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Samara Duarte
Resumo
O artigo "Poética e Política da Exposição 'Christus' no Museu da Irmandade dos Clérigos" analisa
a exposição permanente "Christus" localizada no conjunto arquitetônico Clérigos na cidade do
Porto, Portugal. A exposição religiosa, situada entre a igreja e a Torre dos Clérigos, é investigada
em termos de sua narrativa, disposição espacial, desafios museográficos, aspectos políticos e
poéticos. O percurso obrigatório pelos espaços adjuntos à exposição principal, a disposição das
peças, iluminação inadequada, falta de clareza narrativa e valorização desigual são aspectos
abordados. O estudo enfatiza a necessidade de repensar a museografia para oferecer uma
experiência mais acessível e enriquecedora aos visitantes, equilibrando a preservação histórica e
religiosa com uma apresentação contemporânea.
Abstract
The article "Poetics and Politics of the 'Christus' Exhibition at the Brotherhood of Clerics
Museum" examines the permanent exhibition "Christus" located within the architectural complex
of Clérigos in Porto, Portugal. This religious exhibition, situated between the church and the
Clerics Tower, is investigated in terms of its narrative, spatial arrangement, museographic
challenges, and political and poetic aspects. The mandatory route through adjacent spaces to the
main exhibition, layout of artifacts, inadequate lighting, lack of narrative clarity, and uneven
valorization are addressed. The study emphasizes the need to rethink museography to offer a
more accessible and enriching experience to visitors, balancing historical and religious
preservation with a contemporary presentation.
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António Manuel Cipriano Miranda,Conceituado antiquário português, nasceu em Santa Cruz do Douro em 1933, e
desde muito novo se interessou pelo colecionismo. Estudou Direito, atividade profissional que exerceu no Ministério
do Trabalho, e o levou a fixar-se em Lisboa. Em 1979 abriu a sua primeira loja de antiguidades, e mais tarde, a
Galeria da Arcada, um local onde passava os seus dias.
António Miranda era um colecionador apaixonado pela arte, à qual dedicou a sua vida.
https://torredosclerigos.pt/pt/noticias-e-eventos/noticias/o-antiquariato-esta-de-luto/
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http://www.torredosclerigos.pt/pt/historia-e-arquitetura/torre-museu-da-irmandade-igreja/
Imagem 1- Salão Nobre Imagem 2- Salão Nobre
(barreira de limitação)
Todas essas salas citadas no parágrafo acima, não fazem parte da análise principal deste
trabalho, mas como fazem parte de um percurso fechado que nos leva até a exposição merecem
um breve apontamento. A primeira sala, denominada Salão Nobre, abriga uma mesa enorme com
mais de 10 lugares além de quadro de personalidades importantes do clero. O tamanho destes
quadros, entre 2 e 3 metros de altura, provocam uma sensação de pequenez aos visitantes. A Sala
do Cofre, a seguir no caminho de acesso a coleção principal, indicada por uma seta colada no
chão, expõe objetos de ourivesaria, além de um cofre que só pode ser aberto ou fechado mediante
a utilização de 3 chaves. Depois disso, as salas subsequentes expõem um pouco da história da
torre e de sua arquitetura, sendo compostas por vitrines com miniaturas da torre, em geral
confeccionadas por artistas locais e padres dos dias atuais que fazem parte da ordem.
Estas salas, percorridas em sequência, formam um percurso extremamente confuso: a
disposição do cofre logo à entrada, dando lugar a figuras importantes retratadas em quadros
enormes dispostos à volta de uma mesa e culminando em de peças onde predominam metais
preciosos. Apesar de estarmos visitando a parte administrativa de uma instituição, tornar esse
percurso inicial obrigatório quebra a poética da exposição Christus. Talvez por não haver uma
direção concisa sobre a exposição e os espaços não tenha sido notado que o discurso da
exposição acaba por apresentar-se como um discurso de poder iniciado no salão nobre, que passa
a aparentar ser sobre a prata e o ouro e a política interna, evoluindo para um comentário sobre a
arquitetura, para depois lançar foco a igreja enquanto instituição e, por fim, abordar Jesus,
representado na exposição Christus no terceiro andar.
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http://www.torredosclerigos.pt/pt/noticias-e-eventos/eventos/exposicao-temporaria-semana-santa-2019/
Imagem 5- Visão da entrada da exposição Christus.
A sala dedicada a viagem das formas, reunindo uma gama de objetos litúrgicos e artísticos
referentes à vida de Cristo, não consegue reter a atenção dos visitantes, mas é a única que propõe
uma discussão mais atual onde os objetos foram, criados em países distantes como o Japão, no
entanto a disposição das vitrines e a necessidade do percurso faz com que os visitantes não se
atentem a essa sala. No entanto, destaca-se a Sala das Imagens de Cristo, com suas
representações artísticas reaproveitadas de crucifixos antigos. Devido à disposição peculiar dos
objetos, a sala transmite a sensação de flutuação e atrai a contemplação dos espectadores.
Conclusão:
Em síntese, a exposição "CHRISTUS" no Museu da Irmandade dos Clérigos revela uma
interseção intrigante entre a narrativa histórica e os desafios museográficos contemporâneos.
Enquanto a disposição espacial e a iluminação inadequada obscurecem a compreensão e a
apreciação das obras, a ênfase na contextualização histórica e a diversidade de objetos expostos
destacam a riqueza da narrativa sobre a vida de Cristo. Contudo, é imperativo repensar a
museografia, priorizando a clareza narrativa, a atualização das informações e a equalização da
atenção concedida à exposição central, para garantir uma experiência mais acessível e
enriquecedora aos visitantes.
Diante desses aspectos, a exposição "CHRISTUS" ressalta a necessidade de uma
abordagem museológica que equilibre a preservação do patrimônio histórico e religioso com uma
apresentação contemporânea acessível ao público. A reflexão sobre as políticas de exposição, a
clareza narrativa e a valorização da coleção central emerge como pilares fundamentais para
garantir que a narrativa histórica seja não apenas preservada, mas também transmitida de forma
impactante e esclarecedora, oferecendo aos visitantes uma imersão significativa na trajetória e na
mensagem de Cristo dentro de um contexto museal moderno e inclusivo.
Referências:
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Mason, R. (2006). Cultural theory and museum studies. A companion to museum studies, 17-32.