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EM DUTOS
Porto Alegre
13-14 de Abril de 2012
ESCOAMENTO DE LÍQUIDOS E GASES
EM DUTOS
Porto Alegre
1
PUC-Rio e Olympus Software Científico e Engenharia, olympus@terenet.com.br,
Cel: (21) 9871-2626.
CONCEITOS FUNDAMENTAIS
Dimensões e Unidades
Dimensão é a medida pela qual uma variável física é expressa quantitativamente.
Unidade é a forma particular de atribuir um número à dimensão. Portanto, comprimento
é uma dimensão associada com variáveis tais como diâmetro, comprimento e espessura,
enquanto metro e milímetro são unidades numéricas para expressar comprimento.
Em mecânica dos fluidos, utilizam-se somente quatro dimensões primárias, das
quais todas as outras podem ser derivadas. Essas dimensões e suas unidades estão
indicadas na Tabela 1 para o Sistema Internacional (Sistème International d’Unités), SI,
e Britânico (British Gravitational Units), BG. Todas as outras variáveis podem ser
expressas em termos de {M}, {L}, {T} e { 2}. Por exemplo, a dimensão de força é obtida
a partir da segunda lei de Newton,
(1)
(2)
(3)
Viscosidade
Em muitos problemas de escoamento a razão entre a viscosidade absoluta e a massa
específica : /D é encontrada, sendo definida como viscosidade cinemática <,
(4)
A viscosidade de fluidos Newtonianos é uma propriedade termodinâmica, variando
com a pressão e temperatura. A Tabela 2 relaciona a viscosidade e a densidade de alguns
fluidos, podendo sua dimensão ser obtida da equação de Newton (3). A Fig. 2 mostra a
viscosidade de alguns fluidos com a temperatura. No Sistema Internacional tem-se,
(5)
(6)
Por outro lado, a aceleração é igualmente uma variável fundamental, uma vez que
está associada à força por meio da segunda lei de Newton. A aceleração é obtida da
derivada total da velocidade, Eq. (6),
(7)
(8)
(9)
O primeiro termo no lado direito é denominado aceleração local, que é nulo num
regime permanente. Os três últimos são chamados de aceleração convectiva, que aparece
quando a partícula desloca-se por uma região com velocidade variável, como num bocal
convergente.
Pode-se escrever a Eq. (9) numa forma compacta utilizando algumas propriedades
da análise vetorial. A aceleração convectiva pode ser escrita como o produto escalar da
velocidade V com o operador gradiente,
(10)
ou,
(11)
Observe que esta equação contém a expressão geral do operador para a derivada
temporal total,
(12)
Este operador pode ser aplicado a qualquer propriedade do fluido, seja um escalar
ou um vetor. Por exemplo, para a pressão tem-se,
(13)
(14)
(15)
Figura 2b: Variação de temperatura por um balão em ascensão
Figura 3: Velocidade através de uma superfície arbitrária.
Energia do Sistema
A energia de um sistema é composta de todas as formas comumente entendidas de
energia, tais como cinética, potencial e elétrica. Na maioria dos problemas de mecânica
dos fluidos, admite-se que energias devidas aos efeitos elétricos, magnéticos e de tensão
superficial, por exemplo, são desprezíveis. Desta forma, a energia total por unidade de
massa atuando num sistema fluido é usualmente composta de três partes: energia interna
(molecular), energia cinética e energia potencial, assim representada,
(16)
Gases
Para temperaturas moderadas e baixas pressões, muitos gases obedecem a lei dos
gases perfeitos,
(17)
(18)
onde R * = 8314,5 m 2 /(s 2- K) [8314,5 kJ/kmol-K] no sistema SI. Para o ar, por exemplo,
M ar= 28,97 kg/kmol, então R ar= 287 m 2 /(s2 -K). Assim, de (17), a massa específica do ar
nas condições padrão (p= p atm e T= 20º C) é
(19)
(20)
(21)
Gases a pressões moderadas para alta não se comportam como ideais e são
denominados gases reais. Nesses casos, a equação de estado é escrita incluindo-se o
fator de compressibilidade Z, que representa o desvio da idealidade do gás. Logo,
(23)
Z varia com a pressão e temperatura e pode ser medido e tabulado para cada gás, ou
deduzido teoricamente.
Líquidos
Líquidos são praticamente incompressíveis e apresentam um único, aproximadamente
constante, calor específico. Portanto, uma relação de estado idealizada para líquidos é
(24)
Nas condições padrão (p= p atm e T= 20º C), os valores para água: D= 998,2 kg/m 3
e c p = 4180 J/kg-K. A massa específica de líquidos decresce ligeiramente com a
temperatura, crescendo moderadamente com a pressão.
Densidade Relativa
Outra variável freqüentemente utilizada em engenharia é a densidade relativa, (, que é a
razão da massa específica do líquido para a massa específica da água (no caso de líquidos)
nas condições padrão. Gases utilizam o ar como referência para cálculo da densidade
relativa. Na indústria de petróleo, é comum expressar a densidade relativa do óleo, (o, em
termos do grau API (American Petroleum Institute) pela fórmula,
(25)
Por exemplo, um óleo API 32 possui uma densidade (o =141,5/(131,5+32)= 0,865
(portanto, massa específica Do= 0,865×998,2 = 863,4 kg/m 3 .
(26)
(27)
onde g é o valor da gravidade local. Desta form a obtém-se as seguintes equações para a
pressão,
(28)
(29)
Figura 4: Coordenada para distribuição de pressão num fluido.
Exemplo 1 A lâmina d’água num ponto da Bacia de Campos é de 1850m. Admitindo massa
específica média de 1032 kg/m3 para a água na região, estimar a pressão no fundo do mar em
Pascal e psi.
Solução: Para g= 9,7876 m/s2 (cf. Observatório Nacional, http://www.on.br), da Eq. (29),
Conservação de Massa
Para um volume fixo,
(30)
(31)
Esta equação garante que, em regime permanente, o fluxo de massa entrando (in)
no volume de controle é igual ao fluxo de massa saindo (out). Finalmente, se o fluido for
incompressível (D= constante), os fluxos volumétricos (vazões) de entrada e saída têm que
ser iguais,
(32)
(33)
(34)
É importante enfatizar que a expressão (34) refere-se à uma relação vetorial. A Eq.
(33) estabelece que o somatório das forças atuando sobre um volume de controle fixo é
igual à taxa de variação da quantidade de movimento dentro do volume de controle, mais
a soma vetorial dos fluxos de quantidade de movimento saindo, menos a soma vetorial dos
fluxos de quantidade de movimento entrando.
Conservação de Energia
Aplicada a um volume de controle fixo, a primeira lei da termodinâmica, ou lei de
conservação de energia, assume a forma,
(35)
(36)
(37)
(38)
(39)
(40)
onde a representa a energia total transferida por unidade de tempo (potência). Para o
sistema SI, a unidade de é J/s= watt e de w s é m 2 /s 2 = J/kg= watt-s/kg.
A Equação de Bernoulli
Uma equação muito útil na solução de problemas de escoamento pode ser obtida
para fluido não-viscoso, sem perdas e sem trabalho atuando sobre ou pelo sistema.
Neste caso, para regime permanente, a integral da equação de quantidade de movimento
ao longo de uma linha de corrente produz a consagrada equação de Bernoulli,
(41)
A equação estipula que a soma das energias por unidade de massa devido à pressão,
à energia cinética e ao potencial gravitacional, mantém-se constante ao longo da linha de
corrente. Portanto, para dois pontos quaisquer ao longo da linha de corrente de um fluido
incompressível,
(42)
(43)
As velocidades são encontradas a partir da vazão e respectivas áreas: Q= 1,5 m3/min= 0,025 m3/s,
então, V1= 5,66 m/s e V2= 35,5 m/s. Uma vez que p2 = patm= 0 (manométrica) então,
Do balanço de quantidade de movimento sobre o volume de controle mostrado na figura, Eq. (34),
vem,
Observe que a resultante das forças atuando sobre o fluido (o sistema), como resultado da
distribuição de pressão no interior do bocal, representado por Fx , tem sinal negativo. Portanto, a
força atuando sobre o bocal, FB, é positiva; i.e., tende a afastá-lo da mangueira.
ESCOAMENTO VISCOSO EM DUTOS
(44)
(45)
Regimes de Escoamento
O escoamento viscoso pode ser classificado como laminar ou turbulento. No
regime laminar o fluido escoa sem se misturar de forma significativa com as partículas
vizinhas. Já no escoamento turbulento, o movimento do fluido varia de forma acentuada,
fazendo com que variáveis como a velocidade e a pressão apresentem alterações aleatórias
no espaço e no tempo. Experimentos mostram que a definição do regime de escoamento
depende do número de Reynolds. Se este for relativamente pequeno o regime é laminar;
se for grande, o regime é turbulento. Os dois estados são caracterizados de forma mais
apropriada definindo um número de Reynolds crítico , Re c , de forma que o escoamento é
laminar se Re < Re c , e turbulento se Re > Re c. Para escoamento em dutos, Rec . 2300.
(46)
(47)
Levando a expressão acima para dp/dx em (44), o coeficiente de Darcy é definido
como,
(48)
Escoamento Turbulento
No escoamento turbulento, o fator de atrito é obtido de relações para o perfil de
velocidade cobrindo subregiões específicas da seção transversal do duto. Dados
experimentais, relacionando o fator de atrito com o número de Reynolds, são obtidos para
uma ampla faixa da rugosidade relativa, conforme mostrado na Fig. 8. O gráfico,
denominado diagrama de Moody, mostra claramente que abaixo do número de Reynolds
crítico (.2300), o escoamento é laminar. O diagrama mostra ainda que, para escoamento
em duto liso (,/D .0), o fator de atrito depende exclusivamente do número de Reynolds,
enquanto, para duto rugoso, f depende predominantemente da rugosidade relativa. Numa
zona de transição, entre duto liso e totalmente rugoso, o fator de atrito depende tanto do
número de Reynolds quanto da rugosidade relativa. Deve ser observado do diagrama que,
para números de Reynolds muito elevados, o fator de atrito torna-se praticamente constante
(as curvas são praticamente horizontais), pouco dependente de Reynolds. Quando isto
ocorre, o escoamento é dito totalmente rugoso, ou totalmente turbulento.
Dutos Lisos
Para dutos lisos, e 4×10 3 < Re < 10 7 , a equação clássica é de Prandtl,
(49)
Uma expressão mais recente, considerada mais precisa do que a de Prandtl, é de
Zagarola e Smits, válida para a faixa, 10 5 < Re < 3,5×10 7 ,
(50)
(51)
(52)
Dutos Rugosos
Para escoamento totalmente rugoso a expressão consagrada é de von Kámán e Nikuradse,
(53)
(54)
Esta é a fórmula usualmente utilizada para cálculo do coeficiente de atrito viscoso
em escoamento turbulento. Moody utilizou-a para construir o diagrama mostrado na Fig.
8. Embora aplicável para todo o campo de rugosidade relativa e de número de Reynolds,
a equação é particularmente precisa para a região de transição; ou seja, para Re < Re ,, onde
Re , é o número de Reynolds de transição, Eq. (55). Para valores de Reynolds superiores
a Re , o escoamento é totalmente rugoso; o fator de atrito independe do número de
Reynolds.
(55)
Perdas Localizadas
Perdas localizadas são devido à resistência hidrodinâmica, em geral associadas à
forma e à dimensão do duto. A passagem do fluido por uma variação de geometria causa
variação na velocidade e a formação de vórtices que, por sua vez, provocam perdas de
energia. Na maioria dos casos, perdas localizadas ocorrem na entrada e saída de duto, nas
expansões e contrações, nas curvas, joelhos, tês e juntas e nas válvulas.
Para escoamento turbulento a experiência mostra que as perdas são
aproximadamente proporcionais ao quadrado da velocidade. Denominando a perda de
carga por )p d , pode-se escrever,
(57)
(58)
(59)
Para uma contração súbita, o coeficiente pode ser estimado pelas expressões empíricas,
(60)
onde, para as duas situações, A 1 e A 2 são as áreas a montante e jusante, conforme indicado
na Fig. 9.
Figura 9: Expansão (a) e contração (b) súbitas no escoamento num duto.
Curvas
Uma curva brusca, ou joelho, produz, em geral, perdas de carga importantes, uma
vez que no seu interior ocorrem descolamentos e vórtices. Por outro lado, uma curva
gradual, arredondada, como mostrado na Fig. 10, reduz consideravelmente a importância
de zonas de turbulência e, assim, a perda de carga. A redução na perda será tanto maior
quanto maior for o raio de curvatura relativo R/D e menor a rugosidade relativa ,/D. Para
um raio bastante elevado o turbilhamento desaparece completamente. A perda é sempre
superior àquela devida exclusivamente ao atrito viscoso, uma vez que incorpora efeitos
associados à eventual separação na parede e à rotação de escoamentos secundários. O
coeficiente de perda K d, mostrado nas Fig. 10, refere-se a essa perda adicional. A perda por
atrito devido ao comprimento axial da curva deve ser computado separadamente; i.e., o
comprimento da curva deve ser adicionado ao comprimento do duto para efeito de cálculo
da perda de energia total.
Figura 10: Coeficiente de perda de carga para curva de 90º.
Entradas e Saídas
A Fig 11 mostra coeficientes de perdas para três geometrias de entrada de dutos,
onde pode ser destacado que bordas agudas na entrada causam zonas de separação e perdas
consideráveis. Um pequeno arredondamento pode reduzir significativamente as perdas,
enquanto uma entrada bem arredondada produz perda praticamente desprezível. Na saída,
por outro lado, o escoamento simplesmente sai do duto e entra no reservatório de grandes
dimensões, perdendo toda sua pressão devido à energia cinética. Portanto, K d = 1,0 para
todas as saídas, não importando quão arredondadas sejam essas.
(61)
(62)
b) Cálculo da Vazão
Neste caso, tanto V quanto f são desconhecidos. Uma vez que ,/D é conhecido, um
valor aproximado de f pode ser obtido a partir da equação de Nikuradse, por exemplo,
admitindo que o escoamento seja totalmente turbulento. Com f a equação de Darcy-
Weisbach produz um valor aproximado para V, para o qual o número de Reynolds é
calculado. Com este valor de Reynolds, um valor mais preciso pode ser obtido para f e, em
seguida, para V, ou para a vazão.
O procedimento iterativo pode ser interrompido quando f repetir pelo menos três
algarismos significativos. A partir das equações de energia (38) e de Darcy-Weisbach (39),
(63)
c) Cálculo do Diâmetro
Com D desconhecido, três variáveis são também desconhecidas na equação de
Darcy-Weisbach (f,V,D), duas na equação de continuidade (V,D) e três na equação para
o número de Reynolds (V,D,Re). Também é desconhecida a rugosidade relativa. Da Eq.
(39), e da expressão para o número de Reynolds tem-se, respectivamente,
(64)
(65)
(66)
(67)
(68)
A fórmula se aplica para um número qualquer de dutos em paralelo, bastando, para tanto,
que o somatório na segunda equação acima seja igual ao número desses.
Placa de Orifício
Considere o escoamento por uma placa de orifício com diâmetro D o instalada num
duto de diâmetro D, Fig. 14. A vazão volumétrica está relacionada com os outros
parâmetros pela equação,
(69)
Venturi
Um medidor de vazão Venturi é mostrado na Fig. 16. Consiste de uma entrada
cônica suave formando um ângulo aproximado de 20º, uma seção cilíndrica curta e um
difusor cônico com ângulo entre 5º e 7º para evitar separação do fluido na entrada do
cone e minimizar perdas locais. Em algumas situações especiais pode-se chegar a ângulos
de até 15º, embora possa ocorrer separação, provocando perdas adicionais não desejáveis
para este tipo de equipamento. Para uma operação satisfatória, o medidor deve ser
instalado numa seção retilínea e uniforme, livre de conexões, desalinhamentos e outras
fontes de turbulência, e tendo pelo menos 50 diâmetros de seção reta a montante. Aletas
para alinhamento e redução de rotação do fluxo podem ser instaladas a montante.
Figura 16: Venturi instalado em um duto
(70)
onde $=D o /D, A o a área da seção da garganta e C d o coeficiente de descarga (0,90 < C d <
0,99). Venturis modernos são esperados operar numa faixa de número de Reynolds
relativamente estreita, 10 5 < Re < 5×10 6 .
Exemplo 5 Um duto transporta óleo cru, D= 866 kg/m3, entre duas localidades distantes 120 km.
A linha original está representada na figura abaixo pelos segmentos A e B. A operadora decide
aumentar a vazão em 25%, acrescentando um trecho paralelo, C , na parte final. Mantendo-se as
pressões de entrada e saída, pontos 1 e 3, pede-se estimar o comprimento do segmento C. Dados:
i- diâmetros internos, DA = DB = 10" (247 mm); DC= 14" (325 mm); ii- p1= 116 bar; p3= 4,6 bar;
iii- coeficiente de atrito médio nos dutos, f= 0,027; iv- perdas localizadas nos pontos 2 e 3, e
respectivas curvas, Kd= 0,9 (somente para a linha C).
Solução: Para o sistema original, Eq. (62),
(1)
Das Eqs. (62) e (66), as resistências dos segmentos A, B e C são definidas pelas expressões,
(2)
(3)
A resistência total KT, é calculada pela soma das resistências KA com a equivalente do
grupo paralelo KB e KC. O fator " representa a fração de aumento esperado na vazão: "= 0,25 no
caso presente. Portanto, igualando as quedas de pressão nas Eqs. (1) e (3),
(4)
com Ko* e KT definidos em (1) e (3). Note que a expressão para KT em (3) contém a incógnita-x,
conforme se pode observar das equações para KA, KB e KC em (2).
Para os dados especificados, a solução da Eq. (4) é x= 48,66 km. A vazão na linha original
é então obtida diretamente de (1); i.e., Q= 5.796 m3/d, enquanto com a derivação Qnov= 7.245 m3/d.
Considere agora a expressão geral para o comprimento-x no caso em que os diâmetros e
os coeficientes de atrito sejam todos iguais, e as perdas locais ignoradas. Resolvendo a Eq. (4)
encontra-se a relação,
(5)
Para os dados do problema (hipótese de diâmetros iguais, etc.) e "= 0,25, encontra-se x/L=
0,48. Portanto, x= 0,48×120 = 57,6 km. Como esperado, pouco mais extenso do que com uma
derivação de 14" (original era de 10").
Finalmente, para dobrar a vazão ("= 1 $= 4), encontra-se x= L. Evidentemente, uma
segunda linha, idêntica à primeira!
ESCOAMENTO DE GASES
(71)
! Processo termodinâmico
! Velocidade do som e número de Mach
! Escoamento em Venturis, bocais e orifícios
! Condição cítica em bocais e dutos (Choking)
Processo Termodinâmico
O conceito de processo é utilizado para designar a mudança de um estado
termodinâmico de uma situação inicial para outra final. O conhecimento de um
processo envolve não somente os estados limites como a interação do sistema com o seu
ambiente, como, por exemplo, a transferência de energia, de calor e de massa. Problemas
envolvendo escoamento de dutos tratam com freqüência de alguns processos particulares,
como: isotérmico, adiabático, isentrópico, reversível e irreversível.
O processo isotérmico é aquele em que a temperatura do sistema se mantém
uniforme e constante com o tempo. O adiabático designa aquele em que não ocorre troca
de calor entre o sistema e o exterior, enquanto o isentrópico refere-se ao processo
adiabático reversível, ou seja, com entropia constante. O processo isentrópico é
freqüentemente utilizado como um modelo, ou limite, para processos adiabáticos reais. Se
a entropia é constante em cada passo do processo, pode-se obter relações isentrópicas a
partir da equação de variação de entropia para uma substância pura, ou seja,
(72)
(73)
Velocidade do Som – Número de Mach
A velocidade do som é um parâmetro importante na teoria do escoamento
compressível. Ela é a velocidade para a qual um pequeno distúrbio na pressão viaja por
uma substância.
A velocidade do som é uma medida do efeito da compressibilidade do fluido
quando comparado com a velocidade do escoamento. A partir das equações de conservação
pode-se relacionar a velocidade de propagação, c, com as mudanças nas propriedades da
substância e obter,
(74)
(75)
que mostra que, em geral, gases com baixa densidade têm velocidades de som maiores e
vice-versa. Por exemplo: ar, na temperatura normal, c . 20 T 1/2 . Ou seja, a 20ºC (T= 293,2
ºK), c ar . 342 m/s; enquanto hidrogênio ((= 1,4 e M g = 2), c H2 . 1300 m/s.
Número de Mach
Outro parâmetro importante que aparece nas equações de movimento de fluidos,
quando a compressibilidade é um fator relevante, é o número de Mach, definido como a
razão da velocidade do fluido para a velocidade do som,
(76)
Medidores de Vazão
Venturis, bocais e placas de orifício são utilizados para medir a vazão de massa de
escoamento compressível em dutos.
Como no caso de escoamento de líquido, a vazão de massa pode ser determinada a
partir da leitura da diferença de pressões nas seções de entrada e de área mínima, pela
aplicação das equações de conservação de massa e de energia. Venturis e bocais
praticamente não apresentam vena contracta, o que permite aplicar a equação de energia
entre a entrada e a seção convergente com resultados razoavelmente precisos, quando
comparados com dados experimentais. Placas de orifício, ao contrário, não mostram
comportamento tão bons e requerem relações empíricas, conforme mostrado a seguir.
Venturis e Bocais
Para escoamento subsônico (Ma < 1) e adiabático, aplicando a equação de energia
(36) entre os pontos 1 e 2 na Fig. 16, utilizando a equação de continuidade D1 A 1 V 1 = D2 A 2 V 2
e a relação isentrópica (73), a vazão de massa em Venturis e bocais pode ser escrita na
forma,
(77)
(78)
(79)
Exemplo 6 Gás natural com densidade 0,68 e expoente isentrópico 1,42 escoa por um duto de 75
mm de diâmetro. A este, está conectado um Venturi com diâmetro de entrada de 75 mm e garganta
de 30 mm. A temperatura de entrada é de 18ºC e as pressões (manométricas) na entrada e na
garganta são de 0,760 bar e 0,330 bar, respectivamente. A pressão barométrica local é de 1,020 bar
e o coeficiente de descarga igual a 0,98. Calcular a vazão de massa admitindo: (i) escoamento
compressível isentrópico; (ii) escoamento incompressível.
Solução: A relação das pressões entre os pontos 2 e 1, e a massa específica em 1, Fig. 16, são,
Com $= D2/D1= 30/75= 0,40, e a razão de pressões indicada acima, obtém-se de (78) o fator de
expansão, Y= 0,863. A vazão de massa para a hipótese de escoamento compressível é obtida
diretamente de (77), enquanto para a hipótese incompressível basta fazer Y= 1,0. Ou seja,
Condição Crítica em Bocais (Choking)
A equação para a vazão (77) é válida somente quando as condições de fluxo
subsônico prevalecem em toda extensão do bocal. Para condição de estagnação 2 conhecida,
o fluxo de massa pelo bocal atinge um valor máximo quando a garganta está sob condição
crítica, ou sônica 3 . O bocal é dito estar afogado (choked) e não permite a passagem de
maior fluxo de massa, a menos que a área da garganta seja aumentada. Se a garganta for
reduzida, o fluxo de massa reduz-se também. Assim, a condição crítica ocorre no momento
em que a razão da pressão na garganta para a pressão de estagnação é tal que a velocidade
na garganta é sônica. Esta situação acontece quando a seguinte relação for satisfeita ,
(80)
(81)
Logo, conhecidas as condições de estagnação (p o,T o), este é valor do fluxo máximo
admitido pelo bocal (Venturi); a equação representa a condição limite para a Eq. (77).
2
Estado de estagnação refere-se à condição do fluido quando este encontra-se ou é levado à
velocidade nula por um processo isentrópico ou adiabático. Assim, definimos a pressão de
estagnação, po , (proc. isentrópico), a temperatura de estagnação To , (proc. adiabático) e a densidade
de estagnação, Do , (proc. isentrópico). No escoamento isentrópico, todas as propriedades de
estagnação são constantes. No escoamento adiabático não-isentrópico, To é constante, mas po e Do
decrescem ao longo do escoamento devido aos efeitos do atrito viscoso.
3
Estado crítico refere-se à condição do fluido no ponto em que a velocidade é sônica
(Ma=1). As propriedades críticas (ou sônicas) são denominadas por asteriscos: p*, T* e D*. Nos
escoamentos isentrópicos, as propriedades críticas permanecem constantes.
Escoamento Isotérmico em Duto
Analisemos a situação do escoamento de gás em duto sob a condição isotérmica (i.e.
temperatura uniforme) ao longo de toda extensão. Naturalmente, gasodutos ocorrem em
toda forma de ambiente, trocando calor com o exterior e não mantêm a temperatura
necessariamente uniforme. Apesar disso, a análise teórica básica admite a condição
isotérmica, pelo menos ao longo de alguns segmentos discretos. Uma solução numérica do
problema mais geral permite considerar condições mais completas, como atrito viscoso,
troca de calor e temperatura não-uniforme, requerendo, contudo, a utilização de softwares
especializados
Embora o número de Mach para a condição isotérmicaa normalmente bastante
baixo, ocorrem consideráveis quedas de pressão devido às grandes distâncias sobre as quais
o atrito atua e, assim, o escoamento não pode ser tratado como incompressível.
(82)
(83)
Embora R g T seja constante, Z= Z(p,T) não o é, uma vez que a pressão varia. Para
integrar a equação é utilizado um valor médio Z m (p m ,T m ) e retirado o fator da integral. Desta
forma, integrando (83) entre (0,p 1 ) e (L,p 2 ), obtém-se para a vazão volumétrica para
condições padrão (p std abs= p atm e T std = 20 ºC) [lembrando que G= DV= Dstd V std ],
(84)
onde foi introduzido a densidade relativa, (g, e os valores médios, indicados com o
subscrito-m, são assim definidos,
(85)
(86)
Velocidade de Erosão
Quando um fluido escoa em alta velocidade num duto, pode causar tanto vibração
quanto erosão. A erosão é provocada por cavitação (colapso de bolhas) ou projeção de
líquido ou partículas sólidas sobre a parede do duto. Se a velocidade exceder um valor
limite, denominado velocidade de erosão, V ers, a integridade estrutural do duto pode correr
risco após algum tempo. Isto é especialmente verdadeiro para escoamento de gás a altas
velocidades, excedendo 20 m/s. Erosão não é um problema particular de poços produzindo
óleo, ela ocorre também no escoamento de gás. Por esse motivo, recomenda-se controlar
a velocidade do gás em dutos, limitando-a de tal forma que V max . $V ers, onde $.0,40 -
0,50.
Por outro lado, não é possível determinar com precisão a velocidade com que se
inicia o processo de erosão; se partículas sólidas estão presentes, como areia, a erosão pode
ocorrer a velocidades relativamente baixas. Uma recomendação aceita em geral pela
indústria de petróleo é a proposta de 1981 do American Petroleum Institute: a velocidade
de erosão é correlacionada com a massa específica do gás através da seguinte expressão,
(87)
(88)
Gradientes de pressão superiores a 25 kPa/km exigirão maior fator de carga para os
compressores, requerendo maior consumo de combustível. Gradientes de pressão inferiores
a 10 kPa/km indicam que foram instaladas estações de compressão em excesso.
Panhandle-B. Apropriado para vazões elevadas, grandes diâmetros e sistemas com altas
pressões. Como no caso da fórmula de Panhandle-A, o fator de transmissão só inclui o
termo devido ao número de Reynolds. O modelo é particularmente preciso para números
de Reynolds na faixa de 4 a 40 milhões.
AGA-A. Modelo cujos resultados dependem muito do número de Reynolds. É utilizado
para vazões médias, diâmetros médios e sistemas sob alta pressão em escoamento
parcialmente turbulento. O fator de transmissão é, em geral, mais baixo do que o da
equação de Panhandle-A para valores de Reynolds baixos (Re<5×10 5 ), tendendo a se
igualar ao número de Reynolds acima deste valor.
AGA-B. Modelo mais recomendado e mais utilizado para sistemas sob alta pressão e
altas vazões em dutos com diâmetros médio para grande e escoamento totalmente
turbulento. A equação prevê tanto a vazão quanto a queda de pressão com alto grau de
precisão, especialmente se a rugosidade efetiva utilizada tiver sido medida com precisão.
Teórico. Equação fundamental para o cálculo da vazão a partir da qual os outros modelos
se baseiam. Utilizando-se o fator de transmissão adequado, tende a satisfazer a maioria das
situações práticas.
O cálculo da vazão para esses modelos tem origem na Eq. (84). Desta forma,
reescreve-se a equação fundamental, introduzindo seis coeficientes (0,C 1 , C 2 , a, b, c).
Assim a equação para a vazão torna-se,
(89)
Todas as variáveis são avaliadas no sistema SI de unidades, enquanto as pressões e
temperaturas referem-se aos valores absolutos, (p=p man +p atm e T= ºC+273,2). Portanto, as
unidades utilizadas são: vazão Q(m 3 /s), pressão p(Pa), temperatura T(K), comprimento
L(m), elevação z(m), constante do ar R ar (m 2 /s 2 -K), densidade relativa do gás (g (-). A
vazão Q std , refere-se às condições padrão (no Brasil, p=p atm e T=20ºC), enquanto p 1 e p 2
são as pressões a montante e a jusante, respectivamente.
Destaque-se que a vazão para uma instalação real tende a ser inferior àquela sugerida
por (89) devido às perdas adicionais provocadas por componentes, como válvulas, curvas
e flanges, assim como outros efeitos, como corrosão e a presença de sólidos (poeiras e
partículas de corrosão). Para considerar essas perdas extras, é introduzido o fator de
eficiência 0 que, em geral, assume um valor no intervalo 0,8< 0 <1,0, podendo chegar a
0,7< 0 <1,0 em instalações mais antigas.
(90)
(91)
Para b= 0,5, L= L 1 +L 2 , $= (1+ ") 2 e Q f= (1+ ")Q o ("= fração do aumento na vazão) esta
expressão reduz-se a,
(93)
Portanto, para dobrar a vazão ("= 1 $= 4), e L 3 = L; ou seja, uma segunda linha, idêntica
à primeira.
(94)
Observe que esta equação representa potência; i.e., watts= J/s = (J/m 3 )×(m 3 /s).
Portanto, W g expressa a quantidade de energia transportada por unidade de tempo
(potência) pelo duto. Deve-se ter em conta que o poder calorífico reflete tão somente a
quantidade de energia liberada numa queima completa do gás. Até aqui não foi feita
nenhuma referência ao rendimento termodinâmico da planta, ou do sistema, que recebe o
gás e o transforma em energia útil. A energia disponível, W e ou efetiva da planta é obtida
pela expressão,
(95)
Exemplo 8 Um gasoduto transporta gás natural entre duas localidades distantes 14 km. O gás tem
densidade 0,72, expoente isentrópico 1,46 e viscosidade 1,03×10-5 Pa-s. Determinar a vazão e a
velocidade no final da linha se a pressão (man.) no ponto inicial é de 8,2 bar e no ponto de entrega
é de 5 bar. As elevações, temperaturas e o fator Z nesses dois pontos são, respectivamente: (10m,
23ºC, 0,97) e (920m, 18ºC, 1,0). O diâmetro do duto é de 150 mm, enquanto a rugosidade é de 20
:m e o fator de atrito para AGA-B igual a 0,97. Utilizando uma eficiência de duto de 100%,
compare os resultados obtidos pelos nove modelos de transporte.
Solução: A vazão é obtida pela aplicação direta da Eq. (89), enquanto a velocidade é calculada a
partir da equação de continuidade . Os resultados estão resumidos na tabela a seguir.
Observe que os modelos Weimouth e Fritsche são conservadores, enquanto os valores dos modelos
Teórico, IGT e AGA-A encontram-se relativamente próximos. Os números de Reynolds para os
respectivos modelos estão no intervalo 6,5 a 9,5×106, enquanto, no ponto de entrega, os números
de Mach têm um valor médio de 0,025 e a velocidade de erosão é de 52,7 m/s, Eq. (87). Os
resultados mostram que as velocidade do gás estão dentro dos valores recomendados; ou seja, entre
16% e 24% da velocidade de erosão.
Os resultados estão resumidos na tabela a seguir. Neste exemplo há uma concordância geral
para o diâmetro, em torno de 12 in. Os números de Reynolds para os respectivos modelos
encontram-se no intervalo de 6 a7,5×106, enquanto na extremidade final do duto os números de
Mach têm um valor médio de 0,020 e a velocidade de erosão é de 20,7 m/s. Pode-se concluir então
que as velocidades do gás para os diversos modelos estão dentro dos valores recomendados, entre
34% e 54% da velocidade de erosão. Outro ponto a ser destacado é que o gradiente de pressão
médio no duto é de 28,6 kPa/km, próximo do valor recomendável, Eq. (88).
Modelo D Vs Modelo D Vs
(in) (m/s) (in) (m/s)
Teórico 11,8 8,29 Mueller 10,22 11,03
Weimouth 12,29 7,64 Fritzsche 11,77 8,33
Panhandle-A 11,08 9,4 AGA-A 11,89 8,16
Panhandle-B 10,93 9,64 AGA-B 11,71 8,4
IGT 10,93 9,65
O PROBLEMA TÉRMICO
Condução
A relação básica de transferência de calor por condução diz que a quantidade de
calor transferida é proporcional à área e ao gradiente de temperatura na direção do fluxo.
O fluxo de calor é obtido pela lei de Fourier que, para condição unidimensional, tem a
forma,
(98)
(99)
(100)
(101)
No sistema SI, a unidade de U é W/m-K (/ W/m-C).
(102)
Para uma substância real (não ideal), a entalpia depende da temperatura e da pressão, ou
seja,
(103)
(104)
Definindo os parâmetros , e T * ,
(105)
(106)
(107)
(108)
A Eq. (107) mostra que à medida que o comprimento s cresce, o lado direito da equação
tende para zero; portanto, T f 6 (T ext-T * ). Isto significa que para dutos longos, a temperatura
do fluido tende para a temperatura externa subtraída de T * , Fig. 19. No caso particular de
linhas horizontais (2=0), e efeito Joule-Thomson desprezível, ou não considerado, T * =0,
e a temperatura do fluido tende para a temperatura externa, T ext.
Figura 19: Perfil de temperatura ao longo de um duto com efeito Joule-Thomson.
Duto Enterrado
O fluxo de calor por unidade de comprimento (q 6 W/m) de um duto com
isolamento térmico, enterrado no solo, rocha ou areia, esquematicamente representado na
Fig. 20, é dado pela expressão,
(109)
(110)
(111)
O termo S*k s em (109) (S* definido em (110)), pode ser expresso como,
(112)
(113)
Desta forma, a equação fundamental para o fluxo de calor no duto enterrado torna-se a
mesma daquela utilizada na Eq. (109). A solução para a distribuição de temperatura no duto
é dada pela Eq. (107), substituindo o coeficiente global de troca de calor U G , por U G * ,
definido em (111) e (112), assim como a temperatura externa, T ext, pela temperatura do
solo, T s. A resposta do sistema é análoga àquela mostrada na Fig. 19.
Figura 20: Duto enterrado num meio semi-infinito com temperatura de superfície
constante, h i é o coeficiente de película interno (convecção forçada), r1 e r2 os raios interno
e externo do duto, r3 o raio externo do isolante e k a e k b as condutividades térmicas do duto
e do isolante, respectivamente.
Exemplo 10 Um gasoduto de aço transporta 24 MMm 3 /d de gás natural entre duas
localidades distantes 735 km, conforme esquematizado abaixo. O duto está apoiado sobre
suportes que o mantém acima da superfície ao longo de toda extensão, sendo constituído
de três seções com diâmetros diferentes (especificados na figura), cada uma com
isolamento térmico de espessuras distintas também (65mm, 50mm e 35mm para os trechos
AB, BC e CD). Se a temperatura do gás no ponto de entrada é de 72º C, a temperatura e
a velocidade do ar é de 27ºC e 2,5 m/s, respectivamente, pede-se calcular a distribuição de
temperatura ao longo da linha, considerando os efeitos de Joule-Thomson. O gás tem
densidade 0,572, viscosidade 1,12×10 -5 Pa-s, condutividade térmica 0,034 W/m-K e calor
específico 2.230 J/kg-K. Propriedades do ar são: massa específica 1,204 kg/m 3 , viscosidade
1,85×10 -5 Pa-s, condutividade térmica 0,022 W/m-K e calor específico 1.005 J/kg-K. A
condutividade térmica do isolante é de 0,042 W/m-K.
Solução:
Uma vez que as propriedades são função da pressão e temperatura, sobretudo D(p,T) e
Z(p,T), os problemas hidrodinâmico e térmico são acoplados; ou seja, devem ser resolvidos
simultaneamente. Como primeira aproximação, pode-se estimar valores médios para a
temperatura, por exemplo, resolvendo o problema hidrodinâmico (pressão) primeiro e, em
seguida, o térmico (temperatura). Este é resolvido subdivindo a linha em três segmentos,
uma vez que é possível especificar informações geométricas, como diâmetros e espessura
de isolamento, nesses trechos. Para cada um calcula-se o coeficiente global de troca de
calor entre o gás e o exterior. De (105/107) nota-se ser necessário conhecer o valor da
vazão de massa, uma constante ao longo do gasoduto por se tratar de escoamento em
regime permanente; isto é, . Para calcular U G é necessário avaliar os
coeficientes de filme interno e externo (h i e he ), além dos raios e condutividades térmicas
dos componentes (aço e isolante), esses conhecidos. Os coeficientes h i e h e são obtidos a
partir de expressões para os respectivos números de Nusselt. Uma vez determinados esses
parâmetros, a temperatura num ponto-i da linha pode ser estimada a partir da Eq. (107), i.e.,
(114)
onde )s i = s i - si-1 e T i e T i-1 são as temperaturas nos pontos s i e s i-1 , respectivamente. T ext é
a temperatura externa, T * é definido em (108), U Gi o coeficiente global de troca de calor do
intervalo-i, a vazão de massa e c p o calor específico à pressão constante do gás. O
processo inicia no ponto de entrada, s o = 0, onde a temperatura é conhecida, prosseguindo
até o ponto de entrega.
A Tabela abaixo indica os valores médios calculados para os coeficientes de filme
e de Joule-Thomson para cada segmento.
Segmento
Parâmetro
AB BC CD
UG (W/m-K) 2,102 1,932 2,600
: (K/Pa) 3,6×10-6 4,3×10-6 8,6×10-6