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Nesta obra o autor não inventa um novo paradigma. Mas quase que faz
melhor! Traça o histórico e propõe uma teoria da identidade para a nossa
sociedade em plena mutação. Faz do velho, novo, voltando a dar a este
conceito - chave o rigor e a pertinência que havia perdido. O autor constrói
um instrumento para a compreensão da modernidade, uma luminosa grelha
de interpretação para um mundo desnorteado onde cada um, sozinho ou
com outros, procura a sua vida, o seu ídolo, a sua verdade, um absoluto, um
sentido para a vida, a fim de combater o novo mal do século: a derrocada
psicológica. Kaufmann, nesta obra, tem a coragem de desafiar as
convenções e as barreiras das especialidades sacrossantas. Ousa aventurar-
-se criando várias pontes entre a história, a política, a psicologia e a
sociologia mas, mantendo-se sempre consciente dos perigos da mistura de
géneros e das ciladas da subjectividade. Fazendo isto, escolheu exortar pelo
exemplo, demonstrando, através da elaboração muitas vezes pessoal do seu
discurso, que A Invenção de Si releva, antes de tudo, da audácia e da
criatividade e que é necessário correr riscos para se arranjar um pouco de
coragem num mundo votado às desgraças da autodestruição.
- Determinação ocultas?
Hélice por ser dinâmica, duplo hélice por ter as duas modalidades
de desenvolvimento anteriormente referidas:
Kaufmann refere que não quer ser mal entendido nos seus
propósitos. Ele não tem o objectivo de criticar colegas, mas sim “
apontar um fenómeno colectivo, que revela a natureza particular do
conceito.” (35). Apresenta exemplos de aut9ores que
problematizaram a identidade, tais como Dubar (1991), Goffman
(1975), Paul Ricoeur (1990) e François de Singly (1996). Para ele,
mais do que criticar as abordagens, destes e de outros autores,
deve encontrar-se uma “ visão de conjunto, que permita dizer o que
é exactamente a identidade. Não determinado detalhe do seu
funcionamento, mas o seu lugar no conjunto da maquinaria social”
(36).