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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

U UNIVERSIDADE FEDERAL DE ITAJUBÁ


N Criada pela Lei nº 10.435, de 24 de abril de 2002
I Instituto de Engenharia Mecânica

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PARQUES EÓLICOS OFFSHORE NO BRASIL:
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INVESTIMENTOS, PROPOSTA DE PROJETOS E
ESTUDO DE CASO
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A
Adria Camila Fernandes de Carvalho
J
Augusto Aguiar Cagnani
U Celso Antonio Bittencourt Sales Junior
B Eduardo Pereira Campos
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2019
3

Universidade Federal de Itajubá


Instituto de Engenharia Mecânica

PARQUES EÓLICOS OFFSHORE NO BRASIL:


INVESTIMENTOS, PROPOSTA DE PROJETOS E
ESTUDO DE CASO

Monografia submetida ao Professor Dr.


Christian Jeremi Coronado Rodriguez como
requisito parcial para aprovação na disciplina
EEN705- Energia Eólica do curso de graduação
em Engenharia de Energia da Universidade
Federal de Itajubá.

Integrantes:
Adria Camila Fernandes de Carvalho - 33347
Augusto Aguiar Cagnani - 2016006813
Celso Antonio Bittencourt Sales Junior - 2019000626
Eduardo Pereira Campos - 31313

Itajubá - MG
Novembro/2019
Resumo

Na busca pelo desenvolvimento sustentável relacionados a produção de energia elétrica


destaca-se a geração de energia eólica. Esta prática produz baixos impactos ambientais
quando comparada com outras formas de geração de energia além de possuírem elevados
potenciais de produção, principalmente nas regiões marítimas onde há melhores condições e
constância dos ventos. Tendo isso em vista, o presente trabalho visou o conhecimento da
situação eólica offshore no Brasil e no mundo, bem como as principais características e
parâmetros técnicos atrelados à instalações eólicas offshore. A partir de dados sobre o
potencial eólico offshore brasileiro e de um estudo de caso feito para uma possível instalação
eólica offshore no sudeste do território nacional pôde-se concluir que o há fortes indícios de
que a energia eólica offshore possa impactar positiva e significativamente na produção de
energia elétrica no país, acarretando em uma possível matriz majoritariamente renovável e
diversificada.

Palavras-chave: Offshore, energia eólica, potencial energético, Brasil, energias renováveis,


investimentos.
Abstract

When it comes about sustainability in energy production, wind energy generation stands out.
It has low environmental impacts when compared to other forms of energy generation besides
having high production potentials, especially in maritime regions where there is better wind
conditions and constancy. Therefore, the present work aimed at the knowledge of the offshore
wind situation in Brazil and worldwide, as well as the main characteristics and technical
parameters related to offshore wind installations. From data on the Brazilian offshore wind
potential and a case study made for a possible offshore wind facility in the southeast of the
national territory, it can be concluded that there are strong indications that offshore wind
power can have a positive and significant impact on production of electricity in the country,
leading to a possible majority renewable and diversified matrix.

Key words: Offshore, Wind power, energy potential, Brazil, renewable energy, investments.
Lista de Figuras

Figura 1: Capacidade global de energia eólica e acréscimo anual, 2008-2018 .................... 13


Figura 2: Capacidade instalada global eólica offshore por região, 2008 – 2019.................. 13
Figura 3: Evolução temporal dos aerogeradores offshore .................................................... 14
Figura 4: Os líderes mundiais em capacidade acumulada .................................................... 15
Figura 5: Evolução da Capacidade Instalada no Brasil ........................................................ 16
Figura 6: Evolução da capacidade instalada a cada ano no mundo ...................................... 17
Figura 7: Capacidade instalada na América do sul............................................................... 18
Figura 8: Novas instalações onshore em 2018 ..................................................................... 19
Figura 9: Novas instalações offshore em 2018 ..................................................................... 19
Figura 10: Cenário de crescimento para 2023 ...................................................................... 20
Figura 11: Principais fabricantes turbinas eólicas offshore na Europa ................................ 21
Figura 12: Capacidade Instalada offshore na Europa ........................................................... 21
Figura 13: Capacidade instalada offshore em função da distância da costa ......................... 22
Figura 14: Condições ambientais de instalações eólicas offshore ........................................ 23
Figura 15: Energia Eólica Offshore. ..................................................................................... 24
Figura 16: Configuração típica de um sistema de turbina eólica de eixo horizontal............ 25
Figura 17: Tipos de aerogeradores horizontais..................................................................... 26
Figura 18: Exemplo de parque eólico offshore com aerogeradores de eixo vertical ........... 27
Figura 19: Fundação por gravidade ...................................................................................... 30
Figura 20: Fundação por estaca única .................................................................................. 31
Figura 21: Fundação tripé ..................................................................................................... 32
Figura 22: Fundação por treliça ............................................................................................ 33
Figura 23: Fundação por sucção ........................................................................................... 34
Figura 24: Fundação flutuante .............................................................................................. 35
Figura 25: Principais características de alguns tipos de fundações para subestações .......... 36
Figura 26: Sistemas de transmissão em corrente alternada .................................................. 36
Figura 27: Sistema de transmissão em corrente contínua..................................................... 37
Figura 28: Tipo de sistemas de transmissão utilizados......................................................... 38
Figura 29: Cabos utilizados em transmissão offshore .......................................................... 38
Figura 30: Representação dos custos de transmissão em instalações offshore .................... 39
Figura 31: Processo de elaboração do layout para parques eólicos offshore ....................... 40
Figura 32: Efeito esteira em um aerogerdor ......................................................................... 41
Figura 33: Custo nivelado da eletricidade ............................................................................ 44
Figura 34: Divisão dos custos de projetos eólicos. ............................................................... 45
Figura 35: Exemplos de custos reais de um parque eólico offshore ................................... 45
Figura 36: Exemplo de custos de um aerogerador utilizado em um parque eólico offshore.
.............................................................................................................................................. 46
Figura 37: Manutenção em um aerogerador offshore .......................................................... 47
Figura 38: Potencial brasileiro de energia eólica offshore. .................................................. 52
Figura 39: Áreas de viabilidade para instalação de parques offshore. ................................. 52
Figura 40: Complexo eólico offshore Asa Branca. .............................................................. 53
Figura 41:Complexo eólico offshore Caucaia ...................................................................... 54
Figura 42: Planta piloto offshore Petrobras .......................................................................... 55
Figura 43:Localização das Boias – PIRATA ....................................................................... 56
Figura 44: Localizaçaõ das Boias – PNBOIAS .................................................................... 57
Figura 45: Locais de coleta de dados: .................................................................................. 59
Figura 46: Distribuição de Weibull ...................................................................................... 60
Figura 47: Distribuição de Weibull para .............................................................................. 60
Figura 48: Aerogeradores ..................................................................................................... 61
Figura 49: Curva de Potência de cada Modelo de Aerogerador ........................................... 61
Figura 50: Fundação do Tipo Jaqueta .................................................................................. 63
Lista de Tabelas

Tabela 1: Resultado para cada local e modelo de aerogerador............................................. 62


Lista de Abreviaturas e Siglas

ABEEolica - Associação Brasileira de Energia Eólica


ANEEL – Agencia Nacional de Energia Elétrica
EDP – Energia de Portugal
EPE – Empresa de Pesquisa Energética
GWEC - Conselho Mundial de Energia Eólica
HVAC – Alta Tensão em Corrente Alternada
HVDC LCC - Alta Tensão em Corrente Contínua com Conversores Comutados
HVDC VSC – Alta Tensão em Corrente Contínua usando Conversores de comutação forçada
MVAC - Média Tensão em Corrente Alternada
PROINFA – Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica
SEINPE – Secretaria Estadual de Energia, da Indústria Naval e do Petróleo
TUSD – Tarifa pelo Uso do Sistema de Distribuição
TUST – Tarifa pelo Uso do Sistema de Transmissão
SUMÁRIO

Sumário
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 12
2 ENERGIA EÓLICA: CENÁRIO MUNDIAL .............................................................. 17
3 CARACTERÍSTICAS DAS INSTALAÇÕES EÓLICAS OFFSHORE ...................... 23
3.1 AEROGERADORES............................................................................................. 24
3.1.1 – Classificação dos aerogeradores .................................................................. 25
3.2 – FUNDAÇÃO ...................................................................................................... 28
3.2.1 – Fundação por gravidade............................................................................... 29
3.2.2 – Fundação por estaca única – Monopilar (Monopile) ................................... 30
3.2.3 – Fundação por tripé – Tripilar (Tripile) ........................................................ 31
3.2.4 – Fundação por treliça – Jaqueta (Jacked) ...................................................... 32
3.2.5 – Fundação por Sucção ................................................................................... 33
3.2.6 – Fundação Flutuante (Floating Structures) ................................................... 34
3.2.7 – Fundação de subestações. ............................................................................ 35
3.3 – TRANSMISSÃO DA ENERGIA ELÉTRICA ................................................... 36
3.4 - LAYOUT DO PARQUE EÓLICO E EFEITO ESTEIRA .................................. 39
3.5 – LEVANTAMENTO DE DADOS DOS RECURSOS EÓLICOS OFFSHORE 41
3.5.1 – Estação Meteorológia Automática (EMA) .................................................. 41
3.5.2 – Boias oceanográficas ................................................................................... 42
3.5.3 – Mapa Eólico Offshore do Projeto SWERA (GOMES) ............................... 43
3.6 CUSTOS/INVESTIMENTOS DE PARQUES EÓLICOS OFFSHORE .............. 44
3.7 MANUTENÇÃO DE PARQUES EÓLICOS OFFSHORE .................................. 46
4 ENERGIA EÓLICA OFFSHORE NO BRASIL .......................................................... 51
4.1 Potencial eólico offshore no Brasil ........................................................................ 51
4.2 – Projetos/instalações/parques eólicos no Brasil ................................................... 53
4.3 Estudo e proposta de um parque eólico offshore no Brasil ................................... 55
4.3.1 Definição da região de estudos ....................................................................... 56
4.3.2 Levantamento de dados .................................................................................. 56
4.3.3 Tratamento dos Dados .................................................................................... 57
4.3.4 Distribuição de Weibull .................................................................................. 57
4.3.5 Seleção dos aerogeradores, cálculo da energia produzida e fator de capacidade
58
4.3.6 Cálculo da energia produzida e produção anual de energia ........................... 58
4.3.7 Definição do número de aerogeradores .......................................................... 58
4.3.8 Definição do local de instalação do parque .................................................... 59
4.3.9 Resultado do estudo ........................................................................................ 59
5 - CONCLUSÕES .......................................................................................................... 64
6 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................... 65
1 INTRODUÇÃO

A energia elétrica tem uma participação essencial no desenvolvimento da


humanidade, além de hoje ser um suprimento básico e indispensável. Diante do grande
aumento da demanda e do consumo, atrelados às formas convencionais de produção de
energia, que contribuem significativamente para danos ao meio ambiente, torna-se necessária
a busca por meios de desenvolvimento sustentável e pela geração de energia de forma limpa,
eficiente e acessível.
No século passado, o fornecimento de energia era baseado em duas fontes: Uma não
renovável (petróleo, carvão e gás natural) e outra renovável (hidráulica). A fonte não
renovável supriu a maior parte do fornecimento de energia no mundo, contudo, esta fonte
possui um potencial de exploração limitado e causadora de grandes impactos ambientais,
como a queima dos combustíveis fosseis, aumentando emissões de gases como CO2.
Na década de 1970 ocorreu a primeira grande crise mundial do petróleo, a qual gerou
uma grande falta de abastecimento que causaram impactos na economia global. Com a crise,
buscou-se novas alternativas para suprir a demanda de energia, desenvolvendo novas
tecnologias para o melhor aproveitamento dos combustíveis, diminuição nos níveis de
emissão de poluentes e disseminação/implantação de novas formas de energia renovável.
Atualmente, a matriz energética mundial, apresenta uma parcela significativa da participação
de fontes de energia renováveis (eólica, solar, hidráulica e biomassa), decorrentes de
incentivos para diversificação da produção. Com novas políticas governamentais, como a
Conferência das Nações Unidades sobre Mudanças Climáticas (COP 21), promovendo a
geração de energia a partir e fontes renováveis, a tendência é que no futuro a base da matriz
global seja mais sustentável e renovável.
Dentre as fontes de energia renováveis, a energia eólica está tendo um grande
destaque no momento, os parques eólicos se tornaram comum em diversos locais ao redor do
mundo. Esse crescimento é devido a grande disponibilidade do vento em diversos locais. Os
ventos provocados pelo deslocamento natural do ar surgem a partir de diversos fatores, como
gradientes de temperatura e pressão entre duas regiões. Dependendo das condições como
localização geográfica, latitude e zonas climáticas, o comportamento do vento pode variar.
Por essa razão, algumas regiões se mostram mais vantajosas para o aproveitamento da
energia dos ventos do que outras.
O aproveitamento do recurso eólico é composto de dois tipos de exploração, onshore
e offshore. A exploração onshore é o aproveitamento dos ventos terrestres na conversão em
energia elétrica. Seguindo a mesma aplicação, a exploração offshore utiliza dos ventos
marítimos para o mesmo fim. De acordo com REN21 a capacidade instalada no ano de 2018
foi de 591 Gigawatts, tendo um acréscimo de 51 giga em relação ao ano anterior como mostra
a Figura 1. No que tange geração offshore as instalações geraram 23,1 GW em 2018, tendo
um aumento de 4,4 GW em ralação a 2017, também identificado na Figura 2.

Figura 1: Capacidade global de energia eólica e acréscimo anual, 2008-2018


Fonte: (REN21, 2019)

Figura 2: Capacidade instalada global eólica offshore por região, 2008 – 2018.
Fonte: (REN21, 2019)
Com grandes capacidades instaladas, a tendência futura é a ampliação do setor
offshore, tendo em vista seu forte crescimento nos últimos anos. Isso se deve aos avanços
tecnológicos e aos crescentes investimentos em pesquisas e projetos na área que cada vez
mais utilizam aerogeradores maiores para produzir mais energia (Lorena, F. M, 2019). A
Figura 3 ilustra a relação entre as dimensões e a potência gerada pelos aerogeradores, bem
como sua evolução temporal.

Figura 3: Evolução temporal dos aerogeradores offshore


Fonte: Lorena, F. M, 2019

A configuração geométrica e as potências geradas pelos aerogeradores offshore são


semelhantes aos aerogeradores onshore, porém as turbinas marítimas necessitam suportar
maiores esforços e adversidades que são encontradas no mar.
O elevado potencial de exploração da energia dos ventos marítimos é um fator que
influência a ascensão desse tipo de produção de energia. Suas vantagens vão desde a
disponibilidade, baixos impactos visuais e sonoros. No que tange à velocidade média, o vento
marítimo pode ser 20% superior à velocidade das rajadas em terra, e a energia gerada pelas
usinas eólicas off-shore pode possuir uma superioridade de até 70% .Por esse motivo, em
algumas regiões espera-se que a energia eólica offshore tenha um crescimento maior do que
a onshore , e no futuro torne-se a principal fonte de energia global (Gomes, 2018).
Os líderes mundiais em capacidade acumulada são a China, os EUA e a Alemanha,
seguida por outros países conforme a Figura 4.
Figura 4: Os líderes mundiais em capacidade acumulada
Fonte: Exame, 2018

No Brasil, segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), a capacidade


instalada de aerogeradores até o final de 2018 foi de 14,2 GW, o que que igualou a capacidade
instalada da usina de Itaipu com 14,0 GW. Hoje são mais de 7 mil aerogeradores distribuídos
em 601 parques, localizados em 12 estados sendo que no Nordeste está concentrado 86%
desses parques que durante a safra dos ventos, supre quase 14% do Sistema Interligado
Nacional (SIN). O país também apresenta uma forte tendência de um crescimento expressivo
da capacidade eólica instalada nos próximos anos, conforme mostra a Figura 5:
Figura 5: Evolução da Capacidade Instalada no Brasil
Fonte: Lorena, F. M (2019)
Um dos fatores que impulsionou a evolução da energia eólica no Brasil foi o
Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica (PROINFA), criado pelo
governo em 2002, cujo objetivo era estimular a geração de energia a partir de fontes
renováveis, dentre elas a eólica. A partir daí a expansão da energia eólica ocorreu graças a
parcerias entre o poder público e a iniciativa privada por intermédio da realização de leilões
e concessões públicas para empresas interessadas. Com isso, houve um grande crescimento
da energia eólica no país. Mesmo com os incentivos governamentais, a burocracia, o
desenvolvimento tecnológico e o custo elevado ainda são empecilhos para a instalação de
parques eólicos no Brasil. Apesar gigantesco potencial eólico offshore do país, ainda não há
parques eólicos offshore instalados.
Portanto, o objetivo desse trabalho é apresentar o cenário da energia eólica onshore e
offshore no Brasil e no mundo, principalmente o desenvolvimento dos projetos eólicos
offshore.
O tema justifica-se pela tendência mundial em investimentos em fontes sustentáveis
de energia para geração elétrica, diversificação da matriz elétrica dos países e diminuição da
dependência de importação de energia de outros países.
2 ENERGIA EÓLICA: CENÁRIO MUNDIAL

Em 2018 foram instalados 51,3 GW de energia eólica no mundo, do qual 46,8GW foi
de energia eólica onshore e 4,5 GW de offshore (GWEC,2018). A Figura 6 mostra a evolução
da capacidade instalada a cada ano no mundo. Houve uma queda de 4% em 2018 comparada
com o ano anterior.

Figura 6: Evolução da capacidade instalada a cada ano no mundo


Fonte: Fonte: GWEC,2018

Na América do Sul, o Brasil é o país que mais instalou energia eólica. Segundo a
ABEEólica, o objetivo do Brasil é um crescimento de 2 GW por ano. O país vem mantendo
pouco mais que o objetivo ao longo dos anos, porém em 2018, houve uma queda em
capacidade instalada (Figura 7).
Figura 7: Capacidade instalada na América do sul
Fonte: GWEC,2018

A China é o país que mais instalou turbinas eólicas em 2018. Juntos, China, EUA,
Alemanha, Índia e Brasil são responsáveis por 75% da capacidade instalada em 2018
(GWEC,2018). A China atingiu 206 GW em 2018 e cumpriu, dois anos antes, o compromisso
de instalar 200 GW de energia eólica em sua matriz até 2020.
Se tratando de energia eólica offshore a China também é o país que mais instalou em
2018, representando 40% das instalações mundiais. No entanto, em capacidade acumulada,
o Reino Unido segue liderando o ranking, com 34% da capacidade mundial. As Figuras 8 e
9 mostram a capacidade instalada onshore e offshore, respectivamente.
Figura 8: Novas instalações onshore em 2018
Fonte: GWEC,2018 - Adaptado

Figura 9: Novas instalações offshore em 2018


Fonte: GWEC,2018 - Adaptado

A previsão para os próximos 4 anos é que a capacidade instalada cresça cerca de


2,7%, de forma que em 2023 se tenha instalado mundialmente mais de 300 GW de energia
eólica. É esperado que em 2023 o montante de energia eólica offshore seja de 22% da
capacidade total instalada no mundo (GWEC,2018). Grande parte das instalações offshore
são previstas para o mercado asiático, China e índia (Figura 10).
Figura 10: Cenário de crescimento para 2023
Fonte: GWEC,2018 – Adaptado

A energia eólica offshore vem se destacando entre as fontes energéticas que mais se
desenvolvem no mundo e já ocupa esta posição a alguns anos. As primeiras instalações
offshore ocorreram no continente europeu na década de 1990, desde então a Europa lidera a
geração de energia eólica no mar. O primeiro parque eólico offshore a entrar em operação no
mundo foi em 1991 na Dinamarca. O projeto tinha 11 aerogeradores e capacidade instalada
de 4,95 MW. O parque ficou em operação durante 25 anos e em 2017 foi desativado. Em
2002 no mar do Norte foi instalado o primeiro parque com grande capacidade de geração, 80
aerogeradores com 80 metros de diâmetros, 70 metros de altura e 2 MW de potência
(GWEC,2018)
A Europa possui uma capacidade offshore de 20,4GW. No ano de 2018 foi instalado
2.649MW, cerca de 18% menor em relação a 2017. O reino Unido ocupa o primeiro lugar
em capacidade instalada offshore com 8,5GW, seguido da Alemanha com 6,6GW e da
Dinamarca com 1,7GW (WindEurope,2019). Os principais fabricantes de aerogeradores nos
três países com maior capacidade instalada na Europa estão apresentados no gráfico da Figura
11.
Figura 11: Principais fabricantes turbinas eólicas offshore na Europa
Fonte: Wind Europe (Julho,2019)

A capacidade instalada representa 409 turbinas e 18 parques eólicos offshore. Desses,


15 parques foram completamente conectados à rede e outros 3 parques foram parcialmente
conectados no ano de 2018. O Reino Unido e a Alemanha representam 85% da capacidade
instalada na Europa (Figura 12)

Figura 12: Capacidade Instalada offshore na Europa


Fonte: WindEurope, 2019.
Para os três principais países, em termos de capacidade offshore instalada, a Figura
13 representa a potência instalada em função da distância da costa terrestre. A linha de
tendência tracejada mostra que quanto mais afastado da costa maior a capacidade instalada
de energia eólica, indicativo de que o potencial eólico cresce nesse sentido uma vez que as
condições do vento são mais favoráveis para produção de energia elétrica. Em 2018 a
distância média na qual os novos projetos de parques offshore foram instalados foi de 33 km
da costa enquanto que a profundidade do local de instalação foi em média de 27,1m. Em
2018, 62% dos parques foram instalados no mar do Norte, 15% no mar da Irlanda 14% no
mar Báltico e 9% no oceano Atlântico (WinraEurope,2018).

Figura 13: Capacidade instalada offshore em função da distância da costa


Fonte: Wind Europe (Julho,2019)
3 CARACTERÍSTICAS DAS INSTALAÇÕES EÓLICAS OFFSHORE

A configuração geométrica e as potências geradas pelos aerogeradores offshore são


semelhantes aos aerogeradores onshore, porém as turbinas marítimas necessitam suportar
maiores esforços e adversidades que são encontradas no mar. Para isso, apresentam pás mais
longas, maior varredura de área, maiores capacidades nominais e são projetadas contra
efeitos de corrosão e ação das ondas e marés. A Figura 14 representa simplificadamente as
condições ambientais que estão submetidas as instalações offshore

Figura 14: Condições ambientais de instalações eólicas offshore


Fonte: Lorena, F. M (2019)

As instalações eólicas offshore possuem três elementos mais importantes:


Aerogerador, transmissão e fundação. A Figura 15 abaixo resume as características da
energia eólica offshore:
Figura 15: Energia Eólica Offshore.
Fonte: MARCELA BUSCATO (2019)

3.1 AEROGERADORES

A turbina eólica offshore ou aerogerador é o principal componente da instalação,


tendo como função a conversão da energia cinética do vento em energia elétrica, a partir do
auxílio de um gerador elétrico. O conjunto de aerogeradores dispostos em um layout forma
um parque eólico, que conforme a aplicação pode ser onshore ou offshore. O tamanho dos
aerogeradores determinam o layout e a potência do parque (Gomes, 2018)
A turbina offshore é composta basicamente por: rotor de três pás, nacelle e torre. A
Figura 16 apresenta os principais componentes de um sistema de um aerogerador. O
funcionamento do sistema inicia-se pelas pás, onde o vento é capturado e convertido em
potência mecânica, girando assim, o conjunto de pás e rotor. Em seguida, a baixa velocidade
que entra no sistema pelo movimento das pás e o torque do rotor são convertidos pela
transmissão, para que assim, o gerador possa transforma-los em eletricidade. Os cabos de
energia transportam esta energia até o transformador, que absorvem a energia gerada pela
turbina e convertem-na para distribuição na rede elétrica (Gomes,2018)

Figura 16: Configuração típica de um sistema de turbina eólica de eixo horizontal


Fonte: Gomes (2018)

O rotor é responsável pelo movimento circular que é adquirido através da passagem


do vento pelas suas pás. São geralmente três pás que possuem um perfil aerodinâmico
dimensionado adequadamente para obter a máxima transferência de energia cinética dos
ventos para energia mecânica no rotor.

3.1.1 – Classificação dos aerogeradores

Desde o início da utilização do vento para geração de energia diversos tipos de


máquinas com variadas formas, foram concebidas e desenvolvidas em diferentes partes do
mundo. Embora existam vários conceitos de aerogeradores, a indústria eólica classifica-os
somente em duas classes, máquinas de eixo horizontal ou vertical. Essa classificação é
determinada de acordo com o eixo de rotação do aerogerador (Gomes, 2018)
3.1.1.1 – Aerogeradores de eixo horizontal

Os aerogeradores com eixo horizontal, têm seu eixo de rotação horizontal ao solo e
quase paralelo a direção do vento. Atualmente a maioria dos aerogeradores comerciais estão
alocados nesta categoria. Conforme o número de pás, os aerogeradores com rotor horizontal
podem também ser classificados como pá única, duas pás, três pás e diversas pás, como
ilustra a Figura 17. Os aerogeradores de uma e duas pás, apesar de serem mais baratos, não
são muito populares, pois apresentam complexidade de balanceamento. Atualmente as
turbinas comerciais, geralmente são compostas por 3 pás, isso ocorre, pois, este tipo de
aerogerador é mais estável, visto que apresenta um esforço aerodinâmico relativamente
uniforme. Turbinas com maior número de pás (6, 8, 12, 18 ou mais), também estão
disponíveis no mercado. Entretanto este tipo de aerogerador é somente utilizado em
aplicações que exigem um torque inicial alto, pois devido ao número de pás do rotor estas
turbinas apresentam perdas aerodinâmicas (Gomes, 2018).

Figura 17: Tipos de aerogeradores horizontais


Fonte: Gomes 2018
De acordo com El-Sharkawi (2016), as principais vantagens dos aerogeradores
de eixo horizontal em relação ao solo são:
● As grandes altitudes alcançadas pela altura da torre, permite os aerogeradores
atingirem ventos mais fortes.
● A eficiência deste tipo de aerogerador é muito alta, pois as pás estão recebendo
energia do vento continuamente durante toda a rotação.
● As variações na geração de energia são menores, pois a velocidade da pá é constante
durante a toda a rotação.
● Menor zona de cut-in (menor velocidade necessária para iniciar a produção de energia
pelo aerogerador).
As desvantagens são:
● A construção da torre é robusta para suportar o alto peso da nacele.
● Complexidade e dificuldade de içamento (elevação) de componentes pesados durante
construção e manutenção.
● Necessidade de se posicionar o eixo do rotor sempre paralelo ao vento, o que
indispensa de um sistema de orientação.

3.1.1.2 - Aerogeradores com rotor de eixo vertical

Os aerogeradores com rotor de eixo vertical também são chamados de Darrieus, em


homenagem ao engenheiro francês que inventou esta tecnologia em 1920. Devido a busca
por novas tecnologias, um interesse crescente está sendo dedicado aos aerogeradores de eixo
vertical. Embora turbina de eixo horizontal seja atualmente o tipo de turbina predominante
na indústria eólica, os pesquisadores descobriram que as turbinas offshore de eixo vertical
podem apresentar melhores performances quando comparadas com a turbina offshore de eixo
horizontal, e apresentam também maior eficiência econômica em vários locais, como em
águas profundas (acima de 100 m de profundidade). Além disso, outras características como
estrutura mais simples, rotação independente da direção do vento, centro de gravidade baixo
e menores custos de manutenção, tornam as turbinas de eixo vertical adequadas para
instalações offshore. A Figura 18 apresenta um exemplo de aerogerador de eixo vertical.

Figura 18: Exemplo de parque eólico offshore com aerogeradores de eixo vertical
Fonte: Gomes, 2018

Como pode-se observar na Figura 18, as turbinas apresentadas são verticais em


relação ao solo, neste caso mar, e quase perpendiculares a direção dos ventos. Esses
aerogeradores apresentam praticamente os mesmos componentes dos aerogeradores de eixo
horizontal, com exceção do mecanismo de mudança de direção da turbina para a direção do
vento. De acordo com El-Sharkawi (2016), as principais vantagens dos aerogeradores de eixo
vertical são:
● O gerador, a transmissão, e o transformador ficam posicionados no nível do
solo ou mar, facilitando assim a instalação e manutenção deste tipo de
aerogerador quando comparado com o de eixo horizontal.
● Não necessita de mecanismo de mudança de direção das pás, para a direção
do vento. Isto é uma vantagem em localidades com ventos que variam de
direção.
● A velocidade de cut-in é geralmente menor do que a turbina de eixo
horizontal.
As desvantagens são:
● A potência do vento que atinge os aerogeradores é menor, devido à
proximidade com o solo, visto que este tipo de aerogerador atinge alturas
inferiores em comparação com os aerogeradores de eixo horizontal.
● Devido a sua estrutura robusta, é necessário energia externa para iniciar o
funcionamento (sair da inércia) do aerogerador.
● Devido à proximidade com o solo e com a superfície a presença de
turbulências é maior, isso gera maiores vibrações mecânicas, o que por sua
vez reduz o tempo de vida útil dos componentes do aerogerador.
As turbinas eólicas offshore estão sujeitas a serem atingidas por uma variedadede
esforços. Esses esforços podem ser divididos em sete categorias: estática, estável, cíclica,
passageira, estocástica, ambiental, induzidos por ressonância e impulsivo. De acordo com
Kopp (2010), a maioria dos esforços que atingem os aerogeradores eólicos offshore, incide
horizontalmente no aerogerador, apenas uma pequena parcela dos esforços incide
verticalmente. (Gomes, 2018)

3.2 – FUNDAÇÃO

O tipo de fundação de um aerogerador depende da condição do leito marítimo, das


características da turbina e da profundidade da água no local de instalação do parque eólico
(EPE,2019). A medida que a profundidade aumenta o tipo de fundações deve ser modificado
para se manter o equilíbrio estático e dinâmico do aerogerador. Características como
velocidade máxima dos ventos, profundidade da água, altura das ondas e as propriedades da
superfície marinha, afetam o tipo e o projeto da fundação. Além dessas características, o peso
e a altura das turbinas que serão instaladas também são importantes dados para o
desenvolvimento das fundações.
As fundações de turbinas eólicas offshore podem ser divididas em dois grandes
grupos: fundações de base fixa e fundações flutuantes. A tecnologia das fundações de base
fixa já tem um elevado nível de maturidade, entretanto não são empregadas em instalações
localizadas em águas profundas (profundidades superiores a 50 m). Para profundidades
acima de 50 m, utiliza-se as fundações flutuantes, devido a razões econômicas e tecnológicas
(ZHANG et al., 2012). Existem cinco tipos de fundações de base fixa que são utilizadas em
parques eólicos offshore: monopilar, tripilar, jaqueta, tripé e gravidade (KAISER; SNYDER,
2012). Os principais tipos de fundações de base flutuante são: Hywind, WindFloat,
Fukushima, semissubmersível, plataforma tensionada e Spar (KARIMIRAD, 2014). (Gomes,
2018)
Os parques eólicos estão tendendo cada vez mais a serem construidos em locais
afastados da costa devido as melhores condições do vento e menor impacto ambiental/visual.
Com isso, tecnologias de ancoragem do tipo flutuantes estão em potencial desenvolvimento,
devido a sua maior versatilidade e causarem menores impactos no leito marinho. O que
desacelera essa nova tecnologia é o surgimento de fundações do tipo Monopile extra-grandes,
que estão se adaptando as maiores profundidades (>40m) e ao maior tamanho das turbinas.
A grande maioria dos parques atuais (cerca de 80%) são construídos com fundações do tipo
Monopile, por serem mais próximos da costa e terem turbinas de menores
dimensões/capacidades. (EPE,2019)

3.2.1 – Fundação por gravidade

A fundação do tipo gravidade (Figura 19) é a mais utilizada atualmente (EPE,20119)


e é caracterizada pelo peso da instalação e é feita de concreto e aço que utilizam seu peso
para resistir aos esforços dos ventos e das ondas. Trata-se de um caixão de betão vazio, feito
a partir de concreto e/ou aço, para posteriormente receber determinados tipos de materiais de
lastro, como a areia. Este tipo de fundação não é indicado a grandes profundidades, o que
significa a pouca extensão entre o local de instalação e continente. Segundo Ribeiro (2015),
a profundidade adequada a esse tipo de fundação é de 27 metros. Uma desvantagem são os
impactos causados sobre as espécies marinhas da fauna e flora, haja vista que é necessária a
realização da limpeza da área escolhida para a estabilização da fundação. Destaca-se ainda a
complexidade da instalação e dos métodos para a preparação do local de alocação, não
excetuando-se o maquinário destinado não somente ao transporte, como também à submersão
e outros procedimentos para a fixação desse tipo de estrutura. Em contrapartida, apresentam
elevadas resistências e custos menores e apresentam vantagens em regiões propensas a
formação de gelo. (Wallisson da Silva Nascimento, 2018)

Figura 19: Fundação por gravidade


Fonte: Wallisson da Silva Nascimento, 2018

3.2.2 – Fundação por estaca única – Monopilar (Monopile)

A fundação por uma única estaca (Figura 20) é, de maneira geral, a mais utilizada
entre todas as demais estruturas de suporte. De forma sucinta, é possível defini-la como um
empreendimento fixado a partir do processo de cravação no solo oceânico. Trata-se de uma
fundação cuja estabilidade é causada pelo atrito da estaca com as paredes da escavação da
superfície marinha. O nível de profundidade para esse tipo de estrutura também é limitado.
(Wallisson da Silva Nascimento, 2018). A maioria das construções da fundação monopilar
foram realizadas em profundidas inferiores a 30 m, entretanto pode ser empregada em
profundidades de até 35 m (Gomes,2018). No que diz respeito aos procedimentos realizados
para a fixação desse tipo de fundação, é importante frisar a perfuração e o uso de explosivos,
métodos mais utilizados nessas operações. Basicamente, a perfuração é executada por meio
da utilização do martelo hidráulico. Os explosivos são recomendados às escavações em
superfícies predominantes ou totalmente cobertas por camadas rochosas. As principais
desvantagens desse tipo de fundação são os impactos ambientais gerados, haja vista que o
uso de explosivos tende a afugentar ou acidentar algumas espécies de animais marinhos que
frequentam o local e, ainda, destruir porções das espécies florísticas presentes na área. No
caso das perfurações, o impacto mais destacado na literatura são os ruídos causados pelas
aparelhagens e pelo contato do martelo hidráulico com o leito marinho, o que incomoda
principalmente a fauna do ambiente aquático. Destaca-se também a inadequação desse tipo
de infraestrutura a grandes profundidades e extensões. Acrescentando-se a isso o fato de que
as fundações por estaca única são indicadas apenas a aerogeradores de pequenas dimensões,
o que desfavorece seu uso na implantação de parques eólicos marítimos, no geral adequados
ao uso de turbinas eólicas de grande porte para, desta forma, aproveitarem as fortes rajadas
ocorrentes na região oceânica. (Wallisson da Silva Nascimento, 2018)
Entretanto, algumas vantagens podem ser frisadas. É o caso dos custos operacionais
mais baixos, do transporte da estrutura de suporte e da ausência de preparação do local a
receber a infraestrutura, haja vista que o procedimento tradicional é somente perfurar o solo
e, em seguida, alocar a fundação. (Wallisson da Silva Nascimento, 2018)

Figura 20: Fundação por estaca única


Fonte: (Wallisson da Silva Nascimento, 2018)

3.2.3 – Fundação por tripé – Tripilar (Tripile)

A fundação tripilar (três estacas) é utilizada para estabilizar sistemas sujeitos a fortes
ondas e ventos em alto mar, já que a distância entre as estacas fornece bons momentos de
reação e ajuda consideravelmente na estabilidade da turbina. Pelo fato da sua rigidez ser
maior do que a fundação monopilar, a fundação tripilar é mais apropriada para maiores
profundidades, por exemplo, entre 30 e 50 m. A estrutura tripilar (Figura 21) consiste em três
estacas fixas de sustentação de aço e um componente de transição para a torre composto de
cimento e aço, essas estacas são enterradas separadamente no solo oceânico. (GOMES,2018)
No que tange aos aspectos ambientais, é possível afirmar que a fundação por tripé se
destaca como causadora de impactos tanto à fauna quanto à flora marinhas. Isso pode ser
afirmado a partir do entendimento dos métodos utilizados para a cravação no solo.
Igualmente à estrutura por estaca única, a fundação por tripé exige a adoção não somente de
perfuração por martelo hidráulico, como também do uso de explosivos (em superfícies
cobertas por rochas). Os principais impactos podem ser a poluição sonora, destruição da
vegetação aquática e a perturbação do habitat. Os custos gerados, os impactos ambientais, o
processo de fabricação e a logística (principalmente para a fixação das três estacas) acabam
por desvalorizar esse tipo de empreendimento. (Wallisson da Silva Nascimento, 2018)

Figura 21: Fundação tripé


Fonte: (Wallisson da Silva Nascimento, 2018)

3.2.4 – Fundação por treliça – Jaqueta (Jacked)

As fundações jaqueta (Figura 22) são estruturas de treliça abertas feitas de aço,
representada na Figura 19. Elas são constituídas por uma armação soldada de elementos
tubulares que se estende desde a linha do solo oceânico, até à superfície do mar. A base desta
fundação é enterrada no solo oceânico para proteger a estrutura contra esforços laterais. Este
tipo de fundação pode ser empregado em profundidades entre 40 – 200 m (GOMES,2018).
O processo de fixação é semelhante ao empregado durante a alocação da fundação por estaca
única, apesar de ser mais complexo, haja vista que são quatro estacas a serem instaladas no
solo marinho. E por utilizar dos mesmos procedimentos de perfuração nota-se o elevado nível
de impacto causado à fauna e flora marinhas (poluição sonora e destruição de habitat,
principalmente), quatro vezes mais intenso. Em contradição a isso, nota-se algumas
vantagens, representadas pela adequação a grandes distância e profundidade, sua resistência
a deterioração e, ainda, a capacidade de suportar grandes cargas e volumes. (Wallisson da
Silva Nascimento, 2018)

Figura 22: Fundação por treliça


Fonte: (Wallisson da Silva Nascimento, 2018)

3.2.5 – Fundação por Sucção

A fundação por sucção (Figura 23) surgiu com o desenvolvimento de plataformas


petrolíferas e sua estrutura é ancorada ao leito do mar para sua estabilização, impedindo assim
seu deslocamento extenso para outras áreas. Sua mais importante vantagem está ligada à
rapidez durante o processo de instalação. Isso porque o trabalho mais complexo é
representado pela fixação das ancoras no leito marinho. A plataforma em si não exige fixação
direta, como nas fundações por treliça e por tripé, nas quais é necessária a alocação dos pés
da base na superfície. Sendo somente as ancoras presas ao solo, o processo de retirada da
estrutura de suporte se torna também mais rápido e de melhor execução. No que tange às
desvantagens, é relevante frisar que esse tipo de fundação não é recomendado a todos os tipos
de solo. Com isso também é possível destacar outro desfavorecimento, representado pelos
custos e procedimentos para as pesquisas destinadas a identificar, localizar e reconhecer os
solos mais adequados para a alocação desse tipo de empreendimento. Atualmente a fundação
flutuante ainda não é uma tecnologia madura e seus custos são mais elevados (EPE,2019)

Figura 23: Fundação por sucção


Fonte: (Wallisson da Silva Nascimento, 2018)
3.2.6 – Fundação Flutuante (Floating Structures)

As estruturas de suporte flutuantes (Figura 24) são as mais recentes entre todas as
fundações.[4] Entre as fundações de turbinas eólica offshore, as estruturas flutuantes
apresentam menor utilização. No entanto, elas se tornarão mais populares com o
desenvolvimento da indústria eólica offshore em águas profundas, devido a limitação de
profundidade das estruturas de base fixa. Quando a profundidade do local de instalação do
parque offshore aumenta, o custo da utilização de turbinas de fundação fixa aumenta
rapidamente [4], não passando de 100 m de profundidade, pois torna-se economicamente
inviável (GOMES,2018). Existem vários tipos de turbinas eólicas com fundações flutuantes,
a maioria desses conceitos está na fase de estudo de viabilidade ou teste em escala. (Wallisson
da Silva Nascimento, 2018) Seu processo de instalação não difere muito do método aplicado
à fixação da base por sucção, haja vista que é frequente o uso de ancoras para a estabilização
da plataforma.
Em se tratando das vantagens existentes, é importante destacar a capacidade das
fundações flutuantes em serem fixadas a grandes profundidades, podendo-se explorar zonas
mais profundas do oceano. Também é possível montar as estruturas em terra, para
posteriormente transporta-la ao local escolhido para a fixação. Por fim, destaca-se a rápida e
fácil instalação e retirada da estrutura. (Wallisson da Silva Nascimento, 2018). Em contraste,
a necessidade de privatização de extensas áreas acaba se tornando um entrave à implantação
desse tipo de fundação, haja vista que o perímetro ocupado fica impedido de ser utilizado
para outras atividades, como a pesca em alto mar, o que significa o surgimento de impactos
sobre as comunidades dependentes da pescaria para o melhoramento da qualidade de vida na
região próxima ao local onde o parque eólico off-shore está posicionado. (Wallisson da Silva
Nascimento, 2018)

Figura 24: Fundação flutuante


Fonte: (Wallisson da Silva Nascimento, 2018)

3.2.7 – Fundação de subestações.

Os tipos de fundação de subestações (Figura 25) seguem as mesmas características


técnicas dos tipos de fundação de aerogeradores, exceto em alguns limites que podem ser
maiores ou menores. A Figura 25 a seguir resume as principais características dos principais
tipos de fundação de subestações.
Figura 25: Principais características de alguns tipos de fundações para subestações
Fonte: EPE, 2019

3.3 – TRANSMISSÃO DA ENERGIA ELÉTRICA

A tecnologia utilizada e o dimensionamento dos sistemas dependem de cada tipo de


projeto. De modo geral, as transmissões em corrente alternada (CA) são utilizadas em
parques relativamente próximos à costa, enquanto os sistemas que operam em Corrente
Contínua (CC) são para maiores potências e parques mais distantes, pois apresentam menores
perdas e maior controle do fluxo de potência. Novas formas de transmissão voltadas à
exploração de tais potenciais vêm sem do estudadas, como o modelo híbrido, utilizando as
tecnologias CA e CC, ou através da transmissão CA em baixa frequência (LFAC–
LowFrequencyAC) Ambos os métodos de transmissão ocorrem por meio de cabos
submarinos (EPE,2019).
Os sistemas de transmissão CA (Figura 26) são economicamente vantajosa
economicamente para parques com distâncias relativamente próximas à costa, onde são
necessárias tensões mais elevadas. Circuitos de transmissão com comprimento superiores
100km podem enfrentar condicionantes técnicos (EPE,2019).

Figura 26: Sistemas de transmissão em corrente alternada


Fonte: EPE,2019
Nos sistemas CC (Figura 27), há a necessidade do uso de conversores, que aumentam
substancialmente o custo total de instalação. São utilizadas em potências elevadas e parques
distantes da costa e apresentam como vantagens o menor número de cabos isolados e menores
perdas elétricas, além de operarem assincronamente à rede, com controle do fluxo de potência
e as perturbações são limitadas. (EPE,2019)

Figura 27: Sistema de transmissão em corrente contínua


Fonte EPE,2019

Os três tipos de transmissão (Figura 28) de energia de parques eólicos offshore são:
1. Sistema de Transmissão em Alta Tensão em Corrente Alternada (High Voltage AC
Transmission – HVAC);
2. Sistema de Transmissão em Alta Tensão em Corrente Contínua usando
Conversores com comutação natural de linha (High Voltage DC using Line Commutated
Converters – HVDC LCC);
3. Sistema de Transmissão em Alta Tensão em Corrente Contínua usando conversores
com comutação forçada – Conversores fonte de tensão (High Voltage DC using Voltage
Source Converters – HVDC VSC).
A Figura 28 ilustra uma relação entre capacidade instalada, distância da costa e tipo
de sistema indicado:
Figura 28: Tipo de sistemas de transmissão utilizados
Fonte: EPE,2019

Os cabos utilizados e suas características estão ilustrados na Figura 29.

Figura 29: Cabos utilizados em transmissão offshore


Fonte: EPE,2019
Os custos da infraestrutura de transmissão representam cerca de 21% dos custos
totais, sendo subdivididos em subestação, instalação elétricas e cabos, conforme ilustra a
Figura 30.

Figura 30: Representação dos custos de transmissão em instalações offshore


Fonte: EPE,2019

3.4 - LAYOUT DO PARQUE EÓLICO E EFEITO ESTEIRA

O estudo do layout (Figura 31) dos aerogeradores em um parque eólico é fundamental


para maximizar a eficiência do empreendimento (GOMES,208). A elaboração do projeto de
um parque eólico offshore pode ser divido nas seguintes etapas:
● Licença do local;
● Restrições não técnicas, como impactos ambientais, navegação e rota de peixes;
● Capacidade máxima de exportação;
● Modelo de turbina;
● Cabos e custos do cilco de vida
● Projeto de fundação e custos;
● Perdas por esteira;
● Impacto das instalações;
● Descomissionamento.

A seleção da localização do parque eólico é uma decisão importante durante o


desenvolvimento de um projeto de parque eólico offshore. A melhor formar de realizar esta
tarefa é através de um processo de listagem que reúne todas as informações disponíveis e
comparar as diferentes opções de localização. Para decisão da melhor localização deve-se
considerar dentre outros fatores a análise de viabilidade, fatores econômicos, planejamento e
conexão do parque com a rede de distribuição de energia. A seleção da localização para
instalação de um parque eólico offshore é sensível à forma da disponibilidade do vento na
localidade. Em áreas onde o vento é muito influenciado por efeitos térmicos, pode apresentar
um comportamento unidirecional. Nestes casos, existem layouts específicos para cada
localidade, por exemplo, em regiões onde os ventos formam setores de 10 graus de largura,
os parques eólicos tendem a ser dispostos em linhas apertadas perpendiculares ao vento e
com grandes espaços a favor do vento (GOMES,2018).

Figura 31: Processo de elaboração do layout para parques eólicos offshore


Fonte: GOMES,2018

O efeito esteira é um importante ponto que deve ser levado em consideração na


definição do layout do parque eólico. Esse efeito ocorre quando o vento atravessa o
aerogerador e com isso perde velocidade. Após a passagem pelo rotor forma-se uma região
turbulenta, com vórtices, conhecida como região de esteira, apresentada na Figura 32. O
escoamento do ar volta a se estabilizar à medida que se afasta do aerogerador, ou seja, os
aerogeradores que se encontrarem próximos a essa região serão atingidos por ventos com
menores velocidades e consecutivamente produziram menos energia, sendo assim as turbinas
das fileiras posteriores produzem menos energia, a falta de alinhamento pode reduzir em até
50% o seu potencial de geração. Para minimizar o efeito, os aerogeradores devem ter um
espaçamento entre si de até oito vezes o diâmetro do rotor e deve ser distribuído de forma a
minimizar a presença do efeito esteira, entretanto considerando também o tamanho da área
que o layout do parque eólico ocupara.

Figura 32: Efeito esteira em um aerogerdor


Fonte: GOMES,2018

3.5 – LEVANTAMENTO DE DADOS DOS RECURSOS EÓLICOS


OFFSHORE

A avaliação dos recursos eólicos offshore podem ser divididos em duas fases
diferentes (GOMES,2018): (I) avaliação do recurso eólico em escala regional com intuito de
identificar locais promissores para instalação de parques eólicos e (II) avaliação específica
em escala local considerando a climatologia e perfis verticais dos ventos, bem como a
turbulência atmosférica. Considera-se também nesta fase a avaliação de mudanças históricas
e possivelmente futuras devido à não-estacionariedade climática (a estacionariedade refere-
se à independência das variações em relação à escala temporal).
Os ventos oceânicos podem ser estudados através de dois diferentes métodos, pelas
medições dos dados quantitativos (de forma direta) ou por intermédio de sensoriamento
remoto (forma indireta). O primeiro método considera a obtenção de dados in situ, por meio
de anemômetros instalados em boias oceânicas ou em navios (medição móvel). O segundo
método considera modelos numéricos atmosféricos através de dados de equipamentos e
sensores.

3.5.1 – Estação Meteorológia Automática (EMA)

As EMA (Estação Meteorológica Automática) ou também conhecidas como mastros


meteorológicos, constituem o método mais tradicional de medição da velocidade e direção
dos ventos em terra. No Brasil o Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), é responsável
pela administração e monitoramento de centenas de EMA. De acordo com INMET (2011),
uma estação meteorológica de observação de superfície automática é composta de uma
unidade de memória central (“data logger”), conectada a vários sensores dos parâmetros
meteorológicos (pressão atmosférica, temperatura e umidade relativa do ar, precipitação,
radiação solar, direção e velocidade do vento, etc.), que integra os valores observados minuto
a minuto e os disponibiliza automaticamente a cada hora. Estes dados são transmitidos via
satélite ou telefonia celular, para a sede do INMET, em Brasília. O conjunto dos dados
recebidos é validado, através de um controle de qualidade e em seguida armazenado em um
banco de dados. Os dados são também disponibilizados gratuitamente, em tempo real, pela
página do Instituto Nacional de Meteorologia na internet para a elaboração de previsão do
tempo e dos produtos meteorológicos de interesse de usuários setoriais e do público em geral,
além disso, os dados também têm uma ampla gama de aplicações em pesquisa em
meteorologia, hidrologia e oceanografia.
a EMA deve ser instalada em uma base física, em uma área livre de obstruções
naturais ou prediais, situada em área gramada mínima de 14 m por 18 m, protegida por tela
metálica. Os sensores e demais instrumentos são fixados em um mastro metálico de 10 metros
de altura, aterrado eletricamente e protegido por para-raios. Os aparelhos para as medições
de radiação solar e chuva, bem como a antena para a comunicação, ficam situados fora do
mastro, entretanto dentro da cerca de proteção (GOMES,2018)

3.5.2 – Boias oceanográficas

As medições in situ de características do vento oceânico são geralmente realizadas


através de instrumentos meteorológicos instalados em boias localizadas em alto mar. As
boias oceanográficas dispõem de diversos sensores para coletar dados de temperatura,
salinidade, radiação solar, velocidade e direção do vento, etc. Os dados são enviados a um
satélite e, em seguida, para uma central de processamento. Os principais programas de boias
que operam no Brasil são o PIRATA e o PNBOIA.(GOMES,2018)
O programa de boias PIRATA é uma rede de observação in situ composta por 21
boias fundeadas que foram planejadas para monitorar uma série de variáveis dos processos
de interação entre o oceano e a atmosfera no oceano Atlântico Tropical. Os dados coletados
pelas boias PIRATA são disponibilizados gratuitamente pela página online do GOOS-
BRASI (GOMES,2018).
O programa PNBOIA é um programa de monitoramento meteorológico e
oceanográfico composto por 17 boias fixas e 297 boias de deriva (boias que não são fixas).
Este programa visa disponibilizar em tempo real, dados meteorológicos e oceanográficos,
obtidos nas áreas oceânicas de interesse do Brasil por meio de uma rede de boias. Os dados
coletados pelas boias do PNBOIA são disponibilizados gratuitamente pela página online do
GOOS-BRASIL (http://www.goosbrasil.org/ pnboia/dados/). (GOMES,2018)

3.5.3 – Mapa Eólico Offshore do Projeto SWERA (GOMES)

O SWERA (Solar and Wind Energy Resource Assessment) é um mapa que apresenta
a velocidade média anual dos ventos em uma determinada altura nos oceanos. Este baseia-se
em modelos matemáticos e satélite de observação meteorológicas e não considera os detalhes
de uma região em específico. Devido à precisão do SWERA de alta resolução é possível
analisar áreas com grande nível de detalhe, identificando assim, áreas ricas em recursos que
poderiam ser perdidas em conjuntos de dados de baixa resolução. O SWERA pode ser usado
para identificar as áreas que apresentam características favoráveis para estudos sobre o
desenvolvimento da energia eólica. Entretanto estas informações não são aplicáveis para
decisões de implantações, mas podem ser consideradas para identificar potenciais localidades
para o aprofundamento das análises.
De acordo com SWERA (2011), para o planejamento de projetos de energia eólica, o
melhor e mais confiável conjunto de dados, pode ser obtido através dos dados coletados em
anemômetros em uma localidade específica e com um período de tempo maior que um ano.
Este nível de detalhamento é fundamental para a implementação de parques eólicos, mas este
método é inviável para estimativa de recursos eólicos em áreas muito extensas. Por isso, os
especialistas em avaliação de recursos eólicos utilizam de modelos numéricos para produzir
dados de recursos eólicos nestas áreas. Em sua análise o SWERA utiliza de medições por
satélite e terrestre, modelos numéricos validados e métodos de mapeamento empírico e
analítico, para estimar o recurso eólico de uma região geográfica. O National Renewable
Energy Laboratory (NREL) disponibiliza gratuitamente o mapa SWERA na resolução de 30
km (https://goo.gl/a1ktC6), isso significa que o mapa apresenta os dados para áreas de 30
km².
3.6 CUSTOS/INVESTIMENTOS DE PARQUES EÓLICOS
OFFSHORE

De acordo com o último relatório publicado pela Agência Internacional de Energias


Renováveis (IRENA), os custos da energia eólica offshore estão reduzindo em um ritmo
acentuado desde 2010.
A maneira mais adequada de se fazer a análise desse valor é através do índice LCOE
(Custo nivelado da eletricidade), que é uma relação entre o custo de instalação, operação,
manutenção e a eletricidade gerada. (IRENA, 2019)

Figura 33: Custo nivelado da eletricidade

Fonte: IRENA, 2019

É evidente nos gráficos elaborados (Figura 33) pela IRENA que o custo nivelado da
eletricidade caiu em torno de 20% entre 2010 e 2018, e o custo específico médio para um
parque fechou o ano de 2018 com o valor de 4353 $/kW.
A redução do LCOE ocorreu através de um aumento do fator de capacidade dos
parques, que aumenta a geração de energia e também com a redução de custos de instalação,
manutenção e operação. (IRENA, 2019)
A atual tendência de turbinas maiores amplia a capacidade de um parque eólico e
reduz o número de unidades necessárias para uma dada capacidade. Isso ajudou a reduzir
custos de instalação e desenvolvimento de projetos mesmo com maquinário mais caro e
maiores distâncias da costa. Ao mesmo tempo, os custos de O&M foram reduzidos pela
otimização estratégias de O&M com manutenção preventiva e programas baseados na análise
preditiva de falha. (IRENA, 2019)
A partir dos anos 2000 o capital médio necessário para a construção de parques eólico
era de US$ 2000/kW, atingindo em 2016 valores de até US$ 7000/kW. A redução do capital
necessário tem uma projeção de queda de 15% até 2025 evido à expansão do setor, graças a
otimização das tecnologias e dos processos de instalação, embarcações maiores e aumento
da concorrência dentro da cadeia de suprimentos. (EPE, 2019)
Os custos de dos projetos eólicos offshore são divididos conforme representa a Figura
34 abaixo que compara também esta divisão com os custos onshore.

Figura 34: Divisão dos custos de projetos eólicos.

Fonte: EPE, 2019

Como um exemplo real dos custos que compõem a geração offshore, têm-se os
valores médios por MW divulgados pela empresa BVG (consultoria) para o ano de 2018
(Figura 35 e 36).

Figura 35: Exemplos de custos reais de um parque eólico offshore

Fonte: BVG ASSOCIATES, 2019


Figura 36: Exemplo de custos de um aerogerador utilizado em um parque eólico offshore.
Fonte: BVG ASSOCIATES, 2019

Nota-se que os valores se revelam coerentes também com os dados da EPE


anteriormente apresentados neste trabalho, onde é evidente que o aerogerador deixa de ser o
maior custo de toda a instalação em usinas offshore.

3.7 MANUTENÇÃO DE PARQUES EÓLICOS OFFSHORE

Parques eólicos offshore possuem uma diferença evidente e importante quando


comparados aos onshore. Além da instalação ser mais difícil e mais cara, os aerogeradores
no mar também tem um grande impacto na acessibilidade do parque. Em alguns casos as
instalações ficam a mais de 10 km da costa e é possível que fiquem inacessíveis por um
período de meses devido a condições climáticas severas, o que limita a rapidez na qual as
manutenções são realizadas. Quando o tempo permite o acesso ao maquinário com
segurança, o custo de realizar os procedimentos de manutenção offshore é muito mais alto
do que os equivalentes onshore. (KARYOTAKIS, 2012)
Quando as condições climáticas permitem, (boa visibilidade, ondas abaixo de 2m e
ventos estáveis), os trabalhadores e equipamentos pequenos podem ser levados com a
utilização de barcos e helicópteros. (KARYOTAKIS, 2012)
Para serviços mais pesados, faz-se o uso de um navio guindaste (Figura 37), que é
basicamente uma plataforma flutuante que navega até o local e depois se eleva em relação ao
nível do mar com a descida de pernas móveis. (KARYOTAKIS, 2012)

Figura 37: Manutenção em um aerogerador offshore

Fonte: DNV GL, 2019

As manutenções realizadas são muito similares aos parques onshore, porém com
algumas particularidades, conforme será explicitado nos itens a seguir.

a) Sistemas elétricos de controle


Por ser um sistema com muitos componentes pequenos e de diferentes
fornecedores, falhas são comuns. Dentre elas se destacam erros de microprocessadores,
perdas de sinal, problemas com cabeamento, superaquecimento, congelamento, danos
mecânicos e oscilações de tensão. Para instalações offshore, a central meteorológica do topo
do nacele é mais suscetível à condições climáticas extremas. (KARYOTAKIS, 2012)

b) Sistemas mecânicos
É comum o desgaste de dentes de engrenagens, deformações,
desbalanceamento, trincas e desgaste de rolamentos e eixos por fadiga ou manutenção
inadequada. Também ocorrem problemas no sistema de pré aquecimento de óleo do
multiplicador (quando existente). (KARYOTAKIS, 2012)
c) Sistema de orientação
Neste sistema, as falhas estão relacionadas aos motores de acionamento e ao
pinhão. (KARYOTAKIS, 2012)

d) Gerador
As falhas nos geradores geralmente são causadas danos aos enrolamentos ou
ao isolamento do estator, danos no rotor, soldas ruins, conexões soltas, defeitos nas escovas
e desgaste de rolamentos.
Esssa situações podem ser influenciadas por fatores mecânicos, elétricos e
ambientais. Por exemplo, danos nos rolamentos podem ser causados por cargas pulsantes ou
vibrações em excesso do sistema mecânico. (KARYOTAKIS, 2012)

e) Sistema hidráulico
É um Sistema muito usado nos aerogeradores para controlar o passo das pás
e freios. As falhas estão comumente associadas à vazamentos, entupimentos de mangueiras
ou filtros e mal funcionamento de válvulas. (KARYOTAKIS, 2012)

f) Sistema elétrico do aerogerador


Podem ocorrer falhas nos componentes eletrônicos do sistema elétrico (para
velocidade variável) (semelhante aos itens do sistema de controle), no banco de capacitores
(para velocidade fixa) ou em transformadores (se presentes na turbina eólica).
Falhas no transformador podem ser causadas por problemas como
instabilidades na carga, deterioração do isolamento, umidade (mais comum em
offshore), contaminação do óleo de lubrificação ou conexões soltas. (KARYOTAKIS,
2012)

g) Pás
Delaminações e problemas relacionados à fadiga são muito comuns. Vale
ressaltar que no mar a velocidade do vento, frequência e condições climáticas acabam
favorecendo estes efeitos. (KARYOTAKIS, 2012)
De acordo com estudos de Van Bussel (1996) na área, os sistemas que mais falham
(em ordem de incidência) durante a operação offshore são:
 Pás
 Instalação elétrica
 Sistemas eletrônicos e de controle
 Sistema hidráulico
 Multiplicador/eixos/acoplamentos
 Sistema de orientação

De maneira a evitar ou postergar todas as malfunções discriminadas anteriormente


(KARYOTAKIS, 2012), existe uma rotina usual de manutenções e inspeções nos parques
eólicos:
 Verificação dos níveis de óleo da caixa de engrenagens e do sistema
hidráulico
 Inspeções para vazamentos de óleo
 Inspeções nos cabos que correm pela torre e seus apoios
 Observação da máquina durante a operação para verificar qualquer
comportamento inadequado
 Inspeções dos discos de freio e ajuste dos freios
 Inspeções nos sistemas de proteção elétrica
 Verificação da segurança das fixações das pás, caixa de engrenagens e
rolamentos
 Verificação do alinhamento do eixo de alta velocidade
 Verificação do funcionamento do sistema de orientação
 Lubrificação de rolamentos
 Substituição do filtros de óleo
 Inspeção sistemas de proteção contra velocidade excessiva
 Limpeza das pás devido ao acúmulo gradual de sujeira
3.8 – IMPACTOS SOCIOAMBIENTAIS

As instalações de energia eólica offshore tem a vantagem, frente às instalações em


terra, de ter impacto diminuto em relação aos ruídos causados pelo giro das pás, uma vez que
fica distante da costa terrestre. No entanto, todos empreendimentos têm potencial de causar
algum tipo de impacto ambiental. Por esse motivo, um empreendimento eólico offshore, bem
como o onshore, deve ter licença ambiental. Para tanto é exigido pelo conama um estudo e
relatório de impacto ambiental.
Para ser feito um estudo de impacto ambiental deve ser estabelecido parâmetros para
cada tipo de empreendimento. Para um projeto de energia eólica onshore, tem-se a Resolução
Conama 462/2014. No entanto, para projetos offshore no Brasil ainda não há resolução.
Como a realidade mundial de projetos eólicos offshore já é uma realidade, o IBAMA
(Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais e Renováveis) já iniciou a
discussão para definição de uma resolução para energia eólica offshore (Brazil Windpower,
2019).
O diretor de licenciamento do IBAMA afirmou que as dificuldades serão tanto por
conta do projeto em si, como devido aos impactos as atividades pesqueiras e atividades de
transmissão de energia para a terra.
4 ENERGIA EÓLICA OFFSHORE NO BRASIL

O Brasil ainda não possui parques eólicos offshore instalado em sua costa marítima.
Um estudo publicado por Ortiz e Kampel (2011), estima que o potencial offshore brasileiro
seja de 1,78 TW em toda Zona Econômica Exclusiva (ZEE1), o que representa quase doze
vezes mais que o potencial onshore, com destaque para as regiões costeiras dos estados de
Alagoas e Sergipe, Rio Grande do Norte e Ceará, Rio Grande do Sul e Santa Catarina, que
apresentaram altas magnitudes de vento. A média da magnitude do ventos offshore brasileiro
está entre 7 e 12 m/s, com valores máximos próximos à costa de Sergipe e Alagoas e mínimo
próximo à costa de São Paulo. Estima-se que o fator de capacidade seja de 65%, bem maior
que o fator de capacidade onshore. (Lorena, F. M, 2019)

4.1 Potencial eólico offshore no Brasil

Ortiz e Kampel (2011) estimaram o potencial brasileiro de geração de energia eólica


offshore, com base nos dados no satélite entre agosto de 1999 e dezembro de 2009 e resolução
temporal diária. A média da magnitude do vento offshore no Brasil apresenta variação entre
7 m/s e 12 m/s, com valores mínimos próximos à costa de São Paulo e valores máximos
próximos à costa de Sergipe e Alagoas. Três regiões de alta magnitude de vento, com
potencial de exploração da geração eólica offshore, se destacam: (i) margem de Sergipe e
Alagoas, (ii) Rio Grande do Norte e Ceará e (iii) Rio Grande do Sul e Santa Catarina. (Ortiz,
G. P ; Kampel, M, 2011)
Os autores também identificaram os potênciais de geração de energia eólica em
função da distância da costa, conforme ilustra a Figura 38. A partir desta tabela e de dados
da matriz elétrica brasileira segundo a Aneel, pode-se concluir que em pequenas distâncias
da costa (até 10 km) o potêncial de energia eólica é equivalente a cerca de cerca de 30% da
capacidade instalada no Brasil, o que pode representar perspectivas favoráveis para o setor,
pois em pequenas distâncias da costa os custos são menores e os projetos são menos
complexos. Além disso, nota-se que não são necessárias grandes profundidades para
elevados potenciais de energia do vento.
Estima-se que o fator de capacidade seja de 65%, bem maior que o fator de capacidade
onshore.
Figura 38: Potencial brasileiro de energia eólica offshore.
Fonte: Ortiz, G. P ; Kampel, M, 2011

A imagem da Figura 39 ilustra as possíveis áreas do território marítimo brasileiro


mais viáveis para instalação de parques eólicos offshore.

Figura 39: Áreas de viabilidade para instalação de parques offshore.

Fonte: Lorena, F. M, 2019


4.2 – Projetos/instalações/parques eólicos no Brasil

Estão sendo realizados estudos para verificar o potencial energético e a viabilidade


de instalações offshore na costa brasileira. Na Câmara dos Deputados – na Comissão de Meio
Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, já está em pauta a criação de leilões para parques
eólicos e solares offshore. Atualmente o Ibama tem três projetos com solicitação de licença
ambiental, são eles:

• Complexo Eólico Marítimo Asa Branca I (Figura 40): Com potencial de 400 MW,
distante de 3 km e 8 km da costa e com profundidades entre 7 e 12 metros, o
complexo será instalado no município de Amontada – CE.

Figura 40: Complexo eólico offshore Asa Branca.

Fonte: Lorena, F. M, 2019


● Complexo Eólico Caucaia (Figura 41): O parque offshore terá potência de 416 MW,
com torres instaladas a uma distância de 2 a 9 km da costa e profundidade de até 15
metros. Será instalado no litoral da cidade de Caucaia – CE.

Figura 41:Complexo eólico offshore Caucaia

Fonte: Lorena, F. M, 2019

• Planta Piloto de Geração Eólica Offshore (Figura 41) – Petrobras: Com o intuito de
compensar suas emissões de carbono e com um amplo conhecimento na exploração e
produção offshore, a empresa começa a investir na geração de energia em alto mar. A planta
piloto será instalada em Guamaré, no Rio Grande do Norte, a uma distância de 20 Km da
costa e lâmina d’água de 12 e 16 metros. O aerogerador terá potência de 5 MW e será
conectado à plataforma PUB-3 por cabo submarino umbilical elétrico-óptico. Se comprovado
a viabilidade do projeto, a estatal tem expectativa de expandir no segmento de geração de
energia eólica offshore.
Figura 42: Planta piloto offshore Petrobras

Fonte: Lorena, F. M, 2019

4.3 Estudo e proposta de um parque eólico offshore no Brasil

Uma pesquisa de pós-graduação do ano de 2018 pela Universidade Federal de São


Carlos teve como um dos principais objetivos o levantamento de dados para verificação da
melhor local para instalação de um parque offshore na região Sudeste do País.
O estudo para a proposta de um parque eólico offshore na região sudeste foi feito de
acordo com as etapas listadas:
● Definição da região de estudos
● Levantamento de dados
● Tratamento dos dados
● Determinação da velocidade média anual do vento para cada local
● Cálculo da distribuição de Weibull para cada local
● Seleção dos aerogeradores, cálculo da energia produzida e fator de capacidade
● Cálculo da energia produzida e produção anual de energia
● Definição do número de aerogeradores
● Definição do local de instalação do parque

4.3.1 Definição da região de estudos

Neste estudo escolheu-se a região Sudeste devido sua matriz energética pouco
diversificada e constituída majoritariamente por usinas hidroelétricas e portanto, dependente
das condições climáticas para suprimir demanda. Em período de baixa precipitação de chuva
é necessário ligar as termelétricas, encarecendo a conta dos consumidores.

4.3.2 Levantamento de dados

Considerando-se a região escolhida para análise, a metodologia utilizada foi a coleta


de dados das duas principais Boias Oceanográficas do Brasil: PIRATA (43Prediction and
Research Moored Array in the Tropical Atlantic) e PNBOIA (Programa Nacional dde Boias).
Ambas representadas na Figura 43 e 44, respectivamente.

Figura 43:Localização das Boias – PIRATA


Fonte: GOOS-BRASIL, 2019
Figura 44: Localizaçaõ das Boias – PNBOIAS
Fonte: GOOS-BRASIL, 2019

4.3.3 Tratamento dos Dados

Nessa etapa do estudo, foi feita a junção dos registros fornecidos para cada ponto de
coleta de dados. O objetivo dessa etapa é calcular a velocidade média anual de cada ponto.
No estudo, a altura do vento no cubo do rotor foi estipulada em 100m. Para se calcular a
velocidade média nessa altura, utilizou-se a Lei Logarítmica para a extrapolação da
velocidade na altura desejada.

4.3.4 Distribuição de Weibull

A próxima etapa do estudo foi o levantamento da distribuição de Weibul para cada


local escolhido para análise. Para o levantamento da curva são necessários dois parâmetros:
o fator de forma, o qual é responsável pela alteração do pico da curva, e o fator de escala,
responsável pela magnitude da função. O dado de entrada para o cálculo do fator de forma é
a localização geográfica escolhida. Uma vez determinado o fator de forma, tem-se também
o fator de escala.
A distribuição de Weibull foi feita para uma faixa de velocidade média do vento de 0
a 25m/s.

4.3.5 Seleção dos aerogeradores, cálculo da energia produzida e fator de capacidade

A seleção do aerogerador foi feita de acordo com o menor valor de velocidade do


vento (cut in), geralmente informada no catálogo do fabricante. Os geradores devem ser
capazes de atender a menor velocidade média extrapolada.
Para o cálculo da curva de potência de cada aerogerador, considerou-se as condições
ao nível do mar de 15°C e massa específica de 1,225 kg/m^3. A curva de potência representa
qual a potência média para cada velocidade.
Para o cálculo do fator de potência foi considerado o valor de 0,40 valor usual para
aerogeradores modernos segundo Silva et al. (2016).

4.3.6 Cálculo da energia produzida e produção anual de energia

Nessa etapa do estudo é feito o dimensionamento da potência de cada aerogerador


para as faixas de velocidades pré-definidas (0-25) m/s em cada ponto onde foram coletados
os dados das bóias. Para o cálculo foi considerado 8760 horas de geração anual.
Utilizando-se do fator de capacidade, previamente calculado, foram levantados os
dados de energia total produzida em cada ponto de coleta para cada velocidade considerada.

4.3.7 Definição do número de aerogeradores

A quantidade de aerogeradores está relacionada diretamente com a demanda de


energia. A demanda é estimada com base no consumo das cidades mais próximas do ponto
de geração. Para o estudo em questão, as cidades escolhidas foram: Armação dos Búzios,
Arraial do Cabo, Cabo Frio e São Pedro da Aldeia. As cidades juntas têm um consumo médio
anual de 594.588 MWh. Ainda nessa etapa, os aerogeradores são escolhidos no mercado.
Nesse estudo foram selecionados os fabricantes: Vestas, Enercon, Siemens e GE. A seleção
foi baseada na velocidade mínima de cada modelo de aerogerador.

4.3.8 Definição do local de instalação do parque

Nessa etapa foi feita uma análise de cada local onde foram conectados os dados. Uma
vez que se possui a energia anual média fornecida por cada modelo de aerogerador, define-
se o modelo a ser utilizado no projeto não considerando apenas a maior quantidade de energia
produzida, mas também o modelo que pode gerar energia elétrica com menor velocidade do
vento.
Escolhido o modelo, para cada ponto de coleta, tem-se aquele de maior potência anual
produzida. Uma vez definido o local de maior geração de eletricidade, o local é analisado
para que obter a profundidade da água e consequentemente se escolher o modelo de fundação.
O custo do projeto depende diretamente da profundidade do local escolhido. Portanto, a
escolha do local do projeto depende não somente da produção anual, mas também da
profundidade da água para minimizar o custo de investimento e aumentar a viabilidade do
projeto.

4.3.9 Resultado do estudo

Para a região de estudo escolhida (Sudeste), na Figura 45 os locais de coleta de dados,


as latitudes, longitudes, estado e número de registro

Figura 45: Locais de coleta de dados:


Fonte: Gomes, M (2018)
A curva de Weibull para cada local de coleta escolhido através das boias é
apresentada nas Figuras 46 e 47.

Figura 46: Distribuição de Weibull


Fonte: Gomes (2018)

Figura 47: Distribuição de Weibull para


Fonte: Gomes (2018)
Os aerogeradores escolhidos e suas respectivas características são mostrados na
Figura 48. A curva de potência de cada modelo foi levantada e é representada na Figura 9.

Figura 48: Aerogeradores


Fonte: Gomes (2018)

Figura 49: Curva de Potência de cada Modelo de Aerogerador

Fonte: Gomes (2018)

Foram calculados, ainda, o fator de capacidade, a energia anual produzida, o fator de


escala e fator de carga para cada caso. A Tabela 1 apresenta todos os cálculos feitos para a
análise.
Tabela 1: Resultado para cada local e modelo de aerogerador
Fonte: Gomes (2018)

A partir dos resultados, conclui-se que o local escolhido foi a posição da Boia
de Cabo Frio 2 e o modelo V136/340, considerando-se apenas aspectos técnicos de
produção de energia e não aspectos financeiros.
Considerando-se a produção anual de eletricidade pelo modelo, local
escolhidos e demanda média das cidades mais próximas, obteve-se o número de
aerogeradores igual a 31, totalizando uma capacidade instalada de 106,95MW.
Para o local escolhido: Boia de Cabo Frio 2, utilizando-se de cartas náuticas,
verificou-se que a profundidade das águas na região está entre 120 e 129 metros. Para
essa profundidade a indústria eólica offshore considera fundações flutuantes, o que
dificultaria a instalação, aumentaria a complexibilidade e investimento.
Dessa forma, buscou-se locais com boas condições de produção de energia,
porém com menores profundidades. Dessa forma o local escolhido para a proposta de
um parque eólico offshore no Brasil foi no ponto de coleta A606, Arraial do Cabo,
com aerogeradores V136/3450.
A profundidade desse local varia entre 43 e 44 metros, permitindo assim
fundações fixas e a 10 km da costa. A fundação recomendada no projeto foi a do tipo
Jaqueta (Figura 50).
Figura 50: Fundação do Tipo Jaqueta

Fonte: Iberdrola, 2019

Uma vez que o local foi alterado o número de aerogeradores para o parque offshore
passou a ser 39 aerogeradores totalizando uma capacidade instalada de 134,55MW.
5 - CONCLUSÕES

A partir dos estudos dirigidos neste documento, percebe-se um elevado potencial de


produção de energia através de aerogeradores offshore no Brasil, capazes de suprir grande
parte de sua matriz energética. Instalações deste tipo estão bem desenvolvidas
tecnologicamente e operacionalmente em diversos países, principalmente na Europa, porém
o Brasil ainda carece de melhores estruturas neste sentido e, portanto, não há nenhum parque
eólico offshore instalado. Percebe-se também que projetos eólicos offshore possuem maiores
graus de complexidade e de custos o que implica em planejamentos precisos juntamente com
bases tecnológicas/operacionais para o seu desenvolvimento. Apesar disso, o país já está no
caminho rumo às primeiras instalações eólicas offshore que poderão servir de modelo para
futuros projetos, tendo em vista a vasta área nacional viável para este tipo de
empreendimento. Dessa forma, o Brasil poderia contar com significativas parcelas da energia
eólica em sua matriz energética, o que trás um desenvolvimento sustentável e independência
energética, além da geração de empregos diretos e indiretos.
Como embasamento à essa última afirmação pode-se referenciar o estudo feito por
(Gomes, 2018) que demonstrou que tecnicamente a região sudeste do Brasil é capaz de
complementar sua matriz energética com a fonte eólica offshore. O parque proposto se
mostrou capaz de abastecer anualmente cerca de 115.870 domicílios através de 39
aerogeradores localizados próximos a praia de Cabo Frio no Estado do Rio de Janeiro. Cabe
ao Estado brasileiro estimular de todas formas possíveis pesquisas e projetos na área de
geração eólica offshore de forma a possibilitar e interessar inciativas privadas e públicas a
trabalharem no desenvolvimento deste setor. A Petrobras possui já possui um projeto de uma
planta piloto de geração eólica offshore, o que pode impulsionar novas pesquisas e
empreendimentos, tendo em vista o know-how e estrutura técnica da companhia em
instalações offshore.
Deve-se ainda atentar para possíveis impactos socioambientais causados por
possíveis instalações eólicas offshore no país, tendo em vista que pode-se causar efeitos
negativos na fauna marinha, atividades pesqueiras e impactos visuais e acústicos. Apesar
destes possíveis entraves, os impactos são mínimos quando comparados com instalações
onshore.
6 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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