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EEL022 - ANÁLISE DE SISTEMAS ELÉTRICOS – UNIFEI - CAMPUS ITABIRA

APOSTILA DE ANÁLISE DE SISTEMAS


ELÉTRICOS

PROF. FREDERICO OLIVEIRA PASSOS

UNIVERSIDADE FEDERAL DE ITAJUBÁ – CAMPUS ITABIRA


Resumo

O curso de Análise de Sistemas Elétricos (EEL022) é ministrado em 64horas-aulas.

São 16 semanas de 4horas na quinta-feira as 13:30h.

A disciplina será ministrada através de metodologia ativa onde o aluno deverá

comparecer a aula preparado para ser desafiado e questionado sobre o conteúdo previamente

informado. O aluno será avaliado conforme procedimento de avaliação abaixo:

Procedimento de aula

Avaliação individual do estudo prévio: Ocorrerá através de argüição individual; O

aluno será escolhido através de sorteio;

Dinâmica de grupo: Conjunto de desafios pertinentes aos conteúdos discutidos. Onde

equipes disputarão os desafios. Cada equipe terá um líder no dia de aula e terá que dispensar

um membro para a outra equipe;

Dinâmica Individual: Conjunto de desafios pertinentes aos conteúdos discutidos.

Onde cada aluno deverá finalizar o desafio em sala individualmente;

Procedimento de avaliação de aulas

Toda aula: NOTA DE 0-100 COMPOSTA POR:

Nota de participação: [0-100] 30%

Nota de estudo prévio: [0-100] 50% * a nota daqueles não sorteados será a média da

nota dos alunos sorteados;

Nota de desempenho na prática: [0-100] 20%

0,7*(MÉDIA DAS AULAS ATÉ P1)+0,3*P1 = NOTA 1

0,7*(MÉDIA DAS AULAS DEPOIS DE P1 ATÉ P2)+0,3*P2 =NOTA 2

EXAME AVALIAÇÃO INDIVIDUAL TRADICIONAL


Ementa:

Introdução. A representação PU: cargas, trafos de tapes variáveis, choques de

bases e circuito pi equivalente. O método dos componentes simétricos: potência e

componentes seqüenciais para sistemas de impedâncias desequilibrados, circuitos seqüenciais

e análise de desequilíbrios. Capacidade de curto circuito. Impedâncias seqüenciais de

equipamentos e máquinas. Análise de sistemas desequilibrados. Faltas métricas e assimétricas

"shunt" e série e simultâneas. Aterramento de neutro. A matriz de impedância nodal.

Bibliografia:

HERMETO, ANTONIO, E. – Apostila de Análise de Sistemas Elétricos, UNIFEI,


2008.
ANDERSON, PAUL, M. – Analysis of Faulted Power Systems, Iowa State University
Press,1973
GRAINGER, JOHN,J., WILLIAM D. STEVENSON- Power System Analysis,
McGraw-Hill,1994
ELGERD, O.I – Introdução a Teoria de Sistemas de Energia Elétrica- McGraw-Hill
do Brasil,1977.
BARTHOLD, L. O., REPPEN,N.D. e HEDMAN, D. E. - Análise de Circuitos de
Sistemas de Potência Série PTI – Santa Maria, RS, 1978.
THE ELECTRICITY COUNCIL – Power System Protection – Vol. 1- Peter
Peregrinus Ltd, Stevenage, U.K., 1981.
OLIVEIRA, C.C. B., SCHIMIDT,H.P., KAGAN,N. E ROBBA, E. J. – Introdução a
Sistemas Elétricos de Potência, Edgard Blucher Ltda, 1996.
BLACKBURN, J.L. – Symetrical Components for Power System Engineering –
Marcel Dekker Inc,. N.Y., 1993.
THE ELECTRICITY COUNCIL – Power Protection – Vol. 1 Peter Peregrinus Ltd.,
Stevenage, U.K.,1981.
ELECTRICAL TRANSMISSION AND DISTRIBUTION REFERENCE BOOK –
Westinghouse Electric Corporation.

CONTEÚDO
AULA 01 – Introdução de Análise de Sistemas Elétricos, PU e Representação de Cargas
Trifásicas em PU ..................................................................................................... 1
Introdução de Análise de Sistemas Elétricos...................................................... 1
Representação por Unidade – PU ....................................................................... 1
Representação de Impedâncias em PU ............................................................... 3
AULA 02 – Mudança de Base e Representação de Transformadores ....................................... 7
Mudança de Base................................................................................................ 7
Representação de Transformadores em PU ........................................................ 8
AULA 03 – Representação de Banco de Transformadores ..................................................... 12
Representação de Banco de Transformadores em PU ...................................... 12
AULA 04 – Representação de Cargas ..................................................................................... 19
Representação de Cargas .................................................................................. 19
AULA 05 – Choque de bases e Transformadores com Tapes ................................................. 27
Choque de Bases .............................................................................................. 27
Transformador com Tapes................................................................................ 30
AULA 06 – π Equivalente aos transformadores com Tapes .................................................... 33
π Equivalente aos transformadores com Tapes ................................................ 33
AULA 07 – Componentes Simétricos ..................................................................................... 37
Componentes Simétricos .................................................................................. 37
AULAS 08 e 09 – Potência em Componentes Simétricos e Redes Desequilibradas............... 43
Potência em Componentes Simétricos ............................................................. 43
Componentes simétricos de uma rede com impedâncias desequilibradas ....... 44
AULA 10 – Redes Equilibradas com Cargas Desequilibradas ................................................ 51
Redes equilibradas providas de cargas desequilibradas ................................... 51
AULA 11 – Desequilíbrio Shunt – Circuito de Quatro Braços ............................................... 58
Desequilíbrio devido às faltas shunts diversas ................................................. 58
AULA 12 – Circuito de Quatro Braços – Casos Particulares .................................................. 66
Circuito de Quatro Braços – Casos Particulares .............................................. 66
AULA 13 – Circuito para falta trifásica desequilibrada .......................................................... 76
Circuito para Cálculo de Falta Trifásica Desequilibrada ................................. 76
AULA 14 – Análise de Faltas Série ......................................................................................... 81
Análise de Faltas Série ..................................................................................... 81
Circuito de Quatro Braços – Casos Particulares de Desequilíbrio série .......... 84
Abertura de Uma Fase ...................................................................................... 84
Abertura de Duas Fase ..................................................................................... 85
AULA 15 – Defasamento angular de Transformadores........................................................... 90
Defasamento angular de Transformadores em Componentes Simétricos ........ 90
AULA 16 – Banco de Transformadores com 3 Enrolamentos ................................................ 93
Banco de Transformadores com 3 Enrolamentos............................................. 93
Impedância de sequencia zero de transformadores trifásicos de 2 enrolamentos
providos de núcleo trifásico ............................................................................. 97
AULA 17 – Representação de Linhas de Transmissão ............................................................ 99
Linhas de Transmissão ..................................................................................... 99
Modelagem de Linhas de Transmissão .......................................................... 100
AULA 18 – Máquinas Síncronas ........................................................................................... 105
Máquinas Síncronas ....................................................................................... 105
Impedâncias de sequencia zero e negativa de máquinas síncronas ................ 107
AULA 19 – Motor de Indução Trifásico................................................................................ 109
Motor de Indução Trifásico ............................................................................ 109
Impedâncias de sequencia zero e negativa do MIT ........................................ 110
A contribuição do MIT durante faltas ............................................................ 112
AULA 20 – Potência ou Capacidade de Curto-Circuito ........................................................ 113
Potência ou Capacidade de Curto-Circuito .................................................... 113
AULA 21 – Aterramento de Neutro....................................................................................... 116
Aterramento de Neutro ................................................................................... 116
a)Resistências desprezíveis ............................................................................ 118
b)Resistências de sequencia positiva desprezíveis ......................................... 119
AULA 22 – Matriz de Admitância Nodal .............................................................................. 121
Matriz de Admitância Nodal .......................................................................... 121
AULA 23 – Matriz de Impedância Nodal .............................................................................. 127
Matriz de Admitância Nodal .......................................................................... 127
Análise de curto-circuito utilizando a matriz de impedância nodal ............... 132
ANEXO 1
ANEXO 1- Desenvolvimento de A ZA e 3 A−1Z g Ia 0 : ................................... 1
−1

ANEXO 2- Conceito do Teorema de Thevenin: ................................................ 4


Aula 1 - Introdução de Análise, PU e Cargas Trifásicas 1

AULA 01 – Introdução de Análise de Sistemas Elétricos, PU e Representação de Cargas


Trifásicas em PU

Introdução de Análise de Sistemas Elétricos

Na engenharia elétrica, sempre se busca a forma mais adequada para representar,


estudar e resolver alguma questão ou problema relacionado a um determinado sistema
elétrico. Dada a complexidade e tamanho que, em geral, os sistemas elétricos reais têm,
utilizam-se diversas ferramentas e métodos para facilitar a compreensão e solução dos
problemas de engenharia.
Para que um sistema elétrico possa entrar em operação, funcionar continuamente com o
mínimo de interrupções e se expandir para atender o aumento da demanda, um conjunto de
estudos devem ser realizados para que a tão necessária energia elétrica dos dias atuais esteja
disponível para as diversas aplicações no âmbito industrial, comercial e residencial. Estudos
complexos de fluxo de potência, análise de curto-circuito e estudos de estabilidade, entre
outros, são fundamentais para que a energia elétrica saia dos pontos de geração e chegue até
os diversos tipos de consumidores finais. Com objetivo de garantir uma energia elétrica de
qualidade (níveis de tensão e freqüência adequados), com um fornecimento de qualidade
(serviço de fornecimento adequado e sem interrupções) e com a maior eficiência e segurança
viavelmente possíveis (minimizar os custos e impactos ambientais e garantir a segurança
operacional do sistema e das pessoas diretamente envolvidas).
Ao longo do curso, tais ferramentas e métodos serão apresentados para o graduando em
engenharia elétrica. Assim, para que o mesmo comece essa jornada é fundamental o
conhecimento de alguns conceitos básicos.
A matéria de Análise de Sistemas Elétricos consiste em apresentar os conceitos de:
valores PU de grandezas elétricas, componentes simétricos e suas transformações,
representação de elementos e máquinas elétricas em componentes simétricos, análise de
circuitos equilibrados com cargas desequilibradas, circuitos desequilibrados, capacidade de
curto-circuito de uma determinada barra do sistema e aterramento de neutro.

Representação por Unidade – PU

Sabendo que ao longo de todo um sistema elétrico existem diversos níveis de tensão e,
consequentemente, diversos níveis de corrente, a interpretação dos valores das grandezas
elétricas para diversos pontos diferentes do sistema fica muito difícil. Tais diferenças nos
Aula 1 - Introdução de Análise, PU e Cargas Trifásicas 2

valores podem chegar à ordem de mil vezes. Ou seja, se alguém for informado que ocorreu
uma variação de tensão de 10% do valor nominal, qualquer um conseguiria interpretar essa
informação, entretanto, se fosse informado que a tensão variou 100V, aparece a dúvida, pois
se ocorreu na parte do sistema onde a tensão é 220V nominais é uma grande variação, caso
ocorresse no sistema onde a tensão nominal é de 13800V, a variação é irrisória.
Para que tais grandezas elétricas possam ser interpretadas em qualquer ponto do
sistema, utiliza-se uma comparação da grandeza elétrica com um valor referência estabelecido
para a mesma grandeza para aquele determinado ponto do sistema, chamado base do sistema.
Sabe-se que conhecidas duas grandezas elétricas de um elemento, todas as outras
grandezas podem ser obtidas. O mesmo conceito vale para as bases do sistema, pois ao
definir valores base de duas grandezas para um determinado ponto do sistema, as bases das
outras grandezas podem ser obtidas facilmente. Em sistemas de potência, as grandezas
usualmente utilizadas como base são a potência aparente e a tensão.
Sendo as bases valores referência, qualquer valor em módulo pode ser adotado, entre
tanto é comum a utilização dos valores nominais de tensão e potencia aparente como base do
sistema. É importante ressaltar que o valor base de potência será o mesmo para qualquer
ponto do sistema e os valores base de tensão, corrente e impedância poderão mudar ao longo
do sistema devido às relações de transformação dos transformadores existentes no sistema
elétrico.
Para qualquer grandeza, tem-se:
Valor _ da _ Gradeza
Valor _ pu =
Valor _ Base _ da _ Gradeza
*obs: os valores PU são adimensionais!

Exemplo – Adotando as seguintes bases do sistema: VB = 100 kV e S B = 100 MVA ,

obter as bases de corrente e impedância e calcular os valores PU das grandezas medidas


abaixo: V a = 80 kV ; I a = 600 A ; =
Z a 200 Ω ; S a = 100 MVA .

VB VB 2 100 2.(103 ) 2 100 2.106 100 2


Z=
B
= = = = = 100Ω
I B SB 100.106 100.106 100

VB S B 100.106 106
I=
B
= = = = 1000 A
Z B VB 100.103 103
Aula 1 - Introdução de Análise, PU e Cargas Trifásicas 3

Va 80.103 I a 600
V= = = 0,8 pu I aU= = = 0,6 pu
aU
VB 100.103 I B 1000

Z a 200 S a 100.106
Z=
aU
= = 2 pu S= = = 1 pu
Z B 100 aU
S B 100.106

Representação de Impedâncias em PU

Dada uma carga trifásica equilibrada com três impedâncias iguais de valor Z[Ω]
conectadas, ora em estrela (Y), ora em delta (∆), pode-se calcular o valor do módulo de Z
através dos valores do módulo da Tensão de Linha (VL ) e do módulo da Potência Aparente
Trifásica (S3F).

 VL   VL 
   
VF  3  3   VL   3VL  VL
2

Z =
= =  = . =
IF IL  S3 F   3   S3 F  S3 F
 
 3VL 
ou
2
 VL  VL 2
VF 2  3  3 VL 2
Z =
= = =
SF S3 F S3 F S3 F
3 3
Agora considerando as mesmas tensões e a mesma potencia aparente total dessa carga, mas
conectada em delta (∆):

VF VL VL VL V2
Z
= = = = = 3 L
I F  I L   1   S3 F   S3 F  S3 F
      
 3   3   3VL   3VL 

ou

VF 2 VL 2 VL 2
Z = = 3
=
S F S3 F S3 F
3
Aula 1 - Introdução de Análise, PU e Cargas Trifásicas 4

A impedância teria que ser três vezes maior para que a carga consumisse a mesma
potencia!
Ao considerar o valor base de tensão igual ao valore da tensão de linha (VB = VL) e a
valor base de potencia igual à potência aparente trifásica da carga (SB = S3F):

VB 2 VL 2
ZB =
=
S B S3 F

Consequentemente, para a conexão em estrela:

ZY = Z B

Para conexão em delta:

Z ∆ = 3Z B

Para que as duas conexões fossem equivalentes:

Z∆
ZY =
3

Ao trabalhar com valores em PU temos para a conexão estrela:

VB 2 Z S
ZB = Z=
U
= Z B2
SB e
ZB VB

Onde:

 VB   VB 
   
3   VB   3VB  VB
2
3
Z B =
= = .  = 
IB  S B   3   S B  S B
 
 3VB 

Para conexão em delta temos:

VB VB VB VB VB 2
Z= = = = = 3
I B  I B   1   SB   SB 
B
SB
       
 3   3   3VB   3VB 
Aula 1 - Introdução de Análise, PU e Cargas Trifásicas 5

Assim, o valor em PU no delta fica:

VB 2 Z Z  SB 
ZB = 3 Z=
U
=  
SB Z B 3  VB 2 
e

Caso as cargas em estrela e delta fossem equivalentes (consumissem a mesma potencia


para a mesma tensão) o valor ôhmico de Z no delta seria três vezes menor, assim o valor em
PU seria o mesmo. Isso ocorre, pois o valor em PU representa a carga em delta através de seu
respectivo equivalente estrela (conversão delta-estrela).
Exemplo – Sabendo que uma carga trifásica passiva consome 20MVA, quando aplicada
uma tensão de 500kV,e a mesma tem um fator de potência = 0,5 indutivo, calcular os valores
ôhmicos das impedâncias quando conectadas em estrele e delta com os respectivos valores
em PU.
Trabalhando agora com valores complexos, para estrela:

S 3 F = 3.V L .I L *

 VL e j 0   VLe j 0   VL e j 0   VL e j 0 
   

       
VF  3   3   3   3   VL 2  j 60
Z= = = = = =  e

c * *
IF IL  S3 F e j 60 

  S3 F  j 60    S3 F  − j 60   S3 F 
e

e  

 j0    3V     3VL 
 3VL e 

 L   

 VL 2  j 60  ( 500.103 )2   5002.106  j 60  5002  j 60


=Zc  = e  = e j 60
= e = e 12,5e j 60 k Ω
    

S  20.10   6   
 20.10   20 
6
 3F   

Obs: Verifica-se que quando os valores de tensão estão em kV e potencia em MVA, basta
utilizar os valores sem as respectivas ordens de grandeza.
Para o delta:

S 3 F = 3.V L .I L *
Aula 1 - Introdução de Análise, PU e Cargas Trifásicas 6

VF VL e j 0 VL e j 0 VL e j 0 VL e j 0  VL 2  j 60
   

Z= = = = = = 3 e


I F  I L   1   S e j 60
c * *

   S3 F  j 60    
S3 F − j 60  S
 3F 
   3V  e

  e 

3F
 3   3   3VL e j 0   
3V
  L    L  

 VL 2  j 60  ( 500.103 )2   5002.106  j 60  5002  j 60


=Z c 3 = e 3 = e j 60
3 = e 3 = e 37,5e j 60 k Ω
    

6  
 S3 F   20.10  6
 20.10   20 
 

Agora calculando os valores em PU:


Carga em estrela:

VB 2 ZC SB  VL 2  j 60  S3 F 
Z= = ZC =  e . 2=  1e pu
j 60  

ZB = CU 
SB ZB VB  S3 F 
2
 VL 

Para a conexão em delta:

VB 2 ZC 1  S B   VL 2  j 60 1  S3 F 
Z= = ZC . . = 3  e . . = 1e j 60 pu
 

ZB = 3 CU 2  2 
SB 3Z B 3  VB   S3 F  3  VL 

Verifica-se que terão os mesmos valores em PU, quando as cargas forem equivalentes.
Aula 2 – Mudança de Base e Representação de Transformadores 7

AULA 02 – Mudança de Base e Representação de Transformadores

Mudança de Base

Utilizar valores em PU trás diversas vantagens para a análise de circuitos. Sabendo que
os valores em PU estão sempre associados a um valor base de uma certa grandeza, faz-se
necessário a utilização correta desses valores.
Ao analisar um circuito elétrico com valores em PU, determinam-se sempre duas bases
fixas num certo ponto do sistema. Ao considerar a base de potência, a mesma deve ser
mantida para todo o sistema. Ao fixar a base de tensão, ou corrente, ou impedância num certo
ponto do sistema, deve-se obter as respectivas bases para os outros pontos do sistema
considerando as relações de transformação devido à existência de transformadores no
sistema.
Na maioria dos casos, as informações em PU fornecidas em cada equipamento que
compõem o sistema elétrico são dadas nas bases nominais de cada equipamento, ou seja, cada
equipamento terá seus valores PU associados as suas próprias bases. Assim, um sistema
elétrico pode ter diversos valores em PU associados a diversas bases distintas, inviabilizando
qualquer análise do sistema.
Portanto, para que uma correta análise do sistema possa ser feita, todos os valores em
PU devem estar nas mesmas bases – chamadas bases do sistema. Para que isso ocorra, a
mudança de base é de fundamental importância.
A mudança de base é simplesmente converter um valor em PU dado numa certa base,
obtendo o valor real da grandeza (ex: valor ôhmico[Ω], tensão[V] e corrente[A]). Em
seguida, de posse do valor real e da base do sistema que se deseja colocá-lo, obter o novo
valor em PU associado à nova base.
Conhecendo uma impedância em PU de um equipamento nas bases nominais do
mesmo, obtêm-se o novo valor PU associado às bases do sistema conforme abaixo:

ZE
Z EU = , assim: =Z E Z EU .Z BE [ Ω]
Z BE

Com o valor da grandeza calculado, basta converter para valor em PU na nova base (ZBS).

Z E Z EU .Z BE Z
Z=
SU
= = Z EU . BE
Z BS Z BS Z BS
Aula 2 – Mudança de Base e Representação de Transformadores 8

Sabendo que ZBE foi obtido dos valores nominais de tensão e potencia do equipamento e que
ZBS foi obtido dos valores de tensão e potencia adotados no sistema, tem-se:

Z BE  VLE 2   SS   VLE 2   SS 
Z SU Z=
= EU
. Z EU . = 2  Z EU . 2   
Z BS  E   VLS 
S  VLS   SE 

Exemplo – Um motor de indução trifásico com potencia 216kW, Rendimento=0,9,


fator de potencia =0,8 e tensão nominal de 1,2kV, tem uma impedância na partida de
0,125ej80°pu nas bases nominais. Obter o valor em PU da impedância do motor na partida
para as bases do sistema de VB=1kV e SB= 500kVA.

PM 216
=SM = = 300 kVA
(η .cosϕ ) ( 0,9.0,8 )

 VLE 2  SS 
Z SU = Z EU . 2  
 VLS   SE 

 (1,2 ) 2   0,5 
=Z SU 0,125
= e  2  0,3e j 80 pu
j 80 

 1   0,3  
 

Representação de Transformadores em PU

Para compreender a representação de transformadores em valores PU é importante


entender a modelagem do mesmo. A figura 1 abaixo representa um modelo de transformador
com relação de transformação de tensão “N”.
Aula 2 – Mudança de Base e Representação de Transformadores 9

Nesta representação os elementos primários e secundários estão separados pela relação


de transformação. Dessa forma, é importante referir todos os elementos apenas para um lado,
seja ele o primário ou secundário do transformador.
Referindo ao primário:
eP nP
= = N → e P = NeS
eS nS
Pelo modelo da figura acima:

e=
S
VS + Z S IS → eP NVS + NZ S IS
=
Da mesma forma:

V=
P
eP + Z P IP → VP =Z P IP + NZ S IS + NVS
N
Multiplicando o 2° termo da ultima equação acima por ( ):
N
 I 
Z P IP + ( N 2 Z S )  S  + NVS
VP =
N
Adotando:

I
VS ′ = NVS Z S ′ = N 2 Z S IS′ = S
N
Resulta:

VP =Z P IP + Z S ′ IS ′ + VS ′


Redesenhando o circuito equivalente da equação acima temos:

A relação de transformação continua existindo e dificultando a análise do circuito. Para


resolver tal questão, utiliza-se a representação em PU.
Aula 2 – Mudança de Base e Representação de Transformadores 10

Adotando as bases do primário do transformador V BP , I BP , Z BP , tem-se as bases no

secundário dada a relação de transformação “N” para as três grandezas elétricas:


VBP Z BP VBS V
VBS = I BS = NI BP Z BS = onde: Z BS = e Z BP = BP
N N2 I BS I BP

Reescrevendo a equação que relaciona VP e VS e transformando para PU nas bases
primárias, temos:

 I 
Z P IP + ( N 2 Z S )  S  + NVS
VP =
N

VP  Z P  IP   N 2 Z S  IS  VS


=    +   + N
VBP  Z BP  I BP   Z BP  NI BP  VBP

VP Z I
Sabendo que VPU = , Z PU = P , IPU = P , resulta em:
VBP Z BP I BP

   N 2 Z S  IS  VS
VPU =
Z PU I PU +   + N
 Z BP  NI BP  VBP

Conhecendo as relações entre as bases no primário e secundário, substitui-se as bases.

 
 N Z S   IS
2  VS

VPU = 
Z PU I PU +  2  + N
 ( N Z BS )    I BS  ( NVBS )
  N  
  N 

 Z  I  V
VPU =
Z PU IPU +  S  S  + S
 Z BS  I BS  VBS

VS Z I
Sabendo que VSU = , Z SU = S , ISU = S , resulta em:
VSP Z BS I BS

VPU = Z PU IPU + Z SU ISU + VSU

O circuito equivalente fica:


Aula 2 – Mudança de Base e Representação de Transformadores 11

Considerando que a corrente de magnetização é muito pequena (ordem de 1%de In),


para a maioria dos estudos o ramo magnetizante é desprezado. Assim o circuito equivalente
fica:

Finalizando em:

VPU ZU IU + VSU


=

Esta é a representação mais simples de transformadores monofásicos. O mesmo


conceito vale para transformadores trifásicos, onde o equivalente unifilar é representado,
assim como o defasamento angular devido ao fechamento do transformador.

Exemplo - Um transformador Dyn1 de 20MVA, 138kV-13,8kV apresenta Z%=5% e


X/R=10, obter os valores ôhmicos Zps e Zsp.

5 j a tg (10)
ZU = e pu
100

VLP 2 j 84,29  138 


2

Z PS Z=
= Z ZU = 0,05e = 47,61e j 84,29 Ω
 

U B
ST  
 20 

VLS 2 j 84,29  13,8 


2

Z SP Z=
= Z ZU = 0,05e = 0, 4761e j 84,29 Ω
 

U B
ST  
 20 
Aula 3 – Representação de Banco de Transformadores 12

AULA 03 – Representação de Banco de Transformadores

Representação de Banco de Transformadores em PU

A construção de transformadores trifásicos para elevadas potências na maioria das vezes


não é viabilizada. Isso ocorre por diversos motivos técnicos e econômicos, pois o tamanho
que tais transformadores alcançariam traria diversos problemas, tais como: custo do
projeto,problemas técnicos de construção, o transporte da fábrica até o local de instalação e a
necessidade de um sobressalente para resolver contingências.
Para resolver tais questões, é comumente praticada a utilização de banco de
transformadores trifásicos compostos por transformadores monofásicos, conectados para
fornecer a elevada potência necessária. Ao substituir um grande transformador trifásico em
diversos transformadores monofásicos, o transporte fica mais fácil e barato, o sobressalente
também é mais barato e suficiente para substituir qualquer um dos elementos do banco e
elevadas potências podem ser alcançada de forma econômica e tecnicamente viáveis.

É fundamental para um engenheiro eletricista conseguir representar um banco de


transformadores de um sistema baseando-se nas informações de placa de cada transformador
monofásico que o compõe.
Assim como num transformador trifásico comum, podem existir diversos fechamentos
do banco de transformadores (YY, ∆∆, Y∆, ∆Y,...). Conhecidas as informações do
transformador monofásico VPN, VSN, SN e ZUϕ e o fechamento do banco é possível determinar
a representação em PU do mesmo. O primeiro passo é obter os valores ôhmicos das
impedâncias vistas por ambos os lados do transformador (primário e secundário).
Aula 3 – Representação de Banco de Transformadores 13

Z PS Z SP
ZφU = ou ZφU =
Z BP Z BS

VPN 2
Z PS = ZφU .Z BP Z PS = Z φU .
SN

VSN 2
Z SP = ZφU .Z BS Z SP = ZφU .
SN

Sabe-se que:
2 2
n  n 
Z PS
= ZP + ZS  P  e Z SP
= ZS + ZP  S 
 nS   nP 

Desenhe a composição do banco conforme o fechamento desejado ((YY, ∆∆, Y∆,


∆Y,...). Para primeira análise segue o fechamento YY abaixo:
Aula 3 – Representação de Banco de Transformadores 14

Para representar este banco trifásico basta fazer o mesmo para transformadores
trifásicos. Representar apenas uma das fases da conexão em estrela.

Assim, os valores da representação trifásica do banco serão os mesmos do


transformador monofásico.
Z PS 3φ = Z PS e Z SP 3φ = Z SP
Agora repetindo o mesmo procedimento para uma conexão ∆∆:

Como a representação deve ser feita através da conexão em estrela, a equivalência deve
ser feita:

ZPZP ZP ZS ZS ZS
=Z P* = =
e ZS* =
ZP + ZP + ZP 3 ZS + ZS + ZS 3

nP nS
nP* = e nS * =
3 3
Aula 3 – Representação de Banco de Transformadores 15

Assim a representação do banco trifásico conectado em ∆∆ fica:

E os valores das impedâncias:


2 2
 nP*   nS * 
Z PS=

ZP + ZS  * 
* *
e Z SP=

ZS + Z P  * 
* *

 nS   nP 

Substituindo Z P * , Z S * , nP* , nS * :
2
Z P Z S  nP 3  1   nP   Z PS
2

Z PS 3φ = +   =  ZP + ZS    =
3 3  nS 3  3   nS   3

2
Z S Z P  nS 3  1   nS   Z SP
2

Z SP 3φ = +   =  ZS + ZP    =
3 3  nP 3  3   nP   3

Resultando em:
Z PS Z SP
Z PS 3φ = e Z SP 3φ =
3 3

Por ultimo, a conexão Y∆:


Aula 3 – Representação de Banco de Transformadores 16

Ao fazer o equivalente estrela do lado delta, temos a representação do banco trifásico:

E os valores das impedâncias:


2 2
n   nS * 
Z PS =

Z P + Z S *  P*  e Z SP=

ZS + ZP  
*

 nS   nP 

Substituindo Z S , nS * :
*

2 2
Z n 3 n 
Z PS 3φ ZP + S  P  =
= ZP + ZS  P  =
Z PS
3  nS  n
 S

2
 nS  1   nS   Z SP
2
ZS
Z SP 3φ = + ZP   =  ZS + ZP    =
3 n 3
 P  3   nP   3

Verifica-se que ao olhar pelo lado do delta a impedância do banco trifásico sera um
terço da impedância do transformador monofásico e quando olhar pelo lado da estrela sera o
mesmo valor, independente do tipo de conexão (YY, ∆∆, Y∆, ∆Y).
Aula 3 – Representação de Banco de Transformadores 17

Conhecidos os valores ôhmicos de Z PS 3φ e Z SP 3φ , basta converter para PU nas bases do


sistema do lado primário e secundário, respectivamente.

V 2 BsisP V 2 BsisS
Z BsisP = Z BsisS =
S Bsis S Bsis

Z PS 3φ  S 
Z=
PS 3φU
= Z PS 3φ  2Bsis 
Z BsisP  V BsisP 

Z SP3φ  S 
Z=
SP 3φU
= ZSP 3φ  2Bsis 
Z BsisS  V BsisS 

Exemplo – Três transformadores monofásicos idênticos de 50MVA, 500kV-230kV


com Zu=j0,05 são ligados para formar um banco trifásico com conexão delta na maior tensão
e estrela aterrada do lado de menor tensão. Determinar a reatância em PU do banco , nas
bases do sistema de 100MVA e 750kV no primário do banco. Provar que a impedância em
PU olhando de ambos os lados do banco são iguais e desenhar o circuito equivalente.

VPN 2 5002
Z PS ZφU .=
= Z BP ZφU . = j 0.05. = j 250Ω
SN 50

VSN 2 2302
Z
= SP
ZφU .Z=
BS
ZφU . = j 0,05. = 52,9Ω
SN 50

Do lado do delta temos:

Z PS j 250
Z PS=

= = j83,33Ω
3 3

Do lado da estrela temos:

Z SP=

Z=
SP
j52,9Ω

Em PU:
Aula 3 – Representação de Banco de Transformadores 18

Z PS 3φ  S   100 
Z=
PS 3φU
= Z PS 3φ  2Bsis
=  j83,33. = 2 
j 0,0148 pu
Z BsisP V
 BsisP   750 

Para obter a tensão base do lado da estrela basta achar a relação de transformação do banco
∆Y :

500 VBsisP VBsisP 230 3


N= =N V=
BsisS
= 750. = 597,5575kV
230 3 VBsisS N 500

Z SP 3φ  S   100 
Z= = Z SP 3φ  2Bsis
=  j 52,9.  = 2  j 0,0148 pu

( ) 
SP 3φU
Z BsisS V
 BsisS  597,5575

Z PS=
3φU
Z SP=
3φU
Z=
3φU
j 0,0148 pu

Em PU basta representar a impedância obtida e o defasamento angular devido a


conexão delta-estrela(adotando no caso Dyn1).
Aula 4 – Representação de Cargas 19

AULA 04 – Representação de Cargas

Representação de Cargas

Os elementos de carga sempre serão grandes problemas para a representação num


circuito modelo para análise. Isso ocorre devido à diversidade dos tipos de carga, da
aleatoriedade inerente do consumo de energia elétrica. A complexidade do modelo será
proporcional à complexidade da carga.
Para exemplificar a variedade e complexidade dos elementos de cargas, alguns tipos de
consumidores serão lembrados: Industriais que utilizam, na grande maioria, cargas rotativas
para o acionamento tradicional de seus processos; siderurgias que utilizam fornos de indução
e a arco - voltaico para fundição da matéria prima; empresas tecnológicas que utilizam cargas
sensíveis, para acionamento, automação e controle de processos diversos; usinas de açúcar
que proporcionam co-geração ao sistema; consumidores residenciais que proporcionam
características de consumo sazonais; entre outros quase infinitos tipos de consumidores de
energia elétrica.
Dada a complexidade do consumo e das cargas, fica evidente a necessidade de uma
representação simplificada e mais próxima possível do seu comportamento real. Assim,
define-se quatro tipos de representação de cargas.
Qualquer elemento chamado de carga consumirá alguma potência ativa, reativa ou
ambas. Sabendo que o principal produto entregue por um sistema elétrico é a tensão com
módulo e freqüência dentro de certas faixas de valores definidas, defini-se quatro tipos de
cargas que relacionam a tensão e a potência com certas características:

Pc = f1 (Vc ) e Qc = f 2 (Vc )

• Impedância Constante;
• Potencia constante em função da tensão;
• Módulo da Corrente constante em função da tensão;
• Combinação das três acima.

Impedância Constante
Modelo adequando para cargas passivas, onde representa-se a carga por uma
impedância fixa composta por uma resistência e uma reatância (capacitiva ou indutiva) em
Aula 4 – Representação de Cargas 20

série. Sabendo que a representação é feita por fase de um circuito em estrela ou seu
equivalente, temos:

V   *
S
Zc = c e Sc = Vc Ic* → Ic =  c 

Ic  Vc 

Assim:

VcVc* Vc 2 Vc 2 jϕ
Zc =
= = e
Sc* ( Sce jϕ ) Sc
*

VB 2
Em PU, basta dividir pela base Z B =
SB

2
Vc 2 jϕ  S B   Vc   S B  jϕ VcU 2 jϕ
=Z cU = e . 2   =  .  e e
Sc V V
 B   B  c S S cU

2
Verifica-se que a função da tensão pela potência é quadrática: S c = Z c Vc , pois a

impedância é constante.

Potencia constante em função da tensão


Aula 4 – Representação de Cargas 21

Esse modelo é utilizado para representar cargas onde a potência não varia ao variar a
tensão aplicada. Uma carga que apresenta esse comportamento durante certo tempo é o motor

de indução trifásico, entre outros. Para uma certa tensão VCN a carga absorve SCN que é
mantida constante. Assim a grandeza que varia, ao ocorrer uma variação de tensão é a
corrente.
Para valores nominais, temos:
*

  SCN e jϕ  SCN j (α
=I CN = jα 
e N −ϕ )

 VCN e  VCN
N

Caso ocorra uma tensão diferente da nominal, temos:


*

  SCN e jϕ  SCN j (α −ϕ )
=I C = jα 
e
V
 C e  VC

Onde muda o módulo e ângulo da corrente, verificando que a corrente é inversamente


proporcional a tensão.
Ao utilizar este modelo verifica-se a necessidade de utilização de iterações de cálculo,
pois a tensão na carga dependerá da queda de tensão ao longo do sistema que por sua vez
depende da corrente da carga e essa também depende da tensão. Assim, esse problema só será
resolvido ao adotar inicialmente uma tensão na carga, calcular a corrente, verificar a queda de
tensão, adotar o novo valor de tensão na carga devido a queda e consequentemente nova
corrente, até os valores convergirem.

Módulo da corrente constante em função da tensão


Esse modelo é utilizado para representar cargas onde a corrente se mantém constante ao
variar a tensão aplicada na carga. Para isso acontecer a potencia tem que ser diretamente
proporcional à tensão aplicada.
Aula 4 – Representação de Cargas 22

Para valores nominais, temos:


*

  SCN e jϕ 
=I CN = jα 
I CN e j (α N −ϕ )

 VCN e 
N

Sendo I CN e ϕ constantes, temos para qualquer valor de VC = VC e jα , temos:

IC = ICN e j (α −ϕ ) e SC = VC IC=


*
→ SC V=
C
e jα .ICN e j (ϕ −α ) VC ICN e jϕ

Ao utilizar este modelo verifica-se a necessidade de utilização de iterações de cálculo


também, pois a tensão na carga dependerá da queda de tensão ao longo do sistema que por
sua vez depende do ângulo da corrente da carga e esse também depende da tensão. Assim,
esse problema também só será resolvido ao adotar inicialmente uma tensão na carga, calcular
a corrente, verificar a queda de tensão, adotar o novo valor de tensão na carga devido a queda
e consequentemente nova corrente, até os valores convergirem

Exemplo – Um barramento infinito (Zg=0Ω) com tensão de 500kV está conectado num
transformador YnYn0 (500kV-138kV), Z%=8%, X/R=∞ de 50MVA que alimenta uma carga
através de um linha de transmissão com um reatância indutiva de 10Ω.
Sabendo que a carga tem Vn=138kV e Sn=100MVA e cosφ=0,8 indutivo, calcular a
tensão na carga quando:
a) Impedância constante;
b) Potencia constante;
Aula 4 – Representação de Cargas 23

Solução:
Adotando Sb=100MVA e Vb=500kV no primário do trafo, temos:

a)
VPU = 1e j 0° pu

 5002   100 
=ZTU j=
0,08.  2 
j 0,16 pu
 50   500 
 100 
=Z LTU j=
10. 2 
j 0,0525 pu
 138 
VCN 2 jϕ 1382 ja cos(0,8)
= ZC = e e= 190, 44e j 36,87° Ω
S CN 100
SB  100 
Z CU Z=
= C
190,44e j 36,87°  = 2 
1e j 36,87° pu
VB 2
 138 

Calculando a corrente de carga:

VPU 1e j 0°
=ICU = = 0,877e− j 45,44° pu
( ZTU + Z LTU + ZCU ) (0,16e + 0,0525e + 1e
j 90° j 90° j 36,87°
)
Assim:

VCU Z=
= I
CU CU
1e j 36,87° .0,877e=
− j 45,44°
0,877e− j 8,57° pu

VC V=
= V 0,877e− j 8,57°=
CU B
.138 121,03e− j 8,57°kV
Aula 4 – Representação de Cargas 24

b)Potencia constante

VPU = 1e j 0° pu Z TU = j 0,16 pu Z LTU = j 0, 0525 pu

Sabendo que a potencia é constante e com valor nominal, calcula-se a corrente que
passaria pela carga, caso a carga estivesse com tensão nominal aplicada:

 100.106 
 SCNU j (α −ϕ )  100.106  j (0°−36,87°)
=I CNU = e N
= e 1e − j 36,87° pu
VCNU  138.10 
3

 138.103 
 
Se a corrente fosse o valor obtido acima,a tensão na carga seria:

VCU =VPU − (ZTU + Z LTU ) ICU =1e j 0° − (0,16e j 90° + 0,0525e j 90° )1e− j 36,87° =0,8889e− j11,025° pu

Repete o cálculo da corrente e tensão na carga até os valores convergirem:

SCNU j (α −ϕ ) 1
=ICNU = e e j=
N ( −11,025°−36,87° )
1,125e − j 47,895° pu
VCNU 0,8889

VCU =VPU − (ZTU + Z LTU ) ICU =1e j 0° − (0,16e j 90° + 0,0525e j 90° )1,125e− j 47,895° =0,8381e− j11,025° pu

Mais uma iteração:

SCNU j (α −ϕ ) 1
=ICNU = e N
e j=
( −11,025°−36,87° )
1,1932e− j 47,895° pu
VCNU 0,8381

VCU =VPU − (ZTU + Z LTU ) ICU =1e j 0° − (0,16e j 90° + 0,0525e j 90° )1,1932e− j 47,895° =0,8295e− j11,826° pu

Mais uma iteração:

SCNU j (α −ϕ ) 1
=ICNU = e N
e=
j ( −11,826°− 36,87° )
1, 2056e− j 48,696° pu
VCNU 0,8295

VCU =VPU − (ZTU + Z LTU ) ICU =1e j 0° − (0,16e j 90° + 0,0525e j 90° )1,2056e− j 48,696° =0,8251e− j11,826° pu
Aula 4 – Representação de Cargas 25

Mais uma iteração:


SCNU j (α −ϕ ) 1
=ICNU = e N
e j=
( −11,826°−36,87° )
1,2120e− j 48,696° pu
VCNU 0,8251

VCU =VPU − (ZTU + Z LTU ) ICU =1e j 0° − (0,16e j 90° + 0,0525e j 90° )1,2120e− j 48,696° =0,8242e− j11,903° pu

Mais uma iteração:


SCNU j (α −ϕ ) 1
=ICNU = e N
e j=
( −11,903°− 36,87° )
1, 2132e− j 48,773° pu
VCNU 0,8242

VCU =VPU − (ZTU + Z LTU ) ICU =1e j 0° − (0,16e j 90° + 0,0525e j 90° )1,2132e− j 48,773° =0,8238e− j11,903° pu

Mais uma iteração:


SCNU j (α −ϕ ) 1
=ICNU = e N
e j=
( −11,903°− 36,87° )
1, 2139e− j 48,773° pu
VCNU 0,8238

VCU =VPU − (ZTU + Z LTU ) ICU =1e j 0° − (0,16e j 90° + 0,0525e j 90° )1,2139e− j 48,773° =0,8237e− j11,900° pu

Mais uma iteração:


SCNU j (α −ϕ ) 1
=ICNU = e N
e j=
( −11,903°−36,87° )
1, 2140e− j 48,780° pu
VCNU 0,8237

VCU =VPU − (ZTU + Z LTU ) ICU =1e j 0° − (0,16e j 90° + 0,0525e j 90° )1,2140e− j 48,780° =0,8237e− j11,900° pu

Após o resultado estabilizar, temos:

VC V=
= V 0,8237e− j11,910°=
CU B
.138 113,6706e− j11,91°kV

Algoritmo do Matlab para o cálculo rápido deste exemplo:


clear all
Scu=1*exp(j*acos(0.8));
Vcu(1)=1;
Ztu=j*0.16;
Zltu=j*0.0525;

for a=1:10
Icu(a)=(Scu/Vcu(a))';
Vcu(a+1)=1-(Ztu+Zltu)*Icu(a);
end

plot(abs(Icu),'-xr')
hold on
Aula 4 – Representação de Cargas 26

plot(abs(Vcu),'-sb')
grid on

V=[abs(Vcu') -rad2deg(angle(Vcu'))]%a função transposição tb faz o conjug.


I=[abs(Icu') -rad2deg(angle(Icu'))]
Aula 5 – Choque de bases e Transformadores com Tapes 27

AULA 05 – Choque de bases e Transformadores com Tapes

Choque de Bases

Sabe-se que existem grandes vantagens na utilização da ferramenta PU. A principal


vantagem é a eliminação da relação de transformação devido aos transformadores existentes
no sistema, facilitando muito a análise. Essa vantagem ocorre, pois ao definir a base de tensão
num determinado ponto do sistema e propagá-la ao longo do circuito, conforme as relações de
transformação existentes, o resultado em PU são valores iguais no primário e secundário dos
transformadores quando não existir quedas de tensão.
Entretanto, essa facilidade falha quando o sistema é malhado e composto por
transformadores com relações de transformação diferentes. Pois ao definir a base num ponto
do circuito e propagá-la por um caminho tem-se diferentes bases quando propagá-las pelo
outro caminho. Essa questão é chamada de Choque de Base.

Para solucionar o choque de base basta utilizar um auto-transformador ideal em


qualquer ponto do circuito onde ocorra o choque de base. Sendo esse auto-transformador com
relação de transformação igual a relação das bases em choque.
Aula 5 – Choque de bases e Transformadores com Tapes 28

Sabendo que:

 VS 2  V 'S 2
VS 2 = VS′2 VS 2U = V 'S 2U =
VBS 800 V
VBS 1000 V

Temos:

VS 2U VBS
VS 2UVBS = V 'S 2U VBS = = α 1000 V

800 V 1000 V
V 'S 2U VBS
800 V

O auto-transformador é na verdade um recurso matemático para solucionar o problema,


apresentando uma relação de transformação na representação em PU. Dessa forma, ocorre um
pequeno aumento no grau de dificuldade para a solução e análise do sistema. Onde é
necessária a utilização de sistema de equações para obter as variáveis como as correntes que
fluem ao longo do circuito e as tensões de todos os pontos.
Para o circuito exemplo acima teríamos o seguinte equacionamento:
Olhando pela linha superior:

VCU =VPU − ( ZT 1U + Z LT 1U ) I1U

Na carga:

VCU = ZCU ICU

Olhando pela linha inferior:


V= VS′2U − Z LT 2U I2′U
CU
Aula 5 – Choque de bases e Transformadores com Tapes 29

VS 2U VPU ZT 2U I2U


 ′
VS 2U = VS= VPU − ZT 2U I2U 
VS= −
α 2U 2U
α α

I′
I2U = 2U ICU
= I1U + I2′U I= ICU − α I2U
α 1U

Com as relações das correntes, na primeira equação temos:

VCU =VPU − (ZT 1U + Z LT 1U ) ICU + (ZT 1U + Z LT 1U )α I2U

ZCU ICU =VPU − (ZT 1U + Z LT 1U ) ICU + (ZT 1U + Z LT 1U )α I2U

VPU = (ZT 1U + Z LT 1U + ZCU )ICU − α (ZT 1U + Z LT 1U ) I2U

Voltando na equação da linha inferior:

VPU ZT 2U I2U
VCU = − − Z LT 2U I2′U
α α

VPU ZT 2U I2U
Z CU ICU = − − Z LT 2Uα I2U
α α

Z 
VPU = Z CUα ICU + α  T 2U + α Z LT 2U  I2U
 α 

VPU= α Z CU ICU + ( Z T 2U + α 2 Z LT 2U ) I2U

Conhecido VPU , temos duas equações e duas incógnitas( ICU , I2U ) no sistema abaixo:

VPU = ( ZT 1U + Z LT 1U + Z CU ) ICU − α (ZT 1U + Z LT 1U ) I2U



 VPU= α ZCU ICU + ( ZT 2U + α 2 Z LT 2U ) I2U

Resolvendo o sistema obtem-se ICU , I2U , assim a tensão na carga é :

VCU = ZCU ICU


Aula 5 – Choque de bases e Transformadores com Tapes 30

Transformador com Tapes

É muito comum a construção de transformadores providos de tapes. O tape é utilizado


para alterar a relação de transformação dentro de uma certa faixa de operação. Ao comutar o
tape, ocorre adição ou subtração do número de espiras enlaçadas no primário, secundário ou
ambos os lados, assim alterando a relação de transformação do mesmo.
Tal flexibilidade é fundamental para ajustes de tensão ao longo do sistema. Em geral, os
valores de tapes são discretos e limitados a um percentual acima ou abaixo do valor de tensão
nominal do enrolamento. Tais informações e configurações encontram-se na placa de
identificação do transformador.
Ao alterar o tape para valores não nominais, verifica-se um acréscimo ou decréscimo do
número de espiras. Consequentemente a impedância do transformador será diferente da
impedância em condição nominal informada também na placa de identificação. Portanto, ao
representar um transformador provido de tapes é necessário o ajuste de impedância, assim
como o acréscimo de um auto-transformador ideal para corrigir a relação de transformação.
Desconsiderando a impedância de magnetização e considerando que a impedância do
enrolamento varie com o quadrado do número de espiras, temos:
2 2
n  n 
Z P = Z PN  P  Z S = Z SN  S 
 nPN  e  nSN 

Sendo a impedância vista do lado primário:


2 2 2 2
n  n   n  n 
Z PS
= ZP + ZS  P  = Z PS Z PN  P  + Z SN  S   P 
 nS  →  nPN   nSN   nS 

2 2 2 2 2
n  n  n   n  n 
=Z PS Z PN  P  + Z SN  P  = Z PS Z PN  P  + Z SN  P   PN 
 nPN   nSN  →  nPN   nSN   nPN 

 nP    nPN  
2 2

=Z PS    Z PN + Z SN   
 nPN    nSN  

Porém:
Aula 5 – Choque de bases e Transformadores com Tapes 31

2
n 
Z=
PSN
Z PN + Z SN  PN 
 nSN 

Assim:
2 2
n  n 
Z PS =  P  Z PSN Z PS = Z PSN  P 
 nPN  →  nPN 

Da mesma forma:
2
n 
Z SP = Z SPN  S 
 nSN 

Em PU basta dividir pela respectiva base:


2 2 2
Z PSN  nP   nP   nP 
=Z PSU =   Z=
PSNU   ZUN  
Z BP  nPN   nPN   nPN 

2 2 2
Z SPN  nS   nS   nS 
=Z SPU =   Z=SPNU   Z UN  
Z BS  nSN   nSN   nSN 

Z UN Z=
Lembrando que para condição nominal:= PSNU
Z SPNU .
O circuito que representa o transformador com tape fora da condição nominal é:
Aula 5 – Choque de bases e Transformadores com Tapes 32

Exemplo- Um transformador YnYn0 de 50MVA e (138kV(P)-69kV(S)) com Z%=10% e


X/R=∞, possui tapes em ambos enrolamentos. Representar o mesmo em PU sabendo que no
primário o tape está np=1,05 e no secundário ns=0,95.
2
 nP 
=Z PSU ZUN
=   j=
0,1.1,052 j 0,1103 pu
 nPN 
nP
2
 nS  nPN 1,05
=Z SPU Z=
UN   j=
0,1.0,952 j 0,0902 pu n =
= = 1,1053
 nSN  nS 0,95
nSN
Aula 6 – π Equivalente aos transformadores com Tapes 33

AULA 06 – π Equivalente aos transformadores com Tapes

π Equivalente aos transformadores com Tapes


Para facilitar a implementação de algoritmos para resolver circuitos elétricos com
transformadores com tapes em computadores é necessário a substituição do auto-
transformador do circuito equivalente para um circuito π. Assim, a solução por sistema de
equações é substituída por um circuito que é facilmente modelado para soluções
computacionais.
Para obter o circuito π equivalente, comparações devem ser feitas entre o circuito π e a
representação através de auto-transformador.

Equacionamento do circuito com auto-transformadores:

VPU n (VSU + Z SPU ISU )


= VPU nVSU + nZ SPU ISU
=

1
IPU = ISU
n

Equacionamento do circuito π equivalente:

VPU = Z 2 ( I3 + ISU ) + VSU → VPU =Z2 I3 + Z2 ISU + VSU

V V  Z2  
I3 = SU VPU = Z 2 SU + Z 2 ISU + VSU VPU = 
1 + VSU + Z 2 I SU
Z3 Z3  Z3 
Aula 6 – π Equivalente aos transformadores com Tapes 34

 Z2   
1 + VSU + Z 2 I SU
V V Z V
IPU = PU + ISU=
+ SU IPU  3 
+ ISU + SU
Z1 Z3 Z1 Z3

1 Z  Z V
IPU =  + 2 VSU + 2 ISU + ISU + SU
 Z1 Z1Z 3  Z1 Z3

1 Z 1   Z 
IPU =  + 2 + VSU + 1 + 2  ISU
 Z1 Z1Z3 Z 3   Z1 

 Z + Z 2 + Z1    Z2  
=IPU  3 VSU + 1 +  I SU
 Z1Z 3   Z1 

Resumindo as duas equações de cada modelo:

 Z2  
VPU = 
1 + VSU + Z 2 I SU
VPU nVSU + nZ SPU ISU
=  Z 3 

1  Z + Z 2 + Z1    Z2  
IPU = ISU =IPU  3 VSU + 1 +  I SU
n  Z1Z 3   Z1 

Comparando as quatro equações temos:

Z 2 = nZ SPU

 Z   nZ  nZ SPU
n= 1 + 2  n= 1 + SPU  ( n − 1) Z nZ SPU
= Z3 =
 Z3   Z3 
3
( n − 1)

1  Z2  1   n   n2 
= 1 +   − 1 Z1 =
Z2 Z1 =   Z2 Z1 =   Z SPU
n  Z1   n   1 − n   1 − n 

 Z 3 + Z 2 + Z1 
 =0 Z 3 + Z 2 + Z1 =
0
 Z Z
1 3 
Aula 6 – π Equivalente aos transformadores com Tapes 35

Para o modelo referindo ao primário:

1
Z PSU = n 2 Z SPU Z SPU = Z PSU
n2

Assim, obtemos Z1 , Z 2 e Z 3 referidos ao primário:

 n2   n2  1  1 
Z1 =   Z SPU Z1 =   2 Z PSU Z1 =   Z PSU
1− n  1− n  n 1− n 

1 1
Z 2 = nZ SPU Z2 = n Z PSU Z2 = Z PSU
n2 n

1
n Z PSU
nZ SPU n 2 Z PSU
Z3 = Z3 = Z3 =
( n − 1) ( n − 1) n ( n − 1)

Exemplo – Um transformador estrela-estrela de 40MVA, 161kV-69kV, Xu=j0,1, tem tape no


secundário. Obter o circuito π equivalente para o tape secundário ajustado em 66kV nas bases
100MVA e 161kV no primário.
Solução:
Sabendo que não existe tape no primário:

Z BT VPT 2 S S  1612   100 


Z PSU Z=
= U
ZU = j 0,1  = 2 
j 0,25 pu
Z BS ST VPS 2  40   161 

nP
nPN 1 69
n
= = =
nS 66 66
nSN 69
Aula 6 – π Equivalente aos transformadores com Tapes 36

 
 1   1 
Z1 =   Z PSU Z1 =  j 0,25 = − j5,5 pu
1− n  69 
1− 
 66 
1 1 66
Z2 = Z PSU =Z2 = j 0,25 = j 0,25 j 0,2391 pu
n 69 69
66
Z PSU j 0,25
Z3 = = Z 3 = j 5, 2609 pu
n ( n − 1) 69  69 
 − 1
66  66 
Conferindo:
Z 3 + Z 2 + Z1 =
0 j 5, 2609 + j 0, 2391 − j 5,5 =
0
Aula 7 – Componentes Simétricos 37

AULA 07 – Componentes Simétricos

Componentes Simétricos

Sistemas polifásicos equilibrados são facilmente modelados e analisados. Pois ao


utilizar apenas uma das fases e assim obter os resultados para todas as outras fases, reduz-se
muito o grau de dificuldade para solução dos problemas. Entretanto, tal simplificação não é
possível quando o sistema não for equilibrado e/ou simétrico. Dessa forma, a análise de tais
sistemas deve ser realizada através de sistemas de equações baseadas nas leis de Kirchhoff e
Ohm, considerando as malhas e nós de todo um sistema polifásico.
Tal questão foi solucionada por Fortescue em 1918 com o trabalho intitulado “O
método dos componentes simétricos na solução de circuitos polifásicos”, onde apresentou a
poderosa ferramenta para análise de sistemas desequilibrados e/ou assimétricos.
Sua importância é justificada pela a maioria dos sistemas elétricos serem inerentemente
desequilibrados e assimétricos. A busca constante pelo o equilíbrio e simetria dos sistemas
consegue bons resultados, mas ainda existem diversas situações que causam desequilíbrios e
assimetrias no sistema, tais como: cargas desequilibradas, linhas de transmissão não
transpostas, transformadores de núcleo trifásico à vazio, faltas desequilibradas e assimétricas
entre outros.
A ferramenta componentes simétricos consiste em representar os “n” fasores
desequilibrados e/ou assimétricos de um sistema polifásico de “n” fases através da
composição de “n” conjuntos de fasores simétricos e equilibrados. Como na maioria dos
casos os sistemas são trifásicos, o método dos componentes simétricos (Teorema de
Fortescue) decompõe um sistema trifásico desequilibrado e/ou assimétrico em três conjuntos
de fasores equilibrados e simétricos. Esses conjuntos de fasores são chamados de sequencia
positiva, sequencia negativa e sequencia zero.
Para qualquer sistema trifásico com fasores desequilibrados e/ou assimétricos existirá
uma composição de 3 conjuntos de fasores equilibrados e simétricos que o compõe, conforme
a figura abaixo:
Aula 7 – Componentes Simétricos 38

Tais sistemas são chamados componentes de sequencia positiva, negativa e zero. Sendo
os fasores de sequencia positiva com módulos iguais, defasados 120° e sequencia de fase
igual ao sistema original. A sequencia negativa tem as mesmas características exceto a
sequencia de fase ser contrária ao sistema original. A sequencia zero é composta por 3 fasores
de mesmo módulo e ângulo girando na mesma freqüência dos fasores originais, assim como a
sequencia positiva e negativa. A amplitude e defasamento angular de cada sequencia serão
resultantes da assimetria e desequilíbrio do sistema original.
Para entender o teorema, segue a formulação abaixo:

VA = Va 0 + Va1 + Va 2

VB = Vb 0 + Vb1 + Vb 2


Aula 7 – Componentes Simétricos 39

VC = Vc 0 + Vc1 + Vc 2

Como as sequencias são equilibradas e simétricas, temos:

Vb 0 = Va 0 Vb1 = e j 240Va1 Vb 2 = e j120Va 2

Vc 0 = Va 0 Vc1 = e j120Va1 Vb 2 = e j 240Va 2

Substituindo em função dos fasores da fase A de cada sequencia:

VA = Va 0 + Va1 + Va 2

VB =+
Va 0 e j 240Va1 + e j120Va 2

VC =
Va 0 + e j120Va1 + e j 240Va 2

Criando o operador a = e j120 , temos:

VA = Va 0 + Va1 + Va 2

VB =Va 0 + a 2Va1 + aVa 2

VC =Va 0 + aVa1 + a 2Va 2

De forma matricial temos:

VA  1 1 1  Va 0 
    
VB  = 1 a
2
a  Va1 

VC  1 a a 2  Va 2 
 

Dessa forma, obtem-se os fasores originais da fase A, B e C através apenas dos fasores
de sequencia positiva, negativa e zero da fase A.
A matriz quadrada que relaciona os fasores das componentes simétricas da fase A com
os fasores A,B e C originais é chamada de “Matriz de Síntese”.
Aula 7 – Componentes Simétricos 40

1 1 1
A = 1 a 2 a 
1 a a 2 

Para obter as componentes simétricas em função dos fasores trifásicos originais, segue:

VABC = AV012

A−1VABC = A−1 AV012

A−1VABC = IV012

V012 = A−1VABC

Onde A
−1
é a matriz inversa de A , sendo:

1 1 1
1
A−1 = 1 a a 2 
3
1 a 2 a 

Essa matriz se chama Matriz de Análise.

Va 0  1 1 1  VA 
   1  
Va1  = 3 1 a a 2  VB 

Va 2  1 a 2 a  VC 
 

Através dessa transformação é possível representar um sistema desequilibrado e/ou


assimétrico através de 3 sistemas trifásicos equilibrados e simétricos representados apenas
por uma das fases (fase A). Assim, um sistema que a análise seria difícil de ser executada
devido ao desequilíbrio, se transforma na análise de 3 circuitos unifilares independentes onde
após os cálculos em componentes simétricos, retorna-se através da matriz de síntese para os
valores de fase.
Aula 7 – Componentes Simétricos 41

Exemplo - Obter os componentes simétricos das medições abaixo de um sistema


trifásico:

VA   100e  1   100e 


j0 
j0 

Va 0  1 1
       1  
a) VB  = 100e
− j 120
Va1  = 3 1 a a 2  100e− j120
 

 [V]  
VC   100e j120   Va 2  1 a 2 a   100e j120  
       
1 100 j 0
Va=
0
3
100(
e j0
+ 100

e − j120
+ 100e j 120
=

3

) (
e + e− j120 + e j120 = 0 [V]
  

)
1 100 j 0
Va1
=
3
(
100e j 0 + 100e− j120 e j120 + 100e j120 e− j120
  
=
3
e + e j 0 + e=

j0
100 [V]) (   

)
1 100 j 0
V=
a2
3
100(
e j0
+ 100

e e
− j120 − j120
+ 100e j120

e j120
=

3
 

)
e + e j120 + e− j120= 0 [V] (   

)
Aula 7 – Componentes Simétricos 42

VA   0  Va 0  1 1 1   0 
       1 2 
b) VB  = 100e V = 1 a a 100e− j 90
− j 90  

 [V]   3
a 1  
VC   50e j 90 
 Va 2  1 a 2 a   50e j 90 

      
1
3
(
Va 0 =0 + 100e− j 90 + 50e j 90 =
16,67e− j 90 [V]
 

) 

1 1
Va1 =
3
(
0 + 100e− j 90 e j120 + 50e j 90 e− j120 =
 

3
 

) (
100e j 30 + 50e− j 30 =
44,09e j10,89 [V]
 

) 

1 1
Va=
2
3
(
100e− j 90 e− j120 + 50e j 90 e j120=
 

3
 

) (
100e− j 210 + 50e j 210= 44,09e j169,11 [V]
 

) 
Aulas 8 e 9 –Potência em Componentes Simétricos e Redes Desequilibradas 43

AULAS 08 e 09 – Potência em Componentes Simétricos e Redes Desequilibradas

Potência em Componentes Simétricos

É possível obter a potencia de um sistema em termos dos componentes simétricos.


Assim temos:

S = VA IA* + VB IB* + VC IC *


De forma vetorial:
*
 IA  VA   IA 
     
S = VA VB VC   IB  VABC = VB  IABC =  IB 
 IC  VC   IC 
  ` onde:    

S = V TABC .I*ABC

Representando através de componentes simétricos:


T *
S =  AV012   AI012  S = ATV T012 A* I*012 S = AT .A*.V T012 .I*012

Sabendo que a matriz A é simétrica, temos:

1 1 1  1 1 1  3 0 0
A= . A 1 a 2 a  1 a =
. A A=
T * *
a 2  0 3 =
0 3I
    
1 a a 2  1 a 2 a  0 0 3

Assim:
*
 Ia 0 
S = 3I .V T012 .I*012 S = 3V T012 .I*012  
S = 3 Va 0 Va1 Va 2   Ia1 
 Ia 2 
 

S= 3 Va 0 Ia 0* + Va1 Ia1* + Va 2 Ia 2* 

Assim representa-se a potencia de um certo sistema através das componentes de


sequencia positiva, negativa e zero de tensão e corrente.
Aulas 8 e 9 –Potência em Componentes Simétricos e Redes Desequilibradas 44

Componentes simétricos de uma rede com impedâncias desequilibradas

Uma rede desequilibrada pode ser representada através de um conjunto de impedâncias


que relacionam as tensões e correntes na mesma. Esse circuito é representado por
impedâncias série do condutor e mútuas entre condutores e a terra. Tal circuito é
representado abaixo:

Aplicando a lei de Kirchoff de tensão em uma das malhas do circuito acima, temos:

VAN − VAA' − VA' N ' − VN ' N =


0 VAN − VA' N ' =VAA' + VN ' N

Onde:

VAA' = Z aa IA + Z ab IB + Z ac IC − Z ag IN e VN ' N = Z gg IN − Z ga IA − Z gb IB − Z gc IC
Aulas 8 e 9 –Potência em Componentes Simétricos e Redes Desequilibradas 45

Sendo
IN = 3Ia 0 , temos:

VAN − VA' N ' = Z aa IA + Z ab IB + Z ac IC − 3Z ag Ia 0 + 3Z gg Ia 0 − Z ga IA − Z gb IB − Z gc IC

VAN − VA ' N ' = ( Z aa − Z ga ) IA + ( Z ab − Z gb ) IB + ( Z ac − Z gc ) IC + 3 ( Z gg − Z ag ) Ia 0

Refazendo o mesmo procedimento para as outras malhas:

VBN − VBB ' − VB ' N ' − VN ' N =


0

VBN − VB ' N ' = ( Z ba − Z ga ) IA + ( Z bb − Z gb ) IB + ( Zbc − Z gc ) IC + 3( Z gg − Z bg ) Ia 0

VCN − VCC ' − VC ' N ' − VN ' N =


0

( Z ca − Z gc ) IA + ( Z cb − Z gc ) IB + ( Z cc − Z gc ) IC + 3( Z gg − Z cg ) Ia 0


VCN − VC ' N ' =

Agrupando de forma matricial:

VAN  VA' N '  ( Zaa − Z ga ) (Z ab


− Z gb ) (Z ac
− Z gc )   I   ( Z gg − Z ag ) 
        
A

VBN  − VB ' N '  =( Zba − Z ga ) (Z ) (Z gc )  B  a 0 ( gg `bg )


− Z gb − Z  I + 3I  Z − Z 
bb bc

VCN  VC ' N '       


    ( Z ca − Z ga ) (Z cb
− Z gb ) (Z cc
− Z gc ) 
  IC 
 ( gg
 Z − Z cg ) 

Ou

VABC − V 'ABC = ZIABC + 3Z g Ia 0

Da equação de síntese:

AV012 − AV '012 = ZAI012 + 3Z g Ia 0

Multiplicando a equação por A :


−1

V012 − V =
'012 A−1ZAI012 + 3 A−1Z g Ia 0
Aulas 8 e 9 –Potência em Componentes Simétricos e Redes Desequilibradas 46

Desenvolvendo A ZA e
−1
3 A−1Z g Ia 0 temos:

1 1 1  ( Zaa − Z ga ) (Z − Z gb ) (Z − Z gc )  1 1 1 
 ab ac
1 
1 a a 2  ( Zba − Z ga ) (Z − Z gb ) (Z − Z gc )
 1 a 2 a 
3   
bb bc

( ca ga ) (Z ) (Z − Z gc )  1 a a 
1 a a   Z − Z
2
− Z gb
2

cb cc

1 1 1   ( Z gg − Z ag ) 
 
1
3Ia 0 1 a a 2  ( Z gg − Z`bg ) 
3  
 ( gg cg ) 
1 a 2 a   Z − Z 

Conforme o desenvolvimento do anexo 1, os resultados dos termos acima seguem abaixo na


equação original:

Va 0  V 'a 0  ( Z S 0 + 2Z M 0 − 3Z ga 0 ) (Z S2 − Z M 2 − 3Z ga 2 ) (Z S1 − Z M 1 − 3Z ga1 )   Ia 0  ( 3Z gg − 3Z ag 0 )   Ia 0 


         
Va1  − V ='a1   ( Z S1 − Z M 1 ) ( ZS 0 − ZM 0 ) ( Z S 2 + 2Z M 2 )   Ia1  +  −3Zag1   0 

   
Va 2  V 'a 2   ( ZS 2 − ZM 2 ) ( Z S1 + 2Z M 1 ) ( Z S 0 − Z M 0 )   Ia 2   −3Z ag 2   0 

Va 0  V 'a 0  ( Z S 0 + 2Z M 0 − 6Z ga 0 + 3Z gg ) (Z S2


− Z M 2 − 3Z ga 2 ) (Z S1
− Z M 1 − 3Z ga1 )   I 
       a0 
Va1  − V= 'a1   ( ZS1 − ZM 1 − 3Z ga1 ) (Z S0
− ZM 0 ) ( Z S 2 + 2ZM 2 )   Ia1 
Va 2  V 'a 2    
     ( ZS 2 − ZM 2 − 3Zag 2 ) (Z S1
+ 2Z M 1 ) ( Z S 0 − ZM 0 )   I a 2 

Onde:
1 1 1
Z S 0=
3
( Z aa + Zbb + Zcc ) Z M 0=
3
( Zbc + Zca + Zab ) Z ga 0=
3
( Z ga + Z gb + Z gc )

1 1 1
ZS1 =
3
( Z aa + aZbb + a 2 Z cc ) ZM1 =
3
( Zbc + aZca + a 2 Z ab ) Z ga1 =
3
( Z ga + aZ gb + a 2 Z gc )

1 1 1
ZS 2 =
3
( Z aa + a 2 Zbb + aZ cc ) ZM 2 =
3
( Zbc + a 2 Zca + aZ ab ) Z ga 2 =
3
( Z ga + a 2 Z gb + aZ gc )
Aulas 8 e 9 –Potência em Componentes Simétricos e Redes Desequilibradas 47

Ou:

Va 0  V 'a 0   Z00 Z01 Z02   Ia 0 


       I 
V
  
a 1
− V 'a 1
=
  Z10
Z11
Z12   a1 
Va 2  V 'a 2   Z 20 Z 21 Z 22   Ia 2 
     

Podendo os elementos da matriz de impedância serem todos diferentes!


Ao montar o circuito equivalente em sequencia positiva, negativa e zero, observamos:

Verifica-se os acoplamentos inter-sequenciais. Assim, quando a rede do sistema elétrico


for desequilibrada, a representação da mesma será através do circuito acima considerando o
acoplamento mútuo entre as componentes sequenciais.
Caso a rede seja equilibrada, verifica-se um caso particular:

Z=
aa
Z=
bb
Z=
cc
ZS Z=
ab
Z=
bc
Z=
ca
ZM Z=
ga
Z=
gb
Z=
gc
Z Mg

Ao substituir, temos:

1 1 ZS
Z S 0=
3
( Zaa + Zbb + Zcc =) Z S Z=
S1
3
( )
Z aa + aZbb + a 2 Z cc=
3
( 2
1 + a + a= ) 0

1 ZS
Z S 2=
3
( )
Zaa + a 2 Zbb + aZcc =
3
( ) 0
1 + a 2 + a=
Aulas 8 e 9 –Potência em Componentes Simétricos e Redes Desequilibradas 48

1 1 ZM
Z M 0=
3
( Zbc + Zca + Z ab =) Z M Z=
M1
3
( Zbc + aZca + a 2 Z ab
= ) 3
( 2
1 + a + a= ) 0

1 ZM
Z M=
2
3
( )
Zbc + a 2 Zca + aZ ab=
3
( ) 0
1 + a 2 + a=

1 1 Z Mg
Z ga 0=
3
( Z ga + Z gb + Z gc =) Z Mg Z=
ga1
3
( gc )
Z ga + aZ gb + a2 Z=
3
( 2
1 + a + a= ) 0

1 Z Mg
Z ga=
2
3
( )
Z ga + a 2 Z gb + aZ gc=
3
( ) 0
1 + a 2 + a=

Assim, substituindo na equação matricial principal, temos:

Va 0  V 'a 0  ( Z S 0 + 2Z M 0 − 6Z ga 0 + 3Z gg ) (Z S2


− Z M 2 − 3Z ga 2 ) (Z S1
− Z M 1 − 3Z ga1 )   I 
       a0 
Va1  − V= 'a1   ( ZS1 − ZM 1 − 3Z ga1 ) (Z S0
− ZM 0 ) ( Z S 2 + 2ZM 2 )   Ia1 
Va 2  V 'a 2    
     ( ZS 2 − ZM 2 − 3Zag 2 ) (Z S1
+ 2Z M 1 ) ( Z S 0 − ZM 0 )   I a 2 

Va 0  V 'a 0  ( Z S + 2Z M − 6Z Mg + 3Z gg ) 0 0   I 


       a0 
Va1  − V 'a1 
=  0 (Z S
− ZM ) 0   Ia1 
Va 2  V 'a 2   0 0 ( ZS − ZM )  Ia 2 
    

Va 0  V 'a 0   Z00 0 0   Ia 0 


       I 
V − V '
 a1   a1   = 0 Z11
0   a1 
Va 2  V 'a 2   0
  0 Z 22   Ia 2 
   

Onde:
Z00 =Z S + 2ZM − 6Z Mg + 3Z gg Z=
11
Z=
22
ZS − ZM

Para circuitos passivos Z11 = Z 22


Aulas 8 e 9 –Potência em Componentes Simétricos e Redes Desequilibradas 49

Dessa forma, os circuitos em componentes simétricos são desacoplados, facilitando


muito a análise de qualquer sistema com a rede equilibrada.
Através de uma avaliação simples do caso acima citado, também pode-se obter as
impedâncias seqüenciais através da impedância vista pelas correntes de sequencia conforme
figuras abaixo:

Para o circuito de sequencia positiva e negativa:

ZS Ia + Z M Ib + ZM Ic Z S Ia + Z M ( Ib + Ic )


Z= Z= Z= Z=
Ia I
11 22 11 22
a

Sendo: Ia + Ib + Ic =


0  Ib + Ic =
− Ia

ZS Ia − Z M Ia
Z= Z= = ZS − ZM
Ia
11 22

Para o circuito de sequencia positiva e negativa:


Aulas 8 e 9 –Potência em Componentes Simétricos e Redes Desequilibradas 50

Z S Ia 0 + Z M Ia 0 + Z M Ia 0 − 3Z Mg Ia 0 + 3Z gg Ia 0 − 3Z gM Ia 0


Z00 =
Ia 0
Z00 =Z S + 2ZM − 6Z Mg + 3Z gg
Aula 10 – Redes Equilibradas com Cargas Desequilibradas 51

AULA 10 – Redes Equilibradas com Cargas Desequilibradas

Redes equilibradas providas de cargas desequilibradas

Sabe-se que o desequilíbrio é inerente em qualquer sistema elétrico, mas os mesmos são
consideravelmente mitigados com diversas ações técnicas. Assim, na maioria dos casos,
considera-se as redes que alimentam certa carga como redes equilibradas. Entretanto, mesmo
com a rede equilibrada, o desequilíbrio pode acontecer devido à carga conectada.
Como as redes, as cargas podem ser consideradas equilibradas, entretanto contingências
no sistema podem ocorrer. Curto-circuitos de diversas formas podem ocorrer, rompimento de
condutores interrompendo o fluxo de corrente em uma ou diversas fases do sistema também
podem ocorrer, assim como a combinação dos dois casos.
Sabendo que um curto-circuito é uma carga de elevada potência, podemos representá-lo
através de um conjunto de impedâncias que se compõem conforme o tipo de curto-circuito
ocorrido.
A princípio, vamos analisar uma carga desequilibrada “shunt” conectada numa rede
equilibrada.
Aula 10 – Redes Equilibradas com Cargas Desequilibradas 52

O procedimento para análise segue abaixo:


1) Isolar a carga desequilibrada do resto do sistema equilibrado no ponto de
conexão;
2) Representar toda a rede equilibrada por um equivalente Thevenin em
componentes simétricos;
3) Equacionar as relações de tensão e corrente em componentes simétricos no
ponto de conexão visto pelo lado do sistema equilibrado;
4) Equacionar da mesma forma pelo lado da carga;
5) Igualar as equações obtidas na condição de fronteira e obter os valores de tensão
e corrente em componentes simétricos.
6) Transformar através da matriz de síntese para obter os valores de fase.

Análise geral de uma carga sem conexão de neutro:

Avaliando do lado do sistema, temos:

Va 0   0   Z00 0 0  0 
  V  −  0
Va1 
=  TH   Z11 0   Ia1 
Va 2   0   0 0 Z 22   Ia 2 
 

Avaliando do lado do sistema, temos:

VAN  ZP 0 0   IA  1


  0  
=VBN   ZQ 0   IB  + VN N 1
'

VCN   0 0 Z R   IC  1


 
Aula 10 – Redes Equilibradas com Cargas Desequilibradas 53

Assim, temos:

VABC Z PQR IABC + VN N


= '

Da equação de síntese:

AV012 Z PQR AI012 + VN N


= '

Multiplicando a equação por A :


−1

=V012 A−1Z PQR AI012 + A−1VN N '

Desenvolvendo A Z PQR A e
−1
A−1VN N temos:
'

1 1 1  ZP 0 0  1 1 1 
1
A−1Z PQR A = 1 a a2   0 ZQ 0  1 a 2 a 
3   
1 a 2 a   0 0 Z R  1 a a 2 

 ( Z P + ZQ + Z R ) ( Z + a Z + aZ ) ( Z + aZ + a Z )
P
2
Q R P Q
2
R
1
A−1Z PQR=
A ( Z P + aZQ + a 2 Z R ) ( Z + Z + Z ) ( Z + a Z + aZ )
P Q R P
2
Q R
3 
( Z P + a 2 ZQ + aZ R ) ( Z + aZ + a Z ) ( Z + Z + Z ) 
P Q
2
R P Q R

 ZC 0 ZC 2 Z C1 
A−1Z PQR A =  ZC1 ZC 0 ZC 2 
 
 ZC 2 Z C1 ZC 0 
Onde:

ZC 0 =
(Z P
+ ZQ + Z R )
3

ZC1 =
(Z P
+ aZ Q + a 2 Z R )
3

ZC 2 =
(Z P
+ a 2 ZQ + aZ R )
3
Aula 10 – Redes Equilibradas com Cargas Desequilibradas 54

Para A−1VN N temos:


'

1 1 1  VN N  '

1  
A VN N
−1
= 1 a a 2  VN N 
3 
' '

1 a a  VN N 
2
'

Assim:

 VN N + VN N + VN N 


' ' 1 
'

1  
A VN N
−1
= VN N + aVN N + a VN N  = VN N 0
2
'
3 
' '
  ' '

V + a 2V + aV  0


 NN '
NN NN
' '

O resultado do equacionamento é:

=V012 A−1Z PQR AI012 + A−1VN N '

Va 0   ZC 0 Z C 2 Z C1   0  1
  Z
=Va1   C 1 ZC 0 ZC 2   Ia1  + VN N 0 '

Va 2   ZC 2 ZC1 ZC 0   Ia 2  0


 

Comparando o equacionamento do lado do sistema e do lado da carga, temos:


Lado do Sistema:

Va 0   0   Z00 0 0  0 
  V  −  0
Va1 
=  TH   Z11 0   Ia1 
Va 2   0   0 0 Z 22   Ia 2 
 

Lado da Carga:

Va 0   ZC 0 Z C 2 Z C1   0  1
  Z
=Va1   C 1 ZC 0 ZC 2   Ia1  + VN N 0 '

Va 2   ZC 2 ZC1 ZC 0   Ia 2  0


 

Comparando:

Va0 = 0 e Va 0 = ZC 2 Ia1 + ZC1Ia 2 + VN N → ' VN N =


' − ZC 2 Ia1 − ZC1 Ia 2
Aula 10 – Redes Equilibradas com Cargas Desequilibradas 55

 V − Z I e =
V= Va1 ZC 0 Ia1 + ZC 2 Ia 2 → VTH − Z11Ia1 = ZC 0 Ia1 + ZC 2 Ia 2
a1 TH 11 a1

Va 2 = −Z22 Ia 2 e Va 2 ZC1Ia1 + ZC 0 Ia 2


= → −Z 22 Ia 2 = ZC1Ia1 + ZC 0 Ia 2

De −Z 22 Ia 2 = ZC1Ia1 + ZC 0 Ia 2 , temos:

ZC1Ia1
Ia 2 = −
( ZC 0 + Z22 )
Substituindo:

   ZC1ZC 2 Ia1
VTH − Z11I a1 = ZC 0 I a1 −
( ZC 0 + Z22 )

VTH
Ia1 =
 Z C 1Z C 2 
Z
 11 + Z − 

C0
( ZC 0 + Z22 ) 

Z C1Z C 2
Sendo ZT =Z11 + ZC 0 − , temos:
( ZC 0 + Z22 )
V
Ia1 = TH
ZT

Z C1  VTH 
Ia 2 = −
( ZC 0 + Z22 )  ZT 
Para obter os valores de fase basta utilizar a equação de síntese:

 IA  1 1 1   0 
     
 I B  = 1 a a   I a1 
2

 IC  1 a a 2   Ia 2 


 
Aula 10 – Redes Equilibradas com Cargas Desequilibradas 56

Exemplo - Uma carga composta por três impedâncias distintas conectadas em estrela e sem

conexão de neutro ( Z A = j 0,1 pu , Z B = 0,5e j 60° pu , ZC = 0,8e− j 60° pu ) esta conectada a


uma rede equilibrada, onde o equivalente Thevenin no ponto de conexão é

VTH = 1 pu , Z 00 = j 0,4 pu , Z=
11
Z=
22
j 0,01 pu

Obter as correntes de fase na carga, assim como as tensões fase-terra nos três terminais da
carga.

=ZC 0
(=
Z + Z + Z ) ( j 0,1 + 0,5e + 0,8e )
P Q R
=
j 60° − j 60°

0,2231e− j13,81° pu
3 3

ZC1
(=
Z + aZ + a Z ) ( j 0,1 + 0,5e
P Q
2
R + 0,8e j ( −120−60) ° )
j (60 +120) °

= 0,4346e j175,60° pu
3 3

=ZC 2
(=
Z + a Z + aZ ) ( j 0,1 + 0,5e
P
2
Q R + 0,8e j (120−60)° )
j (60 −120) °

= 0,2477e j 28,97° pu
3 3

VTH 1
Ia1 =
  ZC1ZC 2  0,4346e j175,60° .0,2477e j 28,97° 
 Z11 + ZC 0 −
j 0,01 + 0,2231e −
− j13,81°
  
  ( Z C 0
+ Z 22 )  ( 0,2231e − j13,81°
+ j 0,01) 
VTH
=Ia1 = 1,5206e− j 21,60° pu
 Z C 1 ZC 2 
 Z11 + ZC 0 − 
 ( Z C 0
+ Z 22 ) 

I = ZC1Ia1 0,4346e j175,60°


− =− .1,5206e− j 21,60° =
2,991e− j14,71° pu
a2
( ZC 0 + Z22 ) ( 0,2231e − j 13,81°
+ j 0,01)

 IA  1 1 1   0   4,5043e− j17,03° 


  1=  j135,58° 
=IB  a 2 a  1,5206e− j 21,60°   2,7729e  pu
  
  1 a a   2,991e  2,4078e 
 IC 
2 − j 14,71° − j165,04°
Aula 10 – Redes Equilibradas com Cargas Desequilibradas 57

Va 0   0   Z00 0 0   0  0  j 0,4 0 0  0 


         1  −  0
Va1  = VTH  −  0 Z11 0   I a1  =    j 0,01 0  1,5206e− j 21,60° 
Va 2   0   0 0 Z22   Ia 2  0  0 0 j 0,01  2,991e− j14,71° 
 
Va 0   0  VA  1 1 1  Va 0   0,9878e− j 2,50° 
   − j 0,81°      V   − j119,59° 
Va1  =  0,9945e = V 1
= a a 0,9732 e  pu
2
  B     a1  
Va 2  0,0299e − j 104,71°
 VC  1 a a  Va 2 
2
 1,0233e j119,65° 
     
Algoritmo do exemplo:
clc
clear

zp=0.1i;
zq=0.5*exp(j*deg2rad(60));
zr=0.8*exp(j*deg2rad(-60));

z00=0.4i;
z11=0.01i;
z22=z11;

a=exp(j*deg2rad(120));

zc0=(zp+zq+zr)/3;
zc1=(zp+a*zq+a^2*zr)/3;
zc2=(zp+a^2*zq+a*zr)/3;

m_zco=[num2str(abs(zc0)) '|_' num2str(rad2deg(angle(zc0)))]


m_zc1=[num2str(abs(zc1)) '|_' num2str(rad2deg(angle(zc1)))]
m_zc2=[num2str(abs(zc2)) '|_' num2str(rad2deg(angle(zc2)))]

ia1=1/(z11+zc0-(zc1*zc2/(zc0+z22)));
ia2=-(zc1/(zc0+z22))*ia1;

m_ia1=[num2str(abs(ia1)) '|_' num2str(rad2deg(angle(ia1)))]


m_ia2=[num2str(abs(ia2)) '|_' num2str(rad2deg(angle(ia2)))]

I=[1 1 1;1 a^2 a;1 a a^2]*[0;ia1;ia2];


m_ia=[num2str(abs(I(1))) '|_' num2str(rad2deg(angle(I(1))))]
m_ib=[num2str(abs(I(2))) '|_' num2str(rad2deg(angle(I(2))))]
m_ic=[num2str(abs(I(3))) '|_' num2str(rad2deg(angle(I(3))))]

v012=[0;1;0]-[z00 0 0;0 z11 0;0 0 z22]*[0;ia1;ia2];

m_v0=[num2str(abs(v012(1))) '|_' num2str(rad2deg(angle(v012(1))))]


m_v1=[num2str(abs(v012(2))) '|_' num2str(rad2deg(angle(v012(2))))]
m_v2=[num2str(abs(v012(3))) '|_' num2str(rad2deg(angle(v012(3))))]

V=[1 1 1;1 a^2 a;1 a a^2]*v012;

m_va=[num2str(abs(V(1))) '|_' num2str(rad2deg(angle(V(1))))]


m_vb=[num2str(abs(V(2))) '|_' num2str(rad2deg(angle(V(2))))]
m_vc=[num2str(abs(V(3))) '|_' num2str(rad2deg(angle(V(3))))]
Aula 11 – Desequilíbrio Shunt – Circuito de Quatro Braços 58

AULA 11 – Desequilíbrio Shunt – Circuito de Quatro Braços

Desequilíbrio devido às faltas shunts diversas

Faltas shunt´s consistem em conexões de diversas formas entre as fases do sistema e a


terra, assim como entre fases ou a combinação das mesmas. Podem existir diversos tipos de
faltas shunt’s.
Abaixo segue algumas representações de faltas shunt´s:
Faltas Fase-Fase-Fase e Fase-Fase-Fase-Terra

Faltas Fase-Fase e Fase-Fase-Terra

Faltas Fase-Terra
Aula 11 – Desequilíbrio Shunt – Circuito de Quatro Braços 59

Através da representação abaixo, a maioria dos tipos de faltas shunt podem ser
representadas.

Ao representar as impedâncias de falta através das impedâncias Z P , ZQ , ZG e definir


valores particulares para elas é possível representar faltas trifásicas, bifásicas e monofásicas.
Para facilitar o método geral de análise, considera-se a impedância ZQ junta ao sistema
equilibrado. Esse artifício resulta na representação abaixo e com o aparecimento dos
terminais A ', B ', C ' .

Ao realizar os procedimentos do método de análise geral, temos o equacionamento pelo


lado do sistema:

V 'a 0   0   Z00 + ZQ 0 0   Ia 0 


      
V 'a1  = VTH 1  −  0 Z11 + ZQ 0   Ia1 
V 'a 2   0   0 0 Z22 + ZQ   Ia 2 
  
Aula 11 – Desequilíbrio Shunt – Circuito de Quatro Braços 60

Pelo lado da carga:

VA' N   Z P − ZQ 0 0  IA  1


   0  
=VB ' N   0 0  IB  + ZG IN 1
VC ' N   0 0 0  IC  1
 

Assim, temos:

V=
A' B 'C '
ZIABC + VN N'

Da equação de síntese:

AV
=' ZAI012 + VN N
012 '

Multiplicando a equação por A :


−1

V '012 A−1ZAI012 + A−1VN N


= '

Desenvolvendo A ZA e
−1
A−1VN N temos:
'

1 1 1   Z P − ZQ 0 0 1 1 1
1
A−1ZA = 1 a a2   0 0 0 1 a 2 a
3   
1 a 2 a   0 0 0 1 a a 
2

1 1 1   Z P − ZQ Z P − ZQ Z P − ZQ 
1
A−1ZA = 1 a a2   0 0 0 
3  
1 a 2 a   0 0 0 

 Z P − ZQ Z P − ZQ Z P − ZQ 
1  
A−1ZA =  Z P − ZQ Z P − ZQ Z P − ZQ 
3
 Z P − ZQ Z P − ZQ Z P − ZQ 

1 1 1
Z − Z Q 
A−1ZA = P 1 1 1
3  
1 1 1
Aula 11 – Desequilíbrio Shunt – Circuito de Quatro Braços 61

Para A−1VN N :
'

1 1 1  1  ZG IN  1 
1  
A−1VN N = 1 a a 2  1 ZG IN −1 
A= VN N = 0  3Ia 0 ZG 0
'
3   '
 
1 a 2 a  1  0  0
 
O resultado do equacionamento é:

V '012 A−1ZAI012 + A−1VN N


= '

V 'a 0  1 1 1  Ia 0  1


  ( ZP − ZQ ) 1 1 1  I  + 3I Z 0
=V 'a1  3    a1  a0 G  

V 'a 2  1 1 1  I a 2 


 0
 

Comparando o equacionamento do lado do sistema e do lado da carga, temos:


Lado do Sistema:

V 'a 0   0   Z00 + ZQ 0 0   Ia 0 


      
V 'a1  = VTH 1  −  0 Z11 + ZQ 0   Ia1 
V 'a 2   0   0 0 Z22 + ZQ   Ia 2 
  

Lado da Carga:

V 'a 0  1 1 1  Ia 0  1


  ( ZP − ZQ ) 1 1 1  I  + 3I Z 0
=V 'a1  3    a1  a0 G  

V 'a 2  1 1 1  I a 2 


 0
 

Comparando:

(Z − ZQ )
− ( Z 00 + Z Q ) Ia 0
V 'a 0 = e=V 'a 0
P

3
( I a0
+ Ia1 + Ia 2 ) + 3ZG Ia 0

(Z − ZQ )
V 'a1 = VTH 1 − ( Z11 + ZQ ) Ia1 e=V 'a1
P

3
( I a0
+ Ia1 + Ia 2 )

(Z − ZQ )
− ( Z 22 + ZQ ) Ia 2
V 'a 2 = e=V 'a 2
P

3
( I a0
+ Ia1 + Ia 2 )
Aula 11 – Desequilíbrio Shunt – Circuito de Quatro Braços 62

Sendo

Ia 0 + Ia1 + Ia 2 =


IA

Temos as três seguintes equações:

− ( Z00 + =
ZQ ) Ia 0
(Z − ZQ )
IA + 3ZG Ia 0 ( ZP − ZQ ) I
P

3 → − ( Z00 + ZQ + 3ZG ) Ia 0 = A


3

( ZP − ZQ ) I
VTH 1 − ( Z11 + ZQ ) Ia1 = A
3

( ZP − ZQ ) I
− ( Z22 + ZQ ) Ia 2 = A
3

Essas três equações representam um circuito padronizado para o cálculo das diversas
faltas shunt. Tal circuito é conhecido como circuito de quatro braços.

Através do circuito acima é possível obter os valores de tensão e corrente em


componentes simétricos nos pontos de falta através das informações do Equivalente Thévenin
de sequencia positiva, negativa e zero e das impedâncias de falta Z P , ZQ , ZG definidas para
representar o tipo de falta em análise.
Aula 11 – Desequilíbrio Shunt – Circuito de Quatro Braços 63

Para obter IA , basta fazer o equivalente Thevenin nos pontos A'0 N '0 :

ZTHc = ( Z11 + ZQ ) / / ( Z 22 + ZQ ) / / ( 3ZG + Z 00 + Z Q )

VTHc =
(Z 22
+ ZQ ) / / ( 3ZG + Z00 + ZQ )
VTH
(Z
11
+ ZQ ) + ( Z22 + ZQ ) / / ( 3ZG + Z00 + ZQ )

VTHc
IA =

 ZTHc +
( Z P − ZQ ) 

 3 
 

Conhecido IA ,obtemos qualquer corrente ( Ia 0 , Ia1 , Ia 2 ).

( Z P − ZQ )
− ( Z P − ZQ ) IA VTH 1 −
3
IA − ( Z P − ZQ ) IA
Ia 0 = Ia1 = Ia 2 =
3( Z00 + ZQ + 3ZG ) ( Z11 + ZQ ) 3( Z 22 + ZQ )

Va 0 = −Z00 Ia 0 V


= V − Z I
a1 TH 1 11 a1
Va 2 = −Z22 Ia 2
Aula 11 – Desequilíbrio Shunt – Circuito de Quatro Braços 64

Exemplo- Dado o equivalente Thevénin e o desequilíbrio indicado na figura, calcular:

IAu , IBu , ICu ,VN Nu ,VANu , Sendo VTH 1u = 1 pu , Z=


' 11u
Z=
22 u
j 0, 4 pu , Z 00u = j 0,2 pu

e
Z Fu = j 0,3 pu

Para esse caso, ZQ = 0 e Z P = Z Fu , assim o circuito de quatro braços fica:

Z11Z22 j 0,4. j 0,4 −0,16


ZTHc Z11 /=
= / Z 22 = = = j 0,2 pu
Z11 + Z 22 j 0,4 + j 0,4 j 0,8

Z 22  j 0,4
=VTHc = VTH = .1 0,5 pu
Z11 + Z 22 j 0,4 + j 0,4
Aula 11 – Desequilíbrio Shunt – Circuito de Quatro Braços 65

VTHc 0,5
=IAu = = 1,6666e− j 90° pu
 ZP  j 0,3
 ZTHc +  j 0,2 +
 3  3

Z j 0,3
VTH 1 − P IA 1 − .1,6666e− j 90°
Ia 0 ==
0 Ia1 = 3 3 = 2,0833e− j 90° pu
Z11 j 0,4

 −Z P IA − j 0,3.1,6666e− j 90°


Ia2 =
= = 0,4166e j 90° pu
3Z22 3. j 0,4

 IA  1 1 1   0   1,667e− j 90° 


  1=   − j 90°   j158,95° 
=IB  a a 2,0833e 2,320 e  pu
2
   
  1 a a 2   0,4166e j 90°   2,320e j 21,05° 
 IC 

Va 0 = 0 Va1 =
VTH 1 − Z11 Ia1 =
1 − j 0,4.2,0833e− j 90° =
0,1666 pu

Va 2 =
−Z 22 Ia 2 =
− j 0,4.0,4166e j 90° =
0,1666 pu

VAN  1 1 1   0   0,333e− j 0° 
  1=  j 180° 
=VBN  a 2 a  0,1666  0,1666e  pu
  
  1 a a  0,1666 0,1666e j180° 
VCN 
2

VAN = 0,333e− j 0° pu

VN=
'
Nu
V=
BNu
V=
CNu
0,1666e j180° pu
Aula 12 – Circuito de Quatro Braços – Casos Particulares 66

AULA 12 – Circuito de Quatro Braços – Casos Particulares

Circuito de Quatro Braços – Casos Particulares

Falta Trifásica Simétrica

A ocorrência dessa falta é muito pequena, ordem de 5%. Entretanto, quando ocorre é a
falta com a maior incidência de energia. Para representá-la, basta adotar Z P = ZQ .

Assim,
(Z P
− ZQ )
= 0 e o último braço da direita se transforma num curto –
3
circuito. Resultando no circuito abaixo:

VTH 1
Ia 0 = 0 Ia= I= Ia 2 = 0
1 A
( Z11 + ZQ )
Va 0 = 0 Va1 =VTH 1 − Z11Ia1 =ZQ IA Va 2 = 0

Falta Fase-Fase-Terra (F-F-T)

A ocorrência dessa falta é um pouco maior, na ordem de 15%. Para representá-la,


basta adotar Z P = ∞ .

Assim,
(Z P
− ZQ )
= ∞ e o último braço da direita se transforma num circuito
3
aberto. Resultando no circuito abaixo:
Aula 12 – Circuito de Quatro Braços – Casos Particulares 67

Resolvendo o circuito para obter Ia 0 , Ia1 , Ia 2 , verifica-se que IB + IC =
3Ia 0 , pois:

IA = Ia 0 + Ia1 + Ia 2 = 0 IB =Ia 0 + a 2 Ia1 + aIa 2 IC =Ia 0 + aIa1 + a 2 Ia 2

IB + IC = Ia 0 + a 2 Ia1 + aIa 2 + Ia 0 + aIa1 + a 2 Ia 2 = 2 Ia 0 + ( a 2 + a ) Ia1 + ( a + a 2 ) Ia 2 =

IB + I=
C
2 Ia 0 − Ia1 − Ia=
2
2 Ia 0 − ( Ia1 + Ia 2=
) 2Ia 0 − ( − Ia 0=) 3Ia0

Falta Fase-Fase (F-F)

A ocorrência dessa falta é na ordem de 10%. Para representá-la, basta adotar


Z P = ZG = ∞ .

Assim,
(Z P
− ZQ )
= ∞ e os dois últimos braços da direita se transforma num
3
circuito aberto. Resultando no circuito abaixo:
Aula 12 – Circuito de Quatro Braços – Casos Particulares 68

VTH 1
Ia 0 = 0 Ia1 = Ia 2 = −Ia1
( Z11 + 2ZQ + Z22 )
Va 0 = 0 V
= V − Z I
a1 TH 1 11 a1
Va 2 = −Z22 Ia 2

Falta Fase-Terra (F-T)

A ocorrência dessa falta é a maior, na ordem de 70%. Para representá-la, basta adotar
ZQ = ∞.
Assim, todos os braços do circuito estariam abertos. Portanto, não conseguiríamos obter
as correntes de sequencia positiva, negativa e zero em cada braço.

Sabendo que I=


B
I=
C
0 ,temos:

IB =Ia 0 + a 2 Ia1 + aIa 2 =0 Ia 0 =


−a2 Ia1 − aIa 2

IC =Ia 0 + aIa1 + a 2 Ia 2 =0 Ia 0 =


−aIa1 − a2 Ia 2

Igualando:

−a 2 Ia1 − aIa 2 =
−aIa1 − a 2 Ia 2
( a − a ) I − ( a − a ) I
2
a1
2
a2
0
=

Ia1 = Ia 2
( a − a ) I =−
2
( a a ) I
a1
2
a2

Para Ia0 :
− ( a + a 2 ) Ia1 =
Ia 0 = Ia1 a + a2 =
−1 Ia 0 = Ia1

Assim:

Ia=
0
I=
a1
Ia 2

Sendo
IA = Ia 0 + Ia1 + Ia 2 ,temos:


I = I= I= I A
a0 a1 a2
3
Aula 12 – Circuito de Quatro Braços – Casos Particulares 69

Resultando no circuito abaixo:

Resolvendo esse circuito, obtemos:

 VTH
Ia= = I= I=
I A
0 a1 a2
3 ( Z00 + Z11 + Z22 + 3ZG )

Va 0 = −Z00 Ia 0  V − Z I


V=a1 TH 11 a1
Va 2 = −Z22 Ia 2
Aula 12 – Circuito de Quatro Braços – Casos Particulares 70

Exemplo- Verificar qual seria a corrente de falta quando ocorrer um curto-circuito fase-
terra franco no meio de um dos 2 circuitos de uma linha de transmissão de um certo sistema.
A linha faz parte de um sistema muito maior, sendo esse sistema representado através de um
equivalente em cada extremidade da linha de transmissão. Através dos dados da linha e dos
equivalentes do sistema na tabela abaixo, calcular a corrente de curto circuito na fase A e as
correntes de fase que fluem de ambos terminais do circuito com falta.
Equivalente do Sistema 1 Linha de Transmissão Equivalente do Sistema 2
Circuito Duplo
VTHeq1 = 1,2e j 0° pu VTHeq 2 = 1,0e j 0° pu
(circuitos paralelos)
Falta Fase-Terra na fase A no
Z11eq1 = j 0,3 pu Z11eq 2 = j 0,6 pu
meio de um dos circuitos

Z= Z= j 0,4 pu
Z22eq1 = j 0,3 pu 11LT 22 LT
Z22eq 2 = j 0,6 pu
(cada circuito)
Z 00 LT = j 0,6 pu
Z00eq1 = j0,5 pu Z00eq 2 = ∞
(cada circuito)
Aula 12 – Circuito de Quatro Braços – Casos Particulares 71

O primeiro passo consiste em obter o equivalente Thevénin do ponto da falta:


Para as impedâncias Thevénin de sequencia positiva, negativa e zero:

Z11LT Z11EQ1 j 0,4. j 0,3 −0,12


=Za = = = j 0,0923 pu
(Z 11LT
+ Z11EQ1 + Z11EQ 2 ) ( j0,4 + j0,3 + j 0,6 ) ( j1,3)
Z11LT Z11EQ 2 j 0,4. j 0,6 −0,24
=Zb = = = j 0,1846 pu
(Z 11LT
+ Z11EQ1 + Z11EQ 2 ) ( j0,4 + j0,3 + j 0,6) ( j1,3)
Z11EQ1Z11EQ 2 j 0,3. j 0,6 −0,18
=Zc = = = j 0,1385 pu
(Z 11 LT
+ Z11EQ1 + Z11EQ 2 ) ( j 0,4 + j 0,3 + j 0,6) ( j1,3)
Aula 12 – Circuito de Quatro Braços – Casos Particulares 72

 Z  Z 
Zth1 = Zth 2 =  11LT + Z a  / /  11LT + Z b   + Z c =
( j 0,2923. j0,3846 ) =
 2   2  j 0,2923 + j 0,3846

Zth1 ==
Z th 2
( j0,2923. j 0,3846 ) + j 0,1385 =
j0,3046 pu
j 0,2923 + j 0,3846

Z Z 
Zth 0  00 LT / /  00 LT + Z 00 LT   +=
= Z 00 eq1
( j 0,3. j 0,9 ) +=
j 0,5 j 0,7250 pu
 2  2  j 0,3 + j 0,9

Para obter VTH1 , temos:

Z
VTH1 =
VTHeq1 − Z11eq1IT 1 − 11LT Ickt1
2

Onde:

IT 1 =
(VTHeq1
− VTHeq 2 )
=
(1,2 −1) = − j 0,1818 pu
 Z11LT   j0,4 
Z
 11eq1 + + Z11eq 2   j 0,3 + + j 0,6 
 2   2 

I − j0,1818
Ickt1 = T 1 = = − j 0,0909 pu
2 2

Z
VTH1 = 1,2 ( j 0,3.( − j 0,1818) ) − ( j 0,2.( − j0,0909) )
VTHeq1 − Z11eq1IT 1 − 11LT Ickt1 =−
2

VTH1 =− 1,1273 pu
1,2 0,0545 − 0,0182 =
Aula 12 – Circuito de Quatro Braços – Casos Particulares 73

Obtidas as informações do Equivalente Thevénin no ponto da falta, calculamos

Ia 0 , Ia1, Ia 2eIF :

I VTH 1,1273
Ia 0 = Ia1 = Ia 2 = F = = = − j 0,8449 pu
3 ( Zth 0 + Zth1 + Zth 2 + 3Z F ) ( j 0,725 + j 0,3046* 2)

IF =
− j 0,8449 *3 =
− j 2,5348 pu

As correntes obtidas acima fluem do equivalente para o elemento de falta. Entretanto, se


quisermos obter informações sobre as correntes em pontos diversos do circuito original,
temos que representar todos os elementos do sistema, conforme abaixo:

Assim, basta resolver tal circuito que teremos tensões e correntes de componentes de
seq+,- e zero em qualquer ponto do sistema.
Para as correntes de fase que fluem de ambos terminais do circuito com falta, temos:

Z11LT
+ Zb j 0,2 + j 0,1846
Ia1Esq 2= Ia1 + Ickt1 Ia1 + Ickt1
 Z11LT Z 
+ Zb + 11LT + Z a  ( j0,2 + j 0,1846 + j 0,2 + j0,0923)

 2 2 
Aula 12 – Circuito de Quatro Braços – Casos Particulares 74

j 0,2 + j 0,1846
Ia1Esq = ( − j 0,8449) − j 0,0909 =
− j 0,5710 pu
( j0,2 + j0,1846 + j0,2 + j 0,0923)

Z11LT
+ Zb j 0,2 + j 0,1846
Ia 2 Esq = 2 Ia 2 Ia 2
 Z11LT Z 
+ Zb + 11LT + Z a  ( j0,2 + j0,1846 + j0,2 + j0,0923)

 2 2 
j 0,2 + j 0,1846
Ia 2 Esq = ( − j 0,8449 ) =
− j 0,4801 pu
( j 0,2 + j 0,1846 + j 0,2 + j0,0923)
Z00 LT
+ Z00 LT j 0,3 + j 0,6
Ia 0 Esq = 2 Ia 0 = ( − j 0,8449 ) =
− j 0,6367 pu
 Z00 LT
+ Z00 LT +
Z 00 LT  ( j 0,3 + j 0,6 + j 0,3)
 
 2 2 
 IAckt1Esq  1 1 1   − j 0,6367   1,6878e− j 90° 
     − j 0,5710=  0,1362e− j125,31°  pu
 I =   1 a 2
a
Bckt 1 Esq    
 ICckt1Esq  1 a a 2   − j 0,4801  0,1362e− j 54,69° 
 

Para a corrente que sai do terminal T2, temos:

Z11LT
+ Za j 0,2 + j 0,0923
Ia1Dir 2 = Ia1 − Ickt1 Ia1 − Ickt1
 Z11LT
+ Zb +
Z11LT 
+ Za  ( j 0,2 + j 0,1846 + j 0,2 + j 0,0923 )

 2 2 
j 0,2 + j 0,0923
Ia1Dir = ( − j 0,8449 ) − ( − j 0,0909) =− j 0,2739 pu
( j0,2 + j0,1846 + j0,2 + j 0,0923)
Z11LT
+ Za j 0,2 + j 0,0923
I = 2 Ia 2 Ia 2
a 2 Dir
 Z11LT Z
+ Zb + 11LT + Z a 
 ( j 0,2 + j0,1846 + j0,2 + j 0,0923)

 2 2 
j 0,2 + j 0,0923
Ia 2 Dir = ( − j0,8449 ) = − j 0,3648 pu
( j0,2 + j0,1846 + j0,2 + j 0,0923)
Aula 12 – Circuito de Quatro Braços – Casos Particulares 75

Z00 LT
j 0,3
Ia 0 Dir = 2 Ia 0 = ( − j0,8449) = − j 0,2112 pu
 Z00 LT
+ Z00 LT +
Z00 LT  ( j 0,3 + j 0,6 + j 0,3)
 
 2 2 
 IAckt1Dir  1 1 1   − j 0,2112  0,8499e− j 90° 
      0,1338e j 53,95°  pu
 Bckt1Dir  1 a a   − j 0,2739=
I = 2
  
 ICckt1Dir  1 a a 2   − j 0,3648 0,1338e j126,05° 
 

Contribuição do Lado Esquerdo:

Contribuição do Lado Direito:


Aula 13 – Circuito para falta trifásica desequilibrada 76

AULA 13 – Circuito para falta trifásica desequilibrada

Circuito para Cálculo de Falta Trifásica Desequilibrada

Até o momento diversos casos de curto-circuitos shunts foram representados.


Entretanto, o curto-circuito trifásico desequilibrado representado na figura abaixo não é
passível de representação através das ferramentas já apresentadas. Para que consigamos
representá-lo para análise é necessária uma nova abordagem.

Para tal, consideramos Z11 = Z 22 , assim:


Avaliando do lado do sistema, temos:

Va 0   0   Z00 0 0   Ia 0 


  V  −  0  
Va1 
=  TH   Z11 0   Ia1 
Va 2   0   0 0 Z 22   Ia 2 
 

Avaliando do lado do sistema, temos:

VAN  Z P 0 0   IA  1


  0  
=VBN   ZQ 0   IB  + Z g 1 IN
VCN   0 0 Z R   IC  1
 

Sabendo que :

VAN = Va 0 + Va1 + Va 2

Da equação do lado do sistema temos:

VAN =
−Z00 Ia 0 + VTH − Z11Ia1 − Z22 Ia 2
Aula 13 – Circuito para falta trifásica desequilibrada 77

Sabendo que :

IA = Ia 0 + Ia1 + Ia 2 Ia 2 = IA − Ia 0 − Ia1 Z11 = Z 22


Substituindo:

−Z 00 Ia 0 + VTH − Z11 Ia1 − Z11 ( IA − Ia 0 − Ia1 )


VAN =

VAN =VTH − Z00 Ia 0 − Z11Ia1 − Z11IA + Z11Ia 0 + Z11Ia1


VAN =VTH − Z00 Ia 0 − Z11IA + Z11Ia 0 VAN =VTH − ( Z 00 − Z11 ) Ia 0 − Z11 IA

Da equação do lado da carga, temos:

VAN Z P IA + Z g IN


= VAN Z P IA + 3Z g Ia 0
=

Igualando:

VTH − ( Z00 − Z11 ) Ia 0 − Z11IA = Z P IA + 3Z g Ia 0

Resultando para a fase A em:

VTH − Z11IA − Z P IA − ( Z 00 − Z11 ) Ia 0 − 3Z g Ia 0 =


0

Para a fase B, o mesmo procedimento deve ser feito:

Sabendo que :

VBN =Va 0 + a 2Va1 + aVa 2

Da equação do lado do sistema temos:

VBN =
−Z00 Ia 0 + a 2VTH − a 2 Z11Ia1 − aZ22 Ia 2

Sabendo que :

IB =Ia 0 + a 2 Ia1 + aIa 2 Ia 2 =a 2 IB − a 2 Ia 0 − aIa1 Z11 = Z 22



Aula 13 – Circuito para falta trifásica desequilibrada 78

Substituindo:

− Z 00 Ia 0 + a 2VTH − a 2 Z11Ia1 − aZ11 ( a 2 IB − a 2 Ia 0 − aIa1 )


VBN =

VBN =
−Z00 Ia 0 + a 2VTH − a 2 Z11 Ia1 − Z11IB + Z11Ia 0 + a2 Z11 Ia1

VBN = a 2VTH − Z00 Ia 0 − Z11IB + Z11Ia 0 VBN = a 2VTH − ( Z 00 − Z11 ) Ia 0 − Z11 IB

Da equação do lado da carga, temos:

VBN ZQ IB + Z g IN


= → VBN ZQ IB + 3Z g Ia 0
=

Igualando:

a 2VTH − ( Z00 − Z11 ) Ia 0 − Z11IB = ZQ IB + 3Z g Ia 0

Resultando para a fase B em:

a 2VTH − Z11IB − ZQ IB − ( Z00 − Z11 ) Ia 0 − 3Z g Ia 0 =


0

Para a fase C, o mesmo procedimento deve ser feito:

Sabendo que :

VCN =Va 0 + aVa1 + a2Va 2

Da equação do lado do sistema temos:

VCN =
−Z00 Ia 0 + aVTH − aZ11Ia1 − a2 Z22 Ia 2

Sabendo que :

IC =Ia 0 + aIa1 + a 2 Ia 2 Ia 2 =aIC − aIa 0 − a2 Ia1 Z11 = Z 22


Substituindo:

− Z00 Ia 0 + aVTH − aZ11Ia1 − a 2 Z11 ( aIC − aIa 0 − a 2 Ia1 )


VCN =

Aula 13 – Circuito para falta trifásica desequilibrada 79

VCN =
−Z00 Ia 0 + aVTH − aZ11Ia1 − a 2 Z11IC + Z11Ia 0 + Z11Ia1

VCN =
−Z00 Ia 0 + aVTH − aZ11Ia1 − Z11IC + Z11Ia 0 + aZ11Ia1

VCN = aVTH − Z00 Ia 0 − Z11IC + Z11Ia 0 VCN = aVTH − ( Z 00 − Z11 ) Ia 0 − Z11IC

Da equação do lado da carga, temos:

VCN Z R IC + Z g IN


= → VCN Z R IC + 3Z g Ia 0
=

Igualando:

aVTH − ( Z00 − Z11 ) Ia 0 − Z11IC = Z R IC + 3Z g Ia 0

Resultando para a fase C em:

aVTH − Z11IC − Z R IC − ( Z00 − Z11 ) Ia 0 − 3Z g Ia 0 =


0

Concentrando as três equações obtidas para cada fase, temos:

VTH − Z11IA − Z P IA − ( Z 00 − Z11 ) Ia 0 − 3Z g Ia 0 =


0

a 2VTH − Z11IB − ZQ IB − ( Z00 − Z11 ) Ia 0 − 3Z g Ia 0 =


0

aVTH − Z11IC − Z R IC − ( Z00 − Z11 ) Ia 0 − 3Z g Ia 0 =


0

Essas três equações podem ser representadas através do circuito trifásico abaixo:
Aula 13 – Circuito para falta trifásica desequilibrada 80

Ao considerar a impedância da rede de sequencia positiva igual a negativa, podemos


resolver qualquer tipo de falta shunt através da solução do circuito acima, tornando-se uma
grande ferramenta de análise.
Aula 14 – Análise de Faltas Série 81

AULA 14 – Análise de Faltas Série

Análise de Faltas Série

Até o momento foram apresentadas várias ferramentas para análise das diversas faltas
shunt. Neste ponto, iniciam-se as definições de ferramentas para análise de faltas série.
A falta série consiste em qualquer contingência no sistema onde o caminho da corrente
é alterado ou interrompido em uma ou diversas fases num certo ponto do sistema. A figura
abaixo representa este tipo de contingência:

Considerando a parte do circuito desequilibrado entre os pontos A’’,B’’,C’’ e A’,B’,C’,


temos o seguinte equacionamento:
Aula 14 – Análise de Faltas Série 82

Do lado do sistema desequilibrado temos:

V ``AN  V `AN  ZT − Z S 0 0  IA 


  ``    `    
V BN  − V BN  =  0 0 0  IB 
V CN
``
 V CN
`
  0 0 0  IC 
   
Assim, temos:

VA'' B ''C '' − VA' B 'C ' =


ZIABC

Da equação de síntese:

AV ''012 − AV '012 =


ZAI012

Multiplicando a equação por A :


−1

V ''012 − V '012 =
A−1ZAI012

Desenvolvendo A ZA temos:
−1

1 1 1   ZT − Z S 0 0 1 1 1
1
A−1ZA = 1 a a 2   0 0 0 1 a 2 a
3   
1 a 2 a   0 0 0 1 a a 2 

1 1 1   ZT − Z S ZT − Z S ZT − Z S 
1
A ZA = 1 a a 2   0
−1
0 0 
3  
1 a 2 a   0 0 0 

 ZT − Z S ZT − Z S ZT − Z S 
1
A−1ZA =  ZT − Z S ZT − Z S ZT − Z S 
3 
 ZT − Z S ZT − Z S ZT − Z S 
Aula 14 – Análise de Faltas Série 83

O resultado do equacionamento é:

 ZT − Z S 
V ''012 − V '012 =
  I 012
 3 

V ``a 0  V `a 0  1 1 1  Ia 0 


  ``    `   ZT − Z S    
V a1  − V a1  = 
3
 1 1 1  I a1 
V a 2  V a 2   
``
   
`
1 1 1  Ia 2 

V ``a 0  V `a 0   Ia 


  ``    `   ZT − Z S    
V a1  − V a1  = 
3
  Ia 
V ``a 2  V `a 2     
     Ia 

Do lado do sistema equilibrado temos:

V ``a 0  V `a 0   0  ( Z00e + Z S + Z00 d ) 0 0   Ia 0 


  ``    `         
V a1  − V a1 = VTHe − VTHd  −  0 ( Z11e + ZS + Z11d ) 0   I a1 
V ``a 2  V `a 2  
    0   0 0 ( Z22e + ZS + Z22d )   Ia 2 
V ``a 0  V `a 0   0  ( Z00 + Z S ) 0 0   Ia 0 
  ``    `        
V
    
a 1
− V a 1
= VTHed

  0 ( Z11
+ Z S ) 0   I a1 
V a 2  V a 2   0  
``
   
`
0 0 ( Z22 + ZS )   Ia 2 

Comparando o equacionamento do lado do sistema e do lado da carga, temos:


Lado do Sistema Desequilibrado:

V ``a 0  V `a 0   Ia 


  ``    `   ZT − Z S    
V a1  − V a1  = 
3
  Ia 
V ``a 2  V `a 2     
     Ia 

Lado do Sistema Equilibrado:

V ``a 0  V `a 0   0  ( Z00 + Z S ) 0 0   Ia 0 


  ``    `  V  −    
V a1  − V a1  =  THed   0 (Z 11
+ ZS ) 0   I a1 
V ``a 2  V `a 2 
     0   0 0 ( Z22 + ZS )   Ia 2 
Aula 14 – Análise de Faltas Série 84

Comparando:

 ZT − Z S 
(Z 00
+ Z S ) Ia 0 =
  Ia
 3 
 ZT − Z S  
(Z 11
+ Z S ) Ia 0 =
  Ia
 3 
 ZT − Z S 
(Z 22
+ Z S )  =
I a0   Ia
 3 
Essas três equações representam um circuito padronizado para o cálculo das diversas
faltas séries. Tal circuito é muito semelhante ao circuito de quatro braços já conhecido.

Através do circuito acima é possível obter os valores de tensão e corrente em


componentes simétricos nos pontos do circuito desequilibrado através das informações do
Equivalente Thévenin de sequencia positiva, negativa e zero visto da fronteira entre os
sistemas e das impedâncias de desequilíbrio ZT , Z S definidas para representar o tipo de falta

em análise.

Circuito de Quatro Braços – Casos Particulares de Desequilíbrio série

Abertura de Uma Fase

Abertura de uma fase pode ocorrer devido a operação indevida de apenas uma chave de
um sistema (disjuntores monopolares), rompimento de um condutor ou abertura de um
fusível. Assim para representá-lo, basta considerar Z S = 0 e ZT = ∞ :
Aula 14 – Análise de Faltas Série 85

 ZT − Z S 
Assim,   = ∞ e o último braço da direita se transforma num circuito
 3 
aberto. Resultando no circuito abaixo:

VTH 1ed −Z00


− ( Ia 0 + Ia 2 )
Ia1 = Ia1 = Ia 2 = Ia1
( Z11 + ( Z00 \ \ Z22 ) ) ( Z00 + Z22 )
−Z 22
Ia 0 = Ia1 Ia = 0
( 00 22 )
Z + Z

Vaa `0 = − Z00 Ia 0 Vaa `1 VTH 1ed − Z11Ia1


= Vaa `2 = −Z 22 Ia 2

Abertura de Duas Fase

Abertura de duas fase pode ocorrer devido ao travamento na abertura de apenas uma
chave de um sistema (disjuntores monopolares), rompimento de dois condutor ou abertura de
dois fusíveis. Assim para representá-lo, basta considerar Z S = ∞ e ZT = 0 :

Assim, todos os braços do circuito estariam abertos impossibilitando qualquer análise.


Para resolver tal questão, temos:
I=
b
I=
c
0
Aula 14 – Análise de Faltas Série 86

 IA 
3
 Ia 0  1 1 1   IA   
   1    IA  
= I= I A
= I a1  3=1 a a2   0  3 Ia= I
  0 a1 a2
3
 Ia 2  
1 a 2
a   0   
   IA 
3
 
Assim podemos remodelar o circuito conforme abaixo:
Aula 14 – Análise de Faltas Série 87

Exemplo- Verificar qual seria a corrente na fase sã quando ocorrer uma abertura de
duas fases (B e C) no meio de um dos 2 circuitos de uma linha de transmissão de um certo
sistema. A linha faz parte de um sistema muito maior, sendo esse sistema representado
através de um equivalente em cada extremidade da linha de transmissão. Através dos dados
da linha e dos equivalentes do sistema na tabela abaixo:
Equivalente do Sistema 1 Linha de Transmissão Equivalente do Sistema 2
Circuito Duplo
VTHeq1 = 1,2e j 0° pu VTHeq 2 = 1,0e j 0° pu
(circuitos paralelos)
Falta Fase-Terra na fase A no
Z11eq1 = j 0,3 pu Z11eq 2 = j 0,6 pu
meio de um dos circuitos

Z= Z= j 0,4 pu
Z22eq1 = j 0,3 pu 11LT 22 LT
Z22eq 2 = j 0,6 pu
(cada circuito)
Z 00 LT = j 0,6 pu
Z00eq1 = j0,5 pu Z00eq 2 = ∞
(cada circuito)
Aula 14 – Análise de Faltas Série 88

O primeiro passo consiste em obter o equivalente Thevénin do ponto da falta:


Para as impedâncias Thevénin de sequencia positiva, negativa e zero:

Z Z
(
Zth1 =Zth 2 = 11LT + 11LT + Z11LT \ \ ( Z11eq1 + Z11eq 2 )
2 2
)
j 0,4 j 0,4  j 0,4. j 0,9 
Zth1 =Zth 2 = + + ( j 0,4 \ \ ( j 0,3 + j 0,6 ) ) =j 0,4 +   =j 0,6769 pu
2 2  j1,3 
Z Z
Zth 0 = 00 LT + 00 LT + Z 00 LT
2 2

j 0,6 j 0,6
Zth 0 = + + j 0,6 = j1,2 pu
2 2
Aula 14 – Análise de Faltas Série 89

Para obter VTHed1 , temos:

VTHed1 = Z11LT Ickt 2


Onde:

IT 1 = Ickt 2 =
(VTHeq1
− VTHeq 2 )
=
(1,2 − 1) = − j 0,1538 pu
( Z11eq1 + Z11LT + Z11eq 2 ) ( j0,3 + j0,4 + j0,6)

VTHed1 =
Z11LT Ickt 2 =j0,4.(− j 0,1538) =
0,0615 pu

Obtidas as informações do Equivalente Thevénin no ponto de desequilíbrio, calculamos

Ia 0 , Ia1 , Ia 2eIa :

I VTHed1 0,0615
Ia1 = Ia 2 = Ia 0 = a = = = − j0,0241pu
3 ( Zth0 + Zth1 + Zth 2 ) ( j1,2 + j0,6769 + j0,6769)

Ia =
− j 0,0241*3 =
− j 0,0723 pu
Aula 15 – Defasamento angular de Transformadores 90

AULA 15 – Defasamento angular de Transformadores

Defasamento angular de Transformadores em Componentes Simétricos

Sabemos que transformadores trifásicos com fechamento dos enrolamentos diferentes


proporcional defasamento angular. Particularmente, sabemos que em transformadores (DY ou
YD) o defasamento será ±30° dependendo do fechamento e sequencia de fase (ABC ou ACB)
e determinação dos bornes.
Para avaliar o comportamento das componentes simétricas em transformadores, faremos
uma comparação direta com o comportamento do transformador em condição equilibrada.
Assim segue a análise do defasamento angular de um transformador Yd1 com a rede em
sequencia de fase ABC:

Como já previa o código do fechamento (Yd1), ao analisar a composição dos fasores,


verifica-se que as tensões no primário (estrela) estão adiantadas de 30° em relação a
correspondente no secundário (delta).
Aula 15 – Defasamento angular de Transformadores 91

Agora, ao alterar apenas a sequencia de fase, obtemos a seguinte relação entre os fasores
correspondentes do primário e secundário:

Ao inverter apenas a sequencia de fase para ACB, verifica-se que os fasores


correspondentes de tensão no primário estão atrasados de 30° em relação aos correspondentes
fasores do secundário.
Fica evidente que quando existir defasamento angular num certo transformador devido
ao fechamento dos enrolamentos para uma certa sequencia de fase, ao inverter a sequencia de
fase, o defasamento angular será o mesmo entretanto em sentido contrário. Ou seja, se quando
a sequencia de fase for ABC num transformador com defasamento angular de +θ° entre
primário em relação ao secundário, ocorrerá um defasamento de -θ° se a sequencia de fase for
invertida para ACB.
Sabendo que a componente de sequencia positiva acompanha a sequencia de fase do
sistema original e que a sequencia negativa gira em sentido contrário, ou melhor, tem
sequencia de fase contrária ao sistema original, a mesma comparação e resultados obtidos
acima podem ser considerados.
Aula 15 – Defasamento angular de Transformadores 92

Assim:
• Componente de sequencia positiva: o defasamento angular será o mesmo do
sistema original;
• Componente de sequencia negativa: com mesmo módulo do defasamento do
sistema original, entretanto com sentido contrário.

Exemplo - Um transformador Dyn1 de 20MVA, 138kV-13,8kV apresenta Zps=47,61Ω


e X/R=10, obter Ztu de sequencia positiva e negativa, assim como os equivalentes.

Z PS SB  20 
Z= = Z PS e ja tan(10) = 47,61e j 84,29  = 0,05e j 84,29 pu
 

TU 2 
Z BP VBP 2
 138 

Z= Z= Z= 0,05e j 84,29 pu

TU TU 1 TU 2
Aula 16 – Banco de Transformadores com 3 Enrolamentos 93

AULA 16 – Banco de Transformadores com 3 Enrolamentos

Banco de Transformadores com 3 Enrolamentos

Três transformadores monofásicos constituídos de 3 enrolamentos são conectados para


forma um banco trifásico com 3 enrolamentos conforma figura abaixo:

Bancos de transformadores de 3 enrolamentos são utilizados em grandes subestações de


transmissão, onde o enrolamento terciário é utilizado para suprir as instalações locais e filtrar
as componentes de sequencia zero do sistema.
Aula 16 – Banco de Transformadores com 3 Enrolamentos 94

Analisando por fase temos:

nP nP
n1 = n2 = Z S ' = n12 Z S ZT ' = n2 2 ZT
nS nT
Para obter os valores de ( Z P , Z S eZT ) é necessário realizar três ensaios de curto-
' '

circuito no banco trifásico.


O primeiro ensaio é realizado para obter Z PS . Consiste em deixar o terciário aberto,

curto-circuitar o enrolamento secundário e aplicar tensão reduzida no primário até fluir


corrente nominal nos enrolamentos.

VPcc
Z PS =
IPN
Z PS =Z P + n12 Z S =ZP + ZS '
O segundo ensaio é realizado para obter Z PT . Consiste em deixar o secundário aberto,

curto-circuitar o enrolamento terciário e aplicar tensão reduzida no primário até fluir corrente
nominal nos enrolamentos.
Aula 16 – Banco de Transformadores com 3 Enrolamentos 95

VPcc
Z PT =
IPN
Z PT =
Z P + n2 2 ZT =
Z P + ZT '
O terceiro ensaio é realizado para obter Z STs . Consiste em deixar o primário aberto,

curto-circuitar o enrolamento terciário e aplicar tensão reduzida no secundário até fluir


corrente nominal nos enrolamentos.

VScc
Z STs =
ISN
2
n 
Z STs
= Z S +  S  ZT
 nT 
Esse ensaio obter valor de Z STs referido ao secundário, como queremos obter esse valor

referido ao primário, temos:

  ns 
2

Z ST = n Z STs
2
Z ST n1  Z S +   ZT 
= 2

 nt 
1
 

 np 
2
  ns 
2
  np 
2
 np   ns 
2 2

=Z ST   Z +
 S   T  Z =Z ST   Z S +     ZT
 ns    nt    ns   ns   nt 
2 2
 np   np 
=Z ST   Z S +   ZT Z= Z S '+ ZT '
 ns   nt 
ST
Aula 16 – Banco de Transformadores com 3 Enrolamentos 96

Obtidos os valores de ( Z PS , Z PT e Z ST ), os valores de ( Z P , Z S eZT ) são calculados


' '

através de:
1
Z P= ( Z PS + Z PT − Z ST )
2
1
Z S=' ( Z PS + ZST − Z PT )
2
1
ZT=' ( Z PT + Z ST − Z PS )
2
Para obter as informações da impedância de excitação, temos:

VPN
ZP + ZE � ZE =
I0
Dividindo as impedâncias obtidas por Z BP , obtemos o circuito equivalente de sequencia

positiva do banco trifásico em PU:

1
Z Pu= ( Z PSu + Z PTu − Z STu )
2
1
Z Su=' ( Z PSu + ZSTu − Z PTu )
2
1
ZTu=' ( Z PTu + Z STu − Z PSu )
2
Para o circuito equivalente de sequencia zero em PU, temos:
Aula 16 – Banco de Transformadores com 3 Enrolamentos 97

A topologia do circuito anterior consiste da passagem das 3 correntes de sequencia zero


passando nas fases e se concentrando no neutro das conexões estrela e das correntes que
apenas circulam no delta e não aparecem nos terminais de linha.

Para melhor compreensão do que acontece no delta com componentes de sequencia zero,
ilustramos o fenômeno como o circuito abaixo:

3V V V
I
= = RI R= V
= V −V =
0
3R R R
Mesmo não existindo tensões entre os terminais e zero de corrente nas linhas, existe corrente
circulando dentro do delta.

Impedância de sequencia zero de transformadores trifásicos de 2 enrolamentos providos de


núcleo trifásico

Quando passar a componente de sequencia zero nas 3 fases será induzido um fluxo
magnético idêntico nos três braços do núcleo. Sabendo que o caminho do fluxo é fechado, o
mesmo passa pelo tanque do transformador, conforme figura abaixo:
Aula 16 – Banco de Transformadores com 3 Enrolamentos 98

Quando o fluxo passar pelo tanque de aço, serão induzidas correntes parasitas que vão
se opor a corrente que as criaram. Esse efeito pode ser considerado como um enrolamento
terciário conectado em delta.
Aula 17 – Representação de Linhas de Transmissão 99

AULA 17 – Representação de Linhas de Transmissão

Linhas de Transmissão

A rede elétrica é estruturada verticalmente de acordo com as funcionalidades de cada


sistema, sendo eles classificados em geração, transmissão / subtransmissão e distribuição.
O sistema de transmissão é responsável pelo transporte de grandes blocos de energia a
longas distâncias, sendo composto de todas as redes responsáveis por interligar as grandes
instalações de geração e regiões de consumo. Tem como característica transmitir grandes
potências através de linhas aéreas, em elevados níveis de tensão, longas distâncias e com
configuração malhada. Costuma-se ser chamado de rede básica de transmissão.
O sistema de subtransmissão é composto por todas as redes responsáveis por fazer a
conexão da distribuição à transmissão, além de conectar consumidores de grande porte. Tem
as mesmas características do sistema de transmissão, porém com um menor nível de tensão,
nível de potência e comprimento, e uma configuração mais radial, podendo, às vezes, ter as
mesmas características do sistema de transmissão.
Uma linha de transmissão é composta basicamente por cabos condutores, cadeia de
isoladores, estruturas metálicas de sustentação, pára-raios e acessórios diversos para melhoria
das propriedades elétricas e mecânicas, tais como, anéis de corona, espaçadores, dispositivos
antivibrantes, dentre outros.
Além dos componentes que constituem a linha, as dimensões e as configurações das
estruturas são fundamentais. Tais estruturas terão tantos pontos de suspensão quantos forem
os cabos condutores e cabos pára-raios a serem suportados. Suas dimensões e formas
dependem de diversos fatores, tais como: disposição dos condutores, distância entre
condutores, dimensões e formas de isolamento, flechas dos condutores, altura de segurança e
número de circuitos. Em linhas trifásicas, basicamente, existem três tipos de disposição de
condutores: triangular, horizontal e vertical. As principais dimensões são determinadas
principalmente pela tensão nominal e as sobretensões previstas, assim como, a flecha e o
diâmetro dos condutores.
O comprimento da linha, a potência a ser transmitida, o nível de tensão, o trajeto da
linha, o tipo de torre, a quantidade de circuitos por torre, o tipo de condutor, o aterramento e a
transposição ou não dos circuitos são definidos nos projetos para que haja a viabilidade
econômica e atenda a todos os requisitos técnicos necessários.
Aula 17 – Representação de Linhas de Transmissão 100

Normalmente as linhas são classificadas de acordo com o nível de tensão: em linhas de


ultra-alta tensão (UAT) - acima de 750kV; extra-alta tensão (EAT) - entre 330 kV e 750kV;
alta-tensão (AT) - abaixo de 230kV. Linhas abaixo de 69kV podem ser consideradas linhas de
distribuição. Além da classificação considerando o valor da tensão, elas podem ainda ser
classificadas em função de seu comprimento combinado com o nível de tensão e
denominadas de linhas curtas, médias ou longas. Finalmente podem ser de corrente alternada
ou corrente contínua.
Nível de tensão [kV] Comprimento [Km] Classificação
V< 150 L ≤ 80 CURTA
150≤V<400 L ≤ 40 CURTA
V≥400 L ≤ 20 CURTA
150≤V<400 L ≤ 200 MÉDIA
V≥400 L ≤ 100 MÉDIA

Modelagem de Linhas de Transmissão

Linhas de transmissão devem ser representáveis através de seus circuitos equivalentes


ou modelos matemáticos da forma mais satisfatória possível e com o grau de precisão
almejado.
Existem modelos aplicáveis de acordo com a definição da linha, onde o grau de
complexidade e exatidão depende da classificação das linhas, sejam estas curtas, médias ou
longas.
As linhas de transmissão trifásicas são constituídas por, no mínimo, três condutores
paralelos e são caracterizadas pelos seguintes parâmetros:
• R – Resistência dos condutores;
• G – Condutância entre os condutores e o solo;
• L – Indutância;
• C – Capacitância entre os condutores e o solo.
Aula 17 – Representação de Linhas de Transmissão 101

As resistências são inerentes aos materiais dos cabos condutores. As condutâncias


aparecem devido ao fato do isolamento dos condutores não serem perfeitos e cadeias de
isoladores sendo, na maioria das vezes, desconsideradas. As indutâncias ocorrem devido à
existência do campo magnético originado pelas correntes na linha de transmissão e as
capacitâncias aparecem devido à existência de cargas elétricas entre os condutores da linha e
entre condutores e o solo ou partes metálicas aterradas.
Os modelos podem ser os de parâmetros distribuídos, parâmetros concentrados em
modelos π ou T , ou parâmetros simplificados longitudinais.

Modelo de Linha de Transmissão Curta

A propagação de onda e as capacitâncias são desconsideradas e os parâmetros são


concentrados na resistência e indutância total da LT, ficando:

IS = IR VS = VR + ( R + jX L ) IR


Aula 17 – Representação de Linhas de Transmissão 102

Modelo de Linha de Transmissão Média

A propagação de onda é desconsiderada e os parâmetros longitudinais são concentrados


na resistência e indutância total da LT e a capacitância é concentrada no modelo “PI” ou “T”,
ficando:

I IR + IC 2
= IS = I + IC1 IS =IR + IC 2 + IC1

VS = VR + ( R + jX L ) I

Modelo de Linha de Transmissão Longa

A propagação de onda é considerada e os parâmetros longitudinais são distribuídos por


elementos infinitesimais , ficando:

Para obter uma solução exata para qualquer linha de transmissão, deve-se considerar o
fato de que os parâmetros de uma linha não estão concentrados e sim uniformemente
distribuídos ao longo da mesma.
Sejam as equações diferenciais de tensão e de corrente por unidade de comprimento.
Aula 17 – Representação de Linhas de Transmissão 103

 dV 
 Z ' Fase   IFase 
−  Fase  =
 dx 

 dI 
[Y ' Fase ][VFase ]
−  Fase  =
 dx 

Derivando uma segunda vez em relação ao comprimento, vem:

 d 2VFase 
− 2 =[ Z ' Fase ][Y ' Fase ][VFase ]
 dx 

 d 2 IFase 
− 2 
[Y ' Fase ][ Z ' Fase ][ IFase ]
=
 dx 

Tais equações diferenciais de segunda ordem definem todo o comportamento das


tensões e das correntes ao longo da linha de transmissão monofásica (guia de onda).
Como solução tem-se:

=V A1e ZY x
+ A2 e− ZY x

1 1
=I A1e ZY x
− A2 e − ZY x

Z Y Z Y

As constantes A1 e A2 são determinadas pela condição de contorno definida no

extremo da linha ( x = 0 , V = VR e I = I R ), resultando:

 V + I Z   V − I Z 
=V  R R c  eγ x +  R R c  e−γ x
 2   2 

 VR    VR  
 ZC + I R  γ x  ZC − I R  −γ x
=
I  e − e
 2   2 
   

Z
Zc =
Y γ = ZY
Aula 17 – Representação de Linhas de Transmissão 104

Sendo: Zc é a Impedância Característica e γ é o Coeficiente de Propagação das


ondas. γ = a + bi a=coeficiente de atenuação b=coeficiente de fase

As equações fornecem os valores de V e I em qualquer ponto da linha, em função da


distância x contada a partir dos terminais da carga, supondo o conhecimento de VR , I R , e

dos parâmetros da linha.


Entretanto a linha longa pode ser representada por um circuito “PI” equivalente. Basta
considerar x=L (comprimento da LT). E obter as relações entre as tensões e correntes nos
terminais da LT e compará-las com as equações obtidas de um circuito “PI”. O resultado da
comparação resulta no circuito abaixo:

Z ' = Z C senh(γ  )

Y' 1 γ
= tanh( )
2 ZC 2
Aula 18 – Máquinas Síncronas 105

AULA 18 – Máquinas Síncronas

Máquinas Síncronas

Para estudos de fluxo de potência e curto-circuito, uma representação simples é


suficiente. A máquina pode ser representada por uma f.e.m atrás de uma reatância como o
circuito abaixo:

Onde:
Ic= corrente de Carga
Vt=tensão de fase no terminal da máquina
E= Força eletromotriz gerada por fase
Xd=Reatância de eixo direto da máquina

Os fenômenos envolvendo os fluxos magnéticos resultantes de uma máquina síncrona


durante uma condição transitória resultam na mudança da reatância da máquina. Dado o
início de um certo transitório, a reatância da máquina evolui da seguinte forma:

Xd”= Reatância sub-transitória de eixo direto;


Xd’=Reatância transitória de eixo direto;
Xd=Reatância síncrona de eixo direto.

Sabendo que a reatância da máquina é a relação entre a tensão e a corrente que flui pela
máquina, devemos fazer uma análise do comportamento da corrente logo após um certo
distúrbio.
Ao aplicar um curto-circuito trifásico franco nos terminais da máquina, temos as
seguintes características para as correntes das 3 fases:
Aula 18 – Máquinas Síncronas 106

A equação que representa o comportamento das correntes acima segue abaixo:

  '' t t

t

Tg 
i (t )
= 2  ( I − I ) e + ( I − I ) e + I  sin ( wt − δ ) + I sen (δ ) e  [ A]
' Td '' ' Td ' ''

   

Onde :
a0
I '' = = Corrente de Curto-circuito subtrasitória simétrica;
2
b0
I' = = Corrente de Curto-circuito trasitória simétrica;
2
I = Corrente de Curto-circuito síncrona;
δ = Ângulo que depende do instante do início do CC;
Td '', Td ', Tg = Constantes de tempo Sub-transitória, Transitória e da máquina em [s]
Aula 18 – Máquinas Síncronas 107

Fica nítida a existência de três regiões:


o Região sub-transitória;
o Região transitória;
o Região Síncrona.
Assim existiram 3 reatâncias características da máquina:
o Reatância subtransitória de eixo direto Xd’’;
o Reatância transitória de eixo direto Xd’;
o Reatância de eixo direto Xd.

Segue tabela com os valores típicos das grandezas da máquina:


Máquinas de pólos
Parâmetros Máquinas de pólos Lisos
Salientes
Xd’’pu 0,8 a 1,25 1,0 a 1,2
Xd’ pu 0,35 a 0,40 0,15 a 0,25
Xd pu 0,20 a 0,30 0,10 a 0,15
Td’’ 30 a 40 ms 30 a 40ms
Td’ 0,9 a 1,1 s 1,4 a 2,0 s
Tg 150ms 150ms

Todos os parâmetros podem ser obtidos por ensaios segundo a NBR-5052.

Impedâncias de sequencia zero e negativa de máquinas síncronas

Se correntes de sequencia zero forem injetadas nos enrolamentos do estator da máquina


síncrona, não existirá um campo girante, mas sim um campo pulsante estacionário. Assim, o
fluxo passando pelo entreferro é muito pequeno e a impedância de sequencia zero constitui a
menor impedância da máquina.
Z o= ro + jX o

Onde:

ro = r1 e 0,15 Xd '' < X o < 0, 6 Xd ''


Aula 18 – Máquinas Síncronas 108

Por outro lado, se correntes de sequencia negativa forem injetadas nos enrolamentos do
estator da máquina, com circuito de campo em curto-circuito e o rotor acionado na velocidade
síncrona no sentido contrário, obtemos:
Z 2= r2 + jX 2

Onde:

Xq ''+ Xd ''
r2 >> r1 e X2 ≅ ≅ Xd ''
2

A influência do efeito pelicular na resistência do rotor é responsável pelo aumento de r2

em relação a r1 . r2= r1 + r '

Para valores aproximados de r2 e X 2 , vem em PU:

0, 012 < r2u < 0, 02 e X 2 ≅ 0, 24


Aula 19 – Motor de Indução Trifásico 109

AULA 19 – Motor de Indução Trifásico

Motor de Indução Trifásico

O motor de indução trifásico é representado pelo circuito equivalente abaixo. Tal


circuito representa uma das fases do motor, onde as tensões de fase dependem do fechamento
do mesmo.

Onde:
R1- resistência por fase do estator
X1- reatância por fase do estator
r2’- resistência por fase do rotor referida ao estator
X2’- reatância por fase do rotor referida ao estator
Rm- resistência de magnetização
Xm- reatância de magnetização
n1 − n
s= – Escorregamento do Motor de Indução Trifásico
n1

A tabela abaixo mostra os parâmetros aproximados de um motor síncrono em PU, nas


bases das potências e tensões nominais:
Potência
ηN % cos(ϕ N ) % SN % x1u + x ' 2 u r1u + r '2u X mu
[HP]
Até 5 75-80 75-85 3-5 0,1-0,14 0,04-0,06 1,6
5-25 80-88 82-90 2,5-4 0,12-0,16 0,035-0,05 2,0-2,8
25-200 86-92 84-91 2-3 0,15-0,17 0,03-0,04 2,2-3,2
200-1000 91-93 85-92 1,5-2,5 0,15-0,17 0,025-0,03 2,4-3,6
>1000 93-94 88-93 ≈1 0,15-0,17 0,015-0,02 2,6-4,0
Aula 19 – Motor de Indução Trifásico 110

Para a potência mecânica entregue na ponta do eixo do motor, temos:

1 − s ' 2 2π n
= r2 '
Pmec 3= I2 M [W]
s 60

Porém,

n n1 (1 − s )
=

Substituindo,

1 − s ' 2 2π n1 (1 − s )
= r2 '
Pmec 3= I2 M
s 60

Logo, o conjugado desenvolvido é:


1 − s ' 2 2π n1 (1 − s ) 1− s ' 2 60 60
3r2 ' I2 = M → M = 3r2 ' I2 → M = 3r2 ' I ' 2 2 [Nm]
s 60 s 2π n1 (1 − s ) 2π n1s

Verificando o conjugado em termos da potencia mecânica no ponta do eixo temos:


1− s s
Sendo, Pmec = 3r2 ' I ' 2 2 → 3r2 ' I '2 2 = Pmec
s 1− s
60 s 60 60 Pmec 60 Pmec
M = 3r2 ' I ' 2 2 →M = Pmec →M = →M = [Nm]
2π n1s 1− s 2π n1s 2π n1 (1 − s ) 2π n1 (1 − s )

2π n1
Considerando a base de velocidade WB = e a base de potencia S B , temos a base
60
SB
de conjugado M B = .
WB

Para o conjugado em PU, temos:

M 60 Pmec WB 60 Pmec 2π n1
Mu = Mu = Mu =
MB 2π n1 (1 − s ) S B 2π n1 (1 − s ) S B 60

PmecU
Mu =
(1 − s )

Impedâncias de sequencia zero e negativa do MIT

Os motores de indução trifásicos são fechados em delta ou estrela sem conexão de


neutro, portanto a impedância de sequencia zero é infinita.
Aula 19 – Motor de Indução Trifásico 111

A impedância de sequencia negativa pode ser obtida aplicando tensão reduzida e


equilibrada nos terminais do motor, acionando o rotor no sentido contrário com velocidade
nominal. Assim:

Vredacb
Z 22 =
I redacb

O escorregamento nessa condição de sequencia negativa, fica:


n1 − ( −n ) n1 + n
=s− =
n1 n1

n n1 (1 − s ) , assim:
Porém=

n1 + n1 (1 − s )
s−= = 2−s
n1

O circuito equivalente para sequencia negativa do MIT por fase fica:

Devido ao efeito pelicular r '' 2 >> r '2 e devido a força contra-eletromotriz maior no rotor

X ''2 < X '2 . Também, podemos desprezar a impedância de magnetização , sabendo que a

impedância do rotor é muito menor.


A potência mecânica e o conjugado associado a sequencia negativa fica:

1− s ' 2
Pmec 2 = 3r2 ' I2 [W]
2−s

60
M 2 = −3r2 '' I ''2 2 [Nm]
2π n1 ( 2 − s )
Aula 19 – Motor de Indução Trifásico 112

Verifica-se que o conjugado resultante é:

60 60
M r =M − M 2 =3r2 ' I '2 2 − 3r2 '' I ''2 2
2π n1s 2π n1 ( 2 − s )

60  r2' I ' 2 2 r2'' I ''2 2 


=Mr 3  −  Nm
2π n1  s (2 − s) 

A existência de desequilíbrio, resultando em sequencia negativa, proporciona pequena


diminuição do conjugado resultante. Entretanto, as perdas joules aumentam
consideravelmente e a vida útil reduz drasticamente.

A contribuição do MIT durante faltas

Ao ocorrer uma falta próxima aos terminais de um MIT, a sua excitação é


completamente perdida. Entretanto, o fluxo enlaçado nos circuitos do rotor não podem variar
instantaneamente decrescendo de acordo com a constante de tempo abaixo:
x1 + x '2
τr = [s]
w1r ' 2

Para a grande maioria dos motores: x1 + x '2 ≅ 0,16 e r '2 ≅ 0, 025 , logo:

τ r ≅ 16,976 [ms]
Essa constante de tempo é próxima ao período de um ciclo de 60Hz. Assim durante um
ou dois ciclos a excitação residual do MIT faz com que o mesmo funcione como um gerador
durante uma falta e o circuito equivalente para essa condição segue abaixo:

Depois dos dois primeiros ciclos a impedância fica infinita e a contribuição é eliminada.
Aula 20 – Potência ou Capacidade de Curto-Circuito 113

AULA 20 – Potência ou Capacidade de Curto-Circuito

Potência ou Capacidade de Curto-Circuito

Até o momento todos os barramentos com fontes ou equivalentes de sistemas eram


ideais, onde a tensão no barramento não sofria variações quando da passagem de correntes de
carga ou de curto-circuito.
Entretanto, a realidade mostra que existe queda de tensão ao longo da rede entorno do
barramento em curto-circuito devido as quedas de tensão pelas correntes fluindo desses
barramentos para a o barramento em condição de falta.

Ao acontecer um curto-circuito trifásico sólido no barramento 03 a tensão nesse


barramento vai à zero. Assim, fluirá um elevada corrente dos barramentos 1 e 2 em direção ao
03. As tensões nos barramentos vão depender da capacidade dos mesmos em manter o nível
de tensão e freqüência. Tal capacidade é expressa pela capacidade de curto-circuito ou
potência de curto-circuito de cada barramento “Short Circuit Capacity-SCC”.


SCC 3 Vpre − f I3φ [MVA]
3φ =

Sendo VB = VL , I B = I L e S B = VB I B e dividindo a equação acima por VB I B , temos:


SCC 3 Vpre − f I3φ

= 
SCC 3 VUpre − f IU 3φ pu
U 3φ =
VB I B VB I B

Pelo circuito acima podemos dizer que:


Aula 20 – Potência ou Capacidade de Curto-Circuito 114

VUpre − f
IU 3φ =
3 ZU 11

Substituindo:

2
VUpre − f VUpre − f

SCC 3 VUpre − f IU 3φ 
SCC 3 VUpre − f 
SCC
U 3φ = U 3φ = U 3φ =
3 ZU 11 ZU 11

Considerando a tensão de pré-falta igual a tensão base, temos:

 1
SCCU 3φ =
ZU 11

Assim, conhecida a potência de curto-circuito trifásica, obtemos a impedância associada


ao barramento.

1
ZU 11 =

SCC U 3φ

O circuito equivalente da barra passa ser:

Para obter o ângulo da impedância, na prática são informados junto com a potência de

curto circuito trifásica o X/R do barramento, ou tudo apresentado em número complexo.

A impedância de sequencia negativa é a mesma da sequencia positiva e a impedância de

sequencia zero é obtida com a informação da potência de curto-circuito trifásica e

monofásica, também informada.

Para obter a impedância negativa, temos:

  
SCCU φ = VUpre − f IU φ pu
Aula 20 – Potência ou Capacidade de Curto-Circuito 115

Pelo circuito acima podemos dizer que:

VUpre− f
IUφ = 3
2 ZU 11 + ZU 00

Substituindo:

2
3 VUpre − f 3 VUpre − f
   
SCC  
SCCU φ = VUpre − f IU φ U φ = VUpre − f SCCUφ =
2 ZU 11 + ZU 00 2 ZU 11 + ZU 00

 3 
SCCUφ = 2 ZU 11 + ZU 00 SCC 3
Uφ =
2ZU 11 + ZU 00

  3
ZU 00 SCC ZU 00
3 =
U φ + 2 ZU 11 SCCU φ = − 2 ZU 11

SCC Uφ

1
Sendo: ZU 11 =

SCC U 3φ

3 2
ZU 00
= −

SCC 
SCC
Uφ U 3φ

Assim, conhecida a potência de curto-circuito monofásica e trifásica, obtemos a


impedância de sequencia zero associada ao barramento.
Aula 21 – Aterramento de Neutro 116

AULA 21 – Aterramento de Neutro

Aterramento de Neutro

O aterramento de neutro é de fundamental importância para o comportamento do


sistema quando um desequilíbrio causado por um curto-circuito.
A tipo de aterramento praticado está diretamente ligado ao valor das impedâncias de
sequencia zero, que por sua vez define a intensidade da corrente de curto-circuito de
sequencia zero.
Toda ação de aumento ou diminuição da impedância de neutro tem o propósito de
diminuir as correntes de curto-circuito à terra (FT-FFT-FFT”desequilibrado”) com
conseqüente sobre-tensões nas fases sãs, ou diminuição das sobre-tensões em detrimento de
elevadas correntes de curto-circuito. A escolha pelo tipo de aterramento leva em consideração
diversos fatores técnicos e de segurança.
Nos sistemas de transmissão de energia é praticado o aterramento sólido dos neutros dos
transformadores, pois a prioridade não é a diminuição da corrente de curto-circuito, mas a
diminuição das sobre-tensões no sistema. Cuidado esse necessário, pois, devido aos elevados
níveis de tensão, os isoladores (das LT, Trafos, Disjuntores,etc..) já trabalham próximos ao
limite, onde qualquer aumento poderia causar flashovers indesejados e prejudiciais ao
sistema.
Nos sistemas industriais de média ou baixa tensão, muita das vezes pratica-se a
instalação de impedâncias nos terminais de neutro dos transformadores para limitar a corrente
de curto-circuito fase-terra. Tal ação é necessária para diminuir a quantidade de energia que
iria ser dissipada no local do curto, minimizando os danos materiais e o risco pessoal dos
funcionários. Tal ação reflete nas sobre-tensões nas fases sãs, que, por sua vez, são suportadas
facilmente pelos isoladores desses sistemas de média e baixa tensão.
Para compreensão de como as tensões e correntes se comportam para cada tipo de
aterramento de neutro na ocorrência de um curto-circuito fase-terra , temos o circuito abaixo:
Aula 21 – Aterramento de Neutro 117

Para o caso geral, temos:

VTH − Z11IA − Z P IA − ( Z 00 − Z11 ) Ia 0 − 3Z g Ia 0 =


0

a 2VTH − Z11IB − ZQ IB − ( Z00 − Z11 ) Ia 0 − 3Z g Ia 0 =


0

aVTH − Z11IC − Z R IC − ( Z00 − Z11 ) Ia 0 − 3Z g Ia 0 =


0

Para o caso de um curto-circuito fase-terra sólido ,temos: ZQ = Z R = ∞ , Z=


P
Z=
G
0
As três equações gerais acima resultam:

( Z − Z11 ) I =
VTH − Z11IA − 00 0
A
3

( Z − Z11 ) I =
a 2VTH − VBN − 00 0
A
3

( Z − Z11 ) I =
aVTH − VCN − 00 0
A
3

Assim:

( Z + 2Z11 ) I =
VTH − 00 0  = 3VTH
I

A → A
3 Z00 + 2Z11
Aula 21 – Aterramento de Neutro 118

( Z − Z11 ) I
VBN a 2VTH − 00 V=
 2 Z00 − Z11  
= A → BN a − VTH
3  Z 00
+ 2 Z11 

( Z − Z11 ) I
VCN aVTH − 00
 Z − Z11  
VCN=  a − 00
= A → VTH
3  Z 00
+ 2 Z11 

As sobre-tensões nas fases sãs ficam em função da relação das impedâncias de


sequencia zero e positiva do sistema:

  Z 00  
   −1 
 2 Z00 − Z11   a −  Z  V
V= a − VTH → V= 2 11
BN
 Z + 2 Z11 
BN
  Z 00   TH
+2
00
 
 Z
 11  

  Z00  
   −1 
 Z − Z11    Z  V
VCN=  a − 00 VTH → VCN=  a − 11

 Z + 2 Z11 
  Z00   TH
+2
00
 
 Z
 11  

O local geométrico dos fasores de tensão da fase b e c não é trivial, entretanto podemos
verificar alguns casos particulares:

a)Resistências desprezíveis

Z00 X 00
= = k
Z11 X 11
Aula 21 – Aterramento de Neutro 119

 2 k −1    3  k −1 
V= 
VBN =   −5 + j − 1
a − VTH  k
BN
 k +2  2  + 2 

 k − 1 
2
 3 
2

VBN = 
VCN = 0,5 +  +  
 k +2  2  
 

b)Resistências de sequencia positiva desprezíveis

  r00 + jX 00     r00 + jX 00  
   −1     −1 
 a2 −  jX  V jX
V= 11
VCN=  a −  11  V
BN
  r00 + jX 00   TH   r00 + jX 00   TH
  +2   +2
  jX 11     jX 11  
Considerando X 00 , X 11 com valores fixos, o local geométrico ao variar r00 , fica:
Aula 21 – Aterramento de Neutro 120

r00 j ( X 00 − X11 )
Sabendo que: RN = e jX N =
3 3

Um sistema é considerado efetivamente aterrado quando em todos os seus pontos as


relações abaixo sejam atendidas:

X 00 r00
≤3 e ≤1
X 11 X 11

Tais relações só serão alcançadas se a maioria dos equipamentos estiverem solidamente


aterrados. Assim, as sobre-tensões não passaram de 40% e a corrente de curto-circuito fase-
terra será de pelo menos 60% quando ocorrer uma falta trifásica.
Aula 22 – Matriz de Admitância Nodal 121

AULA 22 – Matriz de Admitância Nodal

Matriz de Admitância Nodal

Existem diversas formas de resolver um circuito elétrico. Baseados nas leis de


Kirchhoff e a lei de ohm, os métodos das malhas, métodos dos nós e superposição são
ferramentas fundamentais para tal tarefa.
Entretanto, sistemas reais não se resumem entre 3 a 8 nós ou 1 a 5 malhas, como
verificamos na representação do exemplo abaixo.

Mesmo conhecendo todas as impedâncias e topologia do sistema, assim como toda a


energia gerada e consumida em cada ponto, fica muito difícil obter as tensões em cada ponto
do sistema aplicando as ferramentas de solução de circuitos tradicionais.
Uma grande ferramenta para solução de tal problema é chamada de matriz de
admitância nodal.
Antes da apresentação da matriz de admitância nodal, vamos resolver o circuito abaixo
através de alguns métodos tradicionais.
Aula 22 – Matriz de Admitância Nodal 122

Através do método das malhas, temos:

 Va − R1I1 − R4 ( I1 − I2 ) = 0  − ( R1 + R4 ) I1 + R4 I2 + 0 I3 = −Va



 
− R4 ( I2 − I1 ) − R2 I2 − R5 ( I2 − I3 ) =
0  R4 I1 − ( R2 + R4 + R5 ) I2 + R5 I3 = 0
 →
0I1 + R5 I2 − ( R3 + R5 ) I3 = Vb →
5( 3 2)
 − R I − 
I − R 
I − V = 0 
3 3 b

− ( R1 + R4 ) R4 0   I1  −Va 
    
 R4 − ( R2 + R4 + R5 ) R5   I2  =  0 
 0 R5 − ( R3 + R5 )   I3   Vb 

Resolvendo o sistema acima, obtemos as correntes das malhas e consequentemente as


tensões nos barramentos.
Através do método dos nós, temos:
Aula 22 – Matriz de Admitância Nodal 123

 (Va − V1 ) V (V1 − V2 )


 − 1 − 0
=
 I1 − I2 − I3 =
0  R1 R4 R2
   → 
I −
 3 4 5 I − I 0
=  (V1 − V2 ) V2 (V2 − Vb )
 R − − 0
=
 2
R 5
R 3

1 1 1 1  Va

 + + V1 − V2 =
R
 1 R 2
R4 
R2
R1

− 1 V +  1 + 1 + 1 V = Vb
 R   2
 2  R2 R3 R5  R2

 1 1 1  1   Va 
 + +  −    
 R1 R2 R4  R2  V1  =  R1 
  
1  1 1 1   V2   Vb 
 −  + +   
 R2 R
 2 R3
R 
5   R2 

Resolvendo o sistema acima, obtemos as tensões de cada barramento e


consequentemente as correntes que fluem ao longo do circuito.
É importante ressaltar que o método dos nós apresentou maior facilidade para a solução
do circuito exemplo, pois resultou num sistema de duas equações apenas.
Agora vamos analisar o mesmo método através de outro enfoque.
Sabendo que neste caso exemplo temos apenas a parte real da impedância
1
(“resistência”) e que a admitância é o inverso da impedância ( Y = ), podemos montar o
Z
sistema acima da seguinte forma:

 Va 
(Y1 + Y2 + Y4 ) −Y2  V1   R1 
 =
 −Y2 (Y2 + Y3 + Y5 )  V2   Vb 
 
 R2 
Sabemos também que um fonte ideal em série por um impedância pode ter seu
equivalente através de uma fonte de corrente em paralelo com a mesma impedância, sendo o
Aula 22 – Matriz de Admitância Nodal 124

valor de corrente igual a divisão entre a tensão da fonte ideal e a impedância em série, temos
o circuito do exemplo apresentado da seguinte forma:

Observando o circuito acima e o sistema obtido através do método dos nós é facilmente
observado que existe uma relação de cada elemento do sistema e a topologia do circuito.
Verificamos que:
• A matriz composta por admitâncias tem ordem igual ao número de barramentos
excluído a referencia do terra.
• Os elementos da diagonal principal são compostos pela soma das admitâncias
conectadas ao respectivo barramento;
• Os elementos fora da diagonal principal são compostos pela a admitância que
interliga os barramentos com sinal contrário;
• O resultado da multiplicação da matriz pelo vetor de tensões nos barramentos é
um vetor composto pelas correntes injetadas nos barramentos.

Entendida as relações acima, podemos afirmar que a montagem do sistema acima é


facilmente obtida ao executar tais afirmações.
Assim podemos afirmar que a matriz que compõem esse sistema é chamada de matriz
de admitância nodal.
Formalmente um sistema elétrico pode ser resolvido através de:

[Y ] V  =  I
BUS

Onde:

[Y ] BUS → Matriz de Impedância Nodal do circuito;

V  → Vetor de tensões nos barramentos do circuito;

 I  → Vetor de correntes injetadas em cada barramento;


Aula 22 – Matriz de Admitância Nodal 125

A matriz [Y ]
BUS tem característica bastante esparsa e simétrica e sua dimensão

corresponde a (n-1) nós do circuito.

Os elementos da diagonal da matriz [Y ]


BUS são chamados admitâncias próprias dos

nós enquanto que os elementos de fora da diagonal são chamados de admitâncias mútuas ou

de transferência entre os nós. Por facilidade de representação, os elementos da matriz [Y ]


BUS

são representados pela letra maiúscula Y enquanto a admitância dos elementos é representada
pela letra minúscula y.

A maneira mais simples de construir a matriz [Y ] é por inspeção, ou seja, através de


BUS

uma montagem direta, da seguinte forma:


• elementos da diagonal principal: são dados pela soma de todas as admitâncias
conectadas ao nó (i) do circuito:
n
Yii = ∑ yij
j =0

• elementos de fora da diagonal principal: são dados pela admitância (ou pela
admitância equivalente, no caso de elementos em paralelo) conectada entre os
nós (i) e (j), com sinal trocado:

Yij = − yij

Para exemplificar essa regra temos o circuito abaixo:


Aula 22 – Matriz de Admitância Nodal 126

Y11 Y12 Y13 Y14 Y15  V1   IA 


Y    
Y22 Y23 Y24 Y25  V2   IB 
 21 
Y31 Y32 Y33 Y34 Y35  V3  =  IC 
    
Y41 Y42 Y43 Y44 Y45  V4   0 
Y51 Y52 Y53 Y54 Y55  V5   0 

( y1 + y2 ) − y2 0 − y1 0  V1   IA 
     
 − y2 ( y2 + y3 + y4 ) − y4 0 − y3  V2   I B 
 0 − y4 (y4
+ y5 ) 0 0  V3  =  IC 
     
 − y1 0 0 ( y1 + y6 + y7 ) − y6  V4   0 

 0 − y3 0 − y6 ( y3 + y6 + y8 ) V5   0 

Pode-se notar que ela resultou bastante esparsa e simétrica, que é uma característica
desta matriz.

Apesar da matriz [Y ]
BUS ser facilmente montada por inspeção quando se tem um

sistema pequeno, o mesmo não acontece para sistemas de grande porte, onde a possibilidade
de engano é grande. Um método adequado, inclusive para uso em computadores digitais,
envolve o uso de transformações lineares. Este método pode ser encontrado em vários livros
de Análise de Sistemas e não será analisado no presente curso.
Enquanto que para a maioria dos circuitos a matriz de admitância nodal é simétrica, em
alguns casos isto não se verifica. Em Sistemas Elétricos o caso mais importante ocorre
quando um transformador defasador se encontra presente.
Aula 23 – Matriz de Impedância Nodal 127

AULA 23 – Matriz de Impedância Nodal

Matriz de Admitância Nodal

A matriz de impedância nodal é uma poderosa ferramenta para análise de sistemas.


Foi apresentada, através da matriz de admitância nodal, a forma mais eficiente de se
obter as condições de operação de um circuito elétrico (tensões e correntes) em regime
permanente. Entretanto, tal ferramenta não proporciona a solução de outros problemas
enfrentados por um engenheiro eletricista ao analisar um grande sistema elétrico. Um
exemplo seria obter as tensões nos barramentos adjacentes ao acontecer um curto-circuito
num certo ponto do sistema exemplificado abaixo.

Sabe-se que para calcular um curto-circuito é fundamental a obtenção do equivalente


Thevenin no ponto da ocorrência. Dessa forma a matriz de impedância nodal se mostra uma
grande ferramenta para tal.
Para entendermos sua função e como obtê-la vamos resolver o circuito abaixo:

Resolvendo rapidamente obtemos: V1 = 4[V ] e V2 = 2[V ] .


Aula 23 – Matriz de Impedância Nodal 128

Resolvendo pela matriz de admitância nodal, temos:

 1 1 1  1 
 2 + 3 + 4  −
2  V1   
10 
    = 3
 1  1 1   V2   0 
 −  +   
 2  2 2 

13 10
10 1 12 3

3 2 10 1 10
− 0
0 1 2
V1
= = 3= 4[V ] V
= = 6= 2[V ]
13 1 5 2
13 1 5
− −
12 2 6 12 2 6
1 1
− 1 − 1
2 2

Assim obtemos as tensões em regime permanente, mas quais seriam as tensões quando
ocorrer um curto circuito trifásico franco? Teríamos que obter Vth e Zth. O Vth já é
conhecido nas duas barras, mas o Zth não. Mas antes de obtê-los, vamos analisar a equação
abaixo:

[Y ] V  =  I
BUS

*obtem as correntes injetadas nos barramentos conhecendo as tensões!

[Y ]
−1
Multiplicando a equação acima por BUS , temos:

[Y ] [Y ] V  = [Y ]  I  → V  = [YBUS ]  I [ ]


−1 −1 −1
BUS BUS BUS → V  = Z BUS  I 

*obtem as tensões nos barramentos conhecendo as correntes injetadas nos barramentos!


Aula 23 – Matriz de Impedância Nodal 129

A matriz resultante da inversão da matriz de admitância nodal que relaciona as tensões


injetadas nos barramentos com as tensões dos mesmos é chamada de matriz de impedância

[ Z ] , sendo [ Z ] = [Y ]
−1
nodal BUS BUS BUS .

Para o caso exemplo:

 13 1
 12 − 10 
2  V1   
[Y ] V  =  I
BUS => 
1
   = 3
V  
− 1  2  0 
 2 

6 3 
10 
V1   5 5    V1  4
V  = [ Z BUS ]  I =>  =  3 =>   =   [V]
V2   3 13   0  
V2  2
 
 5 10 
Na matriz de admitância nodal, cada elemento que a compunha tinha uma
relação com a topologia e valores do circuito. Existirá alguma relação dos elementos

da matriz de impedância nodal [ Z ] com o circuito?


BUS

Antes de respondermos, obteremos a impedância Thevenin nos barramentos 1


e 2 do caso exemplo:
No barramento 1:

No barramento 2:
Aula 23 – Matriz de Impedância Nodal 130

Outra forma de obter Zth é injetando 1A no ponto desejado com as fontes do circuito
anuladas e medir a tensão no mesmo ponto. Este valor de tensão será igual ao Zth.

Avaliando o resultado obtido e a matriz de impedância nodal [ Z ] , verifica-se que os


BUS

valores dos elementos da diagonal principal da matriz são idênticos aos valores das
impedâncias Thevenin vistas dos barramentos 1 e 2 respectivamente.

Assim podemos concluir a primeira e grande relação dos elementos de [ Z ] , onde os


BUS

elementos da diagonal principal Zii correspondem o Zth visto do barramento “i”. Chamada de

impedância de entrada ou driving point impedance. Corresponde a tensão que apareceria


neste barramento ao injetar 1A com as fontes anuladas.
Os elementos fora da diagonal principal de uma coluna “i” da matriz, correspondem as
tensões que aparecem em cada barramento do circuito ao injetar uma corrente de 1A no
barramento “i” com as fontes anuladas. Essas tensões correspondem as impedâncias

chamadas de impedância de transferência entre barramentos ou transfer impedance Zki .


De forma geral temos:

V1   Z11 Z12  Z1k  Z1n   I1 


   
V2   Z 21 Z 22  Z 2 k  Z 2 n   I1 

          
 =  
Vk   Z k1 Z k 2  Zkk  Zkn   Ik 
          
    
Vn   Z n1 Z n 2  Z nk  Z nn   In 

Diferente da matriz de admitância nodal que é esparsa, [ Z ] é cheia, simétrica e quadrada.


BUS

A matriz de impedância nodal é uma poderosa ferramenta para análise de curto-circuito


em sistemas elétricos, pois ela fornece as informações das impedâncias thevenin de cada
barramento assim como as relações de todos os barramentos ao ponto de curto-circuito.
Aula 23 – Matriz de Impedância Nodal 131

Os métodos para se obter a matriz de impedância nodal [ Z ] são os seguintes:


BUS

a)Inversão Completa de [Y ] BUS

Monta-se a matriz [Y ] para o sistema tomando como referência a barra neutra atrás
BUS

das impedâncias dos geradores, e procede-se a sua inversão para a obtenção da matriz

[Z ].
BUS

[ Z ] = [Y ]
−1
BUS BUS

Existem vários métodos para inversão de matrizes, sendo que ao se selecionar um deles
devem-se levar em conta três fatores:
• O número de operações aritméticas envolvidas no processo de inversão, que se
traduz no esforço computacional necessário;
• A simplicidade das operações, que pode se traduzida como a facilidade para se
programar em computadores;
• Memória computacional auxiliar necessária durante os cálculos.
Um dos métodos que melhor se encaixa nas solicitações acima é o método de Shipley-
Coleman, que apresenta uma relativa economia de memória e simplicidade do algoritmo.

Os métodos de inversão de [Y ] BUS apresentam, entretanto, uma enorme desvantagem

em termos de tempo de computação, uma vez que o número de operações necessárias para a
inversão total de uma matriz é proporcional a n3, onde n é a ordem da matriz (com o método
de Shipley-Coleman, utilizando de uma seqüência de cálculos adequados, o número de
operações é reduzido para cerca de 2n2).

b)Obtenção de [ Z ] diretamente dos dados do sistema


BUS

Este método consiste em montar a matriz [ Z ] passo a passo, adicionando uma


BUS

ligação após a outra. Ao final do processamento de cada ligação obtém-se uma matriz [ Z ] BUS

correspondente à parte do sistema processada até então. Quando a última ligação for incluída,

obtém-se a matriz [ Z ] final.


BUS

Este método possui as seguintes vantagens em relação ao anterior:


• Exige um número menor de operações aritméticas, permitindo com isso uma
economia de tempo de computação;
Aula 23 – Matriz de Impedância Nodal 132

• Permite a análise de grandes sistemas, cuja matriz [ Z ] não caiba na memória


BUS

do computador. A montagem da matriz é feita salvando-se na memória apenas


os barramentos onde se deseja analisar o sistema, mas levando-se em conta
também o restante do sistema.
As desvantagens deste método são:

• Não permite a exploração da esparsidade do sistema, pois a matriz [ Z ] não é


BUS

esparsa;

• Necessita da montagem de toda a matriz [ Z ] (ou de seu equivalente) no caso


BUS

de grandes sistemas.

c)Obtenção da matriz [ Z ] coluna a coluna


BUS

Este método consiste em obter da matriz [Z ]


BUS somente a coluna que apresenta

interesse em se analisar, evitando com isso a montagem e armazenamento de toda a

matriz [ Z ] , economizando tempo e memória de computador. Caso se deseje obter a matriz


BUS

[Z BUS ] completa, basta repetir o procedimento n vezes, onde n é o número de barramentos do


sistema.

Análise de curto-circuito utilizando a matriz de impedância nodal

Sabe-se que ao adicionar um elemento num sistema elétrico linear pode ocorrer uma
variação de todas as grandezas do sistema, como representado abaixo:

Para obter as novas grandezas após o distúrbio é necessário considerar as condições


anteriores e as variações ocorridas. Conforme Anexo 2, sabe-se que ao utilizar o equivalente
thevenin, obtemos apenas os valores das variações dentro do circuito original.
Aula 23 – Matriz de Impedância Nodal 133

Juntando esse conceito com a teoria de superposição e o equacionamento da matriz de


impedância nodal, temos:

Vpre  = [ Z BUS ]  Ipre  condição pré-falta!

Vpos  = [ Z BUS ]  Ipos  condição pós-falta!

Pelo teorema de superposição:

Vpos
=  Vpre  +  ∆V  e  Ipos
=   Ipre  +  ∆I 

Assim:

Vpos  = [ Z BUS ]  Ipos  Vpos 


→= [ Z ](  I
BUS pre
 + ∆I )
Vpos
=  [ Z ]  I
BUS pre
 + [ Z BUS ] ∆I  → Vpos  =Vpre  + [ Z BUS ]  ∆I

Sendo:

Vpos
=  Vpre  +  ∆V  → 
 ∆V= [ Z ] ∆I
BUS

Vpos  =Vpre  + [ Z BUS ]  ∆I

Podemos afirmar que conhecidas as tensões de pré-falta, a matriz de impedância do


sistema e a variação da injeção de corrente nos barramentos, obtemos as novas tensões do
sistema e consequentemente as correntes que fluem ao longo do mesmo.
Sabendo que um curto-circuito, em geral, ocorre em apenas um barramento, as

variações de tensão serão obtidas apenas conhecendo a coluna de [ Z ] correspondente ao


BUS
Aula 23 – Matriz de Impedância Nodal 134

barramento em curto-circuito e a variação de corrente injetada, sendo a mesma a corrente de


curto-circuito com sinal trocado.
Para exemplificar, avaliaremos as tensões no caso exemplo, considerando um curto-
circuito sólido nos barramentos 1 e 2.

Vpos
=  [ Z ]  I
BUS pre
 + [ Z BUS ] ∆I  Vpos
=  [ Z ]  I
BUS pre
 + [ Z BUS ] ∆I 

 
 −Vth1
 Zth 
∆I  =
 
 0 

6 3   6 3   −4 
10   5 5    6   0
V1 pos   5 5 
      =
 =
V

3 13
 3 +
  3 13  5  0 [V ] quando curto-circuito em 1!
 2 pos    0      
 5 10    
 5 10   0  

6 3  6 3   0 
10   5 5   −2   40 
V1 pos   5 5 
 =   3  +   = 13  [V ] quando curto-circuito em 2!
V2 pos   3 13   0   3 13    13    0 
 5 10   5 10    10  
ANEXO

ANEXO 1- Desenvolvimento de A ZA e 3 A−1Z g Ia 0 :


−1

Desenvolvendo A ZA temos:
−1

1 1 1 A B C  1 1 1
1
1 a a2   D E F  1 a 2 a
3   
1 a 2 a  G H I  1 a a 
2

1 1 1   ( A + B + C ) ( A + a B + aC ) ( A + aB + a C ) 
2 2

1  
1 a a 2  ( D + E + F ) ( D + a E + aF ) ( D + aE + a F )
2 2

3 
1 a a   ( G + H + I )
2
(G + a H + aI ) (G + aH + a I ) 
2 2



( A+ B+C + D + E + F +G + H + I ) ( A + a B + aC + D + a E + aF + G + a H + aI ) ( A + aB + a C + D + aE + a F + G + aH + a I ) 
2 2 2 2 2 2

1
3
( A + B + C + aD + aE + aF + a2G + a 2 H + a 2 I ) ( A + a B + aC + aD + E + a F + a G + aH + I ) ( A + aB + a C + aD + a E + F + a G + H + aI ) 
2 2 2 2 2 2

( A + B + C + a 2 D + a 2 E + a 2 F + aG + aH + aI ) ( A + a B + aC + a D + aE + F + aG + H + a I ) ( A + aB + a C + a D + E + aF + aG + a H + I )
2 2 2 2 2 2

Sabendo que

 A B C  ( Z aa − Z ga ) (Z − Z gb ) (Z − Z gc ) 
 ab ac

D E F  =
 ( ba
 Z − Z ga ) (Z − Z gb ) (Z − Z gc )

 bb bc

( ca ga ) (Z ) (Z )
G H I   Z − Z − Z gb − Z
cb cc gc  
Substituindo para cada elemento da matriz resultante, temos:
A + B + C + D + E + F + G + H + I= ( Z aa + Zbb + Z cc ) + 2 ( Z ab + Z ac + Z bc ) − 3 ( Z ga + Z gb + Z gc )
A + a 2 B + aC + D + a 2 E + aF + G + a 2 H + aI= (Z aa + a 2 Z bb + aZ cc ) − ( aZ ab + a 2 Z ac + Z bc ) − 3 ( Z ga + a 2 Z gb + aZ gc )

A + aB + a 2 C + D + aE + a 2 F + G + aH + a 2 I= (Z aa + aZ bb + a 2 Z cc ) − ( a 2 Z ab + aZ ac + Z bc ) − 3 ( Z ga + aZ gb + a 2 Z gc )

A + B + C + aD + aE + aF + a 2G + a 2 H + a 2 I= (Z aa + aZ bb + a 2 Z cc ) − ( a 2 Z ab + aZ ac + Z bc )

A + a 2 B + aC + aD + E + a 2 F + a 2G + aH + I = ( Z aa + Zbb + Zcc ) − ( Z ab + Z ac + Zbc )

A + aB + a 2 C + aD + a 2 E + F + a 2G + H + aI =( Z aa + a 2 Z bb + aZ cc ) + 2 ( aZ ab + a 2 Z ac + Z bc )

A + B + C + a 2 D + a 2 E + a 2 F + aG + aH + aI= (Z aa + a 2 Z bb + aZ cc ) − ( aZ ab + a 2 Z ac + Z bc )

A + a 2 B + aC + a 2 D + aE + F + aG + H + a 2 I= (Z aa + aZ bb + a 2 Z cc ) + 2 ( a 2 Z ab + aZ ac + Z bc )

A + aB + a 2C + a 2 D + E + aF + aG + a 2 H + =
I ( Zaa + Zbb + Zcc ) − ( Zab + Zac + Zbc )

Assim, considerando:
1 1 1
Z S 0=
3
( Z aa + Zbb + Zcc ) Z M 0=
3
( Zbc + Zca + Zab ) Z ga 0=
3
( Z ga + Z gb + Z gc )
1 1 1
ZS1 =
3
( Zaa + aZbb + a2 Zcc ) ZM1 =
3
( Zbc + aZca + a2 Zab ) Z ga1 =
3
( Z ga + aZ gb + a2 Z gc )
1 1 1
ZS 2 =
3
( Z aa + a 2 Zbb + aZ cc ) ZM 2 =
3
( Zbc + a 2 Zca + aZ ab ) Z ga 2 =
3
( Z ga + a 2 Z gb + aZ gc )

Obtemos:
1 1 1  ( Z aa − Z ga ) (Z − Z gb ) (Z − Z gc ) 1 1 1  ( Z S 0 + 2Z M 0 − 3Z ga 0 ) (Z − Z M 2 − 3Z ga 2 ) (Z − Z M 1 − 3Z ga1 ) 
 ab ac
 S2 S1
1
1 a a 2  ( Zba − Z ga ) 1 a 2 a  = 
3  (Z − Z gb ) (Z − Z ) 
  ( ZS1 − Z M 1 ) (Z − ZM 0 ) ( Z S 2 + 2Z M 2 ) 

bb bc gc S0

1 a a 2   ( ZS 2 − ZM 2 ) (Z + 2Z M 1 ) ( ZS 0 − Z M 0 ) 
( ca ga ) (Z ) (Z )
1 a 2 a   Z − Z − Z gb − Z 
cb cc gc   S1

Desenvolvendo 3 A−1Z g Ia 0 temos:

1 1 1  ( Z gg − Z ag )  3Z gg − ( Zag + Zbg + Zcg )


 
1  
3Ia 0 1 a a 2  ( Z gg − Zbg )    −Zag − aZbg − a Zcg  Ia 0
2

3    −Z − a2 Z − aZ 
( gg cg ) 
1 a 2 a   Z − Z   ag bg cg 
Substituindo conforme os termos acima, temos:

3Z gg − 3Z ag 0 
 
 − 3Z ag 1  Ia0
 −3Zag 2 
ANEXO 2- Conceito do Teorema de Thevenin:

O teorema de Thevenin diz que qualquer sistema elétrico linear visto de certos dois pontos, pode ser substituído por uma associação série de um
gerador ideal de tensão e uma impedância. Onde o valor da tensão do gerador é igual a tensão existente entre os dois pontos observados e a impedância
com valor sendo o resultado da impedância vista dos dois pontos com todas as fontes do sistema em desconsideradas (fontes de tensão em curto-

circuito e fontes de corrente com circuito aberto). Sendo a tensão chamada de Vth e a impedância equivalente chamada de Zth .

Entretanto, pode-se enunciar o teorema de Thevenin, de uma outra maneira: "as variações nas tensões e correntes que ocorrem em um circuito
linear, devidas à adição de uma impedância entre dois nós quaisquer do circuito, são idênticas às tensões e correntes que existiriam nas mesmas partes
do circuito se todas as suas fontes ativas (tensão e corrente) forem colocadas em repouso, e uma fonte de tensão, de mesmo valor e polaridade que a
tensão que existia, antes da adição da impedância, entre os dois nós que a mesma foi conectada, for ligada em série com a impedância adicionada".
(Apostila Cláudio Ferreira,UNIFEI)

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