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Centro Universitário São Camilo – Espírito Santo

Curso: Arquitetura e Urbanismo


Disciplina: Conforto ambiental: fundamentação e sustentabilidade
Professora: Ariane Sasso

ARQUITETURA PELO MUNDO


Analisando os bons aspectos de obras em São Paulo e Londres

Aluna do 5º período:
- 210384; Eduarda Rebuli Minete

Cachoeiro de Itapemirim - ES
Fevereiro/2018
Apresentação das edificações a serem comentadas
A primeira edificação a ser analisada está localizada na cidade de São Paulo,
Brasil, trata-se do Teatro do Colégio Miguel de Cervantes, de 2017. A segunda obra
analisada, O Galpão (The Shed), é um local temporário para o Teatro Nacional de
South Bank localizado em Londres, Inglaterra, uma obra de 2013.

Analisando
A transformação de um auditório escolar em um teatro capaz de atender às
necessidades pedagógicas e extracurriculares da escola exigiu uma grande
criatividade dos arquitetos e muito trabalho. A escola Miguel de Cervantes precisava
de um edifício novo capaz de atender sua demanda. Dentre as exigências, havia a
necessidade de comportar a dança flamenca, parte integrante da cultura espanhola
ensinada na escola.
Já em Londres os arquitetos enfrentavam um desafio diferente, pois houve a
necessidade de projetar em conjunto com os atores e os donos da obra, uma sala
de teatro temporária para que fosse possível realizar as obras de reforma dentro do
Teatro Nacional. A obra, que precisava ter curto prazo, foi instalada ao lado do
Teatro permitindo fácil acesso. A presença dos artistas na definição do projeto foi de
extrema importância para que o ambiente, mesmo que temporário, atendesse às
necessidades dos atores, funcionários e público.
Nesse primeiro momento é possível perceber a preocupação dos arquitetos
em atender a todas as necessidades primárias dos usuários da futura edificação.
Somente após entender o principal uso da construção, seu público principal e seu
objetivo é que se torna possível idealizar um projeto capaz de satisfazer o
requerente da obra. Sendo a arquitetura um elemento social que influencia
diretamente na vida das pessoas que usufruem do espaço, os arquitetos devem ter
atenção especial na compreensão ao cliente e à adaptação do espaço para torná-lo
funcional tanto quanto belo.
A obra do Miguel Cervantes tinha uma área limitada para construção, e exigiu
um projeto com soluções que permitiriam uma ampla visibilidade, acesso aos
visitantes e que comportasse um grande número de pessoas antes e após os
espetáculos e reuniões, espaço chamado de foyer (Anexo II). Ao ampliar a
metragem e elevar o teto foi possível criar uma atmosfera mais agradável ao foyer,
que também recebeu madeiras claras e pisos escuros para trazer um ar mais
aconchegante e contemporâneo; também ganhou grandes vedações de vidro, que o
conecta ao jardim externo, permitindo-o parecer maior(Anexo I). Essa integração
entre ambientes internos e externos é uma característica marcante do modernismo e
sua vertente chamada arquitetura orgânica, que ao ser aplicado nesse projeto
contribuiu especialmente para que ele parecesse maior e mais aconchegante,
mesmo com espaço limitado, além, é claro, de permitir um bom aproveitamento de
luz natural e garantir uma maior visibilidade do espaço aos alunos. Esse mesmo
espaço também foi aproveitado para expor imagens de alguns ícones da cultura
espanhola, enfatizando a conexão do colégio com esta cultura.
Para garantir que o ambiente fosse belo sem interferir negativamente em
aspectos que influenciariam em sua utilização, o projeto também foi acompanhado
por um especialista em cenotecnia teatral. E, por se tratar de um ambiente escolar,
dedicado à formação de pessoas, sendo eles agentes da transformação e um
espaço multicultural, os arquitetos também trabalharam para que existisse uma
sintonia entre os valores arquitetônicos e o ambiente em que seria inserido.
Foram priorizados neste projeto a sensibilidade aos avanços tecnológicos e
às questões ambientais. A preocupação em transmitir fielmente a mensagem da
obra aos que estariam ao seu redor demonstra um aspecto importante do
urbanismo. Aplicar a arquitetura sendo bela e funcional é parte do desafio diário de
um arquiteto, e aqui foi necessário expandir o desafio para valores culturais, impacto
na formação de indivíduos e valorização de culturas – a local e a espanhola.
Mudando de ares, no The Shed (Anexos III e IV) o foyer precisou ser
improvisado em baixo das lajes do South Bank, já que seu espaço abrigaria apenas
o teatro com capacidade para 225 pessoas. O Galpão compôs o terceiro auditório do
Teatro que substituiu por um ano o teatro original que passou por reformas. Nesse
projeto o mais importante era montar um ambiente temporário que atendesse a
todos como se fosse um teatro comum de forma a suprir as necessidades do Teatro.
Para garantir essa necessidade, a equipe de arquitetos se reuniu aos profissionais
do teatro e ao próprio Teatro para organizar o espaço, de modo que o projeto se
assemelhasse mais à uma composição teatral do que a um projeto de construção
em si. A idéia foi aproveitar a inspiração teatral na obra, que foi pensada de forma
que ficasse parecida com uma instalação artística ao invés de um edifício.
O teatro foi construído com um volume simples, um cubo vermelho cintilante
feito de aço bruto e madeira compensada e, apesar de não ter nenhuma janela, sua
ventilação era totalmente natural. As suas quatro torres permitiam que o ar entrasse
abundantemente na edificação e também possuíam uma função estética:
complementar a volumetria do Teatro Nacional e criar uma identidade para o
volume.
Nessa obra havia duas preocupações principais: A primeira era a de atender
ao seu objetivo e a segunda era que fosse sustentável por se tratar de uma
edificação temporária, que precisaria ser descartada após um ano.
Atendida a primeira preocupação os projetistas focaram na sustentabilidade
da obra, e, para que isso fosse possível, utilizaram materiais que poderiam ser 100%
reciclados após a demolição; também empregaram assentos reutilizados para
garantir a sustentabilidade, que foi complementada pela ventilação natural, já citada
anteriormente.
Voltando a São Paulo, o teatro ainda reserva algumas peculiaridades que
valem à pena ser citadas. Dentro do auditório o palco foi levemente rebaixado,
redesenhado e ganhou novas dimensões. A largura e a profundidade foram
ampliadas para permitir apresentações de dança, música e teatro. O piso foi
substituído pela madeira garapa (Anexo V), que proporciona vibrações ideais para a
dança flamenca e os revestimentos internos foram substituídos por painéis de
madeira com tratamento acústico. A escolha dos materiais foi pensada para
proporcionar mais personalidade e funcionalidade ao ambiente e o layout preparado
para receber qualquer tipo de espetáculo.

Considerações finais
Considerando a análise que antecede, pode-se concluir que foram considerados
como importantes e grandes valores arquitetônicos os seguintes itens:
1- A composição da obra levando em conta a análise do entorno;
2- A aplicação de materiais de acordo com o conceito da obra e a mensagem
que se quer transmitir;
3- A exploração das cores e formas na composição da obra;
4- A sustentabilidade e a preocupação com o meio ambiente nos projetos;
5- A utilização da iluminação e ventilação natural que garantiram o conforto e
6- A perfeita união entre a arte e a funcionalidade.
Anexos:

Anexo I: Fachada com grandes vedações de Anexo II: Foyer do Teatro Miguel de
vidro do teatro do Colégio Cervantes Cervantes

Anexo III: Vista externa do Galpão


Anexo IV: Interior do “The Shed”

Anexo V: Interior do auditório Miguel de


Cervantes

Anexo IV: Interior do teatro


temporário “The Shed”
Referência bibliográfica

Teatro do Colégio Miguel de Cervantes / acr arquitetura. Disponível em:


<https://www.archdaily.com.br/br/878544/teatro-do-colegio-miguel-de-cervantes-acr-
arquitetura>. Acesso em: 13 fev. 2018.

O galpão / Haworth Tompkins. Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/01-


109654/o-galpao-slash-haworth-tompkins>. Acesso em: 13 fev. 2018.

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