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Anais

II Encontro Nacional de Estudos da Imagem 12, 13 e 14 de maio de 2009 • Londrina-PR

PAVILHÃO DO BRASIL NA FEIRA MUNDIAL DE 1939-40, PASSEIO VIRTUAL POR NOVAS IMAGENS

Oigres Leici Cordeiro de Macedo1 - oigresmacedo@mandic.com.br


Eduardo Verri Lopes2 - e.verri@gmail.com

Resumo: Este trabalho levanta imagens referentes ao Pavilhão do Brasil na Feira Mundial de Nova York,
montado em 1939 e demolido no ano seguinte, de autoria dos arquitetos Lucio Costa e Oscar Niemeyer.
Relata o processo de investigação desse material nas fontes bibliográficas: no acervo Casa de Lúcio Costa,
na Fundação Biblioteca Nacional, nos filmes amadores da época e no relatório do comissário geral do Brasil
na feira – Armando Vidal. Através dessas imagens, de plantas, e cortes reconstrói em ambiente virtual,
usando softwares de desenhos e modelagem, o edifício do pavilhão gerando novas imagens de sua
espacialidade.
Palavras chave: Lucio Costa, Oscar Niemeyer, Pavilhão Brasileiro.

Abstract: This paper catalogs images related to the Brazilian Pavilion at the New York World’s Fair, built in
1939 and demolished in the following year, which authors were the architects Lucio Costa and Oscar Niemeyer.
The study reports the investigation process of this material in bibliographical sources: in the collection of
Casa de Lúcio Costa Foundation, at the Biblioteca Nacional Foundation, in amateur films from that time
and in the report of Brazil’s general commissioner at the fair, Armando Vidal. Through these images, plans
and sections, it reconstructs the pavilion building in a virtual environment, using design and modeling
software, generating new images of its spatiality.
Keywords: Lucio Costa, Oscar Niemeyer, Brazilian Pavilion.

Resumen: Este trabajo levanta imágenes referentes al Pabellón de Brasil en la Feria Mundial de Nueva
York, montado el 1939 y demolido el año siguiente, de autoría de los arquitectos Lucio Costa y Oscar
Niemeyer. Relata el proceso de investigación de ese material en las fuentes bibliográficas: en el acervo
Casa de Lúcio Costa, en la Fundación Biblioteca Nacional, en las películas amadoras de la época y en el
relato del comisario general de Brasil en la feria – Armando Vidal. A través de esas imágenes, plantas y
secciones, reconstruye en ambiente virtual, utilizando software de dibujo y modelaje, el edificio del pabellón,
generando nuevas imágenes de su espacialidad.
Palabras llave: Lucio Costa, Oscar Niemeyer, Pabellón Brasileño.

Introdução

O Pavilhão do Brasil na Feira Mundial de Nova York de 1939-40 foi um dos mais
importantes edifícios da arquitetura moderna brasileira. Seus autores, os arquitetos Lucio
Costa e Oscar Niemeyer, obtiveram nesse projeto maturidade profissional frente às correntes
modernas desenvolvidas até então. A repercussão positiva da crítica internacional permitiu
também que ambos tivessem suas carreiras alavancadas a partir daquele momento. No
entanto o edifício, como acontece em todas as feiras da época, foi demolido. A apreciação e
entendimento do projeto ficam restritos nos dias de hoje (70 anos depois) à pouca
documentação remanescente.
O estudo de arquiteturas efêmeras como é o caso de pavilhões de feiras universais
esbarra sempre na impossibilidade do contato direto com a obra. Por melhor documentado
que tenha sido o edifício, suas imagens não conseguem transmitir a espacialidade que o
mesmo possuía. Algumas experiências neste campo foram bem sucedidas, como o caso do
pavilhão alemão para a feira mundial de Barcelona (1929) do arquiteto Mies van der Rohe,
cuja ampla documentação possibilitou sua reconstrução em 1986. No Brasil, uma experiência
dessas também já foi realizada: o palácio Monroe, construído para representar o Brasil na
feira mundial de Saint Louis, em 1904, foi remontado no Rio de Janeiro em 1906. Seu autor,
o General Souza Aguiar, o construiu em estrutura metálica com a intenção de findada a feira,

1
Doutorando em arquitetura pela FAU-USP, professor do Departamento de Arquitetura e Urbanismo da Universidade
Estadual de Maringá-UEM.
2
Graduando de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Estadual de Maringá, acadêmico do Programa de 495
Iniciação Científica PIC-UEM.

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o edifício ser desmontado e reconstruído no Brasil, e assim foi feito até que o mesmo foi
novamente demolido pela segunda e definitiva vez em 1981.
A importância desses pavilhões reside muitas vezes no caráter experimental que anima
seus projetistas. Sua transitoriedade permite que os arquitetos tomem riscos que em outros
momentos não se permitiriam. O resultado dessas experiências muitas vezes se torna um
ícone para as gerações futuras. Neste, sentido o pavilhão do Brasil na Feira Mundial de Nova
York ganha força e reverbera ao longo de toda a história da arquitetura moderna brasileira.
A ação de redesenhar o pavilhão requer uma investigação dos documentos remanescentes.

O projeto para o Pavilhão3

O Ministério do Trabalho, patrocinador da participação brasileira na feira de Nova York,


realizou um concurso para a escolha do melhor projeto em 1938, quando a proposta de Lucio
Costa foi considerada a mais adequada, sendo premiado vencedor. Mas para surpresa de
muitos, Costa renuncia à idéia original, e como salienta Yves Bruand (p.105), numa atitude
generosa propõe um projeto conjunto com o segundo classificado – Oscar Niemeyer. Mas
diferentemente do que Bruand coloca, não parece que Costa procura “apaguar-se” diante da
criatividade do jovem talento de Niemeyer. Em uma análise dos desenhos de Costa4 percebe-
se, como já havia notado Hugo Segawa (p.93), o uso dos elementos vazados, da rampa de
acesso e dos pilotis. O que fica cada vez mais claro, através da documentação encontrada, é
o equilíbrio entre as duas idéias na versão definitiva do edifício.
Ao que tudo indica os prazos eram curtos e tudo aconteceu de forma acelerada. A
comissão formada pelo Ministério do Trabalho para realizar o pavilhão foi criada em setembro
de 1938, em finais de outubro já é possível encontrar plantas do projeto elétrico mensurado
em polegadas. O deslocamento de Costa e Niemeyer para um escritório próximo à Feira deve
ter contribuído para essa agilidade. Neste ritmo de trabalho, os documentos do processo de
desenvolvimento se perderam ou mesmo nunca existiram, já que a pressa na execução de
um edifício temporário deve ter levado seus autores a resolverem muitos dos detalhes da
construção na própria obra. A documentação remanescente, além de incompleta, registra
momentos diferentes do processo, plantas que aparecem na bibliografia como sendo do
projeto final são na realidade estudos não executados.

A Documentação sobre o Pavilhão

Na tentativa de redesenhar as plantas do pavilhão a maior dificuldade está em encontrar


qual das plantas divulgadas na bibliografia foi realmente utilizada na construção.

Figura 1 - Planta do pav. térreo e do 1º pavimeto do Pavilhão Brasileiro, (WORLD’S FAIR,


1939)

3
Uma primeira versão da história do projeto para o pavilhão foi anteriormente tratada em MACEDO 2006.
4
Alguns dos desenhos de Lucio Costa podem ser acessados através do endereço eletrônico: http:// 496
arkhebrasil.rice.edu/showwork.cfm?WorkID=1459 ou http://arkhebrasil.rice.edu/showwork.cfm?WorkID=1461.

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A maior parte das ilustrações presentes na bibliografia sobre o Pavilhão reproduz as


imagens do livro Brazil Builds de 1943. As imagens reproduzidas naquele livro praticamente
carregam a visão “oficial” do pavilhão e a partir delas o estudo do edifico não pode avançar
muito - são desenhos de divulgação e não possuem a precisão técnica para sua reprodução.
Outro material muito pouco divulgado é o catálogo oficial do pavilhão na Feira. Hoje
poucos exemplares podem ser consultados, restando um exemplar na Fundação Biblioteca
Nacional, além do exemplar de Lucio Costa, material de que fez uso Carlos Eduardo Comas
para produzir um importante texto crítico sobre o edifício (COMAS, 1989). Neste catálogo
podemos encontrar a melhor planta com o layout dos estandes expostos e detalhadas fotos de
seu interior. A partir deles foi possível comparar com as plantas já publicadas e descobrir que
elas informam com maior precisão o edifício construído.

Figura 2 - Capa do catálogo brasileiro na feira e vista do andar superior, fonte: WORLD’S
FAIR 1939-1940, 1939

As plantas reproduzidas no catálogo revelam importantes informações do seu interior,


mas não esclarecem muito sobre o edifício construído. Neste aspecto a Fundação Casa de
Lucio Costa guarda imagens importantes com desenhos do pavilhão em blue print que melhor
revelam a construção, cortes e uma perspectiva isométrica interna.

Figura 3 - isométrica da proposta de Costa e Niemeyer, fonte: Fundação Casa de Lucio Costa

Observando os filmes amadores das coleções MEDICUS (1939) e WATHEN (1939), a


configuração do viveiro para pássaros presente no mesmo vídeo, e as fotos de época; é
possível reafirmar que entre os desenhos disponíveis, o que apresenta maior fidelidade com a 497
obra realizada é aquele que consta do catálogo oficial do Brasil na feira. O exemplar que

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tivemos acesso (WORLD’S FAIR 1939-40) está armazenado na seção de iconografia da Fundação
Biblioteca Nacional.
Outra fonte muito pouco citada nos estudos sobre o pavilhão é o relatório geral do
Brasil, elaborado pelo comissário geral na Feira - Armando Vidal, dividido em dois volumes. O
primeiro volume relata o ano de 1939 e não contem imagens, enquanto no segundo volume
referente ao ano de 1940, encontramos diversas imagens do pavilhão. São fotos dos estandes,
dos visitantes, e de autoridades ou personalidades ilustres (entre outros a primeira dama dos
EUA, senhora Eleanor Roosevelt) que visitaram a feira. Para a reconstrução do pavilhão, as
imagens que mais contribuíram foram aquelas de sua demolição, onde é possível perceber
detalhes do processo construtivo do edifício.

Figura 4 - imagens da demolição do Pavilhão, fonte: VIDAL, 1942 p.597-8

Além da bibliografia encontramos filmes amadores produzidos durante a feira. Os filmes


citados aqui foram todos extraídos do sítio eletrônico The Open-Video Project. O sítio tem
por objetivo compartilhar uma extensa coleção de vídeos para pesquisa. Foi desenvolvido pelo
Interaction Design Laboratory vinculado a School of Information and Library Science da
University North Carolina at Chapel Hill. O projeto iniciou-se em 1998 e desde então tem se
tornado um extenso depositário de coleções de vídeos. Destacam-se filmes do princípio do
século XX, filmes institucionais e educativos, anúncios publicitários, entre outros.
Podemos destacar que os filmes que levantaram maior interesse para a pesquisa, pela
forte consonância com o Brasil, foram os realizados durante o período da política de “Boa
Vizinhança”. Foram produzidos pelos americanos durante o período da Segunda Guerra Mundial
e retratavam o Brasil e outros países da América Latina. No entanto o número de filmes com
referência à feira Mundial de Nova York era extenso, e levantava uma curiosidade ainda
maior.
Encontramos entre os diversos filmes feitos durante a feira a coleção Medicus, a mais
completa e de melhor qualidade. Talvez a maior singularidade dessa coleção seja o fato de
que o autor usou um filme Kodachrome produzindo, em 1939, imagens em cores vivas da
feira. O filme, dividido em diversos rolos, que por sua vez foram divididos em diversas
partes, é um extenso registro da exposição. Seu caráter amador não guarda nenhum
compromisso com a Arquitetura da feira, registrando aspectos os mais diversos. Somente a
partir da segunda parte do rolo 4 encontramos cenas dos pavilhões das nações e alguns
segundos do pavilhão brasileiro.

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Figura 5 - Extração de cenas do filme (MEDICUS, 1939-40)

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Figura 6 - Vistas do jardim e do terraço (MEDICUS, 1939-40)

Metodologia

A reconstrução virtual do pavilhão foi realizada primeiramente selecionando os desenhos


que poderiam informar com precisão o edifício realizado, para tanto foram descartados
aqueles desenhos presentes na bibliografia que reproduziam de uma maneira ou de outra a
planta presente no livro Brazil Builds, confrontado com o projeto elétrico e com a planta
presente no catálogo, esse desenho mostra diversas imprecisões. Os documentos que realmente
permitiram a reprodução e redesenho das plantas com maior clareza foram aqueles encontrados
também na Fundação Biblioteca Nacional. São as pranchas do projeto elétrico do edifício
que, mesmo não constando de dados essenciais do projeto arquitetônico, especificando somente
as instalações elétricas e pontos de iluminação, foram produzidas com base no projeto
arquitetônico e trazem com fidelidade as medidas adotadas para a construção, a mensuração
exata do lote e escala apropriada para sua reprodução.

Figura 7 - planta do projeto elétrico do edifício e detalhe do carimbo, fonte: Fundação


Biblioteca Nacional

A partir desse projeto elétrico, digitalizado por técnicos da Biblioteca Nacional, foi
possível redesenhar com o uso do software AutoCAD as plantas do edifício. As medidas das
alturas dos pavimentos foram retiradas dos cortes em blue print presentes na fundação Casa
de Lucio Costa. Com o redesenho do pavilhão em sua porção horizontal (plantas) e porção
vertical (cortes) foi possível montar o edifício em suas três dimensões, através do uso dos
softwares AutoCAD e Sketchup. Com a modelagem completa retiramos novas imagens do
pavilhão, que foram confrontadas com imagens do catálogo, do relatório de Armando Vidal e
dos filmes amadores. Atestada a qualidade do trabalho, novos ângulos e detalhes ausentes da
documentação atual foram produzidos.

Figura 8 - Imagens do Pavilhão geradas a partir de maquete virtual, fonte: dos autores

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Conclusão

O pavilhão brasileiro na feira mundial representa a materialização da arquitetura moderna


brasileira. Nele estavam presentes os elementos formais que foram reproduzidos ao longo da
produção arquitetônica brasileira das décadas seguintes: a monumentalidade, os elementos
vazados, a sinuosidade de suas paredes, o mezanino curvilíneo que perpassa os pilares e os
espaços fluídos em suas três dimensões. Esses elementos foram associados ao que a crítica
internacional resolveu denominar de Brazilian style. Nada mais justo que um edifício dessa
relevância ganhasse novos modos de ser compreendido. Não é intenção de o trabalho reivindicar
sua reconstrução, mas de permitir, através das novas imagens produzidas, que outros
pesquisadores retomem sua análise e novos trabalhos esclarecedores desse período sejam
produzidos.

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