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São Paulo
2018
AGRADECIMENTOS
O grupo agradece o grande auxílio dado pelo orientador Pedro Wellington, motivado em elevar o
nível do trabalho, e das empresas ITA Construtora, Carpinteria Estruturas de Madeira, YCON
Engenharia e CROSSLAM Brasil, pela gentil disponibilidade de todos os dados sobre os projetos
estudados, assim como auxílio no entendimento deles e dos materiais envolvidos.
Agradecemos também a atenção nos dada pelos avaliadores da banca, Ruy Pauletti e Hélio Olga,
um grande professor na área de estruturas paramétricas e um engenheiro de grande nome na área
de estruturas de madeira.
RESUMO
O trabalho propõe a execução de extensões para o software Grasshopper que aplique a verificação
de elementos estruturais de madeira pelo Eurocode 5. As verificações são feitas para o
dimensionamento tanto dos perfis dos elementos estruturais, quanto das ligações entre estes.
This paper proposes the development of plug-ins for Grasshopper that applies the verification of
timber structural element according to Eurocode 5. Such verifications are done for the designing
of structural elements’ cross-sections as much as for connection between them.
At first, it is done the study of the application of timber as a structural component, looking to
comprehend its advantages and disadvantages on both technical and environmental aspects.
Next, it is presented a comparison between the american (ASCE 16-95), brazilian (NBR7190) and
european (Eurocode 5) standards for the design of timber cross-sections. On the other hand, for the
design of connections between timber elements, a summary of the Eurocode 5 methods is
presented.
From the literature revision made, Grasshopper components that perform the calculation propose
by the European standard were elaborated. In order to validate the models related to the verification
of cross-sections and for better comprehension of timber structures, a total of five case studies
were made. As to the usability of all the extensions developed and to take advantage of parametric
design, the modeling and study of a parametric dome is done.
1. Introdução
Este trabalho propõe, através do estudo das normas de madeira vigentes no Brasil e afora,
desenvolver componentes para Grasshopper (McNell) que verifiquem perfis de estruturas de
madeira e detalhem ligações dando como entrada as informações geométricas e os resultados do
programa de elementos finitos Karamba (Preisinge, 2018).
Após os estudos das normas estudadas, o grupo optou pelo uso da metodologia do Eurocode 5. Tal
escolha se decorreu do fato da norma brasileira ainda ser muito simples, não abordando certos
aspectos da Madeira Laminada Colada, e do EC5 ser mais semelhante a NBR7190 do que a norma
americana ASCE, que apesar de ser muito completa utiliza coeficientes muito distintos dos
brasileiros. Na norma europeia, os coeficientes são muito semelhantes à nomenclatura dos
coeficientes de resistência utilizados no Brasil.
Para avaliação dos estudos de caso, serão utilizados desenhos em Rhinoceros3D de diagramas
unifilares tridimensionais das estruturas, cujos desenhos foram gentilmente cedidos pelos
escritórios de engenharia citados. A geometria é importada ao Grasshopper e constrói-se uma
definição para o cálculo estrutural com o Karamba, permitindo a parametrização dos parâmetros
estruturais como condições de contorno, seções transversais, materiais, etc.
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Primeiro foi proposta a revisão bibliográfica da madeira e das suas normas técnicas (brasileira,
americana e europeia), com o desenvolvimento de componentes para Grasshopper que calculem a
razão entre o esforço solicitante e esforço resistente (Rd/Rsd) para tração, flexo-compressão
(generalizado para flexão simples e compressão), cortante, compressão paralela à fibra e variações
envolvendo curvatura e chanframento de vigas. As informações geométricas e de esforços
solicitantes vem do cálculo estrutural realizado no Karamba, e pretende-se explorar as
possibilidades que essa parametrização pode trazer ao processo de dimensionamento estrutural.
Depois foi realizada uma revisão bibliográfica nas ligações dos elementos. Como o universo das
ligações de madeira é muito grande, não foram abordados todos os tipos de ligações existentes.
Esta etapa procurará gerar componentes para o Grasshopper que dimensionem as ligações e gerem
os desenhos dos detalhes, explorando as capacidades de manipulação geométrica do programa.
Para finalização e teste final das ferramentas desenvolvidas, foi realizado o projeto e
dimensionamento de uma cúpula parametrizada de madeira laminada colada. Neste momento as
ferramentas utilizadas são parametrizadas também com a geometria da arquitetura, permitindo
analisar em tempo real consequências estruturais de se alterar a geometria da estrutura.
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2. Revisão Bibliográfica
A árvore da qual a madeira empregada se origina possui ligação direta com as suas propriedades
internas. Em geral, os tipos de madeira são divididos em dois grupos, conforme sua origem:
coníferas ou dicotiledôneas.
De acordo com Calil (1998), por conta de sua estrutura, a madeira é um material ortotrópico, tendo
suas propriedades variando de acordo com três eixos ortogonais entre si: paralelo, perpendicular
ou tangente às fibras do material. As propriedades relativas aos dois últimos eixos tendem a ser
menores, quando comparadas as do primeiro.
Outra propriedade importante da madeira é o seu teor de umidade, definido pela razão entre a perda
de massa da madeira seca em relação à úmida; e a sua massa seca. Ao ser cortada, a madeira tende
a perder a água que se encontra em seu interior, até que entre em equilíbrio com a umidade do
ambiente em que se encontra.
O ponto de saturação das fibras da madeira é definido pelo teor de umidade correspondente à
situação onde existe o mínimo de água livre e o máximo de água de impregnação. Segundo Calil
(1998), esse está em torno de 25% para as madeiras brasileiras. Reduções além desse ponto causam
retração no material e traz a possibilidade de ocorrência de problemas estruturais.
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Umas das vantagens do emprego da madeira como elemento estrutural é a sua resistência contra o
fogo. Embora em um primeiro momento o material orgânico da madeira atue como combustível
em uma peça exposta ao fogo, a sua combustão cria uma camada protetora na superfície da peça,
o que ajuda a manter a sua integridade. Além disso, a madeira não apresenta distorção em situação
de incêndio, o que contribui para que não haja a ruina da estrutura.
Embora a madeira apresente deformação residual após ser solicitada, na maioria das aplicações,
ela pode ser considerada um material elástico ideal.
Como já mencionado, a madeira se comporta como um material ortotrópico, de forma que sua
rigidez varia de acordo com o sentido da solicitação. A NBR7190, por exemplo, define que o
módulo de elasticidade do material no sentido normal às fibras é um vigésimo do no sentido
paralelo às fibras.
Ao receber esforços de compressão, na direção paralela às suas fibras, a madeira apresenta uma
resistência maior quando comparada à direção normal. De acordo com Calil (1998), a resistência
no sentido paralelo às fibras é cerca de quatro vezes maior que no sentido normal.
O cisalhamento nas peças de madeira pode ocorrer basicamente de três maneiras. O primeiro é
verticalmente, com a carga atuando da direção perpendicular, o que normalmente não é levado em
conta, pois a peça tende a apresentar problemas por esforços de compressão. O cisalhamento
horizontal é qual a solicitação ocorre paralelamente às fibras do material e tende a ocorrer o
deslizamento das células da madeira na direção longitudinal. Por último, o cisalhamento do tipo
perpendicular é quando os esforços causam a tendência das células da madeira rolarem uma sobre
as outras.
Outra característica da madeira como material estrutural é a sua resistência ao choque. O material
possui grande capacidade de absorver rapidamente energia pela deformação.
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A madeira laminada colada (MLC) é um produto manufaturado, que consiste na colagem de duas
ou mais laminas de madeira, de modo que suas fibras sejam paralelas ao eixo longitudinal da peça
estrutural sendo produzida. Esse método permite a formação de peças com as mais variadas formas
e dimensões.
Para se produzir peças de MLC com grandes comprimentos, normalmente é necessário executar de
emendas nas lâminas. Tradicionalmente, utiliza-se a emenda dentada, também chamada de
fingerjoint, composta por dentes de aproximadamente 28mm. Essas emendas ao longo do
comprimento das peças de MLC nos permite dizer que suas dimensões passam a ser limitada
apenas pela capacidade dos processos de manufatura e dos sistemas de transporte, o que confere a
MLC uma grande vantagem
Figura 3- Finger-joint.
MIOTTO & DIAS (2009) descrevem o processo de fabricação da MLC através da caracterização
de quatro etapas. Na primeira, as lâminas são submetidas a um processo de secagem, para aliviar
as modificações dimensionais do produto acabado, além de se beneficiar da melhoria nas
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A segunda etapa do processo é a execução das emendas dentadas. Com elas, é possível a criação
de elementos com diferentes comprimentos, superando aqueles disponíveis comercialmente na
madeira serrada.
Posteriormente, é feita disposição das lâminas ao longo da altura das peças, bem como a sua
colagem, o que constitui a terceira etapa do processo. Para tanto, as lâminas devem ser aplainadas
e para garantir que o adesivo seja aplicado em uma limpa e com o mínimo de irregularidades. Após
a colagem, as peças são prensadas até a ação do adesivo, o que pode levar até 24 horas, embora
existam métodos para encurtar esse prazo, como os processos de cura por radiofrequência.
A quarta e última etapa é a finalização das peças. Nela, o excesso de cola que naturalmente escorre
durante a prensagem é removido. Em seguida, são feitos os cortes finais e também são executados
os furos que receberão as ligações. Todos esses processos, bem como a transformação da madeira
em lâminas resultam em um processo cujo custo final supera o da madeira serrada. Contudo, Miotto
& Dias (2009) destacam as seguintes vantagens da MLC em relação à madeira serrada:
Praticamente todas as espécies de madeira podem ser utilizadas na sua produção, bastando
que possuam propriedades físicas necessárias.
A disposição das lâminas pode ser feita alocando as com maior qualidade na região de
maior solicitação, racionalizando o uso da madeira.
Figura 4 – Contribuição de combustíveis fosseis na emissão de carbono e evolução do nível total de gases doe feito
estufa.
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Figura 5 – Influência humana sobre o clima e relação entre a temperatura global e CO2 na atmosfera.
2.2.2 Uma breve análise comparativa dos impactos ambientais de três materiais estruturais:
o Concreto, o Aço e a Madeira.
Com relação ao concreto, a produção de cimento é a maior fonte de use energético e emissões de
CO² correspondentes à sua produção, sendo aproximadamente 50% dessas emissões é relativa à
combustíveis fósseis (Gandini, 2016). Além disso, estão associados à este material outros impactos
ambientais de difícil mensuração decorrentes da produção e do uso dos agregados utilizados para
a constituição do concreto, dentre eles: mudanças no ecossistema e topografia locais onde é
realizada a mineração; as vibrações e a poeira oriundas das detonações programadas semanalmente,
os impactos nas águas terrestres e superficiais, e os impactos derivados do transporte deste material
de alto peso próprio (Asif, 2014). Por ser um material de difícil reciclagem, o concreto e a
argamassa em geral também são responsáveis por grande parte do entulho oriundo da construção
civil e demolição no Brasil.
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O aço, por sua vez, é responsável por aproximadamente 27% das emissões do setor produtivos de
materiais para construção civil. Os processos redução, refino e laminação para a produção de aço
virgem requerem altíssimas quantidades de energia que é principalmente oriunda da queima de
carvão mineral, que também está associada ao seu processo de reciclagem. Assim como o concreto,
o aço está fundamentado em uma indústria mineradora que também é responsável por outros
impactos ambientais desfavoráveis, em aspectos diversos, que não necessariamente estão
diretamente associados ao aquecimento global.
A madeira na construção civil, por sua vez, está atrelada à baixo consumo energético e baixo
impacto ambiental. Alguns estudos indicam que a madeira supera todos os seus competidores no
que se diz respeito à impactos ambientais e performance no quesito sustentabilidade (Skullestad,
2016).
Figura 9 – Relação entre o consumo energético de produção e impacto ambientais de diversos materiais.
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A madeira é recorrentemente vista como um material de emissões neutras, assim como outros
materiais ou combustíveis provenientes de biomassa. Porém, se considerarmos a madeira como
material estrutural, dada a amplitude do mercado da construção civil no mundo e tendo em vista
que a durabilidade das edificações pode tender a ser maior do que o tempo de replantio, com a
gradual substituição de outros materiais estruturais pela madeira, é possível que a madeira implique
em uma pegada negativa de carbono na atmosfera até que o crescimento relativo do uso desse
material como estrutura se estabilize (Gandini, 2016).
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É preciso também estar atento à estabilidade global na estrutura. Assim como em estruturas de aço,
as ligações na madeira são de modo geral articuladas, o que exige o correto travamento da estrutura
e a adoção das hipóteses adequadas durante a análise estrutural.
O dimensionamento de perfis de madeira está fundamentado dos critérios do método dos Estados
Limites. Uma estrutura alcança um estado limite quando ela deixa de atender algum critério de
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As propriedades de resistência, que indicam as máximas tensões resistidas pelo material, são as
que possuem um maior número de parâmetros a serem definidos. Segundo a NBR, no mínimo três
devem ser conhecidos: resistência à compressão paralela, à tração paralela e ao cisalhamento
perpendicular às fibras. Em se tratando da madeira laminada colada, outros três parâmetros devem
ser estudados: resistência ao cisalhamento na lâmina de cola, à tração na lâmina de cola e das
emendas dentadas.
As mesmas propriedades abordadas pela norma brasileira são também pelo Eurocode. Embora o
EC5 não englobe os procedimentos para quantificação dos valores das propriedades, é feita
referência à outra norma europeia (BS EN 338:2003), que define os valores das propriedades das
madeiras, agrupando-as em classes e explicando o como enquadrar cada espécie dentro de uma
classe.
A norma americana não especifica detalhes sobre a determinação das propriedades da madeira,
porém determina as condições de referência para os ensaios a serem realizados na determinação
dos dados característicos (ASCE16-95 Seção 2.5). Porém, a norma descreve as propriedades
mecânicas relevantes no decorrer do texto, deixando evidente as verificações à tração, compressão,
cisalhamento e outros esforços solicitantes.
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Equação 1
Na norma americana é utilizado um fator de resistência Φ, cujo valor, assim como na norma
brasileira, varia de acordo com o tipo de carregamento estudado. A redução da resistência é menor
nos casos em que ocorre compressão e maior naqueles onde há cisalhamento ou torção (ASCE16-
95 Seção 1.4.3 e Tabela 1.4-1).
relativa ao local onde será implantada a estrutura, considerada através da “Classe de Umidade” ou
“Service Class”.
De forma análoga, para norma europeia o coeficiente também é nomeado Kmod e encontra-se
determinado por uma tabela (EC5 Seção 3.1.3) que relaciona “Material”, “Service class” e “Load-
Duration class”.
A norma americana também determina um fator de efeito do tempo com proposta igual às das
outras normas, porém ela é definida para considerar apenas este fenômeno, sendo as condições
ambientais e de material destinadas a outros fatores a serem adicionados de acordo com cada
situação apontada pela norma (ASCE95-16 Seção 1.4.3 e 2.6). A sua escolha também difere por
não apresentar classes de carregamentos, mas sim definir um fator para cada combinação de ações
estruturais que ela determina.
Esse coeficiente deve ser considerado nas deformações de longo prazo da estrutura através de
minoração dos valores médios do módulo de elasticidade paralelo à fibra (Emean), do Módulo de
Elasticidade transversal à fibra (Gmean) e do Módulo de Escorregamento da conector metálico (Slip
Modulus, Kser) conforme as equações abaixo:
Equação 2
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A norma brasileira determina que o Kmod seja multiplicado ao módulo de elasticidade característico
para obtenção de um módulo de elasticidade efetivo, o qual deve ser utilizado para avaliação de
cargas de longa duração (NBR7190 Seção 6.4.9). Já a norma americana não entra em detalhes
sobre o assunto de deformações, deixando isso a cargo de anexos estaduais.
As normas brasileira e europeia se assemelham muito neste quesito. Para o ELU são definidas duas
classes de combinação: fundamentais e acidentais. Embora a europeia também cite combinações
para cargas de terremoto, não se trata de uma combinação relevante ao caso brasileiro. (NBR7190
Seção 5.7, EC0 Seção 6.4).
Combinação Fundamental
A norma americana trabalha sobre os mesmos princípios, com a diferença que ao invés de
introduzir parâmetros como a brasileira e europeia ela estabelece uma série de combinações
considerando cargas permanentes, de vento, neve, terremotos, entre outros, sendo necessário a
avaliação de um total de 7 ou mais combinações diferentes (ASCE16-95 Seção 1.3). Observa-se
que neste quesito a norma americana fornece menos margem de interpretação do que as outras, por
definir mais claramente os tipos de ações envolvidas.
Em todas as normas a resistência à tração é definida por uma equação genérica do tipo:
Equação 3
A tração perpendicular à fibra deve ser evitada no projeto de estruturas de madeira pelo fato de o
material ter pouca resistência à esta solicitação dado ao eventual descolamento das fibras. Para
calcular seu efeito, de forma análoga à tração paralela, teremos:
Equação 4
Este caso de solicitação está relacionado majoritariamente à conexões, dado que o posicionamento
e a solicitação gerada por conectores metálicos podem gerar esforços de tração perpendicular à
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fibra, porém esta análise não está incluída na verificação do ELU das seções, e sim nas verificações
específicas aos conectores, que serão abordadas posteriormente neste trabalho.
A resistência à compressão a priori é igual à de tração, por ser um esforço solicitante normal.
Porém, elementos à compressão estão sujeito a perda de estabilidade por flambagem, o que pode
acarretar em acréscimo de tensão. O efeito de flambagem está diretamente relacionado à rigidez da
seção transversal assim como o comprimento livre do elemento.
(NBR7190 Seção 7.5), enquanto nas normas europeia e americana o coeficiente é dado pelas
condições de suporte do elemento, que podem ser maiores ou menores que 1 (EC5 Seção 6.1.4,
ASCE16-95 Seção 4).
Na norma europeia, por sua vez, apresenta um método de verificação da a resistência à compressão
perpendicular à fibra através da determinação de uma área efetiva sobre a qual os esforços desta
tensão serão distribuídos (EC5 Seção 6.1.5)
Equação 5
Esta área efetiva é apresentada em função da área de aplicação direta da tensão de compressão
relacionada às propriedades geométricas do membro comprimido, e majora a resistência à
compressão perpendicular através de uma relação entre a geometria dessas solicitações e do
posicionamento dos apoios da peça comprimida. As normas brasileira e americanas aponta relação
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Em condições de flexão nas vigas, as normas estabelecem a resistência a partir da combinação das
ações de momento fletor nos dois eixos da seção transversal (NBR7190 Seção 7.3.4, EC5 Seção
6.1.6, ASCE16-95 Seção 5) devendo obedecer a inequação a seguir, com o eixo x sendo do sentido
longitudinal da viga
Equação 6
Porém, vigas esbeltas e altas são sujeitas à efeitos de instabilidade lateral, podendo torcer em torno
do eixo. Para tal as normas definem procedimentos semelhantes ao caso de compressão, porém
com formulações específicas a este fenômeno e em relação ao comprimento livre de flexão, que é
determinado pela contenção lateral ao eixo perpendicular à altura.
Ao avaliar a flexão e esforços normais atuando juntos, se adiciona ao termo da inequação a razão
entre a tensão solicitante normal e a tensão de resistência (NBR7190 Seção 7.3.6 e 7.5, EC5 Seção
6.3, ASCE16-95 Seção 6). Porém no caso específico de flexo-compressão, as normas europeia e
americana determinam o uso de análise não-linear ou de métodos aproximados que considerem os
efeitos de segunda ordem da combinação dessas ações, decorrente da perda de estabilidade por
compressão. A norma americana é a única que especifica uma metodologia aproximada para
determinação dos esforços sob condições de segunda ordem, conhecida no Brasil pelo método B1
e B2, semelhante ao recomendado na norma brasileira de estruturas metálicas (NBR8800:2008).
Neste trabalho, utilizou-se um método aproximado alternativo de avaliação de segunda ordem
presente no programa de elementos finitos Karamba 3D.
Cisalhamento
Em todas as normas a avaliação das seções sob esforços cisalhantes ocorre de forma análoga
a:
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Equação 7
A norma europeia (EC5 Seção 6.1.7), de forma mais específica, aponta que em geral a resistência
ao cisalhamento rolante é aproximadamente duas vezes a resistência ao cisalhamento perpendicular
à fibra, e também aponta que para membros sujeitos à flexão e cisalhamento é necessário considerar
A norma americana trabalha com o mesmo princípio, mas traz considerações específicas para casos
de seções retangulares, vigas chanfradas e em região de nós e conexões (ASCE16-95 Seção 5.4).
Torção
De acordo com a norma brasileira (NBR7190 Seção 7.4.4), recomenda-se evitar a torção de
equilíbrio em peças de madeira, em virtude do risco de ruptura por tração perpendicular às fibras
decorrente do estado múltiplo de tensões atuante. No caso de esta ser inevitável, a norma brasileira
aponta para a relação entre torção e resistência ao cisalhamento na presença de tensões tangenciais
paralelas às fibras:
Equação 8
A norma europeia aponta relação semelhante, porém agrega à relação um fator responsável por
majorar a resistência ao cisalhamento (kshaoe) a depender da configuração geométrica da seção
analisada (EC5 Seção 6.1.8).
Equação 9
A norma americana apenas especifica a verificação para o caso de vigas retangulares (ASCE16-95
Seção 5.5).
Sob este aspecto a norma brasileira apenas indica dentro do coeficiente kmod3 uma redução na
resistência da madeira decorrente do raio de curvatura de uma viga curva.
Já as normas europeia e americana possuem seções específicas sobre a MLC onde, além de
especificarem coeficientes de redução em vigas curvas, também especificam efeitos de ganho de
resistência decorrentes do aumento do volume de peças coladas e procedimentos para avaliação do
comportamento de vigas chanfradas e arcos (EC5 Seções 3.3 e 6.4, ASCE16-95 Anexo A2 e Seção
2.6).
Combinação Característica
Combinação Frequente
Combinação Quasi-Permanente
levando em consideração a probabilidade das ações variáveis se manterem durante a vida útil da
estrutura. Porém, caso se trate novamente de elementos sensíveis, utiliza-se para esse fim a
combinação frequente.
Deformações
Tanto a norma brasileira quanto a europeia determinam valores limite de deslocamento, que são
uma função do comprimento do vão ou do balanço da viga sendo analisada. Nos casos em que uma
viga está em balanço, existe uma tolerância maior para os deslocamentos.
O Eurocode, por outro lado, determina limites para três valores de deslocamento: flecha
instantânea, flecha total em relação a configuração indeformada, e flecha total, contando contra-
flecha aplicada.
Vibrações
A norma brasileira é bastante simplista nas considerações relativas às vibrações, trazendo restrições
de caráter mais qualitativo (EC5 Seção 9.3). A única restrição quantitativa que a norma traz é para
as análises em estruturas, onde pessoas caminharão regularmente, determinando a frequência de
vibração natural mínima que a estrutura deve ter.
Já a norma europeia traz mais detalhes neste tópico. Além das considerações que a norma brasileira
trás, o Eurocode, nos casos onde o valor mínimo de frequência natural de vibração seja atendido,
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também requer que seja verificado o valor da razão entre o deslocamento máximo durante a
vibração e a forma estática aplicada e o valor da velocidade de vibração (EC5 Seção 7.3).
Buscando verificações a favor da segurança, a norma europeia determina que o estudo seja feito
considerando que não há carregamentos no piso, que não seu peso próprio, ou outros carregamentos
permanentes.
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Como para ligações a literatura de cálculo também é muito vasta, dado que há muitas variabilidades
e condições de contorno possíveis, optou-se por explorar a fundo apenas a norma europeia, que
demonstrou ter abordagem semelhante à brasileira - porém de forma mais aprofundada - e também
por ter sido escolhida como referência para execução do programa de cálculo como um todo,
produto deste trabalho.
Para o dimensionamento de ligações de madeira deve-se considerar os diversos modos de falha que
podem ocorrer na interface madeira-conector-madeira. Em geral são consideradas as possibilidades
de cisalhamento na madeira e flexão do conector, sendo o caso de projeto o menor valor de
resistência. Outros aspectos incluem a direção da força aplicada com a direção paralela às fibras da
madeira pois, como já mostrado, a madeira possui propriedades anisotrópicas onde a sua resistência
varia de acordo com a orientação da solicitação.
A primeira análise corresponde à uma conexão de cisalhamento simples com uma cavilha de
rigidez suficiente, nota-se a rotação da cavilha dentro dos perfis de madeira, plastificação da
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madeira e não da cavilha. A segunda análise apresenta uma cavilha que não é suficientemente
rígida, apresentando então plastificação anteriormente à madeira, ocorrendo plastificação da
madeira apenas no ponto de rotação da cavilha. A terceira análise demonstra flexão central da
cavilha sob duplo cisalhamento, associada a rotação rígida da cavilha nos perfis laterais - que por
sua menor dimensão não apresentam rigidez suficiente para plastificá-la. E a quarta, por fim,
apresenta a dupla plastificação da cavilha sob influência de perfis laterais mais grossos. São
apresentadas também análises do embutimento puro da madeira central e lateral sob cisalhamento
duplo.
Figura 14 – Força de embutimento de um conector genérico, solicitado a um ângulo em relação a direção da fibra
(Porteous et al, 2007).
Devido à complexa natureza celular da madeira, pelo fato de não ser um material isotrópico como
o aço, a resistência ao embutimento da peça não é uma propriedade puramente material, pois
depende de diversos fatores como a distribuição geométrica dos conectores e o ângulo de
solicitação com relação à fibra. A seguir serão descritos os fundamentos para o cálculo da
resistência de embutimento para cada tipo de ligação segundo o Eurocode 5.
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Pregos (diâmetro menor que 8mm) e parafusos (diâmetro menor que 6mm):
Neste caso, a resistência de embutimento a ser considerada irá variar de acordo com o diâmetro do
conector sendo utilizado, da madeira utilizada e se serão utilizados pré-furos. De maneira geral, o
valor será diretamente proporcional à densidade característica da madeira e inversamente ao
diâmetro do conector.
Barras roscadas, pregos (diâmetro maior que 8mm) e parafusos (diâmetro maior que
6mm):
Já nesta situação, o valor da resistência de embutimento além dos parâmetros citados acima,
também dependerá do ângulo em relação às fibras da madeira sob o qual as conexões serão
carregadas. A resistência de embutimento terá maior módulo nos casos em que a direção da força
aplicada às conexões for paralela às fibras da madeira e menor quando o esforço for perpendicular
à estas.
O seu valor depende do tipo de conector utilizado, do tensão de sua ruptura e de seu diâmetro,
sendo diretamente proporcional a estes dois últimos parâmetros.
2.4.1.3 “Rope-efect”
Rope effect é o nome dado à combinação de forças de atrito e de arranque em uma ligação. No
EC5, a contribuição deste efeito é reduzido ao termo Fax, Rk/4, onde Fax, Rk é a capacidade de
resistência ao arrancamento característica que um conector possui em uma dada ligação.
Para compreender este efeito, consideremos uma uma ligação entre duas peças de madeira
conectadas por um prego, conforme a figura 15. Supondo que sob a ação de força lateral, o prego
entre em plastificação dentro das peças, permitindo que haja um rotação 𝛳. Nessa situação o
conector será submetido à uma força de tração, Nd, que possuirá uma componente vertical e uma
horizontal. Na condição de falha, Nd será a capacidade de resistência ao arrancamento do conector
e sua componente horizontal Nd sen 𝛳 tem, no EC5, o valor Fax, Rk/4.
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Pelo fato de os conectores estarem alinhados à fibra e serem solicitados também paralelamente à
fibra, a capacidade de resistência desta linha de conectores deve ser considerada como
; sendo N ef uma função de pré definida particularmente para o caso
específico de pregos, parafusos e barras roscadas (EC5, equações 8.17, 8.34). Vale considerar que,
para uma solicitação paralela à fibra, o efeito deste fenômeno deve ser considerado separadamente
para cada linha, somando-se os respectivos números efetivos de conectores por linha para obter-se
o N ef total da conexão, dado que uma linha não exerce influência sobre a outra.
Deste modo, para proceder com o dimensionamento de uma conexão, é necessário considerar a
projeção paralela e perpendicular da força atuante nos conectores, sendo que sobre a força paralela,
especificamente, se houverem linhas de conectores paralelos à fibra, é devido considerar a
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respectiva minoração de sua resistência, enquanto para a projeção perpendicular da força solicitante
não é necessário realizar minoração alguma.
Para pregos a capacidade de transmitir força axial só existe caso ele seja rosqueado e a resistência
axial é definida pelo valor mínimo entre a resistência de arrancamento da madeira penetrada e
resistência de penetração da cabeça, em função do diâmetro do prego , a penetração no membro
do lado da ponta , espessura do membro do lado da cabeça e o diâmetro da cabeça do parafuso
e a densidade característica.
Para barras roscadas a norma não recomenda seu uso para esforços axiais de tração, e determina
a resistência axial a compressão a partir de 3 vezes a resistência à compressão perpendicular a fibra
da madeira, sob a área da arruela da porca. No caso de ligações com chapas de aço, a resistência a
compressão é dada pela resistência da chapa limitada a valores de espessura da chapa e diâmetro
da barra.
Em parafusos a força axial deve ser determinada pela possibilidade de falha tanto no arrancamento
do corpo e cabeça do parafuso, quanto na sua resistência à tração e a flambagem sob compressão.
A norma estabelece equações empíricas para determinação da resistência a penetração da cabeça e
ao arrancamento do corpo em função da densidade da madeira, diâmetro e penetração do parafuso,
e é interessante notar que conforme maior o ângulo de inclinação do parafuso em relação a direção
paralela a fibra maior a resistência axial, o que leva a norma a recomendar inclinações entre 30º e
60º. Tal propriedade também permite ligações de cisalhamento sob atuação de esforço axial nos
parafusos, como no caso de uma conexão pilar-viga.
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Figura 16 – Imagens tratadas para visualização da ruptura frágil (Think Up, Materials Lab Online: Timber Failure
Mechanisms, 2015 )
A definição dos espaçamentos para cada tipo de conector - pregos, parafusos ou barras roscadas -
é variável conforme o tipo de conector, o ângulo da solicitação aplicada pelo conector em relação
à fibra, e o diâmetro do conector. Nota-se que o espaçamento independe do valor do esforço
transmitido pelos conectores, este valor é apenas implicante na definição do número de conectores
através da verificação dúctil explicitada anteriormente.
Figura 17 - Palazzo dello Spoto, Pieri Nervi e Multihaeim Hall, Frei Otto.
Figura 18 - Processo paramétrico para projeto executivo do Morpheus Hotel, Zaha Hadid Architects.
Figura 19 - Componentes do Grasshopper e variabilidades de formas ao se alterar parâmetros (Souza, Pauletti, 2016)
Figura 20 - Interface geral do Grasshopper. Componentes se conectam para gerar desenhos atrelados a parâmetros.
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A madeira se encontra como um ótimo material para construção de projetos paramétricos, por sua
fácil maleabilidade em processos industriais e pela necessidade de ligações personalizadas a
depender do projeto. Como a fabricação dentro de projetos paramétricos muitas vezes depende do
uso de máquinas CNC, a facilidade e o baixo custo energético de se usinar a madeira permite um
grande processo criativo dentro da concepção de estruturas paramétricas, como é o caso das obras
do arquiteto Shigeru Ban e de experimentos do ICD (Institute for Computational Design) da
Universidade de Stuttgart.
3. Desenvolvimento
Baseados nos procedimentos da norma Eurocode 5, construiu-se uma série de extensões para
Grasshopper, que recebem os esforços solicitantes e informações geométricas das seções de uma
dada estrutura, e respondem a relação entre destes esforços solicitantes e os esforços resistentes.
Seguindo a tradição da nomenclatura do reino animal nas extensões realizadas em Grasshopper,
ela foi nomeada de Beaver (Castor), em homenagem à habilidade natural deste animal em lidar
com a madeira.
A programação de extensões dentro do Grasshopper pode ser feita em linguagem C#, a partir de
um template fornecido pelos desenvolvedores. Cada componente é definido por uma classe, que
possui 6 métodos: O primeiro é a definição do componente em si, caracterizando nome e descrição.
A seguir aparecem dois métodos para as entradas e saídas dos componentes, onde são determinados
o tipo dos parâmetros (número, caractere, objeto geométrico, entre outros) e seus nomes e
descrição. O quarto método refere-se ao solver, que executa as ações sobre a entrada e responde os
parâmetros de saída. Por fim, temos 2 métodos de classificação do componente, sendo o primeiro
para determinar a imagem de ícone do componente e o último seu endereço virtual.
Ao longo deste trabalho, foi criada uma série de componentes, sendo seis destes voltados à
verificação de perfis de madeira e sete à verificação de ligações. Alguns destes, possuem embutidas
neles opções para a definição do material utilizado, cujas propriedades mecânicas são puxadas de
um arquivo com formato .csv.
A seguir, será feito o detalhamento de cada um dos componentes, dividindo-os em dois grupos:
verificação de perfis e verificação de ligações.
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Tração
Neste componente foi decidido embutir em uma só formulação à avaliação de compressão e flexão
simples considerando instabilidade local tanto por flambagem à compressão quanto flambagem
lateral à torção. As equações 6.23 e 6.24 (EC5) atrelam as equações 6.2, 6.11 e 6.12 (EC5) em uma
única formulação e incluem considerações de instabilidade. A rotina de cálculo do componente
segue o fluxograma da figura 29 a seguir.
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Nos parâmetros de entrada, Nd é a força normal de compressão, Myd a flexão no eixo principal da
viga, Mzd a flexão no eixo secundário da viga, h a altura, b a base, l o comprimento de flambagem
para o esforço dominante, kflam a relação entre lef/l, Kmod o coeficiente de modificação. A condição
para a esbeltez relativa à flexão (λrel,m < 0.75) vem da recomendação feita por Porteous (2007).
Este componente retorna três valores. DIVy é a razão entre a momento solicitante e o resistente no
eixo principal da viga e DIVx no eixo secundário e lamm é a esbeltez à flexão das vigas.
Cortante
Aqui, utiliza-se a equação 6.13 e 6.13 do Eurocode 5 para verificar o comportamento do perfil à
força cortante, onde V é a solicitação à cortante, h a altura do perfil, b a base, Kmod o coeficiente de
modificação e DIV a razão entre a solicitação cortante e a resistência do perfil.
42
Deste modo, Fcad é a força resultante de compressão perpendicular à fibra, acomp é o seu ângulo de
aplicação (sendo considerado de 0 a 90 graus apenas para casos de chanfros na peça comprimida
perpendicularmente. No caso de apoios angulares sem chanfro considera-se acomp = 90 e a projeção
perpendicular de Fcad apenas). LFcad é o comprimento paralelo à fibra de aplicação de Fcad.
Para avaliação de perfis curvados sob flexo-compressão, este componente repete o procedimento
da flexo-compressão generalizada (3.1.1.3), porém incluindo o coeficiente de minoração relativo à
questão da curvatura da viga, conforme equação 6.49 (EC5). Os parâmetros adicionais nesta
verificação são a curvatura máxima da viga (rin) e a espessura da lâmina da viga (t).
Flexo-compressão para vigas chanfradas
Para o caso de vigas chanfradas, é realizado o procedimento descrito pelas equações 6.37 à 6.40
(EC5). Apesar da norma não prever minoração relativa à instabilidade lateral à torção da viga,
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Porteous (2007) recomenda que se aplique o coeficiente kcrit relativo à maior altura da viga, que é
uma simplificação conservadora, mas atende os requisitos relativos à esse fenômeno.
Embora a intenção inicial fosse criar um componente que realizasse as verificações para qualquer
tipo de conector tanto em sistemas madeira-madeira, quanto em madeira-aço, a complexidade dos
cálculos referentes a esse tema propostos pelo Eurocode 5 fez com que se tornasse mais viável criar
componentes específicos para cada conector, em cada sistema.
Para conexões em sistemas madeira-madeira foram criados componentes para três tipos de
conectores: parafusos (figura 34), barras roscadas (figura 35) e pregos (figura 36).
As rotinas de cálculo de todos esses componentes são semelhantes e de maneira geral seguem a
lógica apresentada no fluxograma da figura 37. A partir desta rotina, os componentes retornam os
seguintes dados de saída:
Para conexões em sistemas madeira-aço foram criados componentes para dois tipos de conectores:
parafusos (figura 38) e barras roscadas (figura 39).
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Conector em cisalhamento simples, duplo com elemento central de aço ou duplo com
elemento central de madeira, (St);
Coeficiente de modificação (Kmod);
Espaçamento dos conectores paralelos às fibras do elemento 1 (a1);
Menor espaçamento entre conector e borda (a4)
A lógica da rotina de cálculo dos componentes para sistemas madeira-aço é muito semelhante à
ilustrada na figura 37. A principal diferença nesse caso é que também é necessário verificar a
resistência da(s) placa(s) de aço utilizada(s). A figura 40 ilustra a lógica seguida para este caso.
Após a aplicação das rotinas de cálculo, os parâmetros retornados pelos componentes são os
seguintes:
Falha frágil
O componente voltado para verificação de falha frágil das ligações (figura 41) tem como finalidade
informar os espaçamentos mínimos que devem ser adotados entre os conectores para satisfazer as
condições propostas pelo Eurocode 5.
Figura 41- Componente para cálculos de espaços mínimos para evitar falha frágil.
A partir desses dados, executa-se uma rotina de cálculo, a partir do tipo de conector adotado. Para
prego e parafusos com diâmetro menor ou igual a 6mm, são adotados os espaçamentos segundo a
tabela 8.2 (EC5). Já para barras roscadas ou para parafusos com diâmetro maior que 6mm, os
espaçamentos serão adotados segundo tabela 8.4 (EC5). Deste procedimento obtêm-se os seguintes
parâmetros:
O último componente programado para a verificação de ligações foi para parafusos inclinados
carregados axialmente (figura 42). Neste caso, foram consideradas três possíveis configurações:
parafusos paralelos em sistema madeira-madeira, parafusos cruzados em sistema madeira-madeira
e parafusos paralelos em sistema madeira-aço.
Com os parâmetros acima, o componente realiza uma rotina de cálculo seguindo os procedimentos
descritos no Eurocode 5 (Seção 8.7.2). Com isso, o programa retorna os seguintes parâmetros:
Capacidade de carga dos conectores (FV, Rd);
Razão entre a solicitação e capacidade de carga de projeto (DIV);
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Os estudos de caso apresentados a seguir tiveram como objetivo a validação das extensões
desenvolvidas e a construção de um entendimento maior sobre os fundamentos de projeto e o
comportamento de estruturas de madeira através do estudo de obras relevantes, realizadas pelos
escritórios de projeto em madeira mais renomados no Brasil.
As propriedades das madeiras foram obtidas pelas empresas fabricantes no caso da Madeira
Laminada Colada, sendo a da ITA Construtora feita de eucalipto e a da CROSSLAM de pinus.
Madeiras serradas em algumas análises tiveram propriedades recolhidas do catálogo do Instituto
de Pesquisas Tecnológicas (IPT).
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A residência, localizada na Praia Vermelha do Sul (Ubatuba, São Paulo), foi escolhida como
Estudo de Caso por alguns motivos interessantes. Conformada por uma estrutura totalmente em
madeira (laje de piso, forro e cobertura), a casa está elevada da cota de chegada do terreno e apoiada
em apenas seis pilares. Como nos relatou o engenheiro responsável, Hélio Olga, durante a
concepção da estrutura, juntamente com o escritório Nitsche Arquitetos, haviam inicialmente 5
pilares principais na elevação frontal, conforme os desenhos abaixo. Hélio sugeriu a retirada dos
pilares laterais por motivos majorar a proteção da estrutura contra a água da chuva, fator importante
no litoral paulista. Isso fez com que o pilar central também fosse convenientemente retirado da
estrutura, resultando em uma elevação frontal de dois pilares, com grandes balanços, que são
característica principal do projeto.
As vigas principais da laje de piso são contínuas (13.75 metros) e bi-apoiadas com duplo balanço
igual à metade do vão central para cada lado, sendo então a distância entre os eixos dos apoios de
6.80 metros e o duplo balanço de 3.40 metros.
Isso é interessante para, além da verificação de ELU para a estrutura como um todo, para duas
interessantes análises de ELS, as quais foram os motivos principais da escolha desse projeto como
estudo: a análise das deformadas das vigas principais, no meio do vão e no balanço, cujas contra-
flechas adotadas em projeto original são de 2,5cm no meio e na ponta dos balanços; e também para
análise da vibração nos balanços, que são passíveis de modos de vibração maiores do que as vigas
simplesmente bi-apoiadas, mais comumente encontradas para projetos deste tipo.
Os travamentos da casa foram em parte resolvidos com o uso de “X”s em aço, em parte com o uso
de ligações que impedem as rotações nos eixos desejados, explicitadas abaixo:
Este estudo de caso é interessante pois, por motivos de economia de madeira, ele foi
dimensionado com 16 elementos tipo de seção diferente. Na próxima página, encontramos a tabela
final dos dimensionamentos em relação ao ELU e ELS do modelo. Cada classe de elementos está
indicada na primeira coluna da tabela, a qual está sendo dimensionada segundo o elemento crítico.
Nas segunda e terceira coluna encontram-se as suas dimensões de base e altura, conforme foram
especificados em projeto. Optamos por avaliar as seções projetadas e verificar o comportamento
do modelo.
Na terceira coluna temos a flecha diferencial máxima de cada classe, e na quarta coluna a sua
relação com o comprimento das peças, que deve ser maior do que 200 pela norma. Nota-se que nos
elementos mais solicitados, a viga principal central (VPRINC) e a viga principal lateral (VPRINL)
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as peças não passariam no ELS de deformação sem contra-flecha. Lembramos que a contra-flecha
foi adotada pelo projetista em ambos os casos.
Dentre as vibrações que apresentaram valores acima de 4Hz, pode-se perceber pelas imagens
apresentadas que todas elas apresentam vibrações da cobertura, que não é crítica para o uso por
não ser acessível. O primeiro modo de vibração que afetou as vigas do piso foi o modo 8,
explicitado na imagem acima, apresentando frequência de vibração de 6Hz, que consideramos
ótima, dadas as proporções do vão e dos balanços. Portanto, é notável que o dimensionamento está
adequado para o ELU e ELS, como esperado.
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Em relação à contra-flecha, o projetista Hélio Olga relatou o uso de contra flechas de 2.5cm nos
balanços e no meio do vão das vigas principais. Abaixo, podemos verificar que a deformada na
ponta dos balanços é crítica, considerando uma carga atuante em todo o piso simultaneamente
(como indica o Eurocode 1 de ELS para flecha imediata). O resultado indica que o efeito das cargas
distribuídas sobre os balanços tende a anular a deformada do meio do vão, e nota-se uma pequena
diferença entre os dois lados, que é resultado principalmente da presença das cargas da cozinha no
lado que apresenta maior deformada.
Segundo o Eurocode 1, para a definição da deformada de longo prazo, através do Kdef majoramos
os deslocamentos referentes à combinação de cargas de G + φ2*Q (φ2 = 0.3 para residências).
Essa simplificação pode ser adotada pois a estrutura toda é composta de um material de mesmo
modo de elasticidade (foi adotada service class = 1). O resultando final obtido, portanto, indica
uma deformada imediata de 1.7cm nos balanços e uma deformada de longo prazo equivalente à
2.4cm nos balanços. Abaixo encontram-se os resultados obtidos e uma solução geométrica que
consideramos adequada para a execução dessas contra-flechas nas vigas principais.
60
A Casa Grelha, residência localizada na Serra da Mantiqueira, foi concebida através do trabalho
conjunto dos escritórios FGMF Arquitetos e YCON Engenharia.
A estrutura modular, cuja projeção ocupa pouco mais de 2000 m², se mostrou um estudo de caso
muito interessante. Apesar de simples, a estrutura conta com a interação de diversos elementos, o
que aumenta a complexidade de sua análise. Além disso, existe a interação de diferentes materiais
(madeira, aço e concreto), o que representa um maior desafio durante a modelagem do problema.
Um dos fatores que norteou a concepção do projeto foi a alta umidade na região, o que sugeriu uma
casa elevada em relação ao solo. Dessa forma, a estrutura modular tem suas cargas transferidas à
fundação através de pilares de concreto, que possuem diferentes alturas, possibilitando a
construção térrea, apesar do terreno acidentado.
Cada módulo da residência é composto por sistema viga-pilar, com pé-direito de 3 m e largura de
5,5 m. Em sua maioria, o sistema é composto por peças de madeira. Por outro lado, a fim de evitar
um número excessivo de pilares e ao mesmo tempo ampliar o espaço para utilização do subsolo,
optou-se pela execução de vigas-vagão em aço corten, formando um vão de 11m. Essas vigas
metálicas trabalham com auxílio de um sistema composto por tubo e tirantes de aço, conforme o
diagrama da figura 47.
61
Apesar do nome da construção, o sistema não trabalha como uma grelha estrutural. As ligações
entre os pilares e as vigas não permitem que as últimas se movimentem em relação às primeiras ao
longo do plano horizontal. Contudo, ainda existe a possibilidade de rotação no plano vertical, o que
caracteriza uma ligação do tipo rotulada.
Nas áreas internas da residência, os vãos dos módulos, são preenchidos por uma pré-laje de
concreto com 14 cm de espessura, que se apoiam em apenas uma direção do vão. Essas áreas são
conectadas por decks de madeira, que se apoiam todos na mesma direção, conforme é possível
notar da planta da figura 42 abaixo. As setas indicadas sobre as lajes indicam a direção nas quais
elas se apoiam.
A cobertura do apartamento, onde ficam as áreas comuns da residência, é circundada por espelhos
d’água e recebe um jardim que repousa sobre uma pré-laje de 15 cm de espessura, que por sua vez
se apoia no topo das vigas de madeira. A combinação das cargas das lajes e do solo sobre elas
possui um alto valor, cerca de 9,5 kN/m², e representaram um desafio durante a análise estrutural
do projeto. A figura 43 contém a planta da cobertura.
62
Considerações e hipóteses:
As ligações entre viga e pilar constituem rótulas, permitindo a rotação no plano vertical.
O travamento horizontal da estrutura se da por meio da conexão com os muros de arrimo
nas laterais.
Apesar de não ter sido o material utilizado na obra, a modelagem foi feita considerando a
utilização de madeira laminada colada de eucalipto, tendo, portanto, um coeficiente de
redução γM igual à 1,25.
Os elementos estruturais não possuem rigidez à torção ou à tração perpendicular às fibras.
A figura 48 apresenta os resultados obtidos após a análise do modelo proposto. Aqui, vale
destacar que apenas os elementos de madeira presentes na estrutura foram verificados. Como
65
é possivel ver na tabela, todas a verificações de estado limite de utilização passaram com
folga.
Como de se esperar, os elementos de madeira mais solicitados na estrutura são as vigas que
recebem as lajes de cobertura, que combinada com a carga do solo sobre ela, gera grandes
esforços na estrutura. O momento fletor máximo obtido na análise foi de 195 kN.m, o que,
combinado com um esforço de compressçao de aproximadamente 1.6 kN, faz com que o
elemento mais solicitado trabalhe com 75% de sua capacidade.
O mair preocupante no estudo é o valor dos descamentos que foram obtidos. No caso das
vigas de cobertura, o valor dos deslocamentos chegou 5,13 cm e para as vigas flutuantes no
66
andar térreo chegou a 4,42 cm. Na figura 49, é possivel observar mais de perto a região onde
estão presentes os elementos com maior deslocamento. Não por acaso, a de cobertura e a viga
flutuante com maior descolamento estão posicionadas uma acima da outra. O pilar na qual a
viga de cobertura se apoia e a viga flutuante transmitem suas cargas para uma das vigas-
vagão, bem no meio de seu vão, o que explica a grande deformação. Na obra, as vigas-vagão
foram instaladas com contra-flecha de 40mm, o que reduz esse deslocamento e permite que a
obra atenda aos requesitos de estado último de serviço.
Localizada na Praia do Félix em Ubatuba-SP, a residência possui uma separação entre espaços
sociais, acima, e de serviços, abaixo. É uma das residências mais procuradas para aluguel de
viagem.
O sistema estrutural é de pilar e viga, com lajes realizadas com barrotes espaçados e cobertos com
uma placa de compensado. Os pilares variam de altura para se acomodarem ao terreno acidentado,
e no pavimento superior a estrutura se apoia no solo da encosta. A estrutura é feita com diferentes
tipos de madeira, sendo a viga curva produzida em MLC de Pinus, e o restante da estrutura em
Cumaru.
Para avaliar e comparar o comportamento do MLC feito com material de menor resistência do que
o material em madeira serrada, foram realizadas duas análises: uma considerando a estrutura inteira
de MLC de Pinus e outra considerando toda a estrutura em Cumaru, uma madeira nativa.
Comparando os resultados das duas análises, a menor rigidez e resistência mecânica do MLC de Pinus
traz problemas ao atendimento do ELU e ELS da estrutura. Porém o uso maior de volume de madeira
pelo laminado colado pode trazer vantagens econômicas em relação a madeira nativa, considerando o
menor custo e crescimento mais rápido do Pinus. Tal análise será mais aprofundada para o próximo
semestre.
A estrutura original, em Cumaru, atende todos os requisitos de projeto para o Eurocode 5. O ELS
apareceu como o maior problema entre as vigas no quesito da deformação, mas apresentou um ótimo
comportamento em relação à vibrações, apresentando a frequência natural mínima de 1.36Hz e não
apresentando nenhuma vibração vertical em uma busca dos 15 primeiros modos, o último tendo
frequência natural de 9.39Hz
As cargas de vento foram determinadas a partir dos procedimentos da NBR 6123, com a inclusão
do efeito de telhado sem vedação da Eurocode 1-4 (Seção 7.3), que considera a possibilidade de
obstrução do vento no interior do telhado, efeito que ocorre no Haras pela presença da arquibancada
no pavilhão.
Foi considerada a condição mais crítica, que é o caso de vento em direção ao maior vão da estrutura,
pela presença de sobrepressão na região com pilar secundário e sucção no maior balanço, podendo
aumentar significativamente o momento fletor pela sucção apresentar carregamento desfavorável
em relação às cargas permanentes e acidentais.
72
As seções transversais foram definidas a partir da subdivisão dos elementos, cada um com uma
altura média relativa as equações abaixo. Assim, parametriza-se as vigas chanfradas com base em
suas alturas inicial e final, variando conforme as expressões em relação ao ponto médio do
elemento.
73
O memorial de cálculo demonstra coerência à resposta estrutural para o sistema estudado, atuando
completamente como dois balanços opostos, com momento positivo em todas seções das vigas.
Para cálculo do ELS foram previstos apenas carregamentos permanentes no cálculo de deformação
à longo prazo, enquanto o ELU foi testado para o caso de carga permanente e acidental e outro com
a adição da carga de vento, de curta duração. Em todos os casos os estados limites são respeitados,
com a observação de aplicação de contra-flecha no balanço.
74
A partir do estudo bidimensional, foi modelado um modelo tridimensional buscando uma análise
global da estrutura. Visando sofisticar os cálculos, os elementos principais e secundários foram
modelados separadamente, sendo conectados por elementos rígidos. Tal modelagem permite uma
melhor definição da rigidez ao longo do perfil, respeitando a variabilidade de ambas as vigas.
75
Figura 50 – Esquema da ligação entre as vigas primárias e secundárias, com as terças se apoiando sobre elas.
Como esperado, a análise tridimensional com considerações mais realistas da estrutura trouxe uma
flecha maior ao balanço, visto que a seção atua com menor rigidez que no caso bidimensional, onde
a seção é cheia em toda a largura. A análise também resultou em resultados favoráveis para o ELU
e ELS. A contribuição da sequência de vigas também mostrou uma variação no deslocamento
máximo ao longo do eixo de maior dimensão, e com a definição separada de elementos primários
e secundários de viga o diagrama de momentos sofre um “salto” de um elemento para o outro. O
momento máximo na análise bidimensional apresenta um valor muito superior, mas isso é devido
ao fato da análise considerar as seções atuando juntas, ao contrário da análise 3D.
Em relação às vibrações da estrutura, foi identificado um modo de vibração com frequência menor
a 1Hz, o que levaria a necessidade de uma avaliação à resposta dinâmica no vento à estrutura (NBR
6123). Tal modo é referente a uma oscilação horizontal de torção na estrutura, mas pela análise
dinâmica envolver um estudo bem complexo à este trabalho, tal assunto não será aprofundado.
Também foram identificados modos harmônicos ocorrendo no maior vão da estrutura, a partir da
frequência de 3.88Hz (3º Modo).
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O pergolado HMF foi escolhido como estudo de caso por ser uma estrutura de concepção simples
que apresenta um problema especial. Formado por um grid de 0.68m x 0.68m, o pergolado tem
extensão de 13,62m x 5,36m, apoiando-se em apenas 3 pilares posicionados de forma irregular.
Considerando que as principais cargas atuantes no pergolado são permanentes e de peso próprio
da estrutura, o projetista, Hélio Olga, optou por otimizar a seção das vigas através da variação da
suas alturas, de modo a evitar pesos desnecessários e aumentar a eficiência da estrutura como um
todo. Abaixo podemos verificar a escala e configuração do projeto final em planta e em elevação
latera, assim como a ligação entre vigas e pilares adotada.
Devido ao posicionamento dos pilares, imposto pela arquitetura, estabeleceu-se uma situação de
projeto interessante, pois nenhum dos pilares se interliga diretamente através de vigas primárias.
Lembrando do princípio da rigidez das estruturas, que aponta o fato de as cargas tenderem a
caminhar proporcionalmente através do caminho mais rígido, e considerando que neste caso a
rigidez implica em massa (ou seja, na própria carga), dado que a carga acidental é muito baixa,
denotamos então a existência de mais de uma solução possível. A solução adotada é interessante e
79
lógica: foram dimensionadas seções com altura crescente a medida em que se aproxima dos apoios,
conforme vemos em seguida.
Devido à complexidade do problema, neste estudo propusemos buscar uma solução não
necessariamente idêntica à construída, de forma a analisar outras possibilidades de resolução do
problema. Definimos como proposta que poderíamos organizar como desejado as alturas das vigas
80
do pergolado, de modo a variá-las da altura mínima à máxima adotada pelo projetista; e fixamos
todas as outras variáveis geométricas.
Vale denotar que consideramos, durante a concepção da estrutura, dois apoios com deslizamento
horizontal livre e um completamente fixo, todos ligados articuladamente com as vigas. Isso nos
levou à uma solução à favor da segurança, posto que, como se percebe-se nos detalhes, os pilares
metálicos bloqueiam a rotação das vigas, agindo de forma análoga à engastes. A ligação entre as
vigas foi adotada como perfeitamente rígida.
Antes de prosseguir com o estudo, é necessário realizar uma apresentação introdutória do método
evolutivo utilizado para a busca da solução do problema colocado. Desenvolvido pela Mcnell, junto
ao Grasshopper está o Galapagos, um algoritmo evolutivo que abre espaço para a solução de vários
tipos de otimização como esta. Definindo para o componente qual é o objetivo a ser perseguido, o
seu primeiro passo é criar aleatoriamente uma população inicial, analisá-la conforme o objetivo
definido e selecionar os melhores “genes”. Após isso, o componente cruza os melhores “genes”
gerando uma nova geração, e assim repetindo o processo iterativamente. A idéia é copiar o processo
da seleção natural, de forma que vem sendo utilizado com frequência para a resolução de estruturas
paramétricas definidas por muitas variáveis e com funções objetivo complexas.
Neste caso, foi estabelecido um “grid” nas dimensões dos entre-eixos do pergolado e dividido em
292 elementos tipo, de 0.68cm de comprimento. Tendo como fixas as ações e os apoios, assim
como definida ligação rígida entre os 292 elementos, foi deixado em aberto a definição da altura
da seção desses elementos. Tendo como objetivo a busca por três parâmetros ideais (a menor
81
deformada; a melhor distribuição de tensões, e a menor massa total) foi criada uma função objetivo
que orientou ao algoritmo a alterar o valor das alturas de modo a convergir para uma forma
obtivesse resultados positivos no sentido da função objetivo estabelecida. Os resultados obtidos à
seguir:
Acima temos em primeiro ligar os elementos primários, seguidos dos elementos secundários e da
estrutura final projetada. Na segunda linha os diagramas de normal, cortante e My respectivamente,
e ao final a comparação entre três análises.
Considerando que a ligação das vigas com os pilares tende a agir como um engaste, apesar de
termos considerado três apoios articulados isostáticos na determinação das seções, optamos por
realizar as análises de ELS e ELU de forma comparativa, mostrando em primeiro lugar os
resultados relativos ao uso de apoios articulados e isostáticos (apenas um apoio não deslizante), em
segundo lugar a análise com apoios fixos porém articulados, e em terceiro lugar a análise da
estrutura com apoios fixos e não articulados.
Nota-se que a estrutura desenvolvida passa no ELU e ELS para todos os casos, mas que a
deformada máxima varia altamente para as três soluções (de 49mm a 6mm no último caso).
Entendemos que os resultados obtidos através do processo de "form finding" tendeu a estabelecer
um eixo de resistência entre os pilares em forma de arco, como se percebe nas imagens. Essa
solução é interessante e coerente, pois libera as ações do peso próprio nos balanços e no vão, entre
três os pilares, e distribui bem as tensões através do grid sem sobrecarregar as ligações nos apoios,
que consideramos construtivamente como imperfeitamente rígidos e imperfeitamente
desarticulados.
83
Para finalização do trabalho e validação do Beaver foi desenvolvido o projeto estrutural de uma
cúpula reticulada de madeira laminada colada. O projeto abordou o dimensionamento dos perfis e
das ligações e verificações das ações de vento e de estabilidade global da estrutura. Utilizou-se
como referência ao projeto as cúpulas desenvolvidas pela Western Wood Structures, com uma
modularização triangular para a discretização da calota esférica e terças distribuídas
perpendicularmente a um dos eixos de cada célula triangular.
Figura 59 – Belledune Coal Storage Dome e Gymnassium Dome (Western Wood Structures).
O material a ser utilizado para o material de cobertura é o OSB (Oriented Strand Board), que é uma
placa composta por tiras de madeira organizadas na mesma direção, o que a torna um produto
maleável e resistente, o que permite cobrir superfícies curvas com a correta modularização. Para
impermeabilizar a cobertura, é aplicado em cima dos painéis uma camada de manta
impermeabilizante.
Figura 60 – Uso de OSB e mantra impermeabilizante para cobertura da Casa Félix (Carpinteria)
84
O projeto foi realizado inteiramente dentro do software paramétrico Grasshopper, partindo de uma
superfície base de uma calota esférica com 20m de diâmetro na projeção no solo, com a altura da
calota podendo ser alterada em tempo real. A discretização se deu a partir de linhas, igualmente
espaçadas, paralelas aos lados de um hexágono inscrito na circunferência da projeção da calota, as
quais atuam em três direções rotacionadas entre 120º, onde cada direção foi condicionada a ter uma
das retas passando pelo seu centro. Definida essas linhas, foi realizado uma operação de projeção
das linhas na superfície da calota, originando as linhas bases para a estrutura proposta.
A proposta inicial era de se estabelecer a calota esférica como elemento de cobertura para um
espaço com parede cilíndrica. Porém o estudo paramétrico revelou uma outra opção de remover as
curvas fora do hexágono inscrito para criar uma entrada em arco no espaço, onde a altura pode ser
ajustada prolongando linearmente as curvas de borda e as curvas meridionais. Primeiro essas
prolongações da curva foram feitas para seguir a curvatura do arco, porém análises estruturais
preliminares com o peso próprio mostrou uma melhor performance ao realizar um prolongamento
linear tangente aos finais dos arcos.
Para execução das linhas das terças foi feito um algoritmo para geração de células triangulares. A
partir dessas células gerou-se uma lista de valores i entre 0 e 2 para cada, onde cada valor se refere
a um dos lados do triângulo. O lado i é removido e os outros 2 subdivididos em n segmentos, cujos
pontos são utilizados para gerar as terças paralelas ao lado removido. Dentro do Grasshopper pode-
se alterar cada valor da lista individualmente, podendo gerar uma orientação única da distribuição
das terças para cada célula, gerando a priori uma distribuição aleatória. Esse parâmetro será
explorado mais adiante na busca de uma melhor distribuição referente a aspectos estruturais.
O modelo unifilar gerado parte então como base para a geração de outros dois modelos, um para o
programa de elementos finitos Karamba e outro para a geração da geometria com o
dimensionamento verificado pelo Beaver.
A partir da geometria unifilar geradas, as curvas foram divididas em suas intersecções, gerando
linhas discretizadas que serão utilizadas como elementos de viga dentro do Karamba. Para
avaliação estrutural foi considerado como caso crítico de falha a ocorrência de flambagem global,
o que levou a considerar o múltiplo de flambagem da estrutura como diretriz de dimensionamento,
sendo o ELU sob peso próprio e ação do vento verificados posteriormente.
A disposição estrutural foi feita pensando nas etapas construtivas da cúpula, estabelecendo uma
hierarquia de elementos em classes que definem onde cada uma se apoia em outra. Foram definidas
as vigas meridionais principais e as radiais secundárias. As terciárias correspondem às curvas
geratrizes restantes e adiciona-se as classes das terças e da borda superior.
87
A disposição dos elementos durante a construção se dá pelo posicionamento das vigas meridionais
principais com escoras nos topos, com consequente estabilização na ponta com a fixação das vigas
de borda. A seguir são encaixadas as vigas secundárias de baixo para cima, a fim de estabilizar o
conjunto principalmente próximo aos apoios. Então estrutura é finalizada com o encaixe das
terciárias e por fim das terças, que receberão o elemento de cobertura. A orientação do eixo da
altura dos elementos no modelo seguiu a normal à calota esférica no ponto médio do elemento.
Foram consideradas 3 tipos de ações que atuam na estrutura: permanente (G), acidental (Q) e vento
(V). Utilizando as recomendações de ações da NBR7190 e Eurocode 0, definiu-se as seguintes
combinações de ações estruturais para avaliação do ELU:
a 1.35G Permanente
A combinação d representa tanto a ação do vento com a permanente sozinhas quanto quando
considerado também a ação acidental de telhados como ação acidental ponderada por
. Analogamente para o ELS temos:
Densidade
OSB 0.25kN/m²
Para as ações acidentais tomou-se o valor recomendado pela NBR6120 (Cargas para o cálculo de
estruturas de edificações) para terraço inacessível a pessoas, que é de 0.5kN/m².
Para ações de vento a pressão dinâmica do vento foi calculada conforme os procedimentos da
NBR6123 (Forças devidas ao vento em edificações) a partir da determinação do fator topográfico
(S1), fator de influência da rugosidade do terreno e dimensão da edificação (S2), fator baseado em
conceitos probabilísticos (S3) e velocidade básica do vento (V0) para determinação da velocidade
característica do vento (Vk) e a pressão dinâmica do vento (q)
89
Vk = S1xS2xS3xV0 36.8m/s
q = 0.613(Vk)² 0.85kN/m²
Com a pressão dinâmica do local o próximo passo é calcular os coeficientes de pressão da cúpula
para distribuição das ações de vento. A NBR6123 fornece as linhas isobáricas para uma série de
combinações entre a altura da cúpula (f), diâmetro no plano do chão (d) e altura da parede está
apoiada (h), assim como indica os coeficientes de pressão máximos na cobertura. Porém, ao
explorar a norma europeia para ações de vento (Eurocode1) ela fornece um método aproximado
para determinação dos coeficientes de pressão considerando-os constantes ao longo do plano
perpendicular ao eixo da ação do vento e atribuindo uma interpolação de 3 valores de coeficientes
A, B e C, referentes respectivamente ao ponto inferior a sotavento, ponto superior e ponto inferior
a barlavento. Por ser uma cobertura vazada, aplicou-se também um coeficiente de pressão interna
de -0.3, conforme recomendação das normas europeia e brasileira caso sua adição resulte em
maiores esforços
90
Figura 67 - Método aproximado para interpolação de coeficientes de pressão em cúpulas (EC1 Seção 7.2.8)
Para aplicar este método dentro do programa de elementos finitos Karamba, gerou-se um algoritmo
para uma carga de superfície variável em função da interpolação gerada por A, B e C. Primeiro
associava-se o eixo x do programa CAD ao do eixo do vento, e em seguir era aplicada a função a
variável x do ponto central dos elementos da malha de superfície.
6 20 0 0.5 -0.8 0
Portanto considerou-se necessário para segurança estrutural um fator que flambagem maior que 1
com atribuição de um coeficiente de segurança. Para determinação deste coeficiente procurou-se
referências dentro da recomendação da IASS (International Association for Shell and Spatial
Structures) “Guide to Buckling Load Evaluation of Metal Reticularet Roof Structures” (2014). Pela
falta de opções dentro das estruturas de madeira, tomou-se este guia baseado em estruturas
metálicas pelo fato das ligações em aço possuírem propriedades semelhantes a madeira de serem
articuladas ou semi-rígidas. Dentro do guia é demonstrado que estruturas de casca, em especial as
sem conexões perfeitamente rígidas, são extremamente sensíveis a imperfeições geométricas.
Estudos experimentais demonstram que pequenas alterações na posição dos nós da estrutura
reduzem o fator de flambagem consideravelmente, o que levou engenheiros do passado a adotarem
coeficientes de segurança de até 12, receosos da geração de imperfeições devido a variáveis
aleatórias envolvendo a fabricação e montagem da estrutura.
92
Figura 69 – Gráfico relacionando a carga com o deslocamento no ponto Q com determinação da carga P crítica para
análise linear e não linear considerando sistema perfeito e imperfeições. (IASS, 2014)
Com a distribuição das terças aleatórias, realizou-se o dimensionamento dos perfis avaliando a
influência das classes no fator de flambagem buscando um fator maior que 3.
h(cm) 36 32 32 32 12
b(cm) 14 14 14 11 8
Após essa verificação, foram organizadas as terças paralelas às vigas radiais, e percebeu-se uma
redução considerável para . A partir de então começou-se a explorar o parâmetro da
orientação das terças na avaliação da instabilidade da cúpula. Ao defasar a orientação de i=0 para
i=1, já se obteve um desempenho maior que o aleatório ( ), e decidiu-se usufruir do solver
evolutivo Galapagos dentro do Grasshopper para busca da distribuição de terças que resultem no
93
maior . Para tal atribuiu-se um índice i = 0, 1, 2 para cada célula triangular da estrutura, formando
uma lista que entra como parâmetros do Galapagos, sendo a função objetivo do problema.
Figura 71 – Linha temporal das soluções encontradas pelo Galapagos da primeira à 115º geração.
94
Figura 72 – Fator de flambagem e nova situação de equilíbrio para i=0, i=1 e distribuição otimizada.
Após 115 gerações obteve-se configurações com fator máximo de , e optou-se por escolher
a distribuição referente a este valor. Considerando as incertezas dentro do fenômeno de flambagem
global de cascas já abordadas, optou-se por não modificar as seções transversais já dimensionadas,
mantendo para a cúpula um fator de segurança à flambagem de 4,52.
Para a verificação do estado limite último foram utilizados os plugins do Beaver do mesmo modo
que nos estudos de caso deste trabalho, com o uso do verificador de flexo-compressão para arcos,
utilizando um raio de curvatura igual ao da esfera ao qual pertence a calota, que no caso é de 15m.
Para os comprimentos de flambagem, considerou-se o pior caso para cada classe de perfis.
Verificou-se cada perfil aos esforços solicitantes críticos de cada combinação, e as razões DIV
entre a tensão de solicitação e a tensão resistente de cada perfil são listadas em ordem decrescente.
Por se tratar de um sistema estrutural rígido, foram registrados deslocamentos máximos de 1.8cm
sendo considerado às cargas de vento da combinação frequente. Portanto, observa-se que a
estrutura se deforma muito pouco dado seu tamanho e só é verificado o ELS para as terças, que são
os únicos elementos sob flexão pura. Mesmo assim foi verificado uma razão de 1563 na
condição de carga de longa duração em classe de serviço 2 (Eurocode5), muito maior que o mínimo
recomendado de 250 para casos de vigas bi-apoiadas.
95
Figura 75 – Campo de deslocamentos e diagramas de esforços solicitante da cúpula sob ações verticais e de vento.
As ligações da estrutura foram pensadas para facilitar sua montagem. Por isso, optou-se por
ligações com chapas de aço, de modo que as chapas possam ser parafusadas em seus elementos
principais já na fábrica. As chapas são compostas por uma chapa paralela à viga que apoia, com
outras chapas soldadas paralelas as vigas apoiadas. Exceção é dada as terças que serão ligadas as
vigas a partir de ligações de parafusos inclinados agindo axialmente.
Figura 76 – Sequência de montagem com as chapas pré instaladas nas vigas principais e secundárias.
97
A partir desta concepção das ligações, foi realizado o dimensionamento das barras roscadas que
atravessam as chapas, sendo as chapas das vigas que recebem outras atuando em duplo
cisalhamento com madeira no centro e o resto como duplo cisalhamento com aço no centro. O
dimensionamento se deu em etapas, definindo primeiro os espaçamentos mínimos para evitar a
ocorrência de ruptura frágil e então o dimensionamento pela força resistente das ligações, com o
devido cuidado para respeitar na distribuição de barras os espaçamentos mínimos considerados.
Foram desenvolvidas 5 conexões as quais serão elencadas como indicado na planta geral:
Foi respeitado o dimensionamento para garantir que não houvesse ruptura frágil. Para todas as
chapas que penetram os elementos axialmente foram consideradas separadamente as combinações
de ações críticas, que sempre associavam tração ou compressão à cortante. Já para os elementos
contínuos nos quais se conectavam dois ou quatro elementos ligantes, foi considerada a solicitação
crítica combinada dos ligantes. Para os casos das conexões 1, 2, 3 e 4, foi possível dimensionar
conexão padrão de duas barras roscadas de ½”, tanto para os elementos contínuos quanto para os
descontínuos. Mesmo considerando os casos críticos de compressão combinada à cortante, a
resistência dúctil da ligação foi suficiente para todas as solicitações críticas, e respeitou-se os
espaçamentos requeridos para resistência frágil. Nas Bases, para desconsiderar as altíssimas forças
de compressão, optou-se por apoiar as vigas sob placa metálica, tendo então como críticas apenas
as forças cortantes e de tração, as quais foram atendidas também com duas barras de ½”. A conexão
mais crítica foram a conexão 5, onde há alta solicitação combinada paralela à fibra, dado que as
vigas de borda do arco são altamente comprimidas, e os pés (sua continuação) ligados à base são
tracionados devido à tentativa de flexão da viga principal, como mostra o diagrama normais. Neste
caso foram empregadas 4 barras sob a viga principal, alinhadas perpendicularmente à fibra.
1. Terciária-secundária
2. Terciária-secundária-B
3. Borda-principal
4. Terciária-secundária-principal
5. Secundária-secundária-principal
6. Bases
Determinadas todas as seções e ligações, o modelo unifilar também serviu de base para o modelo
geométrico da cúpula, que representará a real geometria da estrutura pronta, considerando as vigas
curvas, já que houve uma simplificação por linhas no modelo de elementos finitos. Para
determinação desse modelo utilizou-se as curvas unifilares como guias para a extrusão dos sólidos,
tanto da madeira quanto das ligações metálicas.
Durante o processo de extrusão das vigas de madeira, notou-se que a direção do eixo da altura da
viga não é constante ao longo das curvas. Caso se oriente a curva para apenas uma direção irão
surgir distorções nos encontros dos perfis, surgindo a necessidade de torcê-las em seu próprio eixo
para adaptar a variação da normal da calota esférica ao redor da curva.
Para parametrização do desenho tridimensional das ligações, subdividiu-se a curva de cada viga
em 3 segmentos, um maior de centro, representando a curva da viga de madeira, e outras duas
menores em cada extremo representando as chapas de aço. A partir das informações diferenciais
de cada curva, foi possível realizar operações de extrusão locais à bases cartesianas definidas
pela normal da circunferência, a tangente no início da curva e o produto vetorial entre os dois
vetores.
Figura 87 – Vetor normal (n), tangente (t) e o produto vetorial formando uma base para operações de extrusão das
ligações.
Os pontos de chegada de ligações em vigas que recebem outras são referenciados e utilizados para
geração das chapas metálicas de recepção, utilizando o mesmo conceito de bases cartesianas locais.
Com o uso dos processos mencionados anteriormente pode-se criar um algoritmo para geração do
modelo geométrico da estrutura parametrizando dados como as dimensões das chapas e das seções
transversais, orientadas em relação a calota esférica. Um algoritmo um pouco mais detalhado,
porém, trabalhando sob os mesmos princípios, foi utilizado para geração dos pés metálicos para a
estrutura, necessário para evitar o contato da madeira com o solo. A seguir é exibida uma série de
imagens do resultado final.
106
4. Conclusão
A realização do Trabalho Final de Graduação foi de grande proveito para o grupo. O estudo das
normas brasileira, americana e europeia nos levou a perceber de forma geral como é encarado o
dimensionamento de estruturas de madeira pelo mundo. Isso não só fundamentou a nossa opção
por programar as extensões com base na norma européia, mas também nos fez perceber que, apesar
de os documentos serem distintos, os princípios de dimensionamento são muito semelhantes, assim
como a forma como deve ser encarada a concepção das estruturas em madeira.
Neste sentido, os estudos de caso foram muito importantes, como forma de consolidação da teoria
estudada, verificação das extensões programadas, e desenvolvimento de nossa compreensão de
projetos estruturais, de maneira que, durante o desenvolvimento desses estudos, houve um
progresso pessoal muito grande no que se refere à nossa maneira de pensar a madeira como material
estrutural.
Com o conhecimento adquirido por meio dos estudos de caso, o projeto da cúpula paramétrica nos
permitiu sentir na prática o como se dá o projeto de uma estrutura de madeira desde sua concepção,
até seu dimensionamento. Esse projeto também possibilitou tirar proveito das vantagens da
modelagem paramétrica.
O produto final de nosso trabalho, o Beaver, se mostrou uma ferramenta útil e que facilita muito
os processos de dimensionamento de estruturas de madeira. Sua programação também nos permitiu
compreender de maneira aprofundada os métodos de cálculo propostos pelo Eurocode 5, bem como
os pontos onde estes poderiam gerar dúvidas quando em prática. Foi observado uma qualidade e
velocidade na concepção estrutural e dimensionamento de estruturas com a modelagem
paramétrica, onde a metodologia de projeto realizada a partir da definição geométrica no
Grasshopper, análise estrutural no Karamba e verificação das peças no Beaver torna o processo de
projeto dinâmico e fácil de executar alterações após consolidação da programação das estruturas.
5. Referências
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Pauletti, R.M.O. Conversa Privada. 2016.
111
Equação A 1
Combinações fundamentais
MLC 1.25
Conexões 1.30
Colada
3 0.50 0,55 0,55 0,70 0,90
Equação A 2
1 0,60
Madeira Maciça ou
Colada
3 2,00
Equação A 3
Equação A 4
Equação A 5
sendo L o comprimento de contato, acrescenta-se 30mm à cada lado, sendo esses 30mm limitados
pela distância até o fim do elemento comprimido ou pela metade da distância até outra área de
contato onde ocorre compressão perpendicular.
Equação A 6
Equação A 7
Equação A 8
Onde:
Equação A 9
117
A.3.1.4 Flexão
Em vigas sujeitas à flexão, deve-se avaliar a possibilidade de instabilidade lateral à torção a partir
da esbeltez relativa à flexão (EC5 Seção 6.3.3):
Equação A 10
Equação A 11
Equação A 12
Onde e são, respectivamente, a tensão e a resistência à flexão nos dois eixos principais
de inércia e um fator que vale 0.7 para vigas retangulares e 1.0 para outros tipos.
Equação A 13
A.3.1.5 Flexo-Compressão
Em casos de flexo-compressão deve-se considerar efeitos de segunda ordem decorrentes da
deslocabilidade da estrutura e possibilidade de flambagem. Nos casos em que a instabilidade lateral
à torção devido à flexão e à instabilidade à compressão podem ser desprezadas, a seguinte
inequação deve ser satisfeita (EC5 Seção 6.2.4):
Equação A 14
119
Nos casos em que a instabilidade por compressão deve ser considerada, as inequações passam a
ser as seguintes (EC5 Seção 6.3.2):
Equação A 15
Nos casos de necessidade de verificação por instabilidade à flexão a satisfação do ELU é dada por
(EC5 Seção 6.3.3):
Equação A 16
Equação A 17
Onde M d é o momento fletor solicitante de projeto e o ângulo do chanfro. Este valor possuí
um valor máximo delimitado pela inequação:
m , ,d km , f m ,d
Equação A 19
120
Onde, para quando as tensões de tração são paralelas ao lado chanfrado da viga:
1
km ,
2 2
f md f md
1 tan tan
2
0.75 f v , d f t ,90, d
Equação A 20
A.3.1.7 Cortante
Para verificação de esforços por força cortante, deve-se satisfazer a inequação (EC5 Seção 6.1.7):
Equação A 22
Equação A 23
121
O valores de limites das flechas das vigas dependem da viga estar em balanço ou não e do
comprimento livre da viga ( ). Os valores são dados pela tabela X (EC5 tabela 7.2).
A.3.2.2 Vibrações
O eurocode determina que vibrações por ações previamente conhecidas não venham a trazer
desconforto aos usuários. As determinações da norma são voltadas a dois casos: vibrações por
maquinaria e vibração em pisos residenciais (Seção 7.3).
Quando houver maquinaria que cause vibrações, os níveis de vibração contínua devem ser
estudados de acordo com o apêndice A da ISO2631-2. Já para o estudo das vibrações em pisos
residenciais, onde há a circulação frequente de pessoas, a norma traz o procedimento a seguir.
Nos casos em que os pisos tiverem um valor de frequência natural de vibração menor 8Hz, um
estudo específico para o caso deve ser feito. Já quando o valor for maior que 8Hz, as expressões a
seguir devem ser satisfeitas.
Equação A 24
Equação A 25
Onde:
é o máximo valor de deslocamento causado por uma força F vertical em qualquer ponto
do piso, levando em conta os carregados distribuídos previstos.
é o máximo valor inicial da velocidade de vibração do piso (em m/s) causada por um
impulso unitário (1 Ns) aplicado no ponto mais sensível do piso.
122
Figura A 2 – Modos de falha em conexões madeira-madeira com plano de cisalhamento simples (Porteous,2007).
Figura A 3 - Modos de falha em conexões madeira-madeira com plano de cisalhamento duplo (Porteous,2007).
124
Em ligações aço-madeira com um plano de cisalhamento, deve-se escolher o menos dos modos de
falha a seguir. Em casos de ligações madeira-aço, deve-se atentar ao tipo de chapa de aço utilizada,
se fina ( ), onde a verificação deve ser feita entre os modos (a) e (b), ou grossa ( ) onde
os modos considerados são os (c), (d) e (e). Nos casos intermediários de espessura uma interpolação
linear entre os modos semelhantes deve ser feita.
Figura A 4 - Modos de falha em conexões madeira-aço com plano de cisalhamento simples (Porteous,2007)
Figura A 5 - Modos de falha em conexões madeira-aço com plano de cisalhamento duplo (Porteous,2007)
As variáveis apresentadas nas equações são apresentadas nos tópicos seguinte, exceto as espessuras
Pregos (diâmetro menor que 8mm) e parafusos (diâmetro menor que 6mm)
Para pregos com diâmetro menor que 8mm (EC5, 8.3.1(5)) e para parafusos com diâmetro menor
6mm (EC5 8.7.1(5)), o valor da resistência de embutimento, , irá variar de acordo com o
diâmetro do conector e a densidade característica e expressão a ser utilizada caso pré-perfuração
seja ou não utilizada:
Barras roscadas, pregos (diâmetro maior que 8mm) e parafusos (diâmetro maior que
6mm)
Para barras roscada (EC5, 8.5.1(2)), parafusos com diâmetro maior que 6mm (EC5, 8.7.1(4)) e para
pregos (EC5, 8.3.1(6)), o ângulo da força de embutimento em relação às fibras da madeira ( ) irá
influenciar a resistência de embutimento que terá seu valor dado pela equação:
Equação A 26
Tipo de conector
Pregos redondos
Pregos quadrados
Barras roscadas
Parafusos (d ≤ 6mm )
Parafusos: 100%;
que 6mm. Para barras roscadas e parafusos com diâmetro maior que 6mm o número efetivo é:
a
nefpar min n par , n par 0.9 4 1
13d
Equação A 27
Para casos de solicitação perpendicular à fibra, o número efetivo de linhas de conectores n efpar é
igual a n par e para ambos os casos o número efetivo de linhas de conectores perpendiculares à fibra
n efpep também é igual a ao valor real n pep . Para casos de solicitações em um ângulo em relação
a direção paralela à fibra deve-se realizar uma interpolação linear de n efpar entre os dois casos (
par 0º , pep 90º ). Por fim, a resistência total das ligações pode ser calculada como:
Fv ,n ,k n efpar ( )n pep Fv ,1,k
Equação A 28
128
kef
Espaçamento Com pré-furação Sem pré-furação
a1 14d 1.0 1.0
a1 9d 0.8 0.8
a1 8d 0.75 0.75
a1 7 d 0.7 0.7
a1 4d 0.5 -
Tabela A 9 – Valores para diferentes espaçamentos paralelos à fibra.
As verificações relativas a conectores sujeitos falha por força axial são realizadas através da
avaliação da resistência ao arrancamento ( ) do conector sendo utilizado. O método de
obtenção deste parâmetro varia de acordo com o tipo de conector utilizado e os procedimentos para
cada tipo relevante ao trabalho são descritos a seguir.
Equação A 29
Equação A 30
Onde,
d é o diâmetro do prego;
Os valores de e podem ser obtidos experimentalmente, mas para pregos lisos com
maior ou igual 12d, as seguintes equação podem ser utilizadas:
Equação A 31
Equação A 32
Para pregos lisos, a resistência ao arrancamento terá seu valor integral considera quando a
penetração da ponta ( ) for no mínimo 12d. Caso contrário, o seu valor deverá ser reduzido
Para pregos que não forem lisos, o procedimento será semelhante, mas a resistência ao
arrancamento terá seu valor integral considerado quando for maior ou igual a 8d e sendo
A capacidade da bucha deverá ser avaliada, considerando, na área de contato, uma resistência
característica igual a (EC5, 8.5.2(2)).
Já a capacidade de uma placa de aço deverá ser considerada com a de uma bucha circular com
diâmetro igual ao mínimo entre 12t e 4d, onde t é a espessura da placa e d é o diâmetro da barra
(EC5, 8.5.2(3)).
Em todos os casos, é levado em conta o número efetivo de parafusos, , que é igual a n , onde n
0,9
Resistência ao Arrancamento
Equação A 33
131
onde:
é o ângulo entre o eixo do parafuso e às fibras da madeira, devendo ser superior a 30°;
Nos casos em que a condição acima, referente aos diâmetros interno e externo do parafuso, não for
satisfeita, deverá ser utilizada a equação abaixo.
Equação A 34
Equação A 35
Onde:
Resistência à tração
A resistência à tração do parafuso (F ) será dada pela equação abaixo, onde f é a tensão de
t,Rk t,k
Equação A 36
Figura A 7 - Organização dos espaçamentos de acordo com o ângulo da solicitação em relação à fibra.
133
Pregos
Espaçament
o sem pré-furação com pré-furação
Mínimo
a 1
d<5mm: (5+5|cos𝛼|)d
(7+8|cos𝛼|)d (4+|cos𝛼|)d
d5mm: (5+7|cos𝛼|)d
a 2 5d 7d (3+|sen𝛼|)d
a 4,t
d<5mm: (5+2|sen𝛼|)d d<5mm: (7+2|sen𝛼|)d d<5mm: (3+2|sen𝛼|)d
a 4,c 5d 7d 3d
Espaçamento
Barras Roscadas
Mínimo
a 1 (4+|cos𝛼|)d
a 2 4d
90 𝛼 <150 :
o o
(1+6sen𝛼)d
a3,c
150 𝛼 <210 :
o o 4d
210 𝛼 <270 :
o o
(1+6sen𝛼)d
a4,c 3d
Para determinar o espaçamento mínimo para parafusos deve-se considerar seu diâmetro efetivo (def
- valor do diâmetro da sua haste). Se este diâmetro for menor do que 6mm, deve-se realizar
dimensionamento correspondente ao dado para pregos, e se este for maior do que 6mm deve-se
realizar dimensionamento correspondente às barras roscadas.