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Michel Moresco
michel.moresco@yahoo.com.br
Liliane Cochmanski
lilicochmanski@yahoo.com.br
Cesar Romano
romano.utfpr@gmail.com
1. Introdução
Porter (2004) define que a estratégia empresarial é uma combinação dos fins (metas) que a
empresa busca e dos meios (políticas) pelos quais está buscando chegar lá, e segundo ele,
todas as organizações possuem uma estratégia, seja ela implícita ou explícita.
É nesse contexto que está inserida a empresa de engenharia avaliada nesta pesquisa. Uma
empresa do ramo da construção civil, especializada na utilização e desenvolvimento de
tecnologias sustentáveis.
Com base em uma revisão bibliográfica do modelo de estratégia empresarial proposto por
Porter, na técnica de análise SWOT e em uma entrevista estruturada feita coma a alta
administração, este artigo tem como objetivo geral apresentar um diagnóstico do mercado em
que está inserida a empresa do estudo de caso, bem como propor um posicionamento
estratégico que poderá ser utilizado pela organização.
Contudo, para se chegar a este objetivo geral foi necessário passar pelas seguintes etapas:
Logo, este estudo se justifica pela relevância da empresa para o setor da construção civil e
para determinar o melhor posicionamento do negócio diante dos concorrentes e da situação
econômica atual.
2. Referencial teórico
Do inglês “wood” significa “madeira” e “frame” significa “moldura”. Essa técnica consiste
em uma estrutura feita por perfis de madeira em conjunto com placas estruturais. A Figura 1
abaixo apresenta o sistema construtivo wood frame.
Segundo Kotler (1992), o planejamento estratégico pode ser definido como o processo
gerencial de desenvolver e manter uma adequação entre os objetivos e recursos da empresa e
as mudanças e oportunidades de merca. O planejamento deve orientar os negócios e produtos
da organização de modo que obtenha lucros e crescimento satisfatórios.
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Mintzberg (2009) afirma que a estratégia fixa uma direção, concentra os esforços, traz
coerência às ações da empresa, e define a organização, distinguindo-a de seus concorrentes.
Apesar das inúmeras definições de planejamento estratégico, todos os autores concordam que
se trata de um processo fundamental para que a organização conheça sua posição no mercado
(pontos fortes e pontos fracos), e a partir dessa análise formule uma estratégia de atuação.
Segundo Porter (2004) existem cinco forças mercadológicas que determinam a intensidade da
concorrência, bem como a rentabilidade do mercado, são elas:
b) Ameaça de produtos substitutos: Os bens substitutos representam aqueles que não são os
mesmos produtos que o seu, mas atendem à mesma necessidade.
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c) Poder de Barganha dos Fornecedores: Para Porter (2004) os fornecedores têm poder de
barganhar quando o setor é dominado por poucas empresas fornecedoras, ou o custo para
trocar de fornecedor é muito alto, ou ainda quando a matéria prima fornecida não tem
representatividade no faturamento deste fornecedor.
d) Ameaça de Novos Entrantes: Além de ser necessário observar as atividades das empresas
concorrentes, a ameaça da entrada de novos participantes depende das barreiras existentes
contra sua entrada, além do poder de reação das organizações já estabelecidas. Como
principais barreiras, Porter (2004) cita a economia em escala, custo de capital e o acesso aos
canais de distribuição.
e) Poder de Barganha dos clientes: Esta força competitiva tem a ver com o poder de decisão
dos compradores sobre os atributos do produto, principalmente quanto a preço e qualidade.
Desta forma os clientes têm grande poder de barganha se as compras no setor são em grande
volume, ou se os produtos comprados são padronizados.
A palavra SWOT é uma sigla em inglês originária das palavras Forças (Strengths), Fraquezas
(Weaknesses), Oportunidades (Opportunities) e Ameaças (Threats) e dá nome a uma matriz
que facilita a visualização destas quatro características, que são inerentes aos mais variados
tipos de empresas (OLIVEIRA, 2007). Segundo Jones (2011), as forças e fraquezas estão
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Ambiente Externo:
Oportunidades (Opportunities)
As oportunidades são forças externas à empresa que influenciam positivamente e não se tem
controle sobre elas. Podem ser regionais, nacionais ou até mesmo mundiais, mais importante
que conhecer essas oportunidades é saber o que será feito para que a empresa não deixe passar
oportunidades.
Ameaças (Threats)
São forças externas que não sofrem influência da empresa e pesam negativamente. Podem ser
considerados desafios e transformados em oportunidades, no entanto podem pôr em risco a
vantagem competitiva da empresa. Por isso devem ser identificados e monitorados
constantemente pelos empreendedores.
Ambiente Interno:
Forças (Strengths)
Nesse item deve-se apresentar quais são as competências mais fortes da empresa e quais são
as bases para que se consiga alcançar esses pontos fortes. Esse relacionamento com as bases
dos pontos fortes da empresa permite que o empreendedor tenha a exata noção de quais os
pontos que devem ser preservados e mais importantes são dentro da análise.
Fraquezas (Weaknesses)
As fraquezas de uma empresa são os pontos onde os concorrentes são melhores ou os pontos
que empresa ainda não tem domínio completo. Esses pontos também devem ser mensurados e
estudados e tentar revertê-los em forças.
Ao final da análise SWOT pretende-se definir as relações existentes entre os pontos fortes e
fracos com as tendências mais importantes que se verificam no envolvente da empresa.
3. Metodologia
O estudo teve início com a revisão bibliográfica dos principais conceitos relacionados a
planejamento estratégico, e em seguida houve a caracterização do modelo das cinco forças de
Porter e da análise SWOT.
A ameaça de novos entrantes é constante e cada vez maior em um mercado que praticamente
inexistem barreiras para novos concorrentes, visto que:
Outro fator que terá como efeito imediato a entrada de novas empresas no setor é que desde
2014 o Governo Federal autorizou a utilização do sistema wood frame na construção de
moradias no programa habitacional Minha Casa Minha Vida.
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O mercado da construção civil tem muitas peculiaridades sendo que parte do setor é altamente
fragmentado, com um grande número de pequenas e micro-empresas, e outra parte é
dominada por incorporadoras e grandes construtoras (SEBRAE, 2016).
Contudo, o poder dos compradores diminui se levarmos em conta que não há concentração de
compradores e o volume de compras geralmente é restrito a um imóvel.
Constatou-se que existe um baixo poder de barganha dos fornecedores, como há uma
concentração significativa de fornecedores na região de atuação, o custo estimado para a
mudança de fornecedores é relativamente baixo. A maior parte dos fornecedores está na
região Sul e Sudeste onde existe grande oferta de madeira reflorestada (pinus e eucalipto –
utilizado como base do wood frame).
Atualmente o principal fornecedor é uma empresa multinacional, que está presente em várias
cidades brasileiras, que pode fornecer grandes quantidades de matéria prima, mas existem
outros fornecedores disponíveis no mercado.
Internacional – FMI (2016) projeta que o Brasil deve sofrer retração de 3,5% este ano
e registrar estagnação econômica em 2017. Este cenário desestruturou o setor da
construção civil e o preço dos imóveis estabilizaram nas capitais brasileiras (VEJA,
2016). O índice FIPEZAP, que acompanha a variação dos preços dos imóveis,
evidência uma queda de 0,40% no mês de janeiro de 2016 para a região de
Curitiba/PR.
Oportunidades
Expansão dos programas de financiamento habitacional: Desde 2014 o Governo
Federal autorizou a utilização do sistema wood frame na construção de moradias no
programa habitacional Minha Casa Minha Vida, o que representa a abertura de novas
oportunidades de negócios;
Preocupação da sociedade com questões ambientais: Há uma preocupação crescente
com as questões ambientais, e o impacto do atual estilo de vida nas gerações futuras;
Déficit habitacional: Apesar do mercado imobiliário em crise, ainda existe no país um
déficit habitacional, sobretudo nas classes C e D. Segundo dados IPEA (Instituto de
Pesquisa Econômica Aplicada) da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e o Presidente do
Sinduscon-SP, José Romeu Ferraz Neto, o déficit habitacional chega a 6 milhões de
moradias. Em 2014, um levantamento realizado pela FGV, apontou que serão
necessários R$ 760 bilhões em investimentos em habitação popular até 2024, ou o
equivalente a R$ 76 bilhões ao ano.
Nicho de mercado: Apesar de ser amplamente utilizado no resto do mundo, o wood
frame é pouco explorado localmente, existindo muito espaço para o crescimento no
mercado brasileiro.
5.2. Ambiente interno
Forças
Contratos fechados: O modelo construtivo adotado pela empresa permite que o cliente
saiba antecipadamente o custo total da obra, diferentemente das construções
tradicionais que não possuem um orçamento fechado;
Tempo da obra: Enquanto uma casa feita no sistema no sistema wood frame fica
pronta em três meses, uma de igual tamanho em alvenaria leva cerca de um ano para
ser concluída:
A maior parte da construção é industrializada: além da economia de tempo, a
industrialização da construção permite controle da qualidade do serviço, padronização
dos processos, bem como a redução no consumo de materiais;
Sustentabilidade: A utilização de uma matéria-prima renovável (madeira) tem grande
apelo na questão de sustentabilidade. Além da madeira, a empresa aplica os conceitos
da sustentabilidade em toda a obra, com sistemas de reaproveitamento de água,
instalação de placas fotovoltaicas, entre outras tecnologias que trazem maior conforto
ambiental;
Integração entre equipe de projeto e execução da obra: A oferta do projeto e da
execução da obra pela mesma empresa é uma facilidade para o cliente;
Proximidade dos fornecedores: Os fornecedores de madeira reflorestada estão situados
principalmente na região sul e sudeste, o que reduz substancialmente os custos com o
transporte.
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Fraquezas
Falta de conhecimento: Devido principalmente a falta de informações quanto à vida
útil, resistência dos materiais e impermeabilização, existe uma grande resistência da
população em relação utilização da madeira e de novas tecnologias para a construção
de moradias, o que dificulta a expansão desse sistema.
Projetos prontos: Há pouca flexibilidade nos projetos ofertados, já que a empresa
oferece atualmente projetos arquitetônicos a partir de 180m², ou casas populares com
45m², o que limita o seu mercado de atuação. Os “carros-chefes da empresa são as
casas de alto padrão e custam, em média, R$ 2,1 mil o metro quadrado. O preço é
superior ao do metro quadrado da alvenaria – que, na média, sai por pouco mais de R$
1,5 mil.
Preço de Seguro: Por ter como principal componente a madeira, o custo dos seguros
destes imóveis tende a ser mais elevado que das construções em alvenaria.
6. Considerações finais
Após o levantamento das informações relativas ao comportamento do ambiente interno e
externo, utilizando-se da análise SWOT e do modelo de Porter, foi possível caracterizar o
ambiente mercadológico em que a organização está presente, e evidenciou-se a importância
de se realizar um planejamento estratégico, já que, em um mercado extremante competitivo e
dinâmico como o da construção civil, é fundamental que a empresa conheça todas as variáveis
presentes em seu negócio, para garantir a sua continuidade.
Outro ponto constatado na pesquisa é que as empresas de construção civil estão passando por
um processo de estagnação como efeito da crise. A instabilidade na economia faz com que os
bancos aumentem as taxas de juros e aumentem a rigidez das condições de concessões de
créditos. Nestas condições a obtenção de créditos por parte dos consumidores tornará mais um
desafio para as construtoras neste momento de crise.
adotado pela organização faz parte de um sistema de construção sustentável. O wood frame é
produzido a partir de madeira de reflorestamento e a execução da obra em é capaz de reduzir
em até três vezes o prazo da entrega, proporcionando uma economia geral, de tempo e
orçamento.
A construção civil é um dos setores que mais consomem recursos naturais e entre todas as
atividades produtivas é o maior gerador de resíduos. A produção de materiais de construção
ainda é responsável por poluição que ultrapassa os limites de emissão de CO2, um dos
principais gases causadores do “efeito estufa”.
Com o sistemas construtivo wood frame há diminuição na quantidade resíduos que vão
diretamente para o lixo, sem possibilidade de aproveitamento. A redução é de 85% de
resíduos de obra e possibilita a redução de emissão de CO2 em 80% em toda a cadeia
produtiva.
Outro benefício é o conforto térmico, tanto em regiões frias quanto em locais mais quentes, a
sensação térmica dentro do imóvel é sempre agradável.
REFERÊNCIAS
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Paulo, São Paulo, 06 set. 2013.
FIPE. Disponível em <www.fipe.org.br> Acesso em: 09 setembro 2014.
HERRERO FILHO, Emilio; Pessoas Focadas na Estratégia. Rio de Janeiro: Elsevier, 2012.
JONES, Gareth; GEORGE, Jennifer; Fundamentos da Administração Contemporânea. 4ª
Ed. São Paulo: Bookman, 2011.
MINTZBERG, H; LAMPEL, J.; QUINN, J. B.; GHOSHAL, S.: O processo da estratégia –
conceitos, contextos e casos selecionados. 4ª Ed.: Porto Alegre: Bookman, 2008.
MINTZBERG, Henry; AHLSTRAND, Bruce; LAMPEL, Joseph; Safári da Estratégia. 2ª
Ed. São Paulo: Bookman, 2009.
OLIVEIRA, D.P.R. Planejamento Estratégico: conceitos, metodologia e práticas. 23ª. Ed.
São Paulo: Atlas, 2007.
PEREIRA, M.F. Planejamento estratégico: teorias, modelos e processos. São Paulo: Atlas,
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PORTER, M.: Vantagem Competitiva – criando e sustentando um desempenho superior. 27ª
Ed.: Rio de Janeiro: Campus, 1989.
PORTER, Michael E. Estratégia Competitiva: Elsevier Rio de Janeiro, 2004.
SEBRAE. Disponível em <www.sebrae.com.br> Acesso em: 10 junho 2014.
WRIGHT, Peter; KROLL, Mark; PARNELL, John. Administração Estratégica:conceitos.
São Paulo: Atlas, 2009.