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10/12/23, 13:33 ENTRE E ATRAVES_CLARISSA RIBEIRO

Fun Palace [1960-1961]


Cedric Price Architects| [Inglaterra]

A idealizadora do Projeto Fun Palace foi a diretora de teatro


Joan Littlewood. O projeto tinha um conceito social [workshop de
pessoas | universidade das ruas], apresentando flexibilidade
incorporada e obsolescência planejada para potencialização do
sítio, fluidez concentrada, células pequenas com alto grau de
serviços associadas a grandes volumes com baixo grau de
serviços.
A arquitetura é indeterminada, flexível e guiada pela tecnologia
existente, com foco de otimismo de uma época, quando se viu a
possibilidade em refazer a sociedade sob o ponto de vista do
prazer e da oportunidade.
O projeto se conforma a partir de um kit de partes:
-malha tridimensional
-escadas radiais
-passarelas portáteis
-guindastes

"Diferentes tipos de observação e experimentação


vistos como sistemas"[ Gordon Pask]
O Projeto

O conceito social do Fun Palace é inicialmente um workshop


público ou uma universidade de rua onde o elemento
participatório das atividades pode estender a um grau de
interação e controle pelos usuários do ambiente físico em si.
Essa flexibilidade ou a obsolescência do planejamento podem ser
alcançados se o tempo for incluído como um fator absoluto de
design dentro do processo e design como um todo. A consciência
calculada do fator tempo, relacionado à anexação de atividade e
seu inter-relacionamento pode ser estendido a um cálculo da
duração válida do complexo como um todo, calculado inicialmente
em termos sócio-urbanos. A duração válida do projeto Fun Palace
em relação a Londres, foi estimada em dez anos. Contudo, tendo
sido fixado esse valor, o resultado é uma série definitiva de
requerimentos e objetivos na determinação dos meios de acesso,
terreno, sistema estrutural, materiais, serviços e componentes
de design como um todo. As considerações imediatas relacionadas
ao lugar incluem a utilização das áreas adjacentes e dos
edifícios como condicionadores adicionais do ambiente. Nas
adjacências do Fun Palace, grande parte do desenvolvimento
industrial adjacente se caracteriza por ser produtor de ruído,
lixo e resíduos nocivos.
Com o objetivo de aumentar o grau de flexibilidade no que se
refere à provisão de atividades fechadas é necessário conseguir
construir rapidamente fechamentos a partir de um kit de partes.
O complexo Fun Palace, em toda sorte de atividades que tem a
possibilidade de abrigar e estrutura resultante do processo de
interação em um ciclo contínuo ordem<->desordem<->organização
constitui, efetivamente, um brinquedo que permite aos usuários
usar o edifício com o mesmo grau de imediatez pessoal
significativa que são forçados normalmente a reservar para
limitados tipos de prazeres tradicionais.
A reputação de Price é baseada principalmente no radicalismo de
suas idéias não materializadas. Seu projeto 1960-1961, o Fun
Palace, estabelece sua posição de ser um dos arquitetos mais
inovativos e com pensamentos mais provocativos do Reino Unido
como um dos arquitetos. O projeto, iniciado com Joan Littlewood,
o diretor de teatro e fundador da inovativa oficina do teatro em
Londres, partia da idéia da construção de um 'laboratory of fun'
'laboratório do divertimento' com facilidades para dança,
música, drama e fogos de artifício. Ponto central na prática de
Price, era a opinião de que, com o uso correto das novas
tecnologias, o público poderia ter controle sobre seu ambiente,
tendo por resultado um edifício que poderia ser responsivo às
necessidades e às muitas atividades pretendidas pelos visitantes
para ocorrer no ambiente.
Como material de marketing sugerido, havia uma enorme gama de
atividades: "escolha o que você quer fazer - ou preste atenção
quando outra pessoa o fizer. Aprenda como segurar ferramentas,
pintura, bebês, maquinaria, ou apenas escute sua melodia
favorita. Dance, converse ou eleve-se até onde você pode ver
como os povos fazem o trabalho das coisas. Sente-se para fora
sobre o espaço com uma bebida e ajuste-se dentro do que está
acontecendo em outra parte na cidade. Tente começar um motim ou
iniciar uma pintura - ou apenas deite-se, relaxe e olhe
fixamente para céu".
O projeto propõe utilizar estruturas metálicas em aço, com os
serviços de manutenção realizados inteiramente por guindastes
que percorrem o edifício compreendendo uma espécie de "jogo" das
partes que o compõem através das "peças": paredes, plataformas,
assoalhos, escadas, e módulos pré-fabricados de cômodos e tetos
que poderiam ser movidos e montados pelos guindastes.
Virtualmente cada parte da estrutura poderia ser variável. Price
descrevendo o projeto, coloca que "Sua forma e estrutura,
assemelha-se a um grande estaleiro em que os espaços, tais como

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teatros, cinemas, restaurantes, oficinas, áreas de rally, podem
ser montados, movidos, rearranjados e desfeitos continuamente".
Mesmo não tendo sido construído, o Fun Palace influenciou a
produção de muitos arquitetos e inspirou Richard Rogers e Renzo
Piano. na concepção do projeto do Centro Georges Pompidou em
Paris, nos anos 1970.
Price pôs, eventualmente, estas idéias em prática em uma escala
reduzida, em 1971 no Inter-Action Centre na cidade de Kentish ao
norte de Londres. O edifício constitui uma estrutura aberta em
que os elementos modulares, pré-fabricados podem ser
introduzidos e removidos de acordo com a necessidade. Ponto
central de suas idéias era o fato de que um edifício deveria
durar tão somente o tempo que fosse útil, no caso o Centro de
Inter-Ação foi projetado para que tivesse uma extensão de vida
de vinte anos, acompanhado por um manual detalhando como deveria
ser desmontado. Para Price, o tempo seria uma quarta dimensão
espacial: comprimento, largura e altura seriam os outros três.

Ficha Técnica

Cliente: Fun Palace Foundation


Local: 23 acres no Plano Civic Trust para Lea Valley
Programa: Centro de diversão e educação flexível. Grandes
volumes abrigam: teatros, cinema, espaço para exposição e
auditórios. Pequenos volumes incluem restaurantes, workshops,
salas de aula e área de exposição.
Estrutura e acabamento: malha composta por torres e tesouras
treliçadas provendo apoio e pontos de suspensão para fechamentos
de vida útil curta. Guindastes móveis. Painéis de aço, alumínio
e plástico.
Serviços: eletricidade, água, ar condicionado, esgoto, t.v. e
rádio (circuito fechado, recepção e transmissão).
Custo: Phase I: de 2,5 a 3 milhões de libras
Período de construção: de 18 meses a 2 anos.
Equipe: Stephen Mullin; Douglas Smith & Ruddle. Felix J. Samuely
& Partners (consultores estruturais); Gordon Pask e Systems
Research Ltd. (consultoria especial em cibernética).
[fonte: Architectural Review, V137 n. 815-816 (jan-fev 1965)]

Cedric Price

Cedric Price nasceu em 1934 [11/09] em Stone, Staffordshire,


Inglaterra. Em 1955 graduou-se em arquitetura na Universidade de
Cambridge e inscreveu-se na Architectural Association Londres,
onde obteve seu diploma em 1957.
Em 1958 é contratado como Professor por meio expediente na
Architectural Association, onde ensinará por seis anos.
Funda o escritório Cedric Price Architects, em 1960 e começa a
desenvolver o The Fun Palace [Palácio do Divertimento]
Juntamente com Joan Littlewood.
Trabalhava seus conceitos com embasamento prático, a partir de
soluções de projetos com alto grau de detalhamento.
Sua produção está inserida no contexto do final dos anos
sessenta, período em que a arquitetura era vista como arte
social [investigação, pesquisa, teoria e explicação eram
conceitos paradigmáticos entre estudantes e profissionais].
A indústria da construção estava cobrindo a Inglaterra de
habitações, escolas, parques industriais e cidades e os debates
sobre esta produção e sobre a arquitetura do futuro, em um
período no qual se esperava que a arquitetura fosse vista como
"arte social" - investigação, pesquisa, teoria e explicação eram
conceitos paradigmáticos entre estudantes e profissionais.
Suas maiores influências foram seu pai_arquiteto, a arquitetura
histórica inglesa, os livros "Alice no País das Maravilhas" e
"Pickwick Papers", sua amizade por Buckminster Füller, o
fascínio por tecnlogia (comunicações) como meio de aumentar o
potencial do bem-estar humano, o interesse pela vida como
observador e ativo participante em todos os sentidos, o amor
pelo desenho e um forte empenho em busca de flexibilidade, não
permanência e tudo de novo da tecnologia
Para Cedric Price, a arquitetura deve ser um catalisador para
redefinir relações padrões entre pessoas e instituições.
Defendia a architecture of enabling, "habilitar as pessoas a
pensarem o impensável". Fazia as questões corretas aos usuários,
ao invés de: "Que tipo de edifício você precisa", ele dizia:
"Você realmente precisa de um edifício?"
Acreditava que uma construção deveria durar apenas o tempo em
que fosse útil, acreditava em uma "arquitetura não-permanente
projetada para mudanças contínuas".
Pensava no usuário como parte do processo de design, dando
liberdade às pessoas de controlarem e moldarem seu próprio
espaço | ambiente.
Um conceito desenvolvido por Price é o de calculated
uncertainty, desenvolvido para dizer que o arquiteto não pode
saber o que será necessário no futuro, que ele não pode predizer
como necessidades e usos iniciais poderão se modificar ao longo
do tempo. Além disso, o arquiteto deve se convencer da
impossibilidade de um planejamento totalizado, construindo um
grau de indeterminação para permitir as incertezas no programa,
ou mesmo mudanças do uso por obsolescência durante a vida útil
da edificação. Price dizia que "o fator tempo é o elemento mais

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importante na produção de projetos válidos", numa visão ampla,
humana e divertida da arquitetura.
Price faleceu aos 68 anos em 10/08/2003.

REFERÊNCIAS

Melvin, J. Cedric Price.Hugely creative architect ahead of his


time in promoting themes of lifelong learning and brownfield
regeneration. The Guardian. Reino Unido: Friday August 15, 2003.
Disponível em:
<http://society.guardian.co.uk/urbandesign/story/0,11200,
1019359,00.html>. Acesso em 03 de maio de 2005.

PASK, G. An approach to cybernetics. London : Hutchinson, 1968.


128p.

PRICE, C. Re: CP. Birkhauser, 2002.

PRICE, C. The Square Book (Architectural Monographs (Paper)).


London: Academy Press, 2003.

PRICE, C. A critic Writes: essays. California: University of


California Press, 1996.

PRICE, C. Opera ( Architectural Monographs (paper)). London:


Academy Press, 2003.

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