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IEL – PROVA

I. LINGUAGEM

 A linguagem é um sistema complexo e lógico, pelo qual o indivíduo é capaz de perceber,


entender, se relacionar e agir sobre o mundo. Ela é construída a partir de um sistema de
códigos, e para que seja efetiva, é necessário que o indivíduo domine esses sistemas.
 A incapacidade de aprender e desenvolver a linguagem dificulta, ou até mesmo impossibilita
o indivíduo de se correlacionar com o mundo, e agir sobre ele.
 Segundo S. Martinho, quase todas as atividades humanas podem ser tidas como linguagem,
visto que em sua grande maioria, são formadas por um sistema de códigos que necessitam de
uma bagagem de conhecimento para serem compreendidos.
 Podemos compreender a linguagem como o espaço de vinculação com o outro, isso porque
ela é utilizada por alguém para se comunicar com outro alguém. O ser humano então só
acessa o mundo quando ele domina a linguagem. Por exemplo, quando tentamos aprender
uma língua que não é nossa língua nativa, ocorre uma dificuldade de assimilação até que
aprendamos realmente. Até que esse momento aconteça, o indivíduo não acessa totalmente
aquele mundo, o que o incapacita de agir e reagir sobre o mundo ao qual está inserido.
 Toda a linguagem é baseada num sistema de códigos, e codificar trata-se de um sistema de
regras que permitem compreensão, como o ato de trocar de roupas. Você se veste de uma
forma que irá transmitir determinada mensagem.
 Só existirá comunicação, se a mesma estiver dentro de um sistema de diferenças.
 O ato de comunicação é uma tentativa de transmitir uma linguagem ao outro, que para
entender, deverá apresentar domínio do código utilizado.
 “A linguagem é a morada do ser”, essa passagem sintetiza o que definimos como linguagem,
já que a mesma é o meio pelo qual o indivíduo irá entrar em contato com o mundo, e agir
sobre o mesmo.
 A linguagem é um instrumento lógico, no qual se baseia no contexto sociocultural ao qual
está inserido, bem como irá determinar a forma de se pensar. Ela é, portanto o espaço de
encontro da sociedade. Ela é a capacidade do homem de se comunicar.
 As palavras e símbolos são representações arbitrárias da realidade, isso porque não se tratam
de um duplo/espelho, e sim de um equivalente estabelecido (representações).
 Importante destacar que a totalidade do mundo não pode ser compreendida pela razão, ou
seja, a linguagem é insuficiente para entender o mundo ao qual estamos inseridos.
 As representações implicam uma simplificação do objeto escolhido, e por isso não podemos
falar que são espelhos da realidade, já que as mesmas não possuem todas as características
que o objeto possuí.
 A linguagem é o instrumento capaz de tornar presente algo que está ausente para alguém. Não
é preciso que se tenha uma cadeira do lado do indivíduo para que ele fale sobre a cadeira.
 Os significados são resultados de interações e choques das ações que o indivíduo promove,
ele não é inerente ao objeto.
II. SEMIÓTICA/SEMIOLOGIA – SAUSSURE & PIERCE
SEMIOLOGIA

 Semiologia: A semiologia é a ciência geral do estudo dos sistemas de signos da vida social,
tendo a linguística (focada por Saussure) como parte dela. (síntese: estudo dos signos)
 A linguista é uma parte da semiologia, a qual estuda a linguagem humana.
 Para Saussure, a linguagem é um fenômeno social, e em seus estudos, ele se preocupa mais
com a escrita do que a fala em si. O que mais tarde viria a gerar críticas sobre seu trabalho.
 Em seus estudos, Saussure foca na construção da frase, e na forma como a linguagem é
construída. Ele defende que a produção de sentido só ocorrerá quando a linguagem deriva de
uma organização formal de elementos mínimos com as regras de combinação.
 A linguagem é então um fenômeno social, que é um sistema de organização interna, no qual o
significado permite a referência e a comunicação.
 Segundo Saussure, a Língua, além de ser um processo histórico, está sempre em
transformação.
 O signo não é a coisa propriamente dita, mas está no lugar dela. Ele é formado pela
associação de uma imagem acústica (o som, a escrita e etc.) com o conceito. Ele está ligado a
um sistema de códigos, e para entender o signo, é necessário que se domine esse sistema.
 Os estudos de Saussure eram realizados em dicotomias, isso é, era dividido em dois,
totalizando 4 dicotomias.
 SIGNIFICANTE/SIGNIFICADO: O signo, segundo a semiologia de Saussure, é composto
por uma relação entre o significante e o significado. Isto é, uma imagem acústica (a palavra,
ou o sim. Enfoque maior na palavra) e o conceito. O significante é a parte psicofísica do
signo. Ele é a impressão psíquica do som, trata-se da imagem acústica. Ele exprime e nos
direciona até o significado, é a sensação material. Já o significado é o conceito, o inteligível.
Ele é a evocação psíquica que o som provoca, uma ideia. A relação estabelecida entre o
significante e o significado é arbitrária, isso porque o indivíduo não pode mudar o conjunto
de regras que o grupo ao qual ele pertente definiu.
 LANGUE/PAROLE: Trata respectivamente de língua e fala. A língua (langue) refere-se a
um conjunto de regras que existe num plano abstrato. É um sistema de controle, uma
instituição social e externa ao indivíduo. Saussure vê a língua como algo universal. Já a
fala(parole) trata-se de atos individuais, e portanto imprevisíveis, informais. A fala é o que
faz evoluir a língua, é heterogênea, múltipla, individual. Segundo os estudos da semiologia de
Saussure, a linguagem vai existir na fala, já que seu desenvolvimento depende da aplicação
concreta que se dá na fala. O significado de Saussure é aquele do dicionário, não deriva da
livre escolha do sujeito nem de suas experiências pessoais. Também é arbitrário porque não
existe uma relação natural entre o significante e o significado. O signo portanto não pode ser
confundindo com o símbolo, pois o segundo não é totalmente arbitrário.
 SINTAGMA/PARADIGMA: Estabelece que os signos estão sempre em relação uns com os
outros, formando sistemas organizados. O sintagma é a escolha feita dentro do paradigma,
que por sua vez, é o conjunto de elementos dentre os quais se pode fazer uma escolha.
Contudo, para Saussure, para, em uma série, haver formação de significado, é necessário que
os símbolos sejam organizados pelo contraste entre eles. O que se refere ao sintagma. O
paradigma são as possibilidades. A organização de dos signos como em uma frase é feita de
forma linear, portanto não há como fazer substituição (ex²: calça social vestiu sapato alto e
joana) Dentro dessa dicotomia temos dois eixos
o Eixo Paradigmático: a semelhança entre os signos permite a substituição
entre eles.
o Eixo sintagmático: a organização entre elementos de contraste gera o
significado
o EX.: Joana utilizou camisa social, calça social e salto. JOANA representa o
sintagma, já que é a escolha feita entre um conjunto de nomes possíveis, que seria o
paradigma. CAMISA SOCIAL/CALÇA SOCIAL/SALTO referem-se à organização formada
através da relação que os signos possuem uns com os outros. Esses termos estão
dentro do conjunto VESTIMENTAS, contudo, é necessário que sejam organizados de
forma a dar contraste, o que seria o eixo paradigmático. Enquanto que as
possibilidades de escolha (ex¹ camisa cumprida, calça jeans, chinelo) forma o eixo
paradigmático.
 DIACRONIA/SINCRONIA: A sincronia, focada por Saussure, estuda a forma como a língua
funciona, estuda o que acontece ao mesmo tempo (sincrônico), é uma pesquisa descritiva. Já a
diacronia, um tanto quanto esquecida por Saussure, refere-se ao estudo dos processos de
evolução da língua, formação e desenvolvimento (diacrônico), é uma pesquisa histórica.

SEMIÓTICA

 A semiótica, segundo Santaella, é a ciência geral das linguagens, das relações entre os signos
e os significados na construção do sentido. Ela estuda os meios como o homem se comunica,
sejam eles verbais ou não. Já Décio Pignatari, define a semiótica como a ciência que permite
ler o mundo, e compreender a realidade a nossa volta.
 Ainda referente a Santaella, a mesma define o signo como a essência da linguagem. O signo é
algo que está no lugar de algo. O signo substitui o objeto.
 O objeto é tudo aquilo que pode ser substituído por um signo, seja material (ex¹ cadeira) ou
imaterial (ex² sentimentos).
 Diferente de Saussure, Pierce faz seus estudos a partir de uma perspectiva triádica:
o Representamem (signo): Parte perceptível, que está no lugar do objeto.
o Objeto: coisa propriamente dita
o Interpretante: É o significado/conceito que nos é provocado pelo signo
 Vale lembrar que a relação entre objeto é o interpretante é mediada pelo signo. E dentro dessa
relação existe uma cadeia de semiose, na qual para explicarmos um signo, recorremos a outro
signo.
 A semiótica pierciniana era baseada nos princípios da fenomenologia, que busca explicações
lógicas dos fenômenos que marcam desde a ciência até nossa vida cotidiana. Buscava
encontrar categorias gerais para as ciências. Segundo a fenomenologia, os fenômenos são
apreendidos por nosso consciente de três formas:
o 1ª – PRIMEIRIDADE: É o choque, a sensação. O contato com o mundo sem
julgamentos ou conceitos. Essa forma também é denominada de originalidade
livre.
o 2ª – SECUNDIDADE: É a ação e reação, uma tentativa de explicar, as
hipóteses, Nesse momento ainda há uma resistência por parte do nosso
consciente.
o 3ª – TERCEIRIDADE: trata-se da tendência a se assumir hábitos, é o
pensamento formulado e elaborado de conceitos.
 O fenômeno é tudo aquilo que aparece a mente, sendo necessária uma capacidade
contemplativa, distintiva e generalizadora das observações em categorias abrangentes.
 Segundo os estudos de Pierce, as coisas só existem em relação a outra coisa.
 O signo está no lugar de algo para alguém. É necessário um domínio do código para entender
o significado e ter acesso ao mundo. O signo é o que permite o acesso ao mundo.
 Baseando-se nas três formas de perceber o fenômeno, podemos dividi-los respectivamente
em:
o PERTO DEMAIS – SENSAÇÃO – PRIMEIRIDADE: ligado à ideia de
indeterminação, originalidade.
o MAIS OU MENOS PERTO – AÇÃO E REAÇÃO – SECUNDIDADE: ligado
ao conflito, esforço e resistência.
o LONGE – RAZÃO – TERCEIRIDADE: ligado à mediação, generalização,
formulação.
 Importante destacar que o signo encontra-se na terceiridade/terceireza
 Segundo Júlio Pinto, significar é reduzir, generalizar. Afastar-se mais do mundo das coisas.
 O signo, então, traduz o objeto para alguém, e provoca uma imagem mental, que é o
interpretante. O interpretante irá gerar outro interpretante infinitamente.
 O interpretante surge da relação entre o signo e o objeto, é produto de uma interpretação. O
interpretante é um signo de outro signo.
 Pierce divide seus estudos sempre em tríades, sempre se relacionando com a forma de
percepção dos fenômenos.
 TIPOS DE SIGNO – O SIGNO EM RELAÇÃO AO OBJETO:
o ÍCONE: Semelhança com o objeto. O signo quando ícone possui
características que fazem uma linkagem direta com o objeto. Embora o ícone
não seja o objeto, ambos possuem uma conexão direta (Ex¹ fotografia) –
primeiridade.
o ÍNDICE: O signo quando índice não possui linkagem direta com o objeto, e
sim através de associação. Ele apresenta indícios que nos levam ao objeto.
(Ex²: fumaça que associamos a fogo) – secundidade
o SÍMBOLO: Enquanto símbolo, o signo não possui nenhuma relação com o
objeto. Ele é convencionado, convenção coletiva, depende do meio social. (Ex³
a pomba branca como símbolo da paz) - terceiridade
 TIPOS DE SIGNO – O SIGNO EM RELAÇÃO A ELE MESMO:
o QUALI-SIGNO: É a mera qualidade, todo signo que é uma qualidade. A
qualidade em si funciona como um signo. É aquilo que só pode ser imitado e
mostrado. (Ex¹ a qualidade do azul que sugere tranquilidade)
o SIN-SIGNO: É a corporificação da qualidade. Qualquer exemplo de qualidade
é um sin-signo. É a ocorrência da qualidade, a singularidade. (Ex² O azul DO
MAR)
o LEGI-SIGNO: É o signo como uma lei geral, uma convenção. (Ex³ o
vermelho do sinal de trânsito convencionado como sinal para parar)

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