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CPI BANCOOP - 16ª Legislatura

08/06/2010 - Oitiva Sr. Freud Godoy; apreciação de requerimentos.

ATA DA DÉCIMA REUNIÃO DA COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUÉRITO CONSTITUIDA


PELO ATO Nº 13, DE 2010, COM A FINALIDADE DE INVESTIGAR SUPOSTAS
IRREGULARIDADES E FRAUDES PRATICADAS CONTRA MUTUÁRIOS DA COOPERATIVA
HABITACIONAL DOS BANCÁRIOS DO ESTADO DE SÃO PAULO - BANCOOP, E PROPOR
SOLUÇÕES PARA O CASO.

Aos oito dias do mês de junho de dois mil e dez, às onze horas, no Plenário "Dom Pedro
I" da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, realizou-se a Décima Reunião da
Comissão Parlamentar de Inquérito constituída pelo ato nº 13, de 2010, com a
finalidade de "investigar supostas irregularidades e fraudes praticadas contra cerca de
três mil mutuários da Cooperativa Habitacional dos Bancários do Estado de São Paulo -
BANCOOP, e propor soluções para o caso", da Quarta Sessão Legislativa, da Décima
Sexta Legislatura, sob a presidência do Deputado Samuel Moreira. Presentes os
Senhores Deputados Bruno Covas, Ricardo Montoro, Vanderlei Siraque, Vicente
Cândido, Waldir Agnello(efetivos), e Davi Zaia (substituto eventual). Também presentes
no decorrer da reunião os Senhores Deputados Roberto Morais, Chico Sardelli, Estevam
Galvão (efetivos) e Antonio Mentor (substituto). Havendo número regimental, o Senhor
Presidente declarou abertos os trabalhos da reunião e solicitou à secretária a leitura da
ata da reunião anterior, que foi dispensada a pedidos e considerada aprovada. Pela
ordem, o Senhor Deputado Bruno Covas solicitou inversão de pauta, que foi aprovada
pela maioria presente, e o Senhor Presidente deu início aos trabalhos pela apreciação
de um requerimento protocolado. De autoria do Deputado Bruno Covas, que requer a
expedição de ofício à Receita Federal do Brasil para que sejam enviadas a essa
Comissão Parlamentar de Inquérito as respectivas cópias de declarações de imposto de
renda das pessoas físicas e jurídicas abaixo elencadas a partir das datas especificadas.
Requer, ainda, a expedição de ofício ao Banco Central do Brasil para localizar contas
bancárias em nome das pessoas físicas e jurídicas abaixo elencadas, solicitando-se às
respectivas instituições o envio de extrato com todas as movimentações realizadas a
partir das datas abaixo descritas até os dias atuais. 1. Hélio Malheiro (de 1999 até a
presente data); 2. Andy Roberto Gurczynska (de 2000 até a presente data); 3. Walter
Amaro da Silva (de 1998 até a presente data); 4. Ricardo Luis do Carmo (de 1997 até a
presente data); 5. Marcelo Rinaldi (de 1996 até a presente data); 6. Alessandro
Bernardini (de 1996 até a presente data); 7. Luis Eduardo Saeger Malheiro (de 1996
até a presente data); 8. Tomás Edson Botelho Fraga (de 1996 até a presente data); 9.
Conservix Limpeza e Serviços S/S Ltda. (desde sua fundação até a presente data); 10.
Germany Comercial e Empreiteira de Obras EPPP Ltda. (desde sua fundação até a
presente data); 11. Saned Saneamento Edificações e Comércio Ltda. (desde sua
fundação até a presente data); 12. Irmãos Peruzo Empreiteira e Comércio de Materiais
para Construção Ltda. (desde sua fundação até a presente data); 13. Mizu
Empreendimentos (alterada para a denominação Mirante Blocos de Concreto, empresa
de propriedade de Luis Eduardo Saeger Malheiro, Marcelo Rinaldo, Alessandro
Bernardino e Tomás Edson Botelho Fraga, todos também dirigentes da Bancoop) -
(desde sua fundação até a presente data); 14. Mirante Blocos de Concreto (desde sua
fundação até a presente data); 15. Amaro Cavalcante Construções S/C Ltda. (desde sua
fundação até a presente data). O Senhor Deputado Vanderlei Siraque solicitou vista da
propositura, que lhe foi concedida pelo prazo regimental de três dias. Em seguida o
Senhor Presidente convidou o Senhor Freud Godoy, convocado na qualidade de
testemunha, para tomar assento à mesa, apresentar sua qualificação e assumir o
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compromisso de nada ocultar sobre o que soubesse referente ao objeto desta CPI. O
convidado, após o compromisso, absteve-se de usar a palavra e colocou-se à disposição
para esclarecimentos aos Deputados. Em suas respostas o depoente esclareceu que a
Caso Sistemas de Segurança presta serviços à Bancoop desde 2005; que a empresa
tem como sócios a sua mulher e seu cunhado e embora não figure na composição
societária, Godoy cuida da parte comercial e operacional da firma. Informou não fazer
parte da composição societária porque detinha emprego público. Declarou que era
prestador de serviços ao Sindicato dos Bancários e que soube por meio de funcionários
daquele Sindicato que a cooperativa queria trocar a empresa de segurança. Então,
procurou a Bancoop e apresentou uma proposta para a prestação dos serviços, que foi
aceita após negociação dos valores. Ele explicou que o serviço de segurança
patrimonial, que a Caso presta para a Bancoop, é realizado em geral nos canteiros de
obra dos empreendimentos da cooperativa com o objetivo de prevenir invasões,
assegurar a guarda de ferramentas, materiais e almoxarifados. Não soube declarar o
valor total do contrato mantido com a Bancoop, porque o preço dos serviços prestados
baseia-se na referência estipulada pelo sindicato patronal, e é aferido por homens/hora.
Atualmente, os serviços de segurança da Caso são executados em apenas dois
empreendimentos da cooperativa. Informou também que sua esposa é cooperada de
um empreendimento, que pagou cerca de R$ 30.000,00 reais de aporte, mas até agora
não conseguiu registro desse imóvel. Declarou também que ele, a esposa e a empresa
já foram auditados pela Receita Federal, bem como tiveram o sigilo bancário quebrado
e que nada foi encontrado contra eles. Por fim, declarou também que trabalhou de
forma irregular desde 1992 até 2003, fazendo a segurança em eventos do PT.

Após ter atendido todas as questões formuladas pelos Deputados, entregou ao Senhor
Presidente cópias de notas fiscais, guias de recolhimento de encargos sociais e
relatórios dos serviços prestados nos empreendimentos da cooperativa, com o total de
homens/hora e valores cobrados mensalmente. Em seguida, foi convidado para tomar
assento à mesa o Senhor Valter Amaro da Silva, ex-prestador de serviços para a
Bancoop. Após apresentar sua qualificação e o compromisso colocou-se à disposição
para responder as questões dos presentes. Declarou que em 1998 foi trabalhar para
Cooperativa por intermédio do Engenheiro Ricardo Luis do Carmo, seu conhecido,
contratado para executar os serviços de pintura; que entre os anos de 2000 e 2001 o
citado engenheiro solicitou que apresentasse Notas Fiscais frias e, que quando eram
pagas ele sacava em espécie e depositava numa conta poupança do Senhor Hélio
Malheiro, que desconhecia que tal fato configurava um crime, e quando questionou o
engenheiro este o informou que o dinheiro era para financiar campanha eleitoral do PT.
Informou também que trabalhou para a Bancoop até 2006, tendo sido dispensado pela
engenheira Ângela, a qual o informou que as obras iriam parar porque precisavam
receber os aportes e resíduos solicitados aos cooperados porque a cooperativa estava
deficitária. Declarou também que tem cerca de trezentos mil reais para receber da
Bancoop. Nada mais havendo a tratar o Senhor Presidente convocou a próxima reunião
para o dia quinze de junho próximo, às dez horas, e deu por encerrados os trabalhos. A
presente reunião foi gravada pelo serviço de Audiofonia e após transcrição fará parte
integrante desta Ata, que eu Deise Fischetti Delgatto, Agente Técnico Legislativo, lavrei
e assino após sua Excelência.

Aprovada em reunião de 22/06/2010.

Deputado Samuel Moreira

Presidente

Deise Fischetti Delgatto


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Secretária - ATL

COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUÉRITO

BANCOOP

PRESIDENTE

DEPUTADO SAMUEL MOREIRA - PSDB

08/06/2010
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COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUÉRITO

BANCOOP

BK CONSULTORIA E SERVIÇOS LTDA.


08/06/2010

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Havendo número


regimental, declaro aberta a Reunião da Comissão Parlamentar de Inquérito constituída pelo
Ato nº 13, de 2010, com a finalidade de investigar supostas irregularidades e fraudes
praticadas contra cerca de três mil mutuários da Cooperativa Habitacional dos Bancários do
Estado de São Paulo – BANCOOP, e propor soluções para o caso.
Registro, com muito prazer, a presença dos nobres Deputados Bruno Covas, Ricardo
Montoro, Vanderlei Siraque, Vicente Cândido, Davi Zaia e Waldir Agnello.
Solicito à Secretária da Comissão que proceda à leitura da ata da reunião anterior.
(Pausa) Pela ordem o Deputado Bruno Covas.

O SR. BRUNO COVAS - PSDB – Para pedir a dispensa da leitura da ata da reunião
anterior.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – É regimental. Os


Deputados que foram favoráveis permaneçam como estão. (Pausa) Aprovada a dispensa da
leitura da ata.
Passamos agora ao nosso primeiro item da pauta. (Pausa) Pela ordem o Deputado
Bruno Covas.

O SR. BRUNO COVAS - PSDB – Sr. Presidente, gostaria de solicitar a V. Exa. que
colocasse em votação a alteração da nossa ordem do dia, para em primeiro lugar deliber
sobre os requerimentos protocolados e aí passamos à oitiva.
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O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – É regimental. Há apenas


um requerimento para apreciação nesta reunião, que é um requerimento de autoria do
Deputado Bruno Covas.
Coloco em votação. (Pausa) Pela ordem o Deputado Bruno Covas.

O SR. BRUNO COVAS - PSDB – Pela ordem, Sr. Presidente.


V. Exa. precisa colocar primeiro em votação a inversão.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Vou colocar em discussão


a inversão.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Eu sou contra a inversão.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Está em discussão a


inversão, a proposta de inversão.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Eu sou contra e acho que nós devemos


seguir o que foi combinado, primeiro ouvir as testemunhas e depois deliberar sobre os
requerimentos, conforme foi dada publicidade.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – De qualquer forma é


regimental. Encontra-se ainda em discussão a solicitação do Deputado Bruno Covas.
Não havendo oradores inscritos, eu coloco em votação.
Em votação. Os Deputados que forem favoráveis à inversão do segundo item para
primeiro item da pauta, permaneçam como estão. (Pausa) Aprovado.
Passamos ao nosso primeiro item da pauta, aprovação do requerimento de autoria do
Deputado Bruno Covas, no sentido de que “sejam expedidos ofícios à Receita Federal do
Brasil e ao Banco Central do Brasil, com vistas à obtenção de dados fiscais e bancários, da
conformidade que especifica, das pessoas físicas e jurídicas abaixo elencadas, com base na
Lei Complementar Federal nº 105, de 10/01/2001, dos Srs. Hélio Malheiro, Andy Roberto,
Valter Amaro da Silva, Ricardo Luiz do Carmo, Marcelo Rinaldi, Alessandro Bernardino,
Luis Eduardo Malheiro, Tomaz Edson Botelho Fraga, Conservix Limpeza e Serviços,
Germany Comercial e Empreiteira de Obras EPP Ltda., Saned Saneamento, Edificações e
Comércio Ltda., Irmãos Peruzo Empreiteira e Comércio de Materiais para Construção Ltda.,
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Mizu Empreendimentos, alterada para denominação Mirante Blocos de Concreto, Mirante


Blocos de Concreto, Amaro Cavalcante Construções Sociedade Civil Ltda.”
Requerimento em discussão. (Pausa) Pela ordem o Deputado Vanderlei Siraque.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Como existem dúvidas se é possível ou


não a quebra de sigilo fiscal, bancário e telefônico, que são direitos fundamentais, de forma
coletiva, eu vou solicitar vistas para estudar melhor este requerimento.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – É regimental. Solicitado


vistas do requerimento pelo Deputado Vanderlei Siraque.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Passamos ao nosso


segundo item da pauta, a oitiva dos Srs. Valter Amaro, Ricardo Luiz do Carmo e Freud
Godoy. Gostaria de constatar as presenças, a verificação de presença dos Srs. Valter Amaro,
encontra-se presente? (Pausa) Presente o Sr. Valter Amaro. Ricardo Luiz do Carmo? (Pausa)
Ausente. Sr. Freud Godoy? (Pausa) Presente.
Convido o Sr. Valter Amaro, para que sente aqui ao nosso lado direito para que
possamos fazer a sua oitiva.
Pela ordem o Deputado Vanderlei Siraque.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Sr. Presidente, na convocação, está em


primeiro lugar Freud Godoy, em segundo Ricardo Luiz do Carmo e em terceiro Valter
Amaro. Não teria de seguir a ordem, Presidente?

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Observação considerada


pelo Deputado Vanderlei Siraque.
Sr. Valter Amaro então, se puder, aguarde um pouco.Passamos então a ouvir o Sr.
Freud Godoy.Constatamos a presença do Deputado Chico Sardelli.Sr. Freud Godoy,
convido o senhor a sentar aqui ao nosso lado direito.Passo à leitura do texto que contém o
embasamento legal para a oitiva.
“O senhor foi convocado a comparecer a esta CPI, constituída pelo Ato nº 13, de
2010, com a finalidade de investigar supostas irregularidades e fraudes praticadas contra
cerca de três mil mutuários da Cooperativa Habitacional dos Bancários do Estado de São
Paulo – BANCOOP, e propor soluções para o caso. E como testemunha, com fundamento
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no art. 213 e 218, ambos do Código de Processo Penal, combinado com o § 2º do art. 3º da
Lei Estadual nº 11124, de 10 de abril de 2002, bem como as demais normas constitucionais
e infraconstitucionais aplicáveis à espécie, cumpre-nos adverti-lo que deve dizer a verdade,
não podendo fazer afirmações falsas, calar ou negar a verdade a respeito dos fatos do seu
conhecimento, por incorrer em crime previsto no art. 4º, inciso II da Lei Federal nº 1579, de
18 de março de 1952.”
Passo-lhe às mãos o termo de qualificação. Nome completo.

O SR. FREUD GODOY – Freud Godoy.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Idade?

O SR. FREUD GODOY – Quarenta e três anos.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Estado civil?

O SR. FREUD GODOY – Casado.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Endereço da residência?

O SR. FREUD GODOY – Avenida Industrial nº 1071, ap. 51A, Bairro Jardim,
Santo André, São Paulo.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Profissão?

O SR. FREUD GODOY – Segurança.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Local de trabalho?

O SR. FREUD GODOY – Empresa Caso Sistemas de Segurança, localizada em


Santo André, Rua Maria Ortiz nº 79.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Cargo?


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O SR. FREUD GODOY – Diretor da empresa.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Tem algum grau de


parentesco ou alguma afinidade com alguma das partes envolvidas nesse processo?

O SR. FREUD GODOY – Não.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Peço a V. Sa. a gentileza


de relatar o que souber, explicando sempre as razões de sua ciência ou as circunstâncias
pelas quais possamos avaliar a credibilidade dos fatos. Peço-lhe também que o senhor possa
fazer o termo de compromisso do depoente.

O SR. FREUD GODOY – “Sob minha palavra de honra prometo dizer a verdade do
que souber e me for perguntado, relacionado com a investigação a cargo desta Comissão
Parlamentar de Inquérito.”

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Nós temos o procedimento


de deixar algo em torno de 10 minutos para que o senhor fique à vontade e fale o que sabe
sobre esse episódio relacionado à Bancoop, o que o senhor quiser dizer, e depois de 10
minutos nós passamos aos Deputados, para que façam as perguntas ao senhor. O senhor
fique à vontade para dar o seu depoimento.

O SR. FREUD GODOY – Eu prefiro abrir para os Deputados ficarem à vontade


para perguntar.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Então vamos abrir para os


Deputados. As inscrições estão abertas. (Pausa) Pela ordem o Deputado Bruno Covas.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – O senhor é bancário ou foi bancário?

O SR. FREUD GODOY – Não.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – A sua esposa é bancária, foi bancária?


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O SR. FREUD GODOY – Não senhor.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Qual é a sua relação, ou qual foi a sua relação
com a Bancoop?

O SR. FREUD GODOY – Eu não tenho relação alguma com a Bancoop. O que nós
temos é uma empresa, Caso Sistemas de Segurança, uma empresa que é regulamentada pela
Polícia Federal, apta a prestar serviços de segurança patrimonial, segurança privada num
todo, que aí envolve área de monitoramento, área de CFTV, instalação, projetos,
acompanhamentos, e essa empresa que pertence à minha esposa, está em nome da minha
esposa, ela presta serviço à Bancoop na área patrimonial.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – O senhor já foi cooperado da Bancoop?

O SR. FREUD GODOY – Nunca.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – O senhor é cliente do Banco Bradesco?

O SR. FREUD GODOY – Não.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Em 2006 o senhor sacou dinheiro da conta da


Bancoop no Bradesco?

O SR. FREUD GODOY – Não senhor.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – O senhor adquiriu alguma vez algum


apartamento da Bancoop?

O SR. FREUD GODOY – Eu não, minha esposa sim.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Em que data?


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O SR. FREUD GODOY – A data, não me recordo especificamente, mas acho que
foi logo no começo da cooperativa, em meados de 1996, acredito. Não me recordo da data
específica.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Em 1996 ela adquiriu um apartamento ou virou


cooperada, pagou as parcelas?

O SR. FREUD GODOY – Virou cooperada, pagou as parcelas, aguardou sorteio de


apartamento, tudo bonitinho, assembleias.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Em 1996 foi tudo durante o ano ou em 1996 ela
virou cooperada?

O SR. FREUD GODOY – Em 1996 ela vira cooperada, várias pessoas viraram
cooperadas e nós também viramos cooperados da Bancoop. A partir daí foi-se pagando a
unidade, como todo mundo, recebendo as parcelas, pagando, até a entrega do imóvel, que
demorou, não lembro a data, mas acredito que demorou uns três ou quatro anos para ser
entregue o imóvel.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Esse imóvel ainda está no nome da sua esposa?

O SR. FREUD GODOY – Na declaração, ainda está, é o imóvel Solar de Santana.


Não temos, o registro de imóveis não foi liberado até hoje. O registro de imóveis não tem.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – O senhor e a sua esposa possuem outros imóveis
próprios?

O SR. FREUD GODOY – Possuímos.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Quantos?

O SR. FREUD GODOY – Três imóveis.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – O senhor conhece o jornalista Ivo Patarra?


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O SR. FREUD GODOY – Não conheço.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – O jornalista Ivo Patarra, no livro O Chefe, diz
que V. Sa. adquiriu um apartamento em Santo André descrito com luxuoso. O senhor tem
apartamento em Santo André?

O SR. FREUD GODOY – Eu moro num apartamento em Santo André.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – A sede da empresa Caso onde fica?

O SR. FREUD GODOY – Hoje fica em Santo André, na Rua Maria Ortiz nº 79,
Bairro Campestre.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – O senhor tem alguma participação nessa


sociedade, ou é 100% em nome da sua esposa?

O SR. FREUD GODOY – Hoje está 99% a minha esposa e 1% o meu cunhado. Eu
estou tentando acertar o contrato.
Deixa eu explicar uma coisa para o senhor. Empresa de segurança, ela segue uma
legislação federal, que a Polícia Federal exige que a gente cumpra uma série de
procedimentos. Você tem de ter capital integralizado mínimo para poder abrir a empresa,
tem de ter salas específicas para gerenciar, operar, administrar, a parte financeira da
empresa, tem de ter um número mínimo de funcionários, de 30 funcionários, registrados em
carteira de trabalho, com certificado nacional de vigilância.
Então, ela faz todas as exigências e na época, quando nós abrimos essa empresa
Caso, eu trabalhava no Governo Federal, então eu não poderia estar participando na
empresa. Agora, para eu poder voltar para a empresa, no papel, tem de cumprir-se toda uma
legislação novamente, abrir esse processo novamente na Polícia Federal, dar entrada na
Polícia Federal, a Superintendência de São Paulo aceitar o processo, avaliar, ver se pode, daí
emite para Brasília, Brasília publica no Diário Oficial, e aí sim que eu posso voltar para a
empresa no papel.
Por isso que hoje eu não configuro, no papel, na empresa.
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O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Essa empresa foi aberta em que ano?

O SR. FREUD GODOY – Em 2003.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Essa composição societária, o senhor disse 99%
da sua esposa e 1% do seu cunhado é desde a fundação?

O SR. FREUD GODOY – Desde a fundação.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – E a empresa prestou serviços para a Bancoop?

O SR. FREUD GODOY – Prestou serviços para a Bancoop.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – O senhor sabe dizer a partir de quando prestou
serviços para a Bancoop?

O SR. FREUD GODOY – Vou ver a data específica, porque na época eu não
operava, não trabalhava na empresa integralmente, então não tenho todas as informações de
cabeça.
Em 28 de fevereiro de 2005 é a primeira nota fiscal emitida pela Bancoop.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Foi quando se iniciaram os serviços na


Bancoop?

O SR. FREUD GODOY – Isso aqui, algum serviço foi iniciado na Bancoop.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – O serviço iniciou em 2005?

O SR. FREUD GODOY – Em fevereiro de 2005.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Qual o valor do serviço prestado à Bancoop e o


que compreendia esse serviço?
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O SR. FREUD GODOY – Aqui, Deputado, estou deixando à disposição dos


senhores, não sei se os senhores já têm essa documentação, aqui tem a documentação toda
desse período de 2005, os serviços que foram prestados por nós. Aqui tem as notas fiscais
emitidas, com todos os impostos recolhidos na época, tem os relatórios dos postos que foram
atendidos por esse serviço. Tem aqui também a GFIP, que é a guia da Previdência Social,
que fala qual é tomador de serviços, porque quando nós emitimos uma nota fiscal para um
tomador de serviço, ele, além de reter os impostos na fonte, nós quando fazemos a Guia da
Previdência Social, ela informa qual o tomador de serviços, para uma legislação federal
ligada ao INSS e à Previdência Social. E temos também todos os fundos de garantia
depositados relativos aos funcionários que prestaram serviços nessa época. E também vou
deixar para os senhores, se permitirem, também deve ter algumas ações trabalhistas, umas
quatro ou cinco ações trabalhistas que sofremos referente à prestação de serviços nessa
época.
Mas, respondendo à pergunta do Deputado, a prestação de serviços na época se
referia à prestação nos canteiros de obra da Bancoop. A Bancoop tinha, se não me engano,
por volta de uns 25 empreendimentos na época e nós fomos contratados para assumir esses
empreendimentos porque elas tinham interrompido as obras em alguns empreendimentos,
não em todo, mas alguns tinham sido interrompidos, para fazer a segurança desses canteiros
de obra tanto da parte de invasão, de alguma pessoa que poderia estar invadindo, de fim de
semana ou à noite, ou quando o empreendimento estivesse parado, e também dar guarda dos
materiais, das ferramentas, do material que tem para trabalhar na obra, a guarda do
almoxarifado.
Esse era um serviço, o serviço patrimonial, que nós éramos contratados para fazer na
Bancoop.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – O serviço que nós fomos contratados. Qual era,
efetivamente, a sua participação? A empresa é de propriedade da sua esposa. O senhor era
gerente? Qual a sua participação?

O SR. FREUD GODOY – A empresa é da minha esposa. Na época eu não


trabalhava 100% na empresa porque não tinha disponibilidade, 100%, de estar na empresa.
Então, quando eu tinha disponibilidade, eu estava sempre auxiliando nos andares, na parte
operacional da empresa, de acordo com o possível, até porque a empresa é da minha mulher,
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e eu entendo mais dessa parte de segurança. Mas nós temos, na empresa, temos supervisores,
temos gerentes, tem a parte administrativa, a parte financeira.
Eu falo nós, como eu fui convocado em nome da Caso, então eu estou falando em
nome da Caso, mas na verdade a Caso que prestava esse serviço. A minha participação é de
simplesmente estar junto ali no dia-a-dia da empresa, de estar tocando os problemas que
uma empresa comum teria.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – O senhor disse que em 2003, quando a empresa
foi aberta, havia uma restrição porque o senhor trabalhava no Governo, é isso?

O SR. FREUD GODOY – Sim, no Governo Federal.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Qual era o seu cargo?

O SR. FREUD GODOY – Assessoria da Presidência da República.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – O senhor começou a trabalhar na Assessoria da


Presidência da República quando?

O SR. FREUD GODOY – Em 2003.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – E trabalhou até?

O SR. FREUD GODOY – Até 2006.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – A partir de então o senhor vem participando


mais efetivamente da gestão da empresa Caso?

O SR. FREUD GODOY – Sem dúvida, 100%.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – O senhor é filiado a algum partido político?

O SR. FREUD GODOY – Sou filiado ao Partido dos Trabalhadores.


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O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Desde quando?

O SR. FREUD GODOY – Desde 1981, por aí. Não me lembro a data.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Bem próximo da fundação?

O SR. FREUD GODOY – Sim senhor.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – O senhor já teve sigilo telefônico, sigilo


bancário, sigilo fiscal do senhor ou da Caso quebrado alguma vez?

O SR. FREUD GODOY – Já tive o meu sigilo fiscal, bancário, telefônico quebrado,
da minha esposa também, sigilo bancário e fiscal, todos quebrados, da empresa também e
nós fomos auditados, por um ano e meio, pela Receita Federal, depois Ministério Público
Federal.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Essa quebra de sigilo foi feita pela Receita
Federal?

O SR. FREUD GODOY – Pela Receita Federal. Desculpe, a quebra de sigilo, não
lembro qual instituição que pediu a quebra de sigilo, se foi a CPI das Ambulâncias ou se foi
o Ministério Público Federal.
Só quis enfatizar que nós fomos auditados e fiscalizados pela Receita Federal por um
ano e meio e não foi achado nada que estivesse ilícito em nome nosso, meu, da minha
mulher ou da nossa empresa.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – A Receita deve fazer esse acompanhamento,


acredito eu, de todas as pessoas físicas ou pessoas jurídicas.
A quebra, efetivamente, do sigilo, foi feita por uma Comissão em Brasília?

O SR. FREUD GODOY – Não sei afirmar com certeza se foi feita pelo Ministério
Público Federal ou pela CPI das Ambulâncias, que estava instaurada em 2006, em Brasília.
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O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Pelo menos o meu sigilo telefônico, o meu sigilo
bancário, o meu sigilo fiscal, seria algo muito importante para mim. O senhor não se recorda
quem quebrou o sigilo?

O SR. FREUD GODOY – Não me recordo. Se foi a Polícia Federal, não me


recordo.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – O senhor, nessa quebra de sigilo, outras pessoas
estavam envolvidas nessa quebra ou foi uma quebra específica de V. Sa.?

O SR. FREUD GODOY – Foi a quebra do meu sigilo, da minha esposa e da nossa
empresa.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – A Caso prestou serviços para a Bancoop e para
quais outras empresas?

O SR. FREUD GODOY – Para empresas da iniciativa privada. Não temos contratos
com nenhum Governo, Estaduais, Municipais ou Federal. Agora, por se tratar de um serviço
de segurança, nós temos um contrato de sigilo com os nossos clientes e gostaria de não estar
divulgando os nossos clientes.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – O serviço de segurança de autoridade pública


nunca ocorreu?

O SR. FREUD GODOY – De autoridade pública já ocorreu.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – O senhor disse que o serviço é prestado somente
para empresas privadas.

O SR. FREUD GODOY – Alguém que seja do Governo? Isso nunca ocorreu.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Nem pela Caso nem por qualquer outra empresa
que o senhor tenha participado, com gerente, como auxiliador, como sócio-proprietário?
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O SR. FREUD GODOY – Não.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – O senhor já prestou serviços para a Prefeitura de


São Paulo?

O SR. FREUD GODOY – Eu ou a Caso?

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – O senhor ou a Caso?

O SR. FREUD GODOY – Eu já prestei serviços, eu Freud Godoy, já.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – O senhor como pessoa física?

O SR. FREUD GODOY – Sim senhor.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Qual era exatamente o seu serviço na Prefeitura?

O SR. FREUD GODOY – Eu trabalhei na Companhia Municipal de Transporte,


CMTC, e trabalhei na Prodan.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – E qual era o serviço que o senhor prestava?

O SR. FREUD GODOY – Na CMTC eu era inspetor de segurança, e na Prodan eu


era chefe da divisão de transportes, segurança e serviços.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – A Caso já prestou algum serviço de segurança


em campanhas políticas?

O SR. FREUD GODOY – Já.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Então não são só empresas privadas? Esteve
também em campanhas políticas?
18

O SR. FREUD GODOY – Campanhas políticas. O senhor me desculpe, mas estava


entendendo empresas privadas e empresas públicas.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – A Caso já prestou algum serviço para Duda
Mendonça e Associados?

O SR. FREUD GODOY – Já prestou, também de segurança, emitida nota fiscal,


recolhidos os impostos, cheque depositado na conta.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – A Caso já prestou algum serviço para o


investidor Naji Nahas?

O SR. FREUD GODOY – Nunca prestamos.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Nem a Caso e nem V. Sa.?

O SR. FREUD GODOY – Nem eu.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Qual era o custo do serviço que a Caso prestava
para a Bancoop?

O SR. FREUD GODOY – O serviço da Caso era um serviço de segurança, como


falei para o senhor, serviço de segurança patrimonial, e não é esse o serviço da Caso hoje.
Hoje nós temos um mix de nove produtos que nós agregamos à segurança patrimonial, que
agrega valor. Mas na Bancoop era o serviço de segurança patrimonial.
Esse produto é vendido hoje, é mensurado, tem o sindicato patronal, que é a
SESESP, que tem mais ou menos um custo operacional que as empresas de segurança
prestadoras de serviço executam. Já tem uma planilha de custos que é mais ou menos o
preço de mercado.
O nosso preço, na época, era de 10 reais a hora/homem. O serviço de segurança,
quando eles são contratados, eles são contratados por hora/homem. Então, era 10 reais a
hora/homem. Se não me engano, na época, o preço de mercado era algo em torno de
R$11,00, R$ 11, 50, mais ou menos. Nosso preço estava um pouco abaixo do preço de
mercado.
19

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – E ao final do mês, isso significava que a Caso
recebia quanto da Bancoop?

O SR. FREUD GODOY – Depende do mês, Deputado. Como estou falando para o
senhor, aqui tem desde fevereiro de 2005, e aqui tem todos, se quiser posso falar para o
senhor mês a mês.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Se puder, para a gente ter uma noção da quantia.

O SR. FREUD GODOY – E aí são serviços que às vezes divergem um do outro,


número de pessoas, número de horas daquele mês, mês de 31 dias.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Isso está tudo descrito nesse material?

O SR. FREUD GODOY – Sim.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Se pudesse falar janeiro, fevereiro, para a gente
ter uma noção de valores.

O SR. FREUD GODOY – Fevereiro de 2005, 5.500 reais. Esses valores que vou
passar para o senhor, porque esse valor cai porque tem a retenção de imposto, 1% de IRRF,
Imposto de Renda Retido na Fonte, 11% de INSS, 4,65% de COFINS e 2% de ISS, fora os
outros impostos que nós pagamos.
Então, temos aqui em fevereiro de 2005, 5.500 reais de valor bruto. Em fevereiro são
10.500 reais.

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – Um aparte. Isso é só mão-de-obra?

O SR. FREUD GODOY – Só mão-de-obra.


Em março, 96.720 reais, em março de 2005. Em abril nós temos uma de mil reais,
mais 99.480 reais, então seriam 100 mil reais. Maio de 2005, 125 mil reais. O número de
horas o senhor quer também, prestados?
20

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Só para a gente ter uma noção de valor.

O SR. FREUD GODOY – Tem 11 mil horas, 15 mil horas.

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – O senhor pode declinar o número de horas?

O SR. FREUD GODOY – Posso. Só retificando, em 29 de março, que é de 96 mil,


foram 9.672 horas. Abril foram 9.948 horas. Maio, 125 mil, foram 11.580 horas. Em junho,
131 mil, 11.976 horas. Julho, 159.911 reais, o número de horas, 12.396 horas, mas tem outro
junto aqui de mais 1.146 horas, mais 18 mil reais, que vai dar os 159 mil. Aqui essa hora já
está a 11 reais, porque aqui já teve um reajuste, em maio, que tem o reajuste da categoria,
determinado pelo sindicato, e a gente repassa para os contratantes. Agosto, 137.838 reais.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Tem ficado na mesma faixa desde maio. Só para
a gente ter uma noção de quanto nós estamos lidando, de valores.
A Caso já fez alguma doação em campanhas eleitorais?

O SR. FREUD GODOY – Não.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Nunca fez?

O SR. FREUD GODOY – Não. Se estivesse sobrando, a gente poderia estar


doando.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – O senhor é filiado. De repente poderia ter feito
alguma doação em alguma campanha.

O SR. FREUD GODOY – Não fizemos.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Um aparte ao Deputado Chico Sardelli.

O SR. CHICO SARDELLI – PV – O senhor perguntou se a empresa Caso fez


doação. Gostaria de saber se na pessoa do Sr. Freud, o senhor particularmente fez alguma
doação a algum candidato?
21

O SR. FREUD GODOY – Nunca.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – A Caso prestou serviços na Bancoop até


quando?

O SR. FREUD GODOY – A Caso presta serviços para a Bancoop até hoje.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – O senhor trabalhou na Presidência da República


até 2006?

O SR. FREUD GODOY – Sim senhor.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Antes o senhor disse que trabalhava na


Prefeitura de São Paulo.

O SR. FREUD GODOY – Sim senhor.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – O senhor trabalhou na Prefeitura de São Paulo


em que época?

O SR. FREUD GODOY – A última vez foi de 2000 a 2002, se não me engano.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Antes o senhor trabalhou em algum outro


Governo Municipal, Estadual, Federal?

O SR. FREUD GODOY – Não senhor.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Foram só essas duas experiências em trabalhar


em gestão pública, na Prefeitura de São Paulo e depois na Presidência.
Depois de 2006 o senhor nunca mais prestou serviços a nenhum órgão, não foi mais
contratado como pessoa física?

O SR. FREUD GODOY – Não.


22

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Acho que é só, Presidente, e agradeço.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Mais algum Deputado


gostaria de fazer uso da palavra? (Pausa) Com a palavra o Deputado Waldir Agnello.

O SR. WALDIR AGNELLO – PTB – Bom dia Presidente, Deputados, assessores,


imprensa, Sr. Sigmund Freud Godoy, obrigado pela presença aqui.
Gostaria de perguntar, quando o senhor declarou inicialmente o seu endereço, pode
repetir qual o endereço?

O SR. FREUD GODOY – Avenida Industrial nº 1071, ap. 51A, Bairro Jardim,
Santo André, São Paulo.

O SR. WALDIR AGNELLO – PTB – Em uma das perguntas do Deputado Bruno


Covas, V. Sa. disse sobre a complexidade de se estabelecer nesse segmento de empresas de
segurança e o senhor poderia recapitular, ainda que resumidamente, quais são as maiores
dificuldades para alguém se estabelecer nesse segmento de prestação de serviços de
segurança?

O SR. FREUD GODOY – Sim senhor. Uma empresa, para ela entrar na área, poder
trabalhar na área de segurança patrimonial ela tem uma lei federal que é regida pelo
Ministério da Justiça, implementada pela Polícia Federal, e essa lei que estabelece os
procedimentos que as empresas, regulamenta na verdade, as empresas de segurança.
E ela estabelece que uma empresa de segurança, para ela ser estabelecida, ela tem de
ter, no mínimo, integralizado na sua formação, constituição, não pode ser sócio estrangeiro,
tem de ser sócios nacionais, eles não permitem sócio estrangeiro, no mínimo 100 mil UFIRs
de capital, que deve dar por volta de uns 115 mil reais mais ou menos, capital integralizado.
Posterior a isso, você tem de ter uma sede, essa sede não necessariamente precisa ser
própria, pode ser uma sede alugada, e você junto nessa sede você tem de ter uma sala
operacional, uma sala administrativa, uma sala de diretoria, uma sala para rádios e ter um
setor financeiro e uma sala cofre, para a guarda de armas. Você também é obrigado a ter, no
mínimo dois carros adesivados, com o logo da empresa e escrito segurança privada, no caso,
novos, com no mínimo um ano de uso. Você também tem de dar entrada, tanto na Polícia
23

Militar, na Aeronáutica, Exército e Marinha, nas Forças Armadas, com amostragem de um


modelo de uniforme seu, para eles avaliarem se esse seu uniforme não está próximo,
compatível com nenhum uniforme dessas forças, Guarda Civil Metropolitana também, aí
eles te devolvem isso, aprovam que você pode realmente trabalhar com aquele uniforme.
Você dá entrada no processo da Polícia Federal, aí a Polícia Federal vem, faz uma vistoria
na sua empresa. Se ela deferir seu processo, ela encaminha o processo para Brasília, Brasília
faz a publicação no Diário Oficial, e posterior a isso, não sei como a legislação hoje está,
mas na época a gente tinha até 60 dias para você ter um mínimo de quadro de funcionários,
30 funcionários, registrados em carteira de trabalho, e com regulamentação, carteira nacional
de vigilante, curso de formação de vigilante pela Polícia Federal, e também, se caso o curso
for antigo, as suas reciclagens em dia.

O SR. WALDIR AGNELLO – PTB – Parece mesmo um processo bastante


complexo para se estabelecer no segmento. É exigido dos sócios alguma formação
específica na área?

O SR. FREUD GODOY – Não.

O SR. WALDIR AGNELLO – PTB – Qualquer pessoa, qualquer cidadão passa por
todo esse crivo e pode ter qualquer formação acadêmica, não precisa ter nenhum tipo de
especialização em segurança?

O SR. FREUD GODOY – Que eu saiba, não. Pode ser que sim, mas desconheço.

O SR. WALDIR AGNELLO – PTB – Uma pessoa formada em agricultura pode


abrir uma empresa de segurança?

O SR. FREUD GODOY – Acredito que sim, desde que ela cumpra toda a
regulamentação, ela pode.

O SR. WALDIR AGNELLO – PTB – A razão social da empresa...

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Só um aparte, Deputado?


24

Esse procedimento todo de criação da empresa levou quanto tempo para a Caso ser,
portanto, reconhecida, e começar a trabalhar?

O SR. FREUD GODOY – Um ano pelo menos. Eu não tenho de cabeça, mas pelo
menos um ano.

O SR. WALDIR AGNELLO – PTB – Qual a formação acadêmica, se é que tem,


da sua esposa?

O SR. FREUD GODOY – Minha esposa é jornalista e pedagoga.

O SR. WALDIR AGNELLO – PTB – Ela é sócia de qual empresa?

O SR. FREUD GODOY – Caso Sistema de Segurança.

O SR. WALDIR AGNELLO – PTB – E ela tem 99%, já foi declarado aqui. Quem
é o outro sócio?

O SR. FREUD GODOY – É meu cunhado, irmão dela.

O SR. WALDIR AGNELLO – PTB – Qual a formação dele?

O SR. FREUD GODOY – Ele é bacharel em direito.

O SR. WALDIR AGNELLO – PTB – Então nós temos uma jornalista e um


bacharel em direito que hoje são os proprietários da empresa Caso, é isso?

O SR. FREUD GODOY – Sim senhor.

O SR. WALDIR AGNELLO – PTB – O senhor declarou no seu depoimento que o


senhor está fazendo uma diligência para incorporar a empresa ao nome do senhor.

O SR. FREUD GODOY – Sim senhor.


25

O SR. WALDIR AGNELLO – PTB – Há quanto tempo o senhor está fazendo essa
diligência?

O SR. FREUD GODOY – Ainda não dei entrada, Deputado.

O SR. WALDIR AGNELLO – PTB – Deu a entender que o senhor estava


envidando esforços para poder ser admitido como sócio dessa empresa.

O SR. FREUD GODOY – Sim. Só explicar para o senhor. Fora essas complicações,
essas obrigações legais que a Polícia Federal exige, antigamente a empresa era em Santana
de Parnaíba e nós mudamos para Santo André. Só para eu mudar para Santo André essa
empresa, é um processo.

O SR. WALDIR AGNELLO – PTB – Qual o motivo da mudança?

O SR. FREUD GODOY – Nós moramos em Santo André e para nós a questão
operacional já não estava sendo viável, pelo fato de Santana de Parnaíba ser no outro
extremo da cidade.

O SR. WALDIR AGNELLO – PTB – E por que começou lá?

O SR. FREUD GODOY – Porque na época, para nós, era o local onde nós
conseguimos comprar um terreno, e para nós, a questão administrativa era melhor a cidade
de Santana de Parnaíba.

O SR. WALDIR AGNELLO – PTB – Já prestava serviços lá?

O SR. FREUD GODOY – Não prestava serviços lá. Até para fazer essa alteração de
endereço, é o mesmo processo como se eu estivesse abrindo uma empresa nova. Então,
agora que saiu a nossa alteração de endereço, agora no começo do ano.
Para eu agora voltar, voltar não, nunca estive, para eu entrar, fazer parte da
integração da empresa, eu tenho de dar entrada novamente no processo, começar novamente
tudo do zero de novo. Não é uma coisa que você vai lá na Junta Comercial, faz a alteração
contratual e acabou. Aí você tem de remeter para a Polícia Federal novamente, na
26

Superintendência de São Paulo, eles analisam novamente, fazem as vistorias novamente,


remetem para Brasília novamente, e publicam a alteração contratual.

O SR. WALDIR AGNELLO – PTB – Então o senhor retifica ou ratifica a sua


declaração, de que o senhor está fazendo algum tipo de incorporação ao seu nome?

O SR. FREUD GODOY – Eu ratifico. Eu estou realmente.

O SR. WALDIR AGNELLO – PTB – Mas não existe nada de concreto?

O SR. FREUD GODOY – Nada de concreto porque não dei o processo de entrada.

O SR. WALDIR AGNELLO – PTB – Há apenas a intenção?

O SR. FREUD GODOY – Uma intenção.

O SR. WALDIR AGNELLO – PTB – Por enquanto é uma intenção, para que fique
claro.
A empresa Caso, por um acaso, chegou a prestar serviços ao ex-Prefeito Celso
Daniel?

O SR. FREUD GODOY – Nunca. Até porque na época a empresa Caso não estava
nem regulamentada ainda. Na época que o Celso Daniel foi administrador de Santo André.
Eu nem em Santo André morava nessa época.

O SR. WALDIR AGNELLO – PTB – A empresa Caso prestava serviços à


Bancoop, embora o senhor já tenha dito gostaria de reforçar a pergunta, o valor do contrato e
a duração desse contrato com a Bancoop?

O SR. FREUD GODOY – O valor do contrato é por obra. Eu posso disponibilizar


essa informação para o senhor.

O SR. WALDIR AGNELLO – PTB – É individualizado por obra?


27

O SR. FREUD GODOY – No começo, aqui no relatório estão todas as obras


individualizadas.

O SR. WALDIR AGNELLO – PTB – Dependendo do empreendimento tinha um


contrato específico ou era um guarda-chuva?

O SR. FREUD GODOY – Não tenho como dar essa resposta para o senhor aqui,
mas posso fornecer, porque quero ajudar os senhores o máximo que for possível.

O SR. WALDIR AGNELLO – PTB – Está ajudando bastante, tenha certeza disso.
O senhor continua trabalhando no Governo?

O SR. FREUD GODOY – Não.

O SR. WALDIR AGNELLO – PTB – Desde?

O SR. FREUD GODOY – Desde 2006.

O SR. WALDIR AGNELLO – PTB – Hoje o senhor tem uma única ocupação,
extra-oficial, colaborando na empresa Caso, é isso?

O SR. FREUD GODOY – Sim. É extra-oficial, mas é a empresa que a gente toca e
administra junto com a minha esposa e os outros colaboradores.

O SR. WALDIR AGNELLO – PTB – O senhor possui mais do que um endereço


residencial ou só esse declinado?

O SR. FREUD GODOY – Que eu saiba, só esse.

O SR. WALDIR AGNELLO – PTB – Por hora é só, Presidente.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Pela ordem, com a palavra


o Deputado Chico Sardelli.
28

O SR. CHICO SARDELLI – PV – Tenho aqui alguns questionamentos, pode ser


que eu seja repetitivo, mas para poder formar também as minhas conclusões a respeito, Sr.
Freud.
Quem contratou o senhor ou a empresa Caso para trabalhar na Bancoop?

O SR. FREUD GODOY – Na época, a Bancoop estava, nós ficamos sabendo por
meio do sindicato, de uns funcionários do Sindicato dos Bancários, que a Bancoop estava
trocando a empresa prestadora de serviços para ela e estava fazendo cotação, estava pegando
propostas de empresas para prestar o serviço lá.
E nós, como já prestávamos serviço para o sindicato, tínhamos interesse no serviço
da Bancoop.

O SR. CHICO SARDELLI – PV – Esse início se deu em função do sindicato, que


foi indicado depois para fazer o trabalho dentro da Bancoop?

O SR. FREUD GODOY – Não foi indicado. O sindicato me informou.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Pela ordem.


O Deputado Bruno Covas poderia me substituir por 30 segundos, por favor?

* * *

Assume a Presidência o Sr. Bruno Covas.

* * *

O SR. PRESIDENTE BRUNO COVAS – PSDB – Com a palavra o Deputado


Chico Sardelli.

O SR. FREUD GODOY – Um funcionário me informou que eles estavam


tencionando. Eu não tinha relação com a Bancoop, até agora. Eu tinha relação de cooperado,
mas não com a Bancoop. Eles estavam tencionando trocar a empresa que prestava serviços
lá.
29

Aí nós entramos em contato com uma funcionária da Bancoop, pediu para nós
entrarmos em contato com uma funcionária da Bancoop, se não me engano, não lembro o
nome da menina, Jeane, Jane, alguma coisa assim, mas não me lembro, apresentamos uma
proposta, nessa proposta primeira parece que não foi, o preço não estava de acordo com o
que eles poderiam pagar, não sei, foi discutido, foi negociado e foi abaixado um pouco o
preço, no que era possível, de acordo com a prestação de serviços.

O SR. CHICO SARDELLI – PV – Isso não aconteceu por uma concorrência


interna, ou preço? Foi um convite, pelo que o senhor está me dizendo?

O SR. FREUD GODOY – Não. Não foi um convite. Eu apresentei uma proposta.
Eu fui informado que a Bancoop estava colhendo propostas. Agora, se ela colheu outras
propostas, aí já é uma informação que não tenho como dar para o senhor.

O SR. CHICO SARDELLI – PV – O senhor se lembra se o preço da Caso era o


melhor preço?

O SR. FREUD GODOY – Já não sei também responder.

O SR. CHICO SARDELLI – PV – O nobre Deputado Bruno Covas aqui perguntou


da ligação de V. Exa. com o Partido dos Trabalhadores. Isso parece que é emblemático na
sua história, como eu tenho a minha vida partidária. O senhor já trabalhava antes, pelo que
entendi, partidariamente, desde 1981, 1982, pelo Partido dos Trabalhadores. Confirma?

O SR. FREUD GODOY – Sim senhor.

O SR. CHICO SARDELLI – PV – Seus seguranças, estava vendo aí, Sr. Presidente
Bruno Covas....

O SR. PRESIDENTE BRUNO COVAS – PSDB – Só aproveitando e devolvo a


Presidência do Deputado Samuel Moreira.
* * *

Assume a Presidência o Sr. Samuel Moreira.


30

* * *

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Com a palavra o Deputado


Chico Sardelli.

O SR. CHICO SARDELLI – PV – Presidente Samuel Moreira, nas perguntas do


Deputado Bruno Covas, ele solicitou e o Sr. Freud explicou os horários, 11 mil horas, 14 mil
horas, 15 mil horas, 150 mil.
Nessas notas, constam as obras em que os funcionários da Caso prestaram serviço?

O SR. FREUD GODOY – Sim senhor.

O SR. CHICO SARDELLI – PV – Estão todas elencadas?

O SR. FREUD GODOY – Nas notas fiscais não, mas nos relatórios, tinha os
relatórios que eram anexados, que nós emitíamos junto com as notas fiscais. E mais do que
isso, só reiterando mais uma vez, tem aqui as guias de recolhimento da Previdência Social,
que informam quem é o tomador do serviço e para quem foi recolhido isso, o que prova que
os funcionários tiveram de trabalhar para aquela empresa e que foram recolhidos os
encargos, no caso.

O SR. CHICO SARDELLI – PV – Gostaria de solicitar à Presidência, ao Deputado


Samuel Moreira, que depois pudesse, que esses documentos, nós tivéssemos acesso para
futura análise e para que possa depois deixar as cópias dos relatórios para que a gente
também possa analisar a questão do trabalho, das obras, número de funcionários, quantos
funcionários tinha. Isso é importante.
Os seguranças da Caso trabalham armados, trabalhavam armados?

O SR. FREUD GODOY – Não senhor.

O SR. CHICO SARDELLI – PV – Embora a Caso preste serviços de segurança


privada também, armados ou não?
31

O SR. FREUD GODOY – Não armados. Nós agora estamos renovando o


certificado nosso agora, para poder dar entrada. Depois de um período que você pode dar
entrada na Polícia Federal e requisitar o certificado para poder trabalhar armado. Nós
estamos agora providenciando esse próximo passo.

O SR. CHICO SARDELLI – PV – Até quando o senhor prestou serviços para a


Bancoop?

O SR. FREUD GODOY – Nós prestamos serviços até hoje para a Bancoop,
Deputado.

O SR. CHICO SARDELLI – PV – Lendo a revista Veja, ela fala que o senhor
recebeu 11 cheques, totalizando um valor de um milhão e meio de reais. Confirma?

O SR. FREUD GODOY – Não tenho como confirmar isso, se o valor é esse, mas se
é, está aqui. Não tenho como ter essa conta na cabeça, o senhor me desculpe. Mas deve ser
algo próximo, até pelos números que passei para os senhores, deve ser algo próximo disso.
A empresa Caso recebeu, Deputado.

O SR. RICARDO MONTORO – PSDB – Um aparte Deputado. Esses cheques que


totalizaram um milhão e meio, a que se referiu o Deputado agora, ela ficava em Santana de
Parnaíba?

O SR. FREUD GODOY – Pode repetir, Deputado?

O SR. RICARDO MONTORO – PSDB – Esses recursos a que se referiu o


Deputado, de 11 cheques totalizando um milhão e meio, de 2005 e 2006, foram parar na
empresa de segurança e essa empresa ficava em Santana do Parnaíba?

O SR. FREUD GODOY – Na época, sim senhor.

O SR. RICARDO MONTORO – PSDB – Cidade que é conhecida por contar com
muitas empresas que só existem no papel. No caso da sua, existia realmente um imóvel em
que estava situada a empresa?
32

O SR. FREUD GODOY – Sim senhor. Não só existe, como toda a explanação que
fiz, que a Polícia Federal faz para regulamentar uma empresa, faz uma série de exigências,
ela fiscaliza, ela vai no ambiente de trabalho, ela verifica se aquilo realmente existe ou não.
Ele não só existia no imóvel, entendo que outras empresas usem de um expediente diferente,
como esse imóvel é de propriedade nossa, da nossa família.

O SR. RICARDO MONTORO – PSDB – Rua Alberto Frediane nº 89?

O SR. FREUD GODOY – Isso. Registrado no cartório de imóveis de Santana de


Parnaíba.

O SR. RICARDO MONTORO – PSDB – Porque a reportagem diz que os vizinhos


nunca viram ninguém funcionando nesse endereço. Em todo caso, o senhor disse que existe,
é de vocês e que funcionava lá.

O SR. CHICO SARDELLI – PV – A Bancoop passava por dificuldades


financeiras, como nós tivemos a oportunidade de ler, de saber, embora, com V. Sa. nunca
existiu atrasos, os pagamentos sempre foram feitos conforme as medições de horários, notas
fiscais? Confirma?

O SR. FREUD GODOY – Não confirmo. Os atrasos existem até hoje. Existiram
atrasos. Isso é uma coisa comum, não só da Bancoop, mas com outros clientes também,
Deputado.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Um aparte, Deputado?

O SR. CHICO SARDELLI – PV – Pois não.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – A Bancoop deve à Caso?


Tem dívidas hoje?

O SR. FREUD GODOY – Não sei como está, se está tudo em dia, mas se tiver
dívida, é atraso de 30 dias, uma fatura, no máximo. Não sei.
33

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Então ela paga


regularmente, em ordem à Caso?

O SR. FREUD GODOY – Paga, depende da época.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – É uma pergunta objetiva.


Tem alguma dívida com ela?

O SR. FREUD GODOY – Não sei como responder ao senhor, porque não cuido da
parte financeira. Isso não tenho como responder.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Mas em princípio o senhor


acha que se houver, é atraso de 30 dias?

O SR. FREUD GODOY – De 30 dias, 60 dias no máximo.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Podemos concluir que no


fundo não há débito? Não há nenhuma demanda judicial do senhor contra ela?

O SR. FREUD GODOY – Não.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Está tudo em ordem entre


a empresa Bancoop?

O SR. FREUD GODOY – Tudo em ordem. Entendi a pergunta do Deputado de


outra forma.

O SR. CHICO SARDELLI – PV – O senhor esteve presente na assembleia da


Bancoop quando o senhor João Vaccari Neto foi eleito Presidente?

O SR. FREUD GODOY – Não. Não me recordo. Já estive numa assembleia da


Bancoop, votando com procuração da minha esposa, agora não me recordo qual a
assembleia.
34

O SR. CHICO SARDELLI – PV – Mas é um fato marcante, pois é a eleição do


Presidente Vaccari Neto.

O SR. FREUD GODOY – O senhor me desculpe. Posso até tentar me recordar e


informar ao senhor, mas de momento não tenho como.

O SR. CHICO SARDELLI – PV – Engraçado. Eu tenho um documento aqui,


assembleia-geral ordinária, onde o senhor assina e confirma a sua presença aqui.

O SR. FREUD GODOY – Com procuração da minha esposa? Deve ser isso.

O SR. CHICO SARDELLI – PV – Está assinado pelo senhor.

O SR. FREUD GODOY – Como falei para o senhor, eu sei que participei de
assembleia da Bancoop com procuração da minha esposa. Agora, qual era...

O SR. CHICO SARDELLI – PV – Foi nessa?

O SR. FREUD GODOY – Não me recordo Deputado. Já estive em mais de uma


assembleia da Bancoop, agora não me recordo se foi especificamente nessa.

O SR. CHICO SARDELLI – PV – Na coluna do jornalista Diego Mainardi, da


revista Veja, na edição de 25 de outubro de 2006, foi comentado sobre a importância de 150
mil reais depositados na conta de sua esposa. Essa quantia era fruto de serviços prestados à
Bancoop?

O SR. FREUD GODOY – Não senhor.

O SR. CHICO SARDELLI – PV – O senhor se lembra do que se referia isso?

O SR. FREUD GODOY – Lembro e já respondi isso no Ministério Público Federal,


para a Receita Federal, mas em consideração ao senhor e em respeito ao senhor e à Casa, e
35

também pela satisfação de poder responder em relação a isso, porque em nenhum momento
isso foi me dado o direito de poder responder sobre esse assunto.
Deixa eu explicar uma coisa para o senhor. Em meados de 1996, 1997, não me
recordo direito a data, nós compramos um terreno num condomínio de São Bernardo do
Campo chamado Swiss Park, um condomínio muito bonito, um condomínio de pessoas de
alto nível. Na época conseguimos fazer um bom negócio porque teve um diretor de uma
empresa que tinha adquirido esse terreno e ele tinha sido demitido pela empresa e estava
mudando para Joinvile, então tinha aquela necessidade de vender rápido e a gente tinha um
dinheiro aplicado para poder dar a entrada, e demos a entrada nesse terreno e financiamos,
na época era 60 mil reais, não recordo mais ou menos, e financiamos em 47 parcelas de mil
e pouco.
Fomos pagando essas parcelas, atrasa uma, paga outra, atrasa duas, paga três e assim
fomos tocando, economizando daqui, conseguimos pagar esse terreno. Terminamos de pagar
o terreno por volta de 2001, mais ou menos.
Com o terreno lá, o condomínio estava bonito, muitas pessoas já tinham mudado para
o condomínio, aí começou a mudar Deputado, empresário, alto empresário, donos de
grandes multinacionais, e eu, a gente fez um bom investimento, mas a gente não tinha
dinheiro para morar nesse meio. Não teria condições de construir uma casa para morar nesse
meio.
O que nós fizemos? Nós vendemos esse terreno em 2004, recebemos em dinheiro de
uma senhora que era dona de churrascaria e posto de gasolina, declarado no imposto de
renda, e investimos esse dinheiro na empresa.
A origem desse dinheiro nada mais é do que isso. Agradeço pela oportunidade de
poder responder.

O SR. CHICO SARDELLI – PV – A venda desse terreno, onde está tudo


documentado?

O SR. FREUD GODOY – Tudo documentado. Já foi respondido no Ministério


Público Federal, já foi apresentado para a Receita Federal.

O SR. CHICO SARDELLI – PV – E a importância foi essa, 150 mil reais?


36

O SR. FREUD GODOY – Não recordo direito, mas foi 140 ou 138 mil reais, se não
me engano.

O SR. CHICO SARDELLI – PV – O senhor conseguiria recordar, teria condição


de dizer quanto a empresa Caso faturou ao longo do tempo com o trabalho prestado à
empresa Bancoop?

O SR. FREUD GODOY – Deputado, eu aqui de cabeça não tenho como passar essa
informação ao senhor, mas posso disponibilizar amanhã, se for o caso, pedir para juntar
todas as notas fiscais que foram faturadas para a Bancoop. Assim de cabeça não tenho como
chegar nem num número próximo.

O SR. CHICO SARDELLI – PV – Seria importante, Sr. Presidente, que nós


pudéssemos solicitar esse valor faturado.

O SR. FREUD GODOY – De livre e espontânea vontade eu coloco à disposição de


vocês isso. Remeto para a Comissão e não tem problema algum.

O SR. CHICO SARDELLI – PV – O que o senhor tem de memória, ou sabe, ou


lembra-se de memória, a respeito do Dossiê Vedoin?

O SR. FREUD GODOY – De memória, é que não tenho nenhum conhecimento


sobre esse dossiê, porque não tive envolvimento nenhum sobre esse caso. Eu já respondi
isso no Ministério Público Federal e na Polícia Federal. A Polícia Federal chegou à
conclusão de que eu não tive nenhum fato que me levasse de encontro a esse dossiê. A
pessoa que fez a acusação na época, posteriormente na própria CPI ela retirou essa acusação.

O SR. CHICO SARDELLI – PV – Essa pessoa seria o Jedimar?

O SR. FREUD GODOY – Sim senhor. Ela retirou essa acusação.

O SR. RICARDO MONTORO – PSDB – O que teria motivado retirar?


37

O SR. FREUD GODOY – Não sei o que motivou ele retirar a acusação. Ele retirou
inclusive depois de muito tempo. Ele foi responder na CPI por volta de novembro.

O SR. RICARDO MONTORO – PSDB – O senhor não tem nenhuma informação


de onde teria vindo o dinheiro para a compra do dossiê?

O SR. FREUD GODOY – Não sei

O SR. RICARDO MONTORO – PSDB – Isso pode estar relacionado com a


Bancoop.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Pela ordem, Sr. Presidente.

O SR. RICARDO MONTORO – PSDB – A palavra está com o Deputado Chico


Sardelli.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Acho que as perguntas estão fugindo do


objeto da nossa CPI. Daqui a pouco nós vamos começar a perguntar da Ductor, da Tejofran.

O SR. RICARDO MONTORO – PSDB – Se tiver algo com a Bancoop, fique à


vontade.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Isso tem algo? Qual a relação?

O SR. RICARDO MONTORO – PSDB – Claro que tem. Existem relatos, nas
revistas, na imprensa, de que dinheiro desviado da Bancoop financiava a compra do dossiê.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Solicito ao Deputado


Vanderlei Siraque...

O SR. RICARDO MONTORO – PSDB – Se tiver alguma relação com a Bancoop,


por favor, pode fazer.
38

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Deputado Vanderlei


Siraque, gostaria que o senhor...

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Vamos manter a ordem dos trabalhos.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – O senhor já emitiu a sua


opinião e não faremos nenhum cerceamento às palavras dos Deputados.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Tem a ver, Presidente?

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Com a palavra o Deputado


Chico Sardelli, que cedeu um aparte ao Deputado Ricardo Montoro.

O SR. CHICO SARDELLI – PV – As partes satisfeitas, posso continuar?

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – É que não tem nada a ver, Deputado Chico
Sardelli.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Solicito ao Deputado


Vanderlei Siraque que não se atreva, por favor, pode ate dar opinião, não se atreva a
censurar a palavra do Deputado.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Não se atreva o senhor. Não se atreva a


censurar a minha palavra.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Muito menos a


constranger Deputado.
O Deputado está com a palavra. Não haverá censura a nenhum Deputado desta Casa.
O Deputado está livre para dizer o que quiser. O senhor que respeite o Deputado que está
com a palavra.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Eu respeito, Presidente, e conduza os


trabalhos como devem ser conduzidos.
39

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – O senhor coloque-se no


seu lugar com relação à censura dos Deputados nesta Casa.
Com a palavra o Deputado Ricardo Montoro.

O SR. RICARDO MONTORO – PSDB – Estou com a palavra por cessão de


tempo do nobre Deputado Chico Sardelli.
Tem alguma relação o documento que V. Exa. leu na última CPI com o caso da
Bancoop? Não tem nada.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Li uma carta do Governador Mário Covas


pedindo votos para os banespeanos.

O SR. RICARDO MONTORO – PSDB – V. Exa. leu uma carta querendo chegar a
uma conclusão absolutamente política, uma carta aberta e assinada pelo Governador que
nada tem a ver com o caso.
Eu gostaria que o senhor convocasse a Ductor e a outras firmas, se elas tiverem
problemas relacionados com a Bancoop.
Evidentemente o Sr. Freud Godoy foi várias vezes questionado por participar da
compra desse dossiê, claro que foi. Foi acusado pelo Jedimar, que misteriosamente depois
desfez a acusação. Não sei como uma pessoa faz uma acusação e depois resolve desfazer a
acusação.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Quem deve conhecer é V. Exa.

O SR. RICARDO MONTORO – PSDB – Estou perguntando coisas que têm a ver.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Um de cada vez, por


favor.

O SR. RICARDO MONTORO – PSDB – Concordo perfeitamente que se for


desviado o assunto referente à nossa CPI, deve ser advertido. Mas estou dizendo que não
foge em nada do que está previsto nesta CPI.
40

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Com a palavra o Deputado


Chico Sardelli.
Agradeço também a presença do Deputado Roberto Morais, entre nós.

O SR. CHICO SARDELLI – PV – Já estou indo para as minhas conclusões, mas


duas ou três questões ainda.
Enfim, todas essas questões, embora não diretamente ligadas, indiretamente estão
ligadas, por isso Sr. Freud, V. Exa., eu tenho o visto e ouvido, pacientemente respondendo,
mas é importante para que a gente possa fazer juízo do conteúdo total disso que nós
discutimos, para que a gente possa ter uma clareza e para que o relator possa, com clareza,
afirmar o seu relatório.
O Deputado Bruno Covas perguntou a respeito de Naji Nahas e o senhor disse que
não tem nenhuma ligação, não conhece ou coisa assim. Confirma?

O SR. FREUD GODOY – Sim senhor. Fico mais uma vez contente de poder
responder isso. Isso foi em relação, estranhamente Deputado, na época em que saiu que a
Polícia Federal não tinha achado nenhum indício em relação ao meu envolvimento com
aquela compra de dossiê, sai na Folha de São Paulo que a Polícia Federal não tinha
detectado nenhum indício que ligasse ao meu nome esse fato.
E logo em seguida sai uma matéria no jornal O Estado de São Paulo que o Deputado
Federal Fernando Gabeira afirma que eu recebi, ou a empresa da minha esposa recebeu um
montante de 398 mil.

O SR. CHICO SARDELLI – PV – Trezentos e noventa e seis mil reais.

O SR. FREUD GODOY – Do empresário Naji Nahas, via Comissão de Valores


Mobiliários, paga pela Usiminas. Isso, Deputado, se tivesse entrado esse dinheiro na minha
conta, eu até agradeceria. Mas, infelizmente, nunca teve. E se tivesse, seria uma
movimentação que o COAF detectaria facilmente.

O SR. CHICO SARDELLI – PV – A mesma coisa com respeito à SMP&B, do Sr.


Marcos Valério, de 98.500 reais?

O SR. FREUD GODOY – Realmente recebemos.


41

O SR. CHICO SARDELLI – PV – E prestou serviço à empresa dele?

O SR. FREUD GODOY – Não prestamos serviço à empresa dele diretamente.


Prestamos serviço na campanha de 2002, só explicando ao senhor mais uma vez, já respondi
para o Ministério Público Federal, para a Receita Federal, para a Polícia Federal, e fico feliz
de poder responder aqui, porque essas dúvidas, na verdade, ficaram no ar todos esses anos e
estou pagando por isso todos esses anos.

O SR. CHICO SARDELLI – PV – Que campanha foi essa?

O SR. FREUD GODOY – Campanha do Presidente Lula, em 2002. Nós prestamos


serviço para a campanha do Presidente Lula em 2002, o Presidente foi eleito em outubro.
Nos meses de novembro e dezembro houve vários eventos de comemoração que o Partido
dos Trabalhadores fez esses eventos, e quando chegou em janeiro, nós tínhamos um saldo,
um valor para receber, que estava em atraso do Partido dos Trabalhadores. Foi pedido que
essa empresa SMP&B pagasse à Caso Sistema de Segurança. A Caso foi paga pela SMP&B,
pelos eventos que foram feitos na época.

O SR. RICARDO MONTORO – PSDB – Essa transação foi contabilizada?

O SR. FREUD GODOY – Foi contabilizada sim senhor.

O SR. RICARDO MONTORO – PSDB – Na prestação de contas do Partido dos


Trabalhadores?

O SR. FREUD GODOY – Não conheço a prestação de contas do Partido dos


Trabalhadores, Deputado. Eu posso falar pela empresa.

O SR. CHICO SARDELLI – PV – Só para um esclarecimento final, o senhor foi


assessor ou é assessor da Presidência da República?

O SR. FREUD GODOY – Eu fui assessor.


42

O SR. CHICO SARDELLI – PV – Qual o cargo que o senhor ocupava?

O SR. FREUD GODOY – Assessor da Presidência da República.

O SR. CHICO SARDELLI – PV – A sua função?

O SR. FREUD GODOY – Eu trabalhava em Brasília junto com a Primeira Dama,


trabalhava no gabinete dela, fazendo atendimento normal de pedidos, requerimentos,
solicitações, e também cuidava das coisas particulares da família do Presidente.

O SR. CHICO SARDELLI – PV – Em que período?

O SR. FREUD GODOY – De 2002 a 2006.

O SR. CHICO SARDELLI – PV – Agradeço.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Só um aparte? Em 2002, durante o Governo


Fernando Henrique?

O SR. FREUD GODOY – Não, desculpa Deputado, em 2003. Falei a data errada.

O SR. CHICO SARDELLI – PV – Agradeço ao depoente Sr. Freud Godoy e por


hora é só, Sr. Presidente.
Depois, se tiver alguma dúvida, eu gostaria só depois, de posse dessa lista de
presença da assembleia-geral ordinária, não sei se pode ou não, se ele confirma se essa
assinatura que aqui está na assembleia que foi realizada para a eleição do presidente da
Bancoop é do senhor ou não. Não sei se isso eu posso mostrar.

O SR. RICARDO MONTORO – PSDB – Me dá um aparte?


Queria saber, agora não é nada especificamente, queria saber do nosso depoente se
ele julga a questão da elaboração de dossiês uma prática saudável à política? Se lhe fosse
solicitado um serviço para que facilitasse algumas informações para elaboração de dossiê, se
o senhor considera isso uma prática saudável na política.
43

O SR. FREUD GODOY – Deputado, respondendo à pergunta do senhor, eu não só


não acho uma prática saudável na política, como não é saudável no dia-a-dia das pessoas.
Tanto é que um dos segmentos que nós trabalhamos na nossa empresa, na parte de segurança
privada, que nós damos para o nosso cliente, é justamente o contrário disso.
Nós somos representantes da maior empresa alemã, mundial, de contramedidas. Nós
somos os únicos representantes na América Latina dessa empresa. Nós trabalhamos com
equipamentos altamente sofisticados e nós trabalhamos na área contrária dessa, da contra-
informação. Nós não temos essa prática de ir ao mercado, de pegar informações para
favorecer A, B ou C. A nossa prática é justamente o contrário dessa. O segmento da
empresa, o nosso ganha-pão, é o contrário.
Se eu fizesse isso, eu não teria como ganhar dinheiro do outro lado. Isso, para mim é
uma coisa que não existe e nunca vai existir, nem se alguém me determinasse fazer uma
coisa dessas, eu não faria, porque nós trabalhamos com tudo dentro da legalidade. O que nós
fazemos é dentro do que é lícito, do que pode ser feito.

O SR. RICARDO MONTORO – PSDB – É uma prática execrável, não é?

O SR. FREUD GODOY – Para nós sim.

O SR. CHICO SARDELLI – PV – Pela ordem, Sr. Presidente. Eu vou até o


depoente para mostrar e saber se ele confirma ou não, e depois que conste do nosso rol de
documentos.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Nos encaminhe para que o


depoente possa apreciar.
Um aparte ao Deputado Waldir Agnello.

O SR. WALDIR AGNELLO – PTB – Vou aguardar o Deputado Chico Sardelli


fazer a averiguação dele.

O SR. FREUD GODOY – É minha mesmo. Pode ser tido, como falei para o senhor,
via procuração da minha esposa.
44

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Confirmada a assinatura


do depoente.
Com a palavra o Deputado Waldir Agnello.

O SR. WALDIR AGNELLO – PTB – Gostaria de me dirigir ao Presidente


perguntando o seguinte. O depoente Sr. Freud está aqui respondendo pela empresa ou ele foi
convocado como pessoa física? Qual o teor da convocação?

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – A convocação foi como


pessoa física, mas por conta de estar relacionado à prestação de serviços da Bancoop, e já
que publicamente, atestada pelo próprio depoente, que participa da empresa Caso.

O SR. WALDIR AGNELLO – PTB – Só estou achando uma incoerência nós


estarmos ouvindo o Sr. Freud dirigindo a ele perguntas sobre a empresa, que ele
oficialmente não faz parte, se não seria o caso de nós convocarmos, aliás o nome da sua
esposa não foi declinado aqui nenhuma vez, como sócia majoritária dessa empresa. Qual o
nome da sócia?

O SR. FREUD GODOY – Simone Merceguer Pereira Godoy.

O SR. WALDIR AGNELLO – PTB – Essa senhora, a meu ver, deveria ser
convocada, e vou arrazoar sobre isso, pensar se nós devemos trazê-la aqui, para que ela
responda sobre a empresa.
É muito estranho, do ponto de vista jurídico, uma pessoa que não tem nenhum
vínculo oficial com a empresa nos prestar esclarecimentos, entregar documentos em nome
da empresa. O senhor não tem sequer o seu nome associado à empresa, não tem uma
procuração para representar a empresa, então acho que nós estamos cometendo, Sr.
Presidente, uma incoerência, que pretendo arrazoar sobre isso para ver se nós reconduzimos
e trazemos a Sra. Simone para depor em nome da empresa.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – É um direito de V. Exa.


refletir sobre isso e até apresentar requerimento para ser apreciado pelos Deputados desta
Comissão.
Com a palavra o Deputado Vicente Cândido.
45

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – Só para indagar do Deputado Waldir Agnello


se ele não se sente satisfeito com os esclarecimentos do Freud?

O SR. WALDIR AGNELLO – PTB – Não me sinto e acho que ele não tem
autoridade para falar em nome da empresa, autoridade legal, com todo respeito a V. Sa.

O SR. FREUD GODOY – Só vim porque fui chamado.

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – Se o senhor pudesse colocar os pontos de


dúvida, talvez ele possa responder para o senhor.

O SR. WALDIR AGNELLO – PTB – Eu não posso responder sobre a sua


empresa. Eu não tenho nenhuma ligação com a sua empresa, como eu posso responder?

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – Primeiro, a convocação dele, até pela


preocupação do senhor, dá uma certa conotação, uma convocação mais política do que
técnica, porque o senhor mesmo está atestando que ele não tem ligação jurídica formal.

O SR. WALDIR AGNELLO – PTB – Ele diz, não fui eu.

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – Pelo jeito teve uma motivação política da


vinda dele aqui. O senhor podia declinar as dúvidas do senhor e ele vai dizer se ele vai poder
esclarecer ou não. Até para poder ganhar celeridade nos trabalhos, porque eu vi no
depoimento do Freud aqui muita lucidez. Em nenhum momento ele gaguejou, em nenhum
momento sonegou ou está dizendo que não tem a informação.
Então, acho que não há motivo agora, Deputado Waldir Agnello, de convocar a
empresa dele, à medida que não há dúvida no ar. Se houver dúvida e o senhor puder colocar,
de repente ele pode auxiliar nos trabalhos agora.

O SR. WALDIR AGNELLO – PTB – Se eu fizesse isso, eu estaria alimentando


ainda mais essa incoerência, de chamar uma pessoa, seja ela qual for, para prestar
esclarecimentos sobre uma empresa, e essa pessoa não responde legalmente por ela. Essa é a
incoerência.
46

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – Essa pergunta, quem poderia responder, é


quem fez, quem é o autor do requerimento.

O SR. WALDIR AGNELLO – PTB – Essa foi a minha primeira pergunta.

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – Quem é o autor do requerimento, Presidente?

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Enquanto a secretária


verifica, alguém mais inscrito?

O SR. WALDIR AGNELLO – PTB – Sr. Presidente, eu não tenho mais dúvidas.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Com a palavra o Deputado


Bruno Covas.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Sr. Freud, o senhor disse que o apartamento da
sua esposa foi sorteado.

O SR. FREUD GODOY – Sim senhor.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Como foi isso?

O SR. FREUD GODOY – Não chegou nem a ser sorteado. A gente ficou no
primeiro andar, então foi o final.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Não foi sorteado?

O SR. FREUD GODOY – Os sorteios, a cooperativa era assim, você ia lá, adquiria
o imóvel como sócio, fez seus pagamentos, então tinha o sorteio dos apartamentos. Como
todos pagavam de forma igual, então tinha gente que queria morar no décimo andar, tinha
gente que queria morar embaixo, em cima, então, eram sorteados os apartamentos. O nosso
ficou lá embaixo. Falei que não foi sorteado, porque foi o que restou.
47

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Então não foi sorteado?

O SR. FREUD GODOY – Não foi sorteado. Foi o que sobrou. Para nós não foi
sorteado.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Em que ano foi exatamente isso?

O SR. FREUD GODOY – Deputado, aí eu já não tenho certeza, mas por volta de
2000, meados de 2000. Seria o tempo de ter sido entregue a obra.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Aproximadamente em 2000 o apartamento foi


entregue?

O SR. FREUD GODOY – Sim senhor.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Depois houve algum pagamento à Bancoop?

O SR. FREUD GODOY – Aporte, Teve um aporte de mais ou menos trinta e


poucos mil reais. Não lembro o valor exato.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Em que data?

O SR. FREUD GODOY – O aporte veio depois, em 2006, 2008, por aí. Não lembro
a data, mas foi de 2007 para 2008 que vieram esses aportes.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Qual o valor do aporte?

O SR. FREUD GODOY – Uns trinta e poucos mil reais, 30 ou 32.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Quem, exatamente, contratou a Caso dentro da


Bancoop? Quem fez a interlocução, quem solicitou uma proposta? Como foi feita a
conversa?
48

O SR. FREUD GODOY – Eu estava no Sindicato dos Bancários, porque o pessoal


que a gente já presta serviços estava conversando e falaram que a Bancoop estava trocando
de empresas e recebendo propostas.
Nós emitimos uma proposta para uma funcionária que não lembro o nome, se era
Jane ou Jeane, e ela que, a partir daí as negociações foram todas feitas com ela. Daí ela
negociou preço, achou que o preço não estava adequado, muito alto, chora daqui, chegamos
num preço razoável, que também até onde nós poderíamos baixar.
A partir daí o serviço é empresa com empresa. Os funcionários falam entre eles. O
gerente vai até o local. Eu compareci, falei com a Jeane a primeira vez.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – O senhor conhece o Sr. João Vaccari Neto?

O SR. FREUD GODOY – Conheço.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Qual a sua relação com o Sr. João Vaccari?

O SR. FREUD GODOY – Não tenho relação alguma com o Sr. João Vaccari Neto.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Nunca conversou com ele?

O SR. FREUD GODOY – Conversei, conheço há muitos anos do movimento


sindical, do Sindicato dos Bancários, da Bancoop.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Nunca conversaram sobre a Bancoop?

O SR. FREUD GODOY – Já conversamos.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Qual foi essa conversa? Qual era o tema da
conversa?

O SR. FREUD GODOY – Conversas normais, como está a cooperativa, como está
o dia-a-dia, como está a vida?
49

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Nunca sobre a prestação de serviço da Caso com
a Bancoop?

O SR. FREUD GODOY – Nunca sobre a prestação de serviço da Caso com a


Bancoop, porque daí já entra, o gerente da empresa que toma a parte operacional. Se tivesse
alguma reclamação, as partes de baixo é que se falam entre elas, a bem do serviço, para
acertar o serviço. Deve ter e-mails de troca de funcionários da Caso com a Bancoop.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – O senhor disse que a Caso presta serviços ainda
atualmente à Bancoop. Para quais empreendimentos a Caso faz segurança hoje em dia?

O SR. FREUD GODOY – Hoje não tenho como afirmar para o senhor. São uns dois
ou três empreendimentos que estão paradas as obras, tem essa questão de supervisão para
não ter invasão nas obras, mas é uma coisa muito pequena. Se não me engano, é um contrato
hoje por volta de 20 mil reais.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – O senhor disse que o cargo que exercia na
Presidência da República era de assessor do Gabinete da Primeira Dama. Qual o cargo que o
senhor exercia na Prefeitura de São Paulo?

O SR. FREUD GODOY – Era chefe da divisão de serviços gerais na Prodan, que
envolvia transporte, segurança, limpeza e outra área.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – E teve um outro cargo anterior ao da Prodan?

O SR. FREUD GODOY – Na CMTC, como inspetor de segurança.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Pela ordem o Deputado


Vicente Cândido.

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – Quero fazer uma pergunta ao depoente.


Pelo jeito o senhor se sente injustiçado com algumas notícias, algumas matérias de
jornais, uma delas aqui de um jornalista lembrado pelo Deputado Chico Sardelli. Diante
50

disso, o senhor tem alguma ação, o senhor moveu alguma ação diante dessas injúrias, pela
empresa ou pessoalmente?

O SR. FREUD GODOY – Eu movi, na semana retrasada nós fizemos uma ação
contra três órgãos de comunicação. As questões de 2006, Deputado, não tinha movido
nenhuma ação até então porque a liberdade de imprensa existe e cada um pode falar o que
quer. Até por não ter questão de recursos financeiros suficientes para mover ação contra
tudo quanto é órgão, porque é uma coisa custosa. Eu achava que era uma coisa simples, mas
demanda um custo para se mover uma ação e não é tão simples assim contra a imprensa.
E agora, nessas últimas matérias, até pelo fato de eu ter sido chamado aqui, nós
movemos ações contra três órgãos de comunicação.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Pela ordem, com a palavra


o Deputado Chico Sardelli.

O SR. CHICO SARDELLI – PV – Sr. Presidente, só para fazer um registro e para


que depois constasse a Lei nº 5764, de 16/12/1971, que diz respeito à Política Nacional do
Cooperativismo. “A Assembléia Geral dos associados é o órgão supremo da sociedade,
dentro dos limites legais e estatutários, tendo poderes para decidir os negócios relativos ao
objeto da sociedade e tomar as resoluções convenientes ao desenvolvimento e defesa desta, e
suas deliberações vinculam a todos, ainda que ausentes ou discordantes. Art. 42 Nas
cooperativas singulares, cada associado presente não terá direito a mais de um voto,
qualquer que seja o número de suas quotas-partes. § 1° Não será permitida a representação
por meio de mandatário.”
Só para fazer o registro, em função daquela ata de registro que eu citei. Obrigado.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Com a palavra o Deputado


Ricardo Montoro.

O SR. RICARDO MONTORO – PSDB – Estive ausente alguns minutos da CPI e


o senhor falou que tem um apartamento da Bancoop?

O SR. FREUD GODOY – Temos.


51

O SR. RICARDO MONTORO – PSDB – O senhor ou a sua esposa.

O SR. FREUD GODOY – Sim.

O SR. RICARDO MONTORO – PSDB – Ele está totalmente quitado?

O SR. FREUD GODOY – Totalmente quitado. Só se vier um outro aporte,


Deputado, mas até então está.

O SR. RICARDO MONTORO – PSDB – Lhe advirto que tome cuidado, porque
eles são especialistas em fazer esse tipo.
O senhor afirmou que não tem o registro do imóvel, o senhor não tem escritura?

O SR. FREUD GODOY – Não tem.

O SR. RICARDO MONTORO – PSDB – O senhor não pensou em entrar contra a


Bancoop, já que está tudo pago?

O SR. FREUD GODOY – Não senhor.

O SR. RICARDO MONTORO – PSDB – O senhor não acha que ela está agindo
de maneira incorreta em não lhe dar a escritura, de um apartamento totalmente pago?

O SR. FREUD GODOY – Não acho. Acho que ela tem as suas dificuldades.

O SR. RICARDO MONTORO – PSDB – Sabe o motivo pelo qual ela não dá a
escritura? O terreno não está em nome dela?

O SR. FREUD GODOY – Lá no nosso empreendimento parece, na época em que


foi negociado o imóvel, era imóvel de uma família, coisa que os empreendedores fazem
normalmente, acho que acertaram um valor, não sei direito qual, e o dono do terreno teria
algumas unidades.

O SR. RICARDO MONTORO – PSDB – Uma permuta.


52

O SR. FREUD GODOY – Não sei os valores e o que sei é que ouvi em assembleias,
e parece que uma pessoa morreu, me parece que o dono do terreno que fez essa negociação,
e uma das filhas se nega a assinar a transferência para a Bancoop, a posse. E está nessa. A
Bancoop deve estar com uma medida judicial lá, deve estar aguardando o que vai acontecer.

O SR. RICARDO MONTORO – PSDB – Obrigado.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Mais algum Deputado?


(Pausa) Gostaria de fazer algumas perguntas ao depoente.

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – Concedo a palavra ao senhor.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Obrigado Deputado


Vicente Cândido.
O senhor então fundou a Caso em 2003?

O SR. FREUD GODOY – Sim senhor.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – No mesmo momento em


que o senhor trabalhava junto ao Gabinete da Presidência da República?

O SR. FREUD GODOY – Sim senhor.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – O senhor trabalhava lá e


fundou a Caso aqui em nome da sua esposa?

O SR. FREUD GODOY – Sim senhor.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – O senhor trabalhava


diretamente com o Presidente Lula e com a Primeira Dama, nas questões mais particulares
deles?

O SR. FREUD GODOY – Sim senhor.


53

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Qual a função que a sua


esposa exercia efetivamente na empresa?

O SR. FREUD GODOY – A minha esposa, na verdade, é a parte administrativa e a


parte financeira da empresa.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – O senhor tem cópia dos


contratos com a empresa, poderia nos fornecer?

O SR. FREUD GODOY – Acredito que deva haver e posso sim.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Esses contratos são


contrato anual ou por vários anos?

O SR. FREUD GODOY – Não sei como é feito. Deve ser um contrato anual e deve
ter suas renovações. Aí não tenho certeza. Mas podemos disponibilizar para o senhor sem o
menor problema. Estou aqui para ajudar no que for possível.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Não tem nem idéia de


valor do contrato?

O SR. FREUD GODOY – Não.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Prazo do contrato?

O SR. FREUD GODOY – Também não tenho idéia disso. Aí já é parte jurídica.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Então o Deputado Waldir


Agnello tem razão, talvez tenhamos de convocar oficialmente alguém relacionado
diretamente à empresa, porque aqui há uma falta de conhecimento.
Não tem nem idéia do geral do valor?
54

O SR. FREUD GODOY – Não tenho, até porque a empresa, como falei para o
senhor, a empresa tem segmentos. Então, tem a parte financeira, tem a parte administrativa,
tem a parte operacional.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Ordem de grandeza de


quanto faturou até hoje o senhor não tem?

O SR. FREUD GODOY – O senhor fala com a Bancoop?

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – De faturamento com a


Bancoop?

O SR. FREUD GODOY – O que tenho são esses relatórios que trouxe aqui,
referentes ao período tal. Mas eu posso disponibilizar tudo.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Não tem nem ordem de


grandeza de quanto faturou?

O SR. FREUD GODOY – Não. Temos imposto de renda declarado, isso não tem
problema nenhum.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Não há demanda judicial


entre vocês e a Bancoop e se há atraso de pagamento é no máximo de 30 dias?

O SR. FREUD GODOY – De 30, 60, 90 dias.

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – Um aparte?

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Um aparte ao Deputado


Vicente Cândido.

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – Ainda acho que é mais prático, Sr. Presidente,
pela CPI, até pelo bom andamento da CPI, o senhor solicitar cópia do contrato. Analisando o
contrato...
55

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Isso será feito,


independente de analisarmos a proposta do Deputado Waldir Agnello.

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – Estão querendo estender os trabalhos de


forma desnecessária. Analise os documentos, se houver dúvida, convoca quem tiver que
convocar.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Estou só avaliando que


talvez o Deputado tenha razão. Ainda nem me conjuguei.

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – Acho que o Presidente tem de coordenar os


trabalhos e dar celeridade aos trabalhos, dar credibilidade aos trabalhos. Acho que é mais
adequado para o senhor requisitar, a princípio, os documentos, cópia dos documentos. E
não, antes de qualquer coisa, querer convocar mais gente.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – O senhor está muito aflito


com a possibilidade...

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – Estou preocupado com a condução dos


trabalhos por V. Exa. O senhor, como Presidente, deveria dar mais e melhores exemplos. Só
isso.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Estou sentindo que o


senhor está com uma outra preocupação, porque foi uma hipótese levantada pelo Deputado,
que nós devemos deixar ele avaliar. Só isso. Foi uma manifestação.

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – Estou preocupado mais com a condução dos


trabalhos pelo Presidente da CPI.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Obrigado pela sua


preocupação e procuro fazer o máximo, estou procurando dar o máximo que eu posso.
56

O SR. WALDIR AGNELLO – PTB – Sr. Presidente, com a sua permissão, só para
lembrar ao Deputado Vicente Cândido que um dos depoentes aqui, foi muito questionado
pela bancada do Partido dos Trabalhadores por ele não ser associado da Bancoop e estar
respondendo. Ali vocês indagaram que ele não deveria sequer estar respondendo às
perguntas.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Pela ordem, Sr. Presidente.

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – Correto Deputado Waldir Agnello. Pergunta


para quem convocou.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – A palavra está comigo e


eu cedi um aparte ao Deputado Waldir Agnello. A palavra está com esta Presidência.

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – Se não acha que é adequado, pergunta para


quem convocou, para quem aprovou o requerimento.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Pela ordem, Sr. Presidente.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Pela ordem o Deputado


Vanderlei Siraque.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Então, agora Sr. Presidente, acho que eu


posso, sem me atrever, mas eu fiz uma questão de ordem ao Presidente da Comissão, e aí
criou um precedente. Ele disse que pode.
Está aqui a questão de ordem, inclusive me entregou depois do depoimento. Mas eu
entendo, porque nós aceitamos o depoimento passado, então teve aqui o Sr. Loyola Brandão,
teve o Sr. Marcos, e acho que foi interessante. Teve uma questão de ordem e nós acatamos a
questão de ordem e inclusive ouviremos também a artista Débora Secco, por pedido de V.
Exa., que vai ser muito importante o depoimento dela.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Então, devolvendo a


palavra a esta Presidência, eu continuo com a palavra.
57

O senhor fornecerá a cópia dos contratos e eu queria saber se na contratação o senhor


teve algum contato com algum diretor da Bancoop, no ato da contratação?

O SR. FREUD GODOY – No ato da contratação não, mas eu tive conversas, de


você ter ido lá na empresa, Ana Érnica, que era a pessoa que estava na época, mas nada
assim em relação ao serviço. Você está entrando com uma empresa nova.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Um aparte, Presidente? Quem assinou o contrato


pela Bancoop?

O SR. FREUD GODOY – Não sei, Deputado.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Não estava ali presente, não assinou? O senhor
não se recorda?

O SR. FREUD GODOY – Não, até porque quem assinou o contrato, da minha
parte, não seria eu. Seria a minha esposa ou o sócio. O contrato geralmente era celebrado,
não sei nem como foi essa assinatura. Geralmente, um contrato, Deputado, a gente envia
para o cliente, o cliente assina, devolve e nós assinamos e cada um fica com a sua parte. Não
é uma coisa que a gente senta ali, como um contrato de banco, na frente do gerente, e
assinam as duas partes.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – O senhor disse que não houve contato com
nenhum diretor, quando da assinatura.

O SR. FREUD GODOY – Aí já não sei, não tenho como responder essa pergunta
também. Entendi, Deputado, a pergunta como outra pergunta.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Eu fiz a pergunta se na


contratação, no ato, houve algum contato, se o senhor teve algum contato com algum diretor
no ato, na assinatura do contrato.

O SR. FREUD GODOY – Tivemos contato na contratação da Bancoop.


58

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Com quem?

O SR. FREUD GODOY – Com a Jeane, que foi a moça que nos atendeu na
Bancoop.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – O senhor, na sua


qualificação, se colocou com diretor. O senhor é diretor da Caso?

O SR. FREUD GODOY – Sim.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – O senhor se qualifica


como um diretor?

O SR. FREUD GODOY – Sim senhor.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Diretor o quê?

O SR. FREUD GODOY – Diretor da parte comercial.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – E o senhor não sabe valor


do contrato, não tem ideia de prazo do contrato?

O SR. FREUD GODOY – Não sei.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Não sabe quem assinou?

O SR. FREUD GODOY – Não sei. De cabeça assim não. Se o senhor perguntar
para a minha esposa, de cabeça ela também não vai saber. Mas a gente pode fornecer.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – De qualquer forma a gente


vai buscar o contrato.

O SR. FREUD GODOY – Não tem problema. Estou aqui para ajudar o senhor no
que for possível.
59

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Com a palavra o Deputado


Waldir Agnello.

O SR. WALDIR AGNELLO – PTB – O senhor levantou uma questão muito


importante. O depoente se identificou aqui como diretor, mas ele não faz parte da empresa.
Como explica-se isso?

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – O senhor é diretor desde


quando, da empresa?

O SR. FREUD GODOY – Posso explicar, Deputado?

O SR. WALDIR AGNELLO – PTB – Tente explicar, porque eu não consigo


entender.

O SR. FREUD GODOY – A empresa é da minha esposa.

O SR. WALDIR AGNELLO – PTB – Você se identificou aqui como diretor dessa
empresa.

O SR. FREUD GODOY – Eu posso explicar? O senhor permite que eu responda?


A empresa é da minha esposa. Eu faço parte, desde 2006, da empresa e toco a
empresa, operacionalmente e comercialmente. Eu não preciso, necessariamente, estar no
contrato social da empresa para eu me apresentar com uma função dentro da empresa. Eu
estaria mentindo aqui se eu me apresentasse pela empresa...

O SR. WALDIR AGNELLO – PTB – O senhor tem carteira assinada?

O SR. FREUD GODOY – Não tenho carteira assinada.

O SR. WALDIR AGNELLO – PTB – Como o senhor representa a empresa então?


60

O SR. FREUD GODOY – Da mesma forma que fui convocado para responder as
perguntas que os senhores indagaram até agora.

O SR. WALDIR AGNELLO – PTB – Confesso, queria que o senhor explicasse


como o senhor representa a empresa, se o senhor não é contratado pela CLT, se o senhor não
faz parte do contrato social dessa empresa. Tente me explicar.

O SR. FREUD GODOY – A partir do momento em que eu sou marido da dona, nós
temos um contrato de casamento que é de comunhão de bens. Comunhão de bens, os dois
têm metade de cada, de tudo que nós temos como patrimônio. A empresa faz parte do
patrimônio.
Eu não vejo problema algum, Deputado, se o senhor acha algum incômodo eu me
apresentar como diretor aqui, eu posso retificar a minha primeira fala e posso me apresentar
como marido da dona, se o senhor achar melhor.

O SR. WALDIR AGNELLO – PTB – A questão não é o que eu acho, mas o que é
realmente.

O SR. FREUD GODOY – Então eu não sou diretor. Desculpe. Eu sou marido da
dona.

O SR. WALDIR AGNELLO – PTB – Que toma conta da firma, é isso?

O SR. FREUD GODOY – Isso.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB –Mas exerce uma função,


desempenha uma função, que o senhor considera, na área comercial e operacional?

O SR. FREUD GODOY – Sim senhor.

O SR. WALDIR AGNELLO – PTB – E esse diretor comercial e operacional não


sabe nos informar valores, não sabe nos informar nada, mas tem um monte de documentos
com ele. Acho que o senhor está brincando conosco, desculpe.
61

O SR. FREUD GODOY – Fui chamado a vir aqui.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Mais uma pergunta. O


senhor se recorda, ou sabe, obviamente o senhor não é obrigado, mas saberia dizer se a
diretoria da Bancoop fez, licitação obviamente que não, nem era obrigação, mas fez alguma
cotação com outras empresas, o senhor participou de alguma concorrência ou o senhor acha
que foi uma contratação absolutamente direta?

O SR. FREUD GODOY – É uma pergunta que só quem pode responder isso,
Deputado, eu não sei, é só a Bancoop. Pela Caso, algumas coisas eu consigo responder,
agora pela Bancoop eu não posso.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – O senhor não sabe


responder se houve uma contratação direta ou se houve uma concorrência, uma cotação com
outras empresas? O senhor não sabe responder? O senhor só sabe que o senhor foi
contratado.

O SR. FREUD GODOY – Sem dúvida.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – O senhor tinha


conhecimento do que foi lido aqui pelo Deputado Chico Sardelli, de que mesmo com
procuração o senhor não poderia ter participado?

O SR. FREUD GODOY – Não senhor.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – O senhor acabou indo,


achando, acreditando que com uma procuração, o senhor poderia?

O SR. FREUD GODOY – E levei a procuração. Senão, não teria levado. E foi
aceita.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Pode ter outros casos


como o do senhor, que a pessoa até saiba, mas tenta participar até para fazer uma fraude.
Então, o senhor não tinha conhecimento?
62

O SR. FREUD GODOY – Não tinha conhecimento.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Um aparte ao Deputado


Bruno Covas.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Se o senhor sabe, verificou, se outras pessoas


também votavam por procuração?

O SR. FREUD GODOY – Também não tenho como saber isso, Deputado. É a
administração da assembleia, a Bancoop.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – O senhor se recorda de


quantas assembleias o senhor participou, se foi de uma, duas, uma ordem de grandeza?

O SR. FREUD GODOY – Uma ordem de grandeza, um número correto, exato eu


não sei, mas pelo menos umas três assembleias eu lembro de ter presenciado.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Com procuração sempre?

O SR. FREUD GODOY – Com procuração, uma.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – E as outras?

O SR. FREUD GODOY – Fui à assembleia, compareci lá, mas não para participar
da assembleia.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Chegou a votar?

O SR. FREUD GODOY – Para votar, não.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Nunca votou, só nesse


caso, especificamente?
63

O SR. FREUD GODOY – Sim.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Um aparte, de novo.


As assembleias eram abertas, quer dizer, qualquer um entrava?

O SR. FREUD GODOY – A assembleia não é aberta, não estou falando que estive
lá dentro da assembleia, mas compareci no local em que estava tendo a assembleia. As
assembleias, geralmente, eram na quadra do Sindicato dos Bancários. Por vez ou por outra,
estou passando por lá para dar uma olhada no que está acontecendo, tenho até o serviço, a
gente pega e está ali junto. Mas não de eu estar lá participando.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – O senhor dava uma olhada de fora?

O SR. FREUD GODOY – Sim. Como é montado ali, você tem uma parte que é um
estacionamento do lado, onde eles montam ali e as pessoas ficam ali e depois que dão acesso
à quadra.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Então, participar efetivamente de uma


assembleia, só uma vez?

O SR. FREUD GODOY – Só uma.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – O senhor presta serviço à


Bancoop. O senhor tem conhecimento que a Bancoop se encontra hoje em dificuldades
financeiras?

O SR. FREUD GODOY – Sim, não só hoje, como um tempo atrás também.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – O senhor tem


conhecimento desde quando?

O SR. FREUD GODOY – Desde 2005, que começaram os problemas.


64

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – O senhor tem


conhecimento das dificuldades financeiras que a Bancoop está passando.
O senhor conhece Valdebran?

O SR. FREUD GODOY – Não.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Nunca viu?

O SR. FREUD GODOY – Nunca vi.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Jedimar?

O SR. FREUD GODOY – Conheço.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Conhece desde quando?

O SR. FREUD GODOY – O Jedimar conheci em 2006. Estive com ele duas vezes
no mês de junho, julho. Quando o conheci, executamos um serviço e só, mais nada. Nunca
mais o vi na minha vida.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Hamilton Lacerda, o


senhor conhece?

O SR. FREUD GODOY – Não conheço.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Nunca o viu?

O SR. FREUD GODOY – Já o vi em televisão, mas pessoalmente não.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – O senhor já prestou


serviços aos Sindicato dos Bancários?

O SR. FREUD GODOY – Presto serviços ao Sindicato dos Bancários até hoje, a
Caso.
65

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Desde quando?

O SR. FREUD GODOY – A Caso, a partir dela formada, mas a gente trabalha no
sindicato desde 1992.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Desde 1992 o senhor


presta serviços ao sindicato. Serviços de?

O SR. FREUD GODOY – De segurança.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – E era pessoa física ou


jurídica?

O SR. FREUD GODOY – Pessoa jurídica. Era uma outra empresa que nós
tínhamos, Cops Serviços de Vigilância. Mas era uma empresa que não era regulamentada.
Nós prestávamos serviços de forma irregular, e a partir de 2003 que a gente regulamentou,
que se cria a Caso, que se cria uma empresa regulamentada.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Vocês tinham uma


empresa que era irregular de 1992 até?

O SR. FREUD GODOY – Até 2003.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – E o senhor prestava


serviços só para o sindicato, de 1992 a 2003?

O SR. FREUD GODOY – A outras pessoas também, mas todos contratos pequenos
porque, pelo fato de você trabalhar irregular, você fica num mercado pequeno.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Prestava serviços para o


Sindicato dos Bancários e para algum partido político?

O SR. FREUD GODOY – Prestava para o PT, em algumas campanhas.


66

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Com essa empresa?

O SR. FREUD GODOY – Com essa empresa.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Como era o nome dessa


empresa?

O SR. FREUD GODOY – Cops Serviços de Vigilância. Está inativa há mais de dez
anos.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Um aparte?

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Um aparte.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Essa prestação de serviços da Cops a campanhas


eleitorais, elas se deram com registro dos valores na contabilidade da campanha?

O SR. FREUD GODOY – Nas que nós prestamos, sim. Mas eram campanhas, você
não fazia uma campanha inteira. Quando você tinha uma campanha para Prefeito, você
precisava fazer algum evento. A gente participava dos eventos, mas não tinha
acompanhamento de pessoas.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Tinha um registro na contabilidade da


campanha?

O SR. FREUD GODOY – Acredito que sim. Aí eu já não sei. Eu posso responder
pela nossa empresa. Pela empresa dos outros eu já não tenho conhecimento.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – O senhor sabe quais campanhas e quais eventos?

O SR. FREUD GODOY – Campanha de 1996. A gente fazia no Brasil todo, A


gente fazia vários eventos. O Partido dos Trabalhadores Nacional tinha vários eventos,
comícios.
67

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – O senhor era contratado pelas campanhas ou


pelo partido?

O SR. FREUD GODOY – Pelo partido. Ele colocava a gente para fazer as
campanhas. Tinha campanha em São Bernardo, ia ter um comício em São Bernardo, a gente
ia lá, organizava o comício. Vai ter um comício em Campinas, ia lá e organizava o comício
em Campinas. Vai ter um comício em Jundiaí, ia lá e organizava o comício em Jundiaí.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Então era um serviço prestado para a campanha,
mas pago pelo partido e não pela campanha?

O SR. FREUD GODOY – Pelo Partido dos Trabalhadores.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – O senhor disse que a Caso


nunca prestou serviços à Prefeitura de Santo André, mas o senhor como pessoa física
também não?

O SR. FREUD GODOY – Nem física e nem jurídica. As pessoas confundem,


acham que eu sou de Santo André. Eu não sou de Santo André. Eu sou de São Paulo.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – O senhor conhece Sérgio


Gomes da Silva?

O SR. FREUD GODOY – Não sei quem é. Não conheço.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – O Sombra?

O SR. FREUD GODOY – Não conheço.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Nunca viu?

O SR. FREUD GODOY – Não.


68

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – O senhor afirmou aqui que


recebeu, só para entender, recursos da empresa do Marcos Valério.

O SR. FREUD GODOY – Da SMP&B.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Fez a campanha de 2002 e


depois?

O SR. FREUD GODOY – Teve os eventos novembro e dezembro de 2002 e o


pagamento foi efetuado pela SMP&B em janeiro de 2003.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – O senhor se considera um


militante do PT, de partido político?

O SR. FREUD GODOY – Considero. Hoje os militantes não são mais, hoje a gente
é tudo low profile.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – O senhor disse que nunca


doou dinheiro às campanhas, recursos, nem a empresa, nunca doou recursos ao PT, mas o
trabalho voluntário sim, sempre participou?

O SR. FREUD GODOY – Trabalho voluntário sempre.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Diretores da Bancoop, o


senhor conhecia algum diretor da Bancoop? Berzoini foi diretor, conhece?

O SR. FREUD GODOY – Conheço.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Desde quando?

O SR. FREUD GODOY – O Deputado, desde o sindicato, em 1992.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Luis Malheiro?


69

O SR. FREUD GODOY – Eu acho que ele aparece em 1995, 1994.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – O senhor teve


relacionamento enquanto era diretor?

O SR. FREUD GODOY – Tive conversas.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Amizade?

O SR. FREUD GODOY – Nunca fui amigo dele. Mas conversas.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – João Vaccari?

O SR. FREUD GODOY – Também a mesma coisa.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Os diretores o senhor já


conhecia antes da Bancoop alguns deles?

O SR. FREUD GODOY – Sim. O Luiz Malheiro é de 1994, que ele entra no
sindicato e depois que monta a Bancoop. Lembro dele de 1994.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – O senhor teve, no


Sindicato dos Bancários, alguma participação, algum cargo, alguma função?

O SR. FREUD GODOY – Não. Só prestador de serviços. Trabalhava na CMTC na


época e prestava serviços no sindicato.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Com a palavra o Deputado


Bruno Covas.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Só duas perguntas. Esse serviço pago pela
SMP&B, em 2002, não foi um serviço prestado pela Caso?

O SR. FREUD GODOY – Não.


70

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Foi pela Cops?

O SR. FREUD GODOY – Não. Isso já era uma outra empresinha que a gente tinha,
que era Caso Comércio de Serviço. Era uma empresa que a gente estava criando para entrar
no ramo de clubes, porque a gente estava tomando conta de um clube na época, e ia tentar
trabalhar com produto químico, piscina e tal. Mas prestava serviços também.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Uma empresa de produto químico, de piscina,


prestou serviço de segurança na campanha?

O SR. FREUD GODOY – Sim.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Também de forma irregular?

O SR. FREUD GODOY – De forma irregular.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Só para entender. O senhor disse que tem
conhecimento que a Bancoop passa por dificuldades financeiras, mas disse que não há
atraso, nenhuma dívida, a não ser de 30, 60 dias, da Bancoop com a Caso. O senhor tem,
portanto, muita sorte, porque o atraso financeiro não é com a Caso, é com outras obras.

O SR. FREUD GODOY – Tomara. Não sei se as outras também, não sei como são
as outras prestadoras, se está tudo em dia ou não. Posso falar pela Caso.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Os empreendimentos não estão em dia.

O SR. FREUD GODOY – Os empreendimentos nós também pagamos e também


não recebemos.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Só para contribuir. O


senhor disse que de 2003 a 2006 trabalhava com a família do Presidente Lula, com o
Presidente e com a Primeira Dama, obviamente em Brasília.
71

O SR. FREUD GODOY – Sim.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – E isso lhe tomava,


obviamente, um certo tempo?

O SR. FREUD GODOY – Bastante.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Viajava com eles?

O SR. FREUD GODOY – Não. Depois que ele assumiu, poucas viagens.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Mas chegou a viajar com


eles?

O SR. FREUD GODOY – Sim.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – E como fazia para


administrar? Quem era a pessoa principal na administração dos serviços da Caso ou das
outras empresas?

O SR. FREUD GODOY – Como falei para o senhor, a nossa empresa tem a nossa
hierarquia. Nós temos a parte de supervisão, temos a parte financeira, temos a parte
operacional.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – O senhor sempre


acompanhou esse trabalho, se considerava um diretor?

O SR. FREUD GODOY – Hoje em dia com a internet, com comunicações, a gente
tem muita facilidade de estar em outros lugares e acompanhando o que está acontecendo.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Mais algum Deputado


gostaria de fazer uso da palavra? (Pausa) Então considero encerrado o depoimento do Sr.
Freud Godoy. Agradeço muito a presença do senhor, obrigado pela sua contribuição aos
nossos trabalhos.
72

O SR. FREUD GODOY – Eu que agradeço e me coloco à disposição. Se o senhor


quiser que nós retornemos, não tem problema nenhum e estamos à disposição desta
Comissão.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Obrigado pela sua


disponibilidade e pela sua disposição em colaborar com a CPI. Obrigado.
Dando sequência aos nossos trabalhos, convido então para que se assente ao meu
lado direito, o Sr. Luiz Ricardo do Carmo está presente? (Pausa) Não estando presente,
convido o Sr. Valter Amaro a se sentar ao nosso lado direito.
Passo à leitura do texto que contém o embasamento legal para a oitiva.
“O senhor foi convocado a comparecer a esta CPI, constituída pelo Ato nº 13, de
2010, com a finalidade de investigar supostas irregularidades e fraudes praticadas contra
cerca de três mil mutuários da Cooperativa Habitacional dos Bancários do Estado de São
Paulo – BANCOOP, e propor soluções para o caso. E como testemunha, com fundamento
no art. 213 e 218, ambos do Código de Processo Penal, combinado com o § 2º do art. 3º da
Lei Estadual nº 11124, de 10 de abril de 2002, bem como as demais normas constitucionais
e infraconstitucionais aplicáveis à espécie, cumpre-nos adverti-lo que deve dizer a verdade,
não podendo fazer afirmações falsas, calar ou negar a verdade a respeito dos fatos do seu
conhecimento, por incorrer em crime previsto no art. 4º, inciso II da Lei Federal nº 1579, de
18 de março de 1952.”
Gostaria de me dirigir a V. Sa. para que pudéssemos fazer o termo de qualificação.
Vou perguntar ao senhor: Nome completo.

O SR. VALTER AMARO DA SILVA – Valter Amaro da Silva.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Idade?

O SR. VALTER AMARO DA SILVA – Quarenta e sete anos.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Estado civil?

O SR. VALTER AMARO DA SILVA – Casado.


73

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Endereço da residência?

O SR. VALTER AMARO DA SILVA – Moro na casa de amigos.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Profissão?

O SR. VALTER AMARO DA SILVA – Empreiteiro de obras.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Função no trabalho?

O SR. VALTER AMARO DA SILVA – Fazendo bicos.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – O senhor tem algum


parentesco com diretores da Bancoop, com alguém, Deputados?

O SR. VALTER AMARO DA SILVA – Não senhor.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Peço a V. Sa. a gentileza


de relatar o que souber, explicando sempre as razões de sua ciência ou as circunstâncias
pelas quais nós possamos avaliar a credibilidade dos fatos. Passo-lhe também para que seja
lido o termo de compromisso do depoente.

O SR. VALTER AMARO DA SILVA – “Sob minha palavra de honra prometo


dizer a verdade do que souber e me for perguntado, relacionado com a investigação a cargo
desta Comissão Parlamentar de Inquérito.”

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Nós temos o procedimento


de dar ao depoente algo em torno de 10 minutos para que ele se manifeste, diga como
conheceu a Bancoop, o que o levou a trabalhar lá, enfim, ficar bem à vontade para dizer o
que ele conhece dos fatos relacionados à cooperativa. O senhor fique à vontade.

O SR. VALTER AMARO DA SILVA – Pode fazer as perguntas.


74

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Com a palavra o Deputado


Roberto Morais.

O SR. ROBERTO MORAIS – PPS – Obrigado Sr. Presidente. Saudamos os


Deputados, pessoas presentes, o Valter Amaro pela presença aqui.
Sr. Valter, como o senhor conheceu a Bancoop?

O SR. VALTER AMARO DA SILVA – Eu conheci a Bancoop por intermédio do


engenheiro Luiz Ricardo.

O SR. ROBERTO MORAIS – PPS – O senhor sabe qual é hoje a situação atual
dos empreendimentos da Bancoop? O senhor tem conhecimento disso?

O SR. VALTER AMARO DA SILVA – Sei sim senhor.

O SR. ROBERTO MORAIS – PPS – O senhor poderia explicar para a gente o que
o senhor sabe?

O SR. VALTER AMARO DA SILVA – Pelo que estou sabendo, pelo que já
passou na televisão, que eles estão cobrando aporte, sendo que tem muitas pessoas que já
pagaram o apartamento, e tem gente que nem está morando no apartamento e eles estão
cobrando.

O SR. ROBERTO MORAIS – PPS – O senhor já prestou serviços para alguma


empresa de Santo André?

O SR. VALTER AMARO DA SILVA – Não senhor.

O SR. ROBERTO MORAIS – PPS – Nenhuma empresa ou o senhor não se


recorda?

O SR. VALTER AMARO DA SILVA – Não. Sempre para a Bancoop.

O SR. ROBERTO MORAIS – PPS – O senhor conheceu o Sr. Celso Daniel?


75

O SR. VALTER AMARO DA SILVA – Não senhor.

O SR. ROBERTO MORAIS – PPS – Nunca prestou serviços?

O SR. VALTER AMARO DA SILVA – Não.

O SR. ROBERTO MORAIS – PPS – E o Sr. Ricardo Luiz do Carmo, o senhor


conhece?

O SR. VALTER AMARO DA SILVA – Conheço muito bem, há mais de 20 anos.

O SR. ROBERTO MORAIS – PPS – Qual a relação que o senhor tinha com ele, ou
ainda tem?

O SR. VALTER AMARO DA SILVA – Tenho até hoje. Eu fui funcionário do


Ricardo durante 15 anos. Trabalhei como encarregado de obra para ele. Foi assim que ele
me chamou para prestar serviço na Bancoop. Ele pediu para eu abrir uma empresa porque eu
ia tocar pintura lá na Bancoop. Foi assim que tudo começou.

O SR. ROBERTO MORAIS – PPS – Qual era a função dele lá?

O SR. VALTER AMARO DA SILVA – Coordenador.

O SR. ROBERTO MORAIS – PPS – Do quê?

O SR. VALTER AMARO DA SILVA – Coordenador das obras.

O SR. ROBERTO MORAIS – PPS – A notas fiscais que a sua empresa emitiu
contra a Bancoop, eram nos valores dos serviços prestados ou o Sr. Ricardo do Carmo
determinava que essa emissão de notas tivesse valores diferenciados, distintos?

O SR. VALTER AMARO DA SILVA – Não. Ele determinava.


76

O SR. ROBERTO MORAIS – PPS – Determinava o quê?

O SR. VALTER AMARO DA SILVA – Sobre as notas frias. Ele determinava o


valor, de quanto era.

O SR. ROBERTO MORAIS – PPS – O que são as notas frias? Como era isso?

O SR. VALTER AMARO DA SILVA – O esquema das notas frias era assim, teve
uma vez ele chegou em mim e falou assim: Valtão...

O SR. ROBERTO MORAIS – PPS – Ele o chamava de Valtão?

O SR. VALTER AMARO DA SILVA – Até hoje. Todo mundo me chama de


Valtão. Ele falou: Valtão, você vai em tal obra, você vai fazer uma nota num valor assim,
chega lá pede para o engenheiro me ligar que eu autorizo. Você vai fazer a nota, vai levar na
Bancoop, aí depois de dois ou três dias você vai lá pegar o cheque, você vai depositar o
cheque, você vai trocar o cheque e vai depositar na conta do Hélio Malheiro.
Isso aconteceu umas quatro ou cinco vezes.

O SR. ROBERTO MORAIS – PPS – O senhor não prestava o serviço, mas emitia
nota, é isso?

O SR. VALTER AMARO DA SILVA – Sim senhor.

O SR. ROBERTO MORAIS – PPS – O senhor lembra valores dessas notas?

O SR. VALTER AMARO DA SILVA – Lembro só umas duas notas, o resto não
lembro. Sei que foi umas duas vezes de cinco mil reais.

O SR. ROBERTO MORAIS – PPS – Foram quantas vezes?

O SR. VALTER AMARO DA SILVA – Umas quatro ou cinco vezes.

O SR. ROBERTO MORAIS – PPS – E o dinheiro o senhor entregava para quem?


77

O SR. VALTER AMARO DA SILVA – O esquema era assim, eu ia lá, pegava o


dinheiro, entrava na minha conta e pegava o dinheiro e já depositava na conta do Hélio, aí eu
tinha de ligar para o Hélio dizendo que o dinheiro já estava na conta. Ele falava: Valeu
Valtão, valeu amigão. Era esse o esquema dos caras.

O SR. ROBERTO MORAIS – PPS – Essa era a forma de pagamento. O senhor


emitia nota fria, entrava o dinheiro na sua conta e passa para a conta do Hélio?

O SR. VALTER AMARO DA SILVA – Sim senhor.

O SR. ROBERTO MORAIS – PPS – Ou dava o dinheiro para ele?

O SR. VALTER AMARO DA SILVA – Depositava na conta dele, uma caderneta


de poupança que ele tinha.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Um aparte, Deputado?


O Hélio Malheirom Sr. Presidente, é quem veio encapuzado aqui na semana passada,
protegido por 12 policiais, não é isso? E o cara pegava dinheiro do senhor. Qual o valor?
Uma pessoa chegou aqui encapuzada, numa sessão secreta inusitada, porque a
palavra dele era ouvida por todas as pessoas, protegido por 12 policiais mais alguns da
Assembleia e ele recebia dinheiro do senhor na conta?

O SR. VALTER AMARO DA SILVA – Sim senhor. É verdade.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Esse que está sendo protegido. Quanto que
ele recebeu do senhor, quantas vezes?

O SR. VALTER AMARO DA SILVA – Umas quatro vezes.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Qual o valor?

O SR. VALTER AMARO DA SILVA – Umas duas vezes foi de cinco mil reais.
As outras vezes não estou lembrado. Cinco mil cada nota, duas vezes eu fiz isso. As outras,
78

os valores já foram bem menos. Sei que tudo, dá um valor de mais ou menos 16 a 20 mil
reais.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – E ele falava: Valeu Valtão?

O SR. VALTER AMARO DA SILVA – Isso.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – O Hélio ficava contente, triste, com a


notícia?

O SR. VALTER AMARO DA SILVA – Ficava contente. Quem não ia ficar,


Deputado?

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – O senhor trabalhava na pintura e ele


recebia na conta dele?

O SR. VALTER AMARO DA SILVA – É verdade.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – O senhor tem o número da conta em que


era depositado?

O SR. VALTER AMARO DA SILVA – Hoje não lembro mais. Eu tinha até pouco
tempo o recibo, mas joguei fora. Eu estava com os depósitos e mudei e joguei fora um
monte de papel, e foi junto também.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – O senhor depositou e dinheiro, em cheque?

O SR. VALTER AMARO DA SILVA – Em dinheiro. Depositava na minha conta,


já sacava e depositava na conta dele.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Imagine, Deputado, um cara protegido por


12 policiais no Programa de Proteção à Testemunha, e recebia dinheiro. O senhor
trabalhava. Esse é o país.
79

O SR. ROBERTO MORAIS – PPS – Concedo um aparte do Deputado Chico


Sardelli.

O SR. CHICO SARDELLI – PV – Só para poder entender, Sr. Valter, o senhor não
prestava serviços? Fazia um favor a um engenheiro, emite uma nota aí? O senhor sabe que
essa nota era fria?

O SR. VALTER AMARO DA SILVA – Vou ser honesto. Naquele tempo eu era
meio inocente e não sabia não.

O SR. CHICO SARDELLI – PV – Mas o serviço não existia?

O SR. VALTER AMARO DA SILVA – Não existia.

O SR. CHICO SARDELLI – PV – O que existia era uma nota, onde o senhor
recebia da Bancoop por essa nota fiscal. O dinheiro o senhor pegava e depositava na conta
dessa pessoa?

O SR. VALTER AMARO DA SILVA – É isso.

O SR. CHICO SARDELLI – PV – Então o serviço, de fato, não existia?

O SR. VALTER AMARO DA SILVA – Não existia.

O SR. CHICO SARDELLI – PV – Obrigado Deputado Roberto.

O SR. ROBERTO MORAIS – PPS – Esse dinheiro ficava na conta dele ou ele
repassava para alguém?

O SR. VALTER AMARO DA SILVA – Isso é uma coisa que não posso falar para
o senhor, porque não sei.

O SR. CHICO SARDELLI – PV – Estava na poupança.


80

O SR. ROBERTO MORAIS – PPS – Qual a justificativa que o Sr. Ricardo do


Carmo dava para essas operações? O que ele falava para o senhor?

O SR. VALTER AMARO DA SILVA – Eles falavam que era para ajudar na
campanha do Lula. Olha Valtão, você vai lá, vai tirar essa nota aí, para a gente dar uma força
para os caras, entendeu? Porque o Lula, o homem ganhando, vai ter bastante serviço para a
gente.

O SR. ROBERTO MORAIS – PPS – Quem falava isso?

O SR. VALTER AMARO DA SILVA – O Ricardo. Ainda pedia para a gente falar
para os funcionários da gente votar no PT ainda.

O SR. ROBERTO MORAIS – PPS – Que o dinheiro ia para o Lula, para a


campanha do Lula?

O SR. VALTER AMARO DA SILVA – Sim senhor.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – E avisaram o Lula, será? Teve mais


serviço depois o que Lula ganhou, ou não?

O SR. VALTER AMARO DA SILVA – Por pouco tempo teve sim.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Com a palavra o Deputado


Roberto Morais.

O SR. ROBERTO MORAIS – PPS – Em cima da pergunta do Deputado Siraque,


vocês continuam fazendo obras, aumentou o serviço depois que o Lula virou Presidente?

O SR. VALTER AMARO DA SILVA – Até os diretores de lá, enquanto eles


estavam vivos, tinha bastante serviço. Depois que eles morreram, acabou tudo.

O SR. ROBERTO MORAIS – PPS – Um aparte ao Deputado Ricardo Montoro.


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O SR. RICARDO MONTORO – PSDB – Valtão, desculpe, Valter Amaro da Silva,


a firma que o senhor abriu permanece aberta até hoje?

O SR. VALTER AMARO DA SILVA – Sim senhor.

O SR. RICARDO MONTORO – PSDB – Ela está em situação legal em termos de


impostos, em termos de recolhimento de imposto de renda, de impostos devidos à emissão
da nota?

O SR. VALTER AMARO DA SILVA – Não senhor.

O SR. RICARDO MONTORO – PSDB – Não está?

O SR. VALTER AMARO DA SILVA – Não sei.

O SR. RICARDO MONTORO – PSDB – Quando o senhor depositava cinco mil,


na sua conta, em cheque, e retirava, o senhor retinha algum tipo de dinheiro para justamente
o pagamento desses impostos?

O SR. VALTER AMARO DA SILVA – Aí era o seguinte, já vinham descontados


todos os impostos. A Bancoop já descontava os impostos.

O SR. ROBERTO MORAIS – PPS – Era limpo na sua mão o dinheiro?

O SR. VALTER AMARO DA SILVA – Não. Era nota de cinco mil, mas
descontava todo o imposto. Vinha três mil e pouco, coisa assim.

O SR. RICARDO MONTORO – PSDB – A Bancoop retinha o imposto?

O SR. VALTER AMARO DA SILVA – Sim.

O SR. ROBERTO MORAIS – PPS – O senhor conheceu o Sr. Luis Malheiro?

O SR. VALTER AMARO DA SILVA – Conheci.


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O SR. ROBERTO MORAIS – PPS – Como o senhor conheceu?

O SR. VALTER AMARO DA SILVA – Conheci através das obras, porque ele era
uma pessoa simples, que em geral cumprimentava a gente. Foi assim que conheci ele.

O SR. ROBERTO MORAIS – PPS – O senhor tinha algum contato com ele, teve
contato financeiro também?

O SR. VALTER AMARO DA SILVA – Não senhor. Isso não.

O SR. ROBERTO MORAIS – PPS – Quais as empresas que prestavam serviço de


engenharia à Bancoop, o senhor se lembra?

O SR. VALTER AMARO DA SILVA – Não lembro.

O SR. ROBERTO MORAIS – PPS – Nenhuma?

O SR. VALTER AMARO DA SILVA – Tinha muita empresa que prestava serviço
lá. Tinha a Forma, Irmãos Peruzo, sei que tinha bastantes empresas. Mas agora não lembro.

O SR. ROBERTO MORAIS – PPS – O senhor disse que mora em casa de amigos?

O SR. VALTER AMARO DA SILVA – Sim senhor.

O SR. ROBERTO MORAIS – PPS – Como é isso? Algum amigo cedeu a casa
para o senhor morar?

O SR. VALTER AMARO DA SILVA – Sim senhor, porque a Bancoop me


quebrou. Eu fiquei doente, tive derrame. Eu não tinha pressão alta, hoje eu tenho. E ficaram
me devendo um bom dinheiro. Eu quebrei e tive de vender tudo que tinha para pagar
funcionário. Hoje eu tenho oito ações trabalhistas ainda, que não pude pagar, nem tenho
como pagar, e estou tentando assim, doutor, estou começando tudo de novo.
83

O SR. ROBERTO MORAIS – PPS – Obrigado, Sr. Presidente.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Pela ordem, com a palavra


o Deputado Vicente Cândido.
Só quero agradecer a presença do líder do PT, Deputado Antonio Mentor.

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – Só queria entender, do jeito que o senhor


respondeu ao Deputado Chico Sardelli, dá a entender que o senhor não era prestador de
serviços para a Bancoop. O senhor apenas tirou notas frias? Então o senhor tinha um
contrato de prestação de serviços com a Bancoop e requisitaram do senhor, algumas vezes,
notas extraordinárias além do serviço?

O SR. VALTER AMARO DA SILVA – Sim senhor.

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – O senhor já trabalhava com o engenheiro


Ricardo Luiz antes da Bancoop?

O SR. VALTER AMARO DA SILVA – Sim, trabalhava.

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – O senhor trabalhava com ele e ele convidou o


senhor para trabalhar na Bancoop?

O SR. VALTER AMARO DA SILVA – Eu abri uma empresa para trabalhar na


Bancoop.

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – Para fazer pinturas nos prédios?

O SR. VALTER AMARO DA SILVA – Exatamente.

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – Qual o tamanho da equipe que o senhor


coordenava?

O SR. VALTER AMARO DA SILVA – Cheguei a ter 40 funcionários.


84

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – E eventualmente, durante umas cinco vezes,


ele requisitou que o senhor tirasse uma nota extraordinária, além dos serviços?

O SR. VALTER AMARO DA SILVA – Sim senhor.

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – Que somam, mais ou menos, 20 mil reais,


como o senhor falou?

O SR. VALTER AMARO DA SILVA – Sim senhor.

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – E depositava na conta do?

O SR. VALTER AMARO DA SILVA – Do Hélio.

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – E a relação do senhor com o engenheiro


Ricardo era boa e continua boa até hoje?

O SR. VALTER AMARO DA SILVA – Sim senhor.

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – Ele nunca pediu nenhum favor para ele,
apenas esse pedido para tirar essa nota e depositar o dinheiro na conta do Hélio?

O SR. VALTER AMARO DA SILVA – Correto.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Pela ordem o Deputado


Vanderlei Siraque.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Em que bairro o senhor mora? O senhor


mora em São Paulo?

O SR. VALTER AMARO DA SILVA – Em São Paulo sim senhor.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Como está a segurança lá no bairro? É


boa?
85

O SR. VALTER AMARO DA SILVA – Quem faz a segurança do bairro onde a


gente mora é a gente mesmo. Você andou direito, ninguém vai mexer com você.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Mas se não andou direito?

O SR. VALTER AMARO DA SILVA – Bandido tem em todo lugar.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Em que bairro é?

O SR. VALTER AMARO DA SILVA – Não gostaria de falar.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – É que o Hélio veio aqui com 12


seguranças, protegido pelo Estado. E o senhor depositou cinco mil reais quatro vezes na
conta dele, e ele ainda inventava que era para campanha de partidos políticos. E o senhor
está morando de favor, é isso?

O SR. VALTER AMARO DA SILVA – É.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – O senhor já prestou depoimento ao


Ministério Público sobre essa questão?

O SR. VALTER AMARO DA SILVA – Eles me chamaram lá.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – E o promotor falou o quê?

O SR. VALTER AMARO DA SILVA – Falou que era crime. Eu falei que nem
sabia. Depois que fui cair na real. Hoje eu não vou fazer mais, porque sei que é errado.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Mas o senhor foi ameaçado?

O SR. VALTER AMARO DA SILVA – Não senhor.


86

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Pela ordem o Deputado


Antonio Mentor.

O SR. ANTONIO MENTOR – PT – Só queria perguntar ao Sr. Valter Amaro, para


ficar bem claro para nós, o senhor depositava o dinheiro na conta do Sr. Hélio Malheiro?

O SR. VALTER AMARO DA SILVA – Sim senhor.

O SR. ANTONIO MENTOR – PT – O senhor mesmo fazia esse depósito?

O SR. VALTER AMARO DA SILVA – Eu mesmo fazia tudo isso.

O SR. ANTONIO MENTOR – PT – Era num banco?

O SR. VALTER AMARO DA SILVA – Era num banco.

O SR. ANTONIO MENTOR – PT – Sr. Presidente, o senhor Hélio Malheiro


mentiu a esta CPI. Ele afirmou aqui, respondendo a um questionamento meu, de que ele não
tinha conta corrente em banco. Tinha apenas a conta da empresa dele, e que, portanto, quero
que fique registrado, para constar no nosso relatório, que o depoente Hélio Malheiro mentiu
à CPI.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Deputado, só também para


contribuir, já que o senhor chegou agora, nós aprovamos um requerimento nesta Casa, hoje,
quebrando o sigilo fiscal...

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Não. Foi pedido vista.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – É o encaminhamento que


nós certamente queremos dar. É poder entrar nas contas que estão sendo mencionadas aqui.
Foi apreciado hoje, discutido esse requerimento, o Deputado Vanderlei Siraque pediu
vistas desse requerimento.
Pela ordem o Deputado Ricardo Montoro.
87

O SR. RICARDO MONTORO – PSDB – O Sr. Valter Amaro tem conhecimento


de que outras empresas também eram obrigadas a emitir nota fria?

O SR. VALTER AMARO DA SILVA – Olha Deputado, a gente via sim lá na obra
muito o pessoal comentando, que muita empresa fazia assim. Tanto é que muitas empresas
não abriram processo contra a Bancoop, tem muitos que chamei para vir aqui uma vez, os
caras quiseram até me bater, falaram que eu era louco, que eu ia para a cadeia, porque isso é
crime. Falei que tudo bem, posso até ir para a cadeia, mas eu fiz sem noção.

O SR. RICARDO MONTORO – PSDB – Quantas firmas você acha que poderiam
ter sido solicitadas a emitir notas frias? São várias?

O SR. VALTER AMARO DA SILVA – A gente via o comentário de empreiteiros,


mas nunca vi.

O SR. RICARDO MONTORO – PSDB – O senhor teve conhecimento com


alguma coisa relacionada a superfaturamento na compra de terrenos da Bancoop?

O SR. VALTER AMARO DA SILVA – Olha, ouvi comentário assim. O


comentário que ouvia lá é que o Tomaz comprava terreno por X e repassava para a Bancoop
por X.

O SR. RICARDO MONTORO – PSDB – Por X é igual. É X mais X, 2X?

O SR. VALTER AMARO DA SILVA – Ele comprava por 500 mil e vendia para a
Bancoop por 800 mil. Esse era o comentário que a gente ouvia. Tanto é que o Vaccari tirou
ele da Bancoop.

O SR. ROBERTO MORAIS – PPS – Quem fazia isso?

O SR. VALTER AMARO DA SILVA – O Sr. Tomaz. O comentário que a gente


ouvia.
88

O SR. RICARDO MONTORO – PSDB – Diretores das empresas prestadores de


serviços, e o senhor era uma delas, existiam várias, possuíam alguma relação familiar com
os diretores da Bancoop, que o senhor tenha conhecimento?

O SR. VALTER AMARO DA SILVA – Não senhor.

O SR. RICARDO MONTORO – PSDB – Estou satisfeito, Sr. Presidente.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Pela ordem o Deputado


Bruno Covas.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Sr. Valter, o senhor disse que recebia, portanto,
o valor da Bancoop referente às notas frias. O senhor recebia da Bancoop por qual conta, o
senhor sabe? Era pago em cheque ou era feito um depósito na sua conta?

O SR. VALTER AMARO DA SILVA – Eu pegava em cheque, o cheque era da


Caixa Econômica Federal.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – O senhor não sabe de que conta era esse
cheque?

O SR. VALTER AMARO DA SILVA – Do empreendimento da Mooca.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Não era de um caixa único da Bancoop, mas de
uma conta específica do empreendimento?

O SR. VALTER AMARO DA SILVA – Não, porque todas as obras tinham uma
conta.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – O senhor, quando prestou depoimento no


Ministério Público, o senhor disse ao promotor que estava sendo ameaçado, ou se sentia
ameaçado?

O SR. VALTER AMARO DA SILVA – Não. Isso não falei.


89

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Muito obrigado. Era só isso.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Mais algum Deputado


gostaria de fazer uso da palavra? (Pausa) Com a palavra o Deputado Waldir Agnello.

O SR. WALDIR AGNELLO – PTB – Eu achei muito pertinente a interpelação do


Deputado Mentor, quando disse que o Sr. Hélio Malheiro faltou com a verdade, ou mentiu a
esta CPI. Apenas para que não paire dúvida, queria perguntar ao Sr. Valter, embora o senhor
tenha dito que não se lembra do número da conta, ou talvez o senhor não tenha mais esse
registro, o senhor se lembra se foi em conta pessoal ou se foi em conta em nome da empresa,
de alguma empresa?

O SR. VALTER AMARO DA SILVA – Foi depositado na conta do Hélio. Ele


tinha uma caderneta de poupança.

O SR. WALDIR AGNELLO – PTB – Pessoal mesmo. Então reafirma a suspeita


que o Deputado Mentor levantou aqui.

O SR. ANTONIO MENTOR – PT – O senhor se recorda qual era o banco?

O SR. VALTER AMARO DA SILVA – Caixa Econômica Federal.

O SR. WALDIR AGNELLO – PTB – Achei importante fazer essa afirmação,


porque vai ao encontro de um interesse nosso, de que esse cidadão tenha mentido a esta CPI.
É só isso, Sr. Presidente. Obrigado.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Pela ordem o Deputado


Vanderlei Siraque.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Qual o ano em que o senhor fez o


depósito?

O SR. VALTER AMARO DA SILVA – Foi mais ou menos em 2000, eu acho.


90

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – E ele falava que era para campanha


presidencial, que foi em 2002?

O SR. ROBERTO MORAIS – PPS – Estava fazendo caixa já.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Estava fazendo uma poupança para a


campanha do PT e do Lula.

O SR. ROBERTO MORAIS – PPS – O Lula concorreu em várias eleições.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Foi antes, quando o Fernando Henrique


ainda era Presidente. Veja como é modesto, interessante, 20 mil reais para campanha, Sr.
Presidente. Então foi no ano 2000 até?

O SR. VALTER AMARO DA SILVA – Ano 2000 até 2020, Deputado.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Na caderneta de poupança do Hélio


Malheiro, que está com 12 seguranças, protegido pelo Estado. Foi com correção monetária e
juros.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Pela ordem o Deputado


Ricardo Montoro.

O SR. RICARDO MONTORO – PSDB – Para tentar esclarecer, de maneira muito


cordial, a dúvida que o Deputado Mentor levantou. Ele fala que tem poupança. E poupança
não é necessariamente conta corrente. Então ele pode ter dito que não tinha conta corrente,
mas tinha essa caderneta de poupança. Estou fazendo só uma observação, que pode ser
pertinente.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Pela ordem o Deputado


Antonio Mentor.
91

O SR. ANTONIO MENTOR – PT – Também para contribuir, se a minha memória


não me trair, eu perguntei se ele tinha conta em banco. Pode ser poupança ou conta corrente.
Ele disse que não. Essa que é a verdade.
Na verdade, todos nós sabemos aqui que aquele depoimento, com aquela parafernália
toda, fez parte de uma obra fantasiosa que passou pela cabeça dele, como foi o depoimento
anterior que fiz questão, Deputado Waldir Agnello, de conferir a Rodovia D. Pedro. Porque
ele nos disse aqui que quando estava sendo perseguido por um veículo e uma moto, ele,
numa manobra radical, atravessou de uma pista para outra. E eu passei lá.

O SR. RICARDO MONTORO – PSDB – É o Sr. Andy.

O SR. ANTONIO MENTOR – PT – São os dois depoimentos que considerei obra


de ficção.
Não há como, Deputado Montoro, alguém fazer essa travessia. Não há como. Eu já
conhecia a Rodovia D. Pedro, acho que todos nós aqui já passamos por lá, é um canteiro
longo, que tem um fosso bem significativo.
Então, não há como passar. Ele inventou essa história. É obra, ou de uma paranóia,
ou do desejo dele de ser o 007 da Bancoop.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Mais algum Deputado?

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – Sr. Presidente, terminados os trabalhos, eu


queria indagar do senhor sobre os trabalhos da semana que vem. Pode ser agora?

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Eu quero fazer algumas


perguntas ao convocado.
Primeiro eu quero discordar de qualquer tipo de julgamento precipitado com relação
às pessoas que tenham vindo depor nesta CPI. Até porque eu particularmente acho que no
fundo há uma certa coerência, um pouco, entre os depoimentos colocados aqui, em que pese,
muitos que sentaram aqui terem cometido crimes, serem criminosos.
Mas tem muita coerência, na medida em que o Sr. Valter coloca aqui, queria
inclusive que ele reafirmasse, que existia um esquema, um esquema fraudulento na
cooperativa. Essa é uma constatação.
92

Eram notas frias emitidas, serviços não prestados à cooperativa, das quais o Sr.
Valter acabou de confirmar, com uma certa ligação com o Hélio Malheiro, porque ele
depositava na conta do Hélio...

O SR. VALTER AMARO DA SILVA – É verdade.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Dinheiro de serviços não


prestados.

O SR. VALTER AMARO DA SILVA – Correto.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Pagos pela diretoria da


cooperativa, que lhe pagavam um serviço. Ou seja, diretores criminosos, porque pagavam
serviços que não eram feitos e o Hélio esteve aqui dizendo que empreiteiros, como o Valter,
depositavam na sua conta e ele sacava em dinheiro e entregava para o presidente, que era
irmão dele, que dizia a ele que eram para campanhas políticas do PT. Que dizia a ele.

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – O senhor está dando o veredito já, Sr.


Presidente?

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Não. Estou falando que eu


sou contra julgamento.

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – O senhor está julgando.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – O senhor já está fazendo julgamento.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Quem está fazendo


julgamento são vocês.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – V. Exa. tem de presidir os trabalhos.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Eu estou com a palavra.


93

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – Quem faz essas palavras?

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Essas palavras são do


Hélio Malheiro, que esteve sentado à esta mesa.

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – Estou entendendo que V. Exa. já está dando


um veredito.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Pelo contrário. Estou


evitando que haja um julgamento, porque nós acabamos de tentar aprovar um pedido de
quebra de sigilo fiscal e bancário dessas pessoas. Aí nós vamos começar realmente a julgar.
Então, eu aguardo ansiosamente as vistas, para que a gente possa apreciar esse
requerimento de quebra de sigilo fiscal e bancário, que vão possibilitar inclusive verificar
datas, o fluxo desses recursos, que ao nosso ver, ainda sem julgar, se constatam pelas
palavras do depoente, que disse que não só depositava na conta do Hélio, e o Hélio veio aqui
e disse que sacava em dinheiro, mas disse que recebia também esse aval do Sr. Ricardo, que
dizia o que para o senhor?

O SR. VALTER AMARO DA SILVA – Que era para eu depositar o dinheiro na


conta do Hélio Malheiro.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – E ele dizia que esse


dinheiro era para quê?

O SR. VALTER AMARO DA SILVA – Ele falava que era para a campanha do
Lula lá. Mas não sei se era verdade.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – É o que nós vamos apurar


no decorrer do processo.
Portanto, acho que ainda não há...

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – Agora entendi a preocupação do senhor.


94

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Não há nada o que se


julgar definitivamente, mas não dá...

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – Temos de ouvir as partes citadas aqui.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Estou tentando só...

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – É que o senhor fala num tom, Sr. Presidente,
que parecia que o senhor estava dando o veredito final da CPI.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – É uma impressão sua, mas


estou só pedindo muita prudência, Sr. Deputado, para que a gente tenha muita prudência
para ainda não julgar os depoentes nesta CPI, porque ainda nós temos uma caminho a
percorrer, que é o do sigilo bancário.

O SR. ANTONIO MENTOR – PT – Sr. Presidente, um aparte?

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Lógico.

O SR. ANTONIO MENTOR – PT – Apenas para também solicitar de V. Exa. que


também não julgue, porque na sua fala inicial disse “a diretoria criminosa da Bancoop”.
Então, pediria que o senhor retirasse essa parte da sua fala.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Acho que você tem toda a
razão e nós devemos apurar, no decorrer do processo, abrindo a quebra do sigilo fiscal e
bancário, e também verificando o grau de veracidade do depoente, que afirma aqui para nós
todos que prestava serviços...

O SR. VALTER AMARO DA SILVA – Para a Bancoop.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – E que recebia notas de


serviços não prestados.

O SR. VALTER AMARO DA SILVA – Sim senhor, correto.


95

O SR. ANTONIO MENTOR – PT – Ainda um aparte?


Para esclarecer, o Sr. Hélio Malheiro, quando esteve aqui, nos disse que era ele quem
recebia as notas fiscais e autorizava o pagamento das notas fiscais de quem enviava as notas
fiscais para a Bancoop e que esse dinheiro depois era depositado na conta dele mesmo, ou o
senhor também esqueceu disso?

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Não estou julgando, mas


vale uma profunda análise de todos os fatos que foram abordados aqui.

O SR. ANTONIO MENTOR – PT – Nós não podemos esquecer alguns e lembrar


de outros. Queremos lembrar de todos. Que a fala do Sr. Hélio Malheiro aqui foi clara para
todos nós ouvirmos. Ele era auxiliar administrativo, ele ficava na obra, ele que recebia os
materiais, ele que vistava as notas fiscais e encaminhava para a Bancoop, para pagamento. E
depois o dinheiro voltava para a conta dele. Esse é o esquema, esse é o giro do dinheiro que
foi colocado aí, segundo o depoimento do Sr. Hélio e do depoimento do Sr. Valter Amaro,
que está nos prestando depoimento aqui hoje.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Ou seja, segundo eles, fica


claro que havia um esquema, um esquema que fraudava a cooperativa.

O SR. ANTONIO MENTOR – PT – Exatamente. Estamos de acordo nisso. Havia


um esquema que fraudava a cooperativa. Quem são os responsáveis por isso? O que tudo
indica, o Sr. Hélio Malheiro era um deles, e novamente, aquele que veio aqui encapuzado,
protegido pelo Ministério Público, que fez aqui várias declarações.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Que disse inclusive que


ele...

O SR. ANTONIO MENTOR – PT – Deveria sair daqui preso, e não encapuzado.


Devia sair daqui preso, porque mentiu a esta CPI.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – O lugar do Hélio Malheiro é na cadeia, Sr.


Presidente, não ser protegido.
96

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Ele disse categoricamente


que cometeu crime. Ele também faz parte.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – É um criminoso sendo protegido, Sr.


Presidente.

O SR. RICARDO MONTORO – PSDB – Protegido pelo Ministério Público.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Sim. E não ter sido ouvido na sala ao lado.

O SR. ROBERTO MORAIS – PPS – Por isso a quebra do sigilo bancário deles.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Quebra do sigilo e às


vezes até proteção de algumas testemunhas dessas, que se dispõem realmente a falar.
Pela ordem o Deputado Ricardo Montoro.

O SR. RICARDO MONTORO – PSDB – Só queria saber, o Valter Amaro fez


depoimento ao Ministério Público. O senhor fez?

O SR. VALTER AMARO DA SILVA – Fiz sim senhor.

O SR. RICARDO MONTORO – PSDB – Ele se encontra na posse de V. Sa.?

O SR. VALTER AMARO DA SILVA – Está.

O SR. RICARDO MONTORO – PSDB – Seria possível que a CPI tivesse acesso a
esse documento? Se o senhor pudesse entregar ao Presidente?

O SR. VALTER AMARO DA SILVA – Posso.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Nós tiraremos cópia do


depoimento do Sr. Valter Amaro da Silva ao Ministério Público e ficará à disposição.
Pela ordem o Deputado Bruno Covas.
97

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Só mais uma dúvida da testemunha.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Eu ainda estou com a


palavra, mas lhe cedo um aparte.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Sr. Valter, quem preenchia as notas fiscais, era
V. Sa. ou era alguém da Bancoop?

O SR. VALTER AMARO DA SILVA – Meu contador.

O SR. ROBERTO MORAIS – PPS – Só um aparte, Presidente, é o último.


Sr. Valter, a gente comentava, o Deputado Waldir Agnello constatou, eu entendo que
o senhor errou, o senhor cometeu um crime. Mas pela sua origem, pela maneira como o
senhor está se expressando aqui, o senhor é uma pessoa extremamente humilde.

O SR. VALTER AMARO DA SILVA – Sou sim.

O SR. ROBERTO MORAIS – PPS – O senhor fez sem realmente saber o que
estava fazendo, é isso e hoje depende de amigos para morar?

O SR. VALTER AMARO DA SILVA – É verdade. Eu nem sabia o que estava


fazendo. Se me mandasse fazer nota de um milhão, eu ia fazer. Não estava nem sabendo.

O SR. ROBERTO MORAIS – PPS – Não ficava nada com o senhor?

O SR. VALTER AMARO DA SILVA – Não senhor, nada. Eles descontavam os


impostos e ia tudo para a conta do Hélio.

O SR. ROBERTO MORAIS – PPS – O senhor fazia obras na Bancoop?

O SR. VALTER AMARO DA SILVA – Trabalhei lá nove anos.

O SR. ROBERTO MORAIS – PPS – Mas lá o senhor recebeu?


98

O SR. VALTER AMARO DA SILVA – Recebi, mas eles estão me devendo 300 e
poucos mil reais, que não pagaram até hoje e falaram que não iam pagar.

O SR. ROBERTO MORAIS – PPS –O senhor comprou apartamento lá também?

O SR. VALTER AMARO DA SILVA – Eu peguei um apartamento lá no valor de


retenção, só que eles estão querendo me tomar o apartamento.

O SR. RICARDO MONTORO – PSDB – Pela ordem, Sr. Presidente.


Quem indicou o contador que o senhor disse que emitia a nota? Alguém indicou ou
era alguém da sua relação ou alguém indicou?

O SR. VALTER AMARO DA SILVA – Era de minha relação. O contador nem


sabia para que era a nota.

O SR. RICARDO MONTORO – PSDB – Era de sua relação? Não foi indicado por
ninguém?

O SR. VALTER AMARO DA SILVA – Não senhor.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Continuo com a palavra.


O senhor disse que foi à Bancoop por convite do Ricardo.

O SR. VALTER AMARO DA SILVA – Sim senhor.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – O Ricardo trabalhava na


Bancoop, o senhor tinha conhecimento, há muito tempo, pouco tempo?

O SR. VALTER AMARO DA SILVA – O Ricardo, conheço ele desde moleque, há


mais de 20 anos que conheço o engenheiro Ricardo.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – E ele o convidou para


prestar serviços e depois ele pedia para que o senhor fizesse as notas frias?
99

O SR. VALTER AMARO DA SILVA – Sim senhor. Correto.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Ele administrava mais


serviços, o senhor tinha conversas, diálogos com ele?

O SR. VALTER AMARO DA SILVA – Ele era responsável por todas as obras da
Bancoop.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – E ele continha trabalhando


na Bancoop?

O SR. VALTER AMARO DA SILVA – Não senhor. Ele também foi expulso de lá.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – O senhor conhecia algum


diretor da Bancoop?

O SR. VALTER AMARO DA SILVA – Conheci sim senhor.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Quais?

O SR. VALTER AMARO DA SILVA – Luis Malheiro, Rinaldi, Alessandro e o


Tomaz.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Esses estavam no


acidente, quantos desses?

O SR. VALTER AMARO DA SILVA – Estava o Luis, o Rinaldi e o Alessandro,

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Os três faleceram?

O SR. VALTER AMARO DA SILVA – Sim.


100

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – O senhor tinha


relacionamento com outros diretores, conhecia?

O SR. VALTER AMARO DA SILVA – Eu batia papo, às vezes ia lá na


cooperativa e a gente batia papo, às vezes ele ia nas obras e a gente conversava. O
relacionamento era só esse.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – O senhor prestou serviços


só na época em que o Luis Malheiro era presidente?

O SR. VALTER AMARO DA SILVA – Não senhor. Até 2006 eu fiquei na


Bancoop. Acho que em junho ou maio de 2006 que eu saí. Eu saí porque a Ângela tomou o
lugar do Ricardo. Ela falou para mim que eles iam parar todas as obras da Bancoop, que eles
iam pedir mais dinheiro para os cooperados. Se eles não parassem as obras, eles não iam ter
como conseguir tirar dinheiro.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Quando foi o falecimento


do Luis?

O SR. VALTER AMARO DA SILVA – Foi em 2004, não sei se em novembro.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – O próximo presidente foi?

O SR. VALTER AMARO DA SILVA – João Vaccari Neto.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – O senhor conhecia a


diretoria do Vaccari também?

O SR. VALTER AMARO DA SILVA – Não senhor.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Pela ordem o Deputado


Waldir Agnello.
101

O SR. WALDIR AGNELLO – PTB – Sr. Valter, o senhor disse a pouco que tem
aproximadamente 300 mil reais para receber de serviços prestados à Bancoop?

O SR. VALTER AMARO DA SILVA – Correto.

O SR. WALDIR AGNELLO – PTB – E o senhor efetivamente trabalhou e a


Bancoop lhe deve esse dinheiro ou isso é fruto de notas fiscais emitidas sem prestação de
serviço?

O SR. VALTER AMARO DA SILVA – Não senhor. Eu trabalhei e foi fruto do


meu suor mesmo. Eu trabalhei, tanto é que quando eu fui lá negociar a dívida, eu falei com a
engenheira Ângela e eles falaram que não iam me pagar, sabiam que estavam me devendo.

O SR. WALDIR AGNELLO – PTB – Por que não iriam te pagar?

O SR. VALTER AMARO DA SILVA – Ela falou que a diretoria lá era outra, o
pensamento deles era outro e que eu entrasse na justiça para receber. Eu entrei na justiça
para receber, só que eles estão me cobrando 3.500 reais para levar o processo adiante. Eu
não tinha esse dinheiro e meu processo parou e está parado.

O SR. WALDIR AGNELLO – PTB – O senhor fez uma cobrança à Bancoop e eles
disseram que o senhor procurasse então a justiça para poder receber?

O SR. VALTER AMARO DA SILVA – Correto, sim senhor.

O SR. WALDIR AGNELLO – PTB – O senhor estava aqui desde de manhã, que vi
que o senhor se pronunciou quando foi chamado seu nome. O senhor ouviu o testemunho do
depoente anterior ao seu, Sr. Freud Godoy, dizendo que a Bancoop está, vamos dizer, em dia
com os pagamentos da prestação de serviço dele, que é um valor também, a gente não
entendeu direito, mas é em torno de 120 mil reais por mês. Como o senhor se sente sabendo
que um fornecedor de serviço recebe em dia e o senhor não recebe em dia? Ou então o
senhor deveria procurar o Sr. Freud Godoy e pedir ajuda para ele, para ele te ajudar a
receber, porque pelo jeito ele tem alguma mágica ali dentro, porque para ele ninguém fica
devendo.
102

O SR. VALTER AMARO DA SILVA – Deputado, eu me sinto mal com tudo isso.
Ele deve ser alguma coisa dos caras. Para ele estar lá até hoje recebendo direitinho, alguma
coisa aí tem. Isso está na cara.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – O senhor tinha


conhecimento, foi dito muitas vezes aqui, para saber se o senhor tinha conhecimento, se
pode atestar, de empresas criadas por diretores da Bancoop para prestar serviços para a
Bancoop?

O SR. VALTER AMARO DA SILVA – Sim. Eles abriram lá a Germany, a


Mirante, essas duas empresas que lembro. Outras não.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – O senhor não teve


conhecimento, ou nunca ouviu falar de notas frias através dessas empresas também?

O SR. VALTER AMARO DA SILVA – Isso não lembro. Só posso falar uma coisa.
O senhor pediu para eu falar tudo que sei, então vou meter a boca. Eu estava uma vez na
cooperativa fazendo um serviço dentro do escritório, aí estava o Alessandro, o Malheiro e o
Rinaldi. Eles estavam todos contentes, tomando uísque, eu ouvi sem querer, eu passei no
corredor e eles estavam festejando que naquele mês eles estavam faturando 500 mil reais
pela Germany.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Ou seja, estavam


comemorando porque tinham faturado bastante?

O SR. VALTER AMARO DA SILVA – É, 500 mil reais naquele mês.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Pela ordem o Deputado


Vicente Cândido.

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – Sr. Valter, queria que o senhor precisasse um


pouquinho mais o período de trabalho do senhor com a Bancoop. O senhor foi chamado pelo
engenheiro Luiz Ricardo quando?
103

O SR. VALTER AMARO DA SILVA – Não tenho certeza, Deputado, se foi em


1998 ou 1999, alguma coisa assim.

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – O senhor ficou trabalhando lá até quando?

O SR. VALTER AMARO DA SILVA – Até 2006, maio ou junho.

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – E a causa do rompimento do contrato do


senhor com a Bancoop qual foi?

O SR. VALTER AMARO DA SILVA – Eles pararam todas as obras, de uma hora
para outra. Falaram que não iam continuar a obra, que iam pedir aporte, que não tinha
dinheiro. Esse foi o comentário que surgiu lá na obra.

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – Já estavam com atraso de pagamento ao


senhor nesse período em que foi suspenso o contrato?

O SR. VALTER AMARO DA SILVA – Não.

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – Então o senhor não teve nenhum litígio,


nenhuma briga, nenhum problema com a Bancoop nesse período?

O SR. VALTER AMARO DA SILVA – Não senhor.

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – Apenas romperam o contrato porque teve


problemas financeiros na cooperativa e devem ter interrompido com outras empresas
também, é isso?

O SR. VALTER AMARO DA SILVA – Correto.

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – Agora, dialogando com a preocupação do


Deputado Waldir Agnello, e me faz entender Deputado Waldir Agnello, pelo menos o
depoimento do Freud não teve nenhum indício de notas frias. Então, o que seria do senhor,
104

como empresário, que descobrisse que um prestador de serviços estava fraudando a empresa
através de notas frias?
Talvez seja o motivo pelo que o Freud está recebendo em ordem e aqui está sub
júdice, porque aqui houve uma fraude. Acho que é puramente normal, num processo de
apuração e vigência, até no depoimento do Sr. Valter ele disse que o Vaccari chegou para
moralizar, entendi que o senhor falou isso, que ele andou cuidando dessas questões. Pelo que
entendi do depoimento do senhor, foi isso?

O SR. VALTER AMARO DA SILVA – Não entendi o que o senhor falou.

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – O senhor falou, na pergunta de alguém, que o


Vaccari entrou para moralizar, para limpar algumas questões. É isso?

O SR. VALTER AMARO DA SILVA – Acho que foi isso sim senhor.

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – Então responde um pouco à indagação do


Deputado Waldir Agnello. Como você vai continuar pagando para uma empresa que está
sub júdice, investigada pelo Ministério Público, ele é um réu confesso, que cometeu crimes.
Deve ser isso. Pelo menos no depoimento do Freud não consegui detectar nenhuma ilicitude
tributária ou de prestação de serviços inadequada. Então dá para entender dessa forma.
O que levou o senhor a fazer as denúncias das notas frias?

O SR. VALTER AMARO DA SILVA – É que me chamaram no Ministério


Público e eu contei para o promotor o que eu sabia.

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – Qual promotor chamou o senhor?

O SR. VALTER AMARO DA SILVA – Carlos Blat.

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – Alguém tinha indicado o senhor ao promotor,


que o senhor era emissor de notas frias?

O SR. VALTER AMARO DA SILVA – Isso.


105

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – O senhor recebeu uma comunicação em casa


e foi lá no promotor e chegou lá, ele já tinha essas informações ou o senhor declarou isso lá?

O SR. VALTER AMARO DA SILVA – Correto Deputado, é verdade.

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – O promotor já tinha as informações?

O SR. VALTER AMARO DA SILVA – Já tinha.

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – O senhor deixou documentos com o


promotor?

O SR. VALTER AMARO DA SILVA – Deixei.

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – Em algum momento o senhor foi pressionado


por alguém, para falar isso ou aquilo?

O SR. VALTER AMARO DA SILVA – Não senhor.

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – O senhor se sentiu muito à vontade nos


depoimentos?

O SR. VALTER AMARO DA SILVA – Correto.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Pela ordem o Deputado


Vanderlei Siraque.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Sr. Presidente Valter Amaro da Silva, o


senhor acha que existia um esquema entre esse Ricardo Luiz do Carmo e o Hélio Malheiro?
Eles que faziam o esquema lá dentro, a emissão de notas frias?

O SR. VALTER AMARO DA SILVA – Se o Ricardo tinha esquema com o Hélio


Malheiro? Não. Pelo que sei, o Ricardo fazia para o pessoal lá de dentro, os diretores.
106

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Para quem, para o Luis Malheiro?

O SR. VALTER AMARO DA SILVA – Isso.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Luis Malheiro, que é irmão do Hélio


Malheiro?

O SR. VALTER AMARO DA SILVA – Correto.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – E depois que o João Vaccari entrou, ele


expulsou o pessoal de lá?

O SR. VALTER AMARO DA SILVA – Ele começou mandando embora o Tomaz,


depois o Ricardo, e começou a mandar todo mundo embora.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Aí ele começou a botar para fora o pessoal


do esquema?

O SR. VALTER AMARO DA SILVA – Deve ser. Não sei.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – O senhor disse que ele expulsou o pessoal


de lá.

O SR. VALTER AMARO DA SILVA – Ele trocou toda a diretoria, colocou gente
nova. É lógico, o senhor é dono de uma empresa, se não está bem aquele pessoal, o senhor
vai trocar toda a diretoria, os funcionários. Todo mundo faz isso, até eu.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Quem era o diretor


administrativo financeiro?

O SR. VALTER AMARO DA SILVA – O Alessandro.


107

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – O Alessandro morreu no


acidente?

O SR. VALTER AMARO DA SILVA – Sim senhor.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – E o financeiro que pagava


essas notas frias?

O SR. VALTER AMARO DA SILVA – Sim senhor.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Mais alguma pergunta?


(Pausa) Pela ordem o Deputado Bruno Covas.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Sr. Valter, o senhor disse em algum momento
que recebeu um apartamento da Bancoop por valor de retenção. O que é isso?

O SR. VALTER AMARO DA SILVA – Retenção, Deputado, cada nota que eu


emitia, ficava 5% retido, para quando terminasse a obra eles devolverem aquele dinheiro. Só
que eles não devolveram até hoje.
Então, para não ficar muito dinheiro, até inclusive o engenheiro Ricardo falou assim:
Pega um apartamento porque os caras não vão te devolver esse dinheiro e você tem muita
grana aí dentro. Eu acabei pegando um apartamento. Só que de retenção foi descontado 101
mil reais e eles estão me cobrando 80 mil reais, me cobrando outro apartamento.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Quer dizer, tem 101 mil reais de valor que
consta em nota que o senhor emitiu, mas o senhor não recebeu?

O SR. VALTER AMARO DA SILVA – Sim senhor.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Isso está previsto no contrato que o senhor
assinou com a Bancoop?

O SR. VALTER AMARO DA SILVA – Está previsto.


108

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – O senhor participou de alguma assembleia da


Bancoop?

O SR. VALTER AMARO DA SILVA – Nenhuma. Nunca participei de nada.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Da assembleia que elegeu o Sr. Vaccari o senhor
não participou?

O SR. VALTER AMARO DA SILVA – Não senhor.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Deputado Waldir Agnello, talvez seja esse
motivo, porque o Freud participou da eleição do Vaccari, por procuração, sem poder
participar por procuração.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Pela ordem. Isso é por conta do Deputado


Bruno Covas. Isso é por sua conta.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Estou aqui conversando com o Deputado Waldir
Agnello.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Deputado Vanderlei


Siraque, o Deputado Bruno Covas está com a palavra e depois nós cederemos a palavra.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Vai conversar lá fora.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – O Deputado Vicente Cândido também dialogou


com o Deputado Waldir Agnello.

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – Está fazendo uma afirmação incorreta,


Deputado.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Aqui não é lugar de conversar.


109

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Deputado Vanderlei


Siraque, Deputado Vicente Cândido, a palavra está com o Deputado Bruno Covas e já
passaremos a palavra a vocês.

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – Me dá um aparte?

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Um aparte ao Deputado Vicente Cândido, claro.

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – O Deputado Chico Sardelli foi incisivo com o


Freud, essa assembleia elegeu o Vaccari? Não sei. Ele foi incisivo na resposta e mais uma
vez o senhor está fazendo uma afirmação que não tem procedência, que não é verdade.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Bem atentado, Deputado. Estou aqui, o


Deputado Waldir Agnello levantou uma suposição, um problema, por que um recebe e o
outro não recebe. V. Exa. trouxe aqui uma argumentação, que pode ser a verdadeira. Eu
estou trazendo uma outra. Estou aqui levantando. Não estamos julgando ninguém. Estava
aqui verificando. Um participou, V. Exa. está colocando que não era a eleição, perfeito,
estamos aqui dialogando.

O SR. ANTONIO MENTOR – PT – Apenas para comemorar também com V. Exa.


a sua imaginação prodigiosa. É uma coisa fantástica as alusões que V. Exa. tem feito aqui
nesta CPI, capaz de criar situações inimagináveis. Queria comemorar.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Essa é a opinião de V. Exa. E está aqui o


documento que o Deputado Chico Sardelli trouxe, ata de eleição da diretoria e do conselho
fiscal, eleição do diretor presidente João Vaccari Neto. Então, realmente foi a eleição.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Qual o problema do João Vaccari Neto?

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Que o Freud assina aqui a lista de presença.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Mas aí é questão civil e não questão de


apuração da CPI.
110

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Estamos aqui dialogando, não estamos julgando
ninguém. Estamos só, o Deputado Waldir Agnello colocou aqui uma preocupação.

O SR. ANTONIO MENTOR – PT – Isso é uma fantasia.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Com a palavra o Deputado


Bruno Covas.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Era só essa pergunta.

O SR. ANTONIO MENTOR – PT – Ele esteve na assembleia. Isso é uma fantasia.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Quando o senhor foi


contratado, foi em que ano?

O SR. VALTER AMARO DA SILVA – Em 1998 ou 1999, não estou bem


lembrado.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – O Ricardo já trabalhava


lá?

O SR. VALTER AMARO DA SILVA – Já trabalhava lá.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Os diretores, o presidente,


quem era?

O SR. VALTER AMARO DA SILVA – Acho que era o Malheiro já. Não tenho
certeza.

O SR. ANTONIO MENTOR – PT – Um aparte, Sr. Presidente?


Apenas para saber, durante a gestão do Sr. Malheiro como presidente, o senhor
recebia normalmente as suas faturas, o serviço que o senhor prestava?
111

O SR. VALTER AMARO DA SILVA – Às vezes atrasava, mas recebia sim


senhor.

O SR. ANTONIO MENTOR – PT – E o senhor votou na assembleia que elegeu o


Sr. Malheiro presidente?

O SR. VALTER AMARO DA SILVA – Nunca foi em eleição da Bancoop.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Quem era a diretoria nessa


época? Alguém pode me responder? O senhor sabe que era o Luis Malheiro?

O SR. VALTER AMARO DA SILVA – Era o Luis Malheiro.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Alguém sabe os outros


diretores, que pudesse contribuir? Eu acho interessante, porque no período das emissões de
notas, qual foi o período?

O SR. VALTER AMARO DA SILVA – De 2000 a 2002.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Estou contemplado com o


depoimento.
Quero só registrar a impressão que passo a ter, cada vez mais forte, cada vez com
mais convicção que realmente há um esquema nessa Bancoop e...

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – Sr. Presidente, vai dar o veredito?

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Eu posso usar da palavra,


emitir as minhas opiniões?

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – O senhor fez a recomendação agora a pouco


que não deve haver julgamento.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Alguma objeção sobre a


minha opinião?
112

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – O senhor abre a boca para dizer, toda hora,
que o senhor está indignado.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Eu posso ter uma opinião


diferente da do senhor.

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – Mas não é opinião do Presidente, que conduz


os trabalhos.

O SR. ANTONIO MENTOR – PT – Não pode pôr a sua própria opinião.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Eu estou com a palavra.

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – O senhor está fazendo aqui acusações de


pessoas que não vieram aqui colocar o pronunciamento deles.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Eu acho que a parcialidade


aqui está tendo do lado de vocês.

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – Acho muito estranha essa posição do senhor.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Estranho? Eu estou


emitindo uma opinião, absolutamente coletiva.

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – Coloque isso no relatório, ao final dos


trabalhos, Sr. Presidente.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Eu tenho direito à palavra,


às minhas opiniões. Eu sou membro desta CPI.

O SR. ANTONIO MENTOR – PT – Um aparte, Sr. Presidente?

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Pois não.


113

O SR. ANTONIO MENTOR – PT – Sr. Presidente, nós estamos aqui...

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Deputado Vicente


Cândido, eu estou começando a emitir uma impressão. Comecei dizendo impressão, até para
não cometer o erro de não julgar nada nesse momento.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Diga quem então, Sr. Presidente.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Estou tentando dizer a


minha impressão.

O SR. ANTONIO MENTOR – PT – Nós todos aqui, Sr. Presidente, atendendo à


sua recomendação, estamos procurando não antecipar nenhum julgamento. Quando a gente
emite uma opinião, evidentemente que nessa opinião há um julgamento. Quando a gente
oferece qualquer avaliação a respeito do processo, nessa avaliação também consta um
julgamento ou um pré-julgamento, que V. Exa. nos recomendou não fazer.
Agora, aquilo que V. Exa. recomenda aos membros da CPI, deveria servir também
para V. Exa., de modo que V. Exa. também, ao emitir as suas opiniões, não fizesse nenhum
pré-julgamento, como está fazendo, constantemente fazendo.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Me mostre uma evidência.

O SR. ANTONIO MENTOR – PT – Quando V. Exa. falou “cada vez mais estou
convencido de que há um esquema fraudulento na Bancoop”, o que o senhor está fazendo?

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Estou dizendo que tenho a


impressão.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Apresente as provas, Presidente. Quer


fazer política, vai fazer lá no Plenário. Apresente as provas.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Fico impressionado com o


grau de defesa de um julgamento que nem foi feito. Estou falando que tenho uma impressão.
114

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – E V. Exa. não se comporta como


Presidente. Se comporte como Presidente.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Estou atestando uma


impressão, por conta dos depoimentos colocados, que veja, é uma impressão que pode
influenciar num julgamento. Ela até pode influenciar no julgamento, mas ela não é um
julgamento. Ela é uma impressão.

O SR. ANTONIO MENTOR – PT – Pré-julgamento.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – É uma opinião e eu posso


emitir uma opinião e amanhã até voltar, se os fatos me levarem a mudar de opinião.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Apresente documentos, Presidente.


Apresente documentos da fala do senhor.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Da minha fala, da


impressão? São os depoimentos ditos aqui.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Documentos, Presidente. Aqui tem um


crime. Nota fria é crime.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Exato. Por isso que estou
dizendo a minha impressão, cada vez mais forte, de que havia um esquema de notas frias,
tiradas da cooperativa, sem prestação de serviços.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Pelo Sr. Hélio Malheiro, que o senhor


protegeu outro dia.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Eu?

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – O senhor sim. Aliás, de forma inusitada.


115

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Olha só que parcialidade.

O SR. RICARDO MONTORO – PSDB – Sr. Presidente, acho que essa discussão
não leva a nada, Sr. Presidente.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Eu não posso emitir uma


opinião?

O SR. ANTONIO MENTOR – PT – V. Exa. tem de dirigir os trabalhos. Tem de se


comportar com a estatura de um Presidente de CPI.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Gostaria de dizer que


quando eu coloco a minha impressão, eu coloco do ponto de vista de um esquema dentro da
Bancoop. Não saí nem para fora da Bancoop.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Apresente as provas, Sr. Presidente.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Que encontra-se numa


situação absolutamente delicada, de dificílima solução, por conta de que eu tenho a
impressão de que tenha havido ali um esquema de desvio de recursos.

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – Sr. Presidente, que eu saiba, a impressão da


contradição do que é, do quanto o senhor é contraditório. O senhor faz uma recomendação
para os membros da CPI e depois pratica exatamente o contrário.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Estou manifestando a


minha impressão. Eu não chamei ninguém de mentiroso, não chamei ninguém que veio aqui,
que mentiu, não falei nada disso.

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – Isso não é papel, não é conduta de Presidente,


ainda mais ser contraditório.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Nem fiz julgamento de


ninguém. Estou só manifestando uma opinião. Desculpe se essa opinião...
116

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – O senhor quer emitir opinião, então...

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Eu não imaginava que


essa opinião fosse ser tão dura para o aceite de uma opinião de vocês.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Chama o Vice-Presidente.

O SR. RICARDO MONTORO – PSDB – Pela ordem, Sr. Presidente.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Pela ordem o Deputado


Ricardo Montoro.

O SR. RICARDO MONTORO – PSDB – Eu acho que esse tipo, eu quero fazer
uma observação. V. Exa. tem conduzido com muita imparcialidade esta CPI. Acho que essa
discussão não leva a nada, ela não está no meio das nossas investigações.
Queria homenagear V. Exa. pela imparcialidade com que está conduzindo, e também
fazer uma defesa do Deputado Bruno Covas.
Queria lembrar ao Deputado Mentor que até nos Estados Unidos a fantasia ajuda a
desvendar vários crimes, inclusive autores famosos têm sido convidados pela CIA para
ajudar, porque realmente o que nós temos visto no Brasil são coisas que realmente escapam
da imaginação. Elas são coisas, parece que inusitadas, beiram a fantasia.
Eu diria que essa observação sua é uma das qualidades que o Deputado Bruno Covas
tem, entre tantas qualidades, a fantasia para o bem. Portanto, está registrado meu aparte.

O SR. BRUNO COVAS – PSDB – Agradeço Deputado.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Pela ordem o Deputado


Antonio Mentor.

O SR. ANTONIO MENTOR – PT – Mais uma vez, o Deputado Montoro é uma


figura extraordinária desta Assembleia Legislativa, merece todos os nossos elogios,
inclusive pela sua conduta, pela sua forma equilibrada de tratar as questões, por mais
delicadas que eles sejam.
117

Me permita, no momento, não concordar. Não concordar primeiro com a avaliação


que V. Exa. faz relativamente à condução dos trabalhos pelo Presidente desta CPI. Uma
condução tendenciosa, parcial, que induz inclusive a um pré-julgamento, recomenda uma
atitude dos membros da CPI e ele mesmo pratica de forma diferente, viu Deputado Montoro,
e o senhor sabe que tenho um respeito enorme por V. Exa. E é um valor que quero sempre
preservar nessa nossa relação, até histórica.
E do ponto de vista da fantasia, como veio fantasiado o nosso depoente da semana
passada, cercado por uma série de pessoas bem-intencionadas, julgando estar protegendo um
cidadão de bem, que na verdade veio aqui para nos induzir a erro, seguramente veio aqui
para tentar nos induzir a erro. Também acho que às vezes é preciso fazer algum tipo de
encenação para se chegar à verdade, mas não será nunca uma encenação da parte dos Srs.
Deputados que constam desta CPI. Não será nunca uma fantasia produzida por nós
Deputados, que temos de ter uma conduta marcada pela seriedade, pela austeridade, e penso
que por isso que fiz aquela referência.
Mas, o Deputado Covas tem insistido nesse comportamento de criar situações,
evoluir. Só posso criticar, evidentemente, mas não posso deixar, não posso censurá-lo, por
isso.

O SR. RICARDO MONTORO – PSDB – Agradeço a sua manifestação e acho que


nós temos alguns pontos convergentes, a começar pela cor do seu paletó.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Deputado Waldir Agnello.

O SR. WALDIR AGNELLO – PTB – Obrigado Presidente.


Acho que a única fantasia que não tem aqui, não estou dizendo que concordo com as
colocações que foram feitas, porque os três mil mutuários estão esperando por uma solução
de receber...

O SR. ANTONIO MENTOR – PT – Quero aplaudir aqui o Deputado Waldir


Agnello. Essa é a função, o objeto principal desta CPI, a defesa dos cooperados que estão
hoje sendo prejudicados nessa situação em que se encontram.

O SR. WALDIR AGNELLO – PTB – Obrigado pela concordância. Não esperava


outra atitude de sua parte, que realmente o senhor sempre pautou por muita coerência.
118

Queria fazer um apelo, nesse sentido, ao Deputado Siraque. Despojado de qualquer


ironia aqui ou de demagogia, que V. Exa. liberasse esse requerimento feito para quebra de
sigilo bancário.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Acho que agora nós estamos num


momento de depoimento, Sr. Presidente.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – O Deputado está com a


palavra e nós vamos garantir a palavra.

O SR. WALDIR AGNELLO – PTB – Eu estou com a palavra e posso fazer, eu


posso voltar a fazer o apelo mais tarde. Se isso te incomoda agora, tudo bem.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Não incomoda.

O SR. WALDIR AGNELLO – PTB – Mas o que queria era fazer um apelo a V.
Exa. para que nós pudéssemos andar, entrar numa fase muito importante de análise dos
documentos, e que V. Exa. pudesse exarar já o parecer ou retirar o pedido de vista. Faço um
apelo à bancada do PT, para que nós pudéssemos votar esse requerimento.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Vou responder a V. Exa., uma pessoa de


bom senso.

O SR. WALDIR AGNELLO – PTB – O pedido é que V. Exa. retire o pedido de


vista, para que nós possamos já disparar os ofícios para os órgãos mencionados, Receita
Federal, Banco Central, e poder então analisar esses extratos dessas empresas e pessoas,
entre essas o Sr. Hélio Malheiro, que foi já mencionado aqui algumas vezes.
Então, se V. Exa. concordar, nós ganharíamos uma semana importante na condução
dos trabalhos.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Vou responder a V. Exa.


Nós podíamos ter ganhado quando fiz a convocação do Sr. João Vaccari Neto, do Sr.
Blat, e nós vamos seguir o mesmo critério que Vs. Exas. seguiram.
119

Como foi um requerimento apresentado, muito importante, e como nós valorizamos


todos os Deputados, os Srs. Deputados desta CPI, nós vamos fazer uma análise criteriosa,
uma análise jurídica, ver se é permitida a quebra coletiva de sigilo bancário, fiscal. Vou
pedir para a minha assessoria fazer essa avaliação, como estão decidindo os tribunais.
Embora um requerimento bastante fundamentado, sou favorável, mas se é necessário
o desdobramento desse requerimento. Nós aprovaremos todos, sem dúvida nenhuma.

O SR. WALDIR AGNELLO – PTB – Então o senhor está negando esse meu apelo,
é isso?

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Estou exercendo a minha prerrogativa, e


espero que isso seja respeitado pelo Presidente.

O SR. WALDIR AGNELLO – PTB – Sempre será respeitada.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Não só será respeitada,


ainda que pese o senhor já obter pedido de vista, mas eu gostaria...

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Não só neste caso, Sr. Presidente, mas em


outros casos, em que não foi respeitada.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Alguma coisa que nós


possamos corrigir?

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Infelizmente não existe retroatividade para


conceder aparte a depoente.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Alguma evidência que a


gente possa..

O SR. RICARDO MONTORO – PSDB – Receber aparte de ex-depoente, isso é


fantasia.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Não entendi.


120

De qualquer forma queria, na linha do Deputado Waldir Agnello, antes até de liberar
o depoente, que aguarda se há mais alguma pergunta, mas também na linha do Deputado
Waldir Agnello, em que pese já manifestada a posição do Deputado, mas tentar sensibilizá-
lo, se pudesse realmente retirar o pedido de vistas, seria muito importante para esta CPI, para
que nós pudéssemos, com o sigilo, verificar a veracidade de depoimentos como o do próprio
depoente Valter Amaro.

O SR. ANTONIO MENTOR – PT – Sr. Presidente, o senhor me dá novamente um


aparte?

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Lógico.

O SR. ANTONIO MENTOR – PT – Sr. Presidente, o Deputado Siraque está


exercendo o seu direito. V. Exa. está constrangendo o Deputado com essa solicitação.
Me perdoe. Não tem cabimento, não tem cabimento o Presidente da CPI constranger
o Deputado fazendo uma solicitação com esta. É um comportamento inaceitável do
Presidente de uma CPI. V. Exa. precisa olhar...

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Gostaria que V. Exa. fosse


mais democrata.

O SR. ANTONIO MENTOR – PT – O senhor me deu um aparte.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Estou retirando o aparte


do senhor.

O SR. ANTONIO MENTOR – PT – O senhor não vai retirar. O senhor vai esperar
eu terminar de falar.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Então o senhor termine.

O SR. ANTONIO MENTOR – PT – O senhor tem de verificar, dar uma olhada,


qual é a estatura que um Presidente de uma CPI da Assembleia Legislativa do Estado de São
Paulo e se comportar como um presidente da estatura necessária.
121

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Quando o senhor for


presidente, o senhor adota a forma de presidir do senhor.

O SR. ANTONIO MENTOR – PT – Não é possível que V. Exa. insista em ter uma
condução tão inadequada como essa na CPI da Assembleia Legislativa. Não tem cabimento.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – É um ponto de vista do


senhor. Não cabe sequer a mim fazer uma avaliação...

O SR. ANTONIO MENTOR – PT – Não acredito numa coisa dessas, não acredito
num Deputado desta Casa, do PSDB, um homem que tem uma trajetória aqui, se comporte
de uma maneira tão pequena na Presidência de uma CPI dessa importância.
V. Exa. constrangeu um Deputado componente da CPI. Aqui o senhor não é um
membro da CPI, o senhor é Presidente da CPI e tem de se comportar como Presidente da
CPI, ter a estatura de um Presidente de CPI.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – O senhor terminou?

O SR. ANTONIO MENTOR – PT – Claro.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Pois eu insisto, insisto


com a convicção que tenho, que nós poderíamos agilizar os nossos trabalhos aprovando esse
requerimento.
De qualquer forma, é regimental, é prerrogativa do Deputado, mas eu gostaria muito
de manifestar aqui...

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Sr. Presidente, para com esse cinismo.


Vamos manter as coisas. O senhor me respeite, Sr. Presidente.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Deputado Vanderlei


Siraque, eu estou com a palavra.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – O senhor me respeite e para com isso.


122

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Por que essa insistência?

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – O senhor me respeite.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Mas eu estou com a


palavra.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – O senhor está com a palavra, mas não está
me respeitando. Não quer me respeitar, não respeite, mas respeite o Regimento da Casa.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Por que essa censura toda?
Nós não podemos emitir nossas opiniões aqui?

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – O senhor está me censurando, Sr.


Presidente.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Tudo bem, o senhor já


definiu.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – O senhor gostaria que os antigos sócios do


José Serra fossem condenados a seis anos de prisão? Faz parte da CPI aqui? Não faz. Então
eu vou ficar falando que o sócio do José Serra foi condenado? Não. O que tem a ver?

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – A observação do


Deputado Waldir Agnello foi muito bem pontuada, há o interesse de alguns Deputados de
acelerar esse processo. Enfim, não será. O senhor pediu vistas, eu tenho de rever, mais uma
vez insistir, não há problema.
Estou dispensando então o nosso depoente. Muito obrigado Sr. Valter Amaro pela
sua participação. Muito obrigado.
Passaremos então ao nosso último assunto da pauta. Nós já eliminamos os
requerimentos, eliminamos os depoimentos. Lembrando a importância de nós ouvirmos o
depoimento do Sr. Ricardo, mencionado por várias vezes, e que foi convocado nesta manhã
123

e que não compareceu e que estará sendo reiterada a sua convocação. Não houve
justificativa.
Com a palavra o Deputado Vanderlei Siraque.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Apresentei um ofício a V. Exa.: “Sr.


Presidente, no último dia 2 de junho o jornal O Estado de São Paulo...”

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Será respondido na


próxima. Avaliei de manhã com a secretaria e será respondido ao senhor até a próxima
reunião.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Sr. Presidente, estou lendo.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – O senhor quer continuar


lendo, então à vontade. Já sei qual é o ofício. São dois ofícios.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Sr. Presidente, esse aqui é novo. O outro o


senhor ainda não respondeu.
“Sr. Presidente, no último dia 2 de junho o jornal O Estado de São Paulo veiculou
matéria na qual consta que o Sr. Hélio Malheiro teria entregue a esta CPI uma planilha
relativa ao ano de 2002, que supostamente demonstraria a existência de repasse de dinheiro
para empresas de dirigentes da cooperativa Bancoop. Tendo em vista que até o presente
momento esta planilha não se encontra juntada aos autos, solicito, caso o documento
realmente exista, que seja adotada essa providência, para que todos os Deputados e demais
interessados possam ter acesso ao seu conteúdo. Aproveito para manifestar meus protestos
de elevada estima e distinta consideração a V. Exa.”
Então, na verdade tem aqui a matéria do jornal O Estado de São Paulo, que diz que
foi juntada uma planilha. Só que não tomei conhecimento dessa planilha. Não sei se os
demais Deputados tomaram, e parece que até o momento não consta dos autos.
Agora, eu vejo Deputados dando entrevistas, isso aqui falaram em off. Antes tinham
coragem, Deputado Vicente Cândido, de dizer. Agora é em off.
Então eu solicito que sejam entregues esses documentos, inclusive os requerimentos
anteriores que fiz a V. Exa.
124

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Ok, será respondido até a


próxima sessão ordinária nossa na próxima terça-feira.
Está aberto para outros assuntos. (Pausa) Pela ordem o Deputado Vicente Cândido.

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – Na última sessão o senhor disse, no final dos


trabalhos, de que a Bancoop não teria respondido aos ofícios da CPI e que só tinha
respondido um. Antes da abertura dos trabalhos, eu vi um despacho rápido do senhor com o
Dr. Pedro Dallari, sobre essa questão.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Ele apresentou ofícios que


nós iremos analisar, porque foi apresentado agora.

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – Mas está sendo respondido?

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Nós vamos avaliar se


parcialmente ou integralmente.

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – Por último, eu gostaria de saber quais os


procedimentos para os trabalhos na semana que vem. Na semana que em o Brasil estreia na
Copa do Mundo, o jogo é às 15h30, tem Deputado que mora no interior, que talvez queria
assistir ao jogo com a família. Terá algum serviço de telão?

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – A nossa sessão é as 11h, o


jogo é à tarde, 15h30, e nós teremos sessão ordinária às 11h normalmente. Tentaremos
ouvir o Ricardo, que já está convocado, e ainda temos mais algumas testemunhas que
poderão ser ouvidas, que nós estamos avaliando.
Gostaria que eu lesse a relação das pessoas?

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – Pode ser.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Sr. João Vaccari Neto,


Sra. Ana Maria...
Pela ordem o Deputado Ricardo Montoro.
125

O SR. RICARDO MONTORO – PSDB – Acho que cabe razão ao Deputado


Vicente Cândido. Também acho que temos de ter sessão, mas quem sabe abreviá-la, de
alguma maneira, para que a gente possa... Efetivamente, uma sugestão boa que o Deputado
Waldir Agnello está dando, de começarmos mais cedo. Ao invés de começarmos às 11h,
começarmos às 10h. Não sei se isso é regimental? Para terminarmos no máximo às 13h,
12h30.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Sem objeção.


Pela ordem o Deputado Vanderlei Siraque.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Em nome da agilização, então vamos fazer


na hora do jogo do Brasil. Não tem problema nenhum. Vamos fazer um apelo aos
Deputados.

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – Sinal de brasilidade, é isso?

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Não fizeram um apelo a mim, então...

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Não sei se o Deputado


está falando sério?

O SR. RICARDO MONTORO – PSDB – Siraque vem de chuteira e calção.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Com a palavra o Deputado


Vicente Cândido.

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – Eu aprovo o horário das 10h. Acho que é mais
tranquilo.

O SR. RICARDO MONTORO – PSDB – Proposta do Deputado Waldir Agnello.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Faremos uma convocação


para as 10h.
126

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – Leia a relação.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Faz uma convocação extraordinária para as


10h. Aí pode.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Nós temos, ainda para


colher depoimentos, o Sr. Vaccari Neto, Sra. Ana Maria Érnica, diretor da Bancoop,
diretores da Bangraf, que está genérico, Ricardo Secco, Débora Secco, Tomaz Edson
Botelho, Lúcio Boronha Funaro, José Carlos Batista, Luiz Cláudio Colino, Manuel Castanho
Blanco e Wagner de Castro, diretor técnico da Bancoop.
Ou seja, esses ainda estão aqui para serem convocados. E também estamos
aguardando para apreciar aqui a possibilidade da vinda de alguns promotores, cujos
requerimentos já foram aprovados em forma de convite, além da convocação do José Carlos
Blat.

O SR. VICENTE CÂNDIDO – PT – Para a semana que vem o senhor está


imaginando quais?

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – O Ricardo, se pudéssemos


apreciar o requerimento, tem mais possibilidade de vistas dos Deputados, de vários ainda,
mas se pudéssemos apreciar o requerimento na próxima, não sei se vai entrar mais algum
requerimento, então a pauta seria requerimentos e talvez ouvir mais algumas testemunhas,
entre elas o Ricardo, que não pode vir hoje.

O SR. VANDERLEI SIRAQUE – PT – Para concorrer com o jogo do Brasil, só se


for a Débora Secco.

O SR. PRESIDENTE SAMUEL MOREIRA – PSDB – Talvez mais uma, duas ou


três.
Mais algum assunto relativo a esta CPI? (Pausa) Nada mais havendo a tratar, dou por
encerrada esta reunião.

* * *

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