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APRESENTAÇÃO
É com muita alegria que apresentamos o módulo de Direito Penal do preparatório para 37º exame
da Ordem dos Advogados do Brasil. Sejam todos muito bem-vindos!
Preparei esse roteiro pensando no seu exame e sabendo da importância desses temas para sua prova,
então, valerá a pena o nosso esforço durante essas aulas!
Nosso módulo não dispensa suas anotações pessoais e, principalmente, a leitura e os grifos dos
dispositivos específicos de cada assunto que abordaremos. Utilize, portanto, o seu Vade Mecum (1ª Fase
da OAB e Concursos) e vamos juntos!
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Direito Penal
3 Leandro Gesteira
INTRODUÇÃO
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4 Leandro Gesteira
SISTEMAS PENAIS
1) SISTEMA CLÁSSICO
▪ Sistema constituído entre 1906 - 1908, enquanto imperava o positivismo na Europa.
o Lizst (1884) e Beling (1906) ficaram conhecidos por serem os primeiros a tentarem a
construir esse conceito científico.
▪ Também conhecido como causalismo de primeira etapa > teoria causal da ação.
▪ Primeiro sistema a tentar trazer um conceito científico de Direito Penal. Antes, o Direito Penal
era aplicado com base em compreensões culturais, tradicionais.
▪ A conduta é inervação muscular voluntária (único elemento externo a ser analisado), que
causa uma modificação no mundo exterior.
o As condutas involuntárias não possuem mais relevância para o direito penal.
o Para Lizst, o crime é injusto penal (tipicidade + ilicitude).
o Para Beiling o crime é fato típico (conduta e tipicidade) e culpável (dolo ou culpa) >
faz com que desenvolva a teoria psicológica da culpabilidade.
▪ Teoria criticada por ter a tipicidade cega (analisa a voluntariedade, sem analisar vontade) e por
não explicar a tentativa.
▪ Para os causalistas, não interessava vontade, mas sim o resultado causado, que estava na
culpabilidade.
▪ Não explicava a culpa inconsciente, mas somente a culpa consciente.
▪ Traz a análise de dolo e culpa, no âmbito do conceito de crime.
2) SISTEMA NEOCLÁSSICO
▪ Também conhecido como causalismo de segunda etapa.
▪ Baseado nas ideias filosóficas de Emmanuel Kant, chamado de sistema neokantista.
▪ Conceito de conduta melhor adequado.
o Conduta como uma causalidade juridicamente relevante.
▪ Direito como dever-ser, devidamente aplicado ao caso concreto.
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5 Leandro Gesteira
3) SISTEMA FINALISTA
▪ Hans Welzel foi quem começou a construir o finalismo.
▪ A teoria finalista parte da premissa que há uma finalidade nas coisas > elas não existem por
existir; existem para alcançar algo.
▪ Welzel diz que o homem possui um saber causal (causa e consequência), e que é impossível
dissociar a conduta do dolo.
▪ A maioria da doutrina entende que o Código Penal brasileiro adota a teoria finalista.
▪ Alguns doutrinadores afirmam que o nosso Código Penal é finalista, mas que também, de alguma
maneira, foi adotado o sistema funcionalista.
▪ Para teoria finalista, o crime está configurado com a junção de três elementos em conjunto,
quais sejam, fato típico, antijurídico/ilícito ou culpável.
A Teoria Finalista
é a adotado pelo
Brasil!
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Direito Penal
6 Leandro Gesteira
▪ A estrutura seria:
▪ Ao analisar a ilicitude, deve-se fazê-la em uma análise de exclusão. Ou seja, já que é fato típico,
pressupõe-se que é fato ilícito; e ao analisar a ilicitude se buscará circunstâncias que a afastará.
▪ E essas circunstâncias, como regra, estão no art. 23, do CP (existem outras espalhadas no Código
Penal).
▪ O sistema finalista adota o chamado conceito tripartido de crime, em que, para existir crime é
necessário ter os três elementos: fato típico, ilícito e culpável.
Cuidado: quando se fala em crime, amplia para infração
penal.
o Tem uma posição minoritária, que é chamada de bipartida, que afirma que basta ter fato
típico e ilícito para existir o crime. E a culpabilidade é um mero pressuposto para
aplicação da pena.
▪ O Código Penal brasileiro, de 1940, foi criado pautado na teoria causalista, na teoria neokantista.
Mas, em 1984 foi feita uma reforma no Código para adequá-lo ao sistema finalista.
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4) SISTEMA FUNCIONALISTA
▪ Também chamada de teoria pós-finalista.
▪ Tenta explicar o crime com base na função do direito penal.
o Qual a função do direito penal?
▪ Modalidades:
a) Funcionalismo teleológico (moderado ou funcionalismo de política criminal): A
função do direito penal é proteger bens jurídicos essenciais para sobrevivência social.
o A conduta é o comportamento voluntário, causador de relevante e intolerável
lesão ou perigo ao bem > teoria da imputação objetiva, que visa impedir a
responsabilidade objetiva no nexo de causalidade.
b) Funcionalismo sistêmico: Aquele que integra uma organização criminosa, pretende
destruir o estado. E se ele pretende destruir o estado, não pode ter direito as proteções
fundamentais instituídas por este estado.
o A possibilidade de direitos penais distintos > um para o cidadão (respeita as
garantias) e o outro para o inimigo (ofende as garantias) > chamado de
funcionalismo radical.
o Essa modalidade cria a teoria do direito penal do inimigo.
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8 Leandro Gesteira
❖ Os princípios servem como um norte para o legislador no momento de criação das leis e ao juiz
no momento de aplicar essas leis. Também têm a função de limitar o poder do Estado, conter as suas
arbitrariedades e conceder segurança jurídica.
❖ Segundo Beccaria, a partir do momento em que nós fizemos um contrato social, nós demos ao Estado
o poder de punir (jus puniendi do Estado), cedendo uma parcela da nossa soberania e liberdade,
em troca de segurança.
1) PRINCÍPIO DA LEGALIDADE
▪ Princípio de maior relevância do direito penal.
▪ Alguns autores chamam de “Reserva Legal”.
▪ Previsto no art. 1 do CP e no art. 5, XXXIV, da CF/88.
▪ Antes do princípio da legalidade não existia segurança jurídica (princípio do marco zero).
▪ Objetiva estabilizar as relações jurídicas, dar condição de realizar tarefas diárias com a
certeza que não está cometendo um crime.
▪ Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal deve ser
acrescido contravenções penais no entendimento.
▪ Abrange os crimes e as contravenções penais, que terão suas respectivas penas e/ou medidas
de segurança.
▪ O crime só poderá ser criado mediante lei (escrita, certa, estrita e anterior).
▪ Mais à frente, estudaremos sua aplicação inserido no contexto da Lei Penal no Tempo.
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9 Leandro Gesteira
3) PRINCÍPIO DA LESIVIDADE/OFENSIVIDADE:
▪ O crime tem que estar na lei e ser conduta relevante para a intervenção mínima do Estado.
▪ A conduta tem que causar um dano ou um perigo a bem jurídico de outrem.
o Somente é punido aquele que coloca em risco o bem jurídico de outra pessoa, com base
no princípio da alteridade.
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10 Leandro Gesteira
6) PRINCÍPIO DA CULPABILIDADE:
▪ Princípio que limita o poder do Estado.
▪ Aplica-se a responsabilidade é subjetiva > só pode punir alguém que agiu com dolo ou culpa,
nas hipóteses em que a lei penalizado por culpa.
▪ Não se responde por casos imprevisíveis.
7) PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE:
▪ Garantismo (i) monocular ou binocular, e o (ii) hiperbólico (observar somente as garantias do
réu).
▪ Existe normativa vedando o excesso e a insuficiência.
8) PRINCÍPIO DA INDIVIDUALIZAÇÃO:
▪ Trata cada um no âmbito da sua culpabilidade e/ou participação.
▪ Individualizar é olhar as peculiaridades de cada um.
▪ Essa individualização deve se dar, desde o legislador até o juiz da instrução, que irá aplicar a
pena e realizar a dosimetria.
9) PRINCÍPIO DA HUMANIDADE:
▪ Garante que o direito penal não pode ter pena de morte e pena caráter perpétuo.
▪ O limite de cumprimento de pena no Brasil é de 40 anos (art. 75, CP).
▪ O limite de cumprimento de medida de segurança no Brasil é de 5 anos.
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12 Leandro Gesteira
Algumas leis são uma parte melhores e outra parte piores, como a Lei do Tráfico de Drogas.
o Art. 33, 11.343/06: Antes dessa lei, o tráfico já era crime, só que a pena era maior (03 a 15
anos).
o A lei 11.343/06 veio e modificou isso, aumentando a pena de 05 a 15 anos.
o Ex.: Caio traficou drogas em 2004, a lei que se aplica a ele é a vigente no momento do crime
(03 a 15 anos). Surgiu a lei nova, ainda assim ele fica com a dele (03 a 15), por ser mais
benéfica.
Crimes permanentes: Aquele que se protrai no tempo, que não para. O bem jurídico é atingido o
tempo todo.
Ex.: crime de sequestro; ter droga em depósito.
Crime continuado (art. 71, CP): O agente faz a mesma coisa, do mesmo jeito, mas várias vezes. É
uma ficção jurídica que transforma vários crimes em um só.
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13 Leandro Gesteira
Normas temporárias (art. 3, CP): São leis que possuem o tempo de vigência predeterminado. Ex.:
Lei Geral da Copa, que foi uma lei específica para o evento da Copa no Brasil, e veio com o período
em que estaria valendo, com regras e crimes temporários.
Normais excepcionais (art. 3, CP): não são criadas para durar para sempre, mas também não vem
com um prazo, com um fim determinado. Elas duram enquanto durar o estado de exceção.
Observação.:
➢ O crime precisa estar disposto em Lei Federal. A lei que determina
um, pode ser complementada por outros atos normativos, mas esses
atos não podem criar um crime.
A extratividade da lei penal é a possibilidade da aplicação da lei, depois de ser superada por uma
mais recente continuar a regular fatos ocorridos na sua vigência.
I. Retroatividade: Aplica-se uma lei para o passado, fora do tempo dela, caso seja mais
favorável.
II. Ultratividade (art. 3, CP): Aplica-se a lei para o futuro, fora do tempo dela. Se o agente
pratica a conduta durante a vigência da norma temporária ou excepcional, essa lei continuará
valendo mesmo após a sua cessação.
Observações:
➢ Quando houver conflitos de ordem temporal, os princípios
utilizados são: anterioridade, irretroatividade e irretroatividade da
lei penal mais benéfica.
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14 Leandro Gesteira
1) Sobre a aplicação da lei penal e da lei processual penal, assinale a opção incorreta.
A) Os atos processuais realizados sob a vigência de lei processual anterior são considerados
válidos, mesmo após a revogação da lei.
B) As normas processuais têm aplicação imediata, ainda que o fato que deu origem ao processo
seja anterior à entrada em vigor dessas normas.
C) O dispositivo constitucional que estabelece que a lei não retroagirá, salvo para beneficiar o
réu, aplica-se à lei penal e à lei processual penal.
D) Lei penal que substitua outra e que favoreça o agente aplica- se aos fatos anteriores à sua
entrada em vigor, ainda que decididos por sentença condenatória transitada em julgado.
2) Considere que determinado agente tenha em depósito, durante o período de um ano, 300kg de
cocaína. Considere também que, durante o referido período, tenha entrado em vigor uma nova lei
elevando a pena relativa ao crime de tráfico de entorpecentes. Sobre o caso sugerido, levando em conta
o entendimento do Supremo Tribunal Federal sobre o tema, assinale a afirmativa correta.
A) Deve ser aplicada a lei mais benéfica ao agente, qual seja, aquela que já estava em vigor quando
o agente passou a ter a droga em depósito.
B) Deve ser aplicada a lei mais severa, qual seja, aquela que passou a vigorar durante o período
em que o agente ainda estava com a droga em depósito.
C) As duas leis podem ser aplicadas, pois ao magistrado é permitido fazer a combinação das leis
sempre que essa atitude puder beneficiar o réu.
D) O magistrado poderá aplicar o critério do caso concreto, perguntando ao réu qual lei ele
pretende que lhe seja aplicada por ser, no seu caso, mais benéfica.
3) O Presidente da República, diante da nova onda de protestos, decide, por meio de medida provisória,
criar um novo tipo penal para coibir os atos de vandalismo. A medida provisória foi convertida em lei,
sem impugnações. Com base nos dados fornecidos, assinale a opção correta.
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15 Leandro Gesteira
5) Sílvio foi condenado pela prática de crime de roubo, ocorrido em 10/01/2017, por decisão transitada
em julgado, em 05/03/2018, à pena base de 4 anos de reclusão, majorada em 1/3 em razão do emprego
de arma branca, totalizando 5 anos e 4 meses de pena privativa de liberdade, além de multa. Após ter
sido iniciado o cumprimento definitivo da pena por Sílvio, foi editada, em 23/04/2018, a Lei nº
13.654/18, que excluiu a causa de aumento pelo emprego de arma branca no crime de roubo. Ao tomar
conhecimento da edição da nova lei, a família de Sílvio procura um(a) advogado(a). O advogado(a) de
Sílvio:
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16 Leandro Gesteira
GABARITO
1) C 2) B 3) C 4) C 5) B
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17 Leandro Gesteira
Art. 6, CP: Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou
em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado.
1) TEORIAS:
I. Teoria da atividade: Para o tempo do crime esta teoria é usada, interessa a ação e omissão.
II. Teoria do resultado: Interessa apenas o resultado.
III. Teoria da ubiquidade (mista): Teoria mais segura para o julgamento, sendo utilizado para
a questão espacial, interessa o resultado e ação/omissão. ADOTADA NO BRASIL!
Observações:
➢ A lei Brasileira é competente para julgar quando houver ação ou omissão
ou quando ocorreu o resultado.
➢ Se o crime foi praticado no Brasil, o princípio utilizado é o da
territorialidade, em regra.
Territorialidade (art. 5, CP): Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras
de direito internacional, ao crime cometido no território nacional.
§ 1. Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do território nacional as embarcações
e aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo brasileiro onde quer que se
encontrem, bem como as aeronaves e as embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade
privada, que se achem, respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em alto-mar.
§ 2. É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a bordo de aeronaves ou
embarcações estrangeiras de propriedade privada, achando-se aquelas em pouso no território
nacional ou em vôo no espaço aéreo correspondente, e estas em porto ou mar territorial do
Brasil.
Observações:
➢ As embaixadas no território brasileiro, pertencem ao Brasil,
qualquer crime ocorrido dentro de embaixadas, quem julga é o
Brasil.
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18 Leandro Gesteira
Pena cumprida no estrangeiro (art. 8, CP): A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta
no Brasil pelo mesmo crime, quando diversas, ou nela é computada, quando idênticas.
O cálculo da pena se calcula em três fases:
1) Circunstâncias judiciais;
2) Agravantes e atenuantes;
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19 Leandro Gesteira
Eficácia de sentença estrangeira (art. 9, CP): A sentença estrangeira, quando a aplicação da lei
brasileira produz na espécie as mesmas consequências, pode ser homologada no Brasil para:
I - obrigar o condenado à reparação do dano, a restituições e a outros efeitos civis;
II - sujeitá-lo a medida de segurança.
Parágrafo único - A homologação depende
a) para os efeitos previstos no inciso I, de pedido da parte interessada;
b) para os outros efeitos, da existência de tratado de extradição com o país de cuja
autoridade judiciária emanou a sentença, ou, na falta de tratado, de requisição do
Ministro da Justiça.
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20 Leandro Gesteira
Observação:
As regras gerais deste Código aplicam-se aos fatos incriminados por lei
especial, se esta não dispuser de modo diverso (art. 12, CP).
1) Revoltado com a conduta de um Ministro de Estado, Mário se esconde no interior de uma aeronave
pública brasileira, que estava a serviço do governo, e, no meio da viagem, já no espaço aéreo equivalente
ao Uruguai, desfere 05 facadas no Ministro com o qual estava insatisfeito, vindo a causar-lhe lesão
corporal gravíssima. Diante da hipótese narrada, com base na lei brasileira, assinale a afirmativa
correta.
A) Mário poderá ser responsabilizado, segundo a lei brasileira, com base no critério da
territorialidade.
B) Mário poderá ser responsabilizado, segundo a lei brasileira, com base no critério da
extraterritorialidade e princípio da justiça universal.
C) Mário poderá ser responsabilizado, segundo a lei brasileira, com base no critério da
extraterritorialidade, desde que ingresse em território brasileiro e não venha a ser julgado no
estrangeiro.
D) Mário não poderá ser responsabilizado pela lei brasileira, pois o crime foi cometido no
exterior e nenhuma das causas de extraterritorialidade se aplica ao caso.
2) No ano de 2005, Pierre, jovem francês residente na Bulgária, atentou contra a vida do então
presidente do Brasil que, na ocasião, visitava o referido país. Devidamente processado, segundo as leis
locais, Pierre foi absolvido. Considerando apenas os dados descritos, assinale a afirmativa correta.
A) Não é aplicável a lei penal brasileira, pois como Pierre foi absolvido no estrangeiro, não ficou
satisfeita uma das exigências previstas à hipótese de extraterritorialidade condicionada.
B) É aplicável a lei penal brasileira, pois o caso narrado traz hipótese de extraterritorialidade
incondicionada, exigindo- se, apenas, que o fato não tenha sido alcançado por nenhuma causa
extintiva de punibilidade no estrangeiro.
C) É aplicável a lei penal brasileira, pois o caso narrado traz hipótese de
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21 Leandro Gesteira
3) John, cidadão inglês, capitão de uma embarcação particular de bandeira americana, é assassinado
por José, cidadão brasileiro, dentro do aludido barco, que se encontrava atracado no Porto de Santos,
no Estado de São Paulo. Nesse contexto, é correto afirmar que a lei brasileira
A) não é aplicável, uma vez que a embarcação é americana, devendo José ser processado de
acordo com a lei estadunidense.
B) é aplicável, uma vez que a embarcação estrangeira de propriedade privada estava atracada
em território nacional.
C) é aplicável, uma vez que o crime, apesar de haver sido cometido em território estrangeiro, foi
praticado por brasileiro.
D) não é aplicável, uma vez que, de acordo com a Convenção de Viena, é
competência do Tribunal Penal Internacional processar e julgar os crimes
praticados em embarcação estrangeira atracada em território de país diverso.
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GABARITO
1. A 2. C 3. B 4. A 5. D
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23 Leandro Gesteira
TEORIA DO CRIME
O crime é formal (disciplinado em lei), analítico (analisado por partes), material (risco ou lesão a
um bem jurídico) e legal (previsto no CP, com pena de reclusão ou detenção.
Observações:
➢ No crime habitual, o ato isolado não é crime, a reiteração que o torna crime.
➢ Conforme disciplina o art. 32, do CP, o ordenamento jurídico brasileiro admite três tipos
de penas: (i) privativa de liberdade, (ii) restritivas de direitos e (iii) multa.
➢ O Mandado de Segurança no processo penal substitui o Habeas Corpus quando não
houver risco de privação de liberdade, ou seja, quando o réu é uma pessoa jurídica ou,
mesmo sendo uma pessoa humana, o crime não tem pena privativa de liberdade.
Se faltar d) Tipicidade
qualquer II. Antijurídico ou Ilícito:
um dos
3, não há a) Estado de Necessidade
crime. b) Legitima defesa
c) Estrito Cumprimento de um dever legal
d) Exercício legal de um direito
e) Consentimento do ofendido
III. Culpável:
a) Imputabilidade
b) Potencial consciência da ilicitude
c) Exigível na conduta diversa
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FATO TÍPICO
1) CONDUTA:
1.1. Humana: Conduta humana dirigida a um fim (ilícito ou não).
A Lei de Crimes Ambientas traz hipóteses em que se poderá responsabilizar uma
pessoa jurídica.
1.4. Ação ou Omissão: A ação e a omissão vão resultar em tipos penais de espécies distintas.
Se o agente pratica uma ação, ele vai responder por um crime comissivo. Se ele
pratica uma ação, buscar-se-á um tipo penal que tipifica a ação que ele praticou e ali
sua conduta será enquadrada.
Ex.: Art. 121. Matar alguém.
A conduta proibida aqui é “matar”, portanto, o homicídio é um crime comissivo,
porque a conduta proibida é uma ação.
Quando o sujeito pratica uma omissão, tem-se duas possibilidades:
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26 Leandro Gesteira
OMISSÃO
b) Omissivo improprio/impuros (art. 13, §2º, CP): o sujeito se omite, mas responde
por um crime comissivo, também chamado de crime comissivo por omissão.
Ex.: Leandro, professor, estava indo para o CEJAS e se depara com um acidente
no caminho, em que a vítima se encontrava em estado grave. Se ele não prestar
socorro, responderá por omissão de socorro prevista no art. 135, do CP. Agora,
se Leandro é bombeiro e, nessa mesma situação, ver a pessoa acidentada, em
estado grave, e não presta socorro, ele responderá por omissão mais grave, ou
seja, por crime comissivo impróprio, uma vez que se encontrava no papel de
garantidor, respondendo, portanto, por tentativa de homicídio, ou por
homicídio consumados caso a vítima venha morrer.
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27 Leandro Gesteira
2) RESULTADO:
2.1. Crime Material: Aquele que, a conduta prevista pode causar um resultado naturalístico
(perceptível no mundo das coisas) e a consumação do crime depende da produção desse
resultado.
Ex.: crime de homicídio (art. 121, CP).
o A ideia de tipicidade vai se aplicar com perfeição para os crimes materiais
consumados. Se não for um crime material consumado, não necessariamente se irá
analisar cada um desses elementos do fato típico (conduta, resultado, nexo causal e
tipicidade).
2.2. Crime Formal: Aquele em que a conduta que pode causar um resultado naturalístico, mas
a consumação não depende desse resultado.
Ex.: crime de extorsão mediante sequestro (art. 159, CP). → Toda infração penal a que a
lei comina pena de reclusão ou detenção.
Observações:
3) NEXO CAUSAL:
▪ O nexo causal é o vínculo que une a conduta do agente ao resultado naturalístico ocorrido
no mundo exterior.
▪ Pela teoria da equivalência dos antecedentes causais (regra adotada), o resultado de que
depende a existência do crime só pode ser imputável a quem deu lhe deu causa (ação ou
omissão), nos moldes do art. 13, do CP.
o Teoria criticada por criar uma projeção de uma regressão ao infinito.
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28 Leandro Gesteira
4) TIPICIDADE:
▪ Formal: é a adequação da conduta do agente a uma previsão legal.
4.1. Iter Criminis: Análise da conduta estritamente; olhar para a conduta e pensar com a seria
aplicada, como seria compreendida.
o Todo crime doloso é premeditado.
Consumação
Fase interna Fase externa Todos
Cogitação Atos Atos
preparatórios executórios Crime
Tentativa impossível
Desistência Voluntária ou
Arrependimento Eficaz
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29 Leandro Gesteira
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30 Leandro Gesteira
o Crime impossível (art. 17, CP): quando, pela ineficácia absoluta do meio, ou por conta
da impropriedade absoluta do objeto, o agente jamais chegará à consumação, sendo
impossível a consumação.
- Em se tratando de crime impossível, não se pune a tentativa, que é um fato
atípico, ou seja, o sujeito não irá responder. Logo, nem toda tentativa será
punida, pois só se pune as tentativas que impõem risco ao bem jurídico.
- O flagrante preparado é crime impossível (súmula 145/STF).
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31 Leandro Gesteira
Observação: Portar arma de brinquedo não é crime > fato atípico. Portar
arma desmuniciada é crime lesiona o bem jurídico (etéreo) da
incolumidade pública (segurança da sociedade).
TEORIAS:
i) Subjetiva: diz que o autor deve responder com a mesma pena da tentativa do crime
impossível, em razão da sua periculosidade, pois ele acredita que está praticando o
crime.
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32 Leandro Gesteira
d) Exaurimento: quando o agente obtém vantagem que almejava obter com a pratica da
conduta.
o Iniciados
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33 Leandro Gesteira
6) Talles, desempregado, decide utilizar seu conhecimento de engenharia para fabricar máquina
destinada à falsificação de moedas. Ao mesmo tempo, pega uma moeda falsa de R$ 3,00 (três reais) e,
com um colega também envolvido com falsificações, tenta colocá-la em livre circulação, para provar o
sucesso da empreitada. Ocorre que aquele que recebe a moeda percebe a falsidade rapidamente, em
razão do valor suspeito, e decide chamar a Polícia, que apreende a moeda e o maquinário já fabricado.
Talles é indiciado pela prática de crimes e, já na Delegacia, liga para você, na condição de advogado(a),
para esclarecimentos sobre a tipicidade de sua conduta. Considerando as informações narradas, em
conversa sigilosa com seu cliente, você deverá esclarecer que a conduta de Talles configura
A) atos preparatórios, sem a prática de qualquer delito.
B) crimes de moeda falsa e de petrechos para falsificação de moeda.
C) crime de petrechos para falsificação de moeda, apenas.
D) crime de moeda falsa, apenas, em sua modalidade tentada.
8) Carlos presta serviço informal como salva-vidas de um clube, não sendo regularmente contratado,
apesar de receber uma gorjeta para observar os sócios do clube na piscina, durante toda a semana. Em
seu horário de “serviço”, com várias crianças brincando na piscina, fica observando a beleza física da
mãe de uma das crianças e, ao mesmo tempo, falando no celular com um amigo, acabando por ficar de
costas para a piscina. Nesse momento, uma criança vem a falecer por afogamento, fato que não foi
notado por Carlos. Sobre a conduta de Carlos, diante da situação narrada, assinale a afirmativa correta.
A) Não praticou crime, tendo em vista que, apesar de garantidor, não podia agir, já que
concretamente não viu a criança se afogando.
B) Deve responder pelo crime de homicídio culposo, diante de sua omissão culposa, violando o
dever de garantidor.
C) Deve responder pelo crime de homicídio doloso, em razão de sua omissão dolosa, violando o
dever de garantidor.
D) Responde apenas pela omissão de socorro, mas não pelo resultado morte, já que não havia
contrato regular que o obrigasse a agir como garantidor
9) Com dificuldades financeiras para comprar o novo celular pretendido, Vanessa, sem qualquer
envolvimento pretérito com aparato policial ou judicial, aceita, a pedido de namorado de sua prima, que
havia conhecido dois dias antes, transportar 500 g de cocaína de Alagoas para Sergipe. Apesar de aceitar
a tarefa, Vanessa solicitou como recompensa R$ 5.000,00, já que estava muito nervosa por nunca ter
adotado qualquer comportamento parecido. Após a transferência do valor acordado, Vanessa esconde
o material entorpecente na mala de seu carro e inicia o transporte da substância. Ainda no estado de
Alagoas, 30 minutos depois, Vanessa é abordada por policiais e presa em flagrante. Após denúncia pela
prática do crime de tráfico de drogas com causa de aumento do Art. 40, inciso V, da Lei nº 11.343/06
(“caracterizado tráfico entre Estados da Federação ou entre estes e o Distrito Federal”), durante a
instrução, todos os fatos são confirmados: Folha de Antecedentes Criminais sem outras anotações,
primeira vez no transporte de drogas, transferência de valores, que o bem transportado era droga e que
a pretensão era entregar o material em Sergipe. Intimado da sentença condenatória nos termos da
denúncia, o advogado de Vanessa, de acordo com as previsões da Lei nº 11.343/06 e a jurisprudência
do Superior Tribunal de Justiça, deverá pleitear
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36 Leandro Gesteira
GABARITO:
1) C 2) B 3) D 4) D 5) C 6) B 7) B 8) D 9) A
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37 Leandro Gesteira
ILICITUDE OU ANTIJURIDICIDADE
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38 Leandro Gesteira
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39 Leandro Gesteira
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Direito Penal
40 Leandro Gesteira
5) CONSENTIMENTO DA VÍTIMA:
▪ Consentimento da vítima é uma causa supralegal de excludente de ilicitude, devendo
observar os seguintes requisitos: o bem jurídico deve ser disponível; a vítima deve possuir
capacidade para consentir; e o consentimento deve ser dado até a consumação do crime.
▪ O consentimento deve acontecer no inter criminis. Se ele for dado após a consumação, não
exclui a ilicitude; se o crime for de ação incondicionada, ele já está consumado e o consentimento
depois não serve de nada (o Ministério Público irá oferecer a denúncia).
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41 Leandro Gesteira
CULPABILIDADE
➢ Para que o sujeito seja culpável, ele tem que ser imputável > é preciso que ele tenha potencial
consciência da ilicitude (erro despercebido), ou seja, tenha capacidade de compreender que
aquela conduta que ele está desenvolvendo é ilícita; e exigibilidade de conduta diversa (uma
conduta diferente tinha como ser exigida?).
1) IMPUTABILIDADE:
1.1. Critérios:
a) Biológico (art. 27, CP): Considera apenas o desenvolvimento mental do agente
(doença mental ou idade), independentemente se tinha, ao tempo da conduta, capacidade
de entendimento e autodeterminação.
b) Psicológico: Considera apenas se o agente, ao tempo da conduta, tinha a capacidade
de entendimento e autodeterminação, independentemente de sua condição mental ou
idade.
c) Biopsicológico (art. 26, CP): Considera-se inimputável aquele que, em razão de sua
condição mental (por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou
retardado), era, ao tempo da conduta, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito
do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.
2) INIMPUTABILIDADE:
2.1. Por doença mental/enfermidade mental: em decorrência de doença mental ou
desenvolvimento mental incompleto ou retardado + inteiramente incapaz de compreender o
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42 Leandro Gesteira
Observações:
➢ Não excluem a imputabilidade penal (i) a emoção e a paixão,
e (ii) a embriaguez, voluntária ou culposa, pelo álcool ou
substância de efeitos análogos.
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Direito Penal
43 Leandro Gesteira
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44 Leandro Gesteira
A) inimputabilidade da agente.
B) legítima defesa.
C) inexigibilidade de conduta diversa.
D) atenuante da menoridade relativa.
2) Miguel, com 27 anos de idade, pratica conjunção carnal com Maria, jovem saudável com 16 anos de
idade, na residência desta, que consente com o ato. Na mesma data e também na mesma residência, a
irmã de Maria, de nome Marta, com 18 anos, permite que seu namorado Alexandre quebre todos os
porta-retratos que estão com as fotos de seu ex-namorado. O Ministério Público ofereceu denúncia em
face de Miguel pelo crime de estupro. Marta, após o fim da relação, ofereceu queixa pela prática de dano
por Alexandre. Os réus contrataram o mesmo advogado, que deverá alegar que não foram praticados
crimes, pois, em relação às condutas de Miguel e Alexandre, respectivamente, estamos diante de
A) causa supralegal excludente da ilicitude e causa supralegal de excludente da culpabilidade.
B) causa excludente da tipicidade, em ambos os casos.
C) causa excludente da tipicidade e causa supralegal de excludente da ilicitude.
D) causa supralegal de excludente da ilicitude, em ambos os casos.
3) Mário subtraiu uma TV do seu local de trabalho. Ao chegar em casa com a coisa subtraída, é
convencido pela esposa a devolvê-la, o que efetivamente vem a fazer no dia seguinte, quando o fato já
havia sido registrado na delegacia. O comportamento de Mário, de acordo com a teoria do delito,
configura
A) desistência voluntária, não podendo responder por furto.
B) arrependimento eficaz, não podendo responder por furto.
C) arrependimento posterior, com reflexo exclusivamente no processo dosimétrico da pena.
D) furto, sendo totalmente irrelevante a devolução do bem a partir de
convencimento da esposa.
4) Carlos e seu filho de dez anos caminhavam por uma rua com pouco movimento e
bastante escura, já de madrugada, quando são surpreendidos com a vinda de um
cão pitbull na direção deles. Quando o animal iniciou o ataque contra a criança, Carlos, que estava
armado e tinha autorização para assim se encontrar, efetuou um disparo na direção do cão, que não foi
atingido, ricocheteando a bala em uma pedra e acabando por atingir o dono do animal, Leandro, que
chegava correndo em sua busca, pois notou que ele fugira clandestinamente da casa. A vítima atingida
veio a falecer, ficando constatado que Carlos não teria outro modo de agir para evitar o ataque do cão
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45 Leandro Gesteira
contra o seu filho, não sendo sua conduta tachada de descuidada. Diante
desse quadro, assinale a opção que apresenta situação jurídica de Carlos.
A) Carlos atuou em legítima defesa de seu filho, devendo responder, porém, pela morte de
Leandro.
B) Carlos atuou em estado de necessidade defensivo, devendo responder, porém, pela morte de
Leandro.
C) Carlos atuou em estado de necessidade e não deve responder pela morte de Leandro.
D) Carlos atuou em estado de necessidade putativo, razão pela qual não deve responder pela
morte de Leandro.
5) Débora estava em uma festa com seu namorado Eduardo e algumas amigas quando percebeu que
Camila, colega de faculdade, insinuava-se para Eduardo. Cega de raiva, Débora esperou que Camila fosse
ao banheiro e a seguiu. Chegando lá e percebendo que estavam sozinhas no recinto, Débora desferiu
vários tapas no rosto de Camila, causando-lhe lesões corporais de natureza leve. Camila, por sua vez,
atordoada com o acontecido, somente deu por si quando Débora já estava saindo do banheiro,
vangloriando-se da surra dada. Neste momento, com ódio de sua algoz, Camila levanta-se do chão,
agarra Débora pelos cabelos e a golpeia com uma tesourinha de unha que carregava na bolsa, causando-
lhe lesões de natureza grave. Com relação à conduta de Camila, assinale a afirmativa correta.
A) Agiu em legítima defesa.
B) Agiu em legítima defesa, mas deverá responder pelo excesso doloso.
C) Ficará isenta de pena por inexigibilidade de conduta diversa.
D) Praticou crime de lesão corporal de natureza grave, mas poderá ter a pena diminuída.
Gabarito
1) A 2) C 3) C 4) C 5) D 6) B
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47 Leandro Gesteira
TEORIA DO ERRO
Art. 21, CP. O desconhecimento da lei é inescusável. O erro sobre a ilicitude do fato, se
inevitável, isenta de pena; se evitável, poderá diminuí-la de um sexto a um terço.
3.1. Erro quanto ao objeto: é aquele que recai sobre o valor da coisa subtraída.
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49 Leandro Gesteira
3.2. Erro quanto a pessoa (art. 20, §3º): o erro recai sobre a identificação da vítima. O sujeito
pretende praticar um delito uma pessoa e, por conta de um erro na identificação, acaba atingindo
pessoa diversa.
Ex.: Leandro quer matar Caio, vai ao encontro dele, mas encontra uma pessoa parecida e
acaba atirando por achar ser o próprio, mas na verdade é Ivan.
O erro é sobre a identidade da vítima.
Efeitos: considera as condições e qualidades da vítima pretendida e não da vítima real, que
foi efetivamente atingida.
3.3. Erro na Execução (art. 73 do CP): a doutrina costuma chamar de aberratio ictus.
Segundo o art. 73 do CP, tem o “aberratio ictus” quando se tem um acidente no uso dos meios
de execução.
Aqui, o sujeito pretende atingir uma pessoa pretendida, só que, por acidente ou erro no uso
dos meios de execução, atinge pessoa diversa. Há um erro no uso dos meios da execução que
acaba por atingir pessoa diversa. → Responde como se tivesse cometido o crime contra a
pessoa pretendida.
- A vítima pretendida está no local, mas no momento de executar o crime, acaba atingindo
pessoa diversa.
Consequências: considera as condições e qualidades da pessoa pretendida, ignorando as
características da vítima atingida (serão os mesmos do art. 20, §3º).
Resultado duplo: vai atingir a pessoa pretendida e também a pessoa diversa. Por um erro
na execução, acaba atingindo a pessoa pretendida e a pessoa diversa. Nesse caso, o agente irá
responder por concurso formal (art. 70, CP), em que o agente mediante uma ação pratica
mais de um crime, ou seja, produz mais de um resultado. Assim, o agente terá sua pena
aumentada de 1/6 a 1/3.
- Nesse caso, pega a pena do crime mais grave e aumenta de 1/6 a 1/3.
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51 Leandro Gesteira
1) Tony, a pedido de um colega, está transportando uma caixa com cápsulas que acredita ser de
remédios, sem ter conhecimento que estas, na verdade, continham Cloridrato de Cocaína em seu
interior. Por outro lado, José transporta em seu veículo 50g de Cannabis Sativa L. (maconha), pois
acreditava que poderia ter pequena quantidade do material em sua posse para fins medicinais. Ambos
foram abordados por policiais e, diante da apreensão das drogas, denunciados pela prática do crime de
tráfico de entorpecentes. Considerando apenas as informações narradas, o advogado de Tony e José
deverá alegar em favor dos clientes, respectivamente, a ocorrência de
A) erro de tipo, nos dois casos.
B) erro de proibição, nos dois casos.
C) erro de tipo e erro de proibição.
D) erro de proibição e erro de tipo.
2) Patrício e Luiz estavam em um bar, quando o primeiro, mediante ameaça de arma de fogo, obriga o
último a beber dois copos de tequila. Luiz ficou inteiramente embriagado. A dupla, então, deixou o local,
sendo que Patrício conduzia Luiz, que caminhava com muitas dificuldades. Ao encontrarem Juliana, que
caminhava sozinha pela calçada, Patrício e Luiz, se utilizando da arma que era portada pelo primeiro,
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52 Leandro Gesteira
3) Eslow, holandês e usuário de maconha, que nunca antes havia feito uma viagem internacional, veio
ao Brasil para a Copa do Mundo. Assistindo ao jogo Holanda x Brasil decidiu, diante da tensão, fumar
um cigarro de maconha nas arquibancadas do estádio. Imediatamente, os policiais militares de plantão
o prenderam e o conduziram à Delegacia de Polícia. Diante do Delegado de Polícia, Eslow,
completamente assustado, afirma que não sabia que no Brasil a utilização de pequena quantidade de
maconha era proibida, pois, no seu país, é um habito assistir a jogos de futebol fumando maconha. Sobre
a hipótese apresentada, assinale a opção que apresenta a principal tese defensiva.
A) Eslow está em erro de tipo essencial escusável, razão pela qual deve ser absolvido.
B) Eslow está em erro de proibição direto inevitável, razão pela qual deve ser isento de pena.
C) Eslow está em erro de tipo permissivo escusável, razão pela qual deve ser punido pelo crime
culposo.
D) Eslow está em erro de proibição, que importa em crime impossível, razão pela qual deve ser
absolvido.
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53 Leandro Gesteira
5) Analise as hipóteses abaixo relacionadas e assinale a alternativa que apresenta somente causas
excludentes de culpabilidade.
A) Erro de proibição; embriaguez completa proveniente de caso fortuito ou força maior; coação
moral irresistível.
B) Embriaguez culposa; erro de tipo permissivo; inimputabilidade por doença mental ou por
desenvolvimento mental incompleto ou retardado.
C) Inimputabilidade por menoridade; estrito cumprimento do dever legal; embriaguez
incompleta.
D) Embriaguez incompleta proveniente de caso fortuito ou força maior; erro de proibição;
obediência hierárquica.
GABARITO
1) C 2) C 3) B 4) D 5) A
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54 Leandro Gesteira
CONCURSO DE PESSOAS
❖ Tem determinados crimes em que é necessário o concurso de pessoas, ou seja, a presença de duas
ou mais pessoas.
Ex.: crime de associação para o tráfico (art. 35 da Lei 11.343/06); crime de associação
criminosa (art. 288, CP).
❖ Tem também determinadas situações em que o concurso de pessoas é eventual, ou seja, o crime
pode ser cometido por uma pessoa, mas eventualmente duas ou mais pessoas se reúnem para
praticar aquele delito.
1) TEORIAS:
▪ Essas teorias trazem construções distintas para pensarmos na responsabilidade penal dos
agentes que concorrem para a prática de um crime.
▪ Teorias:
a) Monista: diz que todo mundo responde pelo mesmo crime, ou seja, todos aqueles que
concorrem para a prática de um crime respondem nas penas de um só crime.
o O Código Penal brasileiro adota a teoria monista moderada/temperada (art. 29,
CP).
b) Dualista: faz uma distinção entre autor e partícipe – Se o sujeito é autor ou coator, ele
responde por um crime e os partícipes respondem por outro crime.
c) Pluralista: segundo essa teoria, haveria vários crimes, um crime para cada agente.
2) AUTOR:
▪ Segundo a teoria extensiva, todo mundo é autor.
▪ Há ainda outra teoria, chamada de teoria restritiva que diz que autor é aquele que pratica o
verbo nuclear do tipo, ou seja, é o sujeito que pratica a conduta descrita no tipo penal.
o Essa é a teoria adotada pelo Código Penal.
o Essa teoria não explica o mandante (aquele que tem o controle se a conduta será
praticada ou não, é quem define o quando, o quanto e onde). Por essa teoria, o
mandante também é partícipe. → Isso é resolvido com a teoria trazida por Klaus
Roxin, chamada de Teoria do Domínio Final do Fato (Domínio do Fato). Por esta
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Direito Penal
55 Leandro Gesteira
3) PARTÍCIPE:
▪ Aquele que vai induzir, instigar ou auxiliar o autor na prática delituosa (art. 31 do CP). Vai
contribuir de qualquer modo a prática do crime, sem executar a ação do verbo nuclear do tipo.
▪ Para falar em participação, há a adoção das Teorias das Acessoriedades, que pode ser:
a) Mínima: o partícipe responde se o autor praticar um fato típico.
b) Limitada: para que o partícipe responda, o autor deve praticar um fato típico e ilícito.
– Essa é a teoria adotada pelo Código Penal brasileiro.
c) Extremada: o partícipe só irá responder se o autor praticar um fato típico, ilícito e
culpável.
d) Hiper acessoriedade: o partícipe só responde se a conduta do autor for fato típico,
ilícito, culpável e punível. Ex.: Leandro induziu Ivan a matar Caio. Só que, como Ivan era
menor de 21 anos, a prescrição dele conta pela metade, então o crime dele prescreveu.
Logo, como o crime prescreveu para Ivan, Leandro não irá também responder por este
crime.
Crime de participação de menor importância (art. 29, §1º do CP): é uma participação que
não influencia efetivamente na prática da conduta; que traz um grau mínimo para a prática da
conduta. Aqui há uma causa de diminuição de pena, sendo a pena, nesse caso, diminuída de 1/6
a 1/3.
Participação dolosamente distinta (art. 29, §2º do CP): pode ser que um dos agentes queira
praticar crime menos grave e o outro agente, em concurso de pessoas, queira praticar o crime
mais grave. Nesse caso, cada um responderá pelo crime que praticou. → Aplicação da Teoria
Pluralista.
- Aqui, o agente que quis praticar crime menos grave, vai responder pelo crime que
pretendeu praticar. E o agente que praticar crime mais grave, responde por este que foi o
que ele pretendeu.
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57 Leandro Gesteira
CONCURSO DE CRIMES
a) Material (art. 69 do CP): tem-se mais de uma conduta causando mais de um resultado.
O critério aplicado é a cumulação das penas (soma das penas).
Concurso material benéfico: são hipóteses excepcionais, em que o cálculo da pena pelo concurso
material acaba sendo mais benéfico para o réu do que o concurso formal. Nesses casos, o art. 70,
§ único do CP determina que as penas sejam para beneficiar o réu.
b) Formal (art. 70, CP): tem-se aqui uma conduta causando mais de um resultado.
Ex.: um motorista perde o controle do carro e atropela quatro pessoas (quatro crimes e uma ação).
Nesse caso, o dolo não será para todas as pessoas.
b.1) Próprio/Perfeito (1ª parte do art. 70, CP): o agente age uma vez, causando mais de um
resultado, mas não deseja causar todos os resultados.
o Apesar de agir mais de uma vez ou uma vez só, o agente não tem intenção de cometer
nenhum crime e comete vários por culpa. Ou ainda, quer cometer um crime e acaba
cometendo outro por culpa. → Não tem a chamada diversidade de designíos.
o O critério utilizado para o cálculo da pena é a exasperação (aumentar), em que escolhe
um só crime, o mais grave, e aumenta de 1/6 até a metade.
o Se ocorrer de a exasperação não for mais benéfica para o agente, se aplicará a soma
(concurso material mais benéfico).
b.2) Impróprio/Imperfeito (2ª parte do art. 70, CP): quando há dolo para todos os crimes. Age
uma vez já querendo causar os resultados. → Tem a chamada diversidade de designíos, ou seja,
apesar de agir uma vez só, ele só tem dolo naqueles resultados.
o O critério de aplicação da pena é a cumulação.
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58 Leandro Gesteira
c) Crime continuado (art. 71 do CP): é uma ficção jurídica que transforma vários crimes em um só.
Tem-se uma conduta prolongada ao longo do tempo, em várias ações.
Requisitos:
i. Mais de uma conduta e mais de um crime;
ii. Crimes da mesma espécie (Ex.: roubo + roubo; estupro + estupro);
iii. Nexo de continuidade (nas mesmas circunstâncias de tempo, espaço e maneira de
execução).
Entende a doutrina que a circunstância de tempo se refere a intervalo não superior a 30 dias,
entre uma conduta em outra; lugar seria a mesma comarca; e maneira de execução é o que se
chama de modus operandi, em que se faz a mesma coisa e do mesmo jeito.
Critério: Exasperação da pena, de 1/6 a 2/3.
Crime continuado qualificado: crimes dolosos, contra vítimas diferentes, cometidos com
violência e grave ameaça a pessoa, o juiz poderá aumentar a pena até o triplo.
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59 Leandro Gesteira
TEORIA DA PENA
❖ Pena é uma sanção imposta pelo Estado, que é quem possui o jus puniendi exclusivo, para aqueles
que praticam um crime ou uma contravenção penal.
1. FINALIDADES:
▪ No início, prevalecia a Teoria Absoluta, que dizia que a pena servia como uma forma de punição.
Essa ideia prevalece até hoje, em que se tem a ideia de pena como uma punição, uma vingança.
▪ Teoria Relativa: para essa teoria, a pena não é uma forma de punição ou retribuição. A pena
visa a prevenção.
▪ Teoria mista (art. 59 do CP): é a que prevalece no Brasil, que diz que deve o juiz, a princípio,
fazer o cálculo da pena conforme necessário e suficiente para a prevenção e punição.
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60 Leandro Gesteira
2.2. Penas restritivas de direitos: restringe direitos que, em tese, não seria a própria liberdade.
o Penas autônomas, ou seja, não se aplica as duas, as penas privativas de liberdade e
restritivas de direitos, pelo mesmo fato.
o O juiz, antes de substituir a pena a ser aplicada, tem que dizer qual a pena restritiva de
direitos, porque se o sujeito não cumprir o que fora determinado, poderá converter em
pena privativa de liberdade.
o O descumprimento injustificado de uma pena restritiva de direitos pode levar a
conversão em uma pena privativa de liberdade.
o Prazo: o prazo de uma pena restritiva de direitos é o mesmo da pena privativa de
liberdade fixada.
o Limitação dos finais de semanas: fica sábado e domingo sábado na casa do albergado
(chamado de prisão descontínua). No caso de descumprimento injustificado, converte-se
a pena para cumprimento do tempo que resta, respeitado o mínimo de 30 dias.
o Requisitos (art. 44 do CP):
a) Objetivos: pena não superior a quatro anos, será possível a substituição da pena
privativa de liberdade por restritiva para crime doloso; qualquer pena se for
culposo.
- Se o crime for culposo, caberá à substituição da pena privativa de
liberdade por restritiva qualquer que seja a pena.
b) Subjetivos: caberá a substituição nos casos de crimes cometidos sem violência
ou grave ameaça a pessoa.
c) Não reincidente em crime doloso – Se for reincidente culposo, pode.
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61 Leandro Gesteira
1) Douglas foi condenado pela prática de duas tentativas de roubo majoradas pelo concurso de agentes
e restrição da liberdade das vítimas (Art. 157, § 2º, incisos II e V, c/c. o Art. 14, inciso II, por duas vezes,
na forma do Art. 70, todos do CP). No momento de fixar a sanção penal, o juiz aplicou a pena base no
mínimo legal, reconhecendo a confissão espontânea do agente, mas deixou de diminuir a pena na
segunda fase. No terceiro momento, o magistrado aumentou a pena do máximo, considerando as
circunstâncias do crime, em especial a quantidade de agentes (5 agentes) e o tempo que durou a
restrição da liberdade das vítimas. Ademais, reduziu, ainda na terceira fase, a pena do mínimo legal em
razão da tentativa, novamente fundamentando na gravidade do delito e naquelas circunstâncias de
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62 Leandro Gesteira
2) Juarez, com a intenção de causar a morte de um casal de vizinhos, aproveita a situação em que o
marido e a esposa estão juntos, conversando na rua, e joga um artefato explosivo nas vítimas, sendo a
explosão deste material bélico a causa eficiente da morte do casal. Apesar de todos os fatos e a autoria
restarem provados em inquérito encaminhado ao Ministério Público com relatório final de
indiciamento de Juarez, o Promotor de Justiça se mantém inerte em razão de excesso de serviço, não
apresentando denúncia no prazo legal. Depois de vários meses com omissão do Promotor de Justiça, o
filho do casal falecido procura o advogado da família para adoção das medidas cabíveis. No momento
da apresentação de queixa em ação penal privada subsidiária da pública, o advogado do filho do casal,
sob o ponto de vista técnico, de acordo com o Código Penal, deverá imputar a Juarez a prática de dois
crimes de homicídio em
A) concurso material, requerendo a soma das penas impostas para cada um dos delitos.
B) concurso formal, requerendo a exasperação da pena mais grave em razão do concurso de
crimes.
C) continuidade delitiva, requerendo a exasperação da pena mais grave em razão do concurso
de crimes.
D) concurso formal, requerendo a soma das penas impostas para cada um dos delitos.
3) Cláudio, na cidade de Campinas, transportava e portava, em um automóvel, três armas de fogo, sendo
que duas estavam embaixo do banco do carona e uma, em sua cintura. Abordado por policiais, foram
localizadas todas as armas. Diante disso, o Ministério Público ofereceu denúncia em face de Cláudio pela
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63 Leandro Gesteira
4) Cássio foi denunciado pela prática de um crime de dano qualificado, por ter atingido bem municipal
(Art. 163, parágrafo único, inciso III, do CP – pena: detenção de 6 meses a 3 anos e multa), merecendo
destaque que, em sua Folha de Antecedentes Criminais, consta uma única condenação anterior,
definitiva, oriunda de sentença publicada 4 anos antes, pela prática do crime de lesão corporal culposa
praticada na direção de veículo automotor. Ao final da instrução, Cássio confessa integralmente os fatos,
dizendo estar arrependido e esclarecendo que “perdeu a cabeça” no momento do crime, sendo certo
que está trabalhando e tem 03 filhos com menos de 10 anos de idade que são por ele sustentados.
Apenas com base nas informações constantes, o(a) advogado(a) de Cássio poderá pleitear, de acordo
com as previsões do Código Penal, em sede de alegações finais,
A) o reconhecimento do perdão judicial.
B) o reconhecimento da atenuante da confissão, mas nunca sua compensação com a reincidência.
C) a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos, apesar de o agente ser
reincidente.
D) o afastamento da agravante da reincidência, já que o crime pretérito foi praticado em sua
modalidade culposa, e não dolosa.
5) Pedro, quando limpava sua arma de fogo, devidamente registrada em seu nome, que mantinha no
interior da residência sem adotar os cuidados necessários, inclusive o de desmuniciá-la, acaba,
acidentalmente, por dispará-la, vindo a atingir seu vizinho Júlio e a esposa deste, Maria. Júlio faleceu em
razão da lesão causada pelo projétil e Maria sofreu lesão corporal e debilidade permanente de membro.
Preocupado com sua situação jurídica, Pedro o procura para, na condição de advogado, orientá-lo
acerca das consequências do seu comportamento. Na oportunidade, considerando a situação narrada,
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Direito Penal
64 Leandro Gesteira
você deverá esclarecer, sob o ponto de vista técnico, que ele poderá vir
a ser responsabilizado pelos crimes de
A) homicídio culposo, lesão corporal culposa e disparo de de arma de fogo, em concurso formal.
B) homicídio culposo e lesão corporal grave, em concurso formal.
C) homicídio culposo e lesão corporal culposa, em concurso material.
D) homicídio culposo e lesão corporal culposa, em concurso formal.
6) Rafael foi condenado pela prática de crime a pena privativa de liberdade de 04 anos e 06 meses,
tendo a sentença transitado em julgado em 10/02/2008. Após cumprir 02 anos e 06 meses de pena,
obteve livramento condicional em 10/08/2010, sendo o mesmo cumprido com correção e a pena
extinta em 10/08/2012. Em 15/09/2015, Rafael pratica novo crime, dessa vez de roubo, tendo como
vítima senhora de 60 anos de idade, circunstância que era do seu conhecimento. Dois dias depois,
arrependido, antes da denúncia, reparou integralmente o dano causado. Na sentença, o magistrado
condenou o acusado, reconhecendo a existência de duas agravantes pela reincidência e idade da vítima,
além de não reconhecer o arrependimento posterior. O advogado de Rafael deve pleitear
A) reconhecimento do arrependimento posterior.
B) reconhecimento da tentativa.
C) afastamento da agravante pela idade da vítima.
D) afastamento da agravante da reincidência.
7) Marcondes, necessitando de dinheiro para comparecer a uma festa no bairro em que residia, decide
subtrair R$ 1.000,00 do caixa do açougue de propriedade de seu pai. Para isso, aproveita-se da ausência
de seu genitor, que, naquele dia, comemorava seu aniversário de 63 anos, para arrombar a porta do
estabelecimento e subtrair a quantia em espécie necessária. Analisando a situação fática, é correto
afirmar que
A) Marcondes não será condenado pela prática de crime, pois é isento de pena, em razão da
escusa absolutória.
B) Marcondes deverá responder pelo crime de furto de coisa comum, por ser herdeiro de seu
pai.
C) Marcondes deverá responder pelo crime de furto qualificado.
D) Marcondes deverá responder pelos crimes de dano e furto simples em concurso formal.
GABARITO
1) C 2) D 3) A 4) C 5) D 6) D 7) C
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Direito Penal
65 Leandro Gesteira
o Todos esses são crimes materiais. Ou seja, trazem a previsão de um resultado naturalístico
(resultado que pode ser visto no mundo das coisas, como a morte).
➢ Chamados de crimes não transeuntes, ou seja, aqueles que deixam vestígios, que não
desaparecem, não somem.
o A regra é que a materialidade desse crime deve ser comprovada por exame pericial (art.
158, CPP).
o Se o crime deixa vestígio e não houve a perícia, a regra é a absolvição, mesmo que se trate
de réu confesso. A confissão não substitui o laudo pericial. Cabem exceções.
o O art. 167 do CPP diz que a prova testemunhal pode suprir a ausência do laudo, mas
apenas nas hipóteses em que a ausência do laudo não é imputada a uma desídia da
autoridade pública ou da própria vítima.
➢ A Súmula 605/STF diz que não se admite continuidade delitiva nos crimes contra a vida.
o O STF entende que essa súmula foi revogada.
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Pela própria gestante (art. 124, CP) Por um terceiro (art. 125 e 126, CP)
- Aborto provocado pela própria gestante ou com - O terceiro responde de forma
seu consentimento. autônoma.
- A conduta é provocar aborto em si mesma, ou
consentir que outrem lhe provoque > duas - O art. 125 trata do aborto praticado por
condutas puníveis. terceiro, sem consentimento da gestante.
a) Provocar o aborto em si mesma; ou - Pena de reclusão, de 3 a 10 anos > mais
b) Consentir que outrem lhe provoque o grave, por ter duas vítimas.
aborto.
- A doutrina chama de autoaborto. - O art. 126 trata do aborto praticado
- Crime de forma livre. com consentimento da gestante.
- Pena de detenção, de 1 a 3 anos. - Pena de reclusão, de 1 a 4 anos.
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75 Leandro Gesteira
Observações:
➢ Na ADPF 54, o STF estabeleceu que é inconstitucional a interpretação segundo a qual a
interrupção da gravidez de feto anencéfalo constitui aborto. Por essa razão, foi autorizada a
interrupção da gravidez de fetos com diagnóstico de anencefalia, com consentimento da
gestante.
o Não se confunde anencefalia com microcefalia. O aborto nos casos de microcefalia não
tem excludente, pois, a vida fora do útero é viável.
➢ Em precedente do STF, a morte é o fim da atividade cerebral, e a vida é o início da atividade
cerebral.
o A atividade cerebral, em regra, começa após o 3º mês > a doutrina fala em 12 ou 13
semanas.
o A conduta do aborto, se praticada até 12ª semana de vida, não configura crime
(precedente do STF).
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4) DISPOSIÇÕES COMUNS
▪ Art. 141. As penas cominadas neste Capítulo aumentam-se de um terço, se qualquer dos crimes
é cometido:
I - contra o Presidente da República, ou contra chefe de governo estrangeiro;
II - contra funcionário público, em razão de suas funções;
III - na presença de várias pessoas, ou por meio que facilite a divulgação da calúnia, da
difamação ou da injúria;
IV – contra pessoa maior de 60 (sessenta) anos ou portadora de deficiência, exceto no
caso de injúria.
▪ Se o crime for cometido mediante paga ou promessa de recompensa, aplica-se a pena em
dobro.
▪ Se o crime for cometido ou divulgado em quaisquer modalidades das redes sociais da rede
mundial de computadores, aplica-se em triplo a pena.
▪ Art. 142, CP. Não constituem injúria ou difamação punível:
I - a ofensa irrogada em juízo, na discussão da causa, pela parte ou por seu procurador;
II - a opinião desfavorável da crítica literária, artística ou científica, salvo quando
inequívoca a intenção de injuriar ou difamar;
III - o conceito desfavorável emitido por funcionário público, em apreciação ou
informação que preste no cumprimento de dever do ofício.
▪ Art. 143, CP. O querelado que, antes da sentença, se retrata cabalmente da calúnia ou da
difamação, fica isento de pena > instituto da retratação.
o Nos casos em que o querelado tenha praticado a calúnia ou a difamação utilizando-se de
meios de comunicação, a retratação dar-se-á, se assim desejar o ofendido, pelos mesmos
meios em que se praticou a ofensa.
▪ Art. 145, CP. Nos crimes previstos neste Capítulo somente se procede mediante queixa, salvo
quando, no caso do art. 140, § 2º, da violência resulta lesão corporal.
o Procede-se mediante requisição do Ministro da Justiça, no caso do inciso I do caput do
art. 141 deste Código, e mediante representação do ofendido, no caso do inciso II do
mesmo artigo, bem como no caso do § 3o do art. 140 deste Código.
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79 Leandro Gesteira
➢ O art. 182 do CP diz que, somente se procede mediante representação, se o crime previsto
neste título é cometido em prejuízo:
I. do cônjuge desquitado ou judicialmente separado;
II. de irmão, legítimo ou ilegítimo;
III. de tio ou sobrinho, com quem o agente coabita.
o Prazo de 6 meses para representação, contado a partir do conhecimento da autoria.
➢ O art. 183 do CP explica que as situações em que os dois últimos artigos não serão
aplicados.
Art. 183. Não se aplica o disposto nos dois artigos anteriores:
I - se o crime é de roubo ou de extorsão, ou, em geral, quando haja emprego de
grave ameaça ou violência à pessoa;
II - ao estranho que participa do crime;
III – se o crime é praticado contra pessoa com idade igual ou superior a 60 anos.
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80 Leandro Gesteira
Observações:
Causa de aumento > - Não possui pena própria > usa a do caput.
Qualificadora > - Pena própria (maior que o caput).
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82 Leandro Gesteira
Observação:
Furto mediante Fraude Estelionato
- O agente utiliza meio enganoso. - O agente utiliza meio enganoso.
- A fraude empregada pelo agente visa - A fraude busca fazer com que a vítima
diminuir a vigilância da vítima, incida em erro e entregue
possibilitando a subtração. espontaneamente o objeto ao agente.
- A vontade de alterar a posse é - A vontade de alterar a posse é
unilateral. bilateral.
▪ O art. 157, do CP, trata da hipótese do roubo próprio. Primeiro se pratica a violência ou grave
ameaça e depois a subtração do objeto.
o Pena de reclusão, de 4 a 10 anos, e multa.
▪ O art. 157, § 1º, CP traz a hipótese do roubo impróprio > Na mesma pena incorre quem, logo
depois de subtraída a coisa, emprega violência contra pessoa ou grave ameaça, a fim de
assegurar a impunidade do crime ou a detenção da coisa para si ou para terceiro.
o Primeiro ocorre a subtração, e depois ocorre a violência ou grave ameaça, visando
assegurar a impunidade do delito.
o O roubo improprio nasce como um furto em que a vítima reage.
▪ A pena do roubo será aumentada de 1/3 até metade (§ 2º) > hipóteses de qualificadoras:
i. se há o concurso de duas ou mais pessoas;
ii. se a vítima está em serviço de transporte de valores e o agente conhece tal
circunstância;
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83 Leandro Gesteira
Observação:
Roubo Extorsão
- Envolve violência ou grave ameaça, ou - Envolve violência ou grave ameaça.
redução, por qualquer meio, da - O agente faz com que a vítima
capacidade de resistência da vítima. entregue a coisa (verbo constranger).
- O agente subtrai a coisa pretendida - A colaboração da vítima é
(verbo subtrair). Há subtração da coisa. indispensável, pois, o agente não
- A colaboração da vítima é dispensável, consegue fazer sozinho.
pois, o agente consegue fazer sozinho.
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Observação:
➢ Súmula 246/STF: Comprovado não ter havido fraude, não se configura
o crime de emissão de cheque sem fundos.
➢ Súmula 554/STF: O pagamento de cheque emitido sem provisão de
fundos, após o recebimento da denúncia, não obsta ao prosseguimento
da ação penal.
o A consumação ocorre quando o banco nega o pagamento por
falta de fundos.
▪ Fraude eletrônica > A pena é de reclusão, de 4 a 8 anos, e multa, se a fraude é cometida com a
utilização de informações fornecidas pela vítima ou por terceiro induzido a erro por meio de
redes sociais, contatos telefônicos ou envio de correio eletrônico fraudulento, ou por qualquer
outro meio fraudulento análogo (§ 2º-A).
o A pena prevista no § 2º-A deste artigo, considerada a relevância do resultado gravoso,
aumenta-se de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços), se o crime é praticado mediante a
utilização de servidor mantido fora do território nacional (§ 2º-B).
▪ A pena aumenta-se de um terço, se o crime é cometido em detrimento de entidade de direito
público ou de instituto de economia popular, assistência social ou beneficência (§ 3º).
▪ A pena aumenta-se de 1/3 ao dobro, se o crime é cometido contra idoso ou vulnerável,
considerada a relevância do resultado gravoso (§ 4º).
▪ Somente se procede mediante representação, salvo se a vítima for:
I - a Administração Pública, direta ou indireta;
II - criança ou adolescente;
III - pessoa com deficiência mental; ou
IV - maior de 70 (setenta) anos de idade ou incapaz.
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LEGISLAÇÃO ESPECIAL
Desses três critérios, a Lei 8.072/90 adotou o critério legal, critério taxativo.
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93 Leandro Gesteira
Art. 1º - Adoção do critério legal e apresentação de um rol taxativo. Ao analisar esse artigo, uma das
premissas que se pode concluir é que, como regra, os crimes hediondos estão no Código Penal.
- A hediondez dos crimes independe de consumação ou tentativa.
Inciso I - O homicídio é crime hediondo. Tem-se aqui duas hipóteses em que o homicídio será
considerado crime hediondo: o homicídio simples será crime hediondo se praticado em
atividade típica de extermínio, ainda que tenha sido praticado por um só agente, e no caso de
homicídio qualificado por motivo torpe.
o Nucci faz uma crítica a este artigo dizendo que, essa primeira parte do artigo é letra
morta, porque se um homicídio for praticado em atividade típica de extermínio, ele será
qualificado. A prática de homicídio em atividade típica de grupo de extermínio leva ao
reconhecimento da qualificadora do motivo torpe.
o A presença do privilégio sempre afasta a hediondez.
o Art. 121 do CP: Passou a prever como uma qualificadora o homicídio praticado contra
autoridade ou agente descrito no art. 142 (forças armadas) e 144 (carreiras policiais), da
CF. Se o crime ocorre no exercício da função ou em razão da função.
- Também será qualificado crime contra o cônjuge, companheiro ou parente
consanguíneo.
- Se não for consanguíneo, não será crime hediondo ou qualificado, até o 3º grau.
Inciso II - Roubo: antes só tinha uma hipótese de hediondez, que era o latrocínio (roubo
qualificado pela morte). Ou seja, o roubo só era hediondo quando fosse qualificado pela morte.
a) Quando circunstanciado pela restrição de liberdade da vítima → Não confundir com
sequestro relâmpago (crime de extorsão, art. 158, §3º, inciso V, CP).
b) Circunstanciado pelo emprego de arma de fogo ou pelo emprego de arma de fogo de uso
proibido ou restrito → O roubo só não será hediondo quando praticado com o uso de
arma branca.
- O roubo passou a ser qualificado quando praticado com o uso explosivo, mas não é
hediondo.
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94 Leandro Gesteira
Inciso III – Extorsão qualificada pela restrição da liberdade da vítima, ocorrência de lesão
corporal ou morte → Cuidado: a extorsão com ocorrência de lesão corporal leve não é crime
hediondo. Agora, se a lesão for grave ou gravíssima, se aplica a hediondez.
Inciso V – O crime de estupro passa a ser crime hediondo com a lei 12.015/09, em que se teve a
revogação do art. 214 do CP com o abarcamento da conduta no âmbito do art. 213. Cuidado que
essa revogação ocorrida no art. 214 não acarretou abolitio criminis. A doutrina chama isso de
abolitio criminis formal e não abolitio criminis material, pois a conduta não deixou de ser crime.
Inciso VII – Epidemia com resultado morte (art. 267, §1º, CP).
Inciso IX – Furto qualificado pelo emprego de explosivo ou de artefato análogo que cause perigo
comum.
Cuidado: O roubo qualificado pelo emprego de explosivo não é crime
hediondo, mas o furto qualificado com o emprego de explosivo é hediondo.
→ O furto de explosivo não é hediondo; a hediondez é do furto qualificado
pelo emprego do explosivo.
Parágrafo único: Traz os crimes que não estão no Código Penal e que são hediondos,
sejam eles tentados ou consumados.
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95 Leandro Gesteira
Crimes associativos: associação criminosa artigo 288 do CP, associação para o tráfico do artigo 35
da Lei de Drogas (11.343/06) e a organização criminosa 12.846/13.
Art. 2º - Trata dos crimes hediondos equiparados, que são tortura, tráfico e terrorismo.
Comutação de penas é uma espécie de indulto, em que quem já cumpriu metade da pena
terá direito ao indulto. E, a Lei de Crimes de Hediondos, ao vetar o indulto, consequentemente
também está vedando a comutação de penas.
§1º A pena será cumprida, inicialmente, em regime fechado. – O STF diz que esse parágrafo é
inconstitucional, uma vez que fere o princípio da individualização da pena na segunda vertente.
Três vertentes da individualização da pena:
a) Legislador – quando vai aplicar uma pena, deve respeitar a individualização da
pena;
b) Juiz – na hora de aplicar a pena, ele tem que individualizar. Não pode pegar duas
pessoas, distintas, e aplicar a mesma pena.
c) Processo de execução – a execução da pena deve se dar de forma individualizada.
§3º A liberdade deve ser decidida de forma fundamentada.
§4º Prisão temporária – Prazo de 30 dias, prorrogáveis por mais 30 em caso de extrema
necessidade.
Cuidado: Na Lei 7.960/89, o prazo será de cinco dias,
prorrogáveis por mais cinco.
Art. 2º - As condutas são “promover, constituir, financiar ou integrar”. – Esse artigo, como se
pode observar, é que tipifica a conduta de organização criminosa.
É um crime permanente, além de ser inafiançável, uma vez que estão presentes as hipóteses de
cabimento da preventiva.
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99 Leandro Gesteira
Art. 5º do CP: Princípio da Territorialidade (regra). → Aplica-se a lei penal brasileira nos crimes
cometidos em território nacional.
o Essa territorialidade não é absoluta, uma vez que depende de regras, tratados e
convenções de Direito Internacional, sendo denominada, neste caso, de territorialidade
temperada ou mitigada.
Art. 7ª do CP: A exceção é a extraterritorialidade. Em alguns casos será aplicada a lei brasileira,
ainda que o crime tenha sido cometido fora do território nacional.
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100 Leandro Gesteira
Art. 8º, da Lei de Crimes Hediondos: a pena de associação criminosa terá uma pena diferente
se a associação foi para praticar crime hediondo.
Da ação controlada:
▪ É também conhecida como ação retardada, postergada ou interdição policial, que tem como
finalidade aprofundar as investigações para descobrir, por exemplo, demais integrantes da
organização criminosa.
▪ A ação controlada significa dizer que, em determinadas situações, a autoridade policial poderá
retardar a prisão em flagrante dos investigados, mas desde que os mantenha sob estrita e
ininterrupta vigilância. E essa ação controlada deve ser concretizada no momento certo, de
maneira eficaz, para a formação de provas e fornecimento de informações.
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101 Leandro Gesteira
A Constituição Federal traz em seu art. 5º, incisos III e XLIII, como princípio, o repúdio à tortura
e às penas degradantes, desumanas e cruéis.
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102 Leandro Gesteira
ATENÇÃO!!!
Art. 1º - Tortura é o ato de constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-
lhe sofrimento físico ou mental, com o fim de obter informação, declaração ou confissão da vítima ou
de terceira pessoa, para provocar ação ou omissão de natureza criminosa, em razão de discriminação
de qualquer natureza.
- Observe que a tortura não se resume apenas a imposição de dor física, mas também
mental e emocional. E essa agonia mental imposta a vítima é chamada de tortura limpa,
pois não deixa marcas perceptíveis.
É um crime material, uma vez que a sua consumação se dá com o próprio resultado, que é o
sofrimento da vítima. Logo, podemos afirmar que, não cabe tentativa e desistência voluntária,
muito menos se admite arrependimento eficaz ou arrependimento posterior.
É um crime de ação penal pública incondicionada.
O princípio da proporcionalidade veda a proteção deficiente e veda a proteção em excesso. Se
é para ser proporcional, deve ser na justa medida. E nesses dois casos, poderá ser declarada a
inconstitucionalidade.
- Proibição da proteção em excesso: se refere a atividade legislativa que, ao legislar, acaba
por ir além do necessário, em excesso, afetando direitos fundamentais. Veja que o Estado
não pode ir além do necessário e adequado. Além disso, pode-se aplicar a pena de um
crime menos grave. → A inconstitucionalidade, nesse caso, poderá ser corrigida.
- Proibição da proteção deficiente: ocorre quando o estado não legisla acerca de um
determinado direito fundamental desprotegendo-o. → A inconstitucionalidade, nesse
caso, não poderá ser corrigida.
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103 Leandro Gesteira
Art. 1º, §1º - A Constituição Federal, em seu art. 5º, inciso XLIX,
assegura que “aos presos o respeito à integridade física e moral”. Logo, basta que a pessoa presa ou
sujeita a medida de segurança seja submetida a sofrimento para configuração do crime de tortura, não
se exigindo um dolo específico do agente.
Art. 1º, §2º - Omissão perante a tortura. Por este parágrafo, apenas responde aquele que tinha o
dever de agir para evitar o ato de tortura e não faz. → Esse dispositivo é criticado pela doutrina,
pois ele apenas criminaliza a conduta de omissão de quem tinha o dever de agir para evitar a tortura,
não incluindo aquele que, apesar de não ter o dever, tinha a possibilidade de agir e impedir o ato de
tortura e não o faz.
Art. 1º, §3º - Aqui temos o crime preterdoloso; o dolo não é causar a lesão grave, mas praticar a tortura.
→ Hipóteses de tortura qualificada.
A lesão corporal leve não é qualificadora no crime de tortura, apenas lesão corporal grave ou
gravíssima, ou morte.
Art. 1º, §5º - No caso de o agente do crime de tortura ser um funcionário público, este perderá o cargo,
função ou emprego e ficará impedido para o seu exercício pelo período equivalente ao dobro da pena
aplicada.
Art. 1º, §7º - O condenado por crime de tortura iniciará o cumprimento da pena em regime fechado.
Art. 12. - Possuir ou manter sob sua guarda arma de fogo, acessório ou munição, de uso permitido, em
desacordo com determinação legal ou regulamentar, no interior de sua residência ou dependência desta,
ou, ainda no seu local de trabalho, desde que seja o titular ou o responsável legal do estabelecimento ou
empresa (...).
A posse consiste em manter no interior de residência (ou dependência desta) ou no local
de trabalho a arma de fogo.
- Pena de detenção.
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104 Leandro Gesteira
Art. 15. - Disparar arma de fogo ou acionar munição em lugar habitado ou em suas adjacências,
em via pública ou em direção a ela, desde que essa conduta não tenha como finalidade a prática de outro
crime (...).
Observação: Os parágrafos únicos dos artigos 14 e 15 da Lei 10.826/2003 foram
declarados inconstitucionais, sob o fundamento de que tais delitos não poderiam ser
equiparados a terrorismo, prática de tortura, tráfico ilícito de entorpecentes ou crimes
hediondos (CF, art. 5º, XLIII).
- Trata-se, na verdade, de crimes de mera conduta que, embora impliquem
redução no nível de segurança coletiva, não podem ser igualados aos crimes que
acarretam lesão ou ameaça de lesão à vida ou à propriedade.
Os Tribunais Superiores têm entendido que o crime de porte de arma de fogo se consuma
independentemente de a arma estar municiada, mas o STJ ressalva o seu entendimento no que diz
respeito ao laudo pericial reconhecer a total ineficácia da arma de fogo e das munições, caso em que
deve ser reconhecida a atipicidade da conduta.
Art. 16. - Possuir, deter, portar, adquirir, fornecer, receber, ter em depósito, transportar, ceder, ainda que
gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, manter sob sua guarda ou ocultar arma de fogo, acessório
ou munição de uso restrito, sem autorização e em desacordo com determinação legal ou regulamentar
(...).
Será também hediondo o crime de posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito,
tentado ou consumado.
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