O documento discute a necessidade de mudar a postura intelectual dos estudantes universitários de uma abordagem mecânica para uma abordagem mais dinâmica e responsável do conhecimento. O autor argumenta que é preciso inspirar os estudantes a lidar com o conhecimento de forma mais inteligente para formar profissionais competentes. Apesar dos problemas na educação, o autor é otimista de que é possível influenciar positivamente aqueles receptivos ao conhecimento.
O documento discute a necessidade de mudar a postura intelectual dos estudantes universitários de uma abordagem mecânica para uma abordagem mais dinâmica e responsável do conhecimento. O autor argumenta que é preciso inspirar os estudantes a lidar com o conhecimento de forma mais inteligente para formar profissionais competentes. Apesar dos problemas na educação, o autor é otimista de que é possível influenciar positivamente aqueles receptivos ao conhecimento.
O documento discute a necessidade de mudar a postura intelectual dos estudantes universitários de uma abordagem mecânica para uma abordagem mais dinâmica e responsável do conhecimento. O autor argumenta que é preciso inspirar os estudantes a lidar com o conhecimento de forma mais inteligente para formar profissionais competentes. Apesar dos problemas na educação, o autor é otimista de que é possível influenciar positivamente aqueles receptivos ao conhecimento.
Acredito que a tarefa mais importante da filosofia no ensino, sobretudo
universitário, é ajudar a mudar a postura intelectual dos estudantes. Já critiquei em outras oportunidades essa postura, filha do positivismo que dominou o país após a proclamação da República. Apesar de os esforços pedagógicos recentes, muitos ainda sem uma direção muito clara, o estudante brasileiro se relaciona com os conteúdos do conhecimento de modo mecânico, como quem tenta absorver informações e retê-las pelo maior tempo que for necessário – leia-se: até a prova; isso quando não a reproduz descaradamente de fontes não citadas. Fico estupefato com o absoluto desconhecimento de muitos universitários acerca de conteúdos fundamentais pelos quais já passaram, ou ao menos deveriam ter passado. No fim, tem-se a impressão de que os anos de formação se escoam, acrescentando pouco de realmente significativo na vida das pessoas. Na universidade, o passar dos anos nos diversos cursos parece trazer uma sensação de peso a ser arrastado, tanto por acadêmicos quanto por professores, e o entusiasmo, em geral já meio parco dos semestres iniciais, vai se esgotando nitidamente. Precisamos focar nossos esforços na mudança dessa postura, tentando fazer ver que, para além das informações - que hoje estão disponíveis com muita facilidade - o conhecimento exige um processo individual de desenvolvimento da inteligência. Tal processo não pode ser feito no que eu chamo de “espírito do positivismo”, ou seja, nesse modo grosseiro de “engolir” informações. Se conseguirmos inspirar no estudante um modo mais dinâmico, que o leve a lidar com o conhecimento de modo mais inteligente e responsável, a colocar mais “alma” na sua vida estudantil, certamente teremos uma safra bem mais promissora de profissionais e de seres humanos para tocarem esta nação e este planeta, já tão combalidos pela incompetência e pela ganância. Eu, que sempre estive mais propenso ao pessimismo nesta área, venho me tornando bem mais otimista. Primeiro porque tenho podido trabalhar com pessoas, incluindo algumas bem jovens, que passaram pelos mesmos problemas escolares, mas que demonstram enorme apetite pelo conhecimento e pelas virtudes ligadas a ele, quando percebem que isso não só é possível, mas sumamente necessário. Por causa delas vale todo o nosso empenho, inclusive na busca do nosso próprio aprimoramento. De igual modo, apesar de o clamor dominante em relação aos graves problemas na formação moral de crianças e adolescentes (com a minha voz no meio dele), também vejo mães e pais que conseguem inspirar nos filhos uma atitude extremamente positiva diante da vida. Diante disso, penso que não tenho direito ao pessimismo, pois os bons não podem ser abandonados em nome de uma decadência aparentemente dominante. Há alguns meses, após uma palestra sobre Ética para alunos de ensino médio, ao comentar a observação de uma professora acerca do efeito prático dessas falas, respondi que não podemos deixar de falar e testemunhar, sob pena de perdermos os bons. Em se tratando de postura intelectual ou moral, não acredito que os nossos discursos tenham o poder de mudar aqueles que já optaram pela porta larga, mas se conseguirmos ser inspiração para que o que é bom possa encontrar espaço e se desenvolver, estaremos contribuindo decisivamente com o futuro. A qualidade da formação passa necessariamente por esse desengessamento que, além do cérebro, deve atingir também o coração e a alma. (SANTOS, José Francisco dos. Para refletir: artigos para reflexão e discussão em filosofia, ética e temas transversais. Jundiaí/SP: Paco Editorial, 2013, p. 51).