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MÁRIO SERAFIM NUNES

AUGUSTO JÚLIO CASACA

REDES DIGITAIS
COM
INTEGRAÇÃO DE SERVIÇOS

Resumo para RAMS

PREFÁCIO .........................................................................................................................................................................................4
1. INTRODUÇÃO .............................................................................................................................................................................5
1. INTRODUÇÃO .............................................................................................................................................................................5
1.1 Evolução das redes públicas de telecomunicações ...........................................................................................................5
1.2. Definição e aspectos gerais da RDIS ..................................................................................................................................8
1.3. Princípios básicos da RDIS.................................................................................................................................................10
1.4 - Recomendações da Série-I do ITU-T ...............................................................................................................................11
2. ARQUITECTURA DA RDIS .................................................................................................................................................... 12
2.1. Configuração de referência .................................................................................................................................................12
TE1 - Equipamento Terminal 1 (Terminal Equipment 1)....................................................................................................13
TE2 - Equipamento Terminal 2 (Terminal Equipment 2)....................................................................................................13
TA - Adaptador de Terminal (Terminal Adaptor).............................................................................................................13
NT2 - Terminação de Rede 2 (Network Termination 2).....................................................................................................13
NT1 - Terminação de Rede 1 (Network Termination 1).....................................................................................................13

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LT - Terminação de Linha (Line Termination)....................................................................................................................14
ET - Terminação de Central (Exchange Termination)........................................................................................................14
R - Interface entre TE2 e TA .................................................................................................................................................14
S - Interface normalizada entre equipamento terminal e NT2...........................................................................................14
T - Interface normalizada de acesso à rede pública...........................................................................................................14
U - Interface de linha de assinante.......................................................................................................................................14
V - Interface de acesso ao comutador local........................................................................................................................14
2.2. Interfaces de acesso do utilizador .....................................................................................................................................15
2.3. Modelo de protocolos da RDIS .........................................................................................................................................16
1 - Camada Física ....................................................................................................................................................................16
2 - Camada de Ligação de Dados .........................................................................................................................................16
3 - Camada Rede......................................................................................................................................................................16
4 - Camada Transporte ...........................................................................................................................................................16
5 - Camada Sessão..................................................................................................................................................................16
6 - Apresentação.....................................................................................................................................................................17
7 - Aplicação............................................................................................................................................................................17
3. SERVIÇOS NA RDIS ............................................................................................................................................................... 20
3.1. Serviços de suporte.............................................................................................................................................................20
3.1.1. Classificação dos serviços de suporte......................................................................................................................20
3.1.2. Categorias de serviços de suporte em modo circuito.............................................................................................24
3.1.3. Categorias de serviços de suporte em modo pacote...............................................................................................25
3.2. Teleserviços..........................................................................................................................................................................26
3.3. Serviços suplementares.......................................................................................................................................................27
4. INTERFACES FÍSICAS UTILIZADOR-REDE..................................................................................................................... 29
4.1. Interface de acesso básico..................................................................................................................................................29
4.1.1. Configurações físicas de terminais ............................................................................................................................29
4.1.2. Ligações funcionais .....................................................................................................................................................30
4.1.3. Alimentação dos terminais ..........................................................................................................................................31
4.2. Codificação e estrutura da trama física.............................................................................................................................31
4.3. Activação e desactivação da interface S0........................................................................................................................34
4.4. Controlo de acesso ao canal D...........................................................................................................................................35
4.5. Interface U de transmissão .................................................................................................................................................39
4.5.1 Tecnologia TCM............................................................................................................................................................40
4.5.2 Tecnologia de Cancelamento de Eco..........................................................................................................................41
4.5.3 Códigos de linha na interface U ..................................................................................................................................41
4.6 Interface de acesso primário ...............................................................................................................................................44
5. PROTOCOLO DE NIVEL 2 DA INTERFACE UTILIZADOR-REDE............................................................................... 46

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5.1. Funções do LAPD................................................................................................................................................................46
5.2. Estrutura das tramas LAPD................................................................................................................................................46
5.3. Comandos e respostas de LAPD.......................................................................................................................................49
5.4. Gestão do identificador de terminal TEI Estão actualmente definidos pelo ITU-T os seguintes valores de TEI:.53
5.4.1. Procedimento de atribuição de TEI ............................................................................................................................54
5.4.2. Procedimento de teste de TEI .....................................................................................................................................55
5.4.3. Procedimento de remoção de TEI...............................................................................................................................55
5.4.4. Procedimento de verificação de identidade de TEI .................................................................................................55
5.5. Primitivas de comunicação em RDIS .................................................................................................................................56
5.5.1. Primitivas de comunicação entre as camadas 3 e 2 (L3 ? ? L2)..........................................................................57
5.5.2. Primitivas de comunicação entre as camadas 2 e 1 (L2 ? ? L1)..........................................................................58
5.5.3. Primitivas de comunicação entre o plano de gestão e a camada 2 (M ?? L2) ................................................58
5.5.4. Primitivas de comunicação entre o plano de gestão e a camada 1 (M ?? L1) ................................................60
5.6. Estados da ligação lógica....................................................................................................................................................61
6. PROTOCOLO DE NÍVEL 3 NA INTERFACE UTILIZADOR-REDE............................................................................... 63
6.1. Aspectos gerais ....................................................................................................................................................................63
6.2. Estrutura das mensagens de sinalização de RDIS...........................................................................................................64
6.3. Estrutura dos elementos de informação............................................................................................................................68
6.3.1. Elementos de informação de um octeto.....................................................................................................................70
6.3.2. Elementos de informação de comprimento variável................................................................................................71
6.4. Mensagens de sinalização RDIS........................................................................................................................................76
6.4.1. Mensagens de estabelecimento de chamadas .........................................................................................................76
6.4.2. Mensagens da fase de transferência de informação...............................................................................................78
6.4.3. Mensagens de desligamento de chamadas ..............................................................................................................79
6.4.4. Mensagens diversas ....................................................................................................................................................79
6.5. Diagrama de estados das chamadas..................................................................................................................................80
GLOSSÁRIO.................................................................................................................................................................................. 90
BIBLIOGRAFIA............................................................................................................................................................................. 95

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PREFÁCIO

A introdução da tecnologia digital aos níveis de transmissão e comutação implica que se esteja a assistir a uma
evolução para uma rede pública de telecomunicações completamente digitalizada, capaz de integrar os diferentes
serviços presentemente oferecidos em redes independentes pelas empresas operadoras de telecomunicações. Esta
rede, que se designa por Rede Digital com Integração de Serviços (RDIS), possibilitará a comunicação de voz, dados,
texto e imagem numa única rede, sendo o acesso do utilizador à RDIS feito através de uma interface digital
normalizada. A RDIS está em fase de realização num vasto número de países, estando a sua exploração comercial já a
ser feita por exemplo, nos Estados Unidos, França, Reino Unido e Alemanha. A RDIS é também uma realidade em
Portugal a partir de 1992, com o aparecimento de uma rede piloto, seguindo-se a exploração comercial a partir de 1993.
Este livro destina-se a todos aqueles que de algum modo venham a estar ligados a actividades no domínio da RDIS,
quer como quadros técnicos de telecomunicações, como fornecedores de serviços ou como utilizadores da rede. O
livro pretende também contribuir para a formação dos actuais estudantes de Engenharia de Telecomunicações e
Computadores, dando-lhes uma perspectiva concreta da evolução actual para uma rede integrada de
telecomunicações.
O livro consiste de 11 capítulos. O primeiro capítulo situa a RDIS na evolução das redes de telecomunicações,
apresenta os seus princípios básicos e faz uma abordagem geral das recomendações do ITU-T que definem a RDIS.
No capítulo 2 define-se a arquitectura da RDIS enquanto que no capítulo 3 se apresentam todos os serviços que
foram definidos para serem suportados pela RDIS. Os capítulos 4 a 6 incidem sobre um dos aspectos fundamentais
para a definição da RDIS : os protocolos de acesso à rede no interface utilizador-rede. A RDIS é definida só para os
três primeiros níveis do modelo OSI. O capítulo 4 trata de aspectos ligados com o nível físico, o capítulo 5 do
protocolo de ligação de dados associado com o nível 2 e o capítulo 6 do protocolo de sinalização no nível 3.
A necessidade de interfuncionamento da RDIS com equipamento já existente e que possui outros protocolos de
comunicação levou a que o ITU-T produzisse uma série de recomendações que estipulam como se deve processar o
interfuncionamento da RDIS com X.21, X.25 e interfaces da série V. O objectivo do capítulo 7 é a análise dessas
recomendações. O capítulo 8 introduz aspectos referentes ao oferecimento pela RDIS de serviços em modo trama,
enquanto que o capítulo 9 faz uma introdução ao Sistema de Sinalização Nº7, que é o sistema de sinalização utilizado
para a comunicação entre centrais na RDIS.
O sucesso da RDIS está muito dependente do aparecimento no mercado de terminais e comutadores privados
compatíveis com os protocolos RDIS. A estrutura deste tipo de equipamentos e uma perspectiva da sua
disponibilidade é dada no capítulo 10. O capítulo 11 analisa modelos de referência e cenários para a implementação de
redes do tipo RDIS no domínio privado.

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1. INTRODUÇÃO

1.1 Evolução das redes públicas de telecomunicações

As redes públicas de telecomunicações sofreram várias e profundas transformações tecnológicas ao longo do seu
pouco mais de um século de existência.
Paralelamente ao aumento da sua área geográfica e de número de utilizadores, as redes de telecomunicações foram-se
diversificando, tendo sido criadas várias redes especializadas à medida que iam aparecendo novos serviços.
Podemos considerar na evolução tecnológica das redes públicas de telecomunicações cinco etapas fundamentais,
tomando como base a rede telefónica por ser até aos dias de hoje a rede dominante em dimensão e número de
utilizadores:
- Rede analógica
- Rede com transmissão digital e comutação analógica
- Rede digital integrada (RDI)
- Rede digital com integração de serviços (RDIS)
- RDIS de banda larga (RDIS-BL).
Analisamos em seguida, resumidamente, as características fundamentais de cada uma das etapas acima referidas.

i) Rede analógica
Na primeira fase do seu desenvolvimento as redes de telecomunicações são caracterizadas por utilizarem tecnologia
totalmente analógica, quer no sistema de comutação quer no de transmissão.
Nesta fase o serviço essencial é o telefónico, de comutação de voz, existindo no entanto paralelamente também
comutação de texto através da rede de telex e posteriormente também transmissão de dados através da própria rede
telefónica comutada, utilizando modems.

ii) Rede com transmissão digital e comutação analógica


Numa segunda fase de desenvolvimento é introduzida a transmissão digital nas redes telefónicas, continuando
contudo a comutação a ser ainda analógica.
O sistema mais utilizado na transmissão digital é designado por hierarquia de transmissão digital, vulgarmente
conhecido como sistema de transmissão PCM (Pulse Code Modulation), actualmente normalizado pelo ITU-T em duas
versões, a europeia e a norte-americana.
Há importantes vantagens na transmissão digital, de que se destacam em especial:
- Eliminação quase total do ruído de transmissão resultante da tolerância ao ruído da codificação digital e da
introdução de regeneradores ao longo da linha.
- Recuperação do sinal analógico sem atenuação devido à digitalização.
- Melhor adequação para sinalização por canal comum devido ao aumento de capacidade do canal, maior
versatilidade da sua utilização e possibilidade de detecção e controlo de erros.
Paralelamente a transmissão de dados beneficia também dos avanços tecnológicos, dando origem ao aparecimento
das primeiras redes de comutação de dados autónomas, primeiro com comutação de circuitos e posteriormente com
comutação de pacotes, de que o protocolo X.25 é uma referência fundamental.

iii) Rede digital integrada (RDI)

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Numa terceira fase da evolução das redes telefónicas a comutação e a transmissão são totalmente digitais,
estabelecendo-se a chamada Rede Digital Integrada (RDI).
Há apreciáveis vantagens da integração da comutação e da transmissão digitais, quer do ponto de vista técnico
devido à uniformização da tecnologia digital utilizada, quer do ponto de vista económico, resultante da diminuição de
complexidade das interfaces entre os dois sistemas e da utilização de tecnologia actualmente de mais baixo custo.
Nesta fase os factores mais importantes de caracterização das modernas redes de telecomunicações são os seguintes:
- Transmissão digital PCM
- Comutação digital
- Controlo das centrais de comutação por programa armazenado
- Sinalização por canal comum
- Linha de assinante analógica.

iv) Rede digital com integração de serviços (RDIS)


A quarta fase da evolução das redes telefónicas e de dados está actualmente a ser iniciada, sendo caracterizada pela
integração a médio prazo dos vários serviços actualmente dispersos em várias redes dedicadas, tais como as redes
telefónica, de telex e de dados numa única rede, denominada Rede Digital com Integração de Serviços (RDIS).
Uma característica fundamental da RDIS é a digitalização da linha do assinante, o que permite eliminar o último
obstáculo analógico ainda existente na rede digital integrada. Com a digitalização da rede de assinante, os utilizadores
passarão a ter acesso a canais digitais de ritmo muito superior aos permitidos pela rede analógica.
O ITU-T aprovou em finais de 1984 um conjunto de recomendações relativas à RDIS, as quais são referidas
desenvolvidamente mais adiante.

v) RDIS de banda larga


A quinta fase da evolução das redes de telecomunicações tem como característica fundamental a integração de todos
os serviços, incluindo aqueles que requerem um débito elevado, como video interactivo em tempo real e distribuição
de televisão de alta definição, que serão suportados numa RDIS dita de banda larga. Esta fase requer suportes de
transmissão e tecnologias de comutação bastante diferentes da fase anterior, devido fundamentalmente aos altos
ritmos necessários para os novos serviços, onde sem dúvida as tecnologias ópticas desempenharão um papel
importante, tanto na transmissão como na comutação.
A RDIS de banda larga está neste momento numa fase de investigação e desenvolvimento a nível mundial, estando
simultaneamente em normalização no ITU-T, o qual já aprovou um conjundo de recomendações preliminares nesta
área.
Na figura 1.1 é ilustrada graficamente a evolução das redes públicas de telecomunicações, em particular as quatro
primeiras fases atrás referidas.

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A) Rede Analógica
Transmissão
Comutação Comutação
Analógica Analógica Analógica

B) Rede Analógica com Transmissão Digital


Transmissão
Comutação A/D A/D Comutação
Analógica D/A Digital D/A Analógica

C) Rede Digital Integrada


Transmissão Transmissão
TE Comutação Comutação
Analógica Digital Digital Digital

D) Rede Digital com Integração de Serviços


Transmissão Transmissão
TE Comutação Comutação
Digital Digital Digital Digital

E) RDIS de Banda Larga

A/D-D/A - Conversão Analógica-Digital e Digital-Analógica


TE - Equipamento Terminal
Figura 1.1 - Fases de evolução das redes públicas de telecomunicações

Na figura 1.2 apresenta-se um diagrama ilustrativo da integração das várias redes e serviços existentes, em que se
constata numa primeira fase a integração das redes telefónica, de dados com comutação de circuitos e de pacotes e da
rede telex na RDIS de banda estreita e numa segunda fase a integração das redes anteriores juntamente com as redes
de televisão convencional, de televisão de alt a definição e redes de dados de alto débito na RDIS de banda larga.

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RDIS-BL
Rede RDIS
telefónica Redes de
TV e HDTV

Rede de dados
com comutação
Programas de
de circuitos
áudio de
alta qualidade
Rede de dados
com comutação
de pacotes
Transmissão
de dados de
Rede
alto débito
telex

Figura 1.2 - Integração de redes dedicadas na RDIS e RDIS-BL

Apresentam-se em seguida algumas datas significativas para situar historicamente a evolução tecnológica das redes
de telecomunicações, de voz, dados e com integração de serviços:
1847 - Invenção da telegrafia
1876 - Invenção do telefone
1878 - Primeira central de comutação manual
1892 - Primeira central electromecânica Strowger
1926 - Primeira central electromecânica Crossbar
1933 - Primeira rede de telex
1967 - Primeira central electrónica, ESS1
1969 - Primeira rede de dados de comutação de pacotes, ARPANET, EUA
1976 - Primeira recomendação X.25
1976 - Primeira central digital, ESS4
1984 - Primeiras recomendações RDIS
1988 - Primeira recomendação sobre RDIS de banda larga.

1.2. Definição e aspectos gerais da RDIS

A Rede Digital com Integração de Serviços, RDIS, (em inglês ISDN, Integrated Services Digital Network), é uma rede
baseada em transmissão e comutação digitais, sendo caracterizada pela integração do acesso dos utilizadores aos
diversos serviços e redes actualmente existentes através de interfaces normalizadas fisicamente suportadas numa
única linha digital.
O objectivo fundamental, a atingir a prazo razoável, é a criação de uma única rede de telecomunicações, uniformizada a
nível internacional, que permita a comutação dos vários serviços e tipos de informação.
A situação actual caracteriza-se pela existência de diversas redes de telecomunicações públicas independentes, com a
sua estrutura própria de transmissão e de comutação. Esta solução como se pode facilmente constatar não é a mais

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eficiente em termos de utilização de recursos e de meios técnicos e humanos, quer ao nível de operação quer ao nível
de exploração das redes. Assim, à medida que o número de serviços de telecomunicações aumenta com a tendência
para aumentar o número de redes diferentes, impunha-se uma tentativa de unificação das redes de telecomunicações
públicas, nomeadamente através de um único acesso do assinante.
A RDIS é a resposta no sentido de uma integração da maior parte dos serviços de telecomunicações actualmente
existentes. Assim o utilizador pode através de uma única linha de assinante ter acesso a um conjunto diversificado de
informações, sob a forma de voz, dados, texto e imagem, com uma característica fundamental que é a de que todos
estes tipos de informação poderem ser digitalizados.
Torna-se evidente que o meio mais eficaz de utilização da linha do assinante é ter uma linha digitalizada, o que permite
eliminar o fosso analógico ainda existente nas redes públicas digitais (RDI). Com a digitalização da linha local do
assinante, os utilizadores passarão a ter acesso a canais digitais de ritmo muito superior aos permitidos pelas linhas
analógicas, abrindo caminho à utilização de um grande número de novos serviços e terminais.
Numa primeira fase, que corresponde à rede dita de banda estreita, serão abrangidos serviços com um ritmo máximo de
2 Mbit/s, atingindo-se numa segunda fase a rede de banda larga, que integrará serviços como o vídeo e transmissão
de imagens de alta resolução, requerendo ritmos muito mais elevados.
A aprovação em finais de 1984 pelo ITU-T de um conjunto de recomendações designadas por Série-I, especificando
os aspectos essenciais da RDIS foi um marco fundamental para o desenvolvimento da RDIS a nível mundial,
nomeadamente por ter criado uma estrutura normalizadora que permite a compatibilização entre os diversos
desenvolvimentos em curso nos vários paises e acelera o seu desenvolvimento.
Podemos considerar na RDIS vários tipos ou níveis de integração, que se referem a:
- integração de linha do assinante
- integração de serviços
- integração de número de acesso
- integração do terminal
- integração da comutação
- integração da transmissão
- integração da sinalização
- integração de redes.
Relativamente à integração da linha do assinante pretender-se-à que uma única linha possa dar acesso às redes
telefónica, de dados com comutação de circuitos, de dados com comutação de pacotes e telex.
Quanto à integração de serviços podemos considerar que uma linha RDIS poderá dar acesso a um grande número de
serviços, como por exemplo a telefonia, teletexto (teletex), videotexto (videotex), video-telefone, programas sonoros,
etc.
A integração de número de acesso significa que o assinante poderá dispôr de um único número de acesso RDIS para
os diferentes serviços existentes.
A integração do terminal é uma consequência da evolução tecnológica do equipamento terminal, que permite a
realização de terminais multifuncionais, isto é, capazes de implementar vários serviços num único equipamento, com
custos mais baixos e menores dimensões.
A integração da comutação tem a ver com a realização de centrais RDIS com capacidade de comutação em vários
modos, nomeadamente de circuitos e de pacotes.
Com integração da transmissão pretende referir-se a integração deste subsistema com o subsistema de comutação.
A integração da sinalização significa a progressiva utilização de um único sistema de sinalização em toda a RDIS,
nomeadamente para serviços de comutação de circuitos e de pacotes.
A integração de redes corresponde a uma fase avançada da instalação da RDIS, em que esta vai progressivamente
substituindo as redes dedicadas existentes, a começar pela rede telefónica.

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Como objectivos fundamentais da RDIS podemos assim considerar que se pretende pôr à disposição do utilizador
uma gama tão variada quanto possível de serviços de telecomunicações, através de um conjunto de interfaces
normalizadas com ritmos de comunicação bastante superiores aos actualmente existentes, obter uma redução de
custos de operação de exploração da rede em relação ao actualmente existente para as diversas redes, oferecer uma
melhor qualidade de serviço e possibilitar o desenvolvimento de novos serviços de uma forma gradual e progressiva
sem aumento significativo dos custos.
Podemos considerar duas fases na evolução para a RDIS, a curto prazo prevê-se apenas uma integração no acesso do
assinante para os diversos serviços, enquanto a médio prazo a RDIS incluirá não só um acesso unificado para todos
os serviços de telecomunicações, mas também irá integrando progressivamente as diversas redes actualmente
existentes, nomeadamente a rede telefónica, de dados com comutação de circuitos, de pacotes e de telex.

1.3. Princípios básicos da RDIS

Para garantir a compatibilidade com as redes de telecomunicações já existentes e simultaneamente, dar ao sistema uma
grande facilidade de expansão, que permita a fácil inserção de novos serviços, a implementação da RDIS deve
obedecer a um conjunto de princípios básicos, definidos na recomendação I.120, de que se destacam os seguintes:
- possibilidade de implementação de uma larga gama de serviços de voz, dados, texto e imagens, que
permitam a adaptação contínua da rede às necessidades dos utilizadores
- definição de um conjunto limitado de interfaces e de esquemas básicos de ligação, que facilitem a sua
normalização e diminuam os riscos de incompatibilidade de comunicação entre utilizadores
- suporte de vários modos de transferência de informação, tais como comutação de circuitos, comutação
de pacotes e não comutado (alugado), de modo a permitir aos utilizadores a opção pela tecnologia mais
eficiente para cada aplicação
- compatibilidade com o ritmo de comutação básico de 64 kbit/s das centrais digitais actuais, de modo a
poder utilizar a infraestrutura de comutação e transmissão digital das redes públicas existentes
- existência de "inteligência" para proporcionar serviços avançados, tal como se prevê que venham a
surgir no futuro próximo
- utilização de uma arquitectura de protocolos de acordo com o modelo de referência OSI, para flexibilizar a
sua implementação e compatibilizar o sistema com o modelo adoptado pela indústria informática
- flexibilidade para adaptação às redes nacionais, de modo a ter em conta os vários níveis de
desenvolvimento tecnológico em diferentes países.
Por razões fundamentalmente de ordem económica, a evolução das redes de telecomunicações actuais para RDIS
deverá ser efectuada por etapas, tendo por base as infraestruturas de comutação e transmissão das redes existentes.
São definidos os seguintes princípios básicos de evolução das redes públicas actuais para RDIS:
- a infraestrutura básica de início de implementação da RDIS é a rede digital integrada (RDI), a qual servirá
como suporte de transmissão e de comutação de circuitos
- a RDIS interactuará com as redes dedicadas já existentes (redes de dados, telex, etc.), utilizando as
respectivas infraestruturas de comutação e transmissão
- em fases subsequentes a RDIS irá incorporando progressivamente as funções das redes dedicadas, até
à sua integração total.
Partindo da RDI, a RDIS assenta em recomendações já estabelecidas referentes aos níveis inferiores, nos seguintes
domínios:
- Transmissão digital: recomendações G.701 a G.956.
- Sinalização : Q.701 a Q.741
- Comunicação de pacotes: X.25, X.75.

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1.4 - Recomendações da Série-I do ITU-T

As recomendações da Série-I aprovadas pelo plenário do ITU-T em finais de 1984 (ITU-T Red Book) e revistas em
finais de 1988 (ITU-T Blue Book) estão divididas em seis grupos, com a estrutura que se apresenta em seguida e é
ilustrada na figura 1.3.

Série I.200 Série I.300


Outras séries de
Caracterização dos Aspectos globais recomendações
serviços em RDIS da rede relacionadas com
RDIS
Série I.100

Estrutura e
Séries
Série I.400 conceitos gerais Série I.500
E, F, G, H,
Interfaces Série I.600 Interfaces
Q, S, V, X
utilizador-rede entre redes
Princípios de
manutenção

Figura 1.3 - Estrutura das recomendações da Série-I


Analisaremos com mais detalhe a parte 4, Série-I.400. Interfaces utilizador-rede RDIS

Secção 1 - Interfaces utilizador-rede RDIS


I.410 - Aspectos gerais e princípios relativos às recomendações de interfaces utilizador-rede RDIS
I.411 - Configurações de referência das interfaces utilizador-rede RDIS
I.412 - Estruturas das interfaces e capacidades de acesso das interfaces utilizador-rede RDIS.

Secção 2 - Aplicação das recomendações da Série-I às interfaces utilizador-rede RDIS.


I.420 - Interface básica utilizador-rede
I.421 - Interface de ritmo primário utilizador-rede.

Secção 3 - Interfaces utilizador-rede RDIS: recomendações da camada 1


I.430 - Interface básica utilizador-rede. Especificação da camada 1
I.431 - Interface de ritmo primário utilizador-rede. Especificação da Camada 1.

Secção 4 - Interfaces utilizador-rede RDIS: recomendações da camada 2.


I.440 (Q.920) - Protocolo da camada ligação de dados da interface utilizador-rede. Aspectos gerais.
I.441 (Q.921) - Especificação da camada ligação de dados da interface utilizador-rede.

Secção 5 - Interfaces utilizador-rede RDIS: recomendações da camada 3.


I.450 (Q.930) - Camada 3 da interface utilizador-rede. Aspectos gerais
I.451 (Q.931) - Especificação da camada 3 da interface utilizador-rede para controlo básico de chamadas
I.452 (Q.932) - Procedimentos gerais para o controlo de serviços suplementares de RDIS.

Secção 6 - Multiplexagem, adaptação de ritmos e suporte de interfaces existentes.


I.460 - Multiplexagem, adaptação de ritmos e suporte de interfaces existentes
I.461 (X.30) - Suporte de equipamento terminal baseado em X.21 e X.21 bis em RDIS
I.462 (X.31) - Suporte de equipamento terminal em modo pacote pela RDIS
I.463 (V.110) - Suporte de equipamento terminal com interface Série-V pela RDIS
I.464 - Adaptação de ritmos, multiplexagem e suporte de interfaces existentes para canais de 64 Kbit/s com restrições
I.465 (V.120) - Suporte por RDIS de equipamento terminal com interface da série-V com multiplexagem estatística.

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2. ARQUITECTURA DA RDIS

2.1. Configuração de referência

O modelo básico de arquitectura da RDIS apresenta as possibilidades funcionais de comutação e sinalização da rede,
o que é mostrado simplificadamente na figura 2.1.

Comutação de RDIS
Circuitos
S S
Terminal Acesso Comutação de Acesso Terminal
à rede Pacotes à rede

Sinalização de
Redes espe-
Canal Comum
cializadas

Figura 2.1 - Modelo de arquitectura da RDIS

O modelo apresentado mostra a existência de uma interface normalizada de acesso dos utilizadores à rede, designada
por interface S. Através desta interface o utilizador tem acesso a todos os recursos, nomeadamente de transmissão,
comutação e sinalização, de redes públicas ou privadas.
Relativamente à comutação constata-se que a RDIS permite simultaneamente a comutação de circuitos e de pacotes,
bem como a ligação a redes especializadas através de interfaces adequadas.
Em relação à sinalização o aspecto fundamental é o de ela ser efectuada por canal comum, podendo considerar-se três
tipos de sinalização:
- sinalização entre utilizador e rede
- sinalização entre nós da rede
- sinalização de utilizador a utilizador.
Na figura 2.2 apresenta-se um modelo mais detalhado da RDIS entre o terminal de assinante e a central local,
constituído por vários módulos ou grupos funcionais e respectivas interfaces ou pontos de referência.
R S T U V
TE2 TA NT2 NT1 LT ET
Linha
S Central pública
TE1

Rede de assinante

Figura 2.2 - Grupos funcionais e pontos de referência da RDIS

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Verifica-se a exis tência dos seguintes grupos funcionais:

TE1 - Equipamento Terminal 1 (Terminal Equipment 1)


O TE1 é um equipamento terminal com interface normalizada RDIS, designada por S.
São exemplos deste tipo de equipamento os telefones digitais, os equipamentos terminais de dados e as estações de
trabalho.
As funções do TE1 são essencialmente as seguintes:
- processamento dos protocolos de baixo e de alto nível
- funções de manutenção
- funções de interface com a rede
- funções de interface com o utilizador
- funções de conexão a outros equipamentos.

TE2 - Equipamento Terminal 2 (Terminal Equipment 2)


O TE2 é um equipamento terminal com interface não RDIS.
Incluem-se nesta categoria os equipamentos com interfaces diferentes da RDIS normalizadas pelo ITU-T, de que são
exemplos os equipamentos com interfaces da Série V, X.21 ou X.25, ou outras interfaces definidas por outras
organizações.

TA - Adaptador de Terminal (Terminal Adaptor)


O adaptador de terminal TA tem por função adaptar um terminal TE2 à interface RDIS, podendo assim existir
diferentes TA para adaptação a RDIS dos diversos terminais existentes. Na Série-I são definidas algumas
recomendações para adaptação de terminais com interfaces já normalizadas pelo ITU-T, como por exemplo V.24, X.21 e
X.25.

NT2 - Terminação de Rede 2 (Network Termination 2)


O NT2 é um equipamento com funções correspondentes aos níveis 1 a 3 do modelo OSI. Este equipamento pode ser
fisicamente um PPCA ou uma LAN, sendo utilizado para comutação em ambientes profissionais, em geral com carácter
privado.
As funções do NT2 são essencialmente as seguintes:
- funções de terminação da interface física com os terminais e outras funções da camada física
- processamento dos protocolos de nível 2 e 3
- funções de comutação
- funções de concentração de terminais
- funções de manutenção.

NT1 - Terminação de Rede 1 (Network Termination 1)


O NT1 é o equipamento de terminação da rede pública, estabelecendo a ligação entre o equipamento da rede do
assinante e a linha de transmissão de ligação à central pública. Este módulo tem apenas funções correspondentes ao
nível físico do modelo OSI, nomeadamente de codificação e descodificação de linha.
Estas funções estão associadas com a correcta terminação física e eléctrica da rede, incluindo:

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- terminação da linha de transmissão
- funções de manutenção física da linha
- monitorização de desempenho
- temporizações
- transferência de energia
- multiplexagem de nível físico
- terminação das interfaces físicas do lado do terminal e do lado da rede
- resolução da contenção física de acesso ao bus
- codificação/descodificação de linha.

LT - Terminação de Linha (Line Termination)


O LT é o equipamento de terminação da linha de assinante do lado da central pública. Este equipamento tem apenas
funções de adaptação de nível físico, nomeadamente a codificação / descodificação de linha.

ET - Terminação de Central (Exchange Termination)


O ET é o equipamento de terminação da central pública, tendo por função essencial o de permitir o acesso do
utilizador aos vários recursos da rede, nomeadamente de comutação de circuitos, comutação de pacotes e de
sinalização. Inclui funções das camadas 1 a 3 do modelo OSI.

São definidas as seguintes interfaces ou pontos de referência entre os vários blocos:

R - Interface entre TE2 e TA


A interface R não é definida univocamente, existindo tantas interfaces R diferentes quantos os tipos de terminais
existentes.

S - Interface normalizada entre equipamento terminal e NT2


A interface S está localizada entre o TE1 e o NT2 ou entre o TA e o NT2.

T - Interface normalizada de acesso à rede pública.


A interface T é definida entre o NT2 e o NT1. Em ambientes domésticos não existe NT2, havendo neste caso
coincidência física entre as interfaces S e T.

U - Interface de linha de assinante


A interface U está localizada entre NT1 e LT, no acesso à linha de transmissão entre o assinante e a central pública
local.

V - Interface de acesso ao comutador local


A interface V está localizada entre a terminação de linha LT e a terminação da central local ET.

Os equipamentos que constituem os grupos funcionais TE1, TE2, TA, NT2 e NT1 estão localizados nas instalações
do assinante, constituindo o que é designado por rede do assinante, em inglês Subscriber Premises Network (SPN) ou
Customer Premises Network (CPN). Os grupos funcionais LT e ET estão localizados na central de comutação pública.

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O modelo de referência correspondente à rede de assinante é mostrado na figura 2.3.

R S T U
Terminal
TE2 TA NT2 NT1
não RDIS
Linha
S
Terminal
TE1
RDIS

(PPCA/LAN)

Figura 2.3 - Rede de assinante com NT2

O bloco NT2 existe tipicamente nas instalações de grandes assinantes. Será em grande parte dos casos um PPCA com
interfaces RDIS, possibilitando a ligação de telefones e de outros terminais, como por exemplo terminais de dados, fax
ou videotexto.
O bloco NT2 pode também ser uma LAN (Local Area Network). A LAN é tradicionalmente uma rede de dados para
comunicação de alto débito entre computadores localizados dentro de uma área restrita, havendo actualmente
arquitecturas de LAN que podem ser utilizadas na implementação do NT2, o qual terá neste caso uma arquitectura
distribuída, típica das LAN.
Caso o assinante não possua o bloco funcional NT2, a rede de assinante fica simplificada, como se mostra na figura
2.4, havendo então coincidência entre os pontos de referência S e T, que se designa neste caso geralmente por S/T.

R S/T U
TE2 TA NT1
Linha

S/T U
TE1 NT1
Linha

Figura 2.4 - Rede de assinante sem NT2

2.2. Interfaces de acesso do utilizador

A interface digital de voz e dados do assinante sofreu evolução significativa desde meados dos anos setenta, em que
existe numa primeira fase um ritmo total da interface de 64 Kbit/s, com uma trama de 6 bits de dados, 1 bit de
sincronismo e um bit de sinalização.
Posteriormente passou-se para uma trama com um ritmo bruto de 80 Kbit/s, com tramas de 8 bit de dados do utilizador,
1 bit de sinalização e 1 bit de sincronismo, de que é exemplo típico o Reino Unido,.
No início dos anos oitenta atingiu-se consenso a nível internacional para utilização de canais de 64 Kbit/s "limpos"
uma vez que este é o ritmo natural actualmente existente nas centrais digitais. Finalmente em meados dos anos oitenta
foi aprovado a série I de recomendações do ITU-T em que se preconizava a interface básica do assinante de dois
canais de 64 Kbit/s e um canal de 16 Kbit/s para sinalização e dados.

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Em RDIS são definidas apenas duas interfaces diferentes de acesso dos utilizadores à rede, a interface básica e a
interface de ritmo primário.
A interface básica é constituída por dois canais de 64 kbit/s, designados canais B e por um canal de 16 kbit/s,
designado canal D. Esta interface é vulgarmente designada por S0 ou por 2B + D devido à sua estrutura de canais.
A interface primária é constituída por 30 canais B de 64 kbit/s e por um canal D de 64 kbit/s na versão europeia, sendo
habitualmente designada por interface S2 ou 30B + D. Na versão norte-americana a interface de ritmo primário possui
23 canais B de 64 kbit/s e um canal D de 64 kbit/s, sendo designada por interface S1 ou 23B + D.
Em ambas as interfaces os canais B possuem um ritmo de 64 kbit/s sendo utilizados para canais de dados sem
restrições. O canal D tem um ritmo de 16 kbit/s na interface básica e de 64 kbit/s na interface de ritmo primário, sendo
utilizado para sinalização e para dados dos utilizadores em modo de pacotes.
Na interface primária estão também definidos os canais H0, constituído por 6 canais B (384 Kbit/s) e os canais H11 e
H12, respectivamente constituídos por 24 canais B (1536 kbit/s) e 30 canais B (1920 kbit/s).

2.3. Modelo de protocolos da RDIS

Como é referido nos princípios básicos, o modelo de protocolos da RDIS é baseado no modelo OSI. Este modelo é
baseado em sete camadas ou níveis funcionais, cujas características fundamentais se descrevem resumidamente em
seguida.

1 - Camada Física
A camada Física define as características eléctricas e mecânicas do circuito ou interface, proporcionando a
transmissão transparente de um fluxo de dados num circuito implementado sobre um determinado meio de
transmissão.

2 - Camada de Ligação de Dados


A camada de Ligação de Dados permite ultrapassar as limitações inerentes aos circuitos físicos, através da detecção e
recuperação dos erros de transmissão ocorridos sobre o circuito físico, permitindo assim a implementação de um
circuito virtualmente sem erros.

3 - Camada Rede
A camada Rede transfere os dados transparentemente, implementando as funções de encaminhamento (routing) e
retransmissão (relaying) dos dados entre utilizadores finais. Uma ou mais subredes podem interactuar ao nível Rede
para proporcionar um serviço de rede entre utilizadores finais.

4 - Camada Transporte
A camada Transporte proporciona transferência de informação entre utilizadores finais, optimizando os recursos da
rede de acordo com o tipo e as características da comunicação, libertando o utilizador dos detalhes relativos à
transferência de informação. A camada Transporte opera sempre extremo a extremo (end-to-end), melhorando o
serviço da camada Rede quando necessário para garantir os objectivos de qualidade de serviço dos utilizadores.

5 - Camada Sessão
A camada Sessão coordena a interacção entre as associações de processos de aplicação em comunicação. Exemplos
de modos possíveis da camada Sessão são os diálogos half-duplex e full-duplex.

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6 - Apresentação
A camada Apresentação transforma a sintaxe dos dados que deverão ser transferidos de forma reconhecível pelos
processos de aplicação em comunicação. Um exemplo de uma função da camada Apresentação é a conversão dos
dados entre os códigos ASCII e EBCDIC.

7 - Aplicação
A camada Aplicação especifica a natureza da comunicação requerida para satisfazer as necessidades do utilizador. A
camada Aplicação proporciona os meios necessários para um processo de aplicação aceder ao ambiente OSI.

Nas recomendações da série I são definidos apenas os três níveis inferiores do modelo OSI: nível físico, ligação de
dados e rede.
Relativamente aos diversos grupos funcionais atrás considerados, representa-se na figura 2.5 a estrutura de
protocolos de acesso do utilizador, com indicação da funcionalidade de cada um dos elementos considerados.

7
Terminal
6
a terminal
5

3 3 3

2 2 2

1 1 1 1 1
S T U

TE1 NT2 NT1 LT ET


Figura 2.5 - Modelo de protocolos da RDIS

Constata-se na figura 2.5 que o terminal RDIS implementa os protocolos do nível 1 a 7, contudo do ponto de vista da
rede só são implementados os níveis inferiores, de 1 a 3.
Dos restantes grupos funcionais, o NT2 e o ET implementam os níveis 1 a 3, enquanto que os grupos funcionais NT1
e LT só implementam o nível físico.
Na figura 2.6 representa-se o modelo de protocolos da RDIS relativo à interface de acesso básico do utilizador, sendo
indicadas as entidades que se encontram normalizadas ou em vias de normalização.

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Nível 3 Nível 3 Nível 3 Nível 3 Nível 3
3 - Rede
B1 B2 Ent. s Ent. p Ent. t

Nível 2 Nível 2 Nível 2


2 - Ligação
B1 B2 LAPD
de dados

Nível 1
1- Físico
2B+D

Meio físico

Figura 2.6 - Protocolos RDIS na interface utilizador-rede (S0)

Verifica-se que existe uma única entidade ao nível 1, a trama de nível físico, na qual são multiplexados um canal D e 2
canais B. Destes canais só os protocolos no canal D estão normalizados, utilizando-se o protocolo de nível 2
denominado LAPD. Este protocolo permite a multiplexagem no canal D de várias entidades de nível 3, nomeadamente
de sinalização (s), comutação de pacotes (p) e telemetria (t).
Os canais B de dados não estão sujeitos a qualquer protocolo específico, pois são de utilização genérica pelos
utilizadores.
Relativamente à interface de ritmo primário, a estrutura de protocolos é análoga, com a única diferença de que neste
caso o número de canais B é de 23 ou 30, respectivamente para as versões americana e europeia.
Uma análise mais aprofundada da informação que atravessa a interface S/T permite distinguir três tipos de dados:
sinalização, dados do utilizador e dados de gestão.
Estes diferentes tipos de informação conduzem-nos a um modelo de protocolos em três planos, chamados
respectivamente plano de controlo, plano do utilizador e plano de gestão.
O plano de controlo, (C - Control plane) estruturado em 7 camadas, diz respeito à sinalização no canal D e cobre o
conjunto de protocolos de controlo de chamadas e dos serviços suplementares. Só as três primeiras camadas estão
definidas na RDIS actualmente.
O plano do utilizador (U - User plane), também estruturado em 7 camadas, cobre o conjunto de protocolos relativos
aos dados do utilizador, nos canais D ou B.
O plano de gestão (M - Management plane), não estruturado em camadas, agrupa as funções de gestão, o que inclui
nomeadamente o tratamento de mensagens de erro e outros procedimentos de gestão do terminal.
Na figura 2.7 apresenta-se o modelo de protocolos do terminal, do NT1 e de um comutador (NT2 ou Comutador local),
em que se considerou a existência de comutação de circuitos no plano do utilizador.

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7

3 3 3

2 2 2

1 1 1 1 1 1
M U C U C M
TE1 NT1 NT2 / Central Local

M - Plano de Gestão C - Plano de Controlo(sinalização) U - Plano do Utilizador

Figura 2.7 - Modelo de protocolos com comutação de circuitos

Verifica-se na figura que o terminal implementa os protocolos das 7 camadas do modelo OSI no plano do utilizador, o
que é o caso mais geral, implementando ainda as 3 camadas inferiores no plano de sinalização, tal como definidas nas
recomendações RDIS.
O NT1 apenas implementa as funções da camada 1 para todos os planos, enquanto que o comutador implementa as 3
camadas de sinalização mas apenas a camada 1 no plano do utilizador, visto que se admitiu tratar-se de uma
comunicação em comutação de circuitos, logo necessariamente no canal B.
Na figura 2.8 apresenta-se o modelo de protocolos análogo ao anterior mas em que se considerou a existência de
comutação de pacotes no plano de dados do utilizador.

7 M - Plano de Gestão
C - Plano de Controlo(sinalização)
U - Plano do Utilizador
6

3 3 3 3

2 2 2 2

1 1 1 1 1 1
M U C U C M
TE1 NT1 NT2 / Central Local

Figura 2.8 - Modelo de protocolos com comutação de pacotes

Verifica-se na figura que quer o terminal quer o NT1 implementam os mesmos protocolos que no caso anterior,
havendo contudo diferenças nos protocolos implementados pelo comutador. Neste caso o comutador implementa os
protocolos das três primeiras camadas também no plano do utilizador, visto tratar-se de comutação de pacotes, o que,
como veremos adiante, irá requerer na central de comutação um módulo adicional denominado "Packet Handler" ou
comutador de pacotes.

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3. SERVIÇOS NA RDIS

A RDIS tem como objectivo fundamental fornecer uma vasta gama de serviços de telecomunicações aos utilizadores.
Contudo, o conceito de serviço de telecomunicações é muito lato, indo desde o simples estabelecimento de um canal
de comunicação até à oferta de serviços sofisticados e complexos.
Nas recomendações da série I do ITU-T os serviços de telecomunicações são classificados nos três grupos
seguintes, que analisaremos em seguida:
- serviços de suporte (bearer services)
- teleserviços (teleservices)
- serviços suplementares (supplementary services).

3.1. Serviços de suporte

Um serviço de suporte RDIS é um serviço que permite a transferência de informação digital entre utilizadores,
podendo ser caracterizado através de um conjunto de parâmetros ou atributos ligados à sua qualidade, como o ritmo
do canal, tempo de atraso, etc. e por princípios de exploração específicos.
Do ponto de vista de protocolos, os serviços de suporte estão limitados às camadas inferiores do modelo OSI,
correspondentes às camadas 1 a 3.
Um serviço de suporte RDIS pode efectuar uma transferência de informação entre uma interface de acesso S/T da
RDIS e um dos seguintes pontos:
- outra interface S/T
- um ponto de acesso a uma rede especializada
- um ponto interno da rede de acesso a uma função de nível superior.

3.1.1. Classificação dos serviços de suporte


As recomendações RDIS caracterizam os serviços de suporte através de três grupos de atributos:
- atributos de transferência de informação
- atributos de acesso
- atributos gerais.
Os atributos de transferência de informação caracterizam as capacidades da rede para transferência de informação
entre interfaces S/T.
Os atributos de acesso descrevem os meios de acesso às funções ou facilidades da rede, vistas do ponto de
referência S/T.
Os atributos gerais dizem respeito aos aspectos gerais do serviço.
Na figura 3.1 mostra-se graficamente a relação entre os atributos e a sua aplicação na rede.

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Atributos de transferência
de informação

Atributos
RDIS gerais
S/T S/T

Atributos de acesso

Figura 3.1 - Grupos de atributos de serviços de suporte

Estão definidos 7 atributos de transferência de informação:


1 - Modo de transferência da informação
2 - Ritmo de transferência da informação
3 - Possibilid ades de transferência da informação
4 - Estrutura
5 - Estabelecimento da comunicação
6 - Simetria
7 - Configuração da comunicação.

Estão definidos 2 atributos de acesso, com subdivisões do segundo:


8 - Canal e ritmo de acesso
9 - Protocolos de acesso
9.1 - Protocolo de acesso de sinalização, camada 1
9.2 - Protocolo de acesso de sinalização, camada 2
9.3 - Protocolo de acesso de sinalização, camada 3
9.4 - Protocolo de acesso da informação, camada 1
9.5 - Protocolo de acesso da informação, camada 2
9.6 - Protocolo de acesso da informação, camada 3.

Nos atributos gerais, estão definidos 4 tipos:


10 - Serviços suplementares oferecidos
11 - Qualidade de serviço
12 - Possibilidades de interfuncionamento
13 - Aspectos operacionais e comerciais.

Exemplificam-se em seguida para cada um dos atributos alguns dos parâmetros mais comuns.
1 - Modo de transferência da informação
- Modo circuito

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- Modo trama
- Modo pacote
2 - Ritmo de transferência da informação
- 64 kbit/s
- 384 kbit/s
- 1536 kbit/s
- 1920 kbit/s
3 - Possibilidades de transferência da informação
- Informação digital sem restrição
- Voz
- Audio a 3.1 KHz
- Audio a 7 KHz
- Audio a 15 KHz
- Video
4 - Estrutura
- Integridade de 8 KHz
- Integridade da unidade de dados do serviço
- Não estruturada
5 - Estabelecimento da comunicação
- A pedido (chamada normal)
- Reservada
- Permanente
6 - Simetria
- Unidireccional
- Bidireccional simétrica
- Bidireccional assimétrica
7 - Configuração da comunicação
- Ponto a ponto
- Multiponto
- Difusão
8 - Canal e ritmo de acesso
D(16), D(64), B, H0, H11, H12
9.1 - Protocolo de acesso de sinalização, camada 1
I.430, I.431
9.2 - Protocolo de acesso de sinalização, camada 2
I.440, I.441
9.3 - Protocolo de acesso de sinalização, camada 3

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I.450, I.451
9.4 - Protocolo de acesso da informação, camada 1
I.430, I.431, I.461, V.120, G.711
9.5 - Protocolo de acesso da informação, camada 2
HDLC, LAP-B, I.440, I.441, I.462
9.6 - Protocolo de acesso da informação, camada 3
X.25-Nível3, I.462
10 - Serviços suplementares oferecidos
DDI, MSN, CLIP, CLIR, CH, etc. (ver capítulo 3.3)
11 - Qualidade de serviço
12 - Interfuncionamento
13 - Aspectos operacionais e comerciais
Os serviços de suporte são classificados em categorias, as quais são caracterizadas por um conjunto de valores dos
atributos anteriormente definidos. Há contudo atributos mais importantes que outros na definição das diversas
categorias dos serviços.
Assim, os atributos 1 a 4 são os mais importantes, sendo chamados "atributos dominantes" e usados para identificar
uma categoria particular de serviço de suporte.
Os atributos 5 a 7 são chamados "atributos secundários", sendo usados para identificar um serviço de suporte
individual dentro de uma categoria determinada.
Os atributos de acesso (8 e 9) e os atributos gerais (10 a 13) são usados para especificar mais detalhadamente um
serviço de suporte individual, sendo chamados "atributos de qualificação".
Na tabela 3.1 apresentam-se os diversos atributos e as suas categorias
Grupos de Categorias Atributos
atributos dos atributos
1. Modo de transferência
Atributos 2. Ritmo de transferência
Atributos de Dominantes 3. Possibilidades de transferência
Transferência 4. Estrutura
de informação Atributos 5. Estabelecimento da comunicação
Secundários 6. Simetria
7. Configuração da comunicação
Atributos 8. Canal e ritmo de acesso
de acesso 9.1-9.3 Protocolos de acesso de sinalização
Atributos de 9.4-9.6 Protocolos de acesso da informação
Qualificação 10. Serviços suplementares oferecidos
Atributos 11. Qualidade de serviço
Gerais 12. Interfuncionamento
13. Aspectos operacionais e comerciais

Tabela 3.1 - Atributos dos serviços de suporte e sua classificação em categorias

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3.1.2. Categorias de serviços de suporte em modo circuito
Estão definidas actualmente as seguintes 8 categorias de serviços de suporte em modo circuito, todas estruturadas
em 8 KHz:
1 - 64 Kbit/s sem restrições
2 - 64 Kbit/s, para transferência de informação de voz
3 - 64 Kbit/s, para transferência de informação de audio de 3.1 Khz
4 - 64 Kbit/s, usado alternadamente para voz ou informação digital sem restrições
5 - 2 x 64 Kbit/s, sem restrições
6 - 384 Kbit/s, sem restrições
7 - 1536 Kbit/s, sem restrições
8 - 1920 Kbit/s, sem restrições.

C1 - Modo circuito a 64 Kbit/s sem restrições


Esta categoria de serviço de suporte proporciona transferência de informação sem restrições entre pontos de
referência S/T da rede, podendo assim ser usado para várias aplicações do utilizador.
O parâmetro "Informação digital sem restrição" que caracteriza este serviço indica que o canal é totalmente
transparente à informação que veícula e portanto que esta não deve sofrer quaisquer alterações na rede, tais como
transcodificação, supressão de "silêncios", etc.
Exemplos de aplicação desta categoria de serviço:
- acesso transparente a uma rede pública X.25
- vários canais multiplexados pelo utilizador com ritmos submúltiplos de 64 Kbit/s
- voz
- audio a 3.1 KHz.

C2 - Modo circuito a 64 Kbit/s usado para transferência de informação de voz


Esta categoria de serviço de suporte destina-se a suportar comunicação de voz codificada de acordo com a
recomendação G.711 (PCM) na lei A ou ? . Neste serviço a rede é autorizada a efectuar tratamentos do sinal, tais como
conversão digital-analógica ou transcodificação intermédia de 32 Kbit/s.
A rede proporcionará tonalidades e avisos para indicar o progresso da chamada de voz.

C3 - Modo circuito a 64 Kbit/s usado para transferência de informação de audio de 3.1 KHz
Esta categoria de serviço de suporte corresponde ao que é correntemente oferecido pela rede telefónica pública.
As informações transportadas representam um sinal analógico qualquer, de banda de frequência limitada de 300 Hz a
3400 Hz, codificado segundo uma lei definida. Este parâmetro é em geral relativo à transmissão de dados com modem,
o que impede a aplicação de algumas operações aplicadas aos sinais de voz, como por exemplo supressão de eco.
Proporciona transferência de voz e audio a 3.1 KHz, tal como modems na banda da voz e informação facsimile grupos
1, 2 e 3.
O sinal digital no ponto de referência S/T é conforme à recomendação G.711 (Lei A ou ?).

C4 - Modo circuito a 64 Kbit/s usado alternadamente para voz ou informação digital sem restrições
Esta categoria de serviço de suporte proporciona a transferência alternada de informação de voz ou 64 Kbit/s sem
restrições na mesma chamada.

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Esta categoria de serviço de suporte é proporcionada para permitir a utilização de terminais com múltiplas
capacidades.

C5 - Modo circuito a 2 x 64 Kbit/s sem restrições


Esta categoria de serviço de suporte proporciona a transferência sem restrições de dois fluxos de informação de 64
Kbit/s sobre dois canais B na interface utilizador-rede.

C6 - Modo circuito a 384 Kbit/s sem restrições


Esta categoria de serviço de suporte proporciona a transferência sem restrições de 384 Kbit/s de informação sobre um
canal H0 na interface S/T utilizador-rede.

C7 - Modo circuito a 1536 Kbit/s sem restrições


Esta categoria de serviço de suporte proporciona a transferência sem restrições de 1536 Kbit/s de informação sobre
um canal H11 na interface S/T utilizador-rede.

C8 - Modo circuito a 1920 Kbit/s sem restrições


Esta categoria de serviço de suporte proporciona a transferência sem restrições de 1920 Kbit/s de informação sobre
um canal H12 na interface S/T utilizador-rede.

3.1.3. Categorias de serviços de suporte em modo pacote


São definidos actualmente as seguintes categorias de serviços de suporte em modo pacote, envolvendo comutação
de pacotes:
1 - Chamada virtual e circuito virtual permanente
2 - Comutação de pacotes sem conexão (connectionless)
3 - Sinalização do utilizador (user signalling).

P1 - Chamada virtual e circuito virtual permanente.


Esta categoria de serviço de suporte proporciona a transferência sem restrições de informação do utilizador em modo
pacote sobre um circuito virtual num canal B ou D na interface S/T.
Para o estabelecimento do canal B ou D são usados os protocolos de sinalização da RDIS.
Para o transporte da sinalização de controlo das chamadas virtuais e da informação do utilizador será usado o
protocolo X.25 no canal B ou D até ao "packet handler". Mais precisamente, no caso do canal B serão usados os
protocolos X.25/L3, X.25/L2 (LAPB) e I.430/1, respectivamente nos níveis 3, 2, e 1. No caso do canal D serão usados
os protocolos X.25/L3, I.441 (LAPD) e I.430/1.

P2 - Comutação de pacotes sem conexão (connectionless) no canal D.


Esta categoria de serviço de suporte baseia-se na utilização de datagramas, os quais são caracterizados por não
requererem o estabelecimento e desligamento de chamadas virtuais. Isto é devido ao facto de os datagramas serem
constituídos por tramas com um cabeçalho que contém o endereço do destinatário e toda a informação adicional
necessária para permitir o seu encaminhamento até ao destinatário, sem necessidade de envio prévio de outras tramas.
Esta categoria de serviço de suporte encontra -se em estudo.

P3 - Sinalização do utilizador (user signalling)


Esta categoria de serviço de suporte destina-se a proporcionar o transporte de informação de sinalização entre
equipamentos terminais dos utilizadores.
Estão definidos os seguintes tipos de sinalização do utilizador (UUS) (ETSI TS 46/33 T):

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Serviço 1: permite um elemento de informação User-User no estabelecimento da chamada, numa das mensagens
SETUP, ALERTING ou CONNECT e um User-User no desligamento, numa das mensagens DISCONNECT, RELEASE
ou RELEASE COMPLETE.
Serviço 2: permite a mensagem USER INFORMATION no estabelecimento da chamada, em ambas os sentidos.
Serviço 3: permite a mensagem USER INFORMATION também na fase activa da chamada, com fluxo controlado.

3.2. Teleserviços

Um teleserviço é um serviço de comunicação entre um utilizador e um outro utilizador ou um servidor da rede. O


serviço é considerado na sua globalidade, o que inclui as funções correspondentes a todos os níveis, de 1 a 7, do
modelo de protocolos OSI.
Exemplos típicos de teleserviços são o serviço telefónico, o telex, o videotexto, o teletexto, etc.
O ITU-T definiu os teleserviços através de um conjunto de atributos, os quais são classificados em três grupos, com
subdivisões:
a) atributos de níveis ou camadas baixas
- atributos de transferência de informação
- atributos de acesso
b) atributos de níveis ou camadas altas
c) atributos gerais.
Os atributos de níveis baixos incluem os atributos anteriormente definidos para os serviços de suporte (de 1 a 9.6),
subdivididos como anteriormente em atributos de transferência de informação (1 a 7) e atributos de acesso (8 a 9.6).
Os atributos de níveis altos incluem os seguintes novos atributos:
10. Tipo de informação do utilizador
Voz (telefonia), Som, Texto, Telefax, Videotexto, Video
11. Protocolos da camada 4
X.224, T.70
12. Protocolos da camada 5
X.225, T.62
13. Protocolos da camada 6
T.400, G.711, T.6, T.100
13.1. Resolução
200 ppi, 300 ppi, 400 ppi
13.2 Modo gráfico
alfamosaico, alfageométrico, alfafotográfico
14. Protocolos da camada 7
T.60, T.500

Analogamente aos serviços de suporte, estão definidos para os teleserviços um conjunto de atributos gerais, que são
os seguintes:
15. Serviços suplementares

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16. Qualidade de serviço
17. Possibilidades de interfuncionamento
18. Operacionais e comerciais.

Os teleserviços actualmente definidos pelo ITU-T para serem suportados pela RDIS são os seguintes:
1. Telefonia
2. Teletexto
3. Telefax 4
4. Modo misto
5. Videotexto
6. Telex.

3.3. Serviços suplementares

Um serviço suplementar modifica ou complementa um serviço básico de telecomunicações. Consequentemente um


serviço suplementar não tem existência autónoma, não podendo ser oferecido isoladamente aos utilizadores mas sim
em associação com um ou vários serviços básicos.
Podemos assim estabelecer o seguinte quadro de relação entre os vários tipos de serviços de telecomunicações.
Serviços de telecomunicações
Serviços de suporte Teleserviços
- Serviço de suporte básico - Teleserviço básico
- Serviço de suporte básico + - Teleserviço básico + serviços
serviços suplementares suplementares

Tabela 3.2 - Serviços de telecomunicações

Na recomendação I.250 é definida a lista dos serviços suplementares actualmente identificados, os quais são
classificados em 7 grupos diferentes, devendo-se salientar contudo que a lista apresentada não é exaustiva,
continuando no ITU-T o trabalho de identificação e definição de novos serviços suplementares.
São exemplificados em seguida alguns serviços suplementares comuns.

I.251.1 - Marcação directa de entrada (DDI - Direct Dialling In)


É um serviço suplementar que permite a um utilizador chamar directamente outro utilizador num comutador privado
sem intervenção da operadora.

I.251.2 - Número de utilizador múltiplo (MSN - Multiple Subscriber Number)


É um serviço suplementar que permite atribuir múltiplos números RDIS a uma única interface para endereçar vários
terminais ligados na mesma interface.

I.251.3 - Identificação de linha chamadora (CLIP - Calling Line Identification Presentation)


É um serviço suplementar oferecido ao utilizador chamado, que lhe fornece o número RDIS do chamador e
eventualmente com informação de sub-endereço.

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I.251.4 - Restrição de identificação de linha chamadora (CLIR - Calling Line Identification Restriction)
É um serviço suplementar oferecido ao utilizador chamador para restringir a apresentação do número RDIS e sub-
endereço do chamador no terminal chamado.

I.251.5 - Identificação de linha ligada (COLP - Connected Line Identification Presentation)


É um serviço suplementar oferecido ao chamador, que lhe fornece o número RDIS do utilizador ao qual ele está
efectivamente ligado.

I.251.6 - Restrição de identificação de linha ligada (COLR - Connected Line Identification Restriction)
É um serviço suplementar oferecido ao utilizador ligado, que restringe a apresentação do seu número ao chamador.

I.251.7 - Identificação de chamada mal intencionada (MCI - Malicious Call Identification)


É um serviço suplementar que permite ao utilizador que recebe uma chamada mal intencionada a identificação do
chamador. Este serviço, em princípio de utilização restrita, sobrepôe-se ao CLIR e COLR (em estudo).

I.251.8 - Sub-endereçamento (SUB - Sub-addressing)


É um serviço suplementar que permite o endereçamento de vários terminais num bus S0 com o mesmo endereço RDIS,
ou várias entidades dentro de um mesmo terminal, os quais são identificados através de sub-endereços específicos
(em estudo).

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4. INTERFACES FÍSICAS UTILIZADOR-REDE

Como vimos no capítulo 2, em RDIS são definidas apenas duas interfaces de acesso do utilizador à rede,
respectivamente a interface básica e a interface de ritmo primário.
A especificação do nível físico da interface de acesso básico é feita na recomendação I.430 e a de ritmo primário é feita
na recomendação I.431.

4.1. Interface de acesso básico

As características físicas da interface utilizador-rede (interface S) foram definidas de modo a garantir um conjunto de
requisitos que tornassem a sua instalação fácil e versátil num largo espectro de aplicações, desde o ambiente
doméstico ao de uma grande empresa.
Assim e tal como na telefonia analógica, os requisitos que orientaram a especificação da interface utilizador-rede RDIS
ao nível 1 foram:
i) possibilidade de pôr vários terminais em paralelo de modo passivo (ausência de electrónica na tomada)
ii) distâncias de ligação dos te rminais compatíveis com as necessidades do parque das instalações dos
assinantes
iii) alimentação dos terminais através da interface
iv) possibilidade de garantir a continuidade do serviço pela empresa operadora independentemente da rede de
energia
v) rentabilização, na medida do possível, das cablagens existentes.

4.1.1. Configurações físicas de terminais


São definidos na recomendação I.430 os seguintes tipos de configurações de terminais:
i) Configuração ponto a ponto com um único terminal e uma distância máxima de 1 Km.
ii) Configuração em bus passivo com vários terminais distribuídos ao longo do bus, com um comprimento
máximo de 200 metros.
iii) Configuração em bus passivo com vários terminais concentrados na parte terminal do bus, com um
comprimento até 500 metros.
A configuração ponto a ponto (Figura 4.1) é constituída por um único terminal ligado ao NT1 ou NT2 através de dois
pares de condutores, cada um dos quais transmite num sentido. O factor que limita o comprimento nesta configuração
é a atenuação nos condutores, a qual não deverá ser superior a 6 dB a 96 kHz, o que corresponde a aproximadamente
1 Km para um cabo entrançado usual.

TE NT
1 Km
S
Figura 4.1 - Configuração ponto a ponto

Na configuração em bus passivo (Figura 4.2) há vários terminais ligados ao longo do bus. A causa principal da
limitação da dimensão do bus nesta configuração é o tempo de propagação ao longo do bus ("round trip delay"),
devido ao desfasamento de transmissão dos vários terminais. Sabendo-se que o ritmo de transmissão no bus é de 192
Kbit/s, a que corresponde um período aproximado de 5 us, o tempo de propagação no bus é limitado a uma fracção

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desse tempo, da ordem de 2 us ida e volta, o que corresponde a um comprimento aproximado de 200 metros para um
cabo de impedância de 150 Ohm.

TEa TEb TEc

NT
S
Figura 4.2 - Configuração em bus passivo

O número máximo de terminais na configuração em bus passivo é fixado em 8 a fim de limitar a desadaptação de
impedância que poderá ser trazida por uma concentração de terminais ligados a uma só tomada e a atenuação
introduzida pelos terminais (0,25 dB por terminal). O comprimento do cordão de ligação do terminal à tomada de bus é
limitado a 10 m igualmente para limitar a desadaptação de impedância.
A configuração híbrida, conhecida por bus passivo longo ("extended bus"), representada na figura 4.3, é uma
combinação das duas configurações precedentes, caracterizada pela existência de vários terminais concentrados perto
da extremidade do bus. Um exemplo típico para esta configuração é a de quatro terminais repartidos por uma distância
de 40 metros, correspondente a um tempo de propagação de 0,8 us de ida e volta, e em que o terminal mais afastado de
NT está a uma distância de 500 m.

TEb

TEa
NT
500 m S
TEc

Figura 4.3 - Configuração em bus passivo longo

4.1.2. Ligações funcionais


As ligações funcionais na interface S designam as interacções entre os TE e o NT. Estas interacções vão para além do
simples transporte de dados, incluindo também funções de gestão da interface e de sincronização. Para todas estas
funções dispöe -se de um débito na interface superior aos 144 Kbit/s de dados do utilizador, num total de 192 Kbit/s.
As ligações funcionais da interface são assim de dois tipos:
- transporte de dados
- gestão da interface.

Ligações funcionais de transporte de dados:


- Canais B1 e B2; são os canais de 64 Kbit/s bidireccionais. São estabelecidos em modo circuito, o que significa que
um canal é atribuído a um terminal e a um só para a duração da sua comunicação;
- Canal D; é um canal de 16 Kbit/s bidireccional gerido em modo de comutação de pacotes, partilhado por todos os
terminais da configuração multiponto.

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Ligações funcionais de gestão da interface:
- Função de resolução de conflito de acesso ao canal D: é gerida através do bit E que é um canal de 16 Kbit/s no
sentido NT - TEs que transporta o eco do canal D transmitido pelos terminais e emitido de novo pelo NT para os
terminais para confirmação da informação recebida.
- Função de sincronização: os terminais são sincronizados pelo NT aos níveis de bit e de trama. O relógio de bit (192
Kbit/s) está embebido no sinal e permite a recuperação de dados. O relógio de trama (4 Kbit/s) é transportado pelos
pares de bits F/L e Fa/N. Este sincronismo permite assegurar a multiplexagem física dos vários canais da interface, de
dados (B1, B2 e D) e de gestão.
- Função de activação/desactivação. Esta função permite diminuir o consumo de energia pondo o NT e os TE em
repouso quando não houver qualquer comunicação em curso no bus passivo, designado normalmente por bus S. Esta
função é baseada no bit A emitido pelo NT e utiliza procedimentos de activação e desactivação definidos na
recomendação I.430.
- Função de alimentação. Esta função permite a transferência de energia através da interface, em geral do NT para os
terminais para telealimentação dos telefones.

4.1.3. Alimentação dos terminais


A configuração de referência para a alimentação do equipamento terminal é baseada num conector de 8 pinos, em que
no entanto só os 4 pinos centrais (c, d, e, f) são obrigatórios, sendo os restantes opcionais, tal como se mostra na
figura 4.4.

a a
Fonte
b b
3
c + c

d - d
+
Receptor Fonte
1 e - e - 1

f + f

g g
Receptor Fonte
h h
2 2

TE NT
Figura 4.4 - Ligação física do Terminal ao NT1 ou NT2

Apesar de serem referidas 3 fontes de energia na configuração de referência, apenas a fonte 1 é obrigatória, podendo
esta ser alimentada localmente ou retirar a sua energia a partir da rede para alimentação do próprio NT e do
equipamento terminal.
A saida da fonte 1 deverá apresentar uma tensão de 40 Volt (+5% / -15%) ao fornecer 1 Watt de potência em
condições normais de funcionamento, ou ao fornecer 420 mW em condições de potência reduzida.

4.2. Codificação e estrutura da trama física

A principal função da interface básica RDIS é a transmissão multiplexada de dois canais B de 64 kbit/s e de um canal D
de 16 kbit/s. A capacidade de transmissão da linha é de 192 kbit/s distribuídos por:

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B1 64 kbit/s
B2 64 kbit/s
D 16 kbit/s
--------------------------------------------
Soma 2B+D 144 kbit/s

Controlo e sincronização 48 kbit/s


--------------------------------------------
Total 192 kbit/s

O código de linha utilizado no bus S em ambas as direcções é um código "pseudo ternário" AMI (Amplitude Mark
Inversion) com as seguintes características:
"1" lógico: ausência de tensão.
"0" lógico: sinal com polaridade positiva ( 0+ ) ou
sinal com polaridade negativa ( 0- )
A atribuição da polaridade ao zero lógico é feita alternadamente, (0+, 0-) para garantir a estabilização do nível DC da
linha. Existem no entanto violações à regra anterior para efeitos de alinhamento de trama (violação AMI), que são
corrigidos pela inserção na trama de bits de equilíbrio (bits L) destinados a repôr a paridade de zeros na linha.
Na figura 4.5 apresenta-se um exemplo de codificação na interface S, sendo este código aplicado em ambos os
sentidos de transmissão.
0 1 0 0 0 1 1 0

0 Volt

Figura 4.5 - Codificação de linha no bus S

Uma vez que os vários terminais estão sincronizados entre si ao nível do bit através do NT, a emissão simultânea de
um sinal da mesma polaridade por todos os terminais será lida sem erro pelo NT. Contudo, no caso de transmissão de
sinais diferentes, é realizada a soma algébrica dos sinais, como se mostra na figura 4.6.

Terminal A
0 1 0 0 0 1 1 0 0 Volt

Terminal B 0 1 0 1 1 1 1 1 0 Volt

Sinal no bus 0 1 0 0 0 1 1 0 0 Volt

Figura 4.6 - Acesso simultâneo ao bus S

Como se pode observar, se a emissão de zeros com polaridades opostas for evitada, o bus realiza a função lógica "E",
isto é, se um dos terminais emitir um zero, o resultado no bus será zero.

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Na figura 4.7 apresenta-se as estruturas das tramas da interface S/T de acesso básico, no sentido NT -TE e no sentido
inverso, podendo constatar-se que há um desfasamento de dois bits entre ambas.

NT -> TE:
48 bits / 250 us

D L F L B1 B1 B1 B 1 B1 B1 B1 B 1 E D A Fa N B 2 B2 B2 B2 B 2 B2 B2 B2 E D M B1 B 1 B1 B1 B1 B1 B1 B1 E D S B2 B2 B2 B2 B2 B2 B2 B 2 E D L F L
0
1

Offset 2 bits
TE -> NT:
D L F L B1 B1 B1 B1 B1 B 1 B1 B1 L D L Fa L B2 B2 B 2 B2 B2 B2 B 2 B2 L D L B1 B1 B1 B1 B1 B1 B1 B1 L D L B2 B2 B2 B2 B2 B2 B2 B2 L D L F
0
1

F - Bit de sincronismo de início de trama N\ - Bit de sincronismo N\ = Fa


L - Bit de equilíbrio de corrente contínua B1 - Bit do canal B1
D - Bit do canal D B2 - Bit do canal B2
E - Bit de eco do canal D (NT -> TE) A - Bit de activação (NT -> TE)
Fa - Bit auxiliar de sincronismo de trama S - reservado
M - Bit de multitrama
Figura 4.7 - Estrutura da trama de acesso básico

As tramas são periódicas e têm um comprimento de 48 bits e uma duração de 250 us, a que corresponde a frequência
de 4 mil tramas por segundo.
A composição da trama é a seguinte: 16 bits canal B1, 16 bits canal B2, 4 bits canal D e 12 bits de controlo. Faz-se em
seguida uma análise mais detalhada dos bits das tramas em ambos os sentidos, tal como se mostra na tabela 4.1.
Bits NT-TE TE-NT
1 2 F F
3 a 10 L L
11 B1 B1
12 E L
13 14 D D
15 A L
16 a 23 24 Fa Fa
25 N L
26 B2 B2
27 a 34 35 E L
36 D D
37 M L
38 a 45 B1 B1
46 E L
47 D D
48 S L
B2 B2
E L
D D
L L
Tabela 4.1 - Bits da trama de acesso básico

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O primeiro bit da trama (F - Frame synchronization), é o bit de sincronização da trama, o qual é sempre um zero lógico
caracterizado por introduzir uma violação de polaridade, o que significa que este bit tem a mesma polaridade do
anterior, violando a regra de alternância da polaridade do código AMI. Esta inversão de polaridade é utilizada para
facilitar no receptor a detecção do início de trama, tendo contudo o inconveniente de alterar o equilíbrio em
componente contínua, razão pela qual este bit é acompanhado por um bit L de equilíbrio da componente contínua.
Na figura 4.7a apresenta-se com detalhe o mecanismo de sincronização de trama, exemplificando-se duas situações, a
primeira em que o último 0 da trama anterior foi negativo e a segunda em que o último 0 da trama anterior foi positivo.

0 L F L B1 Bx 0 Volt

Caso em que o último 0 da trama anterior foi negativo

0 L F L B1 Bx 0 Volt

Caso em que o último 0 da trama anterior foi positivo


Figura 4.7a – Detalhe de sincronização d e trama de acesso básico RDIS

Existe um outro bit Fa, na posição 14, com funções auxiliares de sincronização de trama, introduzindo este bit uma
segunda violação de polaridade na trama.
A trama enviada pelo terminal possui dez bits de equilíbrio L, um após o bit de alinhamento de trama, um após cada
grupo de bits de um canal e um após o bit auxiliar de sincronização de trama.
A trama enviada pela rede possui dois bits de equilíbrio, um após o bit de alinhamento de trama e outro no fim da
trama. Esta trama possui ainda quatro bits E no sentido NT-TE que ecoam o valor do canal D da trama recebida do
utente. Estes bits servem para efeitos de controlo do canal D em modo de operação multiponto. O bit A é utilizado
para procedimentos de activação do bus, existindo também apenas no sentido NT-TE. O bit S, que existe na trama de
NT para TE, está reservado para uso futuro. Existe ainda um bit M nesta trama, para sincronização de multitrama, de
utilização opcional.
Como referido anteriormente, as temporizações de bit e de trama do terminal são sincronizadas pelo sinal recebido da
rede, sendo a transmissão do terminal igualmente sincronizada pela trama recebida da rede.

4.3. Activação e desactivação da interface S0

O procedimento de desactivação permite a equipamentos TE e NT serem colocados num estado de baixo consumo
quando não existirem chamadas.
O procedimento de activação permite a equipamentos TE e NT serem recolocados no modo de consumo normal.
Relativamente à activação e desactivação, a recomendação I.430 inclui tabelas e diagramas SDL descritivos dos
referidos procedimentos.
No decurso dos procedimentos de activação e desactivação são trocados sinais entre o TE e o NT designados por
Info 0 a 4, com o seguinte significado:
Info 0 - Sinal nulo
Info 1 - Sinal de activação do terminal
Info 2 - Trama de activação da rede (com bit A a zero)
Info 3 - Trama normal de transmissão do terminal

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Info 4 - Trama normal de transmissão da rede.
Analisamos em seguida a sequência de sinais trocados entre TE e NT no decurso da activação dos terminais, como se
mostra na tabela 4.2.

NT -> TE TE -> NT

Info 0 Sinal nulo Sinal nulo

Info 1
0 0 1 1 1 1 1 1

Info 2 Tramas com bits


B=D=E=0 e A=0

Info 3 Trama normal

Trama normal
Info 4
(com A=1)

Tabela 4.2 - Sequência de activação do terminal no bus So

Na situação inicial não há sinal no bus, o que corresponde ao Info 0 na tabela anterior.
O terminal inicia a activação do bus enviando continuamente uma sequência de 2 zeros seguida de 6 uns, o que
corresponde ao sinal Info 1.
A rede responde com o envio de uma trama completa, designada Info 2, caracterizada por ter todos os bits B e D a
zero, o que corresponde ao máximo número de impulsos activos na linha, permitindo uma mais rápida sincronização do
relógio do terminal. Para distinguir esta trama de uma trama normal, o bit A de activação é colocado a 0.
Após se ter sincronizado, o terminal inicia o envio de uma trama norma l, correspondente à situação Info 3.
A rede responde com uma trama também normal, Info 4, já com o bit A com o valor lógico 1, estando a partir desse
momento o bus no estado activo.
A sequência de desactivação só pode ser iniciada pela rede, o que acontece quando a rede constatar que os terminais
estão todos inactivos por um período de tempo superior ao previamente determinado na configuração da central.

4.4. Controlo de acesso ao canal D

Numa configuração ponto a multiponto deve existir um mecanismo que assegure que o acesso à rede seja feito de
modo equitativo para os diversos terminais ligados no bus e que garanta que a transmissão de cada um deles não seja
alterada pelas tentativas de transmissão dos outros.
Para tal é necessário um procedimento de acesso ao canal D destinado a controlar o acesso a este canal pelos vários
terminais ligados em modo multiponto no bus, sendo também válido para o modo de operação ponto a ponto.
O mecanismo de resolução de conflitos adoptado no bus S, denominado CSMA-CR (Carrier Sense Multiple Access -
Contention Resolution) baseia-se nas seguintes características:
- os terminais podem monitorar o canal D do TE para o NT através do canal E de eco
- o bus realiza a função E lógico entre a informação emitida pelos vários terminais
- o terminal deve enviar "1 lógico" no canal D quando não tem tramas de nível 2 para enviar.

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A implementação deste procedimento pressupöe ainda que no nível 2 se cumprem as seguintes especificações:
- utilização de flags de abertura e de fecho de trama com o formato "01111110", de acordo com o protocolo
HDLC (ver 5.2)
- existência de inserção de zeros de modo a evitar simulação de flags.

A aplicação dos princípios seguintes permite regular os conflitos de acesso ao canal D:


- antes de emitir uma trama HDLC (nível 2) cada terminal deve verificar se o canal está livre. O canal D é considerado
livre se pelo menos x bits consecutivos a 1 forem detectados. O número x depende da prioridade do terminal
- durante a emissão um terminal deve comparar cada bit emitido com o valor efectivamente recebido no NT e ecoado
através do bit E. Deve parar de transmitir logo que detecte uma diferença entre o valor emitido no canal D e o valor
recebido no canal E.

Na figura 4.8 exemplifica-se a tentativa de acesso ao bus de 3 terminais, em que os terminais B e C abandonam
sucessivamente o bus, ficando apenas o terminal A a emitir.

Terminal A 1 1
0 1 0 0 0 0 0 Volt

Terminal B 1 1 1 1 1 1
0 0 0 Volt
x

Terminal C 1 1 1 1
0 0 0 0 0 Volt
y

Sinal no bus 1 1 1 0
0 0 0 0 0 Volt

Figura 4.8 - Exemplo de resolução de conflitos no bus S

No instante x o terminal B emitiu um 1 enquanto os outros dois emitiram 0, pelo que o bit E é 0, o que implica o
abandono do bus pelo terminal B. No instante y o mesmo acontece com o terminal C, pelo que só fica a emitir o
terminal A, que não detectou qualquer erro na transmissão.
Considerando que os dois primeiros campos das tramas HDLC emitidas pelos vários terminais são a Flag e o Endereço
e que a Flag é igual para todos, é em geral no campo de endereço que a resolução de conflito de acesso ao bus é
efectuada. Este facto beneficia os terminais com zeros nos bits de menor peso, criando um factor adicional de
prioridade em caso de acesso simultâneo ao bus.
O mecanismo básico de prioridade de acesso ao canal D, cujo objectivo fundamental é assegurar uma equitativa
oportunidade de acesso ao canal D pelos vários terminais, é baseado na alteração dinâmica do número de uns lógicos
consecutivos que o terminal deve detectar para decidir que o canal está livre.
São definidas duas classes de prioridades de terminais, 1 e 2, com os seguintes valores de uns consecutivos para
acesso ao bus:
X = 8 (Classe 1 - alta prioridade)

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X = 10 (Classe 2 - baixa prioridade)

Na figura 4.9 apresenta-se um diagrama SDL de acesso ao canal D no bus S. Faz-se notar que o número mínimo de uns
consecutivos, 8, da classe mais prioritária nunca pode ocorrer durante a transmissão de uma trama, uma vez que estas
são baseadas em HDLC e neste protocolo o número máximo de uns consecutivos é limitado a um número inferior,
sendo de 6 bits nas flags e de 5 bits no interior das tramas.
A classe de prioridade de uma determinada trama pode ser uma característica do terminal, definida por hardware, ou
ser passada como parâmetro do nível 2 para o nível 1 na primitiva PH-Data Request.
Atribui-se a classe de prioridade 1, mais elevada, às tramas de sinalização e prioridade 2 a todas as outras tramas,
dando-se prioridade à sinalização relativamente a todos os outros tipos de informação.
Para garantir que dentro de uma dada classe todos os terminais tenham igualdade de oportunidades de acesso ao
canal D, a sua prioridade é baixada após a transmissão com sucesso de uma trama, só voltando ao estado original de
prioridade quando detectar que o bus está livre, ou seja, quando detectar que foi atingido o número de uns
consecutivos correspondente ao seu estado actual.

IST – Mário Serafim Nunes 2002


Espera acesso ao bus Envio de trama
X1 = 8 1
X2 =10
ESPERA 2
F=0

Bit E
C=0 recebido
D
N D=E
ESPERA 1
S
Mais bits
Bit E Enviar N S
recebido trama
se i=1 X1=9 Envia próximo
N se i=2 X2=11 bit de dados D
E=1
1 2
S Prioridade
S C = 11 (Baixa prioridade 1 ou 2)
N i=1 i=2 D - bit do canal D
C=C+1
E - bit do canal de eco de D
N C >= X1 F - indicador de trama pendente
F=1
S
C - contador de número de uns
X1 = 8 (Sobe prioridade 1)
consecutivos no canal de eco de D
C >= X2N X1 - limiar para a classe de prioridade 1
S X2 - limiar para a classe de prioridade 2
X2 = 10 (Sobe prioridade 2)
i - indicador de classe de prioridade
N F = 1 (Tem trama para enviar ?)
S
N C >= Xi
S
Envia 1o bit
de dados D
1

Figura 4.9 - Diagrama SDL de acesso ao canal D no bus S0.

Assim, o número C de uns consecutivos que o terminal deve detectar para poder iniciar a transmissão são os
seguintes:
C = 8 (Classe 1, nível alto)
C = 9 (Classe 1, nível baixo)
C =10 (Classe 2, nível alto)
C =11 (Classe 2, nível baixo)
Um terminal encontra -se no nível alto de uma dada classe quando ainda não transmitiu nenhuma trama dessa classe.
Após a transmissão de uma trama, o terminal passa para o nível baixo. Assim que o terminal detecta que ocorreu no
bus um número consecutivo de uns igual ou superior à sua classe actual, regressa ao nível alto.

IST – Mário Serafim Nunes 2002


4.5. Interface U de transmissão

A interface U situa-se entre o NT1 e a central pública. Esta interface não foi objecto de normalização pelo ITU-T
devido ao facto de ser fortemente dependente da tecnologia de transmissão utilizada, existindo contudo actualmente a
tendência para a normalização de um número restrito de técnicas de transmissão, a aplicar a nível nacional.
De modo análogo à interface S, são definidas várias ligações funcionais nesta interface, a saber:
- transmissão do canal B1 de 64 Kbit/s
- transmissão do canal B2 de 64 Kbit/s
- transmissão do canal D de 16 Kbit/s
- sincronização de trama
- sincronização de bit
- alimentação remota
- controlo da linha
- mensagens de erro de código
- activação
- desactivação.

Situando-se a interface U no ponto de interligação com a central pública, foi considerado muito importante do ponto
de vista económico que esta interface fosse a dois fios, com vista a poder ser reutilizada a rede de cabos da rede
analógica já existente. Isto requer a transmissão de ritmos da ordem de 200 Kbit/s full-duplex sobre pares metálicos
utilizados na rede telefónica analógica, o que é um objectivo muito difícil de atingir, por um conjunto de razões de que
se destacam:
- a distância entre o utilizador e a central é elevada, podendo atingir os 6 a 8 Km
- as atenuações são elevadas devido ao elevado ritmo de transmissão e às características dos condutores
- a linha de assinante é em geral constituída por troços com características diferentes, nomeadamente de
diâmetro dos condutores, isolamento, etc, o que provoca reflexões do sinal nas junções entre troços
- podem existir derivações em aberto, as quais introduzem fortes alterações de impedância da linha e
consequentes atenuações adicionais
- os cabos têm um elevado número de pares e mau isolamento entre pares, o que provoca aumento de
atenuação e aumento da diafonia entre pares
- há por vezes infiltrações de água nos cabos, o que provoca atenuações e diafonia suplementares
- os cabos não foram dimensionados para utilização em frequências tão elevadas, o que implica fortes
atenuações nestas frequências.

Para conseguir transmitir os sinais digitais necessários à RDIS foi necessário desenvolver novas técnicas de
transmissão e recuperação de sinais, bem como a pesquisa dos códigos de linha mais adequados para a situação em
causa.
Foram estudadas e desenvolvidas inúmeras técnicas de transmissão bidireccional a dois fios, tendo sido
seleccionadas actualmente duas técnicas básicas, a saber:
- "Time Compressed Multiplexing" (TCM) ou Ping-Pong
- Cancelamento de eco.

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4.5.1 Tecnologia TCM
A tecnologia TCM ou ping-pong é de implementação relativamente simples, baseando-se na transmissão alternada de
tramas num sentido e no outro da interface, sobre um único par de fios, tal como se indica no diagrama de blocos da
figura 4.10.
Entrada Transmissão Transmissão
de dados

Controlo Controlo
Linha de
assinantte
Saída de Recepção ( 2 fios) Recepção
dados

Figura 4.10 - "Time compressed multiplexing" / ping-pong

Esta técnica funciona como a emulação de uma ligação full-duplex à custa de duas ligações half-duplex que se
alternam no tempo a um ritmo elevado.
Assim, como se pode observar na figura 4.11, no instante T0 é iniciada a transmissão de uma trama no sentido do
utilizador para a central, isto é de NT1 para LT, a qual começa a chegar a LT no instante T1 devido ao tempo de
propagação Tp na linha de transmissão (Tp = T1 - T0).

Transmissão de NT1 para LT:


Trama
NT1
T0 T2 T8

LT
T1 T3 T9

Transmissão de LT para NT1:

LT
T4 T6

NT1
T5 T7
Figura 4.11 - Transmissão de tramas em TCM / ping-pong

A transmissão de uma trama no sentido inverso, de LT para NT1, só pode ser iniciada após a completa recepção da
trama de NT1 para LT, isto é, após T3 de acordo com a figura anterior. Define-se tempo de guarda Tg, como o
intervalo que é necessário esperar antes de iniciar a transmissão de uma nova trama (Tg = T4 - T3), para evitar ecos e
interferências com a trama acabada de receber no sentido inverso.
Assim, em cada instante as tramas só estão a ser transmitidas num único sentido, conseguindo-se a
bidireccionalidade da comunicação à custa da alternância da comunicação nos dois sentidos, a um ritmo superior ao
dobro do ritmo individual em cada sentido, levando em consideração o tempo de propagação e o tempo de guarda.
O principal inconveniente desta tecnologia reside precisamente no facto de os ritmos de transmissão na linha serem
muito elevados, da ordem dos 350 - 400 Kbit/s, o que provoca uma atenuação muito elevada e portanto comprimentos
máximos permitidos para a linha relativamente baixos, actualmente da ordem dos 2 a 3 Km.

IST – Mário Serafim Nunes 2002


4.5.2 Tecnologia de Cancelamento de Eco
A tecnologia de cancelamento de eco é baseada na transmissão bidireccional simultânea a dois fios, com
cancelamento automático do eco recebido, o qual é extraído do sinal recebido, através de filtros digitais adaptativos
baseados em circuitos VLSI, tal como se mostra na figura 4.12.

Entrada De
Transmissão
de dados

Filtro digital
Híbrido
(VLSI) Linha de assinante
(2 fios)
-
Saída + Dr
Recepção
de dados
Diminuidor

NT1 / LT

Figura 4.12 - Tecnologia de cancelamento de eco

O sinal Dr recebido da linha após separação, através do híbrido H, do sinal De transmitido, é constituído por várias
componentes sobrepostas ao sinal emitido pela central remota, a saber:
- sobreposição de uma fracção do sinal emitido localmente, De, devido a imperfeições do circuito híbrido
- ecos múltiplos do sinal emitido localmente, o qual sofre reflexões em vários pontos ao longo da linha e na
sua terminação
- ruído proveniente de outros sistemas eléctricos, de diafonia com outras linhas e de ruído térmico
- interferência intersimbólica resultante do espalhamento dos impulsos em alta frequência provocados pelo
mau comportamento da linha em alta frequência.

Devido ao elevado comprimento da linha de transmissão, o sinal recebido sofre uma forte atenuação, que pode atingir
os 40 a 50 dB, podendo ser consideravelmente inferior às outras componentes de eco e de ruíd o, o que mostra a
dificuldade de implementação desta técnica.
O filtro digital referido na figura anterior procura eliminar os ecos e o ruído recebidos juntamente com o sinal, bem
como as interferências intersimbólicas. Outro factor que ainda torna mais difícil a recuperação do sinal é devido ao
facto de as características eléctricas da linha de transmissão não serem fixas, variando constantemente devido a
alterações térmicas e atmosféricas, interferências electromagnéticas de máquinas de indução, linhas de transmissão de
energia, etc. Assim, os filtros digitais terão de ser adaptativos, monitorando constantemente as características das
linhas, procurando em cada instante eliminar o mais possível o ruído, ecos e interferência intersimbólica do sinal
recebido.
Esta tecnologia, embora de implementação mais complexa que a anterior, está actualmente a ser preferida devido ao
facto de permitir um maior comprimento de linha, da ordem dos 6 a 7 Km, o que é devido entre outros facores ao facto
de permitir um ritmo e m linha aproximadamente metade da tecnologia TCM.

4.5.3 Códigos de linha na interface U


Sabendo-se que a atenuação em linhas de transmissão cresce aproximadamente com a raiz quadrada da frequência,
procura-se diminuir o ritmo de transmissão na linha através da utilização de códigos ternários ou quaternários, em vez
dos códigos binários ou pseudo-ternários habitualmente utilizados noutras aplicações.
Como vimos anteriormente, o código utilizado na interface S0 é o código AMI, o qual também é utilizado nos sistemas
de transmissão PCM de primeira hierarquia, na sua versão HDB3 (High Density Bipolar 3).

IST – Mário Serafim Nunes 2002


Estes códigos, embora adequados para utilização em linhas de transmissão digital, não são optimizados relativamente
à ocupação de frequência da linha, pois são códigos pseudo-ternários, isto é, são códigos que apesar de terem três
níveis eléctricos, só têm dois valores lógicos, o que significa que cada símbolo apenas contém um bit de informação.
Há outros códigos que apresentam uma melhor eficiência de utilização da largura de banda da linha, o que é de
particular importância na caso da interface U devido à forte atenuação em frequência das linhas utilizadas. Esses
códigos utilizam três ou quatro níveis lógicos, pelo que são chamados ternários ou quaternários, respectivamente.
Estes códigos são ainda designados como "códigos de bloco" devido ao facto de concentrarem vários símbolos
(ternários ou quaternários) que constituem as palavras válidas do código, às quais se fazem corresponder palavras
binárias adequadas.

Os códigos de bloco actualmente mais utilizados na interface U são os seguintes:


- 4B3T Código ternário: 4 bits convertidos em 3 sinais ternários, com uma compressão de 25%
- 2B1Q Código quaternário: 2 bits convertidos em 1 sinal quaternário, com uma comp ressão de 50%

Na tabela 4.3 apresenta-se um exemplo de codificação no código 4B3T, em que se pode verificar que a cada conjunto
de 4 símbolos binários (4B) corresponde um conjunto de 3 símbolos ternários (3T).

Palavra binária Palavra ternária


0000 -1 -1 -1
0001 -1 -1 0
0010 -1 0 -1
0011 0 -1 -1
0100 -1 -1 +1
: :
1110 +1 -1 0
1111 -1 +1 0

Tabela 4.3 - Exemplo de codificação no código 4B3T

Verifica-se assim uma redução do ritmo em baud, isto é da taxa de símbolos na linha, d e 4 para 3, o que significa uma
redução para 75%. Deste modo, para um ritmo original de 160 Kbit/s no código AMI, teremos no código 4B3T um
ritmo de 120 Kbaud, o que implica uma equivalente redução da largura de banda do sinal.
Outra vantagem da utilização dos códigos de bloco, ternários ou quaternários é a subutilização do espaço de
codificação. Neste código, como com três símbolos ternários é possível codificar 27 palavras diferentes e só são
utilizadas 16 combinações para codificar 16 palavras binárias de 4 bits, a selecção dos códigos ternários a utilizar fica
muito flexível, podendo utilizar-se as palavras que ofereçam a maior imunidade ao ruído, menor interferência
intersimbólica e maior facilidade de extracção de relógio, para além de permitir ainda a detecção de erros de
transmissão se forem recebidas combinações não permitidas. Estes códigos permitem ainda a utilização de
combinações especiais para sincronização de trama e para compensação da componente contínua na linha.
Na tabela 4.4 apresenta-se um exemplo de codificação no código 2B1Q, em que se pode verificar que a cada conjunto
de 2 símbolos binários (2B) corresponde um símbolo quaternário (1Q).
Palavra binária Palavra quaternária
00 -3

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01 -1
10 +3
11 +1

Tabela 4.4- Exemplo de codificação n o código 2B1Q

Verifica-se neste código uma redução do ritmo em baud de 50%, o que significa que para um ritmo original de 160
Kbit/s no código AMI, teremos no código 2B1Q um ritmo de 80 Kbaud, o que implica uma redução para metade da
largura de banda do sinal.

Este código, já adoptado nos EUA, está a ser adoptado também por vários paises europeus, fazendo antever que vai
ser o código de linha mais utilizado na interface U.
Na figura 4.13 exemplifica-se a codificação nos códigos binário (NRZ - Non Return to Zero), AMI, 4B3T e 2B1Q para a
mesma sequência binária.

NRZ 0 1 0 0 1 1 1 0 160 Kbit/s

+1
AMI +1 0 -1 +1 0 0 0 -1 0 160 Kbaud
-1

+1
-1 -1 +1 +1 -1 0
4B3T 0 120 Kbaud
-1

+3
+1
-1 -3 +1 +3 0 80 Kbaud
2B1Q
-1
-3
Figura 4.13 - Comparação dos códigos NRZ, AMI, 4B3T e 2B1Q

Na recomendação G.961 são definidas em apêndice as características eléctricas de vários códigos de linha a utilizar na
interface U:
i) MMS43 (Modified Monitoring State Code). Código do tipo 4B3T
ii) 2B1Q
iii) AMI com cancelamento de eco
iv) AMI com TCM
v) BIFASE com cancelamento de eco
vi) SU32 (Substitutional 3B2T) com cancelamento de eco.

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4.6 Interface de acesso primário

As especificações da interface de ritmo primário de acesso baseiam-se nas especificações actualmente existentes para
os equipamentos de transmissão digital de primeira hierarquia das redes públicas, os quais têm o ritmo de 2,048 Mbit/s
em todos os paises europeus e no Brasil e o ritmo de 1,544 Mbit/s na América do Norte e Japão.
A interface utilizador-rede de acesso primário possui apenas a configuração ponto a ponto, com dois circuitos
independentes, um para cada sentido.
Embora conceptualmente a interface de ritmo primário possa existir no ponto de referência S, a sua aplicação típica é
no ponto de referência T, por exemplo para interligação de um PPCA à rede pública.
Não existem na interface primária os procedimentos de activação e desactivação, devendo portanto a interface estar
permanentemente activa, com sinal eléctrico aplicado.
O comprimento máximo da ligação à central pública sem repetidores é de 1,5 Km a 2 Km, dependendo das
características dos cabos utilizados e do nível de ruído existente.
A interface primária de 1,544 Mbit/s utilizada nos EUA é constituída por 23 canais B de 64 Kbit/s e um canal D também
de 64 Kbit/s, sendo a sua estrutura a indicada na figura 4.14.
193 bits / 125 us

F Slot 0 Slot 1 ... Slot 23


1 12345678 12345678 ... 12345678

Figura 4.14 - Estrutura da trama física de acesso primário de 1,544 Mbit/s

O bit F é utilizado para sincronismo e monitorização da trama, a que se seguem 24 "slots" (Slot 0 a Slot 23), que
constituem 24 canais de 64 Kbit/s cada.
O slot 0 é utilizado para transporte do canal D e os restantes slots são utilizados como canais B.
A interface primária de 2,048 Mbit/s utilizada na Europa e Brasil é constituída por 30 canais B de 64 Kbit/s e um canal
D também de 64 Kbit/s, sendo a sua estrutura a indicada na figura 4.15.
256 bits / 125 us

Slot 0 Slot 1 ... Slot 31


12345678 12345678 ... 12345678

Figura 4.15 - Estrutura da trama física de acesso primário de 2,048 Mbit/s


Esta interface é constituída por 32 "slots" (Slot 0 a Slot 31), correspondentes a 32 canais de 64 Kbit/s cada.
O slot 0 é utilizado para sincronismo e monitorização da trama, de acordo com a recomendação G.704.
O slot 16 é utilizado para transporte do canal D e os restantes slots (1 a 15 e 17 a 31) são utilizados como canais B.
Os canais actualmente normalizados que podem existir em interfaces primárias são os seguintes:
- Canal B - 64 kbit/s
- Canal D - 64 Kbit/s
- Canal H0 - 384 Kbit/s (6B)
- Canal H11 - 1536 Kbit/s (24B)
- Canal H12 - 1920 Kbit/s (30B)

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Como se pode constatar, o canal H12 só pode ser transportado na interface primária de 2,048 Mbit/s, enquanto que o
canal H11 pode ser transportado em ambas as interfaces primárias.
Relativamente aos canais H0, estes podem ser transportados em ambas as interfaces, não tendo sido acordada
universalmente a sua localização na interface de ritmo primário, sendo apenas definidos exemplos de aplicação
utilizados em recomendações nacionais, como se pode observar na figura 4.16.

S H0a H0b H0c H0d H0e

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15

16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31

D H0a H0b H0c H0d H0e

S - Sincronismo D - Canal D H0a-e - Canais H0


Figura 4.16 - Exemplo de localização de canais H0 na interface de 2,048 Mbit/s

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5. PROTOCOLO DE NIVEL 2 DA INTERFACE UTILIZADOR-REDE

O sistema de sinalização utilizado na interface de acesso do utilizador à RDIS é designado DSS1, Digital Subcriber
Signalling System Nº 1.
O nível 2 do DSS1 é designado LAPD (Link Access Protocol on D-channel) e permite a troca de informação sobre o
canal D estruturada em tramas entre as entidades da camada 2 situadas nos dois lados da interface S ou T, isto é,
entre o TE1 ou TA e o NT2 ou a central local. O protocolo de nível 2 é descrito nas recomendações I.440/Q.920 e
I.441/Q.921 do ITU-T.

5.1. Funções do LAPD

O protocolo LAPD implementa as seguintes funções:


i) delimitação da informação através de "flags", sincronização e transparência da informação transportada, sendo
estas funções asseguradas através do encapsulamento da informação em tramas de modo compatível com o protocolo
HDLC
ii) multiplexagem de várias entidades de ligação de dados sobre o mesmo canal D
iii) garantia de sequenciamento das tramas transmitidas e recebidas através da sua numeração
iv) detecção de erros de transmissão, de formatação e de funcionamento sobre uma ligação de dados
v) recuperação de erros de transmissão atavés da repetição de tramas recebidas com erro
vi) notificação da entidade de gestão dos erros que não podem ser corrigidos
vii) controlo de fluxo da informação entre emis sor e receptor.
São definidos dois tipos de operação da camada de ligação de dados para transferência de informação pelas entidades
do nível superior (camada rede) e de gestão do sistema: modo confirmado (acknowledge) e modo não confirmado
(unacknowledge).
i) Modo confirmado
É um modo orientado à conexão, em que a informação de nível 3 é transmitida usando tramas de informação
numeradas (I), com detecção e recuperação de erros. Este modo implica o estabelecimento prévio de uma ligação de
dados que assegure as funções de nível 2 de controlo de erros e de fluxo.
ii) Modo não confirmado
Este modo não requer o estabelecimento de uma ligação de dados, sendo a informação de nível 3 transmitida usando
tramas de informação não numeradas (UI) sem confirmação ao nível de ligação de dados, nem recuperação de erros ou
controlo de fluxo. Este modo pode ser usado em ponto a ponto entre um terminal e a rede ou em multiponto para
difusão de tramas para vários terminais.

5.2. Estrutura das tramas LAPD

A estrutura das tramas d e LAPD é baseada na estrutura correspondente do protocolo HDLC, sendo constituída pelos
seguintes campos (Figura 5.1):
- Flag de abertura
- Campo de endereço
- Campo de controlo
- Campo de informação

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- Sequência de teste de trama
- Flag de fecho

Flag Endereço Controlo Informação FCS Flag

1 2 1-2 N 2 1 octetos
Figura 5.1 - Estrutura da trama LAPD

A flag tem a dimensão de 1 octeto, com valor 01111110. Para impedir a imitação da flag por dados do utilizador no
interior da trama, é implementado o mecanismo designado por "bit stuffing", que consiste em introduzir um zero no
fluxo de dados de emissão sempre que ocorram 5 uns consecutivos. Os zeros inseridos na emissão são retirados na
recepção, recuperando-se assim a informação original do utilizador.
O campo de endereço tem a dimensão de dois octetos, com a estrutura indicada na figura 5.2.

8 7 6 5 4 3 2 1 bit
E/A
SAPI C/R Octeto 1
0
E/A
TEI Octeto 2
1

Figura 5.2 - Estrutura do campo de endereço

O bit E/A (Extension Address) ocupa o bit de menor peso de cada octeto do endereço, tomando o valor 0 no primeiro
octeto e o valor 1 no último octeto, de acordo com o protocolo HDLC.
O bit C/R pode tomar os valores 0 ou 1, sendo utilizado para indicar se a trama é de comando ou de resposta, de
acordo com a tabela 5.1.

Lado da Rede Lado do Terminal


Comandos 1 0
Respostas 0 1

Tabela 5.1 - Valor do bit C/R

O campo SAPI (Service Access Point Identifier) do endereço é o identificador do ponto de acesso do serviço da
camada 2, sendo utilizado para indicar o tipo de informação transportado na trama. Esta identificação é necessária uma
vez que o canal D pode transportar em modo estatisticamente multiplexado informação de sinalização, de dados em
modo pacote, informação de gestão, telemetria, etc. (figura 5.3).

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Camada Controlo de Comutação
Telemetria
Rede chamadas de Pacotes
SAPI=0 SAPI=16 SAPI=32
(p. ex.)
Procedimentos Procedimentos Procedimentos
Camada
LAPD 0 LAPD 16 LAPD 32
de Ligação
de Dados

Multiplexagem de
Ligação de Dados

PH-SAP
Camada
Física
PH-SAP - SAP da camada física
Figura 5.3 - Utilização do SAPI para multiplexagem de in formação
Estão atribuídos os valores de SAPI indicados na tabela 5.2.

SAPI Entidade
0 s - Sinalização (controlo de chamadas)
1 - Comunicação de dados de pacotes
com controlo de chamadas Q.931
16 p - Comunicação de dados de pacotes com
X.25 nível 3
32-47 t - Uso nacional (telemetria, etc.)
63 m - Gestão
outros - Reservados para futura normalização

Tabela 5.2 - Valores de SAPI atribuídos

O segundo campo do endereço, denominado TEI (Terminal Endpoint Identifier) é o identificador de terminal, que
permite distinguir as ligações de dados multiplexados no mesmo canal D de um bus S, seleccionando as tramas para
um terminal determinado.
O TEI é atribuído pela rede se o equipamento terminal for do tipo de atribuição automática de TEI (TEI = 64-126) ou é
definido pelo utilizador ou pelo fabricante se o equipamento terminal for do tipo de atribuição não automática (TEI = 0-
63).
A conexão de ligação de dados é identificada pelos dois campos, SAPI e TEI, os quais no seu conjunto constituem o
Identificador de Conexão de Ligação de Dados DLCI ( Data Link Connection Identifier): DLCI = SAPI + TEI.
O campo de controlo das tramas é constituído por 1 ou 2 octetos, consoante o tipo de tramas: 2 octetos para as tramas
de informação e de supervis ão e 1 octeto para as tramas não numeradas.
O campo FCS (Frame Check Sequence) é utilizado para detecção de erros da trama, de modo análogo ao LAPB. Em
caso de erro de trama, é pedida ao emissor a repetição da trama, utilizando para tal as mensagens de supervisão do
LAPD.
A trama termina com uma flag de um octeto idêntica à de início de trama.

IST – Mário Serafim Nunes 2002


5.3. Comandos e respostas de LAPD

Há três tipos de tramas em LAPD, identificadas no campo de controlo: tramas de informação (I), de supervisão (S) e
não numeradas (U), cuja codificação se mostra na tabela 5.3.

Codificação (bits)
Campo de Controlo
8 7 6 5 4 3 2 1

N(S) 0
Tramas I
N(R) P

0 0 0 0 S S 0 1
Tramas S
N(R) P/F

Tramas U M M M P/F M M 1 1

N(S) - Número de sequência de transmissão


N(R) - Número de sequência de recepção
P/F - bit Poll se for comando / bit Final se for resposta
S - bit da função de supervisão
M - bit modificador de função
Tabela 5.3 - Tramas LAPD
Analisa-se em seguida cada um dos tipos de tramas e os comandos e respostas associados com cada um dos tipos.
i) Tramas de informação (2 octetos): contêm o número de sequência da própria trama e o número de sequência da
trama esperada.
- I (information)
ii) Tramas de supervisão (2 octetos): Contêm o número de sequência da trama esperada.
- RR (receive ready)
- RNR (receive not ready)
- REJ (reject)
iii) Tramas não numeradas (1 octeto):
- SABME (set asynchronous balanced mode extended)
- DM (disconnected mode)
- UI (unnumbered information)
- DISC (disconnect)
- UA (unnumbered acknowledegment)
- FRMR (frame reject)
- XID (exchange identification).

O modo de funcionamento de trama única (não confirmado) utiliza a trama de informação não numerada (UI), a qual
não permite a recuperação de eventuais erros de transmissão.

IST – Mário Serafim Nunes 2002


O modo de funcionamento de tramas múltiplas (confirmado) utiliza a trama de informação numerada (I). A ligação de
dados é estabelecida pela troca de tramas SABME e UA e o desligamento pela troca de tramas DISC e UA.
Os campos N(S) e N(R) são utilizados nas tramas I de informação para indicar respectivamente qual a trama que está a
ser enviada e qual a trama que é esperada. Nas tramas de supervisão, RR, RNR e REJ, só o campo N(R) é utilizado,
para indicar qual a trama que é esperada. Nas tramas não numeradas nenhum dos dois campos é usado. O módulo de
contagem de N(S) e de N(R) é 128 (0 a 127).
O bit P/F é usado em todas as tramas, embora em posições diferentes, quer nas tramas de comando quer nas de
resposta. Nas tramas de comando o bit P/F é definido como bit P e nas tramas de resposta é definido como bit F. O bit
P é posto a 1 pela entidade da camada de ligação de dados para solicitar (Poll) uma trama de resposta da entidade par.
O bit F é posto a 1 para indicar uma trama transmitida como resultado de um comando de solicitação.
Na tabela 5.4 apresentam-se os comandos e respostas do protocolo LAPD e respectivas codificações.

Codificação
Aplicação Formato Comandos Respostas
87 6 5 4 3 2 1
N(S) 0
Transf. de
I
informação N(R) P
0 0 0 0 0 0 0 1
RR RR
N(R) P/F
Transferência
de informação 0 0 0 0 0 1 0 1
RNR RNR
com e sem Supervisão N(R) P/F
confirmação 0 0 0 0 1 0 0 1
de recepção REJ REJ
N(R) P/F

SABME 0 1 1 P 1 1 1 1

DM 0 0 0 F 1 1 1 1

Não UI 0 0 0 P 0 0 1 1
numerada
DISC 0 1 0 P 0 0 1 1

UA 0 1 1 F 0 0 1 1

FRMR 1 0 0 F 0 1 1 1

Gestão XID XID 1 0 1 P/F 1 1 1 1

Tabela 5.4 - Tramas utilizadas em LAPD (campo de controlo)

Analisamos agora individualmente os vários comandos e respostas do protocolo LAPD.

I- Information
A função das tramas I é a de transferir, através de uma ligação de dados, tramas sequencialmente numeradas
contendo campos de informação provenientes do nível superior. Este comando é usado na operação multi-trama em
conexões de ligação de dados ponto a ponto.

IST – Mário Serafim Nunes 2002


SABME - Set Asynchronous Balanced Mode Extended
O comando SABME é usado para iniciar uma ligação de dados, colocando o utilizador ou a rede no modo de operação
de tramas múltiplas com confirmação (multiple frame acknowledge).

DISC - Disconnect
O comando DISC é usado para terminar uma ligação de dados do tipo tramas múltiplas com confirmação.

UI - Unnumbered Information
O comando UI é usado para enviar informação em modo não confirmado, sem alterar as variáveis de estado da ligação
lógica. As tramas UI não têm número de sequência, portanto podem ser perdidas sem notificação.

RR- Receive Ready


O comando ou resposta RR é usado pela camada de ligação de dados para os seguintes fins:
- indicar que está pronto para receber uma trama I
- notificar a recepção de tramas I até N(R)-1 e que portanto está à espera da trama N(R)
- desfazer a condição de ocupado, indicada pelo envio anterior de uma trama RNR.

RNR - Receive Not Ready


O comando ou resposta RNR é usado para indicar uma condição de ocupado, isto é, uma impossibilidade temporária
de aceitar tramas I adicionais. O campo N(R) da trama notifica igualmente que recebeu até à trama N(R)-1 e que está à
espera da trama N(R).

REJ - Reject
O comando ou resposta REJ é usado para indicar a recepção de uma trama fora de sequência e pedir a retransmissão
de tramas I a começar com a trama N(R). As tramas de número inferior são implicitamente notificadas como recebidas.

UA - Unnumbered Acknowledge
A resposta UA é usada para notificar a aceitação dos comandos SABME ou DISC.

DM - Disconnect Mode
A resposta DM é usada para indicar à camada de ligação de dados correspondente que está num estado em que a
operação de multi-trama não pode ser executada.

FRMR - Frame Reject


A resposta FRMR é enviada por uma entidade de ligação de dados em resultado da uma condição de erro não
recuperável por retransmissão da trama recebida, por exemplo com um dos seguintes tipos de erro:
- recepção de uma trama com campo de controlo indefinido ou não implementado
- recepção de uma trama de supervisão ou não numerada com comprimento incorrecto
- recepção de campo N(R) inválido

IST – Mário Serafim Nunes 2002


- recepção de trama I com campo de informação demasiado grande.

XID - Exchange Identification


O comando ou resposta XID é utilizado para gestão de conexões de ligação de dados, podendo conter um campo de
informação no qual é inserida informação de identificação.

Na figura 5.4 apresenta-se um exemplo de estabelecimento, transferência de informação e desligamento de uma ligação
lógica.
A ligação de dados é estabelecida a partir do comando SABME e da resposta UA. A partir daí pode-se iniciar o envio
de tramas I, que contêm os números de sequência N(S) e N(R), do TE para o NT e no sentido inverso.
No exemplo é indicada também uma situação em que o NT não tendo informação para enviar, responde à trama I3,1
com a trama RR4.
A ligação de dados é desligada a partir do comando DISC e da respectiva resposta UA.
TE NT

SABME

UA

I 0,0

I 1,0

I 2,0

I 0,3

I 3,1

RR 4

DISC

UA

Figura 5.4 - Diagrama de mensagens LAPD

Na tabela 5.5 apresenta-se, para comparação, as principais diferenças entre LAPD (Nível 2 de RDIS) e LAPB (Nível 2
de X.25).
LAPB LAPD

Endereço 1 octeto 2 octetos


Temporizadores 2 (T1 e T3) 4 (T200, T201, T202, T203)
Parâmetros de sistema 3 (N1, N2, K) 4 (N200, N201, N202, K)

IST – Mário Serafim Nunes 2002


Configuração Ponto a ponto Ponto a ponto/multiponto
Multiplexagem estatistica de várias
ligações lógicas
Tramas de informação I I, UI e XID
Sequenciamento Módulo 8 (SABM) ou 128 Módulo 128 (SABME)
(SABME)
Sinal de ABORT 7-14 bits contínuos a 1 7 bits contínuos a 1
Canal em repouso >= 15 bits contínuos a 1 >= 8 bits contínuos a 1
(IDLE)
Indicador de Campo de endereço Bit C/R no campo
Comando/Resposta (00000001/00000011) de endereço

Tabela 5.5 - Comparação entre LAPB e LAPD

5.4. Gestão do identificador de terminal TEI

Estão actualmente definidos pelo ITU-T os seguintes valores de TEI:

- 0 a 63 - Equipamento terminal com atribuição fixa de TEI


- 64 a 126 - Equipamento terminal com atribuição dinâmica de TEI
- 127 (Global) - Número de TEI utilizado para difusão a todos os terminais.

A gestão de TEIs é baseada nos seguintes procedimentos:


- procedimentos de atribuição de TEI
- procedimentos de teste de TEI
- procedimentos de remoção de TEI
- procedimento opcional de verificação de identidade de TEI por parte do terminal do utilizador.

As funções de gestão dos valores de TEI estão localizadas na entidade de gestão associada à camada de ligação de
dados.
As mensagens de gestão de TEI, nomeadamente de atribuição e remoção de TEI são transportadas em tramas UI com
SAPI = 63 e TEI = 127, sendo o formato do campo de informação das tramas o indicado na figura 5.5.

IST – Mário Serafim Nunes 2002


8 7 6 5 4 3 2 1 bit

Identificador de entidade de gestão (00001111) 1 octeto

Número de 2
Referência
3

Código de mensagem 4

Indicador de acção - Ai 1 5

Figura 5.5 - Formato das mensagens de gestão de TEI

O Número de Referência, com dimensão de dois octetos, tem como função identificar um procedimento de gestão
entre a rede e um terminal. É gerado aleatoriamente de modo a reduzir a probabilidade de dois ou mais terminais
gerarem mensagens com o mesmo Número de Referência.
Na tabela 5.6 apresentam-se as mensagens relativas à gestão de TEI.

Nome Função Sentido Código Ai – Indicador de Acção

TEI Request Pedido de TE -> NT 00000001 Ai=127 - Qualquer valor de TEI aceitável
Identidade
TEI Assigned Identidade NT -> TE 00000010 Ai=64-126 - Valor de TEI atribuído
Atribuída
TEI Denied Identidade NT -> TE 00000011 Ai=64-126 - TEI recusado
Recusada Ai=127 – Não há TEI disponível
TEI Check Pedido de Teste NT -> TE 00000100 Ai = 0-126 - TEI a testar
Request de Identidade Ai = 127 - Testar todos os TEI
TEI Check Resposta de Teste TE -> NT 00000101 Ai = 0-126 - TEI em uso
Response de Identidade
TEI Remove Remoção de NT -> TE 00000110 Ai=0-126 - TEI a remover
Identidade Ai=127 - Remover todos os TEI
TEI Verify Verificação de TE -> NT 00000111 Ai = 0-126 - Valor de TEI a testar
Identidade

Tabela 5.6 - Mensagens de gestão de TEI

5.4.1. Procedimento de atribuição de TEI


Se o equipamento terminal fôr do tipo de atribuição não automático, o plano de gestão do terminal deverá enviar para
a entidade de ligação de dados a primitiva MDL-ASSIGN-Request com indicação do valor do TEI a ser usado por esta
entidade.
Se o equipamento terminal fôr do tipo de atribuição automática, é iniciado o procedimento de atribuição de TEI, como
se indica na figura 5.6.

IST – Mário Serafim Nunes 2002


UI(SAPI=63, TEI=127) [TEI Request]
Gestão Atribuidor
de TEI UI(SAPI=63, TEI=127) [TEI Assigned] de TEI

TE NT2 / ET
Figura 5.6 - Procedimento de atribuição de TEI

5.4.2. Procedimento de teste de TEI


O procedimento de teste de TEI é iniciado pelo plano de gestão do lado da rede para verificação ou recuperação de
situações de erro, nomeadamente para:
- verificar se um determinado TEI está em uso
- verificar se há atribuição múltipla de um TEI por vários terminais.

O procedimento de teste de TEI é exemplificado na figura 5.7.

UI(SAPI=63, TEI=127) [TEI CheckRequest]


Gestão Atribuidor
de TEI UI(SAPI=63, TEI=127) [TEI CheckResponse] de TEI

TE NT2 / ET
Figura 5.7 - Procedimento de teste de TEI

5.4.3. Procedimento de remoção de TEI


O procedimento de remoção de TEI é determinado pela entidade de gestão da rede quando for necessário retirar um
valor de TEI a um terminal. A rede gera uma primitiva MDL-REMOVE-Request e transmite uma mensagem de gestão
de TEI com os seguintes elementos:
- Tipo de mensagem: TEI Remove
- Valor de TEI a ser removido: 127, o que indica que todos os terminais devem remover os seus TEI.

5.4.4. Procedimento de verificação de identidade de TEI


O procedimento de verificação de identidade permite ao plano de gestão do terminal do utilizador pedir à rede o
desencadear do procedimento de teste de identidade, com o objectivo de verificar a atribuição múltipla de TEI por
vários terminais.
O procedimento de verificação de identidade é ilustrado na figura 5.8.

IST – Mário Serafim Nunes 2002


UI(SAPI=63, TEI=127) [TEI Verify]
Gestão Atribuidor
de TEI UI(SAPI=63, TEI=127) [TEI CheckRequest] de TEI

UI(SAPI=63, TEI=127) [TEI CheckResponse]

TE NT2 / ET
Figura 5.8 - Procedimento de verificação de identidade de TEI

5.5. Primitivas de comunicação em RDIS

De acordo com o modelo de referência OSI, há 4 tipos de primitivas de comunicação entre camadas do modelo, as
quais têm o seguinte significado neste caso concreto:
REQUEST - primitiva gerada quando a camada superior ou a entidade de gestão pede um serviço à camada inferior.

INDICATION - primitiva gerada pela camada inferior que fornece o serviço para informar a camada superior ou a
entidade de gestão do fornecimento desse serviço.
RESPONSE - primitiva gerada pela entidade de gestão para acusar a recepção de uma primitiva INDICATION.
CONFIRM - primitiva gerada pela camada inferior que fornece o serviço indicando que este foi completado.

Camada N+1

REQUEST RESPONSE
SAP SAP
CONFIRM INDICATION

Camada N

Fig. 5.9 - Primitivas de comunicação entre camadas

A sintaxe geral das primitivas é a seguinte:


- DL : comunicação entre as camadas 3 e ligação de dados (L3 <-> L2)
- PH : comunicação entre as camadas ligação de dados e física (L2 <-> L1)
- MDL: comunicação entre o plano de gestão e a camada ligação de dados (M <-> L2)
- MPH: comunicação entre o plano de gestão e a camada física (M <-> L1)
Analisamos em seguida as primitivas de comunicação em RDIS, divididas em 4 tipos:
- entre a camada 3 e a camada 2 (L3 <-> L2)
- entre a camada 2 e a camada 1 (L2 <-> L1)

IST – Mário Serafim Nunes 2002


- entre o plano de gestão e a camada 2 (M <-> L2)
- entre o plano de gestão e a camada 1 (M <-> L1)

5.5.1. Primitivas de comunicação entre as camadas 3 e 2 (L3 ? ? L2)


i) Primitivas usadas no estabelecimento da operação de multi-trama:
DL-ESTABLISH-Request (L3 -> L2)
DL-ESTABLISH-Indication (L2 -> L3)
DL-ESTABLISH-Confirm (L2 -> L3)
ii) Primitivas usadas na terminação de uma operação de multi-trama previamente estabelecida:
DL-RELEASE-Request (L3 -> L2)
DL-RELEASE-Indication (L2 -> L3)
DL-RELEASE-Confirm (L2 -> L3)
iii) Primitivas usadas para transmissão ou recepção de mensagens da camada 3 pela camada de ligação de dados
usando o serviço de transferência de informação confirmada:
DL-DATA-Request (Mensagem-nivel3) (L3 -> L2)
DL-DATA-Indication (Mensagem-nivel3) (L2 -> L3)
iv) Primitivas usadas para transmissão ou recepção de mensagens da camada 3 pela camada de ligação de dados
usando o serviço de transferência de informação não confirmada.
DL-UNIT-DATA-Request (Mensagem-nivel3) (L3 -> L2)
DL-UNIT-DATA-Indication (Mensagem-nivel3) (L2 -> L3)
Na figura 5.10 apresenta-se um exemplo de uma sequência de primitivas entre as camadas 3 e 2 para o estabelecimento
de uma ligação lógica, transferência de dados e desligamento da ligação. Indica-se ainda na figura um exemplo de
utilização de primitivas de transferência de informação sem confirmação.

IST – Mário Serafim Nunes 2002


TE TE NT2/LE NT2/LE
Bus S
L3 L2 L2 L3

DL-EST-REQ SABME DL-EST-IND


X

DL-EST-CONF UA

DL-DATA-REQ I DL-DATA-IND
X

DL-DATA-IND I DL-DATA-REQ
X

DL-REL-REQ DISC DL-REL-IND


X

DL-REL-CONF UA

DL-U-DATA-REQ UI DL-U-DATA-IND
X

DL-U-DATA-IND UI DL-U-DATA-REQ
X

EST - ESTABLISH REQ - REQUEST LE - Local Exchange


REL - RELEASE IND - INDICATION L3 - Camada 3
U - UNIT CONF - CONFIRM L2 - Camada 2
Figura 5.10 - Exemplo de sequência de primitivas entre as camadas 3 e 2

5.5.2. Primitivas de comunicação entre as camadas 2 e 1 (L2 ? ? L1)


i) Primitivas usadas para transferência de informação entre a camada de ligação de dados e a camada física.
PH-DATA-Request (Mensagem-nível2) (L2 -> L1)
PH-DATA-Indication (Mensagem-nível2) (L1 -> L2)
ii) Primitivas usadas para pedir a activação da conexão física ou para indicar que a conexão física foi activada.
PH-ACTIVATE-Request (L2 -> L1)
PH-ACTIVATE-Indication (L1 -> L2)

iii) Primitivas usadas para indicar que a conexã o física foi desactivada.
PH-DEACTIVATE-Indication (L1 -> L2)

5.5.3. Primitivas de comunicação entre o plano de gestão e a camada 2 (M ? ? L2)


i) Primitivas usadas entre o plano de gestão e a camada de ligação de dados para associar um valor de TEI com um
valor de CES (Connection Endpoint Suffix) para todos os SAPI. É assim estabelecida uma correspondência biunívoca
entre o parâmetro TEI do nível 2 e o parâmetro CES do nível 3.
A primitiva MDL-ASSIGN-Indication é utilizada pela camada de ligação de dados para pedir um TEI ao plano de
gestão. A primitiva MDL-ASSIGN -Request é enviada pelo plano de gestão atribuindo um TEI à camada de ligação de
dados, associado ao valor de CES indicado.

IST – Mário Serafim Nunes 2002


MDL-ASSIGN-Indication (CES) (L2 -> M)
MDL-ASSIGN-Request (TEI, CES) (M -> L2)

ii) Primitiva usada pelo plano de gestão para pedir à camada ligação de dados a remoção da associação entre um valor
de TEI e o valor CES especificado, para todos os SAPI.
MDL-REMOVE-Request (CES) (M -> L2)
iii) Primitivas usadas para indicar à entidade de gestão da ligação que ocorreu um erro associado com uma primitiva
de gestão anterior ou com a comunicação da camada de ligação de dados.
MDL-ERROR-Indication (Razão do erro) (L2 -> M)
MDL-ERROR-Response (Razão do erro) (M -> L2)
iv) Primitivas usadas para transferência de mensagens de gestão entre o plano de gestão e a camada de ligação de
dados usando o modo não confirmado.
MDL-UNIT-DATA -Request (Mensagem-gestão) (M -> L2)
MDL-UNIT-DATA -Indication (Mensagem-gestão) (L2 -> M)
v) Primitivas usadas pela entidade de gestão da ligação para transferência de informação associada aos procedimentos
XID.
MDL-XID-Request (Informação-gestão-ligação) (M -> L2)
MDL-XID-Indication (Informação-gestão-ligação) (L2 -> M)
MDL-XID-Response (Informação-gestão-ligação) (M -> L2)
MDL-XID-Confirm (Informação-gestão-ligação) (L2 -> M)
Na figura 5.11 apresentam-se alguns exemplos de sequência de primitivas entre o plano de gestão e a camada 2. Faz-se
notar que algumas das primitivas são trocadas entre entidades do mesmo equipamento, enquanto outras são trocadas
entre entidades de equipamentos diferentes.

TE TE Bus S NT2/LE NT2/LE


M L2 L2 M

MDL-U-DATA-REQ UI MDL-U-DATA-IND
X

MDL-ASSIGN-REQ
X

MDL-REMOVE-REQ
X

MDL-ERROR-IND
X

MDL-ERROR-RESP

REQ - REQUEST RESP - RESPONSE LE - Local Exchange


IND - INDICATION U - UNIT M - Plano de gestão
CONF - CONFIRM L2 - Camada 2

Figura 5.11 - Exemplos de primitivas entre o plano de gestão e a camada 2

IST – Mário Serafim Nunes 2002


5.5.4. Primitivas de comunicação entre o plano de gestão e a camada 1 (M ? ? L1)

i) Primitivas usadas para indicar que a conexão da camada física foi activada.
MPH-ACTIVATE-Indication (L1 -> M)
ii) Primitivas usadas para pedir desactivação da conexão da camada física ou para indicar que a conexão da camada
física foi desactivada.
A primitiva MPH-DEACTIVATE-Request só existe no lado da rede.
MPH-DEACTIVATE-Request (M -> L1)
MPH-DEACTIVATE-Indication (L1 -> M)
iii) Primitivas usadas pelo plano de gestão do terminal, indicando se o terminal está ligado ou desligado.
MPH-INFORMATION -Indication (Connected/disconnected) (L1 -> M)

Na figura 5.12 apresenta-se um diagrama esquemático das primitivas de comunicação entre as camadas do plano de
controlo e entre estas e o plano de gestão.
Indica-se em cada lado da interface as primitivas originadas nessa camada.
Plano de Controlo Plano de Gestão

Camada
DL-ESTABLISH-REQ
Rede
DL-RELEASE-REQ
DL-DATA-REQ
DL-UNIT-DATA-REQ

DL-ESTABLISH-IND/CONF
DL-RELEASE-IND/CONF
DL-DATA-IND
Camada MDL-ASSIGN-IND MDL-ASSIGN-REQ
DL-UNIT-DATA-IND
Ligação MDL-REMOVE-REQ
MDL-ERROR-IND
de Dados MDL-ERROR-RESP
MDL-UNIT-DATA-IND
MDL-UNIT-DATA-REQ
MDL-XID-IND/CONF
PH-DATA-REQ MDL-XID-REQ/RESP
PH-ACTIVATE-REQ

PH-DATA-IND
PH-ACTIVATE-IND
Camada MPH-ACTIVATE-IND
PH-DEACTIVATE-IND
Física MPH-DEACTIVATE-IND MPH-DEACTIVATE-REQ
MPH-INFORMATION-IND

REQ - REQUEST CONF - CONFIRM


IND - INDICATION RESP - RESPONSE

Figura 5.12 - Primitivas de comunicação em RDIS

IST – Mário Serafim Nunes 2002


5.6. Estados da ligação lógica

Os procedimentos da ligação lógica ponto a ponto são descritos na recomendação Q.921 de dois modos, através de
uma representação gráfica em SDL e através de tabelas de transição de estados. Os procedimentos da ligação lógica
ponto a ponto prevêem a existência de oito estados, a seguir indicados:
1 - TEI unassigned
2 - Assign awaiting TEI
3 - Establish awaiting TEI
4 - TEI assigned
5 - Awaiting establishment
6 - Awaiting release
7 - Multiple frame established
8 - Timer recovery.

Dos estados anteriores salientam-se os estados 1, 4 e 7, que correspondem a situações estáveis e se explicam em
seguida.
1 - TEI não atribuído (TEI-unassigned)
Neste estado não está atribuído um TEI, não sendo possível a transferência de informação de nível 3.

4 - TEI atribuído (TEI-assigned)


Neste estado foi atribuído um TEI por meio do procedimento de atribuição de TEI, sendo possível a transferência de
informação não confirmada.

7 - Multi-trama estabelecida (Multiple frame established)


Este estado é estabelecido por meio de um procedimento de estabelecimento de trama-múltipla. Neste estado é
possível a transferência de informação confirmada (tramas I) e não confirmada (tramas UI).

Todas as entidades de nível 2 são conceptualmente iniciadas no estado 1, TEI unassigned, interagindo com a
entidade de gestão para pedir um valor de TEI.
A atribuição de TEI faz passar a entidade lógica para o estado 4, TEI assigned, directamente ou através do estado 2,
Assign awaiting TEI.
A recepção de um pedido de estabelecimento de tramas múltiplas no estado 4 causa a transição para o estado 5,
Awaiting establishment, efectuando-se a transição para o estado 7, Multiple frame established, quando se completar o
referido procedimento.
Na recomendação Q.921 é também definido o diagrama de transição de estados da conexão lógica vista do nível 3,
sendo identificados 4 estados:
- Link Connection Released
- Awaiting Establish
- Link Connection Established
- Awaiting Release.

IST – Mário Serafim Nunes 2002


A transição entre estados é efectuada através de primitivas de comunicação entre a camada 3 e a camada ligação de
dados (primitivas DL). Na figura 5.13 apresenta-se o diagrama de transições de estados do nível 2 numa ligação de
dados ponto a ponto, tal como é vista do nível 3.

DL-UNIT-DATA-REQ/IND

DL-RELEASE-IND
DL-RELEASE-CONF
1 Link Connection
Released
DL-ESTABLISH-REQ

DL-ESTABLISH- DL-RELEASE-IND DL-ESTABLISH-IND


DL-ESTABLISH- IND/CONF
IND DL-RELEASE-
2 Awaiting
DL-UNIT-DATA- DL-UNIT-DATA- 3 Awaiting IND
Establish
REQ/IND REQ/IND Release

DL-ESTABLISH-REQ DL-ESTABLISH-CONF
DL-RELEASE-REQ

4 Link Connection
Established

DL-UNIT-DATA- DL-DATA- DL-ESTABLISH-


REQ/IND REQ/IND IND

Figura 5.13 - Diagrama de transições de estados do nível 2 visto do nível 3

IST – Mário Serafim Nunes 2002


6. PROTOCOLO DE NÍVEL 3 NA INTERFACE UTILIZADOR-REDE

6.1. Aspectos gerais

O canal de sinalização da interface utilizador-rede é como sabemos o canal D. O protocolo de nível 3 do plano de
controlo do canal D, correspondente à camada rede do modelo OSI, é o protocolo de comando de chamadas, tendo
como função fundamental a de estabelecer, manter e efectuar o desligamento de chamadas em RDIS.
Genericamente, podemos considerar que as funções de controlo de chamadas da camada rede permitem o seguinte:
- estabelecer chamadas e desligar chamadas
- negociação de canais B
- suspender chamadas
- reactivar chamadas
- pedir um recurso.

O protocolo de nível 3 utiliza os serviços da camada de ligação de dados, que são em síntese os seguintes:
- estabelecimento das conexões da camada de ligação de dados
- transmissão de dados com protecção de erros
- indicação de erros não recuperáveis da camada de ligação de dados
- desligamento das conexões da camada de ligação de dados
- indicação de falhas da camada de ligação de dados
- recuperação de certas condições de erro
- indicação de estado da camada de ligação de dados.

Para gerir o comando das chamadas e das ligações de dados e assegurar a supervisão da transferência de mensagens
e detecção de erros, o protocolo do nível 3 de sinalização do canal D tem as seguintes funções fundamentais:
i) processamento das primitivas de comunicação com a camada de ligação de dados
ii) geração e interpretação das mensagens de nível 3 para comunicação com a camada do mesmo nível do
lado oposto da interface
iii) gestão das entidades locais e temporizações usadas nos procedimentos de controlo das chamadas
iv) gestão dos recursos de acesso à rede (canais, circuitos virtuais, referências de chamadas, etc)
v) controlo e fornecimento dos serviços básicos e serviços suplemementares pedidos pelos utilizadores.

Adicionalmente, o protocolo de nível 3 poderá efectuar as seguintes funções:


a) endereçamento e "relaying"
b) estabelecimento e desligamento de conexões de rede
c) transporte de informação de utilizador a utilizador e entre utilizador e rede
d) multiplexagem de conexões de rede
e) segmentação e agrupamento
f) detecção de erros

IST – Mário Serafim Nunes 2002


g) recuperação de erros
h) sequenciamento
i) controlo de fluxo.

A função de endereçamento é utilizada para determinar a rota adequada entre entidades de nível 3 na rede. A função
de "relaying" é utilizada se houver sistemas intermédios que proporcionem ligações a outras redes, facilitando o seu
interfuncionamento.
A função de estabelecimento e desligamento de conexões inclui mecanismos para proporcionar conexões de rede,
utilizando as conexões de ligação de dados da camada 2.
A informação do utilizador pode ser transportada com ou sem estabelecimento de conexões de comutação de
circuitos.
A multiplexagem de conexão de rede permite o transporte de informação de controlo de múltiplas chamadas sobre a
mesma conexão de ligação de dados.
A função de segmentação e agrupamento de mensagens é usada para facilitar a transferência de informação através
das camadas inferiores.
A função de detecção de erros é usada para testar eventuais erros de procedimento do nível 3.
A função de recuperação de erros inclui mecanismos para recuperar erros detectados.
A função de sequenciamento inclui mecanismos que proporcionam a entrega ao destinatário das mensagens pela
ordem em que foram enviadas.
A função de controlo de fluxo é usada para controlar a transferência de informação de mensagens de sinalização
utilizador a utilizador.

6.2. Estrutura das mensagens de sinalização de RDIS

A estrutura das mensagens de sinalização de nível 3 na interface utilizador-rede consiste de quatro campos distintos
(figura 6.1):
- Discriminador de protocolo (1 octeto)
- Referência de chamada (2 ou 3 octetos)
- Código de mensagem (1 octeto)
- Elementos de informação ( n octetos).

IST – Mário Serafim Nunes 2002


Discriminador de Protocolo
Cabeçalho
Referência de Chamada

Código de Mensagem

Código do Elemento de Informação 1

Comprimento do Elem. de Informação 1 Elemento de


Informação 1
Parâmetros do Elem. de Informação 1
(comprimento variável)

Código do Elemento de Informação n

Comprimento do Elem. de Informação n Elemento de


Informação n
Parâmetros do Elem. de Informação n
(comprimento variável)

Figura 6.1 - Estrutura das mensagens de sinalização RDIS


O discriminador de protocolo, com a dimensão de um octeto, é o primeiro campo de todas as mensagens. Identifica as
mensagens de sinalização de nível 3 da RDIS, tomando o valor 00001000 para as mensagens definidas na
recomendação I.451 / Q.931.
A referência de chamada é utilizada para identificar uma chamada na interface local utilizador-rede. O valor deste
campo só tem significado local. O primeiro octeto deste campo indica nos 4 bits menos significativos a dimensão do
campo em octetos, tendo os 4 bits mais significativos o valor 0. Os octetos seguintes contêm o valor da referência de
chamada e uma flag.
O valor da referência de chamada é atribuído no início da chamada pelo lado originador da mesma, sendo o seu valor
único para uma determinada entidade de sinalização do canal D. O valor da referência de chamada é atribuído e
permanece fixo durante toda a existência da mesma (excepto durante a suspensão da chamada). O valor 0 é reservado
para a referência de chamada global, o que implica que qualquer equipamento que receba uma mensagem contendo a
referência de chamada global deve interpretar a mensagem como pertencendo a todas as chamadas associadas com
essa entidade de sinalização.
A função da flag é a de identificar qual das entidades de sinalização (utilizador ou rede) originou a chamada. O lado
originador da chamada põe sempre a flag a 0 e o lado destinatário põe sempre a flag a 1.
Esta flag possibilita que sejam usados valores idênticos para a referência de chamada em ambos os lados da interface,
nomeadamente no caso do estabelecimento simultâneo de duas chamadas com o mesmo valor de referência de
chamada, cada uma originada em cada um dos lados da interface.
O código de mensagem tem a dimensão de um octeto, com dois subcampos: o tipo de mensagem e a identificação da
mensagem dentro do respectivo tipo.
São definidos quatros tipos de mensagens de controlo de chamadas:
- Mensagens de estabelecimento de chamadas
- Mensagens da fase de transferência de informação
- Mensagens de desligamento de chamadas

IST – Mário Serafim Nunes 2002


- Mensagens diversas
O último campo das mensagens de sinalização é constituído por elementos de informação, que variam em número e
tipo conforme as mensagens.
Apresenta-se na tabela 6.1 a lista de mensagens de controlo de chamadas com indicação da sua utilização no controlo
de conexões em comutação de circuitos (C), controlo de conexões em comutação de pacotes (P), controlo de conexões
de sinalização (S) e referência de chamada global (G).

Aplicação
C P S G
Mensagens de ALERTING X X X
estabelecimento CALL PROCEEDING X X X
de chamada CONNECT X X X
CONNECT ACKNOWLEDGE X X X
PROGRESS X X
SETUP X X X
SETUP ACKNOWLEDGE X X
Mensagens de RESUME X
fase de RESUME ACKNOWLEDGE X
transferência de RESUME REJECT X
informação SUSPEND X
SUSPEND ACKNOWLEDGE X
SUSPEND REJECT X
USER INFORMATION X X
Mensagens de DISCONNECT X X X
desligamento de RELEASE X X
chamada RELEASE COMPLETE RESTART X X X
RESTART ACKNOWLED GE X
X
Mensagens CONGESTION CONTROL X X
diversas FACILITY X
INFORMATION X X
NOTIFY X X
STATUS X X X
STATUS ENQUIRY X X X

Tabela 6.1 - Mensagens de sinalização RDIS


Como se observa na tabela anterior, as chamadas de comutação de circuitos (C) utilizam todas as mensagens
existentes, com excepção de RESTART e RESTART ACKNOWLEDGE.
As chamadas de comutação de pacotes (P) utilizam um subconjunto das utilizadas em comutação de circuitos, não se
utilizando nomeadamente as mensagens da fase de transferência de informação.
As mensagens de controlo de conexões de sinalização utilizador a utilizador (S) não associadas a chamadas de
comutação de circuitos, formam outro subconjunto das mensagens de comutação de circuitos.
As mensagens com referência de chamada global (G) , isto é, que pertencem a todas as chamadas activas de uma
determinada ligação lógica, são RESTART, RESTART ACKNOWLEDGE e STATUS.
Na figura 6.2 apresenta-se um diagrama de fluxo de mensagens simplificado exemplificativo do estabelecimento e
desligamento de uma chamada em modo circuito, por exemplo de voz, em RDIS.

IST – Mário Serafim Nunes 2002


TE A Rede Rede TE B

SETUP

SETUP ACK.

INFO.
Fase de
INFO.
Estabelecimento
CALL PROC. SETUP

ALERTING
ALERTING
CONNECT X
CONNECT CONN. ACK.
CONN. ACK.

Fase de
Informação
DISCONNECT
X
DISCONNECT

RELEASE Fase de
Desligamento
RELEASE
REL. COMP
REL. COMP

Figura 6.2 - Fluxo de mensagens de uma chamada em modo circuito em RDIS

Como se observa na figura anterior, tal como noutras redes, uma chamada em RDIS é constituída por três fases: fase
de estabelecimento, fase de informação e fase de desligamento. Cada uma das fases caracteriza-se pela transferência
de várias mensagens, de que se dá um exemplo na figura, nomeadamente para as fases de estabelecimento e de
desligamento. A análise detalhada de cada uma das fases e respectivas mensagens é feita mais adiante.
TE A Rede Rede TE B

SETUP

SETUP ACK.

INFO.
Fase de
INFO. Estabelecimento

CALL PROC. SETUP

ALERTING
ALERTING
CONNECT
CONNECT CONN. ACK.
CONN. ACK.

Figura 6.2a - Fluxo de mensagens de estabelecimento de chamada em modo circuito em RDIS, com mensagens INFO

IST – Mário Serafim Nunes 2002


6.3. Estrutura dos elementos de informação

Os elementos de informação são em número variável conforme a mensagem, contendo as diferentes informações
necessárias para o processamento das chamadas.
Há vários conjuntos de códigos de elementos de informação ("codesets") definidos, limitando-nos nesta secção a
analisar o codeset 0, definido na recomendação Q.931.
Há dois tipos de elementos de informação no codeset 0: de um octeto e de comprimento variável.
Os elementos de informação de um octeto têm a estrutura indicada na figura 6.3.
8 7 6 5 4 3 2 1
Identificador do Conteúdo do
1
elemento de informação elemento de informação

Figura 6.3 - Formato genérico dos elementos de informação de um octeto

Os elementos de informação de comprimento variável têm a estrutura na figura 6.4.

8 7 6 5 4 3 2 1

0 Identificador do elemento de informação Octeto 1

Comprimento do elemento de informação (em octetos) Octeto 2

Conteúdo do elemento de informação Octeto 3


(n octetos) :
Octeto n+2

Figura 6.4 - Formato genérico dos elementos de informação de comprimento variável


São os seguintes os elementos de informação de um octeto actualmente definidos:
- Shift
- More data
- Sending complete
- Congestion level
- Repeat indicator.

Os elementos de informação de comprimento variável são divididos em três grupos:


- Elementos de informação básicos
- Elementos de informação para serviços suplementares
- Elementos de informação para comunicação de pacotes.

Apresentam-se em seguida os elementos de informação de comprimento variável actualmente definidos para cada um
dos grupos.

IST – Mário Serafim Nunes 2002


Elementos de informação básicos
- Bearer capability - Especificação do serviço de suporte
- Cause - Razões para uma mensagem e diagnóstico
- Call state - Recuperação de erros
- Channel identification - Identificação do canal a usar
- Progress indicator - Interfuncionamento entre redes
- Notification indicator - Informação de rede para utilizador
- Display - Informação ASCII da rede para o utilizador
- Keypad facility - Informação ASCII do utilizador para a rede
- Signal - Indicações especiais tias como tons
- Calling party number - Endereço da rede origem
- Calling party subaddress - Sub-endereço da rede origem
- Called party number - Endereço da rede de destino
- Called party subaddress - Sub-endereço da rede de destino
- Low layer compatibility - Descrição de camadas 1-3 extremo a extremo
- High layer compatibility - Descrição de camadas 4-7 extremo a extremo
- User-user - Informação sem restrição entre utilizadores
- Restart indicator - Indicação de classe de facilidade a restabelecer
- Repeat indicator - Indicação de elem. infor. repetidos com prioridades
- Transit network selection - Especificação da rede de trânsito desejada
- Segmented message - Indica mensagem demasiado grande para uma trama

Elementos de informação para comunicação de pacotes


- Information rate - Indicação da classe de débito
- End-to-end transit delay - Selecção do atraso extremo a extremo
- Transit delay selection and indication - Selecção do atraso da rede de trânsito
- Packet layer binary parameters - Listagem dos parâmetros de nível 3 pedidos
- Packet layer window size - Valor da janela
- Packet size - Tamanho máximo do pacote
- Redirecting number. - Número a partir do qual há redirecionamento

Elementos de informação para serviços suplementares


- Call identity
- Network-specific facilities
- Date/time
- Switchhook

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- Facility
- Feature activation
- Feature indication
- Connected party number
- Connected party subaddress.

Na tabela seguinte apresentam-se os vários elementos de informação com indicação da aplicação de cada um.
Elemento de Informação Direcção Uso Aplicação
Protocol Discriminator Ambas Obrigatório C, P, S
Call Reference Ambas Obrigatório C, P, S
Message type Ambas Obrigatório C, P, S
Sending complete Ambas opcio nal C, S
Repeat indicator Ambas opcional C
Bearer capability Ambas Obrigatório C, P, S
Channel identification Ambas opcional C, P, S
Facility Ambas opcional C
Progress indicator Ambas opcional C, P
Network specific facilities Ambas opcional C, S
Display n? u opcional C, P, S
Keypad facility u? n opcional C, S
Signal n? u opcional C
Switchhook u? n opcional C
Feature activation u? n opcional C
Feature indication n? u opcional C
Information rate n? u opcional P
End to end transit delay n? u opcional P
Transit delay selection and ind. n? u opcional P
Packet layer binary parameters n? u opcional P
Packet layer window size n? u opcional P
Packet size n? u opcional P
Calling party number Ambas opcional C, P, S
Calling party subaddress Ambas opcional C, P, S
Called party number Ambas opcional C, P, S
Called party subaddress Ambas opcional C, P, S
Transit network selection u? n opcional C, S?
Redirecting number n? u opcional P
Low layer compatibility ambas opcional C, S
High layer compatibility ambas opcional C, S
User-user ambas opcional C, P, S

6.3.1. Elementos de informação de um octeto


Analisamos em seguida os cinco elementos de informação de um octeto actualmente definidos.

Shift (Transfere)
O elemento de informação " Shift" é utilizado para indicar a activação de um novo "codeset".

IST – Mário Serafim Nunes 2002


No início o "codeset" activo é o 0, o qual continua válido até ocorrer um elemento de informação "Shift" com um
identificador de um "codeset" diferente de 0.
É definido num bit deste elemento de informação se o "codeset" indicado é válido apenas para o próximo elemento de
informação, ou se é válido indefinidamente até à ocorrência de um novo "Shift" com outro identificador de "codeset".
Os "codeset" actualmente definidos são os seguintes:
Codeset 0: elementos de informação da Q.931
Codeset 5: elementos de informação para uso nacional (ETSI na Europa)
Codeset 6: elementos de informação para redes locais de assinante
Codeset 7: elementos de informação especificados pelo utilizador.

More data (Mais dados)


O elemento de informação "More data" é enviado do terminal para a rede numa mensagem USER INFORMATION e
da rede para o terminal destinatário também numa mensagem USER INFORMATION. A presença deste elemento de
informação indica ao destinatário que se segue outra mensagem USER INFORMATION contendo informação
pertencente ao mesmo bloco de dados que a presente mensagem.
A utilização deste elemento de informação não é supervisionada pela rede.

Sending complete (Envio completo)


O elemento de informação "Sending complete" é usado opcionalmente para indicar que o número do interlocutor
chamado está completo.

Congestion level (Nível de congestão)


O elemento de informação "Congestion level" é utilizado nas mensagens CONGESTION CONTROL para indicar o
estabelecimento ou terminação de controlo de fluxo na transmissão de mensagens USER INFORMATION. São
definidos actualmente os seguintes valores:
- receiver ready
- receiver not ready.

Repeat indicator (Indicador de repetição)


O elemento de informação "Repeat indicator" é usado para indicar como os elementos de informação repetidos devem
ser interpretados quando incluídos numa mensagem.

6.3.2. Elementos de informação de comprimento variável


Os elementos de informação de comprimento variável estão classificados em três grupos:
- Elementos de informação básicos
- Elementos de informação de serviços suplementares
- Elementos de informação para comunicação de pacotes.

6.3.2.1. Elementos de informação básicos


Analisamos em seguida os vários elementos de informação básicos actualmente definidos.

IST – Mário Serafim Nunes 2002


Bearer capability (Capacidade de suporte)
O elemento de informação "Bearer capability" indica a provisão pela rede de uma das capacidades de suporte, tal
como definidas na recomendação I.211.
Neste elemento de informação são especificados os seguintes atributos de serviços de suporte, nos diversos octetos
constituintes do elemento:
Possibilidades de transferência:
00000 - Voz
01000 - Informação digital sem restricções
01001 - Informação digital com restricções
10000 - Audio a 3.1 Khz
10001 - Audio a 7 Khz
10010 - Audio a 15 Khz
11000 - Video

Modo de transferência:
00 - Modo de circuitos
01 - Modo de tramas
10 - Modo de pacotes

Ritmo de transferência:
00000 - Reservado para serviços de suporte em modo trama
10000 - 64 kbit/s
10001 - 2 x 64 kbit/s
10011 - 384 kbit/s
10101 - 1536 kbit/s
10111 - 1920 kbit/s

Estrutura:
001 - Integridade de 8 Khz
100 - Integridade da unidade de dados do serviço
111 - Não estruturada

Configuração da comunicação:
00 - Ponto a ponto
10 - Multiponto

Estabelecimento da comunicação:
00 - A pedido
Simetria:
00 - Bidireccional simétrica
01 - Bidireccional assimétrica
10 - Unidireccional (origem->destino)
11 - Unidireccional (destino->origem)

Identificação de camada e protocolo:

IST – Mário Serafim Nunes 2002


01 - Protocolo da camada 1 da informação do utilizador
00001 - Adaptação de ritmo V.110 / X.30
00010 - G.711 Voz PCM Lei ?
00011 - G.711 Voz PCM Lei A
00100 - G.721 ADPCM 32 kbit/s e I.460
00101 - G.722 e G.724 Audio de 7 Khz
00110 - G.7xx de Video a 384 Kbit/s
00111 - Adaptação de ritmo não normalizada pelo ITU-T
01000 - Adaptação de ritmo definida em V.120
01001 - Adaptação de ritmo X.31 ("flag stuffing")

10 - Protocolo da camada 2 da informação do utilizador


00010 - Q.921 (I.441)
00100 - Q.710
00110 - X.25, nível 2

11 - Protocolo da camada 3 da informação do utilizador


00010 - Q.931 (I.451)
00110 - X.25, nível pacote

Cause (Causa)
O elemento de informação "Cause" indica a razão pela qual a mensagem foi emitida, para fornecer informação de
diagnóstico em caso de erros de procedimento e para indicar a localização do originador.
Os valores possíveis de localização do originador são:
0000 - utilizador
0001 - rede privada do utilizador local
0010 - rede pública do utilizador local
0011 - rede de trânsito
0100 - rede privada do utilizador remoto
0101 - rede pública do utilizador remoto
0111 - rede internacional
1010 - rede interligada a RDIS.

São definidas as seguintes classes de acontecimentos:


Classe 000: acontecimento normal
Classe 001: acontecimento normal (continuação)
Classe 010: recurso não disponível
Classe 011: serviço ou opção não disponível
Classe 100: serviço ou opção não implementado
Classe 101: mensagem inválida
Classe 110: erro de protocolo
Classe 111: interligação com outra rede.

São definidas actualmente n as 8 classes aproximadamente 50 causas diferentes.

Call state (Estado da chamada)


O elemento de informação "Call state" é usado para descrever o estado actual da chamada. São definidos 21 estados
possíveis da chamada.

IST – Mário Serafim Nunes 2002


Channel identification (Identificação do canal)
O elemento de informação "Channel identification" é usado para identificar o canal numa interface utilizador-rede.
Alguns dos campos deste elemento são os seguintes:

Tipo de interface
0 - interface básica
1 - interface primária

Preferência/Exclusividade
0 - Preferência pelo canal escolhido
1 - Só o canal escolhido é aceitável

Selecção do canal de informação


Interface básica Outras interfaces
00 - não há canal não há canal
01 - canal B1 (indicado no octeto seguinte)
10 - canal B2 reservado
11 - qualquer canal qualquer canal

Número/Mapa
0 - canal é indicado pelo seu número no octeto seguinte
1 - canal é indicado no mapa de "slots" nos octetos seguintes

As posições no mapa dos bits dos slots correspondente aos canais usados são postos a 1.

Progress indicator (Indicador de progresso)


O elemento de informação "Progress indicator" é usado para descrever um acontecimento que ocorreu durante a
existência da chamada. Pode ocorrer duas vezes na mesma mensagem.
Os valores possíveis de localização do originador são os seguintes:
0000 - utilizador
0001 - rede privada do utilizador local
0010 - rede pública do utilizador local
0011 - rede de trânsito
0100 - rede pública do utilizador remoto
0101 - rede privada do utilizador remoto
0111 - rede internacional
1010 - rede interligada a RDIS.

Os valores de descrição de progresso são os seguintes:


0000001 - Chamada não é de terminal a terminal RDIS
0000010 - Endereço de destino não é RDIS
0000011 - Endereço de origem não é RDIS
0000100 - Chamada voltou a RDIS
0001000 - Informação "in -band" disponível.

IST – Mário Serafim Nunes 2002


Notification indicator (Indicador de notificação)
O elemento de informação "Notification indicator" é usado para indicar informação relativa a uma chamada.
Alguns valores de descrição deste elemento são:
0000000 - utilizador suspenso
0000001 - utilizador reactivado
0000010 - mudança do serviço de suporte.

Display (Visualização)
O elemento de informação "Display" é usado para fornecer informação que pode ser visualizada pelo utilizador. A
informação é constituída por um conjunto de caracteres ASCII.

Keypad facility (Facilidade de teclado)


O elemento de informação "Keypad facility" é usado para transportar caracteres ASCII, por exemplo entrados via
teclado de terminal.

Signal (Sinal)
O elemento de informação "Signal" é usado para permitir à rede inserir informação opcional para um utilizador relativa
a tonalidades e tons de chamada.

Calling party number (Número do chamador)


O elemento de informação "Calling party number" é usado para identificar o número de origem da chamada.

Calling party subaddress (Subendereço do chamador)


O elemento de informação "Calling party subaddress" é usado para identificar o subendereço de origem da chamada.

Called party number (Número do chamado)


O elemento de informação "Called party number" é usado para identificar o número de destino da chamada.

Called party subaddress (Subendereço do chamado)


O elemento de informação "Called party subaddress" é usado para identificar o subendereço de destino da chamada.

Low layer compatibility (Compatibilidade de baixo nível)


O elemento de informação "Low layer compatibility" é usado para possibilitar o teste de compatibilidade por uma
entidade endereçada, por exemplo um utilizador remoto.
Este elemento de informação é transferido transparentemente pela RDIS entre o originador da chamada e o
destinatário.
Neste elemento de informação são definidos valores dos diferentes atributos dos serviços de suporte, tais como as
capacidades de transferência de informação, modo de transferência, estrutura, simetria, ritmo do utilizador, etc.

IST – Mário Serafim Nunes 2002


High layer compatibility (Compatibilidade de alto nível)
O elemento de informação "High layer compatibility" é usado para possibilitar o teste de compatibilidade com um
utilizador remoto.
São definidas neste elemento as características das camadas de nível superior suportadas pelo terminal.

User-user (Utilizador a utilizador)


O elemento de informação "User-user" é utilizado para transportar informação entre utilizadores de RDIS. Esta
informação não é interpretada pela rede, sendo transportada transparentemente até ao utilizador remoto.

Transit network selection (Selecção da rede de trânsito)


O elemento de informação "Transit network selection" é usado para identificar uma determinada rede de trânsito
pedida. Este elemento pode ser repetido na mensagem para seleccionar uma sequência de redes de trânsito através da
qual a chamada deve passar.

Restart indicator (Indicador de reinicialização)


O elemento de informação "Restart indicator" é usado para identificar a classe da facilidade (canal ou interface) a ser
reinicializada.
Segmented message (Mensagem segmentada)
O elemento de informação "Segmented message" é usado para indicar que a mensagem na qual ele aparece é parte de
uma mensagem segmentada. O primeiro octeto do elemento de informação indica se este é ou não o primeiro segmento
da mensagem e o número de segmentos que faltam transmitir.

6.4. Mensagens de sinalização RDIS

Após se ter tomado conhecimento da estrutura das mensagens de sinalização RDIS e de se terem analisado os
diversos elementos de informação, analisaremos em seguida detalhadamente as várias mensagens de sinalização
RDIS, nomeadamente os diversos elementos de informação que cada uma delas pode conter.
Indica-se em cada mensagem o seu âmbito de aplicação, que pode ser um dos quatro seguintes:
- significado local: mensagem relevante só no acesso de origem ou de destino
- significado de acesso: mensagem relevante no acesso de origem e de destino
- significado duplo: mensagem relevante no acesso de origem ou de destino e na rede
- significado global: mensagem relevante no acesso de origem e de destino e na rede.
Indica-se também em cada mensagem o sentido de transmissão, isto é, se é enviada do terminal para a rede, no sentido
inverso ou em ambos os sentidos.
Indica-se ainda nos elementos de informação de cada mensagem os sentidos em que podem existir: do TE para NT (TE
--> NT), do NT para TE (TE <-- NT), ou em ambos os sentidos (TE <--> NT). Indica-se também em cada elemento de
informação se ele é de utilização obrigatória (M) ou opcional (O).

6.4.1. Mensagens de estabelecimento de chamadas


Analisamos em seguida as mensagens de estabelecimento de chamadas.

SETUP

IST – Mário Serafim Nunes 2002


Mensagem utilizada para indicar um pedido de estabelecimento de uma chamada, podendo ser enviada pelo terminal
chamador para a rede ou desta para o terminal chamado.
Significado: global.
Sentido: ambos.
Elementos de informação da mensagem:
Sending complete TE ?? NT O
Repeat indicator TE ? ? NT O
Bearer capability TE ? ? NT M
Channel identification TE ? ? NT O
Facility TE ? ? NT O
Progress indicator TE ? ? NT O
Network-specific facilities TE ? ? NT O
Display TE ? NT O
Keypad facility TE ? NT O
Signal TE ? NT O
Switchhook TE ? NT O
Feature activation TE ? NT O
Feature indication TE ? NT O
Calling party number TE ? ? NT O
Calling party subaddress TE ? ? NT O
Called party number TE ? ? NT O
Called party subaddress TE ? ? NT O
Transit network selection TE ? NT O
Low layer compatibility TE ? ? NT O
High layer compatibility TE ? ? NT O
User-user TE ? ? NT O

SETUP ACKNOWLEDGE
Mensagem enviada pela rede para o chamador ou pelo chamado para a rede para indicar que o estabelecimento de
chamada foi iniciado, mas que pode ser requerida informação adicional. Esta mensagem é em geral enviada quando a
mensagem SETUP não contém toda a informação necessária para o estabelecimento da chamada.

CALL PROCEEDING
Mensagem enviada para indicar que o estabelecimento da chamada pedida está em curso e que mais nenhuma
informação de estabelecimento de chamada é necessária nem será aceite. Esta mensagem é em geral enviada pela rede,
podendo contudo ser também enviada pelo terminal receptor do SETUP.

ALERTING
Mensagem enviada pelo terminal chamado para a rede, e desta para o terminal chamador, para indicar a este que foi
iniciado o alerta do utilizador chamado.

PROGRESS
Mensagem utilizada para transporte de informação relativa ao progresso de uma chamada, nomeadamente na
interligação com outra rede (privada, analógica, etc) ou relacionada com o envio de informação dentro de banda.

CONNECT

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Mensagem enviada pelo terminal chamado para a rede e desta para o chamador para indicar a aceitação da chamada
pelo terminal chamado.

CONNECT ACKNOWLEDGE
Mensagem enviada pela rede para o terminal chamado, em resposta a uma mensagem CONNECT, para indicar que a
chamada foi activada.
Pode também ser enviada pelo chamador para a rede para permitir procedimentos simétricos de controlo de chamada.

6.4.2. Mensagens da fase de transferência de informação


Analisam-se em seguida as diferentes mensagens da fase de transferência de informação de chamadas.

SUSPEND
Mensagem enviada por qualquer um dos terminais envolvidos numa comunicação para pedir à rede a suspensão de
uma chamada. O canal só é suspenso localmente, na respectiva interface utilizador-rede.

SUSPEND ACKNOWLEDGE
Mensagem enviada pela rede para o terminal, em resposta a uma mensagem SUSPEND, para confirmar a suspensão da
chamada.

SUSPEND REJECT
Mensagem enviada pela rede para o terminal, em resposta a uma mensagem SUSPEND, para indicar a rejeição do
pedido de suspensão da chamada.

RESUME
Mensagem enviada por um terminal para pedir à rede que reinicie uma chamada suspensa.

RESUME ACKNOWLEDGE
Mensagem enviada pela rede para o terminal, em resposta à mensagem RESUME, para confirmar o reinício de uma
chamada suspensa.

RESUME REJECT
Mensagem enviada pela rede para o terminal, em resposta à mensagem RESUME, para indicar a rejeição de um pedido
para reiniciar uma chamada suspensa.

USER INFORMATION
Mensagem enviada por um terminal para a rede para transferir informação para um terminal remoto. Esta mensagem é
também enviada pela rede para o terminal remoto para entregar a informação do outro interlocutor.

IST – Mário Serafim Nunes 2002


6.4.3. Mensagens de desligamento de chamadas
Analisam-se em seguida as diferentes mensagens de desligamento de chamadas.

DISCONNECT
Mensagem enviada pelo utilizador para pedir à rede o desligamento de uma chamada, ou enviada pela rede para
indicar que uma chamada foi desligada.

RELEASE
Mensagem enviada pelo utilizador ou pela rede para indicar que o equipamento que envia a mensagem desligou o
canal (se existir) e tenciona libertar a referência de chamada e que o equipamento receptor deve libertar o canal e
preparar-se para libertar a referência de chamada depois de enviar RELEASE COMPLETE.

RELEASE COMPLETE
Mensagem enviada pelo utilizador ou pela rede para indicar que o equipamento que envia a mensagem desligou o
canal (se existir) e libertou a referência de chamada, o canal está livre para reutilização e o equipamento receptor deve
libertar a referência de chamada.

6.4.4. Mensagens diversas


Analisam-se em seguida as diferentes mensagens diversas.

CONGESTION CONTROL
Mensagem enviada pelo utilizador ou pela rede para controlar o fluxo na transmissão de mensagens USER
INFORMATION.

FACILITY
Mensagem enviada pelo terminal para a rede para iniciar o acesso a um serviço suplementar ou a uma facilidade e pela
rede para o terminal quando o acesso a uma facilidade requerer o acordo do utilizador.

INFORMATION
Mensagem enviada pelo utilizador ou pela rede para enviar informação adicional, para o estabelecimento da chamada
ou informação diversa relativa à chamada.

NOTIFY
Mensagem enviada do utilizador para a rede ou da rede para o utilizador para indicar informação relativa a uma
chamada, por exemplo utilizador suspenso.

STATUS ENQUIRY
Mensagem enviada pelo utilizador ou pela rede em qualquer altura para solicitar uma mensagem STATUS da entidade
da camada 3. O envio da mensagem STATUS em resposta a STATUS ENQUIRY é obrigatório.

STATUS

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Mensagem enviada pelo utilizador ou pela rede em resposta à mensagem STATUS ENQUIRY ou em qualquer altura
da chamada para indicar certas condições de erro.
Esta mensagem pode ser enviada com referência de chamada individual ou global.

RESTART
Mensagem enviada pelo utilizador ou pela rede para pedir ao receptor da mensagem que reinicialize o canal ou a
interface indicada. Esta mensagem é enviada com referência de chamada global, de valor 0, o que significa que afecta
todas as chamadas activas numa determinada entidade lógica.

RESTART ACKNOWLEDGE
Mensagem enviada pelo utilizador ou pela rede para confirmar a recepção da mensagem RESTART e indicar que a
reinicialização pedida foi completada. Esta mensagem é enviada com referência de chamada global.

6.5. Diagrama de estados das chamadas

Na recomendação Q.931 o protocolo da camada rede é descrito através de diagramas SDL (Specification and
Description Language). O módulo de Controlo do Protocolo Q.931 interactua no lado do terminal com os módulos
adjacentes tal como se indica na figura 6.6.

Controlo de Gestão de
CC GR
chamadas recursos
Chamadas de
Primitivas
procedimentos
Primitivas
Plano de Controlo do Protocolo
L3
gestão Q.931 (nível 3)

Mensagens de/para
o lado da rede

Camada de Ligação de dados L2

Camada Física L1
S/T

Figura 6.6 - Interligação do controlo do protocolo Q.931 com os blocos adjacentes (lado do terminal)

Verifica-se na figura anterior que o módulo de controlo do protocolo Q.931 (L3) comunica com o módulo de controlo
de chamadas (CC) através de primitivas, com o módulo de gestão de recursos (GR) através de chamadas de
procedimentos e com a camada de Ligação de Dados (L2) através de mensagens de e para a rede.
Apresentam-se na tabela 6.2 as primitivas de comunicação do controlo do protocolo do nível 3 do lado do terminal
com o controlo de chamadas e com o plano de gestão, indicando-se para cada primitiva a mensagem correspondente
que é gerada do nível 3 do terminal para a rede.

IST – Mário Serafim Nunes 2002


Primitivas enviadas do Mensagens enviadas de
controlo de chamadas L3 para a rede
CC -> L3 TE->NT
Setup request SETUP
Proceeding request CALL PROCEEDING
Alerting request ALERTING
Setup response CONNECT
More info reques t SETUP ACKNOWLEDGE
Disconnect request DISCONNECT
Release request RELEASE
Reject request RELEASE COMPLETE
Suspend request SUSPEND
Resume request RESUME
Information request INFORMATION
Progress request PROGRESS
Notify request NOTIFY
Status enquiry request STATUS ENQUIRY

M -> L3 TE->NT
Manag. restart request RESTART
CC - Controlo de chamadas M - Plano de gestão L3 - Nível 3 (Q.931)
Tabela 6.2 - Primitivas entre o controlo de chamadas e plano de gestão com o nível 3 do lado do terminal
Apresentam-se na tabela 6.3 as primitivas de comunicação entre o controlo do protocolo do nível 3 e o controlo de
chamadas do lado do terminal, indicando-se para cada mensagem recebida a correspondente primitiva que é gerada
para o controlo de chamadas.
Mensagens de nível 3 Primitivas enviadas para o
vindas da rede controlo de chamadas
NT->TE L3 -> CC

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SETUP Setup indication
CALL PROCEEDING Proceeding indication
ALERTING Alerting indication
CONNECT Setup confirm
CONNECT ACKNOWLEDGE Setup complete indication
SETUP ACKNOWLEDGE More info indication
DISCONNECT Disconnect indication
RELEASE Release indication
RELEASE COMPLETE Reject indication
Release confirm
SUSPEND ACKNOWLEDGE Suspend confirm
SUSPEND REJECT Suspend reject indication
Suspend confirm (error)
RESUME ACKNOWLEDGE Resume confirm
RESUME REJECT Resume reject indication
Resume confirm (error)
INFORMATION Information indication
PROGRESS Progress indication
NOTIFY Notify indication
RESTART Manag. restart indication
STATUS Status indication

NT->TE L3 -> M
RESTART Restart request

Tabela 6.3 - Primitivas entre o protocolo de nível 3 e o controlo de chamada e plano de gestão, lado do terminal
O Controlo do Protocolo Q.931 é descrito por uma máquina de estados. No caso das chamadas em comutação de
circuitos a máquina de estados é constituída por 16 estados do lado do terminal e 17 estados do lado da rede, tal como
é apresentado na tabela 6.4.
Lado do Terminal Nome do estado Lado da Rede
U0 Null N0
U1 Call initiated N1
U2 Overlap sending N2
U3 Outgoing call proceeding N3
U4 Call delivered N4
U6 Call present N6
U7 Call received N7
U8 Connect request N8
U9 Incoming call proceeding N9
U10 Active N10
U11 Disconnect request N11
U12 Disconnect indication N12
U15 Suspend request N15
U17 Resume request N17
U19 Release request N19
- Call abort N22
U25 Overlap receiving N25
Tabela 6.4 - Estados do terminal e da rede
O significado dos diferentes estados no lado do terminal é o seguinte:
Null (U0) - não existe chamada.
Call initiated (U1) - o utilizador pediu o estabelecimento de uma chamada e ainda não recebeu qualquer resposta da
rede.

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Overlap sending (U2) - o utilizador recebeu da rede a confirmação do seu pedido de estabelecimento de uma chamada
e de que pode enviar mais informação relativa a essa chamada.
Outgoing call proceeding (U3) - o utilizador recebeu da rede a confirmação de que esta possui toda a informação para
estabelecer a chamada.
Call delivered (U4) - o utilizador recebeu a informação de que a chamada que pediu para estabelecer foi entregue ao
terminal remoto.
Call present (U6) - o terminal recebeu uma oferta de chamada da rede mas ainda não respondeu.
Call received (U7) - o terminal indicou a chegada de uma chamada enviando Alerting, mas o utilizador ainda não
atendeu.
Connect request (U8) - o utilizador atendeu a chamada e o terminal aguarda da rede a confirmação do estabelecimento
da mesma.
Incoming call proceeding (U9) - numa chamada de entrada o terminal confirmou que recebeu toda a informação
necessária para estabelecer a chamada, mas ainda não enviou o Alerting.
Active (U10) - a chamada está activa e o canal estabelecido.
Disconnect request (U11) - o utilizador pediu à rede para iniciar o procedimento de desligamento da chamada e
aguarda a resposta da rede.
Disconnect indication (U12) - o terminal recebeu um pedido para terminar a chamada pois a rede desligou o canal
utilizado na chamada.
Suspend request (U15) - o terminal pediu a suspensão da chamada e aguarda resposta da rede.
Resume request (U17) - o utilizador pediu para reactivar uma chamada anteriormente suspensa e aguarda a resposta
da rede.
Release request (U19) - o terminal pediu à rede o desligamento da chamada e aguarda resposta desta.
Overlap receiving (U25) - o terminal notificou a recepção de uma chamada e aguarda informação adicional sobre esta.
O significado dos diferentes estados no lado da rede é correspondente ao dos estados do lado do terminal, existindo
uma correspondência biunívoca entre eles, excepto para o estado N22, Call abort, o qual só existe no lado da rede. A
rede está neste estado quando uma chamada de entrada numa configuração ponto a multiponto é terminada antes de
qualquer utilizador responder.
O protocolo da camada rede é descrito na recomendação Q.931 através de diagramas SDL. Na linguagem SDL são
utilizados símbolos gráficos para descrição dos procedimentos, de que se apresentam alguns exemplos na figura 6.7
aplicados ao protocolo Q.931, lado do utilizador.

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Estado Descrição de
Processo

Primitiva de Mensagem da rede


Controlo de Chamada

Primitiva para o Mensagem para a rede


Controlo de Chamada

Alternativa
Decisão

Procedimento
Comentários

Figura 6.7 - Exemplos de símbolos SDL


Começaremos por analisar o estabelecimento de uma chamada de saída em comutação de circuitos, apresentando-se
na figura 6.8 o diagrama SDL simplificado dessa situação.

IST – Mário Serafim Nunes 2002


1 – Call
0 - Null
nitiated

Setup
Req. SETUP CALL
ACK. PROC.

More Info Proceeding


SETUP
Ind. Ind.

1 – Call 2 - Overlap
nitiated Sending

Infor. CALL
Req. PROC.

Proceeding
INFOR.
Ind.

3 – Outgoing
Call Proc.
iated

ALERTING CONNECT

Alerting
Ind. Setup
Conf.

CONNECT
4 – Call
Delivered ACK.

10 – Active
CONNECT

Figura 6.8 - Diagrama SDL de estabelecimento de uma chamada de saída em RDIS


O estado inicial da chamada é 0, Null, permanecendo a chamada nesse estado até à ocorrência de uma primitiva de
Setup request proveniente do Controlo de chamadas. Em resultado desta primitiva é gerada uma mensagem SETUP
para a rede e a chamada vai para o estado 1, Call initiated.
No estado 1 podem ser recebidas da rede duas mensagens que farão evoluir a chamada: SETUP ACKNOWLEDGE ou
CALL PROCEEDING.
Se fôr recebido SETUP ACKNOWLEDGE a chamada vai para o estado 2, Overlap sending, significando a recepção
desta mensagem que a rede precisa de mais informações para estabelecer a chamada. As informações subsequentes
relativas a essa chamada são recebidas do Controlo de chamadas através de primitivas Info request, dando origem a
mensagens INFORMATION que são enviadas para a rede. A chamada só sai deste estado quando for recebida a
mensagem CALL PROCEEDING da rede, passando então a chamada para o estado 3, Outgoing call proceeding.

IST – Mário Serafim Nunes 2002


No estado 3 podem ser recebidas duas mensagens da rede que farão evoluir a chamada: ALERTING ou CONNECT. O
caso normal nas chamadas telefónicas é ser recebido da rede, proveniente do terminal chamado, a mensagem
ALERTING, sendo enviada a primitiva Alerting indication para o Controlo de chamada e passando a chamada para o
estado 4, Call delivered. Quer no estado 3 quer no 4 pode ser recebida da rede a mensagem CONNECT, que significa
que o terminal chamado atendeu, sendo enviada para o Controlo de chamada a primitiva Setup confirm e para a rede a
mensagem CONNECT ACKNOWLEDGE, se a opção de acknowledge estiver activada. Em seguida a chamada vai para
o estado 10, Active, terminando a fase de estabelecimento e entrando na fase de conversação, com o canal
estabelecido.
Na figura 6.9 mostra-se uma possível sequência de mensagens de estabelecimento de uma chamada de saída,
indicando-se para o terminal chamador ou originador da chamada, os sucessivos estados da chamada (Ei).
Terminal Rede Rede Terminal
Chamador Chamado

E0 SETUP

E1 SETUP ACK.

E2
INFORMATION SETUP

CALL PROC.

E3 ALERTING
ALERTING

E4
CONNECT CONNECT

CON. ACK. CON. ACK.

E10

Figura 6.9 - Mensagens e estados associados ao estabelecimento de uma chamada de saída


Apresenta-se em seguida, na figura 6.10, um exemplo do diagrama SDL do estabelecimento de uma chamada de
entrada de comutação de circuitos.

IST – Mário Serafim Nunes 2002


1 – Call
0 - Null
nitiated

SETUP Alerting Proceeding Setup Reject


Req. Req. Resp. Req.

Setup CALL RELEASE


ALERTING CONNECT
Ind. PROC. COMP.

9 – Incoming 0 - Null
6 – Call Call Proceed.
Present

Alerting Setup
Req. Resp.

ALERTING CONNECT

7 – Call
Received 7 – Call
iated Received
iated
Setup
Resp. CONNECT
ACK.

CONNECT
Setup Comp.
Ind.

10 – Active

Figura 6.10 - Diagrama SDL do estabelecimento de uma chamada de entrada em RDIS


Uma chamada de entrada inicia-se com a recepção de uma mensagem SETUP da rede, proveniente do terminal
chamador. Após ser enviada para o Controlo de chamada a primitiva Setup indication, a chamada passa para o estado
6, Call present.
No estado 6 podem ser recebidas 4 primitivas do Controlo de chamadas: Alerting request, Proceeding request, Setup
response ou Reject request.
A primitiva Alerting request é enviada normalmente pelos terminais telefónicos, dando origem à mensagem
ALERTING que é transportada pela rede até ao terminal chamador, passando a chamada para o estado 7, Call
received.
A primitiva Proceeding request é enviada quando não é possível enviar imediatamente o Alerting, sendo neste caso
enviado para a rede uma mensagem CALL PROCEEDING e passando a chamada para o estado 9, Incoming call
proceeding. A mensagem CALL PROCEEDING indica a recepção do SETUP, sendo utilizada por exemplo nos
equipamentos PPCA, em que a mensagem de ALERTING só é enviada para a rede quando o terminal destinatário a
enviar.
A primitiva Setup response é utilizada por exemplo por equipamentos de resposta automática, originando
imediatamente a mensagem CONNECT para a rede e passando a chamada para o estado 8, Connect request.
A primitiva Reject request é utilizada quando o terminal quer rejeitar a chamada, enviando nesse caso para a rede a
mensagem RELEASE COMPLETE e terminando a chamada, que passa para o estado 0, Null.

IST – Mário Serafim Nunes 2002


Na figura 6.11 mostra-se uma possível sequência de mensagens de estabelecimento de uma chamada de entrada,
indicando-se para o terminal chamado os sucessivos estados da chamada.
Terminal Rede Rede Terminal
Chamador Chamado

SETUP SETUP E0

CALL PROC. E6

ALERTING ALERTING

E7

CONNECT CONNECT

CON. ACK. CON. ACK. E8

E10

Figura 6.11 - Mensagens e estados associados ao estabelecimento de uma chamada de entrada


Analisa-se em seguida o procedimento de desligamento de chamadas RDIS. Na figura 6.12 apresenta-se um exemplo
do diagrama SDL correspondente a esta situação.

10 – Active
(p.ex.)

Disconnect
RELEASE DISCONNECT Req.
CT

Release. Disconnect DISCONNECT


Ind. Ind. CT

RELEASE 12 – Disconnect 11 – Disconnect


COMP. Indication Request

RELEASE Release DISCONNECT RELEASE


Req.
CT
Release. Release.
Ind. RELEASE RELEASE
Ind.

RELEASE RELEASE
19 – Release
COMP. Request COMP.

RELEASE
COMP.

Release.
Conf.

0 – Null

Figura 6.12 - Diagrama SDL do desligamento de uma chamada

IST – Mário Serafim Nunes 2002


O estado inicial correspondente à fase de desligamento pode ser qualquer estado, com excepção do 0, 1, 6, 11, 12, 15,
17 e 19.
No estado inicial, por exemplo o 10, pode ocorrer a recepção de três acontecimentos que originam o início do
desligamento da chamada: as mensagens RELEASE e DISCONNECT ou a primitiva Disconnect request.
No caso de ser recebida a mensagem RELEASE, é enviada a primitiva Release indication para o Controlo de chamadas
e a mensagem RELEASE COMPLETE para a rede, indo a chamada para o estado 0, Null.
No caso de ser recebida a mensagem DISCONNECT, é enviada a primitiva Disconnect indication para o controlo de
chamadas e a chamada vai para o estado 12, Disconnect indication. Neste estado pode ser recebida a mensagem
RELEASE, respondendo o terminal com RELEASE COMPLETE, ou pode ser recebida a primitiva Release request,
respondendo o terminal com a mensagem RELEASE e ficando à espera de receber RELEASE COMPLETE. Em ambos
os casos o estado final é 0, Null.
Se for o terminal local a tomar a iniciativa do desligamento, é recebido do Controlo de chamadas a primitiva
Disconnect request, enviando o terminal para a rede a mensagem DISCONNECT e indo para o estado Disconnect
request. Neste estado pode ser recebida a mensagem DISCONNECT, caso em que o terminal envia RELEASE e espera
a recepção de RELEASE COMPLETE, ou pode ser recebida a mensagem RELEASE, caso em que envia a primitiva
Release indication e a mensagem RELEASE COMPLETE.
Na figura 6.13 mostra-se uma possível sequência de mensagens de desligamento de uma chamada de entrada,
indicando-se para os terminais envolvidos os sucessivos estados da chamada.
TE Rede Rede TE

E10
DISCONNECT E10
E11 DISCONNECT

E12
RELEASE
RELEASE E19

REL. COMP.
REL. COMP.
E0 E0

Figura 6.13- Exemplo de desligamento de uma chamada RDIS


Como se observa na figura, só a primeira mensagem do procedimento de desligamento, DISCONNECCT, tem
significado global, dando origem ao envio de informação de desligamento atra vés da rede até ao terminal remoto,
tendo as restantes mensagens, RELEASE e RELEASE COMPLETE apenas significado local.

IST – Mário Serafim Nunes 2002


GLOSSÁRIO

A/D - Analog/Digital conversion (converter)


Conversão (ou conversor) analógico-digital.
ADPCM - Adaptive Differencial PCM
Técnica de codificação de sinais audio, denominada modulação por impulsos codificados diferencial adaptativa.
ANSI - American National Standards Institute
Instituto nacional de normalização dos Estados Unidos da América
AMI - Amplitude Mark Invertion
Código de linha bipolar caracterizado pela alternância da polaridade dos impulsos activos na linha.
BISDN - Broadband ISDN
Ver RDIS-BL
ITU-T – International Telecommunications Union
Organismo de normalização de telecomunicações de âmbito mundial. (ex CCITT - Comité Consultative
International de Teléphone et Telégraphe)
CCS - Common Channel Signalling
Sinalização por canal comum. Este sistema de sinalização é caracterizado pela existência de um único canal para
sinalização de vários canais de dados dos utilizadores.
CEPT - Conference Européenne des Administrations des Postes et des Telécommunications
Organismo europeu que associa operadores de telecomunicações.
CNET - Centre Nacional d'Etudes des Telecommunications
Instituto francês de investigação em telecomunicações.
CRC - Cyclic Redundancy Check
Código protector de erros utilizado em vários protocolos de comunicação de dados, como o HDLC, LAPB e
LAPD.
CSMA-CR - Carrier Sense Multiple Access - Contention Resolution
Protocolo de acesso ao meio de transmissão de mú ltiplo acesso, detecção de actividade e resolução de
contenção.
CSPDN - Circuit Switched Public Data Network
Rede pública de dados com comutação de circuitos.
D/A - Digital/Analog conversion (converter)
Conversão (ou conversor) digital-analógica.
DCE - Data Circuit-terminating Equipment
Equipamento de terminação da rede de dados.
DDI - Direct Dialling In
Serviço suplementar de marcação directa de entrada.

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DLCI - Data Link Connection Identifier
Identificador da conexão de nível 2, ligação de dados.
DSS1 - Digital Signalling System number 1
Sistema de sinalização da interface utilizador-rede de RDIS.
DTE - Data Terminal Equipment
Equipamento terminal de dados.
DMI - Digital Multiplexed Interface
Interface Digital Multiplexado. Especificação de uma interface entre PPCA e computadores baseada nos
protocolos RDIS, proposta pela AT&T e outras empresas de telecomunicações e de informática.
ECMA - European Computer Manufacturers Association
Associação europeia de fabricantes de computadores.
EIA - Electronic Industries Association
Associação da indústria electrónica (EUA).
ET - Exchange Termination
Grupo funcional de terminação da central de comutação. Contém as funções do lado rede dos níveis 1, 2 e 3 do
modelo OSI.
ETSI -European Telecommunications Standards Institute
Instituto europeu de normalização de telecomunicações.
FCS - Frame Check Sequence
Sequência de teste de trama. Utilizada em protocolos orientados ao bit, como por exemplo o HDLC, LAPB e
LAPD para detecção de erros de transmissão.
FH - Frame Handler
Comutador de tramas.
LAPF - Frame Mode Data Link Protocol
Protocolo da camada ligação de dados para serviços de suporte em modo trama.
Frame Relaying
Retransmissão de tramas. Em sentido lato, comutação baseada em tramas de nível 2.
HDB3 - High-Density Bipolar modulus 3
Código de linha utilizado na Europa, nomeadamente nas junções digitais de primeira hierarquia.
HDLC - High-level Data Link Control
Protocolo de ligação de dados orientado ao bit especificado pela ISO. Os protocolos LAPB e LAPD são
baseados no protocolo HDLC.
HDTV - High-Definition TV
Televisão de alta definição.
IBCN - Integrated Broadband Communications Network
Rede de telecomunicações integradas de banda larga.
IEEE - Institute of Electrical and Electronics Engineers
Instituto internacional de engenharia eléctrica e electrónica. Responsável entre outras actividades pela
normalização em redes locais.

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IDN - Integrated Digital Network
Ver RDI.
ISDN - Integrated Services Digital Network
Ver RDIS.
ISO - International Standards Organization
Organização de normalização internacional, responsável pela especificação de vários protocolos de dados e pelo
modelo OSI.
ISPBX - Integrated Services Private Branch Exchange
Ver PPCIS.
ISPTN - Integrated Services Private Telecommunication Network
Rede de telecomunicações privada com integração de serviços. Ver RPDIS.
ISUP/ISDN-UP - ISDN User Part
Subsistema de utilizador de RDIS do Sistema de Sinalização Número 7.
ITU-T - International Telecommunication Union - Telecommunication Standardization Sector
Organismo de normalização de telecomunicações de âmbito mundial (ex ITU-T ).
LAN - Local Area Network
Rede de área local ou rede local.
LAPB - Link Access Procedure Balanced
Protocolo de ligação de dados adoptado pelo ITU-T para utilização em redes públicas de dados com comutação
de pacotes. Constitue a camada 2 da recomendação X.25.
LAPD - Link Access Procedure on D channel
Protocolo de ligação de dados adoptado pelo ITU-T para o sistema de sinalização DSS1 no canal D da interface
utilizador-rede de RDIS. Este protocolo é definido nas recomendações Q.920/1.
LLI - Logical Link Identifier
Identificador de canal lógico.
LT - Line Termination
Grupo funcional de terminação de linha. Contém pelo menos as funções de emissão e recepção de terminação de
um sistema de transmissão digital.
MAN - Metropolitan Area Network
Rede de área metropolitana, definida como uma rede de elevado ritmo de comunicação, meio de transmissão
partilhado e âmbito geográfico até 100 km.
MIC - Modulação por Impulsos Codificados
Técnica de codificação de sinais de voz e audio normalizada pelo ITU-T.
NT - Network Termination
Grupo funcional de terminação de rede. O NT é usado genericamente para indicar as funções de nível 1 dos
grupos funcionais NT1 e NT2.
OSI - Open Systems Interconnection
Interligação de sistemas abertos. Modelo definido pela ISO estruturado em 7 camadas funcionais, cada uma delas
correspondentes a um conjunto bem definido de funções.

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PAD - Packet Assembly/Disassembly
Formatador/desformatador de pacotes. Efectua a conversão entre protocolos orientados ao caracter e protocolos
em modo pacote.
PABX - Private Automatic Branch Exchange
Ver PPCA.
PCM - Pulse Coded Modulation
Ver MIC.
PH - Packet Handler
Comutador de pacotes. Equipamento de comutação de dados ao nível 3, usualmente associado à camada 3 de
X.25.
PLP - Packet Layer Protocol
Camada 3 do protocolo X.25 de comunicação de dados.
PPCA - Posto Privado de Comutação Automática
Comutador privado com comutação automática.
PPCIS - Posto Privado de Co mutação com Integração de Serviços
Comutador privado com integração de serviços RDIS.
PPI - Points Per Inch
Pontos por polegada.
PSPDN - Packet Switched Public Data Network
Rede pública de dados com comutação de pacotes.
PSTN - Public Switched Telephone Network
Rede telefónica pública comutada.
PTN - Private Telecommunication Network
Rede de telecomunicações privada.
PVC - Permanent Virtual Circuit
Circuito virtual permanente.
RDI- Rede Digital Integrada
Rede de telecomunicações caracterizada pela digitalização de ambos os subsistemas de transmissão e de
comutação.
RDIS - Rede Digital com Integração de Serviços
Rede normalizada pelo ITU-T e caracterizada essencialmente por uma conectividade digital extremo a extremo e
pela integração de acesso a múltiplos serviços de telecomunicações.
RDIS-BL - RDIS de Banda Larga
Rede Digital com Integração de Serviços de Banda Larga.
SAP - Service Access Point
Ponto de acesso de serviço.
SAPI - Service Access Point Identifier
Identificador do ponto de acesso do s erviço da camada 2. Faz parte do campo de endereço da trama LAPD.

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SPC - Stored Program Control
Controlo por programa armazenado. Tecnologia de controlo de centrais de comutação baseada na utilização de
processadores digitais programáveis.
SDL - Specification and Design Language
Linguagem de especificação normalizada pelo ITU-T, nomeadamente para especificação de protocolos de
telecomunicações.
SPN - Subscriber Premises Network
Rede local de assinante. Inclui o equipamento existente nas instalações do assinante e a respectiva rede de
interligação.
SS Nº 7 - Signalling System number 7
Sistema de sinalização por canal comum para utilização em redes digitais entre nós de comutação.
TA - Terminal Adaptor
Adaptador de terminal. Adapta um equipamento com interface não RDIS para a interface RDIS.
TCM - Time Compressed Multiplexing
Multiplexagem por compressão no tempo. Técnica de transmissão de linha na interface U de RDIS baseada na
transmissão alternada de tramas de comprimento fixo, alternadamente em cada direcção de modo a conseguir uma
comunicação bidireccional full-duplex sobre um só par de fios. Também conhecida por transmissão em 'ping-
pong'.
TE - Terminal Equipment
Grupo funcional de equipamento terminal em ambiente RDIS. No modelo de referência da RDIS o TE1
corresponde ao equipamento terminal com interface S normalizada de acordo com os protocolos RDIS e o TE2 ao
equipamento terminal com interface não compatível com os protocolos RDIS.
TEI - Terminal Endpoint Identifier
Identificador de terminação de terminal RDIS. Permite identificar um terminal RDIS ao nível 2, por exemplo, numa
configuração em multiponto na interface S0 de RDIS.
TUP - Telephone User Part
Subsistema de utilizador telefónico do sistema de sinalização número 7.
VCI - Virtual Channel Identifier
Identificador de canal lógico. Identifica um canal lógico ao nível da camada ATM em RDIS de banda larga.
WAN - Wide Area Network
Rede de telecomunicações geograficamente distribuída.

IST – Mário Serafim Nunes 2002


BIBLIOGRAFIA

A. M. Rutkowsky - The Integrated Services Digital Network, Artech House, 1984.


ITU-T - Blue Book, Fascicles III.4: General Aspects of Digital Transmission Systems. Recommendations G.700-G.772,
ITU, 1989.
ITU-T - Blue Book, Fascicles III.7, III.8, III.9: Integrated Services Digital Network (ISDN). Recommendations I.110-
I.605, ITU, 1989.
ITU-T - Blue Book, Fascicles VI.7, VI.8, VI.9: Specifications of Signalling System No. 7. Recommendations Q.700-
Q.795, ITU, 1989.
ITU-T - Blue Book, Fascicles VI.10, VI.11: Digital Subscriber Signalling System No. 1 (DSS 1). Recommendations
Q.920/1, Q.930-Q.940, ITU, 1989.
ITU-T - Blue Book, Fascicles VI.7, VI.8, VI.9: Specifications of Signalling System No. 7. Recommendations Q.700-
Q.795, ITU, 1989.
ITU-T - Blue Book, Fascicle VIII.1: Data Communications over the Telephone Network. Series V Recommendations,
ITU, 1989.
ITU-T - Blue Book, Fascicle VIII.2: Data Communications Networks: Services and Facilities, Interfaces.
Recommendations X.1-X.32, ITU, 1989.
ITU-T - Blue Book, Fascicle VIII.4: Data Communications Networks : Open Systems Interconnection (OSI).
Recommendations X.200-X.290, ITU, 1989.
ITU-T - Blue Book, Fascicle X.1: Functional Specification and Description Language (SDL). Recommendations Z.100-
Z.110, ITU, 1989.
CEPT - Services and Facilities Aspects of ISDN, CEPT Liaison Office, 1989.
Christian Laire - La Revolution RNIS, Eyrolles, 1989.
Gary C. Kessler - ISDN: Concepts, Facilities and Services, McGraw-Hill, 1990.
G. Dicinet - Design and Prospects for the ISDN, Artech House, 1987.
John Lane - The Integrated Services Digital Network (ISDN), NCC Publications, 1987.
J. Ronayne - The Integrated Services Digital Network: from concepts to applications, Pitman Publishing, 1987.
Luis F. B. Baptistella, Marcio P. L. Lobo - Rede Digital de Serviços Integrados, McGraw-Hill, 1990.
Peter Bocker - ISDN The Integrated Services Digital Network, Concepts, Methods, Systems, Springer-Verlag, 1987.
R. Handel, M. Huber - Integrated Broadband Networks, Addison-Wesley, 1991.
Stephen Timms, J. Bunce, R. Kee - ISDN: Customer Premises Equipment, Ovum Ltd, 1988.
Technology Appraisals - ISDN. What Users Need to Know, OSITOP, 1991.
William Stallings - The Integrated Services Digital Network (ISDN), IEEE Computer Society Press, 1991.
James Y. Bryce - Special Edition Using ISDN (Second Edition), QUE, 1996.
Charles Summers, Bryant Dunetz - ISDN. How to Get a High Speed Connection to Internet, John Wiley and Sons,
1996.

IST – Mário Serafim Nunes 2002

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