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I – RELATÓRIO
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14/10/2019 Acórdão do Supremo Tribunal de Justiça
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10. Interposto recurso desta decisão pela Embargante EE, veio a ser
proferido pelo Tribunal da Relação … o Acórdão de 21 de Fevereiro
de 2018, a fls. e seguintes, que decidiu «em julgar a apelação
improcedente e, em consequência, confirma-se a decisão
recorrida».
desse mesmo efeito ter sido requerido por uma das partes e da outra
parte ter tido conhecimento deste requerimento e de o ter contraditado
em requerimento próprio.
3. No exercício do contraditório, cabe à parte sobre a qual recai o
efeito negativo da deserção da instância, alegar e provar os factos que
alegou justificativos da sua inércia na promoção do processo, devendo
indicar os meios de prova no próprio requerimento da alegação"
II. Convirá esclarecer o iten que desembocou na decisão de deserção
da instância
III. Em 20.06.16, o Tribunal proferiu o seguinte despacho: "Face à
junção do assento de óbito do embargante DD, ao abrigo do disposto
nos artigos 269º n.º 1, al. a) e 270º do CPC, declaro suspensa a
instância, sem prejuízo do artigo 281º, n.º 5, do CPC. Fica sem efeito a
audiência de julgamento para hoje designada.";
IV- Em 23 de Janeiro de 2017, o embargado, alegando que desde
aquela data os autos não haviam tido qualquer tipo de impulso
processual por parte dos embargantes, requereu que fosse declarada a
deserção da instância;
V. Em 25 de Janeiro de 2017, a aqui recorrente veio, na sequência do
referenciado falecimento, apresentar incidente de habilitação
processual
VI. No mesmo dia, a aqui recorrente, contrariando o requerido pelo
embargado, apresentou competente requerimento cujos termos foram
os seguintes:
"1 - O embargado, no seu requerimento, para sustentar o que afinal
peticiona, faz referência ao regime que sobre a matéria em apreço (a
deserção da instância) vigora no processo de execução;
2 - Procurando, com a referida referência, que se apliquem aos
presentes autos o respectivo regime;
3 - Ora, resulta evidente, que não sendo os presentes autos uma
execução, mas antes uns embargos de executado, não estão os mesmos
sujeitos à referida disciplina;
4 - Donde decorre não poder proceder, sem mais, o peticionado pelo
embargado;
5 - Na verdade, in casu, a deserção da instância não se verifica
automaticamente, decorrido que seja o aludido prazo de 6 meses;
6 - Com efeito, para que, decorrido o aludido prazo, decorra a
deserção da instância é necessário que a falta de impulso processual se
deva à negligência das partes;
7 - Circunstância que, no caso trágico dos autos, nunca chegou a
verificar-se;
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XVII. Sendo líquido, do que extrai do douto acórdão recorrido, que tal
apreciação seria necessária.
XVIII. Dispõe o artigo 154.º nº1 do CPC que "as decisões proferidas
sobre qualquer pedido controvertido ou sobre alguma dúvida suscitada
no processo são sempre fundamentadas",
XIX. Resultando do nº 2 que "justificação não pode consistir na
simples adesão aos fundamentos alegados no requerimento ou na
oposição, salvo quando, tratando-se de despacho interlocutório, a
contraparte não tenha apresentado oposição ao pedido e o caso seja de
manifesta simplicidade."
XX. Tendo em conta que - no dizer do douto acórdão - terá sido
adequadamente o contraditório, o menos que se exigia era que a douta
decisão em primeira instância desse os factos invocados pela
recorrente como provados ou não provados.
XXI. O dever de fundamentação das decisões judiciais constitui uma
manifestação do direito a um processo equitativo (cfr. art 6.º da
CEDH; art.20º, nº 4 da CRP), tendo expresso assento constitucional
(Cfr artigo 205º, nº1 da CRP)
XXII. Ora, do que resulta do douto despacho da primeira instância é a
nulidade do mesmo, por absoluta falta de fundamentação, nos termos
do artigo 615º, nº1 b) do CPC, ex vi do artigo 613.º, n.º 3 do CPC
XXIII. Como refere FREITAS; José Lebre de " Código de Processo
Civil Anotado", vol II, Almedina, Coimbra, a pág. 669, "...há nulidade
quando falte em absoluto indicação dos fundamentos de facto da
decisão ou a indicação dos fundamentos de direito da decisão"
XXIV. O que, in casu, se verifica, pois do douto despacho nada se
retira quanto a factos donde se conclua a existência de negligência - o
mesmo é absolutamente omisso,
XXV. E, quanto a isso, mal andou o douto acórdão recorrido, quando
decidiu pronunciar-se sobre a existência, ou não, de negligência por
parte da recorrente -já que, para isso, teve que "criar" uma
fundamentação de facto que faltava à decisão em primeira instância.
XXVI. "Un quart d'heure avant sa mort, il était encore en vie",
escreveu Bernard de La Monnoye
XXVII. E, falando-se doutro truísmo, só se pode modificar algo que
exista
XXVIII. A modificabilidade da decisão em matéria de facto,
reconhecida em termos apertados e excepcionais no artigo 662º do
CPC pressupõe que haja alguma decisão, em matéria de facto - o que,
aliás, foi suscitado, enquanto nulidade da primitiva decisão, em sede
de recurso, não tendo o douto acórdão recorrido declarada nula a
primitiva decisão, pelo que incorreu, também, em omissão de
pronúncia.
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II – FUNDAMENTAÇÃO
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B) Vejamos
1 - Diz-nos o n.º 1 do artigo 281.º do CPC relativo à «Deserção da
instância» que «sem prejuízo do disposto no n.º 5, considera-se deserta
a instância quando, por negligência das partes, o processo se encontre a
aguardar impulso processual há mais de seis meses».
Ora, resulta da matéria de facto provada que, em 20 de Junho de 2016,
foi proferido despacho a declarar a instância suspensa «sem prejuízo do
disposto no artigo 281 n.º 5 do CPC».
Este despacho foi notificado à ora recorrente.
Em 23.01.2017 veio o AA requerer que fosse declarada a deserção da
instância, face à ausência de impulso processual por parte da
embargante (ora recorrente).
A embargante (ora recorrente) respondeu em 25.01.2017, defendendo o
indeferimento do pretendido pelo AA.
Surgiu, então, em 14.02.2017, a decisão recorrida que declarou extinta
a instância por deserção.
2 - A deserção da instância foi criada pelo Código de Processo Civil de
1939, passou pelo C.P.C. de 1961 e no actual direito processual civil,
está prevista no citado nº 1 do art.º 281º.
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III – DECISÃO
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Oliveira Abreu
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