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PARQUES EÓLICOS OFFSHORE NO BRASIL:
L
INVESTIMENTOS, PROPOSTA DE PROJETOS E
ESTUDO DE CASO
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T
A
Adria Camila Fernandes de Carvalho
J
Augusto Aguiar Cagnani
U Celso Antonio Bittencourt Sales Junior
B Eduardo Pereira Campos
Á
2019
3
Integrantes:
Adria Camila Fernandes de Carvalho - 33347
Augusto Aguiar Cagnani - 2016006813
Celso Antonio Bittencourt Sales Junior - 2019000626
Eduardo Pereira Campos - 31313
Itajubá - MG
Novembro/2019
Resumo
When it comes about sustainability in energy production, wind energy generation stands out.
It has low environmental impacts when compared to other forms of energy generation besides
having high production potentials, especially in maritime regions where there is better wind
conditions and constancy. Therefore, the present work aimed at the knowledge of the offshore
wind situation in Brazil and worldwide, as well as the main characteristics and technical
parameters related to offshore wind installations. From data on the Brazilian offshore wind
potential and a case study made for a possible offshore wind facility in the southeast of the
national territory, it can be concluded that there are strong indications that offshore wind
power can have a positive and significant impact on production of electricity in the country,
leading to a possible majority renewable and diversified matrix.
Key words: Offshore, Wind power, energy potential, Brazil, renewable energy, investments.
Lista de Figuras
Sumário
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 12
2 ENERGIA EÓLICA: CENÁRIO MUNDIAL .............................................................. 17
3 CARACTERÍSTICAS DAS INSTALAÇÕES EÓLICAS OFFSHORE ...................... 23
3.1 AEROGERADORES............................................................................................. 24
3.1.1 – Classificação dos aerogeradores .................................................................. 25
3.2 – FUNDAÇÃO ...................................................................................................... 28
3.2.1 – Fundação por gravidade............................................................................... 29
3.2.2 – Fundação por estaca única – Monopilar (Monopile) ................................... 30
3.2.3 – Fundação por tripé – Tripilar (Tripile) ........................................................ 31
3.2.4 – Fundação por treliça – Jaqueta (Jacked) ...................................................... 32
3.2.5 – Fundação por Sucção ................................................................................... 33
3.2.6 – Fundação Flutuante (Floating Structures) ................................................... 34
3.2.7 – Fundação de subestações. ............................................................................ 35
3.3 – TRANSMISSÃO DA ENERGIA ELÉTRICA ................................................... 36
3.4 - LAYOUT DO PARQUE EÓLICO E EFEITO ESTEIRA .................................. 39
3.5 – LEVANTAMENTO DE DADOS DOS RECURSOS EÓLICOS OFFSHORE 41
3.5.1 – Estação Meteorológia Automática (EMA) .................................................. 41
3.5.2 – Boias oceanográficas ................................................................................... 42
3.5.3 – Mapa Eólico Offshore do Projeto SWERA (GOMES) ............................... 43
3.6 CUSTOS/INVESTIMENTOS DE PARQUES EÓLICOS OFFSHORE .............. 44
3.7 MANUTENÇÃO DE PARQUES EÓLICOS OFFSHORE .................................. 46
4 ENERGIA EÓLICA OFFSHORE NO BRASIL .......................................................... 51
4.1 Potencial eólico offshore no Brasil ........................................................................ 51
4.2 – Projetos/instalações/parques eólicos no Brasil ................................................... 53
4.3 Estudo e proposta de um parque eólico offshore no Brasil ................................... 55
4.3.1 Definição da região de estudos ....................................................................... 56
4.3.2 Levantamento de dados .................................................................................. 56
4.3.3 Tratamento dos Dados .................................................................................... 57
4.3.4 Distribuição de Weibull .................................................................................. 57
4.3.5 Seleção dos aerogeradores, cálculo da energia produzida e fator de capacidade
58
4.3.6 Cálculo da energia produzida e produção anual de energia ........................... 58
4.3.7 Definição do número de aerogeradores .......................................................... 58
4.3.8 Definição do local de instalação do parque .................................................... 59
4.3.9 Resultado do estudo ........................................................................................ 59
5 - CONCLUSÕES .......................................................................................................... 64
6 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................... 65
1 INTRODUÇÃO
Figura 2: Capacidade instalada global eólica offshore por região, 2008 – 2018.
Fonte: (REN21, 2019)
Com grandes capacidades instaladas, a tendência futura é a ampliação do setor
offshore, tendo em vista seu forte crescimento nos últimos anos. Isso se deve aos avanços
tecnológicos e aos crescentes investimentos em pesquisas e projetos na área que cada vez
mais utilizam aerogeradores maiores para produzir mais energia (Lorena, F. M, 2019). A
Figura 3 ilustra a relação entre as dimensões e a potência gerada pelos aerogeradores, bem
como sua evolução temporal.
Em 2018 foram instalados 51,3 GW de energia eólica no mundo, do qual 46,8GW foi
de energia eólica onshore e 4,5 GW de offshore (GWEC,2018). A Figura 6 mostra a evolução
da capacidade instalada a cada ano no mundo. Houve uma queda de 4% em 2018 comparada
com o ano anterior.
Na América do Sul, o Brasil é o país que mais instalou energia eólica. Segundo a
ABEEólica, o objetivo do Brasil é um crescimento de 2 GW por ano. O país vem mantendo
pouco mais que o objetivo ao longo dos anos, porém em 2018, houve uma queda em
capacidade instalada (Figura 7).
Figura 7: Capacidade instalada na América do sul
Fonte: GWEC,2018
A China é o país que mais instalou turbinas eólicas em 2018. Juntos, China, EUA,
Alemanha, Índia e Brasil são responsáveis por 75% da capacidade instalada em 2018
(GWEC,2018). A China atingiu 206 GW em 2018 e cumpriu, dois anos antes, o compromisso
de instalar 200 GW de energia eólica em sua matriz até 2020.
Se tratando de energia eólica offshore a China também é o país que mais instalou em
2018, representando 40% das instalações mundiais. No entanto, em capacidade acumulada,
o Reino Unido segue liderando o ranking, com 34% da capacidade mundial. As Figuras 8 e
9 mostram a capacidade instalada onshore e offshore, respectivamente.
Figura 8: Novas instalações onshore em 2018
Fonte: GWEC,2018 - Adaptado
A energia eólica offshore vem se destacando entre as fontes energéticas que mais se
desenvolvem no mundo e já ocupa esta posição a alguns anos. As primeiras instalações
offshore ocorreram no continente europeu na década de 1990, desde então a Europa lidera a
geração de energia eólica no mar. O primeiro parque eólico offshore a entrar em operação no
mundo foi em 1991 na Dinamarca. O projeto tinha 11 aerogeradores e capacidade instalada
de 4,95 MW. O parque ficou em operação durante 25 anos e em 2017 foi desativado. Em
2002 no mar do Norte foi instalado o primeiro parque com grande capacidade de geração, 80
aerogeradores com 80 metros de diâmetros, 70 metros de altura e 2 MW de potência
(GWEC,2018)
A Europa possui uma capacidade offshore de 20,4GW. No ano de 2018 foi instalado
2.649MW, cerca de 18% menor em relação a 2017. O reino Unido ocupa o primeiro lugar
em capacidade instalada offshore com 8,5GW, seguido da Alemanha com 6,6GW e da
Dinamarca com 1,7GW (WindEurope,2019). Os principais fabricantes de aerogeradores nos
três países com maior capacidade instalada na Europa estão apresentados no gráfico da Figura
11.
Figura 11: Principais fabricantes turbinas eólicas offshore na Europa
Fonte: Wind Europe (Julho,2019)
3.1 AEROGERADORES
Os aerogeradores com eixo horizontal, têm seu eixo de rotação horizontal ao solo e
quase paralelo a direção do vento. Atualmente a maioria dos aerogeradores comerciais estão
alocados nesta categoria. Conforme o número de pás, os aerogeradores com rotor horizontal
podem também ser classificados como pá única, duas pás, três pás e diversas pás, como
ilustra a Figura 17. Os aerogeradores de uma e duas pás, apesar de serem mais baratos, não
são muito populares, pois apresentam complexidade de balanceamento. Atualmente as
turbinas comerciais, geralmente são compostas por 3 pás, isso ocorre, pois, este tipo de
aerogerador é mais estável, visto que apresenta um esforço aerodinâmico relativamente
uniforme. Turbinas com maior número de pás (6, 8, 12, 18 ou mais), também estão
disponíveis no mercado. Entretanto este tipo de aerogerador é somente utilizado em
aplicações que exigem um torque inicial alto, pois devido ao número de pás do rotor estas
turbinas apresentam perdas aerodinâmicas (Gomes, 2018).
Figura 18: Exemplo de parque eólico offshore com aerogeradores de eixo vertical
Fonte: Gomes, 2018
3.2 – FUNDAÇÃO
A fundação por uma única estaca (Figura 20) é, de maneira geral, a mais utilizada
entre todas as demais estruturas de suporte. De forma sucinta, é possível defini-la como um
empreendimento fixado a partir do processo de cravação no solo oceânico. Trata-se de uma
fundação cuja estabilidade é causada pelo atrito da estaca com as paredes da escavação da
superfície marinha. O nível de profundidade para esse tipo de estrutura também é limitado.
(Wallisson da Silva Nascimento, 2018). A maioria das construções da fundação monopilar
foram realizadas em profundidas inferiores a 30 m, entretanto pode ser empregada em
profundidades de até 35 m (Gomes,2018). No que diz respeito aos procedimentos realizados
para a fixação desse tipo de fundação, é importante frisar a perfuração e o uso de explosivos,
métodos mais utilizados nessas operações. Basicamente, a perfuração é executada por meio
da utilização do martelo hidráulico. Os explosivos são recomendados às escavações em
superfícies predominantes ou totalmente cobertas por camadas rochosas. As principais
desvantagens desse tipo de fundação são os impactos ambientais gerados, haja vista que o
uso de explosivos tende a afugentar ou acidentar algumas espécies de animais marinhos que
frequentam o local e, ainda, destruir porções das espécies florísticas presentes na área. No
caso das perfurações, o impacto mais destacado na literatura são os ruídos causados pelas
aparelhagens e pelo contato do martelo hidráulico com o leito marinho, o que incomoda
principalmente a fauna do ambiente aquático. Destaca-se também a inadequação desse tipo
de infraestrutura a grandes profundidades e extensões. Acrescentando-se a isso o fato de que
as fundações por estaca única são indicadas apenas a aerogeradores de pequenas dimensões,
o que desfavorece seu uso na implantação de parques eólicos marítimos, no geral adequados
ao uso de turbinas eólicas de grande porte para, desta forma, aproveitarem as fortes rajadas
ocorrentes na região oceânica. (Wallisson da Silva Nascimento, 2018)
Entretanto, algumas vantagens podem ser frisadas. É o caso dos custos operacionais
mais baixos, do transporte da estrutura de suporte e da ausência de preparação do local a
receber a infraestrutura, haja vista que o procedimento tradicional é somente perfurar o solo
e, em seguida, alocar a fundação. (Wallisson da Silva Nascimento, 2018)
A fundação tripilar (três estacas) é utilizada para estabilizar sistemas sujeitos a fortes
ondas e ventos em alto mar, já que a distância entre as estacas fornece bons momentos de
reação e ajuda consideravelmente na estabilidade da turbina. Pelo fato da sua rigidez ser
maior do que a fundação monopilar, a fundação tripilar é mais apropriada para maiores
profundidades, por exemplo, entre 30 e 50 m. A estrutura tripilar (Figura 21) consiste em três
estacas fixas de sustentação de aço e um componente de transição para a torre composto de
cimento e aço, essas estacas são enterradas separadamente no solo oceânico. (GOMES,2018)
No que tange aos aspectos ambientais, é possível afirmar que a fundação por tripé se
destaca como causadora de impactos tanto à fauna quanto à flora marinhas. Isso pode ser
afirmado a partir do entendimento dos métodos utilizados para a cravação no solo.
Igualmente à estrutura por estaca única, a fundação por tripé exige a adoção não somente de
perfuração por martelo hidráulico, como também do uso de explosivos (em superfícies
cobertas por rochas). Os principais impactos podem ser a poluição sonora, destruição da
vegetação aquática e a perturbação do habitat. Os custos gerados, os impactos ambientais, o
processo de fabricação e a logística (principalmente para a fixação das três estacas) acabam
por desvalorizar esse tipo de empreendimento. (Wallisson da Silva Nascimento, 2018)
As fundações jaqueta (Figura 22) são estruturas de treliça abertas feitas de aço,
representada na Figura 19. Elas são constituídas por uma armação soldada de elementos
tubulares que se estende desde a linha do solo oceânico, até à superfície do mar. A base desta
fundação é enterrada no solo oceânico para proteger a estrutura contra esforços laterais. Este
tipo de fundação pode ser empregado em profundidades entre 40 – 200 m (GOMES,2018).
O processo de fixação é semelhante ao empregado durante a alocação da fundação por estaca
única, apesar de ser mais complexo, haja vista que são quatro estacas a serem instaladas no
solo marinho. E por utilizar dos mesmos procedimentos de perfuração nota-se o elevado nível
de impacto causado à fauna e flora marinhas (poluição sonora e destruição de habitat,
principalmente), quatro vezes mais intenso. Em contradição a isso, nota-se algumas
vantagens, representadas pela adequação a grandes distância e profundidade, sua resistência
a deterioração e, ainda, a capacidade de suportar grandes cargas e volumes. (Wallisson da
Silva Nascimento, 2018)
As estruturas de suporte flutuantes (Figura 24) são as mais recentes entre todas as
fundações.[4] Entre as fundações de turbinas eólica offshore, as estruturas flutuantes
apresentam menor utilização. No entanto, elas se tornarão mais populares com o
desenvolvimento da indústria eólica offshore em águas profundas, devido a limitação de
profundidade das estruturas de base fixa. Quando a profundidade do local de instalação do
parque offshore aumenta, o custo da utilização de turbinas de fundação fixa aumenta
rapidamente [4], não passando de 100 m de profundidade, pois torna-se economicamente
inviável (GOMES,2018). Existem vários tipos de turbinas eólicas com fundações flutuantes,
a maioria desses conceitos está na fase de estudo de viabilidade ou teste em escala. (Wallisson
da Silva Nascimento, 2018) Seu processo de instalação não difere muito do método aplicado
à fixação da base por sucção, haja vista que é frequente o uso de ancoras para a estabilização
da plataforma.
Em se tratando das vantagens existentes, é importante destacar a capacidade das
fundações flutuantes em serem fixadas a grandes profundidades, podendo-se explorar zonas
mais profundas do oceano. Também é possível montar as estruturas em terra, para
posteriormente transporta-la ao local escolhido para a fixação. Por fim, destaca-se a rápida e
fácil instalação e retirada da estrutura. (Wallisson da Silva Nascimento, 2018). Em contraste,
a necessidade de privatização de extensas áreas acaba se tornando um entrave à implantação
desse tipo de fundação, haja vista que o perímetro ocupado fica impedido de ser utilizado
para outras atividades, como a pesca em alto mar, o que significa o surgimento de impactos
sobre as comunidades dependentes da pescaria para o melhoramento da qualidade de vida na
região próxima ao local onde o parque eólico off-shore está posicionado. (Wallisson da Silva
Nascimento, 2018)
Os três tipos de transmissão (Figura 28) de energia de parques eólicos offshore são:
1. Sistema de Transmissão em Alta Tensão em Corrente Alternada (High Voltage AC
Transmission – HVAC);
2. Sistema de Transmissão em Alta Tensão em Corrente Contínua usando
Conversores com comutação natural de linha (High Voltage DC using Line Commutated
Converters – HVDC LCC);
3. Sistema de Transmissão em Alta Tensão em Corrente Contínua usando conversores
com comutação forçada – Conversores fonte de tensão (High Voltage DC using Voltage
Source Converters – HVDC VSC).
A Figura 28 ilustra uma relação entre capacidade instalada, distância da costa e tipo
de sistema indicado:
Figura 28: Tipo de sistemas de transmissão utilizados
Fonte: EPE,2019
A avaliação dos recursos eólicos offshore podem ser divididos em duas fases
diferentes (GOMES,2018): (I) avaliação do recurso eólico em escala regional com intuito de
identificar locais promissores para instalação de parques eólicos e (II) avaliação específica
em escala local considerando a climatologia e perfis verticais dos ventos, bem como a
turbulência atmosférica. Considera-se também nesta fase a avaliação de mudanças históricas
e possivelmente futuras devido à não-estacionariedade climática (a estacionariedade refere-
se à independência das variações em relação à escala temporal).
Os ventos oceânicos podem ser estudados através de dois diferentes métodos, pelas
medições dos dados quantitativos (de forma direta) ou por intermédio de sensoriamento
remoto (forma indireta). O primeiro método considera a obtenção de dados in situ, por meio
de anemômetros instalados em boias oceânicas ou em navios (medição móvel). O segundo
método considera modelos numéricos atmosféricos através de dados de equipamentos e
sensores.
O SWERA (Solar and Wind Energy Resource Assessment) é um mapa que apresenta
a velocidade média anual dos ventos em uma determinada altura nos oceanos. Este baseia-se
em modelos matemáticos e satélite de observação meteorológicas e não considera os detalhes
de uma região em específico. Devido à precisão do SWERA de alta resolução é possível
analisar áreas com grande nível de detalhe, identificando assim, áreas ricas em recursos que
poderiam ser perdidas em conjuntos de dados de baixa resolução. O SWERA pode ser usado
para identificar as áreas que apresentam características favoráveis para estudos sobre o
desenvolvimento da energia eólica. Entretanto estas informações não são aplicáveis para
decisões de implantações, mas podem ser consideradas para identificar potenciais localidades
para o aprofundamento das análises.
De acordo com SWERA (2011), para o planejamento de projetos de energia eólica, o
melhor e mais confiável conjunto de dados, pode ser obtido através dos dados coletados em
anemômetros em uma localidade específica e com um período de tempo maior que um ano.
Este nível de detalhamento é fundamental para a implementação de parques eólicos, mas este
método é inviável para estimativa de recursos eólicos em áreas muito extensas. Por isso, os
especialistas em avaliação de recursos eólicos utilizam de modelos numéricos para produzir
dados de recursos eólicos nestas áreas. Em sua análise o SWERA utiliza de medições por
satélite e terrestre, modelos numéricos validados e métodos de mapeamento empírico e
analítico, para estimar o recurso eólico de uma região geográfica. O National Renewable
Energy Laboratory (NREL) disponibiliza gratuitamente o mapa SWERA na resolução de 30
km (https://goo.gl/a1ktC6), isso significa que o mapa apresenta os dados para áreas de 30
km².
3.6 CUSTOS/INVESTIMENTOS DE PARQUES EÓLICOS
OFFSHORE
É evidente nos gráficos elaborados (Figura 33) pela IRENA que o custo nivelado da
eletricidade caiu em torno de 20% entre 2010 e 2018, e o custo específico médio para um
parque fechou o ano de 2018 com o valor de 4353 $/kW.
A redução do LCOE ocorreu através de um aumento do fator de capacidade dos
parques, que aumenta a geração de energia e também com a redução de custos de instalação,
manutenção e operação. (IRENA, 2019)
A atual tendência de turbinas maiores amplia a capacidade de um parque eólico e
reduz o número de unidades necessárias para uma dada capacidade. Isso ajudou a reduzir
custos de instalação e desenvolvimento de projetos mesmo com maquinário mais caro e
maiores distâncias da costa. Ao mesmo tempo, os custos de O&M foram reduzidos pela
otimização estratégias de O&M com manutenção preventiva e programas baseados na análise
preditiva de falha. (IRENA, 2019)
A partir dos anos 2000 o capital médio necessário para a construção de parques eólico
era de US$ 2000/kW, atingindo em 2016 valores de até US$ 7000/kW. A redução do capital
necessário tem uma projeção de queda de 15% até 2025 evido à expansão do setor, graças a
otimização das tecnologias e dos processos de instalação, embarcações maiores e aumento
da concorrência dentro da cadeia de suprimentos. (EPE, 2019)
Os custos de dos projetos eólicos offshore são divididos conforme representa a Figura
34 abaixo que compara também esta divisão com os custos onshore.
Como um exemplo real dos custos que compõem a geração offshore, têm-se os
valores médios por MW divulgados pela empresa BVG (consultoria) para o ano de 2018
(Figura 35 e 36).
As manutenções realizadas são muito similares aos parques onshore, porém com
algumas particularidades, conforme será explicitado nos itens a seguir.
b) Sistemas mecânicos
É comum o desgaste de dentes de engrenagens, deformações,
desbalanceamento, trincas e desgaste de rolamentos e eixos por fadiga ou manutenção
inadequada. Também ocorrem problemas no sistema de pré aquecimento de óleo do
multiplicador (quando existente). (KARYOTAKIS, 2012)
c) Sistema de orientação
Neste sistema, as falhas estão relacionadas aos motores de acionamento e ao
pinhão. (KARYOTAKIS, 2012)
d) Gerador
As falhas nos geradores geralmente são causadas danos aos enrolamentos ou
ao isolamento do estator, danos no rotor, soldas ruins, conexões soltas, defeitos nas escovas
e desgaste de rolamentos.
Esssa situações podem ser influenciadas por fatores mecânicos, elétricos e
ambientais. Por exemplo, danos nos rolamentos podem ser causados por cargas pulsantes ou
vibrações em excesso do sistema mecânico. (KARYOTAKIS, 2012)
e) Sistema hidráulico
É um Sistema muito usado nos aerogeradores para controlar o passo das pás
e freios. As falhas estão comumente associadas à vazamentos, entupimentos de mangueiras
ou filtros e mal funcionamento de válvulas. (KARYOTAKIS, 2012)
g) Pás
Delaminações e problemas relacionados à fadiga são muito comuns. Vale
ressaltar que no mar a velocidade do vento, frequência e condições climáticas acabam
favorecendo estes efeitos. (KARYOTAKIS, 2012)
De acordo com estudos de Van Bussel (1996) na área, os sistemas que mais falham
(em ordem de incidência) durante a operação offshore são:
Pás
Instalação elétrica
Sistemas eletrônicos e de controle
Sistema hidráulico
Multiplicador/eixos/acoplamentos
Sistema de orientação
O Brasil ainda não possui parques eólicos offshore instalado em sua costa marítima.
Um estudo publicado por Ortiz e Kampel (2011), estima que o potencial offshore brasileiro
seja de 1,78 TW em toda Zona Econômica Exclusiva (ZEE1), o que representa quase doze
vezes mais que o potencial onshore, com destaque para as regiões costeiras dos estados de
Alagoas e Sergipe, Rio Grande do Norte e Ceará, Rio Grande do Sul e Santa Catarina, que
apresentaram altas magnitudes de vento. A média da magnitude do ventos offshore brasileiro
está entre 7 e 12 m/s, com valores máximos próximos à costa de Sergipe e Alagoas e mínimo
próximo à costa de São Paulo. Estima-se que o fator de capacidade seja de 65%, bem maior
que o fator de capacidade onshore. (Lorena, F. M, 2019)
• Complexo Eólico Marítimo Asa Branca I (Figura 40): Com potencial de 400 MW,
distante de 3 km e 8 km da costa e com profundidades entre 7 e 12 metros, o
complexo será instalado no município de Amontada – CE.
• Planta Piloto de Geração Eólica Offshore (Figura 41) – Petrobras: Com o intuito de
compensar suas emissões de carbono e com um amplo conhecimento na exploração e
produção offshore, a empresa começa a investir na geração de energia em alto mar. A planta
piloto será instalada em Guamaré, no Rio Grande do Norte, a uma distância de 20 Km da
costa e lâmina d’água de 12 e 16 metros. O aerogerador terá potência de 5 MW e será
conectado à plataforma PUB-3 por cabo submarino umbilical elétrico-óptico. Se comprovado
a viabilidade do projeto, a estatal tem expectativa de expandir no segmento de geração de
energia eólica offshore.
Figura 42: Planta piloto offshore Petrobras
Neste estudo escolheu-se a região Sudeste devido sua matriz energética pouco
diversificada e constituída majoritariamente por usinas hidroelétricas e portanto, dependente
das condições climáticas para suprimir demanda. Em período de baixa precipitação de chuva
é necessário ligar as termelétricas, encarecendo a conta dos consumidores.
Nessa etapa do estudo, foi feita a junção dos registros fornecidos para cada ponto de
coleta de dados. O objetivo dessa etapa é calcular a velocidade média anual de cada ponto.
No estudo, a altura do vento no cubo do rotor foi estipulada em 100m. Para se calcular a
velocidade média nessa altura, utilizou-se a Lei Logarítmica para a extrapolação da
velocidade na altura desejada.
Nessa etapa foi feita uma análise de cada local onde foram conectados os dados. Uma
vez que se possui a energia anual média fornecida por cada modelo de aerogerador, define-
se o modelo a ser utilizado no projeto não considerando apenas a maior quantidade de energia
produzida, mas também o modelo que pode gerar energia elétrica com menor velocidade do
vento.
Escolhido o modelo, para cada ponto de coleta, tem-se aquele de maior potência anual
produzida. Uma vez definido o local de maior geração de eletricidade, o local é analisado
para que obter a profundidade da água e consequentemente se escolher o modelo de fundação.
O custo do projeto depende diretamente da profundidade do local escolhido. Portanto, a
escolha do local do projeto depende não somente da produção anual, mas também da
profundidade da água para minimizar o custo de investimento e aumentar a viabilidade do
projeto.
A partir dos resultados, conclui-se que o local escolhido foi a posição da Boia
de Cabo Frio 2 e o modelo V136/340, considerando-se apenas aspectos técnicos de
produção de energia e não aspectos financeiros.
Considerando-se a produção anual de eletricidade pelo modelo, local
escolhidos e demanda média das cidades mais próximas, obteve-se o número de
aerogeradores igual a 31, totalizando uma capacidade instalada de 106,95MW.
Para o local escolhido: Boia de Cabo Frio 2, utilizando-se de cartas náuticas,
verificou-se que a profundidade das águas na região está entre 120 e 129 metros. Para
essa profundidade a indústria eólica offshore considera fundações flutuantes, o que
dificultaria a instalação, aumentaria a complexibilidade e investimento.
Dessa forma, buscou-se locais com boas condições de produção de energia,
porém com menores profundidades. Dessa forma o local escolhido para a proposta de
um parque eólico offshore no Brasil foi no ponto de coleta A606, Arraial do Cabo,
com aerogeradores V136/3450.
A profundidade desse local varia entre 43 e 44 metros, permitindo assim
fundações fixas e a 10 km da costa. A fundação recomendada no projeto foi a do tipo
Jaqueta (Figura 50).
Figura 50: Fundação do Tipo Jaqueta
Uma vez que o local foi alterado o número de aerogeradores para o parque offshore
passou a ser 39 aerogeradores totalizando uma capacidade instalada de 134,55MW.
5 - CONCLUSÕES
MARCELA BUSCATO, A eletricidade que vem do mar, Revista crescer, 2019. Disponível
em: <http://revistacrescer.globo.com/Revista/Crescer/0,,ERT62235-15565,00.html>.
Acesso em 25/11/2019.
ANEEL. Disponível em
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DNV GL. Fresh breeze for offshore wind farms. 2019. Disponível em:
<https://www.dnvgl.com/expert-story/maritime-impact/Fresh-breeze-for-offshore-wind-
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KARYOTAKIS, Alexander. On the Optimisation of Operation and Maintenance Strategies
for Offshore Wind Farms. 2012. 473 f. Tese (Doutorado) - Curso de Engenharia Mecanica,
University College London, Londres, 2011. Disponível em:
<https://discovery.ucl.ac.uk/id/eprint/1302066/1/1302066.pdf>
VAN BUSSEL, Gerard. Operation and Maintenance Aspects of Large Offshore Windfarms.
Deltf: Delft University Of Technology, 1996. Disponível em:
<https://www.researchgate.net/publication/228742049_Operation_and_Maintenance_Aspe
cts_of_Large_Offshore_Windfarms>