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APLICAÇÃO DO MODELO DE PORTER E ANÁLISE SWOT NO

DIAGNÓSTICO ESTRATÉGICO DE UMA EMPRESA DE


CONSTRUÇÃO CIVIL.
Área temática: Gestão Estratégica e Organizacional

Bruna Barbosa Fantoni


brufantoni@gmail.com

Michel Moresco
michel.moresco@yahoo.com.br

Liliane Cochmanski
lilicochmanski@yahoo.com.br

Cesar Romano
romano.utfpr@gmail.com

Resumo: Com base em uma revisão bibliográfica do modelo de estratégia empresarial


proposto por Porter, na análise SWOT e em uma entrevista estruturada, este estudo de
caso tem como objetivo geral apresentar um diagnóstico do mercado em que está inserida
a empresa avaliada, bem como desenvolver uma matriz estratégica que poderá ser
utilizada pela organização. O estudo teve início com a revisão bibliográfica dos principais
conceitos relacionados a planejamento estratégico, e em seguida houve a caracterização
do modelo das cinco forças de Porter e da análise SWOT. Em um segundo momento foi
realizado um levantamento de dados e informações direcionadas à composição e
avaliação do ambiente interno, utilizando-se de entrevista estruturada (com gravador)
com o Diretor Executivo da empresa. O tratamento destas informações possibilitou o
diagnóstico qualitativo do ambiente interno. Na sequência, as informações obtidas foram
aplicadas nos modelos de análise apresentados. A revisão bibliográfica em conjunto com
o estudo mercadológico, permitiu a criação de um diagnóstico do setor em que está
inserida a organização, e permitiu propor um posicionamento estratégico que poderá ser
utilizado pela empresa.

Palavras-chaves: Cinco Forças de Porter, SWOT, Planejamento Estratégico, Construção


Civil e Wood Frame.
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1. Introdução

No ambiente de incertezas do mundo empresarial, para a sobrevivência das empresas é


fundamental que elas sejam capazes de elaborar um planejamento estratégico abrangente e
sustentável que, executado corretamente, trará vantagens competitivas para organização,
agregando valor ao seu produto e gerando satisfação aos seus clientes (WRIGHT et al. 2009).

Porter (2004) define que a estratégia empresarial é uma combinação dos fins (metas) que a
empresa busca e dos meios (políticas) pelos quais está buscando chegar lá, e segundo ele,
todas as organizações possuem uma estratégia, seja ela implícita ou explícita.

Um planejamento estratégico elaborado de forma coerente possibilita que a organização se


antecipe às mudanças, coordene seus esforços de maneira eficaz e se prepare corretamente
para os eventos inesperados. Porém, para que o planejamento estratégico organizacional
torne-se um mecanismo eficiente para maximizar e sustentar os resultados de uma empresa
faz-se necessária uma avaliação do ambiente onde a empresa está inserida, analisando quais
as oportunidades e ameaças existentes no mercado, para que as oportunidades sejam
aproveitadas e as ameaças minimizadas (HERRERO FILHO, 2012).

Diante do surgimento de novas tecnologias e com um mercado em constante transformação,


as organizações buscam estratégias que os diferenciem dos concorrentes e gerem vantagens
competitivas.

É nesse contexto que está inserida a empresa de engenharia avaliada nesta pesquisa. Uma
empresa do ramo da construção civil, especializada na utilização e desenvolvimento de
tecnologias sustentáveis.

Com base em uma revisão bibliográfica do modelo de estratégia empresarial proposto por
Porter, na técnica de análise SWOT e em uma entrevista estruturada feita coma a alta
administração, este artigo tem como objetivo geral apresentar um diagnóstico do mercado em
que está inserida a empresa do estudo de caso, bem como propor um posicionamento
estratégico que poderá ser utilizado pela organização.

Contudo, para se chegar a este objetivo geral foi necessário passar pelas seguintes etapas:

1. Levantar dados e informações relativas ao comportamento das variáveis do ambiente


interno e externo;
2. Analisar os intervenientes tratados pela Análise de Porter;
3. Apresentar um diagnóstico resultante da análise Swot.
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Logo, este estudo se justifica pela relevância da empresa para o setor da construção civil e
para determinar o melhor posicionamento do negócio diante dos concorrentes e da situação
econômica atual.

2. Referencial teórico

2.1. Caracterização do sistema construtivo wood frame


A empresa em análise utiliza um sistema construtivo diferenciado fruto da transferência de
tecnologia alemã o wood frame, adaptada para as condições brasileiras. Esse sistema permite
um prazo de execução de obra três vezes mais rápido que o convencional sendo que 60% do
processo são executados em fábrica.

Do inglês “wood” significa “madeira” e “frame” significa “moldura”. Essa técnica consiste
em uma estrutura feita por perfis de madeira em conjunto com placas estruturais. A Figura 1
abaixo apresenta o sistema construtivo wood frame.

Figura 1 – Sistema construtivo wood frame

Fonte: Quiza (2013)

2.2. Planejamento estratégico

Segundo Kotler (1992), o planejamento estratégico pode ser definido como o processo
gerencial de desenvolver e manter uma adequação entre os objetivos e recursos da empresa e
as mudanças e oportunidades de merca. O planejamento deve orientar os negócios e produtos
da organização de modo que obtenha lucros e crescimento satisfatórios.
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Pereira (2010) conceitua Planejamento Estratégico como um processo de análise sistemática


dos pontos fortes (competências) e fracos (incompetências ou possibilidades de melhorias) da
organização, e das oportunidades e ameaças do ambiente externo, com o objetivo de formular
ações estratégicas com o intuito de aumentar a competitividade e seu grau de resolutividade.
Já Oliveira (2007) define Planejamento Estratégico como sendo um processo administrativo
que proporciona sustentação metodológica para direcionar a empresa, visando otimizar o grau
de interação com os fatores externos (não controláveis) e atuando de forma inovadora e
diferenciada.

Mintzberg (2009) afirma que a estratégia fixa uma direção, concentra os esforços, traz
coerência às ações da empresa, e define a organização, distinguindo-a de seus concorrentes.

Apesar das inúmeras definições de planejamento estratégico, todos os autores concordam que
se trata de um processo fundamental para que a organização conheça sua posição no mercado
(pontos fortes e pontos fracos), e a partir dessa análise formule uma estratégia de atuação.

O Planejamento Estratégico é utilizado na orientação pelas ações de respostas das empresas


no próprio ambiente que estão inseridas, de forma a analisar o meio interno e externo para
enfrentarem os desafios que surgem na evolução empresarial (NETO, 2011).

2.2. Modelo das cinco forças de Porter


O modelo de análise das Cinco Forças de Porter publicado em 1979 é utilizado até hoje em
análises de mercado, permitindo uma análise eficaz, tanto para determinar a atratividade
(valor) desse mercado, como para se obter informações para fundamentar um planejamento
estratégico de lançamento de um novo produto ou serviço, ou para um reposicionamento no
mercado (SANTOS, 2008).

Segundo Porter (2004) existem cinco forças mercadológicas que determinam a intensidade da
concorrência, bem como a rentabilidade do mercado, são elas:

a)Rivalidade entre os concorrentes: Deve-se considerar a atividade e agressividade dos


concorrentes diretos. Quando diz-se concorrente direto, refere-se a empresas que vendem o
mesmo produto, num mesmo mercado que a organização em questão.

b) Ameaça de produtos substitutos: Os bens substitutos representam aqueles que não são os
mesmos produtos que o seu, mas atendem à mesma necessidade.
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c) Poder de Barganha dos Fornecedores: Para Porter (2004) os fornecedores têm poder de
barganhar quando o setor é dominado por poucas empresas fornecedoras, ou o custo para
trocar de fornecedor é muito alto, ou ainda quando a matéria prima fornecida não tem
representatividade no faturamento deste fornecedor.

d) Ameaça de Novos Entrantes: Além de ser necessário observar as atividades das empresas
concorrentes, a ameaça da entrada de novos participantes depende das barreiras existentes
contra sua entrada, além do poder de reação das organizações já estabelecidas. Como
principais barreiras, Porter (2004) cita a economia em escala, custo de capital e o acesso aos
canais de distribuição.

e) Poder de Barganha dos clientes: Esta força competitiva tem a ver com o poder de decisão
dos compradores sobre os atributos do produto, principalmente quanto a preço e qualidade.
Desta forma os clientes têm grande poder de barganha se as compras no setor são em grande
volume, ou se os produtos comprados são padronizados.

Figura 2 – Modelo das cinco forças de Porter

Fonte: Adaptado de Porter (1989)

2.2. Análise SWOT

A palavra SWOT é uma sigla em inglês originária das palavras Forças (Strengths), Fraquezas
(Weaknesses), Oportunidades (Opportunities) e Ameaças (Threats) e dá nome a uma matriz
que facilita a visualização destas quatro características, que são inerentes aos mais variados
tipos de empresas (OLIVEIRA, 2007). Segundo Jones (2011), as forças e fraquezas estão
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relacionadas ao ambiente interno, enquanto as oportunidades e ameaças são relacionadas ao


ambiente externo, possuindo as seguintes características:

 Ambiente Externo:
 Oportunidades (Opportunities)
As oportunidades são forças externas à empresa que influenciam positivamente e não se tem
controle sobre elas. Podem ser regionais, nacionais ou até mesmo mundiais, mais importante
que conhecer essas oportunidades é saber o que será feito para que a empresa não deixe passar
oportunidades.

 Ameaças (Threats)
São forças externas que não sofrem influência da empresa e pesam negativamente. Podem ser
considerados desafios e transformados em oportunidades, no entanto podem pôr em risco a
vantagem competitiva da empresa. Por isso devem ser identificados e monitorados
constantemente pelos empreendedores.

A análise interna corresponde aos principais aspectos que diferenciam a organização ou os


produtos dos seus concorrentes.

 Ambiente Interno:
 Forças (Strengths)
Nesse item deve-se apresentar quais são as competências mais fortes da empresa e quais são
as bases para que se consiga alcançar esses pontos fortes. Esse relacionamento com as bases
dos pontos fortes da empresa permite que o empreendedor tenha a exata noção de quais os
pontos que devem ser preservados e mais importantes são dentro da análise.

 Fraquezas (Weaknesses)
As fraquezas de uma empresa são os pontos onde os concorrentes são melhores ou os pontos
que empresa ainda não tem domínio completo. Esses pontos também devem ser mensurados e
estudados e tentar revertê-los em forças.

A Figura 3 a seguir apresenta um modelo da ferramenta Matriz SWOT.


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Figura 3 – Matriz SWOT

Fonte: Portal Administradores (2016)

Ao final da análise SWOT pretende-se definir as relações existentes entre os pontos fortes e
fracos com as tendências mais importantes que se verificam no envolvente da empresa.

3. Metodologia

O presente estudo compreende a utilização de ferramentas estratégicas – matriz SWOT e


Cinco Forças de Porter – objetivando auxiliar a empresa que utiliza o sistema construtivo
wood frame na obtenção de um melhor posicionamento estratégico no mercado que está
inserida.

O estudo teve início com a revisão bibliográfica dos principais conceitos relacionados a
planejamento estratégico, e em seguida houve a caracterização do modelo das cinco forças de
Porter e da análise SWOT.

Em um segundo momento, fora realizado um levantamento de dados e informações


direcionadas à composição e avaliação do ambiente interno, utilizando-se de entrevista
estruturada (com gravador) com o Diretor Executivo da empresa. O tratamento destas
informações possibilitou o diagnóstico qualitativo do ambiente interno. Na sequência, as
informações obtidas foram aplicadas nos modelos de análise apresentados.

A utilização dessas ferramentas possibilitou a estruturação de um diagnóstico do mercado em


que a empresa está inserida, e resultou em uma proposta de posicionamento estratégico a ser
utilizada pela organização.
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4. Diagnóstico estratégico segundo as forças competitivas de Porter


Com base nas cinco forças de Porter, foi realizado um diagnóstico para caracterização dos
fatores de competitividade dentro do mercado em que está inserida a organização avaliada.
Este diagnóstico mercadológico permitirá que a empresa identifique e controle as possíveis
ameaças, e aproveite as oportunidades existentes.

4.1. Ameaça de novos entrantes

A ameaça de novos entrantes é constante e cada vez maior em um mercado que praticamente
inexistem barreiras para novos concorrentes, visto que:

 Existe fácil acesso aos fornecedores de matéria-prima: não existe um contrato de


parceria ou exclusividade, assim todos os fornecedores atuais podem ser abordados
por novos concorrentes;
 As economias de escala são baixas: a construção de casas pelo sistema wood frame é
feita em pequena escala e um novo concorrente não teria dificuldade de igualar os
preços praticados pela empresa;
 Os custos de troca são baixos para o cliente: praticamente inexiste custo de troca para
o cliente que não encontrará dificuldade em migrar para a concorrência;
 Os direitos de propriedade intelectual não são restritos: o wood frame é um sistema
construtivo de domínio público, porém equipamentos e processos de fabricação
podem ser patenteados.
 Curvas de aprendizagem: não é uma barreira significativa, se considerarmos que o
sistema construtivo é amplamente conhecido pelo mercado e pelos fornecedores, que
podem se tornar concorrentes.
Por outro lado, o capital necessário para entrar no negócio é elevado, e um novo entrante
deverá estar disposto a investir em instalações e equipamentos.

Outro fator que terá como efeito imediato a entrada de novas empresas no setor é que desde
2014 o Governo Federal autorizou a utilização do sistema wood frame na construção de
moradias no programa habitacional Minha Casa Minha Vida.
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4.1. Poder da concorrência

O mercado da construção civil tem muitas peculiaridades sendo que parte do setor é altamente
fragmentado, com um grande número de pequenas e micro-empresas, e outra parte é
dominada por incorporadoras e grandes construtoras (SEBRAE, 2016).

Conforme afirmou o Diretor Executivo durante a entrevista, os concorrentes diretos da


empresa em análise se dividem da seguinte forma: de um lado estão as empresas que atuam
no mesmo nicho de mercado, e de outro lado estão um grande número de construtoras de
médio e pequeno porte que utilizam o sistema construtivo tradicional. De um modo geral a
rivalidade no setor é elevada visto que:

 O número de concorrentes é grande e o seu poder é semelhante;


 Os custos de troca entre produtos da concorrência são baixos;
O principal elemento favorável é que apesar do pouco tempo de atuação no setor, a empresa
possui uma marca consolidada no mercado como referência em construções sustentáveis de
qualidade.

4.1. Produtos substitutos

A empresa trabalha em um nicho de mercado com forte apelo para a sustentabilidade e os


clientes que optam por este sistema construtivo são adeptos desta ideologia, porém se houver
alguma discrepância entre os preços da concorrência, certamente os clientes estarão propensos
a substituir este sistema construtivo por outro. Constata-se assim que a ameaça de um produto
substituto é elevada, já que o custo de troca pelo comprador é baixo.

4.1. Poder de negociação dos consumidores

O poder de barganha dos clientes é considerável, pois apesar de tratar-se de um modelo


construtivo inovador no mercado brasileiro, o cliente pode procurar por modelos similares ou
convencionais de construção sem que haja um grande custo de mudança para ele. Além disso,
houve uma alta dos juros básicos que impacta diretamente as linhas de créditos, ou seja,
parcelas de financiamento habitacional ficaram mais caras e pesam no orçamento da
população. A queda no poder de compra nesse momento impacta o setor da construção civil já
que como geralmente a aquisição de um imóvel representa o comprometimento de grande
parte do rendimento ou do capital do cliente e é um investimento de longo prazo, ele fará uma
análise mais criteriosa antes da aquisição, inclusive buscando melhores preços.
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Contudo, o poder dos compradores diminui se levarmos em conta que não há concentração de
compradores e o volume de compras geralmente é restrito a um imóvel.

4.1. Poder de negociação dos fornecedores

Constatou-se que existe um baixo poder de barganha dos fornecedores, como há uma
concentração significativa de fornecedores na região de atuação, o custo estimado para a
mudança de fornecedores é relativamente baixo. A maior parte dos fornecedores está na
região Sul e Sudeste onde existe grande oferta de madeira reflorestada (pinus e eucalipto –
utilizado como base do wood frame).

Atualmente o principal fornecedor é uma empresa multinacional, que está presente em várias
cidades brasileiras, que pode fornecer grandes quantidades de matéria prima, mas existem
outros fornecedores disponíveis no mercado.

A principal ameaça detectada é o risco dos fornecedores começarem a atuar diretamente no


mercado da construção civil, considerando que os mesmos já possuem a matéria prima
necessária e é possível atender aos clientes a um custo menor.

5. Análise SWOT aplicada à empresa


Após considerar as variáveis propostas na análise SWOT e realizar as pesquisas referentes ao
mercado de atuação da empresa em questão, apresenta-se a seguir uma avaliação do ambiente
externo (oportunidades e ameaças) e do ambiente interno (pontos fortes e pontos fracos) no
qual a empresa atua.

5.1. Ambiente externo


 Ameaças
 Concorrência: O financiamento para casas populares em wood frame, fará com que
outras construtoras do ramo convencional da construção civil entrem nesse nicho do
mercado, aumentando a concorrência;
 Resistência: Há grande resistência em mudar a cultura brasileira, para que confie e
queiram esse sistema em suas casas;
 Preço inicial mais elevado que o das construções convencionais;
 Transformação de fornecedores em concorrentes: como não existe exclusividade com
os parceiros e fornecedores, estes podem colaborar com a concorrência, ou se
tornarem concorrentes;
 Crise no setor imobiliário: O mercado imobiliário brasileiro é fortemente afetado pela
crise política e econômica do Brasil. Segundo a BBC (2016), o governo admite que as
atividades econômicas continuarão a se contrair neste ano. O Fundo Monetário
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Internacional – FMI (2016) projeta que o Brasil deve sofrer retração de 3,5% este ano
e registrar estagnação econômica em 2017. Este cenário desestruturou o setor da
construção civil e o preço dos imóveis estabilizaram nas capitais brasileiras (VEJA,
2016). O índice FIPEZAP, que acompanha a variação dos preços dos imóveis,
evidência uma queda de 0,40% no mês de janeiro de 2016 para a região de
Curitiba/PR.

 Oportunidades
 Expansão dos programas de financiamento habitacional: Desde 2014 o Governo
Federal autorizou a utilização do sistema wood frame na construção de moradias no
programa habitacional Minha Casa Minha Vida, o que representa a abertura de novas
oportunidades de negócios;
 Preocupação da sociedade com questões ambientais: Há uma preocupação crescente
com as questões ambientais, e o impacto do atual estilo de vida nas gerações futuras;
 Déficit habitacional: Apesar do mercado imobiliário em crise, ainda existe no país um
déficit habitacional, sobretudo nas classes C e D. Segundo dados IPEA (Instituto de
Pesquisa Econômica Aplicada) da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e o Presidente do
Sinduscon-SP, José Romeu Ferraz Neto, o déficit habitacional chega a 6 milhões de
moradias. Em 2014, um levantamento realizado pela FGV, apontou que serão
necessários R$ 760 bilhões em investimentos em habitação popular até 2024, ou o
equivalente a R$ 76 bilhões ao ano.
 Nicho de mercado: Apesar de ser amplamente utilizado no resto do mundo, o wood
frame é pouco explorado localmente, existindo muito espaço para o crescimento no
mercado brasileiro.
5.2. Ambiente interno
 Forças
 Contratos fechados: O modelo construtivo adotado pela empresa permite que o cliente
saiba antecipadamente o custo total da obra, diferentemente das construções
tradicionais que não possuem um orçamento fechado;
 Tempo da obra: Enquanto uma casa feita no sistema no sistema wood frame fica
pronta em três meses, uma de igual tamanho em alvenaria leva cerca de um ano para
ser concluída:
 A maior parte da construção é industrializada: além da economia de tempo, a
industrialização da construção permite controle da qualidade do serviço, padronização
dos processos, bem como a redução no consumo de materiais;
 Sustentabilidade: A utilização de uma matéria-prima renovável (madeira) tem grande
apelo na questão de sustentabilidade. Além da madeira, a empresa aplica os conceitos
da sustentabilidade em toda a obra, com sistemas de reaproveitamento de água,
instalação de placas fotovoltaicas, entre outras tecnologias que trazem maior conforto
ambiental;
 Integração entre equipe de projeto e execução da obra: A oferta do projeto e da
execução da obra pela mesma empresa é uma facilidade para o cliente;
 Proximidade dos fornecedores: Os fornecedores de madeira reflorestada estão situados
principalmente na região sul e sudeste, o que reduz substancialmente os custos com o
transporte.
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 Fraquezas
 Falta de conhecimento: Devido principalmente a falta de informações quanto à vida
útil, resistência dos materiais e impermeabilização, existe uma grande resistência da
população em relação utilização da madeira e de novas tecnologias para a construção
de moradias, o que dificulta a expansão desse sistema.
 Projetos prontos: Há pouca flexibilidade nos projetos ofertados, já que a empresa
oferece atualmente projetos arquitetônicos a partir de 180m², ou casas populares com
45m², o que limita o seu mercado de atuação. Os “carros-chefes da empresa são as
casas de alto padrão e custam, em média, R$ 2,1 mil o metro quadrado. O preço é
superior ao do metro quadrado da alvenaria – que, na média, sai por pouco mais de R$
1,5 mil.
 Preço de Seguro: Por ter como principal componente a madeira, o custo dos seguros
destes imóveis tende a ser mais elevado que das construções em alvenaria.

6. Considerações finais
Após o levantamento das informações relativas ao comportamento do ambiente interno e
externo, utilizando-se da análise SWOT e do modelo de Porter, foi possível caracterizar o
ambiente mercadológico em que a organização está presente, e evidenciou-se a importância
de se realizar um planejamento estratégico, já que, em um mercado extremante competitivo e
dinâmico como o da construção civil, é fundamental que a empresa conheça todas as variáveis
presentes em seu negócio, para garantir a sua continuidade.

Outro ponto constatado na pesquisa é que as empresas de construção civil estão passando por
um processo de estagnação como efeito da crise. A instabilidade na economia faz com que os
bancos aumentem as taxas de juros e aumentem a rigidez das condições de concessões de
créditos. Nestas condições a obtenção de créditos por parte dos consumidores tornará mais um
desafio para as construtoras neste momento de crise.

Para propor um posicionamento estratégico para a organização, é oportuno relembrarmos


Philip Kotler em seu livro “Administração de marketing: analise, planejamento,
implementação e controle”, que defende sete estratégias de posicionamento denominadas de
posicionamento específico: posicionamento por atributo, posicionamento por benefício,
posicionamento por uso/aplicação, posicionamento por usuário, Posicionamento por
concorrentes, posicionamento por categoria e posicionamento por preço/qualidade.

Dessa forma, recomenda-se um posicionamento estratégico por benefício, além do diferencial,


o produto é relevante para o público-alvo e promove um benefício. O sistema construtivo
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adotado pela organização faz parte de um sistema de construção sustentável. O wood frame é
produzido a partir de madeira de reflorestamento e a execução da obra em é capaz de reduzir
em até três vezes o prazo da entrega, proporcionando uma economia geral, de tempo e
orçamento.

A construção civil é um dos setores que mais consomem recursos naturais e entre todas as
atividades produtivas é o maior gerador de resíduos. A produção de materiais de construção
ainda é responsável por poluição que ultrapassa os limites de emissão de CO2, um dos
principais gases causadores do “efeito estufa”.

Com o sistemas construtivo wood frame há diminuição na quantidade resíduos que vão
diretamente para o lixo, sem possibilidade de aproveitamento. A redução é de 85% de
resíduos de obra e possibilita a redução de emissão de CO2 em 80% em toda a cadeia
produtiva.

Outro benefício é o conforto térmico, tanto em regiões frias quanto em locais mais quentes, a
sensação térmica dentro do imóvel é sempre agradável.

Inovação do processo construtivo, serviço de qualidade e rapidez, menor uso de energia,


menor emissão de gás carbônico, conforto térmico são pontos positivos do sistema de
construção sustentável utilizado pela empresa.

Por fim, considerando a relevância da organização em questão para o setor da construção


civil, entende-se que a pesquisa alcançou os objetivos propostos, já que esta análise
mercadológica servirá como uma ferramenta estratégica para que a organização diferencie-se
frente à concorrência, podendo, inclusive, a metodologia aplicada neste estudo de caso ser
utilizada como base para a análise de outras empresas.
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REFERÊNCIAS
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Paulo, São Paulo, 06 set. 2013.
FIPE. Disponível em <www.fipe.org.br> Acesso em: 09 setembro 2014.
HERRERO FILHO, Emilio; Pessoas Focadas na Estratégia. Rio de Janeiro: Elsevier, 2012.
JONES, Gareth; GEORGE, Jennifer; Fundamentos da Administração Contemporânea. 4ª
Ed. São Paulo: Bookman, 2011.
MINTZBERG, H; LAMPEL, J.; QUINN, J. B.; GHOSHAL, S.: O processo da estratégia –
conceitos, contextos e casos selecionados. 4ª Ed.: Porto Alegre: Bookman, 2008.
MINTZBERG, Henry; AHLSTRAND, Bruce; LAMPEL, Joseph; Safári da Estratégia. 2ª
Ed. São Paulo: Bookman, 2009.
OLIVEIRA, D.P.R. Planejamento Estratégico: conceitos, metodologia e práticas. 23ª. Ed.
São Paulo: Atlas, 2007.
PEREIRA, M.F. Planejamento estratégico: teorias, modelos e processos. São Paulo: Atlas,
2010.
PORTER, M.: Vantagem Competitiva – criando e sustentando um desempenho superior. 27ª
Ed.: Rio de Janeiro: Campus, 1989.
PORTER, Michael E. Estratégia Competitiva: Elsevier Rio de Janeiro, 2004.
SEBRAE. Disponível em <www.sebrae.com.br> Acesso em: 10 junho 2014.
WRIGHT, Peter; KROLL, Mark; PARNELL, John. Administração Estratégica:conceitos.
São Paulo: Atlas, 2009.

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