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P116 Pacheco Filho, Vilmar Velho. / Direito Penal. / Vilmar Velho Pacheco
Filho. 4. ed. — Curitiba : IESDE Brasil S.A. , 2010.
364 p.
ISBN: 978-85-
CDD 343.2
Tipicidade
37 Introdução
37 Elementos do tipo
38 Funções do tipo e suas espécies
38 Espécies de tipos penais
40 Dolo e culpa
41 Culpa
44 Crimes preterdolosos
45 Causas de exclusão do tipo: erro de tipo
Ilicitude
47 Introdução
47 Ilicitude formal e material
47 Causas de exclusão
Culpabilidade
57 Introdução e evolução histórica
58 Elementos da culpabilidade
65 Causas de exclusão da culpabilidade
Concurso de pessoas
73 Introdução
73 Requisitos para o concurso de pessoas
73 Teorias sobre o concurso de pessoas
74 Diferença entre autoria e participação
76 Formas de autoria
79 Coautoria
80 Participação
84 Incomunicabilidade das circunstâncias
Extinção da punibilidade
121 Introdução
122 Efeitos das causas extintivas
122 Causas de extinção
da punibilidade do artigo 107 do CP
133 O artigo 108 do CP
Lesão corporal
165 Bem jurídico tutelado
166 Lesão corporal de natureza leve
(CP, art. 129, caput)
166 Aspectos comuns a todas
as formas de lesão corporal
168 Lesão corporal grave
(CP, art. 129, §1.º)
169 Lesão corporal gravíssima
(CP, art. 129, §2.º)
170 Lesão corporal seguida de morte
(CP, art. 129, §3.º)
171 Causa de diminuição de pena
(CP, art. 129, §4.º)
172 Substituição de pena (CP, art. 129, §5.º)
173 Lesão corporal culposa (CP, art. 129, §6.º)
173 Causa de aumento de pena (art. 129, §7.º)
175 Lesão dolosa e preterdolosa
Apropriação indébita,
estelionato, receptação
e disposições gerais
211 Apropriação indébita
215 Estelionato
225 Receptação
228 Disposições gerais
Crimes sexuais
233 Estupro
236 Atentado violento ao pudor
238 Aspectos comuns aos crimes
de estupro e atentado violento ao pudor
243 Alterações legais em relação a alguns crimes
sexuais em face da Lei 11.106/2005
Crimes funcionais
247 Introdução e conceito
legal de funcionário público
247 Peculato
252 Concussão
253 Corrupção passiva
254 Prevaricação
Contravenções penais:
Lei 3.688/41
257 Introdução
257 Conceito legal de contravenção
penal e distinção do conceito de crime
257 Aplicação das regras do Código Penal
257 Princípio da territorialidade pura
257 Voluntariedade: dolo e culpa
258 Tentativa
258 Sanções penais
259 Reincidência
259 Dispositivos revogados
259 Limites das penas
259 Suspensão condicional da pena
259 Ação penal
Abuso de autoridade:
Lei 4.898/65
269 Conceito legal de autoridade
269 Responsabilizações
269 Direito de representação
270 Crimes em espécie
279 Sanções
280 Competência e procedimento
281 Entendimento sumular
Violência doméstica
contra a mulher
283 Violência doméstica
285 Competência
286 O papel do Ministério Público
287 Medidas protetivas de urgência
290 Crimes e penas
291 Direito de representação e retratação
292 Atividades policiais
293 Juízo criminal e procedimento
Crimes hediondos
315 Introdução
316 Conceito legal de crimes hediondos
319 Delitos equiparados e vedações legais
332 Estabelecimento prisional
332 Prazos procedimentais em dobro
para os crimes de tráfico de drogas
Crimes de tortura
335 Introdução
336 Crimes em espécie
Referências 359
Anotações 363
Introdução
Tipo penal é um modelo abstrato de comportamento proibido. Todavia, o tipo
penal não se confunde com o fato concreto. Este é praticado pelo sujeito a par de várias
circunstâncias, de natureza subjetiva ou objetiva, ocasionais ou preparadas, variáveis
segundo as condições determinadoras do comportamento. Assim, o tipo legal não pode
descrever todos os elementos e circunstâncias do fato concreto, traduzindo-se numa
definição incompleta, pois o legislador não pode prever todos os detalhes da conduta,
que variam de um para outro. Em face disso, o tipo legal fundamental deve conter apenas
os elementos necessários para individualizar a conduta considerada nociva, postergando
a um plano secundário as outras circunstâncias que, ou servem para exacerbar ou dimi-
nuir a pena, ou são subsídios de sua “dosagem” (circunstâncias legais ou judiciais).
Elementos do tipo
O tipo penal é composto de elementos objetivos, subjetivos e normativos.
Mirabete isoladamente sustenta que há fatos antijurídicos que não são típicos, por
exemplo, a fuga de um preso sem ameaça ou violência e sem a colaboração de outrem,
o dano culposo etc. São fatos contrários ao ordenamento jurídico, segundo ele, mas que
não são típicos. De outra sorte, Damásio de Jesus sustenta que todo fato típico é anti-
jurídico, só não o é quando acobertado por uma causa de exclusão da antijuridicidade,
prevista no artigo 23 do Código Penal (CP). Ele concorda com Mirabete no exemplo do
preso que foge da prisão sem empregar violência contra a pessoa, porém, alega que essa
antijuridicidade não interessa ao Direito Penal porque não está concretizada em nenhum
tipo. Somente há que se cogitar antijuridicidade penal quando o fato estiver previsto
como infração pela lei, ou seja, quando for típico.
Damásio de Jesus acrescenta outras funções ao tipo, que devem ser consideradas
secundárias, que são de limitar o injusto e limitar o iter criminis, marcando o início e o tér-
mino da conduta e assinalando os seus momentos penalmente relevantes. Além do mais, a
tipicidade ajusta a culpabilidade ao crime considerado (ao fixar a pena mínima e máxima).
Dolo e culpa
Tendo em vista a teoria finalista de Hanz Welzel, toda a conduta tem uma finali-
dade, um objetivo, que poderá se dar através do dolo ou da culpa.
Classificação do dolo
■■ Dolo direto: quando o agente intencionou determinado resultado (CP, art. 18,
I, primeira parte).
■■ Dolo indireto: quando a vontade do agente não visa a um resultado preciso
e determinado. Comporta duas formas: o dolo eventual e o alternativo. Dolo
eventual é quando o agente conscientemente admite e aceita o risco de pro-
duzir o resultado. Ele não quer o resultado, quer algo diverso, mas prevendo
que o evento possa ocorrer, assume o risco de causá-lo. Essa possibilidade de
ocorrência do resultado não o detém e ele pratica a conduta, consentindo no
resultado, conforme prevê o artigo 18, I, segunda parte, do CP. Já o dolo alter-
nativo é quando o agente quer, entre dois ou mais resultados, qualquer deles
(por exemplo, ferir ou matar).
■■ Dolo de dano: quando o agente quer o dano ou assume o risco de produzi-lo
(dolo direto ou eventual). Por exemplo, crime de homicídio em que o agente
quer a morte (dano) ou assume o risco de produzi-la.
■■ Dolo de perigo: o autor da conduta não quer o dano, nem assume o risco
de produzi-lo, desejando ou assumindo o risco de produzir um resultado de
perigo (o perigo constitui o resultado). Ele quer ou assume o risco de expor o
bem jurídico a perigo de dano (dolo de perigo direto e dolo eventual de perigo).
Pode acontecer que, já existindo o perigo ao bem jurídico, o agente consente
em sua continuidade. Nesse caso, há também dolo de perigo. Enquanto no dolo
de dano o elemento subjetivo se refere ao dano, no dolo de perigo se dirige ao
perigo.
■■ Dolo genérico e específico: para a teoria finalista não se faz essa distinção,
pois o dolo é considerado único, sendo o fim especial o elemento subjetivo do
tipo ou do injusto.
■■ Dolo natural e dolo normativo: para a doutrina tradicional, o dolo é norma-
tivo, ou seja, contém a consciência da antijuridicidade. Todavia, para a teoria
finalista da ação, o dolo é natural – corresponde à simples vontade de concre-
tizar os elementos objetivos do tipo, não portando a consciência da ilicitude.
Assim, o dolo pode ser considerado como normativo (teoria clássica) ou natu-
ral (teoria finalista da ação).
■■ Dolo geral (erro sucessivo): não se confunde com o chamado dolo gené-
rico. Ocorre quando o agente, com a intenção de praticar determinado crime,
realiza certa conduta capaz de produzir o resultado e, logo depois, na crença
de que o evento já se produziu, empreende nova ação, sendo que esta causa o
resultado. É o caso do sujeito que apunhala a vítima e, acreditando que esta já
se encontra morta, joga-a nas águas de um rio, que morre asfixiada por afo-
gamento. Segundo Damásio, a hipótese é de homicídio doloso. Parte da dou-
trina entende que há dois crimes: tentativa de homicídio e homicídio culposo.
Damásio observa, contra esse entendimento, que não é necessário que o dolo
persista durante todo o fato, sendo suficiente que a conduta desencadeante do
processo causal seja dolosa.
Culpa
A conduta de quem age com culpa não é, via de regra, uma conduta criminosa
ou ilícita. A tipicidade, em sede de culpa, decorre da inobservância do dever de cuidado
e o agente responde quando, agindo por descuido, provoca um dano – resultado típico.
Em outras palavras, a culpa não cuida da finalidade da conduta (que é quase sempre
lícita), mas da não observância do dever de cuidado pelo sujeito, causando o resultado e
tornando punível seu comportamento. Se o agente não agiu, pelo menos, com culpa, o
fato é atípico.
A culpa é normativa: o juiz decide diante do caso concreto, primeiro, o que seria
exigível da pessoa cuidadosa, prudente e de discernimento. Faz, posteriormente, um
juízo de comparação entre esse cuidado objetivo necessário e a conduta praticada pelo
agente in concreto – previsibilidade subjetiva.
Modalidades da culpa
■■ Imprudência: uma conduta (ação ou omissão) positiva, em que o agente atua
com precipitação, desconsideração, sem cautelas, não usando de seus pode-
res inibidores. É uma culpa em agir, o agente faz o que não deve (exemplos:
excesso de velocidade, ultrapassar o semáforo com o sinal vermelho).
Espécies de culpa
■■ Culpa inconsciente: é a culpa comum, que existe quando o agente não prevê o
resultado que é previsível. Não há no agente o conhecimento efetivo do perigo
que sua conduta provoca para o bem jurídico alheio.
■■ Culpa consciente: ocorre quando o agente prevê o resultado, mas espera sin-
ceramente que ele não ocorra. Há no agente a representação da possibilidade
do resultado, mas ele a afasta por entender que o evitará, que sua habilidade
impedirá o evento lesivo que está dentro de sua previsão.
Pode haver concurso de agentes no delito culposo. Por exemplo, dois operários
que jogam do alto de uma construção um pedaço de concreto, causando a morte de
outrem que passava pela rua (para alguns, seria dolo eventual).
Crimes preterdolosos
O crime preterdoloso é um crime misto, em que há dolo no antecedente e culpa
no consequente. Antecedente é a conduta que é dolosa, por dirigir-se a um fim típico, e
consequente é o resultado que sobrevém por culpa do agente, uma vez que não era pre-
tendido pelo agente, razão pela qual não admite tentativa.
quer seja adotada a regra da previsibilidade objetiva, quer seja a da previsibilidade subje-
tiva. O recurso defensivo é provido para o fim de excluir o resultado morte da previsibili-
dade das apelantes, devendo responder pelo caput do artigo 129 do Código Penal. (TJRJ,
ACr 708/99, 1.ª C. Crim., Rel. Des. Marcus Basilio, J. em 22/06/1999)