Você está na página 1de 30

Módulo Inicial: A posição de Portugal na Europa e no Mundo

Quando se inicia o estudo de um determinado território é importante identifica-lo e localizá-lo.


Apesar de a localização do território permitir compreender algumas das suas características físicas e
humanas, é preciso notar que ela não se resume à identificação das coordenadas geográficas (latitude e
longitude), isto é, à sua localização absoluta, sendo também necessário perceber as relações que esse
território mantém com outros, que lhe estão próximos ou distantes. Neste caso, estamos a proceder à
sua localização relativa.

Portugal abrange um território formado por uma parte continental e por uma parte insular que,
no seu conjunto, constituem três unidades bem individualizadas:

 Portugal Continental
 Arquipélago dos Açores
 Arquipélago da Madeira

Portugal tem uma superfície total de 92 212km2, repartidos por uma pare continental, com 89
089km2, e por arquipélagos, os Açores, com 2322km2, e a Madeira, com 801km2. O território nacional
localiza-se no extremo sudoeste do continente europeu e forma um rectângulo alongado no sentido
norte-sul, na faixa continental na Península Ibérica, representando cerca de 1/5 da superfície península.
Ao conjunto do território corresponde ainda uma vasta área de oceano, designada por ZEE (Zona
Económica Exclusiva) com aproximadamente 1 727 500km2.

O arquipélago dos Açores situa-se no Oceano Atlântico, a oeste do território continental, a uma
distância de cerca de 1400km. É constituído por 9 ilhas, divididas em três grupos (Ocidental, Central e
Oriental).

O arquipélago da Madeira situa-se a uma distância aproximada de 900km do extremo sudoeste


de Portugal Continental, estando mais próximo do continente africano do que do europeu. É constituído
por duas ilhas (Madeira e Porto Santo) e ainda pelos pequenos ilhéus das Desertas e Selvagens.

O território português encontra-se organizado administrativamente em duas regiões autónomas e


em 18 distritos no continente. Os distritos e as regiões autónomas dividem-se em concelhos e cada
concelho em freguesias.

As regiões autónomas têm governos autónomos e capacidade legislativa e administrativa. O poder


regional é exercido por dois órgãos principais: a Assembleia Legislativa e o Governo Regional.

Exame Geografia A 2015/2016


Portugal Continental encontra-se dividido em 18 distritos. Cada distrito tem uma capital, cidade
que lhe dá o nome. Essas cidades assumem um papel importante, ao nível do distrito e da região onde
se localizam, quer pelas funções que desempenham quer pelos serviços e equipamentos que oferecem.

Após a adesão de Portugal à EU em 1986 foi implementada uma divisão regional do país
denominada por Nomenclatura das Unidades Territoriais (NUT), para fins estatísticos, constituindo a
base se recolha, tratamento e análise dos dados da EU para a aplicação de fins comunitários. Existem 3
tipos de NUT: NUT I à escala nacional, NUT II à escala regional e NUT III à escala sub-regional.

NUT I – o território nacional apresenta-se divido em três grandes unidades: Portugal Continental,
Região Autónoma dos Açores e Região Autónoma da Madeira.
NUT II – corresponde às sete grandes divisões regionais: Norte, Centro, Lisboa, Alentejo, Algarve e
Região A. Açores e Região A. da Madeira.
NUT III – apresenta a divisão do território em sub-regiões (agrupamentos de concelhos). Estas 25
unidades apresentam uma certa homogeneidade sob o ponto de vista natural e humano.

Portugal na União Europeia


Em 1992, a assinatura do Tratado de Maastricht cria a UE, introduzindo-se novas formas de
cooperação entre governos e os Estados-membros, nos domínios da defesa e dos assuntos internos.
A UE foi aumentando a sua dimensão em sucessivas vagas de adesões, sendo hoje constituída por
28 países, que subscreveram o Tratado de Lisboa. Portugal aderiu às comunidades europeias a 1 de
Janeiro de 1986, após negociações iniciadas em 1977, a seguir à Revolução do 25 de Abril, período de
ruptura com o antigo regime da ditadura, altura em que se deu início a uma maior abertura do país ao
exterior.
Apesar de alguma controvérsia inicialmente gerada, a adesão de Portugal à UE tem-se revelado
francamente positiva. Os avultados subsídios concedidos, a abertura de novos mercados, a participação
em múltiplos programas e projetos comunitários têm permitido ao país resolver problemas económicos
e sociais, assim como aproximar o nível de vida do cidadão português do dos restantes cidadãos da UE.

Etapas do alargamento da União Europeia:


1957 – Bélgica, Luxemburgo, Itália, França, Alemanha, Holanda
1973 – Dinamarca, Reino Unido e Irlanda
1981 - Grécia
1986 – Portugal e Espanha
1995 – Áustria, Finlândia e Suécia
2004 – Chipre, Eslovénia, Eslováquia, Estónia, Letónia, Lituânia, República Checa, Hungria, Malta e
Polónia
2007 – Bulgária e Roménia
2013 - Croácia

A situação geográfica de Portugal no mundo é privilegiada, embora o território apresente, em


relação à Europa, uma localização periférica. Todavia, o arquipélago da Madeira encontra-se muito
próximo do continente africano e a RA dos Açores situa-se, sensivelmente, a “meio caminho” entre a
Europa e a América do Norte.
A localização geograficamente periférica de Portugal no contexto europeu, conjugada com a
sua central idade no espaço atlântico, confere-lhe o papel de fronteira atlântica e de porta de acesso às
rotas dos continentes africano, asiático e americano.
O mar assume assim para Portugal um papel estratégico de afirmação, tanto no contexto
europeu como em termos mundiais, garantindo ao país uma elevada capacidade de reação e
intervenção nos diferentes cenários internacionais.

Exame Geografia A 2015/2016


O grupo dos países lusófonos
O português, para além de Portugal, constitui a língua oficial de: Brasil, Angola, Moçambique,
Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe, Cabo Verde e Timor Leste, países que, no seu conjunto, formam o
espaço lusófono. A língua portuguesa representa, assim, um elo de ligação histórica e cultural a esses
países, promove a cooperação entre eles e ajuda à proteção do nosso país no contexto internacional.

A Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), criada em 17 de Julho de 1996, visa,
entre vários objectivos, a promover e defender a língua portuguesa, transformando-a num instrumento
de comunicação para ser utilizada na resolução de questões de cooperação entre os vários países-
membros.

Os laços que unem Portugal aos restantes países de língua portuguesa fazem-se notar também
na Ajuda Pública ao Desenvolvimento (APD). A APD é maioritariamente destinada aos países africanos
lusófonos (PALOP) e a Timor Leste. O sector que mais tem beneficiado desta ajuda é o das
infrasestruturas e serviços sociais e o sector da educação.

A diáspora portuguesa
O relacionamento cultural de Portugal com o Mundo passa também pelas redes e circuitos da
mobilidade humana. O resultado dos vários ciclos e movimentos migratórios justifica que exista uma
população numerosa de emigrantes portugueses e lusodescendentes dispersos pelo mundo, formando
as comunidades portuguesas

A emigração é, desde o século XV, uma característica da sociedade portuguesa. Até meados do
século XX, teve um carácter transoceânico, destacando-se o Brasil como destino preferencial dos
portugueses.

Depois da entrada de Portugal na UE, em 1986, verificou-se uma nova tendência de emigração,
sendo grandes as diferentes, quer no emigrantes-tipo (mais qualificado) quer na maior diversificação
dos destinos e menor período de permanência no estrangeiro.

No total, estima-se que vivam no estrangeiro perto de 5 milhões de pessoas de origem


portuguesa. Estas comunidades são, em grande parte, responsáveis pela difusão da cultura portuguesa
pelo Mundo, através da língua, das festividades religiosas, da gastronomia ou da música.

Tema I: A população utilizadora de recursos e organizadora de espaços

1.1 A população: evolução e diferenças regionais

A Importância da informação demográfica


Só o conhecimento de uma população torna possível inventariar as suas necessidades e, a
partir dessas, planear e implementar projetos que facilitem a resolução dos problemas mediante uma
gestão racional dos recursos.
No estudo da demografia de um país destacam-se os recenseamentos, também designados por
censos, que se realizam regularmente de dez em dez anos.

A leitura do gráfico permite concluir que a evolução da população absoluta, não foi regular,
destacando-se:

Exame Geografia A 2015/2016


 Década de 50: crescimento positivo da população absoluta, mas pouco significativo, como
consequência de um saldo natural positivo,
previsível num país acentuadamente rural,
com um número reduzido de mulheres
inseridas no mercado de trabalho e sob a
forte influência da Igreja Católica.
 Década de 60: decréscimo da população
absoluta portuguesa, como resultado do
mais intenso fluxo migratório alguma vez
registado e do início da redução da taxa de
crescimento natural, na sequência da
introdução de meios contracetivos
modernos e eficazes, que se traduziram no
decréscimo da taxa de natalidade.
 Década de 70: rutura do declínio demográfico, observando-se o maior aumento da população
absoluta neste século. Esta situação deve-se ao regresso de milhares de cidadãos portugueses
das ex-colónias na sequência do 25 de Abril, e ao regresso de milhares de portugueses
emigrantes na Europa afetados pela crise que condicionou a economia de muitos dos países
recetores ou atraídos pela melhoria das condições socioeconómicas introduzidas pelo 25 de
Abril.
 Década de 80: crescimento demográfico praticamente nulo, como consequência da diminuição
da taxa de crescimento natural, resultado dos baixos valores da taxa de natalidade.
 Década de 90: registou-se um crescimento ligeiro na população absoluta como resultado de
um novo fenómeno observado na sociedade portuguesa: a imigração.
 Primeira década do século XXI: a dinâmica de crescimento da população registou uma
evolução positiva, embora inferior ao verificado na última década. Esta dinâmica decorre de um
saldo natural e de um saldo migratório que foram positivos.

O crescimento natural da população

A evolução da população depende da evolução de várias variáveis demográficas, entre as quais


se salientam a Natalidade e a Mortalidade, que nos permitem calcular o crescimento natural.
Crescimento Natural= Natalidade – Mortalidade
Para possibilitar a comparação entre países e entre diferentes períodos, as variáveis referidas
devem ser apresentadas em valores relativos (expressos, geralmente, em permilagem), isto é, sob a
forma de taxa de natalidade, taxa de mortalidade e taxa de crescimento natural
As taxas de natalidade e mortalidade traduzem os valores da natalidade e mortalidade por cada
mil habitantes

Taxa de crescimento natural = Taxa de Natalidade – Taxa de Mortalidade

A taxa de natalidade é considerada uma variável insuficiente para analisar o processo evolutivo
de uma população, já que se reporta ao número de nascimentos registados no universo da população

Exame Geografia A 2015/2016


absoluta, independentemente do sexo e da idade, isto é, da possibilidade de ter filhos (mulheres em
idade fértil). Dessa forma, é cada vez mais frequente a utilização de outras variáveis como:

Índice sintético de fecundidade: Número de filhos que cada mulher tem, em média, durante a
sua vida fecunda (15 aos 49 anos).

Fatores que explicam a diminuição da natalidade:


 Maior investimento na educação das crianças
 O papel da mulher na vida politica, económica e social que se tornou + ativo
 Conseguinte dificuldade em conciliar a vida profissional e familiar
 Crescimento do modo de vida urbano
 Maior divulgação dos métodos contracetivos e do planeamento familiar
 Perda da importância do casamento como instituição familiar

Fatores que explicam a queda da mortalidade:


 Mudança nos hábitos e nas dietas alimentares de vários grupos da população
 Fácil acesso aos cuidados primários de saúde e à assistência médica
 Acompanhamento médico antes, durante e após o parto
 Generalização da vacinação infantil

Índice de renovação de gerações – número médio de filhos que cada mulher devia ter durante a sua
vida fértil, para que as gerações pudessem ser substituídas (2,1 filhos por mulher).

A melhoria das condições de vida tem, também, conduzido à forte diminuição da taxa de
mortalidade infantil:

Esta variável é frequentemente


utilizada como o indicador de desenvolvimento, já que os valores tendem a diminuir com a melhoria das
condições de vida, com a intensificação e diversificação dos cuidados materno-infantis e até com o
aumento da instrução.

A gravidade da situação demográfica referida tem sido ligeiramente atenuada devido ao


movimento migratório no nosso país. Os imigrantes, geralmente jovens, são, igualmente, responsáveis
pelo aumento significativo de nascimentos registado, nos últimos anos, em Portugal.

Da mesma forma que a taxa de natalidade tem vindo a diminuir, também a taxa de mortalidade
decresceu, principalmente na primeira metade do século XX, registando desde então até à atualidade
tem tendência para estabilizar.

Soluções para o declínio da fecundidade e consequente envelhecimento da população:

 Diminuição do horário de trabalho


 Atribuição de benefícios fiscais para famílias numerosas
 Aumento da duração da licença de maternidade

Exame Geografia A 2015/2016


 Criação da licença de paternidade

Consequências do envelhecimento da população:

 Aumento do índice de dependência


 Agravamento dos problemas do sistema de Segurança Social
 Diminuição da população ativa
 Diminuição da produtividade
 Redução da natalidade

Este dinamismo verificado nas taxas de mortalidade teve consequências no aumento da


esperança média de vida. Em menos de 100 anos, este índice mais do que duplicou o seu valor, o que
coloca Portugal no grupo de países com maior esperança de vida à nascença.

O saldo migratório

A evolução da população, isto é, o seu crescimento efetivo, não se explica unicamente pelo
crescimento natural, mas também pelo seu saldo migratório:

Saldo migratório = Imigração – Emigração


Crescimento Efetivo = Crescimento Natural + Saldo Migratório

Tipos de emigração:
Emigração permanente: saída da população para outros países por período superior a um ano.
Emigração temporária: saída da população para outros países por período igual ou inferior a um ano.
Emigração sazonal: saída da população para outros países em determinadas estações do ano para
realização de trabalhos sazonais (vindimas, turismo balnear, etc.)

As estruturas e os comportamentos sociodemográficos

Estrutura etária

O estudo da estrutura etária de uma população considera 3 grupos etários:

 Jovens: dos 0 aos 14 anos


 Adultos: dos 15 aos 64 anos
 Idosos: +65 anos

O estudo da estrutura etária de uma população é feito através da análise das pirâmides etárias, gráficos
de barras que representam a distribuição da população por idade e sexo. Além dos aspetos referidos, as
pirâmides etárias permitem retirar conclusões sobre a natalidade, a esperança média de vida ou
fenómenos que marcaram a evolução demográfica, expressos através da existência de classes ocas.

No nosso país, a evolução do peso relativo dos diferentes grupos etários permite constatar, nas
últimas décadas, um significativo aumento da percentagem de idosos acompanhado por uma redução
importante de percentagem de jovens. O grupo dos adultos sofreu, durante o mesmo período, um
ligeiro incremento.

Exame Geografia A 2015/2016


O envelhecimento demográfico no nosso país tem vindo progressivamente a acentuar-se, quer
pela base da pirâmide etária (diminuição da população jovem) quer pelo topo (aumento da população
idosa).
A pirâmide etária de 1960 possui ainda uma base larga e um vértice reduzido evidenciando
níveis significativamente elevados quer de natalidade quer de mortalidade. Estávamos ainda perante
uma população jovem. Porém, a partir desse ano, ocorre um estreitamento da base da pirâmide,
refletindo o peso cada vez menos das camadas mais jovens. Simultaneamente verifica-se o alargamento
do topo da pirâmide revelando uma percentagem crescente de idosos na população total.
As pirâmides dos anos seguintes traduzem já o processo de envelhecimento da população
portuguesa, através de um claro estreitamento da base, que é consequência da redução da natalidade,
bem como de um ligeiro alargamento do topo.
Em 2001, a população residente no nosso país apresentava uma estrutura envelhecida e, pela
primeira vez na sua história, a percentagem de idosos passou a ser superior à dos jovens.

A desigual distribuição das variáveis demográficas no espaço português

O envelhecimento da população, reflexo da evolução dos comportamentos demográficos,


também influencia a variação das taxas de natalidade e de mortalidade.
O padrão de distribuição das taxas de natalidade é, regra geral, inverso ao das taxas de
mortalidade, refletindo-se nos contrastes regionais do índice de envelhecimento:
 A taxa de natalidade é mais alta nos Açores, no Algarve, na Grande Lisboa e Península de
Setúbal, apresentando os valores mais baixos em quase todo o interior do país.
 A taxa de mortalidade, pelo contrário, é menor no litoral e mais elevada no interior, onde se
destacam o Pinhal Interior Norte e Sul, a Beira Interior Norte e Sul, a Serra da Estrela, o Alto e o
Baixo Alentejo
 O índice de envelhecimento é maior nas regiões do interior, onde a elevada proporção de
idosos contribui para as baixas taxas de natalidade, dado que este grupo já ultrapassou a idade
fértil, e explica os valores mais elevados da taxa de mortalidade.

Estes contrastes regionais resultaram, em grande medida, do êxodo rural e da emigração, que
despovoaram o interior, acentuando-se também com a maior fixação de imigrantes nas áreas urbanas
do litoral.
Os contrastes a variação regional do índice de envelhecimento estão claramente associados às
diferenças verificadas na estrutura etária. Assim, e de um modo geral:
 Nas sub-regiões do interior, onde a proporção de idosos é superior à dos jovens, o índice de
envelhecimento é mais elevado.
 Nas sub-regiões do litoral a proporção dos jovens é maior e a de idosos menor, o que explica o
menor índice de envelhecimento.

Tipos de pirâmides etárias:

Exame Geografia A 2015/2016


Pirâmide crescente: É característica de um aís em desenvolvimento, com elevada natalidade e baixa
esperança média de vida
Pirâmide estacionária: É característica de países em desenvolvimento, que registam uma quebra
recente no valor da taxa de natalidade e um grande peso da população em idade adulta.
Pirâmide decrescente: É típica dos países mais desenvolvidos, que registam, desde há muito tempo,
grandes quebras da taxa de natalidade, associadas à diminuição da fecundidade e à elevada esperança
média de vida.
População rejuvenescente: distingue-se da idosa pelo aumento recente e significativo da taxa de
natalidade, muitas vezes consequência de medidas natalistas entretanto implementadas.

Alguns indicadores:

Estrutura da população ativa

A população ativa é o conjunto de


pessoas que têm uma atividade remunerada
ou uma profissão, mesmo que estejam em
situação de desemprego. A população inativa é constituída por jovens, inválidos, idosos e donas de casa.

A taxa de atividade é condicionada por diversos fatores como a idade da reforma, a


escolaridade obrigatória, a participação da mulher na vida ativa, etc.

Em Portugal, os valores desta variável têm registado um aumento progressivo e significativo,


que se fica a dever, fundamentalmente, ao ingresso de um número crescente de mulheres na vida ativa.

Os setores de atividade

A análise da estrutura da população ativa mostra uma evolução e uma repartição muito
desigual entre os mesmos. Destaca-se o setor terciário relativamente aos demais setores, com dois
terços da população empregada. A distribuição da população empregada feminina mostra uma maior
desigualdade entre os setores, com o terciário a empregar 75% das mulheres.

Em Portugal, nas últimas décadas, ocorreram aparentemente as mudanças na estrutura da


população ativa típicas da transformação do terciário no setor predominante da economia e do
emprego.

A terciarização da sociedade em Portugal não se encontra, no entanto, relacionada com um


desenvolvimento equilibrado da economia. Os valores registados escondem uma realidade em que o
abandono dos campos e da atividade agrícola ocorreu sem que tenha precedido uma modernização
desta atividade. Grande parte da população que abandonou as áreas rurais passou diretamente do setor
primário para o setor terciário, sem que tenha havido, no país, uma verdadeira industrialização.

Exame Geografia A 2015/2016


Nível de instrução e qualificação profissional

O nível de instrução de uma população é um fator fundamental no crescimento da economia


de um país, constituindo-se, em simultâneo, como uma causa e uma consequência do seu
desenvolvimento. A maior qualificação dos recursos humanos permite às atividades económicas
alcançar maiores níveis de riqueza, com reflexos diretos na melhoria do bem-estar e da qualidade de
vida.

Tradicionalmente, existe a tendência para medir o nível de instrução dos países através dos
valores da taxa de analfabetismo. Outros indicadores que medem o grau de escolarização dos países
são também, por exemplo, o abandono precoce da educação e formação.

A maioria da população portuguesa tem apenas o Ensino Básico, sendo ainda considerável o
total de indivíduos que não frequentaram nenhum grau de ensino. Os valores que representam a
população com frequência do Ensino Secundário e do Ensino superior são ainda baixos, especialmente
quando comparados com os restantes países da UE.

Esta situação agrava-se, uma vez que, cumulativamente, coincide com níveis de qualificação
profissional insuficientes para dar resposta às alterações que se têm vindo a verificar no mundo do
trabalho, através da introdução de novas tecnologias e até do nascimento de novas atividades que
exigem novas competências, domínio de novas técnicas e novas formas de organização do trabalho.

Os baixos níveis de instrução e qualificação da população, apesar da evolução positiva que se


tem vindo a verificar, traduzem-se em baixos níveis de produtividade, a qual, por sua vez, diminui a
competitividade do país. Esta situação apresenta disparidades muito significativas. Lisboa constitui a
região onde a população apresenta os níveis de instrução mais elevados.

Os principais problemas sociodemográficos

 O declínio da fecundidade

Um dos problemas demográficos com que Portugal se debate é o declínio da fecundidade, que
está diretamente relacionado com a redução da natalidade, a qual tem sofrido uma quebra regular
desde há aproximadamente meio século.

Neste período de tempo, o índice sintético de fecundidade passou de 3,2 em 1952 para 1,37
em 2010. Uma vez que está abaixo do limite mínimo de 2,1 filhos por mulher, Portugal não consegue
renovar as gerações. De realçar que nenhum país da UE assegura a renovação de gerações. Apenas a
Irlanda e a França, com valores de 1,7 e 2, respetivamente, se aproximam desta possibilidade.

O declínio da fecundidade reflete-se, fundamentalmente, no envelhecimento da população, na


diminuição da mão-de-obra disponível e nas dificuldades crescentes na Segurança Social para dar
resposta ao pagamento das pensões e ao apoio social.

As causas do declínio da fecundidade são, principalmente:

 Crescente participação da mulher no mercado de trabalho


 Preocupações com a carreira profissional, situação que prolonga o período de formação e
conduz ao casamento mais tardio
 Precaridade crescente do emprego

Exame Geografia A 2015/2016


 Preocupação crescente com a educação e o bem-estar dos filhos, exigindo investimentos cada
vez maiores.
 Acesso a métodos contracetivos mais eficazes
 Mudança da mentalidade e filosofia de vida, incompatível com o elevado número de filhos

 O envelhecimento demográfico

O envelhecimento da população, reflexo do índice de envelhecimento, é outro dos problemas


que a sociedade portuguesa enfrenta na atualidade. Este problema, comum à maioria dos países
desenvolvidos, tem na sua base várias causas das quais se salientam o aumento da esperança média de
vida e a diminuição da natalidade. O envelhecimento demográfico, sendo um fenómeno com registo em
todo o território nacional, assume, especial relevância nas regiões do interior, muito afetadas pelo
êxodo rural.

Como principais consequências do envelhecimento, apontam-se:

 Aumento do índice de dependência


 Agravamento dos problemas do sistema de Segurança Social
 Diminuição da população ativa
 Diminuição do espirito de dinamização e inovação
 Diminuição da produtividade
 Redução da natalidade

 A instabilidade laboral

A taxa de desemprego em Portugal, nos últimos anos, foi-se aproximando da média europeia,
acabando por ultrapassá-la em 2010. Este aumento ocorreu para ambos os sexos, embora mais
acentuadamente para as mulheres e para os jovens. Afeta, igualmente, não só os grupos de ativos com
níveis de instrução e qualificação mais baixos, mas também os que detêm instrução mais elevada de
nível superior e formação profissional especializada.

A instabilidade laboral pode assumir várias formas, desde o desemprego de longa duração, o
emprego temporário, o emprego a tempo parcial, ou ainda o trabalho ilegal, mas traduz-se sempre em
insegurança, mobilidade e precariedade ao nível das condições de vida.

 Baixo nível de instrução e formação profissional

O baixo nível de instrução e de qualificação para o desempenho da profissão são outro grande
problema que marca a sociedade portuguesa e explicam, em grande mediada, a baixa produtividade
verificada na maior parte dos setores laborais e a fraca competitividade do país, no plano internacional.

Soluções para os problemas da evolução da população

 Medidas que podem contribuir para o incentivo da natalidade

Compete às autoridades governamentais tomar medidas para tentar ultrapassar esta situação,
medidas essas que se inserem em políticas demográficas natalistas, isto é, orientadas para alcançar um
aumento da taxa de natalidade.

De entre estas medidas, salientam-se:

 A criação de benefícios fiscais para as famílias com vários filhos;

Exame Geografia A 2015/2016


 Criação da licença de paternidade;
 Melhoria e gratuidade dos serviços de assistência materno-infantil;
 Sensibilização da sociedade para a problemática da não-renovação de gerações;
 Criação de legislação de trabalho que proteja a mulher durante a gravidez e pós-parto.

 A qualificação dos recursos humanos em Portugal

Considerando que o abandono escolar e a baixa escolarização constituem um fator bastante


limitativo à criação de emprego e à instalação de empresas no país, tem vindo a ser defendido que uma
estratégia de desenvolvimento deve passar pela valorização da mão-de-obra, em várias vertentes, o que
obrigaria a maiores investimentos no setor da educação:

 Investimento no setor técnico profissional;


 Aumento da formação profissional;
 Redução do abandono escolar, através do combate às razões sociais e económicas que estão na
sua base.

 O papel do ordenamento do território


O ordenamento do território é fundamental para evitar e ultrapassar os problemas resultantes da má
ocupação do espaço e para melhorar a qualidade de vida da população. As soluções passam ainda pela
promoção do desenvolvimento do interior do país. O planeamento, a diferentes escalas, tem um papel
importante na previsão de ações que conduzam:
 - À efetiva melhoria das acessibilidades;
 - À criação dos serviços essenciais de apoio à população;
 - Ao desenvolvimento de atividades económicas geradoras de emprego;
 - À qualificação da mão-de-obra;
 - À concessão de benefícios e incentivos a empresas e a profissionais qualificados para que se
instalem no interior.

 A Investigação e Desenvolvimento (I&D)

Fator fundamental para o país é o investimento feito nas atividades de I&D. Em Portugal, a
investigação está quase exclusivamente sobre o domínio estatal. A maioria das empresas não estão
vocacionadas ou não tem meios para partilhar os riscos e os investimentos inerentes à investigação e
desenvolvimento. Simultaneamente, falta ainda a grande parte das empresas portuguesas uma visão
mais alargada, virada para o mercado externo (mais estimulante). Assim, são as universidades que
investem nessas áreas; no entanto, a investigação nem sempre se articula com as empresas. Perdem-se,
assim, oportunidades para aumentar a inovação tecnológica, a qualificação profissional e a
produtividade.
A falta de investimento e o prestígio de muitas instituições estrangeiras dificultam a criação de
condições favoráveis à fixação de investigadores no território nacional e levam muitos a emigrar. Ainda
assim, Portugal tem na atualidade um valor muito próximo da média da UE em termos de pessoal nas
atividades de I&D, e é um dos estados-membros com mais investigadores por mil habitantes.

1.2 A distribuição da população

A distribuição da população no mundo

Exame Geografia A 2015/2016


No final de 2011, a Terra era habitada por mais de 7 mil milhões de habitantes, distribuídos de
forma muito irregular pela superfície terrestre. As grandes concentrações populacionais, a que se
atribuem o nome de focos demográficos, localizam-se principalmente no Sul e Sudoeste do continente
asiático, na Europa e em algumas áreas da América do Norte. A estes espaços opõe-se outros, de grande
dimensão, desabitados ou aonde a população é muito escassa, designados por vazios humanos. Esses
espaços correspondem a áreas com características naturais que impedem o povoamento: os desertos,
as áreas de clima frio, as áreas de floresta densa e as áreas de alta montanha

A distribuição da população na superfície terrestre evidencia grandes contrastes:


 90% da população mundial mora no hemisfério Norte
 Cerca de 50% da população vive concentrada em 10% das terras emersas
 Cerca de 2/3 da população mundial habitam em áreas que distam menos de 500km do mar.

A distribuição da população na Europa

A Europa, no seu todo, é um continente bastante povoado; no entanto, apresenta alguns


contrastes significativos quando se comparam regiões.
A maior concentração humana na Europa ocorre nas regiões ocidental e central, onde se
localizam o Reino Unido, a Bélgica, a França, os Países Baixos e a Alemanha. Essa concentração resulta
da conjugação de fatores bastante favoráveis para a fixação de pessoas:
 Fatores Naturais: climas temperados e húmidos, relevo geralmente plano e de baixa altitude e
predomínio de solos férteis
 Fatores Humanos: agricultura próspera, grande industrialização e desenvolvimento do setor do
comércio e dos serviços, que contribuíram para a riqueza dos países, tornando-os atrativos
A Península da Escandinávia, no Norte da Europa, é a região com menor concentração humana.
A menor atratividade deste território para a fixação da população deve-se a fatores naturais: clima frio,
solos cobertos de neve e existência de áreas de relevo acidentado.

A distribuição da população em Portugal

Mais de metade dos habitantes reside nas regiões do Norte e do Centro de Portugal
Continental e menos de 5% mas regiões autónomas. Na região de Lisboa, uma das regiões de menor
dimensão, vive mais de ¼ da população. É também importante realçar:
 A maior concentração da população na faixa litoral ocidental
 O contraste entre o litoral, mais densamente povoado, e o interior, menos povoado
 A concentração da população no Grande Porto e na Grande Lisboa
 A existência de algumas concentrações em torno do Grande Porto, Grande Lisboa e da
Península de Setúbal

A partir desta análise é evidente o processo de litoralização da população e bipolarização da


concentração populacional. É também nítido o processo de urbanização, especialmente em torno das
duas metrópoles.

Nos arquipélagos, os valores da densidade populacional situam-se em níveis idênticos aos da


faixa litoral do oeste do território continental. As diferenças significativas entre as duas regiões,
destacando-se a Madeira, com um valor de densidade populacional consideravelmente superior ao dos
Açores. Em cada um dos arquipélagos existem também alguns contrastes.
 Maior densidade populacional na ilha de São Miguel
 Maior densidade na parte sul/sudoeste da ilha da Madeira

Exame Geografia A 2015/2016


 Maior concentração da população nas faixas ribeirinhas das ilhas

Fatores que explicam a distribuição da população em Portugal

A irregular distribuição da população portuguesa é condicionada por fatores naturais e


humanos. De entre os fatores naturais, destacam-se:
 O clima
 A fertilidade dos solos
 O relevo

Assim, o clima ameno e húmido do litoral


constituiu, desde sempre, um fator de atração da
população, na medida em que favorece o desenvolvimento
das atividades humanas.
Pelo mesmo motivo, a férteis planícies do litoral
atraíram desde sempre a população, ajudando à sua
fixação, na medida em que facilitam a prática da agricultura
e promovem o desenvolvimento dos transportes e das
comunicações
O interior, de clima agreste, mais montanhoso e
de solos mais pobres constituiu, desde cedo, um obstáculo
à presença humana, dificultando o desenvolvimento de
atividades como a agricultura, o comércio ou até mesmo a
indústria.

Mas, mais do que os fatores naturais, atualmente, são os fatores humanos que melhor
explicam as assimetrias regionais observadas na distribuição da população. De facto, é no litoral que se
localiza a maioria das cidades, verdadeiros polos de atração e de fixação populacional, pelo emprego
que oferecem, gerado pela intensa atividade comercial e pelos numerosos serviços e equipamentos que
põe à disposição da população, criando oportunidades de trabalho e melhorando as condições de vida.
A existência de uma densa rede de transportes no litoral, reforçada pela imensa atividade
portuária e aeroportuária, constitui um fator de atração para a fixação de numerosas empresas
nacionais e internacionais que veem, desta forma, a sua atividade e os seus contactos facilitados,
contribuindo para a criação de emprego e consequente fixação da população.
Os movimentos migratórios também estão na base da distribuição da população portuguesa.
Que a deslocação da população das áreas ruais para outros países, quer para as grandes metrópoles do
litoral conduziram ao despovoamento e envelhecimento demográfico do interior.
Em síntese, as disparidades regionais da distribuição da população resultam da convergência de
um conjunto de fatores:
 As dinâmicas geográficas que refletem a evolução da natalidade, da fecundidade e da
esperança média de vida, e também os movimentos migratórios: o êxodo rural, a emigração e a
imigração
 As dinâmicas económicas, relacionadas com o padrão de distribuição do investimento na
indústria e nos serviços na faixa litoral.
 O padrão de crescimento da urbanização das áreas metropolitanas e das cidades médias.

Exame Geografia A 2015/2016


Problemas da desigual distribuição da população

As tendências observadas escondem diferentes dinâmicas territoriais, que se devem à


existência de movimentos migratórios entre as várias regiões. Assim, enquanto algumas regiões
continuam a revelar uma forte capacidade de atração e crescimento populacional, outrqs, pelo
contrário, caracterizam-se por elevadas e contínuas perdas de população.
As regiões continentais do interior e do Sul, onde as condições de vida são mais difíceis e
existem menores oportunidades de desenvolvimento, perderam grande parte da sua população jovem e
adulta. Sem taxas de crescimento natural positivas, estas regiões acabam por cair num profundo
envelhecimento.
Na região autónoma dos Açores, este fenómeno tem paralelo nas ilhas do Corvo, Graciosa e
Flores. Na Região Autónoma da Madeira, os valores negativos da taxa de crescimento natural abrangem
principalmente os concelhos a Norte da Ilha.

 Os problemas das áreas repulsivas

 O despovoamento;
 O decréscimo da natalidade e do nº de jovens;
 Insuficiência de população ativa e de mão-de-obra qualificada;
 Degradação ambiental, por abandono da agricultura.
 Alteração da estrutura dos serviços, carência de serviços de apoio aos idosos
 As consequências do crescimento populacional das áreas urbanas

Nas áreas metropolitanas, que representam 6% do território nacional, reside mais de 45% da
população. A expansão urbana que atingiu o litoral foi rápida, não deixando tempo para um
ordenamento adequado do território. O resultado é a existência de uma quantidade enorme de
problemas económicos, sociais e ambientais e de ordenamento do território. Entre eles, destacam-se a
construção em leitos de cheia e em zonas costeiras vulneráveis à erosão marítima. A qualidade da
capacidade produtiva e o valor paisagístico e ecológico foi seriamente afetado. Este facto tem
dificultado e encarecido o desenvolvimento das infraestruturas e a prestação de serviços necessários à
população, os quais começaram a ser implementados posteriormente à ocupação humana daqueles
espaços.

 O problema das áreas atrativas

O processo de urbanização teve grandes consequências, a vários níveis, entre as quais:


 Expansão de espaços com excesso de construção e edifícios
 Aparecimento de estratos da população sem meios para obter uma habitação condigna
 Insuficiência de equipamentos escolares, de saúde, entre outros, de apoio à população
 Surgimento de grandes desigualdades sociais – segregação social, espacial e exclusão social
 Insuficiência de espaços verdes e de equipamentos de lazer

 O papel do ordenamento do território

O ordenamento do território está organizado num sistema de gestão territorial, o qual é


suportado por um conjunto de instrumentos de planeamento – os planos de ordenamento. Elaborados
por equipas multidisciplinares, compostas por geógrafos, economistas, políticos, sociólogos, entre

Exame Geografia A 2015/2016


outros, estes planos têm como finalidade a obtenção de um desenvolvimento socioeconómico e
ambiental sustentável.
Podem ter caráter setorial, como os PSOT (Planos Setoriais de Ordenamento do Território), que
procuram desenvolver e concretizar, no respetivo domínio de intervenção, as diretrizes definidas no
PNPOT ( Programa Nacional de Politica de Ordenamento do Território); ou um caráter especial, como os
PEOT (Planos Especiais de Ordenamento do Território), os quais incidem, por exemplo, em zonas de
recursos hídricos.

 Medidas para a resolução das assimetrias regionais

 Incentivo à localização de novas empresas no interior, através da disponibilidade de terrenos


mais baratos, de incentivos ficais ou atribuição de subsídios, criando assim mais empregos.
 Investimento em infraestruturas de transporte que melhorem a acessibilidade nas regiões do
interior
 Instalação de polos universitários em cidades do interior para travar a saída de jovens
 Instalação de centros de formação profissional, procurando manter o grau de qualificação
 Aproveitamento do potencial turístico, dando projeção ao património natural, cultural e
paisagístico, dinamizando atividades ligadas ao turismo, ao comércio, à hotelaria e à
restauração.
 Apoios técnicos e financeiros a jovens agricultores para o desenvolvimento de projetos
agropecuários como a produção em estufas ou a agricultura biológica.

Tema II:
Os recursos naturais de que a população dispõe: usos, limites e potencialidades

2.1 Os recursos do subsolo

Recursos: bens utilizados pela Humanidade para satisfazer as necessidades de sobrevivência e de


desenvolvimento.
Recursos naturais: todas as riquezas proporcionadas pela Natureza que se encontram no subsolo, no
solo e à superfície terrestre.
Recursos endógenos: conjunto de bens que podem ser explorados por um país ou região e que existem
no seu território.
Recursos exógenos: conjunto de bens que podem ser utilizados por uma região ou país, com origem
exterior a esse espaço

Os recursos do subsolo podem subdividir-se em dois grupos:


 Energéticos: utilizados para produzir eletricidade, calor ou para movimentar veículos de
transporte ou máquinas. Ex. Carvão, Gás Natural e Petróleo
 Matérias-primas: minerais ou rochas são utilizados no fabrico dos mais variados produtos. De
entre as matérias-primas destacam-se:
 Minerais metálicos: apresentam na sua constituição substâncias metálicas, como, por
exemplo, o ferro, o cobre, o estanho ou o volfrâmio.
 Minerais não metálicos: constituídos por substâncias não metálicas, como, por
exemplo, o sal-gema, o quartzo, o feldspato ou o gesso.
 Rochas industriais: rochas utilizadas sobretudo como matéria-prima para a indústria
ou para a construção civil, como, por exemplo, o granito, a argila ou as margas.

Exame Geografia A 2015/2016


 Rochas ornamentais: rochas utilizadas na decoração de edifícios, peças decorativas ou
mobiliário, como, por exemplo, o mármore, o granito ou o calcário microcristalino.

Outros recursos:
 Recursos Hídricos: reservatórios de água potencialmente úteis ao ser humano para as suas
atividades (uso doméstico, agricultura, indústria, etc.). Depreende-se que se fala somente de
água doce, cuja percentagem disponível para consumo humano é muito reduzida. Dos recursos
hídricos disponíveis no subsolo destacam-se as águas de nascente e as águas minerais.
 Recursos biológicos: disponibilizados pela vegetação existente à superfície (a madeira, as
plantas medicinais e a biomassa), pela fauna (a vida selvagem e marinha) e pelo solo.

A estrutura geológica de Portugal

Maciço Antigo: É a unidade mais antiga do território, constituída fundamentalmente por granitos e
xistos. É nesta unidade que se localizam as jazidas mais importantes de minerais metálicos (cobre,
volfrâmio, ferro e estanho), energéticos (carvão e urânio) e de
rochas ornamentais (mármore e granito).

Orlas Sedimentares (Ocidental e Meridional): correspondem à


metade sul do Algarve e à faixa compreendida entre Aveiro e
Lisboa. São constituídas essencialmente por rochas sedimentares
e rochas industriais (calcário, areias, argilas e arenitos).

Bacias Sedimentares do Tejo e do Sado: correspondem à


unidade geomorfológica mais recente do território, formada pela
deposição de sedimentos de origem marinha e fluvial. Os
recursos mais explorados são areias e argilas.

Nas regiões autónomas dominam as rochas magmáticas


vulcânicas (basalto e pedra-pomes), mas a sua exploração não
tem qualquer relevância económica.

Minerais Metálicos
Os principais minerais metálicos explorados, atualmente, no nosso país, são o ferro, o cobre, o
estanho e o volfrâmio.
O ferro, utilizado fundamentalmente como matéria-prima para a industria siderúrgica, é,
atualmente explorado somente no Cercal, Alentejo, e a produção é insuficiente face à procuram pelo
que se recorre à importação deste mineral para dar resposta às necessidades do país.
O cobre e o estanho são extraídos, principalmente, nas minas de Neves-Corvo, no Alentejo.
Têm como destino principal a exportação. A valorização económica que estes metais registaram no
mercado internacional nos últimos anos levou a que esta atividade fosse vista como importante para a
entrada de divisas no país.
O volfrâmio, utilizado principalmente no fabrico de ligas metálicas e de filamentos para
lâmpadas incandescentes, de que Portugal possui abundantes reservas e de que foi grande produtor no
século passado é, atualmente, extraído nas minas da Panasqueira em Castelo Branco.

Minerais não metálicos


A exploração destes minerais é, no nosso país, pouco significativa e com um valor de produção
diminuto. As substâncias mais usadas são o sal-gema, o feldspato, o quartzo e o lítio.

Exame Geografia A 2015/2016


O sal-gema é utilizado, fundamentalmente, nas indústrias química e agroalimentar,
observando-se a sua exploração em três minas nos distritos de Lisboa, Leiria e Faro.
A produção do quartzo e do feldspato observa-se em vários locais do país, no Norte, no Centro,
No Alentejo, destinando-se principalmente à indústria do vidro e cerâmica.
O lítio extraído do pegmatito com lítio é utilizado na produção de ligas metálicas em baterias
elétricas e na medicina. É um minério abundante em Portugal, cuja exploração tem vindo a ganhar
relevância.

Rochas industriais e ornamentais


Este subsetor encontra-se em expansão, quer em número de explorações quer em valor da
produção. O aumento da exploração resulta não só do aumento da procura mas também da qualidade
dos produtos e do elevado número de jazidas.
Representando o maior valor de produção deste subsetor, as rochas industriais mais
exploradas são as areias comuns, o calcário e as argilas. Constituem importantes matérias-primas para a
indústria do vidro, da cerâmica, da construção civil e obras públicas e das cimenteiras. Exploram-se um
pouco por todo o país.
As rochas ornamentais, de elevado valor unitário, contribuem de forma especial para o
aumento do valor de produção deste subsetor, apontando-se os mármores e os granitos como os mais
importantes. Os mármores são rochas carbonatadas, localizando-se a principal área de exploração no
Alentejo, na faixa Extremoz-Borba-Vila Viçosa. Os granitos pertencem ao grupo de rochas siliciosas e as
principais áreas de exploração localizam-se em Portalegre e Évora.

Recursos hídricos do subsolo

Águas minerais naturais: caracterizam-se pela sua riqueza em determinados sais minerais, o que lhe
confere propriedades terapêuticas, não devendo ser consumida de forma continuada.
Águas de nascente: sem qualidades particulares para fins terapêuticos, destinam-se ao consumo diário.

Distribuindo-se por todo o território, as unidades de engarrafamento concentram-se sobretudo


no Norte e no Centro do país. Como a produção excede a procura interna, uma parte significativa
destina-se à exportação. O aumento do consumo de águas engarrafadas no nosso país traduz a melhoria
do nível de vida da nossa população, a alteração de hábitos de consumo e uma crescente preocupação
com a qualidade deste bem essencial.

Águas minero industriais: servem para a extração económica de substâncias nelas contidas.
Águas termais: ricas em minerais e utilizadas para os mais variados fins terapêuticos, constituem um
subsetor com tendência para se expandir. Assim, o retorno do termalismo reflete-se no turismo e no
desenvolvimento o regional, permitindo a valorização dos recursos endógenos e a redução das
assimetrias regionais.
O termalismo permite, então:
 O aumento da oferta de emprego;
 Construção de infraestruturas, como hotéis, distribuição de energia, vias de comunicação, etc.;
 Diminuição do êxodo rural;
 Desenvolvimento do comércio e dos serviços;
 Intercâmbio cultural.

A exploração e distribuição dos recursos energéticos

Exame Geografia A 2015/2016


Portugal tem vindo a registar um aumento de consumo de energia, embora apresentando
valores abaixo da média da UE. O território nacional é pobre em recursos energéticos, recorrendo à
importação dos mais consumidos: petróleo, gás natural e carvão, o que se reflete numa balança
comercial negativa para este subsetor e numa forte dependência face ao exterior.

Carvão
Os recursos carboníferos em Portugal são escassos e, apesar de a sua exploração já ter
constituído uma atividade com alguma importância económica, não tem, hoje, qualquer significado.
Face à dificuldade de extração e à fraca qualidade do mesmo, a última mina em funcionamento no
nosso país, localizada no Pejão (Aveiro), encerrou em 1994, por inviabilidade económica, Deste então,
todo o carvão consumido em Portugal é importado.

Petróleo
Apesar de várias prospeções realizadas no subsolo do território nacional em busca de jazidas
petrolíferas, ainda não foi encontrada nenhuma cuja exploração se revelasse economicamente viável.
Assim, todo o petróleo consumido no país é importado.
O petróleo que chega a Portugal por via marítima é descarregado nos portos de Leixões e de
Sines, onde é refinado. Os derivados são utilizados, na sua maior parte, como combustíveis para os
transportes e para centrais termoelétricas.

Gás Natural
O gás natural, recurso
energético fóssil, introduzido em
Portugal nos últimos anos, revela-se mais
vantajoso relativamente aos recursos
anteriores. É menos poluente, as reservas
mundiais são mais vastas e menos
concentradas geograficamente. Também
é mais barato e o seu transporte não
levanta demasiados problemas. Portugal
importa todo o gás natural consumido.

Urânio
Trata-se de um mineral pesado
radioativo, utilizado na produção de energia nuclear, que pode ser transformada em eletricidade.
Apesar das importâncias de que Portugal dispõe, este minério não é explorado pelo consumo nacional,
uma vez que Portugal não tem nenhuma central nuclear. A extração de urânio no nosso país, que tem
vindo a diminuir, fez-se unicamente na mina da Urgeiriça, no distrito de Viseu.

Energia geotérmica
Esta forma de energia utiliza o calor libertado pelo interior da Terra. Em Portugal, o seu
aproveitamento é feito especialmente nos Açores, na ilha de São Miguel, para produção de energia
elétrica. Atualmente, nessa ilha, cerca de 50% da energia elétrica consumida tem essa origem.

A importância dos recursos endógenos


Os recursos do subsolo português apresentam um potencial capaz de contribuir para a criação de
emprego e para o desenvolvimento das regiões, pelo que deverão ser valorizados do ponto de vista
económico, social e ambiental.
A sua valorização implica:
 A procura de soluções para os principais problemas do sector;

Exame Geografia A 2015/2016


 A mobilização de meios políticos, financeiros, científicos e tecnológicos para a inventariação e
localização de recursos ainda não aproveitados.
 A realização de estudos e a definição de medidas que levem a uma relação de equilíbrio entre a
indústria extrativa e a preservação ambiental.

Os problemas da exploração dos recursos do subsolo


 Custos de exploração: apesar da relativa riqueza do subsolo português em recursos minerais,
águas e rochas, a sua exploração nem sempre se revela viável economicamente.
 Fraca acessibilidade das jazidas: muitas jazidas encontram-se em áreas de difícil acesso, que
elevam os custos de transporte e, portanto, os custos finais do produto, o qual perde, assim,
competitividade. Em algumas áreas, até a inexistência de infraestruturas viárias impossibilita a
exploração das jazidas.
 Dimensão das empresas: a maior parte das empresas são de pequena dimensão, não
ultrapassando, em muitos casos, a própria dimensão familiar. Nestes casos, a capacidade
financeira das empresas é insuficiente para garantir investimentos na área da modernização
tecnológica e na qualificação da mão-de-obra,
 Dependência externa: a dependência externa de Portugal face aos recursos minerais é muito
elevada. Com exceção da produção de rochas, água e cobre, o país não revela autonomia para
satisfazer a procura nacional. Contudo, é nos minerais energéticos que, devido à ausência de
produção de recursos de origem fóssil, a dependência externa se revela total. Esta dependência
traduz-se numa balança comercial negativa e numa grande vulnerabilidade económica e
política face aos mercados abastecedores.
 Impacto ambiental: a atividade ligada ao setor extrativo é altamente penalizante para o
ambiente. Esta atividade traduz-se, geralmente, na contaminação dos solos e das águas
superficiais ou subterrâneas, uma vez que na extração são utilizados produtos químicos, por
vezes altamente tóxicos. A destruição de solos agrícolas e florestais é outra consequência a
assinalar, assim como a degradação das paisagens, acompanhada, muitas vezes, da alteração
das próprias características do relevo. Nestas áreas existe igualmente poluição sonora, poluição
atmosférica e falta de segurança (como poços sem vedação).
Novas perspetivas de exploração e utilização dos recursos do subsolo

 Utilização de novas técnicas de prospeção que permitam um conhecimento mais rigoroso dos
recursos do subsolo;
 Redimensionamento das empresas, a fim de atingirem capacidade económica que permita a
introdução de novas técnicas e tecnologias mais modernas e mais rentáveis;
 Implementação de medidas de requalificação ambiental e a valorização económica das áreas
recuperadas
 Investimento nos subsetores com mais potencialidades, com é o caso das rochas e das águas
minerais e termais
 Racionalização do consumo e energia, a fim de melhorar a eficiência energética
 Aumento da produção de energia a partir do aproveitamento dos recursos renováveis, a fim de
diminuir a dependência externa ao nível dos recursos de origem fóssil.

A Importância da integração de Portugal na Politica Energética Comum


O consumo energético, em Portugal, está muito dependente de recursos exógenos (provenientes do
exterior). Assim, a potencialização dos recursos energéticos passa pela implementação de uma política
energética. Ora, a política energética incentiva:
 A eficiência energética através da racionalização e redução dos consumos e contribuindo para a
diminuição dos impactos ambientais

Exame Geografia A 2015/2016


 o aumento da produção de energia a partir de fontes renováveis e endógenas
 A investigação científica e a avaliação do potencial de aplicação da energia geotérmica para
geração de energia elétrica e para o aproveitamento térmico da energia associada aos
aquíferos ou em formações geológicas.
 A diversificação das origens, no que respeita à variedade dos parceiros comerciais e dos
produtos energéticos
 O desenvolvimento de novas tecnologias, menos poluentes
 A prospeção de novas áreas do território para identificação de reservas nacionais de
combustíveis fósseis.

2.2 A Radiação Solar

A radiação solar é a energia emitida pelo Sol, sob a forma de luz e calor que se propaga sob a forma de
ondas eletromagnéticas. Existem 3 tipos de comprimento de onda:
 Os raios ultravioleta, de pequeno comprimento de onda
 Os raios luminosos, de maior comprimento de onda
 Os raios infravermelhos, com comprimento de onda superior aos anteriores.

Nem toda a energia solar recebida no limite superior da atmosfera chega à Terra. Quase metade perde-
se ao atravessar a atmosfera.

A atmosfera é a camada gasosa que envolve a Terra, acompanhando-a em todos os seus


movimentos devido à força de atração gravitacional. A atmosfera é composta por:
 78% azoto
 21% oxigénio
 0,9% árgon
 0,03% CO2

Importância da atmosfera:
 Protege das radiações solares
 Protege dos meteoritos
 Mantém a temperatura constante
 Ou seja, permite a vida na Terra

Balanço energético da Terra

O balanço de radiação é composto por 3 partes essenciais: a energia solar incidente, a energia solar
refletida e a energia solar emitida pela Terra. A energia solar incidente volta para o espaço de 2 formas:
 Reflexão
Parte da energia solar que chega à
Terra é refletida para o espaço. A %
desta energia refletida designa-se por
albedo e tem valores muito
diferenciados.
Designa-se por albedo a fração da
energia refletida por um corpo, em
relação à energia incidente. O albedo é
variável, dependendo da cor e do tipo
dos materiais da cobertura de

Exame Geografia A 2015/2016


superfície ou do angulo de incidência dos raios solares. Assim, o albedo é muito elevado na neve e nas
nuvens e pouco elevado nas florestas densas e em algumas superfícies artificiais, como, por exemplo, as
que são cobertas de alcatrão.

 Emissão
26% é absorvida pelos gases da atmosfera
44% é absorvida pela superfície (água e solo)
Esta energia é reemitida para o espaço e de novo para a superfície da Terra

Equilíbrio Térmico:
Radiação Solar = Radiação Terrestre

A intensidade da radiação solar é variável ao longo do dia devido…


 Inclinação dos raios solares: quanto maior fora a inclinação dos raios solares, maior é a
superfície que recebe a radiação, assistindo-se a uma
maior dispersão da mesma, do que resulta uma
menor quantidade de energia recebida por unidade
de superfície.
 Massa atmosférica atravessada: quanto maior fora
inclinação dos raios solares, maior é a espessura da
camada da atmosfera percorrida o que se reflete
numa maior perda energética pelos processos de
absorção, reflexão e difusão.
 Duração do dia natural: quanto maior for a duração
do dia natural, maior será o período de receção da
radiação solar pela superfície terrestre.
 Duração da insolação: quanto maior a insolação, menor a quantidade de radiação solar perdida
na atmosfera, sendo maior a quantidade de energia que atinge a superfície terrestre.
 Latitude: O facto de a Terra ser esférica contribui para a diferente inclinação com que os raios
solares atingem a superfície terrestre, diminuindo o angulo de incidência à medida que a
latitude aumenta. À medida que a latitude aumenta, aumenta a inclinação dos raios solares, o
que se traduz numa maior superfície recetora de energia, assim como uma maior espessura da
atmosfera percorrida, resultando numa menor receção de energia.
 Relevo (altitude): com a altitude, aumenta a nebulosidade o que se traduz numa menor
insolação e, como consequência, numa menor intensidade da radiação solar recebida. Em
Portugal, o facto de o Norte apresentar o relevo mais acidentado justifica a menor insolação
registada nesta região.
 Relevo (orientação): As vertentes voltadas a Sul (esta situação a ser considerada nos lugares do
Hemisfério Norte, com latitudes superiores a 23º27’ ) encontram-se ao sol, recebem radiação
solar durante mais tempo e a inclinação dos raios
solares é menor, pelo que aumenta a quantidade
de energia recebida. O contrário acontece nas
vertentes umbrias, expostas a Norte, as quais ou
não recebem radiação solar direta ou recebem-
na por períodos de tempo mais curtos do que na
situação anterior, registando-se, igualmente,
uma maior inclinação dos raios solares, o que
conduz a uma maior perda de energia.

Exame Geografia A 2015/2016


Variação diurna da radiação solar

 A temperatura mínima atinge-se imediatamente antes de o Sol nascer porque a Terra atingiu o
limite máximo de horas sem receber radiação solar.
 A temperatura máxima atinge-se por volta das 15h porque é a altura em que o calor é maior
(após ter sido absorvida até ao meio dia) e a energia perdida é menor.

Variação anual da radiação solar

 Solstício de Junho:
Os raios solares incidem com maior obliquidade:
 Maior quantidade de energia recebida
 Menor superfície de receção de energia
 Menor espessura de massa atmosférica atravessada
 Maior duração do dia natural
 Período de insolação mais longo

 Equinócios de Setembro e Março:


 Sol incide na vertical no Equador
 Duração do dia = Duração da noite = 12h
 Obliquidade dos raios solares e massa atmosférica percorrida igual para qualquer lugar situado
à mesma latitude (norte e sul)

Exame Geografia A 2015/2016


A distribuição solar no Mundo
Os valores mais elevados de radiação solar registam-se nas regiões tropicais e vão diminuindo em
direção aos polos. Apesar de o equador ser a zona onde os raios solares incidem com menor
obliquidade, o valor máximo regista-se entres as latitudes de 20º Norte e Sul, ou seja, sobre os Trópicos
de Câncer e de Capricórnio, onde se localizam os grandes desertos quentes.

A distribuição da radiação solar em Portugal


De uma maneira geral observa-se, na distribuição espacial, que os
valores de radiação solar, aumentam de norte para sul e do litoral
para o interior. Como principais fatores explicativos desta
variação, pode apontar-se a influência da latitude e a
proximidade/afastamento do mar. As regiões do Sul, localizadas a
menor latitude, recebem maior quantidade de radiação solar,
dada a menor inclinação dos raios solares. Por outro lado, a
radiação solar recebida aumenta do litoral para o interior, uma vez
que a nebulosidade diminui com o afastamento ao mar e a
insolação aumenta.

A distribuição da temperatura no território nacional

O primeiro contraste que se observa, em Portugal Continental, é


entre um Norte mais montanhoso e frio e um Sul plano e quente. No
entanto, este não é um padrão linear. Os pontos mais elevados das principais
montanhas correspondem aos pontos mais frios e, mesmo no Norte,
podemos encontrar temperaturas elevadas, em particular nos vales
encaixados da região do Douro.
Nos Açores e na Madeira há um contraste nítido entre o litoral mais
quente e ameno e o interior de elevadas altitudes, bastante mais frio. A
origem vulcânica destas ilhas origina este relevo típico em vários cones
vulcânicos, cujos pontos mais elevados se encontram no interior.

Os contrastes entre as estações do ano em Portugal

Em Portugal Continental, durante o Inverno, desenha-se um


contraste nordeste/sudoeste, sendo Trás-os-Montes e a
Beira Interior as regiões mais frias. Por outro lado, o
algarve, em especial o barlavento, registam as
temperaturas mínimas mais elevadas. No verão, há um
claro contraste peste/este, entre o litoral “fresco” e o
interior muito quente, em particular o interior
transmontano e, sobretudo, o alentejano.
Nas ilhas, mantém-se sempre um contraste litoral/interior,
uma vez que a altitude baixa as temperaturas mínimas no
inverno e as máximas no verão.

Exame Geografia A 2015/2016


Fatores geográficos que influenciam a temperatura
 Latitude: faz variar o ângulo de incidência dos raios solares, a duração do dia e a nebulosidade
e precipitação
 Continentalidade: O oceano arrefece mais devagar até ao Inverno e aquece mais lentamente
até ao Verão. O oceano tem, assim, uma ação moderadora da temperatura que faz com que a
amplitude térmica anual seja menor no litoral.
 Altitude: A temperatura diminui com a altitude, com um gradiente médio de 0,65º por cada
100metros. O fator altitude tem mais influência no Inverno.
 Relevo: As vertentes soalheiras, por receberem maiores quantidades de radiação, são mais
quentes do que as vertentes umbrias, que podem ter longos períodos sem radiação solar
direta. Acresce ainda que, nas vertentes soalheiras das latitudes médias, a inclinação favorece
uma incidência mais próxima da vertical dos raios solares, aquecendo mais do que uma
superfície plana.

A valorização da radiação solar


A elevada insolação média registada em Portugal, superior à média europeia, faz da energia
solar um importante recurso energético que importa valorizar. A energia solar, utilizada como
alternativa às energias convencionais, permitirá diminuir a dependência do país face ao exterior,
relativamente às energias fosseis, diminuir o défice da balança comercial e, simultaneamente, contribuir
para o equilíbrio ambiental, já que se trata de uma energia limpa e inesgotável.
Em Portugal, de uma forma geral, as regiões com mais potencialidades para o aproveitamento
da energia solar localizam-se no Sul, com destaque para a faixa algarvia e para o Alentejo.

Os problemas do uso da energia solar


 A produção de eletricidade a partir da energia solar encontra-se ainda muito dependente da
variação da radiação solar;
 Com a tecnologia atual, a utilização da energia solar para produção de eletricidade exige
grandes investimentos em espaço e capital, bem como a proximidade dos centros a abastecer.

A importância da insolação na atividade turística


O turismo é uma atividade de elevado interesse económico já que é sinónimo de entrada de
divisas estrangeiras, de criação de emprego, de desenvolvimento territorial e de preservação do
património.
Para o sucesso deste setor, contribuem, entre outros fatores ambientais, o clima e a insolação,
associados à prática do turismo balnear. Assim, a maior afluência regista-se no Verão, época em que se
concentra quase 50% das dormidas de todo o ano. Mesmo no Inverno, a vinda de turistas é muito
significativa, relacionada sobretudo com o turismo sénior e a prática de golfe no Algarve, região que
mantém valores relativamente elevados de insolação e temperaturas amenas nesta época do ano. A
maior parte dos turistas vem de países com níveis de radiação consideravelmente mais baixos, como o
Reino Unido, a Alemanha e a Holanda.

2.3 Os Recursos Hídricos


O ciclo hidrológico permite transferir água de uns lugares para outros, purificar a água, uma vez
que as substancias nela dissolvidas não se evaporam, e fazer transferências de energia, já que a energia
utilizada no processo de evaporação fica retida no vapor de água sob a forma de calor latente, sendo
libertada no momento em que se verifica a condensação. Assim se compreende que, com frequência,
quando chove, a temperatura do ar aumente.

Exame Geografia A 2015/2016


Circulação geral da atmosfera

Pressão atmosférica: força exercida pela atmosfera por unidade de superfície

A pressão atmosférica é normalmente reduzida ao nível do mar e pode ser:


 Normal: =1013mb
 Alta:> 1013mb
 Baixa: <1013mb

Isóbaras: linhas que unem pontos de igual pressão atmosférica ao nível do mar

A pressão atmosférica depende:


 Da altitude: quanto maior a altitude, menor é a pressão atmosférica
 Da temperatura: quanto mais elevada é a temperatura, menor é a pressão atmosférica
 Da densidade do ar (associada à temperatura): quando maior é a densidade, maior será a
pressão
 Da latitude:

Efeito de Coriólis: os ventos deslocam-se das altas para as baixas pressões

Centros Barométricos

 Centros de baixas pressões (depressões): A


pressão diminui da periferia para o centro.
O movimento do ar, à superfície, é
convergente e o movimento vertical é
ascendente, Ao subir, a temperatura do ar
diminui, o que provoca a condensação do
vapor de água, formando-se nuvens que
podem causar precipitação.
 Centros de altas pressões (anticiclones): A
pressão aumenta da periferia para o centro.
O movimento vertical do ar e descendente e
à superfície é divergente. Ao descer, a
temperatura do ar aumenta, não se dando a
condensação do vapor de água. Os
anticiclones associam-se a céu limpo e
tempo seco.

Exame Geografia A 2015/2016


Origem dos centros barométricos:

Depressões:

 Dinâmica: a ascensão do ar provocada pela convergência do ar proveniente de direções


opostas.
 Térmica: o aquecimento do ar, pelo contacto com a superfície da Terra muito quente, torna-o
menos denso, provocando a sua ascensão

Anticiclones:

 Dinâmica: resultam da ascendência do ar frio que se encontra a maior altitude


 Térmica: o arrefecimento do ar, pelo contacto com a superfície da Terra muito fria, torna-o
mais denso e pesado.

É também importante assinalar que Portugal é afetado pelos ventos de oeste que muito influenciam o
clima, dada a sua trajetória marítima. Desta forma, apesar de terem origem nas altas pressões
subtropicais, ao deslocarem-se sobre o mar vão adquirindo humidade, que está na origem da elevada
precipitação e da amenidade das temperaturas em Portugal.

Massas de Ar

Massa de Ar: extensa porção de atmosfera que, no plano horizontal, apresenta características físicas
(temperatura, humidade e densidade) homogéneas.

As massas de ar adquirem as propriedades das regiões sobre as quais estacionaram durante um longo
período de tempo e transportam-nas para as regiões para onde se deslocam.

Massa Polar Continental: tempo muito frio e


seco, com acentuado arrefecimento noturno.
(anticiclones de inverno).

Massa Polar Marítima: menos frio e mais


húmido do que o ar polar continental. É
associado à passagem sucessiva de perturbações
frontais.

Massa Tropical Marítima: quente, muito


húmida, originada no Atlântico, na área do
anticiclone dos Açores

Massa Tropical Continental: gera grandes ondas


de calor e um ar muito seco

As frentes polares e os tipos de tempos associados

Superfície frontal fria: superfície de separação entre duas massas de ar, correspondente ao avanço do
ar frio sobre o ar quente. A inclinação da frente fria é mais acentuada que a quente, dando origem a
uma subida rápida e violenta do ar, o que leva à formação de nuvens de grande desenvolvimento
vertical que dão origem a aguaceiros e a trovoadas.

Exame Geografia A 2015/2016


Superfície frontal quente: superfície de separação entre duas massas de ar, correspondente ao avanço
do ar quente sobre o ar frio. A inclinação da frente é pouco acentuada e o ar quente desloca-se
lentamente sobre o ar frio, o que leva à formação de nuvens de fraco desenvolvimento vertical e
precipitação sob a forma de chuviscos.

Frente fria: linha de contacto de uma superfície frontal fria com a superfície terrestre. É acompanhada
de céu muito nublado e de chuvas intensas e descontínuas. No seguimento da situação, o país é
invadido por massas de ar polar marítimo que determinam uma descida brusca da temperatura.

Frente quente: linha de contacto de uma superfície frontal quente com a superfície terrestre. É
acompanhada de chuva pouco intensa e prolongada. Com a evolução da situação, o nosso país passará a
ser invadido por massas de ar tropical que determinam uma subida da temperatura e uma diminuição
da nebulosidade.

Tipos de precipitação:

Chuvas orográficas: ocorrem devido à subida do


ar ao longo das vertentes. Em Portugal, estas
chuvas ocorrem mais frequentemente no
Noroeste (barreira de condensação) e na Serra
de Sintra.
Chuvas de convecção: acontecem devido ao
sobreaquecimento do ar junto ao solo. São
chuvas típicas de climas equatoriais mas, em
Portugal, acontecem sobretudo no Verão e no
Outono.
Chuvas frontais: resultam do contacto entre
massas de ar com características diferentes.

O contraste norte-sul deve-se à influência da latitude, pois a perturbação da frente polar afeta com
maior frequência o norte do país. O sul recebe influência das altas pressões subtropicais, pelo que é
mais seco e luminoso. O relevo também exerce uma ação importante, visto que o norte com maior
orografia é mais chuvoso (devido à precipitação orográfica).

Exame Geografia A 2015/2016


A diversidade climática em Portugal

Clima português ->> Clima Temperado Mediterrâneo


 Invernos suaves e chuvosos
 Verões quentes e secos

Norte Litoral -> clima temperado mediterrâneo com feição oceânica


 Precipitação total anual abundante, especialmente nos meses do Outono e do Inverno
 Curta estação seca, não costuma ultrapassar os 2 meses
 Verões frescos e invernos suaves
 Pequena variação da amplitude térmica anual

Norte Interior -> clima temperado mediterrâneo de feição continental


 Precipitação total anual escassa, ocorrendo no Inverno, sob a forma de neve
 Estação seca que pode chegar até aos 4 meses
 Verões muito quentes e invernos muito frios
 Elevada variação de amplitude térmica anual

Sul -> clima temperado mediterrâneo


 Precipitação total anual escassa
 Existência de uma longa estação seca, que pode chegar aos 6 meses
 Verões quentes e invernos suaves
 Pequena variação da amplitude térmica anual

Nas Regiões Montanhosas, o padrão do clima mediterrâneo esbate-se com o aumento dos totais de
precipitação, com o encurtamento da estação seca e com a diminuição dos valores de temperatura,
quer no verão quer no inverno, estação em que é muito frequente a queda de precipitação sob a forma
de neve.

Açores-> Enquanto no grupo oriental se verifica alguma similitude climática com o norte litoral do
território continental, à mediada que se progride para os grupos central e ocidental, a faceta
mediterrânea esbate-se e dá lugar a um clima temperado marítimo.

Madeira-> As características do clima assemelham-se às do temperado mediterrâneo, ainda que na ilha


da Madeira a orientação do relevo e a altitude introduzam fortes contrastes na variação dos diferentes
elementos do clima. Assim, devido à disposição do relevo e ao trajeto dos ventos dominantes, a
vertente norte regista valores de precipitação muito mais elevados do que a vertente sul e uma estação
seca muito mais curta. Também as temperaturas médias anuais acentuam os contrastes, apresentando-
se muito mais elevados na vertente sul.

Estados de tempo em Portugal


 Anticiclónico de Inverno: céu limpo, baixas temperaturas, humidade baixa, sem precipitação.
Dias + frios -> Ar Polar vindo do norte da Europa
 Depressionário de Inverno: céu nublado, temperatura baixa, humidade alta, precipitação
frontal

Exame Geografia A 2015/2016


 Anticiclónico de Verão: céu limpo, humidade baixa, temperaturas altas, chuvas convectivas, os
anticiclones tropicais estão mais para Norte -> Anticiclone dos Açores
 Depressionário de Verão: céu nublado, humidade alta, temperaturas elevadas

A Irregularidade da distribuição da precipitação em Portugal

A distribuição espacial da precipitação em Portugal apresenta uma forte irregularidade, como


se pode observar no mapa de isoietas. A análise do mapa permite concluir que a distribuição da
precipitação no território continental é muito irregular, constando-se uma diminuição dos valores de
norte para sul e do litoral para o interior. Os totais mais elevados de precipitação registam-se no
noroeste e nas regiões mais montanhosas e os mais baixos no sul, nomeadamente ao longo do vale do
Guadiana e também no vale superior do Douro.
Os contastes observados podem ser explicados pelas diferenças de latitude entre os lugares,
pelo relevo (tanto na orientação como na altitude) e pela distância ao mar:
 Latitude: O Norte é mais afetado pelas baixas
pressões subpolares e pelos sistemas frontais do que
o sul, mais frequentemente condicionado pelas altas
pressões subtropicais.
 Relevo: verifica-se uma coincidência entre os locais de
maior precipitação e os de maior altitude, o que
permite concluir que a precipitação, no território
continental, tem origem orográfica. Esta situação é
reforçada pela orientação das cordilheiras
montanhosas. Estas, quando se dispõe de forma
paralela à costa, funcionam como “barreiras de
condensação”, que as transformam em obstáculos à
progressão das massas de ar húmido, dando origem a
totais de precipitação elevados, como é o caso das
serras do noroeste português. Esta disposição explica,
por outro lado, os fracos valores de precipitação
registados nas vertentes opostas a essa exposição.
 Distância ao mar: junto ao litoral, a exposição de
massas de ar húmido é maior do que no interior, o
que explica as diferenças observadas entre a faixa costeira e a continental.

Nas Regiões Autónomas dos Açores e da Madeira, a precipitação é fortemente condicionada pelo relevo
quer pela altitude quer pela orientação das montanhas relativamente aos ventos dominantes.

As disponibilidades hídricas de Portugal

A quantidade de água disponível numa região depende de vários fatores:


 Total de precipitação;
 Temperatura: a evotranspiração será tanto maior quanto maiores forem os valores de
temperatura registados;
 Características físicas dos solos: quanto maior a permeabilidade das rochas, maior a infiltração
da água;
 Relevo: formas de relevo acidentado favorecem o escoamento superficial;
 Vegetação: uma cobertura vegetal densa ajuda à infiltração da água;
 Ação Humana

Exame Geografia A 2015/2016


Os rios correm, geralmente, de Nordeste para Sudoeste ou de Este para Oeste. As exceções são
o Sado que corre de Sul para Norte e o Guadiana que corre de Norte para Sul.
A Norte, a rede hidrográfica é mais densa e os rios têm um maior declive e caudal. Os vales são
mais estreitos e profundos devido aos maiores valores de precipitação e ao relevo mais acidentado.
A generalidade dos rios portugueses tem um regime irregular. Normalmente, verificam-se
caudais muito baixos durante a época de Verão e elevados nas estações com maiores níveis de
precipitação (Outono e Inverno),

Exame Geografia A 2015/2016

Você também pode gostar