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Trabalho de Conclusão de Curso

PÓS-GRADUAÇÃO
EM NEUROCIÊNCIAS E
COMPORTAMENTO

ALUNO: Rafael Ferraz Arruda


ORIENTADOR: Thiago Viola
Pós-Graduação em Neurociências e Comportamento

SUMÁRIO

1. Introdução 02
2. Desenvolvimento 03
3. Relevância e Impacto Social 15
4. Fontes 16

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DIVULGAÇÃO DO CONHECIMENTO PARA
JORNAL, REVISTA OU MÍDIAS SOCIAIS

Título: Não há sucesso sem Inteligência Emocional

1. INTRODUÇÃO
Muitas pessoas passam boa parte de suas vidas em salas de aulas. Uma
grande fatia desses estudantes buscam o conhecimento cognitivo e visam
alcançar boas notas para receberem a aprovação no final dos seus cursos e,
dessa forma, receber seus certificados ou diplomas.

Porém, pesquisas mostram que 72% das pessoas estão insatisfeitas com o
que fazem no âmbito profissional 1. Elas têm o conhecimento necessário,
porém essa bagagem não é garantia do sucesso.

Nesse artigo, proponho um bate papo com o leitor em um tom de incentivo.


De maneira contra intuitiva, a ideia é que este trabalho não tenha uma
linguagem acadêmica. O objetivo é que ele se pareça como uma conversa.
Dentro desse cenário, destaco a importância de desenvolvermos nossa
Inteligência Emocional para alcançarmos sucesso em nossas vidas.

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2. DESENVOLVIMENTO

Você já parou pensar por que algumas pessoas se destacam mais que as
outras na multidão? Quero te propor a fazer uma viagem no tempo e retornar
ao seu período de escola ou faculdade. Traga à sua mente aquela turma que
mais te marcou. Lembre-se dos professores que você tinha e dos amigos que
marcaram essa época. Conseguiu visualizar?

Sendo frio e calculista, tem alguém nessa lista de amigos que, hoje, está em
uma situação menos favorecida que a sua? É uma pessoa que não se
desenvolveu profissionalmente, ou que está quebrado financeiramente, ou
que tem dificuldade em relacionamentos? Parece que ela estagnou na vida ou
até regrediu? Tenho certeza que existe uma pessoa assim naquela turma.
Por outro lado, nessa mesma lista (ou até fora dela, caso algum outro nome
surja aí na sua mente) tem alguma pessoa que tem prosperado mais que
você? Bem provável que sim.

A grande pergunta é: Mas como? Sendo que vocês tiveram os mesmos


professores, o mesmo acesso aos livros didáticos, a mesma carga horária de
estudos, a mesma instituição de ensino? Por que algumas pessoas se
destacam mais do que as outras? É o que pretendo responder nesse artigo.
Por muito tempo, muitas instituições de ensino desenvolveram e avaliaram
seus alunos com base na inteligência cognitiva (na verdade, até hoje, muitas
delas se pautam pela cognição apenas). Em suma, funciona da seguinte
forma. O professor ensina a matéria, cria uma prova e o aluno que apresenta
a melhor nota alcança o êxito. Essa linha pensamento acredita que, esse
aluno, será bem-sucedido no futuro. Será?

Continuamos acessando o seu banco de informações particular. Pense agora


em alguém bem-sucedido que você conheça. Mas espera aí. Quando digo
sucesso, estou me referindo ao significado amplo dessa palavra. Perceba se

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essa pessoa demonstra ser realizada profissionalmente, se ela faz o que


gosta, se é eficaz, tem uma vida equilibrada, curte a família e os amigos e por
aí vai. Conseguiu achar alguém aí na sua memória? Essa pessoa também
tem o melhor conhecimento cognitivo que você conhece? A resposta é: não
necessariamente.

Vou te trazer alguns exemplos de grandes líderes conhecidos mundialmente


cujo estudo regular na escola não foi o seu forte. Steve Jobs, cofundador da
Apple, frequentou a faculdade por apenas seis meses. William Shakespeare,
poeta e dramaturgo, é um dos nomes mais famosos da história da literatura,
mas não há quaisquer registros que ele tenha recebido uma educação formal.
Alguns estudiosos acreditam que ele tenha deixado de frequentar a escola
após os treze anos de idade. Abraham Lincoln, um dos presidentes mais
populares dos Estados Unidos, também não teve uma educação regular. Mark
Zuckerberg, fundador do Facebook, não chegou a concluir a faculdade.

Do outro lado, é possível também trazermos às nossas mentes nomes de


grandes estudiosos, doutores e PHDs que dedicaram uma vida aos estudos,
ou seja, à uma formação cognitiva e, hoje, mal conseguem pagar seus boletos
no fim do mês.

Que conclusão que podemos tirar disso? Que o mundo é injusto? Não. Então,
podemos constatar que estudar não é importante? Claro que não. Nós só
conseguiremos mudar o mundo em que vivemos por meio da educação. O
ponto é: o que deve ser ensinado, o que deve ser desenvolvido e o que deve
ser avaliado?

Um ponto fundamental que devemos destacar aqui é o seguinte. Não é


somente seu conhecimento teórico e cognitivo que vai te levar ao sucesso.
Voltando para sua lista da escola. Aquela pessoa que você pensou como
alguém que está em uma situação melhor que a sua, desenvolveu uma outra
inteligência, a Inteligência Emocional. E aquelas que estão estagnadas, tem
maior dificuldade em lidar com as emoções. Elas têm uma tendência a
explodirem com maior frequência ou a desistir de projetos quando os desafios

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aumentam.

Frustrado na Calçada da Fama

Tive o privilégio de visitar uma das principais capitais do mundo algumas


vezes. Estou falando de Los Angeles, na Califórnia. Por cinco anos, fiz a
cobertura do Oscar para o programa de TV que eu apresentava e em outros
três momentos estive lá realizando algumas produções audiovisuais. Antes de
conhecer a terra do cinema, sempre imaginei no glamour que seria aquele
lugar. Mas, para minha surpresa, alguns lugares da cidade não eram tão belos
assim. Fiquei impressionado ao perceber a quantidade de moradores de rua
que aquela grande metrópole tinha. Até 2019, havia 60 mil pessoas vivendo
nessa situação2. Como assim? Eu me questionava. Os Estados Unidos são
uma potência mundial, não falta emprego, não faltam indústrias, não faltam
oportunidades e por que essas pessoas se encontram nessa condição?

Por uma grande coincidência, em uma das vezes que estive lá, fui fazer uma
imersão com o estrategista e treinador Tony Robbins. Segundo ele, apenas
20% do nosso sucesso vem de questões “mecânicas”. Ou seja, a estrutura
que temos, os equipamentos, os recursos, etc. Os outros 80% necessários
para alcançarmos os resultados que desejamos, vem da nossa força
“psicológica” que está diretamente ligada ao nosso emocional.

Me recordo da Copa do Mundo de 1994, quando o Brasil jogava a final contra


a Itália. Jogo empatado e a partida vai para os pênaltis. Roberto Baggio, astro
do time italiano vai chutar a bola e, como se fosse um principiante, ela passa
longe do travessão. Foi nesse dia que ouvimos a frase do Galvão Bueno que
marcou época: “É tetra, é tetra”. E o Brasil traz o título para casa. Eu te
pergunto: O Baggio sabia cobrar um pênalti? Claro que sim. Ele treinou a vida
inteira para aprender a chutar a bola. Nesse caso, a “mecânica” dele era
incrível. Mas o que estava abalado naquele momento? Seu psicológico.
Costumo brincar que quando meu filho Pedro tinha cinco anos poderia ter feito
aquele gol. Tudo bem que a “mecânica” dele não alcançaria os 20% descritos
por Tony Robbins, mas seu psicológico estaria intacto. Nesse momento da

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vida dele, ele não entendia sobre a pressão que é uma Copa do Mundo, sobre
patrocinadores envolvidos, sobre uma transmissão na TV e, por isso, seu
psicológico estaria alcançando os 80%. Vamos supor que ele tivesse apenas
5% de mecânica, somados aos 80% do psicológico, totalizaria 85% de
recursos para alcançar o objetivo. Daria para fazer o gol, não é mesmo?

Quero te convidar a fazer uma reflexão, caro leitor. Muitas vezes, você não
tem agido na direção do sucesso porque ainda está esperando os recursos
ideais. E isso tem te travado. Será que é a estrutura que te falta hoje? Ou será
que são seus sentimentos, suas emoções, seus pensamentos e sua
comunicação interna que precisam de atenção?

Nos últimos anos, realizei várias palestras para professores da rede pública,
no Paraná. Em um determinado momento, eu perguntava: nós só
encontramos professores bons nas escolas particulares mais caras da cidade,
onde os recursos não faltam? Todos respondiam que não. Nessas mesmas
escolas, não existem professores que deixam a desejar no seu método de
ensino? A resposta era unânime: “Claro que sim”. Eu continuava com as
perguntas: e nas escolas mais pobres do nosso país, onde nem quadro negro
existe, não temos bons professores? Nesse momento eu percebia que o
semblante dos professores que ali estavam mudava. É claro que existem
professores incríveis nesses lugares que mal podemos chamar de escolas. O
que muda seu resultado para melhor é a sua Inteligência Emocional.

O que é Inteligência Emocional?

Inteligência Emocional é a capacidade de tomar decisões que nos fazem


bem, apesar das situações desfavoráveis. É entender a si, ao outro e o
meio em que vivemos.

Você já começou seu dia animado, mas após receber uma “fechada” no
trânsito, a raiva te dominou e você acabou xingando a outra pessoa, que
também retrucou? E, quando percebeu, já estava no meio de uma discussão.
Depois disso, todo o seu dia foi tomado pelo estresse. Se não aconteceu isso

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com você, já viu acontecer com alguém?

Poderia narrar, nesse artigo todo, exemplos de situações que nos deixaram
furiosos e estragaram nosso dia como uma xícara de café que cai em nossa
camisa branca pouco tempo antes de entrar em uma reunião importante. Ou
após receber uma ligação de um cliente reclamando de um produto que você
vendeu e ele não gostou.

Aqui vale citar o escritor americano Stephen Covey. Ele diz que 10% é o que
acontece em nossa vida. Mas 90% é o que fazemos com o que acontece. Ou
seja, 10% é realmente o fato de alguém ter te fechado no trânsito, mas se eu
vou permitir que um “barbeiro” estrague meu dia, me deixando irritado e
estressado o dia todo, essa decisão está em minhas mãos.

Para entender um pouco mais sobre Inteligência Emocional, é preciso saber


como funciona nosso cérebro. Depois que você tiver clareza sobre isso, tenho
certeza que você vai passar a olhar diferente para o comportamento das
pessoas à sua volta.

Nosso cérebro

Vamos imaginar que temos 2 cérebros: o emocional e o racional. O primeiro


toma decisões pelas emoções e é muito impulsivo. O segundo já é mais
cognitivo, pondera mais os acontecimentos e demora um pouco para agir.

No cérebro emocional, temos a Amigdala. Ela trabalha como uma guardiã.


Seu objetivo é sempre nos proteger. Gosto de comparar a Amigdala com
aquelas empresas de sistemas de monitoramento de alarmes. Em nossa
empresa contratamos esse serviço. Toda vez que o alarme dispara, eles
entram em contato com a gente achando que é uma ameaça. Ainda bem que,
nunca tivemos a surpresa ruim de algum ladrão ter invadido o local. Todos os
disparos aconteceram por motivos técnicos, uma ventania ou uma borboleta
que cruzou na frente do sensor de movimentos. Mas para a empresa de
monitoramento, quando o alarme aciona, representa perigo. É mais ou menos

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dessa forma que nossa Amigdala trabalha. Ela aciona nosso “alarme” com a
intenção de proteger.

O cérebro emocional tem uma função super importante. Já imaginou você


diante de um animal feroz na floresta? É nessa hora que ela entra em ação.
Qual é sua comunicação interna? Corre, senão esse bicho vai te comer. E
você corre como nunca correu antes na vida. Além disso, seu corpo produz
adrenalina, suas pupilas dilatam e você descobre forças que não percebia que
tinha. Certa vez, nos Estados Unidos, uma mãe levantou um carro de 1.500
quilos com as próprias mãos depois de perceber que o filho estava preso
debaixo do veículo. Nosso corpo é poderoso.

A Amigdala age com rapidez, porém ela não tem toda a clareza dos fatos. As
mensagens que ela recebe são superficiais e fragmentadas. Já imaginou você
diante de um tigre pensando? Será que ele vai me atacar? Será que ele é
bonzinho? Claro que não, nesse caso, primeiro você corre e depois você se
questiona se ele te atacaria.

Acontece é que, em nosso dia-a-dia, não nos deparamos com tigres ou com
situações tão perigosas quanto essa. Porém, boa parte das decisões que as
pessoas tomam vem da Amigdala e não da parte racional do cérebro.
Nosso cérebro racional está localizado no córtex pré-frontal. É a última região
que é desenvolvida em nosso cérebro. Essa área só fica completa depois dos
vinte e poucos anos de idade. É nesse lugar que raciocinamos, que avaliamos
os prós e contras. Será que vale a pena eu brigar com alguém no trânsito?
Será que essa pessoa está armada? É o córtex pré-frontal que avalia tudo
isso. O grande problema é que a informação leva mais tempo para chegar até
lá e, por isso, que muitas vezes alguém diz algo e se arrepende depois.

Nos meus treinamentos e mentorias apresento o recurso dos 3P’s, que é


muito simples por sinal, porém muito eficaz. Diante de uma tomada de
decisão importante ou de um momento de grande estresse use o PPP, que
significa:

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Pare Pra Pensar

Gosto de ilustrar o PPP com um acontecimento bíblico no qual uma mulher


seria apedrejada até a morte por ter sido pega em adultério. De repente chega
Jesus e os homens perguntam a ele o que deveria ser feito. Imagino o nível
de estresse e tensão que estava naquele local. Alguém estava prestes a
morrer. E o que Jesus faz? Ele simplesmente se agacha e começa a rabiscar
no chão. Só depois ele diz: “Aquele que não tiver pecado, atire a primeira
pedra”. E aos poucos, segundo o relato do livro de João, os homens foram
saindo do local e a mulher sobreviveu. Jesus fez o PPP.

Quando a gente para pra pensar, permitimos que nosso cérebro cognitivo
pondere nossas emoções e, assim, podemos tomar melhores decisões para
nossa vida pessoal e profissional. Isso é Inteligência Emocional.

Destaque isso. O líder de alto nível, o comunicador extraordinário, ele age


apesar das circunstâncias. Ele não reage de acordo com as circunstâncias.
São duas coisas bem diferentes. Quando eu ajo, apesar de todos os
problemas que enfrento, eu escolho como agir. Assim podemos agir com
sabedoria norteados por nossos princípios e valores. São esses fatores que
direcionam nossas tomadas de decisões e não a opinião ou o mal humor das
outras pessoas. Quando as outras pessoas agem com desrespeito a você ou
com grosseira, isso diz mais sobre elas do que propriamente sobre você. Se
alguém te fechar no trânsito, respira fundo e alinhe sua comunicação interna:
“Ainda bem que freei o carro para não bater”, ou “esse cara deve estar com
problemas”, ou “eu não vou deixar que esse barbeiro estrague meu dia que
tem tudo para ser incrível”.

Os Pilares da Inteligência Emocional

Considerado o pai da inteligência emocional, o jornalista científico Daniel


Goleman divide essa ciência em cinco pilares:

1 – Conhecer as próprias emoções

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Autoconhecimento é fundamental. Saber quais são seus limites e trazê-los à


sua consciência vai te ajudar a encontrar um melhor equilíbrio.

2 – Controlar as emoções
Não é só porque você ficou com vontade de xingar alguém que você vai fazer
isso. Agora que você entende qual dos cérebros está entrando em ação, é
preciso parar pra pensar.

3 – Automotivação
Esse é um dos pilares mais importantes. Como disse em meu primeiro livro,
Comunicação Inteligente e Storytelling para alavancar negócios e carreiras,
todos somos líderes das nossas carreiras e vidas. Muitas vezes, não teremos
ninguém atrás de nós nos dando aquele empurrão para não nos
desmotivarmos. A partir do momento que você entender que não precisa de
outra pessoa para te motivar o tempo todo, seus projetos vão começar a criar
vida. Esse é um pensamento comum que as pessoas com inteligência
emocional têm: “Só depende de mim”. Não estou dizendo aqui que apoio não
é bom. Apoio é ótimo. Mas não podemos ser dependentes dele.

4 – Empatia
Esse pilar é fundamental. Empatia é você ver as situações com os olhos da
outra pessoa. Sua perspectiva muda e, por isso, suas ideias também mudam.

5 – Saber se relacionar interpessoalmente


Somos pessoas com histórias, repertórios e emoções diferentes. Por isso,
precisamos levar a individualidade de cada um em conta na hora de nos
comunicarmos. Sem as outras pessoas não chegamos a lugar algum. Saber
se relacionar interpessoalmente é princípio para alcançar o sucesso
profissional.

Escolha suas lentes

Estou escrevendo esse artigo durante a pandemia do Covid 19. Aliás, foi
depois de ter sido infectado pelo vírus e ter ficado 15 dias de molho, fraco e

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sem ar que decidi colocar no papel as ideias que aqui estão. Me lembro, que
era um domingo à noite, eu estava prostrado na cama quando falei para mim
mesmo. Chega, a partir de amanhã vou começar meus novos projetos do ano.
Não que eu tenha me curado de uma hora para outra, mas o meu
pensamento havia mudado. E aqui está este artigo pronto para comprovar
essa decisão. Um dos projetos era exatamente esse.

Outro projeto era iniciar uma série de lives no meu Instagram pelas manhãs.
Eu estava percebendo que as pessoas estavam se intoxicando com as
notícias ruins da pandemia. Você ligava a TV e o assunto era só esse,
navegava pelas redes sociais e só via morte e tristeza. Quando a gente
começa nosso dia absorvendo assuntos pesados assim, passamos a ver
todas as coisas dessa forma. É como se utilizássemos lentes em que
víssemos pandemia, mortes e sofrimento em tudo o que fazíamos ao longo do
dia. Nossos filtros ficam comprometidos. Nós treinamos nosso cérebro para
ver aquilo que queremos que ele veja. Tudo o que a gente foca, expande.
Você já comprou um carro e de repente passou a ver o mesmo modelo de
veículo em todo lugar em que estava? Pois é, você treinou seu cérebro para
ver aquele carro. Seu olhar era atraído para aquele modelo de veículo. Da
mesma forma acontece nesse caos em que a gente viveu. Se utilizarmos as
lentes da morte, enxergaremos dor e tristeza em tudo o que formos fazer.
Muitas vezes, deixamos de fazer algo por medo das consequências.

O que propus nas lives foi trocar as lentes. Convidei meus seguidores a olhar
as coisas boas que vinham acontecendo em suas vidas e passar a comunicar
gratidão. Quando geramos sentimentos de gratidão, ativamos o sistema de
recompensa do nosso cérebro, que é responsável por nos sentirmos bem e
termos prazer. Esse sistema é a base neurológica da satisfação e autoestima.
Quando o cérebro identifica algo de bom que aconteceu, que deu certo, que
fomos bem-sucedidos e somos gratos por isso, liberamos dopamina. A
dopamina aumenta o nosso nível de prazer. Por isso, pessoas que
manifestam gratidão exibem níveis elevados de emoção positiva, satisfação
com a vida, vitalidade e otimismo. A gratidão também estimula a ocitocina,
hormônio do afeto que traz tranquilidade, reduz a ansiedade e o medo.

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Mesmo hormônio que uma mãe libera ao dar à luz, só para se ter uma ideia.
Isso significa que, a gratidão não faz apenas nos sentirmos bem, mas ela
também dissolve o medo, a angustia e sentimento de raiva, ficando bem mais
fácil controlar estados mentais tóxicos e desnecessários.

Quando trocamos nossas lentes, passamos a ver o que antes estava sendo
ofuscado pelas notícias tóxicas. Não estou dizendo para você se alienar e não
saber das notícias. Eu seria incongruente, já que sou jornalista de formação.
Quero te convidar a filtrar as informações que você recebe. Cuidado com
sensacionalismo dos noticiários. Muitos veículos estão apenas interessados
na audiência e não em informar.

Shawn Achor, pesquisador da Universidade de Harvard é especialista em


investigar a conexão entre felicidade e sucesso. Segundo ele, essas lentes
que usamos condicionam a maneira que o nosso cérebro lida com as coisas.
Achor afirma que apenas 25% do seu sucesso profissional depende da sua
capacidade, ou seja, seu QI (Quociente de Inteligência), seu conhecimento
técnico e suas habilidades. Os outros 75%, dependem do seu
comportamento, do seu nível de otimismo e da sua capacidade de enxergar
desafios como aprendizados e não problemas.

Inteligência Emocional e Comunicação

Todos nós somos comunicadores. O tempo todo estamos nos comunicando,


de maneira verbal e não-verbal. Algumas pessoas se comunicam bem e com
total clareza, outros não tem essa mesma habilidade. Já apresentei milhares
de vídeos e possuo mais de 15 mil horas de vídeos gravados. Em mais de 20
anos de carreira na área na comunicação posso afirmar: Não há bom
comunicador que não entenda de inteligência emocional. Sem ela, você
não tem as habilidades necessárias para se entender e entender o outro. Ao
nos comunicarmos, temos sempre um objetivo por trás. Nesse objetivo há
sempre uma outra pessoa que precisa entender e fazer algo com a
mensagem que estamos transmitindo. Se isso não acontece, não vale
nenhuma técnica de oratória. Ela se torna vã. Todo comunicador precisa

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entender de emoções e de pessoas.

Pode ser que ainda você esteja resistente a tudo isso. Pode até parecer
balela, mas mais uma vez recorro aos grandes líderes mundiais que são
respeitados por todos nós. Eles só dominam a comunicação, porque
entendem de inteligência emocional.

E se tudo isso que estou te apresentando neste artigo for algo novo para
você, talvez você esteja sentindo certo desconforto. Fico feliz por isso. Esse
desconforto é real, não imaginário. Significa que novas sinapses estão sendo
criadas aí no seu cérebro. Ou seja, seus neurônios estão comunicando novos
aprendizados.

Mesmo assim, você pode ainda continuar resistente. Também acho normal. A
função do seu cérebro é inicialmente te proteger. Certa vez, uma senhora com
seus sessenta e poucos anos levantou a mão em uma de minhas palestras e
pediu a palavra: “Acho muito interessante tudo isso que você está dizendo,
mas para mim não funciona. Já sou velha para isso”. Disse para ela o
seguinte. É claro que, quando passamos uma vida inteira fazendo as coisas
de determinada forma, criamos um hábito. Todo hábito registra uma sinapse
neural. E quanto mais repetimos aquilo, mais forte é essa conexão no cérebro.
Portanto, não é fácil mesmo abandonar um aprendizado antigo. Mais uma
vez, essa conexão é real no cérebro, não é um balão imaginário. Porém, a
boa notícia é que nosso cérebro é perfeito. Ele tem o recurso da
neuroplasticidade, que é a capacidade de se reformular, de criar novas
conexões. A neuroplasticidade só para de acontecer quando morremos.
Portanto, se praticarmos e colocarmos em ação os novos aprendizados,
nosso cérebro terá as condições necessárias para que aquilo se torne um
novo hábito.

Nós já possuímos os recursos necessários para crescer, mudar e evoluir. Mas


é preciso abrir mão de aprendizados antigos que nos limitam. Você está
disposto a isso?

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Pós-Graduação em Neurociências e Comportamento

Somente por meio da Inteligência Emocional alcançaremos o sucesso que


desejamos na carreira e vida pessoal. E nunca foi tão importante quanto nos
dias atuais conhecer e aplicar essa ciência. Nossa geração, tem em mãos
todas as facilidades da tecnologia, onde quase tudo está a um clique de
distância. Cada vez mais, a inteligência artificial se torna presente em nossas
vidas, porém esse é um assunto para outro artigo. O ponto que desejo
destacar para finalizar é que, se desejamos manter nossas mentes sadias,
precisaremos cuidar cada vez mais das nossas emoções.

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3. RELEVÂNCIA E
IMPACTO SOCIAL

Diante do que foi apresentado acima é extrema importância passarmos a


olhar com mais atenção para nossos fatores emocionais, especialmente nas
escolas e universidades. Vimos que o conhecimento cognitivo por si só limita
a concretização dos nossos objetivos. É necessário investirmos em
inteligência emocional.

Só assim poderemos alcançar o verdadeiro sucesso. Não aquele sucesso


pautado apenas em números. Porém, aquele sucesso que nos traz
satisfação pessoal, realização e paz espírito.

Todo ser humano é um comunicador. O tempo todo estamos os


comunicando. Nesse sentido, somos porta-vozes de nossa própria historia.
Contudo, não existe bom comunicador que não entenda de inteligência
emocional. A partir do momento no qual conhecemos as nossas próprias
emoções e também as emoções das pessoas com quem nos relacionamos,
alcançamos maior êxito com nossa comunicação.

Portanto, se desejamos alcançar sucesso e nossas vidas e carreiras,


precisaremos investir na nossa comunicação e para isso, necessariamente,
devemos cuidar das nossas emoções.

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4. FONTES

ACHOR, Shawn. O jeito Harvard de ser feliz. 1ª ed. São Paulo: Saraiva, 2012

ARRUDA, Rafael. Comunicação Inteligente e Storytelling. 1ª ed. Rio de Janeiro: Alta


Books, 2019

COVEY, Stephen. Os 7 hábitos das pessoas altamente eficazes. 60ª ed. Rio de Janeiro:
Best Seller, 2017

GOLEMAN, Daniel. Inteligência Emocional. 1ª ed. Rio de Janeiro: Objetiva, 1996.

ROBBINS, Tony. Desperte o seu gigante interior. 33ª ed. Rio de Janeiro: Best Seller, 2017

ROBBINS, Tony. Poder sem limites. 29ª ed. Rio de Janeiro: Best Seller, 2018

SIEGEL, Daniel J. O cérebro da criança. 1ª ed. São Paulo: nVersos, 2015

VIEIRA, Amanda; MOREIRA, Joana Isabel; MORGADINHO, Rita. Inteligência Emocional: Cérebro
Masculino versus Cérebro Feminino. Psicologia.com.pt. Portugal, 2008.

VIEIRA, Paulo. O Poder da Ação. 1ª ed. São Paulo: Gente, 2015

1
https://g1.globo.com/concursos-e-emprego/noticia/2015/04/72-das-pessoas-estao-insatisfeitas-
com-o-trabalho-aponta-pesquisa.html
2
Fonte: USICH (Conselho Interagências para falta de moradia dos Estados Unidos).
Dados de janeiro de 2019

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