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ES009-05-2001

AGITAÇÃO DE FLUIDOS – CONSUMO DE POTÊNCIA

1. INTRODUÇÃO

Entende-se por agitação, a operação de produzir movimentos mais ou menos regulares no interior de
um fluido. Quando se trata de uma só substância, a operação é de agitação propriamente dita, para duas ou
mais substâncias, miscíveis ou imiscíveis entre si, tem-se então, uma mistura.

A maioria das operações nas indústrias químicas, farmacêuticas, alimentícias e outras, requer
agitação do produto para cumprir uma das seguintes finalidades: mistura de líquidos, formação de
dispersões, transmissão de calor e uniformização de temperatura.

A operação básica de agitação é a mais difícil de sujeitar-se a uma análise científica. Não existe uma
fórmula verdadeira ou equação generalizada para pré-determinar a velocidade de um agitador sob
determinadas condições.

O sistema de agitação é, também, integrado a geometria do vaso para propiciar as melhores


condições para o processo e a maior economia operacional possível. Por sua vez, a geometria do vaso
resulta da otimização do uso de chapas que reduz o custo do equipamento, diminuindo o número de cortes e
de soldas e com uma padronização que atende a racionalização da produção e as necessidades do
mercado.

A agitação pode ser feita por impelidores: de fluxo - como a recirculação por bombas; rotativos rápidos
- como os navais e as pás retas inclinadas; e rotativos lentos - como as âncoras.

2. A POTÊNCIA DE AGITAÇÃO

A agitação, em seu aspecto tecnológico, que consiste em produzir movimentos turbulentos em um


fluido, por meio de dispositivos mecânicos, é conforme citado por Foust et al.(1982), uma das operações
mais antigas e mais comuns na indústria. Estes autores, embora sabendo que a eficiência e o consumo de
energia na agitação dependem dos princípios básicos da Mecânica dos Fluidos, reconhecem que, as
configurações do escoamento nos vasos com agitação são tão complicadas que a aplicação rigorosa dos
referidos princípios básicos é impossível. Assim sendo é preciso utilizar aproximações empíricas.

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Ainda segundo a referência mencionada, a agitação, nos casos típicos, efetua-se num tanque
cilíndrico pela ação de lâminas que giram acopladas a um eixo-árvore que coincide com o eixo vertical do
tanque. O agitador pode operar em base contínua ou descontínua. Na operação contínua, os materiais a
serem misturados são aduzidos continuamente ao tanque e a mistura é removida, também continuamente.

As lâminas do agitador podem assumir formas diferentes dependendo do serviço a ser realizado. O
tanque pode possuir chicanas ou quebra-ondas, que são chapas metálicas montadas verticalmente nas
paredes. De acordo com os autores, as chicanas promovem maior ação de mistura e provocam a formação
de uma superfície líquida livre mais ou menos horizontal. Na ausência das chicanas, com o agitador
centrado e a velocidades elevadas forma-se um redemoinho, o vórtice, em virtude da ação da força
centrífuga sobre o líquido e da sua superfície livre que pode responder a força.

O movimento da lâmina do agitador no fluido e o movimento resultante do fluido pelas paredes


provocam um atrito característico e um arraste que dependem da velocidade de rotação e do modelo das
lâminas e do tanque.

Uma equação geral para a potência do agitador pode ser definida como função da geometria do
impelidor e do tanque, das propriedades do fluido, da rotação do impelidor e da força gravitacional. O
teorema pi de Buckingham (Uhl &Gray,1966) dá a seguinte equação adimensional para relacionamento das
variáveis:

 D 2 Nρ DN 2 P D D D D D D n 2 
f  , , , , , , , , , =0 Equação 1
 µ g ρN 3 5
D DT Z C p w l n1 

Onde:

D = diâmetro do impelidor

DT = diâmetro do tanque

Z = profundidade do líquido

C = folga entre impelidor e fundo do vaso

w = largura da pá do impelidor

p = passo das pás

n = número de pás

l = comprimento das pás

ρ = densidade do fluido

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µ = viscosidade do fluido

P = potência

N = rotação do impelidor

g = aceleração gravitacional

Para que a equação (1) seja adimensional todas as unidades devem ser coerentes.

A equação (1) acima assume a similaridade geométrica, cinemática e dinâmica entre sistemas de
diferentes tamanhos.

Garantindo a similaridade geométrica os sete últimos grupos podem ser excluídos da equação.

Os grupos restantes são:

O número de Reynolds que representa a relação entre as forças inerciais e forças viscosas, dado por:

D 2 Nρ
NRe y =
µ Equação 2

O número de Froude que representa a relação entre as forças inerciais e as forças gravitacionais,
dado por:

DN 2
N Fr =
g Equação 3

Em alguns casos o efeito gravitacional não é importante e este grupo pode ser desprezado. No
processo de agitação esse efeito (gravitacional) pode afetar o comportamento da superfície livre do líquido e,
por conseguinte, o fluxo no interior do tanque, particularmente em tanques sem quebra-ondas e com
agitador centralizado, onde pode ocorrer com mais facilidade a formação de vórtices. A forma do vórtice
representa um balanceamento entre as forças gravitacional e inercial.

O número de potência representa a relação entre as diferenças de pressão decorrentes do fluxo e as


forças inerciais, dado por:

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P
N po = Equação 4
ρN 3 D 5
A equação 1 pode então ser reescrita na forma:

 D 2 Nρ DN 2 
N po = f  , 
 Equação 5
 µ g 

Em tanques equipados com quebra-ondas e com o agitador centralizado, ou seja, com o seu eixo
coincidindo com o eixo do tanque, a superfície livre do líquido se mantém aproximadamente horizontal e
tornando o efeito gravitacional desprezível. Assim o número de Froude pode ser desprezado e o número de
potência é dado apenas como função do número de Reynolds.

N po = f (NRe y ) Equação 6

Para o fluxo laminar a seguinte relação é válida:

N po = K .(NRe y )
−1
Equação 7

Substituindo as expressões (2) e (4) em (7) temos:

P = Kµ N 2 D 3 Equação 8

Foust et al (1982) apresentam em um gráfico, com número de potência (Npo) em função do número de
Reynolds (NRey), oito curvas para várias condições de agitação.

Nagata (1975), é um dos investigadores que tem estudado o consumo de potência em sistemas
agitados. Pode-se notar que os resultados disponíveis apresentam algumas divergências em decorrência
das inúmeras variáveis em jogo e dos dispositivos utilizados para a medida da potência.

Um dos métodos mais empregados consiste na colocação de extensômetros elétricos no eixo-árvore


do agitador. O sinal emitido é captado, amplificado e permite, através da análise das deformações e tensões,
a determinação do torque.

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Nagata (1975) entre outros recursos, usou um dinamômetro de torção, descrito como dois discos
colocados face a face e conectados entre si por quatro molas helicoidais dispostas a 90°, vide figura 1. O
disco superior é diretamente ligado a parte motriz do eixo-árvore, o disco inferior é ligado ao eixo do
agitador, sustentado por dois mancais de rolamento posicionados internamente ao eixo motriz.

Figura 1 – Dinamômetro utilizado por Nagata

A medida do ângulo de deslocamento entre os dois discos rotativos é feita pela variação da indutância
de um solenóide fixado no disco superior através da mudança na posição do núcleo, no disco inferior. Ou
pela ação de uma escova em um reostato posicionados, respectivamente, nos discos inferior e superior.

Os ensaios visam, para vários tipos de impelidores, em líquidos de diferentes viscosidades, permitir a
construção de gráficos ilustrando a variação do número de potência em função do número de Reynolds.

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Para a região turbulenta, onde a curva que representa a variação de Npo em função de NRey, tende a
ser horizontal, a relação obtida é dada pela equação (9)

p
A  10 3 + 1,2.NRe
0,66 
y
N po = + B 3  Equação 9
10 + 3,2.NRe y 
0,66
NRe y

onde:

l  
2
 D 
A = 14 + 670 − 0,6  + 185 Equação 10
DT   DT  

  l 
2
 D 

B = 10. exp 1,3 − 4 − 0,5  − 1,14  Equação 11
  DT   DT 

2 4
 l   D   l 
p = 1,1 + 4  − 2,5 − 0,5  − 7  Equação 12
 DT   DT   DT 

Conforme verificado experimentalmente por NAGATA (1975) o aumento na largura das pás do
agitador provoca incremento na potência consumida tão mais acentuado quanto maior a viscosidade do
fluido. Este incremento tende a se estabilizar a partir de um certo valor para a relação l/D, no entanto, para
fluidos com viscosidade acima de 2.000 cP a potência consumida passa a aumentar linearmente com a
largura.

Não há dúvida que quanto menor o ângulo de inclinação das pás com a horizontal, menor é a potência
consumida. O efeito desta redução depende, em última análise, do número de Reynolds. Na medida em que
ele decresce, menos significativa é a inclinação das pás na potência consumida.

A altura definida pela superfície livre do líquido também sofre a mesma influência do número de
Reynolds, isto é, passa a ser significativa, na potência, na medida em que se avança no regime turbulento.

O autor, considerando estas variáveis, modifica a expressão (9), que passa a ser escrita assim:

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p
A  10 3 + 1,2.NRe
0,66 
H 
0,35 + l / D
. sen1/ 2 θ
y
N po = + B 3  .  Equação 13
10 + 3,2.NRe y  D
0,66
NRe y

Por outro lado, a posição do impelidor no tanque em relação a vertical, tem pouquíssima influência na
potência consumida. Isto é também o que se nota com a potência exigida por uma pá com determinada
largura em comparação a duas pás, arbitrariamente separadas no eixo-árvore, com metade desta largura
cada uma.

A colocação de chicanas promove um aumento considerável (de 5 a 15 vezes) na potência exigida


pelo sistema agitado quando comparado a um tanque sem chicanas. A potência sobe quanto maior a largura
e o número de chicanas, chegando a um máximo na condição em que:

1
 lw  2
  .nw = 0,35 Equação 14
 DT 

Quando o eixo-árvore do agitador é deslocado do centro de um tanque sem chicanas, a potência


exigida aumenta gradualmente no início, depois sobe quase abruptamente e estabiliza-se em um valor
máximo de até 4 vezes o inicial. Nesta condição, o eixo-árvore está a uma distância do centro de,
aproximadamente igual à metade do diâmetro das pás.

Brown et al (1963) mostram o consumo de energia para vinte e nove condições diferentes de
agitação, expressando graficamente o número de potência em função do número de Reynolds. Ainda que o
sistema empregado não seja exatamente o estudado pelos autores é possível avaliar a potência consumida.
É preciso que ambos tenham entre si semelhança geométrica.

As correções para tais mudanças de forma são obtidas, de maneira aproximada, multiplicando-se o
valor do consumo dado pelo gráfico por:

1
  DT H   2
 D . D  
  Desejado 
Equação 15
  DT H  
  .  
  D D Gráfico 

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A seguinte equação empírica é sugerida embora seus resultados não sejam precisos:

P = C.ρ .S.10 + µ 4 
1
Equação 16
 

onde a potência, em CV é expressa por unidade de volume (m³), a viscosidade em centipoise e o


-2 -3
coeficiente C varia, desde 3,3.10 para agitação de elevado nível, até 3,3.10 para a de pouca intensidade.

Garrison (1981) mostra que a potência pode ser colocada como:

P = ρ .Q.H m Equação 17

em que:

Q = NQ .N.D 3 Equação 18

H m ∝ N 2 .D 2 Equação 19

Assim, a equação (15) pode ser reescrita:

P = N po .ρ .N 3 .D 5 Equação 20

O número de potência é determinado experimentalmente para várias geometrias. O número de


bombeamento ou de agitação (NQ) é a eficiência que afeta a capacidade efetiva do agitador (Q). Seu valor,
que depende da relação entre os diâmetros do impelidor e do tanque tende a ficar constante na região de
fluxo turbulento.

Conhecendo como Npo e NQ se comportam e como a potência se relaciona com a rotação e o


diâmetro, pode-se avaliar o efeito de mudanças nestas duas variáveis, para o mesmo torque, através da
equação (20) e com o auxílio da (21):

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N po2 N 2
P2 = P1 . Equação 21
N po1 N1

Para o mesmo tipo de impelidor, a relação entre os números de potência pode assumir a unidade.
Percebe-se que é possível diminuir a potência reduzindo a rotação e aumentando o diâmetro das pás. No
entanto, deve-se lembrar que, um motor com maior número de pólos ou uma transmissão com maior
redução são mais caros.

3. O NÍVEL DE AGITAÇÃO

Uma certa resposta dinâmica mínima é requerida para se resolver satisfatoriamente um problema de
agitação. Essa resposta é representada pela magnitude da velocidade do fluido a ser imprimida pelo
misturador.

A velocidade de fluxo criada em um tanque por um agitador tem três componentes: uma componente
radial, atuando na direção perpendicular ao eixo- árvore; uma componente longitudinal, atuando
paralelamente ao eixo-árvore e uma componente de rotação, que atua na direção tangencial ao círculo de
rotação do eixo-árvore.

Tanto a componente radial como a longitudinal contribuem efetivamente para a mistura, o que não
acontece com a tangencial.

Essa componente tangencial produz uma camada de fluxo em rotação ao redor do eixo-árvore, em
geral, em escoamento laminar e que praticamente impede a movimentação longitudinal. O resultado é que o
conteúdo do tanque gira somente, sem produzir quase nenhuma ação de mistura. A potência absorvida pelo
líquido é muito limitada já que a velocidade relativa entre as pás e o fluido é pequena.

A componente tangencial pode dar lugar a formação de um vórtice na superfície do líquido, que será
cada vez mais profundo à medida que aumenta a rotação do agitador. Quando o vórtice alcança a zona de
sucção da hélice, a potência transferida ao fluido diminui subitamente devido ao arraste de ar para o interior
do produto.

Outro inconveniente, associado ao fluxo rotatório, é que eventuais partículas sólidas podem se
separar por ação de forças centrífugas.

3.1. Critérios

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Até alguns anos atrás a intensidade de agitação era dividida em três ou quatro categorias: fraca ou
débil, moderada ou média, vigorosa ou grande e violenta ou muito grande.

FRACA: significando baixa turbulência. A superfície apresenta-se praticamente estagnada ou com


lento movimento circular.

MODERADA: onde a superfície do líquido apresenta intensa movimentação, mas sem redemoinhos
ou borbulhamentos, isto é, alto grau de turbulência na parte inferior do tanque.

VIGOROSA: que compreende alto grau de turbulência em todos os pontos do líquido, sendo que na
superfície aparecerão os redemoinhos e o borbulhamento.

VIOLENTA: onde se tem todas as condições da agitação vigorosa mais a tendência a formação de
vórtices.

Outro critério para definir o nível ou a intensidade de agitação é reportar-se a determinada potência
transferida por unidade de volume de fluido. Este é um critério relativo, pois, dois agitadores consumindo a
mesma potência, sem dúvida, podem ter e têm, comumente, nível de agitação distinto.

Para quantificar objetivamente o grau de agitação Razuk (1992) fixou a velocidade média imprimida
aos fluidos pelas pás, na faixa de 1,8 a 18,3 m/min.. Uma escala de 1 a 10 foi, então, estabelecida para
cobrir essa faixa.

Desta forma, o nível da agitação (NA) fica definido através da divisão da velocidade média do fluido
por 1,8, como mostra a tabela 1.

Tabela 1 - Nível de agitação


BAIXO MÉDIO ALTO
Velocidade Velocidade Velocidade
Média do Média do Média do
NA NA NA
Fluido Fluido Fluido
(m/min) (m/min) (m/min)
3 5,4 7 12,6
4 7,2 8 14,4
1 1,8 5 9,0 9 16,2
2 3,6 6 10,8 10 18,3

A agitação nos níveis 1 e 2 é característica das aplicações que requerem a menor movimentação
possível para o produto. Já os níveis de 3 a 6 caracterizam a maior parte das aplicações industriais. De 7 a
10 tem-se os processos que necessitam de alta velocidade.

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Além do estabelecimento do nível de agitação são fatores importantes na determinação do melhor


sistema: a densidade específica, a viscosidade do produto na temperatura de operação e a própria
geometria do tanque.

A relação entre a altura do costado e o diâmetro deve variar de 0,5 a 1,5 recomendando-se o valor 1,0
para a maioria das aplicações, o que, também atende ao critério de estabilidade estrutural.

Para tanques altos é necessário um elemento impulsor para cada diâmetro de altura do recipiente.

A posição da hélice é de fundamental importância nas operações do equipamento, pois, influi na


formação de vórtices ou na aspiração de ar para o produto. O vórtice pode se formar, dependendo das
condições de rotação e potência, quando a hélice está colocada no centro de um tanque sem chicanas ou
quando aparece muito perto da superfície do líquido.

Uma das maneiras de se evitar a formação de vórtices é deslocar o agitador para fora do centro do
tanque.

4. PRINCIPAIS TIPOS DE AGITADORES ROTATIVOS

Os agitadores de pás inclinadas de maneira geral, possuem uma ação suave que, com freqüência,
deseja-se para a maioria das substâncias. É largamente empregado por gerar fluxo longitudinal, radial e
circunferencial.

Atende a maioria das aplicações pelo fato de poder trabalhar com líquidos de 1 a 100000 cP de
viscosidade, criando alta e baixa turbulência dependendo da velocidade de operação. Consumo de potência
de moderado a alto. São úteis para operações de mistura envolvendo líquidos miscíveis ou na preparação
de dissoluções de produtos sólidos.

Para líquidos mais viscosos, a fim de promover maior transmissão de calor nas operações de
aquecimento ou resfriamento em reatores e minimizar a formação de depósitos são empregados agitadores
do tipo âncora. Produzem somente fluxo tangencial, baixa turbulência e provocam alto consumo de potência.

Os agitadores navais giram a grande velocidade e produzem principalmente correntes longitudinais e


rotatórias. Em função de seu pequeno diâmetro não são efetivos em tanques grandes. Produzem alta
turbulência com baixo consumo de potência. Devido a natureza predominantemente longitudinal das
correntes de fluxo, as hélices navais devem ser montadas em eixos-árvores verticais descentrados em
relação ao diâmetro do tanque e, de preferência, formando um certo ângulo em relação a vertical. Podem
ser colocados lateralmente, mas sem posicioná-los no centro. São mais efetivos na mistura de líquidos
pouco viscosos (inferior a 3000 cP). Pelo fato de cortarem e cisalharem o produto, dispersam sólidos e
preparam emulsões.

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Existem muitas variantes para o agitador de palhetas. Possuem fluxo tangencial, requerem mais
energia que os navais e as turbinas. O comprimento, o número de palhetas e sua inclinação podem variar
grandemente. As palhetas compridas são utilizadas para dissolução e dispersão.

5. A EXPERIMENTAÇÃO NO LABORATÓRIO

5.1. Materiais e métodos

O sistema empregado na agitação constou de um recipiente de vidro com capacidade de 3 litros e um


moto-redutor Johnson 18 Hk com motor DC permitindo variar a rotação através de alterações na tensão da
armadura.

A alimentação e o controle foram feitos por um Powerstart 116 B ligado a uma fonte estabilizadora
Fontat tipo CS2. O controle da tensão fornecida a fonte e por esta a armadura do motor acontece mediante a
regulagem da tensão de saída do Powerstart, de forma contínua de 0 a 140 V.

A potência consumida pelo conjunto é determinada através da tensão aplicada aos terminais da
armadura do motor e da intensidade da corrente elétricas que por ela circula. Tais grandezas foram medidas
por multímetros digitais Dawer DM 2020.

A rotação do impelidor foi medida por um hodômetro calibrado com o auxílio de um tacômetro digital
Mitutoyo, como mostra a Figura 2.

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Hodôm etro

Fonte
Estab ilizadora V Acionamento

Variador
de
Tensão

Figura 2 - Esquema da Montagem Experimental

A Tabela 2 mostra a relação D/DT para os impelidores utilizados com 4 pás retas inclinadas a 45°.

Tabela 2 -Identificação dos Impelidores Utilizados,


Impelidor 1,4 2,4 3,4 4,4

D/DT 0,25 0,30 0,40 0,50

Foram empregados dois eixos-árvores, um longo e um médio que posicionam o impelidor a (2/3).DT e
a (1/2).DT , respectivamente, da superfície livre. Ambos com seção transversal constante de diâmetro de 3
mm.

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5.2. Resultados

5.2.1. A formação e a propagação do vórtice

O vórtice pode aparecer em conseqüência do movimento de toda a massa do fluido agitado pela
rotação do impelidor em recipientes sem chicanas ou quebra-ondas. As partículas do fluido giram com
velocidade angular constante em torno do eixo-árvore. O líquido praticamente não sofre tensões de
cisalhamento e a única aceleração existente‚ a radial é dirigida para o eixo de rotação.

Quando o eixo-árvore coincide com o eixo do recipiente, o vórtice avança ao longo deste e pode
alcançar o impelidor dependendo da velocidade de rotação e do diâmetro da hélice.

De acordo com o teorema de Bernoulli, aumentos de velocidades produzem decréscimo‚ de pressão.


Logo, a pressão no centro do vórtice ser infinitamente pequena podendo alcançar valores negativos
ocorrendo sucção de ar no local.

O tempo necessário para o vórtice atingir o impelidor decresce com o aumento do diâmetro e rotação
do agitador. Assim, o efeito do vórtice produzido por um impelidor de diâmetro elevado a baixa rotação pode
ser igual ao de um impelidor de diâmetro menor em alta rotação.

A partir do instante em que o vórtice atinge o impelidor a potência consumida pelo agitador diminui (a
tensão nos terminais do motor aumenta e a corrente elétrica diminui). A aeração do fluido aumenta com a
rotação, originando inúmeras bolhas. Além disso aparece no cubo da hélice um escoamento denominado
por Vieira (1971), vórtice de núcleo, visível devido ao desprendimento de bolhas, em razão da baixa pressão
existente na região, fenômeno que aumenta o risco da cavitação.

As Figuras 3 e 4, ilustram a formação de vórtice para o eixo-árvore centrado no recipiente sem quebra
ondas, com o impelidor 4.4.

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Hodômetro

Fonte
Estabilizadora V Acionamento

Variador
de
Tensão

Figura 3 - Formação de vórtice com: D/DT=0,5; N=487 rpm; P=1,4W; sem quebra-ondas e impelidor centrado. O vórtice não
alcança o impelidor

Hodômetro

Fonte
Estabilizadora V Acionamento

Variador
de
Tensão

Figura 4 - Formação de vórtice com: D/DT=0,5; N=581 rpm; P=2,3W; sem quebra-ondas e impelidor centrado. O vórtice alcança
o impelidor.

Agitação de Fluidos 15
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Os efeitos do vórtice são prejudiciais a eficácia do processo de agitação podendo mesmo alterar as
propriedades do produto. A redução desses efeitos indesejáveis pode ser feita com a colocação de quebra-
ondas, pela descentralização do impelidor, mediante a utilização de eixos mais longos, ou ainda, segundo
Milon e Masson (1972), pela inclinação do eixo-árvore em relação a vertical.

Um maior comprimento do eixo, além de aumentar a possibilidade de ocorrência de vibrações, abaixa


o valor da rotação crítica.

Os quebra-ondas têm por finalidade eliminar o movimento de rotação da massa fluida evitando assim
a formação do vórtice. Neste caso aparecem ondulações na superfície livre que aumentam com a rotação
provocando um movimento oscilatório ao redor do eixo, semelhante ao movimento de precessão.

As Figuras 5 e 6, mostram o esquema de comportamento do fluido no recipiente dotado de quatro


quebra-ondas, posicionados a 90° e com largura igual a 0,1. DT
Hodômetro

Fonte
Estabilizadora V Acionamento

Variador
de
Tensão

Figura 5 - Impelidor centrado em recipiente com quatro quebra-ondas; D/DT = 0,5; N=480 rpm; P=2,5W

Agitação de Fluidos 16
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Hodômetro

Fonte
Estabilizadora V Acionamento

Variador
de
Tensão

Figura 6 – Impelidor centrado com quatro quebra-ondas; D/DT = 0,5; N=715rpm; P=8,9W

A situação para dois quebra ondas, posicionados no costado do recipiente a 180° é visualizada nas
Figuras 7 e 8.
Hodômetro

Fonte
Estabilizadora V Acionamento

Variador
de
Tensão

Figura 7 - Impelidor centrado com dois quebra-ondas; D/DT=0,5; N=535rpm; P=2,3W.

Agitação de Fluidos 17
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Hodômetro

Fonte
Estabilizadora V Acionamento

Variador
de
Tensão

Figura 8 - Impelidor centrado com dois quebra-ondas; D/DT=0,5; N=810 rpm; P= 9,2 W

A descentralização do eixo-árvore, em substituição a colocação dos quebra-ondas, pode ser feita


quando a rotação é relativamente baixa. Para impelidores muito rápidos o vórtice aparece produzindo
acentuada inclinação na superfície livre do fluido como pode ser visto nas Figuras 9, 10, 11 e 12.

Agitação de Fluidos 18
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Hodômetro

Fonte
Estabilizadora V Acionamento

Variador
de
Tensão

Figura 9 -Impelidor descentrado sem quebra-ondas; D/DT = 0,5; N=402 rpm; P=1,0 W

Hodômetro

Fonte
Estabilizadora V Acionamento

Variador
de
Tensão

V ó rtic e

A r in c orp o ra do

Figura 10 - Impelidor descentrado sem quebra-ondas; D/DT = 0,5; N=471 rpm; P=1,6 W

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Estabilizadora V Acionamento

Variador
de
Tensão

V ó rtic e

A r in c orp o ra do

Figura 11 - Impelidor descentrado sem quebra-ondas; D/DT=0,5; N=530 rpm; P=2,3 W; com formação inicial de vórtice

Hodômetro

Fonte
Estabilizadora V Acionamento

Variador
de
Tensão

A r in c orp o ra do

Figura 12 - Impelidor descentrado sem quebra-ondas; D/DT=0,5; N=795 rpm; P=8,5 W; com vórtice acentuado

O gráfico da Figura 13 mostra a variação da potência em função da rotação antes e depois do vórtice
atingir o impelidor

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Os dados da tabela 3 mostram claramente que a presença de quebra-ondas exige maior consumo de
potência para a manutenção de um determinado nível de agitação.

Tabela 3 - Potência consumida em função do nível de agitação; Impelidor 4.4 - eixo-árvore longo e centralizado; fluido: água
Número de NA = 3 NA = 6
quebra-
ondas P (w) ∆p (%) P (w) ∆p (%)

0 0,76 100 6,23 100

2 0,90 118 8,96 144

4 1,42 187 13,00 210

9,5

8,5 Após atingir o impelidor


Sem atingir o impelidor
7,5

6,5
P (watts)

5,5

4,5

3,5

2,5

1,5

0,5
100 300 500 700 900 1100 1300
N (rpm)

Figura 13 - Potência em função da rotação, antes e depois do vórtice atingir o impelidor; D/DT=0,5; eixo árvore médio

Os resultados também evidenciam que a potência cresce com o número de quebra-ondas e com o
aumento do nível de agitação

Os gráficos das Figuras 14 e 15 indicam que o comportamento do eixo descentrado é sensivelmente


igual ao apresentado pelo eixo centrado com dois quebra-ondas a 180°.

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9,2 Sem defletores 2 defletores a 180 Graus

8,2 4 defletores a 90 Graus Eixo descentralizado

7,2

6,2
P (Watts)

5,2

4,2

3,2

2,2

1,2

0,2
0,5 1,5 2,5 3,5 4,5 5,5 6,5
NA

Figura 14 - Potência em função do nível ou índice de agitação; D/DT = 0,5; eixo-árvore longo

9,2 Sem defletores 2 defletores a 180 Graus

8,2 4 defletores a 90 Graus Eixo descentralizado

7,2

6,2
P (Watts)

5,2

4,2

3,2

2,2

1,2

0,2
100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000 1100 1200 1300
N (rpm)

Figura 15 - Potência em função da rotação; D/DT = 0,5; eixo-árvore longo

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Nas operações que envolveram fluidos de viscosidade elevada, a utilização de quebra-ondas não
revelou influência significativa sendo, então, dispensáveis.

Particularmente a Figura 16 mostra que no recipiente sem quebra-ondas e com eixo no centro, o
número de potência permanece praticamente constante. Nos outros casos esse número aumenta com o
nível de agitação.

3,5
Sem defletores 2 defletores a 180 Graus

4 defletores a 90 Graus Eixo descentralizado


3,0

2,5
Np

2,0

1,5

1,0
0,5 1,5 2,5 3,5 4,5 5,5 6,5 7,5
NA

Figura 16 - Comportamento do número de potência com o nível ou índice de agitação; D/DT.= 0,5; eixo-árvore longo

Invertendo o sentido de giro do eixo-árvore, fazendo com que o impelidor impulsione o fluido para
baixo, um vórtice pronunciado com intensa aeração aparece prematuramente como ilustra a Figura 17.

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Variador
de
Tensão

V ó rtic e

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Figura 17 - Impelidor centrado sem quebra-ondas, sentido de rotação invertido: fluido impulsionado para baixo; D/DT=0,5
N=440 rpm; P=6,0 W

(a) (b)
Figura 18 - Sentido de giro e movimentação do produto: (a) ascendente; (b) descendente

5.2.2. A influência das dimensões do impelidor

A Figura 19 indica que a potência requerida pelo sistema, para a obtenção de um determinado
índice de agitação, será maior quando menor o diâmetro do impelidor utilizado.

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9,2

8,2 Impelidor 1,4 Impelidor 2,4


Impelidor 3,4 Impelidor 4,4
7,2

6,2
P (Watts)

5,2

4,2

3,2

2,2

1,2

0,2
0,5 1,5 2,5 3,5 4,5 5,5 6,5
NA

Figura 19 - Comportamento da potência com o nível ou índice de agitação; D/DT=0,5; eixo-árvore longo

A Tabela 4 ilustra a situação para a água em dois níveis de agitação para os impelidores 1.4 e 4.4.

Tabela 4 - Variação na rotação e potência em função de NA e D


NA = 3 NA = 6
Impelidor
N (rpm) P (Watt) N (rpm) P (Watt)

1.4 2250 4,40 4500 35,00

4.4 400 0,80 800 6,30

Os valores mostram que a rotação e a potência requeridas pelo impelidor 1.4, para os dois níveis de
agitação considerados são da ordem de cinco vezes e meia maiores do que aquelas requeridas pelo
impelidor 4.4. Desta forma é preferível,para se obter um determinado nível de agitação, aumentar o diâmetro
das pás em detrimento da rotação.

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5.2.3. A influência da viscosidade do produto

A influência da viscosidade pode ser vista através das Figuras 20 e 21, para o impelidor 4.4,
estabelecendo as relações entre a potência consumida, a rotação e o nível de agitação.

Os dados também mostraram que a capacidade efetiva de bombeamento (Q) do impelidor é afetada,
resultando um tanto menor quanto maior a viscosidade.

Outro valor que sofre influência considerável da viscosidade é o número de potência que diminui
quando o número de Reynolds aumenta, tendendo a um valor constante na região de fluxo turbulento como
mostram as Figuras 22 e 23.

12,5

11,5 Água Xarope


Óleo Comestível Óleo lubrificante
10,5
Detergente
9,5

8,5

7,5
P (Watts)

6,5

5,5

4,5

3,5

2,5

1,5

0,5
100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000 1100 1200 1300
N (rpm)

Figura 20 - Variação da potência com a rotação para fluidos de diferentes viscosidades;D/DT=0,5; eixo-árvore médio.

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12,5

11,5 Água Xarope


10,5 Óleo Comestível Óleo lubrificante
Detergente
9,5
8,5

7,5
P (Watts)

6,5
5,5

4,5

3,5

2,5
1,5

0,5
0,5 1,5 2,5 3,5 4,5 5,5 6,5
NA

Figura 21 - Variação da potência com o nível ou índice de agitação para fluidos de diferentes viscosidades; D/DT = 0,5; eixo-
árvore médio

1,E+02
Número de potência

1,E+01

1,E+00
1,E+01 1,E+02 1,E+03 1,E+04 1,E+05
Número de Reynolds

Figura 22 - Comportamento do número de potência com o número de Reynolds; D/DT=0,5; eixo-árvore médio

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35
33
31
Água Xarope
29
Óleo comestível Óleo lubrificante
27 Detergente
25
23
21
19
Np

17
15
13
11
9
7
5
3
1
0,5 1,5 2,5 3,5 4,5 5,5 6,5
NA

Figura 23 - Comportamento do número de potência com o nível ou índice de agitação para fluidos com diferentes
viscosidades; D/DT = 0,5; eixo-árvore médio

6. CONCLUSÂO

A otimização do consumo de energia torna-se a bandeira da década, a necessidade de otimizar os


processos leva engenheiros e técnicos a estudos profundos. O cálculo de agitadores não é realizado por
normas, mas sim por modelos matemáticos próprios advindos de exaustivos estudos e pesquisas ao longo
de vários anos.

Desta forma torna a matéria complexa, porém estimulante e realizadora para aqueles que conseguem
dominar as técnicas de cálculo através de uma forte fundamentação obtida pelos ensaios e implantações.

Várias soluções diferentes são possíveis para chegarmos a um mesmo, e correto, nível de agitação.
Isto significa que muitas vezes agitadores consomem o dobro ou até mesmo o triplo do que a potência
requerida por agitadores otimizados, sem contudo apresentar maior eficiência.

O modelo matemático eficiente consegue gerar dezenas de opções ao usuário para um mesmo
processo, ficando a cargo deste a escolha da melhor opção, que muitas vezes não leva em consideração
somente o consumo (potência) mas também outras restrições, tais como: forma construtiva do agitador,
restrições para o produto, etc.

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Várias combinações de diâmetro e rotação produzem o mesmo nível de agitação com potencias
diferentes.

O posicionamento do agitador influencia consideravelmente no consumo de potência, principalmente


quando acompanhado de defletores internos ao tanque, sendo portanto, muito importante verificarmos a real
necessidade de sua utilização.

A princípio iremos exemplificar um caso de consumo de potência relacionando o diâmetro do impelidor


com sua rotação, a posição do impelidor e a utilização de defletores, como segue:

Cálculo da potência de um agitador para um tanque de 36.000 litros (diâmetro interno: 3.270 mm,
altura cilíndrica: 4.000 mm e tampos torisférico ASME 10%) de um determinado produto (mistura líquido-
líquido), densidade de 1.350 kg/m3 e viscosidade de 1.000 cP, utilizando dois impelidores de quatro pás
retas a 45º e considerando um nível de agitação igual a 3 (equivalente a uma velocidade média do produto
de 5,4 m/seg). Temos os seguintes resultados:

Tabela 5 - Comparação do consumo de potência para o mesmo tanque, produto e nível de agitação.
Posição do
Agitador Diâmetro do
Rotação (rpm) Relação Dimp/Dtanque Potência (kW)
Quantidade de Impelidor (mm)
Defletores
36 1270 0,37 2,5
50 1100 0,34 3,3
Centrado
69 980 0,30 4,3
Sem defletores
80 920 0,28 5,2
120 780 0,23 7,7
36 1270 0,37 2,9
50 1100 0,34 3,7
Fora de centro
69 980 0,30 5,0
Sem defletores
80 920 0,28 5,8
120 780 0,23 8,6
36 1270 0,37 2,9
50 1100 0,34 3,7
Centrado
69 980 0,30 5,0
Dois defletores
80 920 0,28 5,8
120 780 0,23 8,6
36 1270 0,37 3,8
50 1100 0,34 4,7
Centrado
69 980 0,30 6,6
Quatro defletores
80 920 0,28 7,5
120 780 0,23 11,1

Analisando os resultados da tabela podemos afirmar:

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! Quanto maior o número de defletores, maior será o consumo de potência (com quatro
defletores a potência foi acrescida em média 30% em relação à colocação de dois defletores
para o exemplo acima).

! Quanto menor for a relação entre o diâmetro do impelidor e o diâmetro do tanque maior será o
consumo de potência.

! O agitador, quando descentralizado, tem o mesmo consumo de um agitador centralizado com


dois quebra-ondas (as potências são as mesmas).

! Verificamos que todas as relações calculadas são para obtenção de um mesmo nível de
agitação (3), porém as potências variam desde um consumo de 2,5 kW até um consumo de
11 kW, ou seja: podemos ter um agitador produzindo o mesmo efeito (nível de agitação)
consumindo quase cinco vezes menos potência.

! Verifica-se também que todos os estudiosos do assunto baseiam suas teorias e estudos nas
relações de diâmetro do impelidor em relação ao diâmetro do tanque tomando como
referência a relação de 0,7 como máxima e 0,2 como mínima, dependendo do sistema a ser
empregado (viscosidade, nível de agitação, volume a ser agitado, etc). Uma ótima escolha é
trabalhar na faixa de 0,25 a 0,5, no entanto, há casos onde a forma construtiva do sistema ou
aplicações especiais de alguns produtos tornam-se limitantes, sendo necessário estarmos
sempre no intervalo de 0,7 a 0,2, independente de suas aplicações. Abaixo de 0,2 não se
produz adequadamente movimentação do produto, a menos que a rotação seja muito alta e,
acima de 0,7, pode-se gerar correntes radiais suficientemente fortes para bloquear as
longitudinais, dividindo o conteúdo do tanque e prejudicando a ação da mistura. Vale
ressaltar, no entanto, que o diâmetro tem influência muito mais preponderante no nível de
agitação do que a rotação uma vez que o nível de agitação pode ser dado por:

3
NQ .N.Dimp
NA =
1,8.A Equação 22

Onde NQ é o número de bombeamento, N é a rotação (elevado ao expoente 1), Dimp é o


diâmetro do impelidor (elevado ao expoente 3) e A é a área da seção transversal do tanque.

Agora vem a questão principal: Qual o sistema a ser adotado?

Para responder esta questão teremos que analisar os seguintes itens:

! O agitador operará em balanço ou bi-apoiado (utilizando um mancal de fundo)? Neste caso


específico o agitador é bi-apoiado, desta forma podemos trabalhar com uma relação

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Dimp/Dtanque maior, que implica em um agitador mais robusto, com maior massa e rotação
crítica mais elevada, otimizando ao máximo a potência.

! Qual o nível de agitação utilizado? Trata-se do nível 3, considerado baixo, não tendo a
necessidade de colocação de quatro defletores, podendo ser colocado fora de centro. No
estudo elaborado demonstramos que à medida que o nível de agitação aumenta (acima de 5
~ 9) o ideal é utilizarmos defletores internos em número igual a quatro, espaçados de 90º.
Como o efeito, em termos de consumo de potência, do agitador centrado com dois defletores
é o mesmo de um agitador fora de centro sem defletores o ideal é utilizarmos o sistema fora
de centro.

! Como se compõe o custo do agitador? Muitas vezes agitadores com pás maiores tem um
custo final maior, porém com grande economia de potência em relação a agitadores com pás
menores. Durante a compra do agitador é importante notar qual a melhor relação entre
diâmetro do impelidor e diâmetro do tanque, com a finalidade de uma melhor equalização,
uma vez que os dois sistemas podem atingir a eficiência desejada.

! O processo necessita de alto grau de sanitariedade? Por esta ótica, que assume enorme
importância em processos farmacêuticos ou processamento de alimentos, temos que evitar
sempre a colocação de defletores internos por serem considerados pontos críticos de
contaminação, merecendo maior cuidado com a limpeza CIP. Nem sempre defletores internos
nos tanques são indesejáveis somente em processos sanitários, mas também em processos
onde podemos contaminar o lote seguinte em função de acúmulo de produtos nestes
componentes. O ideal é, sempre que possível, evitar a colocação de defletores internos.
Porém não podemos esquecer que estes elementos evitam não só a formação de vórtices
como também auxiliam na mistura, aumentando as denominadas correntes longitudinais.

! E em relação a agitadores centrados sem a colocação de quebra-ondas? Somente em níveis


muito baixos (abaixo de 1,5) esta configuração pode ser utilizado sem prejuízo do processo de
agitação, contudo não é aconselhável, uma vez que contribuirão na formação de correntes
tangenciais que não são benéficas a mistura.

Concluímos assim que para o exemplo acima podemos selecionar o sistema de agitação fora de
centro, com rotação de 50 rpm, sem a utilização de quebra-ondas, com diâmetro do impelidor de 1.100 mm
(relação 0,34), consumo de potência de 3,7 kW. Utilizando uma potência padronizada teremos 4,0 kW,
otimizando em muito o consumo.

Quando dispomos de uma ferramenta cuja função é disponibilizar o maior número de opções possível,
com certeza chegaremos em uma opção muito otimizada.

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7. SIMBOLOGIA

C - Altura do agitador acima do fundo do tanque (ft)


Cútil - Capacidade útil
D, Dimp - Diâmetro do agitador (ft)
DT, Dtanque - Diâmetro interno do vaso (ft)
fu - Fator de correção da viscosidade
8
g - Aceleração da gravidade 4,7 .10 (ft / h²) / 9,81 (m/s² )
h - Altura da pá
H - Altura do costado (ft)
l - Largura da pá do agitador
lw - Largura da chicana no costado do tanque
n - Número de agitadores no mesmo eixo-árvore
nw - Número de chicanas no costado do tanque
N - Rotação do agitador
NA - Nível de agitação (rpm)
Ngr - Número de Grashof
Npo - Número de potência
NQ - Número de bombeamento ou de agitação
NRey - Número de Reynolds
P - Potência (cv)
Q - Capacidade efetiva do agitador (ft³ /min)
tp - Temperatura de permanência
V - Velocidade (ft / h ou ft / min)
Va - Vazão
Vo - Volume
z - Cota a partir do fundo do tanque até a superfície livre do produto
ffj - Fator de resistência da incrustação do lado da jaqueta (h.ft² ºF / BTU)
ρ - Densidade (lbm / ft³ )
θ - Ângulo de inclinação da pá do agitador
θT - Tempo de circulação
θB - Tempo de mistura
µ - Viscosidade na temperatura média (lbm / ft.h)
µW - Viscosidade na temperatura da parede (lbm / ft.h)

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8. BIBLIOGRAFIA

Brown G. G.; Foust S.; Katz D. V. (1963) Operaciones Básicas de la Ingenieria Química Editorial Marin

Foust A. S.; Wensel L.; Clumb C. W.; Maus L.; Andersen L. B. (1982) Princípios das Operações Unitárias
Editora Guanabara Dois

Freitas P. (1993) Análise de Relações Potência/Velocidade para o Projeto de Agitadores com Respostas
Dinâmicas Desejadas Dissertação de Mestrado – UNESP Botucatu

Garrinson C. M. (1981) How to Cut Agitation Cost Chemical Engineering – November.

Milon R; Masson N. Choix du Matériel (1972)– Puissance Necessaire à l’Entrainement des Agitateurs
Génie Chimique – Techniques de L’Ingenieur.

Nagata S. (1975) Mixing – Principles and Applications Kodansha Scientific Books .

Souza, E. & Razuk, P. C. (1996) Operações Unitárias no Tratamento do Xarope de Açúcar Primeira Edição
– EDIPRO

Vieira R. C. (1971) Atlas de Mecânica dos Fluidos Editora Edgard Blucher Ltda.

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