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Revisão Textual:
Prof.ª Dr.ª Selma Aparecida Cesarin
A Cenografia e a Arquitetura Efêmera
• Introdução;
• Arquitetura Efêmera;
• Exposições;
• Estandes;
• Cenários de Programas.
OBJETIVOS DE APRENDIZADO
• Aprender como trabalhar de forma harmônica materiais, formas e o processo de ordenação
nos espaços efêmeros, e como eles estão relacionados à Cenografia.
UNIDADE A Cenografia e a Arquitetura Efêmera
Arquitetura Efêmera
Efêmero é um termo de origem grega (em que ephémeros significa “apenas por um dia”),
usado para designar uma situação que dura pouquíssimo pouco tempo. É antônimo de
duradouro, permanente.
Fonte: https://bit.ly/2TZQrGY
A Sociedade sempre buscou explorar espaços, e muitos deles transitórios. Quando fa-
lamos da Arquitetura, assim como Cenografia efêmera, falamos do tipo de espaços e artes
passageiras, como tendas, barracas, esculturas de gelo e areia, tapetes de flores ou areias
para celebrações religiosas, estruturas e instalações para exposições, e muitas outras.
Entender a Arquitetura e a Cenografia efêmera, como temporário, momentâneo e tran-
sitório é entender a Cenografia como algo dinâmico que sofrerá modificações de acordo
com o tema do momento.
Observando a história é possível afirmar que desde os nômades na Idade Média, que
utilizavam pele de animais para construção de tendas portáteis (Figura 1).
Como vimos na Unidade anterior, durante a história do Teatro, a Cenografia foi se
apresentando como painéis pintados que reproduziam cenas cotidianas e paisagens, por
exemplo.
Tais cenários eram transitórios, e respondiam à demanda do espetáculo apresentado.
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Figura 2 – Cenário para Programa culinário
Fonte: Getty Images
Exposições
No final do século XVIII, a Indústria da Construção foi impulsionada pelo desenvol-
vimento do aço e do ferro que, juntamente com o vidro, são responsáveis pelo desen-
volvimento de Sistemas pré-fabricados, um marco para a Arquitetura.
A grande referência, o Palácio de Cristal, é sinônimo da Arquitetura Efêmera aplicada
a espaços de exposições.
Projetada por Joseph Paxton para a Exposição Universal, realizada em Londres, em
1851, a estrutura contava com nave central de 560m de comprimento e 285m na nave
transversal, e a altura na parte central chegava a 330m de altura, com grandes espaços
vazios, resultado das estruturas inovadoras da época, que permitiam grandes espaços
de exposição: “As exposições, aqui exibiam mais de 100.000 objetos, incluindo as mais
recentes impressoras, carruagens e joias raras, mas talvez a característica mais surpreen-
dente da feira tenha sido o famoso Palácio de Cristal (Crystal Palace)” (RAWN, 2018, s/n).
Nas imagens a seguir, podemos observar não apenas o impacto do edifício com suas
grandes estruturas de ferro e aço e a grande quantidade de vidros, mas também os gran-
des espaços para a exposição de produtos, algo reproduzido até os dias atuais.
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UNIDADE A Cenografia e a Arquitetura Efêmera
Outro destaque dos edifícios para exposição e ícone da Europa e de Paris é a Torre Eiffel.
Construída para o centenário da Revolução Francesa, a Torre Eiffel foi feita em 1889,
para a “Exibição Universal”, para representar a potência industrial francesa da época.
Com estilo Art Nouveau, o Projeto do engenheiro Gustave Eiffel demorou cerca de
dois anos para ser construído, e a Torre foi inaugurada em 31 de março de 1889.
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Figura 6 – Exibição Universal – Paris, 1889
Fonte: Wikimedia Commons
O Brasil também fez uma apresentação na Exposição Universal em Paris leia em “Paris,
1889: o álbum do Brasil na exposição universal” e veja as fotos do Arquivo Nacional com
imagens da época. Disponível em: https://bit.ly/3vpZuxR
Você Sabia?
O Projeto da Torre Eiffel sofreu muitas críticas, mas ela foi construída para ser uma estrutu-
ra efêmera. A torre foi erguida para durar 20 anos, e deveria ter sido desmontada em 1909.
Hoje, o monumento de 324 metros de altura continua sendo uma referência mundial.
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Figura 8 – Exposição do Século 21 – Seatle, 1962 Figura 9 – Feira Mundial de Nova Iorque – 1964
Fonte: Wikimedia Commons Fonte: Reprodução
Enfim, a partir dos exemplos citados, muitos são os Espaços de Exposições que co-
nhecemos nos dias de hoje.
A Cenografia aplicada aos estandes, como estratégia de negócio e Marketing, afirma
uma área de atuação importante do Design de Interiores.
O Projeto dos expositores deve refletir o público-alvo, e o profissional deve saber
traduzi-lo na concepção e na execução dos Projetos.
Estandes
A partir dos grandes Espaços de Exposição, cabe aos estandes responder ao briefing
do cliente, e ao Design de Interiores desenvolver os Projetos.
A esse tipo de Projetos chamamos de “Arquitetura Promocional”, voltada para a cria-
ção de estandes, showrooms e Exposições.
Briefing é um documento que contém uma série de informações necessárias para a elabo-
ração do Projeto, como perfil do cliente, preferências, rotina e, no caso de produtos, que
público gostaria de atingir.
Resumindo, briefing é um guia para a elaboração e a execução do Projeto.
Assim:
Os estudos relacionados ao marketing e à propaganda das empresas in-
terligaram-se à Arquitetura de seus estandes, pois estes eram fundamen-
tais para a construção da identidade corporativa. O papel do estande e da
Arquitetura efêmera de comunicação de empresa passou a se estruturar
como uma manifestação programada dentro de um discurso específico.
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O reconhecimento das feiras enquanto importantes fóruns de ideias e
opiniões fez com que o investimento em estandes passasse a ser visto
como uma ferramenta em potencial dentro das estratégias do marketing.
(MONASTERIO, 2006, p. 31)
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UNIDADE A Cenografia e a Arquitetura Efêmera
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Nos outros exemplos, a seguir, também desenvolvidos pela GTM Cenografia, os mate-
riais da Deca e da Hydra foram o tema da Cenografia do estande.
Na Figura 15, os destaques são para as opções dos tons dourados e prateado. A parede
branca de fundo serve para realçar o brilho do material, tanto na bancada quanto nas cubas
colocadas na parede, ao contrário da Figura 16, na qual a cor aplicada no fundo destaca
as pias brancas.
Figura 14 – Estande Deca – Hydra | Estandes Grupo Figura 15 – Estande Deca | Estandes Grupo Duratex/
Duratex/GTM Cenografia | Renato Frasnelli GTM Cenografia | Renato Frasnelli
Fonte: Reprodução Fonte: Reprodução
Não apenas nos corredores largos é possível observar preocupação com a circulação.
Figura 16 – Estande Deca – Hydra | Estandes Grupo Figura 17 – Estande Deca | Estandes Grupo Duratex/
Duratex/GTM Cenografia | Renato Frasnelli GTM Cenografia | Renato Frasnelli
Fonte: Reprodução Fonte: Reprodução
A linha costuma trabalhar com texturas e cores, portanto, o cenário deve ter relação
direta com os produtos.
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UNIDADE A Cenografia e a Arquitetura Efêmera
Nas imagens dos estandes, é possível observar a setorização dos ambientes. Estruturas
metálicas auxiliam na criação dos espaços.
Enfim, observando os Estudos de Casos apresentados, podemos notar que ainda que
seja o mesmo escritório, e apresentando similaridades na estrutura externa do estande,
o Projeto foi desenvolvido considerando as diferentes características de cada material,
atingindo diferentes perfis de clientes.
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O último exemplo mostra o Projeto do UNStudio, Escritório de Design com escritórios
em Amsterdã, Xangai, Hong Kong e Frankfurt, para a BAU 2017, principal Feira Mun-
dial de Arquitetura, Materiais e Sistemas.
Apresenta inovações tecnológicas para a construção e produtos para modernização
e renovação para interiores.
A UNStudio desenvolveu o estande para a ALPOLIC, Empresa fabricante de mate-
riais compostos por metais.
Considerando o cliente e o perfil dos usuários da Feira, o escritório projetou uma
estrutura ultraleve, com base em formas geométricas, para chamar atenção para a leveza
e a flexibilidade do material.
Nas imagens (Figuras 20 e 21) a seguir, podemos observar que a estrutura é o ele-
mento principal do estande. Assim, os demais materiais, como piso e mobiliários, são
discretos e não contrastam com a estrutura, apresentando o material do fabricante com
ator principal do Projeto.
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Enfim, são alguns exemplos de como a Cenografia aplicada aos estandes pode ser
explorada pelo Profissional de Projeto.
O Design de Interiores deve ter um briefing bem elaborado e com informações que
auxiliem a entender a necessidade do cliente e a atender sua demanda.
Você Sabia?
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ano. São 120 das 160 grandes Feiras do Brasil? Uma Feira de Negócios a cada três dias!
Cenários de Programas
Uma área crescente da aplicação da Cenografia, principalmente, a partir de 2020 e do
início da Pandemia Covid-19, os Espaços de Internet e interatividade da web passaram a
ter o Espaço Cênico como elemento importante de Projeto.
Algumas dessas tendências tecnológicas já estavam presentes na Cenografia, como no
Teatro, por exemplo, com projeções complementando outros elementos de Cenografia e
iluminação, entre outros.
No site Arte & Multimídia, o Artigo de Joana Moreira Mota “O Teatro e a Era Digital que o
digitaliza“, é possível ler um pouco mais sobre os usos tecnológicos no teatro, e explorar
alguns vídeos. Disponível em: https://bit.ly/3pYwn3N
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A utilização de poucos elementos de composição e cores neutras resulta em um cená-
rio mais limpo.
Na Figura 23, o balcão é o centro do Projeto, e tem função de apoio para a exposição
de produtos. Comparando as duas imagens, é possível observar a diferença nas alturas
dos mobiliários, que devem ser definidas de acordo com o uso deles.
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UNIDADE A Cenografia e a Arquitetura Efêmera
Objetos de decoração devem ser pensados com cuidado. Escolher uma peça de desta
que pode ajudar a organizar o ambiente, mas ela deve ter relação com o tema do assunto
ou do cenário a ser produzido.
Estampas, cores e texturas também são elementos que ajudam a construir os ambientes.
O Projeto de Iluminação, atrelado aos demais elementos de composição escolhidos para
o Projeto, deve completar a ambientação, permitindo dar destaque a algum elemento, ou
apenas simular uma iluminação natural, por exemplo.
Os temas são definições importantes para a conceituação do Projeto de Cenografia.
As imagens a seguir trazem duas situações.
Na primeira (Figura 24), é possível conhecer o tema a partir dos elementos de com-
posição utilizados no cenário: máquina de costura, caixas de sapatos, moldes e outros,
que nos trazem a informação de confecção de sapatos de forma artesanal.
Ainda em relação aos temas, são muitos os canais no YouTube, no Instagram, no TikTok
e em outros e os cenários buscam traduzir a imagem dos produtos a serem comercializados.
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Com a Pandemia, surge necessidade de adaptação dos Meios de Comunicação e os
Programas de Televisão passam a criar cenários em residências, assim como aulas e
Cursos remotos ou on-line, portanto, a Cenografia no Design de Interiores passa a ter
destaque na construção desses espaços.
Além disso, o uso da Informática e das Novas Tecnologias abre espaços para a Evo-
lução Cenográfica.
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UNIDADE A Cenografia e a Arquitetura Efêmera
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Vídeos
Dicas Legais para Montar um Cenário!!!
https://youtu.be/DSuyoI6dxjI
GTM na Expo Revestir 2018
https://youtu.be/IosN_ZyuOSA
TMAISP – Making Of Montagem Stand PORTOBELLO
https://youtu.be/N1osV1Hrw-I
Paleta Stands – Montagem estande Mercedes-Benz | Evento Transpúblico 2013
https://youtu.be/dF6pVCAnqls
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Referências
CANOLA, M. G.; SADE, A. P. C. Sociedade e os Cenários dos Programas Televisivos,
Revista Contemporânea: Revista Unitoledo: Arquitetura, Comunicação, Design e Edu-
cação, v. 4, n. 1, p. 32- 46, jan./jun. 2019.
LYNCH, P. UNStudio constrói estrutura perolada para a maior feira comercial de Arqui-
tetura do mundo. Tradução de Romullo Baratto. ArchDaily Brasil. 14/02/2017. Acesso
em: 14/03/2021. Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/805240/unstu-
dio-constroi-estrutura-perolada-para-a-maior-feira-comercial-de-Arquitetura-do-mundo>.
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