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Pare na vitrine de uma loja de brinquedos e repare na seção de bonecas. Quantas delas são
negras? Provavelmente, uma ou nenhuma. Por que será que isso é tão natural em um país onde a
maioria da população é negra. Para responder a essa e outras perguntas, é necessário olhar
principalmente para ações, que parecem menos importantes, mas que demonstram a face
“invisível” do racismo no Brasil.
As bonecas são negras e são produzidas a partir de materiais reaproveitados, retalhos de panos e
malhas. Elas não possuem feição, para favorecer o reconhecimento da identidade subjetiva das
inúmeras etnias africanas. Com tamanhos que variam desde as pequeninas com dois centímetros
usadas como imãs ou broches, até um metro e meio, como é o caso dos presépios. Outras guras
também são representadas como os orixás, os santos, as personagens do circo, da capoeira, as
folclóricas e as do cotidiano.
A artesã de ne sua criação como “uma bandeira poética”. Para ela, a Abayomi é a maneira de
interferir de uma forma que faz parte do imaginário lúdico. Lena a rma que “como boneca, se pode
tudo! Pode-se ocupar todos os espaços da vida, do mundo, da sociedade. Pode-se ter todas as
condições de se realizar na vida. Eu posso fazer o que eu quiser! Eu posso fazer uma presidenta,
uma atleta, tudo que estiver no topo para a sociedade como um ganho, eu posso fazer em boneca.
E ao ver essa boneca, isso pode trazer uma referência positiva em relação à imagem, ao que se
pretende da vida, as posições almejadas… É uma coisa muito sutil. A ideia é essa!” Isso é um dos
passos que atrelados a outras in uências, aos poucos vai avançando na superação do racismo.
Lena trouxe para a discussão o conceito de afrocentricidade de um dos maiores intelectuais negro
do mundo, Mole Kete Asante. “Um tipo de pensamento proativo. Uma perspectiva que percebe os
africanos como sujeitos e agentes de fenômenos atuando sobre a sua própria imagem, cultura e de
acordo com os seus próprios interesses.” E é isso que a Abayomi faz!
Depois da Abayomi apareceram outros grupos. Na maré, por exemplo, existem as Bonecas Banto
(https://www.google.com.br/url?
sa=t&rct=j&q=&esrc=s&source=web&cd=7&cad=rja&uact=8&ved=0CDEQtwIwBg&url=http%3A%2F%2Fwww.youtube.com%2Fwat
u8&ei=WkptVJTeHJbbsATFjIGoBw&usg=AFQjCNE4R190v2FtLvRnPQLJ7Go-
0rHRJA&sig2=aVfovUm7Z0xZFVEbdRbpug&bvm=bv.80120444,d.eXY), que seguem os mesmos
princípios de reutilização e fortalecimento da autoestima.
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O casal de educadores, Jaciana e Leandro Melquíades também fazem um projeto de resgate da
autoestima através de elementos do cotidiano. Pelo projeto Era uma vez o mundo
(http://www.eraumavezomundo.com/) eles conseguem através da imaginação, o empoderamento.
Na loja eles fazem brinquedos personalizados. Com a foto do presenteado eles produzem um
“Avatar” com as características da pessoa. O grupo possui cerca de 350 lãs para que os cabelos
sejam bem parecidos em cor e textura e mais de 25 tons de marrom para a pele.
Segundo o casal, “ser negro é um posicionamento político e é através de ações a rmativas que se
valorizará a negritude”. Seja através das bonecas ou dos livros que contêm histórias para serem
compartilhadas, contadas em roda. A personagem Mariana
(http://www.eraumavezomundo.com/#!product/prd1/2292001171/livro-de-pano---mariana)
estimula, via literatura, o interesse pela ancestralidade através dos turbantes. Representatividade
importa e muito, além de colaborar para não cairmos no perigo da história única, da padronização
dos esteriótipos, enaltecendo alguns e estigmatizando outros. Por isso, elevar o número de
bonecas negras nas prateleiras está na ordem do dia.
Leia Também:
Tao k Okoya cria bonecas negras para combater preconceito e vende mais que Barbie
(https://www.geledes.org.br/tao k-okoya-cria-bonecas-negras-para-combater-preconceito-e-
vende-mais-que-barbie/#axzz3JzRXoNAg)
Porque ter uma boneca negra? (https://www.geledes.org.br/porque-ter-uma-boneca-negra/)
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