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SISTEMAS DE

COMUNICAÇÃO
POR FIBRA ÓPTICA
SISTEMAS DE
COMUNICAÇÃO
POR FIBRA ÓPTICA

GOVIND P. AGRAWAL
Tradução da 4ª edição

TRADUÇÃO
JOSÉ RODOLFO SOUZA
Do original: Fiber-optic Communication Systems, 4ª edição
Tradução autorizada do idioma inglês da edição publicada por John Wiley & Sons, Inc.
Hoboken, New Jersey
Copyright © 2010, by John Wiley & Sons, Inc.

© 2014, Elsevier Editora Ltda.


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ISBN 978-85-352-6425-8
ISBN (versão digital): 978-85-352-6466-1
Edição original: ISBN: 978-0-470-50511-3

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CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO


SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ
A222s
4. ed.
Agrawal, G. P. (Govind P.), 1951-
Sistemas de comunicação por fibra óptica / Govind P. Agrawal ; tradução José Rodolfo
Souza. - 4. ed. - Rio de Janeiro : Elsevier, 2014.
24 cm.
Tradução de: Fiber-optic communication systems, 4th Ed
Inclui índice
ISBN 978-85-352-6425-8
1. Comunicações ópticas. 2. Fibras ópticas. 3. Telecomunicações. I. Título.
14-10542       CDD: 621.3692
CDU: 621.39

À memória dos meus pais
A Anne, Sipra, Caroline e Claire
PREFÁCIO

Desde a publicação da primeira edição deste livro em 1992, o estado da arte de


sistemas de comunicação por fibra óptica avançou de modo dramático, apesar
do relativamente curto intervalo de apenas 18 anos entre a primeira e a quarta
edições. Em 1992, a maior capacidade de enlaces comerciais de fibra óptica era
de apenas 2,5 Gb/s. Meros quatro anos depois, com o advento da multiplexação
por divisão em comprimento de onda (WDM – Wavelength-Division-Multi-
plexing), sistemas com capacidade total de 40 Gb/s tornaram-se disponíveis
comercialmente. Em 2001, a capacidade de sistemas WDM comerciais excedia
1,6 Tb/s.Ao mesmo tempo, a capacidade de sistemas ópticos transoceânicos ins-
talados ao redor do mundo explodiu. Uma rede global cobrindo 250.000 km,
com capacidade de 2,56 Tb/s (64 canais WDM de 10 Gb/s em 4 pares de
fibra) foi planejada em 2001 e entrou em operação em 2004 (atualmente,
operada por VSNL, uma companhia de telecomunicações da Índia). Embora,
após 2001, o passo tenha diminuído por alguns anos devido ao estouro da
chamada “bolha das telecomunicações”, o progresso no projeto de sistemas
de comunicações ópticas continuou e voltou a acelerar depois de 2006, com
o advento de formatos de modulação baseados em fase, de Ethernet 100 Gb
e de multiplexação por divisão em frequências ortogonais.
A terceira edição deste livro foi lançada em 2002. Foi bem recebida pela
comunidade científica envolvida com a tecnologia de ondas luminosas, assim
como pela comunidade educacional, tendo em vista sua adoção como livro
de texto em cursos oferecidos em numerosas universidades em todo o mun-
do. Devido aos rápidos avanços ocorridos ao longo dos últimos oito anos,
o editor e eu julgamos necessário o lançamento da quarta edição com o
intuito de que o livro continuasse a fornecer um balanço abrangente e atua-
lizado de sistemas de comunicação por fibra óptica. O resultado está em suas
mãos. O principal objetivo da obra permanece inalterado. Especificamente,
esta edição deve ser como livro de texto e como de referência. Por isso, é
dada ênfase ao entendimento físico, embora aspectos de engenharia sejam
discutidos ao longo de todo o texto.
Em função da grande quantidade de material que devia ser adicionado,
para proporcionar uma cobertura abrangente, o tamanho do livro cresceu
consideravelmente, em comparação com a primeira edição. Embora todos
os capítulos tenham sido atualizados, as principais modificações ocorreram
nos Capítulos 7 a 11. Aproveitei a oportunidade para rearranjar o material de
modo que se adequasse melhor a um curso de dois semestres sobre comuni-
cações ópticas. Em particular, o capítulo sobre sistemas WDM foi antecipado
e agora aparece como Capítulo 6. Com esse rearranjo, os Capítulos de 1 a 6
vii
viii Prefácio

apresentam os fundamentos básicos, enquanto os Capítulos de 7 a 11 cobrem


temas relacionados ao projeto de avançados sistemas de comunicações ópticas.
Mais especificamente, após a introdução de conceitos elementares no Capítu-
lo 1, os Capítulos 2–4 são dedicados aos três principais componentes de um
sistema de comunicação por fibra óptica: fibras ópticas, transmissores ópticos
e receptores ópticos. Os Capítulos 5 e 6 focam aspectos de projeto relevantes
a sistemas de um e de múltiplos canais, respectivamente. Os Capítulos 7 e 8
são voltados a técnicas avançadas utilizadas para o gerenciamento de perdas
e dispersão cromática em fibras ópticas, respectivamente. O Capítulo 9 foca
o impacto de efeitos não lineares e técnicas usadas para gerenciá-los, como
o uso de sólitons ópticos e propagação pseudolinear através de dispersão
realçada. Os Capítulos 10 e 11 são a novidade da quarta edição. O Capítu-
lo 10 foca, principalmente, sistemas ópticos coerentes e autocoerentes que
utilizam inovadores formatos de modulação baseados em fase. O Capítulo 11
é dedicado ao processamento de sinais totalmente ópticos, com ênfase em
conversão de comprimento de onda e regeneração óptica. O conteúdo do
livro reflete o estado da arte de sistemas ópticos em 2010.
O principal papel desta obra é como material de texto na área de comu-
nicações ópticas. Foi feita uma tentativa de incluir a maior quantidade pos-
sível de informação, de modo que estudantes fossem expostos aos recentes
avanços nesse excitante campo. O livro também pode servir como texto
de referência para pesquisadores já engajados no campo de comunicações
por fibra óptica ou que a ele desejam se dedicar. A lista de referências no
fim de cada capítulo é mais elaborada do que o comum em um típico
livro de texto. A listagem de recentes artigos de pesquisa deve ser útil para
pesquisadores que usem este livro como referência. Ao mesmo tempo, es-
tudantes podem dela se beneficiar, caso recebam tarefas que exijam a leitura
de artigos de pesquisa original. Um conjunto de problemas é incluído no
fim de cada capítulo para ajudar tanto o professor como o aluno. Embora
escrito principalmente para estudantes de pós-graduação, é possível utilizar
o livro também em um curso de graduação de nível avançado, com uma
apropriada seleção de tópicos. Partes da obra podem ser usadas para vários
outros cursos associados. Por exemplo, pode-se utilizar o Capítulo 2 em um
curso sobre guias de onda ópticos, e os Capítulos 3 e 4 podem ser úteis em
um curso sobre optoeletrônica.
Muitas universidades nos Estados Unidos e em outros países oferecem
um curso sobre comunicações ópticas como parte dos currículos de enge-
nharia elétrica, física ou óptica. Desde 1989, leciono um curso desse para
alunos de pós-graduação no Institute of Optics, e este livro nasceu, de fato,
de minhas notas de aula. Sei que é usado como livro de texto por muitos
professores em todo o mundo, fato que me proporciona imensa satisfação.
Tenho consciência de um problema que é um efeito colateral de uma edição
Prefácio ix

revista e ampliada: como um professor pode encaixar todo esse material em


um curso de um semestre sobre comunicações ópticas? Eu tive de enfrentar
o mesmo problema. Na verdade, é impossível cobrir todo o livro em um
semestre. A melhor solução é oferecer um curso de dois semestres, cobrindo
os Capítulos 1 a 6 no primeiro semestre, deixando os capítulos restantes para
o segundo semestre. Contudo, não são muitas as universidade que podem
se dar ao luxo de oferecer um curso de dois semestres sobre comunicações
ópticas. O livro pode ser usado para um curso de um semestre, desde que o
professor faça uma seleção de tópicos. Por exemplo, o Capítulo 3 pode ser
pulado, caso os alunos já tenham feito um curso separado sobre laser. Caso
somente partes dos Capítulos 7 a 11 sejam cobertas para proporcionar aos
estudantes uma visão de recentes avanços, é possível encaixar o material em
um curso de um semestre oferecido a alunos dos últimos períodos de cursos
de graduação ou a alunos de pós-graduação.
O livro possui material complementar online disponível no site www.
elsevier.com.br/siscomfibra. Compõem esse material um pacote de software
do estado da arte para o projeto de modernos sistemas ópticos e problemas
adicionais para cada capítulo, os quais podem ser resolvidos por meio do
uso do pacote de software. O Apêndice D apresenta mais detalhes sobre o
pacote de software e sobre os problemas. Espero que o material complementar
online seja útil no treinamento de estudantes e os prepare melhor para um
emprego na indústria.
Um grande número de pessoas contribuiu para este livro, direta ou
indiretamente. É impossível mencionar todas pelo nome.
Agradeço a meus alunos de pós-graduação e aos alunos que fizeram
meu curso sobre sistemas de comunicação óptica e, por meio de suas per-
guntas e de seus comentários, ajudaram a melhorar minhas notas de aula.
Agradeço também aos muitos professores que não apenas adotaram este
livro como livro-texto, mas também identificaram erros de datilografia nas
edições anteriores e, dessa forma, ajudaram-me a aprimorar a obra. Sou
grato a meus colegas no Institute of Optics pelas numerosas discussões e
por proporcionarem uma atmosfera cordial e produtiva. Agradeço a ajuda de
Karen Rolfe, que datilografou a primeira edição deste livro e fez numerosas
revisões com um sorriso no rosto. Por fim, mas não com menor importância,
agradeço a minha esposa Anne e a minhas filhas Sipra, Caroline e Claire por
compreenderem que eu precisava passar meus fins de semana com o livro,
em vez de estar com elas.
Govind P. Agrawal
Rochester, NY
Abril de 2010.
CAPÍTULO 1

Introdução
Um sistema de comunicação transmite informação de um lugar a outro, estejam
eles separados por alguns poucos kilometros* ou por distâncias transoceânicas.
Informação é, muitas vezes, transportada por uma onda portadora eletromagnética,
cuja frequência pode variar de poucos megahertz a várias centenas de terahertz.
Sistemas de comunicação óptica usam portadoras de alta frequência (∼100 THz)
na região visível ou próxima do infravermelho do espectro eletromagnético.Tais
sistemas são, às vezes, denominados sistemas de ondas luminosas, a fim de dis-
tingui-los de sistemas de micro-ondas, cuja frequência portadora é tipicamente
cinco ordens de magnitude menor (∼1 GHz). Sistemas de comunicação por fibra
óptica são sistemas de ondas luminosas que empregam fibras ópticas para a trans-
missão de informação. Eles são desenvolvidos ao redor do mundo desde 1980, e
revolucionaram o campo das telecomunicações. De fato, a tecnologia de ondas
luminosas, aliada à microeletrônica, levou ao advento da “era da informação” na
década de 1990. Este livro descreve sistemas de comunicação por fibra óptica de
modo abrangente, enfatizando aspectos fundamentais, mas questões relevantes de
engenharia também são discutidas. Neste capítulo introdutório, não apenas apre-
sentamos conceitos básicos, como também fornecemos material suplementar. A
Seção 1.1 apresenta uma perspectiva histórica do desenvolvimento de sistemas de
comunicações ópticas.A Seção 1.2 cobre conceitos básicos, como sinais analógicos
e digitais, multiplexação de canais e formatos de modulação. Fatores relativos de
qualidade de vários sistemas de ondas luminosas são discutidos na Seção 1.3. A
última seção foca os blocos básicos de um sistema de comunicação por fibra óptica.

1.1  PERSPECTIVA HISTÓRICA


Se interpretarmos comunicação óptica em um sentido amplo [1], ve-
remos que o uso da luz para propósitos de comunicação data da antiguidade.
A maioria das civilizações usou espelhos, fachos de fogo ou sinais de fumaça
para transmitir uma única peça de informação (como vitória em uma guerra).
Essencialmente, a mesma ideia foi usada até o fim do século XVIII por meio
de lâmpadas, bandeiras e outros dispositivos semafóricos de sinalização. A
ideia foi estendida ainda mais, seguindo uma sugestão de Claude Chappe,
*
 OTA DO TRADUTOR: Em 2012, o Inmetro alterou a grafia de prefixos e de múltiplos
N
de unidades do Sistema Internacional. O prefixo “quilo” passa a ser escrito como “kilo”
e “quilômetro”, como “kilometro”.Veja http://www.inmetro.gov.br/noticias/conteudo/
sistema-internacional-unidades.pdf.

1
2 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

em 1792, para a transmissão mecânica por longas distâncias (∼100 km) de


mensagens codificadas, utilizando estações retransmissoras intermediárias [2],
que atuavam como regeneradores ou repetidores, na linguagem da atualidade. A
Figura 1.1 mostra esquematicamente a ideia básica. O primeiro deste “telé-
grafo óptico” foi posto em serviço entre Paris e Lille (duas cidades francesas
distantes 200 km uma da outra) em julho de 1794. Em 1830, a rede se ex-
pandira por toda a Europa [1]. O papel da luz em tais sistemas era simples-
mente o de tornar visíveis os sinais codificados, de modo que pudessem ser
interceptados pelas estações retransmissoras. Os sistemas optomecânicos de
comunicação do século XIX eram lentos. Na terminologia atual, a efetiva
taxa de bits desses sistemas era de menos de 1 bit por segundo (B < 1 b/s).

Figura 1.1  Ilustração esquemática do telégrafo óptico e seu inventor, Claude Chappe.
(Após a Ref. [2]; ©1944 American Association for the Advancement of Science; reimpresso
com permissão.)

1.1.1  Necessidade de Comunicações por Fibra Óptica


O advento da telegrafia na década de 1830 substituiu a luz pela eletricidade e
iniciou a era das comunicações elétricas [3].A taxa de bits B pôde ser aumentada
para ∼ 10 b/s com o emprego de novas técnicas de codificação, como o código
Morse. O uso de estações retransmissoras intermediárias permitiu comunicação por
longas distâncias (∼1.000 km). De fato, o primeiro cabo telegráfico transatlântico
bem-sucedido entrou em operação em 1866.A telegrafia usava um esquema es-
sencialmente digital, representado por dois pulsos elétricos de durações diferentes
(os pontos e traços do código Morse).A invenção do telefone em 1876 significou
uma grande mudança, pois sinais elétricos eram transmitidos na forma analógica
por meio de uma corrente elétrica de variação contínua [4]. Técnicas elétricas
analógicas dominaram sistemas de comunicação por aproximadamente um século.
O desenvolvimento de redes mundiais de telefonia durante o século XX
levou a muitos avanços no projeto de sistemas de comunicação elétricos. O
uso de cabos coaxiais no lugar de pares de fios aumentou consideravelmente
a capacidade de sistemas. O primeiro sistema a cabo coaxial, posto em serviço
Introdução 3

em 1940, era um sistema de 3 MHz, capaz de transmitir 300 canais de voz ou


um canal de televisão. A largura de banda desses sistemas era limitada pelas
perdas dos cabos, que variavam com a frequência, e aumentavam rapidamente
para frequências acima de 10 MHz.Tal limitação levou ao desenvolvimento
de sistemas de comunicação por micro-ondas, em que uma onda portadora
eletromagnética com frequência na faixa de 1−10 GHz é usada para trans-
mitir o sinal, empregando técnicas apropriadas de modulação.
O primeiro sistema de micro-ondas, operando com frequência portadora
de 4 GHz, entrou em serviço em 1948. Desde então, tanto sistemas a cabo
coaxial como sistemas de micro-ondas evoluíram consideravelmente, sendo
capazes de operar em taxas de bits de ∼100 Mb/s. O mais avançado sistema
a cabo coaxial, com serviço iniciado em 1975, operava a uma taxa de bits de
274 Mb/s. Entretanto, uma grande deficiência desses sistemas a cabos coaxiais de
alta velocidade é o pequeno espaçamento entre repetidores (∼ 1 km), o que torna
sua operação relativamente cara. Sistemas de comunicação por micro-ondas, em
geral, permitem maior espaçamento entre repetidores, possuindo, porém, taxa
de bits também limitada pela frequência portadora dessas ondas. Uma figura
de mérito comumente utilizada para sistemas de comunicação é o produto
taxa de bits-distância, BL, em que B é a taxa de bits e L, o espaçamento entre
repetidores. A Figura 1.2 mostra como o aumento do produto BL aumentou em

Figura 1.2  Aumento no produto taxa de bits-distância BL durante o período


1850 − 2000. A emergência de uma nova tecnologia é marcada por um círculo negro.
4 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

decorrência de avanços tecnológicos durante o último século e meio. Sistemas


de comunicação com BL ∼ 100(Mb/s)-km se tornaram viáveis por volta de
1970, sendo restritos a tais valores por limitações fundamentais.
Durante a segunda metade do século XX, concluiu-se que um aumento
de várias ordens de grandeza no produto BL seria possível se fosse utilizadas
ondas ópticas como portadoras. No entanto, nem uma fonte óptica coerente
nem um meio de transmissão adequado eram disponíveis na década de 1950.
A invenção do laser e sua demonstração em 1960 resolveram o primeiro
problema [5]. Desse modo, atenção foi focada na determinação de meios para
usar a luz do laser para comunicações ópticas. Muitas ideias foram propostas
durante a década de 1960 [6], sendo a mais notável a do confinamento de
luz utilizando uma sequência de lentes de gás [7].
Em 1966, foi sugerido que fibras ópticas poderiam ser a melhor escolha
[8], pois eram capazes de guiar a luz de modo similar ao de guiamento
de elétrons em fios de cobre. O principal problema eram as altas perdas
de fibras ópticas: as fibras disponíveis na década de 1960 possuíam perdas
acima de 1.000 dB/km. Um avanço ocorreu em 1970, quando as perdas de
fibras puderam ser reduzidas para abaixo de 20 dB/km na região de com-
primentos de onda próximos de 1 mm [9]. Na mesma época, foi demons-
trada a operação contínua de lasers de semicondutor de GaAs (arsenieto
de gálio) à temperatura ambiente [10]. A disponibilidade de fontes ópticas
compactas e de fibras ópticas de baixas perdas levou a um esforço mundial para
o desenvolvimento de sistemas de comunicações ópticas [11]. A Figura 1.3
mostra o aumento na capacidade de sistemas de ondas luminosas após 1980,

Figura 1.3  Aumento da capacidade de sistemas a ondas luminosas depois de 1980. As


linhas pontilhadas indicam crescimento quase exponencial da taxa de bits, tanto de sis-
temas experimentais como comerciais. Uma mudança de inclinação é notável após 2001.
Introdução 5

ao longo de várias gerações de desenvolvimento [12]. Fica evidente nessa


figura que a exploração comercial de sistemas de ondas luminosas seguia
de perto a fase de pesquisa e desenvolvimento. O progresso foi, de fato,
rápido, evidenciado pelo aumento na taxa de bits por um fator de 100.000
em um período de menos de 30 anos. As distâncias de transmissão também
aumentaram de 10 para 10.000 km, no mesmo período. Em consequência,
o produto taxa de bits-distância de modernos sistemas de ondas luminosas
excede o dos sistemas de ondas luminosas da primeira geração por um
fator de 107.

1.1.2  Evolução de Sistemas de Ondas Luminosas


A fase de pesquisa de sistemas de comunicação por fibra óptica teve início
por volta de 1975. O enorme progresso realizado no período de 25 anos,
entre 1975 e 2000, pode ser agrupado em várias gerações. A Figura 1.4
mostra o aumento no produto BL ao longo desse período, em decorrência
de diversos experimentos em laboratório [13]. Nessa figura, a linha reta
corresponde a dobrar o produto BL anualmente. Em cada geração, há,
inicialmente, um aumento de BL, que começa a saturar à medida que a tec-
nologia amadurece. Cada nova geração traz uma modificação fundamental
que ajuda a melhorar ainda mais o desempenho do sistema.

Figura 1.4  Aumento no produto BL no período de 1975 a 2000, ao longo de várias


gerações de sistemas de ondas luminosas. Diferentes símbolos são usados para suces-
sivas gerações. (Após a Ref. [13], ©2000 IEEE; reimpresso com permissão.)

A primeira geração de sistemas de ondas luminosas operava nas proxi-


midades de 0,8 mm e usava lasers de semicondutor de GaAs. Após vários
ensaios de campo no período de 1977−1979, tais sistemas se tornaram
6 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

comercialmente disponíveis em 1980 [14]. Esses sistemas operavam a uma


taxa de bits de 45 Mb/s e permitiam espaçamento entre repetidores de
até 10 km. O maior espaçamento entre repetidores em comparação com
o espaçamento de 1 km dos sistemas a cabos coaxiais foi uma importante
motivação para os projetistas de sistemas, pois reduzia os custos de instalação
e manutenção associados a cada repetidor.
Durante a década de 1970, ficou claro que o espaçamento entre repetido-
res poderia ser aumentado consideravelmente se o sistema de onda luminosa
fosse operado na região de comprimentos de onda próximos de 1,3 mm,
em que a perda na fibra óptica é menor do que 1 dB/km. Ademais, fibras
ópticas exibem mínima dispersão nessa faixa de comprimentos de onda.Tal
observação levou a um esforço mundial para o desenvolvimento de lasers de
semicondutor de InGaAsP (arsenieto fosfeto de índio e gálio) e de detectores
que operassem nas proximidades de 1,3 mm. A segunda geração de sistemas
de comunicação por fibra óptica se tornou disponível no início da década de
1980; a taxa de bits dos primeiros sistemas era limitada abaixo de 100 Mb/s,
devido à dispersão em fibras multimodo [15]. Tal limitação foi superada
com o uso de fibras monomodo. Um experimento em laboratório demons-
trou, em 1981, transmissão a 2 Gb/s por 44 km de fibra monomodo [16].
A introdução de sistemas comerciais ocorreu logo depois. Em 1987, passou
a ser comercializada a segunda geração de sistemas de ondas luminosas, que
operavam em taxas de bits de até 1,7 Gb/s e tinham repetidores espaçados
de cerca de 50 km.
O espaçamento entre repetidores da segunda geração de sistemas de
ondas luminosas era limitado pelas perdas nas fibras no comprimento de
onda de operação, de 1,3 mm (perda típica de 0,5 dB/km). A perda de fibras
de sílica é mínima nas proximidades de 1,55 mm. De fato, uma perda de
0,2 dB/km foi percebida em 1979, nessa faixa espectral [17]. Contudo, a
introdução da terceira geração de sistemas de ondas luminosas em 1,55 mm
foi bastante atrasada pela grande dispersão da fibra nas proximidades de
1,55 mm. Lasers de semicondutor de InGaAsP convencionais não poderiam
ser utilizados, devido ao espalhamento temporal de pulsos decorrente de
simultâneas oscilações de vários modos longitudinais. O problema da dis-
persão poderia ser superado pelo emprego de fibras de dispersão deslocada,
projetadas para terem mínima dispersão nas proximidades de 1,55 mm, ou
pela limitação do espectro do laser a um único modo longitudinal. As duas
abordagens foram seguidas durante a década de 1980. Em 1985, experimen-
tos em laboratório indicavam a possibilidade da transmissão de informação
a taxas de bits de até 4 Gb/s por distâncias maiores do que 100 km [18]. A
terceira geração de sistemas de ondas luminosas, que operavam a 2,5 Gb/s,
tornou-se comercialmente disponível em 1990. Tais sistemas eram capazes
de operar a taxas de até 10 Gb/s [19]. O melhor desempenho era alcançado
Introdução 7

pelo emprego de fibras de dispersão deslocadas em combinação com lasers


que oscilavam em um único modo longitudinal.
Uma deficiência dos sistemas de terceira geração em 1,55 mm é o sinal
ser regenerado periodicamente por meio de repetidores optoeletrônicos es-
paçados, tipicamente, por 60−70 km. O espaçamento entre repetidores pode
ser aumentando com a utilização de um esquema de detecção homódino ou
heteródino, o que aumenta a sensibilidade do receptor. Tais sistemas eram
referidos como sistemas coerentes de ondas luminosas. Sistemas coerentes
encontravam-se em desenvolvimento em todo o mundo durante a década
de 1980, e seus potenciais benefícios foram demonstrados em vários ex-
perimentos [20]. Contudo, a introdução comercial desses sistemas foi adiada
com o advento de amplificadores a fibra óptica em 1989.
A quarta geração de sistemas de ondas luminosas utiliza amplificação
óptica, para aumentar o espaçamento entre repetidores, e multiplexação por
divisão em comprimento de onda (WDM − Wavelength-Division Multiplexing),
para aumentar a taxa de bits. Como mostram as Figuras 1.3 e 1.4, o advento
da técnica WDM, por volta de 1992, iniciou uma revolução que resultou
na duplicação da capacidade de sistemas a cada 6 meses, aproximadamente,
permitindo que, em 2001, sistemas de ondas luminosas operassem a uma
taxa de bits de 10 Tb/s. Na maioria dos sistemas WDM, as perdas de fibras
são compensadas periodicamente por amplificadores da fibra dopada com
érbio espaçados a cada 60−80 km, os quais foram desenvolvidos depois de
1985 e passaram a ser comercializados por volta de 1990. Um experimento
de 1991, usando uma configuração de laço recirculante de fibra, mos-
trou a possibilidade de transmissão de dados por 21.000 km a 2,5 Gb/s, e
por 14.300 km a 5 Gb/s [21]. Tal desempenho indicava que transmissão
submarina totalmente óptica e baseada em amplificadores era viável para
comunicação intercontinental. Em 1996, não apenas foi demonstrada a
transmissão ao longo de 11.300 km, a uma taxa de 5 Gb/s, usando cabos
submarinos reais [22], como sistemas de cabos transatlânticos e transpacíficos
se tornaram disponíveis comercialmente. Desde então, um grande número
de sistemas de ondas luminosas submarinos foi instalado em todo o mundo.
A Figura 1.5 mostra a rede internacional de sistemas submarinos por
volta de 2005 [23]. Os 27.000 km de enlaces de fibra óptica ao redor do
globo (conhecido como FLAG − Fiber Loop Around the Globe) entraram
em operação em 1998, conectando vários países asiáticos e europeus [24].
Outro importante sistema de onda luminosa, conhecido como Africa One,
passou a operar em 2000; esse sistema circula o continente africano e cobre
uma distância de transmissão total de cerca de 35.000 km [25]. Diversos sis-
temas WDM foram instalados nos oceanos Atlântico e Pacífico no período
1998−2000, em resposta ao aumento de tráfego induzido pela Internet;
esses sistemas aumentaram a capacidade total por ordens de grandeza. Na
8 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

Figura 1.5  Rede submarina internacional de sistemas de comunicação por fibra óptica
por volta de 2005. (Após a Ref. [23], ©2005 IEEE; reimpresso com permissão.)

verdade, tal rapidez de implantação de novos sistemas levou a um excesso


de capacidade no mundo, o que resultou no estouro da chamada “bolha das
telecomunicações”, em 2001. A mudança de inclinação das linhas ponti-
lhadas na Figura 1.3, a qual ocorre por volta de 2001, reflete tal realidade.
Na maioria dos sistemas WDM de ondas luminosas, é dada ênfase ao
aumento da capacidade de transmissão de mais e mais canais por meio da
tecnologia WDM. Com a crescente largura de banda de sinais, muitas vezes,
não é possível a amplificação de todos os canais com um único amplificador.
Em consequência, novos esquemas de amplificação (como amplificação Ra-
man distribuída) foram desenvolvidos para cobertura da região espectral que
se estende de 1,45 a 1,62 mm. Essa abordagem resultou em um experimento,
em 2000, com taxa da 3,28 Tb/s, no qual 82 canais − cada um operando
a 40 Gb/s − foram transmitidos por 3.000 km. No intervalo de um ano, a
capacidade de sistemas pôde ser aumentada para, aproximadamente, 11 Tb/s
(273 canais WDM, cada um operando em 40 Gb/s), mas a distância de trans-
missão foi limitada a 117 km [26]. Em outro experimento com recorde de
taxa, 300 canais − cada um operando em 11,6 GHz − foram transmitidos
por 7.380 km, resultando em um produto BL de mais de 25.000 (Tb/s)-km
[27]. Sistemas terrestres comerciais com capacidade de 3,2 Tb/s, transmitindo
80 canais (cada um em 40 Gb/s) e fazendo uso de amplificação Raman,
tornaram-se disponíveis no final de 2003.Tendo em vista que a capacidade
de sistemas de primeira geração era, em 1980, de 45 Mb/s, é notável que a
capacidade tenha crescido por um fator de mais de 70.000 em um período
de 25 anos.
A quinta geração de sistemas de comunicação por fibra óptica enfatiza
a extensão da faixa de comprimentos de onda em que sistemas WDM
Introdução 9

podem operar simultaneamente. A convencional janela de comprimentos


de onda conhecida como banda C cobre o intervalo de comprimentos de
onda entre 1,53 e 1,57 mm. Essa janela está sendo estendida para os dois
lados, para comprimentos de onda mais longos e mais curtos, resultando nas
bandas L e S, respectivamente. A técnica de amplificação Raman pode ser
usada para sinais nas três bandas de comprimentos de onda. Ademais, um
novo tipo de fibra − conhecido como fibra seca − foi desenvolvido, com a
propriedade de pequenas perdas na fibra em toda a faixa de comprimentos
de onda de 1,30 a 1,65 mm [28]. A disponibilidade de tais fibras e novos
esquemas de amplificação podem levar a sistemas de ondas luminosas com
milhares de canais WDM.
O foco de atuais sistemas de quinta geração é o aumento da eficiência
espectral de sistemas WDM. A ideia é empregar formatos avançados de
modulação, de modo que a informação seja codificada usando tanto a
amplitude como a fase da portadora óptica [29]. Embora tais formatos de
modulação tenham sido desenvolvidos para sistemas de micro-ondas, em que
são empregados comumente, seu uso em sistemas de ondas luminosas atraiu a
atenção somente após 2001. A utilização desses formatos de modulação per-
mitiu aumentar a eficiência espectral − que, em sistemas de quarta geração,
era tipicamente limitada a menos de 0,8 b/s/Hz − a mais de 8 b/s/Hz. Em
um experimento de 2010 [30], um novo recorde foi estabelecido com a
transmissão de 64 Tb/s por 320 km, usando 640 canais WDM que varriam
as bandas C e L, com espaçamento de 12,5 GHz entre canais. Cada canal
continha dois sinais de 107 Gb/s multiplexados em polarizações ortogonais
e codificados com um formato de modulação conhecido como modulação
em amplitude em quadratura.
Embora tenha apenas 30 anos, a tecnologia de comunicação por fibra
óptica progrediu rapidamente e alcançou certo estágio de maturidade, o que
também se torna aparente na publicação de um grande número de livros
sobre redes de comunicações ópticas e WDM desde 2000 [31]-[47]. A quarta
edição deste livro (a primeira foi publicada em 1992) pretende apresentar
um balanço atualizado de sistemas de comunicação por fibra óptica, com
ênfase em desenvolvimentos recentes.

1.2  CONCEITOS BÁSICOS


Esta seção apresenta alguns conceitos básicos comuns a todos os sis-
temas de comunicação. Começamos com uma descrição de sinais analógicos
e digitais, e de como um sinal analógico pode ser convertido à forma digital.
A seguir, consideramos multiplexação de sinais de entrada por divisão no
tempo e em frequência, e encerramos com uma discussão de vários formatos
de modulação.
10 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

1.2.1  Sinais Analógicos e Digitais


Em qualquer sistema de comunicação, a informação a ser transmitida, em
geral, está disponível como um sinal elétrico, que pode assumir a forma
analógica ou digital [48]. No caso analógico, o sinal (p. ex., corrente elétrica)
varia de modo contínuo no tempo, como mostrado esquematicamente na
Figura 1.6(a). Exemplos familiares incluem sinais de áudio ou vídeo produ-
zidos por um microfone, que converte voz, ou uma câmera, que converte
uma imagem em sinais elétricos. Em contraste, um sinal digital pode assumir
somente alguns poucos valores discretos. Na representação binária de um sinal
digital, apenas dois valores são possíveis. O caso mais simples de um sinal
digital binário é aquele em que a corrente elétrica está ligada ou desligada,
como ilustrado na Figura 1.6(b). Essas duas possibilidade são denominadas
“bit 1” e “bit 0” (bit é uma contração das palavras inglesas binary digit, ou
dígito binário). Cada bit dura certo período de tempo TB, conhecido como
período de bit ou bit slot. Como um bit de informação é transportado em
um intervalo de tempo TB, a taxa de bit B, definida como o número de
bits por segundo, é dada simplesmente por B = TB−1. Um exemplo bas-
tante conhecido de sinais digitais são dados de computador. A cada letra do
alfabeto, juntamente com outros símbolos (numerais decimais, sinais de pon-
tuação, etc.), é alocado um número de código (código ASCII) no intervalo
0−127, cuja representação binária corresponde a um sinal digital de 7 bits.
O código ASCII original foi estendido para representar 256 caracteres

Figura 1.6  Representação (a) de um sinal analógico e (b) de um sinal digital.


Introdução 11

transmitidos por bytes de 8 bits. Um sinal analógico ou digital é caracte-


rizado por sua largura de banda, uma medida do conteúdo espectral do
sinal. A largura de banda do sinal representa a faixa de frequências contidas
no sinal e é determinada matematicamente pela transformada de Fourier
do sinal.
Um sinal analógico pode ser convertido à forma digital por meio de
amostragens em intervalos periódicos de tempo [48]. A Figura 1.7 mos-
tra, esquematicamente, o método de conversão. A taxa de amostragem
é determinada pela largura de banda ∆f do sinal analógico. Segundo o
teorema da amostragem [49], um sinal limitado em largura de banda pode
ser completamente representado por amostras discretas, sem qualquer perda
de informação, desde que a frequência de amostragem fs satisfaça o critério
de Nyquist [50]: fs ≥ 2∆f. O primeiro passo consiste em amostrar o sinal
analógico à frequência correta. As amostras podem assumir qualquer valor
no intervalo 0 < A < Amax, em que Amax é a máxima amplitude do sinal
analógico em consideração. Assumamos que Amax seja dividido em M inter-
valos discretos (não necessariamente espaçados com igualdade). Cada valor
amostrado é quantizado para corresponder a um desses valores discretos.

Figura 1.7  Três passos necessários à conversão de um sinal analógico em um sinal digital
binário: (a) amostragem, (b) quantização e (c) codificação.
12 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

Fica claro que esse procedimento leva a ruído adicional, conhecido como
ruído de quantização, que é adicionado ao ruído já presente no sinal analógico.
O efeito do ruído de quantização pode ser minimizado com a escolha
do número de níveis discretos, de modo que M > Amax/AN, sendo AN a raiz
do valor médio quadrático da amplitude de ruído do sinal analógico. A razão
Amax/AN é denominada faixa dinâmica e está associada à relação sinal-ruído
(SNR − Signal-to-Noise Ratio) por

SNR = 20 log 10 ( Amax /AN ), (1.2.1)

em que SNR é expressa em decibéis (dB). Qualquer razão R pode ser


convertida em decibéis usando a definição geral 10log10R (veja o Apêndice
A). A Eq. (1.2.1) contém um fator de 20 em vez de 10 apenas porque, para
sinais elétricos, a SNR é definida em termos de potência elétrica, enquanto
A está relacionado à corrente elétrica (ou à tensão).
Os valores quantizados das amostras podem ser convertidos ao formato
digital usando uma apropriada técnica de conversão. Em um esquema, co-
nhecido como modulação por posição de pulso, a posição do pulso no bit slot
é uma medida do valor amostrado. Em outro esquema, conhecido como
modulação por duração de pulso, a largura do pulso é variada de bit para bit se-
gundo o valor amostrado. Em sistemas de comunicação óptica, essas técnicas
raramente são usadas na prática, devido à dificuldade em manter a posição
ou a duração do pulso com alta precisão durante a propagação pela fibra
óptica. A técnica usada quase universalmente, conhecida como modulação
por codificação de pulsos (PCM − Pulse-Code Modulation), é baseada em um
esquema binário em que a informação é transportada pela ausência ou pela
presença de pulsos idênticos. Utiliza-se um código binário para converter
cada valor amostrado em uma sequência de bits 1 e 0. O número de bits,
m, necessários à codificação de cada amostra está relacionado ao número de
níveis de quantização de sinal, M, por

M = 2m ou m = log 2 M . (1.2.2)

A taxa de bits associada ao sinal digital PCM é, portanto, fornecida por

B = mf s ≥ (2∆f ) log 2 M , (1.2.3)

em que o critério de Nyquist, fs ≥ 2∆f, foi usado. Notando que M > Amax/AN,


e usando a Eq. (1.2.1) juntamente com 20log210 ∼3,33, podemos escrever

B > ( ∆f /3)SNR , (1.2.4)

sendo SNR expressa em decibéis (dB).


A Eq. (1.2.4) fornece a mínima taxa de bits necessária à representação
de um sinal analógico com largura de banda ∆f e uma SNR específica. Se
Introdução 13

SNR > 30, a necessária taxa de bits será maior do que 10(∆f), indicando um


considerável aumento nos requisitos de largura de banda de sinais digitais.
Apesar desse aumento, o formato digital é quase sempre utilizado em sis-
temas de comunicação óptica. Essa escolha é feita por conta do superior
desempenho de sistemas de transmissão digital. Sistemas de ondas luminosas
oferecem um aumento tão grande de capacidade (por um fator de ∼105)
em comparação com sistemas de micro-ondas, que alguma largura de banda
pode ser trocada por melhor desempenho.
Como ilustração da Eq. (1.2.4), consideremos a conversão digital de um
sinal de áudio gerado em um telefone. O sinal de áudio analógico contém
frequências na faixa de 0,3−3,4 kHz, com largura de banda ∆f = 3,1 kHz e
SNR de cerca de 30 dB. A Eq. (1.2.4) indica que B > 31 kb/s. Na prática,
um canal de áudio digital opera em 64 kb/s. O sinal analógico é amostrado
a intervalos de 125 ms (a taxa de amostragem é fs = 8 kHz), e cada amostra
é representada por 8 bits. A necessária taxa de bits para um sinal de vídeo
digital é 1.000 vezes maior. O sinal de televisão analógica tem largura de
banda de ∼4 MHz, com SNR de cerca de 50 dB. A mínima taxa de bits dada
pela Eq. (1.2.4) é de 66 Mb/s. Na prática, um sinal de vídeo digital requer
uma taxa de bits de 100 Mb/s ou mais, a menos que seja comprimido com
o uso de um formato padronizado (como MPEG-2).

1.2.2  Multiplexação de Canais


Como visto na discussão anterior, um canal de voz digital opera a 64 kb/s. A
maioria dos sistemas de comunicação por fibra óptica é capaz de transmitir
a uma taxa maior do que 1 Gb/s. Para utilizar totalmente a capacidade do
sistema, é necessário transmitir muitos canais de modo simultâneo, por meio
de multiplexação, o que pode ser realizado por meio de multiplexação por
divisão no tempo (TDM − Time-Division Multiplexing) ou de multiplexação
por divisão em frequência (FDM − Frequency-Division Multiplexing). No caso
de TDM, bits associados a diferentes canais são entrelaçados no domínio
do tempo, formando uma sequência de bits combinados. Por exemplo, o bit
slot de um único canal de voz que opera em 64 kb/s é de cerca de 15 ms.
Cinco desses canais podem ser multiplexados por TDM se as sequências de
bits de sucessivos canais forem atrasadas em 3 ms. A Figura 1.8(a) mostra,
esquematicamente, a sequência de bits resultante, que tem uma taxa de bits
composta de 320 kb/s.
No caso de FDM, os canais são espaçados no domínio da frequência.
Cada canal é transportado por sua própria onda portadora. O espaçamento
entre frequências portadoras é maior do que a largura de banda dos canais,
de modo que não haja superposição dos espectros de canais vizinhos, como
ilustrado na Figura 1.8(b). FDM é adequada tanto para sinais analógicos
como para digitais, sendo usada na difusão de canais de rádio e de televisão.
14 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

Figura 1.8  (a) Multiplexação por divisão no tempo de cinco canais de voz digitais
que operam em 64 kb/s; (b) Multiplexação por divisão em frequência de três sinais
analógicos.

TDM é implementada com facilidade para sinais digitais e é comumente


utilizada em redes de telecomunicações. É importante observar que TDM
e FDM podem ser implementadas nos domínios elétrico e óptico; FDM
óptica é, em geral, referida como WDM. O Capítulo 6 é devotado a técnicas
de multiplexação no domínio óptico. Esta seção cobre TDM elétrica, em-
pregada universalmente para multiplexar um grande número de canais de
voz em uma única sequência de bits elétricos.
O conceito de TDM foi usado para formar hierarquias digitais. Na Amé-
rica do Norte e no Japão, o primeiro nível corresponde à multiplexação de
24 canais de voz, com uma taxa de bits composta de 1,544 Mb/s (hierarquia
DS-1); na Europa, 30 canais de voz são multiplexados, resultando em uma
taxa de bits composta de 2,048 Mb/s. A taxa de bits do sinal multiplexado
é ligeiramente maior do que o simples produto de 64 kb/s pelo número de
canais, pois bits de controle adicionais são inseridos para separar (demulti-
plexar) os canais no receptor. O segundo nível da hierarquia é obtido da
multiplexação de 4 canais TDM DS-1. Isso resulta, na América do Norte
e no Japão, em uma taxa de bits de 6,312 Mb/s (hierarquia DS-2), e, na
Europa, em uma taxa de bits de 8,448 Mb/s. Esse procedimento é repetido
Introdução 15

Tabela 1.1  Taxas de bits de SONET/SDH


SONET SDH B (Mb/s) Canais
OC-1 51,84 672
OC-3 STM-1 155,52 2.016
OC-12 STM-4 622,08 8.064
OC-48 STM-16 2.488,32 32.256
OC-192 STM-64 9.953,28 129.024
OC-768 STM-256 39.813,12 516.096

para a obtenção de hierarquias de níveis superiores. Por exemplo, no quinto


nível da hierarquia, a taxa de bits é de 565 Mb/s, na Europa, e de 396 Mb/s,
no Japão.
A falta de um padrão internacional na indústria de telecomunicações
durante a década de 1980 levou ao advento de um novo padrão, inicial-
mente denominado Synchronous Optical Network (SONET), ou rede óptica
síncrona. Posteriormente, esse padrão recebeu a denominação Synchronous
Digital Hierarchy − SDH, ou hierarquia digital síncrona [51]-[53]. Tal
padrão define uma estrutura de grade síncrona para a transmissão de
sinais digitais TDM. O bloco básico de SONET tem uma taxa de bits de
51,84 Mb/s. O corresponde sinal óptico é referido como OC-1, em que
OC significa optical carrier ou portadora óptica. O bloco básico de SDH
tem uma taxa de bits de 155,52 Mb/s, sendo referido como STM-1, em
que STM significa synchronous transport module ou módulo de transporte
síncrono. Uma característica útil de SONET e SDH é que níveis superiores
possuem taxas de bit que são múltiplos exatos da taxa de bits básica. A
Tabela 1.1 lista a correspondência entre as taxas de bits de SONET e
SDH, para vários níveis. SDH é um padrão internacional, que parece
ser bem-adotado. De fato, sistemas de ondas luminosas que operam no
nível STM-64 (B ≈ 10 Gb/s) estão disponíveis desde 1996 [19]. Sistemas
comerciais STM-256 (OC-768), que operam a cerca de 40 Gb/s, passaram
a estar disponíveis em 2002.

1.2.3  Formatos de Modulação


O primeiro passo no projeto de um sistema de comunicação óptica consiste
em decidir como o sinal elétrico será convertido em uma sequência de bits
ópticos. Em geral, a saída de uma fonte óptica, como um laser de semicon-
dutor, é modulada por aplicação do sinal elétrico diretamente à fonte óptica
ou a um modulador externo. Há duas possibilidades para o formato de
modulação da resultante sequência de bits ópticos, ilustradas na Figura 1.9
e conhecidas como formatos com retorno a zero (RZ − Return-to-Zero) e
sem retorno a zero (NRZ − NonRetum-to-Zero). No formato RZ, cada pulso
óptico que representa o bit 1 é mais curto do que o bit slot, e sua amplitude
16 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

Figura 1.9  Sequência de bits digitais 010110 ... codificada nos formatos (a) com retorno
a zero (RZ) e (b) sem retorno a zero (NRZ).

retorna a zero antes que acabe a duração do bit. No formato NRZ, o pulso
óptico permanece ligado em toda a duração do bit slot, e sua amplitude não
cai a zero entre dois ou mais bits 1 sucessivos. Em consequência, a largura
do pulso varia segundo a sequência de bits; no formato RZ, a largura dos
pulsos é constante. Uma vantagem do formato NRZ é que a largura de
banda associada à sequência de bits é quase um fator de 2 menor do que no
formato RZ, simplesmente porque as transições ligado-desligado ocorrem
um menor número de vezes. Contudo, o uso desse formato requer rígido
controle da largura dos pulsos e, caso os pulos ópticos se espalhem durante a
transmissão, pode levar a efeitos que dependem do padrão de bits. O formato
NRZ é usado com frequência na prática, devido à menor largura de banda.
O uso do formato RZ no domínio óptico começou a atrair a atenção
por volta de 1999, após a constatação de que poderia auxiliar o projeto
de sistemas de ondas luminosas de alta capacidade [54]-[56]. Atualmente,
tal formato é usado quase exclusivamente para canais WDM projetados
para operação a 40 Gb/s ou mais. Um exemplo da utilidade do formato
RZ são os sistemas conhecidos como pseudolineares [57], que empregam
pulsos ópticos relativamente curtos que, à medida que se propagam pelo
enlace de fibra óptica, se espalham por múltiplos bit slots com rapidez. Tal
espalhamento reduz a potência de pico e diminui o impacto de diversos
efeitos não lineares que, caso contrário, poderiam ser deletérios. Os pulsos
são, por fim, comprimidos à largura original com a utilização de técnicas de
gerenciamento de dispersão.Tais sistemas empregam, em geral, uma interes-
Introdução 17

sante variação do formato RZ conhecida como formato RZ com chirp*


(CRZ − Chirped RZ). Nesse formato, é aplicado um pré-chirp aos pulsos
ópticos, antes de serem lançados na fibra.
Uma questão importante diz respeito à escolha da variável física a ser
modulada para a codificação dos dados na portadora óptica. Antes da mo-
dulação, a onda portadora óptica apresenta a forma

E(t ) = êa cos(ω0t − φ ) = êRe[ a exp(iφ − iω0t )], (1.2.5)

sendo E o vetor de campo elétrico, ê o vetor unitário de polarização,


a a amplitude, w o a frequência portadora, e φ a fase. Por simplici-
dade de notação, a dependência espacial de E foi suprimida. É pos-
sível modular a amplitude a, a frequência w o ou a fase φ. No caso de
modulação analógica, essas três escolhas de modulação são conhecidas,
respectivamente, como modulação em amplitude (AM −Amplitude
Modulation), modulação em frequência (FM − Frequency Modulation)
e modulação em fase (PM − Phase Modulation). Como mostrado es-
quematicamente na Figura 1.10, as mesmas técnicas de modulação
podem ser aplicadas no caso digital, sendo conhecidas como modula-
ção por chaveamento de amplitude (ASK − Amplitude-Shift Keying),

Figura 1.10  (a) Sequência de bits elétricos e os resultantes padrões de campo elétrico após
conversão para o domínio óptico usando os formatos de modulação (b) ASK, (c) FSK e (d) PSK.

*NOTA DO TRADUTOR: A palavra inglesa chirp significa gorjeio, chilro; no contexto de


telecomunicações, descreve um sinal cuja frequência varia no tempo.
18 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

chaveamento por deslocamento de frequência (FSK − Frequency-Shift


Keying) e chaveamento por deslocamento de fase (PSK − Phase-Shift
Keying), dependendo se a amplitude, a frequência ou a fase da portadora
é chaveada entre os dois níveis básicos de um sinal digital binário. A
técnica mais simples consiste em chavear a potência de sinal entre dois
níveis, um dos quais é fixado em zero. Tal técnica é, em geral, denomi-
nada chaveamento ligado-desligado (OOK − On-Off Keying), para refletir
a natureza ligada-desligada do resultante sinal óptico. Até recentemente,
OOK era o formato preferencial de modulação para a maioria dos sis-
temas digitais de ondas luminosas.
Embora o uso dos formatos FSK e PSK tenha sido explorado durante
a década de 1980, no contexto de sistemas de ondas luminosas coerentes
[20], essas modulações foram praticamente abandonadas durante a década
de 1990, devido à complexidade associada ao terminal receptor. A situação
se alterou após o ano de 2000, quando foi observado que o uso de PSK era
essencial à melhoria da eficiência espectral de sistemas WDM. Modernos
sistemas WDM empregam avançados formatos de modulação, nos quais
a informação é codificada usando amplitude e fase da portadora óptica
[29]. A ideia básica por trás dos novos formatos de modulação pode ser
entendida com a adoção da notação complexa para o campo elétrico na
Eq. (1.2.5), e a introdução do fasor A = aejφ. A Figura 1.11 mostra quatro
formatos de modulação em diagramas de constelação, nos quais as partes
real e imaginária de A são representadas nos eixos x e y, respectivamente.
As duas primeiras configurações representam os formatos ASK e PSK
comuns, em que a amplitude ou a fase do campo elétrico assume os dois
valores marcados por círculos. A terceira configuração mostra o formato
PSK de quadratura (ou QPSK), em que a fase óptica assume quatro pos-
síveis valores. Nesse caso, discutido em detalhes no Capítulo 10, dois bits
são transmitidos durante cada janela (slot) temporal, de modo que a efetiva
taxa de bits é dividida por dois. Herdando a terminologia de comunicação
por micro-ondas [48], a taxa de bits efetiva é denominada taxa de símbolos
(ou baud). O último exemplo na Figura 1.11 mostra como o conceito
de símbolo pode ser estendido a sinalizações de múltiplos níveis, em que

Figura 1.11  Diagramas de constelação para os formatos (a) ASK, (b) PSK, (c) QPSK e (d)
QPSK de múltiplos níveis.
Introdução 19

cada símbolo transporta 4 bits ou mais. Um adicional fator de dois pode


ser ganho se, em cada janela temporal, dois símbolos forem transmitidos
simultaneamente em polarizações ortogonais.

1.3  SISTEMAS DE COMUNICAÇÃO ÓPTICA


Como mencionado anteriormente, em principio, sistemas de co-
municação óptica diferem de sistemas de micro-ondas apenas na faixa
de frequências da onda portadora usada para transportar a informação. As
frequências portadoras ópticas são, tipicamente, de ∼200 THz, em contraste
com frequências portadoras de micro-ondas (∼1 GHz). Assim, é esperado
um aumento na capacidade de transporte de informação de sistemas de
comunicação óptica por um fator de até 10.000, em comparação com
sistemas de micro-ondas, simplesmente porque as frequências portadoras
usadas em sistemas de ondas luminosas são muito altas. Ao observarmos
que a largura de banda da portadora modulada pode ser, no máximo, uma
pequena porcentagem da frequência portadora, tal aumento de capacidade
fica claro. Tomando, como exemplo, 1% como o valor limite, sistemas de
comunicação óptica têm o potencial de transportar informação a taxas
de bits de ∼1 Tb/s. Essa enorme largura de banda potencial de sistemas
de comunicação óptica é o estímulo por trás do desenvolvimento e do
emprego de sistemas de ondas luminosas em todo o mundo. Sistemas no
atual estado da arte operam a taxas de bits de ∼10 Gb/s, indicando que há
considerável margem para melhoria.
A Figura 1.12 mostra um genérico diagrama em blocos para um sis-
tema de comunicação óptica, consistindo em um transmissor, um canal de
comunicação e um receptor. Esses três elementos são comuns a todos os
sistemas de comunicação. Sistemas de comunicação óptica podem ser clas-
sificados em duas grandes categorias: guiados e não guiados. Como o nome
indica, no caso de sistemas de ondas luminosas guiados, o feixe óptico
emitido pelo transmissor permanece espacialmente confinado. Na prática,
isso é alcançado com o emprego de fibras ópticas, como discutido no
Capítulo 2. Como todos os sistemas de comunicação ópticas guiados usam
fibras ópticas, são comumente referidos como sistemas de comunicação
por fibra óptica. O termo sistema de onda luminosa também é utilizado para
sistemas de comunicação por fibra óptica, embora, em geral, inclua sistemas
guiados e não guiados.

Figura 1.12  Sistema de comunicação óptica genérico.


20 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

No caso de sistemas de comunicação óptica não guiados, o feixe óptico


emitido pelo transmissor se espalha no espaço, de modo similar ao es-
palhamento de micro-ondas. Contudo, sistemas ópticos não guiados são
menos adequados a aplicações de difusão do que sistemas de micro-on-
das, pois o feixe óptico se espalha principalmente na direção frontal (em
consequência do pequeno comprimento de onda). O uso de tais sistemas
em geral requer um preciso alinhamento entre transmissor e receptor. No
caso de propagação terrestre, o sinal em sistemas não guiados pode sofrer
considerável deterioração por espalhamento na atmosfera, problema que
desaparece em comunicações no espaço livre acima da atmosfera terrestre (por
exemplo, comunicação entre satélites). Embora sistemas de comunicação
óptica no espaço livre sejam necessários para certas aplicações e tenham
sido estudados em detalhes [58], a maioria das aplicações terrestre utiliza
sistemas de comunicação por fibra óptica. Este livro não considera sistemas de
comunicação óptica não guiados.
A aplicação de transmissão por fibra óptica é possível em qualquer área
que exija transferência de informação de um lugar a outro. Contudo, sistemas
de comunicação por fibra óptica foram desenvolvidos principalmente para
aplicações de telecomunicação. Isso é compreensível, tendo em vista as redes
mundiais de telefonia usadas para transmitir não apenas sinais de voz, como
também dados de computadores e mensagens de fax. As aplicações de tele-
comunicação podem ser classificadas, de modo geral, em duas categorias: de
longa distância e de curta distância, dependendo se o sinal óptico é transmitido
ao longo de distâncias relativamente longas ou curtas, em comparação com
típicas distâncias intermunicipais (∼ 100 km). Sistemas de telecomunicação
de longa distância requerem linhas de tronco de alta capacidade e são os
que mais se beneficiam do uso de sistemas de ondas luminosas em fibra
óptica. Na verdade, a tecnologia de comunicação por fibra óptica é, muitas
vezes, estimulada por aplicações de longas distâncias. Cada sucessiva geração
de sistemas de ondas luminosas é capaz de operar a taxas de bits cada vez
maiores e a distâncias cada vez mais longas. Regeneração do sinal óptico por
meio de repetidores ainda é necessário para sistemas de longas distâncias.
Contudo, considerável aumento no espaçamento entre repetidores e na taxa
de bits, em comparação com sistemas a cabo coaxial, tornou o emprego de
sistemas de ondas luminosas muito atraente para aplicações de longas dis-
tâncias. Além disso, o uso de WDM com amplificadores ópticos reduziu o
custo total e, ao mesmo tempo, aumentou a capacidade de sistemas. Como
visto na Figura 1.5, um grande número de sistemas de ondas luminosas
transoceânicos já foi instalado, criando uma rede internacional de fibra óptica.
Aplicações de telecomunicação de curtas distâncias cobrem não apenas
o tráfego intermunicipal, mas também o de área local.Tais sistemas operam,
tipicamente, em baixas taxas de bits, ao longo de distâncias inferiores a
Introdução 21

50 km. Para tais aplicações, o uso de sistema de onda luminosa monocanal


não possui boa relação custo-benefício. Em função disso, o uso de WDM
se tornou mais relevante, mesmo para sistemas de curtas distâncias. Com
o advento da Internet na década de 1990, o tráfego de dados envolvendo
transmissão de vídeo e imagens estáticas se tornou cada vez mais comum,
consumindo, hoje em dia, mais largura de banda do que o tradicional tráfego
telefônico. O uso do protocolo de Internet, que envolve chaveamento de
pacotes, cresce de forma contínua. Somente os modernos sistemas WDM
a fibra óptica são capazes de atender a tais exigências de largura de banda
que crescem com rapidez. Sistemas de ondas luminosas multicanal e suas
aplicações são discutidos no Capítulo 6.

1.4  COMPONENTES DE SISTEMAS DE ONDAS


LUMINOSAS
O genérico diagrama em blocos na Figura 1.12 se aplica a um sistema de
comunicação por fibra óptica.A única diferença é o fato de o canal de comuni-
cação ser um cabo de fibra óptica. Os outros dois componentes, o transmissor
óptico e o receptor óptico, são projetados para atender às exigências desse
específico canal de comunicação. Nesta seção, discutiremos as questões gerais
relacionadas ao papel da fibra óptica como canal de comunicação e ao projeto
de transmissores e receptores. O objetivo é prover uma visão geral introdutória,
pois os três componentes são discutidos em detalhes nos Capítulos 2–4.

1.4.1  Fibra Óptica como Canal de Comunicação


O papel de um canal de comunicação é transportar o sinal óptico do trans-
missor ao receptor, sem introduzir distorções.A maioria dos sistemas de ondas
luminosas usa fibras ópticas como canal, pois fibras de sílica são capazes de
transmitir luz com perdas muito pequenas, da ordem de 0,2 dB/km. Mesmo
assim, após 100 km, a potência óptica é reduzida a apenas 1% da inicial. Por
isso, as perdas das fibras continuam um importante aspecto do projeto e, em
sistemas de ondas luminosas de longas distâncias, determinam o espaçamento
entre repetidores ou amplificadores. Outro importante aspecto do projeto
é a dispersão de fibras ópticas, que leva ao alargamento temporal dos pulsos
ópticos com a propagação. Se os pulsos ópticos se alargarem demais além
dos correspondentes bit slots, o sinal transmitido fica severamente degradado.
A recuperação do sinal original com alta precisão pode se tornar impossível.
O problema é mais severo no caso de fibras multimodo, pois os pulsos se
alargam com rapidez (a uma taxa típica de ∼10 ns/km), devido às diferentes
velocidades associadas aos diversos modos de propagação na fibra óptica,
razão pela qual a maioria dos sistemas de comunicação óptica utiliza fibras
ópticas monomodo. A dispersão material (associada à dependência do índice
22 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

de refração em relação à frequência) ainda leva a alargamento dos pulsos (a


uma taxa típica < 0,1 ns/km), que, no entanto, é suficientemente pequeno
para ser aceitável para a maioria das aplicações, e pode ser reduzido com o
controle da largura espectral da fonte óptica. Não obstante, como discutido
no Capítulo 2, a dispersão material estabelece o limite final sobre a taxa de
bits e a distância de transmissão de sistemas de comunicação por fibra óptica.

1.4.2  Transmissores Ópticos


O papel de um transmissor óptico é o de converter o sinal elétrico à forma
óptica e lançar o resultante sinal na fibra óptica. A Figura 1.13 mostra um
diagrama em blocos de um transmissor óptico, que consiste em uma fonte
óptica, um modulador e um acoplador de canal. Lasers ou diodos emis-
sores de luz de semicondutores são usados como fontes ópticas, devido à
compatibilidade deles com o canal de comunicação de fibra óptica; essas
fontes são discutidas em detalhes no Capítulo 3. O sinal óptico é gerado
por modulação da onda portadora óptica. Embora seja possível usar um
modulador externo, em alguns casos isso não é necessário, pois a saída de
uma fonte óptica de semicondutor pode ser modulada diretamente por
variação da corrente de injeção. Esse esquema simplifica o projeto do trans-
missor e, em geral, apresenta boa relação custo-benefício. O acoplador é,
tipicamente, uma microlente que foca o sinal óptico no plano de entrada
de uma fibra óptica com máxima eficiência possível.

Figura 1.13  Componentes de um transmissor óptico.

A potência lançada na fibra óptica é um importante parâmetro de projeto


e, com sua elevação, é possível aumentar o espaçamento entre amplifica-
dores (ou repetidores), mas a ocorrência de vários efeitos não lineares limita
o aumento da potência de entrada. A potência lançada na fibra óptica é,
em geral, expressa em “dBm”, tendo 1 mW como nível de referência. A
definição genérica é (veja o Apêndice A):
 potência 
potência (dBm) = 10 log 10  . (1.4.1)
 1 mW 
Introdução 23

Assim, 1 mW é 0 dBm, enquanto 1 mW corresponde a −30 dBm. A


potência lançada é bastante baixa (< −10 dBm), no caso de um diodo
emissor de luz; um laser de semicondutor é capaz de lançar potências de
∼10 dBm. Como diodos emissores de luz também têm limitada capacidade
de modulação, a maioria dos sistemas de ondas luminosas usa lasers de
semicondutor como fontes ópticas. A taxa de bits de transmissores ópticos é,
em geral, limitada pela eletrônica, e não pelo próprio laser de semicondutor.
Com projeto adequado, transmissores ópticos podem operar a taxas de até
40 Gb/s. O Capítulo 3 é dedicado a uma completa descrição de transmis-
sores ópticos.

1.4.3  Receptores Ópticos


Um receptor óptico converte o sinal óptico recebido na saída da fibra óp-
tica de volta ao sinal elétrico original. A Figura 1.14 mostra o diagrama
em blocos de um receptor óptico, que consiste em um acoplador, um
fotodetector e um demodulador. O acoplador foca o sinal óptico rece-
bido no fotodetector. Fotodiodos de semicondutores são usados como
fotodetectores, devido à compatibilidade com todo o sistema; fotodiodos
são discutidos no Capítulo 4. O projeto do demodulador depende do
formado de modulação usado pelo sistema de ondas luminosas. O uso dos
formatos FSK e PSK, em geral, requer as técnicas de demodulação hete-
ródinas ou homódinas discutidas no Capítulo 10. A maioria dos sistemas
de ondas luminosas emprega um esquema referido como “modulação
em intensidade com detecção direta” (IM/DD – Intensity Modulation with
Direct Detection). Nesse caso, a demodulação é feita por um circuito de
decisão que identifica os bits como 1 ou 0, dependendo da amplitude do
sinal elétrico. A precisão do circuito de decisão depende da SNR do sinal
elétrico gerado no fotodetector.

Figura 1.14  Componentes de um receptor óptico.

O desempenho de um sistema digital de ondas luminosas é caracterizado


pela taxa de erro de bits (BER – Bit-Error Rate). Embora a BER possa ser
24 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

definida como o número de erros cometidos por segundo, tal definição a


torna dependente da taxa de bits. É costumário defini-la como a probabilidade
média de identificação errônea de bit. Portanto, uma BER de 10−6 corres-
ponde, em média, a um erro por milhão de bits. A maioria dos sistemas de
ondas luminosas especifica uma BER de 10−9 como requisito de operação.
Alguns sistemas chegam a exigir uma BER de 10−14. Códigos corretores de
erro são, às vezes, usados para melhorar a BER de sistemas de ondas luminosas.
Um importante parâmetro de qualquer receptor é a sensibilidade do
receptor, geralmente, definida como a mínima potência óptica média neces-
sária para garantir uma BER de 10−9. A sensibilidade do receptor depende
da SNR, que, por sua vez, depende das várias fontes de ruído que correm o
sinal recebido. Mesmo no caso de um receptor perfeito, algum ruído é in-
troduzido pelo próprio processo de fotodetecção.Tal ruído é referido como
ruído quântico, ruído de disparo ou ruído balístico, pois se origina na natureza de
partícula dos elétrons. Receptores ópticos que operam no limite de ruído
de disparo são denominados receptores limitados por ruído quântico. Ne-
nhum receptor prático opera no limite de ruído quântico, devido à presença
de várias outras fontes de ruído. Algumas fontes de ruído, como a de ruído
térmico, são internas ao receptor. Outras, entretanto, têm origem no trans-
missor ou na propagação ao longo do enlace de fibra óptica. Por exemplo,
qualquer amplificação do sinal óptico ao longo da linha de transmissão por
meio de amplificadores ópticos introduz o chamado ruído de amplificação,
que se origina no processo fundamental de emissão espontânea. Dispersão
cromática em fibras ópticas adiciona ruído, por meio de fenômenos como
interferência entre símbolos e ruído de partição modal. A sensibilidade do
receptor é determinada por um efeito cumulativo de todos os possíveis
mecanismos de ruído que degradam a SNR no circuito de decisão. Em
geral, a sensibilidade do receptor também depende da taxa de bits, pois a
contribuição de algumas fontes de ruído (p. ex., ruído de disparo) aumenta
proporcionalmente à largura de banda do sinal. O Capítulo 4 é dedicado a
questões relacionadas a ruído e sensibilidade de receptores ópticos, e analisa
SNR e BER de sistemas digitais de ondas luminosas.

Exercícios
1.1 Calcule a frequência portadora de sistemas de comunicação óptica
que operam em 0,88, 1,3 e 1,55 mm. Qual é a energia do fóton (em
eV) em cada caso?
1.2 Calcule a distância de transmissão em que a potência óptica será
atenuada por um fator de 10, considerando três fibras ópticas com
perdas de 0,2, 20 e 2.000 dB/km. Assumindo que a potência óptica
decaia com exp(−aL), calcule a (em cm−1) para as três fibras.
Introdução 25

1.3 Assuma que um sistema de comunicação digital seja operado a uma


taxa de bits de até 1% da frequência portadora. Quantos canais de
áudio de 64 kb/s podem ser transmitidos por uma portadora de
micro-ondas de 5 GHz e por uma portadora óptica em 1,55 mm?
1.4 O conteúdo de uma aula de 1 hora de duração é armazenado no disco
rígido de um computador no formato ASCII. Estime o número total
de bits, assumindo uma taxa de entrega de 200 palavras por minuto e
uma média de cinco letras por palavra. Quanto tempo levará a trans-
missão da aula a uma taxa de bits de 1 Gb/s?
1.5 Um sistema de comunicação digital opera a 1 Gb/s e recebe uma
potência média de −40 dBm no detector. Assumindo iguais proba-
bilidades de ocorrência para os bits 1 e 0, calcule o número de fótons
recebidos em cada bit 1.
1.6 Um sinal de voz analógico que pode variar em um intervalo de
0–50 mA é digitalizado a uma taxa de amostragem de 8 kHz. Os
quatro primeiros valores amostrados são 10, 21, 36 e 16 mA. Escreva
o correspondente sinal digital (uma sequência de bits 1 e 0) usando
uma representação de 4 bits para cada amostra.
1.7 Para uma sequência de bits digitais NRZ 010111101110, esboce um
gráfico da variação da potência óptica com o tempo, assumindo uma
taxa de bits de 2,5 Gb/s. Quais são as durações dos pulsos ópticos mais
curto e mais longo?
1.8 Um sistema de comunicação por fibra óptica transmite sinais digitais
por 100 km, a 2 Gb/s. O transmissor lança 2 mW de potência média
na fibra óptica, que tem perda média de 0,3 dB/km. Quantos fótons
incidem no receptor durante um bit 1? Assuma que os bits 0 não trans-
portem potência, enquanto os bits 1 têm a forma de pulso retangular
que ocupa todo o bit slot (formato NRZ).
1.9 Um receptor óptico de 0,8 mm requer pelo menos 1.000 fótons para
detectar um bit 1 com precisão. Qual é o máximo comprimento
possível do enlace de fibra para um sistema de comunicação óptica
projetado para transmitir −10 dBm de potência média? A perda da
fibra é de 0,2 dB/km em 0,8 mm. Assuma o formato NRZ com pulsos
retangulares.
1.10 Um transmissor óptico de 1,3 mm é usado para obter uma sequência
de bits digitais a uma taxa de bits de 2 Gb/s. Calcule o número de
fótons contidos em um único bit 1 quando a potência média emitida
pelo transmissor for de 4 mW. Assuma que os bits 0 não transportem
energia.

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Capítulo 6.
[58] LAMBERT, S. G.; CASEY,W. L. Laser Communications in Space. Norwood: Artec
House, 1995.
CAPÍTULO 2

Fibras Ópticas
O fenômeno de reflexão interna total, responsável pelo guiamento da luz em
fibras ópticas, é conhecido desde 1854 [1]. Embora fibras de vidro já fossem
produzidas na década de 1920 [2]–[4], seu uso se tornou prático somente na
década de 1950, quando a adoção de uma camada de casca permitiu conside-
rável melhora nas características de guiamento [5]–[7]. Antes de 1970, fibras
ópticas eram utilizadas principalmente na obtenção de imagens médicas em
curtas distâncias [8]. O uso dessas fibras para comunicação era considerado
impraticável, devido às altas perdas (∼1.000 dB/km). Entretanto, a situação
sofreu mudança drástica em 1970, quando, segundo uma sugestão anterior [9],
a perda de fibras ópticas foi reduzida para valores abaixo de 20 dB/km [10].
O progresso adicional resultou, em 1979, em perda de apenas 0,2 dB/km na
região espectral nas proximidades de 1,55 mm [11].A disponibilidade de fibras
de baixas perdas não apenas levou a uma revolução na tecnologia de ondas
luminosas, mas também iniciou a era da comunicação por fibra óptica.Vários
livros dedicados inteiramente a fibras ópticas cobrem os numerosos avanços
no projeto e no entendimento das propriedades delas [12]–[19]. Este capítulo
tem por foco o papel de fibras ópticas como canal de comunicação em sistemas
de ondas luminosas. Na Seção 2.1, usamos a descrição de óptica geométrica
para explicar o mecanismo de guiamento e introduzir conceitos básicos. As
equações de Maxwell são usadas na Seção 2.2 para descrever a propagação em
fibras ópticas.A origem da dispersão em fibras ópticas é discutida na Seção 2.3,
e a Seção 2.4 considera as limitações impostas pela dispersão de fibras à taxa
de bits e à distância de transmissão. A Seção 2.5 foca os mecanismos de perda
em fibras ópticas, enquanto a 2.6 é dedicada a efeitos não lineares. A Seção 2.7
cobre detalhes de fabricação e inclui uma discussão de cabos de fibras ópticas.

2.1  DESCRIÇÃO DE ÓPTICA GEOMÉTRICA


Em sua forma mais simples, uma fibra óptica consiste em um núcleo
cilíndrico de vidro de sílica envolvido por uma casca com índice de re-
fração menor. Devido à brusca mudança de índice de refração na interface
núcleo-casca, essas fibras são denominadas fibras de índice em degrau (step-index
fibers). Em um tipo diferente de fibra, conhecido como fibra de índice gradual
(graded-index fiber), o índice de refração diminui gradualmente no interior
do núcleo. A Figura 2.1 mostra, de modo esquemático, o perfil de índice e

29
30 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

Figura 2.1  Seção reta e perfil de índice de refração para fibras de índice em degrau e
índice gradual.

a seção reta dos dois tipos de fibra óptica. Um considerável entendimento


das propriedades de fibras ópticas pode ser alcançado com o uso de uma
imagem de raios baseada na óptica geométrica [20]. A descrição de óptica
geométrica, embora aproximada, é válida quando o raio do núcleo a é muito
maior do que o comprimento de onda da luz λ. Quando os dois se tornam
comparáveis, é necessário usar a teoria de propagação de onda da Seção 2.2.

2.1.1  Fibras de Índice em Degrau


Consideremos a geometria na Figura 2.2, na qual um raio que faz um ângulo
ui com o eixo da fibra incide no centro do núcleo. Devido à refração na

Figura 2.2  Confinamento da luz por reflexão interna total em fibras de índice em degrau.
Raios com φ < φc são refratados para fora do núcleo.
Fibras Ópticas 31

interface fibra-ar, o raio se inclina em direção à normal. O ângulo ur do raio


refratado é dado por [20]:

n0 sin θ i = n1 sin θ r , (2.1.1)

em que n1 e n0 são os índices de refração do núcleo da fibra e do ar, res-


pectivamente. O raio refratado atinge a interface núcleo-ar e é refratado
novamente. Contudo, nessa interface, a refração é possível somente para
ângulos de incidência φ tais que sin φ < n2/n1. Para ângulos maiores do que
um ângulo crítico φc, definido por [20].
sinφc = n2 /n1, (2.1.2)

em que n2 é o índice de refração da casca, o raio sofre reflexão interna total


na interface núcleo-casca. Como tais reflexões ocorrem ao longo de todo o
comprimento da fibra, todos os raios com φ > φc permanecem confinados
no núcleo da fibra. Esse é o mecanismo básico de confinamento da luz em
fibras ópticas.
Podemos usar as Eq. (2.1.1) e (2.1.2) para determinar o máximo ângulo
que o raio incidente deve fazer com o eixo da fibra de modo a permane-
cer confinado no interior do núcleo. Notando que, para um desses raios,
ur = π/2 − φc, e, substituindo esse resultado da Eq. (2.1.1), obtemos

n0 sin θ 1 = n1 cos φc = (n12 − n22 )1/2 . (2.1.3)

Em analogia com lentes, n0 sin ui é conhecido como abertura numérica


(NA − Numerical Aperture) da fibra, e representa a capacidade de coleta de
luz de uma fibra óptica. Para n1  n2 , NA pode ser aproximada por:

NA = n1(2∆ )1/2 , ∆ = (n1 − n2 )/n1, (2.1.4)

em que ∆ é a mudança fracionária de índice de refração na interface


núcleo-casca. Fica claro que ∆ deve ser o maior possível, para acoplar o
máximo de luz viável à fibra. Contudo, tais fibras não são úteis para co-
municações ópticas, devido a um fenômeno conhecido como dispersão de
multipercurso ou dispersão modal (o conceito de modos de uma fibra óptica
é introduzido na Seção 2.2).
Dispersão de multipercurso pode ser entendida com o auxílio da
Figura 2.2, na qual diferentes raios viajam por percursos de diferentes com-
primentos. Em consequência, na saída da fibra, esses raios se dispersam no
tempo, ainda que coincidam na entrada e viajem com a mesma velocidade ao
longo da fibra. Um pulso curto (chamado de impulso) se alargaria considera-
velmente, devido aos diferentes comprimentos de percursos. Podemos estimar
o alargamento temporal dos pulsos considerando os raios que viajam pelos
percursos de menor e de maior comprimento. O percurso mais curto ocorre
32 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

para ui = 0, e seu comprimento é igual ao da fibra L. O percurso mais longo


ocorre para ui dado pela Eq. (2.1.3) e tem comprimento L/sin φc. Tomando
a velocidade de propagação como v = c/n1, o atraso temporal é dado por:

n1  L  L n12
∆T =  − L = ∆.
c  sin φc  c n2 (2.1.5)

O atraso temporal entre os raios que seguem pelos percursos mais curto e
mais longo é uma medida do alargamento que sofre um pulso lançado na
entrada da fibra.
Podemos relacionar ∆T à capacidade de transporte de informação da
fibra, medida pela taxa de bis B. Embora uma relação precisa entre B e ∆T
dependa de muitos detalhes, como a forma do pulso, fica claro, intuitiva-
mente, que ∆T deve ser menor do que o bit slot alocado (TB = 1/B). Assim,
uma estimativa de uma ordem de grandeza é obtida da condição B∆T < 1.
Usando a Eq. (2.1.5), obtemos
n2 c
BL < .
n12 ∆ (2.1.6)

Essa condição fornece uma estimativa grosseira de uma fundamental limita-


ção de fibras de índice em degrau. Como ilustração, consideremos uma fibra
de vidro sem casca, com n1 = 1,5 e n2 = 1. O produto taxa de bits-distância
dessa fibra é limitado a valores bem pequenos, pois BL < 0,4 (Mb/s)-km.
Melhora considerável ocorre para fibras envolvidas por cascas com pequeno
índice de refração. A maioria das fibras para aplicações de comunicação
é projetada com ∆ < 0,01. Como exemplo, BL < 100 (Mb/s)-km para
∆ = 2 × 10−3.Tais fibras são capazes de transportar dados a uma taxa de bits
de 10 Mb/s ao longo de até 10 km, e podem ser adequadas para algumas
redes de área local.
Duas observações são pertinentes quanto à validade da Eq. (2.1.6).
Primeira, a equação foi obtida considerando somente raios que passam pelo
eixo da fibra após cada reflexão interna total, os quais são chamados de raios
meridionais. Em geral, a fibra também suporta raios oblíquos ou sagitais (skew
rays), que viajam em ângulos oblíquos em relação ao eixo da fibra. Raios
oblíquos se espalham para fora do núcleo em curvas e irregularidades, de
modo que não contribuem de modo significativo para a Eq. (2.1.6). Segunda,
devido ao espalhamento, até os raios meridionais oblíquos sofrem maiores
perdas do que raios meridionais paraxiais. A Eq. (2.1.6) fornece uma es-
timativa conservadora, pois todos os raios são tratados da mesma forma. O
efeito da dispersão intermodal pode ser consideravelmente reduzido com o
uso de fibras de índice gradual, discutidas na próxima subseção, e totalmente
eliminado com o emprego de fibras monomodo, discutidas na Seção 2.2.
Fibras Ópticas 33

2.1.2  Fibras de Índice Gradual


O índice de refração do núcleo de fibras de índice gradual não é constante,
mas diminui gradualmente do valor máximo n1, no centro do núcleo, para
o valor mínimo n2, na interface núcleo-casca. A maioria das fibras de índice
gradual é projetada para ter diminuição quase quadrática e é analisada por
meio do uso de um perfil a dado por:


{n [1 − ∆( ρ /a )α ];
n( ρ ) = n1(1 − ∆) = n ;
1 2
ρ < a,
ρ ≥ a, (2.1.7)

em que a é o raio do núcleo. O parâmetro a determina o perfil de va-


riação do índice de refração. Um perfil de índice em degrau é alcançado
no limite de grande valor de a. Uma fibra de perfil parabólico corres-
ponde a a = 2.

Figura 2.3  Trajetórias de raios em uma fibra de índice gradual.

É fácil entender, de forma qualitativa, por que a dispersão intermodal


ou de multipercurso é reduzida em fibras de índice gradual. A Figura 2.3
mostra, esquematicamente, percursos para três diferentes raios. Como no
caso de fibras de índice em degrau, o percurso é mais longo para raios mais
oblíquos. Entretanto, a velocidade do raio muda ao longo do percurso,
devido às variações no índice de refração. Mais especificamente, o raio que
se propaga ao longo do eixo da fibra viaja pelo percurso mais curto, mas
possui a menor velocidade, pois o índice de refração é máximo ao longo
desse percurso. Raios oblíquos possuem grande parte de seus percursos em
um meio de menor índice de refração, no qual viajam mais rapidamente.
Portanto, é possível que todos os raios cheguem ao mesmo tempo na saída
da fibra, com adequada escolha do perfil de índice de refração.
A óptica geométrica pode ser usada para mostrar que um perfil para-
bólico de índice de refração leva à propagação não dispersiva de pulsos no
34 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

âmbito da aproximação paraxial. A trajetória de um raio paraxial é obtida da


solução de [20]:

d 2 ρ 1 dn
= ,
dz 2 n d ρ (2.1.8)

em que ρ é a distância radial do eixo ao raio. Com o uso da Eq. (2.17)


para ρ < a, com a = 2, a Eq. (2.1.8) se reduz a uma equação de oscilador
harmônico, com a seguinte solução geral

ρ = ρ0 cos( pz ) + ( p0′ /p )sin( pz ), (2.1.9)

em que p = (2∆/a2)1/2, ρ0 e ρ0′ são a posição e a direção do raio de entrada,


respectivamente. A Eq. (2.1.9) mostra que todos os raios recuperam suas
posição e direção iniciais nas distâncias z = 2mπ/p, sendo m um inteiro
(Figura 2.3).Tal completa recuperação da entrada implica que uma fibra de
índice parabólico não exibe dispersão intermodal.
A conclusão anterior é válida somente nos contextos das aproximações
paraxial e de óptica geométrica; ambas devem ser relaxadas no caso de fi-
bras práticas. Dispersão intermodal em fibras de índice gradual foi estudada
exaustivamente com técnicas de propagação de ondas [13]–[15]. A grandeza
∆T/L, em que ∆T é o máximo atraso de multipercurso em uma fibra de
comprimento L, varia consideravelmente com a. A Figura 2.4 mostra essa

Figura 2.4  Variação de dispersão intermodal ∆T/L em função do parâmetro de perfil a,


para uma fibra de índice gradual. O eixo da direita mostra o correspondente produto
taxa de bits-distância.
Fibras Ópticas 35

variação, para n1 = 1,5 e ∆ = 0,01. A mínima dispersão ocorre para a = 2(1


−∆) e depende de ∆ na forma [21]:

∆T /L = n1∆ 2 /8c . (2.1.10)

O máximo produto taxa de bits-distância é obtido por aplicação do critério


∆T < 1/B, sendo dado por:

BL < 8c /n1∆ 2 . (2.1.11)

O eixo direito na Figura 2.4 mostra o produto BL em função de a. Fibras


de índice gradual, com perfil de índice adequadamente otimizado, podem
comunicar dados a uma taxa de bits de 100 Mb/s, por distâncias de até
100 km. O produto BL dessas fibras é aumentado quase três ordens de mag-
nitude em relação ao de fibras de índice em degrau. Na verdade, a primeira
geração de sistemas de ondas luminosas usava fibras de índice gradual. É
possível uma melhora adicional apenas com o uso de fibras monomodo,
cujo raio de núcleo é comparável ao comprimento de onda da luz. Óptica
geométrica não pode ser usada com essas fibras.
Embora fibras de índice gradual raramente sejam utilizadas para enlaces
de longas distâncias, o uso de fibras ópticas plásticas com índice gradual em
aplicações de enlaces de dados despertou interesse em anos recentes. Essas
fibras exibem altas perdas (> 20 dB/km), mas podem ser usadas para trans-
mitir dados a taxas de bits de 1 Gb/s ou mais por curtas distâncias (1 km
ou menos), devido a um perfil de índice gradual (veja a Seção 2.7.2 para
mais detalhes).

2.2  PROPAGAÇÃO DE ONDA


Nesta seção, consideramos a propagação de luz em fibras de índice
gradual, com base nas equações de Maxwell para ondas eletromagnéticas.
Essas equações são apresentadas na Seção 2.2.1 e resolvidas na Seção 2.2.2,
fornecendo os modos ópticos que são guiados no interior de uma fibra. A
Seção 2.2.3 foca o projeto de fibras de índice em degrau para que suportem
somente um modo de propagação, além de discutir as propriedades dessas
fibras monomodo.

2.2.1  Equações de Maxwell


Como todos os fenômenos eletromagnéticos, a propagação de campos
ópticos em fibras é governada pelas equações de Maxwell. Para um meio não
condutor sem cargas livres, essas equações tomam a forma [22] (em unidades
do SI; veja o Apêndice A):
36 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

∇ × E = −∂B/∂t, (2.2.1)

∇ × H = ∂D/∂t, (2.2.2)

∇ ⋅ D = 0, (2.2.3)

∇ ⋅ B=0, (2.2.4)

sendo E e H os vetores de campos elétrico e magnético, respectivamente; D


e B as correspondentes densidades de fluxo, que se relacionam aos vetores
de campo por meio das relações constitutivas [22]:

D = ε 0 E+P, B=µ0 H + M, (2.2.5)

em que ε0 é a permissividade do vácuo, m0 é a permeabilidade do vácuo,


P e M são as polarizações elétrica e magnética induzidas, respectivamente.
Para fibras ópticas, M = 0, devido à natureza não magnética do vidro
de sílica.
O cálculo da polarização elétrica P requer uma abordagem micros-
cópica de mecânica quântica. Embora tal abordagem seja essencial quando
a frequência óptica é próxima de uma ressonância do meio, uma relação
fenomenológica entre P e E pode ser usada em frequências distantes de
ressonâncias do meio. É o caso, por exemplo, de fibras ópticas na região de
comprimentos de onda entre 0,5–2 mm, um intervalo que cobre a região
de baixas perdas de fibras ópticas que é de interesse para sistemas de comu-
nicação óptica. Em geral, a relação entre P e E pode ser não linear. Embora
efeitos não lineares em fibras ópticas sejam de considerável interesse [23] e
cobertos na Seção 2.6, podem ser ignorados na discussão de modos de fibras
ópticas. Assim, a relação entre P e E é escrita como:



P( r, t ) = ε 0 χ (r , t − t' )E( r, t' )dt' . (2.2.6)
−∞

A suscetibilidade linear χ é, em geral, um tensor de segunda ordem; con-


tudo, em meios isotrópicos, como o vidro de sílica, reduz-se a um escalar.
Fibras ópticas se tornam ligeiramente birrefringentes devido a variações
não intencionais na forma do núcleo ou na deformação local. Efeitos de
birrefringência são considerados na Seção 2.2.3. A Eq. (2.2.6) assume uma
resposta espacialmente local, mas inclui a natureza atrasada da resposta
temporal, responsável pela dispersão cromática.
As Eq. (2.2.1) a (2.2.6) fornecem um formalismo geral para a análise da
propagação de ondas em fibras ópticas. Na prática, é conveniente usar apenas
Fibras Ópticas 37

uma variável de campo, E.Tomando o rotacional da Eq. (2.2.1) e usando as


Eq. (2.2.2) e (2.2.5), obtemos a equação de onda:

1 ∂2 E ∂2 P
∇×∇× E = − − µ 0 ,
c 2 ∂t 2 ∂t 2 (2.2.7)

sendo a velocidade da luz no vácuo c definida da forma usual como


m0ε0 = 1/c2. Introduzindo a transformada de Fourier de E (r, t) pela relação
∼ ∞
E( r, ω ) = ∫ E( r, t )exp(iωt ) dt,
−∞ (2.2.8)

e uma relação similar para P(r, t), e usando a Eq. (2.2.6), podemos escrever
a Eq. (2.2.7) no domínio da frequência como:
∼ ∼
∇ × ∇ × E = ε (r , ω )(ω 2 / c 2 ) E, (2.2.9)

em que a constante dielétrica dependente da frequência é definida como


~
ε ( r, ω ) = 1 + χ ( r, ω ), (2.2.10)

e χ (r, w) é a transformada de Fourier de χ (r, t). Em geral, ε (r, w) é com-
plexa; suas partes real e imaginária estão relacionadas ao índice de refração n
e ao coeficiente de absorção a pela definição:

ε = (n + iα c /2ω )2 . (2.2.11)

Usando as Eq. (2.2.10) e (2.2.11), n e a são relacionados a χ por
 ∼ ∼
n = (1 + Re χ )1/2 , α = (ω /nc )Im χ , (2.2.12)

em que Re e Im designam as partes real e imaginária, respectivamente.


Tanto n como a dependem da frequência. A dependência de n em relação
à frequência é referida como dispersão cromática do meio. Na Seção 2.3,
veremos que a dispersão em fibras ópticas limita o desempenho de sistemas
de comunicação óptica de uma forma fundamental.
Duas outras simplificações podem ser feitas antes de resolvermos a Eq.
(2.2.9). Primeira, ε pode ser considerada real e substituída por n2, devido
às baixas perdas em fibras de sílica. Segunda, como n (r, w) independe da
coordenada espacial r, tanto no núcleo como na casca de uma fibra de índice
em degrau, podemos usar a identidade:
∼ ∼ ∼

∇ × ∇ × E ≡ ∇( ∇ ⋅ E ) − ∇ 2 E = −∇ 2 E, (2.2.13)
38 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

~ ~ ~
em que, para obter D = ε E , usamos a Eq. (2.2.3) e a relação ∇ ⋅ E = 0 ⋅
Essa simplificação é feita também no caso de fibras de índice gradual. A Eq.
(2.2.13) é, portanto, uma aproximação válida enquanto variações de índice
de refração ocorrerem em uma escala de comprimento muito maior do
que o comprimento de onda. Usando a Eq. (2.2.13) na Eq. (2.2.9), obtemos
~ ~
∇ 2 E+ n 2 (ω )k02 E = 0, (2.2.14)

Sendo o número de onda no espaço livre k0 definido como

k0 = ω /c = 2π /λ , (2.2.15)

e λ o comprimento de onda no espaço livre do campo óptico que oscila à


frequência w. A Eq. (2.2.14) é resolvida a seguir para a obtenção dos modos
ópticos em fibras de índice em degrau.

2.2.2  Modos de Fibras


O conceito de modo é genérico em óptica e também ocorre, por exemplo,
na teoria de lasers. Um modo óptico é uma específica solução da equação
de onda (2.2.14) que satisfaz as pertinentes condições de contorno, com a
propriedade de ter uma distribuição espacial não alterada com a propagação.
Os modos de fibras podem ser classificados em modos guiados, modos de
fuga e modos de radiação [14]. Como podemos esperar, a transmissão
de sinais em sistemas de comunicação óptica ocorre apenas por meio dos
modos guiados. A discussão a seguir foca exclusivamente os modos guiados
de uma fibra de índice em degrau.
Para tirar vantagem da simétrica cilíndrica, escrevamos a Eq. (2.2.14) no
sistema de coordenadas cilíndricas ρ, φ e z:

∂ 2 E z 1 ∂E z 1 ∂ 2 E z ∂ 2 E z
+ + + + n 2k02 E z = 0,
∂ρ 2 ρ ∂ρ ρ 2 ∂φ 2 ∂z 2 (2.2.16)

em que, para uma fibra de índice em degrau e núcleo com raio a, o índice
de refração n tem a forma

 n ; ρ ≤ a,
n= 1
 n2 ; ρ > a. (2.2.17)

Por simplicidade de notação, o til acima de E foi descartado e fica implícita


a dependência de todas as variáveis com a frequência. A Eq. (2.2.16) é escrita
para a componente axial Ez do vetor de campo elétrico. Equações similares
podem ser escritas para as outras cinco componentes de E e H. Entretanto,
Fibras Ópticas 39

não há necessidade de resolver as seis equações, pois somente duas delas


são independentes. É costumário escolher Ez e Hz como as componentes
independentes e usá-las para obter Eρ, Eφ, Hρ e Hφ. A Eq. (2.2.16) é resolvida
com facilidade por meio do método de separação de variáveis; Ez é escrito
como:

E z ( ρ , φ , z ) = F ( ρ )Φ(φ )Z ( z ). (2.2.18)

Usando a Eq. (2.2.18) em (2.2.16), obtemos as seguintes três equações


diferenciais ordinárias:
(2.2.19)
d 2Z /dz 2 + β 2Z = 0,

d 2 Φ / dφ 2 + m 2 Φ = 0, (2.2.20)
d F 1 dF  2 2
2
m  2
+ + n k0 − β 2 − 2  F = 0. (2.2.21)
dρ 2
ρ dρ  ρ 

A Eq. (2.2.19) tem uma solução na forma Z = exp(ibz), em que b pos-
sui o significado físico de constante de propagação. De modo similar, a
Eq. (2.2.20) apresenta uma solução Φ = exp(imφ), sendo a constante m
restrita a valores inteiros, pois o campo deve ser periódico em φ, com
período 2π.
A Eq. (2.2.21) é a bem-conhecida equação satisfeita pelas funções de
Bessel [24]. Sua solução geral nas regiões do núcleo e da casca pode ser
escrita como:
 AJ ( pρ ) + A'Y ( pρ ) ρ ≤ a,
m m
F(ρ) =  (2.2.22)
 CK m (qρ ) + C'I m (qρ ) ρ > a,

sendo A, A9, C e C9 constantes; Jm, Ym, Km e Im diferentes espécies de funções
de Bessel [24]. Os parâmetros p e q são definidos por
(2.2.23)
p 2 = n12k02 − β 2 ,

q 2 = β 2 − n22k02 . (2.2.24)

Considerável simplificação ocorre quando usamos a condição de contorno,


segundo a qual um modo guiado deve ser finito em ρ = 0 e decair a
zero em ρ = ∞. Como Ym (pρ) tem uma singularidade em ρ = 0, F (0)
permanece finita somente se A9 = 0. Do mesmo modo, F(ρ) se anula
no infinito somente se C9 = 0. Portanto, a solução geral da Eq. (2.2.16)
possui a forma
40 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

 AJ ( pρ )exp(imφ )exp(i β z ); ρ ≤ a,
m
Ez =  (2.2.25)
 CK m (qρ )exp(imφ )exp(i β z ); ρ > a.

O mesmo método pode ser usado para obter Hz, que também satisfaz a
Eq. (2.2.16). De fato, a solução é a mesma, com diferentes constantes B e
D, ou seja:
 BJ ( pρ )exp(imφ )exp(i β z ); ρ ≤ a,
Hz = 
m
(2.2.26)
 DK m ( q ρ )exp( imφ )exp( i β z ); ρ > a.

Usando as equações de Maxwell, as quatro outras componentes Eρ, Eφ, Hρ e


Hφ podem ser expressas em termos de Ez e Hz. Na região do núcleo, obtemos:

i  ∂E z ω ∂H z 
Eρ = 2 
β + µ0  , (2.2.27)
p  ∂ρ ρ ∂φ 

i  β ∂E z ∂H z 
Eφ =  − µ 0ω  , (2.2.28)
p 2  ρ ∂φ ∂ρ 

i  ∂H z ω ∂E z 
Hρ = 2 
β − ε0n 2  , (2.2.29)
p  ∂ρ ρ ∂φ 

i  β ∂H z E 
Hφ = 2 
+ ε 0 n 2ω z  . (2.2.30)
p  ρ ∂φ ∂ρ 

Substituindo p2 por –q2, essas equações podem ser usadas na região da casca.
As Eq. (2.2.25) a (2.2.30) expressam o campo eletromagnético nas
regiões do núcleo e da casca de uma fibra óptica em termos de quatro cons-
tantes A, B, C e D as quais são determinadas com a aplicação da condição de
contorno que requer a continuidade das componentes de E e H tangenciais
à interface núcleo-casca. Forçando a continuidade de Ez, Hz, Eφ e Hφ em
ρ = a, obtemos um conjunto de equações homogêneas satisfeitas por A, B, C
e D [17]. Essas equações têm solução não trivial somente se o determinante
da matriz dos coeficientes for zero. Depois de muitos detalhes algébricos,
essa condição resulta na seguinte equação de autovalor [17]–[19]:
 J m' ( pa ) K m' (qa )   J m' ( pa ) n22 K m' (qa ) 
 +   + 2 
 pJ m ( pa ) qK m (qa )   pJ m ( pa ) n1 qK m (qa ) 
m 2  1 1   1 n22 1  (2.2.31)
=  +   + ,
a 2  p 2 q 2   p 2 n12 q 2 

em que uma linha, indica diferenciação em relação ao argumento.


Fibras Ópticas 41

Para um dado conjunto de parâmetros k0, a, n1 e n2, a equação de auto-


valor (2.2.31) pode ser resolvida numericamente para a determinação da
constante de propagação b. Em geral, talvez haja múltiplas soluções para cada
valor inteiro de m. É costume numerar essas soluções em ordem decrescente
e denotá-las por bmn, para um dado m (n = 1, 2, ...). Cada valor bmn corres-
ponde a um possível modo de propagação do campo óptico, cuja distribuição
espacial é obtida das Eq. (2.2.25)–(2.2.30). Por não mudar com a propagação,
exceto por um fator de fase, e satisfazer todas as condições de contorno,
a distribuição de campo é um modo óptico da fibra. Em geral, tanto Ez
como Hz são não zero (exceto para m = 0), em contraste com guias de onda
planares, para os quais uma das componentes de campo pode ser tomada
como zero. Em função disso, modos de fibra óptica são referidos como
modos híbridos e denotados por HEmn ou EHmn, dependendo se Hz ou Ez é a
componente dominante. No caso especial m = 0, os modos HE0n e EH0n são,
também, denotados por TE0n e TM0n, respectivamente, pois correspondem
a modos transverso elétrico (Ez = 0) e transverso magnético (Hz = 0) de
propagação. Um notação diferente, LPmn, é comumente utilizada para fibras
de guiamento fraco [25], para as quais Ez e Hz são aproximadamente nulas
(LP significa modos linearmente polarizados).
Um modo é determinado de forma única por sua constante de propaga-
ção b. É conveniente a introdução de uma grandeza n  = b/k0, denominada
índice modal ou índice efetivo, que possui o significado físico de que cada modo
de fibra se propaga com um índice de refração efetivo n cujo valor está
no intervalo n1 >  n  > n2. Um modo deixa de ser guiado quando n  ≤ n2.
Isso pode ser entendido observando que o campo óptico de modos guiados
decai no interior da casca, pois [24]:

K m (qρ ) = ( π /2qρ )1/2 exp(−qρ ) for qρ  1. (2.2.32)

Quando n  ≤ n2, a Eq. (2.2.24) indica que q2 ≤ 0, de modo que não ocorre
decaimento exponencial. Dizemos que o modo atingiu o corte quando q se
torna zero ou quando n  = n2. Da Eq. (2.2.23), quando q = 0, p = k0( n1 − n2 )1/2.
2 2

Um parâmetro com importante papel na determinação da condição de corte


de um modo é definido como:

V = k0 a(n12 − n22 )1/2 ≈ (2π / λ )an1 2∆ . (2.2.33)

Esse parâmetro é conhecido como frequência normalizada (V  w) ou, sim-


plesmente, parâmetro V. É interessante introduzir a constante de propagação
normalizada b, definida por:
β /k0 − n2 n − n2
b= = .
n1 − n2 n1 − n2 (2.2.34)
42 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

A Figura 2.5 mostra um gráfico de b em função de V, para alguns modos


de fibra obtidos da solução da equação de autovalor (2.2.31). Uma fibra
com grande valor de V suporta muitos modos. Uma estimativa grosseira do

Figura 2.5  Constante de propagação normalizada b em função da frequência normali-


zada V, para alguns modos de fibra de baixa ordem. O eixo direito mostra o índice modal
n . (Após a Ref. [26] ©1981 Academic Press; reimpresso com permissão.)

número de modos para uma fibra multimodo é fornecida por V 2/2 [21]. Por
exemplo, uma típica fibra multimodo com a = 25 mm e ∆ = 5 × 10-3 tem
V  18, em λ = 1,3 mm, e deve suportar cerca de 162 modos. Contudo,
o número de modos decresce rapidamente à medida que o valor de V é
reduzido. Como visto na Figura 2.5, uma fibra com V = 5 suporta sete
modos. Abaixo de certo valor de V, todos os modos, exceto o HE11, estão
cortados. Tais fibras suportam um único modo, sendo chamadas de fibras
monomodo. As propriedades de fibras monomodo são descritas a seguir.

2.2.3  Fibras Monomodo


Fibras monomodo suportam somente o modo HE11, também conhecido
como modo fundamental da fibra. A fibra é projetada de forma que todos os
modos de ordens superiores estejam cortados no comprimento de onda de
operação. Como visto na Figura 2.5, o parâmetro V determina o número
de modos suportados por uma fibra. A condição de corte dos vários modos
Fibras Ópticas 43

também é determinada por V. O modo fundamental não possui corte e


sempre é suportado por uma fibra óptica.

CONDIÇÃO MONOMODO
A condição monomo do é determinada pelo valor de V em que os
modos TE01 e TM01 atingem o corte (Figura 2.5). As equações de autovalor
para esses dois modos podem ser obtidas fazendo m = 0 em (2.2.31), sendo
dadas por:

pJ 0 ( pa )K '0 (qa ) + q J 0' ( pa )K 0 (qa ) = 0, (2.2.35)

pn22 J 0 ( pa )K '0 (qa ) + qn12 J '0 ( pa )K 0 (qa ) = 0. (2.2.36)

Um modo atinge o corte quando q = 0. Como pa = V quando q = 0,


a condição de corte para os dois modos é fornecida simplesmente por
J0(V) = 0. O menor valor de V para o qual J0(V) = 0 é 2,405. Uma fibra
projetada para V < 2,405 suporta somente o modo fundamental HE11. Essa
é a condição monomodo.
Podemos usar a Eq. (2.2.33) para estimar o raio do núcleo de fibras mo-
nomodo usadas em sistemas de ondas luminosas. Para comprimento de onda
de operação na faixa de 1,3−1,6 mm, a fibra é, em geral, projetada visando
se tornar monomodo para λ > 1,2 mm.Tomando λ = 1,2 mm, n1 = 1,45 e
∆ = 5 × 10−3, a Eq. (2.2.33) mostra que V < 2,405 para um raio de núcleo
a < 3,2 mm. O necessário raio de núcleo pode ser aumentado para cerca
de 4 mm com a diminuição de ∆ para 3 × 10-3. De fato, a maioria das fibras
utilizadas em telecomunicações é projetada com a ≈ 4 mm.
No comprimento de onda de operação, o índice modal n pode ser
obtido da Eq. (2.2.34)

n = n2 + b(n1 − n2 ) ≈ n2 (1 + b∆ ) (2.2.37)

e da Figura 2.5, que fornece b em função de V, para o modo HE11. Uma


aproximação analítica para b é [15]:

b(V ) ≈ (1,1428 − 0,9960/V )2 (2.2.38)

que, para V no intervalo 1,5–2,5, apresenta erro de 0,2%.


A distribuição de campo do modo fundamental é obtida das Eq. (2.2.25)–
(2.2.30). As componentes axiais Ez e Hz são muito pequenas para ∆  1.
Assim, o modo HE11 é, de modo aproximado, linearmente polarizado para
fibras com guiamento fraco. Tal modo também é denotado como LP 01,
seguindo a terminologia alternativa em que todos os modos da fibra são
44 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

tomados como linearmente polarizados [25]. Para um modo linearmente


polarizado, uma das componentes transversais pode ser tomada como zero.
Se adotarmos Ey = 0, a componente Ex do campo elétrico do modo HE11
é dada por [15]:
 [ J ( pρ )/J ( pa )]exp(i β z ); ρ ≤ a,
0 0
E x = E0  (2.2.39)
 [ K 0 (qρ )/K 0 (qa )]exp(i β z ); ρ > a,

em que E0 é uma constante relacionada à potência transportada pelo modo.


A componente dominante do correspondente campo eletromagnético é
fornecida por Hy = n2(ε0/m0)1/2Ex. Esse modo é linearmente polarizado ao
longo do eixo x. A mesma fibra suporta outro modo linearmente polarizado
ao longo do eixo y. Nesse sentido, uma fibra monomodo suporta dois modos
ortogonalmente polarizados, que são degenerados e possuem o mesmo
índice modal.

Birrefringência de Fibras Ópticas


A natureza degenerada dos modos ortogonalmente polarizados é válida
somente para uma fibra monomodo ideal, com núcleo perfeitamente cilín-
drico, de diâmetro constante. Em fibras reais, a forma do núcleo varia de
modo considerável ao longo do comprimento da fibra. As fibras também
podem sofrer esforços capazes de quebrar a simetria delas. Degenerescência
entre modos de fibra ortogonalmente polarizados é removida por esses
fatores, e a fibra adquire birrefringência. O grau de birrefringência modal
é definido por:

Bm =| nx − ny |, (2.2.40)

sendo nx e ny os índices modais para os modos de fibra ortogonalmente


polarizados. A birrefringência leva a uma troca periódica de potência entre
as duas componentes de polarização. O período, denominado comprimento
de batimento, é fornecido por
L B = λ /Bm . (2.2.41)

Tipicamente, para λ ∼ 1 mm, Bm ∼ 10−7, LB ∼ 10 m. Do ponto de vis-


ta físico, luz linearmente polarizada permanece assim somente quando
polarizada ao longo de um dos eixos principais. Caso contrário, seu es-
tado de polarização mudará ao longo do comprimento da fibra, de linear
para elíptico, de volta para linear, periodicamente, no comprimento LB. A
Figura 2.6 mostra, de modo esquemático, tal mudança periódica do estado
de polarização da luz em uma fibra cuja constante de birrefringência é B.
Nessa figura, o eixo rápido corresponde ao eixo ao longo do qual o índice
modal é menor. O outro eixo é denominado eixo lento.
Fibras Ópticas 45

Figura 2.6  Estado de polarização em uma fibra birrefringente ao longo de um com-


primento de batimento. O feixe de entrada é linearmente polarizado a 45º em relação
aos eixos lento e rápido.

Em uma fibra monomodo convencional, a birrefringência não é cons-


tante ao longo do comprimento da fibra, sendo alterada de modo aleatório,
tanto em magnitude como em direção, devido a variações na forma do
núcleo (a qual é elíptica, em vez de circular) e a esforços anisotrópicos
que agem sobre o núcleo. Em consequência, a luz lançada na fibra com
polarização linear alcança, com rapidez, um estado de polarização arbitrário.
Além disso, diversos componentes de frequência de um pulso adquirem
diferentes estados de polarização, resultando em alargamento temporal do
pulso. Esse fenômeno recebe o nome de dispersão do modo de polarização
(PMD − Polarization-Mode Dispersion) e se torna um fator limitante para
sistemas de comunicação óptica que operam em altas taxas de bits. É pos-
sível fazer fibras para as quais as flutuações aleatórias na forma e no tamanho
do núcleo não sejam os fatores dominantes na determinação do estado de
polarização. Tais fibras são denominadas fibras mantenedoras de polarização.
Um grande grau de birrefringência é introduzido intencionalmente nessas
fibras por meio de modificações na configuração, de modo que as pequenas
flutuações aleatórias de birrefringência não afetem a polarização de luz de
forma significativa. Tipicamente, nessas fibras, Bm ∼ 10−4.

Raio de Feixe
Como, na prática, a distribuição de campo dada pela Eq. (2.2.39) é de uso
um tanto quanto complicado, é comum aproximá-la por uma distribuição
gaussiana na forma

E x = A exp(− ρ 2 /w 2 )exp(i β z ), (2.2.42)

sendo w o raio de campo, também referido como raio de feixe (spot size). Esse
parâmetro é determinado ajustando a exata distribuição à função gaussiana
ou por um procedimento variacional [27]. A Figura 2.7 mostra a variação de
46 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

Figura 2.7  (A) Raio de feixe normalizado w/a em função do parâmetro V obtido por
ajuste do modo fundamental da fibra a uma distribuição gaussiana; (b) qualidade do
ajuste para V = 2,4. (Após a Ref. [27]; ©1978 OSA; reimpresso com permissão.)

w/a em função do parâmetro V. Uma comparação entre a real distribuição de


campo e a função gaussiana ajustada é mostrada para V = 2,4.A qualidade des-
sa aproximação é, em geral, muito boa para valores de V nas proximidades de
2. O raio de feixe w pode ser determinado da Figura 2.7, ou de uma
aproximação analítica, que apresenta erro de 1% para 1,2 < V < 2,4 e é
dada por [27]:

w /a ≈ 0,65 + 1,619V −3/2 + 2,879V −6 . (2.2.43)

A área modal efetiva, definida como Aeff = πw2, é um importante parâmetro


para fibras ópticas, pois determina quão fortemente a luz é confinada ao
núcleo.Veremos mais adiante que efeitos não lineares são mais intensos em
fibras com menores valores de Aeff.
A fração da potência contida no núcleo pode ser obtida usando a Eq.
(2.2.42), e é fornecida pelo fator de confinamento


a
P | E x |2 ρ d ρ  2a 2 
Γ = core = 0
= 1 − exp − 2  .


Ptotal | E x |2 ρ d ρ  w  (2.2.44)
0

As Eq. (2.2.43) e (2.2.44) determinam a fração da potência modal contida


no núcleo, para um dado valor de V. Embora, para V = 2, quase 75% da
potência modal resida no núcleo, tal porcentagem cai para 20% quando
V = 1. Por essa razão, a maioria das fibras monomodo de telecomunicação
é projetada para operar no intervalo 2 < V < 2,4.
Fibras Ópticas 47

2.3  DISPERSÃO EM FIBRAS MONOMODO


Vimos, na Seção 2.1, que a dispersão intermodal em fibras multimodo
leva a considerável alargamento temporal de pulsos ópticos curtos (∼10 ns/
km). Na descrição de óptica geométrica, tal alargamento está relacionado aos
diferentes índices modais (ou velocidades de grupo) associados aos diversos
modos. A principal vantagem de fibras monomodo é a ausência de dispersão
intermodal, simplesmente porque a energia do pulso é transportada por um
único modo. No entanto, o alargamento temporal do pulso não desaparece. A
velocidade de grupo associada ao modo fundamental depende da frequência,
devido à dispersão cromática. Em consequência, diferentes componentes es-
pectrais do pulso viajam com velocidades de grupo ligeiramente diferentes,
fenômeno conhecido como dispersão de velocidade de grupo (GVD − Group-Ve-
locity Dispersion), dispersão intramodal ou, apenas, dispersão da fibra. A dispersão
intramodal possui duas contribuições, dispersão material e dispersão de guia de
onda. Consideraremos as duas e discutiremos como GVD limita o desempe-
nho de sistemas de ondas luminosas que empregam fibras monomodo.

2.3.1  Dispersão de Velocidade de Grupo


Consideremos uma fibra monomodo de comprimento L. Uma específica
componente espectral na frequência w chegará à saída da fibra depois de um in-
tervalo de tempo T = L/vg, em que vg é a velocidade de grupo, definida como [20]:

v g = (d β /dω )−1. (2.3.1)

Usando b =  nk0 = ñw/c na Eq. (2.3.1), podemos mostrar que vg = c/ n g ,
sendo n g o índice de grupo, dado por

n g = n + ω(dn /dω ). (2.3.2)

A dependência da velocidade de grupo em relação à frequência conduz a


um alargamento temporal de pulso apenas em função de diferentes com-
ponentes espectrais do pulso se dispersarem durante a propagação e não
chegarem simultaneamente à saída da fibra. Se ∆w for a largura espectral
do pulso, o alargamento temporal do pulso em uma fibra de comprimento
L é governado por

dT d L  d 2β
∆T = ∆ω =  ∆ω = L 2 ∆ω = L β 2 ∆ω , (2.3.3)
dω dω  v g  dω

em que a Eq. (2.3.1) foi usada. O parâmetro b2 = d 2b/dw2 é conhecido


como parâmetro de GVD. Ele determina o quanto um pulso óptico será
alargado temporalmente após propagação pela fibra óptica.
48 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

Em alguns sistemas de comunicação óptica, o espalhamento de frequên-


cia ∆w é determinado pela faixa de comprimentos de onda ∆λ emitidos
pela fonte óptica. É comum utilizar ∆λ no lugar de ∆w. Usando w = 2πc/λ
e ∆w = (−2πc/λ2)∆λ, a Eq. (2.3.3) pode ser escrita como

d L 
∆T =   ∆λ = DL ∆λ , (2.3.4)
dλ  v g 

em que

d 1 2π c
D=   = − 2 β2 . (2.3.5)
d λ  vg  λ

D é denominado parâmetro de dispersão, sendo expresso em unidades de ps/


(km-nm).
O efeito da dispersão sobre a taxa de bits B pode ser estimado por
aplicação do critério B∆T < 1, de modo similar ao adotado na Seção 2.1.
Usando ∆T da Eq. (2.3.4), essa condição fica escrita como:

BL | D | ∆λ < 1. (2.3.6)

A Eq. (2.3.6) fornece uma estimativa de uma ordem de magnitude do


produto BL oferecido por fibras monomodo. A dependência de D em
relação ao comprimento de onda é estudada nas duas próximas subseções.
Para fibras de sílica convencionais, D é relativamente pequeno na região de
comprimentos de onda nas proximidades de 1,3 mm [D ∼ 1 ps/(km-nm)].
Para um laser de semicondutor, a largura espectral ∆λ é de 2 − 4 nm, mesmo
quando o laser opera em vários modos longitudinais. O produto BL de tais
sistemas de ondas luminosas pode ultrapassar 100 (Gb/s)-km. De fato, sis-
temas de telecomunicações em 1,3 mm operam a uma taxa de bits típica de
2 Gb/s, com espaçamento de 40 − 50 km entre repetidores. O produto BL
de fibras monomodo pode exceder 1 (Tb/s)-km quando lasers monomodo
de semicondutor são usados para reduzir ∆λ abaixo de 1 nm.
O parâmetro de dispersão D pode variar de modo donsiderável quando
o comprimento de onda de operação é deslocado de 1,3 mm. A dependência
de D em relação ao comprimento de onda é governada pela dependência do
índice modal n com a frequência. Da Eq. (2.3.5), D pode ser escrito como:

2π c d  1  2π  dn d 2n 
D=−   = −  2 + ω ,
λ 2 dω  v g  λ 2  dω dω 2  (2.3.7)

em que a Eq. (2.3.2) foi usada. Se substituímos n da Eq. (2.2.37) e usarmos


a Eq. (2.2.33), D pode ser escrito como a soma de dois termos
Fibras Ópticas 49

D = DM + DW , (2.3.8)

sendo a dispersão material DM e a dispersão de guia da onda DW dadas por:


2π dn2 g 1 dn2 g
DM = − = ,
λ 2 dω c dλ (2.3.9)

2π∆  n22 g Vd 2 (Vb ) dn2 g d(Vb ) 


DW = −  + .
λ 2  n2ω dV 2 dω dV  (2.3.10)

Aqui, n2g é o índice de grupo do material da casca, e os parâmetros V e b


são fornecidos pelas Eq. (2.2.33) e (2.2.34), respectivamente. Na obtenção
de (2.3.8)–(2.3.10), o parâmetro ∆ foi tomado como independente da fre-
quência. Um terceiro termo, conhecido como dispersão material diferencial,
deve ser adicionado à Eq. (2.3.8) quando d∆/dw ≠ 0. Na prática, essa con-
tribuição é desprezível.

2.3.2  Dispersão Material


Dispersão material ocorre porque o índice de refração da sílica, material usa-
do para fabricação de fibras, muda com a frequência óptica w. Em um nível
fundamental, a origem da dispersão material está relacionada às frequências
de ressonância características de absorção de energia eletromagnética pelo
material. Longe das ressonâncias do meio, o índice de refração n(w) é bem
aproximado pela equação de Sellmeier [28]:
M
B jω 2j
n 2 (ω ) = 1 + ∑ ,
j =1 ω j − ω
2 2
(2.3.11)

em que wj é a frequência de ressonância e Bj, a intensidade da oscilação.


Aqui, n pode ser n1 ou n2, dependendo se são consideradas as propriedades
dispersivas do núcleo ou da casca. A soma na Eq. (2.3.11) se estende por
todas as ressonâncias materiais que contribuem na faixa de frequências
de interesse. No caso de fibras ópticas, os parâmetros Bj e wj são obtidos
empiricamente ajustando curvas medidas de dispersão à Eq. (2.3.11) com
M = 3. Esses parâmetros dependem da quantidade de dopantes e foram
tabelados para diversos tipos de fibra [12]. Para sílica pura, esses parâmetros
apresentam os seguintes valores: B1 = 0,6961663, B2 = 0,4079426, B3 = 0,8
974794,λ1 = 0,0684043 mm, λ2 = 0,1162414 mm, λ3 = 9,896161 mm, com
λj = 2πc/wj, com j = 1, 2, 3. [28]. O índice de grupo ng = n + w(dn/dw)
pode ser obtido usando esses valores para os parâmetros.
A Figura 2.8 mostra, para sílica fundida, a dependência de n e ng em
relação ao comprimento de onda, no intervalo 0,5−1,6  mm. Dispersão
50 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

Figura 2.8  Variação do índice de refração n e do índice de grupo ng de sílica fundida


com o comprimento de onda.

material DM está relacionada à inclinação de ng, como fornecido pela Eq.


(2.3.9). Observamos que dng/λ = 0 em λ = 1,276 mm, o valor marcado pela
linha pontilhada vertical na Figura 2.8. Esse comprimento de onda recebe a
denominação de comprimento de onda de dispersão zero, λZD, pois DM = 0 em
λ = λZD. O parâmetro de dispersão DM é negativo para comprimentos de on-
da menores do que λZD (dispersão normal) e positivo para comprimentos de
onda maiores do que λZD (dispersão anômala). Na faixa de comprimentos
de onda de 1,25–1,66 mm, a dispersão material pode ser aproximada pela
seguinte relação empírica:

DM ≈ 122(1 − λZD / λ ). (2.3.12)

Devemos observar que λZD=1,276 mm somente para sílica pura. Para fibras
ópticas cujos núcleo e casca sejam dopados para alterar o índice de refração,
esse valor pode variar no intervalo de 1,28−1,31  mm, pois λZD também
depende do raio do núcleo a e do degrau de índice ∆, devido à contribuição
da dispersão de guia de onda à dispersão total.

2.3.3  Dispersão de Guia de Onda


A contribuição da dispersão de guia de onda DW ao parâmetro de dispersão
D é dada pela Eq. (2.3.10) e depende do parâmetro V da fibra. Para com-
primentos de onda no intervalo 0 − 1,6 mm, DW é negativo. Por sua vez,
DM é negativo para comprimentos de onda abaixo de λZD e positivo acima
de λZD. A Figura 2.9 mostra DM, DW e a soma D = DM + DW, para uma típica
Fibras Ópticas 51

Figura 2.9  Dispersão total D e as contribuições relativas da dispersão material DM e da


dispersão de guia de onda DW para uma fibra monomodo convencional. O comprimento
de onda de dispersão zero é deslocado para um valor maior, devido à contribuição de
guia de onda.

fibra monomodo. O principal efeito da dispersão de guia de onda é deslocar


λZD de 30 − 40 nm, e o comprimento de onda de dispersão zero passa a
ocorrer nas proximidades de 1,31 mm. No intervalo de comprimentos de
onda de 1,3–1,6 mm, de interesse para comunicações ópticas, DW também
reduz D para abaixo do valor material DM. Nas proximidades de 1,55 mm,
valores típicos de D estão no intervalo de 15 a 18 ps/(km-nm). Essa região
de comprimentos de onda é de considerável interesse para sistemas de ondas
luminosas, pois as perdas da fibra são mínimas nas proximidades de 1,55 mm
(veja a Seção 2.5). Altos valores de D limitam o desempenho de sistemas de
ondas luminosas em 1,55 mm.
Como a contribuição de guia de onda DW depende de parâmetros da
fibra, como raio do núcleo a e diferença de índices ∆, é possível projetar
a fibra de modo que λZD seja deslocado para as vizinhanças de 1,55 mm
[29], [30]. Tais fibras são denominadas fibras de dispersão deslocada. Pode-se,
também, ajustar a contribuição de guia de onda para que a dispersão total
D seja relativamente pequena em uma grande faixa de comprimentos
de onda que se estenda de 1,3 a 1,6 mm [31]–[33]. Tais fibras recebem a
denominação de fibras de dispersão plana. A Figura 2.10 mostra exemplos
típicos da dependência de D em relação ao comprimento de onda para
fibras padrão (convencional), de dispersão deslocada e de dispersão plana. O
projeto de fibras de dispersão deslocada envolve o uso de múltiplas camadas
52 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

Figura 2.10  Típica dependência do parâmetro de dispersão D em relação ao com-


primento de onda, para fibras padrão, de dispersão deslocada e de dispersão plana.

de casca e um ajuste do perfil de índice de refração [29]–[35]. A dispersão de


guia de onda também pode ser usada para produzir fibras de dispersão
decrescente, nas quais a GVD decai ao longo do comprimento da fibra,
devido a variações axiais no raio do núcleo. Em outro tipo de fibra, co-
nhecido como fibra compensadora de dispersão, a GVD é normal e possui um
valor relativamente grande. A Tabela 2.1 lista as características de dispersão
de várias fibras comerciais.

Tabela 2.1  Características de várias fibras comerciais


Tipo de Fibra e Nome Aeff (mm2) λZD (nm) D (banda C) Inclinação S
Comercial [ps/(km-nm)] [ps/(km-nm2)]
Corning SMF-28 80 1.302-1.322 16 a 19 0,090
OFS AllWave 80 1.300-1.322 17 a 20 0,088
Draka ColorLock 80 1.300-1.320 16 a 19 0,090
Corning Vascade 100 1.300-1.310 18 a 20 0,060
OFS True Wave-RS 50 1.470-1.490 2,6 a 6 0,050
CorningLEAF 7 1.490-1.500 2,0 a 6 0,060
Draka TeraLight 65 1.430-1.440 5,5 a 10 0,052

2.3.4  Dispersão de Ordem Superior


A Eq. (2.3.6) parece implicar que o produto BL de uma fibra monomodo pode
ser aumentado de modo indefinido se a operação ocorrer no comprimento de
onda de dispersão zero λZD, em que D = 0. Os efeitos dispersivos, entretanto,
Fibras Ópticas 53

não desaparecem completamente em λZD. Pulsos ópticos continuam sofrendo


alargamento temporal devido a efeitos dispersivos de ordens superiores. É pos-
sível entender isso observando que D não pode ser feito igual a zero em todos
os comprimentos de onda contidos no espectro do pulso, centrado em λZD.
A dependência de D em relação ao comprimento de onda tem, obviamente,
um papel importante no alargamento de pulsos. Efeitos dispersivos de ordens
superiores são governados pela inclinação da dispersão (dispersion slope) S = dD/
dλ. O parâmetro S também é conhecido como parâmetro de dispersão dife-
rencial. Usando a Eq, (2.3.5), podemos escrevê-lo como

S = (2π c / λ 2 )2 β 3 + (4 π c / λ 3 )β 2 , (2.3.12)

sendo b3 = db2/dw ≡ d3b/dw3 o parâmetro de dispersão de terceira ordem.


Em λ = λZD, b2 = 0 e S é proporcional a b3.
O valor numérico da inclinação da dispersão S possui papel importante
no projeto de modernos sistemas WDM. Como S > 0 na maioria das fibras,
diferentes canais têm valores ligeiramente diferentes de GVD, o que dificulta
a compensação da dispersão para todos os canais simultaneamente.Visando
resolver esse problema, novos tipos de fibras foram desenvolvidos, para os
quais S é pequena (fibras com inclinação reduzida) ou negativa (fibras de
dispersão inversa). A Tabela 2.1 lista os valores de inclinação da dispersão
para várias fibras comerciais.
Pode parecer, da Eq., (2.3.6), que o limite de taxa de bits de um canal
que opera em λ = λZD é infinito. Contudo, isso não é verdade, pois, nesse
caso, S ou b3 se torna o fator limitante. Podemos estimar o limite de taxa de
bits observando que, para uma fonte de largura espectral ∆λ, o valor efetivo
do parâmetro de dispersão passa a ser D = S∆λ. O produto limite de taxa
de bits-distância pode, agora, ser obtido usando a Eq. (2.3.6) com esse valor de
D. A resultante condição é:

BL |S |( ∆λ )2 < 1. (2.3.14)

Para um laser de semicondutor multimodo com ∆λ = 2 nm e uma fibra


de dispersão deslocada, com S = 0,05 ps/(kn-nm2) em λ = 1,55 mm, o
produto BL se aproxima de 5 (Tb/s)-km. Aumento adicional é possível com
o emprego de laser de semicondutor monomodo.

2.3.5  Dispersão do Modo de Polarização


Uma potencial fonte de alargamento temporal de pulsos está relacionada à
birrefringência da fibra. Como discutido na Seção 2.2.3, pequenos desvios
da perfeita simetria cilíndrica levam à birrefringência, devido aos diferentes
índices modais associados às componentes de polarizações ortogonais do
modo fundamental da fibra. Se excitar as duas componentes de polarização, o
54 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

pulso de entrada se alargará à medida que as duas componentes se dispersam


ao longo da fibra, devido às diferentes velocidades de grupo. Esse fenômeno
recebe a denominação de PMD, e tem sido estudado exaustivamente, pois
limita o desempenho de modernos sistemas de ondas luminosas [36]–[47].
Em fibras de birrefringência constante (p. ex., fibras mantenedoras de
polarização), o alargamento de pulsos pode ser estimado pelo atraso temporal
∆T entre as duas componentes de polarização durante a propagação do
pulso. Para uma fibra de comprimento L, ∆T é dado por:

L L
∆T = − = L | β1x − β1y |= L ( ∆β1 ),
v gx v gy (2.3.15)

em que os subscritos x e y identificam os dois modos de polarizações


ortogonais e ∆b1 está relacionado à diferença entre as velocidades de grupo
ao longo dos dois estados de polarização principais [36]. A Eq. (2.3.1) foi
usada para relacionar a velocidade de grupo vg à constante de propagação b.
Como no caso de dispersão intermodal discutido na Seção 2.1.1, a grandeza
∆T/L é uma medida da PMD. Para fibras mantenedoras de polarização, ∆T/L
é muito grande (∼ 1 ns/km) quando as duas componentes são igualmente
excitadas na entrada da fibra, mas pode ser reduzido a zero se a luz for
lançada ao longo de um dos eixos principais.
A situação é um pouco distinta no caso de fibras convencionais, em
que a birrefringência varia ao longo da fibra de forma aleatória. De modo
intuitivo, fica claro que, em fibras cuja birrefringência varia aleatoriamente, o
estado de polarização da luz que se propaga será, em geral, elíptico e mudará
de forma aleatória durante a propagação na fibra. No caso de pulos ópticos,
o estado de polarização também será diverso para diferentes componentes
espectrais do pulso. Para a maioria dos sistemas de ondas luminosas, o es-
tado de polarização final não é relevante, pois os fotodetectores usados em
receptores ópticos são insensíveis ao estado de polarização, a menos que se
empregue um esquema de detecção coerente. O que afeta tais sistemas não
é o estado de polarização aleatório, mas o alargamento temporal dos pulsos
induzidos por mudanças aleatórias de birrefringência. Isso é conhecido como
alargamento temporal induzido por PMD.
O tratamento analítico de PMD é, em geral, bastante complexo, devido
à natureza estatística. Um modelo simples divide a fibra em um grande
número de segmentos.Tanto o grau de birrefringência como a orientação
dos eixos principais permanecem constantes em cada seção, mas mudam
aleatoriamente de uma seção para outra. Na verdade, com uso da matriz
de Jones, cada seção de fibra pode ser tratada como uma placa de fase [36].
A propagação de cada componente de frequência associada a um pulso
óptico por todo o comprimento de fibra é governada por uma matriz de
Fibras Ópticas 55

Jones composta, obtida da multiplicação das matrizes de Jones individuais


das seções de fibra. Para qualquer fibra, a matriz de Jones composta mostra
que existem dois estados de polarização principais, tais que, quando um
pulso é polarizado ao longo de um deles, o estado de polarização na saída
da fibra independe da frequência, em aproximação de primeira ordem,
apesar das mudanças aleatórias na birrefringência da fibra. Esses estados
são análogos aos eixos lento e rápido associados às fibras mantenedoras
de polarização. Um pulso óptico não polarizado ao longo dos dois eixos
principais é separado em duas partes, que viajam a velocidades diferentes.
O atraso de grupo diferencial ∆T é maior para os dois estados de pola-
rização principais.
Os estados de polarização principais fornecem uma base conveniente
para o cálculo dos momentos de ∆T. O alargamento temporal induzido
por PMD é caracterizado pela raiz do valor médio quadrático (RMS –
Root-Mean-Square) ou pelo valor eficaz de ∆T, obtido após a tomada da
média das mudanças aleatórias de birrefringência. Diversas abordagens têm
sido adotadas para o cálculo dessa média. A variância σ T2 ≡ ( ∆T )2 é a
mesma em todos os casos, e dada por [38]:

σ T2 ( z ) = 2( ∆β1 )2 lc2 [exp(−z / lc ) + z / lc − 1], (2.3.16)

sendo lc o comprimento de correlação, definido como o comprimento ao


longo do qual as duas componentes de polarização permanecem correla-
tadas; seu valor pode variar em um grande intervalo, de 1 m a 1 km, para
diferentes fibras; valores típicos são ∼ 10 m.
Para distâncias curtas, tais que z  lc, σT = ∆b1)z, da Eq. (2.3.16),
como esperado para uma fibra mantenedora de polarização. Para distâncias
z > 1 km, uma boa estimativa do alargamento do pulso é obtida usando
z  lc. Para uma fibra de comprimento L, σT é fornecido nessa aproximação
como

σ T ≈ ( ∆β1 ) 2lc L ≡ D p L , (2.3.17)

em que Dp é o parâmetro de PMD.Valores medidos de Dp variam, de fibra


para fibra, no intervalo de 0,010 a 10 ps/km1/2. Fibras instaladas durante a
década de 1980 têm PMD relativamente grande, com Dp > 0,1 ps/km1/2.
Devido à dependência com L , o alargamento induzido por PMD é
relativamente pequeno em relação ao induzido por GVD. Na verdade, σT
∼ 1 ps para comprimentos de fibra de ∼ 100 km, e pode ser ignorado para
larguras de pulso > 10 ps. Contudo, a PMD se torna um fator limitante
para sistemas de ondas luminosas projetados para operação em longas dis-
tâncias e altas taxas de bits [40]–[47]. Diversos esquemas foram desenvolvidos
para a compensação de efeitos de PMD (veja a Seção 8.6.3).
56 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

Na prática, diversos outros fatores devem ser considerados. A dedução da


Eq. (2.3.16) assume que o enlace de fibra não tem elementos que exibam
perda ou ganho dependente da polarização. A presença de perdas depen-
dentes da polarização pode induzir alargamento temporal adicional [42].
Além disso, os efeitos de PMD de segunda ordem e de ordens superiores se
tornam importantes em altas taxas de bits (40 Gb/s ou mais) ou para sistemas
em que os efeitos de primeira ordem foram eliminados com o emprego de
um compensador de PMD [46].

2.4  LIMITAÇÕES INDUZIDAS POR DISPERSÃO


A discussão de alargamento temporal na Seção 2.3.1 baseou-se em
uma abordagem fenomenológica intuitiva, e permitiu uma estimativa de
primeira ordem para pulsos cuja largura espectral é dominada pelo espectro
da fonte óptica. Em geral, o alargamento temporal de pulsos depende da
largura e da forma iniciais destes [48]. Nesta seção, discutiremos o alarga-
mento de pulsos com base na equação de onda (2.2.14).

2.4.1  Equação Básica de Propagação


A análise dos modos de fibra feita na Seção 2.2.2 mostrou que cada compo-
nente de frequência do campo óptica se propaga em uma fibra monomodo
como:

E(r , ω ) = xF ( x, y )B(0, ω )exp(i β z ), (2.4.1)


 ω ) a amplitude inicial e b, a
sendo x̂ o vetor unitário da polarização, B(0,
constante de propagação. A distribuição de campo F (x, y) do modo funda-
mental da fibra pode ser aproximada pela distribuição gaussiana fornecida na
Eq. (2.2.42). Em geral, F (x, y) também depende de w, mas tal dependência
pode ser ignorada para pulsos cuja largura espectral ∆w seja muito menor do
que w0, uma condição satisfeita por pulsos utilizados em sistemas de ondas
luminosas. Aqui, w0 é a frequência central do espectro do pulso, referida
como frequência portadora.
Diferentes componentes espectrais de um pulso óptico se propagam no
interior da fibra segundo a simples relação:

B( z, ω ) = B(0, ω )exp(i β z ). (2.4.2)

A amplitude no domínio do tempo é obtida tomando a transformada de


Fourier inversa, sendo determinada por:
1


B( z , t ) = B( z, ω )exp(−iωt )dω.
2π −∞ (2.4.3)
Fibras Ópticas 57

~
A amplitude espectral inicial B (0, ω ) é apenas a transformada de Fourier
da amplitude inicial B (0, t).
O alargamento temporal de pulsos resulta da dependência de b em
relação à frequência. Para pulsos com ∆w  w0, podemos expandir b
(w) em uma série de Taylor em torno da frequência central w0, retendo
termos de até terceira ordem. Nessa aproximação quase monocromática,
obtemos
ω β β
β (ω ) = n (ω ) ≈ β0 + β1( ∆ω ) + 2 ( ∆ω )2 + 3 ( ∆ω )3 ,
c 2 6 (2.4.4)

em que ∆w = w− w0 e bm =  (d m β /dω m )ω =ω0 . Da Eq. (2.3.1), b1 = 1/vg, sendo


vg a velocidade de grupo. O coeficiente de GVD b2 está relacionado ao
parâmetro de dispersão D pela Eq. (2.3.5), enquanto b3 está relacionado
à inclinação da dispersão S pela Eq. (2.3.13). Substituímos as Eq. (2.4.2) e
(2.4.4) na Eq. (2.4.3) e introduzimos a amplitude de variação lenta A (z, t) do
envelope do pulso como

B( z, t ) = A( z, t )exp[i( β0 z − ω0t )]. (2.4.5)

A amplitude A (z, t) é fornecida por


1


aA( z, t ) =  (0, ∆ω ) ×
d( ∆ω ) A
2π −∞

 i i 
exp i β1z∆ω + β 2 z( ∆ω )2 + β 3 z( ∆ω )3 − i( ∆ω )t  ,
 2 6  (2.4.6)

que A  (0, ∆ω ) ≡ B(0, ω ) é a transformada de Fourier de A (0, t).


Calculando ∂A/∂z e observando que, no domínio do tempo, ∆w é subs-
tituído por I (∂A/∂t), a Eq. (2.4.6) pode ser escrita como [23]:

∂A ∂ A i β 2 ∂2 A β 3 ∂3 A
+ β1 + − = 0.
∂z ∂t 2 ∂t 2 6 ∂t 3 (2.4.7)

Essa é a equação básica que governa a evolução de pulsos no interior de


uma fibra monomodo. Na ausência de dispersão ( b2 = b3 = 0), o pulso
óptico se propaga sem que sua forma seja alterada, de modo que A (z, t) = A
(0, t −  b1z). Usemos, agora, um sistema de referência que se move junto
com o pulso; assim, introduzamos as novas coordenadas

t ' = t − β1 z e z' = z , (2.4.8)

Com isso, o termo que envolve b1 pode ser eliminado da Eq. (2.4.7), re-
sultando em:
58 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

∂ A i β 2 ∂2 A β 3 ∂3 A
+ − = 0.
∂z ′ 2 ∂t ′2 6 ∂t ′3 (2.4.9)

Por simplicidade de notação, deixaremos de usar a linha em z9 e t9 neste e


nos seguintes capítulos, sempre que isso não der margem a confusão.

2.4.2  Pulsos Gaussianos com Chirp


Como uma simples aplicação da Eq. (2.4.9), consideremos a propagação
de pulsos gaussianos com chirp em fibras ópticas; para isso, escolhamos o
campo inicial como:
 1 + iC  t 2 
A(0, t ) = A0 exp −   ,
 2 T0   (2.4.10)

em que A0 é a amplitude de pico. O parâmetro T0 representa a meia largura


entre pontos de intensidade 1/e, e está relacionado à largura completa à meia
altura (FWHM − Full-Width at Half-Maximum) do pulso por:

TFWHM = 2(ln 2)1/2T0 ≈ 1.665T0 . (2.4.11)

O parâmetro C governa o chirp* de frequência imposto ao pulso. Dizemos


que um pulso contém chirp se sua frequência portadora variar com o tempo.
A variação de frequência está relacionada à derivada da fase e é fornecida por
C
δω(t ) = −φt = t,
T02 (2.4.12)

sendo φ a fase de A (0, t). O deslocamento de frequência dependente do


tempo dw é chamado de chirp. O espectro de um pulso com chirp é maior
do que o de um pulso sem chirp. Isso pode ser visto tomando a transformada
de Fourier da Eq. (2.4.10):


1/2
2   ω 2T02 
 (0, ω ) = A0  2πT0 
A exp − .
 1 + iC   2(1 + iC )  (2.4.13)

A meia largura espectral (entre pontos de intensidade 1/e) é dada por

∆ω0 = (1 + C 2 )1/2T0−1. (2.4.14)

Na ausência de chirp de frequência (C = 0), a largura espectral satisfaz a relação


∆w0T0 = 1. Um pulso desse tipo possui a menor largura espectral e dizemos
que é limitado por transformada. Na presença de chirp linear, a largura espectral
é aumentada por um fator de (1 + C2)1/2, como visto na Eq. (2.4.14).
*
NOTA DO TRADUTOR: Também referido como gorjeio de frequência.
Fibras Ópticas 59

A equação de propagação de pulsos Eq. (2.4.9) pode ser resolvida com


facilidade no domínio da transformada de Fourier. Sua solução é fornecida por:

A( z, t ) =
1


 (0, ω )exp  i β 2 zω 2 + i β 3 zω 3 − iωt  dω ,
A
2π −∞ 2 6  (2.4.15)
 ω ) é dado pela Eq. (2.4.13).
em que, para o pulso gaussiano de entrada, A(0,
Primeiro, consideremos o caso em que o comprimento de onda da portadora
está distante do comprimento de onda de dispersão zero, e a contribuição
do termo em b3 é desprezível. A integral na Eq. (2.4.15) pode ser efetuada
analiticamente, resultando em:
A0  (1 + iC )t 2 
A( z, t ) = exp − 2 ,
Q( z )  2T0 Q( z )  (2.4.16)
2
em que Q (z) = 1 + (C − i) b2z/ T0 . Essa equação mostra que o pulso
gaussiano permanece gaussiano na propagação, mas suas largura, chirp e
amplitude são alteradas, como ditado pelo fator Q (z). A largura muda
com z na forma T1(z) = |Q (z)|T0; o chirp passa do valor inicial C para
2
C1(z) = C + (1 + C2) b2z/ T0 .
Variações na largura do pulso são quantificadas pelo fator de alargamento:
1/2
T1  C β 2 z   β 2 z  
2 2

= 1 +  +  .
T0  T02   T02   (2.4.17)

A Figura 2.11 mostra (a) o fator de alargamento T1/T0 e (b) o parâmetro
de chirp C1 em função de ξ = z/LD, no caso de dispersão anômala (b2 < 0).

Figura 2.11  Fator de alargamento (a) e parâmetro de chirp (b) em função da distância,
para pulso gaussiano que se propaga na região de dispersão anômala de uma fibra. As
curvas tracejadas correspondem ao caso de um pulso gaussiano sem chirp. As mesmas
curvas são obtidas no regime de dispersão normal b2 > 0) se o sinal de C for invertido.
60 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

2
Aqui, LD =  T0 /|b2| é o chamado comprimento de dispersão. Um pulso sem
chirp (C= 0) se alarga monotonamente por um fator (1 + ξ2)1/2 e desenvolve
um chirp negativo C1 = − ξ (curvas tracejadas). Um pulso com chirp, por sua
vez, pode sofrer alargamento ou compressão, dependendo se b2 e C têm o
mesmo sinal ou sinais opostos. Quando b2C > 0, um pulso gaussiano com
chirp se alarga monotonamente a uma taxa maior do que o pulso sem chirp
(curvas tracejadas). A razão para isso se relaciona ao fato de, para b2C < 0,
a largura do pulso inicialmente diminuir e se tornar mínima à distância

z min = |C |/(1 + C 2 ) L D . (2.4.18)



O valor mínimo depende do parâmetro de chirp na forma:

T1min = T0 / (1 + C 2 )1/2 . (2.4.19)

Fisicamente, quando b2C < 0, o chirp induzido por GVD compensa o chirp


inicial, e o chirp líquido diminui até se anular em z = zmin.
A Eq. (2.4.17) pode ser generalizada para incluir dispersão de ordem
superior governada por b3 na Eq. (2.4.15). A integral ainda pode ser efetuada
em forma fechada, em termos de uma função de Airy [49]. Entretanto, o
pulso não permanece gaussiano durante a propagação e desenvolve uma
cauda com estrutura oscilatória. Tais pulsos não podem ser adequadamente
caracterizados pela FWHM. Uma medida apropriada da largura do pulso é
a largura RMS, definida como
1/2
σ = t 2 − t 2  , (2.4.20)

em que os colchetes angulados denotam média em relação ao perfil de
intensidade, ou seja:
∫ t | A( z, t )| dt .
∞ m 2
m −∞
t =
∫ | A( z, t )| dt
∞ 2
−∞ (2.4.21)

O fator de alargamento − definido como σ/σ0, sendo σ0 a largura RMS


do pulso gaussiano de entrada (σ0  = T0/ 2 ) − pode ser calculado segundo
a análise apresentada no Apêndice C, sendo dado por [48]
2 2 2
σ 2  C β2L   β2L   β 3L 
= 1 +  +   + (1 + C 2 2
)   ,
σ 02  2σ 02   2σ 02   4 2σ 03  (2.4.22)

em que L é o comprimento da fibra.


A discussão anterior assume que a fonte óptica usada para produzir os
pulsos de entrada é quase monocromática, de modo que, em condições de
Fibras Ópticas 61

onda contínua, sua largura espectral satisfaça ∆wL  ∆w0, sendo ∆w0 dado
pela Eq. (2.2.14). Essa condição nem sempre é satisfeita na prática. Para levar
em consideração a largura espectral da fonte, devemos tratar o campo óptico
como um processo estocástico, e considerar as propriedades de coerência da
fonte por meio da função de coerência mútua [20]. O Apêndice C mostra,
nesse caso, como o fator de alargamento pode ser calculado. Quando o es-
pectro da fonte é gaussiano, com largura RMS σw, o fator de alongamento
é obtido de [48]:
2 2 2
σ 2  C β2L  β L   βL 
= 1 + 2 
+ (1 +Vω2 )  2 2  + (1 + C 2 +Vω2 )2  3 3  ,
σ 0  2σ 0   2σ 0   4 2σ 0  (2.4.23)
2

sendo Vw = 2σwσ0 um parâmetro adimensional. A Eq. (2.4.23) fornece


uma expressão para o alargamento que a dispersão induz em pulsos de
entrada gaussianos, em condições bastante genéricas. Na próxima seção,
usaremos essa expressão para obter o limite de taxa de bits de sistemas de
comunicação óptica.

2.4.3  Limitações sobre a Taxa de Bits


A limitação imposta à taxa de bits pela dispersão na fibra pode ser bem
diferente, dependendo da largura espectral da fonte. É instrutivo que con-
sideremos separadamente os dois casos a seguir.

Fontes Ópticas com Grande Largura Espectral


Este caso corresponde a Vw  1 na Eq. (2.4.23). Consideremos, primeiro,
o caso de um sistema de onda luminosa que opere longe do comprimento
de onda de dispersão zero, de modo que o termo em b3 seja desprezado.
Os efeitos do chirp de frequência são desprezíveis para fontes com grande
largura espectral. Fazendo C = 0 na Eq. (2.4.23), obtemos

σ 2 = σ 02 + ( β 2 Lσ ω )2 ≡ σ 02 + ( DLσ λ )2 , (2.4.24)

sendo σλ a largura espectral RMS da fonte em unidades de comprimento


de onda. A largura do pulso de saída é, então, dada por:

σ = (σ 02 + σ D2 )1/2 , (2.4.25)

em que σD ≡ |D/ Lσλ fornece uma medida do alargamento induzido por


dispersão.
Podemos relacionar σ à taxa de bits usando o critério de que o pulso
alargado deve permanecer no alocado bit slot, TB = 1/B, sendo B a taxa
de bits. Um critério comumente aplicado é σ ≤ TB/4; portanto, para
pulsos gaussianos, pelo menos 95% da energia do pulso permanecem
62 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

contidos no bit slot. O limite de taxa de bits é fornecido por 4Bσ ≤ 1.


No limite σD  σ0, σ ≈ σD=|D|Lσλ, e a condição para o limite da
taxa de bits se torna
1
BL | D |σ λ ≤ .
4 (2.4.26)

Essa condição deve ser comparada com a Eq. (2.3.6), obtida heuristicamente;
essas duas expressões ficam idênticas se, na Eq. (2.3.6), interpretarmos ∆λ
como 4σλ.
Para um sistema de onda luminosa que opere exatamente no com-
primento de onda de dispersão zero, b2 = 0 na Eq. (2.4.23). Fazendo,
mais uma vez, C = 0 e assumindo que Vw  1, a Eq. (2.4.23) pode ser
aproximada por

σ 2 = σ 02 + ( β 3Lσ ω2 )2 ≡ σ 02 + (SLσ λ2 )2 , (2.4.27)

em que a Eq. (2.3.13) foi usada para relacionar b3 à inclinação da dispersão


S. A largura do pulso de saída é, então, determinada pela Eq. (2.4.25), mas,
agora, σD ≡ |S|Lσ2λ 2 . Como antes, podemos relacionar σ ao limite de
taxa de bits por meio da condição 4Bσ ≤ 1. Quando σD  σ0, a limitação
sobre a taxa de bits é governada por

BL |S |σ λ2 ≤ 1/ 8. (2.4.28)

Essa condição deve ser comparada com a Eq. (2.3.14), obtida heuristica-
mente com o emprego de uma simples argumentação física.
Como exemplo, consideremos o caso de um diodo emissor de luz
com σλ ≈ 15 nm. Usando D = 17 ps/(kn-nm) em 1,55 mm, a Eq. (2.4.26)
fornece BL < 1 (Gb/s)-km. Contudo, se o sistema for projetado para operar
no comprimento de onda de dispersão zero, BL pode ser aumentado para
20 (Gb/s)-km, para um valor típico S = 0,08 ps/(km-nm2).

Fontes Ópticas com Pequena Largura Espectral


Este caso corresponde a Vw  1 na Eq. (2.4.23). Como antes, se des-
prezarmos o termo em b3 e fizermos C = 0, a Eq. (2.4.23) pode ser
aproximada por

σ 2 = σ 02 + ( β 2 L / 2σ 0 )2 ≡ σ 02 + σ D2 . (2.4.29)

Uma comparação com a Eq. (2.4.25) revela grande diferença entre esses dois
casos. No caso de uma fonte de pequena largura espectral, o alargamento
induzido por dispersão depende da largura inicial σ0; quando a largura
Fibras Ópticas 63

espectral da fonte domina, o alargamento independe de σ0. Na verdade,


σ pode ser minimizado com a escolha de um valor ótimo de σ0. O valor
mínimo de σ ocorre para σ0 = σD = (|b2|L/2)1/2, sendo fornecido por
σ = (|b2|L)1/2. O limite da taxa de bits é obtido de 4Bσ ≤ 1, resultando
na condição
1
B | β2 |L ≤ .
4 (2.4.30)

A principal diferença em relação à Eq. (2.4.26) é que B varia com L−1/2, e


não com L−1. A Figura 2.12 compara o decréscimo na taxa de bits com o
aumento de L, para σλ = 0, 1 e 5 nm, usando D = 16 ps/(kn-nm). A Eq.
(2.4.30) foi usada no caso σ = 0.

Figura 2.12  Limite de taxa de bits em fibras monomodo em função do comprimento


de fibra, para σλ= 0, 1 e 5 nm. O caso para σλ = 0 corresponde ao de uma fonte óptica
cuja largura espectral é muito menor do que a taxa de bits.

Para um sistema de onda luminosa que opere próximo ao comprimento


de onda de dispersão zero, b2 ≈ 0 na Eq. (2.4.23). Usando Vw  1 e C = 0,
a largura do pulso é dada por

σ 2 = σ 02 + ( β 3L / 4σ 02 )2 / 2 ≡ σ 02 + σ D2 . (2.4.31)
64 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

Similar ao caso da Eq. (2.4.29), σ pode ser minimizado com a otimização


da largura do pulso de entrada σ 0. O mínimo valor de σ ocorre para
σ0 = (|b3|L/4)1/3, sendo fornecido por
3
σ = ( )1/2 (| β 3 | L / 4)1/3 .
2 (2.4.32)

O limite da taxa de bits é obtido da condição 4Bσ ≤ 1, ou

B(| β 3 | L )1/3 ≤ 0,324. (2.4.33)

Os efeitos dispersivos são mais suaves nesse caso. Quando b3 = 0,1 ps3/km,


a taxa de bits pode ser de até 150 Gb/s, para L = 100 km. Esse valor cai
apenas para cerca de 70 Gb/s quando L aumenta por um fator de 10, dado
que a dependência da taxa de bits em relação ao comprimento de fibra tem
a forma L−1/3. A linha tracejada na Figura 2.12 mostra essa dependência,
usando a Eq. (2.4.33) com b3 = 0,1 ps3/km. Fica claro que o desempenho
de um sistema de onda luminosa pode ser consideravelmente melhorado
por operação nas proximidades do comprimento de onda de dispersão
zero da fibra e o uso de fontes ópticas com largura espectral relativamente
pequena.

Efeitos do Chirp de Frequência


O pulso de entrada em todos os casos anteriores foi tomado como um
pulso gaussiano sem chirp. Na prática, pulsos ópticos são, muitas vezes, não
gaussianos e podem exibir considerável chirp. Um modelo supergaussiano
foi usado para estudar a limitação imposta à taxa de bits pela dispersão na
fibra, considerando uma sequência de bits NRZ [50]. Neste modelo, a Eq.
(2.4.10) é substituída por
 1 + iC  t 2m 
A(0,T ) = A0 exp −   ,
 2 T0   (2.4.34)

em que o parâmetro m controla a forma do pulso. Pulsos gaussianos com
chirp correspondem a m = 1. Para maiores valores de m, o pulso se torna
quase retangular, com abruptas bordas frontal e posterior. A forma do pulso
de saída pode ser obtida da solução numérica da Eq. (2.4.9). O limite do
produto taxa de bits-distância BL é obtido exigindo que a largura RMS
do pulso não aumente além de um valor tolerável. A Figura 2.13 mostra
o produto BL em função do parâmetro de chirp C para pulsos de entrada
gaussiano (m = 1) e supergaussiano (m = 3). Nos dois casos, o comprimento
de fibra L em que o pulso se alarga de 20% foi obtido para T0 = 125 ps
e b2 = −20 ps2/km. Como esperado, o produto BL é menor para pulsos
Fibras Ópticas 65

Figura 2.13 Produto BL limitado por dispersão em função do parâmetro de chirp, para


pulsos de entrada gaussiano (linha cheia) e não gaussiano (linha tracejada). (Após a Ref.
[50]; ©1986 OSA; reimpresso com permissão.)

supergaussianos, pois tais pulsos se alargam com mais rapidez do que pulsos
gaussianos. O produto BL é dramaticamente reduzido para valores negativos
do parâmetro de chirp C. Isso ocorre devido ao maior alargamento quando
b2C é positivo (Fig. 2.11). Lamentavelmente, C é, em geral, negativo para
lasers de semicondutor modulados diretamente, com valor típico de −6 em
1,55  mm. Como, nessas condições, BL < 100 (Gb/s)-km, a dispersão da
fibra limita a taxa de bits a cerca de 2 Gb/s, para L = 50 km. Esse problema
pode ser superado com o emprego de técnicas de gerenciamento de dis-
persão (Cap. 8).

2.4.4  Largura de Banda da Fibra


O conceito de largura de banda da fibra tem origem na teoria geral de sis-
temas lineares invariantes no tempo [51]. Se a fibra óptica for tratada como
um sistema linear, as potências de entrada e de saída podem ser relacionadas
pela expressão geral



Pout (t ) = h(t − t ′)Pin (t ′)dt ′. (2.4.35)
−∞

Para um impulso, Pin(t) = d(t), em que d(t) é a função delta, e Pout(t) = h(t).


Por essa razão, h (t) é denominada resposta impulsiva (ou impulsional) do sis-
tema linear. Sua transformada de Fourier
66 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica



H( f ) = h(t )exp(2π ift )dt, (2.4.36)
−∞

fornece a resposta de frequência, sendo chamada de função de transferência. Em


geral, |H(f)| decresce com o aumento de f, indicando que as componentes
de altas frequências do sinal de entrada são atenuadas pela fibra. Na verdade,
a fibra óptica atua como um filtro passa faixa. A largura de banda da fibra f3dB
corresponde à frequência f = f3dB, na qual |H(f)| é reduzida por um fator
2, ou por 3 dB:

| H ( f 3dB ) / H (0)|= 1/2 (2.4.37)

Notemos que f3dB é a largura de banda óptica da fibra, pois a potência óptica
cai 3 dB nessa frequência, em comparação com a resposta na frequência zero.
No campo de comunicações elétricas, a largura de banda de um sistema
linear é definida como a frequência em que a potência elétrica cai 3 dB.
Fibras ópticas não podem, em geral, ser tratadas como lineares em
relação à potência, e a Eq. (2.4.35) não vale para elas [52]. Contudo, essa
equação é aproximadamente válida quando a largura espectral da fonte é
muito maior do que a do sinal (Vw  1). Nesse caso, podemos considerar
a propagação de diferentes componentes espectrais separadamente e, para
obter a potência de saída, podemos somar as potências por elas transportadas
de modo linear. Para um espectro gaussiano, a função de transferência H(f)
é calculada como [53]:

−1/2
 if  ( f / f 1 )2 
H ( f ) = 1 +  exp − ,
 f2   2(1 + i f / f 2 )  (2.4.38)

sendo os parâmetros f1 e f2 dados por

f 1 = (2πβ 2 Lσ ω )−1 = (2π | D | Lσ λ )−1 , (2.4.39)

f 2 = (2πβ 3Lσ ω2 )−1 = [2π (S + 2| D |/λ )Lσ λ2 ]−1 , (2.4.40)

e usados nas Eq. (2.3.5) e (2.3.13) para introduzir os parâmetros de dis-


persão D e S.
Para sistemas de ondas luminosas que operam distante do comprimento
de onda de dispersão zero (f1  f2), a função de transferência é aproxima-
damente gaussiana. Usando as Eq. (2.4.37) e (2.4.38) com f  f2, a largura
de banda da fibra é fornecida por

f 3dB = (2ln 2)1/2 f 1 ≈ 0,188(| D | Lσ λ )−1. (2.4.41)


Fibras Ópticas 67

Se usarmos σD = |D|Lσλ da Eq. (2.4.25), obtemos a relação f3dBσD ≈ 0,188


entre a largura de banda da fibra e o alargamento temporal do pulso in-
duzido por dispersão. Usando as Eq. (2.4.26) e (2.4.41), podemos, também,
obter uma relação entre a largura de banda e a taxa de bits B. Essa relação
é B ≤ 1,33f3dB, e mostra que a largura de banda da fibra é uma medida
aproximada da máxima taxa de bits de sistemas de ondas luminosas limitados
por dispersão. Na verdade, a Figura 2.12 pode ser usada para estimar f3dB
e sua variação com o comprimento de fibra em diferentes condições de
operação.
Para sistemas de ondas luminosas que operam no comprimento de onda
de dispersão zero, a função de transferência é obtida da Eq. (2.4.38) com
D = 0. O uso da Eq. (2.4.37) fornece, então, a seguinte expressão para a
largura de banda da fibra:

f 3dB = 15 f 2 ≈ 0,616(SLσ λ2 )−1. (2.4.42)

Usando a Eq. (2.4.28), obtém-se uma relação entre o limite de taxa de bits e
f3dB como B ≤ 0,574f3dB. Novamente, a largura de banda da fibra fornece uma
medida da taxa de bits limitada por dispersão. Como estimativa numérica,
consideremos um sistema de onda luminosa em 1,55 mm que emprega
fibra de dispersão deslocada e laser de semicondutor multimodo. Usando
S = 0,05 ps/(km-nm2) e σλ = 1 nm como valores típicos, f3dBL ≈ 32 THz-km.
Em contraste, com fibras padrão, com D = 18 ps/(km-nm), o produto largura
de banda-distância é reduzido para 0,1 THz-km.

2.5  PERDAS EM FIBRAS


A Seção 2.4 mostrou que a dispersão na fibra limita o desempenho
de sistemas de comunicação por alargamento dos pulsos ópticos à medida
que se propagam no interior da fibra. As perdas na fibra representam outro
fator limitante, pois reduzem a potência de sinal que chega ao receptor.
Como receptores ópticos requerem certa quantidade mínima de potên-
cia para que recuperem o sinal com precisão, a distância de transmissão é
inerentemente limitada pelas perdas na fibra. Na verdade, o uso de fibras
de sílica para comunicações ópticas se tornou prático somente quando, na
década de 1970, as perdas foram reduzidas a níveis aceitáveis. Com o advento
de amplificadores ópticos na década de 1990, as distâncias de transmissão
puderam ultrapassar milhares de kilometros, por compensação periódica
das perdas acumuladas. Contudo, fibras de baixas perdas ainda são neces-
sárias, pois o espaçamento entre amplificadores é determinado pelas perdas
na fibra. Esta seção é dedicada a uma discussão dos vários mecanismos de
perda em fibras ópticas.
68 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

2.5.1  Coeficiente de Atenuação


Em condições bastante genéricas, mudanças na potência óptica média P de
uma sequência de bits que se propaga no interior de uma fibra óptica são
governadas pela lei de Beer:

dP /dz = −α P , (2.5.1)

sendo a o coeficiente de atenuação. Embora seja denotado pelo mesmo


símbolo usado para o coeficiente de absorção na Eq. (2.2.11), a na Eq.
(2.5.1) inclui não apenas a absorção material, mas também outras fontes de
absorção de potência. Se Pin for a potência lançada na entrada de uma fibra
de comprimento L, a potência de saída Pout é obtida da Eq. (2.5.1) como

Pout = Pin exp(−α L ). (2.5.2)

É costumário expressar a em unidades de dB/km usando a relação:


10 P 
α (dB /km ) = − log 10 out  ≈ 4.343α ,
L  Pin  (2.5.3)

que passa a ser referido como parâmetro de perda da fibra.


As perdas em fibras dependem do comprimento de onda da luz trans-
mitida.A Figura 2.14 mostra o espectro de perda aλ de uma fibra monomodo

Figura 2.14  Espectro de perda de uma fibra monomodo produzida em 1979. A depen-
dência de vários mecanismos fundamentais de perdas também é mostrada. (Após a Ref.
[11]; ©1979 IEE; reimpresso com permissão.)
Fibras Ópticas 69

produzida em 1979, com 9,45 mm de diâmetro de núcleo, ∆ = 1,9 × 10−3


e comprimento de onda de corte de 1,1 mm [11]. A fibra exibia perda de
apenas 0,2 dB/km na região de comprimentos de onda próxima de 1,55 mm,
o mínimo valor obtido pela primeira vez em 1979. Esse valor é próximo do
limite fundamental, de cerca de 0,16 dB/km para fibras de sílica. O espectro
de perda exibe um forte pico nas proximidades de 1,39 mm e diversos outros
picos menores. Um mínimo secundário ocorre nas proximidades de 1,3 mm,
em que a perda da fibra fica abaixo de 0,5 dB/km. Como a dispersão da
fibra também é mínima nas proximidades de 1,3 mm, essa janela de baixa
perda foi usada na segunda geração de sistemas de ondas luminosas. Perdas
em fibras são consideravelmente mais altas nos menores comprimentos de
onda, ultrapassando 5 dB/km na região visível, tornando-a inadequada para
transmissão de longa distância. Diversos fatores contribuem para as perdas
totais, sendo as contribuições relativas também mostradas na Figura 2.14.
As duas contribuições mais importantes são a absorção material e o es-
palhamento Rayleigh.

2.5.2  Absorção Material


A absorção material pode ser dividida em duas categorias: intrínseca e ex-
trínseca. Perdas por absorção intrínseca correspondem à absorção pela sílica
fundida (material usado na fabricação de fibras), enquanto absorção ex-
trínseca está relacionada às perdas causadas por impurezas na sílica. Qualquer
meio material absorve energia em certos comprimentos de onda que corres-
pondem às ressonâncias eletrônicas e vibracionais associadas a moléculas
específicas. Para moléculas de sílica (SiO2), ressonâncias eletrônicas ocorrem
na região de ultravioleta (λ < 0,4 mm), enquanto as ressonâncias vibracionais
ocorrem na região de infravermelho (λ > 7 mm). Devido à natureza amorfa
da sílica fundida, essas ressonâncias ocorrem na forma de bandas de absorção,
cujas caudas se estendem até a região visível. A Figura 2.14 mostra que, no
intervalo de comprimentos de onda de 0,8−1,6 mm, a absorção intrínseca
para sílica fica abaixo de 0,1 dB/km. Na verdade, é menor do que 0,03 dB/
km na janela de comprimentos de onda de 1,3−1,6 mm comumente em-
pregada para sistemas de ondas luminosas.
A absorção extrínseca resulta da presença de impurezas. Impurezas de me-
tais de transição, como Fe, Cu, Co, Ni, Mn e Cr, absorvem fortemente na faixa
de comprimentos de onda de 0,6−1,6 mm. A quantidade dessas impurezas
deve ser reduzida abaixo de uma parte por bilhão, para um nível de perda
abaixo de 1 dB/km.Tal sílica de alta pureza pode ser obtida com o emprego
de técnicas modernas. A principal fonte de absorção extrínseca em fibras do
estado da arte é a presença de vapores d’água. A ressonância vibracional
do íon OH ocorre nas proximidades de 2,73 mm. Seus harmônicos e tons
de combinação com a sílica produzem absorção nos comprimentos de
70 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

onda de 1,39, 1,24 e 0,95 mm. Os três picos espectrais vistos na Figura 2.14


ocorrem próximos a esses comprimentos de onda devido à presença de
vapor d’água residual na sílica. Mesmo uma concentração de uma parte por
milhão pode causar uma perda de cerca de 50 dB/km em 1,39 mm. Em
fibras modernas, a concentração de OH é reduzida abaixo de 10−8, para que
o pico de absorção em 1,39 mm seja inferior a 1 dB. Em um novo tipo de
fibra, conhecido como fibra seca (dry fiber), a concentração de OH é reduzida
a níveis tão baixos que o pico em 1,38 mm praticamente desaparece [54].
A Figura 2.15 mostra os perfis de perda e dispersão de uma fibra desse tipo
(fibra OFS AllWave, na Tabela 2.1).Tais fibras podem ser usadas para transmitir
sinais WDM em toda a faixa de comprimentos de onda entre 1,3 a 1,65 mm.

Figura 2.15  Perda e dispersão de uma fibra seca. (A perda de uma fibra convencional
é mostrada pela linha cinza para comparação.)

2.5.3  Espalhamento Rayleigh


O espalhamento Rayleigh é um mecanismo fundamental de perda com
origem em flutuações microscópicas locais de densidade. Moléculas de sílica
se movem de modo aleatório no estado fundido e, no processo de fabricação
da fibra, ficam imobilizadas onde estiverem. Flutuações de densidade levam
a flutuações aleatórias no índice de refração, em uma escala menor do que
o comprimento de onda óptico λ. O espalhamento de luz em um meio
desse tipo é conhecido como espalhamento Rayleigh [20]. A seção reta de
espalhamento varia com λ−4. Em consequência, a perda intrínseca de fibras
de sílica devido ao espalhamento Rayleigh pode ser escrita como:

αR = C / λ 4 , (2.5.4)

em que a constante C está no intervalo 0,7−0,9 (dB/km)-mm4, dependendo


dos constituintes do núcleo da fibra. Esses valores de C correspondem a
aR = 0,12−0,16 dB/km em λ = 1,55 mm, indicando que a perda na fibra
Fibras Ópticas 71

da Figura 2.14 é dominada por espalhamento Rayleigh nas proximidades


desse comprimento de onda.
Para comprimentos de onda maiores do que 3 mm, a contribuição do
espalhamento Rayleigh pode ser reduzida para menos de 0,01 dB/km.
Fibras de sílica não podem ser usadas na região de comprimentos de onda,
pois, acima de 1,6 mm, a absorção de infravermelho começa a dominar as
perdas na fibra. Considerável esforço tem sido dedicado à busca de ou-
tros materiais adequados com baixa absorção acima de 2 mm [55]–[58].
Fibras de fluorozirconato (ZrF4) possuem absorção material intrínseca de
cerca de 0,01 dB/km nas proximidades de 2,55 mm, com potencial para
exibirem perdas muito menores do que as de fibras de sílica. Contudo,
fibras de fluorozirconato do estado da arte exibem perdas da ordem de
1 dB/km, devido a perdas extrínsecas. Fibras calcogênicas e policristalinas
exibem perda mínima na região de infravermelho, nas proximidades de
10 mm. O valor mínimo predito teoricamente para a perda desse tipo de
fibra é abaixo de 10-3 dB/km, devido ao menor espalhamento de Rayleigh.
Entretanto, os níveis práticos de perdas permanecem maiores do que os
de fibras de sílica [58].

2.5.4  Imperfeições de Guia de Onda


Uma fibra monomodo ideal com perfeita geometria cilíndrica guia o modo
óptico sem fuga de energia para a camada da casca. Na prática, imperfeições
na interface núcleo-casca (p. ex., variações aleatórias no raio do núcleo)
podem levar a perdas adicionais, que contribuem para a perda total na fibra.
O processo físico responsável por tais perdas é o espalhamento Mie [20], que
ocorre devido a não homogeneidades de índice de refração em uma escala
maior do que o comprimento de onda óptico. Em geral, é tomado cuidado
para assegurar que o raio do núcleo não varie de modo significativo ao longo
do comprimento da fibra durante a fabricação. Tais variações podem ser
mantidas abaixo de 1%, e a resultante perda por espalhamento é, tipicamente,
menor do que 0,03 dB/km.
Curvaturas na fibra constituem outra fonte de perda por espalhamento
[59]. A razão para isso pode ser entendida usando a imagem de raios. Nor-
malmente, um raio guiado atinge a interface núcleo-casca em um ângulo
maior do que o ângulo crítico, para que sofra reflexão interna total. Contudo,
o ângulo diminui nas proximidades de uma curvatura e, para curvaturas
de pequenos raios, pode se tornar menor do que o ângulo crítico. O raio
pode escapar da fibra. Em uma descrição modal, uma parte da energia do
modo é espalhada para a camada da casca. A perda por curvatura é pro-
porcional a exp(−R/Rc), sendo R o raio da curvatura e Rc = a/( n12 − n22 ).
Para fibras monomodo, Rc = 0,2 a 0,4 mm, de modo que a perda por
curvatura é desprezível (< 0,01 dB/km) para raios de curvatura R > 5 mm.
72 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

Como a maioria das curvaturas macroscópicas excede R = 5 mm, na prática,


perdas por macrocurvaturas são desprezíveis.
Uma importante fonte de perdas em fibras, em particular na forma de
cabos, está relacionada a distorções axiais aleatórias que ocorrem invariavel-
mente durante a instalação de cabos, quando a fibra é pressionada contra uma
superfície que não é perfeitamente lisa.Tais perdas são referidas como perdas
por microcurvaturas, e têm sido investigadas à exaustão [60]–[64]. Microcur-
vaturas causam um aumento nas perdas de fibras, tanto monomodo como
multimodo, e podem resultar em perda excessivamente grande (∼ 100 dB/
km), se não forem tomadas precauções para minimizá-las. No caso de fibras
monomodo, perdas por microcurvaturas podem ser minimizadas com a es-
colha do parâmetro V o mais próximo possível ao valor de corte de 2,405, de
forma que a energia do modo fique principalmente confinada no núcleo. Na
prática, a fibra é projetada para ter V no intervalo de 2,0–2,4, no comprimen-
to de onda de operação.Várias outras fontes de perdas ópticas existem em um
cabo de fibras, que estão relacionadas às emendas (splices) e aos conectores
usados na formação do enlace de fibra e, muitas vezes, são tratadas como par-
te da perda do cabo. Perdas por microcurvatura também podem ser incluídas
na perda total de cabos.

2.6  EFEITOS NÃO LINEARES


A resposta de qualquer dielétrico à luz se torna não linear para campos
eletromagnéticos intensos, e fibras ópticas não são exceção. Embora a sílica
não seja um material intrinsecamente não linear, a geometria de guia de
onda − que confina a luz em uma pequena seção reta por longos com-
primentos de fibra – torna efeitos não lineares muito importantes no projeto
de modernos sistemas de ondas luminosas [23]. Nesta seção, discutiremos
os fenômenos não lineares mais relevantes à comunicação por fibra óptica.

2.6.1 Espalhamento Estimulado de Luz


O espalhamento Rayleigh, discutido na Seção 2.5.3, é um exemplo de
espalhamento elástico em que a frequência (ou energia do fóton) da luz
espalhada permanece inalterada. Em contraste, durante espalhamento inelás-
tico, a frequência da luz espalhada é deslocada para baixo. Dois exemplos de
espalhamentos inelásticos são espalhamento Raman e espalhamento Brillouin
[65]. Ambos podem ser entendidos como o espalhamento de um fóton para
um fóton de menor energia, de modo que a diferença de energia aparece
na forma de um fônon. A principal diferença entre esses dois tipos de es-
palhamento é que fônons ópticos participam no espalhamento Raman,
enquanto fônons acústicos participam no espalhamento Brillouin. Os dois
processos de espalhamento resultam em uma perda de potência na frequência
Fibras Ópticas 73

incidente. Contudo, as correspondentes seções retas de espalhamento são


suficientemente pequenas para que, em baixos níveis de potência, a perda
seja desprezível.
Em altos níveis de energia, os fenômenos não lineares de espalhamento
estimulado Raman (SRS − Stimulated Raman Scattering) e espalhamento estimu-
lado Brillouin (SBS − Stimulated Brillouin Scattering) se tornam importantes.
Nos dois casos, a intensidade da luz espalhada cresce exponencialmente,
uma vez que a potência incidente exceda um valor de limiar [66]. SRS e
SBS foram observados pela primeira vez em fibras ópticas durante a década
de 1970 [67]–[70]. Embora SRS e SBS sejam muito similares em suas
origens, diferentes relações de dispersão para fônons acústicos e ópticos
levam às seguintes diferenças entre os dois fenômenos em fibras monomodo
[23]: (i) SBS ocorre somente na direção reversa, enquanto SRS pode
ocorrer nas duas direções; (ii) a luz espalhada é deslocada em frequência
por cerca de 10 GHz, no caso de SBS, e de 13 THz, no caso de SRS (esse
deslocamento é denominado deslocamento de Stokes); e (iii) o espectro do
ganho Brillouin é extremamente estreito (largura de banda < 100 MHz)
em comparação ao espectro do ganho Raman, que se estende por 20–30
THz. A origem dessas diferenças reside no valor relativamente pequeno da
razão vA/c (∼10−5), sendo vA a velocidade acústica na sílica e c, a velocidade
da luz.
Espalhamento Estimulado Brillouin
O processo físico responsável pelo espalhamento Brillouin é a tendência
que materiais têm de se tornarem comprimidos na presença de um campo
elétrico – fenômeno conhecido como eletrostrição [65]. Para um campo
elétrico oscilatório na frequência de bombeio Ωp, tal processo gera uma onda
acústica em alguma frequência Ω. O espalhamento espontâneo Brillouin
pode ser visto como o espalhamento da onda de bombeio por essa onda
acústica, resultando na criação de uma nova onda na frequência Ωs. O
processo de espalhamento deve conservar energia e momento. A conservação
de energia requer que o deslocamento de Stokes Ω seja igual a wp−ws. Já a
conservação de momento requer que os vetores de onda satisfaçam kA  = kp
– ks. Usando a relação de dispersão |kA| = Ω/vA, em que vA é a velocidade
acústica, essa condição determina a frequência acústica como [23]:

Ω =|k A | v A = 2v A |k p |sin(θ / 2), (2.6.1)

em que foi usado |kp| ≈ |ks|, e u representa o ângulo entre as ondas de


bombeio e espalhada. Notemos que Ω se anula na direção para frente (u = 0)
e é máximo na direção reversa ou para trás (u = π). Em fibras monomodo, a
luz pode viajar somente nas direções para frente e reversa. Em consequência,
SBS pode ocorrer na direção reversa, com um deslocamento de frequência
74 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

ΩB = 2vA|kp|. Usando kp = 2, sendo λp o comprimento de onda de bombeio,


o deslocamento Brillouin é fornecido por

ν B = ΩB / 2π = 2nv A / λ p , (2.6.2)

em que n é o índice modal. Usando vA = 5,96 km/s e n  = 1,45 como


valores típicos para fibras de sílica, νB = 11,1 GHz em λp = 1,55 mm. A
Eq. (2.6.2) mostra que νB é inversamente proporcional ao comprimento
de onda de bombeio.
Após a onda espalhada ter sido gerada espontaneamente, batimento entre
a mesma e a bomba cria uma componente de frequência na frequência de
batimento wp−ws, que é automaticamente igual à frequência acústica Ω. Em
consequência, o termo de batimento atua como uma fonte que aumenta
a amplitude da onda acústica, que, por sua vez, aumenta a amplitude da
onda espalhada, resultando em uma malha de realimentação positiva. SBS
se origina nessa realimentação positiva que pode acabar transferindo toda a
potência de bombeio para a onda espalhada. O processo de realimentação
é governado pelo seguinte conjunto de duas equações acopladas [65]:

adI pdz = − g B I p I s − α p I p . (2.6.3)

−dI sdz = + g B I p I s − α s I s (2.6.4)

Sendo Ip e Is as intensidades dos campos de bombeio e de Stokes, res-


pectivamente; gB é o ganho Brillouin; ap e as levam em conta as perdas na
fibra nas frequências de bombeio e de Stokes, respectivamente.
O ganho de SBS gB depende da frequência devido a um tempo de
amortecimento finito TB das ondas acústicas (tempo de vida de fônons acús-
ticos). Se as ondas acústicas decaírem com exp(−t/TB), o ganho Brillouin
terá um perfil espectral lorentziano dado por [69]:

g B ( ΩB )
g B (Ω) = .
1 + (Ω − ΩB )2TB2 (2.6.5)

A Figura 2.16 mostra o espectro do ganho Brillouin em λp = 1,525 mm,


para três diferentes tipos de fibra de sílica monomodo. Tanto o desloca-
mento de Brillouin νB como a largura de banda do ganho ∆νB podem
variar de fibra para fibra, devido não apenas à natureza guiada da luz, mas
também à presença de dopantes no núcleo da fibra. Na Figura 2.16, a fibra
rotulada com (a) possui núcleo de sílica quase pura (concentração de ger-
mânio da ordem de 0,3% por mole). O deslocamento medido de Brillouin
νB = 11,25 GHz concorda com a Eq. (2.6.2). O deslocamento de Brillouin é
reduzido para as fibras (b) e (c), que têm alta concentração de germânio no
Fibras Ópticas 75

Figura 2.16  Espectro de ganho Brillouin medido com bomba em 1,525 mm, para três
tipos de fibra com diferentes dopagens com germânio: (a) fibra com núcleo de sílica; (b)
fibra com casca rebaixada; (c) fibra de dispersão deslocada. A escala vertical é arbitrária.
(Após a Ref. [70]; ©1986 IEE; reimpresso com permissão.)

núcleo. A estrutura de duplo pico para a fibra (b) resulta de distribuição não
homogênea de germânio no núcleo da fibra. A largura de banda de ganho
na Figura 2.16 é maior do que o esperado para sílica pura (νB ≈ 17 MHz,
em λp = 1,525 mm). Uma parte do aumento ocorre em função da natureza
guiada dos modos acústicos em fibras ópticas. Contudo, a maior parcela do
aumento na largura de banda pode ser atribuída às variações no diâmetro
do núcleo ao longo do comprimento da fibra. Como tais variações são es-
pecíficas de cada fibra, a largura de ganho de SBS é, em geral, diferente para
variadas fibras e pode ultrapassar 100 Mhz; valores típicos são ∼50 MHz,
para λp nas proximidades de 1,55 mm.
O valor de pico do ganho Brillouin na Eq. (2.6.5) ocorre para Ω = ΩB
e depende de vários parâmetros materiais, como a densidade e o coeficiente
elasto-óptico [65]. Para fibras de sílica, gB ≈ 5 × 10−11 m/W. O nível do
limiar de potência para SBS pode ser estimado com a solução das Eq. (2.6.3)
e (2.6.4) e determinação dos valores em que Ip, Is crescem a partir do ruído
a um nível significativo. A potência de limiar Pth = IpAeff, sendo Aeff a área
modal efetiva, satisfaz a condição [66]:

g B Pth L eff / Aeff ≈ 21, (2.6.6)

em que Leff é o comprimento efetivo de interação, definido como

L eff = [1 − exp(−α L )] / α , (2.6.7)

e a representa as perdas na fibra. Para sistemas de comunicação óptica, Leff


pode ser aproximado por 1/a, pois, na prática, aL  1. Usando Aeff = πw2,
sendo w o raio de feixe (spot size), Pth pode ser tão baixa quanto 1 mW,
dependendo dos valores de w e a [69]. Uma vez que a potência lançada em
uma fibra óptica exceda o nível de limiar, a maior parte da luz será refletida
76 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

por SBS. Fica evidente que SBS limita a potência lançada a alguns miliwatts,
devido ao baixo nível de limiar.
Essa estimativa de Pth se aplica a feixes de onda contínua (CW) de
banda estreita, pois despreza as características temporais e espectrais da luz
incidente. Em um sistema de onda luminosa, o sinal tem a forma de uma
sequência de bits. Para um único pulso curto de largura muito menor do
que o tempo de vida de um fônon, SBS não deve ocorrer. Contudo, em
uma sequência de bits de alta velocidade, pulsos chegam a uma taxa tão
rápida que pulsos sucessivos originam a onda acústica, como no caso de
um feixe CW, embora o nível de limiar de SBS seja aumentado. O valor
exato da potência de limiar média depende do formato de modulação (RZ
ou NRZ), tendo valor típico de ∼5 mW. Esse valor pode ser elevado para
10 mW ou mais com o aumento da largura de banda da portadora óptica
para > 200 MHz, por meio de modulação de fase. Em sistemas WDM,
SBS não produz interferência (crosstalk) entre canais, pois o deslocamento
de frequência de 10 GHz é muito menor do que típicos espaçamentos
entre canais.

Espalhamento Estimulado Raman


Espalhamento estimulado Raman ocorre em fibras ópticas quando uma
onde de bombeio é espalhada pelas moléculas de sílica. Esse fenômeno
pode ser entendido usando o diagrama de níveis de energia ilustrado na
Figura 2.17(b). Alguns fótons da bomba cedem sua energia para criar ou-
tros fótons de energia reduzida, em uma frequência mais baixa; a energia
restante é absorvida pelas moléculas de sílica, que terminam em um estado
vibracional excitado. Uma importante diferença em relação ao espalhamento
Brillouin é que os níveis de energia vibracional da sílica determinam o valor

Figura 2.17  (a) Espectro de ganho Raman de sílica fundida em λp = 1 mm e (b) níveis
de energia que participam no processo SRS. (Após a Ref. [67]; ©1972 AIP; reimpresso com
permissão.)
Fibras Ópticas 77

do deslocamento Raman ΩR = wp − ws. Como uma onda acústica não está


envolvida, o espalhamento espontâneo Raman é um processo isotrópico e
ocorre em todas as direções.
Como no caso de SBS, o processo de espalhamento Raman se torna
estimulado se a potência de bombeio exceder um valor de limiar. Em fi-
bras ópticas, SRS ocorre nas direções para frente e para trás. Fisicamente,
o batimento entre a bomba e a luz espalhada nessas duas direções cria um
componente de frequência na frequência de batimento wp − ws, que atua
como uma fonte para oscilações moleculares. Como a amplitude da onda
espalhada aumenta em resposta a essas oscilações, é estabelecida uma malha
de realimentação positiva. No caso de SRS na direção para frente, o processo de
realimentação é governado pelo seguinte conjunto de duas equações aco-
pladas [23]:

dI p
= − g R I pI s − α pI p ,
dz (2.6.8)

dI s
= g R I pI s − α sI s ,
dz (2.6.9)

em que gR é o ganho Raman. No caso de SRS para trás, um sinal de menos
é adicionado à derivada na Eq. (2.6.9), e esse conjunto de equações se torna
semelhante ao do caso SBS.
O espectro do ganho Raman depende do tempo de decaimento as-
sociado aos estados vibracionais excitados. No caso de um gás molecular ou
líquido, o tempo de decaimento é relativamente longo ( ∼1 ns), resultando
em uma largura de banda de ganho Raman de ∼1 GHz. No caso de fibras
ópticas, a largura de banda excede 10 THz. A Figura 2.17 mostra o espectro
de ganho Raman de fibras de sílica. A natureza de banda larga e de múltiplos
picos do espectro é devido à natureza amorfa do vidro. Mais especificamente,
níveis de energia vibracional de moléculas de sílica se fundem para formar
uma banda. Em consequência, a frequência de Stokes ws pode diferir da
frequência de bombeio wp em uma grande largura de banda. O ganho
máximo ocorre quando o deslocamento Raman ΩR ≡ wp − ws é da ordem
de 13 THz. Outro grande pico acontece nas proximidades de 15 THz, e
picos menores persistem para valores de ΩR de até 35 THz. O valor de pico
do ganho Raman gR é de cerca de 1 × 10−13 m/W, a um comprimento
de onda de 1 mm. Esse valor é diretamente proporcional a wp (ou inversa-
mente proporcional ao comprimento de onda da bomba lp), resultando em
gR ≈ 6 ×10−13 m/W em 1,55 mm.
Como no caso de SBS, o limiar de potência Pth é definido como o valor
da potência incidente para o qual a metade da potência da bomba é transferida
78 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

para o campo de Stokes na saída da fibra de comprimento L. Esse valor é es-


timado de [66]:

g R Pth L eff /Aeff ≈ 16, (2.6.10)

sendo gR o valor de pico do ganho Raman. Como antes, Leff pode ser
aproximado por 1/a. Se substituirmos Aeff por πw2, em que w é o raio de
feixe (spot size), a potência de limiar Pth para SRS fica dada por:

Pth ≈ 16α ( π w 2 )/g R . (2.6.11)

Se usarmos πw2 = 50 mm2 e a= 0,2 dB/km como valores típicos, Pth


será da ordem de 570 mW, nas proximidades de 1,55 mm. É importante
enfatizar que a Eq. (2.6.11) fornece apenas uma estimativa de uma ordem
de magnitude, pois muitas aproximações foram feitas durante a dedução
dessa relação.
Como, em sistemas de comunicação óptica, as potências de canais são,
tipicamente, abaixo de 10 mW, SRS não é um fator limitante para sistemas
de ondas luminosos monocanal. Contudo, SRS afeta consideravelmente o
desempenho de sistemas WDM, aspecto tratado no Capítulo 6.
Tanto SRS como SBS podem ser usados de modo proveitoso no projeto
de sistemas de comunicação óptica, por serem capazes de amplificar um
sinal óptico por transferência de energia de um feixe de bombeio − cujo
comprimento de onda seja escolhido de modo adequado – para o sinal. SRS
é especialmente útil, devido à extremamente grande largura de banda. De
fato, o ganho Raman é usado de modo rotineiro para compensar as perdas
de fibras em modernos sistemas de ondas luminosas (Cap. 7).

2.6.2  Modulação de Fase Não Linear


Na discussão dos modos de fibra na Seção 2.2, assumimos que o índice de
refração da sílica independia da potência. Na verdade, em altas intensidades,
todos os materiais possuem comportamento não linear e seus índices de
refração aumentam com a intensidade. A origem física para esse efeito
reside na resposta inarmônica de elétrons a campos ópticos, resultando
em uma suscetibilidade não linear [65]. Para incluir refração não linear,
modificamos os índices do núcleo e da casca de uma fibra de sílica da
seguinte forma [23]

n'j = n j + n2 (P / Aeff ), j = 1, 2, (2.6.12)

sendo n2 coeficiente de índice não linear, P a potência óptica e Aeff a área modal
efetiva introduzida anteriormente. Para fibras de sílica, o valor numérico de
Fibras Ópticas 79

n2 é da ordem de 2,6 × 10−20 m2/W e varia um pouco com os dopantes


usados no núcleo. Devido a esse valor relativamente pequeno, a parte não
linear do índice de refração é muito pequena (< 10−12, em um nível de
potência de 1 mW). Não obstante, afeta consideravelmente os modernos
sistemas de ondas luminosas, devido aos longos comprimentos de fibra. Em
particular, n2 leva aos fenômenos de automodulação de fase e modulação
de fase cruzada.

Automodulação de Fase
Se usarmos uma teoria perturbacional de primeira ordem para ver como
os modos da fibra são afetados pelo termo não linear na Eq. (2.6.12),
concluiremos que a forma do modo não se altera, mas a constante
de propagação se torna dependente da potência, podendo ser escrita
como [23]:

β ' = β + k0 n2 P /Aeff ≡ β + γ P , (2.6.13)

em que g = 2π n 2 /(Aeffλ) é um importante parâmetro não linear, cujos


valores variam de 1 a 5 W−1/km, dependendo dos valores de Aeff e do com-
primento de onda. Notando que a fase óptica aumenta linearmente com z,
como visto na Eq. (2.4.1), o termo em g produz um deslocamento de fase
não linear dado por:

∫ ∫
L L
φNL = ( β ' − β )dz = P ( z )dz = γ Pin L eff , (2.6.14)
0 0

em que P(z) = Pinexp(−az) leva em conta as perdas na fibra, e Leff é definido


na Eq. (2.6.7).
Na dedução da Eq. (2.6.14), Pin foi tomada como constante. Na prática,
a variação temporal de Pin torna φNL dependente do tempo. Na verdade, a
fase óptica muda com o tempo exatamente da mesma forma que o sinal
óptico. Como essa modulação de fase não linear é autoinduzida, o fenômeno
não linear responsável pela mesma é denominado automodulação de fase
(SPM − Self-Phase Modulation). Da Eq. (2.4.12), deve ficar claro que SPM
induz chirp de frequência em pulsos ópticos. Em contraste com o chirp linear
considerado na Seção 2.4, esse chirp de frequência é proporcional à derivada
dPin/dt e depende da forma do pulso.
A Figura 2.18 mostra a variação (a) do deslocamento de fase não linear
φNL e (b) do chirp de frequência ao longo do pulso para gPinLeff = 1, nos casos
de um pulso gaussiano (m = 1) e de um pulso supergaussiano (m = 3). O chirp
induzido por SPM afeta a forma do pulso por meio da GVD e, muitas vezes,
leva a alargamento temporal adicional [23]. Em geral, alargamento espectral
80 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

Figura 2.18  Variação temporal do (a) deslocamento de fase não linear φNL e (b) chirp
de frequência induzidos por SPM para pulsos gaussiano (linha tracejada) e supergaus-
siano (linha cheia).

do pulso induzido por SPM [71] não apenas aumenta consideravelmente


a largura de banda do sinal, mas também limita o desempenho de sistemas
de ondas luminosas.
Se as perdas na fibra forem compensadas periodicamente por meio
de amplificadores ópticos, φNL na Eq. (2.6.14) deve ser multiplicado pelo
número de amplificadores NA, pois a fase induzida por SPM se acumula ao
longo de múltiplos amplificadores. Para reduzir o impacto de SPM em sis-
temas de ondas luminosas, é necessário que φNL  1. Se usarmos φNL = 0,1
como o máximo valor tolerável, e substituirmos Leff por 1/a para fibras
longas, essa condição pode ser escrita como um limite sobre a potência de
entrada de pico:

Pin < 0,1α / (γ N A ). (2.6.15)

Por exemplo, se g = 2 W−1/km, NA = 10 e a = 0,2 dB/km, a potência de


entrada de pico fica limitada a valores abaixo de 2,2 mW. SPM pode, obvia-
mente, ser um importante fator limitante para sistemas de ondas luminosas
de longas distâncias.

Modulação de Fase Cruzada


A dependência do índice de refração em relação à intensidade na Eq.
(2.6.12) também pode levar a outro fenômeno não linear, conhecido
como modulação de fase cruzada (XPM − Cross-Phase Modulation). Esse
fenômeno ocorre quando dois ou mais canais ópticos são transmitidos
simultaneamente no interior de uma fibra óptica usando a técnica WDM.
Nesses sistemas, o deslocamento de fase não linear para um dado canal
Fibras Ópticas 81

depende não apenas da potência do próprio canal, mas também da potên-


cia nos outros canais [72]. O deslocamento de fase para o j-ésimo canal
é fornecido por:
 
φ Nj L = γ L eff Pj + 2∑Pm ,
 m≠ j  (2.6.16)

em que a soma se estende pelo número de canais. O fator 2 na Eq. (2.6.16)


tem origem na forma da suscetibilidade não linear [23] e indica que XPM é
duas vezes mais eficaz do que SPM, para uma mesma quantidade de potência.
O deslocamento de fase total depende das potências em todos os canais e
deve variar de bit para bit, dependendo do padrão de bits dos canais vizinhos.
Se assumirmos iguais potências em todos os canais, o deslocamento de fase
no pior caso, em que todos os canais transportam bits 1 simultaneamente e
todos os pulsos se sobrepõem no tempo, é dado por:

φ Nj L = (γ / α )(2M − 1)Pj . (2.6.17)

É difícil estimar o impacto de XPM no desempenho de sistemas de


ondas luminosas de múltiplos canais, pois a discussão anterior assume
implicitamente que XPM age de modo isolado, sem efeitos dispersivos,
sendo válida somente para feixes ópticos CW. Na prática, pulsos em dife-
rentes canais viajam em diferentes velocidades. O deslocamento induzido
por XPM pode ocorrer apenas quando dois pulsos se sobrepõem no
tempo. Em canais muitos afastados um do outro, pulsos se sobrepõem
por um intervalo de tempo tão pequeno que os efeitos de XPM são
praticamente desprezíveis. Em canais vizinhos, pulsos se sobrepõem por
tempo suficiente para que efeitos de XPM se acumulem. Esses argumentos
mostram que a Eq. (2.6.17) não pode ser usada para estimar a máxima
potência de entrada.
Um método comum para o estudo do impacto de SPM e de XPM tem
por base uma abordagem numérica. A Eq. (2.4.9) pode ser generalizada para
incluir os efeitos de SPM e de XPM com a adição de um termo não linear.
A resultante equação é conhecida como equação não linear de Schrödinger
e possui a forma [23]

∂ A i β 2 2 ∂2 A α
+ = − A + iγ | A |2 A,
∂z 2 ∂t 2
2 (2.6.18)

em que desprezamos a dispersão de terceira ordem e adicionamos o termo


que contém a para levar em conta as perdas da fibra. Essa equação é muito
útil no projeto de sistemas de ondas luminosas e será usada em capítulos
posteriores.
82 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

Como o parâmetro não linear g depende inversamente da área modal efe-


tiva, o impacto das não linearidades de fibras pode ser reduzido consideravel-
mente com o aumento de Aeff. Como visto na Tabela 2.1, Aeff é da ordem de
80 mm2 para fibras convencionais, sendo reduzida para 50 mm2 para fibras
de dispersão deslocada. Um novo tipo de fibra, conhecido como fibra de
grande área efetiva (LEAF − Large Effective-Area Fiber) foi desenvolvido para
reduzir o impacto das não linearidades de fibras. Os efeitos não lineares nem
sempre são deletérios a sistemas de ondas luminosas. Solução numérica da Eq.
(2.6.18) mostra que o alargamento temporal de pulsos ópticos induzido por
dispersão é consideravelmente reduzido no caso de dispersão anômala [73].
Na verdade, um pulso óptico pode se propagar sem distorção se sua potência
de pico for escolhida para corresponder à de um sóliton fundamental. Téc-
nicas usadas no controle de efeitos não lineares são discutidas no Capítulo 9.

2.6.3  Mistura de Quatro Ondas


A dependência do índice de refração em relação à potência, vista na
Eq. (2.6.12), tem origem na suscetibilidade não linear, denotada por
χ(3) [65]. O fenômeno não linear conhecido com mistura de quatro ondas
(FWM − Four-Wave Mixing) também se origina em χ(3). Se três campos
ópticos com frequências portadoras w1, w2 e w3 se propagarem simultanea-
mente na fibra óptica, χ(3) gera um quarto campo cuja frequência w4 está
relacionada às outras frequências por w4 = w1 ± w2 ± w3. Em princípio,
diversas frequências correspondentes a diferentes combinações dos sinais
mais e menos são possíveis. Na prática, a maioria dessas frequências não
prospera, devido a uma exigência de casamento de fase [23]. Combinações
de frequências na forma w4 = w1 + w2 − w3 são mais problemáticas para
sistemas de comunicação multicanais, pois podem quase alcançar a condição
de casamento de fase quando os comprimentos de onda dos canais se
aproximam do comprimento de onda de dispersão zero. Muitas vezes, o
processo de FWM degenerado, para o qual w1 = w2, é o dominante e o que
mais afeta o desempenho de sistemas.
Em um nível fundamental, o processo de FWM pode ser visto como um
processo de espalhamento em que dois fótons de energias w1 e w2 são des-
truídos e suas energias aparecem na forma de energias de dois novos fótons
w3 e w4. A condição de casamento de fase advém, portanto, da exigência de
conservação de momento. Como as quatro ondas se propagam na mesma
direção, o descasamento de fase pode ser escrito como:

∆ = β (ω 3 ) + β (ω4 ) − β (ω1 ) − β (ω 2 ), (2.6.19)

sendo b(w) a constante de propagação para um campo óptico com frequên-


cia w. No caso degenerado, w2 = w1, w3 = w1 + Ω, w4 = w1 − Ω, em que
Fibras Ópticas 83

Ω representa o espaçamento entre canais. Usando a expansão em série de


Taylor na Eq. (2.4.4), concluímos que os termos em b0 e b1 se cancelam, e
que o descasamento de fase é, simplesmente, ∆ = b2 Ω2. O processo de FWM
apresenta casamento de fase perfeito quando b2 = 0. Quando b2 é pequeno
(< 1 ps2/km) e o espaçamento entre canais também (Ω < 100 GHz), esse
processo ainda pode ocorrer e transferir potência de cada canal para seu vizi-
nho mais próximo.Tal transferência de potência não apenas resulta em perda
de potência para o canal, mas também induz interferência (crosstalk) entre
canais, que degrada consideravelmente o desempenho do sistema. Modernos
sistemas WDM evitam FWM com emprego da técnica de gerenciamento
de dispersão, que mantém a GVD localmente alta em cada seção de fibra,
embora seu valor médio seja baixo (Cap. 8). Fibras de dispersão deslocada
comerciais são projetadas para dispersão de ordem de 4 ps/(km-nm), um
valor suficientemente grande para suprimir FWM.
FWM também pode ser útil para sistemas de ondas luminosas (Cap. 11),
e, muitas vezes, é usado para a demultiplexação de canais individuais, quando
multiplexação por divisão no tempo é usada no domínio óptico. FWM
também pode ser usado para conversão de comprimento de onda. Em fibras
ópticas, às vezes é usado para gerar um sinal espectralmente invertido por
meio do processo de conjugação de fase óptica. Como discutido no Capítulo 8,
essa técnica é útil na compensação de dispersão.

2.7  PROJETO E FABRICAÇÃO DE FIBRAS


Nesta seção, discutiremos aspectos de engenharia de fibras ópticas
feitas de vidro de sílica ou de material plástico apropriado. A fabricação de
cabos de fibra adequados ao uso em práticos sistemas de ondas luminosas
envolve tecnologia sofisticada, com atenção a muitos detalhes práticos, ex-
plorada em diversos livros [74]–[76]. Começamos com fibras de sílica e, em
seguida, consideramos fibras plásticas. Os dois tipos de material são usados,
em anos recentes, na fabricação de fibras microestruturadas, discutidas em
uma subseção separada.

2.7.1 Fibras de Sílica


No caso de fibras de sílica, tanto o núcleo como a casca são feitos usando
dióxido de silício (SiO2) ou sílica como material básico. A diferença entre
índices de refração é realizada com a dopagem do núcleo ou da casca ou de
ambos com material apropriado. Dopantes como GeO2 e P2O5 aumentam o
índice de refração da sílica e são adequados para o núcleo. Por sua vez, dopantes
como B2O3 e flúor diminuem o índice de refração da sílica e são adequados à
casca. Os principais aspectos do projeto estão relacionados ao perfil de índice
de refração, à quantidade de dopante e às dimensões do núcleo e da casca
84 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

[77]–[81]. O diâmetro da camada mais externa da casa tem o valor-padrão de


125 mm, para todas as fibras de sílica para comunicação.
A Figura 2.19 mostra típicos perfis de índice que têm sido usados pa-
ra diferentes tipos de fibra. A linha superior corresponde a fibras padrão,
projetadas para terem mínima dispersão nas proximidades de 1,3 mm, com
comprimento de onda de corte no intervalo de 1,1−1,2 mm. A configuração

Figura 2.19  Vários perfis de índice de refração usados no projeto de fibras monomodo.
As linhas superior e inferior correspondem a fibras padrão e com dispersão deslocada,
respectivamente.

mais simples [Fig. 2.19 (a)] consiste em uma casca de sílica pura e núcleo
dopado com GeO2 para obter ∆ ≈ 3 × 10−3. Uma variação de uso comum
[Fig. 2.19(b)] reduz o índice da casca em uma região adjacente ao núcleo
por meio de dopagem com flúor. A configuração mostrada na Figura 2.20(c)
permite o uso de núcleo não dopado. Fibras desse tipo são conhecidas como
fibras de dupla casca ou de casca rebaixada (depressed-cladding fibers) [77]. Elas
também são denominadas fibras W, refletindo a forma do perfil de índice. A
linha inferior na Figura 2.19 mostra três perfis de índice usados para fibras
de dispersão deslocada, para as quais o comprimento de onda de dispersão

Figura 2.20  Processo MCVD comumente empregado na fabricação de fibras. (Após a


Ref. [82]; ©1985 Academic Press; reimpresso com permissão.)
Fibras Ópticas 85

zero é escolhido no intervalo de 1,45−1,60  mm (veja a Tabela 2.1). Um


perfil de índice triangular, com casca elevada ou rebaixada, é usado com
frequência para esse propósito [78]–[80]. Os perfis de índice de refração e
espessuras de diferentes camadas são otimizados para construir uma fibra
com as desejáveis características de dispersão [81]. Às vezes, utilizam-se até
quatro camadas de casca em fibras de dispersão plana (Fig. 2.10).
A fabricação de fibras de sílica com grau de telecomunicação envolve
dois estágios. No primeiro, um método de deposição de vapor é usado
para produzir uma pré-forma cilíndrica com o desejado perfil de índice de
refração. A pré-forma possui, tipicamente, 1 m de comprimento e 2 cm
de diâmetro, e contém núcleo e camadas de casca com as dimensões relativas.
No segundo estágio, a pré-forma é estirada em uma fibra com o emprego
de um mecanismo de alimentação de precisão, que a insere em um forno,
a uma velocidade apropriada.
Diversos métodos podem ser usados para produzir a pré-forma. Os três
métodos de uso mais comum [82]–[84] são deposição de vapor químico
modificada (MCVD − Modified Chemical-Vapor Deposition), deposição ex-
terna de vapor (OVD − Outside-Vapor Deposition) e deposição axial de
vapor (VAD − Vapor-Axial Deposition). A Figura 2.20 mostra um diagrama
esquemático do processo MCVD. Nesse processo, depositam-se sucessivas
camadas de SiO2 no interior de um tubo de sílica fundida, por meio de
mistura de vapores de SiCl4 e O2 a uma temperatura de cerca de 1.800º C.
Para garantir uniformidade, um queimador de múltiplas chamas é movido
para trás e para frente ao longo do tubo, usando uma carruagem de trans-
lação automática. O índice de refração das camadas de casca é controlado
com a adição de flúor ao tubo. Após o depósito de uma espessura suficiente
de casca, o núcleo é formado com a adição de vapores de GeCl4 ou POCl3,
os quais reagem com oxigênio a fim de formar os dopantes GeO2 e P2O5:
GeCl 4 + O2 → GeO2 + 2Cl 2 ,

4POCl 3 + 3O2 → 2P2 O5 + 6Cl 2 .

A taxa de fluxo de GeCl4 e POCl3 determina a quantidade de dopante e


o correspondente aumento no índice de refração do núcleo. Um núcleo
com perfil de índice triangular pode ser fabricado simplesmente variando
a taxa de fluxo de camada a camada. Após o depósito de todas as camadas
que formam o núcleo, a temperatura das chamas é aumentada para colapsar
o tubo em um bastão sólido de pré-forma.
O processo MCVD também é conhecido como método de deposição
interna de vapor, pois as camadas de núcleo e de casca são depositadas no in-
terior de um tubo de sílica. Em um processo relacionado, conhecido como
processo de deposição de vapor químico ativada por plasma [85], a reação química
86 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

é iniciada por um plasma de micro-ondas. Em contraste, nos processos


OVD e VAD, as camadas de núcleo e de casca são depositadas no exterior
de um mandril rotativo por meio da técnica hidrólise de chama. Remove-se
o mandril antes da sinterização. A pré-forma porosa é, então, colocada em
uma fornalha de sinterização para formar uma pré-forma de vidro. O furo
central fornece uma forma eficiente para a redução de vapores d’água
por desidratação em um atmosfera controlada de uma mistura de Cl2-He,
embora isso resulte em um vale central no perfil de índice de refração. Esse
vale pode ser minimizado com o fechamento do furo durante sinterização.
A etapa de puxamento de fibras é essencialmente a mesma para todos os
processos usados para a produção da pré-forma [86]. A Figura 2.21 mostra,
esquematicamente, o equipamento para puxamento. A pré-forma é, de modo
controlado, alimentada a uma fornalha, onde é aquecida a uma temperatura
de cerca de 2.000º C. A pré-forma fundida é puxada em uma fibra por meio
de mecanismo preciso de alimentação. O diâmetro da fibra é monitorado
opticamente por difração, pela fibra, da luz emitida por um laser. Uma mudança

Figura 2.21  Equipamento usado para o puxamento de fibras.


Fibras Ópticas 87

no diâmetro altera o padrão de difração, que, por sua vez, altera a corrente no
fotodiodo, a qual atua como sinal para um mecanismo de servocontrole res-
ponsável por ajustar a taxa de enrolamento da fibra. Por meio dessa técnica, é
possível manter o diâmetro da fibra constante a 0,1%.Aplica-se um revestimento
de polímero à fibra durante a etapa de puxamento, o qual possui dois propósitos:
prover proteção mecânica e preservar as propriedades de transmissão da fibra.
O diâmetro da fibra revestida é, tipicamente, de 250 mm, embora chegue a
900 mm com o uso de múltiplos revestimentos. A resistência à tração da fibra é
monitorada durante o enrolamento dela no tambor.A taxa de enrolamento é da
ordem de 0,2−0,5 m/s.Várias horas são necessárias pra converter uma pré-forma
em cerca de 5 km de fibra. Essa breve discussão objetiva fornecer uma ideia
básica. A fabricação de fibras requer, em geral, cuidadosa consideração de um
grande número de detalhes de engenharia, discutidos em vários textos [74]–[75].

2.7.2  Fibras Ópticas Plásticas


O interesse em fibras plásticas (POF − Plastic Optical Fiber) cresceu durante
a década de 1990, quando ficou evidente a necessidade de fibras mais baratas
capazes de transmitir dados por curtas distâncias (tipicamente, < 1 km) [87]–
[95]. Tais fibras têm núcleo relativamente grande (diâmetro de até 1 mm),
resultando em alta abertura numérica e em alta eficiência de acoplamento,
mas exibem altas perdas (em geral, superiores a 20 dB/km). Por essa razão,
são usadas para transmitir taxas de até 10 Gb/s por curtas distâncias (1 km
ou menos). Em uma demonstração de 1996, um sinal de 10 Gb/s foi trans-
mitido por 0,5 km, com taxa de erro de bits menor do que 10−11 [88].
Fibras ópticas plásticas de índice gradual (POF-IG) representam uma solução
ideal para a transmissão de dados entre computadores, e se tornam cada vez
mais importantes para Gigabit Ethernet e outras aplicações relacionadas à
Internet, as quais exigem taxas de bits acima de 1 Gb/s.
Como o nome implica, fibras ópticas plásticas utilizam plásticos na forma
de polímeros orgânicos para a produção do núcleo e da casca. Os polímeros
comumente usados para esse propósito são polimetilmetacrilato (PMMA),
poliestireno, policarbonato e um polímero fluoretado amorfo conhecido
comercialmente como CYTOP® [92]. Já em 1968, o plástico PMMA foi
usado na produção de fibras de índice em degrau. Por volta de 1995, a
tecnologia havia avançado o bastante a ponto de possibilitar a produção de
fibras plásticas de índice gradual, com largura de banda relativamente grande
[87]. Desde então, alcançou-se considerável progresso na produção de novos
tipos de fibras plásticas com perdas relativamente baixas, mesmo na região de
comprimentos de onda próxima de 1,3 mm [91]–[95]. O diâmetro do núcleo
de fibras plásticas pode variar de 10 mm a 1 mm, dependendo da aplicação.
No caso de aplicações de baixo custo, o diâmetro do núcleo é, tipicamente,
de 120 mm, enquanto o diâmetro da casca se aproxima de 200 mm.
88 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

A fabricação de modernas fibras plásticas segue o mesmo processo em duas


etapas das fibras de sílica, no sentido de que, primeiro, produz-se uma pré-forma
com o correto perfil de índice de refração que, depois, é convertida à forma
de fibra. Uma importante técnica usada para a produção da pré-forma para
fibras plásticas de índice gradual é conhecida como método de polimerização
interfacial de gel [87]. Essa técnica tem início com um cilindro oco feito de
polímero (como PMMA), que será usado para a casca. O cilindro oco é preen-
chido com uma mistura que contém o monômero do qual o polímero da casca
foi feito, um dopante com índice de refração maior do que o do polímero da
casca, um composto químico que ajuda a iniciar o processo de polimerização,
e outro químico conhecido como agente de transferência de cadeia. O cilindro
preenchido é aquecido a uma temperatura próxima de 95º C e girado em
torno de seu eixo por um período de até 25 horas.A polimerização do núcleo
se inicia nas proximidades da parede interna do cilindro, devido ao chamado
efeito gel, e se move gradualmente para o centro do tubo. No fim do processo
de polimerização, foi produzida uma pré-forma, um cilindro sólido.
A etapa de puxamento da fibra é idêntica à empregada para fibras de
sílica. O equipamento de puxamento, similar ao mostrado na Figura 2.21,
é usado para esse propósito. A principal diferença se baseia no fato de a
temperatura de fusão do plástico ser muito mais baixa do que a da sílica
(cerca de 200º C em vez de 1.800º C). O diâmetro da fibra é continuamente
monitorado por meio de apropriada técnica óptica, e outro revestimento
plástico é aplicado à mesma. Esse último revestimento plástico protege a
fibra de microcurvaturas e facilita o seu manuseio.
A Figura 2.22 mostra o espectro de perda de várias fibras plásticas. Uma
fibra de PMMA exibe perdas tipicamente maiores do que 100 dB/km. Em

Figura 2.22  Espectro de perda de várias fibras ópticas plásticas. A curva tracejada mostra
o limite teórico. (Após a Ref. [94]; ©2006 IEEE.)
Fibras Ópticas 89

contraste, as perdas de modernas fibras de CYTOP® permanecem próximas


de 20 dB/km em uma grande faixa de comprimentos de onda que se es-
tende de 800 a 1.300 nm, com o potencial de serem reduzidas para menos
de 10 dB/km, por otimização adicional. Como no caso de fibras de sílica,
a absorção material pode ser dividida nas categorias intrínseca e extrínseca.
Perdas por absorção intrínseca em fibras plásticas resultam dos modos vi-
bracionais das várias ligações moleculares no polímero orgânico usado na
produção da fibra. Mesmo que as frequências vibracionais desses modos es-
tejam na faixa de comprimentos de onda além de 2 mm, seus harmônicos in-
troduzem considerável perda em todas as fibras plásticas, inclusive nas regiões
infravermelha e visível. Absorção extrínseca está relacionada à presença de
impurezas no núcleo da fibra. Impurezas de metais de transição, como Fe,
Cu, Co, Ni, Mn e Cr, absorvem fortemente na faixa de comprimentos de
onda de 0,6−1,6  mm. Mesmo um pequeno traço de impureza da ordem
de algumas partes por bilhão pode adicionar perdas maiores do que 10 dB/
km. Como no caso de fibras de sílica, qualquer vapor d’água residual resulta
em um forte pico nas proximidades de 1.390 nm. Esse problema é menos
severo para fibras de PFBVE, pois polímeros fluoretados não absorvem água
com facilidade.

2.7.3  Cabos e Conectores


A formação de cabos de fibras ópticas é necessária para evitar deterioração
destas durante o transporte e a instalação [96]. A configuração de cabos
depende do tipo de aplicação. Para algumas aplicações, pode bastar a proteção
da fibra colocando-a no interior de uma capa plástica. Para outras, o cabo
deve ser feito mecanicamente forte com o emprego de materiais de reforço,
como barras de aço.
Um cabo de baixa resistência mecânica é produzido envolvendo a fibra com
uma capa protetora de plástico rígido. Uma capa justa pode ser feita com
a aplicação de um revestimento plástico com 0,5−1 mm de espessura, por
cima do revestimento primário aplicado durante o processo de puxamento.
Em uma abordagem alternativa, a fibra fica solta no interior de um tubo
plástico. Perdas por microcurvaturas são praticamente eliminadas nessa
configuração de tubo largo, pois a fibra pode se ajustar no interior do tubo.
Tal configuração também pode ser usada na produção de cabos de múltiplas
fibras, com tubos compartimentados, sendo um compartimento utilizado
para cada fibra.
Cabos reforçados, necessários para aplicações submarinas, entre outras,
usam aço ou um polímero forte, como Kevlar®, para fornecer resistência
mecânica. A Figura 2.23 mostra, esquematicamente, três exemplos de cabos.
Na configuração de tubo largo, barras de fibra de vidro são embutidas em
capas de poliuretano e de Kevlar®, a fim de prover resistência mecânica
90 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

Figura 2.23  Configurações típicas de cabos de fibra reforçados.

(desenho à esquerda). A mesma configuração pode ser estendida a cabos de


múltiplas fibras com o posicionamento de vários tubos largos com fibras em
torno de um núcleo de aço central (desenho do meio). Quando um grande
número de fibras deve ser posicionado no interior de um único cabo, um
cabo de fitas é empregado (desenho à direita). A fita é fabricada empacotan-
do, tipicamente, 12 fibras entre duas fitas de poliéster. Então, empilham-se
várias fitas em um arranjo retangular, que é posicionado no interior de um
tubo de polietileno. A resistência mecânica advém do emprego de barras de
aço nas duas capas mais externas de polietileno. O diâmetro externo desses
cabos de fibra, geralmente, fica na faixa de 1 a 1,5 cm.
Conectores são necessários ao uso de fibras ópticas em qualquer sis-
tema de onda luminosa prático, podendo ser divididos em duas categorias.
A primeira, uma junção permanente entre duas fibras é conhecida como
uma emenda (splice) de fibras; uma conexão entre duas fibras que pode ser
desfeita é realizada com o emprego de um conector de fibra. Conectores são
usados para unir cabos de fibra com o transmissor (ou receptor), enquanto
se utilizam emendas (splices) para conectar dois segmentos de fibra de modo
permanente. A principal questão quanto ao uso de emendas e conectores
está relacionada às perdas. Alguma potência sempre é perdida, pois, na
prática, as duas extremidades de fibra jamais ficam perfeitamente alinhadas.
Perdas em emenda abaixo de 0,1 dB são rotineiramente alcançadas com o
uso de emenda por fusão [97]. Perdas em conectores são, em geral, maiores.
Conectores do estado da arte introduzem perda média da ordem de 0,2 dB
[98]. A tecnologia associada ao projeto de emendas e conectores é bastante
sofisticada. Para detalhes, sugerimos que o leitor consulte a Ref. [99], um
livro totalmente dedicado a essa questão.

Exercícios
2.1 Uma fibra multimodo com núcleo de 50 mm de diâmetro foi projetada
para limitar a dispersão a 10 ns/km. Qual é a abertura numérica dessa
fibra? Qual é a máxima taxa de bits que pode ser transmitida por
10 km em 0,88 mm? Use 1,45 para o índice de refração da casca.
Fibras Ópticas 91

2.2 Use a equação de raio na aproximação paraxial [Eq. (2.1.8)] para provar
que a dispersão intermodal é zero para uma fibra de índice gradual
com perfil de índice quadrático.
2.3 Use as equações de Maxwell para expressar as componentes de campo
Eρ, Eφ, Hρ e Hφ em termos de Ez e Hz e obter as Eq. (2.2.27)–(2.2.30).
2.4 Deduza a equação de autovalor (2.2.31) por aplicação das condições
de contorno na interface núcleo-casca de uma fibra de índice em
degrau.
2.5 Uma fibra monomodo possui degrau de índice n1−n2 = 0,005. Calcule
o raio do núcleo, se a fibra tiver comprimento de onda de corte de
1 mm. Estime o raio de feixe (spot size) (FWHM) do modo da fibra
e a fração da potência modal no interior do núcleo quando essa fibra
é usada em 1,3 mm. Use n1 = 1,45.
2.6 Um pulso gaussiano sem chirp em 1,55 mm, com 100 ps de largura
(FWHM), é lançado em uma fibra monomodo. Calcule a largura
FWHM do pulso após 50 km, admitindo que a fibra tenha dispersão
de 16 ps/(km-nm). Despreze a largura espectral da fonte.
2.7 Deduza uma expressão para o fator de confinamento Γ de fibras
monomodo, definido como a fração da potência modal total contida
no núcleo. Use a aproximação gaussiana para o modo fundamental
da fibra. Estime Γ para V = 2.
2.8 Uma fibra monomodo foi medida como tendo λ2(d2n/dλ2) = 0,02
em 0,8 mm. Calcule os parâmetros de dispersão b2 e D.
2.9 Mostre que, quando b2C < 0, um pulso gaussiano com chirp é ini-
cialmente comprimido no interior de uma fibra monomodo. Deduza
expressões para a mínima largura e o comprimento de fibra em que
esse mínimo ocorre.
2.10 Nos comprimentos de onda de 1,3 e 1,55 mm, estime a máxima taxa
de bits para um enlace de 60 km de fibra monomodo, assumindo
pulsos de entrada de 50 ps (FWHM) limitados por transformada. As-
suma b2 = 0 e −20 ps2/km, e b3 = 0,1 ps3/km e 0, em 1,3 e 1,55 mm,
respectivamente. Assuma, ainda,Vw  1.
2.11 Um sistema de comunicação operando em 0,88 mm transmite dados
ao longo de 10 km de fibra monomodo, usando pulsos de 10 ps
(FWHM). Determine a máxima taxa de bits se o LED tiver FWHM
espectral de 30 nm. Use D = − 80 ps/(km-nm).
2.12 Use a Eq. (2.4.23) para provar que a taxa de bits de um sistema de
comunicação óptica que opera no comprimento de onda de dispersão
2
zero é limitada por BL|S| σ λ  < 1/ 8 , em que S = dD/dλ e σλ é
a largura espectral RMS do espectro da fonte gaussiana. Na expressão
geral da largura do pulso de saída, assuma C = 0 e Vw  1.
2.13 Refaça o Exercício 2.12 para o caso de um laser de semicondutor
monomodo, para o qual Vw  1, e mostre que a taxa de bits é
limitada por B|b3|L)1/3 < 0,324. Qual é a máxima taxa de bits para
L = 100 km, se b3 = 0,1 ps3/km?
2.14 Um sistema de comunicação óptica opera com pulsos de entrada
gaussianos com chirp. Na Eq. (2.4.23), assuma b3 = 0 e Vw  1, e
92 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

obtenha uma condição para a taxa de bits em termos dos parâmetros


C, b2 e L.
2.15 Um sistema de comunicação óptica opera a 5 Gb/s, usando pulsos
gaussianos de 100 ps de largura (FWHM) e com chirp tal que C = −6.
Qual é o máximo comprimento de fibra limitado por dispersão?
Como esse comprimento seria alterado se os pulsos não tivessem chirp?
Despreze a largura de linha do laser e assuma b2 = −20 ps2/km.
2.16 Um sistema de onda luminosa opera em 1,3 mm, em um enlace de
50 km de fibra e requer pelo menos 0,3 mW no receptor. A perda
na fibra é de 0,5 dB/km. A fibra é emendada a cada 5 km e tem dois
conectores de 1 dB nas duas extremidades. A perda por emenda é de
apenas 0,2 dB. Determine a mínima potência que deve ser lançada na
fibra.
2.17 Um sinal de onda contínua em 1,55 π m com 6 dBm de potência é
lançado em uma fibra de área modal efetiva de 50 mm2. Depois de
que comprimento de fibra o deslocamento de fase não linear induzido
por SPM se torna 2π? Assuma n2  = 2,6 × 10−20 m2/W e despreze as
perdas na fibra.
2.18 Calcule a potência de limiar para espalhamento estimulado Brillouin
em um enlace de 50 km de fibra que opera em 1,3 mm; a perda na
fibra é de 0,5 dB/km. Como a potência de limiar é alterada se o com-
primento de onda de operação passar para 1,55 mm, sendo a perda da
fibra de apenas 0,2 dB/km? Nos dois comprimentos de onda, assuma
Aeff = 50 mm2 e gB = 5 × 10−11 m/W.
2.19 Calcule a potência lançada em 40 km de fibra monomodo, de modo
que o deslocamento de fase não linear induzido por SPM seja de
180. Assuma λ = 1,55 mm, Aeff = 40 mm2, a = 0,2 dB/km e n 2
=2,6 × 10−20 m2/W.
2.20 Determine o máximo deslocamento de frequência devido ao chirp
induzido por SPM em um pulso gaussiano de 20 ps (FWHM) e
5 mW de potência de pico, depois de o pulso se propagar por 100 km.
Use os parâmetros de fibra do exercício anterior, mas assuma a = 0.

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CAPÍTULO 3

Transmissores Ópticos
O papel do transmissor óptico é converter um sinal elétrico de en-
trada no correspondente sinal óptico e lançá-lo na fibra óptica que
serve como canal de comunicação. O principal componente de trans-
missores ópticos é uma fonte óptica. Sistemas de comunicação óptica
empregam fontes ópticas de semicondutor, como diodos emissores de
luz (LED – Light-Emitting Diode) e lasers de semicondutor, devido às
vantagens oferecidas por esses dispositivos, as quais incluem tamanho
compacto, alta eficiência, boa confiabilidade, apropriada faixa de com-
primentos de onda, pequena área de emissão e possibilidade de mo-
dulação direta em frequências relativamente altas. O uso de lasers de
semicondutor se tornou prático após 1970, quando a operação contínua
deles passou a ser possível [1]. Desde então, lasers de semicondutor pas-
saram por grande desenvolvimento. Hoje, também são conhecidos como
diodos lasers ou lasers de injeção, e suas propriedades são discutidas em
vários livros recentes [2]–[12]. Este capítulo é dedicado a LEDs e lasers
de semicondutor, com ênfase nas aplicações destes em sistemas de ondas
luminosas. Depois de apresentarmos os conceitos básicos na Seção 3.1,
descreveremos, na Seção 3.2, as técnicas utilizadas para forçar um laser de
semicondutor a operar em um único modo. As características de estado
estacionário, modulação e ruído de lasers são discutidas na Seção 3.3.
A codificação de dados por modulação direção ou externa é o foco da
Seção 3.4. Na Seção 3.5, discute-se o uso de LEDs como fonte óptica.
Aspectos de projeto relacionados a transmissores ópticos são cobertos
na Seção 3.6.

3.1  FÍSICA DE LASERS DE SEMICONDUTORES


Em condições normais, todos os materiais absorvem luz em vez
de emiti-la. O processo de absorção pode ser entendido por meio da
Figura 3.1(a), em que os níveis de energia E1 e E2 correspondem aos es-
tados básico e excitado, respectivamente, dos átomos do meio absorvedor.
Se a energia hν do fóton de luz incidente for igual à diferença de energia
Eg = E2–E1, o fóton será absorvido pelo átomo, que passa ao estado ex-
citado. A luz incidente é atenuada, em consequência dos muitos eventos
de absorção que ocorrem no meio.

97
98 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

3.1.1  Emissões Espontânea e Estimulada


Se um átomo está no estado excitado, acaba retornando ao estado “básico”
normal, emitindo, nesse processo, luz, fenômeno que pode ocorrer por
dois processos fundamentais, conhecidos como emissão espontânea e emissão
estimulada. Ambos são ilustrados esquematicamente na Figura 3.1. No caso de
emissão espontânea, fótons são emitidos em direções aleatórias, sem qualquer
relação de fase entre os mesmos. Em contraste, emissão estimulada é iniciada
por um fóton existente. A característica notável desse tipo de emissão é que o
fóton emitido casa o fóton original não apenas em energia (ou frequência),
mas também em outras características, como direção de propagação.Todos os
lasers, incluindo os de semicondutor, emitem luz pelo processo de emissão
estimulada, e dizemos que emitem luz coerente. LEDs, por sua vez, emitem
luz pelo processo incoerente de emissão espontânea.

Figura 3.1  Três processos fundamentais que ocorrem entre dois estados de energia de
um átomo: (a) absorção, (b) emissão espontânea e (c) emissão estimulada.

Em um laser de semicondutor, os átomos que participam do processo de


emissão estimulada são arranjados em uma rede cristalina. Por conseguinte,
níveis individuais de energia associados a um único átomo se fundem,
formando bandas de energia. As duas bandas relevantes para nossa discus-
são são as de valência e de condução, que representam, respectivamente, a
banda mais elevada preenchida com elétrons e a primeira banda que está
praticamente sem elétrons. É comum representá-las em um diagrama E-k
mostrado na Figura 3.2, sendo k = p/ o número de onda de um elétron
com momento p e energia E. Se alguns dos elétrons forem elevados à banda
de condução por meio de bombeamento elétrico, os estados vazios deixados
na banda de valência representam lacunas (ou buracos). Luz é produzida
quando um elétron próximo do fundo da banda de condução se recombina
com uma lacuna na banda de valência. O fóton emitido durante o processo
de recombinação transporta energia hν ≈ Eg, em que Eg é banda proibida de
energia (bandgap) do semicondutor. Usando v = c/l, é possível concluir que
um laser de semicondutor pode operar somente em certa região de com-
primentos de onda próxima de l = hc/Eg. Para que um laser de semicon-
dutor emita luz nas proximidades de 1,55 µm, a banda proibida de energia
(bandgap) do semicondutor deve ser de cerca de 0,8 eV.
Transmissores Ópticos 99

Figura 3.2  Bandas de condução e de valência de um semicondutor. Elétrons na banda


de condução e lacunas na banda de valência se recombinam para emitir fótons.

Lasers de semicondutor que operam na faixa de comprimentos de


onda de 1,3–1,6 mm foram desenvolvidos na década de 1980 e são
usados quase exclusivamente para comunicações por fibra óptica. Esses
lasers utilizam um composto quaternário In1–xGa xAs yP 1–y, que é cres-
cido na forma de camada em substratos de InP por meio de alguma
técnica adequada de crescimento epitaxial. A constante de rede para
cada camada deve permanecer casada à de InP, de modo a manter
uma estrutura de rede bem-definida, a fim de que defeitos não sejam
formados nas interfaces entre quaisquer duas camadas com diferentes
bandas proibidas de energia. As frações x e y não podem ser escolhidas
arbitrariamente, estando relacionadas por x/y = 0,45, para assegurar
casamento da constante de rede. Pode-se expressar a banda proibida de
energia do composto quaternário em termos de y apenas, pela seguinte
relação empírica [2]:

E g ( y ) = 1,35 − 0,72y + 0,12y 2 , (3.1.1)

em que 0 ≤ y ≤ 1. A menor banda proibida ocorre para y = 1. O corres-


pondente composto ternário In0,55Ga0,45As emite luz nas proximidades
de 1,65 mm (Eg = 0,75 eV). Com adequada escolha das frações de mis-
tura x e y, lasers de In1–xGaxAsyP1–y podem ser projetados para operação
na larga faixa de comprimentos de onda de 1,0–1,65 mm, a qual inclui
a região de 1,3–1,6 mm, importante para sistemas de comunicação
óptica.
100 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

3.1.2  Recombinação Não Radiativa


Em qualquer semicondutor, elétrons e lacunas também podem se recom-
binar de modo não radiativo. Mecanismos de recombinação não radiativa
incluem recombinação em armadilhas ou defeitos, recombinação superficial
e recombinação de Auger [3]. O último mecanismo é especialmente impor-
tante para lasers de semicondutor que emitem luz na faixa de comprimentos
de onda de 1,3 a 1,6 mm, devido a uma relativamente estreita banda proibida
da camada ativa [2]. No processo de recombinação de Auger, a energia
liberada durante uma recombinação elétron-lacuna é fornecida a outro
elétron ou a outra lacuna como energia cinética, em vez de produzir luz.
Do ponto de vista de operação do dispositivo, todos os processos não
radiativos são dielétricos, pois reduzem o número de pares elétrons-lacunas
que emitem luz. O efeito desses processos é contabilizado pela eficiência
quântica interna, definida por

τ nr
ηint = . (3.1.2)
τ rr + τ nr

sendo τrr e τnr os tempos de recombinações radiativa e não radiativa, res-


pectivamente, associados aos portadores. Esses dois tempos de recombinação
variam de semicondutor para semicondutor. Em geral, para semicondutores
de banda proibida direta, τrr e τnr são comparáveis; para semicondutores
de banda proibida indireta, τnr é uma pequena fração (∼10–5) de τrr. Um
semicondutor é de banda proibida direta quando o mínimo da banda de
condução e o máximo da banda de valência ocorrem para o mesmo valor
do vetor de onda (Fig. 3.2). A probabilidade de recombinação radiativa é
maior nesse tipo de semicondutor, pois é fácil conservar energia e momento
durante a recombinação elétron-lacuna. Em contraste, semicondutores de
banda proibida indireta requerem a assistência de um fônon para a conser-
vação de momento durante a recombinação elétron-lacuna. Em semicon-
dutores desse tipo, tal característica reduz a probabilidade de recombinação
radiativa e aumenta τrr consideravelmente, em comparação com τnr.Torna-se
evidente pela Eq. (3.1.2) que, nessas condições, int ≪ 1. Tipicamente,
int ∼10–5 para Si e Ge, os dois semicondutores mais comumente utilizados
para dispositivos eletrônicos. Ambos não são adequados para fontes ópticas,
em função de terem bandas proibidas indiretas. Para semicondutores de
banda proibida direta, como GaAs e InP, int ≈ 0,5 e tende a 1 quando
emissão estimulada domina.
É útil definirmos uma grandeza conhecida como tempo de vida de portador
τc para representar o tempo de recombinação total de portadores carregados,
na ausência de recombinação estimulada. Essa grandeza é definida pela
relação:
Transmissores Ópticos 101

1 /τ c = 1 / τ rr + 1 / τ nr . (3.1.3)

Em geral, τc depende da densidade de portadores N, se a recombinação de Auger


não for desprezível. É comum expressar τc na forma τ C−1  = Anr + BN + CN2,
sendo Anr o coeficiente não radiativo, B o coeficiente de recombinação
radiativa espontânea e C o coeficiente de Auger.

3.1.3  Ganho Óptico


Lasers de semicondutor são bombeados eletricamente por meio de uma
junção p-n.Tal bombeamento pode ser realizado na prática com o emprego
de uma estrutura de três camadas, na qual a camada de núcleo central
fica entre camadas de casca dos tipos p e n, que são fortemente dopadas,
de modo que a separação entre os níveis de Fermi Efc–Efv ultrapasse a
banda proibida de energia Eg (Fig. 3.2), estando a junção p-n polarizada
diretamente. A Figura 3.3 mostra a estrutura de três camadas de um típico
laser de semicondutor, juntamente com as dimensões físicas. Todo o chip
do laser possui menos de 1 mm nas três dimensões, resultando em uma
configuração ultracompacta.

Figura 3.3  Representação esquemática de um laser de semicondutor de grande área.


A camada ativa (região hachurada) fica entre camadas de casca dos tipos p e n com
maior banda proibida.

A camada de núcleo central na Figura 3.3 é feita do semicondutor que


emite luz, sendo chamada de camada “ativa”. As camadas de casca são feitas
de semicondutor cuja banda proibida é maior do que a da camada ativa. A
diferença entre as bandas proibidas dos dois semicondutores ajuda a confinar
elétrons e lacunas na camada ativa.Ao mesmo tempo, esta apresenta um índice
de refração ligeiramente maior do que as camadas vizinhas, atuando como um
guia de onda planar cujo número de modos pode ser controlado pela espessura
da camada ativa. O principal aspecto é que essa configuração de heteroestrutura
102 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

ajuda a confinar tanto os portadores injetados (elétrons e lacunas) como a luz


gerada no interior da camada ativa por recombinação elétron-lacuna. Uma
terceira característica é que as duas camadas de casca são transparentes à luz
emitida, devido à maior banda proibida dessas camadas, resultando em uma
estrutura de baixa perda. Tais características tornam lasers de semicondutor
práticos para uma grande variedade de aplicações.
Quando a densidade de portadores injetados na camada ativa excede
certo valor, ocorre inversão de população, e a região ativa passa a exibir
ganho óptico. Um sinal de entrada que se propague no interior da camada
ativa é, então, amplificado por um fator exp(gL), sendo g o coeficiente de ga-
nho e L o comprimento da camada ativa. O cálculo de g requer as taxas em
que fótons são absorvidos e emitidos por emissão estimulada, e depende
de detalhes da estrutura de bandas associada ao material ativo. Em geral, g é
calculado numericamente. A Figura 3.4(a) exibe o ganho calculado para uma

Figura 3.4  (a) Espectro de ganho em várias densidades de portadores, para um laser
que opera em 1,3 mm. (b) Variação do ganho máximo gp com N. A linha tracejada mostra
o ajuste linear na região de alto ganho.

camada ativa de InGaAsP para 1,3 mm, para diferentes valores da densidade


de portadores injetados N. Para N = 1 × 1018 cm–3, g < 0, pois inversão de
população ainda não ocorreu. À medida que N aumenta, g se torna positivo
em uma faixa espectral que aumenta com N. O valor de pico do ganho, gp,
também aumenta com N, juntamente com um deslocamento do pico em
direção às energias de fóton mais altas. A variação de gp com N é mostrada
na Figura 3.4(b). Para N > 1,5 ×1018 cm–3, gp varia quase linearmente com
N. A Figura 3.4 evidencia que o ganho óptico em semicondutores aumenta
com rapidez, uma vez que inversão de população tenha ocorrido. Tal alto
Transmissores Ópticos 103

ganho possibilita a fabricação de lasers de semicondutor com dimensões


físicas menores do que 1 mm.
A dependência quase linear de gp com N sugere uma abordagem empí-
rica em que o pico de ganho é aproximado por

g p ( N ) = σ g ( N − N T ), (3.1.4)

em que NT é o valor de transparência da densidade de portadores e σg


é a seção reta de ganho; σg também é conhecido como ganho diferencial.
Valores típicos de N T e σ g para lasers de InGaAsP são da ordem de
1,0–1,5 × 1018cm–3 e 2-3 × 10–16 cm–2, respectivamente [2]. Como visto
na Figura 3.4(b), a aproximação em (3.1.4) é razoável na região de alto
ganho, em que gp excede 100 cm–1; a maioria dos lasers de semicondutor
opera nessa região. O uso da Eq. (3.1.4) simplifica consideravelmente
a análise, pois detalhes da estrutura em bandas não aparecem de modo
explícito. Os parâmetros σ g e N T podem ser estimados por cálculo­
numérico, como os mostrados na Figura 3.4(b), ou podem ser medidos
experimentalmente.
Lasers de semicondutor com grande valor de σg têm, em geral, melhor
desempenho, pois um mesmo ganho pode ser realizado com menor densi-
dade de portadores ou, o que é equivalente, com menor corrente injetada.
Em lasers de semicondutor de poços quânticos, σg é tipicamente maior por
um fator de 2. A aproximação linear na Eq. (3.1.4) para o ganho máximo
ainda pode ser usada em um intervalo limitado. Uma aproximação melhor
substitui a Eq. (3.1.4) por gp(N) = g0[1 + ln(N/N0)], em que gp = g0 em
N = N0, e N0 = eNT ≈ 2,718NT, usando a definição gp = 0 em N = NT [3].

3.1.4  Realimentação e Limiar de Laser


Apenas o ganho óptico não é suficiente para operação de laser. O outro
ingrediente necessário é realimentação óptica, que converte qualquer amplifi-
cador em um oscilador. Na maioria dos lasers, a realimentação é alcançada
com o posicionamento do meio de ganho no interior de uma cavidade de
Fabry-Perot (FP), formada por dois espelhos. Lasers de semicondutor não
requerem espelhos externos, pois as duas facetas clivadas podem agir como
espelhos (Fig. 3.3), devido à relativamente grande diferença de índice de
refração na interface ar-semicondutor. A refletividade da faceta normal a
essa interface é fornecida por
2
n − 1
Rm =  , (3.1.5)
 n + 1

sendo n o índice de refração do meio de ganho. Tipicamente, n = 3,5,


resultando em refletividade de faceta de 30%. Embora a cavidade FP formada
104 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

pelas duas facetas clivadas tenha perdas relativamente altas, o ganho em um


laser de semicondutor é grande o suficiente para que altas perdas sejam
toleráveis.
Uma forma simples de obter a condição de limiar é estudando como a
amplitude de um modo óptico é alterada durante um percurso completo
de ida e volta no interior da cavidade FP. Assumamos que o modo tenha
amplitude inicial A0, frequência ν e constante de propagação b =  n (2πv)/c,
em que n é o índice modal. Após um percurso completo de ida e volta,
a amplitude do modo aumenta de exp[2(g/2)L], devido ao ganho (g é o
ganho de potência), e a fase é alterada de 2bL, sendo L o comprimento
da cavidade do laser. Ao mesmo tempo, a amplitude diminui de R1R 2
exp(–aintL), em função das reflexões nas facetas do laser e das perdas in-
ternas aint resultantes da absorção de portadores livres e espalhamento na
interface. As refletividades das facetas R1 e R2 podem ser diferentes, se estas
forem recobertas para modificar suas refletividades naturais. No estado es-
tacionário, o modo deve permanecer inalterado após um percurso completo
de ida e volta, ou seja,

A0 exp( gL ) R1R 2 exp( −α int L )exp(2i β L ) = A0 . (3.1.6)

Igualando a amplitude e a fase nos dois lados, obtemos:

1  1 
g = α int + ln = α int + α mir = α cav , (3.1.7)
2L  R1R 2 

2β L = 2mπ ou ν = ν m = mc /2nL , (3.1.8)


sendo m um inteiro. A Eq. (3.1.7) mostra que o ganho g iguala a perda total
na cavidade acav no limiar e além. É importante notar que g não é o mesmo
que o ganho material gm mostrado na Figura 3.4. O modo óptico se estende
além da camada ativa, enquanto o ganho existe somente no interior dela.
Em consequência, g = Γgm, em que Γ é o fator de confinamento da região
ativa, com valores típicos < 0,4.

3.1.5  Modos Longitudinais


A condição de fase na Eq. (3.1.8) mostra que a frequência do laser ν deve
casar com uma das frequências no conjunto νm, sendo m um inteiro. Essas
frequências correspondem aos modos longitudinais e são determinadas pelo
comprimento óptico nL. O espaçamento ∆νL entre os modos longitudinais
é constante. Na verdade, é o mesmo que a faixa espectral livre (free spectral
range) associada a qualquer ressoador FP, fornecido por ∆νL = c/2ngL, quando
a dispersão material é incluída [2], sendo ng o índice de grupo.Tipicamente,
∆νL = 150 GHz, para L = 250 µm.
Transmissores Ópticos 105

Figura 3.5  (a) Representação esquemática dos perfis de ganho e de perda em lasers
de semicondutor. As barras verticais mostram as localizações dos modos longitudinais.

Um laser de semicondutor, em geral, emite luz em vários modos lon-


gitudinais. Como visto na Figura 3.5, o espectro de ganho g(w) de lasers
de semicondutor é suficientemente largo (largura de banda ∼10 THz)
para que muitos modos longitudinais da cavidade FP experimentem ga-
nho simultaneamente. O modo mais próximo do ganho de pico se torna
o modo dominante. Em condições ideais, os outros modos não devem
alcançar o limiar, pois seus ganhos permanecem abaixo do ganho do modo
principal. Na prática, a diferença é extremamente pequena (∼0,1 cm–1), e
um ou dois modos vizinhos de cada lado do modo principal transportam
uma significativa parcela da potência do laser, juntamente com o modo
principal. Como, devido à dispersão de velocidade de grupo, os modos se
propagam no interior da fibra em velocidades ligeiramente diferentes, a
natureza multimodo de um laser de semicondutor, em geral, limita a taxa
de bits de sistemas de ondas luminosas que operam próximos de 1,55 mm.
O desempenho pode ser melhorado projetando os lasers para que oscilem
em um único modo longitudinal. Discute-se esse tipo de laser na Seção 3.2.

3.1.6  Estruturas de Lasers


A mais simples estrutura de um laser de semicondutor consiste em uma
delgada camada ativa (com espessura de 0,1 mm ou menos) posicionada entre
camadas de casca dos tipos p e n de outro semicondutor com maior banda
proibida. Esses lasers são chamados de lasers de grande área, pois a corrente
é injetada em uma área relativamente grande que cobre toda a largura do
chip do laser (Fig. 3.3). A luz do laser é emitida pelas duas facetas clivadas
na forma de um feixe elíptico, com dimensões de ∼1 × 100 mm2. Na
direção transversal, perpendicular ao plano da junção, o tamanho do feixe é
∼1 mm, pois a região ativa suporta somente os modos fundamentais TE0 e
TM0. Na prática, o ganho é ligeiramente maior para o modo TE0, e a luz do
laser é polarizada no plano da junção. Como não existe um mecanismo de
106 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

confinamento na direção lateral (paralela ao plano da junção), a luz emitida


se espalha por toda a largura de um laser de grande área, resultando em
um feixe muito elíptico. Tais lasers exibem várias deficiências e raramente
são usados na prática. As principais deficiências são uma corrente de limiar
relativamente alta e um diagrama espacial que se altera de modo não con-
trolável com a corrente, porém esses problemas podem ser solucionados com
a introdução de um mecanismo para confinamento da luz na direção lateral.
O problema de confinamento da luz é resolvido nos lasers de semicondutor
com guiamento por índice pela introdução de um degrau de índice ∆nL na direção
lateral, com a formação de um guia de onda retangular. A Figura 3.6 mostra
duas configurações comumente empregadas. Em um laser de guia de onda ridge
(Fig. 3.6a), uma crista (ridge) é formada com a remoção da maior parte da

Figura 3.6  Representação esquemática da seção reta de (a) laser de guia de onda ridge
e (b) laser de heteroestrutura enterrada.

camada de casca superior [2]. Deposita-se, então uma camada de sílica para
bloquear o fluxo de corrente, de modo que a corrente passe somente através
da crista. Como o material da casca usado para a crista possui índice de refração
muito maior do que a sílica, o índice modal também é mais alto sob a crista,
resultando em um degrau de índice ∆nL ∼0,01. Essa diferença de índice guia
o modo óptico na direção lateral.A magnitude do degrau de índice é sensível a
muitos detalhes de fabricação, como a largura da crista (ridge) e a proximidade da
camada de sílica em relação à camada ativa. Embora esse esquema ofereça apenas
fraco confinamento lateral, a relativa simplicidade da configuração em guia de
onda ridge e o resultante baixo custo o tornam atraente para algumas aplicações.
Em lasers de semicondutor com forte guiamento por índice, a região ativa
é enterrada em todos os lados por várias camadas com índice de refração mais
baixo (dimensões típicas ∼0,1 × 1 mm2). Lasers desse tipo são conhecidos
como lasers de heteroestrutura enterrada (BH – Buried Heterostructure) (Fig. 3.6 b).
Diferentes tipos de lasers BH foram desenvolvidos, sendo conhecidos por
Transmissores Ópticos 107

nomes como laser BH com mesa corroída (etched-mesa BH laser), laser BH


planar, laser BH planar de duplo canal e laser BH de substrato canelado ou
com sulco em V, dependendo do método de fabricação usado para realizar a
estrutura do laser [2].Todos permitem degrau de índice relativamente grande
(∆nL > 0,1) na direção lateral e, em consequência, forte confinamento modal.
Devido a um grande degrau de índice embutido, a distribuição espacial da luz
emitida é inerentemente estável, desde que o laser seja projetado para suportar
um único modo espacial. Na prática, lasers BH operam em um único modo
se a largura da região ativa for reduzida para menos de 2 mm. A seção reta do
feixe ainda permanecerá elíptica, com dimensões típicas de 2 × 1 mm2. Em
função das pequenas dimensões da seção reta, o feixe de saída, ao deixar o laser,
se difrata consideravelmente nas dimensões lateral e transversal. Uma seção
reta elíptica e grande ângulo de divergência dificultam o acoplamento da luz
à fibra de modo eficiente. Um conversor de seção reta (spot-size converter) é,
às vezes, usado para melhorar a eficiência de acoplamento.

3.2  LASERS DE SEMICONDUTOR MONOMODO


Como discutido anteriormente, lasers de semicondutor oscilam em
vários modos longitudinais de modo simultâneo, devido à relativamente
pequena diferença de ganho (∼0,1 cm–1) entre dois modos de cavidade
vizinhos. A largura espectral (2–4 nm) resultante é aceitável para algumas
aplicações, mas se torna problemática para muitas outras. Esta seção é devota-
da a técnicas que podem ser usadas para projetar lasers de semicondutor que
oscilem predominantemente em um único modo longitudinal [13]–[20].
A ideia básica é projetar o laser de forma que as perdas sejam diferentes
para diferentes modos longitudinais da cavidade, em contraste com lasers FP
cujas perdas independem do modo. A Figura 3.7 mostra, esquematicamente,

Figura 3.7  Perfis de ganho e de perda em lasers de semicondutor que oscilam predo-
minantemente em um único modo longitudinal.
108 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

os perfis de ganho e de perda para esse tipo de laser. O modo longitudinal


com menor perda na cavidade é o primeiro a atingir o limiar e se torna
o modo dominante. Modos vizinhos são discriminados por suas maiores
perdas. A potência transportada por esses modos laterais é, em geral, uma
pequena fração (< 1%) da potência total emitida. O desempenho de um
laser monomodo é, muitas vezes, caracterizado pela razão de supressão de
modos (MSR – Mode-Suppression Ratio), definida como MSR = Pmm/Psm,
sendo Pmm a potência do modo principal e Psma potência do modo lateral
mais dominante. A MSR deve ser maior do que 1.000 (ou 30 dB) para um
bom laser monomodo.

3.2.1  Lasers de Realimentação Distribuída


Lasers de semicondutor de realimentação distribuída (DFB – Distributed
FeedBack) foram desenvolvidos durante a década de 1980 e são rotineira-
mente empregados em sistemas de ondas luminosas WDM [15]–[20]. Em
lasers DFB, como implica o nome, a realimentação não é localizada nas
facetas, mas sim distribuída em todo o comprimento da cavidade, o que é
alcançado por meio de uma grade ou rede de difração embutida que leva a
uma variação periódica do índice modal. Realimentação ocorre por difração
de Bragg, um fenômeno que acopla ondas que se propagam em direções
opostas. A seletividade modal do mecanismo DFB resulta da condição de
Bragg: ocorre acoplamento somente para comprimentos de onda lB que
satisfazem

Λ= m( λB /2n ), (3.2.1)

em que Λ é o período da grade de difração, n é o índice modal médio e


o inteiro m representa a ordem da difração de Bragg. O acoplamento entre
ondas que se propagam em direções opostas é mais forte para a difração
de Bragg de primeira ordem (m = 1). Para um laser DFB que opera em
lB = 1,55 mm, Λ é da ordem de 235 nm, se usamos m = 1 e n  = 3,3 na
Eq. (3.2.1).Tal grade de difração pode ser realizada por meio de uma técnica
holográfica [2].
Do ponto de vista do funcionamento do dispositivo, lasers de semi-
condutor que empregam o mecanismo DFB podem ser classificados em
duas grandes categorias: lasers DFB e lasers com refletor de Bragg distribuído
(DBR – Distributed Bragg Reflector). A Figura 3.8 exibe esses dois tipos
de estruturas de laser. Embora, em lasers DFB, a realimentação ocorra
em todo o comprimento da cavidade, em lasers DBR, ela não ocorre
no interior da região ativa. Na verdade, as regiões extremas de um laser
DBR atuam como espelhos cuja refletividade é máxima para um com-
primento de onda lB que satisfaça a Eq. (3.2.1). As perdas na cavidade
Transmissores Ópticos 109

Figura 3.8  Estruturas de lasers DFB e DBR. As áreas hachuradas mostram a região ativa,
e a linha ondulada indica a presença de uma grade de difração de Bragg.

são, portanto, mínimas para o modo longitudinal mais próximo de lB e


aumentam substancialmente para outros modos longitudinais (Fig. 3.7). A
MSR é determinada pela margem de ganho definida como o excesso de
ganho necessário para que o modo lateral mais dominante alcance o limiar.
Uma margem de ganho de 3–5 cm–1 é, em geral, suficiente para realizar
MSR > 30 dB para lasers DFB de operação contínua [16]. Contudo, uma
maior margem de ganho se torna necessária (> 10 cm–1) se lasers DFB
forem modulados diretamente. Lasers DFB com deslocamento de fase [15],
em que a grade de difração é deslocada de lB/4 no meio do laser para
produzir deslocamento de fase de π/2, são usados com frequência, por
serem capazes de prover margem de ganho muito maior do que lasers DFB
convencionais. Outra configuração que levou a melhorias no desempenho
de dispositivos é conhecida como laser DFB com acoplamento por ganho [21].
Nesses lasers, o ganho óptico e o índice modal variam periodicamente ao
longo do comprimento da cavidade.
A fabricação de lasers de semicondutor DFB requer tecnologia avan-
çada, com múltiplos crescimentos epitaxiais [18]. A principal diferença em
relação a lasers FP é o fato de a grade de difração ser corroída em uma
das camadas de casca que envolvem a camada ativa. Uma delgada camada
de guia de onda de tipo n, com índice de refração intermediário em
relação aos da camada ativa e do substrato, atua como grade de difração. A
variação periódica da espessura da camada de guia de onda se traduz em
uma variação periódica do índice modal n ao longo do comprimento da
110 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

cavidade e, por meio de difração de Bragg, leva ao acoplamento de ondas


que se propagam em direções opostas.
Uma técnica holográfica é usada com frequência para formar uma grade
de difração com passo de ∼0,2 mm. Por meio de dois feixes ópticos in-
terferentes, essa técnica forma uma padrão de interferência em uma camada
sensível à luz depositada sobre a superfície da pastilha (wafer), que é corroída
quimicamente. Em uma técnica alternativa de litografia por feixe eletrônico,
um feixe eletrônico escreve o desejado padrão em uma camada sensível. Os
dois métodos usam corrosão química para formar as corrugações da grade
de difração, e a camada sensível age como máscara. Uma vez que a grade de
difração tenha sido corroída na superfície, múltiplos lasers são crescidos
com o emprego de técnicas de crescimento epitaxial. Um segundo cres-
cimento epitaxial é necessário para realizar dispositivos BH como o ilustrado
na Figura 3.6(b). Apesar das complexidades tecnológicas, lasers DFB são
rotineiramente produzidos em escala comercial. Esses lasers são usados em
quase todos os sistemas de comunicação óptica que operam em 1,55 mm, a
taxas de 2,5 Gb/s ou mais. Lasers DFB são tão confiáveis que, desde 1992,
têm sido usados em todos os sistemas de ondas luminosas transoceânicos.

3.2.2  Lasers de Semicondutor com Cavidades Acopladas


Em um laser de semicondutor de cavidades acopladas [2], um único modo de
operação é realizado por acoplamento da cavidade do laser a uma cavidade
externa, que alimenta uma parcela da luz existente de volta à cavidade do
laser. A realimentação da cavidade externa não ocorre necessariamente em
fase com o campo no interior da cavidade do laser, devido à defasagem
que acontece na cavidade externa. Alimentação em fase ocorre somente
para os modos cujos comprimentos de onda quase coincidam com um dos
modos longitudinais da cavidade externa. Na verdade, a refletividade efetiva
da faceta do laser mais próxima da cavidade externa passa a depender do
comprimento de onda, levando a baixas perdas para certos comprimentos de
onda. O modo longitudinal mais próximo do pico de ganho e com menor
perda na cavidade se torna o modo dominante.
Vários esquemas de cavidades acopladas foram desenvolvidos para realizar
lasers monomodo; a Figura 3.9 mostra três deles. Um esquema simples
acopla a luz de um laser de semicondutor a uma grade de difração externa
(Fig. 3.9a). Para prover forte acoplamento, é necessário reduzir a refletivi-
dade natural da faceta clivada mais próxima da grade de difração, o que é
realizado com uma cobertura antirreflexo. Esses lasers são denominados
lasers de semicondutor com cavidade externa, e têm recebido bastante aten-
ção devido à possibilidade de sintonia [13]. O comprimento de onda do
único modo selecionado pelo mecanismo de cavidades acopladas pode ser
sintonizado em uma grande faixa (tipicamente, 50 nm), apenas girando
Transmissores Ópticos 111

Figura 3.9  Estruturas de lasers de cavidades acopladas: (a) laser de cavidade externa;
(b) laser de cavidades clivadas acopladas; (c) laser DFB de múltiplas seções.

a grade de difração. Sintonia de comprimento de onda é uma característica


desejável para lasers usados em sistemas de ondas luminosas WDM. Uma
deficiência do laser ilustrado na Figura 3.9(a), do ponto de vista sistêmico,
é sua natureza não monolítica, o que dificulta a realização da estabilidade
mecânica exigida de transmissores ópticos.
Uma configuração monolítica para lasers de cavidades acopladas é obtida
com o laser de cavidades clivadas acopladas [14] ilustrado na Figura 3.9(b).
Esses lasers são realizados com a clivagem de um convencional laser de
semicondutor multimodo no meio, de forma que o laser seja dividido em
duas seções de comprimentos praticamente iguais, mas separados por um
pequeno espaçamento de ar (com largura de ∼1 mm). A refletividade das
facetas clivadas (∼30%) permite suficiente acoplamento entre as duas seções,
desde que o espaçamento não seja demasiadamente largo. É até possível
sintonizar o comprimento de onda de um laser desse tipo em uma faixa de
∼20 nm por meio da variação da corrente injetada na seção de cavidade
112 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

que atua como controladora de modos. Contudo, a sintonia não é contínua,


pois corresponde a saltos entre modos sucessivos de cerca de 2 nm.

3.2.3  Lasers de Semicondutor Sintonizáveis


Modernos sistemas de ondas luminosas WDM requerem lasers mono-
modo de pequena largura de linha, cujo comprimento de onda per-
maneça fixo no tempo. Lasers DFB satisfazem esse requisito, mas sua
estabilidade de comprimento de onda vem à custa da possibilidade de
sintonia. O grande número de lasers DFB usados em um transmissor
WDM encarece e dificulta o projeto e a manutenção de tais sistemas
de ondas luminosas. A disponibilidade de lasers de semicondutor, cujo
comprimento de onda pode ser sintonizado em uma grande faixa,
resolve o problema [11].
Lasers DFB e DBR de múltiplas seções foram desenvolvidos durante a
década de 1990 para atender aos requisitos um tanto quanto conflitantes de
estabilidade e sintonia [22]–[31]. A Figura 3.9(c) mostra uma típica estrutura
de laser, que consiste em três seções, referidas como seções ativa, de controle de
fase e de Bragg. Cada seção pode ser polarizada separadamente com a injeção
de correntes de diferentes amplitudes.A corrente injetada na seção de Bragg é
usada para alterar o comprimento de onda de Bragg (lB = 2nΛ) por meio de
alteração do índice de refração n induzida por portadores. A corrente injetada
na seção de controle de fase é usada para alterar a fase da realimentação de
DBR mediante modificações de índice induzidas por portadores nesta seção.
Sintonizar o comprimento de onda do laser quase que continuamente na
faixa de 10–15 nm por intermédio do controle das correntes nas seções
de fase e de Bragg. Em 1997, esses lasers exibiam faixa de sintonia de 17 nm
e potências de saída de até 100 mW, com alta confiabilidade [26].
Várias outras configurações de lasers DFB sintonizáveis foram desen-
volvidas em anos recentes. Em um esquema, é aplicado um chirp à grade de
difração embutida em um laser DFB, por variação do período da grade de di-
fração Λ ou do índice modal n ao longo do comprimento da cavidade. Dessa
forma, como visto da Eq. (3.2.1), o próprio comprimento de onda de Bragg
se altera ao longo do comprimento da cavidade. Como o comprimento de
onda do laser é determinado pela condição de Bragg, um laser desse tipo pode
ser sintonizado em uma faixa de comprimentos de onda determinada pelo
chirp da grade de difração. Em uma implementação simples da ideia básica,
o período da grade de difração permanece uniforme, mas o guia de onda é
curvado para alterar o índice modal efetivo n. Um laser DFB de múltiplas
seções desse tipo pode ser sintonizado na faixa de 5–6 nm, mantendo um
único modo longitudinal com alta supressão de modos laterais [22].
Em outro esquema, uma grade de difração de superestrutura ou amostrada
é utilizada para a seção DBR de um laser de múltiplas seções [23]–[25]. Nesse
Transmissores Ópticos 113

tipo de grade de difração, a amplitude ou fase do coeficiente de acoplamento é


modulada de forma periódica ao longo do comprimento da grade de difração.
Em consequência, a refletividade é máxima em vários comprimentos de onda,
sendo o espaçamento entre eles determinado pelo período da modulação.
Lasers DBR de múltiplas seções desse tipo podem ser sintonizados discretamen-
te em uma faixa de comprimentos de onda maior do que 100 nm. Em 1995,
o controle da corrente na seção de controle de fase possibilitou, uma sintonia
quase contínua na faixa de 40 nm com o uso de uma grade de difração de
superestrutura [23]. A faixa de sintonia pode ser estendida consideravelmente
com o emprego de um dispositivo de quatro seções, em que outra seção DBR
é adicionada ao lado esquerdo do dispositivo mostrado na Figura 3.9(c). Cada
seção DBR suporta seu próprio pente de comprimentos de onda, mas o es-
paçamento não é o mesmo nos dois pentes. O comprimento de onda que
coincidir nos dois pentes se torna o comprimento de onda de saída, que pode
ser sintonizado em uma larga faixa (análogo ao efeito Vernier).
Em uma configuração distinta, conhecida como laser sintonizável de
guias gêmeos [31], uma camada de sintonia é adicionada verticalmente a uma
estrutura DFB padrão, e duas diferentes grades de difração amostradas são
empregadas para sintonia, como ilustrado Figura 3.10. Esse dispositivo é de
fabricação e operação muito mais simples do que o de três ou quatro seções
DFB. Pode-se sintonizar o laser resultante em uma faixa de 40 nm, mantendo
uma potência de saída relativamente alta (∼10 mW) e alta razão de supres-
são de modos (> 30 dB). Como as camadas ativa e de sintonia são separadas
por uma camada passiva do tipo n de InP, esse dispositivo consiste em dois
diodos p-i-n empilhados verticalmente, que podem ser polarizados de modo
independente. Ao mesmo tempo, as camadas ativa e de sintonia atuam como
camadas de casca para a camada central de InP (com índice de refração mais

Figura 3.10  Representação esquemática de laser de guias gêmeos, no qual uma camada
de sintonia integrada verticalmente com duas grades de difração amostradas é usada
para sintonia. (Após a Ref. [31]; ©2007 IEEE.)
114 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

alto), que produz um guia de onda óptico, de forma que o modo óptico possua
pico de intensidade nessa camada central. Como uma boa parcela do modo
óptico reside nas camadas ativa e de sintonia, os dois diodos eletricamente
isolados são acoplados de modo óptico na direção vertical, permitindo, assim,
uma grande faixa de sintonia do comprimento de onda modal por meio do
efeito Vernier implementado com as duas grades de difração amostradas.

3.2.4  Lasers de Cavidade Vertical com Emissão pela Superfície


Uma nova classe de lasers de semicondutor, conhecida como lasers de cavidade
vertical com emissão pela superfície (VCSELs – Vertical-Cavity Surface-Emitting
Lasers), surgiu na década de 1990, com muitas aplicações potenciais [32]–[43].
VCSELs operam em um único modo longitudinal, devido ao extremamente
pequeno comprimento da cavidade (∼1 mm), para o qual o espaçamento
entre modos ultrapassa a largura de banda de ganho.VCSELs emitem luz em
uma direção perpendicular ao plano da camada ativa, como um LED com
emissão pela superfície. Ademais, a luz emitida apresenta a forma de um feixe
circular, que pode ser acoplado a uma fibra monomodo com alta eficiência.
Essas propriedades resultam em diversas vantagens, que têm estimulado a
rápida adoção de VCSEls para comunicação por ondas luminosas.
Como visto na Figura 3.11, a fabricação de VCSELs requer o cres-
cimento de múltiplas camadas delgadas em um substrato. A região ativa, na
forma de vários poços quânticos, é envolta por dois espelhos DRB de alta

Figura 3.11  Representação esquemática de um VCSEL para 1,55 mm, fabricado


com a técnica de fusão de pastilha. (Após a Ref. [37]; ©2000 IEEE.)
Transmissores Ópticos 115

refletividade (> 99,5%), os quais são crescidos epitaxialmente nos dois lados
da região ativa para formar uma microcavidade de alto Q [34]. Cada espelho
DBR é feito com o crescimento de muitos pares de camadas alternadas de
GaAs e AlAs, cada uma com espessura de l/4, sendo l o comprimento
de onda emitido pelo VCSEL. Uma técnica de fusão de pastilha (wafer)
é, às vezes, usada para VCSELs que operam na região de comprimentos
de onda de 1,55 mm, a fim de acomodar a região ativa de InGaAsP [37].
Corrosão química ou uma técnica associada é usada para formar os discos
circulares (cada um correspondendo a um VCSEL), cujos diâmetros podem
ser variados em uma larga faixa (tipicamente, 5–20 mm). Pode-se testar
todo o arranjo bidimensional de VCSELs sem a necessidade de separar os
lasers, em função da natureza vertical da emissão de luz. Em consequência,
o custo de um VCSEL pode ser muito menor do que o de um laser com
emissão pela borda. VCSELs também exibem limiar relativamente baixo
(∼ 1 mA ou menos). A única desvantagem de VCSELs é o fato de não
serem capazes de emitir mais do que alguns poucos miliwatts de potência,
devido ao pequeno volume ativo. Por essa razão, são principalmente usados
para aplicações de comunicação de dados em rede de área local, tendo quase
substituído LEDS nessas aplicações. Os primeiros VCSELs foram projetados
para emissão nas proximidades de 0,8 mm e operavam em múltiplos modos
transversais, devido aos diâmetros relativamente grandes (∼10 mm).
Em anos recentes, a tecnologia de VCSELs avançou bastante, per-
mitindo que VCSELs sejam projetados para operação em uma larga faixa
de comprimentos de onda que se estende de 650 a 1.600 nm [41]. A apli-
cação de VCSELs nas janelas de comprimentos de onda em 1,3 e 1,55 mm
requer que operem em um único modo transversal. Por volta de 2001,
surgiram várias técnicas para o controle dos modos transversais de um
VCSEL; a mais comum é a de confinamento de óxido, em que uma cama-
da isolante de óxido de alumínio, que atua como uma apertura dielétrica,
confina a corrente e o modo óptico em uma região de diâmetro < 3 mm
(Fig. 3.11). Esses VCSELs operam em um único modo com pequena lar-
gura de linha e podem substituir lasers DFB em muitas aplicações de on-
das luminosas, desde que a baixa potência de saída desses dispositivos seja
aceitável.VCSELs são essencialmente úteis para aplicações de transferência
de dados e de rede de área local, devido ao baixo custo.VCSELs também
são bem adequados a aplicações WDM, por duas razões. A primeira se
baseia na possibilidade de fabricar arranjos bidimensionais de VCSELs,
com cada laser operando em um comprimento de onda diferente. Já a
segunda, no fato de os comprimentos de onda de um VCSEL poderem
ser sintonizados em uma larga faixa (> 50 nm) por meio da tecnologia
de sistemas microeletromecânicos (MEMS – Micro-Electro-Mechanical
System) [35].
116 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

3.3  CARACTERÍSTICAS DE LASERS


O funcionamento de lasers de semicondutor é bem descrito por um
conjunto de equações de taxa que governam a interação de fótons e elé-
trons no interior da região ativa. Nesta seção, usaremos as equações de taxa
para discutir as características de onda contínua (CW – Continuous-Wave) e
de modulação. As duas últimas subseções focam o ruído de intensidade e a
largura de banda espectral de lasers de semicondutor.

3.3.1  Características de CW
Uma dedução rigorosa das equações de taxa se inicia, em geral, com as
equações de Maxwell. As equações de taxa também podem ser escritas
heuristicamente, considerando os diversos fenômenos físicos que regulam a
variação temporal do numero de fótons, P, e de elétrons, N, no interior da
região ativa. Para um laser monomodo, essas equações assumem a forma [2]:
dP P
= GP + R sp − , (3.3.1)
dt τp
dN I N
= − − GP, (3.3.2)
dt q τc
em que a taxa líquida de emissão estimulada G é definida como:

G = Γv g g m = GN ( N − N 0 ), (3.3.3)

e Rsp é a taxa de emissão espontânea no modo do laser. Notemos que Rsp


é muito menor do que a taxa total de emissão espontânea, o que acontece
pelo fato de a emissão espontânea ocorrer em todas as direções, em uma
larga faixa espectral (40–50 nm), mas apenas uma pequena fração dela se
propagar ao longo do eixo da cavidade e ser emitida na frequência do
laser, contribuindo, portanto, para a Eq. (3.3.1). Na verdade, Rsp e G são
relacionadas por Rsp = nspG, sendo nsp o fator de emissão espontânea in-
troduzido na Seção 3.1, que é da ordem de 2 para lasers de semicondutor
[2]. A variável N nas equações de taxa representa o número de elétrons,
e não a densidade de portadores; essas duas grandezas estão relacionadas
pelo volume da região ativa V. Na Eq. (3.3.3), em que vg é a velocidade de
grupo, Γ é o fator de confinamento, e gm é o ganho material na frequência
modal. Da Eq. (3.1.4), G varia linearmente com N, na forma GN = Γvgσg/V
e N0 = NTV.
O último termo na Eq. (3.3.1) leva em consideração as perdas de fótons
no interior da cavidade. O parâmetro τp é denominado tempo de vida de fótons,
e está relacionado às perdas na cavidade acav, introduzidas na Eq. (3.1.7), como:
Transmissores Ópticos 117

τ p−1 = v g α cav = v g (α mir + α int ). (3.3.4)

Os três termos na Eq. (3.3.2) indicam as taxas de criação ou destruição de


elétrons no interior da região ativa. O tempo de vida de portadores τc inclui a
perda de elétrons por emissão espontânea e por recombinação não radiativa.
A curva P-I caracteriza as propriedades de emissão de um laser de
semicondutor, pois indica não apenas o nível de limiar, mas também a
corrente que deve ser aplicada para obter certa quantidade de potência.
A Figura 3.12 mostra as curvas P-I de um laser de InGaAsP para 1,3 mm,
para temperaturas na faixa de 10–130º C. À temperatura ambiente, o limiar
é alcançado com cerca de 20 mA; com aplicação de corrente de 100 mA, o
laser pode emitir 10 mW de potência de saída de cada faceta. O desempenho
do laser se deteriora em altas temperaturas. A corrente de limiar aumenta
exponencialmente com a temperatura, ou seja,

Figura 3.12 Curvas P-I em várias temperaturas, para um laser de heteroestrutura


enterrada para 1,3 mm.

I th (T ) = I 0 exp(T /T0 ), (3.3.5)

em que I0 é uma constante e T0, uma temperatura característica, geralmente


usada para expressar a sensibilidade de corrente de limiar em relação à tempe-
ratura. Para lasers de InGaAsP, T0 está, tipicamente, no intervalo de 50–70 K.
Em contraste, T0 ultrapassa 120 K para lasers de GaAS. Devido à sensibilidade
de lasers de InGaAsP em relação à temperatura, em geral, é necessário controlar
a temperatura dos mesmos com o uso de um resfriador termoelétrico embutido.
118 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

As equações de taxa podem ser usadas no entendimento da maior parte


das características vistas na Figura 3.12. No caso de operação em CW a uma
corrente constante, as derivadas temporais nas Eq. (3.3.1) e (3.3.2) podem ser
feitas iguais a zero. Se emissão espontânea for desprezada, tornando Rsp = 0,
a solução assume uma forma particularmente simples. Para correntes tais
que G τp < 1, P = 0 e N = τcI/q. O limiar é alcançado para um corrente
com G τp = 1. A população de portadores é, então, fixada no valor de limiar
Nth = N0 + (GNτp)–1. A corrente de limiar é dada por:

qN th q  1 
I th = =  N 0 + G τ  . (3.3.6)

τc τc N p

Para I > Ith, o número de fótons P aumenta linearmente com I, na forma

P = (τ p /q )(I −I th ). (3.3.7)

A potência emitida Pe está relacionada a P por:


1
Pe = (v gα mir )ω P . (3.3.8)
2
A dedução da Eq. (3.3.8) é intuitivamente óbvia, se observarmos que
vgamir é a taxa com que fótons de energia w escapam das duas facetas. O
fator 1/2 faz de Pe a potência emitida por cada faceta, para um laser FP com
facetas de mesma refletividade. Para lasers FP com facetas revestidas ou para
lasers DFB, a Eq. (3.3.8) deve ser modificada [2]. Usando as Eq. (3.3.4) e
(3.3.7) na Eq. (3.3.8), a potência emitida é fornecida por
ω ηintα mir
Pe = (I − I th ), (3.3.9)
2q α mir + α int

em que a eficiência quântica interna int é introduzida de modo fenome-


nológico para indicar a fração de elétrons injetados convertida em fótons
por emissão estimulada. No regime acima do limiar, int é de quase 100%,
para a maioria dos lasers de semicondutor.
Uma grandeza de interesse prático é a inclinação da curva P-I, para I >
Ith, chamada de eficiência diferencial (slope efficiency) e definida como

dPe ω ηintα mir


= ηd com ηd = . (3.3.10)
dI 2q α mir + α int

A grandeza d é denominada eficiência quântica diferencial, pois é uma medida


da eficiência com a qual a luz de saída aumenta pelo aumento da corrente
injetada. Podemos definir a eficiência quântica externa ext como
Transmissores Ópticos 119

taxa de emissão de fótons 2Pe /ω 2q Pe


ηext = = = . (3.3.11)
taxa de injeção de elétrons I /q ω I

Usando as Eq. (3.3.9) a (3.3.11), a relação entre ext e d é obtida como

ηext = ηd (1 − I th / I ). (3.3.12)

Em geral, Ext < d, mas tende à igualdade para I  Ith. Como no caso


de LEDs, podemos definir a eficiência quântica total (ou eficiência de
potência) como tot = 2Pe/(V0I), sendo V0 a tensão aplicada. Essa eficiência
está relacionada a ext por
ω Eg
ηtot = ηext ≈ ηext , (3.3.13)
qV0 qV0

em que Eg é a banda proibida de energia. Em geral, tot < ext, pois a tensão


aplicada é maior do que Eg/q. Para lasers de GaAs, d pode ultrapassar 80%,
e tot pode chegar a 50%. Lasers de InGaAsP são menos eficientes, com d
∼50% e tot ∼20%.
O aumento exponencial da corrente de limiar com a temperatura pode
ser entendido da Eq. (3.3.6). O tempo de vida de portadores τc, em geral,
depende de N, devido à recombinação de Auger, e diminui com N, na forma
N2. A taxa de recombinação de Auger aumenta exponencialmente com
a temperatura, sendo responsável pela sensibilidade de lasers de InGaASP
em relação à temperatura. A Figura 3.12 também mostra que a eficiência
diferencial diminui com o aumento da potência de saída (curvatura das
curvas P-I). Esse decréscimo pode ser atribuído ao aquecimento da junção
que ocorre na operação em CW, podendo também resultar de um aumento
nas perdas internas ou de fuga de corrente na operação em altas potências.
Apesar desses problemas, o desempenho de lasers DFB melhorou consi-
deravelmente durante a década de 1990 [18]. Lasers DFB com emissão
de > 100 mW de potência à temperatura ambiente, na janela espectral de
1,55 mm, foram fabricados por volta de 1996, usando uma configuração
de múltiplos poços quânticos tensionados (MQW – Mult-Quantum Well)
[44]. Esses lasers exibiam corrente de liminar < 10 mA a 20º C, e emitiam
∼20 mW de potência a 100º C, mantendo MSR > 40 dB. Em 2003, lasers
DFB capazes de entregar mais de 200 mW de potência, com estabilidade
de comprimento de onda < 3 pm, tornaram-se disponíveis [45].

3.3.2  Largura de Banda de Modulação


A potência de saída de um laser DFB pode ser modulada diretamente, se
a corrente aplicada variar no tempo. A questão é o quão rápido a corrente
pode ser modulada sem que o laser deixe de responder às variações de
120 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

corrente. A resposta de modulação de lasers de semicondutor é estudada por


meio da solução das equações de taxa (3.3.1) e (3.3.2) para uma corrente
variante no tempo da forma

I (t ) = Ib + I m f p(t ), (3.3.14)

em que Ib é a corrente de polarização, Im é a corrente e fp(t) representa a


forma do pulso de corrente. Duas mudanças se fazem necessárias para uma
descrição realista. Primeira, a Eq. (3.3.3) para o ganho G deve ser modificada
como [2]

G = GN ( N − N 0 )(1 − ε NL P ), (3.3.15)

sendo εNL um parâmetro não linear que leva a uma pequena redução de G
à medida que P aumenta. O mecanismo físico responsável por essa redução
pode ser atribuído a vários fenômenos, como depleção espacial de lacunas
(spatial hole burning), depleção espectral de lacunas (spectral hole burning),
aquecimento de portadores (carrier heating) e absorção de dois fótons (two-
-photon absorption) [46]–[49].Valores típicos de εNL são ∼10–7. A Eq. (3.3.15)
é válida para εNLP  1. Quando a potência do laser for muito maior do que
10 mW, o fator 1 − εNLP deve ser substituído por (1 + P/Ps)−b, em que Ps é
um parâmetro material. O expoente b é igual a {1/2} para depleção espacial
de lacuna [47], mas pode variar no intervalo 0,2–1, devido à contribuição de
aquecimento de portadores [49].
A segunda modificação está relacionada a uma importante propriedade
de lasers de semicondutor: sempre que o ganho óptico é alterado em con-
sequência de variação na população de portadores N, o índice de refração
também se altera. Do ponto de vista físico, modulação de amplitude em lasers
de semicondutor sempre é acompanhada de modulação de fase, em função
de variações no índice modal n induzidas por portadores. Modulação de
fase pode ser incluída com a equação [2]:

dφ 1  1 
= β c GN ( N − N 0 ) − , (3.3.16)

dt 2  τp 

sendo bc o parâmetro de acoplamento amplitude-fase, comumente denomi-


nado fator de melhora de largura de linha, pois leva à melhoria da largura espec-
tral associada a um único modo longitudinal.Valores típicos de bc para lasers
de InGaAsP estão no intervalo de 4–8, dependendo do comprimento de
onda de operação [50].Valores mais baixos de bc ocorrem em lasers MQW,
especialmente para poços quânticos tensionados [3].
Em geral, a natureza não linear das equações de taxa requer que sejam
resolvidas numericamente. Uma solução analítica útil pode ser obtida para
Transmissores Ópticos 121

o caso de modulação de pequeno sinal, na qual o laser é polarizado acima


do limiar (Ib > Ith) e modulado de forma que Im  Ib – Ith. Nesse caso, as
equações de taxa podem ser linearizadas e resolvidas analiticamente com
uso da técnica da transformada de Fourier, para uma forma arbitrária de
fp(t). Pode-se obter a largura de banda de modulação de pequeno sinal
considerando a resposta de lasers de semicondutor à modulação senoidal na
frequência wm, tal que fp(t) = sin(wmt). A saída do laser também é modulada
senoidalmente. A solução geral das Eq. (3.3.1) e (3.3.2) é dada por

P (t ) = Pb + |pm|sin(ω mt + θ m ), (3.3.17)

N (t ) = N b + |nm|sin(ω mt + ψ m ), (3.3.18)
sendo Pb e Nb valores de estado estacionário, à corrente de polarização Ib;
|pm| e |nm| são pequenas variações que ocorrem por causa de modulação da
corrente; θm e ψm governam o atraso de fase associado à modulação de pequeno
sinal. Em particular, pm ≡ |pm|exp(iθm) é fornecido por [2]:

PbGN I m /q
pm (ω m ) = , (3.3.19)
(ΩR + ω m − i Γ R )(ΩR − ω m + i Γ R )

em que

ΩR = [GGN Pb − ( Γ P − Γ N )2 /4]1/2 , Γ R = ( Γ P + Γ N )/2, (3.3.20)

Γ P = R sp /Pb + ε NLGPb , Γ N = τ c−1 + GN Pb . (3.3.21)


ΩR e ΓR são a frequência e a taxa de amortecimento das oscilações de
relaxação, respectivamente. Esses dois parâmetros desempenham um impor-
tante papel na regulação da resposta dinâmica de lasers de semicondutor.
Em particular, a eficiência é reduzida quando a frequência de modulação é
muito maior do que ΩR.
É comum introduzir uma função de transferência de potência como

pm (ω m ) Ω2R + Γ 2R
H (ω m ) = = . (3.3.22)
pm (0) (ΩR + ω m − i Γ R )(ΩR − ω m + i Γ R )

A resposta de modulação é plana [H(w) ≈ 1] para frequências wm  ΩR,


máxima para wm = ΩR, e cai rapidamente para wm  ΩR. Essas caracterís-
ticas são observadas experimentalmente para todos os lasers de semicondutor
[51]–[55]. A Figura 3.13 mostra a resposta de modulação de um laser DFB
para 1,55 mm, em vários níveis de polarização [54]. A largura de banda de
modulação de 3 dB, f3dB, é definida como a frequência em que |H(wm)|
é reduzido de 3 dB (por um fator de 2), em relação ao valor de corrente
contínua (CC). A Eq. (3.3.22) fornece a seguinte expressão analítica para f3dB:
122 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

Figura 3.13  Respostas de modulação medida (linhas cheias) e ajustada (linhas traceja-
das) de um laser DFB de 1,55 mm em função da frequência de modulação, para vários
níveis de polarização. (Após a Ref. [54]; ©1997 IEEE.)

1 1/2
f 3 dB = Ω2R − Γ 2R + 2(Ω4R + Ω2R Γ 2R + Γ 4R )1/2  .
2π (3.3.23)

Para a maioria dos lasers, ΓR  ΩR, e f3dB pode ser aproximada por
1/2 1/2
3ΩR  3GN Pb   3G 
f 3 dB ≈ ≈ =  2N (I b − I th ) ,
2π  4π τ p   4π q
2
 (3.3.24)

em que, na Eq. (3.3.21), ΩR foi aproximada por (GGNPb)1/2, e G foi subs-


tituído por 1/τp, pois o ganho iguala a perda no regime acima do limiar. A
última expressão foi obtida usando a Eq. (3.3.7) no nível de polarização.
A Eq. (3.3.24) fornece uma expressão extremamente simples para a
largura de banda de modulação, e mostra que f3dB se eleva com o aumento
do nível de polarização na forma Pb ou (Ib − Ith)1/2.Tal dependência com
a raiz quadrada foi verificada em muitos lasers DFB que exibiam largura
de banda de modulação de até 30 GHz [51]–[54]. A Figura 3.13 mostra,
para um laser DFB, que f3dB pode ser aumentada para 24 GHz, polarizando
o laser em 80 mA [54]. Uma largura de banda de modulação de 25 GHz
foi realizada em 1994 para um laser de InGaAsP encapsulado de 1,55 mm,
especialmente projetado para resposta de alta velocidade [52]. A técnica de
travamento por injeção (injection-locking) é, às vezes, usada para melhorar a
resposta de modulação de lasers DFB [56].

3.3.3  Ruído de Intensidade Relativa


A saída de um laser de semicondutor exibe flutuações em intensidade, fase
e frequência, mesmo quando o laser é polarizado por corrente constante,
Transmissores Ópticos 123

com flutuações de corrente desprezíveis. Os dois mecanismos fundamentais


de ruído são emissão espontânea e recombinação elétron-lacuna (ruído de
disparo ou balístico). Em lasers de semicondutor, o ruído é dominado por
emissão espontânea. Cada fóton emitido de modo espontâneo adiciona
ao campo coerente (estabelecido por emissão estimulada) um pequeno
componente cuja fase é aleatória, perturbando amplitude e fase de modo
aleatório. Ademais, tais eventos de emissão espontânea ocorrem aleatoria-
mente a uma alta taxa (∼1012 s−1), devido ao relativamente grande valor de
Rsp em lasers de semicondutor. O resultado líquido é que a intensidade e a
fase da luz emitida exibem flutuações em uma escala de tempo da ordem
de 100 ps. Flutuações de intensidade levam a uma limitada relação sinal-ruído
(SNR − Signal-to-Noise Ratio), enquanto flutuações de fase levam a uma
largura de linha espectral finita, quando lasers de semicondutor são operados
em corrente constante. Como tais flutuações podem afetar o desempenho
de sistemas de ondas luminosas, é importante estimar a magnitude delas [57].
As equações de taxa podem ser usadas para estudar o ruído em lasers, por
meio da adição de um termo de ruído, conhecido como força de Langevin, a
cada uma [58]. As Eq. (3.3.1), (3.3.2) e (3.3.16) são reescritas como:

dP  1 (3.3.25)
=  G −  P + R sp + FP (t ),

dt  τp 
dN I N
= − − GP + FN (t ), (3.3.26)
dt q τc

dφ 1  1
= βc GN ( N − N 0 ) −  + Fφ (t ), (3.3.27)

dt 2  τp 

sendo Fp(t), FN(t) e Fφ (t) as forças de Langevin, tomadas como processos


aleatórios gaussianos com média zero e função de correlação da forma
(aproximação markoviana):

Fi (t )F j (t ') = 2Dijδ (t − t '), (3.3.28)



em que i, j = P, N ou φ , os colchetes angulares denotam média de
ensemble, e Dij é denominado coeficiente de difusão. A contribuição do­
minante ao ruído no laser advém de apenas dois coeficientes de difusão
DPP = RspP e Dφφ = Rsp/4P; os outros podem ser assumidos como quase
iguais a zero [59].
A função de autocorrelação de intensidade é definida como

C pp (τ ) = δ P (t )δ P (t + τ ) / P 2 , (3.3.29)
124 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

sendo P ≡ P o valor médio e dP = P−P a representação de uma


pequena flutuação. A transformada de Fourier de CPP(τ) é conhecida como
espectro do ruído de intensidade relativa (RIN − Relative-Intensity-Noise),
sendo dada por


RIN(ω ) = ∫
−∞
C pp (τ )exp( −iω t ) dt. (3.3.30)

O ruído RIN pode ser calculado a partir da linearização das Eq. (3.3.25)
e (3.3.26) em dP e dN, solução das equações linearizadas no domínio da
frequência e cálculo da média com a ajuda da Eq. (4.4.28), sendo fornecido
aproximadamente por [2]:

2R sp {( Γ N2 + ω 2 ) + GN P [GN P (1 + N / τ c R spP ) − 2Γ N ]}
RIN(ω ) = ,
P [(ΩR − ω )2 + Γ 2R ][(ΩR + ω )2 + Γ 2R ] (3.3.31)

em que ΩR e ΓR são a frequência e a taxa de amortecimento das oscilações de


relaxação, respectivamente, dadas pela Eq. (3.3.21), com Pb substituído por P.
A Figura 3.14 mostra o espectro de RIN calculado para diferentes níveis
de potência, para um típico laser de InGaAsP para 1,55 mm. O ruído RIN
aumenta consideravelmente nas proximidades da frequência da oscilação de
relaxação ΩR, e decai com rapidez para w  ΩR, pois o laser não é capaz
de responder a flutuações em frequências tão elevadas. Essencialmente, para

Figura 3.14  Espectro de RIN em vários níveis de potência, para um típico laser de
semicondutor para 1,55 mm.
Transmissores Ópticos 125

flutuações de emissão espontânea, o laser de semicondutor age como um


filtro passa-faixa de largura de banda ΩR. Em uma dada frequência, o ruído
RIN diminui com o aumento na potência do laser na forma P−3, em baixas
potências; esse comportamento passa a uma dependência na forma P−1, em
altas potências.
A função de autocorrelação CPP(τ ) é calculada usando as Eq. (3.3.30)
e (3.3.31). O cálculo mostra que CPP(τ ) segue oscilações de relaxação e
tende a zero para τ > Γ −R1 [60]. Esse comportamento indica que flutuações
de intensidade não permanecem correlatadas por tempos maiores do que o
tempo de amortecimento das oscilações de relaxação. A grandeza de interesse
prático é a SNR definida como P/σ p, em que σp é a raiz do valor médio
quadrático do ruído, ou ruído RMS. Da Eq. (3.3.29), SNR = [Cpp(0)]−1/2.
Em níveis de potência acima de poucos miliwatts, a SNR ultrapassa 20 dB
e melhora linearmente com a potência:
1/2
 ε 
SNR =  NL  P. (3.3.32)
 R spτ p 

A presença de εNL indica que a forma não linear do ganho na Eq. (3.3.15)
possui papel crucial. Essa forma deve ser modificada em altas potências. De
fato, um tratamento mais preciso mostra que acaba ocorrendo saturação
da SNR em um valor da ordem de 30 dB, tornando-se independente da
potência [60].
Até aqui, assumimos que o laser oscila em um único modo longitudinal.
Na prática, mesmo lasers DFB são acompanhados de um ou mais modos
laterais. Embora, com base na potência média, modos laterais permaneçam
suprimidos por mais de 20 dB, sua presença pode afetar o RIN consi­
deravelmente. Em particular, os modos principal e laterais podem flutuar
de tal forma que, individualmente, os modos exibam grandes flutuações de
intensidade, mas a intensidade total permanece relativamente constante.
Esse fenômeno é denominado ruído de partição modal (MPN – Mode-Partition
Noise) e ocorre em função de uma correlação entre os modos principal e
laterais [2]. Tal ruído se manifesta por aumento de 20 dB ou mais do RIN
para o modo principal, na faixa de baixa frequência de 0–1 GHz; o valor
exato do fator de aumento depende da MSR [61]. No caso de um VCSEL,
o MPN envolve dois modos transversais [62]. Na ausência da dispersão da
fibra, MPN seria inócuo para sistemas de comunicação óptica, pois todos
os modos permaneceriam sincronizados durante transmissão e detecção.
Contudo, na prática, os modos não chegam de modo simultâneo ao receptor,
pois viajam a velocidades ligeiramente diferentes. Tal assincronismo não
apenas degrada a SNR do sinal recebido, mas também leva à interferência
entre símbolos.
126 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

3.3.4  Largura de Linha Espectral


O espectro da luz emitida está relacionado à função de autocorrelação
de campo ΓEE(τ ) por uma relação de transformada de Fourier similar à
Eq. (3.3.30), ou seja:


S(ω ) = ∫ −∞
ΓEE (t )exp[ −i(ω − ω 0 )τ ]dτ , (3.3.33)

em que ΓEE(t) =  E * (t ) E (t + τ ) , e E (t ) = P exp (iφ ) é o campo óptico.


Se flutuações de intensidade forem desprezadas, ΓEE(t) é fornecido por:

ΓEE (t ) = 〈exp[i ∆φ(t )]〉 = exp[ −〈∆φ 2 (τ )〉/2], (3.3.34)

sendo a flutuação de fase ∆ φ (τ )= φ (t + τ) - φ (t) tomada como um proces-


so aleatório gaussiano. Pode-se calcular a variância da fase ∆φ 2 (τ ) por
meio da linearização das Eq. (3.3.25) a (3.3.27), e da solução do resultante
conjunto de equações. O resultado é [59]:

R sp  β c2b 
〈∆φ 2 (τ )〉 = (1 + β c2b )τ + [cos(3δ ) − e − Γ R τ cos(ΩRτ − 3δ )] ,
2P  2Γ R cosδ 
em que (3.3.35)

b = Ω R /(Ω 2R + Γ R2 )1/2 e δ = tan −1( Γ R / ΩR ). (3.3.36)

O espectro é obtido usando as Eq. (3.3.33) a (3.3.35), e consiste em


um pico central dominante em w0 e múltiplos picos laterais localiza-
dos em w = w 0 ± mΩ R, sendo m um inteiro. A amplitude dos picos
laterais é tipicamente menor do que 1% da amplitude do pico cen-
tral. A origem física dos picos laterais está relacionada às oscilações
de relaxação, que são responsáveis pelo termo proporcional a b na
Eq. (3.3.35). Se esse termo for desprezado, a função de autocorrelação
ΓEE(τ) decai exponencialmente com τ. A integral na Eq. (3.3.33) pode,
então, ser efetuada de modo analítico, resultando em um espectro
lorentziano. A largura de linha espectral é definida como largura com-
pleta à meia altura (FWHM) dessa linha lorentziana, sendo determinada
por [59]:

∆ν = R sp (1 + β c2 )/(4π P ), (3.3.37)

em que b = 1 foi assumido, pois, em condições típicas de operação, ΓR


 ΩR. A largura de linha é aumentada por um fator 1 +  β c2 em conse-
quência do acoplamento amplitude-fase governado por bc na Eq. (3.3.27);
por essa razão, bc é denominado fator de aumento da largura de linha.
Transmissores Ópticos 127

−1
A Eq. (3.3.37) mostra que ∆ν deve decair com P , à medida que au-
menta a potência do laser. Essa dependência inversa é observada experi-
mentalmente em baixos níveis de potência (< 10 mW) na maioria dos
lasers de semicondutor. Contudo, em níveis de potência acima de 10 mW,
observa-se, com frequência, que a largura de linha satura em um valor na
faixa de 1–10 MHz. A Figura 3.15 mostra tal comportamento de saturação
da largura de linha para vários lasers DFB para 1,55 mm [63]. A figura
também mostra que a largura de linha pode ser consideravelmente reduzida
com o emprego de uma configuração de MQW para o laser DFB. A redução
é devido ao menor valor do parâmetro bc realizado com essa configuração.

Figura 3.15  Largura de linha medida em função da potência emitida, para vários lasers
DFB para 1,55 mm. A camada ativa possui espessura de 100 nm no laser maciço e de
10 nm nos lasers de MQW. (Após a Ref. [63]; ©1991 IEEE.)

A largura de linha também pode ser reduzida com o aumento do com-


primento da cavidade L, pois, a uma dada potência de saída, Rsp diminui
e P aumenta com a elevação de L. Embora não fique evidente na Eq. (3.3.37),
pode ser mostrado que ∆ν varia com L−2, quando a dependência de Rsp e
P em relação ao comprimento é incorporada. Como visto na Figura 3.15,
∆ν é reduzido por um fator de 4 quando o comprimento da cavidade é
dobrado. O laser DFB de MQW com 800 mm de comprimento exibe
uma largura de linha de apenas 270 kHZ, a uma potência de saída de
13,5 mW [63]. A largura de linha é ainda mais reduzida em lasers de MQW
tensionado, em função dos relativamente pequenos valores de bc; larguras
de linhas da ordem de 100 kHz foram medidas em lasers com bc ≈ 1 [70].
128 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

Contudo, devemos ressaltar que, para operação em um nível de potência de


100 mW, a largura de linha da maioria dos lasers DFB está, tipicamente, na
faixa de 5−10 MHz. A Figura 3.15 mostra que, à medida que a potência do
laser aumenta, a largura de linha não apenas satura, mas também começa a
aumentar.Vários mecanismos, como flutuações de corrente, ruído 1/f, ganho
não linear e alterações de índice, assim como interação com modos laterais
fracos, têm sido invocados para explicar a saturação. A largura de linha da
maioria dos lasers DFB é suficientemente pequena para não ser um fator
limitante para sistemas de ondas luminosas.

3.4  GERAÇÃO DO SINAL ÓPTICO


O primeiro passo no projeto de um sistema de comunicação óptica
consiste na decisão de como os dados elétricos serão convertidos em um
sinal óptico com a mesma informação. Os dados elétricos originais podem
estar na forma analógica, mas são invariavelmente convertidos em uma
sequência de bits digitais (no formato RZ ou NRZ), que consiste em uma
sequência pseudoaleatória de bits 0 e 1. Duas técnicas, conhecidas como
(a) modulação direta e (b) modulação externa, podem ser usadas para gerar a
correspondente sequência de bits ópticos. Ambas são discutidas nesta seção.

3.4.1  Modulação Direta


No caso de modulação direta, o próprio laser é polarizado próximo ao limiar
e excitado pela sequência de bits elétricos, que aumenta consideravelmente
a corrente aplicada acima do limiar do laser a fim de criar pulsos ópticos que
representam bits digitais (a chamada modulação de grandes sinais). A ques-
tão importante é quão bem o pulso óptico imita a forma do pulso elétrico.
Para responder a essa questão, as duas equações de taxa, Eq. (3.3.1) e (3.3.2),
devem ser resolvidas numericamente com I(t) = Ib + Imfp(t), em que fp(t)
representa a forma dos pulsos elétricos. A Figura 3.16 mostra, como exem-
plo, a forma do pulso óptico emitido por um laser polarizado com Ib = Ith
e modulado a 10 Gb/s por pulsos de corrente retangulares com duração
de 100 ps e amplitude Im = 3Ith. O pulso óptico não tem frente nem cauda
abruptas, devido a uma limitada largura de banda de modulação do laser. O
pulso óptico também é consideravelmente atrasado, pois é necessário um
tempo para que a potência óptica se acumule, a partir de valores iniciais
desprezíveis. Embora o resultante pulso óptico não seja uma réplica exata
do pulso elétrico aplicado, suas forma e largura finais são bastante adequadas
para permitirem que lasers de semicondutor sejam usados para modulação
direta em 10 Gb/s.
Como discutido na Seção 3.3.2, modulação de amplitude em lasers de
semicondutor é acompanhada por modulação em fase; variações temporais
Transmissores Ópticos 129

Figura 3.16  Resposta de modulação estimulada de um laser de semicondutor a pulsos


de corrente retangulares de 100 ps (curva tracejada). A curva inferior mostra o chirp de
frequência imposto ao pulso (bc = 5).

de fase podem ser estudadas com a solução da Eq. (3.3.16). Uma fase variante
no tempo equivale a mudanças transientes na frequência modal, em relação
ao valor de estado estacionário ν0. Um pulso desse tipo é denominado pulso
com chirp. O chirp de frequência dν(t) é obtido da Eq. (3.3.16) como:

1 dφ β c  1
δν (t ) = = GN ( N − N 0 ) −  . (3.4.1)
2π dt 4π  τp 

A curva inferior na Figura 3.16 mostra o chirp de frequência ao longo do
pulso óptico. A frequência modal sofre, primeiro, um deslocamento em
direção ao lado azul − nas proximidades da frente do pulso – e, depois, na
direção ao lado vermelho – nas proximidades da cauda do pulso [64]. Tal
deslocamento de frequência implica que o espectro do pulso seja conside-
ravelmente mais largo do que o esperado na ausência do chirp de frequência,
uma característica que degrada o desempenho de sistemas em função de
excessivo alargamento de pulsos ópticos durante a transmissão por um
enlace de fibra.
Como o chirp de frequência é, muitas vezes, um fator limitante para
sistemas de ondas luminosas que operam próximos de 1,55 mm, vários
130 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

métodos têm sido usados para reduzir sua magnitude [66]–[70], os quais
incluem ajuste da forma do pulso, travamento por injeção (injection-locking)
e esquemas de cavidades acopladas. Uma forma direta de reduzir o chirp
de frequência consiste em projetar lasers de semicondutor com pequenos
valores do fator de aumento de largura de linha bc. O emprego de poços
quânticos ou pontos quânticos reduz bc por um fator da ordem de 2. Re-
dução adicional ocorre para poços quânticos tensionados [69]. De fato,
bc ≈ 1 foi medido em lasers de MQW tensionado com dopagem modulada
[70]. Tais lasers exibem baixo chirp em modulação direta.

3.4.2  Modulação Externa


A taxas de 5 Gb/s ou mais, o chirp de frequência imposto pela modulação
direta se torna tão grande que modulação direta raramente é empregada.
Para transmissores de alta velocidade, o laser é polarizado em corrente cons-
tante, produzindo uma saída CW; posiciona-se um modulador óptico junto
ao laser para converter a luz CW em um trem de pulsos com a codificação
dos dados, no correto formato de modulação.
Dois tipos de moduladores ópticos desenvolvidos para aplicações de sis-
temas de ondas luminosas são mostrados na Figura 3.17. Uma importante
classe de moduladores ópticos faz uso do efeito eletro-óptico em guias de
onda de LiNbO3, de forma que o índice modal efetivo mude em resposta
a uma tensão aplicada ao guia [71]. Esse simples dispositivo modula a fase
da luz que o atravessa, além de ser útil como modulador de fase. Para
construir um modulador de intensidade, a modulação de fase é conver-
tida em modulação de amplitude com a ajuda de um interferômetro de
Mach-Zender (MZ) [72]–[76]. Dois guias de onda de LiNbO3 com difusão

Figura 3.17  Dois tipos de moduladores externos: (a) modulador de LiNbO3 em confi-
guração de Mach-Zender; (b) modulador de semicondutor baseado em eletroabsorção.
Transmissores Ópticos 131

de titânio formam os dois braços de um interferômetro MZ (Fig. 3.17).


Na ausência de uma tensão externa, os campos ópticos nos dois braços do
interferômetro MZ sofrem idênticos deslocamentos de fase e interferem
construtivamente. O deslocamento de fase adicional introduzido em um
dos braços por variações de índice induzidas por tensão destrói a natureza
construtiva da interferência e reduz a intensidade transmitida. Em particular,
nenhuma luz é transmitida quando a diferença de fase entre os dois braços
é igual a π, devido à interferência destrutiva que ocorre nesse caso. Assim,
a sequência de bits elétricos aplicada ao modulador produz uma réplica
óptica da sequência de bits.
Um modulador de LiNbO3 raramente é usado em sistemas de ondas
luminosos ASK, que simplesmente ligam e desligam a luz a fim de codificar
a informação, em função da considerável perda de inserção que ocorre
invariavelmente quando luz CW do laser é acoplada no guia de onda de
LiNbO3 no interior do modulador externo. O modulador de eletroabsorção
(MEA) mostrado na Figura 3.17 resolve o problema, pois é feito do mesmo
material InP usado para fabricar o laser, e os dois dispositivos podem ser
integrados em um mesmo substrato de InP [77]–[90].
Um MEA faz uso do efeito Franz-Keldysh, pelo qual a banda proi-
bida de um semicondutor diminui sob aplicação de um campo elétrico.
Assim, uma camada transparente de semicondutor começa a absorver luz
quando sua banda proibida é reduzida eletronicamente por aplicação de uma
tensão externa. Uma razão de extinção de 15 dB ou mais pode ser realizada
com polarização reversa de alguns volts, a taxas de bits de até 40 Gb/s.
Embora algum chirp ainda seja imposto aos pulsos codificados, o chirp pode
ser feito suficientemente pequeno para não afetar o desempenho do sistema.
Uma vantagem de MEAs é serem feitos do mesmo material semi-
condutor usado para o laser, permitindo integrar os dois dispositivos com
facilidade em um mesmo chip.Transmissão com baixo chirp a taxas de 5 Gb/s
foi demonstrada em 1994, por meio da integração de um MEA com um
laser DBR [78]. Em 1999, transmissores ópticos de 10 Gb/s com MEA in-
tegrado eram disponíveis comercialmente, e foram usados de modo rotineiro
em sistemas de ondas luminosas WDM [83]. Em 2001, tais moduladores
integrados podiam ser operados a taxas de bits de 40 Gb/s [83], e esses
dispositivos passaram a ser comercializados logo após [90]. Ademais, MEAs
exibem potencial de operação a taxas de bits de até 100 Gb/s [82].
A Figura 3.18 mostra, esquematicamente, o conceito básico de laser
DFB integrado com modulador. O laser DFB à esquerda provê o sinal CW
em um comprimento de onda fixo (determinado pela grade de difração),
que é modulado pelo MAE à direita. A seção intermediária é projetada
para isolar os dois dispositivos eletricamente, mantendo as perdas em um
mínimo. Recobrem-se as facetas do dispositivo completo de forma que a
132 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

faceta esquerda tenha alta refletividade (> 90%), e a faceta direita, a menor
refletividade possível (< 1%).
A fabricação de lasers integrados com moduladores requer atenção a
muitos detalhes. Em geral, as camadas ativas do laser e as seções do modu-
lador devem ser feitas usando diferentes compostos, com diferentes bandas
proibidas, de forma que sejam otimizados para cada dispositivo de modo
separado. Duas abordagens distintas são adotadas para esse propósito. Em
um esquema, os guias de onda para o laser e modulador são unidos pelas
extremidades por meio de etapas de crescimento epitaxial separadas para
cada um. Primeiro, as camadas são crescidas para um dispositivo, digamos, o
laser. A seguir, uma máscara é usada para remover as camadas epitaxiais da
região do modulador, e novas camadas são crescidas. Embora essa abordagem
ofereça máxima flexibilidade para otimização separada de cada dispositivo,
o alinhamento vertical das camadas nas duas seções é relativamente difícil
e afeta o resultado. Na técnica de crescimento com seleção de área, muito
mais simples, os dois dispositivos (laser e modulador) são formados em um
único crescimento epitaxial, mas as placas de óxido posicionadas na pas-
tilha antes do crescimento permitem que o comprimento de onda do laser
seja deslocado em direção ao lado vermelho por mais de 100 nm. O des-
locamento de comprimento de onda resulta de uma modificação do com-
primento de onda de Bragg da grade de difração do laser, em decorrência
de mudanças no índice modal efetivo induzidas pelas placas de óxido. Essa
técnica é comumente usada na prática para fabricação de lasers integrados
com moduladores.
O desempenho de lasers DFB integrados com moduladores é limitado
por interferências óptica e elétrica entre as seções do laser e do modulador.
Tipicamente, a separação entre os contatos elétricos usados para os dois
dispositivos é menor do que 0,2 mm. Qualquer fuga do contato do modu-
lador para o contato do laser pode modificar a polarização CC do laser de
forma periódica. Tais indesejadas variações de corrente do laser deslocam
o comprimento de onda do laser e produzem chirp de frequência, pois a
frequência do laser varia com o tempo. Como esta pode se deslocar por
mais de 200 MHz/mA, a seção intermediária deve prover isolação de impe-
dância de 800 Ω ou mais [9]. Embora valores dessa ordem sejam realizados
com facilidade, é difícil alcançar esse nível de isolação em frequências de
micro-ondas próximas de 40 GHz. Em uma abordagem, a eficiência de FM
do laser é controlada com a redução do parâmetro de chirp bc para o laser.
A interferência óptica entre o laser e o modulador advém da refletividade
residual da faceta de saída (Fig. 3.18), a qual é vista pelo laser somente
quando o modulador está ligado, pois, no estado desligado, a luz do laser é
totalmente absorvida pelo modulador antes de alcançar a faceta de saída.
Em consequência, o ganho do laser e, portanto, o comprimento de onda
Transmissores Ópticos 133

Figura 3.18  Ilustração esquemática de um laser DFB integrado com modulador. O laser
DFB à esquerda fornece uma luz CW que é modulada pelo MEA à direita. A seção interme-
diária é projetada de modo a isolar os dois dispositivos eletricamente com perdas mínimas.

de emissão são ligeiramente diferentes durante cada ciclo ligado-desligado


do modulador. Essa é uma adicional fonte de chirp de frequência, que pode
ser praticamente eliminada se a faceta frontal tiver refletividade residual de
menos de 0,01%. Contudo, na prática, é difícil realizar revestimento antirre-
flexo de qualidade tão alta.
Em geral, o chirp de frequência associado às seções do laser e do modu-
lador é um fator limitante para lasers DFB integrados com moduladores.
Tipicamente, o parâmetro de chirp bc é maior do que 2 no estado ligado e
vai abaixo de −2 no estado desligado, quando tensão reversa da ordem de
3 V é aplicada. Em uma nova abordagem, o chirp foi reduzido projetando
os poços quânticos do modulador para que fossem relativamente rasos [84].
De modo mais específico, a diferença entre as bandas proibidas das camadas
de barreira e de poços quânticos foi reduzida de 0,2 para algo próximo de
0,1 eV. Os valores medidos de bc estiveram abaixo de 0,7 para esses dis-
positivos, em toda a faixa de 0–3 V de polarização reversa, resultando em
desempenho melhorado quando o dispositivo foi usado em um sistema de
onda luminosa operando em 10 Gb/s. Do ponto de vista físico, o chirp
de frequência é devido a mudanças no índice de refração em decorrência
do acúmulo de elétrons e lacunas no interior dos poços quânticos. Como
o tempo de escape de portadores é consideravelmente reduzido em poços
quânticos rasos, a densidade de portadores não atinge valores elevados,
resultando, assim, em menor chirp.
A integração de lasers DBR e MEA oferece certas vantagens e tem
sido explorada para a realização de fontes ópticas sintonizáveis. Em um
experimento de 2002, um laser DBR de quatro seções fabricado com uma
grade de difração amostrada foi integrado com um modulador e um am-
plificador [85], resultando na estrutura de seis seções ilustrada na Figura 3.19.
Esse dispositivo integrado monoliticamente foi sintonizado em 40 nm,
mantendo uma razão de extinção melhor do que 10 dB [85]. Desde então,
alcançou-se considerável progresso na fabricação de transceptores com larga
134 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

Figura 3.19  Representação esquemática de um laser DFB integrado com um MEA e


um amplificador. Os DBRs frontal e posterior foram projetados como grades de difração
amostradas (SG – Sampled Grating) para aumentar o intervalo de sintonia do laser. (Após
a Ref. [85]; ©2002 IEEE.)

faixa de sintonia e capazes de operar em taxas de bits de até 40 Gb/s [87].


Tais dispositivos integram um receptor óptico com o transmissor laser em
um mesmo chip, podendo ser usados em uma faixa de comprimentos de
onda que cobre toda a banda C.
Algumas aplicações requerem um transmissor capaz de emitir um trem
de pulsos a altas taxas de repetição, de modo que um pulso óptico curto
esteja presente em cada bit slot. Exemplos dessas aplicações incluem multi-
plexação por divisão do domínio do tempo em sistemas WDM projetados
com avançados formatos de modulação (Cap. 10). Um modulador MEA
pode ser usado para gerar pulsos ópticos curtos para essas aplicações. Nesse
caso, o MEA atua como absorvedor saturado e é empregado para realizar
travamento de modo (mode locking) dos lasers de semicondutor. Em 1993,
para gerar um trem de pulsos de 20 GHz, foi empregado um laser DFB
integrado monoliticamente com um modulador de MQW [77]. Os pulsos
de saída de 7 ps eram quase limitados por transformada, devido a um ex-
tremamente baixo chirp associado ao modulador. Um trem de 40 GHz de
pulsos de 1,6 ps foi produzido em 1999 usando um MEA [80]. Em 2007,
lasers de semicondutor monolíticos com travamento de modo eram
­disponíveis em forma encapsulada [88].

3.5  DIODOS EMISSORES DE LUZ


Em algumas redes de área local, não há necessidade de fonte coerente,
sendo possível o emprego de um diodo emissor de luz (LED – Light-Emitting
Diode), uma fonte óptica mais barata e de maior durabilidade, com espectro
óptico relativamente largo [93]. A estrutura básica de um LED é similar à
de um laser de semicondutor, no sentido de que ambas empregam uma
camada ativa posicionada entre duas camadas de casca e são bombeadas por
Transmissores Ópticos 135

meio de uma junção p-n polarizada diretamente. A principal diferença é que


emissão estimulada não ocorre, pois não se realiza inversão de população. Em
vez disso, recombinação radiativa de pares elétrons-lacunas na camada ativa
gera luz por emissão espontânea, uma parcela da qual escapa do dispositivo
e pode ser acoplada a uma fibra óptica. A luz emitida é incoerente, com
uma largura espectral relativamente grande (30–60 nm)e um espalhamento
angular também relativamente grande.

3.5.1  Características de CW
É fácil estimar a potência interna gerada por emissão espontânea. A uma dada
corrente I, a taxa de injeção de portadores é I/q. No estado estacionário, a
taxa de recombinação de pares elétrons-lacunas por processos radiativos e
não radiativos é igual à taxa de injeção de portadores I/q. Como a eficiência
quântica interna int determina a fração de pares elétrons-lacunas que se
recombinam por emissão espontânea, a taxa de geração de fótons é simples-
mente intI/q. A potência óptica interna é, portanto, dada por

Pint = ηint ( ω /q )I , (3.5.1)

sendo w a energia do fóton, assumida como praticamente a mesma para


todos os fótons. Seja ext a fração de fótons que escapa do dispositivo, a
potência emitida é, então, fornecida por:

Pe = ηext Pint = ηextηint ( ω /q )I . (3.5.2)

A grandeza ext é denominada eficiência quântica externa, e pode ser calculada


levando em consideração absorção interna e reflexão interna total na interface
semicondutor-ar. Como visto na Figura 3.20, somente luz emitida em um

Figura 3.20  Reflexão interna total na faceta de saída de um LED. Somente luz emitida em um
cone de ângulo uc é transmitida, sendo uc o ângulo crítico para a interface semicondutor-ar.
136 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

cone de ângulo θc – sendo θc = sin–1(1/n) o ângulo critico e n, o índice de


refração do material semicondutor – escapa da superfície do LED. Absorção
interna pode ser evitada com o emprego de LEDs de heteroestrutura, em
que as camadas de casca que envolvem a camada ativa são transparentes à
radiação gerada. A eficiência quântica externa pode ser escrita como:
1 θc


ηext =
4π ∫ 0
T f (θ )(2π sinθ ) dθ , (3.5.3)

em que assumimos que a radiação é emitida uniformemente em todas


as direções, em um ângulo sólido de 4π. A transmitância de Fresnel Tf
depende do ângulo de incidência u. No caso de incidência normal (u = 0),
Tf(0) = 4n/(n + 1)2. Se, por simplicidade, substituirmos Tf(u) por Tf(0) na
Eq. (3.5.3), ext fica dada aproximadamente por:

ηext = n −1(n + 1)−2 . (3.5.4)

Usando a Eq. (3.5.4) na Eq. (3.5.2), obtemos a potência emitida por uma
faceta. Se usarmos n = 3 como valor típico, ext = 1,4%, indicando que
apenas uma pequena fração da potência interna se torna potência de saída
útil. Perda adicional de potência útil ocorre quando a luz emitida é acoplada
a uma fibra óptica. Devido à natureza incoerente da luz emitida, um LED
atua como uma fonte lambertiana com distribuição angular Su  = S0cosu, em
que S0 é a intensidade na direção u = 0. A eficiência de acoplamento para
esse tipo de fonte depende da abertura numérica (NA), na forma (NA) 2.
Como NA para fibras ópticas possui valor típico na faixa 0,1–0,3, apenas
uma pequena porcentagem da potência emitida é acoplada à fibra (100 mW
ou menos), embora a potência interna possa, com facilidade, exceder 10 mW.
Uma medida do desempenho de LEDs é a eficiência quântica total tot,
definida como a razão entre a potência óptica emitida, Pe, e a potência elé-
trica aplicada, Pelec = V0I, sendo V0 a queda de tensão no dispositivo. Usando
a Eq. (3.5.2), tot é fornecida por:

ηtot = ηextηint ( ω /qV0 ). (3.5.5)

Tipicamente, w ≈ qV0, e tot ≈ extint. A eficiência quântica total tot,


também denominada eficiência de conversão de potência ou eficiência de potência,
é uma medida do desempenho global do dispositivo.
Outra grandeza também usada para caracterizar o desempenho de LEDs
é a responsividade, definida como a razão RLED = Pe/I. Da Eq. (3.5.3),

R LED = ηextηint ( ω / q ). (3.5.6)

Uma comparação entre as Eq. (3.5.5) e (3.5.6) mostra que RLED = totV0.


Valores típicos de RLED são ∼0,01 W/A. A responsividade permanece
Transmissores Ópticos 137

Figura 3.21  (a) Curvas de potência-corrente em várias temperaturas; (b) espectro da luz
emitida por um típico LED em 1,3 mm. A curva tracejada mostra o espectro calculado
pela teoria. (Após a Ref. [94]; ©1981 American Institute of Physics.)

constante enquanto a relação linear entre Pe e I for válida. Na prática, esta


relação linear é válida somente em uma limitada faixa de valores de corrente
[94]. A Figura 3.21(a) mostra curvas de potência-corrente (P-I ) em várias
temperaturas, para um típico LED para 1,3 mm. A responsividade do dis-
positivo diminui para correntes acima de 80 mA, devido à curvatura da
curva P-I. Uma razão para este decréscimo está relacionada ao aumento
da temperatura da região ativa. A eficiência quântica interna int, em geral,
depende da temperatura, devido a um aumento nas taxas de recombinações
não radiativas às altas temperaturas.
O espectro de LEDs está relacionado à taxa de emissão espontânea, dada
aproximadamente por:

R spon (ω ) = A0 ( ω − E g )1/2 exp[ −( ω − E g ) / kBT ], (3.5.7)

sendo A0 uma constante, kB a constante de Boltzmann e Eg a banda proibida.


É fácil deduzir que Rspon(w) é máxima quando w = Eg + kBT/2 e tem largura
completa a meia altura (FWHM) ∆ν ≈ 1,8 kBT/h. À temperatura ambiente
(T = 300 K), a FWHM é da ordem de 11 THz. Na prática, a largura espec-
tral é expressa em nanômetros, usando ∆ν = (c/l2) ∆l e aumenta com l2
quando o comprimento de onda de emissão l aumenta. Em consequência,
∆l é maior para LEDs de InGaAsP que emitem em 1,3 mm, em comparação
com LEDs de GaAs, por um fator de 1,7. A Figura 3.21(b) mostra o espectro
de saída de um típico LED para 1,3 mm e o compara com a curva teórica
obtida da Eq. (3.5.7). Devido à grande largura espectral ∆l = 50–60 nm),
138 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

LEDs são principalmente adequados para aplicações de redes de área local


e, em geral, usados em combinação com fibras plásticas para reduzir o custo
total de sistemas.

3.5.2  Resposta de Modulação


A resposta de modulação de LEDs depende da dinâmica de portadores,
sendo limitada pelo tempo de vida dos portadores τc e podendo ser de-
terminada da equação de taxa de portadores (3.3.2), descartando o último
termo associado à emissão estimulada. A resultante equação é:
dN I N
= − . (3.5.8)
dt q τc

Essa equação pode ser resolvida com facilidade no domínio da transformada


de Fourier, em função de sua natureza linear. Considerando uma modulação
senoidal da corrente injetada, na forma

I (t ) = I b + I m exp(iω mt ), (3.5.9)

em que Ib é a corrente de polarização, Im é a corrente de modulação e wm é


a frequência de modulação. Como a Eq. (3.5.8) é linear, sua solução geral
pode ser escrita na forma:

N (t ) = N b + N m exp(iω mt ), (3.5.10)

sendo Nb = τcIb/q e Nm
τ cIm / q
N m (ω m ) = . (3.5.11)
1 + iω mτ c

A potência modulada Pm guarda uma relação linear com |Nm|. Podemos
definir a função H (wm)de transferência do LED como
N m (ω m ) 1
H (ω m ) = = . (3.5.12)
N m (0) 1 + iω mτ c

A largura de banda de modulação de 3 dB f3dB é definida como a frequência


em que |H(wm)| é reduzido de 3 dB ou por um fator de 2. O resultado é

f 3dB = 3(2πτ c )−1. (3.5.13)

Tipicamente, τc está na faixa de 2–5 ns para LEDs de InGaAsP. A corres-


pondente largura de banda de modulação de LEDs está na faixa de 50–
140 MHz. Notemos que a Eq. (3.5.13) fornece a largura de banda óptica,
pois f3dB é definida como a frequência em que a potência óptica é reduzida
Transmissores Ópticos 139

de 3 dB. A correspondente largura de banda elétrica é definida pela fre-


quência em que |H(wm)|2 é reduzido de 3 dB, sendo fornecida por (2πτc)–1.

3.5.3  Estruturas de LEDs


As estruturas de LEDs podem ser classificadas como de emissão pela super-
fície ou de emissão pela borda, dependendo se o LED emite luz por uma
superfície paralela ao plano da junção ou pela borda da região da junção.
Os dois tipos podem ser realizados com uma homojunção p-n ou com
uma configuração de heteroestrutura, em que a região ativa é envolta por
camadas de casca dos tipos p e n. A configuração de heteroestrutura leva a
desempenho superior, pois provê controle sobre a área emissiva e elimina
absorção interna, em função da transparência das camadas de casca.
A Figura 3.22 mostra, esquematicamente, uma configuração de LED com
emissão pela superfície, conhecida como LED de Burrus [95]. A área emis-
siva do dispositivo limita-se a uma pequena região cuja dimensão lateral é
comparável ao diâmetro do núcleo da fibra. O uso de um batente de ouro
evita perda de potência pela superfície inferior. A eficiência de acoplamento
é melhorada com a corrosão de um poço e a aproximação da fibra à área
emissiva. A potência acoplada à fibra depende de muitos parâmetros, como
abertura numérica da fibra e distância entre a fibra e o LED.A adição de epóxi
ao poço corroído tende a aumentar a eficiência quântica externa, pois reduz o

Figura 3.22  Representação esquemática de um LED com emissão pela superfície, com
geometria de dupla heteroestrutura.
140 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

descasamento de índice de refração. Diversas variações da configuração básica


podem ser encontradas na literatura. Em uma delas, utiliza-se uma microlente
esférica truncada, fabricada no interior do poço corroído, para acoplar luz à
fibra. Em outra, a própria extremidade da fibra é feita na forma de uma lente
esférica. Com projeto adequado, LEDs com emissão pela superfície podem
acoplar até 1 % da potência gerada internamente à fibra óptica.
LEDs com emissão pela borda empregam uma configuração idêntica à
de lasers de semicondutor. Na verdade, um laser de semicondutor é con-
vertido em um LED com a deposição de cobertura antirreflexo na faceta
de saída, para suprimir a ação de laser. A divergência de feixe de LEDs com
emissão pela borda difere da de LEDs com emissão pela superfície, devido
ao guiamento de onda no plano perpendicular à junção. LEDs com emis-
são pela superfície operam como uma fonte lambertiana com distribuição
angular Se(u) = S0cosu nas duas direções. O feixe resultante possui FWHM
de 120º  em cada direção. Em contraste, LEDs com emissão pela borda têm
divergência da ordem de 30º  na direção perpendicular ao plano da junção.
Considerável quantidade de luz pode, até mesmo, ser acoplada a fibras de
baixa abertura numérica (< 0,3), devido à reduzida divergência e à alta
radiância na faceta emissiva. A largura de banda de modulação de LEDs com
emissão pela borda é, em geral, maior (∼200 MHz) do que a de LEDs com
emissão pela superfície, devido a um reduzido tempo de vida de portadores,
para uma mesma corrente aplicada. A escolha entre as duas configurações é
ditada, na prática, por um equilíbrio entre custo e desempenho.
Apesar da potência de saída relativamente baixa e da pequena largura
de banda de LEDs, em comparação com lasers, LEDs são úteis para aplica-
ções de baixo custo que requerem transmissão de dados a taxas de bits de
100 Mb/s ou menos, ao longo de alguns poucos kilometros. Por essa razão,
diversas estruturas novas de LEDs foram desenvolvidas durante a década de
1990 [96]-[101]. Em uma configuração, conhecida como LED de cavidade
ressonante [96], fabricam-se dois espelhos metálicos em torno de camadas
crescidas epitaxialmente, e liga-se o dispositivo a um substrato de silício. Em
uma variação dessa ideia, o espelho inferior é fabricado epitaxialmente com
o uso de uma pilha de camadas alternadas de dois diferentes semicondutores,
enquanto o espelho superior consiste em uma membrana deformável sus-
pensa por um vão de ar [97]. O comprimento de onda de operação desse
tipo de LED pode ser sintonizado em mais de 40 nm por alteração da espes-
sura do vão de ar. Em outro esquema, vários poços quânticos, com diferentes
composições e bandas proibidas, são crescidos visando formar uma estrutura de
MQW [98]. Como cada poço quântico emite luz em um comprimento
de onda distinto, esses LEDs podem ter um espectro extremamente largo (que
se estende por uma faixa de comprimentos de onda de 500 nm), e são úteis
para redes WDM de área local.
Transmissores Ópticos 141

3.6 PROJETO DE TRANSMISSORES


Até aqui, este capítulo focou as propriedades de fontes ópticas.
Embora a fonte óptica seja um importante componente de um trans-
missor óptico, não é o único. Entre os outros componentes estão o
modulador, para converter dados elétricos à forma óptica (caso modulação
direta não seja empregada), e um circuito de alimentação elétrica, a fim de
fornecer corrente à fonte óptica. Esta seção cobre o projeto de transmissores
ópticos, com ênfase em aspectos de encapsulamento [102]-[110].

3.6.1  Acoplamento Fonte-Fibra


O objetivo do projeto de qualquer transmissor é acoplar a maior quantidade
de luz possível à fibra óptica. Na prática, a eficiência de acoplamento de-
pende do tipo da fonte óptica (LED versus laser) e também do tipo de fibra
(multimodo versus monomodo). O acoplamento pode ser muito ineficiente
quando luz de um LED é acoplada a uma fibra monomodo. Como discutido
brevemente na Seção 3.5.1, a eficiência de acoplamento de LEDs muda com
a abertura numérica e pode se tornar < 1% no caso de fibras monomodo. Em
contraste, a eficiência de acoplamento para lasers com emissão pela borda é
tipicamente de 40–50%; no caso de VCSELs, pode ultrapassar 80%, em função
da seção reta de feixe circular. Um pequeno pedaço de fibra (conhecido como
rabicho ou pigtail ) é incluído com o transmissor, de forma que a eficiência
de acoplamento seja maximizada durante o encapsulamento; uma emenda
(splice) ou um conector é usada(o) para unir o rabicho e o cabo de fibra óptica.
Duas abordagens têm sido adotadas para o acoplamento fonte-fibra.
Em uma, conhecida como acoplamento pela extremidade ou acoplamento
direto, a fibra é aproximada da fonte e mantida em posição com uso de
epóxi. Na outra, conhecida como acoplamento por lente, uma lente é usada
para maximizar a eficiência de acoplamento. Cada abordagem possui seus
próprios méritos, e a escolha de uma ou de outra depende dos objetivos do
projeto. Um importante critério é que a eficiência de acoplamento não deve
mudar com o tempo; estabilidade mecânica do esquema de acoplamento é,
portanto, um requisito necessário.
Um exemplo de acoplamento pela extremidade é exibido na Figura 3.23 (a),
em que uma fibra é levada a fazer contato com um LED de emissão pela
superfície. A eficiência de acoplamento a uma fibra de abertura numérica
NA é dada por [103]

nc = (1 − R f )(NA)2 , (3.6.1)

em que Rf é a refletividade na extremidade frontal da fibra. Rf é da ordem


de 4% se existir um vão de ar entre a fonte e a fibra, e pode ser reduzida
142 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

a quase zero com a utilização de um líquido para casamento de índices.


A eficiência de acoplamento é da ordem de 1% para LEDs com emissão
pela superfície, e de aproximadamente 10% para LEDs com emissão pela
borda. Alguma melhora é possível nos dois casos se forem usadas fibras com
extremidade cônica ou com uma lente na extremidade. Uma lente externa
também pode melhorar a eficiência, à custa de reduzida tolerância mecânica.
O acoplamento de um laser de semicondutor a uma fibra óptica mono-
modo é mais eficiente do que o de um LED. Acoplamento pela extremidade
permite somente eficiência da ordem de 10%, pois não ocorre nenhuma
tentativa para casar os diâmetros modais do laser e da fibra. Tipicamente,
lasers de InGaAsP com guiamento por índice apresentam diâmetro modal
da ordem de 1 mm, enquanto o diâmetro modal de uma fibra monomodo
está na faixa de 6–9 mm. A eficiência de acoplamento pode ser melhorada
fornecendo um feitio cônico à extremidade da fibra e formando uma lente
nela. A Figura 3.23(a) mostra um esquema de acoplamento desse tipo para
um transmissor comercial. A fibra é fixada a um pivô, que, por sua vez, é
afixado à montagem do laser por meio de epóxi [104]. Para maximizar a
eficiência de acoplamento (tipicamente, de 40%), a extremidade da fibra é
alinhada com a região emissiva do laser. O uso de uma fibra com lente pode

Figura 3.23  Transmissor empregando (a) acoplamento pela extremidade e (b) configura-
ções de acoplamento por lente. (Após a Ref. [104]; ©1989 AT&T, reimpresso com permissão.)
Transmissores Ópticos 143

melhorar a eficiência de acoplamento, e valores próximos de 100% têm sido


realizados com otimização do projeto [105]-[107].
A Figura 3.23(b) mostra uma abordagem de acoplamento por lente para
uma configuração de transmissor. Com essa configuração cofocal, em que se
utiliza uma esfera para colimar a luz do laser e focá-la no núcleo da fibra, a
eficiência de acoplamento pode ultrapassar 70%. O alinhamento do núcleo
da fibra é menos crítico para a configuração cofocal, o diâmetro modal é
aumentado para casar o diâmetro modal da fibra. A estabilidade mecânica do
dispositivo é assegurada soldando a fibra a uma manga ou ponteira ( ferrule),
que é fixada ao corpo por dois conjuntos de soldas de alinhamento. Um
conjunto de soldas estabelece adequado alinhamento axial, enquanto o outro
assegura alinhamento transversal.
A questão do alinhamento laser-fibra permanece importante, o que
levou ao desenvolvimento de diversos novos esquemas de alinhamento em
anos recentes [108]-[112]. Em uma abordagem, uma bancada óptica de silício é
usada para alinhar o laser e a fibra [108]. Em outra, utiliza-se um microespelho
de silício, fabricado com tecnologia de microusinagem, para alinhamento
óptico [109]. Em uma terceira abordagem, um conversor de diâmetro modal é
empregado visando maximizar a eficiência de acoplamento. Eficiências de
acoplamento de até 80% foram realizadas em 1997 com a integração de
um conversor de diâmetro modal e lasers de semicondutor InP [110]. Uma
fibra de núcleo oval, índice gradual e lente na extremidade também levou
a uma maior eficiência de acoplamento do que a obtida com fibras com
lentes convencionais [111].
Um importante problema que requer atenção no projeto de transmissores
ópticos está relacionado à extrema sensibilidade de lasers de semicondutor
à realimentação óptica [2]. Mesmo uma pequena realimentação (< 0,1%)
pode desestabilizar o laser e afetar o desempenho do sistema, devido a
fenômenos como alargamento da largura de linha, salto de modos (mode
hopping) e aumento de RIN [113]-[117].Tentativas foram feitas para reduzir
a realimentação na cavidade do laser com o emprego de revestimentos
antirreflexo. A realimentação também pode ser reduzida cortando a ex-
tremidade da fibra em um pequeno ângulo, de forma que a luz refletida
não chegue à região ativa do laser. Tais precauções, em geral, bastam para
reduzir a realimentação a níveis aceitáveis. Contudo, no projeto de trans-
missores para aplicações mais exigentes, há necessidade de usar um isolador
óptico entre o laser e a fibra. Uma dessas aplicações corresponde a sistemas
de ondas luminosas que operam a altas taxas e requerem um laser DFB de
pequena largura de linha.
A maioria dos isoladores ópticos faz uso do efeito Faraday, que governa a
rotação do plano de polarização de um feixe óptico na presença de um cam-
po magnético: o sentido da rotação é o mesmo para luzes que se propagam
144 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

em sentidos igual ou contrário ao do campo magnético. Isoladores ópticos


consistem em um bastão de material de Faraday, como granate de ítrio e
ferro (YIG – Ytrium Iron Garnet), cujo comprimento é escolhido para prover
rotação de 45°. O bastão de YIG é posicionado entre dois polarizadores
cujos eixos guardam inclinação relativa de 45°. A luz que se propaga em
um sentido passa pelo segundo polarizador, devido à rotação de Faraday. Em
contraste, a luz que se propaga no sentido oposto é bloqueada pelo primeiro
polarizador. Características desejáveis de isoladores ópticos são baixa perda
de inserção, alta isolação (> 30 dB), tamanho compacto e grande largura
de banda espectral de operação. Um isolador muito compacto pode ser
projetado substituindo a lente na Figura 3.23(b) por uma esfera de YIG, de
modo a ter dupla função [118]. Como a luz de um laser de semicondutor
já é polarizada, um polarizador de sinais posicionado entre a esfera de YIG
e a fibra pode reduzir a realimentação em mais de 30 dB.

3.6.2  Circuito de Alimentação


A finalidade do circuito de alimentação é prover potência elétrica à fonte
óptica e modular a luz de saída segundo o sinal a ser transmitido. Circuitos
de alimentação são relativamente simples para transmissores a LED, e se
tornam cada vez mais complexos para transmissores ópticos de altas taxas
de bits que empregam lasers de semicondutor como fonte óptica [102]. No
caso de modulação direta (veja a Seção 3.4.1), lasers de semicondutor são
polarizados próximos ao limiar e modulados por um sinal elétrico variante
no tempo. Nesse caso, o circuito de alimentação é projetado para fornecer
uma corrente de polarização constante e, também, o sinal elétrico modulado.
Ademais, uma servomalha é, muitas vezes, empregada para manter constante
a potência óptica média.
A Figura 3.24 mostra um simples circuito de alimentação que controla
a potência óptica média por meio de um mecanismo de realimentação. Um
fotodiodo monitora a saída do laser e gera o sinal de controle usado para
ajustar o nível da polarização do laser. A faceta traseira deste é, em geral, usada
para fins de monitoração (Fig. 3.23). Em alguns transmissores, uma derivação
frontal é empregada para desviar uma pequena fração da potência de saída
ao detector. O controle do nível de polarização é essencial, pois o limiar
do laser é sensível à temperatura de operação. A corrente de limiar também
aumenta com a idade do transmissor, em função da gradual deterioração
do laser de semicondutor.
O circuito de alimentação ilustrado na Figura 3.24 ajusta o nível da polari-
zação de modo dinâmico, mas deixa a corrente de modulação inalterada. Esse
tipo de abordagem é aceitável se a eficiência diferencial do laser não se alterar
com a idade. Como discutido na Seção 3.3.1 e visto na Figura 3.13, a eficiência
diferencial do laser, em geral, diminui com o aumento da temperatura. Um
Transmissores Ópticos 145

Figura 3.24  Circuito de alimentação para um transmissor a laser com controle por
realimentação para manter a potência óptica média constante. Um fotodiodo monitora
a potência de saída e provê o sinal de controle. (Após a Ref. [102]; ©1988 Academic Press;
reimpresso com permissão.)

resfriador termoelétrico é usado, com frequência, para estabilizar a temperatura


do laser. Uma abordagem alternativa consiste em projetar circuitos de alimen-
tação que usem duplas malhas de realimentação visando ajustar a corrente de
polarização e a corrente de modulação de modo automático [119].
Os componentes elétricos usados no circuito de alimentação determi-
nam a taxa à qual a saída do transmissor pode ser modulada. Para trans-
missores de ondas luminosas que operam a taxas de bits acima de 1 Gb/s,
parasitas elétricos associados aos vários transistores e outros componentes
podem limitar o desempenho do transmissor. O desempenho de transmis-
sores de alta velocidade poder ser consideravelmente melhorado com o
­emprego de integração monolítica do laser e circuito de alimentação. Como
dispositivos ópticos e elétricos são fabricados em um mesmo chip, transmissores
monolíticos são referidos como transmissores baseados em circuito integrado
optoeletrônico (OEIC – OptoElectronic Integrated-Circuit). A abordagem de
OEIC foi inicialmente adotada na integração de lasers de GaAs, uma vez
que a tecnologia para a fabricação de dispositivos elétricos de GaAs era
relativamente bem estabelecida [120]-[122]. A tecnologia para a fabricação
de OEICs de InP evoluiu com rapidez durante a década de 1990 [123]-
[127]. Um transmissor OEIC para 1,5 mm capaz de operar a 5 Gb/s foi
demonstrado em 1988 [123]. Em 1995, transmissores a laser de 10 Gb/s
foram fabricados com a integração de lasers DFB de 1,55 mm e transistores
de efeito de campo como o sistema material de InGasAs/InAlAs. Desde
então, foram desenvolvidos transmissores OEIC com múltiplos lasers em
um mesmo chip para aplicações WDM (Cap. 6).
146 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

Pode-se compreender o conceito de integração monolítica para a cons-


trução de transmissores de chip único com a adição de toda a funcionalidade
ao mesmo chip. Considerável esforço tem sido dedicado ao desenvolvimento
desse tipo de OEIC, também conhecido como circuito integrado fotônico, que
integra múltiplos componentes ópticos – como lasers, detectores, modulado-
res, amplificadores, filtros e guias de onda – em um mesmo chip [128]-[131].
Circuitos integrados desse tipo atingiram o estágio comercial em 2008.

3.6.3  Confiabilidade e Encapsulamento


Um transmissor óptico deve operar de modo confiável por um período rela-
tivamente longo (10 anos ou mais), de forma que seja útil como importante
componente de sistemas de ondas luminosas. Os requisitos de confiabilidade
são bastante restritivos para sistemas de ondas luminosas submarinos, para
os quais reparos e substituições são proibitivamente caros. A principal causa
de falha de transmissores ópticos é a própria fonte óptica. Realizam-se
numerosos testes durante a montagem e a fabricação de transmissores, a fim
de garantir um razoável tempo de vida para a fonte óptica. É comum [102]
quantificar o tempo de vida por um parâmetro tF conhecido tempo médio
até (a ocorrência de) uma falha (MTTF – Mean Time to Failure). O uso desse
parâmetro é baseado na hipótese de uma probabilidade de falha exponencial
PF = exp(–t/tF)]. Para fontes ópticas, tF deve, tipicamente, ultrapassar 105 horas
(cerca de 11 anos). O assunto confiabilidade de lasers de semicondutor foi
estudado exaustivamente para assegurar que operem em condições realistas
de uso [132]-[138].
Tanto LEDs como lasers de semicondutor podem não apenas deixar
de operar repentinamente (deterioração catastrófica), como também exibir
uma deterioração gradual, em que a eficiência do dispositivo se deteriora
com a idade [133]. Tentativas foram feitas para identificar dispositivos mais
sujeitos à deterioração catastrófica. Um método comum consiste em operar
o dispositivo a altas temperaturas e altos níveis de corrente, técnica conhecida
como queima inicial (burn-in) ou envelhecimento acelerado [132], e baseada
na hipótese de que, sob condições de grande carga, dispositivos fracos fa-
lharão, enquanto outros atingirão estabilidade após um período inicial de
degradação. A alteração da corrente de operação a uma potência constante
é usada como medida de deterioração do dispositivo. A Figura 3.25 mostra
a alteração na corrente de operação de um laser de InGaAsP para 1,3 mm,
envelhecido a 60 C com potência de saída constante de 5 mW de cada
faceta.
A corrente de operação para esse laser aumenta de 40% nas primeiras
400 horas, estabiliza-se e aumenta a uma taxa muito menor, indicando
deterioração gradual. A taxa de deterioração pode ser usada para estimar
o tempo de vida do laser e o MTTF à temperatura elevada. O MTTF à
Transmissores Ópticos 147

Figura 3.25  Alteração da corrente em função do tempo, para um laser de InGaAsP de


1,3 mm, envelhecido a 60 C com 5 mW de potência de saída. (Após a Ref. [134]; ©1985
AT&T; reimpresso com permissão.)

temperatura normal de operação é, então, extrapolado por meio de uma


relação do tipo da de Arrhenius tF = t0expo(–Ea/kBT), sendo t0 uma cons-
tante e Ea a energia de ativação, com valor típico de cerca de 1 eV [133].
Fisicamente, deterioração gradual resulta da geração de vários tipos de
defeitos (defeitos de linha escura, defeitos de pontos escuros) na região ativa
do laser ou LED [2].
Testes exaustivos mostraram que LEDs normalmente são mais confiáveis
do que lasers de semicondutor, nas mesmas condições de operação. O MTTF
para LEDs de GaAs ultrapassa 106 horas com facilidade e pode ser > 107 a
25° C [133]. O MTTF para LEDs de InGaAsP é ainda maior, tendendo a
um valor de ∼109 horas. Em contraste, o MTTF para lasers de InGaAsP é,
em geral, limitado a 106 horas a 25° C [134]-[136]. Não obstante, esse valor
é suficientemente grande para que lasers de semicondutor sejam usados em
transmissores ópticos submarinos projetados para operar de modo confiável
por um período de 25 anos. Devido ao efeito adverso das altas temperaturas
sobre a confiabilidade do dispositivo, a maioria dos transmissores usa um
resfriador termoelétrico para manter a temperatura da fonte próxima
de 20° C, mesmo com temperatura externa de até 80° C.
Mesmo com uma fonte óptica confiável, um transmissor pode falhar
em um sistema real se o acoplamento entre a fonte e a fibra se degradar
com o tempo. A estabilidade de acoplamento é um aspecto importante no
projeto de transmissores ópticos confiáveis, e depende, essencialmente, do
encapsulamento do transmissor. Embora, com frequência, LEDs não sejam
encapsulados de modo térmico, um ambiente hermético é essencial para
lasers de semicondutor. É comum encapsular o laser separadamente, a fim
148 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

de que fique isolado de outros componentes do transmissor. A Figura 3.23


mostrou dois exemplos de encapsulamentos de lasers. No esquema de aco-
plamento pela extremidade, uma resina epóxi é usada para manter o laser e
a fibra em posição. Nesse caso, a estabilidade de acoplamento depende de
como a epóxi muda com o envelhecimento do transmissor. No esquema de
acoplamento por lente, utiliza-se solda a laser para manter as várias partes
da montagem em posição. O encapsulamento do laser se torna uma parte
do encapsulamento do transmissor, que inclui outros componentes elétricos
associados ao circuito de alimentação. A escolha do encapsulamento do
transmissor depende do tipo de aplicação; encapsulamento duplo em linha
ou do tipo borboleta, com múltiplos pinos, é típico.
Testagem e encapsulamento de transmissores ópticos são duas importan-
tes etapas do processo de fabricação [135], aumentando consideravelmente o
custo de um transmissor. O desenvolvimento de transmissores encapsulados
de baixo custo é uma necessidade, em especial para aplicações em rede de
área local e de malha local.

Exercícios
3.1 Determine a composição do composto quaternário InGaAsP para a
fabricação de lasers que operem nos comprimentos de onda de 1,3
e 1,55 mm.
3.2 A região ativa de um laser de InGaAsP para 1,3 mm tem 250 mm de
comprimento. Determine o necessário ganho da região ativa para que
o laser atinja o limiar. Assuma que a perda interna seja de 30 cm–1, o
índice modal, de 3,3 e o fator de confinamento, de 0,4.
3.3 Deduza a equação de autovalor para os modos transversos elétricos
(TE) de um guia de onda planar de espessura d e índice de refração n1
envolto por duas camadas de casca de índice de refração n2. (Sugestão:
Siga o método da Seção 2.2.2, usando coordenadas cartesianas.)
3.4 Utilize o resultado do Exercício 3.3 e obtenha a condição monomodo.
Use-a para determinar a máxima espessura permitida para a camada
ativa de um laser de semicondutor para 1,3 mm. Como esse valor é
modificado se o laser operar em 1,55 mm? Assuma n1 = 3,5 e n2 = 3,2.
3.5 Resolva as equações de taxa no estado estacionário e obtenha a ex-
pressão analítica para P e N em função da corrente de injeção I. Para
simplificar, despreze emissão espontânea.
3.6 Um laser de semicondutor é operado continuamente a uma dada
corrente. Sua potência de saída muda com rapidez, devido a uma flu-
tuação transiente de corrente. Mostre que a potência do laser alcançará
o valor original por meio de uma abordagem oscilatória. Obtenha a
frequência e o tempo de amortecimento dessas oscilações de relaxação.
3.7 Um laser de InGaAsP de 250 mm de comprimento apresenta per-
da interna de 40 cm–1. O laser opera em 1,55 mm, com uma fibra
monomodo cujo índice modal é 3,3 e o índice de grupo, 3,4. Calcule
Transmissores Ópticos 149

o tempo de vida de fótons. Qual é o valor de limiar da população de


elétrons? Assuma que o ganho varie como G = GNI (N –N0), com
GN= 6 × 103 s–1 e N0 = 1 × 108.
  3.8 Determine a corrente de limiar para o laser de semicondutor do
Exercício 3.7, tomando o tempo de vida de portadores como 2 ns.
Que potência é emitida de uma faceta quando o laser é operado uma
corrente igual ao dobro da de limiar?
  3.9 Considere o laser do Exercício 3.7 operando a uma corrente igual
ao dobro da de limiar. Calcule a eficiência quântica diferencial e
a eficiência quântica externa para o laser. Qual é a eficiência (de
potência) do dispositivo, se a tensão externa for de 1,5 V? Assuma que
a eficiência quântica externa seja de 90%.
3.10 Calcule a frequência (em GHz) e o tempo de amortecimento das os-
cilações de relaxação para o laser do Exercício 3.7, que opera a uma
corrente igual ao dobro da de limiar. Assuma que Gp = – 4 × 104 s–1,
sendo Gp a derivada de G em relação a P.Assuma, ainda, que Rsp = 2/πp.
3.11 Determine a largura de banda de modulação de 3 dB para o laser
do Exercício 3.7 polarizado com uma corrente igual ao dobro da de
limiar. Qual é a correspondente largura de banda elétrica de 3 dB?
3.12 A corrente de limiar de um laser de semicondutor dobra quando a tem-
peratura aumenta de 50° C. Qual é a temperatura característica do laser?
3.13 Deduza uma expressão para a largura de banda de modulação de 3 dB
assumindo que o ganho G nas equações de taxa varie com N e P na
forma
G( N , P ) = G N ( N − N 0 )(1 + P /Ps )−1/2 .
Mostre que a largura de banda satura nas altas potências de operação.
3.14 Resolva numericamente as equações de taxa (3.3.1) e (3.3.2), usando
I(t) = Ib + Imfp(t), em que fp(t) representa um pulso retangular com
duração de 200 ps. Assuma que Ib/Ith= 0,8, Im/Ith = 3, τp = 3 ps,
τc = 2 ns, Rsp = 2/τp. Use a Eq. (3.3.15) para o ganho G, com GN = 104
s–1, N0 = 108 e εNL = 10–7. Faça um gráfico da forma do pulso óptico
e do chirp de frequência. Por que o pulso óptico é muito mais curto
do que o pulso de corrente aplicado?
3.15 Complete a dedução da Eq. (3.3.31) para o RIN. Como essa expressão
deve ser modificada se o ganho G tiver a forma dada no Exercício 3.15?
3.16 Calcule a autocorrelação Cpp(τ) usando as Eq. (3.3.30) e (3.3.31).
Utilize o resultado para deduzir uma expressão para a SNR da saída
do laser.
3.17 Mostre que a eficiência quântica externa de um LED planar é dada
aproximadamente por ext = n–1(n + 1)–2, sendo n o índice de refração
da interface semicondutor-ar. Considere reflexão de Fresnel e reflexão
interna total na faceta de saída. Assuma que a radiação interna seja
uniforme em todas as direções.
3.18 Prove que a largura de banda óptica de 3 dB de um LED está
relacionada à largura de banda elétrica de 3 dB por f3dB(óptica) = 
3 f3dB(elétrica).
150 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

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CAPÍTULO 4

Receptores Ópticos
O papel de um receptor óptico é converter o sinal óptico de volta à forma
elétrica e recuperar os dados transmitidos pelo sistema de onda luminosa.
O seu principal componente é um fotodetector, que converte luz em
eletricidade por meio do efeito fotoelétrico. Os requisitos para um fotode-
tector são similares àqueles para uma fonte óptica. O receptor deve ter alta
sensibilidade, resposta rápida, baixo ruído, baixo custo e alta confiabilidade.
Além disso, suas dimensões devem ser compatíveis com as do núcleo da fibra.
Tais requisitos são mais bem atendidos por fotodetectores feitos de materiais
semicondutores. Este capítulo trata de fotodetectores e receptores ópticos
[1]-[9]. Na Seção 4.1, apresentamos os conceitos básicos relativos ao processo
de fotodetecção. Na Seção 4.2, discutimos vários tipos de fotodetectores co-
mumente utilizados em receptores ópticos. Os componentes de um receptor
óptico são descritos na Seção 4.3, com ênfase no papel desempenhado por
cada componente. Na Seção 4.4, tratamos das diversas fontes de ruído que
limitam a relação sinal-ruído em receptores ópticos. As Seções 4.5 e 4.6 são
dedicadas à sensibilidade do receptor e à sua deterioração em condições
não ideais. O desempenho de receptores ópticos em experimentos reais de
transmissão é discutido na Seção 4.7.

4.1  CONCEITOS BÁSICOS


O mecanismo fundamental responsável pelo processo de fotodetecção
é a absorção óptica. Nesta seção, apresentamos conceitos básicos, como res-
ponsividade, eficiência quântica, tempo de subida e largura de banda, comuns
a todos os fotodetectores e usados para caracterizá-los.

4.1.1  Responsividade e Eficiência Quântica


Consideremos o bloco de semicondutor ilustrado esquematicamente na
Figura 4.1. Se a energia hν de fótons incidentes exceder a banda proibida
de energia, um par elétron-lacuna será gerado a cada vez em que um fóton
for absorvido pelo semicondutor. Sob a influência de um campo elétrico
estabelecido por uma tensão aplicada, elétrons e lacunas são varridos ao longo
do semicondutor, resultando no fluxo de uma corrente elétrica. A fotocor-
rente Ip é diretamente proporcional à potência óptica incidente Pin, ou seja,

Ip = Rd Pin . (4.1.1)

155
156 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

Figura 4.1  Bloco de semicondutor usado como fotodetector.

A constante Rd é denominada responsividade do fotodetector, pois, a uma


dada potência de entrada, mais corrente é produzida para maiores valores
de Rd. A responsividade é expressa em amperes/watt (A/W).
A responsividade Rd pode ser expressa em termos de uma grandeza
fundamental , denominada eficiência quântica e definida como:
taxa de geração de elétrons I p /q hν
η= = = Rd , (4.1.2)
taxa de incidência de fótons Pin /hν q

onde a Eq. (4.1.1) foi usada. A responsividade Rd é, portanto, fornecida por:


ηq ηλ
Rd = ≈ , (4.1.3)
hν 1,24

sendo l ≡ c/ν expresso em micrometro. A responsividade de um foto-


detector aumenta com o comprimento de onda l apenas porque, para a
mesma potência óptica, mais fótons estão presentes. Tal dependência linear
em relação a l não deve continuar eternamente, pois a energia dos fótons
acaba sendo muito pequena para gerar elétrons. Em semicondutores, isso
ocorre para hν < Eg, em que Eg é a banda proibida. A eficiência quântica
, então, cai a zero.
A dependência de  em relação a l aparece por meio do coeficiente
de absorção a. Se assumirmos que as facetas do bloco de semicondutor na
Figura 4.1 têm revestimento antirreflexo, a potência transmitida através do
bloco de largura W é Ptr = exp(−aW)Pin. A potência absorvida pode ser
escrita como:

Pabs = Pin − Ptr = [1 − exp( −αW )]Pin . (4.1.4)


Receptores Ópticos 157

Como cada fóton absorvido cria um par elétron-lacuna, a eficiência quântica


 é dada por:

η = Pabs /Pin = 1 − exp(−αW ). (4.1.5)

Como esperado,  se torna zero quando a = 0. Por outro lado,  tende a


1 se aW  1.
A Figura 4.2 mostra a dependência de a em relação ao comprimento de
onda, para vários materiais semicondutores comumente usados na fabricação
de fotodetectores para sistemas de ondas luminosas. O comprimento de onda
lc em que a se torna zero é chamado de comprimento de onda de corte,
pois o material pode ser usado para fotodetector somente se l < lc. Como
visto na Figura 4.2, é possível utilizar semicondutores de banda proibida
indireta, como Si e Ge, para fabricar fotodetectores mesmo que a borda de
absorção não seja tão abrupta como no caso de materiais de banda proibida
direta. Grandes valores de a (∼104 cm−1) podem ser realizados para a maioria
dos semicondutores, e  pode se aproximar de 100% para W ∼10 mm.
Essa propriedade ilustra a eficiência de semicondutores para o propósito
de fotodetecção.

Figura 4.2  Dependência do coeficiente de absorção em relação ao comprimento de


onda, para vários materiais semicondutores. (Após a Ref. [2]; ©1979 Academic Press;
reimpresso com permissão.)
158 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

4.1.2  Tempo de Subida e Largura de Banda


A largura de banda de um fotodetector é determinada pela velocidade com que
o mesmo responde a variações na potência óptica incidente. É conveniente
introduzirmos o conceito de tempo de subida Tr, definido como o tempo neces-
sário para que a corrente passe de 10% a 90% de seu valor final quando a potên-
cia óptica muda abruptamente. É claro que Tr depende do tempo que elétrons
e lacunas levam para viajar até os contatos elétricos. Tr também depende do
tempo de resposta do circuito elétrico usado para processar a fotocorrente.
O tempo de subida Tr de um circuito elétrico linear é definido como
o tempo necessário para a resposta do circuito passar de 10% a 90% de
seu valor final quando a entrada é alterada abruptamente (função degrau).
Quando a tensão de entrada em um circuito RC é alterada de modo abrupto
de 0 a V0, a tensão de saída varia na forma

Vout (t ) = V0 [1 − exp(−t /RC )], (4.1.6)

sendo R a resistência e C a capacitância do circuito RC. O tempo de subida


é calculado como:

Tr = (ln9)RC ≈ 2,2τ RC , (4.1.7)

onde τRC = RC é a constante de tempo do circuito RC.


O tempo de subida de um fotodetector pode ser escrito estendendo a
Eq. (4.1.7) como:

Tr = (ln9)(τ tr + τ RC ), (4.1.8)

sendo τtr o tempo de trânsito e τRC a constante de tempo do equivalente


circuito RC. O tempo de trânsito é adicionado a τRC porque leva algum tempo
para que os portadores sejam coletados, após serem gerados por absorção de
fótons. O máximo tempo de coleta é igual ao tempo que um elétron leva
para atravessar a região de absorção. Obviamente, τtr pode ser reduzido com a
diminuição de W. Contudo, como visto na Eq. (4.1.5), a eficiência quântica
 começa a decrescer consideravelmente para aW < 3. Portanto, existe um
equilíbrio entre largura de banda e responsividade (velocidade versus sensibili-
dade) de um fotodetector. Muitas vezes, a constante de tempo RC τRC limita a
largura de banda devido a parasitas elétricos. Os valores numéricos de τtr e τRC
dependem da configuração do detector e podem variar em uma grande faixa.
A largura de banda de um fotodetector é definida de modo análogo à
de um circuito RC, sendo dada por

∆f = [2π (τ tr + τ RC )]−1. (4.1.9)

Como exemplo, quando τtr = τRC = 100 ps, a largura de banda do fotodetec-


tor é inferior a 1 GHz. Fica claro que τtr e τRC devem ser reduzidos abaixo
Receptores Ópticos 159

de 10 ps para os fotodetectores exigidos por sistemas de ondas luminosas


que operam a taxas de bits de 10 GB/s ou mais.
Juntamente com largura de banda e responsividade, a corrente no escuro
(dark current) Id de um fotodetector é o terceiro parâmetro importante. Aqui,
Id é a corrente gerada na ausência de qualquer sinal óptico, com origem em
luz espúria ou em pares elétrons-lacunas gerados termicamente. Para um
bom fotodetector, a corrente no escuro deve ser desprezível (Id < 10 nA).

4.2  FOTODETECTORES COMUNS


O bloco de semicondutor da Figura 4.1 é útil para ilustrar os con-
ceitos básicos, mas um dispositivo tão simples raramente é usado na prática.
Esta seção foca junções p-n polarizadas reversamente, que são no geral
empregadas na fabricação de receptores ópticos. Fotodetectores de metal-
semicondutor-metal (MSM) também são discutidos brevemente.

4.2.1 Fotodiodos p-n
Uma junção p-n polarizada reversamente consiste em uma região, co-
nhecida como região de depleção, basicamente desprovida de portadores de
cargas livres, na qual um forte campo elétrico interno se opõe ao fluxo de elé-
trons do lado n para o lado p (e de lacunas de p para n). Quando uma junção
p-n desse tipo é iluminada com luz em um dos lados, digamos o lado p,
(Fig. 4.3), criam-se pares elétrons-lacunas por absorção. Devido ao forte
campo elétrico interno, elétrons e lacunas gerados no interior da região
de depleção são acelerados em sentidos opostos e derivam aos lados n e p,
respectivamente. O resultante fluxo de corrente é proporcional à potência

Figura 4.3  (a) Fotodiodo p-n em polarização reversa; (b) variação da potência óptica
no interior do fotodiodo; (c) diagrama de bandas de energia mostrando o movimento
de portadores por deriva e difusão.
160 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

óptica incidente. Portanto, uma junção p-n polarizada de modo reverso


funciona como fotodetector, sendo referida como fotodiodo p-n.
A Figura 4.3(a) mostra a estrutura de um fotodiodo p-n. Como exibido
na Figura 4.3(b), a potência óptica cai exponencialmente à medida que a
luz incidente é absorvida no interior da região de depleção. Os pares elé-
trons-lacunas gerados no interior da região de depleção sofrem a ação de um
forte campo elétrico e derivam com rapidez em direção aos lados p ou n,
dependendo da carga elétrica [Fig. 4.3(c)]. O fluxo de corrente resultante
constitui a resposta do fotodiodo à potência óptica incidente, segundo a Eq.
(4.1.1). A responsividade de um fotodiodo é bastante alta (R ∼ 1 A/W), em
função de uma alta eficiência quântica.
A largura de banda de um fotodiodo p – n é, muitas vezes, limitada pelo
tempo de trânsito τtr na Eq. (4.1.9). Sejam W e vd a largura da região de
depleção e a velocidade de deriva, respectivamente; o tempo de trânsito é,
então, fornecido por

τ tr = W /vd . (4.2.1)

Tipicamente, W ∼ 10 mm, vd ∼ 105 m/s e τtr ∼ 100 ps. Tanto W como vd


podem ser otimizadas para minimizar τtr. A largura da camada de depleção
depende das concentrações de aceitadores e doadores e pode ser controlada
por elas. A velocidade vd depende da tensão aplicada, e atinge um valor máxi-
mo (chamado de velocidade de saturação) ∼105 m/s que depende do material
usado para o fotodiodo. A constante de tempo RC pode ser escrita como:

τ RC = ( R L + R s )C p , (4.2.2)

onde RL é a resistência de carga externa, Rs é a resistência série interna


e Cp é a capacitância parasita. Tipicamente, τRC ∼ 100 ps, embora valores
mais baixos sejam possíveis com projeto adequado. De fato, fotodiodos p-n
modernos são capazes de operar a taxas de bits de até 40 Gb/s.
O fator limitante para a largura de banda de fotodiodos p-n é a pre-
sença de uma componente de difusão na fotocorrente. A origem física da
componente de difusão está relacionada à absorção da luz incidente fora
da região de depleção. Elétrons gerados na região p devem se difundir até a
fronteira de região de depleção antes que derivem para o lado n; de modo
similar, lacunas geradas na região n devem se difundir até a fronteira de região
de depleção. A difusão é um processo inerentemente lento; portadores levam
um nanossegundo ou mais para se difundirem por uma distância de cerca de
1 mm. A Figura 4.4 mostra como a presença de uma componente de difusão
é capaz de distorcer a resposta temporal de um fotodiodo. Pode-se reduzir
a contribuição de difusão com a diminuição das larguras das regiões p e n,
com o aumento da largura de região de depleção, de modo que a maior
Receptores Ópticos 161

Figura 4.4  Resposta de um fotodiodo p-n a um pulso óptico retangular quando deriva
e difusão contribuem para a corrente do detector.
parte da potência óptica incidente seja nela absorvida. Essa é a abordagem
adotada para fotodiodos p-i-n, discutidos a seguir.

4.2.2 Fotodiodos p-i-n
Uma forma simples de aumentar a largura da região de depleção consiste
em inserir uma camada de material semicondutor não dopado (ou leve-
mente dopado) entre a junção p-n. Como a camada intermediária consiste
em material quase intrínseco, essa estrutura é referida como fotodiodo
p-i-n. A Figura 4.5 (a) mostra a estrutura do dispositivo juntamente com a

Figura 4.5  (a) Fotodiodo p-i-n juntamente com a distribuição de campo elétrico sob
polarização reversa; (b) configuração de fotodiodo p-i-n de InGaAsP.
162 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

distribuição do campo elétrico interno, para operação com polarização re-


versa. Devido à sua natureza intrínseca, a camada intermediária oferece uma
alta resistência, e a maior parte da queda de tensão ocorre nessa camada. Em
consequência, um forte campo elétrico existe na camada i. Essencialmente, a
região de depleção é estendida por toda a região i, e sua largura W pode ser
controlada por alteração da espessura da camada intermediária. A principal
diferença em relação ao fotodiodo p-n é que a componente de deriva da
fotocorrente é maior do que a componente de difusão, apenas porque a
maior parte da potência incidente é absorvida no interior da região i de
um fotodiodo p-i-n.
Como, em um fotodiodo p-i-n, a largura W da região de depleção pode
ser controlada, uma pergunta natural é quão larga deve ser W. Como dis-
cutido na Seção 4.1, o valor ótimo de W depende de um equilíbrio entre
velocidade e sensibilidade. A responsividade pode ser elevada com o aumento
de W, de forma que a eficiência quântica  tenda a 100% [veja a Eq. (4.1.5)].
Contudo, o tempo de resposta também aumenta, pois os portadores gastam
mais tempo na deriva pela região de depleção. Para semicondutores de banda
proibida indireta, como Si e Ge, W deve estar, tipicamente, no intervalo de
20-50 mm, de modo a assegurar uma razoável eficiência quântica. A largura
de banda desses fotodiodos é, então, limitada por um tempo de trânsito
relativamente grande (τtr > 200 ps). Em contraste, em fotodiodos que usam
semicondutores de banda proibida direta, como InGaAs, W pode ser bem
menor, da ordem de 3−5 mm. O tempo de trânsito para tais fotodiodos é
τtr ∼ 10 ps.Valores de τtr dessa ordem correspondem a uma largura de banda
do detector ∆f ∼ 10 GHz, se usarmos a Eq. (4.1.9) com τtr  τRC.
O desempenho de fotodiodos p-i-n pode ser otimizado consideravel-
mente pelo uso de uma configuração de dupla heteroestrutura. Como no
caso de lasers de semicondutor, a camada intermediária de tipo i pode ser
envolvida por camadas de tipos p e n de um semicondutor diferente, cuja
banda proibida é escolhida para que se absorva a luz somente na camada
i intermediária. Um fotodiodo p-i-n comumente usado para aplicações de
ondas luminosas utiliza InGaAsP para a camada intermediária e InP para
as camadas vizinhas dos tipos p e n [10]. A Figura 4.5(b) mostra um desses
fotodiodos p-i-n de InGaAsP. Como a banda proibida de InP é de 1,35 eV,
InP é transparente à luz de comprimento de onda maior do que 0,92 mm.
Em contraste, a banda proibida de material com rede casada In1-xGaxAs, com
x = 0,47, é da ordem de 0,75 eV (veja a Seção 3.1.1), um valor que corres-
ponde ao comprimento de onda de corte de 1,65 mm. A camada interme-
diária de InGaAs, portanto, absorve fortemente na região de comprimentos
de onda de 1,3−1,6 mm. A componente de difusão da corrente do detector
é completamente eliminada em um fotodiodo de heteroestrutura desse
tipo, simplesmente porque fótons são absorvidos somente no interior da
Receptores Ópticos 163

região de depleção. A faceta frontal é, muitas vezes, revestida com adequadas


camadas dielétricas para minimizar as reflexões. A eficiência quântica  pode
chegar a quase 100% com o uso de uma camada de InGaAs com espessura
de 4-5 mm. Fotodiodos de InGAAs são muito úteis para sistemas de ondas
luminosas, sendo frequentemente empregados na prática. A Tabela 4.1 lista
as características de operação de três fotodiodos p-i-n comuns.

Tabela 4.1  Características de fotodiodos p-i-n comuns


Parâmetro Símbolo Unidade Si Ge InGaAs
Comprimento de onda l mm 0,4-1,1 0,8-1,8 1,0-1,7
Responsividade Rd A/W 0,4-0,6 0,5-0,7 0,6-0,9
Eficiência quântica  % 75-90 50-55 60-70
Corrente no escuro Id nA 1-10 50-500 1-20
Tempo de subida Tr ns 0,5-1 0,1-0,5 0,02-0,5
Largura de banda ∆f GHz 0,3-0,6 0,5-3 1-10
Tensão de polarização Vb V 50-100 6-10 5-6

Durante a década de 1990, considerável esforço foi dedicado ao desenvol-


vimento de fotodiodos p-i-n de alta velocidade capazes de operar a taxas de
bits superiores a 10 Gb/s [10]-[21]. Larguras de banda de até 70 GHz foram
realizadas já em 1986 com utilização de uma delgada camada de absorção
(< 1 mm) e redução da capacitância parasita Cp pelo pequeno tamanho,
à custa de menores eficiência quântica e responsividade [10]. Em 1995,
fotodiodos p-i-n exibiam larguras de banda de 110 GHz, para dispositivos
projetados à redução de τRC a valores próximos de 1 ps [15].
Várias técnicas foram desenvolvidas para melhorar a eficiência de foto-
diodos de alta velocidade. Em uma abordagem, uma cavidade de Fabry-Perot
(FP) é formada em torno da estrutura p-i-n para aumentar a eficiência
quântica [11]-[14], resultando em uma estrutura parecida com a de um
laser. Como discutido na Seção 3.1.5, uma cavidade FP possui um conjunto
de modos longitudinais, nos quais o campo óptico interno é aumentado
por ressonância, por meio de interferências construtivas. Em consequência,
quando o comprimento de onda incidente é próximo do comprimento
de onda de um modo longitudinal, o fotodiodo exibe alta sensibilidade. A
seletividade de comprimento de onda pode até ser usada com proveito em
aplicações de multiplexação por divisão em comprimento de onda (WDM).
Obteve-se uma eficiência quântica de quase 100% em um fotodiodo com
um espelho da cavidade FP formado com uso da refletividade de Bragg
de uma pilha de camadas AIGaAs/AlAs [12]. Tal abordagem foi estendida
a fotodiodos de InGaAs com a inserção de uma camada absorvedora de
InGaAs, com espessura de 90 nm, em uma microcavidade composta de um
espelho de Bragg de GaAs/AlAs e um espelho dielétrico. O dispositivo
exibiu eficiência quântica de 94%, em uma ressonância da cavidade com
164 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

largura de banda de 14 nm [13]. Com a utilização de guia de onda metálico


com vão de ar e uma estrutura de mesa corroída sob a máscara (undercut
mesa strutucture), obteve-se uma largura de banda de 120 GHz [14]. O uso
desse tipo de estrutura em uma cavidade FP deve resultar em um fotodiodo
p-i-n com grande largura de banda e alta eficiência.
Outra abordagem para obter eficientes fotodiodos de alta velocidade faz
uso de um guia de onda óptico ao qual o sinal óptico é acoplado pela borda
[16]-[21]. Esse tipo de estrutura lembra a de um laser de semicondutor não
bombeado, exceto pelo fato de várias camadas epitaxiais serem otimizadas
de formas diferentes. Em contraste com um laser de semicondutor, o guia de
onda pode ser feito largo, para suportar múltiplos modos transversais e, assim,
melhorar a eficiência de acoplamento [16]. Como absorção ocorre ao longo
do comprimento do guia de onda óptico (∼10 mm), a eficiência quântica
pode ser de quase 100%, mesmo para uma camada de absorção ultradelgada.
A largura de banda desses fotodiodos a guia de onda é limitada por τRC na Eq.
(4.1.9), que pode ser reduzido com o controle da área da seção reta do guia
de onda. De fato, uma largura de banda de 50 GHz foi realizada em 1992
para um fotodiodo a guia de onda [16].
É possível aumentar a largura de banda de fotodiodos a guia de onda
para 110 GHz com a adoção de uma estrutura de guia de onda em mesa no
feitio de cogumelo (mushroom-mesa waveguide structure) [17]. Esse dispositivo
é ilustrado esquematicamente na Figura 4.6. Nessa estrutura, a largura da
camada absorvedora do tipo i foi reduzida para 1,5 mm, enquanto as ca-
madas de casca dos tipos p e n tinham 6 mm de largura. Dessa forma, tanto
a capacitância parasita como a resistência série interna foram minimizadas,
reduzindo τRC para cerca de 1 ps. A resposta de frequência desse dispositivo
no comprimento de onda de 1,55 mm também é mostrada na Figura 4.6. A
resposta de frequência foi medida com um analisador de espectro (círculos) e
pela transformada de Fourier da resposta do pulso curto (linha cheia). Assim,
fica evidente que o fotodiodo p-i-n a guia de onda é capaz de prover alta

Figura 4.6  (a) Representação esquemática da seção reta de um fotodiodo com guia
de onda de mesa em cogumelo e (b) resposta de frequência do fotodiodo. (Após a Ref.
[17]; ©1994 IEEE; reimpresso com permissão.)
Receptores Ópticos 165

responsividade e grande largura de banda. Fotodiodos a guia de onda têm


sido usados para receptores ópticos de 40 Gb/s [19] e possuem potencial
de operação a taxas de bits de até 100 Gb/s [18].
O desempenho de fotodiodos a guia de onda pode ser aprimorado ainda
mais com a adoção de uma estrutura de eletrodo, projetada para suportar
ondas elétricas viajantes com casamento de impedância visando evitar re-
flexões.Tais fotodiodos são denominados fotodiodos de ondas viajantes [21].
Em uma implementação dessa ideia com GaAs, uma largura de banda de
172 GHz, com eficiência quântica de 45%, foi realizada com um fotodiodo
de onda viajante projetado com um guia de onda de 1 mm de largura [22].
Em 2000, fotodetectores de InP/InGaAs desse tipo exibiam larguras de
banda de 310 GHz na região espectral de 1,55 mm [23].

4.2.3  Fotodiodos de Avalanche


Todos os detectores requerem certa corrente mínima para operar de modo
confiável. Por meio da relação Pin = Ip/Rd, os requisitos de corrente se
traduzem em um requisito de potência mínima. Detectores com grande res-
ponsividade Rd são preferíveis, pois requerem menor potência óptica. A res-
ponsividade de fotodiodos p-i-n é limitada pela Eq. (4.1.3) e assume o valor
máximo Rd = q/hν para  = 1. Fotodiodos de avalanche (APD - Avalanche
PhotoDiode) podem ter valores muito maiores de Rd, pois são projetados
para prover ganho interno de corrente, como tubos fotomultiplicadores.
APDs são utilizados quando a quantidade de potência óptica que pode ser
enviada ao receptor é limitada.
O fenômeno físico associado ao ganho interno de corrente é conhecido
como ionização por impacto [24]. Em certas condições, um elétron acelerado
pode adquirir suficiente energia para gerar um novo par elétron-lacuna.
Na representação de bandas (Fig. 3.2), os elétrons energéticos cedem parte
de sua energia cinética a outro elétron na banda de valência, o qual passa
para a banda de condução, deixando uma lacuna em seu lugar. O resultado
líquido da ionização por impacto é que um único elétron primário, gerado
por absorção de um fóton, cria muitos elétrons e lacunas secundários, e
todos contribuem para a corrente do fotodiodo. Obviamente, uma lacuna
primária também é capaz de gerar pares secundários de elétrons-lacunas
que contribuem para a corrente. A taxa de geração é governada por dois
parâmetros, ae e ah, os coeficientes de ionização por impacto de elétrons e lacunas,
respectivamente. Os valores numéricos desses coeficientes dependem do
material semicondutor e do campo elétrico que acelera elétrons e lacu-
nas. A Figura 4.7 mostra ae e ah para vários semicondutores [25]. Valores
de ∼ 1 × 10 4 cm −1 são obtidos para campos elétricos na faixa de
2−4 × 105 V/cm. Campos tão intensos podem ser realizados com a aplicação
de alta tensão (∼100 V) ao APD.
166 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

Figura 4.7  Coeficientes de ionização por impacto de vários semicondutores em função


do campo elétrico, para elétrons (linha cheia) e lacunas (linha tracejada). (Após a Ref.
[25]; ©1977 Elsevier; reimpresso com permissão.)

APDs diferem, em configuração, de fotodiodos p-i-n principalmente


em um aspecto: uma camada adicional é acrescentada, na qual são gerados
pares elétrons-lacunas secundários mediante ionização por impacto. A
Figura 4.8(a) mostra a estrutura de um APD e a correspondente variação
de campo elétrico em várias camadas. Com polarização reversa, um forte

Figura 4.8  (a) APD e distribuição de campo elétrico no interior de várias camadas, com
polarização reversa; (b) estrutura de APD de silício do tipo reach-through.
Receptores Ópticos 167

campo elétrico existe na camada de tipo p envolta pelas camadas de tipos i


e n+.Tal camada é denominada camada de multiplicação, pois nela são gerados
pares elétrons-lacunas secundários por meio de ionização por impacto. A
camada i ainda funciona como a região de depleção, onde a maioria dos
fótons incidentes é absorvida e onde são gerados os pares elétrons-lacunas
primários. Elétrons gerados na região i atravessam a região de ganho e geram
pares elétrons-lacunas secundários responsáveis pelo ganho de corrente.
O ganho de corrente de APDs pode ser calculado a partir das duas equações
de taxa que governam o fluxo de corrente na camada de multiplicação [24]:
die
= α e i e + α hi h , (4.2.3)
dx

di
− h = α e i e + α hi h , (4.2.4)
dx
onde ie é a corrente de elétrons e ih, a corrente de lacunas. O sinal menos
na Eq. (4.2.4) está associado ao sentido oposto da corrente de lacunas. A
corrente total

I = ie ( x ) + ih ( x ), (4.2.5)

permanece constante em cada ponto no interior da região de multiplicação.


Se, na Eq. (4.2.3), substituirmos ih por I − ie, obtemos

die /dx = (α e − α h )ie + α h I . (4.2.6)

Em geral, ae e ah dependem de x, se o campo elétrico pela região de ganho


for não uniforme. A análise é consideravelmente simplificada se assumirmos
um campo elétrico uniforme e tratarmos ae e ah como constantes. Assuma-
mos, ainda, que ae > ah. O processo de avalanche é iniciado por elétrons
que entram na região de ganho, cuja espessura em x = 0 é d. Usando a
condição ih(d) = 0 (apenas elétrons cruzam a fronteira para entrar na região
n), a condição de contorno para a Eq. (4.2.6) é ie(d) = I. Integrando essa
equação, o fator multiplicativo, definido como M = ie(d)/ie(0), é fornecido por
1 − kA
M= ,
exp[ −(1 − k A )α ed ] − k A (4.2.7)

onde kA = ah/ae. O ganho de APD é muito sensível à razão entre os


coeficientes de ionização de impacto. Quando ah = 0 e apenas elétrons
participam no processo de avalanche, M = exp(aed), e o ganho de APD
cresce exponencialmente com d. Quando ah = ae e kA = 1 na Eq. (4.2.7),
M = (1 − aed)−1. O ganho de APD se torna infinito para aed = 1, uma
condição conhecida como ruptura por avalanche. Embora maiores ganhos
de APD sejam realizados com menor região de ganho quando ae e ah são
168 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

comparáveis, na prática, o desempenho é melhor para APDs em que ae  ah


ou ah  ae, de modo que o processo de avalanche seja dominado por apenas
um tipo de portadores de carga. A razão para isso é discutida na Seção 4.4,
em que são tratadas questões relativas ao ruído do receptor.
Devido ao ganho de corrente, a responsividade de APDs é otimizada
pelo fator multiplicativo M, sendo dada por:

R APD = MRd = M (ηq/hν ), (4.2.8)

em que a Eq. (4.1.3) foi usada. Devemos mencionar que o processo de


avalanche em APDs é intrinsecamente ruidoso e resulta em um fator de
ganho que flutua em torno de um valor médio. A grandeza M na Eq. (4.2.8)
se refere ao ganho médio de APD. As características de ruído de APDs são
consideradas na Seção 4.4.
A largura de banda intrínseca de um APD depende do fator multi-
plicativo M o que é facilmente compreendido se notarmos que o tempo de
trânsito τtr para um APD não é mais fornecido pela Eq. (4.2.1), mas aumenta
consideravelmente, pois a geração e a coleta dos pares elétrons-lacunas
secundários requerem um tempo adicional. O ganho de APD diminui em
frequências altas, devido a esse aumento no tempo de trânsito, e limita a
largura de banda. A diminuição de M(w) pode ser escrita como [25]:

M (ω ) = M 0 [1 + (ωτ e M 0 )2 ]−1/2 , (4.2.9)

sendo M0 = M(0) o ganho de baixa frequência e τe o tempo de trânsito


efetivo, que depende da razão entre os coeficientes de ionização por impacto
kA = ah/ae. Para o caso ah < ae, τe = cAkAτtr, em que cA é uma constante (cA ∼
1). Assumindo que τrc  τe, a largura de banda de APD é determinada aproxi-
madamente por ∆f = (2πτeM0)−1. Essa relação mostra o equilíbrio entre o ganho
de APD M0 e a largura de banda ∆f (velocidade versus sensibilidade). A relação
também mostra a vantagem de usar um material semicondutor com kA  1.
A Tabela 4.2 compara as características de operação de APDs de Si, Ge
e InGaAs. Como kA  1 para Si, APDs de silício podem ser projetados

Tabela 4.2  Características de APDs comuns


Parâmetro Símbolo Unidade Si Ge InGaAs
Comprimento de onda l mm 0,4-1,1 0,8-1,8 1,0-1,7
Responsividade RAPD A/W 80-130 3-30 5-20
Ganho de APD M - 100-500 50-200 10-40
Fator k kA - 0,02-0,05 0,7-1,0 0,5-0,7
Corrente no escuro Id nA 0,1-1 50-500 1-5
Tempo de subida Tr ns 0,1-2 0,5-0,8 0,1-0,5
Largura de banda ∆f GHz 0,2-1 0,4-0,7 1-10
Tensão de polarização Vb V 200-250 20-40 20-30
Receptores Ópticos 169

para oferecer alto desempenho, além de serem úteis para sistemas de on-
das luminosas que operam nas proximidades de 0,8 mm, a taxas de bits
de ∼ 100 Mb/s. Uma configuração particularmente útil, mostrada na
Figura 4.8(b), é conhecida como APD reach-through, porque a camada de
depleção chega (reach) à camada de contato por meio (through) das regiões
de absorção e de multiplicação. Esse tipo de APD pode prover alto ganho
(M ≈ 100) com baixo ruído e largura de banda relativamente grande. Para
sistemas de ondas luminosas que operam na faixa de comprimentos de onda
de 1,3–1,6 mm, APDs de Ge ou InGasAs devem ser utilizados. A melhora
na sensibilidade para esses APDs é limitada a um fator abaixo de 10, devido
ao relativamente pequeno ganho de APD (M ∼ 10) que deve ser utilizado
para reduzir o ruído (veja a Seção 4.4.3).
Pode-se melhorar o desempenho de APDs de InGAAs por meio de mo-
dificações adequadas na estrutura básica mostrada na Figura 4.8. A principal
razão para o desempenho relativamente pobre de APDs de InGAAs está
relacionada aos comparáveis valores numéricos dos coeficientes de ioniza-
ção por impacto ae e ah (Fig. 4.7). Em consequência, a largura de banda
é reduzida de modo considerável, e o ruído também é relativamente alto
(veja a Seção 4.4). Ademais, devido à relativamente estreita banda proibida,
InGaAs sofre ruptura por tunelamento para campos elétricos da ordem de
1 × 105 V/cm, um valor abaixo do limiar para multiplicação por avalanche.
É possível solucionar esse problema em APDs de heteroestrutura com a
utilização de uma camada de InP para a região de ganho, pois intensos
campos elétricos (> 5 × 105 V/cm) podem existir em InP sem ruptura por
tunelamento. Como a região de absorção (camada de InGaAs do tipo i) e
a região de multiplicação (camada de InP do tipo n) são separadas nesses
dispositivos, a estrutura é conhecida como SAM, cujo significado é regiões
separadas de absorção e multiplicação (Separate Absorption and Multiplication).
Como, para InP, ah > ae (Fig. 4.7), o APD é projetado de modo que as
lacunas iniciem o processo de avalanche em uma camada de InP do tipo n,
e kA é definido como kA = ae/ah. A Figura 4.9 mostra uma estrutura de
APD SAM do tipo mesa.
Um problema de APD SAM está relacionado à grande diferença de ban-
da proibida entre InP (Eg = 1,35 eV) e InGaAs (Eg = 0,75 eV). Devido a um
degrau de banda de valência da ordem de 0,4 eV, lacunas geradas na camada
de InGaAs ficam presas na interface da heteroestrutura e são consideravel-
mente desaceleradas antes de alcançarem a região de multiplicação (camada
de InP). Esse tipo de APD possui uma resposta extremamente lenta e largura de
banda relativamente pequena. É possível resolver esse problema com o
emprego de outra camada entre as regiões de absorção e de multiplicação
cuja banda proibida esteja entre as das camadas InP e InGaAs. O material
quaternário InGaAsP, o mesmo usado para lasers de semicondutor, pode ser
170 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

Figura 4.9  Estruturas de APDs (a) SAM e (b) SAGM, contendo regiões separadas de
absorção, multiplicação e gradação.

ajustado para ter banda proibida com qualquer valor entre 0,75−1,35 eV,
sendo ideal para esse propósito. É até possível graduar a composição de
InGaAsP em uma região com espessura de 1-100 nm. APDs desse tipo são
denominados APDs SAGM, com SAGM indicando regiões separadas de
absorção, gradação e multiplicação (SAGM − Separate Absorption, Grading, and
Multiplication) [26]. A Figura 4.9 (b) mostra um APD de InGaAs com a es-
trutura SAGM. O uso de uma camada de gradação de InGaAsP melhora
a largura de banda consideravelmente. Já em 1987, um APD SAGM exibia
produto ganho-banda passante M∆f = 70 GHz, para M > 12 [27]. Em
1991, esse valor foi aumentado para 100 GHz com o uso de uma região
de carga entre as regiões de gradação e de multiplicação [28]. Nesses APDs
SAGM, a camada de multiplicação de InP não é dopada, enquanto a camada
de carga de InP é altamente dopada do tipo n. Lacunas são aceleradas na
camada de carga, devido ao forte campo elétrico, mas a geração de pares
elétrons-lacunas secundários ocorre na camada não dopada de InP. APDs
SAGM melhoraram consideravelmente durante a década de 1990 [29]–[33].
Um produto ganho-banda passante de 140 GHz foi realizado em 2000,
com uma camada de multiplicação com espessura de 0,1 mm que exigia
diferença de potencial <  20 V [33]. APDs desse tipo são muito adequados
à fabricação de receptores compactos de 10 Gb/s.
Uma abordagem distinta ao projeto de APDs de alto desempenho utiliza
uma estrutura de super-rede [34]-[39]. A principal limitação de APDs
de InGaAs resulta dos valores comparáveis de ae e ah. Uma configuração de
super-rede oferece a possibilidade de reduzir a razão kA = ah/ae de seu
valor-padrão quase igual à unidade. Em uma abordagem, as regiões de
absorção e de multiplicação alternam e consistem em delgadas camadas
(∼ 10 nm) de materiais semicondutores com diferentes bandas proibidas.
Essa abordagem foi demonstrada pela primeira vez para APDs de múlti-
plos poços quânticos (MQW – MultiQuantum-Well) de GAAs/AlGaAs, e
resultou em considerável aumento do coeficiente de ionização por impacto
Receptores Ópticos 171

para elétrons [34]. Seu uso é menos bem-sucedido para o sistema material
de InGaAs/InP. Não obstante, alcançou-se considerável progresso com os
chamados APDs em escada, em que a camada de InGaAsp possui composição
graduada para formar uma estrutura do tipo dente de serra no diagrama de
bandas de energia, que parece uma escada, em polarização reversa. Outro
esquema de fabricação de APDs de alta velocidade usa camadas alternadas de
InP e InGaAs para a região de gradação [34]. Contudo, a razão entre as lar-
guras das camadas de InP e InGaAs varia de zero, nas proximidades da região
de absorção, a quase infinito nas proximidades da região de multiplicação.
Como a banda proibida efetiva de um poço quântico depende da largura
deste (espessura da camada de InGaAs), um composto pseudoquartenário
com gradação é formado em consequência da variação na espessura da
camada.
A mais bem-sucedida configuração para APDs de InGaAs usa uma es-
trutura de super-rede para a região de multiplicação de um APD SAM.
Uma super-rede consiste em uma estrutura periódica em que cada período
é composto de duas camadas ultradelgadas (∼10 nm) com diferentes bandas
proibidas. No caso de APDs para 1,55 mm, utilizam-se camadas alternadas
de InAlGaAs e InAlAs, sendo que a última age como uma camada de
barreira. É frequente o uso de uma camada de buffer de campo para separar
a região de absorção de InGaAs da região de multiplicação de super-rede.
A espessura dessa camada de buffer é muito crítica para o desempenho do
APD. Para uma camada de buffer de campo com 52 nm de espessura, o
produto ganho-largura de banda ficou limitado a M∆f = 120 GHz [35], e
aumentou para 150 GHz quando a espessura foi reduzida para 33,4 nm [38].
Esses primeiros dispositivos utilizavam uma estrutura de mesa. No final da
década de 1990, uma estrutura planar foi desenvolvida visando aumentar a
confiabilidade do dispositivo [39]. A Figura 4.10 mostra uma representação
esquemática desse dispositivo, assim como sua largura de banda de 3 dB
medida em função do ganho de APD. O produto ganho-largura de banda

Figura 4.10  APD de super-rede: (a) estrutura do dispositivo e (b) largura de banda de
3 dB medida em função de M. (Após a Ref. [39]; ©2000 IEEE; reimpresso com permissão.)
172 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

de 110 GHz é suficientemente grande para permitir que APDs operem a


10 Gb/s. De fato, um receptor baseado em APD foi usado para um sistema
de ondas luminosas de 10 Gb/s com excelente desempenho.
A limitação do produto ganho-largura de banda de APDs de InGaAs
resulta, principalmente, do uso do sistema material de InP para a geração
dos pares elétrons-lacunas secundários. Uma abordagem híbrida, em que a
camada de multiplicação de Si é incorporada após uma camada de absorção
de InGaAs, pode ser útil, desde que problemas da heterointerface sejam supe-
rados. Em um experimento de 1997, realizou-se um produto ganho-largura
de banda de mais de 300 GHz com o uso de tal abordagem híbrida [40]. O
APD exibiu largura de banda de 3 dB de mais de 9 GHz, para valores de
M de até 35, mantendo uma eficiência quântica de 60%.
A maioria dos APDs usa uma camada de absorção suficientemente es-
pessa (espessura da ordem de 1 mm) para que a eficiência quântica ultrapasse
50%. A espessura da camada de absorção afeta o tempo de trânsito τtr e a
tensão de polarização Vb. Na verdade, esses dois parâmetros podem ser bas-
tante reduzidos com o uso de uma delgada camada de absorção (espessura
∼ 0,1 mm), resultando em APDs aprimorados, desde que uma alta eficiência
quântica seja mantida. Duas abordagens têm sido adotadas para atender a esses
requisitos de projeto um tanto quanto conflitantes. Em uma configuração,
uma cavidade FP é formada para aumentar a absorção em uma camada
delgada por meio de percursos de ida e volta. Com uma camada de absorção
com 60 nm de espessura e uma camada de multiplicação com 200 nm de es-
pessura, eficiência quântica externa de ∼70% e produto ganho-largura de
banda de 270 GHz foram realizados em um APD desse tipo para 1,55 mm
[41]. Em outra configuração, um guia de onda óptico é usado, ao qual a luz
incidente é acoplada pela borda [42]. Essas duas configurações reduzem a
tensão de polarização para próximo de 10 V, mantendo alta eficiência, além
de reduzirem o tempo de trânsito para ∼1 Ps.Tais APDs são adequados para
receptores ópticos de 10 Gb/s.

4.2.4  Fotodetectores MSM


Em um diferente tipo de fotodetector, conhecido como fotodetector de me-
tal-semicondutor-metal (MSM), uma camada de absorção semicondutora é
envolvida por dois eletrodos metálicos. Em consequência, é formada uma bar-
reira Schottky em cada interface metal-semicondutor, a qual impede o fluxo de
elétrons do metal para o semicondutor. Como em um fotodiodo p-i-n, pares
de elétrons-lacunas gerados por absorção de luz fluem em direção aos contatos
metálicos, resultando em uma fotocorrente caracterizada como uma medida
da potência óptica incidente, conforme indicado na Eq. (4.1.1). Contudo, em
contraste com um fotodiodo p-i-n ou APD, uma junção p-n não é necessária.
Nesse sentido, um fotodiodo MSM emprega a configuração mais simples.
Receptores Ópticos 173

Por razões práticas, é difícil posicionar a delgada camada semicondutora


entre dois eletrodos metálicos. Esse problema pode ser resolvido com o posi-
cionamento dos dois contatos metálicos no mesmo lado (o superior) de uma
camada absorvedora crescida epitaxialmente, usando uma estrutura de eletrodos
interdigitais, com dedos espaçados por cerca de 1 mm [43]. A Figura 4.11(a)
mostra a estrutura básica. Em dispositivos modernos, a estrutura de anéis
concêntricos ilustrada na Figura 4.11(b) é usada com mais frequência do que
a de eletrodos interdigitais. A resultante estrutura planar possui capacitância
parasita inerentemente baixa, permitindo operação de fotodetectores MSM em
alta velocidade (de até 300 GHz). Se a luz incidir pelo lado do eletrodo, a res-
ponsividade de um fotodetector MSM é reduzida, pois parte da luz é bloqueada
pelos eletrodos opacos, problema que pode ser resolvido com iluminação pelo
lado inferior, desde que o substrato seja transparente à luz incidente.

Figura 4.11  Estruturas de eletrodos (a) interdigitais e (b) anelados usadas para fotode-
tectores MSM. (Após a Ref. [53]; ©1999 IEEE.)

Fotodetectores MSM baseados em GaAs foram desenvolvidos durante


a década de 1980 e exibem excelentes características de operação [43]. O
desenvolvimento de fotodetectores MSM baseados em InGaAs, adequados
para sistemas de ondas luminosas que operam na faixa de 1,3–1,6 mm,
teve início no final de década de 1980, com a maior parte do progresso
ocorrendo na década de 1990 [44]–[54]. O principal problema com In-
GaAs é sua relativamente pequena altura da barreira Schottky (da ordem de
0,2 eV). Esse problema foi resolvido com a introdução de uma delgada
camada de InP ou InAlAs entre a camada de InGaAs e o contato metálico.
Essa camada, denominada de camada de aumento da barreira, melhora dras-
ticamente o desempenho de fotodetectores MSM baseados em InGaAs.
O uso de uma camada de aumento da barreira de InAlAs com 20 nm de
espessura resultou, em 1992, em fotodetectores MSM para 1,3 mm que
exibiam eficiência quântica de 92% (com iluminação pelo lado inferior),
com baixa corrente no escuro [45]. Um dispositivo encapsulado tinha largura
de banda de 4 GHz, apesar de um grande diâmetro de 150 mm. Se, por razões
174 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

de processamento ou encapsulamento, for desejada iluminação pelo lado


superior, a responsividade pode ser aumentada com o emprego de contatos
metálicos semitransparentes. Em um experimento, a responsividade em
1,55 mm aumentou de 0,4 para 0,7 A/W quando a espessura dos contatos de
ouro foi reduzida de 100 para 10 mm [46]. Em outra abordagem, a estrutura
é separada do substrato hospedeiro e ligada a um substrato de silício com
os contatos interdigitais no lado inferior.Tal fotodetector MSM “invertido”
exibiu alta responsividade quando iluminado pelo lado superior [47].
A resposta temporal de fotodetectores MSM é, em geral, diferente para
iluminações pelos lados inferior e superior [48]. Em particular, a largura de
banda ∆f é um fator de 2 maior para iluminação pelo lado superior, embora a
responsividade seja reduzida, devido ao bloqueio pelos contatos metálicos. O
desempenho de um fotodetector MSM pode ser otimizado ainda mais por meio
do emprego de uma estrutura de super-rede em gradação. Um dispositivo desse
tipo exibe baixa densidade de corrente no escuro, responsividade da ordem de
0,6 A/W em 1,3 mm, e tempo de subida da ordem de 16 ps [51]. Em 1998, um
fotodetector MSM para 1,55 mm exibia largura de banda de 78 GHz [58]. Em
2002, o uso de uma configuração de onda viajante resultou em um dispositivo
baseado em GaAs que operava nas proximidades de 1,3 mm com largura de
banda > 230 GHz [54]. A estrutura planar de fotodetectores MSM também é
adequada à integração monolítica, aspecto discutido na próxima seção.

4.3  PROJETO DE RECEPTORES


O projeto de um receptor óptico depende do formato de modulação
usado pelo transmissor. Como a maioria dos sistemas de ondas luminosas
emprega modulação em intensidade binária, voltamos o foco deste capítulo
para receptores ópticos digitais. A Figura 4.12 exibe um diagrama em blocos
de um receptor desse tipo. Os componentes podem ser arranjados em três
grupos: front end, canal linear e circuito de decisão.

Figura 4.12  Diagrama em blocos de um receptor óptico digital, mostrando os vários


componentes. As linhas tracejadas verticais agrupam os componentes do receptor em
três seções.
Receptores Ópticos 175

4.3.1  Front End


O front end de um receptor consiste em um fotodiodo seguido por um pré-
amplificador. O sinal óptico é acoplado ao fotodiodo por meio de um es-
quema de acoplamento similar ao usado em transmissores ópticos (veja a Se-
ção 3.6.1); acoplamento pela extremidade é muito empregado na prática. O
fotodiodo converte a sequência de bits ópticos em um sinal elétrico variante
no tempo. O papel do pré-amplificador é amplificar o sinal elétrico para
posterior processamento.
O projeto do front end requer um equilíbrio entre velocidade e sensibi-
lidade. Como é possível aumentar a tensão na entrada do pré-amplificador
com o uso de um grande resistor de carga RL, um front end de alta impedância
é comumente usado [Fig. 4.13(a)]. Ademais, como discutido na Seção 4.4,
um grande RL reduz o ruído térmico e melhora a sensibilidade do receptor.
A principal desvantagem de um front end de alta impedância é sua pequena
largura de banda, dada por ∆f = (2πRLCT)−1, em que Rs  RL é assumido na
Eq. (4.2.2), e CT = Cp + CA é a capacitância total, que inclui as contribuições
do fotodiodo (Cp) e do transistor usado para amplificação (CA). A largura
de banda do receptor é limitada pelo componente mais lento. Um front end de
alta impedância não pode ser usado se ∆f for consideravelmente menor do
que a taxa de bits. Às vezes, utiliza-se um equalizador para aumentar a largura
de banda. Esse dispositivo atua como um filtro que atenua mais as compo-
nentes de baixa frequência do sinal do que as componentes de alta frequência,
aumentando, efetivamente, a largura de banda do front end. Se a sensibilidade
do receptor não for relevante, podemos apenas reduzir RL para aumentar a
largura de banda, resultando em um front end de baixa impedância.
Front ends de transimpedância oferecem uma configuração com alta
sensibilidade, aliada a grande largura de banda. A faixa dinâmica também é
otimizada, em comparação com front ends de alta impedância. Como visto
na Figura 4.13 (b), o resistor de carga é conectado como resistor de reali-
mentação em torno de um amplificador-inversor. Embora RL seja grande,
a realimentação negativa reduz a efetiva impedância de entrada por um fator G,
sendo G o ganho do amplificador. A largura de banda é, portanto, aumentada
por um fator G, em comparação com front ends de alta impedância. Front
ends de transimpedância são, muitas vezes, usados em receptores ópticos
devido às melhores características. Um importante aspecto de projeto está
relacionado à estabilidade da malha de realimentação. Mais detalhes podem
ser encontrados nas Refs. [4]–[9].
4.3.2  Canal Linear
O canal linear em receptores ópticos consiste em um amplificador de alto
ganho (amplificador principal) e um filtro passa-baixas. Um equalizador é,
às vezes, incluído imediatamente antes do amplificador a fim de corrigir a
176 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

Figura 4.13  Circuito equivalente de front ends de (a) alta impedância e (b) transim-
pedância em receptores ópticos. Nos dois casos, o fotodiodo é modelado como uma
fonte de corrente.

limitada largura de banda do front end. Controla-se o ganho do amplificador


automaticamente visando limitar a tensão média de saída a um valor fixo,
independentemente da potencia óptica média incidente no receptor. O filtro
passa-baixas formata o pulso de tensão. O propósito do filtro é reduzir o
ruído sem introduzir muita interferência entre símbolos (ISI − InterSymbol In-
terference). Como discutido na Seção 4.4, o ruído do receptor é proporcional
à largura de banda do receptor, podendo ser reduzido com o emprego de
um filtro passa-baixas cuja largura de banda ∆f seja menor do que a taxa
de bits. Como outros componentes do receptor são projetados para ter
largura de banda maior do que a do filtro, a largura de banda do receptor
é determinada pelo filtro passa-baixas usado no canal linear. Para ∆f < B,
o pulso elétrico se espalha além do alocado bit slot. Tal espalhamento pode
interferir na detecção de bits vizinhos, um fenômeno conhecido como ISI.
É possível projetar o filtro passa-baixas de modo que a ISI seja minimi-
zada [1]. Como a combinação do pré-amplificador, amplificador principal
e filtro atua como um sistema linear (daí o nome canal linear), a tensão de
saída pode ser escrita como:



Vout (t ) = zT (t − t' )I p (t' ) dt',
−∞
(4.3.1)

onde Ip(t) é a fotocorrente gerada em resposta à potência óptica incidente


(IP = RdPin). No domínio da frequência,
Receptores Ópticos 177

Vout (ω ) = ZT (ω )Ip (ω ), (4.3.2)

em que Z T é a impedância total na frequência w, e o til representa a


transformada de Fourier. Aqui, ZT(w) é determinada pelas funções de
transferência associadas aos vários componentes do receptor, podendo ser
escrita como:

ZT (ω ) = G p (ω )G A (ω )H F (ω )/Yin (ω ), (4.3.3)

em que Yin(w) é a admitância de entrada; Gp(w), GA(w), HF(w) são as funções


de transferência do pré-amplificador, amplificador principal
~
e ~filtro, res-
pectivamente. É conveniente isolar a dependência de V out (w) e I p (w) por
meio de funções espectrais normalizadas Hout(w) e Hp(w), relacionadas às
transformadas de Fourier dos pulsos de entrada e de saída, respectivamente,
e escrevendo a Eq. (4.3.2) como:

H out (ω ) = H T (ω )H p (ω ), (4.3.4)

em que HT(w) é a função de transferência total do canal linear e está rela-


cionada à impedância total por HT(w) = ZT(w)/ZT(0). Se os amplificadores
tiverem larguras de banda muito maiores do que a do filtro passa-baixas,
HT(w) pode ser aproximada por HF(w).
A ISI é minimizada quando Hout(w) corresponde à função de trans-
ferência de um filtro cosseno levantado e é fornecida por [3]:
 1 [1 + cos( π f /B )], f < B,
2
H out ( f ) =  (4.3.5)
 0, f ≥ B,

sendo f = w/2π e B a taxa de bits. A resposta ao impulso, obtida da trans-
formada de Fourier de Hout(f), é dada por:
Sin(2π Bt ) 1
hout (t ) = . (4.3.6)
2π Bt 1 − (2Bt )2

A forma funcional de hout(t) corresponde à forma do pulso de tensão Vout(t)


recebido pelo circuito de decisão. No instante de decisão t = 0, hout(t) = 1,
e o sinal é máximo. Ao mesmo tempo, hout(t) = 0 para t = m/B, em que m
é um inteiro. Como t = m/B corresponde ao instante de decisão dos bits
vizinhos, o pulso de tensão da Eq. (4.3.6) não interfere nos bits vizinhos.
A função de transferência do canal linear HT(w), que resultará nas formas
de pulsos de saída dadas em (4.3.6), é obtida da Eq. (4.3.4) como:

H T ( f ) = H out ( H p /( f ). (4.3.7)
178 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

Para uma sequência de bits ideal no formato sem retorno ao zero (NRZ)
(pulsos de entrada retangulares, de duração TB = 1/B, Hp( f ) = B sin(πf/B)/πf,
e HT(f) se torna:

H T ( f ) = (π f / 2B )cot(π f / 2B ). (4.3.8)

A Eq. (4.3.8) determina a resposta de frequência do canal linear que pro-


duziria a forma de pulso de saída fornecida pela Eq. (4.3.6) em condições
ideais. Na prática, a forma do pulso de entrada é longe de ser retangular.
A forma do pulso de saída também se desvia da Eq. (4.3.6), e alguma ISI,
inevitavelmente, ocorre.
4.3.3 Circuito de Decisão
A seção de recuperação de dados do receptor óptico consiste em um circuito
de decisão e em um circuito de recuperação de relógio. O propósito do últi-
mo é isolar uma componente espectral na frequência f = B a partir do sinal
recebido. Tal componente fornece informação sobre o bit slot (TB = 1/B)
ao circuito de decisão e ajuda a sincronizar o processo de decisão. No caso
do formato RZ (com retorno ao zero), uma componente espectral em
f = B está presente no sinal recebido; um estreito filtro passa-faixa, como
um filtro de onda acústica de superfície, pode isolar essa componente com
facilidade. Recuperação de relógio é mais difícil no caso do formato NRZ,
pois o sinal recebido não apresenta uma componente espectral em f = B.
Uma técnica comumente empregada gera essa componente elevando ao
quadrado e retificando a componente espectral em f = B/2 que pode ser
obtida passando o sinal recebido por um filtro passa-altas.
O circuito de decisão compara a saída do canal linear com um nível de
limiar, em instantes de tempo de amostragem determinados pelo circuito
de recuperação de relógio, e decide se o sinal corresponde ao bit 1 ou ao
bit 0. O melhor instante de amostragem corresponde à situação em que a
diferença entre os níveis de sinais para os bits 1 e 0 é máxima. Esse instante
pode ser determinado do diagrama de olho formado pela superposição de
sequências elétricas de 2-3 bits do trem de pulsos. O diagrama resultante é
chamado de diagrama de olho devido à sua aparência. A Figura 4.14 mostra

Figura 4.14  Diagramas de olho ideal e degradado para o formato NRZ.


Receptores Ópticos 179

um diagrama de olho ideal e um degradado, no qual ruído e incerteza


temporal (timing jitter) levam a um fechamento parcial do olho. O melhor
instante de amostragem corresponde à máxima abertura do olho.
Devido ao ruído inerente a qualquer receptor, sempre há uma proba-
bilidade finita de que um bit seja identificado erroneamente pelo circuito
de decisão. Receptores digitais são projetados para operar de modo que a
probabilidade de erro seja muito pequena (tipicamente, < 10−9). Ques-
tões relacionadas ao ruído do receptor e a erros de decisão são discutidas
nas Seções 4.4 e 4.5. O diagrama de olho fornece uma forma visual de
monitorar o desempenho do receptor: fechamento do olho é uma indicação
de que o receptor não apresenta desempenho adequado.

4.3.4  Receptores Integrados


Todos os componentes de receptor mostrados na Figura 4.12, com exceção
do fotodiodo, são componentes elétricos comuns e podem ser facilmente
integrados em um mesmo chip com a tecnologia de circuitos integrados
(CI) desenvolvida para dispositivos de microeletrônica. A integração é
particularmente necessária para receptores que operam a altas taxas de bits.
Em 1988, as tecnologias de CI de Si e GaAs foram empregadas na fabricação
de receptores integrados com largura de banda de 2 GHz ou mais [55].
Desde então, a largura de banda foi estendida a 10 GHz.
Considerável esforço tem sido dedicado ao desenvolvimento de recep-
tores ópticos monolíticos que integrem todos os componentes, incluindo
o fotodetector, em um mesmo chip por meio da tecnologia de circuito
integrado optoeletrônico (OEIC – OptoElectronic Integrated-Circuit) [56]-[78].
Tal integração completa é relativamente fácil para receptores baseados em
GaAs, e a tecnologia associada a OIECs fundamentados em GaAs é bas-
tante avançada. O uso de fotodiodos MSM se mostrou útil em especial,
pois são estruturalmente compatíveis com a bem-desenvolvida tecno-
logia de transistor de efeito de campo (FET – Field-Effect-Transistor), técni-
ca usada já em 1986 para demonstrar um chip receptor OEIC de quatro
canais [58].
Para sistemas de ondas luminosas que operam na faixa de comprimentos
de onda de 1,3-1,6 mm, receptores OEICs baseados em InP são necessários.
Como a tecnologia de CI para GaAs é muito mais madura do que para InP,
uma abordagem híbrida é, às vezes, adotada para receptores baseados em
InGaAs. Nessa abordagem, conhecida como tecnologia OEIC de chip invertido
(flip-chip) [59], os componentes eletrônicos são integrados em um chip de
GaAs, enquanto o fotodiodo é fabricado sobre um chip de InP. Os dois
chips são, então, conectados, sendo o chip de InP invertido sobre o de GaAs,
como ilustrado na Figura 4.15. A vantagem da técnica de chip invertido é
o fato de o fotodiodo e os componentes elétricos do receptor poderem ser
180 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

Figura 4.15  Tecnologia OEIC de chip invertido para receptores integrados. O fotodiodo
de InGaAs é fabricado em um substrato de InP e, então, ligado ao chip de GaAs por
contatos elétricos comuns. (Após a Ref. [59]; ©1988 IEE; reimpresso com permissão.)

otimizados de forma independente, mantendo os parasitas (p. ex., capaci-


tância de entrada efetiva) em um mínimo.
A tecnologia de CI baseada em InP avançou consideravelmente na
década de 1990, possibilitando o desenvolvimento de receptores OEICs
de InGaAs [60]-[78]. Vários tipos de transistores foram utilizados para es-
se propósito. Em uma abordagem, um fotodiodo p-i-n é integrado com
FETs ou transistores de alta mobilidade eletrônica (HEMT − High-Elec-
tron-Mobility Transistor) lado a lado em um substrato de InP [61]-[65]. Em
1993, receptores baseados em HEMTs eram capazes de operar a 10 Gb/s
com alta sensibilidade [64]. A largura de banda desses receptores aumentou
para > 40 GHz, possibilitando seu uso a taxas de bits acima de 40 Gb/s [65].
Um fotodiodo p-i-n de guia de onda também foi integrado com HEMTs
a fim de desenvolver um receptor OEIC de dois canais.
Em outra abordagem [66]-[71], a tecnologia de transistores bipolares de
heterojunção (HBT − Heterojunction-Bipolar Transistor) é usada na fabricação
do fotodiodo p-i-n na própria estrutura do HBT, em uma configuração de
coletor comum. Esses transistores são, às vezes, chamados de fototransistores
de heterojunção. Receptores OEICs operando a 5 Gb/z (largura de banda
∆f = 3 GHz) foram fabricados em 1993 [66]. Em 1995, receptores OEICs
baseados na tecnologia de HBT exibiam largura de banda de até 16 GHz,
aliada a alto ganho [68]. Tais receptores podem ser empregados a taxas de
bits acima de 20 Gb/s. De fato, em 1995, um módulo receptor OEIC de alta
sensibilidade a uma taxa de bits de 20 Gb/s foi utilizado em um sistema de
onda luminosa em 1,55 mm [69]. Até mesmo um circuito de decisão é capaz
de, com a tecnologia de HBT, ser integrado em um receptor OEIC [70].
Uma terceira abordagem a receptores OEICs baseados em InP integra
um fotodetector MSM ou de guia de onda com um amplificador HEMT
[72]-[75]. Em 1995, uma largura de banda de 5 GHz foi realizada com um
OEIC desse tipo, usando FETs com dopagem modulada [73]. Em 2000,
Receptores Ópticos 181

Figura 4.16  (a) Estrutura de camada epitaxial e (b) resposta de frequência de um


módulo receptor OEIC fabricado com fotodetector de guia de onda (WGPD – WaveGuide
PhotoDiode). (Após a Ref. [19] ©200 IEEE; reimpresso com permissão.)

esses receptores exibiam larguras de banda de mais de 45 Ghz, com uso


de fotodiodos de guia de onda [19]. A Figura 4.16 mostra a resposta de
frequência e a estrutura de camada epitaxial de um receptor OEIC desse
tipo. Tal receptor possuía largura de banda de 46,5 GHz e responsividade
de 0,62 A/w na região de comprimentos de onda de 1,55 mm. O receptor
tinha uma clara abertura de olho a taxas de bits de até 50 Gb/s.
Como no caso de transmissores ópticos (Seção 3.6), o encapsulamento
de receptores ópticos também é uma questão importante [79]-[83]. A
questão do acoplamento fibra-detector é bastante crítica, pois apenas uma
pequena parcela da potência óptica é disponível no fotodetector. A ques-
tão da realimentação óptica é igualmente importante, pois reflexões não
intencionais realimentadas à fibra de transmissão podem afetar o desempe-
nho do sistema e, portanto, devem ser minimizadas. Na prática, corta-se a
extremidade da fibra em ângulo para reduzir a realimentação óptica.Várias
técnicas diferentes têm sido empregadas visando produzir receptores ópticos
encapsulados capazes de operar a taxas de bits de até 10 Gb/s. Em uma
abordagem, um APD de InGaAs foi ligado ao CI baseado em Si por meio
da técnica de chip invertido [79]. Realizou-se um eficiente acoplamento
fibra-APD com o emprego de uma fibra com extremidade oblíqua (slant-ended
fiber) e uma microlente fabricada monoliticamente no fotodiodo. O ferrule
da fibra foi diretamente soldado por laser à parede do encapsulamento,
com uma estrutura de duplo anel, para estabilidade mecânica. O resultante
módulo receptor suportou testes de choque e vibração, e tinha largura de
banda de 10 GHz.
Outra abordagem híbrida faz uso de uma plataforma de circuito planar de
onda luminosa, contendo guias de onda de sílica em um substrato de silício.
Em um experimento, um receptor OEIC baseado em InP, com dois canais,
foi ligado por chip invertido à plataforma [80]. O resultante módulo era
capaz de detectar dois canais de 10 Gb/s com desprezível interferência. CIs
de GaAs também têm sido usados na fabricação de um compacto módulo
182 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

receptor para operação a taxas de bits de 10 Gb/s [81]. Em 2000, recepto-


res de 40 Gb/s completamente encapsulados encontravam-se disponíveis
comercialmente [83]. Para aplicações em malha local, faz-se necessário
um encapsulamento de baixo custo. Tais receptores operam a taxas de bits
menores, mas devem apresentar bom desempenho em uma grande faixa de
temperaturas, que se estende de –40 a 85ºC.

4.4  RUÍDO EM RECEPTORES


Receptores ópticos convertem a potência óptica incidente Pin em
corrente elétrica por meio de um fotodiodo. A relação Ip = RPin na Eq.
(4.1.1) assume que a conversão é livre de ruído. Contudo, esse não é o caso
nem mesmo para um receptor perfeito. Dois mecanismos fundamentais de
ruído, ruído de disparo e ruído térmico [84]-[86], levam a flutuações na
corrente, mesmo quando o sinal óptico incidente possui potência constante.
A relação Ip = RPin permanece válida se interpretarmos Ip como a corrente
média. No entanto, ruído elétrico induzido pelas flutuações de corrente afeta
o desempenho do receptor. O objetivo desta seção é rever os mecanismos
de ruído e discutir a relação sinal-ruído (SNR) em receptores ópticos. Os
receptores p-i-n e APD são considerados em subseções separadas, pois a
SNR também é afetada pelo mecanismo de ganho por avalanche em APDs.
4.4.1  Mecanismos de Ruído
Ruído de disparo (ou ruído balístico) e ruído térmico são os dois funda-
mentais mecanismos de ruído responsáveis pelas flutuações de corrente em
todos os receptores ópticos, mesmo quando a potência óptica incidente Pin
é constante. Obviamente, ruído adicional é gerado se Pin flutuar, em função
de ruído produzido por amplificadores ópticos. Esta seção considera somente
ruído gerado no receptor; ruído óptico será discutido na Seção 4.7.2.

Ruído de Disparo
Ruído de disparo é uma manifestação do fato de uma corrente elétrica
consistir em um fluxo de elétrons gerados em instantes de tempo aleatórios.
Ruído de disparo foi estudado originalmente por Schottky [87] em 1918;
desde então, tem sido investigado exaustivamente [84]-[86]. A corrente do
fotodiodo gerada em resposta a um sinal óptico constante pode ser escrita
como:

I (t ) = I p + i s (t ), (4.4.1)

em que Ip = RdPin é a corrente média e is(t) é uma flutuação de corrente


relacionada ao ruído de disparo. Matematicamente, is(t) é um processo
aleatório estacionário com estatística de Poisson (em geral, aproximada por
Receptores Ópticos 183

estatística gaussiana). A função de autocorrelação de is(t) é relacionada à


densidade espectral Ss( f ) pelo teorema de Wiener-Khinchin [86]:


i s (t )i s (t + τ ) = ∫ −∞
S s ( f )exp(2π if τ ) df , (4.4.2)

em que os colchetes angulares denotam média de ensemble das flutuações. A


densidade espectral de ruído de disparo é constante e dada por Ss( f ) = qIp
(um exemplo de ruído branco). Notemos que Ss( f ) é a densidade espectral
bilateral, pois a Eq. (4.4.2) inclui frequências negativas. Se apenas frequências
positivas forem consideradas, alterando o limite inferior de integração para
zero, a densidade espectral unilateral se torna 2qIp.
A variância do ruído é obtida fazendo τ = 0 na Eq. (4.4.2), ou seja,


σ s2 = 〈i s2 (t )〉 = ∫−∞
S s ( f ) df = 2qI p ∆f , (4.4.3)

sendo ∆f a largura de banda efetiva de ruído do receptor. O real valor de ∆f


depende da configuração do receptor. ∆f corresponde à largura de banda
intrínseca do fotodetector se flutuações na fotocorrente forem medidas. Na
prática, um circuito de decisão pode usar tensão ou alguma outra grandeza
(p. ex., sinal integrado em um bit slot). Devemos, então, considerar as
funções de transferências dos outros componentes do receptor, como
pré-amplificador e filtro passa-baixas. É comum considerarmos flutuações
de corrente e incluirmos a função de transferência total HT ( f ), modificando
a Eq. (4.4.3) para:



σ s2 = 2qI p |H T ( f )|2 df = 2qI p ∆f , (4.4.4)
0

∞ 2
em que ∆f = ∫ H T ( f ) df , e HT( f ) é dada pela Eq. (4.3.7). Como a corrente
0
no escuro Id também gera ruído de disparo, sua contribuição é incluída
na Eq. (4.4.4) substituindo Ip por Ip + Id. O ruído de disparo total é, então,
dado por

σ s2 = 2q(I p + I d )∆f . (4.4.5)

A grandeza S é raiz do valor médio quadrático (RMS) da corrente de ruído


induzida pelo ruído de disparo.
Ruído Térmico
A uma temperatura finita, elétrons se movem aleatoriamente em qualquer
condutor. Movimento térmico aleatório de elétrons em um resistor se
manifesta como uma corrente flutuante, mesmo na ausência de uma tensão
aplicada. O resistor de carga no front end de um receptor óptico (Fig. 4.13)
adiciona tais flutuações à corrente gerada pelo fotodiodo. Essa componente
184 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

adicional de ruído é denominada ruído térmico, ruído de Johnson [88] ou


ruído de Nyquist [89], em homenagem aos primeiros cientistas que a es-
tudaram experimental ou teoricamente. Ruído térmico pode ser incluído
modificando a Eq. (4.4.1) como

I (t ) = I p + i s (t ) + iT (t ), (4.4.6)

sendo iT(t) uma flutuação de corrente induzida pelo ruído térmico. Mate-
maticamente, iT(t) é modelada como um processo aleatório gaussiano es-
tacionário, com uma densidade espectral que independe da frequência até
f ∼ 1 THz (quase ruído branco) e é dada por

ST ( f ) = 2kBT /R L , (4.4.7)

em que kB é a constante Boltzmann, T é a temperatura absoluta e RL é o


resistor de carga. Como já mencionado, ST( f ) é a densidade espectral
bilateral.
A função de autocorrelação de iT(t) é fornecida pela Eq. (4.4.2), se subs-
tituirmos o subscrito s por T. A variância de ruído é obtida fazendo τ = 0,
sendo determinada por


σ T2 = 〈iT2 (t )〉 = ∫
−∞
ST ( f ) df = (4kBT /R L )∆f , (4.4.8)

em que ∆f é a largura de banda efetiva de ruído. A mesma largura de banda


aparece nos casos de ruído de disparo e de ruído térmico. Notemos que σ T2
não depende da corrente média Ip, mas σ s2 sim.
A Eq. (4.4.8) inclui ruído térmico gerado no resistor de carga. Um
receptor real inclui muitos outros componentes elétricos, alguns dos quais
adicionam ruído. Por exemplo, ruído é invariavelmente adicionado por
amplificadores elétricos. A quantidade de ruído adicional depende da con-
figuração do front end (Fig. 4.13) e dos tipos de amplificadores utilizados.
Em particular, o ruído térmico é diferente para transistores de efeito de
campo e bipolares. Tem-se dedicado considerável esforço à estimativa do
ruído de amplificadores, para diferentes configurações de front ends [4].
Uma abordagem simples leva em conta o ruído do amplificador com a
introdução de uma grandeza Fn, denominada figura de ruído do amplificador,
e a modificação da Eq. (4.4.8) para

σ T2 = (4kBT /R L )Fn ∆f . (4.4.9)

Fisicamente, Fn representa o fator pelo qual o ruído térmico é aumentado


pelos vários resistores usados no pré-amplificador e no amplificador principal.
A corrente de ruído total pode ser obtida somando as contribuições de
ruído de disparo e de ruído térmico. Como is(t) e iT(t) na Eq. (4.4.6) são
Receptores Ópticos 185

processos aleatórios independentes com estatísticas aproximadamente gaus-


sianas, a variância total das flutuações de corrente ∆I = I – Ip = is + iT pode
ser obtida apenas pela soma das variâncias individuais. O resultado é
σ 2 = 〈( ∆I )2 〉 = σ s2 + σ T2 = 2q(I p + I d )∆f + (4kBT /R L )Fn ∆f . (4.4.10)

Pode-se utilizar a Eq. (4.4.10) a fim de calcular a SNR da fotocorrente.

4.4.2 Receptores p-i-n
O desempenho de um receptor óptico depende da SNR.Aqui, é considerada a
SNR para um receptor com fotodiodo p-i-n; receptores com APD são discuti-
dos na próxima subseção. A SNR de qualquer sinal elétrico é definida como

potência média de sinal I p2


SNR = = 2 (4.4.11)
potência de ruído σ

em que usamos o fato de a potência elétrica variar com o quadrado da


corrente. Usando a Eq. (4.4.10) na Eq. (4.4.11), juntamente com Ip = RdPin,
a SNR fica relacionada à potência óptica incidente como:
Rd2 Pin2
SNR = ,
2q( Rd Pin + I d )∆f + 4(kBT /R L )Fn ∆f (4.4.12)

sendo R= q/hv a responsividade do fotodiodo p-i-n.

Limite de Ruído Térmico


Na maioria dos casos de interesse prático, o ruído térmico domina o desem-
penho do receptor (σ T2  σ s2). Desprezando o termo de ruído de disparo
na Eq. (4.4.12), a SNR é escrita como:

R L Rd2Pin2
SNR = .
4kBTFn ∆f (4.4.13)

Assim, no limite de ruído térmico, a SNR varia com Pin2 . Ela pode ser oti-
mizada com o aumento do resistor de carga. Como discutido na Seção 4.3.1,
essa é a razão pela qual a maioria dos receptores usa um front end de alta
impedância ou de transimpedância. O efeito de ruído térmico é, em geral,
quantificado por uma grandeza denominada potência equivalente de ruído
(NEP − Noise-Equivalent Power). A NEP é definida como a mínima potência
óptica por unidade de largura de banda necessária para produzir SNR = 1,
e é dada por:
1/2 1/2
Pin  4kBTFn  hν  4kBTFn 
NEP = = = . (4.4.14)
∆f  R L Rd2  ηq  R L 
186 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

Outra grandeza, denominada detectividade e definida como (NEP)−1, também


é usada para esse propósito. A vantagem em especificar a NEP ou a detec-
tividade para um receptor p-i-n é poder usar uma ou outra para estimar a
potência óptica necessária à obtenção de um valor específico de SNR, caso
a largura de banda ∆f seja conhecida.Valores típicos de NEP estão na faixa
de 1-10 pW/Hz1/2.

Limite de Ruído de Disparo


Consideremos o limite oposto, para o qual o desempenho do receptor é
dominado pelo ruído de disparo (σ s  σ T ). Como σ s aumenta linear-
2 2 2

mente com Pin, pode-se alcançar o limite de ruído de disparo tornando a


potência incidente grande. Nessa situação, corrente no escuro Id pode ser
desprezada. A Eq. (4.4.12) fornece, então, a seguinte expressão para a SNR:
Rd Pin ηPin
SNR = = . (4.4.15)
2q∆f 2hν∆f
No limite de ruído de disparo, a SNR aumenta linearmente com Pin e de-
pende somente da eficiência quântica , da largura da banda ∆f e da energia
do fóton hv. A SNR pode ser escrita em termos

do número de fótons Np
contidos no bit “1”. Se usarmos Ep = Pin ∫ h p (t )dt  = Pin/B para a energia
−∞
do pulso de um bit de duração 1/B, sendo B a taxa de bits, notamos que
Ep = Nphv e podemos escrever Pin como Pin = NphvB. Escolhendo ∆f = B/2
(valor típico para a largura de banda), a SNR por bit é simplesmente for-
necida por Np. No limite de ruído de disparo, uma SNR de 20 dB pode
ser realizada se Np = 100 e  ≈ 1. Em contraste, vários milhares de fótons
são necessários para obter SNR = 20 dB quando o ruído térmico domina
o receptor. Como referência, para um receptor de 1,55 mm que opera a
10 Gb/s, Np = 100 quando Pin ≈ 130 nW.

4.4.3 Receptores Baseados em APDs


Receptores ópticos que empregam APDs, em geral, proveem maior SNR
para a mesma potência óptica incidente. A melhora ocorre em função do
ganho interno que aumenta a fotocorrente por um fator multiplicativo M,
de modo que

I p = MRd Pin = R APDPin , (4.4.16)

em que RAPD ≡ MRd é a responsividade de APD, aumentada por um fator


M, em relação à responsividade de um fotodiodo p-i-n. A SNR deveria ser
aumentada por um fator M2, se o ruído do receptor não fosse afetado pelo
mecanismo de ganho interno de APDs. Infelizmente, esse não é o caso,
sendo o aumento na SNR consideravelmente reduzido.
Receptores Ópticos 187

Aumento do Ruído de Disparo


O ruído térmico permanece o mesmo em receptores APD, pois tem origem
em componentes elétricos que não fazem parte do APD. Contudo, isso
não ocorre com o ruído de disparo. O ganho de APD resulta da geração
de pares elétrons-lacunas secundários por meio do processo de ionização
por impacto. Como esses pares são gerados em tempos aleatórios, uma con-
tribuição adicional é feita ao ruído de disparo associado à geração dos pares
elétrons-lacunas primários. Na verdade, o próprio fator multiplicativo é uma
variável aleatória, e M que aparece na Eq. (4.4.16) representa o ganho de
APD médio. O ruído de disparo total pode ser calculado das Eq. (4.2.3) e
(4.2.4) tratando ie e ih como variáveis aleatórias [90]. O resultado é:

σ s2 = 2qM 2FA ( Rd Pin + I d )∆f . (4.4.17)

em que FA é o fator de excesso de ruído do APD, sendo dado por [90]:

FA ( M ) = k A M + (1 − k A )(2 − 1/M ). (4.4.18)

O parâmetro adimensional kA é definido como kA = ah/ae se ah < ae,


e como kA = ae/ah se ah > ae. Em outras palavras, kA está no intervalo
0 < kA < 1. Em geral, FA aumenta com M. Contudo, embora FA seja no
máximo 2 para kA = 0, aumenta linearmente (FA = M) quando kA = 1. A
razão kA deve ser a menor possível para a obtenção do melhor desempenho
de um APD [91].
Caso o processo de ganho por avalanche fosse sem ruído (FA = 1), IP
e σs aumentariam pelo mesmo fator M e a SNR não seria afetada, no que diz
respeito à contribuição de ruído de disparo. Na prática, a SNR de receptores
APD é pior do que a de receptores p-i-n quando o ruído de disparo domina,
devido ao excesso de ruído gerado no interior do APD. O domínio do ruído
térmico em receptores práticos é que torna APDs atraentes. Na verdade, a
SNR de receptores APD pode ser escrita como:
I p2 ( MRd Pin )2
SNR = = , (4.4.19)
σ s2 + σ T2 2qM 2 FA ( Rd Pin + I d )∆f + 4(kBT /R L )Fn ∆f
em que as Eq. (4.4.9), (4.4.16) e (4.4.17) foram usadas. A Figura 4.17 mostra
a dependência da SNR em relação à potência recebida Pin para três valores
do ganho M de APD, usando Rd = 1 A/W, Id = 1 nA, kA = 0,7 e T = 1 mA
para um receptor com 30 GHz de largura de banda.
Vale a pena ressaltar várias características na Figura 4.17. Observando que
o caso M = 1 corresponde ao uso de um fotodiodo p-i-n, fica evidente que a
SNR, na verdade, é degradada para um receptor APD quando as potências de
entrada são relativamente altas. Qualquer melhora na SNR ocorre somente
para baixos níveis de potência de entrada (abaixo de −20 dBm). A razão para
188 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

Figura 4.17  Aumento na SNR com a potência recebida Pin, para três valores do ganho M
de APD, para um receptor com 30 GHz de largura de banda. O caso M = 1 corresponde
a um fotodiodo p-i-n.

esse comportamento está relacionada ao aumento do ruído de disparo em


receptores APD. Em baixos níveis de potência, o ruído térmico é dominante,
em relação ao ruído de disparo, e o ganho de APD é benéfico. Contudo, à
medida que o ganho de APD aumenta, o ruído de disparo começa a dominar,
em relação ao ruído térmico, e o desempenho do APD se torna pior do que
o de um fotodiodo p-i-n nas mesmas condições de operação. Para esclarecer
esse ponto, consideremos os dois limites separadamente.
No limite de ruído térmico (s  T), a SNR se torna

SNR = ( R L Rd2 /4kBTFn ∆f )M 2 Pin2 (4.4.20)

e, como esperado, aumenta por um fator M2, em comparação com o valor


para receptores baseados em fotodiodos p-i-n [veja a Eq. (4.4.13)]. Em con-
traste, no limite de ruído de disparo (s  T), a SNR é dada por:
Rd Pin ηPin
SNR = =
2qFA ∆f 2hν FA ∆f (4.4.21)

e é reduzida pelo fator de excesso de ruído FA, em comparação com o valor


para receptores baseados em fotodiodos p-i-n [veja a Eq. (4.4.15)].

Ganho de APD Ótimo


A Eq. (4.4.19) mostra que, para uma dada Pin, a SNR de receptores baseados
em APDs é máxima para um valor ótimo Mopt do ganho M de APD. É fácil
Receptores Ópticos 189

mostrar que a SNR é máxima quando Mopt satisfaz o seguinte polinômio


cúbico:

4kBTFn
3
k A M opt + (1 − k A )M opt = . (4.4.22)
qR L ( Rd Pin + I d )

O valor ótimo Mopt depende de um grande número de parâmetros do


receptor, como corrente no escuro, responsividade R e razão entre os coefi-
cientes de ionização por impacto kA. Contudo, Mopt independe da largura de
banda do receptor. A característica mais notável da Eq. (4.4.22) é que Mopt di-
minui com o aumento em Pin.A Figura 4.18 mostra a variação de Mopt com Pin
para diversos valores de kA, usando valores típicos dos parâmetros RL = 1 kΩ,
Fn = 2, R = 1 a/W e Id = 2 nA, correspondentes a um receptor de InGaAs

Figura 4.18  Ganho de APD ótimo Mopt em função da potência óptica incidente Pin, para
diversos valores de kA. Foram utilizados valores de parâmetros correspondentes a um
típico receptor baseado em APD de InGaAs para 1,55 mm.

para 1,55 mm. O ganho de APD ótimo é muito sensível à razão kA entre


os coeficientes de ionização por impacto. Para kA = 0, Mopt diminui com o
inverso de Pim, como pode ser facilmente concluído da Eq. (4.4.22), notando
que, na prática, a contribuição de Id é desprezível. Em contraste, para kA = 1,
Mopt varia com Pin−1/3, e essa forma de dependência parece valer mesmo para
valores muito pequenos de kA, como 0,01, desde que Mopt > 10. Na verdade,
desprezando o segundo termo na Eq. (4.4.22), Mopt é bem aproximado por
1/3
 4kBTFn 
M opt ≈  (4.4.23)
 k AqR L ( Rd Pin + I d ) 
190 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

para kA na faixa de 0,01−1. Essa expressão revela o crítico papel da razão


kA entre os coeficientes de ionização por impacto. Para APDs de Si, para os
quais kA  1, Mopt pode chegar a 100. Entretanto, para receptores de InGaAs,
Mopt tem valores próximos de 10, pois, nesse caso, kA ≈ 0,7. Receptores de
InGaAs baseados em APDs são úteis para sistemas de comunicação óptica
devido à maior sensibilidade, permitindo que operem a níveis de potên-
cia de entrada mais baixos. Contudo, desde o advento de amplificadores
ópticos, APDs são raramente empregados em modernos sistemas de ondas
luminosas.

4.5  DETECÇÃO COERENTE


Da Seção 4.4, fica claro que, embora o ruído de disparo estabeleça o
limite fundamental, na prática, é o ruído térmico que limita um fotodetector.
O uso de APDs ajuda, até certo ponto, a reduzir o impacto de ruído térmico,
mas aumenta o ruído de disparo. Cabe questionar se é possível projetar um
esquema de detecção limitado somente pelo ruído de disparo. A resposta é
dada por uma técnica conhecida como detecção coerente, assim chamada por
combinar o sinal óptico de entrada coerentemente com um campo óptico
CW antes de chegar ao detector. Um benefício adicional é que essa técnica
também pode ser utilizada para sistemas que codificam informação na
fase óptica (como os formatos de modulação FSK e PSK), pois converte
variações de fase em variações de amplitude.

4.5.1  Oscilador Local


A ideia básica associada à detecção coerente é ilustrada na Figura 4.19. Um
campo coerente é gerado localmente no receptor usando um laser de pequena
largura de linha, chamado de oscilador local (LO − Local Oscillator), um termo
herdado da literatura de rádio e de micro-ondas. Esse campo é combinado
com o campo óptico incidente usando um combinador de feixe, tipicamente,

Figura 4.19  Diagrama em blocos de um esquema de detecção coerente.


Receptores Ópticos 191

um acoplador a fibra. Para ver como tal mixagem pode melhorar o desempe-
nho do receptor, escrevamos o sinal óptico na notação complexa, como:

E s = As exp[ −i(ω 0t + φs )], (4.5.1)


em que w0 é a frequência portadora, As é a amplitude e φs, a fase. O campo
óptico associado ao oscilador local é dado por uma expressão similar:

E LO = ALO exp[ −i(ω LOt + φLO )], (4.5.2)


em que ALO, wLO e φLO representam a amplitude, a frequência e a fase do
oscilador local, respectivamente. A notação escalar é usada para Es e ELO,
assumindo que os dois campos possuam a mesma polarização. A potência
óptica incidente no fotodetector é dada por P = |Es + ELO|2. Usando as
Eq. (4.5.1) e (4.5.2),

P (t ) = Ps + PLO + 2 Ps PLO cos(ωIFt + φ s − φLO ), (4.5.3)

em que

Ps = As2 , PLO = ALO


2
, ω IF = ω 0 − ω LO . (4.5.4)

A frequência VIF ≡ wIF/2π é denominada frequência intermediária. Quando


w0 ≠ wLO, o sinal óptico é demodulado em dois estágios. Primeiro, sua
frequência portadora é convertida em uma frequência intermediária wIF
(tipicamente, 0,1–5 GHz). O sinal de radiofrequência (RF) resultante é,
então, processado eletronicamente para recuperar a sequência de bits. Nem
sempre é necessário usar uma frequência intermediária. Na verdade, há duas
técnicas distintas de detecção coerente, dependendo se wIF é igual a zero
ou não. Essas técnicas são conhecidas como detecção homódina e heteródina.

4.5.2  Detecção Homódina


Nesta técnica de detecção coerente, a frequência do oscilador local wLO é
escolhida igual à frequência portadora w0, de modo que wIF = 0. Da Eq.
(4.5.3), a fotocorrente (I = RdP, em que Rd é a responsividade do detector)
é dada por

I (t ) = Rd (Ps + PLO ) + 2Rd Ps (t )PLO cos(φs − φLO ). (4.5.5)

Tipicamente, PLO  Ps e Ps + PLO ≈ PLO. O último termo na Eq. (4.5.5)


contém a informação transmitida e é utilizado pelo circuito de decisão.
Consideremos o caso em que a fase do oscilador local é travada à fase do
sinal, de modo que φs = φLO. O sinal homódino é, então, dado por:

I p (t ) = 2Rd Ps (t )PLO . (4.5.6)


192 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

A principal vantagem da detecção homódina se torna evidente na Eq.


(4.5.6), se notarmos que a corrente de sinal no caso de detecção direta é
dada por Idd(t) = RdPs(t). Denotando a potência média de sinal por P s , com
o uso da detecção homódina, a potência elétrica é aumentada por um fator
4PLO/P s . Como PLO pode ser feita muito maior do que P s , o aumento da
potência pode ultrapassar 20 dB. Embora o ruído de disparo também seja
aumentado, mostraremos posteriormente que a detecção homódina melhora
a SNR por um grande fator.
Outra vantagem da detecção coerente fica evidente da Eq. (4.5.5). Como
o último termo na equação contém a fase do sinal explicitamente, é possível
recuperar dados transmitidos usando a fase ou a frequência da portadora
óptica. A detecção direta não permite isso, pois toda a informação na fase
do sinal é perdida.Vários formatos de modulação baseados em codificação
de fase são discutidos no Capítulo 10.
Uma desvantagem da detecção homódina também resulta de sua sensibi-
lidade à fase. Como o último termo na Eq. (4.5.5) contém a fase do oscilador
local φLO explicitamente, fica claro que φLO deve ser controlada. Idealmente,
φs e φLO devem permanecer constantes, exceto para a modulação intencional
de φs. Na prática, tanto φs como φLO flutuam com o tempo de forma aleatória.
Contudo, a diferença φs–φLO pode ser forçada a permanecer quase constante,
por meio de uma malha de travamento de fase óptica. A implementação
dessa malha não é simples e complica muito o projeto de receptores ópticos
homódinos. Ademais, o casamento das frequências do transmissor e do os-
cilador local impõe restritas exigências sobre as duas fontes ópticas.

4.5.3  Detecção Heteródina


No caso de detecção heteródina, a frequência do oscilador local wLO é es-
colhida com valor diferente ao da frequência da portadora de sinal w0, de
modo que a frequência intermediária wIF esteja na região de micro-ondas
(vIF ∼ 1 GHz). Usando a Eq. (4.5.3) juntamente com I = RdP, a fotocorrente
é dada por

I (t ) = Rd (Ps + PLO ) + 2Rd Ps PLO cos(ω IFt + φs − φLO ). (4.5.7)

Como, na prática, PLO  Ps, o termo de corrente contínua (CC) é quase


constante e pode ser facilmente removido por um filtro passa-faixa. O sinal
heteródino é, então, fornecido pelo termo de corrente alternada (AC) na
Eq. (4.5.7):

I ac (t ) = 2Rd Ps PLO cos(ω IFt + φs − φLO ). (4.5.8)

Como no caso da detecção homódina, informação pode ser transmitida


por modulação em amplitude, fase ou frequência da portadora óptica. Mais
Receptores Ópticos 193

importante, o oscilador local ainda amplifica o sinal recebido por grande


fator, melhorando a SNR. Contudo, a melhora na SNR é um fator de 2
(ou 3) menor do que o obtido no caso homódino. Essa redução é referida
como penalidade da detecção heteródina. A origem dela de 3 dB pode ser
vista a partir da potência do sinal (proporcional ao quadrado da corrente).
Devido à natureza AC de Iac, a potência elétrica é reduzida por um fator
de 2 quando tomada a média de I ac2 em um ciclo completo à frequência
intermediária (recordemos que a média de cos2u em u é ½).
A vantagem alcançada à custa da penalidade de 3 dB é uma considerável
simplificação do projeto do receptor, pois deixa de ser necessária uma malha
de travamento de fase óptica. Flutuações em φs e φLO ainda precisam ser con-
troladas com o uso de lasers de semicondutor de pequena largura de linha para
as duas fontes. Entretanto, os requisitos de largura de linha são relativamente
moderados quando um esquema de demodulação assíncrona é empregado.
Essa característica torna o esquema de detecção heteródina muito adequado
para implementação prática em sistemas de ondas luminosas coerentes.

4.5.4  Relação Sinal-Ruído


A vantagem de detecção coerente para sistemas de ondas luminosas pode
ser quantificada considerando a SNR da corrente do receptor. Para esse
propósito, é necessário estender a análise da Seção 4.4 ao caso de detecção
heteródina. A corrente do receptor flutua devido aos ruídos de disparo e
térmico. A variância 2 das flutuações de corrente é obtida somando as duas
contribuições:

σ 2 = σ s2 + σ T2 , (4.5.9)

em que

σ s2 = 2q(I + I d )∆f , σ T2 = (4kBT /R L )Fn ∆f . (4.5.10)

É importante notar que, na Eq. (4.5.10), I é a corrente total gerada no


detector, fornecida pela Eq. (4.5.5) ou (4.5.7), dependendo se é empregada
detecção homódina ou heteródina. Na prática, PLO  Ps, de modo que, para os
dois casos, I na Eq. (4.5.10) pode ser substituída pelo termo dominante RPLO.
A SNR é obtida dividindo a potência média de sinal pela potência média
de ruído. No caso heteródino, a SNR é dada por:

I ac2 2Rd2Ps PLO


SNR = = . (4.5.11)
σ2 2q( Rd PLO + I d )∆f + σ T2

No caso homódino, a SNR é maior por um fator de 2, se, na Eq. (4.5.5),


assumirmos que φs = φLO. A principal vantagem de detecção coerente pode
194 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

ser vista da Eq. (4.5.11). Como é capaz de ser controlada no receptor, a


potência do oscilador local P0 pode ser feita suficientemente grande, de
modo que o ruído do receptor seja dominado pelo ruído de disparo. Mais
especificamente, σ s  σ T quando

PLO  σ T2 /(2qRd ∆f ). (4.5.12)

Nessas mesmas condições, a contribuição da corrente no escuro ao ruído


de disparo é desprezível (Id  RPLO). A SNR é, então, determinada por:
Rd Ps ηPs
SNR ≈ = , (4.5.13)
q∆f hν∆f

em que Rd = q/hv foi usado da Eq. (4.1.3). O ponto principal a enfatizar


é que o uso de detecção coerente nos permite alcançar o limite de ruído
de disparo para receptores p-i-n, cujo desempenho, em geral, é limitado pelo
ruído térmico. Ademais, em contraste com o caso de APDs, esse limite é
realizado sem a adição de qualquer excesso de ruído de disparo.
É útil expressar a SNR em termos do número de fótons, Np, recebido em
um único bit. A uma taxa de bits B, a potência de sinal P s está relacionada
a Np por P s = NphvB. Tipicamente, ∆f ≈ B/2. Usando esses valores na Eq.
(4.5.13), a SNR é dada pela simples expressão:

SNR = 2ηN p . (4.5.14)

No caso de detecção homódina, a SNR é maior por um fator 2, sendo


fornecida por SNR = 4Np.

4.6  SENSIBILIDADE DE RECEPTORES


Em um grupo de receptores ópticos, dizemos que um receptor é mais
sensível se alcançar o mesmo desempenho com menos potência óptica in-
cidente. Para receptores digitais, o critério de desempenho é governado pela
taxa de erro de bit (BER − Bit-Error Rate), definida como a probabilidade
de incorreta identificação de um bit pelo circuito de decisão. Assim, uma
BER de 2 × 10–6 corresponde, em média, a 2 erros por milhão de bits. Um
critério comum para receptores ópticos digitais requer que a BER esteja
abaixo de 1 × 10–9. A sensibilidade do receptor é, então, definida como a
mínima potência recebida média Prec necessária para que o receptor opere a
uma BER de 10−9. Como Prec depende da BER, comecemos calculando esta.

4.6.1  Taxa de Erro de Bit


A Figura 4.20(a) mostra, esquematicamente, o sinal de flutuação recebido pe-
lo circuito de decisão, que o amostra em instantes de decisão tD determinado
Receptores Ópticos 195

Figura 4.20  (a) Sinal de flutuação gerado no receptor; (b) densidades de probabilidade
gaussiana de bits 1 e 0. A região hachurada mostra a probabilidade de identificação
incorreta.

pela recuperação de relógio. O valor amostrado I flutua de bit para bit em


torno de um valor médio I1 ou I0, dependendo se o bit corresponde a 1 ou a
0 na sequência de bits. O circuito de decisão compara os valores amostrados
com um valor de limiar ID e identifica o bit como 1, se I > ID, ou como bit
zero, se I < ID. Um erro ocorre se I < ID para um bit 1, devido ao ruído no
receptor. Um erro também ocorre se I > ID para um bit 0. As duas fontes
de erro podem ser incluídas definindo a probabilidade de erro como

BER = p(1)P (0|1) + p(0)P (1|0), (4.6.1)

sendo p(1) e p(0) as probabilidade de receber os bits 1 e 0, respectivamente;


P(0|1) é a probabilidade de decidir 0 quando 1 é recebido, e P (1|0) é a
probabilidade de decidir 1 quando 0 é recebido. Como bits 1 e 0 possuem
iguais probabilidades de ocorrência, p(1) = p(0) = 1/2, e a BER se torna

BER = 21 [ P (0|1) + P (1|0)]. (4.6.2)

A Figura 4.20(b) mostra como P(0|1) e P(1|0) dependem da função


densidade de probabilidade p(I) do valor amostrado I. A forma matemática de
p(I) depende das estatísticas das fontes de ruído responsáveis pelas flutuações
de corrente. O ruído térmico iT na Eq. (4.4.6) é bem descrito por estatís-
tica gaussiana com média zero e variância σ T . A estatística da contribuição
2

de ruído de disparo is na Eq. (4.4.6) também é aproximadamente gaussiana


196 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

para receptores p-i-n, embora isso não seja válido para APDs [90]–[92]. Uma
aproximação comum trata is como variável aleatória gaussiana para recep-
tores p-i-n e APDs, mas com variâncias diferentes, dadas pelas Eq. (4.4.5) e
(4.4.17), respectivamente. Como a soma de duas variáveis aleatórias gaus-
sianas também é uma variável aleatória gaussiana, o valor amostrado I tem
função densidade de probabilidade gaussiana com variância 2 = σ s + σ T .
2 2

Contudo, a média e a variância são diferentes para bits 1 e 0, pois Ip na Eq.


(4.4.6) é igual a I1 ou I0, dependendo do bit recebido. Sejam σ 1 e σ 0 as
2 2

correspondentes variâncias, as probabilidades condicionais são dadas por

1 ID  (I − I 1 )2  1  I1 − I D 
P (0|1) =
σ 1 2π ∫−∞  − 2σ 12  dI = 2 erfc  σ 1 2  , (4.6.3)
exp

1 ∞  (I − I 0 )2  1  I − I0 
P (1|0) =
σ0 ∫
2π I D
exp 


2σ 0 
2  dI = erfc  D
2  σ 0 2 
, (4.6.4)

em que erfc designa a função erro complementar, definida como [93]:
2 ∞


erfc( x ) =
π ∫ x
exp( − y 2 ) dy. (4.6.5)

Substituindo as Eq. (4.6.3) e (4.6.4) na Eq. (4.6.2), a BER fica definida por:

1 I −I   I − I0  
BER =  erfc  1 D  + erfc  D . (4.6.6)
4  σ1 2   σ 0 2  

A Eq. (4.6.6) mostra que a BER depende do limiar de decisão ID. Na


prática, ID é otimizado para minimizar a BER. O mínimo ocorre quando
ID é escolhido de modo que

(I D − I 0 )2 (I 1 − I D )2 σ  (4.6.7)
= + ln  1  .
2σ 0
2
2σ 12
 σ0 

O último termo nessa equação é desprezível na maioria dos casos de in-


teresse prático, sendo ID obtida, aproximadamente, de

(I D − I 0 )/σ 0 = (I 1 − I D )/σ 1 ≡ Q. (4.6.8)

Uma expressão explícita para ID é:


σ 0I 1 + σ 1I 0
ID = . (4.6.9)
σ0 + σ1

Quando 1 = 0, ID = (I1 + I0)/2, o que corresponde a estabelecer o limiar


de decisão no valor médio. Essa é a situação para a maioria dos receptores
Receptores Ópticos 197

p-i-n cujo ruído é dominado pelo ruído térmico (T  s) e independe da
corrente média. Em contraste, o ruído de disparo é maior para o bit 1 do que
para o bit 0, pois σ s2 varia linearmente com a corrente média. No caso de
receptores baseados em APDs, a BER pode ser minimizada estabelecendo o
limiar de decisão segundo a Eq. (4.6.9). A BER com limiar de decisão ótimo
é obtida das Eq. (4.6.6) e (4.6.8), e depende somente do parâmetro Q:

1  Q  exp(−Q 2 /2)
BER = erfc  ≈ , (4.6.10)
2  2 Q 2π

sendo o parâmetro Q obtido das Eq. (4.6.8) e (4.6.9) como:


I1 − I 0
Q= . (4.6.11)
σ1 + σ0

A forma aproximada da BER é obtida usando a aproximação assintótica [93]


para erfc(Q/ 2), sendo razoavelmente precisa para Q > 3. A Figura 4.21
mostra a variação da BER em função do parâmetro Q. A BER melhora
à medida que Q aumenta, e se torna menor do que 10−12 para Q > 7. A
sensibilidade do receptor corresponde à potência óptica média para a qual
Q ≈ 6, pois BER ≈ 10−9 quando Q = 6. A próxima subseção fornece uma
expressão explícita para a sensibilidade do receptor.

4.6.2  Mínima Potência Recebida


A Eq. (4.6.10) pode ser usada para calcular a mínima potência óptica neces-
sária para que o receptor opere de modo confiável com BER abaixo de um

Figura 4.21  Taxa de erro de bit (BER) em função do parâmetro Q.


198 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

valor especificado. Para esse propósito, o parâmetro Q deve ser relacionado


à potência óptica incidente. Por simplicidade, consideremos o caso em que
os bits 0 não transportam potência, de modo que P0 = 0 e, portanto, I0 = 0.
A potência P1 nos bits 1 está relacionada a I1 por:

I 1 = MRd P1 = 2MRd Prec, (4.6.12)


sendo P rec a potência média recebida, definida como P rec  = (P1 + P0)/2.
O ganho M de APD é incluído na Eq. (4.6.12) por uma questão de gene-
ralidade. O caso de receptores p-i-n pode ser considerado fazendo M = 1.
As correntes de ruído RMS 1 e 0 incluem as contribuições dos ruídos
de disparo e térmico, e podem ser escritas como:

σ 1 = (σ s2 + σ T2 )1/2 e σ 0 = σT , (4.6.13)

sendo σ s e σ T dadas pelas Eq. (4.4.17) e (4.4.9), respectivamente. Des-


2 2

prezando a contribuição da corrente no escuro, as variâncias de ruído ficam


escritas como:

σ s2 = 2qM 2 FA Rd (2Prec )∆f , (4.6.14)

σ T2 = (4kBT /R L )Fn ∆f . (4.6.15)

Usando as Eq. (4.6.11)−(4.6.13), o parâmetro Q é fornecido por:

I1 2MRd Prec
Q= = . (4.6.16)
σ 1 + σ 0 (σ s2 + σ T2 )1/2 + σ T

Para um valor específico da BER, Q é determinado da Eq. (4.6.10) e


a sensibilidade do receptor P rec , da Eq. (4.6.16). Uma simples expressão
analítica para P rec é obtida da solução da Eq. (4.6.16) para um dado valor
de Q, sendo determinada por [3]:

Q  σ 
Prec = qFAQ ∆f + T  . (4.6.17)
Rd  M

A Eq. (4.6.17) mostra a dependência de P rec em relação a vários parâme-


tros do receptor e como P rec pode ser otimizada. Consideremos, primeiro,
o caso de um receptor p-i-n, fazendo M = 1. Como o ruído térmico, em
geral, é dominante nesse tipo de receptor, tem-se P rec pela simples expressão:

(Prec ) pin ≈ Qσ T /Rd . (4.6.18)

Da Eq. (4.6.15), σ T depende não apenas de parâmetros do receptor,


2

como RL e Fn, mas também da taxa de bits, por meio da largura de banda
Receptores Ópticos 199

∆f do receptor (tipicamente, ∆f = B/2). Assim, no limite de ruído térmico,


P rec aumenta com B . Como exemplo, consideremos um receptor p-i-n
para 1,55 mm com R = 1 A/W. Se usarmos T = 100 nA como valor
típico e Q = 6, correspondendo a uma BER = 10−9, a sensibilidade do
receptor é fornecida por P rec  = 0,1 mW ou −32,2 dBm.
A Eq. (4.6.17) mostra que a sensibilidade do receptor melhora com
uso de receptores baseados em APDs. Caso o ruído térmico permaneça
dominante, P rec é reduzida por um fator M e a sensibilidade do receptor
é aumentada pelo mesmo fator. Contudo, o ruído de disparo aumenta
consideravelmente para APS, de modo que a Eq. (4.6.17) deve ser usada no
caso geral em que as contribuições de ruído de disparo e de ruído térmico
são comparáveis. Como no caso da SNR, discutido na Seção 4.4.3, pode-se
otimizar a sensibilidade do receptor com o ajuste do ganho M de APD.
Usando FA da Eq. (4.4.18) na Eq. (4.6.17), é fácil verificar que P rec é mínima
para um valor ótimo de M dado por [3]:
1/2 1/2
−1/2  σT   σT 
M opt = k  Qq∆f + k A − 1 ≈ , (4.6.19)
 k AQq∆f 
A

e o valor mínimo é dado por

(Prec )APD = (2q∆f /Rd )Q 2 (k A M opt + 1 − k A ). (4.6.20)

A melhora obtida na sensibilidade do receptor com o uso de um APD pode


ser estimada comparando as Eq. (4.6.18) e (4.6.20). A melhora depende da
razão kA entre os coeficientes de ionização por impacto e é maior para APDs
com menor valor de kA. Para receptores baseados em APDs de InGaAs,
a sensibilidade melhora, tipicamente, de 6–8 dB; tal melhora é, às vezes,
chamada de vantagem de APD. Notemos que, para receptores baseados
em APDs, P rec aumenta linearmente com a taxa de bits B (∆f ≈ B/2), em
contrate com a dependência com B no caso de receptores p-i-n. A depen-
dência linear de P rec em relação a B é uma característica geral de receptores
limitados pelo ruído de disparo. Para um receptor ideal, para o qual σT = 0,
a sensibilidade do receptor é obtida fazendo M = 1 na Eq. (4.6.17), sendo
fornecida por:

(Prec )ideal = (q∆f /Rd )Q 2 . (4.6.21)

Uma comparação entre as Eq. (4.6.20) e (4.6.21) mostra a degradação da


sensibilidade causada pelo fator de excesso de ruído em receptores baseados
em APDs.
Medidas alternativas da sensibilidade de receptores são, às vezes, em-
pregadas. Por exemplo, a BER pode ser relacionada à SNR e ao número
200 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

médio de fótons Np contidos no bit “1”. No limite de ruído térmico, 0 ≈


1. Usando I0 = 0, a Eq. (4.6.11) fornece Q = I1/21. Como SNR = I 12 /σ 12 ,
a relação entre SNR e Q é, simplesmente, SNR = 4Q2. Como Q = 6
para BER = 10−9, a SNR deve ser, pelo menos, 144 ou 21,6 dB para que
uma BER ≤ 10−9 seja alcançada. O necessário valor da SNR é diferente
no limite de ruído de disparo. Na ausência de ruído térmico, 0 ≈ 0, pois
o ruído de disparo é desprezível para um bit “0”, caso a contribuição da
corrente no escuro seja desprezada. No limite de ruído de disparo, co-
mo Q = I 1/1 = (SNR) 1/2, uma SNR de 36 ou 15,6 dB é suficiente
para se obter uma BER = 1 × 10−9. Na Seção 4.4.2 foi mostrado que,
no limite de ruído de disparo, NSR ≈ Np [veja a Eq. (4.4.15) e a cor-
respondente discussão]. Usando Q = (Np)1/2 na Eq. (4.6.10), a BER é
dada por
1
BER = erfc ( ηN p /2 ) . (4.6.22)
2
Para um receptor com eficiência quântica de 100% ( = 1), BER =
1 ×10−9 quando Np = 36. Na prática, a maioria dos receptores ópticos requer
Np ∼ 1.000 para alcançar uma BER de 10−9, pois seu desempenho é seve-
ramente limitado pelo ruído térmico.

4.6.3  Limite Quântico de Fotodetecção


A expressão (4.6.22) para a BER, obtida no limite de ruído de disparo não é
totalmente precisa, pois sua dedução tem por base a aproximação gaussiana
para a estatística de ruído do receptor. Para um receptor ideal (sem ruído
térmico, sem corrente no escuro e eficiência quântica de 100%), 0 = 0,
pois o ruído de disparo é nulo na ausência de potência incidente, de modo
que o limiar de decisão pode ser estabelecido bem próximo ao nível 0 de
sinal. De fato, para um receptor ideal, bits 1 podem ser identificados sem
erro, desde que pelo menos um fóton seja recebido. Um erro ocorrerá
somente se um bit 1 não produzir pelo menos um par elétron-lacuna. Para
número tão pequeno de fótons e elétrons, a estatística de ruído de disparo
não pode ser aproximada por uma distribuição gaussiana, e deve-se utilizar
a exata estatística de Poisson. Seja Np o número médio de fótons em cada
bit 1; a probabilidade de geração de pares elétrons-lacunas é fornecida pela
distribuição de Poisson [94]:

Pm = exp(−N p )N mp /m !. (4.6.23)

A BER pode ser calculada das Eq. (4.6.2) e (4.6.23). A probabilidade
P(1|0) de que um 1 seja identificado quando 0 é recebido é zero, pois ne-
nhum par elétron-lacuna é gerado quando Np = 0. A probabilidade P(0-1)
Receptores Ópticos 201

é obtida fazendo m = 0 na Eq. (4.6.23), pois, nesse caso, um 0 é decidido


mesmo que 1 seja recebido. Como P(1|0) = exp(−Np), a BER é dada pela
simples expressão:

BER = exp(−N p )/2. (4.6.24)

Para BER < 10−9, Np deve ultrapassar 20. Por ser um resultado direto de


flutuações quânticas associadas à luz incidente, essa exigência é referida
como limite quântico. Cada bit 1 deve conter pelo menos 20 fótons para
ser detectado com BER < 10−9. Tal exigência pode ser convertida em
potência usando P1 = NphνB, sendo B a taxa de bits e hν a energia de fótons.
A sensibilidade do receptor, definida como P rec  = (P1 + P0)/2 = P1/2, é
dada por:

Prec = N p hν B/2 = N p hν B. (4.6.25)

A grandeza N p expressa a sensibilidade do receptor em termos do


número médio de fótons/bit e está relacionada a N p por N p  = Np/2,
quando bits 0 não transportam energia. O uso dessa grandeza como
uma medida da sensibilidade do receptor é bastante comum. No limite
quântico, N p  = 10. A potência pode ser calculada da Eq. (4.6.25). Por
exemplo, no caso de um receptor para 1,55 mm (hν = 0,8 eV), P rec  = 13
nW ou −48,9 dBm, para B = 10 Gb/s. A maioria dos receptores opera
a 20 dB ou mais acima do limite quântico. Para receptores práticos,
isso equivale a dizer que, tipicamente, Np é maior do que 1.000 fótons
por bit.

4.7  DEGRADAÇÃO DA SENSIBILIDADE


A análise de sensibilidade na Seção 4.6 leva em consideração somente
o ruído no receptor. Em particular, essa análise assume que o sinal óptico
incidente no receptor consiste em uma sequência de bits ideais, na qual bits
1 são pulsos ópticos de energia constante, e bits 0 não contêm energia. Na
prática, a potência óptica emitida por um transmissor se desvia dessa situação
ideal. Ademais, potência óptica pode ser degradada durante a transmissão
pelo enlace de fibra. Um exemplo de tal degradação é o ruído adicionado
em amplificadores ópticos. A mínima potência óptica média exigida pelo
receptor aumenta por conta dessas condições não ideais. Tal aumento na
potência média recebida é referido como penalidade de potência. Nesta seção,
focamos as fontes de penalidades de potência que podem levar à degradação
da sensibilidade, mesmo sem transmissão de sinal ao longo da fibra. Diversos
mecanismos de penalidade de potência associados à transmissão são dis-
cutidos na Seção 5.4.
202 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

4.7.1  Razão de Extinção


Uma simples fonte de penalidade de potência está relacionada à energia
transportada por bits 0. Alguma potência é emitida pela maioria dos trans-
missores, mesmo no estado desligado. No caso de lasers de semicondutor, a
potência no estado desligado P0 depende da corrente de polarização Ib e da
corrente de limiar Ith. Se Ib < Ith, a potência emitida durante bits 0 é devida
à emissão espontânea e, em geral, P0  P1, sendo P1 a potência no estado
ligado. Em contraste, P0 pode ser uma significativa fração de P1 se o laser for
polarizado ligeiramente acima do limiar. A razão de extinção é definida como:

rex = P0 /P1. (4.7.1)

Pode-se obter a penalidade de potência utilizando a Eq. (4.6.11). Para


um receptor p-i-n, I1 = RdP1 e I0 = RdP0, em que Rd é a responsividade
(o ganho de APD pode ser incluído substituindo Rd por MRd). Usando a
definição P rec  = (P1 + P0)/2 para a sensibilidade do receptor, o parâmetro
Q fica definido por:

 1 − rex  2Rd Prec


Q =  . (4.7.2)
 1 + rex  σ 1 + σ 0

Em geral, 1 e 0 dependem de P rec, devido à dependência da contribuição


do ruído de disparo em relação ao sinal óptico recebido. Contudo, 1 e
0 podem ser aproximados pelo ruído térmico T quando o desempenho
do receptor é dominado pelo ruído térmico. Usando 1 ≈ 0 ≈ T na Eq.
(4.7.2), P rec é fornecida por:

 1 + rex  σ T Q
Prec (rex ) =   . (4.7.3)
 1 − rex  Rd

Essa equação mostra que P rec aumenta quando rex ≠ 0. A penalidade de


potência é definida como a razão dex = P rec (rex)/ P rec(0), comumente expressa
em decibéis (dB) por meio de:

 P (r )   1 + rex  (4.7.4)
δex = 10 log 10  rec ex  = 10 log 10  .
 Prec (0)   1 − rex 

A Figura 4.22 mostra o aumento da penalidade de potência em função de


rex. Uma penalidade de 1 dB ocorre se rex = 0,12; a penalidade de potência
aumenta para 4,8, para rex = 0,5. Na prática, para lasers polarizados abaixo do
limiar, rex é, tipicamente, menor do que 0,05, e a correspondente penalidade
de potência (< 0,4 dB) é desprezível. Não obstante, a penalidade de potência
pode se tornar significativa se o laser de semicondutor for polarizado acima do
Receptores Ópticos 203

Figura 4.22  Penalidade de potência em função da razão de extinção rex.

limiar. Uma expressão para P rec(rex) pode ser obtida [3] para receptores baseados
em APDs incluindo o ganho de APD e a contribuição do ruído de disparo a
0 e 1 na Eq. (4.7.2). Quando rex ≠ 0, o ganho de APD ótimo é menor do
que o dado na Eq. (4.6.19). A sensibilidade também é reduzida, devido ao
menor ganho ótimo. Normalmente, para um mesmo valor de rex, a penalidade
de potência para um receptor baseado em APD é um fator de 2 maior.

4.7.2  Ruído de Intensidade


A análise de ruído da Seção 4.4 tem por base a hipótese de que a potên-
cia óptica incidente no receptor não flutua. Na prática, a luz emitida por
qualquer transmissor exibe flutuações de potência, denominadas ruído
de intensidade, e foram discutidas na Seção 3.3.3, no contexto de lasers
de semicondutor. O receptor óptico converte flutuações de potência em
flutuações de corrente, que se somam àquelas associadas aos ruídos de dis-
paro e térmico. Em consequência, a SNR do receptor se degrada e fica
abaixo do valor dado pela Eq. (4.4.19). Uma análise exata é complicada,
pois envolve o cálculo da estatística da fotocorrente [95]. Uma abordagem
simples consiste em adicionar um terceiro termo à variância da corrente
fornecida pela Eq. (4.4.10):

σ 2 = σ s2 + σ T2 + σ I2 , (4.7.5)

em que

σ I = Rd ( ∆Pin2 )1/2 = Rd Pin rI . (4.7.6)


204 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

O parâmetro rI, definido como rI =  ( ∆Pin2 ) /Pin , é uma medida do


1/2

nível de ruído no sinal óptico incidente. Esse parâmetro está relacionado ao


ruído de intensidade relativa (RIN − Relative Intensity Noise) do transmissor
por:
1 ∞


rI2 =
2π ∫ −∞
RIN(ω ) dω , (4.7.7)

sendo RIN(w) dado pela Eq. (3.5.32). Como discutido na Seção 3.3.3, rI


é simplesmente o inverso da SNR da luz emitida pelo transmissor. Tipica-
mente, a SNR do transmissor é melhor do que 20 dB, e rI < 0,01.
Em consequência da dependência de 0 e 1 em relação ao parâme-
tro rI, o parâmetro Q na Eq. (4.6.11) é reduzido na presença do ruído de
intensidade. Como, para manter a BER, Q deve ser mantido no mesmo valor,
é necessário aumentar a potência recebida. Essa é a origem da penalidade
de potência induzida pelo ruído de intensidade. Para simplificar a análise a
seguir, assumimos que a razão de extinção seja zero, de modo que I0 = 0 e
0 = T. Usando I1 = RP1 = 2 e a Eq. (4.7.5) para 1, Q é fornecido por:

2Rd Prec
Q= , (4.7.8)
(σ + σ s2 + σ I2 )1/2 + σ T
2
T

em que

σ s = (4qRd Prec ∆f )1/2 , σ I = 2rI RPrec , (4.7.9)

e σT é dado pela Eq. (4.4.9). A Eq. (4.7.8) é resolvida com facilidade, per-
mitindo obter a seguinte expressão para a sensibilidade do receptor:

− Qσ T + Q 2q∆f
Prec(rI ) = . (4.7.10)
Rd (1 − rI2Q 2 )

A penalidade de potência, definida como o aumento em Prec quando rI ≠ 0,
é determinada por

δI = 10 log 10[ Prec (rI )/Prec (0)] = −10 log 10(1 − rI2Q 2 ). (4.7.11)

A Figura 4.23 mostra a penalidade de potência em função de rI para


manter Q = 6 e 7, correspondendo a BER de 10−9 e 10−12, respectivamente.
A penalidade é desprezível para rI < 0,01, desde que dI seja menor do que
0,02 dB. Como, na prática, esse é o caso para a maioria dos transmissores
ópticos, o efeito do ruído do transmissor é desprezível. A penalidade de
potência ultrapassa 2 dB se rI = 0,1 e se torna infinita quando rI = 1/Q.
Receptores Ópticos 205

Figura 4.23  Penalidade de potência em função do parâmetro de ruído de intensidade rI.

Uma penalidade de potência infinita implica que a potência óptica deve


ser aumentada infinitamente. No caso da Figura 4.21, uma penalidade de
potência infinita corresponde à saturação da curva da BER acima no nível
de 10−9 para Q = 6, característica referida como piso de BER. Nesse sentido,
o efeito do ruído de intensidade é qualitativamente distinto da razão de
extinção, para a qual a penalidade de potência permanece finita para todos
os valores de rex tais que rex < 1.
Essa análise assume que o ruído de intensidade no receptor é o mesmo
que no transmissor, o que não é, em geral, o caso quando o sinal óptico se
propaga por um enlace de fibra. O ruído de intensidade adicionado por
amplificadores ópticos em linha acaba, muitas vezes, tornando-se um fator
limitante para a maioria dos sistemas de ondas luminosas de longas distâncias
(Cap. 7). Quando se utiliza um laser de semicondutor multimodo, a dis-
persão da fibra pode levar a uma degradação da sensibilidade do receptor
devido ao ruído de partição modal. Outro fenômeno que aumenta o ruído
de intensidade é a realimentação óptica via reflexões parasitas que ocorrem
ao longo de todo o enlace óptico. Tais penalidades de potência induzidas
por transmissão são consideradas na Seção 5.4.

4.7.3  Incerteza Temporal


O cálculo da sensibilidade do receptor realizado na Seção 4.5 teve por
base a hipótese de que o sinal é amostrado no pico do pulso de tensão. Na
prática, o instante de decisão é determinado pelo circuito de recuperação
de relógio (Fig. 4.12). Devido à natureza ruidosa da entrada ao circuito de
recuperação de relógio, o instante de amostragem flutua de bit para bit.
206 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

Tais flutuações são chamadas de incerteza temporal (timing jitter) [96]–[99].


A SNR é degradada, pois flutuações no instante de amostragem levam a
flutuações adicionais no sinal. Isso pode ser entendido observando que, se o
bit não for amostrado em seu centro, o valor amostrado é reduzido de uma
quantidade que depende da incerteza temporal ∆t. Como ∆t é uma variável
aleatória, a redução no valor amostrado também o é. A SNR é reduzida em
consequência dessas flutuações adicionais, e o desempenho do receptor se
degrada. Pode-se manter a SNR potência óptica recebida. Tal aumento é a
penalidade de potência induzida por incerteza temporal.
Para simplificar a análise, consideremos um receptor p-i-n dominado por
ruído térmico T e assumamos uma razão de extinção zero. Usando I0 = 0
na Eq. (4.6.11), o parâmetro Q é dado por:
I 1 − 〈∆i j 〉
Q= , (4.7.12)
(σ T2 + σ 2j )1/ 2 + σ T

em que 〈∆ij〉 é o valor médio e j é o valor RMS da flutuação de corrente


induzida pela incerteza temporal ∆t. Seja hout(t) a forma de onda do pulso
de corrente; assim,

∆i j = I 1[ hout (0) − hout ( ∆t )], (4.7.13)

sendo o instante de amostragem ideal tomado com t = 0.


Obviamente, j depende da forma do pulso de sinal no circuito de
decisão. Uma escolha simples [96] corresponde a hout(t) = cos2 (πBt/2), em
que B é a taxa de bits. Aqui, utiliza-se a Eq. (4.3.6), pois muitos receptores
ópticos são projetados para fornecer essa forma de pulso. Como é provável
que ∆t seja muito menor do que o período de bit TB = 1, podemos usar a
aproximação:

∆i j = (2π 2 /3 − 4)(B ∆t )2 I 1 (4.7.14)

assumindo que B∆t  1. Essa aproximação oferece uma estimativa razoável


da penalidade de potência, desde que esta não seja demasiadamente grande
[96]. Esse é o caso esperado na prática. Para calcular j, assumimos que
função densidade de probabilidade da incerteza temporal seja gaussiana, de
modo que:

1  ∆t 2 
p( ∆t ) = exp  − 2  , (4.7.15)

τ j 2π  2τ j 

sendo τj o valor RMS (desvio-padrão) de ∆t. A densidade de probabilidade


de ∆ij pode ser obtida das Eq. (4.7.14) e (4.7.15), notando que ∆ij é pro-
porcional a (∆t)2. O resultado é
Receptores Ópticos 207

1  ∆i j 
p( ∆i j ) = exp  − , (4.7.16)
π b ∆i j I 1  bI 1 

em que
(4.7.17)
b = (4 π 2 /3 − 8)(Bτ j )2 .
A Eq. (4.7.16) é usada para calcular 〈∆ij〉 e j = 〈(∆ij)2〉1/2. Efetua-se a
integração em ∆ij, obtendo:
∆i j = bI 1/2, σ j = bI 1/ 2. (4.7.18)

Usando as Eq. (4.7.12) e (4.7.18), e notando que I1 = 2RdPrec, em que Rd é
a responsividade, a sensibilidade do receptor é dada por:
σ Q  1− b / 2
Prec (b ) =  T  . (4.7.19)
 Rd  (1 − b/2)2 − b 2Q 2 /2
A penalidade de potência, definida como o aumento em Prec , é fornecida por:
 P (b )   1 − b/2 
δ j = 10log 10  rec  = 10 log 10  . (4.7.20)
 (1 − b/2) − b Q /2 
2 2 2
 Prec (0) 
A Figura 4.24 mostra a variação da penalidade de potência em função do
parâmetro Bτj, que, fisicamente, significa a fração do período de bit em que
o instante de decisão flutua (um desvio-padrão). A penalidade de potência
é desprezível para Bτj < 0,1, e aumenta rapidamente além de Bτj = 0,1.
Uma penalidade de 2 dB ocorre para Bτj = 0,16. Como no caso do ruído
de intensidade, a penalidade de potência induzida pela incerteza temporal

Figura 4.24  Penalidade de potência em relação ao parâmetro de incerteza temporal Bτj.


208 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

se torna infinita além de Bτj = 0,2. O exato valor de Bτj para o qual a pena-
lidade de potência se torna infinita depende do modelo usado para calcular
a penalidade de potência induzida pela incerteza temporal. Obtém-se a Eq.
(4.7.20) usando uma específica forma de pulso e uma específica distribuição
de incerteza. A penalidade de potência também é baseada nas Eq. (4.6.10)
e (4.7.12), que assumem estatística gaussiana para a corrente do receptor.
Como fica evidente da Eq. (4.7.16), flutuações de corrente induzidas por
incerteza não são de natureza gaussiana. Um cálculo mais preciso mostra
que a Eq. (4.7.20) subestima a penalidade de potência [98]. Contudo, o
comportamento qualitativo permanece o mesmo. Em geral, o valor RMS
da incerteza temporal deve ficar abaixo de 10% do período de bit, para uma
penalidade de potência desprezível. Uma conclusão similar vale para recep-
tores baseados em APDs, para os quais, em geral, a penalidade é maior [99].

4.8  DESEMPENHO DE RECEPTORES


O desempenho de um receptor caracteriza-se pela medida da BER
em função da potência óptica média recebida. Para uma BER de 10-9, a
potência óptica média recebida é uma medida da sensibilidade do receptor.
A Figura 4.25 mostra a sensibilidade do receptor medida em vários experi-
mentos de transmissão [100]–[111], com o envio de uma longa sequência de

Figura 4.25  Sensibilidades de receptores medidas em função da taxa de bits, para


receptores p-i-n (círculos) e APD (triângulos), em experimentos de transmissão em com-
primentos de onda próximos de 1,3 e 1,55 mm. Os limites quânticos da sensibilidade do
receptor também são mostrados para comparação (linhas cheias).
Receptores Ópticos 209

bits pseudoaleatórios (comprimento típico de sequência: 215−1) ao longo de


uma fibra monomodo; a sequência de bits é detectada por receptor p-i-n ou
APD. Os experimentos foram realizados nos comprimentos de onda de 1,3
e 1,55 mm, com taxas de bits variando de 100 MHz a 10 GHz. Os limites
quânticos teóricos nesses dois comprimentos de onda também são mostrados
na Figura 4.12, com uso da Eq. (4.6.25). Por meio de uma comparação
direta, pode-se notar que as sensibilidades de receptor medidas são piores
por 20 dB ou mais, em comparação com os limites quânticos. A maior
parte dessa degradação é devido ao ruído térmico, inevitável à temperatura
ambiente e, em geral, dominante em relação ao ruído de disparo. Alguma
degradação advém da dispersão da fibra, que leva a penalidades de potência;
fontes dessas penalidades são discutidas no próximo capítulo.
A degradação da sensibilidade induzida pela dispersão depende da taxa
de bits B e do comprimento da fibra L, e aumenta com BL. Essa é a razão
por que a degradação da sensibilidade em relação ao limite quântico é maior
(25–30 dB) para sistemas que operam a altas taxas de bits. A sensibilidade
do receptor a 10 Gb/s é, tipicamente, pior do que −25 dBm [111]. Pode-se
otimizá-la em 5-6 dB com o uso de receptores baseados em APDs. Em
termos do número de fótons/bit, receptores baseados em APDs requerem
quase 1.000 fótons/bit, em comparação com o limite quântico de 10 fótons/
bit. O desempenho do receptor é, em geral, melhor para comprimentos de
onda mais curtos, na região próxima de 0,85 mm, em que APDs de silício
podem ser usados, apresentando desempenho satisfatório com cerca de
400 fótons/bit. Em 1976, um experimento alcançou sensibilidade de apenas
187 fótons/bit [112]. É possível melhorar a sensibilidade do receptor com
o uso de esquemas de codificação. Uma sensibilidade de 180 fótons/bit foi
realizada em um experimento de sistema em 1,55 mm [113], após 305 km
de transmissão a 140 Mb/s.
É possível identificar a extensão da degradação de sensibilidade que
ocorre em consequência da propagação do sinal por uma fibra óptica. O
procedimento comum consiste em efetuar uma medida separada da sen-
sibilidade do receptor conectando o transmissor diretamente ao receptor,
sem a fibra entre eles. A Figura 4.26 mostra os resultados de medidas para
um experimento de campo em 1,55 mm, em que um sinal no formato
RZ − consistindo em uma sequência de bits pseudoaleatória (comprimento
da sequência: 223−1) − foi propagado por mais de 2.000 km de fibra [114].
Na ausência da fibra (curva de 0 km), foi possivel realizar uma BER de
10−9 para −29,5 dBm de potência recebida. Contudo, o sinal lançado foi
consideravelmente degradado durante a transmissão, resultando em uma pe-
nalidade de cerca de 3 dB para um enlace de fibra de 2.040 km. A penalidade
de potência aumenta rapidamente com propagação adicional. Na verdade,
a crescente inclinação das curvas de BER indica que a BER de 10−9 seria
210 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

Figura 4.26  Curvas de BER medidas para três comprimentos de enlaces de fibra em um
experimento de transmissão em 1,55 mm a 10 Gb/s. Um exemplo de diagrama de olho no
receptor também é exibido. (Após a Ref. [114]; ©2000 IEEE; reimpresso com permissão.)

inalcançável para distâncias maiores do que 2.600 km. Esse comportamento


é típico da maioria dos sistemas de ondas luminosas. O diagrama de olho
visto na Figura 4.26 é qualitativamente diferente daquele que aparece na
Figura 4.14. Essa diferença está relacionada ao uso do formato RZ.
O desempenho de um receptor óptico em um real sistema de onda
luminosa pode variar com o tempo. Como não é possível medir a BER
diretamente para um sistema em operação, uma alternativa se faz necessária
para monitorar o desempenho do sistema. Como discutido na Seção 4.3.3,
o diagrama de olho é mais adequado para esse propósito; o fechamento do
olho é uma medida da degradação do desempenho do receptor e está as-
sociado ao correspondente aumento na BER. As Figuras 4.14 e 4.16 mos-
tram exemplos de diagramas de olhos para sistemas de ondas luminosas que
usam os formatos NRZ e RZ, respectivamente. O olho é bem aberto na
ausência da fibra óptica, mas se torna parcialmente fechado quando o sinal
é transmitido através de um longo enlace de fibra. O fechamento do olho
é devido ao ruído de amplificadores, à dispersão da fibra e a vários efeitos
não lineares, todos levando a considerável distorção de pulsos ópticos que se
Receptores Ópticos 211

propagam através da fibra. O contínuo monitoramento do diagrama de olho


é comum em sistemas reais, como uma medida do desempenho do receptor.
O desempenho de receptores ópticos que operam na faixa de compri-
mentos de onda de 1,3–1,6 mm é severamente limitado por ruído térmico,
como fica claro nos dados da Figura 4.25. O uso de receptores baseados em
APDs melhora a situação, mas apenas até certo ponto, em função do fator
de excesso de ruído associado a APDs de InGaAs. A maioria dos receptores
opera a 20 dB ou mais do limite quântico. O efeito do ruído térmico pode
ser consideravelmente reduzido com o emprego de técnicas de detecção
coerente, em que o sinal recebido é misturado de modo coerente com a
saída de um laser de pequena largura de linha. O desempenho de receptores
também pode ser melhorado amplificando o sinal óptico antes que incida
no fotodetector. Discutiremos amplificadores ópticos no Capítulo 7.

Exercícios
4.1 Calcule a responsividade de um fotodiodo p-i-n em 1,3 e 1,55 mm,
para eficiência quântica de 80%. Por que o fotodiodo é mais responsivo
em 1,55 mm?
4.2 Fótons incidem a uma taxa de 100/s em um APD com responsividade
de 6 A/W. Calcule a eficiência quântica e a fotocorrente no com-
primento de onda de operação de 1,55 mm, para um ganho de APD
de 10.
4.3 Mostre, resolvendo as Eq. (4.2.3) e (4.2.4), que o fator multiplicativo M
é dado pela Eq. (4.2.7) para um APD em que os elétrons iniciam o
processo de avalanche. Trate ae e ah como constantes.
4.4 A forma de pulso cosseno levantado da Eq. (4.3.9) pode ser genera-
lizada para gerar uma família desses pulsos definindo
sin(π Bt ) cos(πβ Bt )
hout (t ) = ,
π Bt 1 − (2β Bt )2
em que o parâmetro b varia entre 0 e 1. Deduza uma expressão para a
função de transferência Hout(f) fornecida pela transformada de Fourier
de hout(t). Faça gráficos de hout(t) e de Hout( f ) para b = 0, 0,5 e 1.
4.5 Considere um receptor de 0,8 mm baseado em fotodiodo p-i-n. As-
suma largura de banda de 20 MHz, eficiência quântica de 65%, cor-
rente no escuro de 1 nA, capacitância de junção de 8 pF e figura de
ruído do amplificador de 3 dB. O receptor é iluminado com 5 mW
de potência óptica. Determine a corrente de ruído RMS devido a
ruído de disparo, ruído térmico e ruído do amplificador. Calcule,
ainda, a SNR.
4.6 O receptor do Exercício 4.6 é usado em um sistema de comunicação
digital que, para desempenho satisfatório, requer uma SNR de pelo
menos 20 dB. Qual é a mínima potência recebida quando a detecção
é limitada por (a) ruído de disparo e (b) ruído térmico? Calcule,
também, a potência equivalente de ruído nos dois casos.
212 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

4.7 O fator de excesso de ruído de fotodiodos de avalanche é, muitas vezes,


aproximado por Mx, em vez da Eq. (4.4.18). Determine o intervalo de
valores de M para os quais a Eq. (4.4.18) pode ser aproximada − com
erro de 10% − por FA(M) = Mx, escolhendo x = 0,3 para Si, 0,7 para
InGaAs e 1,0 para Ge. Use kA = 0,02 para Si, 0,35 para IngaAs e 1,0
para Ge.
4.8 Deduza a Eq. (4.4.22). Faça um gráfico de M em função de kA, re-
solvendo o polinômio cúbico para RL = 1 kΩ, Fn = 2, R= 1 A/W,
Pin = 1 mW, e Id = 2 nA. Compare o resultado com a solução analítica
aproximada dada pela Eq. (4.4.23) e comente a validade dela.
4.9 Deduza uma expressão para o valor ótimo de M para o qual a SNR
se torna máxima, usando FA(M) = Mx na Eq. (4.4.19).
4.10 Deduza uma expressão para a SNR de um receptor homódino levando
em consideração tanto o ruído de disparo quanto o ruído térmico.
4.11 Considere o receptor heteródino para 1,55 mm com um fotodetector
p-i-n de 90% de eficiência quântica, conectado a uma carga de 50 Ω.
Que potência o oscilador local deve fornecer para que o receptor
opere no limite de ruído de disparo? Assuma que o limite de ruído de
disparo seja alcançado quando, à temperatura ambiente, a contribuição
de ruído térmico à potência de ruído é menor do que 1%.
4.12 Prove que a SNR de um receptor homódino PSL ideal (perfeito
travamento de fase e 100% de eficiência quântica) se aproxima de 4Np,
sendo Np o número médio de fótons/bit. Assuma que a largura de
banda do receptor é igual à metade da taxa de bits e que o receptor
opera no limite de ruído de disparo.
4.13 Prove que a taxa de erro de bit (BER) fornecida pela Eq. (4.6.6) é
mínima quando o limiar de decisão é escolhido próximo a um valor
dado pela Eq. (4.6.9).
4.14 Um receptor digital para 1,3 mm opera a 100 Mb/s e tem largura de
banda efetiva de ruído de 60 MHz. O fotodiodo p-i-n possui corrente
no escuro desprezível e eficiência quântica de 90%. A resistência de
carga é de 100 Ω e a figura de ruído do amplificador é de 3 dB.
Calcule a sensibilidade do receptor correspondente a uma BER de
10−9. Como a sensibilidade é alterada se o receptor for projetado para
operar confiavelmente para BER de até 10−12?
4.15 Calcule a sensibilidade de receptor (a uma BER de 10−9) para o
receptor no Exercício 4.12 nos limites de ruído de disparo e de ruído
térmico. Quantos fótons incidem durante um bit 1 nos dois limites,
se o pulso óptico puder ser aproximado por um pulso quadrado?
4.16 Deduza uma expressão para o ganho ótimo Mopt de um receptor
baseado em APD que maximize a sensibilidade do receptor, assumindo
um fator de excesso de ruído na forma Mx. Faça um gráfico de Mopt
em função de x, para T = 0,2 mA e ∆f = 1 GHz, e estime seu valor
para APDs de InGaAs.
4.17 Deduza uma expressão para a sensibilidade de um receptor baseado
em APD, levando em consideração uma finita razão de extinção para
o caso geral em que tanto o ruído de disparo quanto o ruído térmico
Receptores Ópticos 213

contribuem para a sensibilidade do receptor. Você pode desprezar a


corrente no escuro.
4.18 Para um receptor p-i-n, deduza uma expressão para a penalidade de
potência induzida por ruído de intensidade, levando em consideração
uma finita razão de extinção. As contribuições de ruído de disparo e
de ruído de intensidade podem ser desprezadas em comparação com
a de ruído térmico no estado desligado, mas não no estado ligado.
4.19 Use o resultado do Exercício 4.16 e faça um gráfico da penalidade de
potência em função do parâmetro de ruído de intensidade rI [definido
na Eq. (4.7.6)], para diversos valores da razão de extinção. Quando a
penalidade de potência se torna infinita? Explique o significado de
uma penalidade de potência infinita.
4.20 Deduza uma expressão para a penalidade de potência induzida
por incerteza temporal, assumindo uma forma de pulso parabólica
I(t) = Ip(1 – B2t2) e uma distribuição gaussiana de incerteza com
desvio-padrão τ. Você pode assumir que o desempenho do receptor
é dominado pelo ruído térmico. Calcule o valor tolerável de Bτ que
mantenha a penalidade de potência abaixo de 1 dB.

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p. 363, 2000.
CAPÍTULO 5

Sistemas de Ondas Luminosas


Os três capítulos anteriores focaram os três principais componentes de um
sistema de comunicação por fibra óptica: fibras ópticas, transmissores ópticos
e receptores ópticos. Neste capítulo, consideraremos questões relacionadas
ao projeto e ao desempenho de sistema quando os três componentes são in-
terconectados para formar um sistema de onda luminosa prático. A Seção 5.1
apresenta uma visão geral de várias arquiteturas de sistemas. Orientações
para o projeto de sistemas de comunicação por fibra óptica são discutidas na
Seção 5.2, considerando os efeitos das perdas e da dispersão de velocidade
de grupo da fibra. Os balanços de potência e de tempo de subida também
são descritos nessa seção. A Seção 5.3 não apenas foca sistemas de longas dis-
tâncias, para os quais efeitos não lineares se tornam muito importantes, mas
também cobre vários sistemas de ondas luminosas terrestres e submarinos
desenvolvidos desde 1980. Questões relacionadas ao desempenho de sis-
temas são tratadas na Seção 5.4, com ênfase na degradação de desempenho
decorrente da transmissão de sinais por fibras ópticas. Na Seção 5.5, res-
saltamos a importância de projeto de sistemas de ondas luminosas assistido
por computador.

5.1  ARQUITETURAS DE SISTEMAS


Do ponto de vista de arquitetura, sistemas de comunicação por fibra
óptica podem ser classificados em três grandes categorias: enlaces ponto a
ponto, redes de distribuição e redes de área local [1]–[9]. Esta seção aborda
as principais características dessas três arquiteturas de sistemas.

5.1.1  Enlaces Ponto a Ponto


Enlaces ponto a ponto constituem o tipo mais simples de sistemas de ondas
luminosas. Possuem o papel de transmitir informação − disponível na
forma de uma sequência de bits digitais − de um local a outro do modo mais
preciso possível. O comprimento do enlace pode variar de menos de um
kilometro (curta distância) a milhares de kilometros (longa distância), depen-
dendo da aplicação. Por exemplo, enlaces ópticos de dados são empregados
para conectar computadores e terminais em um mesmo prédio ou entre
dois prédios com distância de transmissão relativamente curta (< 10 km).
A baixa perda e a grande largura de banda de fibras ópticas não têm grande
importância para tais enlaces de dados; fibras são usadas principalmente por
217
218 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

outras características, como imunidade à interferência eletromagnética. Em


contraste, utilizam-se sistemas de ondas luminosas submarinos para trans-
missão de alta velocidade em enlaces com vários milhares de kilometros de
comprimento. As baixas perdas e a grande largura de banda de fibras ópticas
são fatores fundamentais no projeto de sistemas transoceânicos, do ponto
de vista de redução dos custos totais de operação.
Quando o comprimento do enlace ultrapassa certo valor, na faixa
de 20 − 100 km, dependendo do comprimento de onda de operação,
há necessidade de compensar as perdas da fibra, pois o sinal se tornaria
demasiadamente fraco para ser detectado de forma confiável. A Figura 5.1
ilustra dois esquemas comumente utilizados para a compensação de perdas.
Até 1990, repetidores optoeletrônicos − denominados regeneradores, pois
regeneram o sinal óptico − eram usados exclusivamente. Como visto
na Figura 5.1(a), um regenerador nada mais é do que um par receptor-
transmissor que detecta o sinal óptico que chega, recupera a sequência de
bits elétricos e a converte novamente à forma óptica por modulação
de uma fonte óptica. As perdas da fibra também podem ser compensadas
por amplificadores ópticos, que amplificam a sequência de bits ópticos
diretamente, sem a necessidade de conversão do sinal ao domínio elétrico.
O advento de amplificadores ópticos, por volta de 1990, revolucionou
o desenvolvimento de sistemas de comunicação por fibra óptica. Esses
amplificadores são especialmente valiosos para sistemas WDM (Cap. 6),
por serem capazes de amplificar um grande número de canais simulta-
neamente.

Figura 5.1  Enlaces de fibra ponto a ponto com compensação periódica de perda por (a)
regeneradores e (b) amplificadores ópticos. Um regenerador consiste em um receptor
seguido de um transmissor.

Embora resolvam o problema das perdas, amplificadores ópticos adicio-


nam ruído (Cap. 7) e pioram o impacto da dispersão e não linearidade da
fibra, pois a degradação do sinal se acumula ao longo de múltiplos estágios
Sistemas de Ondas Luminosas 219

amplificadores. De fato, sistemas de ondas luminosas amplificados perio-


dicamente são, com frequência, limitados pela dispersão da fibra, a menos
que se empreguem técnicas de compensação de dispersão (Cap. 8). Repe-
tidores optoeletrônicos não estão sujeitos a esse problema, pois regeneram
a sequência de bits original e, assim, automaticamente compensam todas as
fontes de degradação de sinal. Contudo, o uso periódico desses dispositivos
em sistemas WDM (a cada 80 km, mais ou menos) não é rentável. Embora
se tenha dedicado considerável esforço de pesquisa ao desenvolvimento de
regeneradores totalmente ópticos (Cap. 11), a maioria dos sistemas terres-
tres emprega uma combinação das duas técnicas ilustradas na Figura 5.1,
posicionando um regenerador optoeletrônico após certo número de am-
plificadores ópticos. Sistemas submarinos são, em geral, projetados para
operar em distâncias de mais de 5.000 km usando somente amplificadores
ópticos em cadeia.
O espaçamento L entre regeneradores ou amplificadores ópticos
(Fig. 5.1) é, muitas vezes, denominado de espaçamento entre repetidores,
sendo um importante parâmetro de projeto, apenas pelo custo do sistema
diminuir com o aumento de L. Contudo, como discutido na Seção 2.4,
a distância L depende da taxa de bits B, devido à dispersão da fibra. O
produto taxa de bits-distância, BL, é usado, geralmente, como uma medida
do desempenho do sistema para enlaces ponto a ponto. O produto BL
depende do comprimento de onda de operação, pois tanto as perdas como
a dispersão da fibra dependem do comprimento de onda. As três primeiras
gerações de sistemas de ondas luminosas correspondem aos três diferentes
comprimentos de onda nas proximidades de 0,85, 1,3 e 1,55 mm. O produto
BL dos sistemas de primeira geração − que operavam nas proximidades de
0,85 mm − era ∼ 1 (Gb/s)-km, passou para ∼ 1 (Tb/s)-km nos sistemas
de terceira geração − que operam nas proximidades de 1,55 mm − e pode
ultrapassar 1.000 (Tb/s)-km nos sistemas de quarta geração.

5.1.2  Redes de Distribuição


Numerosas aplicações de sistemas de comunicação óptica requerem que
a informação não seja apenas transmitida, mas também distribuída a um
grupo de assinantes. Exemplos incluem distribuição de serviços telefônicos
em área local e difusão de múltiplos canais de vídeo na televisão a cabo
(CATV − Common-Antenna Television ou televisão com antena comunitá-
ria). Dedica-se considerável esforço à integração de serviços de áudio e de
vídeo em uma rede digital de banda larga. A resultante sequência de bits
pode ser transmitida utilizando uma variedade de padrões desenvolvidos
para esse propósito. Distâncias de transmissão são relativamente curtas
(L < 50 km), mas a taxa de bits pode ser muito alta, capaz de chegar a
100 Gb/s.
220 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

Figura 5.2  (a) Topologia em hub e (b) topologia em barramento para redes de dis-
tribuição.

A Figura 5.2 mostra duas topologias para redes de distribuição. No


caso da topologia em hub, a distribuição de canais é feita em centrais (ou
hubs), onde uma estrutura de comutação automática comuta canais no
domínio elétrico. Esse tipo de rede é denominado rede de área metropolitana
(MAM − Metropolitan-Area Networks), ou simplesmente rede metropolitana,
pois, em geral, hubs são localizados em grandes cidades [10]. O papel da fibra
é similar ao do caso de enlaces ponto a ponto. Como a largura de banda da
fibra é muito maior do que a exigida por uma central local, várias centrais
locais podem compartilhar uma mesma fibra conectada à central principal.
Redes de telefonia empregam a topologia em hub para a distribuição de
canais de áudio em uma cidade. Uma preocupação com a topologia em
hub está relacionada à sua confiabilidade: é possível que uma falha em um
cabo de fibra afete o serviço em uma grande porção da rede. Enlaces ponto
a ponto adicionais podem ser utilizados a fim de evitar essa possibilidade
conectando importantes centrais diretamente.
No caso da topologia em barramento, um único cabo de fibra transporta
sinal óptico de múltiplos canais através da área de serviço. A distribuição é
feita com o uso de derivações (taps) ópticas, que desviam uma pequena fra-
ção da potência óptica a cada assinante. Uma simples aplicação da topologia
em barramento em CATV consiste na distribuição de múltiplos canais de
vídeo em uma cidade. O uso da fibra óptica permite a distribuição de um
Sistemas de Ondas Luminosas 221

grande número de canais (100 ou mais), devido à grande largura de banda,


em comparação com cabos coaxais. O advento da televisão de alta definição
(HDTV − High Definition TeleVision) também requer transmissão por ondas
luminosas, devido à grande largura de banda associada a cada canal de
vídeo.
Um problema com a topologia em barramento é que a perda de sinal
aumenta exponencialmente com o número de derivações, limitando o
número de assinantes servidos por um barramento óptico. Mesmo quando as
perdas da fibra são desprezadas, a potência disponível na m-ésima derivação
é dada por [1]:

PN = PT C[(1 − δ )(1 − C )]N −1 , (5.1.1)

em que PT é a potência transmitida, C é a fração de potência extraída em


cada derivação e d contabiliza as perdas de inserção, assumidas iguais para
todas as derivações. A dedução da Eq. (5.1.1) é deixada como exercício
para o leitor. Se usarmos d = 0,05, C = 0,05, PT = 1 mW e PN = 0,1 mW
como valores ilustrativos, N não deve ultrapassar 60. Amplificadores ópticos
oferecem uma solução para esse problema, pois são capazes de elevar a po-
tência óptica do barramento periodicamente e, assim, permitir a distribuição
a um maior número de assinantes, desde que os efeitos da dispersão da fibra
permaneçam desprezíveis.

5.1.3  Redes de Área Local


Muitas aplicações da tecnologia de comunicação por fibra óptica re-
querem redes em que numerosos usuários em uma área local (p. ex.,
um campus universitário) estão interconectados, de modo que qualquer
usuário acesse a rede aleatoriamente e transmita dados a qualquer outro
usuário [11]–[13]. Esse tipo de rede recebe a denominação de rede de área
local (LAN − Local-Area Network). Redes ópticas de acesso usadas em uma
malha local de assinantes também caem nessa categoria. Como as distâncias
de transmissão são relativamente curtas (< 10 km), as perdas da fibra não se
tornam muito relevantes para aplicações de LAN. A maior motivação para
o uso de fibras ópticas é a grande largura de banda oferecida por sistemas
de comunicação por fibra óptica.
A principal diferença entre MANs e LANs está relacionada ao acesso
aleatório oferecido aos múltiplos usuários de uma LAN. A arquitetura de
sistema possui um papel importante para LANs, pois o estabelecimento
de regras de protocolo predefinidas é uma necessidade nesse ambiente.Três
topologias comumente empregadas são conhecidas como configurações
em barramento, em anel e em estrela. A topologia em barramento é similar
à mostrada na Figura 5.2(b). Um exemplo bastante conhecido da topologia
222 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

em barramento é o da Ethernet, um protocolo de rede utilizado não apenas


para conectar múltiplos computadores, mas também pela Internet. A
Ethernet opera a velocidades de até 10 Gb/s (10 GBE) com um protocolo
baseado em múltiplo acesso por detecção de portadora (CSMA − Carrier-Sense
Multiple Access) com detecção de colisão. Um novo padrão, conhecido
como 100 Gb Ethernet (oficialmente, IEEE 802.3ba), tornou-se opera-
cional em 2010. Seu advento eleva a velocidade de tráfego na Internet
a uma taxa de bits de 100 Gb/s. A Figura 5.3 mostra as topologias em
anel e em estrela para aplicações de LAN. Na topologia em anel [14],
nós consecutivos são conectados por enlaces ponto a ponto, formando
um anel fechado. Cada nó pode transmitir e receber dados por meio
de um par transmissor-receptor, que também faz o papel de regenerador.
Um token (uma sequência predeterminada de bits) é passado pelo anel.
Cada nó monitora a sequência de bits para ouvir seu próprio endereço e
receber os dados. Um nó também pode transmitir anexando seus dados
a um token vazio. O uso da tecnologia em anel para LANS baseadas em
fibra óptica foi comercializado como a interface padronizada conhecida
como interface de dados distribuído por fibra ou FDDI (Fiber Distributed
Data Interface) [14].

Figura 5.3  (a) Topologia em anel e (b) topologia em estrela para redes de área local.
Sistemas de Ondas Luminosas 223

Na topologia em estrela, todos os nós são conectados a um nó central −


denominado hub ou, simplesmente, estrela − por enlaces ponto a ponto.
Esse tipo de LAN é, ainda, subclassificado como estrela ativa ou estrela passiva,
dependendo se o nó central é um dispositivo ativo ou passivo. Na configu-
ração de estrela ativa, todos os sinais ópticos que chegam são convertidos
ao domínio elétrico por meio de receptores ópticos. O sinal elétrico é,
então, distribuído a fim de ativar o transmissor de cada nó. Operações de
comutação também podem ser efetuadas no nó central, desde que se faça a
distribuição no domínio elétrico. Na configuração de estrela passiva, a dis-
tribuição é realizada no domínio óptico por dispositivos como acopladores
direcionais. Como a entrada de um nó é distribuída a muitos nós de saída,
a potência transmitida a cada nó depende do número de usuários. Como
no caso da topologia em barramento, o número de usuários suportado
por uma LAN de estrela passiva é limitado pelas perdas de distribuição.
Para um acoplador-estrela ideal N × N, a potência que chega a cada nó
é apenas PT/N (se desprezarmos perdas de transmissão), pois a potência
transmitida PT é igualmente dividida entre N usuários. Para uma estrela
passiva composta de diferentes acopladores direcionais (veja a Seção 8.2.4),
a potência é reduzida ainda mais, devido às perdas de inserção, e pode ser
escrita como [1]:
log 2N
PN = (PT /N )(1 − δ ) , (5.1.2)
sendo d a perda de inserção de cada acoplador direcional. Se usarmos
d = 0,05, PT = 1 mW, PN = 0,1 mW como valores ilustrativos, N pode
chegar a 500, valor que deve ser comparado com N = 60 obtido no caso
da topologia em barramento a partir da Eq. (5.1.1). Um valor relativa-
mente grande de N torna a topologia em estrela atraente para aplicações
de LAN.

5.2  ORIENTAÇÕES PARA PROJETOS


O projeto de sistemas de comunicação por fibra óptica requer um
claro entendimento das limitações impostas por perda, dispersão e não
linearidade da fibra. Como as propriedades da fibra dependem do com-
primento de onda, a escolha do comprimento de onda de operação é um
importante aspecto do projeto. Nesta seção, discutiremos como a taxa de
bits e a distância de transmissão de um sistema monocanal são limitadas pela
perda e pela dispersão da fibra; o Capítulo 6 é dedicado a sistemas multicanal.
Consideraremos, ainda, os balanços de potência e de tempo de subida e os
ilustraremos por exemplos específicos [9]. O balanço de potência também é
chamado de balanço do enlace, e o balanço do tempo de subida é, às vezes,
referido como balanço de largura de banda.
224 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

5.2.1  Sistemas de Ondas Luminosas Limitados por Perdas


Exceto em alguns enlaces de fibra de curta distância, as perdas da fibra
apresentam um papel importante no projeto de sistemas. Consideremos um
transmissor óptico capaz de lançar uma potência média P tr . Se o sinal for
detectado por um receptor que, a uma taxa de bits B, requeira uma potência
média mínima P rec , a máxima distância de transmissão é limitada por

10 P 
L= log 10  tr  , (5.2.1)
αf  P rec 

sendo af a perda líquida (em dB/km) do cabo de fibra, incluindo perdas em
emendas (splices) e conectores. A dependência da taxa de bits em relação a L
advém da dependência linear de P rec em relação à taxa de bits B. Notando
que P rec  = N phνB, em que hν é a energia do fóton e N p , o número médio
de fótons/bit exigido pelo receptor, concluímos que a distância L diminui
logaritmicamente à medida que B aumenta, para um dado comprimento
de onda de operação.
As linhas cheias na Figura 5.4 mostram a dependência de L em relação
a B, para os três comprimentos de onda comuns de 0,85, 1,3 e 1,55 mm,
usando af = 2,5, 0,4 e 0,25 dB/km, respectivamente. Toma-se a potência
transmitida como P tr  = 1 mW nos três comprimentos de onda, enquanto
N p  = 300 em l = 0,85 mm, N p  = 500 em 1,3 mm e 1,55 mm. O menor
valor de L ocorre para sistemas da primeira geração operando em 0,85 mm,

Figura 5.4  Limites de perda (linhas cheias) e de dispersão (linhas tracejadas) sobre a dis-
tância de transmissão L em função da taxa de bits B, para as três janelas de comprimentos
de onda. A linha pontilhada corresponde a cabos coaxiais. Círculos denotam sistemas de
ondas luminosas comerciais; triângulos mostram experimentos de laboratório. (Após a
Ref. [1]; ©1988 Academic Press; reimpresso com permissão.)
Sistemas de Ondas Luminosas 225

devido às relativamente altas perdas da fibra nas proximidades desse com-


primento de onda. Para tais sistemas, o espaçamento entre repetidores fica
limitado a 10 − 25 km, dependendo da taxa de bits e do exato valor do
parâmetro de perda. Em contraste, um espaçamento entre repetidores de
mais de 100 km é possível para sistemas de ondas luminosas que operem
nas proximidades de 1,55 mm.
É interessante comparar o limite de perdas de sistemas de ondas lumi-
nosas em 0,85 mm com o de sistemas de comunicação elétricos baseados
em cabos coaxiais. A linha pontilhada na Figura 5.4 mostra a dependência
da taxa de bits em relação a L para cabos coaxiais, assumindo que a perda
aumenta com B . A distância de transmissão é maior para cabos coaxiais
a baixas taxas de bit (B < 5 Mb/s), mas sistemas baseados em fibra óptica
se tornam mais vantajosos a taxas de bits acima de 5 Mb/s. Como uma
maior distância de transmissão se traduz em menor número de repetidores
em enlaces ponto a ponto de longas distâncias, sistemas de comunicação
por fibra óptica oferecem uma vantagem econômica a taxas de bits acima
de 10 Mb/s.
Os requisitos de sistema que, em geral, se especificam antecipadamente
são a taxa de bits B e a distância de transmissão L. O critério de desempenho
é especificado por meio da BER; uma especificação típica é BER < 10−9.
A primeira decisão do projetista de sistema diz respeito à escolha do com-
primento de onda de operação. Como um aspecto prático, o custo de
componentes é menor nas proximidades de 0,85 mm e cresce à medida
que o comprimento de onda é elevado para 1,3 e 1,55 mm. A Figura 5.4
pode ser muito útil na determinação do apropriado comprimento de onda
de operação. De modo geral, um enlace de fibra óptica pode operar nas
proximidades de 0,85 mm se B < 200 Mb/s e L < 20 km. Esse é o caso
de muitas aplicações de LAN. Por outro lado, o comprimento de onda de
operação deve, necessariamente, estar na região de 1,55 mm no caso de sis-
temas de ondas luminosas de longas distâncias que operem a taxas de bits
acima de 2 Gb/s. As curvas mostradas na Figura 5.4 proveem apenas uma
orientação ao projeto de sistemas.Várias outras questões devem ser tratadas
no projeto de um real sistema de comunicação por fibra óptica. Entre elas
estão a escolha do comprimento de onda de operação, a seleção de apro-
priados transmissores, receptores e fibras, e aspectos de custos, desempenho
e confiabilidade do sistema.

5.2.2  Sistemas de Ondas Luminosas Limitados por Dispersão


Na Seção 2.4, discutimos como a dispersão da fibra limita o produto taxa
de bits-distância BL, devido ao alargamento de pulsos. Quando a distância
limitada por dispersão é menor do que a distância limitada por perdas, dada
pela Eq. (5.2.1), dizemos que o sistema é limitado por dispersão. As linhas
226 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

tracejadas na Figura 5.4 exibem a distância de transmissão limitada por


dispersão, em função da taxa de bits. Como o mecanismo físico que leva à
limitação por dispersão pode ser distinto para diferentes comprimentos de
onda de operação, examinemos cada caso separadamente.
Consideremos, primeiro, o caso de sistemas de ondas luminosas em
0,85 mm, os quais, muitas vezes, usam fibras multimodo para minimizar os
custos. Como discutido na Seção 2.1, no caso de fibras multimodo, o fator
mais limitante é a dispersão intermodal. Para fibras multimodo de índice
em degrau, a Eq. (2.1.6) fornece um limite superior para o produto BL,
representado na Figura 5.4, usando n1 = 1,46 e ∆ = 0,01. Mesmo à baixa
taxa de bits de 1 Mb/s, esses sistemas multimodo são limitados por dis-
persão, e sua distância de transmissão se torna limitada a menos de 10 km.
Por tal razão, fibras multimodo de índice em degrau raramente são usadas
no projeto de sistemas de comunicação por fibra óptica. Pode-se obter
considerável melhora com o uso de fibras de índice gradual, para as quais
a dispersão intermodal limita o produto BL aos valores dados pela Eq.
(2.1.11). A condição BL = 2c/(n1∆2) é representada na Figura 5.4 e mostra
que sistemas de ondas luminosas em 0,85 mm são limitados por perda, e não
por dispersão, para taxas de bits de até 100 Mb/s, quando se usam fibras de
índice gradual. A primeira geração de sistemas terrestres tirou proveito dessa
melhora e utilizava fibras de índice gradual. O primeiro sistema comercial
se tornou disponível em 1980 e operava a uma taxa de bits de 45 Mb/s,
com espaçamento entre repetidores menor do que 10 km.
A segunda geração de sistemas de ondas luminosas usou, principalmente,
fibras monomodo nas vizinhanças do comprimento de onda de mínima
dispersão, que ocorre próximo de 1,31 mm. O fator mais limitante para esses
sistemas é o alargamento de pulsos induzido por dispersão, dominado por
uma relativamente grande largura espectral de fonte. Como discutido na
Seção 2.4.3, o produto BL é, então, limitado pela Eq. (2.4.26). O valor de
|D| depende da proximidade entre o comprimento de onda de operação
e o comprimento de onda de dispersão zero da fibra, com valor típico de
∼ 1ps/(kn-nm). A Figura 5.4 mostra o limite de dispersão para sistemas
de ondas luminosas em 1,3 mm para |D| l= 2 ps/(km-nm), de modo que
BL ≤ 125 (Gb/s)-km. Como visto na figura, esses sistemas são, em geral,
limitados por perda, para taxas de bits de até 1 Gb/s, tornando-se limitados
por dispersão a taxas mais elevadas.
As terceira e quarta gerações de sistemas de ondas luminosas operam nas
proximidades de 1,55 mm para tirar proveito da menor perda da fibra, que
ocorre nessa região de comprimentos de onda. Contudo, a dispersão se torna
um importante problema para esses sistemas, pois, para fibras convencionais de
sílica, nas vizinhanças de 1,55 mm, D ≈ 16 ps/(km-nm). Lasers de semicondutor
que operam em um único modo longitudinal oferecem uma solução para
Sistemas de Ondas Luminosas 227

o problema. O limite de dispersão é, então, fornecido pela Eq. (2.4.30). A


Figura 5.4 mostra esse limite para B2L= 4.000 (Gb/s)2-km. Como visto nela,
tais sistemas em 1,55 mm se tornam limitados por dispersão somente para
B > 5 Gb/s. Na prática, o chirp de frequência imposto ao pulso óptico durante
a modulação direta provê uma limitação muito mais severa. De modo qualitati-
vo, o chirp de frequência se manifesta por meio de um alargamento do espectro
do pulso. Se usarmos a Eq. (2.4.26) com D = 16 ps/(km-nm) e σ l = 0,1 nm,
o produto BL fica limitado a 150 (Gb/s)-km. Em consequência, o chirp de
frequência demarca a distância de transmissão a 75 km, para B = 2 Gb/s,
embora a distância limitada por perda ultrapasse 150 km. É possível resolver
o problema do chirp de frequência, muitas vezes, por meio do uso de um
modulador externo, no caso de sistemas que operem a taxas de bits > 5 Gb/s.
Uma solução para o problema da dispersão é oferecida por fibras de dis-
persão deslocada, para as quais tanto dispersão quanto perda são mínimas nas
proximidades de 1,55 mm. A Figura 5.4 mostra essa melhora, utilizando a Eq.
(2.4.30) com |b2| = 2 ps2/km.Tais sistemas podem operar a 20 Gb/s, com
espaçamento entre repetidores da ordem de 80 km. Uma melhora adicional
torna-se possível com a operação do sistema de onda luminosa muito próxima
ao comprimento de onda de dispersão zero, tarefa nem sempre viável, em
função das variações nas propriedades dispersivas da fibra ao longo do enlace
de transmissão. Na prática, o chirp de frequência dificulta, até mesmo, o
alcance do limite indicado na Figura 5.4. Em 1989, dois experimentos em
laboratório demonstraram transmissão por 81 km a 11 Gb/s [15] e por mais
de 100 km a 10 Gb/s [16], usando lasers de semicondutor de baixo chirp
juntamente com fibras de dispersão deslocada. Os triângulos na Figura 5.4
mostram que esses sistemas operam muito próximo aos limites fundamentais
estabelecidos pela dispersão da fibra. Transmissão por distâncias maiores
requer o uso de gerenciamento de dispersão, técnica discutida no Capítulo 8.

5.2.3  Balanço de Potência


O propósito do balanço de potência (ou orçamento de potência) é assegu-
rar que potência suficiente chegue ao receptor para manter desempenho
confiável durante todo o tempo de vida do sistema. A mínima potência
média exigida pelo receptor é a sensibilidade do receptor P rec (Seção 4.6). A
potência média transmitida P tr é, em geral, conhecida para qualquer trans-
missor. O balanço de potência assume uma forma especialmente simples
em decibéis, com as potências ópticas expressas em dBm (veja o Apêndice
A). Mais especificamente,

Ptr = Prec + C L + M s , (5.2.2)


em que CL é a perda total de canal e Ms, a margem de sistema. O propósito da
margem de sistema é alocar certa quantidade de potência a fontes adicionais
228 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

de penalidades de potência que surjam durante o tempo de vida do sistema,


devido à degradação de componentes ou eventos imprevistos. Uma margem
de sistema de 3 − 4 dB é normalmente alocada durante o processo de projeto.
A perda de canal CL deve levar em conta todas as possíveis fontes de
perda de potência, incluindo perdas em conectores e emendas. Seja af a perda
da fibra em decibéis por kilometros CL pode, então, ser escrita como:

C L = α f L + α con + α splice , (5.2.3)


em que acom e asplice contabilizam as perdas em conectores e emendas (splices)
ao longo de todo enlace de fibra. Às vezes, perda em emendas é incluída na
especificada perda do cabo de fibra. A perda em conectores acom inclui os
conectores empregados nas extremidades do transmissor e do receptor, e
deve abarcar outros conectores usados ao longo do enlace de fibra.
As Eq. (5.2.2) e (5.2.3) podem ser utilizadas a fim de estimar a máxima
distância de transmissão para uma dada escolha de componentes. Como
ilustração, consideremos o projeto de um enlace de fibra para operar em
100 Mb/s, o qual requer máxima distância de transmissão de 8 km. Como
visto na Figura 5.4, esse sistema pode ser projetado para operar em 0,85 mm,
desde que se utilize fibra multimodo de índice gradual para o cabo óptico. A
operação nas proximidades de 0,85 mm é desejável do ponto de vista de cus-
tos. Uma vez escolhido o comprimento de onda de operação, deve-se tomar
uma decisão quanto aos apropriados transmissor e receptor. O transmissor de
GaAs pode usar um laser ou um LED de semicondutor como fonte óptica.
De modo similar, é possível projetar o receptor para usar fotodiodo p-i-n ou
de avalanche. Tendo em mente um baixo custo, escolhamos um receptor
p-i-n e assumamos que requeira 2.500 fótons/bit, em média, para operar
confiavelmente a uma BER abaixo de 10−9. Usando a relação P rec = N phνB,
com N p = 2500 e B = 100 Mb/s, a sensibilidade do receptor é fornecida por
P rec = − 42 dBm.Valores típicos de potências médias lançadas por transmis-
sores baseados em LED e em lasers são de 50 mW e 1 mW, respectivamente.
A Tabela 5.1 mostra o balanço de potência para os dois transmissores, as-
sumindo que a perda em emendas está incluída na perda do cabo. A distância

Tabela 5.1  Balanço de potência para um sistema de onda luminosa em 0,85 mm


Grandeza Símbolo Laser LED
Potência transmitida P tr 0 dBm -13 dBm
Sensibilidade do receptor P rec -42 dBm -42 dBm
Margem de sistema Ms 6 dB 6 dB
Perda de canal disponível CL 36 dB 23 dB
Perda em conectores acon 2 dB 2 dB
Perda do cabo de fibra af 3,5 dB/km 3,5 dB/km
Máximo comprimento de fibra L 9,7 km 6 km
Sistemas de Ondas Luminosas 229

de transmissão L fica limitada a 6 km, no caso de transmissores baseados


em LED. Como a especificação do sistema é de 8 km, um transmissor mais
caro, baseado em laser, deve ser utilizado. Uma alternativa seria utilizar um
receptor baseado em fotodiodo de avalanche (APD). Se a sensibilidade
do receptor for melhorada em mais de 7 dB com o uso de um APD no
lugar de um fotodiodo p-i-n, a distância de transmissão pode ser estendida
para 8 km, mesmo com um transmissor baseado em LED. Considerações
de custos ditariam, então, a escolha entre transmissores baseados em laser e
receptores baseados em APD.

5.2.4  Balanço de Tempo de Subida


O propósito do balanço de tempo de subida é assegurar que o sistema seja
capaz de operar de modo adequado na taxa de bits pretendida. Ainda que,
individualmente, a largura de banda de cada componente exceda a taxa de
bits, é possível o sistema total não ser capaz de operar àquela taxa de bits.
O conceito de balanço de tempo de subida é usado para alocar a largura de
banda entre os diversos componentes. O tempo de subida Tr de um sistema
linear é definido como o intervalo de tempo em que a resposta aumenta de
10 para 90% do valor final de saída quando a entrada muda abruptamente.
A Figura 5.5 ilustra o conceito graficamente.

Figura 5.5  Tempo de subida Tr associado a um sistema linear limitado em largura de


banda.

Há uma relação inversa entre a largura de banda ∆f e o tempo de subida


Tr associado a um sistema linear, a qual pode ser entendida considerando
um simples circuito RC como exemplo de sistema linear. Quando a tensão
em um circuito RC muda instantaneamente de 0 a V0, a tensão de saída
muda da seguinte forma:

Vout (t ) = V0 [1 − exp( −t  RC )], (5.2.4)

em que R é a resistência e C, a capacitância do circuito RC. Calcula-se o


tempo de subida como:

Tr = (ln 9)RC ≈ 2.2RC . (5.2.5)


230 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

A função de transferência H(f) do circuito RC é obtida tomando a trans-


formada de Fourier da Eq. (5.2.4) e apresenta a forma:

H ( f ) = (1 + i 2π fRC )−1. (5.2.6)

A largura de banda ∆f do circuito corresponde à frequência em que


|H(  f  )|2=1/2, sendo dada pela bastante conhecida expressão ∆f = (2πRC)−1.
Usando a Eq. (5.2.5), obtém-se a relação entre ∆f e Tr como:
2,2 0,35
Tr = = . (5.2.7)
2π∆f ∆f

A relação inversa entre o tempo de subida e a largura de banda deve valer para
qualquer sistema linear. Contudo, o produto Tr∆f, em geral, será diferente de
3,5. Podemos usar Tr∆f  = 0,35 no projeto de sistemas de comunicação óptica
como uma orientação conservadora. A relação entre a largura de banda ∆f e a
taxa de bits B depende do formato digital. No caso do formato com retorno ao
zero (RZ) (veja a Seção 1.2), ∆f = B, de modo que BTr = 0,35. Em contraste,
∆f ≈ B/2 para o formato sem retorno ao zero (NRZ), levando a BTr = 0,7.
Nos dois casos, a especificada taxa de bits impõe um limite superior à máxima
taxa de bits que pode ser tolerada. Deve-se projetar o sistema de comunicação
visando assegurar que Tr esteja abaixo desse valor máximo, ou seja,
 0,35  B para o formato RZ ,
Tr ≤  (5.2.8)
 0,70  B para o formato NRZ .

Os três componentes de sistemas de comunicação por fibra óptica têm
tempos de subida próprios. O tempo de subida total de todo o sistema
está relacionado, aproximadamente, aos tempos de subida próprios dos
componentes por [17]:

Tr 2 = Ttr2 + Tfiber
2
+ Trec
2
, (5.2.9)

em que Ttr, Tfibra e Trec são os tempos de subida associados ao transmissor, à


fibra e ao receptor, respectivamente. Os tempos de subida do transmissor e
do receptor são, em geral, conhecidos pelo projetista de sistemas. O tempo
de subida do transmissor Ttr é determinado, principalmente, pelos compo-
nentes eletrônicos do circuito de alimentação e pelos parasitas associados à
fonte óptica.Tipicamente, Ttr é de alguns nanossegundos para transmissores
baseados em LEDs, podendo ser menor do que 0,1 ns para transmissores
baseados em lasers. O tempo de subida do receptor Trec é determinado,
principalmente, pela largura de banda de 3 dB do front end do receptor.
Pode-se utilizar a Eq. (5.2.7) para estimar Trec, caso a largura de banda do
front end seja especificada.
Sistemas de Ondas Luminosas 231

O tempo de subida da fibra Tfibra deve, em geral, incluir as contribuições


da dispersão intermodal e da dispersão de velocidade de grupo (GVD) por
meio da relação:


2
Tfiber 2
= Tmodal + TGVD
2
. (5.2.10)

Para fibras monomodo, Tmodal = 0 e Tfibra = TGVD. Em princípio, podemos usar


o conceito de largura de banda da fibra discutido na Seção 2.4.4 e relacionar
Tfibra à largura de banda de 3 dB da fibra f3dB por meio de uma relação
similar à Eq. (5.2.7). Na prática, o cálculo de f3dB não é fácil, especialmente
no caso da dispersão modal. Isso ocorre, pois um enlace de fibra consiste na
concatenação de muitas seções de fibras (de comprimento típico de 5 km),
que podem ter diferentes características de dispersão. Ademais, a mistura de
modos que ocorre em emendas e conectores tende a promediar os retardos
de propagação associados aos diferentes modos de uma fibra multimodo.
Uma abordagem estatística é, geralmente, necessária para estimar a largura
de banda da fibra e o correspondente tempo de subida [18]–[21].
Em uma abordagem fenomenológica, Tmodal pode ser aproximado pelo
atraso temporal ∆T dado pela Eq. (2.1.5) na ausência de mistura de modos,
ou seja,

Tmodal ≈ (n1∆ / c )L , (5.2.11)

em que foi usado n1 ≈ n2. Para fibras de índice gradual, utiliza-se a Eq.
(2.1.10) no lugar da Eq. (2.1.5), resultando em Tmodal ≈ (n1∆2/8c)L. Nos
dois casos, o efeito da mistura de modos é incluído com a alteração da
dependência linear em L por uma dependência sublinear Lq, em que q
possui um valor na faixa de 0,5 − 1, dependendo da extensão da mistura de
modos. Uma estimativa razoável, baseada em dados experimentais, é q = 0,7.
A contribuição TGVD também pode ser aproximada por ∆T fornecido pela
Eq. (2.3.4), de forma que

TGVD ≈| D | L ∆λ , (5.2.12)

sendo ∆l a largura espectral da fonte óptica (tomada como a largura com-


pleta a meia altura). O parâmetro de dispersão D pode mudar ao longo
do enlace de fibra, se diferentes seções tiverem diferentes características de
dispersão; nesse caso, deve-se empregar um valor médio na Eq. (5.2.12).
Como ilustração do balanço de tempo de subida, consideremos um sis-
tema de onda luminosa em 1,3 mm projetado para operar a 1 Gb/s com
fibra monomodo e 50 km de espaçamento entre repetidores. Os tempos de
subida para o transmissor e receptor foram especificados como Ttr = 0,25 ns e
Trec = 0,35 ns.A largura espectral da fonte é determinada como ∆l = 3 nm, e o
valor médio de D é 2 ps/(km-nm) no comprimento de onda de operação. Da
232 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

Eq. (5.2.12), TGVD = 0,3 ns para um enlace de fibra de 50 km. Dispersão modal


não ocorre em fibras monomodo; logo, Tmodal = 0 e Tfibra = 0,3 ns. O tempo
de subida do sistema é estimado pela Eq. (5.29), resultando em Tr = 0,524 ns.
Aplicação da Eq. (5.2.8) indica que esse sistema não pode ser operado a 1 Gb/s
se o formato RZ for empregado para a sequência de bits ópticos. Contudo, o
sistema pode operar adequadamente com a alteração do formato digital para o
formato NRZ. Caso o uso do formato RZ seja um pré-requisito, o projetista
deve escolher outros transmissores e receptores, que atendam à exigência do
balanço de tempo de subida. O uso do formato NRZ foi prevalecente durante
a década de 1990, mas o formato RZ se tornou o preferível para sistemas de
longas distâncias que operam a taxa de bits de 40 Gb/s, especialmente quando
a informação é codificada na fase da portadora óptica.

5.3  Sistemas de Longas Distâncias


O advento de amplificadores ópticos permitiu que as perdas da fibra fossem
compensadas com a inserção periódica de amplificadores ao longo de um
enlace de fibra de grande distância (Fig. 5.1). Ao mesmo tempo, os efeitos
da dispersão da fibra (GVD) podem ser reduzidos por meio de gerencia-
mento de dispersão (Cap. 8). Como nem a perda da fibra nem a GVD são
fatores limitantes, questionamos quantos amplificadores em linha podem ser
conectados em cascata e o que limita o comprimento total do enlace. Esse
tópico é coberto no Capítulo 7. Aqui, focamos os fatores que limitam o
desempenho de enlaces de fibra amplificados e fornecemos algumas orien-
tações para o projeto de sistemas. Além disso, esta seção também delineia o
progresso realizado no desenvolvimento de sistemas terrestres e submarinos
desde 1980, quando o primeiro sistema foi instalado.

5.3.1  Fatores Limitantes de Desempenho


A mais importante consideração no projeto de um enlace de fibra com
amplificação periódica está relacionada a efeitos não lineares que ocorrem em
todas as fibras ópticas [22] (veja a Seção 2.6). Para sistemas de ondas luminosas
monocanal, o dominante fenômeno não linear que limita o desempenho de
sistemas é a automodulação de fase (SPM − Self-Phase Modulation). Quando se
utilizam regeneradores optoeletrônicos, os efeitos de SPM se acumulam so-
mente em um espaçamento entre repetidores (tipicamente, < 100 km) e têm
pouca relevância se a potência lançada satisfizer a Eq. (2.6.15) com NA = 1
ou a condição Pin  22 mW. Em contraste, efeitos de SPM se acumulam
em longos comprimentos de fibra (∼1.000 km) quando amplificadores em
linha são usados periodicamente para compensação de perda. Uma estimativa
grosseira da limitação imposta por SPM é, novamente, obtida da Eq. (2.6.15).
Esta equação prediz que a potência de pico deve estar abaixo de 2,2 mW
para 10 amplificadores em cascata, para parâmetro não linear g = 2 W−1/km.
Sistemas de Ondas Luminosas 233

A condição sobre a potência média depende do formato de modulação e da


forma dos pulsos ópticos. Não obstante, para um sistema de onda luminosa
projetado para operar em distâncias superiores a 1.000 km, fica claro que a
potência média deve ser reduzida para menos de 1 mW, a fim de que efeitos
de SPM permaneçam desprezíveis. O valor limite da potência média também
depende do tipo de fibra em que a luz se propaga pela área modal efetiva
Aeff. Os efeitos de SPM são mais dominantes em fibras compensadores de
dispersão, para as quais Aeff é, tipicamente, próxima de 20 mm2.
Essa discussão das limitações induzidas por SPM é bastante simplista
para ser precisa, pois ignora completamente o papel da dispersão da fibra.
Na verdade, como efeitos dispersivos e não lineares agem no sinal óptico de
modo simultâneo, a interação entre os mesmos se torna muito importante
[22]. O efeito de SPM em pulsos que se propagam em uma fibra óptica
pode ser incluído por meio da equação não linear de Schrödinger (NLS)
da Seção 2.6. Tal equação é dada por [veja a Eq. (2.6.18)]:
∂ A iβ 2 ∂2 A α (5.3.1)
+ = − A + iγ | A |2 A,
∂z 2 ∂t 2
2
sendo as perdas da fibra inseridas no termo a que também pode incluir
amplificação periódica do sinal se tratarmos a como uma função de z. A
equação NLS é usada rotineiramente no projeto de modernos sistemas de
ondas luminosas.
Devido à sua natureza não linear, a Eq. (5.3.1) deve ser, em geral, resol-
vida numericamente. Uma abordagem numérica é, de fato, adotada (veja o
Apêndice D) para quantificar o impacto de SPM no desempenho de sis-
temas de ondas luminosas de longas distâncias [23]–[31]. O uso de uma fibra
de grande área efetiva (LEAF − Large-Effective-Area Fiber) ajuda a reduzir
o parâmetro não linear g definido como g= 2πn2/lAeff). A apropriada
introdução de chirp de frequência nos pulsos de entrada também pode ser
benéfica à redução de efeitos de SPM, característica que levou à adoção de
um novo formato de modulação conhecido como formato RZ com chirp,
denominado CRZ. Simulações numéricas mostram que, em geral, a potência
lançada deve ser otimizada a um valor que depende de muitos parâmetros
de projeto, como taxa de bits, comprimento total do enlace e espaçamento
entre amplificadores. Em um estudo, a ótima potência de lançamento foi
calculada cerca de 1 mW, para sinal transmitido ao longo de mais de 900 km,
com 40 km de espaçamento entre amplificadores [27].
Os efeitos combinados de GVD e SPM também dependem do sinal do
parâmetro de dispersão b2. No caso de dispersão anômala (b2 < 0), o fenô-
meno não linear de instabilidade de modulação [22] pode afetar drasticamente
o desempenho do sistema [28]. Este problema pode ser superado pelo uso
de uma combinação de fibras com GVD normal e anômala, de modo que a
234 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

dispersão média ao longo de todo o enlace de fibra seja “normal”. Contudo,


uma nova espécie de instabilidade de modulação, referida como instabilidade
de banda lateral [32], pode ocorrer nas regiões de GVD normal e anômala. A
instabilidade de banda lateral tem origem na variação periódica da potência
de sinal ao longo do enlace de fibra, quando se empregam amplificadores
ópticos igualmente espaçados visando compensar as perdas da fibra. Como
a grandeza g|A|2 na Eq. (5.3.1) é uma função periódica de z, a resultante
gradação de índice não linear pode iniciar um processo de mistura de quatro
ondas que gera bandas laterais no espectro do sinal. Esse efeito pode ser
evitado espaçando os amplificadores de modo não uniforme.
Outro fator que tem papel crucial é o ruído adicionado por amplifica-
dores ópticos. Como no caso de amplificadores eletrônicos, o ruído de am-
plificadores ópticos é quantificado pela figura de ruído do amplificador Fn
(Cap. 7). A interação não linear entre a emissão espontânea amplificada e
o sinal pode levar a grande alargamento espectral por meio de fenômenos
não lineares como modulação de fase cruzada e mistura de quatro ondas
[33]. Como o ruído tem largura de banda muito maior que o sinal, seu
impacto pode ser reduzido com o emprego de filtros ópticos. Simulações
numéricas mostram, de fato, uma considerável melhora quando se utilizam
filtros ópticos depois de cada amplificador em linha [27].
Efeitos de polarização, totalmente desprezíveis nos tradicionais sistemas de
ondas luminosas “não amplificados”, tornam-se relevantes para sistemas de lon-
gas distâncias com amplificadores em linha.A questão de dispersão do modo de
polarização (PMD) foi discutida na Seção 2.3.5.Além de PMD, amplificadores
ópticos também podem induzir ganho e perda dependentes da polarização [26].
Embora os efeitos de PMD devam ser considerados durante o projeto do sis-
tema, seu impacto depende de parâmetros de projeto como taxa de bits e dis-
tância de transmissão. Para taxas de bits de até 1- Gb/s, efeitos de PMD podem
ser reduzidos a um nível aceitável com projeto adequado. Contudo, PMD se
torna uma questão muito importante para sistemas de 40 Gb/s, para os quais o
bit slot possui apenas 25 ps de largura. O uso de uma técnica de compensação
da PMD é, muitas vezes, necessário no caso de taxas de bits tão altas.
A quarta geração de sistemas de ondas luminosas surgiu em 1995, quando
sistemas de ondas luminosas empregando amplificadores se tornaram dis-
poníveis comercialmente. Sem dúvida, demonstrações em laboratório tive-
ram inicio já em 1989. Muitos experimentos usavam um anel circulante de
fibra para demonstrar viabilidade de sistemas, pois não era prático usar longos
comprimentos de fibra em um ambiente de laboratório. Já em 1991, um
experimento mostrou a possibilidade de transmissão de dados por 21.000 km
a 2,5 Gb/s, e por 14.300 km a 5 Gb/s, usando a configuração de anel
circulante [34]. Em um teste de sistema realizado em 1995 utilizando cabos
submarinos e repetidores reais [35], um sinal de 5,3 Gb/s foi transmitido
Sistemas de Ondas Luminosas 235

por 11.300 km com 60 km de espaçamento entre amplificadores. Esse teste


de sistema levou ao desenvolvimento de um cabo transpacífico comercial
(TPC-5), que começou a operar em 1996.
A taxa de bits de sistemas de quarta geração se estendeu a 10 Gb/s no
início de 1992. Logo, em 1995, um sinal de 10 Gb/s foi transmitido por
6480 km com 90 km de espaçamento entre amplificadores [36]. Com mais
aumento na distância, a SBR decaiu abaixo do valor necessário visando
manter a BER abaixo de 10-9. Poderíamos pensar que o desempenho me-
lhoraria se o sistema fosse operado próximo ao comprimento de onda
de dispersão zero da fibra. Entretanto, um experimento realizado nessas
condições alcançou uma distância de apenas 6.000 km a 10 Gb/s, com 40 km
de espaçamento entre amplificadores [37], e a situação piorou quando se
empregou o formato de modulação RZ. A partir de 1999, a taxa de bits por
canal foi levada a 40 Gb/s em vários experimentos [38]–[40]; tais sistemas
se tornaram comercialmente disponíveis em 2002. O projeto de sistemas
de ondas luminosas de 40 Gb/s requer o uso de diversas novas ideias, in-
cluindo o formato CRZ, gerenciamento de dispersão por compensação da
inclinação de GVD e amplificação Raman distribuída. Mesmo assim, à taxa
de bits de 40 Gb/s, os efeitos combinados de dispersão de ordem superior,
PMD e SPM degradam consideravelmente o desempenho de sistemas.

5.3.2  Sistemas de Ondas Luminosas Terrestres


Uma importante aplicação de enlaces de comunicação por fibra óptica é o
aumento da capacidade de redes de telecomunicações ao redor do mundo.
De fato, foi essa aplicação que deu início ao campo de comunicações por
fibras ópticas em 1977 e, desde então, o fez se desenvolver para atender a
demanda por sistemas com capacidades cada vez mais altas. Aqui, focamos
o estado da arte de sistemas comerciais, considerando sistemas terrestres e
submarinos separadamente.
Após o bem-sucedido teste de campo em Chicago, em 1977, sistemas
de ondas luminosas terrestres se tornaram comercialmente disponíveis em
1980 [41]–[43]. A Tabela 5.2 lista as características de operação de vários
Tabela 5.2  Sistemas de Ondas Luminosas Terrestres
Sistemas Ano l (mm) B (Mb/s) L (km) Canais de Voz
FT-3 1980 0,85 45 < 10 672
FT-3C 1983 0,85 90 < 15 1.344
FT-3X 1984 1,30 180 < 25 2.688
FT-G 1985 1,30 417 < 40 6.048
FT-G-1,7 1987 1,30 1.668 < 46 24.192
STM-16 1991 1,55 2.488 < 85 32.256
STM-64 1996 1,55 9.953 < 90 129.024
STM-256 2002 1,55 39.813 < 90 516.096
236 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

sistemas terrestres desenvolvidos desde então. Sistemas da primeira geração


operavam nas proximidades de 0,85 mm e usavam fibras multimodo de
índice gradual como meio de transmissão. Como visto na Figura 5.4, o
produto BL desses sistemas é limitado a 2 (Gb/s)-km. Um sistema de onda
luminosa comercial (FT-3C), operando a 90 Mb/s com repetidores es-
paçados por cerca de 12 km, realizou um produto BL de quase 1 (Gb/s)-
km; esse sistema é representado por um círculo sólido na Figura 5.4. Na
segunda geração de sistemas de ondas luminosas, o comprimento de onda de
operação passou para 1,3 mm, a fim de tirar proveito das baixas perdas e da
pequena dispersão da fibra nesse comprimento de onda. O produto BL de
sistemas de ondas luminosas em 1,3 mm é limitado a cerca de 100 (Gb/s)-km,
quando se utilizam lasers de semicondutor multimodo no transmissor.
Em 1987, um sistema de onda luminosa comercial em 1,3 mm provia trans-
missão de dados a 1,7 Gb/s, com repetidores espaçados por cerca de 45 km.
Na Figura 5.4, um círculo sólido mostra que esse sistema operava muito
próximo ao limite de dispersão.
A terceira geração de sistemas de ondas luminosas começou a ser co-
mercializada em 1991. Esses sistemas operam nas proximidades de 1,55 mm,
a taxas de bits maiores do que 2 Gb/s, tipicamente, 2,488 Gb/s, corres-
pondendo ao nível OC-48 de SONET ou nível STS-16 de SDH. A mu-
dança para o comprimento de onda de 1,55 mm ajudou a aumentar a
distância limitada por perda para mais de 100 km, pois, nessa região de
comprimentos de onda, as perdas na fibra são menores do que 0,25 dB/km.
Contudo, o espaçamento entre repetidores se limita a menos de 100 k,
devido à alta GVD de fibras padrão de telecomunicações. Na verdade, a
exploração de sistemas de ondas luminosas de terceira geração só se tornou
possível após o desenvolvimento de lasers de semicondutor com reali-
mentação distribuída (DFB), que reduzem o impacto da dispersão da fibra
com a diminuição da largura espectral da fonte para menos de 100 MHz
(veja a Seção 2.4).
A quarta geração de sistemas de ondas luminosas apareceu por volta de
1996. Esses sistemas operam na região de 1,55 mm, a taxas de bits que podem
chegar a 40 Gb/s, e usam fibras de dispersão deslocada em combinação
com amplificadores ópticos. Contudo, mais de 50 milhões de kilometros de
fibra padrão de telecomunicações já estavam instalados na rede mundial
de telefonia. Razões econômicas determinam que a quarta geração de sis-
temas de ondas luminosas utilize essa base existente. Duas abordagens são
adotadas para resolver o problema de dispersão. A primeira consiste em
diversos esquemas de gerenciamento de dispersão (discutidos no Cap. 8)
que possibilitam o aumento da taxa de bits para 10 Gb/s, mantendo o es-
paçamento entre amplificadores de até 100 km. A segunda se refere a vários
sinais de 10 Gb/s que podem ser transmitidos simultaneamente com o
Sistemas de Ondas Luminosas 237

emprego da técnica WDM discutida no Capítulo 6. Ademais, se a técnica


WDM for combinada com gerenciamento de dispersão, a distância total
de transmissão pode chegar a vários milhares de kilometros, desde que
as perdas da fibra sejam compensadas periodicamente por amplificadores
ópticos. Esses sistemas de ondas luminosas WDM passaram a ser explorados
comercialmente em 1996; em 2000, permitiam capacidade de sistema de
1,6 Tb/s, para sistemas WDM comerciais de 160 canais.
A quinta geração de sistemas de ondas luminosas surgiu por volta de
2001 [44]–[52]. Nessa geração de sistemas WDM, a taxa de bits de cada
canal é de 40 Gb/s (correspondendo ao nível STM-256 ou OC-768). Di-
versas técnicas novas, desenvolvidas em anos recentes, possibilitam a trans-
missão de um sinal óptico de 40 Gb/s por longas distâncias. Novas fibras
de dispersão deslocada foram desenvolvidas, com menores níveis de PMD.
O uso delas em combinação com técnicas de compensação de dispersão
sintonizável pode compensar a GVD para todos os canais simultaneamente.
A utilização de amplificação Raman ajuda a reduzir o ruído e melhora
a SNR no receptor. O uso de uma técnica de correção de erros à frente
(FEC) (veja a Seção 5.5) auxilia no aumento da distância de transmissão
por meio da redução da necessária SNR. O número de canais WDM pode
ser elevado com o uso das bandas L e S, localizadas nos comprimentos de
onda longos e curtos, respectivamente, vizinhos à convencional banda C,
que ocupa a região espectral de 1530 − 1570 nm. Em um experimento
de 2001, 77 canais, cada um operando a 42,7 Gb/s, foram transmitidos
por 1200 km, ocupando as bandas C e L simultaneamente e resultando
em uma capacidade de 3 Tb/s [41]. Em outro experimento de 2001, a
capacidade de sistemas foi estendida a 10,2 Tb/s com a transmissão de
256 canais por 100 km, a 42,7 Gb/s por canal, usando as bandas C e L,
resultando em uma eficiência espectral de 1,28 b/s/Hz [45]. A taxa de bits
nesses dois experimentos foi de 42,7 Gb/s devido ao overhead associado
à técnica FEC.
A partir de 2002, o foco da pesquisa se voltou a formatos avançados de
modulação, em que se codifica a informação usando a fase óptica em vez da
amplitude da onda portadora (Cap. 10). Essa abordagem levou a considerável
melhora na eficiência espectral de sistemas WDM. Em um experimento de
2007, [52], foi realizada transmissão de 25,6 Tb/s por 240 km de fibra óptica
usando 160 canais WDM que ocupavam as bandas C e L, com 50 GHz de
espaçamento entre canais. Cada canal continha dois sinais de 85,4 Gb/s
multiplexados em polarização e codificados com o formato DQPSK, re-
sultando em uma eficiência espectral de 3,2 b/s/Hz. Em 2010, transmissão
a uma taxa de bits total de 69,1 Tb/s foi demonstrada por 240 km de fibra
usando 432 canais WDM, cada um operando a 171 Gb/s com overhead de
FEC de 7% [53].
238 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

5.3.3  Sistemas de Ondas Luminosas Submarinos


Sistemas de transmissão submarinos ou suboceânicos são usados para co-
municações intercontinentais, sendo capazes de prover uma rede que cobre
todo o mundo [54]–[56]. Confiabilidade é uma questão essencial para esses
sistemas, pois reparos são caros. Em geral, sistemas submarinos são projetados
para vida de serviço de 25 anos, admitindo, no máximo, três falhas durante
a operação. A Figura 1.5 mostra a variedade de sistemas submarinos desen-
volvidos em todo o mundo. A Tabela 5.3 lista diversos sistemas de cabos de
fibra óptica submarinos de alta capacidade instalados após o ano de 2000. A
maioria desses sistemas transporta múltiplos canais WDM, cada um operando
a 10 Gb/s, e emprega vários pares de fibra em cada cabo, visando aumentar
a capacidade do sistema além de 1 Tb/s.

Tabela 5.3  Sistemas de ondas luminosas submarinos de alta capacidade


Sistema Ano Capacidade Comprimento Canais Pares
Nome (Gb/s) (km) WDM de Fibra
TAT-14 2001 640 15.428 16 4
SEA-ME-WE 3 2001 960 39.000 48 2
AC-2 2001 1.280 6.400 32 4
VSNL Transatlantic 2001 2.560 13.000 64 4
FLAG 2001 4.800 28.000 60 8
Apollo 2003 3.200 13.000 80 4
SEA-ME-WE 4 2005 1.280 18.800 64 2
Asia-America 2008 1.929 20.000 96 2
Gateway
India-ME-WE 2009 3.840 13.000 96 4

O primeiro cabo de fibra óptica submarino instalado (TAT-8) era um


sistema de segunda geração, instalado em 1988 no Oceano Atlântico, com
espaçamento entre repetidores de até 70 km, e transportava um único canal
a uma taxa de bits de 280 Mb/s. O projeto do sistema foi conservador, prin-
cipalmente para assegurar confiabilidade. A mesma tecnologia foi empregada
para o primeiro sistema de onda luminosa transpacífico (TPC-3), que entrou
em funcionamento em 1989. Em 1990, a terceira geração de sistemas de ondas
luminosas foi desenvolvida. O sistema submarino TAT-9 usou essa tecnologia em
1991; o sistema foi projetado para operar nas proximidades de 1,55 mm, a uma
taxa de bits de 560 Mb/s e espaçamento entre repetidores da ordem de 80 km.
O crescente tráfego pelo Oceano Atlântico levou ao desenvolvimento dos sis-
temas de ondas luminosas TAT-10 e TAT-11 em 1993, com a mesma tecnologia.
O advento de amplificadores ópticos levou à utilização destes na pró-
xima geração de sistemas submarinos. O cabo TAT-12, instalado em 1995,
empregou amplificadores ópticos no lugar de regeneradores optoeletrônicos
e operava a uma taxa de bits de 5,3 Gb/s, com espaçamento entre amplificadores
Sistemas de Ondas Luminosas 239

de cerca de 50 km. A taxa de bits era ligeiramente maior do que a taxa de


bits do nível STM-32, de 5 Gb/s, devido ao overhead associado à técnica de
correção de erros à frente discutida na Seção 5.5. O projeto de tais sistemas
de ondas luminosas se torna bastante complexo, em função dos efeitos cu-
mulativos de dispersão e não linearidade da fibra, que devem ser controlados
em longas distâncias. A potência do transmissor e o perfil de dispersão ao
longo do enlace devem ser otimizados para combater esses efeitos.
Uma segunda categoria de sistemas de ondas luminosas submarinos requer a
transmissão sem repetidores por várias centenas de kilometros [55]. Esse tipo de
sistema é utilizado para comunicação entre ilhas ou para acompanhar um litoral
de modo que o sinal seja regenerado em terra periodicamente após algumas
centenas de kilometros de transmissão submarina. Efeitos dispersivos e não lineares
são de menor relevância para esses sistemas do que para sistemas de ondas lumi-
nosas transoceânicos, mas as perdas da fibra se tornam uma questão importante.
Pode-se compreender a razão para isso apenas observando que a perda do cabo
ultrapassa 100 dB em uma distância de 500 km, mesmo nas melhores condições
de operação. Na década de 1990, vários experimentos em laboratório demons-
traram transmissão sem repetidores à taxa de 2,5 Gb/s por mais de 500 km,
usando dois amplificadores em linha que eram bombeados remotamente a partir
do transmissor e do receptor com lasers de alta potência. Outro amplificador no
transmissor elevava a potência lançada para próximo de 100 mW.
Potências tão altas ultrapassam o nível de limiar para espalhamento es-
timulado Brillouin (SBS), fenômeno não linear discutido na Seção 2.6. A
supressão de SBS é, muitas vezes, realizada por modulação da fase da por-
tadora óptica, de modo que a largura de linha da portadora seja aumentada
de seu valor original < 10 Mhz para 200 MHz ou mais [57]. Lasers DFB
modulados diretamente também podem ser usados para esse propósito.
Em um experimento de 1996, um sinal de 2,5 Gb/s foi transmitido por
465 km mediante modulação direta de um laser DFB [58]. O chirp do
sinal modulado aumentou suficientemente sua largura espectral, de modo
que um modulador de fase externo não se tornava necessário, desde que a
potência lançada fosse mantida abaixo de 100 mW. A taxa de bits de sistemas
submarinos sem repetidores pode ser elevada para 10 Gb/s com o emprego
das mesmas técnicas usadas para 2 Gb/s. Em um experimento de 1996 [59],
o sinal de 10 Gb/s foi transmitido por 442 km com o emprego de dois am-
plificadores em linhas bombeados remotamente. Dois moduladores externos
foram utilizados, um para a supressão de SBS e outro para a geração do sinal.
Durante um experimento de 1998, um sinal de 40 Gb/s foi transmitido por
240 km usando o formato RZ e um formato de polarizações alternadas [60].
O uso da técnica WDM, em combinação com amplificadores ópticos,
gerenciamento de dispersão e correção de erros, revolucionou o projeto de
sistemas de fibra óptica submarinos [61]–[68]. Em 1998, um cabo submarino
240 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

conhecido como AC-1 foi implantado no Oceano Atlântico com capacidade de


80 Gb/s, usando a tecnologia WDM. Um sistema com projeto idêntico (PC-1)
cruzou o Oceano Pacífico. O uso de WDM denso, em combinação com múlti-
plos pares de fibra por cabo, resultou em sistemas de grande capacidade. Em
2001, vários sistemas com capacidade > 1 Tb/s passaram a ser explorados no
Oceano Atlântico (Tabela 5.3). Esses sistemas empregam uma configuração em
anel e cruzam o Oceano Atlântico duas vezes para garantir tolerância a falhas.
O sistema submarino VSNL Transatlantic é capaz de atingir uma capacidade
total de 2,56 Tb/s e cobre uma distância total de 13.000 km. Outro sistema,
conhecido como Apollo, é capaz de transportar tráfego a taxas de até 3,2 Tb/s,
transmitindo 80 canais (cada um operando a 10 Gb/s) em 4 pares de fibra.
O ritmo foi reduzido após 2001, com o estouro da “bolha de telecom”.
Contudo, o desenvolvimento de sistemas submarinos continuou em labo-
ratórios industriais. Em um experimento de 2003, realizou-se a transmissão
de 40 canais (cada um operando a 42,7 Gb/s, com 70 GHz de espaçamento
entre canais) por 9.400 km, usando modulação em fase (no formato DPSK),
codificação FEC e amplificação Raman distribuída [62]. Em 2009, outro ex-
perimento transmitiu 72 canais, cada um operando a 100 Gb/s, por 10.000 km
usando o formato de modulação QPSK e processamento digital em um
receptor coerente [63]. A Tabela 5.3 mostra que, em anos recentes, diversos
novos sistemas transoceânicos entraram em operação ao redor do mundo.
Outros, como Europe-India Gateway, encontravam-se em vários estágios de
implementação em 2010.

5.4  Fontes de Penalidade de Potência


Em um sistema de ondas luminosas prático, a sensibilidade do receptor óptico
é afetada por vários fenômenos físicos que, em combinação com a dispersão
da fibra, degradam a SNR no circuito de decisão. Entre os fenômenos que de-
gradam a sensibilidade do receptor estão ruído modal, alargamento temporal e
interferência entre símbolos induzidos por dispersão, ruído de partição modal,
chirp de frequência e realimentação por reflexão. Nesta seção, discutiremos
como o desempenho de sistemas é afetado pela dispersão da fibra, conside-
rando a extensão da penalidade de potência que resulta desses fenômenos.

5.4.1  Ruído Modal


Ruído modal está associado a fibras multimodo e foi estudado exaustivamente na
década de 1980 [69]–[82].A origem desse ruído é explicada a seguir.A interfe-
rência entre os vários modos que se propagam em uma fibra multimodo cria um
padrão granular, de pontos claros e escuros (speckles), no fotodetector. A dis-
tribuição de intensidade não uniforme associada ao padrão de pontos claros e
escuros é, por si só, inofensiva, pois o desempenho do receptor é governado pela
potência total integrada na área do detector. Contudo, se o padrão de pontos
Sistemas de Ondas Luminosas 241

claros e escuros flutuar com o tempo, haverá flutuação na potência recebida,


o que degradaria a SNR.Tais flutuações são referidas como ruído modal e, in-
variavelmente, ocorrem em enlaces de fibras multimodo, devido a perturbações
mecânicas, como vibração e microcurvaturas.Além disso, emendas e conectores
atuam como filtros modais. Qualquer variação temporal na filtragem modal
resulta em flutuações granulares (speckle) e aumento do ruído modal. Este é
fortemente afetado pela largura espectral da fonte ∆ν, pois interferência modal
ocorre somente se o tempo de coerência (Tc ≈ 1/∆ν) for maior do que o atraso
temporal intermodal ∆T dado pela Eq. (2.1.5). Para transmissores baseados
em LEDs, ∆ν é suficientemente grande (∆ν∼ 5 THz) para que essa condição
não seja satisfeita. A maioria dos sistemas de ondas luminosas que usam fibras
multimodo também utiliza LEDs para evitar o problema de ruído modal.
O ruído modal se torna um problema sério quando se utilizam lasers de
semicondutor em combinação com fibras multimodo.Tentativas foram feitas
para estimar a extensão da degradação da sensibilidade induzida pelo ruído
modal [71]–[73] por meio do cálculo da BER após a adição do ruído modal
às outras fontes de ruído do receptor. A Figura 5.6 mostra a penalidade de
potência a uma BER de 10−12 calculada para um sistema de onda luminosa

Figura 5.6  Penalidade de potência por ruído modal em função da perda dependente de
modo. O parâmetro M é definido como o número total de modos longitudinais cuja potên-
cia excede 10% da potência de pico. (Após a Ref. [71]; ©1986 IEEE; reimpresso com permissão.)
242 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

em 1,3 mm operando a 140 Mb/s. A fibra de índice gradual apresenta núcleo


com 50 mm de diâmetro e suporta 146 modos. A penalidade de potência
varia com a perda por acoplamento dependente ocorrendo em emendas e
conectores. A penalidade de potência também depende do espectro do modo
longitudinal do laser de semicondutor. Como esperado, a penalidade de
potência diminui à medida que o número de modos longitudinais aumenta,
devido à redução no tempo de coerência da luz emitida.
Ruído modal também pode ocorrer em sistemas monomodo se curtas
seções de fibras forem instaladas entre dois conectores ou emendas durante
reparo ou manutenção normal [73]–[76]. Um modo de ordem superior pode
ser excitado na descontinuidade de fibra que ocorre na primeira emenda e,
então, convertê-lo ao modo fundamental no segundo conector ou emenda.
Como um modo de ordem superior não pode se propagar para muito dis-
tante de seu ponto de excitação, esse problema pode ser evitado assegurando
que o espaçamento entre dois conectores ou emendas ultrapasse 2 m. De
modo geral, ruído modal não é um problema para sistemas de comunicação
por fibra óptica monomodo adequadamente projetado e mantido.
Com o desenvolvimento de laser de cavidade vertical com emissão
pela superfície (VCSEL), a questão do ruído modal ressurgiu em anos
recentes [77]–[81]. O uso desses lasers em enlaces ópticos de dados de
curtas distâncias que utilizam fibras multimodo (incluindo as feitas de plás-
tico) desperta considerável interesse em função da grande largura de banda
associada a VCSELs. De fato, taxas de vários gigabits por segundo foram
demonstradas em experimentos de laboratório com fibras plásticas [83].
Contudo,VCSELs apresenam um longo tempo de coerência, pois oscilam
em um único modo longitudinal. Em um experimento de 1994, medidas
de BER mostraram um piso de erro a um nível de 10−7, mesmo quando a
perda dependente de modo era de apenas 1 dB [78]. É possível evitar esse
problema, até certo ponto, com o uso de VCSELs de diâmetro maior, que
oscilam em vários modos transversais e, portanto, têm menor comprimento
de coerência. Modelos computacionais são, geralmente, usados a fim de es-
timar a penalidade de potência para enlaces de dados ópticos em condições
realistas de operação [80]. Ferramentas analíticas, como o método de ponto
de sela, também podem fornecer uma estimativa razoável da BER [81].

5.4.2  Ruído de Partição Modal


Como discutido na Seção 3.3, lasers de semicondutor multimodo exibem
ruído de partição modal (MPN), fenômeno que ocorre devido a uma auto-
correlação entre pares de modos longitudinais. Em particular, vários modos
longitudinais flutuam de forma tal que modos individuais exibem grandes
flutuações de intensidade, embora a intensidade total permaneça relativamente
constante. MPN seria inofensivo na ausência da dispersão da fibra, pois todos
Sistemas de Ondas Luminosas 243

os modos permaneceriam sincronizados durante transmissão e detecção. Na


prática, diferentes modos se tornam dessincronizados, pois viajam a velocida-
des ligeiramente diferentes na fibra, em função da dispersão de velocidade de
grupo. Em consequência dessa dessincronização, a corrente do receptor exibe
flutuações adicionais, e a SNR no circuito de decisão se torna pior do que
o esperado na ausência de MPN. Uma penalidade de potência deve ser paga
para devolver a SNR ao valor necessário para alcançar a BER especificada
(veja a Seção 4.5). O efeito de MPN no desempenho do sistema foi estudado
exaustivamente para lasers de semicondutor multimodo [84]–[92].
No caso de lasers de semicondutor multimodo, pode-se calcular a pe-
nalidade de potência seguindo uma abordagem similar à da Seção 4.6.2,
sendo dada por [84]:

δ mpn = −5 log 10(1 − Q 2rmpn


2
), (5.4.1)

em que r mpn é o nível relativo de ruído da potência recebida na presença


de MPN. Um modelo simples para estimar o parâmetro r mpn assume que
os modos do laser flutuem de tal forma que a potência total permaneça
constante em operação CW [84]. É assumido, ainda, que a potência modal
média seja distribuída segundo uma distribuição gaussiana de largura RMS
σl e que a forma do pulso no circuito de decisão do receptor seja descrita
por uma função cosseno. O modelo assume que diferentes modos do laser
têm o mesmo coeficiente de correlação cruzada gcc:
〈PPi j〉
γ cc = (5.4.2)
〈Pi 〉〈Pj 〉

para todos i e j tais que i ≠ j. Os colchetes angulares denotam média das


flutuações de potência associadas à partição modal. Um cálculo simples
mostra que r mpn é dado por [87]:

rmpn = (k / 2 ){1 − exp[ −(π BLDσ λ )2 ]}, (5.4.3)


em que o coeficiente de partição modal k está relacionado a gcc por
k =  1 − γ cc . O modelo assume que a partição modal pode ser quantificada
em termos de um único parâmetro k com valores no intervalo 0 − 1. É
difícil estimar o valor numérico de k, que, provavelmente, varia de laser para
laser. Medidas experimentais sugerem que os valores de k estejam na faixa
de 0,6 − 0,8 e variem para diferentes pares de modos [89].
As Eq. (5.4.1) e (5.4.3) podem ser usadas para calcular a penalidade de
potência induzida por MPN. A Figura 5.7 mostra a penalidade de potência a
uma BER de 10−9 (Q = 6) em função do parâmetro de dispersão normalizado
BLDσl, para diversos valores do coeficiente de partição modal k. Para qualquer
valor de k, dmpn aumenta rapidamente com a elevação de BLDσl e se torna
244 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

Figura 5.7  Penalidade de potência induzida por MPN em função de BLDσl, para um laser
de semicondutor multimodo com largura espectral RMS σl. Cada curva corresponde a
um distinto valor do coeficiente de partição modal k.

infinito quando BLDal atinge um valor crítico. Para k > 0,5, a penalidade de


potência induzida por MPN se torna muito grande se BLDσl ultrapassar 0,15.
Contudo, dmpn pode ser reduzido a um valor desprezível (dmpn < 0,5 dB) se
o sistema de comunicação óptica for projetado de modo que BLDσl < 0,1.
Como exemplo, consideremos um sistema de onda luminosa para 1,3 mm.
Se assumirmos que o comprimento de onda de operação é casado ao com-
primento de onda de dispersão zero com tolerância de 10 nm, D ≈ 1 ps/
(kn-nm). Um valor típico de σl para lasers de semicondutor multimodo é
2 nm. A penalidade de potência induzida por MPN seria desprezível se o
produto BL ficasse abaixo de 50 (Gb/s)-km. Com B = 2 Gb/s, a distância de
transmissão se torna, então, limitada a 25 km. A situação piora para sistemas
de ondas luminosas para 1,55 mm, para os quais D ≈ 16 ps/(km-nm), a menos
que sejam usadas fibras de dispersão deslocada. Em geral, a penalidade de
potência induzida por MPN é muito sensível à largura de banda espectral do
laser multimodo e pode ser reduzida com a diminuição da largura de banda.
Em um estudo [92], uma redução no tempo de vida de portadores de 340
para 130 ps, realizado por dopagem p da camada ativa, reduziu a largura de
banda de lasers de semicondutores para 1,3 mm de apenas 40% (de 5,6 para
3,4 nm), mas a penalidade de potência diminuiu de um valor infinito (piso
de BER acima do nível de 10−9) para somente 0,5 dB.
5.4.3  Realimentação por Reflexão e Ruído
Na maioria de sistemas de comunicação por fibra óptica, alguma luz é inva-
riavelmente refletida em descontinuidades de índice de refração que ocorrem
Sistemas de Ondas Luminosas 245

em emendas, conectores e extremidades da fibra. Os efeitos dessa indesejada


realimentação foram estudados em detalhe [93]–[104], pois degradam con-
sideravelmente o desempenho de sistemas de ondas luminosas. Mesmo uma
relativamente pequena realimentação óptica afeta a operação de lasers de
semicondutor [97] e pode levar a excesso de ruído na saída do transmissor.
Ainda que se utilize um isolador entre o transmissor e a fibra, múltiplas
reflexões entre emendas e conectores podem gerar ruído de intensidade
adicional e degradar o desempenho do receptor [99]. Esta subseção é dedicada
ao efeito do ruído induzido por reflexão sobre a sensibilidade do receptor.
A maior parte das reflexões em um enlace de fibra se origina nas in-
terfaces vidro-ar, cuja refletividade pode ser estimada usando Rf = (nf − 1)2/
(nf + 1)2, sendo nf o índice de refração do material da fibra. Para fibras de sílica,
Rf = 3,6% (−14,4 dB), se usarmos nf = 1,47. Esse valor se eleva a 5,3% para
fibras com extremidades polidas, pois o polimento pode criar uma delgada ca-
mada superficial com índice de refração de cerca de 1,6. No caso da ocorrência
de múltiplas reflexões entre duas emendas ou conectores, a realimentação por
reflexão pode aumentar consideravelmente, pois as duas superfícies refletoras
atuam como espelhos de um interferômetro de Fabry-Perot. Quando a
condição de ressonância é satisfeita, a refletividade aumenta para 14%, no caso
de superfícies não polidas, e para mais de 22%, no caso de superfícies polidas.
Obviamente, uma fração considerável do sinal transmitido pode ser refletida,
a menos que precauções sejam tomadas para reduzir a realimentação óptica.
Uma técnica comum para reduzir a realimentação por reflexão consiste no
uso de óleo ou gel para casamento de índice próximo às interfaces vidro-ar.
Às vezes, a extremidade da fibra é curvada ou cortada em ângulo, de modo
que a luz refletida seja desviada do eixo da fibra. Essas técnicas permitem
reduzir a realimentação por reflexão para menos de 0,1%.
Lasers de semicondutor são extremamente sensíveis à realimentação óptica
[101]; suas características operacionais podem ser afetadas mesmo por realimen-
tação muito pequena, com −80 dB [97]. O efeito mais dramático da realimen-
tação ocorre sobre a largura de linha do laser, que pode diminuir ou aumentar
em várias ordens de magnitude, dependendo da posição exata da superfície que
origina a realimentação [93]. A razão para tal sensibilidade está relacionada ao
fato de a fase da luz refletida poder perturbar a fase do laser de modo significativo,
mesmo para níveis de realimentação relativamente baixos. Essas mudanças de
fase induzidas por realimentação são prejudiciais principalmente para sistemas
de comunicação coerentes. O desempenho de sistemas de ondas luminosas
com detecção direta é afetado por ruído de intensidade, e não por ruído de fase.
Realimentação óptica pode aumentar muito o ruído de intensidade.
Vários experimentos mostraram aumento no ruído de intensidade induzido
por realimentação em frequências que correspondem a múltiplos do es-
paçamento entre modos de cavidade externa [94]–[96]. Na verdade, há
246 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

diversos mecanismos pelos quais o ruído de intensidade relativa (RIN) de


um laser de semicondutor pode ser aumentado por realimentação óptica
externa. Em um modelo simples [98], atribui-se o aumento no ruído de
intensidade induzido por realimentação ao surgimento de múltiplos modos
longitudinais de cavidade externa, cujo pequeno espaçamento é determina-
do pela distância entre a faceta de saída do laser e a interface vidro-ar onde a
realimentação tem origem. O número e a amplitude dos modos de cavidade
externa dependem do nível de realimentação. Nesse modelo, o aumento
no RIN ocorre em função das flutuações de intensidade dos modos laterais
gerados pela realimentação. Outra fonte de aumento do RIN se origina no
caos induzido pela realimentação em lasers de semicondutor. Simulações
numéricas das equações de taxa mostram que é possível aumentar o RIN por
20 dB ou mais quando o nível de realimentação excede certo valor [102].
Embora seja determinístico em natureza, o caos induzido por realimentação
se manifesta como um aparente aumento no RIN.
Medidas experimentais do RIN e da BER na presença de realimentação
óptica confirmam que o aumento no RIN induzido por realimentação leva
a uma penalidade de potência em sistemas de ondas luminosas [105]-[107].
A Figura 5.8 mostra os resultados de medidas de BER para um VCSEL que
opera em 958 nm. Esse laser opera em um único modo longitudinal − devido

Figura 5.8  Medida experimental de BER a 500 Mb/s para um VCSEL, com realimentação
óptica. A BER é medida a vários níveis de realimentação. (Após a Ref. [107]; ©1993 IEEE;
reimpresso com permissão.)
Sistemas de Ondas Luminosas 247

ao ultracurto comprimento da cavidade (∼ 1 mm) – e, na ausência de rea-


limentação por reflexão, exibe RIN próximo de −130 dB/Hz. Contudo, o
RIN aumenta de 20 dB quando a realimentação excede o nível de −30 dB.
As medidas de BER à taxa de 500 Mb/s mostram uma penalidade de potência
de 0,8 dB, a uma BER de 10−9 e realimentação de −30 dB; a penalidade de
potência aumenta rapidamente em níveis mais elevados de realimentação [107].
A penalidade de potência pode ser calculada seguindo a análise da Se-
ção 4.6.2, sendo dada por:

δ ref = −10 log 10(1 − reff2 Q 2 ), (5.4.4)


em que reff é o ruído de intensidade efetivo na largura de banda do receptor
∆f, obtido de
1 ∞


reff2 =
2π ∫ −∞
RIN(ω )dω = 2(RIN )∆f . (5.4.5)

No caso de modos de cavidade externa induzidos por realimentação, reff pode


ser calculado por meio de um simples modelo, sendo fornecido por [98]:

reff2 ≈ rI2 + N / (MSR )2 , (5.4.6)


em que rI é o nível de ruído relativo na ausência de realimentação por re-
flexão, N é o número de modos de cavidade externa, e MSR é o fator pelo
qual os modos de cavidade externa permanecem suprimidos. A Figura 5.9
mostra a penalidade de potência devido ao ruído de reflexão em função de

Figura 5.9  Penalidade de potência induzida por realimentação em função de MSR, para
diversos valores de N e rI = 0,01. É assumido que reflexões realimentadas ao laser geram
N modos laterais de mesma amplitude.
248 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

MSR, para diversos valores de N, com rI = 0,01. A penalidade é desprezível


na ausência de realimentação (N = 0), e aumenta com o aumento de N e
a diminuição de MSR. Na verdade, a penalidade se torna infinita quando
MSR é reduzido abaixo de um valor crítico. Portanto, a realimentação por
reflexão pode degradar o desempenho do sistema, no sentido de que este
não é capaz de alcançar a desejada BER, apesar de um aumento infinito
na potência recebida.Tal piso de BER induzido por reflexão foi observado
experimentalmente [96] e indica o severo impacto do ruído de reflexão
no desempenho de sistemas de ondas luminosas. Um exemplo de piso de
BER induzido por reflexão é visto na Figura 5.8, em que a BER permanece
acima de 10-9 para níveis de realimentação acima de −25 dB. Em geral, a
maioria dos sistemas de ondas luminosas opera de modo satisfatório quando
a realimentação por reflexão fica abaixo de −30 dB. O problema pode
ser praticamente eliminado com o uso de um isolador óptico no módulo
transmissor.
Mesmo quando um isolador é utilizado, ruído de reflexão pode ser
um problema para sistemas de ondas luminosas. Em enlaces de fibra de
longas distâncias, a dispersão da fibra é capaz de converter ruído de fase
em ruído de intensidade, levando à degradação de desempenho [100].
De modo similar, duas superfícies refletoras em quaisquer posições ao
longo do enlace de fibra atuam como um interferômetro de Fabry-Perot,
capaz de converter ruído de fase em ruído de intensidade [99]. Pode-se
compreender tal conversão observando que múltiplas reflexões em
um interferômetro de Fabry-Perot levam a um termo dependente da
fase na intensidade transmitida, que flutua em resposta às flutuações de
fase. Em consequência, o RIN do sinal incidente no receptor é maior
do que aquele que ocorre na ausência de realimentação por reflexão.
A maior parte do aumento do RIN ocorre em uma pequena faixa de
frequências cuja largura espectral é governada pela largura de linha do
laser (∼100 MHz). Como o ruído total é obtido por integração na largura
de banda do receptor, o desempenho do sistema pode ser consideravel-
mente afetado a taxas de bits maiores do que 1 Gb/s. Ainda é possível
calcular a penalidade de potência pela Eq. (5.4.4). Um modelo simples
que inclui apenas duas reflexões entre superfícies refletoras mostra que
reff é proporcional a (R1R2)1/2, sendo R1 e R2 as refletividades das duas
interfaces [99]. A Figura 4.21 indica que a penalidade de potência se
torna infinita e leva a pisos de BER quando reff ultrapassa 0,2. Esse tipo de
piso de BER foi observado experimentalmente [99], e pode ser evitado
somente pela eliminação ou pela redução de reflexões parasitas ao longo
de todo o enlace de fibra. Portanto, é necessário empregar conectores
e emendas que reduzam reflexões por meio de casamento de índice ou
de outras técnicas.
Sistemas de Ondas Luminosas 249

5.4.4  Alargamento de Pulsos Induzido por Dispersão


Alargamento de pulsos induzido por dispersão afeta o desempenho do
receptor de duas formas. Primeira forma, uma parte da energia do pulso
é espalhada além do correspondente bit slot e leva à interferência entre
símbolos. Segunda, a energia do pulso no bit slot é reduzida quando o
pulso óptico se alarga.Tal diminuição na energia do pulso reduz a SNR no
circuito de decisão. Como a SNR deve permanecer constante para manter
o desempenho do sistema, o receptor requer maior potência média. Essa é
a origem da penalidade de potência induzida por dispersão dd.
Um cálculo exato de dd é difícil, pois depende de muitos detalhes, como
a extensão da deformação do pulso no receptor. Uma estimativa grosseira é
obtida seguindo a análise da Seção 3.3.1, em que se discute o alargamento
de um pulso gaussiano. A Eq. (3.3.9) mostra que o pulso óptico permanece
gaussiano, mas sua potência de pico é reduzida pelo fator de alargamento
fornecido na Eq. (3.3.10). Se definirmos a penalidade de potência dd como
o aumento (em decibéis) na potência recebida que compensaria a redução
da potência de pico, dd é determinado por:

δ d = 10 log 10b f , (5.4.7)

sendo bf o fator de alargamento do pulso. Como na Seção 3.3.4, conside-


remos separadamente os casos de fontes ópticas de banda larga e de banda
estreita.
Primeiro, consideremos um sistema de onda luminosa projetado com
uma fonte óptica de banda relativamente larga. Nesse caso, o fator de alar-
gamento bf é obtido da Eq. (2.4.24) e tem a forma

b f = σ / σ 0 = [1 + ( DLσ λ / σ 0 )2 ]1/2 , (5.4.8)

em que l é a largura RMS do espectro da fonte. A largura RMS 0 do


pulso óptico na saída do transmissor é um parâmetro de projeto, e pode
ser relacionada ao ciclo de trabalho (duty cycle) dc de pulsos RZ como
40 = dcTb, sendo Tb ≡ 1/B a duração do bit slot a uma dada taxa de bits
B. Usando 0 = dc/(4B) na Eq. (5.4.8) e usando a Eq. (5.4.7), a penalidade
de potência é fornecida por:

δ d = 5 log 10[1 + (4BLDσ λ  dc )2 ]. (5.4.9)

Esse resultado deve ser comparado à condição (3.3.40), obtida na Seção 3.3.4.


Se assumirmos que os pulsos de entrada sejam suficientemente largos para
ocupar todo o bit slot (dc  = 1), a penalidade de potência será desprezível
para 4BLDσ λ  1, passará a 1,5 dB quando 4BLDσl = 1 e aumentará
rapidamente a partir daí.
250 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

No caso de um sistema de longa distância projetado com uma fonte


de banda estreita e pulsos sem chirp, o fator de alargamento é obtido da
Eq. (2.4.29). Se, novamente, usarmos σ0 = dc/(4B), a penalidade de potência
fica dada por:

δ d = 5 log 10[1 + (8β 2B 2L / dc2 )2 ]. (5.4.10)

A Figura 5.10 mostra a penalidade de potência em função da combinação


adimensional de parâmetros m = |b2|B2L, para três valores de dc. Embora
seja desprezível para valores de m < 0,05 e dc > 0,5, a penalidade de po-
tência aumenta rapidamente à medida que m aumenta, e ultrapassa 5 dB
para m = 0,1 e dc = 0,5. Assim, é importante manter m abaixo de 0,1. Como
exemplo, quando fibra padrão é usada com |b2| ≈ 20 ps2/km, em função
da dispersão, a distância operacional de um sistema de onda luminosa de
10 Gb/s é limitada abaixo de 50 km, mas esse valor pode ser consideravel-
mente aumentado com gerenciamento de dispersão. Devemos ressaltar que
a Eq. (5.4.10) provê somente uma estimativa grosseira, pois sua dedução foi
baseada na hipótese de uma forma de pulso gaussiana.

Figura 5.10  Penalidade de potência induzida por dispersão em função de m = |b2|B2L,


para três valores do ciclo de trabalho associado à sequência de bits RZ.

5.4.5  Chirp de Frequência


A discussão anterior da penalidade de potência induzida por dispersão as-
sumiu que os pulsos de entrada não continham chirp. É sabido que um pulso
óptico inicial com chirp limita o desempenho de sistemas de ondas luminosas
Sistemas de Ondas Luminosas 251

de 1,55 mm quando lasers de semicondutor modulados diretamente são usados


para gerar a sequência de bits digitais [108]–[121]. Como discutido na Se-
ção 2.4.2, chirp de frequência pode aumentar o alargamento de pulsos induzido
pela dispersão e, assim, degradar o desempenho de um sistema de onda luminosa
de longa distância além do esperado com o emprego de pulso sem chirp.
Um cálculo exato da penalidade de potência induzida por chirp dc é
difícil, pois o chirp de frequência depende da forma e da largura do pulso
óptico [110]–[113]. Contudo, se assumirmos uma forma de pulso gaussiana
e um chirp linear, podemos utilizar a análise da Seção 2.4.2 para estimar a
penalidade de potência induzida por chirp. Se usarmos a Eq. (2.4.17) para o
fator de alargamento de pulso na Eq. (5.4.7) juntamente com T0 =  2 dc/
(4B), obtemos a penalidade de potência como:

δ c = 5log 10[(1 + 8C β 2B 2L / dc2 )2 + (8β 2B 2L / dc2 )2 ]. (5.4.11)

A Figura 5.11 mostra a penalidade de potência induzida por chirp em


função de |b2|B2L, para diversos valores do parâmetro de chirp C, com dc = 1.
O parâmetro b2 é tomado como negativo, tal qual é o caso para sistemas de
ondas luminosas em 1,55 mm. A curva C = 0 corresponde a pulsos sem chirp.
Nesse caso ideal, a penalidade de potência é desprezível (< 0,1 dB), desde
que |b2|B2L < 0,05. Contudo, a penalidade pode ultrapassar 5 dB se os
pulsos transmitidos tiverem chirp com C = − 6 (um valor típico para lasers
de semicondutor). A fim de manter a penalidade abaixo de 0,1 dB, o sistema
deve ser projetado com |b2|B2L < 0,002. Para fibras ópticas do tipo padrão,

Figura 5.11  Penalidade de potência induzida por chirp em função de |b2|B2L, para
diversos valores do parâmetro de chirp C. É assumido que os pulsos gaussianos pos-
suem chirp linear.
252 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

com b2 ≈ −20 ps2/km, B2L fica limitado a 100 (Gb/s)2-km, indicando que,


mesmo para B = 2,5 Gb/s, a distância de transmissão é limitada a menos de
16 km pelo chirp de frequência. É interessante observar que o desempenho
do sistema pode ser otimizado assegurando que b2C < 0. Como discutido
na Seção 3.3, nesse caso, cada pulso óptico passa por uma fase inicial de
compressão. Como C é negativo para lasers de semicondutor, fibras com
dispersão “normal” (b2 > 0) podem oferecer melhor desempenho quando
forem utilizados lasers de semicondutor modulados diretamente. Por tal razão,
fibras com GVD normal são empregadas com frequência em redes de área
metropolitana. De modo alternativo, podemos fazer uso de compensação
de dispersão para assegurar que o valor médio de b2 seja próximo de zero.

5.4.6  Penalidade por Fechamento do Olho


Uma medida alternativa do desempenho de sistemas é fornecida pela ex-
tensão em que a “abertura do olho” no diagrama de olho é afetada por efeitos
dispersivos e não lineares acumulados ao longo do enlace de fibra. Como dis-
cutido na Seção 4.3, um filtro elétrico com largura de banda menor do que a
taxa de bits é usado no receptor para reformatar os pulsos antes de chegarem
ao circuito de decisão. A Figura 4.14 mostra o diagrama de olho para uma
sequência de bits no formato NRZ. Quando o formato RZ é empregado, o
diagrama ainda apresenta a aparência de um olho, embora a trilha horizontal
superior não esteja presente. Mesmo no caso do formato DPSK, o diagrama
de olho retém a forma. A linha superior na Figura 5.12 mostra diagramas de
olho medidos a 40 Gb/z para formatos NRZ, RZ, NRZ-DPSK e RZ-
DPSK com receptor conectado diretamente ao transmissor.

Figura 5.12  Diagramas de olho medidos a 40 Gb/s com receptor conectado diretamente
ao transmissor (linha superior) e após 263 km de fibra (linha inferior). Nas duas linhas,
sucessivos diagramas correspondem aos formatos NRZ, RZ, NRZ-DPSK e RZ-DPSK, res-
pectivamente. (Após a Ref. [122]; ©2004 IEEE.)
Sistemas de Ondas Luminosas 253

Quando a sequência de bits ópticos é transmitida por um enlace de fibra,


o cúmulo de efeitos dispersivos e não lineares distorce os pulsos ópticos.
Essas distorções se manifestam no diagrama de olho como uma abertura
reduzida deste. A linha inferior na Figura 5.12 mostra diagramas de olho
medidos a 40 Gb/s após 236 km de fibra, para os mesmos formatos de
modulação [122]. Conforme visto, a abertura do olho é reduzida para todos
os formatos. Como o limiar de decisão é especificado no centro da porção
aberta do olho, qualquer redução em sua abertura indica um aumento na
BER. Essa observação relaciona o fechamento do olho à BER e sugere
que sua magnitude pode prover uma medida do desempenho do sistema.
Mais precisamente, a penalidade por fechamento do olho é quantificada
(em dB) como

 abertura do olho após a transmissão  (5.4.12)


δeye = −10log 10  .
 abertura do olho antes da transmissão 

Para que a Eq. (5.4.12) seja usada, precisamos esclarecer o que queremos
dizer com abertura do olho. Idealmente, a amplitude do olho é máxima
no centro do bit slot e provê uma apropriada medida da abertura do olho.
Contudo, na prática, incerteza temporal dificulta a amostragem de cada
pulso exatamente no instante em que a amplitude do pulso é máxima. Se
aceitarmos uma incerteza de até 10% em cada lado do limiar de decisão,
podemos considerar um retângulo da maior área com uma base de 0,2Tb,
sendo Tb a duração de cada símbolo, que cabe no interior da porção aberta
do olho. A altura desse retângulo é, portanto, uma medida da abertura do
olho. Tal abordagem é comumente adotada em simulações numéricas.

5.5  CORREÇÃO DE ERROS À FRENTE


Como visto na seção anterior, a sensibilidade do receptor e a BER de
um sistema de onda luminosa são degradados por muitos fatores, na prática,
nem sempre controláveis. Dependendo de detalhes do projeto do sistema
e dos objetivos, é totalmente possível que uma BER especificada não seja
alcançada. Nessas circunstâncias, o uso de um esquema de correção de erros
é a única alternativa viável.
Controle de erros não é um conceito novo, sendo largamente empregado
em sistemas elétricos que envolvem a transferência de dados digitais de um
dispositivo a outro [123]–[126]. As técnicas utilizadas para o controle de erros
podem ser dividas em dois grupos. Em um grupo, erros são detectados, mas
não corrigidos: cada pacote com bits recebidos com erros é retransmitido.
Essa abordagem é adequada quando se transmitem bits na forma de pacotes
(como é o caso do protocolo usado na Internet) e não chegam ao destino de
254 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

modo síncrono. No outro grupo, erros são detectados e, também, corrigidos


no receptor sem qualquer retransmissão de bits.Tal abordagem é referida como
correção de erros à frente (FEC − Forward Error Correction), sendo mais adequada
a sistemas de ondas luminosas que operam com protocolo síncrono, como
SONET ou SDH.
Historicamente, sistemas de ondas luminosas não empregaram FEC até
que amplificadores ópticos em linha se tornaram comuns [127]–[129]. O
uso de FEC foi acelerado com o advento da tecnologia WDM. Já em 1996,
FEC foi empregada em um sistema WDM projetado para operar por mais de
425 km sem qualquer amplificador ou regenerador em linha [130]. Desde
então, a técnica tem sido usada em muitos sistemas WDM e, atualmente, é
considerada quase uma rotina [131]–[134].

5.5.1  Códigos Corretores de Erros


A ideia básica de qualquer técnica de controle de erros consiste em adicionar
bits extras ao sinal no lado do transmissor, de modo judicioso e usando um
apropriado algoritmo de codificação [123]–[126]. Um exemplo simples
é o do chamado bit de paridade adicionado ao código ASCII de 7 bits.
Nesse exemplo, o bit de paridade é escolhido como 0 ou 1, dependendo
se o número de bits 1 na sequência de 7 bits é par ou ímpar. Se um
único bit estiver errado no receptor, um exame do bit de paridade revela
o erro.
A situação é um pouco diferente no caso de uma sequência de bits
ópticos, mas a ideia básica é a mesma. Um codificador no transmissor
adiciona bits de controle usando um código apropriado. No receptor, um
decodificador utiliza esses bits de controle para detectar erros e, simultanea-
mente, corrigi-los. O número de erros que podem ser corrigidos depende
do esquema de codificação empregado. Em geral, mais erros podem ser
corrigidos com a adição de mais bits de controle ao sinal. Obviamente, há
um limite para esse processo, pois a taxa de bits do sinal aumenta após
o decodificador. Seja Be a efetiva taxa de bits após a codificação de um
sinal à taxa de bits B, o overhead de FEC associado ao código corretor de
erros é Be/B− 1. O conceito de redundância também é usado para códigos
FEC, pois os bits adicionados pelo esquema de codificação não trans-
portam qualquer informação. A redundância de um código é definida
como ρ = 1 − B/Be.
Diferentes tipos de códigos corretores de erros foram desenvolvidos,
muitas vezes classificados por nomes como códigos lineares, cíclicos, de
Hamming, de Reed-Solomon, convolucionais, códigos-produto e códigos-
turbo [131]. Dentre estes, códigos de Reed-Solomon (RS) são os que
atraíram mais atenção no contexto de sistemas de ondas luminosas [132].
Um código RS é denotado como RS (n, k), sendo k o tamanho de um
Sistemas de Ondas Luminosas 255

pacote de bits que é convertido por codificação em um pacote maior de


n bits. O valor de n é escolhido de modo que n = 2m − 1, em que m é um
inteiro. O código RS recomendado pela UIT* para aplicações submarinas
usa m = 8 e é denotado como RS(255, 239). O overhead de FEC para esse
código é de apenas 6,7%. Muitos outros códigos RS podem ser utilizados
se maior overhead for permitido. Por exemplo, o código RS(255, 207) possui
overhead de 23,2%, mas permite controle mais robusto de erros. A escolha do
código depende do nível de melhoria na BER exigido para que o sistema
opere de modo confiável. É comum quantificar essa melhora pelo ganho de
codificação, conceito discutido a seguir.

5.5.2  Ganho de Codificação


O ganho de codificação é uma medida da melhora realizada na BER por
meio de FEC. Como a BER está relacionada ao fator Q, como indicado
na Eq. (4.6.10), é comum escrevê-la em termos do valor equivalente de Q
que corresponde à BER realizada após o decodificador FEC. O ganho de
codificação em decibéis é definido como [132]:

Gc = 20 log 10(Qc / Q ), (5.5.1)


em que Qc e Q são relacionados às BERs obtidas com e sem FEC, res-
pectivamente, por:

BER c =erfc (Qc / 2 ), BER =erfc (Q / 2 ). (5.5.2)

O fator 20 aparece na Eq. (5.5.1) no lugar de 10 porque Q2 é tradi-


cionalmente usado para expressar Q em decibéis. Como exemplo, se o
decodificador FEC melhorar a BER de seu valor original de 10 −3 para
10−9, o valor de Q aumenta de cerca de 3 para 6, resultando em um ganho
de codificação de 6 dB. O ganho de codificação é, às vezes, definido em
termos da SNR [131]. As duas definições diferem por um pequeno valor
10log10 (Be/B).
Como esperaríamos, a magnitude do ganho de codificação aumenta
com o overhead de FEC (ou redundância). A linha tracejada na Figura 5.13
mostra esse comportamento. O ganho de codificação é de cerca de 5,5 dB
para overhead de 10% e aumenta sublinearmente, alcançando apenas 8 dB,
mesmo para overhead de 50%. O ganho de codificação pode ser otimizado
com a concatenação de dois ou mais códigos RS; entretanto, em todos os
casos, o ganho de codificação começa a saturar quando o overhead aumenta.
No caso de um código-produto RS, mais de 6 dB de ganho de codificação
*
 OTA DO TRADUTOR: União Internacional de Telecomunicações − organização
N
internacional responsável pela padronização e regulamentação de questões relativas à
utilização de ondas de rádio e telecomunicações em todo o mundo.
256 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

Figura 5.13  Ganho de codificação em função da redundância de código (overhead) para


códigos RS simples, concatenados e códigos-produto RS. (Após a Ref. [132]; ©2002 IEEE.)

podem ser realizados com overhead de apenas 5%. A ideia básica de um


código-produto RS é exibida na Figura 5.14 onde um bloco de dados
com k2 bits é convertido em n2 bits com aplicação do mesmo código
RS(n, k) ao longo de linhas e colunas. Em consequência, o overhead de
n2/k2 − 1 para um código-produto RS é maior, mas permite controle
superior de erros.

Figura 5.14  Ilustração esquemática de um código-produto RS. O mesmo código é


aplicado ao longo de linhas e colunas de um bloco de bits. (Após a Ref. [132]; ©2002 IEEE.)
Sistemas de Ondas Luminosas 257

5.6  PROJETO ASSISTIDO POR COMPUTADOR


O projeto de um sistema de comunicação por fibra óptica envolve a
otimização de um grande número de parâmetros associados aos transmis-
sores, às fibras ópticas, a amplificadores em linha e a receptores. Os aspectos
de projeto discutidos na Seção 5.2 são demasiadamente simples para fornecer
os valores otimizados para todos os parâmetros do sistema. Os balanços de
potência e de tempo de subida são úteis apenas para a obtenção de uma
estimativa conservadora da distância de transmissão (ou espaçamento entre
repetidores) e da taxa de bits. A margem de sistema na Eq. (5.2.2) é usada
como veículo para incluir várias fontes de penalidades de potência discutidas
na Seção 5.4. Uma abordagem tão simples não funciona para modernos
sistemas de alta capacidade, projetados para operação em longas distâncias
usando amplificadores ópticos.
Uma abordagem alternativa usa simulações em computador e provê
uma modelagem muito mais realista de sistemas de comunicação por fi-
bra óptica [136]–[149]. Técnicas de projeto assistido por computador são
capazes de otimizar o sistema completo e podem prover os valores ótimos
dos vários parâmetros do sistema, de modo que os objetivos de projeto
sejam alcançados com custo mínimo. A Figura 5.15 ilustra as várias etapas
envolvidas no processo de simulação. A abordagem consiste em gerar uma
sequência de bits ópticos no transmissor, transmiti-la pelo enlace de fibra,
detectá-la no receptor e, então, analisá-la com ferramentas como diagrama
de olho e fator Q.

Figura 5.15  Etapas da modelagem em computador de sistemas de comunicação por


fibra óptica.
258 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

Cada etapa no diagrama em blocos mostrado na Figura 5.15 pode ser


realizada numericamente com base no material fornecido nos Capítulos 2-4.
A entrada para o transmissor óptico é uma sequência pseudoaleatória de
pulsos elétricos representando os bits 1 e 0. O comprimento N da sequên-
cia pseudoaleatória de bits determina o tempo de comutação e deve ser
escolhido do modo judicioso. Tipicamente, N = 2M}, em que M está na
faixa de 6 a 10. A sequência de bits ópticos pode ser obtida resolvendo
as equações de taxa que governam a resposta de modulação de lasers de
semicondutor (veja a Seção 3.3). As equações que governam a resposta
de modulação devem ser usadas caso um modulador externo seja empregado.
Nos dois casos, chirp é automaticamente incluído.
A parte mais demorada das simulações de sistemas é a propagação da
sequência de bits ao longo do enlace óptico, que pode conter múltiplas
seções de fibra com amplificadores inseridos entre elas. Mudanças na sequên-
cia de bits que ocorrem em cada seção de fibra são calculadas por solução
da equação NLS (5.3.1), de modo que efeitos dispersivos e não lineares são
incluídos na totalidade. O ruído adicionado por amplificadores também
deve ser inserido na posição de cada amplificador.
A sequência de bits ópticos é convertida ao domínio elétrico no foto-
detector, em que ruídos de disparo e térmico são adicionados, como dis-
cutido na Seção 4.4. A sequência de bits elétricos é, então, passada por um
filtro formatador de pulsos, cuja largura de banda também é um parâmetro
de projeto. Um diagrama de olho é construído a partir da sequência de
bits filtrada. É possível estudar o efeito de vários parâmetros do sistema
monitorando a degradação do diagrama de olho ou calculando o parâmetro
Q dado na Eq. (4.6.11). Essa abordagem pode ser utilizada não apenas para
obter a penalidade de potência associada aos vários mecanismos discutidos
na Seção 5.4, mas também para investigar as combinações que otimizam o
desempenho global do sistema. Simulações numéricas revelam a existência
de uma razão de extinção ótima para a qual a penalidade de potência é
mínima.
Projeto assistido por computador possui outro importante papel. Um
sistema de onda luminosa de longa distância pode conter muito repetidores,
ópticos e elétricos. Transmissores, receptores e amplificadores usados nos
repetidores, apesar de serem escolhidos para satisfazer as especificações de
projeto, jamais são idênticos. De modo similar, cabos de fibras são cons-
truídos por emendas de muitas peças diferentes (de comprimento típico de
4 − 8 km), que têm características de dispersão e perda ligeiramente distintas.
O resultado final é que muitos parâmetros do sistema variam em torno dos
respectivos valores nominais. Por exemplo, o parâmetro de dispersão D,
responsável não apenas por alargamento de pulso, mas também por outras
fontes de penalidade de potência, pode variar de forma significativa em
Sistemas de Ondas Luminosas 259

diferentes seções do enlace de fibra, devido às variações no comprimento


de onda de dispersão zero e do comprimento de onda do transmissor. É
comum o uso de uma abordagem estatística para estimar o efeito de tais
variações inerentes sobre o desempenho de um realista sistema de onda
luminosa. O conceito dessa abordagem é o fato de ser extremamente im-
provável que todos os parâmetros do sistema assumam seus valores de pior
caso ao mesmo tempo. Assim, o espaçamento entre repetidores pode ser
elevado muito acima de seu valor de pior caso, se o sistema for projetado
para operar confiavelmente à especificada taxa de bits com alta probabilidade
(digamos, de 99,9%).
A importância de projeto assistido por computador para sistemas
de comunicação por fibra óptica ficou aparente durante a década de
1990, quando os efeitos dispersivos e não lineares em fibras ópticas se
tornaram uma preocupação primordial com as crescentes taxas de bits e
distâncias de transmissão. Todos os modernos sistemas de ondas luminosas
são projetados por simulações numéricas, e diversos pacotes de software
estão disponíveis comercialmente. O Apêndice D fornece detalhes sobre
o pacote de software disponível no site www.elsevier.com.br/siscomfi-
bra. No site leitor encontrará muitos exercícios adicionais, projetados
especificamente para um melhor entendimento do material coberto
neste texto. O leitor é encorajado a usar o material complementar para
desenvolver habilidades adicionais.

Exercícios
5.1 Uma rede de distribuição usa um barramento óptico para distribuir o
sinal a 10 usuários. Cada derivação óptica acopla 10% da potência ao
usuário e tem 1 dB de perda de inserção. Assumindo que a estação 1
transmita 1 mW de potência ao longo do barramento óptico, calcule
a potência recebida pelas estações 8, 9 e 10.
5.2 Uma operadora de televisão a cabo usa um barramento óptico para
distribuir sinais de vídeo a seus assinantes. Cada receptor requer um
mínimo de 100 nW para operar satisfatoriamente. Derivações ópticas
acoplam 5% da potência a cada assinante. Assumindo 0,5 dB de perda
de inserção para cada derivação e 1 mW de potência transmitida,
estime o número de assinantes que podem ser adicionados ao barra-
mento óptico.
5.3 Para distribuir dados a seus assinantes, uma rede em estrela usa aco-
pladores direcionais com 9,5 dB de perda de inserção. Se cada receptor
requerer um mínimo de 100 nW e cada transmissor for capaz de emitir
0,5 mW, calcule o máximo número de assinantes servidos pela rede.
5.4 Faça um balanço de potência e calcule a máxima distância de trans-
missão para um sistema de onda luminosa em 1,3 mm que opera a
100 Mb/s e usa um LED para lançar 0,1 mW de potência média na
fibra. Assuma perda de 1 dB/km na fibra, 0,2 dB de perda em emenda
260 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

a cada 2 km, 1 dB de perda em conector em cada extremidade do


enlace de fibra e 100 nW de sensibilidade do receptor. Acomode 6 dB
para a margem de sistema.
5.5 Um sistema de onda luminosa de longa distância em 1,3 mm é pro-
jetado para operar a 1,5 Gb/s. O sistema é capaz de acoplar 1 mW de
potência média à fibra. A perda de 0,5 dB/km do cabo de fibra inclui
perdas em emendas. Os conectores em cada extremidade possuem
1 dB de perda. O receptor p-i-n de InGaAs tem sensibilidade de 250
mW. Faça um balanço de potência para estimar o espaçamento entre
repetidores.
5.6 Prove que o tempo de subida Tr e a largura de banda de 3 dB ∆f de
um circuito RC estão relacionados por Tr∆f = 0,35.
5.7 Considere um pulso óptico supergaussiano com distribuição de po-
tência
P (t ) = P0 exp[-(t To )2m ],
em que o parâmetro m controla a forma do pulso. Deduza uma expres-
são para o tempo de subida Tr desse pulso. Calcule a razão Tr/TFWHM,
sendo TFWHM a largura completa a meia altura do pulso, e mostre que,
para um pulso gaussiano (m = 1), essa razão é igual a 0,716.
5.8 Prove que, para um pulso óptico gaussiano, o tempo de subida Tr e a
largura de banda de 3 dB estão relacionados por Tr∆f = 0,316.
5.9 Faça o balanço de tempo de subida para um enlace de fibra de 10 km
em 0,85 mm, projetado para operar a 50 Mb/s. O transmissor basea-
do em LED e o receptor p-i-n de Si têm tempos de subida de 10 e
15 ns, respectivamente. A fibra de índice gradual apresenta índice de
núcleo de 1,46, ∆ = 0,01 e D = 80 ps/(km-nm). A largura espectral
do LED é de 50 nm. O sistema pode ser projetado para operar com
formato NRZ?
5.10 Um sistema de onda luminosa em 1,3 mm é projetado para operar
a 1,7 Gb/s, com 45 km de espaçamento entre repetidores. A fibra
monomodo tem inclinação de dispersão de 0,1 ps/(km-nm2) na
vizinhança do comprimento de onda de dispersão zero, que ocorre
em 1,308 mm. Calcule a faixa de comprimentos de onda de lasers
de semicondutor multimodo para os quais a penalidade de potência
induzida pelo ruído de partição modal permanece abaixo de 1 dB. As-
suma que a largura espectral RMS do laser seja de 2 nm e o coeficiente
de partição modal, k = 0,7.
5.11 Generalize a Eq. (5.4.1) para o caso de receptores baseados em APDs
incluindo o fator de excesso de ruído na forma F(M) = Mx.
5.12 Considere um sistema de onda luminosa em 1,55 mm que opera a
1 Gb/s, com laser de semicondutor multimodo de 2 nm de largura
espectral (RMS). Calcule a máxima distância de transmissão que
manteria a penalidade de potência induzida pela partição modal abaixo
de 2 dB. Use k = 0,8 para o coeficiente de partição modal.
5.13 Use a Eq. (5.4.11) para determinar a máxima distância de transmissão
para um sistema de onda luminosa em 1,55 mm que opera a 4 Gb/s, de
Sistemas de Ondas Luminosas 261

modo que a penalidade de potência induzida por chirp fique abaixo de


1 dB. Assuma C = − 6 para o laser de semicondutor monomodo, e
b2 = − 20 ps2/km para a fibra monomodo.
5.14 Refaça o exercício anterior para o caso de uma taxa de bits de 8 b/s.
5.15 Use os resultados do Exercício 4.18 visando obter uma expressão para
a penalidade de potência induzida por reflexão, no caso de uma razão
de extinção rex finita. Reproduza as curvas de penalidade mostradas na
Figura 5.8 para o caso rex = 0,1.
5.16 Considere um interferômetro de Fabry-Perot com duas superfícies
de refletividades R1 e R2. Siga a análise da Ref. [99] e deduza uma
expressão para o ruído de intensidade relativa RIN(w) da luz trans-
mitida em função da largura de linha da luz incidente. Assuma que R1
e R2 sejam suficientemente pequenas para que baste considerar apenas
uma reflexão em cada superfície.
5.17 Siga a análise da Ref. [136] e obtenha uma expressão para o ruído
total no receptor, incluindo ruído térmico, ruído de disparo, ruí-
do de intensidade, ruído de partição modal, ruído de chirp e ruído
de reflexão.

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CAPÍTULO 6

Sistemas Multicanal
Em princípio, a capacidade de um sistema de comunicação óptica pode
ultrapassar 10 Tb/s, devido à alta frequência associada à portadora óptica.
Na prática, até 1990, a taxa de bits ficou limitada a 10 Gb/s ou menos,
em função das limitações impostas por efeitos dispersivos e não lineares, e
pela velocidade de componentes eletrônicos. Desde então, a transmissão de
múltiplos canais em uma mesma fibra forneceu uma forma simples de es-
tender a capacidade de sistemas além de 1 Tb/s. A multiplexação de canais
pode ser realizada no domínio do tempo ou da frequência, por meio de
multiplexação por divisão no tempo (TDM − Time-Division Multiplexing)
ou multiplexação por divisão em frequência (FDM − Frequency-Division
Multiplexing), respectivamente. É possível, também, utilizar as técnicas TDM
e FDM no domínio elétrico (veja a Seção 1.2.2). Para uma distinção ex-
plícita, é comum fazer referência às duas técnicas no domínio óptico como
TDM óptica (OTDM – Optical TDM) e multiplexação por divisão em compri-
mento de onda (WDM − Wavelength-Division Multiplexing), respectivamente.
O desenvolvimento de sistemas multicanal atraiu considerável atenção
no início da década de 1990, e sistemas WDM se tornaram disponíveis
comercialmente em 1996.
Este capítulo é organizado da seguinte maneira: as Seções 6.1 a 6.3
são dedicadas a sistemas de ondas luminosas WDM, considerando, em
diferentes seções, os aspectos de arquitetura deles, os componentes ópticos
necessários à implementação dos sistemas e questões de desempenho, como
interferência entre canais. A Seção 6.4 foca componentes básicos de sistemas
OTDM e questões relacionadas à implementação prática destes. Multi-
plexação em subportadora, esquema que implementa FDM no domínio de
micro-ondas, é discutida na Seção 6.5. A técnica de multiplexação por
divisão em código é o tema da Seção 6.6.

6.1  SISTEMAS DE ONDAS LUMINOSAS WDM


WDM corresponde ao esquema em que múltiplas portadoras ópticas,
em diferentes comprimentos de onda, são moduladas usando independentes
sequências de bits elétricos (que podem usar as técnicas TDM e FDM no
domínio elétrico) e transmitidas em uma mesma fibra. O sinal óptico
no receptor é, então, demultiplexado em canais separados por meio de

265
266 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

apropriados dispositivos ópticos. A técnica WDM permite a exploração


da grande largura de banda oferecida por fibras ópticas. Por exemplo,
centenas de canais de 40 Gb/s podem ser transmitidos em uma mesma fibra
quando o espaçamento entre canais é reduzido para próximo de 100 GHz.
A Figura 6.1 exibe, para fibras do tipo padrão, as janelas de transmissão de
baixa perda centradas em 1,3 e 1,55 mm. Se o pico de absorção de OH
for eliminado com o uso das chamadas “fibras secas”, a capacidade total de
sistemas WDM pode exceder 50 Tb/s.

Figura 6.1  Janelas de transmissão de baixa perda de fibras de sílica nas regiões de
comprimentos de onda próximas de 1,3 e 1,55 mm. O detalhe mostra a técnica WDM
esquematicamente.

O conceito de WDM era perseguido desde que o primeiro sistema de


onda luminosa comercial se tornou disponível em 1980. Em 1982,WDM
foi empregado em sua forma mais simples para transmitir dois canais em
diferentes janelas de transmissão de uma fibra óptica. Por exemplo, um
existente sistema de onda luminosa em 0,85 mm poderia ter a capacidade
aumentada com a adição de outro canal nas proximidades de 1,3 mm, resul-
tando em um espaçamento de 450 nm entre canais. Considerável atenção
foi direcionada, durante a década de 1980, à redução do espaçamento entre
canais, e, em 1991, sistemas multicanal com espaçamento entre canais menor
do que 0,1 nm foram demonstrados [1]-[4]. Contudo, foi durante a década
de 1990 que se desenvolveram sistemas WDM de forma mais agressiva
[5]-[11]. Sistemas WDM comerciais operando em 20−40 Gb/s surgiram
por volta de 1995; em 2000, a capacidade total desses sistemas ultrapas-
sava 1,6 Tb/s. Tais sistemas empregavam centenas de comprimentos de
onda com pequeno espaçamento e eram referidos como sistemas WDM
Sistemas Multicanal 267

densos (dense WDM). Diversos experimentos em laboratório demons-


traram, em 2001, capacidades de mais de 10 Tb/s, embora as distâncias de
transmissão fossem limitadas a menos de 200 km. Em 2008, a capacidade
de sistemas WDM chegou a 30 Tb/s [12]. Obviamente, o advento da
técnica WDM levou a uma virtual revolução no desenvolvimento de sis-
temas de ondas luminosas. Esta seção foca sistemas WDM, classificando-os
nas três categorias introduzidas na Seção 5.1.

6.1.1  Enlaces Ponto a Ponto de Alta Capacidade


Para os enlaces de fibras de longas distâncias que formam o backbone
de uma rede de telecomunicações, o papel de WDM é apenas o de
aumentar a taxa de bits total [13]. A Figura 6.2 mostra, esquematicamente,
um enlace WDM ponto a ponto de alta capacidade. As saídas de vários
transmissores, cada um operando em sua própria frequência portadora

Figura 6.2  Enlace de fibra multicanal ponto a ponto. Pares separados de transmissores e
receptores são usados para enviar e receber sinais em diferentes comprimentos de onda.

(ou comprimento de onda), são multiplexadas. O sinal multiplexado é


lançado na fibra óptica para transmissão a outra extremidade, em que
um demultiplexador envia cada canal a seu próprio receptor. Quando N
canais a taxas de bits B1, B2, ..., BN são transmitidos simultaneamente ao
longo de uma fibra de comprimento L, o produto taxa de bits-distância
total BL se torna

BL = (B1 + B2 + … + BN ) L. (6.1.1)

Para iguais taxas de bits, a capacidade do sistema é aumentada por um


fator N. Um experimento inicial em 1995 demonstrou um produto BL
de 1,37 (Tb/s)-km com a transmissão de 10 canais de 2 Gb/s ao longo de
68,3 km de fibra padrão, com 1,35 nm de espaçamento entre canais [3].
268 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

A capacidade final de enlaces de fibra WDM depende de quão pequeno


pode ser o espaçamento entre canais no domínio de comprimento de onda.
O mínimo espaçamento entre canais é limitado por interferência (crosstalk)
entre estes, tema discutido na Seção 6.3. É comum introduzir uma medida
da eficiência espectral de um sistema WDM como
ηs = B /∆v ch , (6.1.2)

em que B é a taxa de bits por canal e ∆vch é o espaçamento entre canais em


unidades de frequência. Foram feitas tentativas de tornar s a maior pos-
sível. Para sistemas de detecção direta, o espaçamento entre canais deve ser
maior do que a taxa de bits B. Na prática, a eficiência espectral é, muitas
vezes, < 0,6 b/s/Hz, resultando no desperdício de considerável largura de
banda de canal.
As frequências (ou os comprimentos de onda) dos canais de sistemas
WDM foram, inicialmente, padronizadas(os) pela União Internacional de Te-
lecomunicações (UIT) em uma grade de 100 GHz, na faixa de frequências de
186−196 THz (cobrindo as bandas C e L, na faixa de comprimentos
de onda de 1530 − 1612 nm). Por essa razão, o espaçamento entre canais da
maioria dos sistemas WDM comerciais é de 100 GHz (0,8 nm em 1552 nm),
valor que leva a uma eficiência espectral de apenas 0,1 b/s/Hz, a uma taxa
de bits de 10 Gb/s. Mais recentemente, a UIT especificou canais WDM
com 50 GHz de espaçamento em frequência. O uso desse espaçamento
entre canais em combinação com a taxa de bits de 40 Gb/s é capaz de
aumentar a eficiência espectral de sistemas de detecção direta para 0,8 b/s/
Hz. Como discutido no Capítulo 10, o emprego de detecção coerente per-
mite s > 1 b/s/Hz e, em 2009, valores de até 8 b/s/Hz foram obtidos [14].
Qual é a capacidade final de sistemas WDM? A região de baixa perda
de fibras seca do estado da arte (ou seja, fibras com reduzida absorção de
OH nas proximidades de 1,4 mm) se estende por 300 nm na região de
comprimentos de onda de 1,3−1,6 mm (Fig. 6.1). Para canais de 100 Gb/s,
o mínimo espaçamento entre canais pode ser de 25 GHz (0,2 nm) ou
menos, se for usada detecção coerente. Como é possível acomodar 1500
canais com 0,2 nm de espaçamento em uma largura de banda de 300 nm, a
resultante capacidade pode chegar a 150 Tb/s. Se assumirmos que tal sinal
WDM seja transmitido por 4.000 km, utilizando amplificadores ópticos
e gerenciamento de dispersão, com o emprego da tecnologia WDM, o
efetivo produto BL pode acabar excedendo 600 (Pb/s)-km. Isso deve ser
comparado com sistemas de ondas luminosas da terceira geração, que trans-
mitiam um único canal por 80 km, a uma taxa de bits de até 2,5 Gb/s,
resultando em valores de BL de, no máximo, 0,2 (Tb/s)-km. Obviamente,
o uso de WDM possui o potencial de melhorar o desempenho de moder-
nos sistemas de ondas luminosas por um fator maior do que um milhão.
Sistemas Multicanal 269

Na prática, muitos fatores limitam o uso de toda a janela de baixa perda.


A maioria dos amplificadores ópticos tem largura de banda finita (Cap. 7).
O número de canais é, muitas vezes, limitado pela largura de banda em que
amplificadores podem prover ganho quase uniforme. A largura de banda
de amplificadores a fibra dopada com érbio (EDFAs − Erbium-Doped Fiber
Amplifiers) é limitada a 40 nm, mesmo com o emprego de técnicas de
aplainamento de ganho (veja a Seção 7.2.5). O uso de amplificação Raman
em combinação com EDFAs pode estender a largura de banda útil para
cerca de 100 nm. Entre outros fatores que limitam o número de canais estão
(i) estabilidade e possibilidade de sintonia de lasers de semicondutor com
realimentação distribuída (lasers DFB), (ii) degradação do sinal durante a
transmissão, devido a vários efeitos não lineares e (iii) interferência entre
canais durante demultiplexação. Na prática, enlaces de fibra WDM de alta
capacidade requerem muitos componentes de alto desempenho, como
transmissores que integram múltiplos lasers DFB e amplificadores de ganho
constante e banda larga.
Resultados de experimentos com sistemas WDM podem ser divididos
em dois grupos, dependendo se a distância de transmissão for ∼100 km ou
se ultrapassa 1.000 km. Desde o experimento de 1985, em que dez canais de
2 Gb/s foram transmitidos por 68 km [3], tanto o número de canais como a
taxa de bits por canal aumentaram consideravelmente. Um experimento de
1995, demonstrou uma capacidade de 340 Gb/s, com a transmissão de 17
canais, cada um operando a 20 Gb/s, por 150 km [16]. A isso se seguiram,
no período de um ano, vários experimentos que obtiveram uma capacidade
de 1 Tb/s. Em 2001, a capacidade de sistemas WDM excedeu 10 Tb/s em
vários experimentos em laboratório. Em um deles, 273 canais espaçados
por 0,4 nm, cada um operando a 40 Gb/s, foram transmitidos por 117 km
usando três amplificadores em linha, o que resultou em uma taxa de bits
total de 11 Tb/s e em um produto BL de 1,3 (Pb/s)-km [17]. A Tabela 6.1
lista diversos experimentos de transmissão WDM em que a capacidade do
sistema ultrapassou 1- Tb/s [12]. Em 2010, o recorde de capacidade ocorreu

Tabela 6.1  Experimentos de transmissão WDM de alta capacidade


Taxa de Bits Capacidade Distância Produto NBL
Ano Canais N B (Gb/s) NB (Tb/s) L (km) [(Pb/s)-km]
2001 256 40 10,24 100 1,02
2001 273 40 10,92 117 1,28
2006 154 80 12,32 240 22,96
2007 320 80 25,0 240 6,14
2007 204 100 20,40 240 4,90
2009 320 100 32,00 580 18,56
2010 432 160 69,12 240 16,59
270 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

para um sistema WDM de 69 Tb/s, que transmitiu 432 canais a 160 Gb/s


por uma distância de 240 km [15]. A mudança da taxa de bits por canal
para 100 GHz após 2007 se deve ao padrão de transporte de Ethernet de
100 Gb/s, desenvolvido em anos recentes.
O segundo grupo de experimentos WDM envolve distâncias de trans-
missão maiores do que 5.000 km para aplicações submarinas [18]-[22]. Um
experimento de 1996 realizou a transmissão de 100 Gb/s (20 canais de
5 Gb/s) por 9.100 km usando embaralhamento de polarização com a técnica
de correção de erros à frente (FEC) [18]. O ritmo de rápido desenvolvi-
mento se torna evidente quando notamos que, em 2001, um sinal WDM de
2,4 Tb/s (120 canais de 20 Gb/s) foi transmitido por 6.200 km, resultando
em um produto NBL de 15 (Pb/s)-km [19]. Isso deve ser comparado ao
primeiro cabo óptico implantado através do Oceano Atlântico (TAT-8), o
qual operava a 0,27 Gb/s, com NBL ≈ 1,5 (Tb/s)-km. Em 2001, o uso de
WDM aumentara a capacidade de sistemas submarinos por um fator
de 10.000. A Tabela 6.2 lista vários experimentos de transmissão WDM
realizados desde 2001 [21]. O recorde do produto NBL, de 101,8 (Pb/s)-km,
foi alcançado em um experimento de 2010 que transmitiu 96 canais de
100 Gb/s por uma distância de 10.608 km [23].

Tabela 6.2  Sistemas transoceânicos WDM de alta capacidade


Taxa de Bits Capacidade Distância L Produto NBL
Ano Canais N B (Gb/s) NB (Tb/s) (km) [(Pb/s)-km]
2001 120 20 2,40 6.200 14,88
2002 256 10 2,56 11.000 28,16
2003 373 10 3,73 11.000 41,03
2004 150 40 6,00 6.120 36,72
2008 164 100 16,4 2.550 41,82
2009 72 100 7,20 7.040 50,69

No lado comercial, sistemas WDM com capacidade de 40 Gb/s (16


canais de 2,5 Gb/s ou 4 canais de 10 Gb/s) se tornaram disponíveis em
1996. Tais sistemas de 16 canais cobriam uma faixa de comprimentos de
onda de cerca de 12 nm na região de 1,55 mm, com 0,8 nm de espaçamento
entre canais. Sistemas WDM operando a 160 Gb/s (16 canais de 10 Gb/s)
surgiram em 1998. Em 2001, sistemas WDM densos com capacidade de
1,6 Tb/s (realizada com a multiplexação de 160 canais, cada um operando
a 10 Gb/s) se tornaram disponíveis. Após 2001, o estouro da chamada
“bolha de telecom” reduziu consideravelmente a demanda por novos sis-
temas WDM. Não obstante, a quarta geração de sistemas WDM, utilizando
amplificação Raman de um grande número de canais de 40 Gb/s, alcançou
Sistemas Multicanal 271

o estágio comercial em 2003, o que deve ser contrastado com a capacidade


de 10 Gb/s dos sistemas de terceira geração que existiam antes do advento
da tecnologia WDM. Após 2007, sistemas WDM comerciais também pas-
saram a adotar uma taxa de bits de 100 Gb/s por canal.

6.1.2  Redes de Grande Área e de Área Metropolitana


Redes ópticas, como discutido na Seção 5.1, são usadas para conectar um
grande grupo de usuários espalhados em uma área geográfica, e podem ser
classificadas como rede de área local (LAN − Local-Area Network), rede de
área metropolitana (MAN − Metropolitan-Area Network) ou rede de grande
área (WAN − Wide-Area Network), dependendo da área que cobrem [7]-
[10]. Os três tipos de rede podem se beneficiar da tecnologia WDM. É
possível projetar redes segundo as topologias de hub, anel ou estrela. Uma
topologia de anel é mais prática para MANs e WANs, enquanto a topologia
de estrela é comumente empregada para LANs. No nível de LAN, uma es-
trela de difusão é empregada para combinar múltiplos canais. No próximo
nível, várias LANs são conectadas a uma MAN por meio de roteamento
passivo por comprimento de onda. No nível mais alto, diversas MANs são
conectadas a uma WAN, cujos nós são interconectados em uma topologia
em malha. No nível de WAN, a rede faz extenso uso de comutadores (swit-
ches) e dispositivos de deslocamento de comprimento de onda, resultando
em uma rede dinamicamente configurável.
Consideremos, primeiro, uma WAN que cobre uma grande área (p. ex.,
um país). Historicamente, redes de telecomunicações e de computado-
res (como a Internet) que ocupam toda a região geográfica dos EUA
usaram uma topologia de hub, mostrada esquematicamente na Figura 6.3.

Figura 6.3  Exemplo de rede de grande área na forma de vários anéis SONET interco-
nectados. (Após a Ref. [24]; ©2000 IEEE; reproduzido com permissão.)
272 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

Essas redes são, muitas vezes, chamadas de redes em malha [24]. Hubs ou
nós localizados em grandes áreas metropolitanas contêm comutadores ele-
trônicos, que conectam quaisquer dois nós com a criação de um “circuito
virtual” entre eles ou usando comutação de pacotes por meio de protocolos
como TCP/IP (Transmission Control Protocol/Internet Protocol ou protocolo
de controle de transmissão/protocolo de Internet) ou modo de transferência
assíncrono (ATM – Asynchronous Transfer Mode). Com o advento de WDM
durante a década de 1990, os nós foram conectados por enlaces WDM ponto
a ponto, mas se realizava a comutação de modo eletrônico, mesmo em 2001.
Tais redes de transporte eram denominadas redes “opacas”, pois requeriam
conversão óptica-eletrônica. Em consequência, nem a taxa de bits nem o
formato de modulação podiam ser alterados sem alterar o equipamento de
comutação.
Uma rede totalmente óptica, em que um sinal WDM pode passar por múl-
tiplos nós (e, talvez, ser modificado com a adição ou a extração de certos canais),
é chamada de opticamente “transparente”. Redes WDM transparentes são de-
sejáveis, pois não requerem demultiplexação e conversão óptica-eletrônica de
todos os canais WDM. Em consequência, não são limitadas pelo gargalo
de velocidade de circuitos eletrônicos e podem ajudar a reduzir os custos de
instalação e manutenção de redes. Em uma rede WDM transparente
(Fig. 6.3), os nós comutam canais usando comutadores de cruzamento
(cross-connects). Em 2001, esses dispositivos ainda estavam em sua infância.
Uma topologia alternativa implementa uma rede WDM regional na
forma de vários anéis interconectados. A Figura 6.4 ilustra esse esquema [25].

Figura 6.4  Uma rede WDM com um anel alimentador conectado a várias redes de dis-
tribuição local. (Após a Ref. [25]; ©1999 IEEE; reproduzido com permissão.)
Sistemas Multicanal 273

Conecta-se o anel alimentador ao backbone da rede por meio de um nó


de saída. Esse anel emprega quatro fibras para assegurar robustez, duas das
quais são usadas para rotear os dados nos sentidos horário e anti-horário. As
outras duas são chamadas de fibras de proteção, sendo utilizadas caso um
dos enlaces ponto a ponto falhe (autoconserto). O anel alimentador fornece
dados a vários outros anéis por meio de nós de acesso. Multiplexadores de
adição-extração (add-drop) podem ser usados em todos os nós para extrair ou
adicionar canais WDM individuais. Canais extraídos podem ser distribuídos
a usuários por meio de redes em barramento, árvore ou anel.Vale notar que,
nem sempre, nós são conectados diretamente e requerem transferência de
dados em múltiplos hubs. Esse tipo de rede recebe a denominação de rede
de múltiplos saltos.
Redes metropolitanas ou MANs conectam várias centrais em uma
área metropolitana. A topologia de anel também é usada para tais redes.
A principal diferença em relação ao anel ilustrado na Figura 6.4 vem de
considerações de escala e custo. Em um anel metropolitano, o tráfego flui
a uma modesta taxa de bits, em comparação com um anel de MAN que
forma o backbone de uma rede nacional. Tipicamente, cada canal opera a
2,5 Gb/s. Para reduzir o custo, emprega-se uma técnica de WDM esparso
(coarse WDM) (em vez de WDM denso, comum em anéis de backbone), em
que o espaçamento entre canais permanece na faixa de 2 a 10 nm. Ademais,
é comum que apenas duas fibras sejam usadas no anel, uma para trans-
portar dados e outra para proteção contra falhas. Em 2001, a maioria das
redes metropolitanas usava comutação elétrica, embora comutação óptica
seja o objetivo final. Em uma implementação experimental de uma rede
metropolitana com comutação óptica, denominada rede óptica de múltiplos
comprimentos de onda (MONET − Multiwavelength Optical NETwork), várias
centrais na área de Washington, DC, nos Estados Unidos, foram conectadas
por meio de um conjunto de oito comprimentos de onda padronizados
na região de 1,55 mm, com 200 GHz de espaçamento entre canais [26].
MONET incorporou diferentes tecnologias de comutação [hierarquia
digital síncrona (SDH – Synchronous Digital Hierarchy), modo de transferência
assíncrono (ATM), etc.] em uma rede em anel totalmente óptica, usando
comutadores de cruzamento baseados na tecnologia de LiNbO3. Desde
então, diversos avanços melhoraram de modo considerável o estado da arte
de redes metropolitanas [27].

6.1.3  Redes WDM de Acesso Múltiplo


Redes de acesso múltiplo oferecem acesso bidirecional aleatório a cada as-
sinante. Cada usuário pode receber/transmitir informação de/a qualquer
outro usuário da rede, a qualquer tempo. Redes de telefonia são um exemplo;
são chamadas de laço ou malha do assinante (subscriber loop), laço ou malha
274 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

local (local-loop) ou redes de acesso (access networks). Outro exemplo é a


­Internet, utilizada para conectar múltiplos computadores. Em 2009, tanto
redes de laço local como de computadores usavam técnicas elétricas para
prover acesso bidirecional por meio de comutação de circuito ou de pacotes.
A principal limitação dessas técnicas é o fato de que cada nó na rede deve
ser capaz de processar todo o tráfego da rede. Uma vez que é difícil alcançar
velocidades de processamento eletrônico além de 10 Gb/s, essas redes são
inerentemente limitadas pela eletrônica.
O uso de WDM permite uma nova abordagem, em que é possível
utilizar o próprio comprimento de onda do canal para comutação,
roteamento ou distribuição de cada canal a seu destino, resultando em
uma rede totalmente óptica. Como o comprimento de onda é usado
para acesso múltiplo, denomina-se essa abordagem WDM de acesso múlti-
plo por divisão em comprimento de onda (WDMA − Wavelength-Division
Multiple Access). Considerável esforço de pesquisa e desenvolvimento foi
realizado durante a década de 1990 para o desenvolvimento de redes
WDMA [28]-[31]. De modo geral, estas podem ser classificadas em duas
categorias: redes ópticas de único salto e de múltiplos saltos [7]. Em uma
rede de salto único, cada nó é conectado diretamente a todos os outros
nós, resultando em uma rede totalmente conectada. Em contraste, redes
de múltiplos saltos são apenas parcialmente conectadas, de modo que
um sinal óptico enviado por um nó pode requerer vários saltos por nós
intermediários até chegar ao destino. Em cada categoria, é possível que
transmissores e receptores tenham suas frequências de operação fixas ou
sintonizáveis.
Diversas arquiteturas podem ser utilizadas para redes de múltiplos saltos
totalmente ópticas [7]-[10]. A arquitetura de hipercubo é um exemplo, e
tem sido usada para interconectar múltiplos processadores em supercom-
putadores [32]. A configuração de hipercubo é visualizada com facilidade
em três dimensões, com oito nós posicionados nos oito vértices de um
simples cubo. Em geral, o número de nós N deve ter a forma 2m, sendo
m a dimensionalidade do hipercubo. Cada nó é conectado a m diferentes
nós. O máximo número de saltos é limitado a m, enquanto o número
médio de saltos é da ordem de m/2, para grande valor de N. Cada nó
requer m receptores. O número de receptores pode ser reduzido usando
uma variante, conhecida como rede de deBruijn, que requer mais do que
m/2 saltos, em média. Outro exemplo de rede WDM de múltiplos saltos
é a rede de embaralhamento (shuffle network) ou seu equivalente bidirecional,
a rede Banyan.
A Figura 6.5 mostra um exemplo de uma rede WDM de único salto
baseada no uso de uma estrela de difusão. Essa rede, denominada Lambdanet
[33], é um exemplo de rede de difusão e seleção (broadcast-and-select). A nova
Sistemas Multicanal 275

Figura 6.5  Ilustração esquemática de Lambdanet com N nós. Cada nó consiste em um


transmissor e N receptores. (Após a Ref. [33]; ©1990 IEEE; reimpresso com permissão.)

característica da Lambdanet é cada nó ser equipado com um transmis-


sor, que emite em um comprimento de onda individual, e N receptores,
que operam em N comprimentos de onda, sendo N o número de nós.
As saídas de todos os transmissores são combinadas em uma estrela pas-
siva e distribuídas igualmente a todos os receptores. Cada nó recebe todo
o tráfego que flui na rede. É possível utilizar um filtro óptico sintonizável
para selecionar o canal desejado. No caso da Lambdanet, cada nó usa um
banco de receptores no lugar de um filtro sintonizável, característica que
cria uma rede não bloqueável cujas capacidade e conectividade podem ser
reconfiguradas eletronicamente, dependendo da aplicação. A rede também é
transparente à taxa de bits e ao formato de modulação. Diferentes usuários
podem transmitir dados a diferentes taxas de bits com diferentes formatos
de modulação. A flexibilidade da Lambdanet a torna adequada para muitas
aplicações. A principal desvantagem dela é o número de usuários ser limitado
pelo número de comprimentos de onda disponíveis. Além disso, cada nó
requer muitos receptores (em número igual ao de usuários), resultando em
considerável investimento em hardware.
Um receptor sintonizável pode reduzir o custo e a complexidade da
Lambdanet, abordagem adotada na rede Rainbow [34]. Essa rede pode su-
portar até 32 nós, e cada um é capaz de transmitir sinais de 1 Gb/s por
10-20 km. A rede utiliza uma estrela passiva (Fig. 6.5) juntamente com a
interface paralela de alto desempenho para a conexão de múltiplos com-
putadores. Um filtro óptico sintonizável é empregado para selecionar o
comprimento individual associado a cada nó. A principal deficiência da rede
Rainbow é o fato de a sintonia de receptores ser um processo relativamente
lento, dificultando o uso de comutação de pacotes. Um exemplo de rede
276 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

WDM que utiliza comutação de pacotes é a Starnet, capaz de transmitir


dados a taxas de bits de até 1,25 Gb/s por nó, por 10 km, mantendo uma
SNR próxima de 24 dB [35].
Redes WDM que utilizam acoplador-estrela passivo são, geralmente,
chamadas de redes ópticas passivas (PONs − Passive Optical Networks),
pois evitam comutação ativa. PONs têm o potencial para levar a fibra
óptica até a casa do assinante (ou, pelo menos, até o meio-fio). Em um
esquema, denominado laço fotônico passivo [36], múltiplos comprimentos
de onda são usados para rotear sinais no laço local. A Figura 6.6 mostra

Figura 6.6  Laço fotônico passivo para aplicações de laço local. (Após a Ref. [36]; ©1988
IEE; reimpresso com permissão.)

um diagrama em blocos dessa rede. A central contém N transmissores,


que emitem nos comprimentos de onda l1, {l2, ..., lN, e N receptores que
operam nos comprimentos de onda lN+1,…, l2N, para uma rede de N
assinantes. Os sinais para cada assinante são transportados em diferentes
comprimentos de onda em cada direção. Um nó remoto multiplexa os
sinais dos assinantes para enviar o sinal combinado à central. Esse nó
também demultiplexa sinais para cada assinante. O nó remoto é passivo e
requer pouca manutenção, desde que sejam utilizados componentes WDM
passivos. Um comutador na central roteia os sinais de acordos com seus
comprimentos de onda.
Desde 2001, redes de acesso para aplicações de telecomunicações evoluí-
ram consideravelmente [37]-[39]. As arquiteturas propostas incluem PON
de banda larga (B-PON – Broadband PON), PON de Gb/s (G-PON) e
PON de Gigabit Ethernet (GE-PON). O objetivo é prover acesso em banda
larga a cada usuário e entregar canais de áudio, vídeo e dados por demanda,
mantendo baixo custo. De fato, muitos componentes WDM de baixo custo
são desenvolvidos para esse propósito. Alguns deles são discutidos na próxima
seção, dedicada a componentes de WDM.
Sistemas Multicanal 277

6.2  COMPONENTES DE WDM


A implementação da tecnologia WDM para sistemas de comuni-
cação por fibra óptica requer diversos novos componentes [40], entre
os quais estão multiplexadores que combinam as saídas de vários trans-
missores e lançam o sinal combinado em uma fibra óptica (Fig. 6.2);
demultiplexadores, que separam o sinal multicanal recebido nos canais
individuais, destinados a diferentes receptores; acopladores-estrela, que
mixam as saídas de vários transmissores e difundem o sinal mixado a
múltiplos receptores (Fig. 6.5); filtros ópticos sintonizáveis, que separam
um canal em um específico comprimento de onda, que pode ser alterado
por sintonia da banda passante do filtro óptico; transmissores ópticos de
múltiplos comprimentos de onda, cujo comprimento de onda pode ser
sintonizado em uma faixa de alguns nanômetros; multiplexadores de
adição-extração (add-drop) e roteadores ópticos capazes de distribuir um
sinal WDM a diferentes portas.

6.2.1  Filtros Ópticos Sintonizáveis


É interessante que consideremos, primeiro, filtros ópticos, pois é comum
serem blocos básicos de componentes de WDM mais complexos. O papel
de um filtro óptico sintonizável em um sistema WDM é o de selecionar
um canal desejado no receptor. A Figura 6.7 mostra, esquematicamente, o
mecanismo de seleção. A largura de banda do filtro deve ser grande o sufi-
ciente para transmitir o canal desejado e, ao mesmo tempo, suficientemente
pequena para bloquear canais vizinhos.

Figura 6.7  Seleção de canal por meio de filtro óptico sintonizável.

Todos os filtros ópticos requerem um mecanismo de seleção de com-


primento de onda e podem ser classificados em duas grandes categorias,
dependendo se interferência ou difração óptica é o mecanismos físico
278 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

Figura 6.8  Quatro tipos de filtros baseados em diversos dispositivos interferométricos


e difrativos: (a) filtro de Fabry-Perot; (b) filtro de Mach-Zender; (c) filtro de Michelson
baseado em grade de difração; (d) filtro acusto-óptico. A área sombreada representa
uma onda acústica de superfície.

em que são baseados. É possível subdividir cada categoria segundo o es-


quema adotado. Nesta seção, consideraremos quatro tipos de filtros ópticos;
a Figura 6.8 mostra um exemplo de cada tipo. As desejadas propriedades
de um filtro óptico sintonizável incluem: (1) grande faixa de sintonia, para
maximizar o número de canais capazes de serem selecionados; (2) interferên-
cia (crosstalk) desprezível, para evitar interferência por canais adjacentes; (3)
alta velocidade de sintonia, para minimizar o tempo de acesso; (4) pequena
perda de inserção; (5) insensibilidade à polarização; (6) estabilidade contra
mudanças ambientais (umidade, temperatura, vibrações etc.) e (7) por último,
mas não menos importante, baixo custo.
Sistemas Multicanal 279

Filtros de Fabry-Perot
Um interferômetro de Fabry-Perot (FP) – uma cavidade formada por dois
espelhos – age como um filtro óptico sintonizável caso seu comprimento
seja controlado eletronicamente, por meio de um transdutor piezoelétrico
[Fig. 6.8(a)]. A transmitância de um filtro FP é máxima em comprimentos
de onda que correspondam às frequências de modos longitudinais dadas
na Eq. (3.3.5). Portanto, o espaçamento de frequência entre dois máximos
de transmissão adjacentes, conhecido como intervalo ou faixa espectral livre
(FSR − Free Spectral Range), é fornecido por:

∆v L = c / ( 2n g L ) , (6.2.1)

em que ng é o índice de grupo do material interno da cavidade, para um


filtro FP de comprimento L.
Se o filtro for projetado para passar um único canal (Fig. 6.7), a largura
de banda combinada do sinal multicanal, ∆vsinal = N∆vch = NB/s, deve ser
menor do que ∆vL, em que N é o número de canais, s é a eficiência espectral
e B, a taxa de bits. Ao mesmo tempo, a largura de banda do filtro ∆vFP (largura
do pico de transmissão na Figura 6.7), deve ser suficientemente grande para
passar todo o conteúdo de frequência do canal selecionado. Tipicamente,
∆vFP ∼ B. O número de canais é, portanto, limitado por:

N < ηs ( ∆v L /∆v FP ) = ηs F , (6.2.2)

sendo F = ∆L/∆vFP a finesse do filtro FP. O conceito de finesse é bastante


conhecido na teoria de interferômetros FP [41]. Se perdas internas forem
desprezadas, a finesse é fornecida por F = π R / (1 − R ) , sendo determinada
somente pela refletividade do espelho R, assumida como a mesma para os
dois espelhos [41].
A Eq. (6.2.2) provê uma condição extremamente simples para o número
de canais que um filtro FP é capaz de resolver. Como exemplo, se ηs = 13 ,
um filtro FP com espelhos com refletividade de 99% é capaz de selecionar
até 104 canais. A seleção de canais é feita alterando o comprimento L
do filtro eletronicamente. O comprimento deve ser alterado por apenas
uma fração do comprimento de onda para sintonizar o filtro. O próprio
comprimento L do filtro é determinado da Eq. (6.2.1) juntamente com a
condição ∆vL > ∆vsinal. Como exemplo, para um sinal WDM de 10 canais
com 0,8 nm de espaçamento entre canais, ∆vsinal ≈ 1 THz. Se ng = 1,5 for
usado para o índice de grupo, L deve ser menor do que 100 mm. Um
comprimento tão pequeno e a exigência de espelhos de alta refletividade
ressaltam a complexidade do projeto de filtros FP para aplicações de WDM.
Uma configuração prática de filtros FP totalmente em fibra usa o es-
paçamento de ar entre duas fibras ópticas (Fig. 6.8). As duas extremidades de
280 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

fibra que formam o espaçamento são revestidas para atuar como espelhos
de alta refletividade [42]. Toda a estrutura é inclusa em uma câmara pie-
zoelétrica, de modo que o comprimento do espaçamento seja variado ele-
tronicamente para sintonia e seleção de um canal específico. A vantagem de
filtros FP é poderem ser integrados com o sistema sem incorrerem perdas por
acoplamento.Tais filtros foram usados em enlaces de fibra WDM comerciais a
partir de 1996. O número de canais é, tipicamente, limitado a menos de 100
(F ≈ 155, para espelhos com refletividade de 98%), mas pode ser aumentado
com o uso de dois filtros FP em cadeia. Embora seja relativamente lenta,
devido à natureza mecânica do mecanismo de sintonia, a sintonia é adequada
para algumas aplicações.
Filtros FP sintonizáveis também podem ser produzidos usando vários
outros materiais, como cristais líquidos e guias de onda de semicondutor
[43]-[48]. Filtros baseados em cristal líquido fazem uso da natureza aniso-
trópica de cristais líquidos, que possibilita alterar o índice de refração ele-
tronicamente. Uma cavidade FP ainda é formada com a inclusão do material
de cristal líquido entre dois espelhos de alta refletividade, mas a sintonia
é realizada por alteração do índice de refração, e não do comprimento da
cavidade.Tais filtros FP podem prover alta finesse (F ∼ 300), com largura de
banda da ordem de 0,2 nm [43], podendo ser sintonizados eletronicamente
ao longo de 50 nm, mas o tempo de sintonia é tipicamente de ∼1 ms ou
mais quando se utilizam cristais líquidos nemáticos. O tempo de sintonia
pode ser reduzido para menos de 10 ms com o uso de cristais líquidos es-
méticos [44].
Filmes finos dielétricos são comumente utilizados para fabricação de
filtros interferométricos de banda estreita [45]. A ideia básica é muito sim-
ples. Uma pilha de filmes finos projetados adequadamente atua como um
espelho de alta refletividade. Se dois desses espelhos forem separados por uma
camada dielétrica, forma-se uma cavidade FP, que age como filtro óptico. É
possível ajustar a resposta de banda passante para um filtro de microcavidade
formado por múltiplos espelhos de filme fino separados por várias camadas
espaçadoras. A sintonia pode ser realizada de diferentes formas. Em uma
abordagem, um guia de onda de InGaAsP/InP permite sintonia eletrônica
[46]. Filtros FP baseados em silício podem ser sintonizados por um mecanis-
mo termo-óptico [47]. Sintonia micromecânica também tem sido utilizada
para filtros FP baseados em InAlGaAs [48]. Tais filtros exibem faixa de
sintonia de 40 nm, com largura de banda < 0,35 nm na região de 1,55 mm.

Filtros de Mach-Zehnder
É possível, também, utilizar uma cadeia de interferômetros de Mach-Zehnder
(MZ) para criar um filtro óptico sintonizável [49]-[51]. Um interferômetro
MZ pode ser construído simplesmente pela conexão das duas portas de saída
Sistemas Multicanal 281

de um acoplador de 3 dB às duas portas de entrada de outro acoplador de


3 dB [Fig. 6.8(b)]. O primeiro acoplador divide igualmente o sinal de entrada
em duas partes, que adquirem diferentes defasagens (se os comprimentos dos
braços forem feitos diferentes) antes de interferirem no segundo acoplador.
Como a defasagem relativa depende do comprimento de onda, a transmitân-
cia T(v) também depende do comprimento de onda. Na verdade, podemos
usar a Eq. (7.5.5) para obter T(v) = |H(v)|2 = cos2(πvτ), em que v = w/2π
é a frequência e τ, o atraso relativo nos dois braços do interferômetro MZ
[52]. Uma cadeia de interferômetros MZ com atrasos relativos ajustados de
modo apropriado atua como um filtro óptico que pode ser sintonizado por
ligeira alteração dos comprimentos dos braços. Matematicamente, a trans-
mitância de uma cadeia de M interferômetros MZ é dada por:
M
T (v ) = ∏ cos 2 ( π vτ m ) , (6.2.3)
m =1

sendo τm o atraso relativo no m-ésimo membro da cadeia.


Um método comumente utilizado implementa os atrasos relativos τm de
forma que cada estágio MZ bloqueie canais alternados sucessivamente. Esse
esquema requer τm = (2m∆vch)−1, para um espaçamento ∆vch entre canais.
A resultante transmitância de uma cadeia de 10 estágios MZ apresenta
seletividade de canal tão boa quanto a oferecida por um filtro FP com
finesse de 1.600. Ademais, esse tipo de filtro é capaz de selecionar canais
com pequeno espaçamento. A cadeia MZ pode ser construída usando aco-
pladores em fibra ou guias de onda de sílica em um substrato de silício. A
tecnologia de sílica sobre silício foi extensivamente explorada na década
de 1990 para fabricar diversos componentes de WDM. Tais dispositivos
eram referidos como circuitos planares de ondas luminosas, pois usavam guias
de onda ópticos planares formados em um substrato de silício [53]-[56]. A
sintonia de filtros MZ é realizada por um aquecedor de crômio depositado
em um braço de cada interferômetro MZ. Como o mecanismo de sintonia
é térmico, seu uso resulta em resposta lenta, com tempo de sintonia da
ordem de 1 ms.

Filtros Baseados em Grades de Difração


Uma classe distinta de filtros ópticos sintonizáveis faz uso da seletividade de
comprimento de onda provida por uma grade ou grade de difração
de Bragg. Grades de difração de Bragg em fibra são um exemplo simples de
filtros ópticos baseados em grades de difração [57]. Em sua forma mais sim-
ples, uma grade de difração em fibra atua como um filtro de reflexão, cujo
comprimento de onda central pode ser controlado por alteração do período
da grade de difração, e cuja largura de banda é capaz de ser ajustada por
282 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

alteração da intensidade de grade de difração ou por introdução de pequeno


chirp no período da rede. A natureza refletiva de filtros a grades de difração
é, muitas vezes, uma limitação prática e requer o uso de um circulador óptico.
É possível uma defasagem no centro da grade de difração converter uma
grade de difração em fibra em um filtro de transmissão de banda estreita [58].
Diversos outros esquemas podem ser usados para gerar filtros de transmissão
baseados em grades de difração em fibra. Em uma abordagem, grades de
difração em fibra são utilizadas como espelhos de um filtro FP, resultando em
filtros de transmissão cuja faixa espectral livre pode ser variada em um grande
intervalo de 0,1−10 nm [59]. Em outra abordagem, uma grade de difração é
inserida em cada braço de um interferômetro MZ, a fim de prover um filtro
de transmissão [57]. Outros tipos de interferômetros, como os de Sagnac e
Michelson, também podem ser usados para realizar filtros de transmissão. A
Figura 6.8(c) mostra um exemplo de um interferômetro de Michelson feito
com um acoplador de 3 dB em fibra e duas grades de difração em fibra que
atuam como espelhos para os dois braços do interferômetro de Michelson
[60]. A maioria dessas abordagens também pode ser implementada na forma
de circuito planar de ondas luminosas com a formação de guias de onda de
sílica em um substrato de silício.
Vários outros filtros baseados em grades de difração foram desenvolvidos
para sistemas WDM [61]-[68]. Em um esquema, herdado da tecnologia
de lasers DFB, o sistema material de InGaAsP/InP é usado para formar
guias de ondas planares que funcionam nas proximidades de 1,55 mm.
A seletividade de comprimento de onda é provida por uma grade de di-
fração embutida, cujo comprimento de onda de Bragg se sintoniza ele-
tronicamente por meio de eletrorrefração [61]. Uma seção de controle de
fase, similar à usada para lasers DFB de múltiplos segmentos, também tem
sido empregada para sintonizar filtros baseados em refletores de Bragg dis-
tribuídos (DBR − Distributed Bragg Reflector). Múltiplas grades de difração,
sintonizadas de modo independente, também podem ser empregadas para
criar filtros sintonizáveis [62]. É possível sintonizar tais filtros com rapidez
(em poucos nanossegundos), projetando-os para provimento de ganho, pois
um ou mais amplificadores podem ser integrados com o filtro. Esses filtros
também podem ser integrados com o receptor, pois usam o mesmo material
semicondutor. Essas duas propriedades de filtros de InGaAsP/InP os torna
muito atraentes para aplicações de WDM.
A resposta espectral de uma grade de difração em fibra pode ser sintoni-
zada por aquecimento ou compressão desta, de forma que o índice modal
efetivo ou o período físico da grade de difração seja alterado de maneira
prescrita. Em 2002, foi realizada a sintonia em uma faixa de 40 nm com a
técnica de compressão [66]. Outro problema com filtros baseados em grades
de difração é o fato de não exibirem características de filtragem periódicas,
Sistemas Multicanal 283

pois a grade de difração possui uma única banda de rejeição, centrada no


comprimento de onda de Bragg. Esta propriedade pode ser alterada com a
formação de uma grade de difração em superestrutura ou amostrada [68].
Essas grades de difração contêm múltiplas subgrades, separadas por seções
com índice de refração uniforme, sendo chamadas de grades de difração
em superestrutura, devido à natureza duplamente periódica. Esse tipo de
grade de difração é discutido na Seção 8.4, no contexto de compensação
de dispersão.

Filtros Acusto-Ópticos
Em outra classe de filtros sintonizáveis, a grade de difração é formada di-
namicamente por meio de ondas acústicas. Esse tipo de filtro, denominado
filtro acusto-óptico, exibe uma grande faixa de sintonia (> 100 nm), sendo
muito adequado para aplicações de WDM [69]-[73]. O mecanismo físico
responsável pelo funcionamento de filtros acusto-ópticos é o efeito fotoelástico,
pelo qual uma onda acústica que se propaga em um material acusto-óptico
cria mudanças periódicas no índice de refração (correspondendo às regiões
de compressão e rarefação locais). Na verdade, as ondas acústicas criam uma
grade periódica de índice de refração que pode difratar um feixe óptico.
A seletividade de comprimento de onda advém dessa grade de difração
induzida acusticamente. Quando uma onda transverso elétrica (TE), com
vetor de propagação k é difratada por essa grade, sua polarização pode ser
alterada de TE para transverso magnética (TM), caso a condição de casamento
de fase k = k ± Ka seja satisfeita, em que k9 e Ka são os vetores de onda
associados às ondas TM e acústica, respectivamente.
Filtros acusto-ópticos sintonizáveis podem ser criados com uso de com-
ponentes concentrados ou de guias de onda; os dois tipos são disponíveis
comercialmente. Para aplicações de WDM, a tecnologia de guias de onda de
LiNbO3 é utilizada com frequência, pois é capaz de produzir filtros acusto-­
ópticos compactos e independentes de polarização, com largura de banda da
ordem de 1 nm e faixa de sintonia de 100 nm [70].A configuração básica, ilus-
trada esquematicamente na Figura 6.8(d), utiliza dois divisores de polarização
de feixe, dois guias de onda de LiNbOs, um transdutor de onda acústica de
superfície, tudo integrado no mesmo substrato. O sinal de WDM incidente
é dividido em suas componentes de polarizações ortogonais pelo primeiro
divisor de feixe. O canal, cujo comprimento de onda l satisfaz a condição
de Bragg l = (∆n)a, é direcionado a uma porta de saída diferente pelo
segundo divisor de feixe, devido a uma mudança de polarização induzida
acusticamente; todos os outros canais seguem para a outra porta de saída. A
diferença ∆n entre índices TE-TM é da ordem de 0,07 em LiNbO3. Nas
proximidades de l = 1,55 mm, o comprimento de onda acústico a deve ser
da ordem de 22 mm, valor que corresponde a uma frequência de 170 MHz,
284 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

se usarmos a velocidade acústica de 3,75 km/s para LiNbO3. Uma frequência


dessa ordem pode ser aplicada com facilidade. Ademais, é possível alterar
seu valor exato eletronicamente para mudar o comprimento de onda que
satisfaz a condição de Bragg. A sintonia é relativamente rápida, em função
de sua natureza eletrônica, e pode ser realizada em um tempo menor do
que 10 ms. Filtros acusto-ópticos sintonizáveis também são adequados para
aplicações de roteamento por comprimento de onda e de comutação por
cruzamento em sistemas WDM densos.

Filtros Baseados em Amplificadores


Outra categoria de filtros ópticos sintonizáveis tem por base o princípio de
amplificação de um canal selecionado. Qualquer amplificador com largura
de banda menor do que o espaçamento entre canais pode ser utilizado
como filtro óptico. A sintonia é realizada alterando o comprimento de onda
em que ocorre o pico de ganho. É possível usar espalhamento estimulado
Brillouin (SBS), que ocorre naturalmente em fibras ópticas de sílica [74], para
amplificação seletiva de um canal, mas a largura de ganho é muito pequena
(< 100 MHz). O fenômeno SBS envolve interação entre ondas ópticas e
acústica, sendo governado por uma condição de casamento de fase similar à
do caso de filtros acusto-ópticos. Como discutido na Seção 2.6, SBS ocorre
somente na direção para trás e resulta em um deslocamento de frequência
da ordem de 10 GHz, na região de 1,55 mm.
Para uso da amplificação SBS como filtro óptico sintonizável, um feixe de
bombeamento de onda contínua (CW) é lançado na extremidade da fibra no
lado do receptor, em sentido oposto ao de propagação do sinal multicanal, e
o comprimento de onda da bomba é sintonizado para selecionar o canal. O
feixe de bombeamento transfere uma parte de sua energia para um canal
cuja frequência é inferior à da bomba e dela difere exatamente pelo des-
locamento de Brillouin. Um laser de bombeamento sintonizável é um pré-
requisito para esse esquema. Além disso, limita-se taxa de bits de cada canal
a algo em torno de 100 Mb/s. Em um experimento de 1989, em que uma
rede WDM de 128 canais foi simulada usando dois acopladores-estrela de
8 × 8 [75], um canal de 150 Mb/s pôde ser selecionado com espaçamento
entre canais de até 1,5 GHz.
Amplificadores ópticos de semicondutor (SOA − Semiconductor Op-
tical Amplifiers) também podem ser usados para seleção de canal, desde
que se utilize uma estrutura DFB para reduzir a largura de banda de
ganho [76]. Uma grade de difração embutida pode facilmente prover
um filtro com largura de banda inferior a 1 nm. A sintonia é feita por
meio de uma seção de controle de fase em combinação com deslocamento
do comprimento de onda de Bragg por eletrorrefração. Na verdade,
tais amplificadores nada mais são do que lasers de semicondutor com
Sistemas Multicanal 285

múltiplas seções e revestimento antirreflexo. Em uma demonstração


experimental, foi possível separar dois canais, operando a 1 Gb/s e
separados por 0,23 nm, por meio de amplificação seletiva (> 10 dB)
de um canal [77]. Mistura de quatro ondas em SOA também pode ser
utilizada para formar um filtro sintonizável, cujo comprimento de onda
central é determinado pelo laser de bombeamento [78].

6.2.2  Multiplexadores e Demultiplexadores


Multiplexadores e demultiplexadores são os componentes essenciais de
qualquer sistema WDM. Como no caso de filtros ópticos, demultiplexa-
dores requerem um mecanismo de seleção de comprimento de onda e
podem ser classificados em duas grandes categorias. Demultiplexadores
baseados em difração empregam um elemento com dispersão angular,
como uma grade de difração, que dispersa a luz incidente espacialmente
nos vários comprimentos de onda componentes. Demultiplexadores
baseados em interferências utilizam dispositivos como filtros e acopladores
direcionais ópticos. Nos dois casos, é possível utilizar o mesmo dispositivo
como multiplexador e demultiplexador, dependendo do sentido de
propagação, devido à inerente reciprocidade de ondas ópticas em meios
dielétricos.
Demultiplexadores baseados em grades de difração usam o fenômeno
de difração de Bragg em uma grade de difração [79]-[82]. A Figura 6.9
mostra a configuração de dois desses demultiplexadores. O sinal WDM de
entrada é focado em uma grade de difração por reflexão, que separa es-
pacialmente os vários comprimentos de onda do sinal, e uma lente os foca

Figura 6.9  Demultiplexador baseado em grade de difração, com uso de uma (a) lente
convencional e (b) lente de índice gradual.
286 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

em fibras separadas. O uso de uma lente de índice gradual simplifica o ali-


nhamento e provê um dispositivo relativamente compacto. Pode-se eliminar
a lente de focagem com o uso de uma grade de difração côncava. Para uma
configuração compacta, a grade de difração côncava pode ser integrada em
um guia de onda slab de silício [1]. Em uma abordagem distinta, múltiplas
grades de difração de Bragg elípticas são formadas usando a tecnologia de
silício [79]. A ideia dessa abordagem é simples; se as fibras de entrada e
de saída forem posicionadas nos dois focos da grade de difração elíptica, e se
o período da rede  for ajustado a um comprimento de onda específico l0
usando a condição de Bragg 2neff = l0, sendo neff o índice efetivo do modo
do guia de onda, a grade de difração deve refletir seletivamente esse com-
primento de onda e focá-lo na fibra de saída. Múltiplas grades de difração
devem ser formadas, pois cada uma reflete somente um comprimento de
onda. Dada a complexidade desse dispositivo, uma única grade de difração
côncava formada diretamente em um guia de onda de sílica é mais prática.
Tal grade pode ser projetada para demultiplexar até 120 canais espaçados
por 0,3 nm [81].
Um problema com demultiplexadores baseados em grades de difração
é que suas características de banda passante dependem das dimensões das
fibras de entrada e de saída. Em particular, o tamanho do núcleo das fibras de
saída deve ser grande para assegurar banda passante plana e baixa perda
de inserção. Por essa razão, a maioria das configurações iniciais de multi-
plexadores usava fibras multimodo. Uma configuração de 1991 utilizou um
arranjo de microlentes para resolver esse problema e demonstrar um multi-
plexador de 32 canais para aplicações de fibra monomodo [83]. O arranjo
de fibras foi produzido fixando fibras monomodo em ranhuras no formato
de V corroídas em uma pastilha de silício. A microlente transforma o rela-
tivamente pequeno diâmetro modal das fibras (∼10 mm) em um diâmetro
muito maior (da ordem de 80 mm) logo após a lente. Esse esquema provê
um multiplexador capaz de trabalhar com canais espaçados por apenas 1 nm,
na região de comprimentos de onda próxima a 1,55 mm, com largura de
banda de canal de 0,7 nm.
Demultiplexadores baseados em filtros fazem uso do fenômeno de
interferência óptica para seleção de comprimento de onda [1]. Demulti-
plexadores baseados em filtros MZ são os que despertaram maior interesse.
Como no caso de filtros ópticos sintonizáveis, vários interferômetros MZ são
combinados para formar um demultiplexador WDM [84]-[86]. Em 1989,
foi criado um multiplexador de 128 canais fabricado com a tecnologia de
guia de onda de sílica [85]. A Figura 6.10 ilustra o conceito básico, e mostra
a configuração de um multiplexador de quatro canais, que consiste em três
interferômetros MZ. Um braço de cada interferômetro MZ é maior do que
o outro, a fim de prover uma defasagem dependente de comprimento de
Sistemas Multicanal 287

Figura 6.10  Configuração de um multiplexador em guia de onda para quatro canais


baseado em interferômetros de Mach-Zehnder. (Após a Ref. [84]; ©1988 IEEE; reimpresso
com permissão.)

onda entre os dois braços. A diferença de percurso entre os braços é escolhida


de forma que a potência de entrada total nas duas portas em diferentes com-
primentos de onda apareça somente em uma porta de saída.Toda a estrutura
pode ser fabricada em um substrato de silício usando guias de onda de SiO2
na forma de um circuito planar de onda luminosa.
Grades de difração de Bragg em fibra também podem ser usadas para
criar demultiplexadores totalmente em fibra. Em uma abordagem, um
acoplador 1 × N em fibra é convertido em um demultiplexador com a
formação de uma rede defasada em cada porta de saída, abrindo uma janela
de transmissão de banda estreita (∼0,1 nm) na banda de rejeição [58]. A
posição dessa janela é variada alterando a defasagem, de modo que cada
braço do acoplador 1 × N em fibra transmita apenas um canal. É possível
aplicar a tecnologia de grades de difração para formar grades de difração de
Bragg diretamente em um guia de onda planar de sílica.Tal abordagem tem
atraído atenção, pois permite a integração de grades de difração de Bragg
em circuitos planares de ondas luminosas. Tais grades de difração foram in-
corporadas em um interferômetro MZ assimétrico (braços de comprimentos
diferentes), resultando em um multiplexador compacto [87].
É possível construir multiplexadores com múltiplos acopladores dire-
cionais. O esquema básico é similar ao ilustrado na Figura 6.10, embora
mais simples, pois interferômetros MZ não são usados. Além disso, um
multiplexador totalmente em fibra, feito com acopladores em fibra, evita
perdas por acoplamento que ocorrem sempre que luz é acoplada a ou de
uma fibra óptica. Uma gradação bicônica fundida também pode ser usada
para fazer acopladores em fibra [88]. É possível utilizar multiplexadores
baseados em acopladores em fibra somente quando o espaçamento entre
canais for relativamente grande (> 10 nm), sendo, portanto, mais adequados
para aplicações de WDM esparso.
288 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

Do ponto de vista de projeto de sistemas, demultiplexadores integrados,


com baixa perda de inserção, são preferíveis. Uma abordagem interessante
usa um arranjo de guias de ondas ópticos com variação de fase (phased array),
que atua como uma grade de difração, denominada grade de difração em arranjo
de guia de onda (AWG − Arrayed Waveguide Grating) e que tem atraído bas-
tante atenção, pois pode ser fabricada com a tecnologia de silício, Inp ou
LiNbO3 [89]-[95]. No caso da tecnologia de sílica sobre silício, tais grades
de difração são úteis para fazer circuitos planares de ondas luminosas [93].
AWGs podem ser usados para uma variedade de aplicações de WDM, e são
discutidos mais adiante, no contexto de roteadores WDM.
A Figura 6.11 mostra a configuração de um demultiplexador baseado em
grade de difração em guia de onda, também conhecido como demultiplexador

Figura 6.11  Ilustração esquemática de um demultiplexador baseado em grades de di-


fração de guia de onda, consistindo em um arranjo de guias de onda entre duas regiões
de propagação livre (FPR). (Após a Ref. [89]; ©1996 IEEE; reimpresso com permissão.)

em arranjo com variação de fase (phased-array demultiplexer) [89]. O sinal


WDM de entrada é acoplado em um arranjo de guias de ondas planares,
depois de passar por uma região de propagação livre (FPR − Free-Propagation
Region), na forma de uma lente. Em cada guia de onda, o sinal WDM sofre
uma defasagem diferente, devido aos diferentes comprimentos dos guias de
onda.Ademais, as defasagens dependem do comprimento de onda, em função
da dependência da constante de propagação modal em relação à frequência.
Em consequência, diferentes canais são focados em diferentes guias de onda
de saída quando a luz que sai do arranjo é difratada em outra região de
propagação livre. O resultado líquido é o sinal WDM ser demultiplexado
nos canais individuais. Esse tipo de demultiplexador foi desenvolvido durante
a década de 1990 e passou a ser comercializado em 1999, com capacidade
de resolver 256 canais com espaçamento de até 0,2 nm. Uma combinação de
vários AWGs projetados adequadamente é capaz de aumentar o número
de canais a mais de 1.000, mantendo uma resolução de 10 GHz [96].
Sistemas Multicanal 289

O desempenho de multiplexadores é avaliado, principalmente, pela perda


de inserção em cada canal. O critério de desempenho para demultiplexadores
é mais restritivo. Primeiro, o desempenho de um demultiplexador deve ser
insensível à polarização do sinal WDM incidente. Segundo, um demultiple-
xador deve ser capaz de separar cada canal sem qualquer vazamento de canais
vizinhos. Na prática, é provável a ocorrência de algum vazamento de potência,
especialmente no caso de sistemas WDM densos, com pequenos espaçamentos
entre canais.Tal vazamento de potência é chamado de interferência (crosstalk)
e deve ser muito pequeno (< 20 dB) para desempenho satisfatório do sistema.
A questão de interferência entre canais é discutida na Seção 6.3.
6.2.3  Multiplexadores e Filtros de Adição-Extração
Multiplexadores de adição-extração são necessários em redes de grande área
e de área metropolitana, nas quais um ou mais canais devem ser extraídos ou
adicionados, preservando a integridade dos outros canais [97].A Figura 6.12(a)
mostra, esquematicamente, um multiplexador de adição-extração óptico recon-
figurável (ROADM − Reconfigurable Optical Add-Drop Multiplexer); o dispositi-
vo contém um banco de comutadores ópticos entre um par demultiplexador-
multiplexador. O demultiplexador separa todos os canais, comuta opticamente,
extrai, adiciona ou passa canais individuais; o multiplexador combina o sinal
completo novamente. É viável utilizar qualquer configuração de demultiplexa-
dor discutido na seção anterior na realização de um ROADM. É até possível

Figura 6.12  (a) Multiplexador de adição-extração genérico baseado em comutadores


ópticos; (b) filtro de adição-extração feito com um interferômetro de Mach-Zender e
duas idênticas grades de difração em fibra.
290 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

amplificar o sinal WDM e equalizar as potências dos canais no multiplexador


de adição-extração, pois cada canal pode ser controlado individualmente [98].
O novo componente em tais multiplexadores é o comutador óptico, que pode
ser feito com uma variedade de tecnologias, incluindo as de guias de onda
de LiNbO3 e InGaAsP.
Caso seja necessário demultiplexar um canal e não houver necessidade de
controle ativo de cada canal individualmente, podemos usar um dispositivo
multiporta muito mais simples para enviar apenas um canal a uma porta e
transferir todos os outros canais a alguma outra porta. Um dispositivo desse tipo
evita a demultiplexação de todos os canais, sendo chamado de filtro de adição-
extração, pois filtra um específico canal sem afetar o sinal WDM. Se apenas uma
pequena porção da potência de canal for filtrada, o dispositivo funciona como
uma “derivação óptica” e deixa intacto o conteúdo do sinal WDM.
Diversos tipos de filtros de adição-extração foram desenvolvidos desde o
advento da tecnologia WDM [99]-[110]. O esquema mais simples usa uma
série de acopladores direcionais interconectados, formando uma cadeia MZ
similar à do filtro MZ discutido anteriormente. Contudo, em contraste com
o filtro MZ da Seção 6.2.1, o atraso relativo τm na Eq. (6.2.3) é o mesmo
para todos os interferômetros MZ. Esse dispositivo também é conhecido
como acoplador ressonante, pois acopla por ressonância um específico canal
de comprimento de onda a uma porta de saída, enquanto os canais restantes
aparecem na outra porta de saída. O desempenho do dispositivo pode ser
otimizado com o controle das razões de acoplamento dos vários acopladores
direcionais [101]. Embora seja possível implementar acopladores ressonantes
em uma configuração totalmente em fibra, usando acopladores em fibra, a
tecnologia de guias de onda de sílica sobre silício representa uma alternativa
compacta para o design de tais filtros de adição-extração [102].
A seletividade de comprimento de onda de grades de difração de Bragg
também pode ser utilizada para realizar filtros de adição-extração. Em uma
abordagem, conhecida como acoplador direcional assistido por grade de di-
fração, uma grade de difração de Bragg é fabricada na parte central de um
acoplador direcional [107]. Esses dispositivos podem ser feitos em uma forma
compacta com o uso de guias de onda de InGaAsP/InP ou de sílica. Con-
tudo, a configuração totalmente em fibra é preferível para evitar perdas por
acoplamento. Em uma abordagem comum, duas idênticas grades de difração
de Bragg são formadas nos dois braços de um interferômetro MZ composto
por dois acopladores de 3 dB em fibra. O funcionamento desse filtro de
adição-extração pode ser entendido a partir da Figura 6.12(b). Assumamos
que o sinal WDM incida na porta 1 do filtro. O canal cujo comprimento de
onda lg cair na banda de rejeição das duas idênticas grades de difração
de Bragg será totalmente refletido e aparecerá na porta 2. Os canais restantes
não são afetados pela grade de difração e aparecem na porta 4. O mesmo
Sistemas Multicanal 291

dispositivo é capaz de adicionar um canal no mesmo comprimento de onda


lg se o sinal neste for injetado pela porta 3. Se as operações de adição e
de extração forem efetuadas simultaneamente, é importante que as grades de
difração sejam altamente reflexivas (refletividade próxima de 100%), para
minimizar a interferência. Em 1995, um filtro de adição-extração totalmente
de fibra exibia eficiência de extração maior do que 99%, mantendo o nível de
interferência inferior a 1% [103]. A interferência pode ser reduzida abaixo
de −50 dB com a conexão em cascata de vários desses dispositivos [104].
Vários outros esquemas usam grades de difração na criação de filtros de
adição-extração. Em um esquema, um guia de onda com uma grade de di-
fração de fase deslocada embutida é usada para adicionar ou extrair um canal
de um sinal WDM que se propaga em um guia de onda vizinho [99]. Em
outro esquema, dois idênticos AWGs são conectados em série de modo que
um amplificador óptico conecte cada porta de saída de um à correspondente
porta de saída do outro [100]. Ajusta-se o ganho dos amplificadores a fim
de que apenas o canal a ser extraído sofra amplificação na passagem pelo
dispositivo. Esse dispositivo é próximo do multiplicador de adição-extração
genérico mostrado na Figura 6.12(a), com a única diferença centrada em os
comutadores ópticos serem substituídos por amplificadores ópticos.
Em outra categoria de filtros de adição-extração, circuladores ópti-
cos são empregados em combinação com a grade de difração em fibra
[108]-[110]. Esse tipo de dispositivo apresenta configuração simples e
pode ser feito com a conexão das duas extremidades de uma grade de difra-
ção em fibra a circuladores ópticos de 3 portas. O canal refletido pela grade
de difração aparece na porta não usada do circulador no lado da entrada.
Um canal no mesmo comprimento de onda pode ser adicionado através do
circulador no lado de saída. O dispositivo também pode ser feito com apenas
um circulador, desde que possua mais de três portas. A Figura 6.13 mostra
duas possibilidades [108]. O esquema (a) usa um circulador de seis portas.

Figura 6.13  (a) Duas configurações de multiplexadores de adição-extração usando um


circulador óptico em combinação com grades de difração em fibras. (Após a Ref. [108];
©2001 IEEE; reimpresso com permissão.)
292 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

O sinal WDM que entra pela porta 1 sai pela porta 2 e passa pela grade de
difração de Bragg. O canal extraído aparece na porta 3, enquanto os canais
restantes entram novamente no circulador pela porta 5 e saem do dispositivo
pela porta 6. O canal a ser adicionado deve entrar pela porta 4. O esquema
(b) funciona de modo similar, mas usa duas grades de difração idênticas para
reduzir o nível de interferência. Diversas variações são possíveis.

6.2.4 Acopladores-Estrela
O papel de um acoplador-estrela, como visto na Figura 6.5, é combinar
sinais ópticos que entrem em suas múltiplas portas de entrada e dividi-los
igualmente entre suas portas de saída. Diferentemente de demultiplexadores,
acopladores-estrela não contêm elementos seletivos de comprimento de onda,
pois não tentam separar canais individuais. Não é necessário que o número
de portas de entrada seja igual ao de portas de saída. Por exemplo, no caso de
distribuição de vídeo, um relativamente pequeno número de canais de vídeo
(digamos, 100) pode ser enviado a milhares de assinantes. Em geral, o número
de portas de entrada é igual ao de portas de saída no caso de LANs de difusão
e seleção, nas quais cada usuário deseja receber todos os canais (Fig. 6.5). Um
acoplador-estrela passivo desse tipo é referido como estrela de difusão N × N,
sendo N o número de portas de entrada (e de saída). Uma estrela refletiva, em
que o sinal combinado é refletido de volta às portas de entrada, é, às vezes,
usada em aplicações de LAN. Tal geometria permite considerável economia
de fibra, quando os usuários estão distribuídos em uma grande área geográfica.
Vários tipos de acopladores-estrela foram desenvolvidos para aplicações
de LAN [111]-[117]. Uma das primeiras abordagens utilizou acopladores de
3 dB em fibra [112]. Um acoplador de 3 dB em fibra divide dois sinais
de entrada entre duas portas de saída, a mesma funcionalidade requerida de
um acoplador-estrela 2 × 2. Estrelas de ordem superior N × N podem
ser formadas por combinação de vários acopladores 2 × 2, desde que
N seja um múltiplo de 2. A Figura 6.14 mostra uma estrela 8 × 8 formada

Figura 6.14  Acoplador-estrela 8 × 8 formado por doze acopladores 2 × 2 em fibra
monomodo.
Sistemas Multicanal 293

da interconexão de 12 acopladores em fibra. A complexidade desses


acopladores-estrela cresce bastante com o número de portas.
Acopladores com gradação bicônica fundida podem ser usados para
formar acopladores-estrela compactos e monolíticos. A Figura 6.15 mostra,

Figura 6.15  Acoplador-estrela formado pelo método de gradação bicônica fundida.

esquematicamente, um acoplador-estrela formado através dessa técnica.


A ideia consiste em fundir um grande número de fibras e alongar a parte
fundida para formar uma estrutura com gradação bicônica. Na porção da
gradação, sinais de todas as fibras são combinados e compartilhados de modo
praticamente igual entre as portas de saída. Esse esquema funciona com rela-
tiva eficácia para fibras multimodo [111], mas, no caso de fibras monomodo,
fica limitado a poucas portas. Acopladores fundidos 2 × 2 foram feitos em
1981 com fibras monomodo [88]; esses acopladores também podem ser
projetados para operação em uma grande faixa de comprimentos de onda.
É possível formar estrelas de ordens superiores por meio de esquema de
combinação similar ao ilustrado na Figura 6.12 [113].
Uma abordagem comum para a fabricação de compactas estrelas de
difusão utiliza a tecnologia de sílica sobre silício, com a qual dois arranjos
de guias de onda planares de SiO2 separados por uma região central de slab
são formados em um substrato de silício. Esse acoplador-estrela foi demons-
trado em 1989 em uma configuração de 19 × 19 [114]. Os guias de onda
de canal em SiO2 eram separados por 200 mm no lado de entrada, enquanto
o espaçamento final na região central era de apenas 8 mm. O acoplador-
estrela de 3 cm de comprimento possuía eficiência da ordem de 55%. Um
amplificador em fibra pode ser integrado com o acoplador-estrela para
amplificar os sinais de saída antes da difusão [115]. A tecnologia de silício
sobre isolante tem sido usada para fazer acopladores-estrela. Uma estrela
5 × 9 feita com guias de onda rib de silício exibia baixas perdas (1,3 dB) e
acoplamento relativamente uniforme [116].

6.2.5  Roteadores por Comprimento de Onda


Um importante componente de WDM é um roteador por comprimento de
onda N × N, dispositivo que combina a funcionalidade de um acoplador-estrela
294 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

Figura 6.16  (a) Ilustração esquemática de um roteador por comprimento de onda e


(b) sua implementação usando um AWG. (Após a Ref. [93]; ©1999 IEEE; reimpresso com
permissão.)

com operações de multiplexação e demultiplexação. A Figura 6.16(a) ilustra,


esquematicamente, o funcionamento de um roteador por comprimento de
onda com N = 5. Os sinais WDM que chegam pelas N portas de entrada são
demultiplexados nos canais individuais e direcionados às N portas de saída do
roteador de modo que o sinal WDM em cada porta seja composto de canais
que chegam por diferentes portas de entrada. Essa operação resulta em uma
forma cíclica de demultiplexação. Esse dispositivo é um exemplo de um roteador
passivo, pois seu uso não envolve qualquer elemento ativo que necessite de
potência elétrica. O dispositivo também é conhecido como roteador estático, uma
vez que a topologia de roteamento não é dinamicamente reconfigurável.Apesar
da natureza estática, tal dispositivo WDM possui muitas aplicações potenciais
em redes WDM.
A configuração mais comum de um roteador por comprimento de onda
faz uso de um demultiplexador AWG, ilustrado na Figura 6.11, modificado
para prover múltiplas portas de entrada. Esse tipo de dispositivo, denominado
roteador com grade de difração em guia de onda (WRG − Waveguide-Grating
Router), é ilustrado esquematicamente na Figura 6.16(b). O dispositivo con-
siste em dois acopladores-estrela N × M, em que M portas de saída de um
acoplador-estrela são conectadas a M portas de entrada do outro acoplador-
estrela por meio de um arranjo de M guias de onda que atuam como um
Sistemas Multicanal 295

AWG [89]. Esse dispositivo é uma generalização do interferômetro MZ,


no sentido de que uma única entrada é dividida de forma coerente em
M partes (em vez de apenas duas), que adquirem diferentes defasagens e
interferem na segunda região de propagação livre, saindo em N diferentes
portas, dependendo de seus comprimentos de onda. A natureza simétrica
do WGR permite o lançamento simultâneo de N sinais WDM contendo
N diferentes comprimentos de onda, e cada sinal WDM é demultiplexado
a N portas de saída de modo periódico.
A física associada ao funcionamento de um WGR requer uma cuidadosa
consideração das mudanças de fase, pois sinais em diferentes comprimentos
de onda são difratados através da região de propagação livre no interior
dos acopladores-estrela e se propagam pelo arranjo de guias de onda [89]-
[95]. A parte mais importante de um WGR é o arranjo de guias de onda,
projetado de modo que a diferença de comprimento ∆L entre dois guias
de ondas adjacentes permaneça constante de um guia de onda para o outro.
A diferença de fase (em relação ao percurso que conecta as portas centrais)
para um sinal de comprimento de onda l que viaja da p-ésima porta de
entrada para a q-ésima porta de saída pelo m-ésimo guia de onda pode ser
escrita como [9]:

φ pqm = ( 2π m/λ ) (n1δ p + n2 ∆L + n1δq′ ) , (6.2.4)

em que n 1 e n 2 são os índices de refração nas regiões ocupadas pelos


acopladores-estrela e guias de onda, respectivamente. Os comprimentos dp e d9q
dependem das posições das portas de entrada e de saída. Quando a condição

n1 (δ p + δq′ ) + n2 ∆L = Q λ (6.2.5)

é satisfeita para algum inteiro Q, o canal no comprimento de onda l adquire


defasagens que são múltiplos de 2π ao passar por diferentes guias de onda.
Em consequência, todos os campos que saem dos M guias de onda inter-
ferirão construtivamente na q-ésima porta. Outros comprimentos de onda
provenientes da p-ésima porta serão direcionados a outras portas de saída
determinadas pela condição (6.2.5). Fica evidente que o dispositivo funciona
como demultiplexador, pois um sinal WDM que chega pela p-ésima porta
é distribuído a diferentes portas de saída, dependendo dos comprimentos
de onda dos canais.
A função de roteamento de um WGR advém da periodicidade do es-
pectro de transmissão, propriedade que também é facilmente entendida a
partir da Eq. (6.2.5). A condição de fase para interferência construtiva pode
ser satisfeita por muitos valores inteiros Q. Assim, se Q for alterado para
Q + 1, um diferente comprimento de onda satisfará a Eq. (6.2.5) e será
direcionado à mesma porta de saída. A diferença de frequência entre esses
296 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

dois comprimentos de onda é a faixa espectral livre (FSR), análoga à de


filtros FP. Para um WGR, a FSR é dada por:
c
FSR = .
n1 (δ p + δq′ ) + n2 ∆L (6.2.6)

Estritamente falando, a FSR não é a mesma para todas as portas, característica
indesejável, de um ponto de vista prático. Contudo, quando se projetam dp
e d9q para serem relativamente pequenos em comparação com ∆L, a FSR
se torna quase a mesma para todas as portas. Nesse caso, um WGR pode ser
visto como N demultiplexadores trabalhando em paralelo, com a seguinte
propriedade: se o sinal WDM da primeira porta de entrada for distribuído
a N portas de saída na ordem l1, l2, ... lN, o sinal WDM da segunda porta
será distribuído como lN, l1, ... lN-1, e o mesmo padrão cíclico é seguido
para as outras portas de entrada.
A otimização de um WGR requer controle preciso de muitos parâmetros
de projeto para a redução de interferência e a maximização da eficiência de
acoplamento. Apesar da complexidade de projeto,WGRs são rotineiramente
fabricados na forma de compactos dispositivos comerciais (cada dimensão
∼1 cm) com a tecnologia de sílica sobre silício ou de InGaAsP/InP [89]-
[95]. WGRs com 128 portas de entrada e de saída tornaram-se disponíveis
em 1996 na forma de circuito planar de ondas luminosas, com capacidade
de operação com sinais WDM com espaçamentos de até 0,2 nm, mantendo
a interferência abaixo de 16 dB. Em 2000, o número de canais pôde ser
aumentado para 256, por meio do emprego de guias de onda de sílica com
diferença de índices entre núcleo e casca relativamente grande, de 1,5%,
mantendo 25 GHz de espaçamento entre canais [118]. Uma combinação de
AWGs adequadamente projetados é capaz de aumentar o número de canais
para mais de 1.000, mantendo a resolução de 10 GHz [96]. O único aspecto
negativo desses dispositivos é que a perda de inserção de demultiplexadores
baseados em AWGs pode exceder 10 dB.

6.2.6  Transmissores e Receptores para WDM


A maioria dos sistemas WDM usa um grande número de lasers DFB cujas
frequências são escolhidas para casar precisamente a grade de frequên-
cias da UIT. Essa abordagem se torna impraticável para grande número
de canais. Duas soluções são possíveis. Uma abordagem utiliza lasers
monomodo de banda estreita, com faixa de sintonia de 10 nm ou mais
(veja a Seção 3.2.3). O uso desses lasers reduz problemas de estoque e
manutenção. Alternativamente, podem ser usados transmissores de múlti-
plos comprimentos de onda, capazes de gerar luz de modo simultâneo
em 8 ou mais comprimentos de onda fixos. Embora tais transmissores
Sistemas Multicanal 297

para WDM tenham despertado interesse na década de 1990 [119]-[125],


somente após 2001 foram desenvolvidos e comercializados transmissores
para WDM integrados monoliticamente, usando a tecnologia de circuitos
integrados fotônicos (CIFs) baseados em InP, para operação na janela de
1,55 mm [126]-[131].
Diferentes técnicas foram exploradas para o projeto de transmissores
para WDM. Em uma abordagem, as saídas de vários lasers de semicondutor
DFB ou DBR sintonizáveis independentemente foram combinadas com
guias de onda passivos [119]-[121]. Um amplificador embutido eleva a po-
tência do sinal multiplexado para aumentar a potência transmitida. Em um
dispositivo de 1996, 16 lasers DFB acoplados por ganho foram integrados;
seus comprimentos de onda eram controlados por alteração da largura do
guia de onda ridge e sintonizados em uma faixa de 1 nm por meio de um
resistor de filme fino [120]. Em outra abordagem utilizaram-se grades de
difração amostradas com períodos distintos para sintonizar precisamente
os comprimentos de onda de um arranjo de lasers DFB [122]. A com-
plexidade desses dispositivos dificulta a integração de mais de 16 lasers em
um mesmo chip.
Em ainda outra abordagem, uma grade de difração em guia de onda é in-
tegrada no interior da cavidade do laser, permitindo ação de laser em vários
comprimentos de onda de modo simultâneo. Um AWG é comumente em-
pregado para multiplexar as saídas de vários amplificadores ópticos ou lasers
DBR [123]-[125]. Em uma demonstração da ideia básica feita em 1996, a
operação simultânea em 18 comprimentos de onda (espaçados por 0,8 nm)
foi realizada com o emprego de AWG intracavidade [123]. A Figura 6.17
mostra, esquematicamente, a configuração do laser. Emissão espontânea do
amplificador localizado no lado esquerdo é demultiplexada pelo AWG em

Figura 6.17  Ilustração esquemática de um laser para WDM feito com a integração
de um AWG no interior da cavidade do laser. (Após a Ref. [123]; ©1996 IEEE; reimpresso
com permissão.)
298 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

18 bandas espectrais, com a técnica de fatiamento espectral (spectral slicing).


O arranjo de amplificadores no lado direito amplifica seletivamente o
conjunto de 18 comprimentos de onda, resultando em um laser que emite
todos os comprimentos de onda simultaneamente. Um transmissor de 16
comprimentos de onda, com 50 GHz de espaçamento entre canais, foi cons-
truído em 1998 com essa técnica [124]. Em outa abordagem, o AWG não
fazia parte da cavidade do laser, mas foi utilizado para multiplexar as saídas de
10 lasers DBR, todos produzidos no mesmo chip de forma integrada [125].
AWGs fabricados com a tecnologia de sílica sobre silício também podem
ser usados, embora não sejam integrados no substrato de InP.
A abordagem de CIF foi intensamente explorada após 2001. Em um
transmissor de 2002, 12 lasers DFB sintonizáveis foram integrados no mesmo
chip de InP, sendo suas saídas combinadas usando um sistema microeletrome-
cânico (MEMS) no interior de um módulo em borboleta [126]. Esse trans-
missor fornecia até 20 mW de potência acoplada à fibra em comprimentos
de onda da grade da UIT no banda C, espaçados precisamente de 50 GHz
por meio de um travador de comprimento de onda (wavelength locker). Um
dispositivo como esse não é totalmente integrável, pois emprega lentes dis-
cretas para acoplar luz de lasers ao MEMS. Em 2005, chips transmissores
integrados por completo em larga escala na forma CIF foram desenvolvidos
e comercializados [128]. A Figura 6.18 mostra a arquitetura de um trans-
missor de 10 canais que incorpora mais de 50 funções em um único chip. As
saídas de um arranjo de lasers DFB sintonizáveis passam por moduladores
de eletroabsorção (MEAs) (excitados por sequências de bits elétricos de

Figura 6.18  Ilustração esquemática de um transmissor de 10 canais para WDM feito com a
tecnologia CIF de larga escala. (Após a Ref. [128]; ©2005 IEEE; reimpresso com permissão.)
Sistemas Multicanal 299

10 Gb/s) e atenuadores ópticos variáveis antes de serem combinadas por


um multiplexador AWG. Um arranjo de monitores de potência óptica
(MPOs) também é integrado ao chip para garantir a potência.Todos os com-
primentos de onda dos lasers, separados por 200 GHz em frequência, caem
na grade da UIT na banda C. Um chip CIF receptor de 10 canais também
foi desenvolvido para casar este transmissor de WDM. Em 2006, estendeu-se
tal abordagem visando fabricar transmissores de WDM com 40 canais, a
40 Gb/s por canal [129]. Mais recentemente, transmissores adequados
a sequências de bits codificadas em fase (DQPSK) foram desenvolvidos
por integração de múltiplos interferômetros MZ em um chip de InP [131].
Lasers a fibra também foram projetados para fornecer saídas de múlti-
plos comprimentos de onda e, portanto, funcionar como fonte CW para
WDM [132]-[136]. Um laser a fibra com cavidade em anel contendo
um deslocador de frequência (por exemplo, um dispositivo acusto-óptico)
e um filtro óptico com picos de transmissão periódicos (como um filtro FP,
uma grade de difração amostrada ou um AWG) podem prover suas saídas
como um pente de frequências ajustado para coincidir com a grade da UIT.
Em 2000, até 16 comprimentos de onda foram obtidos por meio dessa téc-
nica, embora a potência não fosse, em geral, uniforme nos comprimentos de
onda. Em 2009, foram desenvolvidos lasers a fibra com 50 comprimentos
de onda, cobrindo toda a banda C com canais espaçados por 100 GHz [136].
As saídas em todos os comprimentos de onda exibiam a mesma polarização
com pequena largura espectral (< 0,2 MHz). A principal desvantagem de
lasers a fibra é a necessidade de um demultiplexador para separar os canais
para que recebam dados por meio de moduladores individuais.
Uma particular abordagem para fontes WDM explora a técnica de
fatiamento espectral com o intuito de realizar transmissores para WDM,
permitindo o provimento de mais de 1.000 canais [137]-[140]. O espectro
da saída de uma fonte incoerente de banda larga é fatiado por meio de um
filtro óptico de múltiplos picos, como um AWG. Em uma implementação
dessa ideia [137], pulsos de picossegundos produzidos por um laser em fibra
com travamento de modo são, inicialmente, espectralmente alargados por
geração de supercontínuo a larguras de banda de até 200 nm, explorando
efeitos não lineares de fibras ópticas [74]. Fatiamento espectral da saída de
um AWG produz, então, muitos canais WDM com espaçamento de 1 nm
ou menos. Em um experimento de 2000, essa técnica produziu 1.000 canais
espaçados de 12,5 GHz [139]. Em outro experimento, 150 canais espaça-
dos de 25 GHz foram realizados na banda C, cobrindo a faixa de 1530 a
1.560 nm [140]. A SNR de cada canal excedeu 28 dB, indicado que a fonte
era adequada a aplicações de WDM denso.
A geração de supercontínuo não é necessária, se for empregado um laser
com travamento de modo para a produção de pulsos de femtossegundos.
300 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

A largura espectral desses pulsos é muito larga e pode ser alargada a 50 nm
ou mais por introdução de chirp por meio de 10-15 km de fibra padrão de
telecomunicações. Fatiamento espectral da saída por um demultiplexador é
capaz de, novamente, prover muitos canais, e cada um pode ser modulado de
modo independente. Essa técnica também permite modulação simultânea
de todos os canais em um único modulador antes da demultiplexação, se
o modulador for excitado por uma adequada sequência de bits elétricos
composta por TDM. Uma fonte WDM de 32 canais foi demonstrada em
1996 com o uso desse método [138]. Desde então, essa técnica é usada para
prover fontes com mais de 1.000 canais.
Quanto a receptores, receptores de múltiplos canais para WDM foram
desenvolvidos apenas por seu uso poder simplificar o projeto de sistemas e re-
duzir o custo total [141]-[145]. Receptores monolíticos integram um arranjo
de fotodiodos com um demultiplexador em um mesmo chip. Tipicamente,
um demultiplexador baseado em grade de difração côncava ou WGR é inte-
grado com o arranjo de fotodiodos. Até amplificadores eletrônicos podem ser
integrados no mesmo chip. A configuração desse receptor integrado é similar
à do transmissor ilustrado na Figura 6.17, exceto pelo fato de não ser formada
uma cavidade e o arranjo de amplificadores ser substituído por um arranjo de
fotodiodos. Um receptor WDM desse tipo foi fabricado pela primeira vez em
1995 com a integração de um WGR de oito canais (espaçados de 0,8 nm),
oito fotodiodos p-i-n e oito pré-amplificadores por meio da tecnologia de
transistores bipolares de heterojunção [141]. Em 2007, receptores CIF com
grande número de fotodiodos se tornaram disponíveis [130].

6.3  PROBLEMAS DE DESEMPENHO DE SISTEMAS


O problema mais importante no projeto de sistemas de ondas lumino-
sas WDM é a interferência entre canais. O desempenho do sistema é degradado
sempre que interferências levam à transferência de potência de um canal
para outro. Tal transferência de potência pode ocorrer devido a efeitos não
lineares em fibras ópticas, fenômeno conhecido como interferência não linear,
pois depende da natureza não linear do canal de comunicação. Contudo,
alguma interferência também ocorre em um canal perfeitamente linear,
em função da natureza imperfeita de vários componentes de WDM, como
filtros ópticos, demultiplexadores e comutadores. Nesta seção, discutiremos
os mecanismos de interferências linear e não linear, e consideraremos outros
problemas de desempenho relevantes para sistemas WDM.

6.3.1  Interferência Linear Fora da Banda


Interferência linear pode ser classificada em duas categorias, depen-
dendo da origem dela [146]-[155]. Filtros e demultiplexadores ópticos,
Sistemas Multicanal 301

geralmente, deixam vazar uma fração da potência de sinal de canais


vizinhos, que interfere com o processo de detecção. Esse tipo de in-
terferência é denominado interferência de comprimentos de onda hetero-
gêneos ou fora da banda, e é um problema menor, devido à sua natureza
incoerente, do que a interferência de comprimentos de onda homogêneos
ou na banda, que ocorre durante roteamento do sinal WDM proveniente
de múltiplos nós. Esta subseção trata da interferência de comprimentos de
onda heterogêneos.
Consideremos o caso em que um filtro óptico sintonizável é usado para
selecionar um único canal dentre N canais que nele incidem. Se o filtro
óptico estiver ajustado para passar o m-ésimo canal, a potência óptica que
chega ao fotodetector pode ser escrita como P = Pm + ∑ Tmn Pn , em
N

n ≠m
que Pm é a potência no m-ésimo canal e Tmn, a transmitância do filtro para o
canal n quando o m-ésimo canal é selecionado. Interferência ocorre quando
Tmn ≠ 0 para n ≠ m a qual é dita fora da banda porque pertence a canais que
residem fora da banda espectral ocupada pelo canal detectado. A natureza
incoerente dessa interferência também fica aparente no fato de depender
somente da potência de canais vizinhos.
Para avaliar o impacto desse tipo de interferência no desempenho de
um sistema, devemos considerar a penalidade de potência, definida como a
potência adicional necessária para que o receptor combata o efeito da in-
terferência. A fotocorrente gerada em resposta à potência óptica incidente
é fornecida por

N
I = Rm Pm + ∑ R nTmn Pn ≡ I ch + I X , (6.3.1)
n ≠m

em que Rm = mq/hvm é a responsividade do fotodetector para o m-ésimo


canal na frequência óptica vm, e m é a eficiência quântica. O segundo
termo IX na Eq. (6.3.1) denota a contribuição da interferência à corrente
do receptor I. O valor desse termo depende do padrão de bits, e se torna
máximo quando todos os canais interferentes transportam bits 1 simulta-
neamente (pior caso).
Uma abordagem simples para calcular a penalidade de potência in-
duzida pela interferência tem por base o fechamento do olho (veja a Se-
ção 4.3.3) que ocorre em consequência da interferência [146]. No pior caso,
em que IX é máxima, o olho se fecha quase que completamente. Na prática,
Ich é aumentada para manter o desempenho do sistema. Se for necessário
aumentar Ich por um fator dX, a corrente de pico correspondente ao topo do
olho é dada por I1 = dXIch + IX. O limiar de decisão é ajustado em ID = I1/2.
302 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

A abertura do olho − de ID ao nível superior − será mantida em seu valor


original Ich/2 se

1 1
(δX I ch + I X ) − I X − (δX I ch + I X ) = I ch , (6.3.2)
2 2
ou quando dX = 1 + IX/Ich. A grandeza dX é apenas a penalidade de potência
para o m-ésimo canal. Usando IX e Ich da Eq. (6.3.1), dX pode ser escrito
(em dB) como:
 R nTmn Pn 

N


δX = 10 log 10 1 + n ≠m
, (6.3.3)
 Rm Pm 
 

em que as potências correspondem aos valores ligados. Se tomarmos a


potência de pico como igual para todos os canais, a penalidade de potência
induzida pela interferência passa a independer da potência. Ademais, se a
responsividade do fotodetector for quase a mesma para todos os canais (Rm
≈ Rn), dX é bem aproximado por

δX ≈ 10 log 10 (1 + X ) , (6.3.4)

onde X = ∑ Tmn é uma medida da interferência fora da banda e representa


N

n ≠m
a fração da potência total que vaza em um canal específico, proveniente de
todos os outros canais. O valor numérico de X depende das características
de transmissão do filtro óptico em uso. Para um filtro FP, X pode ser obtido
em forma fechada [147].
Essa análise da penalidade induzida pela interferência foi baseada no
fechamento do olho, e não na taxa de erro de bit (BER). Podemos obter
uma expressão para a BER se IX for tratada como uma variável aleatória na
Eq. (6.3.1). Para um dado valor de IX, obtemos a BER segundo a análise
da Seção 4.5.1. Em particular, a BER é fornecida pela Eq. (4.5.6), com as
correntes nos estados ligado e desligado dadas por I1 = Ich + IX e I0 = IX,
respectivamente, se assumirmos que Ich = 0 no estado desligado. O limiar
de decisão é ajustado em ID = Ich (1 + X)/2, que corresponde à situação de
pior caso, em que todos os canais vizinhos estão no estado ligado. A BER
final é obtida tomando a média na distribuição da variável aleatória IX. A
distribuição de IX foi calculada para um filtro FP e, em geral, está longe de
ser gaussiana. É possível calcular a penalidade de potência induzida pela
interferência dx determinando o aumento em Ich para manter certo valor da
BER. A Figura 6.19 mostra a penalidade calculada para diversos valores
da BER, em função de N/F [147], com a escolha F = 100. A linha cheia
corresponde ao caso sem erro (BER = 0). A penalidade de potência pode
Sistemas Multicanal 303

Figura 6.19  Penalidade de potência induzida por interferência, para três diferentes
valores da BER, para um filtro FP de finesse F = 100. (Após a Ref. [147]; ©1990 IEEE; reim-
presso com permissão.)

ser mantida abaixo de 0,2 dB, para garantir uma BER = 10−9, para valores
de N/F de até 0,33. Da Eq. (6.2.2), para esses filtros FP, o espaçamento entre
canais pode ser de até três vezes a taxa de bits.

6.3.2  Interferência Linear na Banda


Interferência de comprimentos de onda homogêneos ou na banda advém
de componentes de WDM usados para roteamento e comutação de canais
em uma rede óptica, e tem sido uma preocupação desde o advento de sis-
temas WDM [148]-[155]. A origem desse tipo de interferência pode ser
entendida se considerarmos um roteador por comprimento de onda estático,
como um WGR (Fig. 6.16). Para um roteador N × N, há N2 combinações
nas quais sinais WDM de N comprimentos de onda podem ser separados.
Consideremos a saída em um comprimento de onda, digamos lm. Dentre
os N2 – 1 sinais interferentes que podem acompanhar o sinal desejado, N –
1 sinais têm portadora de mesmo comprimento de onda lm, enquanto os
restantes N(N − 1) sinais possuem portadoras de comprimentos de onda
diferentes de lm e, provavelmente, serão eliminados ao passarem por outros
304 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

componentes WDM. Os N – 1 sinais interferentes no mesmo comprimento


de onda (interferência na banda) têm origem na filtragem incompleta em
um WGR, devido a picos de transmissão parcialmente superpostos [149].
O campo óptico total, incluindo somente a interferência na banda, pode
ser escrito como:
 N 
Em (t ) =  Em = ∑ En  exp (−iωmt ) , (6.3.5)
 n ≠m 

sendo Em o desejado sinal em wm = 2πc/lm. A natureza coerente da in-


terferências na banda fica evidente da Eq. (6.3.5).
Para avaliar como a interferência na banda afeta o desempenho do
sistema, consideremos, novamente, a penalidade de potência. Nesse caso,
a corrente do receptor I = R|Em(t)|2 contém interferência ou termos
de batimento similares aos do caso de amplificadores ópticos (veja a Se-
ção 7.5). Podemos identificar dois tipos de termos de batimento: termos
de batimento sinal-interferência, como E mE n, e termos de batimento
interferências-interferência EkEn, com k ≠ m e n ≠ m. Na prática, os últimos
termos são desprezíveis e podem ser ignorados. A corrente do receptor é,
então, aproximada como:
N
I (t ) ≈ RPm (t ) + 2R ∑ Pm (t ) Pn (t ) cos [φm (t ) − φn (t )] , (6.3.6)
n ≠m

em que Pn = |En|2 é a potência e φn(t) é a fase. Na prática, Pn ≪ Pm, para


n ≠ m, pois um WGR é construído para reduzir a interferência. Como é
provável que as fases flutuem de forma aleatória, podemos escrever a Eq.
(6.3.6) como I(t) = R(Pm + ∆P), tratar a interferência como ruído de in-
tensidade e seguir a abordagem da Seção 4.7.2 para calcular a penalidade
de potência. Na verdade, o resultado é o mesmo da Eq. (4.6.11) e pode
ser escrito como

δX = −10 log 10 (1 − rX2Q 2 ) , (6.3.7)



em que

rX2 = ( ∆P ) / Pm2 = X ( N − 1) ,
2
(6.3.8)

e X = Pn/Pm é o nível de interferência definido como a fração da potência
que vaza pelo WGR, tomada como a mesma para todas as N – 1 fontes de
interferência coerente na banda, assumindo iguais potências. Uma média
foi tomada nas fases substituindo cos 2 θ = 21 . Adicionalmente, rX2 foi multi-
plicado por outro fator 21 para levar em conta o fato de Pn ser zero, em
Sistemas Multicanal 305

média, durante a metade do tempo (durante bits 0). Medidas experimentais


da penalidade de potência para um WGR concordam com esse modelo
simples [149].
O impacto da interferência na banda pode ser estimado da Figura 4.21,
em que a penalidade de potência dX é mostrada em função de rX. Para manter
a penalidade de potência abaixo de 2 dB, é necessário rX < 0,07, condição
que limita X(N − 1) abaixo de −23 dB, segundo a Eq. (6.3.8). Assim, o nível
de interferência X deve estar abaixo de −38 dB, para N = 16, e abaixo de
−43 dB, para N = 100, exigências bastante restritivas.
O cálculo da penalidade induzida por interferência no caso de rotea-
mento por comprimento de onda dinâmico por comutadores ópticos
de cruzamento (optical cross-connects) se torna muito complicado, devido
ao grande número de elementos interferentes pelos quais um sinal pode
passar em redes WDM desse tipo [150]. A análise de pior caso prediz uma
grande penalidade de potência (> 3 dB) quando o número de elementos
interferentes ultrapassa 25, mesmo que o nível de interferência de cada
componente seja de apenas −40 dB. Torna-se evidente que interferência
linear é uma questão crítica no projeto de sistemas WDM e deve ser con-
trolada.Várias técnicas foram propostas para esse fim [156]-[158].

6.3.3  Interferência Não Linear Raman


Vários efeitos não lineares em fibras ópticas [74] podem levar a interfe-
rências − entre canais ou intracanal − que afetam consideravelmente o
desempenho do sistema [159]-[165]. Na Seção 2.6, discutimos esses efeitos
não lineares e suas origens, de um ponto de vista físico. Nesta subseção,
focamos a interferência Raman.
Como discutido na Seção 2.6, espalhamento estimulado Raman (SRS)
não é, em geral, uma preocupação para sistemas monocanal, devido ao
relativamente alto limiar (da ordem de 500 mW, em 1,55 mm). A situação
é bem diferente para sistemas WDM, nos quais a fibra atua como um am-
plificador Raman (veja a Seção 7.3), e os canais de comprimentos de onda
longos são amplificados pelos canais de comprimentos de onda curtos, desde
que a diferença entre os comprimentos de onda caia na largura de banda
do ganho Raman. Em fibras de sílica, o espectro do ganho Raman é tão
largo que pode ocorrer amplificação para canais espaçados de até 100 nm. O
canal de comprimento de onda mais curto é o que sofre maior depleção de
potência, pois bombeia muitos canais simultaneamente. Tal transferência
de energia entre canais pode ser deletéria para o desempenho do sistema,
pois depende do padrão de bits: amplificação ocorre somente quando bits
1 estão presentes simultaneamente nos dois canais. A interferência induzida
por espalhamento Raman degrada o desempenho de sistemas, sendo uma
grande preocupação em sistemas WDM [166]-[173].
306 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

É possível evitar a interferência Raman se as potências dos canais forem


suficientemente baixas, de modo que a amplificação induzida por SRS seja
desprezível ao longo de todo o comprimento da fibra. Assim, é importante
estimar o valor limite da potência de canais. Um modelo simples considera
a depleção do canal de frequência mais alta no pior caso, em que bits 1 de
todos os canais se sobrepõem completa e simultaneamente [159]. O fator
de amplificação para cada canal é Gm = exp(gmLeff), em que Leff é o com-
primento de interação efetivo definido na Eq. (2.6.2) e gm = gR(Ωm)Pch/Aeff é
o ganho Raman em Ωm = w1 − wm. Para gmLeff ≪ 1, o canal de comprimento
de onda mais curto em w1 sofre depleção de gmLeff devido à amplificação
Raman do m-ésimo canal. A depleção total de potência em um sistema
WDM de M canais é dada por:
M
DR = ∑ g R (Ωm ) Pch L eff /Aeff . (6.3.9)
m =2

O somatório na Eq. (6.3.9) é efetuado analiticamente, se o espectro do


ganho Raman (Fig. 2.17) for aproximado por um perfil triangular em que
gR aumenta linearmente para frequências de até 15 THz, com inclinação
SR = dgR/dv, e cai a zero. Usando gR(Ωm) = mSR∆vch, a perda fracionária
de potência para o canal no comprimento de onda mais curto é fornecida
por [159]:
1
DR = M ( M − 1) C R Pch L eff , (6.3.10)
2
sendo CR = SR∆vch/(2Aeff). Na dedução dessa equação, foi assumido que os
canais eram igualmente espaçados por ∆vch e que o ganho Raman para cada
canal era reduzido por um fator 2, para levar em conta a aleatoriedade dos
estados de polarização de diferentes canais.
Uma análise mais precisa deve considerar não apenas a depleção de
potência de cada canal induzida pela transferência de potência para canais
em comprimentos de onda mais longos, mas também a amplificação de
cada canal pelos canais em comprimentos de onda mais curtos. Se todos
os outros efeitos não lineares forem desprezados juntamente com a GVD,
a evolução da potência Pn associada ao n-ésimo canal fica governada pela
seguinte equação (veja a Seção 7.3):

M
dPn
+ α Pn = C R Pn ∑ (n − m ) Pm , (6.3.11)
dz m =1

em que o mesmo a foi assumido para todos os canais. É possível resolver


este conjunto de M equações não lineares acopladas analiticamente. Para
uma fibra de comprimento L, o resultado é dado por [166]:
Sistemas Multicanal 307

Pt exp [(n − 1) C R Pt L eff ]


Pn (L ) = Pn (0) e −αL , (6.3.12)

M
Pm (0) exp [(m − 1) C R Pt L eff ]
m =1

em que Pt = ∑ Pm (0) é a potência de entrada total em todos os canais.


M

m =1
Essa equação mostra que as potências dos canais seguem uma distribuição
exponencial em função do acoplamento induzido pelo ganho Raman entre
todos os canais.
O fator de depleção DR para o canal no comprimento de onda mais
curto (n = 1) é obtido usando DR = (P10 – P1)/P10, sendo P10 = P1(0) exp(aL)
a potência de canal esperada na ausência de SRS. No caso de mesma potên-
cia em todos os canais, Pt = MPch na Eq. (6.3.12) e DR é determinado por
1 
M senh  MC R Pch L eff 
 1  2 
DR = 1 − exp − M ( M − 1) C R Pch L eff  . (6.3.13)
 2  1 2 
senh  M C R Pch L eff 
2 

No limite M2CRPchLeff  ≪ 1, essa complicada expressão se reduz ao simples


resultado na Eq. (6.3.10). Em geral, a Eq. (6.3.10) superestima a interferência
Raman.
A penalidade de potência induzida por ganho Raman é obtida usando
dR = − 10 log(1 − DR), pois a potência de entrada de canal deve ser aumen-
tada por um fator (1 – DR)-1 para manter um mesmo desempenho do sistema.
A Figura 6.20 mostra que a penalidade de potência cresce com o aumento
na potência de canal e com o número de canais. O espaçamento entre canais

Figura 6.20  Penalidade de potência induzida por ganho Raman em função do número
de canais, para diversos valores de Pch. Os canais são espaçados por 100 GHz e apresen-
tam a mesma potência inicial.
308 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

foi tomado como 100 GHz. A inclinação do ganho Raman foi estimada do


espectro do ganho como SR = 4,9 × 10−18 m/(W-GHz), e Aeff = 50 mm2,
Leff ≈ 1/a = 21,74 km. Como visto na Figura 6.20, a penalidade de potência
se torna bastante alta para sistemas WDM com grande número de canais.
Se um valor máximo de 1 dB for considerado aceitável, a potência limite
por canal Pch excede 10 mW para 20 canais, mas seu valor é reduzido para
menos de 1 mW quando o número de canais WDM ultrapassa 70.
Essa análise fornece apenas uma estimativa grosseira da interferência
Raman, pois despreza o fato de os sinais nos canais consistirem em uma
sequência aleatória de bits 0 e 1. Uma análise estatística mostra que a
interferência Raman é menor por um valor da ordem de 2 quando mo-
dulação do sinal é levada em conta [161]. Os efeitos de GVD, desprezados
na análise anterior, também reduzem a interferência Raman, pois, devido
ao descasamento de velocidade de grupo, pulsos viajam a velocidades
diferentes [167]. A amplificação periódica de sinais WDM, por sua vez,
pode ampliar o impacto da degradação induzida por SRS. A razão para
isso é o fato de amplificadores em linha adicionarem ruído, que sofre
menos perda Raman do que o próprio sinal, resultando em degradação da
SNR. A interferências Raman foi calculada em um estudo de 2003, o qual
considerava condições realistas de operação [173]. Simulações numéricas
mostraram que é possível reduzir a interferência com a inserção de filtros
ópticos ao longo do enlace de fibra para bloquear o ruído em frequências
abaixo do canal no maior comprimento de onda [171]. A interferência
Raman também pode ser reduzida usando a técnica de inversão espectral
no meio do enlace [168].

6.3.4  Espalhamento Estimulado Brillouin


Espalhamento estimulado Brillouin (SBS) também pode transferir energia
de um canal de alta frequência para um canal de baixa frequência quando o
espaçamento entre os canais é igual ao deslocamento de Brillouin. Contudo,
em contraste com o caso de SRS, tal transferência de energia é facilmente
evitada com projeto adequado de sistemas de comunicação multicanal. A
razão para isso é a largura de banda do ganho Brillouin ser extremamente
pequena (∼ 20 MHz), em comparação com a do ganho Raman (∼5 THz).
Assim, para que ocorra SBS, o espaçamento entre canais deve casar quase
exatamente o deslocamento de Brillouin (da ordem de 10 GHz, na região de
1,55 mm); esse casamento exato é facilmente evitável. Ademais, como dis-
cutido na Seção 2.6, os dois canais devem se propagar em sentidos opostos
para que ocorra amplificação de Brillouin.
Embora não induza interferência entre canais quando todos os canais se
propagam no mesmo sentido, SBS limita as potências dos canais. A razão para
isto é que uma parte da potência do canal pode ser transferia para uma onda
Sistemas Multicanal 309

de Stokes que se propaga no sentido oposto, gerada a partir de ruído quando


a condição de limiar gBPthLeff/Aeff ≈ 21 é satisfeita (veja a Seção 2.6). Essa
condição independe do número e da presença de outros canais. Contudo,
o limiar para cada canal pode ser alcançado em baixos níveis de potência. A
Figura 6.21 mostra a variação da potência de saída e da potência refletida por
SBS em 13 km de fibra de dispersão deslocada à medida que a potência CW
lançada na fibra aumenta de 0,5 para 50 mW [174]. Nesse experimento, não
foi possível transmitir mais do que 3 mW pela fibra, após o limiar de Brillouin.
Para uma fibra com Aeff = 50 mm2 e a = 0,2 dB/km, a potência de limiar
fica abaixo de 2 mW quando o comprimento de fibra é suficientemente
longo (> 20 km) e Leff pode ser substituído por 1/a.

Figura 6.21  Potência de saída (círculos cheios) e potência SBS refletida (círculos vazios)
em função da potência lançada na fibra. (Após a Ref. [174]; ©1992 IEEE; reimpresso com
permissão.)

A estimativa anterior se aplica a sinais CW, pois despreza efeitos da


modulação de sinal, que resulta em uma sequência aleatória de bits 0 e 1.
Em geral, o limiar de Brillouin depende do formato de modulação e da
razão entre a taxa de bits e a largura de banda do ganho Brillouin [175]. O
limiar sobe para cerca de 5 mW no caso de sistemas de ondas luminosas
que operam nas proximidades de 10 Gb/s. Algumas aplicações requerem
o lançamento de potências superiores a 10 mW. Vários esquemas foram
propostos para elevar o limiar de Brillouin [176]-[183], e se baseiam no
aumento da largura de banda do ganho Brillouin ∆vB ou da largura espectral
da portadora óptica. A primeira possui um valor da ordem de 20 MHz para
fibras de sílica, e a segunda é tipicamente < 10 MHz para os lasers DFB
usados em sistemas WDM. A largura de banda de uma portadora óptica
pode ser aumentada sem afetar o desempenho do sistema por modulação
310 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

de sua fase em uma frequência muito menor do que a taxa de bits. Em


geral, a frequência de modulação ∆m permanece na faixa de 200-400 MHz.
Como o ganho Brillouin efetivo fica reduzido por um fator (1 + ∆m/∆vB),
o limiar de SBS aumenta por esse mesmo fator. Como, tipicamente, ∆vB ∼
20 MHz, por meio dessa técnica, a potência lançada pode ser elevada por
um fator maior do que 10.
Se a largura da banda do ganho Brillouin ∆vB da própria fibra puder
ser aumentada de seu valor nominal de 20 MHz para mais de 200 MHz, o
limiar de SBS poderia ser elevado sem necessitar de uma modulação de fase.
Para esse propósito, uma técnica usa tensão mecânica senoidal ao longo do
comprimento da fibra. A tensão mecânica aplicada altera o deslocamento de
Brillouin vB por alguns pontos percentuais de modo periódico. O resultante
espectro do ganho Brillouin é muito mais largo do que seria para um valor
fixo de vB. A tensão mecânica pode ser aplicada durante o cabeamento da
fibra. Em um cabo de fibra, ∆vB foi aumentado de 50 para 400 MHz [176].
O deslocamento de Brillouin vB também pode ser alterado tornando o
raio do núcleo não uniforme ao longo do comprimento da fibra, pois a
frequência acústica longitudinal depende do raio do núcleo. É possível
realizar o mesmo efeito alterando a concentração de dopantes ao longo do
comprimento da fibra, técnica que aumentou o limiar de SBS de uma fibra
em 7 dB [177]. O efeito colateral de variar o raio do núcleo ou a concen-
tração de dopantes é que o parâmetro de GVD b2 também muda ao logo do
comprimento da fibra. É possível variar os dois simultaneamente de modo
que b2 permaneça com relativa uniformidade [179]. A modulação de fase
induzida por um canal de supervisão por meio do fenômeno não linear de
modulação de fase cruzada (XPM) também pode ser usada para suprimir
SBS [181]. XPM induzida por canais vizinhos pode ajudar [178], mas é de
difícil controle, sendo, também, uma fonte de interferência. Na prática, um
modulador de frequência integrado com o transmissor representa o melhor
método de redução de SBS. Níveis de limiar > 200 mW foram realizados
com essa técnica [180].

6.3.5  Modulação de Fase Cruzada


Tanto SPM como XPM podem afetar o desempenho de sistemas WDM.
Os efeitos de SPM foram discutidos na Seção 5.3 no contexto de sistemas
monocanal; esses efeitos também se aplicam aos canais individuais de um
sistema WDM. O fenômeno de XPM é um importante mecanismo de in-
terferência não linear em sistemas de ondas luminosas WDM, e foi estudado
exaustivamente nesse contexto [184]-[197].
Como discutido na Seção 2.6, XPM tem origem na dependência do
índice de refração em relação à intensidade, que, à medida que o sinal
se propaga ao longo da fibra óptica, produz um deslocamento de fase que
Sistemas Multicanal 311

depende da intensidade. O deslocamento de fase para um canal


específico depende não apenas da potência do próprio canal, mas também
da potência nos outros canais [74]. O deslocamento de fase total para o
j-ésimo canal é dado por (veja a Seção 2.6):

γ N 
φ NL
j = Pj + 2∑ Pm  , (6.3.14)
α 
m≠ j

em que o primeiro termo é devido a SPM e Leff foi substituído por 1/a,
assumindo aL ≫ 1. O parâmetro g fica na faixa de 1 −  10 W−1km−1,
dependendo do tipo de fibra usado; os maiores valores ocorrem para fibras
compensadoras de dispersão. O deslocamento de fase não linear depende
do padrão de bits nos vários canais e pode variar de zero ao valor máximo
para canais φmax = g/a)(2N – 1)Pj, se assumirmos mesma potência em todos
os canais.
A rigor, o deslocamento de fase induzido por XPM não deveria afetar o
desempenho do sistema se os efeitos de GVD forem desprezíveis. Contudo,
qualquer dispersão na fibra converte deslocamentos dependentes do padrão
de bits em flutuações de potências, reduzindo a SNR no receptor. Essa
conversão pode ser entendida observando que os deslocamentos de fase de-
pendentes do tempo levam a chirp de frequência, o que afeta o alargamento
de sinal induzido por dispersão. A Figura 6.22 mostra flutuações induzidas
por XPM, para um canal-sonda CW lançado juntamente com um canal
de bombeamento modulado a 10 Gb/s no formato NRZ. A potência do

Figura 6.22  Flutuações de potência induzidas por XPM em um canal-sonda CW para


enlaces de 130 km (no meio) e de 320 km (na parte de cima), com gerenciamento de
dispersão. Uma sequência de bits NRZ no canal de bombeamento é mostrada na parte
inferior da figura. (Após a Ref. [187]; ©1999 IEEE; reimpresso com permissão.)
312 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

canal-sonda flutua em até 6% após 320 km de fibra dispersiva. A raiz


do valor médio quadrático (RMS) das flutuações depende da potência
de canal, podendo ser reduzida com a diminuição desta. Como estimativa
grosseira, se usarmos a condição φmax < 1, a potência de canal fica limitada a

Pch < α / [γ ( 2N − 1)] . (6.3.15)



Para valores típicos de a e g, Pch deve ficar abaixo de 10 mW, mesmo para
cinco canais, e abaixo de 1 mW, para mais de 50 canais.
A análise anterior permite apenas uma estimativa grosseira, pois ignora
o fato de os pulsos pertencentes a diferentes canais, viajarem a diferentes
velocidades e ultrapassarem uns aos outros a uma taxa que depende das res-
pectivas diferenças de comprimentos de onda. Dado que XPM pode ocorrer
somente quando pulsos se sobrepõem no domínio do tempo, seu impacto
é consideravelmente reduzido pelos efeitos de ultrapassagens. Quando um
pulso rápido, pertencente a um dado canal, colide com um pulso específico
de outro canal e o ultrapassa, o chirp induzido por XPM desloca, primeiro,
o espectro em direção ao vermelho e, depois, em direção ao azul. Em
uma fibra sem perda, colisões de dois pulsos são perfeitamente simétricas,
não resultando em qualquer deslocamento espectral líquido no final da
colisão. Em um sistema com gerenciamento de perdas, com amplificadores
ópticos posicionados ao longo do enlace, variações de potência tornam as-
simétricas as colisões entre pulsos de diferentes canais, resultando em um
deslocamento líquido de frequência que depende do espaçamento entre
canais.Tais deslocamentos de frequência levam a uma incerteza temporal (a
velocidade de um canal depende da frequência deste, devido à GVD), pois
suas magnitudes dependem do padrão de bits e dos comprimentos de onda
dos canais. A combinação de incertezas de amplitude e temporal induzidas
por XPM degrada a SNR no receptor, especialmente no caso de pequeno
espaçamento entre canais, levando a uma penalidade de potência induzida
por XPM que depende do espaçamento entre canais e dos tipos de fibras
usadas no enlace WDM. A penalidade de potência aumenta em fibras com
grande GVD e em sistemas WDM projetados com pequeno espaçamento
entre canais, podendo exceder 5 dB, com espaçamento de 100 GHz.
Como controlar a interferência induzida por XPM em sistemas WDM?
Obviamente, o uso de fibras com baixa GVD reduz um pouco o problema,
mas não é prático, em função do surgimento de FWM (veja a próxima
subseção). Na prática, gerenciamento de dispersão é virtualmente empregado
em todos os sistemas WDM, de modo que a dispersão local seja relativa-
mente grande. Seleção criteriosa dos parâmetros do mapa de dispersão pode
ajudar, do ponto de vista de XPM, mas talvez não seja ótimo do ponto de
vista de SPM [186]. Uma abordagem simples à supressão de XPM consiste
Sistemas Multicanal 313

na introdução de atrasos temporais relativos entre os canais WDM após cada


período do mapa, de forma que bits “1” em canais vizinhos tenham baixa
probabilidade de superposição na maior parte do tempo [191]. O uso do
formato RZ é bastante útil nesse contexto, pois todos os bits 1 ocupam
apenas uma fração do bit slot. Em um experimento com 10 canais WDM,
atrasos temporais foram introduzidos por meio de 10 grades de dispersão em
fibra, separadas por distâncias variáveis, escolhidas para aumentar a supressão
de XPM [193]. O piso de BER observado após 500 km de transmissão
desapareceu após supressores de XPM (que consistiam em 10 grades de dis-
persão de Bragg) serem inseridos a cada 100 km. A penalidade de potência
residual a uma BER de 10−10 ficou abaixo de 2 dB para todos os canais.

6.3.6  Mistura de Quatro Ondas


Como discutido na Seção 2.6, o fenômeno não linear de FWM requer
casamento de fase, e se torna uma importante fonte de interferência não
linear sempre que o espaçamento entre canais e a dispersão na fibra sejam
pequenos o bastante para satisfazer a condição de casamento de fase aproxi-
madamente [74]. Esse é o caso de um sistema WDM que opera próximo ao
comprimento de onda de dispersão zero de fibras de dispersão deslocadas.
Por essa razão, diversas técnicas foram desenvolvidas para reduzir o impacto
de FWM em sistemas WDM [161].
A origem física da interferência induzida por FWM e a resultante de-
gradação do sistema podem ser entendidas observando que FWM gera
novas ondas nas frequências wijk = wi + wj − wk, sempre que as ondas nas
frequências wi, wj e wk se propagam na fibra. Para um sistema de N canais, i, j,
e k podem variar de 1 a N, resultando na geração de uma grande combinação
de novas frequências por FWM. No caso de sistemas igualmente espaçados,
as novas frequências coincidem com frequências existentes, levando a in-
terferência coerente na banda. Quando canais não são igualmente espaçados,
a maioria das componentes de FWM cai entre os canais e leva a interferência
incoerente fora da banda. Nos dois casos, o desempenho do sistema é de-
gradado devido à perda de potência de canal, mas a interferência coerente
degrada o desempenho do sistema de forma muito mais severa.
O processo de FWM em fibras ópticas é governado por um conjunto
de quatro equações acopladas, cuja solução geral requer uma abordagem
numérica [74]. Se desprezarmos os deslocamentos de fase induzidos por SPM
e XPM, assumirmos que os três canais participantes no processo de FWM
praticamente não sofrem depleção de potência, e incluirmos as perdas na fibra,
a amplitude AF da componente de FWM na frequência wF é governada por:
dAF α
= − AF + dF γ Ai A j Ak* exp (−i ∆kz ) , (6.3.16)
dz 2
314 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

em que Am(z) = Am(0)exp(−az/2), para m = i, j,k e dF = 2 − dij é o fator


de degenerescência, definido de forma que seu valor seja 1 quando i = j e
o dobro quando i ≠ j. Essa equação pode ser facilmente integrada para o
cálculo de AF(z). Em uma fibra de comprimento L, a potência transferida
para a componente de FWM é fornecida por [198]:
2
PF = AF (L ) = ηF (dF γ L ) Pi Pj Pk e −αL ,
2
(6.3.17)

em que Pm = |Am(0)|2 é a potência lançada no m-ésimo canal e F é uma


medida da eficiência de FWM, definida como:

1 − exp [− (α + i ∆k ) L ]
2

ηF = . (6.3.18)
(α + i ∆k ) L
A eficiência de FWM F depende do espaçamento entre canais por meio
do descasamento de fase, governado por

∆k = βF + βk − βi − β j ≈ β 2 (ωi − ωk ) (ω j − ωk ) , (6.3.19)

em que as constantes de propagação foram expandidas em uma série de


Taylor em torno de wc = (wi + wj)/2 e b2 é o parâmetro de GVD nessa
frequência. Se a GVD da fibra de transmissão for relativamente grande,
(|b2| > 5 ps2/km), F praticamente se anula para típicos espaçamentos de
50 GHz entre canais. Em contraste, F ≈ 1 nas vizinhanças do comprimento
de onda de dispersão zero da fibra, resultando em considerável potência na
componente de FWM, em especial para altas potências de canais. No caso de
mesma potência em todos os canais, PF aumenta com Pch3 . Tal dependência
cúbica da componente de FWM limita as potências de canais a menos de 1
mW, se FWM for quase casado em fase. Como o número de componentes
de FWM para um sistema WDM de M canais aumenta com M2(M − 1)/2,
a potência total em todas as componentes de FWM pode ser muito grande.
Um esquema simples para a redução da degradação induzida por FWM
consiste em projetar sistemas WDM com espaçamentos não uniformes entre
canais [161]. Nesse caso, o principal impacto de FWM é a redução das
potências dos canais. Tal depleção de potência resulta em uma penalidade
de potência relativamente pequena em comparação com o caso de espaça-
mento uniforme. Medidas experimentais em sistemas WDM confirmaram a
vantagem de espaçamentos não uniformes entre canais. Em um experimento
de 1999, a técnica foi usada para transmitir 22 canais, cada um operando a
10 Gb/s, por 320 km de fibra de dispersão deslocada, com amplificadores
espaçados por 80 km [199]. Os espaçamentos entre canais variavam − de 125
a 275 GHz − na região de comprimentos de onda entre 1.532 a 1.562 nm
[200]. O comprimento de onda de dispersão zero da fibra foi escolhido
Sistemas Multicanal 315

próximo a 1.548 nm, resultando em quase casamento de fase para muitas


componentes de FWM. Não obstante, o sistema teve desempenho muito
bom, com menos de 1,5 dB de penalidade de potência para todos os canais.
O uso de espaçamentos não uniformes entre canais nem sempre é prá-
tico, pois muitos componentes de WDM, como filtros ópticos e roteadores
baseados em grades de difração em guias de onda, requerem espaçamento
uniforme entre canais. Uma solução prática é oferecida pela técnica de
gerenciamento periódico de dispersão, discutida no Capítulo 8. Nesse caso,
fibras com GVDs normal e anômala são combinadas para formar um mapa
de dispersão, de modo que a GVD seja localmente alta ao longo de todo o
enlace e possua um valor médio muito baixo. Por conseguinte, a eficiência de
FWM F é desprezível em todo o enlace, resultando em pouca interferência
induzida por FWM. O uso de gerenciamento de dispersão é comum para a
supressão de FWM em sistemas WDM, em função da simplicidade prática.
Na verdade, novos tipos de fibras, denominadas fibras de dispersão deslocada
não zero (NZDSFs − nonzero-dispersion-shifted fibers), foram projetados e
comercializados após o advento de sistemas WDM.Tipicamente, nesse tipo
de fibra, a GVD fica entre 4 e 8 ps/(km-nm), para assegurar a minimização
da interferências induzida por FWM.

6.3.7  Outras Questões de Projetos


O projeto de sistemas de comunicação WDM requer cuidadosa conside-
ração das características de muitos transmissores e receptores. Uma ques-
tão importante diz respeito à estabilidade da frequência portadora (ou do
comprimento de onda) associada a cada canal. A frequência da luz emitida
por lasers de semicondutor DFB ou DBR pode mudar consideravelmente
devido a mudanças na temperatura de operação (∼ 10 GHz/C). Alterações
similares podem ocorrer por envelhecimento dos lasers [201]. Tais mudan-
ças de frequência, em geral, não são relevantes para sistemas monocanal.
No contexto de sistemas de ondas luminosas WDM, é importante que as
frequências portadoras de todos os canais permaneçam estáveis, pelo menos
relativamente, de modo que o espaçamento entre canais não varie com o
tempo.
Diversas técnicas foram utilizadas para a estabilização de frequência
[202]-[209]. Uma técnica comum emprega realimentação elétrica provida
por um discriminador, usando uma ressonância molecular ou atômica para
travar a frequência do laser. Por exemplo, podemos usar amônia, criptônio
ou acetileno para lasers de semicondutor que operam na região de 1,55 mm,
pois os três apresentam ressonâncias nas proximidades desse comprimento
de onda. Estabilidade de frequência com tolerância de 1 MHz pode ser
obtida por meio dessa técnica. Outra utiliza o efeito optogalvânico para travar
a frequência do laser em uma ressonância molecular ou atômica. É possível,
316 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

também, utilizar uma malha de travamento de fase para estabilização de


frequência. Em outro esquema, um interferômetro de Michelson, calibrado
por meio de um laser DFB mestre, provê um conjunto de frequências de
referência igualmente espaçadas [203]. Um filtro FP, um AWG ou qualquer
outro dispositivo com espectro de transmissão periódico, na forma de
pente, pode ser empregado para esse propósito, pois provê um conjunto
de frequências de referência igualmente espaçadas [204]. Uma grade de
difração em fibra é útil para estabilização de frequência, mas uma grade
de difração separada se faz necessária para cada canal, uma vez que seu es-
pectro de reflexão não é periódico [205].
A Figura 6.23 mostra um módulo de laser DFB em que a potência óptica
e o comprimento de onda do laser são monitorados e mantidos em valores

Figura 6.23  Representação esquemática de um módulo de diodo laser com etalon


embutido para monitoramento e estabilização do comprimento de onda do laser; PD
designa fotodiodo (PhotoDiode). (Após a Ref. [207]; ©2004; IEEE.)

constantes [207]. A luz da faceta posterior do laser DFB é dividida em dois


ramos por meio de um prisma. Um etalon FP em um dos ramos serve como
referência de comprimento de onda, sendo projetado de modo que um de
seus picos de transmissão ocorra precisamente no comprimento de onda
em que o laser deve operar. O emprego de um etalon FP como referência
de comprimento de onda apresenta um problema: variações na temperatura
do etalon são capazes de deslocar seus picos de transmissão de forma des-
controlada. Entretanto, esse problema é resolvido com a monitoração da
temperatura do etalon e apropriado ajuste do sinal de realimentação. Com
essa abordagem, o comprimento de onda do módulo de laser sofreu des-
locamento menor do que 1 pm, mesmo quando a temperatura do módulo
variou de 5 a 70C. Testes de confiabilidade indicaram que o deslocamento
de comprimento de onda para esses lasers devem ser menores do que 5 pm
durante um período de operação de 25 anos.
Uma importante questão no projeto de redes WDM está relacionada à
perda de potência de sinal acarretada por perdas de inserção, distribuição
Sistemas Multicanal 317

e transmissão. Amplificadores ópticos são usados para compensar tais


perdas, mas nem todos os canais são amplificados pelo mesmo fator, a
menos que o espectro de ganho seja plano em toda a largura de banda
do sinal WDM. Embora sejam empregadas técnicas de aplanamento de
ganho comumente, as potências dos canais ainda podem sofrer desvio de
10 dB ou mais quando o sinal WDM passa por muitos amplificadores
ópticos antes de ser detectado. Talvez, então, seja necessário controlar a
potência de cada canal (por meio de atenuação seletiva) em cada nó de
uma rede WDM para que as potências dos canais fiquem praticamente
uniformes. A questão do gerenciamento de potência em redes WDM é
bastante complexa e requer a consideração de numerosos detalhes [210]-
[212]. O acúmulo de ruído de amplificadores também pode se tornar
um fator limitante quando o sinal WDM passa por um grande número
de amplificadores. Em geral, o gerenciamento de uma rede WDM exige
atenção a muitos detalhes [7]-[10].

6.4  MULTIPLEXAÇÃO POR DIVISÃO NO TEMPO


Como discutido na Seção 1.2,TDM é comumente realizada no domí-
nio elétrico para obter hierarquias digitais para sistemas de telecomunicações.
Nesse sentido, mesmo um sistema de onda luminosa monocanal transporta
múltiplos canais TDM. A técnica de TDM elétrica se torna de difícil imple-
mentação para taxas de bits acima de 40 Gb/s, devido às limitações impostas
pela eletrônica de alta velocidade. Uma solução é oferecida por TDM óptica
(OTDM − Optical TDM), esquema capaz de aumentar a taxa de bits de
uma portadora óptica a valores acima de 1 Tb/s. A técnica de OTDM foi
estudada exaustivamente durante a década de 1990 [213]-[219], e a pesquisa
prosseguiu em anos recentes, no contexto de sistemas WDM com taxas
de bits por canal de 100 Gb/s ou mais [22]-[224]. O desenvolvimento de
OTDM requer novos tipos de transmissores e receptores ópticos, baseados
em técnicas de multiplexação e demultiplexação totalmente ópticas. Nesta
seção, primeiro, discutiremos essas técnicas e, em seguida, focaremos ques-
tões relativas ao projeto e ao desempenho de sistemas de ondas luminosas
OTDM.

6.4.1  Multiplexação de Canais


Em sistemas de ondas luminosas OTDM, vários sinais ópticos a uma taxa
de bits B compartilham a mesma frequência portadora, sendo multiplexados
opticamente para formar uma sequência de bits composta a uma taxa de bits
NB, em que N é o número de canais. É possível utilizar diversas técnicas de
multiplexação para esse propósito [219]. A Figura 6.24 mostra a configuração
de um transmissor OTDM baseado na técnica de linha de retardo e que
318 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

Figura 6.24  Configuração de um transmissor OTDM baseado em linhas de retardo


ópticas.

requer um laser capaz de gerar um trem de pulsos periódico a uma taxa de


repetição igual à taxa de bits B de cada canal. Ademais, o laser deve produzir
pulsos de largura Tp tal que Tp < TB = (NB)−1, a fim de assegurar que cada
pulso caberá no alocado bit slot TB. A saída do laser é igualmente dividida
em N ramos após amplificação, se necessário. Um modulador em cada ramo
bloqueia os pulsos que representam bits 0 e cria N independentes sequências
de bits à taxa de bits B.
A multiplexação das N sequências de bits é realizada por meio de uma
técnica de retardo possível de ser implementada opticamente de forma sim-
ples. Nesse esquema, a sequência de bits no n-ésimo ramo é retardada por um
tempo (n − 1)/(NB), com n = 1, ..., N. A saída de todos os ramos é, então,
combinada com o intuito de formar um sinal composto. Deve ficar claro
que a sequência de bits multiplexada produzida por esse esquema possui um
bit slot que corresponde à taxa de bits NB. Além disto, N bits consecutivos
em cada intervalo de duração B−1 pertencem a N diferentes canais, como
exigido pelo esquema TDM (veja a Seção 1.2).
Todo o multiplexador OTDM (exceto para moduladores que requeiram
guias de onda de LiNbO3 ou de semicondutores) pode ser construído com
fibras monomodo. É possível efetuar a divisão e a combinação de sinais em N
ramos com acopladores 1 × N de fibra fundida. As linhas de retardo ópticas
podem ser implementadas com segmentos de fibra de comprimentos con-
trolados. Como exemplo, uma diferença de comprimento de 1 mm introduz
um retardo de cerca de 5 ps. As linhas de retardo podem ser relativamente
longas (10 cm ou mais), pois apenas as diferenças de comprimento devem ser
controladas com precisão. Para uma precisão de 0,1 ps, tipicamente requerida
por sinais OTDM de 40 Gb/s, os comprimentos das linhas de retardo devem
ser controlados com tolerância de 20 mm. Tal grau de precisão é de difícil
realização com fibras ópticas.
Uma abordagem alternativa emprega circuitos de ondas luminosas
planares fabricados com a tecnologia de sílica sobre silício [53]-[56]. Esses
Sistemas Multicanal 319

dispositivos podem ser feitos insensíveis à polarização, mantendo um preciso


controle dos comprimentos de retardo. Contudo, não é possível construir o
multiplexador completo na forma de um circuito planar de onda luminosa,
pois moduladores não podem ser integrados com essa tecnologia. Uma
abordagem simples consiste na inserção de um chip de InP que contém
um arranjo de moduladores de eletroabsorção entre os guias de onda de
sílica usados para dividir, retardar e combinar os múltiplos canais (Fig. 6.24).
O principal problema dessa abordagem é o descasamento de diâmetro de
feixe quando o sinal óptico passa do guia de onda de Si para o de InP (e
vice-versa), problema que pode ser resolvido integrando conversores de
diâmetro de feixe com os moduladores. Um modulador OTDM integrado
desse tipo foi usado em um experimento de 160 Gb/s em que 16 canais,
cada um operando a 10 Gb/s, foram multiplexados [218]. Em uma abor-
dagem distinta, emprega-se um processo não linear em cascata no interior
de guias de onda de LiNbO3 periodicamente polarizados (resultando em
FWM) [222].
Uma importante diferença entre as técnicas de OTDM e WDM deve
ficar evidente da Figura 6.24: OTDM requer o uso do formato RZ. His-
toricamente, o formato NRZ − usado antes do advento da tecnologia
de ondas luminosas − foi mantido em sistemas de comunicação óptica. A
partir do final da década de 1990, o formato RZ começou a aparecer em
sistemas WDM com gerenciamento de dispersão. O uso de OTDM requer
que fontes ópticas emitam um trem de pulsos ópticos curtos a altas taxas
de repetição, como 40 Gb/s. Dois tipos de lasers são comumente utilizados
para esse propósito [219]. Em uma abordagem, comutação de ganho ou
travamento de modo de um laser de semicondutor provê pulso de 10−20
ps a altas taxas de repetição; esses pulsos podem ser comprimidos por meio
de uma variedade de técnicas. Em outra abordagem, o travamento de modo
harmônico de um laser de fibra é realizado por meio de um modulador de
LiNbO3 intracavidade [52].Tais lasers são capazes de gerar larguras de pulsos
de ∼ 1 ps, a taxas de repetição de até 40 GHz.

6.4.2  Demultiplexação de Canais


A demultiplexação dos canais individuais de um sinal OTDM requer
técnicas optoeletrônicas ou totalmente ópticas. Vários esquemas foram
desenvolvidos para esse fim, cada um com seus méritos e suas deficiências
[216]-[224]. A Figura 6.25 ilustra três esquemas discutidos nesta seção.
Todas as técnicas de demultiplexação exigem um sinal de relógio: um trem
de pulsos periódico na mesma taxa de bits dos canais. Para demultiplexação
optoeletrônica, o sinal de relógio tem a forma elétrica; para demulti-
plexação totalmente óptica, o sinal de relógio consiste em um trem de
pulsos ópticos.
320 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

Figura 6.25  Esquemas de demultiplexação para sinais OTDM baseados em (a) modula-
dores de LiNbO3 em cascata, (b) XPM em um anel óptico refletivo não linear e (c) FWM
em um meio não linear.

A técnica eletro-óptica utiliza vários moduladores de LiNbO3 do tipo


MZ em série. Cada modulador divide a taxa de bits por dois, rejeitando bits
alternados do sinal que chega. Assim, um sistema OTDM de 8 canais requer
três moduladores, excitados pelo mesmo sinal de relógio elétrico (Fig. 6.25),
mas com diferentes tensões – de 4V0, 2V0 e V0, em que V0 é a tensão neces-
sária para uma defasagem de π em um dos braços do interferômetro MZ.
Diferentes canais podem ser selecionados por alteração da fase do sinal de
relógio. A principal vantagem dessa técnica é o uso de componentes dis-
poníveis comercialmente. Contudo, a técnica tem várias desvantagens; a
mais importante é o fato de ser limitada pela velocidade dos moduladores.
A técnica eletro-óptica também requer um grande número de componentes
caros, alguns dos quais exigem altas tensões de excitação.
Sistemas Multicanal 321

Diversas técnicas totalmente ópticas empregam um anel óptico refletivo


não linear (NOLM − Nonlinear Optical Loop Mirror), construído com um
anel ou laço de fibra cujas extremidades são conectadas às duas portas de
saída de um acoplador de fibra de 3 dB, como indicado na Figura 6.25(b).
Esse dispositivo também é conhecido como interferômetro de Sagnac. O
NOLM é denominado anel refletivo por refletir totalmente suas entradas
quando as ondas contrapropagantes sofrem a mesma defasagem em uma
volta completa. Contudo, se a simetria for quebrada com a introdução de
uma defasagem relativa de π entre as ondas, o sinal é transmitido em sua
totalidade pelo NOLM. A operação de demultiplexação por um NOLM
é baseada em XPM [74], o mesmo fenômeno não linear que pode levar a
interferência em sistemas WDM.
Pode-se compreender a demultiplexação de sinais OTDM por um
NOLM conforme explicado a seguir. O sinal de relógio – que consiste em
um trem de pulsos ópticos na mesma taxa de bits dos canais – é injetado
no anel de modo que se propague somente no sentido horário. O sinal
OTDM entra no NOLM depois de ser igualmente dividido em sentidos
contrapropagantes por acopladores de 3 dB. Por meio de XPM, o sinal de
relógio introduz uma defasagem a um canal específico no sinal OTDM. No
caso mais simples, a própria fibra óptica introduz XPM. A potência do sinal
óptico e o comprimento do anel são feitos suficientemente grandes para a
introdução de uma defasagem de π. Em consequência, um canal é demulti-
plexado pelo NOLM. Nesse sentido, um NOLM é o equivalente TDM dos
multiplexadores de adição e extração discutidos na Seção 6.2.3. Todos os
canais podem ser demultiplexados simultaneamente com o uso de vários
NOLMs em paralelo [214]. A não linearidade da fibra é rápida o suficiente
para que um dispositivo seja capaz de responder em tempos da ordem de
femtossegundos. A demultiplexação de um canal de 6,3 Gb/s de um sinal
OTDM de 100 Gb/s foi demonstrada em 1993. Em 1998, o NOLM foi
utilizado para demultiplexar um sinal OTDM de 640 Gb/s [225].
O terceiro esquema de demodulação na Figura 6.25 faz uso de FWM
em um meio não linear [52]. O sinal OTDM é lançado juntamente com o
sinal de relógio (em um comprimento de onda distinto) em um meio não
linear. O sinal de relógio faz o papel da bomba para o processo de FWM,
que produz um pulso no comprimento de onda ocioso (idler) somente em
janelas temporais em que um pulso de relógio se sobrepõe a pulsos de sinal
do canal a ser demultiplexado. Em consequência, o trem de pulsos no novo
comprimento de onda é uma réplica exata do canal a ser demultiplexado.
Um filtro óptico é usado para separar o canal demultiplexado dos sinais
OTDM e de relógio. Uma fibra preservadora de polarização é comumente
utilizada como meio não linear para FWM, devido à natureza ultrarrápida
de sua não linearidade e sua habilidade de preservar o estado de polarização,
322 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

independentemente de flutuações ambientais. Em 1996, a demultiplexação


sem erro de canais de 10 Gb/s de um sinal OTDM de 500 Gb/s foi demons-
trada usando pulsos de relógio com duração da ordem de 1 ps [226]. Esse
esquema também pode amplificar o canal demultiplexado (por até 40 dB)
por meio de amplificação paramétrica no interior da mesma fibra [227].

6.4.3  Desempenho de Sistemas


A distância de transmissão de sinais OTDM é limitada na prática pela dispersão
da fibra, devido ao uso de pulsos ópticos curtos (∼ 1 ps), como exigido por taxas
de bits relativamente altas. Na verdade, a transmissão de um sinal OTDM que
transporta N canais, cada um a uma taxa de bits B, é equivalente à transmissão
de um único canal à taxa combinada de NB, e o produto taxa de bits-distância
NBL é limitado pelos limites de dispersão discutidos na Seção 2.4.3. Como
exemplo, fica evidente da Figura 2.12 que um sistema de 200 Gb/s é limitado
a L < 50 km, mesmo quando se projeta o sistema para operar exatamente
no comprimento de onda de dispersão zero da fibra. Assim, sistemas OTDM
requerem não apenas fibras de dispersão deslocada, mas também o emprego de
técnicas de gerenciamento de dispersão capazes de reduzir o impacto dos efeitos
das dispersões de segunda e terceira ordens (Cap. 8). Não obstante, PMD se
torna um fator limitante para longos comprimentos de fibra, e a compensação
de seus efeitos é, em geral, necessária. Efeitos não lineares intracanal também
limitam o desempenho de sistemas OTDM, pois o uso de pulsos intensos é,
muitas vezes, necessário para sistemas OTDM [217].
Apesar das dificuldades inerentes ao projeto de sistemas OTDM que
operem a taxas de bits acima de 100 Gb/s, diversos experimentos em labora-
tório realizaram transmissão de alta velocidade com a técnica OTDM [219].
Em um experimento de 1996, um sinal OTDM de 100 Gb/s, consistindo
em 16 canais de 6,3 Gb/s, foi transmitido por 560 km, com o emprego de
amplificadores ópticos (espaçados de 80 km) juntamente com gerenciamento
de dispersão. A fonte de laser nesse experimento foi um laser de fibra com
travamento de modo, que produzia pulsos de 3,5 ps a uma taxa de repetição
de 6,3 GHz (a taxa de bits de cada canal multiplexado). Um esquema de
multiplexação similar ao mostrado na Figura 6.24 foi utilizado para gerar
o sinal OTDM de 100 Gb/s. A taxa de bits total foi, posteriormente, es-
tendida a 400 Gb/s (quarenta canais de 10 Gb/s) com o uso de uma fonte
de pulso supercontínuo, que gerava pulso de 1 ps [228]. Pulsos tão curtos
foram necessários porque, a 400 Gb/s, o bit slot é de apenas 2,5 ps.Também
foi necessário compensar a inclinação de dispersão (dispersão de terceira
ordem b3, pois, sem compensação, os pulsos de 1 ps eram severamente dis-
torcidos e exibiam caudas oscilatórias além de 5 ps (característica típica da
dispersão de terceira ordem). Mesmo assim, a distância de transmissão ficou
limitada a 40 km.
Sistemas Multicanal 323

Transmissão OTDM a uma taxa de bits de 160 Gb/s despertou muito


interesse depois do ano de 2000, por ser considerada uma atualização
natural para sistemas de 40 Gb/s [220]-[224]. Em um teste de campo
feito em 2001, um sinal OTDM de 160 Gb/s foi transmitido por 116 km
[230]. Em 2006, demonstrou-se transmissão por 4320 km usando um
anel recirculante [221]. Tal experimento empregou o formato DPSK e
também demonstrou a estabilidade de longo prazo de sistemas OTDM
com componentes adequadamente projetados. Em outro conjunto de
experimentos, o objetivo era a realização de uma taxa de bit monocanal
de 1 Tb/s ou mais. Em um experimento de 2000, um sinal OTDM de
1,28 Tb/s foi transmitido por 70 km, mas exigiu a compensação simul-
tânea das dispersões de segunda, terceira e quarta ordens [229]. Mais
recentemente, o formato DPSK foi empregado para mostrar transmissão
OTDM por 240 km, à taxa de 1,28 Tb/s, e por 160 km, à taxa de bits de
2,56 Tb/s [221].
Um método simples para a realização de altas taxas de bits, acima de
1 Tb/s, consiste na combinação das técnicas OTDM e WDM. Por exemplo,
um sinal WDM consistindo em M portadoras ópticas separadas − em que
cada portadora transporta N canais OTDM a uma taxa de bits B − tem
capacidade total Btot = MNB. As limitações que a dispersão impõe a esse
sistema advêm da taxa de bits NB do sinal OTDM. Em um experimento de
1999, essa abordagem foi empregada para realizar uma capacidade total
de 3 Tb/s, com M = 19, N = 16 e B = 10 Gb/s [219]. Os canais foram
espaçados por 450 GHz, a fim de evitar sobreposição de canais WDM
vizinhos, e o sinal WDM de 70 nm ocupava as bandas C e L. A taxa de
bits OTDM foi estendida a 320 Gb/s em um experimento de 2004, o qual
transmitiu 10 desses canais por uma distância limitada de 40 km [231].
Em 2009, cinco canais, cada um operando a 320 Gb/z, foram transmitidos
por 525 km com o emprego de uma técnica de transformada de Fourier
óptica no domínio do tempo [232]. Com o o uso de novos formatos de
modulação e detecção coerente, a capacidade total de sistemas OTDM/
WDM deve exceder 10 Tb/s. Contudo, diversos fatores, como vários
efeitos não lineares em fibras e a praticidade da compensação de dispersão
em uma grande largura de banda são prováveis limitantes do desempenho
desse tipo de sistema.
OTDM também foi empregada no projeto de redes ópticas transparentes
capazes de conectar múltiplos nós para acesso bidirecional aleatório [215].
Sua aplicação é especialmente prática para redes baseadas em pacotes que
empregam o protocolo ATM ou o protocolo TCP/IP [233]-[235]. Como no
caso de redes WDM, arquiteturas de um salto e de múltiplos saltos têm sido
consideradas. Redes OTDM de um salto usam acopladores-estrela passivos
para a distribuição do sinal de um nó a todos os outros nós. Em contraste,
324 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

redes OTDM de múltiplos saltos requerem processamento de sinal em cada


nó para roteamento do tráfego. Uma técnica de comutação de pacotes é
comumente empregada nessas redes.

6.5  MULTIPLEXAÇÃO POR SUBPORTADORA


Em algumas aplicações de LAN e MAN, a taxa de bits de cada canal
é relativamente baixa, mas o número de canais pode ser muito grande. Um
exemplo é o de redes de televisão com antena comunitária (a cabo), ou
CATV. O conceito básico de multiplexação por subportadora (SCM – SubCarrier
Multiplexing) é herdado da tecnologia de micro-ondas, que emprega múlti-
plas portadoras de micro-ondas para a transmissão de múltiplos canais de
CATV (FDM elétrica) por cabo coaxial ou pelo espaço livre. A largura
de banda total é limitada bem abaixo de 1 GHz quando se utilizam cabos
coaxiais para a transmissão de um sinal de micro-onda multicanal. Contudo,
se o sinal de micro-onda for transmitido opticamente por meio de fibras
ópticas, a largura de banda do sinal pode, com facilidade, ultrapassar 10 GHz
para uma única portadora óptica. Esse esquema é conhecido como SCM,
pois a multiplexação é feita com subportadoras de micro-ondas, e não com
a portadora óptica. Esse esquema tem sido explorado comercialmente pela
indústria de CATV desde 1992 e pode ser combinado com TDM ou WDM.
Uma combinação de SCM e WDM é capaz de obter larguras de banda
maiores do que 1 THz. A técnica de SCM, basicamente, envia um sinal de
rádio ou de micro-onda por fibras ópticas, sendo também conhecida como
rádio sobre fibra.
A Figura 6.26 mostra, esquematicamente, um sistema de onda luminosa
SCM projetado com uma única portadora óptica. A principal vantagem
de SCM são a flexibilidade e a capacidade de atualização que oferece ao

Figura 6.26  Diagrama em blocos da multiplexação por subportadora. Múltiplas sub-


portadoras de micro-ondas (SC) são moduladas, e o sinal elétrico composto é usado
para modular uma portadora óptica no transmissor (Tx).
Sistemas Multicanal 325

projeto de redes de banda larga. Para a transmissão de múltiplos sinais de


voz, dados e vídeo a um grande número de usuários, podemos usar mo-
dulação analógica ou digital, ou uma combinação das duas. Cada usuário
pode ser servido por uma única subportadora ou o sinal multicanal pode
ser distribuído a todos os usuários, como feito comumente pela indústria
de CATV. A técnica de SCM foi estudada exaustivamente, em função da
grande variedade de aplicações práticas [236]-[239]. Nesta seção, des-
creveremos sistemas SCM analógicos e digitais, com ênfase no projeto e
no desempenho deles.

6.5.1  Sistemas SCM Analógicos e Digitais


Este livro foca principalmente técnicas de modulação digital, pois são em-
pregadas quase que de modo universal para sistemas de ondas luminosas.
Uma exceção ocorre no caso de sistemas SCM projetados para a distribui-
ção de vídeo. Até o ano de 2000, a maioria das redes de CATV distribuía
canais de televisão usando técnicas analógicas baseadas nos formatos de
modulação em frequência (FM) ou de modulação em amplitude com banda
lateral vestigial (AM-VSB − Amplitude Modulation with Vestigial SideBand)
[237]. Como a forma de um sinal analógico deve ser preservada durante
a transmissão, sistemas SCM analógicos requerem alta SBR no receptor e
impõem estritas exigências de linearidade sobre a fonte óptica e o canal
de comunicação.
Em sistemas de ondas luminosas SCM analógicos, cada subportadora
de micro-onda é modulada usando um formato analógico, e se somam as
saídas de todas as subportadoras por meio de um combinador de potência
de micro-ondas (Fig. 6.26). O sinal composto é usado para modular a in-
tensidade de um laser de semicondutor diretamente, somando-o à corrente
de polarização. A potência transmitida pode ser escrita como:
 N 
P (t ) = Pb 1 + ∑ m j a j cos ( 2π f j t + φ j ) , (6.5.1)
 j =1 

sendo Pb a potência de saída no nível de polarização; mj, aj, fj e φj são, res-
pectivamente, o índice de modulação, a amplitude, a frequência e a fase
associadas à j-ésima subportadora de micro-onda; aj, fj ou φj é modulada
para impor o sinal, dependendo se é utilizada modulação AM, FM ou em
fase (PM).
A potência no receptor também seria da forma da Eq. (6.5.1) se o canal
de comunicação fosse perfeitamente linear. Na prática, o sinal analógico é
distorcido durante a transmissão pelo enlace de fibra. A distorção é referida
como distorção de intermodulação (IMD – InterModulation Distortion), e tem
natureza similar à distorção de FWM discutida na Seção 6.3. Qualquer
326 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

não linearidade na resposta do laser de semicondutor usado no transmissor


óptico ou nas características de propagação das fibras gera novas frequências
na forma fi + fj e fi + fj ± fk, algumas das quais caem na largura de banda
de transmissão e distorcem o sinal analógico. As novas frequências são de-
nominadas produtos de intermodulação (IMP − InterModulation Products), que
ainda se subdividem em IMPs de dois tons e IMPs de triplo batimento,
dependendo se duas frequências coincidem ou se as três frequências são
distintas. Os IMPs de triplo batimento tendem a ser uma importante fonte
de distorção, devido a seu grande número. Um sistema SCM de N canais
gera N(N − 1)(N− 2)/2 termos de triplo batimento, e N(N − 1) termos
de dois tons. IMD de segunda ordem também deve ser considerada, caso as
subportadoras ocupem uma grande largura de banda.
A origem de IMD reside em diversos mecanismos não lineares. A res-
posta dinâmica de lasers de semicondutor é governada pelas equações de
taxa (veja a Seção 3.5), que são intrinsecamente não lineares. A solução
dessas equações fornece expressões para os IMPs de segunda e de terceira
ordens que têm origem nessa não linearidade intrínseca. Sua contribuição
é máxima sempre que a frequência de IMP é próxima da frequência da
oscilação de relaxação. Uma segunda fonte de IMD é a não linearidade
da curva potência-corrente. As magnitudes dos resultantes IMPs podem
ser calculadas expandindo a potência de saída em uma série de Taylor
em torno da potência de polarização [237]. Vários outros mecanismos,
como dispersão da fibra, chirp de frequência e ruído de partição modal,
podem causar IMD, e seu impacto em sistemas SCM foi estudado exaus-
tivamente [240].
A degradação de desempenho de sistemas induzida por IMD depende da
interferência entre canais criada pelos IMPs. Dependendo do espaçamento
entre canais das subportadoras de micro-ondas, alguns dos IMPs cairão na
largura de banda de um canal específico, afetando a recuperação do sinal. É
comum introduzir distorção composta de segunda ordem (CSO − Com-
posite Second-Order distortion) e distorção composta de triplo batimento
(CTB − Composite Triple-Beat distortion) adicionando potência a todos os
IMPs que caem na banda passante de um canal específico [237]. Os valores
das distorções CSO e CTB são normalizados em relação à potência da
portadora do canal em questão e expressos em unidades de dBc, em que o
“c” em dBc denota normalização em relação à potência da portadora (carrier).
Tipicamente, para impacto desprezível no desempenho do sistema, os valores
das distorções CSO e CTB devem estar abaixo de −60 dBc; ambos crescem
rapidamente com o aumento do índice de modulação.
O desempenho de um sistema depende da SNR associada ao sinal demo-
dulado. No caso de sistemas SCM, a relação portadora-ruído (CNR − Carrier-to
-Noise Ratio) é comumente utilizada no lugar da SNR. A CNR é definida
Sistemas Multicanal 327

como a razão entre a potência RMS da portadora e a potência RMS de


ruído no receptor, podendo ser escrita como

(mRP )
2
/2
CNR = , (6.5.2)
σ + σ + σ + σ IMD
2
s
2
T
2 2
I

onde m é o índice de modulação, R é a responsividade do receptor e P, a


potência óptica média recebida; σs, σT, σI e σIMD são os valores RMS das
correntes de ruído associadas ao ruído de disparo, ao ruído térmico, ao ruído
de intensidade e à IMD, respectivamente. Expressões para σ s2 e σ T2 são
fornecidas na Seção 4.4.1. É possível obter o valor RMS de σI do ruído de
intensidade da Seção 4.7.2. Se assumirmos que o ruído de intensidade relativa
(RIN) do laser é quase uniforme na largura de banda do receptor, temos:

σ I2 = ( RIN ) ( RP ) ( 2∆f ) .
2

(6.5.3)

O valor RMS de σIMD depende dos valores das distorções CSO e CTB.
Os requisitos de CNR de sistemas SCM dependem do formato de
modulação. No caso do formato AM-VSB, a CNR deve, tipicamente,
exceder 50 dB, para desempenho satisfatório. Valores tão altos podem ser
realizados somente com o aumento da potência óptica recebida P a um
valor relativamente alto (> 0,1 mW). Essta exigência apresenta dois efeitos.
Primeiro, o balanço de potência de sistemas SCM AM analógicos é ex-
tremamente limitado, a menos que a potência do transmissor seja aumentada
acima de 10 mW. Segundo, a contribuição do ruído de intensidade ao ruído
do receptor domina o desempenho do sistema, pois σ I aumenta com o
2

quadrado de P . Na verdade, a CNR se torna independente da potência


óptica recebida quando σI domina. Das Eq. (6.5.2) e (6.5.3), o valor limitado
da CNR é fornecido por:

m2
CNR ≈ . (6.5.4)
4 ( RIN ) ∆f

Como exemplo, para a realização de uma CNR de 50 dB, o RIN do laser


transmissor deve ficar abaixo de −150 dB/Hz, se m = 0,1 e ∆f = 50 MHz
forem usados como valores típicos. É possível tolerar maiores valores de RIN
somente com o aumento do índice de modulação m ou com a diminuição
da largura de banda do receptor. De fato, lasers DFB com baixos valores
de RIN foram desenvolvidos durante a década de 1990 para aplicações de
CATV. Em geral, o laser DFB é polarizado muito acima do limiar, para
prover uma potência de polarização Pb acima de 5 mW, pois o RIN decai
com Pb−3 . Valores elevados da potência de polarização também permitem
um aumento no índice de modulação m.
328 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

O ruído de intensidade pode se tornar um problema quando o laser


transmissor é selecionado com baixo valor de RIN para a obtenção de uma
grande CNR, segundo a Eq. (6.5.4). A razão para isso é o fato de o RIN
poder ser aumentado durante a transmissão do sinal através das fibras ópticas.
Um desses mecanismos está relacionado a múltiplas reflexões entre duas
superfícies refletoras ao longo do enlace de fibra. As duas superfícies refletoras
atuam como um interferômetro FP, que converte o ruído de frequência do
laser em ruído de intensidade. O RIN induzido por reflexões depende da
largura de linha do laser e do espaçamento entre as superfícies refletoras.
É possível evitar o RIN por meio do emprego de componentes de fibra
(emendas e conectores) com desprezível reflexão parasita (< −40 dB) e de
lasers com pequena largura de linha (< 1 MHz). Outro mecanismo que
aumenta o RIN advém da própria fibra dispersiva. Devido à GVD, diferentes
componentes de frequência viajam a velocidades ligeiramente diversas. Em
consequência, flutuações de frequência são convertidas em flutuações de
intensidade durante a transmissão do sinal. O RIN induzido por dispersão
depende da largura de linha do laser e aumenta com o quadrado do com-
primento de fibra. A dispersão da fibra também eleva as distorções CSO e
CTB no caso de longos comprimentos de enlace [237]. Nesse caso, torna-se
necessário o uso de técnicas de gerenciamento de dispersão (Cap. 8) em
sistemas SCM.
As exigências de CNR podem ser relaxadas com a mudança do formato
de modulação de AM para FM. A largura de banda de uma subportadora
FM é consideravelmente maior (30 MHz, em vez de 4 MHz). Contudo, a
necessária CNR no receptor é muito menor (cerca de 16 dB, em vez de
50 dB), em função da chamada vantagem FM, que produz sinais de vídeo
com qualidade de estúdio (SNR > 50 dB) com CNR de apenas 16 dB.
Por conseguinte, a potência óptica requerida no receptor pode ser de apenas
10 mW. O RIN não é um grande problema para esses sistemas, desde que o
valor dele esteja abaixo de −135 dB/Hz. Na verdade, o ruído do receptor
de sistemas FM é, geralmente, dominado pelo ruído térmico. Técnicas de
AM e de FM têm sido usadas com sucesso em sistemas de ondas luminosas
SCM analógicos [237].
Durante a década de 1990, a ênfase de sistemas SCM passou da mo-
dulação analógica para a modulação digital. O formato de chaveamento
por deslocamento de frequência (FSK) foi usado para a modulação de
subportadoras de micro-ondas [236] em 1990, mas seu uso requer detecção
coerente (Seção 4.5). Ademais, um único canal de vídeo digital requer uma
taxa de bits de 100 Mb/s ou mais, em contraste com canais analógicos,
que ocupam uma largura de banda de apenas 6 MHz. Por essa razão, ou-
tros formatos de modulação foram explorados, como AM em quadratura
(QAM – Quadrature AM) e PSK em quadratura (QPSK – Quadrature PSK).
Sistemas Multicanal 329

Um formato QAM de múltiplos níveis é em geral empregado na prática –


tipicamente, com 64 níveis. Um sinal desse tipo requer menor CNR do que
o de sistemas AM-VSB analógicos. A capacidade de um sistema SCM pode
ser consideravelmente aumentada com o emprego de técnicas híbridas, que
mesclam formatos de modulação analógicos e digitais.
O sistema SCM híbrido que combina o formato analógico AM-VSB
com o formato digital QAM despertou interesse por ser capaz de transmitir
simultaneamente um grande número de canais de vídeo por uma mesma
fibra [238]. O desempenho desse tipo de sistema é afetado por ruído de
recorte (clipping), múltiplas reflexões ópticas e por mecanismos não lineares,
como automodulação de fase (SPM) e SBS, que limitam a potência total e
o número de canais que podem ser multiplexados. Não obstante, sistemas
SCM híbridos são capazes de transportar até 80 canais analógicos e 30 canais
digitais, usando um único transmissor óptico. Se apenas o formato QAM for
empregado, o número de canais digitais se limita a cerca de 80. Em um ex-
perimento de 2000, 78 canais no formato QAM-64 foram transmitidos por
740 km [239]. Cada canal apresentava taxa de bits de 30 Mb/s, resultando
em uma capacidade total de 2,34 Gb/s. Tal sistema SCM pode transportar
até 500 canais de vídeo comprimido. É possível realizar aumento adicional
da capacidade do sistema por meio da combinação das técnicas de SCM e
WDM, tópico discutido a seguir.

6.5.2  Sistemas SCM de Múltiplos Comprimentos de Onda


A combinação de WDM e SCM provê o potencial para o projeto de redes
ópticas passivas de banda larga com capacidade de fornecer serviços integra-
dos (vídeo, dados etc.) a um grande número de assinantes [241]-[247]. Nessa
abordagem, ilustrada esquematicamente na Figura 6.27, múltiplas portadoras
ópticas são lançadas em uma mesma fibra óptica por meio da técnica de
WDM. Cada portadora óptica transporta múltiplos canais SCM utilizando
várias subportadoras de micro-ondas. É possível mesclar sinais analógicos

Figura 6.27  Alocação de frequência em uma rede SCM de múltiplos comprimentos


de onda.
330 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

e digitais por meio de diferentes subportadoras ou diferentes portadoras


ópticas. Tais redes são extremamente flexíveis e a capacidade delas pode ser
aumentada com facilidade, de acordo com o crescimento da demanda. Em
1990, 16 lasers DFB – com 2 nm de espaçamento entre comprimentos de
onda na região de 1,55 mm – foram modulados com 100 canais de vídeo
analógicos e seis canais digitais de 622 Mb/s [242]. Os canais de vídeo foram
multiplexados por meio da técnica de SCM, de modo que um laser DFB
transportava 10 canais SCM na largura de banda de 300−700 MHz. O
potencial de tais sistemas WDM foi demonstrado em um experimento de
2000, em que uma rede de difusão-seleção foi capaz de entregar 10.000
canais, cada um operando a 20 Gb/s [243]. A rede usava 32 comprimentos de
onda (na grade da UIT) e cada um podia transportar 310 subportadoras
de micro-ondas, com modulação a uma taxa de bits composta de 20 Gb/s.
Em um experimento de 2002, 8 canais WDM foram transmitidos por
800 km de fibra [245]. Cada canal óptico entregava uma carga (payload) de
1,04 Gb/s usando 35 subportadoras, cada uma transportando um sinal
de 32,2 Mb/s no formato QAM-256.
O fator limitante para redes SCM de múltiplos comprimentos de onda
é a interferência entre canais que resulta de processos lineares e não lineares
[248]-[252]. OS efeitos não lineares que produzem interferência entre canais
são SRS e XPM, já analisados. A Figura 6.28 mostra a interferência medida
em um experimento com dois canais, assim como a predição teórica dos
níveis de interferência induzidos por SRS e XPM [249]. Um canal é modu-
lado e transporta o sinal, enquanto o outro opera em modo contínuo (CW),
mas sua potência é suficientemente baixa para que atue como uma sonda.
Nos dois casos exibidos na Figura 6.28, a diferença entre os comprimentos
de onda lmod − lCW é ≠ 8,5 nm. A potência da sonda varia com o tempo
devido aos efeitos de SRS e XPM; a interferência é definida como a razão

Figura 6.28  Interferências predita e medida em 25 km de fibra, com 11 mW de potência


média. O laser CW atua como sonda e seu comprimento de onda é de 8,5 nm (a) menor
ou (b) maior do que o comprimento de sinal. (Após a Ref. [249]; ©1999 IEEE; reimpresso
com permissão.)
Sistemas Multicanal 331

entre as potências de radiofrequência (RF) nos dois canais. A interferência


induzida por XPM aumenta e a induzida por espalhamento Raman diminui
com a frequência de modulação; contudo, a amplitude de cada uma é a
mesma nos dois casos mostrados na Figura 6.28. As duas interferências se
somam em fase somente quando lmod < lCW, resultando em um maior valor
da interferência total nesse caso. A assimetria vista na Figura 6.28 advém de
SRS e depende de o canal-sonda CW sofrer depleção ou amplificação
de potência pelo outro canal.
A interferência linear resulta do fenômeno de interferência por batimento
óptico, e ocorre quando dois ou mais usuários transmitem simultaneamente
no mesmo canal óptico usando diferentes frequências subportadoras. Como
as frequências das portadoras ópticas são ligeiramente diferentes, o batimento
das duas produz uma nota de batimento na fotocorrente. Se a frequência
da nota de batimento se sobrepuser à de um canal de subportadora ativo,
um sinal de interferência limitará o processo de detecção de modo similar
ao de IMD. Modelos estatísticos foram usados para estimar a probabilidade
de indisponibilidade de canal em função da interferência de batimento
óptico [50].
Sistemas SCM de múltiplos comprimentos de onda são muito úteis
para aplicações de LAN ou MAN [241].Tais sistemas são capazes de prover
múltiplos serviços (telefonia, canais de TV analógicos e digitais, dados de
computadores etc.) com apenas um transmissor óptico e um receptor óptico
por usuário, pois diferentes serviços podem usar diferentes subportadoras de
micro-ondas. Essa abordagem reduz o custo de equipamentos terminais em
redes de acesso. Diferentes serviços podem ser oferecidos sem a necessidade
de sincronização, e é possível processar subportadoras de micro-ondas usando
componentes eletrônicos comerciais. A cada usuário é alocado um com-
primento de onda individual para a transmissão de múltiplas mensagens de
SCM, mas cada usuário pode receber múltiplos comprimentos de onda. A
principal vantagem de SCM de múltiplos comprimentos de onda é a rede
poder servir NM usuários, sendo N o número de comprimentos de onda e
M o número de subportadoras de micro-ondas, usando apenas N distintos
comprimentos de onda de transmissão. Os comprimentos de onda ópticos
podem ter espaçamento relativamente grande (WDM esparso), para redução
de custos do equipamento terminal. Em outra abordagem, a tecnologia hí-
brida fibra/coaxial (HFC) é utilizada a fim de prover serviços integrados de
banda larga ao assinante. Sistemas de transporte de vídeo digital operando em
10 Gb/s, combinando as técnicas de WDM e SCM, tornaram-se disponíveis
em 1996. O uso de WDM e SCM para redes de comunicação pessoal é
bastante atraente. Uma arquitetura de múltiplos usuários foi demonstrada
em 2008, com capacidade de entregar um sinal SCM de 1 Gb/s por canal
WDM no formato QAM-16 [253].
332 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

6.5.3  Multiplexação por Divisão em Frequências Ortogonais


Multiplexação por divisão em frequências ortogonais (OFDM − Orthogonal
Frequency-Division Multiplexing) é uma técnica de multiplexação muito co-
nhecida no contexto de telefonia celular e outras aplicações sem fio [254]-
[256]. Seu uso em sistemas WDM, perseguido desde 2005, cai na categoria
de sistemas SCM, pois OFDM, pela própria natureza, emprega um grande
número de subportadoras de micro-ondas. A principal diferença em relação
à técnica de SCM discutida anteriormente nesta seção é a ortogonalidade
dessas subportadoras, característica que permite um espaçamento muito
menor entre elas, aumentando consideravelmente a eficiência espectral.
O conceito de OFDM é baseado na operação de transformada de Fourier
discreta (DFT − Discrete Fourier Transform) [257]-[261]. A Figura 6.29 mostra,
esquematicamente, as configurações de típicos transmissores e receptores
de OFDM. Como visto na figura, a sequência de bits elétricos passa por
considerável processamento de sinal digital (DSP), tanto no lado do trans-
missor como no lado do receptor. A parte mais importante são as operações
de DFT e de DFT inversa (IDFT). No lado do transmissor, dados seriais são
paralelizados (operação S/P) e convertidos em uma sequência de símbolos.
O número N de sequências paralelas é escolhido na forma N = 2n para que a
operação de DFT inversa ocorra com ajuda do algoritmo de transformada de
Fourier rápida (FFT − Fast Fourier Transform), com o inteiro n tipicamente na
fixa de 6 a 10. Após a operação de IDFT, cada sequência paralela representa

Figura 6.29  Diagramas em bloco de configurações de transmissores e receptores de


OFDM. LPF, BPF e LO designam filtro passa-baixas, filtro passa faixa e oscilador local, res-
pectivamente. Outros símbolos são explicados no texto. (Após a Ref. [260]; ©2008 OSA.)
Sistemas Multicanal 333

uma subportadora de micro-onda. Após a inserção de um prefixo cíclico ou


de uma banda de guarda (operação GI – Guardband Insertion), um conversor
digital-analógico (operação D/A) é empregado para obter um sinal composto
que contém todas as subportadoras. Depois de elevar as frequências de sinal por
fLO por meio de um oscilador de micro-onda (LO1), o sinal adquire a forma
∞ N
s (t ) = ∑ ∑ c km sk (t − mTs ) , sk (t ) = h (t ) exp [−2π i ( f LO + f k ) t ] , (6.5.5)
m =−∞ k =1

em que sk(t) representa a k-ésima subportadora na frequência fLO + fk, TS


é a duração do símbolo de OFDM; h(t) = 1 no intervalo 0 < t ≤ TS, e
zero fora desse intervalo. Esse sinal composto é usado para modular uma
portadora óptica em uma frequência específica na grade da UIT. No lado
do receptor, todas as operações são invertidas para recuperar a original
sequência de bits de dados.
Para entender a origem da ortogonalidade das subportadoras, notemos,
primeiro, que as frequências de DFT associadas a uma função periódica
variante no tempo (de período TS) são fornecidas por fk = (k − 1)/TS, em
que o inteiro k assume valores de 1 a N. As subportadoras formam, então,
um pente de frequências uniformemente espaçadas. A ortogonalidade das
subportadoras segue da relação
1

Ts
sk (t ) sl* (t ) = sk (t ) sl* (t ) dt = δkl , (6.5.6)
Ts 0

em que os colchetes angulares denotam média em toda a duração do símbo-


lo de OFDM. É importante ressaltar que TS = NTb, sendo Tb o bit slot, pois
a sequência de bits de entrada é dividida em N sequências paralelas. Como
N, em geral, é maior do que 100 e pode ser próximo de 1.000, TS é muito
maior do que Tb. Em outras palavras, a taxa de símbolos de cada subportadora
é B/N. A técnica de OFDM permite o envio de uma sequência de bits de
entrada na forma de N sequências de símbolos, cada uma em sua própria
subportadora. Os espectros de duas sequências de símbolos adjacentes se
sobrepõem de forma considerável. Contudo, ainda podem ser demoduladas
no receptor, devido à ortogonalidade dessas subportadoras.
Uma importante vantagem da técnica de OFDM é que distorções lineares
do sinal transmitido, incluindo as induzidas pela dispersão da fibra, são dramati-
camente reduzidas, pois muitas sequências de símbolos de baixa velocidade são
transmitidas em paralelo, em vez de uma sequência de bits de alta velocidade.
Isso se torna evidente ao observarmos que, como a duração de um símbolo
de cada subportadora é muito maior do que a duração de um bit, efeitos dis-
persivos são um problema menor e podem ser removidos com facilidade no
lado do receptor se um prefixo cíclico for adicionado a cada símbolo. Nessa
334 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

abordagem, a duração de símbolo TS é aumentada por certa quantidade, e


utiliza-se essa banda de guarda frontal a fim de armazenar uma cópia do sinal
da parte posterior, de modo cíclico. Embora o aumento de TS reduza a taxa
de símbolos de cada subportadora, resultando em uma diminuição líquida da
taxa de bits total, o sistema OFDM se torna mais resistente à interferência
entre símbolos induzida por distorções lineares [257]-[261].
A natureza tolerante à dispersão de OFDM foi demonstrada em um ex-
perimento de 2007, em que foi transmitida uma sequência de bits de 8 Gb/s
usando 128 subportadoras com o formato QPSK [257]. O resultante sinal
OFDM óptico pôde ser transmitido por 1000 km de fibra de telecomunicação
padrão (na forma de um anel recirculante de fibra), sem requerer qualquer
compensação de dispersão. Esse experimento empregou dois lasers de banda es-
treita (um no transmissor e outro no receptor), com larguras de linha da ordem
de 20 kHz. Lasers de banda estreita são necessários por causa da relativamente
baixa taxa de símbolos de subportadoras e da detecção coerente empregada
para elas. Uma distância de transmissão de 4.160 km, à taxa de bits de 25,8 Gb/s,
foi realizada em outro experimento de OFDM, em que se utilizaram 256 sub-
portadoras [259]. O experimento implementou um esquema de compensação
de ruído de fase com a inserção de uma radiofrequência-piloto no transmissor.
Esse esquema de compensação é discutido posteriormente, na Seção 10.6.4, em
que focamos sistemas OFDM coerentes. Interferência não linear resultante de
FWM se torna bastante crítica para sistemas OFDM, devido ao relativamente
pequeno espaçamento de frequência entre as subportadoras. Contudo, com
apropriada modificação de hardware de DSP existente, tais distorções podem
ser consideravelmente reduzidas com uma combinação de pré-compensação
e pós-compensação nos lados do transmissor e do receptor [258].

6.6  MULTIPLEXAÇÃO POR DIVISÃO EM CÓDIGOS


Um esquema de multiplexação bastante conhecido no domínio de comunicação
sem fio utiliza a técnica de espalhamento espectral [262]. Esse esquema é denominado
multiplexação por divisão em códigos (CDM − Code-Division Multiplexing), pois
cada canal é codificado de tal forma que seu espectro se espalha por uma região
muito mais larga do que a ocupada pelo sinal original [263]. Embora, do ponto
de vista espectral, o espalhamento espectral pareça contraprodutivo, esse não
é o caso, pois todos os usuários compartilham o mesmo espectro. Na verdade,
CDM é comumente usada na telefonia celular, pois provê máxima flexibilidade
em um ambiente de múltiplos usuários. E, também, é relativamente segura, pois
é difícil interferir com o sinal ou interceptá-lo, dada sua natureza codificada.
O termo múltiplo acesso por divisão em código (CDMA − Code-Division Multiple
Access) é empregado com frequência no lugar de CDM para enfatizar a natureza
assíncrona e aleatória das conexões multiusuário.
Sistemas Multicanal 335

Embora o uso de CDMA para comunicação por fibra óptica tenha


despertrado interesse durante a década de 1980 [264]-[266], somente após
1995 CMD óptico (OCDM) foi explorado com seriedade [267]-[286]. Essa
técnica pode ser combinada com facilidade à de WDM. Conceitualmente, a
diferença entre WDM, TDM e CDM pode ser entendida como explicado
a seguir. As técnicas de WDM e TDM repartem a largura de banda de
canal ou as janelas temporais entre os usuários. Em contraste, no caso
de CDM, todos os usuários compartilham toda a largura de banda e todas
as janelas temporais de forma aleatória. Os dados transmitidos ainda podem
ser recuperados devido à natureza ortogonal dos códigos empregados. Nesse
sentido, CDM é similar à técnica de OFDM discutida anteriormente [255].
Os novos componentes necessários a qualquer sistema SCM são o codifi-
cador e o decodificador, posicionados nos lados do transmissor e do receptor,
respectivamente. Por meio de um código individual, o codificador espalha o
espectro do sinal em um intervalo muito maior do que a mínima largura de
banda requerida para a transmissão. O decodificador usa o mesmo código
para comprimir o espectro do sinal e recuperar os dados. É possível utilizar
diversos métodos para a codificação, dependendo se esta é feita no domínio
do tempo, no domínio espectral ou em ambos. Os códigos empregados são
designados como bidimensionais quando envolvem o tempo e a frequência.
Códigos do domínio do tempo incluem codificação em sequência direta
e salto no tempo. Códigos espectrais podem ser implementados usando
a amplitude ou a fase de várias componentes espectrais. Nesta seção, dis-
cutiremos alguns esquemas de codificação usados em experimentos recentes.

6.6.1  Codificação no Domínio do Tempo


A Figura 6.30 mostra um exemplo de codificação no domínio do tempo
para sistemas ópticos CDMA. Cada bit de dado é codificado usando uma
sequência de assinatura que consiste em um grande número, digamos M,

Figura 6.30  Codificação de dados binários em sistemas CDM usando uma sequência
de assinatura na forma de um código de 7 chips.
336 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

de bits curtos, chamados de “chips”, herdando a terminologia usada na


tecnologia sem fio (no exemplo considerado, M = 7). A efetiva taxa de bits
(ou taxa de chips) aumenta por um fator M, devido à codificação. O es-
pectro do sinal é espalhado em uma região muito mais larga, relacionada à
largura de banda de cada chip. Por exemplo, o espectro do sinal é alargado
por um fator de 64, se M = 64. Obviamente, a mesma largura espectral é
utilizada por muitos usuários, que são distinguidos com base nas diferentes
sequências de assinatura a eles alocadas. A recuperação de sinais individuais
que compartilham a mesma largura de banda requer que as sequências de as-
sinatura venham de uma família de códigos ortogonais. A natureza ortogonal
desses códigos assegura que cada sinal seja decodificado com precisão no lado
do receptor [271]. Os transmissores são capazes de transmitir mensagens em
tempos arbitrários. O receptor recupera as mensagens decodificando o sinal
recebido, usando a mesma sequência de assinatura empregada no transmissor.
A decodificação é efetuada por meio de uma técnica de correlação óptica.
Os codificadores para a codificação da sequência de assinatura usam,
tipicamente, um esquema de linha de retardo [264] que, à primeira vista,
parece similar ao ilustrado na Figura 6.24 para a multiplexação de vários ca-
nais OFDM. A principal diferença é que um único modulador, posicionado
após o laser, impõe os dados no trem de pulsos. O resultante trem de pulsos
é dividido em diversos ramos (em número igual ao de chips de codificação),
e utilizam-se linhas de retardo ópticas para codificar o canal. No lado do
receptor, o decodificador consiste em linhas de retardo na ordem inversa
(detecção por filtro casado), de modo a produzir um pico na saída de corre-
lação sempre que o código do usuário casar a sequência de chips temporais
no sinal recebido. Padrões de chip de outros usuários também produzem
um pico por correlação cruzada, mas a amplitude desse pico é menor do
que o pico de autocorrelação produzido quando o padrão de chip é casado
exatamente. Um arranjo de grades de difração de Bragg − projetadas com
idênticas bandas de rejeição, mas com diferentes refletâncias – também
pode funcionar com codificador e decodificador [270]. Diferentes grades
de difração introduzem diferentes retardos, dependendo de suas posições
relativas, e produzem uma versão codificada do sinal. Tais dispositivos ba-
seados em grades de difração possibilitam a realização de codificadores e
decodificadores na forma de um compacto dispositivo totalmente de fibra
(excetuando o circulador óptico necessário para lançar o sinal codificado
refletido na linha de transmissão).
O trem de pulsos CDM, que consiste em chips 0 e 1, está sujeito a dois
problemas. Primeiro, apenas códigos unipolares podem ser usados, simples-
mente porque a intensidade ou potência óptica não pode ser negativa. O
número desse tipo de código em uma família de códigos ortogonais não
é, em geral, muito grande, a menos que o comprimento do código seja
Sistemas Multicanal 337

aumentado para mais de 100 chips. Segundo, a função de correlação cruzada


de códigos unipolares é relativamente alta, o que faz com que a probabilidade de
um erro também seja alta. É possível resolver esses dois problemas se a fase
óptica, em vez da amplitude, for usada para a codificação. Tais esquemas
estão em exploração e pertencem a CDMA coerente [286]. Uma van-
tagem de CDMA coerente é que muitas famílias de códigos ortogonais
bipolares – desenvolvidos para sistemas sem fio (wireless) e consistindo em
chips 1 e −1 – podem ser empregadas no domínio óptico. Quando uma
fonte de laser CW é usada em combinação com um modulador de fase, a
detecção coerente requer outro laser CW (oscilador local) no receptor (veja
a Seção 4.5). Contudo, se pulsos ópticos ultracurtos forem utilizados como
chips, cuja fase seja deslocada por π em slots de chips que correspondem a
−1 no código, é possível decodificar o sinal sem usar detecção coerente.
Em um experimento de 2001, um sistema de CDMA coerente foi capaz
de recuperar um sinal de 2,5 Gb/s transmitido usando um código de 64
chips [274]. Uma grade de difração amostrada em fibra foi utilizada para
codificação e decodificação dos dados. Essa grade de difração consistia em
um arranjo de grades de difração menores e igualmente espaçadas, de modo
que um único pulso fosse dividido em múltiplos chips durante a reflexão.
Ademais, a fase de chips pré-selecionados podia ser alterada de π, a fim de
que se convertesse cada pulso refletido em um trem de chips codificados em
fase. O decodificador consistia em uma grade de difração casada, de forma
que, para o bit de sinal, o sinal refletido fosse convertido em um único pulso
por meio de autocorrelação (interferência construtiva), enquanto que, para
sinais pertencentes a outros canais, a correlação cruzada ou interferência
destrutiva não produzia qualquer sinal. O experimento usou um NOLM
(o mesmo dispositivo empregado para a demultiplexação de canais OTDM
na Seção 6.4), para otimizar o desempenho do sistema. O NOLM deixava
passar os picos de alta intensidade da autocorrelação e bloqueava os picos de
baixa intensidade da correlação cruzada. O receptor foi capaz de decodificar
a sequência de bits de 2,5 Gb/s a partir do trem de pulsos de 160 Gchip/s
com menos de 3 dB de penalidade, a uma BER menor do que 10−9. Em
2002, essa abordagem foi empregada na demonstração de um sistema WDM
de quatro canais que empregava OCDM com 255 chips e codificação de
fase quaternária, a uma taxa de chips de 320 Gchips/2 [275].

6.6.2  Codificação no Domínio da Frequência


Codificação espectral envolve modificações da amplitude ou da fase de
várias componentes espectrais de um pulso curto, segundo um código
preestabelecido. Codificação de fase despertou mais interesse, sendo imple-
mentada em diversos experimentos e testes de campo [278]-[283]. É possível
realizar essa técnica por meio de diferentes esquemas. Uma abordagem de
338 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

Figura 6.31  Ilustração de um codificador de CDMA para codificação de fase espectral. LC


e SLPM significam cristal líquido e modulador espacial de fase de luz, respectivamente.
(Após a Ref. [279]; ©2005 IEEE; reimpresso com permissão.)

óptica de volume (bulk-optics), ilustrada esquematicamente na Figura 6.31,


emprega uma grade de difração com um modulador espacial de fase de
luz (SLPM − Spatial Light-Phase Modulator) refletivo de cristal líquido
(LC − Liquid Crystal). A grade de difração difrata componentes espectrais
em diferentes direções, e o SLPM altera as fases delas segundo um código
preestabelecido. Se for empregada codificação binária com valores de fase
0 e π, o SLPM simplesmente aplica uma defasagem π à fase de algumas
componentes espectrais selecionadas por código [279]. A mesma grade de
difração combina todas as componentes espectrais durante o percurso
de retorno, e um circulador direciona o pulso óptico espectralmente codi-
ficado e temporariamente alargado à sua porta de saída.
O codificador ilustrado na Figura 6.31 não é prático para sistemas reais,
devido à natureza volumosa. Em função disso, várias versões integradas foram
desenvolvidas. Em um experimento [281], o codificador de fase espectral
consistia em múltiplos ressoadores em microanel acoplados a dois guias de
onda (ou barramentos) de entrada e saída, como ilustrado esquematicamente
na Figura 6.32(a). Cada conjunto de quatro ressoadores em microanel (com
diâmetro ∼0,1 mm) foi projetado para transferir um específico comprimento
de onda do barramento de entrada para o de saída. Múltiplos defasadores
termo-ópticos são usados para alterar a fase de várias componentes espec-
trais de 0 para π, dependendo do código empregado; os defasadores também
funcionam como filtros passa faixa. Para implementar um código de 8 chips,
o experimento de 2006 usou 8 frequências em uma grade de frequências
espaçadas de 10 GHz, e distribuiu sinais de 5 Gb/s a seis usuários, com
eficiência espectral de 0,375 b/s/Hz. Em um teste de campo de 2007 [283],
o codificador de fase espectral, ilustrado esquematicamente na Figura 6.32(b),
empregou moduladores de fase entre dois AWGs, que dividiam o espetro de
pulsos de 0,7 ps em 63 partes e, depois de impostas as defasagens exigidas pelo
código CDMA, combinava essas partes. O mesmo dispositivo foi utilizado
Sistemas Multicanal 339

Figura 6.32  Codificadores de fase espectral integrados baseados em (a) ressoadores


em microanel e (b) AWGs com moduladores de fase. (Após a Ref. [281]; ©2006 IEEE;
­reimpresso com permissão.)

como decodificador no lado do receptor, com defasagens complementares


que uniformizavam a fase óptica em todo o espectro do pulso.

6.6.3  Saltos de Frequência


É possível, também, realizar espalhamento espectral com a técnica de saltos
de frequência, em que a frequência da portadora é deslocada periodicamente,
segundo um código preestabelecido [267]. A situação é distinta da de WDM,
pois uma frequência fixa não é alocada a um dado canal. Em vez disso, todos
os canais compartilham toda a largura de banda, usando diferentes frequências
portadoras em diferentes janelas temporais, segundo um código bidimen-
sional. O resultante sinal codificado espectralmente pode ser representado
na forma de uma matriz, como ilustrado esquematicamente na Figura 6.33.

Figura 6.33  Saltos de frequência em sistemas de ondas luminosas CDMA. Os quadrados


preenchidos mostram frequências para diferentes janelas temporais. Uma específica
sequência de saltos de frequência (3, 2, 0, 5, 1, 4) é mostrada.
340 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

As linhas da matriz correspondem às frequências alocadas e as colunas, às


janelas temporais. O elemento mij da matriz é igual a 1 se, e somente se,
a frequência wi for transmitida no intervalo tj. A diferentes usuários são
alocados diferentes padrões (ou códigos) de saltos de frequência, para as-
segurar que dois usuários não transmitam na mesma frequência, na mesma
janela temporal. As sequências de código que satisfazem essa propriedade
são denominadas códigos ortogonais. No caso de transmissão assíncrona,
não é possível garantir completa ortogonalidade. Tais esquemas utilizam
códigos pseudo-ortogonais, com máxima autocorrelação e mínima cor-
relação cruzada para assegurar a menor BER possível. Em geral, a BER
desses sistemas CDMA permanece relativamente alta (tipicamente, > 10−6),
mas pode ser otimizada com o emprego de um esquema de correção de
erro à frente.
Salto de frequência em sistemas de ondas luminosas CDMA requer
rápida alteração da frequência portadora. É difícil construir lasers de se-
micondutor sintonizáveis cujo comprimento de onda seja modificado em
uma larga faixa, em uma escala de tempo de nanossegundos. Uma pos-
sibilidade consiste em forçar saltos de frequência de uma subportadora de
micro-ondas e, então, usar a técnica de SCM para a transmissão do sinal
CDM. Essa abordagem apresenta a vantagem de a codificação ser feita no
domínio elétrico, o que permite a utilização de existentes componentes
comerciais de micro-ondas.
Diversas técnicas totalmente ópticas foram desenvolvidas para
a implementação de saltos de frequência, e podem ser classificadas
como coerentes ou incoerentes, dependendo do tipo de fonte óptica
usada para o sistemas CDMA. No caso de CDMA incoerente, uma
fonte óptica de banda larga − como um LED (ou a emissão espontâ-
nea de um amplificador a fibra) − é usada em combinação com um
filtro óptico de múltiplos picos (como um AWG) para criar saídas de
múltiplos comprimentos de onda [267]. Comutadores ópticos são,
então, empregados para selecionar diferentes comprimentos de onda
para os slots de chips. Essa técnica também pode ser usada para criar
multiplexadores de adição e extração para CDMA [239]. Um arranjo
de grades de difração de fibra com diferentes comprimentos de onda
de Bragg também pode ser utilizado para codificação e decodificação
espectrais. Uma única grade de difração de Moiré com chirp pode
substituir o arranjo de grades de difração, pois, nesse tipo de grade
de fibra, diversas grades de difração são escritas em uma mesma po-
sição [57]. Um experimento de 2000 utilizou várias grades de di-
fração de Moiré a fim de demonstrar a recuperação de canais CDMA
de 622 Mb/s [272]. Uma versão integrada de codificadores CDMA,
baseada em AWGs de sílica sobre silício, também foi desenvolvida
Sistemas Multicanal 341

[277]. Nesse dispositivo, linhas de retardo variáveis foram incorporadas


entre dois AWGs.
Em outra abordagem, denominada multiplexação coerente [268], uma
fonte óptica de banda larga é usada em combinação com um interfe-
rômetro MZ desbalanceado que introduz um retardo maior do que
o tempo de coerência em um de seus ramos. Tais sistemas CDMA
baseiam-se em coerência para discriminar canais e são severamente
afetados pelo ruído de batimento óptico. Em uma demonstração dessa
técnica, quatro canais de 1 Gb/s foram multiplexados. A fonte óptica
era um SOA operando abaixo do limiar de laser, de modo que sua saída
possuía largura de banda de 17 nm. Uma técnica de detecção diferencial
foi utilizada para reduzir o impacto do ruído de batimento óptico. De
fato, é possível alcançar uma taxa de erro menor do que 10−9 com uso
de detecção diferencial, mesmo quando todos os quatro canais operavam
simultaneamente.
Sistemas CDMA coerentes projetados com codificação espectral têm
uma vantagem distinta, no sentido de que o sinal CDMA pode ser superpos-
to a um sinal WDM, de modo que os dois sinais ocupem a mesma largura
de banda. A Figura 6.34 mostra, esquematicamente, o funcionamento de
um sistema híbrido [273]. O espectro do sinal recebido consiste em um
fundo CDMA de banda larga e múltiplos picos agudos de banda estreita
que correspondem aos vários canais WDM. O fundo CDMA não afeta
a detecção dos canais WDM, devido à sua baixa amplitude. O receptor
CDMA emprega um filtro rejeita faixa de banda estreita para remover o
sinal WDM antes de decodifica-lo. O esquema híbrido WDM-CDMA é
espectralmente eficiente, pois utiliza a largura de banda ociosa em torno
de cada canal WDM.

Figura 6.34  Receptor para um sistema híbrido WDM-CDMA que compartilha a mes-
ma largura de banda espectral. Um filtro rejeita faixa de banda estreita é usado no
decodificador para remover o sinal WDM. (Após a Ref. [273]; ©2001 IEEE; reimpresso
com permissão.)
342 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

Sistemas WDM em que cada canal é transmitido usando CDM são de


considerável interesse. Nesse caso, a eficiência espectral é especialmente
valiosa, pois a largura de banda do sinal CDM não deve exceder o es-
paçamento entre canais. Em um experimento de 2002, eficiência espec-
tral de 1,6 (b/s)/Hz e uma capacidade de 6,4 Tb/s foram realizadas na
banda C apenas com o emprego da combinação das técnicas de CDMA
e WDM [276]. Esse sistema utilizou o formato QPSK para codificação
óptica e decodificação com amostragem temporal óptica ultrarrápida.
Em 2009, um teste de campo demonstrou operação bem-sucedida de
um sistema WDM-CDMA capaz de distribuir sinais de 10 Gb/s a oito
usuários simultâneos, por mais de 100 km, empregando codificadores de
16 chips e decodificadores baseados em grades de difração amostradas
em fibra [286].

Exercícios
6.1 Fibras secas têm perdas aceitáveis em uma região espectral que se
estende de 1,3 a 1,6 mm. Estime a capacidade de um sistema WDM
que cobre toda essa região usando canais de 40 Gb/s espaçados por
50 GHz.
6.2 As bandas espectrais C e L cobrem a região de comprimentos de
onda entre 1,53 e 1,61 m. Quantos canais podem ser transmitidos
por WDM quando o espaçamento entre canais é de 25 GHz? Qual
é o efetivo produto taxa de bits-distância quando um sinal WDM
que cobre as duas bandas com sinais de 10 Gb/s é transmitido por
2000 km?
6.3 Uma estrela difusora 128 × 128 é feita com acopladores direcionais
2 × 2, cada um com perda de inserção de 0,2 dB. Cada canal transmite 1
mW de potência média e requer 1 mW de potência recebida média para
operação em 1 Gb/s. Qual a máxima distância de transmissão
para cada canal? Assuma uma perda de 0,25 dB no cabo de fibra e
uma perda de 3 dB em conectores e emendas.
6.4 Um filtro Fabry-Perot de comprimento L tem a mesma refletividade R
nos dois espelhos. Deduza uma expressão para o espectro transmitido
T(ν), considerando múltiplos percursos de ida e volta no interior da
cavidade preenchida com ar. Use essa expressão para mostrar que a
finesse é dada por F = π R / (1 − R ) .
6.5 Um filtro Fabry-Perot é usado para selecionar 100 canais espaçados
por 0,2 nm. Quais devem ser o comprimento e as refletividades do
filtro? Assuma uma taxa de bits de 10 Gb/s, índice de refração de 1,5
e comprimento de onda de operação de 1,55 mm.
6.6 A ação de um acoplador de fibra é governada pela equação ma-
tricial Eout = TEin, em que T é a matriz de transferência 2 × 2 e
E, um vetor-coluna cujas componentes representam os campos de
entrada (ou de saída) nas duas portas. Assumindo que a potência
Sistemas Multicanal 343

total seja preservada, mostre que a matriz de transferência T é


dada por:
 1− f i f 
T= 
 i f 1 − f 

sendo f a fração da potência transferida à porta cruzada.
6.7 Explique o funcionamento de um interferômetro de Mach-Zehnder.
Prove que a transmissão por meio de uma cadeia de M interferômetros

M
é fornecida por T (v ) = cos 2 ( π vτ m ) , em que τm é o retardo
m =1
relativo. Use o resultado do exercício anterior para a matriz de trans-
ferência de um acoplador de fibra de 3 dB.
6.8 Considere um acoplador de fibra com a matriz de transferência dada
no Exercício 8.6. As duas portas de saída do acoplador são combinadas
para formar uma malha de comprimento L. Determine uma expressão para
a transmitância da malha de fibra. O que acontece quando o aco-
plador divide a potência de entrada igualmente? Dê uma explicação
física.
6.9 O coeficiente de reflexão de uma grade de difração de fibra de com-
primento L é dado por:

iκ sin ( qL )
r g (δ ) =
q cos ( qL ) − iδ sin ( qL )

em que q2 = d2 − k2, d = (w - wB)(ñ)/c é a dissintonia da frequência


de Bragg wB, e k é o coeficiente de acoplamento. Faça um gráfico do
espectro da refletância, usando k = 8 cm1, ñ= 1,45 e um comprimento
de onda de Bragg de 1,55 mm, para L = 3, 5 e 8 mm. Nos três casos,
estime a largura de banda da grade de difração em GHz.
6.10 Você recebeu dez acopladores de fibra de 3 dB. Projete um demulti-
plexador 4 × 4 com o menor número possível de acopladores.
6.11 Explique como um arranjo de guias de onda planares pode ser usado
para demultiplexar canais WDM. Use os diagramas que achar neces-
sário.
6.12 Use um acoplador de fibra monomodo e duas grades de difração
de fibra para projetar um filtro de adição e extração. Explique o
funcionamento desse dispositivo.
6.13 Use um roteador baseado em grade de difração de guia de onda para
projetar um transmissor integrado WDM. Como o projeto deve ser
alterado para um receptor WDM?
6.14 O que significa interferência linear na banda? Deduza uma expressão
para a penalidade de potência induzida por tal interferência no caso
de um roteador baseado em grade de difração de guia de onda.
6.15 Explique como espalhamento estimulado Raman pode causar
interferência em sistemas de ondas luminosas multicanal. Deduza a
344 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

Eq. (6.3.10), depois de aproximar o espectro de ganho Raman por


um perfil triangular.
6.16 Resolva o conjunto de M equações na Eq. (6.3.11) e mostre que as
potências dos canais são dadas pela Eq. (6.3.12).
6.17 Deduza a Eq. (6.3.14) levando em conta a alteração de fase não linear
induzida por automodulação de fase e por modulação de fase cruzada.
6.18 Resolva a Eq. (6.3.16) e mostre que a eficiência de FWM é fornecida
pela Eq. (6.3.18). Estime o valor da eficiência de FWM para 50 km
de uma fibra com a = 0,2 dB/km e b2 = − 1 ps2/km, assumindo
50 GHz de espaçamento entre canais.
6.19 Deduza uma expressão para a CNR de sistemas de ondas luminosas
analógicos, incluindo ruído térmico, ruído de disparo e ruído de in-
tensidade. Mostre que, em altos níveis de potência, a CNR satura em
um valor constante.
6.20 Considere um sistema de onda luminosa analógico que opera em
1,55 mm. O receptor usado tem eficiência quântica de 90%, 10 nA
de corrente no escuro e corrente RMS de ruído térmico de 0,1 mA
em uma largura de banda de 50 GHz. O RIN do laser transmissor é
de −150 dB/Hz. Para um sistema AM-VSB com índice de modu-
lação de 0,2, calcule a potência média recebida necessária para obter
CNR de −50 dB.

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[280] CONG, W. et al. IEEE Photon. Technol. Lett., v. 18, p. 1567, 2006.
[281] AGARWAL, A. et al. IEEE Photon. Technol. Lett., v. 18, p. 1952, 2006.
[282] HERITAGE, J. P.;WEINER, A. M. IEEE J. Sel. Topics Quantum Electron., v. 13,
p. 1351, 2007.
[283] SCOTT, R. P. et al. IEEE J. Sel. Topics Quantum Electron., v. 13, p. 1455, 2007.
[284] WANG, X. et al. J. Lightwave Technol., v. 25, p. 207, 2007. IEEE J. Sel. Topics
Quantum Electron., v. 13, p. 1463, 2007.
[285] BRES, C. -S.; PRUCNAL, P. R. J. Lightwave Technol., v. 25, p. 2911, 2007.
[286] KATAOKA, N. et al. J. Lightwave Technol., v. 27, p. 299, 2009.
CAPÍTULO 7

Gerenciamento de Perdas
Como visto nos Capítulos 5 e 6, a distância de transmissão de qualquer
sistema de comunicação por fibra óptica acaba sendo limitada pelas perdas
da fibra. Até 1995, essa limitação por perda era superada, principalmente,
pelo emprego de repetidores optoeletrônicos, dispositivos em que o sinal
óptico era, primeiro, convertido na forma elétrica por meio de um receptor
e, em seguida, regenerado usando um transmissor. Tais regeneradores se
tornaram muito complexos e caros para sistemas WDM, pois requeriam a
demultiplexação dos individuais canais WDM. Uma abordagem alternativa
ao gerenciamento de perdas utiliza amplificadores ópticos, que aumentam
diretamente o sinal WDM completo, sem a necessidade de converter cada
canal ao domínio elétrico. Diversos tipos de amplificadores ópticos foram
desenvolvidos durante década de 1980, e o uso de amplificadores ópti-
cos para sistemas de ondas luminosas se tornou comum durante a década
de 1990. Em 1996, amplificadores ópticos passaram a ser parte dos cabos de
fibra óptica lançados nos oceanos Atlântico e Pacífico. Este capítulo é dedi-
cado ao gerenciamento de perdas da fibra em sistemas de longas distâncias.
A Seção 7.1 discute a técnica comum que emprega amplificadores ópticos
periodicamente ao longo de um enlace de fibra, e identificamos dois es-
quemas conhecidos como amplificação concentrada e amplificação dis-
tribuída. A Seção 7.2 é dedicada a amplificadores a fibra dopada com érbio,
utilizados rotineiramente como amplificadores concentrados. A Seção 7.3
foca amplificadores Raman, desenvolvidos para amplificação distribuída de
sinais de ondas luminosas. A relação sinal-ruído de sistemas de ondas lumi-
nosas amplificados é considerada nas Seções 7.4 e 7.5, enquanto a Seção 7.6
trata da sensibilidade de receptores. O impacto do ruído de amplificadores
no sinal transmitido é estudado na Seção 7.7. A última seção foca questões
relevantes para sistemas de ondas luminosas com amplificação periódica.

7.1  COMPENSAÇÃO DE PERDAS DA FIBRA


As perdas da fibra devem ser compensadas para sistemas de ondas
luminosas projetados para operação em mais de 100 km, devido aos efeitos
cumulativos que terminam por deixar o sinal tão fraco que não é possível
recuperar a informação no receptor. Em alguns casos, o uso de dois am-
plificadores concentrados, um no lado do transmissor e outro no lado do
receptor, pode estender o alcance do sistema a até 400 km. Como sistemas
351
352 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

de ondas luminosas de longas distâncias e submarinos se estendem por


milhares de kilometros, as perdas de fibras devem ser compensadas em tais
sistemas com o uso de uma cadeia de amplificadores que eleve a potência
de sinal periodicamente ao valor original.

7.1.1  Esquema de Amplificação Periódica


Até 1990, a única técnica de gerenciamento de perda disponível ao projetista
de sistemas consistia na inserção de um regenerador optoeletrônico (muitas
vezes, chamado de repetidor) no enlace de fibra a cada 80 km, mais ou menos.
Um repetidor nada mais é do que um par receptor-transmissor. Nesse dis-
positivo, a sequência de bits ópticos é, primeiro, convertida ao domínio
elétrico e, então, regenerada com a ajuda de um transmissor óptico. Essa
técnica se torna muito trabalhosa e cara no caso de sistemas WDM, pois
requer a demultiplexação dos canais individuais em cada repetidor. Uma
melhor solução para o problema de perdas da fibra é o uso de amplificadores
ópticos, capazes de amplificar múltiplos canais WDM simultaneamente. A
Figura 7.1(a) mostra como amplificadores podem ser conectados em cascata
de modo periódico, formando uma cadeia e permitindo a transmissão de
uma sequência de pulsos ópticos por distâncias de até 10.000 km, mantendo
o sinal em sua forma óptica original.

Figura 7.1  Diagrama em blocos do gerenciamento de perdas da fibra usando esquemas


de amplificação (a) concentrada e (b) distribuída. Tx e Rx designam transmissores e
receptores ópticos, respectivamente.

Dependendo do esquema de amplificação empregado, amplificadores


podem ser agrupados em duas categorias: amplificadores concentrados e
amplificadores distribuídos. A maioria dos sistemas emprega amplificadores
Gerenciamento de Perdas 353

concentrados baseados em fibra dopada com érbio (EDFA − Erbium-Doped


Fiber Amplifier), em que as perdas acumuladas em 60 a 80 km de fibra são
compensadas por comprimentos curtos (∼10 m) de fibra dopada com érbio
[1]–[4]. Em contraste, o esquema de amplificação distribuída ilustrado na
Figura 7.1(b) utiliza a própria fibra de transmissão para amplificação do sinal,
explorando o fenômeno não linear de espalhamento estimulado Raman
(SRS). Tais amplificadores são conhecidos como amplificadores Raman e
têm sido utilizados em sistemas de ondas luminosas desde 2002. O uso desses
amplificadores para compensação de perdas requer que um ou mais lasers
de bombeio − em comprimentos de onda adequados − injetem potência
óptica periodicamente, como indicado na Figura 7.1(b).
Para entender o esquema de amplificação periódica, lancemos mão da
Eq. (5.3.1) que governa a propagação de sinais ópticos em um enlace de
fibra. O parâmetro de perda a dessa equação não apenas reduz a potência
de sinal, mas também afeta a intensidade de efeitos não lineares, o que pode
ser visto introduzindo

A( z, t ) = B( z, t )exp(−α z /2) (7.1.1)



na Eq. (5.3.1) e escrevendo-a em termos de B(z, t) como:

∂B i β 2 ∂ 2 B
+ = iγ e −α z | B |2 B. (7.1.2)
∂z 2 ∂t 2

A interpretação física dessas duas equações é clara. A Eq. (7.1.1) mostra que,
à distância z, a potência óptica |A(z, t)|2 cai exponencialmente com e−az,
devido às perdas. Como visto na Eq. (7/1/2), essa diminuição na potência do
sinal também enfraquece efeitos não lineares, como esperado intuitivamente.
A perda na potência de sinal é quantificada em termos da potência
média, definida como:
1 T /2


Pav ( z ) = lim
T →∞ T

T /2
| A( z, t )|2 dt = Pav (0)e −α z , (7.1.3)

em que usamos a Eq. (7.1.1) e assumimos não existir2 qualquer outra fonte de
perda de energia, de modo que a integral ∫ B(z, t ) dt em toda a sequência
de bits permanece constante, apesar da alteração da forma de cada pulso.
Ao longo de um comprimento L, a potência média diminui por um fator
eaL. Esse fator excede 20 dB, no caso de um cabo de fibra com 100 km de
comprimento, mesmo na região espectral próxima de 1,55 mm, onde a tem
o menor valor, em torno de 0,2 dB/km.Valores numéricos de a dependem
do comprimento de onda de operação e podem ultrapassar 0,4 dB/km na
região espectral nas proximidades de 1,3 mm.
354 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

Qualquer técnica de gerenciamento de perdas baseada em amplificação


óptica degrada a relação sinal-ruído (SNR) da sequência de bits ópticos,
pois todos os amplificadores adicionam ruído ao sinal por meio de emissão
espontânea.Tal ruído pode ser levado em conta com a adição de um termo
de ruído à equação NLS, juntamente com o termo de ganho. Com a adição
desses termos, a Eq. (5.3.1) assume a seguinte forma:

∂ A i β 2 ∂2 A 1
+ = iγ | A |2 A + [ g 0 ( z ) − α ]A + f n ( z, t ), (7.1.4)
∂z 2 ∂t 2
2
sendo g0(z) o coeficiente de ganho cuja forma funcional depende do es-
quema de amplificação empregado. O último termo na Eq. (7.1.4), fn(z, t),
leva em consideração as flutuações induzidas por emissão espontânea. O
valor médio desse termo é nulo, ou seja, 〈fn(z, t)〉 = 0, em que os colchetes
angulares denotam média de ensemble no processo aleatório. Se assumirmos
que esse processo é marcoviano com estatística gaussiana, suas propriedades
estatísticas são completamente descritas pela função de autocorrelação [5]:

f n* ( z, t ) f n ( z ′, t ′) = nsp hν 0 g 0δ( z − z ′)δ(t − t ′), (7.1.5)

sendo hν0 a energia do fóton; o fator de emissão espontânea nsp é definido


na Seção 7.2. As duas funções deltas na Eq. (7.1.5) asseguram que todos
os eventos de emissão espontânea sejam independentes uns dos outros,
tanto no tempo como em diferentes pontos ao longo do comprimento do
amplificador. Nesta seção, ignoramos as implicações do termo de ruído na
Eq. (7.1.4).

7.1.2  Amplificação Concentrada Versus Amplificação


Distribuída
Quando EDFAs são empregados periodicamente ao longo de um enlace de
fibra, o comprimento la de cada amplificador (tipicamente, la < 0,1 km) é
muito menor do que o espaçamento LA entre dois amplificadores sucessivos.
Como Ig0 = 0 em todos os pontos, exceto no interior de cada amplificador,
podemos resolver a equação NLS padrão (7.1.2) em cada seção de fibra
de comprimento LA. Como visto da Eq. (7.1.3), as perdas em cada seção
reduzem a potência média por um fator exp(aLA) e podem ser totalmente
compensadas operando cada amplificador concentrado de modo que seu
ganho GA = exp(g0la) = exp(aLA). Assim, em um sistema de longa distância
com gerenciamento de perdas, EDFAs são inseridos periodicamente após
uma distância LA, e seus ganhos se ajustam de forma que GA = exp(aLA). Não
é necessário que o espaçamento entre amplificadores seja uniforme ao longo
de todo o enlace. Se o n-ésimo amplificador for posicionado a uma distância
Ln do transmissor, seu ganho Gn é escolhido como Gn = exp[a(Ln – Ln−1)],
Gerenciamento de Perdas 355

para que cada amplificador compense totalmente as perdas no segmento de


fibra que o antecede.
No caso de amplificação distribuída, a Eq. (7.1.4) deve ser resolvida ao
longo de todo o enlace de fibra, depois que g0(z) tenha sido determinado
para um dado esquema de bombeamento. Como para a Eq. (7.1.1), é útil
escrever a solução geral da Eq. (7.1.4) na forma

A( z, t ) = p( z ) B( z, t ), (7.1.6)

em que p(z) governa as variações na potência média temporal da sequência
de bits ópticos ao longo do comprimento do enlace, devido às perdas da fibra
e à amplificação do sinal. Subtraindo a Eq. (7.1.6) da Eq. (7.1.4), concluímos
que p(z) satisfaz uma simples equação diferencial ordinária:
dp
= [ g 0 ( z ) − α ] p, (7.1.7)
dz
enquanto B(z, t) satisfaz a Eq. (7.1.2) com p(z) no lugar do fator e−az.
Se g0(z) fosse constante e igual a a para todo z, a potência média do sinal
permaneceria constante ao longo do enlace de fibra. Essa é a situação ideal
em que a fibra, efetivamente, não apresenta perdas. Na prática, obteve-se o
ganho distribuído por injeção periódica de potência de bombeio no enlace
de fibra (Fig. 7.1). Como a potência da bomba não permanece constante,
em função das consideráveis perdas da fibra no comprimento de onda de
bombeamento, não é possível manter g(z) constante ao longo da fibra.
Contudo, embora não sejam localmente compensadas em todos os pontos,
as perdas da fibra podem ser completamente compensadas ao longo de uma
distância LA, desde que a seguinte condição seja satisfeita:


LA
g 0 ( z )dz = α L A . (7.1.8)
0

Todos os esquemas de amplificação distribuída são projetados para que


satisfaçam a Eq. (7.1.8). A distância LA é referida como espaçamento entre
estações de bombeio.
Como mencionado anteriormente, espalhamento estimulado Raman é,
em geral, usado para prover amplificação distribuída. O esquema funciona
com o lançamento de potência CW em vários comprimentos de onda por
meio de um conjunto de lasers de semicondutor de alta potência localizados
nas estações de bombeio [57]. Para amplificação de sinais na região espectral
de 1,55 mm, os comprimentos de onda dos lasers de bombeio devem estar
nas vizinhanças de 1,45 mm. Esses comprimentos de onda e os níveis das
potências de bombeio são escolhidos de modo a prover ganho uniforme em
toda a banda C (ou nas bandas C e L, no caso de sistemas WDM densos).
356 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

Bombeamento contrapropagante é comumente utilizado para amplificação


Raman distribuída, pois essa configuração minimiza a transferência de ruído
de intensidade da bomba para o sinal amplificado.

7.1.3  Esquema de Bombeamento Bidirecional


O emprego de um esquema de bombeamento bidirecional é benéfico em
alguns casos. Para facilitar o entendimento físico, consideremos o caso
em que se utiliza um laser de bombeio nos dois extremos de um segmento
de fibra de comprimento LA. Nesse caso, o coeficiente de ganho a uma
distância z pode ser escrito como

g( z ) = g1 exp( −α p z ) + g 2 exp[ −α p (L A − z )], (7.1.9)

em que ap é a perda da fibra no comprimento de onda de bombeamento e


as constantes g1 e g2 são relacionadas às potências de bombeamento injetadas
nas duas extremidades. Assumindo iguais potências de bombeamento e
integrando a Eq. (7.1.7), verificamos que a potência média do sinal óptico,
normalizada em relação ao valor fixo nas estações de bombeio, varia como:

  sinh[α p ( z − L A /2)] + sinh(α p L A /2)  


p( z ) = exp α L A  − α z. (7.1.10)
 2 sinh(α p L A /2) 

 

No caso de bombeamento contrapropagante, g1 = 0 na Eq. (7.1.9), e a


solução da Eq. (7.1.7) é obtida como:
  exp(α p z ) − 1  
p( z ) = exp α L A   − αz, (7.1.11)
  exp(α p L A ) − 1 

em que g2 foi, mais uma vez, escolhido para assegurar p(LA) = 1.


A linha cheia na Figura 7.2 mostra a variação de p(z) ao longo da fibra, no
caso de bombeamento contrapropagante com LA = 50 km, a = 0,2 dB/km
e ap = 0,25 dB/km. Evidencia-se o caso de bombeamento bidirecional
pela linha tracejada. Para comparação, o caso de amplificação concentrada
é mostrado pela linha pontilhada. A potência média de sinal varia por um
fator de 10 no caso concentrado, e por um fator menor do que 2 no caso de
amplificação distribuída contrapropagante. Ademais, a potência média varia
por menos de 15% no caso de um esquema de bombeamento bidirecional,
indicando que esse esquema é próximo da situação ideal em que as perdas
da fibra são completamente compensadas ao longo do enlace. O intervalo
de variação de p(z) depende do espaçamento LA entre estações de bombeio.
Por exemplo, p(z) varia por um fator de 100 ou mais quando LA = 100 km
e amplificação concentrada é usada, mas varia por um fator menor do que
2 quando um esquema de bombeamento bidirecional é empregado.
Gerenciamento de Perdas 357

Figura 7.2  Variações na potência média de sinal entre duas estações de bombeio suces-
sivas, com esquemas de bombeamento contrapropagante (linha cheia) e bidirecional
(linha tracejada), com LA = 50 km. O caso de amplificação concentrada é mostrado pela
linha pontilhada.

Entre os amplificadores ópticos desenvolvidos até agora, estão am-


plificadores ópticos de semicondutor, amplificadores a fibras dopadas, am-
plificadores Raman e amplificadores paramétricos. Desses, amplificadores
ópticos de semicondutor raramente são utilizados como amplificadores em
linha, devido a questões relacionadas a perda de inserção, sensibilidade de
polarização e efeitos não lineares, como saturação de ganho cruzado e
interferência entre canais. Embora, em anos recentes, tenham despertado
renovado interesse para aplicações em sistemas de WDM esparso, amplifi-
cadores ópticos de semicondutor não serão mais discutidos neste capítulo.
Amplificadores paramétricos − baseados na mistura de quatro ondas em
fibras ópticas − despertaram bastante interesse em anos recentes [6]–[9].Tais
amplificadores também não são discutidos aqui, pois ainda estão longe de
serem empregados em sistemas de ondas luminosas práticos. Em contraste,
empregam-se amplificadores a fibras dopadas rotineiramente, e amplificado-
res Raman também têm sido utilizados em alguns sistemas WDM. Esses dois
tipos de amplificadores são discutidos em detalhes nas duas seções a seguir.

7.2  AMPLIFICADORES A FIBRA DOPADA COM ÉRBIO


Uma importante classe de amplificadores ópticos concentrados utiliza
terras raras como meio de ganho por dopagem do núcleo da fibra óptica
durante o processo de fabricação. Embora amplificadores a fibras dopadas
tenham sido estudados em 1964 [10], seu uso se tornou prático somente 25
anos mais tarde, depois que a técnica de fabricação dos mesmos foi aperfei-
çoada [11]. Nesse tipo de amplificador, propriedades como comprimento
358 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

de onda de operação e largura de banda de ganho são determinadas por


dopantes, enquanto a sílica desempenha o papel de meio hospedeiro. Entre
as terras raras, érbio é o elemento mais prático para a realização de ampli-
ficadores a fibra que operem na região de comprimentos de onda próxima
de 1,5 mm, e amplificadores a fibra dopada com érbio (EDFAs) foram sido
estudados exaustivamente [1]–[4]. O emprego desses amplificadores em
sistemas WDM após 1995 revolucionou a comunicação por fibra óptica e
levou a sistemas de ondas luminosas com capacidades superiores a 1 Tb/s.

7.2.1  Bombeamento e Espectro de Ganho


O núcleo de fibra em um EDFA contém íons de érbio (Er3+) e o bombea-
mento destes em um adequado comprimento de onda provê ganho óptico
por meio de inversão de população. O espectro de ganho depende do es-
quema de bombeamento, assim como da presença de outros dopantes, como
germânia e alumina, no núcleo da fibra. A natureza amorfa da sílica alarga os
níveis de energia de Er3+ em bandas. A Figura 7.3(a) mostra algumas bandas
de energia de Er3+ em vidros de sílica. Muitas transições podem ser usadas
para bombear um EDFA. Bombeamento eficiente de EDFAs é possível
com o emprego de lasers de semicondutor operando em comprimentos de
onda nas proximidades de 0,98 e 1,48 mm. Na verdade, o desenvolvimento
de tais lasers de bombeio foi estimulado pelo advento de EDFAs. É possível
realizar ganho de 30 dB com absorção de apenas 15 a 20 mW de potência
de bombeamento. Eficiências de até 11 dB/mW foram alcançadas em 1990
com bombeamento em 0,98 mm [12]. A maioria dos EDFAs usa lasers de

Figura 7.3  (a) Diagrama de níveis de energia de íons de érbio em fibras de sílica; (b)
espectro de absorção ou ganho de um EDFA cujo núcleo foi dopado com germânia.
(Após a Ref. [16]; ©1991 IEEE.)
Gerenciamento de Perdas 359

bombeamento em 980 nm, que são disponíveis comercialmente e capazes


de prover mais de 100 mW de potência de bombeio. Bombeamento em
1.480 nm requer fibras mais longas e potências mais elevadas, pois utiliza a
cauda da banda de absorção mostrada na Figura 7.3(b).
EDFAs podem ser projetados para operar de modo que os feixes de
bombeamento e de sinal se propaguem em sentidos opostos, configuração
denominada bombeamento contrapropagante, para distingui-la da confi-
guração de bombeamento copropagante. O desempenho é quase o mesmo
nas duas configurações de bombeamento, desde que a potência de sinal
seja suficientemente baixa para o amplificador permanecer não saturado.
No regime de saturação, a eficiência de conservação de potência é, em
geral, melhor na configuração de bombeamento contrapropagante [13],
principalmente devido ao papel desempenhado pela emissão espontânea
amplificada (ASE − Amplified Spontaneous Emission). Na configuração de
bombeamento bidirecional, um EDFA é bombeado de modo simultâneo
nos dois sentidos, com o uso de dois lasers, cada um localizado em uma
extremidade da fibra. Essa configuração requer dois lasers de bombeio, mas
apresenta a vantagem de uma inversão de população − e, portanto, ganho de
pequeno sinal − relativamente uniforme ao longo de todo o comprimento
do amplificador.
A Figura 7.3(b) mostra os espectros de ganho e de absorção de um
EDFA cujo núcleo foi dopado com germânia [16]. O espectro de ganho é
bastante largo e tem uma estrutura de duplo pico. A forma do espectro
é consideravelmente afetada pela natureza amorfa da sílica e pela presença de
outros dopantes no núcleo da fibra, como alumina [14]–[16]. O espectro
de ganho é alargado de forma homogênea para íons isolados de érbio.
Contudo, desordens estruturais levam a um alargamento não homogêneo
do espectro de ganho, enquanto a separação de Stark (Stark splitting) dos vários
níveis de energia é responsável por alargamento homogêneo. Matematica-
mente, deve ser tomada a média de ganho na distribuição de frequências de
transições atômicas w0, resultando no ganho efetivo dado por:

g 0 ( z, ω ) = ∫ g( z, ω , ω 0 ) f (ω 0 )dω 0 , (7.2.1)
−∞

sendo f(w0) a função de distribuição, cuja forma também depende da pre-
sença de outros dopantes no núcleo da fibra.
O fator pelo qual um fraco sinal de entrada é amplificado é obtido
integrando a Eq. (7.2.1) no comprimento L do amplificador. Se desprezar-
mos as perdas da fibra, devido ao pequeno comprimento de fibra (∼10 m)
empregado na fabricação de um EDFA, o fator de amplificação é fornecido
por G(ω ) = exp  ∫ 0 g 0 ( z, ω )dz  . Embora G(w) também seja referido como
L
360 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

espectro de ganho, não devemos confundi-lo com g0(z, w). O fator de


amplificação pode variar de amplificador para amplificador, pois também
depende do comprimento deste. Na prática, tanto a largura de banda como
a planura de G(w) são importantes para sistemas WDM. Essa questão é dis-
cutida mais adiante, ainda nesta seção.

7.2.2  Modelo de Dois Níveis


O ganho de um EDFA depende de um grande número de parâmetros do
dispositivo, como concentração de íons de érbio, comprimento do amplifi-
cador, raio do núcleo e potência de bombeamento [16]–[20]. Um modelo
de equação de taxa de três níveis comumente utilizado para lasers pode
ser adaptado para EDFAs [2]. Às vezes, é necessário adicionar um quarto
nível para incluir a absorção de estado excitado. Em geral, devem-se resolver as
resultantes equações numericamente. É possível alcançar um considerável
entendimento com o uso de um simples modelo de dois níveis, válido
quando ASE e absorção de estado excitado são desprezíveis. O modelo as-
sume que o nível superior do sistema de três níveis permanece praticamente
vazio, em função da rápida transferência da população bombeada para o es-
tado excitado. No entanto, é importante levar em consideração as diferentes
seções retas de emissão e de absorção para os campos de bombeio e de sinal.
As densidades de população dos dois estados, N1 e N2, satisfazem as duas
equações de taxa [2]:
∂N 2 N
= (σ pa N 1 − σ pe N 2 )φ p + (σ sa N 1 − σ se N 2 )φ s − 2 , (7.2.2)
∂t T1
∂N 1 N
= (σ pe N 2 − σ pa N 1 )φ p + (σ se N 2 − σ sa N 1 )φ s + 2 , (7.2.3)
∂t T1

sendo σ aj e σ ej as seções retas de absorção e emissão, respectivamente, na


frequência wj, com j = p, s. T1 é o tempo de vida espontâneo do estado ex-
citado (da ordem de 10 ms para EDFAs). As grandezas øp e øs representam
o fluxo de fóton para as ondas de bombeamento e de sinal, respectivamente,
definido como øj = Pj(ajhνj), em que Pj é a potência óptica, σj é a seção reta
de transição na frequência νj e aj é a área da seção reta do modo da fibra,
com j = p, s.
As potências de bombeamento e de sinal variam ao longo do com-
primento do amplificador, em função da absorção, da emissão estimulada
e da emissão espontânea. Se a contribuição da emissão espontânea for des-
prezada, Ps e Pp satisfazem as simples equações:

∂Ps
= Γ s (σ se N 2 − σ sa N 1 )Ps − α Ps , (7.2.4)
∂z
Gerenciamento de Perdas 361

∂Pp
s = Γ p (σ ep N 2 − σ ap N 1 )Pp − α ′Pp , (7.2.5)
∂z
em que a e a9 levam em conta as perdas da fibra nos comprimentos de
onda de sinal e de bombeio, respectivamente. Tais perdas podem ser des-
prezadas para os típicos comprimentos de amplificadores, da ordem de
10–20 m, mas devem ser incluídas no caso de amplificação distribuída. Os
fatores de confinamento Γs e Γp levam em conta o fato de a região dopada
no núcleo prover ganho para todo o modo da fibra. O parâmetro s = ± 1
na Eq. (7.2.5) depende do sentido de propagação da bomba; s = −1 no caso
de bombeamento contrapropagante.
As Eq. (7.2.2)–(7.2.5) podem ser resolvidas analiticamente, ape-
sar da complexidade, depois de algumas aproximações justificáveis [17].
Para amplificadores concentrados, o comprimento de fibra é suficiente-
mente curto para que a e a9 sejam tomados como zero. Notando que
N1 + N2 = Nt, sendo Nt a densidade total de íons, basta resolver apenas uma
equação − digamos, a Eq. (7.2.2) para N2. Observando, ainda, que os termos
de absorção e emissão estimulada nas equações de campo e população
estão relacionados, a solução de estado estacionário da Eq. (7.2.2), obtida
igualando a derivada temporal a zero, pode ser escrita como:

T1 ∂Ps sT1 ∂Pp


N 2 (z) = − − , (7.2.6)
ad hν s ∂z ad hν p ∂z

sendo ad = Γsas = Γpap área da seção reta da porção dopada do núcleo da
fibra. Substituindo essa solução nas Eq. (7.2.4) e (7.2.5) e integrando-as no
comprimento da fibra, as potências Ps e Pp na saída da fibra podem ser obtidas
em forma analítica. Esse modelo foi estendido para incluir a propagação de
ASE nos sentidos para frente e para trás [20].
Embora a abordagem anterior seja essencial quando a potência de sinal
total no interior do amplificador é suficientemente alta para causar saturação
de ganho, um tratamento muito mais simples é aplicável no chamado regime de
pequeno sinal, em que o EDFA permanece saturado. Nesse caso, podemos
desprezar o termo øs nas Eq. (7.2.2) e (7.2.3), e o coeficiente de ganho −
g( z ) = (σ se N 2 − σ sa N 1 ) − não depende da potência de sinal Ps. A Eq. (7.2.4)
pode, então, ser prontamente integrada. O ganho total do amplificador G
para um EDFA de comprimento L é, então, fornecido por:

G = exp Γ s ∫ [ g( z ) − α ]dz .


L
(7.2.7)
0

A Figura 7.4 mostra o ganho de pequeno sinal em 1,55 mm em função


da potência de bombeamento e do comprimento do amplificador, usando
362 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

Figura 7.4  Ganho de pequeno sinal em função de (a) potência de bombeamento e (b)
comprimento do amplificador, para uma EDFA bombeado em 1,48 mm. (Após a Ref.
[16]; ©1991 IEEE.)

valores típicos de parâmetros. Para um dado comprimento de amplificador L,


o ganho do amplificador inicialmente aumenta de forma exponencial com
a potência de bombeamento, mas o aumento se torna muito menor quando
a potência de bombeamento ultrapassa certo valor [correspondente ao “joe-
lho” na Figura 7.4(a)]. Para uma dada potência de bombeamento, o ganho
do amplificador é máximo em um valor ótimo de L e cai abruptamente
quando L excede esse valor ótimo. Isso ocorre, pois a última porção do
amplificador permanece sem bombeamento e absorve o sinal amplificado.
Como o valor ótimo de L depende da potência de bombeamento Pp, é
necessário escolher adequadamente L e Pp. A Figura 7.4(b) mostra que é
possível obter um ganho de 35 dB com potência de bombeio de 5 mW, com
L = 30 m e bombeamento em 1,48 mm. É possível projetar amplificadores
de modo que alto ganho seja obtido para comprimentos de amplificador
de apenas alguns poucos metros. As características qualitativas mostradas na
Figura 7.4 são observadas em todos os EDFAs; a concordância entre teoria
e experimento é, em geral, muito boa [19].
A análise anterior assumiu que as ondas de bombeio e de sinal pos-
suem a forma de feixes CW. Na prática, EDFAs são bombeados por lasers
de semicondutor que operam em CW, mas o sinal é um trem de pulsos
(contendo sequência aleatória de bits 1 e 0), e a duração de cada pulso
guarda relação inversa com a taxa de bits. A questão é se todos os pulsos
experimentam ou não o mesmo ganho. Na verdade, o ganho de um EDFA
permanece constante no tempo, mesmo para pulsos com larguras de mi-
crossegundos. A razão para isso está ligada ao relativamente grande valor do
tempo de fluorescência associado aos íons de érbio excitados (T1 ∼ 10 ms).
Quando a escala de tempo de variações da potência de sinal é muito menor
do que T1, os íons de érbio se tornam incapazes de seguir variações rápidas.
Como energias de pulsos isolados são, tipicamente, muito menores do que
Gerenciamento de Perdas 363

a energia de saturação (∼10 mJ), EDFAs respondem à potência média. Em


consequência, a saturação de ganho é governada pela potência de sinal média
e, em um sinal WDM, o ganho do amplificador não varia de pulso para
pulso. Essa é uma característica extremamente útil de EDFAs.
Em algumas aplicações, como redes de comutação de pacotes, a potência
de sinal pode variar em uma escala de tempo comparável a T1. Nesse caso,
é provável que o ganho do amplificador se torne dependente do tempo,
característica indesejável do ponto de vista de desempenho do sistema. Um
mecanismo de controle de ganho que mantenha o ganho do amplificador
em um valor constante consiste em fazer o EDFA oscilar em um com-
primento de onda controlado fora da banda de interesse (tipicamente,
abaixo de 1,5 mm). Como, para um laser, o ganho permanece cortado no
valor de limiar, o sinal é amplificado pelo mesmo fator, independentemente
de variações da potência de sinal. Em uma implementação desse esquema,
um EDFA foi forçado a oscilar em 1,48 mm, por meio da fabricação de duas
grades de difração de Bragg que atuavam como espelhos de alta refletividade
nas duas extremidades do amplificador [21].

7.2.3  Ruído do Amplificador


O ruído do amplificador é o derradeiro fator limitante para aplicações em
sistemas [22]–[25]. Todos os amplificadores degradam a relação sinal-ruído
(SNR) do sinal amplificado, devido à emissão espontânea que adiciona
ruído ao sinal durante a amplificação. Em função dessa emissão espontânea
amplificada (ASE), a SNR é degradada, sendo a extensão da degradação
quantificada por um parâmetro Fn, denominado figura de ruído do amplificador.
Em analogia com amplificadores elétricos, Fn é definida como:

(SNR)in
Fn = , (7.2.8)
(SNR)out

sendo a SNR referida à potência elétrica gerada quando o sinal óptico


é convertido em uma corrente elétrica. Em geral, Fn depende dos vários
parâmetros do detector que governam o ruído térmico associado ao detector
(veja a Seção 4.4.1). É possível se obter uma simples expressão para Fn
considerando um detector ideal, cujo desempenho é limitado somente por
ruído de disparo [26].
Consideremos um amplificador com ganho G tal que as potências de
saída (Pout) e de entrada (Pin) sejam relacionadas por Pout = GPin. A SNR do
sinal de entrada é determinada por

I 2 ( Rd Pin )2 Pin
(SNR)in = = = , (7.2.9)
σs2
2q( Rd Pin )∆f 2hν∆f
364 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

em que 〈I〉 = RdPin é a fotocorrente média, Rd = q/hν é a responsividade de


um fotodetector ideal com eficiência quântica unitária (veja a Seção 4.1) e

σ s2 = 2q( Rd Pin )∆f (7.2.10)

é obtida da Eq. (4.4.5) para o ruído de disparo, tomando a corrente no escuro


como Id = 0. Aqui, ∆f é a largura de banda do detector. Para calcular a SNR do
sinal amplificado, devemos adicionar a contribuição da ASE ao ruído do receptor.
A densidade espectral da ASE é praticamente constante (ruído branco)
e pode ser escrita como [26]:

S ASE (ν ) = nsp hν 0 (G − 1), (7.2.11)

em que Iν0 é a frequência portadora do sinal sendo amplificado. O parâme-


tro nsp é denominado fator de emissão espontânea (ou fator de inversão de
população), fornecido por:
nsp = σ e N 2 / (σ e N 2 − σ a N 1 ). (7.2.12)

em que N1 e N2 são as populações atômicas para os estados básico e excitado,


respectivamente. O efeito da emissão espontânea é adicionar flutuações ao
sinal amplificado, as quais, durante o processo de fotodetecção, são conver-
tidas em flutuações de corrente.
A contribuição dominante ao ruído do receptor vem do batimen-
to da emissão espontânea com o sinal [26]. A radiação emitida esponta-
neamente é misturada com o sinal amplificado, produzindo a corrente
2
I = Rd GE in + E sp no fotodetector de responsividade R. Notando que Ein
e Esp oscilam em frequências distintas e guardam uma defasagem aleatória,
é fácil ver que o batimento da emissão espontânea com o sinal produz uma
corrente de ruído ∆I = 2Rd(GPin)1/2|Esp|cosu, sendo u uma fase aleatória
de variação rápida. Tomando a média na fase, a variância da fotocorrente
pode ser escrita como:
σ 2 = 2q( RdGPin )∆f + 4( RdGPin )( Rd S ASE )∆f , (7.2.13)

em que cos2u foi substituído por seu valor médio 1/2. A SNR do sinal
amplificado é, portanto, dada por:
( RdGPin )2 GPin
(SNR )out = ≈ . (7.2.14)
σ 2
(4SSAE + 2hν )∆f
A figura de ruído do amplificador é obtida substituindo as Eq. (7.2.9) e
(7.2.14) na Eq. (7.2.8), dada por:

 1 1
Fn = 2nsp 1 −  + ≈ 2nsp , (7.2.15)
 G G
Gerenciamento de Perdas 365

em que a última aproximação é válida para G  1 . Essa equação mostra


que a SNR do sinal amplificado é degradada em 3 dB, mesmo com um
amplificador ideal, para o qual nsp = 1. Para a maioria dos amplificadores
práticos, Fn é maior do que 3 dB e pode chegar a 6–8 dB.
A análise anterior assumiu que nsp era constante ao longo do comprimen-
to do amplificador. No caso de um EDFA, tanto N1 como N2 variam com
z. Ainda é possível calcular o fator de emissão espontânea para um EDFA
com o modelo de dois níveis discutido antes, mas a figura de ruído depende
do comprimento do amplificador e da potência de bombeamento Pp, assim
como o ganho do amplificador. A Figura 7.5(a) mostra a variação de Fn com
sat
o comprimento do amplificador, para diversos valores de Pp /Pp , quando
um sinal em 1,55 mm e potência de entrada de 1 mW é amplificado. O
ganho do amplificador nas mesmas condições é mostrado na Figura 7.5(b).
Os resultados indicam que uma figura de ruído próxima de 3 dB pode ser
obtida para um amplificador de alto ganho [22].

Figura 7.5  (a) Figura de ruído e (b) ganho do amplificador em função do comprimento,
para diversos níveis de bombeamento. (Após a Ref. [25]; ©1990 IEE.)

Resultados experimentais confirmam que Fn próxima de 3 dB é possível


em um EDFA. Uma figura de ruído de 3,2 dB foi medida em um EDFA de
30 m bombeado em 0,98 mm com 11 mW de potência [23]. Obteve-se um
valor similar para outro EDFA bombeado com apenas 5,8 mW de potência
em 0,98 mm [24]. Em geral, é difícil alcançar alto ganho, baixo ruído e alta
eficiência de bombeamento simultaneamente.A principal limitação é imposta
pela ASE que viaja em direção à bomba e reduz a potência de bombeamento.
A incorporação de um isolador interno alivia em grande parte esse problema.
Em uma implementação, realizou-se ganho de 51 dB com figura de ruído
de 3,1 dB, com apenas 48 mW de potência de bombeio [27].
366 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

Valores medidos de Fn são, em geral, maiores para EDFAs bombeados


em 1,48 mm. Uma figura de ruído de 4,1 dB foi obtida para um EDFA
de 60 m de comprimento, bombeado com 24 mW em 1,48 mm [23]. A
razão para uma figura de ruído maior para EDFAs bombeados em 1,48 mm
pode ser entendida da Figura 7.3(a), que mostra que, com bombeamento
em 1,48 mm, o nível de bombeamento e o nível excitado estão na mesma
banda. Nessas condições, é difícil alcançar completa inversão de população
(N1 ≈ 0). Não obstante, é possível realizar Fn < 3,5 dB para comprimentos
de onda próximos de 1,46 mm.
Os relativamente baixos níveis de ruído de EDFAs os tornam uma es-
colha ideal para sistemas de ondas luminosas WDM. Apesar do baixo ruído,
o desempenho de sistemas de comunicação por fibra óptica de longa dis-
tância que empregam múltiplos EDFAs é, em geral, limitado pelo ruído
do amplificador. O problema de ruído se torna particularmente severo
quando o sistema opera na região de dispersão anômala da fibra, devido a
um fenômeno não linear denominado instabilidade de modulação [28], que
aumenta o ruído do amplificador [29] e degrada o espectro do sinal [30].
O ruído do amplificador introduz, ainda, incerteza temporal. Essas questões
são discutidas mais adiante neste capítulo.

7.2.4  Amplificação de Múltiplos Canais


A largura de banda de EDFAs é tão grande que torna os amplificadores
ópticos preferenciais para aplicações de WDM. O ganho provido por EDFAs
é praticamente insensível à polarização. Além disso, não ocorre interferência
entre canais em EDFAs devido ao relativamente grande valor de T1 (cerca
de 10 ms), em comparação com típicas durações de bits (0,1 ns, a uma taxa
de bits de 10 Gb/s) em sistemas de ondas luminosas. A lenta resposta de
EDFAs garante que seu ganho não pode ser modulado a frequências muito
maiores do que 10 kHz.
Uma segunda fonte de interferência entre canais é a saturação de ga-
nho cruzada que ocorre em função de o ganho de um canal específico ser
saturado não apenas por sua própria potência (autossaturação), mas também
pelas potências de canais vizinhos. Esse mecanismo de interferência é co-
mum a todos os amplificadores ópticos, incluindo EDFAs [31]–[33], e pode
ser evitado por meio da operação do amplificador no regime não saturado.
Resultados experimentais suportam essa conclusão. Em um experimento
de 1989 [31], foi observada penalidade de potência desprezível quando um
EDFA foi usado para amplificar dois canais que operavam em 2 Gb/s e eram
separados por 2 nm em comprimento de onda, desde que as potências dos
canais fossem suficientemente baixas para evitar saturação de ganho.
A principal limitação prática de um EDFA advém da não uniformidade
espectral do ganho do amplificador. Embora o espectro de ganho de um
Gerenciamento de Perdas 367

EDFA seja relativamente largo, como visto na Figura 7.3, o ganho está longe
de ser uniforme (ou plano) em uma larga faixa de comprimentos de onda.
Em consequência, diferentes canais de um sinal WDM são amplificados
por diferentes fatores, problema que se torna bastante severo em sistemas
de longas distâncias que empregam uma cadeia de EDFAs. Isso ocorre,
pois pequenas variações no ganho do amplificador para canais individuais
crescem exponencialmente ao longo de uma cadeia de amplificadores em
linha. Até mesmo uma diferença de ganho de 0,2 dB cresce a 20 dB ao
longo de uma cadeia de 100 amplificadores em linha, fazendo com que as
potências dos canais variem por um fator de até 100, uma faixa de variação
inaceitável na prática. Para amplificar todos os canais com praticamente o
mesmo ganho, a natureza de duplo pico do espectro de ganho do EDFA
obriga o empacotamento de todos os canais nas proximidades de um dos
picos de ganho, reduzindo consideravelmente a largura de ganho útil.
Toda a largura de banda de aproximadamente 40 nm pode ser usada se
o espectro de ganho for aplainado com a introdução de perdas dependentes
do comprimento de onda. A ideia básica do aplainamento de ganho é muito
simples. Se um filtro óptico cujas perdas de transmissão reproduzem o perfil
de ganho (alta na região de alto ganho e baixa na região de baixo ganho) for
inserido após a fibra dopada, a potência de saída será praticamente constante
para todos os canais. Embora a fabricação de um filtro desse tipo não seja
simples, diversas técnicas de aplainamento de ganho foram desenvolvidas [2].
Entre outras, filtros de interferência de filmes finos, filtros de Mach-Zehnder,
filtros acusto-ópticos e grades de difração de longo período em fibra têm sido
usados para aplainar o perfil de ganho e equalizar os ganhos de canais [34]–[36].
As técnicas de aplainamento de ganho podem ser dividas nas categorias
ativa e passiva. Os métodos baseados em filtros são passivos, no sentido de que
não se podem ajustar ganhos de canais de modo dinâmico. A localização do
próprio filtro óptico requer algum cuidado, devido às altas perdas associadas
a ele. O posicionamento do filtro antes do amplificador aumenta o ruído,
enquanto seu posicionamento após o amplificador reduz a potência de saída.
É comum o emprego de uma configuração de dois estágios, como a ilustrada
na Figura 7.6. O segundo estágio atua como um amplificador de potência,
mas a figura de ruído é determinada em especial pelo primeiro estágio,
cujo ruído é relativamente baixo, devido ao baixo ganho. Uma combinação
de diversas grades de difração de longo período em fibra atuando como
filtro óptico no meio dos dois estágios resultou, em 1997, em um EDFA
cujo ganho era plano, com tolerância de 1 dB, em uma largura de banda
de 40 nm, na região de comprimentos de onda de 1530 − 1570 nm [37].
Idealmente, um amplificador óptico deve prover o mesmo ganho para
todos os canais, em todas as possíveis condições de operação. Em geral, esse
não é o caso. Por exemplo, se o número de canais transmitidos for alterado,
368 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

Figura 7.6  Diagrama em blocos de um EDFA projetado para prover ganho uniforme
na largura de banda de 1530 − 1570 nm, usando um filtro óptico que contém várias
grades de difração de longo período em fibra. A configuração em dois estágios ajuda a
reduzir o nível de ruído. (Após a Ref. [37]; ©1997 IEEE.)

o ganho de cada canal também será modificado, dada sua dependência


em relação à potência total de sinal (devido à saturação do ganho). Uma
forma de controle ativo dos ganhos de canais se torna, portanto, desejável
para aplicações de WDM. Muitas técnicas foram desenvolvidas para esse
propósito. A técnica de uso mais frequente estabiliza o ganho dinamica-
mente incorporando ao amplificador um laser que opera fora da largura
de banda de interesse. Esses dispositivos são denominados EDFAs de ganho
cortado (pois seu ganho é cortado pelo laser embutido) e foram estudados à
exaustão [38]–[43].
Sistemas de ondas luminosas WDM capazes de transmitir mais de
80 canais surgiram em 1998. Tais sistemas usam as bandas C e L simulta-
neamente e requerem ganho de amplificação uniforme em uma largura de
banda de mais de 60 nm. Além disso, o uso da banda L exige amplificadores
ópticos capazes de prover ganho na faixa de comprimentos de onda de
1570 − 1610 nm. EDFAs são capazes de prover ganho nessa faixa de com-
primentos de onda, se projetados adequadamente. Um EDFA para a banda
L requer longos comprimentos de fibra (> 100 m) para manter o nível de
inversão relativamente baixo. A Figura 7.7 mostra um amplificador de banda
L em configuração de dois estágios [44]. O primeiro estágio é bombeado

Figura 7.7  Diagrama em blocos de um EDFA de banda L com ganho uniforme na


largura da banda de 1.570 − 1.610 nm, em configuração de dois estágios. (Após a Ref.
[44]; ©1999 IEEE.)
Gerenciamento de Perdas 369

em 980 nm e atua como um EDFA tradicional (comprimento de fibra de


20 − 30 m), capaz de prover ganho na faixa de 1.530 − 1.570 nm. Em con-
traste, o segundo estágio possui 200m de fibra dopada, com bombeamento
bidirecional por lasers de 1.480 nm. Um isolador óptico entre os dois es-
tágios passa a ASE do primeiro estágio para o segundo (necessário para o
bombeamento do segundo estágio), mas evita que a ASE contrapropagante
entre no primeiro estágio. Esse tipo de amplificador com dois estágios em
cascata é capaz de prover ganho plano em uma grande largura de banda,
mantendo um relativamente baixo nível de ruído. Em 1996, foi realizado
ganho plano, com tolerância de 0,5 dB, na faixa de comprimentos de onda
de 1.544 − 1.561 nm [45]. O segundo EDFA era codopado com itérbio e
fósforo, e otimizado para atuar como amplificador de potência. Desde então,
foram construídos EDFAs capazes de prover ganho plano em todas as bandas
C e L [2]. É possível utilizar, também amplificação Raman na banda L. A
combinação de amplificação Raman com um ou dois EDFAs permite a
realização de ganho plano em uma largura de banda de 75 nm, cobrindo
as bandas C e L [46].
Uma configuração paralela também foi desenvolvida para EDFAs com
capacidade de amplificação simultânea nas bandas C e L [47]. Nessa aborda-
gem, divide-se o sinal WDM de entrada em dois ramos; os sinais nas bandas
C e L são amplificados separadamente por EDFAs otimizados para cada ramo.
A configuração de dois braços produziu ganho relativamente uniforme de
24 dB em uma largura de banda de até 80 nm, com bombeamento por lasers
de semicondutor de 980 nm, mantendo uma figura de ruído de cerca de
6 dB [2].Amplificadores de dois estágios são dispositivos complexos e contêm
múltiplos componentes, como filtros e isoladores ópticos, para otimização
de desempenho. Uma abordagem alternativa a EDFAs de banda larga utiliza
fibra de fluoreto em vez de fibra de sílica como meio hospedeiro no qual íons
de érbio são dopados. Planura de ganho em uma largura de banda de 76 nm
foi realizada com dopagem de uma fibra de telúrio com íons de érbio [48].
Embora possuam configuração mais simples do que a de amplificadores de
múltiplos estágios, tais EDFAs sofrem de dificuldade de emendas, devido ao
uso de fibras feitas de materiais diferentes de vidro de sílica.
Sistemas de ondas luminosas de alta capacidade e sistemas de WDM
esparso (com espaçamento entre canais > 5 nm), utilizam, provavelmente,
a região de comprimentos de onda curtos, denominada banda S, que se es-
tende de 1.470 a 1.520 nm, além das bandas C e L. Amplificadores a fibra
dopada com túlio foram, inicialmente, desenvolvidas, para esse propósito,
sendo capazes de prover ganho plano na faixa de comprimentos de onda
de 1.480–1.510 nm, quando bombeados por lasers de semicondutor em
1.420 nm e 1.560 nm [49]. Mais recentemente, voltou-se a atenção a EDFAs
capazes de produzir ganho simultaneamente nas três bandas, com projeto
370 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

adequado [50]–[53]. Amplificadores ópticos de semicondutor também têm


sido considerados para sistemas de WDM esparso. Contudo, amplificadores
Raman baseados em fibra também são candidatos, pois são capazes de prover
amplificação em qualquer região espectral, com escolha apropriada dos lasers
de bombeio; trataremos desses amplificadores na próxima seção.

7.3  AMPLIFICADORES RAMAN


Amplificadores Raman baseados em fibra [54]–[58] fazem uso do
espalhamento estimulado Raman (SRS) que ocorre em fibras de sílica [28]. A
Figura 7.8 mostra como é possível utilizar a fibra como um amplificador
Raman na configuração de bombeamento copropagante. Os feixes de
bombeio e de sinal nas frequências wp e ws são injetados na fibra por um
acoplador de fibra. Como discutido na Seção 2.6.1, durante o processo SRS,
um fóton da bomba cede sua energia a outro fóton de energia reduzida
na frequência de sinal; a energia restante é absorvida pelo material de síli-
ca na forma de vibrações moleculares (fônons ópticos). A energia é trans-
ferida continuamente da bomba para o sinal por meio de SRS, à medida
que os dois feixes se propagam no interior da fibra, no mesmo sentido. Na
configuração de bombeamento contrapropagante, muito usada na prática,
os feixes da bomba e de sinal se propagam em sentidos opostos.

Figura 7.8  Ilustração esquemática de um amplificador Raman baseado em fibra.

7.3.1  Ganho Raman e Largura de Banda


O espectro de ganho Raman em fibras de sílica é exibido na Figura 2.17;
sua característica de banda larga é uma consequência da natureza amorfa do
vidro. O coeficiente de ganho Raman gR está relacionado ao ganho óptico
por g = gRIp(z), sendo Ip a intensidade da bomba. Em termos da potência de
bombeio Pp(z), o ganho pode ser escrito como:

g(ω , z ) = g R (ω )[ Pp ( z )/a p ], (7.3.1)

em que ap é a área da seção reta do feixe de bombeio no interior da fibra.


Como ap pode variar consideravelmente para diferentes tipos de fibra, a razão
Gerenciamento de Perdas 371

Figura 7.9  Espectro de ganho Raman (razão gR/ap) para fibras padrão (SMF), de dispersão
deslocada (DSF) e compensadora de dispersão (DCF). Perfis de ganho normalizado
também são mostrados. (Após a Ref. [54]; ©2001 IEEE.)

gR/ap é uma medida da eficiência de ganho Raman [54]. Curvas de variação


dessa razão são mostradas na Figura 7.9 para três fibras diferentes. Uma fibra
compensadora de dispersão (DCDF) pode ser 8 vezes mais eficiente do que
uma fibra de sílica padrão (SMF), devido ao menor diâmetro do núcleo. A
dependência do ganho Raman em relação à frequência é quase a mesma
para os três tipos de fibra, como evidente dos espectros de ganho mos-
trados na Figura 7.9. O ganho é máximo para um deslocamento de Stokes
da ordem de 13,2 Thz. A largura de banda do ganho ∆νg é de quase 6 THz,
se a definirmos como a largura FWHM do pico dominante na Figura 7.9.
A grande largura de banda de amplificadores Raman baseados em fibra
os torna atraentes para sistemas de comunicação por fibra óptica. Contudo,
uma potência de bombeio relativamente alta é necessária para realizar um
fator de amplificação G > 20 dB. Como exemplo, se usarmos G = exp(gL),
ignorando as perdas da bomba na região não saturada, gL ≈ 6,7 é necessário
para G = 30 dB. Usando o valor medido gR = 6 × 10−14 m/W no pico
de ganho próximo a 1,55 mm, com ap = 50 mm2, a necessária potência de
bombeio é maior do que 5 W, para uma fibra de 1 km de comprimento. A
potência de bombeio pode ser reduzida para fibras mais longas, mas, nesse
caso, as perdas da fibra devem ser incluídas.
Amplificadores Raman são classificados como concentrados ou dis-
tribuídos, dependendo da configuração. No caso concentrado, um dispositivo
discreto é feito enrolando 1-2 km de fibra especialmente preparada, dopada
com Ge ou fósforo para aumentar o ganho Raman. Para amplificação de
sinais em 1,55 mm, a fibra é bombeada em um comprimento de onda
próximo a 1,45 mm. No caso de amplificação Raman distribuída, a própria
fibra usada para transmissão do sinal também é utilizada para amplificação do
sinal. A luz de bombeio é, em geral, injetada na direção contrapropagante e
provê ganho ao longo de distâncias relativamente grandes (> 50 km). De um
ponto de vista sistêmico, a principal desvantagem nos dois casos é o fato de
372 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

lasers de alta potência serem necessários para o bombeamento. Experimentos


iniciais usaram um laser de centro de cor sintonizável como bomba; tais
lasers são demasiadamente volumosos para aplicações em sistemas. Por essa
razão, amplificadores Raman foram raramente utilizados na década de 1990,
quando EDFAs se tornaram disponíveis. A situação mudou por volta do ano
2000, com a disponibilidade de compactos lasers de semicondutor de alta
potência. Desde então, têm-se empregado amplificadores Raman discretos
e distribuídos no projeto de sistemas de ondas luminosas.

7.3.2  Ganho de Sinal Induzido por Espalhamento Raman


Consideremos a situação mais simples em que um único feixe CW de
bombeio é lançado na fibra óptica usada para amplificar um sinal CW.
Variações nas potências de bombeio e de sinal ao longo do comprimento
do amplificador podem ser estudadas com a solução das duas equações
acopladas fornecidas na Seção 2.6.1. Em termos das potências de bombeio
e de sinal, essas equações tomam a forma:
dPs /dz = −α s Ps + ( g R /a p )Pp Ps ,
(7.3.2)

dPp /dz = −α p Pp − (ω p /ω s )( g R /a p )Ps Pp , (7.3.3)

em que as e ap representam perdas da fibra nas frequências de sinal e de


bombeio, respectivamente. A razão de frequências wp/ws resulta das diferentes
energias dos fótons da bomba e do sinal, e desaparece se essas equações forem
escritas em termos dos números de fótons.
Consideremos, primeiro, o caso de amplificação de pequeno sinal, para o
qual a depleção da bomba pode ser desprezada [último termo na Eq. (7.3.3)].
Substituindo Pp(z) = Pp(0)exp(−apz) na Eq. (7.3.2), a potência de sinal na
saída de um amplificador de comprimento L é dada por

Ps (L ) = Ps (0)exp( g R P0 L eff /a p − α s L ), (7.3.4)

em que P0 = Pp(0) é a potência de entrada, e Leff = [1 − exp(−apL)]/ap.


Devido às perdas da fibra no comprimento de onda de bombeio, o com-
primento efetivo do amplificador é menor do que o real comprimento
L; Leff ≈ 1/ap para α p L  1. Como, na ausência de amplificação Raman,
Ps(L) = Ps(0)exp(−asL), o ganho do amplificador é determinado por
Ps (L )
GA = = exp( g 0 L ), (7.3.5)
Ps (0)exp( −α s L )
sendo o ganho de pequeno sinal g0 definido como
P L  g P
g 0 = g R  0   eff  ≈ R 0 . (7.3.6)
 a p   L  a pα p L
Gerenciamento de Perdas 373

A última relação é válida para α p L  1 . O fator de amplificação GA se


torna independente do comprimento para grandes valores de apL. A Figura 7.10
mostra a variação de GA com P0, para diversos valores de potência de en-
trada de sinal, para um amplificador Raman de 1,3 km de comprimento
operando em 1,064 mm e bombeado em 1,017 mm. Inicialmente, o fator
de amplificação aumenta de modo exponencial com P0 e, depois, começa
a se desviar para P0 > 1 W, devido à saturação de ganho. O desvio se torna
maior com o aumento de Ps(0), à medida que a saturação de ganho passa
a ocorrer mais cedo ao longo do comprimento do amplificador. As linhas
cheias na Figura 7.10 foram obtidas da solução numérica das Eq. (7.3.2) e
(7.3.3), incluindo depleção da bomba, que ocorre à medida que esta fornece
energia para amplificação de sinal. Um aumento na potência de bombeio
Pp reduz o ganho óptico na Eq. (7.3.1). Tal redução de ganho é referida
como saturação de ganho. Podemos obter uma expressão aproximada para
o ganho saturado Gs do amplificador assumindo as = ap nas Eq. (7.3.2) e
(7.3.3). O resultado é dado por [28]:

(1 + r0 )e −α s L ω p Ps (0)
Gs = , r0 = . (7.3.7)
r0 + G A−(1+ r0 ) ω s Pp (0)

Figura 7.10  Variação do ganho do amplificador G0 com a potência de bombeio P0 em


um amplificador Raman de 1,3 km de comprimento, para três valores de potência de
entrada. As linhas cheias mostram a previsão teórica. (Após a Ref. [59]; ©1981 Elsevier.)
374 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

Figura 7.11  Características de saturação de ganho de amplificadores Raman, para


diversos valores de ganho não saturado GA do amplificador.

A Figura 7.11 mostra as características de saturação por meio de gráficos


de Gs/GA em função de GAr0, para diversos valores de GA. O ganho do am-
plificador é reduzido em 3 dB quando GAr0 ≈ 1. Essa condição é satisfeita
quando a potência do sinal amplificado se torna comparável à potência de
bombeio de entrada P0. Na verdade, P0 é uma boa medida da potência de
saturação. Como, tipicamente, P0 ∼ 1 W e as potências de canais em um
sistema WDM são ∼ 1 mW, amplificadores Raman operam no regime não
saturado, e a Eq. (7.3.6) pode ser usada no lugar da Eq. (7.3.7).

7.3.3  Amplificação Raman com Múltiplas Bombas


A partir de 1998, o uso de múltiplas bombas para amplificação Raman foi
explorado para o desenvolvimento dos amplificadores ópticos de banda larga
exigidos por sistemas de ondas luminosas WDM operando na região de
1,55 mm [60]–[65]. Sistemas de WDM denso (100 ou mais canais), tipica-
mente, requerem amplificadores ópticos capazes de prover ganho uniforme
em uma faixa de comprimentos de onda de 70–80 nm. Uma abordagem
simples emprega amplificadores híbridos feitos com a combinação de dopa-
gem com érbio e ganho Raman. Em uma implementação dessa ideia [46],
uma largura de banda de quase 80 nm foi realizada com a combinação de
um EDFA e dois amplificadores Raman, bombeados simultaneamente em
três diferentes comprimentos de onda (1.471, 1.495 e 1.503 nm) por meio
de quatro módulos de bombeio; cada módulo lançava mais de 150 mW de
potência na fibra. O ganho combinado de 30 dB foi quase uniforme na
faixa de comprimentos de onda de 1,53 − 1,61 mm.
Gerenciamento de Perdas 375

É possível realizar, também, amplificação de banda larga em 80 nm ou


mais com a utilização de um esquema de pura amplificação Raman [54].
Nesse caso, um segmento relativamente grande (em geral, > 50 km) de
uma fibra com núcleo pequeno (como uma DCF) é bombeado usando
múltiplos lasers de bombeio. Alternativamente, a própria fibra de transmissão
pode ser utilizada como meio de ganho Raman. No último esquema, todo
o enlace de fibra de longa distância é dividido em múltiplos segmentos
(com 60 a 100 km de comprimento), sendo cada um bombeado de modo
contrapropagante por módulos de bombeio que consistem em múltiplos
lasers de bombeio. O ganho Raman acumulado ao longo de todo o com-
primento de um dado segmento compensa, de forma distribuída, as perdas
da fibra naquele segmento.
A ideia básica de bombeamento múltiplo de amplificadores tira proveito
da propriedade de que ganho Raman existe em qualquer comprimento de
onda, desde que o comprimento de onda de bombeio seja escolhido de
modo adequado. Embora o espectro de ganho com uma única bomba não
seja muito largo, sendo plano somente em alguns nanômetros (Fig. 7.9),
ele pode ser consideravelmente alargado e aplainado com o emprego de
várias bombas em diferentes comprimentos de onda. Cada bomba cria um
ganho com espectro similar ao mostrado na Figura 7.9(b), e é possível que a
superposição de vários desses espectros crie um ganho relativamente plano
em uma larga região espectral, se os comprimentos de onda e os níveis de
potência das bombas forem escolhidos de modo apropriado. A Figura 7.12(a)
exibe um exemplo para o caso em que quatro lasers de bombeio − operando
nos comprimentos de onda de 1.420, 1.435, 1.450, 1.465 e 1.495 nm − são
usados para bombear o amplificador Raman [54]. As potências das bombas
são individualmente escolhidas para o provimento dos diferentes espectros

Figura 7.12  Ganho Raman composto (b) para um amplificador Raman bombeado por
cinco lasers com diferentes comprimentos de onda e potências relativas (a) escolhidas
para provimento de ganho quase uniforme em uma largura de banda de 80 nm. (Após
a Ref. [54]; ©2001 IEEE.)
376 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

de ganho mostrados na parte (b), de modo que o ganho Raman total seja
quase uniforme em uma largura de banda de 80 nm (curva superior).
Espectros de ganho Raman com largura de banda maior do que 100 nm
foram realizados com o emprego de múltiplos lasers de bombeio [61]–[65].
Em uma demonstração dessa técnica em 2000, 100 canais WDM espaçados
por 25 GHz, cada um operando a uma taxa de bits de 10 Gb/s, foram
transmitidos por 320 km [63]. Todos os canais foram amplificados simulta-
neamente por meio de bombeamento contrapropagante de cada segmento
de fibra de 80 km com quatro lasers de semicondutor. Esse amplificador
Raman distribuído forneceu 15 dB de ganho, com 450 mW de potência
de bombeamento. Uma indesejável característica de SRS é o ganho Raman
ser sensível à polarização. Em geral, o ganho é máximo quando o sinal e
a bomba são polarizados na mesma direção, e quase zero quando sinal
e bomba são polarizados em direções ortogonais. O problema da polarização
pode ser resolvido bombeando o amplificador Raman de modo que sejam
utilizados dois lasers com polarizações ortogonais em cada comprimento
de onda, ou despolarizando a saída de cada laser de bombeio.
O projeto de amplificadores Raman de banda larga adequados a aplica-
ções de WDM requer a consideração de vários fatores. O mais importante é
a inclusão de interações bomba-bomba. Em geral, múltiplos feixes de bom-
beio também são afetados pelo ganho Raman, e alguma potência de cada
bomba de comprimento de onda curto é invariavelmente transferida para
cada bomba de comprimento de onda longo. Um modelo apropriado − que
inclui interações entre bombas, retroespalhamento Rayleigh e espalhamento
Raman espontâneo − considera cada componente de frequência separada-
mente e requer a solução do seguinte conjunto de equações acopladas [62]:

dP f (ν )
dz
= ∫ µ >ν
g ′(µ , ν )[ P f (µ ) + Pb (µ )][ P f (ν ) + 2hν nsp (µ − ν )]dµ

−∫ g ′(ν , µ )[ P f (µ ) + Pb (µ )][ P f (ν ) + 4hν nsp (ν − µ )]dµ ,


µ <ν

−α(ν )P f (ν ) + rs Pb (ν ), (7.3.8)

em que g9 = gR/Aeff; m e ν denotam frequências ópticas, enquanto os subscri-
tos f e b denotam ondas copropagantes e contrapropagantes, respectivamente.
Uma equação similar é válida para ondas contrapropagantes. O parâmetro
nsp leva em conta o espalhamento Raman espontâneo que atua como ruído
para o sinal amplificado. Esse parâmetro é definido como
n (Ω) = [1 − exp(−Ω/k T )]−1 , (7.3.9)
sp B

em que Ω = |m − ν| é o deslocamento Raman, e T denota a temperatura


absoluta do amplificador. Na Eq. (7.3.8), os primeiro e segundo termos
Gerenciamento de Perdas 377

contabilizam a transferência de potência induzida pelo ganho Raman para


dentro e para fora da banda de frequências. O fator 4 no segundo termo
resulta da natureza independente de polarização do espalhamento Raman
espontâneo [54]. As perdas da fibra e o retroespalhamento Rayleigh são
incluídos pelos dois últimos termos, sendo governados pelos parâmetros
a e rs, respectivamente.
Para o projeto de amplificadores Raman de banda larga, todo o conjunto
dessas equações é resolvido numericamente para determinar os ganhos
de canais, e as potências de bombeio de entrada são ajustadas até que o
ganho seja praticamente o mesmo para todos os canais. Tais amplificadores
são capazes de amplificar 100 canais ou mais em uma largura de banda de
80 nm, com oscilação (ripple) menor do que 0,1 dB, sendo adequados para
sistemas de WDM denso que cobrem as bandas C e L.Vários experimentos
de laboratório foram efetuados para demonstrar transmissão a grandes dis-
tâncias e a altas taxas de bits. Em um experimento de 2009, 135 canais,
cada um operando a 111 Gb/s, foram transmitidos por 6.248 km com o
uso de amplificação Raman distribuída em um anel recirculante de fibra
com 240 km [66].

7.3.4  Figura de Ruído de Amplificadores Raman


Espalhamento Raman espontâneo se soma ao sinal amplificado e aparece
como ruído, devido às fases aleatórias associadas a todos os fótons gerados
espontaneamente. Esse mecanismo de ruído é similar à emissão espontânea
que afeta o desempenho de EDFAs, exceto pelo fato de, no caso Raman,
isso depender da população de fótons no estado vibracional, que, por sua
vez, depende da temperatura do amplificador Raman.
Em um nível mais fundamental, deve ser considerada a evolução do
sinal com o ruído adicionado por espalhamento Raman espontâneo, o que
requer a solução da Eq. (7.1.4). Se, por simplicidade, desprezarmos os termos
dispersivos e não lineares nessa equação, devemos resolver

dA 1 α
= g 0 ( z )A − s A + f n ( z, t ), (7.3.10)
dz 2 2

em que g0(z) = gRPp(z)/ap é o coeficiente de ganho; Pp(z) é a potência de
bombeio local, e fn(z, t) leva em conta o ruído adicionado por espalhamento
Raman espontâneo. Como cada evento de espalhamento independe de
qualquer outro, esse ruído pode ser modelado como um processo estocás-
tico gaussiano para o qual 〈fn(z,t)〉 = 0, e o segundo momento é dado pela
Eq. (7.1.5), com nsp fornecido pela Eq. (7.3.8).
378 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

A Eq. (7.3.10) pode ser integrada com facilidade para fornecer


A(L ) = G(L )A(0) + Asp , sendo G(L) o fator de amplificação, e a con-
tribuição do espalhamento Raman espontâneo dada por:


Asp (t ) = G(L ) ∫ 0
L f n ( z, t )
G( z )
dz, G( z ) = exp ( ∫ [ g (z′) − α ]dz′) .(7.3.11)
0
z
0 s

Fica evidente dessa equação que a contribuição da ASE somada ao sinal


depende da natureza distribuída do ganho Raman. É fácil mostrar que o
valor médio de an(t) é nulo e que seu segundo momento é determinado por

f n ( z, t ) f n ( z ′, t ′)
an (t )an (t ′) = G(L ) ∫ dz ∫ dz ′
L L
= S ASEδ(t − t ′), (7.3.12)

0 0
G( z )G( z ′)

em que a densidade espectral do ruído de ASE é definida como


g0 (z)
S ASE = nsp hν 0G(L ) ∫ 0
L
dz. (7.3.13)
G( z )

Podemos calcular a potência da contribuição da ASE usando PASE = 〈|Asp|2〉


juntamente com a Eq. (7.1.5). O resultado é obtido como:

G( L ) Pp ( z )

L
PASE = nsp hν 0 g R ∆ν o dz, (7.3.14)
ap 0
G( z )

sendo ∆νo largura de banda do amplificador Raman ou do filtro óptico, caso
um filtro seja usado para reduzir o ruído. A potência de ruído total é um
fator 2 maior quando as duas componentes de polarização são consideradas.
É possível, agora, calcular a figura de ruído seguindo o procedimento
usado para EDFAs, sendo dada por:
PASE g ∆ν Pp ( z )

L
Fn = = nsp R o dz. (7.3.15)
Ghν 0 ∆f a p ∆f 0
G( z )

Essa equação mostra que a figura de ruído de um amplificador Raman


depende não apenas das larguras de banda óptica e elétrica, mas também
do esquema de bombeamento. A equação é muito útil para amplificadores
Raman concentrados, para os quais o comprimento de fibra é ∼ 1 km e o
ganho de sinal líquido excede 10 dB. No caso de amplificação distribuída,
o comprimento do segmento de fibra, tipicamente, ultrapassa 50 km, e o
bombeio é tal que G(z) < 1 ao longo de todo o comprimento de fibra.
Nesse caso, Fn predita pela Eq. (7.3.15) pode ser muito alta. É comum
introduzir uma figura de ruído efetiva, definida como Feff = Fnexp(−asL).
Fisicamente, pode-se entender esse conceito notando que uma fibra passiva
Gerenciamento de Perdas 379

reduz a SNR de um sinal óptico por um fator exp(asL), devido à redução


da potência de sinal [64]. Para determinar a figura de ruído efetiva de um
amplificador Raman, é necessário remover a contribuição da fibra passiva.
Vale ressaltar que Fn pode ser menor do que 1 (ou negativa na escala de
decibel). Na verdade, é essa característica da amplificação Raman distribuída
que a torna tão atraente para sistemas de ondas luminosas WDM de longas
distâncias. Fisicamente, o ganho distribuído neutraliza as perdas da fibra
na própria fibra de transmissão, resultando em uma SNR melhorada, em
comparação com o caso em que as perdas são compensadas na extremidade
da fibra por meio de amplificadores concentrados. O bombeamento co-
propagante resulta em ruído ainda menor, pois o ganho Raman é, então,
concentrado no lado de entrada da fibra.
O desempenho de modernos amplificadores Raman é afetado por
diversos fatores, que devem ser controlados [6]. Alguns deles são retroespa-
lhamento Rayleigh [67]–[71], transferência bomba-ruído [72] e dispersão do
modo de polarização [73]–[75]. Esse último tem origem na dependência em
relação à polarização do coeficiente de ganho Raman gR em fibras de sílica.
Na prática, é possível reduzir seu impacto com o emprego da técnica de
embaralhamento de polarização [54]. Nessa técnica, a polarização da bomba
é modificada de forma aleatória, de modo que o sinal experimente diferentes
ganhos locais em diferentes partes da fibra, resultando, efetivamente, em
um ganho médio que independe da polarização do sinal. O uso de fibras
torcidas (spun fibers) para amplificadores Raman também pode reduzir os
efeitos deletérios de polarização [76].

7.4  RELAÇÃO SINAL-RUÍDO ÓPTICA


O ruído de ASE adicionado por cada amplificador ao sinal reduz a
SNR do sinal amplificado. Como vimos no Capítulo 4, o desempenho de
um sistema de onda luminosa é determinado pela SNR elétrica obtida após
a conversão do sinal à forma elétrica por meio de um fotodetector. Con-
tudo, o conceito de SNR óptica − definida como a razão entre a potência
óptica e a potência de ASE (em certa largura de banda) – também é útil
por prover orientações de projeto. Nesta seção, focaremos a SNR óptica, e
consideraremos a SNR elétrica na próxima seção.

7.4.1  Amplificação Concentrada


Em uma cadeia de amplificadores concentrados (Fig. 7.1), a ASE se acu-
mula de amplificador para amplificador e pode chegar a altos níveis [2].
A potência de ASE adicionada por qualquer amplificador é atenuada em
sucessivos segmentos de fibra, mas também é amplificada por todos os am-
plificadores seguintes. O efeito líquido é que as potências de ASE de todos os
380 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

amplificadores podem ser simplesmente adicionadas no final de um enlace


de fibra. Assumindo que todos os amplificadores sejam espaçados pela mesma
distância LA e operem com o mesmo ganho G = exp(aLA), a potência total
de ASE para uma cadeia de NA amplificadores é dada por:

PAtotSE = 2N AS ASE ∆ν o = 2nsp hν 0 N A (G − 1)∆ν o , (7.4.1)

em que, como antes, o fator 2 leva em conta a natureza despolarizada da


ASE, e ∆v0 é a largura de banda do filtro óptico.
Fica claro que a potência de ASE pode ser muito ampla para grandes
valores de G e NA. Um efeito colateral dos altos níveis de ASE é que, em
algum ponto, a ASE começa a saturar os amplificadores. Com isso, a potência
de sinal é reduzida e, ao mesmo tempo, a potência de ruído segue cres-
cendo, resultando em severa degradação da SNR. A potência de ASE pode
ser controlada, assim como a SNR pode ser melhorada, com a redução
do espaçamento LA entre amplificadores. À primeira vista, essa abordagem
parece contraprodutiva, pois aumenta o número NA de amplificadores.
Entretanto, observando que, para um enlace de comprimento total LT,
tot
NA = LT/LA = aLT/lnG, concluímos que PASE varia com G na forma
(G − 1)/lnG, podendo ser reduzida com a simples redução do ganho G de
cada amplificador. Portanto, aumentar o número de amplificadores e reduzir
o espaçamento entre eles é uma técnica efetiva para o controle do ruído
de ASE. Tal característica explica por que amplificação distribuída ajuda a
melhorar o desempenho de um sistema de onda luminosa.
Na prática, podemos desejar minimizar o número de amplificadores
concentrados por razões econômicas. Nessa situação, deve-se projetar o
sistema com um espaçamento entre amplificadores que seja relativamente
grande, mas ainda suficientemente pequeno a fim de que o sistema opere
de modo confiável e realize um valor-alvo de SNR óptica. Da Eq. (7.4.1),
a SNR óptica pode ser escrita como:
Pin Pin ln G
SNR o = = , (7.4.2)
PASE 2nsphν 0 ∆ν oα LT (G − 1)
tot

em que Pin é a potência média de entrada. A Figura 7.13 mostra o compri-


mento total do enlace LT em função de LA, para diversos valores da potência
de entrada, usando a= 0,2 dB/km, nsp = 1,6, ∆v0 = 100 GHz e assumindo
que uma SNR óptica de 20 dB seja necessária para o sistema operar de
modo confiável. Para uma dada potência de entrada, o espaçamento LA entre
amplificadores diminui à medida que o comprimento do enlace aumenta.
Embora seja possível melhorar o espaçamento entre amplificadores pelo
aumento da potência de entrada Pin, na prática, a máxima potência que
pode ser lançada é limitada pelo surgimento de vários efeitos não lineares,
Gerenciamento de Perdas 381

Figura 7.13  Máximo comprimento de enlace de sistemas limitados por ASE em função
do espaçamento LA entre amplificadores, para diversos valores da potência média de
sinal lançada em um enlace de fibra com amplificação periódica.

discutidos no Capítulo 4. Tipicamente, Pin é limitada a valores próximos a


1 mW. Nesses níveis de potência, LA deve estar na faixa de 40 a 50 km, para
sistemas de ondas luminosas submarinos com enlaces de 6.000 km ou mais
de comprimento. Contudo, para sistemas terrestres, com enlaces com menos
de 3.000 km de comprimento, LA pode ser elevado para cerca de 80 km.

7.4.2  Amplificação Distribuída


No caso de amplificação distribuída, potência de bombeamento é injetada
periodicamente nas estações de bombeio, separadas por LA, e é escolhida
de modo que o valor inicial da potência de sinal seja recuperado em cada
estação de bombeio; ou seja, Ps(nLA) = Pin. Para calcular a SNR óptica e
determinar o espaçamento ótimo entre estações de bombeio, podemos
adotar uma abordagem similar à empregada para amplificadores concen-
trados. Nesse caso, a SNR óptica do sinal amplificado assume a forma:
Ps (LT ) Pin
SNR o= = , (7.4.3)
N A PASE 2N AS ASE ∆ν o
em que LT = NALA é o comprimento do enlace, NA é o número de estações
de bombeio e SASE é dado pela Eq. (7.3.13).
Uma nova característica da amplificação distribuída é que a potência de
bombeio pode ser injetada no sentido copropagante ou no sentido contra-
propagante ou em ambos. Como a forma funcional do ganho g(z) depende
do esquema de bombeamento, e SASE na Eq. (7.3.13) depende de g(z),
382 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

Figura 7.14  (a) Densidade espectral da ASE e (b) SNR óptica (OSNR) em função do ganho
líquido, para um amplificador Raman distribuído, com 100 km de comprimento, bom-
beamento bidirecional, e Pin = 1 mW. A fração da potência de bombeio copropagante
varia de 0 a 100%. (Após a Ref. [55]; ©2003 Springer.)

podemos controlar a SNR óptica até certo ponto adotando um adequado


esquema de bombeamento. A Figura 7.14 mostra a variação (a) da densidade
espectral de ASE e (b) da SNR óptica em função do ganho líquido G(L),
para diversos esquemas de bombeamento, assumindo que um sinal de entrada
de 1 mW seja transmitido por um amplificador Raman distribuído, com
100 km de comprimento e bombeamento bidirecional [55]. A fração da
potência de bombeio copropagante varia de 0 a 100%. As perdas da fibra são
de 0,26 e 0,21 dB/km nos comprimentos de onda de bombeio e de sinal,
respectivamente. Outros parâmetros usados são: nsp = 1,13, hν0 = 0,8 eV
e gR = 0,68 W−1/km. A SNR óptica é máxima no caso de bombeamento
puramente copropagante (cerca de 54 dB), e cai de até 15 dB quando a
fração de bombeamento contrapropagante é aumentada de 0 para 100%. Isso
pode ser entendido notando que, no caso de bombeamento copropagante,
a ASE gerada nas proximidades do lado de entrada sofre perdas acumuladas
ao longo de todo o comprimento de fibra, mas, no caso de bombeamento
contrapropagante, sofre apenas uma fração dessas perdas.
A Figura 7.14(b) mostra a SNR óptica para um único segmento de
100 km de comprimento, mas ilustra claramente os benefícios da amplifi-
cação distribuída. Se NA desses segmentos forem empregados para formar
um enlace de fibra de longa distância, a SNR é reduzida por um fator NA,
como visto na Eq. (7.4.3). Mesmo quando NA = 100 e comprimento total
do enlace LT = 10.000 km, SNR0 permanece maior do que 20 dB.Valores
tão altos de SNR óptica são de difícil manutenção em longos enlaces de
fibra quando EDFAs são usados.
Gerenciamento de Perdas 383

7.5  RELAÇÃO SINAL-RUÍDO ELÉTRICA


A SNR óptica, embora útil para fins de projeto, não governa a BER
no receptor. Nesta seção, focamos a SNR elétrica da corrente gerada quando
um sinal óptico degradado por ASE incide no fotodetector. Para simplificar a
discussão, consideraremos a configuração mostrada na Figura 7.15, e assumi-
remos que um único amplificador óptico seja usado antes do receptor para
amplificar um sinal de baixa potência antes da detecção. Essa configuração
é, às vezes, utilizada para melhorar a sensibilidade do receptor por meio de
pré-amplificação óptica.

Figura 7.15  Diagrama em blocos do esquema de pré-amplificação óptica. Um amplifi-


cador é posicionado imediatamente antes do detector para melhorar sua sensibilidade.
O amplificador adiciona ASE ao sinal e gera ruído adicional na corrente do receptor.

7.5.1  Flutuações de Corrente Induzida por ASE


Quando a contribuição do ruído de ASE ao campo de sinal Es é incluída,
a fotocorrente gerada no receptor pode ser escrita como:

I = Rd (| GE s + Ecp |2 + | Eop |2 ) + i s + iT , (7.5.1)



em que G é o ganho do amplificador, is e iT são flutuações de corrente
induzidas por ruído de disparo e por ruído térmico, respectivamente; Ecp
é a parte da ASE em copolarização com o sinal, e Eop e a parte da ASE em
polarização ortogonal. É necessário separar a ASE nessas duas partes porque
somente a parte da ASE em copolarização pode bater com o sinal.
O ruído de corrente induzido pela ASE tem origem no batimento de Es
com Ecp e no batimento da ASE com ela própria. Para entender o fenômeno
de batimento com clareza, observemos que a ASE ocorre em uma largura de
banda maior do que a largura de banda do sinal ∆νs. É conveniente dividir
a largura de banda ∆ν0 da ASE em M seções, cada uma com largura ∆νs, e
escrever Ecp na forma:
M
Ecp = ∑(S ASE ∆ν s )1/2 exp(iφm − iωmt ), (7.5.2)
m =1
384 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

em que øm é a fase da componente de ruído na frequência wm = wl + m(2πνs),


e wl é o limite inferior da banda passante do filtro. A densidade espectral da
ASE para um amplificador concentrado é fornecida pela Eq. (7.2.11). Uma
forma idêntica à da Eq. (7.5.2) se aplica para Eop.
Usando E = Ps exp(iø s − iω st ) e Ecp da Eq. (7.5.2) na Eq. (7.5.1), e in-
cluindo todos os termos de batimento, a corrente I pode ser escrita na forma:

I = RdGPs + isig − sp + isp− sp + i s + iT , (7.5.3)

em que isig-sp e isp-sp representam flutuações de corrente resultantes dos bati-


mentos sinal-ASE e ASE-ASE, respectivamente, dadas por:
M
isig −sp = 2Rd (GPsS ASE ∆ν s )1/2 ∑ cos[(ω s − ωm )t + φm − φ s ], (7.5.4)
m =1

M M
isp−sp = 2Rd S ASE ∆ν s ∑∑ cos[(ωn − ωm )t + φm − φn ]. (7.5.5)
m =1 n =1

Como essas duas correntes de ruído flutuam rapidamente com o tempo,


é preciso determinar seus valores médios e suas variâncias. É fácil ver que
〈isig-sp〉 é nulo. Contudo, 〈isp-sp〉 possui um valor finito que resulta dos termos
no duplo somatório com m = n. Tal valor médio é determinado por:

isp−sp = 2Rd S ASE ∆ν s M ≡ 2Rd S ASE ∆ν o ≡ Rd PASE . (7.5.6)



As variâncias das duas correntes de ruído também podem ser calculadas
elevando-as ao quadrado e tomando a média temporal. Escrevemos o re-
sultado final diretamente, pois os detalhes podem ser encontrados em vários
textos [1]–[3]:

σ sig
2
− sp = 4 R d GPs S ASE ∆f ,
2
(7.5.7)

σ s2p− sp = 4 Rd2S A2SE ∆f ( ∆ν o − ∆f / 2), (7.5.8)

sendo ∆f a largura de banda efetiva de ruído do receptor. A variância total


σ2 das flutuações de corrente pode ser escrita como:

σ 2 = σ s2ig − sp + σ s2p− sp + σ s2 + σ T2 , (7.5.9)

em que σ T é devido ao ruído térmico, e a variância de ruído de disparo


2

tem uma contribuição adicional resultante da média na Eq. (7.5.6), ou seja:

σ s2 = 2q[ Rd (GPs + PASE )]∆f , (7.5.10)

sendo PASE = 2 SASE∆ν0 a potência de ASE total que entra no receptor.


Gerenciamento de Perdas 385

7.5.2  Impacto da ASE na SNR


Podemos, agora, calcular a SNR elétrica no receptor. Notando, da Eq. (7.5.3),
que 〈I〉 = Rd(GPs + PASE), a SNR é dada por:

I 2 Rd2 (GPs + PASE )2


SNR e = = . (7.5.11)
σ 2 σ sig
2
− sp + σ sp − sp + σ s + σ T
2 2 2

A importante questão é se a SNRe é melhorada ou degradada pela am-


plificação do sinal antes da detecção dele. Para responder a essa questão,
comparemos a Eq. (7.5.11) com a SNR realizada na ausência do amplifica-
dor óptico. Usando G = 1 e PASE = 0, essa SNR é fornecida por:

R 2P 2
SNR e′ = 2 d s 2 . (7.5.12)
σ s +σT

Consideremos, primeiro, o caso de um receptor ideal sem ruído térmico e


eficiência quântica de 100%, de modo que Rd = q/hν0. Nesse caso, a SNR
sem amplificador é dada por SNR′e = Ps /(2hν 0 ∆f ) . Quando um amplifi-
cador óptico é empregado, a variância da corrente é dominada por σ sig-sp
2
.
Desprezando σ sp-sp e PASE na Eq. (7.5.11), a SNR é obtida como:
2

GPs
SNR e = . (7.5.13)
(4S ASE + 2hν 0 )∆f

Usando SASE da Eq. (7.2.11), a figura de ruído de um amplificador óptico


é fornecida pela Eq. (7.2.15).
Na prática, o ruído térmico excede o ruído de disparo por um grande
valor, e deve ser incluído antes de concluirmos que um amplificador óptico
sempre degrada a SNRe. Desprezando o ruído de disparo na Eq. (7.5.12)
e mantendo apenas o termo dominante σ sig-sp2
na Eq. (7.5.11), obtemos:

SNR e Gσ T2
= . (7.5.14)
SNR e′ 4 Rd2 PsS ASE ∆f

Como essa razão pode ser feita muito grande com a redução de Ps e o
aumento do ganho G do amplificador, é possível melhorar a SNR elétrica
por 20 dB ou mais, em comparação com o valor obtido sem amplificação.
Essa aparente contradição pode ser entendida observando que o ruído do
receptor − dominado por σ sig-sp − é tão alto em magnitude que podemos
2

desprezar o ruído térmico. Em outras palavras, a pré-amplificação óptica


do sinal ajuda a mascarar o ruído térmico, resultando em uma melhora na
SNR. Na verdade, se retermos somente o termo de ruído dominante, a
SNR elétrica do sinal amplificado é escrita como:
386 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

GPs GPs ∆ν o
SNR e = = .
4S ASE ∆f 2PASE ∆f (7.5.15)

Esse resultado deve ser comparado com a SNR óptica GPs/PASE. Como visto
na Eq. (7.5.15), em condições idênticas, a SNR elétrica é maior por um
fator ∆ν0/(2∆f), pois o ruído de ASE contribui apenas na largura de banda
do receptor ∆f, que é muito menor do que a largura de banda do filtro ∆ν0.

7.5.3  Acúmulo de Ruído em uma Cadeia de Amplificadores


Como mencionado anteriormente, sistemas de ondas luminosas de longas
distâncias requerem uma cadeia de múltiplos amplificadores ópticos em
cascata, posicionados periodicamente ao longo do enlace. O acúmulo de
ruído de ASE é o fator mais crítico para esses sistemas, por dois motivos.
Primeiro, em uma cadeia de amplificadores ópticos em cascata, a ASE se
acumula ao longo de muitos amplificadores e degrada a SNR à medida que
o número de amplificadores aumenta [77]–[80]. Segundo, conforme aumen-
ta, o nível de ASE começa a saturar os amplificadores ópticos, reduzindo
os ganhos de amplificadores posicionados mais adiante ao longo do enlace
de fibra. O resultado líquido é que o nível de sinal cai, enquanto o da ASE
sobe. Simulações numéricas mostram que o sistema é autorregulador, no
sentido de que a potência total obtida da adição das potências de sinal e de
ASE (PTOT = PS + PASE) permanece relativamente constante. A Figura 7.16
mostra esse comportamento autorregulatório para uma cadeia de 100 am-
plificadores em cascata; os amplificadores são espaçados por 100 km e têm
35 dB de ganho de pequeno sinal. A potência lançada pelo transmissor é de
1 mW. Os outros parâmetros são nsp = 1,3 e G0exp(−aLA) = 3. As potências

Figura 7.16  Variação da potência de sinal Ps e da potência de ASE PASE ao longo de uma
cadeia de amplificadores ópticos em cascata. A potência total PTOT se torna quase cons-
tante após alguns poucos amplificadores. (Após a Ref. [78]; ©1991 IEEE.)
Gerenciamento de Perdas 387

de sinal e de ASE se tornam comparáveis após 10.000 km. Fica claro que se


deve evitar a saturação de ganho induzida por ASE tanto quanto possível.
Na discussão a seguir, assumimos que esse é o caso.
Para estimar a SNR associada a um sistema de onda luminosa de longa
distância, assumamos que todos os amplificadores sejam espaçados por uma
distância constante LA, e que o ganho de cada amplificador G ≡ exp(aLA)
seja justo o suficiente para compensar as perdas da fibra em cada segmento de
comprimento LA. A potência de ASE total para uma cadeia de NA amplifica-
dores é, então, fornecida pela Eq. (7.4.1) e pode ser usada para determinar a
SNR óptica SNRo = Pin/PASE. A fim de calcular a SNR elétrica, precisamos
determinar a variância da corrente no receptor. Se assumirmos que o ruído
do receptor é dominado pelo ruído de batimento sinal-ASE e incluirmos
somente essa contribuição dominante, a SNR elétrica é obtida como:

Rd2 Pin2 Pin


SNR e = = , (7.5.16)
N Aσ sig-sp 4 N AS ASE ∆f
2

em que usamos a Eq. (7.5.7), a qual mostra que a SNR elétrica é reduzida
por um fator NA simplesmente porque o ruído de ASE aumenta por es-
se fator. Contudo, não devemos concluir dessa equação que seja possível
melhorar o desempenho do sistema posicionando um menor número de
amplificadores ao longo do enlace. Como discutido na Seção 7.4.1, se
reduzirmos o número de amplificadores, cada um adicionaria mais ruído,
pois teria de operar com maior ganho. O resultado mostrado na Figura 7.13
também se aplica aqui, pois as SNR óptica e elétrica estão relacionadas por
SNRe/SNRo = ∆ν0/(2∆f).

7.6  SENSIBILIDADE DO RECEPTOR E FATOR Q


Até aqui, consideramos sinais de entrada com potência constante. Em
qualquer sistema de onda luminosa, sinais ópticos estão na forma de uma
sequência de bits pseudoaleatória que consiste em bits 0 e 1. Esta seção foca
tal situação realista e determina os efeitos do ruído do amplificador na BER
e na sensibilidade do receptor.

7.6.1  Taxa de Erro de Bit


O cálculo da BER para sistemas de ondas luminosas que empregam am-
plificadores ópticos segue o procedimento delineado na Seção 4.6.1. Mais
especificamente, a BER é dada pela Eq. (4.6.10). Contudo, as probabilidades
condicionais P(0|1) e P(1|0) requerem o conhecimento da função densi-
dade de probabilidade (PDF − Probability Density Function) para a corrente I
correspondente aos símbolos 0 e 1. Estritamente falando, a PDF não permanece
388 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

gaussiana quando amplificadores ópticos são usados, e devemos empre-


gar uma forma mais complicada da PDF para calcular a BER [81]–[83].
Entretanto, os resultados são muito mais simples se a real PDF for aproximada
por uma gaussiana. Nesta seção, assumiremos que esse é o caso.
Com a aproximação gaussiana para o ruído do receptor, podemos usar a
análise da Seção 4.6.1 e concluir que a BER é fornecida pela Eq. (4.6.10),
com o fator Q ainda definido como:
I1 − I 0
Q= .
σ1 + σ 0 (7.6.1)

No entanto, as correntes de ruído σ1 e σ0 devem, agora, incluir os termos


de batimento introduzidos na Seção 6.3.1, sendo obtidas como:

σ 12 = σ sig-sp
2
+ σ sp-sp
2
+ σ s2 + σ T2 , σ 02 = σ sp-sp
2
+ σ T2 . (7.6.2)

No caso de bits 0, σ s e σ sig-sp podem ser desprezadas, pois essas duas con-
2 2

tribuições de ruído dependem do sinal e, se assumirmos uma alta razão de


extinção para a sequência de bits, são quase nulas para os bits 0. Como o fator
Q especifica a BER completamente, podemos realizar uma BER abaixo de
10−9 assegurando que Q seja maior do que 6. O valor de Q deve ser maior
do que 7 se for necessária uma BER menor do que 10−12.
Outras aproximações podem ser feitas para o cálculo do fator Q. Uma
comparação das Eq. (7.5.7) e (7.5.10) mostra que, na maioria dos casos
práticos, σ s2 pode ser desprezada diante de σ sig-sp
2
. O ruído térmico σ T2
também pode ser desprezado diante do termo de batimento dominante,
sempre que a potência óptica média no receptor for relativamente alta (>
0,1 mW). As correntes de ruído σ1 e σ0 são, então, bem aproximadas por

σ 1 = (σ sig-sp
2
+ σ sp-sp
2
)1/2 , σ 0 = σ sp-sp . (7.6.3)

Uma importante questão se refere a como a sensibilidade do receptor é


afetada pela amplificação óptica. Como o ruído térmico não aparece na
Eq. (7.6.3), devíamos esperar que o desempenho do receptor não fosse
limitado por ele, de modo que precisaríamos de um número muito menor de
fótons por bit, em comparação com os milhares de fótons necessários quando
o ruído térmico domina. Isso é, exatamente, o que ocorre, como observado
em vários experimentos realizados na década de 1990, que requereram de
100 a 150 fótons/bit [84]–[87]. Contudo, como discutido na Seção 4.6.3,
apenas 10 fótons/bit são necessários, em média, no limite quântico. Embora
não esperemos tal nível de desempenho quando amplificadores ópticos são
empregados, em função do ruído adicional que introduzem, é útil investigar
o mínimo número de fótons para esse caso.
Gerenciamento de Perdas 389

Para calcular a sensibilidade do receptor, assumamos, por simplicidade,


que nenhuma energia seja contida nos bits 0, de modo que I0 ≈ 0. Assim,
I1 = 2RdPbar rec em que Pbar rec é a potência média incidente no receptor.
Usando as Eq. (7.5.7) e (7.5.8) na Eq. (7.5.3), obtemos

Prec = hν 0 Fo ∆f [Q 2 + Q( ∆ν o / ∆f − 21 )1/2 ]. (7.6.4)



A sensibilidade do receptor pode ser escrita em termos do número
médio de fótons/bit, N p, usando a relação Pbar}rec = N p hv 0 B . Se aceitarmos
∆f = B/2 como valor típico da largura de banda do receptor, N p é dado por:

N p = 21 Fo [Q 2 + Q(r f − 21 )1/2 ], (7.6.5)



sendo rf = ∆ν0/∆f o fator pelo qual a largura de banda do filtro óptico excede
a largura de banda do receptor.
A Eq. (7.6.5) é uma expressão notavelmente simples para a sensibilidade
do receptor, e mostra com clareza por que amplificadores com pequena fi-
gura de ruído devem ser empregados. Essa equação também evidencia como
filtros ópticos de banda estreita são capazes de melhorar a sensibilidade do
receptor reduzindo rf. A Figura 7.17 mostra N p em função de rf, para diver-
sos valores da figura de ruído F0, usando Q = 6, valor necessário para manter
uma BER de 10−9. O mínimo valor de F0 é 2, para um amplificador ideal.

Figura 7.17  Sensibilidade do receptor N p em função da largura de banda do filtro


óptico (normalizada em relação à largura de banda do receptor), para diversos valores
da figura de ruído do amplificador, F0.
390 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

O mínimo valor de rf também é 2, pois ∆ν0 deve ser suficientemente grande


para passar um sinal à taxa de bits B. Usando Q = 6, com F0 = 2 e rf = 2, a
melhor sensibilidade do receptor é obtida da Eq. (7.6.5) como N p = 43,3
fótons/bit. Esse valor deve ser comparado com N p = 10 , o valor obtido para
um receptor ideal que opera no limite de ruído quântico.
Embora a própria ASE possua uma PDF gaussiana, a corrente do detector
gerada no receptor não segue uma estatística gaussiana, devido à con-
tribuição do batimento ASE-ASE. É possível calcular a função densidade
de probabilidade dos bits 0 e 1 em termos da função de Bessel modificada
[81]–[83], e medidas experimentais concordam com as previsões teóricas.
Contudo, a aproximação gaussiana é, muitas vezes, usada na prática para o
cálculo da sensibilidade do receptor.

7.6.2  Relação entre Fator Q e SNR Óptica


O fator Q − presente no cálculo da BER − e a SNR óptica calculada
na Seção 6.2 estão relacionados um ao outro. Para mostrar essa relação de
forma simples, consideremos um sistema de onda luminosa dominado pelo
ruído do amplificador, e assumamos que os bits 0 não transportem energia
(apenas ASE). Assim, I0 ≈ 0 e I1 = RdP1, sendo P1 o nível de potência de pico
durante cada bit 1. Usando a definição de potência de ASE total juntamente
com as Eq. (7.5.7) e (7.5.8), obtemos:

σ sig-sp
2
= 4 Rd2 P1PASE / M , σ sp-sp
2
= Rd2 PASE
2
/M , (7.6.6)

em que assumimos M = ∆ν 0 / ∆f  1.
Usando as duas variâncias da Eq. (7.6.6) na Eq. (7.6.3), podemos obter
σ1 e σ0. Se calculássemos Q com a ajuda da Eq. (7.6.1), o resultado seria:

SNRo M
Q= , (7.6.7)
2SNRo + 1 + 1

sendo SNRo ≡ P1/PASE a SNR óptica. Essa relação pode ser facilmente
invertida para fornecer

2Q 2 2Q
SNR o = + . (7.6.8)
M M

Essas equações mostram que Q = 6 pode ser realizado para valores
relativamente baixos da SNR óptica. Por exemplo, quando M = 6, preci-
samos apenas de SNRO = 7,5 para manter Q = 6. A Figura 7.18 mostra
a variação da SNR óptica com M, para valores de Q na faixa de 4 a 8.
Como visto na figura, a SNR óptica necessária aumenta rapidamente para
M abaixo de 10.
Gerenciamento de Perdas 391

Figura 7.18  SNR óptica necessária em função de M, para diversos valores do fator Q.

7.7  PAPEL DE EFEITOS DISPERSIVOS E NÃO LINEARES


Até aqui, consideramos ruído de amplificador sem prestar atenção ao
modo como ele interage com efeitos dispersivos e não lineares, que também
ocorrem à medida que um sinal óptico se propaga ao longo do enlace de
fibra. Na verdade, o ruído de ASE se propaga com o sinal, sendo afetado
pelos mesmos mecanismos dispersivos e não lineares que afetam o sinal
óptico. Esta seção mostra que o ruído de ASE pode ser consideravelmente
aumentado se as condições forem adequadas à ocorrência de instabilidade
de modulação. Ademais, o ruído de ASE afeta pulsos ópticos e induz não
apenas flutuações de energia, mas também incerteza temporal.

7.7.1  Aumento de Ruído por Instabilidade de Modulação


Consideremos um sistema de onda luminosa de longa distância, com am-
plificadores ópticos posicionados periodicamente ao longo do enlace. Cada
amplificador adiciona ruído de ASE, que se propaga com o sinal em múlti-
plos segmentos de fibra. Em um sistema puramente linear, a potência de
ruído não seria alterada. Contudo, o termo não linear na equação NLS
(7.1.2) acopla ASE e sinal, modificando ambos por meio de três efeitos
não lineares: SPM, XPM e FWM, discutidos na Seção 2.6. Em particular, o
fenômeno de instabilidade de modulação [28] degrada o desempenho do
sistema amplificando o ruído de ASE e convertendo flutuações de fase em
ruído de intensidade [88]–[96].
392 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

Para estudar como o ruído de ASE é afetado por instabilidade de modu-


lação, resolvamos a Eq. (7.1.2), assumindo que um sinal CW, com potência
P0, entra na fibra juntamente com ruído. Escrevendo a solução na forma
B( z, t ) = [ P0 + a( z, t )]exp(iφ NL ), (7.7.1)

em que ø NL = λ P0 ∫ 0 e −α z dz é a defasagem não linear induzida por SPM,


z

e assumindo que o ruído é muito mais fraco do que o sinal (| a |2  P0 ),


obtemos
∂a i β 2 ∂2 a
+ = iγ P0 e −α z (a + a * ). (7.7.2)
∂z 2 ∂t 2

Essa equação linear é de solução mais fácil no domínio de Fourier, pois se


reduz ao seguinte conjunto de duas equações diferenciais ordinárias:
db1 i
= β 2 Ω2b1 + iγ P0 e −α z (b1 + b2* ), (7.7.3)
dz 2
db2 i
= β 2 Ω2b2 + iγ P0 e −α z (b2 + b1* ), (7.7.4)
dz 2

em que b1(z) = ã(z,Ω), b2(z) = ã*(z,-Ω), ã representa a transformada de


Fourier de a e Ω = wn −w0 representa o deslocamento da frequência de
ruído wn em relação à frequência portadora de sinal w0. Essas equações mos-
tram que SPM acopla as componentes de frequência do ruído de ASE loca-
lizadas simetricamente em torno de w0. Quando Ω cai na largura de banda
de ganho de instabilidade de modulação, as correspondentes componentes
de ruído são amplificadas. Na imagem de FWM, dois fótons de energia
ω 0 do sinal são convertidos em novos fótons com energias (ω0 + Ω) e
(ω0 − Ω).
As equações acopladas (7.7.3) e (7.7.4) podem ser resolvidas com fa-
cilidade quando as perdas da fibra são desprezíveis (a = 0), de modo que
o último termo independe de z [88]. Também é possível resolver essas
equações quando a ≠ 0, mas a solução envolve funções de Hankel [91] ou
funções de Bessel modificadas de ordem e argumentos complexos [95]. Um
método matricial também é usado para resolver essas equações numerica-
mente. Para calcular o acúmulo de ruído de ASE em uma longa cadeia de
amplificadores, devemos somar a contribuição de todos os amplificadores.
Esse procedimento nos permite calcular o espectro óptico e, também, o es-
pectro do ruído de intensidade relativa (RIN) no lado do receptor [93]. A
Figura 7.19 exibe um exemplo de um espectro óptico simulado numerica-
mente no final de um enlace de fibra de 2.500 km, com 50 amplificadores
espaçados de 50 km [96]. Um sinal de 1 mW − no comprimento de onda
de 1,55 mm − é transmitido por um enlace de fibra, com os seguintes
Gerenciamento de Perdas 393

Figura 7.19  Espectro óptico mostrando efeitos de instabilidade de modulação no fim


de um enlace de fibra de 2.500 km, consistindo em 50 amplificadores. (Após a Ref. [96];
©1999 IEEE.)

valores de parâmetros: b2 = − 1 ps2/km, g = 2 W−1/km e a = 0,22 dB/km.


Filtros ópticos com largura de banda de 8 nm filtram a ASE depois de
cada amplificador. O largo pedestal representa o espectro da ASE esperado
mesmo na ausência de efeitos não lineares. A estrutura de duplo pico nas
proximidades do comprimento de onda do sinal advém da instabilidade de
modulação. Os fracos picos secundários resultam da modulação não linear
do índice formada por variações periódicas da potência de sinal ao longo
do enlace de fibra.

7.7.2  Degradação de Sinal Induzida por Ruído


A seguir, focamos a degradação do sinal óptico à medida que se propaga por
um enlace de fibra em que ruído de ASE é adicionado periodicamente
por amplificadores. Para isso, consideremos um único pulso representando
o bit 1 em uma dada janela temporal (time slot) e investiguemos como suas
energia e posição são afetadas pelo ruído. Embora se esperem mudanças
na energia do pulso, a ASE também pode induzir incerteza temporal em
uma sequência de bits ao deslocar, de modo aleatório, pulsos ópticos de
suas posições originais nas respectivas janelas temporais. Essa incerteza foi
inicialmente estudada em 1986 no contexto de sólitons, sendo denominada
incerteza de Gordon-Haus [97]. Posteriormente, foi observado que a in-
certeza temporal ocorre em qualquer sistema de onda luminosa que em-
pregue amplificadores ópticos, impondo uma limitação fundamental a todos
os sistemas de longas distâncias [98]–[104].
394 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

A origem física da incerteza induzida pela ASE pode ser entendida


notando que amplificadores ópticos afetam não apenas a amplitude, mas
também a fase do sinal amplificado. Variações da fase óptica dependentes
do tempo deslocam a frequência do sinal de seu valor original w0 por uma
pequena quantidade, após cada amplificador. Como a velocidade de grupo
de um pulso óptico depende de sua frequência portadora (devido à dis-
persão), a velocidade com que um pulso se propaga pela fibra é afetada por
cada amplificador de modo aleatório.Tais variações de velocidade produzem
deslocamentos aleatórios na posição do pulso no receptor, sendo responsáveis
pela incerteza temporal induzida pela ASE.
Em geral, deveríamos resolver a Eq. (7.1.2) numericamente para estudar
como o sinal é afetado pelo ruído. Contudo, na prática, essa abordagem de
Monte-Carlo é muito trabalhosa, pois a equação deve ser resolvida nume-
rosas vezes para a coleta de uma grande amostra estatística. O método dos
momentos [28] nos permite efetuar a média no ruído de ASE analiticamente;
ele utiliza três momentos, E, q e Ω, que representam, respectivamente, a
energia do pulso, a posição do centro do pulso na janela temporal e o des-
locamento na frequência portadora, sendo definidos como:
1


q( z ) = t | B( z, t )|2 dt, (7.7.5)
E −∞

i  * ∂B ∂B * 


Ω( z ) =  B − B  dt,
2E −∞
 ∂t ∂t  (7.7.6)

com E( z ) ≡ ∫ −∞ B( z, t ) dt . Como o termo de perda foi removido da
∞ 2

Eq. (7.1.2), esperamos que, na ausência de ruído de ASE, E permaneça


constante ao longo da fibra.
Diferenciando E, q e Ω em relação a z e usando a Eq. (7.1.2), obtemos
a variação dessas grandezas em cada segmento de fibra [101]:
dE dq dΩ
= 0, = β 2 Ω, = 0. (7.7.7)
dz dz dz
Uma simples integração mostra que, enquanto a energia do pulso E e a
frequência Ω não variam durante a propagação, a posição do pulso varia se
o pulso entrar na fibra com um valor finito de Ω. Pode-se compreender isso
com facilidade se recordarmos que a Eq. (7.1.2) é escrita em um referencial
que se move com a velocidade de grupo vg do pulso, ou seja, o centro do
pulso permanece estacionário, desde que a frequência portadora w0 per-
maneça fixa. Contudo, se essa frequência variar de Ω, a velocidade de grupo
é alterada, e o centro do pulso se desloca de q(z) = b2 Ωz.
Gerenciamento de Perdas 395

Consideremos, agora, o que acontece quando o pulso entra no k-ésimo


amplificador ao longo do enlace de fibra. Devido à ASE adicionada pelo
amplificador, E, Ω e q são alterados por quantidades aleatórias dEK, dΩk e
dqk, respectivamente. Se incluirmos essas variações aleatórias, as Eq. (7.7.7)
ficam escritas como:
dE
= ∑δ Ekδ( z − zk ), (7.7.8)
dz k

dq
= β 2 Ω + ∑δ qkδ( z − zk ), (7.7.9)
dz k

dΩ
= ∑δΩkδ( z − zk ), (7.7.10)
dz k

sendo a soma efetuada no número total de amplificadores encontrados pelo


pulso antes de chegar à posição z. Essas equações mostram que flutuações de
frequência induzidas por amplificadores se manifestam como flutuações de po-
sição, devido à GVD; alguma incerteza temporal ocorre mesmo quando b2 = 0.
Fica claro que a incerteza temporal induzida pela ASE será grande para fibras
com grande dispersão e pode ser reduzida se o sistema de onda luminosa for
operado nas proximidades do comprimento de onda de dispersão zero da fibra.
A seguir, consideramos as estatísticas das flutuações dEk, dqk, dΩk. Seja
B(zk, t) o campo que entra no k-ésimo amplificador. Após amplificação,
esse campo pode ser escrito como B (zk, t) + bk(t), sendo bk(t) a variação do
campo óptico induzida pela ASE. Essa variação tem valor médio nulo, e sua
função de correlação é fornecida por:

b *j (t )bk (t ′) = S ASEδ jkδ(t − t ′), (7.7.11)



em que SASE é a densidade espectral da ASE e djk indica que flutuações em
dois amplificadores distintos não são correlatadas. Podemos, então, calcular as
variações que ocorrem em E, q e Ω após o k-ésimo amplificador aplicando
as Eq. (7.7.5) e (7.7.6) no final de cada amplificador. Depois de algumas
simplificações, obtemos as seguintes relações para essas variações:

δ Ek = ∫ (B *bk + Bbk* + |bk |2 )dt, (7.7.12)
−∞

1 ∞


δ qk =
Ek ∫ −∞
(t − q )(B *bk + Bbk* )dt, (7.7.13)

i  ∂B 

∞ *
δΩk = k b  + iΩk B dt +c .c . (7.7.14)
Ek −∞  ∂t 
396 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

Podemos, agora, efetuar a média na variável aleatória bk usando a Eq. (7.7.11)


junto com bk = 0 . As variáveis aleatórias dqk e Ωk possuem valor médio
nulo, mas δ Ek = S ASE . A função de correlação e as variâncias dessas va-
riáveis são obtidas como:
2S ASE


(δ qk )2 = (t − qk )2 |V ( zk , t )|2 dt, (7.7.15)
Ek2 −∞

2S ASE


(δΩk )2 =
2
Vt dt,
Ek2 −∞ (7.7.16)

iS ASE ∂V *


δ qkδ Ωk = (t − qk )V dt + c .c ., (7.7.17)
2Ek2 −∞
∂t

em que V = Bexp[iΩk(t − qk)]. Essas equações são válidas para qualquer


forma de pulso. Contudo, requerem conhecimento do campo óptico B(z, t)
em cada amplificador. No caso mais geral, é possível obter esse campo da
solução numérica da Eq. (7.1.2). Na prática, essa abordagem semianalítica é
muito útil, pois resolve a equação NLS numericamente apenas uma vez e
efetua a média no ruído de ASE de modo analítico [100].

7.7.3  Flutuações de Energia Induzidas por Ruído


Como uma aplicação simples do método dos momentos, calculemos a
variância das flutuações de energia do pulso. Como observado, δ Ek = S ASE.
Calculando δ Ek2 da Eq. (7.7.12) e efetuando a média com a ajuda da Eq.
(7.7.11), obtemos o relativamente simples resultado:

δ Ek2 = 2S ASE Ek + S ASE


2
. (7.7.18)

Se usarmos a definição da variância da energia,

σ E2 = δ Ek2 − δ Ek2 , (7.7.19)



o desvio-padrão σE ≡ (2SASEEk)1/2 depende da energia do pulso Ek antes do
amplificador. Como exemplo numérico, para um amplificador com 20 dB
de ganho e nsp= 1,5 (figura de ruído da ordem de 4,8 dB), pulsos de entrada
de 1 pJ têm nível de flutuação relativo σE/E de cerca de 0,6%, na região
espectral próxima a 1,55 mm.
A questão importante, agora, é como esse ruído se acumula ao longo do
enlace de fibra. Para calcular a variância da energia para um longo enlace
de fibra com múltiplos amplificadores, consideremos o que acontece com
a energia do pulso no segmento de fibra antes do k-ésimo amplificador.
Como visto na Eq. (7.7.7), E permanece inalterada em uma fibra passiva,
Gerenciamento de Perdas 397

caso o termo de perda tenha sido removido da Eq. (7.1.2). Isso leva a uma
relação de recorrência, Ek = Ek−1 + dEk, que podemos utilizar para obter a
energia final na saída do último amplificador:
NA

E f = E0 + ∑δ Ek , (7.7.20)
k =1

em que E0 é a energia de entrada do pulso e NA é o número de amplificado-


res ao longo do enlace de fibra, que tomamos como igualmente espaçados.
O valor médio é obtido da Eq. (7.7.20) como:
NA

E f = E0 + ∑ δ Ek = E0 + N AS ASE . (7.7.21)
k =1

O segundo momento também pode ser calculado como:


NA NA NA

E 2f = E02 + 2E0 ∑ δ Ek + ∑∑ δ E jδ Ek . (7.7.22)


k =1 k =1 j =1

Usando o fato de as flutuações em cada amplificador seguirem processos


aleatórios independentes e serem, portanto, descorrelatadas, obtemos:

E 2f = E02 + 4 N AS ASE E0 + N A2 S A2SE . (7.7.23)



O desvio-padrão das flutuações de energia segue das Eq. (7.7.19), (7.7.21)
e (7.7.32), sendo dado por:

σ E = 2N AS ASE E0 . (7.7.24)

Como esperado, com base na física, σE varia com o número de amplifica-


dores na forma N A ou com o comprimento do enlace na forma LT ,
pois LT = NALA, para espaçamento LA entre amplificadores. Mesmo para
um relativamente longo enlace de fibra com 100 amplificadores em cascata,
o nível das flutuações de energia permanece abaixo de 10%, considerando
valores típicos de parâmetros.

7.7.4  Incerteza Temporal Induzida por Ruído


Agora, calculemos a incerteza temporal no final de um enlace de fibra
com uma cadeia de NA amplificadores em cascata. A Eq. (7.7.9) pode ser
integrada de forma simples, fornecendo a incerteza temporal total no final
do enlace de fibra como:
NA N A n −1

q f = ∑ δ qn + da ∑∑ δ Ωk ,
n =1 n =1 k =1 (7.7.25)
398 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

sendo da = β 2 L A a dispersão acumulada em cada segmento de fibra com


dispersão média β 2 . A incerteza temporal é calculada dessa equação usando
2
σ t2 = q 2f − q f , (7.7.26)

em que os colchetes angulares denotam média nas variáveis aleatórias dqk
e dΩk. Como ambas possuem valores médios nulos, segue que qf = 0 .
Contudo, a variância σ2tpermanece finita.
Os valores médios na Eq. (7.7.26) podem ser calculados analiticamente.
Como o procedimento é bastante conhecido [101], apresentamos apenas
o resultado final:

σ t2 = (S ASE /E0 )T02 N A [(1 + (C 0 + N Ada /T02 )2 ]. (7.7.27)

No caso de perfeita compensação de dispersão, de modo que da = 0, a


variância da incerteza temporal aumenta linearmente com o número de
amplificadores. Em contraste, quando da ≠ 0, a variância aumenta com o cubo
de NA. Para sistemas de longas distâncias, o termo dominante na Eq. (7.7.27)
3 2
varia com N Ada . Essa é uma característica genérica da incerteza temporal
induzida pela ASE [97]. A dependência cúbica da incerteza temporal em
relação ao comprimento do enlace mostra que, em sistemas de longas dis-
tâncias, mesmo relativamente pequenas flutuações de frequência são capazes
de induzir incerteza suficiente de modo a tornar o sistema inoperante, es-
pecialmente quando a dispersão da fibra não é compensada.
Dispersão residual de um enlace de fibra pode levar a considerável incer-
teza temporal em sistemas CRZ, como visto da Eq. (7.7.27). A Figura 7.20
mostra a incerteza temporal em função do comprimento total do sistema

Figura 7.20  Incerteza temporal induzida pela ASE em função do comprimento do sis-
tema, para diversos valores da dispersão media b2.
Gerenciamento de Perdas 399

LT = NALA, para um sistema de 10 Gb/s, usando quatro valores de β 2 , com


Tm = 30 ps, LA = 50 km, C0 = 0,2 e SASE/E0 = 10-4. Para valores de β 2 ,
como 0,2 ps2/km, incerteza temporal induzida pela ASE se torna uma fração
significativa da largura do pulso, devido à dependência de σ l em relação ao
2

cubo do comprimento do sistema LT. Se não for controlada, essa incerteza


levará a grandes penalidades de potência. O uso de amplificação distribuída
diminui o nível de ruído em sistemas de ondas luminosas.Assim, podemos es-
perar que a incerteza seja reduzida com o emprego de amplificadores Raman
no lugar de amplificadores concentrados. E isso é o que, de fato, ocorre [104].

7.8  SISTEMAS DE ONDAS LUMINOSAS


COM AMPLIFICAÇÃO PERIÓDICA
Diversos experimentos realizados na década de 1990 empregaram
uma cadeia de amplificadores ópticos em linha para aumentar o alcance
de enlaces de longas distâncias [105]–[110]. Esses experimentos mostraram
que a dispersão da fibra se torna o fator limitante em sistemas de ondas
luminosas com amplificação periódica. De fato, eles puderam ser realizados
apenas em função de o sistema operar nas proximidades do comprimento
de onda de dispersão zero do enlace de fibra. Ademais, a dispersão residual
foi ajustada ao longo do enlace de modo que a dispersão total em todo o
comprimento do enlace fosse muito pequena no comprimento de onda
de operação. Em 1992, foi possível aumentar o comprimento total de
sistemas além de 10.000 km com essas técnicas de gerenciamento de dis-
persão. Em um experimento de 1991, distâncias de transmissão efetivas de
21.000 km, a 2,5 Gb/s, e de 14.300 km, a 5 Gb/s, foram realizadas usando
um anel recirculante de fibra [111]. Em 2010, 96 canais, cada um operando
a 100 Gb/s, foram transmitidos por 10.600 km usando um formato de
modulação baseado em fase [112].
É possível obter uma estimativa grosseira do comprimento de sistemas
limitados por dispersão se assumirmos que a potência lançada seja suficiente-
mente baixa para que efeitos não lineares sejam desprezados durante a trans-
missão do sinal. Como amplificadores compensam apenas as perdas da fibra,
as limitações impostas pela dispersão, discutidas na Seção 2.4.3 e ilustradas na
Figura 2.13, se aplicam a cada canal de um sistema WDM, se L for substituído
por LT. Da Eq. (2.4.30), o limite de dispersão para sistemas de uma fibra padrão
(b2 ≈ −20 ps2/km, em 1,55 mm) é B2L < 3.000 (Gb/s)2-km.Tal comprimento
de sistema é limitado a menos de 2 km em 40 Gb/s, e aumenta para apenas
30 km a 10 Gb/s. Um aumento por um fator de 20 pode ser realizado com
o emprego de fibras de dispersão deslocada, com |b2| ≈ 1 ps2/km. Para es-
tender a distância além de 6.000 km, em 10 Gb/s, a GVD média ao longo
do enlace deve ser menor do que |b2|= 0,1 ps2/km.
400 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

7.8.1  Abordagem Numérica


A estimativa anterior é grosseira, pois não inclui o impacto de efeitos não li-
neares discutidos na Seção 2.6. Embora os níveis de potência sejam mantidos
relativamente baixos para cada canal, efeitos não lineares podem se tornar
muito importantes, pois se acumulam ao longo de grandes distâncias. Para
sistemas monocanal, o fenômeno não linear dominante que limita o desem-
penho de sistemas é a SPM. Uma estimativa da limitação de potência impos-
ta pela SPM pode ser obtida da Eq. (2.6.14). Se usarmos a= 0,2 dB/km
e g = 2 W−1/km como valores típicos, e assumirmos que o enlace de
fibra contém 100 amplificadores espaçados por 50 km, a potência de en-
trada ficaria abaixo de 0,25 mW (−6 dBm) para o resultante sistema de
5.000 km de comprimento. Esse nível de potência não é suficiente para
manter o necessário fator Q quando o ruído de ASE acumulado ao longo de
100 amplificadores é levado em conta. A única solução seria a diminuição
do número de amplificadores na cascata.
Uma estimativa analítica do limite de distância imposto pela SPM provê
apenas uma orientação grosseira, pois ignora não apenas a dispersão da fibra,
mas também o acúmulo de ruído de ASE ao longo do enlace. Na verdade,
os efeitos dispersivos e não lineares atuam simultaneamente sobre um sinal
óptico ruidoso, e a interação entre eles é muito importante. Por essa razão, a
abordagem mais prática ao projeto de modernos sistemas de ondas luminosas
consiste na solução da equação NLS (7.1.4) diretamente por meio de uma
adequada técnica numérica. Simulações numéricas, de fato, mostram que o
acúmulo dos efeitos não lineares, muitas vezes, limita o comprimento de sis-
temas em situações realistas, além de requerer otimização de vários parâmetros
de projeto, como espaçamento entre amplificadores, potência de entrada
lançada na fibra e propriedades de dispersão das fibras usadas na construção
do enlace de transmissão [113]–[129]. Na verdade, diversos pacotes de software
voltados ao projeto de sistemas de ondas luminosas são disponíveis comercial-
mente. Um deles, comercializado por Optiwave e denominado OptiSystem,
é fornecido no material complementar do livro, no site www.elsevier.com.br.
A principal vantagem da aplicação de uma técnica de projeto assistido
por computador ao projeto de modernos sistemas de ondas luminosas é o
fato de essa abordagem ser capaz de otimizar o sistema completo, provendo
valores ótimos para os diversos parâmetros do sistema, de modo que se
atendam os requisitos do projeto com custo mínimo. A Figura 7.21 ilustra
os vários passos associados ao processo de simulação. A abordagem consiste
na geração de um padrão de bits ópticos no transmissor, transmissão desse
padrão pelo enlace de fibra, detecção do padrão de bits no receptor e análise
deste com ferramentas como diagrama de olho e fator Q.
No lado do transmissor, uma sequência de bits pseudoaleatória
(PRBS − PseudoRandom Bit Sequence) é usada para criar uma sequência
Gerenciamento de Perdas 401

Figura 7.21  Configuração de um típico sistema de onda luminosa para modelagem


com o pacote de software OptiSystem.

de bits elétricos RZ ou NRZ. O comprimento N dessa sequência de bits


determina o tempo de computação e deve ser escolhido judiciosamente.
Em geral, N = 2M, em que M está na faixa de 6 a 10. A sequência de bits
ópticos é obtida resolvendo as equações de taxa que governam a resposta
de modulação de um laser de semicondutor, caso modulação direta seja
empregada (veja a Seção 3.4). Um conjunto diferente de equações que
governam a dinâmica de um modulador externo deve ser utilizado caso seja
empregado um dispositivo desses para converter a luz CW do laser em uma
sequência de bits ópticos (Fig. 7.21). A ocorrência de chirp nos pulsos ópticos
é automaticamente incluída nos dois casos. A deformação da sequência de
bits ópticos durante a transmissão pela fibra óptica é calculada por meio da
solução da equação NLS (7.1.4). O método mais comumente utilizado para
a solução dessa equação é conhecido como método de passo alternado de
Fourier (spit-step Fourier method) [28].
O ruído adicionado por amplificadores ópticos deve ser incluído em
qualquer simulação realista. No caso de amplificadores concentrados, a Eq.
(7.1.4) é resolvida sem os termos de ganho e de ruído em cada segmento
de fibra, e o ruído de ASE é adicionado ao sinal em cada posição de am-
plificador por meio da Eq. (7.2.11). No caso de amplificação distribuída,
deve-se adicionar ruído ao longo de todo o comprimento da fibra, bem
como satisfazer a função de correlação fornecida na Eq. (7.1.5). Existem duas
técnicas equivalentes para a adição de ruído de ASE ao sinal em simulações
numéricas. Em uma, o ruído é adicionado no domínio do tempo, assegu-
rando que siga estatística gaussiana e possua densidade espectral dada pela
Eq. (7.2.11), no caso concentrado, ou pela Eq. (7.1.5), no caso distribuído.
Na outra, o ruído é adicionado no domínio da frequência. No caso de
amplificadores concentrados, a amplitude espectral na saída do amplificador
é fornecida por

A out (ν ) = G A in (ν ) + an (ν ), (7.8.1)


402 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

em que o til representa a transformada de Fourier. Assumimos que o ruído


ãn(v) independa da frequência (ruído branco) em toda a largura de banda do
amplificador. Matematicamente, ãn(v) é uma variável aleatória gaussiana com-
plexa, cujas partes real e imaginária apresentam densidade espectral SASE/2.
Após a adição de ruído em cada amplificador, a equação NLS é resol-
vida no próximo segmento de fibra. Um modelo apropriado do receptor
converte o sinal óptico ao domínio elétrico e o filtra usando um filtro cuja
largura de banda ∆f seja próxima da taxa de bits B, mas menor do que esta
(tipicamente, ∆f/B = 0,6 − 0,8). A sequência de bits elétricos resultante é
usada para determinar valores instantâneos das correntes I0 e I1 para os bits
0 e 1, respectivamente, o que é feito por amostragem no centro de cada bit
slot. Um diagrama de olho também é construído por meio da sequência
de bits filtrada. O desempenho do sistema é avaliado por meio do fator Q,
definido na Eq. (4.6.11) e relacionado diretamente à BER pela Eq. (4.6.10).
O cálculo do fator Q requer que a equação NLS seja resolvida um grande
número de vezes com diferentes sementes para o ruído do amplificador.
Tal abordagem pode ser usada para investigar alternativas que otimizem o
desempenho global do sistema.
Projeto assistido por computador possui outro importante papel. Um
sistema de onda luminosa de longa distância pode conter muitos repetidores,
tanto ópticos como elétricos. Embora sejam escolhidos para satisfazer as es-
pecificações de projeto, transmissores, receptores e amplificadores usados em
repetidores nunca são idênticos. De modo similar, cabos de fibra são cons-
truídos emendando muitas peças diferentes (de 4 a 8 km de comprimento
típico), que têm características de perda e de dispersão ligeiramente diferen-
tes. O resultado líquido é que muitos parâmetros do sistema variam em torno
dos respectivos valores nominais. Por exemplo, o parâmetro de dispersão D,
responsável não apenas por alargamento temporal do pulso, mas também
por outras fontes de penalidade de potência, pode variar significativamente
em diferentes seções do enlace de fibra, devido a variações no comprimento
de onda de dispersão zero e no comprimento de onda do transmissor.
Uma abordagem estatística é, em geral, adotada para estimar o efeito dessas
inerentes variações no desempenho de um realista sistema de onda luminosa.
Essa abordagem tem por base a pequeníssima probabilidade de que todos os
parâmetros do sistema assumam seus valores de pior caso ao mesmo tempo.
Assim, é possível aumentar o espaçamento entre repetidores muito acima do
valor de pior caso desde o sistema seja projetado para operar confiavelmente
a uma específica taxa de bits, com alta probabilidade (digamos, 99,9%).

7.8.2  Potência Lançada Ótima


Para sistemas de comunicação por fibra óptica, a importância de projeto
assistido por computador ficou evidente durante a década de 1990, com o
Gerenciamento de Perdas 403

advento de amplificadores ópticos. Amplificadores não apenas adicionam


ruído de ASE ao sinal, mas também permitem o acúmulo de efeitos dis-
persivos e não lineares ao longo de grandes distâncias. Ademais, o ruído do
amplificador, em geral, força o aumento da potência de canal para mais de 1
mW, para manter uma alta SNR (e alto fator Q, consistente com os requisitos
de BER). Como, em baixos níveis de potência, o fator Q é limitado pelo
ruído e, em altos níveis de potência, por efeitos não lineares, fica evidente
que um sistema de onda luminosa deve apresentar o maior valor de Q, para
um valor ótimo da potência média lançada na fibra no lado de entrada. A
Figura 7.22 mostra a variação do fator Q com a potência média de entrada,
para um sistema de onda luminosa de longa distância limitado por efeitos
não lineares. O fator Q, inicialmente, aumenta com a potência de entrada,
alcança um valor de pico e, então, decresce com mais aumento da potência,
devido ao surgimento de efeitos não lineares.

Figura 7.22  Ilustração esquemática da variação do fator Q com a potência de entrada


em sistemas de longas distâncias que empregam amplificação concentrada ou dis-
tribuída. As linhas tracejadas e pontilhadas mostram os limites impostos por ruído de
ASE e efeitos não lineares, respectivamente.

A Figura 7.22 também ilustra por que o uso de amplificação distribuída,


no lugar de amplificadores concentrados, melhora o desempenho do sistema.
Como o nível de ruído de ASE é menor no caso de amplificação distribuída,
esses sistemas exibem maior SNR óptica (ou fator Q, para um dado nível de
potência (linha tracejada). Em consequência, o nível de potência em que o
fator Q é máximo é menor, em comparação com o caso concentrado. Do
ponto de vista prático, há um equilíbrio entre maior Q e maior distância de
404 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

Figura 7.23  Máxima distância de transmissão em função da potência de entrada


quando perdas são compensadas usando esquema híbrido de amplificação. O ganho
Raman é variado de 0 a 20 dB nos casos de bombeamento (a) copropagante e (b) con-
trapropagante. As setas indicam a máxima potência em que a depleção da bomba se
torna significativa. (Após a REf. [128]; ©2001 IEEE.)

transmissão. Em outras palavras, amplificação distribuída ajuda a aumentar


o comprimento do enlace. Essa característica é exibida na Figura 7.23, em
que resultados numéricos são mostrados para um sistema WDM de 32 canais
[128] na forma de gráficos da máxima distância de transmissão possível em
função da potência de entrada, assumindo que um valor Q = 7 deve ser
mantido no final do enlace, a fim de assegurar uma BER abaixo de 10−12.
O enlace de fibra é dividido em segmentos de 80 km, e a perda de 20 dB
em cada segmento é compensada usando bombeamento copropagante ou
contrapropagante.
Diversas características da Figura 7.23 merecem destaque. Como es-
perado da Figura 7.22, a distância de transmissão é máxima em um valor
ótimo da potência de entrada, o qual é maior (cerca de 10 mW) e a distância
é menor (cerca de 480 km) no caso de pura amplificação concentrada. À
medida que aumenta o ganho Raman, a potência ótima diminui e a dis-
tância de transmissão aumenta. O mesmo sinal pode ser transmitido por
mais de 1.000 km quando todas as perdas são compensadas por amplificação
Raman. O valor ótimo da potência de entrada cai abaixo de −5 dBm com
bombeamento copropagante. O aumento de mais de duas vezes no com-
primento do enlace com o uso de amplificação Raman é resultado da adição
de menos ruído de ASE ao sinal durante a transmissão.
Alguns sistemas de ondas luminosas terrestres que servem o backbone
de uma rede de grande área devem operar por distâncias maiores do que
3.000 km (os chamados sistemas de ultralonga distância). Isso pode ser
realizado com o emprego de correção de erro à frente, pois o mínimo valor
Gerenciamento de Perdas 405

de Q necessário no receptor cai para próximo de 3 (em vez de 7, como as-


sumido na Figura 7.23). De fato, em 2004, um sistema WDM de 128 canais,
cada um operando em 10 Gb/s, foi capaz de transmitir informação por mais
de 4.000 km quando projetado para compensar perdas por amplificação
Raman com bombeamento copropagante a cada segmento de 100 km
de fibra de dispersão deslocada [130]. Mesmo com o uso de fibras do tipo
padrão, o sistema pôde ser operado por 3.200 km, com espaçamento de
80 km entre as estações de bombeio. Nos dois casos, foi necessário empregar
correção de erro à frente, com overhead de 7%. A potência média lançada no
enlace de fibra foi de apenas −5 dBm, e esse valor tão baixo foi suficiente
para manter uma SNR óptica de mais de 15 dB para todos os canais, devido
ao baixo nível de ruído associado à amplificação distribuída Raman com
bombeamento copropagante. Em geral, o desempenho de sistemas pode
melhorar com gerenciamento de dispersão. Retornaremos a essa questão
no Capítulo 8.

Exercícios
7.1 O perfil lorentziano do coeficiente de ganho g(v) tem 1 THz de largura
de banda de 3 dB. Calcule a largura de banda de 3 dB quando um
amplificador óptico desse tipo é operado para prover ganhos de sinal
de 20 e 30 dB. Despreze saturação de ganho.
7.2 Um amplificador óptico é capaz de amplificar um sinal de 1 mW ao
nível de 1 mW. Qual é a potência de saída quando um sinal de 1 mW
incide no mesmo amplificador? Assuma que o coeficiente de ganho
sature como g = g0(1 + P/Ps)−1 e que a potência de saturação seja de
10 mW.
7.3 Explique o mecanismo de ganho em EDFAs. Use as Eq. (7.2.2)
e (7.2.3) para deduzir uma expressão para o ganho de pequeno sinal
em estado estacionário.
7.4 Discuta a origem da saturação de ganho em amplificadores Raman
a fibra. Resolva as Eq. (7.3.2) e (7.3.3) com as = ap e deduza a Eq.
(7.3.7) para o ganho saturado.
7.5 Um amplificador Raman é bombeado no sentido contrapropagante
usando 1 W de potência. Determine a potência de saída quando um
sinal de 1 mW é injetado no amplificador de 5 km. Assuma perdas de
0,2 e 0,25 dB/km nos comprimentos de onda do sinal e da bomba,
respectivamente, Aeff = 50 mm2 e gR = 6 × 10−14 m/W. Despreze
saturação de ganho.
7.6 Começando com a equação diferencial ∂A/∂z = g0A/2 + fn(z, t)
e a Eq. (7.1.5), prove que a densidade espectral do ruído de ASE
adicionado por um amplificador concentrado de comprimento la é
dada por SASE = nsphv0[exp(g0la) − 1].
7.7 Refaça o exercício anterior para um amplificador distribuído para o
qual g0 é uma função de z, e prove que a densidade espectral de ruído
é dada pela Eq. (7.3.13).
406 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

7.8 Deduza uma expressão para a SNR óptica no fim de um enlace de


fibra que contém NA amplificadores espaçados por uma distância LA.
Assuma que um filtro óptico de largura de banda ∆v0 seja usado para
controlar o ruído de ASE.
7.9 Calcule a SNR óptica no final de um sistema de onda luminosa de
4.000 km de comprimento, projetado com 50 EDFAs com figura
de ruído de 4,5 dB. Assuma perda do cabo óptico de 0,25 dB em
1,55 mm, potência de entrada de 1 mW e 2 nm para a largura de
banda do filtro óptico.
7.10 Explique o conceito de figura de ruído para um amplificador óptico.
Use a Eq. (7.5.9) para a variância total das flutuações de corrente e
prove que a mínima figura de ruído é de 3 dB para um amplificador
ideal com ganho G ( G  1 ) e inversão completa (nsp = 1).
7.11 O que significa figura de ruído efetiva de um amplificador Raman
distribuído? Por que essa figura de ruído sempre é negativa na escala
de decibéis?
7.12 Calcule as sensibilidades de um receptor para BERs de 10−9 e 10−12,
usando a Eq. (7.6.4). Assuma que o receptor opere em 1,55 mm com
8 GHz de largura de banda. O pré-amplificador tem figura de ruído de
4 dB, e um filtro óptico de 1 nm é instalado entre o pré-amplificador
e o detector.
7.13 Resolva as Eq. (7.7.3) e (7.7.4) no caso a = 0 para uma fibra de
comprimento L e mostre que o resultado pode ser escrito em forma
matricial. Obtenha expressões explícitas para todos os elementos da
matriz em termos dos parâmetros da fibra.Você pode consultar a Ref.
[88].
7.14 Use as definições de momentos nas Eq. (7.7.5) e (7.7.6) e prove que
q e Ω evoluem com z como indicado nas Eq. (7.7.9) e (7.7.10).
7.15 Use as Eq. (7.7.11) e (7.7.12) e prove que as flutuações de energia
no fim de uma cadeia de NA amplificadores em cascata têm variância
σ E2 = 2N AS ASE E0 , sendo E0 a energia do pulso inicial. Assuma que
cada amplificador compense exatamente a perda no segmento de fibra
que o antecede.
7.16 Use os resultados do exercício anterior para calcular o nível de ruí-
do σE/E0 para um enlace de fibra em 1,55 mm que consiste em
50 amplificadores espaçados por 80 km. Assuma E0 = 0,1 pJ, uma
figura de ruído de 4,8 dB para cada amplificador e perdas da fibra
de 0,25 dB/km.

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CAPÍTULO 8

Gerenciamento de Dispersão
Os amplificadores ópticos discutidos no Capítulo 7 resolvem o problema das
perdas, mas, ao mesmo tempo, pioram o problema da dispersão, pois efeitos
dispersivos se acumulam ao longo de toda a cadeia de amplificadores. De
fato, sistemas WDM de longas distâncias que fazem uso de amplificadores
são, muitas vezes, limitados por efeitos dispersivos e não lineares, mais do
que pelas perdas da fibra. Entretanto, na prática, é possível gerenciar o pro-
blema da dispersão por meio de um apropriado esquema de compensação
de dispersão. Este capítulo foca várias dessas técnicas. A Seção 8.1 explica a
ideia básica do gerenciamento de dispersão. A Seção 8.2 é dedicada a tipos
especiais de fibra desenvolvidos para a compensação de dispersão em enlaces
de longas distâncias. Diversos tipos de filtros equalizadores de dispersão são
discutidos na Seção 8.3. Na Seção 8.4, é considerado o uso de grades de
difração em fibra para o gerenciamento de dispersão. A técnica de conju-
gação de fase óptica, também conhecida como inversão espectral no meio
do enlace (midspan spectral inversion), é discutida na Seção 8.5. A Seção 8.6
foca várias técnicas empregadas nos lados do transmissor e do receptor para
o gerenciamento da dispersão em enlaces de médias distâncias. A Seção 8.7
trata do gerenciamento de dispersão em sistemas de altas velocidades em
que cada canal opera a 40 Gb/s ou mais e da compensação da dispersão do
modo de polarização (PMD).

8.1  O PROBLEMA DE DISPERSÃO E SUA SOLUÇÃO


Todos os sistemas de ondas luminosas de longas distâncias empregam
fibras ópticas monomodo em combinação com lasers de semicondutor com
realimentação distribuída (lasers DFB) com largura de linha relativamente
pequena (< 0,1 GHz). Como discutido na Seção 2.4.3, o desempenho
desses sistemas, muitas vezes, é limitado pelo alargamento temporal dos
pulsos induzidos pela dispersão da velocidade de grupo (GVD) de fibras de
sílica. Modulação direta de um laser DFB introduz chirp nos pulsos ópticos
de uma sequência de bits ópticos, o que alarga os espectros destes o sufi-
ciente e impede o uso de modulação direta a taxas de bits maiores do que
2,5 Gb/s.
É comum que sistemas WDM operando a taxas de bits por canal de
10 Gb/s ou mais empreguem moduladores externos para evitar o alar-
gamento espectral induzido pelo chirp de frequência. Nessas condições, a
411
412 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

distância de transmissão limitada pela GVD, a uma dada taxa de bits B, é


obtida da Eq. (2.4.30) como:
1 πc
L< = 2 , (8.1.1)
16 β 2 B 2
8λ D B 2 
Em que b2 está relacionado ao comumente utilizado parâmetro de dis-
persão D pela Eq. (2.3.5). Para fibras de telecomunicações do tipo “padrão”,
D é da ordem de 16 ps/(km-nm) nas proximidades de λ = 1,5 mm. A Eq.
(8.1.1) prevê que, a uma taxa de bits de 10 Gb/s, L não pode exceder 30 km
quando esse tipo de fibra é usado no projeto de sistemas de ondas luminosas.
A existente rede mundial de cabos de fibra, instalados durante a década
de 1980, consiste em mais de 50 milhões de kilometros de fibra padrão.
Esse tipo de fibra era adequado aos sistemas de ondas luminosas de se-
gunda e terceira gerações, projetados para operação a taxas de bits de até
2,5 Gb/s com menos de 80 km de espaçamento entre repetidores (sem
amplificadores ópticos), não podendo, contudo, ser usado para aumentar
a capacidade dos existentes enlaces de transmissão para sistemas da quarta
geração (para operação em 10 Gb/s, com uso de amplificadores ópticos
para compensação de perdas), devido ao limite de 30 km imposto pela
dispersão, segundo a Eq. (8.1.1). Embora seja possível fabricar fibras de dis-
persão deslocada, a instalação de novas fibras é uma custosa solução para o
problema de dispersão, não sendo uma alternativa viável na prática. Por essa
razão, vários esquemas de gerenciamento de dispersão foram desenvolvidos
durante a década de 1990 visando tratar do problema de aumento de
capacidade [1]–[3].
Podemos pensar que é possível resolver o problema de dispersão para
novos enlaces de fibra com o emprego de fibras de dispersão deslocada e
operação do enlace nas proximidades do comprimento de onda de dispersão
zero dessa fibra, de modo que |D| ≈ 0. Nessas condições, o desempenho do
sistema fica limitado pela dispersão de terceira ordem (TOD – Third-Order
Dispersion). A linha tracejada na Figura 2.13 mostra a máxima distância de
transmissão possível a uma dada taxa de bits B quando D = 0. De fato, tal
sistema é capaz de operar por mais de 1.000 km, mesmo a uma taxa de bits
de 40 Gb/s. Contudo, essa solução não é prática para sistemas WDM em
função da mistura de quatro ondas (FWM). Como discutido na Seção 2.6.3,
o fenômeno não linear de FWM se torna muito eficiente para baixos valores
do parâmetro de dispersão D, limitando o desempenho de qualquer sistema
que opere nas proximidades do comprimento de onda de dispersão zero
da fibra. Por esse motivo, emprega-se alguma forma de gerenciamento de
dispersão em todos os sistemas de longas distâncias [2]–[4].
A ideia básica de qualquer esquema de gerenciamento de dispersão é
muito simples e pode ser entendida da equação de propagação de pulsos
Gerenciamento de Dispersão 413

(2.4.9) usada na Seção 2.4 para estudar o impacto da dispersão da fibra e


escrita aqui como:

∂ A i β 2 ∂2 A β 3 ∂3 A
+ − = 0, (8.1.2)
∂z 2 ∂t 2 6 ∂t 3
em que b3 governa os efeitos de TOD. Essa equação ignora os efeitos não
lineares, que serão incluídos posteriormente, assumindo que a potência do
sinal é suficientemente baixa para que todos os efeitos não lineares sejam
desprezados. Essa equação pode ser facilmente resolvida pelo método da
transformada de Fourier (veja a Seção 2.4), apresentando a seguinte solução:

1 ∞ i i 
A( z, t ) =

∫ Ã(0, ω )exp  β 2ω 2 z + β 3ω 3 z − iωt  dω , (8.1.3)
2 6 
−∞

em que Ã(0,w) é a transformada de Fourier de A(0,t).


A degradação do sinal óptico induzida pela dispersão é causada pelo fator
de fase dependente de z adquirido pelas componentes espectrais do pulso
durante a propagação na fibra óptica. Na verdade, podemos ver a fibra como
um filtro óptico com a seguinte função de transferência:

H f ( z, ω ) = exp(i β 2ω 2 z /2 + i β 3ω 3 z /6). (8.1.4)

Todos os esquemas de gerenciamento de dispersão no domínio óptico im-


plementam um “filtro” óptico cuja função de transferência H(w) é escolhida
de modo a cancelar o fator de fase associado à fibra. Como visto da Eq.
(8.1.3), se H (ω ) = H *f (L , ω ), é possível restaurar o sinal de saída − no final
de um enlace de fibra de comprimento L − à sua forma de entrada. Ademais,
se efeitos não lineares forem desprezíveis, tal filtro pode ser posicionado no
lado do transmissor ou do receptor ou em qualquer posição ao longo do
enlace de fibra.
Consideremos a situação mais simples ilustrada esquematicamente na
Figura 8.1, na qual se posiciona um filtro de compensação de dispersão
imediatamente antes do receptor. Da Eq. (8.1.3), o campo óptico após o
filtro é fornecido por:

Figura 8.1  Diagrama em blocos de um esquema de compensação de dispersão em que


se posiciona um filtro óptico antes do receptor.
414 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

1 ∞ i i 
A(L , t ) =

∫ Ã(0, ω )H (ω )exp  β 2ω 2 L + β 3ω 3L − iωt  dω.
2 6 
(8.1.5)
−∞

Expandindo a fase de H(w) em uma série de Taylor e retendo até o termo


cúbico, obtemos:

 1 1 
H (ω ) = H (ω ) exp [iφ (ω )] ≈ H (ω ) exp i(φ0 + φ1ω + φ 2ω 2 + φ 3ω 3 ) ,
 2 6 
(8.1.6)
sendo øm = dmø/dwm (m = 0, 1, ...) calculada na frequência portadora w0.
A fase constante ø0 e o retardo temporal ø1 não afetam a forma do pulso,
podendo ser ignorados. É possível compensar a fase espectral introduzida
pela fibra por meio da escolha de um filtro óptico tal que ø2 = −b2L e ø3
= − b3L. O sinal será restaurado perfeitamente somente se |H(w)| = 1
e outros termos de ordens superiores na Eq. (8.1.6) forem desprezíveis. O
mesmo filtro óptico também é capaz de reduzir o ruído do amplificador,
caso sua largura de banda seja escolhida apropriadamente.

8.2  FIBRAS COMPENSADORAS DE DISPERSÃO


Filtros ópticos cujas funções de transferências são da forma
H (ω) = H *f (L , ω) não são de projeto fácil. A solução mais simples é o uso
de uma fibra especialmente projetada como um filtro óptico, pois possui,
automaticamente, a forma desejada da função transferência. Essa solução foi
sugerida em 1980 [5], a qual provê uma solução totalmente óptica, baseada
em fibra, para o problema de dispersão. Durante a década de 1990, um tipo
especial de fibra, conhecido como fibra compensadora de dispersão (DCF −
Dispersion-Compensating Fiber), foi desenvolvido para esse propósito [6]–[12].
Tais fibras são rotineiramente empregadas no aumento de capacidade de
antigos enlaces de fibra ou para a instalação de novos enlaces WDM. Esse
esquema funciona bem mesmo quando efeitos não lineares não são des-
prezíveis, desde que a potência óptica média lançada no enlace de fibra seja
adequadamente otimizada.

8.2.1  Condições para Compensação de Dispersão


Consideremos a situação ilustrada na Figura 8.1 e assumamos que a sequên-
cia de bits ópticos se propaga por dois segmentos de fibra de comprimentos
L1 e L2, sendo o segundo um segmento de fibra compensadora de dispersão
(DCF). Cada fibra possui uma função de transferência da forma dada na
Eq. (8.1.4). Depois de passar pelas duas fibras, o campo óptico é obtido como:
1 ∞
A(L , t ) =


−∞
A (0, ω )H f 1(L1 , ω )H f 2 (L 2 , ω )exp(−iωt )dω , (8.2.1)
Gerenciamento de Dispersão 415

sendo L = L1+ L2 o comprimento total. Se a DCF for projetada de modo


que o produto das duas funções de transferência seja 1, o pulso recuperará
totalmente sua forma original no fim da DCF. Sejam b2j e b3j os parâmetros
de GVD e TOD, respectivamente, para os dois segmentos de fibra (j = 1, 2),
as condições para perfeita compensação de dispersão são:

β 21L1 + β 22 L 2 = 0, β 31L1 + β 32 L 2 = 0. (8.2.2)


Essas condições podem ser escritas em termos do parâmetro de dispersão D
e da inclinação da dispersão S (definida na Seção 2.3) como:

D1L1 + D2 L 2 = 0, S1L1 + S2 L 2 = 0. (8.2.3)


A primeira condição é suficiente para a compensação da dispersão de
um único canal, pois a TOD não afeta tanto a sequência de bits, até que
as larguras dos pulsos fiquem menores do que 1 ps. Consideremos o pro-
blema de aumento de capacidade de enlaces de fibra compostos por fibras
de telecomunicações do tipo padrão. Essas fibras apresentam D1 ≈ 16 ps/
(km-nm) para comprimentos de onda próximos a 1,55 mm, na banda C. A
Eq. (8.2.3) mostra que uma DCF deve exibir GVD normal (D2 < 0). Por
razões práticas, L2 deve ser o menor possível, o que é viável somente se a
DCF tiver um grande valor negativo de D2. Como exemplo, se usarmos D1
= 16 ps/(km-nm) e assumirmos L1 = 50 km, precisaremos de 8 km de uma
DCF com D2 = −100 ps/(km-nm). É possível reduzir tal comprimento para
5 km se a DCF for projetada para ter D2 = −160 ps/(km-nm). Na prática,
DCFs com maiores valores de |D2| são preferíveis, de modo a minimizar as
perdas adicionais associadas às DCFs, que também devem ser compensadas
por amplificadores ópticos.
Consideremos, agora, um sistema WDM. A segunda condição na Eq.
(8.2.3) deve ser satisfeita, caso seja necessário que a mesma DCF compense
a dispersão em toda a largura de banda do sistema WDM. A razão para isso
pode ser entendida observando que, na Eq. (8.2.3), os parâmetros de dis-
persão D1 e D2 dependem do comprimento de onda. Em consequência, a
condição D1L1 + D2L2 = 0 é substituída pelo conjunto de equações

D1( λn )L1 + D2 ( λn )L 2 = 0 (n = 1,…, N ), (8.2.4)

em que λn é o comprimento de onda do n-ésimo canal e N é o número


de canais no sinal WDM. Nas vizinhanças do comprimento de dispersão
zero de uma fibra, D varia quase linearmente com o comprimento de onda.
Escrevendo D j ( λn ) = D cj + S j ( λn − λc ) na Eq. (8.2.4), sendo D cj o valor no
comprimento de onda λc do canal central, a inclinação da dispersão da DCF
deve satisfazer:

S2 = −S1(L1 /L 2 ) = S1( D2 /D1 ), (8.2.5)


416 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

em que usamos a condição (8.2.3) para o canal central. Essa equação


mostra que, para a DCF, a razão S/D − denominada inclinação de dispersão
relativa − deve possuir o mesmo valor que para a fibra de transmissão.
Se usarmos valores típicos, D ≈ 16 ps/(km-nm) e S ≈ 0,05 ps/(km-nm2),
obtemos uma razão S/D positiva, da ordem de 0,003 nm-1 para fibras do
tipo padrão. Como é necessário que D seja negativo para uma DCF, a in-
clinação da dispersão S também deve ser negativa. Ademais, sua magnitude
deve satisfazer a Eq. (8.2.5). Para uma DCF com D ≈ −100 ps/(km-nm),
a inclinação da dispersão deve ser de cerca de −0,3 ps/(km-nm2). O uso
de DCFs com inclinação negativa representa a solução mais simples para o
problema de compensação da inclinação da dispersão para sistemas WDM
com grande número de canais. De fato, tais DCFs foram desenvolvidas e
comercializadas durante a década de 1990 para sistemas WDM densos [13]–
[16]. Em um experimento de 2001, utilizaram-se DCFs de banda larga para
a transmissão de um sinal WDM de 1 Tb/s (101 canais, cada um operando a
10 Gb/s) por 9.000 km [16].

8.2.2  Mapas de Dispersão


Não é necessário empregar apenas dois segmentos de fibra, como ilustrado
na Figura 8.1. Em geral, um enlace de fibra pode conter múltiplos tipos de
fibra com diferentes características de dispersão. Do ponto de vista matemáti-
co, o maior impacto do gerenciamento de dispersão é que os coeficientes de
dispersão b2 e b3 que aparecem na Eq. (8.1.2) se tornam dependentes de z,
à medida que mudam de um segmento de fibra pra o seguinte. Desde que
efeitos não lineares permaneçam desprezíveis, ainda podemos resolver essa
equação. Se, por simplicidade, desprezarmos efeitos de TOD, a solução dada
na Eq. (8.1.3) é modificada para:
1 i 


A( z, t ) = A (0, ω )exp  da ( z )ω 2 − iωt  dω , (8.2.6)
2π −∞ 2 

em que da ( z ) = ∫ 0 β 2 ( z ′) dz ′ representa a dispersão total acumulada até a


z

distância z. O gerenciamento da dispersão requer que da(L) = 0 no fim do


enlace de fibra, de modo que A(L,t) = A(0,t). Na prática, a dispersão acumu-
lada de um enlace de fibra é quantificada por meio de d a (z ) = ∫ 0 D(z ′) dz ′,
z

e relacionada a da por d a = (−2 πc /λ 2 )da .


A Figura 8.2 mostra três possíveis esquemas para o gerenciamento de
dispersão em enlaces de fibra de longas distâncias. Em cada caso, a dispersão
acumulada é mostrada junto ao enlace de fibra de modo esquemático. Na
primeira configuração, conhecida como pré-compensação, a dispersão acumu-
lada ao longo de todo o enlace é compensada no lado do transmissor. Na
segunda configuração, conhecida como pós-compensação, posiciona-se uma
Gerenciamento de Dispersão 417

Figura 8.2  Ilustração esquemática de três esquemas de gerenciamento de dispersão:


(a) pré-compensação, (b) pós- compensação e (c) compensação periódica. Em cada caso,
a dispersão acumulada é exibida junto ao comprimento do enlace.

DCF de comprimento apropriado no lado do receptor. Na terceira con-


figuração, conhecida como compensação periódica, a dispersão é compensada
de forma periódica ao longo do enlace. Cada uma dessas configurações é
referida como mapa de dispersão, pois fornece um mapa visual da variação
da dispersão ao longo do comprimento do enlace. Podemos construir uma
variedade de mapas de dispersão combinando diferentes fibras.
Uma questão pertinente é: que mapa de dispersão é o melhor, do ponto
de vista sistêmico? No caso de um sistema totalmente linear (nenhum
efeito não linear), os três esquemas ilustrados na Figura 8.2 são idênticos.
Na verdade, qualquer mapa de dispersão para o qual da(L) = 0 no fim do
enlace de fibra de comprimento L recuperaria a original sequência de bits,
independentemente de quanto tenha sida distorcida ao longo do percurso.
Contudo, efeitos não lineares sempre estão presentes, embora o impacto
destes dependa da potência lançada no enlace de fibra. Quando efeitos não
lineares são incluídos, as três configurações mostradas na Figura 8.2 possuem
418 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

comportamentos distintos, e o desempenho do sistema pode ser otimizado


por meio da adoção de um mapa de dispersão otimizado.

8.2.3  Configurações de DCFs


Há duas abordagens básicas ao projeto de DCFs. Em uma abordagem, a DCF
suporta um único modo e é fabricada com valor relativamente pequeno do
parâmetro V. Em outra abordagem, o parâmetro V é aumentado além
do limite monomodo (V > 2,405), de modo que a DCF suporte dois ou
mais modos. Nesta seção, consideraremos as duas abordagens.
Na configuração monomodo, o parâmetro V da fibra é próximo a 1, o
que se obtém com a redução do diâmetro do núcleo e a modificação do
perfil de índice de refração por meio de dopagem das regiões do núcleo e
da casca. Como discutido na Seção 2.2.3, para V ≈ 1, o modo fundamen-
tal da fibra é fracamente confinado. Como uma grande fração do modo se
propaga na região da casca, a contribuição da dispersão de guia de onda
à dispersão total é consideravelmente aumentada, resultando em grandes
valores negativos de D. Uma configuração de casca rebaixada é muito em-
pregada na prática para a construção de DCFs [6]. É possível obter valores
de D abaixo de −100 ps/(km-nm) estreitando o núcleo central e ajustando
os parâmetros de projeto da região de casca rebaixada que envolve o núcleo
[11]. A inclinação da dispersão S nas proximidades de 1.550 nm também
pode ser feita negativa e variada consideravelmente ajustando parâmetros
de projeto de modo que casem a razão S/D da DCF à de diferentes tipos de
fibras de transmissão.
Infelizmente, tais DCFs apresentam dois problemas, ambos resultantes do
relativamente pequeno diâmetro do núcleo. Primeiro, as fibras exibem per-
das relativamente altas, pois uma considerável fração do modo fundamental
da fibra reside na região da casca (a ∼ 0,5 dB/km). A razão |D|a é, muitas
vezes, utilizada como figura de mérito para a caracterização de várias DCFs
[6]. Essa razão deve, obviamente, ser a maior possível, e valores > 250 ps/
(nm-dB) têm sido realizados na prática. Segundo, a área modal efetiva Aeff
é de apenas 20 mm2, mais ou menos, para DCFs. Como o parâmetro não
linear g = 2πn2/(λAeff) é maior por um fator da ordem de 4 para DCFs,
em comparação com fibras do tipo padrão, a intensidade óptica também
é maior, para uma dada potência de entrada, e os efeitos não lineares são
consideravelmente realçados em DCFs [11].
Uma solução prática para o aumento de capacidade de existentes sis-
temas de ondas luminosas que operam com fibras do tipo padrão consiste
na adição de um módulo de DCF (com 6–8 km de DCF) a amplificadores
ópticos espaçados por 60 a 80 km. A DCF compensa a GVD, enquanto o
amplificador cuida das perdas da fibra. Esse esquema é muito atraente, mas
apresenta problemas de perdas e não linearidade. A perda de inserção de
Gerenciamento de Dispersão 419

um módulo de DCF pode exceder 5 dB. Tal perda pode ser compensada
aumentando o ganho do amplificador, mas somente à custa do aumento da
emissão espontânea amplificada (ASE). Como é necessário manter a potência
de entrada relativamente baixa para evitar efeitos não lineares, a distância de
transmissão é limitada pelo ruído de ASE.
Novas abordagens foram propostas para resolver o problema associado à
DCF padrão. Em uma delas, ilustrada esquematicamente na Figura 8.3(a),
a DCF foi projetada com dois núcleos concêntricos, separados por uma
região de casca na forma de anel [7]. A diferença relativa de índice de re-
fração entre núcleo e casca é maior para o núcleo interno (∆i ≈ 2%) do que
para o externo (∆0 ≈ 0,3%), e os diâmetros dos núcleos são escolhidos de
modo que cada um suporte um único modo. Os três parâmetros dimen-
sionais a, b e c e os três índices de refração n1, n2 e n3 podem ser otimizados
para projetar DCFs com as desejadas características de dispersão. A curva
cheia na Figura 8.3(b) mostra, na região de 1,55 mm, os valores calculados
de D para uma configuração específica, com a = 1 mm, b = 15,2 mm,
c = 22 mm, ∆i ≈ 2% e ∆0 ≈ 0,3%. A curva tracejada corresponde a um perfil
de índice parabólico para o núcleo interno. Nos dois casos, o diâmetro modal
é da ordem de 9 mm, valor próximo ao de fibras do tipo padrão. Contudo,
como mostrado na Figura 8.3(b), o parâmetro de dispersão de tais DCFs
pode ser muito grande, por exemplo, −5.000 ps/(km-nm). A realização
experimental de valores tão altos de D se revelou difícil. Não obstante,
uma DCF com D de −1.800 ps/(kn-nm) foi fabricada em 2000 [10]. Para
esse valor de D, um comprimento < 1 km é suficiente para compensar a
dispersão acumulada em 100 km de fibra padrão. A perda de inserção é
desprezível para comprimentos tão pequenos.

Figura 8.3  (a) Perfis de índices de refração de duas DCFs projetadas com núcleos
concêntricos, (b) parâmetro de dispersão em função do comprimento de onda, para as
mesmas duas configurações de DCFs. (Após a Ref. [7]; ©1996 IEEE.)

É possível também resolver o problema associado a DCFs monomodo


com o uso de uma fibra que suporte modos de ordens superiores (HOMs −
420 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

Higher-Order Modes). Fibras HOMs são projetadas com valores de V > 2,5.


Tais fibras apresentam quase a mesma perda que uma fibra monomodo,
mas podem ser projetadas de forma que o parâmetro de dispersão D tenha
grandes valores negativos para os modos de segunda ordem ou de ordens
superiores [17]–[21]. De fato, valores de D próximos a −770 ps/(km-nm)
foram medidos em 1994 para DCFs de núcleo elíptico [17]. Um com-
primento de 1 km de uma DCF desse tipo é capaz de compensar a GVD
acumulada em 45 km, com a relativamente pouca contribuição à perda total
do enlace ou à degradação não linear.
O uso de DCFs de alguns modos requer dispositivos conversores de
modos que sejam capazes de transferir o sinal óptico do modo fundamental
para um modo de ordem superior suportado pela DCF. Vários desses dis-
positivos totalmente de fibra foram desenvolvidos [22]–[24]. A natureza de
fibra por completo do dispositivo de conversão de modos é importante
para manter a perda de inserção deste em um nível aceitável. Requisitos
adicionais sobre um conversor de modos exigem que devam ser insensíveis
à polarização, além de operar em uma grande largura de banda. Quase
todos os dispositivos práticos para conversão de modos utilizam uma fibra
HOM com grade de difração em fibra que provê acoplamento entre os
dois modos [21]. O período da grade de difração Λ é escolhido para casar
a diferença efetiva de índice de refração δ n entre dois modos específicos
que são acoplados pela grade de difração ( Λ = λ /δ n ), com valor típico de
∼ 100 mm. Esse tipo de grade de difração é denominado grade de difração
de período longo em fibra [24].
Fibras HOM são inerentemente sensíveis à polarização, e seu uso requer
controladores de polarização na frente de cada módulo compensador de dis-
persão, problema que se pode resolver por meio da utilização de fibras que
suportem alguns modos e do emprego do modo de ordem superior LP02
para compensação de dispersão. A Figura 8.4.(a) mostra, esquematicamente,

Figura 8.4  (a) Ilustração esquemática de uma DCF feita com fibra de modo de ordem
superior (HOM − Higher-Order Mode) e duas grades de difração de período longo (LPGs
– LongPeriod Gratings). (b) Variação do parâmetro de dispersão dessa DCF com o com-
primento de onda. (Após a REf. [19]; ©2001 IEEE.)
Gerenciamento de Dispersão 421

uma DCF desse tipo emendada entre duas grades de difração de período
longo em fibra que convertem o modo LP01 no modo LP02 no lado de en-
trada e, depois, de volta ao modo LP01 no lado de saída [19]. Os conversores
de modos são projetados para terem eficiência de >99% em toda a banda C.
As características de dispersão medidas em 2 km dessa fibra DCF são mos-
tradas na Figura 8.4(b). O parâmetro D possui um valor de −420 ps/(km
-nm) nas proximidades de 1.550 nm, valor que varia consideravelmente com
o comprimento de onda, devido à grande inclinação da dispersão associada
a essa fibra. Tal característica permite compensação de dispersão em banda
larga, assegurando que a razão S/D da DCF seja próxima à da fibra usada
para a transmissão de dados. Outras características úteis dessa DCF são: in-
sensibilidade à polarização, perda de inserção relativamente baixa (< 3,7 dB)
e compensação de dispersão em toda a banda C. Em 2004, dispositivos
baseados nessa fibra estavam próximos de atingirem o estágio comercial.
Outra abordagem ao projeto de DCFs utiliza fibras de cristal fotônico
[25]–[31]. Esse tipo de fibra contém, em torno de um núcleo central, um
arranjo bidimensional de capilares com ar que modifica consideravelmente
as características de dispersão da fibra, dependendo dos diâmetros dos capi-
lares e do espaçamento entre eles [25]. Fibras de cristal de fotônico de dois
núcleos podem prover grandes valores negativos de D, com inclinações de
dispersão que as tornam bastante adequadas à compensação de dispersão
em banda larga em sistemas WDM [27]–[30]. A Figura 8.5(a) mostra a
seção reta de uma configuração desse tipo de fibra [29], que contém um
anel interno de capilares com ar −de pequeno diâmetro d1 − envolto por
múltiplos anéis de capilares com ar de diâmetro d2, maior do que d1.Valores
calculados para o parâmetro de dispersão D são exibidos na Figura 8.5(b) em
função do comprimento de onda, para três valores de d2, com d1 = 1,68 mm.
É possível realizar a compensação de dispersão em uma maior largura de
banda com modificações na configuração dessas fibras [31].

Figura 8.5  (a) Seção reta de uma fibra de cristal fotônico de dois núcleos e (b) variação
de seu parâmetro de dispersão com o comprimento de onda, para três valores de d2,
com d1 = 1,68 mm. (Após a Ref. [29]; 2006 OSA.)
422 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

8.3  GRADES DE DIFRAÇÃO DE BRAGG EM FIBRA


As DCFs discutidas na Seção 7.2 apresentam alta perda de inserção,
devido aos comprimentos relativamente grandes. Tais fibras também são
capazes de aumentar o impacto de efeitos não lineares em sistemas de longas
distâncias. Esses dois problemas podem, em grande parte, ser resolvidos por
meio do emprego de grades de dispersão de Bragg baseadas em fibra para
a compensação de dispersão.
Em uma grade de dispersão de Bragg, o índice de refração no núcleo
sofre variação periódica ao longo do comprimento [24]. Devido a essa
característica, a grade de difração atua como um filtro óptico. Mais es-
pecificamente, a grade de difração desenvolve uma banda de rejeição na forma
de uma região espectral em que a maior parte da luz incidente é refletida.
A banda de rejeição é centrada no comprimento de onda de Bragg λB, que
está relacionado ao período Λ da grade de difração por λ B = 2n Λ, sendo n
o índice modal médio. A natureza periódica das variações de índice acopla
ondas que se propagam nos sentidos direto e reverso, em comprimentos
de onda próximos ao comprimento de onda de Bragg e, em consequência,
provê ao sinal incidente uma refletividade dependente da frequência, em
uma largura de banda determinada pela intensidade da grade de difração.
Essencialmente, uma grade de difração em fibra atua como filtro refletivo.
Embora o uso dessas grades de difração para a compensação de dispersão
tenha sido proposto na década de 1980 [32], somente durante a década de
1990 é que a tecnologia de fabricação progrediu o suficiente para o uso
dessas grades de difração se tornar prático [24].

8.3.1  Grades de Difração de Período Constante


No tipo mais simples de grade de difração, o índice de refração varia pe-
riodicamente ao longo do comprimento da grade de difração na forma:

n( z ) = n + n g cos(2π z /Λ ), (8.3.1)

em que n é o valor médio do índice de refração e ng é a profundidade de


modulação. Tipicamente, ng ∼ 10−4 e Λ ∼ 0,5 mm, para grades de difração
projetadas para operação nas proximidades da região espectral de 1.550 nm.
Grades de difração de Bragg são analisadas usando duas equações de modo
acopladas que descrevem o acoplamento entre ondas que se propagam nos
sentidos direto e reverso, a uma dada frequência w = 2πc/λ. Essas equações
possuem a forma [33]:
dA f /dz = iδ A f + iκ Ab , (8.3.2)

dAb /dz = −iδ Ab − iκ A f , (8.3.3)


Gerenciamento de Dispersão 423

sendo Af e Ab amplitudes de campo das duas ondas, e


2π n 2π π n gΓ
δ= − , κ= . (8.3.4)
λ λB λB
Fisicamente, d representa a dissintonia do comprimento de onda de Bragg,
k é o coeficiente de acoplamento e Γ, o fator de confinamento.
As equações de modos acoplados podem ser resolvidas analiticamente,
devido à natureza linear delas. A maior parte da luz incidente é refletida
quando a frequência óptica apresenta comprimento de onda próximo ao
comprimento de onda de Bragg. A função de transferência da grade de
difração, que atua como filtro refletivo, é dada por [33]:
Ab (0) iκ sen(qL g )
H (ω ) = = , (8.3.5)
A f (0) q cos(qL g ) − iδ sen(qL g )

em que q2 = d2 − k2 e Lg é o comprimento da grade de difração. Quando


o comprimento de onda incidente está na faixa − k< d < k, q se torna
imaginário e a maior parte da luz é refletida pela grade de difração (a re-
fletividade é de quase 100% para kLg > 3). Essa região constitui a banda de
rejeição da grade de difração.
Como antes, as características de dispersão da grade de difração estão
relacionadas à dependência da fase de H(w) em relação à frequência. É
simples mostrar que a fase é quase linear na banda de rejeição. Assim, a dis-
persão induzida pela grade de difração existe principalmente fora da banda
de rejeição, região em que a grade de difração transmite a maior parte do
sinal incidente. Nessa região (|d| > k), os parâmetros de dispersão de uma
grade de difração em fibra são fornecidos por [33]:

sgn(δ )κ 2/v 2g 3 δ κ 2/v 3g


β 2g = − , β 3g = , (8.3.6)
(δ 2 − κ 2 )3/2 (δ 2 − κ 2 )5/2

sendo vg a velocidade de grupo. No lado “azul”, de alta frequência, da banda de


rejeição, a dispersão da grade de difração é anômala ( β 2g < 0 ), em que d é po-
sitivo, e a frequência portadora excede a frequência de Bragg. Em contraste, no
lado “vermelho” da banda de rejeição, de baixa frequência, a dispersão se torna
normal ( β 2g > 0 ). É possível utilizar o lado vermelho visando compensar a dis-
persão de fibras do tipo padrão nas proximidades de 1,55 mm (b2 ≈ −21 ps2/km).
Como β 2g pode exceder 1.000 ps2/km, uma única grade de difração de 2 cm
de comprimento é capaz de compensar a dispersão acumulada em 100 km de
fibra. Contudo, dispersão de ordem superior da grade de difração, transmissão
não uniforme e rápidas variações de |H(w)| nas proximidades das bordas da
banda de rejeição fazem com que grades de difração de período constante
não sejam práticas para a compensação de dispersão.
424 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

Utiliza-se uma técnica de apodização, na prática, a fim de melhorar a res-


posta de grades de difração [24]. Em uma grade de difração apodizada, a
variação ng do índice de refração é não uniforme ao longo da grade de
difração, resultando em k dependente de z.Tipicamente, como ilustrado na
Figura 8.6.(a), k é uniforme na região central, de comprimento L0, e varia
gradualmente a zero nos dois lados, ao longo de um comprimento Lt, para
uma grade de difração de comprimento L ≡ L0 + 2Lt. A Figura 8.6(b) mos-
tra o espectro de refletividade medido para uma grade de difração apodizada,
com 7,5 cm de comprimento [34]. A refletividade é maior do que 90% na
banda de rejeição, projetada para uma largura de 0,17 nm. A abrupta queda
na refletividade nas duas bordas da banda de rejeição ocorre em função da
apodização. Em outra abordagem, a grade de difração é fabricada de modo
que k varie linearmente ao longo de seu comprimento. Em um experimento
de 1996, uma grade de difração desse tipo, com 11 cm de comprimento,
foi usada para compensar a GVD adquirida por um sinal de 10 Gb/s em
100 km de fibra padrão [35]. O coeficiente de acoplamento k(z) variava
suavemente de 0 a 6 cm−1 ao longo do comprimento da grade de difração.
Essa grade de difração compensou a GVD de 106 km para um sinal de
10 Gb/s com apenas 2 dB de penalidade de potência, para uma taxa de erro
de bit (BER) de 10−9. Na ausência da grade de difração, a penalidade era
infinitamente grande, devido à existência de um piso de BER.

Figura 8.6  (a) Representação esquemática da variação do índice de refração em uma


grade de difração apodizada em fibra. O comprimento Lt da região de variação gradual
é escolhido como uma pequena fração do comprimento total L da grade de difração.
(b) Espectro de refletividade medido para uma grade de difração apodizada com 7,5 cm
de comprimento. (Após a Ref. [34]; ©1999 OSA.)

A variação gradual do coeficiente de acoplamento ao longo do compri-


mento da grade de difração também pode ser utilizada para a compensação
de dispersão quando o comprimento de onda do sinal cai na banda de
Gerenciamento de Dispersão 425

rejeição, e a grade de difração atua como filtro refletivo. Solução numérica


das equações de modos acoplados para uma grade de difração de período
uniforme, para a qual k(z) varia linearmente de 0 a 12 cm−1 ao longo do
comprimento de 12 cm, mostra que uma grade de difração exibe um perfil
de retardo de grupo na forma de V, centrado no comprimento de onda de
Bragg. É possível utilizar esse dispositivo para compensação de dispersão
se o comprimento de onda do sinal incidente for deslocado do centro
da banda de rejeição, de forma que o espectro do sinal veja uma variação
linear do retardo de grupo. Uma grade de difração desse tipo, com 8,1 cm
de comprimento, foi capaz de compensar a GVD adquirida por um sinal de
10 Gb/s em 257 km de fibra padrão [36]. Embora tenham sido usadas para
compensação de dispersão [35]–[38], grades de difração uniformes possuem
banda de rejeição relativamente estreita (em geral, < 0,1 nm), não podendo
ser usadas em altas taxas de bits. É possível superar essa deficiência com o
emprego de grades de difração com chirp, tópico que consideramos a seguir.

8.3.2  Grades de Difração em Fibra com Chirp


Grades de difração com chirp têm banda de rejeição relativamente grande e
foram propostas para compensação de dispersão em 1987 [39]. O período
óptico nΛ em uma grade de difração com chirp não é constante, mas varia
ao longo do comprimento. Como o comprimento de onda de Bragg
( λ B = 2n Λ) também varia ao longo do comprimento da grade de difração,
diferentes componentes de frequência de um pulso óptico incidente são
refletidas em pontos distintos, dependendo de onde a condição de Bragg
é localmente satisfeita. Basicamente, a banda de rejeição de uma grade de
difração com chirp resulta da sobreposição de várias minibandas de rejeição,
cada uma varrida à medida que o comprimento de onda de Bragg se des-
loca ao longo da grade de difração. A resultante banda de rejeição pode
ter mais de 10 nm de largura, dependendo do comprimento da grade de
difração. É possível fabricar esse tipo de grade de difração por diferentes
métodos [24].
É fácil entender o funcionamento de uma grade de difração com chirp a
partir da Figura 8.7, na qual componentes de baixa frequência de um pulso
são mais retardadas, devido ao aumento do período óptico (e do com-
primento de onda de Bragg), situação que corresponde à GVD anômala. A
mesma grade de difração é capaz de prover GVD normal se for invertida (ou
se a luz incidir da direita). Assim, o período óptico nΛ da grade de difração
deve diminuir para prover GVD normal. A partir dessa simples imagem, é
possível determinar o parâmetro de dispersão Dg de uma grade de difração
com chirp de comprimento Lg usando a relação TR = DgLg∆λ, em que TR
é a duração de um percurso de ida e volta na grade de difração, e ∆λ é a
diferença entre os comprimentos de onda de Bragg nas duas extremidades
426 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

Figura 8.7  Compensação de dispersão por uma grade de difração em fibra com chirp
linear: (a) perfil de índice n(z) ao longo do comprimento da grade de difração; (b) reflexão
de frequências baixa e alta em diferentes posições na grade de difração, em função das
variações no comprimento de onda de Bragg.

da grade de difração. Como TR = 2nL g /c , a dispersão da grade de difração


é fornecida por uma expressão extremamente simples:

D g = 2n /(c ∆λ ). (8.3.7)

Como exemplo, para uma grade de difração com largura de banda ∆λ =


0,2 nm, Dg ≈ 5 × 107 ps/(km-nm). Devido a valores tão grandes de Dg,
uma grade de difração com chirp de 10 cm de comprimento é capaz de
compensar a GVD adquirida ao longo de 300 km de fibra padrão.
Grades de difração com chirp foram empregadas na compensação de
dispersão durante a década de 1990, em vários experimentos de transmis-
são [40]–[44]. Em um experimento de 10 Gb/s, utilizou-se uma grade de
difração com chirp de 12 cm de comprimento para compensar a dispersão
acumulada em 270 km de fibra [41]. Posteriormente, a distância de trans-
missão foi aumentada para 400 km usando uma grade de difração com chirp
apodizada de 10 cm de comprimento [42]. Isso representa um desempenho
notável de um filtro óptico com apenas 10 cm de comprimento. Em com-
paração com DCFs, grades de difração em fibra oferecem menores perdas
de inserção e não aumentam a degradação não linear do sinal.
A apodização de grades de difração com chirp é necessária para evitar
ondulações no retardo de grupo, as quais afetam o desempenho do sistema.
Matematicamente, a Eq. (8.3.1) para as variações de índice ao longo da
grade de difração assume a seguinte forma, no caso de grades de difração
com chirp e apodizadas:
Gerenciamento de Dispersão 427

n( z ) = n + n g a g ( z )cos[2π ( z /Λ 0 )(1 + C g z )], (8.3.8)

em que ag(z) é a função de apodização, Λ0 é o valor do período da grade de


difração em z = 0, e Cg é a taxa de variação do período com z. A função de
apodização é escolhida de modo que ag = 0 nas duas extremidades da grade
de difração se torne igual a 1 na parte central. A fração F do comprimento
da grade de difração em que ag varia de 0 a 1 tem um papel importante.
A Figura 8.8 mostra a refletividade e o retardo de grupo (relacionado à
derivada da fase dø/dw) calculados em função do comprimento de onda por
meio da solução das equações de modos acoplados, para grades de difração
de 10 cm de comprimento e diferentes valores do pico de refletividade e da
função de apodização F. A taxa de chirp Cg = 6,1185 × 10−4 m−1 foi cons-
tante em todos os casos [45]. A profundidade de modulação ng foi escolhida
de forma que a largura de banda da grade de difração fosse suficientemente
grande para acomodar um sinal de 10 Gb/s na banda de rejeição. É possível
otimizar as características de dispersão de tais grades de dispersão por meio
da escolha adequada do perfil de apodização ag(z) [46].

Figura 8.8  (a) Refletividade e (b) retardo de grupo em função do comprimento de onda,
para grades de difração com chirp linear, com refletividades de 50% (linhas cheias) e 95%
(linhas tracejadas) e diferentes valores da fração de apodização F. A curva mais interna
mostra, para comparação, o espectro de um pulso de 100 ps. (Após a Ref. [45]; ©1996 IEEE.)

Fica evidente da Figura 8.8 que a apodização reduz ondulações (ripple)


nos espectros de refletividade e de retardo de grupo. Já que o retardo de
grupo deve variar linearmente com o comprimento de onda para produzir
uma GVD constante em todo o espectro do sinal, ele deve ter a menor
quantidade possível de ondulação. Contudo, se todo o comprimento da
grade de difração for apodizado (F = 1), a refletividade deixa de ser constante
ao longo do espectro do pulso, situação indesejável. Ademais, a refletividade
deve ser a maior possível, visando reduzir as perdas de inserção. Na prática,
grades de difração com refletividade de 95% e F = 0,7 proveem o melhor
equilíbrio para sistemas de 10 Gb/s [45]. A Figura 8.9 mostra os espectros
428 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

Figura 8.9  Refletividade e retardo de grupo medidos para uma grade de difração em
fibra com chirp linear e largura de banda de 0,12 nm. (Após a Ref. [44]; ©1996 IEEE.)

refletividade e retardo de grupo medidos para uma grade de difração de


10 cm de comprimento, cuja largura de banda de 0,12 nm foi escolhida
para assegurar que um sinal de 10 Gb/s caiba na banda de rejeição [44]. A
inclinação do retardo de grupo (cerca de 5.000 ps/nm) é uma medida da
capacidade de compensação de dispersão da grade de difração.Tal grade de
difração é capaz de recuperar um sinal de 10 Gb/s compensando a GVD
adquirida em 300 km de fibra padrão.
Fica claro da Eq. (8.3.7) que Dg de uma grade de difração com chirp é
limitada pela largura de banda ∆λ em que a compensação de GVD se torna
necessária, o que, por sua vez, é determinado pela taxa de bits B. Isso cria um
dilema, pois, à medida que a banda de rejeição é aumentada para acomodar
um sinal de alta taxa de bits, a dispersão Dg da grade de difração diminui.
Uma cascata de duas ou mais grades de difração pode, até certo ponto,
resolver esse problema. Em um experimento de 1996 [43], duas grades de
difração foram conectadas em cascata para compensar a dispersão em 537 km
de fibra. Em outro experimento de 1996, a distância de transmissão de um
sinal de 10 Gb/s foi estendida a 700 km por meio do emprego de uma
grade de difração com chirp em combinação com um esquema duobinário
de alternância de fase [44].
Uma deficiência de grades de difração com chirp é o fato de funcionarem
como filtros refletivos. É possível utilizar um acoplador de 3 dB em fibra a
fim de separar o sinal refletido do incidente. Contudo, seu uso impõe uma
perda de 6 dB, que é somada a outras perdas de inserção. Um circulador
óptico reduz a perda de inserção abaixo de 2 dB.Várias outras técnicas po-
dem ser utilizadas. Por exemplo, duas ou mais grades de difração em fibra
podem ser combinadas para formar um filtro de transmissão que provê
Gerenciamento de Dispersão 429

compensação de dispersão com relativamente baixa perda de inserção [47].


Uma única grade de difração pode ser convertida em filtro de transmissão
com a introdução de um defasador no meio da grade de difração [48]. Uma
grade de difração de Moiré, construída com a superposição de duas grades
de difração com chirp formadas em uma mesma peça de fibra, também tem
pico de transmissão na banda de rejeição [49]. A largura de banda de tais
filtros de transmissão é relativamente pequena.
Uma importante deficiência de uma grade de difração é o fato de sua
função de transferência exibir um único pico. Assim, apenas uma grade
de difração não é capaz de compensar a dispersão de vários canais WDM,
a menos que se modifique sua configuração. É possível utilizar diferentes
abordagens para resolver esse problema. Em uma delas, grades de difração
com chirp são fabricadas com larga banda de rejeição (> 10 nm), por meio
do aumento de seus comprimentos.Tais grades de difração podem ser usadas
em um sistema WDM se o número de canais for suficientemente pequeno
para que a largura de banda total do sinal caiba nas bandas de rejeição delas.
Em um experimento de 1999, uma grade de difração com chirp e largura
de banda de 6 nm foi usada em um sistema WDM de quatro canais, cada
um operando em 40 Gb/s [50]. Quando a largura de banda do sinal WDM
é muito maior do que isso, é possível utilizar várias grades de difração com
chirp em cascata, de modo que cada grade de difração reflita um canal e
compense sua dispersão [51]–[55]. A vantagem dessa técnica é o fato de
ser possível ajustar as grades de difração para casar a dispersão sofrida por
cada canal, resultando em uma automática compensação da inclinação de
dispersão. A Figura 8.10 ilustra o esquema de grades de difração em cas-
cata para um sistema WEDM de quatro canais [54]. A cada 80 km, um
conjunto de quatro grades de difração compensa a GVD dos quatro canais,

Figura 8.10  Cascata de grades de difração usada para compensação de dispersão em


sistemas WDM. (Após a Ref. [54]; ©1999 IEEE.)
430 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

enquanto dois amplificadores ópticos cuidam de todas as perdas. Em 2000,


essa abordagem foi aplicada a um sistema WDM de 32 canais com 18 nm
de largura de banda [55]. Seis grades de difração com chirp, cada uma com
6 nm de banda de rejeição, foram conectadas em cascata visando compensar
a GVD de todos os canais simultaneamente.

8.3.3  Grades de Difração Amostradas


A abordagem de conexão de grades de difração em cascata se torna traba-
lhosa quando o número de canais no sistema WDM é muito grande. Um
novo tipo de grade de difração em fibra, denominado grade de difração amos-
trada (sampled grating), foi desenvolvido para resolver o problema. Esses
dispositivos têm dupla periodicidade e também são conhecidos como
grades de difração de superestrutura (superstructure gratings). Grades de difração
amostradas baseadas em fibra foram fabricadas pela primeira vez em 1994
[56], despertando, desde então, considerável interesse para a compensação
de dispersão [57]–[66].
Uma grade de difração amostrada consiste em múltiplas subgrades de
difração separadas umas das outras por uma seção de índice uniforme
(cada subgrade de difração é uma amostra, daí a denominação grade de
difração “amostrada”). A Figura 8.11 ilustra, esquematicamente, uma grade
de difração amostrada. Na prática, é possível obter tal estrutura bloqueando
certas regiões com uma máscara de amplitude durante a fabricação de uma
longa grade de difração, de modo que k = 0 nas regiões bloqueadas. O
dispositivo também pode ser feito por corrosão de partes de uma grade de
direção existente. Em ambos os casos, k (z) varia periodicamente ao longo
de z, periodicidade que modifica a banda de rejeição de uma grade de
difração uniforme. Se o índice médio n variar com o mesmo período, d e
k se tornam periódicos nas equações de modos acoplados. A solução dessas
equações mostra que uma grade de difração amostrada possui múltiplas
bandas de rejeição, separadas umas das outras por um valor constante. O
espaçamento de frequência ∆νp entre picos de refletividade adjacentes é
determinado pelo período de amostragem Λs como ∆νp = c/(2ngΛs), sendo
controlado durante o processo de fabricação. Além disso, se cada subgrade de

Figura 8.11  Ilustração esquemática de uma grade de difração amostrada. As áreas es-
curecidas indicam regiões de índice de refração mais elevado.
Gerenciamento de Dispersão 431

difração tiver chirp, as características de dispersão de cada pico de refletividade


são governadas pela quantidade de chirp introduzida.
Uma grade de difração amostrada é caracterizada por uma função de
amostragem periódica S(z). O período de amostragem Λs da ordem de 1 nm
é escolhido de forma que ∆νp seja próximo de 100 GHz (típico espaçamento
entre canais em sistemas WDM). No tipo mais simples de grade de difração,
a função de amostragem é uma função “retangular”, de modo que S(z) = 1
em uma seção de comprimento fsΛs e zero na porção restante, de com-
primento (1 − fs)Λs. Contudo, essa não é a escolha ótima, pois leva a uma
função de transferência em que cada pico é acompanhado por múltiplos
subpicos. A razão para isso está relacionada ao fato de a forma do espectro
de refletividade ser governada pela transformada de Fourier de S(z), o que
pode ser visto multiplicando ng na Eq. (8.3.1) por S(z) e expandindo S(z)
em uma série de Fourier, obtendo:

 
n( z ) = n + n g Re ∑Fm exp[2i( β0 + mβ s )z ] , (8.3.9)
m 

em que Fm é o coeficiente de Fourier, b0 = π/Λ0 é o número de onda de


Bragg, e bs está relacionado ao período de amostragem Λs por bs = π/Λs. Em
essência, uma grade de difração amostrada se comporta como uma coleção
de múltiplas grades de difração cujas bandas de rejeição são centradas em
comprimentos de onda λm = 2π/bm, em que bm = b0 + mbs, sendo m um
inteiro. O pico de refletividade associado a diferentes bandas de rejeição é
governado pelo coeficiente de Fourier Fm.
Uma função de transferência de múltiplos picos, com refletividade quase
constante para todos os picos, pode ser realizada com a adoção de uma função
de amostragem da forma S(z) = sin(az)/az, em que a é uma constante. Uma
função com a forma de “seno” foi usada em 1998 para fabricar uma grade
de difração de 10 cm de comprimento com até 16 picos de refletividade
separados por 100 Ghz [58]. Um experimento de 1999 usou uma dessas
grades de difração amostradas em um sistema WDM de quatro canais [59].
À medida que aumenta o número de canais, a compensação simultânea da
GVD de todos os canais se torna cada vez mais difícil, pois uma grade de
difração desse tipo não compensa a inclinação da dispersão da fibra. É possível
resolver tal problema com a introdução de chirp ao período de amostragem
Λs, em adição ao chirp no período da grade de difração Λ [60]. Na prática, é
usado um chirp linear. A quantidade de chirp depende da inclinação de dis-
persão da fibra, pois dΛs/Λs = |S/D|∆λch, em que ∆λch é a largura de banda
do canal e dΛs, a mudança no período de amostragem ao longo de todo o
comprimento da grade de difração. A Figura 8.12 mostra as características
de reflexão e dispersão de uma grade de dispersão amostrada de 10 cm de
432 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

Figura 8.12  Características de (a) refletividade e (b) dispersão de uma grade de difração
amostrada projetada para 8 canais espaçados por 100 GHz. (Após a Ref. [60]; ©1999 IEEE.)

comprimento, projetada para 8 canais WDM espaçados de 100 GHz. Para


essa grade de difração, cada subgrade de difração tinha 0,12 mm de com-
primento e o período de amostragem de 1 mm variava de apenas 1,5% ao
longo dos 10 cm de comprimento da grade de difração.
A abordagem anterior se torna impraticável à medida que o número N de
canais WDM aumenta, pois requer um grande índice de modulação (ng cresce
linearmente com N). Uma solução são as grades de difração amostradas
em que a função de amostragem S(z) modifica a fase de k, e não sua am-
plitude; nesse caso, a profundidade de modulação cresce apenas com N .
A técnica de amostragem de fase foi usada com sucesso na fabricação de
lasers de semicondutor sintonizáveis [67]. Recentemente, foi aplicada a
grades de difração em fibra [61]–[66]. Em contraste com o caso de amos-
tragem de amplitude, a modulação de índice existe em todo o comprimento
da grade de difração. Contudo, a fase da modulação muda periodicamente,
e o próprio período Λs contém chirp ao longo do comprimento da grade
de difração. Matematicamente, as variações de índice podem ser escritas
na forma [64]:

n( z ) = n + n g Re{exp[2i π ( z /Λ 0 ) + iφ s ( z )]}, (8.3.10)

em que ng é amplitude de modulação constante, Λ0 é o período médio


da grade de difração e a fase øs(z) varia periodicamente. Com a expansão
de exp(iøs) em uma série de Fourier, n(z) pode ser escrito na forma da
Gerenciamento de Dispersão 433

Eq. (8.3.9), em que Fm depende da variação da fase øs(z) em cada período


de amostragem. A forma do espectro de refletividade da grade de difração
pode ser ajustada com o controle de Fm e a variação da magnitude do chirp
nos períodos da grade de difração e de amostragem [64].
Como exemplo, a Figura 8.13(a) mostra a refletividade medida em fun-
ção do comprimento de onda para uma grade de difração com amostragem
de fase fabricada visando compensar a dispersão de 45 canais espaçados de
100 GHz na banda C [65]. A Figura 8.13(b) mostra a dependência do
retardo de grupo em relação ao comprimento de onda para o canal central,
localizado próximo a 1543,9 nm. A magnitude da dispersão estimada da
inclinação do retardo de grupo é da ordem de −1374 ps/nm. Essa grade de
difração é capaz de compensar simultaneamente a dispersão adquirida pelos
45 canais do sistema WDM em 80 km de fibra padrão. Utilizou-se uma
máscara de fase para fazer essa grade de difração com amostragem de fase. A
mesma técnica foi empregada na fabricação de uma grade de difração para
81 canais. Com o uso simultâneo de duas funções de amostragem de fase, tais
grades de difração podem ser projetada para cobrir as bandas S, C e L [66].

Figura 8.13  (a) Espectro de refletividade de uma grade de difração com amostragem
de fase fabricada para compensar a dispersão de 45 canais na banda C espaçados de
100 GHz, (b) refletividade e retardo de grupo medidos em função do comprimento de
onda para o canal central. (Após a Ref. [65]; ©2007 IEEE.)

8.4  FILTROS EQUALIZADORES DE DISPERSÃO


Grades de difração constituem um exemplo de uma classe de filtros
ópticos que é possível empregar para a compensação de dispersão em sis-
temas de longas distâncias. Nesta seção, consideraremos vários outros filtros
equalizadores de dispersão que podem ser fabricados em fibra ou guias de
onda planares. Pode-se combinar esse tipo de filtros ópticos compactos
com um módulo amplificador para que perda e dispersão da fibra sejam
434 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

compensadas simultaneamente, de forma periódica. Além disso, um filtro


óptico também é capaz de reduzir o ruído do amplificador, caso sua largura
de banda seja muito menor do que a do amplificador.

8.4.1  Filtros de Gires-Tournois


Qualquer interferômetro atua como filtro óptico, pois, pela própria natureza,
é sensível à frequência da luz de entrada e exibe características de trans-
missão e recepção que dependem da frequência. Um exemplo simples é o
interferômetro de Fabry-Perot. O único problema, do ponto de vista de
compensação de dispersão, é que a função de transferência de um filtro
Fabry-Perot afeta a amplitude e a fase da luz incidente. Como visto na Eq.
(8.1.4), um filtro equalizador de dispersão deve afetar a fase da luz, mas não
a amplitude.
Esse problema é facilmente resolvido com o emprego de um interferô-
metro de Gires-Tournois (GT), um simples interferômetro de Fabry-Perot
cujo espelho posterior tem refletividade de 100%. A função de transferência
de um filtro GT é obtida considerando múltiplos percursos de ida e volta
no interior da cavidade, sendo dada por [68]:
 1 − re −iωTr 
H (ω ) = H 0 e iωTr  iωT 
. (8.4.1)
 1 − re r 
em que a constante H0 leva as perdas em consideração, |r|2 é a refletividade
do espelho frontal e Tr é a duração do percurso de ida e volta no interior
da cavidade do filtro. Se as perdas forem constantes em toda a largura de
banda do sinal, |HGT(w)| independerá da frequência, e apenas a fase será
modificada pelo filtro.
Contudo, a fase ø(w) de HGT(w) é longe do ideal: uma função periódica
com picos em frequências que correspondem aos modos longitudinais da ca-
vidade. Nas vizinhanças de cada pico, existe uma região espectral onde varia-
ções de fase são quase quadráticas em w. O retardo de grupo, τg = dø(w)/dw,
também é uma função periódica. A grandeza ø2 ≡ dτg/dw, relacionada à
inclinação do retardo de grupo, representa a dispersão total do filtro GT. Nas
frequências correspondentes aos modos longitudinais, ø2 é fornecida por:

φ2 = 2Tr2 r (1 − r )/(1 + r )3 . (8.4.2)

Como exemplo, para um filtro GT de 2 cm de espessura, projetado com r =


0,8, ø2 ≈ 2.200 ps2. Esse dispositivo é capaz de compensar a GVD adquirida
em 110 km de fibra padrão.
Diversos experimentos mostraram o potencial de filtros GT como
compactos compensadores de dispersão. Em um experimento de 1991, foi
utilizado um dispositivo desse a fim de transmitir um sinal de 8 Gb/ por
Gerenciamento de Dispersão 435

130 km de fibra padrão [69]. O filtro GT tinha cavidade com 1 mm de


comprimento e espelho frontal com refletividade de 70%. A relativamente
alta perda de inserção de 8 dB foi compensada por um amplificador óptico.
Contudo, perdas de 6 dB advinham do acoplador de 3 dB em fibra usado
para separar o final refletido do sinal incidente. É possível reduzir esse valor
abaixo de 1 dB com o emprego de um circulador óptico. A tecnologia de
sistemas microeletromecânicos (MEMS − Micro-Electro Mechanical System)
também tem sido empregada na fabricação de um filtro GT em que é pos-
sível ajustar o comprimento da cavidade eletronicamente [70].
Em outra abordagem, dois espelhos do filtro GT são substituídos por duas
grades de difração em fibra, uma das quais possui refletividade de quase 100%.
As duas grades de difração podem até ser sobrepostas fisicamente, resultando
no que é referido como filtro GT distribuído [71]. A Figura 8.14 mostra,
esquematicamente, a ideia básica de tal dispositivo, junto com a refletividade,
o retardo de grupo e a dispersão medidos em função do comprimento
de onda, para um dispositivo que consiste em uma grade de difração de
1 cm de comprimento com refletividade de 98% e em uma outra grade
de difração com 6 mm de comprimento e refletividade de 11%. Embora
a refletividade seja quase constante na janela espectral de 20 nm, o retardo
de grupo e a dispersão exibem um padrão de variação periódica. O es-
paçamento de 50 GHz entre canais resulta de um deslocamento de 2 nm
nos comprimentos de onda de Bragg das duas grades de difração.

Figura 8.14  (a) Ilustração esquemática de um filtro GT feito com superposição de duas
grades de difração, (b) refletividade, retardo de grupo e dispersão medidos em função
do comprimento de onda para um dispositivo de 1 cm de comprimento. (Após a Ref.
[71]; ©2003 OSA.)
436 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

Um filtro GT é capaz de compensar simultaneamente a dispersão de


múltiplos canais, pois, como visto na Eq. (8.4.1), o filtro exibe uma resposta
periódica nas frequências que correspondem aos modos longitudinais da
cavidade Fabry-Perot. Contudo, a natureza periódica da função de trans-
ferência também indica que ø2 na Eq. (8.4.2) é a mesma para todos os canais.
Em outras palavras, sem adequada modificação de configuração, um filtro GT
não é capaz de compensar a inclinação de dispersão da fibra de transmissão.
Vários esquemas foram propostos para a compensação da inclinação da dis-
persão [72]–[74]. Em uma abordagem, duas ou mais cavidades são acopladas
de forma que todo o dispositivo funcione como um filtro GT composto
[72]. Em outra abordagem, filtros GT são conectados em cascata. Em um
experimento de 2004, filtros GT conectados em cascata foram usados para
compensar a dispersão de 40 canais (cada um operando a 10 Gb/s) em uma
distância de 3.200 km [73].
Ainda outra abordagem emprega dois filtros GT distribuídos baseados
em grades de difração [74], conectadas em cascata usando um circulador, co-
mo ilustrado na Figura 8.15. Essa figura também mostra, esquematicamente,
a ideia básica da compensação de dispersão. Um circulador de quatro portas
força o sinal WDM de entrada a passar pelos dois filtros de forma sequencial.
Dois filtros GT têm diferentes parâmetros, resultando em perfis de retardo
de grupo cujos picos são ligeiramente deslocados e possuem amplitudes dis-
tintas. Essa combinação resulta em um perfil composto de retardo de grupo
que exibe diferentes inclinações (e, portanto, um diferente parâmetro de
dispersão D) nas proximidades de cada pico. Mudanças em D que ocorrem
de um pico para o seguinte podem ser projetadas para satisfazer a condição
de inclinação na Eq. (8.4.1) com escolha adequada dos parâmetros do filtro.

Figura 8.15  (a) Dois filtros GT conectados em cascata usando um circulador, (b) retardo
de grupo em função do comprimento de onda para cada filtro GT e retardo de grupo
total (curva inferior). As linhas escuras mostram a inclinação do retardo de grupo. (Após
a Ref. [74]; ©2004 IEEE.)
Gerenciamento de Dispersão 437

8.4.2  Filtros de Mach-Zehnder


Um interferômetro de Mach-Zehnder (MZ) também é capaz de funcionar
como filtro óptico. Esse dispositivo baseado em fibras pode ser construído
com a conexão em série de dois acopladores em fibra. O primeiro acoplador
divide o sinal de entrada em duas partes; se os percursos ópticos tiverem
comprimentos distintos, as duas partes adquirem diferentes defasagens antes
que interfiram no segundo acoplador. O sinal pode sair por qualquer das
duas portas de saída, dependendo da frequência e dos comprimentos dos
braços. No caso de acopladores de 3 dB, a função de transferência para a
porta cruzada é dada por [33]:
1
H MZ (ω ) = [1 + exp(iωτ )] , (8.4.3)
2
sendo τ o retardo adicional no braço mais longo do interferômetro MZ.
Comparando a Eq. (8.4.3) com a Eq. (8.1.4), concluímos que um único
interferômetro MZ não é adequado à compensação de dispersão. Contudo,
uma cadeia de vários interferômetros MZ em cascata funciona como um
excelente filtro equalizador de dispersão [75]. Tais filtros foram fabricados
na forma de um circuito planar de onda luminosa usando guias de onda de
sílica em um substrato de silício [76]–[81]. A Figura 8.16(a) mostra, es-
quematicamente, uma específica configuração de circuito. Esse dispositivo
apresentava dimensões de 52 × 71 mm2 e exibia perda de chip de 8 dB [76],
além de consistir em 12 acopladores com braços assimétricos conectados
em cascata. Um aquecedor de crômio é depositado em um braço de cada

Figura 8.16  (a) Circuito planar de onda luminosa feito de uma cascata de interferôme-
tros de Mach-Zehnder; (b) vista esticada do dispositivo. (Após a Ref. [76]; ©1994 IEEE.)
438 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

interferômetro MZ para prover controle termo-óptico da fase óptica. A


principal vantagem de tal dispositivo é o fato de ser possível controlar suas
características de equalização de dispersão por alteração dos comprimentos
dos braços e o pelo número de interferômetros MZ.
O funcionamento do filtro MZ pode ser entendido da vista esticada
mostrada na Figura 8.16(b). O dispositivo é projetado de forma que as
componentes de altas frequências se propaguem no braço mais longo dos
interferômetros MZ. Em consequência, essas componentes sofrem maiores
retardos do que as de frequências baixas, que seguem a rota mais curta. O
retardo relativo introduzido pelo dispositivo é o oposto do introduzido por
uma fibra padrão que exibe dispersão anômala nas proximidades de 1,55 mm.
A função de transferência H(w) pode ser obtida analiticamente, sendo usada
para otimizar o projeto e o desempenho do dispositivo [77]. Em uma im-
plementação de 1994 [78], um circuito planar de onda luminosa com apenas
cinco interferômetros MZ forneceu retardo relativo de 836 ps/nm. Esse dis-
positivo tinha apenas alguns centímetros de comprimento, mas era capaz de
compensar a dispersão adquirida em 50 km de fibra. Suas principais limitações
eram relativamente pequena largura de banda (~10GHz) e sensibilidade à
polarização da entrada. Contudo, funcionava como filtro óptico programável,
cuja GVD e o comprimento de onda de operação eram ajustáveis. Em um
dispositivo, foi possível variar a GVD de −1.006 a 834 ps/nm [79].
Não é fácil compensar a inclinação de dispersão da fibra com uma
única cadeia MZ. Uma solução simples consiste em demultiplexar o sinal
WDM, empregar uma cadeia MZ adequadamente projetada para cada canal
e, então, multiplexar novamente os canais WDM. Embora esse processo
pareça muito complicado para ser prático, é possível integrar todos os
componentes em um único chip usando a tecnologia de sílica sobre silício
[80]. A Figura 8.17 mostra, esquematicamente, esse circuito planar de onda
luminosa. O uso de uma cadeia MZ separada para cada canal permite a

Figura 8.17  Circuito planar de onda luminosa capaz de compensar dispersão e in-
clinação da dispersão. Uma cadeia MZ separada é empregada para cada canal WDM.
(Após a Ref. [80]; ©2003 IEEE.)
Gerenciamento de Dispersão 439

flexibilidade de o dispositivo poder ser sintonizado para casar a dispersão


sofrida por canal. Em 2008, o uso de um filtro do tipo lattice permitiu
sintonia em uma faixa de ±500 ps/nm [81].

8.4.3  Outros Filtros Passa Tudo


É possível projetar vários outros tipos de filtros que afetem a fase do sinal
e deixem a amplitude do sinal intacta, os quais são conhecidos como filtros
passa tudo (pois deixam passar toda a potência óptica incidente) e têm des-
pertado considerável interesse no contexto de compensação de dispersão
[82]–[85]. Um ressoador em anel constitui um simples exemplo de um
filtro passa tudo [33]. Ressoadores em anel têm sido empregados para esse
propósito desde 1998 [86]–[88].
A Figura 8.18 ilustra, esquematicamente, três configurações que utilizam
acopladores direcionais e defasadores para formar um ressoador em anel
[87]. Embora seja possível empregar um único anel para compensação de
dispersão, uma cascata de múltiplos anéis aumenta a quantidade de dis-
persão. Configurações mais complicadas combinam interferômetro MZ
e um anel. O resultante dispositivo é capaz de compensar até a inclinação
da dispersão de uma fibra. Esses dispositivos podem ser fabricados com
a tecnologia de sílica sobre silício, com a qual os defasadores vistos na
Figura 8.18 são incorporados usando aquecedores de crômio de filme fino.
Um desses dispositivos exibiu dispersão que variava de −378 a −3.026 ps/nm,
dependendo do comprimento de onda do canal.

Figura 8.18  Três configurações de filtros passa tudo baseadas em ressoadores em anel:
(a) simples anel ressonante com defasador embutido; (b) configuração MZ assimétrica;
(c) configuração MZ simétrica. (Após a Ref. [87]; ©1999 IEEE.)

Em geral, filtros passa tudo, como os mostrados na Figura 8.18, possuem


pequena largura de banda em que a dispersão pode ser compensada. É pos-
sível aumentar a quantidade de dispersão com o uso de múltiplos estágios,
mas a largura de banda se torna ainda mais reduzida. Uma solução é a
arquitetura mostrada na Figura 8.19 [85], em que se divide o sinal WDM nos
canais individuais por meio de um demultiplexador. Em (a), um arranjo de
elementos dispersivos, seguidos por linhas de retardo e defasadores, é usado
440 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

Figura 8.19  Três arquiteturas de filtros passa tudo; as caixas marcadas com D e T de-
signam um elemento dispersivo e uma linha de retardo, respectivamente. (Após a Ref.
[85]; ©2003 IEEE.)

para compensar a dispersão de cada canal. Os canais individuais são, então,


multiplexados novamente. As configurações (b) e (c) simplificam o projeto
com o emprego de um único espelho ou um arranjo de espelhos móveis.
Tais configurações, embora mais complicadas, proveem máxima flexibilidade.

8.5  CONJUGAÇÃO DE FASE ÓPTICA


Embora o uso de conjugação de fase óptica (OPC − Optical Phase
Conjugation) para compensação de dispersão tenha sido proposto em 1979
[89], somente em 1991 se implementou a técnica de OPC experimental-
mente pela primeira vez [90]–[93]. Desde então, despertou considerável
interesse [94]–[107]. Em contraste com outros esquemas ópticos discutidos
neste capítulo, OPC é uma técnica óptica não linear. Esta seção descreve os
princípios dessa técnica e discute a sua implementação em práticos sistemas
de ondas luminosas.

8.5.1  Princípio de Funcionamento


A forma mais simples de entender como OPC pode compensar a GVD
consiste em tomar o complexo conjugado da Eq. (8.1.2), obtendo:

∂ A * i β 2 ∂2A * β 3 ∂3A *
− − = 0. (8.5.1)
∂z 2 ∂t 2 6 ∂t 3
Uma comparação das Eq. (8.1.2) e (8.5.1) mostra que o campo de fase
conjugada A* se propaga com o sinal oposto do parâmetro de GVD b2. Essa
observação sugere imediatamente que, se o campo óptico for conjugado
em fase no meio do enlace de fibra, como mostrado na Figura 8.20(a), a
Gerenciamento de Dispersão 441

Figura 8.20  (a) Diagrama em blocos de gerenciamento de dispersão por conjugação


de fase no meio do enlace, (b) variações de potência no enlace de fibra quando um
amplificador eleva a potência de sinal no conjugador de fase. A linha tracejada mostra
o perfil de potência necessário à compensação de SPM.

dispersão de segunda ordem (GVD) acumulada na primeira metade será


compensada exatamente na segunda metade do enlace de fibra. Como o
termo b3 não muda de sinal na conjugação de fase, OPC não é capaz de
compensar TOD. Na verdade, é simples mostrar que, mantendo os termos
de ordens superiores na expansão em série de Taylor na Eq. (2.4.4), OPC
compensa todos os termos de dispersão de ordens pares, deixando os termos
de ordens ímpares inalterados.
A eficácia da técnica de OPC no meio do enlace para a compensação de
dispersão pode, também, ser verificada usando a Eq. (8.1.3) com b3 = 0. O
campo óptico imediatamente antes da OPC é obtido substituindo z = L/2
nessa equação. A propagação do campo de fase conjugada A* na segunda
metade do enlace fornece:
1 ∞ L  i 
A * (L , t ) =


−∞
à *  , ω  exp  β 2 Lω 2 − iωt  dω ,
2  4 
(8.5.2)

em que Ã*(L/2,w) é a transformada de Fourier de A*(L/2,t), dada por:

à * (L / 2, ω ) = à * (0, −ω )exp(−iω 2 β 2 L /4). (8.5.3)

Substituindo a Eq. (8.5.3) na Eq. (8.5.2), obtemos A(L,t) = A*(0,t). Portanto,


exceto por uma inversão de fase induzida por OPC, o campo de entrada é
completamente recuperado, e a forma do pulso é restaurada à forma inicial.
442 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

Como o espectro do sinal após OPC se torna uma imagem espelhada do


espectro de entrada, a técnica de OPC também é referida como inversão
espectral no meio do enlace.

8.5.2  Compensação de Automodulação de Fase


Como discutido na Seção 2.6, o fenômeno não linear de SPM leva à in-
trodução de chirp no sinal transmitido, que se manifesta por alargamento do
espectro do sinal. Na maioria dos sistemas de ondas luminosas, os efeitos de
SPM degradam a qualidade do sinal, especialmente quando este se propaga
por longas distâncias e através de múltiplos amplificadores ópticos. A técnica
de OPC é capaz de compensar simultaneamente efeitos de GVD e SPM.
Essa característica de OPC foi observada no início da década de 1980 [108],
tendo despertado considerável interesse após 1993 [101].
É fácil mostrar que, na ausência de perdas da fibra, os efeitos de GVD
e SPM são perfeitamente compensados. A propagação de pulsos em uma
fibra com perda é governada pela Eq. (2.6.18) ou por:

∂ A i β 2 ∂2A α
= iγ A A − A,
2
+ (8.5.4)
∂z 2 ∂t 2
2
em que a é o coeficiente de perda da fibra. Sendo a = 0, A* satisfaz a mesma
equação quando tomamos o complexo conjugado de (8.5.4) e substituímos
z por −z. Em outras palavras, a propagação de A* equivale a enviar o sinal de
volta e desfazer as distorções induzidas por b2 e g. Em consequência, OPC
no meio do enlace compensa simultaneamente os efeitos de GVD e de SPM.
As perdas da fibra destroem essa importante propriedade de OPC no meio
do enlace. A razão para isso é intuitivamente óbvia se observarmos que o des-
locamento de fase induzido por SPM depende da potência. Por conseguinte,
defasagens muito maiores são induzidas na primeira metade do enlace em
vez de na segunda, e OPC não é capaz de compensar efeitos não lineares. A
Eq. (8.5.4) pode ser usada para estudar o impacto das perdas da fibra. Fazendo
a substituição A(z,t) = B(z,t)p(z), a Eq. (8.5.4) pode ser escrita como:

∂B i β 2 ∂2 B
= iγ p( z ) B B,
2
+ (8.5.5)
∂z 2 ∂t 2
em que p(z) = exp(−az). O efeito das perdas da fibra é matematicamente
equivalente ao caso sem perdas, mas com um parâmetro não linear que
depende de z.Tomando o complexo conjugado da Eq. (8.5.5) e trocando z
por −z, é fácil ver que pode ocorrer perfeita compensação de SPM somente
se p(z) = exp(az) após a conjugação de fase (z > L/2). Uma exigência geral
para que a técnica de OPC funcione é que p(z) = p(L− z). Essa condição
não pode ser satisfeita quando a ≠ 0.
Gerenciamento de Dispersão 443

Podemos pensar que é possível resolver o problema por meio de am-


plificação do sinal após a OPC, de modo que, antes de ser lançada na segunda
metade do enlace de fibra, a potência de sinal seja igual à potência de en-
trada. Embora reduza o impacto de SPM, tal abordagem não leva a uma
perfeita compensação dos efeitos dela. A razão para isso pode ser entendida
observando que a propagação do sinal de fase conjugada é equivalente à
propagação de um sinal temporalmente invertido [109]. Assim, é capaz de ocor-
rer perfeita compensação de SPM apenas se as variações de potência forem
simétricas em relação ao ponto médio do enlace onde OPC é efetuada, de
modo que, na Eq. (8.5.5), p(z) = p(L− z). Amplificação óptica não satisfaz
essa condição. A Figura 8.20(b) mostra as formas real e necessária de p(z).
Podemos chegar perto da compensação de SPM se o sinal for amplificado
com frequência suficiente para que a potência não varie muito em cada es-
tágio de amplificação. Essa abordagem, no entanto, não é prática, pois requer
amplificadores espaçados por pequenas distâncias. O uso de amplificação
Raman distribuída com bombeamento bidirecional também pode ajudar,
pois é capaz de prover p(z) próximo a 1 ao longo de todo o enlace.
A perfeita compensação dos efeitos de GVD e de SPM por ser realizada
com o emprego de fibras de dispersão decrescente, nas quais |b2| cai ao longo
do comprimento da fibra. Para ver como é possível implementar esse esquema,
assumamos que, na Eq. (8.5.5), b2 seja uma função de z. Aplicando a trans-
z
formação ξ = ∫ 0
p( z ) dz , a Eq. (8.5.5) pode ser escrita como [101]:

∂B i ∂ 2B
+ b(ξ ) 2 = iγ B 2 B,
∂ξ 2 ∂t (8.5.6)
em que b(z) = b2(z)/p(z). Os efeitos de GVD e de SPM são compensados
se b(ξ) = b(ξL−ξ), sendo ξL o valor de ξ em z = L. Essa condição é satisfeita
de modo automático quando b2(z) decresce exatamente da mesma forma
que p(z), de modo que a razão entre essas grandezas permaneça constante.
Como p(z) decresce exponencialmente, os efeitos de GVD e de SPM
podem ser compensados em uma fibra de dispersão decrescente cuja GVD
diminui na forma e−az. Essa abordagem é geral e aplicável mesmo quando
amplificadores em linha são usados.

8.5.3  Geração de Sinal com Fase Conjugada


A implementação da técnica de OPC no meio do enlace requer um elemen-
to óptico não linear que gere o sinal com fase conjugada. O método mais
usado emprega mistura de quatro ondas (FWM) em um meio não linear. Como
a própria fibra óptica é um meio não linear [110], uma abordagem simples
consiste em usar uma fibra especial projetada para maximizar a eficiência de
FWM. O uso de FWM requer o lançamento de um feixe de bombeio em
444 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

uma frequência wp deslocada da frequência de sinal ws por pequeno valor


(∼0,5 THz). Esse dispositivo funciona como um amplificador paramétrico,
que amplifica o sinal e também gera um novo feixe (idler) na frequência wc
= 2wp−ws, se a condição de casamento de fase for satisfeita. O feixe idler
transporta a mesma informação do sinal, mas sua fase é invertida em relação
à do sinal, assim como seu espectro.
É possível satisfazer a condição de casamento de fase aproximadamente
se o comprimento de onda de dispersão zero da fibra de OPC for escolhido
quase coincidente com o comprimento de onda de bombeio. Essa foi a
abordagem adotada em um experimento de 1993 [90] em que um sinal em
1.546 nm teve a fase conjugada por FWM em 23 km de fibra bombeada
em 1.549 nm. Um sinal de 6 Gb/s pôde ser transmitido por 152 km com
compensação da dispersão por OPC no meio do enlace de fibra. Em outro
experimento de 1993 [91], um sinal de 10 Gb/s foi transmitido por 360 km
com a montagem mostrada na Figura 8.21. A OPC no meio do enlace foi
efetuada em uma fibra de 21 km de comprimento bombeada por um laser
cujo comprimento de onda foi sintonizado exatamente no comprimento
de onda de dispersão zero da fibra. Os comprimentos de onda de bombeio
e de sinal diferiam por 3,8 nm; um filtro passa faixa foi empregado para
separar o sinal de fase conjugada e a bomba.

Figura 8.21  Montagem experimental para compensação de dispersão por inversão


espectral no meio do enlace em 21 km de fibra de dispersão deslocada. (Após a Ref.
[91]; ©1993 IEEE.)

Diversos fatores devem ser considerados na implementação prática da


técnica de OPC no meio do enlace. Primeiro, como a frequência de sinal
varia de ws a wc = 2wp − ws no conjugador de fase, o parâmetro de GVD
Gerenciamento de Dispersão 445

tem valor diferente na segunda metade do enlace. Em consequência, com-


pensação perfeita ocorre somente se o conjugador de fase for ligeiramente
deslocado do ponto médio do enlace de fibra. É possível determinar a
posição exata Lp usando a condição b2(ws)Lp = b2(wc)(L − Lp), em que L é
o comprimento total do enlace. Expandindo b2(wc) em uma série de Taylor
em torno da frequência de sinal ws, Lp é obtido como:
Lp β +δ β
= 2 c 3 , (8.5.7)
L 2 β 2 + δc β 3
sendo dc = wc − ws o deslocamento de frequência do sinal induzido pela
técnica de OPC. Para um típico deslocamento de comprimento de onda
de 6 nm, a posição do conjugador de fase sofre uma alteração da ordem de
1%. O efeito de dispersão residual e SPM na própria fibra de conjugação
de fase também podem afetar o posicionamento do conjugador de fase [98].
Um segundo fator que deve ser considerado é o fato de o processo de
FWM em fibras ópticas ser sensível à polarização. Como não é controlada
em fibras ópticas, a polarização do sinal varia na OPC de modo aleatório.
Tais variações aleatórias afetam a eficiência de FWM e tornam a técnica
convencional de FWM inadequada para propósitos práticos. Afortuna-
damente, é possível modificar o esquema de FWM para ser insensível à
polarização. Uma abordagem utiliza dois feixes de polarizações ortogonais
e em diferentes comprimentos de onda, localizados simetricamente em
relação ao comprimento de onda de dispersão zero λZD da fibra [93]. Essa
abordagem tem outra vantagem: a onda de fase conjugada pode ser gerada na
própria frequência do sinal, se λZD for escolhido de modo a concidir com o
comprimento de onda do sinal. OPC insensível à polarização também pode
ser realizada com o emprego de uma só bomba em combinação com uma
grade de difração em fibra e um espelho ortoconjugado [95], mas o dispositivo
resultante funciona no modo refletivo e requer que a onda conjugada seja
separada do sinal por meio de um circulador óptico.
É possível que a baixa eficiência do processo de OPC seja um problema.
Nos primeiros experimentos, a eficiência de conversão c ficava abaixo de
1%, tornando necessária a amplificação do sinal de fase conjugada [91].
Contudo, o processo de FWM não é inerentemente um processo de baixa
eficiência sendo, em princípio, capaz de prover ganho líquido [110]. De
fato, análise das equações de FWM mostra que c pode ser aumentada
consideravelmente com a elevação da potência de bombeio, podendo até
passar de 100% com a otimização dos níveis de potência e diferença de
comprimento de onda de bomba e sinal [96]. Altas potências de bombeio
requerem a supressão de espalhamento estimulado Brillouin por meio da
modulação das fases da bomba. Em um experimento de 1994, eficiência de
conversão de 35% foi realizada com essa técnica [94].
446 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

O processo de FWM em um amplificador óptico de semicondutor


(SOA) também pode ser usado para gerar o sinal de fase conjugada. Essa
abordagem foi usada pela primeira vez em um experimento de 1993 a
fim de demonstrar a transmissão de um sinal de 2,5 Gb/s por 100 km de
fibra padrão [92]. Posteriormente, em um experimento de 1995, a mesma
abordagem foi adotada para transmitir um sinal de 40 Gb/s por 200 km de
fibra padrão [97]. A possibilidade de FWM altamente degenerado no interior
de SOAs foi sugerida em 1987, sendo essa técnica usada exaustivamente
no contexto de conversão de comprimento de onda [111]. Sua principal
vantagem é a possibilidade de o sinal de fase conjugada ser gerado em um
dispositivo de 1 mm de comprimento. A eficiência de conversão também
é, tipicamente, maior do que a de FWM em uma fibra óptica, devido à
amplificação, embora essa abordagem seja afetada por relativamente altas
perdas por acoplamento que resultam da necessidade de acoplar o sinal de
volta à fibra. Com escolha adequada da dissintonia bomba-sinal, eficiências
de conversão maiores do que 100% (ganho líquido para o sinal de fase
conjugada) foram realizadas por FWM em SOAs [112].
Guias de onda de niobato de lítio periodicamente polarizados (PPLN –
Periodically Poled Lithium-Niobate) têm sido usados na criação de um inversor
espectral compacto e de banda larga [113]. Nesse dispositivo, o sinal de fase
conjugada é gerado por meio de dois processos não lineares de segunda
ordem em cascata, que são quase casados em fase com polarização periódica
do cristal. Esse dispositivo de OPC apresentou perda de inserção de apenas
7 dB, sendo capaz de compensar simultaneamente a dispersão de quatro
canais de 10 Gb/s em 150 km de fibra padrão. Em 2003, um guia de onda
PPLN foi utilizado para conjugação de fase simultânea de 103 canais, da
banda C para a banda L, com eficiência de conversão de cerca de −15 dB,
com uma única bomba em 1.555 nm [114].
A técnica de OPC foi empregada para a compensação de dispersão em
vários experimentos recentes [106]. Em um experimento de WDM de
2004, um conjugador de fase baseado em PPLN foi usado para demonstrar
a transmissão de 16 canais (cada um operando em 40 Gb/s) por 800 km de
fibra padrão. O espaçamento entre amplificadores era de 100 km e um único
dispositivo PPLN foi utilizado no meio do enlace, após 4 amplificadores.
A Figura 8.22 mostra, esquematicamente, a montagem experimental. Uma
única bomba no comprimento de onda de 1.546,12 nm conjugou a fase
de todos os 16 canais WDM, invertendo o espectro do sinal em torno do
comprimento de onda de bombeio. Adotou-se um esquema de diversidade
de polarização, ilustrado na Figura 8.22, a fim de assegurar que o processo de
OPC independesse da polarização.
Para aplicações de longas distâncias, podemos questionar se a técnica
de OPC é capaz de compensar a GVD adquirida ao longo de milhares de
Gerenciamento de Dispersão 447

Figura 8.22  Montagem experimental de um sistema WDM de 16 canais, empregando


um conjugador de fase baseado em PPLN, para transmissão de dados por 800 km de
fibra padrão; a parte inferior mostra o esquema de diversidade de polarizada adotado.
(Após a Ref. [106]; ©2006 IEEE.)

kilometros. Essa questão foi estudada exaustivamente por meio de simu-


lações numéricas. Em um conjunto de simulações, um sinal de 10 Gb/s
pôde ser transmitido por 6.000 km quando a potência média lançada foi
mantida abaixo de 3 mW a fim de reduzir os efeitos da não linearidade da
fibra [99]. Em outro estudo, foi observado que o espaçamento entre am-
plificadores desempenhava papel importante; uma transmissão por 9.000 km
foi possível, com amplificadores espaçados por 40 km [102]. A escolha do
comprimento de onda de operação em relação ao comprimento de onda
de dispersão zero da fibra também foi crítica. No caso de dispersão anômala
(b2 < 0), é possível que variações periódicas da potência de sinal ao longo
do enlace de fibra levem à geração de bandas laterais adicionais por meio
de uma instabilidade conhecida como instabilidade de banda lateral [115],
a qual pode ser evitada caso o parâmetro de dispersão seja relativamente
grande (D > 10 ps/(km-nm). Esse é o caso de fibras do tipo padrão nas
proximidades de 1,55 mm.
Em geral, a máxima distância de transmissão para a técnica de OPC
depende de muitos fatores, como eficiência de FWM, potência de entrada
e espaçamento entre amplificadores [100]. Caso um mapa de dispersão
adequadamente projetado seja usado em combinação com OPC, é possível
suprimir a instabilidade de banda lateral e aumentar a distância de transmis-
são além de 10.000 km [104]. Em um experimento de 2005, um conjugador
de fase baseado em PPLN permitiu a compensação da dispersão adquirida
ao longo de 10.200 km por 22 canais, operando em 20 Gb/s e espaçados
448 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

de 50 GHz [106]. O anel recirculante de 94,5 km empregou fibra padrão


com dispersão de 16 ps/(km-nm), cujas perdas foram compensadas por
amplificação Raman. Esse experimento utilizou o formato de modulação
RZ-DPSK, e a técnica de OPC também ajudou a reduzir o ruído de fase
não linear (veja a Seção 10.5).

8.6  CANAIS EM ALTAS TAXAS DE BITS


Sistemas WDM comerciais, com canais individuais operando em
taxas de bits de 40 Gb/s, tornaram-se disponíveis em 2002, e esforços eram
dedicados ao aumento da taxa de bits por canal para 100 Gb/s e além. Para
tais sistemas de alta velocidade, o gerenciamento da dispersão de canais
representa um problema adicional. Nesta seção, trataremos de várias ques-
tões relevantes.

8.6.1  Compensação de Dispersão Sintonizável


É difícil alcançar completa compensação de GVD para todos os canais
em um sistema WDM. Uma pequena dispersão residual permanece não
compensada e, muitas vezes, torna-se um problema para sistemas de longas
distâncias. Para um enlace de comprimento L, essa dispersão acumulada
é fornecida por da = ∫ D( z ) dz , em que D(z) denota a dispersão local
L

0
ao longo do enlace. Uma técnica de pós-compensação é adotada com
frequência em experimentos de laboratório. Nessa abordagem, compensa-se
a dispersão residual para canais individuais por meio da adição de com-
primentos ajustáveis de uma DCF no lado do receptor (ajuste de dispersão).
Essa técnica não é adequada para sistemas WDM comerciais, por diversas
razões. Primeira razão, a exata quantidade de dispersão residual por canal nem
sempre é conhecida, em função de variações não controláveis na dispersão
dos segmentos de fibra que formam o percurso de transmissão. Segunda razão,
até mesmo o comprimento do percurso pode ser alterado em redes ópticas
reconfiguráveis. Terceiro, à medida que a taxa de bits por canal aumenta em
direção a 40 Gb/s e além, o valor tolerável da dispersão residual se torna
tão pequeno que inclusive variações na GVD induzidas pela temperatura
se tornam preocupantes. Por essas razões, a melhor abordagem consiste em
adotar um esquema sintonizável de compensação de dispersão que permita
o controle da dispersão para cada canal de forma dinâmica.
Diversas técnicas foram desenvolvidas ao longo da última década para
compensação de dispersão sintonizável [116]–[135]. Várias utilizam uma
grade de difração de Bragg em fibra cuja dispersão é sintonizada por meio
da variação do período óptico nΛ da grade de difração. Em um esquema,
chirp não linear é introduzido na grade de difração, de modo que o com-
primento de onda de Bragg dela aumente de modo não linear ao longo do
Gerenciamento de Dispersão 449

comprimento. Dispersão sintonizável é realizada quando a grade de difração


é esticada com um transdutor piezoelétrico [116].
Em uma grade de difração com chirp linear, a inclinação de retardo de
grupo (responsável pela dispersão) em um dado comprimento de onda não
é alterada com o esticamento. Contudo, é possível alterar essa inclinação por
um grande fator quando o chirp é não linear. Matematicamente, mudanças
induzidas no índice modal n por tensão mecânica alteram o comprimento
de onda de Bragg local na forma λ B ( z ) = 2n ( z )Λ( z ).
Para essas grades de difração, a Eq. (8.3.7) é substituída por:
dτ g 2 d
(∫ )
Lg
D g (λ ) = = n ( z ) dz , (8.6.1)
dλ c dλ 0

em que τg é o retardo de grupo e Lg, o comprimento da grade de difração.


O valor de Dg em qualquer comprimento de onda pode ser alterado por
modificação do índice modal n (por meio de aquecimento ou esticamento),
resultando em características de dispersão sintonizáveis para a grade de
difração de Bragg.
A técnica de esticamento tem sido utilizada com sucesso desde 1999
para sintonizar a dispersão provida por uma grade de difração em fibra com
chirp não linear [116]. A grade de difração é posicionada em um esticador
mecânico e se emprega um transdutor piezoelétrico visando efetuar o es-
ticamento por aplicação de uma tensão externa. A Figura 8.23 mostra as
características de retardo de grupo de uma grade de difração com 5 cm de
comprimento, quando a tensão é variada de 0 a 1.000 V. Para um dado com-
primento de onda de canal, da pode ser variado de −300 a −1.000 ps/nm
por alteração da tensão, resultando em uma faixa de sintonia de 700 ps/nm.

Figura 8.23  Retardo de grupo em função do comprimento de onda para uma grade de
difração com chirp não linear, para várias tensões aplicadas. (Após a Ref. [116]; ©1999 IEEE.)
450 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

É possível estender a mesma técnica para prover compensação sintonizável


para múltiplos canais com uma grade de difração amostrada com chirp não
linear. Contudo, há uma relativamente grande dispersão de terceira ordem
que pode afetar cada canal. Esse problema pode ser resolvido conectando
duas idênticas grades de difração em cascata, de forma que seus chirps sejam
de naturezas opostas [122].
Em uma abordagem distinta à realização de dispersão sintonizável, a
grade de difração é feita sem chirp ou com chirp linear, e utiliza-se um
gradiente de temperatura a fim de produzir um chirp controlável. Tal aque-
cimento distribuído requer que um aquecedor de filme fino seja depositado
na superfície externa da fibra cujo núcleo contém a grade de difração. Em
uma técnica simples [118], a espessura do filme é alterada juntamente com o
comprimento da grade de difração para criar um gradiente de temperatura
quando uma tensão constante é aplicada ao filme. A Figura 8.24(a) mostra
o espectro de reflexão de uma grade de difração de 8 cm de comprimento,
para três níveis de tensão. A dispersão total, calculada do retardo de grupo
τg(λ), é mostrada na Figura 8.24(b) em função da tensão aplicada. Inicial-
mente, a grade de difração não tem chirp e apresenta pequena banda de
rejeição, que se desloca e se alarga quando um chirp é introduzido na grade
de difração por meio de aquecimento não uniforme. Fisicamente, o com-
primento de onda de Bragg λB muda ao longo da grade de difração, pois
o período óptico n ( z )Λ se torna dependente de z quando um gradiente
de temperatura é estabelecido na grade de difração. Com essa abordagem,
é possível alterar a dispersão total DgLg na faixa de −500 a −2.200 ps/nm.
Essas grades de difração podem ser usadas para prover dispersão sintonizável
para sistemas de 10 Gb/s. Um aquecedor de filme fino segmentado é, às
vezes, empregado para criar um gradiente de temperatura, pois provê melhor
controle de temperatura ao longo do comprimento da grade de difração.
Tanto a dispersão como a inclinação da dispersão de tais dispositivos podem

Figura 8.24  (a) Espectro de reflexão e (b) GVD total em função da tensão para uma grade
de difração em fibra com gradiente de temperatura. (Após a Ref. [118]; ©2000 IEEE.)
Gerenciamento de Dispersão 451

ser controladas eletronicamente. Além disso, em contraste com a técnica de


esticamento que requer tensões elevadas, apenas alguns volts são necessários
para sintonia térmica de uma grade de difração.
A conexão em cascata de grades de difração em fibra com apodização de
fase e chirp também é capaz de prover dispersão sintonizável com sintonia
térmica [133]. A Figura 8.25 mostra, esquematicamente, um dispositivo desse
tipo, que consiste em uma cascata de duas grades de difração conectadas
por um circulador óptico de quatro portas. Cada grade de difração com
apodização de fase consiste na superposição de duas grades de difração de
diferentes períodos e, portanto, funciona com filtro GT distribuído (veja
a Seção 8.4.1), com retardo de grupo que varia periodicamente com a
frequência, com período igual à faixa espectral livre do filtro GT. Sintonia
de dispersão é realizada com ajuda de múltiplos elementos aquecedores
ao longo do comprimento de cada grade de difração, usados para alterar
o período local da grade de difração. Com o ajuste dos retardos de grupo
nas duas grades de difração com adequados perfis de temperatura, o dis-
positivo é capaz de compensar simultaneamente a dispersão de 32 canais
espaçados de 50 GHz, permitindo uma faixa de sintonia de ±800 ps/nm,
com largura de banda de 30 GHz.

Figura 8.25  Compensador sintonizável de dispersão baseado em grades de difração de


Bragg com chirp quase periódicas (QPCFBG – Quasi-Periodic Chirped Fiber Bragg Gratings),
que funcionam como filtros GT distribuídos. Múltiplos elementos aquecedores (HE –
Heating Element) são usados para sintonizar o comprimento de onda de Bragg local das
grades de difração. (Após a Ref. [133]; IEEE.)

Como visto na Seção 8.4.2, circuitos planares de ondas luminosas, fa-


bricados com a tecnologia de sílica sobre silício, podem ser usados como
compensadores sintonizáveis de dispersão [79]–[81]. O emprego de uma
grade de difração em arranjo de guia de onda (AWG) baseado nessa tecno-
logia representa outra abordagem para a realização de dispersão sintonizável.
A Figura 8.26 mostra, esquematicamente, um dispositivo desse tipo [131],
que consiste em um AWG anexado a um circuito planar de onda luminosa
(PLC – Planar Lightwave Circuit) baseado em polímero, contendo uma lente
452 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

Figura 8.26  Ilustração esquemática de um compensador sintonizável de dispersão


baseado em circuitos planares de ondas luminosas. Um AWG é anexado a um guia de
onda de polímero com 16 aquecedores que podem ser endereçados individualmente
para a produção de uma distribuição parabólica de calor. (Após a Ref. [133]; ©2006 IEEE.)

termo-óptica. O AWG tem faixa espectral livre de 100 GHz, de modo que


possa demultiplexar um sinal WDM com canais espaçados de 100 GHz.
O PLC de polímeros contém um guia de onda slab com 7,5 mm de es-
pessura com 16 aquecedores na parte superior, capazes de ser endereçados
individualmente para a produção de uma distribuição parabólica de calor.
Um espelho na extremidade de um guia de onda de polímero com 4,2 mm
de comprimento reflete todos os canais de volta a AWG. A dispersão desse
dispositivo pode ser sintonizada em uma faixa de 1300 ps/nm, com largura
de banda de 40 GHz. Em outra abordagem baseada em AWG e mostrada
na Figura 8.27, os canais demultiplexados são focados em um arranjo de
elementos de cristal líquido que refletem cada canal depois de nele impor

Figura 8.27  Compensador sintonizável de dispersão em que um arranjo de cristal


líquido é usado para sintonia de dispersão. (Após a Ref. [134]; ©2009 IEEE.)
Gerenciamento de Dispersão 453

uma defasagem eletronicamente controlável [134]. Um dispositivo desse tipo


foi usado para compensar a dispersão de um sinal WDM que ocupava toda a
banda L. Em um experimento de 2009, o arranjo de cristal líquido foi subs-
tituído por ranhuras no formato de lente preenchidas com resina óptica [135].

8.6.2  Gerenciamento de Dispersão de Ordem Superior


Quando a taxa de bits de um canal excede 40 Gb/s (p. ex., com o em-
prego de multiplexação por divisão no domínio do tempo), efeitos dis-
persivos de terceira ordem e de ordens superiores passam a influenciar
o sinal óptico. Por exemplo, a uma taxa de bits de 160 Gb/s, o bit slot tem
apenas 6,25 ps de largura. Um sinal óptico RZ em uma taxa de bits tão
alta consiste em pulsos de largura < 5 ps. É possível utilizar a Eq. (2.4.33)
a fim de estimar a máxima distância de transmissão L, que é limitada pela
TOD, b3, quando a dispersão de segunda ordem (GVD) é completamente
compensada. O resultado é obtido como:

L ≤ 0,034( β 3 B 3 )−1. (8.6.2)

Essa limitação é mostrada na Figura 2.13 pela linha tracejada. A uma taxa


de bits de 200 Gb/s, L é limitado a cerca de 50 km, e cai a apenas 3,4 km a
500 Gb/s, se usarmos um valor típico de b3 = 0,08 ps3/km. Fica claro que
é essencial o desenvolvimento de dispositivos capazes de compensar a GVD
e a TOD de forma sintonizável, quando a taxa de bits por canal ultrapassa
100 Gb/s [136]–[151].
A mais simples solução para compensação de TOD consiste em DCFs
projetadas para terem inclinação de dispersão negativa, de modo que b2
e b3 possuam sinais opostos aos observados em fibras do tipo padrão. As
condições necessárias ao projeto de tais fibras são dadas na Eq. (8.2.5). Assim,
as DCFs usadas para a compensação da inclinação de dispersão em sistemas
WDM também permitem o controle da dispersão de terceira ordem para
cada canal. O único problema com DCFs é que suas características de dis-
persão não são sintonizáveis com facilidade. Em consequência, é possível
comprometer o desempenho do sistema se a dispersão do enlace variar em
função da temperatura ou sofrer outras mudanças ambientais.
A compensação sintonizável de inclinação de dispersão é possível com
filtros ópticos. Circuitos planares de ondas luminosas baseados em cascata
de filtros interferométricos MZ se revelaram um sucesso, devido à natureza
programável desse tipo de filtro. Em 1996, um desses filtros foi projetado para
apresentar uma inclinação de dispersão de −15,8 ps/nm2 em uma largura de
banda de 170 GHz, sendo usado para compensar dispersão de terceira ordem
em 300 km de fibra de dispersão deslocada com b3 ≈ 0,05 ps/(km-nm2) no
comprimento de onda de operação [137]. A Figura 8.28 compara as formas
454 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

Figura 8.28  Formas de pulsos após a propagação de um pulso de entrada de 2,1 ps


por 100 km de fibra de dispersão deslocada (b2 = 0). As curvas da esquerda e da direita
comparam a melhora obtida com a compensação da dispersão de terceira ordem. (Após
a Ref. [127]; ©1998 IEEE.)

de pulsos observadas na saída da fibra com e sem compensação de b3,


após a transmissão de um pulso de 2,1 ps por 100 km dessa fibra. O filtro
equalizador elimina a cauda oscilatória e reduz a largura do pico principal
de 3,4 para 2,8 ps. O aumento residual na largura do pulso além de seu
valor inicial de 2,1 ps é parcialmente devido à PMD.
Grades de difração com chirp são, muitas vezes, preferíveis na prática por
conta de sua natureza totalmente em fibra. Longas grades de difração (∼1 m)
foram desenvolvidas em 1997 para esse propósito [138]. Em 1998, uma grade
de difração em fibra com chirp não linear foi capaz de compensar a TOD
em 6 nm, por distâncias de até 60 km [139]. A conexão em cascata de várias
grades de difração com chirp pode produzir em um compensador de dis-
persão que tem características de dispersão arbitrária, e é capaz de compensar
dispersão de todas as ordens. A Figura 8.29(a) mostra uma simples configu-
ração para a compensação da TOD, b3, de uma fibra [140]. Duas idênticas
grades de difração em fibra com chirp são conectadas em cascata por meio

Figura 8.29  (a) Compensação de dispersão de terceira ordem por conexão em cascata
de duas idênticas grades de difração em fibra (FG – Fiber Grating). (b) Resultante retardo
de grupo (linha cheia) com parábola (linha pontilhada) superposta. (Após a Ref. [140];
©2000 IEEE.)
Gerenciamento de Dispersão 455

de um circulador óptico, mas uma delas é invertida, de modo que os chirps


possuam naturezas opostas. Como as inclinações dos retardos de grupos das
duas grades de difração são iguais e têm sinais opostos, a combinação não
provê uma GVD líquida. Contudo, as contribuições de TOD se somam,
produzindo uma forma quase parabólica para o retardo de grupo relativo,
como ilustrado na Figura 8.29(b).
Uma rede de difração em guia de onda [141] ou uma grade de difração
amostrada [60] também é capaz de compensar simultaneamente dispersões
de segunda e de terceira ordens. Embora uma grade de difração amostrada
e com chirp não linear seja capaz de prover dispersão sintonizável para
vários canais simultaneamente [142], sua largura de banda ainda é limitada.
Uma rede de difração em guia de onda em combinação com um filtro de
fase espacial pode prover compensação de inclinação de dispersão em uma
largura de banda de até 8 THz, e deve ser adequada a sistemas multicanal
de 40 Gb/s [143]. A viabilidade de transmissão de um sinal de 100 Gb/s
por 10.000 km também foi investigada usando conjugação de fase óptica
no meio do enlace combinada com compensação da dispersão de terceira
ordem [144].
Também é possível obter compensação sintonizável de inclinação de
dispersão com a integração de um aquecedor de filme fino segmentado
em uma grade de difração em fibra com chirp. Em um experimento de 2004,
uma grade de difração de 4 cm de comprimento foi aquecida de forma dis-
tribuída usando 32 segmentos de filme fino. Utilizou-se um módulo de DCF
após a grade de difração para assegurar que a dispersão de segunda ordem
acumulada era zero no comprimento de onda central do canal. Foi possível
variar a inclinação da dispersão de −20 a +20 ps/nm2 com ajuste da dis-
tribuição de temperatura ao longo da grade de difração. Em uma abordagem
diferente, duas grades de difração em fibra, com chirp linear ou não linear
introduzido por aplicação de tensão mecânica, foram conectadas em cascata
por um circulador óptico [145]. As duas grades de difração foram montadas
em um substrato que podia ser curvado movendo um bloco. Foi possível
mudar somente a inclinação da dispersão de quase 0 para −58 ps/nm2,
em uma largura de banda de 1,7 nm, sem afetar o comprimento de onda
de Bragg da grade de difração.
Mesmo grades de difração sem chirp podem ser usadas para realizar
valores sintonizáveis de dispersão de terceira ordem. A Figura 8.30 mostra
uma configuração em que duas grades de dispersão sem chirp são montadas
em uma barra metálica capaz de ser curvada por aplicação de tensão mecâ-
nica [151]. Um circulador de quatro portas é usado para enviar o sinal de
entrada a cada grade de difração em uma conexão em cascata. Era possível
sintonizar a dispersão de terceira ordem desse dispositivo com o ajuste da
tensão mecânica não linear, sem alterar a dispersão de segunda ordem. Nesse
456 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

Figura 8.30  Representação esquemática de um dispositivo usado para compensação


sintonizável de inclinação de dispersão. Duas grades de difração de Bragg em fibra (FBD −
Fiber Bragg Grating) uniformes são curvadas usando uma barra metálica e conectadas
em cascata por um circulador óptico. (Após a Ref. [151]; ©2009 IEEE.)

experimento de 2009, a inclinação da dispersão pôde ser variada de −13,9


a −54,8 ps/nm2, em uma largura de banda de mais de 2 nm.
Vários experimentos exploraram a possibilidade de transmissão de um
único canal em taxas de bits acima de 200 Gb/s [152]–[157]. Em um expe-
rimento de 1996 [152], um sinal de 400 Gb/s foi transmitido com pulsos de
0,98 ps em um bit slot de 2,5 ps. Sem compensação da dispersão de terceira
ordem, a largura do pulso aumentou para 2,3 ps após 40 km e exibia uma
longa cauda oscilatória que se estendia por 6 ps, característica da dispersão
de terceira ordem [110]. Com compensação parcial da dispersão de terceira
ordem, a cauda oscilatória desapareceu, e a largura do pulso foi reduzida
para 1,6 ps, possibilitando a recuperação dos dados de 400 Gb/s com alta
precisão. Pulsos ópticos mais curtos do que 0,5 ps foram usados em 1998
para realizar uma taxa de bits de 640 Gb/s [153]. Em um experimento de
2003, a taxa de bits foi estendida a 1,28 Tb/s com a transmissão de pulsos
de 380 ps por 700 km de fibra [156]. A propagação de pulsos tão curtos
requer a compensação das dispersões de segunda, terceira e quarta ordens
simultaneamente. A mais alta taxa de bits em um canal – de 2,56 Tb/s – foi
realizada em um experimento de 2006 em que um sinal DPSK (veja o
Capítulo 10) foi transmitido por 160 km [157].

8.6.3  Compensação de PMD


Como discutido na Seção 2.3.5, PMD leva à distorção de pulsos ópticos
devido a variações aleatórias na birrefringência de uma fibra óptica ao longo
do comprimento dela. Essa distorção ocorre em adição ao alargamento
temporal induzido pela GVD. O uso de gerenciamento de dispersão pode
eliminar o alargamento induzido pela GVD, mas não afeta a degradação que
a PMD induz em um sinal óptico. Por essa razão, o controle da PMD se
tornou uma questão importante para modernos sistemas de ondas luminosas
com gerenciamento de dispersão [158]–[172].
Gerenciamento de Dispersão 457

Antes de discutirmos a técnica de compensação de PMD, é importante


obter uma estimativa da ordem de grandeza do máximo comprimento de
enlace para sistemas sem compensação. A Eq. (2.3.17) mostra que o valor
RMS do retardo de grupo diferencial (GDG – Differential Group Delay)
para um enlace de comprimento L é dado por σT = Dp √L., sendo Dp o
parâmetro de PMD. É importante ressaltar que valores instantâneos de GDG
flutuam com o tempo em uma grande faixa, em função da temperatura e de
outros fatores ambientais [159]. Se DGD aumentar tanto a ponto de exceder
o bit slot, um sistema de onda luminosa deixa de funcionar adequadamente,
o que é referido como indisponibilidade do sistema, por analogia com efeito
similar que ocorre em sistemas de rádio [158].
O desempenho de um sistema limitado por PMD é avaliado pela proba-
bilidade de indisponibilidade, que deve ficar abaixo de um valor predefinido
(em geral, próximo de 10−5 ou 5 min/ano) para desempenho aceitável do
sistema. Uma estimativa precisa da probabilidade de indisponibilidade requer
extensas simulações numéricas [162]–[172]. Em geral, a probabilidade de
indisponibilidade depende do formato de modulação, entre outros fatores.
A Figura 8.31 mostra a probabilidade de indisponibilidade em função do
DGD médio para os formatos NRZ e RZ, assumindo que indisponibilidade
ocorra quando a penalidade de potência para a manutenção de uma BER
de 10−12 exceder 2 dB. De modo geral, o desempenho do sistema é melhor
para o formato RZ com pulsos mais curtos. A principal conclusão é que o
valor RMS de DGD deve ser apenas uma pequena fração do bit slot, a uma
dada taxa de bits B. O valor exato dessa fração varia na faixa de 0,1 a 0,15,
dependendo do formato de modulação e de outros detalhes do projeto de um
sistema de onda luminosa. Se tomarmos 10% como um critério conservativo

Figura 8.31  Probabilidade de indisponibilidade em função da DGD média (normalizada


em relação ao bit slot), para os formatos RZ e NRZ. No caso de pulsos RZ, o ciclo de
trabalho (duty cycle) é variado de 20 a 40%. (Após a Ref. [165]; ©2002 IEEE.)
458 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

para essa razão e usarmos BσT = 0,1, o comprimento do sistema e a taxa de


bits ficam relacionados ao parâmetro de PMD, Dp, pela condição:

B 2 L < (10D p )−2 . (8.6.3)

Podemos usar essa condição para estimar a máxima distância limitada por
PMD em que o sistema é capaz de operar a uma dada taxa de bis B. No
caso dos “velhos” enlaces de fibra padrão instalados, a condição (8.6.3)
se torna B2L < 104 (Gb/s)2/km, se usarmos D p = 1ps/ km como valor
representativo. Para B = 10 Gb/s, tais fibras requerem compensação de
PMD quando o comprimento do enlace ultrapassa 100 km. Em contraste,
fibras modernas têm, tipicamente, Dp abaixo de 0,1ps/ km. Para sistemas
projetados com essas fibras, B2L pode exceder 106 (Gb/s)2-km. Em conse-
quência, a compensação de PMD não é necessária em 10 Gb/s, mas pode
ser em 40 Gb/s, se o comprimento do enlace ultrapassar 600 km. Devemos
ressaltar que a Eq. (8.6.3) fornece apenas uma estimativa de uma ordem de
grandeza. Além disso, é possível relaxar tal condição quando se emprega a
técnica de correção de erro à frente (FEC) no receptor [165].
A discussão anterior mostra que PMD pode limitar o desempenho de
sistemas de longas distâncias quando a taxa de bits por canal é maior do que
10 Gb/s. Por essa razão, técnicas para a compensação de PMD despertaram
interesse já em 1994 e, desde então, continuaram a evoluir [173]–[188].
Aqui, focaremos técnicas ópticas; técnicas elétricas serão focadas na próxima
seção. A Figura 8.32 mostra a ideia básica da compensação de PMD [180],
que consiste em um controlador de polarização seguido por um elemento
birrefringente, como uma fibra mantenedora de polarização. Uma malha
de realimentação que mede o grau de polarização usa essa informação para
ajustar o controlador de polarização.

Figura 8.32  Diagramas em blocos de dois compensadores de PMD. PC, PMF, DOP e
PSP significam, respectivamente, controlador de polarização (Polarization Controller),
fibra mantenedora de polarização (Polarization-Maintaining Fiber), grau de polarização
(Degree of polarization) e estado principal de polarização (Principal State of Polarization).
(Após a Ref. [180]; ©2004 IEEE.)
Gerenciamento de Dispersão 459

O desempenho do simples compensador de PMD ilustrado na Figura 8.32(a)


é limitado pelo DGD fixo provido pelo elemento birrefringente. Diversas
outras configurações empregam um DGD variável por meio de uma linha
de retardo sintonizável similar à mostrada na Figura 8.32(b). O sinal dis-
torcido por PMD é separado em suas duas componentes por meio de um
controlador de polarização e de um divisor de feixe por polarização. As duas
componentes são combinadas após a introdução de um retardo ajustável em
um ramo com a linha de retardo variável. Uma malha de realimentação ainda
é necessária para obter um sinal de erro usado a fim de ajustar o controlador
de polarização em resposta a mudanças ambientais. O sucesso dessa técnica
depende da razão L/LPMD para uma fibra de comprimento L, em que LPMD
= (T0Dp)2 e T0 é a largura do pulso [189]. Considerável melhoria é esperada
desde que essa razão não seja maior do que 4. Como LPMD é próximo de
10.000 km para D p ≈ 0,1ps/ km e T0 = 10 ps, tal compensador de PMD
funciona em distâncias transoceânicas para sistemas de 10 Gb/s.
É possível obter a compensação de PMD também por dispositivos
que não empregam fibras ópticas. Exemplos incluem compensadores dis-
tribuídos baseados em LiNbO3 [179], cristais líquidos ferroelétricos, filtros
ópticos passa tudo [181], grades de difração birrefringentes com chirp em
fibra [116] e cristais de ortovanadato de ítrio (YVO4). A Figura 8.33(a)
mostra um compensador de PMD baseado em cristais de YVO4 usado com
sucesso em sistemas de ondas luminosas que operam a uma taxa de bits
de 160 Gb/s [184]. O dispositivo consiste em múltiplos cristais de YVO4
birrefringentes de diferentes comprimentos, separados uns dos outros por
giradores de Faraday. Mais precisamente, o comprimento de cada cristal
é a metade do comprimento do anterior. Devido a essa característica e
ao uso de giradores de Faraday sintonizáveis, esse dispositivo é capaz de
prover DGD sintonizável na faixa de 0,31 a 4,70 ps em passos de 0,63 ps.

Figura 8.33  Compensadores de PMD baseados em (a) cristais birrefringentes e


(b) polarizadores. DSP, PC, PBS e PD significam, respectivamente, processador de sinal
digital (Digital Signal Processor), controlador de polarização (Polarization Controller),
divisor de feixe por polarização (Polarization Beam Splitter) e fotodiodo (PhotoDiode).
(Após a Ref. [184]; ©2005 IEEE.)
460 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

No experimento de 160 Gb/s, um controlador de polarização baseado em


LiNbO3 foi utilizado não apenas para embaralhar o estado de polarização
no lado do transmissor, mas também para assegurar a detecção de mudan-
ças no DGD instantâneo no lado do receptor.
Vários outros tipos de compensadores de PMD foram desenvolvidos.
Um conjunto com varredura de fase com imagens virtuais, um dispositivo
usado, às vezes, para compensação de GVD, pode ser empregado para com-
pensação de PMD depois de modificações apropriadas [186]. Esse dispositivo
converte, dinamicamente, a matriz de Jones dependente da frequência
do enlace de fibra, responsável pela PMD, por uma matriz constante in-
dependente da frequência. Em um experimento recente de 160 Gb/s, um
compensador de PMD baseado em polarizador, mostrado na Figura 8.33(b),
foi usado com sucesso [188]. Nesse dispositivo, as componentes do sinal
óptico em polarizações ortogonais são detectadas por fotodiodos, e as
resultantes correntes são usadas para ajustar dinamicamente o controlador de
polarização.
Devemos ressaltar que a maioria dos compensadores de PMD ajuda a
mitigar apenas efeitos da PMD de primeira ordem. A altas taxas de bits, pul-
sos ópticos são tão curtos – e seus espectros, tão largos – que não podemos
assumir que os principais estados de polarização (PSPs) permaneçam cons-
tantes em todo o espectro do pulso. Efeitos de PMD de ordens superiores
se tornam problemáticos para sistemas de ondas luminosas que operam a
taxas de bits de 40 Gb/s ou mais. A compensação de PMD de segunda e, até
mesmo, de terceira ordem pode ser necessária em alguns casos. Na maioria
das situações, um compensador de PMD de primeira ordem pode aumentar
o valor tolerável de DGD por um fator de 3, resultando em substancial
aumento na distância de transmissão para o sistema com compensação de
PMD. Na prática, não é possível utilizar um único compensador de PMD
para todos os canais WDM, sendo necessário um compensador de PMD se-
parado para cada canal. Esse fato torna a compensação de PMD ao longo
do enlace de fibra uma proposta cara para sistemas WDM. Um equalizador
elétrico embutido no receptor representa uma solução prática alternativa
para compensação de GVD e de PMD. Trataremos desse tema a seguir.

8.7  COMPENSAÇÃO ELETRÔNICA DE DISPERSÃO


Embora a compensação eletrônica de dispersão tenha despertado in-
teresse já em 1990, devido ao custo potencialmente baixo e à facilidade de
implementação na forma de um chip de circuito integrado com o receptor
[190], somente se tornou usável em sistemas de ondas luminosos reais a
partir de 2000, depois de adequada evolução [191]. A principal limitação
de técnicas eletrônicas está relacionada à velocidade de circuitos eletrônicos.
Gerenciamento de Dispersão 461

Avanços recentes no processamento de sinais digitais (DSP) fizeram da


compensação eletrônica uma ferramenta prática não apenas para GVD, mas
também para PMD.

8.7.1  Conceito Básico de Pré-Compensação de GVD


A filosofia de técnicas eletrônicas para compensação de GVD tem por base
o fato de, mesmo que o sinal óptico seja degradado por GVD, ser possível
equalizar os efeitos da dispersão eletronicamente, se a fibra funcionar como
um sistema linear. Como vimos na Seção 8.1.1, quando os efeitos de GVD
dominam, a função de transferência de um enlace de fibra de comprimento
L pode ser escrita como:


L
H f (ω ) = exp(iω 2da /2), da = β 2 ( z )dz, (8.7.1)
0

em que da é a dispersão acumulada ao longo de todo o enlace de fibra. Se


o sinal elétrico gerado no receptor recuperar a amplitude e a fase do sinal
óptico, é possível compensar a GVD passando-o por um filtro elétrico
adequado. Infelizmente, o uso de detecção direta recupera somente a am-
plitude, impossibilitando o emprego de tal filtro.
A situação é distinta no caso de detecção coerente. É relativamente
fácil compensar a dispersão se um receptor heteródino for usado para a
detecção do sinal. Esse tipo de receptor, primeiro, converte o sinal óptico
em um sinal de micro-onda na frequência intermediária wIF, preservando
as informações de amplitude e de fase. Um filtro passa faixa de micro-ondas
cuja resposta ao impulso seja governada pela função de transferência

H (ω ) = exp[ −i(ω − ωIF )2 da /2], (8.7.2)


restaura o sinal à sua forma original [192]. Em 1992, uma linha de microfita,
com 31,5 cm de comprimento, foi usada para equalização de dispersão [193],
possibilitando a transmissão de um sinal de 8 Gb/s por 188 km de fibra
padrão. Em um experimento de 1993, a técnica foi estendida à detecção
homódina [194], e um sinal de 6 Gb/s pôde ser recuperado no receptor
após propagação por 270 km de fibra padrão. Linhas de microfita podem ser
projetadas para compensar a GVD adquirida em comprimentos de fibra de
até 4.900 km, para um sistema de onda luminosa operando a uma taxa de
bits de 2,5 Gb/s [195].
No caso de receptores com detecção direta, nenhuma técnica de equa-
lização linear baseada em filtros ópticos é capaz de recuperar um sinal
que tenha se espalhado para fora do bit slot alocado. Diversas técnicas de
equalização não lineares foram desenvolvidas, permitindo a recuperação do
sinal degradado [191]. Em um método, o limiar de decisão, normalmente
mantido fixo no centro do diagrama de olho, é variado de bit para bit,
462 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

dependendo dos bits anteriores. Em outro, a decisão sobre um dado bit é


feita depois de um exame da forma de onda analógica em um intervalo
de múltiplos bits em torno do bit em questão [190]. Mais recentemente,
técnicas de processamento de sinais analógicos e digitais foram empregadas
com considerável sucesso.
Outra possibilidade consiste em processar o sinal elétrico no transmissor
de modo a pré-compensar a dispersão adquirida no enlace de fibra. Nesta
seção, primeiro, focaremos as técnicas de pré-compensação e, depois, as
técnicas analógicas e digitais empregadas no lado do receptor.

8.7.2  Pré-Compensação no Transmissor


Observando, da Seção 2.4.2, que o alargamento temporal induzido no
pulso pela dispersão é acompanhado por um chirp de frequência imposto ao
pulso óptico, um esquema simples aplica um pré-chirp a cada pulso óptico
no sentido oposto, de valor correto. A imposição de pré-chirp no tempo pode
alterar a amplitude espectral Ã(0,w) dos pulsos de entrada de maneira que
a degradação induzida pela GVD seja eliminada ou, pelo menos, subs-
tancialmente reduzida. Se amplitude espectral for modificada como

Ã(0, ω ) → Ã(0, ω )exp(−iω 2da /2), (8.7.3)

a GVD será compensada exatamente, e o pulso recuperará sua forma na


saída da fibra. Embora essa transformação não seja de implementação sim-
ples, é possível chegar perto dela com a imposição de pré-chirp aos pulsos
ópticos. Por essa razão, a técnica de pré-chirp atraiu atenção em 1988, sendo
implementada em vários experimentos para aumentar o comprimento do
enlace de fibra [198]–[205].

Técnica de Pré-Chirp
A Figura 8.34 pode nos ajudar a entender o funcionamento da técnica de
pré-chirp. Sem pré-chirp, pulsos ópticos se espalham monotonamente, devido
ao chirp induzido pela dispersão. Contudo, como discutido na Seção 2.4.2
e ilustrado na Figura 8.34, para valores de C tais que b2C < 0, um pulso
com chirp, inicialmente, se comprime e, depois, se alarga. Por essa razão, um
pulso com chirp adequado é capaz de se propagar por distâncias maiores até
que alargue além de seu bit slot. Como estimativa grosseira da melhora, as-
sumamos que alargamento do pulso por um fator de até 2 seja tolerável.
Usando a Eq. (2.4.7), a máxima distância de transmissão é determinada
como:

C + 1 + 2C 2
L= LD , (8.7.4)
1+ C 2
Gerenciamento de Dispersão 463

Figura 8.34  Mudança no campo elétrico e no envelope do pulso com a propagação,


para pulsos com e sem pré-chirp. (Após a Ref. [201]; ©IEEE.)

sendo L D = T02 / β 2 o comprimento de dispersão. Para pulsos gaussianos


sem chirp, C = 0 e L = LD . Entretanto, para C = 1, L aumenta em 36%. O
máximo aumento, por um fator 2 , ocorre para C = 1/ 2 . Essas carac-
terísticas ilustram claramente que a técnica de pré-chirp requer cuidadosa
otimização. Embora, na prática, a forma do pulso raramente seja gaussiana,
a técnica de pré-chirp pode aumentar a distância de transmissão em 50% ou
mais. Em 1986, um modelo supergaussiano previa tal melhora [196].
No caso de modulação direta [197], o laser de semicondutor automa-
ticamente impõe chirp em cada pulso óptico, por meio de mudanças de
índice induzidas por portadores. Infelizmente, o parâmetro de chirp C é
negativo para lasers de semicondutor modulados diretamente. Como, na
região de comprimentos de onda de 1,55 mm, b2 também é negativo para
fibras do tipo padrão, a condição b2C < 0 não é satisfeita. Na verdade,
como visto na Figura 3.3, o chirp induzido por modulação direta reduz
drasticamente a distância de transmissão quando fibras do tipo padrão
são usadas. Em contraste, se fibras de dispersão deslocada com GVD
normal (b2 > 0) forem empregadas, o mesmo chirp ajuda a melhorar o
desempenho do sistema. Tais fibras são rotineiramente utilizadas em redes
metropolitanas para incorporação da compensação de dispersão induzida
por pré-chirp.
No caso de modulação externa, pulsos ópticos são quase livres de chirp.
Nesse caso, a técnica de pré-chirp impõe um chirp de frequência em cada
pulso com um valor positivo para o parâmetro de chirp C, de modo que a
condição b2C < 0 seja satisfeita. Em uma abordagem simples, primeiro,
a frequência portadora do laser DFB é modulada (FM), antes que a saída do
laser seja passada por um modulador externo para modulação em amplitude
(AM). O resultante sinal óptico apresenta AM e FM simultâneas [201]. Essa
464 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

técnica cai na categoria de compensação eletrônica, pois a FM da portadora


óptica é realizada modulando a corrente injetada no laser DFB em uma
pequena quantidade (∼ 1 mA). Embora tal modulação direta do laser DFB
também module a potência óptica senoidalmente, a magnitude é pequena
o suficiente para que não interfira com o processo de detecção.
Para ver como a portadora óptica gera um sinal que consiste em pulsos
com chirp, assumamos, por simplicidade, que a forma do pulso seja gaussiana.
O sinal óptico pode, então, ser escrito na forma:

E(0, t ) = A0 exp( −t 2 /T02 )exp[ −iω 0 (1 + δ sinω mt )t ], (8.7.5)

em que a frequência portadora w0 do pulso é modulada senoidalmente na


frequência wm, com profundidade de modulação d. Próximo ao centro do
pulso, sin(wmt) ≈ wmt, e a Eq. (8.7.5) passa a:
 1 + iC  t 2 
E(0, t ) ≈ A0 exp −    exp(−iω0t ), (8.7.6)
 2 T0  

sendo o parâmetro de chirp C dado por

C = 2δωmω0T02 . (8.7.7)

O sinal e a magnitude do parâmetro de chirp C podem ser controlados


mudando os parâmetros d e wm de FM.
A modulação de fase da portadora óptica também leva a um chirp posi-
tivo, como podemos verificar substituindo a Eq. (8.7.5) por:

E(0, t ) = A0 exp(−t 2 /T02 )exp[ −iω0t + iδ cos(ωmt )] (8.7.8)

e usando cosx ≈ 1 − x2/2. Uma vantagem da técnica de modulação de


fase é que o próprio modulador externo é capaz de modular a fase da
portadora. A solução mais simples consiste no emprego de um modulador
externo cujo índice de refração seja alterado eletronicamente, de forma
que imponha um chirp de frequência com C > 0 [198]. Em 1991, um sinal
de 5 Gb/s foi transmitido por 256 km [199] usando um modulador de
LiNbO3 tal que valores de C estivessem na faixa de 0,6 a 0,8. Outros tipos
de moduladores, como modulador de eletroabsorção [200] ou modulador
de Mach-Zehnder [202], também podem impor chirp ao pulso óptico com
C > 0, e têm sido usados para demonstrar transmissão além do limite
de dispersão [203]. Com o desenvolvimento de lasers DFB integrados
com modulador de eletroabsorção, a implementação da técnica de pré
-chirp se tornou muito prática. Em um experimento de 1996, um sinal
NRZ de 10 Gb/s foi transmitido por 100 km de fibra padrão utilizando
um transmissor desse tipo [204]. Em 2005, comprimento de enlace de
Gerenciamento de Dispersão 465

até 250 km se tornou possível com gerenciamento de chirp no lado do


transmissor [205].
É possível também efetuar a imposição de pré-chirp a uma sequência
de bits por amplificação do sinal óptico. Essa técnica, demonstrada pela
primeira vez em 1989, amplifica a saída do transmissor usando um am-
plificador óptico de semicondutor (SOA) operando no regime de saturação
de ganho [206]–[210]. Fisicamente, a saturação de ganho leva a variações
temporais da densidade de portadores, o que, por sua vez, impõe chirp ao
pulso amplificado mediante alterações no índice de refração. A quantidade
de chirp depende da forma do pulso de entrada e é linear na maior parte do
pulso. O SOA não apenas amplifica o pulso, mas também nele impõe um
chirp com parâmetro C > 0. Devido a esse chirp, o pulso de entrada pode ser
comprimido em uma fibra com b2 < 0. Essa compressão foi observada em
um experimento em que pulsos de 40 ps de largura foram comprimidos a
23 ps após propagação em 18 km de fibra padrão [206].
O potencial dessa técnica para a compensação de dispersão foi demons-
trado em um experimento de 1989 que transmitiu um sinal de 16 Gb/s por
70 km de fibra [207]. Da Eq. (8.1.1), na ausência de chirp induzido por ampli-
ficação, a distância de transmissão a 16 Gb/s é limitada a cerca de 14 km, para
uma fibra com D = 15 ps/(km-nm). O uso do amplificador no regime de
saturação de ganho aumentou a distância de transmissão cinco vezes. Como o
sinal é amplificado antes de ser lançado na fibra óptica, essa técnica possui
o benefício adicional de ser capaz de compensar as perdas de acoplamento e
de inserção que, invariavelmente, ocorrem em um transmissor. Ademais, é
possível utilizar essa técnica para compensação simultânea das perdas e da
GVD da fibra se SOAS forem usados como amplificadores em linha [210].
Um meio não linear também pode ser usado para impor um pré-chirp
ao pulso. Como discutido na Seção 2.6.2, o fenômeno não linear de SMP
impõe chirp a um pulso óptico à medida que este se propaga em uma fibra.
Assim, uma técnica simples de imposição de pré-chirp consiste em passar
a saída do transmissor por uma fibra de comprimento adequado antes de
lançá-la no enlace de comunicação. Da Eq. (4.1.5), a fase do sinal óptico é
modulada por SPM como:

A(0, t ) = P (t )exp[iγ L m P (t )], (8.7.9)

em que P(t) é a potência do pulso e Lm, o comprimento da fibra não linear.


No caso de pulsos gaussianos, para os quais P(t) = P0exp(−t2/T20), o chirp é
quase linear, e a Eq. (8.7.9) pode ser aproximada por:
 1 + iC  t 2 
A(0, t ) ≈ P0 exp −    exp(−iγ L m P0 ), (8.7.10)
 2 T0  

466 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

sendo o parâmetro de chirp dado por C = 2gLmP0. Para g > 0, o parâmetro


de chirp C é positivo e, portanto, adequado à compensação de dispersão. A
própria fibra de transmissão pode ser utilizada para impor chirp ao pulso. Essa
abordagem foi sugerida em um estudo de 1986, indicando a possibilidade
de dobrar a distância de transmissão com a otimização da potência média
do sinal de entrada [211].

Novos Formatos de Modulação


O problema de dispersão também pode ser aliviado, até certo ponto,
com a adoção de um adequado formato de modulação para o sinal trans-
mitido. Em uma interessante abordagem, conhecida como transmissão
suportada por dispersão, o formato de chaveamento por deslocamento de
frequência (FSK) foi empregado para a transmissão do sinal [212]–[216].
O sinal FSK é gerado chaveando o comprimento de onda do laser por
um valor constante ∆λ entre os bits 1 e 0, deixando a potência inalterada.
Durante a propagação na fibra, os dois comprimentos de onda viajam
com velocidades ligeiramente diferentes. O retardo temporal entre os bits
1 e 0 é determinado pelo deslocamento de comprimento de onda ∆λ,
sendo fornecido por ∆T = DL∆l. O deslocamento de comprimento de
onda ∆λ é escolhido de modo que ∆T = 1/B. A Figura 8.35 mostra, es-
quematicamente, como um retardo de um bit produz um sinal óptico de
três níveis no receptor. Basicamente, devido à dispersão da fibra, o sinal
FSK é convertido em um sinal cuja amplitude é modulada. O sinal pode
ser decodificado no receptor por meio de um integrador elétrico em
combinação com o circuito de decisão [212].

Figura 8.35  Compensação de dispersão usando modulação FSK: (a) frequência e


potência ópticas do sinal transmitido, (b) frequência e potência do sinal recebido e os
dados decodificados eletricamente. (Após a Ref. [212]; ©1994 IEEE.)
Gerenciamento de Dispersão 467

Diversos experimentos de transmissão mostraram a utilidade do esquema


de transmissão suportado por dispersão [212]–[214]. Todos esses experi-
mentos focaram o aumento da distância de transmissão de um sistema de
onda luminosa de 1,55 mm operando a 10 Gb/s ou mais, com fibras do tipo
padrão com alta GVD [da ordem de 17 ps/(km-nm)]. Em um experimento
de 1994, com essa abordagem, foi realizada a transmissão de um sinal de
10 Gb/s por 253 km de fibra padrão [212]. Em 1998, em um teste de campo
de 40 Gb/s, o sinal foi transmitido por 86 km de fibra padrão [214]. Esses
valores devem ser comparados com a predição da Eq. (8.1.1). Fica claro que,
por meio da técnica de FSK, a distância de transmissão pode ser otimizada
por um grande fator se o sistema for adequadamente projetado [216].
Outra abordagem para aumentar a distância de transmissão consiste em
empregar um formato de modulação para o qual a largura de banda do sinal,
a uma dada taxa de bits, seja menor do que a obtida com o formato padrão
de chaveamento em amplitude. Um esquema utiliza codificação duobinária
[217]. Esse esquema de codificação reduz a largura de banda do sinal em
50% somando dois bits sucessivos da sequência de bits digitais, formando
um código duobinário de três símbolos, à metade da taxa de bits. Como as
combinações 01 e 10 possuem soma igual a 1, a fase do sinal deve ser mo-
dificada para distingui-las (veja a Seção 10.1). Como a degradação induzida
pela GVD depende da largura de banda do sinal, a distância de transmissão
é consideravelmente maior para um sinal duobinário [218]–[223].
Em um experimento de 1994, projetado para comparar os esquemas
binário e duobinário, um sinal de 10 Gb/s pôde ser transmitido por distâncias
de 30 a 40 km a mais substituindo a codificação binária pela duobinária [218].
É possível combinar o esquema duobinário com a técnica de pré-chirp. A
transmissão de um sinal de 10 Gb/s por 160 km de fibra padrão foi realizada
em 1994 combinando codificação duobinária com um modulador externo
capaz de produzir um chirp de frequência com C > 0 [218]. Como o chirp
aumenta a largura de banda do sinal, é difícil entender como o mesmo pode
ajudar. Parece que as inversões de fase que ocorrem na prática quando um
sinal duobinário é gerado são as principais responsáveis pela melhora advinda
da codificação duobinária [219]. Outro esquema de gerenciamento de dis-
persão, chamado transmissão binária com fase formatada, também foi proposto
para tirar proveito da inversão de fase [220]. O uso de transmissão duobinária
aumenta os requisitos sinal-ruído e requer decodificação no receptor. Apesar
dessas deficiências, é uma técnica útil para o aumento da capacidade de exis-
tentes sistemas de ondas luminosas terrestres para 10 Gb/s ou mais [221]–[223].

Processamento de Sinal Digital


Considerável progresso foi alcançado em anos recentes para a implementa-
ção da transformação eletrônica fornecida na Eq. (8.7.3) com o transmissor
tão acurado quanto possível [224]-[226]. A ideia básica é que essa trans-
468 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

formação é equivalente a uma convolução no domínio do tempo, a qual


pode ser efetuada eletronicamente usando processamento de sinal digital.
A Figura 8.36(a) mostra o esquema proposto em 2005, o qual utiliza
processamento de sinal digital juntamente com conversão digital-ana-
lógica para determinar as exatas amplitude e fase de cada bit e, então,
gerar a completa sequência de bits e aplicar o resultante sinal eletrônico
a um modulador de Mach-Zehnder de duas excitações. A convolução
no domínio do tempo que corresponde à transformação dada na Eq.
(8.7.3) é calculada usando uma tabela de valores da sequência de bits de
entrada armazenada na memória. A precisão da convolução depende do
número de bits consecutivos empregados no cálculo. A Figura 8.36(b)
mostra a penalidade de abertura de olho estimada numericamente em
função do comprimento de fibra, quando 5, 9 e 13 bits consecutivos são
usados para esse propósito, e uma comparação com o caso sem com-
pensação (linha tracejada). No caso sem compensação, uma penalida-
de de 2 dB ocorre a 80 km (dispersão acumulada da = 1.360 ps/nm).
Com a pré-compensação eletrônica de 13 bits, foi possível aumentar o
comprimento do enlace para próximo de 800 km (da = 13.600 ps/nm),
indicando a dramática melhora possibilitada por esse esquema. Em princí-
pio, qualquer comprimento de enlace pode ser realizado com o aumento
do número de bits consecutivos usados para o cálculo cada vez mais
preciso da convolução. Uma matriz de portas com campos programáveis
(field-programmable gate array) foi usada para processamento de sinal digital
em um experimento de 2007 [225].

Figura 8.36  (a) Configuração do transmissor e (b) penalidade de abertura do olho em


função da distância, para um esquema de pré-compensação eletrônico. (Após a Ref.
[224]; ©2005 IEEE.)

Em uma diferente abordagem a esse problema, a GVD foi pré-com-


pensada usando apenas modulação em intensidade do sinal óptico [226].
À primeira vista, tal abordagem devia falhar, pois a transformada fornecida
na Eq. (8.7.3) não pode ser realizada por meio de pura modulação em
Gerenciamento de Dispersão 469

intensidade. Contudo, no caso de detecção direta, a informação de fase


no receptor é descartada, permitindo que a fase seja utilizada no lado do
receptor como um grau de liberdade adicional. Para um dado padrão de
potência óptica no receptor, é possível determinar a corrente de injeção
pré-distorcida necessária à modulação direta de um laser de semicondutor
que proverá o dado-padrão, desde que seja conhecida a específica relação
entre intensidade e fase do laser. Em um experimento de 2009, uma rede
neural artificial foi usada para determinar a corrente de injeção, então, usada
para modular diretamente um laser de semicondutor. O resultante sinal de
10 Gb/s pôde ser transmitido por 190 km de fibra padrão (da ≈ 3.500 ps/nm).
Simulações numéricas mostraram que a pré-compensação de dispersão em
até 350 km de fibra era possível com essa técnica.

8.7.3  Compensação de Dispersão no Receptor


A compensação eletrônica de dispersão no receptor é mais atraente, pois
requer apenas chips de circuito integrado adequadamente projetados [191].
Com os recentes avanços em processamentos de sinal analógico e digital, essa
abordagem se tornou realista para modernos sistemas de ondas luminosas
[227]–[241]. A principal dificuldade reside na necessidade de os circuitos
lógicos eletrônicos operarem a uma alta velocidade, próxima à taxa de
bits ou à taxa de símbolos, se mais do que um bit/símbolo for transmitido
com emprego de avançados formatos de modulação (Cap. 10). Circuitos
equalizadores de dispersão que operam a taxas de bits de 10 Gb/s foram
realizados em 2000; em 2007, tais circuitos foram empregados em sistemas
que operavam a 40 Gb/s [234].

Receptores de Detecção Direta


Como receptores de detecção direta recuperam somente a amplitude do
sinal transmitido, nenhuma técnica de equalização linear é capaz de recuperar
um sinal que tenha se alargado além do bit slot alocado. Não obstante, várias
técnicas de processamento de sinal não linear, originalmente desenvolvidas
para redes de rádio e cabo, foram adotadas para sistemas de ondas luminosas.
Duas técnicas comumente empregadas são conhecidas como equalização
com alimentação antecipada (FFE − Feed-Forward Equalizer) e equalização com
realimentação de decisão (DFE − Decision-Feedback Equalizer), sendo realizadas
na forma de chips de circuito integrado que operam a taxas de bits de até
40 Gb/s. A Figura 8.37 mostra uma configuração em que dois equalizadores
são combinados em série.
Um equalizador com alimentação antecipada consiste em filtro trans-
versal em que o sinal elétrico de entrada x(t) é dividido em um número de
ramos por meio de múltiplas linhas de retardo com derivação, e as saídas
são combinadas para fornecer:
470 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

Figura 8.37  Equalizador eletrônico de dispersão combinando equalizadores de alimen-


tação antecipada e de realimentação de decisão em série. (Após a REf. [229]; ©2004 IEEE.)

N −1
y(t ) = ∑c m x(t − mTc ), (8.7.11)
m =0

em que N é o número total de derivações, Tc é o retardo de grupo (cerca


de 50% do bit slot), e cm é o peso relativo da m-ésima derivação. Os pesos
das derivações são ajustados dinamicamente por meio de um algoritmo
de controle, de modo a melhorar o desempenho do receptor [229]. O
sinal de erro para os circuitos eletrônicos de controle pode corresponder à
maximização da “abertura do olho” ou do fator Q provido por um monitor
de olho no receptor.
Um equalizador com realimentação de decisão, como o nome sugere,
utiliza a realimentação provida por um circuito de decisão. Mais precisamen-
te, uma fração da tensão na saída do circuito de decisão é subtraída do sinal
de entrada. Em geral, esse circuito é combinado com um equalizador de
alimentação antecipada, como mostrado na Figura 8.37, a fim de melhorar
o desempenho global [234]. Embora processamento de sinal digital (DSP)
seja empregado para os dois equalizadores, na prática, os circuitos eletrônicos
são realizados com processamento de sinal analógico, em função do menor
consumo de potência. Uma vantagem desses circuitos é também o fato de
serem capazes de compensar simultaneamente a PMD [233].
Outro equalizador eletrônico – conhecido como estimador de máxima
verossimilhança de sinal (MLSE – Maximum Likelihood Signal Estimator) – é
baseado em processamento de sinal digital e, portanto, requer conver-
são analógico-digital após o fotodetector [234]. Esse equalizador utiliza
o algoritmo de Viterbi, concebido em 1967 e largamente empregado em
redes celulares. Esse algoritmo examina múltiplos bits simultaneamente e
determina a sequência de bits de máxima verossimilhança para eles. Como
não é baseado em uma específica forma de distorção, um equalizador MLSE
é capaz de compensar GVD e PMD de modo simultâneo.
Um estudo de 2007 buscou entender até que ponto diferentes equa-
lizadores eletrônicos melhoram o desempenho de sistemas de 10,7 Gb/s
que utilizam chaveamento em amplitude com o formato RZ ou NRZ,
Gerenciamento de Dispersão 471

Figura 8.38  Penalidade de SNR óptica medida em função do comprimento de fibra


[D = 17 ps/(km-nm), para formatos RZ e NRZ, quando o sinal é afetado apenas por GVD.
(Após a Ref. [233]; ©2007 IEEE.)

quando eles são afetados por GVD e PMD, separada ou simultaneamente


[233]. A Figura 8.38 mostra a penalidade de SNR óptica medida em função
do comprimento de fibra [D = 17 ps/(km-nm), com sinal afetado apenas
por GVD (PMD desprezível ao longo do enlace).Vários pontos merecem
ser ressaltados. Primeiro, a penalidade é consideravelmente menor para
o formato NRZ do que para o formato RZ, em todos os casos. Isso é
entendido recordando, da Seção 2.4, que pulsos ópticos são mais largos (ou
a largura de banda de sinal é menor) no caso do formato NRZ. Segundo,
o sinal pode ser transmitido por distâncias mais longas quando se emprega
um equalizador eletrônico. Assumindo que uma penalidade máxima de
2 dB seja tolerável, para os formatos NRZ e RZ, a distância é 54% e 43%
maior, respectivamente, quando é utilizada a combinação de FFE e DFE.
Terceiro, o equalizador MLSE funciona melhor nos dois casos. Com o
formato NRZ, o comprimento de fibra aumenta de 50 para 110 km, no
ponto de penalidade de 2 dB.
Os resultados de compensação de PMD mostraram que o formato RZ é
mais tolerante à PMD do que o NRZ. O uso de equalizadores eletrônicos
melhora consideravelmente o nível de PMD que pode ser tolerado, e a maior
melhora ocorreu, novamente, para o equalizador MLSE. Contudo, quando
GVD e PMD atuavam simultaneamente, a tolerância ao nível de PMD era
comparável para os formatos RZ e NRZ.

Receptores de Detecção Coerente


Compensação eletrônica de dispersão pode ser efetuada muito mais ra-
pidamente se a amplitude e a fase do sinal forem detectadas no receptor.
Ademais, a compensação de PMD requer que essa informação esteja dis-
ponível para as duas componentes de polarização do sinal óptico recebido.
472 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

Figura 8.39  Diagrama em blocos de um receptor coerente que recupera as partes real
e imaginária das componentes de polarização Ex e Ey do sinal óptico com o uso de um
oscilador local. (Após a Ref. [239]; ©2008 OSA.)

O uso de detecção coerente torna isso possível e, em anos recentes, diversos


experimentos implementaram essa abordagem [237]–[241].
A Figura 8.39 mostra um receptor coerente em que o uso de diversidade
de fase e de polarização com quatro fotodiodos permite a recuperação
das amplitudes e fases das duas componentes de polarização. Um divisor
de feixe por polarização divide o sinal de entrada em suas componentes de
polarizações ortogonais, Ex e Ey , as quais são combinadas com a saída de
um oscilador local por meio de acopladores 3 × 3 que funcionam como
híbridas de 90° [237]. Os quatro fotodiodos recuperam as partes real e
imaginária de E x Elo* e de E y Elo* , das quais se pode obter amplitude e
fase. O oscilador local converte o sinal óptico ao domínio de micro-ondas,
mantendo amplitude e fase inalteradas.
A compensação de GVD é implementada com facilidade no domínio
da frequência [240] usando um filtro passa tudo cuja função de transferência
é o inverso daquela dada na Eq. (8.7.1). Esse passo requer a digitização do
campo complexo, o cálculo de sua transformada de Fourier numérica, a
multiplicação por H(w) e, por fim, a transformada de Fourier inversa do
resultante sinal digital. Todos esses passos podem ser implementados com
processamento de sinal digital.
A GVD também pode ser compensada no domínio do tempo, conver-
tendo a função de transferência na Eq. (8.7.1) em uma resposta impulsional
por meio da transformada de Fourier:

2π  it 2 
h(t ) = exp − . (8.7.12)
ida  2da 

Não é fácil implementar essa resposta impulsional de forma digital, pois


sua duração infinita a torna não causal. Contudo, se for truncada de modo
apropriado, a resposta impulsional pode ser implementada usando um filtro
Gerenciamento de Dispersão 473

de resposta impulsional finita com uma linha de retardo com derivação


[239]. O necessário número de derivações depende da taxa de símbolos e
de da, sendo maior do que 200 para um sinal de 10 Gbaud transmitido por
4000 km de fibra óptica.
A compensação de PMD por ser efetuada no domínio do tempo usando
o inverso da matriz de Jones correspondente à propagação do sinal óptico
pelo enlace de fibra [240]. No entanto, a obtenção dessa matriz não é fácil.
Além disso, os efeitos de PMD mudam dinamicamente, indicando que essa
matriz também varia com o tempo. No caso de formatos de modulação
como DPSK e QPSK (veja a Seção 10.1), uma solução consiste em cons-
truir a matriz inversa a partir do próprio sinal recebido, usando um algo-
ritmo conhecido como algoritmo de módulo constante [237]. Esse algoritmo
foi empregado com sucesso em um experimento de 2007 em que um
sinal de 42,8 Gb/s, modulado com o formato QPSK de dupla polarização
(DP-QPSK), foi transmitido por 6.400 km à taxa de símbolos de 10,7 Gbaud.
No caso de formatos diferenciais, como DPSK, também é possível
recuperar a fase do sinal óptico sem o uso de um oscilador local, com uma
técnica conhecida como autocoerente (veja a Seção 10.2). Nesse esquema,
o uso de um interferômetro de Mach-Zehnder com um retardo de um
bit entre os dois braços permite a recuperação de fase. O mesmo esquema
pode ser empregado em tradicionais sistemas RZ e NRZ (que fazem uso
de chaveamento liga-desliga) com o intuito de recuperar a fase óptica no
receptor e usá-la para construir o campo óptico completo. A Figura 8.40
mostra como é possível utilizar dois fotodetectores após o interferômetro
de Mach-Zehnder para reconstruir o campo e usá-lo na compensação de
dispersão com adequado processamento elétrico [241]. Essa técnica foi
empregada em um experimento de 2009 em que um sinal de 10 Gb/s
pôde ser transmitido por quase 500 km de fibra padrão, apesar de mais de
8.000 ps/nm de dispersão acumulada ao longo do enlace de fibra. Simulações
numéricas indicaram que a dispersão em mais de 2000 km de fibra pode
ser compensada com essa técnica.

Figura 8.40  Um receptor em que um interferômetro de Mach-Zehnder assimétrico


(AMZI) recupera a amplitude e a fase de um sinal óptico e as usa para compensação
eletrônica de dispersão. (Após a Ref. [241]; ©2009 IEEE.)
474 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

Retropropagação Digital
O conhecimento do campo óptico total no receptor permite outra aborda-
gem capaz de compensar não apenas efeitos dispersivos, mas também todo
tipo de efeito não linear que degrada o sinal durante a transmissão pelo
enlace de fibra. Essa abordagem é conhecida como retropropagação digital,
sendo baseada em uma ideia simples: a retropropagação numérica do sinal
recebido, implementada com processamento de sinal digital, deve recuperar
completamente o campo óptico original registrado no lado do transmissor,
se todos os parâmetros do enlace de fibra forem conhecidos. Essa ideia des-
pertou interesse em anos recentes, devido ao potencial para compensação
simultânea de todas as degradações [242]–[245].
A implementação digital em tempo real da retropropagação do sinal
recebido não é fácil, devido à limitação de velocidade dos circuitos ele-
trônicos atuais [242]. Na prática, cada canal WDM é transladado à banda
básica (sem a portadora óptica) usando detecção coerente, resultando em
um sinal complexo Ek = Akexp(iøk) para o k-ésimo canal. O conversor ana-
lógico-digital deve amostrar esse campo com suficiente resolução temporal.
Com processamento de sinal digital do estado da arte, o número de pontos
amostrais por símbolo é relativamente pequeno (2 ou 4), e devemos adotar
superamostragem a fim de assegurar suficiente resolução temporal. Contudo,
não é possível processar simultaneamente todo o sinal temporal. Em geral, é
empregado um esquema paralelo que usa um filtro de resposta impulsional
finita, em vez da convencional técnica da transformada de Fourier. Essa
técnica foi empregada em um experimento de 2008, no qual três canais
WDM de 6 Gbaud foram transmitidos por 760 km usando o formato PSK
binário, resultando em melhor desempenho do que outras duas técnicas de
compensação de dispersão [244].
A compensação de canais WDM multiplexados em polarização é mais
complicada, pois requer, para cada canal, a recuperação das duas componen-
tes de polarização do sinal óptico e sua retropropagação digital por meio
da solução de duas equações NLS acopladas. Em um experimento de 2009
[245], um esquema de detecção similar ao da Figura 8.39 foi empregado para
recuperar as amplitudes e fases das duas componentes de polarização depois
que três canais WDM de 6 Gbaud foram transmitidos por 1440 km em um
anel de fibra recirculante de 80 km. As amplitudes complexas digitizadas
foram retropropagadas com o método de passo alternado de Fourier [110].
O fator Q do canal central após retropropagação dependia do tamanho do
passo, e aumentou de um valor baixo de 4,5 dB para próximo de 14 dB
com um passo relativamente grande de 20 km. Esses resultados mostram
ser provável que, com os contínuos avanços da eletrônica, retropropagação
se torne uma técnica prática.
Gerenciamento de Dispersão 475

Exercícios
8.1 Qual é a distância de transmissão limitada por dispersão para um sistema
de onda luminosa de 1,55 mm que utiliza modulação direta a 10 Gb/s?
Assuma que chirp de frequência alarga o espectro do pulso gaussiano
por um fator de 6, em relação à largura limitada por transformada. Use
D = 17 ps/(km-nm) para a dispersão da fibra.
8.2 Que melhora é esperada na distância de transmissão limitada por dis-
persão se um modulador externo for utilizado no lugar de modulação
direta para o sistema de onda luminosa do Exercício 7.1?
8.3 Resolva a Eq. (8.1.2) com o método da transformada de Fourier. Use
a solução para obter uma expressão analítica para a forma do pulso
depois de o pulso gaussiano de entrada ter se propagado até z = L em
uma fibra com b2 = 0.
8.4 Use o resultado do exercício anterior e faça um gráfico da forma do
pulso depois de um pulso gaussiano com largura completa a meia altura
(FWHM) de 1 ps ser transmitido por 20 km de fibra de dispersão des-
locada com b2 = 0 e b3 = 0,08 ps3/km. Como a forma do pulso se
altera se o sinal de b3 for invertido?
8.5 Use a Eq. (8.1.3) e faça um gráfico das formas de pulso para C = − 1,
0 e 1, quando pulsos gaussianos com chirp e 50 ps de largura (FWHM)
são transmitidos por 100 km de fibra padrão com D = 16 ps/(km-nm).
Despreze a dispersão de terceira ordem.
8.6 A função de transferência de um filtro óptico é dada por

H (ω ) = exp[ −(1 + ib )ω 2 /ω 2f ]

Qual é a resposta impulsional desse filtro? Use a Eq. (8.1.5) para


determinar a forma do pulso na entrada de uma fibra de comprimento
L. Como você otimizaria o filtro para minimizar o efeito da dispersão
da fibra?
8.7 Use o resultado do exercício anterior e compare as formas de pulso
antes e depois do filtro, quando pulsos gaussianos de 30 ps (FWHM)
são propagados por 100 km de fibra com b2 = − 20 ps2/km. Assuma
que a largura de banda do filtro seja igual à largura espectral do pulso e
que o parâmetro b do filtro seja otimizado. Qual é o valor ótimo de b?
8.8 Usando a Eq. (8.1.5), prove que uma DCF é capaz de prover compen-
sação de dispersão em toda a banda C quando a razão S/D da DCF
é casada à da fibra usada para construir o enlace de transmissão.
8.9 Resolva as Eq. (8.3.2) e (8.3.3) e mostre que a função de transferência
de uma grade de difração de Bragg é, de fato, dada pela Eq. (8.3.5).
8.10 Escreva um programa de computador para resolver as Eq. (8.3.2) e (8.3.3)
para grades de difração em fibra com chirp para as quais d e k variam
com z. Use-o para fazer gráficos da amplitude e fase da refletividade de
uma grade de difração em que o período varia linearmente de 0,01% ao
longo do comprimento de 10 cm.Assuma kL = 4 e que o comprimento
de onda de Bragg seja 1,55 mm na entrada da grade de difração.
476 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

8.11 Use a relação de dispersão q2 = d2 − k2 de uma grade de difração de


Bragg e mostre que os parâmetros de dispersão de segunda e terceira
ordens da grade de difração são fornecidos pela Eq. (8.3.6).
8.12 Explique como uma grade de difração com chirp compensa a GVD.
Deduza uma expressão para o parâmetro de GVD dessa grade de
difração quando o período dela varia linearmente de dΛ ao longo do
comprimento L.
8.13 Uma grade de difração amostrada de 5 cm de comprimento foi proje-
tada com um período de amostragem de 1 mm.Cada período contém
subgrades de 0,4 mm de comprimento e período de modulação de
0,5 mm. Resolva as Eq. (8.3.2) e (8.3.3) com k = 0,6 cm-1 e faça um
gráfico do espectro da refletividade.
8.14 Deduza a Eq. (8.4.1) para um filtro de Gires-Tournois e demonstre
que ele provê a dispersão dada na Eq. (8.4.2).
8.15 Considere um ressoador em anel sem perda, formado com uso de um
acoplador direcional, e obtenha uma expressão para sua função de
transferência. Prove a natureza passa tudo do dispositivo, e determine o
deslocamento de fase provido pelo ressoador em função da frequência.
8.16 Explique como a conjugação de fase óptica pode ser utilizada para
compensar a dispersão da fibra. Prove que o processo de FWM inverte
o espectro do sinal.
8.17 Prove que SPM e GVD podem ser compensadas por OPC no meio
do enlace somente se a perda na fibra for a = 0.
8.18 Prove que o conjugador de fase deve ser localizado a uma distância
dada na Eq. (8.5.7), quando a frequência wc do campo de fase conju-
gada não coincidir com a frequência de sinal ws.
8.19 A técnica de pré-chirp é utilizada para compensação de dispersão em
um sistema de onda luminosa 10 Gb/s que opera em 1,55 mm e trans-
mite os bits 1 como pulsos gaussianos de 40 ps de largura (FWHM)
com chirp. Alargamento dos pulsos por até 50% pode ser tolerado. Qual
é o valor ótimo do parâmetro de chirp C e a que distância o sinal pode
ser transmitido com esse valor ótimo? Use D = 17 ps/(km-nm).
8.20 A técnica de pré-chirp do exercício anterior é implementada por
modulação da portadora óptica em frequência. Determine a frequência
de modulação para alteração máxima de 10% do valor médio.
8.21 Inicialize o software OptiPerformer fornecido no CD e abra o arquivo
“40 Gbps - RZ and NRZ.osp” da pasta Ch8. Rode o programa e faça
gráficos do fator Q em função da potência de entrada para os formatos
RZ e NRZ. Explique por que Q é máximo em certos valores de
potência de entrada e por que esse valor é maior para o formato RZ.
Estude os diagramas de olho no pico de Q para os dois formatos. Que
formato é melhor para sistemas de 40 Gb/s e por quê?

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482 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

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CAPÍTULO 9

Controle de Efeitos Não Lineares


Como vimos no Capítulo 8, com o uso de compensação de dispersão, a dis-
persão deixa de ser um fator limitante para sistemas de ondas luminosas. De
fato, o desempenho de modernos sistemas de longas distâncias é, tipicamente,
limitado pelos efeitos não lineares apresentados na Seção 2.6. Neste capítulo,
focamos técnicas usadas para o gerenciamento de efeitos não lineares. A
Seção 9.1 mostra como efeitos não lineares limitam enlaces de fibra de
longas distâncias, além de apresentar duas técnicas principais empregadas para
reduzir o impacto deles. A Seção 9.2 trata da formação de sólitons ópticos
em fibras com dispersão constante, e discute como é possível empregar
sólitons na transmissão de informação. Em sistemas baseados em sólitons,
pulsos ópticos que representam bits 1 são muito mais curtos do que o bit
slot, e sua forma no interior da fibra é mantida por cuidadoso equilíbrio
entre efeitos dispersivos e não lineares. Sólitons com gerenciamento de dis-
persão são considerados na Seção 9.3, com ênfase em mapas de dispersão
que assegurem a periódica evolução desses sólitons ao longo de enlaces de
grandes comprimentos. A Seção 9.4 trata de sistemas pseudolineares em que
se utiliza a dispersão da fibra a fim de alargar pulsos ópticos curtos de modo
que sua potência de pico seja reduzida por um grande fator na maior parte
do enlace de fibra. A sobreposição de pulsos vizinhos ainda produz efeitos
não lineares entre canais, e técnicas usadas para controlá-los são discutidas
na Seção 9.5.

9.1  IMPACTO DA NÃO LINEARIDADE DA FIBRA


O uso de gerenciamento de dispersão em combinação com am-
plificadores ópticos permite a expansão do comprimento de um sistema
WDM a vários milhares de quilômetros. Se o sinal óptico for regenerado
eletronicamente a cada 300 km, mais ou menos, esses sistemas funcionam
bem, pois efeitos não lineares não se acumulam por longas distâncias. Em
contraste, se o sinal for mantido no domínio óptico ao longo da cascata
de muitos amplificadores, efeitos não lineares − como automodulação de
fase (SPM) e modulação de fase cruzada (XPM) − acabam limitando o
desempenho do sistema [1]. Por essa razão, o impacto de efeitos não lineares
no desempenho de sistemas com gerenciamento de dispersão foi estudado
exaustivamente [2]-[32]. Nesta seção, estudamos como efeitos não lineares

483
484 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

influenciam um sistema com gerenciamento de dispersão, e como seu im-


pacto pode ser minimizado com adequada escolha de parâmetros do sistema.

9.1.1  Questões de Projeto de Sistemas


Na ausência de efeitos não lineares, o uso de gerenciamento de dispersão as-
segura que cada pulso esteja confinado em seu bit slot quando o sinal chega
ao receptor, mesmo que pulsos tenham se espalhado por vários slots durante
a transmissão. Ademais, não importa se a dispersão é compensada no lado do
transmissor, no lado do receptor ou periodicamente ao longo do enlace de
fibra. É possível utilizar qualquer mapa de dispersão, desde que a dispersão
de velocidade de grupo (GVD) acumulada seja nula no final do enlace de
comprimento L(da ≡ ∫ β 2 (z )dz  = 0). O desempenho do sistema fica limita-
L

0
do somente pela degradação da SNR induzida pelo ruído dos amplificadores.
Uma vez que a SNR pode ser melhorada aumentando a potência óptica, é
possível fazer o comprimento do enlace, em princípio, arbitrariamente grande.
Contudo, efeitos não lineares não são desprezíveis em sistemas WDM de
longas distâncias quando as potências dos canais excedem alguns poucos mili-
watts, e a distância de transmissão é, em geral, limitada por efeitos não lineares.
Além disso, como visto na Seção 7.8, existe um nível de potência ótimo no
qual o sistema apresenta melhor desempenho. O gerenciamento de dispersão
é essencial para sistemas de longas distâncias, a fim de assegurar que o sistema
não seja limitado pelo alargamento temporal induzido por GVD. Entretanto,
diferentes mapas de dispersão podem levar a diferentes fatores Q no receptor,
mesmo quando da = 0 para todos os mapas [2]. Isso ocorre porque efeitos dis-
persivos e não lineares não agem sobre o sinal de forma independente. Mais
especificamente, a degradação induzida por efeitos não lineares depende do
valor local de da(z), a uma distância qualquer z ao longo do enlace de fibra.
O principal fenômeno não linear que afeta o desempenho de um canal
isolado é a SPM. A propagação de uma sequência de bits ópticos em um
sistema com gerenciamento de dispersão é governada pela equação NLS
(7.1.4), que pode ser escrita como:
∂ A β 2 ∂2 A i
i − + γ | A |2 A = ( g 0 − α )A, (9.1.1)
∂z 2 ∂t 2
2
em que, para simplificar a discussão a seguir, ignoramos o termo de ruído.
Em um sistema com gerenciamento de dispersão, os três parâmetros da fibra
(b2, g e a) são funções de z, devidos a seus diferentes valores nos dois ou
mais segmentos de fibra usados para formar o mapa de dispersão. O parâme-
tro de ganho g0 também é uma função de z, devido ao gerenciamento de
perda, e sua forma funcional depende do esquema de amplificação adotado:
amplificação concentrada ou distribuída.
Controle de Efeitos Não Lineares 485

A Eq. (9.1.1) é resolvida numericamente com o intuito de analisar o


desempenho de sistemas com gerenciamento de dispersão. Como feito na
Seção 7.1.2, é útil eliminar os termos de ganho e de perda dessa equação
por meio da transformação A(z, t) =  P0 p(z ) U (z, t ) , escrevendo-a em
termos de U(z,t) como:

∂U β 2 ∂2 U
i − + γ P0 p( z )|U |2 U = 0, (9.1.2)
∂z 2 ∂t 2
onde P0 é a potência de pico de entrada, e p(z) governa as variações na
potência de pico do sinal ao longo do enlace de fibra:


p( z ) = exp ( ∫ [ g (z) − α(z)]dz) .
0
z
0 (9.1.3)

Se as perdas forem compensadas periodicamente, p(zm) = 1, sendo zm = mLA


a posição do m-ésimo amplificador e LA, o espaçamento entre amplifi-
cadores. No caso de amplificadores concentrados, g0 = 0 no enlace de
fibra e p(z) = exp[ − ∫ α (z )dz ]. A Eq. (9.1.2) mostra que o parâmetro não
z

0
linear efetivo ge(z) ≡ g p(z) também depende de z, devido às mudanças
na potência de sinal induzidas pelas perdas da fibra e por amplificadores
ópticos. Em particular, quando se utilizam amplificadores concentrados,
efeitos não lineares são mais fortes imediatamente após a amplificação do
sinal, tornando-se desprezíveis nas extremidades de cada segmento de fibra
entre dois amplificadores.
Há duas principais questões de projetos associadas a qualquer sistema
com gerenciamento de dispersão: qual é o mapa de dispersão ótimo e que
formato de modulação leva ao melhor desempenho? Essas duas questões
foram estudadas por meio de solução numérica da equação NLS (9.1.2) [4]-
[27]. Embora, inicialmente, a atenção tenha sido voltada ao formato NRZ,
os desempenhos dos formatos RZ e NRZ foram comparados a partir de
1996, tanto numérica como experimentalmente, em situações realistas de
operação [8]-[14]. Como exemplo, a Figura 9.1 mostra resultados numéricos
para os formatos (a) NRZ e (b) RZ em gráficos da máxima distância de
transmissão L em que a abertura do olho é reduzida em 1 dB no receptor de
um sistema de 40 Gb/s, quando a potência média de entrada é aumentada
[8]. O mapa de dispersão periódica consistia em 50 km de fibra padrão,
com D = 16 ps/(km-nm), a = 0,2 dB/km e g =  1,31 W−1/km, seguidos
por 10 km de fibra compensadora de dispersão (DCF) com D = − 80 ps/
(km-nm), a = 0,5 dB/km e g =  5,24 W−1/km. Amplificadores ópticos com
6 dB de figura de ruído foram posicionados com espaçamento de 60 km, e
compensavam toda a perda em um período do mapa. No caso do formato
RZ, o ciclo de trabalho era de 50%.
486 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

Como discutido anteriormente e evidenciado pela Figura 9.1, na ausência


de ruído de amplificador, a distância pode ser aumentada continuamente

Figura 9.1  Máxima distância de transmissão em função da potência média de en-


trada para um sistema de 40 Gb/s com gerenciamento de dispersão, projetado com
os formatos (a) NRZ e (b) RZ. Os símbolos cheios e vazios mostram dados numéricos
obtidos com e sem ruído de amplificador, respectivamente. (Após a Ref. [8]; ©1997 IEEE.)

diminuindo a potência lançada (quadrados vazios). Contudo, quando ruído


é incluído, um nível ótimo de potência passa a existir, para o qual o com-
primento do enlace é máximo. Esse comprimento é menor do que 400 km,
quando se emprega o formato NRZ, mas aumenta por um fator de 3 quando
o formato RZ é implementado com ciclo de trabalho de 50%. A razão para
essa melhora pode ser entendida notando que o comprimento de dispersão
é relativamente pequeno (< 5 km) para pulsos RZ que se propagam em
uma fibra padrão. Em consequência, pulsos no formato RZ se espalham com
rapidez e sua potência de pico é consideravelmente reduzida, em comparação
com o caso NRZ. Essa redução na potência de pico reduz o impacto de SPM.
A Figura 9.1 também mostra como o acúmulo de efeitos não lineares em
DCFs afeta o desempenho de sistemas. No caso do formato RZ, a máxima
distância fica abaixo de 900 km, a um nível de potência de −4 dBm, em
função da degradação não linear induzida pela DCF (quadrados cheios).
Não apenas DCFs possuem maior parâmetro não linear, devido ao menor
diâmetro de núcleo, como também pulsos são comprimidos nessas fibras,
recuperando a largura original, o que resulta em potências de pico mais
elevadas. Se for possível suprimir os efeitos não lineares na DCF, é possível
aumentar a máxima distância para 1.500 km, elevando a potência lançada na
fibra. Na prática, essa melhora pode ocorrer por meio do emprego de algum
dispositivo compensador de dispersão que requeira comprimentos mais
curtos (como uma DCF de dois modos ou uma grade de difração em fibra).
No caso do formato NRZ, o comprimento do enlace fica limitado a menos
de 500 km, mesmo quando efeitos não lineares são desprezíveis na DCF.
Controle de Efeitos Não Lineares 487

Como visto na Figura 9.1, efeitos não lineares têm um papel importante


em sistemas com gerenciamento de dispersão, sempre que uma DCF for
utilizada, pois o menor diâmetro de seu núcleo aumenta a intensidade óptica
(o que se manifesta por um valor mais elevado do parâmetro g). O posicio-
namento do amplificador imediatamente após a DCF ajuda, pois o sinal já
é fraco o bastante para que efeitos não lineares sejam menos importantes,
apesar da pequena área do núcleo de DCFs. A otimização de desempenho de
sistemas com o emprego de diferentes mapas de dispersão tem sido objeto
de intenso estudo. Em um experimento de 1994, um anel de fibra com
1.000 km de comprimento e contendo 31 amplificadores foi usado para es-
tudar três diferentes mapas de dispersão [2]. Realizou-se a máxima distância
de transmissão de 12.000 km, a uma taxa de bits de 5 Gb/s, para o caso em
que curtos segmentos de fibras de GVD normal foram usados para compensar
a GVD anômala de longos segmentos. Em um experimento de 1995, foi
observado que a distância de transmissão de um sinal de 80 Gb/s − obtido
da multiplexação de oito canais de 10 Gb/s espaçados de 0,8 nm − era
limitada a 1.171 km devido ao surgimento de vários efeitos não lineares [3].
A escolha entre formatos RZ e NRZ não é sempre tão óbvia, pois
depende de muitos outros parâmetros de projeto. Em 1995, um experimento
e simulações numéricas indicaram que um sinal de 10 Gb/s podia ser trans-
mitido por 2.245 km usando o formato NRZ e amplificadores espaçados de
90 km, desde que a dispersão do enlace não fosse totalmente compensada [6].
Uma conclusão similar foi alcançada em um experimento de 1999 em que
os formatos RZ e NRZ foram comparados em um sistema de 10 Gb/s [14].
A Figura 9.2 mostra o anel recirculante de fibra utilizado no experimento.
Devido a considerações de custo, a maioria dos experimentos em laboratório

Figura 9.2  Anel recirculante de fibra usado para demonstrar a transmissão de um sinal
de 10 Gb/s por 2.040 km de fibra padrão. Dois comutadores acusto-óptico (AO) con-
trolam a passagem do sinal pelo anel, BERTS significa conjunto de teste da taxa de erro
de bit (Bit-Error-Rate Test Set). (Após a Ref. [14]; ©1999 IEEE.)
488 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

emprega um anel de fibra em que o sinal óptico é forçado a recircular nu-


merosas vezes para simular sistemas de ondas luminosas de longas distâncias.
Dois comutadores ópticos determinam a distância que uma sequência de bits
pseudoaleatória circula no anel antes de chegar ao receptor. O comprimento
do anel e o número de voltas especificam a distância de transmissão total. O
anel mostrado na Figura 9.2 contém segmentos de 102 km de fibra padrão
e dois segmentos de 20 km de DCFs. Um filtro com largura de banda de
1 nm reduz o acúmulo do ruído de ASE de banda larga. O sinal de 10 Gb/s
pôde ser transmitido por 2.040 km com os formatos RZ e NRZ, quando
a potência lançada foi adequadamente otimizada. Contudo, no caso NRZ,
foi necessário adicionar um segmento de 38 km de fibra padrão na frente do
receptor para que a dispersão não fosse totalmente compensada.
A perfeita compensação de GVD em cada período do mapa não é, em
geral, a melhor solução na presença de efeitos não lineares. Uma abordagem
numérica é comumente empregada para otimizar o projeto de sistemas de
ondas luminosas com gerenciamento de dispersão [4]-[13]. A GVD local deve,
geralmente, ser mantida relativamente grande, enquanto é necessário minimizar
a dispersão média para todos os canais. Em um experimento de 1998, um sinal
de 40 Gb/s foi transmitido por 2.000 km de fibra padrão usando um novo
mapa de dispersão [15]. Com o posicionamento de um amplificador óptico
imediatamente após a DCF no anel recirculante de fibra, foi possível aumentar
a distância para 16.500 km, a uma taxa de bits menor, de 10 Gb/s [16]. Como
efeitos não lineares não eram desprezíveis, é possível que propriedades de sóliton
tenham apresentado papel importante nesse experimento (veja a Seção 9.2).
Um estudo sistemático baseado na equação NLS (9.1.2) mostra que,
embora seja possível utilizar o formato NRZ em 10 Gb/s, o formato RS é
superior na maioria das situações práticas para sistemas de ondas luminosas
que operem a taxas de bits de 40 Gb/s ou mais [8]-[20]. Mesmo a 10 Gb/s,
o formato RZ pode ser usado para projetar sistemas capazes de transmitir
dados por distâncias de até 10.000km de fibra padrão [22].Tal desempenho
não é realizável com o formato NRZ. Por essa razão, o foco deste capítulo
são sistemas de alta velocidade com formato RZ.

9.1.2  Abordagem Semianalítica


Embora, para modelagem realista de sistemas de ondas luminosas, a equação
NLS (9.1.2) deva ser resolvida numericamente, é possível obter considerável
entendimento com a adoção de uma abordagem semianalítica em que os
efeitos dispersivos e não lineares são considerados para um único pulso óptico,
representando um bit 1 isolado. Nesse caso, usando uma técnica variacional,
a Eq. (9.1.2) pode ser reduzida a um conjunto de duas equações diferenciais
ordinárias [17]. O método dos momentos também pode ser empregado para
esse fim [1]. Os dois métodos assumem que cada pulso óptico mantém sua
Controle de Efeitos Não Lineares 489

forma, mesmo que suas amplitudes, largura e chirp sejam alterados durante
a propagação. Como visto na Seção 2.4, no caso linear (g = 0), um pulso
gaussiano com chirp mantém sua forma funcional. Se efeitos não lineares
forem relativamente fracos em cada segmento de fibra, em comparação com
efeitos dispersivos, é provável que o pulso mantenha sua forma gaussiana
aproximadamente, mesmo com a inclusão de efeitos não lineares.
A uma distância z ao longo da fibra, o envelope de um pulso gaussiano
com chirp tem a forma
1
U ( z, t ) = a exp[ − (1 + iC )t 2 /T 2 + iφ ], (9.1.4)
2
em que a é a amplitude, T é a largura, C é o chirp e ø é a fase. Esses quatros
parâmetros variam com z. O método variacional ou dos momentos pode
ser usado com o intuito de obter quatro equações diferenciais ordinárias
que governam a evolução desses quatro parâmetros ao longo do enlace de
fibra [1]. A equação para a fase pode ser ignorada, pois não é acoplada às
outras três equações. A equação pode ser integrada para a amplitude a fim de
concluir que o produto a2T não varia com z e está relacionado à energia
de entrada do pulso E0 por E0 =  π P0a2(z)T(z) =  π P0T(0), pois a(0) = 1.
Assim, precisamos resolver apenas as duas equações acopladas a seguir:
dT β 2 ( z )C
= , (9.1.5)
dz T
dC β ( z ) γ ( z ) p( z )E0
= (1 + C 2 ) 2 2 + . (9.1.6)
dz T 2π T

Detalhes dos gerenciamentos de perda e de dispersão aparecem nessas equações


por meio da dependência dos três parâmetros b2, g e p em relação a z. Para
serem resolvidas, as Eq. (9.1.5) e (9.1.6) requerem valores de três parâmetros
do pulso na entrada: largura T0, chirp C0 e energia E0. A energia do pulso E0
está relacionada à potência média lançada no enlace de fibra por Pav = 1/2
BE0 = ( π /2)P0(T0/Tb), sendo Tb a duração do bit slot à taxa de bits B.
Consideremos, primeiro, o caso linear, fazendo g(z) = 0. Nesse caso, E0
não participa, pois detalhes da propagação do pulso independem da energia
inicial do pulso. No caso linear, as Eq. (9.1.5) e (9.1.6) podem ser resolvidas
analiticamente, apresentando a seguinte solução geral:

1 + C 02
T 2 ( z ) = T02 + 2 ∫ β 2 ( z )C ( z )dz, ∫
z z
C(z ) = C0 + β 2 ( z )dz,(9.1.7)

0
T02 0

na qual detalhes do mapa de dispersão são incluídos por meio de b2(z). Essa
solução parece complicada, mas a integração é facilmente efetuada para
490 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

um mapa de dispersão de dois segmentos. Os valores de T e C no fim do


período do mapa z = Lmap são dados por

T1 = T0 [(1 + C 0d )2 + d 2 ]1/2 , C1 = C 0 + (1 + C 02 )d , (9.1.8)

em que o parâmetro adimensional d é definido como


1 β 2 L map

L map
d= β 2 ( z )dz = , (9.1.9)
T02 0
T02
e β 2 é o valor médio do parâmetro de dispersão no período do mapa Lmap.
Como fica evidente da Eq. (9.1.8), quando efeitos não lineares são desprezí-
veis, os parâmetros do pulso final dependem somente da dispersão média e não
de detalhes do mapa de dispersão. Isso é exatamente o que esperamos quando
se aplica a teoria da Seção 2.6 a um sistema linear. Se o mapa de dispersão for
projetado de modo que β 2  = 0, T e C retornam aos respectivos valores iniciais
em z = Lmap. No caso de um mapa de dispersão periódico, cada pulso recupera
sua forma original depois de cada período, se d = 0. Contudo, quando a GVD
média do enlace com gerenciamento de dispersão não é nula, T e C mudam
após cada período do mapa, e a evolução do pulso deixa de ser periódica.
Para estudar como efeitos não lineares governados pelo termo g na
Eq. (9.1.8) afetam os parâmetros do pulso, podemos resolver as Eq. (9.1.5)
e (9.1.6) numericamente. A Figura 9.3 mostra a evolução da largura e do

Figura 9.3  (a) Largura e (b) chirp do pulso após sucessivos amplificadores, para diversos
valores da potência média de entrada de um sistema de 40 Gb/s com o mapa periódico
de dispersão usado na Figura 9.1.
Controle de Efeitos Não Lineares 491

chirp do pulso nos primeiros 60 km do enlace, para um pulso isolado em


uma sequência de 40 Gb/s, usando o mesmo mapa de dispersão de dois
segmentos empregado na Figura 9.1 (50 km de fibra padrão seguidos por
10 km de DCF). As linhas cheias representam 10 mW de potência de
entrada. Para comparação, as linhas pontilhadas mostram o caso de baixa
potência. No primeiro segmento de 50 km, o pulso se alarga por um fator
da ordem de 15, mas é comprimido na DCF, devido à compensação da dis-
persão. Embora efeitos não lineares modifiquem a largura e o chirp do pulso,
as mudanças não são grandes, mesmo para 10 mW de potência lançada no
enlace. Em particular, a largura e o chirp são quase recuperados depois da
primeira seção de 60 km.
A situação muda consideravelmente se o pulso se propagar por muitos
períodos do mapa. A Figura 9.4 mostra a largura e o chirp do pulso após
cada amplificador (espaçados de 60 km), ao longo de uma distância total
de 3.000 km (50 períodos do mapa). No nível relativamente baixo de
potência de 1 mW, os valores de entrada são quase recuperados após
cada período do mapa, pois a dispersão é completamente compensada.
Contudo, à medida que a potência aumenta além de 1 mW, efeitos não
lineares passam a dominar, e a largura e o chirp do pulso começam a desviar
dos respectivos valores de entrada, apesar da compensação da dispersão.

Figura 9.4  (a) Largura e (b) chirp do pulso após sucessivos amplificadores, para três
valores da potência média de entrada de um sistema de 40 Gb/s com o mapa periódico
de dispersão usado na Figura 9.1.
492 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

Mesmo para Pav = 5 mW, a largura do pulso se torna maior do que o bit
slot depois de uma distância da ordem de 1.000 km, e a situação piora para
Pav = 10 mW. Portanto, o nível ótimo de potência é próximo de 1 mW,
caso o objetivo seja a minimização do impacto de efeitos não lineares.
Essa conclusão concorda com os resultados mostrados na Figura 9.1,
obtidos por solução direta da equação NLS, incluindo efeitos do ruído
de amplificadores.

9.1.3  Regimes Solitônico e Pseudolinear


Como mostra a discussão anterior, quando o termo não linear na Eq.
(9.1.6) não é desprezível, parâmetros do pulso não retornam aos respectivos
valores de entrada depois de cada mapa de dispersão, mesmo com perfeita
compensação de dispersão (d = 0). O acúmulo de distorção não linear
acaba afetando cada pulso na sequência de bits ópticos de forma tal que
o sistema não é capaz de operar além de certa distância. Como visto na
Figura 9.1, essa distância limite pode ser menor do que 500 km, depen-
dendo da configuração do sistema. Por isso, o gerenciamento de efeitos
não lineares é uma questão importante para sistemas de ondas luminosas
de longas distâncias. É possível controlar os parâmetros associados a um
mapa de dispersão (comprimento de GVD de cada segmento) a fim de
gerenciar o problema de não linearidade. Duas técnicas principais evo-
luíram, e dizemos que os sistemas que as empregam operam nos regimes
pseudolinear e solitônico.
Observou-se em diversos experimentos que um sistema não linear possui
melhor desempenho quando somente 90 a 95% da GVD são compensados,
de modo que alguma dispersão residual permaneça depois de cada período
do mapa de dispersão. Na verdade, se o pulso de entrada inicialmente con-
tiver chirp, tal que β 2C  < 0, o pulso no fim do enlace de fibra pode, até
mesmo, ser mais curto do que o pulso de entrada. Esse comportamento é
esperado para um sistema linear (veja a Seção 2.6) e segue da Eq. (9.1.8) para
C0d < 0, persistindo para sistemas fracamente não lineares. Tal observação
levou à adoção do formato RZ com chirp (CRZ) para enlaces de fibra com
gerenciamento de dispersão.
Para entender como o sistema e os parâmetros da fibra afetam a evolução
de um sinal óptico em um enlace de fibra, consideremos um sistema de
onda luminosa em que a dispersão é compensada somente nos lados do
transmissor e do receptor. Como os parâmetros da fibra são constantes ao
longo da maior parte do enlace, é conveniente introduzirmos escalas de
comprimentos de dispersão (LD) e não linear (LNL):

L D = T02 /| β 2 |, L NL = (γ P0 )−1 , (9.1.10)


Controle de Efeitos Não Lineares 493

Introduzindo um tempo normalizado τ = t/T0, a equação NLS (9.1.2) pode


ser escrita na forma

∂U s ∂2 U L D
iL D − + p( z )|U |2 U = 0, (9.1.11)
∂z 2 ∂τ 2
L NL

onde s = sinal(b2) = ± 1, dependendo do sinal de b2. Se usarmos g = 2 W−1/


km como valor típico, o comprimento não linear é LNL ∼ 100 km, para
níveis de potência de pico na faixa de 2 a 4 mW. Em contraste, o com-
primento de dispersão LD pode variar em um grande intervalo (de ∼ 1 a
10.000 km), dependendo da taxa de bits do sistema e do tipo de fibra usado.
Em consequência, podemos deparar com as três situações discutidas a seguir.
Se L D  L NL e comprimento do enlace L < L D, efeitos dispersivos
possuem um papel secundário, mas efeitos não lineares não podem ser
ignorados quando L > LNL. Essa é a situação para sistemas que operam a
uma taxa de bits de 2,5 Gb/s ou menos. Por exemplo, para B = 2,5 Gb/s,
LD excede 1.000 km, mesmo para fibras padrão com b2 = − 21 ps2/km, e
pode ultrapassar 10.000 km para fibras de dispersão deslocada. É possível
projetar tais sistemas para operação em longas distâncias com a redução da
potência de pico e correspondente aumento do comprimento não linear.
O uso de um mapa de dispersão também é útil para esse propósito.
Se LD e LNL forem comparáveis e muito menores do que o comprimento
do enlace, os termos dispersivo e não linear são igualmente importantes na
equação NLS (9.1.11). Essa é, muitas vezes, a situação de sistemas de 10 Gb/s
que operam com fibras do tipo padrão, pois LD se torna ∼ 100 km quando
T0 é próximo de 50 ps. O uso de sólitons ópticos é muito proveitoso no
regime em que LD e LNL são comparáveis. Um sistema baseado em sólitons
(sistema solitônico) confina cada pulso rigidamente no correspondente bit
slot empregando o formato RZ com baixo ciclo de trabalho, e mantém
esse confinamento por meio de cuidadoso equilíbrio entre os chirps de
frequência induzidos por GVD e por SPM. Como se utiliza a GVD para
reduzir o impacto de efeitos não lineares, a dispersão nunca é completamente
compensada em sistemas baseados em sólitons. Como veremos na Seção 9.2,
sólitons podem ser formados somente no regime de dispersão anômala.
Ainda é possível utilizar um mapa de dispersão, mas a dispersão média no
enlace de fibra deve ser controlada. Sólitons formados nessas condições são
conhecidos como sólitons com gerenciamento de dispersão, sendo o tema
da Seção 9.3.
Se L D  L NL entramos em um novo regime em que efeitos dispersivos
são localmente dominantes, e efeitos não lineares podem ser tratados como
uma perturbação. Essa situação corresponde a sistemas de ondas luminosas
cujos canais individuais operam a uma taxa de bits de 40 Gb/s ou mais.
494 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

A 40 Gb/s, o bit slot é de apenas 25 ps. Se T0 for menor do que 10 ps e


fibras do tipo padrão forem empregadas, LD se torna reduzido a menos
de 5 km. Quando um sistema de onda luminosa opera nessas condições,
dizemos que opera no regime quase linear ou pseudolinear. Nesses sis-
temas, pulsos de entrada se alargam tão rapidamente que se espalham por
vários bits vizinhos. O extremo alargamento reduz a potência de pico
dos pulsos por um grande fator. Como o termo não linear na equação
NLS (9.1.2) é proporcional à potência de pico, seu impacto é conside-
ravelmente reduzido. Efeitos não lineares entre canais são reduzidos de
modo considerável em sistemas pseudolineares, pois um efeito de média
produz uma potência total quase constante em todos os bit slots. Em con-
traste, a superposição de bits vizinhos realça efeitos não lineares intracanal.
Como efeitos não lineares permanecem importantes, esses sistemas são
denominados pseudolineares [25]. Obviamente, pulsos devem ser compri-
midos no lado de recepção a fim de assegurar que ocupem as respectivas
janelas temporais originais antes de chegarem ao receptor. Isso pode ser
realizado compensando a dispersão acumulada por meio de uma DCF ou
de outro filtro equalizador de dispersão. A Seção 9.4 é dedicada a sistemas
pseudolineares.

9.2  SÓLITONS EM FIBRAS ÓPTICAS


Sólitons se formam em fibras ópticas devido a um equilíbrio entre os
chirps induzidos por GVD e SPM, que limitam o desempenho de sistemas
quando agem independentemente. Para entender como esse equilíbrio é
possível, seguimos a análise das Seções 2.4 e 2.6. Como mostrado nelas, a
GVD alarga um pulso óptico temporalmente durante a propagação em uma
fibra óptica, exceto quando o pulso contém um chirp inicial (Fig. 2.12). Mais
especificamente, um pulso com chirp é comprimido durante os estágios
iniciais da propagação, sempre que b2 e o parâmetro de chirp C tiverem
sinais opostos, de modo que b2C seja negativo. Como discutido na Seção 2.6.2,
SPM impõe um chirp no pulso óptico tal que C > 0. Se b2 < 0, a condição
b2C< 0 é prontamente satisfeita. Ademais, como o chirp induzido por SPM
depende da potência, não é difícil imaginar que, em certas condições, SPM e
GVD podem cooperar de forma que o chirp induzido por SPM cance-
le o alargamento temporal induzido no pulso pela GVD. Nessa situa-
ção, um pulso óptico se propaga sem distorção, na forma de um sóliton
óptico [33]-[35].

9.2.1  Propriedades de Sólitons Ópticos


A fim de determinar as condições para a formação de sólitons, assumamos
que pulsos se propaguem na região de GVD anômala e, na Eq. (9.1.11),
Controle de Efeitos Não Lineares 495

escolhamos s = − 1. Façamos, também, p(z) = 1, condição que requer per-


feita amplificação distribuída. Introduzindo uma distância normalizada na
forma ξ = zLD, a Eq. (9.1.11) assume a forma

∂U 1 ∂2 U
i + + N 2 |U |2 U = 0, (9.2.1)
∂ξ 2 ∂τ 2

sendo o parâmetro N definido como:

LD γP T 2
N2 = = 0 0 . (9.2.2)
L NL | β2 |

N representa uma combinação adimensional de parâmetros do pulso e da


fibra. O parâmetro N que aparece na Eq. (9.2.1) pode ser removido com a
introdução de u = NU, uma amplitude renormalizada. Com essa modifica-
ção, a equação NLS assume sua forma canônica [1]:

∂u 1 ∂2 u
i + + |u |2 u = 0. (9.2.3)
∂ξ 2 ∂τ 2

A equação NLS (9.2.3) pertence a uma classe especial de equações diferen-
ciais não lineares possíveis de serem resolvidas exatamente com uma técnica
matemática denominada método do espalhamento inverso [36]-[38]. A equação
NLS foi resolvida pela primeira vez com esse método em 1971 [39]. Os
principais resultados são resumidos a seguir. Quando um pulso de entrada
com amplitude inicial

u(0, τ ) = N sech(τ ) (9.2.4)

é lançado na fibra, sua forma permanece inalterada durante a propagação


quando N = 1, e segue um padrão de variação periódica para valores in-
teiros de N > 1, sendo a forma inicial recuperada em ξ = mπ/2, em que
m é um inteiro.
Um pulso óptico cujos parâmetros satisfazem a condição N = 1 é de-
nominado sóliton fundamental. Pulsos que correspondem a outros valores
inteiros de N são denominados sólitons de ordens superiores. O parâmetro
N representa a ordem do sólitons. Lembrando que ξ = z/LD , o período de
sóliton z0 − definido como a distância em que sólitons de ordens superiores
recuperam a forma original – é dado por z0 = (π/2)LD . O período de sóliton z0
e a ordem de sólido N têm um papel importante na teoria de sólitons ópticos.
A Figura 9.5 mostra a evolução de um sóliton de terceira ordem em um
período de sóliton como fornecida pela solução numérica da equação NLS
496 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

Figura 9.5  Evolução de um sóliton de terceira ordem ao longo de um período de


sólitons. O perfil de potência |u|2 é mostrado em função de z/LD.

(9.2.1) com N = 3. A forma do pulso varia consideravelmente, mas retorna


à forma original em z = z0. Somente um sóliton fundamental mantém sua
forma durante a propagação em fibras ópticas. Em um estudo de 1973, a Eq.
(9.2.1) foi resolvida numericamente com o intuito de mostrar que sólitons
ópticos podem ser formados em fibras ópticas [40].
A solução correspondente ao sóliton fundamental pode ser obtida por
solução direta da Eq. (9.2.3) sem recorrer ao método do espalhamento in-
verso. A abordagem consiste em assumir que exista uma solução da forma

u(ξ , τ ) = V (τ )exp[iφ (ξ )] (9.2.5)

onde V deve independer de ξ para que a Eq. (9.2.5) represente um sóliton


fundamental que mantenha a forma durante a propagação. A fase ø pode
depender de ξ, mas assumimos que independa do tempo. Quando a Eq.
(9.2.5) é substituída na Eq. (9.2.3) e as partes real e imaginária são separadas,
obtemos duas equações reais para V e ø. Essas equações mostram que ø deve
ser da forma ø(ξ) = Kξ, sendo K uma constante. A função V(τ) deve, então,
satisfazer a seguinte equação diferencial não linear:

d 2V
= 2V ( K −V 2 ).
dτ 2 (9.2.6)

Para resolver essa equação, podemos multiplicá-la por 2(dV/dτ) e integrá-la


em τ. O resultado obtido é:

(dV /dτ )2 = 2KV 2 −V 4 + C , (9.2.7)

onde C é uma constante de integração. Usando a condição de contorno


que requer que, para qualquer pulso óptico, V e dV/dτ sejam nulos em |τ|
→ ∞, C pode ser feita igual a zero.
A constante K na Eq. (9.2.7) é determinada usando a condição de
contorno V = 1 e dV/dτ = 0 no pico do sóliton, que ocorre em τ = 0,
Controle de Efeitos Não Lineares 497

por hipótese. Com isso, obtemos K = 1/2, resultando em ø = ξ/2. A Eq.


(9.2.7) é integrada com facilidade, fornecendo V(τ) = sech(τ). Integrando a
equação NLS diretamente, obtemos, portanto, a bastante conhecida solução
“sech” [36]-[38]:

u(ξ , τ ) = sech(τ )exp(iξ /2) (9.2.8)

Essa solução mostra que o pulso de entrada adquire uma defasagem ξ/2 ao
se propagar em uma fibra óptica, mas sua amplitude permanece inalterada.
Essa é a propriedade do sóliton fundamental que o torna um candidato ideal
para comunicações ópticas. Basicamente, os efeitos da dispersão da fibra são
compensados exatamente pela não linearidade da fibra, quando o pulso de
entrada apresenta a forma “sech”; a largura e a potência de pico do pulso
são relacionadas pela Eq. (9.2.2), de modo que N = 1.
Uma importante propriedade de sólitons ópticos é serem extraordi-
nariamente estáveis em relação a perturbações. Assim, embora exija uma
forma específica e uma dada potência de pico que correspondam a N = 1
na Eq. (9.2.2), é possível criar o sóliton fundamental mesmo quando a
forma e a potência de pico do pulso inicial se desviam das condições ideais.
A Figura 9.6 mostra a evolução – simulada numericamente – de um pulso

Figura 9.6  Evolução de um pulso gaussiano com N = 1 no intervalo ξ = 0 a 10. O pulso
evolui para um sóliton fundamental, alterando suas forma, largura e potência de pico.

de entrada gaussiano para o qual N = 1 e u(0,τ) = exp(−τ2/2). Como visto


na figura, o pulso ajusta suas forma e largura à medida que se propaga na
fibra, em uma tentativa de se tornar um sóliton fundamental e adquirir o
perfil “sech” para ξ ≫ 1. Comportamento similar é observado quando N
é diferente de 1. Na verdade, um sóliton de ordem N pode ser formado se
o valor inicial de N estiver na faixa N – 1/2 a N + 1/2 [41]. Em particular,
é possível excitar o sóliton fundamental para valores de N no intervalo de
0,5 a 1,5.
É surpreendente que uma fibra óptica force qualquer pulso de entrada a
evoluir para um sóliton. Uma forma simples de entender esse comportamento
498 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

consiste em ver sólitons ópticos como modos temporais de um guia de onda


não linear. Intensidades mais elevadas no centro do pulso criam um guia de
onda temporal por aumento do índice de refração apenas na parte central
do pulso.Tal guia de onda suporta modos temporais, assim como a diferença
de índice entre núcleo e casca leva aos modos espaciais de fibras ópticas.
Quando o pulso de entrada não casa precisamente um modo temporal,
ainda é possível acoplar a maior parte da energia do pulso ao dado modo
temporal. O resto da energia se espalha na forma de ondas dispersivas.Veremos
mais adiante que essas ondas dispersivas afetam o desempenho do sistema
e devem ser minimizadas casando, tanto quanto possível, as condições de
entrada às exigências ideais. Quando sólitons se adaptam adiabaticamente
às perturbações, uma teoria perturbacional desenvolvida de modo exclusivo
para sólitons pode ser usada para estudar como a amplitude, a largura, a
frequência, a velocidade e a fase de sólitons evoluem ao longo da fibra.
A equação NLS pode ser resolvida pelo método de espalhamento inverso
quando a fibra óptica exibe dispersão normal [42]. O perfil de intensidade
das resultantes soluções exibe um vale em um fundo uniforme, o qual per-
manece inalterado durante a propagação na fibra óptica [43]. Por essa razão,
essas soluções da equação NLS são chamadas de sólitons escuros. Embora
sólitons escuros tenham sido observados durante a década de 1980, sendo
suas propriedades estudadas exaustivamente [44]-[51], a maior parte dos
experimentos empregou sólitons claros, com a forma “sech”. Na discussão
a seguir, focamos o sóliton fundamental dado na Eq. (9.2.8).

9.2.2  Sólitons com Gerenciamento de Perdas


Na seção anterior, vimos que um sóliton usa SPM para manter sua largura
constante, mesmo na presença da dispersão da fibra. Contudo, essa pro-
priedade é válida somente se a energia do sóliton permanecer constante
no interior da fibra. Não é difícil ver que a diminuição na energia do
pulso devido às perdas da fibra levaria ao alargamento do sóliton, pois
uma menor potência de pico enfraquece o efeito da SPM, necessário
para contrabalançar o efeito da GVD. Quando amplificadores ópticos são
usados com frequência para a compensação de perdas na fibra, a energia
do sóliton varia de forma periódica.Tais variações de energia são incluídas
na equação NLS (9.1.11) por meio da função periódica p(z). No caso de
amplificadores concentrados, p(z) decai exponencialmente entre dois am-
plificadores, podendo variar por 20 dB ou mais em cada período. A questão
importante é se sólitons são capazes de manter forma e largura constantes
apesar de flutuações tão grandes da energia. A resposta é que sólitons são
capazes de permanecerem estáveis por longas distâncias, desde que o es-
paçamento LA entre amplificadores se mantenha muito menor do que o
comprimento de dispersão LD [52].
Controle de Efeitos Não Lineares 499

Em geral, variações na energia de um sóliton são acompanhadas por


modificações na largura do pulso. Grandes variações rápidas em p(z) podem
destruir um sóliton caso sua largura varie rapidamente com emissão de
ondas dispersivas. O conceito de sóliton médio no percurso [52] utiliza o
fato de sólitons evoluírem pouco em uma distância menor do que o com-
primento de dispersão (ou período de sóliton). Assim, quando LA ≪ LD, a
largura de um sóliton permanece praticamente inalterada, mesmo que sua
potência de pico varie muito em cada segmento entre dois amplificadores.
Na verdade, quando LA ≪ LD, podemos substituir p(z) na Eq. (9.1.11) por
seu valor médio p . Notando que p é apenas uma constante que modifica
gP0, recuperamos a equação NLS padrão.
De um ponto de vista prático, um sóliton fundamental pode ser excitado
se a potência de pico (ou energia) de entrada Ps do sóliton médio no percurso
for aumentada por um fator 1/ p . Se introduzirmos o ganho do amplificador
como G = exp(aLA) e usarmos p = L−A1 ∫ e −α z dz , o fator de aumento da
LA

0
energia para sólitons com gerenciamento de perda é fornecido por:
Ps 1 αL A G ln G (9.2.9)
f LM = = = = .
P0 p 1 − exp(−α L A ) G − 1
Assim, a evolução de sólitons em fibras com perda e amplificação concen-
trada periódica é idêntica à evolução de sólitons em fibras sem perda, desde
que (1) os amplificadores sejam espaçados de modo que L A  L D  e (2) a
potência de pico lançada seja aumentada por um fator fLM. Como exemplo,
quando LA = 50 km e a= 0,2 dB/km, G = 10 e fLM ≈ 2,56.
No que diz respeito ao projeto de sistemas baseados em sólitons, con-
dição L A  L D  é vaga. A questão é: quão próximo LA pode ser de LD
sem que o sistema deixe de funcionar? A abordagem semianalítica da
Seção 9.1.2 pode ser estendida para estudar como as perdas de fibras afetam
a evolução de sólitons. No entanto, devemos substituir a Eq. (9.1.4) por

U ( z, t ) = a sech(t / T )exp[ −iCt 2 /T 2 + iφ ], (9.2.10)

para assegurar que a forma “sech” de um sóliton seja mantida. Usando o


método variacional ou dos momentos, obtemos as duas equações acopladas
a seguir:
dT β 2C
= , (9.2.11)
dz T
dC  4 β 2γ p( z )E0
=  2 + C 2  22 + , (9.2.12)
dz  π  T π 2T
sendo E0 = 2P0T0 a energia de entrada do pulso. Uma comparação com as
Eq. (9.1.5) e (9.1.6), obtidas para pulsos gaussianos, mostra que a equação
500 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

de largura permanece inalterada; a equação de chirp também apresenta a


mesma forma, mas os coeficientes são distintos.
Como uma aplicação simples, usemos as equações do método dos momentos
para determinar a condição de formação de sóliton no caso ideal p(z) = 1. Se,
inicialmente, o pulso não contiver chirp, as duas derivadas nas Eq. (9.2.11) e
(9.2.12) se anulam em z = 0, se b2 for negativo e a energia do pulso for escolhida
como E0 = 2|β 2|/(γT0 ). Nessas condições, a largura e o chirp do pulso não se
alterarão com z, e o pulso formará um sóliton fundamental. Usando E0 = 2P0T0,
é fácil verificar que essa condição equivale a fixar N = 1 na Eq. (9.2.2).
Para incluir as perdas da fibra, tomamos p(z) = exp(−az) em cada seg-
mento de fibra de comprimento LA, de forma periódica. A Figura 9.7 mostra
como largura e chirp do sóliton variam em sucessivos amplificadores, para
diversos valores de LA no intervalo de 25 a 100 km, assumindo LD = 100 km.
Tal valor do comprimento de dispersão pode ser realizado para sistemas de
10 Gb/s baseados em sólitons com, por exemplo, T0 = 20 ps e b2 = − 4 ps2/km.
Quando o espaçamento entre amplificadores é de 25 km, largura e chirp
permanecem próximos aos respectivos valores de entrada. Quando LA
aumenta para 50 km, largura e chirp oscilam periodicamente, e a amplitude
da oscilação aumenta com LA. Por exemplo, a largura é capaz de variar por
mais de 10% quando LA = 75 km. O comportamento oscilatório pode ser
entendido se efetuarmos uma análise de estabilidade linear das Eq. (9.2.11)
e (9.2.12). Contudo, se LA/LD for muito maior do que 1, a largura do pulso
começa a aumentar exponencialmente de forma monótona. A Figura 9.7

Figura 9.7  Evolução da largura T e chirp C do pulso ao longo do comprimento da fibra,


para três espaçamentos entre amplificadores (25, 50 e 75 km), quando LD = 100 km.
Controle de Efeitos Não Lineares 501

mostra que LA/LD ≤ 0,5 é um razoável critério de projeto, quando se


utilizam amplificadores concentrados para gerenciamento de perdas.
Equações variacionais, como as Eq. (9.2.11) e (9.2.12), servem apenas
como uma orientação, e as soluções delas nem sempre são confiáveis, pois
ignoram completamente a radiação dispersiva gerada quando sólitons são
perturbados. Por essa razão, é importante verificar as predições dessas equa-
ções por meio de simulações numéricas diretas da própria equação NLS. A
Figura 9.8 mostra a evolução de um sóliton com gerenciamento de perda
ao longo de uma distância de 10.000 km, assumindo que o sóliton seja
amplificado a cada 50 km. Quando a largura do pulso de entrada corres-
ponde a um comprimento de dispersão de 200 km, o sóliton é muito
bem preservado, mesmo após 10.000 km, pois a condição L A  L D é
adequadamente satisfeita. Entretanto, se o comprimento de dispersão for
reduzido para 25 km, o sóliton não é capaz de se manter, devido à excessiva
emissão de ondas dispersivas.

Figura 9.8  Evolução de sóliton com gerenciamento de perdas ao longo de 10.000 km,


para (a) LD = 200 km e (b) 25 km, com LA = 50 km, a = 0,22 dB/km e b2 = − 0,5 ps2/km

Como a limitação do espaçamento entre amplificadores afeta o projeto


de sistemas baseados em sólitons? A condição LA < LD pode ser relacionada
2
à largura T0 por LD =  T0 /|b2|. A resultante condição é:

T0 > | β 2 | L A . (9.2.13)

A largura do pulso T0 deve ser uma pequena fração do bit slot Tb = 1/B, para
assegurar que sólitons adjacentes fiquem bem separados. Matematicamente,
a solução de sóliton na Eq. (9.2.8) é válida somente quando um único pulso
se propaga de modo isolado. A solução é aproximadamente válida para um
trem de pulsos apenas quando os pulsos individuais são muito isolados. É
possível utilizar essa exigência para relacionar a largura do sóliton T0 à taxa
de bits B usando Tb = 2q0T0, sendo 2q0 uma medida da separação entre dois
502 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

pulsos adjacentes em uma sequência de bits ópticos.Tipicamente, q0 é maior


do que 4, a fim de assegurar que as caudas dos pulsos não se sobreponham
de modo significativo. Usando T0 = (2q0B)−1 na Eq. (9.2.13), obtemos o
seguinte critério de projeto:

B 2 L A < (4q02 | β 2 |)−1. (9.2.14)

Escolhendo valores típicos, b2 = − 2 ps2/km, LA = 50 km e q0 = 5, obtemos


T0 > 10 ps e B < 10 GHz. Fica claro que o uso de sólitons médios no
percurso impõe uma severa limitação à taxa de bits e ao espaçamento entre
amplificadores em sistemas de comunicação baseados em sólitons. Para
operação em 10 Gb/s, é preciso reduzir q0 ou LA, caso b2 seja mantido
constante. Esses dois parâmetros não podem ser reduzidos muito abaixo dos
valores usados para obter a estimativa anterior.
Uma solução parcial para esse problema foi sugerida em 2000, quando
se propôs que um pré-chirp fosse imposto ao sóliton, para relaxar a condição
LA ≪ LD , embora a solução-padrão de sóliton na Eq. (9.2.8) não contenha
chirp [53]. A ideia básica consiste em determinar uma solução periódica das
Eq. (9.2.11) e (9.2.12) que se repita em cada amplificador, usando a condição
de contorno periódica:

T ( z = L A ) = T0 , C(z = L A ) = C0 . (9.2.15)

É possível utilizar a energia do pulso de entrada E0 e o chirp de entrada


C0 como dois parâmetros ajustáveis. Uma solução perturbacional das Eq.
(9.2.11) e (9.2.12) mostra que a energia do pulso deve ser aumentada por
um fator próximo ao fator de aumento de energia fLM da Eq. (9.2.9). Ao
mesmo tempo, o chirp de entrada que provê uma solução periódica está
relacionado a esse fator por:
4  1 ( f LM − 1) 
C0 = − .
π 2  2 ln G  (9.2.16)

Resultados numéricos baseados na equação NLS mostram que, com a im-


posição de adequado pré-chirp aos sólitons de entrada, o espaçamento entre
amplificadores pode ultrapassar 2LD. Contudo, ondas dispersivas acabam
desestabilizando um sóliton ao longo de grandes comprimentos, quando
LA é feito muito maior do que o comprimento de dispersão.
A condição L A  L D também pode ser consideravelmente relaxada por
meio do emprego de amplificação distribuída. Como discutido na Seção 7.1,
um esquema de amplificação distribuída é superior à amplificação concen-
trada, pois provê uma fibra praticamente sem perda, uma vez que as perdas
são localmente compensadas em cada ponto ao longo do enlace de fibra. Em
1988, sóliton foram transmitidos por 4.000 km de fibra com perda, usando
Controle de Efeitos Não Lineares 503

amplificação Raman periódica em um anel recirculante de 42 km de fibra


[54].Tornou-se possível aumentar a distância para 6.000 km com posterior
otimização. Esse experimento foi o primeiro a demonstrar que, em prin-
cípio, era possível transmitir sólitons por distâncias transoceânicas. A partir
de 1989, amplificadores concentrados passaram a ser usados em sistemas
baseados em sóliton com gerenciamento de dispersão. Em um experimento
de 1991, sólitons de 2,5 Gb/s foram transmitidos por 12.000 km, usando
um anel recirculante de 75 km [55]. Nesse experimento, o desempenho foi
principalmente limitado pela incerteza temporal induzida pelo ruído do
amplificador. Durante a década de 1990, vários esquemas para a redução da
incerteza temporal foram descobertos e empregados visando melhorar o
desempenho de sistemas baseados em sólitons [33]-[35]. Em anos recentes,
a técnica de amplificação Raman se tornou muito comum, tanto para sis-
temas baseados em sólitons como para sistemas não baseados em sólitons.

9.3  SÓLITONS COM GERENCIAMENTO DE DISPERSÃO


Como vimos no Capítulo 8, o gerenciamento de dispersão é co-
mumente empregado nos modernos sistemas WDM. Como tais sistemas
utilizam segmentos de fibra com GVDs normal e anômala, é razoável
questionar o que acontece com sólitons nesse caso. Na verdade, sólitons são
capazes de se formar mesmo quando o parâmetro de GVD b2 varia ao longo
do comprimento do enlace, mas suas propriedades são bastante diferentes.
Esta seção é dedicada a sólitons com gerenciamento de dispersão. Primeiro,
consideremos fibras de dispersão decrescente e, em seguida, enlaces de fibra
com mapas de dispersão periódicos.

9.3.1  Fibras de Dispersão Decrescente


Um esquema interessante relaxa completamente a restrição L A  L D  −
normalmente imposta a sólitons com gerenciamento de perda − pelo
emprego de um novo tipo de fibra em que a GVD varia ao longo do
comprimento da fibra [56]. Tais fibras são denominadas fibras de dispersão
decrescente (DDFs − Dispersion-Decreasing Fibers) e projetadas de modo que
a GVD decrescente contrabalance a reduzida SPM a que estão sujeitos
sólitons enfraquecidos pelas perdas da fibra.
A evolução de sólitons em uma DDF é governada pela Eq. (9.1.2), exceto
por b2 ser uma função contínua de z. Introduzindo as variáveis normalizadas
de distância e tempo


z
ξ = T0−2 β 2 ( z )dz, τ = t /T0 , (9.3.1)
0

podemos escrever essa equação na forma


504 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

∂U 1 ∂2 U
i + + N 2 ( z )|U |2 U = 0, (9.3.2)
∂ξ 2 ∂τ 2

em que N 2 (z) = γ P0T02 p(z )/|β 2 (z )|. Se o perfil de GVD for escolhido de
modo que |b2(z)| = |b2(0)|p(z), N se torna uma constante, e a Eq. (9.3.2)
se reduz à equação NLS padrão com p(z) = 1. Em consequência, as perdas
da fibra não afetam um sóliton, apesar de sua energia ser reduzida quando
se utilizam DDFs. Mais precisamente, é possível posicionar amplificado-
res concentrados a qualquer distância, não sendo limitados pela condição
L A  L D , desde que a GVD diminua exponencialmente no segmento de
fibra entre dois amplificadores na forma:
| β 2 ( z )|=| β 2 (0)|exp(−α z ). (9.3.3)

Esse resultado pode ser entendido de forma qualitativa notando, da Eq.


(9.2.2), que é possível manter a exigência N = 1, apesar da perda de potência,
se |b2| e g decaírem exponencialmente à mesma taxa. Nesse caso, o sóliton
fundamental mantém suas forma e largura, mesmo em uma fibra com perdas.
Fibras com perfil de GVD quase exponencial foram fabricadas [57].
Uma técnica prática para a realização dessas DDFs consiste na redução con-
trolada do diâmetro do núcleo ao longo do comprimento da fibra durante
o processo de puxamento. Variações no diâmetro da fibra alteram a con-
tribuição de guia de onda a b2 e reduzem sua magnitude. Tipicamente, é
viável variar a GVD por um fator de 10 ao longo de um comprimento de
20 a 40 km. A precisão realizada com o emprego dessa técnica é estimada
como melhor do que 0,1 ps2/km [58]. A propagação de sólitons em DDFs
foi observada em diversos experimentos [58]-[60]. Em uma DDF de 40 km,
sólitons preservaram largura e forma, apesar da perda de energia de mais de
8 dB [59]. Em um anel recirculante feito de DDFs, foi possível transmitir
um trem de sólitons de 6,5 ps a 10 Gb/s por 300 km [60].
Em uma abordagem alternativa, o perfil exponencial de GVD de uma
DDF é aproximado por um perfil escalonado, com a emenda de vários
segmentos de fibras de dispersão constante, com diferentes valores de b2. Essa
abordagem foi explorada durante a década de 1990, tendo sido observado
que a maioria dos benefícios de DDFs podia ser realizada com apenas
quatro segmentos de fibra [61]-[65]. Como selecionar o comprimento e a
GVD de cada fibra usada para emular uma DDF? A resposta não é óbvia, e
vários métodos foram propostos. Em um deles, os desvios de potência são
minimizados em cada segmento [61]. Em outro, fibras com diferentes valores
Dm de GVD e diferentes comprimentos Lmap são escolhidas para minimizar a
emissão de ondas dispersivas [62]. As vantagens oferecidas por DDFs incluem
menor incerteza temporal [1] e reduzido nível de ruído [66]. Apesar desses
benefícios, raramente se utilizam DDFs na prática.
Controle de Efeitos Não Lineares 505

9.3.2  Mapas de Dispersão Periódicos


Mapas de dispersão periódicos consistindo em fibras de GVD alternante
são atraentes porque seu uso reduz a dispersão média de todo o enlace,
mantendo a GVD de cada segmento suficientemente alta, de modo que
a interferência de FWM seja desprezível em sistemas WDM. Contudo, o
uso de gerenciamento de dispersão faz com que sólitons se propaguem no
regime de dispersão normal de uma fibra durante cada período do mapa.
À primeira vista, tal esquema não deve funcionar, pois fibras com GVD
normal não suportam sólitons, levam a considerável alargamento temporal
dos pulsos e neles impõe chirp. Assim, como sólitons podem sobreviver em
um enlace de fibra com gerenciamento de dispersão? Um intenso esforço
teórico dedicado a essa questão levou à descoberta de sólitons com geren-
ciamento de dispersão (DM − Dispersion-Managed) [67]-[90]. Fisicamente,
se o comprimento de dispersão associado a cada segmento de fibra usado
na formação do mapa for uma fração do comprimento não linear, o pulso
evoluirá de modo linear em um período do mapa. Em comprimentos
maiores, sólitons ainda poderão ser formados se os efeitos de SPM forem
equilibrados pela dispersão média. Em consequência, sólitons são capazes de
sobreviver em um sentido médio, embora potência de pico, largura e forma
desses sólitons oscilem periodicamente.
Foquemos um mapa de dispersão simples que consiste em duas fibras
com características de GVD opostas. A evolução de sólitons é governada
pela Eq. (9.1.2), na qual b2 é uma função de z contínua por partes, a qual
assume valores b2a e b2n, nos segmentos com GVD anômala e normal, de
comprimentos la e ln, respectivamente. O período do mapa Lmap = la + ln
pode ser diferente do espaçamento entre amplificadores LA. É claro que as
propriedades de sólitons com DM dependerão de diversos parâmetros do
mapa, mesmo quando se utilizam apenas dois tipos de fibra em cada período
do mapa. Simulações numéricas mostram que uma solução quase periódica
pode, frequentemente, ser encontrada com o ajuste de parâmetros do pulso
de entrada (largura, chirp e potência de pico), embora esses parâmetros
variem de modo considerável em cada período do mapa. A forma desses
sólitons com DM é mais próxima de um perfil gaussiano do que da forma
“sech” associada a sólitons convencionais [68]-[70].
Soluções numéricas, embora essenciais, não levam a muito entendimento
físico. Várias técnicas foram usadas para resolver a equação NLS (9.1.2)
aproximadamente. Uma abordagem comum utiliza o método variacional
[71]-[73]. Outra expande B(z,t) em termos de um conjunto completo de
funções de Hermite-Gauss, que são solução do problema linear [74]. Uma
terceira abordagem resolve uma equação integral, deduzida no domínio
espectral por meio da teoria perturbacional [76]-[78].
506 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

Aqui, focamos as equações variacionais (9.1.5) e (9.1.6), usadas ante-


riormente na Seção 9.1.2. Como a forma de sólitons com DM é próxima
daquela de um pulso gaussiano, é possível aplicar as equações variacionais a
eles. Essas duas equações devem ser resolvidas com as condições de contorno
periódicas dadas na Eq. (9.2.15), para assegurar que o sóliton com DM
recupere seu estado inicial depois de cada amplificador. As condições de
contorno periódicas fixam os valores da largura T0 e do chirp C0 iniciais em
z = 0, para os quais um sóliton pode se propagar de forma periódica, para
um dado valor da energia do pulso E0. Uma nova característica de sólitons
com DM é que a largura do pulso de entrada depende do mapa de dispersão,
não podendo ser escolhida arbitrariamente. Na verdade, T0 não pode ficar
abaixo de um valor crítico especificado pelo próprio mapa de dispersão.
A Figura 9.9 mostra como a largura T0 e o chirp C0 de soluções periódicas
permitidas variam com a energia do pulso para um específico mapa de dis-
persão. A figura também mostra o valor mínimo Tm da largura do pulso que
ocorre no meio do segmento de GVD anômala do mapa de dispersão. O
mapa de dispersão é adequado a sistemas de 40 Gb/s e consiste em fibras
com GVD alternantes de −4 e 4 ps2/km, e comprimentos la ≈ ln = 5 km, de
modo que a GVD média é de −0,01 ps2/km. A linha cheia mostra o caso
de amplificação distribuída ideal, para o qual p(z) = 1. O caso de amplifi-
cação concentrada é mostrado na Figura 9.9 pela linha tracejada, assumin-
do 80 km de espaçamento entre amplificadores e perdas de 0,25 dB/km
em cada segmento de fibra.
Podemos tirar várias conclusões da Figura 9.9. Primeiro, T0 e Tm dimi-
nuem rapidamente à medida que a energia do pulso aumenta. Segundo,

Figura 9.9  (a) Variação de T0 (curva superior) e Tm (curva inferior) em função da energia
do pulso E0, para a = 0 (linhas cheias) e 0,25 dB/km (linhas tracejadas). O detalhe mostra
o chirp de entrada nos dois casos. (b) Evolução do sóliton com gerenciamento de dis-
persão em um período do mapa de dispersão, para E0 = 0,1 pJ e LA = 80 km.
Controle de Efeitos Não Lineares 507

T0 atinge seu valor mínimo para uma dada energia do pulso Ec, enquanto
Tm continua a diminuir lentamente. Terceiro, T0 e Tm diferem por um
grande fator se E0 ≫ Ec. Esse comportamento indica que a largura do pulso
muda consideravelmente em cada segmento de fibra quando esse regime é
alcançado. Um exemplo de respiração de pulso (pulse breathing) é exibido
na Figura 9.9(b) para E0 = 0,1 pJ, no caso de amplificação concentrada.
Nesse caso, o chirp de entrada C0 é relativamente grande (C0 ≈ 1,8). A mais
importante característica da Figura 9.9 é a existência de um valor mínimo de
T0 para um valor específico da energia do pulso. Nesse ponto, o chirp
de entrada é C0 = 1. Interessante ressaltar que o valor mínimo de T0 não
depende muito das perdas da fibra, sendo praticamente o mesmo para as
linhas cheia e tracejada, embora o valor de Ec seja muito maior no caso de
amplificação concentrada, devido às perdas da fibra.
A largura e a potência de pico do sóliton com DM na Figura 9.9(b)
variam consideravelmente em um período de dispersão. A largura do pulso
varia por um fator maior do que 2, tornando-se mínima quase no meio de
cada segmento de fibra onde o chirp de frequência se anula. No caso
de amplificação distribuída ideal, em que as perdas da fibra são completa-
mente compensadas em cada ponto ao longo do enlace, o pulso mais curto
ocorre no meio do segmento com GVD anômala. Para comparação, a
Figura 9.10(b) mostra variações de largura e chirp de um sóliton com DM
cuja energia de entrada é próxima de Ec, para a qual o pulso de entrada é
mais curto. A respiração (breathing) do pulso é consideravelmente reduzida,
assim como a faixa de variação do chirp. Nos dois casos, o sóliton com DM
é bem diferente de um sóliton fundamental convencional, pois suas forma,
largura e potência de pico não são preservadas. Não obstante, seus parâmetros

Figura 9.10  Variações de largura e chirp do pulso (linha tracejada) em um período do


mapa de dispersão, para sólitons com DM de energia de entrada (a) E0 = 0,1 pJ e (b) E0
próxima de Ec.
508 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

se repetem de um período a outro, em qualquer posição no mapa de dis-


persão. Por essa razão, é possível utilizar sólitons com DM para comunicações
ópticas, apesar das oscilações na largura do pulso. Ademais, do ponto de vista
sistêmico, esses sólitons têm melhor desempenho.

9.3.3  Questões de Projeto


As Figuras 9.9 e 9.10 mostram que, com a escolha de distintos valores
de E0, T0 e C0, as Eq. (9.1.5) e (9.1.6) permitem propagação periódica de
diferentes sólitons com DM no mesmo mapa de dispersão. Como selecionar
uma dessas soluções para o projeto de um sistema solitônico? Energias
de pulso menores do que Ec (que corresponde ao mínimo valor de T0)
devem ser evitadas, pois potência baixa levaria a uma rápida deterioração
da SNR devido ao acúmulo de ruído de amplificadores com a propagação.
Entretanto, quando E0 ≫ Ec , grandes variações na largura do pulso em
cada segmento de fibra podem levar a interações entre sólitons adjacentes
induzidas por XPM, caso as caudas dos pulsos se sobreponham muito. Por
essa razão, a região próxima a E0 = Ec é a mais adequada para o projeto de
sistemas solitônicos com DM. Solução numérica da equação NLS (9.1.2)
confirma essa conclusão.
A configuração do sistema de 40 Gb/s usado para as Figuras 9.9 e 9.10
foi possível somente porque o período Lmap do mapa de dispersão foi es-
colhido muito menor do que os 80 km do espaçamento entre amplifica-
dores. Essa configuração é referida como gerenciamento de dispersão denso.
Quando Lmap é aumentado para 80 km, usando la ≈ lb = 40 km e mantendo
o mesmo valor de dispersão média, a mínima largura de pulso suportada
pelo mapa de dispersão aumenta por um fator de 3. A taxa de bits é, então,
limitada a menos de 20 Gb/s.
É possível determinar os valores de T0 e Tm resolvendo as Eq. (9.1.5) e
(9.1.6) de forma aproximada. A Eq. (9.1.6) mostra que, em qualquer ponto
no mapa de dispersão, T 2(z) =  T02 + 2 ∫ β 2 (z )C (z ) dz . A equação de chirp
z

0
não pode ser integrada de modo analítico, mas soluções numéricas mostram
que C(z) varia quase linearmente em cada segmento de fibra. Como visto
na Figura 9.10, C(z) muda de C0 a −C0 no primeiro segmento e, depois,
de volta a C0 no segundo segmento. Notando que a razão (1 + C 2)/T 2 está
relacionada à largura espectral, que varia pouco em um período do mapa
de dispersão quando o comprimento não linear é muito maior do que o
comprimento de dispersão local, tomamos a média em período do mapa e
obtemos a seguinte relação entre T0 e C0:
1/2
1 + C 02 |β β l l |
T0 = Tmap , Tmap =  2 n 2 a n a  , (9.3.4)
|C 0 |  β 2 nln − β 2 ala 
Controle de Efeitos Não Lineares 509

em que Tmap é um parâmetro com dimensão de tempo que envolve somente


os quatro parâmetros do mapa de dispersão [87]. Esse parâmetro fornece uma
escala de tempo associada a um mapa de dispersão arbitrário, no sentido de
que soluções periódicas estáveis suportadas pelo mapa possuem larguras
de pulso de entrada próximas de Tmap (a menos de um fator próximo de 2).
O valor mínimo de T0 ocorre para |C0| = 1, sendo dado por T0min = 2Tmap.
É útil buscar outras combinações dos quatro parâmetros do mapa de dis-
persão que tenham papel importante no projeto de um sistema solitônico
com DM. Dois parâmetros úteis para esse propósito são definidos como [71]:
β 2 nln + β 2 ala β 2 nln − β 2 ala
β2 = , Smap = , (9.3.5)
ln + la 2
TFWHM

onde TFWHM ≈ 1,665Tm é a largura FWHM na posição em que a largura do


pulso é mínima no segmento de GVD anômala. Fisicamente, β 2 representa
a GVD média de todo o enlace, enquanto a intensidade do mapa de dis-
persão Smap é uma medida de quão abruptamente a GVD muda entre as
duas fibras em cada período do mapa. As soluções das Eq. (9.1.5) e (9.1.6)
em função da intensidade do mapa S para diferentes valores de β 2 revelam
a surpreendente característica de que sólitons com DM podem existir mes-
mo quando a GVD média é normal, desde que a intensidade do mapa de
dispersão exceda um valor crítico Scr [79]-[83].
Como exemplo, a Figura 9.11 mostra soluções de sólitons com DM para
diversos valores de Smap representadas por curvas da potência de pico em
função da razão adimensional β 2 /b2a [71]. Soluções periódicas no regime

Figura 9.11  Potência de pico de sólitons com DM em função de β 2 /b2a. A intensidade


do mapa de dispersão é zero para a linha reta e aumenta em passos de 2 até 20, as-
sumindo o valor de 25 na curva mais à esquerda. (Após a Ref. [71]; ©1998 OSA.)
510 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

de GVD normal existem somente quando Smap ultrapassa um valor crítico


Scr de 4,8, indicando que a largura de pulso para tais soluções é alterada por
um grande fator em cada segmento de fibra. Além disso, quando Smap > Scr , é
possível existir uma solução periódica para dois diferentes valores da energia
do pulso de entrada em uma pequena faixa de valores positivos de β 2  > 0.
Soluções numéricas da Eq. (9.3.2) confirmam essas previsões, exceto pelo
fato de o valor crítico da intensidade do mapa ser obtido como 3,9.
Para intensidades de mapa de dispersão abaixo de um valor crítico (cerca
de 3,9, segundo a solução numérica), a GVD média é anômala para sólitons
com DM. Nesse caso, ficamos tentados a comparar esses sólitons com os
convencionais; para isso, formamos um enlace de fibra com GVD uniforme,
com b2 =  β 2 . Para valores relativamente pequenos de Smap, variações na
largura e no chirp do pulso são pequenas o bastante para serem ignoradas.
A principal diferença entre sólitons com GVD média e com DM advém
da maior potência de pico necessária à sustentação de sóliton com DM. O
fator de aumento de energia é definido para sólitons com DM como [67]

f DM = E0DM /E0av (9.3.6)

e pode ser maior do que 10, dependendo da configuração do sistema. A


energia mais elevada de sólitons com DM beneficia um sistema solitônico
de várias formas. Entre outros fatores, melhora a SNR e diminui a incerteza
temporal.
Esquemas de gerenciamento de dispersão são usados para sólitons desde
1992, embora tenham recebido outras denominações, como comunicação
por sóliton parcial e alocação de dispersão [91]. Na forma mais simples
de gerenciamento de dispersão, um segmento relativamente curto de
fibra compensadora de dispersão (DCF) é adicionado periodicamente à
fibra de transmissão, resultando em mapas de dispersão similares àqueles
utilizados para sistemas não solitônicos. Em um experimento de 1995,
foi observado que o uso de DCFs reduzia consideravelmente a incerteza
temporal [92]. Quando, nesse experimento de 20 Gb/s, dispersão média
foi reduzida a um valor próximo de −0,025 ps2/km, a incerteza temporal
se tornou tão baixa que foi possível transmitir o sinal de 20 Gb/s por
distâncias transoceânicas.
Um grande número de experimentos mostrou os benefícios de sólitons
com DM para sistemas de ondas luminosas [93]-[101]. Em um experimento,
o uso de um mapa de dispersão periódico permitiu a transmissão de uma
sequência de bits solitônicos de 20 Gb/s por 5.520 km em um enlace de
fibra que continha amplificadores espaçados de 40 km [93]. Em outro ex-
perimento de 20 Gb/s [94], sólitons foram transmitidos por 9.000 km sem
a necessidade de qualquer filtro óptico em linha, pois o uso periódico de
Controle de Efeitos Não Lineares 511

DCFs reduziu a incerteza temporal por um fator maior do que 3. Um expe-


rimento de 1997 focou a transmissão de sólitons com DM usando mapas de
dispersão tais que sólitons se propagassem a maior parte do tempo no regime
de GVD normal [95]. Esse experimento de 10 Gb/s transmitiu sinais por
28.000 km usando um anel recirculante de fibra que consistia em 100 km de
fibra com GVD normal e 8 km de fibra com GVD anômala, de modo que
a GVD média fosse anômala (cerca de −0,1 ps2/km).Variações periódicas
na largura do pulso foram observadas nesse anel de fibra [96]. Em um
experimento posterior, o anel foi modificado de modo que se obtivesse
um valor de GVD média zero ou ligeiramente positivo [97]. Transmissão
estável de sólitons de 10 Gb/s em 28.000 km ainda foi possível. Em todos
os casos, resultados experimentais demonstraram excelente concordância
com os de simulações numéricas [98].
Uma importante aplicação de gerenciamento de dispersão é o aumento
de capacidade de redes terrestres existentes, projetadas com fibras do tipo
padrão [99]-[101]. Um experimento de 1997 usou grades de difração em
fibra para compensação de dispersão e realizou transmissão de sólitons de
10 Gb/s por 1.000 km. Maiores distâncias de transmissão foram realizadas
com um anel recirculante de fibra [100] que consistia em 102 km de fibra
padrão com GVD anômala (b2 ≈ −21 ps2/km) e 17,3 km de DCF com
GVD normal (b2 ≈ 160 ps2/km). A intensidade S do mapa de dispersão
era bem alta nesse experimento, que lançou pulsos de 30 ps (FWHM)
no anel. Em 1999, foi possível transmitir sólitons com DM de 10 Gb/s
por 16.000 km de fibra padrão quando interações entre sólitons foram
minimizadas por meio da escolha adequada do posicionamento de am-
plificadores [16].

9.3.4  Incerteza Temporal


Vimos, na Seção 7.7.4, que o ruído adicionado por amplificadores ópticos
perturba a posição de cada pulso no correspondente bit slot. Incerteza tempo-
ral induzida por ruído de amplificadores é especialmente severa para sistemas
baseados em sólitons, e limita a distância de transmissão total de qualquer
enlace de longa distância baseado em sóliton. Essa limitação foi observada
pela primeira vez no contexto de sólitons convencionais de largura cons-
tante, e persiste em sistemas baseados em sóliton com gerenciamento de
dispersão, embora, nesse caso, a incerteza temporal seja reduzida [102]-[114].
Em todos os casos, a principal fonte de incerteza temporal está relacionada
às mudanças na frequência portadora do sóliton provocadas por flutuações
de fase induzidas por ruído de amplificador.
É possível utilizar o método dos momentos da Seção 7.7.2 a fim de cal-
cular a variância de flutuações na frequência e na posição dos pulsos. Como
a forma do pulso permanece aproximadamente gaussiana para sólitons com
512 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

DM, a análise também se aplica a eles, com pequenas alterações. O resultado


final pode ser escrito como [111]:

S ASETm2 1
σ t2 = [ N A (1 + C 02 ) + N A ( N A − 1)C 0d + N A ( N A − 1)(2N A − 1)d 2 ],
E0 6
(9.3.7)
onde NA é o número de amplificadores ao longo do enlace e o parâmetro
adimensional d é definido como na Eq. (9.1.9), exceto pela mínima largura
Tm dever ser usada no lugar de T0. O primeiro termo entre colchetes resulta
diretamente de flutuações de posição de um sóliton em cada amplificador.
O segundo termo está relacionado à correlação cruzada entre flutuações
de frequência e de posição. O terceiro termo advém somente de flutuações de
frequência. Para um sistema baseado em sóliton e projetado com Lmap = LA
e Na ≫ 1, a incerteza é dominada pelo último termo na Eq. (9.3.7), pois o
mesmo varia com N A3 , sendo fornecido aproximadamente por:

σ t2 S ASE 3 2 S ASEL3T
≈ N A d = ,
Tm2 3E0 3E0 L2D L A (9.3.8)

em que, para um sistema de onda luminosa com distância de transmissão


total LT, LD = Tm2 /| β 2 | e NA = LT/LA.
Devido à dependência de σ t2 em relação ao cubo do comprimento do
enlace LT, a incerteza temporal pode se tornar uma fração apreciável do bit
slot para sistemas de longas distâncias, especialmente a taxas de bits maiores
do que 10 Gb/s, para as quais o bit slot é menor do que 100 ps. Se não
for controlada, tal incerteza temporal pode levar a grandes penalidades de
potência. Na prática, a incerteza temporal deve ser menor do que 10% do
bit slot. A Figura 9.12 mostra o aumento da incerteza temporal em função

Figura 9.12  Incerteza temporal induzida por ASE em função do comprimento, para
um sistema de 20 Gb/s projetado com sólitons com DM (linha cheia) e convencionais
(linha tracejada).
Controle de Efeitos Não Lineares 513

de LT , para um sistema de 20 Gb/s baseado em sóliton com DM, projetado


com um mapa de dispersão que consiste em 10,5 km de fibra com GVD
anômala e 9,7 km de fibra com GVD normal [D = ± 4 ps/(km-nm)].
Amplificadores ópticos com nsp = 1,3 (ou figura de ruído de 4,1 dB) são
posicionados a cada 80,8 km (4 períodos de mapa) ao longo do enlace de
fibra para a compensação de 0,2 dB/km de perdas. Equações variacionais
foram usadas na determinação de parâmetros dos pulsos de entrada de modo
que sólitons se recuperem periodicamente após cada período do mapa de
dispersão (T0 = 6,87 ps, C0 = 0,56 e E0 = 0,4 pJ). O parâmetro não linear
g foi tomado como 1,7 W−1/km.
Uma questão importante, no que diz respeito à incerteza temporal, é
se o uso de gerenciamento de dispersão é útil ou prejudicial. Para sólitons
convencionais, a incerteza temporal também pode ser obtida em forma
fechada usando o método dos momentos, sendo determinada por [111]

S ASET02 1
σ t2 = [ N A + N A ( N A − 1)(2N A − 1)d 2 ], (9.3.9)
3E s 6

em que usamos ES para a energia do sóliton de entrada, para enfatizar


o fato de que esta é diferente da energia E0 do sóliton com DM na Eq.
(9.3.7). Para uma comparação justa entre sólitons convencionais e com DM,
consideremos sistemas solitônicos idênticos, exceto pelo fato de o mapa de
dispersão ser substituído por uma única fibra cuja GVD é constante e igual
ao valor médio β 2 . É possível determinar a energia Es do sóliton usando
E0 = 2P0T0 com P0 = | β 2 |/(gT02 ), sendo dada por:
E = 2 f | β |/(γT ), (9.3.10)
s LM 2 0

onde fLM é o fator de aumento resultante do gerenciamento de perda


(fLM ≈ 3,8, para um ganho de 16 dB). A linha tracejada na Figura 9.12 mostra
a incerteza temporal usando as Eqs. (9.3.9) e (9.3.10). Uma comparação das
duas curvas revela que a incerteza temporal é consideravelmente menor
para sólitons com DM. A razão física para a redução da incerteza temporal
está relacionada ao aumento na energia de sólitons com DM. Na verdade, a
razão de energias E0/Es é igual ao fator de aumento fDM introduzido na Eq.
(9.3.6). De um ponto de vista prático, a redução da incerteza temporal para
sólitons com DM permite distâncias de transmissão muito maiores, como
fica evidente na Figura 9.12. Notemos que a Eq. (9.3.9) também se aplica
a DDFs, pois variações de GVD ao longo da fibra podem ser incluídas no
parâmetro d definido na Eq. (9.1.9).
Para sistemas solitônicos de longas distâncias, o número de amplificado-
res é suficientemente grande para que o termo N A3 domine a Eq. (9.3.9)
e, para sólitons convencionais, a incerteza temporal seja dada aproximada-
mente por [103]:
514 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

σ t2 S L3
2
= ASE2 T . (9.3.11)
T0 9E s L D L A

Comparando as Eq. (9.3.8) e (9.3.11), concluímos que a incerteza temporal


é reduzida por um fator (fDM/3)1/2 quando sólitons com DM são usados.
Com o intuito de obter uma regra de projeto simples, podemos usar a
Eq. (9.3.11) com a condição σt < bj/B, sendo bj a fração do bit slot pela qual
um sóliton pode se mover sem afetar negativamente o desempenho do sis-
tema. Usando B = (2q0T0)−1 e Es da Eq. (9.3.10), o limite do produto taxa
de bits-distância BLT é obtido para sólitons convencionais como:
1/3
 9b 2 f L 
BLT <  j LM A  . (9.3.12)
 S ASE q0γ β 2 

Para sólitons com DM, o fator de aumento de energia fLM é substituído por
fLMfDM/3. O valor tolerável de bj depende da BER aceitável e de detalhes
da configuração do receptor; tipicamente, bj < 0,1. Para ver como ruído
de amplificadores limita a distância de transmissão total, consideremos um
sistema baseado em sólitons convencionais, operando em 10 Gb/s, com
os seguintes valores de parâmetros: T0 = 10 ps, q0 = 5, a = 0,2 dB/km,
g = 2 W−1/km, β 2  = − 1 ps/(km-nm), nsp = 1,5, LA = 50 km e bj = 0,08.
Usando G = 10 dB, obtemos fLM = 2,56 e SASE = 2,16 × 10−6 pJ. Com esses
valores, BLT deve ficar abaixo de 70 (Tb/s)-km e a distância de transmissão
se torna limitada a menos de 7.000 km, em 10 Gb/s. É possível aumentar
esse valor para mais de 10.000 km com uso de sólitons com DM.

9.3.5  Controle de Incerteza Temporal


Uma vez que a incerteza temporal acaba por limitar o desempenho de um
sistema solitônico, é essencial encontrar uma solução para o problema de
incerteza temporal a fim de que sólitons tenham uso prático.Várias técnicas
foram desenvolvidas durante a década de 1990 para o controle da incerteza
temporal [115]-[136]. Esta subseção é dedicada a uma breve discussão dessas
técnicas.
O uso de filtros ópticos para o controle da incerteza temporal foi sugeri-
do em 1991 [115]-[117]. Essa abordagem utiliza o fato de a ASE ocorrer em
toda a largura de banda de amplificadores, enquanto o espectro de um sóliton
ocupa apenas uma pequena fração dela. A largura de banda de filtros ópticos
é escolhida de modo que a sequência de bits solitônicos passe pelo filtro e a
maior parte da ASE seja bloqueada. O posicionamento de filtro óptico após
cada amplificador melhora a SNR, pois reduz a ASE e a incerteza temporal
simultaneamente. Isso foi, de fato, observado em um experimento de 1991
[116], mas a redução na incerteza temporal foi menor do que 50%.
Controle de Efeitos Não Lineares 515

A técnica de filtragem pode ser bastante melhorada, permitindo que a


frequência central de sucessivos filtros ópticos deslize lentamente ao longo
do enlace. Esses filtros de frequência deslizante evitam o acúmulo de ASE na
largura de banda de filtragem e, ao mesmo tempo, reduzem o crescimento
da incerteza temporal [118]. O mecanismo físico do funcionamento desses
filtros pode ser entendido como explicado a seguir. À medida que a banda
passante dos filtros desliza, o espectro de sólitons também desliza para mi-
nimizar perdas induzidas por filtragem. Em contraste, o espectro da ASE
não é alterado. O resultado líquido é o ruído de ASE acumulado em alguns
amplificadores ser filtrado posteriormente, depois que o espectro do sóliton
sofra um deslocamento maior do que sua própria largura de banda.
O método dos momentos pode ser estendido para incluir os efeitos
de filtros ópticos notando que cada filtro modifica o campo solitônico da
seguinte forma:
1


U f (z f ,t ) = H f (ω − ω f )U ( z f , ω )e −iωt dω , (9.3.13)
2π −∞

em que U (zf,w) é espectro do pulso e Hf, a função de transferência do


filtro óptico localizado em zf. A banda passante do filtro é deslocada de
wf em relação à frequência portadora do sóliton. Se, no espectro do só-
liton, aproximarmos o espectro do filtro por uma parábola e usarmos
Hf(w−wf) = 1 − b(w−wf)2, fica fácil ver que o filtro introduz uma perda
adicional ao sóliton, a qual deve ser compensada por meio do aumento do
ganho dos amplificadores ópticos. A análise mostra que filtros de frequência
deslizante reduzem consideravelmente a incerteza temporal tanto para
sólitons convencionais como para sólitons com DM [131].
Sólitons também podem ser controlados no domínio do tempo com
uso da técnica de modulação em amplitude síncrona, implementada na
prática com um modulador de LiNbO3 [121]. Essa técnica introduz perdas
adicionais aos sólitons que se deslocaram de suas posições originais (centro
do respectivo bit slot). O modulador força os sólitons a se mover em direção
aos picos de transmissão onde a perda é mínima. Matematicamente, a ação
do modulador altera a amplitude do sóliton como:

U ( zm , t ) → Tm (t − tm )U ( zm , t ), (9.3.14)

sendo Tm(τ) o coeficiente de transmissão do modulador posicionado em


z = zm. O método dos momentos ou teoria perturbacional pode ser usado
para mostrar que a incerteza temporal é consideravelmente reduzida pelos
moduladores.
A técnica de modulação síncrona também pode ser implementada com
um modulador de fase [122]. É possível entender o efeito da modulação em
516 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

fase periódica recordando que um deslocamento de frequência está associado


a todas as variações de fase dependentes do tempo. Como uma alteração na
frequência do sóliton equivale a uma alteração na velocidade de grupo, a
modulação em fase induz um deslocamento temporal. Modulação em fase
síncrona é implementada de forma que o sóliton sofra deslocamento de
frequência somente quando se desloca do centro do bit slot, o que o confina
na posição original, apesar da incerteza temporal induzida por ASE e outras
fontes. Modulações em intensidade e em fase podem ser combinadas visando
melhorar ainda mais o desempenho de sistemas [123].
A modulação síncrona pode ser combinada com filtros ópticos para
controle simultâneo de sólitons nos domínios do tempo e da frequência. Na
verdade, essa combinação permite distâncias de transmissão arbitrariamente
longas [124]. O uso de moduladores de intensidade também permite um es-
paçamento relativamente grande entre amplificadores, reduzindo o impacto
de ondas dispersivas. Essa propriedade de moduladores foi explorada em
1995 a fim de transmitir um trem de sólitons de 20 Gb/s por 150.000 km,
com espaçamento de 105 km entre amplificadores [125]. Moduladores
síncronos também ajudam a reduzir a interação entre sólitons e a limitar o
nível de ruído de amplificadores. A principal deficiência de moduladores
é o fato de requererem um sinal de relógio que seja sincronizado com a
original sequência de bits.
Uma abordagem relativamente simples usa pós-compensação da dis-
persão acumulada para a redução da incerteza temporal [126]. Pode-se
compreender a ideia básica pela Eq. (9.3.7) ou pela Eq. (9.3.9), obtidas para
a incerteza temporal de sólitons convencionais e com DM, respectivamente.
A dependência entre o termo cúbico − que domina a incerteza temporal
em longas distâncias − e a dispersão acumulada são descritas pelo parâmetro
d. A adição de uma fibra à extremidade do enlace, para diminuir a dispersão
acumulada, deve ajudar a reduzir a incerteza temporal. A contribuição da
fibra de pós-compensação à incerteza temporal pode ser incluída com
facilidade com uso do método dos momentos. No caso de sólitons com DM,
a variância da incerteza temporal no fim de uma fibra de pós-compensação
de comprimento Lc e GVD b2c é dada por [111]:

σ c2 = σ t2 + (S ASETm2 /E0 )[2N AC 0dc + N A ( N A − 1)ddc + N Adc2 ], (9.3.15)



onde σ t2 é dado pela Eq. (9.3.7) e dc = b2cLc/Tm2 . Se definirmos y = − dc/(NAd)
como a fração de compensação da dispersão acumulada NAd e retivermos
apenas os termos cúbicos dominantes na Eq. (9.3.15), essa equação pode
ser escrita como:

σ c2 = N A3 d 2Tm2 (S ASE /E0 )( y 2 − y + 1/3). (9.3.16)


Controle de Efeitos Não Lineares 517

O valor mínimo ocorre para y = 0,5, para o qual σ c2 é reduzido por um


fator de 4. Portanto, a incerteza temporal de sólitons pode ser reduzida por
um fator de 2 com a pós-compensação de 50% da dispersão acumulada. A
mesma conclusão se aplica a sólitons convencionais [126].
Várias outras técnicas podem ser usadas para o controle da incerteza
temporal. Uma consiste na inserção periódica de rápidos absorvedores
saturáveis ao longo do enlace de fibra. Esses dispositivos absorvem luz
de baixa intensidade, como as ondas de ASE e dispersivas, mas deixam
os sólitons intatos, pois são transparentes às altas intensidades. Para serem
efetivos, os dispositivos devem responder em uma escala de tempo menor
do que a largura do sóliton. É difícil encontrar um absorvedor capaz de
responder em escala de tempo tão curta. Um anel óptico refletivo não
linear pode funcionar como um rápido absorvedor saturável e reduzir a
incerteza temporal de sólitons, além de, também, estabilizar a amplitude dos
mesmos [127]. A ressincronização de um trem de sólitons também pode ser
efetuada tirando proveito da modulação de fase cruzada [128]. Essa técnica
sobrepõe a sequência de dados solitônicos e outro trem de pulsos composto
somente de bits 1 (um relógio óptico) em uma fibra na qual a modulação
de fase cruzada (XPM) induz uma defasagem não linear em cada sóliton na
sequência de bits de sinal.Tal modulação em fase se traduz em um desloca-
mento líquido de frequência somente quando o sóliton não está no centro
do respectivo bit slot. Como na modulação em fase síncrona, a direção do
deslocamento de frequência é tal que o sóliton fica confinado ao centro
do bit slot. Outros efeitos não lineares − como espalhamento estimulado Raman
[129] e mistura de quatro ondas (FWM) − também podem ser explorados
para o controle de parâmetros de sólitons [130]. A técnica de amplificação
distribuída também ajuda a reduzir a incerteza temporal [114].

9.4  SISTEMAS DE ONDAS LUMINOSAS


PSEUDOLINEARES
Sistemas de ondas luminosas pseudolineares operam no regime em
que o comprimento de dispersão local é muito menor do que o com-
primento não linear em todos os segmentos de fibra de um enlace com
gerenciamento de dispersão. Essa abordagem é mais adequada a sistemas
que operam a taxas de bits de 40 Gb/s ou mais e empregam pulsos ópticos
relativamente curtos, que se espalham com rapidez por múltiplos bits à
medida que se propagam pelo enlace. Esse espalhamento reduz a potência
de pico e o impacto de SPM em cada pulso. Há diferentes maneiras de
projetar sistemas desse tipo. Em uma delas, os pulsos se espalham ao longo
de todo o enlace e são comprimidos no receptor por meio de um dis-
positivo compensador de dispersão. Em outra, com uso de uma DCF (pré-
518 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

compensação), pulsos são espalhados antes de o sinal óptico ser lançado no


enlace de fibra e se comprimem lentamente ao longo do enlace de fibra,
sem a necessidade de qualquer pós-compensação.
Uma terceira possibilidade consiste em empregar compensação perió-
dica em linha. Nesse caso, o mapa de dispersão é escolhido de modo que
cada pulso se alargue por um grande fator no primeiro segmento e seja
comprimido no seguinte, que tem características de dispersão opostas às
do primeiro. Um amplificador óptico restaura a potência de sinal após o
segundo segmento, e se repete todo o processo. É comum que uma pequena
quantidade de dispersão permaneça sem compensação em cada período.
Combinada às quantidades de pré-compensação e pós-compensação, essa
dispersão residual por segmento pode ser utilizada a fim de controlar o
impacto de efeitos não lineares intracanal.
Em todos os sistemas pseudolineares, pulsos ópticos se espalham de modo
incontrolável além de seus respectivos bit slots, levando a considerável sobre-
posição e interação entre pulsos por meio do termo não linear da equação
NLS. O espalhamento de bits pertencentes a diferentes canais WDM produz
uma média que reduz consideravelmente efeitos não lineares entre canais [25].
Contudo, uma realçada interação não linear entre bits do mesmo canal produz
novos efeitos não lineares intracanal que, se não forem controlados, limitam o
desempenho do sistema. Portanto, sistemas pseudolineares estão longe de ser
lineares. A questão importante é se o espalhamento de pulsos ajuda a reduzir
o impacto global da não linearidade da fibra, permitindo que potências mais
elevadas sejam lançadas no enlace de fibra. A resposta a essa questão é positiva.
Nesta seção, focaremos efeitos não lineares intracanal e estudaremos o efeito
dos mesmos em um sistema de ondas luminosas pseudolinear.

9.4.1  Origem de Efeitos Não Lineares Intracanal


Todos os sistemas pseudolineares estão sujeitos à interação não linear entre
pulsos vizinhos que se sobrepõem. A partir de 1999, tais efeitos não lineares
intracanal foram estudados exaustivamente [137]-[149]. Em uma abordagem
numérica, resolve-se a equação NLS (9.1.2) para uma sequência de bits
pseudoaleatória com a entrada
M
U (0, t ) = ∑U m (0, t − tm ), (9.4.1)
m =1

onde tm = mTb, Tb é a duração do bit slot, M é o número total de bits incluídos


na simulação numérica. Aqui, Um governa a forma dos pulsos de entrada e,
se o m-ésimo pulso representar um bit 0, Um = 0.
Embora simulações numéricas sejam essenciais para um projeto realis-
ta de sistema, é possível alcançar considerável entendimento com uma
Controle de Efeitos Não Lineares 519

abordagem semianalítica que foque três pulsos adjacentes. Se escrevermos


o campo total como U = U1 + U2 + U3 na Eq. (9.1.2), esta se reduz ao
seguinte conjunto de três equações NLS acopladas [25]:

∂U β ∂2 U 1
i 1− 2 + γ P0 p( z )[(|U 1 |2+ 2|U 2 |2+ 2|U 3 |2 )U 1+ U 22U *3 ]=0, (9.4.2)
∂ z 2 ∂t 2

∂U 2 β 2 ∂2 U 2
i − + γ P0 p( z )[(|U 2 |2 + 2|U 1 |2 + 2|U 3 |2 )U 2 + 2U 1U *2U 3 ] = 0,
∂z 2 ∂t 2 (9.4.3)
∂U 3 β 2 ∂2 U 3
i − + γ P0 p( z )[(|U 3 | +2|U 1 | +2|U 2 | )U 3 + U 2U 1 ] = 0,
2 2 2 2 *

∂z 2 ∂t 2 (9.4.4)
Essas três equações acopladas mostram explicitamente a origem de efei-
tos não lineares intracanal. O primeiro termo não linear corresponde à
SPM. Os dois termos seguintes resultam da XPM induzida pelos outros
dois pulsos. Como esses termos representam interações por XPM entre
pulsos pertencentes a um mesmo canal, o fenômeno é conhecido como
XPM intracanal. O último termo é do tipo de FWM, sendo responsável
por FWM intracanal. Embora pareça estranho que FWM ocorra entre
pulsos de um mesmo canal, devemos recordar que o espectro de cada pulso
tem bandas laterais de modulação localizadas nos dois lados da frequência
portadora. Se diferentes bandas laterais de dois ou mais pulsos que se sobre-
ponham estiverem presentes simultaneamente na mesma janela temporal,
podem interagir por FWM e transferir energia entre pulsos. Esse fenômeno
também é capaz de criar novos pulsos no domínio do tempo. Esses pulsos
são referidos como pulsos-sombra [137] ou pulsos-fantasma [138], e afetam
de modo considerável o desempenho de sistemas, especialmente os pulsos
criados em janelas temporais de bits 0 [146].
O método anterior pode ser estendido ao caso de mais de três pulsos.
Assumindo que a Eq. (9.4.1) seja usada em qualquer distância z, a equação
NLS (9.1.2) pode ser escrita como:
M  ∂U j β 2 ∂2 U j  M M M

∑ i ∂z

2 ∂t  2  = −γ P0 p( z )∑∑∑ U jU k*U l . (9.4.5)
j =1 j =1 k =1 l =1

O triplo somatório no lado direito inclui todos os efeitos não lineares. SPM
ocorre quando j = k = l. Os termos responsáveis por XPM correspondem
as j = k ≠ l e j ≠ k= l. Os termos restantes levam a FWM intracanal. Cada
termo não linear no triplo somatório no lado direito da Eq. (9.4.5) contribui
em uma região temporal próxima a tj + tl − tk, relação análoga à condição
de casamento de fase entre ondas de diferentes frequências [25].Tal relação
pode ser usada visando identificar todos os termos não lineares que podem
contribuir a um pulso específico. É importante notar que, enquanto a energia
520 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

total de todos os pulsos permanece constante durante a propagação, a energia


de qualquer pulso individual pode ser alterada por FWM intracanal.
Quando um pulso é envolto por vários bits zero nos dois lados, podemos
fixar U1 = U3 = 0 nas Eq. (9.4.2) a (9.4.4). A equação resultante para U2 é
idêntica à original equação NLS (9.1.2). Os efeitos de SPM associados a
esse caso foram estudados na Seção 9.1, por meio das Eq. (9.1.5) e (9.1.6),
obtidas com a ajuda do método dos momentos. Naquela seção, observamos
que o impacto de SPM era consideravelmente reduzido em sistemas pseu-
dolineares, devido à muito menor potência de pico de cada pulso. O efeito
também é reduzido porque a respiração (breathing) espectral ocorre quando
o espectro do pulso se alarga e se encolhe de um segmento de fibra para
outro. Contudo, os efeitos de XPM e FWM intracanal não são desprezíveis.
Embora XPM intracanal afete somente a fase de cada pulso, tal defasagem
varia com o tempo e afeta a frequência portadora do pulso. Como discutido
mais adiante, o resultante chirp de frequência leva à incerteza temporal por
meio da dispersão da fibra [140].
Na discussão a seguir, estudaremos o impacto de XPM e FWM intracanal
sobre o desempenho de um sistema pseudolinear. Tal impacto depende,
entre outros fatores, da escolha do mapa de dispersão [25]. Em geral, a
otimização de um sistema com gerenciamento de dispersão requer o ajuste
de muitos parâmetros de projeto, como potência lançada, espaçamento entre
amplificadores e posicionamento das DCFs [139]. Em um experimento de
2000, foi possível transmitir um sinal de 40 Gb/s por distâncias transoceâni-
cas − apesar do uso de fibras do tipo padrão − por meio de uma técnica de
modulação síncrona [22]. Em um experimento de 2002, a distância pôde ser
aumentada para 106 km com o uso de modulação síncrona em combinação
com regeneração totalmente óptica [150].

9.4.2  Modulação de Fase Cruzada Intracanal


XPM intracanal introduz incerteza temporal em sistemas pseudolineares.
Para entender a origem disso, consideremos dois bits 1 isolados, fazendo
U3 = 0 nas Eq. (9.4.2) a (9.4.4). O campo óptico associado a cada pulso
satisfaz uma equação da forma:

∂U n β 2 ∂2 U n
i − + γ P0 p( z )(|U n |2 +2|U 3−n |2 )U n = 0, (9.4.6)
∂z 2 ∂t 2

onde n = 1 ou 2. Obviamente, o último termo é devido a XPM. Se, por


ora, ignorarmos o efeito de GVD, esse termo mostra que, em uma curta
distância ∆z, a fase de cada pulso sofre um deslocamento não linear induzido
pelo outro pulso e dado por:

φn ( z, t ) = 2γ P0 p( z )∆z |U 3−n ( z, t )|2 (9.4.7)


Controle de Efeitos Não Lineares 521

Como depende da forma do pulso, esse deslocamento de fase varia ao longo


do pulso e produz um chirp de frequência
∂φn ∂
δωn ≡ − = −2γ P0 p( z )∆z |U 3−n ( z, t )|2 .
∂t ∂t (9.4.8)

conhecido como chirp induzido por XPM.


Como no caso do deslocamento de frequência induzido por ASE e
discutido na Seção 7.7.2, um deslocamento na frequência portadora do
pulso induzido por XPM se traduz, devido a mudanças na velocidade de
grupo do pulso, em deslocamento da sua posição. Se todos os pulsos so-
fressem o mesmo deslocamento temporal, esse efeito seria inócuo. Contudo,
o deslocamento temporal depende do padrão de bits que envolve cada
pulso, o qual varia de bit para bit, dependendo dos dados transmitidos. Em
consequência, pulsos sofrem diferentes deslocamentos temporais nos res-
pectivos bit slots, característica conhecida como incerteza temporal induzida
por XPM. Como veremos mais adiante, XPM também introduz algumas
flutuações de amplitude.
Uma estimativa mais quantitativa dos efeitos de XPM utiliza o método
dos momentos ou variacional. Nesse caso, devemos incluir os esperados des-
locamentos de frequência e temporal, e assumir que a Eq. (9.4.6) apresenta
a seguinte solução:
 1 
U n ( z, t ) = an exp − (1 + iC m )(t − tn ) /Tn2 − iΩn (t − tn ) + iφn , (9.4.9)
2

 2 
onde tn e Ωn representam, respectivamente, a posição e o deslocamento
de frequência do n-ésimo pulso. No método dos momentos, essas duas
grandezas são calculadas usando:

1 i  * ∂U n ∂U n* 
∫ ∫
∞ ∞
tn = E t |U n |2 dt, Ωn = t U n − U n  dt, (9.4.10)
0
−∞
2E0 −∞
 ∂t ∂t 
sendo E0 a energia de entrada de cada pulso.
Notando que cada pulso na Eq. (9.4.9) é quantificado por seis parâme-
tros, essa abordagem leva a 12 equações diferenciais de primeira ordem. As
duas equações de fase podem ser ignoradas, se desprezarmos interações que
dependam da fase. As equações de amplitude não são necessárias, pois
E0 =  π anTn relaciona an a Tn}. Ademais, somente a diferença de frequên-
2

cias ∆Ω = Ω1 − Ω2 e a separação entre pulsos ∆t = t1 − t2 são relevantes


à descrição de efeitos de XPM intracanal. Resta apenas o conjunto de seis
equações:
dTn β 2 ( z )C n
= ,
dz Tn (9.4.11)
522 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

dC n β ( z ) γ ( z ) p( z )E0  2Tn3 2 − µ 2 /2

= (1 + C n2 ) 2 2 + 1 − 3 (1 − µ )e ,
dz Tn 2π Tn  Ta  (9.4.12)
d ∆Ω 8µ −µ 2 /2
= γ ( z ) p( z )E0 e ,
dz πTa2 (9.4.13)
d ∆t
= β 2 ( z )∆Ω,
dz (9.4.14)

onde n = 1 ou 2, m = ∆t/Ta e Ta2 = 21 (T12 +T22 ) .


Uma comparação das Eq. (9.4.11) e (9.4.12) com as Eq. (9.1.5) e (9.1.6)
mostra que, embora a equação de largura permaneça inalterada, a sobreposi-
ção de dois pulsos vizinhos modifica a equação de chirp. Contudo, qualquer
alteração no chirp também afeta a largura dos pulsos, pois as duas equações
são acopladas. Além disso, alterações na largura dos pulsos se manifestariam
por alterações na amplitude dos pulsos, pois E0 =  π an2Tn permanece cons-
tante para cada pulso. Portanto, a amplitude de qualquer bit 1 dependerá do
fato de este ter como vizinhos bits 0 ou 1. Como, em uma sequência de bits
ópticos, esse padrão varia de modo aleatório, a amplitude de pulso varia de
bit para bit. Essa é a origem da incerteza de amplitude induzida por XPM.
As Eq. (9.4.13) e (9.4.14) mostram que a incerteza temporal induzida
por XPM resulta do deslocamento de frequência ∆Ω. Se ∆Ω fosse nulo, a
separação entre pulsos permaneceria fixa no valor inicial e não ocorreria
qualquer incerteza temporal. A uma taxa de bits B, dois pulsos vizinhos são
inicialmente espaçados por ∆t = Tb ≡ B−1. Quando os dois pulsos possuem a
mesma largura inicial T0, Ta = T0. A Eq. (9.4.13) mostra que o deslocamento
de frequência depende da razão x = T0/Tb, pois F(x) = x−3exp[−1/(2x2)].
A Figura 9.13 mostra como essa função varia com x [138]. A função

Figura 9.13  Deslocamento de frequência normalizado induzido por XPM em função da


largura de pulso T0, para dois pulsos gaussianos separados por Tb. Os detalhes mostram,
esquematicamente, a extensão da sobreposição entre os dois pulsos nos três casos.
(Após a Ref. [138]; ©1999 OSA.)
Controle de Efeitos Não Lineares 523

apresenta valor máximo nas proximidades de x ≪ 1, indicando que o


deslocamento de frequência ∆Ω é máximo quando as larguras dos pulsos
são comparáveis ao espaçamento temporal entre os mesmos. Para pulsos
muito mais curtos do que o bit slot, x = 1 e ∆Ω se anula. Fisicamente, isso é
esperado, pois as caudas de pulsos tão estreitos não se sobrepõem de modo
significativo, e os pulsos não podem interagir via XPM. O que surpreende
é ∆Ω também ser relativamente pequeno quando a largura dos pulsos é
muito maior do que o espaçamento temporal entre eles, de modo que x
≫ 1. Intuitivamente, podemos pensar que essa seria a pior situação, pois os
pulsos se sobreporiam quase completamente. A razão está associada ao fato
de o chirp de frequência na Eq. (9.4.8) depender na inclinação da potência
do pulso, a qual é menor para pulsos mais largos e também muda de sinal,
resultando em um efeito de média. A principal conclusão é que incerteza
temporal induzida por XPM pode ser reduzida com o alargamento dos
pulsos por múltiplos bit slots. Isso é exatamente o que é feito em sistemas
de ondas luminosas pseudolineares.
Nesses sistemas, o deslocamento de frequência ∆Ω e o espaçamento entre
pulsos ∆t mudam com z, à medida que os dois pulsos se propagam pelo enlace
de fibra. Essas mudanças são estudadas com a solução numérica das Eq. (9.4.11)
a (9.4.14) para um dado mapa de dispersão [142]. A Figura 9.14(a) mostra
∆Ω/2π ao longo de um enlace de 100 km formado por dois segmentos de
50 km de fibra com D = ± 10 ps/(km-nm).As duas fibras possuem parâmetro
não linear g = 2 W−1/km. Assumimos que as perdas sejam compensadas por
amplificação distribuída, de modo que p(z) = 1. Os dois pulsos gaussianos
têm largura (FWHM) de 5 ps na entrada e são separados por 25 ps. As linhas

Figura 9.14  (a) Deslocamento de frequência induzido por XPM após um período do
mapa de dispersão e (b) deslocamento temporal no espaçamento entre pulsos em
função da posição de lançamento no regime de GVD anômala da fibra, para dois pulsos
gaussianos de 5 ps separados por 25 ps. As curvas quase coincidem para duas condições
de lançamento. Símbolos mostram resultados numéricos obtidos da equação NLS. (Após
a Ref. [142]; ©2001 OSA.)
524 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

cheias mostram o caso em que esses pulsos são lançados no segmento de GVD
anômala. As curvas quase coincidentes correspondem ao caso em que o mapa
de dispersão é feito simétrico, com lançamento dos pulsos no ponto médio
do segmento. Os asteriscos e círculos mostram resultados obtidos nesses dois
casos por solução direta da equação NLS. A maior parte do deslocamento
de frequência ocorre nas proximidades das duas extremidades do período do
mapa de dispersão, em que os pulsos são relativamente curtos e se sobrepõem
apenas parcialmente.
Embora o deslocamento de frequência seja quase o mesmo para os
mapas simétrico e assimétrico, o deslocamento no espaçamento ∆t en-
tre pulsos em relação ao valor inicial de 25 ps depende muito da exata
posição de lançamento dos pulsos. Isso fica evidente da Figura 9.14(b),
que mostra tal deslocamento em função da posição de lançamento na
fibra de GVD anômala. O deslocamento temporal pode ser positivo ou
negativo, dependendo se o primeiro segmento de fibra exibe dispersão
anômala ou normal. A razão para isso está relacionada ao fato de, no caso
de GVD anômala, os pulsos se atraírem e, no caso de GVD normal, se
repelirem. Como o deslocamento de frequência na Figura 9.14(a) cresce
monotonamente, o segundo segmento é responsável pela maior parte do
deslocamento [142]. A característica mais importante dessa figura é que,
com o mapa de dispersão simétrico, as posições dos pulsos não se alteram.
Nesse caso, deslocamentos temporais produzidos nos dois segmentos se
cancelam completamente.Tal cancelamento pode ocorrer somente quando
amplificação distribuída é empregada, sendo possível usarmos p(z) ≈ 1.
No caso de amplificação concentrada, maiores variações de potência
fortalecem muito os efeitos de XPM no primeiro segmento de um mapa
de dispersão periódico.
Quando se utiliza amplificação concentrada, o mapa de dispersão não
é simétrico. Contudo, é possível cancelar o deslocamento temporal in-
duzido por XPM introduzindo chirp adequado nos pulsos de entrada, antes
de serem lançados no enlace de fibra. Experimentalmente, uma fibra de
comprimento apropriado é usada para aplicar chirp ao pulso. Essa técnica
é equivalente à de pré-compensação discutida na Seção 8.2. A Figura 9.15
mostra os deslocamento de frequência e temporal adquiridos após um
período do mapa de dispersão em função do comprimento de fibra usado
na pré-compensação. O mapa de dispersão de 100 km de comprimento
consiste em um segmento de 75 km com b2 = − 5 ps2/km seguido por um
segmento de 25 km de DCF com b2= 20 ps2/km. A mesma DCF é usada
para pré-compensação. Embora sempre haja um deslocamento de frequência
líquido após um período do mapa de dispersão, o deslocamento temporal
se anula quando o comprimento da fibra de pré-compensação é da ordem
de 3 km.
Controle de Efeitos Não Lineares 525

Figura 9.15  Deslocamentos de frequência e temporal após 100 km em função do


comprimento de DCF usado para pré-compensação. (Após a Ref. [25]; ©2002 Elsevier.)

9.4.3  Mistura de Quatro Ondas Intracanal


O impacto de FWM intracanal é bem distinto do de XPM intracanal, pois
esse processo não linear é capaz de transferir energia de um pulso para pulsos
vizinhos. Em particular, o processo é capaz de criar novos pulsos em bit slots
que representem 0 e, inicialmente, não contenham pulsos.Tais pulsos gerados
por FWM (chamados de pulsos-fantasma ou pulsos-sombra) são indesejáveis
para qualquer sistema de onda luminosa, pois levam a erros adicionais,
caso suas amplitudes se tornem substanciais [137]. Pulsos-fantasma foram
observados em 1992 quando um par de pulsos ultracurtos, cada um alargado
a 90 ps, foi propagado por uma fibra óptica [151]. Contudo, o fenômeno
despertou interesse somente após 1999, quando se observou seu impacto
sobre o desempenho de sistemas de ondas luminosas que empregavam forte
gerenciamento de dispersão [25].
Como exemplo da degradação de desempenho de sistema causada por
FWM intracanal [25], a Figura 9.16 mostra, para um sistema de 40 Gb/s,
resultados de simulações numéricas após 80 km de fibra padrão, com
D = 17 ps/(km-nm). Primeiro, aos pulsos gaussianos de entrada de 5 ps foi
introduzido chirp propagando-os por uma fibra de pré-compensação com
DL = − 527 ps/nm. Outros parâmetros são idênticos aos usados para a
Figura 9.15. Devido ao rápido alargamento dos pulsos de entrada, a incerteza
temporal é consideravelmente reduzida. Contudo, pulsos-fantasma aparecem
526 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

Figura 9.16  Sequência de bits e diagrama de olho no final de 80 km de fibra com
D = 17 ps/(km-nm). A linha tracejada mostra, para comparação, a sequência de bits de
entrada. (Após a Ref. [25]; ©2002 Elsevier.)

em todos os slots de 0, degradando muito o diagrama de olho. As flutuações


de amplitude vistas na figura também resultam de FWM intracanal.
Em comparação com o caso de XPM, o tratamento de FWM intracanal é
mais trabalhoso. Uma abordagem perturbacional foi usada com considerável
sucesso na descrição do impacto de não linearidades intracanal [140], mas
a precisão cai rapidamente para grande incerteza temporal. As principais
vantagens dessa abordagem são: não é necessário assumir uma específica
forma de pulso; a técnica pode ser estendida com facilidade ao caso de uma
sequência de bits pseudoaleatória [143]-[145]. A ideia básica consiste em
assumir que a solução da equação NLS (9.1.2) seja escrita na forma
M M M M
U ( z, t ) = ∑U j ( z, t − t j ) + ∑∑∑∆U jkl ( z, t ), (9.4.15)
j =1 j =1 k =1 l =1

onde M é o número de bits, Uj representa a amplitude do j-ésimo bit,


inicialmente localizado em t = tj, e ∆Ujkl é a perturbação criada pelo termo
não linear. O primeiro termo na Eq. (9.4.15) representa a solução de ordem
zero obtida desprezando o termo não linear na equação NLS (g = 0). É
possível obter essa solução analiticamente. O segundo termo representa a
contribuição de todos os efeitos não lineares, a qual também pode ser obtida
Controle de Efeitos Não Lineares 527

em forma fechada por emprego de uma teoria perturbacional de primeira


ordem [140].
No caso de pulsos de entrada gaussianos com largura T0, a perturbação
produzida pelo termo não linear é dada por [25]:
 t2  ip( z )dz

L
∆U jkl (L , t j + tl − tk ) = γ P0 exp − 2  e i∆φ
 6T0  0
1 + 2id + 3d 2
(9.4.16)
 3[2t / 3 + (t j − tk )][2t / 3 + (tl − tk )] (t j − tl )2 
× exp − − 2 
,
 T0 (1 + 3id )
2
T0 (1 + 2id + 3d ) 
2

em que ∆ø = øk + øl −øj está relacionado às fases dos pulsos individuais e


o parâmetro d(z) é definido como d(z) =  T0 ∫ 0 β 2 (z )dz . Todos os efeitos
−2 z

não lineares intracanal produzidos por SPM, XPM e FWM estão incluídos
nessa solução perturbacional. O número de termos que devem ser incluídos
no triplo somatório na Eq. (9.4.15) cresce com M3, para uma sequência
com M bits. A integral na Eq. (9.4.16) pode ser efetuada analiticamente em
alguns casos limites. Por exemplo, se considerarmos uma fibra de dispersão
constante, fixamos p(z) = 1, assumindo amplificação distribuída ideal, e, se
considerarmos um comprimento de fibra L muito maior do que o com-
2
primento de dispersão LD =  T0 /|b2|, obtemos [140]:
2 i ∆φ
∆U jkl (L , t j + tl − tk ) = (iγ P0 L D / 3)exp(−t /6T0 )e E1(ir jkl L D /L ), (9.4.17)
2

2
em que rjkl = (tj − tk)(tl − t)/ T0 e E1(x) representa a função integral ex-
ponencial.
Pode-se alcançar maior entendimento se considerarmos o caso mais sim-
ples de dois pulsos localizados em t1 = Tb e t2 = 2Tb. Nesse caso, j, k e l as-
sumem os valores 1 ou 2, e 8 termos são considerados no triplo somatório na
Eq. (9.4.15). Os efeitos de SPM são governados pelas combinações 111 e 222.
Os efeitos de XPM intracanal são governados pelas quatro combinações 112,
122, 211 e 221. As duas restantes combinações, 121 e 212, produzem FWM
intracanal e perturbações não localizadas nas originais posições dos pulsos de
entrada, mas nas posições 0 e 3Tb. Se essas duas janelas temporais contiverem
pulsos (e representarem bits 1), ocorre batimento entre essa perturbação e
os pulsos, que se manifesta como incerteza de amplitude. Em contraste, se
representarem bits 0, um pulso-fantasma aparecerá nessas janelas temporais.
Pulsos-fantasma possuem grande impacto sobre o processo de detecção,
dependendo de seu nível de potência.A potência de pico de um pulso-fantasma
localizado em t= 0 é obtida da Eq. (9.4.17), com j=l=1 e k=2, como:
2
1  2iTb2 
Pg (L ) =| ∆U 121(L ,0)| = (γ P0 L D )2 exp(−t 2 /3T02 ) E1 
2
 , (9.4.18)
3 | β 2 |L 
528 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

Figura 9.17  Potência de pico de um pulso-fantasma em função de (a) comprimento do


enlace L e (b) separação entre pulsos Tb. As linhas tracejadas indicam aproximações as-
sintóticas. Os símbolos mostram, para comparação, resultados de simulações numéricas.
(Após a Ref. [140]; ©2000 IEEE.)

em que, para localização dos dois pulsos cuja sobreposição gerou o pulso-fantasma
por FWM intracanal, usamos t1 = Tb e t2 = 2Tb. A Figura 9.17 mostra (a) o
crescimento da potência de pico com o comprimento do enlace L, para um
sinal de 40 Gb/s (Tb = 25 ps) e (b) o decaimento da potência de pico em
L= 20 km em função da duração Tb do bit slot, quando uma sequência de bits
é lançada com 10 mW de potência média em um enlace de fibra padrão [140].
A linha pontilhada foi obtida com a substituição de E1(x) pela aproximação
assintótica |E1(x)| ∼ ln(|1/x|).Tal crescimento logarítmico de Pg em relação a
L é válido somente para enlaces com dispersão constante.A potência transferida
para pulsos-fantasma pode ser reduzida com o aumento de Tb . De fato, a Eq.
−4
(9.4.18) prevê a variação de Pg em relação a Tb na forma Tb , quando usamos
a aproximação assintótica |E1(x)| ∼ 1/x para grandes valores de x. Como
visto na Figura 9.17, as previsões dessa equação exibem boa concordância com
resultados de simulações numéricas baseadas na equação NLS.
Os resultados anteriores mudam bastante com o emprego de um mapa
de dispersão periódico [142]-[147]. Embora cresça de modo logarítmico
durante um período do mapa de dispersão [142], a potência de pico ou a
energia de cada pulso-fantasma ainda pode crescer rapidamente ao longo do
enlace em função da ressonância associada à natureza periódica da perda e da
variação da dispersão [145]. Fisicamente, as amplitudes de pulsos-fantasma
gerados em cada período do mapa de dispersão se somam em fase, devido
a essa ressonância. Em consequência, a potência de pico total no final de
um enlace de comprimento L cresce da seguinte forma:

Pt (L ) = ∆U 121(L ,0) ≡ Pg (L map ) (L /L map ) ,


2 2
(9.4.19)

sendo Lmap o período do mapa de dispersão. Esse crescimento quadrático da ener-


gia de pulsos-fantasma se torna problemático para sistemas de longas distâncias.
Controle de Efeitos Não Lineares 529

FWM intracanal também leva a flutuações de amplitude. Do ponto de


vista físico, sempre que a perturbação ∆Ujkl cair em um bit slot ocupado por
bit 1, ocorrerá batimento entre ela e as amplitudes dos bits em questão. Tal
batimento modifica a amplitude de cada bit 1 por um valor que depende não
apenas do padrão pseudoaleatório de bits, mas também das fases relativas de
pulsos vizinhos. No caso de um mapa de dispersão periódico, flutuações
de energia crescem apenas linearmente com o comprimento do enlace
de fibra [145]. Além disso, essas flutuações podem ser consideravelmente
reduzidas com a adoção de um esquema de amplificação distribuída, de
modo que a potência média não varie muito ao longo do enlace.

9.5  CONTROLE DE EFEITOS NÃO LINEARES


INTRACANAL
Fica claro da Seção 9.4 que XPM e FWM intracanal podem limitar
o desempenho de sistemas pseudolineares. Ambos os efeitos podem
ocorrer mesmo em sistemas que utilizem sólitons com DM, devido a
uma parcial superposição de pulsos em cada período do mapa de dis-
persão. Assim, é importante encontrar formas de reduzir o impacto desses
efeitos com adequado projeto do sistema. Nesta seção, focaremos vários
desses esquemas.

9.5.1  Otimização de Mapas de Dispersão


O projeto de qualquer sistema de onda luminosa requer um apropriado mapa
de dispersão. Há duas opções principais. Em uma, a dispersão se acumula ao
longo da maior parte do comprimento do enlace, sendo compensada usando
DCFs apenas nos lados do transmissor e do receptor (pré-compensação e
pós-compensação). Em outra, a dispersão é compensada periodicamente
ao longo do enlace (compensação em linha), completa ou parcialmente.
Nessa última situação, DCFs podem ser usadas nas duas extremidades para
a compensação de dispersão residual. Os dois tipos de mapas de dispersão
foram usados em experimentos com sistemas de 40 Gb/s.
Em um experimento de 1998, a dispersão acumulada em um enlace
de 150 km com D = 2,3 ps/(km-nm) foi completamente compensada por
pré-compensação e pós-compensação [152]. Pré-compensação funcionou
somente quando a potência lançada era menor do que 5 dBm. Potências
muito mais elevadas (de até 12 dBm) puderam ser lançadas no caso de
pós-compensação, mantendo a penalidade abaixo de 0,5 dB. Um mapa
de dispersão similar foi utilizado em um experimento de 2000, em que se
transmitiu um sinal de 40 Gb/s por 800 km com amplificação periódica
a cada 80 km [153]. Esse experimento usou fibras do tipo padrão e com-
pensou toda a dispersão acumulada (da > 12 ns/nm) no lado do receptor.
530 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

O experimento também foi efetuado no regime pseudolinear, pois em-


pregou pulsos de 2,5 ps para gerar a sequência de bits de 40 Gb/s. Em um
experimento posterior, o espaçamento entre amplificadores foi aumentado
para 120 km [154]. A Figura 9.18(a) mostra o fator Q medido após 3, 4,

Figura 9.18 Fatores Q medidos (símbolos) em um experimento de 40 Gb/s (a) após 3,


4, 5 e 6 amplificadores espaçados de 120 km em função da potência lançada e (b) em
função da distância para 80 e 120 km de espaçamento entre amplificadores. As linhas
tracejadas e pontilhadas mostram o valor de Q necessário para obter BER abaixo de
10-9 e 10−15. (Após a Ref. [154]; ©2000 IEEE.)

5 e 6 amplificadores em função da potência lançada. A uma distância de


600 km, Q2 foi maior do que 15,6 dB (valor necessário para manter a BER
abaixo de 10−9) em uma grande faixa de potência, de 4 a 11 dBm. Contudo,
para comprimento do enlace de 720 km, esse valor de Q2 foi obtido apenas
para um nível de potência de entrada próximo a 8 dBm. Como visto na
Figura 9.18(b), a realização de distâncias muito maiores foi possível com a
redução do espaçamento entre amplificadores para 80 km.
Uma configuração de anel recirculante é comumente adotada na prática
para experimentos de 40 Gb/s que empregam mapas de dispersão perió-
dicos [155]-[158]. Em um experimento operando no regime pseudolinear
[155], a dispersão acumulada em 100 km de fibra de dispersão deslocada foi
compensada usando DCF de modo de ordem superior (veja a Seção 8.2).
A perda de 22 dB no enlace foi compensada com uso de um esquema de
amplificação híbrido, com 15 dB de ganho Raman distribuído realizado
por bombeamento contrapropagante. Nesse experimento, foi possível trans-
mitir dados de 40 Gb/s por 1.700 km, mantendo a BER abaixo de 10−9.
A mesma abordagem foi adotada em outro experimento com anel cujo
comprimento era de 75 km, e a DCF não compensava completamente a
dispersão acumulada [156]. A dispersão residual de −1,4 ps/nm por volta
foi compensada fora do anel, imediatamente antes do receptor. A posição da
DCF foi alterada no anel, para simular situações de pré-compensação e de
Controle de Efeitos Não Lineares 531

pós-compensação. Em geral, pós-compensação levou a melhor desempenho


no caso do formato RZ. A teoria de FWM da Seção 9.4.3 mostra que a
potência transferida para pulsos-fantasma é sensível à quantidade de pré-
compensação. Nesse experimento, a distância de transmissão foi limitada a
cerca de 700 km.
Em vários experimentos de 40 Gb/s, o mapa de dispersão foi projetado
de modo que o sistema operasse no regime solitônico com DM. Em
um experimento, a GVD média em um anel recirculante de 106 km de
comprimento foi variada para otimizar o desempenho do sistema [157].
Observou-se que o sistema era capaz de operar por mais de 1.500 km
ajustando a potência lançada, desde que a dispersão média fosse anômala,
na faixa de 0 a 0,1 ps/(km-nm). Realizou-se desempenho muito melhor
em outro experimento em que foi possível transmitir um sinal de 40 Gb/s
na forma de sólitons com DM por 6.400 km [158]. Em geral, sistemas
solitônicos acabam limitados pela incerteza temporal induzida por XPM,
enquanto sistemas pseudolineares são limitados por pulsos-fantasma gerados
por FWM [159].
A otimização de mapas de dispersão não é uma tarefa trivial, pois
envolve a variação de um grande número de parâmetros de projeto (com-
primentos e dispersão de segmentos de fibra usados para formar o mapa
de dispersão, quantidade de pré-compensação e de pós-compensação
empregadas, largura dos pulsos, etc.) para um dado conjunto de parâme-
tros (como taxa de bits, comprimento do enlace, espaçamento entre am-
plificadores). Exaustivas simulações numéricas revelam várias características
interessantes [25]. Os regimes pseudolinear e de sólitons com DM podem
ser usados no projeto de sistemas de 40 Gb/s, mas os correspondentes
mapas de dispersão são bastante distintos. Quando a dispersão da fibra
é relativamente pequena ao longo da maior parte do enlace [D < 4 ps/
(km-nm)], o regime solitônico funciona melhor para formato RZ com
ciclo de trabalho próximo de 50% e requer alguma dispersão residual
por período do mapa de dispersão. O sistema também pode ser projetado
no regime pseudolinear se o ciclo de trabalho for reduzido a menos de
30% e as quantidades de pré-compensação e pós-compensação forem
adequadamente otimizadas. Em contraste, quando a dispersão é grande
ao longo da maioria do enlace (como quando fibras monomodo do tipo
padrão são empregadas), a operação no regime pseudolinear pode ser
mais desejável para o projeto de sistemas de 40 Gb/s. Embora, em de-
terminadas situações, um sistema solitônico monocanal opere a 40 Gb/s
por distâncias mais longas [149], o regime pseudolinear é comumente
preferível para sistemas WDM [25].
É possível controlar efeitos não lineares intracanal com adequada escolha
de um mapa de dispersão [160]-[166]. Como discutido anteriormente, a
532 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

Figura 9.19  Diagramas de olho simulados numericamente a 1.600 km com mapas de


dispersão (a) simétrico e (b) assimétrico. (Após a Ref. [160]; ©2001 IEEE.)

incerteza temporal induzida por XPM pode ser consideravelmente reduzida


com a escolha de um mapa de dispersão simétrico. Na verdade, como visto
na Figura 9.19, é possível reduzir incertezas temporal e de amplitude se a
dispersão acumulada da(z) =  ∫ D(z )dz for simétrica ao longo do enlace,
z

0
de modo que da(z) = da(L − z) [160]. Na prática, isso pode ser realizado
compensando 50% da dispersão no lado do transmissor e os restantes 50%, no
lado do receptor. Um mapa de dispersão desse tipo foi usado nas simulações
numéricas ilustradas na Figura 9.19, nas quais pulsos gaussianos de 2,5 ps
em bit slots de 25 ps foram propagados por 1.600 km de fibra padrão, com
D = 17 ps/(km-nm). A Eq. (9.4.16) pode ser usada para entender por que
a incerteza pode ser reduzida com mapas de dispersão simétricos, notando
que, para tais mapas, a integração deve ser feita de − L/2 a L/2 [160]. Como
discutido anteriormente, a incerteza temporal resulta de deslocamentos de
frequência induzidos por XPM que, para mapas de dispersão simétricos,
se cancelam. De fato, nessas condições, a incerteza temporal seria nula se
p(z) = 1 na Eq. (9.4.16). A incerteza residual vista na Figura 9.19 advém de
variações na potência média do sinal ao longo do enlace induzidas por um
esquema de amplificação concentrada. A incerteza de amplitude depende
da fase relativa entre o pulso existente em um bit slot e a perturbação não
linear ∆U produzida no bit slot em questão por pulsos vizinhos. A parte da
perturbação em fase com o pulso quase se anula para mapas de dispersão
simétricos, resultando em reduzidas flutuações de amplitude.
Caso um mapa de dispersão periódico seja empregado com dois seg-
mentos de fibra de mesmo comprimento e dispersões opostas, a incerteza
pode ser reduzida com a inversão das duas fibras em períodos alternados
do mapa de dispersão. A Figura 9.20 mostra a redução alcançada nas in-
certezas de amplitude e temporal em três níveis de potência [161], com
tal simetrização do mapa de dispersão. A penalidade de abertura de olho
(PAO) calculada também é exibida. Cada período consiste em dois seg-
mentos de fibra de 40 km com D = ± 17 ps/(km-nm), a = 0,2 dB/km
e g = 1,1 W−1/km. No caso de um mapa de dispersão convencional, as
Controle de Efeitos Não Lineares 533

Figura 9.20  (a) Configuração de enlaces de fibra simétrico e assimétrico, com as corres-
pondentes modificações na dispersão acumulada. (b) Incerteza temporal, incerteza
de amplitude e penalidade de abertura do olho (PAO) em 16 períodos (cada um com
80 km de comprimento), para enlaces simétricos (linhas cheias) e assimétricos (linhas
tracejadas). Diamantes, círculos e quadrados representam potências lançadas de 3, 6 e
9 dBm, respectivamente. Diagramas de olho também são mostrados para os três casos.
(Após a Ref. [161]; ©2004 IEEE.)

incertezas de amplitude e temporal aumentam linearmente com o com-


primento do enlace e se tornam tão grandes que a PAO passa de 4 dB após
700 km, com 6 dBm de potência lançada. Em contraste, quando o mapa
de dispersão é simétrico, a incerteza acumulada em um período é, em
grande parte, cancelada no período seguinte. Em consequência, a incerteza
temporal líquida oscila e aumenta muito mais lentamente no caso de mapas
de dispersão simétricos. Com uma simples modificação que consiste apenas
em inverter as fibras em períodos alternados, o mesmo sistema é capaz de
operar por mais de 1.200 km com penalidade desprezível. Para que ocorra
cancelamento da incerteza, não é necessário que os dois segmentos de fibra
no mapa de dispersão possuam o mesmo comprimento. O conceito de sime-
tria de translação em escala pode ser usado com o intuito de mostrar que é
possível reduzir as incertezas de amplitude e temporal com uma variedade
de mapas de dispersão [162], mesmo quando variações na potência média
não são simétricas em relação ao ponto médio.
O uso de conjugação de fase óptica também pode reduzir os efeitos não
lineares intracanal [167]-[169]. Como discutido na Seção 8.5, essa técnica
equivale a inverter o sinal dos parâmetros de dispersão de todos os segmentos
534 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

de fibra na segunda metade do enlace. Experimentos com sistemas confir-


maram que a conjugação de fase é capaz de reduzir consideravelmente o
impacto de efeitos não lineares intracanal [168].

9.5.2  Técnicas de Alternância de Fase


Como a perturbação não linear na Eq. (9.4.16) depende da fase dos pulsos
que a geram, a fase de entrada dos pulsos ópticos que formam a sequência de
bits pode ser utilizada a fim de controlar efeitos não lineares intracanal [170].
A ideia básica consiste em introduzir uma defasagem relativa entre quais-
quer dois bits adjacentes, resultando em um formato de modulação referido
como formato RZ de fase alternada (AP-RZ − Alternate-Phase RZ).Vários
outros formatos, como RZ com portadora suprimida (CSRZ − Carrier-
Suppressed RZ), RZ duobinário, RZ-DPSK e RZ com inversão alternada
de marca (AMI − Alternate-Mark-Inversion), também podem ser empregados.
O último formato foi usado em um experimento de 2003 para trans-
mitir um sinal de 40 Gb/s por 2.000 km [171]. A melhora no fator Q
foi, tipicamente, de menos de 1 dB, em comparação com o formato RZ
convencional.
A questão importante é: que técnica de alternância de fase é a escolha
ótima para a supressão de efeitos não lineares intracanal? Como pulsos-
fantasma gerados por FWM intracanal são, em geral, o fator limitante para sis-
temas pseudolineares, podemos perguntar: que técnica permite maior redu-
ção de amplitude desses pulsos [172]-[174]? Quatro formatos de modulação
foram comparados em uma investigação numérica [173], cujos resultados são
mostrados na Figura 9.21. É exibida uma curva do fator Q para um sistema de

Figura 9.21  Dependência do fator Q em relação à potência obtida numericamente para


um canal de 40 Gb/s a uma distância de 1.000 km, para quatro formatos de modulação
e dois mapas de dispersão (a) e (b). (Após a Ref. [173]; ©2003 IEEE.)

40 Gb/s, a uma distância de 1.000 km, para dois mapas de dispersão com pe-
ríodo de 100 km. O mapa (a) consiste em três segmentos tais que D = 19 ps/
(km-nm) no primeiro e no terceiro segmentos (cada um com 30 km) e
D = − 28 ps/(km-nm) no segundo segmento, de 40 km de comprimento.
O mapa (b) emprega 100 km de fibra padrão, com D = 17 ps/(km-nm),
Controle de Efeitos Não Lineares 535

cuja dispersão é compensada por DCFs. O ciclo de trabalho para o formato


CSRZ é, tipicamente, de 66%, e de apenas 33% para o formato RZ con-
vencional. Como visto na Figura 9.21, os formatos DPSK e AMI resultam
em melhor desempenho do que os formatos RZ e CSRZ. É possível com-
preender isso notando que a amplitude dos pulsos-fantasma gerados por
várias combinações dos subscritos j, k e l na Eq. (9.4.16) depende da fase de
bits vizinhos, entre outros fatores. A melhora obtida pelo uso dos formatos
DPSK e AP-RZ depende da potência lançada. Em geral, mais potência pode
ser lançada quando se empregam técnicas de alternância de fase.
O formato CSRZ é um exemplo do formato AP-RZ para o qual
a diferença de fase dø entre bits adjacentes é fixada em π. Obviamente,
podemos escolher dø na faixa de 0 a π, embora a portadora óptica possa
não ser suprimida completamente. Um estudo numérico mostra que o valor
ótimo de dø é próximo de π/2, pois essa escolha minimiza o surgimento de
pulsos-fantasma gerados por FWM intracanal [174]. A Figura 9.22 mostra o

Figura 9.22  Crescimento da potência em bits 0 em função da distância, para um sinal


de 40 Gb/s com pulsos de 6,25 ps e três formatos RZ. (Após a Ref. [174]; ©2004 IEEE.)

desvio-padrão da potência em bits 0 (calculado numericamente) em função


da distância para um sinal de 40 Gb/s com pulsos com ciclo de trabalho de
25%. O mapa de dispersão consiste em 60 km de fibra padrão, seguidos por
12 km de uma DCF. Como esperado da teoria da Seção 9.4.3, a potência
nos bits 0 aumenta rapidamente, em uma dependência quadrática, para o
sinal RZ convencional (dø = 0). O crescimento é ligeiramente reduzido
no caso do formato CSRZ (dø = π). Contudo, a potência é reduzida
em grande parte se dø = π/2. Resultados experimentais suportam essa
conclusão.
536 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

9.5.3  Intercalação de Bits por Polarização


Outra técnica para o controle de efeitos não lineares intracanal alterna a
polarização de bits adjacentes em um sinal RZ. Essa técnica tira proveito do
fato de os processos XPM e FWM dependerem do estado de polarização
(SOP − State Of Polarization) das ondas envolvidas.A técnica de intercalação de
bits por polarização foi usada pela primeira vez em 1991 para a redução
da interação entre sólitons adjacentes [175]. Em outra abordagem, comu-
mente adotada para aumentar a eficiência espectral de sistemas WDM, canais
adjacentes são polarizados ortogonalmente [176]. Contudo, tal abordagem
difere muito da considerada nesta seção, na qual bits adjacentes de um dado
canal são polarizados ortogonalmente por intercalação no domínio do
tempo [177]-[181].
A Figura 9.23 mostra dois esquemas que podem ser usados para alter-
nância de polarização bit a bit [181]. Nos dois, utiliza-se um modelador de

Figura 9.23  Diagramas em blocos de dois esquemas para alternância de polarização,


de modo que bits adjacentes sejam ortogonalmente polarizados. Os acrônimos PM,
PBS, PBC, MOD e APol significam modulador de fase (Phase Modulator), divisor de feixe
por polarização (Polarization Beam Splitter), combinador de feixe por polarização (Pola-
rization Beam Combiner), modulador de dados (Data Modulator) e polarização alternada
(Alternate Polarization), respectivamente. (Após a Ref. [181]; ©2004 IEEE.)

pulso (pulse carver) a fim de criar um trem de pulsos RZ não codificados


à dada taxa de bits. No esquema (a), um modulador de fase operando na
metade da taxa de bits, primeiro, impõe uma defasagem a esse trem de
pulsos, que é dividido em suas componentes de polarizações ortogonais,
combinadas depois de um retardo de um bit. Um modulador de dados
codifica, então, o sinal RZ. No esquema (b), o trem de pulsos é, primeiro, co-
dificado com os dados, sendo, em seguida, dividido em suas componentes de
polarizações ortogonais, que são combinadas depois de um modulador
de fase impor uma defasagem em uma das componentes. Na prática, o
Controle de Efeitos Não Lineares 537

segundo esquema é de implementação muito mais fácil. O espectro do sinal


é consideravelmente afetado pela alternância de polarização. Em particular,
o espectro de componentes com polarizações ortogonais possuem bandas
laterais espaçadas pela taxa de bits B, e são deslocados por B/2.
Considerável redução do nível de potência de pulsos-fantasma gerados
por FWM intracanal foi observada em um experimento de 40 Gb/s em um
anel recirculante [181]. O anel incluía quatro seções de 82,3 km, cada uma
formada por 70 km, mais ou menos, de fibra padrão seguidos por uma DCF
que deixava uma dispersão residual de 40 ps/nm por seção. Bombeamento
Raman contrapropagante foi usado a fim de compensar as perdas da seção
de modo distribuído. A Figura 9.24 mostra a BER medida em função da
potência lançada, após uma distância de 2.000 km (seis voltas completas
no anel). As quatro curvas correspondem a quatro diferentes formatos de
modulação. Os ciclos de trabalho de sequências de bits RZ e CSRZ foram
de 33% e 66%, respectivamente.
Várias características da Figura 9.24 merecem destaque. Primeiro, para
os formatos RZ e CSRZ, a BER mínima foi ≥ 10−4 quando todos os bits

Figura 9.24  BER medida em função da potência lançada, a uma distância de 2.000 km,
para quatro diferentes formatos de modulação. SPol e APol designam padrões de
bits com mesma polarização (Same Polarization) e polarização alternada (Alternate
Polarization), respectivamente. (Após a Ref. [181]; ©2004 IEEE.)

tinham o mesmo SOP, sendo realizada a um valor relativamente baixo da


potência lançada. Quando a técnica de alternância de polarização foi imple-
mentada, a BER melhorou consideravelmente e seu valor mínimo ocorreu
em um nível de potência mais elevado (cerca de 1 dBm). Esses resultados
indicam que o fator Q2 melhorou por 4,5 dB quando bits adjacentes foram
polarizados ortogonalmente, e podem ser entendidos como explicado a
538 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

seguir. Com a alternância de polarização, efeitos não lineares intracanal são


reduzidos de modo significativo, levando a uma BER muito mais baixa para
o formato RZ, como fica evidente da Figura 9.24. Como o ciclo de trabalho
era de 66% para o sinal CSRZ, cada bit 1 tinha uma maior largura de pulso,
resultando em desempenho ligeiramente pior do que o do sinal RZ (com
ciclo de trabalho de 33%), nas mesmas condições de operação. A principal
conclusão é que o emprego de alternância de polarização no domínio do
tempo ajuda a reduzir consideravelmente os efeitos não lineares intracanal
em sistemas de ondas luminosas de alta velocidade que opere a taxas de
bits de 40 Gb/s ou mais. Um formato RZ de baixo ciclo de trabalho é,
em geral, a escolha preferencial para tais sistemas, permitindo que o sistema
opere no regime pseudolinear.

Exercícios
9.1 Resolva a equação NLS (9.1.2) numericamente usando o mesmo
mapa de dispersão empregado para a Figura 9.1. Considere um sis-
tema de 40 Gb/s projetado para pulsos gaussianos RZ com 6,25 ps
de largura (FWHM). Use um padrão de bits com 128 bits e cons-
trua curvas semelhantes às mostradas na Figura 9.1(a), assumindo
que a máxima distância corresponda a uma penalidade de 1 dB na
abertura do olho. O desempenho desse sistema é melhor do que o da
Figura 9.1, que tinha ciclo de trabalho de 50%? Justifique sua resposta
em termos físicos.
9.2 Deduza as Eq. (9.1.5) e (9.1.6) usando o método dos momentos.
9.3 Refaça a dedução das Eq. (9.1.5) e (9.1.6) com um método variacional.
9.4 Escreva um programa de computador para resolver as Eq. (9.1.5) e
(9.1.6) usando Fortran, Matlab ou outra linguagem de programação.
Use o programa para reproduzir os resultados mostrados nas Figu-
ras 9.3 e 9.4.
9.5 Um sistema solitônico de 10 Gb/s opera em 1,55 mm usando uma
fibra de dispersão constante com D = 2 ps/(km-nm). A área efetiva
do núcleo dessa fibra é de 50 mm2. Calcule a potência de pico e a
energia de pulso necessárias à obtenção de sólitons fundamentais de
30 ps de largura (FWHM). Use n2 = 2,6 × 10−20 m2/W.
9.6 O sistema solitônico do exercício anterior precisa ser atualizado
para 40 Gb/s. Calcule a largura de pulso, a potência de pico e
a energia dos sólitons quando a largura (FWHM) dos sólitons
corresponde a 20% do bit slot. Qual é a potência lançada média
para esse sistema?
9.7 Comprove, por substituição direta, que a solução solitônica dada na
Eq. (9.2.8) satisfaz a equação NLS.
9.8 Resolva numericamente a equação NLS (9.2.1) e faça um gráfico da
evolução de um sóliton de quarta ordem em um período de sóliton.
Compare seus resultados com os mostrados na Figura 9.5 e comente
as principais diferenças.
Controle de Efeitos Não Lineares 539

9.9 Comprove numericamente, por meio da propagação de um sóliton


fundamental por 100 comprimentos de dispersão, que a forma do
sóliton não se altera na propagação. Repita a simulação para um pulso
gaussiano com a mesma potência de pico e explique os resultados.
9.10 Um sistema solitônico de onda luminosa de 10-Gb/s é projetado com
T0/Tb = 0,1 para assegurar sólitons bastante separados na sequência
de bits RZ. Calcule a largura de pulso, a potência de pico, a energia de
pulso e a potência média do sinal RZ; assuma b2 = − 1 ps2/km e
g = 2 W−1/km.
9.11 Prove que a energia de sólitons convencionais deve ser aumentada
pelo fator GlnG/(G − 1) quando a perda da fibra a é compensada
periodicamente por amplificadores ópticos. Aqui, G = exp(aLA) é o
ganho de cada amplificador e LA, o espaçamento entre amplificadores.
9.12 Um sistema de comunicação solitônico de 10-Gb/s é projetado
com 50 km de espaçamento entre amplificadores. Qual deve ser a
potência de pico do pulso de entrada para assegurar que um sóliton
fundamental seja mantido − no sentido médio − em uma fibra com
perda de 0,2 dB/km? Assuma 100 ps de largura de pulso (FWHM),
b2 = − 0,5 ps2/km e g = 2 W-1/km. Qual é a potência lançada média
para esse sistema?
9.13 Calcule a máxima taxa de bits para um sistema solitônico projetado
com q0 = 5, b2 = − 1 ps2/km e LA = 50 km. Assuma que as condições
(9.2.14) sejam satisfeitas com B2LA no nível de 20%. Qual é a largura
do sóliton à máxima taxa de bits?
9.14 Use a equação NLS (9.1.2) para provar que sólitons permanecem
inalterados pelas perdas da fibra quando a dispersão cai exponencial-
mente como b2(z) = b2(0)exp(−az).
9.15 Resolva as Eq. (9.1.5) e (9.1.6) numericamente, impondo a condição
de periodicidade dada na Eq. (9.2.15). Faça gráficos de T0 e C0 em fun-
ção da energia do pulso de entrada, na faixa de 0,1 a 10 ps, para o mapa
de dispersão que usa 70 km de fibra padrão, com D = 17 ps/(km-nm),
e 10 km de DCF, com D = − 115 ps/(km-nm). Para a fibra padrão,
use g = 2 W−1/km e a = 0,2 dB/km; para a DCF, use g = 6 W−1/
km e a = 0,5 dB/km.
9.16 Calcule a intensidade S e o parâmetro Tmap do mapa de dispersão usado
no exercício anterior quando pulsos de entrada de 1 pJ são lançados.
Estime a máxima taxa de bits que esse mapa de dispersão suporta.
9.17 Explique, em termos físicos, como XPM intracanal entre pulsos
ópticos que representam bits 1 produz incertezas de amplitude e
temporal.
9.18 O que significa pulso-fantasma? Explique como tal pulso é gerado
por FWM intracanal em um sistema pseudolinear.

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Controle de Efeitos Não Lineares 543

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CAPÍTULO 10

Sistemas de Ondas Luminosas


Avançados
Os sistemas de ondas luminosas discutidos até aqui são baseados em um sim-
ples esquema de modulação digital em que uma sequência de bits binários
elétricos modula a intensidade de uma portadora óptica em um transmissor
óptico (chaveamento liga-desliga). Após transmissão pelo enlace de fibra,
o resultante sinal óptico vai diretamente para um receptor óptico que o
converte no original sinal digital no domínio elétrico, esquema conhecido
como modulação em intensidade com detecção direta (IM/DD − Intensity
Modulation with Direct Detection). Muitos esquemas alternativos, bastante co-
nhecidos no contexto de sistemas de comunicação por rádio e micro-ondas
[1]-[3], transmitem informação modulando a amplitude e a fase de uma
onda portadora. Embora o uso de tais formatos de modulação para sistemas
ópticos tenha sido considerado na década de 1980 [4]-[9], somente após
o ano 2000, a modulação em fase despertou renovado interesse, motivado
principalmente pelo potencial de aumentar a eficiência espectral de sistemas
WDM [10]-[16]. Dependendo da configuração do receptor, é possível clas-
sificar esses sistemas em duas categorias: sistemas coerentes [14], em que se
detecta o sinal transmitido por detecção homódina ou heteródina, havendo
a necessidade de um oscilador local, e sistemas autocoerentes [16], em que
o sinal recebido é, primeiro, processado opticamente para transferir a in-
formação de fase para modulações em intensidade e, depois, enviado a um
receptor de detecção direta.
A motivação para o uso de codificação de fase possui dois aspectos.
Primeiro, a sensibilidade de receptores ópticos pode ser melhorada – em
relação à detecção direta − por meio de projeto adequado. Segundo, técnicas
de modulação baseadas em fase permitem utilização mais eficiente da largura
de banda da fibra, aumentando a eficiência espectral de sistemas WDM.
Este capítulo dedica atenção aos dois aspectos. A Seção 10.1 introduz novos
formatos de modulação, assim como as configurações de transmissores e
receptores necessários à implementação dos mesmos. A Seção 10.2 foca
técnicas de demodulação empregadas no lado do receptor. A taxa de erro de
bit (BER) é considerada na Seção 10.3, para vários formatos de modulação e
esquemas de demodulação. A Seção 10.4 trata da degradação da sensibilidade
do receptor devido a mecanismos como ruído de fase, ruído de intensidade,
descasamento de polarização e dispersão da fibra. Ruído de fase não linear é

545
546 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

discutido na Seção 10.5, juntamente com técnicas usadas para compensá-lo.


A Seção 10.6 revê o progresso alcançado recentemente, com ênfase na
melhora da eficiência espectral. O tópico de máxima capacidade de canal é
coberto na Seção 10.7

10.1  FORMATOS DE MODULAÇÃO AVANÇADOS


Como discutido na Seção 1.2.3, tanto a amplitude como a fase de
uma portadora óptica podem ser usadas para codificação da informação a
ser transmitida. No caso de sistemas IM/DD, emprega-se um formato ASK
binário de modo que o pico de amplitude (ou intensidade) da portadora as-
suma dois valores, sendo um próximo de zero (este formato de chaveamento
liga-desliga também é conhecido como OOK − On-Off Keing). Nesta
seção, focamos formatos de modulação baseados em fase e empregados em
modernos sistemas de ondas luminosas.

10.1.1  Codificação de Sinais Ópticos


Recordemos, da Seção 1.2.3, que o campo elétrico E(t) associado a uma
portadora óptica apresenta a forma

E(t ) = ê Re[ aexp(iφ − iω0 t )], (10.1.1)


em que ê é o vetor unitário da polarização, a é a amplitude, φ é a fase e w0,
a frequência portadora. Introduzindo o fator complexo A = aeiφ, podemos
construir um diagrama de constelação em que as partes real e imaginária
de A são marcadas ao longo dos eixos x e y, respectivamente. No caso do
formato OOK, o correspondente diagrama tem dois pontos ao longo do
eixo real, indicando que apenas a amplitude a muda de 0 a a1 sempre que
um bit 1 for transmitido (sem qualquer alteração de fase).
O mais simples formato de chaveamento por deslocamento de fase
(PSK − Phase-Shift Keying) é aquele em que a fase da portadora óptica as-
sume dois valores distintos (Fig. 1.11), tipicamente escolhidos como 0 e π
formato conhecido como PSK binário ou BPSK. Detecção coerente é
necessário para esse formato, pois toda a informação seria perdida se o sinal
óptico fosse detectado diretamente sem, primeiro, ser misturado de modo
coerente com um oscilador local. O uso do formato PSK requer que a fase
da portadora óptica permaneça estável em um intervalo de duração muito
maior do que a duração de um bit, Tb = 1/B, a uma dada taxa de bits B.
Essa exigência representa uma estrita condição sobre as toleráveis larguras
de linha do laser transmissor e do oscilador local, em especial quando a taxa
de bits é relativamente baixa.
A exigência de estabilidade de fase pode ser consideravelmente relaxada
com o emprego de uma variação do formato PSK, conhecida como PSK di-
Sistemas de Ondas Luminosas Avançados 547

ferencial ou DPSK. No caso de DPSK, a informação é codificada na diferença


de fase entre dois bits adjacentes. Caso se utilizem apenas dois valores de fase
(BPSK diferencial ou DBPSK), a diferença de fase ∆φ = φk − φk−1 muda de
π ou 0, dependendo se o k-ésimo bit é um bit 1 ou um bit 0. A vantagem
do formato DPSK é o fato de que o sinal recebido pode ser demodulado
com sucesso, desde que a fase da portadora permaneça relativamente estável
ao longo da duração de dois bits.
O formato BPSK não melhora a eficiência espectral, pois emprega apenas
dois valores distintos de fase da portadora. Se a fase da portadora puder
assumir quatro valores distintos, tipicamente escolhidos como 0, π/2, π e
3π/2, torna-se possível transmitir dois bits simultaneamente. Esse formato é
conhecido como PSK em quadratura (QPSK) e sua versão diferencial, como
DQPSK. A Figura 10.1(a), em que o formato QPSK é ilustrado por meio de
um diagrama de constelação, pode ajudar a entender como é possível trans-
mitir dois bits de modo simultâneo. Como mostrado na figura, podemos alo-
car as quatro possíveis combinações de dois bits – ou seja, 00, 01, 10 e 11 – aos
quatro valores da fase da portadora de forma única. Em consequência,
com o uso do formato QPSK (ou DQPSK), a taxa de bits é, efetivamente,
dividida por dois. A taxa de bits efetiva é denominada taxa de símbolos e ex-
pressa na unidade de baud. Nessa terminologia, muito conhecida nas áreas
de comunicações por rádio e micro-ondas, os valores de fase representam
“símbolos” que são transmitidos, e o número M desses valores representa o
tamanho do alfabeto. A taxa de símbolos Bs está relacionada à taxa de bits B
pela simples expressão B = log2(M)Bs. Assim, se o formato QPSK com M = 4
for empregado com Bs = 40 Gbaud, a informação será transmitida à taxa de
bits de 80 Gb/s, o que corresponde a dobrar a eficiência espectral de um
sistema WDM. Obviamente, a taxa de bits será triplicada se empregarmos
8 valores distintos de fase da portadora utilizando o formato 8-PSK. A
Figura 10.1(b) mostra, para esse caso, a alocação de 3 bits a cada símbolo.

Figura 10.1  Diagramas de constelação para formatos de modulação (a) QPSK,


(b) 8-PSK e (c) 16-QAM, mostrando como combinações de múltiplos bits são alocadas
a diferentes símbolos.
548 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

Formatos de modulação muito mais sofisticados podem ser projeta-


dos se a amplitude do sinal também puder variar de um símbolo para o
seguinte. Um exemplo é mostrado na Figura 10.1(c), em que 16 símbolos
que residem em uma malha quadrada são empregados para transmitir 4
bits simultaneamente. Esse formato de modulação é conhecido como 16-
QAM, onde QAM significa modulação em amplitude em quadratura (Quadrature
Amplitude Modulation). É claro que essa abordagem pode ser estendida para
reduzir a taxa de símbolos empregada. Devemos enfatizar que a alocação de
combinações de bits aos vários símbolos na Figura 10.1 não é arbitrária. Um
esquema de codificação, conhecido como código Gray [2], mapeia diferentes
combinações de bits a diferentes símbolos de modo que apenas um único
bit mude entre dois símbolos adjacentes separados pela menor distância no
diagrama de constelação. Se a codificação Gray não for adotada, é possível
que um único erro de símbolo produza erros em vários bits, resultando em
um aumento na BER do sistema.
A eficiência espectral pode ser aumentada por um fator dois com a
exploração do estado de polarização (SOP) da portadora óptica. No caso
de multiplexação por divisão em polarização (PDM − Polarization-Division
Multiplexing), utiliza-se cada comprimento de onda visando transmitir duas
sequências de bits ortogonalmente polarizadas à metade da taxa de bits
original. Pode parecer surpreendente que tal esquema funcione, pois o SOP
de um canal não permanece fixo ao longo de uma fibra óptica, podendo
variar de modo aleatório, devido a flutuações da birrefringência. Contudo,
é fácil ver que PDM pode ser empregada com sucesso, desde que os dois
canais PDM em cada comprimento de onda permaneçam quase ortogo-
nalmente polarizados em todo o comprimento do enlace. Isso talvez ocorra
somente se efeitos de PMD e despolarização não linear permanecerem
relativamente pequenos ao longo de todo o comprimento do enlace. Se
detecção coerente for empregada no receptor, torna-se possível separar os
dois canais por meio de adequado esquema de diversidade de polarização.
A combinação de QPSK (ou DQPSK) e PDM reduz a taxa de símbolos a
um quarto da taxa de bits e, assim, aumenta a eficiência espectral por um
fator 4. Tal formato QPSK de dupla polarização é atraente porque é pos-
sível transmitir um sinal de 100 Gb/s por enlaces de fibra projetados para
transportar sinais de 10 Gb/s com espaçamento de 50 GHz entre canais,
sendo usado em sistemas comerciais em 2010.
Outra questão de projeto deve ser abordada. No caso de um sinal pura-
mente codificado em fase, como o formato QPSK ilustrado na Figura 10.1(a),
a amplitude ou potência da sequência de dados é, inicialmente, constante
com o tempo, quando o formato NRZ é empregado, pois cada símbolo
ocupa todo o bit slot a ele alocado. Essa situação apresenta duas implicações.
Primeiro, a potência média lançada em cada canal é consideravelmente
Sistemas de Ondas Luminosas Avançados 549

aumentada, característica, em geral, indesejável. Segundo, durante a trans-


missão da sequência de dados pela fibra, vários efeitos dispersivos e não
lineares induzem variações de potência que variam com o tempo, afetando
o desempenho do sistema. Uma alternativa consiste em adotar um formato
de modulação em que todos os slots de símbolo contenham um pulso óptico
cuja fase varie de acordo com o dado transmitido. Essa situação é indicada
adicionando o prefixo RZ ao formato de modulação empregado para a
transmissão dos dados (p. ex., RZ-DQPSK).

10.1.2  Moduladores de Amplitude e de Fase


A implementação de qualquer formato PSK requer um modulador externo
que, por meio de um mecanismo físico conhecido como eletrorrefração, seja
capaz de alterar a fase óptica em resposta a uma tensão aplicada [17]. É pos-
sível utilizar qualquer cristal eletro-óptico com apropriada orientação para
modulação em fase. Um guia de onda de LiNbO3 é comumente empregado
na prática. A defasagem dφ que ocorre no guia de onda está relacionada à
variação de índice de refração dn pela simples expressão:

δφ = (2π /λ )(δ n )lm , (10.1.2)


sendo l o comprimento de onde e lm o comprimento do modulador. A
variação de índice de refração dn é proporcional à tensão aplicada. Portanto,
qualquer defasagem pode ser imposta à portadora óptica por aplicação da
tensão necessária.
Um modulador de amplitude também é necessário nos casos mais
práticos, podendo ser empregado não apenas para converter um sinal CW
de um laser DFB em um trem de pulsos RZ, mas também modular simul-
taneamente amplitude e fase da luz incidente. Uma configuração comum
emprega um interferômetro de Mach-Zehnder (MZ) com o intuito de
converter uma defasagem induzida por tensão em modulação em amplitude
do sinal de entrada.
A Figura 10.2 mostra, esquematicamente, a configuração de um modu-
lador MZ de LiNbO3. O campo de entrada Ai é dividido em duas partes
iguais na junção Y, as quais são recombinadas em outra junção Y depois de
diferentes defasagens serem impostas nelas por aplicação de tensões nos dois
guias de onda que formam os braços de um interferômetro MZ. É comum
expressar essas defasagens na forma φj(t) = πVj(t)/Vπ, sendo Vj a tensão
aplicada no j-ésimo braço (j = 1, 2) e Vπ a tensão necessária à produção de
uma defasagem π. Esse parâmetro é conhecido para qualquer modulador
de LiNbO3 e, tipicamente, está na faixa de 3 a 5 V. Em termos das duas
defasagens, o campo transmitido é fornecido por:
1
At = Ai (e iφ1 + e iφ2 ). (10.1.3)
2
550 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

Figura 10.2  Ilustração de um modulador de LiNbO3. A configuração de Mach-Zehnder


converte um feixe CW de entrada em uma sequência codificada de bits ópticos por
aplicação de tensões apropriadas (nos contatos cinza) aos dois braços do interferômetro.

A função de transferência do modulador é obtida com facilidade na forma


1
tm = At /Ai = cos  (φ1 − φ2 )  exp i (φ1 + φ2 ) /2  . (10.1.4)
2 
mostrando que um modulador MZ afeta a amplitude e a fase da luz que
nele incide. O dispositivo pode atuar como puro modulador de amplitude
se escolhermos tensões nos dois braços tais que V2(t) = −V1(t) + Vb, em
que Vb é uma tensão constante de polarização, pois, nesse caso, φ1 + φ se
reduz a uma constante. A função de transferência de potência do modulador
assume, então, a forma:

2  π 
Tm (t ) = tm = cos 2  [2V1(t ) −Vb ] . (10.1.5)
 2Vπ 

Um modulador MZ desse tipo pode atuar como puro modulador de fase


que altera apenas a fase do sinal de entrada de um valor φ1(t) quando a mesma
tensão é aplicada aos dois braços, de forma que φ1 = φ2.
Embora, com escolha apropriada das tensões V1 e V2 nos braços, um
único modulador MZ altere simultaneamente a amplitude e a fase da luz
incidente, ele não modula as duas quadraturas de modo independente. Uma
solução é fornecida por um modulador em quadratura realizado com a conexão
de três moduladores MZ na forma ilustrada na Figura 10.3, de modo que
cada braço do interferômetro MZ externo contenha seu próprio modulador
MZ. Com a escolha apropriada das tensões aplicadas, podemos cobrir todo
o plano complexo no diagrama de constelação.
Como exemplo, consideremos o formato de modulação QPSK. Nesse
caso, dois moduladores MZ internos são operados no chamado regime
push-pull [17], para o qual, na Eq. (10.1.4), φ2 = −φ1. Ademais, a tensão é
alterada de modo que a função de transferência tm assuma os valores ±1,
correspondentes às duas defasagens 0 e π, dependendo dos bits de dados
transmitidos. O modulador externo é polarizado de forma a produzir uma
Sistemas de Ondas Luminosas Avançados 551

Figura 10.3  Configuração de um modulador em quadratura para geração do formato


QPSK ou DQPSK. Os dois interferômetros MZ internos são excitados por sequências de
dados elétricos, sendo a tensão V3 usada para introduzir uma defasagem constante de
π/2 entre seus dois braços.

defasagem constante de π/2 entre os sinais em seus dois braços. A saída


possui, portanto, quatro possíveis defasagens, dadas por (±1 ±i)/ 2 , corres-
pondentes aos quatro valores de fase π/4, 3π/4, 5π/4 e 7π/4, adequadas à
criação de uma sequência de dados com modulação QPSK. É possível criar
também uma sequência de símbolos DQPSK por esse modulador quando
os dois moduladores MZ internos são excitados por um sinal elétrico
codificado diferencialmente.

10.2  ESQUEMAS DE DEMODULAÇÃO


O uso de codificação em fase requer mudanças substanciais no lado do
receptor. A conversão do sinal óptico recebido na forma elétrica adequada
à reconstrução da original sequência de bits é denominada demodulação.
Quando a informação é codificada na fase da portadora óptica, não é pos-
sível usar detecção direta para demodulação, pois toda a informação de fase
é perdida durante o processo de detecção. Duas técnicas − conhecidas como
demodulação coerente e demodulação por retardo (delay demodulation)− são usadas
para converter informação de fase em variações de intensidade. Como dis-
cutido na Seção 4.5, detecção coerente utiliza um oscilador local, podendo
ser implementada em duas versões, conhecidas como esquemas homódino
e heteródino. Embora conceitualmente simples, a detecção homódina é de
difícil implementação prática, pois requer um oscilador local cuja frequência
case exatamente a frequência da portadora e cuja fase seja travada à do
sinal incidente com o emprego de um laço de travamento de fase óptica.
A detecção heteródina simplifica o projeto do receptor, mas o sinal elé-
trico oscila em frequências de micro-ondas, devendo ser demodulado em
banda básica por meio de técnicas similares às desenvolvidas para sistemas
de comunicação por micro-ondas [1]-[3]. Nesta seção, discutiremos três
esquemas de demodulação usados na prática.
552 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

Figura 10.4  Diagrama em blocos de um receptor heteródino síncrono. BPF e LPF


designam filtros passa faixa e passa-baixas, respectivamente.

10.2.1  Demodulação Heteródina Síncrona


A Figura 10.4 mostra um diagrama em blocos de um receptor heteródino
síncrono. A frequência do oscilador local difere da frequência portadora do
sinal incidente por um valor denominado frequência intermediária (IF − In-
termediate Frequency), escolhido na faixa de micro-ondas (∼1 GHz). A cor-
rente gerada no fotodiodo oscila na frequência intermediária e é filtrada
por um filtro passa faixa (BPF − BandPass Filter) centrado nessa frequência
wIF. Na ausência de ruído, a corrente filtrada pode ser escrita como [veja a
Eq. (4.5.8)]:

I f (t ) = I p cos(ωIF t − φ ), (10.2.1)

onde Ip = 2 Rd PS PLO e φ = φs − φLO é a diferença de fase entre o sinal e o


oscilador local. O ruído também é filtrado pelo BPF. Usando as componentes
em fase e em quadratura do ruído gaussiano filtrado [1], o ruído do receptor
é incluído da seguinte forma:

I f (t ) = ( I p cosφ + ic )cos(ω IF t ) + (I p sin φ + i s ) sin(ω IF t ), (10.2.2)

em que ic e is são variáveis aleatórias gaussianas de média zero e variância


σ2 dada na Eq. (4.5.9).
No caso de demodulação síncrona, um circuito de relógio é usado
para recuperar a portadora de micro-ondas cos(wIFt), como mostrado na
Figura 10.4. If(t) é, então, multiplicada por esse sinal de relógio e filtrada por
um filtro passa-baixas. Obtém-se o resultante sinal em banda básica como:
1
I d = I f cos(ωIF t ) = ( I p cosφ + ic ),(10.2.3)
2
em que os colchetes angulares denotam filtragem de baixa frequência usada
para rejeitar as componentes AC que oscilam em 2wIF. A Eq. (10.2.3) mostra
que apenas a componente de ruído em fase afeta o desempenho de um
receptor heteródino síncrono.
A demodulação síncrona requer recuperação da portadora de micro-­
ondas na frequência intermediária wIF. Vários esquemas eletrônicos pode
Sistemas de Ondas Luminosas Avançados 553

ser empregados para esse propósito, e todos requerem algum tipo de laço
de travamento de fase elétrica [19]. Dois laços comumente empregados
são o laço quadrático (squaring loop) e o laço de Costas (Costas loop). Um laço
quadrático usa um dispositivo de lei quadrática a fim de obter um sinal da
forma cos2(wIFt) que tem uma componente de frequência em 2wIF. Pode-se
usar essa componente para gerar um sinal de micro-ondas em wIF.
Um receptor de uma porta, como o mostrado na Figura 10.4, rejeita
metade da potência de sinal Ps e metade da potência do oscilador local
PLO durante o processo de mistura. A perda na potência de sinal equivale
a uma penalidade de potência de 3 dB. Receptores balanceados fornecem
uma solução. Como mostra o diagrama em blocos na Figura 10.5, um
receptor heteródino balanceado emprega um acoplador de 3 dB com dois
fotodetectores nas duas portas de saída [20]-[22]. É possível entender o
funcionamento de um receptor balanceado considerando as fotocorrentes
I+ e I- geradas em cada ramo:

Figura 10.5  Diagrama em blocos de um receptor heteródino balanceado de duas portas.

1
I± = Rd ( Ps + PLO ) ± Rd PS PLO cos(ωIF t + φ ). (10.2.4)
2
A diferença entre as duas correntes I+ e I- provê o sinal heteródino. O termo
DC é eliminado completamente durante o processo de subtração, se os dois
ramos forem balanceados, de modo que recombinem as potências de sinal
e do oscilador local de forma síncrona. Mais importante, tal receptor balan-
ceado usa toda a potência de sinal e, assim, evita a penalidade de potência de
3 dB intrínseca a qualquer receptor de uma porta. Ao mesmo tempo, como
discutido mais adiante, na Seção 10.4.1, ajuda a reduzir o impacto do ruído
de intensidade de um oscilador local, facilitando a operação do receptor no
limite de ruído de disparo.

10.2.2  Demodulação Heteródina Assíncrona


O projeto de um receptor heteródino pode ser consideravelmente sim-
plificado com a adoção do esquema de demodulação assíncrona, que não
requer recuperação da portadora de micro-ondas. A Figura 10.6 mostra um
554 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

Figura 10.6  Diagrama em blocos de um receptor heteródino assíncrono.

diagrama em blocos de um receptor heteródino. Como antes, a corrente


gerada no fotodiodo é filtrada por um BPF centrado na frequência interme-
diária wIF. O sinal filtrado If(t) é convertido à banda básica por um detector de
envelope, seguido por um filtro passa-baixas. O sinal recebido pelo circuito
de decisão é apenas Id = |If|. Usando If da Eq. (10.2.2), podemos escrever:

I d = I f = [( I p cosφ + ic )2 + (I p senφ + i s )2 ]1/2 . (10.2.5)


A principal diferença é que as componentes em fase e em quadratura do ruído
do receptor afetam o sinal. Embora a SNR seja um pouco degradada, em
comparação com o caso de demodulação síncrona, a degradação de sensibili-
dade resultante da reduzida SNR é relativamente pequena (cerca de 0,5 dB).
Como as exigências de estabilidade de fase são bastante modestas no caso de
demodulação assíncrona, utiliza-se esse esquema com frequência em sistemas
de ondas luminosas. Como no caso de receptores síncronos, é comum empre-
gar um receptor balanceado – tal qual o mostrado na Figura 10.5 − também
no caso assíncrono, a fim de evitar a rejeição de metade das potências de
sinal e do oscilador local durante o processo de mistura.
A demodulação assíncrona pode ser prontamente empregada para os
formatos ASK e FSK. No caso FSK, o receptor heteródino usa dois ramos
separados para processar os bits 1 e 0, cujas frequências portadoras − e,
portanto, as frequências intermediárias − são diferentes. É possível utilizar o
esquema sempre que a separação entre tons for muito maior do que a taxa
de bits, de modo que os espectros dos bits 1 e 0 tenham sobreposição des-
prezível. Os dois BPFs possuem frequências centrais separadas exatamente
pelo espaçamento entre tons, de modo que cada BPF deixa passar apenas o
bit 1 ou o bit 0. O receptor de um filtro da Figura 10.6 pode ser utilizado
para demodulação FSK se sua largura de banda for escolhida para ser sufi-
cientemente grande, de modo a passar toda a sequência de bits. O sinal é,
então, processado por um discriminador de frequências para identificar bits
1 e 0. O esquema funciona bem somente se o espaçamento entre tons for
menor do que a taxa de bits ou comparável a ela.
Não é possível utilizar demodulação assíncrona no caso de qualquer
formato baseado em PSK, pois as fases do laser do transmissor e do oscilador
Sistemas de Ondas Luminosas Avançados 555

local não estão travadas e podem se desviar com o tempo. O emprego do


formato DPSK permite demodulação assíncrona com a adoção de um es-
quema de retardo, no qual o sinal elétrico filtrado é multiplicado por uma
réplica que foi retardada por um período de bit. Uma opção melhor é a
implementação do esquema de demodulação por retardo no domínio óptico,
que evita a necessidade de um oscilador local.

10.2.3  Demodulação por Retardo Óptico


No caso de codificação em fase diferencial, é possível empregar um esquema
conhecido como demodulação por retardo (delay demodulation). O esquema
utiliza um interferômetro MZ cujos dois braços possuem comprimentos
diferentes, de modo que o sinal no braço mais longo seja retardado por
exatamente uma duração de símbolo (Ts = 1/Bs). Esse dispositivo é, às vezes,
referido como interferômetro de retardo óptico. Em contraste com um
modulador MZ de LiNbO3 (Fig. 10.2) − que, tipicamente, tem apenas uma
porta de saída − um interferômetro de retardo, ilustrado na Figura 10.7(a), é
construído com dois acopladores de 3 dB e, portanto, possui duas portas de
saída. Quando um campo óptico A(t) incide em uma das portas de entrada,
as potências nas duas portas de saída são dadas por:
1 2
P± (t ) = A(t ) ± A(t − Ts ) , (10.2.6)
4
em que a escolha do sinal depende se a porta do interferômetro MZ usada
para fotodetecção é a marcada com o sinal mais ou com o sinal menos. Tal
esquema de demodulação também é conhecido como autocoerente, pois uma
réplica retardada do próprio sinal óptico é usada no lugar do oscilador local
exigido para detecção coerente [16].
Embora seja possível recuperar informação de fase processando apenas
uma saída do interferômetro MZ com um fotodetector, tal esquema rara-
mente é adotado, pois rejeita metade da potência recebida. Na prática, o
desempenho do receptor melhora consideravelmente se dois fotodetectores

Figura 10.7  Configurações de receptores para processamento dos formatos (a) DBPSK
e (b) DQPSK para demodulação por retardo óptico, com detecção balanceada. (Após a
Ref. [15]; ©2008 OSA.)
556 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

forem empregado na detecção de P±(t) e as resultantes correntes forem sub-


traídas. Tal esquema de detecção balanceada é ilustrado esquematicamente
na Figura 10.7(a). Com I± = RdP±(t), sendo Rd a responsividade do fotode-
tector, e usando A(t) =  P0 exp[φ(t)] na Eq. (10.2.6), as correntes nos dois
fotodetectores podem ser escritas como:
1
I ± (t ) = Rd P0 [1 ± cos( ∆φ )],
2 (10.2.7)

onde ∆φ(t) = φ(t) − φ(t − Ts) é a diferença de fase entre dois símbolos


adjacentes. Depois de subtrair as duas correntes, o sinal usado pelo circuito
de decisão é dado por:

∆I = Rd Re[ A(t) A* (t − Ts )] = Rd P0 cos( ∆φ ). (10.2.8)


No caso BPSK, ∆φ = 0 ou π, dependendo dos bits transmitidos. Assim,
podemos reconstruir a original sequência de bits a partir das variações
temporais do sinal elétrico.
A situação é mais complicada no caso do formato DQPSK. A Figu-
ra 10.7(b) mostra a configuração de um receptor DQPSK, que emprega
dois interferômetros MZ com retardos de um símbolo e, também, introduz
uma defasagem relativa de π/2 em um deles. As duas saídas resultantes
de cada interferômetro MZ são, então, processadas usando um esquema
de detecção balanceada idêntico ao empregado no caso BPSK. Devido à
defasagem relativa de π/2 em um dos interferômetros de retardo, as duas
correntes de saída correspondem às componentes em fase e em quadratura
do campo óptico recebido.
Interferômetros de retardo óptico podem ser fabricados com diversas
tecnologias, incluindo guias de onda planares de sílica [11], guias de onda
de LiNbO3 [31] e fibras ópticas [32]. Em todos os casos, é importante que
o retardo óptico seja controlado com precisão, pois qualquer desvio em
relação ao necessário retardo Ts leva à degradação do desempenho do sis-
tema. Como o comprimento do percurso óptico dos dois braços pode ser
alterado por flutuações ambientais, um controle ativo da temperatura é co-
mumente exigido na prática. Óptica de espaço livre também tem sido usada
com sucesso. A Figura 10.8 mostra um demodulador DQPSK comercial
baseado em óptica de espaço livre. Esse dispositivo adota uma configuração
alternativa, sendo capaz de operar a uma taxa de símbolos de 20 Gb/s nas
bandas C e L de telecomunicações. Em 2010, dispositivos comerciais eram
capazes de gerar ou receber sinais DPSK (ou DQPSK) de dupla polarização,
adequados a canais WDM de 100 Gb/s.
Uma configuração alternativa, com reduzida complexidade, utiliza um
elemento birrefringente sintonizável cujo comprimento é escolhido de
modo que as componentes em polarizações ortogonais sejam retardadas
Sistemas de Ondas Luminosas Avançados 557

Figura 10.8  Fotografia de um demodulador DQPSK comercial capaz de operar a uma


taxa de símbolos de 20 Gb/s. (Fonte: www.optoplex.com).

uma em relação à outra por exatamente uma duração de símbolo Ts [33]. A


Figura 10.9 mostra como é possível utilizar tal elemento na construção de
um receptor DQPSK. Quando o sinal de entrada é linearmente polarizado
a 45° em relação ao eixo lento (ou rápido) desse elemento, e um divisor de
feixe por polarização (PBS) é usado na saída do elemento para dividir as
componentes em polarizações ortogonais, as duas saídas têm comportamento
igual ao das duas saídas de um interferômetro de retardo óptico. No caso
do formato DBPSK, essas duas saídas podem ser alimentadas diretamente
ao detector balanceado. No caso do formato DQPSK, a saída do dispositivo
é, primeiro, dividida igualmente em duas partes, e defasagens de ±45° são
introduzidas usando um controlador de polarização, de modo que as duas
partes adquiram uma defasagem relativa de π/2. O uso de detectores balan-
ceados permite o processamento separado das componentes em fase e em

Figura 10.9  Configuração de um receptor DQPSK projetado com um elemento birre-


fringente sintonizável. PC e PBS significam controlador de polarização (Polarization
Controller) e divisor de feixe por polarização (Polarization Beam Splitter). (Após a Ref.
[33]; ©2008 IEEE.)
558 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

quadratura do campo óptico incidente. A principal vantagem do emprego de


um elemento birrefringente é que um controle ativo da temperatura deixa
de ser necessário, pois as duas componentes de polarização compartilham o
mesmo percurso óptico no elemento. Ademais, a capacidade de sintonia do
elemento permite a operação do receptor em diferentes taxas de símbolos.

10.3  RUÍDO DE DISPARO E TAXA DE ERRO DE BIT


A relação sinal-ruído (SNR) e a resultante BER para um dado for-
mato de modulação depende do esquema de demodulação empregado [18],
pois o ruído adicionado ao sinal é diferente para diferentes esquemas de
demodulação. Nesta seção, consideraremos o limite de ruído de disparo e
discutiremos a BER para os três esquemas de demodulação da Seção 10.2.
A próxima seção focará uma situação mais realista, em que o desempenho
do sistema é limitado por outras fontes de ruído introduzidas pelos lasers e
amplificadores ópticos empregados ao longo do enlace de fibra.

10.3.1  Receptores Heteródinos Síncronos


Consideremos, primeiro, o caso do formato ASK binário. O sinal usado pelo
circuito de decisão é dado na Eq. (10.2.3) com φ = 0. Em geral, a diferença
de fase φ = φs − φLO varia de modo aleatório, devido às flutuações de fase
associadas com o laser transmissor e o oscilador local. Consideraremos essas
flutuações mais adiante, na Seção 10.4; contudo, aqui, as desprezaremos,
pois nosso objetivo é a discussão do limite de ruído de disparo. O sinal de
decisão para o formato ASK fica escrito como:
1
I d = ( I p + ic ), (10.3.1)
2
em que Ip ≡ 2Rd(PsPLO){1/2} assume o valor I1 ou I0, dependendo se o bit
sendo detectado é um bit 1 ou um bit 0. Assumamos que nenhuma potência
seja transmitida durante o bit 0, e façamos I0 = 0.
Com exceção do fator {½} na Eq. (10.3.1), a situação é análoga à do caso
de detecção direta discutida na Seção 4.5. O fator {½} não afeta a BER,
pois o sinal e o ruído são reduzidos pelo mesmo fator, deixando a SNR
inalterada. Na verdade, podemos usar o mesmo resultado [Eq. (4.6.10)],
1
BER = erfc(Q / 2 ), (10.3.2)
2
onde o fator Q, definido na Eq. (4.5.11), pode ser escrito como
I1 − I 0 I 1
Q= ≈ 1 = (SNR)1/2 . (10.3.3)
σ 1 + σ 0 2σ 1 2
Sistemas de Ondas Luminosas Avançados 559

Para relacionar Q à SNR, usamos I0 = 0 e fizemos σ0 ≈ σ1. A última


aproximação é justificada para receptores coerentes cujo ruído é dominado
pelo ruído de disparo induzido pelo oscilador local e permanece o mesmo,
independentemente da potência do sinal recebido. Como mostrado na
Seção 4.5, a SNR pode ser relacionada ao número de fótons Np recebidos
em cada bit 1 por meio da simples expressão SNR = 2 Np, sendo  a
eficiência quântica dos fotodetectores empregados.
O uso das Eq. (10.3.2) e (10.3.3) com SNR = 2 Np fornece a seguinte
expressão para a BER:
1
BER = erfc( η N p /4 ). (10.3.4)
2
Podemos usar o mesmo método para calcular a BER no caso de receptores
homódinos ASK. As Eq. (10.3.2) e (10.3.3) ainda são aplicáveis. Contudo,
a SNR melhora em 3 dB no caso homódino.
É possível utilizar a Eq. (10.3.4) com o intuito de calcular a sensibilidade
do receptor para uma dada BER. Como no caso de detecção direta discutido
na Seção 4.6, definimos a sensibilidade do receptor P rec como a potência
recebida média necessária para realizar uma BER de 10−9 ou menor. Das
Eq. (10.3.2) e (10.3.3), BER = 10−9 quando Q ≈ 6 ou quando SNR = 144
(21,6 dB). Podemos usar a Eq. (4.5.13) para relacionar a SNR a P rec , notando
que P rec  = P s /2 simplesmente porque a potência de sinal é zero durante
os bits 0. O resultado é:

P rec = 2Q 2 hν∆f /η = 72 hν∆f /η. (10.3.5)


No caso homódino ASK, P rec é menor por um fator 2, devido à vantagem de
3 dB da detecção homódina. Como exemplo, para um receptor heteródino
ASK de 1,55 mm com  = 0,8 e ∆f = 1 GHz, a sensibilidade do receptor
é da ordem de 12 nW e se reduz a 6 nW se for usada detecção homódina.
A sensibilidade do receptor é, muitas vezes, dada em termos do número
de fótons Np usando a Eq. (10.3.4), pois isso a torna independente da
largura de banda do receptor e do comprimento de onda de operação.
Além disso,  é feito igual a 1, para que a sensibilidade corresponda à de
um fotodetector ideal. É fácil verificar que, para realizar uma BER = 10-9
nos casos heteródino e homódino, Np deve ser 72 e 36, respectivamente. É
importante lembrar que Np corresponde ao número de fótons em um único
bit 1. O número médio de fótons por bit, N p , é reduzido por um fator 2
no caso do formato ASK binário.
Consideremos, agora, o caso do formato BPSK. O sinal no circuito de
decisão é fornecido pela Eq. (10.2.3) ou por:
1
I d = ( I p cosφ + ic ). (10.3.6)
2
560 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

A principal diferença em relação ao caso ASK é que Ip é constante, mas a fase


φ assume os valores 0 ou π, dependendo se 1 ou 0 é transmitido. Nos dois
casos, Id é uma variável aleatória gaussiana cujo valor médio é Ip/2 ou − Ip/2,
dependendo do bit recebido. A situação é análoga à do caso ASK, com a
diferença de que I0 = −I1, em vez de ser zero. Na verdade, podemos usar a
Eq. (10.3.2) para a BER, mas Q passa a ser determinado por:

I1 − I 0 2I
Q= ≈ 1 = (SNR)1/2 , (10.3.7)
σ 1 + σ 0 2σ 1

em que foi usado I0 = − I1 e σ0 = σ1. Com SNR = 2 Np, a BER é dada por:
1
BER = erfc( η N p ). (10.3.8)
2
Como antes, a SNR melhora em 3 dB, ou por um fator 2, no caso de
detecção homódina PSK.
A sensibilidade do receptor para uma BER de 10−9 pode ser obtida
usando Q = 6. Para efeitos de comparação, é útil expressar a sensibilidade
do receptor em termos do número de fótons Np. É fácil verificar que, para
detecções BPSK heteródina e homódina, Np = 18 e 9, respectivamente.
Para o formato PSK, o número médio de fótons/bit N p é igual a Np, pois a
mesma potência é transmitida durante os bits 1 e 0. Um receptor homódino
PSK é o receptor mais sensível e requer somente 9 fótons/bit.
Por completeza, consideremos o caso do formato FSK binário, para o
qual receptores heteródinos empregam um esquema de dois filtros: cada
filtro deixa passar somente bits 1 ou 0. O esquema é equivalente a dois
receptores heteródinos ASK complementares operando em paralelo, ca-
racterística que nos permite usar as Eq. (10.3.2) e (10.3.3) também para
o caso FSK. Contudo, a SNR melhora por um fator 2, em comparação
com o caso ASK, pois a mesma quantidade de potência é recebida durante
bits 0. Usando SNR = 4Np na Eq. (10.3.3), a BER passa a ser dada por
BER =  21 erfc( ηN p /2 ). Em termos do número de fótons, a sensibilidade é
dada por N p  = Np = 36. A Figura 10.10 mostra a BER em função de Np
para os formatos ASK, PSK e FSK, demodulados por receptor heteródino
síncrono. É interessante comparar a sensibilidade de receptores coerentes
com a de receptores de detecção direta. A Tabela 10.1 mostra tal comparação.
Como discutido na Seção 4.6.3, um receptor de detecção direta ideal requer
10 fótons/bit para operar a uma BER ≤ 10−9. Esse valor é consideravelmen-
te superior ao de esquemas heteródinos, sendo, contudo, jamais alcançado
na prática, devido ao ruído térmico, à corrente no escuro e a muitos outros
fatores que degradam a sensibilidade a ponto de, em geral, ser necessário
N p  > 1.000. No caso de receptores coerentes, é possível realizar N p abaixo
Sistemas de Ondas Luminosas Avançados 561

Figura 10.10  Variação da BER em função de Np para receptores heteródinos síncronos.
As três curvas comparam os limites quânticos para os formatos ASK, FSP e PSK.

Tabela 10.1  Sensibilidade de receptores síncronos


Formato de Modulação Taxa de Erro de Bit Np Np
1
2 erfc ( ηN p /4 ) ) 72 36
ASK heteródino
1
2 erfc ( ηN p /2 ) 36 18
ASK homódino
1
2 erfc ( ηN p ) 18 18
PSK heteródino

PSK homódino
1
2 erfc ( 2ηN p ) 9 9
1
2 erfc ( ηN p /2 ) 36 36
FSK heteródino
Detecção Direta 1
2 exp(−η N p ) 20 10

de 100, pois, aumentando a potência do oscilador local, o ruído de disparo


se torna o fator dominante.

10.3.2  Receptores Heteródinos Assíncronos


O cálculo da BER para receptores assíncronos é mais complicado, pois o
ruído não permanece gaussiano quando se utiliza um detector de envelope
(Fig. 10.6). É possível entender a razão para isso pela Eq. (10.2.5), mos-
trando o sinal processado pelo circuito de decisão. No caso de um receptor
heteródino ASK ideal, φ pode ser tomado como zero, de modo que (por
simplicidade, o subscrito d é descartado):

I = [( I p + ic )2 + is2 ]1/2 . (10.3.9)


562 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

Embora ic e is sejam variáveis aleatórias gaussianas com média zero e mesmo


desvio-padrão σ, em que σ é a corrente de ruído RMS, a função densidade
de probabilidade (PDF) de I não é gaussiana, podendo, entretanto, ser cal-
culada por meio de uma técnica-padrão [23] como [24]:

I  I 2 + I p2   I p I 
p( I , I p ) = exp - 2  0
I 2 
, (10.3.10)
σ2  2σ   σ 

em que I0(x) representa uma função de Bessel modificada de primeira es-


pécie, e I varia de 0 a ∞, pois a saída de um detector de envelope pode ter
apenas valores positivos. Essa PDF é conhecida como distribuição de Rice [24].
Quando Ip = 0, a distribuição de Rice se reduz à distribuição de Rayleigh,
bastante conhecida na óptica estatística [23].
O cálculo da BER segue a análise da Seção 4.6.1, com a única diferença
que a distribuição de Rice deve ser usada no lugar da distribuição gaussiana.
A BER é dada pela Eq. (4.6.2) com:

∫ ∫
ID ∞
P(0|1) = p( I,I 1 ) dI , P(1|0) = p( I,I 1 ) dI . (10.3.11)
0 ID

onde ID é o nível de decisão e I1 e I0 são os valores de Ip para os bits 1 e 0,


respectivamente. O ruído é o mesmo para todos os bits (σ0 = σ1 = σ), em
função de ser dominado pela potência do oscilador local. As integrais na
Eq. (10.3.11) podem ser expressas em termos da função Q de Marcum [25],
definida como [2]:
 x 2 + a2 


Q1( a,b ) = xI 0 ( ax )exp -  dx. (10.3.12)

b
 2 

O resultado para BER é:

1 I I   I I 
BER = 1 − Q1  1 , D  + Q1  0 , D . (10.3.13)
2 σ σ   σ σ 

O nível de decisão ID é escolhido de modo que a BER seja mínima para


dados valores de I1, I0 e σ. É difícil obter uma expressão analítica exata para
ID. Contudo, em típicas condições de operação, I0 ≈ 0, I1/σ >> 1 e ID é
aproximado adequadamente por I1/2. Com isso, a BER fica escrita como:
1 1
BER ≈ exp(− I 12 /8σ 2 ) = exp(−SNR/8). (10.3.14)
2 2
Usando SNR = 2Np, obtemos o resultado final:
1
BER= exp(−η N p /4), (10.3.15)
2
Sistemas de Ondas Luminosas Avançados 563

Uma comparação com a Eq. (10.3.4), obtida no caso de receptores ASK


síncronos, mostra que a BER é maior no caso assíncrono, para um mesmo
valor de Np. Contudo, a diferença é tão pequena que a sensibilidade do
receptor para uma BER de 10−9 é degradada por apenas 0,5 dB. Se as-
sumirmos que  = 1, a Eq. (10.3.15) mostra que BER = 10−9 para N p  = 40
(no caso síncrono, N p  = 36).
Consideremos, agora, o formato PSK. Como mencionado anteriormen-
te, não se pode utilizar demodulação assíncrona para esse formato. Contudo,
sinais DBPSK podem ser demodulados com a implementação do esquema
de demodulação por retardo no regime de micro-ondas. A corrente fil-
trada na Eq. (10.2.2) é dividida em duas partes, uma das quais é retardada
por exatamente um período de símbolo Ts. O produto das duas correntes
depende da diferença de fase entre quaisquer dois bits adjacentes e é usado
pelo circuito de decisão para determinar o padrão de bits.
Visando determinar a PDF da variável de decisão, escrevemos a
Eq. (10.2.2) na forma If(t) = Re[ξ(t)exp(−iwIFt)], em que

ξ (t ) = I p exp[ iφ (t )] + n(t ) ≡ r(t )exp[ iψ(t )]. (10.3.16)

Aqui, n = ic + is é um processo aleatório gaussiano complexo. A corrente


usada pelo circuito de decisão pode, agora, ser escrita como:

I d (t ) = Re[ξ (t )ξ (t − Ts )] = r(t )r(t − Ts )cos[ωIFTs + ψ(t ) − ψ(t − Ts )].


*

(10.3.17)
Se wIFTs for escolhido como múltiplo de 2π, podemos aproximar ψ por φ;
com isso, Id = ± (t)r(t − Ts), pois a diferença de fase assume os valores 0 ou π.
A BER é, portanto, determinada pela PDF da variável aleatória r(t)r(t − Ts).
É útil escrever esse produto na forma Id = ( r+2 − r−2 ), em que r± =  21
[r(t) ± r(t − Ts)]. Consideremos a probabilidade de erro quando φ = 0; nesse
caso, Id > 0 na ausência de ruído. Um erro ocorrerá se r+ < r−, devido ao
ruído. Assim, a probabilidade condicional é fornecida por:

P( π |0) = P( I d < 0) = P( r+2 < r−2 ). (10.3.18)

Podemos calcular a probabilidade, uma vez que é possível obter a PDF de r±2
notando que r(t) e r(t − Ts) são variáveis aleatórias gaussianas descorrelatadas.
A outra probabilidade condicional, P(0|π), pode ser obtida da mesma forma.
O resultado final é bem simples e dado por [4]:
1
BER = exp(−η N p ).
2 (10.3.19)

Uma BER de 10−9 é obtida para Np = 20. Como lembrete, a grandeza


Np é apenas a SNR por bit no limite de ruído de disparo.
564 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

10.3.3  Receptores com Demodulação por Retardo


No esquema de demodulação por retardo mostrado na Figura 10.7, um ou
mais interferômetros MZ com retardo de um símbolo são usados no lado
do receptor. No caso DBPSK, utiliza-se um único interferômetro MZ, e as
saídas dos dois detectores têm as correntes médias dadas na Eq. (10.2.7). A
variável de decisão é formada da subtração das duas correntes, de modo que
Id = RdP0cos(∆φ). As correntes médias para os bits 0 e 1 são RdP0 e − RdP0,
para ∆φ= 0 e π, respectivamente.
Para ver como o ruído afeta as duas correntes, notemos, primeiro, da Eq.
(10.2.8), que Id pode ser escrita na forma

I d = Rd Re[ A(t ) A* (t − T )], (10.3.20)

sendo A =  P0 e iφ + n(t) o campo óptico que entra no receptor. Aqui, n(t)
representa o ruído induzido por flutuações de vácuo que levam ao ruído de
disparo no receptor. Uma comparação das Eq. (10.3.20) com a Eq. (10.3.17),
obtida no caso de um detector heteródino com retardo implementado no
domínio de micro-ondas, mostra a similaridade entre os dois casos. Seguindo
a discussão apresentada aqui, podemos concluir que, no caso DBPSK, a BER é
1
novamente dada pela Eq. (10.3.19) ou por BER =  2 exp(−Np). Como antes, a
SNR por bit, Np, define a BER, e uma BER de 10−9 é obtida para Np = 20.
A análise é muito mais elaborada no caso do formato DQPSK. Proakis
desenvolveu uma abordagem sistemática para o cálculo das probabilidades
de erro, para uma variedade de formatos de modulação, incluindo o formato
DQPSK [2]. Embora essa análise seja para um receptor heteródino com
retardo implementado no domínio de micro-ondas, os resultados se aplicam
ao caso de demodulação com retardo óptico. Em particular, quando o
formato DQPSK é implementado com o código Gray, a BER é dada por [2]:
1 1
BER = Q1( a,b ) − I 0 ( ab )exp[ − ( a 2 + b 2 )], (10.3.21)
2 2

a = [η N p (2 − 2 )]1/2 , b = [η N p (2 + 2 )]1/2 , (10.3.22)

em que I0 é função de Bessel modificada de ordem zero e Q1(a,b) é a função


de Marcum introduzida na Eq. (10.3.12).
A Figura 10.11 mostra curvas de BER para os formatos DBPSK e
DQPSK, comparando-as com as curvas de BER obtidas no caso em que
um receptor heteródino é empregado para detectar o formato BPSK ou
QPSK (sem codificação diferencial). Quando DBPSK é usado no lugar de
BPSK, a sensibilidade do receptor a uma BER de 10−9 passa de 18 para
20 fótons/bit, indicando uma penalidade de potência de menos de 0,5 dB.
Diante de penalidade tão pequena, o formato DBPSK é, muitas vezes,
utilizado no lugar de BPSK, pois evita a necessidade de um oscilador local,
Sistemas de Ondas Luminosas Avançados 565

Figura 10.11  BER em função de Np no limite de ruído de disparo para receptores DBPSK
e DQPSK com demodulação por retardo óptico.

além de simplificar consideravelmente o projeto do receptor. Contudo, uma


penalidade próxima de 2,4 dB ocorre no caso do formato DQPSK, para o
qual a sensibilidade do receptor passa de 18 para 31 fótons/bit.
Devido à complexidade da expressão da BER na Eq. (10.3.21), é útil
obter uma forma analítica aproximada para ela. Usando os limites superior
e inferior na função Q de Marcum [34], a Eq. (10.3.21) pode ser escrita da
seguinte forma simples [35]:
π I ( ab ) b − a
BER ≈ (a + b) 0 erfc  . (10.3.23)
8 exp( ab )  2 
Essa expressão é precisa com tolerância de 1%, para valores de BER abai-
xo de 3 × 10−2. Se, agora, empregarmos as expansões assintóticas I0(x) ≈
(2πx)−1/2 exp(x) e erfc(x) ≈ (πx)−1/2exp(−x2), válidas para grandes valores
de x, e usarmos a e b da Eq. (10.3.22), obtemos [35]:

BER ≈ (1 + 2 )(8 2πη N p )−1/2 exp[ −(2 − 2 )η N p ]. (10.3.24)


Essa expressão é precisa com tolerância de alguns pontos percentuais, para
valores de Np > 3.

10.4  MECANISMOS DE DEGRADAÇÃO


DE SENSIBILIDADE
A discussão na Seção 10.3 assumiu condições ideais de operação, nas quais
o desempenho do sistema é limitado somente pelo ruído de disparo. Em
sistemas coerentes práticos, várias outras fontes de ruído degradam a sensibi-
566 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

lidade do receptor. Nesta seção, consideraremos alguns importantes mecanis-


mos de degradação de sensibilidade e, também, discutiremos técnicas em-
pregadas para melhorar o desempenho com adequado projeto do receptor.

10.4.1  Ruído de Intensidade de Lasers


O efeito do ruído de intensidade de lasers sobre o desempenho de receptores
de detecção direta foi discutido na Seção 4.7.2, em que vimos que ele é
desprezível na maioria das situações de interesse prático. Esse não é o caso de
receptores coerentes [26]-[30]. Para entender por que o ruído de intensidade
possui papel tão importante em receptores heteródinos, sigamos a análise da
Seção 4.7.2 e escrevamos a variância da corrente como

σ 2 = σ s2 + σ T2 + σ I2 , (10.4.1)
em que σI = RPLOrI, e rI está relacionado ao ruído de intensidade relativa (RIN)
do oscilador local, como definido na Eq. (4.6.7). Se o espectro do RIN for
2
plano até a largura da banda do receptor ∆f, rI pode ser aproximado por
2(RIN)∆f. A SNR é obtida usando a Eq. (10.4.1) na Eq. (4.5.11), dada por:

2 R 2 PS PLO
SNR = . (10.4.2)
2q( RPLO + I d )∆f + σ T2 + 2 R 2 PLO
2
(RIN)∆f

A potência PLO do oscilador local deve ser grande o bastante para σ T
2

ser desprezível na Eq. (10.4.2) e o receptor heteródino operar no limite


de ruído de disparo. Contudo, um aumento em PLO leva a um aumento
quadrático da contribuição do ruído de intensidade na Eq. (10.4.2).
Caso a contribuição do ruído de intensidade se torne comparável à do
ruído de disparo, a SNR diminuirá, a menos que se aumente a potência
de sinal P s visando compensar o aumento no ruído do receptor. Esse
aumento em P s é a penalidade de potência d I que resulta do ruído
de intensidade do oscilador local. Se, para um receptor projetado para
operar no limite de ruído de disparo, desprezarmos I d e σ T na Eq.
2

(10.4.2), a penalidade de potência (em dB) é fornecida pela simples


expressão:
δ I = 10log 10 [1 + (η /hν )PLO (RIN)]. (10.4.3)

A Figura 10.12 mostra dI em função do RIN para diversos valores de PLO,
usando ( = 0,8 e hν = 0,8 eV. A penalidade de potência excede 2 dB quan-
do PLO = 1 mW, mesmo para um oscilador local com RIN de −160 dB/Hz,
valor difícil de ser realizado com lasers de semicondutor DFB. De fato, a
degradação de sensibilidade induzida pelo ruído de intensidade do oscilador
local foi observada em 1987 para um receptor homódino [26]. O esquema
Sistemas de Ondas Luminosas Avançados 567

Figura 10.12  Penalidade de potência em função do RIN, para três valores da potência
do oscilador local.

de demodulação por retardo óptico também está sujeito ao problema do


ruído de intensidade.
A detecção balanceada oferece uma solução ao problema do ruído de
intensidade [20]. Pode-se entender a razão para isso pela Figura 10.5, que
mostra um receptor heteródino balanceado. O termo DC é completamente
eliminado quando os dois ramos são equlibrados, de forma que recebam
os mesmos sinal e potência do oscilador local. Mais importante, o ruído
de intensidade associado ao termo DC também é eliminado durante o
processo de subtração. Isso está relacionado ao fato de o mesmo oscilador
locar fornecer potência aos dois ramos. Em consequência, flutuações de
intensidade nos dois ramos são perfeitamente correlatadas e canceladas
durante a subtração das fotocorrentes I+ e I−.Vale ressaltar que o ruído de
intensidade de um oscilador local também afeta um receptor heteródino
balanceado, pois a diferença das correntes I+ − I− ainda depende da potência
do oscilador local. Contudo, como essa dependência é da forma PLO , o
problema do ruído de intensidade é muito menos severo para um receptor
heteródino balanceado.
Os esquemas de demodulação por retardo óptico mostrados na Figu-
ra 10.7 também utilizam detecção balanceada. Nesse caso, não seja usado
um oscilador local, e o ruído de intensidade do laser transmissor é que deve
ser considerado. A parte DC das fotocorrentes I+ e I− dadas na Eq. (10.2.7)
é, novamente, cancelada durante a subtração das correntes, o que ajuda a
reduzir o impacto do ruído de intensidade. No entanto, a diferença entre as
correntes ∆I na Eq. (10.2.8) depende linearmente da potência de sinal Ps.
568 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

Essa situação é similar à do caso de detecção direta discutido na Seção 4.7.2,


e o impacto do ruído de intensidade não é tão severo.

10.4.2  Ruído de Fase de Lasers


Uma importante fonte de degradação de sensibilidade em sistemas de ondas
luminosas que utilizem qualquer formato PSK é o ruído de fase associado
ao laser transmissor (e ao oscilador local, no caso de detecção coerente). A
razão é óbvia, se notarmos que a corrente gerada no receptor depende da
fase da portadora, e quaisquer flutuações de fase introduzem flutuações de
corrente, degradando a SNR no receptor. No caso de detecção coerente, as
fases do sinal φs e do oscilador local φLO devem permanecer relativamente
estáveis para evitar degradação de sensibilidade.
Uma medida do intervalo de tempo em que a fase do laser permane-
ce relativamente estável é fornecida pelo tempo de coerência, inversamente
relacionado à largura de linha ∆ν. Para minimizar o impacto do ruído de
fase, o tempo de coerência deve ser maior do que a duração de símbolo Ts.
Na prática, é comum usar um parâmetro adimensional ∆νTs para a carac-
terização de efeitos do ruído de fase no desempenho de sistemas de ondas
luminosas coerentes. Como a taxa de símbolos Bs = 1/Ts, esse parâmetro
é apenas a razão ∆ν/Bs. No caso de detecção heteródina que envolve um
oscilador local, ∆ν representa a soma das duas larguras de linha, ∆νT e ∆νLO,
associadas ao transmissor e ao oscilador local, respectivamente.
Considerável atenção tem sido dedicada ao cálculo da BER na presença
de ruído de fase e à estimação da dependência da penalidade de potência
em relação à razão ∆ν/Bs [36]-[51]. Uma solução exata não é possível, de
modo que, para obtenção de resultados analíticos aproximados, é empregada
uma abordagem numérica baseada em Monte Carlo [51] ou uma técnica
variacional [43]. Recentemente, o uso de uma aproximação − denominada
comutação de expoente de ruído de fase (PNEC − Phase-Noise Exponent
Commutation) − resultou em uma simples expressão analítica para a BER,
para os formatos PSK e DPSK [50]. Essa abordagem também permite que
levemos em consideração a verdadeira forma dos pulsos RZ comumente
empregados em modernos sistemas de ondas luminosas.
A principal conclusão em todos os casos é que a BER aumenta rapida-
mente com o parâmetro ∆νTs. O aumento na BER se torna tão rápido para
∆νTs > 0,01 que o piso de BER (veja a Seção 4.7.2) aparece acima de uma
BER, para certo valor desse parâmetro. Se esse piso de BER ocorrer a um
nível > 10−9, a BER do sistema excederá tal valor, independentemente da
quantidade de potência de sinal que chega ao receptor (penalidade de potência
infinita). A Figura 10.13 mostra a variação do piso de BER com ∆νTs, para
os formatos BPSK, QPSK, 8PSK e DBPSK [50]. Em todos os casos, o piso
de BER está acima do nível 10−9 quando ∆νTs é maior do que cerca de 0,02.
Sistemas de Ondas Luminosas Avançados 569

Figura 10.13  Variação do piso de BER em função de ∆νTs para (a) três formatos PSK e
(b) o formato DPSK. A aproximação PNEC (linhas cheias) tem boa concordância com
resultados numéricos (símbolos). As linhas tracejadas mostram resultados de uma teoria
linearizada. (Após a Ref. [50]; ©2009 IEEE.)

Uma importante figura de mérito, do ponto de vista prático, é o valor


tolerável de ∆νTs para o qual a penalidade de potência permanece abaixo de
certo valor (digamos, 1 dB), a uma BER de 10−9. Como esperado, esse valor
depende do formato de modulação e da técnica de demodulação empregada.
Os requisitos de largura de linha são mais restritivos para receptores homó-
dinos. Embora o valor tolerável dependa, até certo ponto, da configuração
do laço de travamento de fase, ∆νTs deve, tipicamente, ser < 5 × 10−4 para
receptores homódinos, a fim de segurar uma penalidade de potência abaixo
de 1 dB [38].
Os requisitos de largura de linha são consideravelmente relaxados para
receptores heteródinos. Os receptores heteródinos síncronos requeridos pelo
formato BPSK exigem ∆νTs < 0,01 [41]. Como visto na Figura 10.13(a),
essa exigência se torna mais severa para o formato QPSK. Em contraste,
para receptores ASK e FSK, ∆νTs pode ultrapassar 0,1 [43]-[45]. A razão
para isso está relacionada ao fato de esses receptores utilizarem detectores
de envelope que descartam informação de fase. O efeito de flutuações de
fase é, principalmente, o aumento da largura de banda do sinal, que pode
ser recuperado com o aumento da largura de banda do filtro passa faixa
(BPF). Em princípio, qualquer largura de linha pode ser tolerada, caso a
largura do BPF seja adequadamente aumentada. Contudo, uma penalidade
será paga, pois o ruído do receptor se eleva com o aumento da largura de
banda do BPF.
O formato DBPSK requer menores larguras de linha, em compa-
ração com os formatos ASK e PSK síncronos, quando um esquema de
demodulação por retardo é empregado. A razão para isso consiste em a
informação estar contida na diferença de fase entre dois bits adjacentes, e a
fase dever permanecer estável pelo menos ao longo da duração de dois bits.
A Figura 10.13(b) e outras estimativas mostram que ∆νTs deve ser menor
do que 1% para operação com penalidade de potência < 1 dB [38]. A uma
taxa de bits de 10 Gb/s, a necessária largura de linha é < 10 MHz e, para
570 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

uma taxa de bits de 40 Gb/s, aumenta por um fator 4. Como lasers DFB
com largura de linha de 10 MHz ou menos são disponíveis comercialmente,
o uso do formato DBPSK é bastante prático a taxas de bits de 10 Gb/s ou
mais. Os requisitos são muito mais restritos para o formato DQPSK, para o
qual a taxa de símbolo Bs faz o papel da taxa de bits. Uma expressão analítica
aproximada [49] para a BER prevê que, a 10 Gbaud, talvez seja necessário
o emprego de um laser com largura de linha < 3 MHz. Obviamente, esse
valor aumenta por um fator 4 se o formato DQPSK for usado a uma taxa
de símbolos de 40 Gbaud.
A estimativa anterior da necessária largura de linha do laser tem por base
a hipótese de que uma BER de 10−9 ou menos é exigida para que o sistema
opere de modo confiável. Os modernos sistemas de ondas luminosas que
empregam correção de erro à frente são capazes de operar a uma BER alta,
como 10-3. Nesse caso, o valor limite do parâmetro ∆νTs para penalidade
de potência < 1 dB pode aumentar por um fator 2 ou mais. Contudo, se a
penalidade de potência aceitável for reduzida a um nível abaixo de 0,2 dB,
∆νTs retorna aos valores limites discutidos anteriormente.
Uma abordagem alternativa resolve o problema de ruído de fase pa-
ra receptores coerentes com a adoção de um esquema conhecido como
receptores com diversidade de fase [52]-[56]. Esses receptores usam múltiplos
fotodetectores, cujas saídas são combinadas para produzir um sinal que
independa da diferença de fase φIF = φs− φLO. A Figura 10.14 mostra um
diagrama em blocos de um receptor com diversidade de fase e múltiplas
portas. Um componente óptico conhecido como híbrido óptico combina as
entradas de sinal e de oscilador local e fornece sua saída através de várias
portas, com adequadas defasagens introduzidas em diferentes ramos. As saídas
das várias portas são processadas eletronicamente e combinadas para fornecer
a corrente que independe de φIF. No caso de um receptor homódino de
duas portas, os dois ramos de saída apresentam defasagem relativa de 90°, de
modo que suas correntes variam na forma IpcosφIF e Ipsenφ IF. Quando as duas
correntes são elevadas ao quadrado e somadas, o sinal se torna independente
de φIF. No caso de um receptor de três portas, os três ramos têm defasagens

Figura 10.14  Diagrama em blocos de um receptor com diversidade de fase.


Sistemas de Ondas Luminosas Avançados 571

relativas de 0, 120° e 240°. Novamente, quando as correntes são elevadas ao


quadrado e somadas, o sinal se torna independente de φIF.

10.4.3  Flutuações de Polarização de Sinal


A polarização do sinal óptico recebido não tem qualquer papel em recep-
tores de detecção direta, simplesmente porque a fotocorrente gerada nesses
receptores depende apenas do número de fótons incidentes. Esse não é o
caso de receptores coerentes, cuja operação requer casamento do estado de
polarização (SOP) do oscilador local ao do sinal recebido. A exigência de
casamento de polarização pode ser compreendida da análise da Seção 4.5,
em que o uso de campos escalares Es e ELO admitia implicitamente o mesmo
SOP para os dois campos. Se ês e êLO representarem os vetores unitários ao
longo das direções de polarização de Es e ELO, respectivamente, o termo
de interferência na Eq. (4.5.3) conterá um fator adicional cos u, sendo u o
ângulo entre ês e êLO. Como o termo de interferência é usado pelo circuito de
decisão para reconstruir a sequência de bits transmitida, qualquer mudança
de u em relação a seu valor ideal u = 0 reduz o sinal e afeta o desempe-
nho do receptor. Em particular, se os SOPs de Es e EL forem mutuamente
ortogonais, o sinal elétrico desaparece por completo (desvanecimento total).
Qualquer variação em u afeta a BER por meio de variações na corrente e
SNR no receptor.
O estado de polarização êLO do oscilador local é determinado pelo laser
e permanece fixo, o mesmo caso do sinal transmitido antes de ser lançado
na fibra óptica. Contudo, no lado do receptor, o SOP do sinal óptico difere
do SOP do sinal transmitido, devido à birrefringência da fibra. Tal variação
não seria problema se ês permanecesse constante no tempo, pois seria possível
casá-lo com êLO por meio de simples técnicas ópticas. No entanto, como
discutido na Seção 2.3.5, ês varia de modo aleatório ao longo da maioria
dos enlaces de fibra, devido às flutuações de birrefringência associadas a
mudanças ambientais. Tais mudanças ocorrem em uma escala de tempo
que varia de segundos a microssegundos, e levam a variações aleatórias na
BER, inutilizando os receptores coerentes, a menos que algum esquema seja
desenvolvido para tornar a BER independente de flutuações de polarização.
Vários esquemas foram desenvolvidos para resolver o problema de
descasamento de polarização [57]-[62]. Em um deles [57], o estado de
polarização do sinal óptico recebido é rastreado eletronicamente e utiliza-se
uma técnica de controle por realimentação a fim de casar êLO a ês. Em outro
esquema, embaralhamento ou espalhamento de polarização é usado para
forçar ês a variar aleatoriamente durante um período de símbolo [58]-[61].
Variações rápidas de ês são um problema menor do que variações lentas,
pois, em média, a mesma potência é recebida durante cada bit. Um terceiro
esquema utiliza conjugação de fase óptica para resolver o problema de
572 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

polarização [62]. O sinal de fase conjugada pode ser gerado em uma fibra
de dispersão deslocada por meio de mistura de quatro ondas. O laser de
bombeio usado para a mistura de quatro ondas também pode fazer o papel
de oscilador local. A resultante fotocorrente tem uma componente em uma
frequência igual ao dobro da dissintonia entre bomba e sinal, a qual pode
ser usada para recuperar a sequência de bits.
A abordagem mais comum resolve o problema de polarização com
o emprego de um receptor de duas portas, similar ao mostrado na Figu-
ra 10.5, com a diferença de que os dois ramos processam componentes
de polarizações ortogonais. Tais receptores são denominados receptores com
diversidade de polarização [63]-[71], pois seu funcionamento independe do
SOP do sinal óptico recebido. A Figura 10.15 mostra um diagrama em
blocos de um receptor com diversidade de polarização. Um divisor de
feixe por polarização é usado para separar as componentes em polarizações
ortogonais, que são processadas por ramos separados do receptor de duas
portas. Quando as fotocorrentes geradas nos dois ramos são elevadas ao
quadrado e somadas, o sinal elétrico se torna independente da polarização.
A penalidade de potência que resulta da adoção dessa abordagem depende
das técnicas de modulação e demodulação usadas pelo receptor. No caso
de demodulação síncrona, a penalidade de potência pode ser alta, como
3 dB [66]. Contudo, a penalidade é de apenas 0,4 − 0,6 dB para receptores
assíncronos otimizados [63].

Figura 10.15  Diagrama em blocos de um receptor coerente com diversidade de po-


larização.

É possível combinar a técnica de diversidade de polarização com a de


diversidade de fase para realizar um receptor que independa de flutuações
de fase e de polarização do sinal recebido [65]. A Figura 10.16 mostra um
receptor de quatro portas desse tipo com quatro ramos, cada um com seu
próprio fotodetector. O desempenho desses receptores seria limitado pelo
ruído de intensidade do oscilador local, como discutido na Seção 10.4.1. O
Sistemas de Ondas Luminosas Avançados 573

Figura 10.16  Receptor DPSK coerente de quatro portas empregando diversidade de


fase e de polarização. (Após a Ref. [64]; ©1987 IEE.)

próximo passo consiste em projetar um receptor coerente balanceado com


diversidades de fase e de polarização usando oito ramos, cada um com seu
próprio fotodetector. Um receptor desse tipo foi demonstrado pela primeira
vez em 1991, usando um compacto híbrido óptico de volume [67]. Logo
depois, a atenção foi voltada ao desenvolvimento de receptores balanceados
integrados. Em 1995, um receptor com diversidade de polarização foi fa-
bricado com circuitos optoeletrônicos integrados baseados em InP [70].
Mais recentemente, a atenção foi voltada a receptores coerentes que em-
pregam processamento de sinal digital [72]-[75]. Com essa abordagem, é
possível obter até mesmo detecção homódina sem a necessidade de um laço
de travamento de fase [75].

10.4.4  Ruído Adicionado por Amplificadores Ópticos


Como discutido na Seção 7.5, amplificadores ópticos degradam considera-
velmente a SNR elétrica no caso de detecção direta, devido ao ruído adi-
cionado ao sinal óptico na forma de emissão espontânea amplificada (ASE).
Como esperado, o ruído do amplificador também degrada o desempenho
de receptores coerentes. A extensão da degradação depende do número de
amplificadores empregados, tornando-se muito severa para sistemas de longas
distâncias que empregam dezenas de amplificadores ao longo do enlace de
fibra. Mesmo para enlaces de fibra relativamente curtos, sem amplificadores
em linha, um pré-amplificador é comumente empregado para o sinal ou
oscilador local. No caso de demodulação por retardo óptico, o uso de um
pré-amplificador antes do receptor é quase uma necessidade, pois, caso
contrário, o desempenho do receptor seria limitado pelo ruído térmico
dos fotodetectores.
A análise de ruído da Seção 7.5 pode ser estendida a receptores hete-
ródinos e de demodulação por retardo [18]. Duas correntes de ruído que
contribuem para o ruído total do receptor são σ sig-sp
2
e σ sp-sp
2
, que representam,
574 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

respectivamente, o impacto do batimento entre sinal e ASE e entre ASE e


ASE. Embora uma análise geral seja bastante complexa, se assumirmos que
se empregue um filtro óptico de banda estreita após o pré-amplificador a
fim de reduzir o ruído de ASE e reter somente σ sig-sp
2
, que, na prática, é o
termo de ruído dominante, a SNR do sinal é reduzida de Np para Np/nsp,
sendo nsp o fator de emissão espontânea introduzido na Seção 7.2.4 e
definido na Eq. (7.2.12). Podemos escrever nsp em termos da figura de ruído
Fn dos amplificadores ópticos usando a relação Fn ≈ 2nsp dada na Eq. (7.2.15).
Se múltiplos amplificadores forem empregados, a SNR é degradada ainda
mais, pois a figura de ruído de uma cadeia de amplificadores aumenta com
o número de amplificadores.
Outro problema de polarização deve ser considerado, em função da
natureza despolarizada do ruído de amplificadores. Como discutido na
Seção 7.5.1, além da componente de ruído de ASE em copolarização com
o sinal, a parte da ASE em polarização ortogonal também entra no receptor
e contribui com ruído adicional. Podemos evitar essa parte posicionando
um polarizador antes do fotodetector, de modo que ruído e sinal estejam
no mesmo estado de polarização. Tal situação é referida como filtragem de
polarização. Quando esta é realizada no receptor e se utiliza um único pré­
amplificador óptico com o intuito de amplificar o sinal óptico ou o oscilador
local, é possível obter a BER para diferentes formatos de modulação de
expressões dadas na Seção 10.3, substituindo Np por Np/nsp. A sensibilidade
do receptor a uma dada BER é degradada por um fator nsp, pois a potência
óptica incidente deve ser aumentada pelo mesmo fator.
Na ausência de filtragem de polarização, o ruído ortogonalmente pola-
rizado deve ser incluído, levando ao aumento da BER. No caso de um sinal
DBPSK demodulado por meio de um interferômetro de retardo óptico, a
BER é obtida como [18]:
1
BER = exp(−η N p )(1 + η N p /4), (10.4.4)
2
indicando que a BER aumenta por um fator 1+Np/4. O resultante au-
mento na necessária SNR não é desprezível, pois se obtém uma BER de
10−9 com uma SNR Np = 22, e não 20. Contudo, esse aumento corres-
ponde a uma penalidade de potência menor do que 0,5 dB. Quando um
sinal DQPSK é recebido sem filtragem de polarização, a BER é obtida
como [18]:
1 1
BER = Q1( a, b ) − I 0 ( ab )exp[ − ( a 2 + b 2 )] +
2 2
1
[(b 2 − a 2 )/8ab ]I 1( ab )exp[ − ( a 2 + b 2 )], (10.4.5)
2
Sistemas de Ondas Luminosas Avançados 575

sendo I1(x) a função de Bessel modificada de primeira ordem. Comparando


com o caso de filtragem de polarização na Eq. (10.3.21), outro termo é
somado à BER, devido a flutuações de corrente adicionais produzidas pela
ASE polarizada ortogonalmente em relação ao sinal. Contudo, esse aumento
é quase desprezível e leva a uma penalidade de potência < 0,1 dB.

10.4.5  Dispersão da Fibra


Como discutido nas Seções 2.4 e 5.4, efeitos dispersivos que ocorrem em
fibras ópticas afetam sistemas de ondas luminosas.Tais efeitos deletérios não
resultam apenas da dispersão de velocidade de grupo (GVD), governada pelo
parâmetro D, mas também da dispersão do modo de polarização (PMD),
governada pelo parâmetro Dp. Como esperado, as duas dispersões afetam
o desempenho de sistemas coerentes e autocoerentes, embora o impacto
dependa do formato de modulação empregado e, em geral, seja menos severo
do que no caso de sistemas IM/DD [76]-[83]. A razão para isso é facilmente
entendida ao se perceber que sistemas coerentes usam, necessariamente, um
laser de semicondutor que opera em um único modo longitudinal com
pequena largura de linha. Chirp de frequência também é evitado com o uso
de moduladores externos.
É possível calcular o efeito da dispersão da fibra sobre o sinal transmitido
seguindo a análise da Seção 2.4. Em particular, a Eq. (2.4.15) pode ser
utilizada a fim de calcular o campo óptico na saída da fibra, para qualquer
técnica de modulação, desde que efeitos não lineares sejam desprezíveis. Em
um estudo de 1988, a penalidade de potência induzida por GVD foi calcu-
lada para vários formatos de modulação por meio de simulações numéricas
da degradação de “abertura do olho” que ocorria na transmissão de uma
sequência de bits pseudoaleatória em uma fibra monomodo [76]. Em 2000,
foi proposto um novo método de cálculo da BER na presença de efeitos dis-
persivos, utilizado com o intuito de mostrar que a abordagem de degradação
do olho não era capaz de prever a penalidade de potência com precisão
[81]. Esse método pode incluir o ruído do pré-amplificador e já foi usado
para calcular penalidades de potência induzidas por GVD e PMD, para uma
variedade de formatos de modulação [82], incluindo os formatos DBPSK e
DQPSK implementados com a técnica de demodulação por retardo.
A Figura 10.17(a) mostra, para vários formatos de modulação, a pena-
lidade de potência induzida por GVD em função de DB2L, em que B é a
taxa de bits e L, o comprimento do enlace de fibra [82]. A Figura 10.17(b)
mostra a penalidade de potência induzida por PMD em função do parâmetro
adimensional ∆τ/Tb, sendo Tb = 1/B a duração de um bit e ∆τ o valor médio
do retardo de grupo diferencial, fixando D = 0. O caso de chaveamento
liga-desliga (OOK) é mostrado para comparação. Para cada formato de
modulação, são mostrados os casos RZ e NRZ, a fim de enfatizar como
576 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

Figura 10.17  Penalidades de potência induzidas por (a) GVD e (b) PMD, para vários
formatos de modulação. Aqui, 2-DPSK e 4-DPSK representam os formatos DBPSK e
DQPSK, respectivamente. (Após a Ref. [82]; ©2004 IEEE.)

efeitos dispersivos dependem da forma dos pulsos. Embora dependam, até


certo ponto, da forma específica de pulsos RZ e das específicas funções
de transferências dos filtros ópticos e elétricos empregados nas simulações
numéricas, os resultados podem ser usados para tirar conclusões qualitativas.
Como visto na Figura 10.17(a), as penalidades de potência a um dado
valor de DB2L são menores para o formato DBPSK do que para o formato
OOK, nos casos RZ e NRZ, mas os comportamentos qualitativos são muito
semelhantes. Em particular, a penalidade de potência pode ser reduzida abai-
xo de 1 dB nos dois casos se DB2L < 5 × 104 (Gb/s)2ps/nm. Em contraste,
as penalidades de potência são dramaticamente reduzidas para o formato
DQPSK, e valores muito maiores de DB2L podem ser tolerados. É possível
compreender a razão para isso com facilidade notando que, a uma dada taxa
de bits B, a taxa de símbolos é reduzida por um fator 2. Na Figura 10.17(b),
a penalidade de potência induzida por PMD mostra um comportamento
qualitativo similar, pela mesma razão física. Esses resultados indicam clara-
mente que o impacto de efeitos de dispersão pode ser consideravelmente
reduzido por meio da adoção de um formato de modulação que transmita
múltiplos bits durante a janela temporal alocada a um símbolo. Essa é a
razão pela qual o uso do formato DQPSK está se tornando prevalecente
nos modernos sistemas de alto desempenho.
Se efeitos dispersivos começarem a limitar um sistema coerente, podemos
lançar mão de uma variedade de técnicas de gerenciamento de dispersão
Sistemas de Ondas Luminosas Avançados 577

discutidas no Capítulo 8. No caso de sistemas de longas distâncias, a com-


pensação periódica da dispersão da fibra por meio de fibras compensadoras
de dispersão é rotineiramente empregada. É possível, também, compensar
a dispersão da fibra por meio de técnica de equalização eletrônica imple-
mentada no receptor [84]-[87]. Essa abordagem desperta bastante interesse
desde 2005, devido à implementação de processamento de sinal digital em
receptores coerentes digitais.

10.5  IMPACTO DE EFEITOS NÃO LINEARES


Todos os efeitos não lineares [88] discutidos no Capítulo 9, no con-
texto de sistemas IM/DD, possuem potencial para limitar o desempenho
de sistemas de ondas luminosas coerentes ou autocoerentes, dependendo
da potência óptica lançada na fibra. O impacto de espalhamento estimulado
Brillouin (SBS) depende do formato de modulação e da taxa de bits, e seu
efeito em sistemas coerentes foi estudado à exaustão [89]-[91]. O impacto
de espalhamento estimulado Raman em sistemas WDM coerentes é menos
severo do que em sistemas IM/DD, se a informação for codificada na fase
da portadora, pois a transferência de potência induzida por Raman depende
somente da potência do canal. Automodulação de fase (SPM) e modulação
de fase cruzada (XPM) apresentam papel muito mais importante, pois con-
vertem flutuações de intensidade em flutuações de fase. Devido à origem não
linear de tais flutuações, o ruído de fase induzido por elas é conhecido como
ruído de fase não linear. Esta seção foca, principalmente, esse tipo de ruído.

10.5.1  Ruído de Fase Não Linear


Gordon e Mollenauer, em 1990, foram os primeiros a estudar o impacto de
ruído de fase não linear no desempenho de um sistema de longa distância
com amplificadores a fibra [92]. Em 1994, limitações induzidas em sistemas
coerentes por SPM foram observadas experimentalmente, sendo estas es-
tudadas mais detalhadamente na teoria [93]-[95]. Em um experimento de
1993, o qual empregou detecção heteródina síncrona de um sinal BPSK
à taxa de bits de 8 Gb/s, uma queda na distância de transmissão total foi
observada em baixos níveis de potência de entrada média, da ordem de 1
mW [94]. Com o renascimento do interesse em formatos de codificação
em fase após 2001, o ruído de fase não linear atraiu renovada atenção, e suas
propriedades foram exaustivamente estudadas [96]-[114].
A origem do ruído de fase não linear pode ser entendida com facilidade
a partir da Seção 2.6.2, na qual foi analisada a defasagem não linear induzida
por SPM. Em geral, a equação não linear de Schrödinger (equação NLS)
dada na Eq. (2.6.18) deve ser resolvida numericamente para que inves-
tiguemos como a amplitude complexa A(z,t) do sinal óptico evolui no
578 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

interior da fibra. Contudo, é possível resolver essa equação analiticamente


no limite de efeitos dispersivos desprezíveis (b2 ≈ 0), e a solução para uma
fibra de comprimento L é fornecida por:
2
A( L, t ) = A(0, t )exp[ −α L + iφNL (t )], φ NL (t ) = γ A(0, t ) Leff , (10.5.1)

onde Leff = (1 − e−aL)/a é o comprimento efetivo da fibra, definido na


Eq. (2.6.7). Para comprimentos de fibra maiores do que 50 km, podemos
usar a aproximação Leff = 1/a, sendo a o parâmetro de perda da fibra no
comprimento de onda do sinal. O parâmetro não linear g é da ordem de
2 W−1/km para fibras de telecomunicações, na região de comprimentos de
onda próxima de 1,55 mm.
Se o campo de entrada for ruidoso, devido a ruído de amplifica-
dores adicionado ao sinal nos anteriores segmentos de fibra, ou seja, se
A(0,t) = As(t) + n(t) segue da Eq. (10.5.1) que flutuações na fase do sinal φs
são realçadas no interior da fibra, devido à defasagem não linear φNL. Esse
realce também fica evidente na Figura 10.18, em que o ruído inicial n(t) é
mostrado por uma nuvem circular em torno do vetor de campo de sinal As(t).
SPM no interior da fibra distorce a nuvem circular em uma elipse alongada,
pois uma flutuação de amplitude positiva leva a uma maior defasagem não
linear do que uma flutuação de amplitude negativa. Matematicamente, com
a notação A (L,t) =  A (t)exp[iφ(t)], a fase no final da fibra é fornecida por:
2
φ(t ) ≈ φS + γ Leff AS (t ) + δφ (t ) + 2γ Leff Re[ AS* (t )n(t )], (10.5.2)

em que desprezamos um termo de ruído de segunda ordem, que contém


n2(t). O segundo termo nessa expressão representa um deslocamento deter-
minístico e não linear na fase do sinal, que não varia de um símbolo para
o seguinte, sendo cancelado durante a detecção diferencial. Esse termo re-
presenta o valor médio do deslocamento de fase não linear. O terceiro termo
representa um ruído de fase linear que ocorre mesmo na ausência de SPM.
O último termo mostra como a combinação de ruído de amplificadores e
SPM reforça as flutuações na fase do sinal. Enquanto o ruído inicial de am-
plificadores é de natureza aditiva, o ruído de fase não linear é multiplicativo
na Eq. (10.5.2). Esse ruído também é “colorido”, devido ao sinal variante
no tempo. Tais características indicam que o ruído de fase não linear pode
não permanecer gaussiano, mesmo que n(t) siga uma estatística gaussiana.
A análise do ruído de fase não linear é muito mais complicada para sis-
temas de longas distâncias que compensam as perdas da fibra periodicamente
por meio de um esquema de amplificação concentrada ou distribuída. Em
geral, para determinar as propriedades estatísticas do campo óptico que
chega ao receptor, devemos resolver a equação NLS estocástica dada na
Eq. (7.1.4) ao longo de todo o enlace de fibra, tarefa desafiadora, mesmo
Sistemas de Ondas Luminosas Avançados 579

Figura 10.18  Ilustração do aumento de ruído de fase induzido por SPM em uma fibra
óptica de comprimento L. SPM distorce a nuvem de ruído, inicialmente circular, em
uma elipse alongada. Os dois semicírculos tracejados mostram a faixa de flutuações
de amplitude.

numericamente. A situação fica mais simples se desprezarmos a dispersão


da fibra (b2 = 0) e assumirmos que um amplificador concentrado, de ganho
GA = eaL, compense as perdas após cada segmento de fibra de comprimento
L. Cada amplificador adiciona ruído de ASE, que afeta o sinal e contribui
para o ruído de fase não linear até o fim do enlace de fibra. Como o des-
locamento de fase não linear em cada segmento de fibra é aditivo, para uma
cadeia de N amplificadores, a fase não linear dada na Eq. (10.5.1) passa a:
N  k
2 
φNL = γ Leff ∑  A(0, t ) + ∑ n j  , (10.5.3)
 k =1  
  j =1 
sendo nj(t) o ruído adicionado pelo j-ésimo amplificador. Essa expressão
pode ser utilizada para determinar a função densidade de probabilidade
(PDF) do ruído de fase não linear, notando que o ruído de ASE adicionado
por um amplificador independe do ruído adicionado por outros am-
plificadores [18].
Como visto na Eq. (10.5.1), a fase do sinal contém dois termos de ruído
que representam flutuações de fase linear e não linear. Na prática, a PDF da
fase total φ(t) é de maior interesse, pois controla a BER de um sistema de
onda luminosa com codificação em fase. Esse caso foi estudado em 1994
por Mecozzi, que obteve uma expressão analítica aproximada para a BER
no caso do formato DPSK [95]. Em 2004, obteve-se uma expressão analítica
para a PDF da fase do sinal, na forma de uma série infinita contendo funções
hipergeométricas [103].
580 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

A PDF do ruído de fase pode ser utilizada para calcular a variância do


ruído. Desprezando o impacto de flutuações de intensidade, a variância da
fase é fornecida por uma expressão extremamente simples [103]:
SASE LT 
σ φ2 ≈ 1 + 2(γ P0 LT ) /3 ,
2
(10.5.4)
2 E0
onde SASE é a densidade espectral do ruído de ASE dada na Eq. (7.2.11);
LT é o comprimento total do enlace, E0 é a energia do pulso no slot do
símbolo, e P0 é a correspondente potência de pico. O primeiro termo − que
representa a contribuição de dφ na Eq. (10.5.2) – cresce linearmente com
LT. O segundo termo – com origem no ruído de fase não linear – cresce
cubicamente com LT e mostra por que SPM possui papel deletério em
sistemas de ondas luminosas codificados em fase. A variância da fase pode
ser minimizada com a otimização de P0 ou do valor médio <φNL> do des-
locamento de fase não linear. É fácil mostrar − por diferenciação da Eq.
(10.5.4) – que o valor ótimo de <φNL> é 3/2.
A Figura 10.19 mostra três exemplos de PDFs da fase, para SBR óptica
do sinal recebido com valores de 10, 15 e 20 dB [103]. Em cada caso, a
linha tracejada mostra uma distribuição gaussiana com a mesma variância.
Embora se aproxime de uma gaussiana para SNR de 20 dB ou mais, a PDF
das flutuações de fase se desvia da distribuição gaussiana para valores mais
baixos da SNR, especialmente nas caudas da PDF, que são importantes para
estimativas da BER. Não obstante, a variância das flutuações de fase fornece
uma medida grosseira do impacto do ruído de fase não linear sobre o
desempenho de sistemas, sendo comumente utilizada como uma orientação.

Figura 10.19  Função densidade de probabilidade da fase do sinal para SNR óptica do
sinal recebido com valores de 10, 15 e 20 dB, usando <φNL> =  3/2. Em cada caso, a
linha tracejada mostra uma distribuição gaussiana com a mesma variância. (Após a Ref.
[103]; ©2004 OSA.)
Sistemas de Ondas Luminosas Avançados 581

10.5.2  Efeito da Dispersão da Fibra


A análise anterior do ruído de fase não linear é aproximada, pois despreza
a dispersão da fibra. É difícil alcançar muito progresso analítico, em função
da natureza estocástica da equação NLS na Eq. (7.1.4). Contudo, é possível
calcular a variância do ruído de fase analiticamente [96] se empregarmos
um formalismo variacional ou o método dos momentos da Seção 7.7.2.
Essa abordagem também nos permite levar em conta as variações da perda,
da dispersão e do parâmetro não linear que ocorrem ao longo de um enlace
de fibra com gerenciamento de dispersão.
Uma das conclusões de tal abordagem é que a variância das flutuações de
fase diminui à medida que efeitos dispersivos se tornam mais e mais domi-
nantes [106]. Isso não é surpresa, pois a dispersão causa alargamento temporal
do pulso, resultando na redução da potência de pico e, por conseguinte, na
redução do ruído de fase não linear. Esse argumento também indica que
a melhor configuração de sistema, no que diz respeito ao ruído de fase, é
aquela em que toda a dispersão é compensada no lado do receptor [111].
Contudo, tais argumentos ignoram os efeitos de XPM e FWM intracanal
discutidos na Seção 9.4. Como os efeitos dispersivos alargam pulsos ópticos,
pulsos em slots de símbolos adjacentes passam a se sobrepor e a interagir
por XPM, fenômeno que também leva ao ruído de fase não linear. Quando
efeitos de XPM intracanal são levados em conta de modo adequado, a
variância das flutuações de fase não decresce muito com o aumento da dis-
persão da fibra [107]. Entretanto, no caso do formato RZ-DBPSK, o que
importa é a variância da diferença de fase de dois pulsos RZ adjacentes. Uma
análise detalhada mostra que essa variância se torna relativamente pequena
para o formato DBPSK, devido a uma parcial correlação entre ruídos de
fase de pulsos adjacentes [108]. Nessa situação, no limite de grande dis-
persão da fibra, o ruído de fase não linear resultante de FWM intracanal é
a contribuição dominante.
O ruído de fase não linear induzido por XPM também é importante
para sistemas WDM, nos quais pulsos ópticos pertencentes a diferentes canais
se sobrepõem periodicamente enquanto se propagam ao longo da fibra em
diferentes velocidades. Esse caso foi analisado empregando-se uma aborda-
gem perturbacional [111]. A Figura 10.20 compara BERs preditas para um
sistema WDM no formato DBPSK, com número de canais variando de 1 a
49, e três esquemas de gerenciamento de dispersão. Os canais de 12,5 Gb/s
(com espaçamento de 25 GHz) são transmitidos por 1.600 km usando 20
amplificadores espaçados de 80 km. Cada segmento de fibra consiste em
fibras do tipo padrão com parâmetros a = 0,25 dB/km, b2 = − 21,6 ps2/km
e g = 2 W-1/km. A dispersão é compensada nas posições dos amplificadores
em (a) 95%, (b) 100% e (c) 0%, sendo o restante da dispersão compensada
582 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

Figura 10.20  BERs preditas em função da potência lançada por canal, para um sistema
WDM DBPSK de 49 canais com (a) 95%, (b) 100% e (c) 0% de compensação da dispersão
nas posições dos amplificadores, sendo o restante da dispersão compensado no lado
do receptor. (Após a Ref. [111]; ©2007 IEEE.)

no receptor. No caso (a), a BER de todos os canais pode ser reduzida quase
ao nível de 10-9, com a otimização das potências dos canais em um valor
próximo a 2 mW. No caso (b), com 100% de compensação da dispersão, os
efeitos de XPM intracanal degradam a fase do sinal a ponto de uma BER
não menor do que 10−5 ser realizada mesmo quando as potências dos canais
são adequadamente otimizadas para algo próximo a 1 mW. No caso (c), em
que toda a dispersão é compensada no lado do receptor, a BER melhora
consideravelmente, mas a ótima potência dos canais diminui com o aumento
do número de canais. Ademais, a BER é muito sensível a esse valor ótimo e
cai rapidamente com pequenas mudanças nele. Em todos os casos, a situação
é muito pior para o formato DQPSK. Esses resultados indicam que efeitos
de XPM intracanal limitam severamente o desempenho de sistemas WDM
codificados em fase.
Sistemas de Ondas Luminosas Avançados 583

10.5.3  Compensação do Ruído de Fase Não Linear


Dado o forte impacto do ruído de fase não linear em sistemas de ondas
luminosas codificados em fase, será possível compensá-lo por meio de
algum esquema? A resposta, até certo ponto, é sim. Vários esquemas de
compensação foram propostos em anos recentes, com variados graus de
sucesso [115]-[127].
A razão básica para que ruído de fase não linear seja compensado é
facilmente entendida da Eq. (10.5.1), a qual mostra que o deslocamento de
fase não linear é, na verdade, um processo determinístico, no sentido de ser
linearmente proporcional à potência óptica instantânea. O único motivo
para esse deslocamento de fase ser ruidoso é que a própria potência flutua.
Assim, uma simples abordagem para a compensação da fase não linear
consiste em usar um dispositivo não linear que imponha ao sinal óptico que
chega um deslocamento de fase negativo proporcional à potência óptica.
Essencialmente, tal dispositivo exibe um valor negativo do parâmetro g. Em
uma proposta de 2002, tal dispositivo possuía a forma de um guia de onda
de LiNbO3 periodicamente polarizado, o qual provia um deslocamento de
fase não linear negativo por meio de um processo não linear de segunda
ordem em cascata [115]. Esse esquema é referido como pós-compensação de
não linearidade, pois é implementado no fim do enlace de fibra.
Em outra implementação dessa ideia, a potência óptica é, primeiro,
detectada no receptor, sendo a resultante corrente usada para excitar um
modulador de fase baseado em LiNbO3 que impõe um deslocamento de
fase negativo proporcional à potência óptica no sinal óptico recebido [116].
Esse esquema foi implementado em um experimento de 2002 usando
dois moduladores de fase, que processavam componentes ortogonalmente
polarizadas do sinal com o intuito de impor ao sinal uma defasagem in-
dependente de polarização [117]. A compensação da defasagem induzida
por SPM foi observado por meio de uma redução no alargamento espectral.
Exaustivas simulações numéricas efetuadas para sistemas de um canal
e sistemas WDM indicam que um esquema de pós-compensação de não
linearidade reduz o ruído de fase não linear, mas não o elimina [115]. É
possível entender a razão para isso pela Eq. (10.5.3), a qual mostra que o
deslocamento de fase não linear se acumula ao longo do enlace de fibra,
com o ruído adicionado por múltiplos amplificadores. Como o próprio
ruído de intensidade evolui ao longo do enlace de fibra, o uso da potência
óptica no fim do enlace não é capaz de cancelar completamente o des-
locamento de fase não linear. Como exemplo, a Figura 10.21 mostra, usando
diagramas fasoriais, a extensão da redução do ruído de fase após 6000 km
de transmissão de sinais DBPSK para canais WDM operando em 10 Gb/s.
O enlace com gerenciamento de dispersão consistia de segmentos de fibra
584 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

Figura 10.21  Diagramas fasoriais após 6.000 km de transmissão para (a) um canal, (b) 5
canais espaçados de 100 GHz e (c) 5 canais espaçados de 50 GH. A linha inferior mostra
redução no ruído de fase com pós-compensação de não linearidade. (Após a Ref. [115];
©2002 OSA.)

de 100 km [D = 6 ps/(km-nm)], com parcial compensação de dispersão nos


amplificadores, uma pré-dispersão de 2.300 ps/nm e uma pós-dispersão de
150 ps/nm. Foi assumido que os 23 dB de perdas da fibra em cada segmento
eram compensados por meio de amplificação Raman com bombeamento
contrapropagante. A Figura 10.21 mostra que a eficácia do esquema de
compensação é reduzida para pequeno espaçamento entre canais. A razão
para isso está relacionada ao processo de XPM intracanal, que gera adicional
ruído de fase não linear. Esse ruído induzido por XPM pode ser restringido
por meio da adoção da técnica de intercalação de polarização, que assegura
que canais adjacentes sejam ortogonalmente polarizados.
O uso de um modulador de fase, ativado por uma corrente proporcional
à potência óptica recebida reduz o ruído de fase não linear. Contudo, é
necessário não apenas otimizar a fração da potência recebida enviada ao
detector, mas também determinar se o modulador de fase deve ser usado
no fim do enlace de fibra ou posicionado ao longo do enlace a uma dis-
tância ótima. Essas questões foram analisadas, tendo sido observado que a
variância de fase pode ser reduzida por fator 9 com o posicionamento do
modulador de fase a uma distância de 2LT/3, sendo LT o comprimento
total do enlace [118]. Fatores de redução ainda maiores são possíveis com o
posicionamento de dois ou mais moduladores de fase em posições ótimas
ao longo do enlace de fibra. No lado experimental, um único modulador
Sistemas de Ondas Luminosas Avançados 585

de fase posicionado no fim de um segmento de 1 km de fibra altamente não


linear reduziu consideravelmente o ruído de fase de um canal DBPSK de 10
Gb/s, resultando em maior SNR elétrica e melhor diagrama de olho [119].
Outro esquema para a compensação de ruído de fase [120]-[123] utiliza
conjugação de fase óptica (OPC). Como discutido na Seção 8.5, OPC é capaz
de compensar simultaneamente efeitos de GVD e de SPM [128], e também a
incerteza temporal induzida por ruído de amplificadores [129]. Assim, não é
surpresa que OPC seja adequada à compensação do ruído de fase não linear
induzido por SPM. A única questão é em que posição ao longo do enlace
de fibra o conjugador de fase deve ser posicionado, e até que ponto o ruído de
fase é compensado. Como vimos na Seção 8.5.1, a compensação de dis-
persão requer que o dispositivo de OPC seja posicionado no ponto médio
do enlace. Contudo, tal escolha não é ótima para a compensação do ruído de
fase [120]. Como visto na Eq. (10.5.3), o ruído de fase não linear se acumula
ao longo do enlace de fibra, de modo que a contribuição da segunda metade
do enlace de fibra ao ruído seja maior do que a da primeira. Assim, fica claro
que é melhor efetuar OPC na segunda metade do enlace de fibra.
A variância σ φ2 do ruído de fase não linear e sua redução por OPC
podem ser calculadas usando o método variacional [120], dos momentos
[122] ou perturbacional [123]. É possível também utilizar esses métodos
com o intuito de determinar a posição ótima do conjugador de fase. A
Figura 10.22 mostra como a OPC ajuda a reduzir a variância da fase para
duas posições do conjugador de fase [125]. Quando este é posicionado
exatamente no meio do enlace, a variância da fase é reduzida por um fator
4 (ou 6 dB). Contudo, a variância da fase pode ser reduzida por 9,5 dB, ou
por um fator quase 10, quando o conjugador de fase é posicionado a uma
distância de 0,66LT. Reduções ainda maiores são possíveis com o uso de dois
conjugadores. Uma redução de 12 dB na variância da fase ocorre quando

Figura 10.22  Variância de fase normalizada em função do comprimento do enlace. A


linha cheia mostra crescimento monótono na ausência de OPC; também é exibida a
redução da variância após a OPC efetuada em duas posições mostradas. (Após a Ref.
[125]; ©2006 IEEE.)
586 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

conjugadores de fase são posicionados a LT/4 e a 3LT/4. É possível aumentar


esse valor para 14 dB com o posicionamento dos conjugadores de fase a 40%
e 80% do comprimento total do enlace. Devemos ter em mente que o nível
de compensação de dispersão provido por um conjugador de fase também
depende de sua posição. Por exemplo, no caso de dois conjugadores de fase,
ocorre compensação de dispersão de 100% na primeira configuração, sendo
reduzida para 80% na segunda.
Experimentos foram realizados para observar a redução do ruído de
fase não linear induzida por OPC. Em um experimento [121], um canal
DBPSK de 10,7 Gb/s foi transmitido por 800 km, com OPC efetuada em
várias posições ao longo do enlace de fibra. O desempenho se caracterizou
por meio de um fator Q definido em termos da BER observada:

Q = 20 log 10 ( 2erfc−1(2BER)) . (10.5.5)



Esse fator Q melhorou de 4 dB quando OPC foi implementada no ponto
médio do enlace. Nesse experimento, a posição ótima foi o ponto médio,
pois a melhora no fator Q era reduzida nos dois lados dessa posição.
Em outro exper imento com sistema WDM [121], 44 canais
DQPSK − espaçados de 50 GHz e com 10,7 GHz de taxa de símbolos –
foram transmitidos por 10.200 km usando uma configuração de anel recir-
culante. As perdas na fibra foram compensadas por EDFAs em combinação
com amplificação Raman com bombeamento contrapropagante. OPC
no ponto médio foi efetuada com guia de onda de LiNbO3 polarizado
periodicamente. A Figura 10.23(a) mostra o fator Q em função da distância,
com e sem OPC, para um canal típico. Sem OPC, o fator Q começa a se
degradar rapidamente após 6.000 km, e não é possível transmitir o sinal sem

Figura 10.23  (a) Fatores Q, com e sem OPC, em função da distância, para um típico
canal de um sistema WDM de 44 canais no formato DQPSK, (b) fatores Q com OPC a
duas distâncias, para todos os canais. O limite de FEC é mostrado para comparação.
(Após a Ref. [121]; ©2006 IEEE.)
Sistemas de Ondas Luminosas Avançados 587

erro além de 7800 km. Degradação tão rápida não ocorre quando se em-
prega OPC, e o sistema WDM é capaz de operar sem erro por 10.200 km. A
Figura 10.23(b) mostra que, à distância de 10.200 km, os fatores Q de todos
os canais permanecem acima do limite de FEC de 9,1 dB. Esses resultados
ilustram com clareza o potencial da compensação de ruído de fase não linear
em um sistema WDM real com base em OPC.
Várias outras técnicas são capazes de prover compensação parcial de
ruído de fase não linear. É possível utilizar um esquema de compensação
eletrônica no receptor óptico simplesmente subtraindo da fase recebida uma
correção proporcional à potência incidente. Com adequada otimização, foi
possível reduzir a variância de fase por até um fator 4, o que permitiu dobrar
a distância de transmissão [124]. O ruído de fase não linear em um enlace
de fibra pode ser controlado, até certo ponto, por meio da otimização do
número e do posicionamento de amplificadores em linha [126]. O uso de
filtragem de Wiener também foi sugerido para esse propósito [127].

10.6  PROGRESSO RECENTE


Diversos experimentos de transmissão realizados durante a década
de 1980 demonstraram que receptores coerentes são capazes de funcionar
em níveis de potências menores do que o requerido para detecção direta
[4]-[9]. Com o advento de amplificadores ópticos, essa questão se tornou
irrelevante. Contudo, à medida que sistemas WDM passaram a transmitir
mais e mais canais na largura de banda de 40 nm da banda C, a questão de
eficiência espectral levou, após 2001, a um renovado interesse em sistemas
de ondas luminosas codificados em fase. Esta seção revê o progresso recente
alcançado no projeto de tais sistemas.

10.6.1  Sistemas com formato DBPSK


O formato DBPSK foi o primeiro a ser empregado para a demonstração
de sistemas WDM de alta capacidade [130]-[146]. A razão para isso está
relacionada à adoção do esquema de demodulação por retardo da Seção
10.2.3, baseado em um interferômetro óptico; com o uso desse dispositivo, a
configuração do receptor se torna similar à de receptores IM/DD. Ademais,
transmissores ópticos para a geração de sinal DBPSK requerem somente um
modulador de fase adicional. Contudo, o formato DBPSK permite o envio
de apenas um bit por símbolo, resultando em uma taxa de símbolos igual à
taxa de bits. Como qualquer ganho na eficiência espectral é relativamente
modesto, por que usar o formato DBPSK no lugar do convencional formato
OOK? A resposta foi dada por estudos dedicados à comparação dos dois
formatos [130]-[134]. Observou-se que os efeitos de XPM eram consi-
deravelmente reduzidos com o uso de DBPSK [131]. Em consequência,
588 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

Figura 10.24  Comparação de fatores Q em função da (a) SNR óptica e (b) distância, para
quatro formatos de modulação em um sistema WDM com canais de 10,7 Gb/s espaçados
por 100 GHz. (Após a Ref. [134]; ©2003 IEEE.)

esse formato melhora muito o desempenho de sistemas de WDM denso


projetados para prover eficiência espectral s > 0,4 b/s/Hz [133].
Essa vantagem foi realizada em 2002, quando 64 canais WDM − cada um
operando a 42,7 Gb/s − foram transmitidos por 4.000 km usando o formato
RZ-DBPSK. O uso de espaçamento de 100 GHz entre canais resultou em
uma largura de banda de 53 nm para o sinal WDM, com s = 0,4 b/s/Hz.
Em 2003, vários experimentos relataram importantes avanços com o em-
prego do formato DBPSK [136]-[142]. Em um experimento, uma eficiência
espectral s = 0,8 b/s/Hz foi realizada com a transmissão de 64 canais WDM
espaçados de 50 GHZ − cada um operando em 42,7 Gb/s − por 3.200 km
de fibra, resultando em uma capacidade de sistema de 6,4 Tb/s [136]. Em ou-
tro experimento, o objetivo foi demonstrar a transmissão de 40 canais (cada
um de 40 Gb/s) por uma distância transpacífica de 10.000 km [137]. Esses
dois experimentos usaram um formato conhecido como CSRZ-DBPSK,
no qual CSRZ significa RZ com portadora suprimida (carrier-suppressed
RZ), em que dois pulsos adjacentes têm diferença de fase relativa de π,
além da defasagem requerida pelo padrão de bits. Outro experimento
transmitiu 185 canais WDM − cada um operando a 10,7 Gb/s − por
8370 km, usando o formato RZ-DBPSK [138]. Em outro experimento,
373 canais WDM  − cada um operando a 10,7 Gb/s − foram transmitidos
por 11.000 km usando o mesmo formato [139]. Os canais eram espaçados
por 25 GHz (s = 0,4 b/s/Hz) e ocupavam uma largura de banda de 80 nm
na região espectral de 1,55 mm. Em um experimento posterior, foi possível
aumentar a eficiência espectral para 0,65 b/s/Hz, mas o número de canais
ficou limitado a 301 [141].
Nesses experimentos, a eficiência espectral se limitou a 0,8 b/s/Hz.
Contudo, um experimento de 2002 conseguiu realizar uma eficiência espectral
Sistemas de Ondas Luminosas Avançados 589

de 1,6 b/s/Hz por meio da combinação de 40 canais DBPSK (cada um


operando a 40 Gb/s) com multiplexação por divisão em código, resultando
em uma capacidade de sistema de 6,4 Tb/s [143]. A taxa de bits de 160 Gb/s
por canal foi realizada em um experimento de 2003, no qual seis canais
foram transmitidos por 2.000 km, com eficiência espectral de 0,53 b/s/
Hz, usando o formato RZ-DBPSK [144]. O sinal de 160 Gb/s, contendo
pulsos de 3,5 ps, teve de ser gerado por um esquema de OTDM. Esse ex-
perimento mostrou que o formato DBPSK podia ser utilizado até em uma
taxa de bits de 170,6 Gb/s, o que é necessário para sistemas de 160 Gb/s
que implementam um esquema de correção de erro à frente.
As vantagens do formato DBPSK foram quantificadas em um expe-
rimento de WDM de 2003, no qual 100 canais foram transmitidos por
distâncias transoceânicas com eficiência espectral de 0,22 b/s/Hz [134]. O
experimento comparou os formatos DBPSK e OOK usando sequências de
bits RZ e NRZ à taxa de 10,7 Gb/s. A Figura 10.23(a) mostra os fatores Q
em função da SNR óptica (medida em uma largura de banda de 0,1 nm)
para os 4 formatos, com ruído adicionado por um amplificador (antes da
transmissão). A Figura 10.23(b) mostra a degradação dos fatores Q em função
da distância de transmissão, com a mesma potência média lançada em todos
os casos (foi tomada a média de valores de Q de três canais bastante es-
paçados). O formato RZ-DPSK é, inicialmente, superior a todos os outros,
sendo essa vantagem mantida até uma distância de cerca de 6.300 km, após
a qual o formato RZ-OOK tem fator Q ligeiramente mais elevado. Uma
redução mais rápida do Q para o formato RZ-SBPSK indica que efeitos
não lineares foram mais intensos nesse caso. Contudo, a situação muda para
sistemas de WDM denso com eficiência espectral s > 0,4 b/s/Hz [133]. A
razão parece ser o fato de a degradação induzida por XPM nessas condições
se tornar mais severa para sistemas que empregam o formato OOK [131].

10.6.2  Sistemas com formato DQPSK


Uma vantagem óbvia do formato QPSK é a transmissão de 2 bits/símbolo,
resultando em uma taxa de símbolos que corresponde a apenas 50% da taxa
de bits, dobrando a eficiência espectral s. Em consequência, o formato
QPSK permite, em princípio, s ≥ 1 b/s/Hz. Essa característica levou a
numerosos experimentos com o formato DQPSK [145]-[156]. Em um de
2002, 9 canais WDM foram transmitidos por 1000 km usando espaçamento
de 25 GHz entre canais codificados com o formato RZ-DQPSK [145].
A taxa de símbolos de 12,5 Gbaud corresponde a uma taxa de bits de
25 Gb/s, resultando em s = 1 b/s/Hz (se ignorarmos o overhead imposto
pela correção de erro à frente).
Um experimento de 2003 usou o formato DQPSK com o intuito de
realizar uma eficiência espectral de 1,6 b/s/Hz [146]. Oito canais de 40 Gb/s
590 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

foram transmitidos por 200 km, com 25 GHz de espaçamento entre canais.


Nesse experimento, a taxa de símbolos era de apenas 10 Gbaud, pois se em-
pregou técnica de PDM ou dupla polarização, em que duas sequências de
bits em polarizações ortogonais são geradas a uma taxa de bits igual à metade
da original. A combinação de DQPSK e PDM reduz a taxa de símbolos a
um quarto da real taxa de bits, aumentando a eficiência espectral por um
fator 4. Em consequência, um sinal de 40 Gb/s pode ser transmitido usando
componentes desenvolvidos para canais de 10 Gb/s.
O comprimento do enlace de fibra foi limitado a apenas 200 km nesse
experimento de 2003 [146].Tal limitação ocorre, principalmente, em função
do uso de PDM. Em um experimento de 2004, 64 canais WDM à taxa de
símbolos de 12,5 Gbaud foram transmitidos por 6.500 km usando o formato
RZ-DQPSK (sem PDM), com eficiência espectral de 1 b/s/Hz [147]. Foi
possível aumentar a distância para 10.200 km em um experimento de 2005,
o qual empregou OPC no meio do enlace para compensar a dispersão da
fibra e, simultaneamente, reduzir o impacto do ruído de fase não linear [151].
Contudo, a capacidade total desse sistema era de apenas 0,88 Tb/s. Uma
capacidade muito maior, de 5,94 Tb/s, foi realizada em um experimento
de 2005 [152], o qual utilizaou DQPSK com PDM, mas o comprimento
do enlace foi limitado a 324 km. Foi possível estender o comprimento do
enlace a 1.700 km (com 1 dB de margem) em um experimento de 2006
que transmitiu 40 canais a uma taxa de 85,6 Gb/s, na grade de frequências
de 50 GHz [153]. Esse experimento também mostrou que os fatores Q do
sinal recebido foram menores do que 2,2 dB quando se empregou a técnica
PDM, e diminuíram linearmente com a distância, com ou sem PDM.
Em anos recentes, a capacidade total de sistemas DQPSK ultrapassou
10 Tb/s. Uma capacidade de 14 Tb/s foi realizada em um experimento de
2006 que transmitiu 140 canais com PDM (cada um operando a 111 Gb/s)
em uma faixa de comprimentos de onda com 59 nm de largura, de 1561
a 1620 nm [154]. Esse experimento demostrou uma eficiência espectral de
2,0 b/s/Hz, em um comprimento de enlace limitado a 160 km. A capacidade
do sistema foi aumentada a 20,4 Tb/s no intervalo de um ano, expandindo
a faixa de comprimentos de onda para 1.536 a 1.620 nm [155]. O com-
primento do enlace foi de 240 km, com a mesma eficiência espectral. Uma
capacidade de sistema de 25,6 Tb/s foi realizada em um experimento de
2007, em que 160 canais WDM fora transmitidos por 240 km na grade de
50 GHz, com eficiência espectral de 3,2 b/s/Hz [156].

10.6.3  QAM e Formatos Relacionados


Os formatos BPSK e QPSK discutidos até aqui nesta seção codificam os
dados na fase da portadora óptica, mas deixam a amplitude desta inalterada
de um símbolo para o seguinte. Em contraste, o formato QAM emprega a
Sistemas de Ondas Luminosas Avançados 591

amplitude e a fase para codificação de dados. Ademais, o número de símbolos


(M = 2m) empregado pode variar de 2 a mais de 128, dependendo do valor
do inteiro m. Um exemplo do formato 16-QAM é mostrado na Figura 10.1,
com 16 símbolos (m = 4). Nessa notação, QPSK corresponde a 4-QAM.
Uma importante diferença em relação aos formatos DBPSK e DQPSK
é que, no lado do receptor, o formato QAM requer detecção coerente do
sinal transmitido. Um laço de travamento de fase é comumente utilizado
para esse propósito, mas a sincronização de fase entre o oscilador local e o
laser transmissor é uma tarefa desafiadora, devido ao intrínseco ruído de fase
dos dois lasers[157]. Essa tarefa se torna ainda mais desafiadora na presença
do ruído de fase não linear. Não obstante, técnicas de travamento de fase
foram desenvolvidas após 2003. Em uma abordagem distinta, empregou-se
um esquema homódino com diversidade de fase sem laço de travamento de
fase, e a fase da portadora foi estimada com DSP no sinal homódino [158].
A Figura 10.25 mostra a configuração de um receptor coerente digital. Um
conversor analógico-digital é utilizado para converter o sinal analógico fil-
trado em um formato digital apropriado para DPS. Devido ao uso de DSP,
essa abordagem também é capaz de compensar distorções do sinal óptico
induzidas ao longo do enlace de fibra por mecanismos dispersão cromática.

Figura 10.25  Componentes de um receptor coerente digital. LPF, ADC e DSP designam
filtro passa-baixas (Low-Pass Filter), conversor analógico-digital (Analog-to-Digital Con-
verter) e processamento digital de sinal (Digital Signal Processing), respectivamente.
(Após a Ref. [158]; ©2006 IEEE.)

Em um experimento de 2005, foi realizada demodulação coerente de


uma sequência de bits de 40 Gb/s que fora codificada com o formato QPSK
(ou 4-QAM) e multiplexação em polarização e transmitida por 200 km
[159]. Como a taxa de símbolos era de 10 Gbaud, tornou-se possível que
três canais WDM fossem espaçados por apenas 16 GHz. O experimento
empregou um receptor coerente com diversidade de fase e processamento
de sinal digital (DSP). Em 2008, com a combinação do formato QPSK e
multiplexação em polarização, 164 canais de 111 Gb/s foram transmitidos
por 2.550 km a uma taxa de símbolos de 27,75 Gbaud [160]. O espaça-
mento de 50 GHz entre canais exigiu o uso das bandas C e L; contudo,
empregando detecção coerente, o experimento alcançou o valor recorde
592 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

Figura 10.26  Configuração de receptor coerente usado para sinais de 100 Gb/s no


formato QPSK de dupla polarização. O detalhe mostra o tamanho compacto desse
receptor. (Após a Ref. [160]; ©2009 IEEE.)

de 41.800 (Tb/s)-km para o produto capacidade-distância. A Figura 10.26


mostra a configuração e a fotografia do receptor coerente digital usado nesse
experimento; o detalhe exibe o tamanho compacto, possibilitado pelo uso
de DSP no interior do receptor. Em 2010, utilizou-se o formato QPSK
com dupla polarização em sistemas comerciais.
É possível aumentar a eficiência espectral desses sistemas com a trans-
missão de mais de 2 bits/símbolo. Em um experimento de 2008, um sinal de
20 Mbaud no formato 128-QAM foi transmitido por 525 km e detectado
por detecção heteródina com um laser de fibra estabilizado em frequência
e uma técnica de travamento deslocado (offset-locking) [161]. Esse expe-
rimento não empregou a técnica WDM, mas mostrou que até 7 bits por
símbolo podiam ser codificados com sucesso com o formato QAM. Em
um experimento posterior, elevou-se a taxa de símbolos para 1 Gbaud, e
um sinal no formato 64-QAM foi transmitido por 150 km de fibra [162].
Esse experimento empregou detecção heteródina com um laser de fibra
estabilizado em frequência e usou um laço de travamento de fase óptica. Em
2008, tal esquema foi estendido para transmitir três canais WDM (cada um
operando em 12 Gb/s) por 160 km, com apenas 1,4 GHz de espaçamento
entre canais, resultando em uma eficiência espectral de 8,6 b/s/Hz [163].
Em outro experimento, um canal de 40 Gb/s foi transmitido por 100 km
de fibra padrão com o formato 16-QAM e demodulado por um receptor
coerente digital [164].
O estado da arte de sistemas WDM baseados em QAM progrediu conside-
ravelmente em anos recentes. Em um experimento de 2008, 10 canais (cada um
operando em 112 Gb/s) espaçados de 25 GHz foram transmitidos por 315 km
usando o formato 16-QAM com PDM, resultando em uma taxa de símbolos
de 14 Gbaud e uma eficiência espectral de 4,5 b/s/Hz [165]. Em 2009, o com-
primento de fibra foi aumentado para 630 km, enquanto o espaçamento entre
Sistemas de Ondas Luminosas Avançados 593

canais pôde ser reduzido para 16,7 GHz, produzindo uma eficiência espectral
de 6,7 b/s/Hz [166]. Se for levado em conta o overhead de FEC e for usada
a real taxa de bits de 104 GB/s, a eficiência espectral passa a 6,2 b/s/Hz,
ainda um valor respeitável. Um sistema de alta capacidade foi demonstrado
em um experimento de 2008, em que 161 canais − cada um operando à
taxa de bits de 114 Gb/s − foram transmitidos por 662 km de fibra [167]. O
experimento combinou o formato 8-PSK e multiplexação em polarização,
resultando em uma taxa de símbolos de 19 Gbaud. Foi possível amplificar
todos os 114 canais por um único EDFA de banda C, devido ao espaçamento
de 25 GHz adotado entre canais nesse experimento. Uma capacidade de
sistema de 32 Tb/s foi realizada em um experimento de 2009, o qual trans-
mitiu 320 canais WDM (cada um a 114 Gb/s) por 580 km de fibra usando
o formato 8-QAM com PDM [168]. Em 2010, a capacidade de sistema foi
mais do que dobrada, alcançando 69,1 Tb/s, com a transmissão de 432 canais
(cada um operando a 171 Gb/s) por 240 km, com eficiência espectral de
6,4 b/s/Hz, usando o formato 16-QAM [169]. Outro experimento de 2010
realizou capacidade de 64 Tb/s com a transmissão de 640 canais (cada um
operando a 107 Gb/s) por 320 km, com eficiência espectral de 8 b/s/Hz,
com o formato 32-QAM [170].

10.6.4  Sistemas que Empregam FDM Ortogonal


Como discutido na Seção 6.5.3, FDM ortogonal, ou OFDM, é uma técnica
de multiplexação de subportadora que utiliza o algoritmo de FFT com
DSP a fim de transmitir múltiplos bits simultaneamente em frequências
subportadoras ortogonais localizadas nas vizinhanças da portadora principal.
Essa técnica é muito empregada na transmissão celular em frequências de
micro-ondas e, recentemente, foi adotada para sistemas de ondas luminosas,
pelo potencial de melhorar consideravelmente o desempenho destes [171]-
[184]. Sua principal vantagem é a taxa de símbolos OFDM ser uma pequena
fração da real taxa de bits, pois centenas de símbolos são transmitidas em
paralelo usando múltiplas subportadoras separadas por 1/Ts. Ademais, ne-
nhuma compensação de dispersão é, geralmente, necessária, pois distorções
induzidas por dispersão podem ser removidas no receptor por meio de DSP
do sinal elétrico no domínio da frequência [172].
A técnica de OFDM óptica coerente foi proposta em 2005 [171] e
suas vantagens foram estudadas em seguida [172]-[174]. Uma demons-
tração experimental dessa técnica a uma taxa de bits de 8 Gb/s empregou
128 subportadoras com o formato QPSK [175]. O resultante sinal OFDM
óptico foi transmitido por 1.000 km de fibra padrão de telecomunicações
(na forma de anel recirculante), sem qualquer compensação de dispersão.
Esse experimento empregou dois lasers de banda estreita (um no transmis-
sor e outro no receptor), com larguras de linha de cerca de 20 kHz. Lasers
594 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

de banda estreita são necessários devido a uma relativamente baixa taxa de


símbolos de subportadoras e à detecção coerente usada para detectá-las.
Uma distância de transmissão de 4.160 km, a uma taxa de bits de
25,8 Gb/s, foi realizada em um experimento de OFDM de 2007 que usou
256 subportadoras [176], o qual implementou um esquema de compensação
de ruído de fase não linear com a inserção de um piloto de radiofrequência
(RF) no transmissor. Por ser distorcido pelo ruído de fase da mesma que
o sinal OFDM, é possível utilizar esse piloto no receptor com o intuito
de remover as distorções de fase do sinal OFDM. A Figura 10.27 mostra
a eficácia dessa técnica comparando os diagramas de constelação com e
sem a compensação do ruído de fase usando o piloto de RF. Um laser de
semicondutor de cavidade externa com 100 kHz de largura de linha foi
usado como oscilador local no lado do receptor.

Figura 10.27  Diagramas de constelação com e sem compensação do ruído de fase não
linear usando um piloto de RF. (Após a Ref. [176]; ©2008 IEEE.)

Alguns sistemas OFDM focam a taxa de bits de 100 Gb/s exigida pelo


padrão 100 GbE. Na prática, a real taxa de bits é ligeiramente maior, em
função do overhead de FEC. Em 2008, uma taxa de bits de 107 Gb/s foi
realizada para um sistema de OFDM operando com 128 subportadoras
codificadas no formato QPSK [180]. Foi possível transmitir o resultante
sinal OFDM por 1.000 km de fibra padrão sem qualquer compensação de
dispersão no domínio óptico. A largura de banda de 37 GHz do sinal de
OFDM levou a uma eficiência espectral próxima de 3 b/s/Hz. Em outro
experimento, uma eficiência espectral de 2 b/s/Hz foi realizada com a
transmissão de dez canais WDM de 121,9 Gb/s por 1.000 km de fibra pa-
drão com OFDM, com 50 GHz de espaçamento entre canais [182]. Esse
experimento empregou o formato 8-QAM com PDM, de modo que cada
canal de 121,9 Gb/s ocupou uma largura de banda de apenas 22,8 GHz.
A eficiência espectral foi aumentada para 4 b/s/Hz em um experimento
de 2009 que reduziu o espaçamento entre canais para 25 GHz [184]. Nesse
experimento, sete canais de 132,2 Gb/s foram transmitidos por 1.300 km de
Sistemas de Ondas Luminosas Avançados 595

Figura 10.28  BER do canal central após 1.000 km em função da potência de entrada por
canal, para três durações de símbolos (do mais curto para o mais longo) correspondentes
ao tamanho da FFT de 128, 256 e 1024. (Após a Ref. [184]; ©2009 IEEE.)

fibra padrão usando o formato 8-QAM com PDM. Com 128 subportadoras,
a duração dos símbolos era de 14,4 ns; com 1024 subportadoras, a duração
dos símbolos aumentou para 104 ns. A Figura 10.28 mostra a BER obser-
vada para o canal central depois de 1.000 km de transmissão em função da
potência média de entrada por canal, para três durações de símbolos corres-
pondentes a 128, 256 e 1.024 subportadoras. As distorções de fase lineares
foram compensadas em todos os casos por meio da técnica de piloto de
RF, resultando no mesmo desempenho de sistema para baixas potências de
entrada. Contudo, à medida que a potência por canal aumentava acima de
0,2 mW, distorções de fase não lineares levaram a considerável aumento da
BER, no caso de símbolos com 104 ns de duração (1.024 subportadoras).
A BER foi mínima no caso de 128 subportadoras. Uma razão para essa
dependência em relação à duração dos símbolos é o fato de o piloto de
RF também ser afetado pelos fenômenos de SPM e XPM, à medida que
a potência por canal aumenta. Tais distorções não lineares do piloto de RF
podem reduzir a eficácia do esquema de compensação do ruído de fase.
A pesquisa com sistemas de OFDM óptico progride rapidamente em
várias direções. Em um caso, o objetivo é aumentar a eficiência espectral
de sistemas WDM. Em um experimento de 2009, uma eficiência espectral
de 7 b/s/Hz foi realizada com a transmissão de 8 canais de 65,1 Gb/s por
630 km de fibra com o emprego do formato 32-QAM com PDM [185]. O
espaçamento entre canais foi de apenas 8 GHz nesse experimento de WDM.
Em outro caso, o objetivo era o aumento da capacidade do sistema. Em um
experimento de 2009, OFDM foi usada para transmitir 135 canais, cada um
operando a 111 Gb/s, por 6.248 km, resultando em um recorde do produto
capacidade-distâncias de 84.300 (Tb/s)-km [186]. Esse experimento em-
pregou o formato QPSK e PDM juntamente com amplificação distribuída
Raman para o sinal WDM que se estendia de 1.563 a 1.620 nm.
596 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

Motivada pelos futuros sistemas de Ethernet de 1 Tb/s, outra direção


para sistemas de ondas luminosas é a transmissão de um único canal a uma
taxa de bits de 1 Tb/s ou mais [187]-[191]. As técnicas de OFD e TDM
podem ser utilizadas para esse propósito. No caso de OFDM, tal objetivo
requer o uso de um grande número de subportadoras, de modo que a taxa
de símbolos por subportadora seja razoável. Em um experimento de 2009,
4104 subportadora com sobreposição espectral foram empregadas na trans-
missão de um único canal de 1 Tb/s por 600 km de fibra padrão [189].Todo
o sinal OFDM ocupou uma largura de banda de 320,6 GHz, resultando em
uma eficiência espectral de 3,3 b/s/Hz. Em 2010, sistemas OFDM eram
capazes de operar a taxas de bits de até 10,8 Tb/s [191].

10.7  MÁXIMA CAPACIDADE DE CANAL


Com o advento da tecnologia de multiplexação por divisão em com-
primento de onda (WDM), sistemas de ondas luminosas com capacidade de
mais de 1 Tb/s se tornaram comercialmente disponíveis. Além disso, uma
capacidade de sistema de 69,1 Tb/s foi demonstrada em um experimento de
laboratório de 2010 [169]. Contudo, qualquer canal de comunicação possui
largura de banda finita, e fibras ópticas não são exceção. Cabe, portanto, a
pergunta: o que limita a máxima capacidade de um sistema de comunicação
por fibra óptica [192]-[200].
O desempenho de qualquer sistema de comunicação acaba limitado pelo
ruído no sinal recebido. Tal limitação pode ser posta de modo mais formal
por meio do conceito de capacidade de canal introduzido por Shannon no
contexto da teoria da informação [201]. O fato é que existe uma máxima
taxa de bits para a transmissão sem erro de um sinal digital binário na
presença de ruído gaussiano. Essa taxa é denominada capacidade de canal.
Mais especificamente, a capacidade (em bits/s) de um canal de comunicação
Ruidoso de largura de banda W é dada por [200]:

C S = W log 2 (1 + SNR) = W log 2 [1 + PS /( N 0W )], (10.7.1)

em que N0 é a densidade espectral de ruído e Ps, a potência média de


sinal, relacionada à energia do pulso em um símbolo como Es = Ps/W. A
Eq. (10.7.1) é válida para um canal linear com ruído aditivo, e mostra que
a capacidade de canal (ou taxa de bits) pode exceder a largura de banda
do canal se o nível de ruído for suficientemente baixo para manter uma
alta relação sinal-ruído (SNR). É comum definir a eficiência espectral de
um canal WDM como s = Cs/W, que é uma medida do número de bits
transmitidos por segundo por unidade de largura de banda, sendo dada
em (b/s/Hz). Para uma SNR > 30 dB, s excede 10 (b/s/Hz), segundo
a Eq. (10.7.1).
Sistemas de Ondas Luminosas Avançados 597

Pode parecer surpreendente que a Eq. (10.7.1) não dependa do formato


de modulação. Vimos na Seção 10.1 que o número de bits que pode ser
transmitido na duração de um símbolo é limitado pelo número de símbolos
no diagrama de constelação (ou tamanho do alfabeto). Na verdade, para um
alfabeto de tamanho M, a eficiência espectral é limitada a log2M. A razão para
a independência da Eq. (10.7.1) em relação a M é o fato de essa equação
ser deduzida no limite M → ∞, de modo que, no diagrama de constelação,
símbolos ocupem todo o espaço bidimensional com distribuição gaussiana.
Assim, é importante ter em mente que a discussão de capacidade de canal a
seguir representa um limite superior para o que pode ser realizado na prática.
Mesmo com tal ressalva, a Eq. (10.7.1) nem sempre é aplicável a sis-
temas de comunicação por fibra óptica, devido aos efeitos não lineares que
ocorrem em fibras ópticas. Não obstante, é possível utilizar essa equação com
o intuito de fornecer um limite superior para a capacidade de sistema. A
largura de banda total de modernos sistemas de ondas luminosas é limitada
pela largura de banda de amplificadores ópticos e fica abaixo de 10 THz
(80 nm), mesmo quando as bandas C e L são usadas simultaneamente. Com
o advento de novos tipos de fibras e técnicas de amplificação, podemos es-
perar que essa largura de banda se aproxime de 50 THz, se usarmos toda a
região de baixa perda que se estende de 1,25 a 1,65 mm. Se dividirmos a
largura de banda em 1000 canais WDM, cada um com 50 GHz de largura,
e assumirmos que a SNR exceda 100 para cada canal, a máxima capacidade
de sistema prevista pela Eq. (10.7.1) é próxima de 350 Tb/s, assumindo que
a fibra óptica atue como um canal linear. A máxima capacidade realizada
para sistemas WDM foi de 69,1 Tb/s, em um experimento de 2010 [169]. A
estimativa anterior mostra que existe considerável espaço para melhorias. Na
prática, o fator mais limitante é a eficiência espectral definida pelo alfabeto
de tamanho M. O uso de maiores valores de M deve melhorar a eficiência
espectral de futuros sistemas WDM.
O impacto de efeitos não lineares sobre a capacidade de canal de sistemas
de ondas luminosas despertou interesse em anos recentes [192]-[199]. Uma
abordagem sistemática foi desenvolvida em uma revisão de 2010 sobre esse
tema [200]. A Figura 10.29 mostra como efeitos não lineares reduzem a
máxima eficiência espectral abaixo do valor predito pela Eq. (10.7.1) quando
altas potências de sinal são lançadas para assegurar alta SNR no receptor,
apesar do acúmulo de ruído de amplificadores ao longo do enlace de fibra.
Como esperaríamos, a eficiência espectral depende da distância de trans-
missão e piora com o aumento dessa distância. Contudo, a característica mais
notável da Figura 10.29 é que, para qualquer distância de transmissão, um
valor máximo ocorre para um valor ótimo de SNR, que muda com a dis-
tância. Por exemplo, a máxima eficiência espectral para um enlace de 100 km
de comprimento é limitada abaixo de 8 (b/s/Hz), independentemente do
598 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

Figura 10.29  Eficiência espectral em função da SNR calculada numericamente, in-


cluindo efeitos não lineares, para distâncias de transmissão de 500 a 8.000 km. (Após a
Ref. [200]; ©2010 IEEE.)

tamanho do alfabeto do formato de modulação empregado. Isso contrasta


fortemente com a predição da Eq. (10.7.1) e reflete a fundamental limitação
imposta por efeitos não lineares. A Ref. [200] deve ser consultada para
detalhes do procedimento numérico utilizado para obter a Figura 10.29.

Exercícios
10.1 Esboce a variação temporal do campo elétrico de uma portadora para
o formato PSK durante 5 bits com o padrão 01010. Assuma que a fase
da portadora seja defasada de 180° em cada bit 1.
10.2 Explique o significado do formato DPSK. Esboce a variação temporal
do campo elétrico para esse formato usando o mesmo padrão de 5
bits 01010 do exercício anterior.
10.3 Desenhe o diagrama de constelação para os formatos QPSK e 8-PSK,
e mostre as combinações de bits alocadas a cada símbolo no esquema
de codificação Gray.
10.4 Deduza uma expressão para a função de transferência de um mo-
dulador de Mach-Zehnder em função das tensões V1 e V2 aplicadas
aos dois braços. Em que condições tal modulador atua como puro
modulador de amplitude?
10.5 Dê a configuração de um transmissor óptico para o formato RZ-
DQPSK. Explique o funcionamento desse transmissor.
10.6 Dê a configuração de um receptor heteródino síncrono e deduza uma
expressão para a corrente usada pelo circuito de decisão em termos
da potência de sinal recebida. Use correntes de ruído nas duas qua-
draturas.
Sistemas de Ondas Luminosas Avançados 599

10.7 Dê a configuração de um receptor heteródino assíncrono e deduza


uma expressão para a corrente usada pelo circuito de decisão em
termos da potência de sinal recebida. Use correntes de ruído nas duas
quadraturas.
10.8 Dê a configuração de um receptor de demodulação por retardo para
o formato RZ-DQPSK. Explique como esse receptor é capaz de
detectar as duas quadraturas do campo óptico.
10.9 Deduza uma expressão para a BER de um receptor ASK heteródino
síncrono, assumindo que a componente de ruído em fase ic tenha a
função densidade de probabilidade
1  2 
p(ic )= exp − ic 
σ 2  σ 
Determine a SNR necessária à obtenção de uma BER de 10−9.
10.10 Deduza a distribuição de Rice dada na Eq. (10.3.10) quando a corren-
te de sinal I é fornecida pela Eq. (10.3.9) para um receptor heteródino
assíncrono. Assuma que as componentes nas duas quadraturas do ruído
obedeçam a uma estatística gaussiana com desvio-padrão σ.
10.11 Mostre que a BER de um receptor ASK heteródino assíncrono [Eq.
(10.3.13)] pode ser aproximada como BER =  21 exp[ −I 12 /(8σ 2 )] ,
quando I1/σ >> 1 e I0 = 0. Assuma ID = I1/2.
10.12 Consulte a Ref. [35] e mostre que a BER dada na Eq. (10.3.21) para
o formato DQPSK pode ser aproximada pela Eq. (10.3.24). Faça um
gráfico das duas expressões em função de Np.
10.13 Deduza, usando a Eq. (10.4.1), uma expressão para a SNR de recep-
tores heteródinos em termos do parâmetro de ruído de intensidade rI.
Prove que o valor ótimo de PLO, no qual a SNR é máxima, é fornecido
por PLO = σT/(RrI), desprezando a contribuição da corrente no escuro
ao ruído de disparo.
10.14 Explique a origem do ruído de fase não linear. Deduza uma expressão
para o campo de saída A(L,t) depois de um campo de entrada ruidoso
A(0,t) = As(t) + n(t) se propagar por uma fibra não linear de com-
primento L.
10.15 Discuta duas técnicas possíveis de serem usadas para compensar o
ruído de fase não linear em sistemas de ondas luminosas codificados
em fase, pelo menos, parcialmente.

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CAPÍTULO 11

Processamento de Sinal Óptico


Os atuais sistemas de ondas luminosas efetuam processamento de sinal
principalmente no domínio elétrico. Essa abordagem é aceitável se o
processamento do sinal for feito nos lados do transmissor e do receptor,
tornando-se, entretanto, impraticável caso deva ser efetuado em nós in-
termediários de uma rede óptica. Por exemplo, a comutação de individuais
canais WDM em um nó intermediário pode requerer mudança do com-
primento da correspondente portadora. Uma implementação no domínio
elétrico requereria a recuperação da sequência de bits elétricos com um
receptor óptico e, depois, a recriação do canal WDM usando um trans-
missor óptico que opere no novo comprimento de onda. Uma abordagem
totalmente óptica exigiria apenas o envio do canal a um dispositivo óptico
não linear (denominado conversor de comprimento de onda) que altere o
comprimento de onda da portadora sem afetar o conteúdo de dados dela.
Outro exemplo é o de regeneradores ópticos que limpam um sinal óptico
e o amplificam sem qualquer conversão de domínio óptico para elétrico.
Este capítulo foca uma variedade de dispositivos de processamento de sinal
que utilizam os mesmos efeitos não lineares, como automodulação de
fase (SPM), modulação de fase cruzada (XPM) e mistura de quatro ondas
(FWM), que, em outras situações, são deletérios para sistemas de ondas
luminosas. A Seção 11.1 descreve diversos dispositivos baseados em fibra e
semicondutores, os quais são úteis para o processamento de sinais ópticos.
Flip-flops e conversores de comprimento de onda totalmente ópticos são
cobertos nas Seções 11.2 e 11.3, respectivamente. Várias outras aplicações
são discutidas na Seção 11.4, incluindo conversão de formato e comutação
de pacotes. A Seção 11.5 é dedicada a regeneradores ópticos.

11.1  TÉCNICAS E DISPOSITIVOS NÃO LINEARES


As principais características dos três fenômenos não lineares − SPM,
XPM e FWM − úteis para processamento de sinal totalmente óptico foram
discutidas na Seção 2.7. Os três fenômenos podem ser implementados
usando um trecho de fibra óptica projetado para realçar efeitos não lineares.
Fibras desse tipo são denominadas fibras altamente não lineares e são projetadas
de modo que a área efetiva do modo fundamental seja consideravelmente
reduzida, em comparação a uma fibra padrão [1]. Em consequência, o
parâmetro não linear g − definido na Seção 2.6.2 e que varia com o inverso
605
606 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

da área modal efetiva Aeff − aumenta significativamente [2]. Seu valor é,


tipicamente, maior do que 10 W−1/km para fibras de sílica altamente não
lineares, e chega a se tornar maior do que 1000 W−1/km para fibras de
materiais diferentes da sílica [3]-[6].
Diversos dispositivos foram desenvolvidos, em anos recentes, para o
propósito de processamento óptico de sinais de telecomunicações [7]. Esta
seção trata de dispositivos como interferômetros de Sagnac, amplificadores
paramétricos, amplificadores ópticos de semicondutor e ressoadores bies-
táveis.

11.1.1  Anel Óptico Refletivo Não Linear


Um anel ou laço óptico refletivo não linear (NOLM − Nonlinear Optical
Loop Mirror) é um exemplo de um interferômetro de Sagnac em que dife-
rentes deslocamentos de fase não lineares adquiridos por ondas contrapro-
pagantes em um laço de fibra são explorados para o processamento de sinal
óptico [8]-[10]. A Figura 11.1 mostra, esquematicamente, como é possível
construir um interferômetro de Sagnac conectando um longo trecho de fibra
às duas portas de saída de um acoplador a fibra, formando um laço ou anel.
O campo óptico de entrada é dividido em duas partes contrapropagantes
que compartilham o mesmo percurso óptico e interferem coerentemente no
acoplador. A defasagem relativa entre os feixes contrapropagantes determina
se um feixe de entrada é refletido ou transmitido pelo interferômetro de
Sagnac. Na verdade, se um acoplador a fibra de 3 dB for usado, qualquer
entrada será totalmente refletida, e o laço de Sagnac funcionará como um
espelho perfeito. É viável projetar tal dispositivo visando transmitir um sinal
de alta potência e refleti-lo a baixos níveis de potência, funcionando como
um comutador totalmente óptico.

Figura 11.1  Ilustração de um interferômetro de Sagnac que funciona como um anel


óptico refletivo não linear cuja transmissão depende da potência de entrada lançada.

O mecanismo físico associado à comutação óptica pode ser entendido


considerando um feixe de entrada CW ou quase CW. Quando um sinal
Processamento de Sinal Óptico 607

óptico incide em uma das portas do acoplador, ele é dividido em duas partes
cujas amplitudes e fases relativas dependem da matriz de transferência do
acoplador, dada por [11]:

 
 ρ i 1− ρ 
Tc =  , (11.1.1)
 i 1− ρ ρ 
 

em que ρ representa a fração da potência de entrada P0 que permanece na
porta direta do acoplador. Usando essa matriz de transmissão, a transmitância
de um NOLM de comprimento L é obtida como [10]:

TS = 1 − 2 ρ (1 − ρ ) {1 + cos [(1 − 2 ρ ) γ P0 L ]} , (11.1.2)



sendo P0 a potência de entrada. Para ρ = 0,5, Ts é igual a zero, e toda a potên-
cia de entrada é refletida (daí a denominação laço óptico refletivo). Fisicamente,
se a potência for igualmente dividida entre as ondas contrapropagantes, os
deslocamentos de fase não lineares serão iguais para as duas ondas, resultando
em diferença de fase relativa zero entre as ondas contrapropagantes. Contudo,
se o fator de divisão de potência ρ for diferente de 0,5, um NOLM exibirá
comportamentos distintos em potências altas e baixas, e poderá funcionar
como um comutador óptico.
A Figura 11.2 mostra a potência transmitida em função de P0, para dois
valores de ρ. Em baixas potências, pouca luz é transmitida se ρ for próximo
de 0,5, pois Ts ≈ 1 - 4ρ(1 − ρ). Em altas potências, o deslocamento de

Figura 11.2  Potência transmitida em função da potência de entrada, para dois valores
de ρ, mostrando a resposta não linear de um interferômetro de Sagnac totalmente
óptico.
608 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

fase induzido por SPM leva à transmissão de 100% do sinal de entrada,


desde que
1 − 2 ρ γ P0 L = ( 2m − 1) π , (11.1.3)

sendo m um inteiro. Como visto na Figura 11.2, à medida que a potência de


entrada aumenta, o dispositivo comuta periodicamente entre transmissões
baixa e alta. Na prática, somente o primeiro pico de transmissão (m = 1) tem
possibilidade de uso para comutação, pois requer a mínima potência. Para
m = 1, a potência de chaveamento é estimada da Eq. (11.1.3) como 31 W,
para um laço de fibra com 100 m de comprimento, ρ = 0,45 e g = 10 W−1/
km. Pode-se reduzir esse valor com o aumento do comprimento do laço,
mas devemos considerar os efeitos da perda da fibra e de GVD, desprezados
na dedução da Eq. (11.1.2).
A potência de comutação para um interferômetro de Sagnac também
pode ser reduzida por meio da incorporação de um amplificador a fibra ao
laço [12]. Se o amplificador for posicionado nas proximidades do acoplador
a fibra, sua presença introduzirá uma assimetria, pois os pulsos contrapro-
pagantes não são amplificados simultaneamente. Como o interferômetro
de Sagnac é desbalanceado pelo amplificador, é possível utilizar até mesmo
um acoplador de 50:50 (ρ = 0,5). O comportamento de comutação pode
ser entendido notando que uma onda é amplificada na entrada do laço,
enquanto a onda contrapropagante o é imediatamente antes de deixar o laço.
Como, ao longo de todo o laço, as intensidades das duas ondas diferem por
um grande valor, a defasagem diferencial pode ser muito alta. Assumindo
que a onda que se propaga no sentido horário seja, primeiro, amplificada
por um fator G, a transmitância é calculada como

TS = 1 − 2 ρ (1 − ρ ) {1 + cos [(1 − ρ − G ρ ) γ P0 L ]} . (11.1.4)



A condição para completa transmissão é obtida da Eq. (11.1.3) substituindo
(1 − 2ρ) por (1 − ρ − Gρ). Para ρ = 0,5, a potência de comutação é
fornecida por (usando m = 1):

P0 = 2π / [(G − 1) γ L ] . (11.1.5)

Já que o fator de amplificação G pode ser muito grande, como 30 dB, a
potência de comutação é reduzida por um fator de até 1000. Este dispositi-
vo − referido como laço refletivo amplificador não linear ou NALM (Nonlinear
Amplifying Loop Mirror) − é capaz de comutar a níveis de potência de pico
abaixo de 1 mW. Em uma demonstração do conceito básico, 4,5 m de fibra
dopada com Nd foram emendados a um laço de fibra de 306 m formado
com um acoplador de 3 dB, permitindo a observação de comutação do tipo
CW com pulsos de 10 ns [12]. A potência de comutação foi de cerca de
Processamento de Sinal Óptico 609

0,9 W, mesmo quando o amplificador fornecia somente 6 dB de ganho (um


fator 4). Em um experimento posterior, o uso de um amplificador óptico de
semicondutor, que fornecia ganhos diferentes para ondas contrapropagantes
em um laço de 17 m de fibra, resultou em potências de comutação menores
do que 250 mW, quando pulsos de 10 ns foram injetados no laço [13].
Do ponto de vista do processamento de sinal óptico, comutação induzida
por XPM é mais importante do que a comutação induzida por SPM, pois
possibilita o uso de outro feixe óptico para controlar o processo de comutação.
Nessa importante classe de aplicações, injeta-se um feixe de controle (ou de
bombeamento) no NOLM, de modo que se propague em apenas um sentido
e, por meio de XPM, induza uma defasagem não linear em uma das ondas con-
trapropagantes, sem afetar a outra. Essencialmente, o sinal de controle é utilizado
para desbalancear o interferômetro de Sagnac de forma similar àquela em que
se usa um amplificador óptico a fim de produzir diferentes defasagens induzidas
por SPM. Em consequência, o laço pode ser feito com um acoplador de 50:50,
de modo que um feixe CW de baixa potência seja refletido na ausência do
controle, mas seja transmitido se um pulso de controle for aplicado.Vários ex-
perimentos mostraram o potencial da comutação induzida por XPM [14]-[20].
Quando os comprimentos de onda de sinal e de controle não são pró-
ximos um do outro, podemos considerar efeitos de ultrapassagem (walk-off)
induzido pelo descasamento das correspondentes velocidades de grupo. Na
ausência de efeitos de GVD, o deslocamento de fase relativo induzido por
XPM no sinal pelo pulso de controle é dado por [2]:
φ XPM = 2γ ∫ 0 Ac (t − dw z ) dz,
L 2
(11.1.6)

onde Ac é a amplitude do pulso de controle e

dw = v −gc1 − v −gs1 = β 2 ( ∆ω ) (11.1.7)

representa o descasamento de velocidade de grupo entre os pulsos de sinal


e controle separados em frequência por ∆w.
É possível calcular a integral na Eq. (11.1.6) analiticamente para certas
formas do pulso de controle. Por exemplo, para um pulso de controle “sech”,
com Ac(t) =  Pc sech(t/T0), o deslocamento de fase é fornecido por [15]:

φ XPM (τ ) = 2γ Pc LW [ tanh (τ ) − tanh (τ − L / L w )] , (11.1.8)

onde τ = t/T0 e LW = T0/dW é o comprimento de ultrapassagem (walk-off


length). No caso de pulsos ópticos gaussianos com |Ac(t)|2 = Pcexp (−t 2 / T02 ) ,
o deslocamento de fase induzido por XPM é dado por:

φ XPM (τ ) = πγ Pc LW [erf (τ ) − erf (τ − L / LW )] , (11.1.9)

sendo erf(x) a função erro.


610 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

Figura 11.3  Perfil temporal do deslocamento de fase induzido por XPM (normalizado
em relação a φmax) em função de T/T0, para diversos valores de L/LW.

A Figura 11.3 mostra o deslocamento de fase induzido por XPM, nor-


malizado ao valor máximo φmax = 2gPcL, em função de τ, para diversos
valores de L/LW, no caso de pulsos gaussianos. Para pequenos valores de
L/LW, o perfil de fase temporal imita a forma do pulso. Contudo, à medida
que o comprimento da fibra se torna maior do que LW, a forma do perfil é
consideravelmente distorcida. Como poderíamos esperar, o valor máximo
do deslocamento de fase é reduzido por efeitos de ultrapassagem, uma
característica indesejável que aumenta a necessária potência de pico. En-
tretanto, de um ponto de vista prático, ainda mais prejudicial é o alargamento
do perfil de fase, pois leva a uma janela de comutação mais larga do que os
pulsos de controle.
Pode-se resolver o problema de ultrapassagem de pulsos com o uso de
fibra cujo comprimento de onda de dispersão zero fique entre os com-
primentos de onda de bombeamento e de sinal, de modo que as duas ondas
possuam a mesma velocidade de grupo (dw = 0). De fato, um laço de Sagnac
de 200 m foi construído em 1990 com fibra mantenedora de polarização
[16], e empregado na comutação de um sinal de 1,54 mm com pulsos de
bombeamento de 120 ps e 1,8 W de potência de pico em 1,32 mm. Em
um experimento posterior, pulsos de bombeamento de 14 ps − obtidos de
um laser DFB chaveado em ganho operando em 1,55 mm e amplificados
por um amplificador a fibra − foram capazes de comutar um sinal CW na
região de comprimentos de onda nas proximidades de 1,32 mm.
É possível evitar a ultrapassagem de pulsos que ocorre devido à diferença
de comprimento de onda entre bomba e sinal pode ser evitada com o uso de
uma bomba ortogonalmente polarizada no mesmo comprimento de onda
do sinal [17]. O descasamento de velocidade de grupo ainda persiste, devido
Processamento de Sinal Óptico 611

à dispersão do modo de polarização, mas é relativamente pequeno. Além


disso, pode ser usado com proveito na construção de um laço de Sagnac
em que os eixos lento e rápido das fibras mantenedoras de polarização
são intercambiados periodicamente. Em uma implementação dessa ideia
[18], um laço de 10,2 m consistia em 11 desses segmentos. Dois pulsos de
bombeamento e de sinal (com cerca de 230 fs de largura) ortogonalmente
polarizados foram injetados no laço e propagados como sólitons. O pulso
de bombeamento foi polarizado ao longo do eixo rápido e inicialmente
retardado para que ultrapassasse o pulso de sinal no primeiro segmento. No
segundo segmento, o pulso de sinal viajava com mais rapidez, em função da
troca dos eixos lento e rápido, e ultrapassava o pulso de bombeamento. Esse
processo se repetia em cada segmento. Em consequência, os dois sólitons
colidiram múltiplas vezes no laço de Sagnac e a defasagem induzida por
XPM foi consideravelmente reforçada.
NOLMs podem ser empregados para muitas aplicações. A principal
vantagem do uso da não linearidade de fibras é sua natureza ultrarrápida, que
permite o processamento de sinal totalmente óptico em escalas de tempo de
femtossegundos. O advento de fibras altamente não lineares [2], nas quais o
parâmetro não linear g é aumentado por fatores de até 1.000, tornou o uso
de interferômetros de Sagnac mais prático, reduzindo o necessário com-
primento do laço de fibra não linear.
NOLMs funcionam como filtros passa-altas de intensidade, pois refletem
sinais de baixa intensidade e transmitem radiação de alta intensidade sem
afetá-la. Uma simples aplicação de NOLMs consiste em usá-los para a
formatação de pulsos e para a limpeza de pulsos. Por exemplo, se um pulso
óptico curto contiver um largo pedestal de baixa intensidade, o pedestal
pode ser removido com a passagem do pulso por um desse dispositivo [21].
Da mesma forma, um trem de pulsos corrompido por múltiplas emissões
espontâneas amplificadas durante a amplificação pode ser limpo ao ser pas-
sado por um NOLM. Com a injeção de um sinal de dois comprimentos
de onda, é possível utilizar um NOLM também para comprimir pulsos
e para a geração de um trem de pulsos ópticos curtos a uma alta taxa de
repetição [22].
Uma importante aplicação de NOLMs ocorre na conversão do com-
primento de onda de um canal WDM. Em 1992, XPM induzida por pulsos
de controle de um laser operando nas proximidades de 1.533 nm foi usada
para converter a radiação CW em 1.554 nm em um trem de pulsos [23].
Em 2000, utilizou-se um NOLM na conversão de comprimento de onda
a uma taxa de bits de 40 Gb/s [24]. A Seção 11.3 discute o processo de
conversão de comprimento de onda em mais detalhe. NOLMS também
são úteis para operações lógicas com sequências de bits digitais. Em 1991,
um laço de Sagnac mantenedor de polarização foi usado com o intuito de
612 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

demonstrar operações lógicas elementares [25]. NOLMs também podem


ser empregados como conversores analógico-digital e ditigal-analógico [26].
NOLMs são úteis para regeneração totalmente óptica de canais WDM, pela
sua capacidade de reformatar pulsos e, ao mesmo tempo, reduzir o nível de
ruído [27]. É possível aprimorar a capacidade de formatação de pulsos desses
interferômetros com a concatenação de vários laços de Sagnac em série [28].

11.1.2  Amplificadores Paramétricos


Amplificadores paramétricos utilizam FWM em um meio não linear, como
uma fibra altamente não linear [29]-[33], com base no esquema ilustrado
na Figura 11.4. O sinal na frequência ws a ser amplificado é lançado na
fibra juntamente com uma bomba CW de frequência wp. O fenômeno de
FWM cria uma nova onda − comumente chamada de idler − na frequência
wi = 2wp − ws, se condições de casamento de fase forem satisfeitas pelos
quatro fótons que participam do processo de FWM.

Figura 11.4  Ilustração de um amplificador paramétrico. Um feixe CW atua como a


bomba que amplifica as ondas de sinal e idler simultaneamente. Um filtro óptico deixa
passar o sinal ou a onda idler, dependendo da aplicação.

Amplificadores Paramétricos Sinal-Bomba


Para entender o processo de amplificação, usamos a bastante conhecida
teoria de FWM desenvolvida para fibras ópticas [2]. Quando se utiliza uma
bomba em níveis de potência muito maiores do que o do sinal e a depleção
da bomba é ignorada, o processo de FWM se torna governado por duas
equações lineares acopladas escritas no domínio de Fourier como:
dAs
= 2iγ Ap2 exp (−iκ z ) Ai* ,
dz (11.1.10)

dAi
= 2iγ Ap2 exp (−iκ z ) As* ,
dz (11.1.11)
Processamento de Sinal Óptico 613

em que As(ws, z) e Ai(wi, z) representam os campos das ondas de sinal e


idler, respectivamente, Ap é o campo de entrada da onda de bombeio e k
representa o descasamento de fase total, dado por:

κ = β (ω s ) + β (ωi ) − 2β (ω p ) + 2γ P0 , (11.1.12)

onde b(w) é a constante de propagação do modo da fibra na frequência


w e P0 ≡ |Ap|2 é a potência de entrada da bomba. Da Eq. (11.1.11), segue
que a amplitude do campo idler está relacionada ao complexo conjugado do
campo de sinal ou, o que é equivalente, seu espectro é invertido em relação
ao do sinal. Como visto na Seção 8.5, essa propriedade de conjugação de
fase de FWM é útil para compensação de dispersão.
As Eq. (11.1.10) e (11.1.11) podem ser resolvidas com facilidade a fim
de estudar como as ondas de sinal e idler evoluem ao longo do comprimento
de fibra em consequência de FWM. Usando essa solução, as potências de
sinal e idler na saída da fibra (z = L) são fornecidas por:

Ps (L ) = As (L ) = Ps (0) 1 + (1 + κ 2 / 4 g 2 ) sinh 2 ( gL ) , (11.1.13)


2

Pi (L ) = Ai (L ) = Ps (0) (1 + κ 2 / 4 g 2 ) sinh 2 ( gL ) ,
2
(11.1.14)

sendo o ganho paramétrico g definido como

g = (γ P0 ) − κ 2 / 4.
2
(11.1.15)

O fator de amplificação é obtido da Eq. (11.1.13) e, usando a Eq. (11.1.5),


pode ser escrito na forma:

Ps (L ) sinh 2 ( gL )
Gs = = 1+ 2 , (11.1.16)
Ps (0) ( gL NL )

sendo o comprimento não linear definido como LNL = (gP0)−1. O ganho
paramétrico depende do descasamento de fase k e pode ser muito pequeno
se a condição de casamento de fase não for satisfeita. Quando o casamento
de fase é perfeito (k = 0) e gL ≫ 1, o ganho do amplificador aumenta
exponencialmente com P0:
1
Gs ≈ exp ( 2γ P0 L ) . (11.1.17)
4
Em termos do comprimento não linear, o ganho de um amplificador pa-
ramétrico aumenta como exp(2L/LNL), desde que saturação de ganho e
depleção de bomba permaneçam desprezíveis. Notemos que o comprimento
614 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

do amplificador deve ser maior do que o comprimento não linear LNL,


para a realização de ganho significativo e Gp exceda 28 dB, com L = 4LNL.
Como LNL = 10 m para uma fibra com g = 100 W−1/km e bombeada com
P0 = 1 W, um amplificador paramétrico de 50 m de comprimento é capaz
de prover mais de 30 dB de ganho.
O espectro de ganho é obtido da Eq. (11.1.16) por meio de gráfico de
Gp em função da dissintonia bomba-sinal, definida como d = ws − wp. As-
sumindo que o comprimento de onda de bombeio seja próximo do com-
primento de onda de dispersão zero da fibra e expandindo b(w) em uma
série de Taylor em torno da frequência de bombeio wp, da Eq.(11.1.12)
obtemos k ≈ b2d2 + 2gP0, em que b2 é o parâmetro de GVD na frequência
de bombeio. A Figura 11.15 mostra o ganho em função da dissintonia de
comprimento de onda entre sinal e bomba, para três níveis de potência de
bombeio em um amplificador paramétrico projetado usando uma fibra
com g = 10 W−1/km e b2 = − 0,5 ps2/km. O pico de ganho e a largura
de banda do amplificador se elevam com o aumento da potência de bom-
beio. O valor de pico do ganho é próximo de 38 dB, para uma potência
de bombeio de 1 W, e ocorre quando a dissintonia entre sinal e bomba é
de 1 THz (cerca de 8 nm). Resultados experimentais para amplificadores
paramétricos concordam com essa simples teoria de FWM [31], desde que
depleção da bomba seja desprezível.

Amplificadores Paramétricos com Duplo Bombeamento


Uma deficiência fundamental de amplificadores paramétricos de bomba
única fica evidente na Figura 11.5. Como o ganho está longe de ser unifor-
me em toda a largura de banda, apenas uma pequena porção do espectro de
ganho nas proximidades dos dois picos de ganho pode ser usada na prática. É
psssível resolver esse problema por meio do emprego de duas bombas cujos
comprimentos de onda sejam escolhidos para a produção um perfil de ganho
plano em uma larga faixa espectral, ainda permitindo que o funcionamento
do dispositivo independa da polarização [34]-[36].
Um amplificador paramétrico com duplo bombeamento é fundamen-
talmente distinto do convencional dispositivo de bombeamento único. O
princípio de funcionamento do novo dispositivo pode ser entendido da
Figura 11.6, em que duas bombas estão localizadas em lados opostos do
comprimento de onda de dispersão zero da fibra. Quando cada bomba é
usada separadamente, o ganho paramétrico é de faixa estreita e relativamente
pequeno. Mais especificamente, a bomba na região anômala produz carac-
terísticas espectrais similares àquelas mostradas na Figura 11.5, enquanto
uma bomba na região normal quase não exibe ganho. Contudo, quando as
duas bombas são ligadas de modo simultâneo, o ganho não apenas é maior,
como a faixa espectral em que o ganho é quase uniforme também se torna
Processamento de Sinal Óptico 615

Figura 11.5  Espectro de ganho de um amplificador paramétrico com 0,5 km de com-


primento, para três níveis de potência de bombeio, obtido numericamente usando
b2 = − 0,5 ps2/km e g= 10 W−1/km.

Figura 11.6  Bandas espectrais de um amplificador paramétrico bombeado em duas


frequências w1 e w2 localizadas simetricamente em relação à frequência de dispersão
zero w0. Um sinal em w1+ produz três ondas idler dominantes por meio de três diferentes
processos de FWM.

consideravelmente mais larga. É essa região central de ganho plano que faz
dos amplificadores paramétricos dispositivos úteis para sistemas de ondas
luminosas.
Amplificadores paramétricos com duplo bombeamento fornecem ganho
uniforme em uma grande largura de banda por meio do equilíbrio de três
processos distintos, capazes de produzir ganho paramétrico em múltiplas
regiões espectrais [34]. Consideremos, como ilustrado na Figura 11.6, duas
bombas nas frequências w1 e w2 e um sinal na frequência w1+. Primeiro,
FWM não degenerado produz uma onda idler em w2− por meio do processo
w1 + w2 → w1+ + w2−. Segundo, por um processo de FWM degenerado
616 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

w1 + w1 → w1+ + w1−, a bomba em w1 gera uma onda idler em w1−, caso o


comprimento de onda dessa bomba esteja na região de dispersão anômala
da fibra. A segunda bomba também pode produzir uma nova onda idler por
meio de w2 + w2 → w2+ + w2−. Terceiro, um processo de espalhamento de
Bragg produz ganho adicional mediante combinações denotadas por [34]
ω1 + ω1+ → ω 2 + ω 2− , ω 2 + ω1+ → ω1 + ω 2+ . (11.1.18)
Várias outras ondas idler são criadas, mas as três dominantes identificadas na
Figura 11.6 devem ser consideradas para qualquer amplificador paramétrico
com duplo bombeamento. A intensidade relativa dos três processos depende
das potências de bombeamento, assim como da dissintonia das duas bombas
em relação ao comprimento de onda de dispersão zero, característica que
permite a produção de uma desejada resposta paramétrica com uma simples
e apropriada escolha dos comprimentos de onda e das potências das bombas.
A teoria de amplificadores paramétricos com duplo bombeamento é
um pouco elaborada, pois, para uma análise precisa, é necessário considerar
simultaneamente pelo menos seis campos em todas as frequências mostra-
das na Figura 11.6. Se desprezarmos depleção de bomba, as Eq. (11.1.10)
e (11.1.11) − obtidas para o caso de uma única bomba − são substituídas
por um conjunto de quatro equações acopladas [34]. Resulta que o espectro
de ganho depende de um número muito maior de parâmetros, como com-
primentos de onda de bombeamento, comprimento de onda de dispersão
zero e parâmetros de dispersão de terceira e de quarta ordens da fibra. Em
uma configuração capaz de prover ganho plano em uma grande largura de
banda, os dois comprimentos de onda de bombeio são escolhidos quase sime-
tricamente em lados opostos do comprimento de onda de dispersão zero l0.A
Figura 11.7 mostra exemplos do espectro de ganho nesse caso, para três níveis
de potência de bombeamento. Uma fibra altamente não linear com 500 m de
comprimento, com g = 10 W−1/km e l0 = 1570 nm, é bombeada por dois
lasers nos comprimentos de onda de 1.525 e 1.618 nm. Os parâmetros de dis-
persão de terceira e quarta ordens são b3 = 0,038 ps3/km e b4 = 1 ×10−4 ps43/
km, respectivamente. Quando cada bomba fornece 500 mW de potência, um
ganho relativamente alto e uniforme (38 dB) ocorre em uma largura de banda
de mais de 70 nm. A região central de ganho plano resulta, principalmente, do
processo de FWM não degenerado. Os outros dois processos de FWM apenas
afetam as caudas espectrais e levam às oscilações observadas na Figura 11.7.
Vários experimentos mostraram que amplificadores paramétricos podem
prover ganho plano em uma grande largura de banda se bombeados na
configuração ilustrada na Figura 11.6. Em um experimento de 2003 [35], um
ganho de mais de 40 dB foi obtido em uma largura de banda de 34 nm com
1 km de fibra altamente não linear (Aeff = 11 mm2), com comprimento de
onda de dispersão zero em 1.583,5 nm, bombeada com potências de 600 e
Processamento de Sinal Óptico 617

Figura 11.7  Espectro de ganho teórico de um amplificador paramétrico com duplo


bombeamento, para três potências de bombeio. Duas bombas apresentam iguais po-
tências e estão localizadas a 35 nm de cada lado do comprimento de ondas de dispersão
zero. A dissintonia de sinal é especificada em relação a esse comprimento de onda.

200 mW, em 1.559 e 1.610 nm, respectivamente. Potências de bombeamento


desiguais foram utilziadas, pois o ganho Raman transfere potência da bomba
no comprimento de onda mais curto para a outra bomba ao longo de todo
o comprimento da fibra. O surgimento de SBS foi evitado modulando as
bombas em fase em 10 GHz por meio de um padrão de bits pseudoaleatório.

Amplificadores Paramétricos Baseados em Silício


Não é essencial o emprego de fibras ópticas na construção de amplificadores
paramétricos, e qualquer material que exiba uma grande suscetibilidade de
terceira ordem pode ser utilizado. Recentemente, guias de onda de silício
com dimensões de nanômetros (também chamados de nanofios fotônicos)
têm sido usados para esse propósito, com sucesso considerável [37]-[44].
A teoria de FWM em guias de onda de silício é similar à usada ante-
riormente para fibras ópticas, com algumas modificações [40]. A principal
modificação vem do fato de − com bombeamento na região espectral de
interesse para telecomunicações, nas proximidades de 1.550 nm − o fenô-
meno de absorção de dois fótons (TPA − Two-Photon Absorption) não poder
ser ignorado, pois a energia da bomba é maior do que a metade da banda
proibida. Ademais, TPA gera portadores livres que não apenas induzem ab-
sorção adicional, mas também modificam o índice de refração [45]. Por essa
razão, as Eq. (11.1.10) e (11.1.11) devem ser modificadas para incluir TPA e
efeitos de portadores livres, que degradam a eficiência do processo de FWM.
No lado positivo, o parâmetro não linear g é mais do que 10.000 vezes
maior em guias de onda de silício, devido ao muito maior valor de n2 para
618 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

o silício e à muito menor área modal efetiva de guias de onda de silício.


Em consequência, é possível observar FWM em dispositivos curtos, com
comprimentos de apenas ∼1 cm.
Os resultados da teoria de FWM estendida para incluir TPA e efeitos de
portadores livres revelam que a geração da onda idler é capaz de ocorrer em
uma grande largura de banda (que se estende por > 300 nm) quando bom-
beado por uma única bomba cujo comprimento de onda quase coincide
com o comprimento de onda de dispersão zero do guia de onda de silício
[40]. Contudo, não é possível realizar amplificação líquida da onda de sinal
ou de idler quando o dispositivo é bombeado continuamente. A razão para
isso está relacionada ao acúmulo de portadores livres gerados por TPA, cuja
população cresce de modo substancial, devido ao relativamente longo tempo
de vida de portadores livres em silício (em geral, > 1 ns). A Figura 11.8
mostra o ganho de sinal Gs (linhas tracejadas) e eficiência de conversão de
idler c = Pi(L)/Ps(0) (linhas cheias) em função da intensidade de bombea-
mento, para três valores de tempo de vida de portadores τc entre 0,1 e 10 ns.
A bomba foi lançada no comprimento de onda de dispersão zero − em
1551,3 nm − e o comprimento de onda de sinal foi fixado em 1601,3 nm.
Gs e c diminuem para intensidades de bombeamento > 0,2 GW/cm2,
quando τc excede 0,1 ns. Isso ocorre porque mais portadores livres são
criados em altas intensidades de bombeamento e sua densidade aumenta
linearmente com τc, resultando em maiores perdas para maiores valores de
τc. Para τc = 10 ns, a máxima eficiência de conversão é de apenas −17,5 dB,
e aumenta para 8 dB quando τc é reduzido para 1 ns.
A Figura 11.8 indica que, para bombeamento CW, amplificação de sinal
é possível somente se o tempo de vida dos portadores for reduzido abaixo

Figura 11.8  Ganho de sinal (linhas tracejadas) e eficiência de conversão de idler (linhas
cheias) em função da intensidade de bombeamento, para diversos valores de tempo
de vida de portadores τc. A curva “Sem FCA” corresponde ao caso τc = 0. (Após a Ref.
[40]; ©2006 OSA.)
Processamento de Sinal Óptico 619

de 100 ps. Tal limitação não existe para pulsos ópticos curtos. Por essa
razão, os primeiros experimentos com FWM em guias de onda de silício
empregaram bombeamento pulsado para obter ganho líquido de sinal [38].
Contudo, bombeamento CW é, muitas vezes, desejável para aplicações
de processamento de sinal. A limitação imposta pelo tempo de vida de
portadores pode ser superada, até certo ponto, com a implementação de
uma junção p-i-n reversamente polarizada que remova portadores livres da
região de FWM, acelerando-os em direção aos eletrodos [41]. Um aspecto
positivo é que um comprimento relativamente curto de guia de onda de
silício permite a ocorrência de FWM em uma larga faixa de comprimentos
de onda, que pode exceder 300 nm [40]. Em um experimento de 2010,
uma largura de banda de mais de 800 nm foi realizada controlando a dis-
persão do guia de onda através das dimensões do dispositivo [44]. Uma
detalhada teoria de FWM mostra que as magnitudes e os sinais das dis-
persões de segunda e de terceira ordens devem ser controlados para es-
tender a largura de banda de ocorrência de FWM [2]. No experimento
de 2010, a largura e a altura do guia de onda de silício foram controladas
visando realizar uma diferença de comprimento de onda de 837 nm entre
as ondas de sinal e idler. Contudo, o experimento empregou um sinal CW
e uma bomba CW, de modo que a eficiência de conversão ficou limitada
a menos de 20 dB.

11.1.3  Efeitos Não Lineares em Amplificadores Ópticos


de Semicondutor
Amplificadores ópticos de semicondutor (SOAs − Semiconductor Optical
Amplifiers) foram desenvolvidos na década de 1980 devido às potenciais
aplicações em sistemas de ondas luminosas [46]-[50]. Embora − com o
advento de amplificadores a fibra dopada e Raman − raramente se utilizem
SOAs para compensação de perdas de fibras em sistemas de ondas luminosas,
esses dispositivos exibem vários efeitos não lineares que os tornam úteis
para processamento de sinal óptico. Devido aos relativamente pequenos
comprimentos (∼1 mm), a suscetibilidade de terceira ordem não pode ser
explorada para esse fim. Contudo, é possível utilizar a saturação de ganho
intrínseca a qualquer amplificador como um substituto.

Ganho Óptico e Sua Saturação em SOAs


Embora lasers de semicondutor possam ser usados como amplificadores
quando polarizados abaixo do limiar, sua largura de banda é inerentemente
limitada por múltiplas reflexões nas facetas. A maioria dos SOAs suprime
essa realimentação com o uso de uma fita inclinada em combinação com
coberturas antirreflexo nas facetas. A largura de banda de 3 dB pode chegar
a 100 nm para esse tipo de amplificador.
620 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

SOAs são bombeados eletricamente com a injeção de elétrons na região


ativa. Se um sinal óptico CW for lançado no lado de entrada, ele é am-
plificado exponencialmente com ganho G = exp(gL) em uma passagem,
desde que o ganho permaneça não saturado. Entretanto, é relativamente
fácil saturar o coeficiente de ganho g, que está relacionado à densidade de
elétrons N por:
g ( N ) = Γσ g ( N − N 0 ) , (11.1.19)

onde Γ é o fator de confinamento, σg é a seção reta de ganho e N0 é o valor


de N em que o SOA se torna transparente. Esses três parâmetros caracterizam
um SOA e dependem de detalhes da configuração deste.
Para discutir saturação de ganho, usaremos uma muito conhecida equa-
ção de taxa para a densidade de portadores, na forma:
dN I N σ (N − N 0 )
= − − g P, (11.1.20)
dt qV τ c σ m hv

onde τc é o tempo de vida de portadores e σm é a área efetiva do modo do


guia de onda. No caso de um feixe CW ou pulsos muito mais largos do
que τc, o valor de estado estacionário de N é obtido fazendo dN/dt = 0 na
Eq. (11.1.20). Quando se substitui a solução na Eq. (11.1.19), a saturação
do ganho óptico é calculada como:
g0
g= ,
1 + P / Ps (11.1.21)

sendo o ganho de pequeno sinal g0 dado por


g 0 = Γσ g [I τ c / (qV ) − N 0 ] , (11.1.22)

e a potência de saturação Ps definida como:

Ps = hvσ m / (σ g τ c ) . (11.1.23)

Valores típicos de Ps estão na faixa de 5 a 10 mW.

SOAs como Dispositivos Não Lineares


A saturação de ganho que limita a utilidade de SOAs em sistemas de ondas
luminosas como amplificador óptico também os torna muito úteis para
processamento de sinal óptico (e, ao mesmo tempo, amplificação do sinal).
Devido à saturação de ganho induzida por pulsos ópticos, é possível utilizar
SOAs para conversão de comprimento de onda, demultiplexação de canal
e operações lógicas [51]-[53]. Além de serem extremamente compactos
(volume ativo < 1 mm3), SOAs podem ser integrados monoloticamente
com outros dispositivos em um mesmo chip.
Processamento de Sinal Óptico 621

A mais importante característica de SOAs é o fato de exibirem uma forte


não linearidade de terceira ordem induzida por portadores, com valores
efetivos de n2 ∼ 10−13 m2/W que são sete ordens de magnitude maiores do
que os de fibras de sílica [54]-[56]. Embora não responda em uma escala
de tempos de femtossegundo, essa não linearidade é rápida o bastante para
ser usada na criação de dispositivos que operem a altas taxas de bits, como
40 Gb/s. A origem dessa não linearidade reside na saturação do ganho e
no fato de qualquer mudança na densidade de portadores afetar não apenas
o ganho óptico, mas também o índice de refração na região ativa do SOA.
Uma forma simples de entender a resposta não linear de uma SOA é
analisando o que ocorre quando um pulso óptico curto é lançado no dis-
positivo.A amplitude A(z, t) do envelope do pulso no SOA evolui como [54]:
∂A 1 ∂A 1
+ = (1 − i βc ) gA, (11.1.24)
∂z v g ∂t 2

Em que vg é a velocidade de grupo, e mudanças de índice induzidas por


portadores são incluídas pelo fator de aumento de largura de linha bc. A
variação temporal de g é governada pela Eq. (11.1.20), que pode ser escrita
na forma
2
∂ g g0 − g g A
= − , (11.1.25)
∂t τc E sat

sendo a energia de saturação Esat definida como:

E sat = hv (σ m / σ g ) = Psτ c , (11.1.26)

e g0 dado pela Eq. (11.1.22). Tipicamente, Esat ∼ 1 pJ.


As Eq. (11.1.24) e (11.1.25) governam a amplificação de pulsos ópticos
em SOAs, e podem ser resolvidas analiticamente para pulsos cuja duração é
pequena em comparação com o tempo de vida de portadores (τp ≪ τc). O
primeiro termo no lado direito da Eq. (11.1.25) pode ser desprezado durante
a amplificação de pulsos. Introduzindo o tempo reduzido τ = t − z/vg e
A =  P exp(iφ), é possível escrever as Eq. (11.1.24) e (11.1.25) como [54]:
∂P
= g ( z, τ ) P ( z, τ ) , (11.1.27)
∂z

∂φ 1
= − β c g ( z, τ ) , (11.1.28)
∂z 2

∂g
= − g ( z, τ ) P ( z, τ ) / E sat . (11.1.29)
∂τ
622 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

A Eq. (11.1.27) pode ser integrada com facilidade ao longo do com-


primento do amplificador L, fornecendo:

Pout (τ ) = Pin (τ ) exp [h (τ )] , (11.1.30)

sendo Pin(τ) a potência de entrada e h(τ) o ganho integrado total, definido


como:

L
h (τ ) = g ( z, τ ) dz. (11.1.31)
0

Se a Eq. (11.1.29) for integrada ao longo do comprimento do amplificador,


depois de substituir gP por ∂P/∂z, h(τ) satisfaz [54]:
dh 1 P (τ )
=− [Pout (τ ) − Pin (τ )] = in (e h − 1) . (11.1.32)
dτ E sat E sat

A Eq. (11.1.32) pode ser facilmente resolvida para fornecer h(τ). O fator de
amplificação G(τ) está relacionado a h(τ) por G = exp(h), sendo fornecida por
G0
G (τ ) = ,
G0 − (G0 − 1) exp [−E0 (τ ) / E sat ] (11.1.33)

em que G0 é o ganho não saturado do amplificador e E0 (τ ) = ∫ −∞ Pin (τ ) d τ


τ

é a energia parcial do pulso, definida de modo que E0(∞) seja igual à energia
de entrada do pulso Ein.
A solução de (11.1.33) mostra que o ganho do amplificador é diverso
em diferentes partes do pulso. A frente do pulso recebe todo o ganho G0,
pois o amplificador ainda não está saturado. A cauda do pulso recebe o
mínimo ganho, pois o pulso saturou o ganho do amplificador. Como visto da
Eq. (11.1.28), a saturação do ganho leva a um deslocamento de fase depen-
dente do tempo ao longo do pulso.Tal deslocamento de fase é determinado
integrando a Eq. (11.1.28) no comprimento do amplificador, dado por:
1 1 1

L
φ (τ ) = − βc g ( z, t ) dz = − βc h (τ ) = − βc ln [G (τ )] . (11.1.34)
2 0
2 2
Como o pulso modula sua própria fase através da saturação do ganho,
esse fenômeno é denominado SPM induzida por saturação [54]. O chirp de
frequência está relacionado à derivada da fase por:
1 dφ βc dh β P (τ )
∆v c = − = = − c in [G (τ ) − 1] , (11.1.35)
2 π d τ 4 π dτ 4 π E sat
com uso da Eq. (11.1.32).
SPM e o associado chirp de frequência são similares ao fenômeno que
ocorre quando um pulso se propaga em uma fibra. Como em fibras ópticas,
Processamento de Sinal Óptico 623

o espectro do pulso amplificado se alarga e contém vários picos de diferentes


amplitudes [54]. A Figura 11.9 mostra (a) a forma e (b) o espectro calculados
numericamente quando um pulso gaussiano de energia tal que Ein/Esat = 0,1
é amplificado por um SOA. O pico espectral dominante é deslocado para
o lado do vermelho, sendo mais largo do que no espectro de entrada, e
acompanhado de um ou mais picos satélites. As mudanças espectrais e
temporais dependem do nível de ganho do amplificador. Experimentos
realizados com pulsos de picossegundos de um laser de semicondutor com
travamento de modo confirmaram o comportamento visto na Figura 11.9.

Figura 11.9  (a) Forma e (b) espectro da saída de um amplificador óptico de semi-
condutor com G0 = 30 dB e bc = 5, para um pulso de entrada gaussiano de energia
Ein/Esat = 0,1. As linhas tracejadas mostram, para comparação, a forma e o espectro do
pulso de entrada.

SOAs também exibem XPM quando um pulso de controle é usado para


modificar a fase do sinal sendo amplificado. Como no caso de fibras ópticas,
o deslocamento de fase induzido por XPM pode ser convertido em variação
de intensidade por meio de um interferômetro de Mach-Zehnder ou de
Sagnac. Esses dispositivos são menos sujeitos ao problema de ultrapassagem
(walk-off) do que fibras ópticas, pois seus comprimentos são, em geral, muito
pequenos. Quando se posiciona um SOA em um laço de Sagnac para impor
o deslocamento de fase induzido por XPM, o comprimento do laço pode
ser de 1 m ou menos, pois o laço utilizado somente para propagar um sinal
de entrada em sentidos opostos. A velocidade de tais dispositivos é ineren-
temente limitada pelo tempo de vida de portadores (em geral, > 0,1 ns), o
que pode ser contornado com um engenhoso artifício [57]-[60]. O artifício
consiste em posicionar o SOA de modo que esteja deslocado do ponto
médio do laço por uma pequena distância, precisamente determinada. Esse
deslocamento é responsável por governar a janela temporal em que ocorre
comutação, e não o tempo de vida de portadores.
624 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

11.1.4  Dispositivos Ópticos Biestáveis


Biestabilidade óptica é um importante fenômeno não linear [61] capaz de
ser explorado para a criação de dispositivos biestáveis que sejam úteis para
processamento de sinal óptico. Como o nome implica, em certas condições,
a saída de um dispositivo óptico pode ter dois valores discretos estáveis para
uma mesma entrada. Se for possível comutar a saída entre esses dois valores
por meio de um sinal de controle externo variante no tempo, o dispositivo
funcionará como um comutador no domínio do tempo. Um dispositivo
simples que exibe biestabilidade óptica é um ressoador de Fabry-Perot (FP)
que contém um meio não linear [61]. É possível, também, usar um res-
soador em anel para o mesmo propósito. Na verdade, em 1993, uma fibra
monomodo foi usada como meio não linear em uma cavidade em anel a
fim de criar um dispositivo opticamente biestável [62].
A origem da biestabilidade óptica em ressoadores FP pode ser entendida
usando a transmitância de um ressoador FP que contém um meio não linear.
Usando Rm para a refletividade dos espelhos, obtemos

(1 − Rm )
2
Pt
TFP (v ) = = , (11.1.36)
Pi (1 − Rm ) + 4 Rm sen 2 (φ / 2)
2

onde φ = d + φNL é o deslocamento de fase total durante um percurso de
ida e volta na cavidade. A parte linear d= (∆w)τ depende da duração do
percurso de ida e volta τr e da dissintonia de frequência ∆w em relação à
ressonância da cavidade. A contribuição não linear resulta da SPM e pode
ser escrita como:

φNL = 2γ Pav L m , (11.1.37)

onde g é o parâmetro não linear, Pav é a potência média intracavidade e


Lm é o comprimento do meio não linear. Para ressoadores de alta finesse,
a potência transmitida é Pt ≈ (1 − Rm)Pav. Se usarmos essa relação na Eq.
(11.1.36), concluímos que a potência transmitida satisfaz a seguinte equação
transcendental:
 4 Rm 
2 δ γ Pt L m 
Pt 1 + 2 sen  +  = Pi . (11.1.38)
 (1 − Rm )  2 (1 − Rm ) 

Fica claro dessa equação que múltiplos valores de Pt são possíveis para um
dado valor da potência de entrada Pi, devido ao deslocamento de fase não
linear. O número de soluções depende da potência de entrada Pi. Para baixas
potências, apenas uma solução existe. Com o aumento da potência de entrada,
o número de soluções aumenta de um para três, para cinco e assim por diante.
Focamos o caso de três soluções, o qual requer a menor potência de entrada.
Processamento de Sinal Óptico 625

Múltiplas soluções da Eq. (11.1.38) levam à biestabilidade óptica dis-


persiva, fenômeno não linear observado em diferentes meios não lineares
[61]. Tal fenômeno ocorre para deslocamento de fase linear d ≠ 0, e pouca
luz é transmitida em baixos níveis de potência. O deslocamento de fase não
linear leva o sinal a uma ressonância FP, resultando em maior transmissão.
Contudo, a potência transmitida Pt não aumenta linearmente com Pi, como
se torna evidente da natureza não linear da Eq. (11.1.38). A Figura 11.10
mostra o comportamento esperado para três valores de dissintonia. Em
certa faixa de valores de d, três soluções da Eq. (11.1.38) produzem a bas-
tante conhecida curva na forma de S associada às biestabilidade óptica. O
ramo central, com inclinação negativa, é instável [61]. Em consequência,
em um valor específico de Pi, a potência transmitida salta entre valores alto
e baixo, exibindo histerese. O estado de saída baixa é referido como estado
“desligado” e o de saída alta, como estado “ligado”.Tal dispositivo pode ser
comutado entre os estados ligado e desligado por alteração da potência de
entrada, do comprimento de onda de entrada ou de outros controles que
alterem a dissintonia inicial d. De fato, é possível utilizar qualquer mecanis-
mo que altere o índice de refração linear do material intracavidade para
controlar esse comutador óptico.

Figura 11.10  Resposta biestável de um ressoador a fibra com Rm = 0,5, para três valores
de dissintonia d. As potências foram normalizadas usando Pn = (2gLm)−1.

Biestabilidade óptica foi observada com uso de diferentes meios não


lineares, incluindo guias de onda de semicondutor e fibras ópticas [61].
Em 1978, um guia de onda de LiNbO3 foi usado para esse propósito. As
duas extremidades clivadas do guia de onda foram cobertas com prata, a
fim de formar uma cavidade FP [63]. Na década de 1980, foram utilizados
626 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

guias de onda formados por múltiplos poços quânticos [64]. No caso de


fibras ópticas, SBS dificulta a observação de biestabilidade óptica quando
feixes CW ou pulsos ópticos relativamente largos são usados. Biestabilidade
em um anel ressoador de fibra foi observada pela primeira vez em um
experimento de 1983, no qual SBS foi suprimido por meio do emprego
de pulsos de picossegundos [62]. Em um experimento posterior, SBS foi
suprimido com o posicionamento de um isolador óptico no interior da
cavidade em anel, permitindo a propagação da luz em apenas um sentido
[65]. Comportamento biestável foi observado nesse experimento com
níveis de potência CW abaixo de 10 mW. Em tal nível de potência, o des-
locamento de fase não linear φNL era relativamente pequeno em magnitude
(menos de 0,01 rad), mas ainda grande o bastante para induzir biestabilidade.
Um esquema aprimorado de estabilização foi usado em um experimento de
1998 [66]. As Figuras 11.11(a) a (d) mostram o comportamento observado
para quatro valores de dissintonia d. O experimento usou pulsos com
travamento de modo (com largura de ∼ 1 ps) emitidos por um laser de
Ti:safira. O comprimento do anel ressoador de fibra (cerca de 7,4 m) foi
ajustado com precisão de modo que um pulso de entrada do laser se sobre-
pusesse a outro já circulando na cavidade (bombeamento síncrono).
O uso de lasers de semicondutor como dispositivos opticamente bies-
táveis despertou considerável interesse na década de 1990 [67]. A principal
vantagem é que, por projeto, esses lasers empregam uma cavidade FP, e o guia
de onda de semicondutor ativo do laser pode prover não linearidade sufi-
ciente para ocorrência de biestabilidade. Ademais, um feixe de sustentação
externo não se faz necessário, pois o laser gera esse feixe internamente. Assim,
basta enviar um sinal de controle, desde que o laser exiba comportamento
biestável em alguma faixa de valores da corrente aplicada. A maioria dos
lasers de semicondutor não é intrinsecamente biestável, mas pode ser feita
biestável com a integração de uma ou mais seções absorvedoras saturáveis
na cavidade do laser [68]-[71]. Até mesmo um SOA pode ser usado como
dispositivo biestável. De fato, na década de 1980, utilizaram-se SOAs para
a observação de biestabilidade e para a realização de flip-flops totalmente
ópticos [72], [73]. Embora SOAs requeiram um feixe externo de sustentação,
a potência necessária é relativamente baixa, pois SOAs também proveem
amplificação óptica.
Cavidades FP, embora comuns, não são essenciais para biestabilidade,
desde que haja um mecanismo interno capaz de prover realimentação
óptica. Realimentação distribuída (DFB − Distributed FeedBack) por uma
grade de difração de Bragg formada em um meio não linear pode servir a
esse propósito, além de levar a biestabilidade óptica [74]. Para a criação de
comutadores ópticos no domínio do tempo, podemos empregar uma grade
de difração em fibra ou um guia de onda planar com grade de difração
Processamento de Sinal Óptico 627

embutida. Lasers de semicondutor DFB e SOAs são candidatos naturais à


criação desses dispositivos e têm sido usados para tal fim desde a década
de 1980 [75]-[78]. O mecanismo físico responsável pela biestabilidade
óptica é a dependência do índice de refração em relação à densidade de
portadores. Como a densidade de portadores na região ativa diminui em
resposta à saturação do ganho, o índice de refração aumenta, levando a um
deslocamento da banda de rejeição associada à grade de difração de Bragg.
Tal deslocamento não linear da banda de rejeição equivale a alterar a dis-
sintonia na Figura 11.11. A banda de rejeição também pode ser deslocada
por alteração do ganho do SOA por meio da injeção de corrente. A próxima
seção mostra como tais alterações podem ser usadas para a criação de flip-flops
totalmente ópticos.

Figura 11.11  Ciclos de histerese observados em um ressoador em anel de fibra, em


quatros valores (a-d) de dissintonia d. (Após a Ref. [66]; ©1998 OSA.)

11.2  FLIP-FLOPS TOTALMENTE ÓPTICOS


Flip-flops ópticos são comutadores no domínio do tempo, os quais
podem ser ligados e desligados por meio de um controle externo. Esses dis-
positivos despertaram considerável interesse na década de 1980, pois imitam
a funcionalidade de flip-flops elétricos e proveem a solução mais versátil para
comutação óptica, memória óptica e elementos lógicos ópticos [79]-[83].
Todos os flip-flops requerem um dispositivo biestável óptico que seja
comutado entre dois estados de saída por meio de um sinal de controle.
Lasers de semicondutor e SOAs são comumente usados para a criação de
628 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

flip-flops, devido ao tamanho compacto, ao baixo consumo de potência e à


possibilidade de integração monolítica com outros dispositivos fotônicos. O
controle externo pode ser elétrico ou óptico para esses dispositivos. Quando
o controle óptico é empregado, o dispositivo é referido como flip-flop total-
mente óptico. A Figura 11.12 mostra o conceito básico desses dispositivos. A
saída do dispositivo pode ser comutada para o estado “ligado” com o envio
de um sinal de set óptico, na forma de um pulso curto. Em um instante de
tempo posterior, um pulso de reset desliga o flip-flop. Diferentemente do es-
quema de comutação discutido na Seção 11.1.1, a saída permanece ligada
durante o intervalo de tempo entre os pulsos de set e reset. Nesse sentido, um
flip-flop retém memória do pulso de set e pode ser utilizado como elemento
de memória óptica.

Figura 11.12  Ilustração de um flip-flop totalmente óptico. Pulsos de set e reset ligam e
desligam o flip-flop, respectivamente.

11.2.1  Lasers de Semicondutor e SOAs


Um laser de semicondutor InGaAsP foi usado em um experimento de 1987
[81] como amplificador de Fabry-Perot ao ser polarizado ligeiramente abai-
xo do limiar (nível de 97%). Dois outros lasers de 1,53 mm com diferença de
frequência de apenas 1 GHz foram usados como feixes de sustentação e de
controle. Foi possível comutar o flip-flop entre os estados ligado e desligado,
mas o tempo de comutação nesse experimento foi relativamente grande
(> 1 ms). Em um experimento de 2000 [78], um laser DFB foi polarizado
abaixo do limiar, e empregou-se o resultante SOA como dispositivo optica-
mente biestável. O feixe de sustentação − em 1.547 nm − foi sintonizado
na região de maiores comprimentos de onda da ressonância de Bragg. Os
pulsos de set e reset tinham 15 ns de largura e foram obtidos de dois lasers
de InGaAsP operando em 1.567 e 1.306 nm, respectivamente. O pulso de
set possui potência de pico de apenas 22 mW (0,33 pJ de energia), enquanto
a potência de pico dos pulsos de reset era próxima de 2,5 mW (36 pJ de
energia). A Figura 11.13 mostra (a) a sequência de pulsos de set e reset e (b) a
potência de saída do flip-flop. Esse dispositivo é capaz de comutação em uma
escala de tempo comparável com o tempo de vida de portadores (∼1 ns).
O mecanismo físico associado a um flip-flop desse tipo está relacionado
ao deslocamento da banda de rejeição da grade de difração à medida que
o índice de refração se altera em resposta a variações na densidade de
Processamento de Sinal Óptico 629

Figura 11.13  Caracteristicas de operação de um flip-flop óptico criado com um laser


DFB polarizado ligeiramente abaixo do limiar. (a) Sequência de pulsos de set (pequenos
picos) e de reset; (b) potência de saída em função do tempo. (Após a Ref. [78]; ©2000 OSA.)

portadores. O pulso de set satura o ganho do SOA, reduz a densidade de


portadores e, em consequência, aumenta o índice de refração efetivo n, des­
locando o comprimento de onda de Bragg para a região de maiores com-
primentos de onda, pois os dois estão relacionados por lB = 2 n Λ, sendo Λ
o período da grade de difração. Em contraste, o pulso de reset é absorvido
pelo SOA. O resultante aumento na densidade de portadores diminui o
índice de refração n e desloca o comprimento de onda de Bragg para a
região de comprimentos de onda mais curtos. O comprimento de onda dos
pulsos de set deve estar na largura de banda de ganho do SOA, de modo que
possa saturar o amplificador. O exato comprimento de onda dos pulsos de
reset não é importante, desde que seja suficientemente menor do que o do
feixe de sustentação, de modo que caia fora da largura de banda de ganho
e seja, portanto, absorvido pelo amplificador. Assim, os dois sinais de con-
trole possuem uma grande faixa de comprimentos de onda de operação. A
polarização dos pulsos de reset não tem qualquer papel. A dependência em
relação à polarização dos pulsos de set pode ser reduzida com adequado
projeto do SOA. Como os sinais de controle atuam independentemente do
feixe de sustentação, podem se propagar em sentido oposto ao do feixe de
sustentação. O papel dos sinais de controle é apenas o de mudar a densidade
de portadores. Essa transparência em relação ao sentido de propagação deve
ser útil para o projeto de sistemas.
Flip-flops ópticos são construídos em anos recentes em várias outras
configurações [84]-[101]. Em um experimento de 1995, operação de flip-flop
em 1,2 GHz foi realizada com um laser de cavidade vertical com emissão
pela superfície (VCSEL), injetando pulsos ópticos de set e reset com pola-
rizações ortogonais [84]. O mecanismo físico associado a esse flip-flop está
relacionado à biestabilidade de polarização. Mais especificamente, o estado
de polarização da saída é comutado de TE para TM pelos pulsos de set e reset.
Em outro experimento [86], um flip-flop óptico foi obtido por comutação
630 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

entre dois modos de um laser de semicondutor. FWM em cristais fotorre-


frativos também pode ser usado para criar flip-flops quando realimentação
é provida pelo posicionamento do cristal em uma cavidade em anel [87].
Contudo, a velocidade desse dispositivo é limitada pelo tempo de resposta
do cristal fotorrefrativo. Utilizou-se um laser VCSEL polarizado abaixo do
limiar como amplificador biestável em 2009, a fim de realizar operação de
flip-flop no modo de reflexão [99].
Em outro esquema, a injeção de luz CW em um laser DFB criou bies-
tabilidade óptica por meio do efeito de depleção espacial de lacunas (spatial
hole burning) [98]. Comutação entre estados de baixa e alta potências foi
realizada com injeção de pulsos de set e reset de baixa energia (∼0,2 pJ) no
laser DFB em sentidos opostos. Tal flip-flop foi capaz de comutar em um
intervalo < 75 ps, a uma taxa de repetição de até 2 GHz.
Guias de onda passivos de semicondutor também podem ser usados
para a construção de flip-flops totalmente ópticos [89]. Esses dispositivos
não podem empregar saturação de ganho como mecanismo não linear. É
comum que operem abaixo da banda proibida do material semicondutor e
empreguem o efeito Kerr óptico visando introduzir mudanças no índice de
refração, as quais dependem da intensidade. Uma grade de difração de Bragg
também é fabricada ao longo do comprimento do guia de onda para tornar
o dispositivo biestável. Devido à natureza eletrônica da não linearidade de
Kerr, tais flip-flops ópticos são capazes de responder em escalas de tempo de
picossegundo ou menores. Essa é a principal vantagem de guias de onda
passivos em comparação com SOAs, cujo tempo de resposta é limitado pelo
tempo de vida de portadores.

11.2.2  Lasers de Semicondutor e SOAs Acoplados


Diversos tipos de flip-flops foram realizados com acoplamento de dois lasers
ou SOAs. O uso de dois lasers de semicondutor mutuamente sincronizados
foi proposto em 1997 [88]. Em 2001, utilizaram-se dois lasers de semicon-
dutor acoplados para a realização de flip-flops em que o comprimento de
onda de saída era comutado entre dois valores por meio do desligamento
seletivo de um dos lasers [91]. A Figura 11.14 mostra o esquema experimen-
tal. Dois lasers, cada um construído com um SOA e duas grades de difração
de Bragg em fibra como espelho, operavam em diferentes comprimentos
de onda, digamos l1 e l2. Um dos lasers é seletivamente desligado usando
a técnica de extinção de ganho (gain quenching) por injeção de luz em um
comprimento de onda distinto do comprimento de onda em que o laser
opera quando isolado. Em consequência, o comprimento de onda de saída
pode ser comutado entre l1 e l2 por meio de controles ópticos.
Também se fabricou um flip-flop óptico em que dois lasers acoplados
foram integrados em um mesmo chip [90]. Nesse dispositivo, ilustrado na
Processamento de Sinal Óptico 631

Figura 11.14  Flip-flop óptico baseado em dois lasers de semicondutor, cada um cons-
truído com um SOA e duas grades de difração em fibra que atuam como espelhos.
Cada laser pode ser ligado e desligado com a injeção de luz em um comprimento de
onda diferente do comprimento de onda do próprio laser. (Após a Ref. [91]; ©2001 IEEE.)

Figura 11.15  Ilustração de um flip-flop óptico em que um VCSEL é integrado com um


laser no plano (LNP) que contém uma curta seção não polarizada, funcionando como
absorvedor saturável (AS). Os sentidos dos pulsos de set e reset também são mostrados.
(Após a Ref. [90]; ©2000 IEEE.)

Figura 11.15, um VCSEL é integrado com um laser com emissão pela


borda. Os dois lasers compartilham a mesma região ativa e são mutuamente
acoplados por saturação de ganho, pois competem por ganho nessa região
compartilhada. O laser com emissão pela borda contém uma curta seção
não polarizada que funciona como absorvedor saturável e o torna biestável.
Esse laser é polarizado de modo que sua saída seja relativamente fraca (estado
desligado). Um pulso de set injetado no absorvedor comuta o laser para
o estado “ligado”, pois reduz as perdas da cavidade por meio de saturação do
absorvedor. O dispositivo pode ser desligado com a injeção de um pulso de
reset através do VCSEL, desde que o pulso seja suficientemente intenso para
saturar o ganho na região ativa compartilhada pelos dois lasers. A intensidade
no interior da cavidade é reduzida em resposta ao menor ganho, e acaba
tornando-se demasiadamente baixa para saturar o absorvedor, o que resulta
no aumento das perdas da cavidade, fazendo com que o dispositivo retorne
632 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

ao estado “desligado”. Esse ciclo pode ser repetido para − usando os pulsos


de set e reset − comutar o flip-flop entre os estados ligado e desligado. Em
outro esquema, dois guias de onda ativos foram acoplados por um acoplador
de interferência multimodal (MMI − MultiMode Interference), e dois absorve-
dores saturáveis foram incorporados à cavidade de um laser de semicondutor
de modo que ele passasse a exibir biestabilidade em relação a seus dois modos
transversais, quando controlado pelos pulsos de set e reset [96].
Um interessante esquema de realimentação óptica entre um SOA e um
laser DFB foi empregado para realizar um flip-flop [97]. O acoplamento
bidirecional entre os dois dispositivos é explorado com o intuito de realizar
operação biestável por injeção de pulsos de set e reset de baixa energia (∼5 pJ)
em sentidos opostos. O flip-flop exibiu uma razão liga-desliga maior do que
15 e podia ser operado a uma taxa de repetição de 0,5 GHz por meio de
pulsos com 150 ps de largura. Em outro esquema, ilustrado na Figura 11.16,
dois interferômetros de Mach-Zehnder (MZ) − com um SOA em um
dos braços − foram acoplados para realizar operação de flip-flop. O aco-
plamento entre os dois interferômetros fornecia a biestabilidade, permitindo
a comutação entre os dois feixes CW de sustentação lançados em diferentes
comprimentos de onda. O dispositivo, denominado célula de memória de
acesso aleatório (RAM − Random-Access Memory) estática óptica, pôde ser
integrado monoliticamente usando tecnologia híbrida em que chips de InP
são invertidos e soldados em uma plataforma de silício [100]. Esse dispositivo
exibiu funcionalidade de leitura e escrita a uma taxa de 5 Gb/s.

Figura 11.16  Ilustração de um flip-flop integrado feito com o acoplamento de dois


interferômetros MZ com SOAs nos braços. (Após a Ref. [100]; ©2009 IEEE.)

Em um experimento de 2010, um flip-flop foi obtido por integração


heterogênea de um laser de InP em microdisco (diâmetro de 7,5 mm), que
foi acoplado a um guia de onda de silício fabricado com a tecnologia de
sílica sobre silício [101]. Em baixas correntes de polarização, o laser operava
nos sentidos horário e anti-horário; em altas correntes de polarização, apenas
em um sentido, pois os dois lasers efetivos eram acoplados pelo meio de
ganho comum. A operação biestável entre os sentidos horário e anti-horário
foi explorada para realizar o flip-flop. Mais especificamente, quando pulsos
Processamento de Sinal Óptico 633

de set e reset eram injetados no laser em sentidos opostos, este comutava sua
direção de operação. Esse dispositivo exibiu comutação em 60 ps com a
injeção de pulsos com apenas 1,8 fJ de energia.

11.3  CONVERSORES DE COMPRIMENTO DE ONDA


Redes ópticas em que canais WDM são comutados com base nos
comprimentos de onda de suas portadoras requerem um dispositivo capaz de
mudar o comprimento de onda da portadora do canal sem afetar o padrão
de bits que contém a informação sendo transmitida. Um grande número
desse tipo de dispositivo foi desenvolvido com base em fibras ópticas e em
materiais semicondutores. Esta seção considera alguns desses dispositivos,
com foco no desempenho deles do ponto de vista sistêmico.

11.3.1  Conversores de Comprimento de Onda Baseados


em XPM
Consideremos, primeiro, conversores de comprimento de onda em que
o fenômeno não linear de XPM é empregado para comutação óptica. A
ideia básica dessa técnica foi discutida na Seção 11.1.1, no contexto de
comutação induzida por XPM, e é ilustrada na Figura 11.17. O canal de
dados cujo comprimento de onda l2 deve ser alterado é propagado em uma
fibra de comprimento apropriado, juntamente com uma semente CW cujo
comprimento de onda l1 é escolhido para coincidir com o desejado com-
primento de onda do sinal convertido. O canal de dados funciona como
uma bomba e impõe um deslocamento de fase induzido por XPM na
semente CW somente em janelas temporais associadas a bits 1. Esse des-
locamento de fase é convertido em modulação em amplitude por meio de
um interferômetro. Na prática, um NOLM operando como interferômetro
de Sagnac é empregado para esse fim [102]-[104]. A nova característica da
Figura 11.17 é o lançamento de um canal de dados de modo que afete a
semente CW em apenas um sentido, resultando em um deslocamento de

Figura 11.17  Conversor de comprimento de onda que usa o deslocamento de fase


induzido por XPM em um interferômetro de Sagnac para mudar o comprimento de
onda de dados de l2 para l1.
634 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

fase diferencial capaz de ser utilizado para copiar o padrão de bits do canal
de dados no sinal transmitido em l1.
Em um experimento de 1994, o comprimento de onda de um canal de
dados de 10 Gb/s foi deslocado por 8 nm com o uso de 4,5 km de fibra
de dispersão deslocada no interior de um NOLM [102]. Em 2000, essa
técnica produziu conversores de comprimento de onda capazes de operar
a taxas de bits de até 40 Gb/s [24]. O NOLM foi feito de 3 km de fibra
de dispersão deslocada, com dispersão zero no comprimento de onda de
1.555 nm, sendo usado para deslocar o comprimento de onda de um canal
em 1.547 nm por até 20 nm. A razão liga-desliga entre os estados de máxima
e mínima transmissão foi medida como 25 dB. Os diagramas de olho ópticos
dos sinais original e convertido indicam que pulsos individuais quase não
foram afetados durante a conversão de comprimento de onda.
Podemos indagar o que limita a extensão de deslocamento de compri-
mento de onda quando se utiliza um NOLM para conversão de comprimento
de onda. A resposta está relacionada às diferentes velocidades de grupo as-
sociadas aos dois campos que interagem por XPM. Para estimar o máximo
deslocamento de comprimento de onda, assumamos que L deva ser menor
do que o comprimento de ultrapassagem LW. Notando que, para dois canais
separados em frequência por dν, a relação entre o parâmetro de ultrapassagem
dW e a dispersão da fibra é dw = |b2|(2πδν), e a condição L < LW se reduz a:

δ v < T0 / ( 2πβ 2 L ) . (11.3.1)



O necessário comprimento de fibra é obtido exigindo que φmax = 2g1P0L
seja igual a π para que ocorra conversão de comprimento de onda. Para uma
fibra de dispersão deslocada, L deve exceder 1 km, se a potência de entrada
de pico P0 for limitada a um valor próximo de 1 W. Usando L = 2 km e
T0 = 20 ps, com b2 = 1 ps2/km, a diferença de frequência dν é próxima
de 1,5 THz, um valor que corresponde a uma diferença de comprimento
de onda de 12 nm.
O necessário comprimento de fibra pode ser consideravelmente redu-
zido por meio do emprego de fibras altamente não lineares, para as quais
g ultrapassa 10 W−1/km. Em um experimento de 2001 [104], realizou-se
conversão de comprimento de onda de pulsos de 0,5 ps usando um NOLM
com apenas 50 m de fibra altamente não linear com g = 20,4 W−1/km.
Devido ao pequeno comprimento do laço de fibra, foi possível deslocar
o comprimento de onda por 26 nm, mesmo para pulsos tão curtos. Nesse
experimento, a necessária potência de pico dos pulsos de entrada para des-
locamento de fase de π ficou próxima de 4 W.
Não é essencial o uso de um interferômetro óptico para conversores
de comprimento de onda baseados em XPM. Em uma abordagem mais
Processamento de Sinal Óptico 635

Figura 11.18  Ilustração de um conversor de comprimento de onda baseado em XPM.


O filtro passa faixa (BPF) é deslocado do comprimento de onda da sonda de modo a
selecionar somente uma parte do espectro alargado por XPM. (Da Ref. [110]; ©2005 IEEE.)

simples, ilustrada na Figura 11.18, a sequência de bits que atua como bomba


é lançada em uma fibra não linear juntamente com uma sonda CW, e a saída
passa por um adequado filtro óptico [105]-[112]. Por meio de XPM nas
janelas temporais associadas aos bits 1, pulsos da bomba no comprimento
de onda l2 afetam o espectro da sonda CW (no desejado comprimento de
onda l1). Se a banda passante do filtro óptico for deslocada de l1 por um
valor adequado, a saída será uma réplica da original sequência de bits no
novo comprimento de onda. Qualquer filtro óptico com largura de banda
maior do que a do canal de dados (da ordem de 0,5 nm) pode ser usado para
esse fim, incluindo uma grade de difração em fibra. Em um experimento
de 2000 [105], o comprimento de onda de um sinal de 40 Gb/s foi des-
locado de vários nanômetros por XPM em 10 km de fibra. Esse experimento
empregou um laço de 4 m feito de fibra mantenedora de polarização como
filtro rejeita faixa. A magnitude do deslocamento de comprimento de onda
foi limitada pelos 10 km de comprimento da fibra em que ocorreu XPM.
Deslocamentos de comprimento de onda muito maiores têm sido reali-
zados com o emprego de fibras altamente não lineares. Em um experimento
de 2001 [106], efetuou-se conversão de comprimento de onda a uma taxa
de bits de 80 Gb/s usando 1 km de fibra com g = 11 W−1/km. O com-
primento de onda de dispersão zero da fibra era de 1.552 nm, com uma
relativamente pequena inclinação de dispersão nas proximidades desse com-
primento de onda. O canal de dados de 80 Gb/s no comprimento de onda
de 1.560 nm foi, primeiro, amplificado para o nível de potência de 70 mW e,
então, acoplado à fibra juntamente com uma sonda CW cujo comprimento
de onda variava na faixa de 1.525 − 1.554 nm. Um filtro óptico sintonizável
com largura de banda de 1,5 nm foi empregado na saída da fibra para produzir
o canal convertido em comprimento de onda. A Figura 11.19(a) mostra o
636 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

Figura 11.19  (a) Espectro óptico medido antes e depois do filtro óptico sintonizável. (b)
Largura do pulso do canal convertido em função do comprimento de onda. A largura
dos dados originais é marcada como pulso de controle. (Da Ref. [106]; ©2001 IEEE.)

espectro óptico imediatamente antes e imediatamente depois do filtro óptico,


com sonda no comprimento de onda de 1545,6 nm.Antes do filtro, o espectro
da sonda exibe múltiplas bandas laterais geradas por XPM, com um pico domi-
nante em 1545,6 nm. Depois do filtro, a portadora foi suprimida em relação às
bandas laterais, resultando em um sinal convertido em comprimento de onda
com uma sequência de bits idêntica à do canal original.A Figura 11.19(b) exibe
a largura do pulso do sinal convertido em função do comprimento de onda
da sonda. Como visto na figura, a largura permanece quase inalterada em uma
grande largura de banda. Medidas de BER indicaram desprezível penalidade
de potência para esse conversor de comprimento de onda.
Conversão de comprimento de onda a uma taxa de bits de 160 GB/s
foi realizada em um experimento de 2004, no qual um trecho de 0,5 km de
fibra de dispersão deslocada foi empregado para obter defasagem induzida
por XPM [108]. A essa fibra se seguiam uma grade de difração em fibra,
que funcionava como filtro rejeita faixa, e dois outros filtros ópticos com
larguras de banda de 5 e 4 nm, cujas bandas passantes eram deslocadas de
169 GHz da frequência portadora do sinal de entrada. Observou-se que o
conversor de comprimento de onda mantinha a fase do sinal de entrada,
característica desejável do ponto de vista sistêmico. O desempenho desse
tipo de conversor de comprimento de onda melhora se o ganho Raman da
fibra for utilizado, por meio de bombeamento contrapropagante, visando
reforçar o deslocamento de fase induzido por XPM, como indicado na
Figura 11.18. Em um experimento de 2005, obteve-se uma melhora de
21 dB na eficiência quando um segmento de 1 km de fibra altamente não
linear foi bombeado com 600 mW de potência [110].
Os comprimentos de fibra necessários à obtenção de suficiente des-
locamento de fase induzido por XPM podem ser reduzidos para menos de
10 m com o emprego de fibras microestruturadas com área efetiva modal
ultrapequena. Em um experimento de 2003, em que se utilizou uma grade
Processamento de Sinal Óptico 637

de difração em fibra como filtro sintonizável de banda estreita, bastaram 5,8


m de uma fibra altamente não linear [107]. Foi possível sintonizar o com-
primento de onda do canal convertido em uma largura de banda de 15 nm
na região de dispersão normal da fibra. Largura de banda tão grande foi pos-
sível devido a uma redução dos efeitos de ultrapassagem em fibras curtas. O
uso da dispersão normal elimina a degradação coerente que ocorre no caso
de dispersão anômala, por causa da amplificação do ruído de intensidade do
laser através da instabilidade de modulação.
Comprimentos ainda menores de fibra são possíveis se utilizarmos fibras
feitas de materiais diferentes da sílica, que apresentam um valor relativamente
grande do parâmetro n2. Em um experimento de 2006, utilizou-se apenas
um pedaço de 1 m de fibra de óxido de bismuto com o intuito de mudar
em até 15 nm comprimento de onda de um sinal NRZ de 10 Gb/s [111].
A fibra exibia dispersão normal de 330 ps2/km, com g ≈ 1.100 W−1/km no
comprimento de onda de 1.550 nm. Devido ao pequeno comprimento, o
surgimento de SBS não foi um problema, pois o limiar de SBS era > 1 W.
Pela mesma razão, efeitos de ultrapassagem eram desprezíveis. Nesse ex-
perimento, a conversão de comprimento de onda foi baseada na rotação de
polarização não linear induzida por XPM, que faz a fibra funcionar como
um obturador de Kerr [2]. Mais especificamente, o canal de dados que causa
XPM e o feixe CW são lançados de modo que seus estados de polarizações
lineares sejam orientados a 45°. O deslocamento de fase induzido por XPM
altera a polarização do feixe CW somente em janelas temporais de bits 1,
deixando a polarização de bits 0 inalterada. Um polarizador é usado para
selecionar os bits no novo comprimento de onda.
Uma questão prática associada à maioria dos conversores de compri-
mento de onda advém da natureza sensível à polarização de XPM em fibras
ópticas. É sabido que o deslocamento de fase não linear induzido por XPM
depende dos relativos estados de polarização das ondas de bombeio e de
sonda [2], e assume o valor máximo quando as duas ondas são coplarizadas.
Em um sistema de onda luminosa, o estado de polarização de um canal
de dados não é fixo, podendo variar com o tempo de modo virtualmente
aleatório, e as resultantes variações de polarização se manifestariam como
flutuações na potência de pico dos pulsos que passaram por conversão de
comprimento de onda. Conversores de comprimento de onda insensíveis
à polarização podem ser realizados torcendo a fibra altamente não linear
em que ocorre XPM de modo que a fibra adquira uma birrefringência
circular constante. Em um experimento de 2006 [112], essa técnica foi em-
pregada para converter o comprimento de onda de um canal de dados de
160 Gb/s com apenas 0,7 dB de sensibilidade de polarização. Fibras ópticas
com birrefringência circular são úteis para uma variedade de aplicações de
processamento de sinal óptico [113].
638 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

11.3.2  Conversores de Comprimento de Onda Baseados


em FWM
Conversores de comprimento de onda baseados em FWM requerem um
amplificador paramétrico, como o ilustrado na Figura 11.4. Se a frequência
ws de um sinal tiver de ser convertida a wi, o sinal é lançado na fibra junta-
mente com uma bomba CW cuja frequência wp esteja exatamente no centro
da faixa entre ws e wi, de modo que a condição de conservação de energia
2wp = ws + wi seja satisfeita. Como discutido na Seção 11.1.2, o processo
de FWM gera uma onda idler que copia precisamente o padrão de bits do
canal de sinal, pois FWM ocorre somente nas janelas temporais alocadas a
bits 1. Nenhum fóton da onda idler é produzido durante bits 0, pois fótons
da bomba e de sinal devem estar presentes simultaneamente para ocorrência
de FWM. Em consequência, se um filtro óptico for posicionado na saída da
fibra e deixar passar a onda idler, e bloquear as ondas de bomba e de sinal,
a saída será uma réplica da original sequência de bits convertida em com-
primento de onda. Embora o uso de fibras para conversão de comprimento
de onda já fosse investigado em 1992 [114]-[116], a técnica amadureceu
somente após o advento de fibras altamente não lineares, cujo emprego
reduziu o comprimento de fibra em que ocorre FWM [117]-[127].
A eficiência de conversão, definida como a razão entre a potência de saída
da onda idler no fim da fibra de comprimento L e a potência de entrada, é
obtida da Eq. (11.1.14) como:

ηc − Pi (L ) / Ps (0) = (γ P0 / g ) senh 2 ( gL ) .
2
(11.3.2)

Essa equação mostra que c pode ser maior do que 1 quando a condição
de casamento de fase é quase satisfeita. Na verdade, c = senh2gP0L) ≫ 1
quando k = 0 e gP0L > 1. Portanto, conversores de comprimento de onda
baseados em FWM são capazes de amplificar uma sequência de bits, alteran-
do seu comprimento de onda de ws para wi, característica extremamente útil
desses conversores de comprimento de onda. O sinal, sem dúvida, também
é amplificado. Basicamente, passam a existir duas cópias amplificadas da se-
quência de bits de entrada, cada uma em um comprimento de onda distinto.
Segue da Eq. (11.3.2) que a eficiência de conversão c depende, por meio
do produto kL, do descasamento de fase k e do comprimento de fibra L. O
intervalo de valores da dissintonia d ≡ wp − ws em que kL pode ser feito
pequeno diminui rapidamente para fibras longas. Essa propriedade pode ser
vista mais claramente da relação

κ = β 2δ 2 + 2γ P0 , (11.3.3)

em que b2 ≈ (wp − w0) b3, sendo b3 o parâmetro de dispersão de terceira


ordem na frequência de dispersão zero da fibra, w0. Para um dado valor de
Processamento de Sinal Óptico 639

d, o descasamento de fase k pode ser anulado escolhendo o comprimen-


to de onda de bombeio no regime de dispersão anômala, de modo que
b2 = − 2gP0/d2. Contudo, se o comprimento de onda de sinal se desviar
desse específico valor de d, c diminui a uma taxa que depende do com-
primento de fibra L. Em consequência, a largura de banda em que é possível
realizar a conversão de comprimento de onda é relativamente estreita para
fibras longas (< 10 nm para L > 10 km), mas pode ser aumentada além de
80 nm para fibras com menos de 100 m de comprimento [30].
Resultados experimentais de conversão de comprimento de onda con-
cordam com esta simples previsão da teoria de FWM. No experimento
original de 1992, o uso de 10 km de fibra de dispersão deslocada restringiu
a faixa de comprimento de onda a cerca de 8 nm [114]. Em 1998, o uso
de 720 m de fibra altamente não linear com o valor de g = 10 W−1/km
permitiu conversão de comprimento de onda em 40 nm, com apenas 600
mW de potência de bombeio [29]. A eficiência de conversão variava com
o comprimento de onda do sinal, mas chegou a 28 dB, indicando que o
sinal convertido em comprimento de onda foi amplificado por um fator
de até 630, devido à amplificação paramétrica induzida por FWM. Uma
vantagem adicional da grande largura de banda é a possibilidade de tal dis-
positivo ser usado para converter comprimentos de onda de múltiplos canais
simultaneamente. Em um experimento de 2000 [30], realizou-se conversão
simultânea de 26 canais em comprimentos de onda entre 1.570 e 1.611 nm
com um segmento de 100 m de fibra altamente não linear com g = 13,8 W
−1
/km. A eficiência de conversão foi relativamente baixa nesse experimento
(próxima de −19 dB), pois a potência de bombeio lançada era limitada a
200 mW, a fim de evitar a ocorrência de SBS, que se torna ainda mais séria
para conversores de comprimento de onda que empregam fibras longas e
desejam manter alta eficiência de conversão.
O limiar de SBS é da ordem de 5 mW para fibras longas (> 10 km),
e aumenta para algo próximo de 50 mW para comprimentos de fibra de
cerca de 1 km. Como amplificadores paramétricos baseados em fibra óptica
requerem níveis de potência de bombeio próximos de 1 W, há necessidade
de uma técnica adequada que eleve o limiar de SBS e suprima esse efeito
ao longo do comprimento do amplificador. Uma técnica comumente usada
na prática modula a fase da bomba em várias frequências fixas e próximas
de 1 GHz [33] ou em uma grande faixa de frequências usando um padrão
de bits pseudoaleatório a uma alta taxa de bits, como 10 Gb/s [34]. Essa
técnica suprime SBS alargando o espectro da bomba, sem afetar muito o
ganho paramétrico. Contudo, as SNR das ondas de sinal e idler são reduzidas
quando efeitos dispersivos ao longo da fibra convertem modulação em fase
em modulação em amplitude da bomba [118]. Modulação em fase da bomba
também leva a alargamento do espectro da onda idler, tornando-o duas vezes
640 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

mais largo do que o da bomba. Porém, tal alargamento espectral da onda


idler é problemático para conversores de comprimento de onda, sendo, na
prática, evitado por meio do emprego de amplificadores paramétricos com
duplo bombeamento, os quais também possuem outras vantagens.
Como visto na Seção 11.1.2, a configuração de duplo bombeamento
provê ganho quase uniforme em uma grande largura de banda e permite
que a operação do dispositivo independa da polarização. É possível entender
a supressão do alargamento espectral da onda idler notando que a amplitude
complexa Ai do campo idler resultante do processo de FWM apresenta a
forma Ai ∝ Ap1Ap2A*s, sendo Ap1 e Ap2 as amplitudes das bombas [2]. Fica
claro que a fase da onda idler variaria com o tempo se as duas bombas fossem
moduladas em fase ou de modo aleatório. Contudo, se forem moduladas de
modo que suas fases sejam sempre iguais e de sinais opostos, o produto Ap1Ap2
não exibirá qualquer modulação. Em consequência, embora o espectro da
onda idler seja uma imagem de espelho do espectro do sinal, as larguras de
banda dos dois espectros são idênticas. Uma abordagem digital utiliza uma
modulação em fase binária, de forma que as fases das duas bombas sejam
moduladas na mesma direção, mas assumam apenas dois valores discretos,
0 e π. Essa abordagem funciona porque, nesse esquema de modulação, o
produto Ap1Ap2 não muda. O problema de polarização é resolvido com o
emprego de duas bombas em polarizações ortogonais [34].

Figura 11.20  (a) Espectro óptico medido para um conversor de comprimento de


onda baseado em FWM. Os dois picos dominantes correspondem a duas bombas em
polarizações ortogonais. (b) Eficiência de conversão e sua sensibilidade em relação à
polarização, em função do comprimento de onda do sinal. (Após a Ref. [36]; ©2003 IEEE.)

A Figura 11.20(a) mostra o espectro óptico registrado na saída quando


um sinal de 1.557 nm foi lançado em um conversor com duplo bombea-
mento [36]. As duas bombas possuíam níveis de potência de 118 e 148 mW
nos comprimentos de onda de 1585,5 nm e 1546,5 nm, respectivamente.
A potência era mais elevada no comprimento de onda mais curto a fim de
deslocar a transferência de potência induzida por espalhamento estimulado
Processamento de Sinal Óptico 641

Raman para a bomba de maior comprimento de onda. FWM ocorreu


no segmento de 1 km de fibra altamente não linear (g = 18 W−1/km). O
comprimento de onda de dispersão zero da fibra era de 1566 nm, com in-
clinação de dispersão de 0,027 ps/nm2/km nesse comprimento de onda. A
onda idler gerada por FWM nas proximidades de 1570 nm tinha o mesmo
padrão de bits que o sinal, e sua potência média também era comparável à
do sinal, indicando eficiência de quase 100% para esse conversor de com-
primento de onda. Na verdade, como mostrado na Figura 11.20(b), foi pos-
sível manter alta eficiência em uma largura de banda de cerca de 40 nm. A
eficiência variou um pouco com o SOP do sinal, mas as variações estiveram
abaixo de 2 dB em uma faixa de 30 nm. Com amplificadores paramétricos
desse tipo, é possível converter comprimentos de onda de múltiplos canais
simultaneamente [119].Vale ressaltar, ainda, que um único canal cria múlti-
plas ondas idler em diferentes comprimentos de onda que transportam a
mesma informação do sinal, resultando na chamada multidifusão em com-
primento de onda.
Conversores de comprimento de onda baseados em fibra se beneficiaram
muito do advento de fibras de cristal fotônico (PCFs − Photonic Crystal
Fibers) e de fibras de materiais diferentes da sílica [121]-[127]. Em 2005,
utilizou-se uma PCF com 64 m de comprimento [121]. Essa fibra tinha
dispersão relativamente constante em uma largura de banda de 100 nm
centrada nas proximidades de 1.550 nm e pequena área modal efetiva. Essas
duas características permitiram eficiente conversão de comprimento de onda,
apesar do relativamente curto comprimento de fibra. Em um experimento
posterior, utilizou-se um dispositivo similar com sucesso para converter o
comprimento de onda de um sinal de 40 Gb/s codificado no formato DPSK
[122]. A máxima largura de banda de conversão de 100 nm foi realizada em
outro experimento de 2005 em que o comprimento de PCF foi reduzido
a apenas 20 m [123].
O mais curto comprimento de fibra para um conversor de comprimento
de onda, de apenas 40 cm, foi possível com o advento de fibras de óxido
de bismuto [124]. Tais fibras exibem um valor da não linearidade de Kerr
n2, 70 vezes maior do que o de fibras de sílica. Em consequência, com a
redução do diâmetro do núcleo a menos de 4 mm, o valor do parâmetro
não linear g pode ser aumentado para mais de 1.000 W−1/km. Essas fibras
exibem FWM mesmo quando seus comprimentos são menores do que
1 m. Ademais, têm limiar de SBS, suficientemente alto para que não seja
necessário modular a fase da bomba. Em um experimento de 2006, com
o lançamento de cerca de 1 W de potência de bombeio CW em 40 cm
de fibra de óxido de bismuto, foi possível converter o comprimento de
onda de um sinal de 40 Gb/s com eficiência de −16 dB. Uma configuração
de PCF foi empregada em 2007 para uma fibra de óxido de bismuto
642 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

com 1 m de comprimento a fim de efetuar conversão de comprimento


de onda de canais de 10 Gb/s em uma largura de banda de 35 nm [126].

11.3.3  Guias de Onda de Semicondutor Passivos


Guias de onda de semicondutor passivos podem ser empregados no lugar
de fibras ópticas para conversão de comprimento de onda. FWM em guias
de onda de silício foi usado na conversão de comprimento de onda em
diversos experimentos recentes [38]-[44]. Como discutido anteriormente, na
Seção 11.1.2, o desempenho de tais guias de onda é limitado por portadores
livres gerados por TPA quando o guia de onda é bombeado continuamente
nas proximidades de 1.550 nm. Para valores típicos do tempo de vida de
portadores em guias de onda de silício (> 1 ns), a densidade de portadores
livres cresce tanto que as perdas por eles induzidas reduzem a eficiência de
conversão para menos de −10 dB, com bombeamento CW. Por essa razão,
os primeiros experimentos resolveram esse problema empregando pulsos
de bombeamento de picossegundos.
Bombeamento CW foi empregado em um experimento de 2006 em
que 160 mW de potência de bombeio lançados em um guia de onda de
silício com 2,8 cm de comprimento produziram uma eficiência de conversão
de −10,6 dB para um canal de 10 Gb/s [39]. A taxa de bits do canal foi
logo estendida a 40 Gb/s em outro experimento de 2006, no qual o efetivo
tempo de vida de portadores foi reduzido com o emprego de um guia de
onda de silício reversamente polarizado [41]. Foi possível obter eficiência
de conversão de −8,6 dB com 450 mW de potência de bombeio em um
guia de onda de 8 cm de comprimento polarizado reversamente com 25 V,
reduzindo a densidade de portadores livres com a remoção deles da região
de ocorrência de FWM. Em outro experimento, o objetivo foi aumentar
a largura de banda em que conversão de comprimento de onda podia ser
realizada [42]. Com o controle da dispersão no guia de onda por meio das
dimensões do dispositivo, foi possível obter uma largura de banda de mais
de 150 nm por meio de bombeamento pulsado, mas, nesse experimento,
a eficiência de conversão ficou limitada a menos de −9,5 dB. Em um
experimento de 2009, conversão de comprimento de onda de um sinal
de 40 Gb/s com bombeamento CW foi realizada em uma largura de banda de
mais de 50 nm com um guia de onda de silício de 1,1 cm de comprimento,
mas a eficiência de conversão foi de apenas −18 dB [43]. Esses resultados
mostram que, com guias de onda de silício, será difícil obter um ganho
líquido no comprimento de onda convertido.
Guias de onda de LiNbO3 representam uma abordagem alternativa.Tais
guias de onda exibem uma finita suscetibilidade de segunda ordem χ(2) que
pode ser usada para mistura de três ondas, processo em que a frequência idler
é dada por wi = wp − ws, quando as ondas de bombeio e de sinal interagem
Processamento de Sinal Óptico 643

no interior do guia de onda. Esse processo também é conhecido como


geração da frequência de diferença e requer a satisfação de uma condição
de casamento de fase. Em 1993, um guia de onda de LiNbO3 foi usado para
conversão de comprimento de onda [128] com a técnica de polarização
periódica, em que o sinal de χ(2) é invertido periodicamente ao longo do
comprimento do guia de onda para a realização de quase casamento de fase.
Esses dispositivos requerem o uso de um laser monomodo para bombeio
que opere na região espectral próxima a 780 nm, com 50 − 100 mW de
potência. Na prática, é difícil acoplar simultaneamente a bomba de 780 nm
e o sinal de 1550 nm no modo fundamental do guia de onda. Um esquema
alternativo usa dois processos não lineares de segunda ordem em cascata, os
quais ocorrem em um guia de onda de LiNbO3 polarizado periodicamente
(PPLN − Periodically Po1ed LiNb03) bombeado por um laser operando nas
proximidades de 1.550 nm [129]-[137]. Nesse tipo de conversor de com-
primento de onda, por meio da geração de segundo harmônico, a bomba
na frequência wp é, primeiro, convertida ascendentemente na frequência 2wp,
que, mediante a geração da frequência de diferença, gera a saída deslocada
em comprimento de onda. Esse processo em cascata parece FWM, mas é
muito mais eficiente do que FWM baseado na suscetibilidade de terceira
ordem. O processo também é menos ruidoso do que o de FWM que ocorre
na região ativa de SOAs.
Múltiplos canais WDM podem ser convertidos simultaneamente usando
um guia de onda PPLN. A Figura 11.21(a) mostra o espectro teórico regis-
trado em um experimento de 1999 [129], em que quatro canais em com-
primentos de onda na faixa de 1.552 a 1.558 nm foram acoplados a um guia
de onda PPLN juntamente com uma bomba em 1562 nm, com 110 mW de

Figura 11.21  (a) Conversões de comprimento de onda simultâneas de quatro canais


em um guia de onda PPLN bombeado com 110 mW de potência em 1562 nm. O detalhe
mostra uma eficiência de conversão de 16% realizada com 165 mW de potência de
bombeio. (b) Eficiências de conversão medidas em função do comprimento de onda
de sinal são mostradas no lado direito, juntamente com a previsão teórica. (Após a Ref.
[129]; ©1999 IEEE.)
644 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

potência. Os quatro picos no lado direito do pico da bomba correspondem


aos quatro canais convertidos em comprimento de onda. A eficiência de
conversão foi de cerca de 5% para os quatro canais, podendo ser elevada
com o aumento da potência de bombeio. O detalhe mostra a conversão
de comprimento de onda de um único canal com eficiência de 16%, com
175 mW de potência de bombeio. A eficiência de conversão depende da
separação de comprimento de onda entre bomba e sinal, como mostrado
na Figura 11.21(b). A largura de banda da região plana em que a eficiência
de conversão é quase constante ultrapassa 60 nm. Com projeto adequado,
eficiências de conversão > 70% foram realizadas com 150 mW de potência
de bombeio [133].
Dispositivos de LiNbO3 são capazes de responder em escalas de tempo
de femtossegundo e, portanto, podem operar com facilidade a taxas de bits
de 40 Gb/s ou mais. A conversão de sinais RZ de 160 Gb/s foi realizada
em um experimento de 2007 [135], no qual duas bombas foram usadas para
realizar conversão de comprimento de onda sintonizável. Nesse esquema,
primeiro, uma bomba em uma frequência fixa w1 é combinada com o sinal
em ws a fim de gerar a frequência de soma w+ = w1 + ws. Essa nova onda é,
então, combinada com a segunda bomba em uma frequência sintonizável
w2 para gerar a frequência de diferença wi = w+ − w2. Esse esquema parece
superficialmente similar ao de FWM de duas bombas em fibras ópticas, mas
a frequência idler criada wi = w1 − w2 + ws é diferente daquela obtida no
caso de fibra óptica. A principal vantagem desse esquema é prover controle
adicional do processo de conversão de comprimento de onda.

11.3.4  Conversores de Comprimento de Onda Baseados em


SOA
Diversas técnicas não lineares para conversão de comprimento de onda
utilizam SOAs [138]-[146]. FWM no interior de um SOA foi usado para
esse propósito durante a década de 1990 e permanece um forte candidato
[141]. É surpreendente que FWM ocorra em SOAs, pois a densidade de
portadores não é capaz de responder à frequência de batimento entre bomba
e sinal quando as duas diferem por mais de 10 GHz. A não linearidade res-
ponsável por esse processo tem origem em rápidos processos de relaxação
intrabanda que ocorrem em uma escala de tempo de 0,1 ps [147]. Em
consequência, deslocamentos de frequência de até 10 THz, correspondendo
à conversão de comprimento de onda em uma faixa de 80 nm, são pos-
síveis. Por essa mesma razão, tal técnica pode funcionar a taxas de bits de até
100 Gb/s, sendo transparente à taxa de bits e ao formato dos dados. Devido
ao ganho provido pelo amplificador, é possível que a eficiência de conversão
seja muito alta, resultando em ganho líquido. Uma vantagem adicional dessa
técnica é a inversão do chirp de frequência, pois seu uso inverte o espectro
Processamento de Sinal Óptico 645

do sinal. O desempenho pode ser otimizado com o uso de dois SOAs em


uma configuração em tandem.
Uma abordagem simples se baseia na saturação de ganho cruzado, que
ocorre quando um campo fraco é amplificado em um SOA juntamente
com um campo forte, e a amplificação do campo fraco é afetada pelo campo
forte [138]. Para usar esse fenômeno, o sinal WDM, cujo comprimento de
onda l1 deve ser convertido, é lançado no SOA juntamente com um feixe
CW de baixa potência no comprimento de onda l2 a que o sinal deve ser
convertido. O ganho do amplificador é principalmente saturado pelo feixe
em l1. Em consequência, o feixe CW é amplificado por um grande fator
durante bits 0 (sem saturação) e por um fator muito menor durante bits 1.
Assim, o padrão de bits do sinal incidente é transferido para o novo com-
primento de onda em polaridade invertida (bits 1 e 0 trocam de posição).
A técnica de saturação de ganho cruzado tem sido usada em vários
experimentos e pode funcionar a altas taxas de bits, como 40 Gb/s [140].
Essa técnica é capaz de prover ganho líquido ao sinal no comprimento de
onda convertido. Suas principais desvantagens são: (i) relativamente baixo
contraste ligado-desligado, (ii) degradação devido à emissão espontânea e
(iii) distorção de fase pelo chirp de frequência que invariavelmente ocorre
em SOAs. O uso de um meio absorvedor no lugar do SOA resolve o
problema de inversão de polaridade. Um modulador de eletroabsorção foi
usado com sucesso para conversão de comprimento de onda [148], com
base no princípio de saturação de ganho cruzado. O dispositivo bloqueia o
sinal CW em l2 devido à alta absorção, exceto quando a chegada de bits 1
em l1 satura a absorção.
O problema de contraste pode ser resolvido usando um interferômetro
MZ, como ilustrado na Figura 11.22, com um SOA em cada braço [140].
O sinal CW no comprimento de onda lCW é igualmente dividido entre
os dois braços do interferômetro, mas o canal WDM no comprimento de
onda lin é enviado apenas a um dos braços. Durante os bits 0 desse sinal,
o feixe CW é bloqueado, para um interferômetro adequadamente equili-
brado. Contudo, durante os bits 1, o feixe CW é direcionado à porta de saída,
devido a uma mudança no índice de refração induzido pelo sinal WDM. O

Figura 11.22  Conversão de comprimento de onda baseada em XPM e usando dois SOAs
nos braços de um interferômetro MZ. (Após a Ref. [140]; © 1997 IEEE.)
646 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

resultado líquido é que a saída do interferômetro MZ é uma réplica exata


do sinal de entrada no comprimento de onda lCW. XPM é o mecanismo
físico envolvido nesse esquema de conversão de comprimento de onda. Essa
abordagem é preferível à de saturação de ganho cruzado, pois não inverte o
padrão de bits e resulta em maior contraste ligado-desligado.
Outros tipos de interferômetros, como o de Sagnac, também podem
ser usados com resultados similares. Na prática, utiliza-se o interferômetro
MZ pela capacidade de ser facilmente integrado em um único chip usando
a tecnologia InGaAsP/InP, resultando em um dispositivo compacto. A Fi-
gura 11.23 mostra uma configuração de um conversor de comprimento de
onda sintonizável em larga faixa, que incorpora um laser de semicondutor
sintonizável integrado monoliticamente [142]. Nesse dispositivo, o canal de
dados cujo comprimento de onda deve ser convertido é dividido em duas
partes, alimentadas aos dois braços do interferômetro, com retardo apropriado.
Esse esquema permite que o dispositivo opere a uma taxa de bits de 40 Gb/s,
apesar de uma relativamente lenta recuperação do ganho nos dois SOAs.

Figura 11.23  Configuração de um conversor de comprimento de onda sintonizável


em larga faixa, com um laser de semicondutor sintonizável integrado monoliticamente.
(Após a Ref. [142]; ©2007 IEEE.)

Em vários experimentos recentes, utilizou-se uma configuração muito


mais simples, na qual se emprega um único SOA com um filtro óptico
passa faixa na saída, cuja banda passante é deslocada de pequeno valor em
relação ao comprimento de onda da sonda [143]-[146]. A ideia básica é
idêntica à mostrada na Figura 11.18, exceto pelo fato de um SOA substituir
a fibra óptica como elemento não linear. Apesar de um longo tempo de
recuperação do ganho do SOA (∼100 ps), tais conversores de comprimento
de onda baseados em XPM têm mostrado capacidade de operação em
taxas de bits elevadas, como 320 GB/s [144]. O associado processo físico
foi denominado XPM transiente. Contudo, devemos ter em mente que a
saturação de ganho cruzado possui um papel igualmente importante no
funcionamento desse dispositivo, pois controla a magnitude do alargamento
espectral induzido por XPM. Na verdade, dependendo da exata localização
da banda passante do filtro, o sinal convertido em comprimento de onda
pode exibir um padrão de bits, invertido ou não em relação aos dados de
entrada [146]. Recordemos que um padrão de bits invertido tem origem na
saturação de ganho cruzado. O filtro óptico apresenta um papel importante
Processamento de Sinal Óptico 647

na formatação de pulsos e pode, até, desfazer a inversão de uma sequência


de bits que tenha sido invertida [143].
A Figura 11.24 mostra resultados de um experimento em que o com-
primento de onda de um canal RZ de 40 Gb/s foi deslocado de 6 nm para
baixo usando um SOA e um filtro cujo deslocamento em relação ao com-
primento de onda da sonda CW variava de −0,3 a +0,4 nm. A parte de cima
da figura, linha (i), mostra o padrão de bits de entrada e o correspondente dia-
grama de olho. As 4 linhas restantes − (ii) a (v) − mostram a saída convertida
em comprimento de onda, para um filtro deslocado de −0,3, −0,1, +0,4 e
0 nm, respectivamente, em relação ao comprimento de onda da sonda CW. O
padrão de bits não é invertido quando o deslocamento é de −0,3 nm, mas sim
quando o deslocamento é reduzido para −0,1 nm. Os diagramas de olho são
razoáveis nos dois casos, embora a incerteza de amplitude seja reforçada por
efeitos do padrão de bits. A situação piora para um deslocamento de +0,4 nm.
A situação de pior caso (v) ocorre para um deslocamento de 0 nm, devido à
dominação de efeitos de saturação de ganho cruzado e lenta recuperação de
ganho. Efeitos similares foram observados a taxas de bits mais elevadas, mas
XPM transiente em SOAs tem sido usado com sucesso para a conversão de
comprimento de onda de canais operando a 160 e 320 Gb/s [144].

Figura 11.24  Padrões de bits e correspondentes diagramas de olho da entrada (na


parte de cima) e saídas convertidas em comprimento de onda para filtros deslocados
de −0,3, −0,1, +0,4 e 0 nm, usando um SOA com 60 ps de intervalo de recuperação de
ganho. (Após a Ref. [146]; ©2008 IEEE.)

11.4  COMUTAÇÃO ÓPTICA ULTRARRÁPIDA


Conversores de comprimento de onda comutam toda a sequência de
bits em um comprimento de onda para outro comprimento de onda, sem
afetar seu conteúdo temporal. Algumas aplicações requerem comutação
648 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

seletiva de um ou mais bits para uma porta diferente [149]-[151]. Um


exemplo é a comutação de pacotes, em que um pacote de dezenas ou centenas
de bits é selecionado de uma sequência de bits. Outro exemplo é a técnica
OTDM, em que um bit selecionado de uma sequência de bits de alta
velocidade é enviado a outra porta de modo periódico. Algumas aplicações
requerem comutação no domínio do tempo que, por meio de controle
externo, seja ligada durante um específico intervalo.

11.4.1  Demultiplexação no Domínio do Tempo


Como visto na Seção 6.4, um sinal OTDM consiste em uma sequência de
bits de alta velocidade que, por sua vez, é composta de vários canais, cada
um operando a uma taxa de bits menor e periodicamente intercalado com
outros. Se 10 canais, cada um operando a 40 Gb/s, forem multiplexados
no domínio do tempo, cada 10° bit da sequência composta de 400 Gb/s
pertence ao mesmo canal. A demultiplexação de um canal do sinal OTDM
de alta velocidade requer comutadores ópticos que coletem todos os bits
pertencentes a um dado canal e os direcionem a uma porta específica. Tais
comutadores requerem um relógio óptico na taxa de bits do canal em ques-
tão, o qual é usado para comutar seletivamente pulsos de sinal usando um
fenômeno não linear como XPM ou FWM (veja a Seção 6.4.2).

Demultiplexadores Baseados em Fibra


A Figura 6.25 da Seção 6.4.2 e a discussão a ela associada mostram como
XPM em um NOLM ou FWM em uma fibra altamente não linear pode ser
explorado para demultiplexação de canais OTDM no domínio do tempo. A
técnica de FWM foi usada em 1996 para demultiplexar canais de 10 Gb/s
de uma sequência de bits de 500 Gb/s usando pulsos de relógio com 1 ps
de duração [152]. Uma clara vantagem do uso de FWM é o fato de o canal
demultiplexado também ser amplificado por ganho paramétrico na mesma
fibra [153]. Um problema de demultiplexadores baseados em FWM está
relacionado à sensibilidade em relação à polarização do próprio processo
de FWM, pois máximo ganho paramétrico ocorre somente quando bomba
e sinal são copolarizados. Se o estado de polarização de um sinal não for
alinhado com o da bomba e mudar com o tempo de modo imprevisível,
os níveis de potência das ondas de sinal e idler flutuarão, resultando em
desempenho pobre.
Uma técnica de diversidade de polarização, na qual o sinal de entrada
é separado em duas partes em polarizações ortogonais, que são processadas
individualmente, pode ser usada [154], mas adiciona considerável com-
plexidade. Um esquema simples para resolver o problema de polarização
foi adotado em 2004, o qual consiste em conectar um curto trecho de fibra
mantenedora de polarização (PMF) à porta de entrada da fibra altamente não
Processamento de Sinal Óptico 649

linear empregada para FWM e usar um laço de travamento de fase óptico


a fim de travar os pulsos de relógio à posição do pico dos pulsos de sinal
incidentes [155]. Como mostrado na Figura 11.25, os pulsos de controle
do relógio são polarizados a 45° em relação aos eixos principais da fibra
mantenedora depolarização, que também divide e separa pulsos de sinal com
polarização arbitrária em duas partes em polarizações ortogonais. Como dois
processos de FWM separados ocorrem simultaneamente na mesma fibra
não linear, obtém-se diversidade de polarização com esse simples arranjo
experimental. Tal abordagem foi capaz de demultiplexar uma sequência
de bits de 160 Gb/s em canais individuais de 10 Gb/s, com sensibilidade de
polarização < 0,5 dB.

Figura 11.25  Esquema de demultiplexação baseado em FWM insensível à polarização;


fibra PM significa fibra mantenedora de polarização, e fibra DSF, fibra de dispersão des-
locada. (Da Ref. [155]; ©2004 IEEE.)

Em outra abordagem para resolver o problema de polarização, a própria


fibra não linear em que ocorre FWM é feita birrefringente [156]. Ademais,
divide-se a fibra em dois segmentos iguais em que os eixos rápido e len-
to trocam de posição. Uma única bomba na forma de pulsos de relógio,
polarizados a 45° em relação ao eixo lento da fibra, é lançada juntamente
com o sinal de alta velocidade a ser demultiplexado. As componentes da
bomba e do sinal em polarizações ortogonais interagem por FWM e criam
a onda idler que contém o canal demultiplexado. Embora sejam separadas
na primeira seção, as duas componentes de polarização são combinadas na
segunda metade da fibra, em função da troca de posição dos eixos lento e
rápido na segunda seção. Um filtro óptico no fim da fibra bloqueia as ondas
da bomba e do sinal, resultando no canal demultiplexado no comprimento
de onda idler.
Demultiplexadores baseados em XPM em NOLMs também estão sujei-
tos ao problema de polarização. É possível empregar várias técnicas para que
a operação de um NOLM seja insensível à polarização [157]-[160]. Uma
delas é similar à mostrada na Figura 11.25. Utiliza-se um curto trecho de
PMF a fim de dividir os pulsos de sinal e de relógio nos eixos lento e rápido.
Um filtro óptico passa faixa centrado no comprimento de onda do sinal é
650 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

posicionado em uma das extremidades do NOLM, de modo a bloquear a


propagação dos pulsos do relógio em uma direção. Contudo, tal bloqueio
ocorre na outra direção somente depois de o pulso do relógio ter passado
pelo laço e, através de XPM, ter mudado a fase de um dado pulso de sinal
por π. Em consequência, pulsos de dados pertencentes ao canal demulti-
plexado aparecem na saída do NOLM, onde uma segunda PMF combina
as duas componentes de polarização.
Como no caso de conversão de comprimento de onda, não é neces-
sário empregar um NOLM para fazer uso de XPM. Em um experimento
de 2001, utilizou-se um esquema similar ao mostrado na Figura 11.18 para
demultiplexação no domínio do tempo [161]. A única diferença foi o papel
de sonda no comprimento de onda l1 caber ao sinal de dados OTDM,
enquanto intensos pulsos do relógio no comprimento de onda l2 faziam
o papel de bomba. Por meio de XPM, os pulsos do relógio deslocaram o
espectro somente dos pulsos de dados com os quais se sobrepuseram no
domínio do tempo. Um filtro óptico foi, então, usado para selecionar esses
pulsos, resultando no canal demultiplexado no comprimento de onda do
relógio.Tal experimento utilizou 5 km de fibra cujo comprimento de onda
de dispersão zero era de 1.543 nm. Os pulsos de controle de 14 ps, a uma
taxa de repetição de 10 GHz, tinham comprimento de onda de 1534 nm e
foram propagados com o sinal OTDM de 80 Gb/s em 1538,5 nm.
Como visto na Seção 11.1.1, o descasamento de velocidade de grupo
entre os pulsos de sinal e de controle tem importante papel na comutação
óptica baseada em XPM. É possível reduzir esse descasamento por meio
do posicionamento dos pulsos de controle e de sinal em lados opostos do
comprimento de onda de dispersão zero da fibra. Além disso, o uso de uma
fibra altamente não linear não apenas reduz a necessária potência média
dos pulsos de controle, como também ajuda a reduzir o problema de des-
casamento de velocidade de grupo, pois são usados comprimentos muito
mais curtos. Um benefício adicional dessa técnica é o fato de ela poder
ser usada para demultiplexar vários canais simultaneamente com o simples
emprego de pulsos de controle em diferentes comprimentos de onda. A
Figura 11.26 ilustra esse esquema [162], implementado em um experimento
de 2002 para demultiplexar quatro canais de 10 Gb/s de uma sequência de
bits composta de 40 Gb/s por meio de XPM em 500 m de fibra altamente
não linear. Apenas 100 m de fibra foram empregados em outro experimento
visando demultiplexar canais de 10 Gb/s de uma sequência de bits de
160 Gb/s [163].
Comprimentos de fibra muito mais curtos podem ser empregados se
forem usadas fibras microestruturadas ou fibras feitas de materiais diferentes
da sílica, com altos valores de n2. Um segmento de apenas 1 m de fibra de
óxido de bismuto se fez necessário em um experimento de 2005 [164], pois
Processamento de Sinal Óptico 651

Figura 11.26  Demultiplexação simultânea de 4 canais usando 4 relógios ópticos em


diferentes comprimentos de onda; AWGR significa roteador em arranjo de guia de onda
(Arrayed-WaveGuide Router). (Da Ref. [162]; ©2002 IEEE.)

essa fibra exibia o valor de ~1.100 W−1/km para o parâmetro não linear g. O


trem de pulsos de controle de 3,5 ps a uma taxa de repetição de 10 GHz foi
amplificado a um nível médio de potência próximo de 0,4 W, para assegurar
alta potência de pico (P0 > 10 W), de modo que o valor de gP0 Lfosse maior
do que 10, mesmo para apenas 1 m de fibra. Esse experimento empregou
a fibra como um obturador de Kerr [2] e usou birrefringência não linear
induzida por XPM, que alterava o estado de polarização de pulsos de sinal
selecionados para que apenas estes fossem transmitidos pelo polarizador
posicionado na extremidade de saída da fibra. Como efeitos de ultrapas-
sagem eram desprezíveis para a fibra curta, a janela de comutação medida era
suficientemente estreita (com largura de apenas 2,6 ps) para demultiplexar
uma sequência de bits de 160 Gb/s.
Operação independente da polarização pode ser realizada com o em-
prego de PMF linearmente birrefringente ou fibra torcida que exiba birre-
fringência circular [176]. Um segmento de 30 m de fibra fotônica que exibia
birrefringência linear foi empregado em um experimento de 2006 [165].
Pulsos de relógio foram polarizados a 45° em relação ao eixo lento da fibra,
de modo que a energia dos mesmos fosse igualmente dividida entre os eixos
lento e rápido. Os SOP dos pulsos de dados e de relógio evoluíam periodi-
camente com diferentes comprimentos de batimento, devido aos diferentes
comprimentos de onda. Em consequência, o SOP relativo variava de forma
quase aleatória, característica que resultou em uma média dos efeitos de
XPM, além de produzir uma saída que independia da polarização do sinal.
Em um experimento posterior, um embaralhador de polarização de alta
velocidade foi empregado para tornar aleatório o SOP de pulsos de dados
de 160 Gb/s, mas o SOP dos pulsos de 10 Gb/s do relógio foi mantido
fixo [166]. O alargamento espectral induzido por XPM ocorreu em 2 m
652 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

de fibra de óxido de bismuto. Devido ao embaralhamento de polarização, o


desempenho desse demultiplexador exibiu pouca sensibilidade em relação
ao SOP da sequência de bits de entrada.

Demultiplexadores Baseados em SOAs


A principal limitação de demultiplexadores baseados em fibra advém da
fraca não linearidade da fibra, o que requer longos comprimentos. Embora
seja possível reduzir o necessário comprimento de fibra com o uso de fi-
bras altamente não lineares, SOAs proveem uma alternativa. Foi observado
que os esquemas com base em XPM e de FWM funcionam com SOAs
[167]-[171]. Um modulador de eletroabsorção também pode ser usado
para fins de demultiplexação [172]. No caso de um NOLM, insere-se um
SOA no laço de fibra. O deslocamento de fase induzido por XPM ocorre
devido a mudanças no índice de refração causadas pelos pulsos do relógio
à medida que saturam o ganho do SOA. Como o deslocamento de fase
ocorre seletivamente, apenas para os bits de dados que pertencem a um canal
específico, esse canal é demultiplexado. A variação de índice de refração
induzida pelo SOA é suficientemente grande para que um deslocamento
de fase relativo de π seja induzido em moderados níveis de potência por
um SOA com < 1 mm de comprimento.
SOAs estão sujeitos a uma relativamente lenta resposta temporal, go-
vernada pelo tempo de vida dos portadores (∼100 ps). Pode-se obter uma
resposta mais rápida com o emprego de um esquema de amostragem (gating).
Por exemplo, com o posicionamento de um SOA em um NOLM de modo
que sinais contrapropagantes entrem no SOA em tempos distintos, o dis-
positivo pode ser levado a responder em uma escala de tempo ∼1 ps. Tal
dispositivo é referido como demultiplexador óptico assimétrico em teraherz
(TOAD − Terahertz Optical Asymmetrical Demultiplexer). A operação do dis-
positivo a taxas elevadas, como 250 Gb/s, foi demonstrada em 1994 [173].
Um interferômetro MZ com um SOA em cada braço também é capaz de
demultiplexar um sinal OTDM a altas velocidades e, usando a tecnologia
de InP, pode ser fabricado na forma de um compacto chip integrado. A
tecnologia de silício sobre sílica também foi utilizada para fabricar um
compacto demultiplexador MZ em uma configuração simétrica capaz de
demultiplexar um sinal de 168 Gb/s [174]. Se SOAs forem posicionados
de forma assimétrica, o dispositivo opera de modo similar ao TOAD. A
Figura 11.27(a) mostra tal dispositivo MZ fabricado com a tecnologia de
InGaAsP/InP [175]. O deslocamento de posição entre os dois SOAs possui
um papel crítico nesse dispositivo e, tipicamente, é < 1 mm.
O princípio de funcionamento do dispositivo MZ-TOAD pode ser
entendido da Figura 11.27. O sinal de relógio (controle) entra pela porta 3
do interferômetro MZ e é dividido em dois ramos. Primeiro, o sinal entra
Processamento de Sinal Óptico 653

Figura 11.27  (a) Um demultiplexador TOAD com dois SOAs posicionados assimetrica-
mente. Os detalhes mostram a estrutura do dispositivo. (b) Variações de ganho nos dois
SOAs e a resultante janela de comutação. (Após a Ref. [175]; ©2001 IEEE.)

no SOA 1, satura o ganho dele e abre o comutador MZ por meio de des-


locamento de fase induzido por XPM. Alguns picossegundos depois, o SOA
2 é saturado pelo sinal de relógio. O resultante deslocamento de fase fecha
o comutador MZ. É possível controlar a duração da janela de comutação
com precisão pelo posicionamento relativo dos dois SOAs, como ilustrado na
Figura 11.27(b).Tal dispositivo não é limitado pelo tempo de vida dos porta-
dores, sendo capaz de operar a altas taxas de bits se projetado adequadamente.
Vários outros esquemas baseados em SOAs foram implementados em
anos recentes. Em um experimento de 2006, XPM transiente, discutido
anteriormente no contexto de conversão de comprimento de onda, foi usado
para demultiplexar canais de 40 Gb/s de uma sequência de bits OTDM
de 320 Gb/s [113]. Esse esquema emprega um filtro óptico deslocado do
comprimento de onda do relógio por um valor apropriado, funcionando de
modo idêntico ao de um conversor de comprimento de onda. Em 2007, o
esquema foi estendido para operar com um sinal OTDM de 640 Gb/s que
consistia em pulsos ópticos com 0,8 ps de largura [177]. Em um experimento
de 2009, uma configuração MZ simétrica, ilustrada na Figura 11.28, foi

Figura 11.28  Demultiplexador baseado em configuração MZ simétrica, em que pulsos


de relógio são alimentados a dois SOAs com pequeno retardo relativo. (Após a Ref. [178];
©2009 IEEE.)
654 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

utilizada a fim de demultiplexar uma sequência de bits de 640 Gb/s [178].


Os pulsos do relógio, a uma taxa de repetição de 40 Gb/s, foram injetados
nos dois braços com um retardo relativo de cerca de 1,4 ps. Como visto na
Figura 11.27, esse dispositivo pode funcionar como uma chave que abre ape-
nas pela duração do retardo relativo, apesar de resposta lenta dos dois SOAs.

11.4.2  Conversão de Formatos de Dados


Como vimos na Seção 1.2.3, os formatos RZ e NRZ podem ser em-
pregados na transmissão de dados. O formato NRZ é empregado com
frequência em redes WDM, por ser espectralmente mais eficiente. O uso
do formato RZ, ou de uma de suas variantes, como o formato RZ com
portadora suprimida (CSRZ), torna-se necessário a altas taxas de bits, sendo
o formato preferido para sistemas OTDM. Em um ambiente de rede, a
conversão entre esses formatos pode se tornar necessária. Várias técnicas
para conversão entre os formatos NRZ e RZ utilizam efeitos não lineares
que ocorrem em fibras ópticas e SOAs.
A Figura 11.29 mostra como XPM em um NOLM pode ser usada
para conversão entre os formatos NRZ e RZ [179]. No caso da conversão
de NRZ para RZ, a fase dos pulsos NRZ é deslocada no interior do laço
com o lançamento de um relógio óptico (um trem regular de pulsos na taxa
de bits), de modo que ele se propague em apenas um sentido. No caso da
conversão de RZ para NRZ, a fase de um feixe CW é deslocada pelos pulsos
de dados RZ que se propagam em apenas um sentido. A principal limitação
advém dos efeitos de ultrapassagem que governam a janela de comutação do
NOLM. Um NOLM baseado em SOA também foi usado para converter
uma sequência de bits RZ ou NRZ em outra no formato CSRZ [184].

Figura 11.29  Conversões de (a) NRZ para RZ e (b) RZ para NRZ usando um NOLM; DSF
significa fibra de dispersão deslocada. (Da Ref. [179]; ©1997 IEEE.)

Vários outros esquemas foram desenvolvidos em anos recentes para


conversão de formatos baseada em fibra [180]-[182]. Em um experimento
de 2005, deslocamento de comprimento de onda induzido por XPM em
Processamento de Sinal Óptico 655

uma fibra não linear foi utilizado para a conversão de RZ para NRZ [180].
O esquema é similar ao mostrado na Figura 11.18 (no contexto de conversão
de comprimento de onda); a única diferença é que o filtro óptico é cen-
trado exatamente no comprimento de onda da sonda CW. O sinal RZ atua
como bomba e modula a fase da sonda CW. O resultante chirp desloca o
comprimento de onda dos pulsos que representam bits 1. O filtro bloqueia
esses pulsos, mas deixa passar os bits 0. A sequência de bits de saída é uma
versão NRZ do sinal com polaridade invertida.
É possível adotar um esquema similar para a conversão de NRZ para RZ
[181]. Nesse caso, um relógio óptico que atua como bomba é lançado na fi-
bra juntamente com o sinal NRZ. A interação entre as duas ondas por XPM
alarga o espectro do sinal. O filtro óptico é deslocado do comprimento de
onda do sinal, como no caso de conversão de comprimento de onda. A saída
é uma versão RZ do sinal no mesmo comprimento de onda. Esse esquema é
sensível à polarização, pois o próprio processo não linear de XPM depende
da polarização [2]. O esquema pode ser tornado insensível à polarização
com o emprego de um laço de diversidade de polarização. A polarização do
relógio (controle) é orientada a 45° em relação aos eixos principais de um
divisor de feixe por polarização (PBS), de modo que a potência seja igual-
mente dividida em duas ondas contrapropagantes. O sinal NRZ com SOP
aleatório também é dividido em duas partes em polarizações ortogonais. O
mesmo PBS combina as duas partes. Um circulador óptico direciona a saída
ao filtro óptico cuja banda passante é adequadamente deslocada.
Um esquema de conversão de RZ para NRZ utiliza somente o alar-
gamento espectral induzido por SPM em uma fibra óptica com dispersão
normal [182]. Aos pulsos RZ é imposto chirp por SPM, e eles sofrem con-
siderável alargamento ao longo da fibra. Se o comprimento da fibra for es-
colhido de modo que o alargamento dos pulsos seja suficientemente grande
para preencher todo o bit slot, a saída será uma versão NRZ da original
sequência de bits.
Vários esquemas utilizam efeitos não lineares em SOAs para conversão
de formatos [183]-[192]. Um interferômetro MZ com um SOA em cada
braço foi empregado em um experimento de 2003 [183], cuja ideia básica
é ilustrada na Figura 11.30. No caso da conversão de NRZ para RZ, o sinal
NRZ de entrada é injetado na porta de controle, enquanto um relógio
RZ na mesma taxa de bits é alimentado ao interferômetro projetado para
bloquear pulsos na ausência do sinal de controle. O deslocamento de fase
induzido pelo sinal NRZ converte pulsos do relógio em um sinal RZ. No
caso da conversão de RZ para NRZ, um duplicador de pulsos é empregado
para produção de múltiplas cópias deslocadas do sinal RZ de entrada (em
um período de bit), antes de injetá-lo na porta de controle. Múltiplas cópias
mantêm o deslocamento de fase induzido por XPM em toda a duração do
656 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

Figura 11.30  Conversões de (a) NRZ para RZ e (b) RZ para NRZ usando dois SOAs em
um interferômetro MZ. (Da Ref. [183]; ©2003 IEEE.)

bit, convertendo um feixe CW em um sinal NRZ. É possível utilizar um


SOA posicionado em um laço de Sagnac com um deslocamento fixo em
relação ao ponto médio do laço a fim de criar um comutador rápido, de
modo similar ao ilustrado na Figura 11.27.Tal laço foi usado em 2004 para
converter os formatos NRZ e RZ no formato CSRZ, a uma taxa de bits
de 10 Gb/s [184]. O laço também pode ser usado para conversão de NRZ
para RZ [185].
Como no caso de conversão de comprimento de onda, não é necessário
usar um interferômetro. Pode-se realizar conversão de formatos usando
FWM, XPM ou saturação de ganho cruzado em um SOA. Esses proces-
sos não lineares também podem ser utilizados para realizar conversão dos
formatos RZ no formato BPSK ou DPSK [186]-[188]. Em alguns casos,
SOAs podem ser operados a taxas de bits de até 40 GB/S. Por exemplo,
XPM em um único SOA foi usado em um experimento de 2007 com o
intuito de converter um sinal NRZ de 42,6 Gb/s no formato RZ [189].
Em outro experimento, para a conversão de um sinal NRZ de 40 Gb/s,
um filtro óptico foi posicionado depois de um SOA e sua banda passante
era deslocada do comprimento de onda do sinal por um valor ótimo [190].
É possível, também, converter um sinal RZ de 40 Gb/s ao formato NRZ
usando saturação de ganho cruzado [192]. O principal ponto a ser notado
é que SOAs são muito úteis para processamento de sinal óptico.

11.4.3  Comutação de Pacotes


Comutação óptica de pacotes é um processo complicado que requer muitos
componentes para implementação de buffer, processamento de cabeçalho
(header) e comutação [151]. Redes de comutação de pacotes roteiam in-
formação na forma de pacotes que consistem em centena de bits. Cada
pacote começa com um cabeçalho que contém a informação do destino.
Quando um pacote chega a um nó, um roteador lê o cabeçalho e envia o
Processamento de Sinal Óptico 657

pacote em direção ao destino. Considerável progresso foi alcançado em anos


recentes na realização de roteadores totalmente ópticos com a utilização de
flip-flops ópticos e outros comutadores no domínio do tempo [193]-[199].
O elemento básico de um roteador óptico é um comutador de pacotes
capaz de direcionar um pacote de entrada a diferentes portas de saída,
dependendo da informação no cabeçalho. A Figura 11.31 mostra uma
implementação de um comutador de pacotes [193]. A potência óptica do
pacote de entrada é dividida em dois ramos usando um acoplador direcional.
Um ramo processa o cabeçalho, enquanto o outro entrega a carga (payload)
e contém simplesmente uma linha de retardo de fibra para compensar a
latência do ramo de cabeçalho. Entre o cabeçalho e a carga, são inseridos
alguns bits 0 que servem como tempo de guarda. O comutador é composto
de três unidades. A unidade de processamento de cabeçalho é um comutador
no domínio do tempo (p. ex., um NOLM). A unidade de memória em
flip-flop é implementada usando dois lasers acoplados que comutam a saída
entre dois comprimentos de onda, digamos, l1 e l2. A terceira unidade
é apenas um conversor de comprimento de onda, que converte o com-
primento de onda do pacote de dados de entrada no comprimento de
onda de saída do flip-flop. Com o uso de um demultiplexador, o comutador
direciona as saídas em diferentes comprimentos de onda a diferentes portas,
dependendo da informação no cabeçalho. Em 2008, tal comutador de
pacotes era capaz de operar a uma taxa de bits de 160 Gb/s [196] usando
uma configuração de flip-flop similar à mostrada na Figura 11.16. Nesse
experimento, tanto o flip-flop como o conversor de comprimento de onda
empregavam SOAs.

Figura 11.31  Configuração de um comutador totalmente óptico de pacotes 1 × 2


que direciona sua saída a uma de duas portas distintas, dependendo do endereço de
cabeçalho. (Após a Ref. [193]; ©2003 IEEE.)

Em outro esquema de comutação de pacotes, um único laser DFB foi


usado como flip-flop óptico capaz de comutar entre estados de baixa e alta
potência com a injeção dos pulsos de set e reset [197]. Nesse caso, é possível
utilizar simultaneamente múltiplos lasers DFB operando em diferentes
658 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

comprimentos de onda, de modo que um pulso de set do processador de


cabeçalho ligue um específico flip-flop, resultando em uma saída de cabeça-
lho naquele comprimento de onda. Como antes, um conversor de com-
primento de onda e um demultiplexador podem, então, direcionar o pacote
a diferentes portas de saída.
Um roteador óptico sintonizável foi realizado em 2010 com a integração
de mais de 200 dispositivos em um único chip de InP [199]. O comutador de
pacotes 8 × 8 era capaz de operar a 40 Gb/s, correspondendo a uma vazão
de 320 Gb/s. O roteador de 1,45 cm de comprimento (e 4,25 mm de
largura) integrava 8 conversores de comprimento de onda (usando SOAs
em configuração MZ) com um roteador de grade de difração em arranjo de
guia de onda (arrayed-waveguide grating router) 8 × 8. Esse circuito integrado
fotônico mostra que a comutação de pacotes está alcançando um estágio
em que um único chip será capaz de rotear pacotes opticamente.

11.5  REGENERADORES ÓPTICOS


Uma importante aplicação de processamento de sinal óptico é a
regeneração de sinais ópticos degradados durante a transmissão por fibras
e amplificadores [149]. Para transformar a degradada sequência de bits em
sua forma original, um regenerador óptico ideal executa três funções: ream-
plificação, reformatação e ressincronização. Tais dispositivos são referidos
como regeneradores 3R, para enfatizar que executam essas três funções. Com
essa terminologia, amplificadores ópticos podem ser classificados como
regeneradores 1R, pois apenas amplificam a sequência de bits. Dispositivos
que executam as duas primeiras funções são denominados regeneradores 2R.
Como devem funcionar em escalas de tempo mais curtas do que o bit slot,
para que reformatem e ressincronizem o pulso, regeneradores 2R e 3R de-
vem operar em escalas de tempo de 10 ps ou menos, dependendo da taxa de
bits do sinal óptico. Como efeitos não lineares em fibras ópticas respondem
em escalas de tempo de femtossegundos, fibras altamente não lineares são
comumente empregadas para realizar esses dispositivos [200]. Contudo, o
uso de SOAs também é explorado, pois requerem menores potências.

11.5.1  Regeneradores 2R Baseados em Fibra


Os três principais efeitos não lineares – SPM, XPM e FWM – podem ser
empregados para regeneração óptica. Um regenerador 2R baseado em
SPM, proposto em 1998 para a regeneração de sinais RZ [201], foi exaus-
tivamente estudado em anos recentes [202]-[211]. A Figura 11.32 mostra
a ideia básica desse esquema. O sinal ruidoso distorcido é, primeiro, am-
plificado por um EDFA, antes de ser propagado por uma fibra altamente
não linear, ao longo da qual seu espectro é consideravelmente alargado pelo
Processamento de Sinal Óptico 659

Figura 11.32  Regenerador 2R baseado em SPM (parte superior) e sua ação em uma
sequência de bits (parte inferior). HNLF designa fibra altamente não linear (Highly
NonLinear Fiber). (Da Ref. [206]; ©2006 IEEE.)

chirp de frequência induzido por SPM. A seguir, o sinal é passado por um


filtro passa faixa (BPF), cujo comprimento de onda central é escolhido de
modo judicioso, resultando em uma sequência de bits de saída com ruído
reduzido e características de pulso muito melhores.
À primeira vista, pode parecer surpreendente que a filtragem espectral
de uma sequência de bits, cuja fase tenha sido modificada não linearmente,
melhore o sinal no domínio do tempo. Contudo, é fácil ver por que esse
esquema remove o ruído dos bits 0. Como a potência de ruído em bits 0 é
relativamente baixa, o espectro não se alarga muito durante bits 0. Se a banda
passante do filtro óptico for suficientemente deslocada do pico do espectro de
entrada, esse ruído será bloqueado pelo filtro. Na prática, tal deslocamento é
escolhido de forma que pulsos que representam bits 1 passem pelo filtro sem
muita distorção. O nível de ruído nos bits 1 também é reduzido, pois uma
pequena alteração na potência de pico não afeta o espectro do pulso de
modo significativo, resultando em uma sequência de saída muito mais limpa.
Para entender o funcionamento de regeneradores baseados em SPM,
podemos empregar a análise feita no Capítulo 4 da Ref. [2]. Se desprezarmos
efeitos dispersivos na fibra altamente não linear, apenas a fase do campo
óptico será afetada por SPM ao longo da fibra, de forma que:

U (L , t ) = U (0, t ) exp iγ P0 L eff U (0, t )  ,


2
(11.5.1)

em que Leff = (1 – e−aL)/a é o comprimento efetivo para uma fibra de com-


primento L e coeficiente de perda a; P0 é a potência de pico dos pulsos e
U(0,t) representa o padrão de bits da sequência de bits de entrada. Como
uma fibra óptica atua como filtro no domínio espectral, o campo óptico
após a fibra pode ser escrito como:

U f (t ) = F −1 {H f (ω − ω f ) F [U (L , t )]} , (11.5.2)

sendo F o operador transformada de Fourier e Hf(w − wf) a função de trans-


ferência de um filtro deslocado da frequência portadora dos pulsos por wf.
660 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

O desempenho de um regenerador baseado em SPM depende de três


parâmetros: máximo deslocamento de fase não linear φNL ≡ gP0Leff, des-
locamento wf da banda passante do filtro, e largura de banda dw do filtro,
que deve ser suficientemente grande para acomodar todo o sinal, de modo
que a largura dos pulsos ópticos permaneça intacta. Isso deixa somente
dois parâmetros de projeto, cujos valores ótimos foram investigados em
um estudo de 2005 [205] usando pulsos gaussianos e uma função de trans-
ferência gaussiana para o filtro. Em geral, φNL não deve muito grande, pois,
caso o espectro se alargue em demasia, perdas induzidas pelo filtro se tornam
excessivamente grandes. O valor ótimo de φNL é próximo de 3π/2, pois o
espectro alargado por SPM exibe dois picos com um vale fundo na original
frequência portadora dos pulsos [2]. Notando que φNL = Leff/LNL, sendo
LNL o comprimento não linear, o comprimento ótimo Leff é próximo de
5LNL. Nesse caso, o valor ótimo do deslocamento do filtro é obtido como
wf = 3/T0, onde T0 é a meia largura de pulsos gaussianos com perfil de
potência P(t) = P0exp(−t2/T02 ).
A Figura 11.33 mostra um exemplo numérico de redução de ruído
provida por regeneradores 2R baseados em SPM [205], no caso φNL = 5,
com pulsos gaussianos de 2 ps de largura (apropriados para uma sequência
de bits de 160 Gb/s). Cada pulso de entrada poderia apresentar variações de
até 10% em sua potência de pico (valor médio de 1 mW), e sua largura era
variada para manter a mesma energia de pulso. Na saída, a potência de ruído
é reduzida de 10% para 0,6% da potência de pico média, e a amplitude das
variações de potência, de 10% para 4,6%. A razão para a grande redução na
potência de ruído está relacionada ao quase completo bloqueio de pulsos
ruidosos em bit slots de bits 0. Por exemplo, na Figura 11.33(a), um pulso de
ruído com 0,1 mW de potência de pico é quase completamente bloqueado
pelo regenerador.

Figura 11.33  Formas de pulsos simuladas numericamente na (a) entrada e (b) na saída
de um regenerador 2R baseado em SPM e projetado com φNL = 5. O pulso de ruído com
10% de amplitude é quase completamente bloqueado pelo regenerador. (Da Ref. [205];
©2005 IEEE.)
Processamento de Sinal Óptico 661

A análise anterior é válida desde que efeitos dispersivos sejam desprezíveis.


Em altas taxas de bits, os pulsos se tornam demasiadamente curtos e tais efeitos
podem não permanecer desprezíveis. Entretanto, devemos distinguir os casos
de dispersão normal e anômala. O caso de GVD anômala foi estudado durante
a década de 1990, no contexto de sistemas baseados em sóliton, em que SPM
e GVD ocorrem ao longo da própria fibra de transmissão. Regeneradores de
sólitons, em configuração similar à mostrada na Figura 11.32, também foram
considerados [212], mas funcionam de modo distinto, pois o filtro óptico é
centrado na frequência da portadora. No caso de GVD normal, o regenerador
baseado em SPM é projetado com um filtro deslocado da frequência porta-
dora, mas é importante que efeitos dispersivos sejam incluídos. Considerável
trabalho teórico mostrou que a otimização de um regenerador 2R é muito
sensível à magnitude da dispersão [209]-[211]. Experimentos realizados a uma
taxa de bits de 40 Gb/s também mostraram que a potência ótima lançada na
fibra depende do comprimento da fibra e do deslocamento do filtro, e deve
ser otimizada para que regeneradores funcionem bem [202].
O necessário comprimento de fibra pode ser consideravelmente redu-
zido com o emprego de fibras de materiais diferentes da sílica, com grandes
valores de n2. Um trecho de 2,8 m de fibra de calcogênio (As2Se3) foi em-
pregado em um experimento de 2005 [204]. Essa fibra exibia alta dispersão
normal nas proximidades de 1.550 nm, com b2 > 600 ps2/km. Contudo,
observou-se que, na verdade, esse grande valor foi mais benéfico do que
danoso ao desempenho do dispositivo. O grande valor do parâmetro não
linear (g ≈ 1.200 W−1/km) reduziu a necessária potência de pico a ∼1 W,
enquanto grandes valores de b2 reduziram o comprimento de dispersão LD
para próximo de 18 m, para os pulsos de 5,8 ps empregados no experimento.
Nessas condições, o comprimento ótimo de fibra ficou próximo de 3 m.
A Figura 11.34 mostra o impacto da dispersão da fibra no espectro alargado

Figura 11.34  Efeitos da dispersão normal (a) no espectro do pulso e (b) na função de
transferência de um regenerador 2R baseado em SPM e feito com 2,8 m de fibra de
calcogênio. As linhas tracejadas mostram, para comparação, o caso sem dispersão.
(Da Ref. [204]; ©2005 OSA.)
662 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

por SPM e as resultantes alterações na função de transferência do regene-


rador, para uma posição fixa do filtro óptico. Melhoras na função de trans-
ferência advêm da reduzida amplitude de oscilações espectrais, resultando
em um espectro relativamente liso. Mesmo a presença de absorção de dois
fótons em fibras de calcogênio, fenômeno normalmente indesejável, ajuda
a melhorar o desempenho do dispositivo [207].
Em um experimento de 2006, um segmento de 1 m de fibra de óxi-
do de bismuto foi empregado em combinação com um filtro passa faixa
sintonizável de 1 nm [208]. O comprimento de onda central do filtro foi
deslocado de 1,7 nm em relação ao comprimento de onda da portadora da
sequência de bits de 10 Gb/s de entrada. As perdas eram desprezíveis (cerca
de 0,8 dB) para segmento de fibra tão curto, que também exibia dispersão
normal de 330 ps2/km em 1550 nm. O parâmetro não linear g para essa
fibra era próximo de 1100 W−1/km. Devido às altas não linearidade e dis-
persão normal, essa fibra funcionou bem como regenerador 2R quando a
potência de pico dos pulsos de entrada era suficientemente elevada (cerca
de 8 W) para induzir significativo alargamento espectral. A Figura 11.35
compara a função de transferência de potência medida com a previsão
teórica. Uma saída desprezível em baixos níveis de potência de entrada e
um pico relativamente largo asseguram que flutuações de potência serão
consideravelmente reduzidas para os bits 0 e 1.
O fenômeno não linear de XPM também é útil para regeneração óptica.
Qualquer dispositivo não linear em que uma combinação de efeitos de SPM
e de XPM produza características não lineares de transferência de potência
similares às vistas na Figura 11.35 pode ser usado como regenerador 2R. Um
NOLM é um desses dispositivos não lineares, e foi usado em 1992 para a

Figura 11.35  Funções de transferência de potência medida e teórica para um rege-


nerador baseado em SPM e feito de 1 m de fibra de óxido de bismuto. (Da Ref. [208];
©2006 IEEE.)
Processamento de Sinal Óptico 663

realização de regeneração óptica [213]. Nesse experimento, o deslocamento


de fase induzido por XPM foi utilizado para modificar a característica
de transmissão do NOLM e regenerar a sequência de bits. Logo depois,
esses dispositivos foram analisados [214] e usados na regeneração óptica de
pulsos em sistemas baseados em sóliton [179]. O uso de um obturador
de Kerr, em que XPM é usado para modificar o estado de polarização, pro-
duziu regeneradores capazes de operar em velocidades de até 40 Gb/s [215].
Um NOLM altamente assimétrico foi empregado em um experimento
de 2003, permitindo a redução do ruído de sinal por até 12 dB [216]. A
Figura 11.36 ilustra a correspondente montagem experimental. O NOLM foi
construído com um acoplador a fibra, cuja razão de divisão podia ser variada a
fim de assegurar que os níveis de potência de ondas contrapropagantes seriam
suficientemente diferentes no interior do laço de Sagnac feito com 250 m
de fibra mantenedora de polarização. Para uma razão de divisão de 90:10, a
combinação de SPM e XPM produziu deslocamento de fase relativo entre os
dois sentidos, e a função de transferência de potência do NOLM exibiu uma
região quase plana em torno de 5 mW de potência de entrada, e o nível de
ruído foi consideravelmente reduzido nessa região. Tal abordagem permitiu
melhorar a SNR óptica de um sistema de 40 Gb/s por 3,9 dB [217]. Em outro
experimento, foi possível transmitir um sinal de 10 Gb/s por 100.000 km
usando um NOLM como regenerador 2R em um anel recirculante de
fibra [218]. Três NOLMs em cascata foram usados em um experimento de
2004 com o intuito de realizar a regeneração de sinais de 160 Gb/s [219].

Figura 11.36  Montagem experimental empregada para um regenerador 2R baseado


em NOLM; PBS e FPC designam divisor de feixe por polarização (Polarizing Beam Splitter)
e controlador de polarização em fibra (Fiber Polarization Controller), respectivamente.
(Da Ref. [216]; ©2003 IEEE.)

FWM despertou interesse para a regeneração 2R a partir de 2000, e


diversos experimentos demonstraram seu uso prático [220]-[226]. Como
vimos na Seção 8.1.2, FWM converte uma fibra em um amplificador
paramétrico. Como em qualquer amplificador, o ganho de um amplificador
paramétrico também satura quando a potência de sinal se torna suficien-
temente grande para saturar o amplificador [221]. Devido à saturação de
664 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

Figura 11.37  (a) Saturação da potência de sinal de saída em um amplificador paramé-


trico com 2,5 km de comprimento (círculos) e resultante queda na potência de ruído
(triângulos); (b) flutuações de potência na entrada e na saída. (Da Ref. [223]; ©2002 IEEE.)

ganho, flutuações na potência de pico de um pulso são reduzidas por um


grande fator. A Figura 11.37(a) mostra a melhora alcançada no caso de
um amplificador paramétrico feito com 2,5 km de fibra de dispersão des-
locada, bombeada nas proximidades do comprimento de dispersão zero por
pulsos de 500 ps (potência de pico de 1,26 W). O amplificador paramétrico
óptico a fibra (FOPA – Fiber Optical Parametric Amplifier) exibiu ganho de
45 dB em baixas potências de sinal, mas o ganho saturou quando a potência
de sinal de saída chegou a 200 mW. Em consequência, a potência de ruído
do sinal foi reduzida por um fator maior do que 20. Isso também se torna
evidente dos padrões temporais vistos na parte (b) da figura.
A teoria simples da Seção 8.1.2 não pode ser usada para descrever saturação
de ganho em amplificadores paramétricos, pois assume que a potência de
bombeio não sofra depleção ao longo da fibra. Para que um amplificador
paramétrico seja útil como regenerador 2R, a potência de sinal deve se tornar
alta o bastante para que a bomba sofra considerável depleção.Ademais, elevados
níveis de potência das ondas de sinal e idler iniciam um processo de FWM em
cascata, pois atuam como bombeamento e criam múltiplas outras ondas [220].
Todas essas ondas idler atuam como réplicas do sinal deslocadas em comprimento
de onda e exibem menor quantidade de ruído do que o sinal. Resultados ex-
perimentais para um amplificador paramétrico de bomba única confirmam o
modelo teórico que leva em conta a depleção da bomba [222]. Um amplificador
paramétrico com duplo bombeamento também foi utilizado como regenerador
2R [225]. Conforme visto na Seção 8.1.2, múltiplas ondas idler em diferentes
comprimentos de onda são geradas nesse caso. O disposto apresenta melhor
desempenho se uma das ondas idler for usada como sinal regenerado.
Processamento de Sinal Óptico 665

O desempenho de regeneradores baseados em FWM pode ser otimizado


ainda mais com a conexão de dois amplificadores paramétricos em série. Em
um experimento de 2006, a saída do primeiro amplificador paramétrico foi
filtrada por um filtro óptico visando selecionar uma onda idler de ordem mais
alta que atuou como bomba para o amplificador paramétrico do segundo
estágio. [226]. Uma semente CW funcionou como sinal e criou sua corres-
pondente onda idler, que tinha o mesmo padrão de bits que o sinal lançado
na entrada do primeiro amplificador paramétrico, mas com nível de ruído
muito menor. A Figura 11.38 exibe as funções de transferência medidas
após o primeiro e o segundo estágios. Uma função com forma quase de
degrau após o segundo estágio indica a extensão da melhora que se pode
alcançar com esse esquema.

Figura 11.38  Funções de transferência medidas após (a) o primeiro e (b) o segundo es-
tágios de um regenerador de dois estágios baseado em FWM. (Da Ref. [226]; ©2006 IEEE.)

11.5.2  Regeneradores 2R Baseados em SOA


Conversores de comprimento de onda baseados em SOAs pode ser em-
pregados como regeneradores 2R, pois transferem o padrão de bits de um
sinal degradado para um feixe óptico CW no novo comprimento de onda.
Após esse processo de transferência, a SNR do novo sinal é muito melhor
do que a do sinal original. Como SOAs também proveem amplificação e
formatação de pulso, a nova sequência de bits possui todas as caracterís-
ticas providas por um regenerador 2R, exceto pelo comprimento de onda
do sinal também ser alterado. Em um experimento de 2000 [227], a SNR
óptica de um sinal degradado de 40 Gb/s foi melhorada por 20 dB quando
um interferômetro MZ foi utilizado com um SOA em cada braço como
conversor de comprimento de onda. Quatro SOAs adicionais foram inse-
ridos próximos às portas de entrada e de saída para assegurar que o sinal
convertido também fosse amplificado.
Há vários esquemas capazes de prover regeneração 2R sem desloca-
mento de comprimento de onda [228]-[231], sendo dois deles ilustrados na
Figura 11.39. Um acoplador MMI 2 × 2 foi empregado em um experi-
mento de 2002 [228]. Um SOA funciona como acoplador direcional que
transfere um sinal de baixa potência para sua porta cruzada. Em contraste, um
666 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

sinal de alta potência não apenas satura o ganho do SOA, mas também sai
pela porta direta. Em consequência, o nível de ruído é reduzido para os bits
0 e 1 quando passam pelo SOA. O segundo esquema na Figura 11.39 com-
bina um absorvedor saturável (depositado em um espelho) com um SOA
por meio de um circulador óptico [230]. Esse dispositivo funciona como
regenerador 2R, pois os bits 0 de baixa potência são absorvidos, enquanto
os bits 1 de alta potência são refletidos e amplificados pelo SOA. O ruído de
intensidade dos bits 1 é consideravelmente reduzido pelo absorvedor satu-
rável. O feixe de sustentação na Figura 11.39 ajuda a diminuir o tempo de
recuperação de ganho do SOA, de modo que ele seja operado a altas taxas
de bits, de 10 Gb/s ou mais. É possível integrar absorvedores saturáveis e
SOAs em um mesmo chip, fazendo uso das propriedades de eletroabsorção
de poços quânticos de InGaAsp (o mesmo material usado para fazer SOAs)
em polarização reversa [229]. Nessa configuração, um absorvedor saturável
segue o SOA, e esse padrão é repetido em cascata, caso necessário. Como
antes, bits 0 são absorvidos, enquanto bits 1 passam pelos absorvedores.

Figura 11.39  Duas configurações para regeneradores 2R baseados em SOA; (parte


superior) SOA em configuração MMI; (parte inferior) SOA combinado com absorvedor
saturável (SA), usando um circulador óptico (OC); OF significa filtro óptico. (Da Ref. [230];
©2006 IEEE.)

Outro esquema usa a saturação de ganho cruzado que ocorre em SOAs


quando dois campos ópticos são amplificados simultaneamente. A nova
característica desse esquema é que a sequência de bits degradada é lançada
no interior do SOA juntamente com uma cópia dela em um diferente
comprimento de onda e com bits invertidos [231]. Essa cópia com bits
invertidos é gerada do sinal original por meio de outro SOA, que funciona
como conversor de comprimento de onda, como mostrado na Figura 11.40.
O conversor de comprimento de onda emprega um filtro passa faixa com
deslocamento de comprimento de onda escolhido para criar um padrão de
Processamento de Sinal Óptico 667

Figura 11.40  Regenerador 2R que usa modulação de ganho cruzado (XGM) no SOA
2; o SOA 1 é usado para gerar uma cópia do sinal de entrada com bits invertidos em
um novo comprimento de onda. Os quatro detalhes mostram diagramas de olho em 4
posições. (Da Ref. [231]; ©2008 IEEE.)

bits invertidos similar ao mostrado na terceira curva da Figura 11.24 (veja


a Seção 11.3.4). Os dois sinais com padrões de bits invertidos são lançados
no SOA 2 de modo que a potência total seja quase constante. Devido à
saturação de ganho cruzado, os níveis de ruído dos bits 0 e 1 são reduzidos
consideravelmente para a saída no comprimento de onda original, resultando
em um sinal regenerado. Esse esquema funciona para qualquer polarização
de sinal, podendo ser usado a taxas de bits de 40 Gb/s ou mais.

11.5.3  Regeneradores 3R Baseados em Fibra


Como mencionado anteriormente, um regenerador 3R executa a função de
ressincronização − além das de reamplificação e reformatação − para reduzir
a incerteza temporal da sequência de bits recebida. Um modulador óptico
foi usado na década de 1990 para esse propósito, no contexto de sistemas
solitônicos [232], e seu uso é, muitas vezes, necessário para regeneradores 3R
[233]. Um sinal de relógio elétrico, extraído dos próprios dados de entrada,
ativa o modulador e provê informação de sincronia relacionada à duração
de cada bit slot. Um regenerador 3R baseado em SPM pode ser construído
adicionando um modulador ao esquema ilustrado na Figura 11.32. Um dia-
grama em blocos desse dispositivo é mostrado na Figura 11.41. Simulações
numéricas para um enlace de fibra que consiste em regeneradores 3R desse
tipo posicionados a intervalos periódicos mostram, de fato, uma considerável
redução na incerteza temporal [203]. Em 2002, tal abordagem foi adotada

Figura 11.41  Regenerador 3R baseado em SPM; AM-MOD, HNLF e OBPF significam


modulador de amplitude, fibra altamente não linear e filtro óptico passa faixa, res-
pectivamente. (Da Ref. [203]; ©2004 IEEE.)
668 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

para realizar transmissão de um sinal de 40 Gb/s por 1.000.000 km, usando


um anel recirculante de fibra de 400 km de comprimento [234]. O relógio
elétrico de 40 GHz empregado para ativar o modulador foi recuperado da
própria sequência de bits de entrada. Outro experimento de 2002 usou um
conversor de comprimento de onda baseado em SOA após um regenerador
baseado em fibra para transmitir um sinal de 40 Gb/s por 1.000.000 km [235].
Vários esquemas baseados em fibra foram propostos para a redução
da incerteza temporal de uma sequência de bits [236]-[243]. Em um es-
quema, a combinação de um modulador de fase e uma fibra dispersiva
demostrou ser efetiva na redução da incerteza temporal [236]. Em outro
esquema, uma porta AND óptica é usada para correlatar pulsos de dados
e pulsos de relógio que foram afetados por chirp e alargados em uma fibra
dispersiva [237]. A combinação de uma fibra compensadora de dispersão e
uma grade de difração em fibra também demonstrou ser eficaz na supres-
são da incerteza temporal induzida por efeitos de XPM intracanal [238].
Em um interessante esquema, utiliza-se uma grade de difração amostrada
para, primeiro, alargar e reformatar os pulsos de dados em uma forma
quase retangular [240]. Esses pulsos são, então, lançados em um NOLM
que funciona como comutador óptico, sendo ativado por estreitos pulsos
de relógio. Os pulsos de relógio deslocam a fase de cada pulso de dado
por XPM e direcionam apenas a parte central do pulso à porta de saída,
resultando em dados regenerados, com incerteza temporal muito menor.
Na ausência de uma grade de difração em fibra, esse comutador óptico não
reduz muito a incerteza temporal.
Uma configuração simples de um regenerador 3R faz uso de XPM em
uma fibra altamente não linear, seguida por um filtro óptico. A Figura 11.42
mostra a configuração adotada em um experimento de 2005 [239], junta-
mente com o princípio de funcionamento. Os pulsos de relógio no com-
primento de onda l2 são mais estreitos do que os de sinal e retardados de
modo que cada um se sobreponha a um pulso de sinal ao longo de todo o
comprimento de fibra, apesar das diferentes velocidades. O filtro óptico é
sintonizado em l2 com uma largura de banda menor do que a do espectro
do filtro. À medida que aumenta a potência de sinal nas partes (b) a (d)
da figura, o deslocamento de comprimento de onda dos pulsos de relógio
induzido por XPM reduz a transmissão deles, resultando na função de trans-
ferência mostrada na Figura 11.42(e). A saída desse dispositivo é um sinal
convertido em comprimento de onda e com inversão de bits 1 e 0. No
experimento, um sinal de 10 Gb/s no comprimento de onda de 1.534 nm
foi lançado em 750 m de fibra altamente não linear juntamente com pulsos
de relógio de 2,9 ps em 1.552 nm, à taxa de repetição de 10 GHz. O sinal
regenerado de 10 Gb/s melhorou bastante a BER, pois reduziu o nível de
ruído e a incerteza temporal.
Processamento de Sinal Óptico 669

O esquema baseado em XPM ilustrado na Figura 11.42 foi analisado


teoricamente em detalhe [241]. Observou-se que a melhora na BER após
a regeneração ocorre somente se a função de transferência do regenerador
for diferente de 0 para bits 1. O esquema na Figura 11.42 exibe essa
característica, pois o deslocamento de comprimento de onda do relógio de-
pende da derivada da potência de sinal [2] na forma dw = − 2gLeff(dP/dt).
Bits de dados representando um 1 lógico deslocam o espectro do relógio
através de XPM, e o filtro bloqueia esses bits de relógio. Os bits 0, por sua
vez, contêm apenas ruído e produzem pouco deslocamento espectral dos
pulsos de relógio, passando inalterados pelo filtro. A incerteza temporal
é eliminada, pois os pulsos de relógio, agora, representam os dados com
polaridade invertida.

Figura 11.42  (a) Configuração de um regenerador 3R baseado em XPM e seu princípio


de funcionamento. À medida que aumenta a potência de sinal de (b) a (d), o desloca-
mento de comprimento de onda induzido por XPM reduz a transmissão, resultando na
resposta mostrada na parte (e). (Da Ref. [239]; ©2005 IEEE.)

Um modulador de eletroabsorção funcionando como absorvedor sa-


turável também elimina a incerteza temporal por meio do processo de
modulação da absorção cruzada [244]-[246]. Nesse esquema, utiliza-se um
regenerador 2R para, primeiro, reduzir o nível de ruído. Os intensos pulsos
de dados são, então, passados por um absorvedor saturável juntamente com
pulsos de relógio de baixa potência [246]. Os pulsos de relógio são absorvi-
dos quando um 1 lógico aparece na sequência de dados; caso contrário, são
transmitidos. A resultante saída é uma réplica invertida da original sequência
de bits com virtualmente nenhuma incerteza temporal.
670 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

11.5.4  Regeneradores 3R Baseados em SOA


Como no caso de fibras ópticas, podemos combinar qualquer regenerador
2R baseado em SOA e um modulador ativado por um relógio elétrico na
taxa de bits do sinal. Em um experimento de 2009, o regenerador mostrado
na Figura 11.39 foi combinado com um modulador de eletroabsorção para
prover ressincronia de uma sequência de bits de 43 Gb/s [247]. O relógio
elétrico exigido pelo modulador foi extraído do próprio sinal de entrada
por meio de um circuito de recuperação de relógio que consistia em um
fotodiodo de 40 GHz e um laço de travamento de fase. A possibilidade de
conexão desses regeneradores 3R em cascata foi investigada posicionando
um deles em um anel recirculante de fibra cujo comprimento variava de
100 a 300 km. Foi possível transmitir um sinal de 43 Gb/s por 10.000 km
quando o comprimento do laço ou espaçamento entre regeneradores era
de 200 km ou menos.
Cabe questionar se é possível utilizar um relógio óptico no lugar do
relógio elétrico. Em 2001, essa abordagem foi usada [248] para realizar um
regenerador 3R com a montagem ilustrada na Figura 11.43(a). O dispositivo
é, essencialmente, um conversor de comprimento de onda projetado com
um único SOA, seguido por um interferômetro MZ desbalanceado que
provê um retardo relativo de um período de bit entre os dois braços. O sinal
óptico no comprimento de onda l1é lançado no SOA juntamente com um
relógio óptico na taxa de bits do sinal, mas em um diferente comprimento
de onda l2. Os pulsos de relógio são passados pelo dispositivo na ausência do
sinal (durante bits 0), sendo bloqueados quando o sinal está presente (bits 1).
Em consequência, o padrão de bits do sinal de entrada é transferido para o
relógio, com inversão de bits; os pulsos do relógio fazem o papel de sinal
regenerado no novo comprimento de onda.

Figura 11.43  Duas configurações para regeneradores 3R baseados em SOAs. Nos dois
casos, o dispositivo funciona como conversor de comprimento de onda, mas um relógio
óptico na taxa de bits do sinal é usado no lugar de um feixe CW. (Da Ref. [248]; ©2001 IEEE.)
Processamento de Sinal Óptico 671

Outro esquema, exibido na Figura 11.43(b), usa a mesma ideia, mas


emprega um interferômetro MZ balanceado, com um SOA em cada braço
[249]. Esse dispositivo também é um conversor de comprimento de onda,
tendo como única modificação o uso de um relógio óptico na taxa de bits
do sinal no lugar de um feixe CW. Uma vantagem desse esquema é que a re-
generação ocorre sem inversão do padrão de bits de entrada. A Figura 11.44
mostra o funcionamento de um regenerador 3R desse tipo. Basicamente, os
pulsos de dados abrem uma chave óptica durante um intervalo mais curto
do que um bit slot e maior do que a própria largura dos pulsos. Pulsos de
relógio são sincronizados de modo que apareçam na duração dessa janela
de comutação. A incerteza temporal é eliminada na saída, pois se utilizam
pulsos de relógio regularmente espaçados como sinal regenerado em um
novo comprimento de onda. No experimento de 2002, esse dispositivo foi
operado com sucesso a uma taxa de bits de 84 Gb/s.

Figura 11.44  Ilustração da eliminação da incerteza temporal em regeneradores 3Rs


baseados em SOAs. O relógio óptico local tem a taxa de bits do sinal, mas em um
diferente comprimento de onda. (Da Ref. [249]; ©2001 IEEE.)

O uso de um relógio óptico requer um laser com travamento de modo


capaz de operar à taxa de bits do sinal de entrada, mas cujo trem de pulsos
deve ser sincronizado com os pulsos de dados do sinal, uma difícil tarefa na
prática. A alternativa consiste em extrair o relógio óptico do próprio sinal.
Considerável progresso foi feito em anos recentes para a realização de regene-
radores 3Rs que extraíam um relógio óptico do sinal de entrada. Uma ideia
simples é baseada no conceito de filtragem espectral. Se um sinal óptico for
passado por um filtro óptico de múltiplos picos − como um filtro FP −, cujos
relativamente estreitos picos de transmissão sejam separados exatamente pela
taxa de bits do sinal, o espectro filtrado consistirá de um pente de frequências
correspondente a uma sequência periódica de pulsos ópticos, ou um relógio
óptico com uma taxa de repetição igual à taxa de bits do sinal. Em um ex-
perimento de 2004, utilizou-se um filtro FP sintonizável em combinação
com um SOA a fim de extrair um relógio óptico de 40 Gb/s [250]. O SOA
funcionou como um amplificador equalizador. O relógio óptico exibiu
672 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

baixo ruído de amplitude (< 0,5%) e pequena incerteza temporal (< 0,5 ps).
Vários outros esquemas têm sido usados para a extração de relógios ópticos,
incluindo aqueles baseados em moduladores de eletroabsorção, lasers DFB
ou de pontos quânticos autopulsantes, lasers de semicondutor ou em anel
com travamento de modo e SOAs do tipo FP [251]-[258].
Em alguns casos, o relógio óptico recuperado é convertido em um
relógio elétrico usado para ativar um modulador. A Figura 11.45 mostra
um exemplo de um regenerador 3R desse tipo [254], que utiliza três
regeneradores 2R baseados em SOAs em uma configuração MZ com seis
SOAs. Um deles (ramo superior) é seguido por um filtro de Fabry-Perot
para a recuperação do relógio óptico, que é convertido em relógio elétrico.
Os outros dois regeneradores 2R (ramo inferior) são combinados em série
para melhorar a SNR óptica e cancelar o deslocamento de comprimento
de onda que ocorre depois do primeiro regenerador. Quatro diagramas de
olho são mostrados na parte de baixo da figura para o sinal de entrada de
10 Gb/s antes da recuperação do relógio, o relógio recuperado e o sinal
regenerado. Tal regenerador 3R foi utilizado em um anel recirculante de
fibra para realizar a transmissão de um sinal de 10 Gb/s por 125.000 km
sem compensação de dispersão. Esse experimento mostra claramente o
real potencial de SOAs para o processamento de sinal óptico.

Figura 11.45  (a) Regenerador 3R baseado em SOA e projetado com três regeneradores
2R baseados em SOAs, cujo ramo superior é usado para recuperação de relógio. (b-e)
Diagramas de olho em 4 posições marcadas na parte (a). LD, TDL e FPF representam
diodo laser (Laser Diode), linha de retardo sintonizável (Tunable Delay Line) e filtro de
Fabry-Perot (Fabry-Perot Filter), respectivamente. (Da Ref. [254]; ©2006 IEEE.)

11.5.5  Regeneração de Sinais Codificados em Fase


Até aqui, consideramos regeneração totalmente óptica de sequências de
bits NRZ ou RZ. A maioria dos esquemas discutidos não funciona para a
Processamento de Sinal Óptico 673

regeneração de sinais codificados em fase, pois opera com base nos diferentes
níveis de potência associados aos bits 0 e 1. Como vimos no Capítulo 10,
é comum empregar um pulso em cada bit slot cuja fase assume um ou mais
valores, dependendo do formato escolhido. Recentemente, várias técnicas
foram desenvolvidas para a regeneração de sinais RZ-DPSK [259]-[270].
Em um estudo de 2005, um NOLM similar ao mostrado na Figura 11.36
foi empregado, com uma diferença crucial: um atenuador com diferentes
perdas foi inserido nos sentidos contrapropagantes nas proximidades de uma
das extremidades do laço [260]. Esse dispositivo funciona de modo similar
ao de um isolador óptico e pode ser fabricado usando polarizadores e um
girador de Faraday. Embora potências de entrada muito mais elevadas sejam
necessárias, a função de transferência de potência exibe uma região plana
em torno da qual o deslocamento de fase produzido pelo NOLM também é
constante e relativamente pequeno. Resultados experimentais concordaram
com as previsões teóricas [264].
Um EDFA bidirecional (no lugar de um atenuador bidirecional) em
uma das extremidades de um NOLM foi utilizado em um experimento de
2007 com o intuito de realizar a regeneração de sinais RZ-DPSK [268].
O sinal de entrada foi dividido assimetricamente no acoplador a fibra, de
forma que cada subpulso mais fraco era, primeiro, amplificado pelo EDFA,
enquanto o subpulso mais intenso passava pelo EDFA depois de percorrer
o laço de Sagnac. Em consequência, o deslocamento de fase induzido por
SPM era maior para os subpulsos mais fracos. Como a fase do pulso de
saída é fixada pelo subpulso mais intenso, o NOLM não distorce a fase dos
pulsos de saída. A Figura 11.46 mostra as características de potência e de

Figura 11.46  Funções de transferência medidas de (a) potência e (b) fase para várias
razões de divisão, para um NALM usado na regeneração de sinais RZ-DPSK. (Da Ref.
[268]; ©2007 IEEE.)
674 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

fase medidas em um laço de fibra de 3 km de comprimento (g = 2,5 W−1/


km), para diversas razões de divisão do acoplador a fibra, quando um am-
plificador é bombeado para prover 23 dB de ganho de pequeno sinal. Como
esperado, a potência de saída se torna quase constante em uma dada faixa
de potências de entrada, característica que reduz o ruído de bits 1. Como
a fase é praticamente constante nessa região, é possível suprimir o ruído de
amplitude do sinal sem que ele seja transformado em incerteza de fase. Ao
mesmo tempo, o defase relativo entre bits 0 e 1 é tão pequena (< 0,077π)
que não afeta a decodificação da sequência de bits DPSK. De fato, BERs
medidas para uma sequência de bits RZ-DPSK de 10 Gb/s foram otimizadas
consideravelmente com o uso desse regenerador. A amplificação também
pode ser provida por ganho Raman, injetando luz de bombeio no laço de
modo que se propague somente em um sentido [263].
O regenerador 2R baseado em SPM, mostrado na Figura 11.32, também
pode ser utilizado para o formato RZ-DPSK, com apropriadas modificações.
Por exemplo, é possível quase preservar a fase do sinal por longas distâncias se
a fibra não linear prover dispersão anômala, e se um absorvedor saturável for
inserido antes dela [261]. Nesse caso, a combinação de efeitos solitônicos com
filtragem de banda estreita reduz o ruído de amplitude e reformata pulsos
RZ sem afetar a fase do sinal de modo significativo. Uma abordagem baseada
em FWM também pode ser adotada bombeando a fibra nas proximidades do
comprimento de onda de dispersão zero e aumentando a potência de sinal
para que o ganho paramétrico seja saturado e múltiplas ondas idler sejam
geradas por FWM em cascata. Contudo, deve-se sintonizar o filtro óptico
a fim de selecionar o sinal e rejeitar todas as ondas idler, para minimizar a
degradação da informação contida na fase do sinal. Um esquema baseado em
XPM também pode ser proposto para a regeneração de sinais DPSK [259].
Os esquemas anteriores regeneram pulsos RZ por meio da redução do
ruído de amplitude (preservando as fases dos pulsos), mas não reduzem o
ruído de fase. Uma abordagem baseada em FWM consegue isso por meio
de amplificação sensível à fase em um interferômetro de Mach-Zehnder
ou de Sagnac. Um laço de Sagnac (ou NOLM) de 6 km de comprimento
foi empregado em um experimento de 2005 [262] para realizar > 13 dB
de ganho sensível à fase, com 100 mW de potência de bombeio. O ruído de
fase foi reduzido o bastante com o intuito de melhorar a BER do sinal
DPSK regenerado por um fator de 100. Em um experimento posterior,
utilizou-se o mesmo laço para reduzir os ruídos de amplitude e de fase por
um fator relativamente grande [266].
A Figura 11.47 mostra a montagem experimental empregada para am-
plificação sensível à fase em um interferômetro de Sagnac. O sinal DPSK
é, primeiro, dividido em duas partes por um acoplador a fibra de 90:10.
O ramo com 90% de potência média funciona como bomba e o ramo de
Processamento de Sinal Óptico 675

Figura 11.47  Montagem experimental para a regeneração de sinal RZ-DPSK por am-
plificação sensível à fase em um laço de Sagnac; BERT, FS-DL, VOA, OC, PD, DI e SC
representam testador de taxa de erro de bit (Bit-Error Rate Tester), linha de retardo com
esticador de fibra (Fiber Stretcher Delay Line), atenuador óptico variável (Variable Optical
Attenuator), circulador óptico (Optical Circulator), fotodiodo (PhotoDiode), interferômetro
de retardo (Delay Interferometer) e osciloscópio de amostragem (Sampling Oscilloscope).
(Da Ref. [266]; ©2006 OSA.)

baixa potência, como sinal; uma linha de retardo no ramo de bombeio as-
segura descorrelação entre os dois ramos. Ruídos de fase e de amplitude são
adicionados ao sinal antes que o mesmo entre no laço de 6 km de comprimento,
em que um processo de FWM degenerado transfere potência da bomba para
o sinal. A extensão dessa transferência de potência depende da defasagem
relativa entre bomba e sinal, característica que reduz o ruído de fase na saída
do NOLM. A Figura 11.48 mostra, por meio de diagramas de constelação, a
melhora alcançada com esse esquema [266]. Os ruídos de fase e de amplitude
são ambos reduzidos de modo significativo após a amplificação sensível à
fase. É possível, também, empregar um amplificador paramétrico de duplo
bombeamento para esse propósito, desde que a frequência do sinal esteja
exatamente igual ao valor médio das frequências das bombas, de modo que
coincida com a frequência da onda idler [267].

Figura 11.48  Diagramas de constelação de sinais RZ-DPSK (a) antes da adição de ruído,
(b) depois da adição de ruído e (c) depois de amplificação sensível à fase. (Da Ref. [266];
©2006 OSA.)

A configuração de um regenerador 3R baseado em fibra para sinais


DPSK é mostrada na Figura 11.49. Tal configuração adiciona um interfe-
rômetro com retardo de 1 bit à frente de um regenerador 2R cuja saída
é alimentada ao modulador de fase baseado em fibra e ativado por um
676 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

Figura 11.49  Diagrama em blocos de um regenerador 3R baseado em fibra para sinais


DPSK (parte superior). (Da Ref. [269]; ©2008 OSA.)

relógio óptico recuperado do próprio sinal (ou obtido de uma fonte óptica
pulsada). O papel do interferômetro de retardo é converter o sinal DPSK
de entrada em um sinal RZ-ASK cujo ruído é reduzido pelo regenerador
de amplitude 2R. A sequência de dados regenerada é, por fim, utilizada para
modular a fase dos pulsos de relógio por XPM em uma fibra óptica. Em um
experimento de 2008 [269], um segmento de 2,4 km de comprimento de
fibra altamente não linear foi usado como modulador de fase juntamente
com um regenerador 2R baseado em fibra. Esse dispositivo reduziu os
ruídos de fase e de amplitude da sequência de bits DPSK de entrada. Um
experimento de 2009 mostrou que o dispositivo era capaz de reduzir o
impacto do ruído de fase não linear que tanto afeta um sinal DPSK [270].
Regeneração óptica de sinais RZ-DQPSK também é de considerável
interesse prático [271]-[273]. Um NOLM de 2 km de comprimento foi
usado para esse propósito em um experimento de 2007 com um sinal de
80 Gb/s [271]. Simulações numéricas mostraram que também é possível
utilizar com sucesso amplificação sensível à fase [272]. Até mesmo o es-
quema ilustrado na Figura 11.49 pode ser generalizado para o caso de sinais
DQPSK, mas isso requer dois interferômetros de retardo, dois regeneradores
2R e dois moduladores de fase para acomodar os quatro possíveis valores
de fase de um símbolo [273].

Exercícios
11.1 Use a matriz de transferência dada na Eq. (11.1.1) e prove que a trans-
mitância de um NOLM é, de fato, fornecida pela Eq. (11.1.2).
11.2 Refaça o exercício anterior para um NOLM em que um amplificador
é inserido no laço logo após o acoplador, e prove que a transmitância
passa a ser dada pela Eq. (11.1.4).
11.3 Calcule o deslocamento de fase induzido por XPM usando as Eqs.
(11.1.6) quando pulsos de controle têm a forma de sólitons, com
Ac(t) = sech(t/T0). Refaça o cálculo para pulsos de controle gaussianos.
Nos dois casos, expresse sua resposta em termos do comprimento de
ultrapassagem definido como LW = T0/dW.
11.4 Resolva as Eq. (11.1.10) e (11.1.11) que descrevem o processo de
FWM e prove que o fator de amplificação de um amplificador para-
métrico é dado pela Eq. (11.1.16).
Processamento de Sinal Óptico 677

11.5 Prove que o parâmetro de descasamento de fase k, definido na


Eq. (11.1.12), se reduz, aproximadamente, a k = b2d2 + 2gP0, com
d = ws − wp.
11.6 Resolva as Eq. (11.1.27) e (11.1.29) analiticamente e prove que o
fator de amplificação para um pulso óptico é dado pela Eq. (11.1.33).
11.7 Resolva as Eq. (11.1.24) e (11.1.25) numericamente e faça gráficos
da forma de onda e do espectro do pulso de saída quando um pulso
gaussiano de 50 ps e 1 pJ de energia é amplificado por um SOA
com Esat = 5 pJ, τc = 100 ps e g0L = 6, em que L é o comprimento
do SOA.
11.8 Reproduza as curvas biestáveis mostradas na Figura 11.10, usando
a Eq. (11.1.38) com Rm = 0,5. Calcule as potências em que tal dis-
positivo será ligado e desligado, assumindo d = 3, g = 20 W−1/km
e Lm = 100m.
11.9 Um segmento de 1km de comprimento de fibra com g = 20 W−1/
km é usado para, com base no alargamento espectral induzido por
XPM, converter o comprimento de onda de um canal em 1.550 nm
para 1.555 nm. Estime o comprimento de onda central do filtro óptico
usado após a fibra, para um sinal com 0,8 W de potência de pico.
11.10 Descreva duas técnicas que possam ser usadas para converter uma
sequência de bits NRZ em uma sequência de bits RZ.
11.11 Explique como é possível utilizar o fenômeno não linear de SPM
para regeneração de sequências de bits ópticos. Use diagramas, se
necessário.
11.12 Produza numericamente uma figura similar à Figura 11.33, aplicando
a Eq. (11.5.2) a um conjunto de pulsos gaussianos ruidosos com
largura (FWHM) de 10 ps. Use φNL = 5 e um deslocamento de
frequência de 80 GHz para o filtro óptico.

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[269] MATSUMOTO, M.; SAKAGUCHI, H. Opt. Express, v. 16, p. 11169, 2008.
[270] MATSUMOTO, M.; MORIOKA,Y. Opt. Express, v. 17, p. 6913, 2009.
[271] CVECEK, K. et al. IEEE Photon. Technol. Lett., v. 19, p. 1475, 2007.
[272] YAN, J. et al. IET Optoelectron., v. 3, p. 158, 2009.
[273] MATSUMOTO, M. Opt. Express, v. 18, p. 10, 2010.
APÊNDICE A

Sistema de Unidades
Neste livro, é usado o sistema internacional de unidades (conhecido como
SI, de Systeme Intemational). As três unidades fundamentais no SI são metro
(m), segundo (s) e kilograma (kg)*. Um prefixo pode ser adicionado a
cada uma para alterar sua magnitude por múltiplos de 10. Unidades de
massa raramente são necessárias nesta obra. As medidas mais comuns
de distância são km (103 m) e Mm (106 m). As medidas comuns de tempo
são ns (10−9 s), ps (10−12 s) e fs (10−15 s). Outras unidades comuns usadas
no livro são Watt (W), para potência óptica, e W/m 2, para intensidade
óptica. Essas unidades podem ser relacionadas a unidades fundamentais por
meio da energia, pois potência óptica representa taxa de fluxo de energia
(1 W = 1 J/s). A energia pode ser expressa em diferentes formas usando
E = hν = kBT = mc2, onde h é a constante de Planck, kB, a constante de
Boltzmann e c, a velocidade da luz no vácuo. A frequência ν é expressa
em hertz (1 Hz = 1 s-1). Obviamente, dadas as altas frequências associadas
às ondas ópticas, a maioria das frequências é expressa aqui como GHz ou
THz.
No projeto de sistemas de comunicações ópticas, a potência óptica pode
variar por várias ordens de magnitude, à medida que o sinal viaja do trans-
missor ao receptor. Grandes variações de potência são tratadas de forma
mais conveniente em unidades de decibéis, abreviadas por dB, e comumente
utilizadas por engenheiros em diferentes campos. Qualquer razão R pode
ser expressa em decibéis através da definição geral

R (em dB) = 10 log 10 R. (A.1)

A natureza logarítmica de decibel permite que uma razão de grande


valor seja expressa por um número muito menor. Por exemplo, 10 9 e
10−9 correspondem a 90 dB e −90 dB, respectivamente. Como R = 1
corresponde a 0 dB, razões menores do que 1 são negativas na escala
em decibéis. Razões negativas não podem ser expressas em unidades de
decibéis.

*
 OTA DO TRADUTOR: Em 2012, o Inmetro alterou a grafia de prefixos e de múlti-
N
plos de unidades do Sistema Internacional. O prefixo “quilo” passa a ser escrito “kilo”, e
“quilômetro”, “kilometro”. Veja: http://www.inmetro.gov.br/noticias/conteudo/sistema-
internacional-unidades.pdf.

685
686 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

A escala de decibéis de uso mais comum corresponde a razões entre


potências. Por exemplo, a relação sinal-ruído (SNR) de um sinal óptico ou
elétrico é dada por:

SNR = 10 log 10 (PS /PN ) , (A.2)

em que Ps e PN são as potências de sinal e de ruído, respectivamente. É


possível expressar a perda em uma fibra óptica também em unidades de
decibéis se notarmos que a perda corresponde ao decréscimo na potência
óptica durante a transmissão e, portanto, pode ser expressa como uma razão
entre potências. Por exemplo, se um sinal de 1 mW é reduzido a 1 mW após
transmissão em 100 km de fibra, a perda de 30 dB ao longo de todo o com-
primento da fibra se traduz em uma perda de 0,3 dB/km. A mesma técnica
pode ser usada para definir a perda de inserção de qualquer componente. Por
exemplo, uma perda de 1 dB em um conector de fibra implica a potência
óptica ser reduzida por 1 dB (cerca de 20%) quando o sinal passa pelo
conector. A largura de banda de um filtro óptico é definida entre pontos
de 3 dB, correspondendo a uma redução de 50% na potência do sinal. As
larguras de banda de modulação de diodos emissores de luz (LEDs) na Seção
3.2 e de lasers de semicondutor na Seção 3.5 também são definidas entre
pontos de 3 dB, nos quais as potências moduladas caem em 50%.
Como as perdas de todos os componentes em um sistema de comunica-
ção por fibra óptica são expressas em dB, é útil expressar as potências trans-
mitidas e recebidas na escala de decibéis. Isso é feito usando uma unidade
derivada, denotada por dBm e definida como
 potência 
potência (em dBm) = 10 log10  , (A.3)
 1 mW 

em que o nível de referência de 1 mW é escolhido simplesmente porque


valores típicos da potência transmitida estão nesta faixa (a letra m em dBm
ressalta o nível de referência de 1 mW). Nesta escala de decibéis para potên-
cia absoluta, 1 mW corresponde a 0 dBm, enquanto potências inferiores a
1 mW são expressas por números negativos. Por exemplo, uma potência de
10 mW corresponde a −20 dBm. A vantagem das unidades de decibéis se
torna evidente ao considerarmos o balanço de potência de sistemas de ondas
luminosas discutido no Capítulo 5. Devido à natureza logarítmica da escala
de decibéis, o balanço de potência pode ser feito simplesmente subtraindo
as várias perdas da potência do transmissor expressa em unidades de dBm.
APÊNDICE B

Acrônimos
Cada campo da ciência possui seu próprio jargão, e o de comunicação óptica
não é exceção. Embora tenhamos tentado evitar o extenso uso de acrônimos,
muitos ainda aparecem ao longo do livro. Cada um é definido na primeira
vez que aparece em um capítulo, de modo que o leitor não precise varrer
todo o texto em busca do significado. Como ajuda adicional, listamos todos
os acrônimos aqui, em ordem alfabética.*

AM modulação em amplitude (amplitude modulation)


AON rede totalmente óptica (all-optical network)
APD fotodiodo de avalanche (avalanche photodiode)
ASE emissão espontânea amplificada (amplified spontaneous emission)
ASK chaveamento de amplitude (amplitude-shift keying)
ATM modo de transmissão assíncrono (asynchronous transfer mode)
AWG grade de difração em arranjo de guia de onda (arrayed-wave-
guide grating)
BER taxa de erro de bit (bit-error rate)
BH heteroestrutura enterrada (buried heterostructure)
BPF filtro passa faixa (bandpass filter)
BPSK chaveamento por deslocamento de fase binário (binary pha-
se-shift keying)
CATV televisão de antena comum (a cabo) (common-antenna (cable)
television)
CDM multiplexação por divisão em código (code-division multi-
plexing)
CDMA múltiplo acesso por divisão em código (code-division multiple
access)
CNR relação portadora-ruído (carrier-to-noise ratio)
CPFSK chaveamento por deslocamento de frequência contínuo (conti-
nuous-phase frequency-shift keying)
CRZ retorno ao zero com chirp (chirped return-to-zero)
CSMA múltiplo acesso por detecção de portadora (carrier-sense mul-
tiple access)
*
NOTA DO TRADUTOR: De modo geral, o jargão de comunicações ópticas em português
adota os acrônimos originais do inglês, e isso foi respeitado nesta tradução. Contudo, quando
um dado termo não apresenta um acrônimo preferencial ou dominante em português, foi
arbitrariamente adotado um acrônimo derivado da tradução do termo em inglês.

687
688 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

CSO (distorção) composta de segunda ordem (composite second-order)


CSRZ retorno ao zero com portadora suprimida (carrier-suppressed
return-to-zero)
CTB (distorção) composta de triplo batimento (composite triple beat)
CVD deposição de vapor químico ou deposição química em fase vapor
(chemical vapor deposition)
CW onda contínua (continuous wave)
DBPSK chaveamento por deslocamento de fase binário diferencial (dif-
ferential binary phase-shift keying)
DBR refletor de Bragg distribuído (distributed Bragg reflector)
DCF fibra compensadora de dispersão (dispersion-compensating fiber)
DDF fibra de dispersão decrescente (dispersion-decreasing fiber)
DFB realimentação distribuída (distributed feedback)
DFT transformada de Fourier discreta (discrete Fourier transform)
DGD retardo de grupo diferencial (differential group delay)
DIP duplo empacotamento em linha (dual in-line package)
DM com gerenciamento de dispersão (dispersion-managed)
DPSK chaveamento por deslocamento de fase diferencial (differential
phase-shift keying)
DQPSK chaveamento por deslocamento de fase em quadratura diferencial
(differential quadrature phase-shift keying)
DSP processamento de sinal digital (digital signal processing)
EDFA amplificador a fibra dopada com érbio (erbium-doped fiber
amplifier)
FDM multiplexação por divisão em frequência (frequency-division
multiplexing)
FET transistor de efeito de campo (field-effect transistor)
FFT transformada de Fourier rápida (fast Fourier transform)
FM modulação em frequência (frequency modulation)
FP Fabry-Perot
FSK chaveamento por deslocamento de frequência (frequency-shift
keying)
FWHM largura completa a meia altura (full-width at half-maximum)
FWM mistura de quatro ondas (four-wave mixing)
GVD dispersão de velocidade de grupo (group-velocity dispersion)
HBT transistor bipolar de heterojunção (heterojunction-bipolar tran-
sistor)
HDTV televisão de alta definição (high-definition television)
HEMT transistor de alta mobilidade eletrônica (high-electron-mobility
transistor)
HFC híbrido fibra-coaxial (hybrid fiber-coaxial)
Acrônimos 689

IC circuito integrado (integrated circuit)


IF frequência intermediária (intermediate frequency)
IM/DD modulação em intensidade com detecção direta (intensity mo-
dulation with direct detection)
IMD distorção de intermodulação (intermodulation distortion)
IMP produto de intermodulação (intermodulation product)
ISDN rede digital de serviços integrados (integrated services digital
network)
ISI interferência entre símbolos (intersymbol interferência)
LAN rede de área local (local-area network)
LEAF fibra de grande área efetiva (large effective-area fiber)
LED diodo emissor de luz (light-emitting diode)
LO oscilador local (local oscillator)
LPE epitaxia em fase líquida (liquid-phase epitaxy)
LPF filtro passa-baixas (low-pass filter)
MAN rede de área metropolitana (metropolitan-area network)
MBE epitaxia por feixe molecular (molecular-beam epitaxy)
MCVD deposição de vapor químico modificada (modified chemical
vapor deposition)
MEMS sistema microeletromecânico (micro-electro-mechanical system)
MMI interferência multimodo (multi-mode interferência)
MOCVD deposição química de organometálicos em fase vapor (metal-
organic chemical vapor deposition)
MONET rede óptica de múltiplos comprimentos de onda (multiwave-
length optical network)
MPEG grupo de especialistas em imagens com movimento (motion-
picture expert group)
MPN ruído de partição modal (mode-partition noise)
MQW múltiplos poços quânticos (multiquantum well)
MSK chaveamento por deslocamento mínimo (minimum-shift keying)
MSM metal-semicondutor-metal
MSR razão de supressão de modos (mode-suppression ratio)
MTTF tempo médio até a ocorrência de uma falha (mean time to failure)
MZ Mach-Zehnder
NA abertura numérica (numerical aperture)
NEP potência equivalente de ruído (noise-equivalent power)
NLS (equação) não linear de Schrõdinger (nonlinear Schrõdinger)
NOLM anel óptico refletivo não linear (nonlinear optical-loop mirror)
NRZ sem retorno ao zero (nonreturn to zero)
NSDSF fibra de dispersão deslocada não zero (nonzero-dispersion-shifted
fiber)
690 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

NSE equação não linear de Schrõdinger (nonlinear Schrõdinger


equation)
OCDM multiplexação por divisão em código óptica (optical code-divi-
sion multiplexing)
OEIC circuito integrado optoeletrônico (opto-electronic integrated
circuit)
OFDM multiplexação por divisão em frequências ortogonais (orthogonal
frequency-division multiplexing)
OOK chaveamento liga-desliga (on-off keying)
OPC conjugação de fase óptica (optical phase conjugation)
OTDM multiplexação por divisão no tempo óptica (optical time-division
multiplexing)
OVD deposição externa de vapor (outside-vapor deposition)
oxc comutador óptico cruzado (optical cross-connect)
PCM modulação por código de pulso (pulse-code modulation)
PDF função densidade de probabilidade (probability density function)
PDM multiplexação por divisão em polarização (polarization-division
multiplexing)
PIC circuito integrado fotônico (photonic integrated circuit)
PM modulação em fase (phase modulation)
PMD dispersão do modo de polarização (polarization-mode dis-
persion)
PON rede óptica passiva (passive optical network)
PPLN niobato de lítio periodicamente polarizado (periodically poled
lithium niobate)
PSK chaveamento por deslocamento de fase (phase-shift keying)
PSP estado principal de polarização (principal state of polarization)
QAM modulação em amplitude em quadratura (quadrature amplitude
modulation)
QPSK chaveamento por deslocamento de fase em quadratura (qua-
drature phase-shift keying)
RDF fibra de dispersão reversa (reverse-dispersion fiber)
RF radiofrequência (radio frequency)
RIN ruído de intensidade relativa (relative intensity noise)
RMS raiz do valor médio quadrático (root mean square)
RZ com retorno ao zero (return to zero)
SAGM (regiões) separadas de absorção, gradação e multiplicação (sepa-
rate absorption, grading, and multiplication)
SAM (regiões) separadas de absorção e multiplicação (separate absorp-
tion and multiplication)
SBS espalhamento estimulado Brillouin (stimulated Brillouin scat-
tering)
Acrônimos 691

SCM multiplexação em subportadora (subcarrier multiplexing)


SDH hierarquia digital síncrona (synchronous digital hierarchy)
SLM monomodo longitudinal (single longitudinal mode)
SNR relação sinal-ruído (signal-to-noise ratio)
SOA amplificador óptico de semicondutor (semiconductor optical
amplifier)
SONET rede óptica síncrona (synchronized optical network)
SOP estado de polarização (state of polarization)
SPM automodulação de fase (self-phase modulation)
SRS espalhamento estimulado Raman (stimulated Raman scattering)
SSFS autodeslocamento de frequência solitônico (soliton self-frequen-
cy shift)
STM módulo de transporte síncrono (synchronous transport module)
STS sinal de transporte síncrono (synchronous transport signal)
TDM multiplexação por divisão no tempo (time-division multiplexing)
TE transverso elétrico (transverse electric)
TM transverso magnético (transverse magnetic)
TOAD demultiplexador óptico assimétrico em teraherz (terahertz opti-
cal asymmetric demultiplexer)
TOD dispersão de terceira ordem (third-order dispersion)
TPA absorção de dois fótons (two-photon absorption)
UTI União Internacional de Telecomunicações
VAD deposição axial de vapor (vapor-axial deposition)
VCSEL laser de cavidade vertical com emissão pela superfície (verti-
cal-cavity surface-emitting laser)
VPE epitaxia em fase vapor (vapor-phase epitaxy)
VSB banda lateral vestigial (vestigial sideband)
WAN rede de grande área (wide-area network)
WDM multiplexação por divisão em comprimento de onda (wave-
length-division multiplexing)
WDMA acesso múltiplo por divisão em comprimento de onda (wave-
length-division multiple access)
WGR roteador a grade de difração em guia de onda (waveguide-grating
router)
XPM modulação de fase cruzada (cross-phase modulation)
YAG granate de ítrio e alumínio (yttrium aluminium garnet)
YIG granate de ítrio e ferro (yttrium iron garnet)
ZDWL comprimento de onda de dispersão zero (zero-dispersion wave-
length)
APÊNDICE C

Fórmula Geral para Alargamento


de Pulsos
A discussão de alargamento de pulsos na Seção 2.4 assume pulsos gaussianos
e inclui efeitos dispersivos apenas até a terceira ordem. Neste apêndice, é
deduzida uma fórmula geral, que pode ser usada para pulsos de formas
arbitrárias. Ademais, ela não assume qualquer hipótese em relação às pro-
priedades dispersivas da fibra, podendo ser usada para incluir dispersão
de qualquer ordem. A ideia básica para a derivação da fórmula consiste
na observação de que o espectro do pulso não se altera em um meio dis-
persivo linear, independentemente do que ocorre à forma do pulso. Assim,
é mais conveniente calcular a modificação da largura do pulso no domínio
espectral.
Para pulsos de formas arbitrárias, uma medida da largura do pulso é dada
pela grandeza σ 2 = 〈t2〉 − 〈t〉2, em que os primeiro e segundo momentos
são calculados pela forma do pulso como indicado na Eq. (2.4.12). Esses
momentos também podem ser definidos em termos do espectro do pulso
como:
−i
∫ ∫
∞ ∞
t =
2
t A ( z, t ) dt ≡  * ( z, ω ) A
A ω ( z, ω ) dω , (C.1)
−∞
2π −∞

1
∫ ∫
∞ ∞
t2 =
2
t 2 A ( z, t ) dt ≡ ω ( z, ω ) 2 dω ,
A (C.2)
−∞
2π −∞

em que Ã(z,w) é a transformada de Fourier de A(z,t) e o subscrito w denota


derivada parcial em relação a w. Para simplificar a discussão, normalizemos
A e à de forma que:
1
∫ ∫
∞ ∞
2
A ( z, t ) dt =  ( z, ω ) 2 dω = 1.
A (C.3)
−∞
2π −∞

Como discutido na Seção 2.4, quando efeitos não lineares são desprezíveis,


diferentes componentes espectrais se propagam na fibra segundo a simples
relação:

A  (0, ω ) exp (i β z ) = S (ω ) e iθ  exp (i β z ) ,


 ( z, ω ) = A (C.4)

693
694 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

em que S(w) representa o espectro do pulso de entrada e u(w) leva em


conta efeitos do chirp de entrada. Como vimos na Eq. (2.4.13), o espectro
do pulso com chirp adquire uma fase que depende da frequência. A constante
de propagação b depende da frequência em função da dispersão, e também
pode depender de z se for empregado gerenciamento de dispersão ou se
parâmetros da fibra − como diâmetro do núcleo − não forem constantes
ao longo do comprimento desta.
Se substituirmos a Eq. (C.4) nas Eq. (C.1) e (C.2), efetuarmos as derivadas
indicadas e calcularmos σ 2 = 〈t2〉 − 〈t〉2, obteremos:

σ 2 = σ 02 +  τ 2 − τ 2  + 2 [ τθω − τ θω ] , (C.5)

em que os colchetes angulares agora indicam média no espectro do pulso
de entrada, de modo que
1 ∞

2
f = f (ω ) S (ω ) dω. (C.6)
2π −∞

Na Eq. (C.5), σ 0 é a raiz do valor médio quadrático (RMS) da largura dos


pulsos de entrada, uw = du/dw, e τ é o retardo de grupo definido como:

∂β ( z , ω )

L
τ (ω ) = dz (C.7)
0
∂ω
para uma fibra de comprimento L. A Eq. (C.5) pode ser usada para pulsos de
forma, largura e chirp arbitrários. Essa equação não assume qualquer forma
para b(z,w), podendo ser usada em enlaces de fibra com gerenciamento de
dispersão contendo fibras com características de dispersão arbitrárias.
Como uma simples aplicação da Eq. (C.5), podemos usá-la para deduzir a
Eq. (2.4.22). Assumindo dispersão uniforme e expandindob(z,w) até terceira
ordem em w, o retardo de grupo é dado por:
1
τ (ω ) = ( β1 + β 2ω + β 3ω 2 )L . (C.8)
2
Para um pulso gaussiano com chirp, a Eq. (2.4.13) fornece as seguintes ex-
pressões para S e u:

4 π T02  ω 2T 2  Cω 2T02
S (ω ) = 2 exp −
0
 , θ (ω ) = − tan −1 C . (C.9)
1+ C  2 (1 + C )  2 (1 + C )
2 2

As médias na Eq. (C.5) podem ser calculadas analiticamente usando as Eq.
(C.8) e (C.9), resultando na Eq. (2.4.22).
Como outra aplicação da Eq. (C.5), consideremos a dedução da Eq.
(2.4.23), que inclui efeitos de um largo espectro de fonte. Para tal pulso, o
Fórmula Geral para Alargamento de Pulsos 695

campo de entrada pode ser escrito como A(0,t) = A0(t)f(t), em que f(t) re-
presenta a forma do pulso e A0(t), a flutuação devido à natureza parcialmente
coerente da fonte. O espectro S(w) se torna a convolução entre os espectros
do pulso e da fonte:
1


S (ω ) = S p (ω − ω1 )F (ω1 ) dω1 , (C.10)
2π −∞

sendo SP o espectro do pulso e F(ws) a componente espectral do campo


flutuante na fonte, com uma função de correlação da forma

F * (ω1 ) F (ω 2 ) s = G (ω1 ) δ (ω1 − ω 2 ) . (C.11)



A grandeza G(w) representa o espectro da fonte. O subscrito s na Eq. (C.11)
ressalta que, agora, os colchetes angulares denotam média de ensemble nas
flutuações de campo.
Os momentos 〈t〉 e 〈t2〉 são, então, substituídos por 〈〈t〉〉s e 〈〈t2〉〉s, em que
os colchetes angulares externos denotam média de ensemble nas flutuações
de campo. Essas duas médias podem ser calculadas no caso especial em que
o espectro da fonte é gaussiano:

1  ω2 
G (ω ) = exp − 2  , (C.12)
σω 2π  2σ ω 

sendo σw a largura espectral RMS da fonte. Por exemplo,

∫ dω − i ∫ −∞ S * (ω ) Sω (ω ) s dω
∞ 2 ∞
t s
= −∞
τ (ω ) S (ω )
s

1 (C.13)
=L∫ ∫
∞ 2
( β1 + β 2ω + β 3ω 2 ) S p (ω − ω1 ) G (ω1 ) dω1 dω

−∞
2

Como assumimos que os espectros do pulso e da fonte eram gaussianos, a


integral em w1 pode ser efetuada primeiro, resultando em outro espectro
gaussiano. A integral em w na Eq. (C.13) é simples e fornece:
 β 
t = L β1 + 3 2 (1 + C 2 +Vω2 ) , (C.14)

s
 8σ 0 

em que Vw = 2σwσ0. Repetindo o mesmo procedimento para 〈〈t2〉〉s, recu-


peramos a Eq. (2.4.13) para a razão σ/σ0.
APÊNDICE D

Pacote de Software
No site www.elsevier.com.br/siscomfibra está disponível um pacote de
software para o projeto de sistemas de comunicação por fibra óptica provido
por Optiwave Corporation (Website: www.optiwave.com). No site também
há versões em 32 e 64 bits de um programa denominado OptiPerformer
8, baseado no software comercial vendido por Optiwave com o nome de
OptiSystem 8.0. Lá é possível encontrar um conjunto de problemas para
cada capítulo, adequados aos leitores deste livro. Desse modo, o leitor é
encorajado a explorar esses exercícios numéricos, pois o ajudarão a entender
muitos aspectos importantes associados ao projeto de sistemas realistas de
ondas luminosas.
O material complementar deve funcionar em qualquer PC que rode o
sistema Microsoft Windows (XP, Vista ou Windows 7). O primeiro passo
consiste na instalação de OptiPerformer. O procedimento de instalação
deve ser simples para a maioria dos usuários. Caso o instalador não comece
imediatamente, pode ser necessário clicar no programa de “setup”. Feita a
instalação, o usuário apenas clica no ícone de OptiPerformer.exe para rodar
o programa.
A filosofia do projeto de sistemas de ondas luminosas assistido por
computador foi discutida na Seção 5.6. Como na montagem ilustrada
na Figura 5.15, a janela principal do programa é usada para configurar o
sistema de onda luminosa usando vários componentes da biblioteca de
componentes. Uma vez finalizada a configuração, a sequência de bits ópticos
é propagada pelo enlace de fibra por meio da solução da equação não
linear de Schrödinger discutida na Seção 5.6. É possível registar caracterís-
ticas temporais e espectrais da sequência de bits em qualquer posição ao
longo do enlace de fibra com a inserção de apropriados componentes de
visualização de dados.
O pacote de software OptiSystem pode ser usado para resolver muitos dos
exercícios propostos no final de cada capítulo. Consideremos, por exemplo, o
simples problema da propagação de pulsos ópticos em fibras ópticas discutido
na Seção 2.4. A parte superior da Figura D.1 mostra a configuração para a
solução desse problema. Para a propagação de um único pulso, o padrão de
bits de entrada deve ter o formato RZ e ser da forma “000010000”. A forma
do pulso pode ser especificada diretamente ou calculada usando o módulo
de modulador de Mach-Zehnder. A saída do modulador é conectada à fibra
697
698 Sistemas de Comunicação por Fibra Óptica

Figura D.1  Dois exemplos de configuração para a solução de problemas de projeto


com o pacote de software Optiwave disponível no site.

óptica cujo comprimento e outros parâmetros podem ser especificados pelo


usuário. A saída da fibra pode ser conectada diretamente aos visualizadores
temporal e espectral, de modo que a forma e o espectro do pulso de saída
possam ser observados graficamente. A saída também pode ser enviada a um
fotodiodo e filtro elétrico antes de usar visualizadores para registar a forma
e o espectro do pulso. Caso efeitos não lineares tenham sido desabilitados
ou a potência de entrada especificada seja demasiadamente baixa para que
esses efeitos sejam desprezíveis, o espectro não deve se alterar, mas é neces-
sário que a forma do pulso exiba considerável alargamento temporal. Para
pulsos gaussianos, os resultados devem concordar com a teoria da Seção 2.4.
O programa OptiPerformer disponível no site não permite que o usuário
crie suas próprias configurações; contudo, um grande número de exemplos
é disponibilizado no diretório OptiPerformer Files. Nesse diretório, as pastas
são organizadas por capítulos, e cada um deles contém vários arquivos que
podem ser rodados usando o software OptiPerformer para resolver o corres-
pondente problema. A Figura D.1 mostra um exemplo relacionado ao geren-
ciamento de dispersão. A maioria dos usuários do presente livro se beneficiará
da solução desses problemas e da análise das saídas gráficas. Um arquivo no
formato PDF também está incluso no material complementar, podendo ser
consultado para a obtenção de mais detalhes sobre cada problema.
ÍNDICE REMISSIVO

A amplitude, chaveamento de, Veja


absorção modulação, formato de
de dois fótons, 120, 617, 642, 661 amplitude, máscara de, 430
de portadores livres, 104 amplitude-fase, acoplamento, 120, 126
material, 89 anticorrelação, 125, 241
acelerado, envelhecimento, 146 antirreflexo, cobertura, 110, 140, 284, 619
acoplador-estrela, 222, 274, 292-293, 324 APD, 165-172
acoplamento, coeficiente de, 423 aumento de ruído de disparo em, 187
acoplamento, eficiência de, 107, 136, configuração de, 167
138, 141 fator de excesso de ruído para, 187
acústicas, ondas, 72, 283 ganho de, 167
alimentação antecipada, equalizador ganho ótimo para, 188, 198
de, 469 largura de banda de, 167
amostragem, período de, 431 mecanismo físico para, 165
amostragem, teorema de, 11 reach-through, 169
amplificação responsividade de, 167
concentrada, 355, 379, 398, SAM, 169, 170
498-503, 532 super-rede, 171
distribuída, 352, 355, 371, 381, 484, apodização, técnica de, 423, 427
503, 523 ASCII, código, 10
fator de, 372, 613, 621 assinatura, sequência de, 335
paramétrica, 638, 639 ativação, energia de, 147
periódica, 352 ATM, protocolo, 271, 273, 324
Raman, 404 Auger, recombinação de, 99, 100, 119
sensível à fase, 674 autocorrelação, função de, 124, 182, 337, 340
amplificada, emissão espontânea, 359, avalanche, fotodiodo de, Veja APD
366, 573 avalanche, ruptura por, 167
amplificador
a fibra dopada com érbio, Veja EDFA B
a fibra dopada com túlio, 370 balanceada, detecção, 566
cadeia de, 379, 385 banda lateral, instabilidade de, 233, 447
concentrado, 352, 378, 485 banda, largura de
de Fabry-Perot, 627-628 da fibra, 66, 231
distribuído, 376 de amplificador, 366, 402
em cascata, 352, 379, 386-387 de amplificador paramétrico, 614
em linha, 232 de amplificador Raman, 37
híbrido, 374 de APD, 167
óptico de semicondutor, 445 de ASE, 383
paramétrico, 444, 611-617, 638, 663 de circuito RC, 230
paramétrico baseado em silício, 617 de filtro, 176, 277, 284, 402, 414, 434
paramétrico com duplo de fotodetector, 158, 162
bombeamento, 614 de ganho Brillouin, 309
paramétrico de bombeamento de ganho Raman, 77
simples, 613 de grade de difração, 422, 426
Raman, 369-379, 382 de laser de semicondutor, 121
amplificadores, espaçamento entre, 379, de LED, 138, 140
386-387, 447, 485, 498 de modulação, 121, 140
699
700 Índice Remissivo

banda, largura de (cont.) chips, taxa de, 335


de modulação de pequeno sinal, 120 chirp
de receptor, 326, 559 induzido pela fibra, 465
de ruído, 183, 384 induzido por amplificador, 464, 622
de sinal, 13, 324, 383, 467 induzido por dispersão, 60
elétrica, 378 induzido por modulação, 227, 240, 463
batimento, comprimento de, 44 induzido por modulador, 132
Beer, lei de, 67 induzido por SPM, 494, 658
BER, piso de, 423 induzido por XPM, 311, 521
Bessel, função de, 39, 390, 392, 562, 564, 575 linear, 431, 449
bicônica, gradação, 288, 293 parâmetro de, 58, 65, 132, 250, 463, 464
biestabilidade, 624-633 penalidade de potência devido a, 250
dispersiva, 625 cíclico, prefixo, 331
mecanismo físico para, 627-628 circuito, comutação de, 271, 273
polarização, 629 circulador, 429, 434, 454, 455
birrefringência, 44, 54, 571 coaxial, cabo, 2, 225, 324
aleatória, 54, 457 codificação
circular, 638, 651 de fase, 338, 546, 551
grau de, 44 domínio tempo-frequência, 340
linear, 651 espectral, 338
bit slot, 10, 62, 176, 249, 322, 462, 469 no domínio da frequência, 338
bit, taxa de erro de, 23, 195-197, 254-257, no domínio do tempo, 335
302, 387, 558-565 codificador
Boltzmann, constante de, 137, 183 CDMA, 335
bomba, depleção de, 372, 614 fase espectral, 338
bombeamento código, multiplexação por divisão em,
bidirecional, 356, 357 334-342
contrapropagante, 356, 371, 382, 537 códigos
copropagante, 382 bidimensional, 340
bombeio, espaçamento entre estações de, bipolar, 337
355, 381 corretor de erro, 254
Bragg, comprimento de onda de, 113, 283, de Reed-Solomon, 254
284, 422, 448, 629 Duobinário, 467
Bragg, condição de, 108, 283, 286, 425 espectral, 338
Bragg, difração de, 108, 110, 283, 286 ortogonal, 335, 340
Brillouin, deslocamento de, 72, 75, 284, 308 pseudo-ortogonal, 340
Brillouin, espalhamento, 72, 239, 577 saltos de frequência, 340
espontâneo, 73 sequência de assinatura, 335
estimulado, 72, 284, 308, 617, 625, 639 turbo, 254
limiar de, 636, 639, 642 unipolar, 337
supressão de, 639 coerência, função de, 61
Brillouin, ganho, 75 coerência, tempo de, 341, 568
Brillouin, limiar de, 308 coerente, detecção, 190-193, 549, 551
coerentes, sistemas de ondas luminosas,
C 545-598
cabo, televisão a, 219, 324 degradação de sensibilidade em, 565-576
carga, resistor de, 175, 183 efeitos de dispersão em, 575
catastrófica, degradação, 146 efeitos de polarização em, 570
cavidade vertical, lasers de, com emissão pela ruído de fase em, 568-570
superfície, 114, 241, 245, 629, 631 taxa de erro de bit para, 558-565
CDMA, sistemas, 334-342 vantagens de, 190
Índice Remissivo 701

comprimento de onda, conversor, 445, demodulação


633-647 assíncrona, 554
baseado em FWM, 638 autocoerente, 555
baseado em LiNb03, 642 coerente, 551, 591
baseado em silício, 642 DQPSK, 557
baseado em SOA, 644 esquemas para, 551-557
baseado em XPM, 633, 634 incoerente, 554
com duplo bombeamento, 640 no domínio óptico, 555
comprimento de onda, multidifusão em, 640 por retardo, 555, 564
comprimento de onda, multiplexação por síncrona, 551
divisão em, veja multiplexação e demultiplexador, 284-289
WDM, sistemas assimétrico óptico em terahertz, 652
comprimento de onda, roteamento por, 294 baseado em difração, 284
computador, projeto assistido por, 257, baseado em filtro, 287
400, 402 baseado em grade de difração, 286
comutação baseado em interferências, 284
baseada em NOLM, 606 eletro-óptico, 319
baseada em SOA, 627-628 grade de difração côncava, 300
de pacotes, 647, 657 grade de difração em guia de onda, 288
induzida por SPM, 608 TDM, 319-321
induzida por XPM, 609 detector, Veja fotodetector
não linear, 606 difração, grade de
tempo de, 627-628 amostrada, 113, 283, 337, 430, 454, 668
ultrarrápida, 647-656 amostrada em amplitude, 432
concentrada, amplificação, Veja amostrada em fase, 432
amplificação apodizada, 423, 426
confinamento, fator de, 46, 104, 116, 423, 620 birrefringente, 459
constelação, diagrama de, 18, 546, 550 com chirp, 113, 425-434
correlação, comprimento de, 54 com chirp não linear, 454
corte, comprimento de onda de, 157 com deslocamento de fase, 287
Costas, laço de, 552 côncava, 286
crítico, ângulo, 30, 71, 135 de Bragg, 281, 286, 287, 290, 312, 422,
crômio, aquecedor de, 437, 439 448, 626, 630
cruzada, correlação, 243, 337, 340 de Moiré, 341, 429
cruzada, modulação de fase, 80, 391, 483, de período longo, 367, 420-421
517-525, 609, 633, 646, 662 de superestrutura, 113, 283, 430
controle de, 529-538 difração, 284, 338
demultiplexação com, 321 dispersão de, 426
entre canais, 310-312, 581 elíptica, 286
intracanal, 519-525, 581 em arranjo de guia de onda, 288, 338,
cruzado, saturação de ganho, 366 341, 454
curvatura, perda por, 71 em cascata, 429
em fibra, 281, 287, 312, 337, 340, 362,
D 422-434, 445, 626, 630, 636, 668
decisão, circuito de, 177, 195, 249, 252, em guia de onda, 294
467, 554, 559, 563, 571 em laser DFB, 108
decisão, equalizador por realimentação de, 470 embutida, 108, 283, 284, 420-421,
decisão, limiar de, 195, 196, 253, 302, 462 627-628
decodificador, 337 índice não linear, 233, 392
CDMA, 335 induzida acusticamente, 283
de fase espectral, 338 sintonizável, 636
702 Índice Remissivo

difração, período de grade de, 108, 113, sintonizável, 448-452


286, 420-421, 422, 431, 448 dispersão, comprimento de, 60, 463, 493,
difusão, coeficiente de, 124 517, 527
difusão, estrela de, 274, 292-293 dispersão decrescente, fibra com, Veja fibra
digital, hierarquia, 14 dispersão deslocada, fibras de, Veja fibras
digital, processamento de sinal, 331, 468, dispersão, fibra compensadora de, Veja fibras
470, 472, 572, 591, 593 dispersão, gerenciamento de, 399, 484,
digital, retropropagação, 474 503-511
direcional, acoplador, 287, 290 conjugação de fase para, 440-448
disparo, limite de ruído de, 554, 563, 566 DCF para, 414-422
disparo, ruído de, Veja ruído de ordem superior, 453-456
dispersão, 47-56 em banda larga, 415, 453
acumulada, 416, 419, 484 em sistemas WDM, 448-460
ajuste de, 448 filtros para, 434-440
alargamento de pulso devido a, 57-61 formato FSK para, 465
anômala, 233, 426, 447, 486-487, 614, grades de difração em fibra para,
636, 661, 674 422-434
da fibra, 575 necessidade de, 411-414
de guia de onda, 48, 50, 418, 619 periódico, 314
de multipercurso, 31, 33 técnica de pré-chirp para, 462-465
de ordem superior, 423 técnica duobinária para, 467
de quarta ordem, 456-457, 616 dispersão, inclinação de, 52, 62, 322, 416,
de segunda ordem, 440, 453 455, 640
de terceira ordem, 52, 64, 322, 412, 449, compensação de, 431, 438, 448-456
453, 455, 616 negativa, 416, 418
dependência em relação à temperatura, relativa, 416
448 sintonizável, 451, 453, 455
do modo de polarização, 45, 54, 235, dispersão, limitações induzidas por, 61-64,
549, 575 411-412
grade de difração, 423, 426, 427 dispersão, mapa de, 416, 484, 518
intermodal, 31, 226, 231 assimétrico, 533
material, 48-50, 104 de duas seções, 489
normal, 233, 415, 426, 463, 486-487, intensidade de, 509
498, 504, 636 otimização de, 485, 529
pós-compensação de, 416, 448, 529 periódico, 448, 485, 504-511, 531
pré-compensação de, 416, 460, 524, 529 dispersão, parâmetro de, 47, 57, 231, 402,
residual, 398, 445, 448, 518, 529, 537 412, 415, 419, 447, 533
sintonizável, 448-456 dispersão, relação de, 72
velocidade de grupo, 47-51, 105, 231, dispersivas, ondas, 498, 501, 517
232, 411, 484, 494-498, 575 distribuída, amplificação, Veja amplificação
dispersão, compensação de distribuída, realimentação, Veja
condição para, 415 realimentação
de terceira ordem, 453 distribuído, refletor de Bragg, 109
dinâmica, 448-452 dois fótons, absorção de, Veja absorção
do modo de polarização, 46 DPSK, formato, 252, 534, 673
eletrônica, 460 ciclo de trabalho, 532, 534, 537
em banda larga, 415, 420-421, 456-457 EDFA
módulo para, 418 amplificação de múltiplos canais
no lado do receptor, 469 com, 366
perfeita, 488 bombeamento de, 357
periódica, 416 cadeia de, 367
Índice Remissivo 703

características de amplificação de, 360 extinção, razão de, 131, 202


configuração paralela para, 369 extremidade, acoplamento pela, 141
de banda C, 369
de banda L, 369 F
de dois estágios, 369 Fabry-Perot, cavidade de, 103, 163,
de ganho cortado, 369 172, 316
espectro de ganho, 359 Fabry-Perot, interferômetro de, Veja
lasers de semicondutor para, 357 interferômetro
não uniformidade espectral de, 366 falha, tempo médio até uma, 146
propriedades de, 357-370 fantasma, pulso, 519, 527, 528, 534
ruído em, 363 Faraday, efeito, 143
eficiência, conversão de, 445, 619, 639, 643 Faraday, girador de, 673
elasto-óptico, coeficiente, 75 fase, automodulação de, 78, 80, 232, 329,
eletro-óptico, efeito, 130 391, 400, 442-443, 465, 484,
eletroabsorção, 131, 667, 669 493-498, 517, 519, 577, 622, 658
elétron-lacuna, recombinação, 99, 102, 123 fase, chaveamento por deslocamento de,
eletrorrefração, 549 Veja modulação, formato
eletrostrição, 73 fase, condição de casamento de, 82, 283,
emendas, perdas em, Veja perda 444, 614, 638
emissão, estimulada, 98, 116 fase, conjugação de, 82, 440-448, 455, 571
envelope, detector de, 554, 569 baseada em fibra, 443
epitaxial, crescimento, 98, 110, 131 baseada em PPLN, 447
equalização, técnica de, 469 insensível à polarização, 445
equalizador, filtro, Veja filtro no meio do enlace, 440
érbio, amplificador a fibra dopada com, fase, deslocamento de
Veja EDFA induzido por SPM, 391, 442, 608,
erro, correção de, 237, 254-256, 270, 340 624, 673
erro, função, 610 induzido por tensão, 549
erro, probabilidade de, Veja bit, taxa de erro de induzido por XPM, 611, 624, 633, 636,
escuro, corrente no, 158, 183, 194 663
espectral, alargamento não linear, 80, 624, 626, 638
induzido por chirp, 411 fase, filtragem espacial de, 455
induzido por SPM, 655, 658 fase, laço de travamento de, 316, 551, 569,
induzido por XPM, 652 572, 592
espectral, eficiência, 10, 18, 268, 277 fase, quase casamento de, 445, 643
de CDMA, 338, 342 fase, técnica de alternância de, 534
do formato DPSK, 587 feixe eletrônico, litografia de, 110
do formato OFDM, 594 fibra, acoplador a, 288, 292, 319, 606, 675
do formato QAM, 592 fibra, amplificador a, Veja EDFA
espectral, fatiamento, 296, 299 fibra, dispersão da, Veja dispersão
espectral, filtragem, 659 fibra, grade de difração a, Veja difração,
espectral, inversão, 440 grade de
espectral, técnica de espalhamento, 334 fibra, modos de, 38-47
espontânea, emissão, 98, 116, 123, 137, 353 constante de propagação de, 41
amplificada, 363, 385, 390, 419, 611 diâmetro modal de, 45
espontânea, fator de emissão, 116, 353, distribuição de campo de, 44
363, 573 equação de autovalor para, 40
estado excitado, absorção de, 360 híbridos, 41
estrela, topologia, 222 índice efetivo de, 41
Ethernet, 87, 222, 596 fibra, não linearidades da, Veja não linear,
externa, deposição de vapor, 85 efeitos
704 Índice Remissivo

fibra óptica, sistemas a, Veja ondas filtro


luminosas, sistemas acusto-óptico, 283, 367
fibras baseado em amplificador, 284
altamente não lineares, 616, 634-636, compensador de dispersão, 414
639, 640, 649, 659 cosseno levantado, 177
birrefringência de, 44 de adição-extração, 290
com casca rebaixada, 84, 418 de banda estreita, 389
compensadora de dispersão, 414-422, de Fabry-Perot, 277-280, 302, 434,
485, 486-487, 510 671-672
configuração de, 82-90 de frequência deslizante, 513
de baixa PMD, 54 de Gires-Tournois, 434
de calcogênio, 71, 661 de Mach-Zehnder, 280, 287, 290,
de cristal fotônico, 420-421, 640, 651 367, 437
de dispersão decrescente, 51, 443, de micro-ondas, 462
503-504 de onda acústica de superfície, 178
de dispersão deslocada, 51, 82, 84, 227, de resposta impulsional finita, 474
236, 308, 312, 399, 412, 493, 571, 634 elétrico, 252
de dispersão deslocada não zero, 314 em cascata, 436
de dispersão plana, 51 em linha, 513
de dispersão reversa, 52 equalizador, 434-440, 453
de fluoreto, 71, 369 grade de difração, 281
de inclinação reduzida, 52 interferência, 367
de índice gradual, 33-35, 87, 226, 228, 231 interferométrico, 453
de índice parabólico, 33 óptico, 434-440, 513, 659, 668, 674
de materiais diferentes da sílica, 661 passa altas, 178
de núcleo elíptico, 419 passa faixa, 178, 193, 513, 551, 554, 555,
de óxido de bismuto, 636, 651, 661 569, 658, 661
de pré-compensação, 525 passa tudo, 438, 459
de sílica, 84-87 passa-baixas, 176, 552
de telurito, 370 por reflexão, 422, 425
dopada com érbio, 352 rejeita faixa, 635, 636
efeitos não lineares em, 72-82 sintonizável óptico, 277-284, 300
fabricação de, 82-90 transversal, 469
largura de banda de, 65 filtro casado, detecção por, 337
mantenedoras de polarização, 45, 54, finesse, 279
610, 635, 648, 663 fino, aquecedor de filme, 449, 455
microestruturadas, 636 flip-flop, 626
mistura de quatro ondas em, 443 baseado em laser, 627-628
modos de, Veja fibra, modos de baseado em laser de microdisco, 633
monomodo, 42-47 baseado em silício, 633
multimodo, 30-35, 226, 241 baseado em SOA, 627-628
padrão, 412, 463, 486-487, 510, 537 de guia de onda passivo, 630
perdas de, 67-72 mecanismo físico associado a, 629
PFBVE, 89 óptico, 627-633
plásticas, 35, 87-89, 241 fonte-fibra, acoplamento, 141
PMMA, 88 formato, conversão de, 653
policristalinas, 71 fotodetector
propagação de onda em, 35-42 balanceado, 557
propagação de pulsos em, 56 de avalanche, Veja APD
secas, 9, 269 de onda viajante, 164
torcida, 651 eficiência quântica de, 156
Índice Remissivo 705

largura de banda de, 158 inclinação de, 434


MSM, 172, 174 grupo, velocidade de, 47, 394, 514
responsividade de, 156 guia de onda
fotodiodo de LiNb03, 130, 445, 549, 625, 642
guia de onda, 164 de semicondutor, 626, 630, 642
p-i-n, 161 dispersão de, Veja dispersão
p-n, 159 e silício, 617, 633, 642
fotoelástico, feito, 283 fotodiodo em, 164
fóton, tempo de vida, 116 grade de difração em, Veja difração,
fotônico, nanofio, 617 grade de
fotorrefrativo, cristal, 630 não linear, 498
Franz-Keldysh, efeito de, 131 PPLN, 445, 643
frente, correção de erro à, Veja erro, ridge, 105, 296
correção de roteador de grade de difração em,
frequência, chirp de, 130, 132, 411, 493, 644 300, 314
frequência, salto de, 340 temporal, 498
frequência de diferença, geração de, 643 GVD, parâmetro de, 47, 57, 415, 444,
494-498
G
ganho H
Brillouin, 284 Hankel, função de, 392
de APD, 167, 188 harmônico, geração de segundo, 643
de pequeno sinal, 372, 620 Hermite-Gauss, função de, 505
dependente de polarização, 56, 235 heteródina, detecção, 193, 460, 551, 592
diferencial, 102 heteródino, receptor
distribuído, 354-355, 378 assíncrono, 554, 560-563
paramétrico, 613, 614 balanceado, 552
Raman, 370 degradação de sensibilidade em, 565-576
saturação de, 620, 627, 629, 663 ruído de fase em, 568-570
ganho-largura de banda, produto, 170, 171 ruído de intensidade em, 565-566
ganho, extinção de, 630 síncrono, 551, 558-560
ganho, saturação de, 366, 372, 619, 652 heteroestrutura, configuração de, 102, 138
ganho, técnica de aplainamento hidrólise por chama, 85
de, 317, 367 hipercubo, arquitetura, 273
ganho, tempo de recuperação de, 665 histerese, 625
gaussiana, distribuição, 45, 562, 580 holográfica, técnica, 110
gaussiana, estatística, 182, 195, 209, 353 homódina, detecção, 191, 462, 551, 559
gaussiano, processo aleatório, 124, 126, 552,
559 I
gaussiano, pulso, Veja pulso idler, onda, 613, 614, 638, 640
Gordon-Haus, incerteza de, Veja temporal, impacto, ionização de, 165, 187
incerteza impulso, resposta ao, 66
granular, padrão, 241 inclinação, eficiência de, 119, 144
Gray, código, 548, 564 índice, líquido de casamento de, 142, 245
grupo, descasamento de velocidade índice gradual, fibra de, Veja fibras
de, 609, 649 indisponibilidade, probabilidade de, 457
grupo, dispersão de velocidade de, injeção, travamento de, 130
Veja dispersão integrados, circuitos
grupo, retardo de, 432, 434, 436, 449 fotônicos, 146, 658
diferencial, 457 optoeletrônicos, 146, 178, 296, 572
espectro de, 427 interdigital, eletrodo, 172
706 Índice Remissivo

interface, espalhamento, 104 lambertiana, fonte, 136, 140


interfacial, gel polimerizador, 87 Langevin, ruído, 123, 353
interferência, 300-317 largura de linha, fator de aumento de, 120,
elétrica, 132 126, 621
fora da banda, 300-303 laser, largura de linha, 568
induzida por Brillouin, 308 laser, limiar de, 103
induzida por EDFA, 366 LED, 135-141
induzida por filtro, 300-303 com emissão pela borda, 140
induzida por FWM, 82, 312-314, 334 com emissão pela superfície, 138, 141
induzida por Raman, 78, 305-308, 330 confiabilidade de, 147
induzida por roteador, 303-304 de Burrus, 138
induzida por XPM, 81, 310-312, 330 de cavidade ressonante, 141
linear, 300-304 dependência em relação
na banda, 303-304 à temperatura, 137
não linear, 305-314 eficiência de acoplamento para, 142
penalidade por, 302, 304 largura de banda de, 138
por comprimentos de ondas entro resposta de modulação de, 137
da banda, 300, 303 lente, acoplamento por, 141, 143
por comprimentos de ondas fora lento, eixo, 44, 610, 649
da banda, 300 liga-desliga, chaveamento, 17, 470, 545, 653
interferômetro limiar, condição de, 104
de Fabry-Perot, 245, 248, 277, 316, 434 limiar, corrente de, 116, 118
de Gires-Tournois, 434 LiNbO3, tecnologia, 445
de Mach-Zehnder, 130, 280, 287, 290, livre, faixa espectral, 104, 277
321, 341, 437, 549, 555, 631, 646, livres, efeitos de portadores, 617
652, 669, 674 local, oscilador, 190-194, 546, 551, 554, 566
de Michelson, 281, 316 largura de linha de, 568
de retardo óptico, 555, 557, 675 ruído de intensidade de, 566
de Sagnac, 281, 321, 606-611, 633, local, rede de área, Veja redes
646, 674 lógicas, portas, 611
intermediária, frequência, 191, 462, Lorentziano, espectro, 75, 126
551, 552 luz, diodos emissores de, Veja LED
intermodulação, distorção de, 326 luz, modulador espacial de, 338
Internet, 87, 222
Internet, protocolo de, 324 M
inverso, método do espalhamento, 495, 498 Mach-Zehnder, interferômetro de,
invertida, soldagem, 181, 631 Veja interferômetro
ionização, razão entre coeficientes de, 167, mapa, intensidade de, 509
189, 200 mapa, período de, 312, 488, 508
Marcum Q, função, 562, 564
J markoviana, aproximação, 124, 353
Johnson, ruído, 183 material, dispersão, Veja dispersão
junção, aquecimento de, 119 Maxwell, equações de, 35
MEMS, tecnologia, 115, 436
K metropolitana, rede de área, Veja redes
Kerr, efeito, 630, 642 Michelson, interferômetro de, Veja
Kerr, obturador de, 636, 651, 663 interferômetro
micro-ondas, comunicação por, 2, 324,
L 548, 551
lacunas, depleção espacial de, 120, 630 micro-ondas, subportadoras de, 325, 331
lacunas, depleção espectral de, 120 microanel, ressoador em, 338
Índice Remissivo 707

microdisco, laser, 633 NRZ-DPSK, 253


microfita, linha de, 462 OOK, 17
microlente, 286 PSK, 17, 546-551
Mie, espalhamento, 71 QAM, 329, 591
MLSE, equalizador, 470 QPSK, 329, 546, 550, 564
modal, área efetiva, 46, 75, 418, 617, 636 sem retorno a zero, Veja NRZ, formato
modal, conversor de diâmetro, 107, 143 modulação, instabilidade de, 233, 391, 636
modal, índice, 41, 43, 286 amplificação de ruído por, 391
modal, ruído, 241 largura de banda de ganho de, 392
modal, ruído de partição, 125, 206, modulador
241-244 de amplitude, 464, 514, 549
modo de eletroabsorção, 131, 464, 644, 669,
conversor, 420-421 671-672
de fibra, Veja fibra, modos de de fase, 130, 337, 338, 514, 535, 549,
fundamental, 418 582, 668
laser a fibra com travamento de, 299, 322 de frequência, 310
longitudinal, 104, 108, 241, 241, 434 de intensidade, 130
razão de supressão de, 108, 109, 248 em múltiplos poços quânticos, 134
temporal, 498 em quadratura, 550
transversal, 631 externo, 131, 411, 549
vibracional, 89 função de transferência de, 550
modos acoplados, equação de, 422, 427, 430 LiNb03, 131, 514, 549
modulação Mach-Zehnder, 319, 464, 468, 549
automodulação de fase, 78 modulador de fase, 309
de fase cruzada, 80 push-pull, 550
de grande sinal, 128 momentos, método dos, 394, 488, 521
de pequeno sinal, 120 Morse, código, 2
direta, 120, 128 multimodo, acoplador por interferência de,
em amplitude, 17, 120, 130 631, 665
em amplitude em quadratura, 548 multiplexação
em código de pulso, 12 coerente, 341
em duração de pulso, 12 em subportadora, 324-331, 593
em fase, 17, 120, 130, 464, 549 no domínio elétrico, 13
em fase não linear, 78 por divisão em código, 334-342
em frequência, 17, 465 por divisão em comprimento de onda,
em posição de pulso, 12 265-300
externa, 130 por divisão em frequência, 13
senoidal, 120, 138 por divisão em frequências ortogonais,
síncrona, 514, 521 331, 593
modulação, formato de, 15-18, 546-551 por divisão em polarização, 548, 589,
AM-VSB, 325, 326 593
ASK, 17 por divisão no tempo, 13, 317-324, 453
BPSK, 546 multiplexador
com retorno a zero, Veja RZ, formato de adição-extração, 289-292
CRZ, 17, 493 TDM, 317
CSRZ, 253, 535, 537, 653 WDM, Veja demultiplexador
DBPSK, 557, 587
DPSK, 546 N
DQPSK, 556, 564, 589 não linear, anel óptico refletivo, 321, 517,
duobinário, 429, 467 606-611, 633, 663
FSK, 17, 328, 465, 554 não linear, comprimento, 493, 517, 614, 659
708 Índice Remissivo

não linear, despolarização, 549 de longas distâncias, 232-240, 351,


não linear, equação de Schrödinger, 81, 386-387, 529-538
233, 400, 484, 494-498, 577, 587 de ultralongas distâncias, 405
não linear, parâmetro, 78, 310, 418, 443, DQPSK, 589
485, 523, 624, 642, 661 efeitos de SPM em, 483-494
não linear, rotação de polarização, 636 evolução de, 5-9
não linear, ruído de fase, 577-586 formato QAM, 591
compensação de, 582 formatos de modulação para, 546-551
impacto da dispersão, 581 história de, 1-5
induzido por SPM, 577 limitados por dispersão, 61-64, 226,
induzido por XPM, 581 411-414
variância de, 580 limitados por não linearidade, 399
não lineares, efeitos limitados por perda, 223-226
controle de, 529-538 OFDM, 593
de segunda ordem, 445 ponto a ponto, 217-219
de terceira ordem, 72-82, 620 projeto de, 223-232, 484-494
entre canais, 305-314, 494 pseudolineares, 494, 517-538
impacto de, 483-538, 576-586 submarinos, 351, 381
induzidos por amplificador, 391-398 subportadora, 324-331
induzidos por DCF, 486-487 TDM, Veja TDM, sistemas
intracanal, 322, 518 terrestres, 235-237, 381, 405, 418
não radiativa, recombinação, 99 transoceânicos, 146, 237-240
neural, rede, 469 WDM, Veja WDM, sistemas
NRZ para RZ, conversão, 655 óptica, biestabilidade, Veja biestabilidade
NRZ, formato, 15, 177, 178, 230, 232, 252, óptica, conjugação de fase, Veja fase,
310, 319, 458, 485, 486-487, 653 conjugação de
núcleo-casca, interface, 30, 33, 71 óptica, realimentação, Veja realimentação
numérica, abertura, 31, 87, 136, 140, 141 óptica, sistemas de comunicação, Veja ondas
Nyquist, ruído de, 183 luminosas, sistemas de
ópticas, fibras, Veja fibras
O ópticas, redes, Veja redes
OFDM, Veja multiplexação óptico, circulador, 281, 445
olho, abertura de, 253, 468, 533 óptico, detector, Veja fotodetectores
olho, diagrama de, 178, 210, 252, 400, 462, óptico, enlace de dados, 217, 241
585, 634 óptico, filtro, Veja filtro
olho, fechamento de, 302, 470, 575 óptico, fônons, 370
ondas luminosas, sistemas de óptico, interferência de batimento, 330
abordagem numérica para, 400 óptico, isolador, 143, 244, 248, 673
arquiteturas de, 217 óptico, receptor, Veja receptor
autocoerentes, 545-598 óptico, relógio, 321, 648, 655, 669
avançados, 545-598 óptico, transmissor, Veja transmissor
baseados em sólitons, 661 ópticos, amplificadores, Veja amplificadores
coerentes, Veja coerentes, sistemas optoeletrônica, integração, 146, 178
com amplificação periódica, 399 optoeletrônico, repetidor, 218
com gerenciamento de dispersão, optogalvânico, efeito, 316
483-494 ortoconjugado, espelho, 445
com gerenciamento de perdas, 354-357
componentes de, 21-24 P
DBPSK, 587 p-n, junção, 101, 159
de alta capacidade, 266 pacotes, chaveamento de, 271, 273, 324, 657
de alta velocidade, 448-460 paramétrico, amplificador, Veja amplificador
Índice Remissivo 709

paraxial, aproximação, 34 portadora, múltiplo acesso por detecção


passivo, laço fotônico, 275 de, 222
passo alternado, método de Fourier de, portadora, não linearidade induzida por, 620
400, 474 potência, balanço de, 227-228, 328
perda potência, eficiência de, 119, 136
compensação de, 351-357 potência, penalidade de
de canal, 227 detecção heteródina, 192
de fibra, 67-72, 223, 351, 442, 537 fechamento do olho, 252, 533
de inserção, 220, 296, 429, 434, 445 fontes de, 240-252
de microcurvatura, 90 incerteza temporal, 208
dependente de modo, 241 induzida por chirp, 250
dependente de polarização, 56, 235 induzida por dispersão, 249, 575
distribuição de, 223 induzida por filtro, 302
em cavidade, 104, 116 induzida por FWM, 312
em conectores, 90, 227 induzida por PMD, 575
em DCF, 418, 419 induzida por Raman, 307
em emenda, 90, 227 induzida por realimentação, 245
induzida por filtro, 659 induzida por RIN, 205, 566
interna, 104, 279 induzida por roteador, 304
por acoplamento, 288, 465 induzida por ruído de fase, 568
por curvaturas, 71 induzida por XPM, 311
perda, gerenciamento de, 484, 498-503 razão de extinção, 202
periódica, polarização, 445, 643 ruído de fase, 569
piezoelétrico, transdutor, 448 ruído de intensidade, 205
pigtail, 141 ruído de partição modal, 241-244
planar, circuito de onda luminosa, 181, 281, ruído modal, 241
287, 296, 319, 437, 453 pré-chirp, técnica de, 462-465
plástica, fibra óptica, Veja fibras pré-forma, 85, 87
PMD, compensador de, 459 pseudoaleatório, padrão de bits, 128, 400,
PMD, parâmetro de, 54, 458 486-487, 527, 617, 639
PMD, Veja dispersão pulso
alargamento de pulso induzido por, 54 com chirp, 57, 489
compensação de, 235, 456-460 de relógio, 652, 668, 670
de primeira ordem, 54, 460 fantasma, Veja fantasma, pulso
de segunda ordem, 56, 460 gaussiano, 57, 60, 249, 465, 489,
Poisson, estatística de, 182, 200 498, 505
polarização, dispersão do modo de, secante hiperbólica, 505
Veja PMD sombra, 519
polarização, diversidade de, 549, 572 supergaussiano, 64, 463
polarização, embaralhamento de, 270, ultracurto, 299
571, 652 pulso, alargamento de, 249, 411, 484
polarização, filtragem de, 573 fórmula geral para, 584
polarização, intercalação de bits por, induzido pela fonte, 61
536-538 induzido por GVD, 60
ponto a ponto, enlaces, 217-219 induzido por PMD, 54
WDM, 267-270 pulso, modulação por código de,
população, fator de inversão de, 363 Veja modulação
população, inversão de, 102, 366
portador, tempo de vida de, 100, 116, 119, Q
619-621, 642 Q, fator, 196-209, 241, 255, 387-391, 402,
portadora-ruído, relação, 326 534, 558
710 Índice Remissivo

quântica, eficiência, 558 balanceado, 552, 554, 556, 566


de fotodetector, 156 componentes de, 23
diferencial, 119 configuração de, 174
externa, 119, 135, 172 demodulação por retardo, 564
interna, 100, 119, 135 desempenho de, 209-211
total, 119, 136 detecção coerente, 472
quântico, limite, 200, 209 detecção direta, 469
quântico, poço, 114, 132, 141 digital coerente, 572, 592
com modulação de dopagem, 130 diversidade de fase, 570, 592
múltiplos, 119, 126 diversidade de polarização, 572
tensionado, 120 DQPSK, 557
quântico, ponto, 130 empacotamento de, 181
quatro ondas, mistura de, 82, 312-314, 391, front end de, 174
412, 443, 517, 571, 611-617, 638, heteródino, 551, 552, 560
644, 663 homódino, 558, 559, 566, 569
eficiência de, 312, 445 integrado, 178
intracanal, 519, 525 ruído em, 182-189
não degenerado, 445 sensibilidade de, 194-211
químico, deposição de vapor, 85 WDM, 296
receptor, ruído de, Veja ruído
R receptor, sensibilidade de, 194-211,
Raman, amplificação, 305, 356, 372 240-252, 387, 389, 558-576
com múltiplas bombas, 374 recirculante, anel, 235, 399, 486-487, 503,
de banda larga, 374 510, 531, 669, 673
distribuída, 378 recorte, ruído de, 329
Raman, amplificador, Veja amplificador rede, protocolo de
Raman, deslocamento, 76, 377 ATM, 271
Raman, espalhamento, 72, 305-308, 577 CSMA, 222
espontâneo, 76, 376, 377 Ethernet, 222
estimulado, 76, 352, 355, 370, 517 TCP/IP, 271
Raman, ganho, 77, 305, 370, 404, 636, 674 rede, topologia de, 221, 222
Raman, interferência, Veja interferência redes
rápido, eixo, 44, 610, 649 CATV, 219, 324-329
Rayleigh, distribuição de, 562 de acesso, 273
Rayleigh, espalhamento, 71 de área local, 137, 141, 221, 271
realimentação de área metropolitana, 271
cavidade de, 103 de difusão, 219, 271
distribuída, 108, 411, 626 de distribuição, 219, 271
elétrica, 316 de grande área, 271
em laço duplo, 144 de múltiplos saltos, 272
negativa, 175 em malha, 271
óptica, 110, 143, 181, 244, 626 estrela ativa, 222
por reflexão, 244, 328 estrela passiva, 223
realimentação distribuída, lasers com, 108 laço local, 273
acoplados por ganho, 109, 296 metropolitana, 221
com deslocamento de fase, 109 totalmente ópticas, 273
de múltiplas seções, 112 WDM, Veja WDM, redes
saturação da largura de linha em, 126 refração, índice de
receptor efetivo, 629
APD, 186 mudança induzida por portadores, 120
assíncrono, 572 periódico, 422
Índice Remissivo 711

regenerador, 352 de disparo, 123, 182, 193, 384


2R, 658-667 de emissão espontânea, 363
3R, 667-673 de fase, 125-128, 248, 568-570, 674, 675
baseado em fibra, 658-665 de fase não linear, 577-586
baseado em FWM, 663 de intensidade, 123-125, 204, 245, 392,
baseado em SOA, 665-667 554, 565-566, 674
baseado em SPM, 658-662 de laser, 123-128
baseado em XPM, 663 de partição modal, 125, 241-244
de sinal DPSK, 673 de quantização, 12
de sóliton, 661 de receptor, 182-189, 194, 552, 566
optoeletrônico, 218, 232 filtrado, 552
totalmente óptico, 658-676 gaussiano, 387, 552, 596
rejeição, banda de, 287, 422-425, 429, 449, não gaussiano, 390
627-628, 629 térmico, 193, 198, 384, 385, 387
relativa, ruído de intensidade, 124, 392 ruído, fator de excesso de, 187
relaxação, oscilações de, 121, 124, 126 ruído, figura de, 184, 363, 365, 384, 485
relógio, circuito de, 552 de cadeia de amplificadores, 385
relógio, recuperação de, 177, 195, 206 efetiva, 378
repetidores, espaçamento entre, 219, 402, RZ para NRZ, conversão, 655
412 RZ, formato, 15, 178, 230, 232, 252, 312,
responsividade, 556 319, 458, 485, 486-487, 538, 653
de APD, 167, 187 com portadora suprimida, 534
de fotodetector, 156 inversão alternada de marca, 534
de LED, 136
ressoador S
de Fabry-Perot, 104, 624 Sagnac, interferômetro, Veja interferômetro
em anel, 439, 624, 625 Sagnac, laço de, 606-611, 624, 674
retardo, técnica de, 317 saturação
Rice, distribuição de, 562 de ganho, 614, 619, 622, 630, 631
RIN, 204, 245, 326, 566 de absorção cruzada, 644
induzido por dispersão, 328 de ganho cruzado, 644, 647, 656, 667
induzido por realimentação, 245 saturação, energia de, 362, 621
induzido por reflexão, 328 saturação, velocidade de, 159
roteador saturável, absorvedor, 517, 626, 665,
em grade de difração em guia 669, 674
de onda, 294 SBS, Veja Brillouin, espalhamento
estático, 294 Schottky, barreira, 172
totalmente óptico, 657 Sellmeier, equação de, 48
WDM, 294 semicondutor, amplificador óptico de, 609
ruído demultiplexação com, 652
1/f, 128 efeitos não lineares em, 619-624
amplificação de, 391 filtros baseados em, 284
branco, 182, 183, 363 flip-flop, 627-628
de amplificador, 233, 363, 434, 573, saturação de ganho em, 619
577, 585 semicondutor, lasers de
de amplificador elétrico, 184 acoplados, 630
de amplificador Raman, 377 autopulsantes, 671-672
de amplitude, 379-382 biestabilidade em, 626
de ASE, 386-387, 391, 394, 400, 404, bombeamento de EDFA por, 357
419 características de, 116-119
de batimento, 341 com emissão pela superfície, 114
712 Índice Remissivo

semicondutor, lasers de (cont.) digital, 10-13, 328, 591


com guiamento por índice, 105 duobinário, 467
com travamento de modo, 622, 671-672 espectralmente codificado, 340
confiabilidade de, 146 FSK, 467
de cavidades acopladas, 110 heteródino, 193, 554
de grande área, 105 homódino, 191
de heteroestrutura enterrada, 107 interferência, 303
de múltiplas seções, 284 invertido no tempo, 443
de múltiplos poços quânticos, 119 OFDM, 593
de ponto quântico, 671-672 OTDM, 648, 653
DFB, 627-628, veja distribuída, lasers WDM, 286, 289, 294, 295, 307, 324,
de realimentação 366, 429, 439
eficiência de acoplamento para, 142 sinal-ruído, relação, 11, 124, 184-188, 193,
empacotamento de, 147 311, 353, 363, 379, 484
estabilidade de frequência, 316 elétrica, 383-387
estruturas para, 105 óptica, 379-382, 390
flip-flop, 627-628 síncrona, hierarquia digital, 14, 236, 273
ganho em, 100 síncrona, rede óptica, Veja SONET
integrados com modulador, 131 síncrono, módulo de transporte, 15
largura de linha de, 125 sistema, margem de, 227, 257
limiar de, 103 sistema, projeto de, Veja ondas luminosas,
modos longitudinais de, 104 sistemas de
resposta de modulação de, 120-121 SNR, Veja sinal-ruído, relação
ruído de intensidade de, 566 sóliton
ruído em, 123-128 amplificação periódica de, 498-503
sensibilidade à realimentação, 143, 245 claro, 498
sensibilidade à temperatura de, 116 com gerenciamento de dispersão, 504-511
sintonizáveis, 112 com gerenciamento de perdas, 498–503
SNR de, 124 de ordem superior, 495
sílica sobre silício, tecnologia de, 281, 288, fundamental, 495
290, 293, 295, 297, 319, 438 médio em percurso, 499
silício, bancada óptica de, 143 ordem de, 495
silício, guia de onda de, Veja guia de onda propriedades de, 494-498
silício sobre isolante, tecnologia de, sóliton, período de, 495
293, 633 solitônicos, sistemas
símbolos, interferência entre, 125, 176, controle de incerteza temporal em,
249, 334 513-517
símbolos, taxa de, 548, 557, 587, 589, 592 espaçamento entre amplificadores para,
sinal 498-503
analógico, 109-13, 325-328, 591 gerenciamento de dispersão para,
binário, 10 503-511
codificado em fase, 549 incerteza temporal em, 511-517
conjugado em fase, 440, 443, 445 SONET, 14, 236, 254
CSRZ, 537 SRS, Veja Raman, espalhamento
DBPSK, 563 Stark, separação de, 360
de áudio, 10, 13, 219 Stokes, deslocamento de, 72
de micro-ondas, 324, 462, 552 subida, balanço de tempo de, 228-232
de múltiplos canais, 277 subida, tempo de, 157, 228-232
de relógio, 319, 552 subportadora, multiplexação em,
de vídeo, 10, 13, 219, 324 Veja multiplexação
de vídeo com qualidade de estúdio, 328 supercontínuo, 299, 322
Índice Remissivo 713

superficial, recombinação, 99 circuitos de excitação de, 144


suscetibilidade, 36 componentes de, 22
de segunda ordem, 642 confiabilidade de, 146
de terceira ordem, 643 empacotamento de, 146
sustentação, feixe de, 626, 629 monolíticos, 146
OEIC, 146
T pré-chirp em, 462
taxa de bits-distância, produto, 3, 33, 34, 54, realimentação óptica em, 143
65, 219, 226, 243, 268, 322, 513 WDM, 296
taxa, equação de, 116, 123, 360 três ondas, mistura de, 642
TCP/IP, protocolo, 324 triplo batimento, distorção de, 326
TDM, sistemas, 317-324
demultiplexador para, 319-321 U
desempenho de, 322 UIT, grade de comprimentos de onda, 268
multiplexador para, 317 ultrapassagem, efeito de, 311, 609, 610,
telecomunicações, enlaces de fibra de, 636, 655
235-240
tempo, multiplexação no domínio do, V
648-653 V, parâmetro, 41, 418, 419
tempo, multiplexação por divisão no, Veja vapor, deposição axial de, 85
multiplexação variacional, método, 489, 505, 521
temporal, incerteza, 311, 511-517, 533, 667 vernier, efeito, 113
controle de, 513-517 vestigial, banda lateral, 325
de Gordon-Haus, 394, 511 Viterbi, algoritmo de, 470
elétrica, 206-209
induzida por ASE, 394, 398 W
induzida por XPM, 521, 532 WDM, componentes para, 275-300
no receptor, 206-209 WDM, redes
terceira ordem, dispersão, 639, veja dispersão de Banyan, 273
térmico, ruído, Veja ruído de deBruijn, 273
termoelétrico, resfriador, 118, 144, 147 de difusão, 271-273
terra rara, elementos, 357 de distribuição, 271-273
total, reflexão interna, 30, 33, 71, 135 de embaralhamento, 273
transferência, função de de múltiplo acesso, 273-275
da fibra, 66, 414, 460 de múltiplos saltos, 273
de canal linear, 177 de transporte, 271
de circuito RC, 230 Lambdanet, 274
de filtro, 434, 462, 659 roteador para, 294
de grade de difração, 423, 431 totalmente ópticas, 271
de laser de semicondutor, 121 WDM, sistemas, 265-275, 314, 352
de LED, 138 com gerenciamento de dispersão,
de Mach-Zehnder, 437, 438 448-460
de modulador, 550 com multiplexação em subportadora, 329
de potência, 663, 668, 673 componentes para, 275, 300
transistor DCF para, 416
de alta mobilidade eletrônica, 180 densos, 356, 377
de efeito de campo, 180 eficiência espectral de, 268
de heterojunção bipolar, 180, 300 enlaces ponto a ponto, 266-270
trânsito, tempo de, 158, 162, 167 esparsos, 370
transmissor, 141-148 interferência em, 300-317
acoplamento fonte-fibra em, 141 Wiener-Khinchin, teorema de, 182
714 Índice Remissivo

X Z
XPM, deslocamento de comprimento zero, comprimento de onda de dispersão,
de onda induzido por, 668 50, 62, 64, 67, 226, 314, 395, 399,
XPM, deslocamento de fase induzido por, 402, 412, 415, 444, 610, 614, 616,
veja fase, deslocamento de XPM, 617, 634, 635, 663
comutação induzida por, comutação

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