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UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA – UNISUL

CURSO DE LICENCIATURA DE LETRAS INGLES


DISCIPLINA DE LIBRAS

HELITON DE SOUZA FERNANDES

INCLUSÃO DO SURDO NO MERCADO DE TRABALHO

Tubarão, 19 de novembro de 2019


Introdução

A proposta deste artigo é refletir sobre a lógica da contratação de pessoas com


deficiência a para o mercado de trabalho competitivo que tem base em um modelo
econômico capitalista. No sistema econômico atual, se valoriza o ser humano produtivo,
aquele que tem condições de vender a sua força de trabalho e possui qualificação é
certamente absorvido pelo mercado de trabalho. As reflexões deste texto são motivadas
por constantes indagações referentes a realidade da oferta de trabalho para os “surdos”
em consequência à questões vivenciadas na sua formação profissional.

Por que usar o termo “surdo” em detrimento a outras nomenclaturas? Essa comunidade
em que me refiro reconhece-se como surdo não só por uma questão fisiológica, em que
lhes é privado o sentido da audição, ser surdo é muito mais do que isso, é participar de
um mundo diferente, ou seja, uma língua diferente, a língua de sinais, então uma cultura
diferente. Para completar, o uso do termo “deficiência auditiva” geralmente é mais
usado na área da saúde, denotando a patologia em si, enquanto o termo “surdez”
representa a identidade cultural e não uma anomalia, já que a seu modo o “surdo” pode
aprender e desenvolver atividades assim como os “ouvintes”.
Inclusão do surdo no mercado de trabalho

Atualmente os surdos no mercado de trabalho ainda encontram muitas dificuldades. De


acordo com a legislação brasileira, as empresas com mais de 100 funcionários devem
destinar 3% das vagas para pessoas com deficiência física. Mas isso não significa que a
inclusão seja real e que deficientes não sofram preconceito e dificuldades no mercado
de trabalho. No Brasil, mais de 9,7 milhões de pessoas possuem deficiência auditiva.
Dentro desse total, mais de 2 milhões apresentam deficiência auditiva severa.

Uma das causas que dificultam a inclusão dos surdos no mercado de trabalho tem
origem na infância, com os obstáculos sofridos já na educação e alfabetização. As
pessoas que nascem surdas possuem como primeira língua a Linguagem Brasileira de
Sinais (Libras), sendo português a segunda língua. Isso ocorre pela falta de intérpretes
de Libras em muitas cidades brasileiras.

Segundo informações do Conselho Nacional dos Direitos das Pessoas Portadoras de


Deficiência Física (Conade), as maiores dificuldades de inclusão dos deficientes no
mercado de trabalho são o preconceito, a adaptação de ambientes e a comunicação com
os colegas e chefes, no caso de ouvintes e não ouvintes. Além disso, vale destacar que
existe uma dificuldade de especialização e de formação adequada, visto que falta
intérpretes de Libras em faculdades e cursos.

Até pouco tempo atrás, um detalhe na legislação afastava os deficientes do mercado de


trabalho. As pessoas com deficiência física recebem um benefício pago pelo Instituto
Nacional do Seguro Social (INSS) e perdiam esse valor quando começavam a trabalhar,
sem direito de recuperá-lo em caso de desemprego. Após uma mudança por meio de um
decreto, foi autorizado que os deficientes voltassem a receber o benefício caso deixem o
emprego. Dessa forma, as pessoas com deficiência se sentem mais seguras para entrar
no mercado de trabalho

Desafio da inclusão de surdos no mercado de trabalho

Quando se trata de pessoas surdas, a realidade está entre as melhores dentre os


deficientes. De acordo com o Ministério do Trabalho, quase 80 mil pessoas surdas têm
carteira assinada no Brasil, sendo a segunda deficiência com maior índice de
empregabilidade no país.

Apesar disso, ainda há muito preconceito com pessoas surdas nos postos de trabalho.
Para que o deficiente possa desempenhar suas funções, é preciso que a empresa faça as
adaptações necessárias e implante as tecnologias assistivas. Caso não sejam feitas essas
mudanças, é caracterizada discriminação contra as pessoas com deficiência e a empresa
pode ser multada em até 10 vezes o valor do maior salário pago pela empresa. Em caso
de reincidência, a multa é aplicada novamente, com acréscimo de 50% no valor.
Para que a inclusão seja completa, é preciso que as empresas deixem de ver o
funcionário como ônus e passem a integrá-lo completamente, oferecendo treinamento
para que ele possa trabalhar como qualquer outro membro da equipe. Além disso, é
importante realizar a conscientização dos colegas de trabalho, oferecendo, por exemplo,
curso de Libras para aqueles que vão trabalhar diretamente com a pessoa surda.

Os surdos são plenamente capazes de realizar a maioria das atividades profissionais. A


surdez afeta cerca de 10 milhões de pessoas no Brasil, não são apenas idosos que
sofrem, mas pessoas de todas as idades. A inclusão é a melhor solução.

O processo de contratação de pessoas com deficiência com um histórico de forma-ção


também deficiente torna-se um impeditivo inesperado nessa lógica contraditória de
acumulação de capital, que força a empresa a inverter o processo, dispensando energia
não na apropriação do trabalho, mas no desenvolvimento de um profissional que
idealmente deve-ria ingressar com o mínimo de formação.

Um exemplo dessa inversão da lógica capitalista, pela lógica capitalista, é a iniciativa


FEBRABAN – Federação Brasileira de Bancos que desenvolve Programa de
Capacitação Profissional e Inclusão de Pessoas com Deficiência no Setor Bancário.

E os Surdos, como estão inseridos dentro dessa dialética capitalista? Ainda hoje, o
estigma da incapacidade na deficiência sensorial de certa forma permanece, assim como
para os deficientes visuais e cegos também para os deficientes auditivos e surdos. As
dificuldades de acesso à informação tanto na escolarização tanto quanto na vida
cotidiana refletem diretamente na competitividade no mercado de trabalho e na
superação desses estigmas para que ocorra a verdadeira inclusão.

Na comunidade surda, os jovens vêm se preparando para o mercado de trabalho, muitos


deles já na universidade procuram profissões às quais possam depois exercer,
independentemente da sua condição bilíngue (uso da Língua de sinais como primeira
língua e o português escrito como segunda língua).

Dentro dessa contradição, os surdos vêm se mostrando capazes de fazer parte dessa
lógica de mercado, de serem produtivos e ao mesmo tempo consumidores dessa
produção, entretanto para isso precisam de algumas adaptações e atendimentos que
contemplem suas especificidades enquanto pessoas com deficiência, concentradas na
diferença linguística, na especificidade de comunicação e no respeito à Língua de sinais.
https://www.porsinal.pt/index.php?ps=artigos&idt=artc&cat=12&idart=299

http://blog.sonoraweb.com.br/surdos-no-mercado-de-trabalho/

https://www.ouviclin.com.br/surdez/inclusao-de-surdos-no-mercado-de-trabalho

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