Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
existentes de madeira
Intervir em construções
existentes de madeira
Livro de Atas
Guimarães
Escola de Engenharia, Campus de Azurém
5 de Junho 2014
Editado por:
Patrocinadores Normais
Apoios
Este livro foi elaborado a partir da reprodução direta dos originais preparados pelos autores. Os
editores não podem assumir qualquer responsabilidade pelo conteúdo e por possíveis incorreções do
texto.
Universidade do Minho
Departamento de Engenharia Civil, Azurém, P-4800-058 Guimarães
Tel.: 253510200 Fax: 253510217 Email: sec.estruturas@civil.uminho.pt
Impressão: Chapa 5
Prefácio
A presença de estruturas em madeira é um aspeto incontornável do património edificado sendo
estas dotadas, por inúmeras razões, de um grande valor histórico, arquitetónico e civil. No
entanto, apesar do seu inquestionável valor, por vezes as estruturas existentes de madeira
requerem diferentes tipos de medidas de intervenção por forma a garantir a sua estabilidade e
preservação. As causas das intervenções são inúmeras, desde a inadequada manutenção destas
estruturas até à necessidade de análise de segurança ou reforço para mitigação dos efeitos de
danos e patologias encontradas, ou para efeitos de dimensionamento de novos usos da
estrutura.
A análise e o diagnóstico de edifícios existentes é um desafio complexo que requer
conhecimentos especializados provindos de diferentes fontes e áreas técnicas, principalmente
em estruturas de madeira onde é necessário uma perfeita compreensão dos sistemas estruturais
e das propriedades e desempenho do material.
No caso de Portugal, as obras de intervenção e reabilitação são ainda em diminuto número
quando comparadas com o seu reconhecido potencial de mercado, sendo isso fruto também do
escasso conhecimento e formação de pessoal técnico especializado. Esse facto é ainda mais
acentuado para a análise, dimensionamento de estruturas de madeira e para o planeamento de
intervenções, cujo ensino foi sonegado para segundo plano em detrimento de outros materiais
de construção. No entanto, existe atualmente a intenção de inverter esse processo e é verificado
um acrescido interesse na manutenção, reabilitação e intervenção de estruturas existentes de
madeira, assim como à construção de novo edificado tendo em conta o desempenho
notoriamente positivo destas estruturas quando sujeitas a diferentes tipos de solicitações e usos.
Esta publicação reúne contribuições de diversos especialistas, nacionais e estrangeiros. As
comunicações abordam diferentes vertentes no domínio da intervenção em construções
existente de madeira, abrangendo as componentes de inspeção e análise estrutural e
arquitetónica, e evidenciando as medidas e ações de restauro, recuperação, reabilitação e
reforço, com vista à apresentação das melhores práticas e novas soluções disponíveis para a
conservação e manutenção de construções em madeira, garantindo elevados níveis de
desempenho, eficiência energética e sustentabilidade no património construído. São
apresentadas várias intervenções realizadas a nível nacional e estrangeiro, em estruturas
existentes de madeira com alto valor histórico assim como novas tecnologias e métodos a
aplicar a estruturas recentes.
Junho 2014
ÍNDICE
Restoration of historical timber structures - Criteria, innovative solutions and case 119
studies
Giorgio Croatto, Umberto Turrini
Seminário Intervir em construções existentes de madeira 1
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO
(b)
(a) (c)
Figura 1 – Pormenores construtivos: (a) perspetiva em corte da construção Pombalina:
A – paredes corta-fogo; B – fachadas em paredes grossas de alvenaria de pedra; C –
sistema de estacas; D – arcos em pedra; E – abóbadas em pedra no primeiro piso; F –
parede que dificultava a ascensão rápida dos fumos pelas escadas; G – escadas colocadas
junto dos logradouros para iluminação; (b) perspetiva de um piso formado por gaiolas
pombalinas; e (c) imagem virtual do interior de um edifício [1].
Em geral, toda a estrutura do r/c era construída em pedra. Para além das paredes exteriores
existiam abóbadas de berço cuidadosamente trabalhadas em cantaria ou abóbadas de aresta
executadas em alvenaria de tijoleira, mas apoiadas em paredes, arcos ou pilares em
cantaria de pedra. Além deste sistema proporcionar maior ductilidade à estrutura na sua
base, coexistia a função de elemento corta-fogo, caso deflagrasse algum incêndio nas lojas.
A parte superior das abóbadas era preenchida com material de enchimento que restava dos
escombros do terramoto, com a finalidade de tornar a sua superfície horizontal.
A partir do r/c existiam três tipos de paredes: as de alvenaria de pedra rebocada; as de
frontal pombalino, também designadas por gaiolas, formadas por uma treliça de madeira
preenchida com elementos cerâmicos e rebocada; e por último as paredes de tabique. A
introdução das paredes em frontal pombalino pretendia conferir aos edifícios a capacidade
resistente necessária para dissiparem toda a energia transmitida pelas ações horizontais,
sem que sofressem estragos consideráveis na totalidade da sua estrutura.
A invenção deste sistema de paredes resistentes não está historicamente comprovada, mas
atribui-se a sua origem ao colaborador direto de Manuel da Maia, o engenheiro e arquiteto
militar Carlos Mardel [2]. Mardel mandou construir, no Terreiro do Paço, um estrado de
madeira onde ergueu um edifício com o novo sistema construtivo, à escala real. De seguida
ordenou que um destacamento militar marchasse descontroladamente em cima do estrado
com a finalidade de simular a aceleração sísmica transmitida às estruturas, para verificar e
comprovar, aos olhos de todos, a viabilidade do sistema. A estrutura dos edifícios
pombalinos recebeu muita atenção da comunidade técnica, referindo-se entre outros os
estudos de Vítor Cóias e Silva [3] e diversas teses de mestrado, por exemplo [4-6].
(a) (b)
Figura 2 – Exemplos de construção mista em Itália; (a) opus craticium, Herculanum,
antes de 80 DC; (b) casa baraccata, Reggio Calabria, século XVIII.
Outro país que utilizou estes edifícios como uma solução resistente aos sismos foi a
Grécia. Esta solução era comum em toda a Grécia durante diversos períodos [8]. A solução
evoluiu do uso de elementos horizontais para reduzir a fendilhação da alvenaria para
soluções mais robustas com elementos verticais e horizontais. Países com sismicidade
elevada como a Turquia e a Índia possuem também muitos edifícios mistos alvenaria-
madeira, ver Figura 3, que parecem ter resistido bem a eventos fortes recentes [9].
Na Turquia existem novamente os dois sistemas encontrados na Grécia: hatıl, com
elementos horizontais na alvenaria, e hımış, com um esqueleto tridimensional. É habitual
encontrar o primeiro sistema no piso térreo e o segundo sistema nos pisos superiores. Estes
sistemas foram quase abandonados no século XIX devido aos incêndios e a imposição do
império otomano em construir em alvenaria. Posteriormente, ocorreu alguma retoma
devido aos danos observados em sismos fortes. Na Índia, os sistemas tradicionais são
semelhantes, com referências à utilização da madeira na alvenaria desde o século XII [10].
Existem ainda exemplos de utilização destes edifícios noutros países, alguns introduzidos
na América pelos emigrantes europeus, e outros sistemas locais, como a quincha no Perú.
(a) (b)
Figura 3 – Exemplos de construção mista na Turquia e Índia; (a) sistema himis na
Turquia; (b) sistemas Dhajji e Taq na Índia.
Apesar da variação das tipologias, a ideia comum é que a estrutura de madeira pode resistir
à tração, ao contrário da alvenaria que resiste à compressão, proporcionando, assim, uma
melhor resistência a ações horizontais. Além disso, os elementos de madeira permitem
confinar a estrutura de alvenaria, melhorando as propriedades mecânicas do conjunto. Em
geral, a secção transversal dos elementos de madeira era muito semelhante (cerca de
0.10 × 0.12 m).
(a) (b)
Figura 4 – Ensaios experimentais numa parede real com carregamento lateral;
(a) mecanismo de rotura; (b) comportamento histerético [13].
Na Universidade do Minho foram realizados um conjunto de ensaios cíclicos estáticos, a
fim de avaliar o desempenho destas estruturas sob ações horizontais cíclicas [7,17-18].
Foram analisados o mecanismo de resistência lateral e o desempenho face às ações cíclicas
laterais em termos de ductilidade, dissipação de energia, rigidez cíclica e amortecimento
viscoso equivalente. É importante também entender o comportamento das paredes
originais e as soluções de reparação e reforço, uma vez que a deterioração natural dos
materiais envolvidos e as mudanças no uso das estruturas podem exigir intervenções. Além
disso, a aplicação dos novos regulamentos e requisitos adequados de segurança, podem
também exigir intervenções de reparação e reforço.
Estes ensaios adotaram painéis com 0.80 × 0.90 m2, correspondentes a dimensões típicas
de paredes no norte do país, ver Figura 5a. Os painéis incluem três elementos verticais e
dois elementos horizontais, com dimensões de 0.05 × 0.07 m2. As dimensões adotadas
correspondem a uma escala 1:2, podendo representar algumas estruturas pombalinas. As
ligações são todas do tipo cavilha, com exceção das diagonais, que são a meia madeira.
Foram ainda colocados pregos de 40 e 70 mm, indicados respetivamente com um traço e
um círculo na Figura 5b.
Foram testados 9 painéis, apenas com o esqueleto de madeira (painel base), com reforço
dos nós através de mantas de polímeros reforçados com fibra de vidro (GFRP) e com
preenchimento de alvenaria, sendo 3 painéis iguais por cada tipologia, ver Figura 6, mas
com carga axial distinta. Os ensaios cíclicos foram realizados considerando as paredes
apoiadas na fundação e sujeitas a ações combinadas (verticais e horizontais).
(a) (b)
Figura 5 – Definição do painel de ensaio; (a) parede no norte do país; (b) painel adotado
e localização dos pregos.
reforço adotado para os nós também teve pouca influência na resposta do painel que,
obviamente, se encontrava em estado novo; (f) a ductilidade e dissipação de energia são
muito elevadas.
Estes ensaios adotaram paredes com 2.42 × 2.36 m2, ver Figura 8 e [7, 18]. As paredes
incluem três elementos verticais e dois elementos horizontais, tal como nos painéis, com
dimensões de (0.08 e 0.16) × 0.12 m2. As ligações são todas a meia madeira, como exceção
das extremidades das diagonais, que são a topo sem qualquer encaixe e pregagem. Foram
testadas 8 paredes, incluindo paredes com reforço dos nós através de inserção de cavilhas
metálicas e colocação de chapas metálicas (elementos específicos em forma de estrela e
chapas comerciais perfuradas). O reforço foi aplicado em paredes danificadas e
anteriormente ensaiadas. As chapas metálicas perfuradas forma aplicadas em paredes sem
preenchimento. Os ensaios cíclicos foram realizados novamente considerando as paredes
apoiadas na fundação e sujeitas a ações combinadas (verticais e horizontais).
Os resultados permitem concluir o seguinte: (a) o preenchimento com alvenaria influencia
significativamente a resposta em paredes não reforçadas; (b) o preenchimento com
alvenaria e o nível de tensão vertical influenciam a resposta mas de forma pouco
significativa nas paredes reforçadas, uma vez que o reforço controla fortemente a resposta;
(c) o reforço com cavilhas metálicas alterou o mecanismo de colapso e melhorou a
capacidade dissipativa das ligações; (d) o reforço com chapas metálicas, permitiu um
aumento entre 50% a 200% da capacidade resistente.
3. CONCLUSÕES
O presente artigo apresenta uma breve revisão sobre os edifícios pombalinos e os edifícios
mistos de alvenaria e madeira. Em seguida, apresenta-se um conjunto de ensaios
experimentais realizados na Universidade do Minho e diferentes possibilidades de reforço.
Os resultados são um contributo para permitir usar efetivamente os frontais na análise
estrutural de edifícios pombalinos, como apresentado em [19], uma vez que uma análise
sem os frontais parece conduzir a coeficientes de segurança reduzidos [4].
(a)
(b) (c)
Figura 8 – Paredes consideradas; (a) construção e parede de referência; (b) reforço dos
nós com conetores metálicos; (c) reforço dos nós com chapas metálicas.
4. REFERÊNCIAS
[1] Cóias V., Reabilitação Estrutural de Edifícios Antigos: Técnicas pouco Intrusivas.
Argumentum, 2ª edição, 2007.
[2] França J.A., Lisboa Pombalina e o Iluminismo. Bertrand Editora, 1987.
[3] Cóias e Silva V., Um novo modelo (e uma nova visão) do edificado pombalino.
Monumentos, 6, 1997.
[4] Ramos L.F., Análise experimental e numérica de estruturas históricas de alvenaria.
Tese de mestrado, Universidade do Minho, 2002.
[5] Cardoso R., Vulnerabilidade sísmica de Estruturas Antigas de Alvenaria - Aplicação
a um Edifício Pombalino. Tese de mestrado, Instituto Superior Técnico, 2002.
[6] Rocha M., Comportamento sísmico de edifícios pombalinos. Tese de mestrado,
Universidade Católica Portuguesa, 2008.
[7] Poletti E., Characterization of the seismic behaviour of traditional timber frame
walls. Tese de doutoramento, Universidade do Minho, 2013.
[8] Tsakanika-Theohari E., The constructional analysis of timber load bearing systems
as a tool for interpreting Aegean Bronze Age architecture. Proceedings of the
Symposium ‘Bronze Age Architectural Traditions in the Eastern Mediterranean:
Diffusion and Diversity’, 7-8/05/2008, Munique, 2008.
[9] Gülhan D., Güney I.Ö., The behaviour of traditional building systems against
earthquake and its comparison to reinforced concrete frame systems: experiences of
Marmara earthquake damage assessment studies in Kocaeli and Sakarya.
Proceedings of Earthquake-safe: Lessons to be Learned from Traditional
Construction, Istambul, Turquia, 2000.
[10] Langenbach R., Don’t Tear it Down! Preserving the earthquake resistant vernacular
architecture of Kashmir. UNESCO, Nova Déli, 2009.
[11] Santos S.P., Ensaio de paredes pombalinas. LNEC, Nota Técnica Nº 15/97-NCE,
LNEC, 1997.
[12] Cóias e Silva V., Using advanced composites to retrofit Lisbon’s old ‘‘seismic
resistant’’ timber framed buildings. European timber buildings as an expression of
technological and technical cultures, Elsevier, pp. 109–124, 2002.
[13] Meireles H., Bento R., Cyclic behaviour of Pombalino ‘‘frontal’’ walls. European
conference on earthquake engineering (14ECEE), Ohrid, República da Macedonia,
2010.
[14] Gonçalves A.M., Ferreira J.G., Guerreiro L., Branco F., Caracterização experimental
do comportamento cíclico de paredes pombalinas simples e reforçadas, Revista
Engenharia Civil, n.º 45, pp. 5-19, 2013.
[15] Cruz H., Moura J.P., Machado J.S., The use of FRP in the strengthening of timber
reinforced masonry load-bearing walls. Proceedings of the 3rd international seminar
on historical, constructions, Guimarães, pp. 847–856, 2001.
[16] Paula R., Cóias V., Rehabilitation of Lisbon’s old ‘‘seismic resistant’’ timber frames
buildings using innovative techniques. International workshop on earthquake
engineering on timber structures, Coimbra, pp. 33–45, 2006.
[17] Vasconcelos G., Poletti E., Salavessa E., Jesus A.M.P., Lourenço P.B., Pilaon P., In-
plane shear behaviour of traditional timber walls. Engineering Structures, n.º 56(11),
pp. 1028–1048, 2013.
[18] Poletti E., Vasconcelos G., Jorge M., Full-Scale Experimental Testing of Retrofitting
Techniques in Portuguese “Pombalino” Traditional Timber Frame Walls. Journal of
Earthquake Engineering, n.º 18(4), pp. 553–579, 2014.
[19] Bento R., Lopes M., Cardoso R., Seismic evaluation of old masonry buildings. Part
II: analysis of strengthening solutions for a case study. Engineering Structures,
n.º 27, pp. 2014–2023, 2005.
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO
Nos últimos dez anos realizamos intervenções em cinco igrejas românicas inseridas na
Rota do Românico [1], que contemplavam a salvaguarda, conservação e valorização dos
imóveis. Demos início a este périplo de intervenções com as obras realizadas nos anos
2003 a 2004 e 2013 na Igreja de Cabeça Santa, Penafiel, edifício do Séc. XIII, seguindo-se
as ruínas da Igreja de S. Mamede de Vila Verde, Felgueiras, edifício dos séculos XIII-XIV,
com intervenções realizadas nos anos de 2004 a 2006, e mais recentemente, nos anos de
2013-2014, na Igreja de Tabuado, Marco de Canavezes, edifício do Séc. XIII, Igreja de S.
Nicolau, Marco de Canavezes, Séc. XIV e na Igreja do Mosteiro de Travanca, Amarante,
com data de construção a situar-se entre os Séc. XI e Séc. XIV.
Figura 1 – Plantas das igrejas objecto de intervenção com marcação das asnas de madeira,
depois das intervenções realizadas; (a) Igreja do Mosteiro de Travanca, Amarante;
(b) Igreja de Cabeça Santa, Penafiel; (c) Igreja de Tabuado, Marco de Canavezes;
(d) Igreja de S Mamede de Vila Verde, Felgueiras; (e) Igreja de S. Nicolau, Marco de
Canavezes. Desenhos do autor.
2. A SITUAÇÃO ORIGINAL
(a) (b)
(a) (b)
Figura 3 – Armação de telhado e tecto antes das obras; (a) Armação de madeira existente
antes das obras de 2013, na Igreja de S. Nicolau, onde se pode observar a dupla estrutura
existente. Fotografia do autor; (b) Abóbada do tecto da nave lateral Norte da Igreja de
Travanca, em 1939. Fotografia: © SIPA-IHRU.
Na igreja de Cabeça Santa as opções foram semelhantes, e a situação encontrada foram os
telhados “da Igreja propriamente dita, como os da capela-mor, achavam-se tão
decompostos e carecidos de segurança, que se tornou indispensável apear toda a sua
armação e renovar em seguida, sobre aquela que se construiu para a substituir, a robusta e
apropriada cobertura que hoje ali se vê” [9].
Também na Igreja de Tabuado, o autor refere a colocação da “nova estrutura da cobertura
constituída por armação de madeira, com barrotes aparentes, colocados nos níveis
originais” [10], o que só seria possível se as secções dos barrotes e a configuração geral da
estrutura fossem semelhantes ao encontrado.
Embora sendo difícil de afirmar como seriam as estruturas de madeira dos telhados
primitivos, por não termos contacto com nenhuma estrutura original, podemos avançar que
elas seriam próximas das realizadas durante os restauros do século XX, com asnas simples.
Os elementos de revestimento também seriam cerâmicos, apresentando uma imagem
global exterior próxima da que hoje observamos. No entanto, é de prever que algumas
destas coberturas poderiam apresentar estruturas de madeira muito simples, com recurso a
barrotes toscamente trabalhados. O revestimento das mesmas também poderia não ter sido
todo realizado com elementos cerâmicos na sua origem, como denunciam as cornijas da
Igreja de S. Mamede de Vila Verde, com uma pendente muito acentuada para o exterior, de
difícil apoio de elementos cerâmicos, sendo mais apropriada para uma cobertura vegetal.
Figura 4 – Cortes transversais das igrejas que fazem parte deste estudo, depois das
intervenções realizadas; (a) Igreja do Mosteiro de Travanca, Amarante; (b) Igreja de
Cabeça Santa, Penafiel; (c) Igreja de Tabuado, Marco de Canavezes; (d) Igreja de S.
Mamede de Vila Verde, Felgueiras; (e) Igreja de S. Nicolau, Marco de Canavezes.
Desenhos do autor.
em laje de tijolo armado, com 0,10 m de espessura, na nave lateral Norte. A partir da
década de oitenta começa-se a utilizar a subtelha, que consistia na colocação sobre o forro
de placas de “Platex” com 5 mm de espessura, assente em escama, depois de humedecidas,
com a face polida voltada para o exterior.
Assim, verifica-se que as igrejas chegaram até ao século XX com os elementos principais
das estruturas de madeira gravemente deteriorados, sendo necessário a reformulação total
das estruturas das coberturas, conforme os três casos mencionados. Quando isto não
aconteceu, como nos restantes dois casos, em conjunto com a falta de manutenção, levou a
que as estruturas tivessem desaparecido, como no caso de Vila Verde, ou entrassem em
avançado estado de degradação, havendo a necessidade de duplicar as estruturas, como no
caso de S. Nicolau.
(a) (b)
(a) (b)
Figura 6 – Remoção de subtelhas em “Platex”; (a) Igreja de Cabeça Santa; (b) Igreja de
Tabuado. Fotografias do autor.
4. INTERVENÇÕES CONTEMPORÂNEAS
(a) (b)
(c) (d)
(a) (b)
(c) (d)
5. CONCLUSÃO
A cobertura está vinculada ao mito da construção, no mais antigo dos gestos humanos: o de
se cobrir e proteger. Elas encontram-se associadas às formas primitivas daqueles edifícios,
e apesar das sucessivas metamorfoses, transformações e modificações, elas reconhecem-se
sempre naquelas arquiteturas. Pensamos que o conhecimento da origem e sucessivas
alterações que as coberturas desta arquitetura medieval sofreram ao longo da vida dos
edifícios, constitui um instrumento de aprendizagem fundamental para se voltar a intervir
nelas. A constituição de uma equipa em que intervêm a História, a Arqueologia e a
Engenharia Civil, contribui positivamente para reler novamente a história, para nela poder
intervir, porque se diagnosticam os vários problemas visíveis e invisíveis, assumindo-se
como um contributo maior no encontro de soluções para os problemas específicos de cada
imóvel. Como afirmamos no início, isto não constitui um princípio, mas sim um fim a
atingir, que na maioria dos casos passa por auspiciar soluções simples, simples não
simplistas, intimamente relacionadas com as características específicas de cada um, para
que em conjunto se valorizem.
6. REFERÊNCIAS
[1] A Rota do Românico surge em 1998, no seio dos concelhos que integram a Valsousa
(Associação de Municípios do Vale do Sousa), alargando-se em 2010 aos restantes
municípios da NUT III-Tâmega.
[2] Malheiro M., A presença da Arquitectura. A arquitectura românica do vale do rio
Sousa. Tese de Doutoramento, Universidad de Valladolid, Escuela Tecnica Superior
de Arquitectura, 2012.
[3] Tomé M., Património e restauro em Portugal (1920-1995). FAUP publicações, Porto,
pp. 30-31, 2002.
[4] Os Boletins da DGEMN foram uma publicação que decorreu entre 1935 e 1990,
tendo-se publicado 131 números de intervenções em alguns dos mais significativos
exemplares do legado histórico português, representando uma proposta de debate a
posteriori que tentava incutir uma prática de “prestação de contas”.
[5] Igreja de S. Salvador de Travanca. Boletim da Direcção Geral dos Edifícios e
Monumentos Nacionais, n.º 15, Lisboa: DGEMN, pp. 18, 1939.
[6] Idem.
[7] Idem.
[8] Idem, pp. 26.
[9] Igreja de Cabeça Santa. Boletim da Direcção Geral dos Edifícios e Monumentos
Nacionais, n.º 64, Lisboa: DGEMN, pp. 21, 1951.
[10] Igreja de Tabuado. Boletim da Direcção Geral dos Edifícios e Monumentos
Nacionais, n.º 1125, Lisboa: DGEMN, pp. 20, 1972.
[11] Malheiro M., et al, São Mamede de Vila Verde, Construir uma Igreja com as suas
pedras. Rota do Românico, Centro de Estudos do Românico e do Território, Lousada,
2011.
[12] Malheiro M., Salvaguarda do Património. I Congresso Internacional da Rota do
Românico, Rota do Românico, Centro de Estudos do Românico e do Território, pp.
51-53, 2012.
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO
A madeira maciça constitui um dos primeiros materiais utilizados pelo homem para a
construção de abrigos ou de pontes. A sua origem biológica (tronco de uma árvore) leva a
que às suas propriedades esteja associada uma elevada variabilidade tornado complexa a
tarefa de prever o seu comportamento mecânico e físico. No entanto esta mesma origem
permite desenvolver soluções construtivas de elevada sustentabilidade e reduzida pegada
de carbono. Em Portugal verificou-se desde os finais da década de 90 um aumento
significativo da construção de estruturas de madeira e da utilização da madeira na
construção [1].
Ao avaliar o comportamento da madeira maciça dois fatores devem ser tidos em conta: a
sua anisotropia; e a sua higroscopicidade. A anisotropia da madeira revela-se no seu
comportamento mecânico e físico segundo três eixos (longitudinal, radial e tangencial),
Figura 1a.
Relativamente ao seu comportamento mecânico, a madeira apresenta uma resistência
elevada quando as fibras são solicitadas segundo o seu eixo longitudinal (compressão e
tração paralela às fibras), e uma resistência mínima quando os esforços se concentram nas
ligações entre fibras (corte ou tração paralela às fibras), Figura 1b.
Para fins estruturais assume-se que a diferença de resistência da madeira da madeira nas
direções transversais (radial e tangencial) não é significativa comparada com o ratio médio
entre a resistência longitudinal:transversal de cerca de 30:1 a 40:1 [2]. Desta forma, as
propriedades mecânicas da madeira para fins estruturais são apresentadas sempre em
função da orientação do esforço mecânico relativamente à orientação das fibras de
madeira.
(a) (b)
Figura 1 - Três eixos principais de anisotropia da madeira maciça (a); anisotropia das
propriedades mecânicas da madeira presente na madeira limpa de defeitos (// e - esforço
paralelo e perpendicular às fibras, respetivamente).
12 35
30 Fase 1
10
Variação dimensional (%)
C - Radial
25
8 C - Tangencial
4 Cs -Tangencial 15 Fase 3
Cs - Axial
10
2
5
0
0 10 20 30 40
0
Teor de água (%)
Espessura da peça
(a) (b)
Figura 2 – (a) Variação dimensional segundo os três eixos principais da madeira (C –
Carvalho; Cs -Castanho); (b) Perfil de distribuição do teor de água no interior de uma peça
de madeira. A secagem da peça é manifesta pela diminuição do teor de água médio e do
gradiente de humidade (fase 1 fase 3).
Estas classes tentam facilitar o correto emprego da madeira e seus derivados, ao permitir
associar diretamente o seu comportamento às condições de utilização. Estas classes
permitem aferir as alterações das propriedades mecânicas devido ao teor de água de
equilíbrio e à duração das ações a considerar (classes de serviço – kmod, kdef [4]) e do perigo
de ocorrência de fenómenos de deterioração devido à degradação biológica (classes de
risco [5]), Tabela 1.
CR 2 (componente sujeito a
EN 335-1 [5]
CS 2 – Interior húmido e
humedecimento ocasional devido por
exterior abrigado
exemplo a condensação) – Ocasionalmente
65% < HR < 85%
TA > 20%
12% < TA 20%
Possível degradação por: carunchos;
fungos cromogéneos e de podridão
CR 3 (Exposição ao exterior não abrigado)
CS 3 – Exterior não abrigado Possível degradação por: carunchos;
TA > 20% fungos cromogéneos e de podridão;
térmitas subterrâneas
TA – Teor de água médio da madeira macia; HR – Humidade relativa considerando
uma temperatura de 20ºC
A classe estabelecida para uma dada utilização, e que suporta a qualidade do material
especificado, poderá ser alterada de forma drástica (p. ex. passagem de CR 2 para CR 3)
quando por falhas conceção, armazenamento em obra, execução ou manutenção um
elemento de madeira passe a estar exposto a uma fonte continuada de humidade. Esta
alteração não antecipada compromete o desempenho desejado para o produto podendo,
dependendo da sua relevância na estrutura, condenar o desempenho da estrutura onde esse
elemento é incorporado.
As limitações associadas à madeira maciça levaram ao desenvolvimento de compósitos de
madeira (nomeadamente, derivados de madeira, madeira plástico) e dos produtos técnicos
de madeira (nomeadamente, lamelados colados, LVL, CLT), Figura 3.
No caso dos compósitos de madeira e dos produtos técnicos de madeira devem ser
atendidos aspetos relacionados com a sua integridade (coesão interna) quando expostos à
humidade (qualidade da colagem ou resistência à humidade).
A presente comunicação pretende abordar alguns dos aspetos básicos que geralmente
condicionam o surgimento precoce de anomalias em produtos de madeira na construção.
Estes aspetos estão em grande medida relacionados com a higroscopicidade da madeira. A
importância deste fator é abordado na vertente de elementos de madeira já existentes e dos
novos elementos de madeira a introduzir no edifício reabilitado.
(a) (b)
O maior ou menor afastamento do teor de água apresentado pelo produto aquando da sua
receção/aplicação relativamente ao teor de água de equilíbrio implica uma alteração
significativa das propriedades mecânicas, das propriedades geométricas ou da durabilidade
face a agentes xilófagos, tal como visto anteriormente.
Assim assume uma grande importância a especificação correta do teor de água a que é
expectável que os produtos sejam entregues em obra. Para o efeito deve ter-se em conta o
tipo de utilização [7] podendo de uma forma geral ser definido a seguinte gama de valores:
Interiores com aquecimento contínuo – 8% a 10%.
Interiores sem aquecimento contínuo – 10% a 14%.
Exterior abrigado – 12% a 18%.
Exterior exposto (sem contato com o solo ou água) – 12% a 22%.
Em estruturas antigas dois fatores se conjugam para a dimensão das fendas observadas: 1)
secções transversais de grande dimensão; 2) aplicação de madeira verde (teor de água
acima de 24%), que sofreu o seu processo de secagem em obra. Na avaliação destas fendas
deve ter-se em conta a perceção da sua idade (recentes ou antigas), a sua dimensão
(comprimento, largura e profundidade) e a sua localização no elemento. Na avaliação das
fendas o primeiro passo passa pela avaliação da sua distribuição, da sua profundidade e do
seu comprimento, utilizando para isso um apalpa folgas e uma fita métrica.
Na perceção da idade da fenda pode observar-se a superfície interior das fendas e verificar
se o aspeto superficial é claro (fenda recente, Figura 6a) ou se é escuro derivado da
oxidação da madeira ou da deposição de poeiras e sujidade. (fenda antiga, Figura 6b).
No caso da profundidade recomenda-se a sua leitura em três pontos ao longo do seu
comprimento. A avaliação da extensão (profundidade) da fenda pode ser auxiliada pelo uso
de equipamentos que permitem avaliar o estado do elemento em profundidade (p. ex.
equipamento de avaliação da resistência à perfuração).
(a) (b)
Figura 6 – Observação da superfície interna das fendas; (a) superfície clara indicando
a presença de uma fenda recente; (b) superfície escura indicando a presença de uma fenda
antiga.
O impacto das fendas deve ser avaliado atendendo à sua localização no elemento e dos
esforços presentes nessa zona (sendo críticas zonas de esforços elevados de corte ou de
tração perpendicular às fibras). Nessas zonas críticas os limites a impor devem ser função
para fendas recentes dos limites impostos na norma de classificação visual de madeira para
fins estruturais específica (recomendada) para a madeira em causa.
No caso de fendas antigas estas resultam muitas vezes da tradicional aplicação de madeira
com um teor de água muito elevado e que devido ao processo de secagem em obra leva à
formação de fendas expressivas. No caso da manutenção do uso do espaço será
recomendável a monitorização das fendas (analisando a sua possível evolução no tempo),
sendo que medidas de curto prazo devem ser tomadas no caso de uma nova utilização do
espaço, com correspondente aumento das ações impostas sobre os elementos.
As fendas podem ser reparadas e/ou estabilizadas através de técnicas tradicionais (p. ex.
cintas metálicas) ou por colagem com auxílio ou não de varões metálicos [2]. Esta tarefa
deve no entanto ser conduzida com cuidado, evitando que a colmatação das fendas com
resinas incompressíveis seja feita sem que estejam asseguradas as condições de
estabilidade do teor de água da madeira. Caso esta preocupação não seja atendida a
reparação pode surtir num efeito de cunha, originando o aumento brusco das fendas após
humedecimento da madeira.
Sendo as fendas um fenómeno com desenvolvimento temporal, julga-se importante prever
a sua monitorização sempre que surjam dúvidas acerca da estabilidade de fendas em zonas
críticas [8].
(a) (b)
A norma britânica BS 1204 [11] foi incluída devido à sua utilização gerar por vezes
confusão no mercado, nomeadamente na escolha de contraplacado para exterior não
abrigado. Na utilização de contraplacado no exterior deve a qualidade de colagem cumprir
os requisitos da classe C3 da NP EN 314-2 [12] ou a da classe WBP da BS 1204 e não da
classe BR como por vez é entendido na prática.
MR II D2
2 MR II D3
BR I D3
3 WBP I D41)
1)
Requer a aplicação de um produto de acabamento
As setas indicam uma situação de transição entre duas classes de serviço
O teor de água dos elementos novos de madeira a incorporar em obra pode sofrer alteração
durante o transporte e armazenamento em obra. Esta alteração pode colocar em risco, ou
mesmo comprometer, o custo associado ao fornecimento de um produto apresentando um
teor de água de acordo com o critério de teor de água definido no caderno de encargos da
empreitada.
Estas fases devem reunir as condições necessárias de forma a evitarem a alteração
excessiva (± 3%) do teor de água relativamente àquele previsto no caderno de encargos.
Relativamente ao transporte, dependendo das condições (lote fechado, aberto exposto ou
não ao ambiente exterior), a variação de teor de água pode ir de 1,5% a 7%. Esta variação
pode comprometer a aplicação do material em obra, devendo prever-se a possibilidade de
proteger o material durante o transporte (por exemplo através de uma cobertura
impermeável e/ou proteção dos topos com um selante adequado).
Por fim uma nota relativamente à forma de fixação da madeira e seus derivados. Tal como
inicialmente foi afirmado o panorama regulamentar/normativo foi amplamente alargado
estando disponível regras gerais para a aplicação de fixações a placas de derivados de
madeira (CEN/TS 12872 [15]) e elementos estruturais (Eurocódigo 5 [4]). Existe ainda
manuais de aplicação definidos pelos fabricantes e que permitem evitar muitas anomalias
que vêm a se manifestar pouco tempo após a instalação de um novo elemento de madeira.
Algumas destas anomalias consistem na abertura de fendas devido ao incumprimento das
distâncias mínimas aos bordos, Figura 6a, escorrência de produtos da oxidação devido a
insuficiente proteção de ligadores metálicos, Figura 6b, ou insuficiente capacidade
resistente das ligações ou dos produtos face aos esforços atuantes.
O Eurocódigo 5 [4] apresenta recomendações quanto ao tipo de proteção a conferir aos
ligadores mecânicos de forma a prevenir a corrosão.
(a) (b)
8. MARCAÇÃO CE
Outros produtos são abrangidos de forma voluntária à marcação CE via a emissão de uma
Avaliação Técnica Europeia (ETA). Neste regime existem produtos como o CLT,
compósitos de madeira-plástico.
O cumprimento desta obrigação assegura a receção de um produto sujeito a um adequado
controlo interno de produção, sendo que no caso dos sistemas 1 e 2+ a existência desse
controlo é supervisionado por uma entidade independente.
9. NOTA FINAL
10. REFERÊNCIAS
[1] Negrão J., Estruturas de madeira em Portugal – Presente e passado recente. CIMAD
11 – 1º Congresso Ibero-Latino Americano da Madeira na Construção. P-T15-4,
Coimbra, Portugal, 2011.
[2] Dias A., Cruz H., Machado J.S., Custódio J.E.P., Palma P.M.C., Avaliação,
conservação e reforço de estruturas de madeira. Ed. José Saporiti Machado, Verlag
Dashöfer Edições Profissionais Lda, Lisboa. 2009.
[3] Nunes L., Bases para a monitorização do risco de degradação na construção de casas
de madeira. Seminário Casas de Madeira, Lisboa, Portugal, 2013.
[4] EN 1995-1-1:2004+A1:2008. Eurocode 5: Design of timber structures. Part 1-1:
General - Common rules and rules for buildings.
[5] EN 335-1:2013. Durability of wood and wood-based products. Use classes:
definitions, application to solid wood and wood-based products.
[6] James W.L., Fundamentals of hand held moisture meters: An outline. In ASTM
Hand-Held moisture meter workshop. Forest Product Laboratory, 1994.
[7] LNEC, A humidade da madeira. A Madeira na Construção, ficha MX
[8] Dietsch P., Kreuzinger H., Guideline on the assessment of timber structures:
Summary. Engineering Structures, n.º 33, pp 2983-2986, 2011.
[9] EN 14081-1:2005+A1:2011. Timber structures. Strength graded structural timber
with rectangular cross section. Part 1: General requirements.
[10] EN 1313-1:2010. Round and sawn timber. Permitted deviations and preferred sizes.
Part 1: Softwood sawn timber.
[11] BS 1204:1993. Specification for type MR phenolic and aminoplastic synthetic resin
adhesives for wood.
[12] NP EN 314-2:2002. Contraplacado. Qualidade da colagem. Parte 2: Requisitos.
[13] EN 301:2013. Adhesives, phenolic and aminoplastic, for load-bearing timber
structures. Classification and performance requirements.
[14] EN 204:2001. Classification of thermoplastic wood adhesives for non-structural
applications.
[15] CEN/TS 12872:2007. Wood-based panels – Guidance on the use of load-bearing
boards in floors, walls and roofs.
SUMÁRIO
A madeira modificada é, hoje em dia, uma alternativa à madeira maciça para diversas
aplicações. A modificação da madeira baseia-se em processos de tratamento aplicados de
modo a melhorar o comportamento da madeira maciça, sem a utilização de produtos
químicos perigosos. Os tratamentos atualmente existentes, focam a sua atenção na
melhoria da resistência à biodegradação, da estabilidade dimensional e da resistência à
radiação ultravioleta.
Existem sobretudo três tipos de modificação da madeira: modificação química,
modificação térmica e modificação por impregnação. A escolha do método a utilizar vai
depender da utilização final a dar à madeira de acordo com as vantagens e desvantagens de
cada um. A madeira acetilada (modificação química) devido ao elevado custo é mais
adequada para situações em que a quantidade de madeira é reduzida mas em que uma boa
durabilidade, estabilidade dimensional e resistência às radiações ultra-violeta são
necessárias como é o caso da fabricação de aros de portas e janelas. A modificação térmica
apresenta-se como um material competitivo para utilizações não estruturais devido ao seu
baixo custo, quando comparada com os outros tipos de madeira modificada. A madeira
furfurilada (modificação por impregnação) é uma madeira muito densa que apresenta
imensas potencialidades em utilizações marítimas pelo facto de ser resistente aos xilófagos
marinhos.
Em Portugal apenas a madeira termotratada tem uma grande implantação tendo sido
realizados vários projetos emblemáticos como o empreendimento Zmar por parte da Jular
ou uma casa em Vale Bem pela Bannema, vencedora do Best architecture Portugal and
Europe nos European Residential Property Awards
1. INTRODUÇÃO
Os processos de modificação térmica são aqueles que mais têm evoluído em termos
comerciais nos últimos anos. O sucesso deve-se provavelmente ao baixo custo de
tratamento quando comparado com outras modificações que se baseiam na utilização de
compostos químicos que tornam o produto final bastante mais caro.
Os processos de modificação térmica com mais sucesso são cinco: Thermowood
(Finlândia), Plato (Holanda), Oil Heat Treatment (Alemanha), Bois Perdure e Rectification
(França) embora o Boi Perdure tenho sido adquirido pela PCI Industries do Canadá.
Os processos desenvolvem-se normalmente em quatro fases: aquecimento, tratamento,
arrefecimento e estabilização. As principais diferenças entre os diversos métodos prendem-
se com o modo como é feito o aquecimento (vapor, óleo, gás neutro) e com as condições
operatórias na fase de tratamento, que ocorre a temperaturas entre os 160-260ºC.
A modificação por impregnação difere da modificação química pelo facto de não ser a
ligação química com os compostos estruturais existentes nas células de madeira que
promovem as melhorias das propriedades embora essa ligação possa ocorrer. O
funcionamento da modificação por impregnação baseia-se na introdução de um ou vários
compostos químicos na parede das células que, ao reagirem, formam um composto que
bloqueia o acesso aos grupos hidroxilo, diminuindo desta forma a higroscopicidade da
madeira. Existem principalmente dois mecanismos: a impregnação com um monómero e
subsequente polimerização ou a introdução de um material solúvel que se torna depois
insolúvel após tratamento.
O processo de modificação por impregnação que mais tem evoluído nos últimos anos é a
furfurilação. Este processo de modificação da madeira pode ter um futuro prometedor, uma
vez que o álcool furfurílico pode ser obtido através dos produtos secundários da produção
do bioetanol, e o preço deste composto químico deverá baixar no futuro.
À semelhança da modificação térmica e química, a impregnação com álcool furfurílico
conduz a uma diminuição da humidade de equilíbrio e a um aumento da estabilidade
dimensional da madeira, sendo este aumento proporcional ao aumento de massa (WPG). A
madeira furfurilada é muito resistente aos xilófagos marinhos o que não acontece com
outros tipos de madeira modificada, provavelmente devido à sua elevada densidade. Em
relação às propriedades mecânicas, a que mais aumenta é a dureza Brinell. Por outro lado,
a resistência ao impacto em ensaios de flexão é afetada pelo tratamento; A madeira tratada
por este método é ligeiramente mais resistente às condições climatéricas do que a não
tratada [2].
implementada na EN 338, utilizando para o efeito ensaios sobre madeira de faia (Fagus
sylvatica L.). Os ensaios realizados permitiram concluir que os valores do módulo de
elasticidade são semelhantes ou ligeiramente superiores às da faia não tratada, o que
permitiria a sua inclusão em classes de alta resistência como, por exemplo, D50. No
entanto os valores de resistência à flexão são bastante inferiores aos da madeira não tratada
o que obrigaria a colocar esta madeira na classe de resistência D30. Foi igualmente
verificado que as relações estabelecidas na norma europeia EN 384, para derivação de
alguns propriedades mecânicas de madeira maciça em função de outras, não poderiam ser
aplicadas à madeira modificada [5]
Apesar de quer a madeira modificada por acetilação (modificação química) quer a
modificada por furfurilação (modificação por impregnação), do ponto de vista das
propriedades, poderem ter várias utilizações estruturais, dependendo apenas da madeira
original, o seu elevado custo faz com que não sejam competitivas, quer com madeiras
tropicais, quer com outros materiais existentes no mercado. Ainda assim foi recentemente
construída uma ponte de madeira Accoya ® na cidade de Sneek na Holanda (Figura 4)
tendo sido os elementos pré-montados e depois colocados na posição final [6].
Apesar de a madeira modificada através do tratamento térmico não ser adequada para
utilizações estruturais ela tem uma elevada aplicabilidade na construção. A madeira de
resinosas tratada pelo processo thermowood é utilizada em alguns componentes para a
7 000
*6 meses
6 000
5 000
Vendas (m)
4 000
Thermowood
3 000 Kebony
2 000
1 000
0
2009 2010 2011 2012 2013
A madeira tratada é vendida tanto em bruto como perfilada. As aplicações principais são
revestimento de paredes (sobretudo fachadas) e pavimentos (deck exterior), mas existem
outras aplicações exteriores como pérgolas, terraços ou varandas e interiores, como saunas
ou telhados. A madeira comercializada com tratamento Thermowood importado da
Finlândia é principalmente a bétula, o abeto e pinho nórdico. A Santos & Santos trata
principalmente pinho bravo; a espécie mais comum em Portugal e também algum freixo
mas encontram-se a realizar testes para permitir o tratamento da madeira de eucalipto, que
é consideravelmente mais barata. A madeira de Kebony é pinho nórdico, Acer, vidoeiro e
syp (pinho amarelo do Sul).
Algumas das empresas que comercializam madeira modificada têm feito muitos projetos,
alguns dos quais com vários prémios. Os projetos mais emblemáticos com madeira
Thermowood feitos pela Banema foram uma casa em Vale Bem, premiada com a melhor
arquitetura de Portugal e da Europa nos prémios europeus de propriedade residencial
(Figura 6) ou um parque temático na ilha da Madeira (Figura 7).
(a) (b)
6. CONCLUSÕES
A escolha da madeira modificada a utilizar vai depender da utilização final de acordo com
as vantagens e desvantagens de cada uma. A madeira acetilada é ideal para a fabricação de
aros de portas e janelas pois além da boa estabilidade dimensional é bastante resistente à
radiação ultravioleta. Ao contrário a modificação térmica é melhor para utilizações sem
função estrutural em que uma grande quantidade de madeira é necessária devido ao seu
baixo custo e a modificação por furfurilação é ideal para aplicações marinhas. A
comercialização de madeira modificada em Portugal está a crescer e continuará a crescer
nos próximos anos. A madeira tratada é vendida tanto em bruto e perfilada, essencialmente
para revestimentos, decks, e pisos. A madeira tratada em Portugal é principalmente o pinho
marítimo, mas também algum freixos. Estão a ser feitos testes para permitir o tratamento
da madeira de eucalipto. Algumas das empresas que comercializam madeira modificada
têm feito vários projectos emblemáticos.
7. REFERÊNCIAS
[1] Esteves B., Pereira H., Wood modification by heat treatment: a review. BioRes,
n.º 4(1), pp. 370-404, 2009.
[2] Esteves B., Pereira H., Novos métodos de protecção da madeira. 6º Congresso
Florestal Nacional - A floresta num mundo globalizado, Ponta Delgada, Açores,
Portugal, 2009.
[3] Widmann R., Thermally Modified Beech as a Structural Material: Allocation to
European Strength- Classes and Relevant Grading Procedures. 4th European
Conference on Wood Modification, 2009.
[4] Widmann R., Beikircher W., Thermally modified beechwood as a structural material:
allocation to european strength classes and relevant grading procedures. 11th World
Conference on Timber Engineering, 2010.
[5] Esteves B, Nunes L., Saporiti Machado J., Utilização de madeira modificada na
construção. CIMAD 11 – 1º Congresso Ibero-Latino Americano da Madeira na
Construção, 7-9/06/2011, Coimbra, Portugal, 2011.
[6] Bongers F., Alexander J., Jorissen A., Blaβ H., Hill C., Acetylated wood in structural
applications. 5th European Conference on Wood Modification, 20-21/09/2010, Riga,
Latvia, 2010.
[7] Esteves B., Carmo J., Nunes L., Commercialization and production of modified
wood in Portugal. ECWM7- Seventh European conference on Wood Modification,
10-12/03/2014, LNEC, Lisboa, Portugal, 2014.
SUMÁRIO
La madera expuesta al exterior es degradada por el sol, la agua, los hongos, los insectos y
la contaminación.
Los sistemas de barnizado del pasado han baja durabilidad, y el mantenimiento es costoso.
Actualmente los procesos productivos de las carpinterías han dejado de ser “artesanales”
pasando a ser plenamente industriales con control en los procesos de mecanizado de la
madera así como en el proceso de pintado de esta. Como consecuencia se obtienen
procesos consistentes y productos con calidad controlada.
Este trabajo presenta nuevos avances y su aplicación en la protección para maderas de
exterior.
La Madera expuesta al Exterior es degradada por el sol, la agua, los hongos, los insectos y
la contaminación.
El Sol provoca el Reblandecimiento del film (grietas), Amarilleamiento del film,
Matización del film, Separación del film de la madera, Ennegrecimiento de la madera,
Amarilleamiento de la madera (maderas claras) y Decoloración de la madera (maderas
oscuras).
La acción del agua puede influir en la absorción y desorción (influenciando la estabilidad
dimensional), formación de burbujas y ampollas de film por presión inversa del Agua y
instaurar condiciones favorables al ataque de moho y hongos.
Los Hongos Cromogéneos atacan la madera en su interior, nutriéndose de substancias de
reserva sin destruir las paredes celulares. Los Hongos de Profundidad atacan los
componentes de las células (celulosa y lignina), causando la destrucción de la madera.
El uso de ceras hidrorepelentes a base de teflón reducen la absorción del agua. Las ceras
han sido seleccionadas en función de su capacidad para prevenir que las superficies en
contacto se pegen, debido a la estructura molecular teflonada que aumenta la dureza
superficial (Figura 2).
Actualmente los procesos productivos de las carpinterías han dejado de ser “artesanales”
pasando a ser plenamente industriales con control en los procesos de mecanizado de la
madera así como en el proceso de pintado de esta. Como consecuencia se obtienen
procesos consistentes y productos con calidad controlada.
4. PROPIEDADES DE LO RECUBRIMIENTOS
Los recubrimientos no pueden prevenir los fallos procedentes de una mala construcción o
hacer imperecedera la construcción sin un mantenimiento adecuado.
(a) (b)
6. NUEVOS DESAROLLOS
6.2. Impregnante
6.3. Acabado
Otra de las propiedades que se ha buscado para los decks es un acabado de aspecto actual y
elevada durabilidad, conteniendo Filtros UV manométricos, Ceras teflonadas y un Aceite
emulsionado en agua.
Con esto se confiere un acabado con la máxima protección a la degradación de los rayos
del sol y una permeabilidad al agua superior a cualquier otro acabado al agua (Figura 5).
Su aspecto final es madera natural, madera no barnizada.
Se trata de un aceite mineral emulsionado en agua que penetra en la madera, nutriéndola y
dejando un aspecto natural, con una excelente durabilidad a los agentes climáticos.
6
GRAFICO IDROREPELLENZA TOP COAT +
EMULSION + WAX
+ TEFLON
legenda idrorepellenza
5
1 = scarsa
2 = media
3 = buona
4 4 = ottima
IDROREPELLENZA
3
TOP COAT +
EMULSION
TOP COAT
1
0
PRODOTTI
6.5. Aplicación
Esta radiación quema las células de la superficie de la madera, pero sin calentar la misma.
El efecto que produce es un agrisamiento y desescamado de la madera, más acentuado en
las maderas rojas como la teca, el iroko, elondo, etc.
Figura 8 – Ejemplo de aplicación del Nuevo Sistema Sun Proof (Impregnante 91A71 +
Acabado 94058-00).
El barnizado con este proceso permite obtener el efecto de la madera natural y preservarla
en el tiempo. Permite mantener la esencia del color el mayor tiempo posible, previniendo
el envejecido de a madera. También se puede utilizar para un uso no profesional por su
facilidad de aplicación. Fácil mantenimiento incluso después de un tiempo con el mismo
acabado. No forma escamas, no se descascarilla. Aplicable solo en los siguientes soportes:
Abeto, Pino, Cedro y Douglas.
7. NORMATIVAS
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO
A madeira tem sido usada, como material estrutural, desde há milhares de anos, em várias
construções em todo o continente Europeu. Como resultado, chegaram, até ao presente dia,
inúmeras estruturas de acrescido valor histórico ou social, assim como outras de uso civil
quotidiano. No entanto, algumas destas estruturas apresentam degradação ou danos que
limitam as suas capacidades de uso sendo necessário proceder a diferentes tipos de análises
e por vezes a consequentes intervenções.
Existem várias razões para que o nível de segurança de uma estrutura existente deva ser
analisada, entre os quais se destacam:
caso seja necessário atendendo a resultados de inspeções periódicas;
quando o período de vida, determinado por análise anterior, chegou ao fim;
caso sejam verificados erros no planeamento ou construção;
se o uso da estrutura for modificado;
quando são visualizados danos ou degradação dos elementos construtivos e/ou
estruturais;
devido ao inadequado desempenho em serviço;
devido a situações imprevistas ou cargas acidentais que possam ter comprometido a
integridade estrutural do edifício;
caso exista dúvidas sobre a qualidade do material ou técnicas construtivas
utilizadas;
Avaliação preliminar
Análise estrutural
Diagnóstico detalhado dos elementos
Relatório preliminar
Relatório do diagnóstico
(a) (b)
Figura 2 – Medidas preliminares; (a) Colocação de elemento para suporte de uma asna;
(b) Uso de andaimes para acesso próximo à estrutura de cobertura.
A fase seguinte, correspondente ao levantamento e medições, engloba as componentes de:
i) medição geométrica dos elementos; ii) identificação da espécie de madeira e condições
técnicas; iii) levantamento de danos e defeitos.
Na medição geométrica dos elementos é necessário realizar a caraterização das dimensões
e variabilidade geométrica de cada elemento, suas respetivas seções transversais, descaio e
tipo de método utilizado na serração e colocação dos elementos [5]. Por vezes é igualmente
necessário complementar essa informação com desenhos de pormenores construtivos e da
interação tridimensional dos elementos.
De igual modo, também é medida a presença e extensão de degradação biológica (devido a
fungos ou a ataque de xilófagos), de forma visual (camada superficial do elemento) ou
através de ensaios semi ou não destrutivos (análise em profundidade) sendo possível,
depois, aferir sobre a seção residual (ou efetiva) sem consideração da parte degradada.
As medições devem ser feitas em intervalos regulares ao longo dos elementos, dependendo
a distância entre medições da variabilidade geométrica do elemento. Posteriormente, estas
medições permitirão obter as dimensões da seção transversal (aparente e efetiva), sua
respetiva inércia e valores de deformações tanto devido ao carregamento atuante como a
defeitos do material (secagem, corte inadequado, entre outros) (Figura 3).
18,8
[cm]
A inspeção visual é utilizada para identificação das principais características dos elementos
de madeira, tais como defeitos, sinais de dano ou degradação, utilizando por vezes
instrumentos tradicionais ou tecnologicamente mais avançados. Durante a inspeção visual
deverão ser caraterizados os fenómenos que estão na origem de eventuais anomalias e
estabelecer as relações de causa-efeito futuras.
Para esse efeito são caracterizados e inventariados, para posterior relatório: i) defeitos
naturais, tais como nós, desvio do alinhamento do fio da madeira, descaio, fissuras de
secagem e percentagem de cerne na secção; ii) danos induzidos, tais como deformações,
fissuras ou roturas devido ao carregamento; ou iii) degradação biológica.
A inspeção visual deverá ser realizada ao nível do elemento estrutural, no entanto deverá
ser também considerada a análise individualizada de segmentos críticos tendo em conta a
presença de uma maior concentração de defeitos e/ou por ser uma zona de maior
concentração de esforços [7]. Quando não é possível aferir visualmente os elementos de
madeira, por estes se encontrarem escondidos por outros elementos, mas as condições do
elemento suscitarem dúvidas, poderá ser necessário fazer aberturas ou remover parte de
outros elementos para se proceder à inspeção (Figura 5).
(a) (b)
(a) (b)
Figura 6 – Inspeção e medição de defeitos; (a) Nós; (b) Fissura ao longo do fio.
Devido a imperfeições no método construtivo ou devido a diferentes situações de
carregamento, as estruturas de madeira podem evidenciar danos mais ou menos
significativos, desde a deformação de elementos até à rotura parcial (fissuras) ou total de
um elemento (Figura 7.a). No caso de estruturas de madeira, especial atenção deve ser
dada também ao estado de conservação das ligações (Figura 7.b), pois o comportamento
global da estrutura é grandemente influenciado pelo seu desempenho. No entanto existem
poucas referências normativas à inspeção de ligações, maioritariamente devido ao
abundante número de tipologias de ligações com especificidades próprias.
(a) (b)
Figura 7 – Danos e patologias; (a) Rotura de elemento devido à colocação de uma cavilha;
(b) Deformação de uma asna com consequência na ligação entre pendural e linha.
Por fim, numa inspeção visual é verificado o estado de conservação da estrutura atendendo
ao seu nível de degradação (Figura 8), sendo que esta análise é frequentemente
acompanhada pelo uso de ensaios não destrutivos, tais como resistência à penetração por
impacto e resistência à perfuração controlada. Atendendo aos resultados destes ensaios,
deverá ser considerada uma seção transversal residual de forma a avaliar a perda de
resistência nesse elemento. De realçar que quando existe degradação dos elementos, devem
ser determinados os agentes de degradação e se esta é presentemente ativa.
NEW
(a) (b)
Figura 9 – Exemplos de mapas de danos; (a) Asna de cobertura [8]; (b) Alçado [9].
Em Portugal, existe um número escasso de normas que permitam aferir sobre a
classificação visual de elementos de madeira em obra, sendo que por vezes é utilizada a
norma NP 4305:1995 [10] destinada para avaliação de elementos de madeira serrada em
pinho bravo (Pinus pinaster). Esta norma estabelece duas classes de qualidade, designadas
como “E” (Estruturas) e “EE” (Especial para Estruturas), que corresponde globalmente às
classes C18 e C35 [11]. No entanto, ainda existe escassa regulamentação para espécies de
madeira de frondosas (tais como de carvalho e castanheiro) apesar de serem espécies que
foram vastamente utilizadas em coberturas, pavimentos e outros sistemas construtivos ao
longo do país.
A inspeção visual deve ser, sempre que possível, complementada por ensaios não
destrutivos de uma ou mais natureza, com o objetivo de aferir sobre determinada
propriedade que poderá ser posteriormente correlacionada com a rigidez e resistência desse
elemento. Independentemente da natureza do teste, este deverá ser o menos invasivo
possível de forma a preservar a integridade da estrutura e aparência estética dos elementos.
Devido à variabilidade, e por vezes natureza somente qualitativa, dos resultados obtidos
por ensaios não destrutivos, é necessário considerar diferentes ensaios de forma a
complementar as análises.
Nas últimas décadas, é notório o desenvolvimento de novos métodos e técnicas não
destrutivas na avaliação do estado de conservação de elementos de madeira, substituindo
ou complementado as técnicas mais tradicionais. Desses métodos, e devido ao seu uso
generalizado, destacam-se: i) resistência à penetração por impacto; ii) resistência à
perfuração controlada; e iii) uso de ultrassons (Figura 10).
O ensaio de resistência à penetração por impacto funciona através do impacto de uma
agulha de metal acionada por uma mola de força constante. A profundidade de penetração
é, em teoria, inversamente proporcional à densidade e dureza do elemento em madeira.
Devido à sua natureza, este ensaio permite somente uma avaliação superficial do elemento
e na sua utilização é necessário ter em conta a variabilidade natural da dureza da madeira.
Este ensaio pode ser complementado com o uso ao ensaio de resistência à perfuração,
sendo que este último é baseado na resistência providenciada pelo material ao avanço
constante de uma broca de pequeno diâmetro. Uma das principais vantagens deste ensaio é
possibilitar a deteção de fissuras, vazios ou degradação biológica (superficial e/ou interna),
permitindo estimar a secção residual. No entanto, somente permite a obtenção de
resultados num ponto específico da estrutura deixando também um pequeno orifício no
local do teste.
Espécie da madeira
Classificação visual
Fatores de modificação
4. DIFICULDADES
O processo de inspeção, diagnóstico e avaliação da segurança de estruturas existentes em
madeira é um processo multidisciplinar que, por incontáveis situações, encontra diversas
dificuldades. Uma delas depreende-se com o uso de códigos e regulamentos atuais para
tentar avaliar estruturas que foram construídas muito antes de estes existirem. Por outro
lado, existe ainda uma considerável falta de formação relativamente à reabilitação de
estruturas em madeira e às técnicas de construção neste material, sendo também difícil
atualmente encontrar em Portugal mão-de-obra especializada para este fim.
Outra situação perante uma obra de reabilitação de uma estrutura de madeira, e porventura
aquela que maiores dificuldades apresenta, é a correta atribuição de valores de resistência
aos elementos, assim como a definição do seu estado de conservação/degradação.
De mencionar também que por vezes o sistema de carregamento poderá não ser óbvio ou
intuitivo numa primeira análise, e alterações durante a vida útil da estrutura poderão
fortemente influenciar o desempenho atual da estrutura.
Da metodologia de inspeção e diagnóstico de estruturas em madeira, apresentada
anteriormente, deve ser salientado que embora as técnicas tradicionais referidas (inspeção
visual e ensaios não destrutivos) puderem ser utilizadas facilmente por pessoal menos
especializado, a caraterização da estrutura e de zonas críticas, compreensão do
funcionamento estrutural e planeamento das intervenções a efetuar só serão possíveis
através da análise de pessoal técnico especializado.
Na fase de verificação de segurança, é comum verificarem-se dificuldades e erros na
modelação dos elementos e da interação destes, como por exemplo admitir que as ligações
funcionem de uma forma quando estas, devido à sua tipologia e configuração, não
permitem transmitir determinados esforços. Assim, por muitas vezes, a dificuldade reside
em modelar a estrutura tendo em conta o observado em obra, e não assumindo
indiscriminadamente premissas baseadas em códigos ou normas.
5. CONCLUSÕES
Este trabalho apresentou uma metodologia de inspeção e diagnóstico de estruturas
existentes em madeira, salientado a importância de diferentes fases de análise. Especial
atenção foi dado à fase de diagnóstico por inspeção visual e ensaios não destrutivos, por se
tratarem de prática corrente, apesar de por vezes os seus fundamentos serem mal
interpretados e empregues erroneamente.
A partir dos resultados de cada uma das fases de análise foi referido como aferir o nível de
segurança da estrutura, através de diferentes métodos de avaliação.
Por fim, foram enumeradas algumas das dificuldades usualmente sentidas no processo de
avaliação de segurança de uma estrutura existente de madeira, que deverão ser mitigadas
6. REFERÊNCIAS
[1] ICOMOS, Principles for the preservation of historic timber structures. International
Council on Monuments and Sites, Outubro 1999.
[2] Yeomans D., The Engineer as Detective. The Mortise and Tenon, n.º 27, pp. 8-11,
2007.
[3] Kasal B., Tannert T., In situ assessment of structural timber. RILEM state of the art
reports, n.º 7, 2010.
[4] Cruz H., Yeomans D., Tsakanika E., Macchioni N., Jorissen A., Touza M., Mannucci
M., Lourenço, P.B., Guidelines for the on-site assessment of historic timber
structures. International Journal of Architectural Heritage,
doi.org/10.1080/15583058.2013.774070, 2013.
[5] Lourenço P.B., Sousa H.S., Brites R.D., Neves, L.C., In situ measured cross section
geometry of old timber structures and its influence on structural safety. Materials
and Structures, n.º 46, pp. 1193-1208, 2013.
[6] Kasal B., In Situ Assessment of Structural Timber: State-of-the-Art, Challenges and
Future Directions. Advanced Materials Research, n.º 133, pp 43-52, 2010.
[7] UNI 11119, Cultural Heritage - Wooden artifacts - Load-bearing structures - On site
inspections for the diagnosis of timber members. UNI, Milão, 2004.
[8] Medeiros P. Sousa H.S., Lourenço P.B., Ferreira F., Plano de reconhecimento e
inspecção do futuro Centro Interpretativo do Tapete de Arraiolos - Arraiolos.
Relatório 10-DEC/E-17, Universidade do Minho, 95 pp., 2010.
[9] Branco J.M., Sousa H.S., Silva C.V., Inspeção e diagnóstico estrutural do armazém
da estação de Foz Tua. Relatório 11-DEC/E-28, Universidade do Minho, 58 pp.,
2011.
[10] NP 4305, Madeira serrada de Pinheiro Bravo para estruturas. Classificação visual.
Instituto Português da Qualidade, 1995.
[11] EN 338, Structural timber – strength classes. European Standard, CEN, Bruxelas,
2009.
[12] Yeomans D., Saving Structures. Journal of Architectural Conservation, n.º 10(3), pp.
59-72, 2004.
[13] EN 1995-1-1, Eurocode 5: Design of timber structures - Part 1-1: General - Common
rules and rules for buildings. European Standard, CEN, Brussels, Novembro 2004.
[14] Machado J.S., Lourenço P.B., Palma P., Assessment of the structural properties of
timber members in situ: a probabilistic approach, SHATIS’11 - International
Conference on Structural Health Assessment of Timber Structures, 16-17/06/2011,
Lisboa, Portugal, 2011.
[15] Brites R.D., Neves L.C., Machado J.S., Lourenço P.B., Sousa H.S., Reliability
analysis of a timber truss system subjected to decay. Engineering Structures, n.º 46,
pp. 184-192, 2013.
[16] JCSS, JCSS Probabilistic Model Code, Part 3: Resistance models - 3.5 Properties of
Timber. Probabilistic Model Code, Joint Committee on Structural Safety, Internet
Publication: www.jcss.ethz.ch.
[17] Sousa H.S., Branco J.M., Lourenço P.B. Prediction of global bending stiffness of
timber beams by local sampling data and visual inspection, European Journal of
Wood and Wood Products, doi.org/10.1007/s00107-014-0800-1, 2014.
SUMÁRIO
É objetivo deste trabalho definir quais as melhores soluções para reabilitação ou reforço
adequados aos diferentes problemas estruturais, nos diversos elementos construtivos.
Existem várias técnicas de reabilitação e reforço, sendo importante fazer a sua distinção e
avaliar as situações mais adequadas para a sua utilização.
1. INTRODUÇÃO
2. MEDIDAS DE REFORÇO
Secção insuficiente
Deformação Excessiva
contraventamento
Deficiências de
Encurvadura
Secção insuficiente
e fendas
Empenamentos
Técnicas
Aplicação de tirantes
metálicos
Reparação de fendas em
elementos de madeira
Consolidação de nós nas
estruturas de madeira com
reforço com chapas coladas
Colocação de novas estruturas
de suporte
Reforço da ligação
pavimento-parede
Escoras de boneca
Deformação excessiva
Este problema tem origem em efeitos de fluência, colocação de peças ainda verdes em
obra, presença de defeitos na madeira ou a secção insuficiente dos elementos, podendo
resultar em roturas a longo prazo. Estas patologias podem ser limitadas ou eliminadas pela
adoção de algumas medidas preventivas:
Secagem da madeira antes da colocação em obra;
Controlo do grau de humidade e das condições de serviço previstas;
Dimensionamento efetuado tendo em conta os estados limite de utilização;
Isolamento térmico.
Nos pavimentos, é na zona de meio vão que se deteta maior apetência para o aparecimento
de anomalias, devido a esforços de flexão. Estas deformações podem ter origem em
patologias do material, variação da intensidade ou da aplicação das cargas, espaçamento
exagerado entre vigas e falha no dimensionamento das secções e tarugamento em projeto.
As deformações excessivas podem provocar danos graves na estrutura do pavimento,
afetando a sua utilização e aspeto.
As zonas de apoio são zonas favoráveis a sofrerem patologias. São zonas sujeitas a
elevados níveis de humidade que consequentemente propiciam o ataque de agentes
biológicos. Desta forma, são frequentes as reduzidas secções dos elementos, existindo
roturas ao corte ou deficiente apoio dos elementos. É fundamental intervir quando se
detetam degradações, uma vez que são zonas fundamentais para o funcionamento da
estrutura.
Empenamentos e fendas
A falha nas uniões ou a rotura dos ligadores em estruturas de cobertura podem ocorrer
devido a um mau dimensionamento, desenho incorreto ou excesso de esforços na ligação,
por carga excessiva ou alteração do funcionamento da estrutura.
As ligações são pontos críticos, embora não tenham um peso preponderante no
dimensionamento da estrutura. As coberturas antigas são frequentemente constituídas por
Deficiências de contraventamento
Encurvadura
Neste ponto, é feita uma análise das técnicas selecionadas para reabilitação de pavimentos
e coberturas.
O aumento de secção transversal dos elementos é feito pela fixação de novas peças de
madeira aos elementos originais, através de chapas ou cintas metálicas e pregos, pernos ou
parafusos protegidos contra a corrosão, colocados numa zona sã do elemento degradado,
de forma a unir os dois elementos [1]. É uma solução geralmente utilizada na reabilitação
de elementos com secção insuficiente para suportar as cargas atuantes, com fendas de
grande dimensão, roturas localizadas e degradação por ataque de agentes biológicos ou
ambientais. É importante referir que os novos elementos de madeira devem ter um teor de
humidade semelhante ao da madeira existente. As Figuras 1 e 2 ilustram formas de
aplicação deste método.
Reconstrução das vigas pela utilização de varões de reforço selados com resina
epoxídica
Uma das soluções mais utilizadas em zonas afetadas por podridão ou pelo ataque de
insetos consiste na substituição da parte degradada do apoio da viga por uma resina
epoxídica ou por um novo elemento de madeira, que se ligam à madeira sã por varões de
reforço de aço inox ou de fibras, normalmente de vidro. Este método consiste na
reconstrução da parte degradada da madeira, utilizando resina epoxídica e varões, de forma
a garantir a correta ligação à madeira sã, utilizando cofragens perdidas que, no futuro,
servirão de proteção ao fogo. Se a zona degradada for muito extensa, é feita a sua
substituição por um novo elemento de madeira, ligado à parte sã da madeira existente
através de varões de aço ou material compósito, deixando uma junta de contacto
posteriormente preenchida com resina epoxídica [1].
Esta solução é normalmente mais utilizada nos apoios, embora possa ser utilizada em
qualquer outro elemento. Os procedimentos habitualmente adotados são os seguintes:
1. Escoramento da viga ou do elemento em que se vai intervir, para posterior remoção
da parte degradada;
2. Determinação das zonas da madeira que necessitam de substituição. Remoção de
zonas degradadas, até chegar à madeira sã, fazendo-lhe uma impregnação com
resina epoxídica. Se a zona degradada for extensa, deve-se substituir o segmento
degradado por um novo em madeira (Figura 4);
3. Realização de furos e entalhes na parte sã da madeira, para o alojamento dos varões
de reforço (Figuras 4 e 5);
Em coberturas, todas as ligações podem ser reforçadas recorrendo a este método. É uma
solução de moderada intrusividade e mecanicamente eficaz (Figura 8).
Há três formas de executar esta solução: pela introdução de barras de reforço; pela
aplicação de placas de reforço internas; ou pelo envolvimento da peça com mantas, tecidos
ou laminados FRP. A introdução de barras de reforço consiste na ligação de duas partes
separadas de um elemento por meio de varões de reforço em aço inox ou FRP, através de
uma resina epoxídica. A rigidez do elemento reforçado aumenta, diminuindo as suas
deformações. A aplicação de placas de reforço internas seladas com resina epoxídica,
conferem uma grande rigidez à ligação. Este método consiste na execução, a partir da face
superior, de aberturas para alojamento das placas, com posterior aplicação da resina
epoxídica e introdução das placas de reforço, normalmente em aço, mas podem ser
também em materiais compósitos (ver Figura 9).
Os procedimentos a seguir neste método são os seguintes (ver Figura 9):
1. Eliminação da parte degradada da madeira ou consolidação com uma resina
epoxídica;
2. Execução das aberturas para alojamento das placas, com o cuidado de assegurar
uma profundidade regular e de evitar desvios;
3. Colocação de uma chapa de apoio sobre a parede para que a carga concentrada das
placas não provoque o seu corte ou esmagamento local. Introdução das placas de
reforço, de aço ou de materiais compósitos;
4. É possível colocar peças de madeira ou resina a recobrir as placas, com dupla
função, estética e contra o fogo.
Figura 9 – Reforço com placas internas seladas com cola epoxídica (adaptado de [8]).
O envolvimento do elemento a reforçar com mantas, tecidos ou laminados FRP consiste
num reforço por cintagem, em que o compósito, mais frequentemente fibra de vidro, é
colado em torno do elemento a reforçar, de forma aumentar a capacidade resistente da
madeira e de confinar a secção que apresente fendas ou outros defeitos [9]. Esta é uma
técnica muito utilizada para reforçar localmente as zonas de ligação mecânica das
estruturas de madeira, que são normalmente executadas com recurso a chapas metálicas
fixadas por cavilhas, pregos ou parafusos de porca [10].
Esta solução pode ser complementada com uma treliça horizontal, fornecendo ao
pavimento uma maior rigidez no plano. Esta estrutura é obtida pela fixação de uma
cantoneira metálica às paredes de alvenaria que, por sua vez, se liga às vigas de madeira e
às chapas metálicas do pavimento. Posteriormente, um sistema de chapas diagonais é
soldado à cantoneira metálica perimetral, de forma a completar a treliça. Este sistema de
reforço é usualmente coberto por um novo soalho (Figura 12).
Figura 15 – Reparação de fendas com cola epoxídica e varões de reforço (adaptado de [7]).
A utilização de chapas metálicas tem como objetivo principal reduzir e evitar a propagação
de fendas existentes no elemento de madeira. As chapas são colocadas paralelamente ao
plano da fenda nas faces opostas do elemento a reforçar, e ligadas por parafusos de porca
(Figura 16). Esta solução permite uma maior continuidade do elemento e um aumento da
sua rigidez. Com a aplicação de chapas de maior dimensão é possível reforçar mais que um
elemento estrutural ao mesmo tempo. É um método com algum impacto visual, podendo
ser inconveniente em pavimentos que estejam à vista. Para que o sistema funcione é
importante apertar com regularidade os parafusos, o que se torna pouco prático [3].
Os perfis metálicos são utilizados na mesma perspetiva que as chapas metálicas, embora
sejam colocados lateralmente aos elementos de madeira, provocando um aumento da
secção útil das peças. São ligados ao elemento de madeira através de parafusos ou pernos
(Figura 17).
Consolidação de nós nas estruturas de madeira com reforço com chapas coladas
Figura 18 – Reforço de nós nas estruturas de madeira com chapas coladas (adaptado
de [8]).
É uma solução eficaz, no entanto aumenta a espessura do pavimento, não sendo de possível
aplicação em todos os casos. A nova viga de reforço passa a receber grande parte da carga
do pavimento, provocando a necessidade de reforço nos apoios desta na parede de
alvenaria. É possível usar perfis metálicos em vez de vigas de madeira. Os perfis são
colocados transversalmente às vigas do pavimento e apoiados nas paredes ou em outros
perfis colocados paralelamente às vigas.
Por vezes surge a necessidade de substituir todo o pavimento. No entanto, e para manter o
valor patrimonial do edifício, mantém-se o pavimento antigo, apenas com função estética,
e faz-se a alteração funcional do edifício, pela instalação de uma lajeta de betão.
A substituição funcional recorrendo a uma lajeta de betão armado é aplicada quando se
quer conservar a vista inferior da estrutura, mesmo que as vigas do pavimento se
encontrem degradadas e com grandes flechas. Consiste na construção de uma lajeta de
betão armado, com espessura entre os 8 e os 15 cm sobre o pavimento de madeira,
utilizando o soalho como cofragem perdida (Figura 20). Segundo Branco [12], as
principais vantagens desta solução são o aumento da capacidade de carga em relação ao
original, aumento da rigidez à flexão e o aumento do funcionamento como diafragma.
Aumenta, também, a espessura do pavimento, no entanto, o nível de vibrações diminui, o
isolamento térmico e acústico aumentam de forma considerável, tal como a resistência ao
fogo. É um método fácil e económico de implementar em obra.
As principais desvantagens estão relacionadas com o significativo aumento de peso e altura
do pavimento e com a complexidade na execução das ligações entre a laje e a parede e
entre o betão e a madeira. A questão das ligações é fundamental, na medida em que a sua
má execução pode provocar danos graves na estrutura do pavimento, da mesma forma que,
se não houver solidarização estrutural, a lajeta de betão funcionará apenas como massa
adicional, não contribuindo para a resistência do conjunto.
Esta solução, descrita por Appleton [13], consiste na aplicação de um novo soalho
perpendicularmente ao existente. No entanto, para facilitar a aplicação, o soalho existente
tem de estar devidamente nivelado. É um método que melhora o desempenho estrutural do
pavimento, embora só seja possível aplicar em alguns casos, uma vez que aumenta a cota
do pavimento.
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
4. AGRADECIMENTOS
Este trabalho insere-se nos objetivos do comité RILEM TC 245 RTE Reinforcement of
Timber Elements in Existing Structures. Não posso ainda deixar de agradecer aos meus
alunos pela cedência de imagens.
5. REFERÊNCIAS
SUMÁRIO
A madeira tem feito parte das construções, ao longo dos tempos. Como material natural e
acessível que é, tem sido aplicada nos vários elementos construtivos e com as mais
variadas funções, desde a função estrutural, à de compartimentação de espaços, à
decorativa, entre outras.
Na época em que nos encontramos, numa grande sensibilização para os problemas
ambientais e de sustentabilidade é importante refletir sobre o tipo de intervenção a fazer e
os materiais e técnicas a utilizar, desde as tradicionais às novas tecnologias.
Numa construção deve ser analisada a sua génese construtiva, decidindo, a partir daí, o tipo
e grau de intervenção a fazer, seja de manutenção dos sistemas pré-existentes, seja
recorrendo a outras técnicas. Para isso é fundamental o conhecimento das técnicas
tradicionais de construção em madeira e da sua aplicabilidade, a par das novas tecnologias,
com respeito pelo definido nas cartas internacionais em vigor.
Contudo, para que uma intervenção seja bem sucedida é necessária uma equipa de
profissionais qualificados, que abarquem todas as especialidades em causa, desde os
projetistas aos que executam o trabalho com o seu saber, passando por arqueólogos e
historiadores. Essa equipa deverá interagir entre si, de forma a garantir que o processo
corra bem. O projeto de execução é, a este nível, o começo de todo o processo. Durante os
trabalhos de intervenção, surgem frequentemente muitos dados novos, muitas surpresas,
que irão condicionar a solução final.
Apresentam-se neste artigo alguns casos de estudo, de intervenções em alguns edifícios
representativos portugueses.
Uma grande parte das construções do nosso património forma feitas empregando madeira,
sendo muitas delas, quase exclusivamente constituídas por este material.
A sua aplicação teve a ver com vários fatores, como a disponibilidade de materiais de
construção existentes numa região, a sua facilidade de transporte, o tipo de edifício e a
classe social dos proprietários, o grau de conhecimento, entre outros fatores.
Na intervenção em edifícios confrontamo-nos muitas vezes com situações limite, em que é
necessário optar por uma solução. Muitas vezes estamos na presença de operações simples
(a) (b)
3. AS LIGAÇÕES
Ao longo dos tempos tem havido vários tipos de conexão entre as várias peças de madeira,
desde as ligações madeira/madeira, até às peças metálicas.
Na sua essência os sistemas em si mantêm-se, para além dos novos pormenores, resultado
da evolução do conhecimento e da investigação em novas técnicas (Figuras 3 e 4).
(d)
(e)
(f)
(g) (h)
A intervenção neste tipo de estruturas poderá ser feita em vários níveis, consoante o seu
estado de conservação ou alteração, as características arquitetónicas e a sua autenticidade.
De uma forma geral, poder-se-ão considerar vários níveis de intervenção, desde a menos
intrusiva, como reparação pontual de uma pequena parte, até à substituição integral, em
casos extremos de degradação, ver Tabela 3. Numa intervenção deste tipo, muitas vezes
não há uma única solução.
Contudo, como foi já referido neste texto, os trabalhos de intervenção definitivos são
sempre pensados na fase de obra, com uma equipa multidisciplinar, que entenda o
Património e os seus problemas e responda com boas soluções aos imprevistos que sempre
surgem nestas intervenções (Figura 6), ver Tabela 5.
Figura 6 – Alguns aspetos do tratamento das estruturas de madeira; (a) Medição do teor de
humidade; (b) Desbaste de podridões; (c) Pulverização com produto xilófago;
(d), (e) e (f) Injecção com produto xilófago.
Serão abordados de seguida alguns casos de estudo. A abordagem não será exaustiva,
abrangendo a totalidade das intervenções. Serão focados, em cada caso, apenas alguns
casos de realce, tendo sido escolhidos vários contextos diferentes. Serão analisadas,
sumariamente, as possíveis causas das anomalias, o enquadramento arquitetónico e
histórico e as soluções encontradas, ver Tabela 6.
Figura 7 – (a) Casa Barbot; (b) e (c) Escoramentos; (d) “Faccing” na face de pintura mural;
(e) e (f) Escoramentos; (g), (h) e (i) Estrutura de madeira, após remoção do revestimentos,
na face revestida a azulejo; (j) Ligador após tratamento; (l) e (m) Ligadores em aço
inoxidável; (n) e (o) Estrutura da parede após intervenção; (p) e (q) Revestimentos pelas
duas faces.
(a) (b)
Figura 8 – (a) Parque da Boavista; (b), (c) e (d) Cobertura antes da intervenção; (e)
Reconstituição da cobertura primitiva.
(a) (b)
(a) (b)
(c) (d)
(e) (f)
(g) (h)
Figura 10: (a) a (d) Antes da intervenção; (e) e (f) Durante a intervenção; (g) e (h)
Compartimento antes e depois da intervenção.
7. REFERÊNCIAS
[1] Cóias V., Inspeçoes e Ensaios na Reabilitação de Edifício, Lisboa, IST Press, 2006.
[2] Cóias V., Reabilitação Estrutural de Edifícios Antigos, Lisboa,
Argumentum/GECoRPA, 2006.
[3] Appleton J., Reabilitação de Edifícios – Patologias e Tecnologias de Intervenção
Lisboa, Edições Orion, 2003.
[4] Paula R.F., Cruz H., Reabilitação pouco intrusiva de vigas de madeira – um caso de
estudo, 2º PATORREB, Porto, 2006
[5] Cruz P.J., Negrão J.H., Branco J.M., A Madeira na Construção. CIMAD 04 – 1º
Congresso Ibérico A Madeira na Construção, 25-26/03/2004, Guimarães, Portugal,
2004.
[6] Adam J.P., La Construction Romaine, matériaux et techniques, 1989.
[7] Chudoba, M., On Wood Joints in Construction. Meri-Lappi Institute, University of
Lapland & University of Oulu
SUMÁRIO
Figura 1 – Centro de Apoio ao Visitante do Castelo dos Mouros – Parques de Sintra Monte
da Lua.
A criação do núcleo de apoio ao visitante decorreu da inexistência de qualquer estrutura de
apoio no interior do castelo e à necessidade da musealização do conjunto de modo a
O Castelo dos Mouros, construído no topo de um dos cumes rochosos mais altos da Serra
de Sintra, localiza-se no interior da Paisagem Cultural de Sintra, classificada pela
UNESCO como Património Mundial (1995), e é um dos símbolos mais significativos da
ocupação muçulmana da Península Ibérica. Figura 2.
(a) (b)
(c) (d)
Figura 4 – (a) Alcáçova; (b) Antigas cavalariças; (c) Cisterna; (d) Igreja S. Pedro
Canaferrim.
Na muralha exterior existem duas portas: a que permite o acesso através da Calçada da
Pena e a que dá acesso para quem vem a pé da vila de Sintra por Santa Maria.
1.3. O projecto
Obviamente o conceito de transitório é alterado por uma visão mais alargada do tempo, ou
por um entendimento não relacionado com a escala humana desse mesmo tempo. A
realidade ou o tempo correm em ritmos diferentes, esta percepção leva-nos a entender que
o tempo do programa definido para este espaço funciona num ciclo temporal que embora
se considere longo em termos humanos será muito breve quando comparado com o tempo
de vida do castelo, ou com os ciclos naturais mais longos.
Esta ideia de transitório foi materializada pela utilização de componentes e métodos
construtivos que não agredissem a envolvente e que fossem passíveis de remoção e
reciclagem. A procura de minimizar ao máximo os pontos de contacto foi também um
factor importante.
A opção tomada foi a de criar um conjunto de edificações sobrelevadas sobre estacas e
interligadas por passadiços acima do solo, constituídos sobretudo por rampas de modo a
permitir a acessibilidade de um modo mais abrangente e fluído.
A ideia da utilização na construção de madeira proveniente dos abates de limpeza das
matas dos Parques de Sintra surgiu numa das visitas ao local quando se procedia a esse
trabalho e veio reforçar conceptualmente e materialmente a ligação ao local que se
pretendia. A materialidade dos objectos construídos seria uma reinterpretação da
envolvente natural.
Um momento em particular revelou-se crítico neste processo e pôs à prova todas as nossas
opções. Foi, curiosamente, na data combinada para a entrega do projecto de execução que
fomos informados dos achados nas escavações arqueológicas. Entre eles encontravam-se
os silos e o paramento de alvenaria de pedra que nos “retiravam o chão” na zona da
cavalariça Norte.
Surgia no entanto a oportunidade perfeita para dar ao visitante um local onde se pudesse
assistir à génese da existência do Castelo, onde as diferentes camadas que o compõem e
que mostram as distintas ocupações ao longo dos tempos eram visíveis, uma câmara onde
se viajasse no tempo e onde o visitante poderia vislumbrar a História.
A primeira consequência foi a que o conjunto de estruturas situadas na cavalariça Norte
perdia a localização dos pilares que as sustentavam porque conflituava com a localização
dos achados, a segunda foi que a fragilidade da rocha onde se situavam os silos obrigava a
que o local fosse abrigado dos elementos, sobretudo das águas pluviais que poderiam levar
à completa desagregação dos silos.
Perante este cenário vimo-nos obrigados a fazer desaparecer todos os elementos que
constituíam o piso 0 da cavalariça norte para dar lugar ao novo espaço expositivo. A
solução encontrada foi a de – literalmente – seccionar esta zona e introduzir uma
plataforma que servisse de cobertura a essa área. Por baixo correria um passadiço que
permitiria a visitação a este novo espaço.
Estes achados colocaram ainda um outro desafio que até agora tinha sido evitado, a criação
de uma cobertura completa numa das áreas da intervenção, que implicava um contacto
linear continuo com a muralha para a recolha das águas da chuva. Esse contacto tinha
ficado limitado até então a um único ponto. A solução encontrada passa pela introdução
um rufo de zinco inserido nas juntas dos blocos de pedra que constituem as muralhas
evitando qualquer dano permanente às alvenarias, sendo que as massas das juntas também
irão passar por um processo de reabilitação. Esta abordagem quase cirúrgica foi a forma
encontrada de garantir que as muralhas não seriam perfuradas.
(a)
(b) (c)
(d) (e)
(f) (g)
Figura 5 – (a) Centro de apoio ao visitante – vista geral; (b) Acolhimento e loja;
(c) Passadiços e volumes; (d) Vista geral; (e) Antigas cavalariças; (f) Igreja S. Pedro
Canaferrim – vista geral; (g) Interior.
2. AGRADECIMENTOS
3. REFERÊNCIAS
[1] Sousa M.J., Castelo dos Mouros, Revista Património, n.º 2, 2014.
SUMÁRIO
1. PONTO PRÉVIO
Vivo numa casa do final do século XIX, no Porto que reabilitei em 2008. Confesso que na
questão da construção e particularmente da habitação tenho uma envolvente muito
conservadora onde as casas vão passando de antepassados para as novas gerações que por
sua vez fazem todos os esforços para transmitir esse legado às gerações vindouras. O artigo
que aqui apresento, longe de ser um artigo académico, é uma reflexão sobre a minha
experiência na área de Restauro e Reabilitação de Edifícios.
2. INTRODUÇÃO
Faço a ressalva quanto à questão da habitação porque entendo que, como profissionais e
principalmente como teóricos, nos princípios que defendemos, é fácil distanciarmo-nos do
verdadeiro objectivo do nosso trabalho, a construção de espaços eficazes, em equilíbrio
com os seus habitantes.
1. Numa vertente global na medida em que os recursos de que dispomos não são
infinitos,
2. Consciência sobre a paisagem uma vez que a sua diversidade está inversamente
relacionada com a quantidade de construção que produzimos.
3. Económica na medida em que começando pelo valor do solo até aos recursos que
são aplicados na construção de uma habitação nova a diferença de custo é
geralmente significativa.
4. Histórica na medida em que cada construção contém um património histórico
indissociável, contado pela sua localização, construção ou uso conhecido e passível
de ser lida nos elementos construtivos que a compõem. Lembro aqui a importância
que ultimamente têm ganho os centros históricos das cidades que se revelam
Museus abertos à custa da reabilitação cuidada do seu parque imobiliário e que
Guimarães é um exemplo pioneiro no nosso país.
5. Cultural, uma vez que a construção está intimamente ligada ao quotidiano dos seus
habitantes, é por eles criada e transformada de acordo com a sua cultura
contemporânea.
Figura 4 – Casa Raquel Guimarães (Guimarães 2005/13) Acessos durante a Obra e após a
intervenção.
Antes de mais, pela capacidade que temos hoje de recuperar edifícios em elevado estado de
degradação, com técnicas apuradas trazendo-os para a actualidade em todo o seu esplendor
artístico e construtivo. Este só por si poderia ser um argumento determinante, mas durante
a minha prática profissional tenho experimentado algumas formas de intervenção com
alguma surpresa enquanto aos seus resultados.
A utilização de métodos tradicionais de construção permite recriar sobre o original,
ambientes, texturas e mesmo sensações que contribuem para o ambiente geral da Obra.
Trata-se muitas vezes de aspectos que não são reproduzíveis por fotografias, mas apenas
pela experiência tridimensional e acima de tudo sensorial. Falo da aplicação ou restauro de
materiais tradicionais que imprimem na obra um aroma ou um determinado equilíbrio
higrométrico muito distinto (não quero aqui fazer distinções de valor).
Por exemplo a aplicação de tintas à base de óleo de linhaça, cujo aroma permanece por
alguns anos realça a expressividade do edifício através de um sentido pouco comum (ou
pouco estudado) na área técnica: O olfacto. Mas os exemplos não param aqui. A madeira
de riga imprime nas construções também um aroma característico e mesmo o pinho com o
seu aroma a resina seca é capaz de despertar a memória de alguma casa antiga acabada de
reparar por onde passamos.
Por outro lado as estruturas tradicionais de madeira revelam-se muito equilibradas
permitindo a transferência de vapores e temperaturas dentro do edifício resultando num
ambiente muito uniforme. A própria superfície de uma parede em tabique com uma pintura
caiada pode revelar texturas inusitadas que se deformam com o tempo através de pequenas
intervenções ou do próprio movimento do edifício criando dessa forma a sua própria
narrativa.
6. AGRADECIMENTOS
Aos proprietários das habitações descritas no artigo e durante o seminário nas pessoas da
Prof. Dra. Raquel Guimarães e Prof. Dr. Jorge Pedrosa.
7. REFERÊNCIAS
ABSTRACT
The topic of the restoration of historical timber structures is actually very important and it
is still susceptible to possible improvements and enhancements, especially considering the
numerous mistakes that were made in the past years as a result of a certain superficiality
and also of the enthusiasm created by the advancement of knowledge in the field of
chemicals products such as epoxy resins or resin shotcretes. From an initial
experimentalism, not properly governed by appropriate standards, specific rules have been
created together with the definition of new concepts concerning wood restoration,
especially with regard to the fields of reversibility and compatibility of materials. The
designers, both as regards to the timber floors and roofs, now have several possibilities of
intervention such as substitution, restoration, collaboration between existing structures, but
specific rules and criteria are needed with the aim of satisfying modern structural safety
requirements and conservative restoration principles.
1. INTRODUCTION
Problems related to the recovery of historical elements, buildings or parts of them, draw
attention to which should be the main criteria to be taken as a basis for planning
interventions. Is it correct to think of replacing parts with new ones, preserving or
integrating them? And how could they relate the preexisting?
In the restoration of historical timber as in historical building, actually, the main criteria to
follow should be the conservation. Some general values concerning the building such as
the original design concept or the construction techniques are cultural values to be
preserved especially for monument or building with recognized artistic value.
The maintenance of such values has become a topic of considerable interest, so much that
the focus of the regulations has gradually moved towards this area. This also was made
with the aim of putting a limit to the empirical experimentalism of the half of the last
century that caused extensive damage, often associated with the use of inappropriate
materials of which designers and contractors did not yet know the full extent of use.
Many damages have been done between the seventies and eighties by the use of resins on
stones and sculptures without any prior verification or survey; resins that are now difficult
or in some cases impossible to remove. These issues introduce concepts of reversibility and
compatibility of materials that today can not be underestimated.
The mandatory regulations have introduced the concepts of preservation following this
direction and have formulated criteria for intervention that highlight the survey phases of
the building, giving them the necessary importance.
Is worth pointing that the best recovery, for the purpose of durability, is not always that of
the act if the necessary preliminary studies established the possibility of maintaining the
"status quo" unchanged.
The issue of recovery of the wooden elements came back to this field and should be
approached with the same premises. Even in this field the initial experimentalism led to
interventions that in many cases caused the lost of the original signs of the historic building
or element. Just think of the widespread use of implants made with epoxy resin to rebuild
heads trusses or deteriorated head beams. In these cases we have lost not only the original
formal identity but have also failed criteria of material compatibility and future
reversibility. The issue of the recovery of timber structures is intrinsically linked to three
factors: the material, the structure and the construction details. The joint of these three
elements contributes to the creation of the work itself, which can be found used together in
structural wooden floors or roof structures such as trusses.
While in many traditions of northern Europe and of overseas countries such as United
States or Canada, wood fully contributes to the definition of the building as it is present
both in vertical and horizontal structures, in Italy, where the traditional use of the
masonries, beginning from the Roman period, is of prime importance; the wood has always
been mainly used for horizontal structures as floors or roofs. This is especially true as one
considers monumental buildings or with artistic value where significant structural capacity
of wood, related to the specific weight, have always been used with success.
A frequent occasion for upgrading timber structures is now offered by the need of seismic
strengthening. In case of wooden roofs, with or without wooden trusses, the problem of
the intervention on the nodes is considerably complex, both from a structural and formal
point of view especially considering the future reversibility. Even in the context of the
recovery of wooden structures one may unfortunately notes that the above experimentalism
of the seventies, eighties led to the loss of a significant cultural heritage due to complete
replace of deteriorated elements. The complete replacement of parts of the wooden
elements was due to several factors: the shortcomings of laws, lower cost of operation due
to substitution with respect to the restoration but especially the lack of knowledge,
sensitivity and cultural heritage of designers and owners.
At present, much remains to be done; assessment of existing wood is a big issue, and it's
not completely solved especially with regard to reinforcement methods that are not purely
aimed at obtaining the mere structural performance but also oriented to concepts of
compatibility and reversibility. It's also necessary to include the possibility of a static
downgrade of the structural element (floor or beam) if this contributes to the preservation
of the same.
In conclusion, the assessment of existing wooden structures appears as a delicate search for
a compromise among affordability, historical, artistic and technical.
In this paper, criteria that can be used as rules of interventions of assessment will be
analyzed together with the main restoration systems of historic floors and roofs in full
compliance with prior discussions.
2. NORMATIVE FRAMEWORK
Aware of the fact that the restoration project is based on a balance between use and
conservation, the subsequent Restoration Charter of Krakow 2000 [5] widened the
purposes and principles of the restoration by developing new conceptual tools for the
transmission of cultural heritage respecting its authenticity and extending them to
multidisciplinary fields. Section 10 of the Charter of Krakow reports: "The role of the
techniques in the field of conservation and restoration is closely related to interdisciplinary
scientific research on specific materials and technology specifications used in the
construction" (..) The intervention selected must comply with the original function and
ensure compatibility with the materials, textures and architectural values (..) When the
application of new techniques in situ is particularly important for the preservation of the
original element, it is necessary to provide a continuous monitoring of the results obtained,
taking into account their behavior over time and the possibility of any subsequent
reversibility".
The complete reversibility of the products applied or of the interventions are also reiterated
in the latest standards of the Italian Ministry for Cultural Heritage "Risk Map of Cultural
Heritage" in 1995 and Legislative Decree 22/11/2004 n ° 42, "Code of cultural heritage
and landscape" which define guidelines, technical standards, criteria and intervention
models for programmed maintenance of cultural heritage.
Summarizing, the objective of restoration is to operate on the historical building in such a
way that what is done at a certain time for a recovery may be subsequently removed -
avoiding as much as possible too innovative techniques and excessive changes - for further
interventions. This concept of restoration and reversibility is indeed substantially similar to
what was declared in the directives expressed by 'Institutional Council on Monuments and
Sites (ICOMOS)[6] at the conference "Principles for the conservation of ancient wooden
structures", which states that interventions should be or completely reversible or at least
not such as to impair or prevent further action in the future when they become necessary
again. From these principles it is clear the opportunity to define gradually reversibility in
both the design phase as operational phases.
While it is true that the objective which you tend is not easily accessible, on the other hand
it is essential to evaluate, for each action, the level of reversibility that is reasonably
achievable [7]. Furthermore, the Italian Standard UNI 11138:04 [8], presents criteria for
the preliminary evaluation, planning and possible execution of conservation, and
maintenance and restoration of wood structures in buildings of cultural, historical, and
artistic interest. In cases where we should not expect to get a total intervention of recovery
or restoration,, or also preliminary to the intervention itself, it is useful to consider the UNI
11119:04 [9] concerning structural diagnosis of the timber elements which gives
information related to the assessment of the conservation status of the artifact and
guidelines on how to achieve the necessary knowledge of the damaged or decayed
elements.
Completing the context, also the other Italian Standards UNI 11118:04 [10] and UNI
11161:05 [11] should be considered. They establish, respectively the criteria for the
classification of wood species and guidelines for the conservation, restoration and
maintenance of wooden element. Moreover, with reference to the possible types of
restoration available for a specific element or building, surely the designer must correlate
the structural safety of the element together with it's historic value which usually is
preserved by restrictions imposed by the supervisors for the cultural heritage.
of this rule is the reinforcement of heads of trusses realized applying a metal cage with
steel bars ad bolts that increases the stiffness and capacity but block rotations of the
element.
III) The partial or total replacement of a deteriorated wooden element can be carried out if
no artistic value is present. In this case designer should use wooden prosthesis of the same
wood species as the existent one. The current practice of past years of using concrete and
epoxy resins, as already indicated in the introduction, should be avoided. For this reason,
the use of epoxy resins is to be expected only to allow the anchoring of the prosthesis to
the existing wood with steel of fiber bars (Figure 1).
(a) (b)
The restoration works that could be performed on a wooden structure can be summarized
as:
- Reinstatement of material;
- Restoration of structural continuity;
- Restoration of structural functionality;
- Strengthening of structures with mixed structures (timber-concrete or timber-timber).
Generally, the reintegration of material and structural continuity should be performed with
materials similar to existing ones, restoring the original joints using traditional structural
models. For this purpose, it is desirable to use, as much as possible and according to the
static actions, simple connections using wooden or metal elements, as the traditional ones.
The use of resins should be admitted specifically in seismic contexts and limited to specific
adhesives for wood. In this area of intervention one of the most used technique is the
replacement of decayed items with wooden prosthesis connected to the existing ones by
means of fiber, carbon or steel bars. The types of interventions are the most varied:
connections can be lateral sides, upper / lower sides, internal or external, all as regards to
floor beams or trusses (Figure 2).
(a) (b)
Figure 2 – Example of interventions using connections; (a) Lateral side; (b) Inside the
section.
The bars are inserted into the wood in the same manner in which they are embedded in
reinforced glulam. They usually are positioned at the upper and at the bottom side of the
section, so as to fully restore it and delegating to the bars the function of restore the
structural continuity of the element. Although the technique is widely used , there are
aspects that still need to be investigated further. The behavior of the glue, for example,
introduces a structural elastic-brittle in the ultimate behavior of the section whilst the
reversibility and compatibility has yet to be studied at all.
With regard to the restoration of the functionality of the wooden structure, it is necessary to
analyze it in the same original structural context, because it can considerably contributes to
the overall static of the entire building. The analysis should define the contribution offered
to the global static by the investigated element, both in the actual state but especially in the
future arrangement, also considering the global actions that will be present in the future
and defining appropriate interventions such as supplementary connection of the wooden
structure to the perimeter walls with metal connections and wall-plates.
Interventions that use mixed structures mainly concern the wooden floors [12]. In this
area, the strengthening of timber structures is more documented. The reinforcement is
normally reached adding a slab to the beams. The slab can be realized using concrete,
wood or plywood that are joined to the underlying beams by means of metal connectors
and epoxy resin (Figure 3).
(a) (b)
Figure 3 – Example of interventions using mixed structures (slabs); (a) Concrete slab; (b)
Plywood slab.
This strengthening intervention, widespread in the past, today must be carefully assessed if
one consider the new mandatory regulations, as it induces increases in stiffness and
suspended masses, especially in the case of reinforced concrete, which can be deleterious
to the global static in the case of seismic actions. At present, research is evaluating
alternative solutions of the mixed structure with particular regard to the compatibility of
materials with existing structures even at the expense of the absolute performances
technically achievable by the system.
5.1. History
The church of "Santa Maria Assunta", called "Pieve", is located in Cavalese (Trento) and is
considered, from the local citizens one of the most important historic buildings of the
region. The building has a symbolic role: it is the place that preserves the memory of the
historical events of the community in the valley (Figure 4).
The plant consists of a nave with cross-vaulted ceiling, two aisles symmetrical with acute
ribbed vault and a span with additional vault. There are also two side chapels covered by a
dome.
On the opposite side is located the choir with the organ. Of the same period is the minor
sacristy, the volume of which protrudes from the northern prospect. The present apse was
built in the eighteenth century, built to replace the old one. The belfry was built later and is
built on a building dating back to previous centuries.
The sacristy, built in the same period, is located south (Figure 5).
On April 29, 2003 the church was affected by a disastrous event which resulted in the total
destruction of the wooden roof. In addition to that, also the static ad architectural
arrangements of the building has been significantly altered consequently to a large fire.
The original trusses, together with the roof structures such as tables and wooden mantle,
went entirely destroyed, collapsing on the vaulted structures below. This fact has led to a
considerable heating and consequent damage of the masonries.
The structural stability of the building was altered, as well as the integrity of architectural
elements such as paintings or frescoes (Figure 6).
(a) (b)
Figure 6 – The progression of the fire; (a) The roof; (b) Firemen in action.
As usual in these events, it has been activated a set of preliminary investigation and
surveys that highlighted the need to put in place temporary structures in order to avoid
possible collapses of the walls. Simultaneously specific scaffolding and a provisional cover
were prepared with the dual purpose, firstly to allow a thorough investigation and
inspection of damaged elements and secondly to provide a shelter of the vaulted structure
below the roof destroyed in order to avoid further damage due to the arrival of the winter
season (Figure 7).
(a) (b)
As a result of the fire the entire wooden roof of the building has been lost, with the
exception of the roof of the tower, too high to be affected by the flames.
The operations of the reconstruction of the wooden roof, designed in a critical way, had to
be aimed at the restoration of the identity of the building as well as to the initial impact of
architectural figurative, restoring, as far as possible, the original core values. This meant,
for example, a critical selection of possible technical solutions, trying to keep the
distinctive historical and aesthetic characteristics and following the criteria of reversibility,
compatibility and minimum intervention probable.
All these things aimed at sustainability and conservation of wooden structures. Operating
in this way it was possible to restore the original form of the old roof and ensure
compatibility with the historical artifact.
Most of the preliminary analysis has been devoted to the study of materials and their nature
and deterioration, as well as the determination of the geometry of the roof construction that
has been lost.
Preliminarily the main characteristics of the wooden elements of the roof have been
identified. The remaining original wooden beams of the trusses were analyzed by
dendrochronological investigations according to UNI 11141:04 [13]. This survey, based on
the study of the growth rings of wood, covered 19 wheels, chosen among the samples in
better condition.
The wood species identified were three: Larch (Larix decidua), Spruce (Picea abies) and
pine (Pinus sylvestris section). Using the analysis of the samples it was possible to
determine the date of felling of trees which happens to be between 1544 and 1607 A.D.
(Figure 8).
(a) (b)
(c) (d)
The next step involved the determination of the geometry of the original nave's trusses.
There were no geometric surveys and the only sources were some photographs of the
interior of the roof. An extensive geometrical and typological survey was conducted on the
surrounding churches of the same period to identify similarities.
Figure 9 – Different typologies of trusses analyzed in churches in the nearby areas; (a)
“Nostra Signora” in Egna; (b) “Santi Martiri” in Sanzeno; (c) “San Giovanni” in Vigo di
Fassa.
As different geometries have been found, the research did not exhausted the doubts, but, in
spite of this, the survey allowed designers to verify the details of the structural nodes and
the overall structural configuration.
Tree roofs of churches were analyzed: “Nostra Signora” in Egna (second half of the 15th
century, first half of the 16th century), “Santi Martiri” in Sanzeno (15th century) and “San
Giovanni” in Vigo di Fassa (latter half of the 15th century) (Figure 9).
In Sanzeno and in Vigo di Fassa, scissors braced trusses are used to cover the vaulted nave,
while in Egna the rafters are braced only by collar beams. All the trusses are closely spaced
(about 90-100 cm). The spatial bracing system is provided either by boarding or by wind
braces in the plane of the roof. In "Pieve di Cavalese" two type of trusses are designed: the
first, called "type A", in which the rafters are connected with three horizontal beams in
order to reduce the sagging. The structure is then completed by perimeter structures, in the
form of triangles, providing support to the lateral walls. The second typological truss,
called type ‘B’, is a scissor truss. Horizontal beams are also present at two levels. Scissor
trusses were commonly used in roof framing to accommodate interior vaulting, domes and
coves, or whenever the center of the ceiling beneath was designed to rise higher than the
wall plates of the building (Figure 10).
(a) (b)
Figure 10 – Different typologies of trusses; (a) Type "A"; (b) Type "B".
A third truss completes the series of the main trusses. It rests on the horizontal beams and
on wooden pillars and supports the longitudinal bracing system (Figure 11).
(a) (b)
Figure 11 – Roof schemes; (a) Assembly of three type of trusses; (b) General view of the
roof.
(a) (b)
Figure 12 – Static analysis of the new roof; (a) Specific; (b) Global.
(a) (b)
(a) (b)
Figure 14 – Designing the new joints: (a,b) The traditional carpentry joints reinforced by
double-threaded screws.
(a) (b)
The material used for the new trusses is ‘duo-glued timber’, that can be considered and
graded as massive wood. This material is obtained using two or three sections of a wooden
beam glued together as it is done with a glulam. Using this solution, the external part of the
original beam, correctly dried (12% U.R.), is rotated and positioned inside the section of
the new element permitting to the core of the beam, now positioned on the external side, to
reach a correct drying as the internal one did. The advantages of this material are: stability
against humidity variations, absence of cracks in time, general high quality due to a very
accurate production. The same species of the original timbers, that is Larch (Larix decidua
Mill.), as proven by the dendrochronological analysis, has been used. The choice of this
species, one of the ones with the higher mechanical properties and durability, has been
realized also for the importance of the original roof of the building. The presence of some
elements in spruce and pine, as some wall-plate beams, let assume that these species, less
valuable, they were used for elements of "sacrifice", which precisely those in contact with
the masonry and thus more easily perishable. The roof partly rests on the central pillars and
partly on the external walls. In these areas a wall-plate is needed for static reasons and with
the aim of connecting all structures together. Traditionally this element is made of wood
but, in this case, it performs the only function of connecting element between the truss and
the vertical wall and it is not able to reacts effectively to horizontal stresses due, for
example, to an earthquake. For this reason, today, concrete castings are used (where
permitted) or metal structures made of stainless steel profiles positioned so as to offer
maximum strength in the direction perpendicular to the plane of the walls. The connection
of these metallic elements with the underlying masonry is realized with metal connectors
anchored with epoxy resins. In this recovery, a kind of innovative wall-plate has been
experienced. It consists of wall-plates realized with Armalam ® trusses. Such material is
made by inserting steel or carbon rods within a section of glulam arranging them at the
sides of the reagent section so as to significantly increase the load bearing capacity of the
element (Figure 16).
(a) (b)
(a) (b)
Figure 17 – Wall-plates: (a) Use of Armalam ® trusses for wall-plates of the dome; (b) Use
of Armalam ® trusses for wall-plates on the walls of the aisles.
The trusses rest on Armalam® wall-plates, placed on the top of the wall with their sections
rotated by 90 degrees with respect to the classical use as floor beams and so as to offer
maximum resistance to any static and seismic action with perpendicular direction to the
masonry. Also in this case the wall-plate is connected to the underlying masonry by metal
connectors and epoxy resin.
As completion of the intervention, walls below the wall-plate are injected with natural lime
to strengthen them and to permit a perfect contact each other (Figure 17).
6. CONCLUSION
The knowledge of techniques and materials, today, allow the definition of restoration and
conservation projects oriented to maintain and preserve the original characters of the
historic building, whether architectural or structural. The recovery, indifferently directed
to the building or to the single element, should use techniques and methods representative
of the highest level of technological knowledge available in the temporal context in which
the intervention is made. High levels of compatibility and reversibility are permitted by
evolution and technological innovation in this particular field of interest and in the light of
criteria and guidelines provided by mandatory regulations aimed at safeguarding and
preserving the historic heritage. The recovery of timber structures, analyzed in this context,
must not be considered only a simple act of restoring the original structural features, but
also a re-appropriation of the evidences and of the common knowledge related to
typological and constructive traditions.
Floors and especially wooden roofs are built not only to fulfill practical needs, but also to
summarize, in themselves, the specific characteristics related to the shape and to the final
image of the entire building. The recovery of them must, as far as possible, consider these
characteristics and allow to point out the proper meanings and the original values, as well
as give shape again to what is visible but especially to what it is not, because concealed by
architectural harness; all must contribute to the recreation of the identity of the primitive
artefact.
Very often one can see restorations that cannot be considered philologically correct as they
do not use techniques consistent with the historical ones. This, although such techniques
propose solutions for recovery or reconstruction of deteriorated elements that visually and
aesthetically return a semblance of the original element.
Of course it would be wrong to propose the reuse of historic building techniques "tout
court", without a critical analysis looking at the modern wealth of scientific and
technological experiences. One can think of a joint of a truss that, if repeated using
traditional techniques, would not be able to meet the static and dynamic performances
required by mandatory regulations; it is more correct to propose, instead, a formal
approach to the topic that includes the search for synergy between old constructive
methodology and contemporary manufacturing techniques.
(…) “the use of technologies that may be considerably different from those present in the
building to be recovered, requires the verification of the features offered and of the
executive logics in order to avoid creating incompatibility with the Technological System
of the building” [14].
In the context of the joints of timber elements, for example, it is correct to assume their
execution using traditional carpenters techniques, such as "halfwood" or scarf joints, but
improving their static performances by the use of the most advanced current techniques,
such as double treaded screws, metal bars with epoxy resin of fish plates and through bolts.
The project for the recovery of "Pieve di Cavalese" follows this conceptual methodology.
Designers reproduced the architecture of the past, now lost due to the fire, providing the
necessary formal completion of the building together the stereotyped image, historically
established; at the same time, the project has allowed the achievement of the required
parameters of the new static regulations. The synergy between traditional techniques and
new technologies can meet conditions required by institutions responsible for preservation
of monuments; this synergy recovers, although not entirely, traditional and cultural
architectural values as well as traditional constructive knowledge of the site. Not least, the
issue concerning the building site is noticeably affected by the contribution given by new
construction techniques; manual skill and accuracy of the carpenter regain strength in the
execution of the joints by the use of the most advanced technologies which also
considerably influence the phases of building site. The wooden elements, which
historically were assembled on site, or directly built "in place" for the lack of sophisticated
lifting systems, can now be directly assembled outside the work site or "at ground", near it.
The building site changes as a result of modern technological developments. In this
context, it is clear that the construction technique, when applied to contemporary
architecture, could offer benefits unimaginable until a few years ago. But no one can
refrain from reflecting on the role of technology in the world of contemporary buildings
and on the role of recovery in topics where more and more frequently technique is replaced
by unnecessary technicalities. This fact, forgetting that one can hide a bad picture but a
wrong restoration may impair centuries of history that no one can ever give back.
7. REFERENCES
[14] Caterina G., Prefazione, in M.R. Pinto, Il riuso edilizio. Procedure metodi ed
esperienze, UTET, Torino, 2004, pag. VIII.
8. BIBLIOGRAPHICAL SYNTHESIS
ALU VGS
VGZ