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FOTOGRAFIA DOCUMENTAL NAS COLEÇÕES

DE MUSEUS E O ACESSO DIGITAL AO PÚBLICO


Universidade Nova de Lisboa- Faculdade de Ciências e Tecnologia

UC: Fotografia Documental

Aluno: Iara Rodrigues nº62650


Índice
1. Objetivo................................................................................ 1

2. A Coleção............................................................................. 1

2.1. Importância da acessibilidade digital....................... 1-2

2.2. A fotografia documental nas coleções........................ 2

2.3. The Metropolitan Museum of Art............................. 2-3

3. A coleção.............................................................................. 3

3.1. Male Power Figure (Nkisi), séc IX-XX, artista congolês

e nganga....................................................................... 4

3.2. “Christ Blessing “, 1500-1505, Gerard David............ 4

3.3. “A Vase of Flowers”, 1716, Margareta Haverman… 5

3.4. “Covered Globet”, 1788, New Bremen Glass

Manufactory……………………………………...… 5

4. Considerações Finais …………………………………. 5-6

5. Referências…………………………………………….… 6
1. Objetivo
O objetivo deste trabalho reside na exploração da acessibilidade digital das
coleções dos museus, e de que forma é que através do recurso á fotografia documental
este tipo de conteúdo é apresentado ao público geral.
Será que os museus tiram partido das diferentes possibilidades e técnicas da
fotografia documental quando se trata da oferta ao público?

2. Introdução
2.1. Importância da acessibilidade digital

“Museums are organizations with limited budgets and growing collections


serving an increasingly digital consumer who expects collections to be remotely
available.” [1]

Vivemos numa era digital e de globalização onde é possível aceder e partilhar


informação numa questão de segundos. O fator da pandemia aumentou a necessidade da
existência de conteúdos culturais digitais, nomeadamente as visitas virtuais aos museus e
a publicação das suas coleções.

A importância da acessibilidade digital a este tipo de conteúdos tem vindo a


aumentar, não só pelos motivos anteriormente mencionados, mas também devido a
fatores socioeconómicos. “Consumption of museum’s services continues to be foremost a
physical experience, to a specific small group of society. Museum visitors follow a specific
socio-economic profile (e.g., Falk, Katz-Guerro 2015) and enjoy a relative ease to
physically access institutions (Brook 2016; Evans 2016)”.[1] Daí a importância em tornar
possível o acesso á cultura e a diversificação do perfil do visitante do museu.

Assumindo que a visita física ao museu é uma atividade exercida maioritariamente


entre pessoas da classe alta, e média alta, a visita online permite que classes económicas
mais baixas tenham acesso áà cultura e áà arte. Também as pessoas com mobilidade
reduzida, estudantes, e investigadores poderiam usufruir deste tipo de conteúdo sem
terem de se deslocar, muitas vezes a outros países.
Apesar de já existir algum investimento na área, apenas 1/3 das coleções de
museus estão documentadas, e apenas 10% foi publicado. [1]

2.2. A fotografia documental nas coleções


Podemos também questionar-nos de que forma é que os museus
apresentam estas obras ao público.
Será que estes dão a conhecer todas as possibilidades e técnicas da
fotografia documental?
Através das técnicas que já conhecemos, nomeadamente, a fotografia com
luz transmitida, rasante, UV e Infravermelho, é possível obter diversas
informações sobre a obra fotografada de forma não invasiva. Contudo as
potencialidades da fotografia documental não tendem a chegar ao público geral.
Ao visitar o site de um museu, o mais comum, é este apresentar apenas
uma fotografia geral da obra, que por vezes acaba por não transmitir totalmente a
sua materialidade.
Como foi mencionado anteriormente, os museus tem orçamentos e staff
limitado, o que faz com que a maioria das vezes não seja de facto possível efetuar
uma documentação completa das obras em seu domínio.
Iremos então analisar a coleção virtual do The Metropolitan Museum of
Art. Sendo este um dos museus mais visitados do mundo, constitui um exemplo
fiável de uma instituição com poder económico para realizar documentações
completas e com qualidade da sua vasta coleção. Esta abriga obras de diferentes
tipologias, períodos e locais, consequentemente gerando diferentes desafios na
sua documentação fotográfica.

2.3. The Metropolitan Museum of Art


O Metropolitan Museum of Art foi fundado a 13 de abril de 1870 e aberto
ao público pela primeira vez a 20 de dezembro do mesmo ano. [2]
Este é considerado um dos museus mais visitados do mundo, e a sua
coleção é notória pela sua vasta dimensão e pela sua característica pioneira em
certos elementos, tais como, em 1910, o MET consagra-se a primeira instituição
pública e adquirir uma obra de Henri Matisse.
A coleção do MET engloba 26.000 objetos egípcios, tornando-se assim a
maior coleção de arte egípcia, excetuando a do Cairo, 2.500 pinturas europeias,
constituindo assim também, uma das maiores coleções de pintura europeia e, a
coleção mais abrangente do mundo de pinturas, esculturas e artes decorativas
americanas.
O acervo do MET contém ainda as seguintes coleções: Arte Africana, Arte
Americana, Arte Americana Antiga, Arte Antiga do Oriente Próximo, Braços e
Armadura, Arte Asiática, Instituto de Fantasias, Desenhos e Impressões, Arte
Egípcia, Pinturas Europeias, Escultura Europeia e Artes Decorativas, Arte Grega
e Romana, Arte Islâmica, Arte medieval e os Claustros, e a Coleção Robert
Lehman.
Na modalidade de visita física existem diversos programas de
acessibilidade as visitantes com deficiência física, dentro do espectro autista e com
demência.
No que toca ao departamento de conservação do museu, este existe desde
a fundação do mesmo (1870), e alberga diversas publicações sobre intervenções
em obras da coleção, parte destas serão analisadas posteriormente no trabalho.

3. A coleção
Como já foi referido, a coleção do Metropolitan Museum of Art tem milhares de
obras, e seria um trabalho bastante complexo e demoroso analisá-la na sua totalidade.
Sendo assim, a seleção de obras a analisar nesta secção foi pensada de forma adquirir
uma coletânea de objetos com diferentes tipologias e materiais, incidindo em objetos
2D e 3D, de modo a conceber um estudo representativo.
A análise basear-se-á na integralidade da documentação fotográfica das obras em
´
questão, isto é, a quantidade de fotografias apresentada, a sua qualidade e o caracter
informativo sobre a obra.

3.1. Male Power Figure (Nkisi), séc IX-XX, artista congolês e nganga

Pertencente á coleção de arte africana, esta escultura de madeira (Fig.1) é


documentada com imagens de alta qualidade, captando as diferentes faces e
pormenores da mesma. Para além dessa documentação, a obra consta também com
uma reprodução fotogramétrica [3]. Esta coleção apresenta maioritariamente objetos
3D de madeira, existindo também objetos de cerâmica, marfim, etc. Toda a
documentação existente é de alta qualidade e consegue transmitir a materialidade e
texturas dos materiais, no entanto muitas das obras, apresentam apenas uma
fotografia com a vista frontal. Contudo, existem também obras com as suas várias
vistas das fotografadas. No que toca aos métodos de iluminação penso que tenha sido
usada apenas a luz refletida a 45º, tanto nesta obra em específico como nas restantes
da coleção de Arte Africana.

3.2. “Christ Blessing” 1500–1505, Gerard David

Pertencente á coleção de pintura europeia, este óleo sobre madeira apresenta o seu
antes e depois da intervenção (Figs. 2 e 3) (um dos princípios fundamentais da
documentação, documentar antes, durante e depois), imagens de detalhes da pintura e da
sua moldura, uma captação de infravermelho (Fig. 4) e a sua radiografia. Através da
imagem captada com radiação infravermelha conseguimos ver o desenho subjacente, e
aquilo que parecem ser repintes anteriores.

Na coleção de pintura europeia, a presença de documentação fotográfica com


infravermelho pode-se considerar algo já comum, sendo que uma quantidade
considerável de obras apresenta este tipo de documentação.

Contudo, neste caso e noutros da coleção de pintura europeia, não existe


documentação com sistemas de iluminação de luz transmitida, nem rasante, que poderiam
ser interessantes para compreender melhor a topografia das pinturas.

3.3. “A Vase of Flowers”, 1716, Margareta Haverman

Também esta pertencente, á coleção de pintura europeia, a obra de óleo sobre


madeira, tem aquela que me pareceu ser a maior quantidade de documentação acessível.
Esta consta com a sua fotografia geral (Fig. 5), imagens microscópicas com luz visível e
UV polarizada (Fig. 6), infravermelho (Fig. 7) e XRF.

Para além da página da obra, está também acessível uma publicação [4] sobre a
mesma, na secção de Conservação do website, que explora a fundo as intervenções
realizadas.
3.4. “Covered goblet” 1788, New Bremen Glass Manufactory, John
Frederick Amelung

Pertencente á Ala Americana, este objeto de vidro soprado e gravado retrata uma
tipologia de obra bastante complexa de fotografar.

Neste caso a obra é extremamente bem fotografada, porém ao fotografar vidro,


especialmente vidro gravado, há que ter em conta os brilhos, reflexos, nitidez, e o
contraste das linhas, de forma a que a gravura seja percetível e a materialidade da sua
transparência e tridimensionalidade também o sejam.

Esta obra apresenta apenas uma fotografia (Fig. 8), no entanto parece me que esteja
bastante completa pois neste tipo de objeto não faria sentido recorrer a fotogrametrias,
(que seriam impossibilitadas pela transparência do objeto) iluminação UV ou
Infravermelho.

4. Considerações Finais
Após analisar a coleção do Website do Metropolitan Museum of Art, ainda que
não tenha sido analisada na sua totalidade devido á vastidão de obras do seu
repertório, foi possível identificar diversas obras cuja documentação fotográfica
começa a introduzir fotografias principalmente com radiação Infravermelho. Isto
deve-se talvez á mais fácil compreensão daquilo que a radiação Infravermelha tem a
oferecer, comparativamente por exemplo á radiação UV.
Apesar de existirem poucos exemplos de obras com documentação publicada com
radiação UV, é possível encontrar alguns exemplos (Fig. 9) ao procurar “ultraviolet”
na barra de pesquisa, ou na secção de Conservação do Website.
Outro aspeto a ter em conta é que nem sempre são utilizados esse tipo de técnicas
pois a sua necessidade varia de objeto para objeto.
Estes conteúdos acabam por não ser assim tão fáceis de aceder devido á sua
especificidade, que acaba também por servir um público-alvo também ele bastante
específico.
Como foi mencionado na introdução, a visita física ao museu serve um público
bastante específico, e apesar da visita virtual acabar por ser mais acessível em
determinados aspetos, esta acaba por servir um publico ainda mais reduzido.
Isto poderá ultimamente advir da falta de divulgação da área ao público geral.
Apesar da coleção virtual do Metropolitan Museum of Art ser um ótimo exemplo,
acaba também por ser uma referência de certa forma irreal para instituições com
menos financiamento, sendo que a captura e publicação desta quantidade de obras
constitui um grande investimento.

5. Referências
[1] Navarrete, T.; Villaespesa, E. (2020). “Digital Heritage Consumption: The Case of
the Metropolitan Museum of Art”. magazén, 1(2), 223-248.

[2] Metmuseum.org. Acedido a Dezembro 22, 2022 https://www.metmuseum.org/

[3] “Male Power Figure (Nkisi).” Metmuseum.org,


https://www.metmuseum.org/art/collection/search/312342.

[4] Albertson, Gerrit, and Annette de la Renta Fellow. “After Three Hundred Years of
Fading, a Dutch Masterpiece Is Digitally Restored.” Metmuseum.org, 20 June
2020, https://www.metmuseum.org/blogs/collection-insights/2019/margareta-
haverman-vase-of-flowers-digital-conservation.

6. Apêndice

Fig. 1- Male Power Figure Fig. 2- Christ Blessing antes da


intervenção
Fig. 3- Christ Blessing depois da Fig. 4- Christ Blessing-
intervenção (Infravermelho)

Fig. 6- Vase of Flowers (Imagem


Fig. 5- Vase of Flowers
microscópica, luz visível polariza
em cima e UV em baixo
Fig. 7- Vase of Flowers (Infravermelho)
Fig. 8- Covered Goblet

Fig. 9- Marble grave stele of


Antigenes (UV)

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