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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO

ESCOLA DE FILOSOFIA, LETRAS E CIÊNCIAS HUMANAS - EFLCH

TRABALHO FINAL
Nietzsche e Schopenhauer como Educadores

Caroline Vitória de Santi – 148750


Turno: Noturno
UC: Filosofia Geral, turma D
Prof. Tiago Tranjan

Guarulhos
2021
PERGUNTA DO CAPÍTULO 1

Considere atentamente a educação que você recebeu. Gaste algum tempo para recordá-la e
refletir a respeito dela. A partir daí, redija uma pequena dissertação passando pelos seguintes
temas:
a. Quais foram as principais forças de conformidade social presentes nessa educação? Quais os
principais padrões a que você teve de se conformar?
b. Qual sua avaliação a respeito desses padrões? Quais desses padrões você vê de maneira
positiva, e quais você vê de maneira negativa?
c. Você considera que esse processo prejudicou sua liberdade ou promoveu sua liberdade?
(Reflita sobre o conceito de liberdade esboçado por Nietzsche no capítulo 1. A liberdade como
possibilidade de reencontrar-se consigo mesmo, de ver o valor da própria vida e torná-la digna
de ser vivida, como algo único.

Resposta:
Desde os primeiros contatos com a vida escolar, e a educação em si, se reconhece alguns
padrões estabelecidos. Certamente aprender a contar, ler e escrever é um padrão. Após certa
idade alcançada pela criança ela está apta a ser alfabetizada, e se isso não ocorre nesse período,
o desespero dos pais é evidente, pois seu filho não está cumprindo com o padrão existente no
sistema escolar. Sobretudo, não posso classificar a alfabetização em si como algo negativo, mas
sim como isso ocorre. Horas dentro de uma sala, as vezes em mais de um turno por dia, durante
5 dias por semanas, em anos letivos de 200 dias. E esse não é o único padrão que encaramos no
caminho à educação.
No Ensino Fundamental e Médio, um período de maior consciência, comparado ao da
educação primária, o modelo a ser seguido fica mais evidente. Dentro da sala de aula tudo é
centrado na lousa e no conhecimento do professor. Um currículo uniforme, fixado por lei, é
apresentado para os alunos, e cabe a nós segui-lo, fielmente. Vejo todos esses padrões de
maneira negativa, os alunos não têm autonomia nenhuma no processo da educação, e muitas
vezes, aquele – o educador - que deveria ser um guia no caminho à uma educação libertadora,
acaba sendo um obstáculo. Digo isso levando em consideração o meu processo de educação.
Posso dizer, com clareza, que durante toda minha vida escolar, encontrei apenas um professor
que em seu modo de educar me proporcionava um olhar mais amplo em relação à liberdade, e
como a vida deveria ser vivida.
De certo modo, mesmo que pareça contraditório, acredito que esse processo todo
promoveu a minha liberdade. Pois, foi observando os padrões impostos que percebi como o
mundo precisa de pessoas realmente comprometidas em promover uma educação que liberta, e
hoje, estou caminhando para isso, fazendo minha graduação em História.

PERGUNTA DO CAPÍTULO 2
Durante o longo processo educacional (no mínimo 12 anos de educação formal na escola) que
o trouxe até um curso superior no campus de humanidades da Unifesp, você teve bastante
contato com a ideia de ciência. Levando em conta o que Nietzsche escreve no capítulo 2 e o que
foi discutido nesta aula, escreva uma breve dissertação tentando responder as seguintes
questões:
a. Qual papel a ciência desempenhou na sua educação?
b. O que é a ciência? (Durante sua formação, você foi convidado ou estimulado a refletir
a esse respeito?)
c. Qual o objetivo da ciência? (Durante sua formação, você foi convidado ou estimulado
a refletir a esse respeito?)

Resposta:
A ciência está presente em cada momento da vida, basta olharmos ao redor que veremos
inúmeros objetos produzidos pela ciência. Essa ciência nada mais é do que o conhecimento
adquirido através da observação e da experiência, com o objetivo de responder perguntas. Ela
certamente esteve presente na minha educação, mas sinto que não fui um agente ativo, pois não
me recordo de nenhuma vez que fui estimulada a refletir sobre a ciência. Apenas digeri tudo
aquilo que já foi objeto da ciência, sobretudo, o conhecimento.

PERGUNTA DO CAPÍTULO 3
Todos nós temos alguns ideais que regulam nossa vida e nossa ação no mundo. Tente responder
as seguintes questões:
1) De onde vêm seus ideais?
Veja que não é necessário descrever quais são esses ideais. O importante, aqui, é buscar
entender como esses ideais foram assumidos por você, como eles se tornaram seus. (Pela
educação recebida na escola ou na família? Por alguma experiência de vida? Pelo convívio com
os amigos ou em outros âmbitos sociais? Pela reflexão? ...?)
2) Com que grau de seriedade você já refletiu a respeito desses ideais? Você julga que é possível
efetivamente viver de acordo com eles, ou eles permanecem, de alguma maneira, como metas
distantes? O que seria possível fazer para você se aproximar deles?

Resposta:
Meus ideais vêm não apenas de um único meio, mas de um conjunto de vários fatores.
Durante a infância meus princípios foram forjados através daquilo que eu observava vindo dos
meus pais. Ao passo que fui envelhecendo, esses princípios foram se aprimorando, ou até
desaparecendo, e outros assumidos, através da educação recebida na escola e das experiências
que vivi.
Esses ideais estão enraizados em mim, de forma que não costumo refletir muito a
respeito, visto que se tornou algo comum e habitual. Acredito que é possível viver de acordo
com meus princípios, mas que alguns deles são negociáveis. Por exemplo: tenho a amizade
como um ideal, e em determinado momento da vida um amigo meu comete um crime e eu tenho
a oportunidade de mentir para livrá-lo da punição. Mas tenho também a justiça como um ideal.
Nesse caso, a amizade seria o princípio inegociável.

PERGUNTA DO CAPÍTULO 4
Você decidiu entrar em uma universidade. Isso significa que você optou por dedicar parte
substancial de sua vida ao aprendizado. Responda:
a. O que você espera aprender na universidade?
b. Por que você optou por dedicar-se ao aprendizado?
Para elaborar suas respostas, reflita a respeito das três figuras de humanidade propostas por
Nietzsche no capítulo 4.

Resposta:
Entrei na universidade com o pensamento de aprender principalmente os conteúdos que
meu curso iria ofertar, no caso, sobre história e como lecionar. Não apenas para acumular
conhecimento, como o Homem de Goethe. Sempre consciente de que o sofrimento leva a
perfeição, assim como Nietzsche diz na página 55. Optei por dedicar-me ao aprendizado por
inúmeros motivos: para iniciar meu sonho de lecionar, para o desenvolvimento de um
pensamento crítico – no tempo da era digital, qualquer argumento sem fundamento é validado,
luto por debates e análises mais honestas e legítimas – e promover, quando estiver apta a dar
aulas, uma educação libertadora.

PERGUNTA DO CAPÍTULO 5
Reflita a respeito da sua experiência até hoje e responda as seguintes perguntas:
a. Para você, o que significa a palavra “cultura”?
b. Você se dedica a alguma atividade cultural? Qual? Como você descreveria seu
envolvimento com ela? Qual a importância que ela assume na sua vida?

Resposta:
Para mim, cultura é tudo que o ser humano é capaz de produzir e fazer. Toda mediação
humana, seja ela em relações interpessoais, nas ações ou processos, pode ser entendida como
cultura. Podendo ser uma cultura local, de um país, de um determinado povo, ou da população
geral. Acredito que todos praticam uma atividade cultural, no consumo de uma arte específica,
de um tipo de música local, uma determinada vestimenta. Eu, especialmente, me dedico
diariamente à música, buscando sempre valorizar os trabalhos locais, de artistas brasileiros.
Essa minha posição de prezar pela música brasileira, como um símbolo cultural fortíssimo,
assume grande importância na minha vida, visto que cresci ouvindo comentários que tocar
músicas de Tom Jobim, Chico Buarque, entre outros, não seria algo proveitoso se eu quisesse
seguir na carreira de musicista, pois “música boa é música internacional” – frase que ouço do
meu pai desde que tinha apenas 5 anos -.

PERGUNTA DO CAPÍTULO 6
Reflita, mais uma vez, a respeito do seu (longo) processo de formação, em especial aquilo que
nós chamamos de “educação formal”, ou seja, aquela educação realizada dentro de instituições
específicas, particularmente a escola e a universidade.
a) Você acha que a escola preparou você adequadamente para se inserir na sociedade e no
mercado de trabalho? Quão importante era que ela fizesse isso?
b) Você espera que a universidade termine de desempenhar esse papel, ou seja, que ela termine
de preparar você para se inserir na sociedade e no mercado de trabalho? Como você gostaria
que acontecesse sua inserção na sociedade e no mercado de trabalho?
Resposta:
Em nenhum momento da minha vida escolar houve uma preparação para que eu fosse
inserida no mercado de trabalho. Senti falta de saber o que deveria esperar do mundo do
trabalho, algo que a escola nunca deixou claro. Mas graças ao auxílio dos meus pais, não senti
essa defasagem de maneira profunda. Em relação à inserção na sociedade, acredito que até
mesmo nas relações interpessoais com colegas de classe tenha acontecido. Mas, além disso,
minha escola sempre prezou por boas relações entre as pessoas. Sempre que possível alguns
projetos educativos eram realizados, rodas de socialização, bate papo, debates, entre outros.
Existem outros meios para essa socialização fora da escola, mas acho muito importante vir uma
iniciativa dela, pois é o lugar que mais ficamos durante a adolescência e juventude.
Não acho certo colocar todo o peso de inserir uma pessoa na sociedade e no mercado de
trabalho em cima da escola, muito menos de uma universidade, apesar de terem grande
influência nesse processo. Tem que ser algo direto, sem muita fantasia, sem esconder as
dificuldades da vida adulta. Muitas pessoas entram nessa fase sem noção de muita coisa, com
a visão de que tudo é lindo e fácil. Mas basta começar a entregar alguns currículos para entender
que na verdade não é. Sempre fui positiva em relação ao meu futuro emprego, mas ao mesmo
tempo não me permiti tirar os pés do chão. Hoje em dia já estou inserida no mercado de trabalho,
e como disse, não foi fácil e nem lindo, assim como já esperava.

PERGUNTA DO CAPÍTULO 7 E 8
O livro Schopenhauer como Educador propõe, em seu todo, uma grande crítica à sociedade
contemporânea (no caso, a sociedade europeia do final do século XIX): de seus modos de vida
e de seus valores, essencialmente acomodados, superficiais e submetidos à “dinâmica de
mercado”.
a. Baseado na sua experiência com a sociedade brasileira do século XXI – aquilo que você
vê ao seu redor: família, amigos, instituições de ensino, instituições civis, instituições
comerciais, artes, TV e mídias digitais etc. –, em que medida você acha pertinentes as
críticas nietzschianas para o mundo de hoje? Explique.
b. Você acha que as críticas nietzschianas aplicam-se também à sua própria vida, ou seja,
à maneira como você pensa e sente, à maneira como você estabelece seus objetivos de
vida e como conduz a própria vida?
Resposta:
As críticas nietzschianas se tornam pertinentes para o mundo de hoje ao passo que cada
vez mais a sociedade é levada a acumular conhecimentos, a serem meros eruditos, a não pensar
em como a vida deve ser vivida, e consequentemente, viver uma vida sem propósito, sem
destino, como se fosse apenas uma de muitas que ainda virão. Sem trazer concepções religiosas
e da fé, sabemos que essa é a única vida que teremos, e devemos torná-la digna de ser vivida,
como algo único, assim como Nietzsche aponta. A educação, levando em consideração o que
eu vivi nesses 18 anos, não tem levado os alunos a refletir sobre isso. Ela não tem sido
libertadora, e nem mesmo honesta com o seu “público”. Essa educação libertadora deve
começar nas universidades, para que de lá saiam profissionais capacitados a continuar
propagando essa mesma educação que receberam. O educador deve ser um agente libertador,
que ajuda cada um a fazer seu próprio caminho.
Além das críticas nietzschianas serem pertinentes para o mundo de hoje, também
considero pertinente à minha própria vida, visto que em toda ela nunca tinha refletido sobre a
questão de torna-la digna de ser vivida. Indubitavelmente, todos os dias acordo tendo
consciência de que pode ser o último dia de minha vida, mas mesmo assim vivo de forma
inconsequente, como se fosse uma vida sem valor e significados. Após as exposições feitas pelo
professor Tiago Tranjan, em conjunto com a leitura de “Schopenhauer como educador” passei
a refletir sobre o valor que deveria ser atribuído a essa única vida que possuo. Ainda não cheguei
a uma conclusão, mas tenho certeza que me recordarei dessas aulas e dos apontamentos de
Nietzsche até meu último suspiro, e espero dá-lo com orgulho da vida que vivi.

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