Você está na página 1de 51

centro

Niemeyer

Centro Universitário de Maringá


Unidade Ponta Grossa
Setor de Ciências Exatas, Tecnológicas e Agrárias
Arquitetura e Urbanismo
Tecnologia da Construção lll
Profa. Marianna Verroni
Acad. Paulo Ricardo L. Batista
Acad. Rafaela Barbosa
Ficha Técnica

Arquiteto: Oscar Niemeyer


Uso: Cultural
Materialidade: Concreto e Vidro
Terreno: 44.000 m²
Área: 16.726 m²
Localização: Avilés, Espanha
Ano: 2006
Partindo de uma iniciativa do governo local em prol de um grande plano de
requalificação do antigo porto industrial da cidade de Avilés, grandes arquitetos
ganhadores do Prêmio Príncipe/Princesa das Astúrias por feitos notáveis nas áreas
das ciências, humanidades ou vida pública, promovido pela Fundação Princesa das
Astúrias, foram convidados para que se reunissem em conferências que visavam
desenvolver propostas de uso para o espaço. Niemeyer, Príncipe das Astúrias em
contexto 1989, também foi convidado, mas recusou, alegando que seu ofício era outro, projetar.
Em troca e pela gratidão ao prêmio que recebera, ofereceu o projeto.
O plano de requalificação previa a criação de uma “ilha de inovação” sobre o
antigo terreno degradado, um espaço que funcionasse como ímã para a criação de um
polo de conhecimento e criatividade, impulsionando a regeneração urbana e econômica
local através de uma porta de entrada para a cultura universal, servindo também
como fábrica para a produção de conteúdos.
Assim, Niemeyer fundamentou o programa sobre quatro grandes eixos de
trabalho: um edifício de serviço, que abrigaria o programa educacional e qualquer
programa outra área de apoio necessária, um museu e um auditório, que contemplariam as
atividades culturais e, posteriormente, um mirante, que buscaria relação direta com a
paisagem. Posteriormente, Niemeyer adiciona um quinto elemento, a praça.
As curvas e as esferas das estruturas de concreto do centro refletem o
estilo esculturalmente expressionista pelo qual Niemeyer é tão bem conhecido. Mas ao
contrário dos edifícios inteiramente brancos que projetou, estes têm um toque de
cor. Os planos inclinados do auditório apresentam a ousadia de suas formas
evidenciadas por tons de vermelho e amarelo, e sutileza do esboço de um nu
conceito desenhado por Niemeyer, um aceno para a forma feminina, inspiração citada pelo
arquiteto e referenciada pela essência das formas.
Niemeyer sintetiza o partido adotado para solucionar a proposta na seguinte
frase: “Antes mesmo de começar a desenhar, olhando a planta do terreno escolhido, a
partido solução a adotar já aparecia diante de mim como coisa realizada: uma praça ladeada
pelo auditório e pelo museu, tendo ao fundo, como a discipliná-los, o extenso bloco da
administração”.
partido ”Uma praça aberta a todo mundo, um lugar para a educação, a cultura e a paz”
- Oscar Niemeyer
Em terreno isolado, cercado pelo estuário de Avilés e com vista para a cidade.
"É um terreno muito esplêndido, com 200 m por 100 m, aberto sobre a paisagem, de modo que a
ideia natural era criar uma praça", afirma Oscar Niemeyer. "De um lado, está o auditório e, do
situação outro, o museu. Queria que o terreno estivesse limpo, no mesmo nível, dando mais ênfase para a
arquitetura", completa.
O Terreno, cercado pelo estuário, e
a cidade de Avilés ao fundo.

Situação
O fator determinante para implantação foi, justamente, a situação isolada do
terreno. Niemeyer optou solucionar este impasse de relação com a paisagem através
da criação de uma praça aberta e em um único nível, buscando completa integração
implantação entre as formas e paisagens que se criam durante o percurso do observador, apesar
do nítido e intencional contraste com a cidade de Avilés.
A conformação da praça pela
disposição dos edifícios.

Implantação
O Complexo é composto por cinco elementos fundamentais independentes
projeto mas complementares: o edifício de serviços, o auditório, o mirante, o museu e a
praça. Quatro deles são edifícios, que implantados, conformam o quinto elemento, a
praça, que funciona como mediação entre o complexo e o entorno, a cidade de Avilés.
Marquise ondulada Auditório
Edifício de Serviços
Une o auditório ao museu, integrando os Sala de espetáculos com plateia
Edifício polivalente.
volumes e arrematando a composição. interna ou externa.

Acesso
Utiliza as antigas estradas de acesso ao porto.

Mirante
Torre de observação que abriga um espaço
gastronômico.

Museu Estacionamento subterrâneo


Grande área expositiva integrada e coberta por Abaixo do nível da praça central, dispõe de
uma cúpula. 277 vagas.
sistemas
As onduladas silhuetas dos
edifícios exigiram estudo
detalhado para solucionar as
paredes, tanto retas como curvas,
garantindo perfeito acabamento de
concreto aparente. Para isso,
foram utilizados quatro sistemas
de fôrmas deslizantes: Modular,
Cofragem, Cimbre e Trepante, em
uma concepção estrutural
projetada especificamente para
esta obra.
Fôrma Modular:

Escolhidas para execução de paredes


retas, as fôrmas modulares garantem
fôrmas racionalização ao canteiro de obras e
precisão na execução.
Sistema de Cofragem:

As paredes curvas, de geometria variável,


fôrmas foram executadas através de sistema de
cofragem modular vertical e horizontal.
Fôrmas Cimbre:

Na cobertura, tendo em conta a


geometria, as alturas requeridas e as
mudanças de espessura na laje, optou-
se pelo sistema de fôrmas tipo cimbre,
que proporcionou flexibilidade através
da distribuição de torres individuais ou
fôrmas agrupadas e a sua grande capacidade
de carga como sistema de escoramento.
Sistemas Trepantes:

Em grandes alturas, foram utilizados


sistemas convencionais trepantes
tanto para retas como curvas,
fôrmas proporcionando rapidez e racionalização
às etapas construtivas.
No edifício de Serviços (I), vê-se o
espaço para sala de cinema (em
azul) e a grande área de planta
livre disponível para demandas
posteriores (em cinza).

No auditório (II), pode-se observar


a plateia e o palco que se abre
para a área central da praça.

No Mirante (III), o volume suspenso


pela torre ladeada por escadas
abriga o espaço gastronômico
panorâmico.

No museu (IV), os diferentes níveis


de piso trazem dinamismo aos
espaços expositivos totalmente
integrados.
serviços
A planta do edifício de serviços
explora, nas palavras do arquiteto,
“a simplicidade e
a flexibilidade interna ”.
Seguindo o partido adotado, a
volumetria do edifício polivalente tem
linhas discretas, erguendo-se sobre
pilotis e grandes panos de vidro
cobertos por uma laje plana. O volume
não se sobrepõe aos demais, mas
“abraça” o espaço aberto em resposta
ao volume do auditório, camuflando-se
por de trás da passarela que arremata
a composição e sintetiza o conjunto.
Assim, a relação hierárquica é
estabelecida em função do destaque
às atividades culturais.
A flexibilidade e
simplicidade da proposta
refletida no grande pano
de veda a estrutura da
edificação.
A projeção do edifício
posterior à grande marquise
e a sobreposição formal.
A projeção da laje que
proporciona abrigo ao visitante
que acessa o prédio.
auditório
O auditório, com cerca de 1 mil
lugares, é composto por uma
única plateia e tem 26 metros
de altura. No fundo do palco,
uma porta vermelha,
contrastando com a cor branca
do prédio, abre-se para o centro
da praça, permitindo a criação de
uma plateia externa com lotação
de 10 mil pessoas. O auditório,
liga-se ao museu através de
uma grande marquise ondulada.
A harmonia entre as curvas
que conduzem o olhar do
observador por um
inusitado promenade de
concreto.
A marquise funciona como
cobertura para o acesso ao
auditório.
A porta vermelha que
permite a abertura do palco
para a praça.
O foyer e o auditório com palco
aberto para praça.
O acesso ao auditório e a
beleza do tom amarelo
refletido na platibanda da
marquise.
mirante
O mirante, é acessado
através de uma escada em
helicoidal que leva ao
ambiente de planta
circular com fechamento
envidraçado suspenso a
20m de altura, abrigando
um espaço gastronômico
panorâmico que oferece
vista para o estuário e a
cidade de Avilés.
A relação harmônica entre o
volume da escada de acesso
e o ambiente gastronômico
de planta circular que parece
flutuar no topo da torre.
Abaixo da escada, o acesso
ao subsolo e o acesso ao
elevador alocado no interior
do volume cilíndrico.
O interior do restaurante e
a vista para Avilés.
museu
No museu, o arquiteto optou
por contrastar a simplicidade da
cúpula externa com um
ambiente interno moderno, onde
projetou o piso intermediário
cobrindo parte do grande salão,
explorando a diferença de
níveis, o que lhe confere
interior de aspecto leve e
variado. No interior da cúpula,
uma grande luminária central,
projetada pelo arquiteto,
arremata a composição.
A integração da marquise
com a volumetria do
museu, proporciona, além
de unidade formal,
cobertura para o acesso.
O acesso abrigado
pela marquise.
O percurso do auditório
até o museu é sombreado
pela marquise.
O interior do Museu tem planta
livre e explora atmosfera criada
pela supressão da luz natural,
que é propositalmente substituída
pela artificial, destacando o
conceito do arquiteto para este
espaço e o desenho da luminária.
A escada e o mezanino continuam
a traduzir a mesma linguagem
curvilínea da casca de concreto
que envolve a edificação e o tom
vermelho do anteparo que delimita
o hall de acesso, trazem unidade
à composição.
A grande luminária central
projetada por Niemeyer e a
simbiose da composição do
ambiente proposto pelo
arquiteto.
praça
A praça aberta ao público,
local em que se realizam
atividades culturais e de
lazer, não somente serve
de partido para a
organização dos volumes e
seus respectivos usos,
mas reflete o conceito de
Oscar Niemeyer de um
lugar aberto a todos.
A arquitetura do Centro
Cultural tem todas as
peculiaridades da obra sempre
poética de Niemeyer: as
curvas, o concreto e a cor
branca em intenso contraste
com o azul do céu, traduzidas
por uma singeleza
extremamente sofisticada ao
passo que não se deixa
ultrapassar pela brutalidade
das formas monolíticas em
suas tão evidentes verdades
materiais, algo que lhe é tão
característico.
“E fiquei a imaginar tudo
funcionando. Uns no auditório a
assistirem ao espetáculo
programado, outros a
percorrerem as exposições pelo
piso intermediário, vendo
através dos vazios previstos o
grande salão embaixo. E não
raro o palco do auditório
aberto para a praça e o povo a
acompanhar com entusiasmo o
espetáculo de música ou de
balé, que, do palco iluminado, o
auditório lhes oferecia.“

- Oscar Niemeyer
Centro Cultural Oscar Niemeyer, disponível em: http://www.niemeyer.org.br/obra/pro592
Construção do Centro Cultural Oscar Niemeyer na Espanha chega à fase final, disponível
em: http://piniweb17.pini.com.br/construcao/arquitetura/construcao-do-centro-cultural-oscar-
niemeyer-na-espanha-chega-a-179188-1.aspx
Centro Cultural Principado de Astúrias / Oscar Niemeyer, disponível em:
https://www.archdaily.com.br/br/01-81621/centro-cultural-principado-de-asturias-oscar-
niemeyer
Centro Cultural Oscar Niemeyer – Espanha, disponível em:
https://www.anualdesign.com.br/riodejaneiro/projetos/1245/centro-cultural-oscar-niemeyer-
espanha/#prettyPhoto
Centro cultural é a única obra de Oscar Niemeyer na Espanha, disponível em:
https://exame.abril.com.br/estilo-de-vida/centro-cultural-e-a-unica-obra-de-oscar-niemeyer-
na-espanha/
A Ilha da inovação, disponível em: http://www.gestionurbana.es/?p=436
Centro Cultural Oscar Niemeyer, Avilés, Espanha- A adaptação idônea à geometrias
singulares, disponível em: https://www.ulmaconstruction.com.br/pt-br/projetos-
referências construcao/edificacao/edificacoes-culturais-religiosas/oscar-niemeyer-espanha

Você também pode gostar