Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Uma outra visão acerca da entrada das novas tecnologias na educação vem de
Figueiredo (2000), que refere que o futuro da aprendizagem não se encontra
nos conteúdos, mas sim nos contextos, permitindo aos alunos a construção da
sua própria aprendizagem em ambientes culturalmente ricos, que os media e
as novas tecnologias podem proporcionar.
Alguns autores, como é o caso de Prensky (2006), vão mais longe
relativamente ao impacto das novas tecnologias. Este afirma que a invasão em
massa das novas tecnologias nos remeteu para uma sociedade digital, onde
existem os nativos digitais, que já nasceram rodeados desta tecnologia, e os
imigrantes digitais, que nasceram numa era analógica e migraram e
adaptaram-se a uma era digital. Os nativos digitais, de acordo com o autor
(Prensky, 2006), demonstram diferenças significativas relativamente aos seus
antecessores, os imigrantes digitais. Estas diferenças encontram-se no
mapeamento cerebral e relativamente às competências que detêm, como a
competência para realizar multitarefas, pensamento não sequencial, entre
outras. Tendo em conta estas diferenças, segundo o autor(Prensky, 2006), a
escola deve adoptar uma forma diferente de ensinar, mais adequada a esta
nova forma de pensar e interagir com a informação e com o conhecimento.
Sugere, então, a integração de vídeo-jogos como elemento incontornável no
processo de ensino e aprendizagem.
Anne Derryberry (2007) apoia a opinião de Prensky, uma vez que considera
que existem muitos efeitos positivos e um grande potencial, no que diz
respeito à aprendizagem, na implementação de jogos como meio de ensinar e
aprender.
3. Mitos e Desafios relativamente à integração das TIC na sociedade da
informação e na escola
Um outro desafio (Werthein, 2000), desta feita apontado às escolas, passa por
identificar bem o papel que as tecnologias podem ter nos processos de
desenvolvimento educacional e decidir como as utilizar para fomentar uma
educação para todos, ao longo da vida, com qualidade e garantia de
diversidade.
Para terminar este ponto relativo a mitos e desafios, ficando muitos autores
por enunciar, é importante verificar o que tem a dizer a Organização das
Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO). Esta organização
assume, à partida, que há uma universal necessidade de reforma no ensino,
como um dos pilares do desenvolvimento económico e social de qualquer país,
e contempla essa reforma através do papel dos docentes. No projecto de
padrões de competência em TIC para professores (ICT-CST), tendo em conta o
papel de relevo que atribui aos professores, indica que estes devem ser
dotados de qualificações que os permitam utilizar as TIC no ensino e na
aprendizagem (UNESCO, 2008). Assim, a formação dos professores é, segundo
a UNESCO, um importante desafio no que concerne à integração das novas
tecnologias na escola.
4. Avanços de Portugal na sociedade da informação e do
conhecimento
Contudo, como refere Figueiredo (2000), está provado que promover o acesso
aos recursos informáticos não garante que estes sejam usados e muito menos
que sejam usados correctamente. A rápida evolução tecnológica e a
qualificação das relações sociais e de trabalho obrigam todos os cidadãos
activos a uma “alfabetização digital” que inclui um razoável conhecimento em
informática. Este problema tende ser resolvido ou atenuado com um conjunto
de medidas que se prendem com o estímulo à formação profissional, à
certificação e à investigação e desenvolvimento em tecnologias. No âmbito do
estímulo à formação em TIC criou-se uma rede de 1170 Espaços Internet, nos
quais 644 000 cidadãos tiveram formação e foram certificados com um
diploma de competências básicas em TIC. Ainda neste âmbito, criaram-se 91
Cursos de Especialização Tecnológica (CET) em TIC, que equivalem a 35% do
total de CET em todas as áreas.
Associada, também, às medidas de qualificação surge a Iniciativa Novas
Oportunidades. Esta iniciativa, que serve um duplo objectivo, provavelmente a
mais desafiante no campo da educação de adultos, tem como objectivo
fomentar a aprendizagem ao longo da vida, prestando um serviço de
diagnóstico, encaminhamento e operacionalização de um plano de qualificação
para todos os cidadãos com níveis de escolaridade abaixo do 12º ano de
escolaridade, definindo este como patamar mínimo de qualificação (Araújo e
Coutinho, 2009).
Este investimento na investigação nas áreas das TIC contribui para que
especialistas e não especialistas se debrucem, reflictam e investiguem sobre a
utilização das TIC em várias áreas, nomeadamente na educação.
Através deste trabalho pode-se verificar que são muitas as mais-valias que as
novas tecnologias podem trazer para uma sociedade de informação e do
conhecimento, nomeadamente na educação.
Ficou patente que, em Portugal, estes problemas e desafios não são ignorados,
pois muito se tem feito para minimizar os efeitos negativos e usufruir dos
efeitos positivos desta sociedade da informação e desta evolução tecnológica.
No entanto, apesar de todas as medidas governamentais implementadas e
com resultados visíveis, muitas mais serão necessárias implementar para fazer
face a desafios não contemplados até ao momento e a novos desafios que
surjam decorrentes da constante evolução das TIC.
Constata-se que tem havido um esforço governamental para dotar as escolas
de ferramentas tecnológicas e incentivar à investigação na área das TIC, de
forma a que estas sejam integradas no ensino. Falha, contudo, a formação de
professores, elementos centrais nesta integração. Este esforço não se fica por
aqui, sendo visível o sucesso de prporcionar a muitos cidadãos a aquisição de
computadores e internet de banda larga, juntamente com a formação
adequada para que estas ferramentas tecnológicas sejam utilizadas e utilizadas
correctamente e com propósito.
Alonso, L. e outros. (2002). Referencial de Competências-Chave – Educação e Formação de Adultos. Lisboa: Agência Nacional de Educação e Formação de Adultos.
Araújo, M. C.& Coutinho, C. P. (2009). A Iniciativa Novas Oportunidades e o combate à info-exclusão da população adulta, Congresso da Sociedade Portuguesa de Ciências da
Educação, 10, Bragança, 2009 – Actas do X Congresso SPCE.[S.l. : SPCE, 2009]. Disponível em:
http://repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/9353/1/comunica%C3%A7%C3%A3o_%20Cc.pdf, Acedido a 16 de Outubro de 2010.
Associação para a Promoção e Desenvolvimento da Sociedade da Informação (2009). As TIC e o ensino básico: o computador Magalhães., Disponível em
http://www.apdsi.pt/main.php?srvacr=pages_196&mode=public&template=frontoffice&lang=pt&layout=layout&id_page=307, Acedido a 16 de Outubro de 2010
Brook, J., & Boal, I. A. (1995). Resisting the virtual life: the culture and politics of information. San Francisco: City Lights.
Castells, M. (2005). A Sociedade em rede: Do conhecimento à acção política, Conferência promovida pelo Presidente da República. Lisboa: Imprensa Nacional – Casa da
Moeda.
Derryberry, A. (2007). Serious games: online games for learning. Disponível em http://www.adobe.com/resources/elearning/pdfs/serious_games_wp.pdf, acedido a 16 de
Outubro de 2010.
Figueiredo, A. D. (2000). Novos media e nova aprendizagem. Em Adalberto AA.VV. (Ed.), Novo Conhecimento Nova Aprendizagem (pp. 71-81). Lisboa: Fundação Calouste
Gulbenkian.
Gomes, M. C. (coord.) (2006). Referencial de competências-chave para a educação e formação de adultos – nível secundário. Lisboa: Direcção Geral de Formação Vocacional
Leal, F. (1996). Ethics is fragile: goodness is not. em Karamjit, S. G., Information Society: new media, ethics and postmodernism. Londres : Springer.
Mansell, R., & Wehn, U. (1998). Knowledge societies: information technologies for sustainable development. Oxford : Oxford University.
Mello, G. N. (2001). A escola e as TIC, em Antoine AA.VV., Espaços de Educação. Tempos de Formação (pp. 72-79). Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian.
Missão para a Sociedade da Informação (1997). Livro Verde para a Sociedade da Informação. Lisboa: Missão para a Sociedade da Informação.
Portaria n.º 1100/2010, Diário da República, 1.ª série — N.º 206 — 22 de Outubro de 2010
Prensky, M. (2006). Dont´t bother me mom – i´m learning! – how compute and video games are preparing. your kids for twenty-first century success – and how you can help.
Minnesota: Paragon House.
United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization (2008). ICT Competency Standards for Teachers – Competency Standards Modules. Paris: UNESCO
Werthein, J. (2000). A sociedade da informação e seus desafios. Ciência da Informação, 29(2), 71-77.
Pedro Félix
Mestrando de Tecnologias e Metodologias em e-Learning