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Políticas Públicas & Cidades, vol. 5 (1), julho 2017.

Artigo

Urbanização e desafios à política urbana em pequenas cidades: o caso de


Redenção, Ceará, no contexto de implantação da UNILAB

Eduardo Gomes Machado A, B, C, E, F1


Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira, UNILAB, Redenção, Ceará – Brasil.
E-mail: eduardomachado@unilab.edu.br

Erlanio Ferreira Lima A, B, E


Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira, UNILAB, Redenção, Ceará – Brasil. E-
mail: erlanioferreiralima@hotmail.com

Osvaldo Vaz Furtado A, B, E


Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira, UNILAB, Redenção, Ceará – Brasil.
E-mail: vazfurtado1993@gmail.com

MACHADO, E. G.; LIMA, E. F; Resumo


FURTADO, O. V. Urbanização e A cidade de Redenção, sede do município de mesmo nome,
desafios à política urbana em situa-se na região do Maciço de Baturité, a aproximadamente
pequenas cidades: o caso de 60 km de Fortaleza, capital do estado do Ceará. Desde a
Redenção, Ceará, no contexto de segunda metade do século XIX e até meados dos anos 1980, a
implantação da UNILAB. Revista cidade deteve grande importância na rede urbana da
microrregião do Maciço de Baturité. A partir dos anos 1990, a
Políticas Públicas & Cidades, v.5,
cidade perde importância e dinamismo, mas continua com
n.1, p.43 – 63, jan./jul. 2017.
certa relevância local e microrregional. Nesse contexto, a
https://doi.org/10.23900/2359-
implantação de uma universidade federal pública na cidade a
1552v5n1 partir de 2011, a Universidade da Integração Internacional da
Lusofonia Afro-Brasileira, vem gerando grandes e variados
impactos urbanos. Trabalha-se com hipótese de que a
implantação da UNILAB recriou os padrões de urbanização e a
própria questão urbana na cidade, impondo desafios políticos e
técnicos ao planejamento, gestão e política urbana. Nesse
sentido, este artigo caracteriza o processo de urbanização
anterior à implantação da UNILAB, indicando aspectos
intraurbanos e de inserção da cidade na rede urbana. Em
seguida, discute os impactos e mudanças que a implantação da
UNILAB vem gerando na urbanização e na questão urbana em
Redenção. Finaliza apontando elementos considerados
significativos para o enfrentamento de problemas, desafios e
potencialidades socioespaciais existentes, através do planejamento, gestão e políticas urbanas.
As análises aqui efetuadas articulam revisão de literatura, identificação, coleta, sistematização
e análise de dados secundários e primários, quantitativos e qualitativos, com análise
documental, observação direta e realização e entrevistas realizadas com gestores, técnicos,
proprietários de terra urbana e empreendedores urbanos em atuação no município.

Palavras-chave: Urbanização. Política Urbana. Planejamento Urbano. Universidade.

1
Contribuição de cada autor/a: A. fundamentação teórico-conceitual e problematização; B. pesquisa de dados e análise
estatística; C. elaboração de figuras e tabelas; D. fotos; E. elaboração e redação do texto; F. seleção das referências
bibliográficas.

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Introdução
Chuvinha fina cai não cai na cidade, final de tarde molhado, tudo verdinho nas serras
que guardam Redenção, inclusive no Santuário de Santa Rita de Cássia, situado lá em
cima, setecentos e cinquenta degraus até o topo. Saindo da UNILAB, na Liberdade, nos
deparamos com a Estátua da Negra Nua, monumento à libertação dos escravos,
ambíguo, adorado e contestado, situado na entrada da cidade, no canteiro central da
Rodovia Estadual CE-060 que serpenteia desde Fortaleza. Do outro lado, uma fazenda,
isso mesmo, onde funciona a única fábrica de cachaça ainda em atividade no
município, local onde está instalado o Museu Senzala, igualmente reconhecido e
contestado. Nos acostamentos, dos dois lados da rodovia estadual, dezenas de pessoas
caminhando, andando de bicicleta, correndo, em um improvisado espaço de lazer e
esportes.
Ocupamos um cantinho nesse acostamento e vamos adentrando a cidade, cinco
minutos de caminhada, de um lado e de outro, terrenos vazios, um supermercado
criado a poucos anos, vários edifícios residenciais com quitinetes para locação,
pequenos comércios, lanchonetes, equipamentos de assistência social, uma creche e
uma escola ao lado. Um pouquinho à frente, do lado esquerdo, uma Praça onde se
situam uma improvisada rodoviária e o mercado central da cidade, revelando um
largo onde se movimentam muitas pessoas, bicicletas, automóveis e ônibus, espaço de
convivência de mototaxistas, local de passagem para o Maciço de Baturité, e onde se
situam muitos pequenos comércios, lado a lado, Hospital, bares e lanchonetes.
Deixamo-nos ficar um pouco, sentados em um banco da praça, alguém puxa conversa,
ficamos olhando o movimento da cidade nesse comecinho de inverno, em que o cinza
vai dando lugar ao verde e a cores de variadas flores, a temperatura está um pouco
mais amena e as pessoas parecem mais ativas e tranquilas.
As cenas anteriores nos falam de Redenção, cidade situada em um vale,
, a pouco mais de 60 km da capital do estado do Ceará, na região
nordeste brasileira (IBGE, 2017; IPECE, 2017).2 Talvez essas cenas ainda não indiquem
as potencialidades, restrições e contradições que perpassam atualmente a
urbanização em Redenção. Já cabe destacar que nas dinâmicas urbanas
contemporâneas Redenção, junto com Acarape, cidade situada ao lado e em processo
de conurbação, acolhem desde 2011 a Universidade da Integração Internacional da
Lusofonia Afro-Brasileira (UNILAB), uma universidade pública federal com três
campis no estado do Ceará Liberdade, Palmares e Auroras.3 A UNILAB conta
atualmente com 4.726 discentes de graduação e pós-graduação, presencial e a
distância, e 597 servidores, dentre docentes e técnico-administrativos (UNILAB,

2
O nome da cidade advém do imaginário de ter sido pioneira na libertação dos escravos no Brasil em 1883; daí a
Estátua da Negra Liberta e um conjunto de outros símbolos que materialmente constituem a cidade em vários
de seus lugares.
3
A UNILAB também está situada na Bahia, no município de São Francisco do Conde, onde se situa o campus dos
Malês.

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2016).4 Dos discentes de graduação presencial, 81 são de Angola, 91 de Cabo Verde,


540 de Guiné-Bissau, 26 de São Tomé e Príncipe e 69 do Timor Leste, sendo os demais
brasileiros (UNILAB, 2016). A grande maioria desses discentes reside em Redenção e
em Acarape, assim como parcela relevante dos servidores.

Figura 1 Mapa de Redenção. Autoria: Regina Balbino da Silva.

Em um período curto, e mesmo considerando a parcela de pessoas vinculadas à Bahia,


Redenção e Acarape se veem defrontadas com quase cinco mil pessoas impactando
infraestruturas, equipamentos, serviços, dinâmicas e fluxos urbanos. Apesar de outros
núcleos urbanos no município, a exemplo de Antonio Diogo, também agregarem
residencialmente discentes e servidores, a maior parcela situa-se no centro urbano de
Redenção, que ocupa uma área físico-geográfica restrita, de aproximadamente 1000
metros de comprimento por 800 metros de largura, como indica a Figura 1.
A investigação em curso, da qual resulta este artigo, se articula em torno de algumas
questões. Quais os impactos e mudanças que a implantação da UNILAB gera na
urbanização e na questão urbana em Redenção? Quais os tipos de urbanização
vivenciados em diferentes épocas na cidade? Quais os agentes que participam desses
processos e como se recriam socialmente as necessidades urbanas? Quais os sentidos
e implicações inscritos na urbanização, particularmente quanto à distribuição de
ganhos, perdas e riscos urbanos? A pesquisa articula identificação, coleta,
sistematização e análise de dados qualitativos e quantitativos, secundários e
primários, com análise de documentos oficiais, observação direta e realização de
entrevistas com gestores e técnicos municipais e com proprietários de terra urbana e

4
5323 pessoas estão vinculadas à Unilab, com aproximadamente 15% dos discentes de graduação presencial e
10% dos servidores situando-se no campus dos Malês na Bahia.

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empreendedores imobiliários. Trabalha-se com a hipótese de que a implantação da


UNILAB recriou os padrões de urbanização e a própria questão urbana na cidade,
tanto nos aspectos intraurbanos quanto na inserção da urbe em redes urbanas,
impondo desafios políticos e técnicos ao planejamento, gestão e política urbana
(VILLAÇA, 1998).

Redenção e urbanização no maciço de baturité, características


e mudanças
A cidade é lugar de atração e aglomeração humana, revelando motivações e
expectativas quanto ao acesso e usufruto de bens e serviços diversos. Nesse sentido, a
cidade é um lugar de mercado, ou, dito de outra forma, um lugar onde são produzidos
e/ou para onde convergem bens, serviços, mercadorias, e onde ocorrem, portanto,
dinâmicas de produção, distribuição, comercialização e consumo. Assim, as cidades
são lugares de aglomeração humana onde se criam condições para atender
necessidades socialmente constituídas, o que se articula à ideia de funções urbanas
moradia, mobilidade, trabalho, lazer, por exemplo, nos termos da Carta de Atenas, ou,
como veremos ao final, nos termos do Direito à Cidade. Porém, e para além dessa
leitura mais formal, cabe identificar potenciais contradições e injustiças, em diversas
ordens e escalas, associados à urbanização, evidenciando distribuições desiguais de
ganhos, perdas e riscos urbanos por diferentes indivíduos e coletividades. Desta
forma, cabe entender que a cidade é lugar de tensão e disputa, de dissensos e
consensos possíveis, evidenciando relações de poder e correlações de força, entendida
como produção social do espaço urbano realizada por diferentes agentes sociais, os
quais detêm, em momentos diversos, maior ou menor capacidade para redefinir
quem, como, para que e para quem ocupa, usa, acessa, constrói, regula e detêm a
posse e a propriedade de diferentes parcelas da terra urbana (MACHADO, 2011;
CARLOS, 2007; CORREA, 1995).
Compreende-se a urbanização enquanto processo que estrutura a sociedade e o
território, sendo, ao mesmo tempo, expressão da sociedade e do território, e atingindo
pelo menos duas escalas, a da cidade e a da rede urbana (LIMONAD, 1999). Portanto,
cabe falar em um processo de urbanização que agrega diferentes escalas e pode ser
compreendido como articulação entre estruturação urbana e estruturação da cidade,
como indicado por SPOSITO apud Whitacker (2010, p. 8):
[...] [Sposito] compreende a dinâmica do arranjo e rearranjo dos usos
do solo e adota o termo estruturação. A autora propõe que se entenda
que a estruturação reflete a dinâmica dos usos e que se distinga
estruturação urbana e estruturação da cidade [...], pois seria mais
apropriado adotarmos a adjetivação urbana para uma dimensão que
transcenda a escala intraurbana, para a qual seria mais apropriado o
uso da adjetivação da cidade.

Características materiais e imateriais intraurbanas se articulam à inserção da


cidade em redes urbanas, que podem ser desiguais e simultâneas, com a organização
do espaço envolvendo elementos fixos e fluxos de diferentes níveis, intensidades e

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sentidos. Nessa perspectiva, caracterizar uma cidade como média ou pequena, e


entender seu lugar na rede urbana envolve, para além de uma caracterização de suas
dimensões demográficas e físico-geográficas, uma análise das funções que
desempenha e das áreas de influência associadas (SCHEIBE, PICCININI, BRAGA, 2015;
CASARIL, 2010; ENDLICH, 2011, 2009; BITOUN e MIRANDA, 2009). Cabe falar na
cidade enquanto uma localidade central, entendendo sua área de influência, as
funções urbanas que desempenha ou pode vir a desempenhar, a centralidade exercida
pela cidade no maciço de Baturité e em outras escalas. A teoria das localidades
centrais articula o papel, o lugar ocupado pela cidade, em uma rede, na oferta de
distribuição de bens e serviços (IBGE, IBGE, UNICAMP, 2002, p. 35; FRESCA 2010, p.
77). CÔRREA (2012, p. 209-210) afirma:
Um lugar central [...] tem um conjunto de funções que o qualificam
como centro local, regional ou metropolitano que, em cada nível,
associa-se a uma específica hinterlândia, caracterizada, cada uma,
por um dado número de habitantes e uma dada dimensão em área. O
lugar central, no entanto, mantém diversas relações com outros
lugares centrais que lhe são hierarquicamente superiores, na
hinterlândia dos quais se situa. Desse modo, cada lugar central e sua
hinterlândia aninha-se na hinterlândia de lugares centrais maiores.
Um lugar central, no entanto, apenas excepcionalmente não dispõe
de outras funções que o inserem em outras redes geográficas,
dotadas de atributos diferentes daqueles das redes de localidades
centrais, entre eles, o caráter não hierárquico das interações no
âmbito dessas redes.

Já Whitacker (2010, p. 2) indica:


A centralidade, definida pelos fluxos que dão conteúdo [...] ao(s)
centro(s) é cambiante, à medida que não se define pela localização,
mas pelo movimento e pela articulação das diferentes localizações.
Essa centralidade não se define apenas no nível intraurbano, mas na
articulação de diferentes níveis e escalas, sobretudo quando [...] se
compreende a constituição de redes num padrão não
necessariamente concêntrico e que possui articulações definidas por
fluxos. Portanto, não apenas a definição da centralidade no tecido
urbano se dá pelos fluxos e é dinâmica, mas também a centralidade
pensada na escala da rede [...].

Analisar a urbanização envolve pensar os papeis e as funções urbanas, a população e


área de ocupação geomorfológica, a área de influência e inserção na região e em redes
urbanas (FRESCA, 2010, p. 76).

Características da urbanização antes da implantação da UNILAB


Desde a segunda metade do século XIX e até meados dos anos 1980, Redenção
constitui-se com relativa prosperidade enquanto lugar central que exerce funções
residenciais para elites municipais, articula-se à produção agropecuária, ao polarizar
excedentes produzidos na região, e exerce funções de centro comercial e de serviços.

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Desta forma, a urbanização vinculou-se à atração exercida pelos núcleos urbanos às


populações rurais, em articulação com investimentos públicos e privados, (I) gerando
ocupação, emprego e renda, (II) ofertando infraestruturas, equipamentos, bens e
serviços de saúde, educação, assistência social, comércios, dentre outros (III) e
articulada a processos de remoção e/ou desterritorialização de populações rurais.
Mais do que isso, a urbanização evidenciou (a)
e (b) segmentos proprietários
que migraram, pelo menos parcialmente, suas posses, propriedades e valores de áreas
rurais para áreas urbanas e periurbanas, inclusive revelando dinâmicas precoces de
apropriação privada da terra urbana, com alto grau de concentração dessa
propriedade (IBGE, IBGE, UNICAMP, 2002, p. 339; observação direta; entrevistas).
Cabe falar em proprietários de terra e capital que circulam entre o rural e o urbano,
residentes na cidade, e capazes de criar condições para se apropriar de rendas, lucros
e valores socialmente produzidos, com essas riquezas parcialmente dinamizando a
própria cidade de Redenção.
Nesse contexto, Redenção evidencia uma área de influência restrita, que oscila entre o
local e o microrregional, a depender do período histórico e das funções urbanas
enfocadas. Até a emancipação de Barreira e Acarape, a cidade possuía maior
influência nos núcleos urbanos e áreas periurbanas e rurais ali situados.5 A Feira de
Redenção, os pequenos e médios estabelecimentos comerciais, as festas religiosas e o
acesso a sistemas, serviços e benefícios de saúde, educação e assistência social, são
indícios relevantes da centralidade da cidade na rede urbana do Maciço de Baturité.
É possível caracterizar Redenção como uma pequena cidade considerando critérios
morfológicos, demográficos, a variedade de funções urbanas desempenhadas e as
áreas de influências exercidas inserida regionalmente e na rede urbana de Baturité,
com poder de atração e exercendo funções que atingem (I) áreas rurais, vilas e demais
núcleos urbanos do próprio município e de municípios vizinhos, particularmente
Acarape e Barreira (II) e se espraiam em um raio regional no Maciço, no caso de
algumas funções, particularmente comércio e serviços públicos (LOPES e HENRIQUE,
2010; MAIA, 2010). Alguns dados revelam a centralidade de Redenção na região de
Baturité.

Município PIB
Baturité 182.863
Redenção 139.485
Aracoiaba 124.081
Acarape 80.588
Itapiúna 75.391
Capistrano 69.449
Aratuba 58.733

5
Esses dois municípios se emanciparam em 1986 (IBGE, 2016).

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Pacoti 55.414
Mulungu 54.964
Palmácia 47.174
Guaramiranga 29.744
Tabela 1 PIB a preços de mercado (R$ mil) 2012 Microrregião de Baturité Ceará.
Fonte: IPECE 2012; elaboração própria.

Município Estabelecimentos de saúde Leitos para internação Equipamentos6


Redenção 60 78 2
Baturité 45 71 2
Pacoti 45 21 1
Aracoiaba 36 51 2
Acarape 28 0 2
Capistrano 26 15 1
Aratuba 25 12 1
Itapiúna 20 29 2
Palmácia 20 16 1
Guaramiranga 16 12 0
Mulungu 12 12 0
Tabela 2 - Estabelecimentos de saúde, leitos e equipamentos municípios de Baturité 2009.
Fonte: IBGE /Pesquisa de assistência médico-sanitária 2009; elaboração própria.
Como indica a Tabela 2, Redenção situa-se em primeiro lugar no número de
estabelecimentos de saúde e nos leitos ofertados dentre os municípios do Maciço de
Baturité. Também cabe destacar, através da Tabela 1, como, apesar de ser recorrente
o imaginário citadino de que os tempos econômicos áureos da cidade e do município
teriam ficado no passado, o PIB municipal ainda é o segundo no Maciço de Baturité.

Município 1970 1980 1991 2000 2010


Baturité 3781 4634 5703 7032 9156
Redenção 6576 8043 4911 5858 7393
Aracoiaba 5831 6607 4843 5632 7022
Itapiúna 2260 2477 2665 3653 4936
Capistrano 2080 2778 3074 3527 4588
Acarape - - 2132 3014 4186
Palmácia 1833 1895 2074 2256 3086
Pacoti 1830 1884 2056 2390 3054

6
Os equipamentos englobam eletrocardiógrafo, eletroencefalógrafo, hemodiálise, raio x, ultrassom,
mamógrafo, tomógrafo e ressonância magnética. Os estabelecimentos de saúde dividem-se em públicos e
privados; especializado, com especialidades ou geral; com internação e sem internação.

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Mulungu 1313 1370 1688 1985 2928


Aratuba 1653 2247 2128 2527 2920
Guaramiranga 1076 989 1061 1207 1060
Tabela 3 - Domicílios particulares permanentes municípios Maciço de Baturité.
Fonte: IBGE/Censos Demográficos; elaboração própria.

1991 2000 2010


Baturité 27147 29861 33321
Redenção 22758 24993 26415
Aracoiaba 22508 24064 25391
Itapiúna 12855 16276 18626
Capistrano 15560 15830 17062
Acarape 10190 12927 15338
Palmácia 10236 9859 12005
Pacoti 10100 10929 11607
Aratuba 10579 12359 11529
Mulungu 7842 8964 11485
Guaramiranga 5293 5714 4164
Tabela 4 - População residente municípios Maciço de Baturité.
Fonte: IBGE/Censos Demográficos; elaboração própria.

1970 1980 1991 2000 2010


Total 6576 8043 4911 5858 7393
Urbana 1653 2370 2384 3086 4287
Rural 4923 5673 2527 2772 3106
Tabela 5 - Domicílios particulares permanentes Redenção.
Fonte: IBGE/Censos Demográficos; elaboração própria.

2000 2010
Total 24993 26415
Urbana 12787 15134
Rural 12206 11281
Tabela 6 - População residente Redenção.
Fonte: IBGE/Censos Demográficos; elaboração própria.
Analisando a Tabela 3, verifica-se que em 1970 e 1980, o município de Redenção é o
que possui maior contingente domiciliar, superando inclusive Baturité, porém essa
situação se modifica a partir da emancipação de Acarape e Barreira em 1986. Apesar
disso, Redenção assume o segundo lugar em contingente domiciliar e também em
população residente a partir de 1991. A Tabela 4 indica a população residente em

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municípios de Baturité, confirmando a centralidade demográfica de Redenção na


região. As Tabelas 5 e 6 revelam a evolução da urbanização no município, indicando
como entre os anos 1970 e 2010 houve uma mudança no perfil dos domicílios e da
população residente.
Nesse contexto histórico, como caracterizar a urbanização em Redenção? Quais
agentes a reproduzem? Quais os sentidos que adquire e as restrições e potencialidades
que indica? Cabe falar em uma urbanização em que a propriedade da terra urbana
torna-se, nas últimas décadas, uma realidade bem presente, embora ainda restrita em
sua articulação com processos capitalistas e mercantilistas de produção social do
espaço urbano. Desta forma, vivencia-se uma urbanização não predominantemente
capitalista, marcada por articulações e tensões entre o formal e o informal, por
espoliações urbanas, desigualdades e segregações socioespaciais que expressam as
contradições sociais no país e particularmente na região de Baturité (KOWARICK,
1979).7 Já antes da implantação da UNILAB, centralidades intraurbanas enobrecidas e
periferias já demarcam o espaço urbano em Redenção, com precariedades na
infraestrutura, nos equipamentos e serviços urbanos somados à existência de
assentamentos precários e áreas de risco, revelando desigualdades socioeconômicas
espacialmente localizadas e evidenciando a amplitude e a gravidade da questão
urbana na cidade.
Nessa perspectiva, a urbanização em Redenção expressa e, ao mesmo tempo,
reproduz as características presentes na sociedade e no território, cabendo
caracterizar aspectos da estrutura e da dinâmica social no município. Redenção tem
base econômica centrada na agropecuária e nos serviços, que juntos representam em
torno de 67% da atividade econômica, seguidos do comércio, em torno de 14%, e da
construção e da indústria, entre 7% e 8% cada (IBGE, 2017). Porém, se verificarmos o
contingente de empregos formais no município, em 2015, indicado na Tabela 7,
verificamos como a administração pública, os serviços e o comércio agregam a grande
maioria dos empregos.
As desigualdades sociais e a vulnerabilidade social são amplas, embora os índices
venham tendo melhoria, principalmente após 2000, como é possível ver nas Tabelas 8
e 9. Considerando as pessoas de 10 anos ou mais de idade, aproximadamente 73%
detêm rendimentos de até dois salários mínimos, 22,6% não detêm rendimentos e o
restante, ou seja, 4,2% dessa população se situa em faixas superiores de renda (IBGE,
2017). Quanto à educação formal, 67% das pessoas com mais de 25 anos não tem
instrução ou tem somente até o fundamental incompleto; 13% detêm fundamental
completo e médio incompleto; 17% médio completo e superior incompleto; e 2,7%
superior completo (IBGE, 2017).

Administração Pública 1096

7
Kowarick (1979, p. 22) compreende a espoliação urbana enquanto “somatória de extorsões que se opera pela
inexistência ou precariedade de serviços de consumo coletivo, que juntamente ao acesso à terra e à moradia
apresentam-se como socialmente necessários para a reprodução dos trabalhadores e aguçam ainda mais a
dilapidação decorrente da exploração do trabalho ou, o que é pior, da falta desta.”

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Serviços 799
Comércio 503
Indústria de Transformação 104
Agropecuária 60
Construção Civil 45
Extrativa Mineral 5
Serviços Industriais de Utilidade Pública 0
Tabela 7 - Contingente de empregos formais em Redenção 2015.
Fonte: IPECE/Ministério do Trabalho e do Emprego-RAIS

REDENÇÃO 1991 2000 2010


% de extremamente pobres 42,42 32,45 19,99
% de pobres 76,58 65,02 38,32
% de vulneráveis à pobreza 93,54 85,02 62,93
IDHM 0,349 0,478 0,626
Tabela 8 - % de extremamente pobres, pobres e vulneráveis à pobreza Redenção.
Fonte: IDHM; elaboração própria.

IDHM/espacialidade 1991 2000 2010


Brasil 0,49 0,61 0,73
Guaramiranga 0,33 0,5 0,64
Pacoti 0,34 0,48 0,63
Redenção 0,35 0,48 0,63
Aratuba 0,29 0,45 0,62
Palmácia 0,35 0,50 0,62
Baturité 0,37 0,49 0,62
Aracoiaba 0,32 0,45 0,61
Capistrano 0,28 0,46 0,61
Mulungu 0,34 0,48 0,61
Acarape 0,35 0,49 0,61
Itapiúna 0,32 0,48 0,60
Tabela 9 - Evolução do IDHM municípios de Baturité.
Fonte: IDHM; elaboração própria.
Os dados revelam a gravidade da questão urbana. Considerando os domicílios urbanos
no município, em 2010 ainda havia 988 sem banheiro, 551 sem coleta de lixo e 3076
semiadequados ou inadequados (IBGE, 2017). Considerando todos os domicílios
municipais, urbanos e rurais, a Tabela 10 indica o percentual da população com
acesso a banheiro/água encanada e coleta de lixo.

% com banheiro e água encanada % com coleta de lixo

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1991 2000 2010 1991 2000 2010


Redenção 12,61 19,99 59,2 31,67 57,48 86,54
Tabela 10 - % da população em domicílios com banheiro, água encanada e coleta de lixo
Redenção 1991, 2000, 2010.
Fonte: IDHM

Elementos da urbanização a partir da implantação da UNILAB


A criação da UNILAB se insere na expansão da educação superior no Brasil, que
buscou enfrentar questões como: (i) baixas taxas de acesso à educação superior,
sobretudo dos jovens entre 18 a 24 anos; (ii) matrículas majoritariamente
concentradas nas IES privadas; (iii) concentração das IES públicas nas regiões
litorâneas, sobretudo nas capitais; (iv) assimetrias regionais na distribuição dos cursos
e das vagas de graduação e de pós-graduação, entre outros (SOBRINHO, 2016, p. 37-39;
ROMÃO; LOSS, 2014, p. 148-149). Essa expansão vem impactando os processos de
estruturação urbana e das cidades no país (BAUMGARTNER, 2015; DANTAS;
CLEMENTINO, 2014; RIBEIRO, 2012).
A Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (UNILAB) foi
criada através da Lei Federal Nº 12.289, em julho de 2010. O Estatuto da UNILAB
afirma que a instituição:
[...] é vocacionada para a cooperação internacional e compromissada
com a interculturalidade, a cidadania, o pluralismo, a tolerância e a
democracia nas sociedades, fundamentando suas ações no
intercâmbio acadêmico e solidário com os demais países membros da
Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), especialmente
os países africanos.
[tendo como objetivos] [...] ministrar ensino superior, desenvolver
pesquisas nas diversas áreas de conhecimento e promover a extensão
universitária, tendo como missão institucional específica formar
recursos humanos para contribuir com a integração entre o Brasil e
os demais países membros da Comunidade dos Países de Língua
Portuguesa CPLP, especialmente os países africanos, bem como
promover o desenvolvimento regional, o intercâmbio cultural,
científico e educacional.
A UNILAB está alterando quantitativa e qualitativamente as necessidades urbanas na
cidade, em suas dimensões materiais e imateriais, as funções e papeis
desempenhados, as relações, dinâmicas e fluxos urbanos em variadas escalas. Cabe
falar em uma reestruturação urbana e da cidade (RIBEIRO, 2012; OLIVEIRA JÚNIOR,
2008). Modifica-se o caráter de Redenção enquanto localidade central, redefinindo-se
sua área de influência e as pessoas por ela atendidas (IBGE, IBGE, UNICAMP, 2002, p.
35). Um elemento patente é a participação de Redenção, pequena cidade com

considerando-se que o Projeto da Universidade não somente acolhe estudantes de


cinco países africanos e de um país asiático, mas intenta a expansão da Unilab para
esses países, diretamente ou através de parcerias e articulações (FRESCA, 2010, p. 75).

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Políticas Públicas & Cidades, vol. 5 (1), julho 2017.

Modificam-se as funções urbanas desempenhadas por Redenção e, potencialmente,


portanto, ampliam-se e diferenciam-se suas áreas de influências, seus papeis de
mediação e lugar na hierarquia das redes urbanas. A cidade agrega uma função
urbana anteriormente inexistente, especializada e restrita, a oferta da educação
superior em larga escala e através de uma instituição federal pública, modificando-se
seu alcance espacial máximo, ou seja, a área de influência dessa cidade, na qual a
- PEA,
IBGE, UNICAMP, 2002, p. 35). Redefinem-se relações e fluxos de Redenção com outros
municípios e cidades da microrregião de Baturité, com cidades da Região
Metropolitana de Fortaleza, destacando-se Pacatuba, Maracanaú, Fortaleza e Guaiuba,
e com várias regiões e cidades dos demais países parceiros Angola, Cabo Verde,
Guiné-Bissau, Moçambique, São Tomé e Príncipe e Timor Leste.
Os impactos urbanos ocorrem em vários sentidos, imediatos, e em curto, médio e
longo prazo. Por exemplo, ampliando os recursos econômicos e os fluxos de renda,
constituindo demandas urbanas variadas, dinamizando o mercado imobiliário,
ampliando mercados consumidores diversos, etc. (RIBEIRO, 2012). Baumgartner

investimentos iniciais em in

economias locais recebem grande parcela dos salários dos funcionários técnico-
administrativos e professores, bem como dos dispêndios dos estudantes para
manutenção, principalmente quando suas famílias não residem nas cidad
(Baumgartner, 2015, p. 88).

2014 2015
Implantação da UNILAB 15.955.324,32 1.811.031,97
Funcionamento das Instituições 3.779.209,64 14.584.503,94
Assistência estudantil 7.847.671,03 10.432.471,43
Reestruturação e expansão 3.573.065,10 855.611,98
Pagamento de pessoal ativo 26.343.888,55 39.788.398,79
Locação de mão de obra 3.666.246,87 6.872.504,60
TOTAL 61.165.405,51 74.344.522,71
Tabela 11 - Execução orçamentária e financeira despesa paga UNILAB 2014 e 2015.
Fonte: Relatório de Gestão (2015, 2014); elaboração própria.

Receita Receita IPTU


orçamentária corrente
2004 12.997.749,72 13.817.658,31 6.629,53
2005 15.259.489,34 16.391.260,00 18.730,45
2006 17.647.617,66 18.889.940,37 9.961,42
2007 22.084.501,47 22.398.177,68 10.220,20
2008 30.620.675,14 29.905.790,05 11.204,58

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Políticas Públicas & Cidades, vol. 5 (1), julho 2017.

2209 29.807.612,38 31.127.775,66 11.290,32


2010 39.235.881,11 36.697.684,88 14.250,44
2011 41.638.483,93 42.279.615,12 16.375,50
2012 43.987.900,22 45.162.702,39 14.442,56
2013 51.562.871,85 48.701.573,41 23.463,07
2014 55.633.862,10 51.967.234,12 51.787,62
2015 60.499.464,74 56.053.483,32 41.598,31
Tabela 12 - Receita orçamentária e corrente e IPTU Redenção entre 2004 e 2015.
Fonte: Tesouro Nacional/Secretaria da Fazenda; elaboração própria.
Somente as políticas destinadas à permanência na educação superior, efetivadas
através de auxílios pecuniários repassados para discentes alimentação, moradia,
transporte, social, emergencial e instalação , indicam o repasse de 3.054 auxílios em
2014 e de 3.780 auxílios em 2015, com os valores indicados na Tabela 11. Somente os
recursos destinados a assistência estudantil, que tendem a ser direcionados em sua
maioria para a economia local citadina, e mesmo considerando que algo em torno de
15% seja destinado à Bahia, envolveram recursos, entre 2014 e 2015, respectivamente,
da ordem de 7 e 9 milhões de reais. As Tabelas 11 e 12 evidenciam os orçamentos da
Unilab e as receitas municipais. A soma de recursos destinados ao pessoal ativo e à
locação de mão de obra na UNILAB atinge algo que transitou, entre 2014 e 2015, entre
27 e 40 milhões de reais, já considerando aproximadamente 10% direcionado para a
Bahia. Mesmo se somente 10% desses valores chegarem à economia local, teremos
algo em torno de 2,7 e 4 milhões de reais circulando no município. O orçamento da
Universidade supera as receitas municipais para os dados trabalhados, em 2014 e em
2015.
supermercados [...] foram reformados e ampliados, como o supermercado Redenção,

atender o maior volu


Vários entrevistados destacaram o aumento das atividades na construção civil e no
mercado imobiliário da cidade, além de grandes alterações na vida dos cidadãos,
envolvendo educação, saúde, cultura (ENTREVISTADOS 1, 2, 3, 5). Antes da chegada
da UNILAB, Redenção já era uma cidade importante na região do Maciço de Baturité,
embora alguns moradores e empresários da região tenham avaliado Redenção como
(ENTREVISTADOS 6 e 7)
antes da implantação da UNILAB. Vários entrevistados avaliaram que a cidade
melhorou muito com a implantação da UNILAB, principalmente, nas áreas de

As mudanças urbanas atingem não somente aspectos materiais, mas também


imateriais. Por exemplo, percebem-se mudanças importantes no imaginário urbano
envolvendo expectativas e motivações antes inexistentes, agregando agora
potencialidades de ascensão social e profissional, pelo menos para parcelas dos
estudantes do ensino fundamental e médio e suas famílias.

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Políticas Públicas & Cidades, vol. 5 (1), julho 2017.

A presença da instituição provocou o aumento da demanda em relação a bens e


serviços, dinamizando a economia local, provocando um impulso econômico nas
atividades de comércio e serviços. Certos comércios só foram construídos devido a
vinda da UNILAB. Como alerta o entrevistado 1, [Supermercado
Abolição, o segundo maior da cidade]) , se não fosse a UNILAB a cidade não
comportaria um supermercado desses a cidade já era recheada de mercadinhos

Uma das grandes mudanças envolveu a dinamização do mercado imobiliário. Um dos


proprietários e empreendedores entrevistados revela como antes da chegada a
UNILAB possuía três imóveis e agora detêm 88 imóveis, a grande maioria para
aluguel, enquanto outro indicou que possuía 20 imóveis para aluguel, e um terceiro,
que possuía entre 10 a 15 imóveis indica que possui atualmente 50. Muito embora em
várias passagens das entrevistas os proprietários queiram negar o aumento nos
alugueis, um deles indicou como realmente houve uma mudança significativa,
indicando que o imóvel que antes praticamente não tinha preço porque não havia
mercado consumidor , sendo alugado por 30 reais, agora era alugado por 300 reais. A
entrevistada 7, que critica o valor dos aluguéis, apesar de ter sua casa própria, por
serem muito altos, referindo-
se aos moradores naturais de Redenção que utilizam boa parte de sua renda apenas
com o preço do aluguel. Esses dados indicam como a chegada a UNILAB criou um
mercado imobiliário que não havia anteriormente. Com entradas periódicas de
estudantes brasileiros e estrangeiros na universidade, a demanda por moradia só
aumenta a cada semestre que se passa.
Cabe falar na constituição de uma urbanização onde mercantilização, reprodução do
capital imobiliário e propriedade privada da terra urbana se articulam, tornam-se
predominantes e reforçam-se mutuamente, permitindo a esses agentes se
apropriarem de parcela relevante dos recursos financeiros que circulam na cidade,
inclusive dos novos recursos, aportados através da UNILAB. Esse processo associou-se
às mudanças nas necessidades urbanas, inicialmente habitacionais, vinculado ao fato
de que as residências universitárias ainda estão em construção no início de 2017. São
muitas as moradias coletivas, as Repúblicas estudantis, onde residem entre dois e oito
estudantes, em vários aspectos urbanos de forma inadequada ou precária.
As mudanças na urbanização também envolvem os padrões de sociabilidade, os fluxos
e as dinâmicas intraurbanas, reconstituindo as necessidades urbanas quanto à
habitação, mobilidade, esporte, lazer, saúde, educação, assistência social,
infraestrutura, equipamentos e serviços urbanos. É preciso considerar a coexistência,
a presença e a interação cotidiana e reiterada entre milhares de pessoas na cidade,
evidenciando encontros e desencontros entre pessoas e grupos com grande
pluralidade religiosa, política, nacional, étnica, racial, linguística, de gênero, classe
social e geração, dentre outras. Grande parcela dessas pessoas e jovem, com
expectativas e necessidades sociais e urbanas específicas, distantes de suas famílias,
países e comunidades e com práticas e hábitos diferentes dos que prevalecem na
cidade e na região do Maciço de Baturité.

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Políticas Públicas & Cidades, vol. 5 (1), julho 2017.

A relação dos moradores com os estudantes estrangeiros condicionou uma nova


forma de entender a realidade local devido às mudanças que ocorreram no modo de
vida das pessoas que agora são influenciadas por uma nova cultura que vem se
estabelecendo na cidade em razão das diversas nacionalidades que se estabelecem na
região. Alteram-se os padrões de urbanização e a própria questão urbana. Esta é
compreendida enquanto complexo de conflitos e problemas urbanos, vivenciados por
diferentes agentes que participam dos processos de produção social do espaço
urbano, e que em algum grau são vivenciados e representados como questões
políticas, de responsabilidade estatal, e que, portanto, precisam ser enfrentados
através do planejamento, gestão e políticas urbanas.

Concluindo, alguns elementos para o planejamento, a gestão e


a política urbana
O padrão de urbanização se alterou, com as necessidades urbanas se reconstituindo,
evidenciando paradoxos e ambiguidades, envolvendo fixos e fluxos, dimensões
material e imaterial, qualitativa e quantitativa. A questão urbana se tornou mais
complexa e multifacetada, agregando aos elementos já existentes precariedade na
infraestrutura, equipamentos e serviços urbanos e existência de assentamentos
precários, áreas de risco, desigualdades e segregações socioespaciais , um conjunto
de outras questões, inclusive relacionadas à pluralidade de agentes sociais que
convivem cotidiana e reiteradamente na cidade. Tudo isso aponta grandes desafios
para a política urbana municipal, condicionantes econômicos e políticos estruturais,
mas também amplas potencialidades. Como agir diante de tudo isso? Pretende-se
finalizar apontando alguns desafios postos e caminhos possíveis para o planejamento,
a gestão e a política urbana municipal
Quais os problemas vivenciados e os desafios urbanos postos à cidade? Quais as
potencialidades existentes? Qual a cidade que se deseja construir nos próximos anos?
As respostas possíveis são não somente técnicas, mas também políticas, revelando
concepções, interesses e propostas diferenciadas, conflitos, lutas, dissensos, mas
também consensos possíveis. Considerando-se o planejamento, a gestão e a política
urbana enquanto campo de atuação que impactam e regulam a produção social do
espaço urbano, cabe assumir a necessidade de definição clara das referências ético-
políticas que balizem a visão de futuro, os objetivos a serem alcançados, as estratégias
de desenvolvimento urbano, as políticas, intervenções e instrumentos urbanos
concretos. Nesse sentido, uma das questões que se quer destacar aqui é a defesa de um
referencial ético, político, científico e técnico articulado.
O ideário da Reforma Urbana e a concepção do Direito a Cidade englobam não
somente princípios e parâmetros, mas também instrumentos que podem impactar a
produção social do espaço urbano em diferentes escalas e dimensões, articulando
uma concepção democrática e inovadora de desenvolvimento urbano (FERNANDES,
2013; ROLNIK, 2013, 2010; SAULE JR.; UZZO, 2009). Souza (2002, p.158) caracteriza

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Políticas Públicas & Cidades, vol. 5 (1), julho 2017.

e para a promoção de uma maior democratização do planejamento e da gestão das


cidades. Ribeiro e Cardoso (2003, p.4) indicam três referências ético-políticas:
Assegurar um conjunto de direitos para garantir o acesso à moradia,
infra-estrutura e serviços urbanos.
Submeter a propriedade à sua função social, fortalecendo a regulação
pública do uso da terra (solo, subsolo e infra-estruturas), de modo
que a prática privada e pública do direito de propriedade não
prejudique o interesse coletivo.
Garantir o direito à cidade, através da adoção de uma política
redistributiva que inverta prioridades relativas aos investimentos
públicos e se traduza na garantia de acesso de toda a população aos
benefícios da urbanização.
A partir desses referenciais, e antes de definir intervenções urbanas ou a aplicação de
instrumentos urbanísticos de modo pontual e desarticulado, cabe constituir e pactuar
de modo coletivo, democrático e planejado uma agenda política capaz de integrar uma
visão de futuro para a cidade, elencando diretrizes, objetivos e estratégias urbanas. E
só então, definir prioridades e instrumentos arquitetônicos, urbanísticos, fiscais,
creditícios, paisagísticos, etc., dentre um amplo repertório de opções existentes, em
consonância com a Reforma Urbana pautada pelo Direito a Cidade (SANTOS,
CHRISTOVÃO, NOVAES, 2011; HARVEY, 2008; CARTA Mundial do Direito à Cidade,
2004; LEFEBVRE, 2001; SILVA, 1991; FÓRUM Nacional pela Reforma Urbana, s/d;
TAVOLARI, s/d).
Cabe questionar se a cidade está realmente criando condições para enfrentar os
problemas e desafios existentes e apostar nas potencialidades constituídas através da
implantação da UNILAB. Do lado da UNILAB, cabe questionar se conseguirá superar a
situação atual, de indefinição na gestão, assumindo o papel de parceria no
planejamento, gestão e política urbana em Redenção e demais cidades do Maciço de
Baturité, inclusive criando condições para que a comunidade acadêmica possa
participar democraticamente desse processo.
Importante recordar Lefebvre (2001, p. 105-106) que, ao pensar o direito a cidade,
indica como as necessidades urbanas requerem tempos e lugares qualificados, lugares
de simultaneidade e de encontros. Mais do que isso, ao falar do direito a cidade
Lefebvre (2001, p. 105) remete a necessidades sociais opostas e complementares:
[...] a necessidade de segurança e a de abertura, a necessidade de
certeza e a necessidade de aventura, a da organização do trabalho e a
do jogo, as necessidades de previsibilidade e do imprevisto, de
unidade e de diferença, de isolamento e de encontro, de trocas e de
investimentos, de independência (e mesmo de solidão) e de
comunicação, de imediaticidade e de perspectiva e longo prazo [...]
de acumular energias e a necessidade de gastá-las, e mesmo de
desperdiçá-las no jogo. Tem necessidade de ver, de ouvir, de tocar, de

É possível afirmar, também com Lefebvre (2001, p. 113), que:

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Políticas Públicas & Cidades, vol. 5 (1), julho 2017.

[...] [das] questões da propriedade da terra aos problemas da


segregação, cada projeto de reforma urbana põe em questão as
estruturas, as da sociedade existente, as das relações imediatas
(individuais) e cotidianas, mas também as que se pretende impor,
através da via coatora e institucional.

Já anoiteceu em Redenção, e aos ritmos do trabalho sucedem-se, pouco a pouco,


encontros fortuitos, conversas nas calçadas e esquinas, a ida a Praça com as crianças,
o sentar nos bancos, o jogar bola e o andar de bicicleta. Grupos de estudantes circulam
pela cidade, casais namoram, a cidade se enche de cores, o português e o crioulo são
escutados nos pequenos comércios que ainda teimam abertos, na padaria da esquina,
nos supermercados. Algumas preocupações transparecem nas faces de jovens homens
e mulheres, desafios e dificuldades cotidianas teimam em se fazer presentes. Alguém
passa mais rápido, passa atrasado para a aula noturna. Nós saímos da Praça da Matriz,
andamos dois quarteirões e chegamos à Praça do Obelisco, ponto de encontro onde
convivem comunidade acadêmica e antigos moradores. Na noite em que estamos,
transição entre um tempo e outro possível, pouco a pouco as pessoas se ajuntam,
chegam perto do Coreto - Vai ter Sarau hoje?! Uma garota chega batucando um
pandeiro, cabelo rosa choque, outro vem voando na Bike com uma caixa cheia de
instrumentos musicais. Três chegam carregando sacolas mágicas, uma caixa, um
atabaque, um berimbau. Do nada chega um violão e os poetas começam a declamar.
Instrumentos ganham vida, construídos ou tocados por almas e mãos artesãs, o que
nos faz lembrar dezenas de artistas que habitam as cidades e as serras de Baturité, que
tornam vivos assentamentos, fazendas, quilombos, aldeias e cidades. Sanfoneiros,
grupos de coco e de maracatu, de teatro e audiovisual, musicistas que circulam pelo
jazz, pelo choro, pelo samba, tradições culturais que se somam aos que chegam à
Unilab trazendo seus sonhos, seus saberes e suas práticas artístico-culturais, de tantos
países, de tantos lugares. Uma roda se faz na Praça, sons contagiam o espaço,
crianças, curiosas, chegam perto e balançam, para lá e para cá. Entreolhamos-nos e
uma interrogação nos perturba e nos faz sair do transe em que estamos. Saberá a
UNILAB transcender os limites em que se encontra, afirmar seu projeto originário e
participar da reforma urbana, da luta pelo direito a cidade? Saberá a cidade criar
condições materiais e imateriais para, juntos, entretecermos tantos laços sociais,
sentidos, aprendizagens e construções possíveis?

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373p.

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Políticas Públicas & Cidades, vol. 5 (1), julho 2017.

Submetido: 23 de janeiro de 2016.


Aceito: 22 de julho de 2016.

URBANIZATION AND CHALLENGES TO URBAN POLICY IN SMALL CITIES:


the case of Redenção, Ceará, in the context of the implementation of UNILAB
Abstract
The city of Redenção, the district main locale of the municipality of the same name, is located
in the region of the Baturité region, approximately 60 km far from Fortaleza, the capital of the
state of Ceará, from the second half of the 19th century to the middle of the 1990s, the city lost
importance and dynamism, but continued with a certain local and micro regional relevance. In
this context, the foundation of a national public university in the City in 2011, the University of
International Integration of Afro-Brazilian Lusophony, has been generating large and varied
urban impacts. The hypothesis is that the implementation of UNILAB recreated urbanization
patterns and the urban issues itself in the city. In this sense, this article characterizes the
process of urbanization prior to the implementation of UNILAB, indicating intra-urban aspects
and insertion of the city into the urban network. It then discusses the impacts and changes that
the foundation of UNILAB has been generating in urbanization and in the urban issue in
Redenção. It concludes by pointing out elements considered significant for facing existing
socio-spatial problems, challenges and potentialities through urban planning, management
and policies. The analyzes made here articulate literature review, identification, collection,
systematization and analysis of secondary and primary data, quantitative and qualitative, with
documentary analysis, direct observation and realization, and interviews with managers,
technicians, urban landowners and urban entrepreneurs at work in the general district.
Keywords: urbanization. Urban policy. University. urban planning.

LA URBANIZACIÓN Y DESAFÍOS PARA LA POLÍTICA URBANA EN LAS


CIUDADES PEQUEÑAS: el caso de la redención, Ceará, en el contexto de
implantación de UNILAB
Resumen
La ciudad de la Redención, cabecera del municipio del mismo nombre, se encuentra en la
región de Baturité macizo, a unos 60 km de Fortaleza, capital del estado de Ceará. Desde la
segunda mitad del siglo XIX al siglo mediados de la década de 1980, la ciudad dejó de gran
importancia en la red urbana de la micro-región del Macizo de Baturité. Desde la década de
1990, la ciudad pierde importancia y dinamismo, pero aún con una cierta relevancia y el lugar
microrregional. En este contexto, la aplicación de una universidad pública federal en la ciudad
desde el 2011, la Universidad de Integración Internacional africanos de habla portuguesa-
brasileña, ha generado un gran impacto urbano y variadas. Se trabaja con la hipótesis de que la
aplicación de UNILAB recrea los patrones de asentamiento y la cuestión muy urbano en la
ciudad, imponiendo retos políticos y técnicos para la planificación, la gestión y la política
urbana. En este sentido, este artículo caracteriza el proceso de urbanización antes de la puesta
en práctica de UNILAB, indicando aspectos intraurbanos e inserte la ciudad en la red urbana.
A continuación, se analizan los impactos y cambios que la aplicación de UNILAB ha generado
en la urbanización y la cuestión urbana en la redención. Termina elementos considerados
importantes para hacer frente a los problemas, los retos existentes y las capacidades socio-
espacial a través de la planificación, la gestión y la política urbana que señala. Los análisis aquí
articulado revisión de la literatura, identificación, recopilación, sistematización y análisis de
datos secundarios y primarios cuantitativos y cualitativos, análisis de documentos, observación

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directa y cumplimiento y entrevistas con los gerentes, técnicos, propietarios de tierras urbanas
y empresarios urbanos operaciones en el municipio.
Palabras-clave: urbanización. política urbana. Universidad. planificación urbana.

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