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SUMÁRIO
DIREITO PENAL ........................................................................................................................................................................... 2
TEORIAS DO CRIME/DELITO ..................................................................................................................................................... 2
1. SISTEMA CAUSAL, TEORIA CAUSAL, CLÁSSICA OU “SISTEMA LISZT-BELING” ....................................................................................................2
2. SISTEMA NEOCLÁSSICO, TEORIA NEOCLÁSSICA, NORMATIVISTA, NEOKANTIANA, NEOKANTISTA, NEOKANTISMO OU CAUSAL-VALORATIVA 4

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3. SISTEMA FINALISTA OU TEORIA FINALISTA ........................................................................................................................................................7
3.1. TEORIA FINALISTA BIPARTITE, BRASILEIRA OU DISSIDENTE ............................................................................................................................8
4. TEORIA SOCIAL...................................................................................................................................................................................................8
5. FUNCIONALISMO TELEOLÓGICO, MODERADO, DUALÍSTICO OU DA POLÍTICA CRIMINAL (CLAUS ROXIN – ESCOLA DE MUNIQUE) ............................9
6. FUNCIONALISMO RADICAL, SISTÊMICO OU MONISTA (GÜNTHER JAKOBS – ESCOLA DE BONN) ...............................................................................10
8. QUAL TEORIA DO CRIME O BRASIL ADOTA? ....................................................................................................................................................12

Para saber se o material foi atualizado, clique aqui e confira a data da capa (se for posterior a
27/09/2022, houve alteração no conteúdo):
 Link: https://drive.google.com/file/d/1Ohci2Oh6-a9RWwGjoJuquSAkhfpAG6g7/view?usp=sharing

Dúvidas, sugestões e críticas:


 Favor enviar para: marcoavtorrano@gmail.com

Legenda dos grifos:


 AMARELO – DESTAQUE
 VERDE – EXCEÇÃO, VEDADO ou ALGUMA ESPECIFICIDADE
 AZUL – GÊNERO, PALAVRA-CHAVE ou EXPRESSÃO
 LARANJA – SUJEITOS, PESSOAS OU ENTES
 CINZA – MEUS COMENTÁRIOS DENTRO DO ARTIGO

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DIREITO PENAL a) teoria causal ou naturalista da ação: a ação humana ge-
radora de processo mecânico/muscular, que provoca modi-
ficações no mundo exterior;
AUTOR: MARCO TORRANO b) teoria psicológica da culpabilidade: a culpabilidade como
INSTAGRAM: @MARCOAVTORRANO/@PROLEGES vínculo psicológico que o une o autor ao fato, por meio do

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 Importante
TEORIAS DO CRIME/DELITO TEORIA CAUSAL
(CONCEITO ANALÍTICO DE CRIME)
Quais são as principais ASPECTOS ASPECTO
teorias do crime? OBJETIVOS[3] SUBJETIVO
Teoria causalista, causal-naturalista, teoria clássica, te- FATO TÍPICO ANTIJURÍDICO CULPÁVEL[1]
1. oria naturalística, teoria mecanicista ou, também cha-
mada, de sistema Liszt-Beling. Conduta Contrariedade Imputabilidade
(sem finalidade).[4] da conduta com (pressuposto).
2. Teoria neokantista.
Resultado. o
3. Teoria finalista. ordenamento Dolo ou culpa
Nexo causal. jurídico
4. Teoria finalista bipartite, brasileira ou dissidente. (espécie).[2]
Tipicidade. (sentido formal).
5. Teoria social.
[1] Culpabilidade psicológica.
Funcionalismo teleológico, moderado, dualístico ou da [2] Dolo normativo (dolus malus).
6.
política criminal. [3] O aspecto objetivo também era chamado de injusto. Por
essa razão, para a estrutura do crime da teoria clássica, o
7. Funcionalismo radical, sistêmico ou monista.
crime era o injusto (fato típico + antijurídico) culpável. Esque-
 Algumas obras de Direito Penal preferem a expressão
“sistema” (ex.: sistema clássico, sistema neoclássico, sistema finalista, sis-
maticamente:
tema funcionalista), justamente porque essas “teorias” incorporam outras  crime = injusto culpável
“teorias”, a fim de explicar/aplicar o seu conteúdo aos mais variados institutos  injusto = aspecto objetivo do crime = fato típico + antijurídico
jurídicos do Direito Penal. Neste material, não tivemos a pretensão de dife-  culpabilidade = aspecto subjetivo do crime = dolo ou culpa
renciar os seus significados.
 É verdade que esse tópico é encontrado em muitos manuais de Direito Pe-
(tendo a imputabilidade como pressuposto).
nal na parte sobre as “teorias da conduta”. [4] A conduta é considerada de forma objetiva, não impor-
Contudo, em outras obras, a sua sistematização é ampliada, aplicando esses tando a finalidade/intenção do agente.
“sistemas” como instrumentos necessários para interpretar os mais diversos Diferente é na teoria finalista. Para Welzel, não se pode sepa-
institutos de Direito Penal, visto que essas teorias são fruto da própria evolu-
ção histórica da ciência penal.
rar a vontade da conduta. Então, a conduta é definida como
 Alguns doutrinadores utilizam a expressão “teorias do delito” (e não “teo- sendo toda a ação ou omissão humana, consciente ou volun-
rias do crime”) para que as contravenções penais não fiquem de fora. tária, dirigida a uma determinada finalidade. A conduta é a
 Com certeza se trata de um dos temas mais complicados do Direito Penal. materialização da própria vontade do sujeito (seu querer). Por
Nossa intenção foi sistematizar os tópicos e analisar o conteúdo de acordo
com aquilo que mais vem sendo cobrado em concursos públicos.
isso a frase marcante de Welzel: “a finalidade é vidente, a cau-
salidade é cega”.
1. SISTEMA CAUSAL, TEORIA CAUSAL, CLÁSSICA
CONDUTA
OU “SISTEMA LISZT-BELING”
(AÇÃO HUMANA)

NOÇÕES GERAIS Teoria causal-naturalística da ação: vontade exteriorizada


do agente que põe em marcha a causalidade.
 Origem: primeiros anos do séc. XX. É dividida em dois elementos.
 Teóricos: FRANZ VON LISZT (primeira ima- O “querer interno” (conduta corporal do agente)
gem), ERNEST VON BELING (segunda imagem). e o “processo causal” (efeito ou resultado).
 Influenciados pelo Positivismo (AUGUSTE Portanto, conduta é ação humana voluntária que produz
COMTE, SÉC. XIX): isto é, somente o conheci- modificação no mundo exterior.
mento científico e as leis da natureza eram Abrange apenas condutas comissivas.
verdadeiros. Pois, deslumbrados com o  A ação humana geradora de processo mecânico/muscular, regido pelas
avanço da ciência, procuraram utilizar mé- leis da causalidade.
 Basta um “procedimento corpóreo voluntário” (Beling) ou a “causação
todos mensuráveis e empiricamente com-
voluntária de uma modificação no mundo exterior” (Von Liszt).
prováveis.  “A ação é valorativamente neutra, sendo identificada como um movi-
 Mérito da teoria: extirpa a responsabili- mento corpóreo voluntário, que produz uma modificação no mundo exte-
dade penal objetiva, pois o dolo e a culpa fo- rior. Compreende-se, assim, no conceito de ação, a verificação dos seguin-
tes componentes: vontade, expressão externa dessa vontade através de um
ram erigidos a elementos essenciais do
movimento corpóreo e o resultado” – ensina Juarez Tavares (Teorias do de-
crime (como espécies de culpabilidade). lito, RT, 1980, p. 17).
 Incorporou duas teorias:

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 (Juiz TJMA 2022 Cespe correta) Assinale a opção que indica a teoria se-
gundo a qual a conduta é um movimento corporal voluntário, sem finalidade
Dolo é normativo.
específica, que produz uma modificação no mundo exterior perceptível pelos
sentidos: teoria causalista. #Pra_não_confundir_as_teorias_da_culpabilidade:
CULPABILIDADE
TEORIA TRIPARTITE OU TRIPARTIDA
Teoria Teoria psicológica Teoria

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O sistema causal (ou teoria causal) sempre adota a teoria tri- psicológica[1] normativa[2] normativa pura[3]
partite/tripartida. Ou seja, para a teoria causal, o CRIME é
fato típico + antijurídico/ilícito + culpável. É isso que significa Inclui o elemento Os elementos psi-
ser tripartite. normativo exigibi- cológicos (dolo e
Dolo e culpa inte-
Por exemplo, na teoria causal, se tirarmos a culpabilidade, lidade de conduta culpa) deixam de
gram a culpabili-
não será suficiente para que possamos definir uma conduta diversa e mantém integrar a culpabi-
dade.
como delituosa. Então, esses três “pilares” são necessários dolo e culpa na lidade.
para definir o que é crime. culpabilidade.
É necessariamente tripartite, porque não se pode admitir a [1] Teoria causal (Liszt e Beling).
ideia de existir um crime sem que o agente tenha agido com [2] Teoria neoclássica (Frank e Mezger).
[3] Teoria finalista (Welzel).
dolo ou culpa. Lembre-se que na teoria causal o dolo e a
culpa continuam na culpabilidade. Logo, se tirarmos a culpa-
bilidade, não haverá crime. Por isso, a teoria causal é neces- SISTEMA CLÁSSICO
sariamente tripartite (fato típico + antijurídico + culpável). INCORPOROU DUAS IMPORTANTES TEORIAS
 Diferente é a na teoria finalista. A teoria finalista abre espaço para a ado- Teoria causal Teoria psicológica
ção da teoria tripartite ou da bipartite (uma ou outra), justamente porque
o dolo e a culpa passam a constar na conduta, e não mais na culpabilidade. ou naturalista da ação da culpabilidade
Então, é possível – ainda que bipartite – verificarmos dolo e culpa na con-
Ação como inervação muscu- Culpabilidade como vínculo
duta (ou seja, é possível a existência de crime na teoria finalista bipartite,
visto que o dolo e a culpa do agente estão alocados na conduta). lar. psicológico.
 (Delegado PCDF 2009 Funiversa correta) Para a teoria causalista, o dolo e Ação produzida por energias Une o autor ao fato pelo dolo
a culpa estão situados na culpabilidade. Então, logicamente, para quem adota de um impulso cerebral. ou culpa.
essa teoria, impossível se torna acolher o conceito bipartido de crime. A conduta provoca modifica-
ções no mundo exterior (Von
ANTIJURIDICIDADE Liszt).
Puramente formal
(contrariedade da conduta com o ordenamento jurídico). CRÍTICAS
a) Os clássicos analisavam a conduta de maneira puramente
ANTIJURIDICIDADE objetiva (elementos objetivos), sem se preocupar com a in-
tenção do agente ao realizá-la (não admitem elementos nor-
Decorria da tipicidade do fato, embora independente (Be-
mativos no tipo). O que gerava uma definição exagerada-
ling).
mente ampla do que se entendia por “ação”.
Sua causação decorria de um resultado socialmente danoso  No finalismo (Welzel): a conduta humana penalmente relevante deve ser
(Liszt) ou, em outras palavras, de uma contradição entre a analisada com a intenção que a moveu.
causação do resultado e a ordem jurídica (Beling). b) Não conseguiam explicar os crimes omissivos, tentados e
“A comprovação da antijuridicidade é feita pela sem resultado naturalístico.
comparação objetiva entre as normas jurídicas e o c) Injustiça na solução dos casos de coação moral irresistível
fato típico. O fato típico é antijurídico, quando con- e obediência hierárquica: por exemplo, o gerente de banco
tradiga as normas jurídicas” (TAVARES, Juarez. Teo- que entrega toda quantia aos bandidos incorreria no mesmo
rias do delito, RT, 1980, p. 23). tipo penal.
Se ausente a antijuridicidade é porque decorria de alguma  A teoria neoclássica corrige isso.
causa de justificação (= excludente de antijuridicidade). Ex.:
legítima defesa, estado de necessidade etc. A teoria clássica consagra
Se compunha de elementos puramente objetivos (antijuridi- a responsabilidade penal objetiva?
cidade objetiva/formal). NÃO!
Pois dolo e culpa habitam a culpabilidade.
CULPABILIDADE
(TEORIA PSICOLÓGICA)
QUESTÕES DE CONCURSO
Imputabilidade (= capacidade de ser culpável).
Verifica-se com a constatação de que houve dolo ou culpa.  (Promotor MPESP 2015 correta) A teoria clássica, no con-
Adota a TEORIA PSICOLÓGICA DA CULPABILIDADE. Basta o ceito analítico de crime, o define como um fato típico, anti-
liame psicológico entre o sujeito e o fato criminoso prati- jurídico e culpável.
cado, representado pelo dolo ou pela culpa. Em outras pala-  (Promotor MPESP 2015 correta) A teoria clássica entende
vras, a culpabilidade é entendida como a relação psicoló- que a culpabilidade consiste em um vínculo subjetivo que
gica entre a conduta e o resultado, em forma de dolo ou liga a ação ao resultado, ou seja, no dolo ou na culpa em sen-
culpa. tido estrito.

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 (Delegado PCMG 2018 Fumarc correta) Segundo a teoria  Mérito da teoria: novo perfil da culpabilidade (entendida
psicológica idealizada por Von Liszt e Beling, a imputabili- agora como reprovabilidade/censurabilidade da conduta).
dade é pressuposto da culpabilidade, fazendo o dolo e a Outro mérito principal da teoria neoclássica foi a abertura do
culpa parte de sua análise. Por sua vez, as teorias normati- conceito de crime à teoria/filosofia dos valores (de Kant),
vas, seja a extremada seja a limitada, excluem o dolo e a quebrando com o paradigma positivista (presente na teoria

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culpa de sua apreciação. causal).
 (Promotor MPEPR 2014 correta) Para teoria psicológica -  Incorporou duas teorias:
conceito influenciado pelo pensamento positivista -, a culpa- a) teoria causal ou naturalista da ação: a ação humana ge-
bilidade não possuía qualquer elemento normativo, sendo radora de processo mecânico/muscular, que provoca modi-
uma relação psicológica entre o agente e o fato, sendo a im- ficações no mundo exterior;
putabilidade considerada como pressuposto. b) teoria normativa da culpabilidade: FRANK acrescentou um
 (Delegado PCGO 2013 UEG correta) Em qual sistema pe- novo elemento à noção de culpabilidade (= exigibilidade de
nal a culpabilidade é concebida como o vínculo psicológico conduta diversa).
que une o autor ao fato? Clássico.  Crítica: o injusto continuava puramente objetivo. O próprio
 (Promotor MPERN 2009 Cespe incorreta) A teoria final da Mezger reconhecia a necessidade de considerar a existência
ação foi elaborada por Von Liszt no final do século XIX, tendo de elementos subjetivos do injusto em alguns casos, sem os
sido desenvolvida também por Beling e Radbruch, resul- quais em algumas situações, é difícil compreender a existên-
tando na estrutura mundialmente conhecida como sistema cia do crime. Ex.: um ginecologista que realiza exames de ro-
Liszt-Beling-Radbruch. tina, comparado com um caso em que um ginecologista toca
a região genital da mulher com objetivo de saciar sua lascí-
2. SISTEMA NEOCLÁSSICO, TEORIA NEOCLÁSSICA, NORMA- via, esse último claramente comete crime sexual, compa-
rando-o com o primeiro. Essa situação comprova que a in-
TIVISTA, NEOKANTIANA, NEOKANTISTA, NEOKANTISMO OU
tenção é necessária para analisar a existência de um injusto.
CAUSAL-VALORATIVA

 Importante
NOÇÕES GERAIS
TEORIA NEOCLÁSSICA
 Origem: primeiros anos do séc. XX. Seu (CONCEITO ANALÍTICO DE CRIME)
marco inicial se dá especificamente em
ASPECTOS ASPECTO
1907, com a publicação da obra de Frank
OBJETIVOS[3] SUBJETIVO
sobre culpabilidade.
 Teóricos: REINHARD FRANK (primeira ima- FATO TÍPICO ANTIJURÍDICO CULPÁVEL[1]
gem) e EDMUND MEZGER (segunda imagem).
Conduta Contrariedade da Imputabilidade.
FRANK foi o maior expoente da teoria neo-
(sem finalidade). conduta com o
clássica, vinculando a culpabilidade à ideia Dolo ou culpa.[2]
ordenamento
de reprovabilidade (obra: Sobre a estrutura do conceito de
Resultado. jurídico
culpabilidade). MEZGER, por sua vez, foi quem melhor siste- Exigibilidade
+
matizou o sistema neoclássico. Nexo causal. de conduta
Danosidade social
 Influenciados pelo NEOKANTISMO (refe- diversa.[5]
Tipicidade. (sentido material).[4]
rência ao pensamento do filósofo prussi-
ano KANT) e pela filosofia de valores, des- [1] Culpabilidade psicológico-normativa ou normativa da cul-
tacando-se pelo aspecto normativo e pabilidade. Portanto, a culpabilidade – com a teoria neokan-
axiológico (ao contrário do sistema causal: tista – é entendida por conter, além da imputabilidade:
descritivo-causal). A teoria neokantista a) elementos psicológicos (dolo ou culpa); e
surge como superação, e não negação, do b) elemento normativo (exigibilidade de conduta diversa).
positivismo, tendo como lema o retorno à “Para os adeptos da teoria psicológico-normativa, a culpabili-
metafísica. Pretende, com isso, retirar o dade é um juízo de valor sobre uma situação fática de ordiná-
Direito do mundo naturalista (“ser”) e, por conseguinte, si- rio psicológico, e seus elementos psicológicos, quais sejam,
tuá-lo na zona intermediária entre o “ser” e o “dever-ser”. E dolo e culpa, estão no agente do crime, enquanto seu ele-
logicamente é essa última categoria que pertence a ciência mento normativo está no juiz” (Antônio Carlos da Ponte. Inim-
jurídica. putabilidade e processo penal. São Paulo: Atlas, 2002, p. 21).
Como ensina Juarez Cirino dos Santos, “o modelo neoclás- “A culpabilidade continua a compor-se basicamente de dolo e
sico de fato punível, fundado no método neokantiano de ob- culpa, mas, agora, a partir de Frank, não mais se apresenta
servação/descrição e de compreensão/valoração, é o pro- como o elemento subjetivo do crime, passando a constituir-se
duto da desintegração do modelo clássico de fato punível e, de um juízo de censura ou reprovação pessoal, com base em
simultaneamente, de sua reorganização teleológica, con- elementos psico-normativos. (...) Com isso, obtém-se, basica-
forme os fins e valores do direito penal”. mente, a explicação da ausência de punição nos casos de coa-
Ou como ensina Cezar Roberto Bitencourt, o paradigma me- ção irresistível, obediência hierárquica e estado de necessi-
todológico das ciências naturais (observar e descrever) é dade exculpante, onde não é afetada a subsistência do ele-
complementado “pela metodologia própria das ciências do mento subjetivo, mas se afirma a ausência de censurabilidade
espírito, caracterizada pelo compreender e valorar”. do agente, em virtude da anormalidade das circunstâncias que
condicionaram seu agir” (Juarez Tavares, Teorias do delito).

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Em síntese, o juízo de culpabilidade não se esgota mais na CONDUTA
constatação do componente psicológico, representada pelo (COMPORTAMENTO = AÇÃO OU OMISSÃO)
dolo ou pela culpa, mas se completa com a valoração axioló-
gica do juiz sobre esse componente, pela verificação sobre a Teoria causal-naturalística da ação: vontade exteriorizada
normalidade das circunstâncias que tornariam exigível uma do agente que põe em marcha a causalidade.
conduta diversa – ensina Patrícia Vanzolini e Gustavo Jun- É dividida em dois elementos.

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queira. O “querer interno” (conduta corporal do agente)
[2] Dolo normativo. A culpabilidade (antes denominada psico- e o “processo causal” (efeito ou resultado).
lógica – teoria causal) passou a ser normativa, entendendo-se Ao invés de ação (como vemos na teoria causal), prefere-
culpável toda conduta típica que seja reprovável/censurável. se, na teoria neokantista, a expressão comportamento
A culpabilidade deixa de ser a relação psicológica entre o (conclusão: assim é possível abranger a omissão).
agente e o fato, passando a ser um juízo de censura/reprova- Abrange condutas omissivas e comissivas.
ção, com base em elementos psico-normativos (daí se falar em Portanto, conduta é um comportamento humano voluntá-
teoria normativa ou teoria psicológico-normativa). Considera- rio que produz modificação no mundo exterior.
 A ação humana geradora de processo mecânico, regido pelas leis da cau-
se uma conduta reprovável quando se chega à conclusão de
salidade.
que lhe seria exigível uma conduta diversa. A culpabilidade,  Basta um “procedimento corpóreo voluntário” (Beling) ou a “causação
portanto, passa a ser relacionada à exigibilidade de conduta voluntária de uma modificação no mundo exterior” (Von Liszt).
diversa, tornando-se necessário consignar que essa exigibili-  “A ação é valorativamente neutra, sendo identificada como um movi-
mento corpóreo voluntário, que produz uma modificação no mundo exte-
dade deve ser avaliada, considerando-se, concretamente, o
rior. Compreende-se, assim, no conceito de ação, a verificação dos seguin-
agente (e não um homem médio fictício). A reprovabilidade tes componentes: vontade, expressão externa dessa vontade através de um
do ato praticado constitui um grande avanço no Direito Penal, movimento corpóreo e o resultado” – ensina Juarez Tavares (Teorias do de-
pois representa a concretização do Direito Penal do Fato, e lito, RT, 1980, p. 17).
não do Direito Penal do Autor. Essa reprovabilidade só foi tra-
zida em 1984 (reforma da Parte Geral do Código Penal). Até ANTIJURIDICIDADE
então, o Direito Penal era muito ligado à ideia de presunção
de periculosidade. Deixa de ser puramente formal, exigindo danosidade social
[3] O aspecto objetivo também era chamado de injusto. Por (antijuridicidade material).
essa razão, para a estrutura do crime da teoria clássica, o  Diferente da teoria causal (antijuridicidade formal).
crime era o injusto (fato típico + antijurídico) culpável. Esque-
maticamente: CULPABILIDADE
 crime = injusto culpável (TEORIA PSICOLÓGICA NORMATIVA DA CULPABILIDADE)
 injusto = aspecto objetivo do crime = fato típico + antijurídico
 culpabilidade = aspecto subjetivo do crime = dolo ou culpa Imputabilidade (= capacidade de ser culpável).
(tendo a imputabilidade como pressuposto) + exigibilidade de Verifica-se com a constatação de que houve dolo ou culpa.
conduta diversa (elemento normativo). Ainda que haja dolo
ou culpa, “a punição só se torna autorizada desde que possa Adota a TEORIA PSICOLÓGICO-NORMATIVA. Pois, além do
ser reprovada pela sua atuação contrária ao direito” (Juarez liame psicológico entre o sujeito e o fato criminoso por ele
Tavares, Teorias do delito). praticado, por meio do dolo ou da culpa, que está no
[4] Lembrar que na teoria causal o sentido é formal (apenas agente, também há o chamado juízo de reprovabilidade (ou
contrariedade da conduta com o ordenamento jurídico), pois somente “reprovabilidade”, que está na exigibilidade de
não há que falar em “danosidade social” (elemento subjetivo conduta diversa / elemento normativo / que está na figura
/ lesão ao bem jurídico), essa última presente na teoria neo- do juiz).
clássica (teoria neoclássica: “onde não houver lesão, não há Dolo é normativo/malus e abarca a consciência de ilicitude.
antijuridicidade”). A falta de consciência da ilicitude afasta o próprio dolo.
[5] Significa: a necessidade de se constatar que o sujeito podia  Na teoria finalista, o dolo é retirado da culpabilidade e inserido direta-
agir de outro modo (que dá a ideia de reprovabilidade/censu- mente no fato típico. Assim, o dolo se desprende da consciência da ilicitude
(que continua alocada na culpabilidade, ou seja, o dolo sai, mas a consciên-
rabilidade da conduta).
cia da ilicitude fica na culpabilidade).
#Defensoria: em alguns casos práticos (mérito desta teoria), é  Na teoria finalista, a consciência da ilicitude, que até então precisava ser
possível defender a tese de “inexigibilidade de conduta di- real ou atual (teoria causal), passa a ser potencial. Basta, então, a potencia-
versa” e verificar a importância da chamada “teoria psicoló- lidade/possibilidade de entender a ilicitude do comportamento, para que o
agente seja culpável.
gico-normativa” da culpabilidade, a título de excludente de
culpabilidade. Seria, portanto, a inviabilidade de se exigir do Culpabilidade passou a ter TRÊS elementos
sujeito um comportamento conforme a norma, tendo em vista
as circunstâncias do fato concreto. Exigibilidade de
Imputabilidade. Dolo e culpa.
Nessa linha, é possível também as chamadas “causas suprale- conduta diversa.
gais de exclusão da culpabilidade”. Pois a base da teoria psico-
lógico-normativa da culpabilidade é a seguinte: somente é cul-
pável aquele que pratica fato típico e ilícito em uma situação
de normalidade, isto é, quando exigível uma conduta diversa,
abrindo espaço para situações excludentes não previstas na
norma penal a título de exclusão da culpabilidade.

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um produto cultural, possuem como pressupostos valores
SISTEMA NEOCLÁSSICO prévios, e o próprio intérprete que, por mais que procure
INCORPOROU DUAS IMPORTANTES TEORIAS adorar certa neutralidade, não estará imune a maior ou me-
Teoria normativa da culpabi- nor influência desses valores.
Teoria causal  (Notário TJRR 2013 Cespe correta) De acordo com a teo-
lidade (ou psicológico-nor-
ou naturalista da ação

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mativa), de Frank ria causal-valorativa ou neokantista, a tipicidade não deve
ser concebida apenas como descrição formal de comporta-
Ação como inervação muscu- Culpabilidade = reprovabili- mentos, devendo ser considerada também materialmente,
lar. dade da conduta. como uma unidade de sentido socialmente danoso, o que
Ação produzida por energias Frank agregou a noção de re- implica, em muitos casos, a análise de elementos subjetivos,
de um impulso cerebral. provabilidade do ato. como a intenção de apropriação no tipo de furto.
A conduta provoca modifica- Não é reprovável/culpável o  (Defensor DPEMA 2011 Cespe correta) Com relação à
ções no mundo exterior (Von ato de alguém que agiu de conduta, a teoria neokantista, que surgiu como reação à con-
Liszt). forma que qualquer pessoa cepção positivista de tipo penal, propõe que o tipo penal não
mediana agiria. contém apenas elementos de ordem objetiva, não sendo, as-
Frank acrescentou um novo sim, meramente descritivo, e não podendo o fato típico de-
elemento à noção de culpabi- pender de mera comparação entre o fato objetivo e a des-
lidade: a chamada EXIGIBILI- crição legal.
DADE DE CONDUTA DIVERSA  (Promotor MPEPR 2019 correta) A forma pela qual ocor-
(= necessidade de se consta- reu a estruturação da teoria do delito nem sempre foi uni-
tar que o sujeito podia agir de forme, sendo variável segundo um perfil de evolução de con-
outro modo).[1] ceitos do que é o direito. Assim, na medida em que ocorre-
[1] Nos casos de coação moral irresistível e obediência hierárquica, por ram mudanças nas teorias basilares que influenciaram a es-
exemplo, o gerente de banco que entrega toda quantia aos bandidos truturação do Direito Penal, a forma de apresentação e de
NÃO incorreria no mesmo tipo penal que aquele praticado pelo agente prin-
cipal (ex.: roubo), porque o gerente não possuía alternativa de conduta. estudo do delito igualmente foram mudando. Tendo isto em
mente, a afirmação de que “o direito positivo não possui uma
TEORIA TRIPARTITE OU TRIPARTIDA valoração intrínseca e objetiva, sendo que as normas jurídi-
cas aparecem determinadas por valores prévios e que conta-
A teoria neoclássica sempre adota a teoria tripartite/tripar- minam, além de sua edição, também os próprios autores de
tida, ou seja, CRIME é fato típico + antijurídico/ilícito + cul- sua elaboração, sendo que uma pretensa ‘verdade jurídica’
pável. vem influenciada pela cultura”, se mostra ajustada à defini-
É necessariamente tripartite, porque não se pode admitir a ção de: Neokantismo.
ideia de existir um crime sem que o agente tenha agido com  (Promotor MPDFT 2021 incorreta) O modelo Neokan-
dolo ou culpa. tista, da teoria teleológica do delito, manteve o dolo natural
Lembre-se que na teoria neoclássica dolo e culpa ainda con- e a culpa strictu sensu na culpabilidade, acrescentando a
tinuam na culpabilidade. Por isso é necessariamente tripar- esta, apenas, o elemento exigibilidade de conduta conforme
tite. o Direito.
 Diferente é a na teoria finalista. A teoria finalista abre espaço para a ado-  (Notário TJDFT 2019 Cespe incorreta) A ação, no neokan-
ção da teoria tripartite ou da bipartite (uma ou outra), justamente porque
o dolo e a culpa passam a constar na conduta, e não mais na culpabilidade. tismo, é o movimento corporal impregnado de finalidade
Então, é possível – ainda que bipartite – verificarmos dolo e culpa na con- para se atingir o propósito consciente almejado pelo agente.
duta (ou seja, é possível a existência de crime na teoria finalista bipartite,
visto que o dolo e a culpa do agente estão alocados na conduta).

QUESTÕES DE CONCURSO
 (Defensor DPERO 2017 Vunesp correta) Doutrinadores
nacionais admitem que a reforma de 1984 da Parte Geral do
Código Penal, especialmente no que concerne ao “conceito
de crime”, aderiu ao “finalismo”. Quem é considerado o cri-
ador de tal sistema jurídico-penal? Hans Welzel.
 (Promotor MPEMG 2019 Fundep correta) A tipicidade, no
conceito neoclássico de delito (neokantismo), foi profunda-
mente afetada pelo descobrimento de elementos normati-
vos do tipo. Os elementos subjetivos do injusto, por sua vez,
somente vieram a integrar a tipicidade com o advento do fi-
nalismo.
 (Promotor MPEMS 2013 correta) Com introdução de con-
siderações axiológicas e materiais, o neokantismo substituiu
o método puramente jurídico-formal do positivismo. O mo-
delo neokantista possui o mérito de ter demonstrado que
toda realidade traz em seu bojo um valor preestabelecido,
permitindo a constatação de que as normas jurídicas, como

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3. SISTEMA FINALISTA OU
CONDUTA (COMPORTAMENTO)
TEORIA FINALISTA
Conduta é comportamento humano voluntário psiquica-
mente dirigido a um fim.
NOÇÕES GERAIS

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 Origem: década de 1920. CULPABILIDADE
 Teóricos: HANS WELZEL. É o maior expo- (TEORIA NORMATIVA PURA DA CULPABILIDADE)
ente da teoria finalista. Um dos penalistas
mais importantes do séc. XX. Aqui, os elementos psicológicos (dolo e culpa) deixam de in-
 Dolo e culpa foram retirados da culpabi- tegrar a culpabilidade. E por ter perdido o aspecto psicoló-
lidade. E passaram a integrar o fato típico. gico (dolo e culpa), não mais se denomina culpabilidade psi-
 Finalidade não se confunde com dolo. cológico normativa, mas sim culpabilidade normativa pura.
No dizer de Fernando A. N. Galvão da Ro-
cha (Direito penal: curso completo — parte CRÍTICA
geral, 2. ed., Belo Horizonte: Del Rey, 2007, p. 141), “a von-
tade finalista que orienta a ação é verificada no sentido na- Esvaziou a culpabilidade, dificultando dogmaticamente a
tural, sem a necessária incidência da valoração jurídica. O análise dos crimes culposos e omissivos.
dolo, por sua vez, é conceito jurídico relacionado com o tipo
legal e retrata valoração do legislador sobre a vontade natu-
QUESTÕES DE CONCURSO
ral”.
 Duas teorias surgiram no Brasil:  (Defensor DPERO 2017 Vunesp correta) Doutrinadores
a) teoria finalista tripartida: a culpabilidade é requisito do nacionais admitem que a reforma de 1984 da Parte Geral do
crime; Código Penal, especialmente no que concerne ao “conceito
b) teoria finalista bipartida: culpabilidade não é requisito do de crime”, aderiu ao “finalismo”. Quem é considerado o cri-
crime, mas pressuposto de aplicação da pena. ador de tal sistema jurídico-penal? Hans Welzel.
Sem dúvida foi a teoria que encontrou mais acolhida na dou-  (Juiz TJPR 2019 Cespe correta) Para Welzel, a culpabili-
trina e jurisprudência do Brasil, principalmente após a re- dade é a reprovabilidade de decisão da vontade, sendo uma
forma da Parte Geral do Código Penal (1984). qualidade valorativa negativa da vontade de ação, e não a
Contudo, essa chegada no Brasil foi tardia, visto que na dé- vontade em si mesma. O autor aponta a incorreção de dou-
cada de 1980 os países europeus já tinham abandonado esse trinas segundo as quais a culpabilidade tem caráter subje-
modelo. tivo, porquanto um estado anímico pode ser portador de
 (Promotor MPEPR 2016 correta) Pode-se afirmar que para Welzel o tipo uma culpabilidade maior ou menor, mas não pode ser uma
penal trata-se de uma mera descrição de uma realidade ontológica da con- culpabilidade maior ou menor. Essa definição de culpabili-
duta humana, portanto necessitando incorporar o direcionamento da von- dade está relacionada à teoria normativa pura, ou finalista.
tade como um de seus elementos de constituição.
 (Consultor Legislativo Câmara dos Deputados 2014
Cespe correta) De acordo com a teoria finalista de Hans Wel-
 Importante
zel, o dolo, por ser elemento vinculado à conduta, deve ser
TEORIA FINALISTA deslocado da culpabilidade para a tipicidade do delito.
(CONCEITO ANALÍTICO DE CRIME)  (Delegado PCAC 2017 IBADE correta) A direção final de
ASPECTOS ASPECTO uma ação se dá em duas fases, que nas ações simples se en-
OBJETIVOS SUBJETIVO trecruzam, a saber, uma que ocorre na esfera do pensa-
mento, com a antecipação do fim a realizar, a seleção dos
FATO TÍPICO ANTIJURÍDICO CULPÁVEL[1] meios necessários à sua realização e a consideração dos efei-
Conduta tos simultâneos decorrentes dos fatores causais eleitos; e a
Imputabilidade. concretização da ação no mundo real, de acordo com a pro-
(com finalidade).
jeção mental.
Dolo ou culpa.[2]
Exigibilidade de  (Promotor MPESP 2015 correta) A teoria finalista en-
conduta diversa. tende que, por ser o delito uma conduta humana e voluntá-
Resultado. ria que tem sempre uma finalidade, o dolo e a culpa são
Consciência abrangidos pela conduta.
Nexo causal. potencial da  (Promotor MPEMS 2013 correta) Segundo Hans Welzel,
ilicitude. o Direito Penal tipifica somente condutas que tenham certa
Tipicidade.
relevância social; caso contrário não poderiam ser delitos.
[1] Culpabilidade normativa pura. A culpabilidade passa a ser Welzel desenvolve, a partir dessa ideia, o princípio da ade-
estruturada apenas por elementos normativos (imputabili- quação social.
dade, exigibilidade de conduta diversa e consciência potencial  (Analista DPESC 2018 Fundatec correta) Foi Welzel quem
da ilicitude). tentou atribuir uma dupla missão ao Direito Penal, pois, sem
[2] Dolo natural/neutro (dolus bonus). É o dolo sem consciên- negar a missão de proteção de bens jurídicos, acrescentou-
cia da ilicitude (valorativamente neutro). O dolo se desprende lhe a missão de proteção dos valores elementares da consci-
da consciência da ilicitude (alocada na culpabilidade), abando- ência, de caráter ético-social. O que não é admitido pela
nando seu aspecto normativo.

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maioria da doutrina, já que o Direito Penal não deve se ocu-
4. TEORIA
par de exercer um controle moral sobre as pessoas.
 (Auditor TCEMS 2013 PUC/PR incorreta) Segundo enten- SOCIAL
dimento dos doutrinadores brasileiros acerca da evolução da
teoria do tipo, a concepção que mais se adapta ao direito NOÇÕES GERAIS

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penal pátrio é a de Hans Wezel, precursor do finalismo, para
o qual a tipicidade é ratio essendi da antijuridicidade.  Teóricos: JOHANNES WESSELS (primeira ima-
gem) e HANS-HEINRICH JESCHECK (segunda
3.1. TEORIA FINALISTA BIPARTITE, imagem). A teoria social foi desenvolvida
por Wessels e bastante defendida por JES-
BRASILEIRA OU DISSIDENTE
CHECK.
 Proposições: busca superar o embate en-
NOÇÕES GERAIS tre causalismo e finalismo. A conduta é o
comportamento humano socialmente rele-
Teórico: RENÉ ARIEL DOTTI.
vante.
Proposições: o crime é considerado um
 Característica principal: apenas acrescen-
fato típico e antijurídico, sendo a culpabi-
tou aos conceitos das teorias clássica e fi-
lidade apenas um pressuposto para a
nalista uma dimensão de relevância social.
aplicação a pena. Exemplo: o inimputável
 Crítica: dificuldade para deliminar o que
pratica crime, estando ausente apenas o
se entende por “socialmente relevante”
pressuposto de aplicação de pena.
(ou “socialmente adequado”).
Crítica: culpabilidade é relegada a mero pressuposto para a
aplicação da pena.
TEORIA SOCIAL
TEORIA FINALISTA BIPARTITE (CONCEITO ANALÍTICO DE CRIME)
(CONCEITO ANALÍTICO DE CRIME) FATO TÍPICO ANTIJURÍDICO CULPÁVEL
MERO PRESSUPOSTO Dolo ou culpa.
Conduta
CRIME PARA APLICAÇÃO
(socialmente Imputabilidade
DA PENA
relevante). (pressuposto).
FATO TÍPICO ANTIJURÍDICO CULPÁVEL
Exigibilidade de
Conduta Dolo ou culpa.
Imputabilidade. conduta diversa.
(com finalidade).
Resultado.
Exigibilidade de Consciência
Dolo ou culpa. Nexo causal. potencial da
conduta diversa.
ilicitude.
Resultado. Tipicidade.
Consciência “Estruturalmente [a teoria social], considera crime um fato típico, antijurídico
Nexo causal. potencial da e culpável. Porém, tenta reunir aspectos das vertentes causalista e finalista,
ilicitude. chegando alguns de seus defensores a adotarem dupla posição do dolo na
Tipicidade. teoria do delito, analisando-o no fato típico e também na culpabilidade” (AL-
VES, Jamil Chaim. Manual de direito penal. Juspodivm, 2020, p. 348).

CONDUTA (COMPORTAMENTO)
Portanto, conduta é um comportamento humano voluntá-
rio socialmente relevante, dominada ou dominável pela
vontade humana.

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RESPONSABILIDADE
5. FUNCIONALISMO TELEOLÓGICO, MODERADO,
DUALÍSTICO OU DA POLÍTICA CRIMINAL A responsabilidade abrange o juízo de culpabilidade (capaci-
(Claus Roxin – Escola de Munique) dade de se comportar conforme a norma) e a necessidade
da pena.
A culpabilidade passa a ser uma categoria da responsabili-

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NOÇÕES GERAIS dade.
 Origem: a partir da década de 70 (séc.
XX). QUESTÕES DE CONCURSO
 Teórico: CLAUS ROXIN. Obra: Polícia Crimi-
nal e Sistema Jurídico-Penal.  (Promotor MPDFT 2021 correta) Na visão do funciona-
 Proposição: a missão do Direito Penal é lismo teleológico, a responsabilidade, como condição para a
a proteção de bens jurídicos. sanção, exige, além da análise dos requisitos da culpabili-
 Principal característica: inseriu elemen- dade, o juízo da necessidade da pena.
tos político-criminais nas categorias dog-  (Juiz TJRJ 2016 Vunesp correta) Assinale a alternativa que
mático-penais, no contexto do funciona- indica a teoria do Direito Penal que está intimamente ligada
lismo. à seguinte ideia: “a estruturação do Direito Penal não deve
 Crítica: conceito vago de conduta; ela- se basear em uma realidade ontológica, devendo ser miti-
boração de exemplos que dificilmente surgem no dia a dia gada a função do bem jurídico como pressuposto e critério
forense, para justificar a utilidade e superioridade de suas norteador para a intervenção penal": Funcionalista.
proposições frente a outras teorias.  (Defensor DPEBA 2016 FCC correta) A necessidade de as-
“Teoria Funcionalista ou Pós-finalista do Delito. (...) As teorias funcionalistas sociação das categorias do delito a um fundamento material
do delito baseiam-se ora no funcionalismo estrutural de PARSONS, ora no fun- de ofensa ao bem jurídico é uma das bases do funcionalismo
cionalismo sistêmico de LUHMANN. Essas construções sistematizam o crime de Claus Roxin.
a partir de funções determinadas à pena, representando um retorno ao idea-
 (Oficial PMRJ IBADE 2018 correta) “Uma nova categoria
lismo neokantiano, como consequência da construção conceitual quanto aos
fins do direito penal. Admitem, ainda, a possibilidade de a dogmática jurí- da teoria do delito — a responsabilidade — é o fundamento
dico-penal ser orientada por critérios teleológicos de política criminal. Com da pena ao injusto praticado. A responsabilidade é formada
base nesses postulados fundamentais, desenvolveram-se correntes funciona- pela culpabilidade e pelos fins preventivos da pena, de modo
listas bastante delimitadas e, em certos aspectos, diametralmente opostas,
a reestruturar a teoria do delito numa acepção teleológico-
com o intuito de dar novas luzes à Teoria do Delito. Na atualidade, as linhas
funcionalistas de maior relevo são o Funcionalismo Teleológico-Racional (Du- racional” DE BEM, Leonardo Schmitt; MARTINELLI, João
alista), capitaneado por CLAUS ROXIN, e o Funcionalismo Sistêmico (Monista), Paulo. Lições fundamentais de direito penal. São Paulo: Sa-
desenvolvido por GÜNTHER JAKOBS” (MAIS, Carlo Velho. As modernas teorias raiva, 2016. p. 556. O trecho destacado se refere: à culpabi-
do delito e suas receptividades no Direito Penal brasileiro. Disponível:
lidade em uma das concepções pós-finalistas.
https://bit.ly/3LOPhEY).
 (Promotor MPEMT 2014 UFMT correta) O funcionalismo da Escola de Mu-  (Promotor MPEGO 2019 correta) A clássica frase a seguir
nique, liderada por Claus Roxin, apregoa que a teoria do delito não pode ficar inaugurou uma nova fase na dogmática jurídico-penal: "O
alheia aos postulados político-criminais que norteiam o Direito Penal e des- caminho correto só pode ser deixar as decisões valorativas
creve a necessidade da penetração da política criminal na dogmática.
político-criminais introduzirem-se no sistema de direito pe-
nal". Assinale a alternativa em que consta o autor da referida
FUNCIONALISMO DE ROXIN afirmação, bem como o sistema jurídico-penal a que se re-
(CONCEITO ANALÍTICO DE CRIME) fere: Claus Roxin - funcionalismo teleológico racional.
CULPABILIDADE  (Defensor DPEBA 2016 FCC correta) A necessidade de as-
INJUSTO + sociação das categorias do delito a um fundamento material
NECESSIDADE DA PENA de ofensa ao bem jurídico é uma das bases do funcionalismo
de Claus Roxin.
FATO TÍPICO ANTIJURÍDICO RESPONSABILIDADE  (Notário TJMG 2018 Consulplan correta) A doutrina nor-
A responsabilidade é integrada por: mativo-teleológica (ou racional-funcional) caracteriza-se
a) imputabilidade; pela inserção de elementos político-criminais nas categorias
b) potencial consciência da ilicitude; dogmático-penais, no contexto do funcionalismo.
c) exigibilidade de conduta diversa;  (Promotor MPEGO 2016 correta) Segundo Roxin, a impu-
d) necessidade de pena. tação objetiva se chama objetiva não porque circunstâncias
A culpabilidade deixa de integrar diretamente o crime, pas- subjetivas lhe sejam irrelevantes, mas porque a ação típica
sando a ser apenas um limite funcional da pena (culpabilidade constituída pela imputação é algo objetivo, ao qual só poste-
funcional). riormente, se for o caso, se acrescenta o dolo, no tipo subje-
tivo. Em outros termos, para o citado autor, a imputação ob-
CONDUTA (COMPORTAMENTO) jetiva também é influenciada por critérios subjetivos.
 (Promotor MPEMS 2013 incorreta) Claus Roxin aborda a
Conduta aparece como comportamento humano voluntá- Teoria da Imputação Objetiva sob a concepção de um funci-
rio, causador de relevante e intolerável lesão ou perigo de onalismo radical, entendendo que o Direito Penal tem como
lesão ao bem jurídico tutelado pela norma penal. função essencial a reafirmação da norma, visando fortalecer
as expectativas de quem a obedece.
 (Procurador da República 2012 incorreta) A teoria de
Claus Roxin, segundo a qual a finalidade básica do direito

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penal é dissuadir as pessoas de cometimento de delitos
6. FUNCIONALISMO RADICAL,
como também fortalecer a consciência jurídica da comuni-
dade. SISTÊMICO OU MONISTA
 (Defensor DPEMA 2011 Cespe incorreta) Consoante a (Günther Jakobs – Escola de Bonn)
concepção funcional defendida por Claus Roxin, a função da

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norma é a reafirmação da autoridade do direito, e sua apli- NOÇÕES GERAIS
cação constante e rotineira determina os padrões sociais de
comportamento considerados normais e os indesejáveis,  Origem: a partir da década de 70 (séc.
sendo a finalidade da pena a de exercitar a confiança desper- XX).
tada pela norma  Teórico: GÜNTHER JAKOBS.
 Principal ponto: a missão do Direito
Penal é a proteção do próprio sistema
(reafirmação da autoridade da norma /
assegurar o império da norma).
 Crítica: abre espaço para o autorita-
rismo, chegando ao ponto do Direito Pe-
nal do Inimigo.
 (Promotor MPEMT 2014 UFMT correta) O funcionalismo da Escola de
Bonn, encabeçada por Günther Jakobs, está orientado a garantir a identidade
normativa. O crime será uma falta de lealdade ao direito e a pena será o re-
curso necessário para estabilizar o sistema.

FUNCIONALISMO DE JAKOBS
(CONCEITO ANALÍTICO DE CRIME)
FATO TÍPICO ANTIJURÍDICO CULPÁVEL
Jakobs recoloca a culpabilidade no terceiro substrato do conceito analítico de
crime. Crime, para ele, é fato típico, antijurídico e culpável. A culpabilidade
contém os seguintes elementos: imputabilidade, potencial consciência da ili-
citude e a exigibilidade de conduta diversa.

CONDUTA (COMPORTAMENTO)
Conduta é comportamento humano voluntário causador de
um resultado evitável, violador do sistema, frustrando as
expectativas normativas.

DIREITO PENAL DIREITO PENAL


DO INIMIGO DO CIDADÃO
Sociedade de risco. Retrospectivo.

Periculosidade em detri- Direito penal da


mento da culpabilidade. culpabilidade (leva em conta
a infração praticada).
Direito Penal prospectivo.
Prospecta os crimes pela Direito penal DO FATO.
análise da periculosidade do
indivíduo (independente da Mantém a vigência das
pena da infração). normas (= não combate
perigos).
Direito penal DO AUTOR.
Pune pela culpabilidade.
Inimigo não é visto como su-
jeito de direitos, perdeu sta- Sujeitos de direitos
tus de cidadão. (status de cidadão).

Combate perigos.

Pune pela periculosidade.

Garantias relativizadas ou
suprimidas/eliminadas.

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 (Promotor MPEMS 2013 adaptada correta) O Direito Penal do Inimigo, ide- condição de Chefes de Estado, devendo sofrer a incidência de
alizado por Günther Jakobs, pode ser entendido como um Direito Penal de
normas internacionais” (Promotor MPEMS 2018 correta).
terceira geração. Na sua concepção inimigo é aquele que afasta de modo per-
manente da norma. Segundo esta teoria, não deve ser ao criminoso conferido
o status de cidadão. QUESTÕES DE CONCURSO
 (Promotor MPEMT 2014 UFMT incorreta) O Direito Penal do Inimigo com-
bate preponderantemente perigos (retrospectivos), enquanto o Direito Penal  (Juiz TJRO 2019 Vunesp correta) Dentre as escolas e dou-

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do Cidadão, segundo o modelo funcionalista de Günther Jakobs, pautado pela
trinas penais apresentadas a seguir, a que adota como fina-
prevenção geral negativa, mantém a vigência da norma (prospectivo).
lidade da pena exclusivamente a prevenção geral positiva é:
o Funcionalismo de Gunther Jakobs.
CARACTERÍSTICAS DO
 (Juiz TJMS 2012 PUC/PR correta) O funcionalismo mo-
DIREITO PENAL DO INIMIGO
nista está ligado diretamente à teoria do direito penal do ini-
Principais características: punição prospectiva, desproporci- migo.
onalidade das penas e a relativização ou supressão de garan-  (Juiz TJMSP 2016 Vunesp correta) A corrente/teoria penal
tias, o que abre espaço total ao autoritarismo. que se funda na ideia de que as normas jurídicas devem ser
 (Delegado PCPA 2021 AOCP correta) De acordo com o autor alemão Ja- protegidas por si mesmas, pouco importando o bem jurídico
kobs, o direito penal do inimigo pode ser caracterizado por quais elemen-
por trás delas, é o funcionalismo sistêmico, de Günther Ja-
tos? Punição retrospectiva; desproporcionalidade das penas; e relativização
ou supressão de garantias processuais. kobs.
 (Promotor MPEPR 2014 correta) Das construções doutri-
São características do Direito Penal do Inimigo: nárias de Günther Jakobs acerca do “Direito Penal do Ini-
a) Antecipação da punibilidade com a tipificação de atos pre- migo”, extrai-se que aquele que por princípio se conduz de
paratórios; modo desviado, não oferece garantia de um comporta-
b) Condutas descritas em tipos de mera conduta e de perigo mento pessoal, por isso não pode ser tratado como cidadão,
abstrato (flexibilizando o princípio da ofensividade); mas deve ser combatido como inimigo.
c) Descrição vaga dos crimes e das penas (flexibilizando o  (Promotor MPESC 2019 Consulplan correta) Os crimes de
princípio da legalidade); perigo abstrato, que são modalidades de tutela antecipada
d) Preponderância do direito penal do autor em contraposi- de bens jurídicos, podem ser considerados exemplos da
ção ao direito penal do fato (flexibilizando o princípio da ex- forma de intervenção penal denominada: “Direito Penal do
teriorização do fato); Inimigo” descrita por Jakobs. Esta forma de tutela é utilizada,
e) Surgimento das chamadas "leis de luta ou de combate"; por exemplo, no Direito Ambiental e na proteção de vítimas
f) Endurecimento da execução penal; de violência doméstica.
g) Restrição de garantias penais e processuais, característi-  (Promotor MPEPR 2014 correta) Das construções doutri-
cas do Direito Penal de 3ª Velocidade. nárias de Günther Jakobs acerca do “Direito Penal do Ini-
 (Juiz TJAC 2012 Cespe correta) Idealizado por Günther Jakobs, o direito migo”, extrai-se que aquele que por princípio se conduz de
penal do inimigo é entendido como um direito penal de terceira velocidade, modo desviado, não oferece garantia de um comporta-
por utilizar a pena privativa de liberdade, mas permitir a flexibilização de ga- mento pessoal, por isso não pode ser tratado como cidadão,
rantias materiais e processuais, podendo ser observado, no direito brasileiro, mas deve ser combatido como inimigo.
em alguns institutos da lei que trata dos crimes hediondos e da que trata do
crime organizado.  (Promotor MPDFT 2015 correta) O funcionalismo sistê-
mico, adotado por Günther Jakobs, enxerga, na violação da
norma, a expressão simbólica da falta de fidelidade ao Di-
3ª VELOCIDADE DO DIREITO PENAL
reito, o que ameaça a integridade e a estabilidade sociais, e
Fala-se ainda na 3ª velocidade do Direito Penal, mesclando- defende que a lesão a bens jurídicos específicos não é o que
se as duas anteriores. Defende a punição do criminoso com justifica a incidência da pena, cuja função é de prevenção po-
pena privativa de liberdade (1ª velocidade), permitindo, sitiva, representando a reação social ao delito, com reforço
para determinados crimes (tidos como mais graves), a flexi- da vigência dos valores violados.
bilização ou eliminação de direitos e garantias constitucio-  (Promotor MPEMS 2013 correta) O Direito Penal do Ini-
nais (2ª velocidade), caminhando para uma rápida punição migo, idealizado por Günther Jakobs, pode ser entendido
(como, por exemplo, temos a legislação relativa ao terro- como um Direito Penal de quarta geração. Na sua concepção
rismo). inimigo é aquele que afasta de modo permanente da norma.
1ª Velocidade 2ª Velocidade 3ª Velocidade Segundo esta teoria, não deve ser ao criminoso conferido o
status de cidadão.
Penas privativas Penas Penas privativas  (Juiz TJPR 2008 FAE correta) Jakobs e Roxin propõem di-
de liberdade. alternativas. de liberdade. ferentes critérios de imputação objetiva.
Garantista. Flexibilizado. Flexibilizado.  (Notário TJDFT 2019 Cespe correta) A teoria funcionalista
radical, de Gunther Jackobs, assevera que a missão do direito
CUNHA, Rogério Sanches. Manual de direito penal, Juspodivm, 2020, p. 45/46. penal é a proteção da norma e a punição do indivíduo desvi-
 A noção de “velocidades do Direito Penal” foi idealizada ante.
por Jesús-María Silva Sánchez.  (Notário TJDFT 2019 Cespe incorreta) O direito penal do
 Alguns já tratam sobre a 4ª Velocidade, que seria: “A quarta inimigo, de Gunther Jakobs, estabelece a proteção da norma
velocidade do direito penal refere-se ao neopunitivismo, jurídica como fator de proteção social, com recrudescimento
abrangendo aquelas pessoas que violaram tratados e conven- das medidas penais com vistas à contenção da violência, mas
ções internacionais de direitos humanos, ostentando a garantindo ao inimigo a postura de sujeito de direito, por
meio da observância das garantias constitucionais.

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 (Promotor MPESC 2019 Consulplan incorreta) A finali-
8. QUAL TEORIA DO CRIME
dade da pena, conforme o funcionalismo sistêmico do Ja-
kobs, é a prevenção geral implementada pela sensação de O BRASIL ADOTA?
segurança decorrente da regular aplicação e execução das
penas, e do índice de ressocialização dos condenados. QUAL TEORIA DO CRIME O BRASIL ADOTA
 (Juiz TJPR 2014 PUC/PR incorreta) Para o funcionalismo

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NA VISÃO DA DOUTRINA TRADICIONAL?
sistêmico, preconizado por Günther Jakobs, pode-se dizer TEORIA CAUSAL ➔ TEORIA FINALISTA.
que o direito penal é um instrumento associado à proteção
de bens jurídicos fundamentais ao desenvolvimento social “A doutrina brasileira sustentou a teoria causalista (tipo ob-
do indivíduo, diretamente ligado aos princípios da fragmen- jetivo e dolo e culpa na culpabilidade) em quase todas as
tariedade, insignificância. Afasta-se da ideia de que o direito obras elaboradas na vigência do código de 1940 (NELSON
penal tem como missão principal a busca do reconhecimento HUNGRIA, ANÍBAL BRUNO, BASILEU GARCIA, JOSÉ SALGADO
da necessidade de estabilização da norma, atrelando-se à MARTINS, E. MAGALHÃES NORONHA, JOSÉ FREDERICO
premissa da necessidade de associação da fundamentação MARQUES, PAULO JOSÉ DA COSTA JÚNIOR, ROQUE DE
das categorias do delito a um fundamento material de BRITO ALVES e outros). No ocaso do Código de 1940, surge a
ofensa ao bem jurídico. estrutura finalista como uma melhor metodologia analítica,
e, muito embora nem todos os autores adotem um único
ponto de partida quanto à teoria do conhecimento, estão
acordes numa única sistemática (tipo complexo, culpabili-
dade depurada). Dessarte, podemos mencionar como exem-
plos as obras gerais de HELENO CLÁUDIO FRAGOSO, JÚLIO
FABBRINI MIRABETE, FRANCISCO DE ASSIS TOLEDO, DAMÁ-
SIO E. DE JESUS, LUIZ REGIS PRADO, CEZAR ROBERTO BITEN-
COURT e outros” (ZAFFARONI, Eugenio Raúl; PIERANGELI,
José Henrique. Manual de Direito penal brasileiro, RT, 2021).
 “A teoria causal-naturalista da ação tem, como ponto de
apoio, inicialmente, o sistema LISZT-BELING, vigorante para a
jurisprudência do Tribunal do Reich [da Alemanha nazista].
Este sistema exerceu grande influência no Brasil, principal-
mente sob a coordenação de NELSON HUNGRIA e, depois, sob
a influência marcante de ANÍBAL BRUNO. Embora tenha sido
substituído entre nós quase que inteiramente pelo finalismo”
(TAVARES, Juarez. Teoria do crime culposo, Tirant, 2018, p.
53).

QUAL TEORIA DO CRIME O BRASIL ADOTA


NA VISÃO DA DOUTRINA MODERNA?
TEORIA CAUSAL ➔ TEORIA FINALISTA ➔ FUNCIONALISMO
“Para a doutrina tradicional, nosso Código seria finalista.
O Código Penal Militar, a seu turno, é declaradamente
causalista, tratando dolo e culpa como espécies da culpabi-
lidade (art. 33 do CPM).
A doutrina moderna, no entanto, trabalha com premissas
funcionalistas de Roxin, negando, porém, algumas de suas
ideias, como, por exemplo, a responsabilidade considerada
substrato do delito”.
CUNHA, Rogério Sanches. Manual de direito penal – parte geral. Juspodivm,
2020, p. 252.
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