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CRONOLOGIA DA EVOLUÇÃO EUROPEIA

1946
19 de setembro

O Discurso de Churchill foi um marco importante para a construção da Europa. Não


que o discurso dissesse algo de novo, mas as circunstâncias em que foi feito
demonstraram-se determinantes. Neste discurso Churchill lança um veemente apelo à
união dos povos europeus e sendo assim possível a criação de uns “Estados Unidos da
Europa”.

1948
5 de maio

A proposta de Churchill levou a certos desenvolvimentos no sentido de construir a


Europa Unida, sendo que a 5 de maio de 1948 é assinado um tratado de defesa entre 5
Estados europeus e a 16 de abril do mesmo ano é criado a OCDE para a aplicação do
Plano Marshall (Programa de Recuperação Europeia, foi o principal plano dos Estados
Unidos para a reconstrução dos países aliados da Europa nos anos seguintes à Segunda
Guerra Mundial.

1948
7 a 10 maio

É organizado o Congresso de Haia que visava discutir a “ideia europeia” e concentrou


um inúmero conjunto de personalidades marcantes e muitos dos “pais fundadores” da
Europa Unida.
Este Congresso deixou a evidência de que existiam duas correntes de pensamento sobre
qual deveria ser o modelo escolhido para a construção da Europa: corrente federalista e
pragmática; tema da qual resultou a principal divergência.
Apesar desta divergência, o Congresso de Haia foi muito importante na construção da
União Europeia e deixou certas ideias estabelecidas entre as quais se destacam: A
Alemanha teria de fazer parte, pois tal presença é fulcral para o sucesso da união da
Europa; independentemente da corrente escolhida, teria de existir um parlamento
europeu de forma a existirem posições comuns e tomadas através de um meio
democrático; à construção da Europa Unida era fulcral que esta estivesse dotada de uma
carta de direitos fundamentais comuns a toda a Europa; era necessário também a criação
de um Tribunal de Justiça capaz de aplicar sanções necessárias para fazer cumprir a
carta.

1949
5 de maio

Com o Tratado de Londres de 1949 é criado o Conselho da Europa. Órgão ainda


existente e que é autónomo e independente da U.E. Esta organização regional paralela à
U.E tem características funcionais, estruturais e organizacionais distintas às da U.E.
O seu nascimento é claramente marcado por uma matriz de cooperação
intergovernamental afastando-se assim das lógicas federais de transferência de
soberania, sendo que entre os aspetos que mostram a não-adoção do federalismo
destacam-se os seguintes: estrutura institucional bastante simples composta por um
comité de ministros e cujas decisões têm de ser unânimes, sendo que cada Estado tem o
direito de veto; existe uma assembleia de cariz meramente consultivo, mas cujo impacto
é muito reduzido nas decisões do Comité de Ministros.

1950
9 de maio

Robert Schuman, Ministro dos Negócios Estrangeiros francês, profere um importante


discurso, onde apresentou uma proposta de criação de uma Europa organizada, requisito
indispensável para a manutenção de relações pacíficas entre todos os estados Europeus,
acabados de sair cinco anos antes de mais uma Guerra que a dilacerou (II Guerra
Mundial). Propõe que a França e a República Federal da Alemanha ponham em comum
os seus recursos de carvão e de aço, numa organização aberta aos outros países da
Europa.
Esta proposta, conhecida como "Declaração Schuman", é considerada o começo da
criação do que é hoje a União Europeia.
O processo de construção da Europa não poderá ser feito de uma vez só, nem através de
um Constituição, pois o que é realmente necessário é um conjunto de realizações
concretas que vão, passo a passo, construindo a Europa. Sendo que dessas realizações
concretas, no imediato, deveriam realçar-se as seguintes: solidariedade de facto entre os
povos europeus, ou seja, estes deveriam fazer um verdadeiro ato de fé ao confiarem na
União da Europa; eliminação da oposição existente entre a França e a Alemanha.

1951
18 de abril

Mediante a proposta francesa foi adotada levando às negociações entre a França, a


Alemanha, a Itália, a Bélgica, a Holanda e o Luxemburgo e culminando com a
instituição da Comunidade Europeia do Carvão e do Aço (CECA) com a assinatura
do Tratado de Paris a 18 de abril de 1951, entrando depois em vigor a 25 de julho de
1952 e no próprio tratado estava estabelecido que este deveria vigorar durante 50 anos.
Os aspetos característicos de uma organização “federal” (um Estado composto por
diversas entidades territoriais autônomas dotadas de governo próprio) estão com efeito
claramente marcados no Tratado: transferência de determinadas competências estatais
para uma Alta Autoridade comunitária dotada de amplos poderes para agir tanto sobre
os Estados-Membros como sobre as empresas nacionais dos sectores do carvão e do
aço; produção legislativa autónoma e consequente sobreposição de ordens jurídicas;
possibilidades abertas às instituições comunitárias de procederem elas próprias a
revisões do Tratado; submissão dos Estados-membros à legislação de origem
comunitária e a rigoroso controlo jurisdicional do exato cumprimento das obrigações
por eles assumidas no âmbito da CECA.
Do ponto de vista da organização institucional a CECA foi organizada com base num
quadro institucional quadripartido: uma Alta Autoridade, antecessora da Comissão
Europeia e assistida por com um comité consultivo, tinha competência decisória
independente da vontade dos Estados; um Assembleia Comum, antecessora do
Parlamento Europeu, cujos membros são escolhidos a partir dos Parlamentos Nacionais;
um conselho especial de Ministros; um Tribunal de Justiça que representa o controlo, a
limitação e a fiscalização do poder.
1952
27 de maio

A Europa sentiu necessidade de se defender e de alargar a união económica a uma união


militar, pelo que a 27 de maio de 1952 foi assinado o Tratado da Comunidade Europeia
da Defesa (CED), porém este nunca entrou em vigor, visto que carecia da retificação
de todos os Estados-Membros da CECA e a França não o fez. Apesar a ideia original ter
surgido por iniciativa francesa, esta foi dada no auge do poderio soviético que, à data
prevista para a retificação, tinha acalmado devido à morte de Estaline.
Com esta não entrada em vigor do Tratado da Comunidade Europeia de Defesa a
Europa Unida atravessa a sua primeira crise, que só seria resolvida em 1955 através da
Declaração de Messina.

1955
2 de junho

A Declaração de Messina foi a base de lançamento para a saída da crise europeia.


Nesta era acentuada a ideia de que a construção europeia tinha de ser feita, em primeiro
lugar, pela via económica e que esta via carecia de um mercado comum com liberdade
de circulação para todos os produtos exceto o carvão e o aço (CECA) e os produtos
atómicos (EURATOM).

1957
25 de março

Assinatura em Roma dos Tratados que instituem a Comunidade Económica Europeia


(CEE) e a Comunidade Europeia da Energia Atómica (EURATOM), que entram em
vigor em 1 de janeiro de 1958.
O mercado comum nasce com o Tratado de Roma de 1957 (Tratado CEE) que
atualmente ainda vigora, apesar das várias alterações existentes, sob a designação de
Tratado sobre o Funcionamento da União Europeia.
1961
18 de julho

Os países europeus desejavam dar maior voz à Europa na cena internacional e para tal
era fulcral unir politicamente a Europa dando força ao peso económico que estava a ser
alcançado. Este desejo resulta na declaração de Bad Godesberg que levou à criação do
Conselho Europeu.
Esta declaração marca o momento da viragem da união económica para a união
política.

1965
8 de abril

Nasce o Tratado de Bruxelas, entrou em vigor em 1 de julho de 1967 e foi revogado


pelo Tratado de Maastricht, este acordo firmado por seis países europeus (Alemanha,
Bélgica, França, Italia, Luxemburgo e Países Baixos) e estabelecendo um conselho
único e uma comissão única para as três comunidades europeias – a Comunidade
Econômica Europeia (CEE), a Comunidade Europeia do Carvão e do Aço (CECA) e a
Comissão Europeia da Energia Atómica (EURATOM).

1985
14 de junho

Convenção de aplicação do Acordo de Schengen – é uma convenção entre países


europeus sobre uma política de abertura das fronteiras e livre circulação de pessoas
entre os países signatários.
Teve como signatários cinco países membros da Comunidade Europeia: França,
Alemanha e o Benelux (união econômica entre Bélgica, Países Baixos e Luxemburgo,
países que já tinham um acordo de livre circulação de pessoas
1986
17 de fevereiro

Entrou em vigor o Ato Único Europeu. Este novo tratado surge da necessidade clara de
novos impulsos para a criação da tão falada União Europeia e que tais impulsos
careciam de uma adaptação do sistema institucional comunitário. Devido aos sucessivos
alargamentos da CEE, esta perdera a sua homogeneidade, pelo que, os processos
comunitários de decisão encontravam-se já inadequados para um conjunto de doze
Estados-Membros.
Tinha dois objetivos distintos: destina-se a rever os tratados da CEE; e a criar um
tratado de cooperação política.
Com o Ato Único Europeu a Europa Unida passava a conceber-se do seguinte modo: as
comunidades são o núcleo duro da União Europeia, enquanto a cooperação política seria
uma camada envolvente.
Reconheceu a existência de certas preocupações: a necessidade de estabelecimento no
quadro comunitário de uma união económica e monetária, servida por uma moeda
única; e a necessidade de redefinir os objetivos do projeto inicial de integração através
de um alargamento e de um aprofundamento dos mesmos.

1992
7 de fevereiro

Assinado o Tratado Maastricht (formalmente Tratado da União Europeia) foi assinado


pelos membros da Comunidade Europeia – revisto várias vezes, sendo a versão mais
recente a que foi estabelecida pelo Tratado de Lisboa.
Com este Tratado, que foi assinado em 1992, surgiriam as disposições relativas à PESC
(Política Externa e de Segurança Comum). A cooperação alargou-se também aos
domínios da Justiça e dos Assuntos Internos (JAI). Passaram a existir três pilares: as
Comunidades Europeias reguladas numa perspetiva de supranacionalidade; a PESC cujo
domínio jurídico é extremamente intergovernamental; e a JAI, cuja regulação é feita por
um misto das duas correntes anteriores. (Apesar do primeiro pilar ser mais forte que os
outros, todos estavam regulados pelo mesmo quadro jurídico-institucional.)
O Tratado de Maastricht substituiu a denominação Comunidade Econômica Europeia
pelo termo Comunidade Europeia. Além da Comunidade Europeia, foi instituída a
União Europeia, de modo que as duas passaram a coexistir a partir de 1992.
O Tratado de Maastricht atribuiu aos cidadãos dos Estados-Membros o estatuto de
cidadão europeu que inclui um conjunto de direitos e deveres que caracterizam a
cidadania europeia.
O Tratado de Maastricht criou metas de livre movimento de produtos, pessoas, serviços
e capital. Visava à estabilidade política da Europa.

1997
2 de outubro

Assinado o Tratado de Amesterdão que não modificou significativamente o Tratado


da União Europeia.
Criou um espaço de liberdade, segurança e justiça – na linha da união política dos
Estados-membro. Separou os tratados das três Comunidades (Comunidade Europeia do
Carvão e do Aço, Comunidade Econômica Europeia e Comunidade Europeia da Energia
Atômica) do tratado da União Europeia e reforçou o espírito de cooperação entre os
Estados-membros.

2001
26 de fevereiro

O Tratado de Nice teve como objetivo a adaptação do funcionamento das instituições


europeias antes da chegada de novos Estados-Membros.
O Tratado de Nice abriu, assim, a via para a reforma institucional necessária ao
alargamento da União Europeia aos países candidatos do Leste e do Sul da Europa.
As principais alterações introduzidas pelo Tratado de Nice incidem sobre a limitação da
dimensão e composição da Comissão Europeia, a extensão da votação por maioria
qualificada, uma nova ponderação dos votos no Conselho Europeu e a flexibilização do
dispositivo de cooperação reforçada.
Tinha como objetivo a criação de uma Constituição da Europa, mas essa ideia foi
abandonada com o Tratado de Lisboa – a reprovação por referendo em dois Países –
França e Holanda – levou ao abandono do Tratado Constitucional.
2007
13 de dezembro

Reformou o funcionamento da União em 1 de dezembro de 2009, quando entrou em


vigor. Emendou o Tratado da União Europeia (TUE, Maastricht) e o Tratado que
estabelece a Comunidade Europeia (TCE, Roma; 1957). Neste processo, o TCE foi
renomeado para Tratado sobre o Funcionamento da União Europeia (TFUE).
“A União Europeia substitui-se e sucede à Comunidade Europeia” – Esta disposição
encontra se no artigo 1º do Tratado da União Europeia e surge com o Tratado de Lisboa
após o falhanço do Tratado Nice.
Importantes mudanças incluíram o aumento de decisões por votação por maioria
qualificada no Conselho da União Europeia, o aumento do Parlamento Europeu, no
processo legislativo através da extensão da co-decisão com o Conselho da União
Europeia, a eliminação dos Três Pilares e a criação de um Presidente do Conselho
Europeu, com um mandato mais longo, e um Alto Representante da União para os
Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança, apresentando uma posição unida sobre
as políticas da UE. O Tratado também fez com que a Carta da União em matéria de
direitos humanos, a Carta dos Direitos Fundamentais, se tornasse juridicamente
vinculativa.
Sintetizando, politicamente, a União é caracterizada por um pluralismo de poder entre
os órgãos que representam os Estados-Membros (Conselho Europeu e Conselho de
Ministros), o órgão que representa os cidadãos (Parlamento Europeu) e o que representa
a própria União (a Comissão Europeia). Este pluralismo leva a uma dualidade
fundamental entre poder político/governo e poder jurisdicional, o qual culmina no
Tribunal de Justiça da União. Do ponto de vista normativo, a União caracteriza-se por
ter um direito suscetível de se projetar diretamente na esfera jurídica dos particulares,
criando direitos e obrigações, que faz sem mais parte integrante do direito dos Estados
Membros e que se encontra dotado de primado sobre o destes.

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