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Moradia Honório de Lima

Autor: Tiago Pires

A moradia Honório de Lima começou por ser contruída em 1939/40 e finalizada em 1943
no Porto, situada em canto com a atual rua Honório de Lima (antiga rua de Aníbal Patrício) e a
rua Costa Cabral. Foi o primeiro trabalho de Viana de Lima exposto ao público, considerada uma
das primeiras obras da arquitetura moderna em Portugal, teve então tal como o arquiteto uma
grande importância e influencia na história da nossa arquitetura. Sendo considerada quase
como uma casa experiência de uma nova arquitetura, o facto de ela ter sido construída no Porto
ajudou bastante uma vez que estava longe do poder politico central que na época era muito
restrito.

Em 1971 foi demolida, o que levou a uma grande falta de informação sobre ela nos dias
de hoje, sobrando apenas algumas fotografias de desenhos e vegetais não legendados e
incorretos encontrados no seu atelier, e também alguns elementos direcionados a paneis de
apresentação encontrados na FAUP. O projeto fez parte de uma serie de elementos que o
mesmo apresentou na exposição ODAM de 51. Sendo uma obra de Viana de Lima corresponde
a vários conceitos discutidos na sua época sobre a casa moderna, tendo como objetivo criar a
resposta do problema da casa portuguesa e sobretudo trazer novas ideias debatidas no resto da
europa para Portugal. Nos dias de hoje existe no mesmo lote um bloco habitacional construído.
Respetivamente a esta obra é visível uma grade influencia corbusiana em todo o projeto, o
próprio Viana de Lima considerava-se um verdadeiro discípulo do mesmo. (Viana de Lima)

Este é um projeto que se identifica bastante com a Villa Savoye de Le Corbusier. Esta foi
um residência que teve a influencia de vários arquitetos da época devido a imensas discussões
e congressos, nomeadamente os CIAM feitos sobre o pensamento projetual da habitação em
relação á nova arquitetura. Arquitetura esta segundo Corbusier marcada pela razão, pelo
progresso e pela entidade mecanizada da casa, sendo a Villa Savoye o prefeito exemplo disso.
“A casa é uma máquina de morar” tal como o mesmo o diz, e podemos observar esta filosofia
de arquitetura através da obra de Viana de Lima. O design deixou de ser simplesmente a
construção em escala humana, mas começou também por obter qualidades inovadoras em
relação com a indústria e a eficiência. São exemplos notáveis desse pensamento os cinco pontos
da nova arquitetura moderna, tais como a planta livre de estrutura, a construção sobre
pilotis, o conceito terraço jardim, a fachada livre e a janela em fita.

É de grande importância para esta época a liberdade que estes conceitos conseguiam
trazer para tudo, a liberdade do vão, do excesso de linhas horizontais e verticais e
o desapego ao uso tradicional das janelas, tornando o jogo de arquitetura muito mais
interessante e cheio de possibilidades.

A moradia Honório de Lima de Viana de Lima tinha uma área aproximadamente a 500m2,
em estimativa cerca de 70m2 por pessoa. É direcionada a sudoeste, composta por 4 pisos que
recuam conforme a cércea vai aumentando por uma simples questão de privacidade. Uma vez
influenciada pela filosofia de Le Corbusier era constituída por uma lógica de fachada livre. Nas
janelas em fita que compõe grande parte das fachadas é visível o jogo feito por Viana de planos
horizontais e verticais de entradas de luz, quase que a brincar com a perceção daquilo que é
interior e do que é exterior.

Tendo em conta essa influência, no piso 0 é utilizado um sistema de pilares que elevam
o edifício do terreno deixando grande parte do solo livre, ou seja, o conceito de Pilotis, onde é
criado um vasto átrio que acaba por organizar todo o primeiro piso. Tem como função a
distribuição, o fornecimento de serviços e a manutenção onde se pode encontrar o hall de
entrada, a garagem, uma instalação sanitária, zonas de apoio ao jardim e á cozinha
e um quarto para os empregados, tal como acontece na Villa Savoye. A sua entrada é
realizada através de uma frente vidraça em curva que cria um ambiente único e transitório.

No piso seguinte é organizada a zona social, formada por uma área de distribuição
central que ligam todos os espaços, nomeadamente a cozinha, sala de jantar, sala de
estar, esta desenvolvida acompanhando a frente vidraça circular do piso 0, e outros
compartimentos, destacando-se neles a sala do piano. A Villa Savoye é claramente subjacente
a este projeto quer na organização dos vários pisos quer no tratamento de terraços, tal como
acontece neste mesmo piso onde é visível o conceito de Terraço-Jardim, através de duas
varandas e um terraço.
no piso 2, existe um recuo da fachada por uma questão de privacidade e um aumento
da varanda da sala para a criação de um novo terraço, este corresponde á área privada. Onde é
novamente visível o conceito de Terraço-Jardim. É composto por 4 quartos, sendo um deles
duplo, um deles com uma varanda privativa e a cada dois quartos uma casa de banho partilhada,
para além disso ainda existe um espaço de arrumação de apoio aos quartos e um escritório.

No piso 3 é notável uma alteração de sentido bastante grande, aparente também no


corte. É definido como um espaço sensível e próprio com características especificas de um
espaço semiexterior relacionado um pouco até com o átrio no piso 0, ambos compostos por
uma curva de grande impacto acabam por criar um ambiente distinguível e marcar um momento
de transição. (Clássicos da AD: Villa Savoye / Le Corbusier, 2010) (Viana de Lima)

A moradia Honório de Lima tal como a Villa Savoye é pensada numa maneira de plano
aberto que obriga o habitante a deambular pela casa continuamente pelos espaços como um
percurso de contemplação arquitetónica. Este passeio arquitetónico referido foi uma ideia
desenvolvida por Le Corbuisier na sua obra conhecida como “promenade architectural”.
(Clássicos da AD: Villa Savoye / Le Corbusier, 2010)

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