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Rute e a inteligência emocional como meio de mudança


A mulher do Antigo Israel e dos dias atuais

Anderson Soares Santana

Resumo
Este artigo explora o livro de Rute com a intenção de demonstrar que o plano de
Deus, a providência divina para a sua história e para a história de Israel é sãosão
consequências de atitudes inteligentemente elaboradas.
Veremos como queo O planejar, controlar as emoções e o saber esperar o
momento certo de agir trazem uma denominação nova em neurociência: inteligência
emocional.
Buscaremos, também, Ddemonstrar como algumas mulheres utilizarvam esse
conjunto de habilidades a seu favor. e como o administram hoje com o nome que
conhecemos é a intenção do presente artigo. Commented [L1]: Não entendi. Confuso.

Palavras-chave: inteligência; emocional; sabedoria; mulheres.

Introdução
Este trabalho ambiciona contribuir para a conscientização de que podemos
direcionar os caminhos de nossas vidas através do uso de inteligência emocional, a
partir do momento quequando dominamos nossas emoções e controlamosndo nossas
atitudes a fim de direcionarmos os acontecimentos.
Para explicarmos de maneira eficiente, faz-se necessário a conceituação de 03
(três) termos, a saber: virtude, inteligência emocional e redenção. Falaremos de cada um
a seu tempo no decorrer no texto.
Começaremos com “virtude”, que segundo o Dicionário Michaelis (2019) é
assim definido: “inclinação para o bem; qualidade ou atributo que está de acordo com a
moral, a religião, a lei etc”.


Graduando em Teologia pela Faculdade de Teologia da Universidade Metodista de São Paulo, matrícula
267161. Trabalho de Conclusão de Curso com vistas à obtenção de grau de Bacharel em Teologia, sob a
orientação da Professora Espec. Aline de Souza Taconeli.
Quando falamos que Rute é uma mulher virtuosa, há um momento em que
destoamos do que a Bíblia nos relata. Pois, uma mulher que segue as normas, no Antigo
Testamento, jamais entraria onde no local em que um homem dorme, a não ser que se
este não este fosse seu esposo ou ela fosse sua concubina -, conforme veremos relato em
Rute.
Agora, definiremos inteligência emocional.
Inteligência emocional: talentos como a capacidade de motivar-se e persistir
diante de frustrações; controlar impulsos e adiar a satisfação; regular o
próprio estado de espírito e impedir que a aflição invada a capacidade de
pensar; criar empatia e esperar. (GOLEMAN, p. 24, 2011)

Assim, indicamos que Noemi é quem orienta inteligentemente Rute para que
conquiste Booz sem ser vulgar. Noemi planeja e articula os movimentos de Rute de
maneira a agir emocionalmente inteligentegerir inteligentemente suas emoções paraa
fim de que Booz se afeiçoe e a tome por esposa. Rute obedece.
Enfim, chegamos ao termo redenção que, segundo o Dicionário Michaelis
(2019), é assim definido: “ato ou efeito de redimir; ato de resgatar ou de libertar de
qualquer forma de escravidão ou de opressão; libertação, resgate”.
Redenção, segundo Champlin (2001), tem seu termo hebraico correspondente
mencionado 23 vezes mencionados em Rute.
Abordaremos estes conceitos durante o desenvolvimento da pesquisa para
demonstrarmos que a habilidade “inteligência emocional” possibilita que haja mudanças
de perspectivas e condução de objetivos para na conquista de melhores condições de
vida.
Na primeira seção, ao falarmos de Rute tentaremos demonstrar detalhes da
época em que o livro fora escrito, como: datação, gênero, acontecimentos da época que
impulsionaram a escrita, propósito e teologia do livro. Ainda, falaremos sobre o uso de
inteligência emocional em Rute (que nesta época ainda não era assim conceituado)..
Na segunda seção, falaremos sobre a habilidade propriamente dita, seu uso e
mencionaremos sobre como a dificuldade de domínio próprio influi prejudicialmente na
gestão de vidas.
Enfim, concluiremos discorrendo sobre o papel da mulher no Antigo Israel e nos
dias atuais. Sempre ressaltando o uso da inteligência emocional em suas atuações.

Rute como exemplo de mulher virtuosa


1. Exegese
3

Há duas possibilidades para a datação do livro de Rute. Uma estima que tenha
sido escrito durante a monarquia e outra, a que sustentaremos neste trabalho, estima que
tenha sido escrito na época pós-exílica.
Segue, para ambientação do leitor, uma linha de tempo retirada do livro de
Carlos Mesters (2014, p. 12-13).

O livro de Rute se encaixa no gênero literário novela por sua narrativa ser
contínua, ter eventos dramáticos e que evoluem até chegar à conclusão feliz. Vale
ressaltar que “novela” na Bíblia é “uma narrativa social e de fé que pode ou não ter tido
um fundo histórico real” (ZENGER, 2004, p.22-25).
A maioria dos eruditos (p.ex., Campbell, Craghan, Eissfeldt, Murphy)
concorda que o livro de Rute é uma ficção, um relato breve narrado como
história. Embora a narrativa seja historicamente plausível - por séculos sua
verdade literal permaneceu indisputada - os estudiosos têm acreditado que o
livro é uma criação literária que cumpre vários objetivos. (...) Além disso, ele
afirma a possibilidade de um não israelita se tornar um fiel javista.
Finalmente ele exalta o casamento levirato localizando duas uniões desse tipo
no passado do rei Davi. (LAFFEY, 2007, p. 1087-1088)
Apesar de existirem discussões que mencionam acerca da autoria do livro ser do
profeta Samuel, manteremos seu autor como desconhecido.
O livro de Rute figura na Bíblia hebraica na 3ª (terceira) parte – Torah (Lei),
Nebi’îm (Profetas) e Ketubîm (Escritos) -, era um dos 5 livros dos Escritos, chamados
de Meguillôt (tradução de “rolos”) e era lido na Festa das Semanas ou Festa dos
Pentecostes.
Na Bbíblia grega (Septuaginta ou LXX), assim como na latina (Vulgata), o livro
fica entre Juízes e I Samuel.
O livro relata uma história que se passa em um tempo sem reis, pois os juízes
julgavam.
Literalmente: nos dias do julgar dos juízes. A abertura do livro evoca tempo,
ação, personagens e um fato crítico, a fome, como uma forma pertinente para
situar a trama narrativa que se desenvolverá. Não há, no livro, outra citação
explícita sobre os juízes, mas a figura de Booz e suas atitudes de justiça,
praticadas devido às necessidades de Rute e Noemi, diante dos anciãos, junto
ao portão da cidade, fazem dele um exemplo de juiz em Belém.
(FERNANDES, 2012, p. 27)
Segundo Champlim (2001), comentam-se vários propósitos para o livro de Rute,
a saber:
 Uma história fictícia, sem valor histórico;
 A inserção de uma estrangeira (moabita) na genealogia de Davi;
 A continuidade da lei do levirato;
 Sua escrita ser um tratado pós-exílico, pois “a lei de Israel forçava o divórcio
de hebreus que se se tivessem casado com estrangeiros, visto que o Novo
Israel, que começou logo depois do cativeiro babilônico, tinha de ser
racionalmente puro”. (CHAMPLIN, 2001, p.1095)
Mesmo com a existênciatendo de um decreto de Deus, em Deuteronômio 23.3,
de que mencionava que nenhum moabita faria parte do povo de Israel, Rute é a bisavó
de Davi. Isto demonstra o quanto o amor de Deus é inclusivo1. Rute, através de sua
obediência por fé e seu excelente caráter, se tornou antepassada do próprio Cristo.
Aliás, por três razões principais a heroína, Rute, merece figurar como uma
das grandes personagens femininas da Bíblia: 1. O romance de sua vida e de
sua fé no Deus de Israel, Yahweh, 2. O fato de ter sido bisavó de Davi, o
grande rei de Israel, 3. O fato, consequente do anterior, de ter sido uma das
antepassadas do Senhor Jesus”. (CHAMPLIN, 2001, p.1091)
A teologia do livro nos mostra que o amor de Deus não é algo exclusivo, ao
contrário, é um amor que independe de carne e sangue. Mais ainda, nos mostra que as
bençãos de Deus são universais e eternas.
Rute é um livro fundamentado em fidelidade (hesed) e lealdade à aliança
(Gordis). Isto se comprova na oração de Noemi ao despedir suas duas noras (1,8), no
louvor a Deus pelo interesse de Booz em Rute (2,20) e no pedido de Booz para que Deus
abençoe Rute por ter cuidado de sua sogra-viúva e por ter visto nele seu futuro esposo
(3,10).
A fidelidade à aliança no livro de Rute faz eco com a aliança de Israel com
lahweh. Eles são o povo de Deus, e lahweh é o seu Deus. Noemi pede a Deus
que cuide do bem estar de sua nora e suas palavras a Rute sobre Booz são
uma oração para que Deus o abençoe. Da mesma forma, as palavras de Booz
a Rute são uma oração para que Deus a abençoe. Os relacionamentos entre os
personagens são outra evidência da fidelidade que é fundamentada na firme
convicção de que lahweh será fiel a seu povo de aliança. Orfa e Rute mantêm
sua fidelidade à sogra viúva. Ainda que Orfa tenha, eventualmente, retomado
para sua casa em Moab, ela esteve disposta a acompanhar Noemi até Judá.
Tal lealdade é elogiada por Noemi. Booz expressa seu compromisso à
fidelidade para com a aliança ao permitir que a viúva se junte aos demais em
sua fazenda (Dt 24,19-21) e ao proteger as viúvas das famílias de seus
familiares mortos. Rute, que veio a aceitar o Deus de Israel, procurará o
casamento levirato. (LAFFEY, 2007, p. 1089)
Como os antigos israelitas não acreditavam em vida após a morte, quando não
tinham herdeiros homens, a única forma de continuarem a existir, seria através do
casamento levirato.
5

Segundo Champlin (2001), o livro de Rute apresenta pontos específicos sobre a


lei do levirato - pontos que só aparecem em Rute.
1- O fato de ser Rute a remida e não Noemi.
1 2- Umo parente
Ao descrevermos maiscomo
amor de Deus remoto e não
inclusivo, logooapós
irmão do morto
mencionarmos comoexcluindo
o decreto remidor.os Fato este
moabitas eo Formatted: Font: 9.5 pt, Superscript
fato de Rute ser avó de Davi, estamos apenas destacando que para Deus não há raça, cor, idade, distinção de
que Booz cumpriu por amor e não por obrigação, visto não ser irmão do
classe, credo, situação financeira ou diferença quanto a ser deficiente fisicamente ou não... O amor de Deus inclui Formatted: Justified
a todos que tenham fé e o reconheçam como Senhor e Salvador de suas vidas.
falecido. Formatted: Font: 9.5 pt

3- A cerimônia da sandália não envolveru motivo de vergonha na substituição Formatted: Font: 9.5 pt

de um parente-remidor por outro.

2. Comentário Exegético
Ao iniciar a leitura de Rute, já percebemos como as decisões erradas afetam
negativamente nossos destinos: Elimelec (tradução do hebraico de Fernandes, 2012,
p.28: meu Deus é Rei) saiu de Belém (do hebraico bêt lehem: casa do pão) com sua
mulher e filhos para uma terra estrangeira por causa da fome mas ir para Moabe, não era
algo esperado devido à proibição de Deuteronômio 23,4. Talvez por isso, lá ele
encontroue 03 (três) funerais.
Talvez Dt 23,4 reflita problemas tardios com os moabitas, legitimados pela
referência ao passado de Israel em sua entrada histórica na terra, enquanto
Rute representa um período mais antigo quando os moabitas eram apenas
vizinhos de Israel (Gerleman). (LAFFEY, 2007, p. 1090)
A fome, no AT, era utilizada por Deus como uma forma de correção para o
povo. Não há como fugir da presença de Deus. Segundo Champlin (2001, p.1097): “A
fome era um dos instrumentos de julgamento nas mãos de Deus; e, os eventos, tanto
gerais quanto pessoais, com frequência são determinados por algum modo de
julgamento do pecado”.
Elimelec deixou de viver pela fé, não tentou reverter esse acontecimento em seu
favor e em Moabe encontrou apenas dor e morte. Conforme afirma Wiersbe (2006,
p.174): “Não importa quão difíceis sejam as circunstâncias, o lugar mais seguro é dentro
da vontade de Deus”.
Haviam 03 (três) possibilidades para ele
 Suportar – ao apenas suportar, deixando-se dominar, poderia ter se tornador
endurecido e amargurado. Como Noemi, mais àa frente a história mostrará
isso.
 Fugir – não permitiur que o propósito de Deus se cumprissea em sua vida.
Deixou de viver pela fé.
 Usar em seu favor – poderia terao aprendidoer com a situação adversa e
tirador proveito do que é bom, somospoderia ter sido abençoados pela
adversidadeor elas. Isto seriaé viver pela fé em Deus e usar sua inteligência
emocional.
Sendo assim, após a morte de seu esposo e filhos, Noemi (tradução do hebraico
de Fernandes, 2012, p.28: minha doçura), mulher sábia e temente a Deus, decidiue
voltar ao lugar da benção: lá já não haviaá mais fome.
Noemi pediue que suas noras voltassem à casa de suas mães, algo incomum pois
normalmente seria casa do pai. Nas palavras de Laffey (2007, página): “Aqui, porém, a
frase reforça a ausência de homens vivos”.
Noemi tentoua convencê-las dea voltar para suas famílias pagãs e continuar
adorando seus falsos deuses, pois seria mais fácil encontrar um segundo casamento em
suas parentelas, visto que não tinha mais como ter filhos para as oferecer. Orfa
(tradução do hebraico de Fernandes, 2012, p.28: a que dá as costas), a mais fraca, voltou
as costas para a família que conquistara, negou o Deus de Israel. Rute perseverou.
Segundo Laffey (2007), “Rute garante a fidelidade da aliança. Rute reivindica como
seus próprios a terra, o povo e o Deus de Noemi”.
A esposa não herdava a propriedade do marido, nem as filhas a do pai, a não
ser que não houvesse herdeiro varão (Nm 27,6-11). O caso de Noemi parece
um tanto excepcional (Rt 4,3). (EMMERSON, 1995, p.364)
Rute já setinha se tornadora fiel adoradora do Deus vivo de Israel. Conheceura
seu amor e fidelidade. Não podia voltar a adorar um deus que aceitava sacrifícios
humanos e imoralidade.
Na conclusão de seu discurso fervoroso, ela é representada como usando o
conhecido nome hebraico de Deus, Yahweh, e não a designação geral da
deidade, Elohim, costumeiro para o estrangeiro. O emprego, por Rute, do
nome hebraico de Deus foi prova imediata da autenticidade da resolução que
acabara de tomar: o teu Deus será o meu Deus. Além disso, com um
juramento solene feito nesse nome, ela prometeu a Noêmi o companheirismo
de sua vida inteira e devoção extrema. A sua bondade humana e devoção
abnegada não seriam controladas pelo conceito racial. Nem podia a graça de
Deus seèr limitada pelas fronteiras geográficas e étnicas de Israel.
(KENNEDY, 1994, p. 539)
Assim, após 10 anos longe de sua terra, retornaou Noemi para Belém com sua
nora Rute. Rute, viúva, estrangeira e pobre. Não conhecia a nova terra e muito menos
seus senhores. Mas, pela graça e misericórdia de Deus em sua vida, foi trabalhar nas
terras de Booz (Potente).
O capítulo abre-se com uma nova notícia, introduzindo uma nova
personagem, Booz, que significa “potente”. Booz é o nome dado à coluna
esquerda de bronze do vestíbulo que dava acesso ao templo, encomendado
7

pelo rei Salomão a Hiran de Tiro, em honra do Senhor, significando que esse
templo possui solidez e força (cf. 1Rs 7,21; 2Cr 3,17). O primeiro livro dos
Reis não menciona Booz como aparece em 1Cr 2,11-12. (FERNANDES,
2012, p. 39)
Rute, apesar de estar em uma situação difícil perante a sociedade, era jovem e
bela. Quis Deus que Booz visitasse seus campos quando ela lá estava. Assim, uma
desconhecida chama a atenção do “senhor da ceifa”. Mas ao perguntar ao servo sobre
Rute, ele diz “de quem ela é”. A mulher não tinha identidade, era uma posse. Supôs que
seria de outro alguém.
Passa-se o tempo, pois já não eraé mais a estação da colheita e Noemi
perguntoua sobre o futuro de Rute, ansieiava por lhe encontrar-lhe um marido: Booz.
Então, Noemi começaou a planejar os passos de Rute para que ambas mudassem
de vida e pudessem viver as bençãos de Deus na terra.
Rute, foi canal de benção para a vida de Noemi. Deus a usou para mostrar que
seu amor não muda e mesmo quando somos infiéis, Ele não muda sua natureza:
continua fiel. A amargura virou gratidão, a incredulidade tornou-se fé e o desespero deu
lugar à esperança.
Rute se lavoua, se ungiue, trocoua a roupa de viúva e se deitoua aos pés de Booz,
então lhe propôsondo que a tomassee como esposa. Essa não era atitude comum a uma
mulher da época, mas Rute obedeceu a Noemi, pois sabia que Booz jamais tomaria a
iniciativa a esse respeito por ser mais velho e saber que havia um parente-remidor mais
próximo.
A referência aqui aos "pés" ou "pernas" é provocativa - seu cognato é um
eufemismo para o pênis - já que o termo é deliberadamente ambíguo
(Campbell). Rute, que buscou comida da maneira apropriada às viúvas,
agora, por seu gesto discreto, mas óbvio (H um bert), procura um marido.
(LAFFEY, 2007, p. 1093)

Com essa atitude, Booz pôde tomouar a iniciativa de procurar esse parente, pois
sabia que não seria rejeitado.
Já que Booz é o parente remidor da família de Elimelec, Rute pede que ele
estenda o canto de seu manto sobre ela (mantos eram freqüentemente
simbólicos, p.ex., ISm 18,4 e lRs 11,29-31). Muitos comentaristas (p.ex.,
Craghan, Murphy, Rauber) acreditam que o autor esteja apontando para as
asas de Iawheh (knp; 2,12), no sentido de que as asas protetoras de Iawheh
são simbolicamente transferidas para o manto (knp) de Booz. Rute pede para
ser colocada intimamente sob a proteção de Booz e mesmo em sua possessão.
10-11. A resposta de Booz a Rute é o pedido a Deus para que a abençoe.
Assim como Booz mostrou a fidelidade do Senhor da aliança a Elimelec e
sua família (2,20), também Booz observa a fidelidade de Rute para com a
aliança. Este último ato de lealdade (hesed) é maior (tb; cf. 4,15) do que o
primeiro. Ela não está procurando para si mesma um marido jovem, mas está
aqui procurando o marido apropriado. (LAFFEY, 2007, p. 1094)
Rute deixou de ser a moabita e passou a ser a esposa de Booz. Rute foié
abençoada por Deus e concebeu Obede, avô de Davi.
O compromisso de Rute com Noemi e seu Deus foi oé que fez a diferença em
suas vidas. Deus agiu estrategicamente através da sabedoria de Noemi e da obediência
de Rute para que fossem alcançadas por sua graça.
Porém, em última análise, a história diz respeito à mão diretora de Deus nos
negócios de uma família migrante sem nenhum destaque entre o povo da
aliança ou pacto. Por detrás dos planos humanos engenhosos havia a
inescrutável providência divina. Através do casamento de Rute e o
nascimento de Obede, privações e tribulações extremas foram superadas
pelas abundantes misericórdias de Deus. (KENNEDY, 1994, p. 534)
Assim sendo, é possível encontrar na leitura do livro de Rute a providência
divina direcionando cada passo e orientando as ações para que culminem em uma vida
de bençãos a todos os envolvidos.
Àquela época não existia o termo “inteligência emocional”, mas o fato de terem Formatted: Indent: First line: 0.49"

apresentado gestão e controle sobre as emoções, podemos (hoje) dizer que houve
“inteligência emocional” na mudança de vidas de Rute e Noemi.Socialmente,
chamamos a isso de inteligência emocional. E este Aassunto que será abordado na
próxima seção.

Inteligência emocional: conceito e aplicabilidade

Ao estudarmos o livro de Rute, pudemos identificar alguns episódios que


representavam o uso de inteligência emocional a fim de alcançar novas perspectivas de
vida. E este conceito, agora será melhor abordado.Procuramos ver de que mananciais brota a
sabedoria, ou seja, onde o homem em geral e o israelita em particular se nutre para tornar-se sábio.
Englobamos tanto a sabedoria popular como a culta, a profana como a sagrada, visto que nos documentos
a que recorremos não se faz distinção entre uma e outra e porque nosso interesse está voltado para a
sabedoria como bem apreciado pelo homem. (LÍNDEZ, 2014, p.31) Commented [L2]: Essa é uma boa citação, mas acho que
ela seria melhor adequada em outro lugar do texto. Veja se a
coloca um pouco mais abaixo. Nunca é bom começar um
tópico com palavras que não sejam suas.
A fonte de sabedoria é uma busca constante da humanidade.
Procuramos ver de que mananciais brota a sabedoria, ou seja, onde o homem
em geral e o israelita em particular se nutre para tornar-se sábio. Englobamos
tanto a sabedoria popular como a culta, a profana como a sagrada, visto que
nos documentos a que recorremos não se faz distinção entre uma e outra e
porque nosso interesse está voltado para a sabedoria como bem apreciado
pelo homem. (LÍNDEZ, 2014, p.31)
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9

No Antigo Testamento, vemos um episódio dea sabedoria como uma dádiva


divina: quando Salomão, rei de Israel, a solicitou sabedoria a Deus para que pudesse
julgar Sseu povo, - relato presente no livro de 2 Crônicas, capítulo 9 e versículos 22 e
23: “O rei Salomão superou em riqueza e em sabedoria todos os reis da terra. Todos os
reis da terra queriam ser recebidos por Salomão para aproveitar da sabedoria que Deus
lhe tinha posto no coração”.
Diversos estudos têm sido realizados, ao longo do tempo, a fim de rastrear a sua
fonte da sabedoria e desmitificar sua característica divina, apresentando-a como uma
capacidade passível de aprendizado.
Não se nasce com a sensatez ou a prudência (cf. Sr 6,18); é necessário
aprendê-la (cf. Sr 6,22; Pr 4,11). O homem deve procurar adquiri-la com todo
o empenho: “Adquire a sensatez, adquire a inteligência” (Pr 4,5), e ainda com
os próprios bens: “O princípio da sensatez é: ‘Adquire a sensatez’, com todos
os seus haveres adquire a prudência” (Pr 4,7; cf. 16,16; 17,16; 23,23), pois “a
sabedoria instrui seus filhos, dá alento aos que a compreendem” (Sr 4,11).
(LÍNDEZ, 2014, p. 43)
Falava-se muito sobre o Q.I., quociente inteligente, e neste século estudos na
neurociência apontam para a existência das inteligências emocional e a inteligência
social.
O presente artigo usará como base para comentar sobre inteligência emocional
os estudos de Daniel Goleman, psicólogo, jornalista científico, escritor de best-sellers e
criador do nome “inteligência emocional”. Por seu consagrado reconhecimento
internacional no campo da neurociência neste campo de estudo, este artigo versará
apenas sobre seus pareceres.
Inteligência emocional é a forma como gerenciamos nossas emoções e seus
reflexos em nossas atitudes e formas de relacionamentos. Ou seja, a maneira como
deixamos que as emoções nos afetem e permitimos que reflitam em nossas palavras ou
atitudes no momento exato em que acontecem.
Naquela época, a proeminência do QI como critério de excelência na vida era
inquestionável; discutia-se acaloradamente se ele estava inscrito em nossos
genes ou se era alcançado pela experiência. Porém, eis que surge, de repente,
uma nova forma de pensar sobre os ingredientes do sucesso na vida. Fiquei
entusiasmado com o conceito, que usei como título deste livro em 1995.
Como Mayer e Salovey, utilizei a expressão para sintetizar uma ampla gama
de descobertas científicas, unindo ramos diferentes de pesquisa — analisando
não só a teoria deles, mas também uma grande variedade de outros avanços
científicos empolgantes, como os primeiros frutos do campo incipiente da
neurociência afetiva, que explora como as emoções são reguladas pelo
cérebro. (GOLEMAN, 2011, p.9)
Formatted: Font: 5 pt
Desde que se começou a falar sobre inteligência emocional (IE), a pergunta
sobre em que difere de quociente inteligente (QI) estava presente de alguma forma.
A inteligência emocional prevalece sobre o QI apenas naquelas áreas “tenras”
nas quais o intelecto é relativamente menos relevante para o sucesso — nas
quais, por exemplo, autocontrole emocional e empatia podem ser habilidades
mais valiosas do que aptidões meramente cognitivas. (GOLEMAN, 2011, p.
15)

Há de se pontuar que são inteligências complementares. A fim de conceituar


melhor o quociente inteligente (QI), temos o seguinte exemplo.
As mulheres de alto QI puro têm a esperada confiança intelectual, são
fluentes no expressar suas ideias, valorizam questões intelectuais e têm uma
ampla gama de interesses intelectuais e estéticos. Também tendem a ser
introspectivas, inclinadas à ansiedade, à ruminação e à culpa, e hesitam em
exprimir sua raiva abertamente (embora o façam de maneira indireta).
(GOLEMAN, 2011, p.32)

E para entendermos a abrangência que a inteligência emocional (IE) acrescenta às Formatted: Indent: First line: 0"

qualidades de uma pessoa, segue.


As mulheres emocionalmente inteligentes, em contraste, tendem a ser
assertivas e expressam suas ideias de um modo direto, e sentem-se positivas
em relação a si mesmas; para elas, a vida tem sentido. Como os homens, são
comunicativas e agregárias, e expressam de modo adequado os seus
sentimentos (não, digamos, em ataques que depois se arrependem); adaptam-
se bem à tensão. O equilíbrio social delas permite-lhes ir até os outros;
sentem-se suficientemente à vontade consigo mesmas para ser brincalhonas,
espontâneas e abertas à experiência sexual. Ao contrário das mulheres de
puro alto QI, raramente sentem ansiedade ou culpa, e tampouco mergulham
em ruminações. (GOLEMAN, 2011, p.32-33)

A partir dessas definições, podemos dimensionar a influência que cada uma


dessas inteligências (cognitiva e emocional) sustentam em nossas qualidades como
humanos, e, mais especificamente, no caso das mulheres, de acordo com as ideias de
Goleman (2011).
As emoções, portanto, contam para a racionalidade. Na dança de sentimento
e pensamento, a faculdade emocional guia nossas decisões a cada momento,
trabalhando de mãos dadas com a mente racional e capacitando ou
incapacitando o próprio pensamento. Do mesmo modo, o cérebro pensante
desempenha uma função executiva em nossas emoções a não ser naqueles
momentos em que as emoções escapam ao controle e o cérebro emocional
corre solto. Num certo sentido, temos dois cérebros, duas mentes e dois tipos
diferentes de inteligência: racional e emocional. Nosso desempenho na vida é
determinado pelas duas não é apenas o Ql, mas é a inteligência emocional
que conta. Na verdade, o intelecto não pode dar o melhor de si sem a
inteligência emocional. (GOLEMAN, 2011, p. 23)
11

Entendendo a abrangência e importância da aprendizagem e uso da inteligência


emocional, puodemos identificar oportunidades para inserção em nosso cotidiano a fim
de que mudemos nossos hábitos para termos uma sociedade mais justa e igualitária.
Assim pensando, podemos começar com os nossos pequenos: é importante que a
aprendizagem emocional seja uma disciplina do nosso currículo escolar desde a tenra
idade. Aprender a gerir as emoções é o ponto de partida para uma melhor qualidade de
vida em todos os aspectos: pessoal, social, financeira, sentimental, religiosa, política,
profissional etc.
Os centros emocionais do cérebro estão intrinsecamente entrelaçados com as
áreas neurocorticais envolvidas no aprendizado cognitivo. Quando uma
criança que tenta aprender é envolvida por uma emoção angustiante, os
centros de aprendizagem são temporariamente prejudicados. A atenção da
criança se preocupa com o que quer que possa ser a fonte do problema. Como
a atenção é uma capacidade limitada, a criança tem muito menos capacidade
de ouvir, entender ou lembrar o que um professor ou um livro está
dizendo. Em suma, existe um vínculo direto entre emoções e aprendizado.
(GOLEMAN, 2019, página)
Formatted: Font: 5 pt
Quando a aprendizagem emocional se dá desde o início da vida acadêmica, as
crianças aprendem habilidades emocionais e sociais que estão intimamente ligadas ao
desenvolvimento cognitivo. Os alunos, mais confiantes em suas habilidades, acabam
por se esforçarem mais em seus aprendizados. Com esta inclusão, Eestaremos
contribuindo para uma futura geração mais empática, sensível às mazelas humanas e
disposta a contribuir para que todos tenham as mesmas oportunidades de qualidade de
vida.
A ciência cognitiva realiza um amplo conjunto de estudos sobre
concentração, atenção seletiva e consciência aberta, e também sobre como a
mente direciona a atenção para dentro a fim de inspecionar e gerenciar
operações mentais.
Capacidades fundamentais derivam desses mecanismos básicos de nossa vida
mental. A autoconsciência, por exemplo, promove a autogestão. A empatia,
por sua vez, é a base da habilidade de se relacionar. São pontos fundamentais
da inteligência emocional. Como veremos, a fraqueza desses pontos pode
sabotar uma vida ou uma carreira, enquanto a força aumenta a realização e o
sucesso. (GOLEMAN, 2013, p.28)

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Além dissoe, acreditamos que, ao aliarmos a aprendizagem das duas
inteligências, estaremos contribuindo para criandoo desenvolvimento de pessoas
capazes de sobreviverem a um futuro profissional, onde a robotização acabará por
eliminar diversas das profissões que hoje conhecemos, e pessoas suficientemente
capazes de atuarem em áreas onde, jamais, um robô poderá substituir a ação humana: as
emoções. Essa ideia é desenvolvida por Kosslyin (2019).
A nossa habilidade em gerenciar e fazer uso das emoções e de levar em conta
os efeitos do contexto são ingredientes para o pensamento crítico, a solução
criativa para os problemas, a comunicação eficaz, o aprendizado adaptativo e
o discernimento. Já foi comprovado que é difícil programar as máquinas para
copiar a sabedoria e competências humanas,e ainda não está claro quando
(ou se) os esforços iniciais gerarão frutos. (...)
Tudo isso sugere que nossos sistemas de educação deveriam se concentrar
não somente na maneira como as pessoas interagem com a tecnologia (por
exemplo, ao ensinar a codificar), mas também em como fazer as coisas que a
tecnologia não saberá fazer tão cedo. Essa é uma nova abordagem para
caracterizar a natureza básica das soft skills que provavelmente, receberam
uma definição errada: essas são as habilidades mais difíceis de entender e
sistematizar e que dão – e continuarão a dar – às pessoas uma vantagem sobre
os robôs. (KOSSLYN, 2019, página)
Formatted: Font: 5 pt

Um ponto bastante peculiar é que a neurociência, a fim de tornar este aprendizado mais Formatted: Indent: First line: 0"

motivador, já estuda a geração criada em volta da tela e de games para aproveitar o uso
do foco neste aprendizado.
Formatted: Indent: Left: 0", Line spacing: 1.5 lines
O cérebro aprende e se lembra melhor quando o foco é maior. Vídeo games
focam a atenção e nos fazem repetir movimentos sem parar, de modo que são
tutoriais poderosos. Isso apresenta uma oportunidade para o treinamento do
cérebro. (...)
A conclusão: seria recomendável selecionar crianças com os piores níveis de
atenção para este tipo de treinamento – aqueles com autismo, déficit de
atenção e outros problemas de aprendizagem – já que elas parecem ser as que
mais se beneficiariam dele. E além de lições paliativas, o grupo de Posner2
propõe que o treinamento de atenção deveria ser parte da educação de toda
criança, melhorando seu aprendizado de modo geral. (GOLEMAN, 2013, p.
186)
Formatted: Font: 5 pt
Formatted: Indent: Left: 1.58", Line spacing: single
A inteligência emocional tem sido um fator determinante também para o
posicionamento feminino, por ser uma habilidade que é encontrada com maior
facilidade entre as mulheres.
De acordo com Fernández-Berrocal et al. (2012), ocorre uma explicação
biológica e social para o fato das mulheres terem o seu lado emocional mais
desenvolvido do que os homens. No biológico existe uma explicação que a
2
Grupo de Posner – grupo debioquímica
estudos deda mulher
Michel está mais
Posner, preparada para
na Universidade de oOregon,
enfrentamento das emoções
com crianças de 4 a 6 Formatted: Superscript
pordeuma
anos que tiveram treinamento questão
atenção por de sobrevivência,
5 dias desse
com sessões modo
de até o cérebro
40 min., feminino
em que usavampossui
vídeo
áreas maiores que o masculino dedicadas ao processamento emocional.
games com joystick para controlar numa tela um gato que tentava pegar pequenos objetos em movimento. O Formatted: No bullets or numbering
autor ainda entra no lado social no qual afirma que as mulheres estão em
contato maior com as emoções e tendem a evitar a deterioração das relações
interpessoais. (TOMAZELA, 2018, p. 29)

Formatted: Font: 5 pt
Sendo assim, ressaltamos o uso da inteligência emocional como um fator
motivador de mudança de vidas e redirecionamento de futuro. Como vimos na seção
anterior, a antiguidade usava o termo “providência ou plano divino” mas, mas o fato é
que a habilidade “inteligência emocional” em seu uso trouxe uma nova e boa vida à
13

Rute e Noemi. E o seu uso está presente em várias passagens bíblicas, inclusive em
Ester, outro livro dedicado aoà personagem mulher da bBíblia.
A sabedoria é pois um atributo especialmente divino, como a onipotência, a
misericórdia etc. O tema é familiar ao autor do Livro da Sabedoria, e por isso
tratado com bastante frequência: “A sabedoria não entra na alma de má
conduta, tampouco habita no corpo devedor de pecado [...] A sabedoria é um
espírito amigo dos homens, que não deixa impune o falador” (Sb 1,4.6); “Dá-
me a sabedoria entronizada junto a ti” (Sb 9,4; ver também 9,6; 6,22s; 7,30;
8,17; 10,9.21 e, especialmente, o tópico 6.3 sobre a personificação divina da
sabedoria). (LÍNDEZ, 2014, p. 52)
Formatted: Font: 5 pt

Nesta seção, foi apresentado o conceito de inteligência emocional, seu fundamento e a Formatted: Indent: First line: 0"

possibilidade de aprendizado desde a tenra infância como oportunidade de futuro


melhor. Mas, presencia-semos o seu uso em resoluções de questões políticas, religiosas,
culturais, sociais etc. Seu uso é tão abrangente que é impossível que se possa falar sobre
humanidade sem relacionar o uso de emoções e sua inteligibilidade (ou não).
Na próxima seção, procuraremos abordar exemplos do uso dessa habilidade
pelas mulheres (no antigo Israel e hoje) e as suas consequências positivas no
direcionamento de vidas.

A mulher no Antigo Israel e nos dias de hoje

Falamos sobre inteligência emocional, nas seções anteriores, e demonstramos


algumas aplicações no livro de Rute, além de apresentamos seus conceitos e as
evoluções nos estudos atuais sobre o tema.
Nesta seção, iremos abordar alguns exemplos da personagem feminina usando Formatted: Indent: Left: 0", First line: 0.49", Line
spacing: 1.5 lines
essa habilidade “quase intuitiva” em papéis que, de alguma forma, influenciaram o
curso da história do Antigo Israel e, também, a história de nossos dias. Formatted: Font: 12 pt
O limitado material disponível foi transmitido principalmente, se não
inteiramente, por varões. Tem inevitavelmente perspectiva masculina. Dará
visão equilibrada da sociedade israelita como era na realidade? Teria sido
liderança feminina, por exemplo, tão rara como implica o Antigo
Testamento? (EMMERSON, 1995, p. 353)
A presença feminina e sua participação na histórica bíblica é hoje tema de
debates acalorados pelos estudiosos. Mas, o presente artigo pretende apenas ilustrar
algumas participações femininas no Israel Antigo e como suas poucas aparições
influenciaram a história.
Numa crise ainda mais grave da história de Israel encontramos mulheres
contribuindo significativamente para a mudança de rumos. A libertação de
Israel do Egito começou com a recusa de umas poucas mulheres a cooperar
com a opressão. Trible comenta extravagantemente que “se o faraó tivesse
percebido o poder destas mulheres, teria invertido o seu decreto (Ex 1,16.22),
fazendo matar mulheres antes que varões” (Trible, 1973, 34). Não somente
isso, mas ao continuar o relato do êxodo, “Moisés, assim também como a
divindade, assumem atributos femininos, provendo o abastecimento do povo
em sua viagem do Egito a Canaã (ver especialmente Nm 11, 11-14 para
metáforas explicitamente femininas) (Exum: 1983, 82). (EMMERSON,
1995, p. 354)
Formatted: Font: 5 pt

São apenas três os relatos de rainha no Antigo Testamento: Sabah, Vasti e Ester. Mas Formatted: Indent: First line: 0"

Jezabel, princesa, alcançoua destaque no livro de 1 Reis: seguindo suas ordens, há a


perseguição de profetas de Iahweh, levando à fuga de Elias; em relação a Nabot ela
apareceu escrevendo e selando cartas em nome de Acaz e à ela os mensageiros levaram
o pronto da missão quando da morte de Nabot.
Por estes motivos, Brenner conjectura que aí, por oposição a mulher
governante, o Antigo Testamento distorceu a documentação, Jezabel,
argumenta ela, agiu por própria autoridade, usando o selo que era dela, “o
símbolo da autoridade institucional permanente que Acaz lhe delegara”
(1985, 27). Ela nota, com as devidas reservas, o descobrimento de um selo
inscrito com yzbl pertencente mais ou menos a este período”. (EMMERSON,
1995, p. 356)

Quanto a profetas, apenas quatro: Miriam, Débora, Hulda e a falsa profetisa Noadias. Formatted: Indent: First line: 0"

Há ainda a passagem de Naamã, onde uma menina, serva de sua mulher, soube
agiur e mostrouar ao grande general sírio que havia um Deus verdadeiro que era capaz
de o curar.
Temos a presença de Sara, mulher de Abraão, que deixou a ansiedade entrar em
seu coração e não esperou as promessas divinas. Utilizou-se de Hagar para conquistar a
benção que ansiava, e em vez de alcançar a paz que seu coração desejava, passou por
ciúmes e angústias.
Não diferente, hoje vivenciamos situações em que mulheres agem politicamente
em suas regiões, influenciam gerações e modificam histórias, mas não têm seus nomes
conhecidos pela população; . Nãnão recebem os méritos de suas atitudes corajosas,
planejamentos e vitórias.
Para Julia Bacha (2016), diretora criativa da Just Vision e cientista política, as
mulheres são a chave para o fim de manifestações radicais e violentas. Em palestra de
junho/2016, mencionou que pesquisas apontavam que movimentos pacifistas em Israel
tiveraêm mais sucesso em suas investidas que movimentos violentos. As pesquisas do
cientista político Victor Asal (ano2013),”Ideologias de gênero e formas de mobilização
controversa no Oriente Médio”, foram no mesmo caminho que suas próprias pesquisas
15

e percebeu-se que o maior indicador da decisão de um grupo de adotar pacifismo ou


violência é a participação da mulher na vida pública.

Quando um movimento inclui em seu discurso menções à igualdade de


gênero, aumentam as chances de adotar o pacifismo, e portanto, a chance de
sucesso. Essa pesquisa bateu com minha documentação sobre as
organizações em Israel e na Palestina. Notei que movimentos que aceitam
mulheres em posições de liderança, tal como documentei em uma vila
chamada Budrus, tinham muito mais chances de sucesso. Essa vila corria o
risco real de ser apagada do mapa quando Israel começou políticas a construir
a barreira de separação. A rota proposta demandava a destruição dos olivais e
cemitérios dessa comunidade e, por fim, fecharia a vila por todos os lados.
Através de liderança do local inspirada, lançaram uma campanha pacífica
para evitar que isso acontecesse. O jogo estava totalmente contra eles, mas
eles tinham uma arma secreta: uma garota de 15 anos que corajosamente
pulou na frente de um trator, que estava prestes a arrancar uma oliveira
impedindo-o. Nnaquele momento a comunidade de Budrus percebeu que era
possível se eles acolhessem e encorajassem mulheres a participar da vida
pública. E assim, as mulheres de Budrus iam às linhas de frente dia após dia,
usando sua criatividade e perspicácia para superar os vários obstáculos de
uma luta pacífica de dez meses. A barreira de separação foi alterada
completamente para a linha verde reconhecida internacionalmente, e as
mulheres de Budrus ficaram conhecidas por toda a Cisjordânia. (BACHA,
2016, PÁGINA)

Formatted: Font: 5 pt
As mulheres estão mais dispostas a exercer pressão sem confronto direto para atingir
seus objetivos. E, muito embora, estejam engajadas e ativas nas mudanças que
influenciam a história, acabam apagadas. Normalmente, são os homens que estão nas
cenas mais conflituosas ou que chamam a atenção dos noticiários.
A tentativa de apagar a participação feminina da história, talvez, se deva a
termos, desde nossos primórdios, uma sociedade machista que coloca o homem como o
dominador e senhor de tudo enquanto à mulher restara apenas o papel secundário ou,
quase sempre, invisível. Mas, ainda que discretamente, isto começa a mudar e as
mulheres começam a terem suas participações relatadas em algum momento.
Ainda segundo Julia Bacha (2016), um bom exemplo disso é a Primeira Intifada,
nos anos 80, que comumente relacionamos à imagem de homens palestinos atirando
pedras em tanques mas, segundo o próprio Exército Israelense: 97% das atividades
foram não armadas e por 18 meses as mulheres que tomavam as decisões, a exemplo de
Naela Ayesh (lutou para construir uma economia palestina autossuficiente), Rabeha
Diab (tomava as decisões quando os homens foram deportados), Fatima Al Jaafari
(divulgava panfletos da revolta e os engoliu para não ser pega) e Zahira Kamal (liderou
uma organização que passou de 25 a 3 mil mulheres em um ano, garantindo vida longa
à revolta).
Há ainda outras mulheres que lutam para fazer a diferença em Israel, buscando
paz e igualdade sem confrontos diretos: Havi Toker (primeira juíza de Israel); Yael
Dayan (escritora, tem 78 anos e continua ativa no movimento Peace Nnow e a favor dos Formatted: Font: Italic

direitos humanos); Dorit Rabinyan (escritora que publicou um livro de amor entre
israelense e palestino); Itaf Awad (defende a igualdade de direitos árabes e judeus);
Gaby Lasky (advogada que atua defendendo palestinos na luta popular de ocupação);
Shula Mola (ativista contra o racismo e pela integração de etíopes às comunidades
israelenses).
São mulheres que trazem a herança da diferença de gênero, que vivenciam
sociedades machistas que as subjugaram e as colocaram em papéis submissos na
sociedade: são prostitutas, domésticas, do lar, fazem os serviços de limpeza, querem o
direito de orar em voz alta nos muros da Lamentação, em Jesrusalém...
São Mmulheres que lutam sem armas todos os dias para se libertarem das rédeas
do machismo e se colocarem em suas posições de direito: ao lado do homem. Pois não
há homem que não ouça os conselhos de uma mulher, ainda que não dê o braço a torcer,
quando vai tomar uma decisão. Commented [L3]: Essa afirmação é muito senso comum.
Reveja.
A mulher lida com suas emoções conflituosas e dignamente se reposiciona,
alçando posições minoritárias, mas a cada dia mais próximas de liderança. Não à toa,
que a sabedoria tem sua versão feminina no livro de Cantares.

Considerações finais

Em uma sociedade sadia, os tribunais existem para administrar a justiça. Se


esta impera, então reina a paz, a segurança, a prosperidade, pois “a justiça faz
prosperar uma nação (14,34a). (LÍNDEZ, 2014, p.83)

Neste artigo, falamos sobre atitudes que modificam vidas. Falamos sobre a
importância da obediência de Rute e os benefícios do controle emocional em sua vida e
de todos os que se relacionara.
Demonstramos que conhecer as emoções e a possibilidade de as controlar, nos
capacita a administrarmos com sabedoria nosso destino socialmente.
Falamos, de forma geral, sobre o papel “invisível” da mulher na sociedade
mesmo quando ela atua ativamente.
Importa que ajam mudanças, também nas igrejas, para que as mulheres tenham
voz firme e vez, a fim de que ajam mudanças benéficas e eficazes para a sociedade.
17

Importa que possam ser instruídas como discíipulas e possam exercer posições
de liderança e exerçam eficazmente seus ministérios com empatia e atitude guiando seus
liderados àa uma nova gestão de vidas segundo os passos de Cristo.
Enfatizamos a necessidade de apreEndermos a inteligência emocional como uma
habilidade necessária para o convívio social na busca de justiça, humanização e
igualdade pois, pois não é justonão há justiça em tratar desiguais como iguais.

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