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História da América Latina

Contemporânea
 Ensino Híbrido 

Prof. Dr. Elton O. S. Medeiros


elton.medeiros@sumare.edu.br
Colonização, sécs. XVI-XVII
Aula 3:

ELLIOT, Jonh Huxtable. “La conquista Española y las


colonias de America” in: BETHELL, Leslie (org)
Historia de América Latina. Vol 1. Barcelona:
Editorial Critica, p. 123 – 169.
Ocupação e Conquista

• Obtenção de riquezas (ouro): Objetivo inicial em novas


terras.
Ouro conseguido por escambo era insuficiente.

• Novo empreendimento: levar indígenas à Espanha para


serem vendidos como escravos.
Ocupação e Conquista
• A questão indígena: Qual o lugar do indígena no mundo? De onde vinha? O
que fazer com eles?
Civilização x Barbárie

Cristandade x “Não-cristão”
(o herege, o infiel, o pagão)

• Escravidão (1500): a coroa declarou que os indígenas eram livres (súditos)


e não sujeitos à escravidão EXCETO por GUERRA JUSTA.
• Abolição da Escravidão Indígena (1542): Abolição da escravidão eliminou
uma fonte de recursos para os colonizadores.
Ocupação e Conquista
Precedentes clássicos da doutrina da Guerra Justa

• ARISTÓTELES (Política): criou o termo “Guerra Justa” para descrever guerras


“Aceitáveis”, de acordo com a justiça da causa (autodefesa, conquista de um império para
beneficiar os cidadãos e mesmo para escravizar os não-helênicos que merecessem ser
escravizados).

• Aos fins justos de Aristóteles, o DIREITO ROMANO acrescentou a causa justa, o casus
belli. CÍCERO acrescentou que a guerra justa exigia uma declaração formal e propósitos
defensivos, a recuperação de bens perdidos ou a punição de ofensas.

• SANTO AGOSTINHO acrescentou o elemento final na forma da INTENÇÃO CORRETA,


não com ódio, mas com o fervor necessário para corrigir erros.
De Entreposto à Colônia
• Ameaça de extinção da colônia: ânsia dos colonos por riquezas VS. o esgotamento de
alimento e mão-de-obra.

• frei Nicolás de Ovando (1501-1509): Mentor administrativo do estabelecimento


espanhol no Novo Mundo.
 Reconstrução de São Domingo (destruída em 1502 por ciclone); modelo das demais
cidade das colônias espanholas.
 Problema: indígenas não conheciam conceito europeu de “trabalho”.

• Repartimiento: poder de distribuição de indígenas para trabalhar em troca de


obrigações; indígenas eram “confiados” a espanhóis que deveriam evangelizá-los.
• Encomienda: (de raízes medievais) população “confiada” à evangelização, que deveria
ser protegida por seu “encomendero”.
De Entreposto à Colônia
• Cacique: líder nativo responsável pelo fornecimento da mão de
obra.

• Cabildo: conselho da cidade (seguindo modelo espanhol).

• Audiencia: tribunal local, responsável por julgar o cumprimento


das leis (como forma de ampliar o poder da coroa nas colônias).

• Problemas do trabalho forçado: extinção rápida da população.


 Causa: Fruto de guerra, doenças, maus-tratos, diferenças
culturais.
 Paliativo: ataques às outras ilhas (Bahamas) e deportação.
Reações à extinção dos indígenas
• Antonio de Montesinos (1475-1540) & Bartolomé de
Las Casas (1474-1566): denunciaram a crueldade e as
mortes infringidas aos indígenas.
• Leis de Burgos (1512): tentativa da coroa de
regulamentar o funcionamento da encomienda.
 Sem grande sucesso: não havia interesse por sua
aplicação.
• Solução: ordem dos hierominitas (Ordem de São
Jerônimo), nomeada para fiscalizar o tratamento dado
aos indígenas em Hispaniola, sugerem a importação de
escravos africanos.
 1505 chegada de escravos ladinos (negros que
falavam espanhol) à Hispaniola.
• Escravidão de africanos: utilizada desde o início do
século XIII em Portugal (mouros e negros).
 1505 – 1518: debates sobre importação de escravos,
chegou a ser proibida pelo cardeal Cisneros, até 1518
quando o rei Carlos V liberou o tráfico.
Reações à extinção dos indígenas
• Antonio de Montesinos (1475-1540) & Bartolomé de
Las Casas (1474-1566): denunciaram a crueldade e as
mortes infringidas aos indígenas.
• Leis de Burgos (1512): tentativa da coroa de
regulamentar o funcionamento da encomienda.
 Sem grande sucesso: não havia interesse por sua
aplicação.
• Solução: ordem dos hierominitas (Ordem de São
Jerônimo), nomeada para fiscalizar o tratamento dado
aos indígenas em Hispaniola, sugerem a importação de
escravos africanos.
 1505 chegada de escravos ladinos (negros que
falavam espanhol) à Hispaniola.
• Escravidão de africanos: utilizada desde o início do
século XIII em Portugal (mouros e negros).
 1505 – 1518: debates sobre importação de escravos,
chegou a ser proibida pelo cardeal Cisneros, até 1518
quando o rei Carlos V liberou o tráfico.
Expansão e devastação
• Fase insular da conquista (1492 – 1519): expedições de conquista e
pilhagem.
 Ignorando os direitos da família de Colombo, a Coroa emite licenças para
descoberta e conquista do território (que parecia bloquear o caminho para
as Índias).
 Período de muita atividade e de rápidas mudanças.
 Expansão gradual das fronteiras conhecidas, incentivava migração de
espanhóis.
 Quanto mais alargava o espaço conhecido, mais aumentava a pressão para
conquista e migração e o rastro de devastação populacional.
 Esforços espanhóis para “recompor” a mão de obra: organização de
expedições para captura de escravos e importação de africanos.
Expansão e devastação
• Problema de uma fronteira em expansão: dificultava o
estabelecimento populacional, uma vez que a base de Hispaniola
era sustentada pela produção de cana-de-açúcar e peles.

• Fase continental da Conquista (1519-1540): a partir das bases


insulares.
 Hernán Cortez: para o norte (México) saiu de Cuba em 1519.
 Francisco Pizarro: rumo ao sul (Peru) em 1531; saiu do Panamá.
Expansão e devastação

Hérnan Cortés (1485 – 1547)


Expansão e devastação

Francisco Pizarro (1478 – 1541)


Expansão e
devastação

• Tenochtitlán: capital do
império Azteca.

• Cuzco: capital do império


Inca.
Organização dos conquistadores
• Campañas: grupos organizados de guerreiros;
inicialmente de forte caráter igualitário (p. ex., na
divisão do butim) e mais tarde se associaram à
mercadores.

• Campañas & mercadores: armação de navios para


expedições distantes.
 Financiamentos: expedições para América foram possíveis
graças aos créditos de bancos em Gênova e Augsburgo.

• Estímulo: “Devoção ao ouro, à glória e ao evangelho”.


“Devoção ao ouro, à glória e ao evangelho”
• Elementos em comum: serem cristãos, espanhóis e um inimigo pagão
(grito de guerra: “Por São Tiago e Espanha!” ).
• Superioridade técnica: cavalos (mobilidade), pólvora, adaptabilidade
em combate (e, de certa forma, doenças...).
• Superioridade cristã: IDEAL CRUZADÍSTICO
(Cristandade x Barbárie Pagã/Não-cristão).
• Sentimento de glória: estar realizando feitos heroicos que os
imortalizariam na história (ao lado de outros herois do passado).
“Eu e meus companheiros (...) sofremos de uma doença do coração que
só poder ser curada com ouro” ~ Hérnan Cortés.
Conquista do México

• Inicialmente expedições de reconhecimento e escambo (1517 e 1518).

• Expedição de Hernán Cortés (1519): tinha como objetivo a Conquista


(contando com c. 508 soldados, 110 marinheiros).
 Questão de autoridade: quando se soube que havia um soberano que havia
submetido diversos povos (Montezuma), definiu-se uma estratégia; a de submeter
Montezuma a Carlos V.
 Poder de iniciativa e avaliação das contingências: utilização do ódio das
populações submetidas pelos astecas e a aliança aos Tlaxcalas (que nunca se
submeteram a Montezuma) – resistiram aos astecas e lutaram ao lado dos
espanhóis.
Conquista do México
• Por que Montezuma permitiu que Cortéz entrasse em Tenochtitlán?
 Acreditar que os espanhóis eram os deuses retornando (Cortés sendo
Quetzalcóatl)?
 Tratamento que os astecas dariam a qualquer embaixador de outro povo?
 Julgaria mais fácil derrotá-lo dentro da cidade?

• Embate de Cosmogonias:
 Fatalismo asteca vs. auto-confiança cristã
 Ímpeto de heroísmo frente à morte e captura de inimigos vs. vitória e
conquista.

• Vitória espanhola: um conjunto de causas internas (problemas estruturais do


império azteca, revoltas de populações submetidas ao governo de Tenochtitlán)
aliado às forças externas europeias.
Conquista do Peru

• Francisco Pizarro soube em 1523, ao chegar no Panamá, que havia


um estado muito rico e poderoso ao sul.
 Pizarro na Espanha (1528 - 1530 ): acerta os detalhes da expedição com a Coroa e
em busca de “conterrâneos” para sua empreitada.
 Em 1531 parte do Panamá com 180 homens (muitos morreram logo que
chegaram ao Novo Mundo) e 30 cavalos rumo à conquista do Império Inca.

• Elementos a favor dos espanhóis: os incas estavam numa guerra pelo


poder que havia começado em 1527 com a morte de Huayana Cápac,
entre seus filhos Huascar e Atahualpa, este último estava próximo à
vitória.
Conquista do Peru
• Domínio de Império: mesma estratégia de derrubar o centro do
poder, colocá-lo sob domínio espanhol e a partir dele continuar o
controle.

• Atahualpa: deixou Pizarro e seus homens subirem até Cajamarca,


norte do Peru (lógica de sua realidade, combates deveriam ser
travados na altitude) – espanhóis tiveram fator surpresa a seu favor.

• Pizarro ergueu sua capital em Lima, no litoral: enquanto Cortéz


ergueu a Cidade do México sobre os escombros de Tenochtilán.
Resistências à conquista

• América do Sul
 Araucanos resistiram até final do século XIX, na região onde hoje é a fronteira
entre Chile e Argentina e aprenderam a utilizar o cavalo e o arcabuz. A coroa teve
de manter um exército de 2 mil homens para defender o estreito de Magalhães
(passagem estratégica).

• América do Norte
 Yucatán: maias, foram mais resistentes, possivelmente porque não tinham a
unidade política dos astecas; e chichimecas (México central) já resistiam antes
aos astecas e seguiram resistindo aos espanhóis. Resistência também encontrada
entre os indígenas norte americanos frente a ingleses e franceses.
Consolidação da conquista
Conquista militar→ conquista das almas→ ocupação efetiva

“Sem colonização não há uma boa conquista, e se a terra não é conquistada, as


pessoas não serão convertidas. Portanto, o lema do conquistador deve ser colonizar”.
Francisco López de Gómara. secXVI

• Cristianização dos indígenas, migração maciça de espanhóis (conquista


demográfica).
• Montagem de um aparato burocrático de controle político e produtividade dos
territórios de além-mar.
• Fundação de cidades: modelo espanhol de praça central; onde estava o Ayuntamiento
(municipalidade), cabildo (poder legislativo) e a Igreja.
https://bbc.in/2Wnt23I https://bbc.in/3mr49Pj

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