) apud Minayo, (1996, p, 208-209): “A análise temática consiste em descobrir

os núcleos de sentido que compõem uma comunicação cuja presença signifique alguma
coisa para o objetivo analı́tico visado”, e seguirá a seguinte sequência: leitura e releitura,
constituição do material em categorias temáticas, e tratamento interpretativo e analı́tico
através da Análise de Discurso segundo Michel Pêcheux(1970) apud Minayo, (1996) :
25

O objetivo básico da Análise do Discurso é realizar uma reflexão


geral sobre as condições de produção e apreensão da significação de
textos produzidos nos mais diferentes campos: religioso, filosófico,
jurı́dico e sócio polı́tico. “Ela visa compreender o modo de funci-
onamento, os princı́pios de organização e as formas de produção
social do sentido” (p, 211).

5.3.6 Recrutamento da Amostra

A pesquisadora se apresentou aos Sujeitos que foram abordados diretamente no lo-


cal supracitado e foram convidados a participarem do Estudo de forma livre e espontânea.
Foi realizado os esclarecidos e os objetivos da Pesquisa e seus critérios metodológicos, a im-
portância da contribuição de sua participação nesse Estudo que era de grande relevância

social. Quanto ao local das entrevistas, a unidade básica de saúde disponibilizou uma
pequena sala, privada e confortável que pode ser alocada pelo pesquisador de acordo com
as rotinas administrativas da instituição.
O recrutamento dos sujeitos se deu nos setores de atendimentos clı́nicos de enfer-
magem do Centro de Saúde José Galba de Araújo. Esse procedimento foi precedido de

acordo com os protocolos éticos da Resolução 196/96 do Ministério da Saúde com pes-
quisas envolvendo seres humanos. Para cada modalidade de participantes (mulheres e
profissionais Enfermeiros) foi utilizado um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
(APENDICES C e D). Os documentos foram assinados em duas vias, sendo uma via

para o sujeito da pesquisa e outra para a pesquisadora. A pesquisa só foi iniciada após a
aprovação do Projeto pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Escola de Saúde Pública do
Ceará (ANEXO B).

5.3.7 Local do estudo

O Centro de Saúde da Famı́lia Dr. José Galba de Araújo encontra-se localizado

na Av. Fernandes Távora, no 3161, uma das principais avenidas do bairro Genibaú, zona
urbana de Fortaleza - CE. O Centro de Saúde faz parte das unidades da Regional V da
cidade de Fortaleza e faz vizinhança com o rio Maranguapinho. A região de localização
26

da unidade é uma área mista, de apresentação comercial e residencial, tem fácil acesso

por transporte urbano com a oferta de várias linhas de ônibus e vans.


O Centro de Saúde da Famı́lia presta atendimento a toda população do grande
Genibaú, atende cerca de 45.000 mil usuários do bairro. Tem seus serviços realizados
por 07 equipes multiprofissionais de saúde, sendo apenas 02 completas com médico, en-
fermeiro, odontologista, Auxiliares de Enfermagem, Técnico em Saúde Bucal e Agentes

Comunitários de saúde. A unidade conta com os serviços de 51 Agentes Comunitários de


Saúde que estão distribuı́dos pelo número da população em cada área, mas conta-se uma
média de 06 agentes por área. A instituição tem o apoio do Núcleo de Atenção a Saúde
da Famı́lia (NASF) da Regional V de Fortaleza - CE.

A instituição tem um amplo espaço fı́sico contando com doze (12) consultórios
divididos entre médicos e enfermeiros, sendo 02 desses consultórios destinados a atendi-
mentos odontológicos e 02 ao atendimento ginecológico, uma farmácia, um laboratório de
coleta, sala de imunização, sala de curativo, sala de esterilização, sala de aerossol, sala de

coordenação, sala de administração, espaço para de reuniões, sala de coleta para teste do
pezinho, um auditório, expurgo, copa, banheiros, sendo 04 externos e 04 internos localiza-
dos dentro de outras salas, sala de espera para atendimento do Sistema de Atendimento
Médico e Estatı́stico (SAME), estacionamento disposto para funcionário.

5.4 Cuidados e proteção da amostra

Os documentos, Termos de Consentimento Livre e Esclarecido (APÊNDICE C

e D) eram requisitos ao desenvolvimento da pesquisa, com o cumprimento da garantia


da confidencialidade, do anonimato e da não utilização das informações em prejuı́zo dos
indivı́duos, de que não haveriam riscos para os sujeitos da pesquisa, do emprego dos dados
somente para os fins previstos nesta pesquisa, dentre outros assegurados pela Resolução

196/96 da CNS/96. Todos os participantes do estudo foram tratados preservando suas


identidades e privacidades e foram tratados como Participante seguido de uma letra e um
numeral cardinal: ex: E1, E2, E3; M1, M2, M3. Etc.
27

5.4.1 Dos riscos para as mulheres participantes

Houve possibilidade de reagudização na esfera psı́quica dos traumas, dos sofrimen-


tos relacionados ao processo de violência doméstica que eventualmente poderiam ser sub-
metidas. Expor textualmente traumas e reafirmar as torturas é um evento problemático,

que reabilita duplamente o sofrimento existencial. Para minimizar tais sofrimentos me


coloquei de forma solidária ao seu sofrimento que no âmbito de minha profissão de enfer-
meira tentarei favorecer suporte dialógico compreensivo e acolhedor.

5.4.2 Dos benefı́cios para as mulheres participantes

Dos benefı́cios desse estudo irão se concretizar de acordo com as seguintes es-
tratégias: Uma (1) oficina pedagógica com inserções de educação saúde e cidadania da

mulher na luta contra a violência doméstica contra a mulher.


Proporcionar o acolhimento no âmbito das demandas da violência doméstica no
nı́vel da consciência dos direitos sociais. Fazendo uma oficina temática e pedagógica
de valorização da mulhe no Centro de Saúde da Famı́lia José Galba de Araújo e enfo-

cando assim que o problema da violência doméstica contra a mulher deve ser conduzida
tanto pela atenção primária como por outros locais assistenciais que disponibilizam de
redes institucionais na cidade de Fortaleza, e podem atender suas demandas da violência
doméstica.

Fornecendo os endereços onde se localizam as instituições, o apoio e o papel dos


Centros de Referências, As Casas Abrigos, A Delegacia da Mulher, o Juizado de Amparo
à violência doméstica, e finalmente enfocando além do suporte cidadão, policial, jurı́dico
o enfoque na saúde da mulher, os agravos fı́sicos, psicológicos e sociais, o papel de sua
reinserção afetiva no mundo, os filhos, a famı́lia, a tentativa de fortalecer perspectivas de

autonomia, sobrevivência econômica, e qualidade de vida satisfatória o mais possı́vel.

5.4.3 Dos riscos para os profissionais de enfermagem

Ao indagar sobre aspectos operacionais e epistemológicos da Saúde da Mulher na


práxis da enfermagem suscitei constrangimentos morais e intelectuais. Pois normalmente
28

a operacionalização desse programa basilar de Atenção à Saúde da Mulher é reduzida na

práxis, à sua forma mais biologista, clı́nica com poucas ou quase nenhuma possibilidade de
abarcar essa questão social da violência contra a mulher, que é secundarizada nos limites
operacionais das unidades básicas de saúde.

5.4.4 Dos benefı́cios para os profissionais de enfermagem

No instante em que numa relação dialógica profissionais e estudante elaboram dis-


cussões sobre os limites operacionais da práxis em relação à violência contra à mulher

gerou-se respostas positivada através de auto reconhecimento dos papéis sociais dos en-
fermeiros e seu compromisso polı́tico como agente social em um equipamento polı́tico e
institucional que é a unidade de saúde representativa da porta de entrada no Sistema
Único de Saúde, solo garantidor da saúde como direito. Instância operacional e pro-

gramática complexa e às vezes negada, silenciada e invisı́vel às demandas de mulheres
violentadas.
Para os enfermeiros é necessário um Seminário sobre o papel da Estratégia Saúde
da Famı́lia na luta contra a violência doméstica contra a mulher no qual apresentando

os dados analisados, enfocando quais os aspectos problemáticos identificados e quais as


possibilidades de se pensar numa proposta colaborativa da prática de enfermagem no
trato com as mulheres vı́timas de violência doméstica.
Discutir estratégias integradoras, intersetoriais de assistência à mulher, encami-
nhamento, suporte jurı́dico, policial educativo, familiar, são demandas que emergirão dos

dados do estudo. É de interesse nesse Seminário convidar autoridades representativas


da sociedade civil de Fortaleza para comporem o espaço de discussão, tais com a Dele-
gada da Delegacia da Mulher da cidade de Fortaleza, uma Assistente Social do Centro de
Referência à Violência Doméstica na cidade de Fortaleza, e um promotor de justiça do

Juizado de violência contra a mulher na cidade de Fortaleza.


Penso que o retorno ao campo de pesquisa seja um aspecto significativamente
contributivo de minha pesquisa para a sensibilização do tema da violência contra a mulher,
que proporcionará um ponto inicial de possibilidade de enquadrar o posto de saúde num
29

verdadeiro espaço de luta pela saúde da mulher de forma polı́tica engajada e cidadã.

Esclareço que ambas as proposições, tanto para as mulheres como para os enfermei-
ros só serão realizados após a conclusão, análise dos dados e defesa do trabalho perante
a Instituição proponente do Projeto de pesquisa. Os detalhes operacionais e logı́sticos
acontecem somente após os rituais do processo acadêmico.

5.5 Instrumentos de Coleta de Dados

Foram utilizados dois FORMULÁRIOS SEMIESTRUTURADOS DE PESQUISA

QUALITATIVA: um para as mulheres participantes e um para os enfermeiros participan-


tes (APENDICE A e B), que responderam aos objetivos desse Estudo. Ambos foram divi-
didos em duas partes: parte 1, com questões fechadas que responderam as caracterı́sticas
demográficas dos sujeitos; parte 2: questões abertas que responderam aos objetivos do

estudo que é a captação das representações, significados e sentidos.

5.6 A coleta de dados

A coleta de dados se deu através do gênero entrevista, e foi gravada, em duas


etapas, com a anuência dos sujeitos. Tomada no sentido amplo de comunicação verbal,
e no sentido restrito de uma coleta de informações sobre determinado tema cientı́fico - a
entrevista é a técnica mais usada no processo de trabalho de campo que tem como objeto

a captura da subjetividade (MINAYO, 1996).


A entrevista como fonte de informação forneceu dados secundários e primários,
referentes, a fatos, crenças, maneiras de pensar, opiniões, sentimentos, maneiras de sentir,
maneiras de atuar, condutas ou comportamento presente ou futuro, razões conscientes ou

inconscientes de determinadas crenças, sentimentos, maneiras de atuar ou comportamen-


tos (MINAYO, 1996)

5.7 Aspectos Éticos

Avaliação e submissão do projeto se deu pelo Comitê de Ética em Pesquisa da


Escola de Saúde Pública do Ceará na cidade de Fortaleza. (60.165-090), sendo que os
30

dados foram coletados somente após a aprovação do mesmo. A pesquisa seguiu as normas

éticas de acordo com a Resolução 196/96, preservando a população da pesquisa no que


diz respeito a não maleficência, autonomia e justiça.
No que concerne a não-maleficência, o estudo trouxe riscos ou desconfortos, que
foram descritivos no item 4.4 (p.28). No que concerne à justiça, todos os sujeitos da
pesquisa foram submetidos aos mesmos procedimentos.

Sobre a autonomia, o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (APÊNCDICE


C e D) foi pré-requisito ao desenvolvimento da pesquisa, com o cumprimento da garan-
tia da confidencialidade, do anonimato e da não utilização das informações em prejuı́zo
dos indivı́duos, explicitação dos riscos para os sujeitos beneficia a pesquisa, o emprego

dos dados somente foram utilizados para os fins previstos nesta pesquisa, dentre outros
assegurados pela Resolução 196/96 da CNS/96.

5.8 Critérios para suspender ou encerrar a pesquisa

A pesquisa pôde ser encerrada nos seguintes casos:

a) A Coordenação do Centro de Saúde Galba de Araújo romper-se com o compromisso


protocolado antes empreendidos pelo Professor Orientador, Aluno Pesquisador e

Coordenador do Curso que previamente se comprometera de ceder o espaço fı́sico da


unidade para os objetivos do Estudo conforme as regras burocráticas e protocolares;

b) Todos os Sujeitos da Pesquisa, mesmo previamente tendo assinado o Termo de Livre


Consentimento Esclarecido (APÊNDICE C e D), desistissem em algum momento da

pesquisa a não aceitassem participar mais do Estudo, o que deveria ser rigorosamente
aceito e respeitado pelos pesquisadores;

c) Se o Pesquisador Orientador desistir de acompanhar o aluno pesquisador por questões


pessoais, de fórum ı́ntimo ou saúde, o que inviabilizar-se o prosseguimento da Pes-

quisa;

d) Se o aluno pesquisador desistisse por questões de inviabilidade fı́sica, psı́quica e


31

provenientes de acidentes ou outros danos fisiológicos que possam por acaso se apre-

sentarem no intercurso da pesquisa.


Rafaelle
33

6 A VOZ DOS ENFERMEIROS

6.1 Dados sócio - demográficos dos enfermeiros participantes

Dos cinco (5) profissionais de enfermagem entrevistados, todos foram do sexo fe-
minino. A média de idade desses profissionais foi de 44,4 anos. Em relação ao tempo de
formação profissional, a média foi de 14,2 anos. Os participantes trabalhavam na unidade
analisada, em média, há 5,2 anos. Todos possuı́am, pelo menos, uma especialização, sendo

todas as entrevistadas especialistas em Saúde da Famı́lia

6.2 O conhecimento de enfermagem e a saúde integral da mulher

A mulher deve ser atendida de forma holı́stica, buscando contemplar os aspectos


clı́nicos, ginecológicos, obstétricos, puerperais e educativos, de modo a enfocar a promoção
e prevenção a saúde (JANUÁRIO et al, 2010). Os profissionais de enfermagem possuem

papel fundamental na assistência a mulher usuária do serviço público, principalmente


quando vitima da violência doméstica, pois, é o profissional de saúde que mais interage
com a mulher em alguma fase de sua vida.
Ferraz et al (2009) diz que por essa condição faz-se necessário que o enfermeiro

saiba atuar quando se deparar com situações de violência doméstica contra a mulher,
desenvolvendo cuidados básicos de enfermagem como: acolher a mulher e sua condição,
se utilizar das possibilidades de apoio, construir vı́nculos de confiança profissional-usuária,
promover oportunidades de acesso aos serviços especializados e comunitários.
As polı́ticas nacionais colocam que, para que o atendimento a saúde da mulher seja

ofertado de forma integra é necessário que os profissionais de saúde tenham o conhecimento


sobre as leis, diretrizes e serviços existentes na rede pública que servem para amparar a mu-
lher vitima de violência (BRASIL, 2010). Identificamos nos discursos dos enfermeiros que
o desconhecimento técnico-cientı́fico sobre como proceder diante da violência doméstica

dificulta a abordagem do problema e sua resolutividade, afirmativa essa que se confirma


na fala:
34

“[...] Como que eu iria proceder? Quais serão as providências?


Na realidade eu não sei, eu não sei te dizer. [...] eu realmente, eu
não sei o que fazer, eu não assim uma resposta para te dar.”(E1)

O desconhecimento do enfermeiro sobre como receber, orientar, e encaminhar es-


sas mulheres aos serviços especializados pode restringir o atendimento multiprofissional
especializado às mulheres vitimas de violência doméstica, afastar a vitima dos serviços de
saúde e aumentar a invisibilidade da problemática (FERRAZ et al, 2009).

Quando referido ao conhecimento da temática e das práticas adquiridas durante


a formação acadêmica, percebe-se que as instituições de ensino não incluem a violência
doméstica contra a mulher como uma questão que necessita de atuação profissional sig-
nificante.

“[...] nos não fomos treinados, não fomos capacitados, não fomos
orientados, eu pelo menos não, nem na graduação.”(E1)

Essa dificuldade de lidar e atender adequadamente a mulher violentada pode está


relacionada ao método de ensino biologicista, ainda nos dias de hoje muito presente, que

reduz o atendimento à mulher a simples abordagem da saúde/doença, não levando em


consideração a mulher em seu contexto biopsicossocial e espiritual, fazendo com que a
atenção seja fragmentada e pouco efetiva em termos de violência doméstica (LETTIERE;
NAKANO; RODRIGUES, 2007).

6.3 A assistência de enfermagem no contexto do Centro de Saúde da Famı́lia


em relação as mulheres vitimas de violência doméstica

Foi possı́vel identificar que na procura por assistência, a mulher violentada difi-
cilmente fala abertamente da violência vivida. Ela busca uma solução de seu sofrimento
de forma indireta, através da busca por outros tipos de atendimentos, como consultas
ginecológicas ou atendimentos para terceiros. Mesmo que perguntada sobre a questão,

a violência é negada. Foi observado que a negação se apresenta mesmo em situações de


violências evidentes pelos agravos fı́sicos ou psicológico visivelmente abalado. Os enfer-
meiros desse estudo confirmam a busca indireta por atendimento nas seguintes falas:
35

“[...] a violência você percebe no momento em que você está con-


sultando a paciente, atendendo a paciente, você percebe que está
diante da violência, mas não declarada. [...] Você percebe o senti-
mento de violência dentro da consulta de uma forma velada ou a
parti de uma observação. Você observa uma criança que está com
sinais de espancamento, a própria mulher quando aparece com al-
gum, mas ela vem aqui atrás da consulta do filho ou consulta para
ela, não para ser declarante de uma violência que ela possa ter
sofrido ou que tenha sofrido em algum momento.”(E5)

“Percebo através das consultas de enfermagem quando elas chegam


aqui na unidade de saúde para atendimento em qualquer programa,
às vezes elas conversam o problema no qual ela veio aqui na uni-
dade e também através de outras conversas paralelas a gente chega
até a parte de violência doméstica. Dá para perceber através da
consulta, da conversa informal, é assim que a gente percebe.”(E2)

Os serviços de atenção primária deve priorizar a investigação, notificação e seg-


mento aos casos de violência doméstica contra a mulher, pois quando a mulher não
encontra recursos para ser ajudada ela passa ser mais exposta a situações recorrentes
de violência, pois a única porta de ajuda a sua disposição não trata do seu problema

vivenciado.
Marinheiro, Vieira e Souza (2006) confirmam esse achado mostrando que a uni-
dade básica de saúde é a porta de entrada das mulheres vitimizadas, essa procura se
dá pela necessidade de atendimento para cuidados das sequelas deixadas pelas violência,

por isso elas chegam a unidade de saúde com diversificadas queixas que são vistas pelos
profissionais de forma fragmentada, sem visualizar a verdadeira condição da mulher.
Lettiere, Nakano e Rodrigues (2007) coloca em um de seus estudos que os serviços
de saúde possuem ampla cobertura e maior contato com as mulheres, sendo assim um local

com melhor condições de detectar e acolher casos de violência. Quando o reconhecimento


dessas mulher não é efetivo há uma perpetuação do ciclo de violência e um aumento nos
custos públicos.
O enfermeiro deve ser o canal de comunicação ou facilitador que escuta e apoia a
mulher, inserindo-a na rede atendimento especializado. Quanto a assistência de enferma-

gem na unidade estudada foi possı́vel observar que os profissionais entrevistados, mesmo
36

sem um conhecimento aprofundado da temática, se preocupam em dar um direcionamento

a mulher que busca ajuda direta ou indireta ao sofrimento de violência vivida.

“ [...]o que você pode identificar você vai dar orientação, ou ir


para nı́vel de uma delegacia da mulher ou notificar e mandar para
Regional, e a Regional também dá novas orientações de questões
de asilos, de abrigos, o que é necessário mais a nı́vel social.”(E5)

“Orientar e colocar o que ela pode procurar e o que ela tem a favor
dela para lutar contra isso [...]”(E3)

É importante que a mulher perceba que o serviço de saúde é verdadeiramente a

porta de entrada para a resolutividade de seu problema, e que os profissionais que prestam-
lhe atendimento preocupam-se e estão preparados para orientá-la sobre essa questão.
Brasil (2002) coloca que a indisponibilidade do profissional para escutar e orientar, assim
como falta de interesse nas narrativas das mulheres neste tipo de atendimento, acarreta

na invisibilidade de um grande número de casos e no fracasso de estratégias públicas de


combate a violência.
Foi possı́vel identificar durante as entrevistas que diversos obstáculos impedem
uma assistência efetiva em relação aos casos de violência doméstica a mulher. Os mais

relevantes foram o medo de se envolver com a questão e a falta de proteção no ambiente


do centro de saúde. O profissional não sente-se seguro para atuar promovendo ações sobre
a problemática dentro de uma comunidade tão necessitada e considerada de risco, fator
esse que colabora ainda mais para a restrição e fragmentação do atendimento.

“O profissional ainda teme, é uma temática ainda que, por conta


da nossa vulnerabilidade a nı́vel de posto de saúde, falta infra-
estrutura, falta segurança até para os profissionais.”(E5)

“Eu não me sinto protegida não. Porque aqui a gente não tem
proteção nenhuma, na unidade de saúde não tem proteção ne-
nhuma. Principalmente em relação a essa questão de violência,
sai da porta desse posto a gente está sujeito a qualquer coisa.”(E2)

“a gente realmente tem medo e ai dificulta até o trabalho da


gente com as mulheres, principalmente as mulheres que sofrem
violência.”(E4)
37

Diante disto percebe-se que ao invés dos profissionais estarem posicionados nas

metas de planejamento e execução de objetivos que detectem e previnam a violência


doméstica, estes atuam de forma tı́mida e retraı́da, pois temem uma represaria dos agres-
sores.
Essa condição do medo e impotência em relação a temática foi discutido por Oli-
veira e Fonseca (2006) que nos mostra em seus estudos que o profissional tem receio de

atuar quanto a questão, pois, o serviço não possuem estrutura ou um setor organizado para
o desenvolvimento desse trabalho, então o profissional reage a essa situação se afastando
ou negando a ação.
Marinheiro, Vieira e Souza (2006) acreditam que a falta de mecanismos existentes

para a proteção dos profissionais nos serviços de saúde colabora para que estes não se
envolva com os casos que chegam ao seu consultório, aumentando assim a complexidade
do fenômeno.

6.4 As esperanças e perspectivas na voz dos profissionais

A atenção básica é capaz de evitar ou diminuir impactos da violência doméstica

contra a mulher, pois as equipes da Estratégia Saúde da Famı́lia estão aptas a identifi-
car casos, realizar atividades de promoção e prevenção a saúde no combate a violência
doméstica, norteando-se pelo respeito a autonomia da usuária.
Quanto indagados sobre as perspectivas ou a possibilidade de desenvolvimento de
ações que combatam a violência dentro do Centro de Saúde foi sugerida a criação de um

grupo interdisciplinar especifico para esse tipo de atendimento, que fosse implantado em
cada Centro de Saúde do municı́pio ou o acréscimo de profissionais na Estratégia Saúde
da Famı́lia que pudessem auxiliar no atendimento.

“[...]eles formarem uma equipe que não seja com os profissionais


aqui de dentro. As pessoas, os órgãos responsáveis pelo combate
da violência doméstica organizar uma equipe para agir[...]”(E3)

“[...]a implementação do grupo, do núcleo de enfrentamento a


violência [...]”(E5)
38

“[...]assim primeiro eu acho que na Estratégia Saúde da Famı́lia


deveria ter uma assistente social[...]”(E4)

Na percepção desses profissionais, por seu perfil multifacetado, a violência doméstica


contra a mulher requer um suporte psicossocial e integração de outros serviços ainda não
presentes diariamente na Estratégia da Saúde Famı́lia. Hoje, o Centro de Saúde conta

com uma equipe de apoio, o Núcleo Assistência Social da Famı́lia (NASF), porém os pro-
fissionais dessa assistência não encontram-se diariamente dentro da unidade e junto com
a comunidade, além de atender um número desproporcional de usuários-profissionais, por
isso, seu atendimento é fracionado e não possui segmentos adequado.
O apoio diário de um grupo multiprofissional com especificidade para esse atendi-

mento ou a inclusão de outros profissionais no Programa Saúde da Famı́lia proporcionaria


um suporte maior as vitimas de violência da comunidade. Gomes (2009) reforça essa
questão colocando que o enfrentamento da violência doméstica contra a mulher requer
interação de diversos serviços para se mostrar eficaz.

Moreira et al (2008) acredita que o não desenvolvimento adequado de ações articu-


ladas com serviços psicossociais pode resultar em ações existentes, mas ineficazes e não
resolutivas, limitadas a ações isoladas e sem a efetividade necessária para dar conta do
problema enfrentado pelas mulheres.

Encaminhar a mulher para serviço especializado é necessário para que haja uma
assistência integral a mulher, porém, o encaminhamento não deve significar o fim das
responsabilidades dos Centros de Saúde com a usuária. Brasil (2010) orienta que o enca-
minhamento a outros serviços pode e deve acontecer a qualquer momento do atendimento,
deste que desejado pela mulher. Contudo, a equipe da unidade básica de saúde tem o

dever de continuar a prestação de assistência aquela usuária, trabalhando em conjunto ao


serviço referenciado, mantendo-se sempre ativo nos casos, acompanhando e contribuindo
com as terapêuticas.
Outra possibilidade de ação encontrada nos discursos dos entrevistados foram a

promoção de atividades de educação em saúde. Pode-se observar que diversas formas de


39

promover essa atividade foram citadas.

“[...]Palestras em colégio, junto com os Agentes Comunitários de


Saúde, a gente poderia até fazer atividades aqui dentro no próprio
posto de saúde[...]” (E4)

“[...] Então fazer palestras educativas referentes ao direito do


idoso, direito da mulher, direito da criança e a parti da cons-
cientização da população frente aos seus direitos fica mais fácil
[...]criação de grupos e dentro desses grupos está sempre focando
as situações de violência que posso existir e que as pessoas sempre
sintam-se responsáveis de estarem denunciando serem denunci-
ante de algumas situações que possam vivenciar [...]”(E5)

A educação em saúde é um instrumento que mostra grande sucesso dentro da


atenção básica. Percebe-se que no Centro de Saúde analisado que os profissionais possuem
essa visão positiva da educação em saúde e que realiza essa atividade dentro de outros
programas, porém, não se utilizam desse recuso para prevenção e combate da violência

doméstica, deixando essa temática excluı́da das ações implantadas pela unidade.
Essa atividade possui papel fundamental na compreensão da comunidade a res-
peito do que venha a ser e de como combater a violência doméstica ou qualquer outra
temática a ser abordada. É importante que as atividades educativas sejam planejada e
que sigam a premissa de ”ouvir o outro”, na busca da sensibilização da comunidade para

o conhecimento crı́tico (BRASIL, 2006)


Riquinho e Correia (2006), em concordância, no mostra que essa atividade é um
saber técnico de prevenção e promoção da saúde, passada do profissional para sua comu-
nidade afim de mudar positivamente seus comportamentos em relação a saúde. Quando

trabalhada com mulheres vitimas de violência doméstica desperta sentimentos como a


autonomia, autocuidado e auto-estima, é uma dinâmica que ajuda a mulher na sua re-
estruturação social, proporcionando-lhe apoio necessário para reiniciar um novo estilo de
vida.
40

7 A VOZ DAS MULHERES

7.1 Dados sócio - demográfico das mulheres participantes

Foram entrevistadas 10 mulheres cadastradas no Centro de Saúde da Famı́lia, onde


foi realizado a pesquisa. A maioria das mulheres encontram-se em uma classe de 21 a
37 anos de idade, mulheres que encontram-se na faixa etária que corresponde a idade
reprodutiva. Foi encontrado que 06 mulheres são casadas ou vivem com os parceiros, 03

são separadas sendo que apenas 01 mulher é solteira. Nesse estudo, 09 mulheres possuem
filhos sendo que 03 possuem um filho e 03 possuem três filhos.
Metade das entrevistadas sequer concluı́ram o Ensino Fundamental e apenas 01
concluiu o Ensino Médio. A maioria das mulheres estão trabalhando, porém, 04 ainda

necessitam do marido para sobreviver. Esses dados assemelham-se aos encontrados no


estudo de Marinheiro, Vieira e Souza (2006) mostrando que as condições socioeconômicas
desfavoráveis e o baixo nı́vel de escolaridade apresentam-se como fatores de risco que
predispõem a violência doméstica.

Das entrevistadas 03 relataram já ter sido vitima de violência doméstica, 04 rela-
taram não ter sido vitima, contudo tinham ou tem contato com mulheres que vivem a
situação e frequentam a unidade de saúde, 03 relataram nunca ter sido vitima ou ter tido
proximidade com mulheres nessa condição. Esses achados cruzam-se com os de Schraiber
et al (2002) de que pelo menos uma em cada três usuárias dos serviços de saúde já viveu

em situação de violência doméstica.

7.2 A importância do apoio da Estratégia Saúde da Famı́lia na voz das mu-

lheres e as estrutura das polı́ticas públicas

Brasil (2006) coloca que os Centros de Saúde da Famı́lia são os locais adequados a
ofertar atenção básica a saúde, tem por caracterı́stica principal ser o contato preferencial

dos usuários de seu território adstrito. Essa preferência se dá pela acessibilidade e o forte
vinculo continuo com a comunidade que se presta serviços, podendo ser nomeada assim
como a porta de entrada para o atendimento em qualquer setor da rede de saúde.
41

Por está inserida dentro da comunidade, o Centro de Saúde da Famı́lia é visto pela

população como o principal ponto de apoio da comunidade ao atendimento de qualquer


problema que possa afetar a saúde individual ou coletiva de seus usuários. O ponto de
partida para o enfrentamento a violência pode ser dado a partir desse serviço, deste que
haja a construção de ações direcionadas para essa condição.

“ [...] porque ficava mais prático. [...] e eu acho que se tivesse


aqui seria mais prático para auxilio delas, mais rápido da gente,
né?! ”(M10)

“[...] porque o posto é mais perto da comunidade, quando com a


pessoa acontece uma coisa dessa o primeiro lugar que ela corre é
o conto mais próximo, mais perto, né?! As vezes a pessoa não
tem o dinheiro de pagar nem um ônibus ou um táxi, seria bom se
tivesse esse tipo de procedimento. Seria ótimo!”(M3)

“[...] e lá deveria ter uma assistência para dá para mulher, que é
um canto mais próximo onde possa correr, é no posto.”(M6)

Os setores de saúde, principalmente a atenção primária, deve se posicionar como


um aliado ativo na resposta ao combate da violência doméstica, pois, o principal beneficio

de sua participação é a posição privilegiada e exclusiva de deter e repassar informações so-


bre a temática a diversas comunidade abrangidas pela sua rede (ORGANIZAÇÃO MUN-
DIAL DA SAÚDES, 2002).
Durante as entrevista as mulheres colocaram que existe diversas barreiras para que

haja um atendimento adequado as mulheres vitimizadas. Entre as identificadas tivera:


a ausência de profissionais capacitados, a ausência de outros profissionais completando a
assistência do Programa Saúde da Famı́lia e falta de oferta de informações por parte da
unidade básica.

“[...] somos maltratadas, somos humilhadas, não tem atendimento


psicológico, os profissionais do posto não tem especialização para
tratar somente disso. Ai fica difı́cil e complicado para eles, porque
também não é culpa deles é culpa já das polı́ticas públicas.”(M2)
42

“Cada bairro era pra ter um posto com um núcleo. Tivesse pa-
lestra, uma coisa orientando tanto para a mulher, quanto para o
homem, porque tudo isso ia desenvolvendo mais. Eu acho que aca-
baria mais com a violência que é uma coisa que hoje em dia tem
muita violência em respeito de mulher, muita, muita, muita!”(M6)

Se faz necessário que os enfermeiros se coloquem como promotores do enfrenta-


mento a violência, sendo propagadores da informação, dos direitos e serviços existentes
para a comunidade a respeito da temática (d’ OLIVEIRA et al, 2009). É preciso que
exista uma assistência interdisciplinar qualificada para resolução desse problema, uma

assistência que tenha enfoque ocupacional, legal e que vise a segurança das mulheres que
procuram os Centros de Saúde. Vê-se que as polı́ticas públicas estão sendo divulgadas,
porém não executadas adequadamente (MIRANDA et al, 2010).
Brasil (2005) coloca que as polı́ticas publicas deve ser universal e garantir o acesso

aos direitos sociais, culturais e econômicos a todas as mulheres. Mas quando entra-se aos
setores participantes das redes de assistência é possı́vel ver que os profissionais não estão
preparados para esse tipo de atendimento, e mesmo tendo alguma capacitação as esferas
municipais não permitem condições para a realização desse da assistência.

As polı́ticas publicas devem ser revistas, pois, ainda existe na Estratégia Saúde
da Famı́lia a idéia de que a violência doméstica contra a mulher é um evento irrelevante
para os serviços de saúde. Essa desconstrução de valores equivocados é crucial para um
atendimento adequado e capacitado as mulheres vitimas da violência.
Fortaleza (2008) valida essa afirmativa colocando que é necessário a composição de

novos debates públicos, que tracem novos objetivos e diferentes ações, que possam abrir
novos caminhos para o enfrentamento a violência contra a mulher pela atenção primária
de saúde.

7.3 As narrativas da dor

Nessa parte da analise faz-se uma reflexão sobre as narrativas de duas mulheres

usuárias do Centro de Saúde estudado que participaram da pesquisa. Narrativas essas


que trazem o discurso da violência vivida dentro do próprio lar, do medo, da vergonha e
43

do desejo de buscar ajuda, mas com a desorientação de onde encontrá-la. Vale ressaltar

que as falas aqui citadas são de mulheres que revelaram ter sofrido violência no âmbito
doméstico.

Caso N◦ 1 - “Já sofri muito. Foi briga dentro de casa depois


que meu marido arranjou uma mulher, passei 21 anos junta, 13
anos foi uma vida de ”rosas”mas o resto foi um inferno na minha
vida. Até com uma faca ele correu atrás de mim. Quando ele
chegava dentro de casa era um inferno. Ele batia em mim e nos
filhos, estouro até o ouvido da minha filha. Ele é vivo mas já vai
na quinta mulher depois de mim. Separei por causa das brigas,
está com 17 anos que estamos separados. Procurei ajuda, fui na
delegacia da mulher e fiz um boletim de ocorrência. Pelejei tanto
e nada resolvido, ela me disseram para eu dar parte, e dei. Peguei
uma depressão, eu chorava 24 horas, eu chorava sem parar. Foi
preciso eu me tratar, fui no hospital São Geraldo e passei 3 dias
internada chorando, chorando. Eu chorava com desespero mesmo,
por que não tinha como eu parar. Eu queria morrer por que ele ia
me matar.” (M7)

Caso No 2 - “Eu levei tapa na cara, mas isso não dói. O que dói
mais são as palavras, né? levei do meu ex-marido e do atual. Já
tive três maridos, mas só o primeiro e atual, o segundo não fez
isso não. Mas foi com as palavras que doeu mais. Eu não sei se é
por que também a violência que eu sofri não é aquela enorme. Eu
acho que a palavra dói mais. A gente fica muito sensı́vel, chora
por besteira, quer deixar o companheiro mas o companheiro não
quer deixar ela, a gente fica no estreito sem saber o que fazer,
né? Existe a vontade de deixar mas o companheiro não deixa. Eu
vivo com meu marido e ele é muito ignorante, me agrediu poucas
vezes quando ele bebia, agora ele não bebe mais. Mas muitas vezes
mandei ele ir embora por que a casa é minha e ele nunca foi, num
vai e eu também não tenho coragem de chamar a polı́cia, não tenho
coragem de fazer escândalo. Aı́ fica nisso, né? Aı́ eu coloquei placa
de venda na minha casa, se eu vender vou-me embora, compro em
outro lugar e não dou nem o endereço. Para mim sempre dizem
que tem a delegacia da mulher mas eu não boto muita fé nisso
não, sinceramente não.”(M5)

Percebe-se assim que houveram diversas formas de reação feminina à violência,


algumas resistem, outras ”fogem”, algumas saem daquelas relação ou ambiente outras

se submetem a exigências como medida de não confrontar o agressor (TRINDADE et


al, 2008). Foi possı́vel, em ambos os casos, perceber que as mulheres entrevistadas que
relataram casos de violência doméstica, usaram a separação como uma solução plausı́vel
44

para o fim da vivência da violência. A separação surgi como meio de libertação, mesmo

com a ausência do apoio de qualquer um dos órgão da rede, em qualquer instância, fator
essa que dificultou na decisão das mesma.
Vieira et al (2009) expressa que a separação é a forma que a mulher encontra para
resistir a violência, mesmo que seu ciclo retorne ao seu cotidiano, no retorno ou encontro
de um novo companheiro, como identificado no Caso N◦ 2. O autor ainda coloca que a

baixa situação econômica da famı́lia e a instabilidade social são fatores que predispõem
para essas separações constantes.
Para que muitos desses relatos pudessem emergir, foi necessário que houvesse um
estimulo da parte da pesquisadora para com a mulher. É preciso que o profissional de

enfermagem saiba que não são apenas sinais de violência fı́sica que podem nos lembrar a
problemática, mas também pequenas falas que, muitas vezes não são tão claras, mas que
sinalizam um pedido de ajuda.
Scharaiber e d’Oliveira (2003) apontam que breves relatos sobre: ataques com

pequenos objetos, restrição de liberdade e autonomia, ameaças, humilhações, discussões


frequentes e relações sexuais indesejadas, são as falas mais comuns das usuárias no espaço
da assistência de saúde. Relatos esses que dificilmente são ouvidos no momento do aten-
dimento.

“[...] Se no momento da consulta eles perguntassem se acontece


alguma coisa dentro de casa, tipo a nı́vel de discussão né!?Assim,
tem algumas pessoas que vão mentir, mas a maioria vai falar a
verdade por que muitas delas chegam querendo ajuda.”(M4)

As autoras ainda afirmam que a comunicação por meio de perguntas diretas ou


indiretas podem servir como estimulo para que exista um número maior de relatos, como

os aqui citados, nos serviços de saúde. Fazendo assim com que boa parte das mulheres
sintam-se seguras a buscar ajuda e mais acolhidas a procurar apoio.
Ou seja, os relatos de violência sofrida não devem se deter apenas a meros enca-
minhamentos automáticos ou a espécie de interrogatórios policiais. O cuidado de saúde

deve ir além, tendo seu foco centralizado no sigilo, segurança e respeito pelo temor da
45

revelação , mostrando interesse no problema vivido pela mulher, mas com uma percepção

livre de julgamentos sociais (D’ OLIVEIRA et al, 2009).


A mulher fala de sua vivência sofrida a parti do momento que sente-se acolhida e
segura para falar, que percebe a possibilidade de escuta, mesmo que esta não lhe seja a
garantia de uma resolução efetiva do seu problema (ANDRADE; FONSECA, 2007). Daı́
mais uma vez a importância do profissional de enfermagem estar preparado para construir

um forte vinculo usuária-enfermeiro e manter-se capacitado para receber essas vitimas.


Rafaelle
47

8 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Vê-se que o silêncio e a invisibilidade estão acobertados pela mulher que não ousa

pronunciar sua dor, e pelo profissional, que não se encontra como solidário ao sofrimento,
pois, traz em sua prática a fragilidade desse encontro. Situação esta que reconhece que
ambas as partes tentam se preservar em seus mecanismo de defesa: o medo.
A formação acadêmica da enfermagem não contempla o debate ou mesmo episte-

mologias de como os enfermeiros devem entender e tratar a violência doméstica contra


a mulher como um caso de saúde pública e não só de polı́cia. O poder do cuidado de
enfermagem em ideologia holı́stica se descontextualiza dos princı́pios do atendimento em
rede intersetorial.

Identifica-se que o sistema de saúde deve promover maiores investimentos em ações


programáticas no âmbito da qualificação dos serviços que atendam as mulheres vitimizadas
pela violência, na educação continuada, envolvendo os profissionais por meio de debate
que mostrem a importância da problematização que é a violência doméstica.
Se faz necessário a criação de novos e melhorados protocolos formais, ampliação da

influencia do setor epidemiológico e do preparo dos profissionais da Atenção Primária de


Saúde para a notificação compulsória de casos suspeitos de mulheres vı́timas de violência
doméstica. Esse deve ser um processo interarticulado a ser aplicado de forma interseto-
rialmente e interdisciplinarmente com os demais equipamentos postos na sociedade, tais

como a Hospitais e Clı́nicas, Núcleo de Assistência Social a Famı́lia (NASF), Delegacias da


Policia Civil, Delegacias Especializadas da Mulher, Centro de Referência em Assistência
Social (CRAS), Conselhos Municipais dos Direitos da Mulher, Casas Abrigo, Promotoria
de Justiça, Instituto Médico-Legal e outros órgãos.

As reflexões preliminares desse estudo aponta, para a confirmação dessa questão,


o que nos leva a pensar em novos debates sobre os paradigmas estabelecidos e desen-
volvidos nos Centros de Saúde da Famı́lia. A saúde da mulher, deve ser focada em sua
integralidade, e mesmo a despeito das dificuldades de recursos, gestão e polı́ticas, o termo
“INTEGRAL” deve ser uma categoria a ser discutida e incorporada no cotidiano da

atuação da prática de enfermagem.


48

A Atenção Básica brasileira deve acordar para a tragédia social que é a violência

doméstica contra a mulher e passar a implementar novas polı́ticas públicas de saúde para
esse tipo de atendimento, é possı́vel promover ações de promoção e prevenção à saúde da
mulher em termos de violência. É necessário que na Estratégia Saúde da Famı́lia formule
uma nova visão sobre as relações sociais como meio de construir uma assistência mais
completa.

O enfermeiro, na maioria das vezes, se mostra a única oportunidade das mulheres


vitimas de adquirir ajuda para o fim de seu sofrimento. Por esse motivo esse profissional
tem que promover o atendimento holı́stico, visando sua clientela de forma biopsicossocial
e não apenas pelo atendimento médico-assistencial. Se essa questão não for compreen-

dida como necessitando de atenção especializada, é possı́vel que os números da violência


doméstica contra a mulher nunca sejam de fato discutidos e enfrentados.
Com profissionais de saúde qualificados e ações de saúde bem direcionadas e ela-
boradas na atenção primária de saúde, é plenamente possı́vel enfrentar no âmbito da

prática de enfermagem a violência contra a mulher no Brasil. Sugiro que novos estudos
e pesquisas sejam continuadas no âmbito da enfermagem e que tragam contribuições ao
debate aqui iniciado.
Rafaelle
50

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de saúde em relação à violência de gênero. Rev Brasileira de Epidemiologia, São
Paulo, 2009.
54

APÊNDICE A

MODELO DE FORMULÁRIO SEMIESTRUTURADO PARA AS


MULHERES PARTICIPANTES DO ESTUDO

Sujeito
Idade:
Estado civil:
Filhos:
Ocupação:

Nı́vel educacional:

1- O que a senhora entende por violência doméstica contra a mulher?

2- A senhora acha que já sofreu algum tipo de violência doméstica?

3- A senhora acha necessário que haja atendimento direcionado a violência doméstica


contra a mulher na Unidade Básica de Saúde?

4- O que mais a senhora gostaria de falar?


55

APÊNDICE B

MODELO DE FORMULÁRIO SEMIESTRUTURADO PARA OS


PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM

Sujeito
Idade:
Tempo de formação profissional: anos.
Tempo de trabalho na instituição: anos.
Pós Graduação:

1- Como você percebe a Violência Doméstica Contra a Mulher na sua prática profissional?

2- Como é desempenhar a assistência de Enfermagem a mulher com suspeita ou notificada

como vı́tima de violência doméstica?

3- Como sugere que esse problema deva ser tratado dentro da prática da Estratégia Saúde
da Famı́lia?

4- Gostaria de falar mais alguma coisa?


56

APÊNDICE C

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO PARA AS


MULHERES

Eu Rafaelle Dantas Bezerra, acadêmica de enfermagem, Brasileira, CPF 026.930.783-42,


estou convidando a senhora para participar da minha pesquisa que quer estudar possı́veis
agressões (tapas, chutes, socos, insultos) que a senhora vivi em casa, se as brigas com
algum parente da senhora lhe causa algum problema de saúde. Quero também que a
senhora me fale se as coisas aqui da saúde do posto ajudam a gente a ter uma boa saúde e

um atendimento que fale de brigas com agressões entre parentes em casa. Estou fazendo
essas perguntas para a senhora porque quero saber se nas consultas aqui do posto existe
uma boa conversa com o enfermeiro, uma boa troca de informações sobre agressões em
casa, nós precisamos estudar bem esse assunto para que esta consulta venha a melhorar

nossa condição de saúde.


A senhora pode ficar envergonhada, mas prometo que irei deixá-la mais a vontade possı́vel,
principalmente porque está diante de mim, uma quase profissional que irei logo me formar
como enfermeira e tenho o maior respeito pelas ideias que a senhora tem em relação a

esse problema, mas eu preciso da sua colaboração para estudar como as mulheres lidam
com essas agressões em suas casas. Qualquer tipo de mal estar ou vontade de não querer
responder, a senhora se sinta a vontade para parar de falar, pois a senhora não é obrigada a
continuar respondendo, peço sua autorização para gravar essa nossa conversa, fotografar
caso à senhora permita sem mostrar seu rosto, de forma a preservar sua identidade.

Garanto para a senhora que sua identidade será preservada e que ninguém irá saber quem
é, porque esse é um estudo cientı́fico e que a gente preserva a sua identidade. Sua fotografia
só será revelada se a senhora autorizar.
Preciso de sua autorização para que nossa conversa seja gravada, e eu possa depois ana-

lisar, estudar tudo que você falou bem direitinho. Meu estudo é uma atividade da minha
Faculdade, é uma coisa correta, honesta, que passou pela avaliação de pessoas que cuidam
57

de zelar pelos cuidados desse tipo de estudo. Se você quiser participar do meu estudo da

Faculdade, será muito importante para mim e para isso não será cobrado nenhum dinheiro
de qualquer espécie, e se aceitar participar, pode em qualquer momento de nossa conversa
desistir de continuar sem que seja prejudicado em nada.
Agradeço e deixo o meu telefone (085 88367664) para que a senhora possa ligar a qualquer
hora para tirar alguma dúvida. Deixo também o Endereço e o telefone do local que meu

projeto foi aprovado. É o Comitê de Ética em Pesquisa da Escola de Saúde Pública do


Ceará. É o local que pessoa de boa conduta exija que façamos estudos honestos e que
respeite a decisão e a vontade das pessoas com as quais conversamos e estudamos nossas
pesquisas da Faculdade. Eles e eu temos todo o zelo de que a senhora seja respeitada e

protegida. Por isso não divulgaremos o seu nome em nada desse estudo. Muito obrigada.
O trabalho será submetido a analise do Comitê de Ética em Pesquisa da Escola de Saúde
Pública do Ceará, no endereço Avenida Antônio Justa, 3161 - Meireles - CEP - 60.165-090
Fortaleza/Ce, Fone (85) 3101 1406. O Estudo obedece as normas da Resolução No 196 de

10 de Outubro de 1996 do Conselho Nacional de Saúde - Ministério da Saúde e de acordo


com a Declaração de Helsinki (1965) e as revisões de Tokyo (1975) e Venice (1983).

Compromissos éticos
Dentre as normas previstas na resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde / Mi-
nistério da Saúde, destacamos o cumprimento de garantia de você:

1. Ter contato em qualquer etapa do estudo, com os profissionais responsáveis do

estudo de qualquer dúvida. (A coordenadora deste estudo é a professora Nádia


Marques Gadelha Pinheiro, telefone: (085) 9980 9400); Rafaelle Dantas Bezerra,
telefone: (85) 8836 7664;

2. Endereço: Faculdade Integrada da Grande Fortaleza, Avenida Porto Velho, no 401

João XXIII, Fortaleza - CE. Telefone (85) 3299-9900, email: nadiagadelha@gmail.com.


Para receber esclarecimento de qualquer dúvida sobre a pesquisa e de como será sua
participação;

3. Retirar seu consentimento a todo o momento da pesquisa, sem que isso ocorra em
58

penalidade de qualquer espécie;

4. Receber garantias de que não haverá divulgação de seu nome ou de qualquer outra
forma de informação que ponha em risco sua privacidade e anonimato;

5. Acessar as informações sobre os resultados do estudo;

6. O pesquisador utilizará as informações somente para pesquisa.

Nós, Nádia Marques Gadelha Pinheiro - coordenadora responsável por este projeto e

Rafaelle Dantas Bezerra - pesquisadora, assumimos o compromisso de cumprir os termos


da resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde.

Pesquisador Orientador

Sujeito Pesquisada

Testemunha
59

Termo de consentimento pós-esclarecido

Finalmente, tendo eu compreendido tudo que me foi informado sobre a minha


participação no mencionado estudo e estando informada dos meus direitos, dos riscos e
dos benefı́cios de minha participação concordo em dele participar e para isso EU DOU
O MEU CONSENTIMENTO SEM QUE PARA ISSO EU TENHA SIDO
FORÇADO OU OBRIGADO.

Assinatura da Pesquisada Assinatura da Orientadora

Assinatura da Pesquisadora

Fortaleza-ce / /2011
60

APÊNDICE D

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO PARA OS


ENFERMEIROS

A senhora (o) está sendo convidada para participar da pesquisa do estudo sobre MU-
LHERES VÍTIMAS DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA NA ESTRATÉGIA DE
SAÚDE DA FAMILIA. Esse estudo será realizado por mim, Rafaelle Dantas Bezerra,
estudante do Curso de Enfermagem da Faculdade Integrada da Grande Fortaleza (FGF),
o qual será orientado pela professora Ms. Nádia Marques Gadelha Pinheiro. Estou pe-

dindo a sua colaboração para me responder algumas perguntas sobre a senhora ( o) em


relação a sua prática profissional na atenção a mulheres vitimas de violência doméstica.
Se você considerar que irá ficar constrangida (o) com alguma pergunta que irei lhe fazer
em relação a sua prática profissional, como por exemplo, como você atua junto a essas

pessoas, que bases teóricas de enfermagem lhe subsidiam a sua atuação, você não será
obrigado (a) a responder. Porque meu interesse, como pesquisadora, é apenas como
pesquisadora é entender sua prática profissional do ponto de vista cientı́fico.
Na conclusão do estudo os benefı́cios dessa pesquisa poderão contribuir para melhoria da

saúde da mulher vitima de violência doméstica. Como também para a própria enfermagem
como campo cientı́fico de conhecimento que atua na atenção primária da Estratégia Saúde
da Famı́lia. (As pesquisadoras se encontram disponı́veis a esclarecer qualquer dúvida
durante e após a pesquisa, por meio dos contatos: Rafaelle Dantas Bezerra (85) 88367664)
e pelo email: rafaelledantas2301@gmail.com e com a orientadora Nádia Marques Gadelha

Pinheiro. Através do telefone (085) 96168581 e pelo nadiagadelha@gmail.com email.


O trabalho será submetido a analise do Comitê de Ética em Pesquisa da Escola de Saúde
Pública do Ceará, no endereço Avenida Antônio Justa, 3161 - Meireles - CEP - 60.165-090
Fortaleza/Ce, Fone (85) 3101 1398. O Estudo obedece às normas da Resolução No 196 de

10 de Outubro de 1996 do Conselho Nacional de Saúde - Ministério da Saúde e de acordo


com a Declaração de Helsinki (1965) e as revisões de Tokyo (1975) e Venice (1983).
61

Compromissos éticos

Dentre as normas previstas na resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde / Mi-


nistério da Saúde, destacamos o cumprimento de garantia de você:

7. Ter contato em qualquer etapa do estudo, com os profissionais responsáveis do


estudo de qualquer dúvida. (A coordenadora deste estudo é a professora Ms. Nádia
Marques Gadelha Pinheiro, telefone: (085) 9980 9400); Rafaelle Dantas Bezerra,

telefone (85)8836 7664;

8. Endereço: Faculdade Integrada da Grande Fortaleza, Avenida Porto Velho, no 401


João XXIII, Fortaleza - CE. Telefone (85) 3299-9900, email: rafaelledantas2301@gmail.com;
nadiagadelha@gmail.com. Para receber esclarecimento de qualquer dúvida sobre a
pesquisa e de como será sua participação;

9. Retirar seu consentimento a todo o momento da pesquisa, sem que isso ocorra em

penalidade de qualquer espécie;

10. Receber garantias de que não haverá divulgação de seu nome ou de qualquer outra
forma de informação que ponha em risco sua privacidade e anonimato;

11. Acessar as informações sobre os resultados do estudo;

12. O pesquisador utilizará as informações somente para pesquisa.

Nós, Nádia Marques Gadelha Pinheiro - coordenadora responsável por este projeto - e
Rafaelle Dantas Bezerra - pesquisadora, assumimos o compromisso de cumprir os termos

da resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde.

Pesquisador Orientador

Pesquisado
Fortaleza-ce / /2011
62

Termo de consentimento pós-esclarecido

Finalmente, tendo eu compreendido tudo que me foi informado sobre a minha


participação no mencionado estudo e estando informado dos meus direitos, dos riscos e
dos benefı́cios de minha participação concordo em dele participar e para isso EU DOU
O MEU CONSENTIMENTO SEM QUE PARA ISSO EU TENHA SIDO
FORÇADO OU OBRIGADO.

Assinatura da Pesquisada

Assinatura da Orientadora

Assinatura da Pesquisadora

Fortaleza-ce / /2011
64

ANEXO A

MAPA DA CIDADE DE FORTALEZA - CE DIVIDIDA POR REGIONAIS

Fonte: http://www.webbusca.com.br/pagam/fortaleza/mapa fortaleza.jpg


65

ANEXO B

PARECER CONSUBSTANCIADO DO CEP/ESP


66

ANEXO C

AUTORIZAÇÃO DO SISTEMA MUNICIPAL DE SAÚDE ESCOLA

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