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ORIENTAÇÃO CONSULTIVA Nº 004/97-DENOR/SRH

De acordo com o artigo 20 da Lei 8.112/90, o estágio probatório ocorrerá


no período de 24 (vinte e quatro) meses, durante o qual a aptidão e a capacidade do servidor serão
objeto de avaliação para o desempenho do cargo no qual foi investido, observados os
seguintes
fatores: assiduidade, disciplina, capacidade de iniciativa, produtividade e responsabilidade.

Portanto, a contagem do período de estágio probatório exigido pela lei será


da data de entrada do servidor em exercício no cargo e a partir daí este deverá ser avaliado durante
24 (vinte e quatro) meses.

Ofício nº 307/98-COGLE-DENOR-SRH

Desta feita, é cabível o afastamento de servidor em estágio probatório, considerado


como efetivo exercício, para estudo em curso de pós graduação, observando-se a correlação
da matéria com as atividades do cargo e o interesse da Administração Pública, haja vista o
disposto no Ofício Circular nº 42/95/SRH. Ademais, se é possível o afastamento para
estudo ou missão no exterior, o que se dirá de um curso no próprio país, estando a critério
da Administração auferir a concessão, desde que vinculado ao interesse público e a
correlação da matéria com as atividades do cargo.

INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 5, DE 23 DE FEVEREIRO DE 1996

3.2 - No âmbito das Instituições Federais de Ensino - IFEs, o ato de Redistribuição


ficará, única e exclusivamente, a cargo das Instituições envolvidas, mediante portaria conjunta dos
seus dirigentes máximos, não se fazendo necessário, também, a interveniência do Ministro de Estado.

REMOÇÃO DE SERVIDORES PÚBLICOS

Atualmente os concursos públicos são altamente concorridos e configuram uma excelente opção para
muitos indíviduos na busca de emprego, os concursos ainda garantem aos aprovados uma remuneração
por vezes maior do que oferece a iniciativa privada e uma certa estabilidade e segurança.

Uma vez aprovado no concurso publico e nomeado, o servidor entra em exercício iniciando a sua
carreira no serviço público, muitas vezes distante de sua cidade de origem. Ademais, vários concursos
de âmbito regional ou nacional por vezes conferem a lotação de acordo com a classificação no certame.

Questiona-se bastante sobre o posterior deslocamento do servidor público lotado originalmente em uma
localidade para outra distinta.
O instituto da remoção constitui nesse deslocamento do servidor público, que poderá ocorrer com ou
sem a mudança da sede, no âmbito do mesmo quadro.

É, portanto, a movimentação física do servidor não implicando em alteração de cargo ou carreira, não se
trata de nova investidura, mas de mudança na lotação.

A remoção pode ser de ofício, ou seja, de iniciativa da Administração obedecendo os critérios de


conveniência e oportunidade que lhe são inerentes para garantir o bom funcionamento dos órgãos
públicos, com a devida observância aos princípios da legalidade, da moralidade, da publicidade, da
impessoalidade e da eficiência que regem a Administração Pública. A remoção de ofício se revela um
direito da Administração, que deverá ser sempre pautada pelo interesse público.

Dessa forma, já que a remoção não foi iniciativa do servidor, e ele está obrigado a se deslocar em
decorrência do interesse da Administração, a lei lhe assegura o pagamento de uma ajuda de custo, para
compensar as despesas de instalação do servidor nessa nova sede, pois do contrário seria impor um
ônus ao servidor que não lhe pertence e ao qual não deu causa.

A remoção poderá ainda ser a pedido, a critério da Administração ou independentemente do interesse da


Administração nos casos previstos em lei.

A remoção a pedido, a critério da Administração, é de iniciativa do servidor, mas está condicionada ao


interesse da Administração na remoção requerida, que poderá de acordo com sua a discricionariedade,
analisar se o interesse particular do servidor e o interresse público são convergentes.

Quando independe do interesse da Administração, a remoção a pedido é um direito do servidor, não


podendo ser negada pela Administração, sob pena de ilegalidade do ato, já que a lei confere ao servidor
em determinadas condições essa prerrogativa, que ocorre nos seguintes casos:

a) para o acompanhamento do cônjuge ou o companheiro que também seja servidor público civil ou
militar, de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, que foi
deslocado no interesse da Administração;

b) por motivo de doença do servidor, de seu cônjuge ou companheiro, ou ainda, de dependente ( é


necessário a comprovação da dependência financeira, deve constar no assentamento funcional do
servidor como dependente e ainda, está condicionado à comprovação por junta médica oficial que ateste
a necessidade da remoção);

c) em virtude de processo seletivo promovido, na hipótese em que o número de interessados for superior
ao número de vagas, de acordo com normas pré-estabelecidas pelo órgão ou entidade em que aqueles
estejam lotados.

No caso da remoção a pedido, independentemente do interesse da Administração, para o


acompanhamento de cônjuge ou companheiro, há que se destacar a Constituição Federal de 1988, que
dentre outros avanços, cuidou especialmente da proteção à família, tendo, no seu Capítulo VII,
destacado a importância da família como base da sociedade, espeque no que preconiza nos seus
artigoss. 226 e 227, in verbis:

"Art. 226 - A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado.

Art. 227 - É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente, com
absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à
cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade, à convivência familiar e comunitária, (...))".

Assim, combinando-se o instituto da remoção do documento legal que rege a Administração Pública com
os princípios constitucionais de proteção à família, resta inequívoco o ato ilegal e abusivo praticado pela
autoridade administrativa contra o direito do servidor ao indeferir o pedido de remoção nestas condições,
pois não se trata de discricionariedade da Administração, mas de ato vinculado, de direito garantido ao
servidor público.

Aquilo que almejou o legislador, ao elaborar o artigo 36 da Lei n.º 8.112/90 que recebeu acréscimos da
Lei n.º 9.527/97, foi proteger a instituição da família, como base da sociedade, no dizer da Carta Magna
que, sob sua ótica, é parte hipossuficiente na relação servidor versus Administração. E, à vista do
mandamento, comporta não apenas a idéia de deslocamento ou movimentação, mas também o sentido
de convivência.

Na remoção a pedido por motivo de doença de servidor, cônjuge ou dependente, preenchidos os


requisitos, ou seja, com o laudo emitido por junta médica oficial, e a devida comprovação da
dependência no caso de doença de dependente, a Administração não pode negar o pedido.

Sob pena de violação não somente da lei, mas também da Constituição Federal, que garante COMO
DIREITOS SOCIAIS, DENTRE OUTROS, A EDUCAÇÃO, A SAÚDE E O TRABALHO, E VERIFICADO
QUE TODOS, NESTA QUALIDADE SÃO IGUALMENTE IMPORTANTES, NÃO EXISTINDO ENTRE
ELES HIERARQUIA, cabe ao Administrador remover o servidor assim que demonstrados todos os
requisitos exigidos para a remoção por motivo de doença.

O Estado tem a obrigação de garantir e zelar pela saúde de todos, principalmente pela saúde de seu
servidor e família para que estes possam se tratar adequadamente, onde houver a melhor condição para
tal.

Consoante já se manisfestou o Egrégio Superior Tribunal de Justiça, a interpretação dos atos


administrativos deve levar em conta seus princípios basilares. Dentre eles, destaca-se o da supremacia
do interesse público, que só poderá ser mitigado em caso de expressa previsão legal, que é o caso das
hipóteses de remoção independentemente do interesse da Administração, que configuram direitos
incontestes dos servidores públicos

Além das hipóteses de remoção a pedido previstas na Lei nº 8.112/90, podem haver outras hipóteses
regulamentadas por meio de normas infra-legais, desde que não sejam contrárias ou incompatíveis com
a lei, o que implicará em antinomia, e, consequente declaração de ilegalidade e invalidação do ato
normativo.

No âmbito da Carreira Auditoria da Receita Federal, a Portaria SRF nº 1.655, de 8 de dezembro de 2003,
dispõe sobre a remoção dos Técnicos da Receita Federal e Auditores Fiscais da Receita Federal, que
além das hipóteses previstas na Lei nº 8.112/90, prevê a remoção por permuta (Art. 3º, V), a critério da
Administração; o concurso de remoção (Art. 4º, III), independentemente do interesse da Administração; e
o concurso de seleção interna, que pode ser de ofício (Art. 2º, I) ou a critério da Administração (Art. 3º,
X).

Alessandra Damian Cavalcanti


Advogada
SINDIRECEITA
Ementa
PROCESSUAL CIVIL - ADMINISTRATIVO - SERVIDOR PÚBLICO - REMOÇÃO PARA ACOMPANHAR
O CÔNJUGE COM O INTUITO DE INTEGRAR O NÚCLEO FAMILIAR - PREVISÃO LEGAL LEI Nº
8.112/90 ART. 36, PARÁGRAFO ÚNICO - POSSIBILIDADE - SUPREMACIA CONSTITUCIONAL DA
PROTEÇÃO À FAMÍLIA - ARTS. 226 E 227 DA CF/88 - PRELIMINAR DE NÃO CONHECIMENTO DO
RECURSO REJEITADA.
1. Não prospera a preliminar de não conhecimento do recurso, sob a alegação de a apelação não ter
questionado os fundamentos que embasaram a sentença singular, uma vez que preenchidos os
requisitos de admissibilidade recursal e estando o recurso em consonâncaia com a matéria discutida nos
autos, haverá de se apreciar o mérito da questão que reside no próprio mérito do apelo interposto.
2. O art. 226, da Constituição Federal de 1988, garante proteção especial à entidade familiar e, sob esse
aspecto, em caso de remoção de servidor público, a pedido, para localidade onde reside e trabalha o
cônjuge a fim de preservar a unidade familiar, a orientação jurisprudencial de nossos tribunais, inclusive
do colendo STF tem sinalizado no sentido de que deve se dar prevalência ao princípio constitucional da
proteção à família, quando da interpretação do art. 36, da Lei nº 8.112/90, que trata da remoção de
servidor público federal. Precedente: (STF - MS21893-2 - DF - Plenário - Rel. Min. Ilmar Galvão - DJ
02.12.1994) - "Diante da impossibilidade de serem conciliados, como se tem na espécie, os interesses
da Administração Pública, quanto a observância da lotação atribuída em lei para seus órgãos, com os da
manutenção da unidade da família, é possível, com base no art. 36 da Lei n. 8.112/90, a remoção do
servidor-impetrante para o órgão sediado na localidade onde já se encontra lotada a sua companheira,
independentemente da existência de vagas. Mandado de segurança deferido".
3. Acompanhando o posicionamento da Suprema Corte, também pronunciou-se o Colendo STJ.
Precedente: (STJ - ROMS 11767 - RS - 5ª T. - Rel. Min. JORGE SCARTEZZINI - DJU 16.04.2001
p.00109) "Não há que se falar, no caso sub judice, em prevalência do interesse público sobre o
particular, porquanto o bem maior a ser tutelado é a união e manutenção da própria instituição familiar,
esta tida como fons vitae e organização mater, devendo se sobrepor a qualquer outra forma de
organização existente. Inteligência do art. 226, da Constituição Federal. 3 - Precedente do STF (MS nº
21.893, Rel. Min. ILMAR GALVÃO)".
4. Com base na orientação da Suprema Corte e do colendo STJ, apesar da inegável divergência
pretoriana, inclusive deste Tribunal, perfilho o entendimento de que no caso de pedido de remoção de
servidor público para local onde se encontra residindo e trabalhando o seu cônjuge, a fim de preservar o
núcleo da entidade familiar, deve prevalecer o princípio magno da máxima proteção do Estado à família,
alicerce principal e fundamental da sociedade (art. 226 da CF/88), em detrimento do interesse da
Administração, desde que não resulte em prejuízo para o ente administrativo, sob pena de ofensa ao
primado da supremacia da norma constitucional que lhe é inerente, cabendo ao Judiciário preservar-lhe
a autoridade, validade e eficácia.
5. No caso dos autos a autora pretende sua remoção do quadro docente da UFPB para o mesmo quadro
da UFCE, justificando o seu pedido, com base nos princípios constitucionais que garantem proteção à
família, para acompanhar o cônjuge que reside e trabalha na Capital Cearense. Constata-se que a
remoção pretendida não causa nenhum prejuízo à Administração, pelo contrário, há notícia nos autos
que a UFCE manifestou interesse na remoção da postulante, inclusive declarando a disponibilidade de
vaga em seu quadro de pessoal destinada a recepcionar a demandante. Portanto, acertada a decisão
singular que determinou a remoção pleiteada.
6. Precedentes de nossas Cortes Regionais Federais, prestigiando o posicionamento que ora se
defende: (TRF1, REO 94.01.03431-1/PA, 1ª T. Rel. Des. Fed. Aloísio Palmeira Lima, DJ 01.07.1996);
(TRF 5ª R. - AGTR 44834 - (2002.05.00.022875-7)- CE - 4ª T. - Rel. Des. Fed. Lázaro Guimarães - DJU
11.03.2004 - p. 572); (TRF 5ª R. - AGTR 44825 - (2002.05.00.022862-9)- CE - 3ª T. - Rel. Des. Fed.
Paulo Gadelha - DJU 17.03.2004 - p. 540); (TRF 2ª R. - AG 2002.02.01.045331-7 - 4ª T. - Rel. Des. Fed.
Fernando Marques - DJU 18.11.2003 - p. 135).
7. Preliminar de não conhecimento do rejeitada. Apelação e remessa oficial improvidas.

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