Localizado na zona Solum em Coimbra, o programa de Projeto II 22|23 se divide em duas áreas de intervenção ao longo da rua Jorge Anjinho pelo quarteirão norte e sul, sendo eles uma área para exposições e outra para oficinas. Como tal chamado Centro de Investigação Artística, o programa se relaciona com a arte criando espaços, zelo e importância tanto para quem a faz, quanto para o processo e produto.
A priori, no quarteirão norte, o espaço em frente ao Girassolum é
fechado pela localização estratégica do Anfiteatro, Museu e o Complexo da direção, formando uma praça, espacialmente delimitada pelo revestimento em pedra alinhando o Anfiteatro Praça e Girassolum. Esse espaço que forma um núcleo de atividades numa mesma cota, é reforçado pela liberação da planta de rés de chão do Museu, que sobre em altura através de pilotis e contém volumes de diferentes tamanhos. Os volumes alternam entre programa -ambos com 4 metros de pé direito- que contém a cafeteria em um e cais de carga e descarga juntamente com uma área de funcionários, acesso ao museu no subsolo, e guichê de atendimento. Os outros são volumes de acesso visual para como mundo urbano que acontece no rés de chão para com o mundo expositivo no subsolo.
Através da planta de implantação, vê-se os volumes do programa de
forma pragmática, volumes dos quais vem de ângulos retos e apenas uma proeminência: uma rampa. A rampa é o elemento chave de conexão entre o mundo cotidiano e o mundo expositivo, ela atrai e chama pelas pessoas através de uma forma mais aguda e entre tantos ângulos retos que circundam a praça, por fim ela leva ao foyer em sua cota mais baixa. O foyer é delimitado pelo espaço circular que vai da cota mais baixa até a mais alta, sendo possível ver o azul do céu pois a circunferência também corta a pala que é segurada pelos pilotis.
O museu é uma floresta de pilares cruciformes, onde as únicas paredes
fixas são continuidade das paredes do programa no piso superior, as paredes da cafeteria descem e formam um espaço de exposição fixa para as obras da artista Rebecca Horn, e como uma continuidade, casa de banhos camufladas pelo grande volume retangular que da ilusão de ser ao todo a exposição fixa. O volume do cais e área de funcionário desce ao subsolo e continua com seu caráter de acesso só aos que trabalham, contendo um elevador escada, e o cais, a área é um local de descanso como também de reunião e armazém de itens dos funcionários, no rés de chão contém os acessos e balneários e vestiários. O museu funciona como um open space, possui 3 entradas que podem ser fechadas e determinadas pelo curador e organizadores das exposições temporárias, os pilares servem para além de estruturar, fazer do espaço um caos organizado de uso versátil e prioritariamente temporário. A divisão pode ser feito por paredes que usam dos módulos dos pilares para criar espaços, panos ou até mesmo mobília, dando liberdade para quem for alugar o espaço expositivo.
No quarteirão sul da área de intervenção, foco para a área de atuação,
aos artistas. As oficinas na implantação têm forma triangular, mais especificamente, um quadrado cortado na diagonal e deslocado pelo eixo do corte, cirando dois volumes de alturas diferentes, mas que compartilham de uma área no piso térreo comum com o duplo pé direito. A entrada é feita por um corredor que dá acesso ao jardim na fachada sul do edifício, de um lado do corredor contém a área de refeição, com copa e armazém de comida e utensílios assim como mesas e cadeiras, como num grande refeitório. Noutro lado, antes de entrar para oficina principal, contém os acessos para os pisos superiores onde ficam dormitórios, estes o qual tem área suficiente para um estúdio privado. Após os acessos, no rés de chão, há a oficina principal com armazém de materiais e casa de banho. Todos têm acesso a oficina principal apesar de terem um estúdio privado, a essência do rés de chão é ser um lugar de partilha, de comunicação, encontro e brainstom.
BODY FANTASIES (1972) REBECCA HORN TWO-DIMENSIONAL SELF-PORTRAIT. PYROTECHNICS MUSEUM (2022) MIGUEL KAZIMIR MALEVICH