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A formação do Estado de Rondônia. Povoamento da Bacia Amazônica: período colonial. Capitania de


Mato Grosso. Principais ciclos econômicos. Projetos de colonização. Ferrovia Madeira-Mamoré (1ª fase
e 2ª fase). Ciclo da borracha (1ª fase e 2ª fase). Tratados e limites. Antecedentes da criação do
estado. ..................................................................................................................................................... 1
Primeiros núcleos urbanos. Criação dos municípios. Evolução político administrativa. Desenvolvimento
econômico. Transportes rodoviário, ferroviário, marítimo e aéreo. População. Movimentos migratórios.
Processo de urbanização. Questão indígena. Desenvolvimento sustentável. Relevo. Vegetação.
Desmatamento. Hidrografia. Aspectos econômicos. Meso e micro regiões. Problemas ecológicos. ...... 27

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A formação do Estado de Rondônia.
Povoamento da Bacia Amazônica: período colonial.
Capitania de Mato Grosso.
Principais ciclos econômicos.
Projetos de colonização.
Ferrovia Madeira-Mamoré (1ª fase e 2ª fase).
Ciclo da borracha (1ª fase e 2ª fase).
Tratados e limites.
Antecedentes da criação do estado.

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Colonização da Amazônia 1
A longa história do povoamento humano na Amazônia começa praticamente junto com a formação da
floresta que conhecemos hoje. Apesar de ainda não terem sido encontrados vestígios concretos da
presença humana na Amazônia durante o período compreendido entre 20.000 e 12.000 a.p. (antes do
presente) foi provavelmente neste período que os primeiros grupos humanos provenientes da Ásia
chegaram de sua longa migração até a América do Sul. Eram grupos nômades de caçadores-coletores
que perseguiam as grandes manadas de animais.

Primeiros Habitantes: A Amazônia era uma ampla extensão de savanas, com apenas algumas
manchas de floresta ao longo dos rios. Nesse ambiente proliferavam grandes animais como o
mastodonte, a preguiça gigante, o toxodonte, o tigre-dentes-de-sabre e diversos outros exemplares de
megafauna, os quais se supõe, serviam de base alimentar para os bandos de caçadores e cujos fósseis
podem ser encontrados nos barrancos de muitos dos rios amazônicos, especialmente no Acre.

A Cultura de Floresta Tropical: Mudanças climáticas e ambientais, ocorridas entre 7.000 e 6.000
anos, levaram ao aumento da temperatura e da umidade do planeta, fazendo com que as florestas se
expandissem. Começava então uma segunda fase do povoamento humano da Amazônia, na qual as
populações passaram a contar com recursos alimentares mais diversificados e novas formas de
organização social surgiram. Essas novas práticas socioculturais, por volta de 5.000 anos atrás, deram
origem à chamada Cultura de Floresta Tropical, caracterizada por grupos que praticavam uma agricultura
ainda incipiente, complementada pela caça, pesca e coleta de frutos e sementes da floresta. A partir
dessa nova organização social, os grupos pré-históricos amazônicos passaram também a fabricar
cerâmica e a ocupar alguns locais por períodos mais prolongados. Com isso, deixaram grandes sítios
arqueológicos que testemunham seu florescimento por toda a Amazônia. A partir do surgimento da
Cultura de Floresta Tropical, a ocupação humana da Amazônia alcançou o estágio de alta diversificação
que os europeus encontraram ao começar a exploração da grande floresta.

Chegada dos Europeus: primeiras explorações: A terceira fase da ocupação humana da Amazônia
corresponde ao povoamento europeu da região. O lendário e mítico, rico reino do Eldorado. Inicialmente,
as duas superpotências da época, Portugal e Espanha, obedeciam à divisão territorial estabelecida pelo
Tratado de Tordesilhas, com as bênçãos da Igreja Católica. Por esse acordo, grande parte do que hoje
conhecemos como Amazônia brasileira pertencia aos espanhóis. Somente no final da primeira metade
do século XVI, no entanto, os espanhóis deram início ao reconhecimento da região. A primeira expedição
europeia ao grande rio que corta a região foi realizada entre 1540 e 1542 pelo destemido navegador
espanhol Francisco de Orellana. O escrivão dessa expedição, Gaspar de Carvajal, fez os primeiros
registros escritos sobre a floresta amazônica e sua diversidade de ambientes e culturas. Apesar de seu
caráter pioneiro, a expedição de Orellana não deixou outros frutos que fossem duradouros. A região voltou
a pertencer exclusivamente aos cerca de 5 milhões de índios (segundo uma das estimativas existentes)
que ali habitavam e que também haviam sido motivo da admiração nos relatos de Carvajal, tal sua

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Texto adaptado de “História da Ocupação da Amazônia”

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quantidade e organização. Muitas décadas se passariam antes que novas investidas à região fossem
realizadas.

Colonização Portuguesa: Apesar de os espanhóis terem seus direitos garantidos pelo Tratado de
Tordesilhas, não se interessaram por povoar a Amazônia. Por sua vez, os portugueses não vacilaram em
tomar a iniciativa de seu efetivo controle. A Amazônia já começava a sofrer ameaças de invasão de
ingleses, franceses e holandeses. A expulsão dos franceses do Maranhão, que ali tentaram estabelecer
a França Equinocial alertou os portugueses para a importância da defesa da região. Assim, coube a
Francisco Caldeira Castelo Branco fundar, em 1616, na foz do rio Amazonas, o Forte do Presépio que,
além de proteger possíveis invasões estrangeiras por via fluvial, deu origem à atual cidade de Belém e
serviu como base para o povoamento da Amazônia. Era necessário alargar os domínios portugueses
para oeste, para assegurar a exploração das riquezas ocultas da floresta. Para tanto, foi organizada uma
grande expedição, decisiva para a conquista portuguesa da Amazônia. Coube ao capitão Pedro Teixeira,
em 1637, o comando da expedição composta por cerca de duas mil pessoas, sendo a grande maioria
índios. Apesar das dificuldades enfrentadas, ela conseguiu estabelecer marcos de ocupação territorial
portuguesa ao longo do rio. Além da proteção contra outros europeus, os fortes também serviam para
estabelecer núcleos de povoamento a partir dos quais pudesse ser estabelecida a colonização. Na
Amazônia, os principais recursos explorados pelos portugueses foram a mão-de-obra indígena e as
drogas do sertão, especiarias de alto preço no mercado europeu.

Escravidão Indígena
De uma área com uma multiplicidade de povos ameríndios que seguiam seu desenvolvimento próprio,
a Amazônia havia se tornado, em menos de dois séculos, território anexo ao reino português. Além de
serem capturados pelos soldados portugueses, os índios amazônicos passaram a sofrer a ação dos
missionários de diversas ordens religiosas que se dedicavam a convertê-los à fé cristã – boa parte da
ação jesuítica dizia respeito à produção de riquezas com o emprego da mão-de-obra indígena. Os
diversos povos amazônicos resistiram o quanto puderam, mas a “avalanche” europeia trazia muitíssimas
armas desconhecidas. Os europeus trouxeram doenças contra as quais os índios não possuíam
resistência. Sarampo, gripe, tuberculose e outras enfermidades rapidamente se alastraram entre os
grupos indígenas da região, dizimando aldeias inteiras diante de pajés que não sabiam como curar
aquelas moléstias desconhecidas.
Logo de início ficou claro que nem mesmo toda a tecnologia europeia seria capaz de superar as
dificuldades apresentadas pelo povoamento da Amazônia. As enormes distâncias, a selva impenetrável,
perigos de diferentes naturezas perturbavam quem quer que tivesse coragem de ali entrar. As doenças
da selva ganhavam fama, as condições climáticas se revelavam extremas para os europeus e o imenso
esforço necessário para a extração das riquezas ocultas na floresta tornaram a Amazônia um lugar
indomável, indecifrável, impiedosamente selvagem no imaginário do colonizador. Um “inferno verde”.
Passou a predominar por toda a Amazônia o uso de uma língua geral, de origem Tupi, que auxiliava na
incorporação dos índios à empresa colonial. A mestiçagem foi estimulada dando origem à população
cabocla, tão marcante nas terras amazônicas. Calcula-se que, em 1740, havia cerca de 50 mil índios
vivendo em aldeias formadas por jesuítas e franciscanos. O inevitável resultado do processo de
escravidão, imposto pelo colonizador ou por meio da ação dos jesuítas, foi a redução maciça da
população indígena amazônica.

Os Africanos: Pela dificuldade de aprisionamento e pela vulnerabilidade às doenças, os índios não


se adaptavam a muitas atividades econômicas necessárias ao colonialismo. A partir da segunda metade
do século XVIII, assim como em outras regiões da colônia, a carência da mão-de-obra foi suprida, ou pelo
menos amenizada, com a chegada dos negros trazidos da África na condição de escravos. No Baixo
Amazonas, os negros foram empregados nas construções, cada vez mais numerosas, nas plantações de
cacau, na agricultura de subsistência e na pecuária. Mas também, como no Nordeste, o negro incorporou-
se ao ambiente das casas senhoriais e nas atividades domésticas. Poucos subiam o Amazonas. A
colonização portuguesa que os transportava ainda se concentrava nas proximidades da foz do rio. Assim,
a presença dos negros na população amazônica ficou concentrada no Pará e no Amapá. Os escravos
negros que conseguiam fugir se embrenhavam pela floresta e criavam pequenas comunidades
conhecidas como quilombos.

Amazônia Portuguesa
O estabelecimento do Tratado de Madri e o início da administração de Marquês de Pombal em
Portugal, ambos ocorridos em 1750, marcaram uma nova fase na qual a Amazônia brasileira foi, em linhas

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gerais, definida. Vale lembrar que, nessa época, o conhecimento que se possuía do interior do continente
americano ainda era muito impreciso. O Mapa das Cortes, elaborado a pedido do rei de Portugal, serviu
de base para as negociações do Tratado de Madri e possuía forte distorção do curso dos rios que cortam
as terras a oeste do Brasil. Essas distorções eram propositais, puxando o traçado dos rios para leste,
diminuindo artificialmente a área pretendida pelos portugueses – e cumpriram perfeitamente o objetivo de
desorientar os negociadores espanhóis. Não menos importante do que o Tratado de Madri para a
inauguração de uma nova fase da história amazônica foi a administração empreendida pelo Marquês de
Pombal. Tão logo subiu ao poder, ainda em 1750, Pombal pretendia tirar Portugal da situação de atraso
que experimentava frente às demais potências europeias e da dependência da Inglaterra, país do qual
recebia proteção contra a França e a Espanha.
Pombal criou a Companhia Geral do Comércio do Grão-Pará e Maranhão que deveria oferecer preços
atraentes para as mercadorias ali produzidas a serem consumidas na Europa, tais como cacau, canela,
cravo, algodão e arroz. Começou também a introduzir na Amazônia a mão-de-obra escrava de origem
africana. Em 1759, Pombal determinou a expulsão dos jesuítas de Portugal e seus domínios, com o
confisco de todos os seus bens. Os missionários, e em especial a Companhia de Jesus, eram acusados
de tentar criar um estado próprio dentro do reino português. Pombal pretendia também consolidar o
domínio português nas fronteiras do Norte e do Sul do Brasil através da integração dos índios à civilização
portuguesa. Essa jogada política garantiria o aumento das terras portuguesas de acordo com o Tratado
de Madri. Por isso, proibiu a escravidão indígena, transformou aldeias amazônicas em vilas sob
administração civil e implantou uma legislação que estimulava o casamento entre brancos e índios.
Consolidava-se assim a presença portuguesa no imenso território que hoje constitui o Brasil.

Amazônia Brasileira
Na metade do século XIX, findo o período das “drogas do sertão” e iniciada uma ocupação mais
sistemática da Amazônia, temos uma nova base cultural estabelecida. A fronteira do território da
Amazônia brasileira permaneceria móvel até o início do século XX, quando os contornos políticos do
Brasil seriam definidos com a conquista dos territórios do Amapá e de Roraima, ao Norte, e do Acre, no
extremo Oeste. Estes extremos, especialmente as regiões dos altos rios, na parte mais ocidental da
floresta, permaneciam como área de refúgio dos primeiros habitantes, os povos indígenas mais arredios
que não foram incorporados aos empreendimentos colonialistas, nem de Portugal nem da Espanha. Esta
Amazônia profunda retinha suas riquezas em segredo e realimentava o mito do “inferno verde”.

Navegação no rio Madeira2

Rio Madeira na Bacia Amazônica.


http://4.bp.blogspot.com/

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NERI P. CARNEIRO. A colonização do Vale do Guaporé. Disponível em: < http://webartigos.com/artigos/a-colonizacao-do-vale-do-guapore/5116>

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Ainda no século XVI representantes da coroa portuguesa se aventuraram pelas brenhas amazônicas,
tendo, passado pelos vales do Madeira-Guaporé-Mamoré. Na realidade se pensava em utilizar essa
região como ponte de passagem e ligação entre as colônias do Sul e as do extremo Norte. Uma ligação
extremamente arriscada e difícil de ser realizada.
Um dos primeiros passos de Portugal para assegurar sua posse sobre a região do Guaporé foi a
ocupação desses vales, de onde extraia ouro e as drogas do sertão. Essa ocupação se deu pela ação
dos bandeirantes que, ao mesmo tempo, explorava e ocupava. Além disso, a ocupação se realizou pela
presença militar o que pode ser comprovado pelas inúmeras construções fortificadas.
Era necessária, entretanto uma ocupação estável, para assegurar a posse. Somente as expedições
aprisionando indígenas e colhendo as drogas do sertão não assegurava a presença colonizadora e
definitiva. Ale disso, não cessava a constância dos conflitos, tanto com os índios como com os
castelhanos, que também estavam ocupando a região de oeste para leste.
Foi com vistas nessa presença constante que, ainda antes da assinatura do Tratado de Madri, d.
Antônio Rolim de Moura recebeu a incumbência de povoar a região do Guaporé. Nessa ocasião foi criada
a capitania de Mato Grosso e Rolim de Moura coordenou a estruturação da capital daquela província, às
margens do Guaporé. E cidade, Vila Bela da Santíssima Trindade, além de assegurar a presença
portuguesa, seria um ponto de coleta de impostos sobre a mineração.
Em 1734, quando da descoberta de ouro nas proximidades do Guaporé a produção do Moto Grosso
já estava em declínio. Para melhor explorar os novos locais o governo da capitania de São Paulo
promoveu uma "guerra justa" conta os índios a fim de conseguir escravos para a mineração. Essa
empreitada, como outras tantas, dizimou alguns grupos indígenas.
Vale a pena destacar que nessa época a tecnologia de mineração era muito rudimentar o que fazia
cada faisqueira ou lavra possuir uma vida útil muito curta, o que, por sua vez, provocava um processo
migratório constante, em busca de novos veios auríferos. Também é preciso destacar que os trabalhos
nas lavras e faisqueiras era extremamente insalubre. Mesmo assim os "campos d'oro" como era
conhecido o vale do Guaporé sobreviveu, em virtude da abundância de minério; mas não prosperou, pois
a abundância era aparente. Não se ergueram cidades ao redor da febre do ouro guaporeano. E a febre
passou logo. Entretanto no final do século XVII o vale do Guaporé foi sendo abandonado: pelos
mineradores que procuravam regiões mais ricas, pela falta de investimento, visto ser improdutiva e
também pelos governadores Gerais que passavam a maior parte de seu tempo em Cuiabá. No vale
permaneciam apenas os negros libertos, entregues à própria sorte. E com isso estava sendo decretada
a sorte da região: o abandono.
Nesses anos dos séculos XVII e XVIII, a agricultura era apenas de subsistência. Raramente se
explorava algum excedente e quando havia o mesmo era levado para o Pará ou contrabandeado para a
região castelhana, do outro lado do rio. A terra era fértil, mas a extração de ouro era mais promissora e
de rentabilidade maior e mais imediata.
O mesmo vale para a Pecuária. Havia demanda por carne, mas não havia interesse em criar
concorrentes para os produtores do sul. As poucas cabeças de gado que entrou na região vieram de São
Paulo ou do contrabando espanhol. Havia possibilidade de se expandir os engenhos, mas nem isso
prosperou. O fato é que no vale do Guaporé havia falta de gente, de comida, de gado e de minerais
valiosos. Só sobrava escravidão e penúria.
O abastecimento da região, inicialmente era feito através de caravanas paulistas. Com a descoberta
da possibilidade da rota fluvial, o abastecimento passou a ser feito a partir de Belém, pelos rios Amazonas,
Madeira, Mamoré, Guaporé. Mas isso só depois de 1754, quando foi franqueada a navegação. Nessa
época os rios que serviam de rota para o contrabando passaram a servir de caminho de integração e rota
de colhimento de impostos. Entretanto essa forma de abastecimento não barateou o custo das
mercadorias. Mesmo com a criação da Companhia de Comércio do Grão Pará e Maranhão o
abastecimento continuou insuficiente, caro e mantendo o endividamento dos mineradores, ampliando o
ciclo da escravidão: passavam a ser escravos, além do negro e do índio, o colono branco que dependia
desses meios e vias de transporte.
O vale do Guaporé, principalmente a partir do séc. XVIII transformou-se em uma espécie de abrigo de
indesejáveis e depósito dos proscritos do sistema. Prisão sem paredes ou grades, onde os
desclassificados poderiam ser úteis para o poder. Brancos endividados e criminosos viriam a ser a elite
dos colonizadores do vale. Em contrapartida o conjunto de anônimos era formado por indigentes de outras
áreas, prevalecendo a população negra e mestiça. Muitos romances poderiam ser escritos contando as
sagas e epopeias de quantos se aventuraram, desbravaram e morreram nas brenhas amazônicas e de
Rondônia.
A política dos governadores da província do Mato Grosso permitia que brancos, mamelucos e
mestiços, mais claros conseguissem o prestígio que seria impossível em outras regiões. A sociedade

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poderia ser assim descrita: a elite branca, formada pelos governadores e seus auxiliares, os ricos
proprietários e os comerciantes; as camadas médias era formada pelos pequenos e médios comerciantes
e alguns ex-escravos já donos de lavras, homens pobres e livres, mineradores e agricultores e homens
que compunham as expedições dos sertanistas. Por fim os escravos negros em menor número e índios.
Como a maioria da população era constituída de homens era comum e elevado o índice de violência.

As péssimas condições sanitárias mais o ambiente natural ocasionavam um elevado número de


doenças, fazendo com que a morte acompanhasse o dia-a-dia das pessoas. As principais causas de
doenças eram: malária, corruções, febres catarrais, pneumonia, diarreia, tuberculose, febre amarela, tifo
e cólera. E quase todas mortais, por falta de acesso a tratamento.
Os escravos eram usados em diferentes atividades: nas faisqueiras, nas lavras e sesmarias. Nas
grandes propriedades eram controlados pelos feitores – em geral de origem negra – mas entre os
pequenos proprietários havia uma relação mais próxima, mas nem por isso menos sujeita a revoltas,
fugas e insurreições. Também havia os "pretos Del Rey" propriedade da coroa, que estavam a serviço do
governador, para a edificação de obras públicas. Esses escravos podem ser vistos como verdadeiros
equipamentos de serviço público, eram poucos e os governadores se obrigavam a alugar mais escravos
junto aos proprietários. Em 1752 Rolim de Moura criou a Companhia dos Homens Pretos e Mulatos.
Suas condições de vida não sendo boas os escravos do vale do Guaporé tendiam a se revoltar
individual e coletivamente. Durante a segunda metade do século XVII eram comuns as fugas de escravos,
formando quilombos, com um destaque para o de Quariterê (do Piolho) que existiu de 1752 a 1795, ano
em que foi destruído. Os escravos aprisionados pela bandeira de Francisco Melo Palheta acabaram
sendo libertados por Cáceres que lhes ordenou fundarem a aldeia de Carlota.
Entre as principais causas de decadência do vale do Guaporé podem ser mencionadas: insalubridade,
decadência do ouro, dificuldade de acesso e permanência, hostilidade índia. Além disso nas primeiras
décadas do século XIX a capital foi transferida para Cuiabá, onde os capitães generais já passavam a
maior parte do tempo, permanecendo Vila Bela abandonada, como herança aos negros que ali ficaram
abandonados.

Crise da Economia Colonial


A adesão do Pará à independência do Brasil, em 1823, provocou forte frustração nacionalista da parte
da elite amazônica, que se ressentia de ter sido afastada das decisões políticas e econômicas do país. O
poder, no Império brasileiro, continuaria concentrado nas mãos dos conservadores que exploravam o
Pará desde o tempo da colônia. Em 1835, irrompia no Pará a Cabanagem, marcada por ataques e a
tomada de Belém, onde foi proclamada a independência do Pará em relação ao Brasil. A Cabanagem
não foi simplesmente uma revolta popular, era uma frente ampla que congregava burgueses nacionalistas
insatisfeitos, militares que desejavam alcançar mais altos postos, políticos que queriam maior fatia de
poder, escravos que ansiavam pela liberdade, índios e mestiços movidos por séculos de dominação e
opressão portuguesa.
As lutas prosseguiram até 1840. No final, o saldo foi de 30 mil mortos entre rebeldes e legalistas. Belém
foi quase totalmente destruída e sua economia devastada. A Amazônia brasileira permaneceria ainda por
muitos anos mergulhada em uma situação de grave decadência econômica e social. Somente com a
criação da Província do Amazonas, em 1850, por desmembramento do Grão-Pará, e os primeiros
movimentos de valorização da borracha extraída da seringueira, a região experimentaria um novo alento.

A vinda dos Nordestinos: A borracha estava na floresta, espalhada em longas distâncias habitadas
por índios. Era necessário colhê-la nas árvores, ainda líquida, defumá-la até ficar sólida, transportá-la até
as margens dos rios e daí para o comércio nas cidades, um trabalho penoso e perigoso, que só poderia
ser realizado por um exército de homens acostumados à vida mais rude. Esse exército veio do Nordeste
do Brasil, empurrado pela miséria e pelas grandes secas, como as de 1877 e 1878. Antes que o século
findasse, mais de 300 mil nordestinos, principalmente do sertão do Ceará, migraram para a Amazônia.
Nos seringais, esses homens valiam menos que os escravos. Na outra extremidade da sociedade
regional, os seringalistas e grandes comerciantes usufruíam da riqueza fácil proporcionada pela borracha.
Essa evidente contradição no quadro social do Ciclo da Borracha se devia a um perverso sistema de
exploração, que consumiu a vida de milhares de homens. O sistema de aviamento se constituía numa
rede de créditos e se espalhou nos imensos seringais que foram abertos em todos os vales amazônicos.

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O Primeiro Ciclo da Borracha (1850-1912)3
A Hevea Bralisiensis (nome Científico da seringueira) já era conhecida e utilizada pelas civilizações da
América Pré-Colombiana, como forma de pagamento de tributos ao monarca reinante e para cerimônias
religiosas. Na Amazônia, os índios Omáguas e Cambebas utilizavam o látex para fazer bolas e outros
utensílios para o seu dia a dia. Coube a Charles Marie de La Condamine e François Fresneau chamar a
atenção dos cientistas e industriais para as potencialidades contidas na borracha. Dela, podia ser feito,
borrachas de apagar, bolas, sapatos, luvas cirúrgicas, etc.

Precisamente no ano de 1839, Charles Goodyear descobriu o processo de Vulcanização que consistia
em misturar enxofre com borracha a uma temperatura elevada (140º /150º) durante certo número de
horas, Com esse processo, as propriedades da borracha não se alteravam pelo frio, calor, solventes
comuns ou óleos, Thomas Hancock, foi o primeiro a executar com sucesso um projeto de manufatura de
borracha em larga escala. Em 1833 surgiu a primeira indústria americana de borracha, a Roxbury Índia
Rubber Factory, posteriormente outras fábricas se instalaram na Europa. Com o processo de
vulcanização, as primeiras fábricas de beneficiamento de borracha e com a indústria automobilística
surgindo nos Estados Unidos (Henry Ford- carros Ford T-20) possibilitou o crescimento da produção de
borracha nos seringais amazônicos. A região amazônica era uma área privilegiada por ter diversos
seringais.
Apesar desse surto econômico favorável para a Amazônia brasileira, havia um sério problema para a
extração do látex, a falta de mão-de-obra, o que foi solucionado com a chegada à região de nordestinos
(Arigós) que vieram fugindo da seca de 1877 e, com o sonho de enriquecer e voltar para o nordeste. A
grande maioria cometeu um ledo engano, pois encontraram uma série de dificuldades como: Impaludismo
(Malária), índios e, sobretudo, a exploração dos seringalistas, o que impossibilitou a concretização deste
sonho. Em relação ao número de nordestinos que vieram para a Amazônia brasileira, há uma divergência
entre os diversos historiadores amazônicos. Alguns chegam a escrever que vieram 300.000 nordestinos
e outros, 150.000 nordestinos nesse ciclo.
A exploração dos seringalistas sobre o seringueiro é evidente neste período. Os seringalistas
compravam das Casas Aviadoras, sediadas em Belém do Pará e Manaus os mantimentos para os
seringais e, pagavam a essas casas, com a produção de borracha feita pelos seringueiros, que, por sua
vez, trabalhavam exaustivamente nos seringais para poder pagar sua dívida contraída nos barracões dos
seringais. Os seringueiros dificilmente tinham lucro, porque eram enganados pelo gerente ou pelo
seringalista, esse sim, obtinha lucro e gastava o dinheiro em Belém do Pará, Manaus ou Europa. Os
seringais amazônicos ficavam às margens de rios como: Madeira, Jaci-Paraná, Abunã, Juruá, Purus,
Tapajós, Mamoré, Guaporé, Jamary, etc.
Em 1876, Henry Alexander Wyckham contrabandeou 70.000 sementes de seringueiras da região
situada entre os rios Tapajós e Madeira e as mandou para o Museu Botânico de Kew, na Inglaterra. Mais
de 7.000 sementes brotaram nos viveiros e poucas semanas depois, as mudas foram transportadas para
o Ceilão e Malásia. Na região asiática as sementes foram plantadas de forma racional e passaram a
contar com um grande número de mão-de-obra, o que possibilitou uma produção expressiva, já no ano
de 1900. Gradativamente, a produção asiática vai superando a produção amazônica e, em 1912 há sinais
de crise, culminando em 1914, com a decadência deste ciclo na Amazônia brasileira. Para a economia
brasileira, este ciclo teve suma importância nas exportações, pois em 1910, a produção de borracha
representou 40 % das exportações brasileiras. Para a Amazônia, o 1º Ciclo da Borracha foi importante
pela colonização de nordestinos na região e a urbanização das duas grandes cidades amazônicas: Belém
do Pará e Manaus. Durante o seu apogeu, a produção de borracha foi responsável por aproximadamente
1/3 do PIB do Brasil. Isso gerou muita riqueza na região amazônica e trouxe tecnologias que outras
cidades do sul e sudeste do Brasil ainda não possuíam, tais como bondes elétricos, avenidas construídas
sobre pântanos aterrados, além de edifícios imponentes e luxuosos, como o Teatro Amazonas, o Palácio
do Governo, o Mercado Municipal e o prédio da Alfândega, no caso de Manaus, e o Mercado de São
Brás, Mercado Francisco Bolonha, Teatro da Paz, Palácio Antônio Lemos, corredores de mangueiras e
diversos palacetes residenciais no caso de Belém.

Economia
- Por causa da crescente demanda internacional por borracha, a partir da segunda metade do século
XIX, em 1877, os seringalistas com a ajuda financeira das Casas Aviadoras de Manaus e Belém, fizeram
um grande recrutamento de nordestinos para a extração da borracha nos Vales do Juruá e Purus.

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Texto adaptado de Eduardo de Araújo Carneiro.

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- De 1877 até 1911, houve um aumento considerável na produção da borracha que, devido às
primitivas técnicas de extração empregada, estava associado ao aumento do emprego de mão-de-obra.
- O Acre chegou a ser o 3° maior contribuinte tributário da União. A borracha chegou a representar
25% da exportação do Brasil.
- Como o emprego da mão-de-obra foi direcionado à extração do látex, houve escassez de gêneros
agrícolas, que passaram a ser fornecidos pelas Casas Aviadoras.

Sistema de Aviamento
- Cadeia de fornecimento de mercadorias a crédito, cujo objetivo era a exportação da borracha para a
Europa e EUA. No 1° Surto, não sofreu regulamentações por parte do governo federal. AVIAR = fornecer
mercadoria a alguém em troca de outro produto.
- O Escambo era usual nas relações de troca - as negociações eram efetuadas, em sua maioria, sem
a intermediação do dinheiro.
- Era baseado no endividamento prévio e contínuo do seringueiro com o patrão, a começar pelo
fornecimento das passagens.
- Antes mesmo de produzir a borracha, o patrão lhe fornecia todo o material logístico necessários à
produção da borracha e à sobrevivência do seringueiro. Portanto, já começava a trabalhar endividado.
Nessas condições, era quase impossível o seringueiro se libertar do patrão.
"O sertanejo emigrante realiza ali, uma anomalia, sobre a qual nunca é demasiado insistir: é o homem
que trabalha para escravizar-se". Euclides da Cunha.

Sociedade (Seringalista X Seringueiro)

Seringal: unidade produtiva de borracha. Local onde se travavam as relações sociais de produção.

Barracão: sede administrativa e comercial do seringal. Era onde o seringalista morava.

Colocação: era a área do seringal onde a borracha era produzida. Nesta área, localizava a casa do
seringueiro e as "estradas" de seringa. Um seringal possuía várias colocações.

Varadouro: pequenas estradas que ligam o barracão às colocações; as colocações entre si; um
seringal a outro e os seringais às sedes municipais. Através desses trechos passavam os comboios que
deixavam mercadorias para os seringueiros e traziam pelas de borracha para o barracão.

Gaiola: navio que transportava nordestino de Belém ou de Manaus aos seringais acreanos.

Brabo: Novato no seringal que necessitava aprender as técnicas de corte e se aclimatar à vida
amazônica.

Seringalista (coronel de barranco): dono do seringal, recebiam financiamento das Casas Aviadoras.

Seringueiro: O produtor direto da borracha, quem extraia o látex da seringueira e formavam as pelas
de borracha.

Gerente: "braço-direito" do seringalista, inspecionava todas as atividades do seringal.

Guarda-livros: responsável por toda a escrituração no barracão, ou seja, registrava tudo o que entrava
e saía.

Caixeiro: Coordenava os armazéns de viveres e dos depósitos de borracha.

Comboieiros: responsáveis de levar as mercadorias para os seringueiros e trazer a borracha ao


seringalista.

Mateiro: identificava as áreas da floresta que continha o maior número de seringueiras.

Toqueiro: Abriam as "estradas".

Caçadores: abastecia o seringalista com carne de caça.

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Meeiro: seringueiro que trabalhava para outro seringueiro, não se vinculando ao seringalista.

Regatão: negociantes fluviais que vendiam mercadorias aos seringueiros a um preço mais baixo que
os do barracão.

Adjunto: Ajuda mútua entre os seringueiros no processo produtivo.

- Havia alta taxa de mortalidade no seringal: doenças, picadas de cobra e parca alimentação.

- Os seringueiros eram, em sua maioria, analfabetos;

- Predominância esmagadora do sexo masculino.

- A agricultura era proibida, o seringueiro não podia dispensar tempo em outra atividade que não fosse
o corte da seringa. Era obrigado a comprar do barracão.

Crise (1913)
- Em 1876, sementes de seringa foram colhidas da Amazônia e levadas a Inglaterra por Henry
Wichham.

- As sementes foram tratadas e plantadas na Malásia, colônia inglesa.

- A produção na Malásia foi organizada de forma racional, empregando modernas técnicas,


possibilitando um aumento produtivo com custos baixos.

- A borracha inglesa chegava ao mercado internacional a um preço mais baixo do que a produzida no
Acre. A empresa gumífera brasileira não resistiu à concorrência Inglesa.

- Em 1913, a borracha cultivada no Oriente (48.000 toneladas) superava a produção amazônica


(39.560t). Era o fim do monopólio brasileiro da borracha.

- Com a crise da borracha amazônica, surgiu no Acre uma economia baseada na produção de vários
produtos agrícolas como mandioca, arroz, feijão e milho.

- Castanha, madeira e o Óleo de copaíba passaram a ser os produtos mais exportados da região.

- As normas rígidas do Barracão se tornaram mais flexíveis. O seringueiro passou a plantar e a


negociar livremente com o regatão.

- Vários seringais foram fechados e muitos seringueiros tiveram a chance de voltar para o nordeste.

- Houve uma estagnação demográfica;

- Em muitos seringais, houve um regresso a economia de subsistência.

Consequências

- Povoamento da Amazônia.

- Genocídio indígena provocado pelas "correrias", ou seja, expedições com o objetivo de expulsar os
nativos de suas terras.

- Povoamento do Acre pelos nordestinos;

- Morte de centenas de nordestinos, vítimas dos males do "inferno verde".

- Revolução Acreana e a consequente anexação do Acre ao Brasil (1889-1903);

- Desenvolvimento econômico das cidades de Manaus e Belém;

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- Desenvolvimento dos transportes fluviais na região amazônica;

O Segundo Ciclo da Borracha (1942 - 1945 2ª Guerra Mundial)


Na Segunda Guerra Mundial (1939-1945) o Japão, aliado da Alemanha e da Itália (países do Eixo)
conquista e ocupa o Sudeste Asiático área que produzia borracha e, os aliados ficam sem esse importante
produto para a sua indústria. Os Estados Unidos que entraram na guerra em decorrência do ataque
japonês a base americana de Pearl Harbour no Havaí, necessitava da borracha para a sua indústria. O
presidente dos Estados Unidos Franklin Delano Roosevelt e o presidente do Brasil Getúlio Dorneles
Vargas, assinaram os Acordos de Washington (1942), pelo qual o Brasil comprometia-se a reativar os
seringais amazônicos, através de uma operação conjunta com os EUA. O Brasil entrou com os seringais,
mão-de-obra e 58% de capital para a criação do Banco de Crédito da Borracha. Os EUA entraram com
42% de capital para o Banco de Crédito da Borracha e, forneciam meios para a produção, transporte e
escoamento.
Inicialmente, os norte-americanos investiram 5 milhões de dólares para serem aplicados pelo Instituto
Agronômico do Norte, nas pesquisas científicas para a melhoria e fomento da produção e mais 5 milhões
de dólares para o saneamento a ser feito pela Fundação Rockfeller. Esses acordos proporcionaram à
região, a montagem de um esquema logístico institucional do qual participou ativamente o governo
brasileiro com o apoio norte-americano, abrindo-se muitas frentes operacionais e estratégicas na área.
Os objetivos no entanto, de um e de outro governo, eram em certo ponto conflitante, os norte-americanos
tinham seus interesses marcado pela urgência e pelo prazo curto, enquanto o governo brasileiro tinha o
interesse voltado para o permanente e o duradouro desejo de manter na Amazônia uma política de
desenvolvimento. Com o apoio financeiro dos EUA, o governo brasileiro montou uma infraestrutura que
possibilitou aos seringais uma expressiva produção. A infraestrutura criada foi a seguinte:

- SEMTA (Serviço de Encaminhamento de Trabalhadores para a Amazônia) e CAETA (Comissão


Administrativa de Encaminhamento de Trabalhadores para a Amazônia) com o objetivo de recrutar,
encaminhar e colocar trabalhadores, principalmente nordestinos, nos seringais, sob a supervisão do
Departamento Nacional de Imigração.

- SAVA (Superintendência de Abastecimento da Vale Amazônico) que fazia o abastecimento direto


dos seringais com gêneros de primeira necessidade.

- RRC (Rubber Reserve Company) que passou a posteriormente a denominar-se RDC (Rubber
Development Company) encarregada de transporte de passageiros e de suprimentos através da SAVA.

- SESP (Serviço Especial de Saúde Pública): foi criado para promover o melhoramento urbano, o
combate à Malária e o saneamento.

Banco da Borracha - 1942: Que realizava operações de crédito, fomento à produção e financiamento
aos seringalistas. O Banco exercia o monopólio da compra e venda da borracha.

Criação de Territórios: Território do Guaporé (hoje Rondônia), Rio Branco (hoje Roraima) e Amapá,
em 1943, iniciando-se assim o processo de reorganização do espaço político amazônico. O movimento
migratório da Batalha da Borracha, que se desenvolveu no decorrer dos anos de 1941 e início de 1943,
adquiriu um novo colorido com a chegada a partir de 1943 e durante os anos de 1944/1945, de novos
contingentes humanos, os nordestinos que ficaram sendo conhecidos como soldados da borracha. A
diferença entre essas duas correntes de migrantes era flagrante, enquanto a primeira se constituía na sua
maioria de cearenses que se deslocavam do interior. A partir de 1943 até 1945, provinha dos centros
urbanos, geralmente composta de homens solteiros ou desgarrados de sua parentela, muito deles
desempregados ou sem profissão definida, vinham para a Amazônia pelo simples sabor da aventura e
para fugir à convocação para a FEB (Força Expedicionária Brasileira) que lutava na Itália. Com o término
da Guerra em 1945, foram liberadas as plantações de borracha da região asiática, cessando o interesse
norte-americano pela borracha produzida na Amazônia, que passou a acumular em estoques crescentes,
já que o mercado interno não tinha capacidade de absorver toda a produção. A tentativa de produzir
borracha ainda permaneceu até os idos de 1960. A partir desta data, paulatinamente a produção de
borracha cai, ocasionando o fim desse ciclo.

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Segundo Ciclo da Borracha- Numero de Migrantes Nordestinos

Ano Homens Mulheres Total


1941 13.910 8.267 22.177
1942 17.928 9.023 26.951
1943 24.399 9.419 33.818
1944 27.139 10.287 37.426
1945 21.807 9.959 31.766
Total 105.183 46.955 152.138
Fonte: Benchimol, Samuel.Amazônia: um pouco antes-além depois.

Ocupação econômica com os seringais


A utilização da borracha foi desenvolvida em função das diversas descobertas científicas promovidas
durante o século XIX. Inicialmente, o látex era comumente utilizado na fabricação de borrachas de apagar,
seringas e galochas. Anos mais tarde, os estudos desenvolvidos pelo cientista Charles Goodyear
desenvolveu o processo de vulcanização através do qual a resistência e a elasticidade da borracha foram
sensivelmente aprimoradas. A vulcanização possibilitou a ampliação dos usos da borracha, que logo seria
utilizada como matéria-prima na produção de correias, mangueiras e sapatos. A região amazônica, uma
das maiores produtoras de látex, aproveitou do aumento transformando-se no maior polo de extração e
exportação de látex do mundo. No curto período de três décadas, entre 1830 e 1860, a exportação do
látex amazônico foi de 156 para 2673 toneladas.
A mão-de-obra utilizada para a extração do látex nos seringais era feita com a contratação de
trabalhadores vindos, principalmente, da região nordeste. Os seringueiros adotavam técnicas de extração
indígenas para retirar uma seiva transformada em uma goma utilizada na fabricação de borracha. Não
constituindo em uma modalidade de trabalho livre, esses seringueiros estavam submetidos ao poder de
um “aviador”. O aviador contratava os serviços dos seringueiros em troca de dinheiro ou produtos de
subsistência. A sistemática exploração da borracha possibilitou um rápido desenvolvimento econômico
da região amazônica, representado principalmente pelo desenvolvimento da cidade de Belém. Este centro
urbano representou a riqueza obtida pela exploração da seringa e abrigou um suntuoso projeto
arquitetônico profundamente inspirado nas referências estéticas europeias. Posteriormente atingindo a
cidade de Manaus, essas transformações marcaram a chamada belle époque amazônica.
No início do século XX, a supremacia da borracha brasileira sofreu forte declínio com a concorrência
promovida pelo látex explorado no continente asiático. A brusca queda do valor de mercado fez com que
muitos aviadores fossem obrigados a vender toda sua produção em valores muito abaixo do investimento
empregado na produção. Entre 1910 e 1920, a crise da seringa amazônica levou diversos aviadores à
falência e endividou os cofres públicos que estocavam a borracha na tentativa de elevar os preços. Esse
duro golpe sofrido pelos produtores de borracha da região norte ainda pode ser compreendido em razão
da falta de estímulo do governo imperial. Atrelado ao interesse econômico dos cafeicultores, o governo
monárquico não criou nenhuma espécie de programa de desenvolvimento e proteção aos produtores de
borracha. Em certa ocasião, atendendo ao pedido de industriais norte-americanos, chegou a proibir que
o governo do Pará criasse taxas alfandegárias protecionistas maiores aos exportadores estrangeiros.
Depois da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), as indústrias passaram a adotar uma borracha sintética
que poderia ser produzida em ritmo mais acelerado. Essa inovação tecnológica acabou retraindo
significativamente a exploração da seringa na Floresta Amazônica. No entanto, até os dias de hoje, a
exploração da borracha integra a economia da região norte do Brasil.

Tratados e acordos
A colonização em Rondônia foi um processo iniciado no século XVII, no qual colonizadores
portugueses e espanhóis percorreram a região pelo rio Madeira e Rio Guaporé. Expedições seguintes de
Raposo Tavares em 1647 e Francisco Melo Palheta 1722 ajudaram a consolidar o até em tão território
português. Outras missões subsequentes tinham o objetivo de localizar ouro, mas não obtiveram sucesso
e somente após o final do século XIX a região recebeu atenção externa com o ciclo da borracha. Em 1943
foi constituído o então território de Guaporé na região e já nas décadas de 1960 incentivos fiscais do
governo federal aceleram a migração aumentando em até oito vezes a população local.
No final do século XVI, europeus de origem holandesa, inglesa e francesa navegaram pelos rios da
Amazônia, tentando fixar núcleos de povoamento e colonização. Em 1559, os holandeses estabeleceram
fortificações no encontro das águas do Xingu com o Amazonas. Os fortes de Orange e Nassau serviam
de base para o contato e comércio com indígenas, bem como para que se desse início de plantio de cana-

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de-açúcar e tabaco. Em 1610, o inglês Thomas Roe fundou núcleos de colonização próximos à foz do
Amazonas. Por volta de 1620, já se encontravam núcleos holandeses na ilha de Porcos, ingleses entre
os rios Jari e Paru, holandeses nos rios Gurupá e Xingu e franceses no Maranhão. Tal situação motivou
a intervenção dos portugueses que, entre 1612-1615, lutaram contra a presença francesa no Maranhão.
Vitorioso sobre os franceses, Francisco Caldeira Castelo de Branco (em 1619) fundou, na baía de
Guajará, em 12 de janeiro de 1616, o forte do Presépio, a partir do qual surgiu a cidade de Sant Maria de
Belém do Grão-Pará. Portugal, então sob o domínio da União Ibérica (1580-1640), atuou decisivamente
na expulsão dos demais europeus do vale do Amazonas, cabendo especial destaque a atuação de Pedro
Teixeira, que consolidou a presença portuguesa na região. A partir de uma busca tão áspera, mas com
obstinada fixação na ideia de grandes tesouros, as metrópoles ibéricas, agora unidas sob a dominação
da Espanha, iniciam um grande esforço para manter a integridade de suas posses territoriais. As ameaças
estrangeiras constituíram-se em importante motivo para que se ampliassem os esforços colonizadores.
No entanto, a Espanha estava por demais envolvida com as colônias andinas, platinas e mexicanas.
Caberia ao Estado Português a tarefa de resguardar, em benefício da União Ibérica, o vale do Amazonas.
Pelo Tratado de Tordesilhas quase todo o conjunto da atual região norte do Brasil ficava sob o domínio
espanhol. No entanto, a partir de meados do século XVII, os portugueses fixaram aí sua presença.
Com a criação do Estado do Maranhão e Grão-Pará em 1624 pelo rei Felipe IV (1605-1665), monarca
da Espanha entre 1621 e 1665 que governou também Portugal entre 1621 e 1640 durante o período da
União Ibérica, foram lançadas as bases da conquista e povoamento da costa e do extremo norte pelos
luso-brasileiros. Tendo em vista o aprofundamento da ocupação, a Coroa constitui algumas capitanias na
região como Cametá, Gurupará e Cabo do Norte. Em léguas de terras e costas, contava-se, por volta de
1637, a presença de 1400 a 1500 homens brancos na região. Em seu relato (Novo descobrimento do
grande rio Amazonas), o padre Cristóbal Acuña (1597-1675), cronista da viagem de Pedro Teixeira, fala
dos grandes núcleos de colonizadores existentes na região: Belém, onde existia um grande castelo para
sua defesa; Cametá: decadente e que em décadas passadas fora famosa por seus muitos moradores;
Curupatuba e o forte do Desterro localizado na foz do rio Genipapo, com 30 soldados e algumas peças
de artilharia.
A necessidade de imprimir à Amazonas os símbolos da colonização ibérica possibilitaram a expedição
de Pedro Teixeira. As autoridades hispânicas em Quito e Lima, no entanto, não se sentiam tranquilas
com essa aventura portuguesa por uma tão vasta e rica região até então unicamente reservada à
Espanha. A frágil aliança entre as duas potências estava próxima de seu fim. Mesmo com a União Ibérica,
Portugal e Espanha mantiveram-se sempre como nações distintas. Nesse momento (1638), embora pelo
Tratado de Tordesilhas a Amazônia fosse espanhola, os portugueses expulsaram os estrangeiros que
haviam se instalado com sucesso em terras coloniais espanholas. Os relatos, tanto dos cronistas Rojas
e Acuña, quanto os do próprio Pedro Teixeira deixaram clara a necessidade de se iniciar imediatamente
o aproveitamento colonial da região, inserindo-a no contexto de uma economia mercantilista, uma vez
que suas terras eram férteis, ricas em recursos minerais, caça, pesca e estavam densamente povoadas
por indígenas que, a partir de um trabalho missionário, poderiam vir a ser eficientes vassalos de Sua
Majestade.
Estabelecidos os marcos da posse portuguesa no Amazonas por Pedro Teixeira, a exploração e
ocupação continuou pelos séculos XVII e XVIII, cabendo aos missionários jesuítas, mercedários,
carmelitas e franciscanos a função de catequese, pacificação e fixação do indígena em aldeamento. A
atuação dessas ordens e congregações religiosas foi regida pelo Regimento das Missões, datado de
1686. Esse instrumento jurídico buscava estabelecer as bases de uma atuação catequética harmonizada
com o processo colonizador, fixando o caráter interdependente das duas atuações. Reinando em Portugal
Dom Pedro II (1667-1706), a atuação dos missionários foi extremamente favorecida.
Pela Carta Régia de 19 de março de 1693, o território da Amazônia foi dividido entre as diversas
instituições religiosas que atuavam na região. Coube aos jesuítas a catequese no distrito sul do rio
Amazonas até os limites com as colônias espanholas, incluindo-se o Vale do Guaporé; ainda atuariam no
vale do rio Negro e em todo o trecho entre o Urubu e o Negro. Essas determinações foram alteradas pela
Carta Régia de 29 de novembro de 1694, que reformava a anterior e estabelecia como área de catequese
dos carmelitas o rio Negro, entregando o Urubu aos mercedários e a margem esquerda do Amazonas até
o Urubu aos religiosos da Piedade e de Santo Antônio.
Os primeiros colonizadores portugueses começam a percorrer o atual estado de Rondônia no século
XVII. Na região da foz do Rio Amazonas havia intensa atuação de contrabandistas, holandeses, ingleses
e franceses, que tentavam fundar núcleos de colonização. Na ocasião, os portugueses viram nas
especiarias amazônicas – denominadas drogas do sertão -, como cravo, canela, castanha-do-pará,
cacau, urucum, plantas medicinais e outras, um meio de compensar as perdas no comércio com as Índias.
Por isso, resolveram colonizar a região. A primeira expedição a explorar a região dos rios Guaporé,

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Mamoré e Madeira foi a comandada por Antônio Raposo Tavares, que partiu de são Paulo em 1647. A
expedição comandada por Francisco de Melo Palheta partiu de Belém, no Pará, em 1723, com a intenção
de marcar presença na região do Mamoré e Guaporé, chegando às missões jesuítas espanholas, às quais
alertou que não ultrapassassem os rios Guaporé e Mamoré.
Após a viagem de Francisco Palheta à região guaporeana, o vice-rei do Peru forneceu armas de fogo
aos índios mojos. Indígenas das províncias de Mojos e Chiquitos desciam até as margens do Rio Madeira
em busca de cacau e drogas do sertão. Por volta de 1728, o padre Jesuíta João Sampaio funda nas
proximidades da primeira cachoeira do Madeira a aldeia de Santo Antônio. Ainda no início do século XVIII,
os jesuítas espanhóis fundaram as missões de São Miguel e São Simão, na margem esquerda do Rio
Guaporé. Além disso, o avanço espanhol sobre os rios Guaporé, Mamoré e Madeira representava uma
ameaça às pretensões dominiais portuguesas sobre o Vale Amazônico. A fundação de mais duas missões
jesuíticas hispânicas na margem do Guaporé era uma ameaça às minas de ouro em Cuiabá. Somente no
século seguinte, com a descoberta e a exploração de ouro em Goiás e Mato Grosso, aumenta o interesse
pela região. Em 1776, a construção do Forte Príncipe da Beira, às margens do rio Guaporé, estimula a
implantação dos primeiros núcleos coloniais, que só se desenvolvem no final do século XIX com o surto
da exploração da borracha.

Projetos Integrados de Colonização de Rondônia


O processo de ocupação humana de Rondônia ligado ao Ciclo da Agricultura, foi executado pelo
INCRA, inicialmente, através dos Projetos Integrados de Colonização, PIC, e dos Projetos de
Assentamento Dirigido, PAD, estrategicamente criados para cumprir a política destinada à ocupação da
Amazônia rondoniense. Nesse contexto, o governo federal implantou o primeiro Projeto Integrado de
Colonização no Território Federal de Rondônia: O PIC Ouro Preto, em 19 de junho de 1970. Esse projeto
constituiu-se no principal responsável pelo surgimento de Ouro Preto d'Oeste como núcleo habitacional,
e para o desenvolvimento da então Vila de Rondônia, hoje Ji-Paraná. Implantado em terras férteis, na
região central de Rondônia, às margens da BR-364, o PIC Ouro Preto, alvo de divulgação oficial em todo
o País, principalmente nas regiões Centro-Oeste, Sul e Sudeste, atraiu o mais intenso fluxo migratório
dirigido a Rondônia em todos os tempos. A explosão demográfica provocada pela ocupação humana, das
terras rondonienses, vinculada ao ciclo da agricultura, além de agricultores, constituiu-se de técnicos,
comerciantes e profissionais liberais de todas as áreas, em busca de melhores condições de vida. Esses
novos povoadores fixaram-se nos núcleos surgidos nas cercanias das estações telegráficas da Comissão
Rondon, e expandiram suas áreas urbanas.

Estrada de ferro Madeira-Mamoré, Cândido Rondon e a integração nacional.


O declínio do Ouro na região do Guaporé provocou um êxodo populacional de graves proporções do
final do século XIX. Sua maior povoação, Vila Bela da Santíssima Trindade de Mato Grosso, perdeu a
maioria de seus habitantes e a condição de capital da capitania de Mato Grosso, haja vista a sede do
governo haver sido transferida para Cuiabá. Entretanto, na segunda metade do século XIX, outra
atividade econômica começou a despontar na Amazônia: a produção de borracha silvestre em larga
escala. Surgia o Ciclo da Borracha que atraiu milhares de trabalhadores oriundos do Nordeste brasileiro,
notadamente dos Estados do Ceará, Paraíba, Rio Grande do Norte e Pernambuco, tangidos pela grande
seca de 1877, que flagelou aquela região, e pelo avanço das grandes usinas açucareiras.
A situação econômica, demográfica e política da Amazônia rondoniense começavam a se modificar
em decorrência da entrada de dois novos personagens: os seringueiros e os seringalistas. As terras
rondonienses passaram então a ser povoadas pela ação dos seringueiros, que penetravam na floresta
através dos rios Madeira, Jamary, Machado, Guaporé e Mamoré, em busca de látex, a matéria-prima da
borracha nativa. O Brasil destacava-se como o maior produtor de borracha silvestre do mundo. Nesse
contexto, a área geográfica que forma o Estado de Rondônia respondia por considerável parcela dessa
atividade econômica.
Porém, não era somente o Brasil que produzia borracha em larga escala na Amazônia. A Bolívia
também despontava como grande produtor e se ressentia da necessidade de escoar seu produto, cuja
maior concentração ficava no Oriente boliviano, isolado do restante daquele país. Foi exatamente em
função da carência de um porto onde pudesse escoar sua produção de látex, que o governo boliviano
criou, em 1846, uma comissão de estudos destinada a viabilizar uma rota fluvial através do rio Mamoré,
ou do Madeira, a fim de permitir ao país acesso ao oceano Atlântico.
Esses estudos resultaram em dois projetos apresentados ao governo boliviano. O primeiro, visava a
construção de canais nos trechos encachoeirados do Madeira, o rio escolhido pela comissão de estudos.
O segundo, de 1861, previa a construção de uma ferrovia da margem direita do rio Mamoré até a fronteira
das províncias de Mato Grosso e do Amazonas.

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O governo boliviano entendeu ser mais viável a execução do primeiro projeto, que contemplava uma
rota fluvial pelo rio Madeira, com a canalização de seus trechos encachoeirados. No dia 27 de agosto de
1868 a Bolívia concedeu ao engenheiro-militar norte-americano, coronel George Earl Church, autorização
para que fosse constituída, sob sua direção, uma empresa de navegação entre os rios Mamoré e Madeira.
O coronel George Earl Church fudou então a National Bolivian Navigation Company, com a finalidade
de explorar o transporte de passageiros em ambos os rios e construir os canais necessários nas
cachoeiras do Madeira. Entretanto, ao buscar financiamento junto aos bancos da Inglaterra, deparou-se
com a resistência dos financistas londrinos, que preferiam apoiar a construção da estrada de ferro,
prevista no segundo projeto boliviano. Essa decisão dos banqueiros ingleses foi baseada, principalmente,
no fato de a Inglaterra ser, na época, o maior produtor de vagões e locomotivas do mundo, além de
controlar toda a importação de borracha da Amazônia. Nesse sentido, a construção de uma ferrovia daria
aos ingleses excelente oportunidade de ampliar sua influência política e econômica na região.
Em função do trajeto da estrada de ferro ser totalmente em território brasileiro, tornava-se necessário
que o Brasil desse autorização para que as obras fossem iniciadas. Isto ocorreu no dia 20 de abril de
1870, através do Tratado de Amizade, Limites, Navegação, Comércio e Extradição, firmado entre o
governo brasileiro e a República da Bolívia, em La Paz. Por esse tratado, o Brasil exigiu que a razão
social da empresa National Bolivian Navigation Company fosse mudada para The Madeira and Mamoré
Railway Company. Em conseqüência, no dia 1º de março de 1871, foi constituída a empresa The Madeira
and Mamoré Raiway Company Ltda., sob a presidência do Coronel George Earl Church, que levantou,
junto aos banqueiros ingleses, um financiamento, com aval do governo boliviano, para a construção da
ferrovia. Por exigência desses banqueiros, o coronel George Earl Cchurch contratou a empreiteira Public
Works Construction Company, de Londres, por 600 mil libras esterlinas. Essa empresa instalou seu
canteiro de obras na localidade de Santo Antônio, em 06 de julho de 1872, e deu ínicio à primeira fase de
construção da estrada de ferro Madeira-Mamoré.
Para facilitar o acesso à localidade de Santo Antônio do Rio Madeira o governo imperial brasileiro, sob
pressão da Inglaterra e dos Estados Unidos da América, baixou o decreto-lei nº 5.024, de 15 de janeiro
de 1873, que permitia aos navios mercantes, de todas as nações, subirem o rio Madeira e atracarem no
porto conhecido como “Porto dos Vapores”, para embarque e desembarque de cargas destinadas ou
procedentes da Bolívia. Em seguida, instalou um posto da alfândega brasileira para a arrecadação de
tributos originados das importações e exportações. Mas, os serviços da Public Works Construction
Company duraram apenas um ano. Em 09 de julho de 1873 a empresa rompeu o contrato, pressionada
por enormes prejuízos, pelas dificuldades estruturais do local onde deveria ser instalada a estação inicial
da ferrovia, pelos violentos ataques dos índios Caripunas aos trechos em obra, e pelas doenças regionais
que mataram dezenas de trabalhadores. Para piorar a situação, os acionistas da extinta National Bolivian
Navigation Company, inconformados com a construção da ferrovia, moveram diversas ações na justiça
inglesa, pelo embargamento das obras.
Essas adversidades levaram a Public Works Construction Company a abandonar máquinas e
equipamentos e deixar a região, definitivamente, em janeiro de 1874. Essa foi a única vez na história da
estrada de ferro Madeira-Mamoré em que houve a participação de uma empresa inglesa em sua
construção. Após o fracasso da Public Works Construction Company, o coronel George Earl Church
contratou, em 17 de setembro de 1873, a empreiteira norte-americana Dorsey and Caldwell, que chegou
em Manaus em 1874. No entanto, essa empresa não se instalou na região. Informados das imensas
dificuldades estruturais do local e das graves condições sanitárias do povoado de Santo Antônio, os
diretores da Dorsey and Caldwell decidiram retornar aos Estados Unidos e transferiram o contrato para a
empreiteira inglesa Reed Brothers and Company, que apenas pretendia especular e receber possíveis
indenizações contratuais.
Com o apoio do imperador D. Pedro II, o coronel Geroge Earl Church contratou, em 25 de outubro de
1877, a empresa norte-americana P.T Collins, da Filadélfia, com larga experiência no ramo de construção
de ferrovias. A 19 de fevereiro de 1878, a P.T Collins instalou seu canteiro de obras na localidade de
Santo Antônio do Rio Madeira. Apesar de enfrentar problemas semelhantes ao da empreiteira que a
antecedeu, a P.T. Collins deu um novo impulso às obras da ferrovia. Primeira empreiteira norte-americana
a realizar uma grande obra dos Estados Unidos da América, essa empresa trouxe para a região a primeira
locomotiva e contratou os primeiros operários brasileiros para as obras da ferrovia, cerca de quinhentos
cearenses, que chegaram ao canteiro de obras em outubro de 1878. A despeito de todos os esforços
para cumprir seu contrato, a P.T. Collins não resistiu aos graves problemas que teve de enfrentar. Com
o crédito cortado, envolvida em pesadas dívidas, revoltas e fugas de operários, doenças regionais e
ataques de índios, viu-se forçada a encerrar suas atividades na região.
Por outro lado, os insistentes acionistas da empresa National Bolivian Navigation Company
conseguiram na justiça inglesa sentença favorável ao embargo das obras da ferrovia. O proprietário da

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empresa, Mr. Philips Thomas Collins, em razão das graves dificuldades financeiras e operacionais,
instalou-se na região para dirigir os trabalhos pessoalmente. Entretanto, foi flechado pelos índios
Caripunas e ficou gravemente ferido. Em seguida, a empresa abandonou as obras, e, posteriormente,
entrou em concordata, devido aos enormes prejuízos e às diversas ações judiciais que teve de defender
nas justiças inglesa e norte-americana. Após todos esses fracassos, o governo imperial brasileiro
cancelou a permissão concedida ao coronel George Earl Church.

Mas, em 15 de maio de1882, que restabeleceu os estudos para a construção da estrada de ferro
Madeira-Mamoré. Em 25 de novembro do mesmo ano, foi criada uma comissão de estudos chefiada pelo
engenheiro sueco, naturalizado brasileiro, Carlos Morsing, com a finalidade de projetar uma nova rota
para a ferrovia. A Comissão Morsing, como ficou nacionalmente conhecida, instalou-se em Santo Antônio
do Rio Madeira em 10 de janeiro de 1883. Dois meses depois, retornou ao Rio de Janeiro com o resultado
de 112 quilômetros de trecho explorado e a recomendação técnica para que fosse alterada a localização
da estação inicial da ferrovia.
Apesar de ter permanecido somente dois meses na região, a Comissão Morsing sofreu pesadas
baixas, entre as quais as mortes dos engenheiros Pedro Leitão da Cunha, Alfredo Índio do Brasil e Silva,
E Thomas Pinto Cerqueira, vítimas de doenças regionais. Outra comissão foi criada sob a chefia do
engenheiro austríaco Júlio Pinkas. Entretanto o resultado dos seus estudos foram colocados sob suspeita
pelo governo brasileiro. O governo boliviano foi obrigado a arquivar seu ambicionado projeto de construir
a estrada de ferro Madeira-Mamoré, que, nesta primeira fase, teve como saldo diversos contratos
rompidos, vários técnicos e operários mortos e inúmeros processos nas justiças americana, inglesa e
brasileira.

A Ferrovia Madeira-Mamoré fica pronta


O Tratado de Petrópolis, firmado pelos governos brasileiro e boliviano em 17 de novembro de 1903,
definiu a situação política, administrativa e geográfica do Acre e obrigou o Brasil a construir a ferrovia
Madeira-Mamoré, em terras pertencentes ao estado do Mato Grosso. Sua estação inicial deveria localizar-
se na vila de Santo Antônio do Rio Madeira, última fronteira do Mato Grosso com o Amazonas, e a estação
terminal na localidade de Porto Esperidião Marques, às margens do rio Mamoré. Portanto, quarenta e
dois anos depois das primeiras tentativas, a Bolívia finalmente iria conquistar seu caminho para o Oceano
Atlântico, via rio Madeira.
Para cumprir as determinações do Tratado de Petrópolis o governo brasileiro realizou a licitação das
obras da ferrovia, cujo edital foi publicado em 12 de maio de 1905. A Berta somente a empresários
brasileiros, a concorrência teve dois participantes, os engenheiros Raimundo Pereira da Silva e Joaquim
Catramby. Contemplado, soube-se que Joaquim Catramby concorreu com intuitos meramente
especulativos, na qualidade de testa-de-ferro do poderoso magnata norte-americano Percival Farquhar,
a quem transferiu o contrato tão logo recebeu a homologação da concorrência.
O objetivo de Percival Farquhar era controlar todo o sistema ferroviário da América Latina. Por isso,
ele constituiu a EMPRESA Madeira-Mamoré Railway Company, na qual investiu, inicialmente, onze
milhões de dólares, financiados pelo Bank ofScotland, e contratou os serviços do grupo de empreiteiras
Robert May e ªB. Jeckyll. A esse grupo associou-se posteriormente o empreiteiro John Randolph. Desta
forma constituiu-se a empresa May, Jeckyll & Rondolph que, em 1906, instalou seu canteiro de obras na
localidade de Santo Antônio do Rio Madeira.
A empreiteira May, Jeckyll & Rondolph enfrentou sérias dificuldades operacionais, devido à localização
geográfica do povoado de Santo Antônio e de suas péssimas condições sanitárias, ao trecho
encachoeirado do rio Madeira e às doenças regionais, como a malária e o beribéri, que mataram centenas
de operários em pouco tempo. Por tudo isto, a direção da empresa decidiu modificar o cronograma da
ferrovia, mesmo ferindo cláusulas contratuais, haja vista as condições gerais da localidade de Santo
Antônio do Rio Madeira inviabilizarem completamente a execução e a administração da obra.
Autorizada por Percival Farquhar e pelo governo brasileiro, a May, Jeckyll & Randolph transferiu, em
19 de abril de 1907, suas instalações para o porto amazônico situado sete quilômetros ã jusante da
cachoeira de Santo Antônio, no local conhecido como Porto Velho, onde implantou o centro
administrativo, construiu o cais, residências para técnicos, e deu início, em junho do mesmo ano, ã
construção da estação inicial da ferrovia Madeira-Mamoré. Com essa atitude, foram alterados o
cronograma inicial da ferrovia em sete quilômetros, sua rota e, sobretudo, a localização de sua estação
inicial, antes prevista para ser construída em terras pertencentes ao estado de Mato Grosso, passava
então a situar-se em terras do Amazonas. Através do decreto-lei nº 6.775, de 28 de novembro de 1907,
o governo brasileiro autorizou à empresa The Madeira-Mamoré Railway Company Ltda., a funcionar no
Brasil.

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É muito difícil avaliar as dificuldades enfrentadas pela empresa May, Jeckyll & Randolph para executar
este grandioso empreendimento em condições tão adversas para técnicos e operários. A construção da
ferrovia Madeira-Mamoré bateu o recorde mundial de acidentes de trabalho, e teve centenas de homens
mortos ou desaparecidos na imensidão da floresta e nas viagens para a região. No ano de 1908, a may,
Jeckyll & Randolph contratou operários espanhóis dispensados das construções ferroviárias que o grupo
realizava em Cuba. No entanto, de um total de trezentos e cinquenta homens, somente setenta e cinco
chegaram a Porto Velho. O restante desistiu no Porto de Belém, em razão das notícias sobre as doenças
regionais que ceifavam a vida dos operários e dos constantes ataques dos índios Caripunas aos trechos
em obras. Realmente era muito grave a questão de saúde na região. Em apenas três meses de trabalho
já existiam inúmeros operários doentes, o que levou à empresa a construir, entre os povoados de Porto
Velho e de Santo Antônio, o Hospital da Candelária, que chegou a ter onze médicos. Mas, nem eles
resistiram. Três morreram e dois ficaram inválidos.
Em 1909, os médicos do hospital da Candelária, todos norte-americanos, declararam-se sem
condições de combater as doenças regionais, por desconhecerem os tipos de males que afetavam os
operários da Madeira-Mamoré. Por isto, solicitam que a empresa contratasse os serviços do médico
sanitarista brasileiro Oswaldo Cruz. Aos 37 anos de idade, o Dr. Oswaldo Cruz chegou a Porto Velho no
dia 09 de julho de 1910, acompanhado por seu médico particular, Dr. Belizário Pena. Após profundos
estudos sobre a região, o grande sanitarista concluiu que as doenças regionais, como a malária e o
beribéri, eram conhecidas e tinham tratamento.
Em seu relatório, afirmou que o lento progresso das obras da ferrovia, que avançava apenas cerca de
cento e noventa metros por semana, não era provocado por essas doenças e sim pelas péssimas
condições de vida e trabalho a que eram submetidos os operários da Madeira-Mamoré. Outro problema
de saúde que afetava os operários eram os “demônios”, um tipo desconhecido de loucura que os atacava
sistematicamente nos trechos em obra e provocava terríveis alucinações. Para combater os índios
Caripunas, que, além de flechar os operários também arrancavam os trilhos e dormentes da ferrovia à
noite, a direção da empresa mandava a segurança eletrificar os trilhos ao final de cada jornada diária de
trabalho. Em pouco tempo, centenas de índios foram mortos eletrocutados, o que provocou um verdadeiro
genocídio.
No dia 30 de abril de 1912, a may, jeckyll e Randolph entregou a estação terminal Mamoré, localizada
no porto mato-grossense de Esperidião Marques, onde está situada a cidade de Gajará-Mirim. Entre
entusiasmados discursos das autoridades presentes que saudavam o término da construção dos
364quilômetros de via férrea, um prego de ouro foi simbolicamente batido no último dormente. A ferrovia
Madeira-Mamoré foi inaugurada no dia 1º de agosto de 1912. A soma de dificuldades que acompanhou
toda a construção da ferrovia Madeira-Mamoré deu-lhe um aspecto exageradamente catastrófico, no
Brasil e no exterior. Por tudo o que ocorreu, a Madeira-Mamoré recebeu várias denominações que
procuravam identificá-la muito mais com seus graves problemas do que com seus posteriores benefícios
sociais, políticos e econômicos. Entre os diversos, epítetos que recebeu, estão: “Estrada dos Trilhos de
Ouro”, “Ferrovia do Diabo”, “Ferrovia de Deus”, e “Ferrovia da Morte”, que serviram para ligar sua
construção aos seus dramas. Dizia-se também que cada um dos seus dormentes representa uma vida,
para avaliar de forma exagerada o número de trabalhadores mortos durante suas obras.
Entre 1920 e 1922, a ferrovia Madeira-Mamoré sofreu uma modificação de rota. Nesse período foi
construída uma variante entre os quilômetros 237 e 242, no setor Penha Colorada, devido à proximidade
do barranco do rio Madeira e ao perigo que isto causava. Essa nova rota acrescentou 2.485 metros à
extensão da ferrovia, que passou a ter os 366.485 metros atuais.
Considerada maldita desde a primeira fase de sua construção, a Madeira-Mamoré manteve esse
estigma mesmo após ter sido festivamente inaugurada. A conclusão de suas obras praticamente coincidiu
com o fim do Ciclo da Borracha na Amazônica, e quase nada mais havia para ser transportado para
Manaus e Belém. Na verdade, a Madeira-Mamoré não atingiu os objetivos para os quais fora construído.
Vários fatores contribuíram para isso. A Bolívia, maior interessada, não ligou por rodovias o Departamento
(estado) do Beni, principalmente a cidade de Guayaramerim, com os centros mais importantes do País,
como Santa Cruz de La Sierra e La Paz, o que deixou a estação terminal Mamoré completamente isolada.
Além disso, outras duas ferrovias foram construídas na Cordilheira dos Andes: a La Paz / Arica, em 1913,
e a Tupiza/Buenos Aires, em 1915, e o Canal do panamá também já estava em pleno funcionamento.
Tudo isto facilitava o acesso da Bolívia ao Oceano pacífico, e tornava desnecessário investir na antiga
rota do Oceano Atlântico, via rio madeira.
Conforme previsto no contrato de construção, o controle da ferrovia, assim como a exploração do
transporte de carga e passageiros, ficou por conta da empresa norte-americana The Madeira-Mamoré
Railway Company. O governo brasileiro concedeu a administração da ferrovia a essa empresa por um

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prazo de sessenta anos, a contar de 1º de julho de 1912, de acordo com o contrato de arrendamento
firmado nos termos do decreto-lei nº 7.344, de 25 de fevereiro de 1909.
A Madeira-Mamoré finalmente ficou pronta. Nela trabalharam cerca de vinte e dois mil operários,
recrutados em portos de vinte e cinco países, e até em prisões. Eram portugueses, espanhóis, italianos,
russos, cubanos, mexicanos, porto-riquenhos, libaneses, sírios, índios norte-americanos, nordestinos
brasileiros, antilhanos, granadenses, tobaguenses, barbadianos, noruegueses, poloneses, chineses e
indianos. Estigmatizada, polêmica, criticada no Brasil e no exterior, com má fama e sem ter atingido seus
objetivos, a estrada de ferro Madeira-Mamoré tornou-se, paradoxalmente, fundamental para a formação
econômica, social, geográfica e política de Rondônia, por ter estimulado a fixação do primeiro povoamento
urbano desta região. Ao longo do seu trecho surgiram núcleos habitacionais como Porto Velho, Jacy-
Paraná, Vila Murtinho, Mutum-Paraná, Abunã, e Guajará-Mirim. Destes, os que mais se desenvolveram
foram Porto Velho, onde ficou sua estação inicial, e Guajará-Mirim, sede de sua estação terminal. Durante
muitos anos a maior reta ferroviária do mundo ficava no trecho Mutum-Paraná / Abunã, como cinquenta
e um quilômetros de extensão.
A principal finalidade da empresa norte-americana The Madeira-Mamoré Railway Company era
monopolizar o transporte e o comércio de borracha silvestre nesta região. Para tanto, constituiu um grupo
abrangente e poderoso, com a seguinte composição: Madeira-Mamoré Trading Company, que operava o
comércio de navegação no oriente boliviano; Júlio Muller Rubber State, que atuava nos rios cortados pela
ferrovia; Guaporé Rubber Company, que explorava borracha no rio Guaporé, e a Companhia Fluvial, que
operava o serviço de navegação e comércio entre Porto Velho e Manaus. Essas empresas eram
controladas pela Agência Comercial, holding da Madeira-Mamoré, integrante de um enorme
conglomerado designado “Sindicato Farequhar”. Nascida da necessidade boliviana de relacionar-se
economicamente com outros países, a ferrovia Madeira-Mamoré precisou de uma guerra e de um tratado
de paz para ser construída. Seu custo final superou os trinta milhões de dólares, em valores da época.
Sua licitação foi tramada para beneficiar ao magnata norte-americano Percival Farquhar, o “dono do
Brasil”, como ficaria conhecido.
A construção da Madeira-Mamoré foi uma epopeia trágica, que, além de bater o recorde mundial de
acidentes de trabalho, praticamente dizimou uma nação indígena e ceifou a vida de centenas de operários
que trabalharam em suas obras. No entanto, o pesadelo que foi toda sua construção, retrata de maneira
irreal, esta que se tornou uma das maiores e mais importantes obras de engenharia já construídas na
América Latina. Os elevados custos finais de sua obra, podem ser exemplificados nos cerca de 615 mil
dormentes que foram utilizados. Destes, 90 mil foram importados da Austrália, ao custo superfaturado de
seis mil réis a unidade, três vezes mais que o valor dos dormentes produzidos na Bahia. Por outro lado,
a Bolívia jamais reconheceu a obra como concluída, em razão do Brasil não ter construído o ramal Vila
Murtinho/Vila Bela, erroneamente incluído no tratado de Petrópolis.
O declínio do Ciclo da Borracha provocou, lenta e gradualmente, a desativação da estrada de ferro
Madeira-mamoré. Em 10 de julho de 1972, a empresa foi desativada definitivamente, após seis anos de
incorporação ao 5º Batalhão de Engenharia de Construção, BEC, período conhecido como o da
“Erradicação da Madeira-Mamoré”. Naquele dia, os ferroviários fizeram soar os apitos das locomotivas,
em Porto Velho, às 7h30 da noite, numa melancólica saudação que durou cinco minutos. Em 1973, o
governo federal elaborou um protocolo adicional ao Tratado de Petrópolis, através do qual autorizou a
construção de uma rodovia como estrada substituta da Madeira-Mamoré.

O Magnata que perdeu um Império - Percival Farquhar


Filho de pais milionários, o norte-americano Percival Farquhar nasceu na Pensilvânia, dia 19 de
outubro de 1864. Engenheiro civil, formado pela Universidade de Yale, EUA, desfrutava de grande
prestígio em Wall Street, na Bolsa de Valores de Nova York. Foi graças a esse prestígio que se tornou
vice-presidente da Atlantic Coast Elétrica Railway Company e da Staten Island Eletric Railway, que
controlavam o serviço e bondes na cidade de Nova York. Ao raiar do século XX, Percival Farquhar já era
diretor da Companhia de Eletricidade de Cuba e vice-presidente da Guatemala Railway, e lançou-se à
construção de seu grande sonho: controlar todo o sistema ferroviário da América-Latina. A partir de 1904,
começou a construir seu império brasileiro, quando, ainda sem conhecer o Brasil, comprou a Rio de
Janeiro Light & Power Company e as concessões da Societé Anonyme du Gaz.
No ano seguinte, comprou, na Alemanha, a Brasilianische Elektriztatsgesellshft, empresa que deu
origem à Companhia Telefônica Brasileira. Em 1905, organizou a Bahia Tramway Ligth & Power
Companhy e obteve a concessão das obras do porto de Belém do Pará. No ano seguinte, ganhou a
licitação para a construção da estrada de ferro São Paulo / Rio Grande do Sul, comprou vinte e sete por
cento das ações da ferrovia Mogiana e trinta e oito por cento das da Paulista, ambas em São Paulo. Em

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seguida, constituiu as empresas Companhia de Navegação do Amazonas, Amazon Development
Company, e Amazon Land & Colonization Company.
Em 1907 fundou a empresa The Madeira-Mamoré Railway Company e adquiriu do brasileiro Joaquim
Catramby, os direitos de construção da estrada de ferro Madeira-Mamoré, na qual aplicou, inicialmente,
onze milhões de dólares.
Empreendedor decidido, o “Último Titã”, como era chamado pela imprensa norte-americana, além de
comandar a épica construção da ferrovia Madeira-Mamoré foi o responsável pelo surgimento da cidade
de Porto Velho, na madeira em que, naquele ano autorizou à empreiteira May, jeckyll & Randolph a
transferir a estação inicial da estrada de ferro Madeira-Mamoré, do povoado de Santo Antônio,
pertencente ao mato Grosso, para o local situado a sete quilômetros cachoeira abaixo, em terras do
Amazonas. Com essa decisão, ele não apenas alterou a rota e a distância dos pontos extremos da
ferrovia, como proporcionou o surgimento de Porto Velho como núcleo habitacional. Para isto, contratou,
em Belém, mais de uma centena de trabalhadores para o desmatamento da área onde seriam
implantados o centro administrativo, a estação inicial da ferrovia, as oficinas e as casas para técnicos e
operários. Em 1908, ordenou que fossem traçadas ruas e avenidas com a finalidade de organizar a cidade
que ele imaginava surgir. No entanto, o criador de Porto Velho jamais esteve na região. Baseava-se
exclusivamente em Belém, de onde comandava seu império amazônico.
Percival Farquhar continuou ampliando seus domínios no Brasil. Em 1911, fundou a Southern Brazil
Lumber & Colonization, com o objetivo de explorar madeira em larga escala no Paraná. Para construir a
estrada de ferro São Paulo / Rio Grande do Sul, recebeu do governo federal uma faixa de terra de trinta
quilômetros de largura, equivalente a 180 mil hectares, que atravessava quatro Estados, São Paulo, Santa
Catarina, Paraná e Rio Grandes do Sul, onde instalou dezenas de serrarias e explorava o comércio de
madeira. A partir de então, gerou-se um problema de graves proporções.
A Southern Brazil Lumber & Colonization, subsidária da Brazil Railway Company, também de
propriedade de Farquhar, utilizou em exército de jagunços e expulsou os posseiros da região para, mais
tarde, vender as terras a colonos portugueses e alemães. Além disso, essa empresa contratou milhares
de homens no Rio de Janeiro e em Pernambuco, para trabalharem nas obras da ferrovia São Paulo / Rio
Grande do Sul e na exploração da madeira. No final das obras, demitiu oito mil operários e não os
reconduziu aos seus Estados de origem. Formou-se assim, uma massa de desempregados, humilhados
e arruinados que reacenderam a velha questão do Contestado, uma briga de limites entre Santa Catarina
e o Paraná, iniciada em 1747, de caráter religioso, que haja sido ganha pacificamente por Santa Catarina,
em 1904.
Percival Farquhar, na ânsia de dominar tudo, foi um dos principais responsáveis pela reativação da
guerra civil do Contestado, que custou ao Brasil três mil contos de réis, uma verdadeira fortuna na época,
cinco anos de luta e vinte mil homens mortos.
Visando ampliar seus domínios nas terras rondonienses e dinamizar as ações da empresa The
Madeira-Mamoré Railway Company, ele comprou dois grandes seringais: o Seringal Júlio Muller State,
que se estendia do rio Mutum-Paraná até Guajará-Mirim, e o Seringal Guaporé Rubber State, cuja área
abrangia de Guajará-Mirim à localidade de Príncipe da Beira. Também comprou em 1912, a Fazenda do
Descalvado com cem mil reses, no sertão dos Parecis, adquirida do sindicato belga “Produtis Cibilis”.
É inegável que ele desfrutava de imenso prestígio no Brasil. Em reconhecimento por seus serviços, o
governo brasileiro concedeu-lhe sessenta mil quilômetros quadrados de terras no extremo norte do país.
Nada menos que todas as terras formadoras do Amapá. Mas, o azar de Percival Farquhar foi a bolsa de
valores de Nova York. Em 1913, por dificuldades financeiras ou ambição, não se sabe ao certo, ele jogou
todos os seus títulos e perdeu tudo. Ficou arruinado, mas não se afastou do Brasil. Seis anos depois,
fundou a Itabira Iron Ore Company e, como última investida, criou a Acesita. No dia 04 de agosto de 1953,
o ex-dono do Brasil e da Madeira-Mamoré, responsável pelo surgimento de Porto Velho como núcleo
habitacional, faleceu em Nova York, aos 89 anos de idade, após uma cirurgia mal sucedida no cérebro,
na simples condição de diretor assalariado de suas ex-empresas, que fundou e perdeu em Wall Street.

A Comissão Rondon
Paralelamente à construção da ferrovia Madeira-Mamoré e a ocupação da região do Alto Madeira, uma
outra ação política contribuiu para aumentar a densidade demográfica das terras que constituem o Estado
de Telegráficas Estratégicas do Mato Grosso ao Amazonas, seção Cuiabá/Santo Antônio do Rio Madeira,
com ramal em Guajará-Mirim. Criada pelo presidente da República, Afonso Pena, essa Comissão tinha
por finalidade implantar linhas e estações telegráficas nos sertões mato-grossenses. Seus pontos
extremos ficavam em Cuiabá e na Vila de Santo Antônio do Rio Madeira, localizada à margem direita do
rio Madeira, à sete quilômetros da fronteira do Estado do Mato Grosso com o do Amazonas. O comando
de tão importante missão foi entregue ao militar e sertanista Cândido Mariano da Silva Rondon, oficial do

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Exército e engenheiro-militar, de quem a Comissão herdou o próprio nome. Ficou nacionalmente
conhecida como Comissão Rondon.
Além de implantar as linhas telegráficas, a Comissão Rondon exerceu outras importantes funções nos
sertões mato-grossenses, como o reconhecimento de fronteiras, inclusive entre os seringais da região,
as determinações geográficas, o estudo e a pesquisa de riquezas minerais, do solo, do clima, das
florestas, dos rios conhecidos e dos que foram descobertos. O estudo do meio-ambiente e do ecossistema
também fazia parte de suas ações. Entre 1908 e 1915, a Comissão catalogou 350 espécies de árvores e
colecionou 752 tipos de animais e insetos.

Outra proposta da Comissão Rondon era estimular a ocupação humana da região, definitivamente, a
partir de suas estações telegráficas e da construção de trechos de estradas que lhe davam acesso.
Formada basicamente por militares e civis indicados pelo governo ou escolhidos por seu próprio chefe, a
Comissão Rondon também recebia prisioneiros políticos e criminosos comuns, desterrados para o
Amazonas ou Acre. Estes, eram requisitados nos navios ou já vinham previamente destinados para
realizar os serviços mais pesados. Portanto, era comum ocorrerem motins, deserções e sabotagens.
Esses casos eram severamente punidos com castigos físicos, muitas vezes aplicados pelo próprio
Rondon.
O principal objetivo da Comissão Rondon era o de ligar, pelo fio telegráfico, os territórios do Amazonas
e do Mato Grosso, completando o trecho Cuiabá / Rio de Janeiro. Para cumprir sua missão, Cândido
Mariano da Silva Rondon penetrou nos sertões dos Parecis com destino ao vale do Madeira, no início de
1907. No dia 1º de agosto daquele ano, alcançou o vale do Juruena. No dia 7 de setembro de 1908 foi
inaugurado o destacamento central de Juruena, sob o comando do tenente Joaquim Ferreira da Silva.
Em 12 de outubro de 1911, era inaugurada a Estação Telegráfica de Vilhena, cuja denominação foi uma
homenagem de Rondon ao seu ex-chefe, Álvaro Coutinho de Melo e Vilhena, maranhense, engenheiro-
chefe da Organização da Carta Telegráfica Pública. A partir de então, formou-se uma coincidência
histórica: no mesmo período em que na região do Alto Madeira ocorria a épica construção da ferrovia
Madeira Mamoré e Porto Velho surgia como núcleo habitacional, uma outra epopeia tinha início nos
sertões do Parecis que deu origem ao povoamento da região onde se ergueria a cidade de Vilhena.
A Comissão Rondon empreendeu várias expedições. A que se dirigiu a Santo Antônio do Rio Madeira,
conhecida como Seção Norte, ficou constituída por quarenta e dois homens, comandada pelo próprio
Rondon e tinha os seguintes chefes: Dr. Alípio Miranda Ribeiro, geólogo; Dr. Joaquim Augusto Tanajura,
médico; tenentes João Salustiano Lira, astrônomo; Emanuel Silva do Amarantes e Alencarliense
Fernandes Costa, topógrafos, além de Antônio Pirineus de Souza, chefe de comboio. Todas as atividades
da Comissão Rondon eram documentadas pelos fotógrafos Luiz Leduc e Benjamim Rondon e pelo
cinegrafista Luiz Thomas Reis. Posteriormente, formou-se uma segunda expedição para o mesmo
percurso, na qual foram incluídos o farmacêutico Canavários e o tenente Antônio Vilhena. Em 13 de junho
de 1913 a Comissão Rondon inaugurou a Estação Telegráfica do Jamary. No ano seguinte era inaugurada
a Estação Provisória de Santo Antônio do Rio Madeira.
Para instalar os postes, os fios telegráficos e as estações, a Comissão Rondon levou, somente no ano
de 1914, sete meses e nove dias para percorrem o trecho Vilhena / Vila de Santo Antônio. Foram 1.297
quilômetros por terra e 1.138 por via fluvial, em canoas. Destes, 713 pelo rio Ji-Paraná, 135 pelo Jaru, e
290 pelo Jacy-Paraná. Acrescentem-se ainda duzentos quilômetros percorridos nas variações estudadas.
No total foram 2.635 quilômetros explorados em terras dos sertões mato-grossenses. Entre abril e
dezembro de 1914 foram construídos 372.235 metros de linha telegráfica e inauguradas as estações de
Jaru, Pimenta Bueno, Presidente Hermes e Presidente Pena.
No dia 1º de janeiro de 1915, em solenidade na Câmara Municipal de Santo Antônio do Rio Madeira,
o então major Cândido Mariano da Silva Rondon inaugurou a Linha Telegráfica Estratégica Cuiabá / Santo
Antônio, com ramal em Guajará-Mirim. A missão estava cumprida. Naquele dia, Rondon recebeu uma
comitiva da associação comercial da Vila de Santo Antônio, que lhe entregou um cartão de ouro,
simbolizando a gratidão dos munícipes. Em 1916, Rondon inaugurava a Estação Telegráfica de
Ariquemes, na região que os seringueiros denominavam “Papagaio”, às margens do rio Jamary. Os
objetivos da Comissão Rondon foram alcançados. As linhas telegráficas foram implantadas e o processo
de ocupação humana da região ganhou um novo modelo, a partir das estações telegráficas que geraram
em suas cercanias importantes aglomerados urbanos. Ao longo do tempo, a maioria desses núcleos
foram transformados em vilas, cidades e em grandes municípios como Vilhena, Pimenta Bueno,
Presidente Hermes, (hoje Presidente Médici). Presidente Pena, (hoje Ji-Paraná), Jarú, e Ariquemes.
O povoamento inicial ao redor das estações telegráficas era feito através dos picadões de quarenta
metros, abertos para que em seu eixo fossem plantados os postes que sustentavam os fios telegráficos.
Assim, a Comissão Rondon constituiu-se em uma nova via de comunicação terrestre, na medida em que

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modificou as trilhas primitivas então existentes. A esta nova via de acesso os seringueiros chamavam “O
Fiel de Rondon”, posto que, passaram a orientar-se pelos picadões, pelos postes, e, sobretudo, pelos fios
telegráficos que chamavam de “As Línguas de Mariano”, em virtude do grande desbravadores preferir ser
tratado pelo seu segundo nome, Mariano.
Coube ao etnólogo Roquette Pinto, legionário da Comissão Rondon, o entendimento da função política
dos picadões abertos pela comissão chefiada por Cândido Mariano da Silva Rondon, ao designa-los “A
Estrada de Rondon” ou simplesmente “Rondônia”, que se construiu a partir de 1932, a rodovia BR-364, a
estrada de Rondon. Mas, a Comissão Rondon teve sérias complicações de ordem política. Foi
severamente criticada e perseguida pelo governo revolucionário de Getúlio Vargas, a partir de 1930, que
culminou com a prisão do general Rondon e a quase destruição das estações e linhas telegráficas. O
governo Vargas transformou a estrutura das estações telegráficas da Comissão Rondon, setor Cuiabá /
Santo Antônio do Rio Madeira, no 3º Distrito Telegráfico de Mato Grosso, sob a chefia do capitão Aluízio
Pinheiro Ferreira.

2ª Fase
A segunda e definitiva fase de construção da ferrovia Madeira-Mamoré (1907 /1912) e a implantação
das estações e linhas telegráficas da Comissão Rondon (1908 / 1916) foram de fundamental importância
para o processo de ocupação humana da área geográfica quem constituiu o Estado de Rondônia. Essas
duas importantes obras, de interesses políticos, econômicos e estratégicos externos à região,
estabeleceram um novo modelo de desenvolvimento na medida em que, até então, o povoamento da
Amazônia rondoniense era feito exclusivamente por seringueiros e seringalistas, e o único núcleo urbano
existente era a Vila de Santo Antônio do Rio Madeira. A ferrovia Madeira-Mamoré e as estações
telegráficas da Comissão Rondon tornaram-se ponto de referência para a fixação do povoamento urbano
deste lado da Amazônia Legal.
Hoje em dia, não se pode avaliar com precisão as dificuldades desse primeiro processo de povoamento
das terras rondonienses, o desbravamento da selva inóspita e o pioneirismo de uma época em que havia
poucos recursos técnicos. Vários episódios podem ser narrados com referência à primeira metade deste
século e os povoadores de Rondônia. Um deles é o da viagem do Navio Satélite, como tantos outros,
diretamente ligada a fatores políticos externos à região. No caso, a Revolta da Chibata e a da Ilha das
Cobras. O motim conhecido historicamente como a Revolta da Chibata, teve início em 22 de novembro
de 1910, no Rio de Janeiro, quando marinheiros que serviam nos navios “Minas Gerais”, “São Paulo”,
“Deodoro” e “Bahia”, liderados pelo marinheiro João Cândido, o “Almirante Negro”, assim chamado por
causa de sua cor, insurgiram-se contra as severas punições físicas que lhes eram aplicadas por seus
superiores na Armada Naval. Essa revolta somente terminou porque o Congresso Nacional, reunido às
pressas no dia 26 daquela mês, anistiou os amotinados.
No dia 09 de dezembro de mesmo ano, uma nova rebelião eclodiu na baía de Guanabara, desta vez
envolvendo soldados do Batalhão Naval da Ilha das Cobras. O governo reagiu e prendeu centenas de
pessoas, entre elas João Cândido e outros marinheiros anistiados que haviam participado da Revolta da
Chibata. O “Almirante Negro” e outros líderes foram encarcerados na Ilha das Cobras. Os demais, foram
condenados a um terrível castigo: o degredo na Amazônia, para trabalharem na Comissão Rondon e na
estrada de ferro Madeira-Mamoré. Em 25 de dezembro de 1910, esses degredados foram embarcados
no navio cargueiro “Satélite”, que partiu do Rio de Janeiro no mesmo dia. A bordo estavam cento e cinco
ex-marinheiros, duzentos e noventa e oito criminosos comuns e quarenta e quatro prostitutas, confinados
em seus porões. Todos com o mesmo e cruel destino: serem abandonados em Porto Velho. Sua guarda
era feita por uma força de cinquenta soldados e três oficiais do exército. As ordens do governo, através
do Ministério da Agricultura, determinavam que duzentos homens seriam entregues à Comissão Rondon
e o restante à Madeira-Mamoré. Alguns prisioneiros, entretanto, tinham seus nomes na lista assinalados
por um “X”, o que significava execução sumária em alto mar.
O “Satélite”, comandado pelo capitão Carlos Brandão Storry, fez sua primeira escala no porto de
Recife, onde o contingente militar foi reforçado por mais vinte e oito soldados e aplicadas as punições
previstas. Logo no primeiro dia, seis homens foram fuzilados e dois, desesperados, jogaram-se ao mar
para morrerem afogados, já que estavam com os pés e as mãos amarrados. No outro dia, mais dois
marinheiros foram executados. Quando o navio atracou no porto de Manaus, houve um princípio de motim
a bordo, tão logo a tripulação tomou conhecimento que o destino final da viagem seria Porto Velho. O
medo que a região provocava era muito grande devido às notícias de doenças, mortes e violência. Mas
o navio seguiu seu rumo. Na manhã de 03 de fevereiro de 1911, uma sexta-feira, após quarenta e um
dias de viagem, o “Satélite” lançou âncora no porto de Porto Velho, onde a situação era inquietante, em
razão dos rumores sobre o fuzilamento de prisioneiros a bordo. A imprensa do Rio de Janeiro e de São
Paulo fazia a cobertura do caso, que classificava de “o bárbaro e vergonhoso incidente do navio Satélite”.

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Por seu lado, o comandante enfrentava pressões da tripulação para que se desvencilhasse rapidamente
da indesejável carga.
A situação piorou ainda mais porque a ferrovia Madeira-Mamoré recusou-se a receber os presos que
lhe eram destinados. Para esse fim, a empresa armou e municiou os homens do seu poderoso sindicato
e impediu o desembarque em Porto Velho. Vários tiros foram disparados e o navio “Satélite” teve de
levantar âncora e rumar para o Porto dos Vapores, na Vila de Santo Antônio. O principal motivo que levou
a diretoria da Madeira-Mamoré a tomar tal decisão, foi a presença das quarenta e quatro prostitutas a
bordo. Não foi por causa dos marinheiros ou dos criminosos comuns, mas sim pelo motivo de que em
Porto Velho não era permitida a prostituição.

Na Vila de Santo Antônio o comandante não teve dificuldades para desembarcar sua carga, em virtude
de não haver o patrulhamento do sindicato da Madeira-Mamoré. No mesmo dia, ele entregou os duzentos
homens destinados à Comissão Rondon ao próprio Cândido Rondon. Mas a tripulação estava temerosa,
porque a localidade era conhecida por seu elevado índice de doença e mortandade.
Quando os porões do “Satélite” foram abertos, pôde-se ver as tristes condições daquelas pessoas:
mortas de fome, esqueléticas, seminuas, desesperadas e atiradas no porto, homens e mulheres, ou o
que deles restava, foram submetidos a todo tipo de humilhações. Aqueles que não seguiram com a
Comissão Rondon foram escolhidos para o trabalho nos seringais. As mulheres entregaram-se à
prostituição e foram bem aceitas, porque em Santo Antônio, praticamente, não havia presença feminina.
E assim, a tripulação se dispôs de sua indesejável carga humana. Às sete horas da noite daquele mesmo
dia, o navio “Satélite” zarpou do ponto de Santo Antônio, passou ao largo do de Porto Velho, e seguiu
rumo ao Rio de Janeiro, onde aportou no dia 04 de março de 1911.
Para ter uma ideia da impressão que a região causava e dos momentos vividos, observe-se um trecho
do relatório do capitão Carlos Brandão Storry, comandante do navio, que fez a seguinte citação:
“A 03 de fevereiro de 1911, pela manhã, foram entregues à Comissão do Dr. Rondon, duzentos
homens, conforme ordem do governo. Os restantes teriam de descer com ele e ir deixando-os pelas
margens do rio. Felizmente, momentos depois, chegavam aos poucos, os seringalistas, que pediam ao
comandante da força, homens para o trabalho. Assim, foi se dispondo o pessoal, até que saíram os
últimos. Nesse mesmo dia, pelas 7h p.m. deixávamos o porto de Santo Antônio, livres e salvos das garras
de tão perversos bandidos”.
O relatório do comandante do navio “Satélite” revelou toda a trama montada para punir severamente
os revoltosos da Ilha das Cobras e da Chibata, a maioria, marinheiros e soldados negros e mestiços,
submetidos a toda espécie de humilhação, viajando como escravos, destinados ao degredo na Amazônia.
No entanto, a viagem do navio “Satélite”, suas razões políticas e raciais, e o destino final de sua carga,
servem para dar uma pequena ideia de como era feito o povoamento da região do Alto Madeira, na
primeira metade deste século, e as perversas condições de trabalho nas obras da ferrovia Madeira-
Mamoré, na Comissão Rondon e nos seringais.

O Marechal Rondon
Cândido Mariano da Silva, nasceu na sesmaria do Morro Redondo, localidade de Mimoso, arredores
de Cuiabá, MT, no dia 05 de maio de 1865. Aos 16 anos de idade era professor primário. Órfão de pai,
foi adotado por um tio, de quem incorporou o nome Rondon, aos 25 anos de idade. Formou-se oficial do
Exército e engenheiro-militar, diplomado em matemática e ciências físicas e naturais na Escola Militar do
Rio Vermelho, no Rio de Janeiro. Como 2º tenente participou da proclamação da República, ao lado do
Marechal Deodoro da Fonseca. Em 1890 retornou a Cuiabá e, por indicação do tenente-coronel Benjamin
Constante, foi nomeado ajudante-de-ordem do tenente-coronel Antônio Ernesto Gomes Carneiro, chefe
da Comissão Construtora das Linhas Telegráficas Estratégicas de Goiás ao Mato Grosso.
No ano de 1900, no posto de major, Rondon assumiu a chefia desta Comissão em substituição a
Gomes Carneiro, destacado para comandar as tropas federativas que lutavam no Rio Grande do Sul,
onde veio a falecer. Nesse cargo, que exerceu até 1906, Rondon instalou 11.800 quilômetros de linhas
telegráficas. Em 1907, o presidente da República, Afonso Pena, em reconhecimento aos seus serviços,
nomeou-o chefe da Comissão Construtora das Linhas Telegráficas Estratégicas do Mato Grosso ao
Amazonas, com a missão de ligar a Bacia do Prata à do Amazonas. Essa comissão ficou
internacionalmente conhecida por Comissão Rondon.
Para implantar a linha telegráfica, seção Cuiabá / Santo Antônio do Rio Madeira, com ramal em
Guajará-mirim, a primeira expedição da Comissão Rondon chegou ao sertão dos Parecis em 07 de
setembro de 1907, fixou acampamento às margens do rio Juruena e implantou a primeira estação
telegráfica. No ano seguinte, Rondon organizou sua segunda expedição. Em 1908, com a terceira,
alcançou o vale do Madeira. No dia 25 de dezembro daquele ano, já estava na Vila de Santo Antônio do

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Rio Madeira, ponto final da sua missão. Por volta de 1916, o mato Grosso e parte do Amazonas estavam
ligados ao restante do país por linhas telegráficas. Foram 2.270 quilômetros de linhas e vinte e oito
estações telegráficas implantadas. Militar e sertanista, Cândido Mariano da Silva Rondon realizou um
trabalho de vinte anos, cujos resultados incluem um levantamento de cinquenta mil quilômetros, duzentas
novas coordenadas geográficas, doze rios descobertos, além de minas de ouro, diamante e manganês.
Suas expedições penetraram em várias direções, cerca de 1.500 km nos sertões mato-grossenses, que
incidem a maior parte das terras formadoras do Estado de Rondônia, e 1.800 km no Amazonas.

Descendente dos índios Terenas, Guanás e Bororos, Rondon considerava desumana a exploração do
trabalho indígena por particulares. Tanto quanto possível, procurou evitar a utilização de índios no
trabalho de implantação da rede telegráfica. Tinha como lema em relação aos povos indígenas, “morrer
se preciso for, matar nunca”. Por tudo isto, fundou em 1910, o Serviço de Proteção aos Índios e
Localização dos Trabalhadores Nacionais, SPI, do qual foi o primeiro diretor. Os índios o chamavam de
“O Grande Chefe”. Sempre à altura da confiança indígena, implantou, em 1952, o Parque Nacional do
Xingu. A Comissão Rondon, além de implantar as linhas e estações telegráficas, realizou importantes
pesquisas geográficas e científicas, estudando a fauna, a flora, o solo e o subsolo dos sertões mato-
grossenses. Entre suas descobertas, destacam-se as legendárias Minas de Urucumacuã, no sertão dos
Parecis.
Mas Rondon foi mais além. Em 1913 acompanhou o ex-presidente dos Estados Unidos da América,
Theodore Roosevelt, em sua expedição à Amazônia, que teve seu ponto alto no mapeamento do rio da
Dúvida, afluente do rio madeira, hoje denominado rio Roosevelt. Acusado de punir fisicamente os
membros insubmissos de suas expedições foi submetido a um Conselho de Guerra que terminou por
absolvê-lo.
Em 1924, aos 59 anos de idade, foi promovido a general-de-brigada. Em 1927, assumiu o cargo de
Inspetor de Fronteiras. Mas, foi duramente perseguido pelo governo Vargas por não haver apoiado a
revolução de 1930. Positivista, Rondon não admita golpes contra governos constituídos e Manteve-se fiel
ao presidente deposto, Washington Luiz. Em consequência, o governo provisório o destituiu dos cargos
de chefe da Comissão Estratégica do Mato Grosso ao Amazonas, da Inspetoria-geral de Fronteiras, do
3º Distrito Telegráfico de Mato Grosso, e o prendeu. Libertado, ingressou na reserva, na patente de
general-de-divisão, após 47 anos de serviços. Militar de carreira brilhante, numa época conturbada
politicamente, só esteve em combate durante a revolução tenentista de 1924, quando comandou as
tropas federais, derrotadas pela estratégia dos revolucionários.
Na vida civil, ingressou no Itamaraty sob o comando do chanceler José Maria Silva Paranhos Junior,
o Barão do Rio Branco. Como diplomata, sua mais importante atuação foi como mediador entre o peru e
a Colômbia na questão de porto de Letícia, em 1934, aos 70 anos de idade. Mas o velho bandeirante
amargava uma frustação: não ter alcançado a patente de Marechal, o topo da carreira militar na época.
Foi o Congresso Nacional que outorgou-lhe essa patente no dia 05 de maio de 1955, quando completou
90 anos de idade, em reconhecimento por seus serviços prestados ao País. O Marechal Rondon, “o
homem que tinha na sola dos pés o mais longo caminho já percorrido”, faleceu no dia 19 de janeiro de
1958, no Rio de Janeiro, aos 93 anos de idade, onde foi enterrado com honras de chefe de Estado. Seu
nome está escrito em letras de ouro maciço na Sociedade de Geografia de Nova York, EUA, como
desbravador e herói dos sertões mato-grossenses, ao lado de outros grandes exploradores mundiais.
Texto adaptado de Pioneiros. Ocupação Humana e Trajetória Política de Rondônia - Francisco Matias
(1998).

Território federal de Guaporé e a criação do estado de Rondônia.


O Território Federal do Guaporé é a denominação antiga do Estado de Rondônia, dada quando do
desmembramento deste do Estado do Amazonas de do Estado do Mato Grosso, ocorrido em 13 de
setembro de 1943. O nome antigo era uma referência ao Rio Guaporé, que divide o Brasil da Bolívia.

Conforme o Decreto-lei nº 5812/54, que o criou, seus limites foram assim estabelecidos:

- a Noroeste, pelo rio Ituxí até à sua foz no rio Purús e por este descendo até à foz do rio Mucuim;

- a Nordeste, Leste e Sueste, o rio Curuim, da sua foz no rio Purús até o paralelo que passa pela
nascente do Igarapé Cuniã, continua pelo referido paralelo até alcançar a cabeceira do Igarapé Cuniã,
descendo por este até a sua confluência com o rio Madeira, e por este abaixo até à foz do rio Gi-Paranã
(ou Machado) subindo até à foz do rio Comemoração ou Floriano prossegue subindo por êste até à sua,

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nascente, daí segue pelo divisor de águas do planalto de Vilhena, contornando-o até à nascente do rio
Cabixi e descendo pelo mesmo até à foz no rio Guaporé;

- ao Sul, Sudoeste e Oeste pelos limites com a República da Bolívia, desde a confluência do rio Cabixí
no rio Guaporé, até o limite entre o Território do Acre e o Estado do Amazonas, por cuja linha limítrofe
continua até encontrar a margem direita do rio Ituxí, ou Iquirí.

Em 1944 houve um reordenamento territorial. Um dos seus municípíos à época, Lábrea, e toda a região
a que este pertence e suas adjacências foi transferida para o Estado do Amazonas. A Lei Ordinária nº
2731, de 17 de fevereiro de 1956, muda a denominação do Território Federal do Guaporé para Território
Federal de Rondônia, em homenagem ao sertanista Marechal Cândido Rondon (1865-1958).

Lei nº 2.731, de 17 de Fevereiro de 1956


Muda a denominação do Território Federal do Guaporé para Território Federal de Rondônia.
O Presidente da República: Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte
Lei:

Art. 1º É mudada a denominação de Território Federal do Guaporé para Território Federal de Rondônia.

Art. 2º Esta lei entrará em vigor na data de sua publicação.

Art. 3º Revogam-se as disposições em contrário.

Rio de Janeiro, 17 de fevereiro de 1956; 135º da Independência e 68º da República.


JUSCELINO KUBITSCHEK
Nereu Ramos

Questões

01. Desde o período colonial, a ocupação e a colonização da região dos vales dos rios Madeira,
Mamoré e Guaporé foram focos de preocupação dos governos brasileiros porque essa área
(A) representava importante polo de atividade mercantil, vinculado à formação de lavouras e
exportação de cacau.
(B) representava importante via de rota comercial e seu controle garantia a posse territorial e a
integridade de fronteira.
(C) foi dominada por missões jesuíticas que passaram a constituir um “Estado religioso dentro do
Estado”.
(D) estava sujeita às frequentes inundações da Bacia Amazônica, que destruíam qualquer tentativa de
ocupação da região.
(E) viabilizou o apresamento de indígenas para trabalhar nos seringais da Amazônia Ocidental.

02. O controle das fronteiras brasileiras, sobretudo norte e sul, sempre foi motivo de preocupação dos
principais governos republicanos. Acordos de limites, por exemplo, foram vários na República Velha.
Durante o Governo Vargas, porém, este controle foi efetivamente definido com a criação de Territórios
Federais na região, entre eles:
(A) Rio Branco, atual Estado de Roraima, e Guaporé, atual Estado de Rondônia.
(B) Acre, atual Estado do Acre, e Guaporé, atual Estado de Rondônia.
(C) Ponta Porã, atual Estado de Tocantins, e Rio Branco, atual Estado de Roraima.
(D) Iguaçu, atual Estado de Roraima, e Acre, atual Estado do mesmo nome.
(E) Amapá e Palmas, atualmente Estados do mesmo nome.

03. Os anos 70 e 80 do século XX marcaram o segundo momento de ocupação do Estado de Rondônia


através de projetos de colonização, mineração e da presença de um grande contingente migratório,
caracterizando a abertura e expansão de uma fronteira agromineral. A respeito dessa etapa de ocupação
predatória de Rondônia, pode-se afirmar que a criação de um zoneamento socioeconômico ambiental no
Estado, nos anos 80, teve como objetivo
(A) garantir a presença de grandes empresas multinacionais na região, amparadas pela ditadura
militar, que ajudavam a financiar.

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(B) ampliar a ocupação das terras ao longo da BR-364, diminuindo a formação de latifúndios e
priorizando as pequenas e médias propriedades voltadas para o abastecimento da região com produtos
hortifrutigranjeiros.
(C) chamar a atenção para o modelo de ocupação na Amazônia estabelecido pelo Governo desde a
década de 70, visando a um ordenamento territorial que conciliasse desenvolvimento econômico e
preservação ambiental.
(D) preparar administrativa e economicamente o Estado de Rondônia para a criação de distritos
industriais dedicados ao desenvolvimento das indústrias de vulcanização.
(E) diminuir as tensões entre migrantes, originários principalmente dos territórios formadores de
Rondônia: Mato Grosso e Amazonas.

04. A Lei Complementar no 41, de 22 de dezembro de 1981, elevou o Território de Rondônia à condição
de Estado. Como fatores que impulsionaram esta medida podem ser apontados:
(A) a ameaça de expansão de países vizinhos, como Peru e Bolívia, e o processo de abertura política
em curso no Brasil.
(B) a expansão da fronteira agrícola em direção ao Acre, como forma de conter a atividade madeireira,
e a ação dos seringalistas na região.
(C) a participação de parlamentares do Estado na Constituinte convocada em 1980 e o crescimento
acelerado da população local.
(D) a implantação de projetos de colonização e o consequente afluxo de população instalada ao longo
da BR-364 ou atraída pelo garimpo do ouro.
(E) a necessidade de demarcação das terras indígenas e o aumento dos conflitos decorrentes da ação
dos grileiros na região.

05. (História e Geografia de Rondônia/Cesgranrio/TJ-RO/Economista) O Real Forte Príncipe da


Beira foi inaugurado em 20 de agosto de 1783 e constitui hoje o mais antigo monumento histórico de
Rondônia. A construção do Forte obedeceu aos seguintes objetivos da Coroa Portuguesa:
I – defender as fronteiras portuguesas dos confrontos contra os espanhóis;
II – pacificar os movimentos nativistas e emancipacionistas que ocorriam na Amazônia;
III – intensificar a atividade comercial ao longo dos rios Guaporé, Mamoré e Madeira;
IV – fixar como territórios portugueses as terras ao longo do rio Amazonas.

Estão corretas as afirmativas


(A) I e II, apenas.
(B) I e III, apenas.
(C) II e III, apenas.
(D) II e IV, apenas.
(E) I, II, III e IV.

06. (História e Geografia de Rondônia/Cesgranrio/TJ-RO/Economista) A história da ocupação


luso-brasileira na Amazônia e, em especial, no Estado de Rondônia remonta ao começo do século XVIII,
a partir da descoberta de grandes jazidas de ouro. Essas descobertas
(A) levaram ao desmembramento da antiga capitania de Mato Grosso, cuja porção ocidental passou a
se denominar capitania de Rondônia.
(B) criaram núcleos isolados de povoamento com uma população de negros escravos para o trabalho
nas jazidas recém-descobertas.
(C) deslocaram, de outras regiões da Amazônia, escravos alforriados que viam na garimpagem
possibilidades de se estabelecerem em terras disponibilizadas pela Coroa Portuguesa.
(D) atraíram mineradores vindos de Cuiabá, que migraram para a região, criando os primeiros
povoados do vale do Guaporé.
(E) atraíram para a região padres missionários, únicas pessoas autorizadas pela Coroa Portuguesa a
controlar a extração dos metais preciosos.

07. (História e Geografia de Rondônia/Cesgranrio/TJ-RO/Economista) A abertura do eixo viário


BR-364 trouxe para Rondônia um aumento em seu crescimento populacional, colocando um fim ao
isolamento rodoviário do Estado em relação às demais regiões do país. Entretanto, a partir de 1980,
(A) os problemas provenientes do caos urbano pelo afluxo da população desempregada de Brasília,
Cuiabá e Goiânia cresceram.

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(B) os garimpeiros, através da extração de cassiterita, estimularam a presença de grupos
multinacionais que preservaram antigos núcleos coloniais.
(C) a estrada, ao contrário do previsto, representou para os trabalhadores locais uma via de saída para
as grandes capitais do Sudeste.
(D) a colonização foi acelerada com a vinda de migrantes nordestinos como mão-de-obra para os
seringais da Amazônia.
(E) a concentração fundiária expulsou os pequenos agricultores das melhores terras, situadas nas
proximidades das vias de circulação, provocando, assim, zonas de tensão.

08. (História e Geografia de Rondônia/Cesgranrio/TJ-RO/Economista) As tentativas de construção


da Estrada de Ferro Madeira – Mamoré foram muitas durante o século XIX, porém somente com a
assinatura do Tratado de Petrópolis, em 1903, a obra foi finalmente incrementada. Em 1912, concluía-se
a ferrovia cuja saga da construção havia se iniciado em 1872. Sobre a saga da construção, assinale a
afirmativa correta.
(A) Os ataques indígenas aos acampamentos e as doenças tropicais que dizimavam os trabalhadores
somaram-se à dificuldade de transpor as regiões de mata fechada e rios encachoeirados.
(B) O capital utilizado foi exclusivamente nacional, o que explica os diversos períodos de paralisação
da obra pela dificuldade de investimento, consequência de períodos críticos da economia nacional.
(C) A construção da Estrada de Ferro Madeira – Mamoré interrompeu o processo de integração
regional em curso na época, já que deslocou para a obra contingentes militares empenhados no
desbravamento da Amazônia.
(D) A Bolívia dificultou a obra criando obstáculos diversos, desde o simples não-cumprimento dos
trâmites legais até a ocupação militar do Acre, em 1899.
(E) A maior parte da mão-de-obra utilizada na construção da ferrovia constituiu-se de indígenas
apresados, provocando extermínio da população nativa ao longo do trajeto da ferrovia.

09. (História e Geografia de Rondônia/Cesgranrio/TJ-RO/Economista) As discussões em torno


das obras da hidrelétrica de Santo Antônio – a primeira do complexo hidroviário e hidrelétrico no Rio
Madeira, em Rondônia, permitem refletir sobre a necessidade de crescimento econômico e os danos que
isso pode provocar ao meio ambiente. Sobre estes fatos, é correto afirmar que
(A) os danos que este projeto provoca ao meio ambiente podem levar a uma intervenção norte-
americana na região, sob o argumento de desrespeito ao Protocolo de Kioto.
(B) os maiores danos que o projeto causará serão relacionados aos monumentos que constituem o
patrimônio histórico, já que a aldeia de Santo Antonio foi a primeira do atual Estado de Rondônia.
(C) a construção de eclusas e barragens necessárias ao projeto implicará maior dimensão dos
impactos ambientais, dos problemas sociais e do desmatamento na Amazônia, apesar da grande malha
hidrográfica e da necessidade de modernização econômica da Amazônia Ocidental.
(D) a implantação de projetos desse porte na rede hidrográfica da Amazônia ocidental facilitará o
escoamento e o transporte de produtos agropecuários da região, contendo o avanço da fronteira agrícola
e os conflitos fundiários em direção a Rondônia.
(E) a presença de elevado potencial hidrelétrico e a recente demanda urbano-industrial da Amazônia
Ocidental influenciaram a alteração na matriz energética brasileira, cuja principal característica é o
estímulo ao transporte de cargas via rede fluvial.

10. O início da exploração da borracha amazônica foi próspero, mas a bonança durou pouco. Em 1912,
a produção atingia o pico de 42 mil toneladas. A borracha representava 40% de todas as exportações
nacionais. Em um segundo momento, entre 1942 e 1945, a borracha teve uma sobrevida que não foi com
a mesma pujança do início do século, e logo voltou a perder em expressão no cenário econômico
nacional. Nas duas fases mais expressivas da produção, um fator apontado abaixo pode ser considerado
como responsável pelo declínio da borracha brasileira:
(A) falta de crédito à extração e ao beneficiamento do látex.
(B) precariedade da mão de obra usada pelos seringueiros.
(C) dificuldade para escoar a produção até o porto de Belém.
(D) concorrência da borracha produzida pelos asiáticos.
(E) população indígena dificultava o acesso aos seringais.

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11. (TCE-RO - Técnico em Informática – Cesgranrio) A região do atual Estado de Rondônia passou
a integrar oficialmente a colônia portuguesa na América somente em 1750, quando foi firmado o Tratado
de Madri, cuja base para determinações acerca de territórios foi o princípio do uti possidetis, segundo o
qual:
(A) a aquisição dos territórios reivindicados só pode ser realizada através da compra.
(B) as terras situadas às margens dos rios Guaporé e Mamoré passam a pertencer aos proprietários
das minas de Potosí.
(C) os territórios anteriormente ocupados pelos espanhóis ficam protegidos por expedições marítimas
e terrestres.
(D) os territórios devem pertencer a quem realmente os ocupa.
(E) todos os acidentes geográficos devem alterar sua denominação, se mudarem os proprietários dos
respectivos territórios.

12 . (SESAU-RO - Técnico em Enfermagem - Funcab) A construção da ferrovia Madeira-Mamoré,


situada no Estado de Rondônia, beneficiou o Brasil e outro país da América do Sul. Este país é:
(A) Bolívia;
(B) Peru;
(C) Chile;
(D) Paraguai;
(E) Argentina.

13 . (SESAU-RO - Assistente Administrativo – Funcab) A construção da ferrovia Madeira-Mamoré,


onde hoje é o Estado de Rondônia, resultou de um acordo feito entre Brasil e Bolívia em 1903. Esse
acordo ficou conhecido como o Tratado:
(A) de Guaporé;
(B) da Amizade;
(C) de Navegação;
(D) Amazônico;
(E) de Petrópolis.

14 . (MP-RO - Oficial de Diligências – Cesgranrio) A migração para Rondônia, a partir da década de


70, foi resultado de um grande êxodo rural ocorrido no centro-sul do país ocasionado pelos fatores abaixo
relacionados, EXCETO um. Assinale-o.
(A) Evasão dos trabalhadores rurais, a partir da introdução das leis trabalhistas no campo.
(B) Ênfase na agricultura comercial com a mecanização das lavouras.
(C) Substituição da produção agrícola tradicional, como a do café, pela plantação de soja.
(D) Expansão do capitalismo no campo e especialização da produção.
(E) Reativação da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré.

15. Desde o período colonial, a ocupação e a colonização da região dos vales dos rios Madeira,
Mamoré e Guaporé foram focos de preocupação dos governos brasileiros porque essa área:

(A) representava importante polo de atividade mercantil, vinculado à formação de lavouras e


exportação de cacau.
(B) representava importante via de rota comercial e seu controle garantia a posse territorial e a
integridade de fronteira.
(C) foi dominada por missões jesuíticas que passaram a constituir um "Estado religioso dentro do
Estado".
(D) estava sujeita às frequentes inundações da Bacia Amazônica, que destruíam qualquer tentativa de
ocupação da região.
(E) viabilizou o apresamento de indígenas para trabalhar nos seringais da Amazônia Ocidental.

16. (DER-RO – Procurador-Autárquico – FUNCAB) Muitos consideram a Estrada de Ferro Madeira-


Mamoré como precursora da rodovia BR-364. O início da sua construção está vinculado ao Tratado de
Petrópolis que resolveu as disputas territoriais entre o Brasil e a Bolívia, ficando a construção da ferrovia
como contrapartida para concretizar uma aspiração boliviana no que diz respeito ao problema de:
(A) realizar a ligação ao Pacífico.
(B) integração ao Centro-Oeste.
(C) acessibilidade ao rio Amazonas.

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(D) escoamento de sua produção mineral.
(E) ocupar a fronteira como Peru.

Respostas

01.Resposta: B.
Os rios até hoje representam um papel importante na mobilidade de pessoas e cargas na região Norte
do Brasil, sendo os citados até hoje utilizados.

02.Resposta: A.
Apesar de em muitos casos não investir em muitas regiões brasileiras ou pouco investir, o governo
sempre se preocupou em manter a unidade territorial do país com medidas que prevenissem a entrada,
povoação e efetiva ocupação estrangeira.

03.Resposta: C.
As ações do governo federal para a região Norte do país causaram muitos danos às populações
nativas e ao meio ambiente, com exploração intensiva dos recursos minerais e vegetais.

04.Resposta: D.
Na década de 80 o território de Rondônia mostrava-se expressivo, o que ajudou a garantir a elevação
a estado.

05.Resposta: B.
O objetivo dos portugueses no início da colonização era a de manter o território e dele extrair suas
riquezas, sem necessariamente precisar povoar a região.

06.Resposta: D.
A intenção de enriquecer atraiu milhares de pessoas para a região, em busca de melhores condições
de vida. Entre os que mais se destacam estão os mineradores que vinham da província do Mato Grosso.

07. Resposta: E.
A questão agrária no norte Brasil ainda é um tema que gera muita polêmica. Durante a ocupação nos
anos de Ditadura muitas propriedades foram absorvidas pelos grandes proprietários rurais, muitas vezes
sem ter necessariamente pago por elas.

08. Resposta: A.
Durante a construção da estrada de ferro milhares de trabalhadores morreram pelos ataques indígenas
e as condições geográficas e climáticas da região, que ficam evidentes também após sua conclusão, já
que boa parte da ferrovia foi destruída pela ação do tempo.

09.Resposta: C.
Apesar da necessidade de modernização da região Norte, um dos principais pontos é a destruição da
floresta e do ecossistema da Amazônia, além de prejudicar populações nativas que perdem sua ligação
com a terra ancestral e seus costumes. A criação de barragens e eclusas inundam grandes áreas e
impedem a migração de peixes durante a piracema.

10.Resposta: D.
A produção em terras asiáticas foi iniciada pelos ingleses que levaram sementes de seringueiras do
Brasil e através de pesquisas começaram o cultivo no continente. O investimento na produção e qualidade
do produto desbancou a concorrência, já que o produto brasileiro não conseguia competir com os preços.

11.Resposta: D
Apesar do limite imaginário imposto pelo Tratado de Tordesilhas, Portugal sempre buscou penetrar no
território de sua colônia, o que lhe assegurou novas terras que não lhe pertenciam, de acordo com o
tratado de 1494.

12.Resposta: A
A ferrovia Madeira-Mamoré ajudaria no escoamento da produção da borracha boliviana, transpondo
um trecho fluvial com diversas cachoeiras no rio Madeira, que impossibilitava a navegação.

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13.Resposta: E
Entre os acordos do Tratado de Petrópolis, criado com a ajuda do Barão do Rio Branco. Além da
construção da estrada de ferro, o Brasil comprou da Bolívia o Território do Acre, pelo preço de 2 milhões
de libras esterlinas.

14.Resposta:E
No período citado a Madeira-Mamoré já encontrava seu fim, com sua desativação determinada em
1966 e as últimas atividades ferroviárias encerradas em 1972

15.Resposta:B
O controle da região garantia posse e domínio das riquezas exploradas e que viessem a ser
descobertas dentro da Amazônia.

16.Resposta: C
Como a Bolívia não possui acesso ao mar, e o destino da borracha produzida era em grande parte a
Europa e o leste dos Estados Unidos, o acesso ao rio Amazonas garantiria o escoamento da produção
até o oceano Atlântico.

Primeiros núcleos urbanos. Criação dos municípios. Evolução político


administrativa. Desenvolvimento econômico. Transportes rodoviário, ferroviário,
marítimo e aéreo. População. Movimentos migratórios. Processo de
urbanização. Questão indígena. Desenvolvimento sustentável. Relevo.
Vegetação. Desmatamento. Hidrografia. Aspectos econômicos. Meso e micro
regiões. Problemas ecológicos.

Candidato(a). As questões referentes aos primeiros núcleos urbanos e criação dos municípios
foram trabalhadas nos tópicos de História acima, a respeito da região do território do Guaporé.

Evolução político-administrativa dos municípios de Rondônia


Município são unidades territoriais administrativas, com autonomia política, administrativa e financeira.
A lei orgânica é a constituição do município. A Lei Orgânica é elaborada por uma constituinte municipal,
composta por vereadores eleitos pelo voto popular e secreto dos eleitores residentes em seu território
municipal. Na fase de elaboração os vereadores debatem e apresentam propostas para que seja escrita
a lei orgânica. Em municípios do estado de Rondônia, os projetos de emenda à lei orgânica são votados
em dois turnos com interstício de dez dias, e aprovada por dois terços dos membros da Câmara Municipal.
Obedecendo aos princípios estabelecidos na Constituição Federal e na Constituição estadual. É normal
fazer emendas à Lei Orgânica municipal e, para ser aprovada é preciso que dois terços da composição
da Câmara municipal votem a favor.
O município possui símbolos próprios e as leis têm a sanção do prefeito e validade no território
municipal. São poderes municipais, independentes e harmônicos entre si, o Executivo, representado pelo
prefeito e o Legislativo, representado pela Câmara Municipal. O prefeito e os vereadores, atualmente, são
eleitos para um mandato de quatro anos. Os atuais prefeitos e vereadores foram eleitos em 5 de outubro
de 2008, empossados nos cargos em 1º de janeiro de 2009, seus mandatos terminarão no dia 31 de
dezembro de 2012. O estado de Rondônia está dividido em cinquenta e dois municípios, os cinco maiores
em população são: Porto Velho, Ariquemes, Cacoal e Vilhena, e em área os cinco maiores são: Porto
Velho, Guajará-Mirim, Costa Marques, Vilhena e Nova Mamoré.
A evolução político-administrativa dos municípios de Rondônia tem início em 2 de outubro de 1914,
com a criação do município de Porto Velho, que é o mais antigo município do Estado. Lembramos que
existiu o município de Santo Antônio do Rio Madeira, criado em 1911, instalado em 1912, porém, foi
extinto em 1945. Os municípios de Rondônia foram criados: Porto Velho, por lei estadual do estado do
Amazonas; Guajará-Mirim, por lei estadual do estado de Mato Grosso; Ariquemes, Ji-Paraná, Cacoal,
Pimenta Bueno e Vilhena por lei federal, sancionada pelo presidente general Ernesto Geisel; Jaru, Ouro
Preto do Oeste, Presidente Médici, Colorado do Oeste, Costa Marques e Espigão d’Oeste por lei federal,
sancionada pelo presidente general João Batista Figueiredo; Rolim de Moura e Cerejeiras por decreto-lei
estadual do estado de Rondônia, sancionado pelo governador Jorge Teixeira de Oliveira
Trinta e sete municípios rondonienses foram criados por leis estaduais do estado de Rondônia: Alta
Floresta d’Oeste, Alto Alegre dos Parecis, Alto Paraíso, Alvorada d’Oeste, Buritis, Cabixi, Cacaulândia,

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Campo Novo de Rondônia, Candeias do Jamari, Castanheiras, Chupinguaia, Corumbiara, Cujubim,
Governador Jorge Teixeira, Itapuã do Oeste, Machadinho do Oeste, Ministro Andreazza, Mirante da
Serra, Monte Negro, Nova Brasilândia d’Oeste, Nova Mamoré, Nova União, Novo Horizonte do Oeste,
Parecis, Pimenteiras do Oeste, Primavera de Rondônia, Rio Crespo, Santa Luzia d’Oeste, São Felipe
d’Oeste, São Francisco do Guaporé, São Miguel do Guaporé, Seringueiras, Teixeirópolis, Theobroma,
Urupá, Vale do Anari e Vale do Paraíso. Os três municípios mais distantes da capital de Rondônia, Cabixi,
Pimenteiras do Oeste e Cerejeiras, estão situados na região Sudeste do Estado e o município Candeias
do Jamari está situado mais próximo da capital, Porto Velho. A região de ponta do Abunã, na divisa do
estado de Rondônia com o estado do Acre, poderá ser em breve desmembrara do município de Porto
Velho e ser elevada à condição de município com a denominação Nova Califórnia ou Extrema.
O Estado de Rondônia possui atualmente 52 municípios, quase todos recentemente colonizados, com
predominância em atividades primárias. Conta com uma população de 1,3 milhões de habitantes, o que
corresponde a uma densidade populacional de 5,02 habitantes por Km2. A formação do Estado teve início
no século XVIII, com a entrada dos bandeirante, em 1776, em busca da mão-de-obra indígena, ouro,
pedras preciosas e especiarias. Nesse mesmo período foi construído o Forte Príncipe da Beira, situado
às margens do Guaporé, rio internacional e fronteiriço com a República da Bolívia.

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Fonte: https://cidades.ibge.gov.br/download/mapa_e_municipios.php?uf=ro

Primeiro grande movimento migratório ocorreu por volta de 1877, com os nordestinos, em virtude da
grande seca de 77; com o advento da revolução industrial, quando houve uma demanda intensa de
borracha natural na Amazônia, beneficiando o então Território do Guaporé.
A partir da década de 50, o governo cria oficialmente vários territórios, e dentre eles o Território Federal
do Guaporé, que em 1956 passa a se chamar Território Federal de Rondônia, transformado em 1981 em
Estado, com o mesmo nome. Nas últimas décadas o Estado de Rondônia sofreu um intenso e massificado
processo de ocupação populacional, atingindo níveis percentuais nunca registrados, na ordem 342%,
cuja população é oriunda de diversas regiões do País. Para registro, só na década de 70, chegaram ao
Estado 285 mil migrantes com o objetivo de fixarem-se em atividades rurais.

Crescimento Populacional em Rondônia

ANO RURAL URBANO TOTAL


1950 23.119 13.816 36.935
1960 39.606 30.626 70.232
1970 51.500 59.564 111.064
1980 262.530 228.539 491.069
1996 466.561 762.755 1.229306
2003(*) / / 1.431.777

Fontes: MINTER/SEPLAN/RONDÔNIA (s/d) e Rondônia (1995a) (*) - 2003 - IBGE - Contagem de população/2003.

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Evolução do total de migrantes cadastrados em Rondônia.

ANO TOTAL
1977 9.140
1978 12.658
1979 36.791
1980 49.205
1981 60.218
1982 68.052
1983 92.723
1984 119.583
1985 125.453
1986 135.514
1991 193.599
1994 (*) 207.115
TOTAL GERAL 783.527
Fontes: SEPLAN/RO/CETREMI (s/d) E Rondônia (1995a) (*) Estimativa da Fiero/ 1995

Localização e limites entre os municípios

Mesorregiões

O estado de Rondônia é dividido geograficamente em duas mesorregiões:

1- A Mesorregião do Leste Rondoniense é uma das duas mesorregiões do estado de Rondônia. É


a maior mesorregião territorialmente e também em número de habitantes, apesar de não contar com o
município mais populoso. Por este motivo, grande parte dos políticos que comandam o estado vem desta
região, e não da capital, Porto Velho. Esta mesorregião é dividida em seis microrregiões.
- Alvorada d'Oeste
- Ariquemes
- Cacoal
- Colorado do Oeste
- Ji-Paraná
- Vilhena

2- A Mesorregião de Madeira-Guaporé é uma das duas mesorregiões do estado de Rondônia. Foi a


primeira região a ser habitada no estado de Rondônia por conta da construção do Forte Príncipe da Beira
em 1776 no vale do Rio Guaporé. Foi nessa região também onde foi construída a Estrada de Ferro
Madeira-Mamoré que impulsionou a fundação de Guajará-Mirim e Porto Velho e, por conta disso, são
estas as únicas microrregiões em que está dividida a mesorregião.
- Porto Velho
- Guajará-Mirim

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Microrregiões

O estado de Rondônia é dividido geograficamente em oito microrregiões:

1- Alvorada D'Oeste
2- Ariquemes
3- Cacoal
4- Colorado do Oeste
5- Ji-Paraná
6- Vilhena
7- Guajará-Mirim
8- Porto Velho

Governadores do estado de Rondônia


Rondônia é um estado da federação, sendo governado por três poderes, o executivo, representado
pelo governador, o legislativo, representado pela Assembleia Legislativa do Estado de Rondônia, e o
judiciário, representado pelo Tribunal de Justiça do Estado de Rondônia e outros tribunais e juízes.
Também é permitida a participação popular nas decisões do governo através de referendos e plebiscitos.
Porto Velho é o município com o maior número de eleitores, com quase 300 mil destes. Em seguida
aparecem Ji-Paraná com 83,3 mil eleitores, Cacoal (58,7 mil eleitores) e Ariquemes, com 56,2 mil
eleitores. O município com menor número de eleitores é Pimenteiras do Oeste, com 2,2 mil.
Tratando-se sobre partidos políticos, todos os 32 partidos políticos brasileiros possuem representação
no estado.26 De acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), baseado em dados de dezembro de
2013, o partido político com maior número de filiados em Rondônia é o Partido do Movimento Democrático
Brasileiro (PMDB), com 22.349 membros, seguido do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB),
com 17 189 membros e do Partido Progressista (PP), com 14 659 filiados. Completando a lista dos cinco
maiores partidos políticos no estado, por número de membros, estão o Partido dos Trabalhadores (PT),
com 14.142 membros; e o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), com 12.323 membros. Ainda de acordo
com o Tribunal Superior Eleitoral, o Partido da Causa Operária (PCO) é o partido político com menor
representatividade na unidade federativa, com 21 membros.

Divisas e fronteiras do estado de Rondônia


Pelo Tratado de Tordesilhas toda a região pertencia à Espanha. Com a penetração das Bandeiras e o
mapeamento dos rios Madeira, Guaporé e Mamoré, no período de 1722 a 1747, houve uma redefinição
dos limites entre Portugal e Espanha, realizada através dos Tratados de Madri e de Santo Ildefonso.
Portugal passou então a ter a posse definitiva da região e a defesa dos limites territoriais. Até o século
XVII apenas algumas missões religiosas haviam chegado até esta região. No início do século XVIII os
portugueses, partindo de Belém, subiram o rio Madeira até o rio Guaporé e chegaram ao arraial de Bom
Jesus, antigo nome da localidade de Cuiabá, onde descobriram ouro. Começaram então a aparecer
explorações de bandeirantes pelo vale do rio Guaporé em busca das riquezas minerais da nova área
descoberta. As demarcações da área ocorreram a partir de 1781 e o verdadeiro povoamento da região
teve início no somente durante o século XIX, na fase do ciclo da borracha, com a construção da ferrovia
Madeira-Mamoré e a exploração dos seringais existentes. Formado por terras anteriormente pertencentes

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aos Estados do Amazonas e Mato Grosso, o Estado de Rondônia foi originalmente criado como Território
do Guaporé em 1943. A denominação atual foi dada em 17 de fevereiro de 1956, em homenagem ao
Marechal Rondon, desbravador dos sertões de Mato Grosso e da Amazônia em 17 de fevereiro de 1956.
Em 1981, o Território de Rondônia passou a Estado da Federação.

Localização e Limites de Rondônia

O estado de Rondônia está situado ao sul da Linha do Equador, sendo atravessado pelo paralelo de
10º Sul e estando “encaixado” entre os meridianos de 60º 0 e 65º 0. Observe no mapa.

Limites

Rondônia limita-se:
- Ao norte (nordeste e noroeste), com o estado do Amazonas.
- A leste (e sudeste) com o estado do Mato Grosso.
- A oeste, com a República da Bolívia, a ponta extrema ocidental rondoniana, com o Acre.
- Ao sul, igualmente com a Bolívia.

Observe que a fronteira com a Bolívia, em quase toda a sua extensão, é marcada pelos rios Guaporé
e Mamoré; no extremo oeste, pelo rio Abunã.

Setores produtivos da agropecuária: área de exploração e importância econômica


A economia do estado de Rondônia tem como principais atividades a agricultura, a pecuária, a indústria
alimentícia e o extrativismo vegetal e mineral. Em 2009, o PIB do estado era de R$ 20,2 bilhões. Já em
2014, o PIB do estado saltou para 34,031 bilhões, representando 11,7% do PIB da região Norte e 0,62%
do PIB nacional. O PIB Per capita do estado é de R$ 15.098, o 13º maior do Brasil.

Composição econômica
de Rondônia
Serviços 64%
Agropecuária 23,6%
Indústria 12,3%
Fonte: IBGE

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Municípios com os maiores PIBs de Rondônia

Agricultura: A partir da década de 1970, o estado atraiu agricultores do centro-sul do país,


estimulados pelos projetos de colonização e reforma agrária do governo federal e da disponibilidade de
terras férteis e baratas. O desenvolvimento das atividades agrícolas trouxe uma série de problemas
ambientais e conflitos fundiários. Por outro lado, transformou a área em uma das principais fronteiras
agrícolas do país e uma das regiões mais prósperas e produtivas do Norte brasileiro. O estado destaca-
se na produção de café (maior produtor da região Norte e 5º maior do Brasil), cacau (2º maior produtor
da região Norte e 3º maior do Brasil), feijão (2º maior produtor da região Norte), milho (2º maior produtor
da região Norte), soja (2º maior produtor da região Norte), arroz (3º maior produtor da região Norte) e
mandioca (4º maior produtor da região Norte). Até mesmo a uva, fruta pouco comum em regiões com
temperaturas elevadas, é produzida em Rondônia, mais precisamente no sul do estado (produção de 224
toneladas em 2007). Apesar do grande volume de produção e do território pequeno para os padrões da
região (7 vezes menor que o Amazonas e 6 vezes menor que o Pará), Rondônia ainda possui mais de
60% de seu território totalmente preservado, de acordo com dados do Instituto Nacional de Pesquisas
Espaciais - INPE, tendo alcançado uma redução de 72% nos índices de desmatamento entre 2004 e
2008.

Pecuária: Atualmente, o estado possui um rebanho bovino de 11.709.614 de cabeças de gado


(8.107.541 com finalidade de corte e 3.622.073 com finalidade leiteira), sendo o 7º maior do país. Em
2008, Rondônia foi o 5º maior exportador de carne bovina do país, de acordo com dados da Abrafrigo
(Associação Brasileira de Frigoríficos), superando estados tradicionais, como Minas Gerais, Rio Grande
do Sul, Paraná e Santa Catarina. Além da pecuária de corte, a pecuária leiteira também se destaca no
estado, com uma produção total em 2007 de cerca de 708 milhões de litros de leite, sendo o maior
produtor da região Norte e 7º maior produtor nacional. Rondônia é líder em produtividade no setor
agropecuário leiteiro nacional. De acordo com dados da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
(Embrapa), de 2009, o Estado é responsável pela produção anual de 747 milhões de litros de leite, o que
resulta em uma média de 487 litros da bebida por habitante por ano, totalizando 1,4 milhão por ano.

Energia: Além de contar com a Usina Hidrelétrica de Samuel, localizada no município de Candeias do
Jamari, construída nos anos 80 para atender à demanda energética dos estados de Rondônia e Acre,
bem como diversas pequenas centrais hidrelétricas (PCHs), estão em construção atualmente, no Rio
Madeira, as usinas hidrelétricas de Santo Antônio e Jirau, que juntas terão uma capacidade instalada de
6.450 MW, cerca de metade da energia gerada pela Usina Hidrelétrica de Itaipu. As usinas são apontadas
pelos especialistas da área como uma solução para os problemas de racionamento de energia do país.
Apesar da polêmica criada em torno das obras por parte de ambientalistas e organizações não-
governamentais, as usinas serão as primeiras da Amazônia a utilizar o sistema de turbinas tipo "bulbo",
o que não requer grandes volumes de água, uma vez que as turbinas serão acionadas pela correnteza
do rio e não pela queda d'água. Com isso, o coeficiente de eficiência energética das usinas será superior,
por exemplo, ao de Itaipu, considerada um modelo para o setor.

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Expansão da fronteira agrícola: economia x sociedade
Fronteira agrícola é o avanço da unidade de produção capitalista sobre o meio ambiente, terras
cultiváveis e/ou terras de agricultura familiar. A fronteira agrícola está ligada com a necessidade de maior
produção de alimentos, criação de animais sob a demanda internacional de importação destes produtos.
Além disso, seu crescimento acelerado também está ligado pela ausência de políticas públicas eficazes
onde a terra acaba sendo comprada barata e o controle fiscal inoperante.
O Brasil possui 850 milhões de hectares em seu território. Estima-se que 350 milhões são agricultáveis.
Cana-de-açúcar, e Soja ocupam em torno de 9 milhões e 24 milhões de hectares respectivamente. Já
para a criação de gado, no território brasileiro cerca de 211 milhões de hectares são utilizados para a
pastagem extensiva. Apesar do grande espaço utilizado para a criação de animais, a produtividade para
cabeças de boi é considerada baixa, uma vez que temos poucas cabeças de boi por hectare. Para
aumentar a produção de cereais e carne, agricultores e pecuaristas estendem a fronteira de suas
fazendas adquirindo mais terras, a chamada fronteira agrícola. O sensoriamento remoto no estudo do
desmatamento da floresta amazônica por instituições americanas como Environmental Research Letters
mostra que a soja é vetor que contribui para este aumento do espaço ocupado a sua produção.

Problemas causados pelo avanço da fronteira agrícola


Conforme o avanço da fronteira e a derrubada de florestas, de áreas de meio ambiente e áreas antes
ocupadas por agricultura familiar ocorrer, problemas começam a emergir como conflitos ambientais. O
avanço do desmatamento na Floresta Amazônica por exemplo, reduz o espaço antes utilizado por
comunidades indígenas, também aumenta a pressão no governo com o impulso de movimentos sociais
que lutam pela divisão de terras, e um melhor aproveitamento de terras já ocupadas na sua produção.
Cabe a Justiça Ambiental mediar todos valores econômicos, sociais, culturais do uso da terra por
diferentes pessoas e seus pontos de vista, para que estes conflitos sejam amenizados. O Brasil é líder
no ranking de desmatamento mundial, e além dos fatores causadores de conflitos, há a questão da
contribuição que as queimadas e a criação de gado possam afetar no processo de aquecimento do
planeta ainda bastante discutido.

Aumento da fronteira agrícola e sua necessidade


Para um melhor uso do espaço ocupado em novas terras da Amazônia foi criado um projeto chamado
Amazônia Legal que visa não só melhorar o nível produtivo na área ocupada, como reduzir o
desmatamento a zero. Permite o estudo e o emprego de tecnologia na biodiversidade local, permite
ecoturismo, em geral é uma forma de absorver todos os recursos naturais e culturais conservando o meio
ambiente necessário ao nosso planeta. Conforme a população mundial continuar crescendo, a
necessidade de se aumentar a produção de alimentos e o avanço em terras continuará existindo, até que
a população se estabilize ou o nível de produção fique bastante elevado já nos hectares utilizados, pois
a demanda por alimento é maior que a produção mundial. Cientistas e técnicos defendem que o espaço
no território ocupado pela pastagem precisa ser melhor aproveitado para que o desmatamento realizado
a fim de novas pastagens seja feito somente quando saturar o uso do terreno já aproveitado.

Hidrografia
A rede hidrográfica do Estado de Rondônia é representada pelo rio Madeira e seus afluentes, que
formam oito bacias significativas: Bacia do Guaporé, Bacia do Mamoré, Bacia do Abunã, Bacia do Mutum-
Paraná, Bacia do Jacy-Paraná, Bacia do Jamari, Bacia do Ji-Paraná e Bacia do Aripuanã. O rio Madeira,
principal afluente do rio Amazonas, tem 1.700 km de extensão em território brasileiro e vazão média de
23.000 m3 por segundo. É formado pelos rios Guaporé, Mamoré e Beni, originários dos planaltos andinos,
e apresenta dois trechos distintos em seu curso, denominados Alto e Baixo Madeira. O primeiro trecho,
de 360 km, até as proximidades da cidade de Porto Velho, capital do Estado, não apresenta condições
de navegabilidade devido à grande quantidade de cachoeiras existentes. São 18 cachoeiras ao todo, com
desnível de cerca de 72 metros e índice de declividade da ordem de 20 cm a cada quilômetro.
O Baixo Madeira, trecho em que o rio é francamente navegável, corre numa extensão de 1.340 km, a
partir da Cachoeira de Santo Antônio até sua foz, no rio Amazonas. O trânsito fluvial entre Porto Velho e
Belém, capital do Estado do Pará, é possível durante todo o ano nesta hidrovia de cerca de 3.750 km,
formada pelos rios Madeira e Amazonas. Através do rio Madeira circula quase toda a carga entre Porto
Velho e Manaus, capital do Estado do Amazonas, principalmente os produtos fabricados nas indústrias
da Zona Franca de Manause destinados aos mercados consumidores de outras regiões. O rio Guaporé,
em todo o seu percurso, forma a linha divisória entre o Brasil e a Bolívia, apresentando condições de
navigabilidade para embarcações de pequeno e médio calados na época da vazante. A bacia do Mamoré
ocupa área de 30.000 km² dentro de Rondônia e, juntamente com a bacia do Guaporé forma uma rede

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hidroviária de capital importância para o Estado, que utiliza a hidrovia como seu principal meio de
transporte e comunicação. O rio Mamoré nasce na Bolívia e recebe o rio Beni, ocasião em que forma
também a linha fronteiriça do Brasil com a Bolívia. É navegável a embarcações de médio calado em
qualquer época do ano. A bacia do rio Mutum-Paraná ocupa superfície de 8.840 km² e é de importância
apenas relativa para o Estado, servindo principalmente como via de penetração para o interior.
O rio Abunã é importante por ser responsável pela demarcação da linha divisória dos limites
internacionais entre Brasil e Bolívia no extremo oeste do Estado. A área de abrangência de sua bacia
hidrográfica é de aproximadamente 4.600 km² numa região onde o grande número de cachoeiras e
corredeiras dificulta a navegação. A bacia do rio Jaci-Paraná se estende por 12.000 km²e apresenta as
mesmas características do rio Mutum-Paraná. O rio Jamari tem grande significação econômica para
Rondônia, por ter sido represado para a formação da primeira usina hidrelétrica do Estado e servir como
importante via de transporte de passageiros e cargas na região compreendida entre os municípios de
Porto Velho e Ariquemes. Sua bacia ocupa área de 31.300 km² aproximadamente.
O rio Ji-Paraná é o mais importante afluente do rio Madeira em Rondônia, dada a longa extensão de
seu curso, que corta todo o Estado no sentido sudeste/nordeste. Seu complexo hidrográfico abrange
superfície de aproximadamente 92.500 km². Embora tenha 50 cachoeiras e corredeiras ao longo de seu
percurso, em alguns trechos o rio apresenta-se navegável, atendendo ao escoamento dos produtos
oriundos do extrativismo vegetal na região. A bacia do rio Aripuanã está localizada na região sudeste do
Estado e ocupa área de aproximadamente 10.000 km². Seus rios são extremamente encachoeirados,
oferecendo grande potencial hidrelétrico, mas se encontram, em sua maioria, dentro de áreas indígenas,
não podendo, portanto, ser explorados.

Clima do estado
O clima do Estado de Rondônia é equatorial e a variação da temperatura se dá em função das chuvas
e da altitude. As temperaturas médias anuais variam entre 24 e 26º C, podendo as máximas oscilar entre
28 e 33º C e as mínimas chegar a 18 ou 21º C nas regiões de maior altitude, no município de Vilhena. A
precipitação anual varia de 1.800 a 2.400 mm. A menor queda pluviométrica ocorre no trimestre de junho
a agosto, sendo o período de dezembro a maio o mais úmido.

Principais unidades de relevo do estado e do entorno amazônico


O relevo de Rondônia é pouco acidentado, não apresentando grandes elevações ou depressões, com
variações de altitudes que vão de 70 metros a pouco mais de 500 metros. A região norte e noroeste,
pertencente à Planície Amazônica, situa-se no vale do rio Madeira e apresenta área de terras baixas e
sedimentares. As áreas mais acidentadas encontram-se localizadas na região sul, onde ocorrem
elevações e depressões, com altitudes que chegam a alcançar 800 metros na Serra dos Pacaás Novos,
que se dirige de noroeste para sudeste e é o divisor entre a bacia do rio Guaporé e as bacias dos afluentes
do rio Madeira (Jaci-Paraná, Candeias e Jamari). O ponto mais alto de Rondônia está localizado na Serra
dos Pacaás Novos, com altitude de 1.126 m, é o pico Jaru.
Cerca de 66% da superfície do território se encontra entre 100 e 300m de altitude; trinta por cento,
entre 300 e 800m; e quatro por cento, abaixo de 100m. Três unidades compõem o quadro morfológico: o
planalto cristalino, o chapadão e a planície aluvial. O planalto cristalino ocupa a maior parte do estado.
Seus terrenos ondulados, talhados em rochas cristalinas, constituem um prolongamento, para noroeste,
da encosta setentrional do planalto central brasileiro. O chapadão, que se ergue sobre o planalto cristalino,
tem uma topografia tabular cortada em terrenos sedimentares e alcança os mais elevados níveis
altimétricos de Rondônia. Com forma alongada, atravessa o estado de sudeste para noroeste, com o
nome, na extremidade noroeste, de serra ou chapada dos Parecis e serra dos Pacaás Novos. A planície
aluvial forma uma estreita faixa de terras planas, sujeitas a inundação, que se desenvolvem ao longo do
curso do rio Guaporé.

Biomas e a degradação ambiental


Predomina em Rondônia o clima tropical úmido com estação seca pouco marcada (Am de Köppen). A
pluviosidade varia de 1.900mm, no sul, a 2.500mm, no norte. A temperatura mantém-se elevada durante
todo o transcorrer do ano, com médias anuais superiores a 26°C. Todos os rios do estado pertencem à
bacia do rio Madeira, afluente do Amazonas. O chapadão forma o divisor de águas entre os rios que
correm diretamente para o Madeira, localizados na parte oriental do estado, e os da região ocidental, que
correm para o Mamoré e o Guaporé. Cerca de setenta por cento da superfície de Rondônia é recoberta
pela floresta pluvial amazônica. Os restantes trinta por cento correspondem a cerrados e cerradões que
revestem a superfície tabular do chapadão. No entanto, causa preocupação o desmatamento, que se
acelerou em meados da década de 1980, para a exploração de minérios. Vegetação de Rondônia:

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Floresta Ombrófila Aberta: É o tipo de floresta dominante no estado, abrangendo cerca de 55% da
área total da vegetação. Esta tipologia caracteriza-se pela descontinuidade do dossel, com ausência de
área foliar entre 30 e 40%, permitindo que a luz solar alcance o sub-bosque favorecendo a sua
regeneração. Os troncos apresentam-se mais espaçados no estrato mais alto, que atinge cerca de 30 m
de altura enquanto o sub-bosque encontrasse estratificado.

Floresta Estacional Semidecidual ou Subcaducifólia: Este tipo de vegetação se desenvolve em


solos hidromórficos com baixa capacidade de retenção de água. Ocupam cerca de 2% do total da
cobertura vegetal do estado.

Floresta de Transição ou Contato: Ocupam cerca de 8% do estado. Trata-se de área de transição


entre o cerrado e a floresta, apresentando características destas duas formações, com o estrato mais alto
com cerca de 20 metros de altura.

Cerrado: Ocupam cerca de 5% da cobertura florestal do estado. São formações vegetais com feições
xeromórficas principalmente devido às características do sol.

Formação Pioneira: Ocupam cerca de 4% do estado. Ocorre em terrenos sujeitos a inundações,


apresentando diversas fisionomias. Pode apresentar vegetação florestal, ou não. O tamanho das árvores
é determinado pela altitude e pelo grau de inundação. Algumas destas áreas encontram-se dominadas
por palmeiras conhecidas como buritis.

Campinarana: O termo campinarana significa “falso campo”. São formações não florestais que
ocorrem em manchas pequenas e bem dispersas por toda a Amazônia. É a vegetação menos
representativa do estado. Cresce em solos muito pobres de areia branca (Podzol, hidromórfico e Areia
Quartizosas). A maioria das espécies são endêmicas mas é possível encontrar algumas que ocorrem
também em cerrado ou outras áreas não florestais. Texto adaptado de Sônia Arruda.

Desmatamento
A ocupação ocorrida no período militar teve características distintas das anteriores. Antes, os
colonizadores buscavam a região para explorar as riquezas da floresta, e agora querem a terra para
expandir a agricultura e a pecuária. O modelo de latifúndio dos seringais, até então dominante na
Amazônia, propiciava a permanência dos trabalhadores na floresta. O novo latifúndio, a fazenda para
criação de gado, promovia a chamada “limpeza do terreno”, ou seja, a retirada da floresta e do povo que
lá vivia. Repentinamente, índios, seringueiros, ribeirinhos e colonos viram suas terras invadidas e
devastadas em nome de um novo tipo de progresso que transformava a floresta em terra arrasada.
A partir de 1975, as populações tradicionais da floresta começaram a se organizar e a desenvolver
diferentes estratégias de resistência. Foram fundados os primeiros sindicatos de trabalhadores rurais no
Acre e em outros estados da Amazônia. Em muitos lugares, os segmentos mais progressistas da Igreja
Católica reforçaram a luta popular a partir das Comunidades Eclesiais de Base. Intelectuais, artistas,
estudantes e trabalhadores em geral criaram organizações civis e um intenso movimento social se
verificou nas cidades de várias regiões fortemente impactadas pela política oficial.
Não foi uma luta fácil, nem rápida. Apesar de os trabalhadores rurais possuírem formas pacíficas de
luta, como a realização de embates com a participação de mulheres e crianças para impedir as
derrubadas da floresta, os conflitos foram se tornando cada vez mais explosivos e perigosos. Para
responder a isso, em 1985 foi criado o CNS. Surge então uma forte consciência de que a devastação da
floresta amazônica não era somente uma questão ambiental, mas social. O discurso de líderes como
Chico Mendes começou a apontar na direção da formação de uma aliança dos povos da floresta, que
reunisse todas as populações tradicionais da Amazônia em defesa de seu bem comum: a grande floresta.
Se índios e seringueiros haviam sido inimigos durante o primeiro ciclo da borracha, agora precisavam se
unir para lutar contra o inimigo comum.
Porém, nem toda a notoriedade e legitimidade obtidas pelo movimento dos povos da floresta
impediram que seus líderes continuassem a ser mortos. Em 1988, Chico Mendes foi assassinado dentro
de sua própria casa, apesar da proteção de dois policiais que o acompanhavam 24 horas por dia. Nesse
momento, o movimento ambientalista mundial já havia tornado Chico Mendes uma figura pública
conhecida e reconhecida em todo o mundo por sua luta em defesa da floresta e de suas populações
tradicionais. Sua morte desencadeou enorme pressão sobre os organismos financeiros internacionais,
que foram obrigados a rever seus critérios de investimento na Amazônia, levando o governo brasileiro a

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mudar a política de desenvolvimento da região. A Amazônia passou a ser respeitada por sua importância,
não só para o Brasil, mas para o mundo.
O atual modelo econômico de ocupação e uso dos recursos naturais é um dos principais fatores que
causam o aumento do desmatamento em Rondônia, de acordo com o estudo “O Fim da floresta? A
devastação das Unidades de Conservação e Terras Indígenas no Estado de Rondônia”, produzido pelo
Grupo de Trabalho Amazônico (GTA). Segundo o estudo, a "persistência de padrões convencionais
caracterizados pela exploração predatória de madeira, a pecuária extensiva e a concentração fundiária,
com reflexos no crescimento desordenado das cidades e o aumento da violência, têm contribuído para a
intensificação de pressões sobre as unidades de conservação, terras indígenas e outras áreas protegidas
no estado”.
Rondônia tem um dos mais elevados índices de desmatamento da Amazônia Legal, com acúmulo, até
o ano de 2007, de quase 9 milhões de hectares, o que representa 44% da área originalmente coberta por
florestas. Os dados mais recentes mostram que, entre agosto de 2007 e abril de 2008, o aumento da área
desmatada foi de 23% em relação ao mesmo período do ano anterior e os municípios de Porto Velho e
Nova Mamoré se classificaram entre os mais desmatados de toda a Amazônia. O documento, embasado
nesses índices, busca mostrar as causas e apresenta propostas para controlar o problema. Além da
persistência de padrões predatórios na Amazônia, o relatório acusa condições precárias das Unidades
de Conservação e terras indígenas. “Todas as áreas protegidas apresentam problemas crônicos
relacionados à alocação e manutenção de pessoal qualificado, infraestrutura física e, sobretudo, à
garantia de fontes permanentes de recursos financeiros para a sua gestão e proteção”.
Expectativas econômicas geradas por empreendimentos como as usinas hidrelétricas de Santo
Antônio e Jirau, no rio Madeira, e a pavimentação da BR-319, segundo o relatório, têm contribuído para
a intensificação do desmatamento. O relatório também aponta diversas incoerências nas políticas
públicas para a Amazônia em Rondônia, como a atuação do Instituto Nacional de Colonização e Reforma
Agrária (INCRA), que muitas vezes desconsidera a existência de Unidades Estaduais de Conservação, e
os programas de crédito rural e fomento ao setor agropecuário. “A publicação demonstra que a
devastação de áreas protegidas em Rondônia é o reflexo de uma crise de governança, marcada por
interesses privados de grupos políticos e econômicos que se infiltram nas mais diversas esferas da
máquina governamental, comprometendo o funcionamento de instituições públicas, os interesses
coletivos da sociedade e ao próprio Estado de Direito”.
Propostas de ação - Entre as ações para conter a expansão do desmatamento, o GTA Rondônia
propõe a definição e execução de uma agenda emergencial, com apoio de forças federais, para "promover
a imediata desintrusão de Unidades de Conservação e terras indígenas dominadas pelo crime ambiental
organizado", e aprimorar os instrumentos legais para combater a impunidade. Além disso, propõe a
criação de um fundo estadual para financiar ações de implementação e manutenção de áreas protegidas
a longo prazo, “de modo a garantir investimentos necessários para dotar as Unidades de Conservação e
terras indígenas de orçamento adequado, inclusive para estruturas físicas, equipamentos e custeio de
ações essenciais”. O documento considera fundamental garantir a transparência e o acesso público a
informações sobre o licenciamento e controle ambiental em Rondônia e pontua ações específicas para
reservas extrativistas e terras indígenas. Texto adaptado de Bruno Calixto.

Desenvolvimento Sustentável
O resultado deste complexo processo de ocupação da Amazônia é um dos traços marcantes da região:
a diversidade social. Alcançou-se a consciência de que a Amazônia não é somente um lugar privilegiado
da biodiversidade, mas também o lugar da sociodiversidade. Porém, ainda são poucos os que percebem
que dentro dessa floresta, ao mesmo tempo indomável e frágil, moram populações tradicionais que
desenvolveram modos de vida compatíveis com as características especiais desse ecossistema. A
história da Amazônia nos revela, também, que esse processo faz parte da construção de uma consciência
ambiental e social mais equilibrada.
Apesar do imenso potencial, alguns fatores se colocam como desafios para o alcance dos objetivos
de um desenvolvimento sustentável da Amazônia, e dentre eles destacamos:
- Baixos níveis educacionais, com parcela significativa de populações analfabetas e de crianças sem
acesso à escola.
- Grave quadro de desorganização fundiária, do qual derivam sérios conflitos pela posse da terra,
determinando a expulsão de populações tradicionais que passam a engrossar frentes migratórias para a
periferia das cidades.

Diante desta situação, programas de inclusão social no meio urbano e rural, na Amazônia, devem estar
diretamente associados à geração de emprego e renda e à questão da sustentabilidade. A criação e

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consolidação de Reservas Extrativistas, Reservas de Desenvolvimento Sustentável e a Demarcação das
Terras Indígenas são iniciativas que asseguram o bem-estar social e cultural das populações tradicionais
e a manutenção dos estoques florestais e de biodiversidade por elas geridos. No entanto, devido às
proporções territoriais da região, o controle e manutenção desses programas requerem uma cooperação
que passa pelo sistema de parcerias entre todas as organizações e instituições envolvidas com a
Amazônia.
Executar um plano de desenvolvimento florestal sustentável para Rondônia em conjunto com
instituições de pesquisa e desenvolvimento. Este foi o principal objetivo do presidente do Centro Mineiro
para Conservação da Natureza (CMCN), apresentado a pesquisadores da Embrapa Rondônia (Porto
Velho/RO), Unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, vinculada ao Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento. A convite do governador do Estado, Ivo Cassol (PSDB), o
presidente da entidade planejou executar um documento crítico que se torne referência para projetos de
desenvolvimento florestal sustentável em Rondônia, com foco em unidades de conservação, reservas
indígenas e produtores rurais. Um dos efeitos imediatos seria o aumento de qualidade de vida do produtor
rural.
A Embrapa Rondônia foi a primeira instituição procurada. Planejar e executar convênios de cooperação
técnica para a elaboração de projetos de pesquisa, cursos de pós-graduação e assessoria aos trabalhos
desenvolvidos em Rondônia. Representante da Sociedade de Investigações Florestais (SIF), visitou
também a Secretaria de Desenvolvimento Ambiental (Sedam) e universidades para a elaboração do
parecer. Projetos foram coordenados por profissionais em suas respectivas áreas, viabilizando a
implantação de programas de desenvolvimento sustentável. A expectativa entre pesquisadores da
Embrapa Rondônia foi que um convênio fosse firmado entre as duas instituições para o desenvolvimento
de projetos conjuntos.

Problemas Ecológicos
Com o objetivo de proteger a natureza e garantir a preservação ambiental de extensas áreas não
habitadas, o Governo Federal passou a criar parques e reservas naturais na região Amazônica. O Parque
Nacional de Pacaás Novos foi criado em 1979 e ocupa área de 765.000 hectares nos municípios de Porto
Velho, Guajará-Mirim, Ariquemes e Ji-Paraná. Com extensa área de plateau coberta por espessa
vegetação de cerrado, nele se encontra a Chapada dos Pacaás Novos, na região oeste do Estado. Na
fronteira com o Estado de Mato Grosso às margens do rio Ji-Paraná, encontra-se a Reserva Biológica
Nacional do Jaru, com área de 268.150 hectares, também criada em 1979.
Na região sul do Estado encontra-se a Reserva Natural do Guaporé, que cobre uma área de 600.000
hectares. O acesso à região é feito por barco. Dentro da reserva, a três dias de viagem da cidade de
Guajará-Mirim, podem ser visitadas as ruínas do Real Forte Príncipe da Beira, construído no século XVIII
pelos colonizadores portugueses. Existe ainda no Estado a Reserva Extrativista Rio Ouro Preto, que
abrange área de 204.583 hectares, localizada nos municípios de Guajará-Mirim e Nova Mamoré e a
Reserva Ecológica Nacional Ouro Preto do Oeste, com área de 138 hectares, no Município de Ouro Preto
do Oeste, região sudoeste do Estado.

Reserva Roosevelt: Na Reserva Roosevelt, formada por 2,7 milhões de hectares e de propriedade
dos Índios Cintas-Largas, localizada em Espigão do Oeste, habitam cerca de 1.200 índios. Um estudo
inédito que mapeou as reservas minerais do Brasil, apontou que o garimpo do Roosevelt é de uma
espécie raríssima. Elaborado pela Companhia de Pesquisa e Recursos Minerais (CPRM), o levantamento
apontou que o kimberlito tem 1,8 bilhão de anos e uma capacidade de produção de no mínimo um milhão
de quilates por ano. Esse número subestimado coloca a Roosevelt, no mínimo, entre as cinco maiores
minas de diamantes do mundo. A capacidade real somente poderá ser verificada com uma análise mais
detalhada, o que ainda não foi feito, pois o garimpo está localizado em área indígena. Para especialistas,
a sondagem poderá indicar a Roosevelt como a maior mina do planeta.

Principais unidades de conservação ambiental

Rondônia possui 42 Unidades de Conservação


Porto Velho/RO - Para reparar o impacto ambiental causado com o desenvolvimento do Estado de
Rondônia, foi proposto pelo Banco Mundial, um projeto chamado Plano Agro Florestal de Rondônia
(Planaforo), que previa, além de recursos para infraestrutura, a determinação para que o Estado
mantivesse várias unidades de conservação. Com isso em 1995 foram criadas 42 Unidades de
Conservação, 12 de proteção integral e 37 utilizadas para uso sustentável.

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De acordo com o chefe do grupo de Unidade de Conservação da Secretaria de Desenvolvimento
Ambiental (Sedam), Nilo Magalhães, entende-se por áreas que possuem proteção integral, as Reservas
Biológicas e os Parques. As reservas biológicas são de uso restrito à pesquisas, já nos parques são
permitidas visitações públicas. Ambos foram criados com o objetivo de manter a manutenção das
diversidades biológicas.
Já as florestas são mantidas para que se tenha recurso florestal para utilização em manejo. Além disso,
podem ser licitadas para que empresas utilizem desse recurso, como acontece na Floresta Estadual de
Rio Vermelho B, na região de Porto Velho, localizada à margem esquerda do rio Madeira.
As áreas protegidas para Uso Sustentável são as Reservas Extrativistas e as Florestas Estaduais,
utilizadas para fazer o manejo florestal e corte de madeira de forma seletiva.

Preservação
Como a área monitorada é extensa, para manter a biodiversidade, órgãos ambientalistas atuam na
criação e na demarcação de limites, através de fiscalização e punição aos infratores. Na região de Porto
Velho, o Parque Ecológico é monitorado pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente. Os técnicos
trabalham para evitar a invasão da área e para manter o ambiente adequado para a fauna e flora
existentes no local. “Nossa maior preocupação é com a instalação de empreendimentos próximos e
mesmo o loteamento da área, que poderiam pôr em risco a biodiversidade”.
As áreas estaduais e federais contam com o apoio de equipes da polícia ambiental para monitoração
das unidades. “Todas as áreas, especialmente as reservas extrativistas são vigiadas frequentemente”.
Segundo a superintendente substituta do Ibama, Nanci Maria Rodrigues da Silva, aproximadamente mil
homens trabalham em conjunto para manutenção e equilíbrio da biodiversidade do Estado. “As regiões
nunca ficam sem fiscalização”.

O Perfil Institucional dos Órgãos Governamentais atuando na Proteção Ambiental em Rondônia


O aumento do acesso às áreas protegidas não está sendo acompanhado pelo fortalecimento das
instituições responsáveis pela aplicação das leis ambientais em Rondônia. Na esfera estadual, o órgão
responsável pela formulação e aplicação das leis ambientais é a “Secretaria Estadual de Desenvolvimento
Ambiental” (SEDAM).
A SEDAM possuía em 1999 um quadro limitadíssimo de pessoal (oito técnicos) para fiscalizar o
cumprimento das leis ambientais em todo o Estado de Rondônia. Esta deficiência era minimizada pela
presença da Polícia Florestal em ações repressivas (bloqueio de estradas, ações de fiscalização no
interior das unidades). Na esfera federal, o “Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos
Renováveis “(IBAMA) possui um corpo de 42 funcionários que são responsáveis pela aplicação das leis
ambientais federais e a proteção de três unidades federais localizadas em Rondônia.
Contudo, a maioria deste pessoal está lotada em Porto Velho e dentro da estrutura administrativa do
órgão. Por outro lado, a “Fundação Nacional do Índio” (FUNAI) é, em tese, responsável pela obediência
aos limites das reservas indígenas, sendo que existem 46 postos indígenas em Rondônia. Contudo, a
FUNAI não possui estrutura específica para ações repressivas contra os violadores dos limites das
reservas, e a maioria dos seus funcionários cumprem funções burocráticas dentro e fora das reservas
indígenas. Assim, a SEDAM e o IBAMA são quem na prática aplicam as leis ambientais.
Dado o número reduzido de funcionários, estes dois órgãos tendem a agir de maneira coordenada
para maximizar seus esforços de proteção. Infelizmente, a eficiência dos esforços destes dois órgãos é
minada por causa de uma série de restrições.
Em primeiro lugar, órgãos federais e estaduais trabalham com diferentes mandatos legais que, em
muitas ocasiões, tendem a produzir conflitos de jurisdição e impedem uma cooperação mais dinâmica.
Um exemplo deste tipo de problema ocorreu em 1994 quando o IBAMA demorou cerca de um ano para
renovar um acordo que permitia à SEDAM conduzir ações repressivas no interior das unidades federais,
o que deixou aquelas áreas sem nenhuma proteção efetiva.
Segundo, todos os órgãos envolvidos na proteção de unidades de conservação têm seus escritórios
centrais localizados em Porto Velho, o que os deixa fisicamente distantes da maioria das áreas protegidas
existentes em Rondônia. Assim a distância geográfica somada a corpos funcionais reduzidos resulta em
sérios problemas de coordenação que facilitam a evasão dos violadores quando as equipes encarregadas
de operações repressivas finalmente chegam no campo. Estas dificuldades operacionais são acrescidas
pelo baixo moral dos funcionários estaduais que muitas vezes ficam meses sem receber seus salários.
Além disso, os órgãos ambientais são sempre alvos fáceis nos programas de enxugamento de despesas
que têm marcado o funcionamento do Estado brasileiro nas últimas décadas.
Um exemplo deste tipo de corte orçamentário foi o corte de cerca de 49% do orçamento do Ministério
do Meio Ambiente para realizar o ajuste das contas públicas acordado com o Fundo Monetário

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Internacional. Terceiro, a falta de uma normatização das leis ambientais tem resultado em longas batalhas
judiciais que terminam por isentar os violadores de cumprir as penas previstas na lei. Por exemplo, uma
prática muito comum em toda a Amazônia brasileira é a de deixar a madeira apreendida sob a guarda
dos madeireiros responsáveis por sua extração ilegal. Numa combinação sinistra, os próprios órgãos
ambientais transformam saqueadores de unidades de conservação nos fiéis depositários do produto de
seu saque.
Esta prática aparentemente estranha demonstra quão difícil é estabelecer um mínimo de controle
sobre a exploração dos recursos naturais existentes nas áreas protegidas da Amazônia. Além disso, a
adoção deste tipo de estratégia acaba por incentivar a extração ilegal de madeira porque os madeireiros
terminam por serrar a madeira sob sua guarda e ainda têm que extrair mais árvores no caso de perderem
as batalhas nos tribunais. Finalmente, a eficiência dos órgãos governamentais é comprometida pelo grau
de politização que envolve as suas atividades cotidianas. Por exemplo, a maior parte dos postos de chefia
nos órgãos ambientais não são ocupados por técnicos experientes mas sim por protegidos de políticos
(que em muitos casos estão envolvidos na invasão de áreas protegidas).
A precária situação institucional e as condições sociais que envolvem a criação e proteção de unidades
de conservação e reservas indígenas em Rondônia parecem conduzir a uma situação de perda inevitável.
Contrário ao que o senso comum indicaria, a experiência do PLANAFLORO parece sugerir que mesmo
com grandes investimentos, os órgãos ambientais não apresentam o nível de melhora que se esperaria
em sua capacidade institucional. De fato, mesmo sabendo-se que grandes parcelas do orçamento do
PLANAFLORO foram gastas com a recuperação da estrutura dos órgãos ambientais, este investimento
não teve efeitos duradouros, especialmente no que se refere à capacidade destes órgãos em aplicar as
leis ambientais.
Em suma, apesar do fortalecimento institucional dos órgãos encarregados da proteção ambiental em
Rondônia ter sido um dos requisitos chaves para que o Banco Mundial aprovasse o financiamento do
PLANAFLORO, esta questão nunca foi tratada de maneira realista durante a implementação do
programa. Assim, a pressão associada com a construção de estradas sobre as unidades de conservação
está sendo exacerbada pela fraqueza institucional dos órgãos ambientais atuando em Rondônia.
A distribuição espacial e a forma geométrica das unidades de conservação, a proximidade das
estradas e o grande número de segmentos interessados na exploração dos recursos existentes dentro
das áreas protegidas contribuem para determinar o processo de proteção ambiental como uma tarefa
bastante difícil em toda a Amazônia.
Uma sugestão que tem ganho crescente apoio para ampliar o envolvimento da sociedade na proteção
de unidades de conservação é a participação direta das comunidades no processo de manejo e proteção
dos recursos naturais ali existentes. Infelizmente, a maior parte das estratégias formuladas usam
mecanismos que primarizam a participação de indivíduos externos às comunidades e secundarizam a
contribuição das populações diretamente envolvidas (Poffenberger, 1996). Não é errado dizer que as
populações tradicionais, que são justamente aquelas que já acumularam uma grande riqueza de
conhecimento sobre os ecossistemas sendo protegidos, ficam invisíveis aos olhos dos planejadores
(Millikan, 1992).
No caso do PLANAFLORO, embora o programa tenha sido formulado de modo a permitir a
participação das populações tradicionais em aspectos chaves dos seus componentes ambientais, isto
não foi materializado. Pelo contrário, em muitos casos o processo de demarcação das áreas protegidas
enfrentou uma clara oposição por diferentes grupos de interesse atuando nas áreas próximas às futuras
unidades de conservação. Como já foi descrito anteriormente, a tendência de certos segmentos sociais
foi ocupar e explorar rapidamente os recursos naturais existentes nas áreas que seriam transformadas
em unidades de conservação. Em alguns casos, a ação destes segmentos levou à completa desfiguração
das áreas destinadas à conservação ambiental.
Uma reação comum a este estado de coisas foi o chamado à ação policial e a construção de postos
de proteção dentro das unidades de conservação, o que, no entanto, acabou não ocorrendo na maioria
dos casos.
Já o financiamento de projetos que apoiavam o envolvimento das comunidades em projetos de
desenvolvimento sustentável só começou a ocorrer no final de 1995, através dos chamados “Projetos de
Apoio à Iniciativas Comunitárias” (PAICs). Contudo, na maioria dos casos, os projetos dos PAICs foram
formulados por técnicos externos às comunidades, o que serviu para diminuir a chance de êxito dos
mesmos por falta de envolvimento da população beneficiária. Além disso, uma preocupação central nos
PAICs foi testar o desempenho de usos alternativos da terra, tais como a implantação de consórcios
agroflorestais, projetos de apicultura e piscicultura. Por sua natureza experimental, estes projetos não
lograram gerar renda suficiente para diminuir a pressão imediata sobre as unidades de conservação.

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Por outro lado, pouca atenção foi dada à projetos de educação ambiental e à programas de
capacitação comunitária para envolvimento na proteção das unidades de conservação (World Bank,
1995). A única exceção ocorreu no processo de criação das reservas extrativistas, onde os órgãos
governamentais lograram estabelecer parcerias com associações de seringueiros para desenvolver
planos de manejo das reservas usando métodos participativos (Weigand Jr & De Paula, 1998). Um
balanço inicial desta experiência indica que o uso de métodos participativos levou a um maior
envolvimento das comunidades resultando no estabelecimento de objetivos mais realistas de utilização
dos recursos naturais existentes dentro das reservas extrativistas. Em alguns casos, as comunidades de
seringueiros formaram grupos de autodefesa visando impedir a ação de madeireiros, pescadores e
garimpeiros dentro das reservas. Ainda que incipiente, o exemplo dos seringueiros parece reforçar o
argumento de que o uso de métodos que aumentem a participação das comunidades são mais eficientes
do que as onerosas operações realizadas esporadicamente pelos órgãos governamentais para fazer valer
os limites das unidades de conservação.
A noção de que a simples criação de unidades de conservação é suficiente para proteger a rica
biodiversidade dos trópicos é colocada em cheque pela experiência de Rondônia. A grande mistura de
questões sociais, econômicas e institucionais que envolvem a criação e manutenção de áreas protegidas
nos trópicos geram um problema de difícil solução. As evidências aqui apresentadas sugerem que
esquemas grandiloquentes expressos por programas de desenvolvimento regional não garantem
mudanças imediatas na mentalidade institucional envolvida na formulação de políticas públicas, nem
resultam em melhorias duradouras na infraestrutura dos órgãos responsáveis pela aplicação das leis
ambientais.
Como o exemplo do PLANAFLORO demonstra, mesmo medidas potencialmente positivas, como a
criação de unidades de conservação, podem acelerar o processo de degradação ambiental se não forem
acompanhadas por mecanismos específicos de fortalecimento institucional dos órgãos governamentais e
de envolvimento dos grupos sociais diretamente envolvidos no processo. Uma possível sugestão para
trazer mudanças substantivas seria incorporar as comunidades locais e a sociedade civil organizada nos
esforços para preservar a biodiversidade (Gallegos, 1998). A parte difícil parece ser sair do discurso dos
escritórios refrigerados para a ação nas tépidas temperaturas tropicais e aflitivas condições sociais em
que a maioria das unidades de conservação, independentemente de sua caracterização administrativa,
estão mergulhadas. Texto adaptado de Pedlowski, M.; Dale V.; Matricardi E.

Demografia

Municípios mais populosos de Rondônia


(estimativa populacional 2013 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística)

Posição Localidade Microrregião Pop. Posição Localidade Microrregião Pop.

1 Porto Velho Porto Velho 484.992 11 Buritis Porto Velho 36.555

2 Ji-Paraná Ji-Paraná 128.026 12 Machadinho Ariquemes 35.633


d'Oeste
3 Ariquemes Ariquemes 101.269 13 Espigão d'Oeste Cacoal 31.699

4 Vilhena Vilhena 87.727 14 Nova Mamoré Porto Velho 26.227

5 Cacoal Cacoal 85.863 15 Alta Floresta Cacoal 25.728


d'Oeste

6 Jaru Ji-Paraná 55.597 16 São Miguel do Alvorada 23.668


Guaporé d'Oeste

7 Rolim de Cacoal 55.357 17 Presidente Médici Ji-Paraná 23.017


Moura
8 Guajará-Mirim Guajará- 46.761 18 Candeias do Porto Velho 22.973
Mirim Jamari

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9 Ouro Preto do Ji-Paraná 40.099 19 Nova Brasilândia Alvorada 21.427
Oeste d'Oeste d'Oeste

10 Pimenta Bueno Vilhena 36.939 20 Colorado do Colorado do 19.190


Oeste Oeste

De acordo com o censo brasileiro de 2010, Rondônia era habitado por 1.562.409 habitantes, sendo
que haviam 1.149.180 habitantes em área urbana e 413.229 habitantes em área rural. Quanto à questão
de gênero, haviam 795.157 homens e 767.252 Mulheres. Foram identificados 530 858 domicílios, sendo
que apenas 457 323 deles eram ocupados, gerando um déficit habitacional de 73.535 domicílios. A média
de habitantes por domicílio era de 3,39 pessoas. A capital, Porto Velho, é a maior e mais populosa cidade
do estado, sendo a quarta maior da região Norte, com quase 450 mil habitantes.
Em 2013, de acordo com estimativas da mesma instituição, a população do estado atingiu 1.728.214
habitantes.
No estado, quase 50.000 habitantes não são naturais da unidade federativa. A maior parte dos
migrantes que vivem no estado são oriundos das regiões Sudeste e Sul do Brasil, com 217.424 e 168.526
migrantes, respectivamente. Além destes, migrantes vindos do Nordeste somam 122.335 habitantes e
migrantes oriundos do Centro-Oeste somam 86.962 habitantes. O estado possui ainda, a terceira maior
população estrangeira na Região Norte e a décima-oitava maior população estrangeira no Brasil. São
4.689 habitantes no estado que possuem alguma nacionalidade que não seja a brasileira.

Pólos Regionais
- Porto Velho: com uma população de 442.701 habitantes (IBGE/2012), é a maior cidade do estado,
3ª maior capital e quarta maior cidade da região Norte. É também a 46ª maior cidade e 21ª maior capital
do país. Desde outubro de 2008, a cidade conta com o maior shopping center do estado e o 10º maior da
região Norte, com 29.962 m².
- Ji-Paraná: com 118.092 habitantes (IBGE/2012), é a segunda cidade mais populosa de Rondônia,
16ª maior da região Norte, e 227ª maior do Brasil. Detém o segundo maior PIB do estado.
- Ariquemes: com 92.747 habitantes (IBGE/2012), é a terceira cidade mais populosa do estado, a 28ª
maior da região Norte e a 310ª mais populosa do Brasil. Ariquemes possui o 7º maior IDH e o 4º maior
PIB do estado de Rondônia.
- Cacoal: com 79.330 habitantes (IBGE/2012), é a quinta maior cidade do estado, 34ª maior da região
Norte e a 383ª mais populosa do Brasil. Possui o quinto maior PIB entre os municípios rondonienses. É
a cidade com o melhor índice de saneamento básico do estado de Rondônia.
- Vilhena: possui uma população de 79.616 habitantes (IBGE/2012), a quarta maior do estado, 33ª
maior da região Norte e 366ª maior do Brasil. Contudo, é a terceira área urbana mais populosa do estado
e detém o terceiro maior PIB entre os municípios de Rondônia. Conhecida por seu clima relativamente
agradável e pouco comum na região amazônica, a cidade ostentava em 2000 o melhor IDH-M (Índice de
Desenvolvimento Humano Municipal) do estado de Rondônia, sendo a única cidade interiorana da região
Norte a liderar esse índice em seu estado.

Urbanização
Rondônia tem um índice de urbanização de 73,22%, ou seja, a população urbana do estado ultrapassa
os 1.154.257 habitantes. A população rural do estado é de cerca de 422.166 habitantes.

Cidades mais urbanizadas

As cidade mais urbanizadas de Rondônia, são:


Município Índice de Urbanização
1 Vilhena 94,78%
2 Porto Velho 91,67%
3 Ji-Paraná 89,93%
4 Pimenta Bueno 86,98%
5 Cerejeiras 84,67%
6 Guajará-Mirim 84,51%
7 Rolim de Moura 81,81%
8 Cacoal 78,79%
9 Ariquemes 77,04%
10 Ouro Preto do Oeste 74,35%

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Religião

Segundo os dados do Censo-2010 do IBGE, a religião está dividida da seguinte maneira:


- Católicos: 47,5%
- Evangélicos: 33,8%
- Espíritas: 0,6%
- Outras religiões: 3,8%
- Sem religião: 14,3%

O Estado é o que possui a maior taxa de evangélicos do Brasil.

Etnias

Cor/Raça (IBGE 2006) Porcentagem


Pardos 53,8%
Brancos 36,8%
Negros 7,3%
Amarelos ou indígenas 2,2%

Localização
- Região Norte
- Estados limítrofes Bolívia (S e O), Amazonas (N),
Mato Grosso (L) e Acre (O).
- Mesorregiões 2
- Microrregiões 8
- Municípios 52
Capital Porto Velho
Governo 2011 a 2015
- Governador(a) Confúcio Moura (PMDB)
- Vice-governador(a) Airton Gurgacz (PDT)
- Deputados federais 8
- Deputados estaduais 24
- Senadores Acir Gurgacz (PDT)
Ivo Cassol (PP)
Valdir Raupp (PMDB)
Área
- Total 237 576,167 km² (13º)
População 2012
- Estimativa 1 590 011 hab. (23º)
- Densidade 6,69 hab./km² (20º)
Economia 2010[2]
- PIB R$23,561 bilhões (22º)
- PIB per capita R$15.098 (13º)
Indicadores 2008[3]
- Esper. de vida 71,5 anos (17º)
- Mort. infantil 23,0‰ nasc. (13º)
- Analfabetismo 9,2% (12º)
- IDH (2005) 0,776 (14º) – médio
Fuso horário UTC-4
Clima Equatorial úmido Am
Cód. ISO 3166-2 BR-RO
Site governamental www.rondonia.ro.gov.br

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Movimentos Migratórios
O Estado sofreu nas ultimas décadas um intenso processo migratório cuja população vem de diversas
partes do país. O primeiro grande movimento migratório se deu em 1977, causado por uma grande seca,
com os nordestinos e a intensa exploração da borracha natural na Amazônia beneficiando o então
Território Federal do Guaporé na revolução industrial. Vale ressaltar que para registro, somente na
década de 70, chagaram ao Estado 285 mil migrantes, firmando-se nas atividades rurais.
O processo de povoamento de Rondônia tem sua origem no começo do século XVIII, quando a coroa
portuguesa realiza suas primeiras expedições na região do Alto Madeira e do Vale do Guaporé em busca
de jazidas de ouro. Essas buscas proporcionaram o surgimento de povoações com a Vila Bela de
Santíssima Trindade do Mato Grosso, no Rio Guaporé e Santo Antônio, no Rio Madeira. O declínio do
Ciclo do Ouro, no início do século XIX provocou o abandono dos primeiros núcleos populacionais da
região que seriam reinados em seguida com os Ciclos da Borracha, conhecida também como o “Ouro
Negro”. No ano de 1883, a região que hoje é Ji-Paraná já era povoada por nordestinos que chegavam na
Amazônia para trabalhar nos seringais. A construção da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré, em 1907,
daria continuidade a essa fase do processo migratório com a vinda de milhares de trabalhadores
estrangeiros, destacando-se principalmente os negros oriundos de Bárbaros, Trinidad, Jamaica, Santa
Lúcia, Martinica, São Vicente, Guianas, Granadas e outras ilhas das Antilhas. Todos de formação
protestante e idioma inglês que foram denominados de barbadianos. Muitos não retornaram aos países
de origem constituindo família no Estado.

Povoamento e Evasões
O Governo Federal realizaria anos depois a nacionalização da Madeira-Mamoré – oficial, pois, afinal
a ferrovia sempre foi brasileira. Este procedimento tinha como meta impedir o êxodo urbano e rural que
afetava os municípios de Porto Velho, Santo Antônio do Rio Madeira e Guajará-Mirim. O despovoamento
regional era preocupante, um censo registra somente 590 habitantes na região do Alto Madeira. As
instalações das linhas telegráficas da Comissão Rondon alavanca um novo processo de ocupação
migratória, com a vinda de migrantes do Mato Grosso, no período de 1920 e 1940. Durante a 2ª Guerra
Mundial, no governo de Getúlio Vargas, acontece um novo incentivo a ocupação a ocupação da região
em virtude da parceria firmada entre Brasil e Estados Unidos par a produção de borracha. Também nessa
fase a migração nordestina foi a mais expressiva. Em 1945, o Governo Federal cria diversas colônias
agrícolas com a intenção de evitar novamente o êxodo regional, esta tentativa não surte o efeito desejado.
Os ciclos do Diamante e da Cassiterita, entre 1954 e 1958 e a pavimentação da BR-364 que coloca fim
ao relativo isolamento do Estado, em relação às demais regiões do País, complementam o processo
migratório.

Colonização Espontânea
Em 60 inicia-se processo de colonização espontânea na região quando o Governo Federal considerou
o Centro-Oeste do País como área prioritária para o desenvolvimento nacional. Nessa época a
interferência oficial no processo de ocupação regional com a criação e implantação do Programa de
Integração Nacional (PIN) pelo Decreto-Lei de nº. 1164 de abril de 1971. as terras de Rondônia passaram
quase todas à jurisdição da União, que poderia distribuí-las indiscriminadamente no programa de
colonização. O Incra começa então a disciplinar o assentamento desordenado dos colonos que
procuravam Rondônia para se fixar através de dois projetos, o Projeto Integrado de Colonização (PIC) e
o Projeto de Assentamento Dirigido (PAD). O primeiro PIC implantado foi o de Ouro Preto, na região onde
se localiza Ouro Preto do Oeste, desmembrado do município de Ji-Paraná antigo distrito de Vila de
Rondônia.
A partir da década de 70, o município de Porto Velho se torna recordista em crescimento populacional
o que resultaria na década seguinte, numa explosão de expansão urbana com o surgimento das primeiras
invasões na capital. Este movimento diferentemente do que aconteceu em anos anteriores, que era uma
busca por riquezas naturais, desta vez a busca era de terras para a agricultura. Chegavam em Rondônia
mais de três mil famílias por ano. Esses migrantes, vindos principalmente do Sul do País, estavam prontos
para trabalhar nos primeiros projetos de colonização do Incra – Instituto Nacional de Colonização e
Reforma Agrária. Os projetos eram o de Ouro Preto, Ji-Paraná, Vilhena, Sidney Girão e Burareiro.
Entretanto o Incra não conseguiu efetuar o assentamento nem de um terço desses migrantes. Diretores
do instituto alegavam que parte das verbas dos projetos foram transferidas para a área da
Transamazônica, onde o fluxo migratório era bem maior. Foi o início dos problemas agrários na região,
numa luta que levaria novamente a intervenção do Incra que mesmo assim não consegue controlar os
problemas gerados pelas invasões. Esses projetos visavam o assentamento das famílias migrantes, a
regularização fundiária nenhum de colonização realmente.

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Começam em 74 os primeiros investimentos federais em Rondônia. É criado o Programa de Polos
Agropecuário e Agro minerais da Amazônia (Polamazônia que visava desenvolver quinze áreas
previamente selecionada, colocando sob a administração da Sudam e da Sudeco que entrariam em
operação somente no ano seguinte. O Estado recebe cerca de 8,5 milhões de dólares recursos que
deveriam ser usados até 1978. no ano seguinte, o Polamazônia destina mais de 17 milhões de dólares
para serem investidos nas áreas de transporte, indústria e desenvolvimento urbano. (Texto adaptado de
Sônia Arruda)

Principais unidades de conservação ambiental


A construção do porto graneleiro na capital Porto Velho, em 1995, e a abertura, em 1997, da hidrovia
do rio Madeira, mudam o perfil econômico de Rondônia. Com 1.115 km, a hidrovia liga a capital ao Porto
de Itacoatiara, no Amazonas, barateando o transporte de seus produtos agrícolas. Rondônia abastece a
Região Nordeste com feijão e milho, destacando-se também como produtor nacional de cacau, café, arroz
e soja. Entre os anos 60 e 80, Rondônia foi considerado o eldorado brasileiro, quando atraiu milhares de
imigrantes da região sul do país, seduzindo-os pela distribuição de terras promovida pelo governo federal.
Em apenas duas décadas, a população do estado cresce nove vezes.
A economia e o seu fortalecimento em Rondônia vêm acontecendo ao longo dos últimos anos, com a
agricultura batendo recordes de produção, prestação de serviços em crescimento com consequente oferta
de empregos, entre outros, fazem com que o crescimento estadual se torne confiável e bastante sólido.
Outro ponto importante para o crescimento da economia do Estado de Rondônia, é a construção das
usinas hidrelétricas no Rio Madeira, que gerarão empregos e movimentarão a economia local nos
próximos anos. Entretanto, além das instalações do complexo hidrelétrico no Rio Madeira, será
necessário investir em rodovias para facilitar o escoamento da produção agrícola de nosso estado.
O surto decisivo para a colonização permanente do estado ocorreu a partir da década de 70. Com o
grande fluxo migratório dessa década, o município de Porto Velho começou a bater sucessivos recordes
de crescimento, culminando com a autêntica exploração de expansão urbana, na década de 80. A
pavimentação da BR-364 teve o mérito de colocar um fim ao relativo isolamento rodoviário do Estado em
relação às demais regiões do país, facilitando o movimento migratório (Teixeira e Fonseca, 2003). Com
o crescimento vertiginoso da população, motivado pelo contínuo fluxo migratório, proveniente de todas
as regiões do Brasil, quer para o eixo da BR-364 onde se estabeleceram núcleos de colonização agrícola,
quer para o vale do Alto Madeira, onde o garimpo de ouro atraía multidões, cresceu também o anseio de
criação do estado de Rondônia. O território que nasceu com quatro municípios agrupados em dois (Porto
Velho e Guajará-Mirim), em 1977, assistiu à criação de mais cinco municípios (Cacoal, Ariquemes,
Pimenta Bueno e Vilhena), todos ao longo da BR-364. Rondônia vivia, então, um período de intensa
prosperidade e desenvolvimento. Em 1981 foram criados novos municípios, alguns fora do eixo da
rodovia, sendo resultantes de povoações nascidas com a recente colonização (Teixeira e Fonseca, 2003).
A primeira exploração econômica na região ocorreu no século XVIII, com a extração de drogas do
sertão, seguida pela extração de ouro do rio Corumbiara, afluente da margem direita do rio Guaporé. A
partir do final do século XIX, ocorreu o Primeiro Ciclo de Extração de Látex e, em meados do século XX,
o segundo ciclo. Com a descoberta de minério de estanho (cassiterita), na região de Ariquemes, sua
extração passa a influenciar na economia, principalmente de Porto Velho, já que Ariquemes, neste
período, era um pequeno povoado. (Oliveira, 2004). O Porto Graneleiro, implantado em 1997, visa o
escoamento da produção agrícola, principalmente da soja do Estado, bem como da região noroeste do
estado do Mato Grosso, através da BR-364 e dos rios Madeira e Amazonas, saindo para o Oceano
Atlântico (Oliveira, 2004).
Para incrementar ainda mais as exportações, a Amaggi, em parceria com empresas do setor, construiu
o Terminal de Granéis do Guarujá (TGG - localizado no estado de São Paulo), para o embarque de
commodities agrícolas e com capacidade para movimentar 5 milhões de toneladas/ano de soja e
derivados. O terminal possui acesso ferroviário e rodoviário, o que garante maior flexibilidade na
movimentação de cargas, para exportação e importação. O TGG atualmente possui capacidade nominal
de armazenagem de 200 mil toneladas e capacidade de carregamento de 3 mil toneladas/hora. Além
disto, a Amaggi utiliza outras rotas de escoamento, com embarques de commodities através dos portos
de São Francisco do Sul e Paranaguá. Merece destaque também o sistema hidroviário do Rio Madeira e
Amazonas, de grande relevância para os produtores do norte e noroeste de Mato Grosso e sul de
Rondônia. A mercadoria, recebida no terminal de Porto Velho, escoa por comboios de barcaças por essas
duas grandes vias fluviais, tendo por destino o terminal da Hermasa, no porto de Itacoatiara (AM), com
capacidade de armazenagem de 302 mil toneladas.
Durante praticamente todo o século XIX, a navegação pelo trecho encachoeirado do rio Madeira, foi
realizada por bolivianos, tanto para a, exportação e importação dos gêneros necessários a indústria

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extrativista, quanto para o escoamento de produtos agrícolas e pecuários, provenientes do Beni. A quina
ou cascarinha provinha da Província de Caupolican, de onde o produto era transportado até Reyes e
Ycuma e, daí, até o rio Mamoré, seguindo para o Madeira. Apesar de a Bolívia exportar a maior parte de
sua produção pelo Oceano Pacífico, a via do Madeira era de fundamental importância para o comércio
do noroeste boliviano, pois o Atlântico estava mais próximo dela. Até o último quartel do século XIX, o
porto mais próximo do Madeira, onde se encontrava linha regular de vapor, era o de Serpa (Itacoatiara),
na foz desse rio, para o alto Madeira, eram transportados em embarcações movidas a remo.
Descia pelo Madeira em direção a Itacoatiara, a produção extrativista e agropecuária do Beni,
embarcada em batelões, que depois retornavam com produtos industrializados, vergalhões, ferramentas,
armas e munições, bebidas e atavios. (Teixeira e Fonseca 2003). A Hermasa Navegação da Amazônia
surgiu da necessidade de viabilizar o desenvolvimento socioeconômico de parte de Mato Grosso e do
estado de Rondônia. Em atividade desde 1997, a Hermasa viabilizou o Corredor Noroeste de Exportação,
onde é escoada a produção das regiões noroeste de Mato Grosso e sul de Rondônia. A soja segue via
rodovia até Porto Velho, onde a Hermasa possui um porto de transbordo.
Em seguida, a produção segue viagem em comboio formado por barcaças, pelo Rio Madeira até o
porto graneleiro para navios (tipo Panamax) às margens do Rio Amazonas, em Itacoatiara (AM), de onde
a soja, óleo e farelo são exportados para a Austrália, Europa e Ásia. No ano de 2008, a Hermasa exportou
cerca de 2,5 milhões de toneladas. Toda esta movimentação, além de gerar divisas municipais, estaduais
e federais, incrementa a geração de emprego e renda para a população das cidades, onde a Hermasa
tem atividades. Uma operação visionária e complexa que envolve centenas de pessoas e uma das
maiores frotas fluviais da América Latina. Além dos dois terminais portuários, a Hermasa também possui
um terminal de fertilizantes e ainda atua na geração de vapor com biomassa (resíduos). E aliado a tudo
isto, está a sustentabilidade das suas operações, que é desenvolvida através da preservação do meio
ambiente, com a utilização responsável e sustentável dos recursos naturais brasileiros.
O Terminal de Porto Velho possui a certificação do PDV - GMP/BPF- Boas Práticas de Fabricação. O
PDV é um órgão holandês, reconhecido internacionalmente, que foi criado pelas empresas que compõem
a cadeia do setor industrial de alimentação animal, para garantir a qualidade dos produtos. Já o terminal
de Itacoatiara, além da certificação PDV – GMP-BPF possui o Sistema de Gestão Ambiental do Grupo
André Maggi implantado, a certificação ISO 14001 e apresenta a certificação portuária internacional ISPS
Code. Outra conquista do terminal da Hermasa, em Itacoatiara, foi a obtenção do PERMIT, que é um
atestado do governo australiano que credencia o porto a exportar sua produção para a Austrália. A
Hermasa é a segunda empresa brasileira a ter esse certificado. Ainda no Amazonas, a Hermasa mantém
uma parceria com a Capitania dos Portos da Amazônia Ocidental, através da Escola de Fluviários, que
desde 2003, capacita a população para atuar como aquaviário. Além de todas estas operações de grãos,
a Hermasa também tem estrutura para realizar o transporte fluvial de minério de ferro. Para isso, conta
com uma frota de 21 barcaças de 6 mil toneladas/cada e quatro rebocadores e empurradores para apoio
de navios e formação de comboios.
A nova rota para transporte de minério de ferro se inicia em Santana (Amapá), com o local para
descarga próximo à cidade de Belém (PA), utilizando o Canal de Breves. A Hermasa possui uma das
maiores frotas fluviais da América Latina. Sua frota é monitorada por satélite e utiliza-se de cartas
eletrônicas de navegação. Além disto, todas as embarcações são adequadamente equipadas com
modernos conjuntos de navegação. A frota da Hermasa é composta por:
- 73 Barcaças graneleiras, capazes de formarem comboios de até 20 barcaças ou 40 mil toneladas;
- 02 Lanchas para pesquisas hidrográficas;
- 10 Empurradores para transporte das barcaças e manobras portuárias, embarcações para apoio nas
manobras de atracação e desatracação de navios e comboios;

O terminal de Itacoatiara dispõe de boias e sistema de amarração e fundeio, obedecendo aos mais
atuais conceitos de operação e segurança. A balança comercial brasileira fechou o ano de 2008 com o
pior resultado desde 2002. Porém, Rondônia registra o maior saldo já alcançado pelo Estado, consiste
em quase 430 milhões de dólares. A variação de percentual de exportação mostra que Rondônia cresceu
27,34%, enquanto o Brasil cresceu 23,21%; e a variação de importação é de 125,28% no Estado contra
43,59% no país em relação a 2007. As informações mostram que estamos sempre obtendo resultados
crescentes que muito favorecem o desenvolvimento de todos os setores da economia. Um importante
aliado do DNIT no esforço para enfrentar as dificuldades causadas pelo tráfego intenso de caminhões na
BR-364 é a balança que já está em plena atividade em Ouro Preto do Oeste, município de Porto Velho,
RO.
É que a rodovia, que não foi projetada para suportar a enorme carga dos gigantescos caminhões,
rodotrens e carretas que por ela trafegam, ainda têm sua situação agravada pelo excesso de carga, que

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supera a casa dos 30% dos veículos submetidos à pesagem. A questão do excesso de cargas é um
problema nacional e responsável pela destruição do asfalto das rodovias. Em Rondônia, o problema
torna-se ainda maior na medida em que a BR 364 recebe todo o tráfego pesado com as cargas da
produção agrícola do norte do Mato Grosso e de todo o Estado. Em Porto Velho, na rodovia e nas
avenidas e ruas por onde transitam os caminhões até o porto graneleiro, serão necessários pesados
investimentos para recuperar a base destruída.
É por isso tudo que a reativação da balança, paralisada há mais de 10 anos, representa mais um
esforço do órgão para fazer com que a rodovia seja mantida em condições satisfatórias de tráfego. O
exemplo de transporte seguro, eficiente e de baixo custo tem hoje na Hidrovia Madeira-Amazonas, por
onde modernos comboios, construídos para aproveitamento máximo das características da hidrovia,
navegam com 9 (nove) balsas, transportando 18 (dezoito) mil toneladas de grãos desde Porto Velho, RO,
até o Terminal Graneleiro de Itacoatiara, AM, no rio Amazonas, onde a carga é transferida para navios de
grande porte. Dessa forma, a redução do custo do transporte da soja do cerrado do Mato Grosso, desde
a origem até os principais mercados consumidores, está sendo cerca de 40% em relação à exportação
da mesma produção a partir do Porto de Paranaguá, PR. Há que se salientar, ainda, sob os pontos de
vista estratégicos, político e econômico, os reflexos na expansão da fronteira agrícola, na formação de
infraestrutura, na disseminação das fontes de trabalho e renda, nos diversos níveis de atividades que
orbitam os fluxos de produtos, mercadorias e serviços. Texto adaptado de Arnaldo Alves de Castro,
Geylson Azevedo Freitas, Getúlio Gomes do Carmo, José Luís Gomes da Silva, Paulo Cesar Ribeiro
Quintairos.

A economia do estado de Rondônia tem como principais atividades o extrativismo vegetal e mineral,
a agricultura e a pecuária. O Produto Interno Bruto – PIB de Rondônia em 2007 foi de 15 milhões, o que
corresponde a 0,56% da riqueza gerada em todo o país nesse período. O PIB per capita de Roraima no
mesmo período foi de R$ 10.319,98. (Amaral; Nascimento, 2010). A exploração de madeira e borracha
são as principais atividades do extrativismo vegetal no estado. Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas
Espaciais (INPE), o estado de Rondônia é o terceiro estado que mais desmata no país, causando vários
problemas ambientais. O principal mineral explorado em Rondônia é a cassiterita. A jazida de cassiterita
do município de Ariquemes é considerada uma das maiores do mundo.
Na agricultura, a produção de grãos é a principal atividade, favorecida pela quantidade de chuvas da
região. Destacam-se a produção de café, cacau, milho, arroz, soja e mandioca. A hidrovia do Rio Madeira
e a construção de um porto graneleiro na capital do estado possibilitam o escoamento da produção,
principalmente para a região Nordeste. A carne bovina é o principal produto de exportação do estado.
Além da pecuária de corte, o estado é destaque na pecuária leiteira, sendo o maior produtor de leite da
região norte. Pouco diversificado, o setor industrial de Rondônia está em desenvolvimento. O ramo
alimentício e frigorífico são os principais segmentos da indústria em Rondônia.
O turismo na região ainda é pouco explorado. O maior potencial está no ecoturismo, sobretudo o
relacionado ao Rio Madeira. A zona de livre comércio de Guarajá-Mirim é outra atração do estado.
Localizada na divisa com a Bolívia e nas margens do Rio Madeira, na zona de livre comércio de Guarajá-
Mirim são encontrados produtos importados. A cota limite para a compra de importados é de dois mil
reais. A economia do Estado de Rondônia tem como principais atividades a agricultura, a pecuária, a
indústria alimentícia e o extrativismo vegetal e mineral. Em 2007, o Produto Interno Bruto (PIB) do estado
era de aproximadamente R$ 15 bilhões, representando 11,2% do PIB da região Norte e 0,56% do PIB
nacional.

Agricultura: Atualmente o estado destaca-se na produção de café (maior produtor da região Norte e
5º maior do Brasil), cacau (2º maior produtor da região Norte e 3º maior do Brasil), feijão (2º maior produtor
da região Norte), milho (2º maior produtor da região Norte), soja (2º maior produtor da região Norte), arroz
(3º maior produtor da região Norte) e mandioca (4º maior produtor da região Norte). Até mesmo a uva,
fruta pouco comum em regiões com temperaturas elevadas, é produzida em Rondônia, mais
precisamente no sul do estado (produção de 224 toneladas em 2007).

Pecuária: Atualmente, o estado possui um rebanho bovino de aproximadamente 11 milhões de


cabeças de gado, sendo o 8º maior do país. Em 2008, Rondônia foi o 5º maior exportador de carne bovina
do país, de acordo com dados da Abrafrigo (Associação Brasileira de Frigoríficos), superando estados
tradicionais, como Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina.

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Desenvolvimento econômico em Rondônia depende de infraestrutura e capacitação
O levantamento da FGV identificou em Rondônia a necessidade de instalação de infraestrutura e de
formação e capacitação de mão de obras como condicionantes para o desenvolvimento econômico
sustentável em torno da construção da Usina de Jirau. Segundo a FGV, o perfil da população que vive
em torno de Jirau é essencialmente jovem, de nascidos em Rondônia, mas com pouco vínculo à
identidade e cultura locais. Para suprir esta demanda, a FGV indica a possibilidade de articulação
institucional e de identificação de políticas públicas já em curso. A partir das informações da pesquisa, a
Energia Sustentável do Brasil pretende alinhar alguns programas do Projeto Básico Ambiental, de
implementação obrigatória, além de executar um Plano de Desenvolvimento Sustentável Local.

Principais unidades de conservação ambiental


A política pública tem sido objeto de estudo de diversos autores e tem recebido inúmeras definições
diferentes. A primeira delas, relacionada a Dye (DYE apud HOWLETT; RAMESH, 1996), percebe a
política pública simplesmente como uma escolha governamental, como qualquer coisa que o governo
escolhe fazer ou não fazer.
Outra definição importante de política pública, cujo principal expositor é Lasswell (LASSWELL apud
HOWLETT E RAMESH, 1996), a compreende como um processo ordenado em etapas, dominado por
especialistas e tecnocratas, no qual as instituições públicas respondem às demandas da sociedade,
canalizadas por grupos de interesse e partidos políticos, atuando para alcançar as soluções mais
adequadas às demandas iniciais. Sob essa perspectiva, cada uma dessas etapas se desenvolve de forma
mais ou menos autônoma, com limites definidos, tendo princípio e fim.
De forma distinta, Jenkins (JENKINS apud HOWLETT; RAMESH, 1996) percebe a política pública
como um conjunto de decisões inter-relacionadas tomadas por um ator ou grupo de atores políticos,
relativas à seleção de metas e meios de atingi-las dentro de uma situação específica, na qual essas
decisões devem, em princípio, estar dentro da esfera de poder dos atores. Jenkins vê as políticas como
processos, diferentemente de Dye, que as vê como escolha. Parte da ideia de política pública como um
comportamento orientado por objetivos.
Anderson, por sua vez, traz uma definição genérica de política pública (ANDERSON apud HOWLETT;
RA- MESH, 1996). Concebe-a como um curso proposital de ação seguida por um ator ou conjunto de
atores ao lidarem com um problema ou questão. Essa definição envolve dois elementos: decisões
tomadas por conjuntos de atores, não um ator isolado, e a ligação entre ação do governo e a percepção
da existência de um problema ou questão que requer ação. A política pública é vista, então, como um
fenômeno complexo consistindo em numerosas decisões tomadas por numerosos indivíduos e órgãos.
Para Saravia (2006), a política pública envolve um fluxo de decisões públicas, orientado a manter o
equilíbrio social ou a introduzir desequilíbrios destinados a modificar essa realidade. Envolvem decisões
condicionadas pelo próprio fluxo e pelas reações e modificações que elas provocam no tecido social, bem
como pelos valores, ideias e visões dos que adotam ou influem na decisão. Pode-se dizer que é um
sistema de decisões públicas que visa a ações ou omissões, preventivas ou corretivas, destinadas a
manter ou modificar a realidade de um ou vários setores da vida social, por meio da definição de objetivos
e estratégias de atuação e da alocação dos recursos necessários para atingir os objetivos estabelecidos.
De forma simplificada, podem-se dividir as diversas definições em dois blocos. A primeira define
política pública como escolhas que o governo opta por fazer ou não, sendo sempre governamental. A
política pública é vista, em geral, como um processo ordenado com estágios claros, dominado por
profissionais e especialistas, cujo objetivo é responder às diversas demandas da sociedade.
O segundo bloco percebe a política pública como um processo que envolve múltiplas decisões inter-
relacionadas tomadas por grupos diversos de atores políticos. Sob essa perspectiva, as políticas públicas,
em geral, não têm início e fim claramente determinados, definindo-se e redefinindo-se de forma
continuada por meio de um processo de revisão e retração e em função do contexto em que se
desenvolvem. Tampouco possuem processo de racionalidade manifesta. Ao contrário, a elaboração de
políticas públicas envolveria um processo complexo, com numerosas decisões tomadas por numerosos
indivíduos e órgãos, caracterizado por limites incertos e pela interconexão entre as diversas ações do
governo.
Para facilitar a compreensão do conceito de política pública, Saravia (2006) enumera os componentes
comuns às diversas definições. Assim, pode-se dizer que as principais características das políticas
públicas são:
- institucional: a política é elaborada ou decidida por autoridade formal legalmente constituída no
âmbito da sua competência e é coletivamente vinculante;
- decisório: a política é um conjunto-sequência de decisões, relativo à escolha de fins e/ou meios, de
longo ou curto alcance, numa situação específica e como resposta a problemas e necessidades;

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- comportamental: implica ação ou inação, fazer ou não fazer nada; mas uma política é, acima de tudo,
um curso de ação e não apenas uma decisão singular;
- causal: são os produtos de ações que têm efeitos no sistema político e social.

A relação entre Política e Política Pública


A política se refere à atividade humana relacionada ao exercício do poder social. Tem foco na vida em
grupo, na coletividade, na alocação de recursos por parte da autoridade. A política sempre envolve poder,
mas trata-se, antes disso, de processos sociais e coletivos de escolha. O conceito de política também
está essencialmente ligado a questões e batalhas distributivas, como quem ganha o que, quando e como.
Envolve, portanto, um conjunto de procedimentos destinados à resolução pacífica de conflitos em torno
da alocação de bens e recursos públicos.
Para Rua (1998), as políticas públicas envolvem necessariamente atividade política. As disputas
políticas e as relações de forças de poder deixarão sempre suas marcas nos programas e projetos
desenvolvidos e implementados. A política pública nunca será resultado apenas da análise técnica e
racional sobre um determinado problema. Assim, o processo político, a interação de forças e atores em
uma determinada arena política, influenciará os resultados das políticas públicas.
Conforme Rua (1998), as políticas públicas resultam do processamento, pelo sistema político, dos
inputs originários do meio ambiente e, frequentemente, de withinputs (demandas originadas no interior do
próprio sistema político).
Essa perspectiva tem como base a teoria de sistemas de Easton. Para Easton, a política é a abonação
autoritária de valores, a atribuição autoritária de coisas de valor. O sistema político pode, então, ser
designado como o conjunto das interações pelas quais se efetua a abonação autoritária de valores. Um
sistema político se definiria, por conseguinte, como o conjunto das interações políticas verificadas numa
dada sociedade. No modelo eastoniano, conforme Schwartzenberg, o sistema político é considerado uma
“caixa preta”, não se remetendo ao que se passa no interior dessa caixa, porque a análise sistêmica incide
essencialmente nas relações do sistema com o seu ambiente.
A vida política formaria um sistema aberto, englobado e imerso no seu envolvimento, mantendo
múltiplas trocas e transações complexas com seu ambiente. Para descrever essas relações, Easton utiliza
um diagrama para descrever o sistema político (Figura 1). A máquina política funcionaria como a máquina
econômica, com inputs (o que alimenta o sistema) e outputs (o que o sistema produz), o que sugere que
o uso do sistema permite a separação da vida política do resto da sociedade.
Os inputs são de dois tipos: as exigências ou demandas e os apoios ou sustentáculos. Inputs na forma
de demandas e apoios alimentam o sistema político. As demandas surgiriam no ambiente ou no interior
do próprio sistema. Já os outputs emanariam do sistema político na forma de decisões e ações políticas.
Eles retroalimentam o ambiente pela satisfação das demandas de alguns membros do sistema e assim
geram apoio ao sistema.
As exigências ou demandas são definidas como a expressão da opinião de que uma abonação
autoritária relativa a um objeto determinado deveria ou não deveria ser feita pelos responsáveis. A
acumulação de exigências criaria, no entanto, uma sobrecarga que o sistema pode suportar e absorver
dentro de certos limites. Faria-se necessário, então, ajustar as exigências do ambiente à capacidade do
sistema.
Schwartzenberg remete-se a um segundo tipo de input: o apoio, suporte ou sustentáculo. Segundo
ele, as exigências tendem a enfraquecer o sistema político, enquanto o apoio tende a reforçá-lo. O apoio
engloba todos os comportamentos favoráveis ao sistema, que podem ser de três tipos. O primeiro é o
suporte da comunidade política, o apego ao conjunto coletivo, à comunidade nacional. O segundo é o
suporte do regime, o conjunto das regras do jogo, englobando valores sobre os quais se assentam o
sistema político, as normas e a estrutura de poder. O último é o apoio das autoridades, dos titulares das
funções de autoridade no sistema político. Para satisfazer as exigências e suscitar sustentáculos, o
sistema produz decisões e ações em resposta às impulsões por ele recebidas, são os outputs do sistema.
Assim, pode-se afirmar que o sistema político está fundamentalmente em interdependência com seu
ambiente, empenhando-se em converter as exigências e os sustentáculos que dele provêm em decisões
e ações apropriadas. Em consequência, produz-se uma auto regulação do sistema, ou seja, uma
regulação por retroação (feedback). Desse modo, o sistema político produz outputs, que respondem aos
inputs; mas que, por sua vez, reagem sobre eles e lhes dão forma. É o processo de retroação, pelo qual
o funcionamento do sistema depende de seus próprios outputs. A decisão é efetivamente uma resposta
às exigências e aos sustentáculos direcionados ao sistema, sendo também fonte de novas exigências e
de novos apoios. Desse modo, as ações e decisões que o sistema político empreende visam de maneira
constante a maximizar o apoio disponível, respondendo de forma dinâmica ao seu envolvimento.

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Análise de políticas públicas
Com o desenvolvimento do Estado de Bem Estar Social nos países industrializados e os esforços
desenvolvimentistas na periferia, houve a partir dos anos 1960 um crescente interesse pelo estudo das
políticas públicas. Esses processos políticos, sociais e econômicos que acompanharam a transformação
do Estado a partir da segunda metade do século vinte resultaram na emergência de um novo campo de
investigação social que podemos denominar de análise das políticas públicas. Não por acaso, Hirschman
(1984:184), ao tratar da análise da política na América Latina no início da década de 1970, declarou
“sentimos agora uma nova inclinação em explorar, quase a partir do zero, os mecanismos das interações
entre a economia, a sociedade e o Estado. Pelo menos, é dessa maneira que interpreto o interesse atual
pelos estudos detalhados dos determinantes e das consequências das políticas públicas”.
O presente trabalho tem por objetivo apresentar, de forma sucinta e sistematizada, alguns aspectos
teórico-metodológicos referentes à análise de políticas públicas, buscando, na medida do possível,
aproximá-los do universo rural, o que ficará mais evidente na terceira parte do texto. Para tal, este capítulo
está estruturado em três partes. A primeira procura resgatar os diferentes aportes oferecidos pela
bibliografia da literatura econômica especializada para o tratamento do tema. Como veremos os
arcabouços teóricos desenvolvidos pelos economistas trazem valiosas contribuições analíticas, ajudando
esclarecer, por exemplo, as perdas e ganhos econômicos resultantes de políticas governamentais, como
subsídios agrícolas ou tarifas de importação, a atuação dos grupos de interesses nos mercados políticos,
ou mais recentemente, o papel das regras institucionais nas escolhas das estratégias dos representantes
e organizações políticas. Porém, em razão de algumas hipóteses restritivas incorporadas nos modelos –
a exogeneidade das preferências, racionalidade instrumental como hipótese comportamental dos atores
ou o equilíbrio como padrão de interação entre agentes – os principais modelos explicativos
desenvolvidos pelos economistas para analisar os comportamentos políticos e suas consequências sobre
as formas de ação pública escamoteiam aspectos fundamentais dos determinantes das políticas públicas.
A segunda parte assinala alguns níveis ou dimensões importantes da análise das políticas públicas
desenvolvidas em outras áreas de conhecimento como a sociologia das organizações e o neo-
institucionalismo na ciência política. Procura-se mostrar que as reflexões e o quadro de análise
desenvolvidos nessas áreas das ciências sociais contribuam para afinar a análise e a compreensão das
modalidades, das formas organizacionais e da dinâmica das políticas públicas. O texto, de forma
específica, aponta para a importância das dimensões histórico-institucionais, processuais e organizativas
da dinâmica das políticas públicas. Finalmente, a terceira parte volta-se à construção de um rápido
esquema de classificação das políticas agrárias e agrícolas, com ênfase no caso brasileiro, diferenciando-
as segundo os instrumentos empregados, bem como em relação às arenas decisórias e/ou consultivas
existentes. Deve-se, por final, salientar que estamos descartando as correntes que não enxergam
qualquer sentido numa intervenção do Estado como ator estratégico na regulação das atividades sociais
e econômicas, inclusive aquelas atinentes à área rural.
Em razão da complexidade dos padrões de interação sociais envolvidos na formulação e na gestão
das políticas públicas, os estudiosos dessas formas de ações coletivas organizadas têm procurado
elaborar modelos e/ou referenciais analíticos capazes de capturar os elementos essenciais do processo
de decisão que levaram a sua institucionalização. O problema é que no seu trabalho de hierarquização
das variáveis relevantes, o analista está sempre sujeito ao risco de simplificar demais e perder grande
parte dos aspectos essenciais dos determinantes e da dinâmica das políticas públicas. Para assinalar
esses dilemas, uma breve apresentação de modelos desenvolvidos por diferentes áreas do pensamento
econômico pode ser ilustrativa.
Começamos com a questão das escolhas coletivas no quadro paradigmático da escolha racional.
Desenvolvido de forma elegante e sistemática por Arrows (1970), essa abordagem repousa sobre um
conjunto de hipótese bastante restritivo. Em primeiro lugar, supõe-se a existência de um agente central
(Estado/Governo) perfeitamente racional e benevolente. Além disso, esse agente dispõe de todas as
informações relevantes e tem o direito coletivo de implementar as políticas desejadas. O papel do
governo, nesse modelo, é de maximizar o bem estar social tendo em vista o conjunto de preferências
individuais. As políticas são, portanto, justificadas quando existe situação marcada por falhas de mercado.
Porém, esse conjunto de hipótese que forma o núcleo duro do modelo da escolha racional gera uma série
de problemas e questões analíticas. A mais conhecida foi desenvolvida pelo próprio Arrows e determina
que não existe uma escolha social capaz de refletir perfeitamente as preferências individuais – trata-se
do famoso teorema da impossibilidade. Além disso, o modelo pressupõe que o Estado age de forma
benevolente, não levando em conta o fato de que a administração pública, por exemplo, pode agir de
forma a maximizar sua utilidade em detrimento do interesse social. Existem também questões mais
práticas. Por exemplo, como medir e internalizar as externalidades positivas e negativas quando há

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incerteza sobre os custos incorridos? Como levar em conta demandas em situações onde não existem
mercados para tais?
No caso das políticas agrícolas, por exemplo, uma consequência desse modelo seria que uma estrita
análise de custos/benefícios cortaria muitos programas como políticas de suporte de preços e renda para
os agricultores (maiores em particular) na medida em que os recursos poupados certamente seriam mais
produtivos (maior utilidade social) quando alocados em outros programas (Moyer & Josling, 1990). A
conclusão geral é que o modelo de escolha racional da Economia do Bem Estar é insatisfatório para
explicar as políticas porque o processo decisório não resulta da simples agregação das preferências
individuais.
Para superar esses problemas teóricos um conjunto de autores vai procurar estabelecer um modelo
de Escolha Pública mais realista (Tullock, 1986; Buchanan, 1977). O ponto de partida dessa influente
perspectiva está no reconhecimento da existência de diferentes indivíduos racionais e organizações com
interesses divergentes. Os indivíduos, nessa corrente que afina os pressupostos neoclássicos, buscam
maximizar suas funções de utilidade sujeitas a restrições. As organizações emergem da agregação de
indivíduos com interesses comuns e, portanto, são voltadas para a proteção e promoção dos interesses
individuais, embora os autores muitas vezes supõem que as organizações sejam capazes de desenvolver
seus próprios interesses (representativos da convergência dos interesses individuais). As políticas
públicas, nesse sentido, são o resultado de um processo político que busca alinhar as preferências dos
agentes com os interesses das organizações e instituições. Por exemplo, os homens políticos estão
motivados por (re) eleições e votarão políticas que favoreçam seus eleitores; a administração e a
burocracia buscam influenciar o conteúdo das políticas para promover os objetivos de suas organizações;
o alto escalão tentará influenciar políticas de interesses nacionais, etc.
Em termos da análise do processo decisório, as implicações desse modelo são importantes. Em
particular, a correspondência do processo político aos diferentes inputs depende do grau de abertura do
sistema político, do grau de convergência dos interesses, do grau de compromisso dos gestores com
certas estratégias, das oportunidades proporcionadas pelas instituições e das capacidades dos grupos
de premiar ou punir os gestores. No contexto de uma democracia representativa liberal com diferentes
interesses, um dos problemas mais significativos é que em função dos custos de informações, somente
alguns indivíduos têm uma capacidade real de influenciar os políticos (membros do Congresso) e as
políticas públicas. No caso das políticas agrícolas, os instrumentos e programas dependerão das
capacidades dos principais agentes (agricultores e seus grupos, indústria processadora, traders, indústria
de sementes, indústria de fertilizantes e produtos agroquímicos, intermediários, consumidores e membros
do governo responsáveis por questões agrícolas) de influenciar as probabilidades de ganhos dos seus
representantes assim como do grau de homogeneidade das preferências dos agentes e organizações, e
de seus respectivos pesos econômicos e eleitorais.
De modo geral, ainda que de forma simplificada, pode-se dizer que para a teoria da Escolha Pública
as políticas públicas resultam da confrontação de interesses divergentes nos diversos mercados políticos
que estruturam o sistema político como um todo. Porém, pouco se diz das regras institucionais que
influenciam os padrões de interação desses mercados políticos. Ora, se as informações são assimétricas
e os agentes potencialmente oportunistas, os mercados políticos operam com elevados custos de
transações, isto é os custos vinculados da dificuldade de estabelecer padrões de cooperação entre os
atores (North 1990, Moe, 1990). Na perspectiva neo-institucionalista da escolha racional, a importância
desses custos associados aos mercados políticos depende em grande parte dos arranjos institucionais,
formais e informais, que estruturam os padrões de interação entre os diferentes participantes do jogo
político. Nesse contexto, as instituições políticas têm um custo para a formulação de determinadas
políticas públicas. Esses custos derivam: 1) do fato de que as instituições determinam quais são os atores
relevantes, seus ganhos esperados, a arena onde interagem e a frequência das interações e; 2) dos
custos de transações políticos.
Segundo Alston et al. (2004), no caso brasileiro, as políticas podem ser explicadas pelos padrões de
interação entre o Presidente da República, os membros do Congresso e os demais atores capazes de
interferir nesse jogo. Em função da pressão eleitoral, o Presidente apresenta uma relação de preferência
hierárquica. No topo da agenda encontram-se as políticas que contribuam para fortalecer a estabilidade
macroeconômica e o crescimento. Num nível inferior estariam políticas promovendo oportunidades
econômicas e em seguida políticas visando a redução da pobreza. Os deputados e senadores, por outro
lado, tendem a privilegiar políticas (setoriais, econômicas ou sociais) que trazem recursos para seus
eleitores potenciais. Em função das diversas preferências, os poderes Executivo e Legislativo procuram
estabelecer relações que sejam benéficas a ambos. Assim, o foco do titular do governo está nas políticas
macro (fiscal e monetária) e para alcançá-las pode utilizar políticas setoriais como moeda de troca no
intuito de garantir votos no legislativo. Uma vez arbitrada essa questão, emergem as políticas de

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educação e saúde (com recursos mais ou menos fixos e difíceis de serem alterados) e por último as
políticas “residuais e mais ideológicas” como reforma agrária e meio ambiente. O jogo político pode ser
interpretado como um jogo sequencial em que cada ator tem certo poder de veto. No início, dependendo
do sucesso das políticas estratégicas, o Presidente decidirá quais políticas residuais serão perseguidas.
Nesse contexto, portanto, as políticas residuais, como a reforma agrária ou a política de segurança
alimentar, dependerão de sua viabilidade orçamentária e da dinâmica legislativa, o que explica também
o grau de volatilidade desse tipo de política.
Em suma, as instituições que estruturam as transações entre atores e organizações do sistema político
brasileiro e os custos de funcionamento dos mercados políticos proporcionam um conjunto de incentivos
- aprovação, publicidade, controle de recursos, gerências e cargos, entre outros – determinando a agenda
política e a hierarquia dos problemas a serem tratados, assim como os recursos alocados às diferentes
políticas públicas.
Esses diferentes modelos propõem uma representação muito simplificada da produção de políticas
públicas. Mesmo admitindo-se o recurso à esse tipo de tratamento analítico, os modelos apresentados
repousam em um conjunto de hipóteses por demais restritivas. A teoria da escolha coletiva, embora
elegante do ponto de vista lógico, não é muito útil para o analista na medida em que supõe a existência
de um sistema completo de informações. A teoria da escolha pública e o neo-institucionalismo da escolha
racional, por outro lado, oferecem uma formalização interessante dos jogos políticos, dos conflitos de
interesses e do papel das regras formais ou informais na estruturação dos padrões de interação dos
mercados políticos. Porém, tratam pouco do papel dos mecanismos burocráticos, da inércia das
instituições e de seus efeitos sobre a evolução das políticas públicas. Além disso, ao supor que os
indivíduos e organizações têm preferências claras, consistentes e exógenas ao jogo político, essas
abordagens minimizam a importância da construção da agenda na formação das preferências. Da mesma
maneira, fazem pouco caso da trajetória individual e social dos agentes envolvidos nos jogos políticos
assim como tratam insuficientemente de suas crenças, valores e expectativas. Por fim, ao focar quase
exclusivamente as instituições políticas tradicionais como mercados políticos, essas abordagens
geralmente têm dificuldade em incluir novas redes de atores da sociedade civil que crescentemente
participam da formulação, implementação e avaliação das políticas públicas.

NAÇÕES INDÍGENAS DE RONDÔNIA4

Caripunas
Ocupam o Parque Indígena Karipuna no vale do rio Jaci-Paraná, ainda não demarcado.
Os caripunas numerosíssimos no final do século XIX e início do Século XX, foram os mais prejudicados
com a construção da ferrovia Madeira-Mamoré, no Alto Madeira, sendo hostilizado e dizimados pelos
construtores dessa obra. Chegaram a ser considerados extintos.
Porém, em 1970, os Caripunas reapareceram em cena ao atacarem um seringal no vale do rio Jaci-
Paraná, com perdas de vidas de ambas as partes. Em 1973, um topógrafo localizou uma de suas aldeias
e comunicou o achado a FUNAI, a qual conseguiu manter contato com seus habitantes em 1976. Os
sertanistas tomaram conhecimento da existência de outras aldeias, porém ainda não conseguiram manter
contato com essas. Os Caripunas estão reduzidos a pequenos grupos arredios.

Pakaás Novos
Atualmente a maior área indígena em Rondônia, habitam no Município de Guajará-Mirim as reservas
de Ribeirão (48.000 há) na margem do rio Ribeirão; Lage (110 há) na margem do rio Lages; Pacaás
Novos (21.800 há) na margem esquerda do rio Pacaás Novos e rio Negro-Ocaia (104.000 há) na margem
do rio do mesmo nome, afluente do rio Pacaás Novos. Estes vivem sob o controle da FUNAI. Há um grupo
sob o controle da diocese de Guajará Mirim, localizado em Sagarana, na margem do rio Guaporé.

Os Pakaás Novos entram em conflito armado, revidando as violências de que foram vítimas por parte
dos construtores da ferrovia Madeira-Mamoré e dos seringueiros, no início do século XX. Atualmente,
estão sob a violência muito mais agressiva, a dominação ideológica descaracterizando-os e despojando-
os dos seus valores culturais atávicos de nação. Violência praticada pelas missões religiosas nacionais
e estrangeiras de várias matizes e credos.

4
GUEDES, GILSON. Nações indígenas de Rondônia. Rondônia. Disponível em: <http://www.geocities.ws/rondonianaweb/indigenas_ro.htm>

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Karitianas
Ocupam uma reserva de 57.000 há próxima a cidade de Porto Velho. Seu contato com os brancos
ocorreu a partir da Segunda metade do século XIX quando a região foi penetrada pelos seringueiros.

Tapari, Makurap e Jatobi


Vivem nos Postos Indígenas do Rio Branco e do Rio Guaporé, são poucos indivíduos remanescentes
destas nações que tiveram próxima a extinção vítimas das ações hostis dos seringalistas.

Kaxacaris
Habitam a região limítrofe entre os municípios de Porto Velho e Lábrea/AM.

Uru-Eu-Wau-Wau
Grupo arredio em fase de contato com a FUNAI, habitam os municípios de Ariquemes e Guajará-Mirim.
São provavelmente do grupo tupi.

Tubarão Latundé
Habitam a reserva do mesmo nome no município de Vilhena.

Cinta Larga
Ocupam a área do Projeto Indígena do Roosevelt com 190.000 há, parte integrante da reserva do
Parque Indígena do Aripuanã, localizada em terras dos Estados de Rondônia e Mato Grosso.

Suruis
Habitam os postos indígenas 7 de Setembro e Quatorze, no Município de Cacoal, a reserva indígena
7 de Setembro ocupa terras de Rondônia e Mato Grosso. Os Suruis foram atingidos pela construção da
BR 364, ocorrendo a invasão de seus territórios pelos migrantes sulistas lhes ocasionando graves
prejuízos.

Gaviões
Ocupam uma reserva com área de 160.000 há já demarcada, suas aldeias situam-se às margens dos
Igarapés Lourdes e Homônios, afluentes da margem direita do rio Ji-Paraná, próximo a cidade de Ji-
Paraná.
Em contato com o branco a mais de 40 anos, em transações comerciais e de trabalho com os
seringalistas e admissão de missionários religiosos estrangeiros em suas aldeias. Atualmente mantêm
contato com a população da cidade de Ji-Paraná, onde se abastecem no comércio local.

Araras
Ocupam a mesma reserva dos Gaviões, hoje em contato pacífico com o branco, após mais de cem
anos de tenaz resistência. Os Araras se constituem no terror das missões religiosas que tentaram se
estabelecer no vale do Ji-Paraná. Só em 1950, dizimados por doenças fizeram os primeiros contatos
amigáveis com os seringalistas

Questões

01. Desde o período colonial, a ocupação e a colonização da região dos vales dos rios Madeira,
Mamoré e Guaporé foram focos de preocupação dos governos brasileiros porque essa área
(A) representava importante polo de atividade mercantil, vinculado à formação de lavouras e
exportação de cacau.
(B) representava importante via de rota comercial e seu controle garantia a posse territorial e a
integridade de fronteira.
(C) foi dominada por missões jesuíticas que passaram a constituir um “Estado religioso dentro do
Estado”.
(D) estava sujeita às frequentes inundações da Bacia Amazônica, que destruíam qualquer tentativa de
ocupação da região.
(E) viabilizou o apresamento de indígenas para trabalhar nos seringais da Amazônia Ocidental.

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02. O controle das fronteiras brasileiras, sobretudo norte e sul, sempre foi motivo de preocupação dos
principais governos republicanos. Acordos de limites, por exemplo, foram vários na República Velha.
Durante o Governo Vargas, porém, este controle foi efetivamente definido com a criação de Territórios
Federais na região, entre eles:
(A) Rio Branco, atual Estado de Roraima, e Guaporé, atual Estado de Rondônia.
(B) Acre, atual Estado do Acre, e Guaporé, atual Estado de Rondônia.
(C) Ponta Porã, atual Estado de Tocantins, e Rio Branco, atual Estado de Roraima.
(D) Iguaçu, atual Estado de Roraima, e Acre, atual Estado do mesmo nome.
(E) Amapá e Palmas, atualmente Estados do mesmo nome.

03. Os anos 70 e 80 do século XX marcaram o segundo momento de ocupação do Estado de Rondônia


através de projetos de colonização, mineração e da presença de um grande contingente migratório,
caracterizando a abertura e expansão de uma fronteira agromineral. A respeito dessa etapa de ocupação
predatória de Rondônia, pode-se afirmar que a criação de um zoneamento socioeconômico ambiental no
Estado, nos anos 80, teve como objetivo
(A) garantir a presença de grandes empresas multinacionais na região, amparadas pela ditadura
militar, que ajudavam a financiar.
(B) ampliar a ocupação das terras ao longo da BR-364, diminuindo a formação de latifúndios e
priorizando as pequenas e médias propriedades voltadas para o abastecimento da região com produtos
hortifrutigranjeiros.
(C) chamar a atenção para o modelo de ocupação na Amazônia estabelecido pelo Governo desde a
década de 70, visando a um ordenamento territorial que conciliasse desenvolvimento econômico e
preservação ambiental.
(D) preparar administrativa e economicamente o Estado de Rondônia para a criação de distritos
industriais dedicados ao desenvolvimento das indústrias de vulcanização.
(E) diminuir as tensões entre migrantes, originários principalmente dos territórios formadores de
Rondônia: Mato Grosso e Amazonas.

04. A Lei Complementar no 41, de 22 de dezembro de 1981, elevou o Território de Rondônia à condição
de Estado. Como fatores que impulsionaram esta medida podem ser apontados:
(A) a ameaça de expansão de países vizinhos, como Peru e Bolívia, e o processo de abertura política
em curso no Brasil.
(B) a expansão da fronteira agrícola em direção ao Acre, como forma de conter a atividade madeireira,
e a ação dos seringalistas na região.
(C) a participação de parlamentares do Estado na Constituinte convocada em 1980 e o crescimento
acelerado da população local.
(D) a implantação de projetos de colonização e o consequente afluxo de população instalada ao longo
da BR-364 ou atraída pelo garimpo do ouro.
(E) a necessidade de demarcação das terras indígenas e o aumento dos conflitos decorrentes da ação
dos grileiros na região.

05. (História e Geografia de Rondônia/Cesgranrio/TJ-RO/Economista) O Real Forte Príncipe da


Beira foi inaugurado em 20 de agosto de 1783 e constitui hoje o mais antigo monumento histórico de
Rondônia. A construção do Forte obedeceu aos seguintes objetivos da Coroa Portuguesa:
I – defender as fronteiras portuguesas dos confrontos contra os espanhóis;
II – pacificar os movimentos nativistas e emancipacionistas que ocorriam na Amazônia;
III – intensificar a atividade comercial ao longo dos rios Guaporé, Mamoré e Madeira;
IV – fixar como territórios portugueses as terras ao longo do rio Amazonas.

Estão corretas as afirmativas


(A) I e II, apenas.
(B) I e III, apenas.
(C) II e III, apenas.
(D) II e IV, apenas.
(E) I, II, III e IV.

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06. (História e Geografia de Rondônia/Cesgranrio/TJ-RO/Economista) A história da ocupação
luso-brasileira na Amazônia e, em especial, no Estado de Rondônia remonta ao começo do século XVIII,
a partir da descoberta de grandes jazidas de ouro. Essas descobertas
(A) levaram ao desmembramento da antiga capitania de Mato Grosso, cuja porção ocidental passou a
se denominar capitania de Rondônia.
(B) criaram núcleos isolados de povoamento com uma população de negros escravos para o trabalho
nas jazidas recém-descobertas.
(C) deslocaram, de outras regiões da Amazônia, escravos alforriados que viam na garimpagem
possibilidades de se estabelecerem em terras disponibilizadas pela Coroa Portuguesa.
(D) atraíram mineradores vindos de Cuiabá, que migraram para a região, criando os primeiros
povoados do vale do Guaporé.
(E) atraíram para a região padres missionários, únicas pessoas autorizadas pela Coroa Portuguesa a
controlar a extração dos metais preciosos.

07. (História e Geografia de Rondônia/Cesgranrio/TJ-RO/Economista) A abertura do eixo viário


BR-364 trouxe para Rondônia um aumento em seu crescimento populacional, colocando um fim ao
isolamento rodoviário do Estado em relação às demais regiões do país. Entretanto, a partir de 1980,
(A) os problemas provenientes do caos urbano pelo afluxo da população desempregada de Brasília,
Cuiabá e Goiânia cresceram.
(B) os garimpeiros, através da extração de cassiterita, estimularam a presença de grupos
multinacionais que preservaram antigos núcleos coloniais.
(C) a estrada, ao contrário do previsto, representou para os trabalhadores locais uma via de saída para
as grandes capitais do Sudeste.
(D) a colonização foi acelerada com a vinda de migrantes nordestinos como mão-de-obra para os
seringais da Amazônia.
(E) a concentração fundiária expulsou os pequenos agricultores das melhores terras, situadas nas
proximidades das vias de circulação, provocando, assim, zonas de tensão.

08. (História e Geografia de Rondônia/Cesgranrio/TJ-RO/Economista) As tentativas de construção


da Estrada de Ferro Madeira – Mamoré foram muitas durante o século XIX, porém somente com a
assinatura do Tratado de Petrópolis, em 1903, a obra foi finalmente incrementada. Em 1912, concluía-se
a ferrovia cuja saga da construção havia se iniciado em 1872. Sobre a saga da construção, assinale a
afirmativa correta.
(A) Os ataques indígenas aos acampamentos e as doenças tropicais que dizimavam os trabalhadores
somaram-se à dificuldade de transpor as regiões de mata fechada e rios encachoeirados.
(B) O capital utilizado foi exclusivamente nacional, o que explica os diversos períodos de paralisação
da obra pela dificuldade de investimento, consequência de períodos críticos da economia nacional.
(C) A construção da Estrada de Ferro Madeira – Mamoré interrompeu o processo de integração
regional em curso na época, já que deslocou para a obra contingentes militares empenhados no
desbravamento da Amazônia.
(D) A Bolívia dificultou a obra criando obstáculos diversos, desde o simples não-cumprimento dos
trâmites legais até a ocupação militar do Acre, em 1899.
(E) A maior parte da mão-de-obra utilizada na construção da ferrovia constituiu-se de indígenas
apresados, provocando extermínio da população nativa ao longo do trajeto da ferrovia.

09. (História e Geografia de Rondônia/Cesgranrio/TJ-RO/Economista) As discussões em torno


das obras da hidrelétrica de Santo Antônio – a primeira do complexo hidroviário e hidrelétrico no Rio
Madeira, em Rondônia, permitem refletir sobre a necessidade de crescimento econômico e os danos que
isso pode provocar ao meio ambiente. Sobre estes fatos, é correto afirmar que
(A) os danos que este projeto provoca ao meio ambiente podem levar a uma intervenção norte-
americana na região, sob o argumento de desrespeito ao Protocolo de Kioto.
(B) os maiores danos que o projeto causará serão relacionados aos monumentos que constituem o
patrimônio histórico, já que a aldeia de Santo Antonio foi a primeira do atual Estado de Rondônia.
(C) a construção de eclusas e barragens necessárias ao projeto implicará maior dimensão dos
impactos ambientais, dos problemas sociais e do desmatamento na Amazônia, apesar da grande malha
hidrográfica e da necessidade de modernização econômica da Amazônia Ocidental.
(D) a implantação de projetos desse porte na rede hidrográfica da Amazônia ocidental facilitará o
escoamento e o transporte de produtos agropecuários da região, contendo o avanço da fronteira agrícola
e os conflitos fundiários em direção a Rondônia.

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(E) a presença de elevado potencial hidrelétrico e a recente demanda urbano-industrial da Amazônia
Ocidental influenciaram a alteração na matriz energética brasileira, cuja principal característica é o
estímulo ao transporte de cargas via rede fluvial.

10. O início da exploração da borracha amazônica foi próspero, mas a bonança durou pouco. Em 1912,
a produção atingia o pico de 42 mil toneladas. A borracha representava 40% de todas as exportações
nacionais. Em um segundo momento, entre 1942 e 1945, a borracha teve uma sobrevida que não foi com
a mesma pujança do início do século, e logo voltou a perder em expressão no cenário econômico
nacional. Nas duas fases mais expressivas da produção, um fator apontado abaixo pode ser considerado
como responsável pelo declínio da borracha brasileira:
(A) falta de crédito à extração e ao beneficiamento do látex.
(B) precariedade da mão de obra usada pelos seringueiros.
(C) dificuldade para escoar a produção até o porto de Belém.
(D) concorrência da borracha produzida pelos asiáticos.
(E) população indígena dificultava o acesso aos seringais.

Respostas

01.Resposta: B.
Os rios até hoje representam um papel importante na mobilidade de pessoas e cargas na região Norte
do Brasil, sendo os citados até hoje utilizados.

02.Resposta: A.
Apesar de em muitos casos não investir em muitas regiões brasileiras ou pouco investir, o governo
sempre se preocupou em manter a unidade territorial do país com medidas que prevenissem a entrada,
povoação e efetiva ocupação estrangeira.

03.Resposta: C.
As ações do governo federal para a região Norte do país causaram muitos danos às populações
nativas e ao meio ambiente, com exploração intensiva dos recursos minerais e vegetais.

04.Resposta: D.
Na década de 80 o território de Rondônia mostrava-se expressivo, o que ajudou a garantir a elevação
a estado.

05.Resposta: B.
O objetivo dos portugueses no início da colonização era a de manter o território e dele extrair suas
riquezas, sem necessariamente precisar povoar a região.

06.Resposta: D.
A intenção de enriquecer atraiu milhares de pessoas para a região, em busca de melhores condições
de vida. Entre os que mais se destacam estão os mineradores que vinham da província do Mato Grosso.

07. Resposta: E.
A questão agrária no norte Brasil ainda é um tema que gera muita polêmica. Durante a ocupação nos
anos de Ditadura muitas propriedades foram absorvidas pelos grandes proprietários rurais, muitas vezes
sem ter necessariamente pago por elas.

08. Resposta: A.
Durante a construção da estrada de ferro milhares de trabalhadores morreram pelos ataques indígenas
e as condições geográficas e climáticas da região, que ficam evidentes também após sua conclusão, já
que boa parte da ferrovia foi destruída pela ação do tempo.

09.Resposta: C.
Apesar da necessidade de modernização da região Norte, um dos principais pontos é a destruição da
floresta e do ecossistema da Amazônia, além de prejudicar populações nativas que perdem sua ligação
com a terra ancestral e seus costumes. A criação de barragens e eclusas inundam grandes áreas e
impedem a migração de peixes durante a piracema.

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10.Resposta: D.
A produção em terras asiáticas foi iniciada pelos ingleses que levaram sementes de seringueiras do
Brasil e através de pesquisas começaram o cultivo no continente. O investimento na produção e qualidade
do produto desbancou a concorrência, já que o produto brasileiro não conseguia competir com os preços.

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