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Diego Pureza
Criminologia p/ Delegado da PC/PR Aula 02
Teorias Sociológicas da
Criminologia e Temas
Controvertidos
Criminologia p/ Delegado da PC/PR
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Sumário
SUMÁRIO 2
INTRODUÇÃO 4
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CÁRCERE E MARGINALIDADE SOCIAL – REALIDADE DO SISTEMA PENITENCIÁRIO BRASILEIRO E A MANIPULAÇÃO DOS NÚMEROS 32
Corrente abolicionista – defensores do desencarceramento 32
Corrente do Garantismo Integral – defensores da prisão como medida necessária 33
SISTEMA PENAL E REPRODUÇÃO DA REALIDADE SOCIAL 36
MÍDIA E CRIMINALIDADE 37
Mídia como instrumento de estigmatização 37
Mídia como instrumento de defesa, propaganda ou beatificação de criminosos 37
Conclusão 38
CRIMINOLOGIA NA AMÉRICA LATINA, AGÊNCIAS DE CONTROLE E A CRIMINOLOGIA DA LIBERTAÇÃO 38
ASSÉDIO MORAL 41
FATORES SOCIAIS DA CRIMINALIDADE 41
Sistema econômico 42
Pobreza e miséria 42
Desnutrição e fome 42
Habitação 43
Educação 43
Mal vivência 43
POLÍTICA CRIMINAL ATUARIAL 43
LISTA DE QUESTÕES 71
GABARITO 81
RESUMO DIRECIONADO 82
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Introdução
Considerando a complexidade do tema, será característica desta aula a linguagem descomplicada, abusando
dos exemplos e esquemas, como fatores de facilitação à você.
Ao final, é importante conjugar a teoria com a resolução de exercícios – sempre se atentando aos comentários
em cada questão.
Após superar as questões, você perceberá que com métodos de revisão este tema estará entre os seus pontos
de segurança em qualquer concurso público! Aliás, vale frisar que é tema previsto em QUALQUER EDITAL de
concurso público que venha exigir a Criminologia, especialmente nos concursos da PC/PR.
Bons estudos!
Advogado.
Professor de Criminologia, Direito Penal e Legislação Penal Especial em diversos cursos preparatórios para
concursos públicos.
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Dentro da perspectiva macrocriminológica, temos diversas teorias que visam explicar, justificar ou criticar
o crime. Muitas se baseiam em critérios científicos, valendo-se de outros ramos do saber como a medicina,
antropologia, estatística, etc., enquanto que outras apresentam forte carga ideológica.
Em todo caso, é sem dúvida o tema mais cobrado em concursos públicos na atualidade merecendo análise
retida sobre cada teoria.
A doutrina apresenta classificação que divide as teorias criminológicas em teorias de nível individual e
teorias sociológicas (macrossociológicas). A seguir, analisaremos cada um desses grupos para, em seguida,
enfrentarmos o estudo de cada teoria em espécie.
As teorias de nível individual procuram apontar explicações sobre as causas individuais do fenômeno
criminal, ou seja, analisa o próprio criminoso visando diagnosticar quais os fatores que são determinantes para a
prática de delitos. Podem ser divididas em:
a) Biológicas: buscam explicar o fenômeno criminal a partir de fatores orgânicos (biologia do criminoso); b)
Psicológicas – explicação do comportamento criminoso através do mundo anímico, dos processos psíquicos ou
nas vivências subconscientes do criminoso, bem como nos seus processos de aprendizagem e socialização.
Teorias psicológicas:
Procuram explicar as causas do fenômeno criminal a partir do estado anímico do criminoso (geralmente
resultados da vivência do subconsciente ou mesmo nos processos de aprendizagem e socialização do indivíduo).
As teorias psicológicas podem ser da espécie psicodinâmica, hipóteses em que se conclui que houve falha
no processo de aprendizagem ao longo da vida. Investiga-se quais os motivos da maioria das pessoas não praticar
crimes. Como visto, trata-se de uma espécie do gênero teorias psicológicas.
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Partindo da premissa de que o crime é um fenômeno social, as teorias sociológicas buscam explicar a
criminalidade na perspectiva etiológica (causas do crime) ou interacionistas (reação social).
Ademais, a maioria das teorias que analisaremos em capítulo próprio pertencem à esse grupo, apontando
como fatores determinantes da delinquência a sociedade.
Variando de teoria para teoria, a sociedade seria a culpada ou responsável em parte pela criminalidade, seja
por proporcionar aos indivíduos potencialmente criminosos o ambiente propício, seja por criar o criminoso em
processos de estigmatizações, preconceitos, etc.
As teorias do conflito (de esquerda, ligadas à movimentos revolucionários) recebem forte influência da
filosofia marxista, tendo como característica o entendimento de que a convivência harmônica em sociedade
decorre de imposição, por meio da força e da coerção, havendo uma relação entre dominantes e dominados
(adaptação da ideia de luta de classes cunhada por Karl Marx).
Para os adeptos das teorias do conflito, não existiria voluntariedade por parte do indivíduo ao buscar a
pacificação social. A pacificação seria fruto de imposição.
Há, todavia, algumas teorias do conflito (em especial, as teorias mais recentes) que afastam a ideia de luta
de classes, argumentando que a violação da ordem derivaria mais do comportamento dos indivíduos, bandos ou
grupos do que propriamente de um substrato político-ideológico.
Postulados das teorias do conflito: toda a sociedade está sujeita a mudanças contínuas, sendo que cada indivíduo poderá
cooperar para a sua dissolução.
Com esse entendimento, algumas teorias do conflito chegam a enxergar o criminoso como uma espécie de “agente
revolucionário ou de transformação social” (considerados por alguns como sendo os sucessores dos “proletariados” de Marx)
– algumas teorias chegam a demonstrar até certo apreço pela figura do delinquente.
Labelling approach (Etiquetamento, Rotulação, Interacionismo simbólico ou da Reação Social) e Teoria Crítica (Radical,
Marxista, Nova Criminologia)
Em síntese:
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Luta de classes
Para as teorias do consenso, os objetivos da sociedade só podem ser atingidos quando há concordância por
todos sobre as regras de convivência. Estão ligadas a movimentos de direita e ao conservadorismo.
Os sistemas sociais dependeriam da voluntariedade tanto dos cidadãos, quanto das instituições, ao
dividirem valores semelhantes.
Tomemos a título de ilustração a ideia de uma máquina que funciona (representando os anseios sociais).
Cada peça ou engrenagem representaria cada indivíduo ou instituição. Na medida em que todos cooperam no
mesmo sentido e com os mesmos valores, a máquina funcionará normalmente.
A partir do momento em que uma peça ou engrenagem passa a apresentar falhas (cometimento de crime),
o problema deverá ser detectado de forma específica, retirado para restaurar o funcionamento da máquina
(representando a ideia do cárcere), corrigido (ressocialização) para, só após, realocar a peça na máquina
(sociedade).
Perceba que a ideia é que a sociedade se baseia no consenso entre seus integrantes (daí o nome). Aliás,
explicando os nomes para facilitar, podemos concluir que:
- Perenes: há valores que são eternos, valores que servem para alicerçar a sociedade independentemente do momento;
- Integrados: os membros da sociedade deve estar em harmonia constante para o bom funcionamento;
- Funcionais: cada cidadão (ou instituição) é responsável por exercer alguma função que seja útil em prol da coletividade;
- Estáveis: noção de que mudanças devem acontecer de forma natural e sem pressa (rechaçando a ideia de revoluções
imediatistas).
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Escola de Chicago; Teoria da Associação Diferencial; Teoria da Anomia; Teoria da Desorganização Social, Teoria da
Neutralização e Teoria da Subcultura Delinquente
Em síntese:
Perenidade
Exemplos: Teorias do
- Escola de Chicago; Consenso
Integralidade
- T. Associação Diferencial;
- T. Anomia; Elementos sociais
- T. Desorganização Social;
Funcionalidade
- T. Neutralização;
- T. Subcultura Delinquente
Estabilidade
A Escola de Chicago é a grande propulsora da sociologia americana moderna, iniciando nas décadas de
1920 e 1930, por meio dos estudos da “Sociologia das grandes cidades” apresentado pelo Departamento de
Sociologia da Universidade de Chicago, diante do crescimento da criminalidade na mencionada cidade.
Com a revolução industrial houve o crescimento dos centros urbanos e, ao mesmo tempo, crescimento da
criminalidade.
Com isso, a Escola de Chicago voltou sua atenção para os estudos dos meios urbanos, chegando à
conclusão de que o meio ambiente influenciava a conduta criminosa. Logo, concluíram também que o
crescimento da população nas cidades representavam um crescimento na criminalidade.
A ideia é que as pessoas acabavam, mais cedo ou mais tarde, sendo contaminadas pelo meio social em que
conviviam, por meio do convívio com semelhantes que apresentavam comportamentos criminosos. Com a
convivência, passavam a enxergar todo aquele ambiente criminoso com naturalidade e, consequentemente,
passava também a delinquir.
Logo, é correto concluir que à luz da Escola de Chicago a cidade era responsável por produzir a
criminalidade. Considerando o fato de existir regiões na cidade de Chicago que proporcionavam também
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ambientes mais calmos e pacíficos, reforçou-se a ideia de que o ambiente de convivência poderia contribuir para
o crescimento ou diminuição da delinquência.
A importância da Escola de Chicago para a sociologia é inegável, sendo responsável, inclusive, por influenciar no surgimento
de outras teorias a saber: Teoria da Desorganização Social (Ecológica), Teoria Espacial, Teoria das Janelas Quebradas e
Teoria/Política de Tolerância Zero. Estudaremos cada uma a seguir em tópicos próprios.
A Teoria da Desorganização Social (também chamada de Teoria Ecológica) surge em 1915 e conclui que o
progresso e a expansão da sociedade acarreta no crescimento da criminalidade nos grandes centros urbanos.
Tem como principal obra The City: Suggestion for the Investigation of Human Bahavior in the City
Environment, dos autores Robert Park e Ernest Burguess.
A ideia básica gira em torno principalmente do enfraquecimento dos meios de controle social informal,
desordem social e falta de integração. Com a expansão dos centros urbanos, surge inevitavelmente, segundo
esta teoria, desorganização social e degradação dos grupos informais de controle social, tais como a família,
círculo de amizades, etc.
Com o enfraquecimento de tais grupos, haverá também a diminuição (ou até a perda) de valores positivos
como a amizade (comumente presente em regiões mais pacatas e afastadas), o civismo, companheirismo, dentre
outros, até chegarmos à uma sociedade desorganizada. A desorganização social, por sua vez, será criminógena
(causadora da delinquência).
A ideia básica é de que casas e prédios podem ser reestruturados de modo a garantir a segurança de seus
habitantes e usuários e, ao mesmo tempo, oferecer riscos aos criminosos.
Teve como expoente o arquiteto Oscar Newman, por meio da obra Defensible Space, ao qual apresentou
uma série de modelos de construção adequados e capazes de prevenir as pessoas contra a criminalidade. Em
síntese, o modelo ideal de construção, segundo Newman, seria a estrutura arquitetônica que permite maior
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vigilância por seus habitantes e usuários e, ao mesmo tempo, que apresente mecanismos de autodefesa por meio
de barreiras reais (capazes de ferir o criminoso) e simbólicas (gerando efeitos de desestímulo e dissuasão no
criminoso).
Originada nos Estados Unidos, a Teoria das Janelas Quebradas foi cunhada pelos criminologistas da
Universidade de Harvard, James Wilson e George Kelling (obra: The Police and Neiborghood Safety – “A Polícia e
a Segurança da Vizinhança”, publicada na revista Atlantic Monthly em 1982), apresentando um vínculo peculiar
entre desordem/descaso e delinquência.
Para entender a conclusão é necessário conhecer as pesquisas empíricas que inspiraram a teoria ora
estudada:
Para o experimento, foram utilizados dois locais, um bairro de classe pobre (Bronx, Nova Iorque) e outro considerado de alto
padrão (Palo, Alto, Califórnia).
Em ambos, colocaram um veículo com a tampa do motor aberta. Em pouco tempo, o veículo foi completamente depredado
no Bronx por vândalos, enquanto que em Palo Alto o veículo permaneceu intacto.
Antes que alguns concluíssem de forma limitada e precipitada que a criminalidade estava vinculada apenas à classe social de
cada região, Zimbardo quebrou uma das janelas do veículo até então preservado que havia estacionado em Palo Alto. Com
isso, poucas horas após a janela ter sido quebrada, o veículo foi completamente destruído por pessoas que por ali passavam.
A conclusão foi de que, com o exemplo de que algo está abandonado, haverá o recado subliminar de
ausência de vigilância, de abandono, gerando, por conseguinte, a sensação de impunidade. Nesse sentido, pessoas
que só não praticam crimes por receio da punição passam a não mais enxergar obstáculos para praticarem suas
vontades.
Com isso, o que a Teoria das Janelas Quebradas apresenta para a segurança pública é a ideia de que a
tolerância de delitos menores (aplicando, por exemplo, medidas alternativas ao invés de pena), acaba por
estimular os criminosos a praticarem delitos cada vez mais graves e violentos.
Logo, é de extrema importância aplicar punição com rigor sobre qualquer delito, independentemente da
gravidade, como forma de desestimular a delinquência na prática de crimes mais graves (caráter preventivo e
dissuasório da pena).
Também se evitaria que determinados bairros até então considerados perigosos se tornassem verdadeiras
zonas de concentração da delinquência.
Por fim, destaca-se que a teoria das janelas quebradas inspirou a Política de Tolerância Zero, a seguir
estudada.
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Fruto de inspiração da teoria das janelas quebradas, a teoria da tolerância zero foi implementada pelo ex-
Prefeito de Nova Iorque, Rudolph Giuliani, também decorrente do chamado movimento de Lei e Ordem (Law and
Order), se tratando de uma filosofia jurídico-política baseada em medidas criminais sem qualquer
discricionariedade por parte das forças policiais (limitavam-se em aplicar a lei igualmente para todos os que
praticassem as mesmas condutas), cujo sistema de justiça criminal apresentava punições iguais a todos aqueles
que cometessem os mesmos crimes, independentemente do grau de culpa do indivíduo.
Perceba que tal política aplicava de forma estrita a filosofia da teoria das janelas quebradas, com penas
firmas para todos os crimes, até mesmo aqueles considerados mais leves, sem possibilidade de penas alternativas
(a punição era certa sobre os criminosos).
A finalidade era incutir no pensamento comum a ideia de que as leis e regras de convivência deveriam ser
respeitadas (mesmo que por meio da intimidação na aplicação das penas), proporcionando, a médio ou a longo
prazo, ambientes seguros para a população, bem como reconquistando a confiança no Estado por parte de todos.
Também inspirada na teoria das janelas quebradas, aplica entendimento semelhante, porém não com o
enfoque sobre as penas (como ocorre com a política de tolerância zero), mas com destaque para a atuação das
forças policiais.
Segundo essa teoria, a atuação policial deve ser firme, com rigor, inflexível, até mesmo contra crimes
considerados leves ou de menor potencial ofensivo pois, aos policiais pressionarem os criminosos com firmeza,
farão com que estes últimos fujam.
O criminoso, se sentindo intimidado pela polícia, se afastaria por perceber que não teria “vida fácil” em
seus intentos criminosos.
A crítica que essa teoria sofre por parte da doutrina recai sobre o fato de que não é capaz de eliminar ou
diminuir a criminalidade, mas de apenas realoca-la. A criminalidade apenas seria deslocada para regiões com
atuação menos efetiva das forças policiais.
Baseada no pensamento de Edwin Sutherland (1883-1950), inspirado, por sua vez, nos ensinamentos do
sociólogo e jurista francês, Gabriel Tarde, trabalha o pensamento segundo o qual o crime não consiste apenas em
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uma inadaptação de pessoas pertencentes as classes menos favorecidas (não está vinculado apenas à pobreza),
vez que não é praticado com exclusividade por seus integrantes (ricos também praticam crimes).
Defende que comportamento humano tem origem social, e o homem, ao aprender a conduta desviada,
associa-se com referência nela. Sendo o cidadão estimulado a aprender e repetir os comportamentos praticados
no círculo social ao qual pertence, seria capaz de aprender também a praticar crimes, como acontece ao se
aprender uma profissão. Aprende a criminalidade desde os meios e métodos (modus operandi) até os respectivos
resultados e “vantagens”.
Se aprende o crime assim como se aprende uma boa ação. O delito não tem como causa fatores
hereditários, mas sim a influência do meio. É aprendido mediante a comunicação com outras pessoas.
Para Sutherland, era necessário processos de comunicação pessoal direta (convivência ativa) para que o
sujeito aprendesse a criminalidade com seus pares (divergindo nesse ponto de Gabriel Tarde que defendia a ideia
de aprendizagem por meio da mera imitação, funcionando o indivíduo como mero receptor passivo de
informação).
Importante: no final da década de 30, Edwin Sutherland cunhou a expressão White-collor crime (“Crime de Colarinho
Branco”), explicando que membros de elites e de classes abastadas também praticavam crimes (geralmente, delitos de
ordem econômica) por estarem inseridos em ambientes cujos membros estavam corrompidos (aprendiam, por exemplo, atos
de corrupção). Tal teoria trouxe grandes avanços no Direito Penal Econômico.
Vimos que para a Associação Diferencial, o crime se aprende com outras pessoas, por meio de processos
de comunicação pessoal.
Já na Identificação Diferencial desenvolvida por Daniel Glasser, há a possibilidade do indivíduo aprender
o crime a partir da identificação com o criminoso tomados como referência, independentemente de
aproximação ou convívio pessoal.
Parte da premissa segundo a qual para se aprender algo não é necessário a proximidade, bastando a
existência de um modelo de conduta remoto.
Daí critica-se o estímulo de crimes por parte da mídia que, segundo esta teoria, possui o poder de
influenciar positiva ou negativamente as pessoas.
Tal corrente critica cinemas, novelas, filmes ou qualquer cena de exibição que faz apologia, ainda que
indiretamente, à prática de crimes, geralmente destacando vilões encarnando policiais e agentes do Estado
corruptos e truculentos e “mocinhos” ou heróis no papel de criminosos e traficantes como espécies de “justiceiros
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sociais”. São casos em que há uma relação positiva com personagens delinquentes, ao passo que há ao mesmo
tempo uma relação negativa sobre os personagens que representam agentes de combate ao crime.
Teoria similar à anterior, surgiu nos anos de 1960, por meio dos estudos de Robert Burguess e Ronald
Akers (The Differential Association Reinforcement Theory of Criminal Behavior – 1966), que defendiam a ideia de
que a conduta delinquente é fruto das experiências passadas do indivíduo, derivando de uma série de estímulos
contínuos que o indivíduo recebe ao longo da vida.
Condutas podem ser reforçadas e estimuladas por meio de princípios de condicionamento positivos, a
exemplo do pai que premia o filho com gratificações por praticar boas ações, ou negativos, como em casos de
abusos familiares em que filhos são castigados por qualquer comportamento (sendo capaz de estimular as vítimas
a se tornarem criminosas no futuro).
Teoria do Vampiro
A Teoria do Vampiro é similar às teorias anteriores, porém, volta as atenções para casos de vítimas de
abusos, estabelecendo que vítimas de violência sexual na infância, a título de exemplo, são propensas a serem
também abusadoras e violentas na vida adulta.
Não raras as vezes, vítimas de abusos acabam se tornando abusadoras na vida adulta. Daí a expressão
“vampiro”, personagem folclórico cujo poder é de sugar o sangue de suas vítimas e, mantendo-as vivas, terá o
poder de transformá-las também em vampiros.
Teoria pautada na ideia de que o comportamento criminoso está em processo de constante interação com
o meio social em que se insere, com a incidência de condicionamentos por meio de ideias de saciedade e
privação.
Com isso, algumas pessoas saciadas por algum anseio responderiam de forma diversa daquelas não
saciadas (privadas de algum desejo).
Exemplo: pessoa privada de direitos econômicos (pobre), seria propensa a praticar crimes patrimoniais visando saciar as
próprias vantagens.
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Importante destacar que esta teoria também considera outros fatores como estimulantes de condutas
criminosas, a exemplo de fatores bioquímicos e biológicos.
Influenciada pela Escola Clássica, defende como forma de prevenir crimes a certeza da punição (a
impunidade estimula a prática de novos crimes)
Teoria da Neutralização
Cunhada por David Matza e Gresham Sykes ao analisarem a delinquência infanto-juvenil, percebem a
utilização de técnicas de neutralização utilizadas pelo próprio delinquente na expectativa de racionalizar e
justificar a própria conduta criminosa.
Teoria formulada pelo sociólogo norte-americano Albert K. Cohen (1918-2014), em especial com a
publicação da obra Delinquent Boys (1955), apontando pela existência de uma chamada subcultura,
correspondendo por uma espécie de cultura inferior inserida em outra cultura (esta sim predominante).
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Tem origem nos Estados Unidos da América, pois logo após a segunda guerra mundial os EUA alcançava
expressivo crescimento econômico e tecnológico.
A partir daí, houve naturalmente um aumento na erosão da divisão de classes sociais, pois, com o
crescimento das grandes metrópoles, houve naturalmente um afastamento das periferias – além do aumento da
divisão entre as classes ricas (cada vez mais ricas com a revolução industrial) e classes menos favorecidas (cada vez
mais pobres).
Tal teoria vincula o aumento da criminalidade com o crescimento da população menos favorecida,
sem acesso ao que seria considerado cultura de qualidade (daí o título).
A chamada subcultura até reconhece a existência e os valores da cultura dominante, porém, acaba por
colocar em prática os próprios valores que, por vezes, acaba por se traduzir na prática de crimes.
Exemplos da subcultura delinquente nos EUA: gangues de delinquência juvenil em bairros localizados nas periferias das
grandes cidades; tribos de pichadores e membros de facções criminosas em bairros afastados; a luta dos negros norte-
americanos por direitos civis nos anos 60, demonstrando a não acessibilidade por direitos em alguns setores sociais (e,
portando, da existência de uma subcultura), etc.
a) Não utilitarismo: muitos delitos não possuem motivação racional (exemplo: alguns jovens furtam roupas que não irão
usar);
b) Malícia da conduta: prazer em prejudicar o próximo (exemplo: atemorização que gangues fazem em jovens que não as
integram);
c) Negativismo da conduta: oposição aos padrões predominantes na sociedade (exemplo: pichação de muros como
demonstração de rebeldia).
Crítica: recai sobre a sua incapacidade de explicar a criminalidade como um todo, de forma genérica,
restringindo-se as manifestações da delinquência juvenil e em classes menos favorecidas.
Anomia possui origem grega, significando ausência de lei (a = ausência + nomos = lei), servindo para a
sociologia criminal para apresentar a ideia de que, diante do fracasso dos meios regulares de proteção social
(descrédito na certeza da punição, por exemplo), bem como descrédito das normas e dos valores sociais, será
possível se atingir um estado de completo abandono das regras de convívio social (anarquia), importando na
chamada anomia.
Apesar de ser espécie de teoria do consenso, ante seu caráter estrutural-funcionalista, a teoria da anomia
possui predicados Marxistas, e foi cunhada por Robert King Merton (artigo Social Structre and anomie, em
American Sociological Review, 1938), inspirado nos ensinamentos de Émile Durkheim. Fazendo uma síntese dos
mencionados autores, podemos explicar a criminalidade por meio de uma ótica sociológica sustentando que
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determinado comportamento pode ser considerado criminoso por violar o consciente coletivo (valores
comuns da sociedade).
O termo “anomia” foi cunhado por Émile Durkheim, sociólogo, antropólogo, cientista político, psicólogo
social e filósofo francês (1858-1917) que servia para definir o cenário de uma sociedade que não funcionava de
forma harmônica. Também utilizava o termo para designar grupos ou sociedades no interior delas, que sofrem da
desorganização e caos ocasionado pela ausência de regras de boa conduta admitidas pela maioria, implícita ou
explicitamente – ou mesmo em razão da instalação de regras que fomentam o isolamento e predação ao invés da
cooperação. Entendia a anomia como um enfraquecimento do poder de influência e intimidação das normas
penais vigentes (e não propriamente a ausência de leis). A título de exemplo, destacamos o não cumprimento da
função da pena (ressocialização e prevenção).
Fazendo uma síntese dos mencionados autores, podemos explicar a criminalidade por meio de uma ótica
sociológica sustentando que determinado comportamento pode ser considerado criminoso por violar o consciente
coletivo (valores comuns da sociedade).
Ademais, afastando das ideias da Escola Positivista, a teoria da anomia afasta a ideia do crime como
anomalia (dispensando estudos biológicos), passando a adotar uma concepção puramente sociológica).
A partir da perspectiva que se enxerga o fenômeno criminal sob o prisma sociológico, a teoria da anomia
chega às seguintes conclusões:
Crime: qualquer comportamento capaz de violar o consciente coletivo, ou seja, lesões aos valores
preponderantes na sociedade;
Pena: passa a ser instrumento de defesa do consciente coletivo e preservação da sociedade.
Mas como definir o que é, de fato, consciente coletivo? Evidentemente, será mais preciso uma análise de
cada grupo social, diagnosticando quais os valores preponderantes em cada local, porém, a teoria da anomia nos
fornece diretrizes mínimas para a correta compreensão do fenômeno criminal: é a estrutura social responsável
por definir os fins e metas culturais dominantes, bem como quais os meios institucionalizados considerados
legítimos.
Fins e metas culturais podem ser definidos como os alvos almejados pela maioria dos cidadãos, tais como
a riqueza, o sucesso, qualidade de vida, status social, estabilidade, etc, enquanto que os meios institucionalizados
considerados legítimos são os modelos de condutas consideradas corretas para atingir os fins e metas culturais,
tais como o trabalho, estudos, esforço pessoal, etc.
A partir da ideia acima, Robert King Merton apresenta 5 possibilidades de adaptações distintas de um
sujeito aos meios institucionalizados (alguns legítimos e outros não) visando alcançar as metas culturais:
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Exemplo: indivíduo aceita a ideia de que precisa trabalhar para alcançar sucesso profissional, ainda que dessa forma precise
de anos para atingir metas.
b) Inovação: aqui o indivíduo até aceita as metas culturais, todavia, rejeita os meios legítimos elencados
pela estrutura social, passando a praticar condutas desviadas como meio para atingir fins e metas culturais.
Exemplo: indivíduo quer riqueza e status social (metas culturais dominantes), porém, rejeita a ideia de trabalho e passa a
buscar tais metas por meio de assaltos a mão armada (meios ilegítimos).
c) Ritualismo: aqui inverte-se os polos do modelo anterior. O indivíduo rejeita as metas culturais, porém,
por meio de um comportamento rotineiro (por hábito) e conformista, permanece respeitando os meios
legitimamente institucionalizados, agindo por toda a vida como se tivesse praticando um ritual.
Exemplo: indivíduo não concorda com a ideia de que só se consegue sucesso ou status social por meio da riqueza, todavia,
mesmo assim permanece em sua rotina de trabalho e estudos deixando de praticar qualquer conduta delituosa (pratica
hábitos ritualísticos como o trabalho rotineiro mesmo sem acreditar que seu fruto será o sucesso ou que o sucesso seja mesmo
importante).
d) Evasão (retraimento ou inocuização): o indivíduo rejeita tanto as metas culturais quanto os meios
institucionalizados, passando a viver à margem da sociedade.
Exemplo: mendigos, andarilhos, alcoólatras e dependentes químicos patológicos e crônicos que não buscam metas na vida,
tampouco trabalham, estudam ou praticam qualquer outro meio institucionalizado.
Exemplo: anarquistas, rebeldes sem causa e “revolucionários sociais” que tentam mudar o mundo por meios imediatistas e
bruscos, cuja finalidade é implementar a própria visão ideal de sociedade.
Em síntese:
Meios Culturais (status, poder, riqueza, Meios Institucionalizados
Modos de Adaptação
qualidade de vida, etc.) (escola, trabalho, etc.)
Conformidade Aceita Aceita
Inovação Aceita Não aceita
Ritualismo Não aceita Aceita
Evasão/Retraimento Renúncia Renúncia
Rebelião Não aceita Não aceita
A conclusão é de que com o fracasso na perseguição das metas culturais (insucesso, por exemplo), somado
a escassez dos meios institucionalizados (desemprego, desigualdade social, ensino público precário, etc.), a
sociedade caminhará para um estado de anomia, ou seja, estado de desordem com comportamentos desviados e
estranhos às normas sociais (crimes).
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Importante frisar que, segundo essa teoria, a prática de crimes em índices mínimos pode ser tolerada por
se tratar de um fenômeno comum e natural, porém, se alcançado índices elevados e alarmantes de criminalidade,
estaremos diante de um estado de desordem social e de caos, com o risco de subversão dos valores até então
dominantes somados com a completa descrença no sistema normativo de condutas, acarretando no estado de
anomia.
Questão interessante e que trabalha as teorias da subcultura delinquente e anomia foi cobrada no
concurso para Delegado de Polícia da PC/BA em 2018. Vejamos:
a) Uma das principais críticas às teorias da subcultura delinquente é a de que ela não consegue oferecer uma
explicação generalizadora da criminalidade, havendo um apego exclusivo a determinado tipo de criminalidade,
sem que se tenha uma abordagem do todo.
b) A teoria da anomia, sob a perspectiva de Durkheim, define-se a partir do sintoma do vazio produzido no
momento em que os meios socioestruturais não satisfazem as expectativas culturais da sociedade, fazendo com
que a falta de oportunidade leve à prática de atos irregulares para atingir os objetivos almejados.
c) A teoria da anomia, sob a perspectiva de Merton, define-se a partir do momento em que a função da pena não
é cumprida, por exemplo, instaura-se uma disfunção no corpo social que desacredita o sistema normativo de
condutas, fazendo surgir a anomia. Portanto, a anomia não significa ausência de normas, mas o enfraquecimento
de seu poder de influenciar condutas sociais.
d) O utilitarismo da ação é um dos fatores que caracterizam a subcultura deliquencial sob a perspectiva de Albert
Cohen.
e) O utilitarismo da ação é um dos fatores que caracterizam a subcultura deliquencial sob a perspectiva de Albert
Cohen.
RESOLUÇÃO:
A) A principal crítica realizada pela doutrina relativo à teoria da subcultura delinquente recai sobre a sua
incapacidade de explicar a criminalidade como um todo, de forma genérica, restringindo-se as manifestações da
delinquência juvenil e em classes menos favorecidas.
B) A perspectiva sobre a anomia destacada na alternativa “B”, em verdade fora cunhada por Robert King Merton.
C) A perspectiva sobre a anomia destacada na alternativa “C”, em verdade fora cunhada por Émile Durkheim.
D) Um dos fatores que, de fato, caracteriza a subcultura delinquente, sob a perspectiva de Cohen, é o não
utilitarismo da ação, diante dos crimes praticados por alguns delinquentes sem qualquer finalidade específica, ou
seja, sem qualquer motivo racional.
E) Não há antagonismo entre a sensação de impunidade de uma sociedade e o conceito de anomia cunhado por
Durkheim pois, para a anomia, o indivíduo passa a delinquir partindo do pressuposto em que o cumprimento das
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normas na sociedade está enfraquecido, que seria a mesma sensação de impunidade transmitido à sociedade.
Logo, não há antagonismo, o que há é justamente convergência.
Gabarito: A
Teoria cunhada em 1960 por Erving Goffman, Edwin Lemert e Howard Becker (autores da Nova Escola
de Chicago), inspirados pelas doutrina de Émile Durkheim, defendem que o crime é produto de um processo
social formal e informal de interação, seleção, discriminação e estigmatização.
Segundo essa teoria, para que um fato seja considerado criminoso é necessário a criação de uma norma
penal incriminadora. Tal norma seria preparada pelas elites dominantes com a finalidade de subjugar outras
classes. A ideia básica é de que o processo de criminalização primário funcionaria como instrumento de proteção
dos interesses individuais e egoístas da classe dominante (elites políticas e empresariais).
A partir daí, duas correntes surgem criando variações da teoria do Etiquetamento:
1ª Corrente (radical): defendem a ideia de que o processo de Etiquetamento é aplicado por agentes de
controle social formal, tais como policiais, promotores, juízes, etc.
2ª Corrente (ampliativa): acreditam que o processe de Etiquetamento é exercido por agentes de controle
social formal, bem como agentes informais, ao exemplo de famílias que apontam quem seria desde a tenra idade
a “ovelha negra da família”, ou em grupos escolares onde desde as fases iniciais grupos de alunos excluem ou
estigmatizam alguns outros alunos (aluno difícil ou marginalizado).
A teoria em estudo aduz que o delito é desprovido de conteúdo, sendo resultado de mero processo de
estigmatização arbitrário e discriminatório seletivo contra grupos inferiores e promovidos para a proteção dos
interesses das elites.
Perceba a ótica invertida dessa teoria: ao invés de se questionar os motivos do indivíduo ter praticado
determinado delito, passa-se a investigar os motivos pelos quais determinadas pessoas seriam estigmatizadas
pelo processo de criminalização (não se questiona o motivo do sujeito ter estuprado, mas sim o motivo dele ter
sido etiquetado como estuprador pelo sistema de justiça penal).
Partindo dessa premissa, a pena seria instrumento estatal gerador de desigualdades. O criminoso, ao
adquirir tal status (rótulo), passará a encontrar enormes dificuldades em se ver livre da condição de delinquente,
por dois motivos:
Nas palavras de Paulo Sumariva, “para essa teoria, em termos gerais, é pela afirmação de que cada um de
nós se torna aquilo que os outros vêem em nós e, de acordo com essa mecânica, a prisão cumpre uma função
reprodutora”.
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Com isso, tal teoria sustenta que a criminalização primária produz a “etiqueta” ou “rótulo”, que, por sua
vez, produz a criminalização secundária (reincidência).
Exemplos de “etiquetas”: atestados de antecedentes, folha corrida criminal, divulgação de jornais sensacionalistas, etc.).
Inspirações no Brasil: Por conta da ideia de que o cárcere é prejudicial, inspirou no Brasil a Lei dos Juizados Especiais Criminais
(Lei nº 9.099/95), com a criação de institutos que evitam o cárcere (institutos despenalizadores: composição civil dos danos,
transação penal e suspensão condicional do processo).
Além disso, inspirou a Reforma Penal de 1984, que alterou a Parte Geral do Código Penal, a progressão dos regimes de penas
e as penas alternativas, numa tendência garantista de não intervenção ou de Direito Penal Mínimo.
Responsável por criticar todos os modelos criminológicos – inclusive o labelling approach – a teoria crítica
possui suas bases na filosofia do alemão Karl Marx, inspirador do comunismo e do socialismo, resumindo os
conflitos sociais à velha luta de classes e culpando o sistema capitalista como o responsável por todos os males.
A filosofia marxista foi importada para a criminologia por meio da sociologia criminal em diversos países.
Na Holanda, teve origem no início do século XX, com o trabalho do holandês Bonger. Na Inglaterra, surgiu
com os trabalhos de Ian Taylor, Paul Walton e Jock Young, especialmente com a obra The New Criminology: for
a social theory of deviance, de 1973.
Já na Itália, ganha força com Alessandro Baratta, responsável por fundar a revista La questione criminale
(1975) e com a publicação da obra Criminologia Crítica e Crítica ao Direito Penal: Introdução à Sociologia Jurídico-
Penal, de 1882.
Na América Latina apresenta como principais defensores Eugênio Raul Zaffaroni e Rosa Del Omo.
Defende que o homem não teria o livre-arbítrio, ou liberdade de escolha quando pratica um determinado
delito por encontrar-se sujeito a um determinado sistema de produção.
Critica todas as outras teorias e correntes da Criminologia, por considerar a criminalidade um problema
insolúvel dentro da sociedade capitalista.
Parte da ideia de que a divisão de classes no sistema capitalista gera desigualdades e violência a ser contida
por meio da legislação penal. A desigualdade geraria o egoísmo sobre os oprimidos, levando-os a delinquir.
Conclui que a norma penal surge como instrumento de controle social preconceituoso, por recair apenas
sobre a classe trabalhadora e menos favorecida, não sendo aplicada da mesma forma às elites.
Ademais, atualmente muitos defensores desta teoria marxista passa a enxergar o criminoso como um
novo agente revolucionário (status anteriormente empregado à classes de proletariados). Justamente por esse
motivo, alguns enxergam o criminoso até mesmo com certo apresso, por entenderem se tratar de um agente
transformador visando preparar uma nova ordem social.
Justamente por não ventilar exceções às causas do crime, atribuindo culpa exclusivamente ao capitalismo,
é que tal teoria é também chamada de radical.
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- Propõe reformas estruturais na sociedade para a redução das desigualdades e, consequentemente, da criminalidade.
Críticas:
I – Retira do ser-humano qualquer possibilidade de auto responsabilidade ao culpar exclusivamente o sistema capitalista,
considerando o criminoso como uma mera vítima da sociedade e da classe em que foi inserida.
II – Não explica os crimes dos mais abastados e não explica o não cometimento de crimes por outras pessoas que também
vivem em classes menos favorecidas.
III – Aponta apenas problemas em países capitalistas, deixando de analisar por completo os crimes praticados em países
socialistas/comunistas, a exemplo da antiga União Soviética com índices elevados de criminalidade durante o comunismo,
dentre outros exemplos como a criminalidade em países como Cuba, Venezuela, Nicarágua, dentre outros.
Esta teoria inspirou três tendências da criminologia: neorrealismo de esquerda; abolicionismo penal e
direito penal mínimo.
Surge na Escandinávia, na década de 1990, com a criação do KRUM (que, traduzida, significa Associação
Sueca Nacional para a Reforma Penal).
Defendem a abolição do Direito Penal, excluindo, consequentemente, a prisão juntamente com todo o
sistema de justiça criminal.
Parte da ideia de que o Direito Penal não soluciona conflitos – ao contrário, seria fator capaz de criar novos
crimes por meio de processos de estigmatizações seletivos.
Com isso, a solução viria de instrumentos informais (diálogos, tratamentos médicos ou psicológicos,
concórdia, solidariedade, etc.) ou de outras instâncias de controle menos repressivas como o Direito Civil e o
Direito Administrativo.
a) Anarquismo: defendem o fim do Estado Penal. Sugerem que os indivíduos, passando a serem todos de
total liberdade (sem freios legais impostos pelo Estado) estaria preparado para alcançar um estado de fraternidade
e solidariedade plena, dispensando o sistema punitivo;
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b) Marxismo: argumentam que o fim do sistema penal seria válido por representar mero instrumento de
repressão cujo objetivo é ocultar os conflitos sociais;
c) Cristão e liberal: sem o Estado ditando regras e imputações, o indivíduo resumiria todos os seus
problemas a fatores econômicos (assuntos financeiros ocupariam seus próprios conflitos).
Por fim, para muitos a ideia do abolicionismo não passa de utopia – ainda assim, extremamente perigosa
dada a sua capacidade de criar uma sociedade anárquica.
Teoria Minimalista
Trata-se de uma espécie de “abolicionismo moderado”, apregoando que o Direito Penal deve subsistir de
forma mínima, sendo aplicado apenas sobre casos extremamente graves.
A pena privativa de liberdade, por exemplo, seria medida excepcionalíssima, sendo que o Estado deveria
aplicar medidas alternativas de repressão (prestação de serviços à comunidade, pagamento em cestas básicas,
multa, etc.).
A título de exemplo, negam a possibilidade de aplicação da prisão aos crimes praticados por organizações
criminosas e tráfico internacional de armas e fogo sob o argumento de que as finalidades não seriam alcançadas,
quais sejam, a eliminação dos criminosos e o afastamento dos instintos delinquentes dos indivíduos.
Apesar de ter influências marxistas, caminha em sentido diametralmente oposto comparada com o
abolicionismo e minimalismo, por defender um Direito Penal rigoroso e maximalista (inspirada pela teoria da
tolerância zero e janelas quebradas).
Não enxergam apenas a pobreza como fator determinante para a prática de crimes, mas também a
competitividade, ganância, machismo, consumismo, individualismo, etc.
Com isso, sobre as demais causas, defendem um Direito Penal Máximo (defendem total rigor contra
alguém considerado machista, homofóbico, ganancioso, etc.).
Além disso, defendem o afastamento da discricionariedade do Poder Judiciário na aplicação da lei penal,
limitando-se em aplicar a legislação de forma fria e objetiva, sem margens para interpretações ou juízos de valor.
Originada na década de 1990 como herança da criminologia crítica (especialmente das teorias da
subcultura e labelling approach), por meio dos estudos de Jeff Ferrel, Clinton Sanders, Keith Hayward, Mike
Presdee e Jock Young, que, segundo os próprios autores, passaram a analisar “o crime e as agências de controle
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como produtos culturais – como construções criativas. Como tais, devem ser lidas nos termos dos significados que
carregam”.
Em síntese, para a Criminologia Cultural, tanto o crime quanto os mecanismos de controle social são frutos
da cultura de cada região. Daí, surge a necessidade de entender imagens, representações simbólicas, significados
do delito, subculturas conforme os valores das culturas dominantes na sociedade.
Apenas entendendo as bases culturais da sociedade será possível traçar um diagnóstico seguro sobre o
crime.
Nesse sentido, a Teoria Cultural contemporânea passa também a analisar o grande papel da mídia na
criminalidade, isso porque a mídia exerce fortíssima influência em mudanças culturais.
Por meio de novelas, filmes, documentários dentre outros produtos, a mídia é capaz de interferir
diretamente na criação e modificação de pensamentos em grande escala, alcançando um número indeterminado
de pessoas em fração de segundos.
Teoria “Queer”
A palavra queer possui origem norte-americana e significa literalmente esquisito, estranho ou excêntrico. A
presente teoria surge no final dos anos 80 por meio de ativistas e movimentos cujas pautas são: “identidade de
gênero e heteronormatividade”.
b) Violência das instituições: seria a homofobia praticada pelo próprio Estado, criminalizando ou
rotulando como patológicas as identidades homossexuais;
c) Violência interpessoal: consiste na violência individual propriamente dita de cunho homofóbico, como
agressões e insultos contra homossexuais.
Teoria Feminista
Parte do pressuposto de que a sociedade é machista e impõe papéis opostos entre homens e mulheres.
A sociedade seria responsável por conceder aos homens funções nobres e de prestígio, ao passo que
conferiria posições inferiores e de pouco valor ou relevância às mulheres.
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Por fim, sustentam que, além da objetificação da mulher (tornando-a vulnerável em contextos privados a
exemplo do próprio lar), há uma espécie de sexismo institucionalizado, evidenciando violências contra a mulher
desde a criação de leis até as respectivas e efetivas aplicações concretas.
Trata-se de adaptação da sociologia para a criminologia da Teoria Freudiana do Delito por Sentimento de
Culpa.
Segundo a teoria dos instintos, o ser-humano possui naturalmente instintos criminosos. Tais instintos são
reprimidos (mas nunca destruídos) pelo próprio ego ou vaidade, permanecendo adormecidos no inconsciente.
Ainda no inconsciente humano, haveria ao mesmo tempo um sentimento de culpa e uma tendência a
confessar as próprias vontades criminosas.
Assim, a partir do momento em que o indivíduo pratica o crime, estaria, em verdade, superando o
sentimento de culpa e realizando concretamente sua tendência à confissão delituosa.
Segundo Jacobs (1967) e Newman (1972), são objetos de estudo da criminologia ambiental:
Perceba que o enfoque não recai sobre a explicação dos motivos pelos quais os criminosos são “formados”
como tais. A investigação recai sobre as circunstâncias que permearam o ato criminoso. A preocupação não recai
sobre “quem” praticou o crime, mas sim em como o delito é praticado.
A partir desta noção, surgem algumas teorias como desdobramentos da criminologia ambiental, valendo
estudarmos cada uma em tópicos próprios.
Segundo a teoria das atividades rotineiras, para que o ambiente esteja propício para o cometimento de
um crime, é necessário a convergência de espaço e tempo em, ao menos, três elementos:
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Agressor provável: criminoso motivado por alguma doença, ou pela ganância, vontade de lucro fácil,
desorganização social, etc.;
Alvo adequado: confunde-se com o objeto do crime, podendo ser uma pessoa, local ou objeto. A noção
do valor do alvo pelo criminoso pode aumentar ou diminuir o risco da ocorrência do crime;
Ausência de guardião ou vigilância adequada capaz de evitar o delito: trata-se de pessoas, agentes
estatais ou instrumentos preordenados para a defesa de alguém ou de algo, podendo ser formal (polícia,
guardas) ou informal (segurança particular, cerca elétrica, etc.).
A ideia da teoria da escolha racional é se colocar no lugar do criminoso (hipoteticamente falando) como
forma de diagnosticar as suas motivações para o crime (“pense como o criminoso”), ou seja, volta as atenção para
o processo de decisão do delinquente.
A noção de escolha do criminoso – que poderá optar por praticar ou não praticar o crime – se baseia na
própria noção sobre o ambiente em que está inserido no momento da tomada de decisão (o criminoso, conforme
a própria visão de mundo, avaliará a proporção entre riscos e recompensas se escolher o crime).
A presente teoria volta as atenções para as investigações policiais. A polícia judiciária, como representação
de uma das diversas formas de apresentar diagnósticos sobre a criminalidade, costuma encontrar padrões sobre
a atividade criminosa.
Nesse sentido, podemos mencionar alguns exemplos de padrões capazes de fornecer informações úteis
em futuras medidas de prevenção:
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Possivelmente você já deve ter ouvido ou lido a seguinte frase: “a oportunidade faz o ladrão”. É a
representação mais simples e direta da teoria da oportunidade.
Segundo seus defensores, Clark e Felson (1998), a oportunidade em se praticar determinado delito
(juntamente com possíveis recompensas), está entre as principais causas da prática de crimes.
- Oportunidades devem ser analisadas em cada caso concreto, conforme o tempo e lugar do contexto
criminoso;
- Conclusão lógica da teoria: a prevenção criminal se traduz por meio de reduções das oportunidades e,
sendo assim, a diminuição brusca das oportunidades acarretará inevitavelmente na queda dos índices de
criminalidade.
Cunhada por Gottfredson e Hirschi (1990), a teoria do autocontrole procura aperfeiçoar a noção de
escolha racional da Escola Clássica (livre-arbítrio), somada com o aperfeiçoamento do determinismo da Escola
Positivista.
Entendem que em regra, o que difere um criminoso de um não criminoso é justamente o autocontrole que
este último possui contra os próprios impulsos para a prática de delitos. O criminoso seria um ser com baixa
resistência contra as vontades criminosas que possui.
Considerando o fato de que a maioria dos crimes não exigem grandes esforços ou meticulosos
planejamentos, apenas seres de fraco autocontrole estariam propensos à criminalidade (tal teoria considera que
crimes praticados por organizações criminosas seriam excepcionais).
A teoria sugere que o delinquente seria um sujeito impulsivo, perseguidor de gratificações e recompensas
imediatistas, ostentando a tendência de praticar uma gama ampla de condutas desviadas criminosas (furtos,
roubos, agressões, etc.), e condutas desviadas não criminosas (consumo de drogas e álcool).
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Problemas com o autocontrole podem ter sido gerados por problemas e falta de orientação na infância.
Segundo os autores desta teoria, “o autocontrole se fixa em uma idade muito prematura (aos oito ou dez anos),
mantendo-se, desde então, relativamente constante, ao longo da vida do indivíduo”, concluindo em seguida que
“uma educação familiar incorreta ou errática ou - em menor medida o fracasso escolar - podem determinar o baixo
auto-controle do indivíduo”.
Teoria que constitui verdadeira aberração importada da área da economia (não pertence ao Direito e não
foi introduzida por meio de métodos científicos na criminologia).
Vale frisar que este tema já foi cobrado em concurso público (cargo de Promotor de Justiça do MP/MG),
sendo posteriormente anulada pelo Conselho Nacional do Ministério Público sob o argumento de que o tema não
estava previsto no edital e se tratava de assunto completamente desconhecido pelos tribunais superiores. Ainda
assim, considerando a “criatividade” (maldade) das bancas, vale analisarmos o que apregoa esta teoria.
A teoria da graxa sobre rodas procura enxergar aspectos positivos em algumas práticas corruptas e
criminosas no âmbito da Administração Pública.
A noção seria de que em algumas práticas corruptas determinadas burocracias seriam desrespeitadas e,
com isso, a população e a economia seriam indiretamente beneficiadas (a máquina estatal se movimentaria de
forma mais célere).
A presente teoria nada mais é do que uma síntese de alguns dos principais valores da Escola Clássica:
Livre-arbítrio: o criminoso é um ser dotado de racionalidade, escolhendo praticar crimes de forma livre;
Finalidade dissuasória da pena: sendo o criminoso um ser dotado de razão, a pena deve ser aplicada
com a finalidade de intimidá-lo, por meio do medo (coação psicológica), desestimulando-o a praticar
novos crimes.
Todavia, recebe críticas por não se importar com as bases etiológicas do crime, deixando de se preocupar
com outras causas (internas e externas) que podem influenciar o indivíduo na prática de crimes.
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Trata-se de teoria que resume alguns dos valores da Escola Positivista, contando como principal defensor
o médico legista italiano Cesare Lombroso, baseando-se no:
Determinismo biológico: o acaso não existe, sendo o criminoso fruto de hereditariedade (carga-
genética “criminosa” ou com tendências ao crime diante de fatores orgânicos) ou patologias;
Criminoso nato: em razão de características físicas e morais visíveis no indivíduo (estigmas
degenerativos), era possível diagnosticá-lo como criminoso;
Atavismo: manifestação de características no organismo fruto de gerações passadas (“é bandido assim
como seu avô foi um dia”).
Behaviorismo possui origem inglesa, significando: comportamento, conduta. No início do século XX,
influenciado pelo pensamento de Descartes, Pavlov, Loeb e Comte, o psicólogo norte-americano Johs Broadus
Watson (1878-1958) publicou as obras Psicologia: como os behavioristas a veem (1913) e Behavior (1914) dando
origem a presente teoria.
A teoria behaviorista analisa comportamentos de maneira funcional e reacional, ou seja, por meio de
estímulos e reações.
Comparando o ser-humano com qualquer outro animal, a teoria apregoa que o indivíduo aprende e se
adapta ao ambiente em que convive por meio de estímulos e fatores hereditários apresentando certas respostas
(perceba que se trata de teoria objetiva e empírica, que demanda a análise de cada caso concreto). A partir daí,
conhecendo-se as respostas será possível também prever o estímulo e, com isso, se antecipar para controlar o
comportamento do indivíduo (por exemplo, prevenindo crimes).
A prevenção da criminalidade seria possível a partir de reforços positivos sobre o criminoso, como meios
para estimulá-lo a mudar de comportamento.
Exemplo: durante a execução penal, diante de comportamentos inadequados a resposta seria a punição, ao passo que diante
de comportamentos positivos a resposta seria pela concessão de recompensas.
Teoria do Mimetismo
René Girard, professor emérito da Universidade de Stanford e membro da Academia Francesa, é o criador
da denominada “Teoria do Mimetismo” (originada da palavra “mímica”) e autor de suas obras fundamentais.
O ponto central de sua pesquisa é focado na gênese da violência presente constantemente nas sociedades
humanas. Para Girard essa violência tem como uma de suas principais raízes (embora não a única) o processo de
imitação que torna todo desejo ou paixão algo que provém do “outro” de forma eminentemente social.
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Teoria inspirada por romance publicado por Jean Larteguy (Les centurions) em 1960, busca demonstrar
que há hipóteses em que a aplicação da tortura seria admitida (flexibilização de direitos e garantias fundamentais
de suspeitos) em casos de terrorismo.
A ideia é de que, sendo capturado um terrorista, bem como encontrando-se em tempo de desativar uma
possível bomba programada para matar diversas pessoas, na hipótese de recusa do terrorista em colaborar,
admitir-se-á a aplicação da tortura como meio para se obter respostas no intento de salvar vidas inocentes.
Para os adeptos dessa teoria, o raciocínio é muito simples: diante de uma situação de grande perigo
iminente, em que há conflito entre dois bens jurídicos (vida de diversos inocentes versus integridade física e
psicológica de um terrorista), a vida dos inocentes deverá preponderar sobre a saúde do criminoso.
Apesar de tal teoria não ser admitida no Brasil e em diversos outros países, importante destacar que até
mesmo para seus adeptos alguns requisitos deverão ser preenchidos para a correta aplicação da medida:
Casos específicos: é necessário que o ataque terrorista ocorra em local certo e determinado, não se
admitindo tortura em casos genéricos e vagos;
Ataque iminente: o ato terrorista se concretizará em curto prazo, não se admitindo torturas em casos
de terrorismo já consumado (bomba já explodiu);
Potencialidade do ataque: o ato terrorista deve colocar em risco número expressivo de pessoas;
Envolvimento direto: os suspeitos torturados devem guardar vínculo direto com o ato terrorista;
Utilitarismo: certeza de que o suspeito possui a informação devida para evitar o ataque;
Ausência de opções (inevitabilidade): inexistência de qualquer outra opção ou caminho para se obter a
informação necessária;
Subsidiariedade: todas as tentativas de obtenção da informação sobre o suspeito foram esgotadas;
Motivação específica: torturador deve buscar exclusivamente as informações para evitar o ataque,
evitando excessos e tentativas de punições ou castigos;
Excepcionalidade: medida deve ser excepcional, não se admitido a sua aplicação de forma rotineira,
com frequência habitual.
A teoria da Coculpabilidade, cunhada pelo jurista argentino Eugênio Raul Zaffaroni, parte do pressuposto
de que, uma vez constatado a prática de um crime, chega-se à conclusão de que o Estado fracassou.
Não estamos falando do fracasso estatal do ponto de vista de medidas preventivas secundárias (rondas
policiais, por exemplo) ou terciárias (aplicação da pena evitando reincidência), mas sim de medidas preventivas
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primárias (concretização de direitos fundamentais tais como a saúde, educação, lazer, moradia, qualidade de vida,
etc.).
Perceba que tal teoria leva em consideração as desigualdades sociais, estigmas e injustiças sobre minorias
proporcionadas ou toleradas pelo Estado.
Se o Estado não cumpre com as metas elencadas na Constituição Federal, será também responsável pela
conduta do criminoso (daí a ideia de coculpabilidade, ou igualmente culpado).
Nesse sentido, como responsabilizar o Estado? Fazer com que o restante da sociedade cumpra em parte a
pena seria inconstitucional (violação da pessoalidade da pena) e aplicar pena ao Estado (ente abstrato) também
não faria sentido.
Respondendo a tal indagação, os adeptos dessa teoria nos apresentam duas hipóteses distintas:
Afastamento da punição: em alguns casos é possível que a punição do criminoso não corresponda a
medida justa.
Exemplo: casal de andarilhos que moram nas ruas e que não tiveram oportunidades de ter uma moradia decidem manter
relações sexuais em praça pública durante a madrugada. São surpreendidos pela polícia e conduzidos até a delegacia diante
do crime de ato obsceno. Em casos assim, defensores da teoria da coculpabilidade defendem o afastamento da punição.
Exemplo: morador de rua, faminto, decide por furtar alimentos de mercearia. Nesse caso, responderá pelo crime de furto,
com a possibilidade de ser beneficiado por atenuante genérica prevista no artigo 66 do Código Penal.
Como outra forma de compensar desigualdades sociais, implementar uma justiça chamada humanitária e
compensar a sociedade da ineficiência estatal, surge o chamado princípio da parcialidade do juiz.
A regra, a luz da Constituição Federal de 1988, é pela aplicação da lei penal de maneira imparcial pelo
julgador, todavia, há corrente de pensamento que defende a noção de que não existe juiz imparcial.
Sendo o magistrado um ser-humano, entendem que todo humano é desprovido de neutralidade,
possuindo as próprias convicções pessoais de cunho ideológico, sociológico, culturais, epistemológico,
psicológico, éticos, morais e religiosos.
Logo, seria necessário, inicialmente, superar a ideia simbólica de imparcialidade do julgador. Todavia,
apenas uma espécie de parcialidade, para esta corrente, poderá ser admitida. Nesse sentido, destacamos ambas
as espécies de parcialidade e respectivas formas de tratamento:
Parcialidade negativa do juiz: representa a aplicação da lei pelo magistrado de forma tendenciosa,
baseando-se em estigmas e fatores pessoais. Geralmente, punindo certos indivíduos com maior rigor
apenas com base em fatores pessoais. Ademais, a presença de parcialidade negativa legitima a aplicação
de regras processuais (penais e civis) de impedimento e suspeição do juiz.
Exemplo: juiz que aplica penas distintas em casos semelhantes, sendo uma pena rigorosa para indivíduo marginalizado e
pena meramente simbólica para indivíduo elitizado.
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Exemplo: juiz que decide por aplicar atenuante genérica sobre criminoso que praticou furtos no bairro por reconhecer que o
condenado não foi “nasceu privilegiado” ou em “berço de ouro”, sendo, ao longo da vida, estigmatizado e marginalizado.
Partindo do pressuposto de que a Criminologia não é uma ciência exata, absoluta, de certezas insofismáveis,
muitos assuntos estudados (alguns polêmicos) são objetos de intensas discussões doutrinárias e políticas, algumas
se valendo de bases empíricas, e outras abusando do critério dedutivo e baseadas em ideologias.
Alguns temas são bem específicos e, para fins de concursos públicos, se surgirem em seu edital pode
acreditar: certamente será cobrado.
O fato da banca examinadora expor de forma específica alguns desses assuntos (alguns, inclusive, sendo
colações de capítulos específicos de alguns livros), já demonstra a clara intenção de diagnosticar no candidato o
respectivo saber.
Importante! Considerando se tratar de temas extremamente espinhosos e controvertidos (com divergências), é importante
que o seu examinador deixe claro nas questões de concursos públicos qual a corrente de pensamento adotada, sob pena da
questão ser passível de anulação.
Nesse sentido, sempre que possível apontaremos questões que claramente são passíveis de anulação por
evidenciar posicionamento ideológico das bancas adotando teses como se fossem fatos cientificamente
comprovados, bem como questões que foram devidamente redigidas fazendo remissões à corrente de
pensamento (ou ao pensador) que pretendem cobrar do(a) candidato(a).
Mesmo considerando o fato de que algumas bancas evidenciam tendências ideológicas nos editais e provas
(praticamente servindo como filtros para selecionar candidatos com posicionamentos político-ideológicos
alinhados com a banca), é importante conhecer os principais posicionamentos de cada assunto a seguir,
especialmente em concursos com fases dissertativa e oral (etapas em que os candidatos devem demonstrar
conhecimento no assunto, e não propriamente expor opiniões pessoais).
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Antes de adentrarmos propriamente ao tema do sistema penitenciário, vale alertar que se trata de assunto
dos mais polêmicos por envolver argumentos de cunho ideológico, números contraditórios, conclusões parciais e
abusos do critério dedutivo.
Com isso, é importante se ater às fontes e autores que discutem o tema, pois em concursos públicos, as
bancas não costumam exigir dos candidatos opiniões pessoais ou constatações (já que em relação à esta última
seria impossível se chegar em uma conclusão certeira e absoluta), mas costumam exigir conclusões conforme
determinado pensador ou órgão público responsável por algum dado estatístico.
Analisando o cenário carcerário brasileiro, fica fácil constatar a falência no sistema penitenciário, seja por
conta da superlotação, seja diante do descaso dos órgãos públicos e gestores responsáveis pela manutenção e
fiscalização dos presídios.
Para a corrente de pensamento abolicionista do Direito Penal (que defendem a extinção da prisão), a
conclusão é de que o cárcere é criminógena, ou seja, o cárcere é também responsável por gerar crimes. Com base
no índice de reincidência, bem como da superlotação da comunidade carcerária, conclui que quanto maior o tempo
de prisão maiores as chances do condenado voltar a delinquir, praticando crimes piores.
A cadeia funcionaria como universidade para o crime, sendo capaz de corromper até os condenados por
delitos não tão graves.
Há também o apontamento de que a prisão é fonte de estigmatização do criminoso, sendo capaz de
marginalizá-lo ainda mais (seguido da sociedade que, diante da liberdade posterior do condenado, o rejeita,
gerando estigmatização ainda mais profunda).
Se baseiam em números apontados pelo Ministério da Justiça, segundo a qual apontou em 2017 (relativo
ao período de junho de 2016), que o Brasil contava com 726.712 pessoas encarceradas, colocando-o na vexatória
3º posição no ranking mundial de países com a maior população carcerária (ultrapassando a Rússia e ficando
atrás apenas da China e dos EUA).
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Nesse sentido, fácil constatar que algumas garantias fundamentais estampadas na Constituição Federal
tornam-se “letra morta”, valendo citar alguns exemplos:
“Ninguém será submetido a tratamento desumano ou degradante”.
“Não haverá penas cruéis” (ambas, previstas no art. 5º, incisos III e XLVII, da CF/88).
Criticando o atual modelo penitenciário, Alessandro Baratta ressalta o que chamou de “processo negativo
de socialização” a que é submetido o preso em “sociedades capitalistas contemporâneas”, examinando em uma
dupla perspectiva, a saber:
Segundo parcela da doutrina, há ainda outras duas consequências do efeito negativo da prisão:
c) Educação para ser criminoso: considerando o controle de parte do sistema penitenciário por
organizações criminosos, os “líderes” serviriam de modelo para os demais;
d) Educação para ser um bom preso: trata-se do sentimento de conformidade por parte dos presos em
aceitar as “regras de convivência” em presídios (“privilégios” em troca de “garantias” e proteção).
Nesse sentido, vale destacar a conclusão de Michel Foucault, afirmando que:
“A prisão fracassa na tarefa de reduzir a prática de crimes e, contrariamente, apresenta-se como meio hábil à
produção da delinquência, que seria uma forma política ou economicamente menos perigosa da ilegalidade.
Assim produz-se o delinquente como sujeito patologizado, aparentemente marginalizado, mas centralmente
controlado. Desta feita, a prisão objetiva a delinquência por trás da infração, consolidando a delinquência no
movimento das ilegalidades”.
Conclusão: a prisão deve ser extinta ou, ao menos, ser franqueada liberdade a parcela significativa da
população carcerária, como forma de evitar estigmatizações, reduzir a criminalidade e evitar desigualdades.
A segunda corrente de pensamento busca descontruir todos os argumentos da corrente anterior de forma
objetiva e ventila outros fatores que não podem ser ignorados nesta discussão.
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Sobre a população carcerária, denuncia que os números apontados pelo Ministério da Justiça (bem como
os números do INFOPEN, que segue no mesmo sentido), não são confiáveis pois cometem erros básicos de
metodologias.
Um levantamento coordenado pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) no ano de 2017 revela indícios de
que a população carcerária nacional pode estar superestimada. O motivo seria a imprecisão na forma usada pelos
Estados para contar os presos. Em alguns casos, o detento é colocado em liberdade, mas a instituição não o retira
imediatamente do sistema. Em outras situações, há transferência para um estado diferente, e o preso é
contabilizado duplamente. Há, inclusive, presídios que contam os detentos de acordo com o número de refeições
fornecidas no local (ou seja, se o detento solicita duas refeições no mesmo período acaba sendo contabilizado
duplamente). Em alguns casos, indivíduos em “prisão domiciliar” (com ou sem tornozeleira eletrônica) ou em
regimes semiaberto e aberto, eram computados como se estivessem efetivamente encarcerados.
Como destacamos no tópico anterior, o número mais recente do governo federal é que havia 726.712
presos no país em junho de 2016 (número inflacionado diante de metodologias duvidosas e falhas).
Tal corrente se firma nos números apresentados pelo Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP),
que levam em conta apenas os indivíduos efetivamente encarcerados. A título de exemplo das alterações que tais
métodos podem gerar, abaixo destacamos as diferenças de resultados entre o CNMP e o INFOPEN em períodos
idênticos:
448.969 pessoas
Em 1598 estabelecimentos prisionais
2013 581.507 pessoas
Dados coletados na inspeção anual realizada em
março de 2013
557.310 pessoas
Em 1442 estabelecimentos prisionais
2015 698.618 pessoas
Dados coletados na inspeção anual realizada em
março de 2015
Diferença entre CNMP 2015 e INFOPEN-DEZ.2015: 141.308 pessoas no sistema prisional; considerando-
se o “desconto” de presos em carceragens de Delegacias de Polícia (36.765 pessoas, p. 7 do Relatório INFOPEN):
ainda assim há divergência de 104.543 pessoas. Diferença entre CNMP 2015 e INFOPEN-DEZ.2014: 64.862
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Mas não é só. Mesmo analisando os números mais seguros (que consideram apenas pessoas efetivamente
encarceradas), também podemos chegar à conclusão de que o Brasil possui uma grande população carcerária –
ainda que de forma mais atenuada.
O problema é que a corrente abolicionista manipula os números de forma tendenciosa, isso porque
consideram a população carcerária em números absolutos, ou seja, partindo da premissa de que o Brasil é um dos
países mais populosos do mundo (5ª maior população do planeta), obviamente terá em números absolutos uma
das maiores populações carcerárias do mundo. Daí a importância de se analisar os índices proporcionalmente ao
tamanho da população nacional e, só depois, comparar os resultados com os demais países.
Segundo dados do Centro Internacional de Estudos Prisionais de 2017, analisando os números de forma
proporcional (presos por 100.000 habitantes), o Brasil ocupa a 36ª posição, com 289 presos por 100 mil habitantes
(próximo de países como a Suíça). Ou seja, diante de índices alarmantes de criminalidade no Brasil, a conclusão é
de que o Brasil prende pouco (temos mais de 60 mil homicídios por ano e mais de 1.726.757 roubos por ano, além
de outros crimes graves, e contamos com baixíssimo índice de resolutividade, demonstrando que o países tem
efetuado poucas prisões comparado com os índices criminais).
O problema é político, já que, segundo o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), o Governo Nacional já
contingenciou mais de 2,4 bilhões de reais que não foram empregados em presídios (ou seja, há dinheiro, porém,
não investidos – segundo alguns, construir presídios ou reforma-los “não dá votos”).
Percebe-se que a corrente anterior, ao menos em muitos argumentos, apresentam teses carregadas de
ideologias e deduções. Há, em verdade, muitos sociólogos e filósofos na corrente abolicionista do que juristas e
operadores do direito. Criticando a corrente abolicionista (e os respectivos argumentos), vale citar as palavras de
Claus Roxin:
“O movimento abolicionista, que possui vários adeptos entre os criminólogos — não tantos entre os juristas —
europeus, considera que as expostas desvantagens do direito penal estatal pesam mais que seus benefícios.
Eles partem da ideia de que através de um aparelho de justiça voltado para o combate ao crime não se
consegue nada que não se possa obter de modo igual ou melhor através de um combate às causas sociais da
delinquência e, se for o caso, de medidas conciliatórias extra-estatais, indenizações reparatórias e similares.”
Somando-se a tudo isso, destacam que o Estado, na aplicação do Direito Penal, deve, além de respeitar as
garantias fundamentais dos presos, proteger de forma efetiva os bens jurídicos tutelados pelas normas penais. A
proteção da sociedade contra a criminalidade é medida que se impõe (poder-dever do Estado).
Assim, apesar de estar sendo emprega de forma irregular (muitas vezes de modo abusivo), a pena privativa
de liberdade continua sendo a última trincheira do Estado na proteção da sociedade contra a criminalidade
violenta e perigosa. Tem-se um remédio amargo, porém, necessário.
Vale lembrar que a ressocialização não é a única finalidade da pena, sendo importante também destacar
as finalidades de retribuição e proteção do corpo social.
Conclusão: defendem a manutenção da prisão como medida necessária para a proteção da sociedade e
retribuição. Indicam como medidas viáveis a punição de gestores públicos que se omitem dolosamente no dever
de manutenção do sistema penitenciário.
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O tema do presente tópico costuma ser cobrado de forma específica em concursos públicos. Trata-se de
tese sociológica cunhada por Alessandro Baratta que apresenta relação (nas palavras do mencionado autor,
“vínculo funcional”) entre o sistema carcerário e o sistema escolar de ensino.
O Sistema Penal é instrumento estatal que visa a proteção de valores indispensáveis ao convívio social.
Todavia, sob a ótica da Teoria Crítica (Radical ou Marxista), o sistema penal é mais um instrumento negativo de
controle social proveniente do sistema capitalismo. Mais um fator gerador de estigmas e divisão de classe.
Reforçando esse pensamento, Baratta analisa o Sistema Escolar como primeira etapa da vida onde
ocorre mais estigmas, desigualdades e seletividade proveniente do capitalismo.
Segundo o autor:
“Em localidades onde se encontram as pessoas de baixa renda é que a função selecionadora do Estado
é evidenciada, ou seja, junto com a ação reguladora que o mercado de trabalho procede durante a
seleção, ou o denominado perfil da empresa, gera além de um processo de marginalização, como
separação da parte da população reconhecida como criminosa, sendo que o sistema dita que todos
possuem oportunidades iguais, levantando o mito de que é fácil com muito esforço ascender em sua
classe social. E todo esse conjunto de ideais de mobilidade social são implantados durante a vida escolar”.
Os defensores dessa corrente citam pesquisas para encampar esta tese (apesar de não apresentarem
fontes seguras ou comprovações científicas).
Apontam um estudo que teria sido realizado na Alemanha segundo o qual aponta que 80% dos alunos
frequentam escolas especiais e são de baixa renda (estes seriam estigmatizados). Enquanto que 20% seriam de
classe média ou alta.
Concluem que se “logo no início da fase de inserção do indivíduo na sociedade se faz possível constatar a
participação de 80% da classe baixa nas represálias do Estado, no Sistema Penal também não seria diferente, não
com a mesma porcentagem mas com a maioria de classe baixa”.
Tal corrente critica o sistema de meritocracia, por acusa-lo de preconceituoso. Segundo defensores
desse pensamento, “o professor influenciado por estereótipos e preconceitos separa os denominados alunos bons
e maus, exercendo uma discriminação, assim tratando até desconsiderações de alguns erros mais para os bons do
que os denominados maus, além de tratar o mesmo com indiferença”.
“No microcosmo escolar, aquele mecanismo de ampliação dos efeitos estigmatizantes das sanções
institucionais, que se realiza nos outros grupos e na sociedade em geral, com a distância social e outras reações
não-institucionais. O “mau” aluno tende a ser rejeitado e isolado pelos outros meninos”.
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Mídia e Criminalidade
Não é novidade para mais ninguém que a mídia (a imprensa em geral) exerce fortíssima influência sobre a
sociedade.
Muitas mudanças de comportamentos e de padrões são ditadas por influências midiáticas. A título de
exemplo, basta analisar as mudanças no mundo da moda e os impactos que isso causa no aquecimento da
economia: por meio de filmes, novelas, documentários ou programas específicos de moda é apresentado à
população “as novas tendências”. Resultado: grande parte da população compra (compra mais a ideia propagada
pela mídia do que propriamente os produtos).
No âmbito da criminalidade não é diferente. A mídia cumpre papel crucial em relação aos valores
preponderantes na sociedade. O perigo de estudar este tema é que, a depender do autor, você encontrará apenas
um lado dos fatos. É tema sempre impregnado de ideologias e cada qual furta apenas o lado da história que melhor
lhe convém. Logo, imperioso destacarmos os pensamentos sobre o tema:
Uma primeira corrente de pensamento enxerga a mídia como um instrumento nas mãos de algumas elites
com o objetivo de estigmatizar algumas classes sociais (em especial, as classes economicamente desprivilegiadas),
rotulando-as de criminosas.
Apresentam como exemplos programas jornalísticos sensacionalistas que no menor sinal de crime já
proclamam aos quatro ventos que o indivíduo investigado já merece condenação e a mais severa das penas.
A ideia é de que a mídia, com tais atitudes, estaria elegendo bodes expiatórios, criando alvos a serem
estigmatizados e rejeitados pela sociedade. Colocaria o rótulo de culpado na desta de alguém, condenando-a
provavelmente pelo resto da vida a ser etiquetada como criminosa.
Nesse sentido, vale citar as palavras de Gabriel Tarde (2005) ao comentar o caso Dreyfus:
Infelizmente a imprensa é beneficiária de uma enorme impunidade legal ou ilegal e pode publicar o
assassinato, o incêndio, a espoliação, a guerra civil, organizar uma grande chantagem, aumentar a difamação
e a pornografia ao nível das instituições intocáveis. A imprensa é o poder soberano dos novos tempos.
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Menciona como exemplos alguns programas ou influenciadores que insistem na ideia de apresentar o
criminoso como vítima da sociedade, como um ser desprovido de racionalidade, que seria mero produto de um
corpo social desorganizado.
Em alguns casos, apontam que meios de comunicação, por razões corporativistas, passam a defender
alguns indivíduos visando os próprios interesses (como ocorre em grandes escândalos de corrupção, onde
influenciadores e meios de comunicação buscam justificar ações corruptas de certos indivíduos e de condenar o
mesmo comportamento quando praticado por outras pessoas, geralmente consideradas adversárias).
Por fim, essa corrente de pensamento, reconhecendo o grande poder de influência da mídia, também
denuncia e critica programas, filmes, novelas ou qualquer cena de exibição que faz apologia, ainda que
indiretamente, à prática de crimes, geralmente destacando vilões encarnando policiais e agentes do Estado
corruptos e truculentos e “mocinhos” ou heróis no papel de criminosos e traficantes como espécies de “justiceiros
sociais”. São casos em que há uma relação positiva com personagens delinquentes, ao passo que há ao mesmo
tempo uma relação negativa sobre os personagens que representam agentes de combate ao crime.
É o caso da Teoria da Identificação Diferencial, cunhada por Daniel Glasser, segundo a qual há a
possibilidade do indivíduo aprender o crime a partir da identificação com o criminoso tomados como referência,
independentemente de aproximação ou convívio pessoal.
Conclusão
Qualquer opção pela primeira ou pela segunda corrente de forma isolada seria no mínimo imprudente, isso
porque não se pode culpar a mídia (um ente abstrato) como a culpada pela criminalidade (ou pela defesa desta). A
culpa sempre deve recair sobre pessoas e, evidentemente, a mídia representa um mero instrumento
(poderosíssimo, é verdade) nas mãos de pessoas com enorme potencial de influência.
Sendo assim, em mãos erradas é perfeitamente possível que pessoas, valendo-se dos meios de
comunicação, tentem proteger, justificar ou até mesmo beatificar criminosos. Da mesma forma, a mídia nas mãos
de pessoas igualmente inescrupulosas, podem ser instrumento de acusações infundadas contra inocentes ou
contra pessoas de reduzida culpa (servindo de bodes expiatórios).
Portanto, ambas as correntes podem ostentar razão, a depender de cada caso concreto.
Historicamente, a América-latina, especialmente durante os séculos XIX e XX, se caracterizou por importar
institutos e teorias norte-americanas e principalmente europeias sobre o ordenamento jurídico penal.
Nesse sentido, a criminologista venezuelana Rosa Del Olmo, considera que a criminologia latino-
americana sempre se limitou em importar saberes da criminologia estrangeira, nunca se preocupando em
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construir sistema e pensamentos próprios conforme as peculiaridades dos países sul-americanos. Vale destacar a
conclusão da mencionada autora:
“No começo, acolheram-se os ensinamentos de antropologia criminal surgida na Itália, mas as características
próprias de nossas sociedades dependentes e subdesenvolvidas, bem como as necessidades de nossas classes
dominantes, foram deformando essa antropologia criminal, institucionalizando aquilo que fosse útil e
descartando o que não correspondesse à sua racionalidade histórica. Esta situação perdurou até nossos dias,
o que explica, em parte que a criminologia não tenha sofrido na América Latina as mesmas mudanças que nos
países desenvolvidos, e que predomine uma forte resistência em relação às novas concepções do problema do
delito, afastadas do estudo etiológico do indivíduo delinquente.
Na América Latina – salvo poucas exceções – a criminologia continua sendo considerada na atualidade uma
“ciência causal explicativa que estuda o delito através da personalidade do delinquente”.
Logo, segundo Rosa Del Olmo, a América Latina sempre se limitou em absorver parte dos ensinamentos
da criminologia europeia e norte-americana, e ainda assim de maneira sempre muito tardia, adotando com
destaque o positivismo italiano. Conjugando com as peculiaridades próprias dos países sul-americanos,
especialmente os problemas de desigualdade social permanente, a autora assevera que a falta de um sistema
próprio com olhar empírico aos problemas locais afastam a possibilidade de constatação real e a respectiva solução
à criminalidade na América Latina.
Seguindo com as críticas, a autora aduz que as agências de controle social são as verdadeiras criadoras da
criminalidade, sejam as agências formais de controle como as policias, ministério público, poder judiciário, poder
legislativo, etc., que rotulam de criminosas as classes sociais menos favorecidas servindo a criminalização primária
como instrumento em poder das elites dominantes, sejam as agências informais de controle como as famílias,
círculos de amizades, grupos religiosos, etc., ao seguirem as regras impostas pelas elites, mantendo-se
subjugadas.
Fácil perceber que a autora é adepta da Teoria Radical (Crítica ou Marxista), enxergando a velha luta de
classes como causa da criminalidade.
No mesmo tom crítico segue a também criminologista venezuelana Lola Aniyar de Castro, porém,
enxergando um legado latino-americano: a Criminologia da Libertação.
Conforme a mencionada autora, a Criminologia da Libertação – conforme se verá adiante, mais do que
uma teoria, defende se tratar de uma ideologia – tem origem no ano de 1974, com a realização do 23º Curso
Internacional de Criminologia, organizado pela Sociedade Internacional de Criminologia e pelo Instituto de
Criminologia da Universidade de Zulia, contando como tema central a violência. Dali saiu a edição do Manifesto
de Criminólogos Críticos Latino-americanos, reunindo militantes da Criminologia da Libertação.
A ideia foi se tornar não apenas mais uma vertente da criminologia crítica, mais do que isso, surge com a
pretensão de ser uma crítica permanente à criminologia, especialmente criticando as agências de controle social.
Vale ressaltar que o que confere a uma criminologia o caráter de crítica é a adoção de pautas
metodológicas determinadas. Segundo Lola Aniyar de Castro, o método a ser utilizado deriva do método
histórico-dialético, e se compõe de oito elementos que a autora elenca como sendo:
1) A história constituinte e o histórico constituído;
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3) a totalidade;
5) A autorreflexividade;
Libertação das estruturas exploradoras; especialmente, mas não exclusivamente, através de uma libertação
da ocultação das relações de poder e do funcionamento mascarado dos interesses. Libertação do discurso
educativo, religioso, artístico, jurídico e criminológico, vinculados àquelas relações de poder. Libertação da
razão tecnológica que contrabandeia para nossos países um conceito artificial de desenvolvimento”.
Em verdade, apesar de toda a retórica rebuscada e da paixão com que todos os defensores da Criminologia
da Libertação a descrevem, temos mais uma vertente/variação da Teoria Crítica/Radical/Marxista, adaptada às
peculiaridades dos países sul-americanos. Além disso, mesmo se tratando de uma ideologia fomentada em 1974,
apresenta as mesmas deficiências dessa linha de raciocínio. Em síntese: não enfrenta a criminalidade como um
todo; força ignorar os valores predominantes em cada país (características de um Estado Democrático de Direito);
não analisam a criminologia de outros continentes e de países que adotaram as mesmas ideias da Criminologia da
Libertação e que fracassaram no combate à criminalidade; afasta-se do empirismo deixando de explorar casos
concretos, permanecendo no campo dos ideais enfrentando os problemas de forma genérica (as mesmas
“denúncias” genéricas de sempre em que as elites marginalizam as classes menos favorecidas, sem estudos sérios
destacando medidas instrumentalizadas pelas agências de controle contra qualquer grupo). Com a devida vênia,
nos parece mais uma variação de ideologias que visam a divisão/fragmentação de classes.
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Assédio Moral
Apesar de não existir crime tipificando tal conduta no Brasil sobre o assédio moral de forma genérica, a
depender das peculiaridades do caso concreto, poderá configurar a contravenção penal de perturbação da
tranquilidade (art. 65 do Decreto-Lei nº 3.688/41). Se houver a finalidade de se obter vantagem ou favorecimento
sexual, poderá configurar-se no crime de assédio sexual previsto no art. 216-A do Código Penal.
Tais práticas podem ser praticadas em ambientes escolares, familiar e no trabalho (nesse último caso, é
também chamado de mobbing, originado da Alemanha).
Esse tema já foi cobrado no concurso para Delegado de Polícia Civil no Estado de São Paulo. Vejamos:
(VUNESP – PC/SP – Delegado de Polícia – 2012) O comportamento abusivo, praticado com gestos, palavras e
atos que, praticados de forma reiterada, levam à debilidade física ou psíquica de uma pessoa:
RESOLUÇÃO:
A questão exige apenas que se identifique o conceito e consequências da prática de assédio moral. A única
alternativa que poderia induzir ao erro é a “C”, mas, conforme explicação acima, há a possibilidade do assédio
configurar crime quando praticado com finalidade de obtenção de vantagem ou favorecimento sexual.
Gabarito: B
Alguns autores apontam fatores sociais como causas criminógenas. Em geral, influenciados pela
sociologia, creem em causas externas (provenientes da própria sociedade) como causadoras da criminalidade.
Por outro lado, até mesmo para os defensores da ideia do criminoso como um ser dotado de livre-arbítrio,
há fatores externos que podem ao menos influenciar na escolha do criminoso à praticar crimes.
Perceba que em ambos os pensamentos a conclusão é de que fatores sociais merecem análise especial no
campo da criminalidade, visando especialmente nortear a implementação de políticas públicas de cunho social
objetivando a prevenção do crime (a divergência entre ambas as correntes reside no fato de que a primeira imputa
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à fatores sociais a culpa do crime, enquanto que a segunda corrente imputa ao criminoso, apesar de não ignorar
que tais fatores podem influenciá-lo na escolha em cometer crime).
Alerta! O tema é cobrado ainda de forma muito precária em concursos públicos. Algumas questões são, inclusive, passíveis
de anulação. Isso porque, em se tratando de teses sociológicas, não há como chegarmos em conclusões absolutas. Tudo o
que trabalharemos nas próximas linhas são frutos de pesquisas com base em métodos empíricos (estatísticas, por exemplo),
mas que comportam exceções na prática, especialmente considerando a natureza imprevisível do ser-humano.
A título de exemplo, falaremos adiante da pobreza. Ora, mesmo não ignorando que a pobreza é um fator
capaz de influenciar alguém à cometer crimes (ainda que minimamente), não podemos concluir de forma
categórica que todo pobre é criminoso por conta da pobreza, já que a maioria das pessoas pobres (alguns em
condições de extrema miserabilidade) não cometem crimes, enquanto que muitos ricos, por diversos fatores como
ganância e desvio de caráter, encaram o crime como profissão de vida. Além disso, vincular a pobreza como causa
direta da criminalidade é raciocínio de extremo preconceito e desprovido de base científica.
Sistema econômico
A título de exemplo, a Teoria Crítica (Radical, Marxista ou Nova Criminologia) culpa o sistema capitalista
como a causa do crime (geradora da divisão de classes).
Pobreza e miséria
A pobreza e condições de miserabilidade podem gerar sentimento de revolta e exclusão social nas pessoas,
levando à prática de crimes.
Os defensores dessa ideia afirmam se apoiar em dados estatísticos que evidenciam índices elevados de
crimes patrimoniais praticados por pobres. A ideia seria de que a pessoa pobre, inconformada, praticaria crimes
de furto, roubo, estelionato, dentre outros, como forma de “justiça social” e “compensação” pela atual condição
suportada.
Desnutrição e fome
Consequências da pobreza e da miséria, a fome e desnutrição são fatores sociais que podem levar o
indivíduo a sofrer danos psicossomáticos em sua formação.
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Além disso, importa destacar que a jurisprudência pátria é pacífica em admitir o furto famélico (subtração
de alimento alheio para saciar a própria fome) como hipótese de estado de necessidade (art. 24 do Código Penal),
desde que preenchida certas condições: (a) fato praticado para saciar ou mitigar a fome; (b) ausência de opção
para o agente matar a própria fome; (c) subtração de alimento capaz de diretamente contornar a emergência; e,
(d) impossibilidade de trabalho ou insuficiência dos recursos obtidos pelo trabalho.
Habitação
O problema de habitações precárias criam ambientes propícios para revoltas, baixa qualidade de vida e
exposição à subculturas. A título de exemplo, cite-se o aumento do número de favelas (com péssimas condições
de saneamento básico, higiene, acessibilidade, etc.).
Educação
A precariedade no sistema regular de ensino, criminalidade nas escolas e restrição de algumas crianças e
adolescentes ao acesso de escolas (geralmente por conta do distanciamento físico das escolas ou diante do
“dever” de trabalhar desde a tenra idade), atrapalham no desenvolvimento do indivíduo e propicia campo fértil
para a vida na criminalidade.
Mal vivência
Hilário Veiga de Carvalho define mal vivência como “um grupo polimorfo de indivíduos marginalizados,
que vivem em situação de parasitismo, sem aptidão para o trabalho, por razões de ordem biológica ou pela
exclusão social”. Exemplos: andarilhos, prostitutas, mendigos, etc.
Nas últimas décadas – especialmente a partir da virada do século XXI – esse pensamento vem ganhando
força, especialmente na política criminal norte-americana que, em escala cada vez maior, vem adotando a
chamada Política Criminal Atuarial (expressão cunhada pelo fato de se tratar de política criminal que se vale dos
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métodos das ciências atuariais, responsáveis por cálculos de probabilidade, matemática, estatística, finanças,
economia, computação, dentre outras ciências exatas para a avaliação de riscos.
Segundo Maurício Dieter, a lógica atuarial consiste na “adoção sistemática do cálculo atuarial como
critério de racionalidade de uma ação, definindo-se como tal a ponderação matemática de dados – normalmente
aferidos a partir de amostragens – para determinar a probabilidade de fatos futuros concretos”1.
A partir daí, a Política Criminal Atuarial passa a trabalhar com processos de categorização dos criminosos,
não se restringindo apenas ao campo da execução penal, alcançando todo o sistema de justiça criminal, valendo-
se de métodos puramente objetivos, a partir do histórico criminal do indivíduo.
Cada criminoso recebe um valor numérico por conta do crime praticado, modus operandi, dentre outras
características individuais e sociais para, em ato posterior, ser comparado com informações de outros indivíduos
já condenados.
O objetivo será, por meio dos resultados objetivos em comparação com condenados, presumir futuros
acontecimentos possíveis conforme as características de cada delinquente.
Percebe-se a utilização da probabilidade para a prevenção criminal, na medida em que se presume por
possíveis crimes que poderão ser praticados pelo indivíduo a partir da comparação de suas características
individuais e sociais abstratas com perfis de risco (risk profiles) construídos sobre informações de condenados por
crimes graves. A ideia será afastar os riscos de novos crimes.
Os perfis de risco são classificados em duas categorias distintas, cada uma com as suas peculiaridades: (a)
ofensores e alto risco; e, (b) ofensores de baixo risco.
Para melhor valendo ilustração, vale organizá-los conforme as respectivas características, exemplos, e
consequências processuais e executórias:
1
DIETER, Maurício Stegemann. Política Criminal Atuarial: a criminologia do fim da história. Tese Apresentada ao Programa
de Doutorado em Direito da Universidade Federal do Paraná. Curitiba: UFPR, 2012. p. 05.
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Características: Características:
Processo: deve ser o mais célere possível; Processo: segue o curso natural, com todos os respeitos aos
direitos e garantias processuais do acusado;
Pena: deve ser de prisão, por período longo;
Pena: permite-se penas mais brandas, de curta duração, com
Finalidade: inocuização do criminoso com a prisão,
medidas estatais menos intrusivas;
mantendo-o encarcerado como forma de proteção da
sociedade. Com isso, os riscos de novos crimes são Finalidade: diante do perfil não voltado ao crime, admite-se a
diminuídos a partir da neutralização de criminosos ideia de recuperação do indivíduo (ressocialização) ou a
considerados de alto grau de periculosidade. aceitação de que o delito foi um erro isolado.
Percebe-se que sobre os ofensores de alto risco a ideia de ressocialização é abandonada por completo
diante da conclusão de se tratarem de criminosos irrecuperáveis (ou, de baixa probabilidade de recuperação).
Com isso, a pena deixa de ser instrumento aplicado para a recuperação do delinquente (visando a sua
futura reinserção social), passando a funcionar como instrumento de “freio” sobre o criminoso para evitar possíveis
novos delitos.
Outro reflexo importante da Política Criminal Atuarial, é a possibilidade de gerir a população carcerária por
meio de classificações do cárcere conforme o nível de segurança. O Brasil é um bom exemplo, diante da criação
dos sistemas prisionais de segurança máxima destinados aos criminosos considerados de alto grau de
periculosidade.
Diante da síntese acima, podemos concluir que são características da Política Criminal Atuarial:
- Alcance: não se restringe apenas ao campo da execução penal, abrangendo todo o sistema de justiça
criminal.
- Objetos: são os criminosos, que serão classificados a partir de perfis de risco, especialmente em dois
grandes grupos: ofensores de alto risco e ofensores de baixo risco.
- Finalidade: inocuização/neutralização daqueles considerados irrecuperáveis/ofensores de alto risco
(afastando-se a ideia de ressocialização sobre alguns diante do reconhecimento de que há pessoas irrecuperáveis)
e a tolerância para medidas menos intrusivas aos criminosos de baixo risco, diante da possibilidade de recuperação
destes últimos.
Por fim, conclui-se que a Política Criminal Atuarial não se preocupa com investigações de criminogênese
(investigações sobre as origens/causas do delito), visando primordialmente o perfilamento de criminosos com
base em diversos dados objetivos e, consequentemente, o apenamento padronizado conforme a gravidade de
cada perfil criminoso.
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Com o início do marco científico da Criminologia (século XIX), passa-se a utilizar da estatística criminal como
fonte de dados visando alcançar visão mais precisa sobre as causas do fenômeno criminal.
Importa destacar que as estatísticas não são fontes absolutas já que diversos crimes não chegam nem ao
menos ao conhecimento de autoridades públicas, todavia, não há como negar sua importância, pois com base em
números é possível se chegar a diagnósticos específicos sobre a criminalidade em determinadas regiões.
A partir dos números, estudiosos da criminologia chegam a conclusões das causas do crime e passam a
sugerir medidas de prevenção.
Diante da imprecisão dos números, destaca-se a seguinte classificação em relação aos resultados estatístico-
criminais:
É também chamada de Zona Escura, Dark Number, Ciffre Noir ou Criminalidade oculta. Conforme já
destacado, trata-se da diferença entre a criminalidade real e a efetivamente registrada.
Em outras palavras, são os crimes que não chegam ao conhecimento das autoridades públicas. Isso pode
acontecer por diversos motivos, valendo mencionar alguns exemplos:
Crimes contra a honra: ao exemplo de discussões entre parentes ou vizinhos em que há comumente
ofensas (crime de injúria) e que não chegam ao conhecimento da polícia por se tratar de algo pouco
relevante e costumeiro para os personagens do conflito;
Crimes contra a dignidade sexual: pela própria natureza dos crimes contra a dignidade sexual, ao
exemplo do estupro, muitas vítimas constrangidas e envergonhadas preferem não contar à ninguém
sobre o fato que a vitimou;
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Crimes de “colarinho branco”: crimes praticados pela elite empresarial ou por parte da casta política
dificilmente se tornam conhecidos. Muitos não chegam nem ao menos a serem investigados.
Cuidado: os crimes de cifra negra, que é gênero, podem ser conjugados com outras cifras. É perfeitamente possível, por
exemplo, a prática do crime de corrupção por um político ou por um empresário (cifra dourada) e que não chega a ser
registrado, tampouco chega ao conhecimento das autoridades públicas (cifra negra). Logo, para fins de concurso público, é
importante observar sobre qual detalhe o examinador concentrará o enfoque.
Cifra dourada
Representa a criminalidade praticada pela elite e os crimes de 'colarinho branco' (White-collar crimes),
definida como práticas antissociais impunes do poder político e econômico (a nível nacional e internacional), em
prejuízo da coletividade e dos cidadãos e em proveito das oligarquias econômico-financeiras.
Parte da doutrina limita esta espécie apenas aos casos em que o fato não chega ao conhecimento das
autoridades (crimes de colarinho branco impunes e desconhecidos), todavia, prevalece que tal espécie se refere à
todos os crimes praticados por membros de elites econômico-financeiras, ao exemplo de casos como o
“Mensalão” (Ação Penal 470) e “Operação Lava-Jato” com a constatação de diversos crimes de colarinho branco e
que foram efetivamente registrados.
Ademais, a corrente majoritária se baseia nos ensinamentos apresentados por Edwin Sutherland (criador da
expressão “crimes de colarinho branco”).
Exemplos: Crime de lavagem de capitais (Lei 9.613/98); crimes contra o Sistema Financeiro Nacional (Lei 7.492/86), crimes
contra a ordem tributária, contra a ordem econômica e relações de consumo (Lei 8.137/90), etc.
Cifra cinza
Frutos de ocorrências que até são registradas porém não se chega ao processo ou ação penal por serem
solucionadas na própria Delegacia de Polícia, seja por existir a possibilidade de conciliação das partes, evitando
assim uma futura denúncia, processo ou condenação elucidando ou solucionando o fato, seja por desistência da
própria vítima em não querer mais fazer a representação do B.O. registrado por alguma razão não chegando aos
tribunais.
Exemplos: retratação da vítima retirando a representação em crimes de ação penal pública condicionada (art. 5º, §4º c/c art.
24, ambos do Código de Processo Penal); hipóteses de perdão do ofendido, renúncia ou perempção nos crimes de ação penal
privada; aplicação de medias despenalizadores previstas na Lei 9.099/95 como a Composição Civil dos Danos, Transação
Penal ou Suspensão Condicional do Processo, etc.
Podemos citar também como exemplo, porém com ressalvas, casos relacionados à violência doméstica e
familiar contra a mulher, pois, atualmente, em crimes perseguidos mediante ação penal pública condicionada à
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Cifra amarela
Relacionam-se com crimes de abusos ou violências praticadas por funcionários públicos contra
particulares.
Parte da doutrina também limita tal modalidade à uma subespécie de cifra negra, defendendo a ideia de que
cifra amarela seria a etiqueta dos crimes praticados apenas por policiais e não registrados pelas vítimas por temor
ou medo de represálias, todavia, ousamos discordar nos posicionando ao lado da corrente dominante: relacionam-
se de forma ampla com abusos e violências praticadas por qualquer funcionário público contra particulares, sendo
registradas ou não (apenas nesta última hipótese seria também subespécie de cifra negra).
Exemplo: funcionário público que determina a prisão de particular abusando da própria autoridade (famosa “carteirada”).
Cifra verde
Consiste nos crimes que não chegam ao conhecimento policial e que a vítima diretamente destes é o meio
ambiente.
Exemplos: maus tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domesticados, pichações de paredes, monumentos históricos,
prédios públicos; poluição em níveis excessivos, etc.
São fatos que representam grandes dificuldades de se identificar a autoria delitiva por não se encontrar mais
o criminoso no local dos fatos, estando assim isento da punição (pena) pelo crime praticado.
Trata-se do oposto dos crimes de cifra dourada. Crimes de cifra azul (ou blue colar crime) são aqueles
praticados pelos mais pobres, pertencentes às classes menos favorecidas economicamente.
Tem origem na revolução industrial, nos EUA, em que os operários utilizavam uniformes característicos, que
os distinguiam dos patrões (utilizavam macacões com colarinho azul). Eram trabalhadores que pertenciam às
classes econômicas inferiores.
Tal expressão já foi, inclusive, utilizada pelo Supremo Tribunal Federal, valendo citar o respectivo trecho
proferido no caso da Ação Penal 470 (“Mensalão”), pelo Ministro Luiz Fux:
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“O desafio na seara dos crimes do colarinho branco é alcançar a plena efetividade da tutela pena dos bens
jurídicos não individuais. Tendo em conta que se trata de delitos cometidos sem violência, incruentos, não
atraem para si a mesma repulsa social dos crimes do colarinho azul”.
Exemplos: a doutrina menciona diversos crimes contra o patrimônio praticado pelos mais pobres, como furto, roubo,
estelionato, dano ao patrimônio, etc.
Cifra rosa
Relacionam-se com os crimes de motivação/conteúdo homofóbico, que não chegam ao conhecimento das
autoridades.
Decorrem de violência contra homossexuais por serem homossexuais (esse vínculo motivacional é
imprescindível).
Cifra branca
Não necessariamente ligada à condenação do réu. O fato de alguém ser absolvido por meio de sentença
definitiva também é exemplo de cifra branca, então perceba que a ideia é ligada à solução definitiva dos casos
concretos.
Exemplo: sujeito é investigado, denunciado, processado, condenado em primeira instância, mantida a condenação até última
instância e, após, cumprida toda a pena; Ou no caso do sujeito que é até processado mas, ao final, absolvido mediante decisão
transitada em julgado.
Cifra vermelha
A doutrina europeia, especialmente a espanhola, apresenta a chamada cifra vermelha e que já vem sendo
cobrada em concursos públicos no Brasil (a questão já foi apresentada na fase oral da PC/SP em 2018).
Crimes de cifra vermelha relacionam-se aos homicídios praticados pelos chamados serial killers (assassinos
em série). São os criminosos – geralmente psicopatas – que matam vítimas cujo modus operandi funciona como
uma verdadeira assinatura do criminoso, sempre matando com as mesmas características, armas, modo de
execução, etc., de modo a deixar a própria marca.
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Exemplo: sujeito é investigado, denunciado, processado, condenado em primeira instância, mantida a condenação até última
instância e, após, cumprida toda a pena; Ou no caso do sujeito que é até processado mas, ao final, absolvido mediante decisão
transitada em julgado.
Em síntese:
Crimes que não são oficialmente Crimes praticados por elites e Crimes que até são registrados
registrados. Não chegam ao castas economicamente oficialmente mas que são
conhecimento da autoridade. privilegiadas finalizados antes da ação penal.
Crimes relacionados à abusos e Crimes contra o meio ambiente, Crimes praticados pela classe
arbitrariedades praticados por tais como maus tratos de animais, economicamente menos
funcionários públicos. pichações e poluições. favorecida (crimes de pobres).
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RESOLUÇÃO:
Em “a”: Certo A principal crítica realizada pela doutrina relativo à teoria da subcultura delinquente recai sobre a
sua incapacidade de explicar a criminalidade como um todo, de forma genérica, restringindo-se as manifestações
da delinquência juvenil e em classes menos favorecidas.
Em “b”: Errado – A perspectiva sobre a anomia destacada na alternativa “B”, em verdade fora cunhada por Robert
King Merton.
Em “c”: Errado – A perspectiva sobre a anomia destacada na alternativa “C”, em verdade fora cunhada por Émile
Durkheim.
Em “d”: Errado – Um dos fatores que, de fato, caracteriza a subcultura delinquente, sob a perspectiva de Cohen, é
o não utilitarismo da ação, diante dos crimes praticados por alguns delinquentes sem qualquer finalidade
específica, ou seja, sem qualquer motivo racional.
Em “e”: Errado – Não há antagonismo entre a sensação de impunidade de uma sociedade e o conceito de anomia
cunhado por Durkheim pois, para a anomia, o indivíduo passa a delinquir partindo do pressuposto em que o
cumprimento das normas na sociedade está enfraquecido, que seria a mesma sensação de impunidade
transmitido à sociedade. Logo, não há antagonismo, o que há é justamente convergência.
Resposta: A
É considerada como teoria de consenso, criada pelo sociólogo Albert Cohen. Segundo Cohen, esta teoria se
caracteriza por três fatores: não utilitarismo da ação; malícia da conduta e negativismo. Trata-se da seguinte teoria
sociológica da criminalidade:
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a) escola de Chicago.
b) associação diferencial.
c) labelling approach.
d) subcultura delinquente.
e) teoria crítica.
RESOLUÇÃO:
O enunciado resume muito bem a chamada teoria da subcultura delinquente (muito cobrada em concursos
públicos), destacando os principais aspectos da mencionada teoria de forma muito objetiva.
Resposta: D
RESOLUÇÃO:
Em “a”: Errado – labelling approach teve como principais precursores Erving Goffman, Edwim Lemert e Howard
Becker, com raízes na obra de Émile Durkhein.
Em “b”: Certo – De fato, a teoria da associação diferencial baseou-se no pensamento de Edwin Sutherland.
Em “c”: Errado – Creditada a defesa a diversos autores em diversas regiões do planeta, a teoria crítica possui como
alicerce os ensinamentos de Karl Marx.
Em “d”: Errado – Sem vínculo com E. Sutherland.
Resposta: B
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e) Ecologia do crime.
RESOLUÇÃO:
Em “a”: Errado – A teoria das janelas quebradas caminha em sentido contrário, entendendo que a repressão estatal
deve ser aplicada inclusive em infrações de menor gravidade, por representar a intimidação e certeza da punição
como fatores inibidores da prática de crimes.
Em “b”: Certo – O Etiquetamento social (‘labelling approach’) se funda na ideia de que a intervenção da justiça na
esfera criminal pode acentuar a criminalidade. A prisão, e o contato com outros presos poderia criar novos
criminosos, assim sendo e por essa lógica a criminalidade seria produzida pelo próprio controle social (ideia de que
a penitenciária funcionaria como “universidade para o crime”).
Em “c”: Errado – A Teoria da Anomia afasta a ideia de determinismo individual (sujeito que já nasceria propenso à
criminalidade), estruturando seu pensamento em uma espécie de determinismo sociológico, de modo que uma
sociedade carecendo de valores e referências coletivas que coordenem a vida em sociedade ensejará em um
enfraquecimento da solidariedade social. Assim, ter-se-á um campo fértil para a criminalidade.
Em “d”: Errado – Tal teoria vincula o aumento da criminalidade com o crescimento da população menos
favorecida, sem acesso ao que seria considerado cultura de qualidade.
Em “e”: Errado – Sinônimo de Escola de Chicago. Estuda o crescimento das grandes cidades e o consequente
aumento da criminalidade justificada pela desorganização social das metrópoles decorrentes da diminuição do
controle social. Para esta corrente, a globalização e o crescimento urbano influenciam no aumento da
criminalidade, na medida em que aumentam a desigualdade social
Resposta: B
Em “a”: Errado – Ao contrário, segundo Hirschi e Gottfreson “uma educação familiar incorreta ou errática ou - em
menor medida o fracasso escolar - podem determinar o baixo auto-controle do indivíduo”.
Em “b”: Certo – Sobre tal aspecto, a teoria da Anomia não apresenta conclusão geral. Cada caso deverá ser
analisado pois enxerga a possibilidade de crimes com finalidades e resultados positivos (exemplo: crime como
fator de transformação social).
Em “c”: Errado – Ao contrário, a teoria da associação diferencial foi a primeira em utilizar e abordar a expressão
“crimes de colarinho branco”.
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Em “d”: Errado – É a teoria da associação diferencial que leciona ser o crime algo que se aprende de pessoa para
pessoa (influência no meio de convivência).
Em “e”: Errado – Segundo a teoria da associação diferencial, se aprende o crime assim como se aprende uma boa
ação. O delito não tem como causa fatores hereditários, mas sim a influência do meio. É aprendido mediante a
comunicação com outras pessoas.
Resposta: B
RESOLUÇÃO:
Completando a frase corretamente: A teoria da anomia considera que o crime é um fenômeno natural da vida em
sociedade; todavia, sua ocorrência deve ser tolerada, mediante estabelecimento de limites razoáveis, sob pena de
subverter a ordem pública, os valores cultuados pela sociedade e o sistema normativo vigente
Em “e”: Certo – De fato, apregoa que o crime deve ser tolerado em certa proporção por se tratar de fator de
transformação social. Apesar de ser considerada como teoria do consenso, possui predicados marxistas.
Resposta: E
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Segundo Cohen, a Subsultura Delinquente é caracterizada por três fatores: A) Não utilitarismo: muitos delitos não
possuem motivação racional (exemplo: alguns jovens furtam roupas que não irão usar); B) Malícia da conduta:
prazer em prejudicar o próximo (exemplo: atemorização que gangues fazem em jovens que não as integram); e,
C) Negativismo da conduta: oposição aos padrões da sociedade.
Resposta: E
RESOLUÇÃO:
Inserindo-se no plano das correntes funcionalistas, desenvolvidas por Robert King Merton, com apoio nos
ensinamentos de Émile Durkheim, encontra-se a chamada Teoria Estrutural-funcionalista, também chamada de
Teoria da Anomia.
Resposta: B
RESOLUÇÃO:
O enunciado aponta claramente pensamento atribuído à teoria da associação diferencial. Segundo a mencionada
teoria, o indivíduo é convertido em delinquente no momento em que os valores predominantes no grupo, do qual
faz parte, ensinam o delito e isso acontece quando as considerações favoráveis ao proceder desviante superam as
desfavoráveis. Se aprende o crime assim como se aprende uma boa ação. O delito não tem como causa fatores
hereditários, mas sim a influência do meio. É aprendido mediante a comunicação com outras pessoas.
Resposta: A
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RESOLUÇÃO:
Em “a”: Errado – Tal teoria aponta o sistema de justiça criminal como um grande causador da criminalidade.
Em “b”: Errado – Tal teoria encara com naturalidade a prática de alguns crimes, não se importando tanto com
aspectos culturais, mas analisando eventual ausência de ordem estatal.
Em “c”: Certo – A Escola de Chicago estuda o crescimento das grandes cidades e o consequente aumento da
criminalidade justificada pela desorganização social das metrópoles decorrentes da diminuição do controle social.
Para esta corrente, a globalização e o crescimento urbano influenciam no aumento da criminalidade, na medida
em que aumentam a desigualdade social.
Em “d”: Errado – Poderia induzir ao erro, pois, em verdade, a teoria da associação diferencial ensina que o crime é
algo que se aprende conforme o meio social em que se convive (apesar de, segundo esta teoria, ser compreensível
se aprender o crime quando em convivência em “áreas de delinquência”, tal teoria não se limita em concluir que a
criminalidade está ligada às áreas marginalizadas).
Em “e”: Errado – Tal teoria vincula o aumento da criminalidade com o crescimento da população menos
favorecida, sem acesso ao que seria considerado cultura de qualidade, não se confundindo propriamente com as
áreas em sim, mas com questões culturais.
Resposta: C
RESOLUÇÃO:
As teorias sociológicas da criminologia são classificadas pela doutrina entre teorias do conflito (de esquerda,
argumentativas) e teorias do consenso (de direita, funcionalistas). Em síntese, Teorias do Consenso (ou
integração) apontam que o objetivo da sociedade ocorre quando existe concordância com as regras de convívio.
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São exemplos: Escola de Chicago; Teoria da Associação Diferencial; Teoria da Anomia; Teoria da Desorganização
Social, Teoria da Neutralização e Teoria da Subcultura Delinquente. Já as Teorias do conflito sustentam que o
entendimento social decorre de imposição, havendo uma relação entre dominantes e dominados. Haveria sempre
uma luta de classes ou de ideologias a informar a sociedade moderna (Karl Marx). São exemplos: Labelling
approach (Etiquetamento ou Rotulação) e Teoria Crítica ou Radical.
Em “a”: Errado – A T. Crítica é teoria do conflito.
Em “e”: Certo – Conforme os comentários iniciais, é a única alternativa que apresenta apenas teorias do consenso.
Resposta: E
RESOLUÇÃO:
Podemos nos valer dos mesmos comentários apontados na questão anterior, evitando, portanto, repetições. A
presente questão questiona apenas os gêneros (consenso e conflito) da classificação criada pela doutrina.
Resposta: B
RESOLUÇÃO:
Questão que agora solicita a alternativa que aponta corretamente apenas teorias do conflito. Mais uma vez,
evitando repetição, invocamos as explicações iniciais da questão 91 para enfrentarmos cada uma das alternativas.
Em “a”: Errado – T. da identificação diferencial é teoria do consenso.
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Resposta: E
RESOLUÇÃO:
Conforme já apontamos, Teoria Crítica (ou Radical), da Rotulação (ou labelling approach) são exemplos de teoria
do conflito.
Resposta: E
Conforme já apontamos, são exemplos de teorias do consenso: Escola de Chicago; Teoria da Associação
Diferencial; Teoria da Anomia; Teoria da Desorganização Social, Teoria da Neutralização e Teoria da Subcultura
Delinquente.
Resposta: D
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a) da Identificação Diferencial.
b) da Reação Social.
c) da Criminologia Radical.
d) da Associação Diferencial.
e) da Criminologia Crítica.
RESOLUÇÃO:
É importante não confundir a teoria da associação diferencial com a teoria da identificação diferencial (são
parecidas mas não se confundem). Para a Associação Diferencial, o crime se aprende com outras pessoas, por meio
da comunicação. Já na Identificação Diferencial, critica-se o estímulo de crimes por parte da mídia. Tal corrente
critica cinemas, novelas, filmes ou qualquer cena de exibição que fazem apologia, ainda que indiretamente, à
prática de crimes, tais como cenas de tráfico de drogas, homicídio, criminosos como heróis ou mesmo justiceiros,
etc.
Resposta: A
RESOLUÇÃO:
A teoria de Matza e Sykes afirma que as pessoas estão sempre cientes de suas obrigações morais de cumprir as
leis e de evitar certos atos ilegítimos. Dessa forma, raciocinaram, se uma pessoa pratica atos ilegítimos, essa
pessoa deve empregar algum tipo de mecanismo psicológico que faça calar essa necessidade de seguir seus
próprios conceitos morais. Apontam também que os criminosos sempre tentam justificar seus atos ilegítimos, seja
se colocando como vítimas da sociedade, culpando agentes públicos, ou até mesmo sugerindo que a ação ilegítima
foi causada para praticar “um bem maior”. É a chamada Teoria da Neutralização.
Resposta: C
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d) minimalismo penal.
e) predisposição nata à criminalidade.
RESOLUÇÃO:
Tal teoria se origina nos Estados Unidos da América, pois logo após a segunda guerra mundial os EUA alcançava
expressivo crescimento econômico e tecnológico. A partir daí, houve naturalmente um aumento na erosão da
divisão de classes sociais. Tal teoria vincula o aumento da criminalidade com o crescimento da população menos
favorecida, sem acesso ao que seria considerado cultura de qualidade. Estamos falando da Teoria da Subcultura
Delinquente (muito cobrada em concursos públicos).
Resposta: B
RESOLUÇÃO:
Questão que utiliza exemplo estranho e fora de contexto para solicitar teoria que já comentamos. Aqui, você
precisa ficar atento apenas ao exemplo da pichação. Conforme questão anterior, vimos que é a Teoria da
Subcultura Delinquente que vincula o aumento da criminalidade com o crescimento da população menos
favorecida, sem acesso ao que seria considerado cultura de qualidade (daí o título). Dentro os exemplos da
subcultura delinquente nos EUA pode-se mencionar as gangues de bairros localizados em periferias nas grandes
cidades, tribos de pichadores e membros de facções criminosas em bairros afastados.
Resposta: D
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RESOLUÇÃO:
Em questões anteriores, apontamos que a Teoria do Labelling Approach é considerada como teoria do conflito. O
enunciado faz breve resumo mas, ao final, questiona apenas quais são as expressões sinônimas desta teoria. Há
várias, valendo aponta-las: Teoria do Etiquetamento / Teoria da Rotulação / Etiquetagem / Teoria Interacionista /
Teoria da Reação Social são todas expressão sinônimas da Teoria do Labelling Approach.
Resposta: D
RESOLUÇÃO:
É importante total atenção nessa questão. Você precisa ter uma noção do que prega a teoria do Labelling
Approach, bem como o mínimo de noção do que diz cada uma das legislações ou teorias em cada alternativa.
Labelling Approach se funda na ideia de que a intervenção da justiça na esfera criminal pode acentuar a
criminalidade. A prisão, e o contato com outros presos poderia criar novos criminosos, assim sendo e por essa
lógica a criminalidade seria produzida pelo próprio controle social (ideia de que a penitenciária funcionaria como
“universidade para o crime”). Nesse sentido, há um certo consenso por parte da doutrina de que esta teoria
inspirou legislação com arcabouço extenso contando com diversas medidas despenalizadores, que buscam
expressamente evitar a prisão.
Em “a”: Errado – Lei de Segurança Nacional, diante da proteção da soberania do país, apresenta penas
consideradas severas.
Em “b”: Errado – Voltado aos militares, apresenta também em grande parte penas privativas de liberdade.
Em “c”: Certo – Por conta da ideia de que o cárcere é prejudicial, inspirou no Brasil a Lei dos Juizados Especiais
Criminais (Lei nº 9.099/95), com a criação de institutos que evitam o cárcere (institutos despenalizadores:
composição civil dos danos, transação penal e suspensão condicional do processo).
Resposta: C
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Uma das mais importantes teorias do conflito; surgiu nos Estados Unidos nos anos de 1960, e seus principais
expoentes foram Erving Goffman e Howard Becker. Trata-se da:
a) Teoria do labelling approach.
b) Teoria da subcultura delinquente.
c) Teoria da desorganização social.
d) Teoria da anomia.
e) Teoria das zonas concêntricas.
RESOLUÇÃO:
A questão facilita nas alternativas por apresentar apenas uma teoria do conflito. Ainda assim, vale frisar que
Labelling Approach cujos idealizadores foram Erving Goffman, Edwin Lemert e Howard Becker e surgiu nos anos
de 1960. Como já mencionamos, é também considerada uma teoria do conflito.
Resposta: A
RESOLUÇÃO:
René Girard, professor emérito da Universidade de Stanford e membro da Academia Francesa, é o criador da
denominada “Teoria Mimética” (Mimetismo) e autor de suas obras fundamentais. O ponto central de sua pesquisa
é focado na gênese da violência presente constantemente nas sociedades humanas. Para Girard, essa violência
tem como uma de suas principais raízes (embora não a única) o processo de imitação que torna todo desejo ou
paixão algo que provém do “outro” de forma eminentemente social.
Resposta: C
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Surgiu nos EUA por meio de estudos realizados por dois criminologistas da Universidade de Harvard, James Wilson
e George Kelling que em 1982 publicaram um trabalho acerca da relação de causalidade entre desordem e
criminalidade, intitulado The Police and Neiborghood Safety (A Polícia e Segurança da Comunidade). De forma
muito resumida, baseou-se em experimento realizado pelo psicólogo Philip Zimbardo, consistente em abandonar
um automóvel em bairro de classe alta de Palo Alto, Califórnia. Na primeira semana o veículo não foi danificado.
Assim, o pesquisador quebrou uma das janelas do carro, e depois disso o veículo foi destroçado e roubado por
vândalos em curto espaço de tempo. Defende a repressão de delitos menores para a inibição dos delitos mais
graves. Essa teoria criou o movimento de tolerância zero (lei e ordem) implementado na cidade de Nova York pelo
ex-prefeito Hudolph Giuliani. Estamos falando da Teoria das Janelas Quebradas.
Resposta: B
A Síndrome de Estocolmo surgiu de um caso real muito peculiar que merece a devida pesquisa por parte dos
leitores (guardar a lembrança do caso concreto que deu ensejo a cada teoria facilita a memorização). Em todo o
caso, a expressão Síndrome de Estocolmo foi criada pelo psicólogo clínico Harvey Schossberg, a partir desse
evento ocorrido em Estocolmo, na Suécia, e tem sido definida como “uma perturbação de ordem psicológica,
paralela à chamada ‘transferência’, que é o termo que a psicologia usa para se referir ao relacionamento que se
desenvolve entre um paciente e o psiquiatra, e que permite que a terapia tenha sucesso. As pessoas, quando estão
vivendo momentos cruciais, costumam se apegar a qualquer coisa que lhes indique a saída, e é exatamente isso
que ocorre com os reféns e suspeitos”. Em resumo, diante de situações de extrema pressão, é possível que a vítima
se afeiçoe por seu algoz, ou seja, pelo criminoso que a mantém em situação de extremo perigo.
Resposta: B
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c) as infrações penais de maior gravidade, como, por exemplo, o homicídio, que, ao ser elucidado, permite ao
poder público planejar melhor suas ações e alterar a legislação.
d) as infrações penais de menor potencial ofensivo, por enquadrar-se na Lei n.º 9.099/95, a exemplo do delito de
perturbação do sossego alheio.
e) o percentual de delitos praticados pela sociedade de baixa renda que não chega ao conhecimento do poder
público por falta de registro, e, portanto, não são elucidados.
RESOLUÇÃO:
Cifra Dourada representa a criminalidade praticada pela elite e os crimes de 'colarinho branco', definida como
práticas antissociais impunes do poder político e econômico (a nível nacional e internacional), em prejuízo da
coletividade e dos cidadãos e em proveito das oligarquias econômico-financeiras. Justamente por se tratar de
casos cujo desfecho é a impunidade (quase sempre nem ao menos levado ao conhecimento das autoridades
competentes), é considerada como um desdobramento (espécie) dos crimes de “Cifra Negra”.
Resposta: B
RESOLUÇÃO:
Os crimes que não chegam ao conhecimento policial, seja praticado por pessoas do alto-escalão, contra meio
ambiente, seja muitos casos de crimes contra a dignidade sexual em que a vítima constrangida resolve não levar o
caso ao conhecimento das autoridades, são classificados como “Cifra Negra”. São crimes, portanto, que não
ingressam nas estatísticas oficiais.
Resposta: D
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Conforme resumidamente exposto nos comentários da questão 01, os crimes de “colarinho branco” são
classificados como crimes de Cifra Dourada.
Resposta: E
Sendo a cifra negra relacionada com fatos delituosos que não ingressam nos dados oficiais, podemos apontar
como correto sem titubear o teor da alternativa “b”, já que ao não ser reportado às autoridades o crime nunca será
oficialmente registrado e conhecido.
Resposta: B
b) O crescimento populacional, desde que devidamente organizado, poderá até mesmo ser fator inibitório da
criminalidade;
c) Conforme a aula, destacamos que fatores socioeconômicos podem contribuir para os índices de criminalidade;
d) Apesar de ter o condão de influenciar na criminalidade, não podemos concluir que a má distribuição de renda é
capaz de fomentar TODOS os índices criminais (crimes de “colarinho branco”, por exemplo, não conta com a má
distribuição de renda como fator determinando para o cometimento de crimes);
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Resposta: E
RESOLUÇÃO:
O examinador facilitou na a resposta ao selecionar alternativas genéricas e apenas uma específica em que aponta
um fator social “em condições precárias”. Fatores sociais podem se apresentar de forma positiva e, assim sendo,
poderão surtir efeitos inibitórios da criminalidade.
Resposta: D
RESOLUÇÃO:
Exemplo de péssima questão, passível de anulação por se apontar conclusão baseada em números absolutos. O
examinador nem ao menos se deu ao trabalho de citar a fonte de tal conclusão.
b) Conflitos familiares podem influenciar alguém na vida futura a se tornar criminosa, porém, não é correto afirmar
que isso será uma condição que “necessariamente” a tornará delinquente;
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e) Ao contrário, os fatores sociais relativos à precariedades no ensino são comumente observados por sociólogos
como fatores que tornam o indivíduo propenso à criminalidade (o erro está na palavra “raramente”).
Resposta: C
RESOLUÇÃO:
Segundo Alessandro Baratta, “a homogeneidade do sistema escolar e do sistema penal corresponde ao fato de
que realizam, essencialmente, a mesma função de reprodução das relações sociais e de manutenção da estrutura
vertical da sociedade”. BARATTA, Alessandro. Criminologia crítica e crítica do direito penal: introdução à
sociologia do direito penal, p. 175.
Em síntese, Baratta defende a ideia de que as escolas exercem influência discriminatória, estigmatizando os alunos
de menor rendimento em detrimento dos alunos de maior destaque. Compara tal processo ao sistema
penitenciário que, segundo o autor, seria local criminógeno (produtor de crimes), e, a partir do momento em que
o criminoso alcança liberdade, também seria estigmatizado pela sociedade. Logo, entende que esse processo de
estigmatização não se inicia com o sistema penitenciário, e sim no sistema escolar.
A) Errado: Ao contrário, Baratta entende que recomendação do menor em órgãos estatais/oficiais, aumentariam
as chances de seu ingresso (ou permanência) na criminalidade.
B) Correto: Correto, vide comentários acima.
C) Errado: Como a questão questiona apenas o entendimento de Alexxandro Baratta, então podemos concluir que
esta alternativa está incorreta, já que o mencionado autor afirma exatamente o oposto: o processo de
estigmatização fomentado nas escolas se repetem e se confirmam no sistema penitenciário.
D) Errado: Para Baratta, qualquer intervenção estatal na vida do delinquente seria fator motivador de mais
estigmatização e, portanto, fomentaria a permanência do indivíduo na criminalidade.
Resposta: B
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b) as infrações penais praticadas pela elite, não reveladas ou apuradas; trata-se de um subtipo da “cifra negra”, a
exemplo do crime de sonegação fiscal.
c) as infrações penais de maior gravidade, como, por exemplo, o homicídio, que, ao ser elucidado, permite ao
poder público planejar melhor suas ações e alterar a legislação.
d) as infrações penais de menor potencial ofensivo, por enquadrar-se na Lei n.º 9.099/95, a exemplo do delito de
perturbação do sossego alheio.
e) o percentual de delitos praticados pela sociedade de baixa renda que não chega ao conhecimento do poder
público por falta de registro, e, portanto, não são elucidados.
RESOLUÇÃO:
Cifra Dourada representa a criminalidade praticada pela elite e os crimes de 'colarinho branco', definida como
práticas antissociais impunes do poder político e econômico (a nível nacional e internacional), em prejuízo da
coletividade e dos cidadãos e em proveito das oligarquias econômico-financeiras. Justamente por se tratar de
casos cujo desfecho é a impunidade (quase sempre nem ao menos levado ao conhecimento das autoridades
competentes), é considerada como um desdobramento (espécie) dos crimes de “Cifra Negra”.
Resposta: B
Resposta: D
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d) cifras amarelas.
e) cifras douradas.
RESOLUÇÃO:
Conforme resumidamente exposto nos comentários da questão 01, os crimes de “colarinho branco” são
classificados como crimes de Cifra Dourada.
Resposta: E
RESOLUÇÃO:
Sendo a cifra negra relacionada com fatos delituosos que não ingressam nos dados oficiais, podemos apontar
como correto sem titubear o teor da alternativa “b”, já que ao não ser reportado às autoridades o crime nunca será
oficialmente registrado e conhecido.
Resposta: B
RESOLUÇÃO:
Em “a”: Errado – A Política Criminal Atuarial não tem como finalidade precípua a prevenção especial positiva da
pena (ressocialização), por admitir prisões por longo prazo sobre àqueles rotulados como ofensores de alto risco.
Sobre estes, o objetivo principal não será a ressocialização, mas sim a inocuização (manutenção do isolamento
social visando evitar novos crimes).
Em “b”: Errado – A Política Criminal Atuarial não incentiva a prática de liberdade condicional supervisionada ou
qualquer outro mecanismo de antecipação de liberdade do condenado como medida de ressocialização
antecipada, por admitir prisões por longo prazo sobre àqueles rotulados como ofensores de alto risco. Sobre estes,
o objetivo principal não será a ressocialização, mas sim a inocuização (manutenção do isolamento social visando
evitar novos crimes), evitando, portando, a possibilidade de liberdade antecipada (mesmo que supervisionada).
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Em “c”: Certo – A Política Criminal Atuarial trabalha com visando padronizar o que chama de 'risk profiles' (perfis
de risco). Com isso, por meio de diversos dados (cada um com pontuações específicas), separa os criminosos
conforme o nível de risco, especialmente em dois grandes grupos: ofensores de alto risco e ofensores de baixo
risco.
Em “d”: Errado – A Política Criminal Atuarial não se preocupa com investigações de criminogênese (investigações
sobre as origens do delito), visando primordialmente o perfilamento de criminosos com base em diversos dados
objetivos e, consequentemente, o apenamento padronizado conforme a gravidade de cada perfil criminoso.
Em “e”: Errado – A Política Criminal Atuarial visa exatamente a inocuização dos criminosos que classifica como
ofensores de alto risco (considerados como indivíduos perigosos), afastando, por conseguinte, a ideia de
prevenção especial positiva na aplicação da pena privativa de liberdade.
Resposta: C
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Lista de questões
1. (VUNESP – PC/BA – Delegado – 2018)
No tocante às teorias da subcultura delinquente e da anomia, assinale a alternativa correta.
a) Uma das principais críticas às teorias da subcultura delinquente é a de que ela não consegue oferecer uma
explicação generalizadora da criminalidade, havendo um apego exclusivo a determinado tipo de criminalidade,
sem que se tenha uma abordagem do todo.
b) A teoria da anomia, sob a perspectiva de Durkheim, define-se a partir do sintoma do vazio produzido no
momento em que os meios socioestruturais não satisfazem as expectativas culturais da sociedade, fazendo com
que a falta de oportunidade leve à prática de atos irregulares para atingir os objetivos almejados.
c) A teoria da anomia, sob a perspectiva de Merton, define-se a partir do momento em que a função da pena não
é cumprida, por exemplo, instaura-se uma disfunção no corpo social que desacredita o sistema normativo de
condutas, fazendo surgir a anomia. Portanto, a anomia não significa ausência de normas, mas o enfraquecimento
de seu poder de influenciar condutas sociais.
d) O utilitarismo da ação é um dos fatores que caracterizam a subcultura deliquencial sob a perspectiva de Albert
Cohen.
e) O utilitarismo da ação é um dos fatores que caracterizam a subcultura deliquencial sob a perspectiva de Albert
Cohen.
a) escola de Chicago.
b) associação diferencial.
c) labelling approach.
d) subcultura delinquente.
e) teoria crítica.
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A atuação da polícia judiciária ao investigar e prender infratores acaba por contribuir com a inserção do infrator no
sistema de justiça criminal, inserindo-o em uma “espiral” que o impedirá de retornar à situação anterior sendo,
para sempre, definido como criminoso. Essa afirmação se relaciona, preponderantemente, com qual teoria
sociológica da criminalidade?
a) Janelas quebradas.
b) Etiquetamento Social.
c) Anomia.
d) Subcultura.
e) Ecologia do crime.
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A teoria sociológica da criminalidade que teve, entre seus principais autores, Émile Durkheim e Robert Merton é
conhecidamente denominada na criminologia como:
a) Labeling approach ou “etiquetamento”.
b) Anomia.
c) Associação Diferencial.
d) Teoria Ecológica do Crime.
e) Escola de Chicago.
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Pode-se afirmar que o pensamento criminológico moderno é influenciado por uma visão de cunho funcionalista e
uma de cunho argumentativo, que possuem, como exemplos, a Escola de Chicago e a Teoria Crítica,
respectivamente. Essas visões também são conhecidas como teorias:
a) da ecologia criminal e do transtorno.
b) do consenso e do conflito.
c) do conhecimento e da pesquisa.
d) da formação e da dedução.
e) do estudo e da conclusão.
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c) da Criminologia Radical.
d) da Associação Diferencial.
e) da Criminologia Crítica.
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A criminologia moderna estuda o fenômeno da criminalidade por meio da estatística criminal. Nessa seara, a
expressão “cifra dourada” designa:
b) as infrações penais praticadas pela elite, não reveladas ou apuradas; trata-se de um subtipo da “cifra negra”, a
exemplo do crime de sonegação fiscal.
c) as infrações penais de maior gravidade, como, por exemplo, o homicídio, que, ao ser elucidado, permite ao
poder público planejar melhor suas ações e alterar a legislação.
d) as infrações penais de menor potencial ofensivo, por enquadrar-se na Lei n.º 9.099/95, a exemplo do delito de
perturbação do sossego alheio.
e) o percentual de delitos praticados pela sociedade de baixa renda que não chega ao conhecimento do poder
público por falta de registro, e, portanto, não são elucidados.
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a) A cada sucessiva recomendação do menor às instâncias oficiais de assistência e de controle social corresponde
uma diminuição das chances desse menor ser selecionado para uma “carreira criminosa”.
b) A homogeneidade do sistema escolar e do sistema penal corresponde ao fato de que realizam, essencialmente,
a mesma função de reprodução das relações sociais e de manutenção da estrutura vertical da sociedade.
c) A teoria das carreiras desviantes, segundo a qual o recrutamento dos “criminosos” se dá nas zonas sociais mais
débeis, não é confirmada quando se analisa a população carcerária.
d) O suficiente conhecimento e a capacidade de penetração no mundo do acusado por parte do juiz e das partes
no processo criminal são favoráveis aos indivíduos provenientes dos estratos econômicos inferiores da população.
A criminologia moderna estuda o fenômeno da criminalidade por meio da estatística criminal. Nessa seara, a
expressão “cifra dourada” designa:
b) as infrações penais praticadas pela elite, não reveladas ou apuradas; trata-se de um subtipo da “cifra negra”, a
exemplo do crime de sonegação fiscal.
c) as infrações penais de maior gravidade, como, por exemplo, o homicídio, que, ao ser elucidado, permite ao
poder público planejar melhor suas ações e alterar a legislação.
d) as infrações penais de menor potencial ofensivo, por enquadrar-se na Lei n.º 9.099/95, a exemplo do delito de
perturbação do sossego alheio.
e) o percentual de delitos praticados pela sociedade de baixa renda que não chega ao conhecimento do poder
público por falta de registro, e, portanto, não são elucidados.
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Gabarito
1. A 14. E 27. D
2. D 15. D 28. E
3. B 16. A 29. B
4. B 17. C 30. E
5. B 18. B 31. D
6. E 19. D 32. C
7. E 20. D 33. B
8. B 21. C 34. B
9. A 22. A 35. D
10. C 23. C 36. E
11. E 24. B 37. B
12. B 25. B 38. C
13. E 26. B
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RESUMO DIRECIONADO
MACROSSOCIOLOGIA CRIMINAL
- Toda a sociedade está sujeita a mudanças contínuas, sendo que cada indivíduo poderá
cooperar para a sua dissolução.
Teorias do - A pacificação é fruto de imposição.
Conflito
- Ligadas à movimentos revolucionários (de esquerda)
- Cada um é responsável pela função que lhe é conferida, de modo a contribuir para a
manutenção do corpo social (Funcionalismo).
TEORIAS EM ESPÉCIE
- Voltou sua atenção para os estudos dos meios urbanos, chegando à conclusão de que o
meio ambiente influenciava a conduta criminosa.
- Utilizava Inquéritos Sociais (social surveys): bairros e cidades eram investigadas por meio
de índices de criminalidade como meio para se enxergar o real grau de delinquência
localizada.
- Com a expansão dos centros urbanos, surge inevitavelmente, segundo esta teoria,
T. da desorganização social e degradação dos grupos informais de controle social, tais como a
Desorganização família, círculo de amizades, etc.
Social (Ecológica)
- Com o enfraquecimento dos meios de controle social informal, haverá também a
diminuição (ou até a perda) de valores positivos como a amizade, o civismo,
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Política de - Penas firmas para todos os crimes, até mesmo aqueles considerados mais leves, sem
Tolerância Zero possibilidade de penas alternativas (a punição era certa sobre os criminosos).
- A atuação policial deve ser firme, com rigor, inflexível, até mesmo contra crimes
T. dos Testículos
considerados leves ou de menor potencial ofensivo pois, aos policiais pressionarem os
Despedaçados
criminosos com firmeza, farão com que estes últimos fujam.
T. do
- A conduta delinquente é fruto das experiências passadas do indivíduo, derivando de uma
Condicionamento
série de estímulos contínuos que o indivíduo recebe ao longo da vida.
Operante
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- Diante do fracasso dos meios regulares de proteção social, bem como descrédito das
normas e dos valores sociais, será possível se atingir um estado de completo abandono das
regras de convívio social (anarquia), importando na chamada anomia.
- Para que um fato seja considerado criminoso é necessário a criação de uma norma penal
incriminadora. Tal norma seria preparada pelas elites dominantes com a finalidade de
T. do Labelling subjugar outras classes.
Approach - A ideia básica é de que o processo de criminalização primário funcionaria como
instrumento de proteção dos interesses individuais e egoístas da classe dominante (elites
políticas e empresariais).
- Defende que o homem não teria o livre-arbítrio, ou liberdade de escolha quando pratica
um determinado delito por encontrar-se sujeito a um determinado sistema de produção.
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- Direito Penal deve subsistir de forma mínima, sendo aplicado apenas sobre casos
T. Minimalista
extremamente graves.
- Não enxergam apenas a pobreza como fator determinante para a prática de crimes, mas
também a competitividade, ganância, machismo, consumismo, individualismo, etc.
T. Neorrealista - Além disso, defendem o afastamento da discricionariedade do Poder Judiciário na
aplicação da lei penal, limitando-se em aplicar a legislação de forma fria e objetiva, sem
margens para interpretações ou juízos de valor.
- Tanto o crime quanto os mecanismos de controle social são frutos da cultura de cada
região. Daí, surge a necessidade de entender imagens, representações simbólicas,
T. Cultural
significados do delito, subculturas conforme os valores das culturas dominantes na
sociedade.
- Parte do pressuposto de que a sociedade é machista e impõe papéis opostos entre homens
T. Feminista
e mulheres.
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- A presente teoria nada mais é do que uma síntese de alguns dos principais valores da
T. do Delito como
Escola Clássica, defendendo a ideia do livre-arbítrio do criminoso e a pena com finalidade
Eleição
dissuasória.
T. das
- Síntese de alguns valores da Escola Positivista, como o determinismo biológico, criminoso
Predisposições
nato e atavismo.
Agressivas
- O crime tem como uma de suas principais raízes (embora não a única) o processo de
T. do Mimetismo imitação que torna todo desejo ou paixão algo que provém do “outro” de forma
eminentemente social.
- Se o Estado não cumpre com as metas elencadas na Constituição Federal, será também
T. da responsável pela conduta do criminoso (daí a ideia de coculpabilidade, ou igualmente
Coculpabilidade culpado).
- Com isso, em casos específicos, seria possível a aplicação de atenuante ou até mesmo
absolvição do réu em se tratando de indivíduo vitimado pela omissão estatal em aspectos
sociais, culturais, econômicos, dentre outros.
Princípio da - Defende a ideia de um juiz sensível a questões sociais, culturais, socioeconômicas, dentre
parcialidade do outras, diante de casos em que sujeitos se apresentem como frutos da ineficiência estatal
juiz (vítimas da negligência estatal no implemento de políticas públicas e concretização de
direitos fundamentais seriam merecedores de menor reprimenda ou, em alguns casos,
reprimenda nenhuma).
A cadeia funcionaria como universidade para o crime, sendo capaz de corromper até os
condenados por delitos não tão graves.
Corrente
abolicionista Defendem a extinção da prisão.
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Sistema Escolar como primeira etapa da vida onde ocorre mais estigmas, desigualdades e
seletividade proveniente do capitalismo.
MÍDIA E CRIMINALIDADE
A mídia tem o poder de eleger bodes expiatórios, criando alvos a serem estigmatizados e
Mídia como rejeitados pela sociedade.
instrumento de
estigmatização Coloca o rótulo de culpado na testa de alguém, condenando-a pelo resto da vida a ser
equiquetada como criminosa.
Mídia como A mídia também tem o poder de defender criminosos (colocando-os, por exemplo, como
instrumento de vítimas da sociedade), geralmente visando satisfazer interesses próprios e corporativistas.
defesa, Denuncia e critica programas, filmes, novelas ou qualquer cena de exibição que faz
propaganda ou apologia, ainda que indiretamente, à prática de crimes, geralmente destacando vilões
beatificação de encarnando policiais e agentes do Estado corruptos e truculentos e “mocinhos” ou heróis
criminosos no papel de criminosos e traficantes como espécies de “justiceiros sociais”.
Pessoas, se valendo da mídia (em sentido amplo), tentem proteger, justificar ou até mesmo
beatificar criminosos. Da mesma forma, a mídia nas mãos de pessoas igualmente
Conclusão
inescrupulosas, podem ser instrumento de acusações infundadas contra inocentes ou
contra pessoas de reduzida culpa (servindo de bodes expiatórios).
Criticam o fato de que países sul-americanos sempre importaram ideias de política criminal
Ideias da américa do norte e países europeus, sem, todavia, se atentarem aos reais anseios e
peculiaridades dos países sul-americados
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Apresenta corrente criminológica que propõe uma ideologia de libertação das ideias
Criminologia da
positivistas e ideias das elites dominantes que “aprisionam” as classes menos favorecidas
Libertação
da américa-latina.
ASSÉDIO MORAL
CRIMINOLOGIA EM CIFRAS/CORES
Cifra negra Crimes que não são oficialmente registrados. Não chegam ao conhecimento da autoridade.
Cifra cinza Crimes que até são registrados oficialmente mas que são finalizados antes da ação penal.
Cifra amarela Crimes relacionados à abusos e arbitrariedades praticados por funcionários públicos.
Cifra verde Crimes contra o meio ambiente, tais como maus tratos de animais, pichações e poluições.
Cifra azul Crimes praticados pela classe economicamente menos favorecida (crimes de pobres).
Cifra rosa Crimes de cunho homofóbico e que não são levados a conhecimento da autoridade.
Cifra branca Crimes solucionados, abrangendo todas as etapas regulares da persecução penal.
Cifra vermelha Crimes que relacionam-se aos homicídios praticados pelos chamados serial killers.
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