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Formação Literária

2024

Volume I: O que é Educação?


Produzido por @daniborgeshs
Apresentação
Olá, pessoal!

Esse documento é uma compilação dos estudos que temos feito no


grupo Formação Literária 2024. Nesse primeiro volume
apresentamos o Prof. Rafael Falcón, que é o mestre que nos
conduzirá pela maior parte do nosso percurso, e nos detivemos no que
vem a ser Educação, analisando os elementos que compõem esse
conceito.
Além do conteúdo estudado, este documento traz os links e as
referências que foram utilizadas e disponibilizadas no grupo.
Se este documento te alcançou, mas você não está no grupo, pode
entrar pelo link que disponibilizaremos mais abaixo.
Esperamos que este documento e as interações do grupo em geral,
sejam de grande proveito na construção de um conhecimento basilar
sobre Educação e Formação Literária!

Bons estudos!

Para entrar no grupo,


clique na imagem acima
Sejam bem-vindos ao nosso projeto de Formação Literária!

Iniciamos hoje o processo de construção de um conhecimento conjunto sobre o que é a


Educação Literária nos moldes da Educação Clássica histórica e tradicional. Para isso,
nosso norte teórico será o trabalho do professor Rafael Falcón, principalmente o seu curso
“A Formação Literária da Criança”. Nada mais justo que iniciarmos nossos estudos
conhecendo um pouco mais sobre o Mestre que nos conduzirá por esse processo.

O professor Falcón saiu de Salvador para desbravar “mares nunca dantes navegados” e
conseguiu desenvolver um trabalho que serve de fundamento para o combate ao
analfabetismo funcional e a ignorância que atinge alarmantes 92% da população
brasileira, segundo dados de órgãos como o INAF.

Mas antes de se consagrar como Mestre, ele mesmo teve que percorrer um caminho árduo
de combate aos vícios decorrentes de anos de submissão ao ambiente escolar e acadêmico.
Segundo ele, chegou um determinado momento em que, no ambiente universitário,
percebeu o quão imbecilizante era aquele processo, e identificando em si próprio sinais da
descaracterização da Educação, se voltou para os Mestres de épocas remotas, descobrindo
um caminho para o êxito e excelência educacionais.

Seus títulos e feitos acadêmicos, que não são poucos, testemunham o triunfo obtido na
Academia. Porém, são símbolos débeis diante de uma grandeza muito maior, revelada no
zelo pela verdadeira Educação.

Em agradecimento ao compromisso que o professor Falcón têm demonstrado, nos resta


colocar ele e sua família em nossas orações diárias, intercedendo para que Deus lhe
capacite cada vez mais e muitas outras pessoas possam ser resgatadas do lamaçal da
ignorância e apresentadas ao trabalho primoroso que ele desenvolve.

Estabelecemos a diretriz básica que norteará a construção desse conhecimento conjunto


que desenvolveremos aqui no grupo, assinalando que a Educação Literária que buscamos
procede da Educação Clássica histórica e tradicional.

Para seguirmos esse caminho é necessário um questionamento anterior:

O QUE É EDUCAÇÃO?

A palavra Educação deriva etimologicamente da expressão latina EX DUCERE que se traduz


como “conduzir para fora”. Ou seja, o processo educacional, em seu aspecto mais básico, diz
respeito a uma CONDUÇÃO.

Mas a condução do que?


O professor Olavo de Carvalho responde esse questionamento ao inferir que a educação
transporta “a alma para além do seu horizonte imediato de sensações e reações, abrindo-
lhe o acesso à dimensão da cultura, da História, do espírito”. Portanto, a alma humana é o
ente a ser conduzido.

A segunda parte da tradução da expressão EX DUCERE significa PARA FORA. Ou seja, a


alma precisa ser elevada, retirada daquilo que é ordinário e inferior, e ser alçada para
alcançar as potências humanas superiores.

O professor Rafael Falcon, por sua vez, define a Educação como o processo em que um ser
humano maduro conduz um ser imaturo à maturidade. A relação com a expressão latina é
cristalina. Esse conceito está intimamente relacionado com o expresso no livro Filosofia da
Educação, que define a Educação da seguinte forma:

EDUCAÇÃO É UM PROCESSO PELO QUAL OS MADUROS SE EMPENHAM, POR MEIO DE


DELIBERADA E SISTEMÁTICA INFLUÊNCIA, EM CONDUZIR OS IMATUROS A DETERMINADO
NÍVEL DE DESENVOLVIMENTO FÍSICO, INTELECTUAL E ESPIRITUAL.

Vamos por partes:

EDUCAÇÃO É UM PROCESSO - já nessa primeira afirmação, percebemos que a educação é


um desenvolvimento gradativo, ou seja, necessita de um tempo para se perfazer;

OS MADUROS SE EMPENHAM - o ato de educar alguém é ativo, ou seja, necessita labor,


compromisso e responsabilidade. A figura do educador, sejam pais, sejam professores,
exige um dever de empenho, de diligência. Do contrário, o processo já está condenado ao
fracasso;

DELIBERADA E SISTEMÁTICA INFLUÊNCIA - o condutor da educação conduz esse processo de


forma deliberada, ou seja, ele pensa e planeja o que vai fazer antecipadamente.

Vou me deter um pouco nesse ponto e retomar o que o prof. Falcon fala no curso "A
Formação Literária da Criança". Logo de início ele explica que um dos princípios básicos
que norteiam o seu trabalho é a crença de que os educadores, sejam pais ou professores,
devem decidir como conduzir a educação dos seus pupilos, tendo em vista que a
proximidade permite que eles saibam aquilo que funciona ou não com determinado
educando. Logo, no curso, ele estabelece princípios gerais para a Educação Literária, e os
exemplifica, dando aos educadores a soberania para escolher aquilo que é cabível de ser
praticado ou não. O professor parte da premissa de que desejamos todos o mesmo fim, e que
somos dotados da capacidade de escolher os meios, desde que tenhamos compreendido os
princípios gerais para a Formação Literária da criança. De posse desses princípios e tendo-
os integrados interiormente, podemos fazer uma condução planejada.
Isso torna claro que precisamos saber o que estamos fazendo com os nossos educandos.
Precisamos não apenas ter a posse de ferramentas e os meios para executar essa função,
mas, de pronto, saber onde queremos chegar e o como conduzir esse processo. Só assim
poderemos exercer essa liberdade de forma responsável.

O conceito ainda afirma que essa condução deve ser sistemática, ou seja, deve ser ordenada
e constante. É claro que no decorrer da nossa vida ordinária ocorrem situações que podem
alterar significativamente a nossa circunstância. Nesses casos, precisamos fazer uma
reavaliação de como perseguir aquele fim último, que já foi pré-estabelecido, nas novas
circunstâncias. Lembremos do tão citado Ortega Y Gasset: "Eu sou eu e minhas
circunstâncias, se não salvo a elas, não salvo a mim". O próprio professor Falcon afirma no
curso que haverá situações em que precisaremos rever o que ensinamos e que a criança é
plenamente capaz de entender e seguir adiante, desde que os princípios da Educação
Literária sejam seguidos.

DESENVOLVIMENTO FÍSICO, INTELECTUAL E ESPIRITUAL – esta parte do conceito deixa


claro que o papel do educador não se restringe ao aspecto intelectual. O autor do conceito
tem em vista um ser humano completo, e compreende a Educação como um processo que
vai maturá-lo em todas as facetas que o compõe.

Essa discriminação dos aspectos é muito importante, pois nosso cotidiano nos leva a
contemplar o ser humano parcialmente. A fragmentação do homem resultante das
filosofias modernas, que se enraizaram em toda Pedagogia, não permite que o ser humano
integral seja o objeto da Educação, mas apenas fragmentos dele.

Vejamos a forma como alguns dos métodos pedagógicos modernos mais louvados pela elite
acadêmica concebe o ser humano:

PEDAGOGIA WALDORF – “Assim como outros métodos pedagógicos modernos, essa vertente
defende uma educação integral, que trabalhe ao mesmo tempo as habilidades SOCIAIS,
MOTORAS, COGNITIVAS E EMOCIONAIS da criança.”

MÉTODO MONTESSORI – “O principal objetivo do método, então, é justamente promover o


desenvolvimento holístico da criança, incluindo aspectos COGNITIVOS, SOCIAIS,
EMOCIONAIS E FÍSICOS – dando as ferramentas para que isso aconteça.”

Em ambas as metodologias, o aspecto espiritual é ignorado; o transcendente não existe.

MÉTODO FREIRIANO – “Na teoria freiriana, professor e aluno são sujeitos na construção do
conhecimento, ou seja, NÃO HÁ UMA HIERARQUIA, NÃO HÁ UMA AUTORIDADE. Isso porque,
para o método freiriano, o estabelecimento de uma autoridade dificulta o desenvolvimento
da criticidade e da conscientização.”
A metodologia freiriana vai ainda além, pois nega o princípio hierárquico e ordenador do
mundo.

Partindo dessas filosofias modernas, a Educação Literária não faz o menor sentido. Essas
pedagogias brotam do Materialismo, que se contrapõe ferozmente a ideia de eternidade e
transcendência presentes em toda Educação Clássica, inclusive pagã. Para elas, o que
importa é a vida prática. Assim afirma o professor Falcón no curso “A Formação Literária
da Criança” sobre a mentalidade moderna em relação à Literatura:

“Não faz muito sentido a criança saber quem foi Camões, nem ter lido muitos textos de
Camões. Qual a importância disso na prática? O que interessa mesmo é aprender as
matemáticas, as ciências duras, a biologia que são os conhecimentos que, efetivamente,
fazem alguma diferença. Mas esse negócio de literatura não faz diferença. O que faz
diferença é a gente pegar um texto, conseguir ler um texto da Revista Veja ou Isto é e
conseguir escrever uma notinha pro chefe, um email. Isso é o que interessa na prática. A
gente saber quem foi Camões, Bocage ou Olavo Bilac não faz diferença nenhuma. Esses
autores não significam nada na vida prática do homem.”

Esse pensamento é muito comum e até natural para quem passou anos sendo formatado
nos moldes da educação moderna. Vou exemplificar algo que ocorre frequentemente
comigo. As vezes estou com minhas primas, que são fruto dessa educação moderna, mas
não tiveram um despertar como muitos de nós tivemos, e acabo contando uma história da
mitologia ou evocando um fato histórico para exemplificar o tema conversado. A reação
geral é dizer que eu sou cheia de “conhecimentos inúteis”. E elas estão corretas. Pois para
quem vê o ser humano com os olhos da modernidade, esse conhecimento dotado de
profundidade simbólica presente na literatura, mitologia e afins, não faz o menor sentido.

Destrinchamos o conceito de Educação e terminamos apontando para o fato de que o


processo educacional verdadeiro incide sobre a pessoa de forma integral.

Mas o que é uma pessoa integral? O Monsenhor Álvaro Negromonte nos responde:

“O homem é corpo e alma. Sensibilidade, inteligência e vontade. Pessoa irredutível, mas


membro natural da sociedade, na qual nasce (família), trabalha (profissão) e vive (Estado).
Filho do tempo e destinado à eternidade, pela alma imortal. Senhor de seus atos, pelo livre
arbítrio, mas súdito incondicional de Deus, e submisso às justas leis da sociedade em que
vive. ”

Vemos aqui o homem sendo considerado em seu aspecto físico, intelectual e espiritual. Uma
educação que abarque todos esses aspectos exige uma hierarquia dos valores e bens, ou
seja, exige uma ordem determinada que, quando pervertida, gera todo o caos que temos
contemplado atualmente.
O processo começa pela educação da parte mais inferior na hierarquia dos bens, que é a
parte física. Posteriormente, segue-se a educação intelectual, à qual a parte física deve
estar subordinada. Segue-se então a educação moral, que submete a parte intelectual, e por
fim a parte espiritual, à qual a moral está submetida. Logo, o Bem maior a ser buscado no
processo educacional é a salvação das almas, aquilo que há de eterno no homem.

Isso jamais pode ser alcançado nos moldes da educação moderna. O Monsenhor explicita
que “o rumo da educação depende do conceito de vida. Vive-se como se pensa; educa-se
como se vive”. Ou seja, a formatação de vida do homem moderno, impregnado pelo
pensamento materialista, jamais dará condições para alcançar o fim último da existência
humana: a eternidade com Deus.

Links:
Artigo do professor Olavo de Carvalho

Livro Filosofia da educação

Pedagogia Waldorf

Pedagogia Montessori

Pedagogia Freiriana

Livro A educação dos filhos

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