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Seleção e Aplicação de

Bombas Centrífugas
100
47 57 62 67 72 74,5
77
78
80 77

ø417

60 ø400

ø380

ø361

40 ø345
74,5
ø330

20
0 100 200 300 400 500
3
Q m /h
Sumário

página

3 Conceitos básicos de hidráulica

3 Fluidos

7 Pressão

8 Vazão

9 Volume

10 Cálculo de volumes para sólidos geométricos

11 Golpe de aríete

12 Exercícios

14 Sistemas de Bombeamento

15 Considerações sobre a sucção

18 Cálculo do diâmetro da tubulação de sucção e recalque

20 Composição da altura manométrica total

22 Perdas de cargas

23 Principais componentes da tubulação de sucção e recalque

26 Curvas características do sistema

31 Curvas características das bombas

35 Cálculo do diâmetro do rotor na curva da bomba

38 Ponto de trabalho

41 Alteração do ponto de trabalho

42 Leis de similaridade

47 Potência consumida pela bomba


48 Cavitação

49 NPSH

53 Associação de bombas

53 Associação em paralelo

55 Associação em série

57 Bombeamento simultâneo

58 Transmissão Acionador – Bomba

59 Bombeamento de líquidos viscosos

63 Exercício – Projeto de Bombeamento

68 Tabela de pressão de vapor e peso específico da água

69 Tabela de motores elétricos

70 Tabela de pressão atmosférica em função da altitude

71 Tabela de perda de cargas em trechos retos de tubulações

72 Tabela de perda de carga em curvas e válvulas de pé

73 Tabela de perda de carga em válvulas de retenção e gaveta

74 Gráfico de determinação da performance de bombas centrífugas para


líquidos viscosos
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Conceitos Básicos de
Hidráulica
Fluidos:
Fluido é qualquer substância não sólida, capaz de escoar e assumir a forma do
recipiente que o contém. São divididos em líquidos e gasosos.

Principais propriedades dos fluidos:

Incompressibilidade: Fluidos não são compressíveis, isto é, não alteram o seu


volume quando submetidos uma pressão.

Peso Específico (γ): É o peso da substância pelo volume ocupado pela mesma,
cuja expressão é definida por:

Massa específica (ρ): É a massa por unidade de volume, cuja expressão é:

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Relação entre peso e massa específica:

g = 9,8 m/s2

Influência do peso específico na relação entre pressão e altura de


coluna de líquido:

100 m
117,7 m 133,33 m
83,3 m

10 10 10 10
kgf/cm² kgf/cm² kgf/cm² kgf/cm²

Água Água salgada Gasolina

⍴ = 1000 kgf/m³ ⍴ = 1200 kgf/m³ ⍴ = 750 kgf/m³

100 m 100 m 100 m 100 m

10 12 8,5 7,5
kgf/cm² kgf/cm² kgf/cm² kgf/cm²
Água Água salgada óleo Gasolina
⍴ = 1000 kgf/m³ ⍴ = 1200 kgf/m³ ⍴ = 850 kgf/m³ ⍴ = 750 kgf/m³

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Densidade: Densidade de uma substância é a razão entre o peso específico ou


massa específica dessa substância e o peso específico ou massa específica de uma
substância de referência em condições padrão. Para substâncias em estado líquido ou
sólido, a substância de referência é a água. Para substâncias em estado gasoso a
substância de referência é o ar.

Escoamento: Capacidade de um fluido em deslizar sobre uma superfície plana.

Regimes de escoamento:
Regime Laminar: Quando as camadas do fluido são paralelas entre si e as
velocidades são constantes. Nesse caso, temos velocidade e pressão baixas.

Regime Turbulento: Quando as camadas do fluido são irregulares e as


velocidades são elevadas. Provoca criação de vórtice (redemoinhos) no interior da
tubulação, fazendo com que aumente o atrito entre o fluido e as paredes do tubo,
causando maior desgaste. Nesse caso temos velocidade e pressão altas.

Equação da continuidade:
Para sanar o problema de da criação de vórtice na tubulação, devemos controlar
a velocidade com que o fluido passa por ela. A figura a seguir mostra uma restrição na
área da tubulação de A2 para A1. A velocidade V1 aumentará, pois a mesma
quantidade de fluido que entra em A2 será forçada a passar por A1.

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Onde:
v1 = Velocidade na Secção 1
v2 = Velocidade na Secção 2
A1= Área da Secção 1
A2 = Área da Secção 2

Q Onde:
V=
A Q = Vazão
V = Velocidade
A = Área

Viscosidade: É a resistência do fluido ao escoamento. A viscosidade tem


importante influência devido às perdas de pressão no escoamento dos fluídos.
Na forma popular podemos dizer que um óleo é mais grosso quando apresenta
uma viscosidade maior e, ao contrário, mais fino quando sua viscosidade é
menor. Assim, um líquido escoa facilmente quando sua viscosidade é baixa, é
fino ou pouco encorpado que um fluido grosso ou muito encorpado, possui uma
viscosidade alta e por isso, tem dificuldade em escoar.

Por exemplo: se despejarmos água em uma rampa inclinada ela escoará


rapidamente, já se despejarmos mel, o mesmo irá demorar a escoar devido a
sua viscosidade ser alta.

Pressão de Vapor (Pv): Pressão na qual transforma o fluido em estado


líquido em estado gasoso. Quanto mais baixa a pressão de um fluido, mas perto
se chega à pressão de vapor desse fluido. Esses vapores criam micro-bolhas de
ar dentro do fluido que quando submetidos a uma alta pressão, implodem
causando danos a partes metálicas de bombas ou outros componentes. Esse
fenômeno é chamado cavitação.

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Pressão:

Pressão é uma força sobre uma área.

Lei de Pascal: "A pressão aplicada age igualmente em todas as direções e


perpendicular às paredes do recipiente."

Pressão atmosférica: é a pressão exercida pela atmosfera num determinado


ponto. É dada pela unidade Atm, ou seja, 1 atmosfera, que equivale a 1 Kgf/cm².
O peso normal do ar ao nível do mar é de 1kg/cm². Porém, a pressão
atmosférica diminui com o aumento da altitude. Quanto maior a altura em relação ao
nível do mar, menor é a pressão atmosférica. Ex: A 3000 metros, é cerca de
0,7kg/cm². A 8840 metros, a pressão é de apenas 0,3 kg/cm².

Teorema de Stevin:
Usa-se o Teorema de Stevin quando se necessita descobrir a pressão de um
fluido em uma profundidade desejada:

Exemplo:
pA = 4 kg/cm².
pB = ?
γ água = 0,001 kgf/cm3
h = 1000 cm (10 metros)
pA – pB = γ . h
4 – pB = 0,001 . 1000
4 – pB = 1
pB = 4 – 1
pB = 3 kg/cm².

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Exemplo:
pA = ?
γ água = 0,001 kgf/cm3
h = 1000 cm (10 metros)
pAtm = 1 kg/cm². (ao nível do mar)
pA = pAtm + γ . h
pA = 1 + 0,001 . 1000
pA = 1 + 1
pA = 2 kg/cm².

Metros de coluna d’água (m.c.a.) = É a pressão exercida por uma


coluna de 1 metro de água a 4ºC. É a unidade de pressão utilizada em
sistemas de bombeamento. 10 mca equivalem a 1 kg/cm².

Vazão:

Vazão é um volume de fluido que passa por uma determinada secção


sobre uma unidade de tempo.

Unidades mais utilizadas para vazão:


- l/h – litro por hora
- dm3/h – decímetro cúbico por hora = litro por hora
- lpm – litros por minuto
- gpm – galões por minuto (1 galão = 3,785 litros)
- l/s – litros por segundo
- m3/h – metros cúbicos por hora = 1000 litros por hora.

A unidade utilizada para sistemas de bombeamento é m3/h.

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Volume:
O volume de um líquido é a quantidade de espaço ocupada por esse líquido.
A unidade mais utilizada para medir o volume é metro cúbico (m3), que
equivale a 1000 litros de água.
1 dm3 corresponde a 1 litro de água. Um cubo de 1 dm x 1 dm x 1 dm tem a
capacidade de 1 litro.

Submúltiplos do m3:

x 1000 : 1000
3 3 3
m dm cm mm3

Para realizar a conversão da direita para esquerda, divide-se o valor por


1000. Para realizar a conversão da esquerda para a direita, multiplica-se o valor por
1000.
Exemplos de conversão:
- 1000 dm3 em m3 = 1000 : 1000 = 1 m3.
- 1m3 em cm3 = 1 x 1000 x 1000 = 100.000 cm3.
- 100.000.000 mm3 em m3 = 100.000.000 : 1000 : 1000 : 1000 = 0,1 m3.
- 1m3 em dm3 = 1 x 1000 = 1000 dm3.

Na página seguinte veremos como calcular o volume dos principais sólidos


geométricos.

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Tabela de fórmulas para cálculo de volumes para sólidos geométricos:

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Golpe de Aríete:
Golpe de aríete é a variação brusca de pressão, acima ou abaixo do
valor normal de funcionamento, devido às mudanças bruscas da velocidade da água.
As manobras instantâneas nas válvulas são as causas principais da ocorrência de
golpe de aríete. O golpe de aríete provoca ruídos desagradáveis, semelhantes ao de
marteladas em metal. Pode romper as tubagens e danificar instalações.

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Exercícios:
1. Defina o que é fluido.

2. Cite e explique pelo menos duas propriedades dos fluidos.

3. Cite os regimes de escoamento dos fluidos e descreva qual deles é o maior


causador de atritos dentro da tubulação. Justifique sua resposta.

4. Qual a unidade de pressão mais utilizada em sistemas de bombeamento?


Qual a relação dessa unidade para a unidade kgf/cm2?

5. O que é pressão atmosférica? Quanto ela vale?

6. Qual a unidade de vazão mais utilizada em sistemas de bombeamento?

7. Faça as conversões:

a) 600m3 para dm3 =

b) 20.000.000 cm3 para m3 =

c) 15.000 dm3 para m3 =

d) 6.000.000 mm3 para m3 =

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8. Calcular os volumes das figuras:

a) a=2m
b=3m
c=5m

b) r=4m
h = 10 m

a = 1,5 m
c)
b = 10 m
c=2m

d)

r=6m
h = 25 m

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Sistemas de Bombeamento
Em um projeto de bombeamento deve-se seguir a seqüência:
- Projeto de bombeamento
- Escolha da bomba
- Instalação, operação e manutenção da bomba.

Instalação típica de um sistema de bombeamento:

2
(e) (s)

•Tubulação de sucção: do nível do


1
manancial (1) até entrada da bomba (e)

Tubulação de recalque: da saída da


bomba (s) até nível desejado no tanque (2)

Em um projeto de bombeamento, além de outras considerações e


dimensionamentos, devemos responder a três principais perguntas:
1. Qual a distância geométrica do centro da bomba até o nível mínimo da
sucção?
- Nessa pergunta deve ser considerado da onde o fluido será retirado.
Considera-se se o reservatório de sucção é pressurizado ou não, se a sucção é
positiva (bomba afogada) ou negativa e principalmente a distância entre o centro da
bomba até o nível mínimo de fluido na sucção.
2. Qual a distância e altura do centro da bomba até o reservatório de
recalque?
- Nessa pergunta considera-se para onde o fluido será bombeado. Deve-se
observar se o reservatório de recalque é pressurizado ou não e principalmente a altura
do centro da bomba até nível máximo de fluido no reservatório de recalque.

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3. Qual a vazão desejada?


- Agora devemos saber qual a quantidade de fluido que o projeto
necessita no reservatório de recalque.

Considerações sobre a sucção:


A parte mais importante de um projeto de bombeamento é a sucção.
Todos os cuidados devem ser tomados para que não haja problemas. O
recalque é uma conseqüência do trabalho da sucção.
- a tubulação da sucção deve ser a mais reta e curta possível a fim de
reduzir perdas de cargas.
- o diâmetro da tubulação de sucção deve ser maior que o diâmetro do
recalque.
- a bomba deve estar o mais perto possível do reservatório de sucção.
- a tubulação de sucção deve ter uma submergência mínima de 5 vezes
o diâmetro do tubo para evitar a formação de vórtice na sucção. Se o nível na
sucção variar constantemente, deve-se colocar uma redução em cone (sino)
para aumentar a área de sucção, evitando o vórtice.
- devem-se utilizar sistemas de “quebra vórtice” ou chicanas quando
necessário.

submergência mínima

sucção sucção
nível nível

5x Ø tubo

2x Ø tubo

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Utilização de chicanas

Os tipos de sucção podem ser:


- Positiva (também conhecida pelo termo “bomba afogada”): é quando o
reservatório de sucção está acima do nível da bomba.
- Negativa: é quando o reservatório de sucção está abaixo no nível da bomba

Para a bomba, a melhor situação é quando ocorre a sucção positiva, pois o


próprio peso do fluido faz com que o liquido entre na bomba.

Quanto aos tipos de reservatórios de sucção, podem ser:


- Aberto: quando o reservatório não é pressurizado, sofrendo apenas a
pressão atmosférica.
- Fechado: quando o reservatório é pressurizado com uma pressão além da
pressão atmosférica.

A figura a seguir ilustra os tipos de sucção e reservatórios.

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Sucção positiva com


reservatório fechado

Sucção positiva com


reservatório aberto

Sucção negativa

Não é comum existirem sucções negativas com reservatórios fechados.

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Cálculo do diâmetro da tubulação de sucção e recalque:

Para evitar o vórtice dentro da tubulação é necessário que o fluido bombeado


escoe numa velocidade ideal. Para líquidos e óleos leves podem-se utilizar os valores
de 1,0 a 2,0 m/s. Para água pode-se usar 1,5 m/s. Para líquidos mais viscosos, usar
uma velocidade menor que 1,0 m/s.
Os diâmetros dos furos dos flanges de sucção e recalque, não têm relação
com o diâmetro da tubulação.
Geralmente utiliza-se o diâmetro de sucção com um padrão comercial maior
do que do recalque, por exemplo: recalque Ø4” – sucção Ø5”.
Para calcular os diâmetros da tubulação, usa-se a fórmula a seguir:

Onde:
Q D = diâmetro da tubulação em metros
1,128 = constante de fórmula
D = 1,128 ⋅ 3600
2
Q = vazão em m3/h
V 3600 = fator de conversão de hora para segundo
V = velocidade ideal do fluido

A resposta da fórmula será o diâmetro da tubulação de recalque. Acrescenta-


se um diâmetro comercial maior para a tubulação de sucção.
Exemplo: Calcular o diâmetro da tubulação para uma vazão de 300 m3/h de
água.
300
D = 0,266( m)
D = 1,128 ⋅ 3600
2

1,5

Como o resultado sai em metros, deverá ser convertido para milímetros ou


mais usualmente no caso de tubulações, para polegadas.

0,266 m = aproximadamente 10”. Então a tubulação de recalque será de Ø10”


e a sucção um padrão comercial maior, que será Ø12”.
Os diâmetros comerciais de tubos mais encontrados são ½”, ¾”, 1”, 1 ¼”,
1 ½”, 2”, 2 ½”, 3”, 4”, 5”, 6”, 8”, 10”, 12”, 14”, 16”, 18”, 20” e 24”.

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Exercícios: Calcule o diâmetro da tubulação para as vazões de 100 m3/h, 500


m3/h e 700 m3/h de água.

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Composição da Altura Manométrica Total (AMT):

A amt (altura manométrica total) é a pressão necessária na saída


bomba para suprir as necessidades do projeto, geralmente é dada em mca
(metros de coluna de água). É composta por 4 variáveis:
Hgeo – Desnível geométrico: altura entre o nível de fluido no
reservatório de sucção ao nível de fluido do reservatório de recalque.
Pr(s) / Pr(r) – Pressão nos reservatórios de sucção / recalque, caso os
reservatórios sejam pressurizados.
∆Hd – Perda de carga distribuída: perda de carga ao longo da
tubulação.
∆Hl – Perda de carga localizada: perda de carga localizada em curvas e
componentes como válvulas, filtros, etc.
Após o cálculo da altura manométrica total, deve aumentar o resultado
em 10% de reserva.

Variação de níveis nos reservatórios:


Em um sistema de bombeamento é quase impossível manter os níveis
nos reservatórios de sucção e recalque devido à movimentação constante do
fluido. Para o dimensionamento correto da altura manométrica total, deve-se
considerar a maior altura geométrica (Hgeo) entre sucção e recalque, isto é,
considera-se na sucção o nível mínimo e no recalque o nível máximo. Sendo
assim, a bomba conseguirá suprir as necessidades do projeto em quaisquer
situações de variação de níveis dos reservatórios.

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Altura manométrica na sucção:

Sucção positiva com


reservatório fechado

=> AMTs = ( − PrS ) + (− H geoS ) + (+ ∆PS )

Sucção positiva com


reservatório aberto

=> AMTs = (− H geoS ) + (+ ∆PS )

Sucção negativa

=> AMTs = (+ H geoS ) + (+ ∆PS )

Altura manométrica no recalque:

Recalque com reservatório fechado

=> AMTR = (+ PrR ) + (+ H geoR ) + (+ ∆PR )

Recalque com reservatório aberto

=> AMTR = (+ H geoR ) + (+ ∆PR )

A altura manométrica total será a soma da altura manométrica da sucção e a


altura manométrica do recalque.

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Perdas de carga:

A perda de carga no escoamento em uma tubulação ocorre devido ao


atrito entre as partículas fluidas com as paredes do tubo e mesmo devido ao
atrito entre estas partículas. Em outras palavras, é uma perda de energia ou de
pressão entre dois pontos de uma tubulação. Essas perdas podem ser
distribuídas ou localizadas.
Perdas de cargas distribuídas:
São aquelas que ocorrem em trechos retos de tubulações. Os
fabricantes de tubos devem informar as perdas de cargas.

Perdas de cargas localizadas:


São perdas de pressão ocasionadas pelos componentes ao longo da
tubulação tais como válvulas, curvas, reduções, trocadores de calor, etc. Cada
fabricante de componente deve informar as perdas de cargas.

Perdas de carga total:


É a soma das perdas distribuídas e localizadas.

A figura a seguir mostra alguns componentes na tubulação.

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Principais componentes da tubulação de sucção e recalque:


Devido às exigências de segurança e controle de fluxo do processo, é
necessária a instalação de alguns componentes e válvulas nas linhas de sucção e
recalque.
Os componentes básicos que devem existir são:
- Válvula de pé e crivo: Utilizada em sucções negativas em tubulações
verticais, tem a função de manter a escorva da bomba, isto é, manter a bomba e a
linha de sucção preenchido do fluido a ser bombeado, agindo como uma válvula de
retenção. O crivo é a grade de entrada, e tem a função de reter partículas sólidas
grandes, que causariam entupimento da bomba. Sua fixação pode ser soldável,
rosqueada ou flangeada. Em sucções positivas não se aplica a válvula de pé, usa-se
somente o crivo.

- Válvula de retenção: É usada quando é necessário que o fluxo seja possível


só num sentido. É de funcionamento automático. Geralmente instalada após o
recalque da bomba para prevenir a bomba do golpe de aríete provocado pelo
desligamento repentino da bomba.

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Válvula de
retenção de
portinhola

Válvula de retenção
de esfera, utilizada
para líquidos
viscosos. É de
pequenas
dimensões.

- Válvula gaveta: Tem uma gaveta, uma sede ou assento. A gaveta tem um
movimento de translação (deslizamento no assento); pode ser cônica ou paralela;
inteiriça ou em duas partes. Perde um mínimo de carga quando completamente
aberta, drena bem a linha e facilita a abertura ou fechamento devido ao movimento da
gaveta ser adequado ao escoamento. Não recomendada para controle de fluxo.

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- Válvula globo: O nome globo resulta de seu formato. É indicada para


fechamento e regulagem do fluxo. Pode trabalhar em qualquer posição de
fechamento.

- Válvula borboleta: É usada, principalmente, em tubulações de grande


diâmetro (mais de 20”) e de baixa pressão, que não exigem vedação perfeita, para
serviços com água, ar, gases, materiais pastosos, bem como para líquidos sujos ou
que contenham sólidos em suspensão. O fechamento da válvula é feito por meio de
um disco de fechamento que gira no sentido perpendicular ao sentido de escoamento
do fluido. A válvula borboleta é instalada entre dois flanges da tubulação.

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Levantamento da curva característica do sistema:


Todos os processos sofrem variações devidas a inúmeros fatores. Com o
processo de bombeamento não é diferente e a vazão de projeto deve ser considerada
variável dentro de uma faixa previamente estabelecida. Para isso é necessário
conhecer a altura manométrica para essas diferentes vazões e levantar a curva do
sistema que consiste na determinação da altura manométrica total cada uma das
vazões do sistema.
Geralmente é utilizado de 5 a 6 pontos de vazão incluindo a vazão zero (shut
off). Dentro dessa faixa, estabelecer no máximo 2 vazões maiores do que a vazão de
projeto. Exemplo: Se a vazão de projeto for de 300 m3/h, a curva do sistema poderia
ser 0 m3/h, 100 m3/h, 200 m3/h, 300 m3/h (vazão do projeto), 400 m3/h e 500 m3/h.

Exercício 1: Determine a curva do sistema para a instalação abaixo,


considerando a vazão de água para 300 m3/h e uma tubulação e acessórios de 10”
para recalque e 12” para sucção. Considere as vazões 0 m3/h, 100 m3/h, 200 m3/h,
300 m3/h (vazão do projeto), 400 m3/h e 500 m3/h.

R
28,0 m

B VR RG
12” 10”
2,0 m

S VP
DADOS ADICIONAIS:
Comprimento total da sucção = 5m (01 curva)
Comprimento total do recalque = 400m (02 curvas)
S=Sucção / B=Bomba / VR=Válvula Retenção / RG=Registro Gaveta /
VP=Válvula Pé / R=Recalque

Primeiramente calculamos as perdas de cargas na sucção e no


recalque
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Bombas Centrífugas – Seleção e Aplicação

∆Ps (Perdas de cargas na sucção):

vazões
componentes
100 200 300 400 500
5m de tubo Ø12"
1 curva 90º Ø12”
1 valvula de pé Ø12”
total

∆Pr (Perdas de cargas no recalque):

vazões
componentes
100 200 300 400 500
400 m de tubo Ø10"
2 curvas 90º Ø10"
1 valv. retenção Ø10"
1 valv. gaveta 10"
total

A altura manométrica total será a soma da altura geométrica da sucção


e recalque (30 m) com as perdas de cargas de sucção e recalque de cada
vazão. Lembrando que para vazão zero, não há perdas de carga e a altura
manométrica total será a soma da altura geométrica da sucção e recalque.
A altura manométrica encontrada para a vazão de projeto mais a
própria vazão de projeto é denominada ponto de projeto.
Nesse caso o ponto de projeto é 300 m3/h e _____mca.

Q (m3/h) AMT (mca)

0,0

100,0

200,0

300,0

400,0

500,0

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Bombas Centrífugas – Seleção e Aplicação

Traçar a curva do sistema:

H(mca)
50

40

30

20

10

0
100 200 300 400 500 Q(m3/h)

Após traçada a curva do sistema, o próximo passo é a seleção da bomba em


catálogo do fabricante. Lembrando que a bomba deverá atender não só apenas ao
ponto de projeto e sim toda a curva do sistema.

Exercício 2: Determine a curva do sistema para a instalação abaixo,


considerando a vazão de água para 100 m3/h e uma tubulação e acessórios de 4” para
recalque e 5” para sucção. Considere as vazões 0 m3/h, 20 m3/h, 50 m3/h, 100 m3/h
(vazão do projeto), 120 m3/h e 140 m3/h. Indique o seu ponto de projeto.

R
10 m

B VR RG
5” 4”
2,0 m

S VP
DADOS ADICIONAIS:
Comprimento total da sucção = 6m (01 curva)
Comprimento total do recalque = 100m (02 curvas)
S=Sucção / B=Bomba / VR=Válvula Retenção / RG=Registro Gaveta /
VP=Válvula Pé / R=Recalque

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Bombas Centrífugas – Seleção e Aplicação

∆Ps (Perdas de cargas na sucção):

vazões
componentes

total

∆Pr (Perdas de cargas no recalque):

vazões
componentes

total

Q (m3/h) AMT (mca)

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Bombas Centrífugas – Seleção e Aplicação

Curva do sistema:

H (mca)

Q (m3/h)

Ponto de projeto: ______m3/h e ______mca.

Lembrando que nos dois exercícios, os reservatórios são abertos. Caso o


reservatório de recalque fosse fechado (pressurizado), deveríamos somar essa
pressão do reservatório (em mca) à altura manométrica total. Caso o reservatório de
sucção fosse fechado (pressurizado), deveríamos subtrair essa pressão do
reservatório (em mca) da altura manométrica total. E ainda se a sucção fosse positiva
(bomba afogada), deveríamos subtrair a altura geométrica de sucção da altura
manométrica total. (Ver página 21).

Bombas Centrífugas – Seleção e Aplicação 30


Bombas Centrífugas – Seleção e Aplicação

Curvas características das bombas:

Todo fabricante de bombas centrífugas deve apresentar as curvas


características de suas bombas indicando a performance da bomba. Elas são
importantes para a escolha certa da bomba em função do ponto de projeto do
sistema.

Rendimento máximo

H 50% 80% 110%


Rendimento
mca

Diâmetro do
rotor
Zona ideal
De operação

Zona C
Zona A Zona B Q
m3/h

A coluna H indica a altura manométrica em mca e a linha Q a vazão em


3
m /h. A escolha da bomba deve ser feita fazendo com que o ponto de projeto
do sistema fique o mais próximo do rendimento máximo da curva..
Rendimento: energia consumida para realizar um trabalho.
Quanto maior o rendimento da bomba, menos energia ela gastará para
realizar o bombeamento, isto é, em se tratando de um motor elétrico que
aciona a bomba, menor será o consumo de energia elétrica.
O gráfico mostra três zonas de operação, sendo que a zona A é onde
tem menor rendimento e não deveria ser utilizada, pois seu rendimento é muito
baixo. A zona B é considerada aceitável. Na zona C, pode ocorrer uma sobre
carga do sistema, ou seja, o motor produz uma energia além do necessário
para realizar o trabalho, sendo desperdiçada na forma de calor.
A vazão de projeto deve estar na zona ideal de operação, que é uma
faixa correspondente de 80% a 110% da vazão de maior rendimento.

Bombas Centrífugas – Seleção e Aplicação 31


Bombas Centrífugas – Seleção e Aplicação

Exemplo:
Determinar a zona ideal e a zona aceitável de operação da curva da
bomba abaixo:
Rendimento máximo: 78%. A vazão para atingir o maior rendimento é
de 360 m3/h.
A zona ideal de operação será entre 80% e 110% dessa vazão de
maior rendimento, ou seja, a vazão mínima para a zona ideal será de 288 m3/h
e a vazão máxima será de 396 m3/h. A zona aceitável será 50% da vazão de
maior rendimento, ou seja, 180 m3/h.

Zona Aceitável Zona Ideal


100
47 57 62 67 72 74,5
77
78
80 77

ø417

60 ø400

ø380

ø361

40 ø345
74,5
ø330

20
360
0 100 200 300 400 500
3
Q m /h

Determinar a zona ideal e a zona aceitável de operação das curvas a


seguir:

Bombas Centrífugas – Seleção e Aplicação 32


Bombas Centrífugas – Seleção e Aplicação

Bombas Centrífugas – Seleção e Aplicação 33


Bombas Centrífugas – Seleção e Aplicação

Operação fora da condição de rendimento máximo:

Zona Ideal
de Operação

Q
Curvas de catálogo:
Exemplo de uma curva de performance de uma bomba

100
47 57 62 67 72 74,5
77
78
Rend.: 77%
80 77
Rotor: 390mm
ø417

60 ø400

ø380

ø361

40 ø345
74,5
ø330

Q = 300m3/h
20
0 H = 70mca
100 200 300 400 500
3
Q m /h

Obs.: O diâmetro do rotor foi encontrado por aproximação por não


coincidir exatamente sobre uma curva de diâmetro. A seguir veremos uma
forma mais exata de se encontrar o diâmetro do rotor.

Bombas Centrífugas – Seleção e Aplicação 34


Bombas Centrífugas – Seleção e Aplicação

Cálculo do diâmetro do rotor na curva da bomba:

Uma maneira de calcular o diâmetro do rotor, quando o ponto de


operação esta fora de um diâmetro conhecido na curva característica da
bomba é o seguinte:
1 - Da origem do plano cartesiano, traça-se uma reta até o ponto
de operação desejado. Caso o plano cartesiano não apresente a
origem, ou seja, altura manométrica zero (H = 0), basta prolongá-lo até
encontrarmos sua origem, usando a mesma escala utilizada no plano.
2 - A reta traçada deverá cortar a curva conhecida mais próxima
ao ponto de operação desejado, encontrando uma nova vazão Q e uma
nova altura H.
3 - Através das fórmulas abaixo, encontra-se o valor do diâmetro
desejado.

Onde:
- D = diâmetro conhecido;
- D1 = novo diâmetro;
- Q = vazão conhecida;
- Q1 = nova vazão;
- H = altura manométrica conhecida;
- H1 = nova altura manométrica.

4 – É interessante optar pelas duas fórmulas, caso apresente


diferença entre elas, optar pelo maior diâmetro.
Vamos ao exemplo anterior de Q = 300 m3/h e H = 70 mca onde
encontramos o diâmetro do rotor por aproximação.

Bombas Centrífugas – Seleção e Aplicação 35


Bombas Centrífugas – Seleção e Aplicação

100

47 57 62 67 72 7 4 ,5
77
78
Rend.: 77%
80 77
Rotor: 390mm
ø 4 17

60 ø400

ø 3 80
51
ø361

40 ø345
7 4 ,5
ø 33 0

Q = 300m3/h
20
0 H = 70mca
100 200 220 300 400 500
3
Q m /h

Como esse plano cartesiano não apresenta origem, encontramos a


origem usando a mesma escala, traçamos uma reta da origem ao ponto de
operação.
Essa linha irá cruzar todas as faixas de diâmetro, temos que escolher
uma curva de diâmetro onde se encontram vazão e altura manométrica
coincidindo na curva, ou bem próximo dela. No exemplo acima, a curva de
diâmetro 330 está coincidindo com a vazão 220 e altura manométrica de 51.
Agora, conhecendo uma linha de diâmetro cruzando com a vazão e
altura manométrica com mais precisão no gráfico, aplicamos as fórmulas:

H 70 ' D ' = 330 ⋅ 1,17 D ' = 386,6


D' = D ⋅ D ' = 330 ⋅
H1 51

Q 300 D ' = 330 ⋅ 1,169 D ' = 385,77


D' = D ⋅ D ' = 330 ⋅
Q1 220

Exercícios: encontre nas curvas a seguir, o rendimento e o diâmetro


(por aproximação e pelo cálculo) rotor para:
- 1. Q = 240 m3/h e H = 75 mca:
- 2. Q = 340 m3/h e H = 80 mca:

Bombas Centrífugas – Seleção e Aplicação 36


Bombas Centrífugas – Seleção e Aplicação

100
47 57 62 67 72 74,5
77
78
80 77

ø417

60 ø400

ø380

ø361

40 ø345
74,5
ø330

20
0 100 200 300 400 500
3
Q m /h

100
47 57 62 67 72 74,5
77
78
80 77

ø417

60 ø400

ø380

ø361

40 ø345
74,5
ø330

20
0 100 200 300 400 500
3
Q m /h

Bombas Centrífugas – Seleção e Aplicação 37


Bombas Centrífugas – Seleção e Aplicação

Exemplo de uma curva de NPSHr de uma bomba

10
NPSHr: 3,5mca
NPSH m

ø417

0
0 100 200 300 400 500

Exemplo de uma curva de potência de uma bomba

200
N: 100CV ø417
150
N cv

ø400 ø380
100 ø361
ø230
50 ø220

0
0 100 200 300 400 500

Essa potência indicada será a consumida pela bomba, tendo o motor


elétrico que suprir essa potência.

Ponto de trabalho:
Ponto de trabalho é o encontro da curva do sistema com a curva da
bomba. Curva do
sistema

100
47 57 62 67 72 7 4 ,5
77
78
Rend.: 77%
80 77
Rotor: 390mm
ø 417

60 ø 400

ø 380

ø 361

40 ø 345
7 4 ,5
ø 330

Q = 300m3/h
20
0 H = 70mca
100 200 300 400 500
3
Q m /h

Bombas Centrífugas – Seleção e Aplicação 38


Bombas Centrífugas – Seleção e Aplicação

Devemos traçar a curva do sistema sobre a curva da bomba, para obter


o ponto de trabalho. É importante que o ponto de projeto fique na zona ideal de
operação. Exemplo: Traçar a curva do sistema abaixo na curva bomba para
determinar o ponto de trabalho:

Dados da curva do sistema: ponto de projeto Q = 300 m3/h e H = 70


mca:

Q (m3/h) AMT (mca)

0 40

160 55

280 65

300 70

340 80

Zona ideal

Determine o ponto de trabalho da curva abaixo:

Bombas Centrífugas – Seleção e Aplicação 39


Bombas Centrífugas – Seleção e Aplicação

Dados da curva do sistema: ponto de projeto Q = 312 m3/h e H = 60 mca:

3
Q (m /h) AMT (mca)

0 42

264 54

312 60

360 72

Bombas Centrífugas – Seleção e Aplicação 40


Bombas Centrífugas – Seleção e Aplicação

Alteração do ponto de trabalho:


Alterar a curva do sistema consiste basicamente em alterar o sistema
para qual foi levantada a curva e isto pode ser feito de várias formas.
A alteração mais usual da curva do sistema é realizada através do
fechamento parcial da válvula de descarga (na linha do recalque), com isto,
aumenta-se a perda de carga, fazendo com que a curva do sistema seja
deslocada para esquerda. Desta forma, obteremos para uma bomba com curva
estável, um decréscimo de vazão.

É importante ressaltar que o mesmo efeito seria obtido com o fechamento


parcial da válvula de sucção, entretanto esse procedimento não é usado pela
influência indesejável nas condições de sucção.

Outras formas existentes alteram substancialmente o sistema, porém para


esses casos, a curva do sistema deverá ser redimensionada:
- variação nas pressões dos reservatórios;
- mudança no diâmetro das linhas;
- inclusão ou exclusão de acessórios das linhas;
- modificação de layout das linhas;
- modificação do fluido bombeado.

Alteração do ponto de trabalho atuando na bomba:

As maneiras mais usuais de modificar a curva característica de uma bomba


são de variar a rotação da bomba ou variar o diâmetro do rotor da bomba.

Bombas Centrífugas – Seleção e Aplicação 41


Bombas Centrífugas – Seleção e Aplicação

Variação da rotação da bomba:

Variação do diâmetro do rotor da bomba:

Efeito da mudança de rotação nas curvas características:


Existe uma proporcionalidade entre valores de vazão (Q), altura
manométrica (H) e potência (P) com a rotação. Assim sendo, sempre que
alteramos a rotação de uma bomba haverá, em conseqüência, alteração nas
curvas características, sendo a correção para a nova rotação feita a partir das
leis de similaridade.

Leis de similaridade:
Efeito da variação de rotação da bomba:
Quando alteramos a rotação de uma bomba (com polias / correias,
inversores de freqüência, redutores, etc.) podemos calcular a nova vazão,
pressão e potência.

Bombas Centrífugas – Seleção e Aplicação 42


Bombas Centrífugas – Seleção e Aplicação

Vamos pegar o exemplo de uma bomba tendo como ponto de operação


Q = 300 m3/h, H = 70 mca e com 100 cv de potência consumida.
1. Desejamos alterar a vazão para 400 m3/h alterando o RPM da
bomba.

Q n 300 1750
= = 1750.400 = 300.n1 700000 = 300.n1
Q1 n1 400 n1

n1 =
700000 n1 = 2333
300
A nova rotação será de 2333 RPM, mas agora veremos o que acontece
com a pressão e com a potência consumida pela bomba:

2
H n 70  1750 
2 70
=  =  = 0,56 H 1.0,56 = 70
H1  n1  H 1  2333  H1

70
H1 = H 1 = 125
0,56

Bombas Centrífugas – Seleção e Aplicação 43


Bombas Centrífugas – Seleção e Aplicação

3 3
P n 100  1750  100
= 0,42 P1.0,42 = 100
=  = 
P1  n1  P1  2333  P1

100
P1 = P1 = 238
0,42

Efeito da mudança do diâmetro do rotor nas curvas


características:
Se reduzirmos o diâmetro de um rotor radial de uma bomba,
mantendo a mesma rotação, a curva característica da bomba se altera
aproximadamente de acordo com as seguintes equações.

Exemplo: temos uma bomba operando com rotor com 415 mm


de diâmetro, uma vazão de 300 m3/h, altura manométrica de 70 mca e
uma potência consumida de 100 cv.
Deseja-se alterar a vazão para 250 m3/h, rebaixando o rotor.
Qual o novo diâmetro desse rotor?

Q D 300 415 250.415 = 300.D1 103750 = 300.D1


= =
Q1 D1 250 D1

103750 D1 = 345,8
D1 =
300

Bombas Centrífugas – Seleção e Aplicação 44


Bombas Centrífugas – Seleção e Aplicação

Agora veremos o que acontece com a altura manométrica e a potência:

2 2
H D 70  415  70
=  =  = 1,44 H 1.1,44 = 70
H 1  D1  H 1  345,8  H1

70 H 1 = 48,61
H1 =
1,44

3 3
P D 100  415  100
= 1,73 P1.1,73 = 100
=  = 
P1  D1  P1  345,8  P1

100
P1 = P1 = 57,80
1,73

De uma forma geral, a redução máxima do diâmetro de um rotor


permitida é de 20% do diâmetro original e deve ser somente feito em bombas
de rotores radiais. Se for feito em bombas de rotores axiais causará grande
perda de performance da bomba.

Exercício 1: Vamos pegar o exemplo de uma bomba tendo como ponto


de operação Q = 200 m3/h, H = 30 mca e com 50 cv de potência consumida.
Desejamos alterar a vazão para 250 m3/h alterando o RPM da bomba.
Calcule a nova rotação, a nova altura manométrica e a nova potência.

Bombas Centrífugas – Seleção e Aplicação 45


Bombas Centrífugas – Seleção e Aplicação

Exercício 2: temos uma bomba operando com rotor com 120 mm


de diâmetro, uma vazão de 100 m3/h, altura manométrica de 15 mca e
uma potência consumida de 30 cv.
Deseja-se alterar a vazão para 70 m3/h, rebaixando o rotor. Qual
o novo diâmetro desse rotor? Qual a nova altura manométrica? Qual a
nova potência?

Bombas Centrífugas – Seleção e Aplicação 46


Bombas Centrífugas – Seleção e Aplicação

Potência consumida pela bomba:

Com o ponto de trabalho, entramos na curva da bomba para obter:


- Rendimento;
- Diâmetro do rotor;
- Potência consumida, que pode ser encontrada na curva do
catálogo ou calculada com mais precisão através da fórmula:

Q ⋅ H ⋅γ
Onde:
BHP = BHP = (Break Horse Power) Potência

2,7 ⋅η
Consumida (CV)
γ = peso específico do fluido (Kgf/dm3)
Q = vazão (m3/h)
H = altura manométrica (m)
η = rendimento (%)
2,7 = fator de conversão

Vamos a um exemplo: 300 ⋅ 70 ⋅ 0,9971


3 BHP =
γ água = 0,9971 Kg/dm .
2,7 ⋅ 77
Q = 300 m3/h
BHP = 100,71cv
H = 70 mca
n = 77%

Deve-se adicionar uma reserva de acordo com a faixa:


- de 0 a 2 cv: +20%
- de 2 a 20 cv: +15%
- acima de 20 cv: +10%

Para o exemplo acima ficaria com 111 cv, tendo então que
instalar um motor próximo dessa potência, que será de 125 cv.

Exercício 1: calcule a potência consumida pela bomba com os


dados abaixo:
γ água = 0,9971 Kg/dm3.
Q = 50 m3/h
H = 40 mca
n = 82%

Bombas Centrífugas – Seleção e Aplicação 47


Bombas Centrífugas – Seleção e Aplicação

Cavitação:
A bomba centrífuga requer na sua entrada (sucção) uma pressão
suficiente para garantir o seu bom funcionamento. Caso essa pressão seja
demasiadamente baixa, atingindo a pressão de vapor, haverá a formação de
vapor.
As bolhas de vapor são conduzidas pelo fluxo até atingir pressões mais
elevadas no interior da bomba onde ocorre a implosão das mesmas com a
condensação do vapor e retorno ao estado líquido.
Este fenômeno causa a retirada de material da superfície do rotor e da
carcaça, sendo acompanhado de vibrações e ruído característico ao de um
misturador de concreto.
A cavitação pode ocorrer em maior ou menor intensidade. Quando
ocorre em pequena intensidade seus efeitos são quase imperceptíveis. Já em
grande intensidade, ocorrem vibrações que comprometem a vida dos
componentes mecânicos.

ZONA DE BAIXA PRESSÃO ZONA DE ALTA PRESSÃO

Formação das bolhas de Pressão sobre as bolhas e implosão da mesma


vapor Onda de choque retira material do rotor/carcaça/etc.

Tubulação

Ciclos podem chegar a 25.000/s e pressões localizadas nas


partes metálicas na ordem de 1.000 atm (ou 1.000 bar ou 10.000 mca).

Conseqüências da cavitação:
Os efeitos da cavitação dependem do tempo de duração,
intensidade da cavitação, propriedade do líquido e resistência do material
à erosão por cavitação, ou seja, a cavitação causa barulho, vibração,
alteração das curvas características e danificação ou "pitting" do material.
O barulho e vibração são provocados principalmente pela instabilidade
gerada pelo colapso das bolhas.

Bombas Centrífugas – Seleção e Aplicação 48


Bombas Centrífugas – Seleção e Aplicação

Sintomas da cavitação:
Ruído Característico: A cavitação produz um ruído semelhante de “de
grãos de areia” ou “bolas de gude”.
Vibração Característica: O colapso produz excitações denominadas
aleatórias, que se caracterizam por excitar freqüências naturais (ressonâncias).
Alterações na performance: Dependendo da intensidade pode-se
observar variações na pressão de descarga, visto no pela oscilação do
Manômetro. Perdendo até mesmo a vazão.
Oscilações nas Indicações da Corrente: É uma conseqüência direta das
alterações na performance, tendo em vista que a potência consumida é função
da pressão (AMT) e da Vazão, que variam em uma condição de cavitação.

Causas da cavitação:
As causas da cavitação estão ligadas ao mau dimensionamento da
linha de sucção e do NPSH requerido pelo sistema e pela alteração do ponto
de trabalho da bomba, saindo fora da zona aceitável da curva da bomba.

NPSH – Net Positive Suction Head (Energia Positiva de Sucção).


É um dos mais polêmicos termos associado a bombas, porém sua
compreensão é essencial para o bom funcionamento. Assim devemos entender
os conceitos de NPSH disponível e requerido.

NPSH disponível
É uma característica da instalação em que a bomba opera, isto é,
pressão disponibilizada pela instalação para um determinado fluido.

NPSH requerido
Representa a pressão acima da pressão de vapor requerida pela bomba
para que não ocorra a cavitação.
Os fabricantes apresentam o NPSH requerido pela bomba através de
curvas levantadas em banco de prova.

O NPSH disponível deve ser sempre maior que o NPSH requerido.

Bombas Centrífugas – Seleção e Aplicação 49


Bombas Centrífugas – Seleção e Aplicação

Cálculo do NPSH disponível:

Prs + Patm − pv
NPSH disp = (− ∆Ps )(± H geos )
γ
Prs = pressão no reservatório de sucção em mca.
Patm = pressão atmosférica no local em mca.
Pv = pressão de vapor do líquido à temperatura de bombeamento em mca.
Hgeos = altura geométrica de sucção (negativa ou positiva) em metros
∆Ps = somatória das perdas de carga na sucção em mca
γ = peso específico do fluido bombeado em Kgf/dm3.

Obs: Para sucção negativa, subtrai a Hgeo. Para sucção positiva (bomba
afogada) soma-se a Hgeo.

Exemplo:
Determinar o NPSH disponível para o exercício 01 da página 26.

R
28,0 m

B VR RG
12” 10”
2,0 m

S VP
DADOS ADICIONAIS:
Comprimento total da sucção = 5m (01 curva)
Comprimento total do recalque = 400m (02 curvas)
S=Sucção / B=Bomba / VR=Válvula Retenção / RG=Registro Gaveta /
VP=Válvula Pé / R=Recalque

∆Ps (Perdas de cargas na sucção):

vazões
componentes
100 200 300 400 500
5m de tubo Ø12"
1 curva 90º Ø12”
1 valvula de pé Ø12”
total

Bombas Centrífugas – Seleção e Aplicação 50


Bombas Centrífugas – Seleção e Aplicação

Prs = pressão no reservatório de sucção em mca: 0 mca


Patm = pressão atmosférica no local em mca: 10 mca (ao nível do mar).
Pv = pressão de vapor do líquido à temperatura de bombeamento em mca: 1,25 mca (Água a
50ºC).
Hgeos = altura geométrica de sucção (negativa) em metros: 2 metros
∆Ps = somatória das perdas de carga na sucção em mca: Na Vazão de projeto: 0,53 mca
3 3
γ = peso específico do fluido bombeado. Kgf/dm : 0,988 . Kgf/dm (Água a 50ºC)

0 + 10,0 − 1,25 NPSH disp =


8,75
(−0,53)(−2,0)
NPSH disp = (−0,53)(−2,0)
0,988 0,988

NPSH disp = 8,86(−0,53)(−2,0) NPSH disp = 6,32

Consultando a curva do NPSH requerido:

10
NPSHr: 3,5mca
NPSH m

ø417

0
0 100 200 300 400 500

Para vazão de 300 m3/h, que é a vazão do projeto, o NPSH requerido


para essa bomba é de 3,5 mca. Como o NPSH disponível (do projeto) é de
6,32 mca, podemos usar essa bomba sem nenhum problema.
Recomenda-se o NPSH disponível ser 0,5 mca acima do que o
NPSH requerido para uso geral. Para caldeiras, recomenda-se ser 3,0 mca
acima.
Exemplo: se o NPSH disponível (do projeto) for de 5,0 mca, o NPSH
requerido (da bomba) tem que ser no máximo 4,5 mca. Se fosse para caldeiras
deveria ser no máximo de 2,0 mca.

Bombas Centrífugas – Seleção e Aplicação 51


Bombas Centrífugas – Seleção e Aplicação

Exemplo:
Determinar o NPSH disponível para o exercício 02 da página 28.

R
10 m

B VR RG
5” 4”
2,0 m

S VP
DADOS ADICIONAIS:
Comprimento total da sucção = 6m (01 curva)
Comprimento total do recalque = 100m (02 curvas)
S=Sucção / B=Bomba / VR=Válvula Retenção / RG=Registro Gaveta /
VP=Válvula Pé / R=Recalque

∆Ps (Perdas de cargas na sucção):

vazões
componentes

total

Prs = pressão no reservatório de sucção em mca: _____ mca


Patm = pressão atmosférica no local em mca: 10 mca (ao nível do mar).
Pv = pressão de vapor do líquido à temperatura de bombeamento em mca: 0,75 mca (Água a
40ºC).
Hgeos = altura geométrica de sucção (negativa) em metros: ____ metros
∆Ps = somatória das perdas de carga na sucção em mca: Na Vazão de projeto: _____ mca
3 3
γ = peso específico do fluido bombeado. Kgf/dm : 0,992 . Kgf/dm (Água a 40ºC)

Bombas Centrífugas – Seleção e Aplicação 52


Bombas Centrífugas – Seleção e Aplicação

Curva do NPSH requerido (da bomba)

NPSH disponível (do projeto): ______


NPSH requerido (da bomba): ______

Associação de Bombas:
As razões que nos levam a usar a associação de bombas são várias e
de natureza diversas, por exemplo:
- Não existe uma bomba centrífuga que possa sozinha atender a vazão
requerida;
- Variação da vazão com o decorrer do tempo (aumento da população,
por exemplo, no período de alguns anos).
- Não há bomba que atenda altura manométrica requerida no projeto
As razões de associação de bombas são, portanto de natureza técnico-
comercial, variando desde a impossibilidade de uma só bomba atender a vazão
ou altura manométrica do projeto, ou por diminuição dos custos de
implantação.

Associação em paralelo:
Duas ou mais bombas operando em paralelo quando recalcam para
uma tubulação em comum, de modo que cada uma contribua com uma parcela
para a vazão total. Dessa forma, todas as bombas terão a mesma altura
manométrica total. Faz-se a associação em paralelo para aumentar a vazão
total do sistema.

Bombas Centrífugas – Seleção e Aplicação 53


Bombas Centrífugas – Seleção e Aplicação

Quanto mais bombas em paralelo tiverem associadas, teremos:


Vantagem: maior flexibilidade do sistema.
Desvantagem: mais unidades a serem mantidas.

O número excessivo de bombas em paralelo faz com que cada uma


opere muito abaixo do seu ponto de projeto. Vamos analisar uma associação
de 7 bombas em paralelo:
H(mca)
100

90

80 Curva do Sistema

70

60

50

40

30

20
1 Bomba 2 Bombas 3 Bombas 4 Bombas 5 Bombas 6 Bombas 7 Bombas
10

0
0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 500 550 600 650 700 750 800 850 900 950 1000 1050 1100 Q(m³/h)
126,5 242,5 347,3 437,5 517 601,8 665

Bombas Centrífugas – Seleção e Aplicação 54


Bombas Centrífugas – Seleção e Aplicação

- Quando 1 bomba está em operação, temos uma vazão de 126,5 m3/h.


- Quando 2 bombas estão em operação, temos uma vazão de 242,5 m3/h e
não de 126,5 m3/h x 2 = 253 m3/h, que era esperada.
- Quando 3 bombas estão em operação, temos uma vazão de 347,3 m3/h e
não de 126,5 m3/h x 3 = 379,5 m3/h, que era esperada.
- Quando 4 bombas estão em operação, temos uma vazão de 437,5 m3/h e
não de 126,5 m3/h x 4 = 506 m3/h, que era esperada.
- Quando 5 bombas estão em operação, temos uma vazão de 517 m3/h e não
de 126,5 m3/h x 5 = 632 m3/h, que era esperada.
- Quando 6 bombas estão em operação, temos uma vazão de 601,8 m3/h e
não de 126,5 m3/h x 6 = 759 m3/h, que era esperada.
- Quando 7 bombas estão em operação, temos uma vazão de 665 m3/h e não
de 126,5 m3/h x 7 = 885,5 m3/h, que era esperada.

Quando as 7 bombas estão em operação, cada uma delas passa a fornecer 95


m3/h, sendo que uma bomba operando sozinha é capaz de fornecer 126,5 m3/h.

Associação em série:
Em algumas aplicações, como por exemplo, por condições topográficas ou por
qualquer outro motivo, um sistema poderá atingir grandes alturas manométricas, que
em alguns casos, pode exceder às faixas de operação de bombas de simples
estágio. Nestes casos, uma das soluções é a associação de bombas em série.
Esquematicamente, a associação em série se apresenta da seguinte forma:

É fácil notar, que o líquido passará pela primeira bomba, receberá uma certa
energia de pressão, entrará na segunda bomba, onde haverá um novo acréscimo de
pressão, a fim de que o mesmo atinja as condições solicitadas.
Também fica claro que a vazão que sai da primeira bomba, é a mesma que
entra na segunda, sendo, portanto a vazão constante.
Quando associamos bombas em série, aumenta-se a pressão total do sistema
(altura manométrica), somando-se a pressão de cada bomba.

Bombas Centrífugas – Seleção e Aplicação 55


Bombas Centrífugas – Seleção e Aplicação

Bombas de vários estágios:


Um exemplo comum de bombas operando em série é o de bombas de
vários estágios. Tudo se passa como se cada estágio fosse uma bomba
isolada. A vazão é a mesma em cada estágio e as alturas manométricas vão se
somando às anteriores.
As aplicações mais típicas são aquelas de pequenas e médias vazões e
alturas manométricas totais elevadas. Assim são as bombas para alimentação
de caldeiras, bombas para abastecimento e bombas para irrigação, entre
outras aplicações.

Bombas Centrífugas – Seleção e Aplicação 56


Bombas Centrífugas – Seleção e Aplicação

Bombeamento Simultâneo:
Algumas vezes, ocorre a necessidade de bombeamento para reservatórios
distintos, simultaneamente, ou isoladamente, para um reservatório e outro, etc. Pode
ocorrer também, que estes reservatórios estejam situados em níveis diferentes,
como ilustra a figura abaixo.

Neste sistema, o equipamento poderá bombear fluido para os reservatórios 1 e


2 simultaneamente, podendo também bombear fluido ora para o reservatório 1, ora
para o reservatório 2, isoladamente.
Para resolver o sistema, devemos preceder da seguinte forma:
- O diâmetro da tubulação deve ser calculada pela soma das vazões dos
reservatórios 1 e 2.
- Supondo que o bombeamento seja realizado somente para o reservatório 1,
traça-se a curva correspondente ao reservatório 1, através da tubulação 1 e seus
componentes e a vazão requerida do reservatório 1.
- Supondo que o bombeamento seja realizado somente para o reservatório 2,
traça-se a curva correspondente ao reservatório 2, através da tubulação 2 e seus
componentes e a vazão requerida do reservatório 2.
- Supondo agora que os 2 reservatórios sejam abastecidos simultaneamente,
deve-se traçar a curva correspondente a soma das vazões, altura geométrica do
reservatório mais alto, e das duas tubulações e seus componentes.
Temos assim, a solução gráfica do sistema:

Bombas Centrífugas – Seleção e Aplicação 57


Bombas Centrífugas – Seleção e Aplicação

Transmissão Acionador - Bomba:


Os tipos de transmissão podem ser:
- Acoplamento elástico
- Polias e correias
- Combinados (redutor + acoplamento + polias e correias, etc)

Cálculos para acoplamentos elásticos.

Onde:
T = Torque [N.m]
7030 ⋅ Fs ⋅ Pot (cv)
T= [N.m] Fs = Fator de segurança
n = Rotação [rpm]
n(rpm)
7030 = Fator de conversão para SI

Obs: O fator de segurança é definido pelo fabricante do acoplamento,


levando em conta o tipo de operação, ambiente, etc.
- Selecionar o acoplamento no catálogo do fabricante, comparando o
torque;
- Verificar a furação máxima permitida para o acoplamento selecionado e
comparar com a ponta dos eixos do motor e da bomba

Bombas Centrífugas – Seleção e Aplicação 58


Bombas Centrífugas – Seleção e Aplicação

Exercício: calcule o torque do acoplamento para o exercício 1 da página 45.


Utilize fator de segurança 1,5.

Bombeamento de líquidos viscosos:


Como já estudado nas propriedades dos fluidos, viscosidade é a resistência
que um fluido apresenta ao escoamento.
Para facilitar a escolha de uma bomba centrífuga, ficou convencionado que
todas as curvas das bombas centrífugas devem ser levantadas utilizando-se como
fluido, água limpa a 20ºC e viscosidade igual a 1 centiStoke.
Entretanto, estas características sofrem modificações quando a bomba opera
com fluidos muito viscosos. Assim sendo, uma redução da eficiência, uma queda na
vazão e altura manométrica, ocorrem de maneira geral.
Para sanar esse problema, utilizam-se correções nas curvas características
das bombas centrífugas.

Limitações para o uso dos fatores de correção:


- Usar somente as escalas indicadas no gráfico, não extrapolar valores.
- Usar somente para bombas convencionais, com rotores aberto ou fechados,
não usar para bombas de fluxo axial.
- Usar somente para líquidos Newtonianos.

Líquidos não Newtonianos: Um fluido não-newtoniano é um fluido cuja


viscosidade varia de acordo com o grau de deformação aplicado. Como
conseqüência, fluidos não newtonianos podem não ter uma viscosidade bem definida.
Resumindo: Se você aplicar mais força, o fluido se torna sólido (ou quase isso), se
aplicar pouca força, o fluido se torna líquido.

Bombas Centrífugas – Seleção e Aplicação 59


Bombas Centrífugas – Seleção e Aplicação

Símbolos e definições utilizados na correção:


- Qvis – Vazão viscosa em m3/h – vazão quando operando com líquido
viscoso.
- Hvis – Altura manométrica viscosa – altura quando operando com
líquido viscoso.
- Pvis – Potência viscosa em CV – potência requerida pela bomba
quando operando com líquido viscoso.
- Qw – Vazão da água em m3/h, quando operando com água.
- Hw – Altura manométrica da água em mca, altura quando operando
com água.
- γ – Peso específico (Kgf/dm3).
- fQ – Fator de correção para vazão
- fH – Fator de correção para altura manométrica
- fη – Fator de correção para rendimento.

Fórmulas para correção:

Qvis ⋅ Hvis ⋅ γvis Qw =


Qvis
Pvis =
2,7 ⋅ηvis fQ

Qvis = fQ × Qw Hvis
Hw =
fH
Hvis = fH × Hw
nvis
nvis = fn × nw nw =
fn

Bombas Centrífugas – Seleção e Aplicação 60


Bombas Centrífugas – Seleção e Aplicação

Exemplos de cálculos:
Escolha da bomba para dadas condições de H e Q de um líquido de
viscosidade conhecida.
Escolher uma bomba capaz de fornecer uma vazão de 170 m3/h com H = 30
mca (nos casos de bomba multi-estágios, deve-se usar a altura de um estágio),
sendo a viscosidade do líquido igual a 190 centiStokes e peso específico igual a 0,90
na temperatura de funcionamento.
Entrando-se no gráfico de correção com Qvis = 170 m3/h, vai-se até Hvis = 30.
Depois segue-se até a reta da viscosidade de 190 centiSotkes e então na
vertical até as curvas que indicam os fatores de correção.

fQ = 0,94 fH = 0,91 (para 1,0 Q) fn = 0,62

Daí calcula-se:

Qw =
Qvis
Qw =
170 Qw = 180,85
fQ 0,94

Hvis 30
Hw = Hw = Hw = 32,96
fH 0,91

No manual de curvas de bombas procura-se uma bomba capas de fornecer


uma vazão de 180,85 m3/h e 32,96 mca de altura manométrica.
Se o rendimento encontrado na curva da bomba for, por exemplo, de 80%,
então o rendimento com líquido viscoso será:

nvis = fn × nw

nvis = 0,62 × 80
nvis = 49,6%

Bombas Centrífugas – Seleção e Aplicação 61


Bombas Centrífugas – Seleção e Aplicação

A potência consumida pela bomba, operando com o líquido viscoso será:

Qvis ⋅ Hvis ⋅ γvis 170 ⋅ 30 ⋅ 0,90


Pvis = Pvis =
2,7 ⋅ηvis 2,7 ⋅ 49,6

Pvis = 34,27CV

Exercício:
Escolher uma bomba capaz de fornecer uma vazão de 400 m3/h com H
= 60 mca, sendo a viscosidade do líquido igual a 300 centiStokes e peso
específico igual a 0,75 na temperatura de funcionamento.

Bombas Centrífugas – Seleção e Aplicação 62


Bombas Centrífugas – Seleção e Aplicação

Exercício: Projeto de bombeamento:


Passos para cálculo do projeto:
1. Calcular diâmetro da tubulação de sucção e recalque.
2. Calcular as perdas de cargas na sucção e recalque.
3. Calcular a altura manométrica total (pressão da bomba).
4. Estabelecer o ponto de projeto (H e Q)
5. Traçar a curva do sistema.
6. Calcular o NPSH disponível.
7. Selecionar a bomba, indicando seu ponto de operação (rendimento e
Ø do rotor)
8. Calcular a potência consumida pela bomba, e determinar a potência
do motor elétrico.
9. Calcular o torque para seleção do acoplamento.

Dados do exercício:
Vazão de projeto: 200 m3/h.
Variações de vazão: 100 m3/h, 150 m3/h, 200 m3/h e 250 m3/h.
Líquido bombeado: Água a 40ºC
Altitude de local: 600 m acima d nível do mar
Esquema:

Bombas Centrífugas – Seleção e Aplicação 63


Bombas Centrífugas – Seleção e Aplicação

Desenvolvimento dos cálculos:

1. Diâmetro da tubulação de sucção e recalque:

2. Perdas de cargas na sucção e recalque:

∆Ps (Perdas de cargas na sucção):

vazões
componentes

total

∆Pr (Perdas de cargas no recalque):

vazões
componentes

total

Bombas Centrífugas – Seleção e Aplicação 64


Bombas Centrífugas – Seleção e Aplicação

3. Altura manométrica total:

Q (m3/h) AMT (mca)

4. Ponto de projeto:

Altura manométrica (H) ______mca e Vazão (Q)__________ m3/h.

5. Curva do sistema:

H (mca)

Q (m3/h)

Bombas Centrífugas – Seleção e Aplicação 65


Bombas Centrífugas – Seleção e Aplicação

6. NPSH disponível:

7. Seleção da Bomba conforme catálogo:

Modelo:
Rendimento:
Ø do rotor:
NPSH requerido:

8. Potência consumida pela bomba e potência do motor elétrico:

9. Torque para seleção do acoplamento:

Bombas Centrífugas – Seleção e Aplicação 66


Bombas Centrífugas – Seleção e Aplicação

Conclusões:
1. Diâmetro da tubulação de recalque_______e sucção________.
2. Ponto de projeto: H______Q_______.
3. NPSH disponível__________e requerido__________.
4. Modelo de Bomba: ______________RPM_________rendimento________
Ø do rotor_________
5. Potência do motor elétrico__________.cv
6. Torque do acoplamento____________.Nm

Bombas Centrífugas – Seleção e Aplicação 67


Bombas Centrífugas – Seleção e Aplicação

Tabela de Pressão de Vapor e Peso Específico da Água:

OBS: Multiplicar a pressão por 10 para converter em mca.

Bombas Centrífugas – Seleção e Aplicação 68


Bombas Centrífugas – Seleção e Aplicação

Motores Elétricos:

Bombas Centrífugas – Seleção e Aplicação 69


Bombas Centrífugas – Seleção e Aplicação

Tabela de pressão atmosférica em função da altitude

Bombas Centrífugas – Seleção e Aplicação 70


Bombas Centrífugas – Seleção e Aplicação

Tabela de perdas de pressão em trechos retos de tubulações

Bombas Centrífugas – Seleção e Aplicação 71


Bombas Centrífugas – Seleção e Aplicação

Tabela de perdas de pressão em curvas e válvulas de pé

Bombas Centrífugas – Seleção e Aplicação 72


Bombas Centrífugas – Seleção e Aplicação

Tabela de perdas de pressão para válvulas de retenção e gaveta

Bombas Centrífugas – Seleção e Aplicação 73


Bombas Centrífugas – Seleção e Aplicação

Gráfico de determinação da performance de bombas centrífugas para líquidos


viscosos:

Bombas Centrífugas – Seleção e Aplicação 74

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