Você está na página 1de 203

ESTRUTURAS DE BETÃO II

FOLHAS DE APOIO ÀS AULAS

Coordenação: António Costa

Ano Lectivo 2013/2014


Introdução

Estas folhas de apoio às aulas têm como objectivo facilitar o seu acompanhamento e
correspondem, em geral, à sequência e organização da exposição incluindo, ainda, a
resolução de problemas. São apontamentos de síntese que não dispensam a consulta de
restantes apontamentos da disciplina e da bibliografia proposta, onde deve ser realçado o
recente livro sobre Estruturas de Betão da autoria do Prof. Júlio Appleton.

Estes apontamentos resultaram da experiência de ensino e de textos anteriores da


disciplina para os quais contribuíram os docentes que têm vindo a leccionar o Betão
Estrutural, sob a orientação do Prof. Júlio Appleton, que foi, nesta escola, nos últimos 30
anos e até ao ano lectivo 2010/2011, o responsável por esta área da engenharia de
estruturas.

Durante o ano lectivo 2003/2004 o Prof. Júlio Appleton com a Engª Carla Marchão,
organizaram a 1ª versão destas folhas de apoio às aulas. A estas foram sendo
introduzidas várias contribuições, mais directamente, dos Profs. José Camara, António
Costa, João Almeida, e Sérgio Cruz.

Deve-se realçar que o essencial do ensino do betão estrutural é a transmissão do


conhecimento sobre as características do comportamento estrutural e fundamentação
dos modelos de cálculo, aspectos que se repercutem depois, naturalmente, nas
prescrições normativas, com algumas variações.

Ao longo destes últimos anos têm sido referidas na disciplina, em geral, as normas
europeias (Eurocódigos), já aprovadas na versão definitiva (EN) tendo algumas sido já
implementadas como normas portuguesas. Refira-se que, no entanto, não houve ainda
uma implementação formal a nível legislativo, sendo possível utilizar, no âmbito
profissional, em alternativa, a regulamentação nacional (REBAP – Regulamento de
Estruturas de Betão Armado e Pré-Esforçado) ou a regulamentação europeia
(Eurocódigo 2 – Projecto de Estruturas de Betão).

IST, Fevereiro de 2014


ÍNDICE

1. ELEMENTOS PRÉ-ESFORÇADOS.................................................................................................... 1

1.1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 1


VANTAGENS DA UTILIZAÇÃO DO PRÉ-ESFORÇO ............................................................................................. 3
1.2. TÉCNICAS E SISTEMAS DE PRÉ-ESFORÇO ........................................................................................... 3
1.2.1. Pré-esforço por pré-tensão ...................................................................................................... 3
1.2.2. Pré-esforço por pós-tensão ...................................................................................................... 4
1.3. COMPONENTES DE UM SISTEMA DE PRÉ-ESFORÇO ............................................................................. 5
1.3.1. Armaduras de pré-esforço ....................................................................................................... 5
1.3.2. Ancoragens de pré-esforço ...................................................................................................... 8
1.3.3. Bainhas de pré-esforço ............................................................................................................ 8
1.3.4. Sistemas de Injecção ............................................................................................................... 9
1.4. EFEITO DO PRÉ-ESFORÇO ................................................................................................................. 9
1.4.1. Razão da utilização de aços de alta resistência para aplicação do pré-esforço ...................... 11
1.4.2. Comparação entre o comportamento em serviço e capacidade resistente de estruturas de
betão armado e de betão pré-esforçado ................................................................................................... 12
1.5. PRÉ-DIMENSIONAMENTO DE UM ELEMENTO PRÉ-ESFORÇADO ......................................................... 15
1.5.1. Pré-dimensionamento da secção ........................................................................................... 15
1.5.2. Traçado do cabo .................................................................................................................... 15
1.5.3. Princípios base para a definição do traçado dos cabos de pré-esforço .................................. 15
1.5.4. Pré-dimensionamento da força de pré-esforço útil ................................................................ 16
1.6. VALOR DA FORÇA DE PRÉ-ESFORÇO. DEFINIÇÃO DOS CABOS .......................................................... 17
1.6.1. Força máxima de tensionamento ........................................................................................... 17
1.6.2. Perdas de pré-esforço ............................................................................................................ 17
1.6.3. Definição dos cabos .............................................................................................................. 18
1.7. CARACTERÍSTICAS DOS TRAÇADOS PARABÓLICOS .......................................................................... 24
1.7.1. Equação da parábola.............................................................................................................. 24
1.7.2. Determinação do ponto de inflexão entre dois troços parabólicos ........................................ 25
1.7.3. Determinação do ponto de concordância troço parabólico – troço recto .............................. 25
1.8. CARGAS EQUIVALENTES DE PRÉ-ESFORÇO ...................................................................................... 25
1.8.1. Acções exercidas sobre o cabo (situação em que se aplica a tensão nos cabos
simultaneamente nas duas extremidades) ............................................................................................... 25
1.8.2. Acções exercidas sobre o betão ............................................................................................. 25
1.8.3. Determinação das cargas equivalentes .................................................................................. 26
1.9. VERIFICAÇÃO DA SEGURANÇA AOS ESTADOS LIMITE ÚLTIMOS ..................................................... 33
1.9.1. Estado limite último de flexão............................................................................................... 33
1.9.2. Estado limite último de esforço transverso ........................................................................... 35
1.10. PERDAS DE PRÉ-ESFORÇO ............................................................................................................... 41
1.10.1. Perdas por Atrito ................................................................................................................... 41
1.10.2. Perdas por reentrada das cunhas (ou dos cabos).................................................................... 42
1.10.3. Perdas por deformação instantânea do betão ......................................................................... 43
1.10.4. Cálculo do alongamento teórico dos cabos de pré-esforço ................................................... 43
1.10.5. Perdas por retracção do betão ................................................................................................ 47
1.10.6. Perdas por fluência do betão ................................................................................................. 47
1.10.7. Perdas por relaxação da armadura ......................................................................................... 47
1.11. VERIFICAÇÃO DA SEGURANÇA NAS ZONAS DAS ANCORAGENS ........................................................ 50
1.11.1. Verificação da segurança ao esmagamento do betão ............................................................ 50
1.11.2. Determinação das Armaduras de Reforço na Zona das Ancoragens ..................................... 51
1.12. PRÉ-ESFORÇO EM VIGAS COM SECÇÃO VARIÁVEL ........................................................................... 60
1.12.1. Consideração do efeito do pré-esforço .................................................................................. 60
1.13. EFEITO DO PRÉ-ESFORÇO EM ESTRUTURAS HIPERESTÁTICAS .......................................................... 62

2. INTRODUÇÃO AO DIMENSIONAMENTO DE LAJES DE BETÃO ARMADO ....................... 70

2.1. CLASSIFICAÇÃO DE LAJES ............................................................................................................... 70


2.1.1. Tipo de Apoio ....................................................................................................................... 70
2.1.2. Constituição........................................................................................................................... 71
2.1.3. Modo de flexão dominante .................................................................................................... 71
2.1.4. Modo de fabrico .................................................................................................................... 71
2.2. PRÉ-DIMENSIONAMENTO ................................................................................................................ 72
2.3. VERIFICAÇÃO DA SEGURANÇA ....................................................................................................... 72
2.3.1. Estados Limites Últimos ....................................................................................................... 72
2.3.2. Estados Limites de Utilização ............................................................................................... 75
2.3.3. Deformação ........................................................................................................................... 76
2.4. DISPOSIÇÕES CONSTRUTIVAS GERAIS ............................................................................................ 78
2.4.1. Recobrimento das armaduras ................................................................................................ 78
2.4.2. Distâncias entre armaduras .................................................................................................... 79
2.4.3. Quantidades mínima e máxima de armadura ........................................................................ 79
2.4.4. Posicionamento das armaduras ............................................................................................. 80
2.5. MEDIÇÕES E ORÇAMENTOS ............................................................................................................ 80
2.6. LAJES VIGADAS ARMADAS NUMA DIRECÇÃO .................................................................................. 81
2.6.1. Definição ............................................................................................................................... 81
2.6.2. Pré-dimensionamento ............................................................................................................ 82
2.6.3. Pormenorização de armaduras............................................................................................... 82
2.7. LAJES VIGADAS ARMADAS EM DUAS DIRECÇÕES ............................................................................ 88
2.7.1. Métodos de Análise e Dimensionamento .............................................................................. 88
2.7.2. Método das bandas ................................................................................................................ 96
2.8. PRÉ-DIMENSIONAMENTO .............................................................................................................. 101
2.9. PORMENORIZAÇÃO DE ARMADURAS............................................................................................. 102
2.9.1. Disposição de armaduras ..................................................................................................... 102
2.9.2. Exemplos da disposição das armaduras principais e de distribuição ................................... 102
2.10. DISTRIBUIÇÃO DOS ESFORÇOS EM LAJES ...................................................................................... 102
2.11. ARMADURAS DE CANTO ............................................................................................................... 107
2.12. SISTEMAS DE PAINÉIS CONTÍNUOS DE LAJES – COMPATIBILIZAÇÃO DE ESFORÇOS NOS APOIOS DE
CONTINUIDADE .......................................................................................................................................... 108
2.13. ALTERNÂNCIA DE SOBRECARGAS ................................................................................................. 110
2.14. COMPARAÇÃO DOS ESFORÇOS DOS MODELOS ELÁSTICO E PLÁSTICO .......................................... 122
2.15. ABERTURAS EM LAJES .................................................................................................................. 130
2.16. DISCUSSÃO DO MODELO DE CÁLCULO DE LAJES COM GEOMETRIAS DIVERSAS .............................. 133
2.17. PORMENORIZAÇÃO COM MALHAS ELECTROSSOLDADAS ............................................................... 137
2.17.1. Representação gráfica das malhas ....................................................................................... 137
2.17.2. Exemplo de aplicação de malhas electrossoldadas .............................................................. 137
2.18. LAJES FUNGIFORMES .................................................................................................................... 140
2.18.1. Vantagens da utilização de lajes fungiformes ..................................................................... 140
2.18.2. Problemas resultantes da utilização de lajes fungiformes ................................................... 140
2.18.3. Tipos de lajes fungiformes .................................................................................................. 140
2.18.4. Principais características do comportamento para acções verticais ..................................... 141
2.18.5. Análise qualitativa do cálculo de esforços numa laje fungiforme ....................................... 141
2.18.6. Concepção e pré-dimensionamento de lajes fungiformes ................................................... 142
2.18.7. Modelos de análise de lajes fungiformes............................................................................. 143
2.18.8. Método dos Pórticos Equivalentes (EC2 - Anexo I) ........................................................... 143
2.18.9. Modelo de grelha................................................................................................................. 148
2.18.10. Modelos de elementos finitos de laje .................................................................................. 149
2.19. ESTADO LIMITE ÚLTIMO DE PUNÇOAMENTO ................................................................................ 157
2.19.1. Mecanismos de rotura de punçoamento .............................................................................. 157
2.19.2. Mecanismos de resistência ao punçoamento ....................................................................... 157
2.19.3. Verificação da segurança ao punçoamento ......................................................................... 158
2.19.4. Cálculo do esforço de corte solicitante ................................................................................ 158
2.19.5. Perímetro básico de controlo ............................................................................................... 159
2.19.6. Resistência ao punçoamento de lajes sem armadura específica de punçoamento ............... 160
2.19.7. Verificação ao punçoamento em lajes com capiteis ............................................................ 160
2.19.8. Armaduras de punçoamento ................................................................................................ 161
2.19.9. Valor de cálculo do máximo esforço de corte ..................................................................... 162
2.19.10. Punçoamento excêntrico ..................................................................................................... 162

3. DIMENSIONAMENTO DE ZONAS DE DESCONTINUIDADE ................................................. 173

3.1 TIPOS DE FUNDAÇÕES ................................................................................................................... 181


3.1.1 Fundações directas (sapatas) ............................................................................................... 181
3.1.2 Sapatas ligadas por um lintel de fundação .......................................................................... 190
3.1.3 Dimensionamento de maciços de encabeçamento de estacas .............................................. 195
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO – Ano lectivo 2013/2014 Estruturas de Betão II

1. ELEMENTOS PRÉ-ESFORÇADOS

1.1. INTRODUÇÃO

O pré-esforço é uma tecnologia que permite introduzir numa estrutura um estado de


tensão e deformação por meio de cabos de aço de alta resistência que possibilita o
controlo do seu comportamento no que se refere à fendilhação e à deformação.

Como é sabido o menor desempenho das estruturas de betão no que se refere ao


comportamento em serviço resulta, em grande parte, da fraca resistência do betão à
tracção. Portanto se, em serviço, as tensões de tracção no betão forem controladas a
nível reduzido o desempenho das estruturas melhorará substancialmente.

Os efeitos do pré-esforço podem ser entendidos recorrendo aos exemplos a seguir


apresentados que traduzem o comportamento de vigas submetidas à acção de cargas no
vão.

A actuação das cargas gera na viga um estado de tensão indicado na figura. Na zona
inferior as tensões de tracção originam a fendilhação do betão e a consequente perda de
rigidez da viga e aumento das flechas.

compressão

tracção

Este comportamento pode ser melhorado se for introduzida uma força de compressão
que vai originar uma redução das tensões de tracção e consequentemente uma menor
fendilhação e perda de rigidez da viga.

Essa força de compressão pode ser conseguida por meio de um cabo de aço tensionado
que transmite a força de tensionamento ao betão nas extremidades da viga.

A figura seguinte ilustra o efeito da força de compressão introduzida no betão por cabo de
pré-esforço colocado segundo o eixo da viga. O estado de tensão associado a esta força
de compressão é, portanto, uniforme.

1
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO – Ano lectivo 2013/2014 Estruturas de Betão II

P P

P compressão

tracção

efeito do pré-esforço

O cabo de aço pode ter diferentes posicionamentos na secção da viga e diferente


geometria os quais têm consequências ao nível do comportamento da viga conforme
ilustrado na figura seguinte onde se representam as tensões na secção de meio vão
devidas ao pré-esforço P e à carga actuante q.

esforço axial centrado

esforço axial com excentricidade

esforço axial e transversal

No primeiro caso, em que o cabo está centrado na secção, o pré-esforço necessário para
anular a tensão de tracção provocada pela carga q é elevado, conduzindo a um estado
de tensão resultante com elevadas tensões de compressão na fibra superior.

No segundo caso, com um cabo recto localizado junto à face inferior da viga, o estado de
tensão introduzido pelo pré-esforço é mais eficiente para contrariar as tensões
provocadas pela carga q e as tensões resultantes são mais baixas. Neste caso importa
salientar que o pré-esforço introduz um estado de deformação contrário ao da carga q
pelo que se consegue controlar melhor a deformação da viga.

2
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO – Ano lectivo 2013/2014 Estruturas de Betão II

No terceiro caso a forma do cabo faz com que para além do esforço axial do pré-esforço
seja introduzida na viga uma carga distribuída com sentido contrário ao da carga exterior
q. Com este traçado, para além dos efeitos referidos no caso anterior, existe também o
efeito de contrariar o esforço transverso provocado pela carga q. Refira-se que esta carga
distribuída no vão (carga equivalente ao pré-esforço no vão) gera efeitos, iguais mas de
sinal contrário, ao de um carregamento uniforme. Por exemplo, se esta carga equivalente
for igual às aplicadas a deformação da viga é nula.

A definição do valor do pré-esforço a introduzir na estrutura depende do objectivo que se


pretende atingir: controlo da fendilhação, controlo da deformação ou ambos.

Em geral, pretende-se que em serviço o nível das tensões de tracção na secção seja nulo
ou muito reduzido. Este nível de tensões é também condicionado por questões de
durabilidade pois os aços de alta resistência, por estarem fortemente tensionados, são
muito sensíveis à corrosão pelo que se deve evitar a formação de fendas ou, caso estas
venham a ocorrer, a sua abertura deve ser muito reduzida.

Importa ainda referir que a utilização e a exploração total dos aços de alta resistência na
capacidade resistente dos elementos estruturais só é viável se for introduzida uma
extensão inicial na armadura. Caso contrário não só a tensão resistente da armadura
dificilmente seria atingida por destruição prematura da aderência, como o comportamento
em serviço não seria aceitável devido à elevada abertura de fendas induzida pelas muito
altas extensões na armadura.

VANTAGENS DA UTILIZAÇÃO DO PRÉ-ESFORÇO

 Vencer vãos maiores

 Maiores esbeltezas para vãos equivalentes

 Diminuição do peso próprio

 Melhoria do comportamento em serviço

 Utilização racional dos betões e aços de alta resistência

1.2. TÉCNICAS E SISTEMAS DE PRÉ-ESFORÇO

1.2.1. Pré-esforço por pré-tensão

 As armaduras são tensionadas antes da colocação do betão;

 A transferência de força é realizada por aderência;

 É realizado em fábrica (tensão aplicada contra cofragens ou contra maciços de


amarração).

3
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO – Ano lectivo 2013/2014 Estruturas de Betão II

Neste sistema de pré-esforço os cabos são rectos.

1.2.2. Pré-esforço por pós-tensão

 As armaduras são tensionadas depois do betão ter adquirido a resistência


necessária;

 A transferência de força é realizada quer nas extremidades, através de


dispositivos mecânicos de fixação das armaduras (ancoragens), quer ao longo
das armaduras.

Nos sistemas de pós-tensão o cabo de pré-esforço pode ter uma geometria curva a qual
é mais adequada para vigas contínuas.

Nos sistemas de pós-tensão aderentes as bainhas dos cabos são injectadas com calda
de cimento.

4
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO – Ano lectivo 2013/2014 Estruturas de Betão II

Calda de cimento

Bainha

Fios ou cordões

Secção A-A Cabo de pré - esforço

1.3. COMPONENTES DE UM SISTEMA DE PRÉ-ESFORÇO

1.3.1. Armaduras de pré-esforço

As armaduras de pré-esforço são constituídas por aço de alta resistência, e podem ter as
seguintes formas:

 fios Diâmetros usuais: 3 mm, 4 mm, 5 mm e 6 mm

 cordões (compostos por 7 fios)

Secção
Diâmetro
Designação nominal
2
[mm]
[cm ]
0.5” 0.987 12.7
0.6”N 1.4 15.2
0.6”S 1.5 15.7

 varões Diâmetros usuais: 25 mm a 36 mm

(podem ser lisos ou roscados)

Os cordões são compostos por fios, sendo os mais correntes os cordões de 7 fios obtidos
por 6 fios enrolados em torno de um fio central recto.

Na figura seguinte apresentam-se diagramas tensão-deformação de fios, cordões e


varões de pré-esforço e comparam-se com os diagramas de varões de aço corrente.
Verifica-se que a resistência dos aços de pré-esforço é significativamente superior à dos
aços correntes. Esta elevada resistência é conseguida à custa de um maior teor em
carbono, de processos de tratamento térmico e, também, no caso dos fios, por um
processo de trefilagem.

5
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO – Ano lectivo 2013/2014 Estruturas de Betão II

A composição do aço e o processo de fabrico dos fios de pré-esforço penalizam a sua


capacidade de deformação constatando-se que a sua ductilidade é significativamente
inferior à dos varões de aço laminados a quente.

7
7

varão de pré-esforço  32 mm

Uma vez que os aços de resistência mais elevada não apresentam patamar de cedência,
a tensão de cedência é caracterizada pelo valor característico da tensão limite
convencional de proporcionalidade a 0,1%, fp0,1k.

6
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO – Ano lectivo 2013/2014 Estruturas de Betão II

No quadro seguinte apresentam-se algumas características de aços de alta resistência


correntemente utilizados em armaduras de pré-esforço:

fp0,1k [Mpa] fpk [Mpa] Ep [Gpa]

fios e cordões 1670 1860 195  10

varões 835 1030 170

O diagrama idealizado e de cálculo para os aços de pré-esforço é o definido na figura


seguinte.

Os aços de pré-esforço devem garantir um valor mínimo da extensão à força máxima uk
de 3,5%.

A norma prEN 10138 define as propriedades e requisitos dos aços de pré-esforço. A


designação dos aços de pré-esforço segundo esta norma é a seguinte: Y fpk

Exemplo: Y 1860 – aço de pré-esforço com valor nominal da tensão de rotura à tracção
igual a 1860 MPa

Em Portugal os requisitos relativos às características das armaduras de pré-esforço são


definidos nas Especificações LNEC: E452 (fios); E453 (cordões); E459 (varões).

Cabo de pré-esforço: conjunto de cordões (agrupados no interior de uma bainha)

Por questões de economia, há vantagem em utilizar os cabos “standard” dos sistemas de


pré-esforço (número de cordões que preenchem na totalidade uma ancoragem).

7
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO – Ano lectivo 2013/2014 Estruturas de Betão II

1.3.2. Ancoragens de pré-esforço

 Activas
Permitem o tensionamento

 Passivas
Ficam embebidas no betão

 De continuidade
Parte passiva, parte activa
(acoplamentos)

1.3.3. Bainhas de pré-esforço

 Metálicas

 Plásticas

8
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO – Ano lectivo 2013/2014 Estruturas de Betão II

1.3.4. Sistemas de Injecção

 Materiais rígidos (ex: calda de cimento)

 Materiais flexíveis (ex: graxas ou ceras)


cera

bainha plástica cordão

1.4. EFEITO DO PRÉ-ESFORÇO

O pré-esforço é, por definição, uma deformação imposta. Deste modo, a sua aplicação
em estruturas isostáticas não introduz esforços adicionais.

Embora o pré-esforço não introduza esforços em estruturas isostáticas surgem tensões


nas secções dos elementos: tensões no betão e nas armaduras e tensões no cabo de
pré-esforço. Essas tensões são autoequilibradas e, portanto, têm resultante nula.

O mesmo não se passa nas estruturas hiperestáticas, situação em que as deformações


estão restringidas. Nestes casos surgem esforços associados ao pré-esforço resultantes
das forças que se desenvolvem nos apoio e que restringem a livre deformação do
elemento.

Para ilustrar o efeito do pré-esforço considere-se a seguinte viga pré-esforçada:


pp

9
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO – Ano lectivo 2013/2014 Estruturas de Betão II

Apresentam-se em seguida os diagramas de extensões na secção transversal indicada


(secção de vão onde o cabo de pré-esforço tem excentricidade máxima), para as
seguintes situações:

A – acção do pré-esforço isolado

B – acção das cargas mobilizadas na aplicação do pré-esforço (peso próprio)

C – situação após a aplicação do pré-esforço


A B C

+
-

+ Mpp = -
e
P0 + +
-  P0 +  P0

diagramas de extensões

Como se verifica, o estado de deformação induzido pelo pré-esforço é contrário ao


estado de deformação provocado pelo peso próprio.

Partindo de uma situação em que a viga está apoiada numa cofragem, a aplicação do
pré-esforço irá originar uma deformação para cima da viga (diagrama A). Nessa altura é
mobilizado o peso próprio da viga (diagrama B). O diagrama de deformação final C
resulta da sobreposição dos diagramas A e B.

O estado de tensão numa viga pré-esforçada é caracterizado pelos diagramas da figura


seguinte em que P é o pré-esforço aplicado e M é o momento das cargas exteriores.

Pxe M
P/A  
(+) (-)

M (-) + +
e
P (-) (+)

diagramas de tensões

As tensões actuantes nas fibras inferior e superior são:

P Pe M
inf = - A - w +w
inf inf

P Pe M
sup = - A + w - w
sup sup

10
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO – Ano lectivo 2013/2014 Estruturas de Betão II

1.4.1. Razão da utilização de aços de alta resistência para aplicação do pré-esforço

Considere o tirante de betão pré-esforçado, cuja secção transversal se apresenta.

Materiais:C25/30 ( = 2.5)
0.50 A400NR

A1600/1800
0.50

Para os dois tipos de aço indicados e admitindo que se pretende aplicar uma força de
pré-esforço P0’ = 3000 kN, calcule a área de aço necessária, bem como a força que ficará
instalada a longo prazo, considerando o efeito da fluência do betão.

1. Determinação da área de aço necessária

P0'
P0' = 0.75 fpk As  As = 0.75 f
pk

3000
 Armadura ordinária: As = 104 = 100 cm2
0.75  400103

3000
 Armadura de alta resistência: As = 104 = 22.2 cm2
0.75  1800103

2. Cálculo da perda de tensão nas armaduras, por efeito da fluência do betão

(i) Cálculo do encurtamento instantâneo do betão devida à aplicação do pré-esforço

P 3000 c 12
c(t0) = = = 12000 kN/m2 = 12 MPa  c(t0) = = = 0.39 ‰
Ac 0.5  0.5 Ec 31103

(ii) Determinação do encurtamento devido à fluência

c(t,t0) = cc(t,t0) =   c(t0) = 2.5  0.39 = 0.975 ‰

(iii) Perda de tensão nas armaduras

s = c(t,t0)  Es = 0.97510-3  200106 = 195 MPa

3. Cálculo da força de pré-esforço a longo prazo

 Armadura ordinária: P = s  As = 195103  10010-4 = 1950 kN  P=1050 kN

 Armadura de alta resistência:P = 195103  22.210-4 = 432.9 kN  P = 2567 kN

11
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO – Ano lectivo 2013/2014 Estruturas de Betão II

1.4.2. Comparação entre o comportamento em serviço e capacidade resistente de


estruturas de betão armado e de betão pré-esforçado

Considere o tirante de betão, cuja secção transversal está representada na figura, e os


seguintes casos:

Caso 1 – tirante de betão armado (armadura ordinária)

Caso 2 – tirante de betão pré-esforçado (aço de alta resistência e P = 500 kN)

Caso 3 – tirante de betão pré-esforçado (aço de alta resistência e P = 1000 kN)

Materiais:C25/30
0.40 A400NR

A1600/1800
0.40

Para um esforço normal de dimensionamento Nsd = 1395 kN, calcule a área de armadura
necessária para verificar o estado limite último de tracção. Para cada solução calcule o
esforço normal de fendilhação do tirante (Ncr).

 Caso 1

(i) Determinação da área de armadura necessária

Nsd 1395
As = =  10-4 = 40 cm2
fyd 348103

(ii) Cálculo do esforço normal de fendilhação do tirante (Ncr)

Ncr = Ah  fctm = (Ac +  As) fctm = 0.42 + 31  4010-4  2.6103 = 483.1 kN


200
 

 Caso 2

(i) Determinação da área de armadura necessária

Nsd 1395
Ap = =  10-4 = 10 cm2
fpyd 1600103 / 1.15

(ii) Cálculo do esforço normal de fendilhação do tirante (Ncr)

Ncr P Ah
Ah - Ac = fctm  Ncr = Ah  fctm + P  Ac

200
0.42 + 31  1010-4
Ncr = 0.42 + 31  1010-4  2.6103 + 500 
200
= 952.9 kN
  0.42

 Caso 3

12
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO – Ano lectivo 2013/2014 Estruturas de Betão II

(i) Determinação da área de armadura necessária

Nsd 1395
Ap = =  10-4 = 10 cm2
fpyd 1600103 / 1.15

(ii) Cálculo do esforço normal de fendilhação do tirante (Ncr).

200
0.42 + 31  1010-4
Ncr = 0.42 + 31  1010-4  2.6103 + 1000 
200
= 1473.1 kN
  0.42

Conclusão: A capacidade resistente do tirante é igual nos três casos. No que se refere à
fendilhação, verifica-se um melhor comportamento dos tirantes pré-esforçados
relativamente ao tirante de betão armado, e em particular no caso 3 em que a força de
pré-esforço é maior.

Os aços de pré-esforço por apresentarem elevada resistência permitem também uma


pormenorização de armaduras mais compacta o que pode influenciar a geometria dos
elementos como ilustrado na figura seguinte.

Vigas em betão pré-esforçado e em betão armado com igual resistência à flexão

Nas figuras seguintes compara-se o comportamento de uma viga de betão armado e de


uma viga de betão pré-esforçado sujeita à flexão com a mesma capacidade última.

13
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO – Ano lectivo 2013/2014 Estruturas de Betão II

Diagrama momento-curvatura

Diagrama carga deslocamento

14
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO – Ano lectivo 2013/2014 Estruturas de Betão II

Tensões no betão e nas armaduras

1.5. PRÉ-DIMENSIONAMENTO DE UM ELEMENTO PRÉ-ESFORÇADO

1.5.1. Pré-dimensionamento da secção

L
A altura de uma viga pré-esforçada pode ser estimada a partir da relação h  15 a 20

Refira-se que esta estimativa é da ordem de 1.5 a 2 vezes superior ao corrente para uma
viga de betão armado, devido ao melhor controlo das deformações e facilidade de
pormenorização de armaduras, como atrás já referido.

1.5.2. Traçado do cabo

A escolha do traçado dos cabos deve ser feita com base no diagrama de esforços das
cargas permanentes. Em geral o cabo de pré-esforço deve estar situado na zona
traccionada das secções ao longo da viga.

1.5.3. Princípios base para a definição do traçado dos cabos de pré-esforço

1.5 Øbainha

1.5 Øbainha

0.35L a 0.5L 0.05L a 0.15L


L

15
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO – Ano lectivo 2013/2014 Estruturas de Betão II

 Traçados simples: troços rectos ou troços parabólicos (2º grau)

 Aproveitar a excentricidade máxima nas zonas de maiores momentos (ver nota)

 Sempre que possível, nas extremidades, os cabos deverão situar-se dentro do núcleo
central da secção

 O traçado do cabo (ou resultante dos cabos) deverá cruzar o centro de gravidade da
secção numa secção próxima da de momentos nulos das cargas permanentes (mas
só de uma forma qualitativa)

 Devem respeitar-se as restrições de ordem prática da construção e os limites


correspondentes às dimensões das ancoragens e resistência do betão, necessários
para resistir às forças de ancoragem

Notas:

i) A excentricidade máxima dos cabos depende do recobrimento a adoptar para as


bainhas dos cabos de pré-esforço, deve ter em consideração que em vigas, o
recobrimento mínimo das bainhas é : cmin = min (bainha; 8 cm);

ii) o ponto de inflexão do traçado está sobre a recta que une os pontos de
excentricidade máxima;

iii) O raio de curvatura dos cabos deve ser superior ao raio mínimo que,
simplificadamente pode ser obtido pela expressão Rmin [m]= 3 Pu (onde Pu
representa a força última em MN).

1.5.4. Pré-dimensionamento da força de pré-esforço útil

O valor da força útil de pré-esforço pode ser estimado através dos seguintes critérios:

 Critério do balanceamento das cargas

qeq  (0.8 a 0.9) qcqp

ou, de uma forma mais rigorosa,

 Critério da limitação da deformação

pe = (0.8 a 0.9) cqp, tal que no final total = (1 + ) (cqp – pe)  admissível

L L
com admissível  500 a 1000 (dependente da utilização da obra)

 Critério da limitação da fendilhação

EC2 – parágrafo 7.3.1(5): Estados Limites de Fendilhação a considerar

16
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO – Ano lectivo 2013/2014 Estruturas de Betão II

Tabela 7.1N Valores recomendados para w máx (mm)

Classe de Elementos de betão armado ou pré- Elementos de betão pré-esforçado


exposição esforçado (p.e. não aderente) (p.e. aderente)
Comb. quase-permanente de acções Combinação frequente de acções
X0, XC1 0.4 0.2
(1)
XC2, XC3, XC4 0.2
0.3
XD1, XD2, Descompressão
XS1, XS2, XS3
(1)
Deverá também verificar-se a descompressão para a combinação quase-permanente de acções

A segurança em relação ao estado limite de descompressão considera-se satisfeita se, nas


secções do elemento, a totalidade dos cabos de pré-esforço se situar no interior da zona
comprimida e a uma distância de, pelo menos, 0.025 m ou 0.10 m relativamente à zona
traccionada, para estruturas de edifícios ou pontes, respectivamente.

Na prática, será preferível assegurar que nas secções do elemento não existem tracções
ao nível da fibra extrema que ficaria mais traccionada (ou menos comprimida) por efeito
dos esforços actuantes, com exclusão do pré-esforço.

1.6. VALOR DA FORÇA DE PRÉ-ESFORÇO. DEFINIÇÃO DOS CABOS

1.6.1. Força máxima de tensionamento

De acordo com o EC2, a força máxima a aplicar num cabo de pré-esforço é dada pela
seguinte expressão

Pmáx = Ap  p,máx

onde,

p,máx = min (0.8 fpk; 0.9 fp0,1k) e representa a tensão máxima a aplicar aos cordões
na altura da aplicação do pré-esforço.

Após a transmissão da força para a ancoragem as tensões admissíveis são as seguintes:


p,máx = min (0.75 fpk; 0.85 fp0,1k)

1.6.2. Perdas de pré-esforço

 Perdas instantâneas (8% – 15%)

Pós-tensão

 Perdas por atrito

 Perdas por reentrada de cabos

 Perdas por deformação instantânea do betão

17
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO – Ano lectivo 2013/2014 Estruturas de Betão II

Pré-tensão

 Relaxação da armadura até à betonagem

 Escorregamento nas zonas de amarração

 Deformação instantânea do betão

 Perdas diferidas (12% – 15%)

 Perdas por retracção do betão

 Perdas por fluência do betão

 Perdas por relaxação da armadura

8% – 15% 12% – 15%


P0’ (força de tensionamento)  P0  P

P0 – força de pré-esforço após perdas imediatas

P – força de pré-esforço útil ou a tempo infinito

1.6.3. Definição dos cabos

Realizado o pré-dimensionamento da força útil de pré-esforço é possível estimar os


cabos a adoptar assumindo valores correntes das perdas de pré-esforço.

Este cálculo tem interesse, por exemplo, para aferir se as dimensões adoptadas para as
secções são suficientes para conduzir a uma pormenorização adequada das armaduras de
pré-esforço.

Supondo que para um determinado traçado de cabo se assumia na secção condicionante


para as perdas diferidas um valor de 14% e para as perdas imediatas um valor de 10%, o
valor da força de tensionamento dos cabos seria o seguinte:

P
P0 = 0.86

P0
P0’ = 0.9

Considerando que os cabos eram tensionados a 75% da força de rotura, a área de


armadura de pré-esforço necessária e o número de cordões seria:

P0'
P0' = 0.75 Fpk  Ap =
0.75  1860  103
Ap
nº de cordões = A
cordão

Por questões de economia, há vantagem em utilizar os cabos standard dos sistemas de


pré-esforço.

18
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO – Ano lectivo 2013/2014 Estruturas de Betão II

EXERCÍCIO PE1

Considere a viga indicada na figura seguinte.

Parábola Parábola Parábola Parábola Recta


A B C D

e1 = 0.15 e2 = 0.38 e3 e4 = -0.22 e5 e6 = -0.10

8.00 8.00 4.00 1.00 4.00

Secção Transversal da Viga:

1.50 Propriedades geométricas da secção:


2
A = 0.61 m
0.20
0.37 4
I = 0.0524 m

0.50

0.53 Materiais:C30/37
0.20
A400NR
0.30
0.80
A1670/1860 (baixa relaxação)

Considere que a viga se encontra submetida às seguintes acções:

q
pp + rcp

- Cargas permanentes (g = 1.35): pp = 15.25 kN/m; rcp = 14.75 kN/m

- sobrecargas (q = 1.5; 1 = 0.6; 2 = 0.4): q = 20 kN/m e Q = 100 kN

Nota: q e Q actuam em simultâneo

a) Determine o diagrama de tensões na secção B para a combinação de acções quase


permanentes e para uma força de pré-esforço de 1000 kN.

19
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO – Ano lectivo 2013/2014 Estruturas de Betão II

b) Qual o valor de P que seria necessário para garantir a descompressão para a


combinação quase permanentes de acções, nas secções B e C?

c) Qual o valor de P que seria necessário para garantir a condição c < fctk para
combinação frequente de acções nas secções B e C?

d) Determine as equações que definem o traçado do cabo representado na figura.

e) Represente as cargas equivalentes do pré-esforço para uma força de pré-esforço de


1000 kN.

f) Qual o valor de P que seria necessário para contrariar 80% de deformação máxima
para a combinação de acções quase-permanentes?

g) Defina que tipo de cabo adopta e qual a força de puxe. Admita: P = 0.86 P0 e
P0 = 0.90 P’0. Admita que os cabos são tensionados a 0.75 fpk.

h) Calcule a área de armadura ordinária longitudinal de modo a garantir a segurança em


relação ao estado limite último de flexão.

i) Calcule a área de armadura transversal.

j) Calcule o valor das perdas instantâneas (atrito, reentrada de cunhas e deformação


instantânea do betão) e o alongamento previsto dos cabos.

l) Calcule as perdas diferidas (fluência e retracção do betão, e relaxação das


armaduras).

m) Verifique a segurança na zona das ancoragens.

20
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO – Ano lectivo 2013/2014 Estruturas de Betão II

RESOLUÇÃO DO EXERCÍCIO PE1

ALÍNEA A)

1. Determinação dos esforços para a combinação de acções quase-permanentes

pcqp = cp + 2 sc = 15.25 + 14.75 + 0.4  20 = 38 kN/m

Qcpq = 2 Q = 0.4  100 = 40 kN

Qcqp

p cqp

20.00 5.00
R1 R2

DEV 346.3
230.0
[kN]
(+) 40.0
(+)

(-)

413.8
DMF 675.0
[kNm] 8.00
(-)

(+)

1554.0

 MC = 0  – R1  20 + 38  20  10 – 40  5 – 38  5  2.5 = 0  R1 = 346.3 kN

 R2 = 38  (20 + 5) + 40 – 346.3 = 643.8 kN

2. Cálculo das tensões na secção B

(i) Características geométricas da secção B

2
1.50 A = 0.61 m
2
I = 0.0524 m
0.37
I 0.0524 3
winf = v = 0.53 = 0.09886m
inf
G
0.38 I 0.0524
0.53 3
wsup = v = 0.37 = 0.1416m
sup

21
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO – Ano lectivo 2013/2014 Estruturas de Betão II

(ii) Diagramas de tensões na secção B devidas à cqp e ao pré-esforço

Pxe M cqp
P/A  
(+) (-)

M cqp (-) + +

P (-) (+)

P Pe Mcqp 1000 1000  0.38 1554


inf = - - + =- - + = 10.2MPa
A winf winf 0.61 0.09886 0.09886

P P  e Mcqp 1000 1000  0.38 1554


sup = - A + w - w = - 0.61 + 0.1416 - 0.1416 = - 9.9MPa
sup sup

ALÍNEA B)

1. Secção B
P x e MB
P / A  
(+) (-)

MB (-) + +

P (-) (+)

P P  e MB P P  0.38 1554
inf < 0  - A - w + w < 0  - 0.61 - 0.09886 + 0.09886 < 0 

 P > 2866.8 kN

2. Secção C

P x e MC
P / A  
P (-) (+)

MC (-) + +

(+) (-)

P P  e MC P P  0.22 675
sup < 0  - A - w + w < 0  - 0.61 - 0.1416 + 0.1416 < 0 

 P > 1492.9 kN

 P > 2866.8 kN

22
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO – Ano lectivo 2013/2014 Estruturas de Betão II

ALÍNEA C)

1. Determinação dos esforços para a combinação de acções frequente

pfr = cp + 1 sc = 15.25 + 14.75 + 0.6  20 = 42 kN/m

Qfr = 1 Q = 0.6  100 = 60 kN

Qfr

pfr

20.00 5.00
R1 R2

DMF 825.0
[kNm] 8.00
(-)

(+)

1686.0

 MB = 0  – R1  20 + 42  20  10 – 60  5 – 42  5  2.5 = 0  R1 = 378.8 kN

 R2 = 42  (20 + 5) + 60 – 378.8 = 731.3 kN

2. Secção B

P P  e MB P P  0.38 1686
inf < fctk  - A - w + w < fctk  - 0.61 - 0.09886 + 0.09886 < 2  103 

 P > 2745.6 kN

3. Secção C

P P  e MC P P  0.22 825
sup < fctk  - A - w + w < fctk  - 0.61 - 0.1416 + 0.01416 < 2  103 

 P > 1198.3 kN

 P > 2745.6 kN

23
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO – Ano lectivo 2013/2014 Estruturas de Betão II

1.7. CARACTERÍSTICAS DOS TRAÇADOS PARABÓLICOS

1.7.1. Equação da parábola

Equação geral da parábola: y = ax2 + bx + c

(para determinar os parâmetros a, b e c é necessário conhecer 3 pontos)


x1 x3 x2

y1
y2
y3

Caso se utilize um referencial local:

1) x y = ax2 + c

(y’ (0) = 0  b = 0)
y

2) y y = ax2

(y’ (0) = 0  b = 0 e y (0) = 0  c = 0)

Determinação do parâmetro a

L/2 L/2 2f 4f
tg  = L/2 = L

 f  4f
i) y’ (L/2) = 2a  L/2 = tg   a = L2 ou

f 2

ii) y (L/2) = f  a  
L 4f
=fa= 2
 
2 L

Determinação da curvatura da parábola

1 8f
R = y" (x) = 2a = L2

24
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO – Ano lectivo 2013/2014 Estruturas de Betão II

1.7.2. Determinação do ponto de inflexão entre dois troços parabólicos

f2 e2
e1 f 1

L1 L2

O ponto de inflexão do traçado encontra-se na linha que une os extremos. Deste modo,

f1 e1 + e2 L1
=  f1 = (e + e2) e f2 = (e2 + e1) – f1
L1 L1 + L2 L1 + L2 1

1.7.3. Determinação do ponto de concordância troço parabólico – troço recto


e
f
f

L1
L2

e-f e+f
tg  = L = L  (e – f) L2 = (e + f) L1  e L2 – f L2 = e L1 + f L1 
1 2

e (L2 - L1)
 f L1 + f L2 = e L2 – e L1  f (L1 + L2) = e (L2 – L1)  f = L1 + L2

1.8. CARGAS EQUIVALENTES DE PRÉ-ESFORÇO

A acção do pré-esforço pode ser simulada através de cargas – cargas equivalentes de


pré-esforço.

1.8.1. Acções exercidas sobre o cabo (situação em que se aplica a tensão nos
cabos simultaneamente nas duas extremidades)

 Forças nas ancoragens;

 Forças radiais e tangenciais uniformemente distribuídas, exercidas pelo betão.

1.8.2. Acções exercidas sobre o betão

25
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO – Ano lectivo 2013/2014 Estruturas de Betão II

 Forças nas ancoragens;

 Forças radiais e tangenciais uniformemente distribuídas iguais e directamente


opostas às que o betão exerce sobre o cabo.

1.8.3. Determinação das cargas equivalentes

1.8.3.1. Zona das ancoragens

P tg
P P
e
 
Pe

Nota: tg   sen  e cos   1

1.8.3.2. Traçado parabólico

Considere-se o seguinte troço infinitesimal de cabo de pré-esforço, e as acções que o


betão exerce sobre este,

d

d 1
ds = R d  ds = R
R
d d
P 2 + (P + dP) 2 = q* ds

P q* ds P+dP d P
P d = q* ds  q* = P ds ou q* =
R
d/2

ds

Notas:

d d d d
- ângulo muito pequeno  sen 2  2  tg 2  e cos 2  1;
 

- consideram-se desprezáveis as componentes horizontais das forças de desvio.

Para um cabo com o traçado parabólico ilustrado,

26
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO – Ano lectivo 2013/2014 Estruturas de Betão II

L/2 L/2 d 2f 4f 8f
tg  = 2 = L/2 = L  d = L (1)

 f ds  L (2)

f A partir de (1) e (2), obtém-se

d 8f 8fP
ds = L2  q* =
L2

1.8.3.3. Traçado poligonal

f
f
Q* tg  = L
 1

L1 f
Q* = P tg  = P L
1

Q*
q*
q* = Q* / s
s

Nas figuras seguintes apresentam-se as cargas e os esforços equivalentes para dois


traçados de cabo diferentes.

27
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO – Ano lectivo 2013/2014 Estruturas de Betão II

Cabo com traçado parabólico

Esforços
equivalentes

Cabo com traçado rectilíneo

O pré-esforço introduz no elemento um conjunto de esforços em cada secção designados


por esforços isostáticos definidos da seguinte forma:

28
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO – Ano lectivo 2013/2014 Estruturas de Betão II

P tg
G
P
x
e
Pe

 P

y
N=-P

M=-Pe

V = - P tg 

Ilustra-se seguidamente um exemplo interessante que mostra as potencialidades do pré-


esforço e o modo como o engenheiro pode explorar essas potencialidades para controlar
o comportamento estrutural.

No exemplo mostra-se uma forma de anular a flexão, esforço transverso e torção


induzidos por uma carga exterior na extremidade de uma consola com as forças
equivalentes ao pré-esforço.

P.tg  = Q

A resultante dos esforços é apenas o esforço axial com valor igual a 2P

29
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO – Ano lectivo 2013/2014 Estruturas de Betão II

RESOLUÇÃO DO EXERCÍCIO PE1 (CONTINUAÇÃO)

ALÍNEA D)

Parábola 1 Parábola 2 Parábola 3 Parábola 4 Recta

e1 = 0.15 e2 = 0.38 e4 = -0.22 e6 = -0.10

8.00 8.00 4.00 1.00 4.00

(i) Parábola 1

y = ax2
8.00
y y(8) = 0.23  a  82 = 0.23
0.23
x  a = 3.59375  10-3

y(x) = 3.59375  10-3 x2

(ii) Parábola 2

1. Determinação das coordenadas do ponto de inflexão

0.6
x

8.00
12.00

12 0.6
=  x = 0.4
8 x

2. Determinação da equação da parábola

8.00 y = ax2
y
0.4 y (8) = 0.4  a = 6.25  10-3
x
y (x) = 6.25  10-3 x2

(iii) Parábola 3

x y = ax2
0.2
y y (4) = 0.2  a = 0.0125
4.00
y (x) = 0.0125 x2

30
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO – Ano lectivo 2013/2014 Estruturas de Betão II

(iv) Parábola 4 e troço recto

x y
0.12
y 1.00 4.00 x

1. Determinação das coordenadas do ponto de concordância

y’ (1) = tg  = 2 f

f  tg  =
0.12 + f
f 5
1.0
0.12 + f
2f= 5  10 f = 0.12 + f  f = 0.01333 m

2. Determinação das equações da parábola e do troço recto

Parábola 4: y (1) = 0.01333  y (x) = 0.01333 x2

Troço recto: y = mx + b = 2  0.01333 x  y (x) = 0.02667 x

ALÍNEA E)

1. Cálculo das cargas equivalentes uniformemente distribuídas (considerando P = 1000


kN)

8 f P
q=
L2

Parábola f (m) L (m) q (kN/m)


1 0.23 16 7.2
2 0.4 16 12.5
3 0.2 8.0 25.0
4 0.0133 2.0 26.6
2. Cálculo das cargas equivalentes nas extremidades do cabo

Extremidade Esquerda

tg  = y’ (8) = 2  3.59375  10-3  8 = 0.0575

P  tg  = 57.5 kN

P  e = 1000  0.15 = 150.0 kNm

Extremidade Direita

tg  = y’ (1) = 0.02667

P  tg  = 26.7 kN

P  e = 1000  0.10 = 100.0 kNm

31
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO – Ano lectivo 2013/2014 Estruturas de Betão II

25.0 kN/m 26.6 kN/m


57.5 kN 7.2 kN/m 12.5 kN/m
100.0 kNm
1000 kN
1000 kN
150.0 kNm 8.00 8.00 4.00 1.00 4.00
26.7 kN

Repare-se que o somatório das cargas verticais é nulo

 Feq = - 57.5 + 7.2  8 + 12.5  8 - 25.0  4 - 26.6  1 + 26.7  0

ALÍNEA F)

1. Determinação da flecha elástica na viga para a combinação de acções quase-


permanentes

Através de tabelas de flechas elásticas de vigas contínuas, a deformação a meio vão do


tramo apoiado é dada por:

1 5pL4 L2
 = EI  384 + 16 (M1 + M2)
 

onde M1 e M2 representam os momentos flectores nas extremidades do tramo e entram


na expressão com o sinal de acordo com a convenção da resistência de materiais.

Deste modo,

 5  38  20 + 20 (0 - 675.0) = 0.036 m
4 2
1
=
3310  0.0524 
6
384 16 

2. Determinação da flecha elástica na viga para o efeito do pré-esforço

A flecha elástica para o efeito de pré-esforço pode ser obtida considerando a actuação
das cargas equivalentes ao pré-esforço na viga. Deste modo, para P = 1000 kN (cargas
equivalentes calculadas na alínea anterior), obteve-se a seguinte deformada:

 = 0.010 m

3. Determinação da força útil de pré-esforço necessária para contrariar 80% da


deformação máxima para a combinação de acções quase-permanentes

pe = 0.8 cqp = 0.8  0.036 = 0.029 m

 P = 1000  0.029/0.010 = 2900 kN

32
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO – Ano lectivo 2013/2014 Estruturas de Betão II

1.9. VERIFICAÇÃO DA SEGURANÇA AOS ESTADOS LIMITE ÚLTIMOS

1.9.1. Estado limite último de flexão

1.9.1.1. Pré-esforço do lado da resistência

Pelo método do diagrama rectangular simplificado,

Msd = g Mg + q Mq

0.85f cd
Fc
x 0.8x
LN Fc = 0.85 fcd  0.8 x  b
Msd
fp0,1k
Fp = Ap  fpd = Ap  1.15
Fp
Ap
As
Fs Fs = As  fyd
b

Através das equações de equilíbrio,

(i) Equilíbrio de momentos ( MAs = Msd  x = ...)

Forças exteriores: Msd

Forças interiores:  MAs = Fc (ds – 0.4x) - Fp (ds - dp)

(ii) Equilíbrio de forças ( F = 0  Fc = Fp + Fs  As = ...)

P
Nota: No caso do cabo ser não aderente (monocordão, p.ex.) fpd = p =
Ap

1.9.1.2. Pré-esforço do lado da acção

Pelo método do diagrama rectangular simplificado,

Msd = g Mg + q Mq + Mpe

0.85f cd
Fc
x 0.8x
LN Fc = 0.85 fcd  0.8 x  b
P
Fp = Ap  (fpd - p) = Ap  fpd -
P 
e Msd  Ap 
Fp
Ap
As
Fs
Fs = As  fyd
b

33
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO – Ano lectivo 2013/2014 Estruturas de Betão II

Através das equações de equilíbrio,

(i) Equilíbrio de momentos (MAs)

Forças exteriores:  MAs = Msd + P  (ds - h/2)

Forças interiores:  MAs = Fc (ds - 0.4x) - Fp (ds - dp)

Msd + P  (ds - h/2) = Fc (ds - 0.4x) - Fp (ds - dp) x = ...

(ii) Equilíbrio de forças ( F = P  Fc = Fp + Fs + P  As = ...)

Nota: No caso do cabo ser não aderente (monocordão, p.ex.) (fpd - p) = 0  Fp = 0

Determinada a posição da linha neutra (x), é necessário definir o diagrama de extensões


na rotura e verificar se as tensões nas armaduras ordinárias e de pré-esforço são as de
cálculo.

c 0.85f cd
Fc
x 0.8x
LN
Msd

Ap p p0 Fp
As
b s Fs

P
p = p + p0, com p0 =
Ap  Ep

Se algum cabo não atingir a tensão de cálculo fpd, será necessário adoptar um método
iterativo (método geral)

c c (c)
x
LN M

p p0 p (p0 + p)


Ap
As
b s s (s)

Por exemplo, determina-se x tal que N  0. Então M = MRd.

34
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO – Ano lectivo 2013/2014 Estruturas de Betão II

1.9.2. Estado limite último de esforço transverso

O efeito do pré-esforço na resistência ao esforço transverso da viga é traduzido pela


componente vertical da força do cabo conforme esquematizado na figura seguinte.

Em geral, considera-se o pré-esforço do lado da acção. A verificação da segurança é


realizada de acordo com o seguinte formato.

VRd  VSd - P tg 

Asw VSd - P tg 
(i) Cálculo da armadura transversal: s = z  cotg   fyd

Vsd - P tg 
 0.6 1 - 250  fcd
fck
(ii) Verificação da tensão de compressão: c =
z  bw  sen  cos   

(iii) Consideração do efeito do esforço transverso nas armaduras longitudinais (no apoio
As fyd  (Vsd - P tg ) cotg 1)

Notas:

 Para elementos comprimidos (caso de elementos pré-esforçados)   22 a 26;

 Caso o somatório do diâmetro das bainhas de pré-esforço existentes num


determinado nível seja superior a 1/8 da largura da secção a esse nível, deve
considerar-se a largura a esse nível reduzida de metade da soma dos diâmetros
das bainhas.

Bainhas metálicas injectadas:

bw,nom = bw – 0.5 Ø

Bainhas não injectadas, bainhas plásticas injectadas e armaduras não aderentes:

bw,nom = bw – 1.2 Ø

Estes requisitos resultam do efeito do cabo na redução da resistência à compressão da


alma. A figura seguinte ilustra o esmagamento da alma de uma viga ao longo do cabo de
pré-esforço por acção do esforço transverso.

35
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO – Ano lectivo 2013/2014 Estruturas de Betão II

36
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO – Ano lectivo 2013/2014 Estruturas de Betão II

RESOLUÇÃO DO EXERCÍCIO PE1 (CONT.)

ALÍNEA G)

P = 2866.8 kN (valor resultante da verificação da descompressão)

P 2866.8
P0 = 0.86 = 0.86 = 3333.5 kN

P0 3333.5
P0’ = 0.9 = 0.9 = 3703.9 kN

P0'
P0' = 0.75 Fpk  Ap =  104 = 26.6 cm2
0.75  1860  103

Ap 26.6
nº de cordões = A = 1.4 = 19 cordões  2 cabos de 10 cordões de 0.6"
cordão

P0’ = 10  2  1.4  10-4  1860  103  0.75 = 3906 kN

ALÍNEA H)

psd = 1.35  (15.25 + 14.75) + 1.5  20 = 70.5 kN/m

Qsd = 100  1.5 = 150 kN

150

70.5
A C
20.00 5.00
R1 R2

 MC = 0  - R1  20 + 70.5  25  7.5 – 150  5 = 0  R1 = 623.4 kN

 MB = 2731.5 kNm

 Secção B

1. Cálculo da armadura de flexão pelo método do diagrama rectangular

Hipótese: LN no banzo da secção

1.50
0.85f cd
Fc
LN 0.8x

Msd
Fp

Fs

fp0,1k 1670
Fp = Ap  = 28  10-4   103 = 4066.1 kN
1.15 1.15
37
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO – Ano lectivo 2013/2014 Estruturas de Betão II

Fs = As  fyd = As  348  103

Fc = 1.5  0.8x  0.85  20  103 = 20400x

(i) Equilíbrio de momentos ( MAs = Msd)

Fc  (0.85 - 0.4x) - Fp  0.10 = Msd  20400x  (0.85 - 0.4x) = 2731.5 + 4066.1  0.10 
x = 0.20 m

Fc = 20400  0.20 = 4080 kN

(ii) Equilíbrio de forças ( F = 0)

Fc – Fp – Fs = 0  4080 – 4066.1 – As  348  103 = 0  As = 0.4 cm2

(iii) Verificação da hipótese de cedência das armaduras

c
LN 0.20

p p0
s

Hipótese: c = 3.5‰

 Determinação da extensão ao nível das armaduras ordinárias

s 3.5‰
=  s = 11.4‰
0.85 - 0.20 0.20

 Determinação da extensão ao nível das armaduras de pré-esforço

p 3.5‰
=  p = 9.6‰
0.75 - 0.20 0.20

P 3050
p0 = A E = = 5.6‰
p p 2810-4
 195106

fpyd 1670 / 1.15


p = p0 + p = 15.2‰ > pyd = E = = 7.4‰
p 195103

2. Cálculo da armadura pelas tabelas de flexão simples (método aproximado)

Hipótese: deq  dp = 0.75 m

Msd 2731.5
 = b d2 f = = 0.162   = 0.181 ; As,tot = 117.3 cm2
cd 1.5  0.752  20  103

1670
As = As,tot – Asp, eq = 117.3 - 28  400 = 0.4 cm2

38
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO – Ano lectivo 2013/2014 Estruturas de Betão II

0.75  20  1.4  1670 + 0.4  0.85  400


deq  = 0.75 m
20  1.4  1670 + 0.4  400

ALÍNEA I)

150

70.5

20.00 5.00
623.4 1289.1

DEV 623.4
502.5
[kN]
(+) 150
(+)

(-)

786.6
DEVp
[kN] 286.4
(+)
( -) (-)

164.8 76.5 76.5

DEV total 458.6 502.5


[kN] 355.5
(+) 73.5
(+)

(-)

786.6

Notas:

- O diagrama de esforço transverso devido ao pré-esforço foi obtido considerando


P = 2866.8 kN;

- Para a verificação da segurança ao esforço transverso utiliza-se DEVtotal

 Apoio A

 = 25  z cotg  = 0.9  0.85  cotg 25 = 1.64m

Vsd (z cotg ) = 458.6 – 49.9  1.64 = 376.8 kN

Considerando dois cabos de 10 cordões cujas bainhas têm 80 mm de diâmetro cada,

balma 0.30
bainha  8 = 8 = 0.038 m  bw =0.30 - 0.08 / 2 = 0.26 m

1. Cálculo da armadura transversal

Asw Vsd 376.8


= =  104 = 6.6 cm2/m
s z  cotg  fyd 1.64  348  103

39
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO – Ano lectivo 2013/2014 Estruturas de Betão II

2. Verificação da tensão de compressão nas bielas inclinadas

Vsd 376.8
c = = = 4946 kN/m2  4.9 MPa
z  bw  sen  cos  0.90.850.26sen 25cos 25

0.6 1 - 250  fcd = 0.6 1 - 250   20  103 = 10560 kN/m2 = 10.6MPa


fck 30
   

3. Cálculo da armadura longitudinal no apoio de extremidade

Vsd  cotg 1 458.6  cotg 37


As fyd = V cotg 1  As = =  104 = 17.6 cm2
fyd 348  103

b z
+ cotg 
2 2 b
cotg 1 = z = 0.5 z + 0.5 cotg 

b = 0.4  cotg 1 = 0.5 x 0.4/(0.9x0.85) + 0.5 x 2 =1.333 (1 = 37º)

40
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO – Ano lectivo 2013/2014 Estruturas de Betão II

1.10. PERDAS DE PRÉ-ESFORÇO

1.10.1.Perdas por Atrito

d

P q* ds P+dP

d/2 (Fa = N)


q* ds = P d
q* ds = P d
ds

Por equilíbrio de forças horizontais,

dP
P - P - dP –  P d = 0  dP = –  P d  = –  d 
P


P0 1  P0
dP = 
 -  d  Log P0 - Log P0' = -     Log P ' = –  
P0' P 0 0

P0
 = e-  P0 = P0’  e-
P0'

Para uma secção genérica à distância x da extremidade de tensionamento,

P0 (x) = P0’ e-(+kx)

onde,

 representa o coeficiente de atrito (usualmente toma valores entre 0.18 e 0.20);

 representa a soma dos ângulos de desvio;

k representa o desvio angular parasita (valor máximo 0.01 m-1; geralmente 0.004 a
0.005m-1), que tem em consideração eventuais desvios no posicionamento dos
cabos de pré-esforço.

Esta expressão também pode aparecer com a forma,

P0 (x) = P0’ e-( + k’x) (neste caso k’ = k e representa o coeficiente de atrito em recta)

41
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO – Ano lectivo 2013/2014 Estruturas de Betão II

1.10.2.Perdas por reentrada das cunhas (ou dos cabos)

P0'
P
P0(x)

L x

L – comprimento de reentrada das cunhas ( 6mm)

 – comprimento até onde se faz sentir as perdas por reentrada das cunhas

Admitindo que o diagrama de perdas por atrito é aproximadamente linear (cabo com
curvatura aproximadamente constante),

    1
L = 
  dx =  P dx  Adiagrama = L  Ep  Ap
Ep  Ap 0
dx =
0 0 Ep

P 
 = L  Ep  Ap
2
(1)

P
Como 2 = p    P = 2 p 
(2)

onde p representa a perda de pré-esforço por atrito, por metro (declive do diagrama)

Substituindo (2) em (1) obtém-se,

2 p   L  Ep  Ap
2 = L  Ep  Ap   = p

1.10.2.1. Casos particulares

(i) Cabo sem perdas por atrito, (em pré-esforço exterior, p.ex.)

L  Ep  Ap P  L = L  Ep  Ap 
P0'
P
L  Ep  Ap
 P = L

L x
L – comprimento do cabo

42
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO – Ano lectivo 2013/2014 Estruturas de Betão II

(ii) Se  > L (verifica-se em cabos muito curtos, sendo nesse caso a perda de pré-esforço
mais condicionante)

 L  Ep  A p PL–pLL=LEpAp 
P0'
pL
P L
 P = L  Ep Ap + pL

L – comprimento do cabo
L x

1.10.3.Perdas por deformação instantânea do betão

A perda de força de pré-esforço média por deformação instantânea (ou elástica) do


betão, em cada cabo, pode ser calculada através da seguinte expressão:

Pel = Ap  Ep    j E(t)(t) 
cm
c

onde,

Ecm(t) representa o módulo de elasticidade do betão à data da aplicação do pré-


esforço;

j = (n-1) / 2n , onde n representa o nº de cabos de pré-esforço idênticos,


tensionados sucessivamente, existentes na mesma secção transversal;

c(t) representa a variação de tensão no betão, ao nível do centro de gravidade


dos cabos de pré-esforço, devida ao efeito do pré-esforço (após perdas por atrito e
reentrada das cunhas) e de outras acções permanentes actuantes.

1.10.4.Cálculo do alongamento teórico dos cabos de pré-esforço


L
L = 
L P 1
Ap Ep dz = Ap Ep 
L
  dz =
0 0 0 P dz

Papós atrito
[kN]

P 0' P0' + Papós atrito (L)


L  2 Ap Ep L
Papós at. (L)

L x [m]

Este valor permite um controlo eficaz, em obra, da tensão instalada nos cabos.

43
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO – Ano lectivo 2013/2014 Estruturas de Betão II

RESOLUÇÃO DO EXERCÍCIO PE1 (CONT.)

ALÍNEA J)

1. Cálculo das perdas por atrito

P0 (x) = P0’ e- ( + kx) (Adopta-se  = 0.20 e k = 0.004/m)

1 2 3 4 5 6
Parábola 1 Parábola 2 Parábola 3 Par. 4 Recta

e1 = 0.15 e2 = 0.38 e3 = -0.02 e4 = -0.22 e5 = -0.21 e6 = -0.10

8.00 8.00 4.00 1.00 4.00

Cálculo dos ângulos de desvio

(i) Parábola 1

y’(8) = 2  3.59375  10-3  8 = 0.0575

(ii) Parábola 2

y’(8) = 6.25  10-3  2  8 = 0.1

(iii) Parábola 3

y’(4) = 2  0.0125  4 = 0.1

(iv) Parábola 4

y’(1) = 2  0.01333 = 0.02666

x  Papós atrito


Secção % perdas
(m) (rad) (kN)
1 0 0 3906.0 0
2 8 0.0575 3836.7 1.8
3 16 0.1575 3736.7 4.3
4 20 0.2575 3651.0 6.5
5 21 0.2842 3628.7 7.1
6 25 0.2842 3617.1 7.4

44
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO – Ano lectivo 2013/2014 Estruturas de Betão II

2. Cálculo das perdas por reentrada das cunhas

(i) Determinação do comprimento de reentrada das cunhas ()

1ª Iteração

4000

3800

3600

3400

3200

3000
0 5 10 15 20 25

Força de pré-esforço ao longo do cabo, após perdas por atrito

3906 - 3836.7
x = 8.0m  p = 8 = 8.66 kN/m

L  Ep  Ap 0.006  195  106  20  1.4  10-4


= p = 8.66 = 19.4 m

2ª Iteração

4000

3800

3600

3400

3200

3000
0 5 10 15 20 25

3906 - 3651
x = 20.0m  p = 20 = 12.75 kN/m (admitindo que a perda por atrito é

aproximadamente linear)

0.006  195  106  20  1.4  10-4


= 12.75 = 16.03 m

(ii) Determinação das perdas por reentrada das cunhas

P = 2p = 2  12.75  16.03 = 408.8 kN

408.8 16.03
408.8
x = 8.03  x = 204.8 kN
204.8
0.8 408.8 16.03
0 8 16 16.03 x = 0.03  x = 0.8 kN

45
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO – Ano lectivo 2013/2014 Estruturas de Betão II

x Papós atrito Preentrada Papós reentrada


Secção % perdas
(m) (kN) (kN) (kN)
1 0 3906.0 408.8 3497.2 10.5
2 8 3836.7 204.8 3631.9 7.0
3 16 3736.7 0.8 3735.9 4.4
4 20 3651.0 0 3651.0 6.5
5 21 3628.7 0 3628.7 7.1
6 25 3617.1 0 3617.1 7.4

3. Cálculo das perdas por deformação instantânea do betão

Admitindo que o pré-esforço é aplicado aos 28 dias,

Ecm(t = 28) = 33 GPa ; Ep = 195 GPa

Pel = Ap  Ep    j E(t)(t)  = A  E  n2n- 1  E (t)(t)


cm
c
p p
cm
c

 Secção 2

15.25

M pp Mpp = 656 kNm


8.00
Mpe = P  e = 3631.9  0.38 = 1380.1 kNm
143.0
M pp v M pe v
P/A
I I
(-) (+)

+ (-) +

(+) (-)

Mpp  v P Mpe  v 656  0.38 3631.9 1380.1  0.38


c = - - = - - = - 11.2 MPa
I A I 0.0524 0.61 0.0524

2-1 11.2
Pel = 20  1.410-4  195106   =46.3 kN
22 33103

P0 (secção 2) = 3631.9 – 46.3 = 3585.6 kN  % perdas  8.2%

4. Cálculo do alongamento teórico dos cabos

1 1 3906 + 3617.1
L = A E 
L
 P dx  6   25 = 0.172m
p p 0 28  10  195  10
-4
2

46
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO – Ano lectivo 2013/2014 Estruturas de Betão II

1.10.5.Perdas por retracção do betão

P
 = Ep  cs  A = Ep  cs  P = – Ep  Ap  cs
p

cs – extensão de retracção do betão ( 3.0  10-4)

1.10.6.Perdas por fluência do betão

c  c
c =
Ecm

P Ep  c c Ap  Ep  c  c
 = Ep  c  A = E  P = – Ecm
p cm

c – tensão ao nível do cabo de pré-esforço, devido às cargas permanentes e ao efeito


do pré-esforço (considerando a força de pré-esforço após perdas imediatas).

1.10.7.Perdas por relaxação da armadura

Em armaduras de alta resistência, as perdas a longo prazo devidas à relaxação são da


ordem de:

 Aços de relaxação normal P < 15%

 Aços de baixa relaxação P < 6%

 Aços de muito baixa relaxação P = 2 a 4%

Segundo o EC2 e para efeitos da caracterização da relaxação, as armaduras de alta


resistência agrupam-se em três classes:

 Classe 1: aço em fio ou cordão, com relaxação normal (1000 = 8%)

 Classe 2: aço em fio ou cordão, com baixa relaxação (1000 = 2.5%)

 Classe 3: aço em barra (1000 = 4%)

O parâmetro 1000 representa a perda por relaxação às 1000 horas, de um provete


tensionado a 70% da rotura e mantido a uma temperatura constante de 20C.

A perda de tensão por relaxação pode ser calculada através das seguintes expressões,
consoante a classe da armadura:
0.75 (1-)
Classe 1: pr = 0.8  5.39 1000 e6.7 1000
t
(i) pi  10-5
 
0.75 (1-)
Classe 2: pr = 0.8  0.66 1000 e9.1 
t 
(ii) pi  10-5
1000
0.75 (1-)
(iii) Classe 3: pr = 0.8  1.98 1000 e 8  t  pi  10-5
1000
47
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO – Ano lectivo 2013/2014 Estruturas de Betão II

onde,

pi representa a tensão instalada nas armaduras de pré-esforço após perdas


imediatas;

t representa o tempo, em horas, para o qual se pretende calcular as perdas de pré-


esforço por relaxação (poderá considerar-se t = 500000 horas  57 anos);

 = pi / fpk

48
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO – Ano lectivo 2013/2014 Estruturas de Betão II

RESOLUÇÃO DO EXERCÍCIO PE1 (CONT.)

ALÍNEA L)

1. Perdas por retracção do betão

Considerando cs = - 3.0  10-4,

P = Ep  Ap  cs = 195  106  28  10-4  3.0  10-4 = 163.8 kN

2. Perdas por fluência do betão

 Secção 2

Considerando c = 2.5

Ap  Ep  c  c 28  10-4  195  106  6.4  103  2.5


P = = = 264.7 kN
Ecm 33  106

Cálculo de c

15.25+14.75=30

Mcp Mcp = 1290 kNm


8.00
281.3 Mpe = 3585.6  0.38 = 1362.5 kNm

Mcp  v P Mpe  v 1290 0.38 3585.6 1362.5  0.38


c = I - A - I = 0.0524 - 0.61 - 0.0524 = - 6.40 MPa

3. Perdas por relaxação das armaduras

 Secção 2

Para aço em fio ou cordão com baixa relaxação, 1000 = 2.5%.


0.75 (1-)
pr = 0.8  0.66 1000 e9.1 1000
t
pi  10-5 =
 
0.75 (1-0.69)
= 0.8  0.66  2.5  e9.1  0.69   1000 
500000
 1280.6  10-5 = 38.2MPa
 

3585.6
pi = = 1280.6MPa
28  10-4
pi 1280.6
 = f = 1860 = 0.69
pk

 Ppr = 38.2  103  28  10-4 = 107.0 kN

Pp,r+s+c = 163.8 + 264.7 + 107.0 = 535.5 kN  Psecção 2 = 3585.6 - 535.5 = 3050 kN

% perdas diferidas  14.9%

49
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO – Ano lectivo 2013/2014 Estruturas de Betão II

1.11. VERIFICAÇÃO DA SEGURANÇA NAS ZONAS DAS ANCORAGENS

Nas zonas de vizinhança da actuação de cargas concentradas não são válidas as


hipóteses da resistência de materiais para peças lineares: a força concentrada é
transmitida ao betão sob a forma de tensões elevadas distribuídas na superfície da placa
de distribuição da carga, existindo uma zona de regularização entre a secção de
aplicação da carga e aquela em que as tensões se distribuem linearmente. Nesta zona,
devido à trajectória das tensões principais de compressão, surgem forças de tracção nas
direcções transversais.

Trajectórias das tensões


Tracção
Compressão

Deste modo, a verificação da segurança nas zonas das ancoragens consiste em limitar
as tensões de compressão localizadas no betão e dimensionar armaduras para absorção
das forças de tracção que surgem devido à acção da carga concentrada.

1.11.1.Verificação da segurança ao esmagamento do betão

Imediatamente sob a zona de aplicação da carga concentrada surgem tensões de


compressão na direcção transversal. Este facto permite aumentar o valor das tensões
admissíveis a considerar na verificação da pressão local no betão, desde que o mesmo
esteja correctamente confinado.

De acordo com o EC2 (parágrafo 6.7), o valor resistente da força concentrada, aplicada
com uma distribuição uniforme numa determinada área Ac0, pode ser determinado
através da expressão:

Ac1
FRdu = Ac0  fcd Ac0  3.0 fcd  Ac0

50
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO – Ano lectivo 2013/2014 Estruturas de Betão II

onde,

Ac0 representa a área sobre a qual se exerce directamente a força (área da placa de
ancoragem);

Ac1 representa a maior área homotética a Ac0, contida no contorno da peça, com o
mesmo centro de gravidade de Ac0 e cuja dimensão dos lados não pode exceder em
três vezes a dimensão dos lados correspondentes de Ac0. No caso da existência de
várias forças concentradas, as áreas correspondentes às várias forças não se
devem sobrepor.

Dado que, em geral, a aplicação do pré-esforço é efectuada antes do betão atingir a


idade de 28 dias, o valor de fcd deve ser substituído por fck,j / c, representando fck,j o valor
característico da tensão de rotura à compressão aos j dias.

1.11.2.Determinação das Armaduras de Reforço na Zona das Ancoragens

De acordo com o parágrafo 8.10.3 do EC2, a avaliação das forças de tracção que surgem
devido à aplicação de forças concentradas deve ser efectuada recorrendo a modelos de
escoras e tirantes.

A armadura necessária deverá ser dimensionada considerando uma tensão máxima de


300 MPa. Esta medida destina-se a garantir o controlo da fendilhação, e tem em conta a
dificuldade de garantir uma boa amarração.

1.11.2.1. Modelos de escoras e tirantes

Os modelos de escoras e tirantes (“strut-and-tie models”) identificam os campos de


tensões principais que equilibram as acções exteriores, correspondendo as escoras aos
campos de tensões de compressão e os tirantes aos de tracção.

51
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO – Ano lectivo 2013/2014 Estruturas de Betão II

Estes modelos aplicam-se na análise e dimensionamento de zonas de descontinuidade,


como é o caso das zonas de ancoragem de cabos pós-tensionados (zonas de aplicação
de cargas localizadas).

Para a sua elaboração torna-se necessário conhecer o comportamento elástico da zona


estrutural em análise, por forma a escolher o sistema que corresponde à menor energia
de deformação, ou seja, o sistema onde existem mais escoras que tirantes, sendo assim
necessária menor quantidade de armadura. Há também que entrar em linha de conta
com o facto de que, por as armaduras resistirem aos esforços de tracção e,
consequentemente a sua orientação corresponder à dos tirantes, esta deverá ser a mais
conveniente do ponto de vista construtivo.

Trajectórias
Trajectórias das das tensões
tensões Modelo
Modelo
Tracção Tirantes
Tracção
Compressão Tirantes
Escoras

Compressão Escoras
1.11.2.2. Caso de uma só ancoragem

Através do modelo de escoras e tirantes que se apresenta em seguida, é possível obter o


valor da força de tracção.

P/2
P/2
a1
a0
P/2 P/2

De acordo com o Eurocódigo 2, a força de tracção para a qual as armaduras devem ser
dimensionadas, é dada pela expressão:

Ft1sd = 0.25 Fsd 1 - a  (com Fsd = 1.35 P0’)


a0
 1 

onde,

a1 = 2b, sendo b a dimensão, segundo a direcção considerada, da menor distância


entre o eixo da ancoragem e a face exterior do betão;

a0 representa a dimensão segundo a direcção considerada, da placa da ancoragem.


52
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO – Ano lectivo 2013/2014 Estruturas de Betão II

1.11.2.3. Disposição das armaduras

As armaduras devem, em cada direcção, ficar contidas num prisma de aresta a 1 e ser
repartidas em profundidade entre as cotas 0.1a1 e a1, tendo em consideração que a
resultante se situa à cota 0.4a1 e devem ser convenientemente amarradas de forma a
garantir o seu funcionamento eficiente ao longo do comprimento a1.

F a1
b a0

0.1a1
a1

A cada nível, as armaduras devem distribuir-se numa largura igual à dimensão


correspondente da maior área delimitada por um contorno fictício contido no contorno da
peça, com o mesmo centro de gravidade da placa da ancoragem, na direcção normal à
direcção considerada.

No caso da ancoragem se encontrar fora do núcleo central da secção (ancoragem


excêntrica), além das armaduras já indicadas, deve dispor-se uma armadura junto à
superfície do elemento, destinada a absorver na direcção em causa uma força de
tracção, como em baixo se ilustra

Ft = Fc2

Fc2
a
e Fc1 = P

O valor da força de tracção pode ser obtido através da expressão:

Ft0sd = Fsd  a - 6  (com Fsd = 1.35 P0’)


e 1
 

1.11.2.4. Caso de várias ancoragens

1.11.2.4.1. Ancoragens muito próximas

Um grupo de ancoragens muito próximas pode ser tratado considerando uma só


ancoragem equivalente, sendo válidos os princípios indicados no ponto anterior. Deve no

53
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO – Ano lectivo 2013/2014 Estruturas de Betão II

entanto verificar-se a segurança para a actuação de cada força, isoladamente. As áreas


de influência a considerar são as seguintes:

área de influência para


uma ancoragem individual

área de influência do
grupo de ancoragens

1.11.2.4.2. Ancoragens muito afastadas

No caso de duas forças concentradas afastadas entre si de uma distância superior à


distância entre os centros de gravidade das zonas correspondentes do diagrama de
tensões normais, surgem forças de tracção junto à face de aplicação das cargas, como
se indica:

P
P

54
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO – Ano lectivo 2013/2014 Estruturas de Betão II

Deste modo, além das armaduras necessárias para cada ancoragem individual, deve
dispor-se uma armadura junto à face do elemento, na direcção em causa, destinada a
absorver uma força de tracção igual a 0.2P.

É de notar que desde que existam vários cabos, estes não são pré-esforçados
simultaneamente, variando os esforços locais ao longo das operações de pré-esforço. O
plano de tensionamento deve ser escolhido por forma a evitar esforços momentâneos
exagerados, devendo a armadura ser dimensionada tendo em conta que podem existir
estados provisórios mais desfavoráveis do que o que surge no sistema final.

1.11.2.5. Aspectos particulares em estruturas pré-esforçadas

1.11.2.5.1. Ancoragens interiores

No caso de uma ancoragem interior, além das tensões transversais atrás mencionadas,
surgem tracções longitudinais atrás da ancoragem como resultado da deformação local
do betão. A resultante das tensões de tracção depende da relação entre a dimensão da
zona carregada e a largura da difusão dos efeitos localizados.

Considerando uma análise elástica que assuma igual rigidez do betão atrás e à frente da
ancoragem, a força de tracção deveria ser, pelo menos, igual a P/2. Contudo, a
experiência mostra que a força de tracção longitudinal pode ser considerada igual a P/4
pois, devido à fendilhação, a rigidez do betão atrás da ancoragem diminui, diminuindo
também a tensão instalada.

Devem pois dispor-se armaduras longitudinais centradas na placa da ancoragem com um


comprimento aproximadamente igual ao dobro da altura da secção.

55
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO – Ano lectivo 2013/2014 Estruturas de Betão II

CORTE LONGITUDINAL CORTE TRANSVERSAL

1.11.2.5.2. Forças de desvio

Sempre que um cabo de pré-esforço muda de direcção, são introduzidas forças radiais
no betão quando o cabo é tensionado. Estas forças radiais actuam no plano de curvatura
e têm uma intensidade igual ao quociente entre a força de pré-esforço e o raio de
curvatura.

Embora estas forças sejam na generalidade das situações muito úteis, podem no entanto
causar diversos problemas, nomeadamente a rotura local do betão.

Nos casos em que os cabos estejam junto à face das peças e a sua curvatura provoque
forças de desvio dirigidas para o exterior é necessário dimensionar armadura transversal
para a absorção destas forças, devendo ser disposta em toda a zona em que actuem,
como se indica na planta abaixo.

armadura para resistir


à força de desvio

armadura para resistir


à força de desvio

eixo do cabo

56
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO – Ano lectivo 2013/2014 Estruturas de Betão II

1.11.2.6. Disposições Construtivas

Nas zonas de aplicação de cargas localizadas deve adoptar-se uma disposição de


armaduras em várias camadas, constituídas por varões de pequeno diâmetro. Estas
armaduras devem ser bem amarradas fora da zona dos prismas em que se faz a
dispersão dos efeitos localizados.

A solução geralmente adoptada consiste em utilizar estribos fechados de dois ou mais


ramos, como se exemplifica a seguir.

PORMENOR TRANSVERSAL

PORMENOR LONGITUDINAL

No caso em que a carga actue fora do núcleo central, as armaduras dimensionadas para
este efeito devem ser dispostas junto à face do betão ao longo de toda a sua dimensão e
convenientemente amarradas.

57
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO – Ano lectivo 2013/2014 Estruturas de Betão II

RESOLUÇÃO DO EXERCÍCIO PE1 (CONTINUAÇÃO)

ALÍNEA M)

 Extremidade do lado esquerdo

0.37

0.30

0.38
0.23

0.30

Força de puxe: P0’ = 10  1.410-4  1860103  0.75 = 1953 kN

1. Verificação da pressão local do betão

(i) Determinação da resistência do betão necessária à data da aplicação do pré-esforço


(considerando a geometria inicial da viga)

FRdu = 1.35 P0’ = 1.35  1953 = 2636.6 kN

Ac1 FRdu 2636.6


FRdu = Ac0  fcd Ac0  fcd = Ac0  Ac1 / Ac0 = 0.252  0.32 / 0.252 = 35155 kPa

fck = 35155  1.5 = 52.7 MPa

(ii) Determinação da resistência do betão necessária à data da aplicação do pré-esforço


(considerando um espessamento da alma da viga junto às extremidades)

0.33

0.38

0.38
0.19

FRdu 2636.6
fcd = = = 27754 kPa
Ac0  Ac1 / Ac0 0.252  0.382 / 0.252

fck = 27754  1.5 = 41.6 MPa

58
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO – Ano lectivo 2013/2014 Estruturas de Betão II

2. Cálculo das armaduras de reforço na zona das ancoragens

(i) Direcção horizontal

Ft1sd = 0.25 Fsd 1 - a  = 0.25  2636.6  1- 0.4  = 247.2 kN  As = 30 = 8.24 cm2
a0 0.25 247.2
 1   

(i) Direcção horizontal

Tensionamento do primeiro cabo (cabo superior)

Ft1sd = 0.25  2636.6  1-


0.25  409.4
= 409.4 kN  As = 30 = 13.65 cm2
 2  0.33 

Ambos os cabos tensionados

Ft1sd = 0.25  2636.6  1- 0.38  = 225.5 kN  As = 30 = 7.52 cm2


0.25 225.5
 

59
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO – Ano lectivo 2013/2014 Estruturas de Betão II

1.12. PRÉ-ESFORÇO EM VIGAS COM SECÇÃO VARIÁVEL

1.12.1.Consideração do efeito do pré-esforço

Considere-se a viga pré-esforçada representada na figura seguinte, bem como os


diagramas de momentos flectores e esforço transverso devido ao pré-esforço (diagramas
de momentos flectores e esforço transverso isostáticos).


e1 e2

DMF pe P e2
(-) P e1

DEV pe P tg
(+)

(-)

P tg

O facto da altura da secção transversal ser variável, originando diferentes excentricidades


dos cabos de pré-esforço ao longo do seu desenvolvimento, mesmo para um traçado dos
cabos recto, faz com que o diagrama de momentos isostáticos não seja constante.

Apresentam-se em seguida dois modos de considerar o efeito do pré-esforço entrando


em linha de conta com a variação da secção transversal.

1) Modelação da viga através da linha do centro de gravidade das secções transversais e


consideração das cargas equivalentes de extremidade referentes ao traçado dos cabos

P P

P e1 P e1

2) Modelação da viga sem considerar a variação da linha do centro de gravidade e


introdução de cargas equivalentes que traduzem a posição relativa entre o traçado dos
cabos e a linha do centro de gravidade.

2P tg
P tg P tg
P P

P e1 P e1

Outros exemplos:

1) Linha do centro de gravidade com variação parabólica

60
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO – Ano lectivo 2013/2014 Estruturas de Betão II

e1 e2

P
P
P e1
P e2 ou

P tg q=P/R
P P

P e2 P e1

2)

xG2 xG1

xG2 - xG1

P(xG2 - xG1) P(xG2 - xG1)

61
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO – Ano lectivo 2013/2014 Estruturas de Betão II

1.13. EFEITO DO PRÉ-ESFORÇO EM ESTRUTURAS HIPERESTÁTICAS

Os esforços hiperestáticos em elementos pré-esforçados surgem devido ao facto da


estrutura estar impedida de se deformar livremente.

Exemplos

1) Considere-se a seguinte viga pré-esforçada.

Caso não existisse o apoio central (sistema base), a deformada da viga seria a abaixo
ilustrada.

Devido ao facto do deslocamento vertical a meio da viga estar restringido surgem


reacções verticais (reacções hiperestáticas), correspondendo a do apoio central à força
que seria necessário aplicar nesse ponto para que o deslocamento fosse nulo.

Apresentam-se em seguida o diagrama de esforço transverso e momentos flectores


hiperstáticos, bem como o diagrama de momentos flectores isostáticos.
DEVhip
DEV hip
(+)
(+)
(-)(-)

DMFhip
DMF hip
(+)
(+)

DMFisost
DMF isost

(-)
(-)

PPe
e
2) Para um traçado dos cabos de pré-esforço parabólico, o raciocínio é semelhante.

62
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO – Ano lectivo 2013/2014 Estruturas de Betão II

Deformada no sistema base

Deformada real

Reacções hiperestáticas

Diagramas de esforços hiperestáticos

DEV hip
(+)
(-)

DMF hip
(+)

Diagramas de esforços isostáticos

DEV isost Ptg


(+) (+)
(-) (-)

DMF isost
Pe
(-) (-)
(+)

Os esforços hiperestáticos deverão ser considerados não só no cálculo de tensões


normais devidas ao pré-esforço, mas também para a verificação da segurança aos
estados limites últimos de flexão e esforço transverso.

63
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO – Ano lectivo 2013/2014 Estruturas de Betão II

EXERCÍCIO PE2

Considere a viga pré-esforçada representada na figura, bem como o diagrama de


momentos flectores devido à acção do pré-esforço.

14.00 14.00
5.00 7.00 2.00 2.00 7.00 5.00

g, q

1.00
e = 0.188 m e = 0.352 m e = 0.10 m
0.20

0.482 0.60

0.40

Acções: g = 40 kN/m Materiais: Betão C30/37

q = 12 kN/m (1 = 0.4; 2 = 0.2) Aço A400NR

(g = 1.35; q = 1.5) A1670/1860


2 4
Características geométricas da secção transversal da viga: A = 0.44 m ; I = 0.02 m .

0.293P
0.1P (-) (-)

(+)
5.00
0.354P

a) Calcule e represente as cargas equivalentes ao efeito do pré-esforço para o traçado de


cabos indicado (constituído por troços parabólicos), considerando uma força de
pré-esforço genérica P.

b) Estime o valor da força de pré-esforço útil necessária para garantir a descompressão


da viga, para a combinação quase-permanente de acções. Indique o número de cabos e
cordões que adoptaria, justificando todos os pressupostos.

c) Calcule as perdas por atrito ao longo da viga considerando que o tensionamento é


efectuado em ambas as extremidades (adopte  =0.20 e k = 0.004 m-1).

d) Verifique a segurança ao estado limite último de flexão da viga.

64
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO – Ano lectivo 2013/2014 Estruturas de Betão II

RESOLUÇÃO DO EXERCÍCIO PE2

ALÍNEA A)

Parábola 1 Parábola 2 Parábola 3

e = 0.10 m e = 0.352 m e = 0.188 m

5.00 7.00 2.00

1. Cálculo das cargas equivalentes uniformemente distribuídas

8 f P
q= L2

Parábola f (m) L (m) q (kN/m)


1 0.252 10.0 0.0202
2 0.420 14.0 0.0171
3 0.120 4.0 0.060

Determinação da coordenada do ponto de inflexão entre as parábolas 2 e 3

0.352 + 0.188 x
=  x = 0.42 m
7+2 7

2. Cálculo das cargas equivalentes nas extremidades do cabo

2f 2  0.252
P tg  = L P = 5 P = 0.1008 P

P  e = P  0.10

0.060 P
0.1008 P 0.0202 P
0.0171 P
P

0.10 P 5.00 7.00 2.00

ALÍNEA B)

1. Determinação dos esforços para a combinação de acções quase-permanente

(i) Diagramas de esforços para uma carga p

65
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO – Ano lectivo 2013/2014 Estruturas de Betão II

14.00 14.00

24.5 p

(-)
A
(+) B (+)

13.75 p
5.00

(ii) Momentos flectores para a combinação de acções quase-permanente

pcqp = cp + 2 sc = 40 + 0.2  12 = 42.4 kN/m

Mcqp,A = 13.75  42.4 = 583.0 kNm ; Mcqp,B = 24.5  42.4 = 1038.8 kNm

2. Verificação da descompressão

(i) Características geométricas da secção transversal

1.00
2 2
A = 0.44 m ; I = 0.020 m
0.318
I 0.020 3
0.80 winf = v = 0.482 = 0.0415 m
inf
0.482
I 0.020 3
wsup = v = 0.318 = 0.063 m
sup

0.40

(ii) Secção A

Mpe MA
P/ A  
(+) (-)

MA (-) + +
P (-) (+)

P Mpe MA P 0.293 P 583


inf = - A - w + w < 0  - 0.44 - 0.0415 + 0.0415 < 0  P > 1505.2 kN
inf inf

66
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO – Ano lectivo 2013/2014 Estruturas de Betão II

(iii) Secção B

Mpe MB
P/ A  
P (-) (+)

MB (-) + +

(+) (-)

P Mpe MB P 0.354 P 1038.8


sup = - A - w + w < 0  - 0.44 - 0.063 + 0.063 < 0  P > 2089.4 kN

 P > 2089.4 kN

3. Cabos e cordões a adoptar

Considerando 10% de perdas imediatas e 15% de perdas diferidas,

P 2089.4
P0' = - = = 2731.2 kN
0.90  0.85 0.90  0.85

P0' 2731.2
Ap = - 0.75 f =  104 = 19.58 cm2
pk 0.75  1860103

Ap 19.58
nº de cordões = = = 14 cordões
A1 cordão 1.4

 Adoptam-se 2 cabos com 7 cordões de 0.6”

ALÍNEA C)

1. Cálculo das perdas por atrito

P0 (x) = P0’ e- ( + kx) (Adopta-se  = 0.20 e k = 0.004)

4
1 2 3 5 6 7
Parábola 1 Parábola 2 Par. 3 Par. 3 Parábola 2 Parábola 1

e = 0.10 m e = 0.352 m e = 0.188 m


5.00 7.00 2.00 2.00 7.00 5.00

Cálculo da força de tensionamento

P0’ = 14  1.410-4  0.75  1860103 = 2734.2 kN

Cálculo dos ângulos de desvio

67
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO – Ano lectivo 2013/2014 Estruturas de Betão II

(i) Parábola 1

2f 2  0.252
1  tan 1 = L = 5 = 0.101

(ii) Parábola 2

2f 2  0.42
2 = L = 7 = 0.120

x  Papós atrito


Secção
(m) (rad) (kN)
1 0 0 2734.2
2 5.0 0.101 2668.8
3 12.0 0.221 2591.0
4 14.0 0.341 2525.5
5 12.0 0.221 2591.0
6 5.0 0.101 2668.8
7 0 0 2734.2

ALÍNEA D)

1. Determinação dos esforços de dimensionamento

psd = 1.35  40 + 1.5  12 = 72 kN/m

Msd = 13.75  72 = 990.0 kNm

2. Determinação do momento hiperestático devido ao pré-esforço

(i) Diagrama de momentos isostáticos (Misost = P  e)

0.352P
0.1P (-) (-)
(+)
5.00 0.188P

(ii) Diagrama de momentos hiperestáticos (Mhip = Mpe – Misost )

5.00

(+)
0.059P
0.166P

68
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO – Ano lectivo 2013/2014 Estruturas de Betão II

3. Cálculo das armaduras de flexão

M’sd = Msd + Mhip = 990.0 + 0.059  2089.4 = 1113.3 kNm

b
0.85f cd
Fc
x LN 0.8x

M'sd
Fp
Ap
As
Fs

fp0,1k 1670
Fp = Ap  1.15 = 19.610-4  1.15  103 = 2846.3 kN

Fs = As  fyd = As  348  103

Fc = 1.0  0.8x  0.85  20  103 = 13600x

(i) Equilíbrio de momentos ( MAs = Msd)

Fc  (0.75 - 0.4x) - Fp  0.08 = Msd  13600x  (0.75 - 0.4x) = 1113.3 + 2846.3  0.08 
x = 0.142 m

Fc = 13600  0.142 = 1931.2 kN < Fp

 não é necessária armadura ordinária para verificar o estado limite último de flexão.

4. Cálculo da armadura mínima de flexão

fctm 2.6
As,min = 0.26 f bt d = 0.26  400  0.40  0.75  104 = 5.07 cm2
yk

69
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO – Ano lectivo 2013/2014 Estruturas de Betão II

2. Introdução ao Dimensionamento de Lajes de Betão Armado

As lajes são elementos estruturais que constituem os pisos e coberturas dos edifícios e
as plataformas de outro tipo de construções cuja função é formar superfícies planas
horizontais ou inclinadas possibilitando a circulação e a colocação de equipamentos.

As lajes são normalmente solicitadas por cargas perpendiculares ao seu plano médio.
Tratando-se de elementos em que as dimensões em planta são muito superiores à
espessura apresentam um comportamento bidimensional.

2.1. CLASSIFICAÇÃO DE LAJES

Uma classificação de lajes não é, em si, necessária e, em situações concretas, é, por


vezes, difícil classificar uma dada solução. No entanto, em termos de ensino e de
compreensão inicial das características do seu comportamento é muito útil. É assim que
se apresenta, seguidamente, as denominações usuais para as lajes consoante o tipo de
apoio, constituição, modo de flexão dominante e forma de fabrico.

2.1.1. Tipo de Apoio

 Lajes vigadas (apoiadas em vigas)

 Lajes fungiformes (apoiadas directamente em pilares)

 Lajes em meio elástico (apoiadas numa superfície deformável –


ensoleiramentos, por exemplo)

Nas figuras seguintes apresentam-se soluções tipo de lajes vigada e fungiforme (esta
com capiteis).

70
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO – Ano lectivo 2013/2014 Estruturas de Betão II

Refira-se também que há muitas situações práticas em que as lajes nalgumas zonas se
apoiam em vigas e, noutras, directamente em pilares.

2.1.2. Constituição

 Monolíticas (só em betão armado)

 Maciças (com espessura constante ou de variação contínua)

 Aligeiradas

 Nervuradas

 Mistas (constituídas por betão armado, em conjunto com outro material)

 Vigotas pré-esforçadas

 Perfis metálicos

2.1.3. Modo de flexão dominante

 Lajes “armadas numa direcção” (comportamento predominantemente


unidireccional)

 Lajes “armadas em duas direcções” (comportamento bidireccional)

Saliente-se, como se verá adiante, que as lajes têm sempre armaduras nas duas
direcções. Esta denominação usual tem a ver, como referido, com a forma principal de
comportamento.

2.1.4. Modo de fabrico

 Betonadas “in situ”

 Pré-fabricadas

 Totalmente (exemplo: lajes alveoladas)

 Parcialmente (exemplo: pré-lajes)

71
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO – Ano lectivo 2013/2014 Estruturas de Betão II

2.2. PRÉ-DIMENSIONAMENTO

A espessura das lajes é condicionada por:

 Resistência – flexão e esforço transverso

 Características de utilização – Deformabilidade, isolamento sonoro, vibrações,


protecção contra incêndio, etc.

A espessura das lajes varia em função do vão. No que se refere a lajes maciças, em
geral, a sua espessura varia entre 0.12 m e 0.30 m. O valor inferior é, em geral
desaconselhável, até porque com as exigências actuais de recobrimento a sua eficiência
à flexão é muito reduzida, como se compreende. Por outro lado, para espessuras acima
dos 0.30 m, o recurso a soluções aligeiradas é quase obrigatório, no sentido de aliviar o
peso da solução. Excluem-se as zonas de capiteis onde o efeito do peso dessas zonas
na flexão é reduzido.

2.3. VERIFICAÇÃO DA SEGURANÇA

2.3.1. Estados Limites Últimos

2.3.1.1. Flexão

O funcionamento das lajes relativamente à flexão é idêntico ao das vigas. A diferença


reside no facto das vigas, sendo elementos lineares, apresentarem um comportamento
unidirecional, enquanto as lajes, sendo elementos bidimensionais, apresentam um
comportamento bidirecional.

Viga Laje

Numa laje, as armaduras de flexão são calculadas por metro de largura, ou seja,
considerando uma secção com 1 m de base, e altura igual à da laje.

72
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO – Ano lectivo 2013/2014 Estruturas de Betão II

Nas lajes a ordem de grandeza dos momentos é, claramente, inferior ao das vigas, pois
como se compreende os esforços podem se distribuir por larguras maiores. O momento
flector reduzido () nas secções mais esforçadas estará, em geral, contido no intervalo
0.10 < 0.20. Nalguns casos poderá ser mesmo inferior a 0.10, sem inconveniente.
Relativamente ao valor superior não deverá ser ultrapassado, excluindo-se, nalgumas
situações, a zona de momentos negativos sobre os apoios directos em pilares (solução
fungiforme). Verifica-se, assim, que a ductilidade das lajes é uma característica intrínseca
da solução o que, como sabemos, representa uma mais valia importante do
comportamento, com vantagens conhecidas na verificação da segurança à rotura.

2.3.1.2. Esforço Transverso

Em lajes, a transmissão de cargas para os apoios faz-se por efeito de arco e de consola,
conforme ilustrado nas figuras seguintes.

(i) Efeito de arco e consola


P

Efeito de arco

1

VD1
2
T T+ T

VD2
T

Efeito de consola

73
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO – Ano lectivo 2013/2014 Estruturas de Betão II

A participação relativa dos dois mecanismos na resistência ao esforço transverso


depende da esbelteza da laje. Para esbeltezas baixas, ou para cargas mais importantes
próximas do apoio, o efeito de arco é mobilizável, mas para as situações correntes de
esbeltezas mais elevadas e cargas distribuídas a participação do efeito de arco tende a
ser pequena como se compreende pela figura acima indicada.

A avaliação do comportamento das lajes através de ensaios experimentais indica que,


para atender aos efeitos da alguma sobreposição destes mecanismos resistentes, é
indicado que se adoptem na pormenorização das armaduras estas duas recomendações:

 Através de uma translação do diagrama de momentos flectores de aL = d;

 “Atirantando o arco”, prolongando até aos apoios, pelo menos, ½ da armadura


a meio vão.

Estas indicações são tidas em conta nas disposições de dispensa de armaduras.

(ii) Verificação ao Estado Limite Último de Esforço Transverso

De acordo com o EC2, para elementos que não necessitam de armadura de esforço
transverso, adopta-se uma verificação com base numa expressão, validada
experimentalmente, mas que não é deduzível directamente de um mecanismo resistente,
como no caso das vigas, tal que:

Vsd  VRd,c = [CRd,c  k  (100 L fck)1/3 + k1 cp] bw  d  (0.035 k3/2 fck1/2 + k1 cp) bw  d

onde,

0.18
CRd,c =
c

200
k=1+ d ≤ 2 , com d em mm

AsL
1 =  0.02 (AsL representa a área de armadura de tracção, prolongando-se
bw  d
não menos do que d + lb,d para além da secção considerada)

k1 = 0.15

Nsd
cp = A em MPa (Nsd representa o esforço normal devido a cargas aplicadas ou
c

ao pré-esforço, e deve ser considerado positivo quando for de compressão)

74
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO – Ano lectivo 2013/2014 Estruturas de Betão II

2.3.2. Estados Limites de Utilização

2.3.2.1. Fendilhação

A verificação ao estado limite de fendilhação pode ser efectuada de forma directa ou


indirecta tal como no caso das vigas.

A verificação directa consiste no cálculo da abertura característica de fendas e


comparação com os valores admissíveis.

Esta matéria foi abordada na disciplina de Estruturas de Betão I para o caso das vigas.
Os procedimentos de cálculo para as lajes são idênticos, sendo, desde já, de referir que a
fendilhação, por flexão, das lajes é pouco condicionante devido à pequena altura da zona
traccionada.

O controlo indirecto da fendilhação, de acordo com o EC2, consiste, como discutido na


disciplina de Estruturas de Betão I, em :

 Adopção de armadura mínima

 Imposição de limites ao diâmetro máximo dos varões e/ou afastamento máximo


dos mesmos (Quadros 7.2 e 7.3).

Quadro 7.2N – Diâmetros máximos dos varões *s para controlo da fendilhação1
2
Tensão no aço Diâmetros máximos dos varões [mm]
[MPa] wk= 0,4 mm wk= 0,3 mm wk= 0,2 mm
160 40 32 25
200 32 25 16
240 20 16 12
280 16 12 8
320 12 10 6
360 10 8 5
400 8 6 4
450 6 5 -
NOTAS: 1. Os valores indicados no quadro baseiam-se nas seguintes hipóteses:
c = 25 mm; fct,eff = 2,9 MPa; hcr = 0,5 h; (h-d) = 0,1h; k1 = 0,8; k2 = 0,5; kc = 0,4; k = 1,0;
kt = 0,4
2. Para as combinações de acções apropriadas

75
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO – Ano lectivo 2013/2014 Estruturas de Betão II

1
Quadro 7.3N – Espaçamento máximo dos varões para controlo da fendilhação
2
Tensão no aço Espaçamento máximo dos varões [mm]
[MPa] wk=0,4 mm wk=0,3 mm wk=0,2 mm
160 300 300 200
200 300 250 150
240 250 200 100
280 200 150 50
320 150 100 -
360 100 50 -

Para as Notas, ver o Quadro 7.2N.

O diâmetro máximo dos varões deverá ser modificado como se indica a seguir:

Flexão (com pelo menos parte da secção em compressão):

 k c hcr
 s s (fct,eff /2,9) (7.6N)
2(h-d)

Tracção (tracção simples):


 s =  s (fct,eff/2,9)hcr/(8(h-d)) (7.7N)

em que:

s diâmetro modificado máximo dos varões;


 s diâmetro máximo dos varões indicado no Quadro 7.2N;

h altura total da secção;

hcr altura da zona traccionada imediatamente antes da fendilhação, considerando os valores


característicos do pré-esforço e os esforços normais para a combinação quase-permanente de
acções;

d altura útil ao centro de gravidade da camada exterior das armaduras;

Quando toda a secção está sob tracção, h - d é a distância mínima do centro de gravidade das armaduras à
face do betão (no caso em que a disposição das armaduras não é simétrica, considerar-se as duas faces).

2.3.3. Deformação

A norma ISO 4356 apresenta, de uma forma exaustiva, valores limites para diferentes
tipos de utilização dos pisos. Para os casos correntes de edifícios de escritórios,
comerciais ou de habitação, o EC2 seguindo as recomendações da norma acima
referida, define os seguintes objectivos máximos de deformação, em função do vão:

L
250 para a deformação total devida combinação de acções quase-permanentes
76
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO – Ano lectivo 2013/2014 Estruturas de Betão II

L
500 para o incremento de deformação após construídas as paredes de alvenaria das
divisórias. Este limite será mais ou menos importante face à sensibilidade da solução
construtiva.

Refira-se que estes valores de deformação se referem ao diferencial entre os pontos e


apoio e o ponto de flecha máxima, segundo um dado alinhamento. É importante salientar
que, se para as esbeltezas correntes nas vigas (valores da ordem de l/h = 8 a 14) a
deformabilidade é reduzida e, garante-se em geral, com folga, estes limites, para o caso
das lajes, com esbeltezas num leque alargado entre 20 a 40, a limitação ou contolo do
nível de deformação pode ser crítica no dimensionamento.

Tal como acontece para o caso da fendilhação, a verificação ao estado limite de


deformação pode ser efectuada de forma directa ou indirecta.

A forma directa consiste no cálculo da flecha a longo prazo (pelo Método dos
Coeficientes Globais, por exemplo) e comparação com os valores admissíveis.

Conforme preconizado no EC2, o cálculo das flechas poderá ser omitido, desde que se
respeitem os limites da relação vão / altura útil estabelecidos no Quadro 7.4N. Na
interpretação deste quadro, deve ter-se em atenção que:

 Em geral, os valores indicados são conservativos, podendo os cálculos revelar


frequentemente que é possível utilizar elementos menos espessos;

 Os elementos em que o betão é fracamente solicitado são aqueles em que


  0.5%, podendo na maioria dos casos admitir-se que as lajes são fracamente
solicitadas (o betão é fortemente solicitado se   1.5% e estas percentagens de
armadura não são das lajes).

 Para lajes vigadas armadas em duas direcções, a verificação deverá ser


efectuada em relação ao menor vão. Para lajes fungiformes deverá considerar-
se o maior vão. Estas indicações serão melhor compreendidas com a melhor
apreensão dos diferentes tipos de comportamento das lajes.

77
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO – Ano lectivo 2013/2014 Estruturas de Betão II

Quadro 7.4N – Valores básicos da relação vão/altura útil (l/d) para elementos de betão
armado sem esforço normal de compressão

Betão fortemente solicitado Betão levemente solicitado

Sistema estrutural K   = 0,5 %

Viga simplesmente apoiada, laje


simplesmente apoiada armada numa ou 1,0 14 20
em duas direcções

Vão extremo de uma viga contínua ou de


1,3 18 26
uma laje contínua armada numa direcção
ou de uma laje armada em duas
direcções contínua ao longo do lado
maior

Vão interior de uma viga ou de uma laje


1,5 20 30
armada numa ou em duas direcções

Laje sem vigas apoiada sobre pilares


(laje fungiforme) (em relação ao maior 1,2 17 24
vão)

Consola 0,4 6 8

NOTA 1: Em geral, os valores indicados são conservativos, e o cálculo poderá frequentemente revelar que é
possível utilizar elementos mais esbeltos.

NOTA 2: Para lajes armadas em duas direcções, a verificação deverá ser efectuada em relação ao menor
vão. Para lajes fungiformes deverá considerar-se o maior vão.

NOTA 3: Os limites indicados para lajes fungiformes correspondem, para a flecha a meio vão, a uma
limitação menos exigente do que a de vão/250. A experiência demonstrou que estes limites são satisfatórios.

2.4. DISPOSIÇÕES CONSTRUTIVAS GERAIS

2.4.1. Recobrimento das armaduras

Em lajes, por se tratar de elementos laminares (de pequena espessura), podem adoptar-
se recobrimentos inferiores, em 5 mm, aos geralmente adoptados no caso das vigas, ou
seja, 0.02 m a 0.04 m (caso de lajes em ambientes muito agressivos).

É necessário ter em atenção que o recobrimento adoptado não deve ser inferior ao
diâmetro das armaduras ordinárias (ou ao diâmetro equivalente dos seus agrupamentos).

78
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO – Ano lectivo 2013/2014 Estruturas de Betão II

2.4.2. Distâncias entre armaduras

2.4.2.1. Espaçamento máximo da armadura

A imposição do espaçamento máximo da armadura tem por objectivo o controlo da


fendilhação e a garantia de uma resistência local mínima, nomeadamente se existirem
cargas concentradas aplicadas.

i) Armadura principal

s  min (1.5 h; 0.35 m)

Em geral, não é aconselhável utilizar espaçamentos superiores a 0.25 m.

ii) Armadura de distribuição

s  0.35 m

2.4.2.2. Distância livre mínima entre armaduras

A distância livre entre armaduras deve ser suficiente para permitir realizar a betonagem
em boas condições, assegurando-lhes um bom envolvimento pelo betão e as necessárias
condições de aderência.

No caso de armaduras ordinárias,

Smin = (maior, eq maior, 2 cm)

Na prática, para situações correntes, não é recomendável adoptar espaçamentos


inferiores a 10 cm de modo a criar as condições para uma adequada colocação e
compactação do betão.

2.4.3. Quantidades mínima e máxima de armadura

A quantidade mínima de armadura a adoptar numa laje na direcção principal pode ser
calculada através da expressão seguinte:

fctm
As,min = 0.26 f bt  d
yk

onde bt representa a largura média da zona traccionada.

A quantidade máxima de armadura a adoptar, fora das secções de emenda, é dada por:

As,máx = 0.04 Ac

onde Ac representa a área da secção de betão.

79
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO – Ano lectivo 2013/2014 Estruturas de Betão II

2.4.4. Posicionamento das armaduras

O posicionamento das armaduras, antes da betonagem, é assegurado pelos seguintes


elementos:

 Espaçadores – para posicionamento da armadura inferior

A distância a adoptar entre espaçadores varia em função do diâmetro da armadura


a posicionar: armadura  12 mm, s = 0.50 m

armadura > 12 mm, s = 0.70 m

 Cavaletes – para posicionamento da armadura superior da laje

O diâmetro do varão que constitui os cavaletes é função da sua altura h. Deste


modo:

 Para h < 0.15 m, cavalete = 8 mm

 Para 0.15 m < h < 0.30 m, cavalete = 10 a 12 mm

2.5. MEDIÇÕES E ORÇAMENTOS

Indicam-se as unidades de medição e o custo aproximado dos materiais e cofragens


utilizados na execução das lajes que permitem realizar uma estimativa de custo destes
elementos estruturais.

80
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO – Ano lectivo 2013/2014 Estruturas de Betão II

Unidade de medição Custo unitário


Cofragem m2 15 € /m2
Armadura kg 0.90 € /kg
3
Betão m 100 € /m3

(i) Critérios de medição: a definir no Caderno de Encargos

No que se refere à medição das armaduras, é importante estabelecer critérios para os


seguintes aspectos:

 Desperdícios (5% a 7% da quantidade total) – em geral não são


considerados na medição, mas sim no preço unitário;

 Comprimentos de emenda ou sobreposição;

 Varões com comprimento superior a 12 m.

(ii) Taxas de armadura

As quantidades de armadura em lajes dependem do tipo de apoio, da esbelteza e do


nível de carga actuante. Em geral, podem tomar-se como referência os seguintes valores
de taxas de armaduras.

Lajes vigadas – 60 a 80 Kg/m3

Lajes fungiformes – 80 a 120 Kg/m3

2.6. LAJES VIGADAS ARMADAS NUMA DIRECÇÃO

2.6.1. Definição

Considera-se que as lajes são armadas numa direcção (ou funcionam


predominantemente numa direcção) se:

 As condições de apoio o exigirem

Lmaior
 A relação entre vãos respeitar a condição Lmenor  2

81
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO – Ano lectivo 2013/2014 Estruturas de Betão II

ly lx / ly  2

lx x

2.6.2. Pré-dimensionamento

Para sobrecargas correntes em edifícios (sc  5 kN/m2), a espessura das lajes armadas
numa direcção pode ser determinada a partir da seguinte relação:

L
h
25 a 30

Esta expressão tem por base o controlo indirecto da deformação e o nível de esforços na
laje.

2.6.3. Pormenorização de armaduras

2.6.3.1. Disposição de armaduras

As armaduras principais devem ser colocadas por forma a funcionarem com o maior
braço, tal como se encontra ilustrado nas figuras seguintes.
- -
As As,dist

+ +
As As,dist

long
Determinação da altura útil: d = h - c - 2  h – (0.025 a 0.03) m

2.6.3.2. Exemplos da disposição das armaduras principais e de distribuição

Ver Folhas da Cadeira, Volume I, págs. 17, 18, 19 e 20

2.6.3.3. Armadura de bordo simplesmente apoiado

Pelo facto das vigas de bordo impedirem a livre rotação da laje quando esta se deforma,
surgem tracções na face superior, nas zonas de ligação entre os dois elementos. Em

82
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO – Ano lectivo 2013/2014 Estruturas de Betão II

geral, estas tracções não são contabilizadas no cálculo já que se despreza a rigidez de
torção das vigas no cálculo dos esforços em lajes. Caso não seja adoptada armadura
específica para este efeito podem surgir fendilhações, conforme se ilustra na figura
seguinte.

Deste modo, é necessário dispor de armadura na face superior da laje junto às vigas de
bordo, na direcção perpendicular às mesmas, cuja disposição se apresenta.

L/4
- -
As,apoio 0.2As,apoio

A quantidade de armadura a adoptar deverá respeitar a seguinte condição:


– +
As,apoio = máx {As,min, 0.25 As,vão}

2.6.3.4. Armadura de bordo livre

Num bordo livre de uma laje deve ser adoptada armadura longitudinal e transversal,
conforme ilustrado na figura seguinte.

2h

 12

Para o reforço longitudinal do bordo livre pode ser utilizada a armadura longitudinal
superior ou inferior da laje.

83
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO – Ano lectivo 2013/2014 Estruturas de Betão II

EXERCÍCIO L1

Verifique a segurança aos estados limite últimos da escada representada na figura.

0.30
A'

1.53 0.17

0.20

1.40 2.70 1.40

Corte A-A'

0.20

1.40

Considere as seguintes acções:

- peso próprio;

- revestimento: 1.50 kN/m2;

- sobrecarga de utilização: 3.00 kN/m2;

Adopte para materiais o betão C20/25 e a armadura A400NR.

Desenhe a distribuição de armaduras em corte longitudinal e transversal à escala 1:25 na


folha anexa.

84
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO – Ano lectivo 2013/2014 Estruturas de Betão II

Resolução do Exercício L1

 Laje armada numa direcção

1. Modelo de cálculo
pdegraus
sc
rev pdegraus
pplaje pp /cos 
 pp
sc
rev

1.40 2.70 1.40


1.40 2.70 1.40

1.53
 = arctg 2.7 = 29.5

2. Cálculo das Acções

2.1. Cargas permanentes

 Peso próprio

ppLaje = betão  h = 25  0.20 = 5.0 kN/m2

hdegrau 0.17
pdegraus = betão  2 = 25  2 = 2.13 kN/m2

Zona do patim: pp = 5.0 kN/m2

ppLaje 5.0
Zona dos degraus: pp = + pdegraus = + 2.13 = 7.9 kN/m2
cos  cos 29.5

 Revestimento = 1.5 kN/m2

2.2. Sobrecarga

 Sobrecarga de utilização = 3.0 kN/m2

85
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO – Ano lectivo 2013/2014 Estruturas de Betão II

3. Acções solicitantes de dimensionamento


p sd2
p sd1

1.40 2.70 1.40

psd1 = 1.5 cp + 1.5 sc = 1.5  (5.0 + 1.5 + 3.0) = 14.3 kN/m2

psd2 = 1.5 cp + 1.5 sc = 1.5  (7.9 + 1.5 + 3.0) = 18.6 kN/m2

4. Determinação dos esforços

DEV
[kN/m]
45.1
25.1
(+)

(-)
25.1 45.1

DMF
[kNm/m]

(+)
49.1 49.1
66.0

5. Cálculo das armaduras (verificação da segurança ao E.L.U. de flexão)

 Armadura principal

Msd 66.0
Msd = 66.0 kNm/m   = = = 0.172 ;  = 0.195
b d2 fcd 1.0  0.172  13.3103

fcd 13.3
As =   b d2 f = 0.195  1.0  0.17  348  104 = 12.67 cm2/m
yd

Adoptam-se 16//0.15 (13.4 cm2/m).

 Armadura de distribuição

As,d = 0.20  As,princ. = 0.20  12.67 = 2.53 cm2/m

Adoptam-se 8//0.20

 Armadura mínima

fctm 2.2
As,min = 0.26 f bt  d = 0.26 400  0.17  104 = 2.43 cm2/m
yk

 Armadura de bordo simplesmente apoiado

86
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO – Ano lectivo 2013/2014 Estruturas de Betão II

– +
As,apoio = máx {As,min, 0.25 As,vão} = 3.17 cm2/m  Adoptam-se 8//0.15
+
0.25  0.25 As,vão = 0.25  12.67 = 3.17 cm2/m

6. Verificação da segurança ao E.L.U. de esforço transverso

Vsd  VRd,c = [CRd,c  k  (100 L fck)1/3 + k1 cp] bw  d  (0.035 k3/2 fck1/2) bw  d

Como não existe esforço normal de compressão,

0.18
VRd,c = CRd,c k (100 1 fck)1/3  bw  d = 1.5  2.0  (1000.00820)1/3100017010-3 = =

102.8 kN

200 200
K=1+ d =1+ 170 = 2.08 ≥ 2.0  k = 2.0

AsL 13.410-4
1 = = = 0.008
bw  d 0.17

VRd,c ≥ 0.035  k3/2 fck1/2  bw  d = 0.035  2.03/2  201/2  1000  170  10-3 = 75.3 kN

Dado que Vsd,máx = 45 kN/m, está verificada a segurança ao E.L.U. de esforço transverso.

87
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO – Ano lectivo 2013/2014 Estruturas de Betão II

2.7. LAJES VIGADAS ARMADAS EM DUAS DIRECÇÕES

2.7.1. Métodos de Análise e Dimensionamento

A análise e dimensionamento das lajes vigadas pode ser efectuada recorrendo a modelos
elásticos ou a modelos plásticos.

2.7.1.1. Análise elástica (Teoria da Elasticidade)

A análise elástica das lajes baseia-se na teoria da elasticidade e resume-se à integração


da equação diferencial de Lagrange que relaciona o campo de deslocamentos w(x,y) com
a carga actuante q.

Este tipo de análise foi abordado na disciplina de Análise de Estruturas I. Indicam-se aqui
as principais equações da análise elástica de lajes finas.

Equação de Lagrange

 4 w(x,y)  4 w(x,y)  4 w(x,y) q


+2 + = D
 x4  x2  y2  y4

Equações de equilíbrio

 mx(q)  mxy(q)  my(q)  mxy(q)


(V e M) vx = + ; vy = +
x y y y

 vx(q)  vy(q)
(V e q) + =q
x y

 2 mx(q)  2 my(q) 2 2 mxy(q)


(M e q) + + =q
x 2
y 2
xy

Foram desenvolvidas soluções da equação de Lagrange para painéis de laje com


geometria simples que resultaram na publicação de tabelas de cálculo de lajes com
diferentes condições de apoio.

88
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO – Ano lectivo 2013/2014 Estruturas de Betão II

Uma avaliação dos esforços elásticos nas lajes pode ser efectuada recorrendo a estas
tabelas de esforços ou a métodos numéricos como, por exemplo, o método dos
elementos finitos.

Nas figuras seguintes ilustram-se o tipo de tabelas que fornecem os valores dos
momentos flectores máximos no vão e nos apoios para lajes com diferentes condições de
apoio e diferentes relações de vãos, admitindo apoios indeformáveis. Refira-se que esta
é uma hipótese razoável, no caso do apoio das lajes em vigas mas tem as suas
limitações pois as vigas são necessariamente deformáveis.

89
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO – Ano lectivo 2013/2014 Estruturas de Betão II

Ilustra-se na figura seguinte a distribuição de esforços elásticos em painéis de laje com


diferentes condições de apoio.

90
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO – Ano lectivo 2013/2014 Estruturas de Betão II

Painel apoiado no contorno

Painel interior

Painel de bordo

Painel de canto

91
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO – Ano lectivo 2013/2014 Estruturas de Betão II

Na figura seguinte ilustra-se a distribuição de esforços elásticos num painel de 4 lajes


vigadas recorrendo a um programa de análise estrutural baseado no método dos
elementos finitos, considerando a deformabilidade das vigas, indicando-se a distribuição
de momentos nas direcções x e y e dos momentos torsores.

4.00

6.00

6.00 6.00

92
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO – Ano lectivo 2013/2014 Estruturas de Betão II

No dimensionamento pode efectuar-se uma redistribuição dos esforços elásticos, não


devendo esta ultrapassar mais ou menos 25% do valor dos momentos elásticos nos
apoios de modo a assegurar que o comportamento em serviço não seja afectado. Refira-
se que o tomar uma distribuição de esforços não muito afastada da elástica não afecta as
deformações e tem uma influência limitada na abertura máxima de fendas, que como se
referiu anteriormente, não é condicionante no comportamento à flexão de lajes.

Importa salientar que na análise elástica a carga actuante é equilibrada com momentos
flectores e momentos torsores, conforme a equação de equilíbrio (M e q) atrás
apresentada.

No dimensionamento das armaduras das lajes este aspecto deve ser tido em conta, e
pode sê-lo de uma forma simplificada realizando o cálculo das armaduras para os
seguintes momentos flectores corrigidos:

m'sd, x = msd, x + |msd, xy|  0  A sx  m'sd,x = msd, x - |msd, xy|  0  A sx


+ -

 
 
m'sd, y = msd, y + |msd, xy|  0  A sy m'sd, y = msd, y - |msd, xy|  0  A sy
+ -

Verifica-se que os momentos torsores são nulos nas secções onde o momento flector é
máximo o que significa que as armaduras máximas são, em geral, calculadas apenas
para os momentos flectores, mas nas outras secções é necessário ter em conta a
presença dos momentos torsores.

Importa, ainda, referir que as tabelas de esforços elásticos fornecem soluções elásticas
considerando os apoios indeformáveis, como atrás mencionado. Todavia, estas
condições de apoio são pouco frequentes na prática e os esforços elásticos em lajes com
apoios deformáveis podem diferir significativamente dos esforços fornecidos pelas
tabelas.

No entanto, esta situação não se traduz num problema no dimensionamento das lajes
pois as soluções fornecidas satisfazem o equilíbrio e é sempre possível considerar a
redistribuição de esforços desde que a ductilidade seja assegurada, o que nas lajes é, em
geral, o caso.

93
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO – Ano lectivo 2013/2014 Estruturas de Betão II

2.7.1.2. Análise plástica (Teoria da Plasticidade)

A análise plástica pode ser aplicada quando a ductilidade do comportamento à flexão é


garantida, ou seja, quando o dimensionamento das armaduras de flexão é efectuado por
x
forma a que a posição da L.N. correspondente a este E.L.U. seja tal que:  0.25.
d

O dimensionamento, recorrendo à Teoria da Plasticidade, pode ser efectuado por dois


métodos distintos:

 Método cinemático: o valor da carga associado a um mecanismo cinematicamente


admissível é um valor superior da carga última – exemplo: método das linhas de
rotura.

A aplicação deste método deve ser realizada com cuidado pois é necessário
determinar o mecanismo de colapso que conduz à carga de rotura mínima.

 Método estático: o valor da carga que satisfaz as equações de equilíbrio, de forma a


que em nenhum ponto seja excedida a capacidade resistente, é um valor inferior da
carga última (método conservativo) – exemplo: método das bandas.

A figura seguinte ilustra a relação das soluções estática e cinematicamente admissíveis


face à carga de rotura de uma laje. Refira-se que ambas as soluções convergem para a
carga de rotura real da laje qu,r. Enquanto o método estático está do lado da segurança o
método cinemático está do lado contrário.

Campo das soluções


cinematicamente admissíveis

qu,r
Campo das soluções estaticamente
admissíveis

Campo dos momentos

O método estático apresenta grande utilidade na avaliação e no dimensionamento de


lajes de betão como se ilustra e discute no exemplo seguinte.

Considere-se a laje, sujeita a uma carga uniformemente distribuída q, indicada na figura


seguinte com armaduras nas direcções x e y a que correspondem momentos resistentes
mRx e mRy.

94
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO – Ano lectivo 2013/2014 Estruturas de Betão II

lx

ly my0
x

mx0

Assumindo que a distribuição dos momentos segundo x e y apresenta uma forma


parabólica tem-se:

mx = mx0 (1 - ax2); my = my0 (1 - by2)

nos apoios: mx = 0 ; my = 0

x =  lx/2  mx = 0  a = 4 / lx2

y =  ly/2  my = 0  b = 4 / ly2

donde

mx = mx0 (1- 4x2/lx2); my = my0 (1- 4y2/ly2)

Recorrendo à equação de equilíbrio das lajes (M e q)

2 mx(q) 2 my(q) 22 mxy(q)


+ + =q
x2
y2
x y

obtém-se

q = (8 / lx2) mx0 + (8 / ly2) my0

Considerando a condição de base do teorema estático m(q)  mR, a capacidade


resistente da laje é atingida quando mx0 = mRx e my0 = mRy pelo que a máxima capacidade
de carga da laje é

qmax = (8 / lx2) mRx + (8 / ly2) mRy

isto é, a carga máxima é obtida pelo somatório da parcela da carga equilibrada segundo x
e y pelos momentos mRx e mRy, respectivamente:

qmax = qRx + qRy

95
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO – Ano lectivo 2013/2014 Estruturas de Betão II

com: qRx = (8 / lx2) mRx; qRy = (8 / ly2) mRy

Recorrendo agora às equações de equilíbrio (V e M)

 mx(q)  mxy(q)  my(q)  mxy(q)


vx = + ; vy = +
x y y y

obtém-se o esforço transverso

vx = - 8 mRx x/lx2 ; vy = - 8 mRy x/ly2

nos apoios tem-se

x =  lx/2  vap,x =  4 mRx / lx

y =  ly/2  vap,y =  4 mRy / ly

ou

vap,x =  qRx lx/2

vap,y =  qRy ly/2

Este método pode ser aplicado quer à avaliação da capacidade de carga de lajes
existentes quer ao dimensionamento das armaduras de lajes novas. No entanto, é
necessário ter presente que a sua aplicação pressupõe que existe ductilidade suficiente
das secções e que não ocorrem problemas de deficiente comportamento em serviço
nomeadamente no que se refere à fendilhação.

2.7.2. Método das bandas

O método das bandas é uma aplicação simples do método estático ao dimensionamento


de lajes. A sua fundamentação foi apresentada atrás mas pode, também, ser explicada
da seguinte forma.

Considere-se a equação de equilíbrio das lajes (M e q):

2 mx(q) 2 my(q) 22 mxy(q)


+ + =q
x2
y2
x y

e uma distribuição de armaduras tal que em nenhum ponto a distribuição de esforços


equilibrada excede a capacidade resistente da laje, m(q)  mR,

onde, m(q) - momento da distribuição equilibrada de esforços devido à carga q;

mR - momento resistente da laje

Se não se quiser considerar os momentos torsores para equilibrar a carga actuante q (mxy
= 0), a equação de equilíbrio toma a forma

96
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO – Ano lectivo 2013/2014 Estruturas de Betão II

2 mx 2 my
+ = q
x2
y2

Pode então admitir-se que a carga é suportada em bandas nas direcções x e y, ou seja,

 xm
2
=  q
x


2

01
 m2

 y =  (1  ) q
y
2

lx

(1- ) q

ly
q

q

Momentos flectores de dimensionamento a meio vão:

mx = q lx2/8; my = (1-q ly2/8

Esforço transverso nos apoios:

vx = q lx/2; vy = (1-q ly/2

Efectuando a comparação com o exemplo anteriormente apresentado tem-se a seguinte


correspondência:

q = qRx; (1-q = qRy

É de notar que, se a distribuição equilibrada de esforços adoptada no dimensionamento


diferir significativamente dos esforços em serviço (estes próximos de uma distribuição
elástica), podem acontecer situações deficientes em termos do comportamento em
serviço, da laje. De qualquer modo, a segurança em relação ao estado limite último está
assegurada.

Em geral, um bom comportamento em serviço pode ser garantido através da


conveniente:

 escolha do modelo de cálculo e dos caminhos de carga a adoptar por forma a não
se afastar significativamente do comportamento elástico da laje;
97
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO – Ano lectivo 2013/2014 Estruturas de Betão II

 escolha dos coeficientes de repartição de carga () de acordo com o mesmo


critério;

 pormenorização adequada de armaduras.

Indicações qualitativas quanto à escolha dos coeficientes de repartição ()

 Para Lmaior/Lmenor  2 e visto tratar-se de flexão cilíndrica,  = 1;

 Para iguais condições de fronteira nas duas direcções, o valor de  a considerar


para a menor direcção (Lx) deve variar entre 0.5 e 1, para relações de vãos entre
1 e 2. Sendo os momentos mx dados por k    Lx2. Deve verificar-se que   Lx2 >
(1 - )  Ly2;

 As direcções com condições de fronteira mais rígidas absorvem mais carga  


maior.

Nas figuras seguintes apresentam-se exemplos de aplicação do método das bandas ao


dimensionamento de lajes

Aplicação do método das bandas a uma laje rectangular com lx > 2 ly

98
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO – Ano lectivo 2013/2014 Estruturas de Betão II

Aplicação do método das bandas a uma laje com bordo livre

Como se percebe a aplicação do método estático ao dimensionamento das lajes dá


grande liberdade ao engenheiro na forma como define o encaminhamento das cargas e
como dispõe as armaduras. É, todavia, necessário assegurar a ductilidade necessária a
estes elementos. Um aspecto que importa analisar é relativo a situações em que possam
ocorrer roturas prematuras por esforço transverso sem que se atinja primeiro a
capacidade resistente à flexão. Trata-se de situações raras relativas a lajes sujeitas a
cargas muito elevadas mas que importa ter em atenção.

Como as lajes não são, em geral, armadas transversalmente para o esforço transverso,
as roturas associadas a este tipo de esforço são frágeis. Se para uma determinada
situação se atinge primeiro a capacidade resistente ao esforço transverso a possibilidade
de redistribuição de esforços é praticamente nula e a aplicação do teorema estático deixa
de ser válida.

Considerando as formulações para determinar a resistência ao esforço transverso e a


resistência à flexão é possível para diferentes casos de lajes avaliar as situações em que
é previsível ocorrer primeiro a rotura por esforço transverso.

99
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO – Ano lectivo 2013/2014 Estruturas de Betão II

Nas figuras seguintes ilustram-se estas situações para lajes com percentagens de
armadura entre 0.5% e 1.2% para um betão corrente C30/37 e aço A500 considerando os
três sistemas estáticos básicos.

Nos gráficos apresenta-se a relação MV/MF em função do relação l/d, em que:

MV – momento correspondente à rotura por esforço transverso;

MF – momento correspondente à rotura por flexão;

l – vão da laje;

d – altura útil.

Como de pode verificar se a relação l/d é baixa ocorre primeiro a rotura por esforço
transverso (razão MV/MF inferior a um). Verifica-se que à medida que aumenta a
quantidade de armadura maior será o valor de l/d abaixo do qual ocorrem roturas por
esforço transverso.

Interessa, assim, na concepção destes elementos evitar, na medida do possível, as


relações l/d que configurem roturas prematuras por esforço transverso. Caso não seja
viável esta opção então será prudente proceder-se ao dimensionamento com base nos
esforços elásticos.

Importa, no entanto, ter presente que no caso de se recorrer a tabelas de esforços


elásticos para o dimensionamento das lajes, a situação acima indicada também se coloca
pois, como referido anteriormente, a este tipo de dimensionamento está também
associada a redistribuição de esforços.

100
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO – Ano lectivo 2013/2014 Estruturas de Betão II

Relação MV/MF em função de l/d para diferentes níveis de armadura

2.8. PRÉ-DIMENSIONAMENTO

Para sobrecargas correntes em edifícios (sc  5 kN/m2), a espessura das lajes armadas
em duas direcções pode ser determinada a partir da seguinte relação:

L
h  25 a 35

Esta expressão tem por base o controlo indirecto da deformação e o nível de esforços na
laje.

Indicações mais detalhadas em relação ao valor de L/h podem ser vistas no Quadro 7.4N
do EC2.

101
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO – Ano lectivo 2013/2014 Estruturas de Betão II

2.9. PORMENORIZAÇÃO DE ARMADURAS

2.9.1. Disposição de armaduras

Armadura colocada segundo a direcção do maior momento

2.9.2. Exemplos da disposição das armaduras principais e de distribuição

Ver Folhas da Cadeira, Volume I – Capítulo II, páginas 37 a 43.

2.10. DISTRIBUIÇÃO DOS ESFORÇOS EM LAJES

Ver Folhas da Cadeira, Volume I – Capítulo II, página 35.

102
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO – Ano lectivo 2013/2014 Estruturas de Betão II

EXERCÍCIO L2

O painel de lajes vigadas, representado na figura, apresenta uma espessura igual a


0.15 m e encontra-se submetido às seguintes acções:

- peso próprio;

- revestimento: 1.5 kN/m2;

- sobrecarga de utilização: 4.0 kN/m2;

5.00

5.00

6.00 6.00

Dimensione e pormenorize as armaduras das lajes do piso recorrendo ao método das


bandas.

Adopte para materiais betão C25/30 e aço A400NR.

103
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO – Ano lectivo 2013/2014 Estruturas de Betão II

RESOLUÇÃO DO EXERCÍCIO L2

1. Cálculo das acções

 Peso próprio pp = betão  h = 25  0.15 = 3.8 kN/m2

 Revestimentos rev = 1.5 kN/m2

 Sobrecarga sc = 4.0 kN/m2

psd = 1.5 cp + 1.5 sc = 1.5  (3.8 + 1.5 + 4.0) = 13.9 kN/m2

2. Modelo de cálculo

Lmaior 6

Lmenor 5 = 1.2  2  Laje armada nas duas direcções
=

0.7q
(0.3  6 = 10.8  0.7  5 = 17.5)
2 2

5.00 0.3q

6.00

3. Cálculo dos esforços

(i) Direcção x

0.3 x 13.9 = 4.2 kN/m 2

6.00

3pL/8 5pL/8

DEV 9.5
[kN/m]
(+)

(-)

15.8
DMF 18.9
[kNm/m] (-)

(+)

10.6

104
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO – Ano lectivo 2013/2014 Estruturas de Betão II

(ii) Direcção y

0.7 x 13.9 = 9.7 kN/m2

5.00

3pL/8 5pL/8

DEV 18.2
[kN/m]
(+)

(-)

30.3
DMF 30.3
[kNm/m] (-)

(+)

17.1

4. Cálculo das armaduras

 Armaduras principais (d = 0.12 m)

Msd As
Direcção   2
Armadura adoptada
[kNm/m] [cm /m]
-18.9 0.079 0.083 4.81
x
10.6 0.044 0.046 2.65
-30.3 0.126 0.138 7.96
y
17.1 0.071 0.075 4.33

 Armadura mínima

fctm 2.6
As,min = 0.26 f bt  d = 0.26 400  0.12  104 = 2.03 cm2/m
yk

Esta armadura deve ser colocada em todas as zonas (e direcções) onde a laje possa
estar traccionada.

 Armaduras de distribuição

Armadura inferior: não é necessária

Armadura superior: As,d- = 0.20  7.96 = 1.59 cm2/m (direcção y)

As,d- = 0.20  4.81 = 0.9 cm2/m (direcção x)

105
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO – Ano lectivo 2013/2014 Estruturas de Betão II

 Armadura de bordo simplesmente apoiado


– +
As,apoio = máx {As,min, 0.25 As,vão} = 2.03 cm2/m

(i) Direcção x
+
0.25 As,vão = 0.25  2.65 = 0.66 cm2/m

(ii) Direcção y
+
0.25 As,vão = 0.25  4.33 = 1.08 cm2/m

5. Verificação da segurança ao E.L.U. de esforço transverso

0.18
VRd,c = CRd,c k (100 1 fck)1/3  bw  d =  2.0  (1000.00725)1/3100012010-3 = =
1.5
74.8 kN

200 200
K=1+ d =1+ 120 = 2.29 ≥ 2.0  k = 2.0

AsL 7.9610-4
1 = = = 0.007
bw  d 0.17

VRd,c ≥ 0.035  k3/2 fck1/2  bw  d = 0.035  2.03/2  251/2  1000  120  10-3 = 59.4 kN

Dado que Vsd,máx = 30.3 kN/m, está verificada a segurança ao E.L.U. de esforço
transverso.

106
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO – Ano lectivo 2013/2014 Estruturas de Betão II

2.11. ARMADURAS DE CANTO

Considere-se um painel de laje apoiado no contorno. Se não estiver impedido o


levantamento da laje, e o referido painel for solicitado por uma carga no seu interior,
conforme indicado, os cantos terão tendência a levantar.

R0 R0

R0 R0

Como, nas situações usuais, o deslocamento dos cantos está impedido (por vigas ou
paredes), surgem forças de reacção (R0), associadas a momentos torsores nas direcções
dos bordos.

A acção deste esforço produz uma superfície torsa “tipo sela de cavalo”, com curvatura
nas duas direcções, de sinais contrários.

Na figura seguinte apresenta-se a deformação de um canto de uma laje apoiada no


contorno (com deslocamentos verticais impedidos em dois dos bordos e rotação livre). A
acção da reacção de canto produz uma curvatura negativa segundo a direcção AA’,
enquanto o carregamento distribuído vertical provoca uma curvatura positiva segundo a
direcção BB’.

A B'

A'

107
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO – Ano lectivo 2013/2014 Estruturas de Betão II

Este efeito é equivalente à aplicação de momentos flectores segundo as direcções


principais de inércia do elemento (as quais fazem um ângulo de 45 com a direcção do
momento torsor), um positivo e outro negativo, de igual valor.
M xy'
M ij
M xy'
My Mx

 My Mx
M ii
M xy' M xy'

x Mx My y M xy'

M xy'
x, y - direcções principais |Mxy'| = |Mx| = |My|

Este comportamento provoca fendilhação nas faces superior e inferior das lajes, junto aos
cantos, conforme se ilustra na figura seguinte.

M-

M+

a) Face inferior da laje b) Face superior da laje

Para absorver as tracções e controlar a fendilhação, é necessário adoptar armadura


específica para este efeito, junto às duas faces da laje (armadura de canto), segundo a
direcção das tensões de tracção ou, simplesmente, uma malha ortogonal.

Importa referir que no caso do dimensionamento das lajes com base em métodos
plásticos, como o método das bandas, os momentos flectores atrás referidos não são
necessários ao equilíbrio das cargas pelo que podem ser desprezados na verificação da
segurança aos estados limites últimos. Todavia, é conveniente dispor-se de uma
armadura nestas zonas para efeito do controlo da fendilhação em serviço.

2.12. SISTEMAS DE PAINÉIS CONTÍNUOS DE LAJES – COMPATIBILIZAÇÃO DE ESFORÇOS NOS


APOIOS DE CONTINUIDADE

Considerem-se dois painéis de laje adjacentes com vãos diferentes, LA e LB, na direcção
x.

108
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO – Ano lectivo 2013/2014 Estruturas de Betão II

LA LB

A B

MAB

Se o método utilizado para a análise de sistemas de lajes contínuas consistir na análise


isolada de cada painel, obtêm-se momentos diferentes MA e MB, no bordo de
continuidade, conforme ilustrado na figura abaixo.

A B

MA MB

DMF MA
MB

Dado que a rigidez de torção da viga não é significativa, o momento MAB terá que ser o
mesmo, à esquerda e à direita. O momento MAB será intermédio entre MA e MB e
dependente da rigidez dos painéis adjacentes:

MAB = B MA + A MB

com,

KA 1/LA KB 1/LB
A =  e B = 
KA + KB 1/LA + 1/LB KB + KA 1/LB + 1/LA

Simplificadamente, poderá considerar-se

 MA + MB
MAB = máx 2

0.8 máx (MA, MB)

109
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO – Ano lectivo 2013/2014 Estruturas de Betão II

Refere-se que não é necessária grande precisão no cálculo do momento MAB pois é
sempre possível explorar a redistribuição de esforços nas lajes. No entanto, a satisfação
do equilíbrio é essencial.

Obtém-se então o seguinte diagrama de momentos flectores final

DMF MA M
M AB
MB

M/2

É de referir que no tramo onde se diminui o momento negativo é necessário, por


equilíbrio, aumentar o momento positivo.

2.13. ALTERNÂNCIA DE SOBRECARGAS

Conforme se referiu anteriormente, para o cálculo dos esforços em sistemas contínuos de


lajes, pode proceder-se à análise isolada de cada painel. Todavia, é necessário
considerar no dimensionamento a possibilidade da sobrecarga poder actuar em zonas
distintas da laje dado que estes casos conduzem a distribuições de esforços diferentes
dos actuantes na situação em que todos os painéis são solicitados pela sobrecarga.

Trata-se de um problema semelhante ao que ocorre nas vigas e que foi abordado na
disciplina de Estruturas de Betão I.

Nos casos correntes não é necessário proceder-se à determinação da envolvente de


esforços associada às várias hipóteses de actuação da sobrecarga e dimensionar a laje
para os esforços máximos dessa envolvente. Refere-se que este tipo de
dimensionamento não é económico pois não tira partido da capacidade de redistribuição
de esforços das lajes, a qual está normalmente assegurada.

Em geral, é suficiente ter-se em atenção os efeitos que a alternância de sobrecargas tem


no andamento dos diagramas de esforços os quais se vão repercutir essencialmente em
alguns cuidados adicionais na definição da secção de dispensa das armaduras.

Recorrendo a uma análise plástica facilmente se percebe que o momento global máximo
a equilibrar em cada painel de laje é igual qualquer que seja o carregamento dos painéis
adjacentes. As únicas questões que se podem colocar, e que devem ser analisadas caso
a caso, são relativas ao comportamento em serviço e à definição das secções de
dispensa de armaduras anteriormente referidas.

Quanto maior for a amplitude de variação do diagrama de momentos actuante maior será
o cuidado a ter na análise dos aspectos acima definidos. Essa amplitude de variação é
110
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO – Ano lectivo 2013/2014 Estruturas de Betão II

traduzida pelo valor da relação entre a sobrecarga e a carga permanente. Quanto maior
for este valor maior será a variação do diagrama de momentos e, por conseguinte,
maiores serão os cuidados necessários na pormenorização das armaduras.

Importa, no entanto, referir que para os casos correntes de edifícios de habitação e de


serviços em que as sobrecargas actuantes são moderadas, os efeitos da alternância de
sobrecargas no dimensionamento não são relevantes.

Para ilustrar estes aspectos considere-se o exemplo de uma laje constituída por dois
painéis armados em uma direcção. Analisa-se uma faixa de laje com 1m de largura.

e = 0.20
m

1.
0

5.0 5.0

Acções: pp = 5 kN/m2; rcp = 2 kN/m2; sc = 5 kN/m2

Os possíveis casos de carga actuantes na laje são os seguintes:

sc
1 cp

2 sc
cp

sc
3 cp

111
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO – Ano lectivo 2013/2014 Estruturas de Betão II

Representam-se os diagramas de momentos relativos aos vários casos de carga

Diagrama envolvente dos momentos

Explorando a redistribuição de esforços é possível evitar o dimensionamento para o


diagrama envolvente. É suficiente realizar o dimensionamento para um diagrama de
momentos equilibrado considerando a totalidade das cargas actuando nos dois tramos e
ter em atenção a definição das secções de dispensa de armaduras conforme se explica a
seguir.

Considerando para efeito do dimensionamento um diagrama de momentos intermédio


adoptando, por exemplo, o momento no apoio igual a pl2/10 tem-se:

Este diagrama corresponde a uma redistribuição de momentos do apoio para o vão de


20%, valor que é aceitável.

112
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO – Ano lectivo 2013/2014 Estruturas de Betão II

Haverá que ter em atenção a dispensa das armaduras superiores de modo a contemplar
os casos de carga 2 e 3. O diagrama envolvente contemplando os vários casos de carga
é o seguinte

Por exemplo, para o caso de carga 2 ter-se-ia:

Verifica-se que o problema da dispensa das armaduras superiores surge no vão


adjacente ao da actuação da sobrecarga. Esta situação de carga leva a que, em geral, a
dispensa de armaduras não possa ser realizada a ¼ do vão, como nos casos correntes, e
a armadura tenha de ser prolongada mais um pouco.

No entanto, caso se adopte uma malha de armadura mínima superior, como é


conveniente, poderá em geral realizar-se a dispensa de armadura também a ¼ de vão.
No exemplo em causa o momento resistente conferido pela armadura mínima é cerca de
19 kNm/m o que permite efectivamente fazer a dispensa das armaduras superiores a ¼
de vão.

113
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO – Ano lectivo 2013/2014 Estruturas de Betão II

EXERCÍCIO L3

O painel de lajes vigadas, representado na figura, apresenta uma espessura igual a


0.15 m e encontra-se submetido às seguintes acções:

- peso próprio;

- revestimento: 1.5 kN/m2;

- sobrecarga de utilização: 4.0 kN/m2;

4.00

6.00

6.00 6.00

Dimensione as armaduras das lajes do piso, adoptando para materiais o betão C25/30 e
a armadura A400NR, das seguintes formas:

a) recorrendo a tabelas, para o cálculo dos esforços elásticos.

b) pelo método das bandas.

c) Pormenorize de acordo com os resultados obtidos na alínea a).

114
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO – Ano lectivo 2013/2014 Estruturas de Betão II

RESOLUÇÃO DO EXERCÍCIO L3

Alínea a)

1. Cálculo das acções

 Peso próprio pp = betão  h = 25  0.15 = 3.8 kN/m2

 Revestimentos rev = 1.5 kN/m2

 Sobrecarga sc = 4.0 kN/m2

psd = 1.5 cp + 1.5 sc = 1.5  (3.8 + 1.5 + 4.0) = 13.9 kN/m2

2. Painéis a calcular

 Painel 1

6.00

Lmaior 6
Lmenor = 4 = 1.5  2

 Laje armada nas duas direcções


4.00

 Painel 2

6.00

Lmaior 6
Lmenor = 6 = 1.0  2
6.00
 Laje armada nas duas direcções

115
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO – Ano lectivo 2013/2014 Estruturas de Betão II

3. Cálculo dos esforços de dimensionamento

3.1.Esforços elásticos

 Painel 1

Mys a 6
 = b = 4 = 1.5
b = 4.0 min
Mxs Mxv

p  a2 = 13.9  62 = 500.4 kN
x
min
Myv p  b2 = 13.9  42 = 222.4 kN
a = 6.0

Mxs = 0.01  500.4 = 5.0 kNm/m

Mxvmin = -0.0358  500.4 = -17.9 kNm/m

Mys = 0.0473  222.4 = 10.5 kNm/m

Myvmin = -0.1041  222.4 = -23.2 kNm/m

 Painel 2

y
min
Myv

Mys a 6
 = b = 6 = 1.0
b = 6.0 min
Mxs Mxv

p  a2 = p  b2 = 500.4 kN

a = 6.0

Mxs = Mys = 0.0269  500.4 = 13.5 kNm/m

Mxvmin = Myvmin = -0.0699  500.4 = -35.0 kNm/m

116
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO – Ano lectivo 2013/2014 Estruturas de Betão II

3.2. Compatibilização de esforços no bordo de continuidade


- -
M y, painel 1 + M y, painel 2 35 + 23.2
2 = 2 = 29.1 kNm/m

My-  0.8 máx { M-y, painel 1 , M-y, painel 2} = 0.8  35 = 28.0 kNm/m  My- = 29.1 kNm/m

M
DMF

M/2

Painel 1 – diagrama sobe (pode optar-se por não alterar M+)

Painel 2 – diagrama desce (é necessário calcular M+)

M 35 - 29.1
2 = 2 = 3.0 kNm/m

3.3. Esforços finais

10.5

5.0 17.9

29.1

16.5
13.5 35.0

4. Cálculo das armaduras

 Painel 1

Msd As
Direcção   2
Armadura adoptada
[kNm/m] [cm /m]
-17.9 0.074 0.079 4.54
x
5.0 0.021 0.022 1.25
-29.1 0.121 0.132 7.61
y
10.5 0.044 0.046 2.63

117
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO – Ano lectivo 2013/2014 Estruturas de Betão II

 Armadura mínima

fctm 2.6
As,min = 0.26 f bt  d = 0.26 400  0.12  104 = 2.03 cm2/m
yk

 Armaduras de distribuição

Armadura inferior: não é necessária

Armadura superior: Ad,x- = 0.20  4.54 = 0.91 cm2/m

Ad,y- = 0.20  7.61 = 1.52 cm2/m

 Armadura de bordo simplesmente apoiado


– +
As,apoio = máx {As,min, 0.25 As,vão} = 2.03 cm2/m

 Armadura de canto

As,canto = As, máx+ = 2.63 cm2/m

 Painel 2

Msd As
Direcção   2
Armadura adoptada
[kNm/m] [cm /m]
-35.0 0.146 0.162 9.31
x
13.5 0.056 0.059 3.38
-29.1 0.121 0.132 7.61
y
16.5 0.069 0.072 4.17

 Armaduras de distribuição

Armadura inferior: não é necessária

Armadura superior: Ad,x- = 0.20  9.31 = 1.86 cm2/m

Ad,y- = 0.20  7.61 = 1.52 cm2/m

 Armadura de bordo simplesmente apoiado


– +
As,apoio = máx {As,min, 0.25 As,vão} = 2.03 cm2/m

(i) Direcção x
+
0.25 As,vão = 0.25  3.38 = 0.85 cm2/m

(ii) Direcção y
+
0.25 As,vão = 0.25  4.17 = 1.04 cm2/m
118
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO – Ano lectivo 2013/2014 Estruturas de Betão II

 Armadura de canto

As,canto = As, máx+ = 4.17 cm2/m

Alínea b)

1. Modelo de cálculo

 Painel 1  Painel 2

0.5q
0.8q
0.5q
0.2q

x
x

2. Cálculo dos esforços de dimensionamento

 Painel 1

(i) Direcção x

0.2 x 13.9 = 2.8 kN/m 2

6.00

3pL/8 5pL/8

DEV 6.3
[kN/m]
(+)

(-)

10.4
DMF 12.5
[kNm/m] (-)

(+)

7.0

119
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO – Ano lectivo 2013/2014 Estruturas de Betão II

(ii) Direcção y

0.8 x 13.9 = 11.1 kN/m2

4.00

5pL/8 3pL/8

DEV 27.8
[kN/m]
(+)

(-)

16.7
22.2
DMF
[kNm/m] (-)

(+)

12.5

 Painel 2

(i) Direcções x e y

0.5 x 13.9 = 7.0 kN/m 2

6.00

3pL/8 5pL/8

DEV 15.8
[kN/m]
(+)

(-)

26.3
DMF 31.5
[kNm/m] (-)

(+)

17.7

2.1. Compatibilização de esforços no bordo de continuidade

M-y, painel 1 + M-y, painel 2 31.5 + 22.2


2 = 2 = 26.8 kNm/m

My-  0.8 máx { M-y, painel 1 , M-y, painel 2} = 0.8  31.5 = 25.2 kNm/m  My- = 26.8 kNm/m

120
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO – Ano lectivo 2013/2014 Estruturas de Betão II

M
DMF

M/2

Painel 1 – diagrama sobe (pode optar-se por não alterar M+)

Painel 2 – diagrama desce (é necessário calcular M+)

M 31.5 - 26.8
2 = 2 = 2.4 kNm/m

2.2. Esforços finais

12.5
7.0 12.5
26.8

20.1
17.7 31.5

121
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO – Ano lectivo 2013/2014 Estruturas de Betão II

2.14. COMPARAÇÃO DOS ESFORÇOS DOS MODELOS ELÁSTICO E PLÁSTICO

1º Caso: LAJE QUADRADA, SIMPLESMENTE APOIADA NO CONTORNO

Modelo elástico Modelo plástico

PL
2
M+ = 0.0368pL2 ( = 0)
M+ = = 0.0625PL2
16
M+ = 0.0423pL2 ( = 0.15)

 1.7 ( = 0)
Mplástico 
Melástico = 
1.5 ( = 0.15)

2º Caso: LAJE QUADRADA, ENCASTRADA NO CONTORNO

Modelo elástico Modelo plástico

M- = 0.0515pL2 PL
2
M- = = 0.0417PL2
24
M+ = 0.0176pL2
p  L2
0.0691pL 2 M+ = = 0.0208pL2
48
(pL2/ 16) 0.0625pL2

Melástico 0.0691
Mplástico = 0.0625 = 1.11

Conclusões:

 Conforme se pode observar no 1º caso, o momento positivo obtido através do modelo


plástico é significativamente superior ao obtido pelo modelo elástico, devido ao facto de,
no primeiro, o equilíbrio da laje ser feito apenas por momentos flectores nas duas
direcções ortogonais, enquanto no segundo também existe momento torsor;

 Relativamente ao 2º caso, embora os momentos positivos sejam maiores no modelo


plástico, pela razão anteriormente referida, os momentos negativos obtidos através do
modelo elástico são maiores. Esta situação deve-se ao facto do momento elástico
negativo não ser constante ao longo do bordo da laje e as tabelas fornecerem o valor
de pico, enquanto o modelo plástico considera que este é constante ao longo do bordo.
Este facto também se pode observar através da soma dos momentos positivo e
negativo que, no modelo elástico não corresponde a pL2/ 16.

122
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO – Ano lectivo 2013/2014 Estruturas de Betão II

EXERCÍCIO L4

O painel de lajes vigadas, representado na figura, apresenta uma espessura igual a


0.20 m e encontra-se submetido às seguintes acções:

- peso próprio;

- revestimento: 1.5 kN/m2;

- sobrecarga de utilização: 4.0 kN/m2;

5.00

5.00

6.00 6.00

Dimensione e pormenorize as armaduras das lajes do piso recorrendo ao método das


bandas.

Adopte para materiais betão C25/30 e aço A400NR.

123
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO – Ano lectivo 2013/2014 Estruturas de Betão II

RESOLUÇÃO DO EXERCÍCIO L4

1. Cálculo das acções

 Peso próprio pp = betão  h = 25  0.20 = 5.0 kN/m2

 Revestimentos rev = 1.5 kN/m2

 Sobrecarga sc = 4.0 kN/m2

psd = 1.5 cp + 1.5 sc = 1.5  (5.0 + 1.5 + 4.0) = 15.8 kN/m2

2. Modelo de cálculo

p 0.7p
A
5.00 0.3p

C B

6.00

 Banda A  Banda B

0.3 p 0.7 p

5.25 5.00

 Banda C

p + R/1.5

5.00

3. Determinação dos esforços


2 + -
Banda psd [kN/m ] Msd [kNm/m] Msd [kNm/m] R [kN/m]
A 0.3  15.8 = 4.7 9.1 -16.3 9.3
B 0.7  15.8 = 11.1 19.5 -34.7 -
C 15.8 + 9.3 / 1.5 = 22.0 38.7 -68.8 -

124
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO – Ano lectivo 2013/2014 Estruturas de Betão II

4. Cálculo das armaduras (d = 0.165 m)

 
2
Banda Msd [kNm/m] As [cm /m] Armadura adoptada
9.1 0.020 0.021 1.66
A
-16.3 0.036 0.037 2.96
19.5 0.043 0.045 3.55
B
-34.7 0.076 0.081 6.41
38.7 0.085 0.091 7.18
C
-68.8 0.151 0.169 13.35

 Armadura mínima

fctm 2.6
As,min = 0.26 f bt  d = 0.26 400  0.165  104 = 2.79 cm2/m
yk

 Armaduras de distribuição

Armadura inferior: não é necessária

Armadura superior: Ad,A- = 0.20  2.96 = 0.59 cm2/m

Ad,B- = 0.20  6.41 = 1.28 cm2/m

Ad,C- = 0.20  13.35 = 2.67 cm2/m

 Armadura de bordo simplesmente apoiado


– +
As,apoio = máx {As,min, 0.25 As,vão} = 2.79 cm2/m

 Armadura de canto

As,canto = As,min = 2.79 cm2/m

125
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO – Ano lectivo 2013/2014 Estruturas de Betão II

EXERCÍCIO L5

O painel de lajes vigadas, representado na figura, apresenta uma espessura igual a


0.13 m e encontra-se submetido às seguintes acções:

- peso próprio;

- revestimento: 1.5 kN/m2;

- paredes divisórias: 1.5 kN/m2

- sobrecarga de utilização: 2.0 kN/m2;

4.00

4.00

1.50 5.00 2.00 5.00

Dimensione e pormenorize as armaduras das lajes do piso recorrendo ao método das


bandas.

Adopte para materiais betão C20/25 e aço A400NR.

126
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO – Ano lectivo 2013/2014 Estruturas de Betão II

EXERCÍCIO L6

Considere a laje representada na figura, bem como as armaduras que se encontram


indicadas e que constituem a sua armadura principal.

Planta inferior

6//0.20
6//0.20 6//0.20

4,00
10//0.125

8//0.15
0,8 0,8
7,00 4,00

Planta superior

8//0.10
4,00

1,00 1,00
7,00 4,00

Considerando que a laje tem uma espessura de 0.13 m e que é constituída por um betão
C20/25 e que as armaduras são em A400, determine a máxima sobrecarga que pode
actuar na laje, por forma a que esteja verificada a segurança ao estado limite último de
flexão.

Considere que a restante carga permanente é de 2.0 kN/m2.

127
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO – Ano lectivo 2013/2014 Estruturas de Betão II

RESOLUÇÃO DO EXERCÍCIO L6

1. Cálculo dos momentos resistentes (d = 0.10 m)

Armadura As MRd
Painel Direcção face 2  
existente [cm /m] [kNm/m]

superior 8//0.10 5.03 0.132 0.121 16.1


x
1 inferior 6//0.10 2.83 0.074 0.070 9.3
y inferior 10//0.125 6.28 0.164 0.148 19.7
superior 8//0.10 5.03 0.132 0.121 16.1
x
2 inferior 6//0.10 2.83 0.074 0.070 9.3
y inferior 8//0.15 3.35 0.087 0.082 10.9

2. Determinação da carga solicitante máxima

 Painel 1

(i) Direcção x

DMF MRd -
2
pl /8

MRd +

MRd- p1,x  L2 16.1 p1,x  72


2 + M +
Rd =
8  2 + 9.3 = 8  p1,x = 2.8 kN/m2

(ii) Direcção y

p1,y  L2 p1,y  42
MRd+ = 8  19.7 = 8  p1,y = 9.9 kN/m2

 psd,1 = p1,x + p1,y = 12.7 kN/m2

 Painel 2

(i) Direcção x

MRd- p2,x  L2 16.1 p2,x  42


2 + M +
Rd =
8  2 + 9.3 = 8  p2,x = 12.7 kN/m2

(ii) Direcção y

p1,y  L2 p2,y  42
MRd+ = 8  10.9 = 8  p2,y = 5.5 kN/m2

128
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO – Ano lectivo 2013/2014 Estruturas de Betão II

 psd,2 = p2,x + p2,y = 18.2 kN/m2

psd = min (psd,1; psd,2) = 12.7 kN/m2

3. Determinação da máxima sobrecarga que pode actuar na laje

psd = 1.5 (cp + sc) = 12.7 kN/m2

Peso próprio pp = betão  h = 25  0.13 = 3.3 kN/m2

Revestimentos rev = 2.0 kN/m2

 psd = 1.5 (3.3 + 2.0 + sc) = 12.7 kN/m2  scmáx = 3.2 kN/m2

129
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO – Ano lectivo 2013/2014 Estruturas de Betão II

2.15. ABERTURAS EM LAJES

Quando as dimensões das aberturas não excederem determinados limites, podem


adoptar-se regras simplificadas para a pormenorização das zonas próximas das
aberturas.

(i) Laje armada numa direcção

L2 Limites máximos:

L1
b< 5

L1 L2
b< 4
b
(para uma abertura isolada)

(ii) Laje armada em duas direcções

L1

Limite máximo:

b2 L2 min (L1, L2)


máx (b1, b2)  5
b1

Se estes limites não forem excedidos, o dimensionamento das lajes pode ser efectuado
admitindo que não existem aberturas. As armaduras que forem interrompidas na zona da
abertura deverão ser colocadas como se indica em seguida.

130
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO – Ano lectivo 2013/2014 Estruturas de Betão II

(i) Lajes armadas numa direcção

As As/2

 armadura principal de reforço


prolongada até aos apoios;

 reforçar armadura de distribuição


junto ao bordo.

(ii) Lajes armadas em duas direcções

Asx
Asx/2

bx
bx Asy ay = + lb,d
2
by
by
ax ax = 2 + lb,d

Asy/2

ay

Em aberturas de dimensões relativamente grandes (superiores a 0.5m), é conveniente


dispor uma armadura suplementar junto aos cantos, segundo a diagonal, para controlar
uma eventual fendilhação.

131
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO – Ano lectivo 2013/2014 Estruturas de Betão II

Quando os limites atrás referidos são excedidos, as zonas adjacentes às aberturas


poderão ser analisadas pelo método das bandas.

R R

ou

R1

R1 R2

R2

R1

R2 R2

132
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO – Ano lectivo 2013/2014 Estruturas de Betão II

2.16. DISCUSSÃO DO MODELO DE CÁLCULO DE LAJES COM GEOMETRIAS DIVERSAS

1)

8.30 2.70

4.20
2.30
2)

1.50 6.00 1.50


4.00

3)
6.00
4.00

4.00

133
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO – Ano lectivo 2013/2014 Estruturas de Betão II

4)

2.50 5.00 2.50

1.50
4.00
1.50
5)

1.85 2.30 1.85


1.50
2.30
1.50

6)

5.00 1.50
1.50
4.00

134
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO – Ano lectivo 2013/2014 Estruturas de Betão II

7)

8)

15.00
5.00

15.00

5.00

135
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO – Ano lectivo 2013/2014 Estruturas de Betão II

9)

6.00
10)

4.00 2.50
3.00

6.00

11)

136
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO – Ano lectivo 2013/2014 Estruturas de Betão II

2.17. PORMENORIZAÇÃO COM MALHAS ELECTROSSOLDADAS

2.17.1.Representação gráfica das malhas

Empalme das armaduras

ls

ls

Sobreposição tipo

2.17.2.Exemplo de aplicação de malhas electrossoldadas

Armaduras superiores

137
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO – Ano lectivo 2013/2014 Estruturas de Betão II

138
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO – Ano lectivo 2013/2014 Estruturas de Betão II

Armaduras inferiores

Colocação das malhas

139
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO – Ano lectivo 2013/2014 Estruturas de Betão II

2.18. LAJES FUNGIFORMES

Definição: Lajes apoiadas directamente em pilares

2.18.1.Vantagens da utilização de lajes fungiformes

 Menor espessura  menor altura do edifício

 Tectos planos  instalação de condutas mais fácil

 Facilidade de colocação de divisórias

 Simplicidade de execução  menor custo

2.18.2.Problemas resultantes da utilização de lajes fungiformes

(muitas vezes associadas ao facto dos apoios terem dimensões reduzidas)

 Concentração de esforços nos apoio

 Flexão

 Punçoamento

 Concentração de deformações nos apoios e deformabilidade em geral

 Maior deformabilidade para as acções horizontais

 Comportamento sísmico

A laje fungiforme é calculada quer para as acções verticais, quer para as acções
horizontais.

2.18.3.Tipos de lajes fungiformes

 Maciças

 Aligeiradas

 com moldes recuperáveis ou embebidos

 com ou sem capitel (ou espessamento)

140
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO – Ano lectivo 2013/2014 Estruturas de Betão II

2.18.4.Principais características do comportamento para acções verticais

Faixas mais rígidas

Ly

Ly Ly < Lx

Lx Lx

As cargas encaminham-se para as zonas mais rígidas

 As lajes fungiformes funcionam predominantemente na maior direcção.

2.18.5.Análise qualitativa do cálculo de esforços numa laje fungiforme

Considere-se o modelo de cálculo para a laje fungiforme que se ilustra na figura seguinte:
4 3 4

2 2

q
1 q 1 Ly

2 2

4 3 4
Lx

Secção 1-1 Secção 3-3


q (1 - q

Rx Rx Ry Ry

Secção 2-2 Secção 4-4


Ry Rx

Lx Ly

com

141
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO – Ano lectivo 2013/2014 Estruturas de Betão II

Lx Ly
Rx = q  e Ry = (1 – ) q 
2 2

No quadro seguinte apresenta-se a parcela de carga transmitida em cada direcção nas


zonas do vão, das bandas entre pilares e na totalidade da laje (soma da parcela
transmitida na zona do vão com a da zona das bandas).

Direcção x Direcção y
Vão q  Ly (1 - ) q  Lx
Bandas 2  (1 - ) q  Ly/2 2  q  Lx/2
Total q Ly q Lx

Como se pode observar, numa laje fungiforme é necessário equilibrar a totalidade da


carga em cada uma das direcções.

2.18.6.Concepção e pré-dimensionamento de lajes fungiformes

Para sobrecargas correntes em edifícios (sc  5 kN/m2), a espessura das lajes


fungiformes pode ser determinada a partir das seguintes relações:

Lmaior
 Lajes maciças: h = 25 a 30 (+ < 0.18 ; - < 0.30)

Lmaior
 Lajes aligeiradas: h = 20 a 25

Estas expressões têm por base o controlo indirecto da deformação e o nível de esforços
na laje (nomeadamente no que se refere ao punçoamento e flexão).

No quadro seguinte apresenta-se quer a gama de vãos em que se utiliza cada um dos
tipos de lajes fungiformes, quer as espessuras adoptadas em cada situação.

h [m]
Esbelteza
Laje fungiforme tipo L [m]
(L / h)
4 5 6 7 8 9 10 12 20
Laje maciça 25 a 30 0.15|  0.20  0.25

Laje maciça com capitel 35 a 40 0.15 |  0.20  0.25

Laje aligeirada 20 a 25 0.225|  0.25 0.30  0.35

Laje aligeirada com capitel 25 a 30 0.225|  0.25  0.30  0.35

Laje maciça pré-esforçada 40 0.20  0.25  0.30

Laje aligeirada pré-esforçada 35 0.225  0.25  0.30  0.35  0.60

142
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO – Ano lectivo 2013/2014 Estruturas de Betão II

2.18.7.Modelos de análise de lajes fungiformes

2.18.8.Método dos Pórticos Equivalentes (EC2 - Anexo I)

O método dos pórticos equivalentes é um método de dimensionamento de lajes


fungiformes que se baseia no teorema estático e que pode ser aplicado em situações em
que a distribuição dos pilares não apresenta grandes irregularidades.

 Processo simplificado para a determinação dos esforços actuantes nas lajes


fungiformes

 Pode considerar-se o efeito das acções horizontais e verticais.

1) Considerar a estrutura, constituída pela laje e pelos pilares de apoio, dividida em dois
conjuntos independentes de pórticos em direcções ortogonais;

L2 /2 L2 /2 L2 /2 L2 /2

L1 /2
L1
L1 /2

L1 /2
L1
L1 /2

L2 L2

2) As cargas actuantes em cada pórtico correspondem à largura das suas travessas (não
se considera qualquer repartição de cargas entre pórticos ortogonais);

psd x L1

L2 L2

(pórtico na direcção x)

3) Após a determinação dos momentos flectores, estes devem ser distribuídos nas faixas
central e lateral, de acordo com as seguintes regras:

143
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO – Ano lectivo 2013/2014 Estruturas de Betão II

Faixa central da Faixas laterais da


Momentos flectores
travessa travessa
Momentos positivos 55% (50 – 70%) 45% (50 – 30%)
Momentos negativos 75% (60 – 80%) 25% (40 – 20%)

FAIXA LATERAL
min(L1;L2) /4
min(L1;L2) /4 FAIXA CENTRAL

FAIXA LATERAL

Esta repartição tem em consideração, de forma simplificada, a distribuição real dos


esforços.

Nota: Para a análise às acções horizontais utiliza-se apenas 40% da largura da travessa
(40% da rigidez), por forma a reduzir os momentos flectores transmitidos entre a laje e o
pilar (modelo mais realista).

144
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO – Ano lectivo 2013/2014 Estruturas de Betão II

EXERCÍCIO L7

Considere a laje fungiforme representada na figura.

0.30

h = 0.25 m 5.00

0.50

0.50

5.00

0.30

6.00 6.00

Dimensione e pormenorize as armaduras da laje recorrendo ao método dos pórticos


equivalentes. Adopte para materiais betão C25/30 e aço A400NR.

(acções: rcp = 2.0 kN/m2; sobrecarga = 4.0 kN/m2)

145
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO – Ano lectivo 2013/2014 Estruturas de Betão II

RESOLUÇÃO DO EXERCÍCIO L7

(i) Direcção x

1. Divisão em pórticos
Pórtico Lateral

2.50

5.00
Pórtico Intermédio

5.00

5.00
Pórtico Lateral

2.50

6.00 6.00

2. Modelo de cálculo
p sd x Lpórtico

6.00 6.00

2
DMF pl /8
[kNm]
(-)

(+) (+)

2 2
pl /14.2 pl /14.2

3. Cálculo dos momentos de dimensionamento

+ -
Pórtico Lpórtico [m] psd [kN/m] Msd [kNm] Msd [kNm]
Lateral 2.50 46.0 116.7 207.0
Intermédio 5.00 92.0 233.3 414.0

146
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO – Ano lectivo 2013/2014 Estruturas de Betão II

4. Distribuição de momentos

Lfaixa Coef. Msd Msd


Pórtico Sinal Faixa
[m] repartição [kNm] [kNm/m]
+
M Central 1.25 0.55 64.2 51.3
(116.7) Lateral 1.25 0.45 52.5 41.9
Lateral -
M Central 1.25 0.75 -155.3 -124.2
(-207.0) Lateral 1.25 0.25 -51.8 -41.4
+
M Central 2.50 0.55 128.3 51.3
(233.3) Laterais 2.50 0.45 104.9 41.9
Intermédio -
M Central 2.50 0.75 -310.5 -124.2
(-414.0) Laterais 2.50 0.25 -103.5 -41.4

5. Cálculo das armaduras

Msd Armadura
Faixa Sinal   2
[kNm/m] cm /m 
+
M 51.3 0.063 0.067 7.05
Central -
M -124.2 0.154 0.171 18.09
+
M 41.9 0.052 0.054 5.70
Lateral -
M -41.4 0.051 0.053 5.63

147
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO – Ano lectivo 2013/2014 Estruturas de Betão II

2.18.9.Modelo de grelha

 Vantagens

 Permite obter directamente o valor dos esforços por nó

 Desvantagens

 Apenas permite a análise para cargas verticais

 É difícil conseguir uma boa simulação da rigidez de torção da laje

(i) Discretização

Ly

d1 d2
Lx

Secção transversal da barra A

h laje

b = d 1/2 + d 2/2

(ii) Simulação da rigidez de torção da laje

Em geral, para que não surjam momentos torsores nas barras (equilíbrio apenas com
momentos flectores), atribui-se às barras rigidez de torção nula (GJ = 0). Como
consequência, o modelo é mais flexível o que leva à obtenção de maiores deslocamentos
verticais do que os que na realidade se verificam.

Caso se pretenda simular mais aproximadamente a deformabilidade da laje, deverá


bh3 bh3 bh3
atribuir-se às barras, uma inércia de torção J = 6  6 = 2  3 
1
 

148
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO – Ano lectivo 2013/2014 Estruturas de Betão II

(iii) Obtenção dos momentos flectores

Mx

My My

Mx

mx = My / b e my = Mx /b

2.18.10. Modelos de elementos finitos de laje

Este tipo de modelos permite:

i) Análise do sistema global com a consideração das acções horizontais e da


interacção laje – pilares

ii) Análise do pavimento, sendo o efeito dos pilares tido em conta nas condições
de fronteira

 Vantagem

 Melhor simulação da deformabilidade da laje, relativamente aos modelos


de grelha

 Desvantagem

 Os esforços são fornecidos por nó e por elemento, ou seja, num mesmo


nó existem diferentes valores dos esforços por elemento (os elementos
finitos de laje são compatíveis em termos de deslocamentos, mas não de
esforços)  é necessário fazer a média dos vários momentos no mesmo

(i) Discretização

Ly

a
Lx

149
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO – Ano lectivo 2013/2014 Estruturas de Betão II

Dimensões de um elemento finito

hlaje

b
a

(ii) Obtenção dos momentos flectores

Visto surgirem momentos torsores, simplificadamente, as armaduras de flexão são


dimensionadas para os seguintes valores de momento:

m'sd, x = msd, x + |msd, xy|  0  A sx  m'sd,x = msd, x - |msd, xy|  0  A sx


+ -

 
 
m'sd, y = msd, y + |msd, xy|  0  A sy m'sd, y = msd, y - |msd, xy|  0  A sy
+ -

150
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO – Ano lectivo 2013/2014 Estruturas de Betão II

EXERCÍCIO L8

Para a laje fungiforme do Exercício L7, considere o seguinte modelo de elementos finitos:

79 80 81 82 83 84 85

0.75
61 62 63 64 65 66
66 67 68 69 70 71 72

0.75
49 50 51 52 53 54
53 54 55 56 57 58 59

1.00
37 38 39 40 41 42
40 41 42 43 44 45 46

1.00
25 26 27 28 29 30
27 28 29 30 31 32 33

0.75
13 14 15 16 17 18
14 15 16 17 18 19 20

0.75
1 2 3 4 5 6
1 2 3 4 5 6 7

0.75 0.75 1.50 1.50 0.75 0.75

Foram admitidas as seguintes hipóteses de cálculo:

- Elementos finitos de laje com 0.25 m de espessura;

- laje simplesmente apoiada nos pilares (sem transmissão de momentos);

- acções: rcp = 2.0 kN/m2; sobrecarga = 4.0 kN/m2.

Os valores dos esforços obtidos nos nós, apresentam-se no quadro da página seguinte.

a) Verifique a qualidade dos resultados obtidos.

b) Dimensione as armaduras de flexão. Adopte para materiais B30 e A400NR.

c) Execute a pormenorização (planta e cortes)

151
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO – Ano lectivo 2013/2014 Estruturas de Betão II

Nó mxx [kNm/m] myy [kNm/m] mxy [kNm/m] vxz [kN/m] vyz [kN/m] Reacções[kN]

1 -1,3 -1,4 31,4 -42,9 -40,7 88,4


2 35,2 0,5 24,3 -31,2 -22,3
3 50,2 0,1 11,9 -10,8 -17,0
4 52,5 0,2 -4,8 10,2 -15,1
5 16,3 0,2 -22,0 33,8 -19,9
6 -17,1 1,4 -34,7 119,1 -41,0
7 -168,1 -3,5 0,0 0,0 -82,8 254,5
14 0,5 32,8 23,3 -26,7 -27,2
15 26,0 22,0 18,4 -22,2 -18,2
16 42,8 17,6 9,7 -9,1 -13,8
17 45,1 15,6 -3,5 10,0 -11,6
18 9,2 20,0 -16,9 32,4 -17,9
19 -31,5 26,4 -22,1 32,9 -34,7
20 -57,1 43,3 0,0 0,0 -47,4
27 0,0 44,0 9,7 -22,3 -7,2
28 22,6 35,0 8,2 -18,9 -7,1
29 38,4 28,3 4,9 -7,9 -5,3
30 40,6 24,7 -1,1 9,7 -3,4
31 4,4 33,7 -7,5 22,5 -7,4
32 -20,4 43,3 -7,5 16,9 -13,0
33 -30,8 46,3 0,0 0,0 -4,8
40 0,2 44,6 -5,4 -21,7 8,2
41 21,9 35,4 -4,5 -18,4 7,4
42 37,5 28,7 -2,4 -7,6 6,1
43 39,7 23,8 2,1 10,6 5,8
44 1,7 33,1 4,9 20,6 13,1
45 -19,0 39,8 3,7 14,2 16,2
46 -27,8 42,9 0,0 0,0 17,3
53 0,1 25,9 -20,3 -24,1 26,9
54 23,8 18,4 -16,4 -22,8 26,4
55 42,4 13,3 -8,7 -11,5 14,6
56 45,6 10,4 3,8 13,7 8,9
57 0,8 7,3 15,3 35,9 30,9
58 -35,6 14,7 15,0 28,4 55,9
59 -51,3 16,2 0,0 0,0 44,9
66 1,4 -1,6 -33,1 -44,0 112,0
67 29,1 -16,2 -21,5 -39,0 28,3
68 50,0 -3,9 -8,3 -17,7 11,4
69 50,1 0,8 2,8 15,5 5,5
70 7,9 -23,4 14,9 60,2 24,2
71 -53,6 -42,3 26,0 77,8 73,8
72 -103,3 -13,9 0,0 0,0 185,6
79 -3,4 -147,9 0,0 -84,5 0,0 249,4
80 45,4 -39,1 0,0 -51,2 0,0
81 52,3 -11,4 0,0 -9,8 0,0
82 52,1 -3,5 0,0 16,1 0,0
83 9,1 -37,1 0,0 48,7 0,0
84 -25,0 -90,4 0,0 189,5 0,0
85 -246,6 -234,1 0,0 0,0 0,0 843,8

152
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO – Ano lectivo 2013/2014 Estruturas de Betão II

RESOLUÇÃO DO EXERCÍCIO L8

Alínea a)

1. Somatório das reacções verticais

Pilar Nó Rsd [kN]


P1 1 88.4
P2 7 254.5
P3 79 249.4
P4 85 843.8

 Pi = 4 P1 + 2 P2 + 2 P3 + P4 = 4  88.4 + 2  254.5 + 2  249.4 + 843.8  2205 kN

psd = 1.5 (cp + sc) = 1.5  (25  0.25 + 2 + 4) = 18.38 kN/m2

NTOT = psd  ATOT = 18.38  12  10 = 2205 kN  NTOT =  Pi

2. Verificação dos momentos

i) Direcção x

mxx Linfluência Msd Msd, TOTAL


Alinhamento Nós
[kNm/m] [m] [kNm] [kNm]
4 52.5 0.375 19.7
17 45.1 0.75 33.8
30 40.6 0.875 35.5
½ vão 43 39.7 1.0 39.7 225.7
56 45.6 0.875 39.9
69 50.1 0.75 37.6
82 52.1 0.375 19.5
7 -168.1 0.375 -63.0
20 -57.1 0.75 -42.8
33 -30.8 0.875 -27.0
Apoio 46 -27.8 1.0 -27.8 -375.5
59 -51.3 0.875 -44.9
72 -103.3 0.75 -77.5
85 -246.6 0.375 -92.5

153
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO – Ano lectivo 2013/2014 Estruturas de Betão II

DMF 375.5
2
pl /8
p L2 375.5
8 = 2 + 225.7 = 413.5 kNm/m

225.7 p  62
 8 = 413.5  p = 91.9 kN/m
6.00

18.38 x 5.0 = 91.9 kN/m

6.00

ii) Direcção y

myy Linfluência Msd Msd, TOTAL


Alinhamento Nós
[kNm/m] [m] [kNm] [kNm]
40 44.6 0.375 16.7
41 35.4 0.75 26.6
42 28.7 1.125 32.3
½ vão 43 23.8 1.5 35.7 194.5
44 33.1 1.125 37.2
45 39.8 0.75 29.9
46 42.9 0.375 16.1
79 -147.9 0.375 -55.5
80 -39.1 0.75 -29.3
81 -11.4 1.125 -12.8
Apoio 82 -3.5 1.5 -5.3 -300.2
83 -37.1 1.125 -41.7
84 -90.4 0.75 -67.8
85 -234.1 0.375 -87.8

p L2 300.2 p  52
= + 194.5 = 344.6 kNm/m  = 344.6  p = 110.3 kN/m
8 2 8

110.3 / 6 = 18.38 kN/m2

154
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO – Ano lectivo 2013/2014 Estruturas de Betão II

Alínea b)

1. Zonas consideradas para o dimensionamento das armaduras

1.125
X3

2.75
X2

1.125
X1

1.50 3.00 1.50


Y1 Y2 Y3

2. Determinação dos momentos de dimensionamento

(i) Direcção x

total
Linfluência msd, x msd, xy m’sd, x Msd,x Msd,x Lzona Msd,x
Zona Sinal Nó
[m] [kNm/m] [kNm/m] [kNm/m] [kNm] [kNm] [m] [kNm/m]

+
4 0.375 52.5 -4.8 57.3 21.5
M 58.0 1.125 51.6
17 0.75 45.1 -3.5 48.6 36.5
1
-
7 0.375 -168.1 0.0 -168.1 -63.0
M -105.8 1.125 -94.0
20 0.75 -57.1 0.0 -57.1 -42.8
30 0.875 40.6 -1.1 41.7 36.5
+
M 43 1.0 39.7 2.1 41.8 41.8 121.5 2.75 44.2
56 0.875 45.6 3.8 49.4 43.2
2
33 0.875 -30.8 0.0 -30.8 -27.0
-
M 46 1.0 -27.8 0.0 -27.8 -27.8 -99.7 2.75 -36.3
59 0.875 -51.3 0.0 -51.3 -44.9

+
69 0.75 50.1 2.8 52.9 39.7
M 59.2 1.125 52.6
82 0.375 52.1 0.0 52.1 19.5
3
-
72 0.75 -103.3 0.0 -103.3 -77.5
M -170.0 1.125 -151.1
85 0.375 -246.6 0.0 -246.6 -92.5

155
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO – Ano lectivo 2013/2014 Estruturas de Betão II

(ii) Direcção y

total
Linfluência msd, y msd, xy m’sd, y Msd,y Msd,y Lzona Msd,y
Zona Sinal Nó
[m] [kNm/m] [kNm/m] [kNm/m] [kNm] [kNm] [m] [kNm/m]
40 0.375 44.6 -5.4 50.0 18.8
+
M 41 0.75 35.4 -4.5 39.9 29.9 60.4 1.5 40.3
42 0.375 28.7 -2.4 31.1 11.7
1
79 0.375 -147.9 0.0 -147.9 -55.5
-
M 80 0.75 -39.1 0.0 -39.1 -29.3 -89.1 1.5 -59.4
81 0.375 -11.4 0.0 -11.4 -4.3
42 0.75 28.7 -2.4 31.1 23.3
+
M 43 1.5 23.8 2.1 25.9 38.9 90.7 3.0 30.2
44 0.75 33.1 4.9 38.0 28.5
2
81 0.75 -11.4 0.0 -11.4 -8.6
-
M 82 1.5 -3.5 0.0 -3.5 -5.3 -41.7 3.0 -13.9
83 0.75 -37.1 0.0 -37.1 -27.8
44 0.375 33.1 4.9 38.0 14.3
+
M 45 0.75 39.8 3.7 43.5 32.6 63.0 1.5 42.0
46 0.375 42.9 0.0 42.9 16.1
3
83 0.375 -37.1 0.0 -37.1 13.9
-
M 84 0.75 -90.4 0.0 -90.4 67.8 -169.5 1.5 -113.0
85 0.375 -234.1 0.0 -234.1 87.8

3. Cálculo das armaduras

Msd Armadura
Direcção Zona Sinal   2
[kNm/m] cm /m 
+
M 51.6 0.064 0.067 7.10
1 -
M -94.0 0.116 0.127 13.40
+
M 44.2 0.055 0.057 6.03
X 2 -
M -36.3 0.045 0.047 4.95
+
M 52.6 0.065 0.069 7.24
3 -
M -151.1 0.187 0.215 22.70
+
M 40.3 0.050 0.052 5.47
1 -
M -59.4 0.073 0.078 8.22
+
M 30.2 0.037 0.039 4.13
Y 2 -
M -13..9 0.017 0.018 3.30
+
M 42.0 0.052 0.054 5.72
3 -
M -113.0 0.140 0.155 16.34

156
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO – Ano lectivo 2013/2014 Estruturas de Betão II

2.19. ESTADO LIMITE ÚLTIMO DE PUNÇOAMENTO

Definição: tipo de rotura de lajes sujeitas a forças distribuídas em pequenas áreas.

2.19.1.Mecanismos de rotura de punçoamento

1.5d a 2d Fendas anteriores à rotura

Fendas na rotura

 Mecanismo de colapso local associado a uma rotura frágil (essencialmente


condicionada pela resistência à tracção e à compressão do betão)

 Pode gerar um colapso progressivo da estrutura (rotura junto a um pilar implica um


incremento da carga nos pilares vizinhos).

 As acções sísmicas, em sistemas estruturais com lajes fungiformes, aumentam a


excentricidade da carga a transmitir ao pilar agravando as características resistentes
por punçoamento.

2.19.2.Mecanismos de resistência ao punçoamento

(3)

 Força de compressão radial (1)


(2)

(1)  Atrito entre os inertes (2)

 Efeito de ferrolho (3)

157
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO – Ano lectivo 2013/2014 Estruturas de Betão II

(3)

(2)

(1)

Forças que equilibram a força de punçoamento:

 Componente vertical da compressão radial

 Componente vertical da força atrito entre os inertes na fenda

 Componente vertical da força do efeito de ferrolho

2.19.3.Verificação da segurança ao punçoamento

A verificação da segurança ao punçoamento, de acordo com o EC2, consiste na


verificação dos pontos seguintes:

1. Não é necessário adoptar armaduras específicas para resistir ao punçoamento caso


vsd  vRd,c, ao longo do perímetro de controlo considerado;

2. Se vsd  vRd,c, será necessário adoptar armaduras específicas de punçoamento ou um


capitel, por forma a satisfazer o critério 1.;

3. Caso se adoptem armaduras, será necessário verificar a condição vsd  vRd,max


(considerando o perímetro do pilar ou o perímetro da área carregada).

Indicações para o dimensionamento

 Tentar que as dimensões da laje e pilar sejam tais que não haja necessidade de
armadura (vsd < vRd,c), em particular para as cargas verticais totais.

 Se não for possível, prever capiteis (caso sejam esteticamente aceitáveis) por forma a
garantir que vsd < vRd,c.

 O dimensionamento de armaduras só deverá ser adoptado para a combinação de


acções sísmicas.

2.19.4.Cálculo do esforço de corte solicitante

Vsd
(i) Carga centrada: vsd = , u1 – perímetro básico de controlo
u1  d

158
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO – Ano lectivo 2013/2014 Estruturas de Betão II

Vsd
(ii) Carga excêntrica: vsd =  , ui – perímetro de controlo considerado
ui  d

2.19.5.Perímetro básico de controlo

Definição: linha fechada que envolve a área carregada a uma distância não inferior a 2d e
cujo perímetro é mínimo.

Exemplos:

2d
2d
2d
2d

2d
2d

Consideração de aberturas junto ao pilar

Uma abertura localizada junto a um pilar pode reduzir substancialmente o valor da


capacidade resistente ao punçoamento, Deverá então reduzir-se o perímetro de controlo
de acordo com as indicações da figura abaixo.

6d L 1L 2

caso L1 > L2 substituir L2 por


L1 L2
2d L2

d – altura útil da laje

Caso a abertura se encontre a uma distância superior a 6d, não é necessário considerá-
la para efeitos de verificação da segurança ao punçoamento.

159
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO – Ano lectivo 2013/2014 Estruturas de Betão II

2.19.6.Resistência ao punçoamento de lajes sem armadura específica de


punçoamento

vRd,c = CRd,c k (100 l fck)1/3 + k1 cp  vmin + k1 cp

onde,

CRd,c = 0.18 / c (valor recomendado);

200
k =1+  2.0 com d em mm;
d

l = ly  lz  0.02 (os valores ly e lz devem ser calculados como valores
médios, considerando uma largura de laje igual à largura do pilar mais 3d para
cada lado);

fck em MPa;

k1 = 0.1 (valor recomendado);

cp = (cy + cz) / 2

vmin = 0.035 k3/2  fck1/2

2.19.7.Verificação ao punçoamento em lajes com capiteis

2.19.7.1. Perímetros de controlo para capiteis de forma cónica

a) lH  2(d + hH) (  26.6) b) lH  2(d + hH) (  26.6)

r cont r cont,ext r cont,int

d d
 
  hH
 hH 
lH lH

c c

160
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO – Ano lectivo 2013/2014 Estruturas de Betão II

2.19.7.2. Perímetros de controlo para espessamentos

r cont,ext r cont,int

 d2 d1

 2.5 d 1

2.19.8.Armaduras de punçoamento

(i) Cálculo das armaduras de punçoamento

vRd,cs = 0.75 vRd,c + Asp fywd,ef 


1  (vRd,cs - 0.75 vRd,c)
sen   Asp = u1  d
 u1  d  fywd,ef  sen 

onde,

Asp representa a área total de armadura de punçoamento necessária;

fywd,ef = 250 + 0.25 d (mm)  fywd representa a tensão de cálculo efectiva da


armadura de punçoamento

(ii) Pormenorização das armaduras

A armadura de punçoamento pode ser constituída por varões inclinados ou por estribos,
sendo esta última a solução mais utilizada.

varões inclinados estribos

Esta armadura deve ser distribuída conforme ilustram as figuras seguintes:

161
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO – Ano lectivo 2013/2014 Estruturas de Betão II

d/2 d
d/2 d

0.75d

(iii) Armadura longitudinal inferior junto ao pilar (de colapso progressivo)

É conveniente adoptar uma armadura inferior sobre o pilar, por forma a gerar um
mecanismo secundário de resistência, e evitar uma rotura em cadeia, caso se verifique
uma rotura por punçoamento num dos pilares.

2.19.9.Valor de cálculo do máximo esforço de corte

 Vsd
vsd =  vRd,máx = 0.5  fcd
u0 d

onde  representa um factor de redução da resistência ao corte do betão fendilhado,


podendo ser calculado através da expressão

 = 0.6 1 - 250 
fck
 

com fck em MPa.

2.19.10. Punçoamento excêntrico

Conforme referido, o valor de cálculo do esforço de corte solicitante pode ser obtido pela
expressão

Vsd
vsd = 
u1  d
162
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO – Ano lectivo 2013/2014 Estruturas de Betão II

onde u1 representa o perímetro de controlo considerado e  pode ser calculado através


das expressões que se apresentam em seguida.

 Pilares interiores

(i) Pilares rectangulares com excentricidade numa direcção

Msd u1
=1+ k V  W
sd 1

onde,

k é um coeficiente que depende da relação entre as dimensões c1 e c2 da


secção transversal do pilar, e cujos valores se indicam no quadro seguinte:

c1 / c2  0.5 1.0 2.0  3.0

k 0.45 0.60 0.70 0.80

W1 é função do perímetro básico de controlo e corresponde à distribuição do


u1
esforço de corte ao longo desse perímetro. Genericamente, W1 = 
 |e| dl 0

Para pilares interiores rectangulares,

c12
W1 = + c1 c2 + 4c2 d + 16d2 + 2 d c1
2

onde c1 e c2 representam as dimensões do pilar nas direcções paralela e perpendicular à


excentricidade da carga.

(ii) Pilares circulares

e
 = 1 + 0.6  D + 4d

onde D representa o diâmetro do pilar.

(iii) Pilares rectangulares com excentricidades nas duas direcções


2 2
 = 1 + 1.8  ey  +  ez 
 bz   b y 

onde,

e y e ez representam as excentricidades Msd / Vsd segundo os eixos y e z,


respectivamente;

b y e bz representam as dimensões do perímetro de controlo.

163
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO – Ano lectivo 2013/2014 Estruturas de Betão II

 Pilares de bordo

(i) Excentricidade para o interior (na direcção perpendicular ao bordo da laje)

1. Excentricidade numa direcção

Simplificadamente, pode considerar-se a força de punçoamento uniformemente


distribuída ao longo do perímetro de controlo equivalente u1*, (ver figura seguinte), ou
seja,  = u1 / u1*.

c2 2d
a = min (1.5d; 0.5c1)

c1

2. Excentricidade nas duas direcções

u1 u1
 = u * + k W epar
1 1

onde,

epar representa o valor da excentricidade na direcção paralela ao bordo da laje;

k é um coeficiente que depende da relação entre as dimensões c1 e c2 da


secção transversal do pilar, e cujos valores se indicam no quadro seguinte:

c1 / 2c2  0.5 1.0 2.0  3.0

k 0.45 0.60 0.70 0.80

Para pilares rectangulares,

c22
W1 = + c1 c2 + 4c1 d + 8d2 + 2 d c2
4

(ii) Excentricidade para o exterior (na direcção perpendicular ao bordo da laje)

Msd u1
=1+ k V  W
sd 1

Neste caso, W 1 deverá ser calculado considerando a excentricidade em relação ao centro


de gravidade do perímetro de controlo.

164
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO – Ano lectivo 2013/2014 Estruturas de Betão II

 Pilares de canto

(i) Excentricidade para o interior

Simplificadamente, pode considerar-se a força de punçoamento uniformemente


distribuída ao longo do perímetro de controlo equivalente u1*, (ver figura seguinte), ou
seja,  = u1 / u1*.

a 2d

a = min (1.5d; 0.5c1)


b b = min (1.5d; 0.5c 2)
c2

c1

(ii) Excentricidade para o exterior

Msd u1
=1+ k 
Vsd W 1

Neste caso, W 1 deverá ser calculado considerando a excentricidade em relação ao centro


de gravidade do perímetro de controlo.

165
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO – Ano lectivo 2013/2014 Estruturas de Betão II

EXERCÍCIO L9

Considere a laje fungiforme do exercício L7, representada na figura.

0.30

h = 0.25 m 5.00

0.50

0.50

5.00

0.30

6.00 6.00

a) Verifique a segurança ao punçoamento. Caso seja necessário:

a.1) adopte um capitel;

a.2) coloque armaduras específicas de punçoamento

b) Admitindo a continuidade nas ligações laje-pilar e considerando vãos diferentes


segundo x (5.0 m e 7.0 m, respectivamente), obtiveram-se os seguintes esforços:

Pilar Nsd [kN] Msd, x [kNm] Msd, y [kNm]


central 708.0 75.0 0.0
bordo 280.0 58.0 0.0
canto 108.0 29.0 24.0

Verifique a segurança ao punçoamento.

166
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO – Ano lectivo 2013/2014 Estruturas de Betão II

RESOLUÇÃO DO EXERCÍCIO L9

Alínea a)

 Pilar central (Vsd = 857.2 kN)

u1 = 4a + 4 d = 4  0.5 + 4    0.22 = 4.76 m

vRd,c = CRd,c k (100 l fck)1/3 = 0.12  1.95  (100  0.0096  25)1/3 = 0.67 MPa

200
k=1+ 220 = 1.95  2.0

l = ly  lz = 0.0108  0.0085 = 0.0096  0.02

23.710-4 18.810-4
ly = 0.22 = 0.0108 ; lz = 0.22 = 0.0085

VRd,c = vRd,c  u1  d = 670  4.76  0.22 = 701.6 kN  857.2 kN

 é necessário adoptar um capitel ou armaduras específicas para a resistência ao


punçoamento.

 Pilar de bordo (Vsd = 259.8 kN)

u1 = 0.3  2 + 0.5 +   2  0.22 = 2.48 m

vRd,c = CRd,c k (100 l fck)1/3 = 0.12  1.95  (100  0.0029  25)1/3 = 0.45 MPa

l = ly  lz = 0.0015  0.0058 = 0.0029  0.02

3.310-4 12.710-4
ly = 0.22 = 0.0015 ; lz =
0.22 = 0.0058

VRd,c = vRd,c  u1  d = 450  2.48  0.22 = 245.5 kN  259.8 kN

 é necessário adoptar um capitel ou armaduras específicas para a resistência ao


punçoamento.

 Pilar de canto (Vsd = 78.3 kN)

u1 = 0.3  2 +   0.22 = 1.29 m

vRd,c = CRd,c k (100 l fck)1/3 = 0.12  1.95  (100  0.0015  25)1/3 = 0.36 MPa

VRd,c = vRd,c  u1  d = 102.2 kN  Vsd

167
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO – Ano lectivo 2013/2014 Estruturas de Betão II

Alínea a.1) – adopção de espessamento da laje

 Pilar central

VRd  Vsd  vRd,c  u1  d  Vsd 


1/3
 200  2.37  1.88 
 0.12  1+    25  (4500 + 4d) d  857.2103
 d   100  d 

 d  265 mm  h  0.30 m

2370 2.37 1.88 2.37  1.88


ly = = ; lz =  l = ly  lz =
1000  d d d d

 Pilar de bordo

Hipótese: espessamento de 0.05 m relativamente à espessura corrente da laje

u1 = 0.5 + 2  0.3 +   2  0.26 = 2.73 m

vRd,c = CRd,c k (100 l fck)1/3 = 0.12  1.88  (100  0.0025  25)1/3 = 0.416 MPa

200
k=1+ 260 = 1.88  2.0

l = ly  lz = 0.0013  0.0049 = 0.0025  0.02

3.310-4 12.710-4
ly = = 0.0013 ; lz = = 0.0049
0.26 0.26

VRd,c = vRd,c  u1  d = 295.3 kN  Vsd

Alínea a.2) – adopção de armadura específica

 Pilar central

(i) Cálculo da área de armadura necessária

(vRd,cs - 0.75 vRd,c) 857.2 - 0.75  701.6


Asp = u1  d =  104 = 10.9 cm2
fywd,ef  sen  305103

fywd,ef = 250 + 0.25 d = 250 + 0.25  220 = 305 MPa  fywd = 348 MPa

(ii) Verificação do máximo esforço de corte

vRd,máx = 0.5  fcd = 0.5  0.54  16.7103 = 4509 kN/m2

 = 0.6 1 -
fck 
= 0.6 1 -
25 
= 0.54
 250   250 

168
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO – Ano lectivo 2013/2014 Estruturas de Betão II

VRd,max = 4509  (0.5  4)  0.22 = 1984 kN  Vsd

 Pilar de bordo

(i) Cálculo da área de armadura necessária

(vRd,cs - 0.75 vRd,c) 259.8- 0.75  245.5


Asp = u1  d =  104 = 2.48 cm2
fywd,ef  sen  305103

(ii) Verificação do máximo esforço de corte

vRd,máx = 0.5  fcd = 0.5  0.54  16.7103 = 4509 kN/m2

 = 0.6 1 -
fck 
= 0.6 1 -
25 
= 0.54
 250   250 

VRd,max = 4509  (0.5 + 0.3  2)  0.22 = 1091.2 kN  Vsd

Alínea b)

 Pilar central (Vsd = 708 kN; Msd, x = 75 kNm)

u1 = 4a + 4 d = 4  0.5 + 4    0.22 = 4.76 m

Msd u1 75 4.76
 = 1 + k V  W = 1 + 0.6  708  2.28 = 1.13
sd 1

c12
W1 = 2 + c1 c2 + 4c2 d + 16d2 + 2 d c1 =

0.52
= + 0.52 + 4  0.5  0.22 + 16  0.222 + 2  0.22  0.5 = 2.28 m2
2

Vsd 708
vsd =  = 1.13  = 764.0 kN/m2  vRd,c = 670 kN/m2
ui  d 4.76  0.22

 é necessário adoptar um capitel

Hipótese: espessamento de 0.10 m relativamente à espessura corrente da laje

vRd,c = CRd,c k (100 l fck)1/3 = 0.12  1.80  (100  0.0068  25)1/3 = 0.555 MPa

200
k=1+ 310 = 1.80  2.0

l = ly  lz = 0.0076  0.0061 = 0.0068  0.02

23.710-4 18.810-4
ly = 0.31 = 0.0076 ; lz =
0.31 = 0.0061

u1 = 0.5  4 + 2    2  0.31 = 5.90 m

169
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO – Ano lectivo 2013/2014 Estruturas de Betão II

Msd u1 75 5.9
=1+ k  = 1 + 0.6   = 1.11
Vsd W 1 708 3.51

c12
W1 = 2 + c1 c2 + 4c2 d + 16d2 + 2 d c1 =

0.52
2 + 0.5 + 4  0.5  0.31 + 16  0.31 + 2  0.31  0.5 = 3.51 m
2 2 2
=

Vsd 708
vsd =  = 1.11  = 387.1 kN/m2  vRd,c = 555 kN/m2
ui  d 5.9  0.31

 Pilar de bordo (Vsd = 280 kN; Msd, x = 58 kNm )

(i) Cálculo da armadura longitudinal de flexão

Msd 58
msd = 0.75 L = 0.75  2.5 = 17.4 kNm/m
faixa central

 = 0.022;  = 0.023  As = 2.42 cm2/m  As,min = 3.3 cm2/m

(ii) Verificação da segurança ao punçoamento

u1* = 0.5 +   2  0.22 + 0.3 = 2.18 m

Vsd 280
vsd = = = 583.8 kN/m2  vRd,c = 450 kN/m2
u1*  d 2.18  0.22

 é necessário adoptar um capitel

VRd  Vsd  vRd,c  u1*  d  Vsd 


1/3
 200  1.270.33 
 0.12  1+  
d   100   25   (500 + 2d + 300) d  280103
 d 

 d  276 mm  h  0.35 m

 Pilar de canto (Vsd = 108 kN; Msd, x = 29 kNm; Msd, y = 24 kNm)

(i) Cálculo da armadura longitudinal de flexão

Msd
msd = 0.75 L
faixa central

Lfaixa central msd, x As


Direcção   2
[m] [kNm/m] [cm /m]
x 1.25 17.4 0.022 0.023 3.3
y 1.5 12.0 0.015 0.016 3.3

170
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO – Ano lectivo 2013/2014 Estruturas de Betão II

(ii) Verificação da segurança ao punçoamento


u1* = 0.3 + 2  2  0.22 = 0.99 m

Vsd 108
vsd = = = 495.9 kN/m2  vRd,c = 360 kN/m2
u1*  d 0.99  0.22

 é necessário adoptar um capitel

VRd  Vsd  vRd,c  u1*  d  Vsd 


1/3
 200  0.33 
 0.12  1+ 
d   100  d  25  (d + 300) d  10810
3

 d  287 mm  h  0.35 m

171
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO – Ano lectivo 2013/2014 Estruturas de Betão II

EXERCÍCIO L10

Considere a laje fungiforme do exercício L7.

Admitindo que a solução vazada corresponde a uma laje com 0.30 m de espessura e de
igual peso (relativamente à solução maciça), dimensione e pormenorize as armaduras

172
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO – Ano lectivo 2013/2014 Estruturas de Betão II

3. Dimensionamento de Zonas de Descontinuidade

Nas estruturas em geral, e de betão estrutural em particular, há zonas em que, por


razões da sua geometria ou do tipo de carregamento (em especial se se tratar de acções
concentradas) o comportamento afasta-se claramente do das teorias clássicas de peça
linear ou de laje da mecânica estrutural. Essas zonas são denominadas de zonas D
(Descontinuidade), ao passo que as zonas com comportamento uniforme e regular se
chamam de B (Bernoulli, Bending). Na figura 1 representam-se uma série de situações
que caracterizam uma zona D como:

a – zona de mudança de altura de uma viga

b – abertura numa alma de viga

c – zona de um nó de ligação de uma viga e um pilar

d – situação de uma sapata, elemento com comportamento bi-dimensional mas


em que a altura é grande em relação às dimensões em planta

e – zona de ancoragens de cabos de pré-esforço

f – zona de aplicação de uma carga concentrada numa viga

g – zona com geometria de consola curta

h – situação de uma denominada viga-parede (viga com uma relação l/h pequena)

173
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO – Ano lectivo 2013/2014 Estruturas de Betão II

Figura 1 – Ilustração de zonas das estruturas de betão que têm um comportamento diferente do de peça linear

Em termos do dimensionamento do betão estrutural é natural que os modelos a adoptar


nestas zonas sejam diferentes dos aplicados nos elementos com comportamento
uniforme. Na figura 2 representa-se o modelo de campos de tensão de escoras e tirantes
e o correspondente para uma viga contínua. É de realçar nesse modelo que, junto aos
apoios, também se tem zonas D, onde os campos de compressões deixam de ser
“paralelos” para tomarem uma forma em leque e, as correspondentes resultantes, ficam
com maior inclinação.

174
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO – Ano lectivo 2013/2014 Estruturas de Betão II

Zona B -campo de tensões no betão


(paralelo na zona corrente da viga

Zona B -campo de tracções nos estribos

Zona D -campo de tensões no betão em leque junto ao apoio

(a) Modelo de campos de tensão

z
1  

(b) Modelo equivalente e “discreto” de escoras e tirantes

Figura 2 – Modelo (a) de campos de tensão e (b) de escoras e tirantes numa viga contínua de betão armado

Para geometrias diferentes há que encontrar, para cada situação, um modelo de


dimensionamento apropriado que seja representativo do encaminhamento das principais
forças no elemento, numa situação próxima da rotura.

175
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO – Ano lectivo 2013/2014 Estruturas de Betão II

Figura 3 – Modelos de dimensionamento de vigas com aberturas e distribuição de armaduras resultante

Na figura 3 representam-se, como exemplo, modelos possíveis para o dimensionamento


de duas vigas em T com disposições diferentes de aberturas nas almas. Em tais
situações as expressões gerais dos regulamentos para verificação da segurança ao
esforço transverso não são aplicáveis. Há que avaliar as forças nos tirantes e escoras do
modelo e, a partir dessas forças, verificar a segurança em relação ao nível de tensões no
betão e avaliar as armaduras necessárias para resistir às tracções.

Assim para o betão há que verificar que:

Fcd
Rd,max = A  fcd (1.a)
c

ou

F
Rd,max = A  0.6  fcd (1.b)
c

com  = 1 – fck/250.

176
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO – Ano lectivo 2013/2014 Estruturas de Betão II

A expressão 1.a deve ser utilizada quando não há tensões na direcção transversal (como
nas compressões por flexão) ou quando há compressão moderada, e a expressão 1.b se
há tracções transversais (como nas compressões inclinadas das almas das vigas).

E para as armaduras há que verificar que:

FSd
As  f
yd

Na figura 4 apresenta-se um caso tipo de uma zona D que se refere a uma consola curta,
sendo especialmente importante notar que:

 A força de tracção é constante em todo o comprimento contrariamente à


situação de uma consola de vão maior

 O valor da força de tracção é inferior à que adviria do cálculo em relação ao


eixo do pilar. A força de dimensionamento vale:

a
 FSd = PSd . z

 Em que “a” é a distância na horizontal do ponto de aplicação de carga à


resultante da compressão no pilar

T C

M
P

Figura 4 – Modelo de dimensionamento de uma consola curta

Também a transmissão ao apoio de uma carga concentrada aplicada numa viga, próxima
do apoio, segue um processo de transmissão semelhante. Na figura 5 está representada
essa transmissão em que, função da distância entre os eixos de aplicação da carga e do
apoio, se considera uma repartição adequada da força entre dois sistemas estruturais (o
primeiro semelhante ao considerado no caso anterior da consola curta, o segundo

177
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO – Ano lectivo 2013/2014 Estruturas de Betão II

semelhante ao do comportamento de uma viga nas zonas de extremidade, com campos


de tensão em leque).
a
P P

z
T
R1 R2

R1
(i) Modelo 1 (ii) Modelo 2
(1 - ) P P
C C
z z
T T

(1 - ) R1  R1

z 1
Para 2 < a < 2 z   = 3  2a - 1
 z 
1 2
Se a = z   = 3 ; se a = 1.5 z   = 3

Figura 5 – Esquema de transmissão de uma carga próxima do apoio com repartição da carga por dois
modelos complementares

Como se verifica, a modelação por escoras e tirantes do betão armado próximo da rotura,
para peças com comportamento unidimensional e geometria diversa, não é mais do que
a generalização do modelo de treliça da viga a situações particulares de geometria e/ou
carregamento.

Por outro lado, as fundações directas, denominadas de sapatas, têm um comportamento


bi-dimensional, tipo laje fungiforme, em que a altura é tal que a distribuição de tensões é
diferente da resultante da teoria das lajes. De facto, para sapatas rígidas, solução
corrente na prática, a altura deve ter um valor entre a distância da face do pilar ao limite
da sapata e metade desse valor – ver figura 6.

A distribuição de tensões, próximo da rotura, em ambas as direcções é do tipo da


representada na figura, gerando-se campos de tensão em leque que exigem, para
equilíbrio das tensões no solo, uma distribuição parabólica de forças de tracção na face
inferior da base, como representada na figura 6.a).

178
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO – Ano lectivo 2013/2014 Estruturas de Betão II

N N

N/2 N/2

Fmáx

N/2 N/2 N/2 N/2


DFT

Fmáx

Figura 6 – Distribuição dos campos de tensão nas sapatas numa dada direcção e representação de um
modelo simples para determinação da força máxima nas armaduras.

O valor máximo destas tracções nas armaduras pode ser estimada com base num modelo
definido em termos resultantes como indicado na figura 6.b). Modelos para outros tipos de
carregamentos, em particular de esforços axiais com excentricidades, serão referidos no
capítulo referente às fundações. É, no entanto, importante compreender desde já que, tal
como numa laje fungiforme, as forças de tracção nas armaduras têm de ser dimensionadas
para o equilíbrio da totalidade das tensões no terreno numa e noutra direcção. É uma
questão básica de equilíbrio na transmissão das cargas do pilar ao terreno, ou se
quisermos pensar inversamente, do terreno ao pilar.

No caso de fundações indirectas a transmissão das cargas do pilar às estacas faz-se


através do denominado maciço de encabeçamento. Nestes casos estabelecem-se
modelos, por vezes tridimensionais, de transmissão da carga como o representado na
figura 7. Os modelos de transmissão de cargas, uma vez que se tratam de acções
concentradas, são do tipo dos referidos nas figuras 4 e 5, mas tendo em consideração a
eventual tridimensionalidade de transmissão das cargas.

179
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO – Ano lectivo 2013/2014 Estruturas de Betão II

N/2
N/2

N/4
N/4

N/4
N/4

Figura 7 – Modelo tridimensional de transmissão de carga de um pilar às estacas através de um maciço de


encabeçamento.

180
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO – Ano lectivo 2013/2014 Estruturas de Betão II

3.1 Tipos de Fundações

a) Fundações directas por sapatas

 Solo superficial com boas características de resistência

 Edifícios de pequeno ou médio porte.

b) Ensoleiramento geral

 Edifício de porte elevado e características resistentes do solo que conduzam a


uma área de sapatas superior a 50% da área total

 Particularmente aconselhável se o nível freático se encontrar acima do nível de


fundação.

c) Fundações profundas

 Camadas superficiais de terreno pouco consistentes

 Cargas elevadas por pilar.

3.1.1. Fundações directas (sapatas)

TIPOS DE SAPATAS

Sapatas rígidas

a b Pré-dimensionamento:
N
M
Nraro
Área em planta: adm 
AB

A-a A-a
H Altura: 4 H 2

A (x B) ( H  b/2 – condição de rigidez)

 Quando a sapata é rígida, pode admitir-se que a tensão no solo é uniforme.

181
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO – Ano lectivo 2013/2014 Estruturas de Betão II

Sapatas flexíveis

 Podem surgir problemas de punçoamento

 Devido à deformabilidade da sapata, em geral não se pode admitir que a tensão


no solo é uniforme

 Não é aconselhável a utilização de sapatas flexíveis.

DIMENSIONAMENTO DAS ARMADURAS

Para o dimensionamento de sapatas rígidas utilizam-se modelos de escoras e tirantes


(modelos de “encaminhamento de cargas”).

Sapata sem excentricidade de carga


a

N
a/4

N/2 N/2

Fc

d 0.9H
 Ft
N/2

N/2 N/2
A

Como as dimensões da sapata são conhecidas, é possível determinar a tangente do


ângulo :

d
tg  = A - a (1)
4

Através do equilíbrio do nó indicado, obtém-se

N/2
tg  = Ft (2)

igualando (1) e (2), obtém-se a expressão para o cálculo da força de tracção:

N (A - a)
Ft = 8d

A área de armadura pode ser determinada pelas expressões:


182
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO – Ano lectivo 2013/2014 Estruturas de Betão II

 
Ft As  Ft 1
As = =  , sendo y a área carregada na direcção ortogonal.
fyd  s  fyd y

Sapata com excentricidade de carga

(i) e  A / 4 (tensões no solo em menos de metade da sapata)

N
M
0.15a

Fc

d 0.9H
 Ft
N

e N

x =  2 - e  2 = A - 2e
M A
e= N ;
 

Como as dimensões da sapata são conhecidas, é possível determinar a tangente do


ângulo :

d
tg  = e - 0.35a (1)

Através do equilíbrio do nó indicado, obtém-se

N
tg  = Ft (2)

igualando (1) e (2), obtém-se a expressão para o cálculo da força de tracção:

N (e - 0.35a)
Ft =
d

A área de armadura pode ser determinada pelas expressões:

  s = f
Ft As Ft 1
As = f  y , sendo y a área carregada na direcção ortogonal.
yd   syd

183
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO – Ano lectivo 2013/2014 Estruturas de Betão II

(ii) e  A / 4 (tensões no solo em mais de metade da sapata)

a
N
M
0.15a

Fc

d 0.9H
 Ft
R1

R2
R1
A/4
x

x =  2 - e  2 = A - 2e
M A
e= N ;
 

Como as dimensões da sapata são conhecidas, é possível determinar a tangente do


ângulo :

d
tg  = (1)
A/4 - 0.35a

Através do equilíbrio do nó indicado, obtém-se

R1
tg  = Ft (2)

igualando (1) e (2), obtém-se a expressão para o cálculo da força de tracção:

R1 (A/4 - 0.35a)
Ft = d

O valor da reacção R1 pode ser determinado utilizando a relação

N R1 A N
A - 2e = A / 2  R1 = 2  A - 2e

A área de armadura pode ser determinada pelas expressões:

  s  = f  y , sendo y a área carregada na direcção ortogonal.


Ft As Ft 1
As = f
yd   yd

184
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO – Ano lectivo 2013/2014 Estruturas de Betão II

EXERCÍCIO S1

Considere a sapata de fundação de um pilar isolado, representada na figura.

0.75
0.40 2.00
0.50
2.50

2.50

Dimensione e pormenorize as armaduras da sapata para as combinações de acções


consideradas:

Combinação 1: 1.5 cp + 1.5 sc


Combinação 2: cp + 2 sc + E

Os esforços na base do pilar, para cada uma das acções, são os seguintes:

Acções N [kN] M [kNm]


Cargas permanentes -700.0 0.0
Sobrecarga (2 = 0.2) -300.0 0.0
Sismo ± 75.0 ± 450.0

Adopte para materiais C20/25 e A400NR e considere que a tensão admissível do solo é
de 3.0 kg/cm2 (300 kN/m2).

185
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO – Ano lectivo 2013/2014 Estruturas de Betão II

RESOLUÇÃO DO EXERCÍCIO S1

1. Esforços de dimensionamento

a) Combinação 1

Nsd,1 = (700 + 300)  1.5 = 1500 kN

Msd,1 = 0

b) Combinação 2

b.1) N  0 (sismo a carregar)

Nsd,2.1 = 700 + 0.2  300) + 75 = 835 kN

Msd,2.1 = 450 kNm

b.2) N  0 (sismo a aliviar)

Nsd,2.2 = 700 + 0.2  300) - 75 = 685 kN

Msd,2.2 = 450 kNm

2. Dimensionamento

2.1. Direcção x

(i) Combinação 1

N
 Verificação da rigidez da sapata:
2.5 - 0.5
= 0.5 m  0.75 m
4
2.0 - 0.4
4 = 0.4 m  0.75 m

 Verificação da tensão no solo


Nsd 1500
 = = = 300 kN/m2 450 kN/m2
AB 2.5  2.0

186
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO – Ano lectivo 2013/2014 Estruturas de Betão II

 Cálculo das armaduras

N
a/4

N/2 N/2

Fc

d 0.9H
 Ft
N/2

N/2 N/2
A

d 0.68
tg  = (A - a) / 4 = 2.5/4 - 0.5/4 = 1.36

N/2 N/2 750


tg  = Ft  Ft = tg  = 1.36 = 551.5 kN

Ft 551.5
As = =  104 = 15.85 cm2
fyd 348103

 As  = Ft  1 = 15.85 = 7.93 cm2/m


 s  fyd y 2

(ii) Combinação 2.1

 Verificação da tensão no solo

450
Nsd = 835 kN ; Msd = 450 kNm  e = 835 = 0.539 m  A / 4 = 2.5 / 4 = 0.625 m

(tensões no solo em mais de metade da sapata)

Zona carregada: x = A - 2e = 2.5 - 2  0.539 = 1.42 m

Nsd 835
= A = = 294.0 kN/m2  450 kN/m2
carregada 1.42  2.0

187
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO – Ano lectivo 2013/2014 Estruturas de Betão II

 Cálculo das armaduras

0.68
tg  = 0.625 - 0.175 = 1.51

R1 R1 735
tg  = F  Ft = = = 486.8 kN
t tg  1.51

Ft 486.8
As = =  104 = 14.0 cm2
fyd 348103

 As  = Ft  1 = 14.0 = 7.0 cm2/m


 s  fyd y 2

(iii) Combinação 2.2

 Verificação da tensão no solo

450
Nsd = 685 kN ; Msd = 450 kNm  e = = 0.657 m  A / 4 = 2.5 / 4 = 0.625 m
685
(tensões no solo em menos de metade da sapata)

Zona carregada: x = A - 2e = 2.5 - 2  0.657 = 1.19 m

Nsd 685
= A = = 287.8 kN/m2  450 kN/m2
carregada 1.19  2.0

 Cálculo das armaduras

0.68
tg  = = 1.41
0.657 - 0.175
N N 685
tg  = F  Ft = = 1.41 = 485.8 kN
t tg 

Ft 485.8
As = f =  104 = 13.96 cm2
yd 348103

 As  = Ft  1 = 13.96 = 7.0 cm2/m


 s  fyd y 2

188
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO – Ano lectivo 2013/2014 Estruturas de Betão II

2.2. Direcção y

N (A - a)
A carga é centrada para todas as combinações, logo Ft = 8d

(i) Combinação 1

1500  (2 - 0.4)
Ft = = 441.2 kN
8  0.68

 As  = Ft  1 = = 441.2 4  1  104 = 5.07 cm2/m


 s  fyd x 34810 2.5

(ii) Combinação 2.1

835  (2 - 0.4)
Ft = = 245.6 kN
8  0.68

 As  = Ft  1 = 245.6 4  1  104 = 4.97 cm2/m


 s  fyd x 34810 1.42

(iii) Combinação 2.2

685  (2 - 0.4)
Ft = = 201.5 kN
8  0.68

 As  = Ft  1 = 201.5 4  1  104 = 4.87 cm2/m


 s  fyd x 34810 1.19

189
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO – Ano lectivo 2013/2014 Estruturas de Betão II

3.1.2. Sapatas ligadas por um lintel de fundação

EXERCÍCIO S2

Considere o sistema constituído por duas sapatas ligadas por um lintel, como indicado na
figura.

N 1 = 500 kN N 2 = 1000 kN
M 1 = 300 kNm M 1 = 500 kNm
0.50 0.50

0.70 0.80

1.50 2.50 2.50

0.40 0.60 0.40 2.00

Dimensione e pormenorize as armaduras da sapata e do lintel para os esforços indicados


(materiais: C20/25 e A400NR).

190
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO – Ano lectivo 2013/2014 Estruturas de Betão II

RESOLUÇÃO DO EXERCÍCIO S2

1. Modelo de cálculo

A B

R1 R2
0.50 4.50

2. Determinação das reacções R1 e R2

 Contribuição de N1
N1

A B

R1 R2

 MA = 0  0.5 N1 = -R2  4.5  R2 = -0.11 N1 ; R1 = 1.11 N1

 Contribuição de M1 e M2

M1 M2
A B

R1 R2

M1 + M2 M1 + M2
 MB = 0  4.5 R1 - (M1 + M2) = 0  R1 = 4.5 ; R2 = - 4.5

191
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO – Ano lectivo 2013/2014 Estruturas de Betão II

 Cálculo de R1 e R2

M1 + M2 300 + 500 732.8 kN


R1 = 1.11 N1  = 1.11  500  =
4.5 4.5 377.2 kN
M1 + M2 300 + 500 767.2 kN
R2 = N2 - 0.11 N1  = 1000 - 0.11  500  = 
4.5 4.5 1122.8 kN

3. Dimensionamento da sapata 1

(i) Direcção x
500

300
0.175
Fc

0.72 Ft
732.8

732.8

0.72
tg  = = 1.07
1.5 / 2 - 0.15  0.5

R1 R1 732.8
tg  = F  Ft = = 1.07 = 684.9 kN
t tg 

Ft 684.9
As = f =  104 = 19.68 cm2
syd 348  103

 As  = Ft  1 = 19.68 = 9.84 cm2/m


 s  fsyd y 2

(ii) Direcção y (não há momento)


N1
0.4/4

N1/2 N1/2

Fc

0.72
 Ft
R1/2

R1/2 R1/2

192
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO – Ano lectivo 2013/2014 Estruturas de Betão II

d 0.72
tg  = = = 1.8
( A - a) / 4 2.0/4 - 0.4/4
R1 / 2 R1 / 2 366.4
tg  =  Ft = = 1.8 = 203.6 kN
Ft tg 
Ft 203.6
As = f =  104 = 5.85 cm2
yd 348  103

 As  = Ft  1 = 5.85 = 3.90 cm2/m


 s  fyd x 1.5

4. Dimensionamento da sapata 2

(i) Direcção x
N2 M2
0.175

N 2/2

Fc

0.72
Ft

R 2/2

R 2/2 R 2/2

0.72
tg  = 2.5 / 4 + 0.175 = 0.9

R2 / 2 R2 / 2 1122.8 / 2
tg  =  Ft = = = 623.8 kN
Ft tg  0.9

Ft 623.8
3  10 = 17.9 cm
4 2
As = f =
yd 34810

 As  = Ft  1 = 17.9 = 9.0 cm2/m


 s  fyd y 2

(ii) Direcção y (não há momento)

d 0.72
tg  = = = 1.8
( A - a) / 4 2.0/4 - 0.4/4
R2 / 2 R2 / 2 1122.8 / 2
tg  =  Ft = = = 311.9 kN
Ft tg  1.8
Ft 311.9
As = f =  104 = 8.96 cm2
yd 348  103
 As  = Ft  1 = 8.96 = 3.58 cm2/m
 s  fyd x 2.5

193
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO – Ano lectivo 2013/2014 Estruturas de Betão II

5. Dimensionamento da viga de fundação

500 1000
300 500

732.8 767.2
0.50 4.50

DMF
[kNm]
550
300 550 233.3
(-)

(+)
500
233.3
500

Msd = 550 kNm   = 0.174 (d = 0.63) ;  = 0.197  As = 28.48 cm2

550 + 500
Vsd = 4.5 = 233.3 kN

Asw Vsd 233.3


s = 0.9d  cotg   fsyd = 0.9  0.63  cotg 30  348103  10 = 6.83 cm /m
4 2

194
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO – Ano lectivo 2013/2014 Estruturas de Betão II

3.1.3. Dimensionamento de maciços de encabeçamento de estacas

EXERCÍCIO S3

Considere o maciço de encabeçamento de estacas representado na figura.

N sd = 5600 kN
M sd = 2160 kNm

0.80

3.00

1.20

0.30 0.60 1.20 0.60 0.30 3.00

a) Determine o esforço axial nas estacas.

b) Dimensione o maciço de encabeçamento (materiais: C20/25 e A400NR).

c) Pormenorize as armaduras.

195
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO – Ano lectivo 2013/2014 Estruturas de Betão II

RESOLUÇÃO DO EXERCÍCIO S3

ALÍNEA A)

N M  ei 5600 2160  0.9 2000 kN (2 estacas)


Ni = n  2 =  2 = 
 ei 4 4  (0.6 + 0.3) 800 kN (2 estacas)

ALÍNEA B)

(i) Direcção x
5600 kN
2160 kNm
0.28

Fc
1.10 
 Ft
2000

800 kN 2000 kN

1.10
tg  = = 1.77
0.9 - 0.28
R R 2000
tg  = F  Ft = = 1.77 = 1129.9 kN
t tg 
Ft 1129.9
As = f =  104 = 32.5 cm2
yd 348  103

(ii) Direcção y (não há momento)

1.10
tg  = 0.9 - 0.2 = 1.57

R R 2000
tg  = F  Ft = = 1.57 = 1272.7 kN
t tg 
Ft 1272.7
As = f =  104 = 36.6 cm2
yd 348  103

196
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO – Ano lectivo 2013/2014 Estruturas de Betão II

BIBLIOGRAFIA DE REFERÊNCIA

Bibliografia Principal e Geral

Appleton, J. 2013 : “ Estruturas de Betão – Volumes 1 e 2”, Edições Orion, Amadora

fib : “Structural Concrete – Textbook on Behaviour Design and Performance” 2009,


Volume 1: Design of concrete structures, conceptual design, materials (fib bulletins 51),
International Federation for Structural Concrete, Lausanne.

fib : “Structural Concrete – Textbook on Behaviour Design and Performance” 2009,


Volume 2: Basis of design (fib bulletins 52), International Federation for Structural
Concrete, Lausanne.

fib : “Post-tensioning in buildings” 2005, (fib bulletins 31), International Federation for
Structural Concrete, Lausanne.

Renaud Favre, Jean-Paul Jaccoud, Olivier Burdet, Hazem Charif, 1997 :


“Dimensionnement des Structures en Béton” – Volume 8. Traité de Génie Civil de l’École
Polytechnique Fédérale de Lausanne, Presses Polytechniques et Universitaires
Romandes

Muttoni, A., Schwartz, J., Thürlimann, B. 1998 : “Design of Concrete Structures With
Stress Fields”, Birkhäuser, Basel.

Almeida, J., Lourenço, M. 2011 : “Modelos de Campos de Tensões – Zonas D”,


Apresentação preparada para a disciplina Betão Estrutural, Mestrado em Engenharia de
Estruturas, Instituto Superior Técnico, Lisboa (link).

Schlaich, J., Schäfer, K., Jennewein, M. 1987 : “Toward a consistent design for structural
concrete”, PCI-Journ. Vol.32, No. 3, pp. 75-150.

Documentos Normativos

NP EN 1990 2009: Eurocódigo: “Bases para o projecto de estruturas”, IPQ, Lisboa.

EN 1991-1-1 2009: “Acções em estruturas – Acções Gerais – Pesos volúmicos, pesos


próprios, sobrecargas em edifícios”, IPQ, Lisboa.

EN1992-1-1 2010 : “Projecto de estruturas de betão – Parte 1-1: Regras gerais e regras
para edifícios”, IPQ, Lisboa.

NP EN 13670: 2011 – Execução de Estruturas de Betão, IPQ, 2011.

NP EN 206 -1: 2005 – Betão – Parte 1: Especificação, desempenho, produção e


conformidade

197
INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO – Ano lectivo 2013/2014 Estruturas de Betão II

Especificação LNEC E464 – Betões. Metodologia Prescritiva para a Vida Útil de Projecto
de 50 e de 100 anos face às Acções Ambientais.

Especificação LNECE465 – Betões. Metodologia para estimar as propriedades de


desempenho que permitem satisfazer a vida útil de projecto de estruturas de betão
armado e pré-esforçado sob as exposições ambientais XC e XS.

Especificação LNEC E461 – Metodologias para prevenir reacções expansivas internas.

198

Você também pode gostar