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DIREITO PENAL

Vilmar Velho Pacheco Filho

4.ª edição / 2010


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detentor dos direitos autorais.

P116 Pacheco Filho, Vilmar Velho. / Direito Penal. / Vilmar Velho Pacheco
Filho. 4. ed. — Curitiba : IESDE Brasil S.A. , 2010.
364 p.

ISBN: 978-85-

1. Direito Penal. I. Título.

CDD 343.2

Atualizado até outubro de 2009.

Todos os direitos reservados.


IESDE Brasil S.A.
Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1.482
CEP: 80730-200 – Batel – Curitiba – PR
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SUMÁRIO

Direito Penal: noções gerais


17 Introdução
17 Finalidade da norma penal e suas teorias
18 Fontes do Direito Penal
18 Classificação das leis penais
19 Normas penais em branco
19 Diferença entre norma penal
em branco/aberta e tipo penal aberto
19 Interpretação da lei penal
23 Crimes preterdolosos
23 Causas de exclusão do tipo: erro de tipo

Aplicação da lei penal


27 Princípio da legalidade e anterioridade da lei
28 Lei penal no tempo
31 Lei excepcional ou temporária
31 Tempo do crime
32 Eficácia da lei penal no espaço
33 Lugar do crime
33 Pena cumprida no estrangeiro
33 Eficácia de sentença estrangeira
34 Contagem de prazo
34 Frações não computáveis da pena

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SUMÁRIO

Tipicidade
37 Introdução
37 Elementos do tipo
38 Funções do tipo e suas espécies
38 Espécies de tipos penais
40 Dolo e culpa
41 Culpa
44 Crimes preterdolosos
45 Causas de exclusão do tipo: erro de tipo

Ilicitude
47 Introdução
47 Ilicitude formal e material
47 Causas de exclusão

Culpabilidade
57 Introdução e evolução histórica
58 Elementos da culpabilidade
65 Causas de exclusão da culpabilidade

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SUMÁRIO

Concurso de pessoas
73 Introdução
73 Requisitos para o concurso de pessoas
73 Teorias sobre o concurso de pessoas
74 Diferença entre autoria e participação
76 Formas de autoria
79 Coautoria
80 Participação
84 Incomunicabilidade das circunstâncias

Penas e suas aplicações


87 Conceito
87 Características da pena
87 Finalidade da pena
88 Sistemas prisionais
89 Espécies de pena
102 Da aplicação da pena
103 Concurso de crimes
105 Limite da execução
da pena privativa de liberdade

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SUMÁRIO

Sursis, livramento condicional


e efeitos da condenação
109 Suspensão condicional da pena: sursis
115 Livramento condicional
118 Efeitos da condenação

Extinção da punibilidade
121 Introdução
122 Efeitos das causas extintivas
122 Causas de extinção
da punibilidade do artigo 107 do CP
133 O artigo 108 do CP

Crimes contra a vida I:


homicídios
135 Introdução
136 Proteção jurídica
136 Tipos de homicídio
136 Homicídio simples
(CP, art. 121, caput)

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SUMÁRIO

Crimes contra a vida II


149 Participação em suicídio
153 Infanticídio
155 Aborto

Lesão corporal
165 Bem jurídico tutelado
166 Lesão corporal de natureza leve
(CP, art. 129, caput)
166 Aspectos comuns a todas
as formas de lesão corporal
168 Lesão corporal grave
(CP, art. 129, §1.º)
169 Lesão corporal gravíssima
(CP, art. 129, §2.º)
170 Lesão corporal seguida de morte
(CP, art. 129, §3.º)
171 Causa de diminuição de pena
(CP, art. 129, §4.º)
172 Substituição de pena (CP, art. 129, §5.º)
173 Lesão corporal culposa (CP, art. 129, §6.º)
173 Causa de aumento de pena (art. 129, §7.º)
175 Lesão dolosa e preterdolosa

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SUMÁRIO

175 Perdão judicial (CP, art. 129, §8.º)


176 Violência doméstica (CP, art. 129, §9.º)
177 Lesão corporal grave, gravíssima
e seguida de morte em violência doméstica
(CP, art. 129, §10)
178 Lesão corporal e ação penal
178 Lesão corporal e competência

Crimes contra a honra


181 Bem jurídico tutelado
181 Condutas típicas
181 Observações iniciais
182 Calúnia (CP, art. 138)
184 Difamação (CP, art. 139)
185 Injúria (CP, art. 140)

Crimes contra o patrimônio I:


furto e roubo
193 Crime de furto
198 Roubo

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SUMÁRIO

Crimes contra o patrimônio II:


extorsões
203 Extorsão
206 Extorsão mediante sequestro

Apropriação indébita,
estelionato, receptação
e disposições gerais
211 Apropriação indébita
215 Estelionato
225 Receptação
228 Disposições gerais

Crimes sexuais
233 Estupro
236 Atentado violento ao pudor
238 Aspectos comuns aos crimes
de estupro e atentado violento ao pudor
243 Alterações legais em relação a alguns crimes
sexuais em face da Lei 11.106/2005

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SUMÁRIO

Crimes funcionais
247 Introdução e conceito
legal de funcionário público
247 Peculato
252 Concussão
253 Corrupção passiva
254 Prevaricação

Contravenções penais:
Lei 3.688/41
257 Introdução
257 Conceito legal de contravenção
penal e distinção do conceito de crime
257 Aplicação das regras do Código Penal
257 Princípio da territorialidade pura
257 Voluntariedade: dolo e culpa
258 Tentativa
258 Sanções penais
259 Reincidência
259 Dispositivos revogados
259 Limites das penas
259 Suspensão condicional da pena
259 Ação penal

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SUMÁRIO

259 Competência e procedimento judicial

Abuso de autoridade:
Lei 4.898/65
269 Conceito legal de autoridade
269 Responsabilizações
269 Direito de representação
270 Crimes em espécie
279 Sanções
280 Competência e procedimento
281 Entendimento sumular

Violência doméstica
contra a mulher
283 Violência doméstica
285 Competência
286 O papel do Ministério Público
287 Medidas protetivas de urgência
290 Crimes e penas
291 Direito de representação e retratação
292 Atividades policiais
293 Juízo criminal e procedimento

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SUMÁRIO

Crimes da Nova Lei de Drogas


297 Introdução
297 Bem jurídico
297 Crime de perigo comum
297 Crime de consumação formal
298 Princípio da insignificância
298 Tentativa
298 Crimes permanentes
298 Usuário de droga
300 Materialidade dos delitos
300 Norma penal em branco
300 Lança-perfume
300 Semente de maconha
301 Elemento normativo do tipo
301 Tipo penal de conteúdo múltiplo
301 Concurso material e crime continuado
301 Análise do crime de tráfico
descrito no artigo 33 da Lei 11.343/2006
304 Indulto e comutação
305 Expropriação de terras nas quais
se cultivam plantas destinadas
à produção de entorpecentes
305 Aparelhos, maquinismos
e objetos destinados ao tráfico: artigo 34

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SUMÁRIO

306 Associação criminosa para tráfico: artigo 35


307 Financiar ou custear o tráfico: artigo 36
308 Colaborar como informante
309 Prescrever ou ministrar culposamente drogas
309 Conduzir embarcação
ou aeronave após consumo de droga
310 Majorantes para os crimes de tráfico
311 Causas de isenção e redução de pena
311 Exame de dependência toxicológica
311 Competência

Crimes hediondos
315 Introdução
316 Conceito legal de crimes hediondos
319 Delitos equiparados e vedações legais
332 Estabelecimento prisional
332 Prazos procedimentais em dobro
para os crimes de tráfico de drogas

Crimes de tortura
335 Introdução
336 Crimes em espécie

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SUMÁRIO

342 Princípio da extraterritorialidade da lei penal


342 Vigência imediata e revogação
expressa do crime de tortura
do Estatuto da Criança e do Adolescente

Crimes no Código de Trânsito


Brasileiro: Lei 9.503/97
345 Introdução
345 Parte geral
351 Parte especial: crimes em espécie

Referências 359

Anotações 363

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Tipicidade

Introdução
Tipo penal é um modelo abstrato de comportamento proibido. Todavia, o tipo
penal não se confunde com o fato concreto. Este é praticado pelo sujeito a par de várias
circunstâncias, de natureza subjetiva ou objetiva, ocasionais ou preparadas, variáveis
segundo as condições determinadoras do comportamento. Assim, o tipo legal não pode
descrever todos os elementos e circunstâncias do fato concreto, traduzindo-se numa
definição incompleta, pois o legislador não pode prever todos os detalhes da conduta,
que variam de um para outro. Em face disso, o tipo legal fundamental deve conter apenas
os elementos necessários para individualizar a conduta considerada nociva, postergando
a um plano secundário as outras circunstâncias que, ou servem para exacerbar ou dimi-
nuir a pena, ou são subsídios de sua “dosagem” (circunstâncias legais ou judiciais).

Elementos do tipo
O tipo penal é composto de elementos objetivos, subjetivos e normativos.

Os elementos objetivos dizem respeito ao aspecto material do fato: ao verbo


núcleo do tipo, ao tempo, ao sexo etc. Por exemplo, no homicídio, matar é o verbo núcleo,
alguém é a pessoa, também elemento objetivo.

Já quanto aos elementos normativos é necessária uma valoração por parte do


intérprete, valoração esta que pode ser jurídica (por exemplo, na expressão warrant,
documento público) ou extrajurídica, como no caso das expressões estado puerperal,
sem justa causa etc. O intérprete nada pode dizer antes de examinar o fato, pois este é
que irá enriquecer o tipo e fornecer a significação.

Os elementos subjetivos são aqueles que dizem respeito ao estado anímico ou


psicológico do agente, ou seja, o dolo, especiais motivos, tendências e intenções, quando
da prática da conduta criminosa. Se caracteriza pelas expressões para o fim de, com o
intuito de, para fim libidinoso etc.

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DIREITO PENAL

Funções do tipo e suas espécies


Reconhece-se, na doutrina moderna, que o tipo penal tem duas funções: a de
garantia e a de indicar a antijuridicidade.

A primeira função é a de garantia, já que aperfeiçoa e sustenta o princí-


pio da legalidade do crime. A segunda é a de indicar a antijuridicidade do fato à sua
contrariedade ao ordenamento jurídico. A tipicidade é o indício da antijuridicidade do
fato. Praticado um fato típico, presume-se também a sua antijuridicidade, presunção
que somente cessa diante da existência de uma causa que a exclua. Assim, se “A” mata
“B” voluntariamente, há um fato típico e, em princípio, antijurídico, mas se só o fez, por
exemplo, em legítima defesa, não existirá a antijuridicidade. Não sendo o fato antijurí-
dico, não há crime.

Mirabete isoladamente sustenta que há fatos antijurídicos que não são típicos, por
exemplo, a fuga de um preso sem ameaça ou violência e sem a colaboração de outrem,
o dano culposo etc. São fatos contrários ao ordenamento jurídico, segundo ele, mas que
não são típicos. De outra sorte, Damásio de Jesus sustenta que todo fato típico é anti-
jurídico, só não o é quando acobertado por uma causa de exclusão da antijuridicidade,
prevista no artigo 23 do Código Penal (CP). Ele concorda com Mirabete no exemplo do
preso que foge da prisão sem empregar violência contra a pessoa, porém, alega que essa
antijuridicidade não interessa ao Direito Penal porque não está concretizada em nenhum
tipo. Somente há que se cogitar antijuridicidade penal quando o fato estiver previsto
como infração pela lei, ou seja, quando for típico.

Damásio de Jesus acrescenta outras funções ao tipo, que devem ser consideradas
secundárias, que são de limitar o injusto e limitar o iter criminis, marcando o início e o tér-
mino da conduta e assinalando os seus momentos penalmente relevantes. Além do mais, a
tipicidade ajusta a culpabilidade ao crime considerado (ao fixar a pena mínima e máxima).

A adequação típica se dá quando o comportamento do agente se amolda a um


tipo penal. Nem sempre a adequação do fato ao tipo penal se opera de forma direta ou
imediata – o fato se enquadra imediatamente à lei, sem que para isso seja necessária
qualquer outra disposição. Por exemplo, se “A” mata “B”, o fato se enquadra diretamente
à figura legal do homicídio. Às vezes acontece o que se denomina de tipicidade indireta
ou mediata, sendo necessário à tipicidade que se complete com o tipo penal de outras
normas, como ocorre na tentativa (art. 14, II) e no concurso de agentes (art. 29).

Espécies de tipos penais


■■ Tipos penais básicos ou fundamentais: se dão quando a descrição é essen-
cial, sem a qual o crime não existe. É o que nos oferece a imagem mais simples

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de uma espécie do delito. Geralmente, estão no caput de um artigo da parte


especial. Por exemplo, homicídio simples, furto simples.

■■ Tipos penais derivados: formam-se a partir do tipo fundamental. São as figu-


ras qualificadas e privilegiadas. Por exemplo, homicídio qualificado ou privi-
legiado, furto qualificado. O tipo derivado normalmente não altera a subs-
tância da conduta descrita no tipo básico, limitando-se o legislador a aduzir
ao último características meramente agravadoras ou atenuadoras da pena,
hipótese em que é uma figura caudatária do tipo fundamental, aplicando-se
àqueles as regras atinentes a estes. Todavia, por vezes o tipo derivado poderá
constituir-se em uma figura independente, autônoma, como ocorre no furto
qualificado (art. 155, §4.º, I a IV) que, segundo a jurisprudência do Supremo
Tribunal Federal (STF), não se beneficia com a possibilidade de substituição
ou diminuição de pena do parágrafo 2.º do artigo 155, aplicável ao tipo funda-
mental do furto (art. 155, caput).

■■ Tipos penais simples: há descrição de uma única hipótese de conduta puní-


vel. Por exemplo, artigo 215 do CP, posse sexual mediante fraude, há uma
única conduta descrita.

■■ Tipos penais mistos: quando há descrição de mais de uma espécie de conduta


ou circunstância. Por exemplo o artigo 211, que trata da destruição, subtração ou
ocultação de cadáver: realizando uma ou outra conduta ou todas elas, o agente
estará praticando um único crime. São os crimes de ação múltipla ou de conteúdo
variável. Quanto às circunstâncias, veja-se o artigo 121, parágrafo 2.º, IV:
Art. 121. [...]
§2.º [...]
IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte
ou torne impossível a defesa do ofendido;

Assim, pode não só a conduta ser variada, mas também a circunstância.


■■ Tipos penais normais: contêm apenas uma descrição objetiva, puramente
descritiva, como ocorre nos crimes de homicídio (art. 121), lesões corporais
(art. 129). O conhecimento do tipo opera-se através de simples verificação sen-
sorial, pois só possuem elementos objetivos. A lei refere-se a membro, explo-
sivo, parto, homem, mulher etc. A identificação de tais elementos dispensa
qualquer valoração.
■■ Tipos penais anormais: contêm, além do(s) elemento(s) objetivo(s) – verbo
núcleo, comum em todos os tipos penais –, elementos normativos ou elemen-
tos subjetivos, ou ainda ambos.

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DIREITO PENAL

■■ Tipos penais fechados: o legislador definiu o tipo de forma completa, não


deixando margem de interpretação. A tipicidade indica a ilicitude sem ressalva
ou restrição. É a regra geral, para que haja uma garantia ao cidadão, pois a
partir do momento em que o tipo penal seja aberto e permita ampliação de sua
aplicação, perdemos a segurança que o tipo penal dá. Os tipos penais abertos
são necessários para o caso de crime culposo.
■■ Tipos penais abertos: a descrição da conduta não é completa, requer
complementação, seguindo orientação indicada pelo próprio tipo penal. É o
caso dos crimes culposos, pois é a valoração do fato que dá a configuração do
tipo penal culposo. Os delitos culposos precisam ser completados pela norma
geral que impõe a observância do dever de cuidado. Não se confunde o tipo
aberto com as normas penais em branco.
■■ Tipos penais incriminadores ou legais: preveem condutas e cominam san-
ções, encontram-se na parte especial do CP e na legislação complementar.
■■ Tipos penais permissivos: são os casos de excludente da ilicitude, os tipos
penais justificantes.

Dolo e culpa
Tendo em vista a teoria finalista de Hanz Welzel, toda a conduta tem uma finali-
dade, um objetivo, que poderá se dar através do dolo ou da culpa.

O dolo, de acordo com a teoria finalista da ação, é elemento subjetivo do tipo


(implícito). É natural, representado pela vontade e consciência de realizar o comporta-
mento típico que a lei prevê, mas sem a consciência da ilicitude de seu comportamento;
nesse caso, continua havendo o dolo e apenas a culpabilidade do agente fica atenuada ou
excluída. Destarte, para a teoria finalista o dolo integra a conduta, pelo que a ação e a
omissão não constituem simples formas naturalísticas de comportamento, mas ações ou
omissões dolosas. Dolo é a vontade de concretizar as características objetivas do tipo.

Classificação do dolo
■■ Dolo direto: quando o agente intencionou determinado resultado (CP, art. 18,
I, primeira parte).
■■ Dolo indireto: quando a vontade do agente não visa a um resultado preciso
e determinado. Comporta duas formas: o dolo eventual e o alternativo. Dolo
eventual é quando o agente conscientemente admite e aceita o risco de pro-
duzir o resul­tado. Ele não quer o resultado, quer algo diverso, mas prevendo
que o evento possa ocorrer, assume o risco de causá-lo. Essa possibilidade de
ocorrência do resul­tado não o detém e ele pratica a conduta, consentindo no

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resultado, conforme prevê o artigo 18, I, segunda parte, do CP. Já o dolo alter-
nativo é quando o agente quer, entre dois ou mais resultados, qualquer deles
(por exemplo, ferir ou matar).
■■ Dolo de dano: quando o agente quer o dano ou assume o risco de produzi-lo
(dolo direto ou eventual). Por exemplo, crime de homicídio em que o agente
quer a morte (dano) ou assume o risco de produzi-la.
■■ Dolo de perigo: o autor da conduta não quer o dano, nem assume o risco
de produzi-lo, desejando ou assumindo o risco de produzir um resultado de
perigo (o perigo constitui o resultado). Ele quer ou assume o risco de expor o
bem jurídico a perigo de dano (dolo de perigo direto e dolo eventual de perigo).
Pode acontecer que, já existindo o perigo ao bem jurídico, o agente consente
em sua continuidade. Nesse caso, há também dolo de perigo. Enquanto no dolo
de dano o elemento subjetivo se refere ao dano, no dolo de perigo se dirige ao
perigo.
■■ Dolo genérico e específico: para a teoria finalista não se faz essa distinção,
pois o dolo é considerado único, sendo o fim especial o elemento subjetivo do
tipo ou do injusto.
■■ Dolo natural e dolo normativo: para a doutrina tradicional, o dolo é norma-
tivo, ou seja, contém a consciência da antijuridicidade. Todavia, para a teoria
finalista da ação, o dolo é natural – corresponde à simples vontade de concre-
tizar os elementos objetivos do tipo, não portando a consciência da ilicitude.
Assim, o dolo pode ser considerado como normativo (teoria clássica) ou natu-
ral (teoria finalista da ação).
■■ Dolo geral (erro sucessivo): não se confunde com o chamado dolo gené-
rico. Ocorre quando o agente, com a intenção de praticar determinado crime,
realiza certa conduta capaz de produzir o resultado e, logo depois, na crença
de que o evento já se produziu, empreende nova ação, sendo que esta causa o
resultado. É o caso do sujeito que apunhala a vítima e, acreditando que esta já
se encontra morta, joga-a nas águas de um rio, que morre asfixiada por afo-
gamento. Segundo Damásio, a hipótese é de homicídio doloso. Parte da dou-
trina entende que há dois crimes: tentativa de homicídio e homicídio culposo.
Damásio observa, contra esse entendimento, que não é necessário que o dolo
persista durante todo o fato, sendo suficiente que a conduta desencadeante do
processo causal seja dolosa.

Culpa
A conduta de quem age com culpa não é, via de regra, uma conduta criminosa
ou ilícita. A tipicidade, em sede de culpa, decorre da inobservância do dever de cuidado
e o agente responde quando, agindo por descuido, provoca um dano – resultado típico.

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DIREITO PENAL

Em outras palavras, a culpa não cuida da finalidade da conduta (que é quase sempre
lícita), mas da não observância do dever de cuidado pelo sujeito, causando o resultado e
tornando punível seu comportamento. Se o agente não agiu, pelo menos, com culpa, o
fato é atípico.

A culpa é normativa: o juiz decide diante do caso concreto, primeiro, o que seria
exigível da pessoa cuidadosa, prudente e de discernimento. Faz, posteriormente, um
juízo de comparação entre esse cuidado objetivo necessário e a conduta praticada pelo
agente in concreto – previsibilidade subjetiva.

Para a teoria finalista, atualmente adotada no CP, a culpa fundamenta-se na afe-


rição do cuidado objetivo exigível pelas circunstâncias em que o fato aconteceu, o que
indica a tipicidade da conduta do agente. A seguir deve chegar-se à culpabilidade, pela
análise da previsibilidade subjetiva. Isto é, se o sujeito, de acordo com sua capacidade
pessoal, agiu ou não de forma a evitar o resultado.

Elementos do tipo culposo


■■ Conduta humana voluntária, comissiva ou omissiva.
■■ Nexo causal – está sempre presente no fato típico culposo, pois há sempre um
resultado.
■■ Resultado involuntário.
■■ Inobservância de cuidado objetivo, por imprudência, imperícia ou negligência.
■■ Ausência de previsão, salvo na culpa consciente.
■■ Previsibilidade objetiva.
■■ Tipicidade.

Princípio da excepcionalidade do crime culposo


Está previsto no artigo 18, parágrafo único, do CP que, “salvo os casos expressos
em lei, ninguém pode ser punido por fato previsto como crime, senão quando o pratica
dolosamente”. A regra é que o crime seja doloso; excepcionalmente, quando houver pre-
visão legal, é que será admitida a modalidade culposa.

Modalidades da culpa
■■ Imprudência: uma conduta (ação ou omissão) positiva, em que o agente atua
com precipitação, desconsideração, sem cautelas, não usando de seus pode-
res inibidores. É uma culpa em agir, o agente faz o que não deve (exemplos:
excesso de velocidade, ultrapassar o semáforo com o sinal vermelho).

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■■ Negligência: uma conduta (ação ou omissão) negativa é a inércia psíquica, a


indiferença do agente que, podendo tomar as cautelas exigíveis, não o faz por
displicência ou preguiça mental. É culpa in omitendo. O agente não faz o que
deve (não examina os freios, não abastece o veículo e, em face da pane seca,
causa um crime de trânsito).
■■ Imperícia: é relacionada à incapacidade, à falta de conhecimentos técnicos no
exercício da arte ou profissão, não tomando o agente em consideração o que
sabe ou deve saber. A imperícia pressupõe sempre a qualidade de habilitação
legal para a arte ou profissão.

Espécies de culpa
■■ Culpa inconsciente: é a culpa comum, que existe quando o agente não prevê o
resultado que é previsível. Não há no agente o conhecimento efetivo do perigo
que sua conduta provoca para o bem jurídico alheio.
■■ Culpa consciente: ocorre quando o agente prevê o resultado, mas espera sin-
ceramente que ele não ocorra. Há no agente a representação da possibilidade
do resultado, mas ele a afasta por entender que o evitará, que sua habilidade
impedirá o evento lesivo que está dentro de sua previsão.

Distinção entre culpa consciente e dolo eventual:


■■ Na culpa consciente, o agente, embora prevendo o resultado, não o aceita
como possível. Ele não consente no resultado. É o caso do atirador de elite
que, mirando o agressor, acerta a vítima. Podia prever, mas acreditava poder
evitar o resultado. O agente não era indiferente ao resultado.
■■ No dolo eventual, o agente prevê o resultado, não se importando que
ele venha a ocorrer. Há uma indiferença do agente, ele tolera a produção
do resultado. Aqui, não é suficiente que o agente se tenha conduzido de
maneira a assumir o resultado, exige-se que ele haja consentido no resul-
tado, fazendo pouco caso da ocorrência do resultado.
■■ Culpa própria: ocorre quando o agente não quer o resultado nem assume o
risco de produzi-lo.
■■ Culpa imprópria : é impropriamente chamada de culpa, porque na realidade
se trata de uma conduta dolosa punida como culposa, que poderá derivar
de erro de tipo inescusável, erro inescusável nas descriminantes putativas
ou excesso nas causas justificativas. É também chamada de culpa por equi-
paração, assimilação. Nessas hipóteses, o sujeito quer o resultado, mas sua
vontade está viciada por um erro que poderia, com o cuidado necessário, ter
sido evitado.

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DIREITO PENAL

■■ Culpa mediata ou indireta: ocorre quando o agente, determinando de forma


imediata certo resultado, vem dar causa a outro. Por exemplo, o pai, na ten-
tativa de socorrer o filho, culposamente atropelado por um veículo, vem a ser
atropelado e morto por outro. Questiona-se a existência de culpa do primeiro
atropelador pela culpa do último resultado. A solução do problema se resolve
pela previsibilidade ou imprevisibilidade do segundo resultado.

Compensação e concorrência de culpas


As culpas não se compensam na área penal. Em matéria criminal, a culpa recí-
proca apenas produz efeitos quanto à fixação da pena, ficando neutralizada a culpa do
agente somente quando demonstrado inequivocamente que a atuação da vítima tenha
sido a causa exclusiva do evento.

A questão da compensação de culpas não se confunde com a concorrência de cul-


pas. Há concorrência de culpas quando dois ou mais agentes causam o resultado lesivo
por imprudência, imperícia ou negligência. Todos respondem pelo evento lesivo.

Pode haver concurso de agentes no delito culposo. Por exemplo, dois operários
que jogam do alto de uma construção um pedaço de concreto, causando a morte de
­outrem que passava pela rua (para alguns, seria dolo eventual).

Crimes preterdolosos
O crime preterdoloso é um crime misto, em que há dolo no antecedente e culpa
no consequente. Antecedente é a conduta que é dolosa, por dirigir-se a um fim típico, e
consequente é o resultado que sobrevém por culpa do agente, uma vez que não era pre-
tendido pelo agente, razão pela qual não admite tentativa.

O delito de lesão corporal seguido de morte constitui o chamado crime preterdoloso,


havendo dolo no antecedente e culpa no consequente. O agente quis apenas lesionar, não
sendo o resultado morte aceito ou querido, vindo a ocorrer por culpa, destacando-se que a
“essência da culpa está toda na previsibilidade” (Carrara), sendo “imperativo que o autor
obre com previsibilidade para que se lhe possa imputar a circunstância de agravamento na
reação penal” (Mayrink). Previsível é o fato cuja superveniência não escapa à perspicácia
comum, não se podendo afastar do que seria imaginável pelo chamado homem médio
(previsibilidade objetiva), também admitindo parte da doutrina que a previsibilidade deve
ser estabelecida conforme a capacidade de previsão de cada indivíduo, sem que para isso
se tenha de recorrer a nenhum termo médio (previsibilidade subjetiva), posição defendida
por Zaffaroni. No caso concreto, ocorrendo uma briga entre duas mulheres, com trocas de
arranhões e puxões de cabelo, a conduta da filha de uma delas de puxar o cabelo daquela
que guerreava com sua mãe, acarretou uma lesão raquimedular, causa da morte da vítima
vários dias após. O resultado letal, porém, manifesta-se de forma totalmente imprevisível,

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quer seja adotada a regra da previsibilidade objetiva, quer seja a da previsibilidade subje-
tiva. O recurso defensivo é provido para o fim de excluir o resultado morte da previsibili-
dade das apelantes, devendo responder pelo caput do artigo 129 do Código Penal. (TJRJ,
ACr 708/99, 1.ª C. Crim., Rel. Des. Marcus Basilio, J. em 22/06/1999)

Causas de exclusão do tipo: erro de tipo


■■ Inadequação típica: uma vez que o fato praticado pelo agente não se amolda
à norma.
■■ Crime de bagatela: por falta de relevância social, com base no princípio da
insignificância, que ensina que, embora a conduta do agente possa se amoldar
ao tipo formal (exemplo: CP, art. 155), não há a chamada tipicidade material,
que é a ofensa ao bem jurídico tutelado pela norma penal, pois o objeto furtado
tem um valor insignificante, desprezível, que não chega a ofender o patrimônio
da vítima (por exemplo, uma caneta de um real).
■■ Erro de tipo: conforme prevê o artigo 20 do CP, pode ser essencial ou aciden-
tal.
■■ O erro de tipo essencial sempre exclui o dolo da conduta do infrator, e poderá
também excluir a culpa quando então não será responsabilizado por nada,
pois o fato será atípico. Esse é o chamado erro de tipo essencial invencível
ou escusável. Se excluir somente o dolo e o agente, com um pouco mais de
atenção poderia evitar o resultado, persistirá a culpa, respondendo ele pela
modalidade culposa se houver previsão típica. É o chamado erro de tipo
essencial vencível ou inescusável.
■■ O erro de tipo acidental não beneficia o agente uma vez que não exclui
nem o dolo nem a culpa do seu comportamento, já que o resultado é que
foi acidental. É o que ocorre nos casos de erro sobre o objeto, erro sobre a
pessoa (CP, art. 20, §3.º), erro na execução (CP, art. 73) e resultado diverso
do pretendido (CP, art. 74).

Direito Penal, de Damásio Evangelista de Jesus, editora Saraiva.

Manual de Direito Penal, de Julio Fabbrini Mirabete, editora Atlas.

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