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O Espc3adrito Este Desconhecido Jeane Charon PDF
O Espc3adrito Este Desconhecido Jeane Charon PDF
JEAN E. CHARON
INTRODUÇÃO
Prefácio
CAPITULO I
Física e Metafisica
natureza, escreveu Newton, "age sempre sem trégua, até o seu último
termo, e depois cessa; pois, desde o começo, era para ele coisa certa que
ela poderia se aperfeiçoar no seu curso e que chegaria, enfim, a um
repouso sólido e total, ao qual, para este efeito, ela tendia com todo o seu
poder". Assim, Newton tem também a convicção de um sentido definido
da evolução do Universo, de uma "flecha" do tempo, como alvo desta
evolução, com um estado do Universo que nos lembra o "ponto õmega" de
Teilhard de Chardin. Mas voltaremos a falar sobre isto.
Apesar desta profunda complementaridade entre Física e Metafisica na
obra de Newton, paradoxalmente, é a partir de Newton que se produzirá
uma clivagem cada vez mais profunda entre Física e Metafisica, isto é,
entre as pesquisas sobre a Matéria e as pesquisas sobre o Espírito.
Entretanto, penso que existem outras razões além das que foram retiradas
do contexto histórico que, ainda na nossa época, fazem com que pareça
dificil aceitar como objetos científicos de pesquisa os grandes temas da
Metafisica.
"A Metafisica existe desde que o espirito, em busca de uma unidade total,
se decide a encher as lacunas que o quadro 'científico' do Universo
oferece, graças a uma 'flexibilidade' tirada de sua própria essencia, a um
'principio' (tomado por empréstimo de sua experiência interna ou
externa), que ele considera verdadeiramente básico".
Seja como for, fazer Metafisica é também ser capaz de dar prova de um
espírito de criação, e não somente de um espírito de descoberta, no
sentido que acabamos de indicar. E os cientistas que conheci, no decurso
destes últimos vinte anos, raramente me pareceram possuir uma
imaginação suficiente para serem capazes de "criar". A maioria deles são
bons "funcionários" da Ciência. Esta observação levou Albert Einstein a
afirmar que "o templo da Ciência ficaria bem vazio se dele retirássemos
todos os que não fazem verdadeiramente Ciência".
esse público como uma criança incapaz de saber o que gosta de comer? E
antes de tudo, com que direito decidiríamos privá-lo do conhecimento
que gostaria de receber?
Que me compreendam bem: não pretendo que não deva haver pesquisas
teóricas ou aplicadas sobre assuntos especializados, escolhidos por
cientistas "sérios e oficiais", cujos resultados, por natureza, permanecerão
incompreensíveis para a maior parte do meu querido "grande público".
Mas pretendo que o que interessa a esse público deveria também ser
considerado por aqueles que comandam os programas da pesquisa
científica. Muitos pesquisadores, e mesmo alguns dos melhores, estariam
dispostos a enfrentar tais ternas metafisicos em bases cientificas.
Solicitem ao meu amigo Rémy Chauvin, professor na Faculdade de
Ciências de Estrasburgo, para colocar em ação uma equipe de jovens
pesquisadores sobre a parapsicologia; ou a Guérin, astrônomo em
Meudon, para organizar, em bases científicas, uma pesquisa sobre a
possibilidade de visitantes extraterrestres; rapidamente, eles utilizarão os
créditos que vocês colocarem à disposição deles, com prudência e
"cientificamente".
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a pesquisa científica. Sêneca já havia enfatizado que "nada de importante
e de durável pode ser realizado sem o apoio da população". E não são os
cientistas do projeto Apolo, que necessitaram de enormes somas de
dinheiro para colocar o Homem na Lua, que desmentirão Séneca; pois
sabem que foi o esforço de propaganda para fazer o público americano
participar desse projeto que proporcionou à N.A.S.A. os créditos
necessários a este maravilhoso empreendimento, marcando urna etapa na
história da humanidade terrestre.
Esta advertência de Sêneca é mais verdadeira do que nunca em relação
à Ciência contemporânea. Se nossos ministros, nossos deputados e nossas
comissões científicas oficiais atualmente decidem, na maioria das vezes,
limitar os créditos para as pesquisas aplicadas, em detrimento das
pesquisas teóricas, é, em parte, porque nosso grande público não está, na
verdade, interessado diretamente na pesquisa teórica, pois não lhe
mostram as ramificações metafisicas. A pesquisa aplicada fará de nós,
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CAPITULO II
Já lembrei que sou um físico teórico. Isto significa que procuro definir as
leis básicas dos fenômenos psíquicos e elaborar o que habitualmente
chamamos "modelos" destes fenômenos. Isto implica principalmente a
pesquisa de modelos do que chamamos as partículas elementares: que são
os "tijolos" menores que constituem toda a matéria de nosso Universo; são
os "átomos" de que nos falava Demócrito cinco séculos antes da nossa era.
Um modelo dessas partículas é uma descrição da substância, da forma, das
dimensões, dos mecanismos internos e das propriedades externas dessas
partículas.
No outro extremo da escala das dimensões, o físico teórico se interessa,
também, por um modelo mais amplo: o do nosso Universo no seu
conjunto; qual é a sua forma, quando começou, para onde evolui, quais
são suas dimensões no espaço e no tempo...
Como vemos, não é tão estranho que esse tipo de objeto de pesquisa
conduza diretamente e de maneira natural a reflexões metafísicas: por
exemplo, qual é o lugar do Espírito nesse modelo do Universo em seu
conjunto? Pois, um modelo do mundo incapaz de nos dizer o que quer que
seja sobre este lugar do Espírito, entretanto tão presente e de maneira tão
evidente no comportamento animal ou humano, não seria bastante
incompleto (para não dizer bastante imperfeito)? E visto que este Espírito
se manifesta especialmente na região do espaço ocupada pelo nosso
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Isto não é tudo. 0 espaço de nossas bolhas de sabão, e não apenas o seu
tempo, igualmente apresenta uma grande analogia com o que se espera de
um espaço próprio dos fenômenos espirituais. Com efeito, todos sabem
que os fatos que acontecem no nosso espaço ordinário, o espaço da
Matéria, obedecem a um famoso principio chamado "segundo principio da
termo dinâmica", pelo qual os fenômenos físicos não podem se
desenvolver fazendo decrescer sua entropia. Explicando sucintamente, isto
quer dizer que a energia utilizável no espaço do nosso Universo diminui
continuamente à medida que o tempo passa e que, em um dado momento,
teremos consumido toda a energia disponível no Universo (o qual terá,
então, uma temperatura uniforme em todos os seus pontos). Em outras
palavras, se convencionamos dizer que um objeto qualquer está "morto"
quando não podemos dele retirar mais nenhuma energia, nós diremos que
nosso Universo da Matéria está fadado, cedo ou tarde, a uma morte certa.
Pois bem, nossas bolhas de sabão encerram um espaço onde as coisas se
passam ao contrário: neste espaço, a quantidade de informações
acumuladas só pode aumentar. Como, por outro lado, existe uma
equivalência entre informação e entropia negativa (ou neguentropia),
podemos afirmar que, no espaço de nossas bolhas de sabão, a entropia só
diminui (isto é, a neguentropia só aumenta), contrariamente ao que
acontece no espaço ordinário, o espaço da Matéria. Mas, então, este
espaço não é especificamente um espaço do Espírito? Pois é isto o que
notamos, desde que se pode diagnosticar a presença do Espírito em um
fenômeno da natureza, principalmente entre as estruturas vivas ou
pensantes. Em resumo, desde que ela é portadora do que chamamos
Espírito, a estrutura "se instrui pela experiência", e de maneira
irreversível, dada a irreversibilidade da memória. Este fenômeno de
instrução crescente, ou em todo caso nunca decrescente, não é devido à
presença, na estrutura viva ou pensante, destas "bolhas de sabão"
contendo este espaço do Espírito particular, onde a informação cresce à
medida que o tempo decorre?
Em resumo, meu trabalho sobre as partículas elementares em Física me
mostrou que algumas destas partículas encerram um espaço e um tempo
do Espírito, coexistindo com o espaço e o tempo no qual toda a Física,
desde Aristóteles, tem se esforçado para descrever a Matéria e sua
evolução. Então, até agora, sempre acreditamos na existência de um
espaço-tempo "simples", mas eis que se descobre um espaço-tempo onde
cada uma das dimensões é "dupla": existe um espaço-tempo do Espírito ao
lado do espaço-tempo tradicional da Matéria.
Mas eis que surge, atualmente sobre a noção de espaço-tempo, uma nova
revolução necessária para se ir mais longe no conhecimento, não
dissociando mais como antes os aspectos físicos e espirituais dos
fenômenos naturais. Desta vez se trata de constatar que o espaço-tempo
não é de natureza "simples", mas de natureza "complexa". E este novo
espaço-tempo pode ser, então, decomposto em um espaço-tempo do
Espírito e um espaço-tempo da Matéria, justapostos um ao outro. 0
espaço-tempo do Espírito, até agora, passara desapercebido dos físicos,
pois só se descobre sua existência no interior de certas minúsculas
partículas elementares que entram na constituição da Matéria.
Isto não significa, bem entendido, que cada partícula de nosso corpo não
se diferencia de sua vizinha, sob o ponto de vista de seu conteúdo
informacional. Com efeito, já dissemos, cada partícula possui uma
"história" que remonta a todo o passado do Universo; isto significa que
cada partícula viveu uma experiência diferente da de sua vizinha, antes de
participar com ela da mesma estrutura complexa viva ou pensante,
Morte, eis a sua derrota! Desde que situamos nossa pessoa, nosso "Eu", no
lugar que parece caber-lhe após uma investigação suficientemente
avançada sobre as partículas elementares da Física, então não há mais para
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Aliás, meu editor Albin Michel aceita publicar, simultaneamente com esta
obra, meu próprio trabalho científico (Théorie de Ia Relativité complexe),
dirigido somente aos especialistas da Física teórica. Assim, os leitores que
desejarem poderão encontrar nele as bases científicas das concepções e
dos resultados que exporei mais simplesmente aqui.
CAPITULO III
Mas a Física está agora, desde há um pouco mais de meio século, diante
de uma dificuldade fundamental no que concerne a qualquer tentativa de
descrição da estrutura de uma partícula. Com efeito, a Física declara desde
1925 que a "descrição" da partícula, no sentido que acabamos de definir, é
simplesmente impossível por princípio. Não é possível estabelecer um
"rosto" para a partícula, exprimindo-nos da mesma forma como o
faríamos, por exemplo, para o rosto humano. Para descrevê-lo poderíamos
dizer "que ele tem um nariz, uma boca situada no meio e sob dois olhos,
que sua forma é oval e enfeitada por duas orelhas, uma de cada lado, etc.".
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Desde que o Homem é capaz de pensar, parece que ele sempre considerou
possível descrever o mundo em torno de si como uma "substância"
presente no espaço e evoluindo no tempo. Podemos representar
geometricamente esta distribuição da substância no espaço e no tempo.
Assim, a arte pré-histórica nos mostra, sobre os muros das cavernas de
Lascaux, por exemplo, representações de animais traçadas pelo Homem,
há muitas dezenas de milhares de anos: a "substância" representada aqui é
a carne do animal e o desenho simboliza a maneira pela qual esta carne é
repartida no espaço; algumas vezes, muitas posições sucessivas dos passos
no tempo são igualmente representadas no mesmo desenho, o que
demonstra bem a idéia de poder representar geometricamente as coisas
como formas evoluindo no tempo.
Dez anos depois de ter mostrado que tempo e espaço eram tão
dependentes um do outro, Albert Einstein "recomeçava" sua contestação
das idéias admitidas há milênios sobre o tempo e o espaço. Defendia, em
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1915, com a sua Relatividade geral, que o espaço não era de modo algum
este quadro "vazio" que se imaginava simplesmente como contendo os
fenômenos físicos; o espaço era a própria "substância" que constitui a
essência dos fenômenos.
(difração dos elétrons), para constatar que era impossível obter, de uma
partícula, informações precisas concernentes à sua posição e à sua
velocidade, de uma só vez. Não é útil retornarmos aqui, detalhadamente,
sobre esta etapa importante do conhecimento em Física; indicaremos,
simplesmente, o essencial das conclusões a que chegaram os físicos.
Portanto, quais são os novos conceitos que os físicos de 1925 vão propor
para construir a Física? Primeiro, vão proscrever, como acabamos de
notar, a possibilidade de descrever a estrutura de uma partícula como
descreveríamos, por exemplo, o rosto e o corpo humano. Tal descrição
supõe, com efeito, um conhecimento preciso da situação dos pontos que
constituem a estrutura da partícula no decorrer do tempo, isto é, supõe a
possível existência de uma "trajetória" de cada um dos pontos da
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No meu entender, o progresso deve hoje realizar-se muito menos por uma
contestação do probabilismo do que por um esforço de discernir por que,
em um referencial de espaço-tempo, somos incapazes de representar com
uma exatidão total, isto é, sem indeterminação, ao mesmo tempo a posição
e a velocidade de uma partícula. Esta tentativa não deve ser feita, no
espírito, com a pretensão de mostrar que podemos num tal referencial
contornar a dificuldade e obter as informações exatas e simultâneas que
desejamos. Isto seria desconhecer as bases extremamente sólidas sobre as
quais se apóia a Teoria Quântica. Em revide, não é proibido questionar se
o referencial espaço-tempo escolhido para descrever todos os fenômenos
físicos é bem apropriado para nos fornecer a totalidade das informações
possíveis e simultâneas sobre os fenômenos observados.
Para ilustrar este ponto, suponhamos que o espaço comporta uma outra
dimensão além das três (altura, largura e comprimento) tradicionalmente
atribuídas ao nosso espaço físico. Para perceber suas conseqüências,
suponhamos que escolheríamos somente referenciais com duas dimensões
para descrever os objetos de nosso espaço físico, que possui, como
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E as coisas seriam mais ambíguas ainda se a dimensão que falta não fosse
do tipo espaço, mas do tipo tempo. Assim, suponhamos que o tempo físico
não seja inteiramente constituído pelo tempo t ,,ordinário", aquele que nos
serve para avaliarmos os movimentos da matéria, mas também de um
outro tempo V, justaposto ao tempo ordinário t. Então, nada permitiria
pensar que o movimento real de um objeto no espaço pudesse ser descrito
como uma trajetória contínua em função do único tempo t. Se, no mesmo
instante t, o objeto é igualmente capaz de se deslocar em função de V,
então se torna impossível prever exatamente o movimento deste objeto no
espaço físico, dando-se somente sua posição e sua velocidade iniciais em
função do tempo t; naturalmente faltam os mesmos dados iniciais em
função do tempo t’.
CAPITULO IV
0 espaço-tempo complexo
0 físico deve, ao menos nas suas diligências iniciais, fazer uma verdadeira
criação, isto é, retirar as premissas da sua teoria de sua própria intuição e
não dos fatos experimentais, que não permitirão ao Conhecimento avançar
um passo, se tomarmos estes fatos pelo que acreditávamos que eram na
origem das pesquisas. Estou intimamente persuadido de que a Física
alcançou seus maiores progressos, contrariamente ao que pretendem em
geral, renegando os fatos experimentais (que não são jamais "fatos" no
absoluto, mas interpretações baseadas somente numa parte dos dados que
a Natureza coloca ao alcance dos nossos sentidos).
Portanto admiti que, para caminhar para a unificação dos fenômenos, era
necessário postular que existiam dois espaços-tempos justapostos,
constituindo um espaço-tempo mais geral, no qual, então, os fenômenos
apareceriam unificados. Guiado pelos trabalhos de Einstein sobre a
Relatividade geral, que faziam intervir o tempo como uma dimensão
"imaginária", admiti que as quatro dimensões (três de espaço e uma de
tempo) de meu espaço-tempo generalizado eram, cada uma, desdobradas
entre uma parte "real" e uma parte "imaginária". Em Matemática, quando
falamos de números "desdobrados", chamamolos de números complexos.
As dimensões do meu espaço-tempo generalizado são, portanto, no
sentido matemático, dimensões complexas; daí o nome de Relatividade
complexa que dei à teoria que desenvolvi explorando as propriedades
deste espaço-tempo generalizado.
A idéia mais simples que sugere uma tal situação é que a massa se
esconde "em algum outro lugar" que não o espaço-tempo ordinário que
consideramos, e onde situamos o ponto matemático de espaço tempo.
Estaríamos aqui, parece, como diante de um muro opaco onde, entretanto,
perceberíamos um ponto minúsculo filtrando um raio de luz. Que
concluir, senão que atrás do lado aparente do muro existe um espaço
contendo luz, e um minúsculo buraco no muro (um ponto) nos permite
perceber esta luz. Em Física, o aspecto pontual de uma partícula dotada de
massa como o elétron poderia ter uma explicação análoga: a massa do
elétron está situada em um espaço "justaposto" ao nosso espaço ordinário.
Ignoramos este novo espaço quando falamos do elétron através das
equações que o descrevem, pela simples razão de que não escolhemos,
para esta descrição, um referencial contendo dimensões representáveis
neste novo espaço.
Mais recentemente (no início de 1973), uma outra razão, mais "técnica"
desta vez, forneceu-me novos indícios para justificar a existência de um
espaço-tempo complexo.
Mas então, vocês poderiam dizer, se este buraco negro é tão negro que
nada pode dele sair, como poderia ele assinalar sua presença se está
condenado a permanecer "pontilhado", como um objeto eternamente
inobservável de nosso Universo? Podemos mesmo afirmar que ele
apresenta ainda alguma relação com o nosso Universo?
Universo, o buraco negro deixa, entretanto, traços atrás de si, sob a forma
de uma forte curvatura local no espaço de nosso próprio Universo,
convergindo como um funil para o ponto do desaparecimento do buraco
negro. Isto faz com que a matéria do nosso Universo, passando perto do
buraco negro, tenha tendência a cair no fundo deste funil, se ela não tiver
velocidade suficiente para escapar. 0 fenômeno é aqui totalmente
comparável ao que se dá em torno do "olho" de um redemoinho. É o
imenso turbilhão que provoca o bura co negro que permite detectar a
presença de um buraco negro (como o recentemente descoberto na
Constelação de Cisne); as partículas carregadas que caem no funil emitem
ao girar, ao mesmo tempo que se aproximam do fundo, uma forte radiação
X, que traduz a presença de um buraco negro para os observadores
afastados, tais como nós.
Devemos então dizer que o buraco negro vai sempre aumentar sua massa
ao absorver a matéria que passa em sua vizinhança, visto que ele "toma
sem nunca devolver"? A resposta é uma das mais "lindas" histórias da
Relatividade: posto que, quanto mais o espaço-tempo se curva em torno
de uma estrela, mais os fenômenos, para nós que os contemplamos da
Terra, longe da zona curva, nos parecem vagarososs, longe de nos parecer
cair cada vez mais rápido no fundo do funil, à medida que ela se aproxima
deste fundo, a matéria vai nos parecer, na Terra, ao contrário, sempre
diminuir sua velocidade ao se aproximar do fundo do funil. E demonstra-
se que, na verdade, será necessário um tempo infinito para que ela atinja
este fundo, de tal sorte que não a veremos nunca desaparecer no buraco
negro. Aliás, é isto que explica o fato de o buraco negro ser um espaço
"fechado": desde que ele se fechou, não vemos nada nele entrar, nada sair
dele. Somente fenômenos do tipo de "turbilhões" em torno do "olho"
pontual do buraco negro nos indicam que há "perigo" de aproximação,
pois nos arriscamos a sermos colhidos para sempre pelo turbilhão!
Eis que nos lembramos, mas numa escala de tempo muito mais fraca, o
que os cosmologistas relativistas prevêem geralmente para o nosso próprio
Universo: ele está atualmente em expansão, mas se contrairá em seguida,
depois se dilatará novamente, e assim por diante; nós assistiríamos,
portanto, assim (nós, ou nossos "duplos" sucessivos) a "eternos retornos".
CAPITULO V
Creio, igualmente, que a Física não vale nada se não for capaz de ser
também uma Física popular; neste sentido entendo uma Física traduzível
em linguagem acessível a todos. E me proponho tentar, eu mesmo, o teste
de Poincaré, deixando que meu leitor julgue.
qualquer coisa que emana da partícula de matéria e que atrai para ela os
objetos circunvizinhos.
Como iremos ver, nos hádrons o espaço está simplesmente curvado; nos
léptons carregados, ao contrário, à semelhança dos buracos negros, ele
está tão curvado que se fechou sobre si mesmo, transformando-se em um
espaço-tempo de um tipo diferente do de nosso espaço-tempo "ordinário".
esta imagem esteja ainda mais de acordo com o modelo matemático dos
hádrons, seria necessário acrescentar que o turbilhão possui uma fronteira
que está em pulsação radial. Naturalmente, há continuidade, como vemos
no esquema, entre o espaço forte onde se localiza o hádron e o espaço
"exterior" na fronteira do hádron, que é o espaço gravitacional. A pulsação
radial do espaço forte induz, de resto, uma onda no espaço gravitacional
em volta do hádron, e esta onda não é senão o "campo" gravitacional do
hádron.
A imagem mais fiel é, talvez aqui, a de uma bolha de sabão pousada sobre
uma mesa plana e rígida: o elétron é a bolha e possui somente um ponto
de contato com nosso espaço-tempo habitual, que está representado pela
mesa rígida (curvatura fraca ou nula). Como para o hádron, devemos notar
aqui que a curvatura do espaço está limitada ao próprio elétron, pois não
há efeito de curvatura se prolongando para fora das fronteiras do elétron. 0
elétron forma um verdadeiro universo por si só, cujo espaço está
completamente isolado do espaço exterior. Nenhum objeto pode penetrar
nesse espaço ou dele sair, é um espaço "fechado".
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A resposta se apóia aqui sobre uma idéia emitida, há já alguns anos, pelo
físico americano Richard Feynmann, idéia que foi perfeitamente
confirmada pelas minhas próprias pesquisas sobre a estrutura do elétron.
0 micro universo eletrônico não está vazio (senão o espaço que o encerra
não estaria curvado); ele contém, como nosso próprio Universo, Matéria e
radiação. E contém, principalmente, o que chamamos radiação "negra",
uma espécie de gás de fótons tendo todas as velocidades e todas as
direções, e definindo uma temperatura T, dita temperatura da radiação
negra do espaço. Para o nosso próprio Universo, esta temperatura da
radiação negra enchendo o espaço é da ordem de três graus absolutos ( -
270 graus Celsius), e ela diminui progressivamente com o tempo, à
medida e na proporção que aumenta o raio do nosso Universo em
expansão. Para o microuniverso eletrônico, a temperatura da radiação
negra do espaço é muito mais elevada. Meus trabalhos mostraram que ela
variava entre 70 milhões e 650 bilhões de graus, enquanto que o
microuniverso eletrônico sofre, ele também, expansões e contrações
sucessivas ... mas com um período de pulsação radial 1011 vezes mais
fraca do que a do nosso próprio Universo!
Este tipo de interação "à distância" entre dois elétrons vai ter, no contexto
filosófico onde nos colocaremos logo mais, uma importância muito
grande. Com efeito, veremos que esta radiação contida no micro universo
eletrônico não permanece sempre uma pura radiação "negra": ela é capaz
de aumentar,' sem cessar, sua ordem (os físicos dirão “aumentar sua
neguentropia"), coletando uma informação cada vez mais rica, informação
que se traduz, precisamente, por certos estados definidos da radiação
encerrada no universo eletrônico.
De resto, o elétron vai ser capaz de trocar esta informação à distância com
outros elétrons, seguindo um princípio idêntico ao utilizado na interação à
distância puramente eletrostática. Esta troca de estados informacionais
entre elétrons vai representar, duvida-se disso, um papel essencial, visto
que se trata, na verdade, de trocas de natureza 14espiritual", na medida em
que a informação deve ser considerada como um "produto" espiritual.
Se suponho (como voltarei a falar mais tarde) que os elétrons que formam
meu corpo são não apenas portadores do que chamo "meu" espírito, mas
constituem mesmo, de fato, meu próprio espírito, então não há,
naturalmente, nenhuma dificuldade em reconhecer que meu "Eu", isto é,
meu espírito, se comunica com meus elétrons. Existe aqui identidade entre
meu "Eu" e meus elétrons.
ver, para não chegar, hoje em dia, a tais conclusões. Isto já era verdadeiro
há vinte anos, depois das convincentes exposições de Teilhard sobre o
assunto; mas é ainda mais verdadeiro hoje, quando já é possível localizar
este espaço-tempo particular encerrado na Matéria eletrônica, que é ao
mesmo tempo a origem e o suporte do psiquismo.
CAPITULO VI
Teilhard não era físico, mas sim antropólogo. Portanto, não tentou apoiar
sua convicção sobre pesquisas da Física teórica, concernentes à estrutura
das partículas elementares. Mas soube abordar este problema com uma
lógica bastante científica, passando do geral para o particular, através de
um estudo minucioso da evolução do Universo inteiro, do mineral ao
Vivo, e do Vivo ao Pensante.
Então, estamos de acordo com Teilhard para dizer que este conteúdo
informacional das partículas de Matéria, em aumento constante em cada
partícula e na escala do Universo inteiro, permite a esta Matéria dar
nascimento a estruturas sempre mais complexas permitindo, como vimos,
aumentar sem cessar o ritmo de aquisição da informação, e a qualidade
desta informação; e, portanto, por um retorno das coisas, aumentar ainda
sempre mais o estado neguentrópico de cada partícula elementar.
CAPITULO VII
saber se este "Eu" será no futuro alguma coisa, depois da minha morte
corporal.
Para conseguirmos refletir melhor sobre estas duas últimas questões, seria
conveniente começar por responder claramente a esta primeira
interrogação: quem sou? Quem é esta entidade que batizo com o nome de
"Eu", ou que chamo ainda de meu "Eu"? Pois, se quero pesquisar o que se
tornará este "Eu" além da minha morte, é necessário que comece dizendo
o que é este "Eu" durante minha vida.
Mas se este "Eu" não tem nenhuma existência sem os materiais que
formam nosso corpo, não podemos visualizar racionalmente para este
"Eu" uma existência qualquer após a nossa morte, a não ser que ao menos
alguns dos edifícios materiais de nosso corpo, mais precisamente os que
na nossa vida estavam associados ao nosso "Eu", persistam depois de
nossa morte.
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Além disso, seria necessário ainda entender e examinar como nosso "Eu"
estaria presente nesta multidão de elétrons ou de prótons que formam
nosso corpo. Com efeito, um homem de 60 quilos, por exemplo, contém
um número de elétrons que corresponde a um 4 seguido de 28 zeros! É o
conjunto destes elétrons, colocados lado a lado, que seria necessário para
justificar nosso "Eu"? Neste caso, uma vez mais não restaria nada deste
"Eu" depois de nossa morte, visto que, com o tempo, estes elétrons se
dispersarão bem depressa pelos quatro cantos do planeta. Ou então, ao
contrário, alguns, senão todos, dos bilhões de elétrons de nosso corpo
vivo, seriam eles individualmente portadores do nosso "Eu" completo?
Neste caso, nosso "Eu", depois de nossa morte, não só não desapareceria
mas, ao contrário, teria se multiplicado e continuaria, até a eternidade, sua
aventura espiritual, participando ocasionalmente de outras existências
vivas ou pensantes, por vezes bem longe do nosso berço terrestre, tendo o
Universo inteiro por moradia.
Todo nosso corpo é formado por uma imensa reunião de células vivas.
Descrevendo as coisas de uma maneira extremamente simplificada,
podemos dizer que cada célula é formada de um núcleo que bóia dentro de
uma substância líquida que chamamos citoplasma, e o conjunto está
encerrado no interior de uma membrana. Cada célula forma, portanto, uma
unidade individualizada. Em função dos nossos propósitos, passaremos a
nos dedicar agora, com alguns detalhes, ao núcleo de cada célula.
0 que há, portanto, dentro do núcleo que o torna tão importante? É mais
ou menos como o encéfalo para o Homem: podemos dizer o que vemos
em uma análise microscópica. Mas daí a pretender que se veja o suficiente
para começar a compreender, ou mesmo pretender que se perceba o
essencial, há um passo bem grande.
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Expressamente, um dos papéis do ser vivo parece ser "cada vez mais"
fazer vivos. Há como uma competição entre a matéria inerte e a matéria
viva: o vivo parece ter, entre suas tarefas, de açambarcar sempre mais a
substância inerte para transformá-la em substância viva.
A maneira que parece mais simples para realizar esta tarefa é, para a
célula viva, absorver, através de sua membrana, matéria inerte emprestada
do meio exterior, fazer dela elementos úteis para compor seus próprios
organitos e, quando tudo está pronto, se desdobrar; a célula-mãe dá
nascimento a duas células-filhas idênticas. 0 vivo, assim, se multiplicou
por dois. Se cada célula faz outro tanto, e suponho que o meio exterior
possa fornecer os materiais inertes necessários, isto vai muito rápido, pois
o crescimento do vivo se faz, assim, em progressão geométrica. Uma
célula leva, geralmente, um tempo da ordem de uma hora para completar
esta operação de desdobramento. 0 peso médio de uma célula se aproxima
de um milionésimo do grama. Se, partindo de uma só célula inicial, a
duplicação poderia, assim, acontecer em todas as horas, teríamos, em
quarenta horas, cerca de uma tonelada de células vivas. Neste ritmo
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Vemos como raios que emergem de cada um dos dois centríolos, os raios
emitidos por um vindo convergir para o outro, o conjunto formando um
luso (nome que se dá a esta configuração) no interior do citoplasma. Os
cromossomos se agitam, cada centrômero se encaminha para um dos raios
do fuso, "prendendo" assim o cromossomo pelo centrômero a um raio. Ao
mesmo tempo, constatamos que cada fila~ mento cromossômico está
fendido longitudinalmente, partindo-se em dois filamentos paralelos
reunidos no centrômero. Na verdade, os cromossomos já estavam fendidos
assim, isto é, eram constituídos de dois meios cromossomos (ou
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0 ADN é uma molécula geralmente muito longa, que pode ser visualizada,
em uma primeira aproximação, como uma corda que seria trançada com
dois cordões, formando um enrolamento helicoidal de cada um dos dois
cordões. Os dois cordões são idênticos, e cada um deles é constituído por
moléculas de fosfato e de açúcar ligadas umas às outras: um fosfato, um
açúcar, um fosfato, um açúcar, etc. Além disso, é necessário que também
imaginemos os dois cordões como suportes de uma estranha escada de
corda (visto que os suportes estão torcidos em hélice), que comportaria
barras; estas barras vêm agarrar-se às moléculas de açúcar, uma barra indo
de uma molécula de açúcar de um suporte a uma outra molécula de açúcar
do outro suporte. As barras são construídas de duas maneiras diferentes,
por substâncias que chamamos de bases azotadas: uma barra será feita de
uma molécula de adenina ligada a uma molécula de timina; a outra barra
será feita de uma molécula de guanina ligada a uma molécula de citosina.
0 que é importante notar é que estas quatro bases azotadas não podem
jamais ligar-se entre si a não ser de duas maneiras:
adenina - timina
guanina - citosina
74
A o lado:
Embaixo:
Não podemos nunca, por exemplo, ter uma barra feita de adenina e de
citosina.
na escada original, antes do corte das barras; com efeito, não existem
outras maneiras para a barra se completar, pois não há escolha e nunca
podemos nos enganar; ou existe a barra certa (isto é, igual à de antes do
corte) ou não existe barra nenhuma.
Mas eis aqui uma criança que acaba de nascer e que cresceu para ser agora
um adulto. Ela possui, desde sua concepção, alguma coisa que chamamos
seu "Eu", isto é, seu próprio Espírito, que irá, como seu corpo, se
modificando. Entretanto, no decorrer de sua vida, este ser terá o
sentimento indubitável da continuidade de seu "Eu", sentimento
justificado pela sensação profunda de ser hoje o mesmo que ontem vivia
78
nele. Mas este ser sabe igualmente que, cedo ou tarde, está predestinado a
morrer; teria ele algumas razões para crer que o que fazia seu "Eu" se
perpetuará no tempo, além desta morte?
Se deve haver uma chance para esta persistência da alma, podemos pensar
primeiro que esta chance se dará no plano da matéria cromossômica,
graças ao fenômeno conhecido pelo nome de reprodução sexuada. Isto nos
assegura, com efeito, que é provavelmente na matéria que forma os
cromossomos que seria mais lógico associar o Espírito, isto é, o "Eu", de
um indivíduo humano. Ora, uma parte desta matéria cromossômica é
transmitida pelos pais aos seus descendentes. Haverá uma chance para que
o Eu dos pais prossiga, desta maneira, sua existência além da morte
corporal? Tentemos ver, através de uma descrição sumária, como se opera
a duplicação dos cromossomos paternos, no decorrer da reprodução
sexuada (chamada de miose pelos biologistas).
Esta célula deve fabricar, a partir daí, uma célula que tenha somente n
cromossomos e que será útil na operação de fecundação com uma outra
célula semelhante.
0 que vai fazer a célula? Podemos dizer que vai, no decorrer de uma dupla
escolha que vamos explicar, fazer intervir na elaboração de novos
cromossomos destinados à criança que vai nascer, ao mesmo tempo:
Mas, eis que agora vão atuar os elementos do meio exterior à célula. Com
efeito, os cromossomos que se separam compreendem somente metades
das escadas helicoidais de ADN. Como explicamos durante a duplicação
celular, a célula deverá completar as escadas de ADN enquanto faz a
duplicação. Os materiais necessários para completar a escada são
necessariamente tomados de empréstimo ao ADN sintetizado pela célula,
a partir de seu meio exterior (do qual ela "se alimenta"). Assim, na medida
em que os materiais provenientes do exterior são portadores de uma certa
"experiência" espiritual, os novos cromossomos completos da criança que
vai nascer terão acesso a esta experiência. Notaremos a importância
fundamental deste fenômeno: sem ele poderíamos considerar que o jogo
cromossômico da criança é feito da substância dos cromossomos da
mesma espécie animal; com esta associação dos elétrons do meio exterior
aos cromossomos da criança, são as outras espécies animais, e também o
vegetal e o mineral, que podem participar na evolução de uma dada
espécie.
CAPITULO VIII
Resumindo, penso que nos casos mais favoráveis, somente 50 por cento
do nosso "Eu" poderia ser transportado aos nossos descendentes de
primeira geração . A segunda geração terá, então, menos de 25 por cento
do nosso "Eu", a terceira menos de 12,5 por cento ... e a décima, menos de
1 por mil. Nestas condições, é claro que não podemos pretender que nosso
"Eu" nos sobreviva no futuro, se tal sobrevivência deva ser assegurada
pelo transporte de nossas estruturas cromossômicas; nosso "Eu" irá se
extinguindo rapidamente (o que são 10, 100, 1.000 gerações em face dos
tempos na escala cósmica!), e não teremos finalmente representado nada
na aventura universal mas apenas nos limitado à nossa efêmera vida
terrestre.
Agora podemos duvidar bem menos desta conclusão lógica, apoiada sobre
tudo o que nos mostra o Vivo no trabalho, de que descobrimos o espaço-
tempo do Espírito, encerrado em cada elétron. Todo processo puramente
mecanicista, que admite que os atos e as estruturas ordenados vivos
poderiam ser obra do acaso, agindo no quadro das alterações físicas
habituais próprias da Matéria, só pode permanecer incompreensível e é,
aliás, contrário ao que nos diz precisamente a Física sobre a evolução da
Matéria em um sistema deixado ao acaso: o sistema só pode "degradar"
sua ordem. A ordem somente pode nascer da própria ordem. Somente um
espaço "ordenado" pode ser "ordenador" da Matéria, e dar nascimento a
estruturas e evoluções ordenadas dela mesma. 0 Espírito não poderá nunca
ser explicado como uma "secreção" da Matéria, por mais complexa que
esta seja. Atrás de cada obra prima é necessário um arquiteto.
85
A única resposta lógica para esta questão me parece ser afirmar que nosso
"Eu" e suas preocupações entram no campo de consciência dos elétrons de
nosso corpo e, provavelmente, de cada um destes elétrons. Com efeito, de
que serviria a estes elétrons nos ter fabricado como uma máquina capaz de
possuir um "Eu", uma máquina capaz de ser uma "pessoa" e não
simplesmente um autômato, se este "Eu" não trouxesse por sua vez algum
proveito aos próprios elétrons. Afinal de contas, Pascal tinha razão em
observar que o Homem é um "animal pensante" e nossa vocação mais
profunda é, sem nenhuma dúvida, pensar. Cada um de nós deveria retirar
do pensamento sua experiência vivida, pois, qualquer que seja nossa ação
na vida, tudo se resume finalmente para nós em refletir sobre a ação
passada e preparar a ação seguinte. Mas este pensamento, que nos dá o
sentimento profundo de existir, é precisamente ele que "sonda" sem cessar
o meio exterior e informa nossos elétrons. É explorando a informação
vivida pelo Vivo, inclusive o Homem, que a aventura eletrônica
progredirá e se aproximará cada vez mais do seu objetivo. Portanto, é
necessário que este "Eu" que conhecemos, que chamarei de "Eu
consciente", seja um subconjunto do estoque de informações de que
dispõe a matéria elementar eletrônica ao entrar no nosso corpo. Digo um
86
Mas então, se estes elétrons tiveram tempo, quando de sua curta estada no
corpo de César, de levar alguma coisa do Espírito de César, então o
grande tribuno não é para nós totalmente desconhecido, nós
"comungamos" de alguma forma com um pouco dele, por intermédio do
nosso "Eu" cósmico, a cada uma de nossas inspirações!
88
0 mesmo tipo de cálculo pode ser feito em relação aos elétrons do nosso
corpo. Admitamos que somente os elétrons que entram na composição do
nosso ADN sejam portadores do nosso "Eu". Depois de nossa morte, os
elétrons se dispersarão progressivamente, no decorrer do tempo, no
interior e em volta de nossa Terra. Suponhamos estes elétrons, alguns anos
depois de nossa morte corporal, uniformemente dispersados numa esfera
contendo toda nossa Terra e numa camada atmosférica de uma espessura
da ordem de cem quilômetros. Calculamos, então, facilmente, ainda uma
vez, que cada centímetro cúbico desta esfera contém alguns dos elétrons
portadores do nosso "Eu", e que fizeram, por um momento, parte do nosso
ADN celular. Portanto, nossos descendentes absorverão, em cada uma de
suas inspirações do ar atmosférico, alguns dos elétrons portadores do
nosso “Eu". E isto enquanto durar a nossa Terra.
CAPITULO IX
Parece que as viagens que lhe são impostas, de uma maneira certamente
inesperada para ele pelo nosso século XX, não trazem proveito nenhum
aos restos do célebre faraó, e que os danos constatados em sua múmia
entre a descoberta de seu túmulo e hoje não são negligenciáveis,
comparados aos dos 3.000 anos que precederam. Mas nosso problema não
é este: é suficiente para nós podermos afirmar que, com a múmia de
Ramsés II certamente estamos em face de uma matéria que "viveu" em um
corpo humano há uns 3.000 anos, e que deve, portanto, conter um bom
número dessas partículas elementares de matéria que participaram do
corpo e do espírito de Ramsés II vivo. Estes elétrons, que levaram o
Espírito inteiro do grande faraó egípcio, são mostrados aos visitantes dos
90
Parecemos tomar isto em tom de gracejo, tanto essa idéia, à primeira vista,
se mostra surpreendente, levando em conta nossos dogmas atuais de
pensamento sobre a Morte. Mas, na realidade, não gracejamos: é
exatamente (ou quase) a conclusão lógica à qual sou conduzido, se levo
em conta as pesquisas sobre a presença do Espírito nas partículas
elementares. Aprofundemos este assunto, conservando o exemplo de
nosso faraó.
Ramsés II, como cada um de nós, nasceu, viveu e morreu. Durante sua
vivência, o Espírito que ele mostrou, isto é, o que chamamos seu "Eu" no
capítulo precedente, estava contido inteiro nos bilhões de elétrons que
entravam na composição de seu corpo. Estes elétrons, nós o vimos, tinham
sua própria história, que ascendia a bem antes do nascimento do faraó;
cada um dos elétrons de Ramsés II possuía a memória da experiência
vivida de seus pais, avós .... e assim por diante até a um passado que se
aproxima da origem do próprio Universo. Nestes elétrons estava inscrita,
portanto, uma experiência vivida haurida não somente do mundo humano,
mas também do mundo animal, do mundo vegetal e do mundo mineral.
Para sempre, não, pois cerca de 3.000 anos mais tarde, retiraram Ranisés
desse repouso que ele acreditava que fosse eterno, para mostrá-lo em
espetáculo a uma multidão de pessoas estranhas.
Isto certamente não é uma operação fácil, do mesmo modo que não foi
fácil aos astrônomos detectar, depois ler, e por fim interpretar, as ondas de
rádio provindas das estrelas do céu, que também nos contam a história do
Universo. Antes de poder ler estas ondas, os físicos tiveram que adquirir
92
Penso que, na Morte, os elétrons daquilo que foi nosso corpo estão em um
estado semelhante ao do sono profundo. Cada elétron está praticamente
entregue a si mesmo, com pouca ou nenhuma comunicação com os
elétrons exteriores, vizinhos ou afastados. Enquanto não participam de
uma outra vida, os elétrons permanecem neste estado fundamental,
entregues a um pensamento puramente interior, que corresponde mais a
uma "reorganização" do conteúdo espiritual do que a uma aquisição de
novas informações, Salvo ...
Eis, portanto, o que o meu leitor deve entender, quando afirmo que nosso
"Eu" está contido inteiro nos bilhões de elétrons que participam da
Matéria do nosso corpo.
Sob o efeito do que chamamos Reflexão, nosso "Eu consciente" pode, sem
dúvida, tornar-se algumas vezes, por um breve instante, muito mais
"permeável" a trocas com o Espírito contido no nosso "Eu inconsciente".
Isto corresponderia a uma brusca elevação do nível neguentrópico do
nosso "Eu consciente", portanto, também do nível de todos os elétrons que
trazem consigo o nosso "Eu cósmico" (que participam todos do "Eu
consciente"). Não devemos ver aí a brusca mudança de estado do nosso
nível de consciência, fruto da Reflexão (da Meditação), de que nos
falaram os profetas e os sábios?
CAPITULO X
Mas, diferentemente dos planetas, das estrelas e dos piões, que podem
girar em qualquer velocidade para uma dada massa, as partículas estão
sujeitas a girar somente em certas velocidades precisas, que dependem da
massa da partícula. É necessário que sua energia de rotação, multiplicada
pelo seu período de rotação 1, seja sempre múltiplo da metade de uma
quantidade que desempenha um papel fundamental na Natureza, e que
chamamos constante de Planck. Chamamos spin este produto da energia
pelo período', e dizemos que o spin de uma partícula pode,
conseqüentemente, ter os valores 1/2, 1, 3/2, 2 . . ., quando exprimimos o
spin tendo por unidade a constante de Planck (dividida por 2 7).
Por que tudo isto tem importância nos mecanismos espirituais? Porque,
como nos lembramos, comparei anteriormente o funcionamento do
Espírito com um quadro de luzes que piscam. Ora, as lâmpadas são aqui
os fótons da radiação encerrada no interior do elétron, e o piscar de uma
lâmpada é traduzido fisicamente pela mudança, no decorrer do tempo, do
sinal do spin de um fóton: de + 1 (imagem da lâmpada acesa) ele se torna
- 1 (lâmpada apagada), ou vice-versa6.
Mas eis que o elétron E, cujo mecanismo espiritual estudamos, vai poder
agora se comunicar com o espaço exterior, da seguinte maneira: no espaço
exterior (que pode ser ou o espaço da Matéria, ou o espaço do Espírito
fechado dentro de um outro elétron), um fóton, e somente um, muda o
sinal de seu spin; este spin passa, por exemplo, de + 1 para 0 se o fóton
exterior desaparece. 0 processo vai ser autorizado pela lei de conservação
do spin total se um dos fótons do espaço do elétron E, de spin - 1, por
exemplo, passa simultaneamente para o spin - 22. Outra possibilidade
102
E assim, permutando cada vez mais com seu meio exterior, o espaço de
nosso elétron E "do começo do mundo" vai se tornar sempre mais
consciente, mais neguentrópico. Até o momento em que esta consciência
se tornará suficiente para "inventar" máquinas que intensificarão ainda,
em qualidade e em quantidade, suas trocas com o mundo que a envolve.
Assim, veremos a evolução de nosso Universo conduzir do caos inicial,
feito de partículas elementares isoladas, aos elementos químicos, depois
ao vegetal, depois ao animal e depois ao Homem. Isto, falando somente de
nossa Terra: onde estão os outros planetas do mundo, nós o ignoramos
103
Como o elétron vai resolver estes dois problemas essenciais? Com efeito,
ele vai, como iremos ver, ao mais simples e obterá assim a solução dos
dois problemas de uma só vez.
Mas falta ainda o problema essencial, que condiciona tudo o mais: como o
elétron pode dispor na sua vizinhança de uma radiação "negra"? A
resposta é clara: a radiação "negra" existe desde que possamos definir no
espaço uma certa temperatura. 0 elétron deverá então criar, no espaço que
o cerca, uma "membrana", de maneira a isolar localmente sua vizinhança
do espaço exterior; ele se esforçará, em seguida, para fazer "subir" a
temperatura do espaço interior até a membrana, provocando, por exemplo,
as reações químicas exotérmicas, de que falamos.
Pois, para que o elétron ponha sua membrana protetora frente a frente do
meio exterior, é necessário, primeiro, que possa agir, isto é, dispor de uma
radiação negra exterior com temperatura suficiente... isto é, de uma
membrana que isole localmente sua vizinhança do espaço exterior.
0 Vivo vai procurar confinar a energia térmica, que lhe é, como vimos,
indispensável para sua "ação", utilizando nas suas estruturas carbonos
assimétricos, que encerram, entre seus quatro "braços", minúsculas
regiões do espaço onde a topologia não é plana, mas contém "retas"
fechadas sobre si mesmas. Constatamos, com efeito, que todo organismo
Vivo, qualquer que seja, é constituído de carbonos assimétricos de um só
tipo, somente carbonos direitos ou somente carbonos esquerdos (a
utilização dos dois ao mesmo tempo anula, evidentemente, todo o efeito
de confinamento da radiação). A analina, que representamos, é um dos
vinte ácidos aminados que a célula viva ou os vírus utilizam para fabricar
suas longas cadeias de proteínas. Ora, como esta escolha, entre os
materiais oferecidos pela Natureza, de carbonos assimétricos, poderia ser
explicada se, em um nível de organização ainda mais simples que a cadeia
de proteínas, não houvesse um objeto mais elementar capaz de fazer uma
escolha? Pretendemos aqui que esta escolha acontece já ao nível dos
elétrons, graças ao espaço-tempo espiritual que cada elétron encerra em si
mesmo. Para sua "ação", isto é, para executar os movimentos específicos
110
Neste espaço de topologia não-plana, como vimos, uma linha reta se torna
uma hélice espiralada. Uma cadeia reta qualquer tomará, portanto, neste
espaço, uma forma geral helicoidal. Ora, que forma possuem as cadeias de
ADN ou ARN, segundo os estudos que valeram aos biologistas Watson e
Crik o prêmio Nobel de Medicina em 1962? Exatamente a forma de um
enrolamento helicoidal. Este resultado, se ainda fosse necessário, nos
mostra que o carbono assimétrico e suas propriedades de modificar a
topologia do espaço constituem sem dúvida o "primeiro elo" do Vivo, o
primeiro material de que o elementar tem necessidade e se utiliza para
construir suas "máquinas de evolução".
É interessante notar que Louis Pasteur teve, desde a sua época, a intuição
da interpretação, que somos levados a dar hoje em dia para a observação
das dissimetrias moleculares na matéria viva. Em uma carta a Raulin, de 4
de abril de 1871, Pasteur escrevia: "Você sabe que creio em urna
influência cósmica dissimétrica que preside naturalmente, constantemente,
a organização molecular dos princípios imediatos essenciais à vida, e que
em conseqüência as espécies dos reinos da vida estão, nas suas estruturas,
nas suas formas, em relação com os movimentos do Universo".
CAPITULO XI
131
132
dos spins opostos de dois fótons, neste gás de fótons que preenche o corpo
eletrônico, não exigem nenhuma energia, nenhuma impulsão. Aliás, isto é
113
133
134
135
Enfim, pode haver troca de spin dos fótons do elétron considerado com
fótons de um elétron vizinho. Designaremos este processo de troca com o
nome de Amor. Por exemplo, teremos um dos elétrons com um de seus
fótons passando do spin + 1 para o spin + 2, enquanto que no elétron
vizinho um fóton passa do spin - 1 para o spin -21, Aqui, não há
117
Sem dúvida, é por esta razão que percebemos, em todo o reino do Vivo,
esta ligação estreita entre a mãe e o filho: através dos laços de Amor que
se estabelecem entre eles, é, na realidade, uma forma de Conhecimento
que passa, o filho vai obtendo informações sobre o conteúdo e o
mecanismo do pensamento materno, enquanto que a mãe aprende,
também, a conhecer seu filho ao amá-lo. Os laços entre o "Eu" mãterno e
o "Eu" do filho são tão estreitos que, na maioria das vezes, a mãe sente as
sensações do filho como se fossem suas próprias sensações: se ele sofre,
ela sofre; se ele está contente, ela está contente; se ele corre perigo, ela
intervém espontaneamente no mesmo instante, por uma espécie de reflexo
instintivo, exatamente como se tratasse de um perigo que seu próprio
corpo estivesse correndo. Isto me parece ser uma razão fundamental para
não separar a mãe do filho, ou mais geralmente para envolver o filho em
um meio afetivo o mais rico possível, elaborado cuidadosamente por laços
de Amor. Existem poucos seres vivos capazes de sobreviver sem a
proteção e o ensinamento que o Amor confere na primeira infância.
Certamente, teríamos necessidade de nos lembrarmos melhor disso, em
nossa época em que se julga que pai e mãe "dão mais lucro" estando fora
do lar, do que permanecendo perto de seus filhos.
138
120
139
CAPITULO X11
141
Nisto tudo é o Homem, o Homem, sempre o Homem. Parece que todo este
vasto Universo, com seus planetas espalhados em bilhões de anos-luz,
com suas modificações progressivas que duram há bilhões de anos, teve
por único objetivo a criação deste ser fraco e efêmero, cuja existência
constatamos, depois de somente um instante do tempo cósmico, neste
minúsculo canto do cosmo a que chamamos Terra.
0 Homem lutou obstinadamente para que não lhe tirassem esta ilusão de
que o Universo foi "feito para ele". Sabemos de quantos perderam suas
vidas tentando contestar o lugar do Homem, ou mesmo somente o de seu
habitat, a Terra, em relação ao resto do Universo. Hoje, é verdade, com
nossos meios de investigação astronômica, não é mais possível retirar a
Terra de seu lugar real, um planeta entre bilhões de outros, girando em
torno de uma estrela que não tem nada de particular entre os bilhões de
outras estrelas, tudo isto no interior de uma galáxia que não se apresenta
122
142
Aquele que "vence" não dá prova de que "pensa melhor"? E Deus não é o
mais elevado em graduação dos que "pensam melhor"?
143
124
sua ação (no sentido da Física), sua consciência 1. Todas estas palavras
têm um valor semântico equivalente; e vimos que podemos expor não
definições vagas, mas um formalismo tão preciso quanto o da
Relatividade geral ou da Teoria quântica.
Sim, irmão humano, será bem necessário que você se renda à evidência e
abandone uma vez mais seu antropocentrismo. Quando você diz "Eu
penso", já observamos, você deveria dizer mais corretamente "Ele pensa",
da mesma maneira como você diz "chove". Pois o que pensa em você, são
estes bilhões de elétrons que sozinhos encerram um espaço-tempo onde
podem se desenrolar os processos espirituais. Aquele que você vê no seu
espelho é seu contorno de Matéria, e este não pensa; é utilizado pelos seus
elétrons pensantes, para ajudá-los a procurarem para si a energia de que
têm necessidade, e para executarem certas tarefas que lhes permitam
aumentar a quantidade e a qualidade de suas informações. Mas,
naturalmente, estas informações não se referem somente às cotações da
Bolsa, ou às respectivas vantagens das ideologias comunistas ou
capitalistas, ou à hierarquia a estabelecer entre Maorné, Jesus Cristo e
Buda! Seus elétrons pensantes, seus éonS4~ COMO gostaríamos de
chamá-los para distinguir suas propriedades daquelas que os físicos atuais
somente querem reconhecer nesta partícula, seus éons, dizia, pouco se
interessam por estas preocupações especificamente humanas. Têm outros
problemas, problemas que nos parecem bem mais difíceis de resolver e
que reclamam muito mais inteligência: ocupar-se, por exemplo, em fazer
funcionar corretamente a máquina viva e pensante que é o Homem que
eles produziram.
144
Mas se você sabe ver, pequeno Homem, se você é um sábio, então você
compreenderá que seu "Eu" se confunde, na verdade, com o pensamento
dos éons que edificaram sua vida; que seu "Eu" possui também raízes num
passado eterno, e que "participará" eternamente, no futuro, como o fez no
passado.
145
CAPITULO X111
126
147
148
É notável, entretanto, constatar que, se não nos deixamos levar pela ilusão
das palavras dos séculos passados que conservam, hoje, sua significação
"ao pé da letra", então transparece alguma coisa de "invariável" na
maioria dos "modelos" cosmológicos dos séculos passados, aí incluídos os
da época atual. Quando as Escrituras nos apresentam, por exemplo, a
gênese do mundo, anunciando que a luz foi criada "no começo", não é
notável aproximar este ponto de vista daquele que os cosmologistas
proclamam hoje, apoiando-se na Relatividade geral de Einstein, no que
concerne ao "começo" do nosso Universo? Ele teria sido, nesta época
longínqua, coberto por uma radiação eletromagnética de alta temperatura,
o que na realidade significa que estava coberto de luz; como as Escrituras,
nossos astrofísicos nos dizem também que a Matéria só foi criada mais
tarde, depois da luz.
Podemos nos espantar que a teoria deixe assim a escolha entre dois tipos
fundamentalmente diferentes de evolução. Poderíamos, também, nos
espantar que, desde sua frágil e minúscula torre de marfim,
149
o Homem já possa dizer tanto sobre a evolução desta coisa imensa que é a
totalidade do nosso Universo.
Mas voltemos ao nosso Universo no seu conjunto. Seu raio, tal como foi
no passado e tal como será no futuro, é conhecido pela teoria de Einstein
apoiada em dados astronômicos experimentais.
Constatamos que este raio aumenta com o tempo, isto é, que o espaço de
nosso Universo é como uma esfera que inchasse sem cessar. É o que
chamamos a "expansão" do Universo. Esta expansão foi pri
150
meiro prevista pela teoria, mas foi também verificada diretamente pela
observação das galáxias do céu, que se afastam efetivamente de nós, e se
afastam tanto mais rapidamente quanto mais longe estão, como
constataríamos pondo pontos (simulando cada um uma galáxia) no couro
de uma bola que estivéssemos enchendo.
152
Nós estamos aí, sobre a Terra. É provável que, em alguns outros planetas
do cosmo, a evolução esteja atrasada em relação à evolução terrestre,
porque prevaleceram, por exemplo, condições um pouco diferentes de
temperatura e de pressão, ou porque o "preparo" de dosagem
153
Mas a Matéria estava ausente sob forma particular, isto é, sob a forma de
nêutrons, prótons, elétrons e neutrinos; em compensação,
135
154
155
Posto que esta energia é sempre nula, isto nos evitará ter de responder à
pergunta sempre embaraçosa: "Quem criou a energia presente no
Universo?" Ela não teve necessidade de ser "criada", pois ela é no
princípio e permanecerá para sempre rigorosamente nula.
CAPITULO XIV
161
0 universo estava "à espera". Como não havia ainda nenhum elétron, não
havia também nem Matéria particular, nem Espírito. A Luz reinava
sozinha, como nos primeiros dias do mundo, na versão bíblica.
162
Em todo caso, não resta nenhuma dúvida de que o estudo dos buracos
negros, nos próximos anos, demonstrando como morrem as estrelas, nos
trará informações sobre este fenômeno que é, talvez, complementar: o
nascimento do nosso próprio Universo.
163
n ---> p+ + e- + ;v
164
165
de hidrogénio, o par de elétron dos dois sinais reunidos, com uma reserva
de energia (a matéria do nêutron) à sua disposição para partir para a
conquista espiritual do mundo.
3 As reações se escrevem:
166
167
duzir, no observável, por certos "desvios" das leis puramente físicas, como
principalmente as leis de conservação. Observamos, efetivamente, que, no
decorrer das interações fracas, o princípio de conservação da paridade,
que estipula que a matéria bruta deveria ser incapaz de distinguir sua
direita de sua esquerda 1, é violado. Esta observação é tão importante e
espantou tanto os físicos, que valeu o prêmio Nobel de Física aos dois
americanos Lee e Yang (de origem chinesa) que descobriram este efeito
(1957) 1. É bem possível que se a paridade não é conservada nas
interações fracas é precisamente porque vemos aí, diretamente, uma
intervenção do psiquismo dos elétrons. Quando um princípio de
conservação parece violado em Física, é quase sempre porque esquecemos
de fazer intervir alguma coisa no "balanço" do fenômeno; esta "alguma
coisa" é, geralmente, um fator que ainda não foi descoberto. Isto já foi
verdadeiro com a radioatividade chamada "beta", onde víamos se
desintegrarem núcleos de átomos com aparente violação do sacrossanto
princípio da conservação da energia. Isto conduziu à descoberta do
149
168
169
CAPITULO XV
0 Matricialismo
Como o elétron vai "estruturar" sua memória, isto é, seu espaço psíquico,
para aumentar a neguentropia do seu espaço?
174
175
176
6 Notamos que, para que a troca seja possível, é necessário que os dois
elétrons já possuam, antes da troca, uma distribuição espacial
"complementar" dos fótons que se vão trocar. É necessário ser
"esteticamente" complementar para "se aceitar% em uma justa de Amor
(com A maiúsculo), que enriquece espiritualmente um e outro.
Experimentei por acaso e pela primeira vez uma maçã colhida da árvore
(sinal do mundo exterior); memorizei este conhecimento através de uma
significação (gosto do sabor da maçã). Mais tarde, o sinal exterior que
representa a maçã pendurada no galho da árvore desencadeia em mim uma
reflexão da experiência vivida anteriormente: a significação memorizada
do sabor da maçã me faz a mim mesmo manifestar um sinal exterior (uma
Ação); estendo o braço, por exemplo, para apanhar a maçã da árvore e
comê-la.
158
178
179
160
Isto não quer dizer também que não existam, nos processos psíquicos que
agrupamos sob o nome de Reflexão, diferenças quantitativas entre o
Homem e o animal; reconhecemos de bom grado que a Reflexão humana,
considerando o que podemos hoje conhecer, parece mais rica e com mais
variações do que a Reflexão animal e, evidentemente, que a Reflexão
vegetal ou mineral. Mas isto significa que níveis diferentes de
neguentropia acompanham o processo de Reflexão. A Reflexão no espaço
dos elétrons de uma abelha é, sem dúvida, executada em neguentropia
mais fraca do que no espaço dos elétrons de um Homem; mas,
qualitativamente, são os mesmos tipos de mecanismos que estão à
disposição para estabelecer uma linguagem.
180
Dito isto, entretanto, creio que os elétrons pensantes, que são o verdadeiro
suporte da aventura espiritual do Universo, efetuam espécies de
"andanças" de uma máquina para outra como se, depois de terem esgotado
ao máximo os meios para aumentar sua neguentropia em uma dada
espécie, decidissem prosseguir a sua carreira numa espécie vizinha.
Creio também, por que não, que existe sem dúvida uma "ordem" segundo
a qual os elétrons efetuam este "giro das espécies" e preparam, como os
artesãos dos séculos passados, a sua "obra-prima", isto é, sua realização
neguentrópica ótima, em uma dada época da
181
Está clara, portanto, a utilidade de se esforçar por fazer crescer sua própria
neguentropia durante cada existência vivida, visto que o meio essencial de
progressão do psiquismo, isto é, também da consciência, tanto na escala
do Universo inteiro como na do "Eu" do elétron individual, é fazer crescer
sempre mais a neguentropia do espaço do Espírito.
183
CAPITULO XVI
0 Futuro desconhecido
Depois de ter atingido esta expansão máxima, o Universo vai entrar numa
fase de contração. Ela será tão longa quanto a fase de expansão
(aproximadamente 15 bilhões de anos), e terminará com um retomo do
Universo a um estado estático, de duração indeterminada, durante o qual
não haverá nem contração, nem expansão, exatamente como era antes do
princípio da expansão original.
Como no começo do mundo, esta fase final será caracterizada por uma
energia nula da Matéria particular, com uma ressalva essencial a fazer
entretanto, como veremos, concernente aos pares elétron/pósitron; aliás, a
165
P -- N + e+ + -
y
Eis um ponto interessante que parece ter sido adquirido: o "Juízo Final"
não poderá ser sobre seres ainda constituídos de Matéria, pois eles não
existirão mais. Estes seres só poderão ser pósitrons e elétrons. Estas
partículas poderão estar ou sulcando livremente o espaço, ou agrupadas
em pares, girando uma em torno da outra, constituindo o que chamamos
[ca10] Comentário: Os átomos de
um átomo de positrônio 14. positrônio são instáveis no espaço atual:
têm a tendência de se desintegrar
espontaaneamente, produzido radiação.
Mas, no espaço de te4mperatura “negra”
Estes elétrons disporão do meio "térmico" necessário para lhes permitir imposta e constante, como será o caso no
estado final do Universo, os átomos de
executar Atos (isto é, movimentos deliberadamente escolhidos). Com positrônio serão necessariamente estáveis.
Para inventar suas novas máquinas, para "evoluir", o povo dos éons "se
informa" sobre a situação exterior, estabelecendo por Conhecimento e
Amor ligações não somente no tempo mas ainda no espaço.
Primeiro, sobre nossa Terra. Se queremos nos convencer das trocas que
acontecem entre o psiquismo de nossos próprios elétrons e o psiquismo
dos elétrons de países afastados, é suficiente ver os novos critérios físicos
e espirituais que aparecem em um homem que passa um período
importante de sua vida em um país estrangeiro. Não é raro se ver desenhar
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Ao fim de quanto tempo terminará nossa espécie humana atual? Não sei,
mas segundo toda probabilidade, os éons não se contentarão com esta
"máquina humana" até o fim dos tempos, desde agora, prevêem-se para
ela muitas 1imitações".
Que importa! Seja ele ainda ou não hóspede de um ser com forma
humana, nosso "Eu" prosseguirá sua existência em busca de estados
sempre mais "ordenados", sempre mais conscientes, sempre mais
neguentrópicos.
Pois nosso "Eu", desde que o coloquemos em uma situação correta, isto é,
no coração dos bilhões de éons que formam hoje nosso corpo de Homem,
então este "Eu" é tão eterno como o dos éons, e toma enfim seu verdadeiro
lugar no contexto da aventura espiritual cósmica.
Até o dia em que, todos os nossos "Eu" eônicos reunidos em uma imensa
estrutura mais neguentrópica do que todas aquelas do passado, nós
chegaremos lá onde o tempo parece parar, lá onde toda esta gigantesca
evolução conduziu, finalmente, o Espírito, nas verdes pastagens onde o
Universo retém seu sopro, ouvindo esta música secreta que corre agora
como um canto etéreo, entre as formas movimentadas dos éons deste fim
do mundo.
Fim