Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Volume 3
Capítulo 9
Colonizações espanhola
e inglesa na América 2
Capítulo 10
Colonização portuguesa
na América 18
Capítulo 11
Comércio atlântico
de escravizados 34
Capítulo 12
Brasil Colonial: a sociedade
açucareira 48
Colonizações
9
capítulo
espanhola e
inglesa na América
©World Pictures/Alamy Stock Photo/Fotoarena
RIVERA, Diego. Chegada de Hernan Cortés a Veracruz. 1951. 1 afresco. Palácio Nacional, Cidade do México. Detalhe.
2 Ç
Ç
DQRÉ9ROXPH
DQRÉ9ROXPH
objetivos do capítulo
x Caracterizar o modelo de administração principais características econômicas e
espanhola na América. sociais.
x Analisar os diferentes impactos da con- x Identificar os principais aspectos da
quista europeia na América espanhola colonização inglesa na América.
para as populações ameríndias. x Analisar o impacto do estabelecimento
x Descrever os elementos da sociedade dos colonos ingleses na América do
estabelecida na América espanhola. Norte sobre as populações nativas.
x Localizar geograficamente as Treze
Colônias inglesas, destacando as suas
História 3
organizando a história
Observe o mapa da página 3. Em seguida, pesquise os nomes atuais dos países que foram colônias
espanholas até meados do século XIX.
América do Sul:
América Central:
América do Norte:
As riquezas atribuídas ao
Em 1519, atraído pelas notícias sobre riquezas do Império As-
Império Asteca estavam teca, o militar Hernán Cortez investiu na conquista desse Império,
relacionadas às consideráveis que corresponde a uma parte do atual território do México. Esse
reservas de ouro presentes processo foi concluído em 1521.
no território. ENTRADA de Cortez no México.
1 ilustração. Biblioteca do Congresso,
Washington, D.C.
4
Numericamente menor, o exército de Cortez soube aproveitar as vantagens de que dis-
punha. Com uma frota de 11 navios, 600 canhões, 16 cavalos, dois intérpretes e 600 solda-
dos, os espanhóis conseguiram subjugar uma população de mais de 200 mil habitantes. Além
das armas de fogo, das armaduras, dos cavalos e dos cães ferozes, o explorador fez uso das
intrigas existentes entre tribos descontentes com a dominação asteca para instigar uma luta
interna.
©Wikimedia Commons/Manuel de Yañez
Outro fator importante na vitória espanhola foi a dissemina- Ameríndios é um dos nomes
ção de doenças desconhecidas na América. A catapora, a varíola ou dados aos povos que viviam no
continente americano antes
mesmo variações do vírus da gripe inexistentes no continente se
da chegada dos europeus,
espalharam rapidamente entre os povos ameríndios. Essas doen- assim como indígena ou
ças provocaram a morte de milhares de pessoas e enfraqueceram nativo americano.
rapidamente o contingente guerreiro dos nativos.
©Fine Art Images/Album/Album/Fotoarena
Finalmente, a destruição
do modo de produção coletiva desses povos também
enfraqueceu a resistência e possibilitou a conquista.
Na América do Sul, Francisco Pizarro e Diego de Al-
magro iniciaram a conquista do Império Inca, atual Peru,
entre 1531 e 1533. A exploração desse território, junto
ao dos astecas e dos maias, deu à Espanha grande quan-
tidade de ouro e prata.
História 5
Francisco Pizarro chegou a Cuzco, capital do Império Inca, em 1532. Sua chegada se deu
logo após uma disputa pelo poder entre os irmãos Huáscar e Atahualpa. O Império Inca es-
tava dividido e era governado por Atahualpa. Com 180 homens e 27 cavalos, Pizarro se apro-
veitou das disputas internas pelo
interpretando documentos
Trinta anos depois de pisarem os espanhóis o continente americano, ninguém que visitas-
se as paragens do México ou do Peru seria capaz de desconfiar, sequer, que ali existiram dois
impérios adiantados, fortes, populosos, encerrando mundo de tradições. Tudo desaparecera.
[...] ninguém cumprira jamais façanha igual: eliminar duas civilizações de tal forma que até as
tradições se perderam [...].
BOMFIM, Manoel. A América Latina: males de origem. Rio de Janeiro: Topbooks, 1993. p. 87.
De acordo com a citação e com seus estudos, marque V para as alternativas verdadeiras e F para as
falsas. Depois, no caderno, reescreva as falsas para que se tornem verdadeiras.
a) ( ) De acordo com Manuel Bomfim, apesar da conquista espanhola, as tradições incas e aste-
cas permaneceram inalteradas.
b) ( ) As armas utilizadas pelos espanhóis nas batalhas já eram conhecidas dos nativos americanos.
c) ( ) As doenças contagiosas mataram em larga escala os povos pré-colombianos porque estes
não tinham imunidade contra elas.
d) ( ) Na conquista do Império Asteca, os espanhóis contaram com o apoio de tribos de nativos
americanos que estavam descontentes com a dominação asteca.
e) ( ) Entre as principais motivações para a conquista espanhola na América estava a busca
pelo ouro.
6 ÇDQRÉ9ROXPH
Administração espanhola na América
As colônias espanholas na América eram consideradas propriedades pessoais do rei da
Espanha. A monarquia espanhola impôs um rígido controle administrativo e fiscal sobre a
região. O território americano que coube à Espanha foi dividido em capitanias-gerais e vice-
-reinos. Os capitães-gerais e vice-reis eram escolhidos pelo governo espanhol para comandar
esses territórios, devendo obediência e lealdade aos reis espanhóis.
Nesse período, a Espanha praticava uma política mercantilista, assim, suas colônias na
América foram inseridas nesse contexto. O processo de colonização das terras americanas
teve como base o Pacto Colonial, um conjunto de leis estabelecido pelas metrópoles que
deveria ser cumprido pelos colonos. O Pacto Colonial prezava pela exclusividade: a colônia
enviava matéria-prima (produtos tropicais e metais preciosos) para a metrópole, e a metró-
pole enviava produtos manufaturados e escravizados para a colônia.
Inicialmente, a exploração dos metais preciosos na América foi deixada a cargo de par-
ticulares, os adelantados. Eles deveriam pagar impostos referente a um quinto de todo o
metal explorado para a Coroa espanhola, e dela recebiam o direito de fundar cidades, cate-
quizar os nativos, construir fortalezas, comandar exércitos e impor leis.
Conforme a exploração se intensificava, a administração colonial deixou de ficar apenas
a cargo dos adelantados. Foram enviados para a América os chapetones, funcionários da
Coroa que se encarregaram da administração dos territórios. Eram eles que fiscalizavam as
atividades dos espanhóis na América. Os chapetones eram subordinados aos vice-reis.
Estima-se que 30 mil toneladas de prata foram extraídas apenas das minas de Potosí. O
trabalho nas minas profundas dos Andes, onde o ar é rarefeito, provocava doenças pulmo-
nares graves.
GALEANO, Eduardo. As veias abertas da América Latina. Porto Alegre: L&PM, 2010. p. 18.
pesquisa
Busque informações sobre o que foi feito com a prata retirada das minas das colônias
espanholas. Depois, anote o que você encontrou.
História 7
Ainda na primeira metade do século XVI, foram criados os órgãos administrativos nas
colônias. O mais importante deles era o Conselho das Índias, de 1524, responsável por ela-
borar leis, aplicar a justiça e designar os funcionários públicos que seriam enviados para a
América. A esse conselho se submetiam todos os outros órgãos.
Para fiscalizar o trabalho dos vice-reis e dos capitães-gerais, o Conselho das Índias auto-
rizava a formação de audiências e enviava, aleatoriamente, visitadores para inspecionar a
colônia. Compostas de ouvidores, as audiências eram abertas como um Tribunal Superior, às
quais os colonos poderiam recorrer de penas ou acusações consideradas injustas.
As maiores autoridades governamentais das colônias eram os vice-reis e os capitães-
-gerais. Nas cidades, os órgãos responsáveis pelas funções judiciais e administrativas eram
os cabildos, que funcionavam como câmaras municipais controladas pelas elites locais. Os
criollos (filhos de espanhóis nascidos na América) poderiam participar dos cabildos. Os de-
mais cargos eram ocupados exclusivamente por pessoas nascidas na Espanha.
©Shutterstock/Diego Grandi O controle econômico era realizado pela Casa
de Contratação. Nela, era estabelecida a fre-
quência com que os navios partiriam da América
e a qual porto se dirigiriam. Esse órgão definiu o
regime de porto único, ou seja, as embarcações
que transportavam riquezas das colônias ameri-
canas deveriam se encaminhar ao porto de Sevilla
e, posteriormente, ao de Cádiz; elas não podiam
se dirigir a outros portos europeus. O objetivo era
combater a pirataria e o contrabando de metais
preciosos.
organizando a história
O mercantilismo regia a política econômica da maior parte dos países europeus no século XVI. Dian-
te disso, pode-se afirmar que as colônias da América tinham a função de
a) servir de moradia aos refugiados políticos desses reinos.
b) aumentar a riqueza de suas metrópoles, provendo metais preciosos que gerariam uma balança
comercial favorável.
c) fornecer produtos industrializados que seriam revendidos por suas colônias para toda a Europa.
d) promover a formação de uma população detentora dos conhecimentos europeus em conjunto
com os saberes dos povos nativos da América.
e) prover mão de obra que seria exportada para a Europa.
8 ÇDQRÉ9ROXPH
O trabalho nas colônias espanholas
Até a chegada dos espanhóis, os habitantes da América mantinham a propriedade das
terras nas mãos do Estado, o qual concedia o direito de uso delas mediante o pagamento de
impostos. Afora os tributos, o excedente era de uso coletivo.
Os espanhóis implantaram a lógica mercantilista na produção agrícola, concentrando as
terras nas mãos de alguns proprietários, fato que disseminou a fome entre muitos indígenas.
As formas de trabalho impostas aos ameríndios eram variadas. As mais conhecidas foram a
encomienda e a mita.
História 9
A imposição da religião cristã também foi um recurso de dominação usado pelos espa-
nhóis. A proibição da prática das religiões tradicionais fez com que parte da cultura indígena se
perdesse, forçando esses povos a se aproximar cada vez mais dos padrões culturais europeus.
Para tanto, foram construídas as chamadas missões ou reduções, comunidades nas quais
os indígenas viviam de acordo com o ritmo de trabalho europeu, constituíam famílias aos
moldes cristãos, praticavam o catolicismo e aprendiam técnicas agrícolas e arquitetônicas,
tudo sob a supervisão dos padres.
interpretando documentos
O frei Bartolomeu de Las Casas viveu na América entre os anos de 1502 e 1547. Em razão
da convivência com a realidade dos indígenas americanos, ele se envolveu na defesa dessa
população. Em 1552, publicou uma obra na qual denunciava a violência dos conquistadores
e dos colonos espanhóis contra as populações nativas da América. O fragmento a seguir traz
uma reflexão sobre a violência praticada pelos europeus. Leia-o com atenção.
Com que direito haveis desencadeado uma guerra atroz contra essas gentes que viviam pa-
cificamente em seu próprio país? Por que os deixais em semelhante estado de extenuação? Os
matais a exigir que tragam diariamente seu ouro. Acaso não são eles homens? Acaso não pos-
suem razão e alma? Não é vossa obrigação amá-los como a vós próprios?
LAS CASAS, Bartolomé de. O paraíso destruído: a sangrenta história da conquista da América Espanhola. 2. ed. Porto
Alegre: L&PM, 2007. p. 13.
2 Segundo Las Casas, como a postura dos espanhóis em relação aos indígenas americanos prejudica-
va os projetos da Igreja na América?
10 ÇDQRÉ9ROXPH
eram escolhidos entre as pessoas mais
próximas e de confiança do rei ou dos
conselheiros que o assistiam.
Abaixo dos chapetones estavam
os criollos, filhos de espanhóis nas-
cidos na América. Eles faziam parte
da elite colonial, eram proprietários
©Wikimedia Commons
de terras, oficiais militares, altos clé-
rigos, advogados, comerciantes, mas
não podiam assumir os principais
cargos administrativos pelo fato de
terem nascido na América. Essa foi FAMÍLIA Fagoaga Arozqueta. 1730. 1 óleo sobre tela. Cidade do México.
a raiz do conflito entre os colonos e A família Fagoaga Arozqueta era de origem criolla da classe alta da Cidade
os espanhóis, que mais tarde deu ori- do México
gem aos primeiros movimentos pela
independência da América espanhola.
Os mestiços, os indígenas e os escravizados trazidos da África compunham o grupo
que arcava com a maior parte do trabalho.
Nas colônias espanholas, havia uma hierarquia racial. Quanto mais próxima da “pureza
racial” espanhola, mais privilégios uma pessoa poderia ter na sociedade colonial. Assim, os
mestiços, filhos de espanhóis e indígenas, eram hierarquicamente inferiores aos criollos,
mas ainda tinham alguma projeção social. Constituíam um grupo médio, como pequenos
comerciantes, artesãos ou prestadores de serviços às famílias criollas e aos chapetones.
Nessa sociedade, os indígenas eram excluídos e não tinham os mesmos direitos dos des-
cendentes de espanhóis. A maioria estava submetida ao trabalho compulsório em regime
de semiescravidão. Embora estivessem nessa condição, eram juridicamente superiores aos
escravizados. Seu trabalho era, por vezes, remu-
©Galeria de Castas Mexicanas, Cidade do México
História 11
A Igreja Católica teve um papel
©Shutterstock/Heikoneumann Photography
fundamental no processo de coloni-
zação dos territórios da Espanha na
América.
A Igreja foi o braço direito da Co-
roa espanhola, pois se dedicou à euro-
peização dos povos indígenas, conver-
tendo-os ao catolicismo, ensinando a
língua espanhola às crianças, impon-
do a moral cristã, etc.
CATEDRAL Metropolitana da Cidade do México. 2005. 1 fotografia.
Cidade do México.
Hernán Cortez ordenou a construção de uma igreja sobre as ruínas do antigo Templo Maior Asteca. Posteriormente,
essa igreja foi demolida e teve início a construção da Catedral do México.
organizando a história
1 Com base em seus conhecimentos sobre a colonização espanhola na América, analise as afirmativas
a seguir.
I. Na sociedade colonial espanhola, os chapetones eram o grupo que arcava com a maior parte do
trabalho, como a produção de alimento.
II. Os mestiços eram hierarquicamente inferiores aos criollos, contudo tinham alguma projeção social.
III. A Igreja Católica trabalhou ao lado da Coroa espanhola no processo de colonização na América.
De acordo com a análise, assinale a alternativa correta.
a) Todas as afirmativas são verdadeiras.
b) Todas as afirmativas são falsas.
c) Apenas as afirmativas I e II são verdadeiras.
d) Apenas as afirmativas I e III são verdadeiras.
e) Apenas as afirmativas II e III são verdadeiras.
2 Escreva o nome e as atribuições dos grupos que faziam parte da sociedade colonial espanhola na
América.
12 ÇDQRÉ9ROXPH
Colonização inglesa na América
A expansão marítima e a colonização inglesa, em comparação com a ibérica, acontece-
ram de maneira tardia. Dois elementos explicam essa situação: um externo, a Guerra dos
Cem Anos (1337-1453), que mobilizou Inglaterra e França, e outro interno, a Guerra das Duas
Rosas (1455-1485) – disputa pelo trono inglês entre as famílias Lancaster e York.
A Inglaterra foi derrotada no conflito externo e,
©Museu Thyssen-Bornemisza, Madri
História 13
Além dessas atividades, os ingleses conquistaram territórios na América do Norte, no
Caribe, na América Central e do Sul, os quais correspondem, atualmente, a parte dos Estados
Unidos e do Canadá, das ilhas de Bahamas, Jamaica, Bermudas e Trinidad e Tobago, e aos
territórios de Belize e da Guiana Inglesa.
14 ÇDQRÉ9ROXPH
Como a intenção dos ingleses era viver na América, diferentemente de portugueses e
espanhóis, que almejavam apenas levar as riquezas para a Europa, desde o início, a coloni-
zação inglesa buscou desenvolver uma infraestrutura, que envolvia a construção de casas,
enfermarias, oficinas e demais edificações necessárias para a vida em comunidade.
Na administração, em vez de enviarem funcionários para administrar suas posses na
América (como haviam feito os ibéricos), os ingleses organizaram governos locais, escolhen-
do representantes para as assembleias.
interpretando documentos
Observe, no material de apoio, a imagem que representa o Dia de Ação de Graças dos
colonos norte-americanos. De acordo com seus estudos sobre a colonização inglesa na Amé-
rica, assinale a alternativa correta.
a) Os colonos procuravam manter a cultura europeia e não integravam seus hábitos aos dos indí-
genas.
b) De acordo com a imagem, percebemos que os colonos rapidamente incorporaram à sua cultura
hábitos dos indígenas da América do Norte.
c) Os colonos ingleses transformaram a colonização em uma missão religiosa, buscando ensinar
aos indígenas os fundamentos da fé católica.
d) Os ingleses estimularam acordos comerciais e casamentos com os indígenas.
e) A ação colonizadora inglesa na América respeitou a posse da terra dos povos nativos, buscando
regiões que ainda não tinham ocupação humana.
História 15
Nas colônias do Sul, prevaleceu o modelo de plantation, também adotado no Brasil. A
produção se concentrava em grandes propriedades, os latifúndios. Nesses locais, predomi-
nava a produção de apenas um gênero agrícola, o algodão. Esse produto ganhou importân-
cia ao longo do tempo, já que era a matéria-prima essencial para o processo da Revolução
Industrial na Inglaterra, cuja base era o setor têxtil. O cultivo de apenas um produto é cha-
mado de monocultura.
As colônias do Sul eram, portanto, rurais e, em razão da sua importância para a indústria
inglesa, todas as atividades eram rigidamente controladas pela Inglaterra. O comércio era mo-
nopolizado pelas companhias de comércio, empresas mistas, privadas e estatais, que estabele-
ciam regras e preços, além de realizarem o transporte de mercadorias para a Inglaterra.
O Destino Manifesto
Depois de colonizar o litoral, os ingleses iniciaram a expansão para o interior do conti-
nente. Pelos locais onde se estabeleciam, os colonos levavam o seu modo de vida. Essa ex-
pansão, porém, encontrou uma barreira nos povos indígenas que habitavam o interior, como
os apaches, os sioux e os cheyennes. Os ingleses, no entanto, dispostos a estimular o cres-
cimento e o desenvolvimento das suas colônias, promoveram ataques aos povos indígenas.
Na busca por justificar a expansão territorial e a dizimação de indígenas, em 1845, o
jornalista John O’Sullivan teria publicado a seguinte frase na Revista Democrática: “Nosso
destino manifesto atribuído pela Providência Divina para cobrir o continente para o livre de-
senvolvimento de nossa raça que se multiplica aos milhões anualmente.”. Depois dessa pu-
blicação, propagou-se a ideia de que os colonos eram o povo escolhido por Deus para levar
a cultura e o seu modo de vida a todos os cantos da América. Tal ideia passou a ser chamada
de Destino Manifesto.
troca de ideias
A imagem ao lado é uma das repre-
©Autry Nacional Museu do Oeste Americano, Los Angeles
16 ÇDQRÉ9ROXPH
Embora tenha gerado benefícios à Inglaterra, a colonização inglesa na América foi trági-
ca para as populações nativas. Os indígenas norte-americanos tiveram suas terras tomadas,
e muitas de suas práticas culturais foram desestruturadas à medida que os colonos europeus
avançavam. Estima-se que a população indígena que vivia na região, que atualmente forma
os Estados Unidos, era de 25 milhões no século XVI. No início do século XIX, era de 2 milhões.
interpretando documentos
Para conseguir 20 000 quilos de ouro, remetidos à Espanha entre 1503-1530 (antes disso
não há registro), os espanhóis saquearam, mataram e roubaram. Os historiadores discutem o
número de mortos, mas ninguém nega a tragédia. Se a ilha de São Domingos tinha 8 milhões de
habitantes em 1492, em 1514 restavam 32 mil homens. Se o vale do México comportava 25 mi-
lhões de pessoas, no final do século não passavam de 70 000 pessoas. Sessenta e oito por cento
dos Maias pereceram nas mãos dos espanhóis. A população do Peru, que em 1530 era calculada
em 10 milhões, em 1560 caiu para dois milhões e meio. Um desastre demográfico.
PEREGALLI, Enrique. A América que os europeus encontraram. São Paulo: Atual, 1987. p. 4-5.
Com base no texto e nos seus estudos, escreva duas semelhanças e duas diferenças entre as colo-
nizações espanhola e inglesa na América.
o que já conquistei
Leia as afirmativas a seguir e marque V para as verdadeiras e F para as falsas. Depois, reescreva no
caderno as afirmativas falsas de modo que se tornem verdadeiras.
a) ( ) Os vice-reis poderiam ser escolhidos entre a nobreza espanhola ou entre as famílias criollas.
b) ( ) A Igreja Católica era uma das principais instituições na América espanhola.
c) ( ) Os indígenas estavam abaixo de todas as outras castas sociais na América espanhola.
d) ( ) Os colonos ingleses que vieram para a América buscavam um novo mundo para viver; os
ibéricos buscavam riquezas para levar para a Europa.
e) ( ) O Conselho das Índias era o principal órgão administrativo da América espanhola.
f) ( ) Entre as colônias inglesas na América, as do norte se dedicavam à agricultura em grandes
áreas, a chamada plantation.
g) ( ) Os cabildos eram proprietários de terras que recebiam grandes quantidades de indígenas
para trabalhar na forma de encomienda.
História 17
Colonização
10
capítulo
portuguesa na
América
©Museu Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro
MEIRELLES, Victor. A primeira missa no Brasil. 1860. 1 óleo sobre tela, 268 cm × 356 cm. Museu Nacional de
Belas-Artes, Rio de Janeiro.
18 Ç
Ç
DQRÉ9ROXPH
DQRÉ9ROXPH
objetivos do capítulo
x Explicar as razões que levaram os x Compreender os elementos das
portugueses a iniciar a colonização estruturas políticas e econômicas no
do Brasil. processo de colonização portuguesa.
x Analisar as relações estabelecidas x Conhecer as características estrutu-
entre portugueses e indígenas nas rais do Governo-Geral e sua relação
primeiras décadas da colonização. com as Capitanias Hereditárias.
x Descrever o processo de formação
das Capitanias Hereditárias.
CARTA de Pero Vaz de Caminha. In: MARQUES, Adhemar; BERUTTI, Flávio; FARIA,
Ricardo. História moderna através de textos. São Paulo: Contexto, 2008. p. 70.
19
A expedição portuguesa permaneceu no litoral brasileiro até os primeiros dias do mês
de maio. Depois, sob o comando de Gaspar Lemos, uma embarcação retornou a Portugal a
fim de levar a notícia da posse da terra, enquanto Cabral seguiu para as Índias com o restante
da expedição.
organizando a história
Analisando a descrição feita por Pero Vaz de Caminha e tendo em mente o destino principal da ex-
pedição de Cabral, assinale a alternativa correta.
a) Em razão das riquezas encontradas de imediato pelos portugueses, a frota de Cabral retornou a
Portugal para solicitar ao rei o início da colonização.
b) O objetivo da frota de Cabral era chegar às Índias. A América, embora tivesse clima e solos bons,
aparentemente não possuía metais preciosos, por essa razão ficou em segundo plano.
c) Os portugueses não sabiam da existência de terras na região onde atualmente fica o Brasil, por essa
razão o Tratado de Tordesilhas foi apenas um golpe de sorte que garantiu a posse desse território.
d) Quando os portugueses chegaram ao Brasil, os espanhóis já haviam passado por aqui e estabelecido
os primeiros contatos com os indígenas brasileiros, dificultando a tomada de posse do território.
e) Em virtude da inexistência de riquezas na região, da falta de água e de solos férteis, os portugue-
ses abandonaram o Brasil, retornando apenas 50 anos depois.
©Shutterstock/Marafona
Inicialmente, a terra conquistada pelos
portugueses foi denominada Terra de Vera
Cruz, por conta da Cruz da Ordem de Cristo,
desenhada nas caravelas. Posteriormente,
o rei de Portugal Dom Manuel denominou-a
Terra de Santa Cruz. Com o início da extra-
ção da madeira do pau-brasil, o nome Brasil
foi adotado.
20 ÇDQRÉ9ROXPH
pesquisa
Além dos nomes portugueses dados ao nosso país, algumas tribos indígenas usavam outro
termo para identificar a terra onde viviam. Faça uma pesquisa, descubra qual era esse nome e o
que significava.
Apesar da vastidão do novo território, o Brasil não parecia ter ouro, prata ou pedras pre-
ciosas, algo de valor substancial a ser explorado. O pau-brasil, embora fosse lucrativo para os
comerciantes, ainda não gerava o lucro que o comércio com as Índias oferecia.
O desinteresse português pelo Brasil explica a razão de a colonização do território ter
começado apenas 30 anos depois da chegada dos lusos a terras brasileiras. A crise do co-
mércio com as Índias influenciou profundamente o início da colonização.
Todos os anos, os navios portugueses se dirigiam às Índias contornando a África; essa
viagem era chamada de “carreira das Índias” – trajeto entre Lisboa e os portos de Cochim e
Goa. Até meados de 1530, os negócios de Portugal na Índia foram bastante lucrativos, e os
portugueses ultrapassaram os venezianos no controle do comércio de especiarias.
N primeira
Na i i metadet d d
do século
é l XVIXVI, por várias razões, esse comércio começou a declinar.
O motivo mais importante para isso foi a entrada de outras nações na corrida colonial e na
expansão marítima, como Inglaterra, França e Holanda. Esses países não respeitavam a di-
visão do mundo estabelecida por Espanha e Portugal no Tratado de Tordesilhas e passaram
a concorrer com os portugueses, tomando algumas colônias, assediando outras, assumindo
parte do comércio de especiarias e atacando navios portugueses por meio dos corsários.
Os franceses começaram a traficar pau-brasil clandestinamente, depois invadiram as
atuais regiões do Rio de Janeiro e do Maranhão. Portugal não tinha recursos militares sufi-
cientes para fazer frente a essa disputa, e o domínio sobre tais regiões passou a ser inviável.
A distância entre Portugal e as Índias acabou contribuindo para a crise. Os navios aguen-
tavam apenas uma viagem de ida e volta, a manutenção da frota tinha alto custo, os naufrá-
gios eram comuns e a defesa das diversas feitorias espalhadas pelo Oriente ficou cada vez
mais difícil após a disputa comercial com outras potências. Assim, o volume de gastos com as
viagens não compensava o lucro obtido com o comércio de especiarias na Europa.
História 21
A descoberta de ouro e prata pelos espanhóis,
organizando a história
1 O navegador Cristóvão Jacques foi o responsável por liderar expedições para proteger a costa bra-
sileira de invasores estrangeiros. Essas expedições ficaram conhecidas como:
a) Expedições punitivas. d) Expedições guarda-costas.
b) Expedições de guerra. e) Expedições de garantia.
c) Expedições de reconciliação.
2 Por volta de 1530, a posse portuguesa do Brasil se efetivou. Assinale os fatores que contribuíram
para que essa decisão fosse tomada pela monarquia portuguesa.
( ) O rei D. João III não queria colonizar nenhum território, então apostou em utilizar novas técni-
cas de navegação e intensificar o comércio de especiarias.
( ) Foram descobertas riquezas minerais nas colônias espanholas.
( ) As viagens até as Índias tinham um alto valor.
( ) Os territórios portugueses na América sofriam ameaça estrangeira.
( ) Foi feita uma aliança com franceses na colonização do Brasil.
22 ÇDQRÉ9ROXPH
A árvore do pau-brasil era encontrada facilmente em várias áreas da Mata Atlântica, desde
a atual região de Pernambuco até o Rio de Janeiro. O interesse comercial por essa árvore se
devia a dois motivos: da madeira triturada obtinha-se uma tinta vermelha, que era utilizada
para tingir tecidos; e a madeira era bastante resistente.
O primeiro negociante português a ob-
©British Library, Londres
TINGIMENTO de tecido.
[ca. 1500]. 1 gravura, color.
Biblioteca Britânica, Londres.
©Fotoarena/Rita Barreto
o pau-brasil era uma árvore comum em vasta ex-
tensão da costa litorânea brasileira. Sua madeira,
de tom avermelhado, era empregada na Europa
com a finalidade de produzir um corante deno-
minado brasileína. A madeira era procurada para
fabricação de mobiliários finos e ornamentados
e, por ser muito resistente, era usada também
na construção naval. Sua exploração, constante
e predatória por vários anos, quase o levou à ex-
tinção. Os primeiros comerciantes que atuavam
na exploração do pau-brasil ficaram conhecidos
/ Visicou
como brasileiros. rst
ock
te
ut
h
©S
História 23
Para explorar o território brasileiro, foram organizadas feitorias em vários pontos do li-
toral. Nelas, os portugueses armazenavam os produtos extraídos das matas brasileiras, prin-
cipalmente o pau-brasil. Depois, esses produtos eram embarcados nas caravelas e enviados
a Portugal, a fim de serem vendidos em todo o continente europeu. Quando as reservas de
madeira de uma região terminavam, os portugueses deslocavam-se para novas áreas do ter-
ritório, o que provocou sérios danos ambientais em parte da Mata Atlântica. Era o início da
exploração predatória das riquezas naturais do Brasil por Portugal.
©Biblioteca Nacional de Paris, França
24 ÇDQRÉ9ROXPH
No mapa ao lado, observe a Extração do pau-brasil
extensão da região de onde se
interpretando documentos
A presença francesa no litoral do Brasil foi intensa. Uma das evidências disso foi o episódio da Festa
de Rouen, em 1550. Sobre esse evento, leia o trecho a seguir.
Uma “festa brasileira” foi realizada diante do monarca francês Henrique II e da regente Ca-
tarina de Médicis. Para receber o casal reinante, a cidade de Rouen resolveu fazer uma grande
cerimônia. Construíram-se vistosos monumentos – obeliscos, templos e arcos do triunfo –, e
nesses locais aconteceu uma festa do Novo Mundo. Meio século depois da chegada dos portu-
gueses ao continente, a voga parecia ser encenar os “homens do Brasil”: os “bravos Tupinambá”,
aliados dos franceses. E assim se fez: cinquenta Tupinambá foram simular um combate perto
do rio Sena e na presença da nobreza local. Para dar maior amplitude à festa, os indígenas fo-
ram misturados com mais de 250 figurantes vestidos à moda, e representavam cenas de caça,
de guerra e de amor, além de aparecerem carregados de bananas e papagaios.
SCHWARCZ, Lilia; STARLING, Heloísa. Brasil: uma biografia. São Paulo: Companhia das Letras, 2015. p. 36.
Com base no texto e em seus conhecimentos, marque V para as afirmações verdadeiras e F para as falsas.
( ) Os europeus tinham curiosidade sobre a vida e os costumes dos nativos da América.
( ) Os portugueses tinham total controle da costa brasileira e impediam qualquer aproximação de
outras nações.
( ) Os indígenas não suportavam a presença dos europeus, salvo em situações de trocas comerciais.
( ) Os franceses fizeram grandes esforços para conquistar partes do território brasileiro, inclusive
alianças com povos indígenas locais.
( ) Os povos indígenas brasileiros fizeram diferentes alianças com os europeus.
( ) A Festa de Rouen foi uma forma de aproximação entre os franceses e os Tupinambá, além de
uma maneira de apresentar os nativos aos reis.
História 25
Organização da política colonial
Diante das ameaças de invasões estrangeiras e da diminuição dos lucros com as expe-
dições às Índias, o rei de Portugal determinou o início da conquista e a ocupação das terras
portuguesas na América. O período entre 1500 e 1530, quando a ação portuguesa foi ca-
racterizada por expedições de reconhecimento, policiamento do
litoral e extração do pau-brasil, ficou conhecido na História
lo
Pa
u tradicional como Período Pré-Colonial. Essa denomina-
o
26
Capitanias Hereditárias
As terras brasileiras eram extensas. Para cuidar de todo o território e povoá-lo, Portugal
precisaria dispensar grandes investimentos, e o rei não tinha essa intenção. Ao contrário, ele
buscava um modo de tomar conta da nova terra e explorá-la sem precisar investir muito. A
expedição colonizadora de Martim Afonso de Sousa, embora tenha proporcionado um me-
lhor reconhecimento do litoral brasileiro e a fundação de algumas vilas, mostrou-se de alto
custo. Assim, essa forma de expedição não voltou a ocorrer.
D. João III, que governou Portugal de 1521 a 1557, fez uso de um sistema que já havia
experimentado nas ilhas da Madeira e dos Açores. Ele determinou que as terras fossem re-
partidas e doadas a pessoas interessadas em colonizar a América. Esse sistema ficou conhe-
cido como Capitanias Hereditárias e consistia na divisão do território em faixas de terras
que variavam de 20 a 100 léguas de largura. Todas começavam no litoral e prosseguiam com
a mesma largura até a linha imaginária do Tratado de Tordesilhas.
Em 1534, o território brasileiro foi dividido em 15 faixas; elas foram entregues a 12 pes-
soas de confiança do rei e pertencentes à aristocracia portuguesa. Os beneficiários de terras
eram chamados de donatários. Eles tinham o direito de explorar as riquezas encontradas em
sua capitania, contudo, deveriam arcar com as despesas empregadas para a exploração e a
colonização do território. Os donatários também se responsabilizavam por arrecadar impos-
tos e aplicar a justiça.
©Biblioteca da Ajuda, Lisboa
História 27
do estabelecimento de famílias responsáveis por grandes propriedades de terras produto-
ras de açúcar e da proximidade com Portugal, se comparada com a localização das demais
capitanias.
Os objetivos iniciais da Coroa não foram atingidos. Vários donatários não vieram para a
Colônia, outros não dispunham de recursos suficientes para trabalhar a terra recebida. Mes-
mo entre os que resolveram investir, nem todos foram bem-sucedidos.
Desse modo, muitas capitanias foram abandonadas à própria sorte. As capitanias de Per-
nambuco e São Vicente se dedicaram à produção de cana-de-açúcar, o que possibilitou o
desenvolvimento do povoamento.
organizando a história
1 Que motivos levaram D. João III a escolher o sistema de Capitanias Hereditárias para a administra-
ção da colônia portuguesa na América?
Os portugueses que vieram para a Colônia tiveram muitas dificuldades, uma vez que o
território, as pessoas, a comida e o clima eram diferentes daqueles que conheciam na Euro-
pa. Os indígenas tiveram um grande papel nesse processo de adaptação. Os donatários que
permaneceram na América escreveram ao rei solicitando ajuda, pois as dificuldades amea-
çavam o domínio português. Diante dessa situação, a Coroa portuguesa resolveu enviar um
representante do rei para a Colônia. Assim, em 1548, foi criado o Governo-Geral.
interpretando documentos
28 ÇDQRÉ9ROXPH
torna-se maduro apenas uma vez por ano – em vez de um calendário, para marcar o ano [...] Por
isso, quando se desejava saber deles há quanto tempo aconteceu isso ou aquilo ou a idade desta
pessoa, tem que se perguntar pelo número de castanhas.” [...]
Dependentes da cultura e saberes indígenas, os colonos deles se apropriaram. Ocorreu entre
brancos e índios um jogo de trocas e reciprocidades. Os nativos acabaram se inserindo na eco-
nomia colonial como produtores de excedentes para trocas. Seus grupos passaram a depender
de produtos manufaturados: anzóis, machados, armas. Em resposta, ofereciam suas mulheres,
alimentos e produtos tropicais como formas de inserção numa sociedade nascente. Mas ai des-
tes se resistissem ao projeto de colonização. Eram massacrados.
DEL PRIORE, Mary. Histórias da gente brasileira: volume 1 – colônia. São Paulo: LeYa, 2016. p. 24.
História 29
Governo-Geral
A criação do Governo-Geral em 1548 não significou o fim das Capitanias Hereditárias,
as quais existiram até a segunda metade do século XVIII. O objetivo do Governo-Geral era
centralizar a administração colonial. Para tanto, foi nomeado um governador-geral e es-
colhida a Capitania da Bahia de Todos os Santos para servir de sede do novo instrumento
administrativo.
Com a instalação do Governo-Geral, novos órgãos foram organizados e um número
maior de funcionários foi nomeado para apoiar os governadores. Entre os principais órgãos
estavam a Ouvidoria-Mor, responsável pela justiça, e a Provedoria-Mor, responsável pelos
assuntos fiscais, ou seja, pelo recolhimento de impostos. Havia ainda órgãos que cuidavam
da defesa, chefiados pelo capitão-mor.
O primeiro governador-geral do Brasil nomeado pelo rei de Portugal foi Tomé de Sousa.
pal de São Paul
nici o
Mu
ca
te
Como primeiro governador-geral da Colô-
lio
ib
©B
Na Capitania
itania da Bahia, em 1549, Tomé de Sousa fundou a cidade de Salvador. Essa cida-
de passou a ser a primeira capital do Brasil e sede do governo na Colônia. Foi também em
Salvador que ficou sediado o primeiro bispado, residência da principal autoridade religiosa
da Colônia. Salvador preservou a condição de capital da Colônia até 1763, quando foi trans-
ferida para o Rio de Janeiro.
a
am
yll
Pelourinho, Centro Histórico de Salvador az
c k/l
rsto
tte
hu
©S
30
pesquisa
Na atualidade, o Centro Histórico de Salvador é um bairro formado por ruas e
construções feitas durante o Período Colonial no Brasil. Busque informações sobre uma
obra arquitetônica que compõe esse bairro e cole, no espaço a seguir, uma imagem da
construção escolhida. Depois, preencha a ficha com as informações que você encontrou.
Nome da construção:
Endereço do monumento:
Função original:
Função atual:
História 31
Membros da elite das vilas eram
selecionados para serem vereado-
res e juízes. Eles eram denominados
homens bons. Em algumas vilas e ci-
dades, havia ainda um terceiro juiz,
nomeado pela Coroa e denominado
Juiz de Fora.
O Pateo do Collle
l gio
o foi se
ede
e do gove
vern
rno
o pa
p ul
ulis
i ta
entre os anos de 1765 e 1912.
32
o que já conquistei
1 A colonização na América teve início logo após a chegada dos portugueses? Justifique sua resposta.
3 De acordo com o contexto histórico estudado, qual o significado da expressão “homens bons”?
4 A primeira riqueza natural da América explorada pelos portugueses foi o pau-brasil. Para quais fina-
lidades era comercializado?
5 Associe corretamente.
1. Expedições guarda-costas ( ) Fundador da Vila de São Vicente.
2. Donatários ( ) Tinha o objetivo de auxiliar na administração das colônias
3. Martim Afonso portuguesas na América.
4. Foral ( ) Uma das únicas capitanias que prosperaram.
5. Pernambuco ( ) Titulares da capitania com vários direitos e deveres sobre o
seu território.
6. Governo-Geral
( ) Expedições que tinham como objetivo proteger a costa bra-
sileira de possíveis ataques estrangeiros.
( ) Um dos documentos que oficializava a doação da capitania
ao seu titular.
História 33
11
capítulo
Comércio atlântico
de escravizados
©Museu Itaú Cultural, São Paulo
RUGENDAS, Johann Moritz. Navio negreiro. 1830. 1 gravura, 35,5 cm x 51,3 cm. Museu Itaú Cultural, São Paulo.
Os escravizados africanos eram transportados para a América nos navios negreiros, também chamados de “tumbeiros” em razão da alta
mortalidade durante a viagem
trais do continente africano, for- O Castelo de São Jorge da Mina foi constru uído por portug gue
u ses em
madas por vastos e poderosos rei- 1482 e se trransformou u em um dos pr p ininci
cipa
paiss entntre
repo
post
stos
os com
omer erci
ciai
as
na Áfrfric
icaa Su
Subs
bsaa
aari
rian
anaa (s
(sul
ul do Sa
Saar
ara)
a).. De
Dessssaa fe
feit
itor
oria
ia ou fo
fort
rtif
ific
icaç
ação
ão,,
nos, na costa, a população estava saír
sa íram
am mui uito
toss es
escr
crav
aviz
izad
ados
os que che
hega gara
ramm ao Bra rasil.
reunida em povoados menores, o
que facilitou a conquista daquelas
regiões por parte dos portugueses.
Durante os séculos XV e XVI,
os portugueses estabeleceram
uma série de feitorias em fortifi-
cações na costa africana, as quais
serviam de bases militares e entre-
postos comerciais.
História 35
Os lucros obtidos do contato com os povos africanos foram tão significativos que os por-
tugueses trataram de estender suas relações comerciais a diversas regiões da costa africana.
organizando a história
Estudamos sobre as navegações portuguesas iniciadas no século XV. A respeito desse tema, analise
as afirmativas a seguir.
I. Os portugueses tiveram dificuldades na conquista do litoral africano, principalmente por conta
dos grandes reinos instalados naquelas regiões.
II. Mesmo navegando pelo litoral do continente africano, os portugueses não demonstraram inte-
resse em conhecer ou estabelecer possessões na região.
III. Os portugueses estabeleceram contato com povos de diversas culturas e etnias em variados
pontos do litoral africano.
De acordo com a análise, assinale a alternativa correta.
a) Todas as afirmativas são verdadeiras. d) Todas as afirmativas são falsas.
b) Apenas as afirmativas I e III são verdadeiras e) Apenas a afirmativa III é verdadeira.
c) Apenas as afirmativas I e II são verdadeiras.
©Shutterstock/ EV-DA
Antes da chegada dos europeus, as tribos e os reinos africanos já praticavam a escravidão
no continente. Porém, em um modelo diferente daquele adotado pelos europeus.
A escravidão praticada pelos europeus era do tipo mercantilista, ou seja, visava ao acúmu-
lo de capitais por meio da exploração nas colônias. No caso do modelo africano, a escravidão
ocorria após uma derrota militar, quando os escravizados trabalhavam para pagar a sua liber-
dade. Não se tratava, portanto, de uma exploração puramente econômica, pois as guerras
não ocorriam com a finalidade de escravizar, mas sim conquistar terras ou por vingança con-
tra algum tipo de ofensa.
Os escravizados eram utilizados para o trabalho ou para promover o poder dos reis – em
algumas culturas, por exemplo, as de origem banta, a quantidade de pessoas de um reino
realçava o poder do rei.
36 ÇDQRÉ9ROXPH
O comércio entre africanos e portugueses era feito por meio de escambo, ou seja, a
troca de produtos: os chefes tribais ou seus representantes entregavam as pessoas escravi-
zadas e, em troca, recebiam produtos, como tecidos, aguardente, açúcar, fumo, vinho, armas
de fogo, pólvora, espadas, facas, arcos e flechas.
Os africanos eram capturados no interior da África e levados para a costa, onde aguar-
davam os navios negreiros para serem levados a outros continentes. Entre a captura e a
dispersão para outras áreas, muitos africanos morreram.
Na cchamada
hama
ha madada C
Costa da Mina,
o afr
os fric
ican
anos
os que seriam
e crrav
es aviz
izad
ados
os aguardavam
a em
b rrac
ba a õe
õess at
atéé serem colocados
em can noa
oas e, depois,
d nos navios
qu
ue os levar aria
iam para a Europa ou
p ra a América
pa caa.
História 37
interpretando documentos
Leia o texto a seguir sobre a captura de africanos para o comércio com os europeus.
A operação [de captura] começava com o apresamento em guerra ou emboscada dos fu-
turos escravos pelos traficantes, seguido de uma extensa viagem pelo interior africano. Os ca-
tivos eram obrigados a percorrer longas distâncias até alcançarem os portos de embarque, e
muitos não resistiam ao esforço físico ou às doenças que apanhavam durante o deslocamen-
to. Realizavam a operação os reinos africanos aliados dos portugueses; estes últimos nunca
se envolveram em tais atividades internas. Com o tráfico, elites africanas tinham acesso a
armas e bens de consumo que caíram no gosto local, como aguardente e tabaco.
SCHWARCZ, Lilia; STARLING, Heloísa. Brasil: uma biografia. São Paulo: Companhia das Letras, 2015. p. 82.
Com a chegada dos europeus e o estímulo econômico que eles trouxeram, as guerras
tribais se intensificaram, várias nações foram exterminadas e os campos deixaram de ser
cultivados. Além dos portugueses, ainda no século XV, outros europeus passaram a comer-
cializar pessoas nos portos africanos.
troca de ideias
Reúna-se com um colega e conversem sobre as questões a seguir. No caderno, anotem as con-
clusões a que chegaram.
1 A escravidão de pessoas é uma atividade que só existiu no passado?
2 Caso a resposta da questão 1 seja negativa, existem organizações que combatem a escravidão
de pessoas atualmente?
3 Podemos dizer que a escravidão na atualidade é um problema menos grave do que era no século XV?
38 ÇDQRÉ9ROXPH
Viagem na Calunga Grande
O trajeto entre a África e o Brasil durava cerca de três meses, dependendo do local de
destino e das condições de navegação. Em razão das precárias condições no transporte dos
africanos, esses navios foram chamados de tumbeiros.
O tráfico negreiro durou do século XVI até o século XIX. Foi uma das atividades econô-
micas mais rentáveis, cruéis e desumanas da história da formação do Brasil. No início, foi
realizado pelos portugueses e, a partir do século XVIII, ficou por conta dos comerciantes que
habitavam a Colônia.
Observe a planta de um navio negreiro europeu do século XVIII:
História 39
Durante fortes tempestades, era comum que os traficantes escolhessem mulheres e
crianças e as lançassem ao mar, na tentativa de diminuir o peso da embarcação.
A insalubridade do ambiente, a alimentação deficiente e a aglomeração geravam um am-
biente propício a doenças, que se propagavam rapidamente devido ao acúmulo de pessoas.
interpretando documentos
A viagem era longa; maior ainda o fastígio. Calunga grande é o mar, a enormidade de
seu destino e de seu horizonte. Calunga pequeno é a terra que recebe esses corpos e os
transforma em semente. Mas no caso da escravidão, reinventada no
fastígio: auge, ponto mais alto,
Novo Mundo, a terra tragou os corpos desses milhares de cativos,
plenitude.
cativos: pessoas sem liberdade,
que foram antes transformados em prisioneiros, brutalizados pela
presos, encarcerados. violência desse sistema que supôs a posse de um homem por outro.
SCHWARCZ, Lilia. Carlos Eugênio Marcondes de Moura. A travessia da Calunga Grande. Três séculos de imagens sobre o
Negro no Brasil. (1637-1899). Revista de Antropologia, São Paulo, v. 44, n. 2, 2001.
De acordo com o texto e seus estudos sobre o transporte de africanos que seriam escravizados na
América, faça o que se pede.
1 Indique quais sentimentos os escravizados africanos associavam para cada um dos termos a seguir.
a) Calunga grande
b) Calunga pequena
40 ÇDQRÉ9ROXPH
Mesmo com as condições desfavoráveis, os africanos aprisionados nos navios negreiros
tentavam se rebelar. A maior parte das tentativas fracassava, e os revoltosos eram castiga-
dos na presença dos demais prisioneiros, para que ninguém mais tentasse o mesmo.
A mais conhecida rebelião acontecida no período
JOCELYN,
OC Nathaniel.
h l Retrato dde SSengbe
b Pieh
h ((Joseph
h
Cinqué). 1840. 1 óleo sobre tela. Sociedade Histórica da
Colônia de New Haven, New Haven.
No entanto, os marinheiros levaram o navio para a costa dos Estados Unidos, onde a Ma-
rinha norte-americana o apreendeu. Nesse período, em razão de uma série de acordos inter-
nacionais, era proibido comercializar escravizados nascidos na África. Sengbe Pieh represen-
tou o grupo de africanos perante a Corte norte-americana, que tomou a decisão de enviá-los
novamente para África em 1840, uma vez que a captura havia sido feita ilegalmente.
NAVIO La Amistad.
1839. 1 óleo sobre
©Sociedade Histórica da Colônia de New Haven, New Haven
tela. Sociedade
Histórica da Colônia
de New Haven,
New Haven.
Veleiro espanhol La
Amistad, próximo da
costa de Nova Iorque,
em agosto de 1839.
À esquerda, o navio
USS Washington da
Marinha dos Estados
Unidos, responsável
pela interceptação
do navio na costa
americana
História 41
Chegada aos portos americanos
No século XVI, os portugueses utilizaram o trabalho dos escravizados nas lavouras brasilei-
ras; essas pessoas eram trazidas de várias partes do continente africano.
A região da atual Angola foi uma importante área fornecedora da mão de obra escrava
para a Colônia. Benguela, Luanda e Cabinda eram os principais portos de onde essas pessoas
eram enviadas para o Brasil. A presença de pessoas escravizadas oriundas dessa região nos
engenhos do Nordeste foi tão significativa que o padre Antônio Vieira se referia ao Brasil
açucareiro com a seguinte frase: “Quem diz Brasil diz Angola”.
Fonte: SANTON, Kate; MCKAY, Liz. Atlas de la historia del mundo. Barcelona:
Parragon, 2006. Adaptação.
A maior parte dos africanos que vieram para o Brasil durante o Período Colonial pertencia
a dois grupos: sudaneses e bantus. Eles eram subdivididos da seguinte maneira:
nações iorubás ou nagôs (Nigéria) e daomeanos (Benin) eram as mais numerosas e for-
mavam o grupo de cultura sudanesa;
nações fulas, mandingas e haussás integravam o grupo de cultura guineano-sudanesa
islamizada;
povos dos grupos angola-congoleses e de Moçambique constituíam o grupo de cultura
bantu.
Sobre a quantidade de africanos que vieram para a América, leia a citação a seguir.
SCHWARCZ, Lilia; STARLING, Heloísa. Brasil: uma biografia. São Paulo: Companhia das Letras, 2015. p. 82.
42 ÇDQRÉ9ROXPH
A longa viagem dos navios negreiros realizada pelo Atlântico tinha como destino cidades
na América. No Brasil, os principais portos ficavam no Rio de Janeiro, em Salvador, no Recife
e em São Luís. Nesses portos, funcionavam os “mercados de escravos”.
Depois do desembarque, era registrado o número de recém-chegados por sexo e idade,
bem como o número de crianças. O traficante, então, deveria pagar os impostos estabele-
cidos para as autoridades locais. Em seguida, os escravizados eram conduzidos para locais
onde seriam leiloados.
Enquanto aguardavam as negociações, eram mantidos em grandes galpões sem ventila-
ção. No Rio de Janeiro, o Mercado de Valongo era o mais famoso local de leilões.
Depois de uma longa e tensa viagem, alguns africanos conseguiam chegar em condições
aceitáveis para o trabalho e logo eram vendidos. Outros chegavam debilitados (doentes, ma-
gros demais); nesses casos, o comerciante os mantinha por algum tempo para que sua saúde
fosse restabelecida e ele pudesse conseguir um bom valor pelos escravizados. Como estra-
tégia para valorizar a “mercadoria”, os escravizados eram limpos, os homens eram barbeados
e seus cabelos, raspados. Muitas vezes, passava-se óleo na pele na tentativa de esconder
doenças.
A necessidade da mão de obra escrava para manter a Colônia produzindo tornou-se tão
grande que os africanos eram vistos pelos colonizadores como “coisas” ou objetos que po-
diam ser negociados de todas as formas: comprados, vendidos, emprestados, trocados. Nos
mercados, eram chamados de “peças”, pois os negociantes não consideravam seres huma-
nos as pessoas naquela condição, mas sim seres inferiores que podiam ser comercializados.
organizando a história
História 43
As pessoas escravizadas que trabalhavam nos afazeres domésticos, tanto homens quanto
mulheres, cozinhavam, arrumavam a casa e limpavam os grandes quintais. Em passeios, car-
regavam seus senhores nos ombros, em cadeirinhas de arruar ou em redes. Ainda assim, elas
tinham condições melhores de sobrevivência do que aquelas que trabalhavam nos engenhos.
Os escravizados domésticos recebiam roupas melhores e dormiam em porões. Por conta do
convívio, acabavam se relacionando mais proximamente com a família de seu senhor.
44 ÇDQRÉ9ROXPH
No século XIX, o pintor Jean-Baptiste Debret representou várias cenas do cotidiano das
pessoas escravizadas no Brasil Colonial: nas atividades domésticas, nos afazeres urbanos ou
na produção açucareira.
©Museus Castro Maya, Rio de Janeiro
DEBRET, Jean-Baptiste.
Barbeiros ambulantes. 1826.
1 aquarela sobre papel, color.,
18,7 cm × 23 cm. Museus Castro
Maya, Rio de Janeiro.
Escravizados trabalhando como
barbeiros ambulantes
pesquisa
A alimentação no Brasil, mesmo com as peculiaridades regionais, tem ícones consagrados,
como a feijoada e o uso variado da mandioca. Hábitos adaptados dos africanos, dos indígenas e
dos europeus são a marca distintiva da cultura nacional.
Busque informações sobre outras tradições culturais africanas que permanecem na atualidade
em nosso país. Depois, anote no caderno o que você encontrou.
História 45
Resistência à escravidão
46 ÇDQRÉ9ROXPH
o que já conquistei
História 47
Brasil Colonial:
12
capítulo
a sociedade
açucareira
©Museu Paulista, São Paulo
CALIXTO, Benedito. Moagem da cana na Fazenda Cachoeira. 1920. 1 óleo sobre tela, color., 105 cm × 136 cm. Museu
Paulista, São Paulo.
48 Ç
Ç
DQRÉ9ROXPH
DQRÉ9ROXPH
objetivos do capítulo
x Compreender a importância do x Conhecer os principais grupos
açúcar na economia do Brasil Colônia. sociais que formavam a sociedade
x Analisar a estrutura criada no Brasil açucareira no Brasil Colônia.
Colonial para viabilizar o cultivo da x Identificar os principais aspectos
cana-de-açúcar. culturais surgidos na sociedade açu-
x Destacar a importância do trabalho careira com a fusão de costumes
dos escravizados, indígenas e africa- indígenas, africanos e europeus.
nos para a consolidação da econo-
mia açucareira.
Economia açucareira
À medida que a colonização do Brasil avançava com a chegada de famílias e a formação
de novos núcleos de povoamento, surgia a necessidade de expandir a economia colonial
tanto para o sustento das populações locais como, principalmente, para que a Metrópole
obtivesse lucros com a Colônia.
A primeira riqueza explorada por Portugal na Colônia foi o pau-brasil, madeira de cor
avermelhada muito apreciada na Europa, utilizada para a fabricação de móveis e caravelas e
também para o tingimento de tecidos. O extrativismo do pau-brasil teve grande importância
econômica nos primeiros 40 anos de exploração da América pelos portugueses. Posterior-
mente, esse produto deixou de ser o centro da economia, mas continuou sendo explorado.
Para garantir o avanço da conquista e da colonização da América, Portugal precisou en-
contrar outras fontes de riqueza. A solução foi a cultura da cana-de-açúcar. No Nordeste,
©Shutterstock/Jeep2499
especialmente nas capitanias da Bahia e de Pernambuco, essa atividade aos poucos foi pros-
perando, o que deu origem a um intenso comércio entre Metrópole e Colônia.
A organização da economia açucareira não foi um processo simples nem rápido e teve
diversas fases: prosperidade, estabilidade e crise. Durante todo o Período Colonial, o açúcar
foi um dos principais produtos de exportação.
A cana-dde--aç
açúc
úcar
ar é uma
m plant ntta fina de fo
form
rmat
ato
to ciilílínd
ndriico
co,, com
folhas gra
r nd
ra ndes
es e pod
odee al
alcançar até seieiss me
m tr
tross de al alttura
ra. É
utilizada como
mo matatér
ériia-p
pri
r ma para a fabrricicação
ã do aççúc úcar
ar.. O
açúcar eraa um pr
prod
odut
uto de alto o custo no iní
n cio d
daa Ida d de Mod odeerna,
c nsumid
co do apenass pelas fam amílílias nobres e ricas
as.. El
Ele e erra of
ofererec
ecido
como prese
co ent
nte
e de
d cas
assam
amenento
to ou deixado co como
mo hereran a çaça..
49
organizando a história
2 Podemos dizer que a exploração da cultura da cana-de-açúcar estava ligada ao avanço da conquista
da América pelos portugueses? Explique sua resposta.
A cana-de-açúcar fez um longo percurso até ser trazida ao continente americano. Ori-
ginária da Índia, ela foi levada para a China, a Síria e o Egito, chegando à Europa entre os
séculos X e XIV. No século XV, os portugueses a cultivaram em seus domínios no Atlântico:
as ilhas de Açores, da Madeira, de Cabo Verde e de São Tomé. Ela foi trazida ao Brasil pelos
primeiros colonizadores portugueses, com a expedição de Martim Afonso de Sousa, entre
1530 e 1532.
Trajetória do açúcar
Talita Kathy Bora
Fonte: FERLINI, Vera L. A. A civilização do açúcar: século XVI a XVIII. São Paulo: Brasiliense, 1984.
(Tudo é História). Adaptação.
50 ÇDQRÉ9ROXPH
Como os portugueses já se dedicavam há tempos a essa atividade, conheciam os pro-
cedimentos técnicos necessários para a obtenção do açúcar. Além disso, as fazendas e os
engenhos foram criados em regiões próximas do litoral, o que facilitava o escoamento da
produção, primeiro em pequenos barcos ou carros de boi e, depois, em grandes navios, que
seguiam rumo à Europa.
Cultura da cana-de-açúcar
A escolha da cana-de-açúcar para o cultivo na Colônia se deu por vários motivos: seu ele-
vado valor comercial, a experiência dos portugueses no cultivo em grande escala e as condi-
ções geográficas do Brasil, como o clima quente e úmido e a existência do solo de massapê.
Mesmo com as condições favoráveis, era necessário investir recursos para que a produ-
ção fosse lucrativa. Portugal não dispunha dos recursos necessários para a implantação da
cultura açucareira no Brasil, então promoveu uma aliança com a Holanda.
FABRICAÇÃO de açúcar. [ca. 1600]. 1 gravura. Philipp Galle, Coleção Stapelton, Londres.
Gravura holandesa do século XVII representando a produção de açúcar
História 51
Ao estabelecer o cultivo da cana-de-açúcar na Colônia, os portugueses desenvolveram
uma atividade econômica lucrativa e permanente. Isso possibilitou o avanço da colonização
em território brasileiro.
O cultivo desse produto exigia um grande número de trabalhadores, visto que era ne-
cessário limpar os terrenos, preparar o solo para o plantio da cana, plantar as mudas, cortar
a cana, colhê-la e transportá-la para o engenho. Na realização dessas tarefas, os portugueses
empregaram a mão de obra escrava de origem africana, barateando o custo da produção.
Os engenhos de açúcar eram imensas áreas onde se plantava um produto em grande
escala, a fim de atender ao mercado externo. O cultivo de outros gêneros agrícolas somente
era permitido com a finalidade de fornecer alimento para a população que ali vivia. O traba-
lho dos escravizados foi fundamental para a prosperidade dos engenhos. Observe as regiões
de cultivo da cana-de-açúcar no Brasil Colonial no mapa a seguir.
Marilu de Souza
52 ÇDQRÉ9ROXPH
interpretando documentos
O texto a seguir trata dos engenhos de cana-de-açúcar. Leia-o e, depois, responda às questões.
Durante todo o período (do século XVI ao XIX), a área que mais sobressaiu foi, sem dúvida,
a Bahia. Sendo a mais rica, concentrava em seus espaços as maiores unidades produtoras, prin-
cipalmente no século XVIII. É interessante notar que, apesar dessa importância, as unidades
produtivas baianas não se enquadram no padrão latifundiário escravista descrito por vários
historiadores, que afirmam estar a produção canavieira assentada em unidades com centenas
de escravos.
No fim do século XVIII e início do século XIX, as mais ricas freguesias açucareiras do Recôn-
cavo Baiano tinham, em média, 11,7 escravos por unidade produtora. Somente 17% dos cativos
se encontravam em engenhos com mais de 150 escravos. A maioria estava em propriedades
com menos de 20 escravos, do que se conclui que a maior parte da população escrava se encon-
trava na pequena ou média propriedade.
FRAGOSO, João et al. A economia colonial brasileira (séculos XVI–XIX). São Paulo: Atual, 1998. p. 54.
O engenho
O engenho de açúcar era uma unidade produtiva na qual se desenvolvia a maioria das
atividades econômicas da colônia. Nesse espaço, eram estabelecidas as relações de poder
entre senhor e pessoas escravizadas, pais e filhos, assalariados e agregados, homens e mu-
lheres. Era uma grande propriedade (latifúndio) com economia autossuficiente. O proprietá-
rio era chamado de senhor de engenho. Os primeiros engenhos eram construções rodeadas
de mata; com o aumento dos lucros oriundos do cultivo da cana-de-açúcar, esses locais se
transformaram em grandes complexos, contendo muito espaço para lavouras.
Além da plantação de cana-de-açúcar, que ocupava a maior parte da propriedade, todo
engenho desenvolvia lavouras de subsistência para alimentar sua população. Muitos enge-
nhos produziam cachaça e rapadura, que serviam de alimentação e de moeda em transa-
ções comerciais.
Entre as diversas construções que compunham o engenho, estavam as residências de
diferentes grupos sociais, como a família do senhor, os agregados e as pessoas escravizadas.
História 53
Casa-grande
Mais que uma residência, a casa-grande era o centro administrativo e econômico do en-
genho. Nela, viviam o senhor de engenho, sua família e agregados de confiança. Os senhores
de engenho eram proprietários de escravizados e chefes de uma pequena milícia militar;
eles ajudavam a financiar as tropas que defendiam a costa brasileira e os colonos de ataques
indígenas e eram eles que os governadores consultavam para tomar decisões. Todo esse po-
der permitia ao senhor julgar crimes de acordo com o seu próprio arbítrio, votar e ser eleito
nas eleições das câmaras municipais, entre outros privilégios.
A casa-grande era estrategicamente construída na parte mais elevada do terreno, per-
mitindo uma visão total da propriedade. Próximos a ela eram construídos o engenho (local
onde acontecia a moenda da cana-de-açúcar), a senzala e a capela.
Nos primeiros tempos da colonização, a casa-grande era rústica, com móveis feitos no
próprio engenho pelos escravizados; com o tempo, os proprietários mais ricos conseguiam
construir moradias maiores e mais confortáveis. A rotina nessas casas podia ser bem movi-
mentada: carregar água para o interior, cortar lenha, lavar roupa, cuidar das crianças, prepa-
rar alimentos. Nas ocasiões em que havia alguma celebração, como a motivada pelo nasci-
mento de um herdeiro, os convidados para o evento eram recebidos e podiam ficar vários
dias na casa.
54
Casa do engenho
Era o conjunto de instalações para o preparo do açúcar. Muitas vezes, constituía-se de
várias construções próximas ou isoladas, cada uma com uma função. A casa da moenda, a
casa das caldeiras, a casa de purgar e os galpões formavam a casa do engenho.
A cana-de-açúcar era cortada e levada em carros de boi até a casa da moenda. Nesse lo-
cal, os feixes de cana eram transformados em caldo, que era levado para a casa das caldeiras,
onde era feito o melado. O melado, por sua vez, era levado para a casa de purgar para que
as impurezas fossem retiradas.
Nos galpões, o açúcar em estado bruto (pães de açúcar) era colocado em caixas de ma-
deira, e estas em malas de couro, a fim de evitar a umidade da travessia do oceano. Uma vez
na Europa, os holandeses transportavam o açúcar de Lisboa a Amsterdã, onde o produto era
refinado e, depois, vendido.
Nos séculos XVI e XVII, era necessário que cada engenho de açúcar mantivesse vários ho-
mens e mulheres prontos a produzir e a cuidar do produto guardado nos armazéns. A grande
maioria dessas pessoas era escravizada.
DEBRET, Jean-Baptiste. Engenho manual que faz caldo de cana. 1822. 1 aquarela sobre
papel, color., 17,6 cm × 24,5 cm. Museus Castro Maya – IPHAN/Minc, Rio de Janeiro.
Representação de pessoas escravizadas no trabalho de moer a cana
História 55
Um “mestre de açúcar”, encarregado de manipular a caldeira até a obtenção de um xarope
impecável, graças à manutenção de temperatura específica, era contratado durante, e pago
de acordo com a qualidade produzida. [...] Em 1790, na área de Campos, receberia no mínimo
entre 600 e 800 réis por dia.
DEL PRIORE, Mary. Histórias da gente brasileira: volume I – colônia. São Paulo: LeYa, 2016. p. 76.
©Shutterstock/Natinn
bastante alto, era do proprietário. Quando o
açúcar chegava às alfândegas metropolita-
nas, era hora de pagar taxas e impostos para
a Coroa, que não gastava nada com o proces-
so. As fazendas de cana representaram uma
importante fonte de riqueza para a Colônia
e a Metrópole, até que os holandeses, ex-
pulsos do Nordeste, levaram para a região
do Caribe as técnicas de cultivo da cana e da
produção de açúcar, oferecendo ao mercado
europeu um produto de melhor qualidade e
mais barato.
Cana-de-açúcar em estado natural e açúcar refinado
Senzala
Construída com tijolos, madeiras ou pedras, coberta com palha ou telhas, a senzala era a
habitação para a população escravizada. Com raras exceções, não tinha ventilação, tampou-
co possibilitava privacidade às pessoas.
Modelo de senzala utilizado no Brasil Colonial ©Worldwide Picture Library/Alamy Stock Photo/Fotoarena
56
Capela
A capela era um local no engenho onde se realizavam as cerimônias religiosas, como
casamento, batizado, primeira comunhão, além de cultos diários. Era, portanto, um dos cen-
tros de reunião da comunidade. Em muitos engenhos, ali se enterravam os membros faleci-
dos da família do proprietário.
Algumas capelas eram construídas no alto dos morros. Poderiam também estar localiza-
das junto à casa-grande ou na entrada do engenho.
interpretando documentos
História 57
Sobre as estruturas que faziam parte de um engenho, responda às questões.
1 Quais eram as principais instalações nas propriedades rurais que cultivavam cana-de-açúcar no Bra-
sil Colônia?
3 O plantio, o processamento e o transporte da cana-de-açúcar tinham um alto custo. Por quem eles
eram custeados e qual era o papel da Coroa portuguesa nesse processo?
4 Identifique, na imagem do pintor Frans Post, estruturas que faziam parte de um engenho.
5 Volte à página de abertura deste capítulo e observe novamente a imagem produzida por Benedito
Calixto. Em seguida, faça o que se pede.
a) Qual instalação de engenho foi retratada pelo artista?
Sociedade açucareira
A sociedade formada nos engenhos era dividida em segmentos bem definidos e com
pouca mobilidade social. Dela faziam parte: senhores, escravizados e trabalhadores livres
(estes em menor quantidade). Era difícil um trabalhador livre chegar à condição de senhor
de engenho, e raramente um escravizado conquistava sua liberdade. Houve casos de ex-
-escravizados que se tornaram traficantes de outros escravizados, em especial no século XIX.
©Pinacoteca do Estado de São Paulo, São Paulo, Brasil
DEBRET, Jean-Baptiste. Um
funcionário a passeio com a sua
família. 1839. 1 litografia,
21 cm x 34 cm. Pinacoteca do
Estado de São Paulo, São Paulo.
58 ÇDQRÉ9ROXPH
O senhor de engenho era uma das figuras centrais da socie-
A organização de uma sociedade
dade colonial, a qual podemos classificar como patriarcal. Era o patriarcal confere aos homens
chefe de tudo e de todos. a centralidade do poder,
tanto no convívio familiar
Sob a proteção do senhor de engenho, viviam na propriedade como na esfera política.
a esposa, seus filhos (legítimos ou não), sobrinhos, irmãs soltei-
ras e afilhados. Havia, ainda, agregados, os quais eram pessoas
livres pobres, e ex-escravizados que haviam conquistado a liber-
dade, formando uma espécie de força militar dentro do engenho. Quanto maior o número
de dependentes, maiores o prestígio e o poder do senhor de engenho. Todos que viviam no
engenho deviam obediência ao senhor, proprietário das terras.
A família do senhor de engenho estava no topo da sociedade colonial.
Segundo a historiadora Mary del Priore, na sociedade colonial brasileira, a mulher não ti-
nha direitos formais; ela se dedicava aos afazeres da casa e a atividades relacionadas à Igreja.
©Museus Castro Maya, Rio de Janeiro
DEBRET, Jean-Baptiste.
Uma senhora de algumas
posses em sua casa. 1823.
1 aquarela sobre papel,
16,2 cm × 23 cm. Museus
Castro Maya, Rio de
Janeiro.
Representação de uma cena
familiar no Brasil Colônia
DEBRET, Jean-Baptiste.
Visita a uma chácara nos
arredores do Rio.
1 aquarela sobre papel,
15,1 cm × 21,1 cm. Museus
Castro Maya, Rio de Janeiro.
Representação de um
senhor com as pessoas
em seu entorno
História 59
As mulheres eram vistas como responsáveis pelo sucesso e pela felicidade do casamen-
to. Elas deveriam obedecer cegamente às ordens do marido, sem faltar-lhe com o respeito,
e estar sempre atentas às necessidades e às vontades dele.
Contudo existiram casos em que as mulheres estiveram à frente dos engenhos. A citação
a seguir trata dessa situação.
DEL PRIORE, Mary. Histórias da gente brasileira: volume I – colônia. São Paulo: Leya, 2016. p. 83.
©Museus Castro Maya, Rio de Janeiro
DEBRET, Jean-Baptiste. Caboclas lavadeiras no Rio de Janeiro. 1827. 1 aquarela sobre papel, color.,
15,5 cm × 21,8 cm. Museus Castro Maya, Rio de Janeiro.
Representação de mulheres desenvolvendo seus trabalhos na Colônia
60 ÇDQRÉ9ROXPH
organizando a história
Vilas e cidades
As primeiras povoações no Brasil foram as feitorias. A precursora foi a de Cabo Frio (1504).
Nelas, o pau-brasil cortado pelos indígenas era trocado por objetos variados. Após o início da
colonização, em 1532, surgiu a primeira vila no litoral brasileiro: São Vicente. Ao contrário da
colonização espanhola, os portugueses se concentraram, no início, nas regiões litorâneas.
Com a criação do Governo-Geral, surgiu a primeira cidade, Salvador (1549), na Bahia
(também a primeira capital do país), à qual todas as outras cidades poderiam recorrer em
caso de necessidade. Em Salvador, foi estabelecido o primeiro bispado do Brasil. O território
foi governado desse local até o século XVIII, quando a capital foi transferida para o Rio de
Janeiro.
pesquisa
O Brasil tem mais de cinco mil cidades. Faça uma pesquisa e descubra:
a) Quando a cidade onde você mora foi fundada?
c) Busque uma informação complementar sobre sua cidade. Pode ser sobre a história,
personalidades que nasceram nela, principal atividade econômica ou a distância entre ela e
a capital do país.
História 61
d) Cole aqui uma imagem de sua cidade.
Embora algumas cidades tenham surgido já nos primeiros anos da colonização, o Brasil só
se tornaria um país urbano, ou seja, com a maioria da população vivendo nas cidades, a partir
da década de 1960. Até esse período, mais da metade dos brasileiros viviam na zona rural, o
que nos remete à importância do campo na história econômica do país.
62 ÇDQRÉ9ROXPH
Comércio interno
A economia colonial brasileira era voltada para o mercado externo, mas, para sustentar
os trabalhadores, escravizados, prestadores de serviços e funcionários públicos que habita-
vam nas vilas e nos campos, foi criada uma rede interna de comércio que abastecia os mer-
cados com os mais diversos produtos, como peixes, grãos, carne-seca, couro, vegetais, etc.
Nas vilas, concentrava-se um número considerável de pequenos comércios e oficinas
que, normalmente, ocupavam as ruas próximas à praça central. Ali, costureiras, sapateiros,
açougueiros, etc. ofereciam seus serviços. Havia ainda os estabelecimentos comerciais que
vendiam produtos vindos da Europa.
Na colônia, a criação de bovinos foi uma importante atividade, uma vez que eram usados
como animais de tração nas fazendas e para a produção de couro. Existia também a criação
de burros e mulas, utilizados pelas tropas que transportavam as mercadorias por toda a colô-
nia. Essas atividades contribuíram para o enriquecimento de muitas pessoas. O lucro obtido
da venda dos rebanhos ou dos produtos – como couro, carne e leite – circulava e se fixava na
Colônia, não na Metrópole.
©Museus Castro Maya, Rio de Janeiro
O coc mé ércio
i era fei e to
o pelos
t op
tr opeiiros, indiv ivíd
í uos quq e
ad
denentravvam o territó óri
rio
comp
co prando o e vend dendo diverssos
prod
pr odutos ao longo de d meses.
Muittos deless jam
Mu maia s volttavam
paraa cas
pa a a. Um do d s alimen e to
t s
co
onsn ummiddos nas a fazen enda
dass eraa
a ca
carnrne-
e-se
seca
ca,, obbti
tida
da do gaado
d
cria
cr iado
do no SuSul e trtranspsporrta
t do
d
pelo
pe lo
os tr
trop
o ei
e ro
ros.
os.
s.
Algodão e fumo também foram culturas praticadas em certas áreas. Assim como a cana-
-de-açúcar, o fumo era manufaturado. As folhas, depois de secas, eram juntadas e torcidas,
formando, então, grandes rolos. Para evitar que molhassem (danificando a mercadoria),
eram embaladas em uma espécie de saco de couro. Parte da produção de fumo era destina-
da ao comércio, sendo trocada por pessoas na África. Havia, ainda, a produção de alimentos.
Além da pequena propriedade que produzia para o sustento da família, existiam outras que
se dedicavam ao cultivo de mandioca, feijão e milho a serem fornecidos ao comércio e à base
da alimentação na Colônia. O abastecimento do mercado interno envolvia muitas pessoas e
movimentava a economia.
História 63
Aos poucos, as rotas comerciais criadas pelos tropeiros deram origem a estradas, novas
vilas e cidades e ajudaram a interligar o território colonial. Isso possibilitou a ampliação dos
territórios ocupados pelos portugueses e as fronteiras da Colônia.
O lundu, dança de
matriz africana, era
também praticado
pelos portugueses,
evidenciando a
influência africana
RUGENDAS, Johann M. Dança do lundu. 1835. Biblioteca Nacional, Rio de Janeiro.
na cultura da época.
Casal de portugueses dançando ao som do violão sob a presença de familiares, africanos e um clérigo
64 ÇDQRÉ9ROXPH
Uma das comemorações que até a atualidade marcam o Brasil, inclusive no exterior, é o
carnaval. As folias de carnaval foram trazidas para a América pela corte do príncipe D. João,
em 1808. Inicialmente, era comemorado apenas na corte, mas, com o tempo, tornou-se uma
celebração popular, chamada de entrudo no século XIX.
troca de ideias
No material de apoio, você vai encontrar dois quadros representando a festa do en-
trudo no século XIX. Uma delas se passa em uma casa da elite e a outra nas ruas. Observe-
-as e descreva quais diferenças podem ser elencadas entre uma comemoração do entru-
do popular e outra da elite. Converse com os colegas sobre isso.
outras histórias
©Museu do Prado, Madri
A aliança estabelecida entre Portugal e Holanda nos
primeiros anos da exploração da cana-de-açúcar em terri-
tório brasileiro chegou ao fim em virtude da oposição en-
tre Holanda e Espanha por volta de 1630, quando, na União
Ibérica, a Espanha passou a controlar a Coroa portuguesa e
a Colônia brasileira.
A União Ibérica aconteceu entre os anos de 1580 e
1640. Foi a unificação das Coroas espanhola e portugue-
sa. Essa união ocorreu em virtude da crise sucessória do
trono português. Com o desaparecimento de D. Sebastião
na Batalha de Alcácer-Quibir, no Marrocos, em 1578, seu
tio-avô, D. Henrique I, assumiu o poder em Portugal, pois
D. Sebastião não havia deixado herdeiros. Em 1580, D. Hen-
rique I faleceu, marcando o fim da dinastia de Avis. Com
isso, o trono português passou a ser disputado por outras
dinastias europeias, que buscavam ligações de parentesco ANGUISSOLA, Sofonisba. Retrato
com D. Sebastião. de Filipe II. 1573. 1 óleo sobre tela,
88 cm × 72 cm. Museu do Prado,
Filipe II, rei da Espanha, era neto de D. Manuel, que, por
Madri.
sua vez, era tio de D. Sebastião. Essa ligação foi utilizada Rei Filipe II da Espanha
para legitimar a invasão espanhola a Portugal em 1580, ga-
rantindo para Filipe II o poder em territórios portugueses. Com a Unificação Ibérica,
Filipe II passou a ser rei tanto da Espanha como de Portugal. A gestão ficou marcada
por sua habilidade política e administrativa.
As invasões de outros países ao Brasil, como Holanda e França, ocorreram no pe-
ríodo da União Ibérica. Antes mantendo uma relação amistosa com Portugal, essas
relações confrontaram-se diretamente com a Espanha. No caso da invasão holandesa,
o principal motivo foi de ordem econômica: o controle do comércio de açúcar e da
extração de metais. Um dos motivos para a invasão francesa foi a religião: a Espanha
era católica e parte dos franceses havia aderido ao protestantismo.
História 65
o que já conquistei
1 Apresente os motivos que levaram os portugueses a trazer a cana-de-açúcar para a sua Colônia
na América.
BROWNSCOMBE, Jennie Augusta. O primeiro Dia de Ação de Graças em Plymouth. 1914. 1 óleo sobre tela. Pilgrim Hall Museum, Plymouth.
História
7.° ano – Volume 3
Material de Apoio
1
Capítulo 12 – Troca de ideias – página 65
DEBRET, Jean-Baptiste. Cena de carnaval. 1823. 1 aquarela, 18 cm x 23 cm. Biblioteca Nacional da Austrália.
2 ÇDQRÉ9ROXPH